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Direito Administrativo – Prof. Matheus Carvalho OAB 2ª Fase X Exame de Ordem Unificado
Aula 01
MARCAÇÃO DO CÓDIGO
Utilizaremos um sistema de cores por assunto. Marcaremos a lei no índice remissivo e depois, usando clipes ou post-its, marcaremos a localização das leis no Vade Mecum e os artigos mais importantes. Marcações adicionais serão feitas no decorrer das aulas. Comecemos:
1. Servidores Públicos (VERMELHO) 1) Lei 8.429/92. Nesta lei marcar os seguintes arquivos: Arts. 1º, 2º e 3º; Arts. 8º, 9º, 10º, 11 e 12; Arts. 17 (caput), § 1º,§ 4º, §8º e §10; Art. 21; Art. 23 (no inciso II deste fazer remissão ao Vide art. 142, I, da Lei 8.112/90). 2) Constituição Federal - CF Art. 37, caput, I, II, IX, X e XI da CF; Art. 37, § 4º da CF; Arts. 40 e 41 da CF.
3) Lei 8.112/90. Nesta lei marcar os seguintes artigos: Art.. 8º; Art. 33; Arts. 36, 37; Arts. 40, 41 e 49; Arts. 107 e 108; Art. 116 Art. 117 (neste, fazer remissão Vide art. 129 e art. 132, XIII); Arts. 118, 126, 127, 129; Art. 132 (no inciso II fazer remissão Vide art. 138 e no inciso III fazer remissão Vide art. 139); Arts. 141 e 142; Arts. 144 e 145; Arts. 147, 148 e 149; Arts. 153 e 156; Arts. 161, 163, § único; Arts. 167 e 174.
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2. Desapropriação / Intervenção na Propriedade (VERDE) 1) Decreto-lei 3.365/41. Aqui marcar os seguintes artigos: Arts. 4º, 5º, 6º, 7º; Art. 10 (fazer remissão Vide art. 3º lei 4.132/62); Art. 10, § único (fazer remissão Vide à súmula 119 do STJ e na súmula fazer remissão ao art. 1238 do CC); Art. 15; Art. 15-A (fazer remissão Vide à súmula 618 do STF); Art. 15-A, § 3º; Art. 15-B; Art. 20; Art. 27, § 1º (fazer remissão Vide à súmula 617 do STF); Art. 35. 2) Lei 4.132/62; 3) Lei 10.257/01; 4) Decreto-lei 25/37; 5) Constituição Federal - CF Art. 5º, XXIV e XXV; Arts.182; 184; 185; 186 e 243.
3. Licitação e contratos (AZUL) 1) Lei 8.666/93. Nesta lei marcar os seguintes artigos: Art. 3º, § 2º (fazer remissão Vide à LC 123/06); Arts. 17, 21 (todo), 22 (todo), 23 (todo), 24, 25; Art. 27 (fazer remissão Vide aos arts. 42 e 43 da LC 123/06); Art. 30, § 5º; Arts. 45, 51, 55 (todo), 56 (todo), 57 (todo), 58 (todo); Art. 65, § 5º (fazer remissão Vide ao art. 9º, § 2º e §3º da Lei 8.987/95); Arts. 78, 87 e 109. 2) Lei 10.520/02; 3) LC 123/06; 4) Lei 12.462/11. 5) Constituição Federal - CF Art. 37, XXI.
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4. Bens Públicos (AMAREL0) 1) Decreto-lei 9760/46;
2) Arts. 20 e 26 da CF; 3) Vade Mecum no Código Civil Arts. 98, 99 e 102.
5. Processo Administrativo (LARANJA) 1) Lei 9.784/99. Nesta marcar os seguintes artigos: Art. 2º (caput); 5º; Arts. 11, 12, 13, 14 e 15; Arts. 18, 19, e 20; Arts. 29 e 30. Arts. 50 (todo), 51, 53 e 54. Arts. 56, 57, 58, 59, 60 e 61.
6. Responsabilidade Civil (LILÁS) 1) Art. 37, 6º (fazer remissão Vide ao art. 43 do CC); 2) Vade Mecum no Código Civil Arts. 944 a 952 do CC; 3) Decreto-lei 20.910/32 (grifar aqui os arts. 1º e 3º – prazo de prescrição 5 anos Prevalece lei específica) – fazer remissão Vide ao art. 1º-C da Lei 9.464/97 e art. 206 do CC – prazo de prescrição 3 anos; 4) Lei 9.494/97 (art. 1º – fazer remissão ao art. 1º do Decreto-lei 20.910).
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7. Serviços Públicos (ROSA) 1) Lei 8.987/95. Nesta lei marcar os seguintes artigos: Art. 2º, II, III e IV; Art. 6º (todo); Art. 9º, § 2º e § 3º; Arts. 14, 15; Art. 23-A; Art. 26; Art. 32; Arts. 35, 36, 37, 38; Arts. 40. 2) Lei 11.079/04. PPP - Nesta lei marcar os seguintes artigos: Art. 2º (todo); Art. 6º; Art. 8º; Art. 9º; Art. 11; Art. 13. 3) Lei 11.107/05. Consórcios Públicos - Nesta lei marcar os seguintes artigos: Art. 1º caput, § 1º e §2º; Arts. 2º (todo), 5º, 6º, 8º; Art. 13 (fazer remissão Vide ao art. 24, XXVI lei 8.666/93). 4) Lei 9.637/98. OS; 5) Lei 9.790/99. OSCIP; 6) Constituição Federal - CF Art. 175 da CF.
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CABIMENTO DE PEÇAS Veremos neste momento apenas o cabimento das 5 principais peças de Direito Administrativo. Marcaremos elas em nosso código com a cor (ROXA). São elas:
Habeas Data (Lei 9.507/97); Mandado de Segurança (Lei 12.016/09); Ações Ordinárias (art. 282 do CPC); Ação Popular (Lei 4.717/65); Ação Civil Pública (Lei 7.347/85). Estudaremos antes as três primeiras, pois o cabimento delas depende de uma gradação. Faz-se primeiro a opção pelo HD. Se ele não for cabível, opta-se pelo MS e somente se este não for cabível é que se parte para as ações ordinárias. HD MS Ações Ordinárias
1. Habeas Data O HD está regulamentado pela Lei 9.507/97. Ele é cabível toda vez que se estiver diante de um ato administrativo que viole direito a informação acerca da pessoa do impetrante. A lei traz 3 hipóteses: Quer se obter informações; Quer se acrescentar informações; Quer se retificar informações. Para a impetração do HD é necessária à recusa (expressa ou tacitamente) da informação. Para obtenção de informações, a recusa tácita ocorre quando o sujeito requer a informação e em 10 dias essa informação não lhe é prestada. Já para o acréscimo ou retificação de informações, a recusa tácita ocorre quando a informação não é acrescida ou retificada no prazo de 15 dias.
2. Mandado de Segurança Não cabendo HD, é possível a impetração de um MS. Está regulamentado pela Lei 12.016/09. O MS é cabível sempre que se quiser anular um ato que violou direito líquido e certo SEU. Este é aquele direito que tem prova pré-constituída (provas documentais). O autor da ação (impetrante) não vai precisar produzir provas durante o processo. Situações onde o MS NÃO será cabível (requisitos): 1) Se houver necessidade de produção de provas durante o processo; 2) O MS só é cabível no prazo decadencial de 120 dias, contados da prática do ato (pode ser cabível antes, de forma preventiva). Passado esse período, não será cabível;
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3) Se o ato que se quer anular couber recurso com efeito suspensivo (os recursos administrativos, como regra, não têm efeito suspensivo. Para a nossa prova, lembrar das duas exceções: os recursos na licitação nas fases de habilitação e classificação); 4) Se se quiser receber indenização de valores anteriores à impetração. Na prática se impetra o MS para resolver logo a situação e depois se entra com uma ação de cobrança, mas na prova da OAB não dá para fazer duas ações – neste caso terá que se entrar com uma ação ordinária; 5) Contra lei em tese (norma geral e abstrata). O MS visa anular atos específicos; 6) Contra ato de gestão comercial das empresas públicas e sociedades de economia mista (empresas estatais). São aqueles atos praticados na atividade econômica. Ex.: Petrobrás quando vai licitar cabe MS – o que não cabe são contra aqueles atos de gestão comercial.
3. Ações Ordinárias Não cabendo também o MS, daí é que se parte, necessariamente, para as vias ordinárias. Esta tem regulamentação no CPC (a partir do art. 282) e é cabível sempre (só não será a escolhida se for possível HD ou MS). Veremos mais para frente que o nome da ação ordinária é o nome do pedido (ex.: quer anular a ação = ação anulatória; quer indenização = ação indenizatória; quer anulação e indenização = ação anulatória com pedido de indenização).
4. Ação Popular Estas não seguem nenhuma gradação. O raciocínio aqui é o seguinte: A Ação Popular é cabível sempre que você tiver interesse em anular um ato que não te prejudica diretamente. A LAP é a Lei 4.717/65. É uma ação proposta por qualquer cidadão que vise anular um ato lesivo ao interesse coletivo (não é diretamente prejudicado pelo ato). Ex.: imagine que o edital de licitação tem um vício que frauda a competição. Se você for um licitante que ficou de fora por conta disso, entra com MS. Agora se você é um cidadão que acha que isso está violando a competição no procedimento de licitação, violando assim o interesse coletivo, entrar-se-á com a ação popular. A qualidade de cidadão é provada por meio da juntada do título de eleitor.
5. Ação Civil Pública Na Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) também se visa anular um ato que viola o interesse coletivo. A diferença está na legitimidade. Esta só pode ser proposta pelos entes da Administração ou Associação constituída há mais de 1 ano (que é o que nos interessa para a OAB).
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Aula 02
AÇÃO ORDINÁRIA
Assim que aprendermos a estrutura da petição inicial básica (ação ordinária), todas as outras
ficarão mais simples. Lembre-se que para a nossa prova utilizaremos a ação ordinária de forma residual, ou
seja, quando não for possível o HD nem o MS.
Ação ordinária é regulada pelo CPC (a partir do art. 282) e o nome da ação ordinária é o nome
do pedido (ex.: quer anular a ação = ação anulatória; quer indenização = ação indenizatória; quer anulação
e indenização = ação anulatória com pedido de indenização; que anulação com pedido de antecipação de
tutela = ação anulatória com antecipação de tutela).
Nas ações ordinárias, havendo urgência, é possível o pedido de antecipação de tutela (esta
nada mais é do que adiantar o provimento jurisdicional para evitar o prejuízo ao autor da ação) . Veremos
esta mais pra frente, pois iniciaremos com uma peça base, sem nenhum requisito adicional.
Para isso, abra o seu CPC no art. 282 e grife. Todos os pedidos estão nele, excetuado o pedido
de condenação em custas e honorários. Para evitar que você se esqueça de incluir isso, faça remissão no
final dos incisos do art. 282 ao art. 20 do CPC.
Mais pra frente veremos que se tiver antecipação de tutela teremos que incluir mais um
pedido, mas, via de regra, numa ação ordinária sempre teremos 4 pedidos.
1. Endereçamento
O primeiro requisito da petição inicial é o juízo inicial ao qual a peça é endereçada. As ações
ordinárias não têm prerrogativa de foro. Independentemente de quem for o autor e o réu da ação, ela será
proposta no juízo singular. Assim, só há duas possibilidades: ou a ação é proposta na Justiça Estadual
(regra) ou na Justiça Federal (exceção).
Se a ação for proposta na Justiça Estadual: esta é dividida em comarcas, devendo-se sempre se
endereçar para a comarca. Vejamos: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _ Vara da Fazenda Pública da Comarca de ... do Estado ...
Utilizamos _ antes de Vara porque a peça ainda será distribuída. Pode-se utilizar tanto Vara
Cível quanto Vara da Fazenda Pública, pois na prova não há como eles cobrarem organização judiciária de
cada estado. Matheus prefere Vara da Fazenda Pública. E lembre-se que toda vez que na ação não tivermos
alguma informação usaremos três pontinhos (...) no lugar. NÃO INVENTE NADA!
Se a ação for proposta da Justiça Federal: esta é divida em seções e subseções. A ação será na
JF quando a hipótese da peça na prova estiver no art. 109 da CF (grife-o).
Para o endereçamento aqui é relevante saber se a ação se passa no interior ou na capital. Se
for na capital, a ação estará sendo proposta na seção, pois na capital de cada Estado está sediada a Seção
Judiciária do Estado. Vejamos:
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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da _ Vara da Seção Judiciária do Estado da ...
Note que aqui a Vara não tem nome. Também não precisa colocar o nome da capital (está
subentendido). Agora se for no interior, a ação estará sendo proposta numa subseção e em cada Estado
existem várias, devendo-se assim colocar o nome da cidade. Vejamos: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da _ Vara da Subseção Judiciária de ... do Estado da ... *OBS.: Agora se o problema se passar em Brasília ou em uma de suas cidades satélites, o endereçamento ficará da seguinte forma:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara da Fazenda Pública da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília – DF (na Federal é Seção Judiciária do DF)
2. Esquema de peça
Não perca tempo fazendo rascunho. Muitos alunos perdem a prova porque fazem um
rascunho melhor que a peça propriamente dita. No entanto, para que você não s inta falta dele, faremos
um pequeno esquema para nos ajudar no dia. Vejamos:
Autor;
Réu;
Competência;
Pedido;
Causa de pedir (fundamento jurídico – argumentos e arts. de lei).
Depois de identificados os itens acima a peça estará praticamente pronta.
3. Prática
Partamos para a peça em si agora. Pegue o seu material complementar (questões de sala):
QUESTÃO 09
Em um presídio estadual, um detento assassinou seu colega de carceragem, André. No
processo administrativo instaurado para se apurarem as causas do homicídio bem como eventual culpa dos
agentes penitenciários pelo ato criminoso, verificou-se que o homicídio ocorrera em razão de desavença de
ordem pessoal entre colegas de carceragem e que não houve culpa dos agentes penitenciários na morte do
detento.
Fundamentado na alegação de responsabilidade subjetiva do Estado por atos omissivos, o
Estado negou o pedido administrativo de indenização requerido por Joana, esposa de André, em 20/04/2012.
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Em face dessa situação hipotética, redija, no data de hoje, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por
Joana, a peça judicial cabível, contra o ente estatal, para pleitear a indenização pela morte de André, com
base na responsabilidade civil do estado.
Usando o nosso esquema:
Autor: Joana;
Réu: Estado ... (não se sabe qual);
Competência: da Justiça Estadual;
Pedido: indenização (pela morte de André) – Matheus recomenda que sempre que se pedir danos materiais em reparação civil, pedir danos morais também;
Causa de pedir: art. 37, § 6º, da CF; art. 43 do CC; falar que estamos aqui diante da Teoria do Risco Criado/Suscitado (responsabilidade civil objetiva por conta da omissão no dever de custódia); e arts. 944 e 948 do CC (indenização – esta se mede pela extensão do dano).
ATENÇÃO: Colocar em CAIXA ALTA apenas o endereçamento, o nome da ação e os tópicos. Pular 1 linha
entre tópicos. Ao invés de pular 10 linhas entre o endereçamento e a qualificação, escrever 10 linhas entre
parênteses. E errando qualquer palavra, apenas passar um traço sobre ela e continuar do lado. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA
... DO ESTADO ...
__________ (10 linhas)
__________ Joana, nacionalidade, profissão, viúva, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e domiciliada na Rua
... vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão doravante encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO em face do Estado ..., pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura de ação indenizatória com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC,
por se tratar de pleito de indenização.
DOS FATOS (não suprimir nem inventar)
Em um presídio estadual Réu, um detento assassinou seu colega de carceragem, André. No
processo administrativo instaurado para se apurarem as causas do homicídio bem como eventual culpa dos agentes penitenciários pelo ato criminoso, verificou-se que o homicídio ocorrera em razão de desavença de ordem pessoal entre colegas de carceragem e que não houve culpa dos agentes penitenciários na morte do detento.
Fundamentado na alegação de responsabilidade subjetiva do Estado por atos omissivos, o
Réu negou o pedido administrativo de indenização requerido por Joana Autora, esposa de André, em 20/04/2012.
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DO MÉRITO (não importa que este fique redundante – seja um pouco prolixo e menos objetivo nesta etapa)
Primeiramente, cumpre ressaltar que o artigo 37, § 6º, da CRFB prevê a responsabilidade
objetiva do Estado por danos causados. Vejamos: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
No mesmo sentido, o art. 43 do CCB também define a responsabilidade objetiva do ente público. Na situação apresentada, a responsabilidade do ente estatal se configura objetiva com base na Teoria do Risco Suscitado. Isso porque, ao manter a vítima sob sua custódia, o Estado se torna objetivamente responsável pelos danos decorrentes dessa situação.
Dessa forma, a morte do esposo da autora configura situação ensejadora de danos materiais e também de danos morais. Sendo assim, é devida a indenização nos moldes dos artigos 944 e 948 do CCB.
DOS PEDIDO
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu, na pessoa do Procurador Geral do Estado*, para, querendo, contestar
o feito, sob pena dos efeitos da revelia**; 2) A procedência do pedido, condenando o Réu ao pagamento da indenização pelos danos
morais e materiais causados a Autora; 3) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da
controvérsia, inclusive a juntada de todos os documentos anexos;
4) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios (ou ônus da sucumbência).
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ... (colocar o valor correto se a questão trouxer valores)
Nestes termos, pede deferimento. Local, data. (no caso em questão tem data – a do dia de hoje)
Advogado OAB n.º ...
(*) Se for município (Procurador Geral do Município); se for Estado (Procurador Geral do Estado); se for União (Advogado Geral da União).
(**) Nas ações que se pede anulação de um ato administrativo, se o procurador não contestar não há os
efeitos da revelia (presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte Autora), pois o ato goza de
presunção de legalidade. Na indenizatória pode. Assim, Matheus tem pedido a revelia nas ações
indenizatórias por conta do excesso de rigor da FGV.
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QUESTÃO 30
O servidor público Claudio, detentor de cargo em comissão de assessor do Ministro da Saúde,
foi exonerado do cargo, sob a alegação de sua chefia imediata de que havia a necessidade de corte de gastos no Ministério.
Ocorre que, dois dias depois, em 13/05/2009, a referida autoridade nomeou outra pessoa para
assunção do mesmo cargo, com as mesmas atribuições e mesma remuneração, em uma clara
demonstração de que não havia excesso de gastos com pessoal. Assim que soube da situação, Claudio
procurou o seu escritório de advocacia, exatamente no dia 15/07/2009, para que fossem tomadas as
providências judiciais cabíveis à anulação do ato de exoneração efetivado, bem como a restituição dos
valores que deixou de receber.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Claudio, a peça judicial
cabível.
Atente que apesar de estar dentro do prazo de MS, ele quer além da anulação do ato, a
indenização (restituição dos valores que deixou de ganhar). Sendo assim, não seria cabível o MS.
Usando o nosso esquema:
Autor: Claudio;
Réu: como o Ministério é órgão, não tem personalidade jurídica; sendo assim, não pode ser réu. Como é um órgão da União, então a ação será em face da União Federal;
Competência: Justiça Federal;
Pedido: anulação do ato e indenização (restituição de valores);
Causa de pedir: art. 37, II, da CF (cargos de livre nomeação e exoneração); art. 50, § 1º, da Lei 9.784/99 (motivação integra o ato). A exoneração de cargo comissionado é livre, mas a partir do momento que é motivada (por motivo de corte de gastos), vincula o ato – isso configura Teoria dos Motivos Determinantes. Art. 2º, § único, alínea “d”, da Lei 4.717/65 (este artigo traz os vícios do ato – no caso o vício no elemento motivo). Além disso, o art. 169, § 6º, da CF (fala da extinção do cargo por motivo de corte de gastos e de criação de cargo igual ou similar somente após 4 anos).
Aqui não se coloca o art. 944 do CC, pois este é para reparação civil e aqui só se quer restituição de valores.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO ...
__________ (10 linhas)
__________ Claudio, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e domiciliado
na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde doravante serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO em face da União Federal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir. DO CABIMENTO
É cabível a propositura da presente ação, com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC, haja
vista o interesse do autor na anulação do ato, bem como ressarcimento de valores anteriores. DOS FATOS
O Autor, detentor de cargo em comissão de assessor do Ministro da Saúde, foi exonerado do
cargo, sob a alegação de sua chefia imediata de que havia a necessidade de corte de gastos no Ministério.
Ocorre que, dois dias depois, a referida autoridade nomeou outra pessoa para assunção do mesmo cargo, com as mesmas atribuições e mesma remuneração, em uma clara demonstração de que não havia excesso de gastos com pessoal.
Dessa forma, entende-se pela anulação do ato de exoneração efetivado, bem como a restituição dos valores que deixou de receber. DO MÉRITO (não necessariamente transcreve-se o artigo mais importante e sim aquele que te permita iniciar a redação)
Primeiramente, ressalta-se que os cargos em comissão são de livre exoneração, conforme
entendimento do artigo 37, II, da CRFB. Vejamos: “A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.
Ocorre que, mesmo sendo dispensável a motivação de um ato, ela passa a ser parte
integrante desse ato. Assim, no momento em que a autoridade motivou o ato em necessidade de corte de gastos, esses motivos vinculam o ato e, caso sejam eles falsos, o ato é viciado, conforme artigo 2º, parágrafo único, alínea “d”, da Lei 4.717/65.
Tal situação tem previsão no artigo 50, § 1º, da Lei 9.784/99 e é designado pela doutrina como Teoria dos Motivos Determinantes. Logo, na situação apresentada, feita a motivação de corte de gastos, essa motivação vincula o ato administrativo.
Ademais, o artigo 169, § 6º, da CRFB determina que, após exoneração de servidor por corte
de gastos, deverá ser extinto o cargo deste, não podendo ser criado novo cargo igual ou similar por um período mínimo de 4 anos. Sendo assim, a nomeação de outro servidor para assumir o cargo encontra óbice no ordenamento vigente.
Portanto, deve ser anulado o ato de exoneração, e consequentemente, restituídos os valores não pagos a título de remuneração.
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DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu, na pessoa do Advogado Geral da União, para, querendo, contestar o
feito; (aqui não se pode pedir os efeitos da revelia por ser a ação anulatória)
2) A procedência dos pedidos, determinando a anulação do ato impugnado, bem como a restituição dos valores não percebidos pelo servidor;
3) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da controvérsia, inclusive a juntada de todos os documentos anexos;
4) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
(ou ônus da sucumbência). DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
Aula 03
QUESTÕES PARA CASA
QUESTÃO 08
O Estado do Pará contratou, mediante procedimento licitatório regular, a empresa XYZ
Transportes para realização do transporte público intermunicipal no estado, celebrando contrato de
concessão de serviços públicos, sendo que as tarifas pagas pelos usuários seriam de 20 a 60 reais,
dependendo do trajeto, sendo possível a venda de trinta e seis cadeiras a cada viagem efetivada, ficando
uma reservada aos idosos, nos termos da legislação vigente.
Ocorre que, após 3 meses da celebração do contrato, a Assembleia Legislativa do Estado
aprovou uma lei conferindo gratuidade de transporte a todos os idosos que se apresentassem para viagem,
até o máximo de 15. Tal situação causou transtornos à empresa, uma vez que os valores que foram
pactuados a título de tarifas já não conseguiam mais suprir os gastos com a prestação do serviço.
A empresa levou isso a conhecimento do Estado, que se negou a rever as tarifas ou estabelecer
alguma outra forma de reequilibrar o contrato. Logo, a empresa contratou seus serviços de advogado para
propor a ação cabível a fim de ser indenizada pelos danos materiais sofridos, bem como para rescindir o
contrato de concessão celebrado. Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) a petição cabível.
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Usando o nosso esquema: Autor: XYZ Transportes;
Réu: Estado do Pará;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: a rescisão contratual e indenização (pelo desequilíbrio do contrato);
Causa de pedir: fato do príncipe – art. 9º, §§ 2º e 3º da Lei 8.987/95 (fato do príncipe nos contratos de concessão de serviços públicos). Pode também se utilizar do art. 65, § 5º, da Lei 8.666/93. Inadimplemento do Estado gera o direito de recisão (art. 39 da Lei 8.987/95).
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ... DO ESTADO DO PARÁ
__________ (10 linhas)
__________ XYZ Transportes, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na Rua ...,
representada por seu dirigente, vem, por meio de seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde doravante serão encaminhadas as intimação do feito, propor AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO em face do Estado do Pará, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura da presente ação, com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC, por
haver descumprimento contratual do Estado.
DOS FATOS
O Réu contratou, mediante procedimento licitatório regular, a empresa XYZ Transportes
para realização do transporte público intermunicipal no estado, celebrando contrato de concessão de serviços públicos, sendo que as tarifas pagas pelos usuários seriam de 20 a 60 reais, dependendo do trajeto, sendo possível a venda de trinta e seis cadeiras a cada viagem efetivada, ficando uma reservada aos idosos, nos termos da legislação vigente.
Ocorre que, após 3 meses da celebração do contrato, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou uma lei conferindo gratuidade de transporte a todos os idosos que se apresentassem para viagem, até o máximo de 15. Tal situação causou transtornos à empresa autora, uma vez que os valores que foram pactuados a título de tarifas já não conseguiam mais suprir os gastos com a prestação do serviço.
A autora levou isso a conhecimento do Réu que se negou a rever as tarifas ou estabelecer alguma outra forma de reequilibrar o contrato.
DO MÉRITO
Inicialmente, cumpre ressaltar que o artigo 9º, §§ 2º e 3º, da Lei 8.987/95 estabelece o dever
de o Estado reequilibrar o contrato em situações de desequilíbrio causadas por atuação externa. Vejamos:
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§ 2º: “Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro”; § 3º: “Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso”.
Tal situação, na qual a atuação extracontratual do Poder Público atinge diretamente o contrato recebe da doutrina o título de fato do príncipe, a ensejar o direito ao reequilíbrio do contrato pela concessionária. No mesmo sentido, o artigo 65, § 5º, da Lei 8.666/93, que prevê a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Ocorre que apesar do dever imposto ao ente público de efetivar a recomposição dos preços, o mesmo se negou a atuar no reequilíbrio da avença.
Sendo assim, o poder concedente se mostrou inadimplente em sua obrigação contratual. O inadimplemento do ente público confere a concessionária o direito a rescisão contratual, conforme artigo 39 da Lei 8.987/95, bem como a indenização pelos prejuízos decorrentes dessa situação.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu, na pessoa do Procurador Geral do Estado, para, querendo, contestar o
feito, sob pena dos efeitos da revelia; 2) A procedência dos pedidos, determinando a rescisão contratual por inadimplemento da
concedente e condenando o mesmo ao pagamento da indenização pelos danos causados a autora;
3) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da
controvérsia, inclusive a juntada de todos os documentos anexos; 4) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios (ou
ônus da sucumbência).
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
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QUESTÃO 15
O estabelecimento de Antônio, um lava jato, foi interditado por ato do diretor de determinado
órgão de fiscalização ambiental do estado, sob o fundamento de que estaria ultrapassando o limite máximo
de ruídos permitido para o exercício da atividade. Segundo aquela autoridade, o referido limite teria
previsão em legislação estadual, que previa, além da interdição, a possibilidade de se aplicar a sanção de
advertência e até mesmo a concessão de prazo para o adequado tratamento acústico pelo dono do
estabelecimento.
Inconformado por não ter sido notificado para participar do ato de medição sonora, realizado
em local diverso do lugar em que se situa o estabelecimento, por não ter tido a oportunidade de exercer o
contraditório e a ampla defesa e, principalmente, porque as atividades do lava jato vinham sendo exercidas
havia mais de 15 anos, no mesmo local, Antônio procurou o auxílio de profissional da advocacia. Ressaltou
que teria interesse na realização de perícia judicial com a intenção de demonstrar que o auto de infração é
ilegal.
Considerando essa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por
Antônio, proponha, com a devida fundamentação, a medida judicial cabível para sobrestar os efeitos do
auto de infração que interditou o estabelecimento e permitir o imediato funcionamento da atividade.
Como Antônio quer a realização de nova perícia, isso significa dilação probatória, não sendo
assim cabível o MS. Trata-se de uma ação de anulação e como ele quer ainda sobrestar os efeitos do auto,
deve-se ainda requerer uma antecipação de tutela.
Liminar é tudo que acontece no processo antes da oitiva do réu. A antecipação de tutela pode
assim ser concedida liminarmente e é o que ocorre normalmente. Assim, falar em liminar ou antecipação
de tutela é a mesma coisa. Entretanto, para nossa prova usaremos as expressões corretas. Então, a partir
de hoje chamaremos essa tutela de urgência em nossas ações ordinárias de “antecipação de tutela” e no
Mandado de Segurança de “liminar”.
É cabível a antecipação de tutela sempre que o sujeito demonstrar que tem razão no que ele
está pedindo (“fumus boni iuris” – fumaça do bom direito) e a demonstração de que existe o perigo de que
se o provimento jurisdicional não vier logo, um prejuízo será causado de forma irreversível (“periculum in
mora” – perigo da demora).
Nas ações ordinárias temos dois nomes no CPC que dizem exatamente isso: o que chamamos
de “fumus boni iuris” é a verossimilhança das alegações e o “periculum in mora” é o fundado receio de
dano irreparável. Grifar o art. 273 do CPC. Assim, atente que havendo antecipação de tutela, ao invés de 4,
teremos 5 pedidos , pois acrescentaremos o pedido de tutela antecipada. Utilizaremos sempre 4 parágrafos
para falar da tutela antecipada e será disposta em um tópico a parte, entre os FATOS e o MÉRITO (Matheus
prefere nessa ordem, mas não há problema em ser colocado depois do Mérito, por exemplo).
No 1º parágrafo falaremos dos requisitos: dizer o artigo pelo qual se está embasando (art. 273
do CPC) e seus fundamentos (verossimilhança das alegações e fundado receio de dano irreparável). No 2º
parágrafo, falaremos da verossimilhança das alegações e no 3º parágrafo do fundado receio de dano
irreparável (pode-se inverter a ordem do 2º e 3º parágrafos sem problemas). No 4º e último parágrafo do
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tópico faremos a conclusão (ex.: “Logo, deve ser suspenso o ato por tudo que foi exposto”).
Usando o nosso esquema: Autor: Lava jato (não é Antônio);
Réu: como o órgão não tem personalidade jurídica, não pode ser réu. Como é um órgão estadual, então a ação será em face do Estado ...;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: a suspensão do sobrestamento do ato e a anulação da interdição;
Causa de pedir: contraditório e ampla defesa e devido processo legal (art. 5º, incisos LIV e LV, da CF). Além disso, violação ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade (15 anos atuando sem infrações e lei estadual que prevê sanções mais leves).
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA ... DO ESTADO ...
__________ (10 linhas)
__________ Lava Jato, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na Rua ..., representado por
Antônio, vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração anexa e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face do Estado ..., pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura da presente ação, nos moldes dos artigos 273 e 282 do CPC, por se tratar de ato nulo que depende de prova pericial.
DOS FATOS
O estabelecimento do autor, um lava jato, foi interditado por ato do diretor de determinado
órgão de fiscalização ambiental do estado, sob o fundamento de que estaria ultrapassando o limite máximo de ruídos permitido para o exercício da atividade. Segundo aquela autoridade, o referido limite teria previsão em legislação estadual, que previa, além da interdição, a possibilidade de se aplicar a sanção de advertência e até mesmo a concessão de prazo para o adequado tratamento acústico pelo dono do estabelecimento.
Inconformado por não ter sido notificado para participar do ato de medição sonora, realizado em local diverso do lugar em que se situa o estabelecimento, por não ter tido a oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa e, principalmente, porque as atividades do autor vêm sendo exercidas há mais de 15 anos no mesmo local. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Primeiramente, o artigo 273 do CPC prevê como requisitos para concessão da tutela
antecipada o fundado receio de dano irreparável e a verossimilhança das alegações. O fundado receio de dano irreparável resta demonstrado pelo fato de que em virtude do ato
impugnado, o autor está impedido de exercer suas atividades e, portanto, de aferir lucro.
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A verossimilhança das alegações se demonstra pela violação ao princípio da proporcionalidade, além da aplicação da pena em desrespeito ao contraditório, ampla defesa e devido processo legal, nos moldes do artigo 5º, LIV e LV, da CRFB.
Portanto, se faz necessária a suspensão do ato de interdição.
DO MÉRITO
Inicialmente, ressalta-se que o artigo 5º, incisos LIV e LV, da CRFB, prevê a garantia do devido
processo legal, contraditório e ampla defesa nos processos administrativos. Vejamos:
LIV: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”; LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Na situação apresentada, a medição foi feita em local diverso do estabelecimento e não houve
notificação para que o interessado participasse da medição. Também, a pena foi aplicada sem a possibilidade de apresentação de defesa prévia. Portanto, claramente restaram violados os princípios transcritos acima.
*Ademais, a penalidade foi aplicada sem respeito ao princípio da proporcionalidade. Com efeito, de acordo com tal premissa, a penalidade a ser aplicada não deve ser mais intensa do que a infração cometida.
No caso apresentando, o autor funciona há mais de 15 anos e jamais sofreu qualquer sanção. Além disso, a legislação estadual prevê a aplicação de sanções mais leves, inclusive a concessão de prazo para adequado tratamento acústico.
Dessa forma, a interdição não é proporcional à infração praticada, pelo que se configura ilegal.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu, na pessoa do Procurador Geral do Estado, para, querendo, contestar
o feito; (aqui também não se pode pedir os efeitos da revelia) 2) A antecipação dos efeitos da tutela, determinando a suspensão do ato ora impugnado;
(o pedido de concessão da antecipação de tutela é sempre o ponto inicial – vem antes da anulação) 3) A confirmação da tutela antecipada, com a procedência do pedido, anulando o auto de
infração; (a procedência do pedido aqui é a confirmação da antecipação de tutela)
4) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da controvérsia, notadamente a produção da prova pericial, bem como a juntada dos documentos anexos; (atente que neste caso deve-se pedir a perícia, pois o cliente quer na questão – até por isso não coube MS)
5) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios (ou ônus da sucumbência).
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DO VALOR DA CAUSA Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
(*) Lembre-se: use conectivos interligando os argumentos, pois mesmo que o argumento anterior não seja
levado em consideração, tem-se outro argumento que irá justificar por si só. São argumentos que
isoladamente já justificam a anulação do ato, mas que você irá apresentar todos na peça.
MANDADO DE SEGURANÇA
Conforme já vimos, o MS é regulamentado pela Lei 12.016/09 e é cabível sempre que o ato
que se quiser impugnar tiver violado um direito líquido e certo. Este é aquele direito que tem prova pré -
constituída, não dependendo de dilação probatória.
Situações onde o MS NÃO será cabível (requisitos):
1) Se houver necessidade de produção de provas durante o processo;
2) O MS só é cabível no prazo decadencial de 120 dias, contados da prática do ato (pode
ser cabível antes, de forma preventiva). Passado esse período, não será cabível (improrrogável);
3) Se o ato que se quer anular couber recurso com efeito suspensivo (os recursos
administrativos, como regra, não têm efeito suspensivo. Para a nossa prova, lembrar das duas exceções: os recursos na licitação nas fases de habilitação e classificação);
4) Se se quiser receber indenização de valores anteriores à impetração. Na prática se
impetra o MS para resolver logo a situação e depois se entra com uma ação de
cobrança, mas na prova da OAB não dá para fazer duas ações – neste caso terá que se
entrar com uma ação ordinária;
5) Contra lei em tese (norma geral e abstrata). O MS visa anular atos específicos;
6) Contra ato de gestão comercial das empresas públicas e sociedades de economia mista
(empresas estatais). São aqueles atos praticados na atividade econômica. Ex.:
Petrobras quando vai licitar cabe MS – o que não cabe são contra aqueles atos de
gestão comercial.
O MS tem 6 pedidos e se tiver liminar terá 7 pedidos. Como regra, há liminar. Assim, na dúvida,
sempre peça a liminar.
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O MS tem duas peculiaridades básicas que irão diferenciá-lo da ação ordinária na sua
estrutura. Vejamos: No MS, além de se chamar o réu para participar da ação, tem-se a figura da autoridade coatora (este é o nome que o agente público que pratica o ato que você quer anular recebe no MS) e ele também participa do processo. Até 2009 o réu não participava da ação – ele só era informado do MS se depois viesse uma decisão contra ele (ou seja, para recorrer). Isso acabou. A Lei 12.016/09 determina que hoje se impetre MS contra ato da autoridade coatora e em face do réu.
Ex.: se o Presidente da República te pratica um ato coator, você será o autor, o réu
será a União e a autoridade coatora será o Presidente da República (a autoridade
coatora não é ré – ela só é notificada para prestar informações);
No MS, a competência é definida com base na autoridade coatora (e não o réu, como na ação ordinária). Ex.: se o réu for a União, não se sabe quem é a autoridade coatora, mas se a autoridade coatora for o Presidente da República a competência será do STF; se for um Ministro de Estado, a competência será do STJ e assim por diante.
1. Grifos na Lei
Com essas informações acima em mente, grifemos a Lei 12.016/09 Vide artigo 5º, LXIX da CF
(mantém-se a cor ROXA para as ações constitucionais): Art. 1º, caput e § 2º (atos de gestão comercial);
Art. 5º (efeito suspensivo);
Art. 7º, incisos I, II, e III (traz os 3 primeiros pedidos do MS);
Art. 12 (intimação do MP);
Art. 21 (trata do MS coletivo);
Art. 23 (prazo de 120 dias);
Art. 25 (que dispõe que não são cabíveis honorários advocatícios em MS – pode-se pedir custa processual).
Tendo grifado estes artigos, agora você vai fazer um grifo especial na Lei 9.507/97 (Lei de HD) e
grife o art. 20, que traz a competência do MS (apesar desta estar em vários artigos da CF, é melhor ir direito
aqui, pois a competência federal está toda junta).
Agora se for competência estadual, esta ou será do Tribunal de Justiça ou do Juiz de Direito.
Em regra, será sempre do juiz estadual, menos em três hipóteses, quando então será do Tribunal de Justiça:
(dica mnemônica: GPS)
Ato de Governador;
Prefeito de capital;
Secretário estadual, quando então será do Tribunal de Justiça.
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1. Prática
QUESTÃO 04
Aurélio foi aprovado em concurso público para o cargo de analista do Tribunal de Contas da
União. A homologação do concurso foi feita em 20 de agosto de 2010.
Em 02 de julho de 2012, foi publicada a nomeação de Aurélio no Diário Oficial da União. Ocorre
que Aurélio, que reside em Santana do Pirapamba, cidade que não há circulação de DOU, ficou sabendo da
nomeação por um amigo, no dia 03 de agosto de 2012, quando já tinha passado o prazo para posse e
declarado sem efeito o ato de nomeação, o que ocorreu no próprio dia 03 de agosto. Como não tinha sido
intimado pessoalmente para tomar posse, Aurélio se sentiu prejudicado e contratou seus serviços de
advogado para propor a ação cabível a anular o ato que tornou sem efeito sua nomeação.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) a petição cabível.
Como não foi informada a data atual, não se sabe se já passou ou não o prazo de 120 dias,
devendo-se, portanto, presumir que não. Sabe-se ainda que é um MS pois não há necessidade de dilação
probatória, não há recurso administrativo com efeito suspensivo, não é ato de gestão, não é lei em tese e
ele não quer indenização e sim apenas anular o ato.
Usando o nosso esquema (que agora inclui autoridade coatora e lembrando que esta é que
define a competência): Autor: Aurélio;
Réu: como o TCU é órgão e não tem personalidade jurídica, não pode ser réu. O réu será assim a União Federal;
Autoridade coatora: Presidente do TCU;
Competência: STF;
Pedido: a suspensão do ato em sede liminar* (por haver perigo de ineficácia da medida, pois se o sujeito não for nomeado logo, pode vir a se nomear outra pessoa no lugar) e a anulação do ato;
Causa de pedir: violação a publicidade (art. 37 da CF), pois esta tem que ser efetiva (não basta que ela seja formal – tem que ser real), havendo necessidade de intimação pessoal. Fala-se ainda em princípio da razoabilidade (demorou 2 anos entre a homologação do concurso e a nomeação).
(*) Não se pode pedir a nomeação em liminar. Deve-se pedir a reserva da vaga em sede de liminar.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
(10 linhas)
Aurélio, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n.º ..., CPC n.º ..., residente e domiciliado
na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR contra o ato do Presidente do Tribunal de Contas da União (a autoridade coatora não precisa ser qualificada), agente público, com endereço profissional na Rua ... e em face da União Federal,
pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível o Mandado de Segurança com fulcro no artigo 5º, LXIX, da CRFB e artigo 1º e
seguintes da Lei 12.016/09, por se tratar de violação a direito líquido e certo. Ressalte-se ainda a tempestividade por não haver mais de 120 dias do ato coator.
DOS FATOS
O impetrante foi aprovado em concurso público para o cargo de analista do Tribunal de
Contas da União, tendo a homologação do concurso sido feita em 20 de agosto de 2010.
Em 02 de julho de 2012, foi publicada a nomeação de Aurélio no Diário Oficial da União. Ocorre que o autor, que reside em Santana do Pirapamba, cidade que não há circulação de DOU, ficou sabendo da nomeação por um amigo, no dia 03 de agosto de 2012, quando já tinha passado o prazo para posse e declarado sem efeito o ato de nomeação, o que ocorreu no próprio dia 03 de agosto. Como o impetrante não foi intimado pessoalmente para tomar posse, sente-se prejudicado por essa situação.
DA LIMINAR (é exatamente igual ao tópico da antecipação de tutela – a diferença está nos termos que iremos utilizar)
O artigo 7º, III, da Lei 12.016/09 estabelece como requisitos para concessão da liminar o
fundamento relevante do pedido e o perigo de ineficácia da medida. O perigo de ineficácia da medida decorre do fato de que a vacância do cargo pode gerar
nomeação de outro candidato. O fundamento relevante encontra respaldo na violação ao princípio da razoabilidade e na
ausência de publicidade efetiva. Dessa forma, se faz necessária a suspensão do ato coator e consequente reserva da vaga do
impetrante.
DO MÉRITO
Inicialmente, o artigo 37, caput, da CRFB, estabelece a publicidade como princípio norteador
da atividade administrativa. Vejamos: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
23
Ocorre que a publicidade não deve ser somente formal, sendo necessária a efetiva informação a sociedade do ato praticado.
Na situação apresentada, por não haver circulação de DOU na cidade em que o autor reside e pelo fato de que a homologação havia ocorrido há dois anos, a publicidade deveria ser garantida por meio de intimação pessoal.
Ademais, não se pode exigir a leitura diária do periódico durante dois anos de um candidato. Com efeito, viola a razoabilidade considerar tal situação.
Dessa forma, a publicação em Diário Oficial como único meio de publicidade afronta ainda o princípio da razoabilidade. Isso inclusive vem sendo o entendimento dos Tribunais Superiores. DOS PEDIDOS (seguir o art. 282 do CPC e artigos grifados da Lei 12.016/09)
Pelo exposto, requer: (os três primeiros pedidos estão nos incisos I, II, e III do art. 7º da Lei – querendo, pode-
se até transcrever estes incisos)
1) A notificação da autoridade coatora, para que preste suas informações no prazo de 10
(dez) dias; 2) A ciência do órgão de representação judicial da União Federal para, querendo, ingressar
no feito; 3) A concessão da medida liminar determinando a suspensão do ato coator e reserva da
vaga do impetrante;
4) A confirmação da liminar com a concessão da segurança (aqui não se pede procedência/improcedência) para que seja anulado o ato que tornou sem efeito a nomeação
de Aurélio; 5) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal
da lei; (o MP sempre entrará nas ações constitucionais) 6) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais; (não há condenação em
honorários advocatícios em MS) 7) A juntada de todos os documentos comprobatórios do direito líquido e certo do autor.
(atente que neste caso NÃO se pode pedir produção de provas) DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Santana do Pirapamba, data.
Advogado OAB n.º ...
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Aula 04
QUESTÕES PARA CASA QUESTÃO 28
Jorge Henrique, servidor publico federal, do Ministério da Fazenda, lotado em Brasília,
estava sendo alvo de sindicância administrativa, uma vez que, supostamente, havia exercido
atividade privada incompatível como o horário de trabalho – vendedor em uma loja de
departamento.
O processo foi regularmente instruído nos moldes determinados pela Lei 8.112/90 e, ao
final, foi detectado o cometimento da infração e determinada a punição de remoção ao servidor
para a cidade de Campinas, onde não há a loja de departamentos na qual o servidor prestava
serviços. A pena foi aplicada, em 20/10/2011 e, em 20/01/2012, Jorge procura o seu escritório de
advocacia para tomar as medidas necessárias à anulação da penalidade aplicada. Alega, ainda,
que está distante de sua família, haja vista sua mulher ser empregada em uma empresa que tem
sede em Brasília e sua filha ter esquizofrenia múltipla, não podendo ficar sem cuidados de ambos
os pais, que se revezam para cuidar da criança.
Considerando a situação hipotética acima, elabore na qualidade de advogado
constituído por Jorge, a peça judicial adequada a obter a tutela de urgência que reverta o ato de
remoção.
Usando o nosso esquema: Autor: Jorge Henrique;
Réu: União Federal;
Autoridade coatora: Ministro da Fazenda;
Competência: STJ;
Pedido: liminarmente se quer a suspensão do ato de remoção e o pedido final de anulação do ato de remoção;
Causa de pedir: art. 36 da Lei 8.112/90 (remoção não é ato punitivo); o art. 127 da Lei prevê as penalidades aplicáveis (e como essa penalidade não é legal há violação ao princípio da legalidade), além de desvio de finalidade do ato.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
(10 linhas)
Jorge Henrique, nacionalidade, servidor público federal, casado, RG n.º ..., CPF n.º ...,
residente e domiciliado na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR, contra ato do Ministro da Fazenda, agente público, com endereço profissional na Rua ..., e em face da União Federal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a impetração do Mandado de Segurança por se tratar de ato violador do direito do
autor, com fulcro no artigo 5º, LXIX, da CRFB e artigo 1º e seguintes da Lei 12.016/09. Ressalte-se ainda a tempestividade por não haver mais de 120 dias do ato coator.
DOS FATOS
O autor, servidor publico federal do Ministério da Fazenda, lotado em Brasília, estava sendo
alvo de sindicância administrativa, uma vez que, supostamente, havia exercido atividade privada incompatível como o horário de trabalho – vendedor em uma loja de departamento.
O processo foi regularmente instruído nos moldes determinados pela Lei 8.112/90 e, ao
final, detectado o cometimento da infração, determinou-se a punição de remoção ao servidor para a cidade de Campinas, onde não há a loja de departamentos na qual o servidor prestava serviços. A pena foi aplicada, em 20/10/2011.
Ocorre que o autor está distante de sua família, haja vista sua mulher ser empregada em uma empresa que tem sede em Brasília e sua filha ter esquizofrenia múltipla, não podendo ficar sem cuidados de ambos os pais, que se revezam para cuidar da criança.
DA LIMINAR
O artigo 7º, III, da Lei 12.016/09, prevê como requisitos para a concessão da medida liminar a demonstração do fundamento relevante do pedido e do perigo de ineficácia da medida.
O perigo de ineficácia da medida está demonstrado pela doença que acomete a filha do autor, o que o impede de permanecer longe de casa por muito tempo.
O fundamento relevante do pedido repousa no princípio da legalidade, uma vez que o artigo 127 da Lei 8.112/90 não prevê a penalidade aplicada, bem como no desvio de finalidade do ato de remoção.
Logo, se faz necessária a suspensão do ato coator. DO MÉRITO
Inicialmente, cumpre ressaltar que o artigo 36 da Lei 8.112/90 estabelece a remoção como ato
de deslocamento e não de penalidade. Vejamos:
“Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede”.
De fato, a remoção é prevista em lei com a finalidade de deslocar o servidor no interesse do
serviço público ou do próprio servidor, não ostentando caráter de penalidade. A prática do ato de remoção com finalidade punitiva configura desvio de finalidade a viciar o
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ato, como dispõe o art. 2º, parágrafo único, alínea “e”, da Lei 4.717/65. Com efeito, o desvio de finalidade gera a nulidade do ato administrativo ora impugnado.
Ademais, o artigo 127 da Lei 8.112/90 prevê as penalidades administrativas que podem ser aplicadas aos servidores por cometimento de infração.
Ocorre que a remoção não consta neste rol de penalidades e a aplicação de penalidade sem previsão legal viola o princípio da legalidade, previsto no artigo 37 da CRFB, ao qual está vinculada a Administração Pública.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A notificação da autoridade coatora, para que preste as informações no prazo de 10 (dez)
dias; 2) Que se dê ciência ao órgão de representação judicial da União Federal para, querendo,
ingressar no feito; 3) A concessão da medida liminar, determinando a suspensão do ato impugnado e retorno
do autor a sua sede original; 4) A confirmação da liminar com a concessão da segurança para determinar a anulação do
ato de remoção do autor;
5) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da lei;
6) A juntada de todos os documentos comprobatórios do direito líquido e certo do autor; 7) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
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HABEAS DATA
O HD está regulamentado pela Lei 9.507/97. Ele é cabível toda vez que se estiver diante de um ato administrativo que viole o direito a informação acerca da pessoa do impe trante. A lei traz 3 hipóteses:
Quer se obter informações;
Quer se acrescentar informações;
Quer se retificar informações.
Para a impetração do HD é necessária à recusa (expressa ou tacitamente) da
informação.
Para obtenção de informações, a recusa tácita ocorre quando o sujeito requer a
informação e em 10 dias essa informação não lhe é prestada. Já para o acréscimo ou retificação de
informações, a recusa tácita ocorre quando a informação não é acrescida ou retificada no prazo de
15 dias.
O HD é bem parecido com o MS, com a diferença que nele não se chama o réu para
participar. Ele é impetrado somente contra ato da autoridade coatora. O que facilita o HD é o seu
mérito, que é sempre o mesmo (discussão de informação)
Abra a Lei 9.507/97 e logo no começo faça remissão Vide ao art. 5º, inciso LXXII da CF e Vide ao art. 5º, incisos XIV e XXXIII da CF, grifando-as de ROXA estes artigos também na Constituição Federal. Além disso, faça remissão Vide à Lei 12.527/11.
Lei 12.527/11 e nesta lei grife os seguintes artigos: (mantém-se a cor ROXA) Art. 5º;
Art. 7º, caput e II;
Art. 8º;
Art. 10, § 3º.
Sempre que se falar no direito de informação do cidadão, falar do dever de publicidade
do Estado (princípio da publicidade).
Lei 9.507/97 e nesta lei grife os seguintes artigos: (mantém-se a cor ROXA) Art. 7º;
Art. 8º, § único; (todo)
Art. 9º (atente novamente que aqui não há cientificação do réu);
Art. 12;
Art. 20.
No HD temos 4 pedidos.
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Nosso esquema será composto dos seguintes itens: Autor;
Autoridade coatora;
Competência;
Pedido
Causa de pedir.
1. Prática
QUESTÃO 26
Camilo Junior exerce, há 20 (vinte) anos, o cargo de técnico da receita federal.
Pretendendo concorrer a outro cargo público, no momento está organizando curriculum vitae, e
precisa ter conhecimento do que consta em sua folha de assentamentos no Ministério da Fazenda.
Ocorre que, ao requerer tais informações, o seu pedido foi negado pelo Chefe do Setor de Pessoal
do Ministério da Fazenda, sob a alegação de que a quantidade de serviços no departamento é
grande e que não se faz possível prestar tais informações no momento.
Inconformado, Camilo te procura como profissional da advocacia para que possa propor a ação cabível à garantia do seu direito. Na qualidade de advogado contratado por Camilo, elabore a minuta da peça judicial cabível à espécie.
Usando o nosso esquema: Autor: Camilo Junior;
Autoridade coatora: Chefe do Setor de Pessoal do Ministério da Fazenda;
Competência: Justiça Federal;
Pedido: Obtenção das informações;
Causa de pedir: art. 5º, XXXIII e XIV, da CF (direito a informação). Está também no art. 5º e 7º, II, da Lei 12.527/11. Além disso, o dever de publicidade dos atos da administração, que está no art. 37 da CF. O art. 5º, LXXII, da CF utilizaremos para o cabimento.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO ...
(10 linhas)
Camilo Junior, nacionalidade, estado civil, servidor público federal, RG n.º ..., CPF n.º ...,
residente e domiciliado na Rua ..., vem por meio de seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar HABEAS DATA contra ato do Chefe do Setor de Pessoal do Ministério da Fazenda, agente público, com endereço profissional na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a impetração do Habeas Data com fulcro no artigo 5º, LXXII, alínea “a”, da CRFB e
artigo 7º, I, da Lei 9.507/97, por tratar-se de direito a informação acerca da pessoa do impetrante.
DOS FATOS (aqui tivemos uma recusa expressa, mas ela poderia ter sido tácita – ex.: não forneceu no prazo)
O autor exerce há 20 (vinte) anos o cargo de técnico da receita federal. Pretendendo
concorrer a outro cargo público, precisa ter conhecimento do que consta em sua folha de assentamentos no Ministério da Fazenda. Ocorre que, ao requerer tais informações, o seu pedido foi negado pela autoridade coatora, sob a alegação de que a quantidade de serviços no departamento é grande e que não se faz possível prestar tais informações no momento.
DO MÉRITO
A princípio, a CRFB em seu artigo 5º, incisos XIV e XXXIII, garante o direito à informação do
cidadão dos atos praticados pela Administração Pública. Vejamos: XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”;
XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
No mesmo sentido, o artigo 5º da Lei 12.527/11 garante a todos o acesso às informações de
interesse público ou pessoal. Ainda na mesma esteira, o artigo 7º, II, da Lei 12.527/11 define que o direito a informação
abrange as informações constantes de registros públicos. Na situação apresentada, foi negado ao autor as informações pessoais que constam em seu
assentamento individual. Tal negativa configura ato ilícito, inclusive guerreável por Habeas Data, nos moldes do artigo 8º, parágrafo único, inciso I, da Lei 9.507/97.
Ademais, o Poder Público tem o dever de publicidade dos atos e registros mantidos por el e.
Com efeito, o princípio da publicidade tem base no artigo 37 da CRFB e foi desrespeitado na situação em epigrafe.
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DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A notificação da autoridade coatora para que preste suas informações no prazo de
10 (dez) dias; 2) A procedência do pedido, determinando à autoridade coatora que preste as
informações pleiteadas em dia e hora determinados pelo juízo; 3) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como
fiscal da lei; 4) A juntada dos documentos que comprovam o direito do autor. (não se pode pedir
produção de provas no bojo do HD – é direito líquido e certo amparado por HD)
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nesses termos, pede deferimento.
Loca, data.
Advogado OAB n.º ...
(*) HD é uma ação gratuita e não há condenação em custas e nem em honorários advocatícios.
*OBS.: Atente que havendo urgência, o Habeas Data admite antecipação de tutela e esta deverá ser feita
nos moldes do art. 273 do CPC. Mas nesse caso ele terá apenas que providenciar as informações ou
depositá-las em juízo, pois se fornecê-las a decisão será satisfativa. Na dúvida, faça a antecipação de tutela.
QUESTÃO 16
O departamento de trânsito do Estado X, autarquia estadual, lavrou 15 autos de
infração contra vários motoristas de uma empresa de ônibus. As multas de trânsito foram-lhe
impostas pelo Superintendente da entidade, sem que eles fossem notificados e pudessem
apresentar defesa prévia. Inconformados e com o propósito de desconstituir os referidos autos de
infração, procuraram o auxílio da associação de classe ASSER.
O presidente da ASSER contratou seus serviços de profissional da advocacia, a fim de
suspender a eficácia e, posteriormente, desconstituir as multas, alegando inclusive que os
motoristas estavam tendo dificuldades de renovar as suas habilitações, em virtude das multas. Na
qualidade de advogado(a) consultado(a) pela ASSER, proponha a medida judicial cabível para a
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suspensão e decretação da nulidade dos autos de infração, apresentando o fundamento para o
referido pedido.
Usando o nosso esquema: Autor: ASSER;
Réu: Departamento de Trânsito do Estado X (é autarquia, respondendo por seus atos);
Autoridade coatora: Superintendente do Departamento de Trânsito;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: suspensão em sede liminar e anulação do auto de infração;
Causa de pedir: contraditório, ampla defesa e devido processo legal (art. 5º, incisos LIV e LV, da CF). Além disso, o art. 282 do CTB (Lei 9.503/97) prevê o direito a notificação.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA... DO ESTADO X
(10 linhas)
ASSER, associação de classe constituída há mais de 1 (um) ano, CNPJ ..., com sede na Rua ...,
vem, em defesa dos seus associados, por meio de seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM PEDIDO LIMINAR contra ato do Superintendente do Departamento de Trânsito, agente público, com endereço profissional na Rua ..., e em face do Departamento de Trânsito, pessoa jurídica de direito público interno, autarquia estadual, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO E DA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL (o professor não colocava “e da substituição processual”, pois já tinha o “em defesa dos seus associados”, mas por conta dos espelhos da FGV, passou a inserir)
É cabível a impetração do Mandado de Segurança Coletivo com fulcro no artigo 5º, LXX,
alínea “b”, da CRFB e artigo 21 da Lei 12.016/09, que inclusive confere à entidade a qualidade de substituta processual dos seus associados, em virtude de violação a direito líquido e certo. Ressalte -se ainda a tempestividade por não haver mais de 120 dias do ato coator.
DOS FATOS
O Departamento de Trânsito do Estado X, autarquia estadual, lavrou 15 autos de infração
contra vários motoristas de uma empresa de ônibus. As multas de trânsito foram-lhe impostas pela autoridade coatora, sem que eles fossem notificados e pudessem apresentar defesa prévia.
Inconformados e com o propósito de desconstituir os referidos autos de infração, procuraram o auxílio da associação de classe ASSER, que requer a suspensão da eficácia da medida e a desconstituição das multas, alegando inclusive que os motoristas estavam tendo dificuldades de renovaras suas habilitações, em virtude das multas.
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DA LIMINAR
O artigo 7º, III, da Lei 12.016/09 estabelece como requisitos para concessão da liminar o fundamento relevante do pedido e o perigo de ineficácia da medida.
O perigo de ineficácia da medida está demonstrado pelo fato de que os associados estão tendo dificuldades na renovação das carteiras de motorista em virtude das multas, impedindo o exercício de suas atividades profissionais.
O fundamento relevante do pedido repousa no fato de que os atos impugnados foram praticados em desrespeito ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
Dessa forma, é imprescindível a suspensão dos autos de infração impugnados. DO MÉRITO
Inicialmente, ressalta-se que o artigo 5º, incisos LIV e LV, da CRFB, assegura aos litigantes em processo administrativo o devido processo legal, bem como o contraditório e a ampla defesa. Vejamos:
LIV: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”; LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
No mesmo sentido, o artigo 282 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro) assegura o
direito à notificação daqueles que sofrerem autos de infração por ilícito praticado.
Na situação apresentada, os motoristas sofreram os autos de infração sem que houvesse qualquer notificação acerca deles e, menos ainda, prazo para apresentação de defesa prévia.
Sendo assim, os atos administrativos ora impugnados violam frontalmente o princípio do contraditório e da ampla defesa, estando eivados de nulidade insanável.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A notificação da autoridade coatora, para que preste suas informações no prazo de 10 (dez) dias;
2) Que se dê ciência ao órgão de representação judicial do Departamento de Trânsito do Estado X para, querendo, ingressar no feito;
3) A concessão da medida liminar determinando a suspensão dos autos de infração ora
impugnados; 4) A confirmação da liminar com a concessão da segurança, determinando a anulação dos
atos coatores; 5) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da
lei; 6) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais; 7) A juntada de todos os documentos comprobatórios do direito líquido e certo do autor.
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DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
QUESTÃO 22
Renato Santos, fazendeiro, morador da cidade de Cabrobró, em Sergipe foi
surpreendido por ato de tombamento na casa sede de sua fazenda, sob a alegação da
municipalidade de que o casarão remontava à história local e, portanto, deveria fazer parte do
patrimônio histórico da cidade.
Juntamente com o ato de tombamento, foram estabelecidas algumas regras. O
prefeito municipal entendeu por bem abrir a casa à visitação popular, incluindo todos os cômodos,
das 6:00 às 22:00, colocando o imóvel dentro do roteiro turístico da cidade. Ademais, estabeleceu
que durante o horário de visitação a casa deveria estar sem moradores para que não obstasse a
entrada dos turistas. Por fim, determinou a instalação de uma lanchonete e uma biblioteca nos
arredores da casa, bem como uma lojinha com venda de artigos artesanais.
Se sentindo prejudicado, por não mais poder usufruir de sua propriedade, Renato te
contratou como advogado para que fossem tomadas as providências cabíveis à reparação do dano
causado. Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por
Renato, a peça judicial cabível.
Usando o nosso esquema:
Autor: Renato Santos;
Réu: município de Cabrobró;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: indenização por desapropriação indireta
Causa de pedir: art. 35 do Decreto-lei 3365; art. 15-A, § 3º, da Lei. E art. 5º, XXIV, da CF. Explicar que o ato de tombamento é de mera restrição e que esse tombamento que impede o uso do bem na verdade é uma desapropriação indireta. Pode-se utilizar ainda o Decreto 25/37.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CABROBÓ DO ESTADO DE SERGIPE
(10 linhas)
Renato Santos, nacionalidade, estado civil, fazendeiro, RG n.º ... e CPC n.º ..., residente e
domiciliado na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA em face do município de Cabrobó, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura de Ação Ordinária com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC, por
se tratar de pedido de indenização.
DOS FATOS
O autor, morador da cidade de Cabrobró, em Sergipe foi surpreendido por ato de
tombamento na casa sede de sua fazenda, sob a alegação da municipalidade de que o casarão remontava à história local e, portanto, deveria fazer parte do patrimônio histórico da cidade.
Juntamente com o ato de tombamento, foram estabelecidas algumas regras abusivas. O prefeito do município Réu entendeu por bem abrir a casa à visitação popular, incluindo todos os cômodos, das 6:00 às 22:00, colocando o imóvel dentro do roteiro turístico da cidade. Ademais, estabeleceu que durante o horário de visitação a casa deveria estar sem moradores para que não obstasse a entrada dos turistas. Por fim, determinou a instalação de uma lanchonete e uma biblioteca nos arredores da casa, bem como uma lojinha com venda de artigos artesanais. Em virtude dessa situação, o autor sente-se prejudicado porque não pode mais usufruir da propriedade.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 5º, XXIV, da CRFB estabelece que o ato de desapropriação deve ser
precedido de pagamento de indenização. Vejamos: “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
Na situação apresentada, a pretexto de restringir o exercício do direito de propriedade, o
Poder Público impediu totalmente o uso do bem pelo particular. Ocorre que o ato de tombamento configura intervenção restritiva e o fato de não poder
usufruir da propriedade gera o que se denomina desapropriação indireta.
No entanto, após a tomada do bem e utilização do Poder Público no interesse da coletividade, não se pode requerer o retorno do bem ao particular, ficando todas as ações resolvidas em perdas e danos. Essa é a leitura do artigo 35 do Decreto-lei 3.365/41.
Ademais, ressalte-se que conforme artigo 15-A, § 3º, do Decreto-lei 3.365/41, a indenização
deverá ser paga com todos os juros e consectários legais.
35
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do réu, na pessoa do Procurador Geral do Município, para, querendo,
contestar o feito, sob pena dos efeitos da revelia; 2) A procedência do pedido condenando o Réu ao pagamento de indenização em
virtude da desapropriação indireta ocorrida; 3) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à
solução da controvérsia, inclusive a juntada de todos os documentos em anexo;
4) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Cabrobró, data.
Advogado OAB n.º ...
*OBS.: Se a questão envolvesse prescrição, lembrar que nos casos de desapropriação indireta, a prescrição
seria de 15 anos (mesmo prazo da usucapião extraordinária), a luz da interpretação conjunta da súmula 119
do STJ com o art. 1238 do CCB.
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Aula 05
QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 25
Marcelo, proprietário de uma construtora, morador da cidade de Sete Lagoas, em Minas
Gerais requereu, em outubro de 2011, junto ao Ministério do Meio Ambiente, informações acerca das áreas
de proteção ambiental que rodeavam a cidade, uma vez que pretende investir na realização de
empreendimentos de alto padrão na cidade e, para tanto, indispensável saber em que áreas pode construir
e em que locais precisa manter níveis mínimos de preservação.
No dia 10 de julho de 2012, recebeu notificação de que seu pedido fora negado pelo Ministro do Meio Ambiente, uma vez que não demonstrou a justificativa plausível de seu interesse nas informações requeridas.
Ocorre que, com o passar do tempo, Marcelo está sofrendo perdas patrimoniais, uma vez que
seus investimentos se encontram parados e ele não pode efetivar as compras dos terrenos para início das
obras. Marcelo, inconformado com a decisão administrativa, contratou seus serviços de advogado para
propor a ação cabível a fim de obter as informações que necessita com a maior brevidade possível.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) a petição cabível, no dia de hoje.
Na verdade o caso aqui era para ser um MS (e não HD, pois o impetrante quer saber
informações acerca do seu interesse e não sobre a sua pessoa). Ocorre que o professor datou a questão e
já se passaram os 120 dias. Assim, fazer ação ordinária.
Se fosse para fazer o MS teríamos o Ministro do Meio Ambiente como autoridade coatora, a
competência seria do STJ e teríamos um pedido liminar para que fossem providenciadas as informações ou
depositadas em juízo e o pedido de prestação das informações. A causa de pedir seria a mesma que iremos
utilizar para a ação ordinária.
Usando o nosso esquema:
Autor: Marcelo;
Réu: União Federal;
Competência: Justiça Federal;
Pedido: um pedido de antecipação de tutela para que sejam providenciadas as informações ou depositadas em juízo e o pedido de prestação das informações;
Causa de pedir: art. 5º, XXXIII e XIV, da CF (direito a informação). Está também no art. 10, § 3º, da Lei 12.527/11 (não se pode exigir justificativa para obter informações). Além disso, o dever de publicidade dos atos da administração, que está no art. 37 da CF.
37
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SETE LAGOAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
(10 linhas)
Marcelo, nacionalidade, estado civil, construtor, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e
domiciliado na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e ende reço profissional na Rua ..., onde serão encaminhada as intimações do feito, propor AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face da União Federal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir:
DO CABIMENTO
É cabível a propositura de ação ordinária, com fulcro nos artigos 273 e 282 do CPC, por se
tratar de obrigação de fazer pleiteada ao Estado. DOS FATOS
O autor, proprietário de uma construtora, requereu ao Réu informações acerca das áreas de
proteção ambiental que rodeavam a cidade, uma vez que pretende investir na realização de empreendimentos de alto padrão na cidade e, para tanto, indispensável saber em que áreas pode construir e em que locais precisa manter níveis mínimos de preservação.
Em 10 de julho de 2012, recebeu notificação de que seu pedido fora negado pelo Ministro do Meio Ambiente, uma vez que não demonstrou a justificativa plausível de seu interesse nas informações requeridas.
Ocorre que o autor está sofrendo perdas patrimoniais, uma vez que seus investimentos se encontram parados e ele não pode efetivar as compras dos terrenos para início das obras. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Primeiramente, o artigo 273 do CPC estabelece como requisitos para concessão da tutela
antecipada o fundado receio de dano irreparável e a verossimilhança das alegações. A verossimilhança das alegações está demonstrada, uma vez que a não prestação das
informações viola o artigo 5º, incisos XIV e XXXIII, da CRFB, bem como o artigo 10, § 3º, da Lei 12.527/11. Trata-se ainda de afronta ao dever de publicidade.
O fundado receio de dano irreparável resta demonstrado pelo fato de que o autor vem sofrendo perdas patrimoniais em virtude da demora em obter as informações.
Logo, se faz necessário que sejam providenciadas as informações requeridas.
DO MÉRITO
Inicialmente, cumpre ressaltar que o direito a informação é garantia fundamental estampada
no artigo 5º, incisos XIV e XXXIII, da CRFB. Vejamos: XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”; XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
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Estado”.
No mesmo sentido, o artigo 10, § 3º, da Lei 12.527/11 estabelece que não se pode exigir justificativa do particular que busca informações constantes em órgãos públicos. Com efeito, a Lei 12.527/11 que trata do acesso às informações não admite a negativa a informações de órgãos públicos pela falta de justificativa.
Mesmo porque a Administração Pública tem o dever de dar publicidade aos atos por ela praticados. De fato, o princípio da publicidade está estampado no art. 37, caput, da CRFB e configura dever do Estado.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu, na pessoa do Advogado Geral da União, para, querendo, contestar o
feito, sob pena dos efeitos da revelia; 2) A antecipação dos efeitos da tutela, determinando que seja providenciadas as
informações requeridas; 3) A confirmação da tutela antecipada, com a procedência do pedido, para que sejam
prestadas as informações; 4) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da
controvérsia, bem como a juntada dos documentos anexos; 5) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
(ou ônus da sucumbência). DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Sete Lagoas, 19 de Abril de 2013.
Advogado OAB n.º ...
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AÇÃO DE IMPROBIDADE QUESTÃO 14
Arminda Quentuke, servidora lotada na Secretaria da Receita Federal, foi acusada por
colegas de trabalho de estar desviando verbas de uma fundação privada que recebe verbas da
União para sua conta pessoal. A Fundação Mimi tem seu patrimônio composto com 60% de verba
federal e foi criada com a finalidade de proteção ao meio ambiente.
A denúncia foi apurada pelo Ministério Público Federal e restou comprovada a situação, inclusive em virtude do grande montante de valores constantes na conta da servidora.
Com a situação, Rebeldina, diretora da Fundação Mimi, procura seu escritório com a
finalidade de propor ação de improbidade para aplicação das penalidades cabíveis a Arminda, bem
como ressarcimento pelos prejuízos causados. Na oportunidade, informa que Arminda Quentuke
tem valores no Banco Alfa e pede que, se possível, sejam retidos esses valores presentes na conta
para evitar que se perca o dinheiro público.
Na qualidade de advogado contratado pela Fundação, proponha a ação cabível.
A estrutura dessa peça é semelhante com a de qualquer ação ordinária. Com uma
peculiaridade: o pedido de bloqueio de contas (medida cautelar – tem base no art. 16, § 2º, da Lei
de Improbidade).
Usando o nosso esquema:
Autor: Fundação Mimi;
Réu: Arminda Quentuke;
Competência: Justiça Estadual (não é Federal);
Pedidos: sempre as sanções do art. 12 da Lei 8.429/92;
Causa de pedir: medida cautelar do art. 16, § 2º da Lei e ato de improbidade, que gera enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei).
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA ... DO ESTADO ...
(10 linhas)
Fundação Mimi, pessoa jurídica de direito privado que recebe verba pública, CNPJ ..., com
sede na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO DE IMPROBIDADE em face de Arminda Quentuke, nacionalidade, servidora pública federal, estado civil, RG n.º ... e CPF n.º ..., residente e domiciliada na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO E DA LEGITIMIDADE (como é uma entidade privada, é bom mostrar a sua legitimidade)
É cabível a propositura da Ação de Improbidade com fulcro no artigo 17 da Lei 8.429/92,
por se tratar de infração que gera enriquecimento ilícito. Também, é legítima a fundação privada para propor a presente ação, com fulcro no artigo
1º da Lei 8.429/92.
DOS FATOS
A Ré, servidora lotada na Secretaria da Receita Federal, foi acusada por colegas de trabalho
de estar desviando verbas para sua conta pessoal da fundação Autora, que recebe verbas da União. A fundação Autora tem seu patrimônio composto com 60% de verba federal e foi criada com a finalidade de proteção ao meio ambiente.
A denúncia foi apurada pelo Ministério Público Federal e restou comprovada a situação, inclusive em virtude do grande montante de valores constantes na conta da Ré.
Com a situação, Rebeldina, diretora da Fundação Mimi, requereu a propositura da ação de improbidade para aplicação das penalidades cabíveis, bem como ressarcimento pelos prejuízos causados. Ressalte-se que Arminda Quentuke tem valores no Banco Alfa e se faz necessária a retenção desses valores presentes na conta para evitar que se perca o dinheiro público.
DA CAUTELAR DE BLOQUEIO DE CONTAS
O artigo 16, § 2º, da Lei 8.429/92, autoriza o bloqueio de contas do réu quando presente os
pressupostos de medida cautelar, quais sejam o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”. O “periculum in mora” resta comprovado pelo fato de que a propositura da ação poderá
ensejar a retirada do dinheiro da conta pela Ré. O “fumus boni iuris” decorre do fato de que a Ré cometeu infração que gerou
enriquecimento ilícito, nos moldes do artigo 12 da Lei 8.429/92. Logo, se faz necessário o bloqueio da conta da Ré.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 9º da Lei 8.429/92 estabelece como ato de improbidade o
enriquecimento ilícito em detrimento da função pública. Vejamos: “Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei (...)”.
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Na situação apresentada, a Ré desviou verbas da fundação ora Autora, que tem seu patrimônio constituído em 60% por verba pública.
Tal situação foi apurada em investigação regular do Ministério Público Federal, ensejando a propositura da ação. Sendo assim, praticada infração capitulada na Lei 8.429/92, devem ser aplicadas as sanções cabíveis.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação da Ré, para, querendo, contestar o feito, sob pena dos efeitos da revelia; 2) A concessão da medida cautelar, determinando o bloqueio das contas da Ré;
3) A procedência dos pedidos, condenando a Ré nas sanções estabelecidas no artigo 12, I, da
Lei 8.429/92; 4) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como fiscal da
lei; 5) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da
controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos; 6) A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
42
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO
A ação de desapropriação não é ação ordinária, mas funciona nos mesmos moldes dela
(estrutura), com algumas peculiaridades. Essa peça é bem simples no que diz respeito ao mérito
(basicamente os art. 5º, XXIV, da CF e Decreto-Lei 3.365/41).
A diferença é que ao invés de antecipação de tutela, o nome que utilizamos é Liminar
de Imissão Provisória na Posse e ao invés de fundado receio de dano e verossimilhança das
alegações, usa-se comprovação do depósito e declaração de urgência.
Os pedidos também serão bem parecidos, apenas com a inclusão de intimação do MP como
fiscal da lei.
1. Prática
QUESTÃO 12
A empresa JJR Estradas se sagrou vencedora em contrato de concessão com o Estado
M, para exploração de rodovia, na qual teria a responsabilidade de efetivar a duplicação de 40km
de estrada, além da manutenção do restante da rodovia estadual No contrato estava previsto que
a empresa seria responsável por promover todas as desapropriações necessárias à duplicação.
Em 10 de novembro de 2012, o Estado declarou a utilidade pública do terreno necessário à duplicação que pertencia a particular, informando inclusive a urgência na realização
da desapropriação. A empresa, ofereceu ao proprietário o valor de 100 mil reais pelo terreno, o que foi negado. Assim, a empresa te procura para propor a ação cabível à desapropriação do
terreno.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado contratado pela JJR Estradas, a peça processual cabível à espécie.
Usando o nosso esquema: Autor: JJR Estradas;
Réu: Proprietário;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: de desapropriação, sendo que antes tem uma liminar na qual requer a imissão provisória na posse;
Causa de pedir: art. 5º, XXIV, da CF e art. 5º, alínea “i”, do Decreto-Lei 3.365/41.
43
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA... DO ESTADO M
(10 linhas)
JJR Estradas, pessoa jurídica de direito privado, concessionária de serviço público, CNPJ ...,
com sede na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anex o e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO (aqui não precisa colocar liminar no nome, mas pode) em face de Proprietário, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e domiciliado na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir. DO CABIMENTO E DA LEGITIMIDADE
É cabível a propositura da presente ação com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC e artigo
1º e seguintes do Decreto-Lei 3.365/41 por se tratar de desapropriação de bem privado. Ressalte-se que a autora é legítima a propositura da ação, por Decreto já expedido pelo ente público.
DOS FATOS
A autora se sagrou vencedora em contrato de concessão com o Estado M, para exploração
de rodovia, na qual tem a responsabilidade de efetivar a duplicação de 40 km de estrada, além da manutenção do restante da rodovia estadual. Ressalte-se que no contrato estava previsto que a autora é responsável por promover todas as desapropriações necessárias à duplicação.
Em 10 de novembro de 2012, o Estado declarou a utilidade pública do terreno necessário à duplicação que pertencia a particular, informando inclusive a urgência na realização da desapropriação. A empresa autora ofereceu ao Réu o valor de 100 mil reais pelo terreno, o que foi negado.
DA LIMINAR
Primeiramente, o artigo 15 do Decreto-Lei 3.365/41 estabelece como requisitos para a liminar
de imissão provisória na posse a declaração de urgência e o depósito em juízo do valor incontroverso. A declaração de urgência foi efetivada no decreto expropriatório, ora anexado aos autos. O depósito do valor incontroverso foi efetivado, conforme guia de depósito anexa. Logo, nos moldes da lei, deve ser determinada a imissão provisória do autor na posse do bem.
DO MÉRITO
A princípio, o artigo 5º, XXIV, da CRFB prevê a possibilidade de desapropriação de bens por
razões de utilidade pública, mediante pagamento de indenização prévia, justa e em dinheiro. Vejamos: “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
Por sua vez, o artigo 5º, alínea “i”, do Decreto-Lei 3.365/41 define a construção de via pública como hipótese de utilidade pública.
Na situação apresentada, foi expedido regularmente decreto expropriatório declarando a utilidade pública do bem, conforme dispositivo mencionado.
Ocorre que, ao oferecer o valor de indenização justa pelo terreno, tal oferta foi negada pelo
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proprietário. Dessa forma, outra alternativa não resta ao expropriante senão pleitear a desapropriação na via judicial. DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu, para, querendo, contestar o feito, sob pena dos efeitos da revelia;
2) A concessão da medida liminar, determinando a imissão provisória na posse do bem pelo Autor;
3) A confirmação da liminar, com a procedência do pedido, transferindo a propriedade do bem ao expropriante, pelo valor de indenização ofertado; 4) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como fiscal da lei; 5) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos; 6) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorário advocatícios.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB n.º ...
45
Aula 06
AÇÃO POPULAR
A Ação Popular é cabível sempre que você tiver interesse em anular um ato que não te
prejudica diretamente. É uma ação proposta por qualquer cidadão que vise anular um ato lesivo ao
interesse coletivo (o cidadão não é diretamente prejudicado pelo ato). A Lei Ação Popular é a Lei 4.717/65. Ex.: imagine que o edital de licitação tem um vício que frauda a competição. Se você for um
licitante que ficou de fora por conta disso, entra com MS. Agora se você é um cidadão que acha que isso
está violando a competição no procedimento de licitação, violando assim o interesse coletivo, entrar-se-á
com a ação popular.
A qualidade de cidadão é comprovada por meio da juntada do título de eleitor. É o que lhe dá
legitimidade ativa para a propositura da ação. Em regra, na ação popular SEMPRE teremos três réus: O agente que praticou o ato;
O ente da Administração ao qual o agente pertence;
O(s) particular(es) beneficiado(s) pelo ato lesivo ao interesse público.
Pode vir a ser apenas dois réus se não se souber quem foi beneficiado pelo ato e podem ter
mais se forem vários os beneficiados.
Teremos 6 pedidos nas ações populares. Caso haja tutela de urgência passam a ser 7 pedidos.
A princípio, a tutela de urgência na ação popular recebe o nome de antecipação de tutela. Até se pode fazer liminar, mas Matheus prefere antecipação de tutela.
Na Lei 4.717/65 coloca Vide art. 5º, LXXIII da CF. Grifemos na Lei 4.717/65: (mantém-se a cor ROXA)
Art. 1º, caput e § 3º; Art. 1º, § 7º;
Art. 2º (este traz os vícios);
Art. 4º (normalmente irá se utilizar este artigo para as causas de pedir da ação popular);
Art. 5º, § 4º (se houver antecipação de tutela)
Art. 6º, caput, §§ 1º e 4º;
Art. 7º, I, “a” e “b” e § 2º, IV;
Art. 12;
Art. 21.
Na ação popular sempre se pedirá a anulação do ato lesivo. Caso haja antecipação de tutela se
pede primeiro a suspensão do ato para depois anular. Também pediremos ressarcimento ao erário por
qualquer prejuízo causado (não se pede indenização ao cidadão).
Não há prerrogativa de foro na ação popular. É sempre proposta perante a Justiça Estadual ou
Federal. Aqui não há autoridade coatora – o agente público que pratica o ato lesivo aqui é réu.
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1. Prática
QUESTÃO 18
Em 20/03/2012, foi iniciado procedimento licitatório, na modalidade leilão para alienação de alguns imóveis, constantes do acervo do Ministério da Fazenda, na cidade de
Buraquinhos, no Estado X, não afetados a nenhuma finalidade específica. O valor orçado, pela administração, foi de 400 mil reais, encontrado por meio de pesquisa de mercado regularmente
feita pelo órgão licitante. Ao final do procedimento, a empresa J sagrou-se vencedora do certame, ao ofertar o
valor de 350 mil pelos bens, arrematando o objeto da licitação. O procedimento foi encaminhado ao Ministro da Fazenda que homologou o
procedimento, determinando a adjudicação dos bens pelo vencedor. Pedro Mariano, cidadão da cidade de Buraquinhos, inconformado com os vícios
presentes no procedimento contratou seu escritório de advocacia com a finalidade de anular o procedimento licitatório. Na qualidade de advogado contratado, proponha a medida judicial cabível a garantir a pretensão do autor.
Usando o nosso esquema:
Autor: Pedro Mariano;
Réus: Ministro da Fazenda, União Federal e Empresa J ;
Competência: Justiça Federal;
Pedido: Anulação/Ressarcimento;
Causa de pedir: Imóveis – concorrência art. 17, I Lei 8.666/93 Igual ou superior avaliação art. 22, § 5º Lei 8.666/93
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BURAQUINHOS, NO ESTADO X
(10 linhas)
Pedro Mariano, brasileiro, estado civil, profissão, RG n.º ... e CPF nº ..., Título de Eleitor
n.º..., residente e domiciliada na Rua ...., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO POPULAR em face de
* União Federal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ...; * Empresa J, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na da Rua ...; * Nome, prenome, nacionalidade, estado civil, Ministro da Fazenda, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e domiciliado na Rua ...;
pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura da Ação Popular, com fulcro no artigo 5º, LXXIII, da CRFB e artigo 1º
e seguintes da Lei 4.717/65 por se tratar de ato lesivo ao interesse público.
DOS FATOS
Em 20/03/2012, foi iniciado procedimento licitatório, na modalidade leilão pelo réu para alienação de alguns imóveis, constantes do acervo do Ministério da Fazenda, na cidade de Buraquinhos, no Estado X, não afetados a nenhuma finalidade específica. O valor orçado, pelo réu, foi de 400 mil reais, encontrado por meio de pesquisa de mercado regularmente feita pelo órgão licitante.
Ao final do procedimento, a empresa ré sagrou-se vencedora do certame, ao ofertar o valor de 350 mil pelos bens, arrematando o objeto da licitação.
O procedimento foi encaminhado ao terceiro réu que homologou o procedimento, determinando a adjudicação dos bens pelo vencedor. DO MÉRITO
Primeiramente, cumpre ressalta que a modalidade utilizada para alienação de imóveis é a
concorrência, consoante no artigo 17, I da Lei 8.666/93. Vejamos: “Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à
existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos
da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta
nos seguintes casos: a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer es fera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas "f", "h" e "i";
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c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de
programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei
no 6.383 , de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação
dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-
se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real
de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso
comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e
cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, g ratuita ou onerosa, de
terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam
ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e
quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os
requisitos legais;”
Nesta situação apresentada, foi utilizada a modalidade leilão para alienação de imóveis, em
claro desrespeito ao diploma legal. O princípio da legalidade norteia toda a atividade administrativa e, por isso, o procedimento
ora impugnado é claramente ilegal. Ademais, ainda que assim não fosse, o artigo 22, parágrafo 5º da lei 8.666/93 estabelece como
vencedor do leilão aquele que ofertar o maior lance igual ou superior ao valor da avaliação. Na situação discutida, foi declarada vencedora a empresa J, embora tenha ofertada valor inferior àquele orçado pelo ente público. Com efeito, o orçamento definia que os bens valiam R$ 400 mil e o vencedor apresentou lance de R$ 350 mil. É cediço que o julgamento objetivo é princípio estampado no artigo 3º da lei 8.666/93 e, portanto, não se pode escolhe o vencedor desrespeitando os critérios previamente definidos no edital. Logo, a licitação é viciada.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação dos Réus para, querendo, contestarem o feito;
2) A procedência dos pedidos, determinando a anulação do procedimento licitatório ora
impugnado, bem como a condenação dos Réus ao ressarcimento do erário por eventuais prejuízos causados;
3) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para que atue como
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fiscal da lei; 4) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução
da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos e do título de eleitor em anexo; 5) A condenação dos Réus nos ônus da sucumbência.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Buraquinhos, data.
Advogado OAB n.º ...
50
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Na Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) também se visa anular um ato que viola o interesse
coletivo (ex.: meio ambiente, ordem econômica). A diferença está na legitimidade. Esta só pode
ser proposta pelos entes da Administração ou Associação constituída há mais de 1 ano (que é o
que nos interessa para a OAB). Tem assim uma legitimidade ativa mais restrita.
Segue a mesma estrutura da Ação Popular, com os mesmos pedidos, exceto aquele de
chamar o Estado para participar do polo ativo. Pode ter também antecipação de tutela. E assim
como na ação popular, na ação civil pública também não há prerrogativa de foro.
Uma última diferença é que ao invés de pedir a juntada do título de eleitor nos
pedidos, pede-se a juntado do estatuto de constituição da associação.
Na Lei 7.347/85 coloca Vide art. 129, § 1º, da CF. Grifemos na Lei 7.347/85: (mantém-se a cor ROXA)
Art. 1º;
Art. 5º, V “a” e “b” e § 1º;
Art. 8º, caput;
1. Prática
QUESTÃO 03
O Município Y, representado pelo Prefeito João da Silva, celebrou contrato
administrativo com a empresa W – cujo sócio majoritário vem a ser Antonio Precioso, filho da
companheira do Prefeito –, tendo por objeto o fornecimento de material escolar para toda a rede
pública municipal de ensino, pelo prazo de sessenta meses. O contrato foi celebrado sem a
realização de prévio procedimento licitatório e apresentou valor de cinco milhões de reais anuais.
José Rico, diretor da Associação J, constituída há mais de um ano com a finalidade de
proteção à ordem econômica, inconformado com a contratação que favorece o filho da
companheira do Prefeito, o procura para, na qualidade de advogado(a), identificar e minutar a medida judicial que, em nome da Associação, pode ser proposta para questionar o contrato
administrativo.
Proponha a ação cabível. A medida judicial deve conter a argumentação jurídica apropriada e o desenvolvimento dos fundamentos legais da matéria versada no problema.
51
Usando o nosso esquema: Autor: Associação J;
Réus: o município Y, o Prefeito João da Silva e a empresa W, beneficiada pelo contrato feito sem licitação;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: o pedido de anulação do contrato e ressarcimento pelos eventuais prejuízos causados ao erário;
Causa de pedir: o art. 57 da Lei 8.666/93 dispõe que o contrato deve durar o
prazo de duração do crédito orçamentário (pode haver prorrogações sucessivas
até o limite de 60 meses, mas não a celebração de um contrato de tal duração);
a ausência de licitação, pois há o dever de licitar (art. 37, XXI, da CF); violação a
moralidade e impessoalidade, uma vez que se fez a contratação com o
interesse de beneficiar pessoa específica.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA Y DO ESTADO ...
(10 linhas)
Associação J, pessoa jurídica de direito privado, constituída há mais de um ano para a
proteção da ordem econômica, CNPJ ..., com sede na Rua ... (aqui não tem “em defesa dos seus associados” como no MS coletivo, pois defende-se aqui o interesse público), vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face de
* Município Y, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ...; * João da Silva, Prefeito do município Y, nacionalidade, estado civil, RG n.º ... e CPF n.º ..., residente e domiciliado na Rua ...;
* Empresa W, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na da Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO E DA LEGIMIDADE (aqui não há substituição processual)
É cabível a propositura da Ação Civil Pública, com fulcro no artigo 129, § 1º, da CRFB e artigo
1º e seguintes da Lei 7.347/85 por se tratar de ato lesivo a ordem econômica. É legítima a autora, conforme artigo 5º, V, da Lei 7.347/85, sendo a de associação
constituída há mais de um ano com finalidade de proteção à ordem econômica.
DOS FATOS
O primeiro Réu celebrou contrato administrativo com a empresa Ré – cujo sócio majoritário
vem a ser Antonio Precioso, filho da companheira do Prefeito –, tendo por objeto o fornecimento de material escolar para toda a rede pública municipal de ensino, pelo prazo de sessenta meses. O contrato foi celebrado sem a realização de prévio procedimento licitatório e apresentou valor de cinco milhões de reais anuais.
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DO MÉRITO
Primeiramente, cumpre ressaltar que o artigo 37, XXI, da CRFB exige a realização de licitação
para as contratações do Poder Público. Vejamos: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.
Com efeito, a contratação efetivada sem o procedimento licitatório se trata de ato nulo e
lesivo ao interesse público, até por não existir no caso em tela hipótese de dispensa ou inexigibilidade de licitação.
Além disso, a contratação direta foi efetivada com empresa pertencente ao enteado do prefeito, em clara violação aos princípios da moralidade e da impessoalidade, regras que devem nortear a atuação administrativa.
Ademais, o contrato foi celebrado por prazo de sessenta meses, extrapolando a vigência do crédito orçamentário.
De fato, os contratos devem ter a duração da vigência do crédito orçamentário, conforme
artigo 57 da Lei 8.666/93. Nesses contratos de prestação de serviços contínuos se admite que haja prorrogações sucessivas até o limite de sessenta meses, mas não a contratação originária com vigência de sessenta meses.
Dessa forma, viciado o contrato ora impugnado.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação dos Réus para, querendo, contestarem o feito; 2) A procedência dos pedidos, determinando a anulação do contrato impugnado, bem
como a condenação dos Réus ao ressarcimento do erário por eventuais prejuízos causados;
3) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para que atue
como fiscal da lei; 4) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à
solução da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos e do estatuto constitutivo da associação, em anexo;
5) A condenação dos Réus nos ônus da sucumbência.
53
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Município Y, data.
Advogado OAB n.º ...
QUESTÕES PARA CASA
QUESTÃO 20
QUESTÃO 24
Aula 07
MANDADO DE INJUNÇÃO
Não é uma peça que está expressa em nosso edital, mas não se pode tentar adivinhar o que irá cair na prova.
O MI tem base no art. 5º, LXXI, da CF. É cabível todas as vezes em que se estiver diante da falta
de uma norma regulamentadora. Em virtude dessa ausência da norma regulamentadora o direito não pode
ser exercido. Nesses casos, impetra-se o MI para suprir a falta da norma regulamentadora.
O Judiciário não pode legislar nem determinar que se legisle – o que ele pode fazer é de
alguma forma tentar suprir a omissão. Faremos o MI nos mesmos moldes que fazemos o MS. O MI está regulamentado na Lei 8.038/90 (que dispõe que até que venha uma lei específica, o MI seguirá as regras aplicáveis ao MS). Grifemos na Lei 8.038/90 no art. 24, parágrafo único e Vide art. 5º, LXXI, da CF (mantém-se a cor ROXA).
Não é pacífico se é obrigatório ou não dar ciência ao réu pessoa jurídica. Matheus entende que
sim, já que segue as regras do MS.
Algumas regrinhas acerca da competência:
O art. 102, alínea “q”, da CF (grife-o) dispõe que o MI será julgado pelo STF quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio STF. Atente assim que o Presidente da República poderá ser a autoridade coatora;
O art. 105, alínea “h”, da CF (grife-o) estabelece que o MI será julgado pelo STJ quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
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competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
Quando forem leis estaduais ou atos do GPS (Governador, Prefeito de capital e Secretário de Estado), a competência será do Tribunal de Justiça;
Nos casos de leis municipais e demais casos, a competência será do Juiz de Direito.
No seu material complementar “Modelos de Peças”, a última peça é justamente um MI e na
última página tem essas regrinhas que anotamos acima.
*****OBS: No Mandado de Injunção não há liminar.
1. Prática
QUESTÃO 29
Empresa Benevides Ltda tem a intenção de prestar o serviço de mototaxi no município
X, que possui mais de 100 mil habitantes, e, para tanto resolveu requerer da municipalidade um
Alvará de licença. Ocorre que, a licença foi negada sob a alegação de que o art. 107 do Código de
Trânsito Nacional prevê que os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual de
passageiros, ficarão subordinados ao regulamento baixado pela autoridade local e, nos Municípios
com população superior a 100 mil habitantes, adotarão exclusivamente o taxímetro como forma
de cobrança do serviço prestado.
Assim, não tendo o município lei para regular a prestação deste serviço, o alvará não pode ser concedido.
Inconformada, a empresa resolve propor a medida cabível a suprir a omissão e permitir a realização da atividade. Considerando a situação hipotética acima, elabore na qualidade de
advogado constituído pela empresa, a peça judicial adequada.
Usando o nosso esquema: Autor: Benevides Ltda;
Réu: Município X;
Autoridade coatora: Presidente da Câmara Municipal;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido:Suprir a omissão;
Causa de pedir: art. 5º, XIII, da CF e art. 107 do CTB.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA X DO ESTADO ...
(10 linhas)
Benevides Ltda, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na Rua ..., vem, por
seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar MANDADO DE INJUNÇÃO contra omissão do Presidente da Câmara de Vereadores, agente púbico, com endereço profissional na Rua ..., e em face do Município X, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a impetração do Mandado de Injunção com fulcro no artigo 5º, LXXI, da CRFB e
art. 24, parágrafo único, da Lei 8.038/90, em virtude da ausência de norma regulamentadora de direito.
DOS FATOS
O autor tem a intenção de prestar o serviço de mototaxi no município Réu, que possui mais
de 100 mil habitantes, e, para tanto resolveu requerer da municipalidade um Alvará de licença. Ocorre que, a licença foi negada pelo Réu sob a alegação de que o artigo 107 do Código de Trânsito Nacional prevê que os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual de passageiros, ficarão subordinados ao regulamento baixado pela autoridade local e, nos municípios com população superior a 100 mil habitantes, adotarão exclusivamente o taxímetro como forma de cobrança do serviço prestado.
Assim, não tendo o município Réu lei para regular a prestação deste serviço, o alvará não pode ser concedido no entendimento da municipalidade.
DO MÉRITO
Primeiramente, cumpre ressaltar que o artigo 5º, XIII, da CRFB garante a liberdade de
profissão. Vejamos: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Com efeito, todos têm direito ao exercício de profissão ou ofício, garantido
constitucionalmente. Ocorre que o artigo 107 do CTB também garante o direito de transportar individualmente
passageiros. Entretanto, tal direito não pode ser exercido pelo autor por falta da lei municipal que regulamente essa atividade em âmbito local.
É cediço que a ausência da lei não deve impedir o exercício de direitos constitucionais.
Assim, a falta da lei configura inconstitucionalidade sanável por mandado de injunção. Desta forma, a autorização deve ser editada seguindo a regra geral de utilização do
taxímetro até que seja editada lei específica.
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DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A notificação da autoridade coatora, para que preste as informações no prazo de 10
(dez) dias; 2) A ciência do órgão de representação do Município X para, querendo, ingressar no feito; 3) A procedência do pedido, determinado a expedição do Alvará de Licença requerido, com
base na norma geral; 4) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal
da lei; 5) A juntada dos documentos necessários à comprovação do direito do autor; 6) A condenação do réu ao pagamento das custas processuais.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Município X, data.
Advogado OAB n.º ...
CORREÇÕES DAS QUESTÕES PARA CASA
QUESTÃO 24
Foi noticiado em jornal de grande circulação que “O secretário de transportes de
determinado estado, e certa empresa de transportes coletivos, pessoa jurídica de direito privado,
com sede no mesmo estado, celebraram, em 05/03/1990, contrato de permissão de serviço público
de transporte coletivo intermunicipal em face de todos os municípios do estado, com prazo de 20
anos, prorrogáveis por mais 20 anos. No dia 04/03/2010, depois de muita negociação entre as
partes e da inclusão, por vontade do contratado, de algumas cláusulas contratuais, foi firmada a
renovação do citado contrato por mais 20 anos. Ocorre que o contrato original e a sua renovação
foram feitos sem licitação. Segundo o secretário de Estado, a ausência da licitação se justifica pelo
fato de que a referida empresa, nesses 20 anos de serviço, promoveu vultosos investimentos,
construiu uma grande estrutura administrativa em todos os municípios do estado, já acumulou a
experiência necessária a esse tipo de serviço, e, além disso, a lei federal não exige licitação para
contratos de permissão, mas apenas para os contratos de concessão de serviço público. Assim,
devido a sua precariedade e possibilidade de rescisão unilateral, não haveria a imposição legal de
licitação”.
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Diante dessa notícia, João Paulo, brasileiro, maior de idade, professor de direito de
universidade pública e usuário do sistema de transporte público, contratou, como advogado, um
ex-aluno seu. Alega que tem a pretensão de anular essa renovação e, via de consequência,
determinar que o estado promova a devida licitação para que outras empresas ou empresários
possam participar da licitação em condições de igualdade. Alega ainda que o sistema de
transporte no estado não é satisfatório, que as tarifas são muito elevadas e que os ônibus são
velhos e sempre atrasam.
João Paulo requereu pessoalmente, do órgão responsável, o acesso aos documentos necessários para a propositura da presente ação; esse pedido, no entanto, foi negado.
Em face da situação hipotética acima, como advogado de João Paulo, redija a medida
judicial, de ordem constitucional, que entender cabível na espécie, fundamentando-a com os
argumentos que entender pertinentes e observando os requisitos formais da medida.
Usando o nosso esquema: Autor: João Paulo;
Réus: o Secretário de Transporte do Estado, o Estado e a permissionária de serviço público;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: aqui a princípio não tem urgência, mas faremos para praticar. Assim, teremos antecipação de tutela para suspender o ato de prorrogação e o pedido de anulação da prorrogação para que se realize uma nova licitação;
Causa de pedir: por se tratar de um contrato de adesão, não pode haver
inclusão de cláusulas por parte do contratado (art. 40 da Lei 8.987/95); o dever
de licitar (art. 175 da CF) e art. 2º, IV, da Lei 8.987/95, que dispõe que a
permissão é feita mediante licitação. Além de tudo isso, o art. 6º, § 1º, da Lei
8.987/95, pois o serviço está sendo prestado de forma inadequada (não está
seguindo os critérios de adequação, eficiência e modicidade).
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA ... DO ESTADO ...
(10 linhas)
João Paulo, brasileiro, estado civil, professor, RG n.º ... e CPF nº ..., Título de Eleitor n.º ...,
residente e domiciliada na Rua ...., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face de
* Estado, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ...;
* Nome, prenome, Secretário de Transportes do Estado, nacionalidade, estado civil, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e domiciliado na Rua ...;
* Permissionária de serviço público, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com
sede na da Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura da Ação Popular, com fulcro no artigo 5º, LXXIII, da CRFB e artigo 1º e
seguintes da Lei 4.717/65 por se tratar de ato lesivo ao interesse público. DOS FATOS
Foi noticiado em jornal de grande circulação que os réus, Secretário de Transportes do
Estado e empresa de transportes coletivos celebraram, em 05/03/1990, contrato de permissão de serviço público de transporte coletivo intermunicipal em face de todos os municípios do estado, com prazo de 20 anos, prorrogáveis por mais 20 anos. No dia 04/03/2010, depois de muita negociação entre as partes e da inclusão, por vontade do contratado, de algumas cláusulas contratuais, foi firmada a renovação do citado contrato por mais 20 anos. Ocorre que o contrato original e a sua renovação foram feitos sem licitação. Segundo o Secretário de Estado, a ausência da licitação se justificou pelo fato de que a referida empresa, nesses 20 anos de serviço, promoveu vultosos investimentos, construiu uma grande estrutura administrativa em todos os municípios do Estado, já atendo acumulado a experiência necessária a esse tipo de serviço, e que, além disso, a lei federal não exigia licitação para contratos de permissão, mas apenas para os contratos de concessão de serviço público. Assim, devido a sua precariedade e possibilidade de rescisão unilateral, não haveria a imposição legal de licitação.
Diante dessa notícia, o autor, professor de direito de universidade pública e usuário do sistema de transporte público, alegou que tem a pretensão de anular essa renovação e, via de consequência, determinar que o estado promova a devida licitação para que outras empresas ou empresários possam participar da licitação em condições de igualdade. Alegou ainda que o sistema de transporte no estado não é satisfatório, que as tarifas são muito elevadas e que os ônibus são velhos e sempre atrasam.
O autor requereu ainda, pessoalmente, do órgão responsável, o acesso aos documentos necessários para a propositura da presente ação, mas tal pedido, no entanto, foi negado.
59
DA TUTELA ANTECIPADA
O artigo 5º, § 4º, da Lei 4.717/65 e o artigo 273 do CPC estabelecem como requisitos para
antecipação da tutela o fundado receio de dano e a verossimilhança nas alegações. O fundado receio de dano irreparável decorre do fato de que a manutenção do ato prorrogará a prestação dos serviços de forma inadequada à sociedade.
A verossimilhança das alegações encontra respaldo na ausência de licitação contrária ao artigo 2º, IV, da Lei 8.987/95, bem como da violação ao artigo 40 da Lei 8.987/95 e da prestação inadequada do serviço.
Logo, necessária à antecipação para suspensão do ato impugnado.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 175 da CRFB exige a realização de procedimento licitatório para
celebração de contrato de permissão. Vejamos: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.
No mesmo sentido, o artigo 2º, IV, da Lei 8.987/95 exige a realização do procedimento
licitatório para permissão de serviço público. Na situação apresentada, o contrato e sua prorrogação foram feitos sem licitação e, portanto,
estão eivados de nulidade.
Ademais, o artigo 40 da Lei 8.987/95 define que a permissão de serviço público deve ser feita mediante contrato de adesão, sendo assim impossível a rediscussão das cláusulas contratuais. Esse dispositivo também foi violado, uma vez que, por vontade do contratado foram inseridas cláusulas contratuais.
Por fim, a prestação do serviço viola o princípio da eficiência e da modicidade, uma vez que, as tarifas são caras e os ônibus sempre atrasam. Dessa forma, inadequado o serviço, conforme artigo 6º, § 1º, da Lei 8.987/95.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação dos Réus para, querendo, contestarem o feito; 2) A citação do Estado para, querendo, contestar o feito ou figurar na ação ao lado do
autor; 3) A antecipação dos efeitos da tutela, determinando a suspensão do ato de prorrogação
impugnado; 4) A confirmação da tutela antecipada, com a procedência dos pedidos e a anulação do
ato ora discutido, bem como a condenação dos Réus ao ressarcimento do erário por eventuais prejuízos causados;
5) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para que atue como
fiscal da lei; 6) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução
da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos e do título de eleitor em anex o; 7) A notificação do Estado para que traga os documentos necessários, conforme artigo 7º, I
alínea “b”, da Lei 4.717/65; 8) A condenação dos Réus nos ônus da sucumbência.
60
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
QUESTÃO 20
Em João Pessoa, o Hospital privado Centro Médico João da Silva, em virtude de problemas em sua
administração, deixou de fazer o pagamento dos boletos referentes ao serviço de energia elétrica por seis meses
consecutivos. Mesmo após reiteradas notificações da concessionária, o referido hospital, por estar atravessando
dificuldades financeiras, se manteve inadimplente.
Há 6 dias, dia 15/05/2009, o hospital foi informado pela concessionária que se o pagamen to do débito
não fosse efetivado, ou a negociação para pagamento dos atrasados sequer fosse iniciada, em até 10 dias, seria
efetivada a interrupção do serviço de energia elétrica nos moldes permitidos pela Lei 8.987/95.
Desesperado, em virtude do prejuízo que tal interrupção causaria ao hospital e às suas centenas de pacientes, o diretor do Centro Medico João Da silva te contratou para tomar as medidas cabíveis à solução da controvérsia .
Em face dessa situação hipotética, proponha, na qualidade de advogad o(a) contratado(a), a ação cabível para evitar a interrupção do serviço.
Usando o nosso esquema: Autor: Centro Médico João da Silva;
Réu: Concessionária de Energia Elétrica
Autoridade coatora: Dirigente da Concessionária;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: a abstenção provisória (durante a ação, liminarmente) e depois a abstenção definitiva;
Causa de pedir: princípio da continuidade, em virtude de ser serviço essencial (art. 6º, § 1º, da Lei 8.987/95) e também o art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95, que diz que a paralisação tem que respeitar os interesses da coletividade.
61
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE JOÃO PESSOA DO ESTADO DA PARAÍBA
(10 linhas)
Centro Médico João da Silva, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na Rua...,
vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO COM PEDIDO LIMINAR contra ameaça de ato coator (atente que aqui é contra a ameaça de ato coator) do Dirigente da Concessionária de Energia Elétrica, agente público, com endereço profissional na Rua ..., e em face da Concessionária de Energia Elétrica, pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a impetração do Mandado de Segurança com fulcro no artigo 5º, LXIX, da CRFB e
artigo 1º e seguintes da Lei 12.016/09, por se tratar de ameaça de ato violador de direito líquido e certo.
DOS FATOS
O impetrante, em virtude de problemas em sua administração, deixou de fazer o pagamento dos boletos referentes ao serviço de energia elétrica por seis meses consecutivos . Mesmo após reiteradas notificações da concessionária, o referido hospital, por estar atravessando dificuldades financeiras, se manteve inadimplente.
Há 6 dias, o autor foi informado pela autoridade coatora que se o pagamento do débito não fosse efetivado, ou a negociação para pagamento dos atrasados sequer fosse iniciada, em até 10 dias, seria efetivada a interrupção do serviço de energia elétrica nos moldes permitidos pela Lei 8.987/95.
Ocorre que tal interrupção causaria prejuízos ao hospital e às suas centenas de pacientes.
DA LIMINAR
O artigo 7º, III, da Lei 12.016/09 estabelece como requisitos para concessão da liminar o
fundamento relevante do pedido e o perigo de ineficácia da medida. O perigo de ineficácia da medida decorre do fato de que a paralisação do serviço causaria
prejuízos irreversíveis aos pacientes do hospital. O fundamento relevante encontra respaldo no princípio da continuidade e na
impossibilidade de paralisar serviços essenciais à coletividade, conforme artigo 6º, §§ 1º e 3º, da Lei 8.987/95.
Logo, indispensável à abstenção provisória do Réu na prática do ato.
DO MÉRITO
A princípio, o artigo 6º, § 1º, da Lei 8.987/95 estabelece a continuidade como princípio a ser
observado na prestação de serviço público. Vejamos: “Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”.
Com efeito, a interrupção de determinado serviço público viola o princípio da continuidade
estampado em lei e implícito no texto constitucional.
62
O próprio texto legal autoriza a interrupção do serviço por inadimplemento do usuário, conforme a leitura do artigo 6º, § 3º, da Lei 8.987/95. Ocorre que, ainda na análise desse dispositivo, o artigo 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95 define que a interrupção deve respeitar o interesse da coletividade.
Dessa forma, a paralisação de um serviço essencial à coletividade encontra óbice no
dispositivo mencionado.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A notificação da autoridade coatora, para que preste suas informações no prazo de 10
(dez) dias; 2) A ciência do órgão de representação judicial da concessionária para, querendo,
ingressar no feito; 3) A concessão da medida liminar para que o Réu se abstenha provisoriamente da prática
do ato coator; 4) A confirmação da liminar com a concessão da segurança, determinando a abstenção
definitiva do Réu na prática do ato impugnado;
5) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da lei;
6) A juntada de todos os documentos necessários à comprovação do direito líquido e
certo do autor; 7) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
João Pessoa, data.
Advogado OAB n.º ...
63
Aula 08
SIMULADO I ( FAZER NA PRÓPRIA FOLHA)
CONTESTAÇÃO
É a peça básica de defesa. Além da contestação, temos as exceções e as reconvenções.
As exceções tratam de matéria exclusivamente processual (impedimento e
suspeição) – dessa forma não serão cobradas. A reconvenção contra a Fazenda
Pública, como regra, também não é cabível. Para nós o que realmente é relevante
para a 2ª Fase são as defesas efetivadas mediante contestação, sendo que no bojo
desta terão defesas de mérito e processuais.
O CPC trata da Contestação a partir do art. 300. Grife os artigos 300 e 301
do CPC. Na contestação teremos 3 pedidos, salvo se houver preliminar, pois daí
teremos 4 pedidos. O art. 301 do CPC traz as situações que serão discutidas em sede
de preliminar (situações que se forem acatadas, serão sem análise de mérito).
Além das preliminares do art. 301 do CPC, é comum também haver
decadência e prescrição, que seriam preliminares de mérito. A FGV corretamente
tem aceitado que se fale delas na parte do mérito, ao invés de abrir tópico de
preliminar. Assim, só abriremos tópico de preliminar quando se tratar de matéria
processual.
Lembre-se ainda que aqui o nosso cliente será o réu da ação. A contestação tem prazo de 15 dias conforme artigo 297 do CPC (se forem litisconsortes passivos com advogados diferentes o prazo para defesa será de 30 dias).
64
1. Prática
QUESTÃO 06
Rafael, brasileiro, técnico da receita federal do Brasil, em atuação desidiosa, deixou de
efetuar a baixa no registro de devedores de dois contribuintes que se encontravam quites com o Fisco Federal.
Em correição na secretaria, foi descoberta a situação e efetivada representação ao
Ministério Público Federal que propôs ação de improbidade em face de Rafael, com base no artigo
11 da Lei 8.429/92 que estabelece como ato de improbidade que atenta contra os princípios da
administração pública “deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício”.
O processo se iniciou e o juiz recebeu a petição inicial sem dar a Rafael a possibilidade
de defesa prévia. Posteriormente, a citação foi efetivada e Rafael, desesperado, contratou seus
serviços de advogado para defendê-lo no feito. Em face dessa situação hipotética, redija, na
qualidade de advogado(a) contratado(a) a petição cabível.
Aqui usamos o seguinte esquema:
AÇÃO DE IMPROBIDADE CONTESTAÇÃO
Autor: MPF. Rafael.
Réu: Rafael. MPF.
Competência: Justiça Federal. Justiça Federal
Pedido: Aplicação das penalidades. Pedido preliminar de extinção do
processo sem julgamento do
mérit o; e que o pedido se ja julgado
improcedente.
Causa de pedir: Art. 11 da Lei 8.429/92. Em sede preliminar tem o vício
processual que foi a ausência de notificação (art. 17, § 7º, da Lei
8.429/92) e a nulidade de citação
(art. 301, I, do CPC). No mérito
temos os arts. 10 e 11 da Lei 8.429/92 que dispõem que os atos de improbidade que não causem dano ao erário só podem se
punidos a título de dolo (STJ).
65
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO ...
(10 linhas)
Rafael, nacionalidade, servidor público federal, estado civil, RG n.º ... e CPC n.º ..., residente e
domiciliado na Rua ..., vem, nos autos do processo n.º ..., por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, com fulcro no artigo 300 e seguintes do CPC, apresentar CONTESTAÇÃO aos fatos alegados pela parte autora, pelos fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE
É cabível a contestação, com fulcro nos artigos 300 e 301 do CPC, uma vez citado o Réu para
apresentação da defesa. É tempestiva a peça, haja vista não ter transcorrida mais de 15 dias da citação conforme o
artigo 297 do CPC.
DOS FATOS
Alega o Autor que (sempre começar assim em contestações) o Réu, em atuação desidiosa, deixou de efetuar a baixa no registro de devedores de dois contribuintes que se encontravam quites com o Fisco Federal.
Em correição na secretaria, foi descoberta a situação e efetivada representação ao Ministério Público Federal que propôs a presente ação em face do Réu, com base no artigo 11 da Lei 8.429/92 que estabelece como ato de improbidade que atenta contra os princípios da administração pública “deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício”.
O processo se iniciou e o juiz recebeu a petição inicial sem dar ao Réu a possibilidade de defesa prévia. Posteriormente, a citação foi efetivada e o réu neste momento apresenta a sua contestação.
DA PRELIMINAR DE NULIDADE DE CITAÇÃO (é a análise de um vício processual que macula o processo, daí aqui se argumenta)
Primeiramente, o artigo 17, § 7º, da Lei 8.429/92 define a necessidade de notificação do Réu
para apresentação de defesa prévia. A ausência de notificação enseja a nulidade de citação para defesa no processo. Com efeito, o artigo 301, I, do CPC prevê a nulidade de citação como vício processual.
Dessa forma, deverá ser julgado extinto o processo sem análise do mérito, pelo vício em seu procedimento.
Na hipótese de ser afastada a presente liminar, em obediência ao princípio da eventualidade e concentração, segue-se a análise do mérito. DO MÉRITO
A princípio, o artigo 10 da Lei 8.429/92 estabelece os atos de improbidade que causam dano
ao erário, e o artigo 11 da Lei 8.429/92 trata dos atos que violam princípio da Administração Pública. Vejamos:
Art. 10: “Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
66
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei (...)”; Art. 11: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições (...)”.
Com efeito, pode-se notar que o artigo 10 da Lei 8.429/92 prevê sanções expressamente a
título de dolo ou de culpa. Por sua vez, ao tratar dos atos que atentam contra princípios o artigo 11 da Lei 8.429/92 não prevê a modalidade culposa.
Em recente interpretação, o Superior Tribunal de Justiça definiu que os atos que atentam
contra princípios, dependem da má-fé do agente para sua configuração como ato de improbidade. De fato, tais atos só podem ser punidos a título de dolo.
Dessa forma, na situação apresentada não poderia haver sanção pelo ato praticado na
modalidade culposa. Indevida, portanto, a penalidade a ser aplicada ao agente.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) Seja acatada a preliminar suscitada com a extinção do processo sem julgamento de
mérito; 2) Na hipótese de afastada a preliminar, sejam julgados improcedentes os pedidos do
autor;
3) A condenação do Autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
4) A produção de todos os meios de prova necessários à solução da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 02
67
Aula 09
CORREÇÃO QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 02
Marcelo, prefeito do município de Lajedo do Tabocal, realizou contratação direta de
um publicitário para a realização dos serviços de publicidade institucional da prefeitura, bem como
sua publicidade pessoal quando da realização de obras.
Justificou o ato de contratação direta sob o argumento de que, por se tratar de serviço
técnico de notória especialização, a licitação seria inexigível, com base na Lei 8.666/93. O líder da
oposição, Jorge, inconformado com as propagandas do prefeito e com a contratação direta, como
cidadão do município, contratou seus serviços a fim de que fosse intentada a medida judicial
combativa dos atos do Sr. Marcelo.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) de Jorge,
elabore a peça processual cabível.
Usando o nosso esquema: Autor: Jorge;
Réus: Marcelo, o Município de Lajedo do Tabocal e o publicitário;
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: o pedido de anulação do ato e ressarcimento pelos eventuais prejuízos causados ao erário;
Causa de pedir: violação ao princípio da impessoalidade - não pode fazer publicidade pessoal (art. 37, § 1º, da CF) e art. 25, II, da Lei 8.666/93, que veda a inexigibilidade de licitação para serviços de publicidade e divulgação. E o art. 4º, III, alínea “a”, da Lei 4.717/65 – ato lesivo ao interesse público sem a devida concorrência pública.
68
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE LAJEDO DO TABOCAL DO ESTADO ...
(10 linhas)
Jorge, brasileiro (para ação popular tem que ser cidadão brasileiro), estado civil, profissão, RG n.º ... e CPF nº ..., Título de Eleitor n.º ..., residente e domiciliado na Rua ...., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO POPULAR em face de
* Marcelo, prefeito, nacionalidade, estado civil, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e domiciliado na Rua ...;
* Município de Lajedo do Tabocal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ...;
* Nome, prenome, publicitário, nacionalidade, estado civil, RG n.º . .., CPF n.º ..., residente e domiciliado na Rua ...,
pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO (lembre-se de sempre colocar a base legal e a constitucional)
É cabível a propositura da Ação Popular, com fulcro no artigo 5º, LXXIII, da CRFB e artigo 1º
e seguintes da Lei 4.717/65 por se tratar de ato lesivo ao interesse público.
DOS FATOS
O 1º Réu, Prefeito do município de Lajedo do Tabocal, realizou contratação direta de um
publicitário, ora 3º Réu, para a realização dos serviços de publicidade i nstitucional da prefeitura, bem como sua publicidade pessoal quando da realização de obras.
Justificou o ato de contratação direta sob o argumento de que, por se tratar de serviço técnico de notória especialização, a licitação seria inexigível, com base na Lei 8.666/93. O autor encontra-se inconformado com as propagandas do prefeito e com a contratação direta.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 37, § 1º, da CRFB veda que a publicidade de governo traduza
propaganda pessoal do agente. Vejamos: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
Na situação apresentada, a contratação foi feita com a intenção de fazer publicidade do agente público. É cediço que tal situação viola o princípio da impessoalidade, haja vista o fato de que a conduta do agente público deve ser imputada ao Estado e não ao próprio agente.
Ademais, a contratação de serviços de publicidade sem a realização de procedimento licitatório viola frontalmente o artigo 25, II, da Lei 8.666/93, que veda a inexigibilidade de licitação para serviços de divulgação e de publicidade.
Dessa forma, a contratação sem licitação é indevida, com base ainda no artigo 4º, III, Aline “a”, da Lei 4.717/65. Sendo assim, nulo o contrato celebrado pelos vícios apresentados.
69
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação dos Réus para, querendo, contestarem o feito; 2) A citação do município de Lajedo do Tabocal para, querendo, contestar o feito ou
figurar na ação ao lado do autor; (Matheus não fazia esse pedido, mas devido ao excesso de rigor
da FGV passou a incluir – vide art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/65) 3) A procedência dos pedidos, determinando a anulação do contrato impugnado, bem
como condenando os Réus ao ressarcimento do erário por eventuais prejuízos causados;
4) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para que atue
como fiscal da lei; 5) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à
solução da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos e do título de eleitor em anexo;
6) A condenação dos Réus nos ônus da sucumbência. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Lajedo do Tabocal, data.
Advogado OAB n.º ...
70
RECURSOS JUDICIAIS
1. Apelação e ROC
O primeiro ponto que devemos entender aqui é que existem decisões interlocutórias e
decisões terminativas/definitivas do processo (pouco importando se com ou sem julgamento do mérito).
Toda vez que se estiver diante de uma decisão final, tem que se ter um recurso de decisão final e toda vez
que se estiver diante de uma decisão interlocutória, tem que se ter um agravo.
A princípio, a apelação é cabível todas as vezes que estivermos diante de uma decisão final do
processo, enquanto o agravo é cabível para discutir ou requerer alterações de decisões interlocutórias.
Atente assim que para distinguir as duas aqui é relevante saber se a decisão termina ou não o feito.
Veremos agora os recursos de decisão final.
A decisão do juiz singular que termina o feito recebe o nome de sentença. As decisões
proferidas por tribunais que terminal o processo recebem o nome de acórdão. Essas decisões finais podem
sofrer duas espécies de recursos:
1) Recursos Ordinários: que são aqueles que devolvem toda a matéria fática para ser
discutida. Podem ser de duas espécies:
a) Apelação;
b) Recurso Ordinário.
2) Extraordinários: estes são cabíveis apenas em situações especificas – estabelecem
somente discussões legais (de lei) ou constitucionais. Não devolve toda a matéria
fática para ser discutida. Pode ser:
a) Recurso Extraordinário (RE);
b) Recurso Especial (REsp).
A princípio, as decisões finais são passiveis de recurso ordinário. Este só pode ser interposto
uma única vez em cada processo. Assim, se quiser se discutir a decisão dada por juiz singular, da sentença
cabe apelação (o RO recebe este nome aqui). Agora se quiser se discutir a decisão dada por tribunal (o que
no nosso caso só poderá ser em caso de MS, HD ou MI), do acórdão cabe RO/ROC (Recurso ordinário
Constitucional).
Se a decisão ORIGINÁRIA for do TJ ou do TRF, será possível ROC para o STJ (se não for, será
caso de REsp). E caso a decisão seja ORIGINÁRIA do STJ, também será possível ROC para o STF (se não for,
será caso de RE).
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Vejamos o esquema abaixo:
STF
ROC RE
STJ
ROC ou RE sp (originária) (não originária)
TJ TRF (a córdã o) (a córdã o)
Apelação Apelação
J. Estadual J. Federal (sentença) (sentença)
1.1 – Marcação do Código
Grifar os seguintes artigos no CPC:
Art. 508;
Art. 513;
Art. 514;
Art. 539 (ROC).
Questão Extra
A empresa Aquatrans é concessionária de transporte público aquaviário no Estado X há
sete anos e foi surpreendida com a edição do Decreto 1.234, no dia 10/02/2012, da Chefia do
Poder Executivo Estadual, que, na qualidade de Poder Concedente, declarou a caducidade da
concessão e fixou o prazo de trinta dias para assumir o serviço, ocupando as instalações e os bens
reversíveis.
A concessionária, inconformada com a medida, especialmente porque jamais fora
cientificada de qualquer inadequação na prestação do serviço, procurou seu escritório de
advocacia, em 10/11/2012, e o contratou para ajuizar a medida judicial pertinente para discutir a
juridicidade do decreto, bem como para assegurar a concessionária o direito de continuar
prestando o serviço até que, se for o caso, a extinção do contrato se opere de maneira regular.
Em virtude do escoamento do prazo decadencial, foi proposta ação anulatória com
pedido de tutela antecipada para fins de anulação do ato. Ocorre que, a tutela antecipada foi
72
negada e a ação foi julgada improcedente em 17/01/2013, segunda feira.
Na qualidade de advogado do feito, elabore a peça processual adequada a reformar a
decisão proferida, datando-a do último dia do prazo.
AÇÃO ORDINÁRIA RECURSO
Autor: Aquatrans. O autor é o recorrente.
Réu: Estado X O réu é o recorrido.
Competência: Justiça Estadual. Tribunal de Justiça (apelação).
Pedido: Anulação do decreto que Pedido de reforma da decisão para
declarou a caducidade do que seja proferida nova decisão.
contrato de concessão.
Causa de pedir: Não houve contraditório, ampla defesa e devido processo legal (art.
(neste caso é a mesma, 5º, LIV e LV, da CF). Além disso, princípio da proporcionalidade (a
pois é o autor que m e stá aplicação da pena tem que ser proporcional à infração aplicada).
interpondo o recurso)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA ... DO ESTADO X
(10 linhas)
Aquatrans, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ ..., com sede na Rua ..., vem, nos autos
do processo n.º ..., em que litiga com o Estado X, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, interpor RECURSO DE APELAÇÃO em face da sentença proferida nos autos, requerendo seu recebimento e remessa ao Tribunal competente.
Requer ainda, a juntada de comprovação do preparo.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, 1º de fevereiro de 2013.
Advogado OAB n.º ...
(QUEBRA DE PÁGINA)
73
EGRÁGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X
Recorrente: Aquatrans. Recorrido: Estado X. Processo n.º ...
DAS RAZÕES DO RECURSO
A recorrente é concessionária de transporte público aquaviário no Estado recorrido há sete
anos e foi surpreendida com a edição do Decreto 1.234, no dia 10/02/2012, da Chefia do Poder Executivo Estadual, que, na qualidade de Poder Concedente, declarou a caducidade da concessão e fixou o prazo de trinta dias para assumir o serviço, ocupando as instalações e os bens reversíveis.
A recorrente, inconformada com a medida, especialmente porque jamais fora cientificada
de qualquer inadequação na prestação do serviço, propôs em 10/11/2012 o presente processo para discutir a juridicidade do decreto, bem como para assegurar o direito de continuar prestando o serviço até que, se for o caso, a extinção do contrato se opere de maneira regular.
Ocorre que, a tutela antecipada foi negada e a ação foi julgada improcedente em 17/01/2013.
DO CABIMENTO
É cabível a interposição do Recurso de Apelação com fulcro no artigo 513 do CPC, por se
tratar de impugnação de sentença.
É tempestivo, com fulcro no artigo 508 do CPC.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 5º, incisos LIV e LV, da CRFB estabelecem os princípios do devido
processo legal e do contraditório e da ampla defesa. Vejamos:
LIV: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”; LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Na situação apresentada, a recorrente não foi notificada de qualquer irregularidade e o
decreto foi expedido sem qualquer procedimento anterior. Tal situação viola expressamente os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa acima transcritos.
Com efeito, a apelante sequer sabia que havia irregularidades na prestação do serviço.
Sendo assim, não é proporcional determinar a caducidade de um contrato sem que haja vício detectado na prestação do serviço.
Logo, o ato impugnado também afronta o princípio da proporcionalidade.
74
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, determinando a reforma
da decisão para que seja proferida nova decisão, com a anulação do ato ora impugnado. Requer, ainda, a condenação do apelado ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios.
Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte, 1º de fevereiro de 2013.
Advogado OAB n.º ....
2. REsp e RE
Proferida uma decisão e dessa decisão já tendo sido feita um recurso ordinário, dessas
decisões só poderão ser feitas um REsp ou RE. Estes só são cabíveis quando já se tiver esgotado as vias
ordinárias (decisão originária e decisão final).
Seguem a mesma estrutura da apelação e do ROC. São interpostos perante o juízo “a quo” (1º juízo de admissibilidade: folha de rosto) e depois para o juízo “ad quem” (2º juízo de admissibilidade) – Resp para o STJ e RE para o STF.
Ocorre que esses recursos extraordinários não cabem em qualquer hipótese, só cabendo em
situações específicas: no art. 102, III, da CF encontram-se as hipóteses de cabimento do RE (grife-o) e no
art. 105, III, da CF encontram-se as hipóteses de cabimento do REsp.
Contudo, em ambos os casos, para que seja possível o seu cabimento é necessário que a
matéria em questão já tenha sido prequestionada (discutida antes no processo). Assim, sempre se abrirá
este tópico.
E ainda quando for RE, terá que se abrir um tópico para demonstrar a repercussão geral (art.
103 da CF) na matéria que está sendo julgada.
QUESTÕES PARA CASA
QUESTÃO 11
75
QUESTÃO 31
Marília, professora do ensino médio municipal, na cidade de Teresópolis, Rio de
Janeiro, foi atacada por seu aluno, Maurício, em sala de aula, com uma faca de cozinha. Apesar
de ter informado à Direção da Escola que vinha sofrendo ameaças por parte do aluno, em virtude
suas notas baixas, nada foi feito pela diretora para impedir a situação, pois acreditava
sinceramente, ser exagero de Marília.
Em virtude das facadas, Marília perdeu o movimento de um braço e passou meses no
hospital, tendo que arcar inclusive com despesas de medicamentos. Além disso, a professora hoje
se sente ameaçada por qualquer aluno, o que dificulta sua relação em sala de aula.
Marília contratou seus serviços de advogado para propor a ação cabível a fim de ser
indenizada pelos danos materiais e morais sofridos. Em face dessa situação hipotética, redija, na
qualidade de advogado(a) contratado(a) a petição cabível, no dia de hoje.
Usando o nosso esquema: Autor: Marília;
Réu: Município de Teresópolis (escola é órgão);
Competência: Justiça Estadual;
Pedido: indenização por danos morais e materiais;
Causa de pedir: responsabilidade objetiva do Estado (art. 37, § 6º, da CF e art. 43 do CC), decorrente da custódia. Além disso, caso assim não se entenda: culpa do serviço – má prestação do serviço uma vez que não tomou providência sabendo do fato. Além disso, o dever de indenizar (arts. 944, 949 e 950 do CC).
76
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE TERESÓPOLIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
(10 linhas)
Marília, nacionalidade, estado civil, professora, RG n.º ... e CPF n.º ..., residente e
domiciliada na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO em face do Município de Teresópolis, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura de Ação Ordinária com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC por
se tratar de dano causado a terceiros.
DOS FATOS
A autora, professora do ensino médio municipal, na cidade de Teresópolis, Rio de Janeiro,
foi atacada por seu aluno, Maurício, em sala de aula, com uma faca de cozinha. Apesar de ter informado à Direção da Escola que vinha sofrendo ameaças por parte do aluno, em virtude suas notas baixas, nada foi feito pela diretora para impedir a situação, pois acreditava sinceramente, ser exagero de Marília.
Em virtude das facadas, a demandante perdeu o movimento de um braço e passou meses no hospital, tendo que arcar inclusive com despesas de medicamentos. Além disso, sente-se hoje ameaçada por qualquer aluno, o que dificulta sua relação em sala de aula.
DO MÉRITO
Primeiramente, cumpre ressaltar que o artigo 37, § 6º, da CRFB estabelece a
responsabilidade objetiva do Estado por danos causados a terceiros. Vejamos: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
No mesmo sentido, o artigo 43 do CCB também preconiza a responsabilidade objetiva do ente público.
Na situação apresentada, em virtude da custódia na qual se encontrava a autora, a responsabilidade do município se configura objetiva mesmo não havendo conduta direta dos agentes públicos.
Com efeito, a doutrina entende que em casos de custódia está-se diante de risco suscitado pelo ente público, ensejando responsabilidade objetiva.
Ainda que assim não fosse, a diretora da escola, sabendo da situação de perigo em que se encontrava Marília, não tomou qualquer providência, restando clara a má prestação do serviço.
Assim, configurada a culpa do serviço, está definida a responsabilidade por omissão do Estado.
Dessa forma, a autora deve ser indenizada por todos os danos morais e materiais sofridos,
77
conforme artigos 944, 949 e 950 do CCB.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A citação do Réu na pessoa do Procurador Geral do Município para, querendo,
contestar o feito, sob pena dos efeitos da revelia; 2) A procedência do pedido, condenando o Réu ao pagamento da indenização pelos
danos morais e materiais causados a autora; 3) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito e necessários à solução
da controvérsia, inclusive a juntada de todos os documentos anexos;
4) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ ...
Nestes termos, pede deferimento.
Teresópolis, 24 de Abril de 2013.
Advogado OAB n.º ...
78
Aula 10
AGRAVO
São cabíveis sempre que a decisão não termina o feito, ou seja, no bojo do processo
(decisões interlocutórias). A análise pode ser de mérito ou não (não é relevante).
Diferente da apelação que se interpõe no juízo “a quo” e este manda para cima (dois
juízos de admissibilidade), o agravo só tem um juízo de admissibilidade, que é feito pelo juízo “ad
quem”, ou seja, não se interpõe perante quem proferiu a decisão. É como se fosse uma apelação, mas mais simples. O agravo tem dois probleminhas:
o primeiro é que tem que montar um instrumento para o agravo subir, pois o processo irá seguir, mas deve-se montá-lo com as cópias dos principais documentos do processo. Além disso, o agravo
não tem efeito suspensivo. Na maioria das vezes terá que se pedir e este variará, podendo ser ativo ou passivo.
Imagine que você é o autor da ação e tenha pedido uma antecipação de tutela (ex.:
suspensão de um ato administrativo) e o juiz tenha negado. Quando ele faz isso, você agrava e
pede o efeito suspensivo do agravo, só que este corresponde a sua antecipação de tutela. A isso se
dá o nome de efeito suspensivo ativo ou antecipação de tutela recursal.
Agora quando a situação é contrária, você é o réu da ação e o juiz antecipou a tutela, e
você recorre, querendo que essa decisão que antecipou a tutela seja suspensa. A isso s e dá o
nome de efeito suspensivo do recurso.
Marcação do código
Abra o CPC e grife os seguintes artigos: Art. 522 do CPC;
Art. 524 , III do CPC; Art. 525, I do CPC (que dispõe quais serão as cópias que terão que ser juntadas
para montar o instrumento);
Art. 525, § 1º do CPC
Art. 527, III do CPC Vide Art. 273 do CPC.
79
Prática
QUESTÃO 27
Paulo Andrade, proprietário de terreno no município de Josevá, no estado Y, teve sua
propriedade declarada de Utilidade Pública por meio do Decreto A, expedido pelo prefeito
municipal, em 15/03/2011, o qual declarou a urgência da administração na aquisição do imóvel
para construção de um hospital público cujo projeto já havia sido aprovado pela autoridade
competente.
No processo judicial que se seguiu, o referido município requereu a imissão provisória
na posse, efetivando o depósito do valor incontroverso, em 15/01/2012. O juízo, concedeu a
medida liminar, determinando a imissão provisória na posse. A decisão foi publicada em Diário
Oficial, no dia 20/02/2012, uma sexta feira. Paulo te procurou, na qualidade de advogado, para
guerrear a decisão judicial.
Com base na situação hipotética acima descrita, elabore a peça judicial cabível para
pleitear a reforma da decisão, datando-a do último dia do prazo.
Usando o nosso esquema:
AGRAVO
Autor: Município de Josevá. O agravante é Paulo Andrade.
Réu: Paulo Andrade. O autor será o agravado.
Competência: Justiça Estadual. Tribunal de Justiça.
Pedido: O pedido liminar de imissão Reforma da decisão para que seja
provisória na posse. proferida nova decisão.
Causa de pedir: Não nos interessa. Declaração de urgência decaiu,
(neste caso será porque se passaram mais de 120
dife re nte , pois o ré u se rá dias (art. 15, § 2º, do Decreto-Lei
o agravante)
3.365/65).
80
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Y (10 linhas)
Paulo Andrade, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n.º ... e CPF n.º ..., residente e
domiciliado na Rua ..., nos autos do processo n.º ..., em que litiga com o Município de Josevá, vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO em face da decisão proferida nos autos.
Requer, em atenção ao artigo 525, I, do CPC, a juntada das cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
Informa na oportunidade, em respeito ao artigo 524, III, do CPC, o nome e endereço dos advogados do agravante e do agravado.
DO CABIMENTO
É cabível o presente recurso, com fulcro no artigo 522 e seguintes do CPC, por se tratar de
decisão interlocutória. Ressalte-se que não deve ser convertido em retido o agravo, por se tratar de decisão que causa lesão de grave reparação, conforme artigo 527, I do CPC. DOS FATOS
O agravante, proprietário de terreno no município de Josevá, no estado Y, teve sua
propriedade declarada de Utilidade Pública por meio do Decreto A, expedido pelo prefeito em março de 2011, o qual declarou a urgência da administração desde então na aquisição do imóvel para construção de um hospital público, cujo projeto já havia sido aprovado pela autoridade competente.
No presente processo judicial, o agravado requereu a imissão provisória na posse, efetivando o depósito do valor incontroverso, em 15/01/2012. O juízo “a quo” concedeu a medida liminar, determinando a imissão provisória na posse. A decisão, ora impugnada, foi publicada em Diário Oficial, no dia 20/02/2012.
DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO
O artigo 527, III do CPC, combinado com o artigo 273 do CPC estabelecem a possibilidade do efeito suspensivo ao Recurso desde que haja Fundado Receio de Dano Irreparável e Verossimilhança das alegações.
Fundado Receio de Dano Irreparável decorre de fato que a decisão retira a posse do bem das mãos do agravante. A Verossimilhança das alegações está embasada no artigo 15, § 2º do Decreto-Lei 3.365/41
em que se estabelece prazo de caducidade da declaração de urgência. Logo, deve ser concedido efeito suspensivo ao Recurso.
81
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 15, § 2º do Decreto-Lei 3.365/41 prevê que o requerimento de
imissão na posse deve ser feito em até 120 contadas da declaração de urgência. Vejamos: “A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias”.
Na situação apresentada, a declaração de urgência foi efetivada no bojo do decreto expropriatório.
Ocorre que o pedido de imissão provisória na posse ocorreu mais de 120 dias após o decreto. Dessa forma, a declaração de urgência já havia decaído no momento em que a imissão provisória foi pleiteada e entendimento contrário viola o princípio da segurança jurídica.
Assim, deve ser reformada essa decisão.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) Que seja concedido efeito suspensivo ao presente recurso;
2) Que seja o recurso conhecido e provido, determinando a reforma da decisão para que
seja proferida nova decisão, negando a liminar de imissão na posse; 3) A juntada de comprovação do preparo.
Nestes termos, pede deferimento,
Josevá, 4 de março de 2012.
Advogado OAB n.º ...
82
CORREÇÃO QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 11 Em 20/1/2009, foi instaurado procedimento administrativo disciplinar, por portaria publicada no DOU,
com descrição suficiente dos fatos, para apurar a conduta de Humberto, servidor público estável, residente em Brasília,
no Distrito Federal, que teria, de forma ilegal, favorecido várias prefeituras que, embora em desacordo com as
disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal, teriam voltado à situação de aparente legalidade para receberem verbas
públicas.
A comissão encarregada do processo disciplinar, designada pela autoridade competente, foi composta
pelos seguintes servidores, todos de nível hierárquico superior ao do indiciado: Ana Maria, admitida, por concurso
público, em 20/8/2003, Geraldo, admitido por concurso público em 14/2/2004, e Cássio, não concursado, que exerce,
desde 20/6/2000, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. O feito foi regularmente
conduzido, tendo sido garantidos o contraditório e a ampla defesa. O julgamento foi realizado em tempo hábil,
segundo a legislação que rege a matéria, sendo acolhidas as conclusões da comissão.
Ao final, em ato do ministro do Trabalho e Emprego, por meio da Portaria n.º 123, de 9/3/2009,
publicada no DOU de 10/3/2009, Humberto foi demitido do cargo público de administrador. Em razão disso, impetrou,
no prazo legal e no juízo competente, mandado de segurança, com pedido de liminar, aduzindo, com a devida
fundamentação, que o ato de demissão seria inválido.
A autoridade impetrada sustentou, nas informações, a impossibilidade de alteração do mérito
administrativo pelo Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio republicano da separação de poderes. A liminar
foi indeferida e a ordem foi denegada após regular processamento. A decisão foi publicada em 13/4/2009, uma
segunda-feira.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Humberto, a peça processual cabível à espécie, datando-a no último dia do prazo.
Para identificarmos o recurso, temos antes que montar o MS. Assim, usando o nosso esquema de recursos:
MANDADO DE SEGURANÇA RECURSO
Autor: Humberto. Recorrente.
Réu: União Federal. Recorrida.
Autoridade coatora: Ministro do Trabalho e ***
Emprego.
Competência: STJ. STF (ROC).
Pedido: Anulação do ato de demissão. Reforma da decisão para que seja
proferida de nova decisão.
Causa de pedir: Art. 149 da Lei 8.112/90 (composição da comissão – servidor
(neste caso é a mesma, comissionado e não estável); art. 141, I, da Lei: quem tem
pois é o autor que m e stá competência para demitir é o Presidente da República.
interpondo o recurso)
83
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
(10 linhas)
Humberto, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n.º ... e CPF n.º ..., residente e
domiciliado na Rua ..., nos autos do processo n.º ..., em que litiga com a União Federal, vem por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional situado na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, interpor RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL em face do acórdão proferido nos autos, requerendo seu recebimento e remessa ao Tribunal competente.
Requer ainda a juntada de comprovação do preparo.
Nestes termos, pede deferimento.
Brasília, 28 de abril de 2009.
Advogado OAB n.º ...
(QUEBRA DE PÁGINA)
EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Recorrente: Humberto Recorrido: União Federal Processo n.º ...
DAS RAZÕES DO RECURSO
Em 20/1/2009 foi instaurado procedimento administrativo disciplinar, por portaria
publicada no DOU, com descrição suficiente dos fatos, para apurar a conduta do ora recorrente, servidor público estável, residente em Brasília, no Distrito Federal, que teria, de forma ilegal, favorecido várias prefeituras que, embora em desacordo com as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal, teriam voltado à situação de aparente legalidade para receberem verbas públicas.
A comissão encarregada do processo, designada pela autoridade competente, foi composta pelos seguintes servidores, todos de nível hierárquico superior ao do indiciado: Ana Maria, admitida, por concurso público, em 20/8/2003, Geraldo, admitido por concurso público em 14/2/2004, e Cássio, não concursado, que exerce, desde 20/6/2000, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
O feito foi regularmente conduzido, tendo sido garantidos o contraditório e a ampla defesa.
O julgamento foi realizado em tempo hábil, segundo a legislação.
Ao final, em ato do ministro do Trabalho e Emprego, por meio da Portaria n.º 123, de 9/3/2009, publicada no DOU de 10/3/2009, Humberto foi demitido do cargo público de administrador. Em razão disso, impetrou, no prazo legal e no juízo competente, o presente mandado de segurança, com pedido de liminar, aduzindo, com a devida fundamentação, que o ato de demissão seria inválido.
A autoridade impetrada sustentou, nas informações, a impossibilidade de alteração do
84
mérito administrativo pelo Poder Judiciário. A liminar foi indeferida e a ordem foi denegada após regular processamento. A decisão foi proferida em 13/4/2009.
DO CABIMENTO
É cabível a interposição do Recurso Ordinário Constitucional com fulcro no artigo 102, II da CRFB e artigo 539, I do CPC, por se tratar de decisão denegatória de Mandado de Segurança.
DO MÉRITO
Inicialmente, o artigo 149 da Lei 8.112/90 exige que os membros da comissão do processo
administrativo disciplinar sejam todos estáveis. Vejamos: “O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado”.
Na situação apresentada, a comissão foi irregularmente composta, haja vista Cássio ser
somente detentor de cargo em comissão, ou seja, sem a garantia da estabilidade.
Com efeito, os cargos em comissão são de livre exoneração, não ostentando seu titular a qualidade de servidor estável.
Ademais, o artigo 141, I da Lei 8.112/90, ao definir a competência para a prática de ato de
demissão, estabeleceu que o Presidente da República é autoridade competente para demitir os servidores do Poder Executivo.
No caso em apreço, a demissão foi aplicada pelo Ministro do Trabalho e Emprego, portanto,
sofre o ato impugnado de vício de competência. Dessa forma, a análise a ser feita pelo juízo não se trata de mérito administrativo, mas sim
de aspectos de legalidade que podem ser apreciados pelo Poder Judiciário.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, determinando a reforma da
decisão para que seja proferida nova decisão, com a anulação do ato de demissão do recorrente. Requer, ainda, a condenação do recorrido ao pagamento das custas processuais.
Nestes termos, pede deferimento.
Brasília, 28 de abril de 2009.
Advogado OAB n.º ....
85
QUESTÃO 21
Marcelo Silva, comentarista e esportista, foi acometido por um ônibus da empresa BBTT,
concessionária de serviço de transporte no município de Belo Horizonte, quando passeava de bicicleta. Em
virtude do acidente, Marcelo faleceu na hora, não obstante tenha o motorista do veículo tomado todas as
providências possíveis para impedir o fato.
No bojo da ação judicial proposta por seu pai, Sr. Marcos Silva, a fim de obter indenização
pelos danos causados pela empresa concessionária, foi julgado improcedente o pleito, uma vez que restou
comprovada a ausência de culpa do motorista do ônibus, levando-se ainda em consideração o fato de que o
filho do autor não ostentava a qualidade de usuário do serviço de transporte. Tal decisão foi publicada em
15/07/2009, sexta feira. Inconformado, o Sr, Marcos procurou seu escritório de advocacia.
Em face dessa situação hipotética, redija, no último dia do prazo, na qualidade de advogado(a)
contratado(a) por Marcos, a peça judicial cabível, contra a empresa concessionária, para pleitear a
indenização pela morte de Marcelo, com base na responsabilidade civil do estado.
Aqui não dá para montar o nosso esquema habitual, pois temos que montar antes o esquema
processo originário para identificarmos o recurso cabível. No caso acima foi proposta uma ação ordinária
(ação indenizatória). Vejamos:
AÇÃO INDENIZATÓRIA RECURSO Autor: Marcos Silva. O recorrente é Marcos Silva.
Réu: BBTT. O réu será o recorrido.
Competência: Justiça Estadual. Tribunal de Justiça (apelação). Pedido: Indenização por danos morais Passa a ser o de nova decisão.
e materiais.
causa de pedir: Responsabilidade objetiva do Estado, independente da alegação de (neste caso é a mesma, culpa (art. 37, § 6º, da CCF). E ainda de acordo com o STF essa Pois o autor quem está Responsabilidade objetiva do Estado, independente da alegação de Interpondo o recurso) Culpa (art. 37, § 6º da CF). E ainda de acordo com o STF essa Responsabilidade objetiva atinge tanto usuários quanto não Usuários. O dever de indenização do Estado nos casos do arts. 944 e 948 do CC.
A apelação tem uma peculiaridade: tem dois juízos de admissibilidade. Quando se interpõe a
apelação, o juiz que proferiu a decisão vai analisar se a apelação cumpre os requisitos para ser conhecida
(1º juízo de admissibilidade). Tendo cumprido, ele a encaminhará para o Tribunal competente, que fará a
mesma coisa (2º juízo de admissibilidade).
A mesma coisa vale para o ROC. Interpõe-se no juízo que proferiu a decisão (1º juízo de
admissibilidade) e for admitido, ele encaminhará para o Tribunal superior (2º juízo de admissibilidade).
Exatamente por conta disso, a apelação terá folha de rosto, que é o encaminhamento ao juízo
originário (“a quo”) para este decida se irá receber ou não. No caso em tela, a ação foi proposta perante o
juiz estadual e agora irá se apelar para o TJ. Vejamos:
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
(10 linhas)
Marcos Silva, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n.º ..., CPF n.º ..., residente e
domiciliado na Rua ..., nos autos do processo n.º ..., em que litiga com a Empresa BBTT, vem por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional situado na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, interpor RECURSO DE APELAÇÃO em face da decisão proferida nos autos, requerendo seu recebimento e remessa ao Tribunal competente.
Requer ainda a juntada de comprovação do preparo.
Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte, 1º de agosto de 2009. (para encontrar a data sempre faça o calendário, excluindo o dia
do início e lembrando que se o 1º ou o última dia da contagem cair no final de semana, fica para o 1º dia útil seguinte – exceto MS)
Advogado OAB n.º ...
(QUEBRA DE PÁGINA)
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Recorrente: Marcos Silva Recorrido: BBTT Processo n.º ...
DAS RAZÕES DO RECURSO
DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE
É cabível a interposição do Recurso de Apelação por se tratar de impugnação de sentença,
com fulcro no artigo 513 e seguintes do CPC e tempestivo, conforme artigo 508 do CPC.
DOS FATOS
Marcelo Silva, comentarista e esportista, foi acometido por um ônibus da empresa
recorrida, concessionária de serviço de transporte no município de Belo Hori zonte, quando passeava de bicicleta. Em virtude do acidente, Marcelo faleceu na hora, não obstante tenha o motorista do veículo tomado todas as providências possíveis para impedir o fato.
No bojo da presente ação judicial, o recorrente, a fim de obter indenização pelos danos causados pela empresa recorrida teve o seu pedido julgado improcedente, uma vez que restou comprovada a ausência de culpa do motorista do ônibus, levando-se ainda em consideração o fato de que o filho do autor não ostentava a qualidade de usuário do serviço de transporte.
A decisão, ora impugnada, foi proferida em 15/07/2009.
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DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 37, § 6º, da CRFB prevê a responsabilidade objetiva dos
prestadores de serviço público por danos causados a terceiros. Vejamos: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Ressalte-se que o entendimento do STF é de que essa responsabilidade objetiva se estende as vítimas, sejam elas usuárias ou não usuárias do serviço prestado.
Com efeito, a Constituição Federal não distingue a vítima pelo fato de não ostentar a
qualidade de usuária. Na situação apresentada, a vítima foi acometida por um ônibus da recorrida, prestadora do
serviço público de transporte. Sendo assim, não é relevante analisar se o agente público agiu de forma culposa ou não, por se tratar de responsabilidade objetiva da empresa.
Dessa forma, nos moldes dos artigos 944 e 948 do CCB, é cabível a indenização ao apelante
pelos danos morais e materiais decorrentes da morte de seu filho.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, determinando a reforma
da decisão para que seja proferida nova decisão, com a condenação do apelado ao pagamento de indenização pelos danos morais e materiais.
Requer, ainda a condenação do apelado ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte, 1º de agosto de 2009.
Advogado OAB n.º ....
88
Aula 11
SIMULADO II ( FAZER NA PRÓPRIA FOLHA)
RECURSOS ADMINISTRATIVOS
Temos 3 possibilidades de recurso administrativo:
1) Processo administrativo disciplinar (PAD), cujo recurso está regulamentado na Lei 8.112/90 – não têm efeito suspensivo;
2) Procedimento licitatório, cujo recurso está regulamentado na Lei 8.666/93;
3) Nenhum dos casos anteriores, seguindo o regulamento geral da Lei 9.784/99.
Ao ver do professor, esta peça não deveria ser cobrada dos candidatos, visto que não é
uma peça privativa de advogado. É bem simples e não tem folha de rosto. Para evitar problemas, o faremos como se fosse uma apelação sem folha de rosto.
O problema aqui é se preocupar com o endereçamento. No PAD o recurso sempre será
para a autoridade superior aquela que decidiu. Ocorre que o recurso só será proposto se a
questão mencionar que já houve pedido de reconsideração para a própria autoridade que decidiu.
Se não mencionar, terá que se fazer esse pedido para quem decidiu. O prazo aqui tanto para o
pedido de reconsideração quanto para o recurso é de 30 dias corridos.
Na licitação cabe recurso nas fases de habilitação, classificação e homologaçã o. Nos
dois primeiros casos o recurso já tem efeito suspensivo. Os recursos sempre serão interpostos no
prazo de 5 dias úteis. Se estiver na fase de habilitação ou classificação, o processo estará nas mãos
da comissão licitante e o recurso será endereçado para o presidente da comissão. Se estiver na
fase de homologação, o processo estará nas mãos da autoridade do órgão e deverá a ela ser
encaminhado o recurso. Atente assim que na Lei 8.666/93 o recurso é sempre feito para quem
decidiu (se este decidir não reformar, ele mesmo mandará para a autoridade superior).
A mesma coisa da licitação acontece na Lei 9.784/99: o recurso é interposto perante a
autoridade que decidiu e se esta não reconsiderar, ela mesma mandará o processo para a
autoridade superior. O prazo aqui é de 10 dias corridos.
1. Marcação do código
Grifar os seguintes artigos: Na Lei 8.112/90: arts. 106, 107, 107, §1º e 108;
Na Lei 8.666/93: art. 109, 4º;
Na Lei 9.784/99: arts. 56 e 59.
89
2. Prática
QUESTÃO 13
Em 10/03/2009, terça-feira, foi publicado edital, iniciando procedimento licitatório, do tipo menor preço, na modalidade concorrência, pelo Ministério da Educação, para compra veículos
automotores. A comissão foi composta por 3 servidores estáveis.
No prazo estabelecido, a empresa X Veículos, microempresa do ramo de vendas de
carros, apresentou todos os documentos necessários à habilitação, não conseguindo demonstrar,
no entanto, regularidade fiscal, uma vez que se encontrava inadimplente em relação a tributos
federais. Em virtude da situação exposta, a empresa apresentou a comprovação de débitos com a
Receita Federal, não cumprindo a exigência de regularidade fiscal.
Em virtude da ausência da regularidade fiscal, com base na Lei 8.666/93, a comissão
licitante inabilitou referida empresa, no dia 25/04/2009. Em face dessa situação hipotética,
elabore, na qualidade de advogado(a) contratado(a) pela empresa X Veículos, recurso
administrativo contra a decisão de inabilitação, no último dia do prazo. ATENÇÃO: você só optará por fazer um recurso administrativo se a questão solicitar. Não o fazendo, você o fará pela via judicial. No caso acima a questão pediu – se não tivesse, caberia ação anulatória.
Aqui usamos o seguinte esquema:
Interessado: Empresa X Veículos;
Autoridade competente: Presidente da comissão licitante;
Pedido: reforma da decisão para que seja proferida nova decisão;
Causa de pedir: arts. 42 e 43, § 1º, da LC 123/06 (microempresa pode participar da licitação mesmo tendo restrição fiscal).
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO
(10 linhas)
X Veículos, Pessoa Jurídica de Direito Privado, CNPJ Nº ..., com sede na rua ..., nos autos do
Procedimento Licitatório n.º ... realizado pelo Ministério da Educação, vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, interpor RECURSO ADMINISTRATIVO em face da decisão proferida nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a interposição do presente recurso com fulcro no artigo 109 da Lei 8.666/93 por se
tratar de impugnação de decisão de inabilitação do certame.
DOS FATOS
Foi publicado edital em 10/03/2009, iniciando procedimento licitatório, do tipo menor
preço, na modalidade concorrência, pelo Ministério da Educação, para compra veículos automotores. A comissão foi composta por 3 servidores estáveis.
No prazo estabelecido, a recorrente, microempresa do ramo de vendas de carros,
apresentou todos os documentos necessários à habilitação, não tendo, no entanto, regularidade fiscal, uma vez que se encontrava inadimplente em relação a tributos federais. Em virtude da situação exposta, a empresa apresentou a comprovação de débitos com a Receita Federal, não cumprindo a exigência de regularidade fiscal.
Em virtude da situação apresentada, com base na Lei 8.666/93, a comissão licitante inabilitou referida empresa, no dia 25/04/2009.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 42 da LC 123/06 estabelece que a regularidade fiscal somente será
exigida para microempresas quando dá celebração do contrato. Vejamos: “Nas licitações públicas, a comprovação de regularidade fiscal das microempresas e empresas de pequeno porte somente será exigida para efeito de assinatura do contrato”.
No mesmo sentido, o artigo 43, § 1º, da LC 123/06 define que não havendo regularidade
fiscal, a microempresa participará do certame. Nesses casos, sangrando-se vencedora, a empresa terá prazo definido em lei para regularização perante o Fisco.
Na situação apresentada, não obstante ostentar a qualidade de microempresa, a recorrente
foi inabilitada por não apresentar documentação de regularidade fiscal. A decisão de inabilitação merece reforma, uma vez que não se deve exigir essa
documentação da recorrente na fase de habilitação.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, determinando a reforma
da decisão, para que seja proferida nova decisão, habilitando o licitante às fases seguintes do certame.
91
Caso não reconsidere, nos moldes do artigo 109, § 4º, da Lei 8.666/93, requer seja o recurso encaminhado para a autoridade superior para análise.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, 5 de maio de 2009.
Advogado OAB n.º ...
QUESTÃO 01
Foi expedido mandado de prisão preventiva contra Rubem, médico pertencente ao quadro de
pessoal do Ministério da Saúde. Por considerar ilegal a referida medida, Rubem furtou -se ao seu cumprimento e deixou de comparecer ao seu local de trabalho durante mais de quarenta dias consecutivos. Após esse período, tendo sido concedido habeas corpus em seu favor, o médico retornou ao exercício regular de suas funções laborais.
O ministro de Estado da Saúde instaurou processo administrativo disciplinar para apurar suposta irregularidade na conduta de Rubem, relativa a abandono de cargo. Na portaria de instauração do processo, optou-se pelo rito sumário, tendo sido designados para compor a comissão disciplinar, como membro e presidente, dois servidores federais estáveis ocupantes do cargo de agente administrativo, ambos com escolaridade de nível superior.
Foram indicadas, também, a autoria e a materialidade do fato tido como irregular. Três dias após a publicação da portaria, o servidor foi indiciado por violação ao art. 138, c/c com o art. 132, inciso II, ambos da Lei n. 8.112/1990, e, posteriormente, citado para a apresentação de defesa no prazo de cinco dias.
Na peça de defesa, o advogado do servidor, em pedido administrativo, postulou a oitiva de testemunhas, aduzindo que estas comprovariam que a ausência do acusado ao local de trabalho fora motivada por seu entendimento de que a ordem de prisão seria ilegal e que, tão logo afastada a ordem, o médico retornara às suas atividades.
O presidente da comissão de processo administrativo disciplinar indeferiu o pedido de produção de prova testemunhal, considerando-o impertinente, sob o argumento de que o rito escolhido pela autoridade instauradora prevê instrução sumária, sem a possibilidade de produção de prova, nos termos do art. 133, inciso II, da Lei n.o 8.112/1990.
No relatório final, sugeriu-se a demissão do servidor, com fulcro nos artigos citados na peça de indiciação, tendo sido a sugestão acolhida pelo ministro da Saúde. A portaria de demissão por abandono de cargo, assinada há cinco meses, foi publicada no Diário Oficial da União há três meses.
Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pelo servidor público demitido, redija a peça processual mais adequada ao caso, apresentando as questões de direito processual e material indispensáveis à defesa dos interesses de seu cliente.
Falta fazer
92
QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 17 Aula 12
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
Primeiramente, iremos grifar os artigos importantes. Abra o seu código na Constituição Federal
art. 103-A, § 3º e agora a Lei 11.417/06 e grife o art. 7º, caput e § 1º. Utilize a mesma cor das ações
constitucionais (ROXA).
A reclamação constitucional não impede nem substitui as ações judiciais cabíveis. Assim, só
opte pela reclamação constitucional se a questão deixar bem claro. A questão também tem que
demonstrar que já houve um esgotamento na via administrativa antes de se partir para o judiciário por
meio de reclamação constitucional.
**** IMPORTANTE: O endereçamento é sempre do STF. Segue a mesma estrutura do HD.
1. Prática
QUESTÃO 07
Petrúncio Oswaldo, governador do Estado do Pará, nomeou seu irmão, Juvídio Oswaldo, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, em 15/04/2012.
Com a situação, a população ficou indignada e, Maria João, moradora da cidade de
Belém, procuradora do Tribunal de Contas do Estado, que estava cotada para ser nomeada para a
função, apresentou reclamação administrativa a qual foi julgada improcedente pelo chefe do
executivo estadual, sob a alegação de que a nomeação se tratava de ato político.
Assim, procurou seu escritório requisitando seus serviços para que sejam tomadas as
medidas judiciais cabíveis ao desfazimento do ato violador da moralidade pública. Nesse diapasão,
informou que gostaria que fosse proposta a medida mais célere diretamente no Supremo Tribunal
Federal, pelo descumprimento de Súmula Vinculante.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Maria, a peça judicial mais adequada.
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Usando o nosso esquema:
Reclamante: Maria João;
Reclamado: Petrúncio Osvaldo;
Competência: STF;
Pedido: anulação do ato;
Causa de pedir: a súmula vinculante n.º 13 não autoriza e o entendimento do próprio STF de que o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas é cargo de natureza administrativa e não político, sujeitando-se a súmula vinculante n.º 13.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
(10 linhas)
Maria João, nacionalidade, estado civil, Procuradora do Tribunal de Contas, RG n.º ... e CPF
n.º ..., residente e domiciliada na Rua ..., vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, apresentar RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL contra ato de Petrúncio Osvaldo, Governador do Estado, com endereço profissional na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a presente reclamação constitucional com fulcro no artigo 103-A, § 3º da CRFB e
artigo 7º da Lei 11.417/06 por se tratar de ato que viola súmula vinculante.
DOS FATOS
O reclamado, governador do Estado do Pará, nomeou seu irmão, Juvídio Oswaldo, Conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado, em 15/04/2012. Tal situação gerou indignação da população e a reclamante, procuradora do Tribunal de
Contas do Estado, que estava cotada para ser nomeada para a função, apresentou reclamação administrativa, a qual foi julgada improcedente pelo chefe do executivo estadual, sob a alegação de que a nomeação se tratava de ato político.
DO MÉRITO
Primeiramente, a súmula vinculante nº 13 do STF veda o nepotismo no âmbito do serviço
público, com a nomeação de parentes para assunção de cargos. Vejamos: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
94
Na situação apresentada, a autoridade reclamada nomeou seu irmão para assunção de cargo
público, em clara violação a súmula mencionada. Ressalte-se que a súmula se baseia nos princípios da impessoalidade e moralidade,
estampados no artigo 37, caput, da CRFB.
Ocorre que, a alegação de se tratar de ato político já foi superada pelo entendimento desta Corte Suprema de que o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas tem natureza administrativa. Assim, o ato violador a súmula deve ser anulado.
Salienta, ainda, o esgotamento da instância administrativa em respeito ao artigo 7º, § 1º, da Lei 11.417/06.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1) A notificação da autoridade para que preste informações no prazo determinado; 2) A procedência do pedido, determinando a anulação do ato impugnado; 3) A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como fiscal
da lei; 4) A juntada dos documentos necessários à comprovação do direito do reclamante.
Nesses termos, pede deferimento.
Belém, data.
Advogado OAB n.º ...
CORREÇÃO QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 17
João, servidor público federal do Ministério da Fazenda, se ausentou do serviço público por
mais de trinta dias consecutivos, entre os dias 02/01/2005 e 10/02/2005. Quando do fechamento da folha de janeiro, no dia 10/02/2005, a administração descobriu o fato.
Em 02/01/2009 foi instaurado processo administrativo disciplinar que culminou na penalidade
de demissão, uma vez que o autor, citado por edital, não apresentou defesa no prazo de 10 dias e o defensor dativo designado elaborou defesa, sem contudo obter êxito. A decisão foi publicada em
15/02/2009, sexta feira.
João, inconformado com a decisão contratou seus serviços de advogado para defendê-lo na
seara administrativa, demonstrando, por meio de laudo médico do SUS que, no período mencionado, o autor se encontrava em coma, em virtude de acidente de carro que sofrera dias antes.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) a petição cabível, no último
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dia do prazo.
Aqui usamos o seguinte esquema: Recorrente: João;
Autoridade competente: Presidente da República;
Pedido: reforma da decisão para que seja proferida nova decisão;
Causa de pedir: art. 163, § único, da Lei 8.112/90, que estabelece que nesses casos de citação por edital o prazo é de 15 dias (havendo assim restrição ao contraditório e ampla defesa no prazo de 10). E que segundo o art. 138 da Lei 8.112/90 não houve abandono de cargo (ausência do serviço de forma intencional, o que não houve).
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
(10 linhas)
João, nacionalidade, estado civil, Servidor Público Federal, RG n.º ... e CPF n.º ..., residente e
domiciliada na Rua ..., nos autos do Processo Administrativo Disciplinar n.º ... proposto no Mini stério da Fazenda, vem, por seu advogado infrafirmado, com procuração em anexo e endereço profissional na Rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, apresentar PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO em face da decisão de demissão proferida no feito, pelos fatos e fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível apresentação de pedido de reconsideração com fulcro no artigo 106 da Lei 8.112/90
por se tratar de decisão administrativa que merece reforma. DOS FATOS
O servidor se ausentou do serviço público por mais de trinta dias consecutivos, entre os dias
02/01/2005 e 10/02/2005. Quando do fechamento da folha de janeiro, no dia 10/02/2005, a administração descobriu o fato.
Em 02/01/2009 foi instaurado processo administrativo disciplinar que culminou na penali dade de demissão, uma vez que o autor, citado por edital, não apresentou defesa no prazo de 10 dias e o defensor dativo designado elaborou defesa, sem, contudo, obter êxito. A decisão foi publicada em 15/02/2009.
Ocorre que o recorrente demonstrou, por meio de laudo médico do SUS que, no período mencionado, o autor se encontrava em coma, em virtude de acidente de carro que sofrera dias antes.
DO MÉRITO
Primeiramente, o artigo 163, parágrafo único, da Lei 8.112/90 estabelece que, em casos de
citação por edital, o servidor deverá ter o prazo de 15 dias para apresentação de defesa. Vejamos: “Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital”.
Na situação apresentada, não obstante a citação do recorrente tenha sido feita por obstante, a Administração Pública lhe concedeu apenas 10 dias para apresentação de defesa, considerando sua revelia
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após esse prazo.
Sendo assim, foram violadas as garantias do contraditório e da ampla defesa, uma vez que o prazo concedido foi menor do que o determinado por lei.
Ademais, o artigo 138 da Lei 8.112/90, ao definir abandono de cargo, estabelece ser a ausência intencional do serviço por mais de 30 dias consecutivos.
“In casu”, a ausência do recorrente não se configura intencional, conforme documentação que demonstra estar ele em coma no período mencionado.
Dessa forma, descaracterizada a intenção, não há abandono de cargo a ensejar a demissão.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer seja o presente pedido de reconsideração conhecido e provido,
determinando a reforma da decisão, para que seja proferida nova decisão, desconstituindo a demissão do servidor.
Requer, ainda, presentes os pressupostos de “fumus boni iuris” e “periculum in mora”, seja concedido efeito suspensivo ao presente.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, 19 de março de 2009.
PARECERES
O parecer tem uma estrutura muito simples. Na verdade, nem estrutura obrigatória tem. A maior quantidade de pontos estará no direito material. No entanto, seguiremos uma estrutura aqui.
O parecer funciona mais ou menos como uma sentença. Ele sempre começa com o nome do
parecer (que é “PARECER” mesmo), colocado no meio, centralizado.
A seguir você pula 2 linhas e coloca também no meio, de forma recuada, “EMENTA” (que é um
resumo do parecer). Daí você irá realmente pular 10 linhas, deixando-as em branco, pois será a última coisa
que você fará.
O parecer continua com os tópicos “DO RELATÓRIO” (que são os fatos), “DA
FUNDAMENTAÇÃO” (que é o mérito) e “CONCLUSÃO” (que não chega a ser um pedido e sim uma opinião
acerca do que o seu cliente está perguntando).
E lembre-se: aqui você é totalmente imparcial. Pesquisa-se para dizer ao cliente se ele tem ou
determinado direito. ATENTE ainda que você só irá fazer um parecer se no enunciado da prova
expressamente assim o pedir (minuta é rascunho de peça – não é parecer).
Sobre a ementa, o professor recomenda que ela tenha entre 5 e 9 palavras-chaves ou
expressões-chaves que resumam todo o parecer, separados por pontos ou por barras em caixa alta. Não
pode ter verbo. Deve constar: qual é a consulta, qual é o seu fundamento e qual é a conclusão.
O raciocínio é que quando alguém vier a ler a ementa, ele já tenha uma ideia da pergunta, da
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fundamentação e qual foi a conclusão apresentada.
1. Prática
QUESTÃO 05
Pedro Martins, servidor estadual, requer aposentadoria estatutária por tempo de contribuição que vem a ser deferida em março de 2011. Em janeiro de 2012, o TCE impede o registro do ato de aposentadoria por entender que Pedro não possuía o tempo necessário para se aposentar. Em razão disso, o TCE determina, através de seu presidente, o desfazimento imediato da aposentadoria e devolução das quantias percebidas por Pedro a partir de março de 2006, haja vista se tratar de benefício concedido ilegalmente.
Pedro Martins pretende impetrar, inconformado, em abril de 2012, mandado de segurança contra o presidente do TCE pretendendo que, previamente à anulação do ato de aposentadoria, ele possa exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa. Como pedido alternativo, Pedro requer que não seja obrigado a restituir o que recebeu até janeiro de 2012.
Como advogado contratado por, elabore um parecer informando se ele tem razão nas pretensões formuladas.
Aqui não tem aquele esquema. Você apenas separa a fundamentação:
Fundamentação: 1º) Não. Súmula Vinculante nº 03 do STF 2º) Sim. Boa fé Retroagir Segurança Jurídica
PARECER
EMENTA: APOSENTADORIA DE SERVIDOR. NÃO APROVAÇÃO PELO TC. AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO. SÚMULA VINCULANTE Nº 03 DO STF. RESTITUIÇÃO DE VALORES PERCEBIDOS. BOA FÉ. IMPOSSIBILIDADE.
DO RELATÓRIO (este é a questão, mas sempre começar dizendo que “Foi elaborada consulta acerca de tal situação por ...”)
Foi elaborada consulta acerca da seguinte situação. Pedro Martins ora consulente requereu aposentadoria estatutária por tempo de contribuição que vem a ser deferida em março de 2011. Em janeiro de 2012, o TCE impede o registro do ato de aposentadoria por entender que o consulente não possuía o tempo necessário para se aposentar.
Em razão disso, o TCE determina, através de seu presidente, o desfazimento imediato da aposentadoria e devolução das quantias percebidas pelo consulente a partir de março de 2006, haja vista se tratar de benefício concedido ilegalmente.
Desta forma o consulente procura a saber se tem o direito ao contraditório prévio a anulação a aposentadoria e também se seria obrigado a restituir o que recebeu até janeiro de 2012.
98
É o relatório, passa a fundamentar.
DA FUNDAMENTAÇÃO (segue a mesma estrutura do mérito de uma petição inicial)
Primeiramente, ressalta-se que a Súmula Vinculante nº 03 do STF dispensa o contraditório e a ampla defesa decisões do TC que não aprovam a concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. vejamos:
“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”.
Com efeito, a aposentadoria do Servidor Público é apontada pela jurisprudência como ato administrativo complexo, só estando perfeito quando da manifestação de vontade do TC.
Sendo assim, ao negar a concessão de aposentaria, o TCE não anula direito já constituído, mas sim impede o ato se pressione.
Logo, não há necessidade de oferecer ao Servidor o exercício do contraditório e a ampla defesa.
No que tange à devolução de valores, o STF pacificou o entendimento de que os valores percebidos de boa-fé pelo Servidor não serão restituídos após decisão administrativa que lhe retirem o direito .
Tal entendimento se baseia no princípio da segurança jurídica e impede o pleito feito pelo Estado de devolução da quantia percebida entre março de 2011 e janeiro de 2012.
É a fundamentação, para a concluir.
DA CONCLUSÃO
Pelo exposto, conclui-se pela impossibilidade de anulação do ato do TCE sob a alegação de
ausência de contraditório e pela desnecessidade de restituição dos valores percebidos antes da decisão do Tribunal.
É o parecer.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
99
QUESTÃO 10
Em 21/03/2008, segunda feira, foi publicado edital, iniciando procedimento licitatório, do tipo menor preço, na
modalidade concorrência, pelo Ministério da Fazenda, para compra de um lote de 150 mesas de escritório, orçado no valor de R$
150.000,00, necessários à renovação do órgão. A comissão foi composta por 5 servidores, sendo 3 deles servidores temporários e
dois servidores não concursados que exercem cargos comissionados. O referido órgão estabeleceu que os envelopes contendo as
documentações dos licitantes, bem como as propostas a serem apresentadas, deveriam ser entregues até 30/04/2008. Em 20/04/2008, a empresa N Mesas de Escritórios Ltda, alegando vício no edital, apresentou impugnação que foi
julgada procedente. O edital foi corrigido, entretanto, sob a alegação de que a alteração era simplesmente material, não ense jando
modificação das propostas, não houve publicação nem reabertura de prazo de intervalo mínimo. O procedimento seguiu seu curso e
a empresa N Mesas de Escritórios Ltda foi habilitada juntamente com mais duas empresas. Na fase que se seguiu, as propostas foram apresentadas a empresa D Mesas de Escritórios Ltda foi classificada em
primeiro lugar, restando à N Mesas de Escritórios Ltda a segunda colocação, uma vez que a primeira ofereceu, pelo mesmo valor de
R$ 140.000,00, 5 (cinco) mesas a mais.
A empresa N Mesas de Escritórios Ltda contatou seu escritório de advocacia para que emitisse um parecer sobre o
referido procedimento, bem como a suposta existência de irregularidades, pedindo que o escritório concluísse pela possibilidade ou não de propor uma ação judicial em face do certame.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) o parecer requerido.
Separando a fundamentação:
Fundamentação: composição da comissão (art. 51 da Lei 8.666/93); falta de publicação
na alteração do edital e abertura do intervalo mínimo (art. 21, § 4º, da Lei); critério de
escolha do vencedor foi desobedecido, pois houve empate (art. 3º, caput, e art. 45, §
1º, I, da Lei).
PARECER
EMENTA: LICITAÇÃO. VÍCIOS NO PROCEDIMENTO. COMISSÃO LICITANTE. AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO. VIOLAÇÃO AO JULGAMENTO OBJETIVO. POSSIBILIDADE DE AÇÃO.
DO RELATÓRIO
Foi elaborada consulta acerca da seguinte situação pela Empresa N Computadores Ltda: em
21/03/2008 foi publicado edital iniciando procedimento licitatório, do tipo menor preço, na modalidade concorrência, pelo Ministério da Fazenda, para compra de um lote de 150 mesas de escritório, orçado no valor de R$ 150.000,00, necessários à renovação do órgão.
A comissão foi composta por 5 servidores, sendo 3 deles servidores temporários e dois servidores não concursados que exercem cargos comissionados. O referido órgão estabeleceu que os envelopes contendo as documentações dos licitantes, bem como as propostas a serem apresentadas, deveriam ser entregues até 30/04/2008.
Em 20/04/2008, a empresa ora consulente, alegando vício no edital, apresentou
100
impugnação que foi julgada procedente. O edital foi corrigido, entretanto, sob a alegação de que a alteração era simplesmente material, não ensejando modificação das propostas, não houve publicação nem reabertura de prazo de intervalo mínimo. O procedimento seguiu seu curso e a empresa consulente foi habilitada juntamente com mais duas empresas.
Ocorre que na fase seguinte as propostas foram apresentadas e a empresa D Mesas de Escritórios Ltda foi classificada em primeiro lugar, restando a consulente a segunda colocação, uma vez que a primeira ofereceu, pelo mesmo valor de R$ 140.000,00, 5 (cinco) mesas a mais.
Dessa forma, resta saber se é possível propor ação para anulação do procedimento. É o relatório, passa a fundamentar.
DA FUNDAMENTAÇÃO
Primeiramente, o artigo 51 da Lei 8.666/93 estabelece que a comissão de licitação deve ser
composta por, no mínimo, dois servidores efetivos. Vejamos: “A habilitação preliminar, a inscrição em registro cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas serão processadas e julgadas por comissão permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação”.
Na situação apresentada, três membros da comissão eram servidores comissionados, não
concursados e dois membros detentores de cargo temporário. Assim, foi irregularmente constituída a comissão, em desacordo com o texto legal.
Ademais, o artigo 21, § 4º, da Lei 8.666/93 exige nova publicação quando houver alteração do edital. A ressalva ao final do artigo diz respeito somente à desnecessidade de reabrir o intervalo mínimo quando não houver modificação no conteúdo das propostas.
No caso apresentado, houve vício no procedimento, haja vista a não publicação da parte
alterada do edital. Por fim, foi efetivada a escolha do vencedor com base em critério diverso daquele definido
no edital. Com efeito, por se tratar de menor preço, o artigo 45, § 1º, I, da Lei 8.666/93 estabelece que o preço será o único critério de escolha.
A escolha com base em cadeiras a mais viola o julgamento objetivo das propostas
estampado no artigo 3º da Lei 8.666/93. É a fundamentação, passa a opinar.
DA CONCLUSÃO
Pelo exposto, entende-se ser possível a propositura de ação para anulação do
procedimento licitatório. É o parecer.
Local, data.
Advogado OAB n.º ...
101
QUESTÕES PARA CASA
QUESTÃO 19
QUESTÃO 23
Aula 13
CORREÇÃO QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 19 João das botas, prefeito do município de Salvador, pretende nomear seu irmão José das Botas
para o cargo de Secretário de Obras do Município. Para se assegurar da licitude de sua conduta o contratou
como advogado para elaboração de parecer acerca da possibilidade do referido ato de nomeação.
Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a), o
parecer requerido, abordando o tema à luz da Súmula Vinculante do Nepotismo e o entendimento mais
recente do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria.
Aqui não tem aquele esquema. Você apenas separa a fundamentação:
Fundamentação: súmula vinculante 13 do STF; a não aplicação dessa súmula para nomeação de agentes políticos, pois esta tem natureza de ato político e este não se
sujeita a súmula vinculante.
PARECER
EMENTA: AGENTE PÚBLICO. NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTE N.º 13 DO STF. NOMEAÇÃO DE AGENTES POLÍTICOS. INAPLICABILIDADE.
DO RELATÓRIO (este é a questão, mas sempre começar dizendo que “Foi elaborada consulta acerca de tal situação por ...”)
Foi elaborada consulta acerca da seguinte situação por João das Botas: o consulente,
prefeito do município de Salvador, pretende nomear seu irmão José das Botas para o cargo de Secretário de Obras do Município e quer se assegurar da licitude do ato de nomeação.
É o relatório, passa a fundamentar.
DA FUNDAMENTAÇÃO (segue a mesma estrutura do mérito de uma petição inicial)
Primeiramente, a súmula vinculante n.º 13 do STF veda a prática do nepotismo no serviço
público. Vejamos:
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“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
No entanto, a jurisprudência do mesmo Tribunal é assentada no sentido de que as súmulas vinculantes não se aplicam aos atos políticos emanados pelo Estado.
Ocorre que o cargo de Secretário de Estado é cargo político. A nomeação para assunção de
cargo político se configura como ato político e, portanto, não se sujeita à súmula vinculante n.º 13 do STF.
Com efeito, a súmula transcrita não se aplica a nomeação de agentes políticos. É a fundamentação, passa a opinar.
DA CONCLUSÃO (aqui se responde o que a questão pedir)
Pelo exposto, entende-se não haver nenhuma vedação ao consulente na nomeação de seu
irmão para o cargo de Secretário de Estado. É o parecer.
Salvador, data.
Advogado OAB n.º ...
CORREÇÃO QUESTÃO PARA CASA
QUESTÃO 23
Vendedor autônomo, ambulante de doces, pretende ajuizar ação contra o Estado do Rio de Janeiro e do Município
de Vai Vem com a pretensão de obter indenização por danos materiais e morais. Alega que, na praça principal do município onde
reside, foi alvejado por projétil de arma de fogo disparada por sargento da Polícia Militar conhecido da comunidade, pois ser ve no
posto da Polícia Militar local. O sargento deixava o seu local de trabalho ao término do expediente laboral e se dirigia para a
residência. Estava sem farda, mas portava arma da corporação, autorizado por seu superior. Na Praça, alguns amigos conversavam
sobre política, até que dois deles, exaltados, iniciaram calorosa discussão, que acabou p or levá-los ao confronto físico. O sargento,
que a tudo assistia, açodadamente, sacou da arma, e vozeirando sua qualidade de policial, determinou que parassem, mas não fo i
acatado. Transtornado, atirou aleatoriamente, mas o projétil ricocheteou e acabou por atingir o fêmur do autor, que se feriu, tendo
sido levado para o Hospital Municipal onde permaneceu internado por dez dias.
No hospital, por precariedade de atendimento, foi acometido por infecção no ferimento, deixando-lhe uma cicatriz.
Ficou totalmente incapacitado para o trabalho por 60 dias e deixou de auferir rendimentos para seu sustento, na média de dois
salários mínimos mensais. A perícia constatou uma incapacidade permanente na ordem de 30%. Intenta pedir uma pensão mensal e
vitalícia desde o evento, no valor de dois salários mínimos, com juros e correção monetária, além de indenização por dano moral
arbitrada a critério do juiz.
Em resposta a requerimento administrativo, o Estado do Rio de Janeiro contesta e admite os fatos com as
consequências relatadas, mas diz que não é legítimo para responder pelo dano, ao fundamento de que no momento do fato o
militar não exercia o munus para o qual estava investido. Ademais, diz não ter culpa pelo evento danoso e alega que o agravam ento
da lesão se deu em razão da infecção hospitalar. Questiona o pedido vitalício de pensão.
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O Município também, em sede de processo administrativo, alega ilegitimidade passiva. Por fim, alega que não deu
causa aos danos experimentados pelo autor. Em face dessa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a)
pela vítima, o parecer requerido, informando se há ou não a possibilidade de propositura de ação de indenização.
Aqui temos que dividir as responsabilidades. Assim, separando a fundamentação:
Fundamentação:
* Estado: começar embasando no art. 37, § 6º, da CF e art. 43 do CC (dizer que o
agente público agiu se valendo da qualidade de agente para causar o dano);
falar ainda que a indenização se mede pela extensão do dano (arts. 944 e 950
do CC) – assim terá direito a danos materiais pelo tempo que ficou incapacitado,
mas que a pensão vitalícia dele é na ordem de 30% (que é extensão de sua
incapacidade permanente);
* Município: não pode alegar ilegitimidade, pois Hospital público é órgão e terá
que pagar pelo dano moral estético (cicatriz). A má prestação do serviço (culpa
do serviço) ensejou um dano.
PARECER
EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTADO DO RIO DE JANEIRO. ART. 37, § 6º, CRFB. CONFIGURAÇÃO. PENSÃO VITALÍCIA DE 30%. MUNICÍPIO DE VAI VEM. CULPA DO SERVIÇO. POSSIBILIDADE DE PROPOSITURA DA AÇÃO.
DO RELATÓRIO (se a questão disser que dispensa o relatório, abrir o tópico e dizer “relatório dispensado”)
Foi elaborada consulta acerca da seguinte situação: o consulente, ambulante de doces,
pretende ajuizar ação contra o Estado do Rio de Janeiro e do Município de Vai Vem com a pretensão de obter indenização por danos materiais e morais. Alega que, na praça principal do município onde reside, foi alvejado por projétil de arma de fogo disparada por sargento da Polícia Militar conhecido da comunidade, pois serve no posto da Polícia Militar local. O sargento deixava o seu local de trabalho ao término do expediente laboral e se dirigia para a residência. Estava sem farda, mas portava arma da corporação, autorizado por seu superior. Na Praça, alguns amigos conversavam sobre política, até que dois deles, exaltados, iniciaram calorosa discussão, que acabou por levá-los ao confronto físico. O sargento, que a tudo assistia, açodadamente, sacou da arma, e vozeirando sua qualidade de policial, determinou que parassem, mas não foi acatado. Transtornado, atirou aleatoriamente, mas o projétil ricocheteou e acabou por atingir o fêmur do consulente, que se feriu, tendo sido levado para o Hospital Municipal onde permaneceu internado por dez dias.
No hospital, por precariedade de atendimento, foi acometido por infecção no ferimento, deixando-lhe uma cicatriz. Ficou totalmente incapacitado para o trabalho por 60 dias e deixou de auferir rendimentos para seu sustento, na média de dois salários mínimos mensais. A perícia constatou uma incapacidade permanente na ordem de 30%. Intenta pedir uma pensão mensal e vitalícia desde o evento, no valor de dois salários mínimos, com juros e correção monetária, além de indenização por dano moral arbitrada a critério do juiz.
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Em resposta a requerimento administrativo, o Estado do Rio de Janeiro contestou e admitiu
os fatos com as consequências relatadas, mas diz que não é legítimo para responder pelo dano, ao fundamento de que no momento do fato o militar não exercia o munus para o qual estava investido. Ademais, diz não ter culpa pelo evento danoso e alegou que o agravamento da lesão se deu em razão da infecção hospitalar. Questiona o pedido vitalício de pensão.
O Município também, em sede de processo administrativo, alegou ilegitimidade passiva. Por fim, alegou que não deu causa aos danos experimentados pelo autor.
Dessa forma, resta saber se é possível propor ação de indenização. É o relatório, passa a fundamentar. DA FUNDAMENTAÇÃO
Primeiramente, cumpre ressaltar que o artigo 37, § 6º, da CRFB regulamenta a
responsabilidade objetiva do Estado por danos causados por seus agentes. Vejamos: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
No mesmo sentido, o artigo 43 do CCB também impõe a responsabilidade objetiva do ente público.
Em relação ao Estado do Rio de Janeiro, o agente se aproveitou dessa qualidade para ensejar o dano. Com efeito, o policial vozeirou essa qualidade, além de causar o dano com a arma da corporação. Dessa forma, o Estado responde pelos danos causados.
Por sua vez, os artigos 944 e 950 do CCB estabelecem que a pensão vitalícia deve ser proporcional a incapacidade do autor.
No caso apresentado, a pensão a ser requerida não deve ser no montante de dois salários mínimos, mas sim de 30% desse valor. Deve, então, ser adequado o pedido do consulente à extensão do dano.
No que tange ao Município de Vai Vem, a responsabilidade decorre da precariedade de atendimento. De fato, em casos de omissão, a responsabilidade se baseia na demonstração da culpa do serviço a ensejar o dano.
Nessa situação, a má prestação do serviço gerou uma cicatriz, que configura dano moral e estético a ser indenizado em ação cabível.
É a fundamentação, passa a opinar.
DA CONCLUSÃO
Pelo exposto, entende-se ser cabível a ação de indenização em face do Estado, desde que
adequando o valor da pensão a ser pleiteada.
No que tange ao Município, opina-se pela possibilidade da ação indenizatória, nos moldes pleiteados pelo consulente.
É o parecer.
Vai Vem, data.
Advogado OAB n.º ...
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QUESTÕES
01) O servidor público Marcelo requereu férias para o mês de abril, sendo o pedido indeferido pelo chefe da repartição sob a alegação de que, naquele período, havia falta de pessoal na repartição. Marcelo, então, provou que, ao contrário, havia excesso de pessoal. Nessa situação hipotética, qual elemento do ato administrativo está inquinado de vício? Fundamente sua resposta conforme a teoria aplicável à espécie.
02) Discorra sobre os terrenos de marinha, abordando o conceito, de quem é a propriedade e se pode ser objeto de Usucapião. 03) Maria, servidora pública federal, é casada com Antônio, portador de obesidade mórbida, reconhecida por junta médica oficial. Com vistas a proporcionar o tratamento de que o marido necessita, inexistente no seu atual domicílio, Maria requereu a sua remoção para a capital do estado. A administração pública, ao fundamento de que a remoção só pode ser concedida no interesse da administração, negou o seu pedido, alegando não poder prescindir do trabalho de Maria. Além disso, argüiu que não há vagas na capital. Com base nessa situação hipotética, redija um texto em que responda, de forma fundamentada, ao seguinte questionamento. Agiu com acerto a administração?
04) Os vencimentos da servidora pública, Joana não foram adequadamente reajustados em 5/5/2001, entretanto, na ocasião, ela não impugnou administrativamente o ato ilegal cometido. Agora, pretende propor ação judicial visando à condenação do ente federativo ao pagamento retroativo do reajuste bem como à determinação de que esse reajuste seja aplicado aos vencimentos futuros. Qual a ação cabível e qual a fundamentação?
05) No que concerne aos atos praticados no exercício do poder de polícia administrativa: a)são discricionários ou vinculados? b)sempre podem ser exercidos independentemente de intermediação do Poder Judiciário? c)podem ser delegados a particulares? d)estão condicionados ao exercício prévio do contraditório? Respostas fundamentadas.
06) Redija, de forma fundamentada, texto dissertativo acerca da contratação de empregados pela administração pública direta federal. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: < possibilidade jurídica da referida contratação; < requisitos constitucionais para a validade da contratação e conseqüências da não-observância desses requisitos; < garantias contra a dispensa e existência de estabilidade; < competência para apreciar as controvérsias decorrentes desse contrato de trabalho.
07) Faça um paralelo entre as fundações estruturadas por particulares segundo o Código Civil e as fundações instituídas pelo Poder Público, seja com personalidade jurídica de direito privado, seja com personalidade jurídica de direito público, abordando o que as caracteriza, como podem ser distinguidas e quais as normas de direito público aplicáveis a cada espécie. Aborde, por fim, a natureza e características das chamadas Fundações de Apoio.
08) A administração pública abriu sindicância a fim de apurar se Henrique, servidor público, teria praticado crime contra a administração. A sindicância, concluída no prazo legal, resultou na instauração de processo disciplinar contra o servidor. Os autos da sindicância integraram o
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processo disciplinar, como peça informativa da instrução. Durante o processo, foram assegurados o contraditório e a ampla defesa a Henrique. A administração, ao final, com base em prova emprestada, licitamente obtida por meio de interceptação telefônica, e nos depoimentos colhidos durante a instrução do processo disciplinar, considerou que a infração estava capitulada como ilícito penal, encaminhou cópia dos autos ao Ministério Público e aplicou, de forma motivada, pena de demissão ao servidor. Considerando a situação hipotética apresentada acima, responda, de forma fundamentada, aos questionamentos a seguir. < No decorrer da sindicância, era prescindível o exercício do direito de defesa do servidor? < De acordo com orientação do Supremo Tribunal Federal, há obstáculo jurídico para a utilização da citada prova emprestada no processo administrativo disciplinar?
09)Desapropriação indireta é a designação dada ao abusivo e irregular apossamento do imóvel particular pelo Poder Público, com sua conseqüente integração no patrimônio público, sem obediência às formalidades e cautelas do procedimento expropriatório” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de; in Curso de Direito Administrativo; Ed. Malheiros; 25 ed). Com base nos conhecimentos acerca da desapropriação indireta, defina o termo a quo para incidência de juros compensatórios sobre o valor indenizatório, bem como o prazo de prescrição para ação de desapropriação indireta, tratando, inclusive acerca da aplicação à espécie da súmula 119 do STJ.
10) O diretor-geral de administração do Banco Central do Brasil (BACEN), no uso de sua competência institucional, impediu determinada empresa de participar de processo licitatório, sob o fundamento de que não foi apresentada comprovação de qualificação econômico-financeira. O procedimento licitatório referia-se à contratação de segurança armada. Insatisfeita, a empresa, no dia 15 de junho de 2009, dez dias após a prática do ato que entendeu lesivo aos seus direitos, impetrou mandado de segurança na justiça do Distrito Federal (DF), o qual foi distribuído à 2.a Vara Federal da Seção Judiciária do DF, apontando como autoridade coatora o gerente administrativo do BACEN. A empresa alegou que o ato foi ilegal, pois a citada exigência somente poderia ter sido efetuada por ocasião da assinatura do contrato. Intimada para prestar informações, a autoridade coatora limitou-se a alegar a sua ilegitimidade passiva para figurar na ação. De posse das informações, o juiz condutor do feito rejeitou a alegação de ilegitimidade passiva, com base na teoria da encampação, e concedeu a segurança para que a autoridade coatora se abstivesse de exigir a comprovação de qualificação econômico-financeira antes da assinatura do contrato. Após quinze dias da intimação da sentença, o procurador do BACEN iniciou a análise da sentença proferida. Com base nas informações da situação hipotética acima descrita, elabore texto abordando os vícios da decisão.