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POLÍTICAS PÚBLICAS DA JUVENTUDE: OS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE Aluno: Jefferson Cooper Ferreira 1 Professora: Carolina Lisowski Resumo: Este trabalho tem como propósito, buscar entendimentos que possam auxiliar através do Estatuto da Criança e do Adolescente e como complemento o Estatuto da Juventude, uma melhor aplicabilidade e efetividade de Políticas Públicas da Juventude, Serão vistos os principais artigos dos referidos Estatutos, em especial os direitos e garantias fundamentais para o desenvolvimento sadio e harmonioso dos jovens. Assim, através do social se buscaria uma ressocialização, e um impedimento de que o jovem transgrida e parta para a vida do crime. A criminalidade será tratada da forma que, como o jovem não teria outra oportunidade passe a cometer atos infracionais, seja por pobreza, fome, desemprego, falta de escolaridade, status, obrigação, ou até mesmo por proteção. Expondo dados, estatísticas, relatos e experiências com relação a criminalidade e a juventude, é possível afirmar que somente com Políticas Públicas focadas na infância e na juventude, reduziremos os dados da criminalidade e mortalidade entre os mesmo, com ações de prevenção e de ressocialização. Palavras-chave: Criminalidade, Políticas Públicas, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto da Juventude. INTRODUÇÃO O presente estudo tem por objetivo relatar o cotidiano da sociedade que hoje vê seus jovens entrarem cada vez mais precocemente para o crime, onde o poder público parece não se preocupar com o avanço dos altos índices mortalidade, que onde tudo indica, que nossa juventude está desamparada, a mercê das grandes e perigosas oportunidades de se desvirtuar para lado do crime. Em linhas gerais será abordado a aplicabilidade da lei 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em conjunto com o Estatuto da Juventude lei 12812/13, onde prevê os princípios básicos para uma maior efetividade e abrangência dos jovens em seus artigos, de maneira que se posso compreender os Direitos Fundamentais da criança e do adolescente em relação as Políticas Públicas. Por sua vez a efetividade será resultado da aplicação delas, gerando assim uma maior valorização e oportunidade para uma trajetória mais segura e correta para a juventude. 1 Aluno de Direito pela Faculdade Palotina de Santa Maria - FAPAS. E-mail: [email protected]

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POLÍTICAS PÚBLICAS DA JUVENTUDE:

OS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE

Aluno: Jefferson Cooper Ferreira1

Professora: Carolina Lisowski

Resumo: Este trabalho tem como propósito, buscar entendimentos que possam auxiliar

através do Estatuto da Criança e do Adolescente e como complemento o Estatuto da

Juventude, uma melhor aplicabilidade e efetividade de Políticas Públicas da Juventude, Serão

vistos os principais artigos dos referidos Estatutos, em especial os direitos e garantias

fundamentais para o desenvolvimento sadio e harmonioso dos jovens. Assim, através do

social se buscaria uma ressocialização, e um impedimento de que o jovem transgrida e parta

para a vida do crime. A criminalidade será tratada da forma que, como o jovem não teria outra

oportunidade passe a cometer atos infracionais, seja por pobreza, fome, desemprego, falta de

escolaridade, status, obrigação, ou até mesmo por proteção. Expondo dados, estatísticas,

relatos e experiências com relação a criminalidade e a juventude, é possível afirmar que

somente com Políticas Públicas focadas na infância e na juventude, reduziremos os dados da

criminalidade e mortalidade entre os mesmo, com ações de prevenção e de ressocialização.

Palavras-chave: Criminalidade, Políticas Públicas, Estatuto da Criança e do Adolescente,

Estatuto da Juventude.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo relatar o cotidiano da sociedade que hoje vê seus

jovens entrarem cada vez mais precocemente para o crime, onde o poder público parece não

se preocupar com o avanço dos altos índices mortalidade, que onde tudo indica, que nossa

juventude está desamparada, a mercê das grandes e perigosas oportunidades de se desvirtuar

para lado do crime.

Em linhas gerais será abordado a aplicabilidade da lei 8069/90 - Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA) em conjunto com o Estatuto da Juventude lei 12812/13, onde prevê os

princípios básicos para uma maior efetividade e abrangência dos jovens em seus artigos, de

maneira que se posso compreender os Direitos Fundamentais da criança e do adolescente em

relação as Políticas Públicas. Por sua vez a efetividade será resultado da aplicação delas,

gerando assim uma maior valorização e oportunidade para uma trajetória mais segura e

correta para a juventude.

1 Aluno de Direito pela Faculdade Palotina de Santa Maria - FAPAS. E-mail: [email protected]

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A relação com a criminalidade e a efetividade dos direitos fundamentais será encarada

de forma que, para a redução das taxas e ocorrências cometidos por jovens sirva de exemplo

para que sejam tomadas providências preventivas e não só ver no final a consequência de

uma política mal aplicada, serão registrados dados e tendências que levam a esse tipo de

comportamento.

A partir dessa perspectiva se dará o entendimento de que só se reduzirá a

criminalidade e a evasão desses jovens da escola para crime, com a real gestão dessas

políticas, a questão não é nem de como serão aplicadas, e sim quando realmente irão começar

a serem aplicadas, de uma forma em que valorize e potencialize o melhor de cada criança ou

adolescente.

Através desses argumentos será visto o ponto principal que norteia nosso trabalho, as

políticas públicas para a juventude, qual a demanda principal que essa parte principal da

população necessita?

Mas o que seriam as Políticas Públicas para a Juventude? Qual a sua verdadeira

efetividade na prática, qual a sua área principal de atuação, a verdadeira importância para a

sociedade, quem deve aplicá-las, de quem devemos cobrá-las? Essas perguntas se referem as

Políticas Públicas de prevenção, que visam antecipação do fato, buscando prevenir o jovem de

cometer algum tipo de crime, ou de já terem cometido algum ato infracional, a ressocialização

desses jovens.

1 A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA LEI

Nos últimos tempos temos testemunhado diferentes transformação na sociedade, do

angulo social, cultural, estrutural e político, de forma que cada vez mais se tenha a

necessidade de estar presente e ativo no que se diz sobre as políticas públicas da juventude.

São inúmeros os direitos e os deveres que o Estado tem com as crianças e os

adolescentes, e não se pode falar e políticas públicas para a juventude, sem entender a base

pra quem elas são feitas, com referência a Lei 8069, criada em 13 de julho de 1990, Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA), onde conforme Art. 2º considera-se criança, para os

efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre

doze e dezoito anos de idade, em conjunto com o ECA será citado também a Lei 12852

Estatuto da Juventude, onde conforme artigo Art. 1º para os efeitos desta Lei, são

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consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade.

Esses dois artigos darão a base para que esse trabalho disponha os princípios e as diretrizes

das políticas públicas de juventude.

Criado a pouco mais de 16 anos o Estatuto da Criança e do Adolescente veio substituir

o antigo Código dos Menores, revogado em 1990, onde tratava apenas da assistência,

proteção e vigilância dos que ainda não tinham completado 18 anos. Aplicando-se àquele

menor que encontrasse em situação irregular, abandonado, vítima de crime, desvio de conduta

ou quando autor de infração penal.

Estando em alguma dessas condições, o juiz de menores teria legitimidade a aplicar as

chamadas "medidas de assistência ou proteção" (advertência ou internação) buscando

fundamentalmente sua integração sócio familiar. Com referência aos artigos 2º e 94 do

Código de Menores, fica claro que vigorava naquela época o controle social e a

criminalização da pobreza.

O ECA vem o intuito de auxiliar o legislador, impondo um conjunto de regras de

proteção, colocando a infância e a juventude seguros de qualquer forma de negligência,

descriminação exploração, crueldade e opressão. Tudo isso em obediência não somente a tão

solene compromisso internacional, como também ao que determina o art 227, caput da

Constituição Federal, que descreve como "dever da família, da sociedade e do Estado

assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao

respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de

toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

O Estatuto da Criança e do Adolescente foi criado a partir da Assembleia Geral das

Nações Unidas, onde adotou a Convenção sobre os Direito da Criança - Carta Magma para as

crianças de todo mundo - em 20 de novembro de 1989.

Essa assembleia fundamenta-se no reconhecimento da dignidade inerente e dos

direitos iguais e inalienáveis, de todos os membros da família, levando em conta os princípios

proclamadas na Carta das Nações Unidas, a liberdade, a justiça e a paz no mundo.

Reconheceu-se que as Nações Unidas proclamam e concordam na Declaração

Universal dos Direitos Humanos , reconhecendo que toda a pessoa possui os direitos e

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liberdades neles enunciados sem distinção, convencidos de que a família deve receber a

proteção e assistência necessárias a fim de poder assumir plenamente suas responsabilidades

dentro da comunidade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente se divide em 2 Livros: o primeiro é a parte

geral que compreende três títulos e o segundo e a parte especial que compreende sete títulos.

Na parte geral entram as disposições preliminares, que vão do Art 1º ao 6º. Esta

primeira parte começa sobre o ponto de vista da 'proteção integral', não só material e

espiritual, como também no momento da concepção, garantindo aparo e segurança, não os

privando das leis, mas sim já incluindo-os nela. Considerando que são crianças pessoas com

até doze anos de idade e adolescente com até dezoito, e excepcionalmente com até vinte um

anos.

Art 2º - Considera-se criança, para efeitos desta Lei, a pessoa até 12 anos de idade

incompletos, adolescente até dezoito anos de idade incompletos.

A criança e o adolescente não devem ser objeto de preocupação dos legisladores, que

tem como responsáveis o pai e a mãe, mas sim ausência de um nível adequado na educação, e

as condições de extrema miserabilidade em que vivem, aliadas à ignorância de uma

paternidade responsável, obrigam o legislador a dedicar uma atenção especial.

A partir destes se apresentam os direitos fundamentais, onde a criança em virtude da

falta de maturidade física e mental necessita de proteção e cuidados especiais, tanto antes

quanto após seu nascimento. Isso demonstra uma enorme preocupação quanto ao

desenvolvimento da pessoa humana assegurando-lhe todos os meio e oportunidades.

Art 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais,

inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,

assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, espiritual e

social, em condições de liberdade e dignidade.

Fica assegurado que os Estados se certificarão que as instituições, os serviços e os

estabelecimentos encarregados do cuidado e da proteção cumpram os padrões estabelecidos

pelas autoridades competentes, priorizando a formulação de políticas públicas, na destinação

de recursos da União, sabendo que sozinhos não seriam suficientes para solucionar todos os

problemas da infância, principalmente da infância abandonada.

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É também dever da família, da comunidade, da sociedade em geral assegurar esses

direitos, priorizando a proteção e o cuidado que sejam necessários para seu bem estar, em

contra partida, os Estados se certificarão de que as instituições encarregadas do cuidado ou da

proteção cumpram os padrões estabelecidos pelas autoridades competentes, especialmente no

que se diz à segurança e à saúde, conforme o Art. 227 da CF.

Diz-se então, que a Constituição além de estar alerta quanto as necessidades materiais

da vida, valoriza os aspectos espirituais, como a educação, a cultura, a dignidade, o respeito.

Art 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder

Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à

vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária.

O direito a vida, é um dos primeiros a serem citados dentre os direitos fundamentais,

onde irá se referir a mortalidade infantil, desde antes da concepção. Entrando nesse campo de

pesquisa desde efeitos como: desnutrição, infecções respiratórias, mortes prematuras, baixa

escolaridade dos pais, baixa renda familiar, não será mostrado em números esses dados, até

porque não é o objetivo do trabalho.

Foi com base nos princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança,

enumeram os sete Direitos Capitais da Criança e do Adolescente:

À VIDA

À SOBREVIVÊNCIA

AO FUTURO

À INFÂNCIA E A ADOLECÊNCIA

À DIGNIDADE

AO RESPEITO E À LIBERDADE

Chamaram os Constituintes para, acima das barreiras doutrinarias, sociais, políticas ou

religiosas, apoiarem essa emenda, que teria efeitos altamente positivos nas áreas da

sobrevivência, da saúde do trabalho da proteção especial, da dignidade e do desenvolvimento

integral da infância e da juventude.

Art 7º - A criança e do adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante

a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o

desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Do direito a saúde, determina o art. 227, § 1º, da Constituição Federal, promova o

Estado programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admita a

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participação de entidades não governamentais e obedecendo o percentual de recursos públicos

destinados a saúde.

O planejamento familiar também entra em questão quando se relaciona aos Direitos

fundamentais, mas de diverge com alguns autores, expondo que o controle de natalidade é

indesejável para o Brasil, uma vez que se opões às expectativas, aos desejos e à índole do

nosso povo. Sobretudo, quando todos buscam uma redemocratização do País.

Consideram que é falsa a concepção de que a pobreza decorre da existência de

famílias numerosas, mostrando que, é o desenvolvimento social e econômico e não o controle

de natalidade que deve ser promovido e estimulado.

Como citado no inicio do texto também temos o Estatuto da Juventude, lei nº 12852 de

05/08/2013, definindo o jovem como a pessoa entre 15 e 29 anos, com isso acaba de atingir

parcela do segmento alvo de outra lei, estabelecendo uma relação entre as duas legislações.

A não tão nova lei da juventude vem trazer ainda mais força para o ECA,

possibilitando que aos ativistas da causa infanto-juvenil um maior apoio, de modo que essas

leis irão operar em conjunto.

O Estatuto da Juventude, observando os seus atos concretos e ações voltadas ao

atendimento, constata-se que foram preservados os princípios e ferramentas do Eca, dando

continuidade aos seus atos, com relação a educação ao trabalho saúde e cultura, o Estatuto faz

com que esses direitos sejam aprofundados.

2 JUVENTUDE E FATOR CRIMINALIDADE

A mortalidade infantil é talvez um dos problemas mais sérios que a sociedade

enfrenta, onde conforme indicador da Unicef Brasil, avalia o risco de morte entre adolescentes

em 267 cidades do país.

O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) foi criado para medir o impacto da

violência, monitorar o fenômeno e avaliar a aplicação de políticas públicas.

Conforme pesquisa o IHA apresenta o risco sofrido por adolescentes, entre 12 e 18

anos, de serem vítimas de assassinato, nas grandes cidades, que segundo análise os

homicídios apresentam 46% de todas as causas de mortes nessa faixa etária.

O estudo avaliou 267 municípios com mais de 100 mil habitantes chegando a um

prognóstico alarmante, estimando que passe de 33 mil o número de adolescentes assassinados

entre 2006 e 2012. o estudo ainda revela que raça, gênero, idade e territórios são fatores que

aumentam de serem vítimas de homicídios as chances. Segundo o índice, os meninos entre 12

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a 18 anos têm quase 12 vezes mais probabilidade de ser assassinados do que as meninas dessa

mesma faixa etária. Já os adolescentes negros têm quase três vezes mais chance de morrer

assassinados do que os brancos. Outro fator apontado é que a maioria dos homicídios é

cometida com arma de fogo.

Os resultados reforçariam a tese de que somente com a implementação políticas

públicas programas e ações para a educação e promoção dos direitos de crianças e

adolescentes estancariam as mortes entre os mesmos.

Uma obra literária que acaba por se tornar referência na análise do que se propões

neste trabalho, onde em um documentário acompanharam a vida de 17 crianças e adolescentes

e com a triste constatação de que apenas um sobreviveu no final das filmagens.

Celso: Por que você tá nessa vida, mesmo sabendo que só tem desvantagem?

Falcão: É revolta mesmo. E ódio. tristeza. Mágoa. Guardado tudo no peito.

Sofrimento. Várias coisas. Tento dar de bom pra minha família (tiro ao fundo). Até

hoje minha famíia não pode, mas eu tento o que posso. Não vou chegar até um lugar que eu não alcanço. Só vou até o lugar que eu alcanço pra poder dar de melhor e de

bom pra minha família e ela não passar o reflexo que passou, ou sufoco que

passava.[...] (FALCÃO - MENINOS DO TRÁFICO, 2006, p. 79)

Dentre todos o números e estatísticas que se enquadram para a realização de uma

pesquisa na área da criminalidade entre os jovens, serão mostrados os próprios relatos desses

que em um certo momento na sociedade passam a ser apenas um número e não serem

humanos. Através do livro Falcão - Meninos do Tráfico, serão descritos relatos reais de quem

vive esta realidade, os próprios jovens.

Todos os fatores que influenciam na criminalidade, o mais importante seria o fator

econômico, onde surge a crise econômica se instiga a criminalidade, e vice-versa, o

fechamento de grande empresas, desemprego, o aumento da inflação com a diminuição do

poder aquisitivo tudo isso sofre influencia para o aumento da criminalidade. Ainda podemos

citar como causas: a pobreza, a miséria, a falta de escolaridade ou a evasão escolar, a fome, o

desemprego, a influencia e por fim as oportunidades.

Inicia-se pelas oportunidades pois esse é o fator determinante para a entrada no crime,

onde o poder publico não atua, onde ele não chega, onde a ociosidade predomina, são as

oportunidades que se fazem presentes.

Com o avanço do trafico e das armas, não necessariamente dentro das comunidades,

mas sim, em todas as partes da sociedade, o fator de oportunidade da influência desses

segmentos é maior.

Celso: E essa arma que você ta usando, você sabe mexer?

Menor: Essa daqui? (levanta a pistola) Sei. Isso aqui é uma pistola 45. Quebra osso,

ta ligado? (engatilha) Aqui a bala ta já na agulha (estala), fuu (sopra o cano), tá

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pronta pra sair (riso nos lábios). [...] (FALCÃO - MENINOS DO TRÁFICO, 2006,

p. 129)

Depoimentos assim reforçam a tese de que a criminalidade esta cada vez mais forte

dentro das favelas, periferias, cohabs, condomínios. O trecho retirado da entrevista em que

Celso Athayde fez com pouco mais de 10 jovens em um dos morros que visitou reforça isso.

O perfil médio de jovens infratores é de 16 a 18 anos, fora da escola, sem trabalho, de

família extremamente pobre e esse início na criminalidade tem sido cada vez mais precoce.

Esses dados foram coletados e organizados pelos pesquisadores da Diretoria de Estudos e

Políticas Sociais (Disoc), mostrando que há uma relação muito grande desse jovens com a

desigualdade social.

A partir disso, concluem que se é fato que os jovens excluídos enfrenta maiores

dificuldades de inserção social, e que ampliam as chances de cometerem atos ilícitos, também

é verdade que os jovens vindo de famílias mais ricas se envolvem tão ou mais com drogas,

armas, gangues, atropelamento. A única diferença é que esses possuem mais chances de se

defenderem, por outro lado, que adolescentes mais pobres, além de terem seu acesso à justiça

dificultado, ainda são vítimas de preconceito de classe.

Ainda segundo a pesquisa, 23.1 mil adolescente estavam privados de liberdade em

2013, tendo como o roubo e tráfico de drogas os delitos mais comuns praticados por esses

adolescentes.

As considerações feitas até aqui para a importância de se pensar a problemática dos

conflitos cometidos e sofridos pelos jovens potencializada pela situação socioeconômica. Este

enfoque permite compreender a violência entre os jovens, em conjunto as condições

socioeconômicas desfavoráveis, fomentando a violência e o ingresso na criminalidade.

3 POLÍTICAS PÚBLICAS DA JUVENTUDE: A TEORIA DA PRÁTICA

3.1 CONCEITO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras

transformações através dos tempos, atualmente diz-se que a função do Estado é promover o

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bem-estar da sociedade.Para que isso se concretize é preciso desenvolver uma séria de ações e

atuar diretamente em diferentes áreas, como, saúde, educação, meio ambiente.

Mas o que seriam as Políticas Públicas? Políticas Públicas são um conjunto de ações e

decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade

Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos

(nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o

interesse público. O bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela

sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela

faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e

vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos

(tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que

atendam as demandas da população.

Diante de tais circunstâncias o Estado passa a definir as áreas que serão priorizadas a

políticas, é importante destacar que qualquer estratégia de prevenção da criminalidade

violenta deve considerar a existência de uma série de fatores que predispõem a ocorrência dos

atos violentos. Considerando-se que a violência é um fenômeno complexo, os programas de

prevenção à sua ocorrência também devem o ser para que alcancem êxito, pois nenhuma ação,

sozinha, apresenta resultados tão positivos quanto aqueles que são desenvolvidos de forma

integrada.

As Políticas Públicas podem ter vários objetivos e particularidades distintas. Pode-se

dividi-las em três tipos:

- Políticas Públicas Distributivas;

- Políticas Públicas Redistributivas;

- Políticas Públicas Regulatórias.

As políticas públicas distributivas possuem objetivos relacionados ao oferecimento de

serviços do estado e equipamentos, esse caso é financiado pela sociedade por meio de

orçamento público, mas não é dada universalmente a todos

As políticas públicas redistributivas visa redistribuir a renda em forma de

financiamento em serviços e equipamentos e recurso. Contudo, as camadas mais altas da

sociedade são responsáveis por financiar as pessoas de rendas menores, também vistas como

direitos sociais.

As políticas públicas regulatórias são criadas para avaliar alguns setores no intuito de

criar normas ou implementar serviços e equipamentos. Essas políticas são responsável pela

normatização das políticas públicas distributivas e redistributivas.

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Através dessas formas de Políticas Públicas se dará de uma maneira teórica uma

melhor condição de que crianças e adolescentes convivam em harmonia e com um resultado

satisfatório em relação a sociedade.

3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A JUVENTUDE

Ao analisarmos a eficácia das políticas públicas infraconstitucionais percebemos a

falta de solidariedade entre o sistema constitucional de proteção dos direitos fundamentais e

as políticas públicas, com referência ao art. 3º da CF.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – Garantir o desenvolvimento nacional;

III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais;

IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça sexo, cor, idade, e

quaisquer outras formas de discriminação.

Percebendo a importância desse artigo em relação as políticas sociais, se consegue ver

se elas são realmente aplicadas, e quando são, se pergunta se são eficazes.

As políticas públicas infraconstitucionais (bolsa família, fome zero, educação para

todos, centro de apoio a família, habitações populares, incentivo ao pequeno produtor, etc.)

devem ser em prática um referencial para a concretização dos direitos fundamentais, dever de

progresso impõe às políticas de no mínimo a redução gradual de seus usuários: quem ingressa

no programa “bolsa família” deve ser inserido num programa ou política pública de acesso ao

emprego e renda para não mais necessitar daquele amparo social mínimo.

Comparando as políticas sociais com os direitos fundamentais, garantir a efetividade

do direito à educação, é permitir que a sociedade evolua culturalmente rumo a democracia

buscando, além da participação política, a consecução dos direitos fundamentais, importante

para a evolução e consolidação do estado Democrático de Direito.

Com referência a saúde que é um direito vital, básico, esta explicita na constituição

federal do Brasil devendo ser gratuita, atendendo às necessidades da pessoa humana. O Sus

Sistema Único de Saúde, vigente no Brasil é destinado a todos os cidadãos e é financiado com

recursos recolhidos através de impostos e contribuições sociais pagos pela população, e tem

por intuito prestar serviços com qualidade, correspondendo as precisão de cada um,

independente do poder aquisitivo do cidadão.

O trabalho, sinônimo de progresso para o cidadão e o país, deve ser entendido como

elemento que consolida a identidade do homem, permitindo uma plena socialização. É pela

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concretização do direito ao trabalho, que se garante e promove o princípio da dignidade

humana.

A ausência de políticas públicas concretizadoras dos direitos fundamentais importam

em omissão inconstitucional, levando aos magistrados ao ato de efetivação das políticas

públicas de proteção aos direitos fundamentais.

O Brasil não possui nenhum sistema de avaliação de políticas públicas, mas possuem

dados a respeito dos mesmos, essa não importância para saber os resultados da eficiência das

políticas publicas pode não ser um bom argumento de campanha, sabendo-se que seus

resultados não resultado positivo, ou seja, uma péssima imagem para um governo.

"NUN DISCURSO GERAL sobre os direitos do homem, deve-se ter a preocupação

inicial de manter a distinção entre teoria e prática, ou melhor, deve-se ter em mente, antes de

mais nada, que teoria e prática percorres duas entradas diversas e a velocidades muito

desiguais. Quero dizer

"NUN DISCURSO GERAL sobre os direitos do homem, deve-se ter a preocupação inicial de manter a distinção entre teoria e prática, ou melhor, deve-se ter em mente,

antes de mais nada, que teoria e prática percorres duas entradas diversas e a

velocidades muito desiguais. [...] para que eles sejam reconhecidos e protegidos

efetivamente, ou seja, para transformar aspirações (nobres, mas vagas) exigências

(justas , mas débeis), em direitos propriamente ditos (isto é, no sentido em que os

juristas falam em "direito") (BOBBIO, Norberto, 1909, p. 63)

A ligação principal entre as políticas publicas sociais garantindo os direitos

fundamentais da juventude, denota uma certa imaturidade do Estado como intermediador de

conflitos. Os direitos fundamentais tidos como base para a aplicação de políticas para a

redução da criminalidade precisam de foco, e agindo com prevenção e não como repressão,

ou seja, formar a base de seu alicerce na infância, impedindo a aliciação desses futuros jovens

no crime.

A sociedade tem um papel muito importante nesse contexto, não podendo fica de

braços cruzados, julgando o poder público quando algo não da certo, temos que ter a

concepção de que o Estado não da conta, as vezes nos levando a pensar que a CF de 1988 foi

criada com muitos deveres ao Estado, e quem tenta fazer bem tudo, acaba fazendo mal nada

A partir dessa concepção de que somente com a efetivação real dos direitos

fundamentais, concretizados através de políticas públicas fundamentadas na necessidade de

cada região, estado, cidade, município com o apoio da sociedade serão realmente eficazes

essas ações.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a criação da Constituição Federal o Estado passou a ter obrigações com a

sociedade de um modo geral, passando a ter em sua responsabilidade, dispostas em leis, o

dever de ofertar, saúde, educação, segurança, como os direitos fundamentais.

Através dos tempos foram observadas que essas obrigações e contudo a necessidade

que a sociedade requer, não é tão eficaz como deveria ser na teoria, a defasagem na prestação

e assistência dessas obrigações afeta comumente com mais frequência as classe de menor

poder aquisitivo.

Em relação a criminalidade que vem crescendo em escalas desproporcionais nas

grandes periferias atraindo o jovem sem estudo, sem família, a merce da exploração de

traficantes e mais propensos a arriscar a vida em troca de algum trocado, devemos encarar as

políticas públicas como uma forma de impedir que esse jovens cheguem até a criminalidade,

pois em sua vida é mais presente o tráfico, como má influência, do que o poder público, com

as políticas sociais.

Através dessa relação, políticas públicas e direitos fundamentais, com a devida teoria

posta em prática, impediríamos o ingresso desses jovens e adolescentes na vida bandida. Mas

para que isso aconteça de fato precisamos de políticas públicas eficientes, que resgatem

realmente estes jovens do crime, e quando isso não acontecer, por um acaso desse jovem já ter

cometido um ato infracional, se resgate ele para uma vez ter cometido o ato, não volte a

cometer, dando a ele uma oportunidade, um meio para que isso não aconteça novamente.

Políticas Públicas de prevenção são a melhor maneira de resgatar a infância e a

juventude, o acompanhamentos das crianças, a observação dos jovens e seu comportamento,

são inúmeras as dificuldades que o poder público tem para administrar um município, quem

dirá um país do tamanho do Brasil, contudo, se afirma a importância e a necessidade da

sociedade estar presente, observando e cobrando dos seus representantes uma resposta, ainda

não satisfeito com o resultado, se mostre presente ativamente para a mudança. A pró-atividade

em relação à trabalhos feitos por Ong's demonstra essa falta de estrutura e essa lacuna que o

Estado tem deixado sobre os trabalhos específicos para com a juventude.

É necessário acima de tudo a compreensão do estatuto e sua interpretação e execução

posta em prática, levando em conta que se tivermos leis, estatutos e diversos outros meios

para os jovens se apoiarem, mas sem uma efetiva prática disso, estará se empregando políticas

vazias. Novamente se jogará fora uma fase do ser humano restringindo o direito a vida e o

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direito a oportunidade que esses jovens teriam de demonstrar e ajudar a todos com suas

habilidades, possibilitando a todos um futuro.

Não se pode dar as costas para os erros do passado, e somente cobrar quando nos é

afetado, nossos jovens precisam de nós, pois sem eles não termos um futuro, ou termos um

futuro sem jovens, sem novas ideias, sem esperança, sem a alegria e o brilho da juventude.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais, Políticas Públicas

Conceitos e Práticas, Minas Gerais, 2012.

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