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Direito Tributário 945 QUESTÕES 1. DIREITO TRIBUTÁRIO. TRIBUTO. ESPÉCIES. CF, Título VI, Capítulo I, arts. 145 a 149-A; Arts. 153 a 156; art. 177, § 4º e 195. CTN, art. 3º e arts. 16 a 82 1.1 ESPÉCIES DE TRIBUTOS 1.1.1 TAXAS 01. (CESPE – Procurador BACEN/2013) Assinale a opção correta em relação a taxas e preços públicos. a) As taxas, diferentemente dos preços públicos, são compulsórias e condicionam-se ao princípio da anterioridade. b) O valor que remunera a contraprestação de um serviço público essencial de forma compulsória é tratado como preço público. c) As taxas podem ser instituídas por normas adminis- trativas, ao passo que os preços devem ser fixados por lei. d) Os preços públicos são considerados receitas deri- vadas, havendo, portanto, discricionariedade em seu pagamento. e) As taxas remuneram serviços públicos e, portanto, são consideradas receitas originárias. | COMENTÁRIOS| . Nota dos autores: A questão exige do concur- sando o conhecimento específico sobre uma polêmica distinção entre taxas e preços de serviços públicos. Desta- ca-se neste sentido a Súmula 545 do STF: "Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferen- temente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação Direito Tributário Harrison Leite e Thiana Cairo a lei que as instituiu." Sobre esta súmula discorreu Ricardo Alexandre: "É importante relembrar que, em virtude de o princípio da anualidade não mais ser aplicável em matéria tributária, tem-se por prejudicada a parte final da Súmula, devendo ser desconsiderada a exigência de prévia auto- rização orçamentária para a cobrança de taxas” (In: ALE- XANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 5.ed. São Paulo: Método, 2011). Em síntese, a principal diferença entre os institutos reside no regime jurídico aplicado. As taxas devem respeito ao sistema tributário, sendo, portanto, compulsórias e orientadas por todos os princípios fiscais, como é o caso da legalidade e anterioridade. Ao passo que os preços públicos, por não serem tributos, são facultativos orientados por normas de direito privado. Esta distinção causa reflexos no âmbito do Direito Financeiro, haja vista que devido à ausência de coercibilidade o preço público é considerado como uma receita originária, recebida pelo Estado em decorrência da exploração do patrimônio do pró- prio Estado. As taxas, por sua vez, são consideradas como receita derivada, auferida pelo Estado por meio do uso do seu poder soberano em regime de direito público. Alternativa correta: letra “a”: Sendo as taxas uma das espécies de tributo, conforme prescreve o art. 145, inciso II da CF, por definição são compulsórias e devem observar todos os princípios tributários contidos no art. 150 da Constituição Federal, em especial o da anteriori- dade que veda a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”. Alternativa “b”: Por não serem tributos, os preços públicos não possuem o caráter da compulsoriedade. Alternativa “c”: Por ser tributo, as taxas, devem obe- diência ao princípio da legalidade, sendo instituída por lei, conforme prescreve o art. 150, inciso I da CF. Alternativa “d”: Por não gozarem de coercibilidade, os preços públicos são classificados como receitas originá- rias onerosas, e não derivadas. Alternativa “e”: Apesar de remunerarem serviços públicos, as taxas são consideradas receitas derivadas,

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Direito Tributário 945

�QUESTÕES

1. DIREITO TRIBUTÁRIO. TRIBUTO. ESPÉCIES.

CF, Título VI, Capítulo I, arts. 145 a 149-A; Arts. 153 a 156; art. 177, § 4º e 195.

CTN, art. 3º e arts. 16 a 82

1.1 ESPÉCIES DE TRIBUTOS

1.1.1 TAXAS

01. (CESPE – Procurador BACEN/2013) Assinale a opção correta em relação a taxas e preços públicos.

a) As taxas, diferentemente dos preços públicos, são compulsórias e condicionam-se ao princípio da anterioridade.

b) O valor que remunera a contraprestação de um serviço público essencial de forma compulsória é tratado como preço público.

c) As taxas podem ser instituídas por normas adminis-trativas, ao passo que os preços devem ser fixados por lei.

d) Os preços públicos são considerados receitas deri-vadas, havendo, portanto, discricionariedade em seu pagamento.

e) As taxas remuneram serviços públicos e, portanto, são consideradas receitas originárias.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: A questão exige do concur-sando o conhecimento específico sobre uma polêmica distinção entre taxas e preços de serviços públicos. Desta-ca-se neste sentido a Súmula 545 do STF: "Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferen-temente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação

Direito Tributário

Harrison Leite e Thiana Cairo

a lei que as instituiu." Sobre esta súmula discorreu Ricardo Alexandre: "É importante relembrar que, em virtude de o princípio da anualidade não mais ser aplicável em matéria tributária, tem-se por prejudicada a parte final da Súmula, devendo ser desconsiderada a exigência de prévia auto-rização orçamentária para a cobrança de taxas” (In: ALE-XANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado.  5.ed. São Paulo: Método, 2011). Em síntese, a principal diferença entre os institutos reside no regime jurídico aplicado. As taxas devem respeito ao sistema tributário, sendo, portanto, compulsórias e orientadas por todos os princípios fiscais, como é o caso da legalidade e anterioridade. Ao passo que os preços públicos, por não serem tributos, são facultativos orientados por normas de direito privado. Esta distinção causa reflexos no âmbito do Direito Financeiro, haja vista que devido à ausência de coercibilidade o preço público é considerado como uma receita originária, recebida pelo Estado em decorrência da exploração do patrimônio do pró-prio Estado. As taxas, por sua vez, são consideradas como receita derivada, auferida pelo Estado por meio do uso do seu poder soberano em regime de direito público. 

Alternativa correta: letra “a”:  Sendo as taxas uma das espécies de tributo, conforme prescreve o art. 145, inciso II da CF, por definição são compulsórias e devem observar todos os princípios tributários contidos no art. 150 da Constituição Federal, em especial o da anteriori-dade que veda a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”.

Alternativa “b”:  Por não serem tributos, os preços públicos não possuem o caráter da compulsoriedade.

Alternativa “c”: Por ser tributo, as taxas, devem obe-diência ao princípio da legalidade, sendo instituída por lei, conforme prescreve o art. 150, inciso I da CF.

Alternativa “d”: Por não gozarem de coercibilidade, os preços públicos são classificados como receitas originá-rias onerosas, e não derivadas.

Alternativa “e”:  Apesar de remunerarem serviços públicos, as taxas são consideradas receitas derivadas,

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conforme determina o art. 9º, Lei n. 4.320/64: “Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contri-buições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades.”

02. (Cespe – Procurador Federal/2013) Relativa-mente à distinção entre taxa e preço público, julgue o item seguinte.

Enquanto determinado aeroporto for administrado pela INFRAERO, a taxa de embarque que o consumidor pagar classificar-se-á como uma taxa, no sentido de espécie tributária; se for transferida a administração do citado aeroporto para concessionário privado, o refe-rido pagamento passará a ter natureza jurídica de preço público.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa errada: A tarifa aeroportuária tem natureza jurídica de preço público, pois é retribuição devida pela utilização da infreaestrutura aeroportuária, de forma indivisível, não se confundindo com o tributo na modalidade taxa, que é devida pela prestação de um serviço público divisível, de forma efetiva ou potencial, ou pelo exercício do poder de polícia (art. 145, II CF88).

1.1.2 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

1.1.2.1 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

03. (ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007) Contribuição previdenciária classifica-se como

a) contribuição de intervenção no domínio econô-mico.

b) taxa vinculada à prestação de benefícios previden-ciários de natureza continuada.

c) contribuição corporativa.

d) contribuição social.

e) contribuição de seguridade vinculada ao tesouro da União, em razão da universalidade de cobertura e de atendimento.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: É sabido que no Sistema Tri-butário brasileiro vigora a classificação quinquipartite ou pentapartida, de forma que a doutrina majoritária e o próprio STF1 entendem que são cinco as espécies de tri-butos discriminados em nossa Constituição: impostos, taxa, contribuições de melhoria, empréstimo compul-sório e as contribuições especiais. Esta última espécie encontra disciplinamento geral no art. 149 da Lei Maior,

1 RE: 146733/SP

dispositivo que estabeleceu a possibilidade da União instituir três espécies de contribuições, quais sejam: a) as contribuições sociais; b) as contribuições de interven-ção no domínio econômico (CIDE); e c) as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas (corporativas). Veja: “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art.  195, §  6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo”.

Alternativa correta: letra “d”: As contribuições sociais são a primeira das subespécies de contribui-ções especiais previstas no art.  149 da Constituição Federal. Segundo o entendimento esposado pelo STF (RE  138.284-8/CE), essa subespécie ainda está sujeita a mais uma divisão. Assim, tais contribuições podem ser classificadas como: a) contribuições social-previdenciá-rias (quando destinadas a custear os serviços relaciona-dos à saúde, à previdência e à assistência social – vide CF, art.  194); b) outras contribuições sociais (as residuais previstas na CF, art. 195, § 4º); ou c) contribuições sociais gerais (quando destinadas a algum outro tipo de atuação da União em outras áreas sociais). Portanto, com acerto o item ao afirmar que as contribuições previdenciárias clas-sificam-se como contribuição social.

Alternativa “a”: As contribuições de intervenção no domínio econômico, também chamadas de contri-buições interventivas ou, simplificadamente, de CIDEs são, em regra, o instrumento regulatório da economia, cobrável, quase sempre, dos integrantes do setor ao qual seja dirigida a atuação de intervenção da União. As CIDEs têm uma nítida função extrafiscal, sendo uma importante ferramenta de correção das distorções e abusos de segmentos econômicos descompassados.

Alternativa “b”: As contribuições não podem ser confundidas com as “taxas”, por não remunerar serviços cobrados ou disponibilizados aos contribuintes. De fato, havendo referibilidade direta entre a atividade estatal e o sujeito passivo, ter-se-á taxa; se a referibilidade for indireta, sendo desenvolvida para o atendimento do interesse geral, porém deflagrando um especial bene-fício a uma pessoa ou grupo de pessoas, ter-se-á a con-tribuição.

Alternativa “c”: As contribuições de interesse das categorias profissionais, também chamadas de contri-buições profissionais ou corporativas, têm como obje-tivo obter recursos destinados a financiar atividades de interesses de instituições representativas ou fisca-lizatórias de categorias profissionais ou econômicas, não possuindo qualquer vinculação com a previdência social.

Alternativa “e”: O erro da assertiva consiste em afir-mar que a contribuição está vinculada ao tesouro da União, quando em verdade, sua vinculação é com a seguridade

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Direito Tributário 947

social (saúde, previdência e assistência social), conforme assevera o caput do art. 195 da Constituição: “A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenien-tes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:”

04. (ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007)

• É solidária a responsabilidade dos sócios, ainda que integrantes de sociedade por quotas de res-ponsabilidade limitada, em virtude do disposto em lei específica, qual seja, a Lei nº 8.620/93, segundo a qual “o titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pesso-ais, pelos débitos junto à Seguridade Social”. Essa norma foi julgada inválida pelo STJ só porque pro-veniente de lei ordinária?

• Em se tratando de contribuição para o salário-edu-cação, competia não ao INSS, agente arrecadador, mas à União, que a instituiu e é, portanto, sujeito ativo da obrigação tributária nos termos do art. 119 do CTN, integrar o pólo passivo da ação de repeti-ção de indébito?

• O resultado da venda de mercadorias constitui base de incidência de contribuição para a seguridade social?

a) Sim, sim, sim

b) Não, não, não

c) Sim, não, sim

d) Sim, não, não

e) Sim, sim, não

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “c”: A sequência correta é “Sim, não, sim”. Vejamos:

Item I: A referida lei foi considerada inconstitucio-nal não apenas pelo STJ (REsp nº  1.153.119/MG), como pelo STF (RE nº 562.276/PR), pois tratou em lei ordiná-ria tema de norma geral em matéria tributária, afeto, portanto, à lei complementar. Vale destacar que este último foi julgado sob o regime do art. 543-B do CPC, o que confere especial eficácia vinculativa ao precedente e impõe sua adoção imediata em casos análogos. Em síntese, os julgados entenderam que a Lei 8.620/93 não se limitou a repetir ou detalhar a regra de responsabili-dade constante do art.  135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova hipótese específica e distinta. Ao vincular à simples condição de sócio a obrigação de responder solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a Seguridade Social, tratou a mesma situação genérica regulada pelo art.  135, III, do CTN, mas de modo diverso, incorrendo em inconstitucionalidade por violação ao art.  146, III, “b” da CF, que prescreve: “Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III – estabelecer

normas gerais em matéria de legislação tributária, espe-cialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários”.

Item II: O INSS deve figurar no pólo passivo da hipo-tética ação de repetição de indébito que busque a resti-tuição da contribuição para o salário-educação. No caso, o salário-educação, recepcionado pela CF (art. 212, § 5º da CF e art. 34 do ADCT) é contribuição especial cujo agente fiscalizador é o INSS. Por esse trabalho de fiscalizar, o INSS retém parte do montante do fundo do salário-educação. Assim, caracterizado fica o litisconsórcio necessário com a União, nos termos do art. 47 do CPC. No ponto, cumpre lembrar que o art. 119 do CTN não trata da competência tri-butária, que enseja a instituição de tributos, tampouco do destinatário do produto da arrecadação, mas sim de definir quem possui capacidade para figurar no polo ativo da rela-ção tributária, como credor e, assim, fiscalizar, lançar, exigir, se necessário em juízo, a satisfação do crédito tributário. Veja: “Art. 119. – Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurí-dica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Vale destacar que não se deve confun-dir a competência tributária com a capacidade tributária ativa, pois a primeira é política e indelegável (art. 7º, caput, CTN) e consiste em uma das parcelas entre as prerrogativas legiferantes de que são portadoras as pessoas políticas, consubstanciada na faculdade de legislar para a produção de normas jurídicas sobre tributos. A capacidade tributária ativa, por sua vez, é administrativa e delegável, pois se trata do poder de arrecadar, vigiar, cobrar, adquirindo a condição de sujeito titular de direitos subjetivos, relativos à obriga-ção fiscal. No caso, o INSS tem a capacidade de fiscalizar e, por esta razão, pode figurar no polo passivo da demanda. Enfim, vale registrar que o concurso em tela ocorreu no ano  2007, razão pela qual era possível afirmar que o INSS possuía capacidade tributária ativa. Atualmente tal tarefa é atribuição da Receita Federal do Brasil.

Item III: O art.  195, I, “b” da CF determina que as empresas e entidades a ela equiparadas, contribuirão para a seguridade social através de contribuição que incidirá sobre sua receita ou faturamento. Trata-se das contribuições do PIS/PASEP e Cofins que têm como base de cálculo o valor do faturamento, que corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das recei-tas auferidas, independentemente da atividade por elas exercidas e da classificação contábil adotada para a escrituração das receitas. Desta forma, o resultado da venda de mercadorias constitui base de incidência das referidas contribuições.

Alternativas “a”, “b”, “d” e “e”: A sequência cor-reta é “Sim, não, sim”. Confira os comentários acima.

1.1.3 CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE

05. (ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007) Responda às questões abaixo, com Sim ou Não. Em seguida, indique a opção que contenha a seqüência correta.

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Direito Tributário 1003

Alternativa “d”: Caso haja simulação ou abuso de direito estar-se-ia diante da evasão fiscal e não da eli-são. Observe que a assertiva quis tratar do instituto da elisão quando se reportou ao planejamento tributário lícito. Assim, por óbvio, na elisão, não há que se falar em abuso de direito, tampouco na simulação, mecanismos rechaçados no ordenamento jurídico pátrio.

Alternativa “e”: De fato, sem propósito negocial, feridos estão os princípios mencionados, pois contri-buintes com elevada capacidade contributiva estarão se livrando ilicitamente de tributos, enquanto outros, com capacidade reduzida, inclusive pela carga tributá-ria, continuarão pagando. Desse modo, pessoas iguais possuem cargas tributárias efetivas distintas. Isonomia ferida.

18.CRIMES TRIBUTÁRIOS

105. (CESPE – Procurador BACEN/2013) O respon-sável pela contabilidade de determinada instituição financeira, de comum acordo com o gerente de uma das agências da instituição e com o diretor-presidente, deixou de realizar, por mais de um ano, a devida escri-turação de operações que ocasionavam fato gerador de tributo. O tributo não foi pago e o produto da sone-gação foi distribuído aos diretores da instituição. Após fiscalização, a irregularidade foi constatada, tendo sido lavrado o correspondente auto de infração pelo fisco.

Nessa situação hipotética,

a) todos os envolvidos devem responder por crime tributário, na medida de sua culpabilidade, uma vez que a participação no crime tributário, de forma consciente e voluntária, gera a responsabilização na esfera penal.

b) o diretor-presidente deve ser considerado o res-ponsável tributário e responder, pessoal e individu-almente, pelo crime; os demais devem responder pelo tributo na esfera administrativa do fisco.

c) não há ilícito tributário, dada a ocorrência de crime, que será apurado na esfera penal.

d) o contador da referida instituição não praticou crime tributário, uma vez que ele não era o benefici-ário do produto do valor que se deixava de recolher a título de tributo.

e) o gerente da instituição tem responsabilidade pes-soal pela infração praticada, devendo responder apenas pelo pagamento do tributo na esfera admi-nistrativa do fisco, e não por crime tributário, uma vez que não é o contribuinte de direito.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: Exige conhecimento sobre as peculiaridades que envolvem os crimes tributá-rios.

Alternativa correta “a”: correta, de acordo com o disposto no artigo  11 da Lei nº  8.137/90: “Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabili-dade.”

Alternativa “b”: incorreta, pois todos os envolvi-dos devem responder criminalmente, de acordo com o disposto no artigo 11 da Lei nº 8.137/90.

Alternativa “c”: incorreta, já que foi caracterizado o ilícito penal, sendo que os envolvidos deverão respon-der administrativa e criminalmente.

Alternativa “d”: incorreta, tendo em vista, inde-pendente de o contador ser o beneficiário ou não do produto sonegado, deve responder por crime tribu-tário, de acordo com o disposto no artigo  11 da Lei nº 8.137/90.

Alternativa “e”: incorreta, pois o gerente é o repre-sentante da empresa e deve ser responsabilizado pelo crime tributário, de acordo com o disposto no artigo 11 da Lei nº 8.137/90.

�DICAS (RESUMO) 1. TRIBUTO. ESPÉCIES

Antes de tratar das espécies de tributos, importante o concursando rememorar o conceito previsto no art. 3º do CTN nos seguintes termos: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade adminis-trativa plenamente vinculada”.

a) Prestação pecuniária compulsória – pressupõe um comportamento obrigatório de prestação em dinheiro. Ou seja, efetivado o fato previsto na norma, o pagamento do tributo será obrigatório, indepen-dentemente da vontade do contribuinte.

b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir – a expressão “moeda” revela-se, nesse conceito, prescindível e redundante, já que o termo “pecu-niária” encerra igual sentido. Na expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, o legislador ampliou o âmbito das prestações pecuniárias, admitindo o pagamento do tributo em outras formas que não apenas o dinheiro. É certo que nosso direito não aceita o pagamento de tributo in natura (bens) ou in labore (trabalho). No entanto, se houver lei espe-cífica do ente credor, os tributos podem ser pagos ou compensados com Títulos da Dívida Pública (TDP) ou Precatórios. Ademais, com o advento da LC 104/2001, foi inserido o inciso XI ao art. 156 do CTN, que faz referência à dação em pagamento em bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário.

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c) Que não constitua sanção de ato ilícito – tributo não é penalidade. Logo, não deve ser utilizado como sanção para o contribuinte. Ele se distingue da penalidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo lícito. Ademais, o Princípio da Interpretação Obje-tiva do “Fato Gerador” (art. 118 c/c 126 CTN) – Cláu-sula non olet – pressupõe que o tributo “não fede e não cheira”. Importa para o Estado arrecadar, anga-riar fundos para cobrir suas despesas (finalidade fis-cal do tributo), não cabendo, nesse instante, aferir ilicitude do fato ocorrido. Em suma: o fato poderá ser ilícito, mas a hipótese de incidência (previ-são normativa) jamais o será.

d) Instituída em lei – A obrigação tributária só pode resultar da lei, em abono ao Princípio da Estrita Lega-lidade. Em regra, a lei ordinária é instituidora de tributo. Excepcionalmente será instituído por Lei Complementar:

I) impostos sobre grandes fortunas;

II) impostos residuais da União;

III) contribuições residuais da seguridade social; e

IV) empréstimos compulsórios. Ressalte-se que Medida Provisória poderá instituir e majorar impostos, exceto os reservados à lei complementar (art. 62, § 1º, III e § 2º da CF).

e) Cobrada mediante atividade administrativa ple-namente vinculada – O Estado é obrigado a cobrar o tributo sempre que ocorra o fato jurídico tributário e dentro dos limites e condições estabelecidas em lei. Tal formalização ocorrerá através do instituto do lançamento tributário (art. 142 do CTN). A atividade de cobrança do tributo não pode ser arbitrária ou discricionária, mas apenas vinculada.

• Espécies: Para o art. 5º do CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuição de melhoria. No entanto, a jurisprudência e a doutrina são pacíficas no sentido de que, além dos mencionados no CTN, são tributos também os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais.

Teoria Pentapartida

CF�

Teoria Tripartida

CTN�

• Impostos

• Taxas

• Contribuições de Melhoria

• Empréstimos Compulsórios

• Contribuições especiais

1.1 IMPOSTOS

• É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (art. 16 do CTN). Daí ser chamado de tributo não-vincu-lado.

• Além de não ser vinculado em relação a uma ativi-dade estatal específica em relação ao contribuinte, ele também é tributo de receita não vinculada a órgão, fundo ou despesa, nos termos do art. 167, IV, da CF, com algumas exceções constitucionais.

• Seu fato gerador está descrito na Constituição Federal, conforme a classificação abaixo. Apenas a União poderá criar novos impostos, no exercício de sua competência residual.

IMPOSTOS FEDERAIS

(art. 153 e 154 da CF)

IMPOSTOS ESTADUAIS

(art. 155 da CF)

IMPOSTOS MUNICIPAIS

(art. 156 da CF)

Imposto sobre importação de produtos estran-geiros – II

Imposto sobre transmissão "causa mortis" e doa-ção de quaisquer bens ou direitos – ITCMD

Imposto sobre a propriedade pre-dial e territorial urbana – IPTU

Imposto sobre exportação, para o exterior, de pro-dutos nacionais ou nacionalizados – IE

Imposto sobre operações relati-vas a circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interes-tadual e intermu-nicipal e de comu-nicação, ainda que as operações e as prestações se ini-ciem no exterior – ICMS

Imposto sobre a transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato one-roso, de bens imó-veis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garan-tia, bem como ces-são de direitos a sua aquisição – ITBI ou ITIV

Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natu-reza – IR

Imposto sobre a propriedade de veículos automo-tores – IPVA

Imposto sobre ser-viços de qualquer natureza serviços de qualquer natu-reza, não compre-endidos no art. 155, II, definidos em lei comple-mentar – ISS ou ISQN

Imposto sobre produtos indus-trializados – IPI

– –

Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou rela-tivas a títulos ou valores mobiliários – IOF

– –

Imposto sobre a propriedade terri-torial rural – ITR

– –

Imposto sobre grandes fortunas – –

Impostos residuais – –

Impostos extraor-dinários – –

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Direito Tributário 1005

• Os impostos possuem a seguinte classificação:

1) Quanto à alíquota: fixos ou progressivos. Fixos são aqueles em que a alíquota não aumenta com o aumento da base de cálculo. Progressivos, ao con-trário, a alíquota aumenta com o aumento da base de cálculo. São progressivos o IR, ITR e o IPTU.

2) Quanto à forma de percepção: diretos e indi-retos. Será direto quando o contribuinte real do tributo é o próprio sujeito passivo da obrigação tributária principal, como se dá com o IR. Será indireto quando o contribuinte real do tributo é o consumidor da mercadoria ou do serviço objeto da operação (contribuinte de fato) e o sujeito passivo da obrigação tributária principal (contribuinte de direito) repassa, no preço da mercadoria ou serviço, o imposto devido, como se dá com o IPI e o ICMS. Neste caso, quando o legislador altera a alíquota do tributo, tem em mira o consumidor (contribuinte de fato) e não o empresário (contribuinte de direito).

3) Quanto ao objeto de incidência: reais e pesso-ais. Imposto real é aquele que incide sobre o patri-mônio e não leva em consideração as condições inerentes aos contribuintes (ex: IPTU, ITIV). Imposto pessoal, ao contrário, leva em consideração as con-dições dos contribuintes, suas características, esta-belecendo diferenças em função dessas condições (IRPF).

1.2 TAXAS• Segundo o artigo 77 do CTN, as taxas têm como fato

gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Logo, há dois tipos de taxas: taxas de fiscalização e taxas de serviço público específico e divisível.

TAXAS (art. 77 do CTN)

• Taxa de Polícia: No exercício regular do poder de polícia

• Taxa de Serviço: Na prestação ao contri-buinte, ou colocação à disposição deste, de serviço público específico e disvível, sendo a utilização efetiva ou potencial.

• A taxa de fiscalização é cobrada quando há o exercí-cio do poder de polícia, também chamado de poder de fiscalização. Têm-se como exemplos a Taxa de Vigilância Sanitária, a Taxa de Licença e Funciona-mento (Alvará de Funcionamento) etc. Não é pos-sível cobrar taxa de fiscalização pelo uso potencial (STF, RREE 140.278).

• O art. 78 do CTN define poder de polícia: “Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da admi-nistração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômi-cas dependentes de concessão ou autorização do

Poder Público, à tranquilidade pública ou ao res-peito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”

• A taxa de serviço é cabível toda vez que o Estado, diretamente, presta serviço público específico e divisível ao contribuinte. Assim, se o serviço é gené-rico e indivisível, sua remuneração se dá através dos impostos. Se é específico e divisível, pelo princípio da justiça fiscal, seu pagamento deve ser cobrado apenas dos que recebem o serviço, situação em que se cobra a taxa.

ART. 79 CTN

UTILIZAÇÃO

Efetiva: quando por ele usufruídos a qual-quer título

Potencial: quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposi-ção mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento

SERVIÇOS PÚBLICOS

Específicos: quando possam ser desta-cados em unidades autônomas de inter-venção, de utilidade ou de necessidade públicas

Divisíveis: quando suscetíveis de utiliza-ção, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários

• O STF já decidiu serem constitucionais as Taxas de Lixo, de Esgoto, de Expedição de Certidões. São inconstitucionais a Taxa de Iluminação Pública (RREE 231.764 – RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, 10.03.99, Súmula 670) e a Taxa de limpeza pública e de con-servação de vias e logradouros públicos (RE 204.827; RE 188.391-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, 15.06.2000).

• O art. 145, § 2º da CF afirma que “As taxas não pode-rão ter base de cálculo própria de impostos”. No entanto, pela dificuldade de mensurar uma base à sua cobrança, a Súmula Vinculante nº 29 afirma que “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”.

• Sua base de cálculo deve guardar relação com os custos da atividade, o que nem sempre é fácil men-surar.

• Para o STF, o pedágio possui natureza jurídica de taxa (RREE 81.475-RS e 194.862-RS, Rel. Min. Carlos Velloso, 04.05.99). Essa decisão ainda não foi revisi-tada, muito embora tenha havido concessão para a prestação desses serviços públicos, o que leva à conclusão de que pedágio é tarifa.

• É tributo (i) vinculado a uma atuação estatal em relação ao contribuinte, e (ii) de receita vinculada a órgão, fundo ou despesa, sem ser essa vinculação um requisito para a sua validade. Pode ter a receita vinculada ou não, diferentemente da contrapresta-ção ao contribuinte, que deve ser vinculada.

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1006 Harrison Leite e Thiana Cairo

1.2.1. TAXA X TARIFAÉ muito comum ser cobrada a diferença entre taxa e

tarifa. Eis os pontos principais entre ambas:

Tarifa ou Preço Taxa

Não é tributo, logo a receita dela advinda não é tributá-ria. Decorre de uma atividade desempenhada pelo Estado como se fosse particular.

É tributo, logo a receita dela advinda é tributária. Decorre do exercício do poder de polícia ou da pres-tação de serviço público específico e divisível.

Receita originária Receita derivada

Natureza contratual Natureza legal

Não observa o princípio da anterioridade

Observa o princípio da ante-rioridade

Só pode ser cobrado pelo uso efetivo

O uso potencial permite a sua cobrança

A relação com o usuário é regida pelo direito do consu-midor

A relação com o contri-buinte é tributária

Pode haver duas relações jurí-dicas: Estado – concessionário/permissionário – consumidor

Só há uma relação jurídica: Estado – contribuinte

Resultado de um ato de von-tade das partes

Resultado da vontade da lei

Em regra, remunera serviço público ínsito à soberania do estado e serviço público essen-cial ao interesse público

Em regra, remunera serviço público não-essencial.

Prescrição decenal, regida pelo Direito Privado (Código Civil). Confere REsp 1117903

Prescrição quinquenal, regida pelo Direito Público (Código Tributário Nacional)

Créditos oriundos do não pagamento são inscritos na Dívida Ativa não tributária.

Créditos oriundos do não pagamento são inscritos na Dívida Ativa tributária.

Ação de repetição de indébito sujeita-se ao prazo prescricio-nal estabelecido no Código Civil.

Ação de repetição de indé-bito sujeita-se ao prazo pre-visto no CTN.

1.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA• Pela redação do art. 81 do CTN, contribuição de

melhoria é tributo instituído para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valoriza-ção imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel benefi-ciado.

• É regida pelo Decreto-Lei nº 195/67.

• Sobre a sua base de cálculo, o STJ é pacífico de que esta consiste na “efetiva valorização imobili-ária, a qual é aferida mediante a diferença entre o

valor do imóvel antes do início da obra e após a sua conclusão, sendo inadmissível a sua cobrança com base somente no custo da obra pública realizada”. (REsp 1.076.948-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/11/2010).

• Obra pública inacabada também não autoriza a cobrança de contribuição de melhoria (REsp 647.134-SP)

• O CTN, no art. 82, enumera uma lista de requisitos mínimos para a cobrança do tributo, de modo que não poderá ser cobrado sem a observância dessas formalidades legais que constituem o pressuposto do seu lançamento.

1.4 EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

• São tributos cobrados exclusivamente pela União em duas hipóteses: a) atender a despesas extra-ordinárias, decorrentes de calamidade pública e de guerra externa efetiva ou iminente; e b) inves-timento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

• Exige lei complementar (que definirá o fato gera-dor) e a competência, conforme dito acima, é exclu-siva da União.

• Possui intrínseca relação com os Impostos extraor-dinários (Art. 154, II).

Empréstimos compulsó-rios para guerra externa

Imposto extraordinário de guerra

Cabível também na iminên-cia ou no caso de guerra externa efetiva

Cabível na iminência ou no caso de guerra externa efetiva

Pode-se utilizar qualquer fato gerador de tributo para a sua cobrança

Pode-se utilizar qualquer fato gerador de tributo para a sua cobrança

Demanda lei complemen-tar

Não exige lei complementar. Pode ser lei ordinária ou até medida provisória

Exceção às duas anteriori-dades

Exceção às duas anteriorida-des

É tributo restituível Não é tributo restituível

1.5 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

• Consistem em tributos de receita vinculada, cobra-dos em sua maioria pela União, que devem atender a quatro pressupostos para a sua validade: a) Fina-lidade adequada ao Texto Magno; b) Existência de um grupo ou setor que receberá a atuação do des-tino do tributo; c) Entidade específica para o setor beneficiado; e d) Arrecadação destinada à finali-dade.

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Direito Tributário 1025

13. REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE RECEI-TAS TRIBUTÁRIAS

• A repartição das receitas tributárias tem como obje-tivo minorar o desequilíbrio existente dos entes políticos no que concerne aos impostos sob suas competências tributárias. É fácil perceber de pronto, que a União detém um número maior de impostos (nove) em detrimento dos Estados (três) e Municí-pios (três). Dessa forma, as transferências ocorrem dos entes estatais “maiores” para os “menores”. Ou seja: a União repassa para Estados, Municípios e Distrito Federal; os Estados repassam para os Muni-cípios; e os Municípios e Distrito Federal, por sua vez, não repassam suas receitas, figurando apenas na condição de beneficiados.

União Municípios

Distrito federal

Estados

Vale ressaltar, que a Constituição Federal veda, em regra, condicionamentos, restrições ou retenções das transferências dos recursos a serem repartidos.

As exceções admissíveis decorrem:

a) da existência de débitos;

b) do condicionamento à aplicação de recursos míni-mos no financiamento da saúde pública.

Ressalte-se ademais, que o Princípio da não-afetação dos impostos mostra-se mitigado em virtude de tal temá-tica. Isso porque, o art. 167, IV, da CRFB ressalva a vincula-ção de receita de impostos nos casos de repartição do pro-duto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159 do Texto Maior.

Para fins de Concursos Públicos recomenda-se aos lei-tores o estudo atento dos arts. 158 a 162, da CRFB, uma vez que é comum a cobrança de questões que reproduzem o texto constitucional. Confira a tabela abaixo:

União para Estado e DF União e Estado para Município

IR – fonte 100%

I – Residuais 20%

IR e IPI – 48% sendo:

21,5% (FPE/DF) (N/NO/CO)

22,5 % FPM

1% FPM

IR – fonte 100%

FPM – 22,5%

FPM – 1%

IPI – 10% IPI – 25%

União para Estado e DF União e Estado para Município

CIDE – 29% CIDE – 25%

ITR – 50% ou 100%

IOF sobre Ouro – 30% IOF sobre ouro – 70%

IPVA – 50%

ICMS – 25%

� SÚMULAS APLICÁVEIS

1. SÚMULAS DO STF

1.1 TRIBUTO. ESPÉCIES

1.1.1 TAXAS• STF – Súmula Vinculante 29 – É constitucional a

adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determi-nado imposto, desde que não haja integral identi-dade entre uma base e outra.

• STF – Súmula Vinculante 19 – A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, da Constituição Federal.

• STF – Súmula Vinculante 12 – A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o dis-posto no art. 206, IV, da Constituição Federal.

• STF Súmula 670 – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

• STF Súmula 667 – Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.

• STF Súmula 665 – É constitucional a taxa de fiscali-zação dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei 7.940/89.

• STF Súmula 595 – É inconstitucional a taxa munici-pal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.

1.1.2 CONTRIBUIÇÕES• STF Súmula 732 – É constitucional a cobrança da

contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a CF/1988, e no regime da Lei 9.424/96.

• STF Súmula 666 – A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

• STF Súmula 659 – É legítima a cobrança da Cofins, do PIS e do Finsocial sobre as operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.

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1026 Harrison Leite e Thiana Cairo

1.2 DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR: PRINCÍPIOS E IMUNIDADES

1.2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁ-RIOS• STF Súmula 669 – Norma legal que altera o prazo de

recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

• STF Súmula 667 – Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.

• STF Súmula 239 – Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores.

• STF Súmula 69 – A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.

1.2.2 IMUNIDADES• STF Súmula 730 – A imunidade tributária conferida

a instituições de assistência social sem fins lucra-tivos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiá-rios.

• STF Súmula 724 – Ainda quando alugado a tercei-ros, permanece imune ao IPTU o imóvel perten-cente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

• STF Súmula 657 – A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

• STF Súmula 591 – A imunidade ou a isenção tribu-tária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos industria-lizados.

• STF Súmula 336 – A imunidade da autarquia finan-ciadora, quanto ao contrato de financiamento, não se estende à compra e venda entre particulares, embora constantes os dois atos de um só instru-mento.

• STF Súmula 324 – A imunidade do art. 31, V, da Cons-tituição Federal não compreende as taxas.

• STF Súmula 76 – As sociedades de economia mista não estão protegidas pela imunidade fiscal do art. 31, V, “a”, Constituição Federal.

• STF Súmula 75 – Sendo vendedora uma autarquia, a sua imunidade fiscal não compreende o imposto de transmissão “inter vivos”, que é encargo do compra-dor.

1.3 CRÉDITO TRIBUTÁRIO• STF Súmula Vinculante 8 – São inconstitucionais

o parágrafo único do art. 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991,

que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

• STF Súmula 563 – O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art. 187, do Código Tributário Nacional, é compatível com o disposto no art. 9º, inc. I, da Constituição Federal.

• STF Súmula 546 – Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte “de jure” não recuperou do contribuinte “de facto” o “quantum” respectivo.

1.3.1 ISENÇÃO• STF Súmula 581 – A exigência de transporte em

navio de bandeira brasileira, para efeito de isenção tributária, legitimou-se com o advento do Decreto--Lei 666, de 02.7.69.

• STF Súmula 544 – Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.

• STF Súmula 539 – É constitucional a lei do Município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro.

1.3.2 DEPÓSITO• STF Súmula Vinculante nº 28: “É inconstitucional

a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário.”

1.4 ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA• STF Súmula 547 – Não é lícito à autoridade proibir

que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.

• STF Súmula 542 – Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventá-rio.

• STF Súmula 439 – Estão sujeitos à fiscalização tribu-tária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.

• STF Súmula 323 – É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.

• STF Súmula 70 – É inadmissível a interdição de esta-belecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo.

1.5 IMPOSTOS FEDERAIS

1.5.1 IOF• STF Súmula 664 – É inconstitucional o inciso V do

art. 1º da Lei 8.033/90, que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e segu-ros – IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança.

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1030 Harrison Leite e Thiana Cairo

2.14 EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE• STJ, Súmula 393 – A exceção de pré-executividade

é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

� INFORMATIVOS APLICÁVEIS1. INFORMATIVOS DO STF

1.1 TRIBUTO. ESPÉCIES

1.1.1 CONTRIBUIÇÕES

Contribuição para o Sebrae e desnecessidade de lei com-plementar

A contribuição destinada ao Sebrae possui natureza de contri-buição de intervenção no domínio econômico e não necessita de edição de lei complementar para ser instituída. Com base nessa jurisprudência, o Plenário, por maioria, negou provi-mento a recurso extraordinário em que se alegava: a) indevida exigência do pagamento da referida exação, pois criada por meio de lei ordinária, em afronta ao art. 146, III, a, da CF; e b) identidade de fato gerador e base de cálculo com outras contri-buições, em violação ao art. 195, § 4º, c/c o art. 154, I, ambos da CF. Reputou-se que o acórdão recorrido estaria em consonância com a orientação da Corte. RE 635682/RJ, Rel. Min. Gilmar Men-des, 25.4.2013. Pleno. (Info 703)

Contribuição compulsória dos servidores para o custeio de serviços de saúde.

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Con-tribuição compulsória dos servidores para o custeio de serviços de saúde. Sobrestamento. ADI 3.106/DF. Impossibilidade. 1. O Plenário desta Corte, ao apreciar o RE 573540-RG, cuja reper-cussão geral já havia sido reconhecida, decidiu que falece aos Estados-membros competência para a criação de contribuição compulsória ou de qualquer outra espécie tributária destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos ou odontológicos prestados aos seus servidores. 2. A controvérsia atinente ao direito de servidores públicos estaduais à restitui-ção de valores descontados compulsoriamente a título de con-tribuição declarada inconstitucional possui natureza infracons-titucional. 3. Não merece prosperar o pedido de sobrestamento do recurso até a apreciação final pelo Plenário dos embargos de declaração na ADI 3106, tendo em vista o fato de se tratar, nos presentes autos, de processo subjetivo e de já ter a decisão agravada, apoiada em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, transitado em julgado. 4. Agravo regimen-tal não provido. AgRg no ARE 670.075-MG. Rel. Min. Dias Toffoli (Info 692)

1.1.1 1 PIS/COFINS

Constitucionalidade da revogação da isenção dos atos cooperativos, em relação ao PIS e à Cofins

Recurso extraordinário. Repercussão geral admitida. Processo versando a matéria. Sobrestamento. Manutenção. O tema ati-nente à constitucionalidade da revogação da isenção dos atos cooperativos, em relação ao PIS e à Cofins, por meio da Medida Provisória nº 1.858/89 teve repercussão geral admitida pelo denominado Plenário Virtual no Recurso Extraordinário nº 598.085/RJ. A matéria de fundo, tanto no mencionado recurso como neste extraordinário, diz respeito à definição da incidên-cia ou não dessas contribuições sobre as receitas decorrentes

de tais atos. Impõe-se aguardar o julgamento do mérito do paradigma, considerados o regime da repercussão geral, pre-sentes os processos múltiplos, e a possibilidade de revisão do entendimento. AgRg no RE 540.257-SP Rel. Min. Marco Aurélio. (Info 711)

PIS – COFINS e Locação de Imóvel

Constitucional e tributário. Programa de integração social – PIS. Contribuição para o financiamento da seguridade social – Cofins. Incidência sobre a locação de imóveis, inclusive sobre a renda auferida na locação de imóvel próprio. Repercussão geral reconhecida. RE-RG 599.658-SP. Rel. Min. Luiz Fux (Info 696)

1.1.2 TAXAS

Taxa de combate a sinistros

Taxa de combate a sinistros. Constitucionalidade. O Tribunal, no julgamento do Recurso Extraordinário 206.777/SP, da relatoria do ministro Ilmar Galvão, concluiu pela constitucionalidade da Taxa de Combate a Sinistros. AgRg no AI 510.583-SP. Rel. Min. Marco Aurélio (Info 707)

Poder de polícia. Presunção. MS

Poder de polícia. Presunção. Presume-se o que normalmente ocorre, ou seja, o exercício do poder de polícia ante a cobrança da taxa respectiva. Mandado de Segurança. Instrução. O man-dado de segurança não é meio próprio a demonstrar-se a inexistência do exercício do poder de polícia que estaria a res-paldar o implemento da taxa. AgRg no AI 786.940-RJ. Rel. Min. Marco Aurélio (Info 695).

Taxa de instalação, localização e funcionamento

Direito tributário. Embargos à execução fiscal. Taxa de instala-ção, localização e funcionamento. Base de cálculo. Número de empregados do estabelecimento. Elemento estranho ao custo da atividade estatal no regular exercício do poder de polícia. Inconstitucionalidade. Decisão regional em harmonia com a jurisprudência do STF. Acórdão regional disponibilizado em 1.12.2011. As razões do agravo regimental não são aptas a infir-mar os fundamentos da decisão agravada, mormente no que se refere à conformidade do entendimento regional com a juris-prudência do STF, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordi-nário. Agravo regimental conhecido e não provido. AgRg no RE 727.579-SP. Rel. Min. Rosa Weber (Info 715)

Pedágio e preço público

O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias não tem natureza tributária, mas de preço público, consequente-mente, não está sujeito ao princípio da legalidade estrita. Com base nesse entendimento, o Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra o Decreto 34.417/1992, do Estado do Rio Grande do Sul, que autoriza a cobrança de pedágio em rodovia estadual. O Tribunal recor-dou que a Constituição autoriza a cobrança de pedágio (“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri-buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: …V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermuni-cipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”). Rememorou que essa norma reproduziria, em linhas gerais, regra semelhante con-tida nas Constituições de 1946 e 1967. Ressalvou, contudo, que a EC 1/1969 não repetira a parte final dessa disposição (“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou inter-municipais”). Ressaltou que a falta de referência à cobrança de pedágio, no regime constitucional precedente despertara a controvérsia a respeito da natureza dessa exação — se tri-

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Direito Tributário 1031

butária ou não tributária —, divergência que persistiria, espe-cialmente no âmbito doutrinário. Afirmou que os defensores da natureza tributária, da subespécie taxa, o fariam sob os seguintes fundamentos: a) a referência ao pedágio, nas limita-ções constitucionais ao poder de tributar; b) o pagamento de um serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição; e c) a impossibilidade de remune-rar serviços públicos por meio outro que não o de taxa. Alu-diu, entretanto, que os defensores da natureza contratual da exação como preço público o fariam com base nas seguintes considerações: a) a inclusão no texto constitucional apenas esclareceria que, apesar de não incidir tributo sobre o tráfego de pessoas ou bens, poderia, excepcionalmente, ser cobrado o pedágio, espécie jurídica diferenciada; b) a ausência de compulsoriedade na utilização de rodovias; e c) a cobrança se daria em virtude da utilização efetiva do serviço, e não seria devida com base no seu oferecimento potencial. A Corte real-çou que essa discussão teria sido contaminada pela figura do denominado “selo-pedágio”, prevista na Lei 7.712/1988, reco-nhecido como taxa pelo STF. Lembrou, porém, que essa exa-ção seria compulsória a todos os usuários de rodovias federais, por meio de pagamento renovável mensalmente, indepen-dentemente da frequência de uso, cobrada antecipadamente, como contrapartida a serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Consignou haver profundas diferenças entre o citado “selo-pedágio” e o pedá-gio, na forma em que atualmente disciplinado. Asseverou que esse último somente seria cobrado se, quando e cada vez que houvesse efetivo uso da rodovia, o que não ocorreria com o “selo-pedágio”, que seria exigido em valor fixo, independen-temente do número de vezes que o contribuinte fizesse uso das estradas durante o mês. Destacou que o enquadramento do pedágio como taxa ou preço público independeria de sua localização topológica no texto constitucional, mas seria rela-cionado ao preenchimento, ou não, dos requisitos previstos no art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestação pecuniária com-pulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”).O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a defi-nição da natureza jurídica do pedágio, a existência, ou não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar. Reconheceu que a cobrança de pedágio poderia, indiretamente, limitar o tráfego de pessoas. Observou, todavia, que essa restrição seria agravada quando, por insuficiência de recursos, o Estado não construísse rodovias ou não conservasse adequadamente as existentes. Ponderou que, diante dessa realidade, a Constitui-ção autorizara a cobrança de pedágio em rodovias conserva-das pelo Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse eventualmente acarretar. Registrou, assim, que a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança de pedágio não seria uma exigência constitucional, tampouco estaria prevista em lei ordinária. Consignou que o elemento nuclear para iden-tificar e distinguir taxa e preço público seria o da compulso-riedade, presente na primeira e ausente na segunda espécie. Nesse sentido, mencionou o Enunciado 545 da Súmula do STF (“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orça-mentária, em relação à lei que as instituiu”). ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800). INFO 750 de 9 a 13 de junho de 2014.

1.2 DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR: PRINCÍPIOS E IMUNIDADES

1.2.1 PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO

Direito tributário e processual civil. Princípio do não con-fisco

Direito tributário e processual civil. Princípio do não confisco. Multa de 50% do valor do imposto. Recurso extraordinário. Impossibilidade de reapreciação de fatos e de provas. Súmula STF 279. A aplicação do princípio do não confisco tributário (art. 150, IV, da CF) às sanções pecuniárias envolve um juízo de proporcionalidade entre o ilícito e a penalidade. Pressupõe, portanto, a clara delimitação de cada um desses elementos. Diante da controvérsia acerca do ilícito praticado, a aferição, por esta Corte, de eventual violação do princípio do não con-fisco, em decorrência da aplicação de multa de 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto devido, encontra óbice na natureza extraordinária do apelo extremo e, em especial, no entendimento cristalizado na Súmula STF 279. Agravo regimen-tal conhecido e não provido. AgRg no AI 769.089-MG. Rel. Min. Rosa Weber (Info 698)

Multa fiscal. Confisco

Agravo regimental em recurso extraordinário. Tributário. Multa fiscal. Percentual superior a 100%. Caráter confiscatório. Ale-gada ofensa ao Art. 97 da constituição. Inexistência. Agravo improvido. I. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que são confiscatórias as multas fixadas em 100% ou mais do valor do tributo devido. II. A obediência à cláusula de reserva de plenário não se faz necessária quando houver jurisprudência consolidada do STF sobre a questão constitucional discutida. III. Agravo regimental improvido. AgRg no RE 748.257-SE. Rel. Min. Ricardo Lewandowski (Info 716)

1.2.2 IMUNIDADE

1.2.2.1 IMUNIDADE RECÍPROCA

Imunidade recíproca. Infraero

Imunidade recíproca. Infraero. Prestação de serviço público. Art. 150, VI, “a, da CF. O Tribunal reafirmou o entendimento jurisprudencial e concluiu pela possibilidade de extensão da imunidade tributária recíproca à Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária – Infraero, na qualidade de empresa pública prestadora de serviço público. AgRg no AI 797.034-SP Rel. Min. Marco Aurélio (Info 710)

1.2.2.2 IMUNIDADE INSTITUIÇÕES DE EDUCA-ÇÃO, ENTIDADES SINDICAIS E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Imunidade tributária e imóvel vago

A 1ª Turma, por maioria, negou provimento a recurso extraor-dinário em que discutido se imóvel não edificado pertencente ao Serviço Social da Indústria – SESI estaria alcançado pela imunidade tributária. Na espécie, reconheceu-se que, por ser o recorrido entidade de direito privado, sem fins lucrativos, encaixar-se-ia na hipótese do art. 150, VI, c, da CF e, por isso, estaria imune. Apontou-se que a constatação de que imóvel vago ou sem edificação não seria suficiente, por si só, para des-tituir a garantia constitucional da imunidade tributária. Ponde-rou-se que, caso já tivesse sido deferido o status de imune ao contribuinte, o afastamento dessa imunidade somente poderia ocorrer mediante prova em contrário produzida pela admi-nistração tributária. Asseverou-se não ser possível considerar que determinado imóvel destinar-se-ia a finalidade diversa da