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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Embargos de Declaração nº 2002737-83.2016.8.26.0000/50000 Voto nº - São Carlos 1 Registro: 2016.0000100565 DECISÃO MONOCRÁTICA Nº 18505 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 2002737-83.2016.8.26.0000/50000 COMARCA : SÃO CARLOS EMBARGANTE: ESTADO DE SÃO PAULO EMBARGADA : GRACINEIA SOUZA PINTO MMª. Juíza de 1ª instância: Gabriela Müller Carioba Attanasio EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Agravo de Instrumento. Decisão que concede a antecipação de tutela para o pronto fornecimento da substância 'fosfoetanolamina sintética', utilizada por pacientes de câncer. Alegação de que a antecipação de tutela não poderia ter sido concedida sem ofensa ao artigo 4º, da Lei nº 8.437/92, que vincula todos os órgãos fracionários do Tribunal à decisão proferida pelo C. Órgão Especial do TJ/SP nos autos do agravo regimental nº 2205847-43.2015.8.26.0000/50000, que deu provimento ao recurso interposto pela FAZENDA ESTADUAL, inclusive no tocante ao pedido de concessão de efeito suspensivo expansivo para abarcar todas as liminares de objeto idêntico ao daqueles autos. Ausência de contradição, omissão ou obscuridade. Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 2002737-83.2016.8.26.0000 e código 2485B10. Este documento foi liberado nos autos em 24/02/2016 às 16:52, é cópia do original assinado digitalmente por OSWALDO LUIZ PALU. fls. 5

Liminar Concedida - Advocacia do Estado alega que não tem condições financeiras para o fornecimento da Fostoetanolamina

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Embargos de Declaração nº 2002737-83.2016.8.26.0000/50000 Voto nº - São Carlos 1

Registro: 2016.0000100565

DECISÃO MONOCRÁTICA Nº 18505

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº

2002737-83.2016.8.26.0000/50000

COMARCA : SÃO CARLOS

EMBARGANTE: ESTADO DE SÃO PAULO

EMBARGADA : GRACINEIA SOUZA PINTO

MMª. Juíza de 1ª instância: Gabriela Müller Carioba Attanasio

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Agravo de

Instrumento. Decisão que concede a

antecipação de tutela para o pronto

fornecimento da substância

'fosfoetanolamina sintética', utilizada

por pacientes de câncer. Alegação de que a

antecipação de tutela não poderia ter sido

concedida sem ofensa ao artigo 4º, da Lei

nº 8.437/92, que vincula todos os órgãos

fracionários do Tribunal à decisão

proferida pelo C. Órgão Especial do TJ/SP

nos autos do agravo regimental nº

2205847-43.2015.8.26.0000/50000, que deu

provimento ao recurso interposto pela

FAZENDA ESTADUAL, inclusive no tocante ao

pedido de concessão de efeito suspensivo

expansivo para abarcar todas as liminares

de objeto idêntico ao daqueles autos.

Ausência de contradição, omissão ou

obscuridade.

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Inexistência de vinculação prospectiva de

todos os órgãos judiciais, de modo a

obstar e paralisar a análise de casos

concretos e futuros nos quais se verifique

a presença dos requisitos autorizadores

para a concessão da tutela de urgência,

como a da hipótese vertente. Atuação da

Presidência do Tribunal e Órgão Especial,

no caso, de natureza administrativa,

jamais jurisdicional, o que violaria o

princípio do juiz natural.

Embargos rejeitados.

I RELATÓRIO.

Cuida-se de embargos de declaração

opostos pelo ESTADO DE SÃO PAULO contra o despacho

de fls. 51/54, que concedeu a antecipação de tutela

em favor de GRACINEIA SOUZA PINTO para ordenar à

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP (UNIDADE

UNIVERSITÁRIA DO INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS)

e ao embargante o pronto fornecimento da substância

'fosfoetanolamina sintética'. Inconformado, sustenta

o ente político embargante (fls. 01/03 do incidente)

a presença de omissão no r. 'decisum', eis que a

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tutela de urgência não poderia ter sido concedida

sem ofensa ao artigo 4º, da Lei nº 8.437/92, que

vincula todos os órgãos fracionários do Tribunal à

decisão proferida pelo C. Órgão Especial do TJ/SP

nos autos do agravo regimental nº

2205847-43.2015.8.26.0000/50000, que deu provimento

ao recurso interposto pela FAZENDA ESTADUAL,

inclusive no tocante ao pedido de concessão de

efeito suspensivo expansivo para abarcar todas as

liminares de objeto idêntico ao daqueles autos.

II FUNDAMENTO E VOTO.

1. Os presentes embargos de

declaração são rejeitados.

2. Inexiste no r. despacho (não se

trata de sentença ou acórdão, na límpida dicção

do artigo 535 do Código de Processo Civil) omissão,

contradição ou obscuridade a serem sanadas, sendo

a pretensão do embargante de exclusiva e

inadmissível revisão do provimento jurisdicional que

lhe é desfavorável. Aliás, estranhíssima a pretensão

da advocacia do Estado, pretendendo negar substância

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potencialmente medicinal a contribuintes acometidos

pela mais grave das doenças da atualidade, sem

perspectiva de cura. Acaso não houver esta

competência constitucional (= saúde) a cargo dos

entes mantidos pelo peso dos tributos, há que se

indagar se melhor será, então, utilizar R$38,6

bilhões em festas esportivas que perduram menos do

que o período de um mês ou talvez R$870 milhões em

fundos públicos a serem partilhados por partidos

políticos.

3. Note que a decisão proferida pelo

C. Órgão Especial do TJ/SP nos autos do Agravo

Regimental nº 2205847-43.2015.8.26.0000/50000 não

implica vinculação prospectiva de todos os órgãos

judiciais, de modo a engessar a análise de casos

concretos e futuros nos quais se verifique a

presença dos requisitos autorizadores para a

concessão da tutela de urgência, como a da hipótese

vertente. Os casos de vinculação a precedentes de

órgãos judiciais são expressos na Constituição. Não

é o caso.

4. Nesse sentido, impende consignar

que o 'decisum' exprimiu de forma suficiente e clara

os fundamentos que norteiam o entendimento deste

julgador, e apenas para que não paire dúvida acerca

da inexistência de vício que maculasse o r. despacho

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ora debatido, destaca-se:

“3. Defiro a medida jurisdicional

postulada, porquanto em análise perfunctória, que é a

única possível neste momento processual, e sendo

estreitíssima a via de atuação do magistrado nessa

esfera de cognição sumária, vislumbro no caso concreto

o preenchimento dos requisitos que ensejam o

provimento jurisdicional reclamado bem como a

plausibilidade do direito invocado e a presença do

risco de dano irreparável ou de difícil reparação,

conforme disposto no artigo 527, inciso III, do Código

de Processo Civil. Ainda que não se olvide acerca do

caráter experimental da substância, bem como da

ausência de registro na ANVISA, reputam-se

suficientemente comprovados os requisitos legais

autorizadores da concessão da tutela de urgência, pelo

que pertinente a insurgência em face do r. despacho

vergastado. O fornecimento de medicamentos e

tratamentos gratuitos à população não deve ser ato

discricionário, a ser observado pelo poder público

conforme sua oportunidade e conveniência. Ao

contrário, corresponde a obrigação imposta pela

Constituição Federal. Por sua vez, cabe ao ente

público, observador das normas instituídas pela Carta

Magna, garantir aos cidadãos o amplo acesso aos

tratamentos que conservem os bens supremos, vida e

saúde, inclusive fornecendo medicamentos. Este

relator entende que, no caso 'sub judice', é preciso

obtemperar que o caráter experimental da droga

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pleiteada não tem o viés de implicar a proibição de

seu fornecimento.

3.1. Sempre respeitadas as opiniões em

contrário, o Estado criou, em decorrência da

Constituição, um sistema geral de dispensação de

medicamentos (SUS), sendo previsível que, em alguns

casos, o padrão não tenha eficácia. Ora, ou se aceita

a perda de vidas e da saúde como efeito residual do

sistema, ou se supre tais lacunas com a intervenção,

se necessária, do Poder Judiciário. A Administração,

em suas normas gerais, nega a substância, sequer

considerando o caso excepcional. A substância

“Fosfoetanolamina Sintética” pode ter efeitos

positivos nos portadores do mal que consta dos autos.

Tem o cidadão o benefício da dúvida, se ele escolheu

voluntariamente pelo tratamento. Uma ordem realmente

democrática não pode impor a quem percebe sua vida

esvaindo-se rapidamente a absoluta e total ausência de

esperança.”

5. Ante o exposto, por meu voto,

rejeito os presentes embargos de declaração.

6. Cumpra-se integralmente o r.

despacho de fls. 51/54 e, após, tornem os autos

conclusos para elaboração de voto nos autos do

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agravo de instrumento.

OSWALDO LUIZ PALU

RELATOR

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