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Teoria e História do Direito - 1º Semestre – Zumbi dos Palmares - Aula 26/05/2015 Professora Juliana Ribeiro Brandão I. O Direito Continental e o “Common Law”. II. Movimento Codificador I. O Direito Continental e o “Common Law” 1. Notas Gerais – Direito Continental e “Common Law”. 2. Periodização do Direito Inglês 2.1. Período anglo-saxônico 2.2. Formação da “Common Law” 2.3. “Equity” 2.4. Período moderno 3. Características do Direito Inglês 3.1. Interesse sobre o processo 3.2. Rejeição da distinção público/privado 3.3. Obstáculos para recepção do Direito Romano 4. Fontes do Direito Inglês atual 4.1. Costume 4.2. Lei 4.3. Precedentes jurisprudenciais II. Movimento Codificador 1. Direito Natural e Codificação 2. Contexto da Codificação 2.1. Papel do soberano 2.2. Papel do Estado 3. Consequências da codificação 4. Primeiros Códigos : Bavária (1756), Prússia (1794), França: Código Civil de Napoleão Bonaparte (1804), Áustria (1811), Alemanha: Código Civil Alemão (BGB - 1896) Influenciou o Código Civil Brasileiro (1916). 5. Méritos da codificação 5.1. Unidade do direito europeu 5.2. Expansão do sistema de direito romano-germânico 6. Novas tendências 6.1. Lugar do Positivismo Jurídico 6.2.Papel do Direito Internacional

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1. Notas Gerais �� Direito Continental e ��Common Law��.

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3.1. Interesse sobre o processo

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4.1. Costume

4.2. Lei

4.3. Precedentes jurisprudenciais

I I . M ovimento Cod ificad or

1. �'�L�U�H�L�W�R���1�D�W�X�U�D�O���H���&�R�G�L�I�L�F�D�o�m�R��

2. �&�R�Q�W�H�[�W�R���G�D���&�R�G�L�I�L�F�D�o�m�R��

2.1. Papel do soberano

2.2. Papel do Estado

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5.1. Unidade do direito europeu

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6.2.Papel do Direito Internacional

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Entenda a polêmica sobre a Comissão Nacional da Verdade Caio Quero – BBC

13 de janeiro de 2010 Controvérsias a respeito do Programa Nacional de Direitos Humanos causam tensão dentro e fora do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o último ano de seu mandato tendo que lidar com tensões vindas de dentro e de fora do governo causadas pelo lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos, assinado por ele no último mês de dezembro. Entre as diversas medidas propostas pelo programa, as que mais têm causado dores de cabeça para o governo foram aquelas relacionadas à criação de uma Comissão da Verdade para investigar abusos cometidos durante o regime militar. A proposta causou irritação em diversos setores, principalmente nas Forças Armadas, e teria feito até mesmo com que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ameaçasse pedir demissão caso o projeto não fosse revisto. (...) O que é o Programa Nacional de Direitos Humanos? Lançado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República no último dia 21 de dezembro, o documento é a terceira versão de um programa de direitos humanos do governo federal, sendo precedido pelo PNDHI, de 1996, e o PNDHII de 2002, ambos publicados durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso. (...) O que o plano diz sobre a Comissão Nacional da Verdade? Embora diversas propostas do programa tenham causado protestos de vários setores, alguns dos pontos mais polêmicos do documento encontram- se no chamado Eixo Orientador VI, que propõe medidas sobre o "Direito à Memória e à Verdade" em relação ao período militar. O ponto que mais causou tensões foi a chamada Diretriz 23, que apresenta como objetivo estratégico "promover a apuração e o esclarecimento público das violações de Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão política ocorrida no Brasil" durante o regime que vigorou entre 1964 e 1985. Para isso, o programa propõe a criação de um grupo de trabalho formado por membros da Casa Civil, dos Ministérios da Justiça e da Defesa e da Secretaria Especial de Direitos Humanos para elaborar, até o próximo mês de abril, um projeto de lei que institua uma Comissão Nacional da Verdade, que teria a tarefa de examinar abusos cometidos durante o regime militar. A criação desta comissão também teria de ser aprovada pelo Congresso Nacional. Segundo o PNDH3, entre as atribuições da Comissão Nacional da Verdade estará a de "colaborar com todas as instâncias do poder Público para a apuração de violações de Direitos Humanos, observadas as disposições da Lei Nº 6.683, de 28 de agosto de 1979", que é conhecida como Lei de Anistia. Além disso, a Comissão também teria o objetivo de "identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a prática de violações de Direitos Humanos, suas ramificações nos diversos aparelhos de Estado e em outras instâncias da sociedade". Caso seja criada, a comissão teria apenas papel de investigar os fatos, mas não de punir qualquer um dos implicados, o que cabe apenas à Justiça. O que mais o documento fala sobre o regime militar? O PNDH também propõe, entre outros pontos, a supressão da legislação brasileira de normas do período militar que "afrontem os compromissos internacionais e os preceitos constitucionais sobre Direitos Humanos". Para isso, seria criado um grupo de trabalho que discutiria com o Congresso a revogação de leis remanescentes do período. O programa também propõe a identificação e sinalização de locais públicos que "serviam à repressão ditatorial", além de uma legislação de abrangência nacional que proíba que ruas e prédios públicos recebam o nome de pessoas que "praticaram crimes de lesahumanidade". O governo argumenta que as propostas "fortalecem a democracia" e "neutralizam as tentações totalitárias". Quais foram as reações negativas à proposta? Embora o programa tenha sido bem recebido por entidades defensoras dos direitos humanos, a OAB e representantes de vítimas de abusos, as propostas em relação ao período militar causaram um grande desconforto em outros setores, principalmente entre os membros das Forças Armadas. Logo após a assinatura do decreto presidencial, os comandantes do Exército, Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, Juniti Saito, ameaçaram pedir demissão caso os trechos que instituem a Comissão da Verdade não fossem revogados. Eles teriam declarado ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que o plano seria "insultuoso, agressivo e revanchista" contra as Forças Armadas. Jobim também teria ameaçado deixar o governo, alegando não ter sido consultado sobre o trecho em questão. No início de janeiro, os presidentes dos Clubes Militar, Naval e de Aeronáutica, que representam militares da ativa e da reserva, divulgaram um comunicado onde afirmam que a proposta causa "divisão dos brasileiros" e trará à tona "sequelas deixadas por ambos os lados". O comunicado ainda diz que, caso a Comissão da Verdade seja instituída, ela deveria examinar os crimes cometidos por militantes de esquerda que combatiam o regime, além dos abusos praticados por agentes do governo. A proposta de proibir que locais públicos possam levar nomes de agentes do regime, assim como a identificação de locais onde teriam ocorrido abusos também foram vistas como persecutórias pelos setores militares. Além disso, muitos argumentam que as novas medidas iriam comprometer o ambiente de conciliação nacional instituído pela Lei de Anistia, de 1979. (...) Trechos disponíveis em http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,entenda-a-polemica-sobre-a-comissao-nacional-da-verdade,494770,0.htm.Último acesso em 04/05/2015

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Comissão Nacional da Verdade entrega relatório final e encerra trabalhos em 2014

28/12/2014 09h06publicação Brasília localização

Michèlle Canes – Repórter da Agência Brasil Edição: Lílian Beraldo Depois de dois anos e sete meses de trabalho, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) publicou seu relatório final sobre as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar brasileira (19641985). No dia 10 de dezembro de 2014, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a CNV entregou o documento à presidenta Dilma Rousseff. Dividido em três volumes, com mais de 4 mil páginas, o relatório traz as conclusões e as recomendações da comissão. No dia em que recebeu o relatório, a presidenta, emocionada, disse que o trabalho realizado pela CNV permitirá que a população brasileira conheça a história do seu país e que novas violações, como as ocorridas durante a ditadura, não se repitam. “Nós, que acreditamos na verdade, esperamos que esse relatório contribua para que fantasmas de um passado doloroso e triste não possam mais se proteger nas sombras do silêncio e da omissão", destacou a presidenta. Na avaliação do coordenador da CNV, Pedro Dallari, uma das conclusões mais importantes do relatório é a confirmação de que as violações foram praticadas de forma sistemática pelo Estado. “Diferentemente do que sempre alegaram os militares, as violações não foram produto de uma ação individual e de excessos, mas foram produto de uma ação organizada do Estado com cadeias de comando que iam do gabinete do presidente da República até os porões da repressão onde se torturava”, disse Dallari à época da divulgação do relatório. O documento recomenda a responsabilização de mais de 300 agentes responsáveis pelas violações, entre eles, os cinco generais que foram presidentes da República durante a ditadura militar. “Nós listamos 377 pessoas em relação às quais há indícios muito consistentes de autoria de violações de direitos humanos”, disse Dallari. O relatório apresentado pela comissão traz ainda a trajetória de 434 pessoas que tiveram a morte ou o desaparecimento atribuídos à ditadura militar, segundo investigação conduzida pela CNV. “Buscamos e pesquisamos documentos em todos os arquivos públicos e privados a que tivemos acesso. Realizamos visitas muito significativas a unidades policiais e militares que abrigaram atividades de tortura e execução e repressão, na companhia de vítimas que puderam fazer a identificação dos locais”, disse o coordenador. A pesquisa trouxe ainda casos de violações ocorridas no exterior, como a restrição à emissão de passaportes e o monitoramento de brasileiros que viviam fora do país. Segundo o documento, as embaixadas eram obrigadas a enviar informações trimestrais sobre os brasileiros exilados, cassados, banidos ou punidos pela ditadura. O relatório cita ainda a existência de alianças entre os regimes ditatoriais da América do Sul nas décadas de 1970 e 1980 – que ficou conhecida como Operação Condor. O documento dedica um capítulo aos métodos e às práticas usadas para tortura das vítimas. O relatório trouxe 29 recomendações, entre elas, a modificação do conteúdo curricular das academias militares e policiais, a retificação da causa da morte no documento de óbito dos mortos por graves violações de direitos humanos, o aperfeiçoamento da legislação brasileira com relação aos crimes contra humanidade e desaparecimento forçado, além de medidas para a preservação da memória. Criada pela Lei 12.528/2011, a CNV foi instalada em 2012 e extinta no dia 16 de dezembro deste ano. Disponível em http://agenciabrasil.ebc.com.br/print/941710. Último acesso em 05/05/2015.

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‘Nunca houve ditadura', afirma ex-ministro Célio Borja BERNARDO MELLO FRANCO. DO RIO. 25/03/2014. Folha de São Paulo.

No dia em que os militares derrubaram o presidente João Goulart, o jurista Célio Borja deixou a família em casa e correu para o Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. Ao lado do governador Carlos Lacerda, um dos principais articuladores civis do golpe, preparou-se para uma reação das tropas legalistas. Para frustração da esquerda, a resistência não ocorreu. Cinquenta anos depois, Borja sustenta que as Forças Armadas apenas se anteciparam a um golpe que seria dado pelos aliados de Jango, "um pobre homem despreparado para o poder". Líder da Arena e presidente da Câmara no governo do general Ernesto Geisel, ele contesta o termo ditadura militar. "O que havia era um regime de plenos poderes. Não era ditadura", diz. O jurista continuou na política após a redemocratização. Foi ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), nomeado por José Sarney, e da Justiça, no governo Fernando Collor. Aos 85 anos, ainda advoga e mantém escritório em Copacabana, no Rio. Leia abaixo a entrevista com Célio Borja. Folha - O golpe militar faz 50 anos. Qual foi o principal motivo da queda de Jango? Célio Borja - O desassossego. O que havia era um bruto desassossego. Ninguém confiava no dia de amanhã. O principal erro do governo foram as ameaças. Viviam ameaçando. O presidente era mais cauteloso, mas no 13 de março soltou a franga. Ameaçavam fechar com o Congresso, fazer reformas na marra. O 13 de março foi o comício da Central do Brasil, em que Jango defendeu reformas. O momento de grande tensão começou no comício. A partir daí, o que vinha sendo uma luta acerba da oposição com o governo passou a ser uma ameaça, da parte do governo, contra as instituições representativas. Os discursos do comício eram extremamente ameaçadores. Ameaçavam o Congresso, as instituições democráticas. Assustavam muito a sociedade. A partir daí, não faltaram os que acreditavam em uma intervenção militar para tirar o Jango. A tese de que a esquerda preparava um golpe é controversa. O sr. acreditava nisso? Estou convencido até hoje. Havia uma enorme articulação, de norte a sul do país, com movimentos concertados que visavam à invasão de propriedade. Isso contaminou toda a sociedade. Aqui na zona sul do Rio, havia um movimento de porteiros para atacar as pessoas que consideravam inimigas de Jango e Brizola. No prédio em que eu morava, o porteiro entrou nessa de me ameaçar. Fui ao síndico, que era janguista, e ele não se importou. Criou-se um clima no país. Isso acabou envolvendo pessoas que não tinham nem munição para participar de um movimento subversivo e entraram de gaiatas. Como os porteiros, coitados. O que achava de Jango? Era um pobre homem. Não era preparado para o poder. Era, quando muito, um aprendiz de caudilho. Um homem simples, despreparado para governar o país. Ao apoiar o golpe, o sr. imaginou que ele poderia resultar em 21 anos de ditadura? As intervenções militares no Brasil não eram apenas pontuais, eram frequentes. Eu supunha que seria uma intervenção cirúrgica. Pensei que os chefes militares de formação democrática, Castello Branco à frente, encurtariam a permanência do militarismo no poder. Eu confiava desconfiando. Rezava para que tudo desse certo e acabasse logo. Mas quem sabe o que essa gente pensa? Havia uma ambição tola de que se ia corrigir tudo, o país seria passado a limpo. Isso passava pela cabeça de muita gente, gente que usa quepe. Como descreve a ditadura, do ponto de vista jurídico? A ditadura é a concentração de todos os poderes em mãos do chefe de Estado. Nenhum presidente militar teve nas suas mãos todos os poderes. Havia Congresso e Judiciário independentes. O que havia era uma prática de sobrepor às leis a lei do mais forte, ditada pelo comando militar. Ditadura, nunca houve. A rigor, o que se podia dizer que havia era um regime de plenos poderes. Não era ditadura. Se não era ditadura, por que cassaram parlamentares e até ministros do STF? Roosevelt também quis enfrentar a Suprema Corte do EUA porque a considerava hostil ao "New Deal". Aqui, aumentar o número de ministros do STF [de 11 para 16] era um recurso tolerável, até porque o Supremo começava a enfrentar o problema do acúmulo de processos. O que era inadmissível era a cassação de três ministros [Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hermes Lima, que foram aposentados compulsoriamente em 1969]. O sistema político do país, em linhas gerais, era o mesmo. Repartição de poderes, Judiciário funcionando. O Congresso não foi extinto, como Getúlio fez em 1930. Foi desconvocado. O AI-5 suspendeu todas as liberdades democráticas. O país estava no caminho da redemocratização, ia acabar com os atos institucionais. Houve um golpe contra Costa e Silva e as instituições democráticas. Era um período em que a sublevação de organizações de esquerda criou um clima que justificava, ou poderia justificar para alguns, uma carapaça militar sobre o governo civil. O AI-5 foi um desastre, uma das decisões mais desastradas que tomaram no país. Havia a Constituição de 1967, votada pelo Congresso, e um recomeço da vida constitucional no país. Eles mataram isso. Esperávamos a volta do primado da Constituição, do regime das leis. Tudo foi por água abaixo. Puseram fim à nossa esperança.

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Depois disso, muitos civis se afastaram dos militares. O sr. se elegeu deputado pela Arena, partido da situação, e foi líder do governo na Câmara. Por quê? A reconvocação do Congresso [em outubro de 1969, dez meses após o AI-5] abriu esperanças de normalização do país. Eu não tinha dúvidas de que isso era precário. A mim, incumbia lutar pela democratização definitiva. Era um posto a partir do qual se podia lutar por isso. Essa era a minha convicção, e foi o que eu fiz o tempo todo. Nunca acreditei que se pudesse derrubar o governo militar pelas armas. Era uma loucura. Podia ser elegante. Se você tinha propensão pelo épico, pelo dramático, podia ser uma grande tentação. A mim, nunca tentou. Disse isso ao Lacerda e ele praticamente rompeu comigo: "Ninguém vencerá os militares pelas armas". E quem fez -nós não fizemos, mas nos acomodamos- tinha que desfazer. Nosso dever era lutar por dentro [do regime], e foi o que fiz. Sentia essa responsabilidade. Senão, não teria nem me candidatado. O sr. sabia das torturas? Sabia que havia brutalidades. Sempre houve no Brasil. Sou advogado. A coisa mais triste é uma delegacia de polícia. Estar lá era o equivalente a ser torturado, sofrer maus tratos. O pau de arara não foi invenção de 1964. Ninguém se importava com a miséria do preso comum. A coisa só começou a chamar atenção quando os presos políticos foram submetidos ao mesmo tratamento. Era muito difícil, estando fora do jogo político, ter certeza de que a prática detestável do sistema policial no Brasil tinha virado também uma forma de interrogatório e custódia de presos políticos. Em contato com correntes políticas, ficava sabendo: fulano foi preso, beltrano foi torturado. A coisa começou a despertar preocupação. O regime não era apenas duro, mas estava descambando para a selvageria. Neste momento, fui designado líder do governo e me tornei uma espécie de estuário de queixas. O que fazia com elas? Fui ao Golbery [do Couto e Silva] e disse: "Estou recebendo essas notícias. Não é possível que no Brasil se instale como regra esse tipo de tratamento a presos políticos. Se é uma desgraça com o preso comum, não é possível que vire sistema de tratamento de presos políticos". Eu levava a informação de que fulano foi torturado. Golbery transmitia ao [João] Figueiredo, que tomava providência. Pegava o capitão ou major e transferia. Era tudo muito ao de leve. Faltava força aos superiores hierárquicos para coibir os abusos. O sr. acha que eram abusos, e não uma política de Estado? Acho que agiam à revelia [dos generais]. Que havia conivência de oficiais superiores, às vezes havia. Achavam que tinha que ser assim. Senão, não ganhavam a guerra. Como vê a decisão do STF que manteve a validade da Lei da Anistia, em 2010, e a criação Comissão da Verdade, dois anos depois? A Anistia é um instrumento de pacificação. Ninguém é tolo o bastante de acreditar que seria possível pacificar o país sem o esquecimento dos crimes praticados de um lado ou de outro. A Comissão da Verdade é exatamente o oposto. O que a Anistia fez, ela desfaz. Intranquiliza famílias, partidos políticos, e não consegue a verdade. O problema do historiador é o contexto dos fatos. É muito simples ver 1964 com o bem e o mal. Não existe isso. A vida não é maniqueísta. O que acha da visão que se tem hoje do regime? Absolutamente distorcida. Sempre se disse que a história é escrita pelos vencedores. No nosso caso, são os vencidos que estão escrevendo, ao seu gosto. A fabulação tem um objetivo político evidente. Desqualificar todos os que não lutaram contra a famosa ditadura, que não foi ditadura nenhuma. O objetivo é político. A verdade é muito mais complexa de abarcar. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1430339-nao-era-ditadura-diz-presidente-da-camara-no-governo-geisel.shtml. Último acesso em 09/04/2014.

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Teoria e História do Direito

1º Semestre – Direito - Zumbi dos Palmares

Aula 07/04/2015

Direito na Idade Média. Direito Germânico. Direito Canônico. A recepção do Direito Romano.

Professora Juliana Ribeiro Brandão

1. Direito na Idade Média

1.1. Notas sobre o período histórico - Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

1.2. Invasões Bárbaras

1.3. Consequências do fim do Império Romano do Ocidente.

1.4. Dualidade de regimes jurídicos.

1.5. Direito nos reinos bárbaros -Pluralidade de ordens jurídicas > Direito dos bárbaros e Direito

romano vulgarizado

2. Direito Germânico

2.1. Características.

3. Direito Canônico

3.1. Importância: Instituições e Cultura Jurídica.

3.2. Igreja e burocracia moderna do Ocidente.

3.3. Reforma gregoriana – Gregório VII (papa entre 1073 e 1085)

3.4. Querela das investiduras – século XI. Poder Papal X Poder Estatal.

3.5. “Decreto” de Graciano (1140).

3.6. 1234- “Corpus Iuris Canonici” = Decreto de Graciano + Decretais de Gregório IX

3.7. Processo canônico. Tribunal da inquisição. Legados do processo canônico.

4. A recepção do Direito Romano

4.1. Universidade medieval e recuperação da cultura clássica

4.2. A recuperação dos textos de direito

4.3. Prestígio do Direito Romano e seus textos

4.4. Formação dos juristas

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Teoria e História do Direito

1º Semestre – Zumbi dos Palmares

Aula 28/04/2015

Ideologias Jurídicas e suas críticas. Direito e Moral. Direito e Ciências afins.

Professora Juliana Ribeiro Brandão

1. Positivismo Jurídico

1.1. Concepção de direito

1.1.1. Teoria pura do direito – Hans Kelsen. Ordenamento jurídico. Norma hipotética

fundamental

2. Jusnaturalismo

2.1. Concepção de direito.

2.2. Doutrina Clássica: Na Antiguidade. Idade Média

2.3. Jusnaturalismo Racional: Século XVII – Hobbes, Século XVIII - Rousseau

2.4. Jusnaturalismo e a DUDH (1948):

“O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus

direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”

(Preâmbulo)

3. Críticas a essas ideologias jurídicas

Dualismo Direito Positivo X Direito Natural

Positivismo jurídico:

-lugar da injustiça das normas

-segurança jurídica X fundamentação do direito

Jusnaturalismo:

- princípios imutáveis e abstração

-lugar do processo histórico na formação do direito

4. Direito e Moral

4.1. Pontos de similaridade

4.2. Pontos de distinção

5. Direito e Ciências afins

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LEI DAS XII TÁBUAS http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/12tab.htm TÁBUA PRIMEIRA Do chamamento a Juízo 1. Se alguém for chamado a Juízo, compareça. 2. Se não comparecer, aquele que o citou tome testemunhas e o prenda. 3. Se procurar enganar ou fugir, o que o citou poderá lançar mão sobre (segurar) o citado. 4. Se uma doença ou a velhice o impedir de andar, o que o citou lhe forneça um cavalo. 5 . Se não aceitá-lo, que forneça um carro, sem a obrigação de dá-lo coberto. 6. Se se apresentar alguém para defender o citado, que este seja solto. 7 . O rico será fiador do rico; para o pobre qualquer um poderá servir de fiador. 8. Se as partes entrarem em acordo em caminho, a causa estará encerrada. 9. Se não entrarem em acordo, que o pretor as ouça no comitium ou no forum e conheça da causa antes do meio-dia, ambas as partes presentes. 10. Depois do meio-dia, se apenas uma parte comparecer, o pretor decida a favor da que está presente. 11 l. O pôr-do-sol será o termo final da audiência. TÁBUA SEGUNDA Dos julgamentos e dos furtos 1. ... cauções ... subcauções ... a não ser que uma doença grave..., um voto ..., uma ausência a serviço da república, ou uma citação por parte de estrangeiro, dêem margem ao impedimento; pois se o citado, o juiz ou o arbitro, sofrer qualquer desses impedimentos, que seja adiado o julgamento. 2. Aquele que não tiver testemunhas irá, por três dias de feira, para a porta da casa da parte contrária, anunciar a sua causa em altas vozes injuriosas, para que ela se defenda. 3 . Se alguém cometer furto à noite e for morto com flagrante, o que; matou não será punido. 4. Se o furto ocorrer durante o dia e o ladrão for flagrado, que seja fustigado e entregue como escravo à vítima. Se for escravo, que seja fustigado e precipitado do alto da rocha Tarpéia. 5. Se ainda não atingiu a puberdade, que seja fustigado com varas a critério do pretor, e que indenize o dano. 6. Se o ladrão durante o dia defender-se com arma, que a vítima peça socorro cm altas vozes e se, depois disso, matar o ladrão, que fique impune. 7. Se, pela procura cum lance licioque, a coisa furtada for encontrada na casa de alguém, que seja punido como se fora um furto manifesto. 8. Se alguém intentar ação por furto não manifesto, que o ladrão seja condenado no dobro. 9. Se alguém, sem razão, cortar árvores de outrem, que seja condenado a indenizar à razão de 25 asses por árvore cortada. 10. Se alguém se conformar (ou se acomodar, transigir) com um furto, que a ação seja considerada extinta. 11. A coisa furtada nunca poderá ser adquirida por usucapião. TÁBUA TERCEIRA Dos direitos de crédito l. Se o depositário, de má fé, praticar alguma falta com relação ao depósito, que seja condenado em dobro. 2. Se alguém colocar o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao ano, que seja condenado a devolver o quádruplo. 3. O estrangeiro jamais poderá adquirir bem algum por usucapião. 4. Aquele que confessar dívida perante o magistrado, ou for condenado, terá 30 dias para pagar. 5. Esgotados os 30 dias e não tendo pago, que seja agarrado e levado à presença do magistrado. 6. Se não pagar e ninguém se apresentar como fiador, que o devedor seja levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso máximo de 15 libras; ou menos, se assim o quiser o credor. 7. O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o credor que o mantém preso dar-Ihe-á por dia uma libra de pão ou mais, a seu critério. 8. Se não houver conciliação, que o devedor fique preso por 60 dias, durante os quais será conduzido em três dias de feira ao comitium, onde se proclamará, em altas vozes, o valor da dívida. 9. Se não muitos os credores, será permitido, depois do terceiro dia de feira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem poderão vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre.

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TÁBUA QUARTA Do pátrio poder e do casamento l. É permitido ao pai matar o filho que nasceu disforme, mediante o julgamento de cinco vizinhos. 2. O pai terá sobre os filhos nascidos de casamento legítimo o direito de vida e de morte e o poder de vendê-los. 3. Se o pai vender o filho três vezes, que esse filho não recaia mais sob o poder paterno. 4. Se um filho póstumo nascer até o décimo mês após a dissolução do matrimônio, que esse filho seja reputado legítimo. TÁBUA QUINTA Das heranças e tutelas 1. As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens, ou a tutela dos filhos, terão a força de lei. 2. Se o pai de família morrer intestado, não deixando herdeiro seu (necessário), que o agnado mais próximo seja o herdeiro. 3. Se não houver agnados, que a herança seja entregue aos gentis. 4. Se um liberto morrer intestado, sem deixar herdeiros seus, mas o patrono ou os filhos do patrono a ele sobreviverem, que a sucessão desse liberto se transfira ao parente mais próximo da família do patrono. 5. Que as dívidas ativas e passivas sejam divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão de cada um. 6. Quanto aos demais bens da sucessão indivisa, os herdeiros poderão partilhá-los, se assim o desejarem; para esse: fim o pretor poderá indicar três árbitros. 7. Se o pai de família morrer sem deixar testamento, indicando um herdeiro seu impúbere, que o agnado mais próximo seja o seu tutor. 8. Se alguém tornar-se louco ou pródigo e não tiver tutor, que a sua pessoa e seus bens sejam confiados à curatela dos agnados e, se não houver agnados, à dos gentis. TÁBUA SEXTA Do direito de propriedade e da posse 1 . Se alguém empenhar a sua coisa ou vender em presença de testemunhas, o que prometeu terá força de lei. 2. Se não cumprir o que prometeu, que seja condenado em dobro. 3. O escravo a quem for concedida a liberdade por testamento, sob a condição de pagar uma certa quantia, e que for vendido em seguida, tornar-se-á livre, se pagar a mesma quantia ao comprador. 4. A coisa vendida, embora entregue, só será adquirida pelo comprador depois de pago o preço. 5. As terras serão adquiridas por usucapião depois de dois anos de posse, as coisas móveis depois de um ano. 6. A mulher que residir durante um ano em casa de um homem, como se fora sua esposa, será adquirida por esse homem e cairá sob o seu poder, salvo se se ausentar da casa por três noites. 7. Se uma coisa for litigiosa, que o pretor a entregue provisoriamente àquele que detiver a posse; mas se se tratar da liberdade de um homem que está em escravidão, que o pretor lhe conceda a liberdade provisória. 8 . Que a madeira utilizada para a construção de uma casa, ou para amparar a videira, não seja retirada só porque o proprietário reivindicar; mas aquele que utilizou a madeira que não lhe pertencia seja condenado a pagar o dobro do valor; e se a madeira for destacada da construção ou do vinhedo, que seja permitido ao proprietário reivindicá-la.9. Se alguém quer repudiar a sua mulher, que apresente as razões desse repúdio. TÁBUA SÉTIMA Dos delitos l. Se um quadrúpede causar qualquer dano, que o seu proprietário indenize o valor desse dano ou abandone o animal ao prejudicado. 2. Se alguém causar um dano premeditadamente, que o repare. 3. Aquele que fizer encantamentos contra a colheita de outrem; ou a colher furtivamente à noite antes de amadurecer ou a cortar depois de madura, será sacrificado a Ceres. 4. .... 5. Se o autor do dano for impúbere, que seja fustigado a critério do pretor e indenize o prejuízo em dobro. 6. Aquele que fizer pastar o seu rebanho em terreno alheio, 7. e o que intencionalmente incendiar uma casa ou um monte de trigo perto de uma casa, seja fustigado com varas e em seguida lançado ao fogo. 8. mas se assim agir por imprudência, que repare o dano; se não tiver recursos para isso, que seja punido menos severamente do que se tivesse agido intencionalmente.

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9. Aquele que causar dano leve indenizará 25 asses. 10. Se alguém difamar outrem com palavras ou cânticos, que seja fustigado. 11. Se alguém ferir a outrem, que sofra a pena de Talião, salvo se houver acordo. 12. Aquele que arrancar ou quebrar um osso a outrem deverá ser condenado a uma multa de 300 asses, se o ofendido for um homem livre; e de 150 asses, se o ofendido for um escravo. 13. Se o tutor administrar com dolo, que seja destituído como suspeito e com infâmia; se tiver causado algum prejuízo ao tutelado, que seja condenado a pagar o dobro ao fim da gestão. 14. Se um patrono causar dano a seu cliente, que seja declarado sacer (podendo ser morto como vítima devotada aos deuses). 15. Se alguém participar de um ato como testemunha ou desempenhar nesse ato as funções de libripende, e recusar dar o seu testemunho, que recaia sobre ele a infâmia e ninguém lhe sirva de testemunha. 16. Se alguém proferir um falso testemunho, que seja precipitado da rocha Tarpéia. 17. Se alguém matar um homem livre e; empregar feitiçaria e veneno, que seja sacrificado com o último suplício. 18. Se alguém matar o pai ou a mãe, que se lhe envolva a cabeça e seja colocado em um saco costurado e lançado ao rio. TÁBUA OITAVA Dos direitos prediais 1 . A distância entre as construções vizinhas deverá ser de dois pés e meio. 2. Que os soldados (sócios) façam para si os regulamentos que entenderem, contanto que não prejudiquem o público. 3. A área de cinco pés deixada livre entre os campos limítrofes não poderá ser adquirida por usucapião. 4. Se surgirem divergências entre possuidores de campos vizinhos, que o pretor nomeie três árbitros para estabelecer os limites respectivos. 5. Lei incerta sobre limites 6. ... Jardim ... ... ... 7. ... herdade ... ... 8. ... choupana ... ... 9. Se uma árvore se inclinar sobre o terreno alheio, que os seus galhos sejam podados à altura de mais de 15 pés. 10. Se caírem frutos sobre o terreno vizinho, o proprietário da árvore terá o direito de colher esses Frutos. 11 . Se a água da chuva retida ou dirigida por trabalho humano causar prejuízo ao vizinho, que o pretor nomeie cinco árbitros, e que estes exijam do dono da obra garantias contra o dano iminente. 12. Que o caminho em reta tenha oito pés de largura e o em curva tenha dezesseis. 13. Se aqueles que possuírem terrenos vizinhos a estradas não os cercarem, que seja permitido deixar pastar o rebanho à vontade. (Nesses terrenos). TÁBUA NONA Do direito público 1. Que não se estabeleçam privilégios em lei. (Ou que não se façam leis contra indivíduos). 2. Aqueles que forem presos por dívidas e as pagarem, gozarão dos mesmos direitos como se não tivessem sido presos; os povos que forem sempre fiéis e aqueles cuja defecção for apenas momentânea gozarão de igual direito. 3. Se um juiz ou um arbitro indicado pelo magistrado receber dinheiro para julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto. 4. Que os comícios por centúrias sejam os únicos a decidir sobre o estado de uma cidade (vida, liberdade, cidadania, família). 5. Os questores de homicídio... 6. Se alguém promover em Roma assembléias noturnas, que seja morto. 7. Se alguém insuflar o inimigo contra a sua Pátria ou entregar um concidadão ao inimigo, que seja morto TÁBUA DÉClMA Do direito sacro 1. ..... do juramento. 2. Não é permitido sepultar nem incinerar um homem morto na cidade. 3. Moderai as despesas com os funerais. 4. Fazei apenas o que é permitido. 5. Não deveis polir a madeira que vai servir à incineração.

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6. Que o cadáver seja vestido com três roupas e o enterro se faça acompanhar de dez tocadores de instrumentos. 7. Que as mulheres não arranhem as faces nem soltem gritos imoderados. 8. Não retireis da pira os restos dos ossos de um morto, para lhe dar segundos funerais, a menos que tenha morrido na guerra ou em país estrangeiro. 9. Que os corpos dos escravos não sejam embalsamados e que seja abolido dos seus funerais o uso da bebida em torno do cadáver. 10. Que não se lancem licores sobre a pia de incineração nem sobre as cinzas do morto. 11. Que não se usem longas coroas nem turíbulos nos funerais. 12. Que aquele que mereceu uma coroa pelo próprio esforço ou a quem seus escravos ou seus cavalos fizeram sobressair nos jogos, traga a coroa como prova do seu valor, assim com os seus parentes, enquanto o cadáver está em casa e durante o cortejo. 13. Não é permitido fazer muitas exéquias nem muitos leitos fúnebres para o mesmo morto. 14. Não é permitido enterrar ouro com o cadáver; mas se seus dentes são presos com ouro, pode-se enterrar ou incinerar com esse ouro. 15. Não é permitido, sem o consentimento do proprietário, levantar uma pira ou cavar novo sepulcro, a menos de sessenta pés de distância da casa. 16. Que o vestíbulo de um túmulo jamais possa ser adquirido por usucapião, assim como o próprio túmulo. TÁBUA DÉCIMA PRIMEIRA 1 . Que a última vontade do povo tenha força de lei. 2. Não é permitido o casamento entre patrícios e plebeus. 3. ... Da declaração pública de novas consecrações. TÁBUA DÉCIMA SEGUNDA 1 . ...... do penhor ...... 2. Se alguém fizer consagrar uma coisa litigiosa, que pague o dobro do valor da coisa consagrada. 3. Se alguém obtiver de má fé a posse provisória de uma coisa, que o pretor, para pôr fim ao litígio, nomeie três árbitros, que estes condenem o possuidor de má fé a restituir o dobro dos frutos. 4. Se um escravo cometer um furto, ou causar algum dano, sabendo-o patrono, que seja obrigado esse patrono a entregar o escravo, como indenização, ao prejudicado.

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Disponível em:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=1F0A174560AC54A2390667F506800D

50.proposicoesWeb1?codteor=1014859&filename=Dossie+-PEC+171/1993. Último acesso em 20/03/2015

PEC 171/1993

Altera a redação do artigo 228 da Constituição Federal. Proposta de Emenda à Constituição Nº 171, DE 1993

(Do Sr. Benedito Domingos)

Altera a redação do artigo 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de dezesseis anos).

(APENSE-SE À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 14, DE 1989).

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do Art. 60 da Constituição Federal, promulgam

a seguinte Emenda ao texto constitucional:

“Art. 1º. O Art. 228 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido de parágrafo único e com a seguinte redação:

"Art. 228 - São penalmente inimputáveis os menores de dezesseis anos, sujeitos às normas da legislação especial."

Art. 2º - Esta Emenda entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 20 de agosto de 1993

BENEDITO DOMINGOS

Deputado Federal - PP/DF

JUSTIFICAÇÃO

O objetivo desta proposta é atribuir responsabilidade criminal ao jovem maior de dezesseis anos.

A conceituação da inimputabilidade penal, no direito brasileiro, tem como fundamento básico a presunção legal de

menoridade, e seus efeitos, na fixação da capacidade para entendimento do ato delituoso.

Por isso, o critério adotado para essa avaliação atualmente é o biológico.

Ao aferir-se esse grau de entendimento do menor, tem-se como valor maior a sua idade, pouco importando o seu

desenvolvimento mental.

Observadas através dos tempos, resta evidente que a idade cronológica não corresponde à idade mental. O menor de

dezoito anos, considerado irresponsável e, consequentemente, inimputável, sob o prisma do ordenamento penal

brasileiro vigente desde 1940, quando foi editado o Estatuto Criminal, possuía um desenvolvimento mental inferior

aos jovens de hoje da mesma idade.

Com efeito, concentrando as atenções no Brasil e nos jovens de hoje, por exemplo, é notório, até ao menos atento

observador, que o acesso destes à informação - nem sempre de boa qualidade - é infinitamente superior àqueles de

1940, fonte inspiradora natural dos legisladores para a fixação penal em dezoito anos. A liberdade de imprensa, a

ausência de censura prévia, a liberação sexual, a emancipação e independência dos filhos cada vez mais prematura, a

consciência política que impregna a cabeça dos adolescentes, a televisão como o maior veículo de informação jamais

visto ao alcance da quase totalidade dos brasileiros, enfim, a própria dinâmica da vida, imposta pelos tortuosos

caminhos do destino, desvencilhando-se ao avanço do tempo veloz, que não pára, jamais.

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Todos os fatores ora elencados, dentre outros, obviamente, que vêm repercutindo na mudança da mentalidade de

três ou quatro gerações, não estavam à mão dos nossos jovens de quarenta ou cinqüenta anos atrás, destinatário da

norma penal benevolente de 1940, que lhes atestou a incapacidade de entender o caráter delituoso do fato e a

incapacidade de se determinarem de acordo com esse entendimento.

Se há algum tempo atrás se entendia que a capacidade de discernimento tomava vulto a partir dos 18 anos, hoje, de

maneira límpida e cristalina, o mesmo ocorre quando nos deparamos com os adolescentes com mais de 16.

Assim, pela legislação penal brasileira, o menor de dezoito anos não está sujeito a qualquer sanção de ordem punitiva,

mas tão somente às medidas denominadas sócio-educativas, que, em síntese, são: advertência, obrigação de reparar

o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação.

Num escorço histórico sobre o instituto da responsabilidade penal no Brasil temos que, conquanto o Código Penal de

1940 estatua o início da responsabilidade criminal aos 18 anos, o seu antecessor, de 1890, assim o dispunha

“Art. 27.Não são criminosos:

§ 1º o menor de nove anos completos;

§ 2º ..... etc.

Art. 13 - Se se provar que os menores de quatorze anos, que tiveram cometido crimes, obraram com discernimento,

deverão ser recolhidos às casas de correção, pelo tempo que ao Juiz parecer, contanto que o recolhimento não exceda

à idade de dezessete anos."

Em nosso ordenamento, por exemplo, o indivíduo se torna capaz para o casamento aos 18 anos se homem e aos 16

anos se mulher - o critério é apenas de caráter biológico, não havendo o legislador se preocupado com os aspectos

psicológicos, morais e sociais para ato tão importante e sério da vida, donde advém a família, a célula mater da

sociedade; para a prática dos atos da vida civil, em geral, 21 anos, o que constitui mera presunção da lei de plena

aquisição do desenvolvimento mental; para o exercício dos direitos eleitorais, 16 anos, irresponsável, porém quanto

à prática de crimes eleitorais; para que possa contratar trabalho (emprego), 14 anos, apesar de o menor não poder,

ele próprio, sozinho, distratar, etc.

E o mais grave, indubitavelmente, é o encontrado na esfera penal; para que alguém possa ser apenado pela prática

de ato delituoso, de ação típica, antijurídica, culpável e punível, é preciso que, concretizados os elementos do crime,

tenha o agente atingido a idade de 18 anos!

O tempo encarregou-se, com o advento de mudanças que a cibernética trouxe no seu bojo, de interferir na formação

da criança e, particularmente do jovem, no seu desenvolvimento e no seu enfrentamento das situações de cada dia.

Hoje, um menino de 12 anos compreende situações da vida que há algum tempo atrás um jovenzinho de 16 anos ou

mais nem sonhava explicar.

A tal ponto isto foi percebido por nós que ao analisarmos o potencial dos moços com 16 anos percebemos que

poderiam escolher os seus governantes e para isso conseguiram o direito de votar.

Nos grandes centros urbanos, os adolescentes entre dezesseis e dezoito anos já possuem, indiscutivelmente, um

suficiente desenvolvimento psíquico e a plena possibilidade de entendimento, por força dos meios de comunicação

de massa, que fornecem aos jovens de qualquer meio social, ricos e pobres, um amplo conhecimento e condições de

discernir sobre o caráter de licitude e ilicitude dos atos que praticam e de determinar-se de acordo com esse

entendimento, ou seja: hoje, um menor de 16 ou 17 anos sabe perfeitamente que matar, lesionar, roubar, furtar,

estuprar etc. são fatos que contrariam o ordenamento jurídico; são fatos contrários a lei, em síntese, entendem que

praticando tais atos são delinqüentes.

O noticiário da imprensa diariamente publica que a maioria dos crimes de assalto, de roubo, de estupro, de assassinato

e de latrocínio, são praticados por menores de 18 anos, quase sempre, aliciados por adultos.

A mocidade é utilizada para movimentar assaltos, disseminação de estupefacientes, desde o "cheirar a cola" até o

viciar-se com cocaína e outros assemelhados, bem como agenciar a multiplicação dos consumidores.

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Se a lei permanecer nos termos em que está disposta, continuaremos com a possibilidade crescente de ver os moços

com seu caráter marcado negativamente, sem serem interrompidos para uma possível correção, educação e resgate.

Os jovens "bem sucedidos" na carreira de crime vão se organizando em quadrilhas, que a própria polícia não tem

condições de enfrentar pois, a lei a impede de acionar os dispositivos que normalmente aplicaria se tais pessoas não

fossem consideradas inimputáveis.

Com isto, o que está ocorrendo é o aumento considerável da criminalidade por parte de menores de dezoito anos de

idade que delinqúem e que, carentes de institutos adequados ao seu recolhimento para reeducação ou correção de

comportamento, após curto afastamento do meio social em estabelecimentos reformatórios voltam inevitavelmente

às práticas criminosas

Para Heleno Cláudio Fragoso (in Lições de Direito Penal), "a imputabilidade é condição pessoal da maturidade e

sanidade mental que confere ao agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de se determinar segundo

esse entendimento..."

A presente Proposta de Emenda à Constituição tem por finalidade dar ao adolescente consciência de sua participação

social, da importância e da necessidade mesmo do cumprimento da lei, desde cedo, como forma de obter a cidadania,

começando pelo respeito à ordem jurídica, enfim, o que se pretende com a redução da idade penalmente imputável

para os menores de 16 anos é dar-lhes direitos e consequentemente responsabilidade, e não puni-los ou mandá-los

para a cadeia.

O moço hoje entende perfeitamente o que faz e sabe o caminho que escolhe. Deve ser, portanto, responsabilizado

por suas opções.

Dar-lhe esta condição é uma ajuda que as leis praticarão. Antes de qualquer cometimento, o moço estará habilitado

a calcular o desfecho que suas atitudes terão.

A uma certa altura, no Velho Testamento, o profeta Ezequiel nos dá a perfeita dimensão do que seja a responsabilidade

penal. Não se cogita nem sequer de idade. "A alma que pecar, essa morrerá" (Ez. 18). A partir da capacidade de

cometer o erro, de violar a lei surge a implicação: pode também receber a admoestação proporcional ao delito - o

castigo.

Nessa faixa de idade já estão sendo criados os fatores que marcam a identidade pessoal surgem as possibilidades para

a execução do trabalho disciplinado.

Ainda referindo-nos a informações bíblicas, Davi, jovem modesto pastor de ovelhas acusa um potencial admirável com

o eu estro de poeta e cantor dedilhando a sua harpa mas, ao mesmo tempo, responsável suficientemente para atacar

o inimigo pelo gigante Golias, comparou-o ao urso e ao leão que matara com suas mãos.

Sabe-se que, na prática, os menores vêm, já, usufruindo, na clandestinidade, com a cumplicidade dos pais, das

autoridades judiciárias e policiais - que fazem vista grossa a essa situação - de certos direitos que legalmente não lhes

seriam permitido usufruir, tais como: dirigir automóveis, freqüentar lugares e eventos festivos populares noturnos,

assistir a filmes e peças teatrais considerados impróprios, até mesmo, a constituição de família sem as mínimas

condições de mantê-la.

A proposta traça os princípios básicos, as linhas mestras do novo sistema que será implementado pela lei ordinária

especial, através da qual serão regulamentadas as formas de aplicação de sanção mais branda, para os menores de 18

anos e maiores de 16 anos de idade, diferenciada dos criminosos com maioridade. Exemplificando, teríamos elencadas

as atenuantes, a gradação da pena a ser aplicada que poderia ser de um terço às aplicadas aos de maioridade, o

estabelecimento penal onde o menor irá cumpri-la, os efeitos e os objetivos da pena, dentro de um programa de

reeducação social, intelectual e profissional, etc.

Enquanto não se ajuda o jovem com mais de 16 anos a entender a vida como ela realmente é, dando-lhe oportunidade

de discernir o que é liberdade de conduta e a disciplinar os seus limites, a prostituição infantil continuará prosperando,

os filhos da delinqüência continuarão a ser uma realidade crescente.

Caso não se contenha o engano que ainda subsiste, talvez nos venha a ser difícil calcular que tipo de país teremos nos

próximos cinco ou dez anos, quando já não apenas teremos que nos preocupar com a reabilitação de jovens, mas já

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estaremos vendo as idades menores contaminadas e o pavor em nossas ruas, escolas e residências marcando

indelevelmente a vida nacional.

Salomão, do alto de sua sabedoria, dizia: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho

não se desviará dele". Nesse sentido ensinava Rui Barbosa: vamos educar a criança para não termos que punir o adulto.

Esta é uma proposta para valorizar os que estão surgindo. Entretanto, para os que fazem parte do quadro que aí está,

o nosso esforço terá de ser em termos de ajudá-los a ainda alcançarem uma vida transformada e, para isso, impedir

já a sua carreira de crimes que ameaça iniciar ou continuar.

Por todas essas razões, submetemos ao Congresso Nacional a presente Proposta de Emenda à Constituição para que

seja discutida e avaliada pelos nobres congressistas, nas duas Casas do Congresso e afinal aprovada.

Esse é o nosso objetivo.

BENEDITO DOMINGOS

Deputado Federal - PP

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Leonardo Sakamoto

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Que tal reduzirmos a maioridade penal para 12anos?

18/03/2015 10:00

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A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados adiou,

nesta terça (17), a votação da admissibilidade de propostas de emendas à

Constituição (http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITO-E-

JUSTICA/483680-CCJ-ENCERRA-REUNIAO-SEM-VOTAR-REDUCAO-DA-

MAIORIDADE-PENAL.html) (como a 171/93 e apensadas) que reduzem de 18 para

16 anos a maioridade penal. Os deputados devem ouvir especialistas antes de

prosseguir com a votação, que vai decidir se a pauta – que conta com o apoio do

presidente da casa, Eduardo Cunha – será levada ou não a plenário.

Gosto de citar uma pesquisa do Datafolha, divulgada em abril de 2013,

(http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/04/1263937-93-dos-paulistanos-

querem-reducao-da-maioridade-penal.shtml) que mostrou que 93% dos moradores

da capital paulista concordavam com a diminuição da idade legal a partir da qual

uma pessoa possa responder por seus crimes para 16 anos. Ao todo, 6% eram

contra e 1% não soube responder. Dos que eram favoráveis à redução, 35%

concordava que a idade fosse rebaixada a uma faixa de 13 a 15 anos e 9% até 12

anos. Afinal, se um bom uísque tem 12 anos, por que não um pequeno presidiário?

Na época, disse aqui que fiquei surpreso. Não com os 93%, mas o fato de ainda

termos 6% de pessoas em São Paulo que não se deixaram levar por soluções

fáceis para a difícil questão da segurança pública. É uma boa base para manter o

diálogo vivo e não cair em canetadas, que vão atacar consequências e não as

causas do problema.

Uma democracia verdadeira passa pelo respeito à vontade da maioria, desde que

garantida a dignidade das minorias. Até porque, como sabemos pela análise da

história, a maioria pode ser avassaladoramente violenta. Se não forem garantidos

os direitos fundamentais das minorias (e quando digo “minoria”, não estou falando

de uma questão numérica mas, sim, do nível de direitos efetivados, o que faz das

mulheres uma minoria no país), estaremos apenas criando mais uma ditadura.

Nessas horas, eu me pergunto se estamos prontos para baterias de

plebiscitos. Porque ao jogar para a massa, a dignidade de um grupo pode ir para o

chinelo. Porque não são minorias as responsáveis por fazerem as perguntas

levadas à consulta, mas, pelo contrário, quem está no poder.

A ampliação ao direito ao aborto e o direito à eutanásia, a redução da maioridade

penal e a descriminalização da maconha, se levadas a plebiscito, hoje,

perderiam. Mas, olhe que interessante: a taxação de grandes fortunas, de grandes

heranças e a auditoria na dívida brasileira certamente ganhariam. Agora me digam:

qual estaria mais perto de ir a uma consulta? E por quê?

Alvíssaras que algumas decisões do Supremo Tribunal Federal sobre a

interpretação da Constituição Federal visando à garantia desses direitos não têm

sido tomadas com base em pesquisas de opinião ou para onde sopra a opinião

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pública em determinado momento depois de um crime bárbaro.

A população, ricos e pobres, feito uma horda desgovernada, por vezes não pedem

Justiça, mas vingança assustadas com terríveis histórias de violência. Olho por

olho, dente por dente, para a felicidade de Hamurabi.

Afinal de contas, aquele bando de assassinos da Fundação Casa deveria é ser

transferido integralmente para a prisão e apodrecer por lá, não é mesmo? Não

importa que apenas 0,9% dos jovens internados na antiga Febem estejam

envolvidos com latrocínios. Se a gente diz que a culpa é deles, é porque alguma

coisa fizeram de errado.

Sem alterações estruturais em nossa sociedade de forma a garantir alternativas

reais a esses jovens, a redução da maioridade penal para 16 anos só fará com que

pessoas aprendam mais cedo a se profissionalizar no crime. E se jovens de 14

começarem a roubar e matar, podemos mudar a lei no futuro também. E daí se

ousarem começar antes ainda, 12. E por que não dez, se fazem parte de

quadrilhas? Aos oito já sabem empunhar uma arma. E, com seis, já se vestem

sozinhos.

Um dos maiores acertos de nosso sistema legal é que, pelo menos em teoria,

protegemos os mais jovens – que ainda não completaram um ciclo de

desenvolvimento mínimo, seja físico ou intelectual, a fim de poderem compreender

as consequências de seus atos.

Completar 18 anos não é uma coisa mágica, não significa que as pessoas já estão

formadas e prontas para tudo ao apagarem as 18 velinhas. Mas é uma convenção

baseada em alguns fundamentos biológicos e sociais. E, o importante, é que as

pessoas se preparam para essa convenção e a sociedade se organiza para essa

convenção.

Ninguém está defendendo o crime, muito menos bandidos,

pelamordedeusjesusmariajosé! Até porque, adolescentes que cometeram infrações

são internados por até três anos e eles efetivamente são (ao contrário de muito

bandido, rico e pobre, que entra na cadeia e sai logo depois). O que está em jogo

aqui é que tipo de sociedade estamos nos tornando ao defendermos a redução da

maioridade penal.

Decretamos a falência do Estado e a inviabilidade do futuro e assumimos o “cada

um por si e o Sobrenatural por todos''? Do que estamos abrindo mão ao pregar que

as falhas na formação da juventude sejam corrigidas de uma forma que, como já

ficou provado, não funciona, é apenas vingança? No mínimo, de nossa própria

humanidade.

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Teoria e História do Direito

1º Semestre – Zumbi dos Palmares

Aula 12/05/2015

Professora Juliana Ribeiro Brandão

O Direito na Idade Moderna.

O direito comum e a formação dos Estados Nacionais.

1. Contexto histórico

Reforma Protestante. Chegada dos europeus à América. Desenvolvimento da economia

monetarizada. Consolidação dos Estados Nacionais.

2. Declínio das universidades

Perda da importância das universidades.

Perseguição de professores.

Universidades passam então a serem dominadas pela teologia e pelos debates teológicos.

Perda da importância do Direito Romano.

3. Gênese do absolutismo

a) Fase feudal

b) Fase moderna

c) Fase de consolidação

4. Estados Nacionais

Monopólio da legislação e da jurisdição.

Papel dos Códigos.

5. Ensino dos direitos nacionais

Direito Romano como base de todo ensino do direito - Jus commune.

Século XVIII - Ensino do direito nacional aparecerá nas universidades.

***Cenário Brasileiro

Centro da monarquia não estava no território nacional. 1808 - Monarquia mudou-se

para o Brasil (invasões napoleônicas)

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Zumbi dos Palmares – Curso de Direito – 1º Semestre Seminário 3 – Teoria e História do Direito – Profª Juliana Ribeiro Brandão - 14/04/2015

Magna Carta1

Ano de 1215

João, pela graça de Deus, rei da Inglaterra, senhor da Irlanda, duque da Normandia e Aquitânia, e conde de Anjou, aos seus arcebispos, bispos, abades, condes, barões, juízes, guardas florestais, corregedores, prebostes, ministros e a todos os seus bailios e súbditos fiéis, saudações. Saibam que nós, por respeito a Deus e à salvação da nossa alma, e a de todos os nossos ancestrais e herdeiros, para a honra de Deus e exaltação da santa igreja, e para o aperfeiçoamento do nosso reinado, com o conselho dos nossos venerandos padres, Stephen, arcebispo de Canterbury, primaz de toda a Inglaterra, e cardeal da Santa Igreja Romana, Henry, arcebispo de Dublin, William de Londres, Peter de Winchester, Jocelin de Bath e Glastonbury, Hugh de Lincoln, Walter de Worcester, William de Conventry e Benedict de Rochester, bispos; mestre Pandulph, o subdiácono do Papa e mordomo oficial; irmão Aymeric, mestre dos Cavaleiros do Templo na Inglaterra; e dos nobres, William Marshal, conde de Pembroke, William, conde de Salisbury, William, conde de Warenne, William, conde de Arundel; Alan de Galloway, condestável da Escócia, Warin FitzGerald, Peter Fitz-Herbert, Hubert de Burgh, senescal de Poitou, Hugh de NevilIe, Mathew Fitz-Herbert, Thomas Basset, Alan Basset, Philip d'Aubigny, Robert de Roppelay, John Marshal, John Fitz-Hugh e outros dos nossos servidores fiéis: 1. Prometemos diante de Deus, em primeiro lugar, e por esta nossa presente carta confirmamos por nós e por nossos herdeiros, para sempre, que a igreja da Inglaterra será livre e gozará dos seus direitos na sua integridade e da inviolabilidade das suas liberdades; e é nossa vontade que assim se cumpra; e isto está patenteado pelo facto de que nós, de nossa plena e espontânea vontade, antes que surgisse a discórdia entre nós e os nossos barões, concedemos, e por nossa carta confirmamos e solicitamos a sua confirmação pelo Papa Inocêncio III, a liberdade de eleições, que é da maior importância e essencial para a igreja da Inglaterra; e a isto observaremos e queremos que seja observado em boa-fé pelos nossos herdeiros para sempre. Nós também concedemos a todos os homens livres do nosso reino, por nós e por nossos herdeiros perpetuamente, todas as liberdades abaixo escritas, para que as tenham e as conservem para si e para os seus herdeiros, de nós e dos nossos herdeiros. 2. Se qualquer dos nossos condes ou barões, ou outros que de nós recebam, como chefes, benefícios, morrer, e na época da sua morte o seu herdeiro tiver alcançado a maioridade e estiver obrigado a pagar uma taxa de transmissão, receberá a sua herança pela antiga taxa de transmissão, a saber: o herdeiro ou herdeiros de um conde pelo pagamento de cem libras por todo o baronato de um conde; o herdeiro ou herdeiros de um barão pelo pagamento de cem libras por todo o baronato; o herdeiro ou herdeiros de um cavaleiro pelo pagamento de cem shillings no máximo por todo o feudo de cavaleiro; e aquele que estiver obrigado a menos pagará menos, conforme o costume antigo dos feudos. 3. Mas se o herdeiro de qualquer desses não tiver a maioridade e for tutelado, receberá a sua herança sem taxa de transmissão quando atingir a idade. 4. O curador da terra de qualquer desses herdeiros menores de idade retirará daí apenas proveitos, taxas e serviços razoáveis, e isto sem destruição ou desperdício de homens ou bens; e se entregarmos a custódia de quaisquer dessas terras ao corregedor, ou a qualquer outro que responderá diante de nós pelos proveitos daí resultantes, e ele provocar destruição e desperdício da sua curadoria, exigiremos dele reparação, e a terra será entregue a dois homens legítimos e prudentes daquele feudo, os quais responderão perante nós pelos proveitos, ou perante alguém que lhes indicarmos; e se vendermos ou dermos a alguém a custódia de quaisquer dessas terras, e ele provocar a sua destruição ou desperdício, perderá a custódia, e a terra será entregue a dois homens legítimos e prudentes daquele feudo, os quais responderão diante de nós como referido.

1 http://corvobranco.tripod.com/dwnl/magna_carta.pdf, com alterações baseadas na tradução de José Reinaldo de Lima Lopes, In

LOPES, José Reinaldo de Lima et al. Curso de História do Direito. São Paulo: Editora Método, 2006.

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5. Mas o curador, enquanto estiver com a custódia da terra, conservará as casas, os parques, os tanques de peixe, os lagos, os moinhos e outros pertences com os ganhos da terra; e ele devolverá ao herdeiro, quando este tiver idade, todos os seus haveres providos com arados e cultura, tal como a estação possa exigir e os ganhos da terra possam razoavelmente sustentar. 6. Os herdeiros casar-se-ão com mulheres de igual condição, além do que, antes que o casamento tenha lugar, aqueles que estão ligados pelo sangue ao herdeiro deverão ser informados. 7. Uma viúva, após a morte do seu marido, receberá imediatamente e sem obstáculo o seu dote e a sua herança, e nada pagará por sua parte, dote ou herança do que ela e seu marido possuírem no dia da morte deste, e ela pode permanecer na casa de seu marido por quarenta dias após a morte deste, período em que a sua parte lhe deve ser designada. 8. Nenhuma viúva será obrigada a casar-se enquanto desejar viver sem um marido, desde que dê garantia de que não se casará sem nosso consentimento, se estiver sob a nossa dependência, ou sem a do senhor de quem ela depende, se estiver sob dependência de outrem. 9. Nem nós, nem os nossos bailios embargaremos qualquer terra ou arrendamento por qualquer dívida enquanto os bens móveis do devedor forem suficientes para compensar a dívida; tampouco serão embargados os fiadores do devedor, enquanto o devedor principal for capaz de saldar a dívida; e se o devedor principal não pagar o débito, não dispondo de nada com que pagá-lo, então os fiadores responderão por ele; e, se estes quiserem, receberão as terras e arrendamentos do devedor, até que sejam compensados pela dívida que pagaram em nome dele, a menos que o principal devedor possa comprovar estar desobrigado da dívida. 10. Se alguém tomou emprestado dos judeus qualquer soma, grande ou pequena, e morrer antes que a dívida tenha sido paga, o débito não terá juros enquanto o herdeiro for de menoridade, de quem quer que seja seu curador; e se a dívida vier às nossas mãos, apenas assumiremos a soma principal mencionada no ato escrito. 11. E se alguém morrer e tiver dívidas para com os judeus, a sua esposa terá a sua parte, e nada pagará daquele débito; e se os filhos do falecido forem de menoridade, as suas necessidades serão salvaguardadas conforme os haveres do falecido, e do remanescente a dívida será paga, excetuando-se o que é devido aos senhores; do mesmo modo se procederá para os débitos com outros que não judeus. 12. Nenhum tributo ou auxílio será imposto no nosso reinado, exceto pelo conselho comum do nosso reino, a menos para o resgate da nossa pessoa, a cavalaria do nosso filho mais velho e uma vez para o casamento da nossa filha mais velha, e para tais casos apenas uma ajuda razoável será paga; proceder-se-á igualmente a respeito das ajudas da cidade de Londres. 13. E a cidade de Londres terá todas as suas antigas liberdades e todos os seus direitos alfandegários livres, tanto por terra como por mar. E mais, queremos e concedemos que todas as outras cidades, burgos, vilas e portos tenham todas as suas liberdades e direitos alfandegários livres. 14. E para consultar o conselho comum do reino a respeito do estabelecimento de auxílio – salvo nos três casos acima mencionados, faremos notificar os arcebispos, os bispos, os abades, os condes, e maiores barões, individualmente, por carta nossa; e, além disso, faremos notificar em geral, por meio dos nossos corregedores e bailios, todos aqueles que, como chefes, de nós receberam benefícios para um dia fixado, a saber, quarenta dias pelo menos após a notificação, e num lugar fixado. E em todas as cartas de tais notificações explicaremos as suas causas. Sendo feitas as notificações, proceder-se-á no dia indicado conforme o conselho daqueles que estiverem presentes, mesmo que nem todos os que foram notificados compareçam.

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15. No futuro não concederemos a ninguém permissão para exigir uma ajuda dos seus homens livres, exceto para o resgate da sua pessoa, a cavalaria do seu filho mais velho ou, uma vez apenas, para o casamento da sua filha mais velha, casos em que apenas uma ajuda razoável será cobrada. 16. Ninguém será forçado a prestar mais serviços por um feudo de cavaleiro, ou outra tenência livre, além dos que deve em consequência disso. 17. As demandas dos comuns não transcorrerão mais na nossa corte, mas noutro local indicado. 18. Os inquéritos de Novel Disseísin, Mor d'Ancestor e de Darrem Presentment transcorrerão apenas nos seus próprios condados, e do seguinte modo: nós, ou se estivermos fora do reino, ou o nosso chefe de justiça, enviaremos dois juízes a cada condado, quatro vezes por ano, os quais, com quatro cavaleiros de cada condado, dirigirão as referidas sessões no condado, no dia e no local de reunião da corte do condado. 19. E em caso de que as referidas sessões não possam ocorrer no período da corte do condado, tantos cavaleiros e possuidores livres de tenências permanecerão, entre aqueles presentes àquela corte, quantos possam ser necessários para a administração da justiça, conforme seja maior ou menor o volume das questões. 20. Um homem livre será punido por um pequeno crime apenas, conforme a sua medida; para um grande crime ele será punido conforme a sua magnitude, conservando a sua posição; um mercador igualmente conservando o seu comércio, e um vilão conservando a sua cultura, se obtiverem a nossa mercê; e nenhuma das referidas punições será imposta exceto pelo juramento de homens honestos do distrito. 21. Os condes e barões serão punidos por seus pares, conformemente à medida do seu delito. 22. Um clérigo será punido pela sua tenência laica apenas conforme o modo das outras pessoas acima referidas, e não segundo o valor do seu cargo eclesiástico. 23. Nenhuma vila ou homem serão forçados a construir pontes sobre rios, exceto aqueles que tiverem esse dever legalmente por costume. 24. Nenhum corregedor, capitão, coronel ou bailio responderá pelas demandas da coroa. 25. Todos os condados, partidos, subcondados e aldeias permanecerão nas antigas terras, sem qualquer acréscimo, excetuando os nossos domínios. 26. Se alguém que recebeu de nós um feudo leigo morrer, e o nosso corregedor ou bailio apresentar as nossas cartas-patentes de notificação por um débito que o falecido nos devia, o nosso corregedor ou bailio pode embargar e registar os haveres do falecido encontrados no seu feudo leigo, até ao valor daquela dívida, com a inspeção de homens legítimos, de modo que nada daí seja retirado até que a dívida líquida seja paga, e o remanescente será deixado aos executores para que efetivem a vontade do falecido; e se nada nos é devido por lei, todos os haveres permanecerão para o falecido, salvaguardando partes razoáveis para sua esposa e filhos. 27. Se qualquer homem morrer sem deixar testamento, os seus haveres serão distribuídos pelo seu parente sanguíneo e amigos mais próximos, com supervisão da igreja, salvaguardando a cada um as dívidas que o falecido assumira com eles. 28. Nenhum capitão ou bailio tomará os cereais ou outros haveres de alguém, sem pagamento imediato por isso, a menos que o vendedor lhes conceda um prazo. 29. Nenhum capitão obrigará qualquer cavaleiro a fornecer dinheiro em lugar da guarda do castelo, caso este deseje pessoalmente prestar o serviço, ou um outro homem adequado, se por alguma causa razoável ele próprio não possa fazê-lo; e se nós o chefiarmos ou o mandarmos para a guerra, ele ficará livre da guarda do castelo pelo tempo em que estiver no exército por nossa causa.

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30. Nenhum corregedor ou bailio nosso, ou nenhuma outra pessoa, tomará os cavalos ou os carros de qualquer homem livre para serviço de transporte, contra a vontade do referido homem livre. 31. Nem nós nem os nossos bailios tomaremos a madeira de outro homem, para os nossos castelos ou outras finalidades, a menos que com o consentimento do seu proprietário. 32. Nós guardaremos as terras de pessoas julgadas culpadas de felonia apenas por um ano e um dia, sendo depois devolvidas aos senhores dos feudos. 33. Todos os tanques de peixes serão, de hoje em diante, retirados do Tamisa e do Medway, e de toda a extensão da Inglaterra, exceto a costa marítima. 34. O édito chamado Praecipe não será no futuro emitido a ninguém com respeito a qualquer tolerância, por meio do qual um homem livre possa perder a sua corte. 35. Haverá uma medida para o vinho em todo o nosso reino, e uma para a cerveja, e uma para os cereais, a saber: o quarter londrino; e uma largura para os panos tingidos, russets e haberjects, a saber: duas varas entre as bordas; e com os pesos será igualmente como com as medidas. 36. Nada no futuro será dado ou cobrado por um édito de inquérito de vida ou dos membros, mas ele será concedido gratuitamente e não negado. 37. Se alguém recebe da Coroa terras como um feudo em renda perpétua, de serviços ou de renda anual e possuir terras de outra pessoa em conceito de serviço de cavalaria, não caberá a nós a custódia do seu herdeiro, nem da terra que é do feudo de outrem, por motivo da renda perpétua, dos serviços ou da renda anual, a menos que o feudo esteja condicionado ao serviço de cavaleiro. Nem nos caberá a custódia do herdeiro ou da terra que esse homem possuíra de mãos de outro pelo fato de que detenha pequenas propriedades da Coroa em troca do serviço de cavaleiro ou arqueiro ou de índole análoga. 38. Nenhum bailio levará, de hoje em diante, alguém a julgamento, com base apenas na sua palavra, sem testemunhas dignas de crédito para apoiá-lo. 39. Nenhum homem livre será capturado ou aprisionado, ou desapropriado dos seus bens, ou declarado fora da lei, ou exilado, ou de algum modo lesado, nem nós iremos contra ele, nem enviaremos ninguém contra ele, exceto pelo julgamento legítimo dos seus pares ou pela lei do país.

40. A ninguém venderemos, a ninguém negaremos ou retardaremos direito ou justiça. 41. Todos os mercadores terão liberdade e segurança para sair, entrar, permanecer e viajar através da Inglaterra, tanto por terra como por mar, para comprar e vender, livres de todos os direitos de pedágio iníquos, segundo as antigas e justas taxas, exceto em tempo de guerra, caso sejam do país que está lutando contra nós. E se tais forem encontrados no nosso país no início da guerra serão capturados sem prejuízo dos seus corpos e mercadorias, até que seja sabido por nós, ou pelo nosso chefe de justiça, como os mercadores do nosso país são tratados, se foram encontrados no país em guerra contra nós; e se os nossos estiverem a salvo lá, estes estarão a salvo no nosso país. 42. Será permitido, de hoje em diante, a qualquer um sair do nosso reino, e a ele retornar, salvo e seguro, por terra e por mar, salvaguardando a fidelidade a nós devida, exceto por um curto espaço em tempo de guerra, para o bem comum do reino, e exceto aqueles aprisionados e declarados fora da lei segundo a lei do país e pessoas de países hostis a nós e mercadores, os quais devem ser tratados como acima dito. 43. Se alguém tiver terras confiscadas, como da distinção de Wallingford, Nottingham, Boulogne, Lancaster, ou de outros confiscos, os quais estão nas nossas mãos e são baronatos, e vier a morrer, o seu herdeiro não está obrigado a nenhuma taxa de transmissão, nem à prestação de outro serviço a nós senão o que

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devia ao barão, se aquele baronato estava nas mãos do barão; e nós disporemos dele da mesma forma como o barão dispunha. 44. Os homens que habitam fora da nossa floresta não comparecerão de hoje em diante, perante os nossos juízes da floresta para citações comuns, exceto se eles são interessados nos processos ou fiadores de qualquer pessoa ou pessoas concernidas pelos delitos da floresta. 45. Não nomearemos juízes, capitães, corregedores, ou bailios senão aqueles que conhecem a lei do reino e são de espírito pronto para bem conservá-la. 46. Todos os barões que fundaram abadias, das quais possuem cartas dos reis de Inglaterra, ou das quais dispõem de uma possessão antiga, terão a custódia delas quando desabitadas como devem tê-la. 47. Todas as florestas criadas no nosso tempo de reinado serão imediatamente liberadas o mesmo se fará com todas as represas fluviais que no nosso tempo de governo foram feitas nas reservas. 48. Todas as taxas exageradas concernentes a florestas e pastagens, guardiães de pastagens, corregedores e seus auxiliares, represas fluviais e os seus guardiães deverão imediatamente ser examinados em cada condado por doze cavaleiros ordenados do mesmo condado, os quais serão eleitos pelos homens honestos do mesmo lugar, e dentro de quarenta dias após a realização do exame tais taxas serão completa e irrevogavelmente eliminadas por eles, previsto que nós, ou o nosso chefe de justiça, se não estivermos na Inglaterra, previamente tenhamos conhecimento disso. 49. Nós devolveremos imediatamente todos os reféns e cartas entregues a nós por ingleses como garantia de paz ou de serviço leal. 50. Nós afastaremos por completo dos seus distritos os parentes de Gerard de Atheé, Engelard de Cigogne, Peter, Guy e Andrew de Chanceaux, Guy de Cigogné, Geoffrey de Martigny e seus irmãos, Philip Mark e seus irmãos, e Geoffrey, seu sobrinho, e todos os seus seguidores. 51. E imediatamente após a restauração da paz, faremos sair do reino todos os cavaleiros e arqueiros estrangeiros, aos seus servidores e aos mercenários, que vieram com os seus cavalos e armas para o prejuízo do reino. 52. Se alguém foi desalojado ou desapropriado por nós, sem o julgamento legítimo dos seus pares, das suas terras, haveres, liberdades ou direitos, imediatamente os devolveremos a ele; e se surgir uma discórdia a este respeito, então será esclarecida pelo veredicto dos vinte e cinco barões, cuja menção é feita abaixo na cláusula para a garantia da paz. Mas, com respeito a todas aquelas coisas das quais alguém foi desapropriado ou privado sem o legítimo julgamento dos seus pares, pelo rei Henry nosso pai, ou rei Richard, nosso irmão, e as quais temos na nossa mão, ou que outros dispõem, e aos quais estamos obrigados a garanti-las, teremos uma prorrogação até o termo usual dos cruzados, exceção feita àquelas a respeito das quais uma demanda foi iniciada ou uma inquisição feita por nossa ordem, antes da nossa assunção da cruz; e quando retornarmos da nossa peregrinação, ou se por acaso permanecermos, imediatamente faremos plena justiça. 53. Além disso, teremos a mesma prorrogação, e nos mesmos termos, para fazer justiça na liberação e nova mensuração das florestas que Henry, nosso pai, ou Richard, nosso irmão, delimitaram; e com respeito à posse de terras que pertençam a um outro feudo, as quais mantivemos até agora por motivo de um feudo que alguém recebeu de nós por serviço de cavaleiro; e com respeito às abadias fundadas num feudo que não nos pertencia, sobre o qual o senhor reclama o direito; e quando tivermos retornado, ou se não formos para nossa peregrinação, faremos pela justiça a todos que se queixam dessas coisas. 54. Ninguém será capturado ou aprisionado a pedido de uma mulher pela morte de uma pessoa que não o seu marido.

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55. Todas as multas lançadas por nós injustamente e contra a lei do país, e todas as penas prescritas injustamente e contra a lei do país, serão inteiramente perdoadas, ou então será dado um veredicto pelos vinte e cinco barões, dos quais se faz menção abaixo na cláusula para a garantia da paz, ou pelo veredicto da maior parte deles, juntamente com o referido Stephen, arcebispo de Canterbury, se puder estar presente, e outros que ele possa desejar indicar para esta finalidade; e se ele não puder estar presente, o processo far-se-á sem ele, desde que, se um ou mais de um dos referidos vinte e cinco barões estiver implicado numa demanda deste tipo, ele ou eles serão afastados nessa ocasião, e um outro ou outros, eleitos e juramentados pelo restante dos vinte e cinco, para esta vez somente, completarão o número. 56. Se desabrigamos ou desapropriamos galeses de terras, ou liberdades ou outras coisas, sem o legítimo julgamento dos seus pares, na Inglaterra ou em Gales, estas serão imediatamente devolvidas a eles; e se surgir uma disputa a este respeito, então será esclarecida na fronteira pelo julgamento segundo a lei de Gales para as possessões galesas, e segundo a lei da fronteira para as possessões da fronteira. Os Galeses farão o mesmo para nós e os nossos. 57. E mais, com respeito a todas as coisas das quais qualquer galês tenha sido, desapropriado ou privado, sem o julgamento legítimo dos seus pares, pelo rei Henry, nosso pai, ou rei Richard, nosso irmão, e que temos nas nossas mãos, ou que estão sob posse de outros aos quais estamos obrigados a garantir, teremos uma prorrogação até ao termo usual dos cruzados, excetuadas aquelas coisas objeto de demanda iniciada ou inquisição feita por nossa ordem antes da nossa assunção da cruz. Mas quando retornarmos, ou se por acaso não partirmos para a nossa peregrinação, imediatamente faremos plena justiça a eles, segundo e conforme as leis de Gales e das referidas regiões. 58. Devolveremos imediatamente o filho de Llewelyn, e todos os reféns de Gales, e as cartas que a nós foram entregues como garantia da paz. 59. Nós agiremos em relação a Alexander, rei dos Escoceses, com respeito às suas irmãs, e a devolução dos reféns, e as suas liberdades e o seu direito, da maneira como agiremos com os nossos outros barões da Inglaterra, a menos que deva ser diferentemente, conforme as cartas que recebemos de William, seu pai, anteriormente rei dos Escoceses; e isto Se fará por intermédio do julgamento dos seus pares na nossa corte. 60. E mais, todos os referidos costumes e liberdades que concedemos para serem observados no nosso reino, na medida em que nos concerne em relação aos nossos homens, clérigos ou leigos, estes deverão observar em relação aos seus próprios homens. 61. E visto que nós, para a honra de Deus e aperfeiçoamento do nosso reino, e para a melhor solução da discórdia surgida entre nós e os nossos barões, concedemos todas as coisas acima referidas, nós, desejando que elas sejam para sempre gozadas, totalmente e sem violações, estabelecemos e concedemos a eles a seguinte garantia, a saber: que os barões elegerão quaisquer vinte e cinco barões do reino, como o desejarem, e estes com todo o seu poder manterão, conservarão e farão conservar a paz e liberdade que lhes garantimos, e por esta nossa presente carta lhes confirmamos, previsto que se nós, ou o nosso chefe de justiça, ou os nossos bailios, ou qualquer dos nossos servidores, de qualquer modo, se afastarem dela, ou transgredirem qualquer dos artigos de paz e segurança, e o delito for denunciado a quatro barões dos vinte e cinco referidos, aqueles quatro barões virão perante nós, ou o nosso chefe de justiça, se estivermos fora do reino, exporão o delito e solicitarão que providenciemos a punição sem demora. Se nós não o punirmos, ou se estivermos fora do reino e o nosso chefe de justiça não o punir, dentro de quarenta dias a partir do momento em que foi denunciado a nós ou ao nosso chefe de justiça, se estivermos fora do reino, os quatro barões supraditos enviarão a questão ao restante dos vinte e cinco barões, os quais com a comunidade de todo o país nos impugnarão e afligirão de qualquer modo que possam, a saber, pela captura de castelos, terras, possessões, e de qualquer modo que possam, até que o reparo seja feito conforme o seu julgamento, salvaguardando a nossa pessoa e a da nossa esposa e filhos. E quando o reparo estiver feito, eles nos obedecerão como antes. E todos do país, que o desejarem, podem jurar que estão prontos para a execução das referidas matérias, obedecer às ordens dos ditos vinte e cinco barões, e que com os seus homens nos afligirão o máximo que puderem, e nós pública e livremente permitimos a qualquer um jurar desse modo, se o desejar, e a ninguém isto será jamais negado.

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E mais, todos aqueles do país que, por si próprios e de livre vontade, desejarem jurar aos vinte e cinco barões com respeito a nos obrigar e afligir juntamente com eles, nós faremos tomar o juramento, como acima dito. E se algum dos vinte e cinco barões morrer, ou deixar o país, ou de algum modo estiver impedido de executar o acima exposto, aqueles que permanecerem dos ditos vinte e cinco barões elegerão um outro em seu lugar, à sua escolha, e este será juramentado do mesmo modo que os outros. E mais, em todas as coisas que respeitam aos ditos vinte e cinco barões executar, se por acaso todos os vinte e cinco barões estão presentes, e uma disputa surge entre eles sobre qualquer assunto, ou se alguns daqueles citados não desejam ou não podem comparecer, o veredicto da maioria daqueles presentes deve ser considerado como firme e válido, como se todos os vinte e cinco tivessem concordado. E os vinte e cinco jurarão antes lealmente o dito acima, e cuidarão para que seja mantido na medida em que puderem. E nós não tentaremos nada junto a ninguém, por nosso intermédio ou de outrem, para que qualquer dessas concessões e liberdades possa ser revogada ou diminuída, e se qualquer coisa dessa natureza foi tentada, seja nula e sem efeito, e nunca a usaremos pessoalmente ou por meio de alguém. 62. E toda a má vontade, indignação e ressentimento, que tenha nascido entre nós e os nossos homens, clérigos e leigos, na época de disputa, plenamente absolvemos e perdoamos a todos. E mais, todas as ofensas, feitas em razão da referida disputa, a partir da Páscoa do décimo sexto ano do nosso reinado, segundo a lei da Inglaterra, com respeito às possessões inglesas, até ao restabelecimento da paz, plenamente perdoamos a todos, clérigos e leigos, e perdoamos, até onde de nós depende. E mais, mandamos fazer para eles cartas-patentes de testemunho de Stephen, arcebispo de Canterbury, de Henrv, arcebispo de Dublin, e dos referidos bispos, e do mestre Pandulf, referente a esta garantia e às concessões acima mencionadas. 63. Razão por que desejamos e firmemente ordenamos que a igreja inglesa seja livre e que os homens do nosso reino tenham e conservem todas as liberdades, direitos e concessões acima, sólidos e em paz, livre e serenamente, plena e completamente, para si e para os seus herdeiros, em todas as coisas e lugares, perpetuamente como será dito. Isto foi jurado por nós e por nossos barões, que tudo o acima referido será mantido em boa-fé e sem malícia. Os abaixo nomeados e muitos outros sendo testemunhas no campo que é chamado Runnymede, entre Winsor e Staines, no décimo quinto dia de Junho no décimo sétimo ano de nosso reinado.

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O rei João Sem Terra assinando a Magna Carta.

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/12743/hoje+na+historia+1215++magna+carta+e+promulgad

a+na+inglaterra.shtml

Há três cláusulas originais da Magna Carta seguem em vigor: .

http://www.bl.uk/treasures/magnacarta/basics/basics.html

i. defesa da liberdade e dos direitos da Igreja Inglesa,

ii. liberdade e Costumes de Londres e de outras cidades.

iii. Devido Processo Legal (Correspondência na CF/88 – Art. 5º, LV)

Exemplar da Magna Carta na Biblioteca Britânica:

http://www.bl.uk/onlinegallery/onlineex/histtexts/magna/large17633.html

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Material para Seminário 5 - Aula do dia 19/05/2015 – Estado Brasileiro e Mídia

Teoria e História do Direito – 1ºSemestre – Direito – Zumbi dos Palmares

Professora Juliana Ribeiro Brandão

Constituição Federal de 1988:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Charge 1:

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STF não pode se converter em uma 'corte bolivariana', defende Gilmar VALDO CRUZ SEVERINO MOTTA DE BRASÍLIA 03/11/2014 02h00 http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/11/1542317-o-stf-nao-pode-se-converter-em-uma-corte-bolivariana.shtml O STF (Supremo Tribunal Federal) corre o risco de tornar-se uma "corte bolivariana" com a possibilidade de governos do PT terem nomeado 10 de seus 11 membros a partir de 2016. A afirmação é do único personagem desta conta hipotética a não ter sido indicado pelos presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff: o ministro Gilmar Mendes, 58. Indicado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 2002, ele teme que, a exemplo do que ocorre na Venezuela, o STF perca o papel de contrapeso institucional e passe a "cumprir e chancelar" vontades do Executivo. A expressão bolivarianismo serve para designar as políticas intervencionistas em todas as esferas públicas preconizadas por Hugo Chávez (1954-2013) na Venezuela e por aliados seus, como Cristina Kirchner, na Argentina. "Não tenho bola de cristal, é importante que [o STF] não se converta numa corte bolivariana", disse. "Isto tem de ser avisado e denunciado." Sobre a eleição, Mendes fez críticas a Lula ao comentar representação do PSDB contra o uso, na propaganda do PT, de um discurso do petista em Belo Horizonte com ataques ao tucano Aécio Neves. Lula questionou o que o Aécio fazia quando Dilma lutava pela democracia e o associou ao consumo de álcool. Ao lembrar do caso, Mendes disse: "Diante de tal absurdo, será que o autor da frase também passaria no teste do bafômetro? Porque nós sabemos, toda Brasília sabe, eu convivi com o presidente Lula, de que não se trata de um abstêmio", afirmou. Folha – Durante a campanha, o PT acusou o senhor de ser muito partidário. Gilmar Mendes – Não, de jeito nenhum. Eu chamei atenção do tribunal para abusos que estavam sendo cometidos de maneira sistemática e que era necessário o tribunal balizar. Caso, por exemplo, do discurso da presidente no Dia do Trabalho e propagandas de estatais com mensagem eleitoral. O resto, como sabem, sou bastante assertivo, às vezes até contundente, mas é minha forma de atuar. Acredito que animei um pouco as sessões. Folha- Animou como? GM - Chamei atenção para que a gente não tivesse ali uma paz de cemitério. Folha - O que quer dizer com isto? GM - Saí do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2006. Não tenho tempo de acompanhar, mas achei uma composição muito diferente daquilo com que estava acostumado. Um ambiente de certa acomodação. Talvez um conformismo. Está tudo já determinado, devemos fazer isso mesmo que o establishment quer. Folha - Diria que o TSE estava tendendo a apoiar coisas do governo? GM - Fundamentalmente chegava a isso. Cheguei a apontar problemas nesse sentido. Folha - O PT criticou sua decisão de suspender direito de resposta contra a revista "Veja". GM - A jurisprudência era não dar direito de resposta, especialmente contra a imprensa escrita. Quando nos assustamos, isso já estava se tornando quase normal. Uma coisa é televisão e rádio, concessões. Outra coisa é jornal ou revista. O TSE acabou ultrapassando essa jurisprudência e banalizou.

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Folha- Quando diz que banalizou a interferência na imprensa, acredita que avançou sobre a liberdade de expressão? GM - Quanto ao direito de resposta em relação a órgãos da imprensa escrita, certamente. Mas temos de compreender o fato de se ter que decidir num ambiente de certa pressa. E todo esse jogo de pressão. A campanha se tornou muito tensa. Talvez devamos pensar numa estrutura de Justiça Eleitoral mais forte, uma composição menos juvenil. Folha - Qual sua avaliação da eleição? GM - Tenho a impressão que se traça um projeto de campanha. Se alguns protagonistas não atuarem, inclusive como poder moderador, o projeto se completa. Eu estava na presidência do tribunal quando da campanha da presidente Dilma [de 2010]. O que ocorreu? Havia necessidade de torná-la conhecida. O presidente Lula, então, inaugurava tudo. Até buracos. Quando a Justiça começou a aplicar multas, ele até fez uma brincadeira: "Quem vai pagar minhas multas?" O crime compensava. Foi sendo feita propaganda antecipada, violando sistematicamente as regras. Agora havia também um projeto. Chamar redes para pronunciamentos oficiais, nos quais vamos fazer propaganda eleitoral. A mensagem do Dia do Trabalho tem na verdade uma menção ao 1º de maio. O resto é propaganda de geladeira, de projetos do governo. Folha - O sr. não exagerou nas críticas ao ex-presidente Lula no julgamento de uma representação do PSDB, quando chegou a perguntar se ele teria feito o teste do bafômetro? GM - O presidente Lula, no episódio de Belo Horizonte, faz uma série de considerações. Houve uma representação [do PSDB]. Ele chegou a perguntar onde estava o Aécio enquanto a presidente Dilma estava lutando pela democracia nos movimentos da luta armada. A representação lembrava que Aécio tinha 8 ou 10 anos. Ela trouxe elementos adicionais da matéria, de que teve um texto de uma psicóloga que dizia que ele [Aécio] usava drogas, que era megalomaníaco. E Lula falou também do teste do bafômetro. Diante de tal absurdo, [eu disse] "será que o autor da frase também passaria no teste do bafômetro?" Porque sabemos, toda Brasília sabe, eu convivi com o presidente Lula, de que não se trata de um abstêmio. Folha - O PT criticou muito suas falas sobre o ex-presidente. GM - Estávamos analisando só o caso. Em que ele reclamou de alguém que saiu do jardim de infância não ter atuado na defesa da presidente Dilma. Quem faz este tipo de pergunta ou quer causar um impacto enorme e contrafactual ou está com algum problema nas faculdades mentais. Folha - Em dois anos o sr. será o único ministro do STF não indicado por um presidente petista. Muda alguma coisa na corte? GM - Não tenho bola de cristal, é importante que não se converta numa corte bolivariana. Folha - Como assim? GM - Que perca o papel contramajoritário, que venha para cumprir e chancelar o que o governo quer. Folha - Há mesmo este risco? GM - Estou dizendo que isto tem de ser avisado e denunciado. Folha - Há algum sinal disso? GM - Já tivemos situações constrangedoras. Acabamos de vivenciar esta realidade triste deste caso do [Henrique] Pizzolato [a Justiça italiana negou sua extradição para cumprir pena no Brasil pela condenação no mensalão]. Muito provavelmente tem a ver com aquele outro caso vexaminoso que decidimos aqui, do [Cesare] Battisti [que o Brasil negou extraditar para Itália], em que houve clara interferência do governo.

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Folha - No mensalão, um tribunal formado em sua maioria por indicados por petistas condenou a antiga cúpula do PT. GM - Sim, mas depois tivemos uma mudança de julgamento, com aqueles embargos, e com a adaptação, aquele caso em que você diz que há uma organização criminosa que não pode ser chamada de quadrilha. Folha - Ao falar de risco bolivariano, não teme ser acusado de adotar posições a favor do PSDB? GM - Não, não tenho nem vinculação partidária. A mim me preocupa a instituição, não estou preocupado com a opinião que este ou aquele partido tenha sobre mim. Folha - A aprovação da proposta que passa a aposentadoria compulsória de ministros do STF de 70 para 75 anos não reduz esse risco, já que menos ministros se aposentariam logo? GM - Não tenho segurança sobre isto, é uma questão afeita ao Congresso. O importante é que haja critérios orientados por princípios republicanos. Folha- O STF deve analisar outro caso de corrupção, na Petrobras. Como avalia esta questão? GM - A única coisa que me preocupa, se de fato os elementos que estão aí são consistentes, é que enquanto estávamos julgando o mensalão já estava em pleno desenvolvimento algo semelhante, talvez até mais intenso e denso, isso que vocês estão chamando de Petrolão. É interessante, se de fato isso ocorreu, o tamanho da coragem, da ousadia. _______________________________________________________________________ RAIO-X GILMAR MENDES IDADE: 58 NASCIMENTO: Diamantino (MT) FORMAÇÃO: Bacharel e mestre em Direito (UnB) CARREIRA: Advogado-geral da União de 2000 a 2002 (governo FHC); ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) desde 2002; presidente do STF entre 2008 e 2010.