1. Sobre os Autores: Pierre Weil: Doutor em Psicologia pela
Universidade de Paris, Professor na Universidade de Minas Gerais,
Diretor do Cento de Psicologia Aplicada RJ, Especialista em
Psicoterapia de Grupo e Psicodrama e autor de vrios livros editados
em diversos pases, incluindo o conhecido best- seller Relaes
Humanas na Famlia e no Trabalho. Roland Tompakow: Professor de
Comunicaes dos Cursos de Administrao de Empresas da Fundao Getlio
Vargas RJ, artista grfico, tcnico em Informtica Visual, jornalista,
assessor de Informtica em marketing de vrias Empresas e coordenador
dos registros de Cinsica do grupo de Pesquisas chefiado pelo
professor Pierre Weil. Sobre a Digitalizao desta Obra: Esta obra
foi digitalizada para proporcionar de maneira totalmente gratuita o
benefcio de sua leitura queles que no podem compr-la ou queles que
necessitam de meios eletrnicos para ler. Dessa forma, a venda deste
e-livro ou mesmo a sua troca por qualquer contraprestao totalmente
condenvel em qualquer circunstncia. A generosidade a marca da
distribuio, portanto: Distribua este livro livremente! Se voc tirar
algum proveito desta obra, considere seriamente a possibilidade de
adquirir o original. Incentive o autor e a publicao de novas obras!
Para todos os Transparentes AAddoorraammooss LLeerr:: OO CCOORRPPOO
FFAALLAA PPiieerrrree WWeell ee RRoollaanndd TToommppaakkooww
OOBBRR
2. O Corpo Fala sem Palavras PELA LINGUAGEM DO CORPO, VOC DIZ
MUITAS COISAS AOS OUTROS. E ELES TM MUITAS COISAS A DIZER PARA VOC.
TAMBM NOSSO CORPO ANTES DE TUDO UM CENTRO DE INFORMAES PARA NS
MESMOS. UMA LINGUAGEM QUE NO MENTE, E CUJA ESTRUTURA DEMONSTRADA
NAS PGINAS QUE VOC TEM AGORA EM SUAS MOS. ELAS DARO A VOC UMA NOVA
DIMENSO NA COMUNICAO PESSOAL. HOMEM OU MULHER, JOVEM OU MADURO,
CASADO OU SOLTEIRO, QUALQUER QUE SEJA SUA PROFISSO OU FUNO -ESTE
LIVRO FOI ESCRITO PARA TODO SER HUMANO. POIS TODO SER HUMANO TEM
QUE LIDAR CONSIGO MESMO E COM OS OUTROS.
3. Por que este Livro "Diferente"? Porque trata de um aspecto
do comportamento humano que no pode ser transmitido
satisfatoriamente por meras palavras - ainda que, depois de
escritas, fossem complementadas por ilustraes em paralelo. Tentar
ler o texto sem os desenhos seria como no olhar para a tela do
cinema, apenas ouvindo as palavras dos artistas do filme. O enredo
se perderia. E tentar olhar apenas os desenhos seria contemplar a
tela com o som desligado. Juntos, formam uma unidade de comunicao
intensa, clara, simples - e at divertida! Que espcie de literatura
isso? Em relao ao tema que aborda, este livro constitui um ousado
avano na fronteira da Informtica moderna, aliando a tcnica de
trabalho em grupo criatividade "copy-art" para obter uma obra
totalmente unificada. O tema abrange a comunicao psicossomtica
inconsciente do prprio leitor - e por isso o fascina, diverte,
desafia e esclarece ao mesmo tempo! Para tanto, foi preciso unir o
psiclogo ao artista, ambos escritores e educadores. Ento o conjunto
(unidade-texto-arte) de cada captulo era planejado em comum pelos
dois autores, e o texto escrito por um, refundido pelo outro e ento
testado e reexaminado em conjunto. Este procedimento era repetido
at se obter uma mensagem semntica una com os desenhos. Estes por
sua vez eram tambm traados e retraados tanto pelo Pierre como pelo
Roland, at a sua finalizao por este ltimo. Neste intenso trabalho
de equipe, concesses mtuas tiveram de ser feitas. O artista teve de
disciplinar at certo ponto o seu estilo verbal jocoso, o que nem
sempre conseguiu. O cientista por sua vez teve, muito a
contragosto, de arriscar o seu bom conceito junto a seus colegas.
Mas como o mostra McLuhan, a velha didtica " ex-cathedra" cedeu
lugar comunicao direta da realidade. Que estar diante dos olhos do
leitor nas pginas a seguir.
4. Primeira Parte: PRINCPIOS CAPTULO 1 Convite a um Passeio
Antes de mais nada, folheie um pouco este livro! Voc vai passear de
balo ou de dirigvel. - mais fcil usar o alfabeto do que
descobri-lo. - Voc conhecer trs animais que vo fazer parte do seu
vocabulrio de cada dia! Algum sua frente cruza ou descruza os
braos, muda a posio do p esquerdo ou vira as palmas das mos para
cima. Tudo isso so gestos inconscientes e que, por isso mesmo, se
relacionam com o que se passa no ntimo das pessoas. Quer saber o
que significam? Pronto? Ento voc pode comear a leitura. Voc notou
duas coisas: que h uma poro de desenhos em estilo alegre, e que o
texto s vezes tem trechos em letras maiores, s vezes em menores.
Isto para que voc possa se divertir de duas maneiras
diferentes.
5. 1. Se quiser, voc pode apreciar o texto por alto, numa
leitura de passatempo. Basta ler apenas o texto em letra maior,
como acima, saltando os pargrafos como este (Verificar como, depois
da ltima palavra em letra maior - neste exemplo, foi a palavra
"passatempo" - sempre ser possvel continuar o fluxo das idias,
reiniciando sem pausa a leitura no trecho seguinte em letra maior).
E voc poder entender as ilustraes sem se preocupar de fazer disso
um estudo, enquanto ns, os autores, levaremos voc a passeio por
novas e fascinantes noes do comportamento humano. Mesmo lendo
assim, voc vai se surpreender com a quantidade de gestos que
conseguir decifrar no fim da leitura. 2. Voc pode ler para aprender
em vez de apenas conhecer. Ento leia tudo, inclusive os trechos
menores, a no ser que estes citem fatos j do seu conhecimento. E
estude as ilustraes. Leia, experimentando "dirigir o balo",
enquanto os autores vo girando a hlice...
6. Talvez voc pense que essa aprendizagem um tanto area seja
difcil ou trabalhosa. Ento cabe a pergunta: VOC SABE ANDAR DE
BICICLETA? No princpio, voc teve (ou ter) a impresso que no fcil
transformar os seus reflexos, condicionados aos seus hbitos de
pedestre, nas reaes inconscientes do ciclista. Mas, para aprender a
coordenar alguns dos movimentos bsicos, existe o triciclo. Nele voc
no tem problema de equilibrar-se. O equilbrio pode ser aprendido
numa patinete, sem ter que aprender a pedalar. E voc decerto no faz
questo de ser logo ciclista acro-btico de circo; basta-lhe o prazer
de saber pedalar alegremente pelo parque. Da em diante, seu
desembarao aumentar sem voc sentir, com a prtica. Pois bem,
absorver nossa matria ser semelhante a isso, com uma diferena
importante: voc no vai sentir cansao - nem fsico nem mental. O
PROGRESSO SER RPIDO Provavelmente, voc vai comear a "ler" a
linguagem do corpo humano mais depressa do que aquele ciclismo do
parque - mesmo porque no h tombos a temer. Depender apenas do grau
de
7. interesse que sentir pelo assunto. COMO FOI QUE APRENDEMOS A
LER? Houve quem aprendesse o valor das letras do alfabeto, mas no
as decorou todas de uma s vez; medida que foi conhecendo as
primeiras letras, fixou o seu valor na mente por meio das curtas
palavras bem simples da cartilha. Depois, no precisou mais dela.
Reconheceu, de pronto, os fo- nemas j seus conhecidos, mas
arrumados em ordem diferente nas novas palavras. Assim, sabendo que
"bo" e "ca", nesta ordem, significa "bo-ca", descobriu que, trocada
a posio das duas slabas, o conjunto "ca" e "bo" significa "ca-bo".
Nesta fase, j entrou o "mtodo global" de leitura, hoje usado em
toda parte. o mtodo seguido neste livro. Basta que as primeiras
"palavras" sejam simples, e as suas "letras" poucas e claras. O
significado destas primeiras "palavras" pouco importa, nem
interessa se so aprendidas, por exemplo, em ordem alfabtica. So,
acima de tudo, mero material didtico, embora constituam, decerto,
uma espcie de vocabulrio para o principiante. Mas, medida que o
leitor avanar na leitura, perceber o que o corpo fala pelo mesmo
"mtodo global". DICIONRIO SERVE? Um "DICIONRIO TOTAL", ainda que
fosse exeqvel, dificilmente bastaria para voc aprender a "ler" as
atitudes corporais. Seria como se, em vez da cartilha, usssemos uma
coleo completa de todas as assinaturas em cheques existentes nos
Bancos do Pas, e obrigssemos uma criana a aprender a ler com
aquilo. Para comear, em que ordem classificar aquela montanha de
riscos mais ou menos emaranhados? VAI SER MAIS FCIL DO QUE VOC
PENSA! Ainda mais difcil que esta imaginria atividade com "cheques
para aprender a ler" o pesado trabalho de pesquisa analtica da
linguagem do corpo, em oposio leve sntese didtica deste livro. o
caso da obra de Ray L. Birdwhistell e colaboradores, cuja extensa
pesquisa exigiu dcadas de dedicao total para aflorar de leve o
assunto.
8. Birdwhistell estima em 2.500 a 5.000 - e s vezes at 10.000
"bits" (unidades simples) - o nmero de sinais informativos que
fluem, POR SEGUNDO, entre duas pessoas. Isto, evidentemente, inclui
todas as mudanas que possam, em grau mnimo, ser discernidas por
aparelhos registradores de alteraes nas faixas percebidas como som,
imagem, temperatura, tato, odor corporal etc. Mas no o nosso caso,
pode ficar tranqilo. Saber o significado dos gestos e atitudes do
Homem (a nova Cincia da CINSICA) basicamente simples. Mas no fcil
chegar at essa base, tal a quantidade de " assinaturas" que lhe
escondem o seu " alfabeto". Precisamos ir devagar. Ento por que no
divertirmo-nos nesta caminhada? Ela nos dar uma esplndida
oportunidade de entender melhor a todo mundo. O DESAFIO AOS TRS
ANIMAIS A seguir vamos conhecer o significado de um smbolo
antiqssimo que o leitor nunca mais esquecer. E trs bichos de
estimao que provavelmente vo fazer parte do nosso vocabulrio para o
resto da vida. Vamos desafi-los no captulo seguinte.
9. CAPTULO 2 Os Smbolos Smbolos, ferramentas da mente. - Um
smbolo antigo d-nos a estrutura psicossomtica do homem e da
linguagem do nosso corpo. - Vamos conhecer o boi oferecendo-lhe um
prato de bolo. - O leo que estufa e encolhe. - A guia de
motocicleta. Primeiro contacto do leitor com a evidncia de um
conflito entre duas expresses corporais simultneas, mas opostas! O
REALCE DAS PARTES DO CORPO Desde tempos imemoriais, usamos smbolos
- mensagens sintticas de significado convencional. So como
ferramentas especializadas que a inteligncia humana cria e procura
padronizar para facilitar a sua prpria tarefa - a imensa e
incansvel tarefa de compreender. A caracterstica dominante do
smbolo fugir da palavra ou frase, escrita por extenso. Frase j
grupo de smbolos (palavras), por sua vez tambm compostas de smbolos
(letras) de fugazes vibraes sonoras. E tudo isso sujeito a um cdigo
gramatical de origem emprica e lastrado com a inevitvel impreciso
semntica, especialmente a deteriorao do significado percebido
atravs de geraes. John Wallis, criando aquele "oito deitado" (),
resolveu o problema da transmisso inconfundvel do conceito do
infinito. E Ren Descartes sintetizou ainda mais a j sinttica notao
algbrica, escrevendo x no lugar de xxx - eis alguns exemplos
recentes. J o uso das prprias letras se perde nos primrdios das
civilizaes - mas podemos recuar ainda mais no Tempo: Eis um peludo
Homem das Cavernas percebendo um fruto vermelho, maduro,
destacando-se vivamente da escura folhagem do fundo! Ou o sangue
brotando vermelho de uma ferida! Ou o rubro fogo ameaador,
alastrando-se no capinzal seco! Em linguagem da Teoria de
Comunicao, ele percebeu um "Sinal" destacando-se como mensagem
prioritria sobre o " rudo de fundo". Algo com elevada " taxa de
originalidade" em detrimento do fundo " banal", dado o seu
interesse pessoal (sobrevivncia em jogo). De mera cor passou a ser
smbolo de algo importante. E, milhes de anos mais tarde, esta cor
ainda exige, em certas circunstncias, a nossa ateno e "feedback"
especficos -
10. antes que o guarda de trnsito nos pegue avanando aquele
sinal vermelho! Sim, vem de longe, da noite dos tempos, o
significado de muitas coisas. Aquele carro do Corpo de Bombeiros
foi pintado hoje - mas o simbolismo da sua pintura nos fala uma
linguagem to antiga como o prprio fogo. To antiga como a linguagem
dos nossos gestos, das nossas atitudes em relao ao meio que, neste
livro, tentamos decodificar. Usemos, ento, um smbolo: podemos
comparar o corpo humano a uma esfinge; sim - quela esfinge dos
egpcios ou dos assrios. Como, por exemplo, a desta ilustrao
(Esfinge assria de Khorsabad, chamada Kerub). Uma gramtica antiga
para a mais antiga linguagem A Esfinge era composta de quatro
partes: CORPO DE BOI TRAX DE LEO ASAS DE GUIA CABEA DE HOMEM Ora,
existe uma tradio muito antiga* segundo a qual cada uma destas
partes representa uma parte do fsico do homem e tambm a sua
correspondncia psicolgica! Estas correspondncias psicolgicas no
mudaram muito, at na Psicologia moderna. Eis o esquema desta
tradio:
11. * Para os interessados na fundamentao histrica e cientfica:
consultar o livro "Esfinge, Estrutura e Mistrio do Homem (Pierre
Weil; Editora Vozes, Petrpolis). O mesmo esquema pode ser mostrado
assim (para tornar a matria em estudo mais leve e ajudar a fixar o
pensamento do leitor): Este esquema pode ser aplicado facilmente
expresso corporal. Vamos, ento, utilizar o velho smbolo como se
fosse uma espcie de protogramtica - ou, para sermos mais modestos -
de mini gramtica da linguagem do corpo. O Boi, quando colocado em
evidncia na nossa expresso corporal, tende a se traduzir por uma
acentuao do abdmen. A pessoa avana o abdmen; isto se encontra em
gente que gosta de boas refeies, que se senta vontade diante de uma
farta mesa de jantar. No plano sexual temos o famoso requebrar das
mulheres brasileiras e havaianas; uma provocao para os homens.
Estes, por sua vez, engancham os polegares no cinto, com os outros
dedos apontados para os rgos genitais; uma maneira de se
oferecer... Gramtica para ser usada. E queremos que o leitor
aprenda a ler o que os corpos dos seus semelhantes falam diante dos
seus olhos. Vamos, pois, aos " deveres de casa". Exerccio n. 1: na
prxima reunio social, "observe o boi"! Haver os casos bvios, bem
fceis, como convm numa primeira lio. aquele senhor maduro, de
abdmen hipertrofiado, intensamente atento ao contedo transbordante
do seu prato e do seu copo. Ou aquele rapaz bonito, mas irritante,
porque desrespeita qualquer mulher presente com suas constantes
atitudes lbricas.
12. Estes so corpos falando como se as palavras fossem gravadas
em placas de bronze. So durveis monumentos ao boi. Fceis demais?
concordamos. Mas, se formos realmente perspicazes, dentro de poucos
minutos descobriremos que outros corpos tomam, durante certo tempo,
aquelas mesmas atitudes correspondentes vida instintiva e
vegetativa! aquele jovem magro que (sinceramente ou no) recusa o
terceiro prato (ou ser o quarto?) e que, durante um instante, avana
o abdmen, ilustrando o motivo da recusa - a barriga supostamente
repleta! Mas, ei-lo um minuto mais tarde, a barriga encolhida, mas
os polegares no cinto! bem capaz de aceitar o prato. E a jovem, que
antes andava meio encolhida, sai requebrando durante uns dois ou
trs passos, antes de voltar ao seu ritmo usual. E assim ambos,
naquele breve encontro, mostraram, em linguagem do corpo, o que se
passava na esfera da sua vida instintiva e vegetativa. O Leo se
evidencia pelo trax onde reside o corao; o centro da emoo. Os
especialistas em expresso corporal, sobretudo os coregrafos, o
consideram como o centro do EU. 1. Assim, quando h uma postura de
preponderncia do trax,
13. estamos em presena de uma preponderncia do EU. So pessoas
vaidosas, egocntricas e extremamente narcisistas; ou que naquele
momento querem se impor. 2. Ao contrrio, quando o trax est
encolhido, estamos em presena de uma pessoa cujo EU est diminudo;
so pessoas tmidas, submissas, retradas ou que naquele momento se
sentem dominadas pela situao. 3. Um trax em postura normal
significa um EU equilibrado. Como na "lio" anterior, tambm aqui as
pessoas se situam entre os dois extremos. Por um lado, o "homem
forte" do circo se sente na obrigao profissional de exibir-se a
todo momento de peito estufado; por outro lado, observemos aquele
franzino motorista particular diante do seu antagonista do caminho
que acaba de amarrotar-lhe o carrinho! Tem o seu raro e breve
momento de postura de hipertrofia do EU. Vamos, pois, ao exerccio
n. 2: Procure reconhecer aquela postura. Converse, por exemplo, com
um amigo, fazendo com que ele relate alguma proeza ou sucesso
concernente sua vida emocional e observe a modificao para maior
nfase da sua regio torcica. "Observe o Leo!"
14. Bipolaridade Vitria-Derrota: para um dos motociclistas, sua
mquina smbolo de poder sobre o meio-ambiente social; para o outro,
rejeio - nada deseja da sociedade de consumo seno aquele smbolo de
poder de fuga da mesma. A mesma bipolaridade acentuada entre o
nobre britnico que trota rumo ao socialmente invejvel massacre da
raposa e o garimpeiro que nada achou no deserto. Ou a diferena
entre o rap^z, quando solitrio e quando bem acompanhado. Observe o
trax, ora convexo, ora cncavo. Vastamente exagerado na caricatura
didtica, no deixa de tomar estas mesmas posies, em movimentos muito
mais discretos e passageiros, na vida real. Podemos observar tambm
o estado emocional da pessoa olhando atentamente para o seu trax:
1. Aumento da respirao significa tenso e forte emoo. 2. Suspiros so
indicadores de ansiedade e angstia. 3. Caso a pessoa estiver apenas
levemente vestida, pode-se observar o palpitar do corao; o aumento
do ritmo cardaco tambm indicador de forte emoo. A respirao
comandada por um centro cerebral; normalmente ritmada e com
determinada amplitude (entra sempre uma mesma quantidade de ar, de
cada vez, nos pulmes). Mas a vontade do indivduo pode modificar os
seus prprios movimentos respiratrios, desde a bradipnia (diminuio)
at a taquipnia (aumento de freqncia dos movimentos). E a amplitude
pode variar de superficial at profunda (o suspiro um ciclo
inspirao-expirao de amplitude nitidamente maior que os
antecedentes). Da, conforme as circunstncias, no convm que a inteno
do observador seja percebida pelo observado - ele pode modificar de
propsito o seu ritmo respiratrio ( um recurso comumente usado em
medicina: o doutor ostensivamente toma o pulso do paciente para
exame das batidas cardacas, mas na realidade completa o exame
olhando, de soslaio, o movimento torcico sem que o paciente o
perceba). O movimento inspiratrio ativo. Nele entra em ao o
diafragma (msculo cncavo que separa o trax do abdmen), os
intercostais, as costelas e certos msculos abdominais. O movimento
expiratrio passivo. Tem um tempo mais longo que o primeiro, na
proporo de 10 para 16, aproximadamente. Na mulher, alm do
diafragma, a respirao acionada mais pelas costelas e msculos
intercostais. Da serem mais perceptveis na movimentao mais ntida do
trax. J no homem, a tendncia para movimentar mais a parede
15. abdominal. A respirao masculina , em mdia, de 16 a 20
movimentos completos (inspirao e expirao) por minuto. Esta
normopnia de freqncia maior na mulher, e ainda maior na criana.
Cuidado, pois, para no fazer interpretaes precipitadas. Exemplo:
Algum passa um longo perodo debruado sobre papelada numa
escrivaninha baixa. Ei-lo, periodicamente, como que suspirando. No
est escrevendo coisas tristes: apenas carboxiemoglobina em excesso
acumulada no plasma do seu sangue. Aquele suspiro como uma vlvua da
panela de presso chiando; s que, em vez de vapor, gs carbnico. A
guia, representada pela cabea, nos indica o estado de controle do
corpo pela mente. 1. Cabea erguida significa hipertrofia do
controle mental. 2. Ao contrrio, cabea baixa significa que o
indivduo controlado pelos estmulos externos. 3. Cabea em posio
normal indica um controle normal da mente. Reexamine o leitor a
ilustrao dos dois motociclistas - a posio da cabea diz a mesma
coisa que a do trax, reforando harmonicamente a mensagem do corpo.
O exerccio n. 3 , portanto, bvio. Ns, ocidentais, estamos
infinitamente mais habituados a observar expresses na cabea do que
no restante do corpo das pessoas. Nosso retrato, nos documentos que
nos identificam, no inclui o corpo, e a descrio por escrito tenta
definir-nos por detalhes faciais - no cita, jamais, o tamanho do
nosso p ou (ainda bem, em tantos casos!) da nossa cintura! Enquanto
isso, nas culturas asiticas as representaes da figura humana a
buscam inteira, em expressivas atitudes corporais propositadamente
significativas. O leitor, decerto, j viu uma estatueta de Buda. Um
busto de Buda, nunca! A inferncia clara: A cultura do
16. Oriente percebe mais a linguagem do corpo do que ns,
integrando em Gestalt o que ns, neste estudo, buscamos reconstruir
de fragmentos de Esfinge. Mas voltemos, modestamente, ao exerccio
da "guia". Por exemplo: nas moedas das culturas ocidentais de todos
os tempos encontraremos mais material didtico para nos treinar a
observao embotada: os perfis dos monarcas nunca esto cabisbaixos; a
sua atitude de mostrar que enxergam longe, dominando o futuro!
Observe sempre a atitude da cabea, se quiser perceber a intensidade
do domnio intelectual e espiritual daquela mente, naquele instante,
aprovando ou rejeitando as emoes e instintos do seu corpo. Olhemos
de novo esta ilustrao que estudamos ao " observar o boi", isto , a
parte referente vida instintiva e vegetativa. Havamos notado o
realce da parte abdominal, dizendo da aprovao, naquela esfera, da
alimentao. A "guia" diz a mesma coisa; a cabea sorridente e atenta
avana em direo ao prato. A mente, portanto, aprova tambm, em
princpio, a oferenda e educadamente manda apenas braos e mos
exercer o gesto de recusa "de caso pensado". a imagem perfeita de
um dilema. Vamos, nos desenhos seguintes, eliminar essa contradio e
obter duas concordncias totais entre os componentes da mensagem
total. Basta modificar braos Ou ento a "guia" e mos sem mexer no
mostrar desaprovao na resto: cabea, membros posio e expresso da
superiores e abdmen cabea, e do avano dizem: aceitao! abdominal
passamos ao recuo geral: rejeio! PERMUTAS E COMBINAES EM INTERAES
CONSTANTES No fim da "lio" anterior j avanamos a uma situao em que
"
17. guia" aprova em princpio, mas discorda na prtica; domina o
"boi", num conflito muito comum de se observar. E demonstramos, nos
ltimos desenhos, as duas solues bipolarmente opostas - aceitao ou
rejeio - mas ambas agora sem contradio entre os campos psicolgicos
em jogo! * O leitor, a esta altura, j est assustado. Percebe que
lidamos, possivelmente, com um alfabeto de componentes bsicos
simples, mas com um nmero infinito de permutas e combinaes, dadas
as igualmente infinitas variaes de intensidade de infinitas
expresses corporais que, por sua vez, podem ser concordantes ou
antagnicas e variar no tempo, entre o fugaz e o constante.
Lembre-se porm que ns, estudantes, somos feitos da mesma matria que
a matria sob estudo! Ento, por que no entender-nos a ns mesmos?
Usemos a cabea! Uma boa maneira de usarmos a cabea est sob o ttulo
seguinte, ou seja: Uma pausa para o leitor.
18. CAPTULO 3 Perceber em vez de Olhar Uma pausa para o leitor.
- No s o latim lngua morta; a linguagem do corpo tambm, se apenas
estudada em livro. - Convite para fechar estas pginas e olhar se as
bolsas esto nos colos das mulheres. - Errar pouco importa; o
importante voc se habituar a perceber em vez de apenas olhar! UMA
PAUSA PARA O LEITOR Como toda gente, ns - Pierre e Roland -
sentimos s vezes saudade dos nossos tempos de infncia. Menos
daquelas horas de tortura lenta, chamada aulas de latim. Hoje
dominamos (bem, razoavelmente ou mais ou menos; depende) o ingls,
alemo, francs e portugus, o que por sua vez permite arriscar o
espanhol e adivinhar parcialmente o sentido de um pargrafo simples
em italiano, ou at mesmo uma legenda de fotografia em holands. Mas
no nos peam para decifrar uma inscrio latina! Eis a razo: Jamais
tivemos o prazer de ouvir algum a nosso lado reclamar em latim a
cerveja que o garom esquecera de lhe trazer! Porque, se assim
fosse, tambm observaramos o garom trazendo a cerveja. E assim daria
para deduzir o significado daquela mensagem verbal (Quanto visual,
tal como representada no desenho acima, at garom que no sabe latim
d para perceber alguma coisa!) Estaramos absorvendo do ambiente a
presena viva de mais uma lngua em vez de tentar ressuscit-la de
tmulos feitos de papel e tinta. Ningum consegue a percepo fluente
de uma lngua se apenas a estuda em livros. Mesmo em se tratando da
nica lngua universal; mesmo que, inconscientemente, todos ns nos
expressemos por seu intermdio. Certo, conhecemos alguma coisa;
sabemos distinguir entre o rosto zangado e o alegre, a bofetada e a
carcia. Mas percebe o leitor o que lhe diz, sem palavras - nos dois
desenhos abaixo - uma senhora que o visita em sua casa?
19. Observemos: no desenho esquerda ela ainda est com a bolsa
no colo. Sua atitude fsica diz: Ainda no estou vontade! No desenho
seguinte, j largou a bolsa no sof. Com isto diz: j adquiri confiana
no ambiente; j estou me sentindo vontade! (Pausa. Aplausos. Os
autores so vivamente cumprimentados pelo leitor.) Faa, ento, o
leitor uma pausa na leitura. Torne a folhear, por um ou dois
minutos, as pginas anteriores. Isto o ajudar a fixar mais
conscientemente o que absorveu; as quatro partes da esfinge. (E que
nos perdoe o uso de to arcaico smbolo, mas como mtodo mnemnico
ainda funciona melhor que dizer toda hora: Vida Instintiva e
Vegetativa, Vida Mental, ou Conscincia e Domnio etc. - no acham?)
Depois ponha em prtica o que aprendeu! Faa o que ns fizemos.
Observe. sua volta, a linguagem muda das atitudes corporais
prossegue, constantemente, com toda a eloqncia da prpria Vida que
fala das suas relaes humanas. Mais adiante, encontrar pormenores,
mas o importante , agora, acostumar-se a observar. Procure
classificar dentro do esquema bsico apresentado o que se passa sua
volta! Trate de decifrar as suas esfinges e divirta-se! Uma
advertncia: Voc vai errar! Voc descobre logo de incio duas pessoas,
sentadas uma diante da outra, numa reunio social. Esto
descontradas, mergulhadas em conversa mutuamente atraente.
Instintivamente cruzam e descruzam pernas, tomam diversas posies de
braos e trax, uma praticamente imitando a outra. Isto sem dvida
sinal de simpatia entre ambas. E tem mais, quem primeiro modificar
a posio (logo a seguir imitada pela outra) o lder momentneo da
conversa. Ento voc, surpreso e entusiasmado pela facilidade inicial
com que passa a perceber estes fenmenos, vai errar! Aconteceu com o
Roland, num coquetel muito concorrido de inaugurao de um Salo de
Belas Artes. Ei-lo plantado firme diante de um quadro (dele, "por
coincidncia") quando uma bonita jovem a seu lado deixou cair o
catlogo. Ele chegou a esboar um incio quase imperceptvel do ato de
abaixar-se, mas reprimiu-o logo e, imediatamente, "descobriu" um
pintor amigo do outro lado da sala. Com expresso, de ter encontrado
o Filho Prdigo, disparou naquela
20. direo, fingindo no perceber o pequeno incidente. Homem
desinteressado naquela jovem a ponto de ser grosseiro! Egocntrico!
Mal-educado! Bem, na verdade houve o seguinte: ele chegou a
murmurar entre dentes para a jovem (que era a senhora dele) a
palavra " calas", antes de agir daquela maneira. Porque estava
estreando um par daquelas calas modernas apertadas; ambos j haviam
percebido uns estalos em certas costuras estratgicas e simplesmente
era por demais arriscado abaixar-se! Errar natural; errando que se
aprende. Voc est em terra estranha; seu vocabulrio restrito; seus
(e nossos!) conhecimentos da estrutura daquela linguagem so ainda
poucos. A regra : USE o que voc sabe e no se preocupe com a perfeio
impossvel! Voc s no pode se arvorar em professor daquela lngua
ainda estranha. Mas pratique alegremente que o resultado certo! Voc
j sabe, pelo menos, que no convm tentar, digamos, vender um seguro
para aquela senhora enquanto ela no largar a bolsa do colo!
21. CAPITULO 4 Anlise de um Sorriso A cabea. - A imensa
importncia da regio ocular. - Avanamos muito na nossa capacidade de
anlise: J somamos e subtramos pormenores simples para distinguir
entre trs sorrisos desagradveis. - Cinco a zero o escore do sorriso
que no encontrou oposio no seu prprio rosto. ANLISE DE UM SORRISO
Ento, de volta s nossas pginas? Esperamos sinceramente que tenha
aproveitado bem a pausa treinando a sua acuidade de observador. No
se preocupe se pouco entendeu do que percebeu; o importante foi
perceber conscientemente o que antes seus olhos apenas enviavam ao
seu arquivo mental, sem cpia para o Departamento de Pesquisa que
voc tem no seu interior "guia". Voc percebeu atitudes do corpo
inteiro e certamente no deixou de observar as expresses dos rostos.
Retomemos ento o nosso alegre estudo. Na prpria cabea temos
representados os trs animais: O boi, representado pela boca por
onde entram os alimentos. O leo, representado pelo nariz onde entra
o oxignio para os pulmes. A guia, representada pelos olhos que so o
espelho da mente. A regio ocular de imensa importncia expressiva;
revela, como todos sabem, a atitude da mente. Quem no capaz de
fazer uma lista mais ou menos nestes termos? Sobrancelhas
abaixadas: concentrao, reflexo, seriedade; Sobrancelhas levantadas:
surpresa, espanto, alegria; Olhos brilhantes: entusiasmo, alegria;
Olhos baos: desnimo, tristeza. Ou ento algo parecido com isto
quanto aos lbios: Arqueados para cima: prazer, alegria, satisfao;
Arqueados para baixo: desprazer, tristeza, insatisfao; Em bico:
dvida, contrariedade, raiva. Mas basta de enumeraes enfadonhas! Que
lista estranha, banal, imprecisa! A bipolaridade prazer-desprazer
parece lgica, tendo-se em conta a oposio geomtrica dos traados
sorriso- muxoxo. J outros casos parecem pouco claros. Tudo isto
muito vago, no ?
22. Pois bem, exatamente o que queremos transmitir ao leitor: s
com listas de palavras quase nada esclarecemos! A abundncia de
expresses possveis a qualquer rosto faz-nos sorrir das pobres
combinaes convencionais de meros vinte e poucos caracteres
tipogrficos. VAMOS SORRIR? Sorrir, como? Certamente no deste
desenho; o que ali est acontecendo maldade! No entanto todos nele
esto sorrindo, todos tm os cantos da boca em curva ascendente!
Analisemos. Qual a caracterstica principal da um sorriso, a sua
nota dominante? Cantos da boca para cima? Muito bem; ento vamos
marcar esse pormenor com um sinal positivo (+). Mas vamos marcar
tambm as outras caractersticas. Usaremos o mesmo sinal (+), quando
estiverem em harmonia com a dominante. E marcaremos as discordantes
com um sinal negativo (-). A. Canto curva para cima: basicamente um
sorriso. B. Costas encurvadas; cabea encolhida entre ombros:
atitude de animal espreita de inimigo; agressividade. C. Msculo
orbicular das plpebras contrado: observao aguda, firme. D. Lbios
comprimidos: propsito firme. E. Queixo apoiado nas mos: espera
firme, paciente, desafiadora.
23. Resultado: 4 negativos X 1 positivo, neste sorriso-maldade.
A. Meio sorriso unilateral. B. Distenso do msculo orbicular mais
contrao do frontal: surpresa mais desaprovao. C. Msculos elevadores
do lbio superior, zigomticos, bucinador e risrius em contrao:
amargura; de um s lado: amargura temperada com senso de futilidade.
Resultado: 2,5 negativos X 0,5 positivo, neste sorriso-resignao. A.
Cantocurvo do sorriso bsico. B. Trax salientado: orgulho,
superioridade. C. Maxilar inferior salientado: desaprovao, por ser
combinado com D. msculo compressor do nariz contrado: desgosto (as
capacidades gustativa e olfativa so fisiologicamente
interligadas).
24. E. Orbicular contrado combinando com : F: Frontal contrado
para cima: censura G. Tronco inclinado para trs: desaprovao.
Resultado: 6 negativos X 1 positivo, neste sorriso-desprezo. Puxa!
No encontramos uma nica harmonia para a dominante sorriso-bsico! H
um total geral de 12,5 sinais negativos discordando de apenas 2,5
sinais positivos do tema dominante "sorriso". A esta altura, seria
muito til ao leitor tornar a ler esta anlise. Reconhecemos que
muita matemtica em seguida; faa outra pausa, feche o livro e d uma
volta l fora se no estiver chovendo. Mas, ao recomear a leitura,
nosso pedido continua de p.
25. Tomemos o mesmo rosto e o mesmo sorriso bsico. Com a cabea
melhor posicionada, o olhar claro, os lbios abertos e a mo no mais
no queixo e, sim, oferecendo uma boa gorjeta; e estamos com 5
positivos X 0 negativos! Quer compreender isto ainda mais
claramente? Ento tome um pedao de papel de seda, papel " vegetal"
ou qualquer outro bem transparente. Com um lpis, decalque apenas a
cabea do desenho acima. A seguir, volte para a pgina 51 e ponha seu
desenho por cima do sorriso-maldade. Acerte a posio pelo nariz e
canto da boca, e voc notar melhor o que foi dito acima. Aproveite
para decalcar tambm o desenho do sorriso-maldade impresso na pgina
51, e use a mesma tcnica de estudo comparativo por superposio,
colocando este novo decalque sobre o desenho do sorriso bom, ao
alto desta pgina.
26. CAPTULO 5 Harmonia e Desarmonia Onde entra um breve estudo
para piano, a dois dedos s. - O leitor j percebeu a matemtica da
discordncia do sorriso; a do piano de oito versus nove! - O homem
est psicofisiologicamente "afinado " para sentir isso na msica; por
que no na linguagem do corpo? At aqui nos valemos dos nossos olhos
para examinar a matria sob estudo. Usemos agora o ouvido em trs
simples experincias com um teclado sonoro. L no fundo do nosso
ouvido tem o caracol auditivo. Sua estrutura tal qual a de um
piano, mas incrivelmente miniaturizado e enrolado em espiral. Onde
nosso piano ostenta umas vinte dzias de cordas, nosso caracol tem
cerca de 24.000. to menor que a tenso das cordas de um piano comum
teria de ser afrouxada numa proporo de 1 para 100.000.000, se
ousssemos produzir um caracol auditivo artificial para transplante
cirrgico em sculos futuros. Suas cordas mais finas, para a percepo
dos sons mais agudos, so mais curtas (coisa de um vigsimo de
milmetro) do que as mais espessas, para os graves, que alcanam
cerca de meio milmetro. Assim as primeiras podem captar vibraes na
freqncia de 20.000 vezes por segundo; medida que avanamos caracol
adentro, encontramos cordas cada vez mais longas, at chegar s que
esto afinadas para sons graves de 16 ciclos por segundo. Isto
representa uma amplitude de umas 12 oitavas (um piano de concerto
tem apenas de 7 a 7 e meia oitavas). Hoje em dia j menos usual ter
piano em casa. Mas tem no clube, ou nas lojas musicais; e o leitor
no precisa saber tocar piano para fazer as experincias que passamos
a descrever: Primeiro, localize a tecla d. fcil de achar; bem no
meio do teclado. a tecla branca esquerda de um grupo de duas
pretas. Toque-a. Aquele som vibrar 261 vezes por segundo. A seguir
suba uma oitava (conte oito teclas brancas direita,
27. incluindo na contagem a que tocou). Eis o d seguinte, mais
agudo. Toque-o. Vibrar 522 vezes por segundo. Agora a primeira
experincia: Toque as duas teclas descritas, ao mesmo tempo! Voc
acaba de obter um acorde perfeito: um som muito puro e agradvel.
Mas repare no aspecto matemtico: 522 o dobro exato de 261! Vamos
segunda experincia: Toque, simultaneamente, o d e o mi (o mi a 32
tecla direita, contando o d como primeira). outro acorde agradvel!
Qual a proporo matemtica? As vibraes agora so 261 e 328.88, ou
seja, na proporo de 4 para 5! (Para no nos afastar muito do nosso
tema principal: o boneco
28. representa o leitor depois da segunda experincia; acaba de
descobrir que d para pianista e o expressa pela linguagem da sua
atitude corporal!) E a terceira e ltima experincia? Toque, ao mesmo
tempo, as duas teclas adjacentes d e r (basta um dedo s, bem no
risco que divide uma da outra). No gostou? Pois , juntou 261 com
292.98 ciclos por segundo; dois nmeros na proporo de 8 para 9.
Juntamos dois sons discordantes entre si. L dentro do seu ouvido
interno, grupos microscpicos de fibras de tecido conjuntivo
vibraram em unssono com as cordas do piano. A sensao foi
transmitida pelos nervos para o crebro e voc tomou conhecimento de
algo desagradvel na experincia nmero 3, enquanto os sons ouvidos na
experincia nmero 1 e na nmero 2 contaram com a aprovao consciente
do seu EU. Voc estava de acordo com os acordes! Acabamos de
demonstrar um fato: o ser humano est fisiologicamente "afinado"
para distinguir entre harmonia e desarmonia. A cincia registra, de
fato, essa verdade psicofisiolgica no campo da percepo humana. Se
duas notas musicais vibram ao mesmo tempo sem que sua freqncia
corresponda a propores matemticas simples (como 1:2 ou 4:5), o
Homem registra essa vibrao como discordante!
29. Quanto s freqncias que usamos em nossa experincia, cumpre
registrar que estas no esto ainda universalmente padronizadas;
assim o d de Hndel era de 504 cps, mas o Covent Garden Opera House,
em 1876, chegou a adotar 540 - quase um semitom mais agudo; 522 cps
est mais de acordo com a presente cultura ocidental. Seja qual for
a freqncia dominante, costuma-se dividir uma oitava em doze
semitons, que so divididos em proporo fixa entre si, por
convenincia prtica. Teramos uma proporo matemtica muito mais pura,
utilizando a chamada escala diatnica (1, 9/5, 5/4, 4/3, 3/2, 5/8,
15/8, 2.), mas no se presta muito ao uso na prtica, pois as notas
emitidas seriam diferentes ao mudarmos de tnica (a nota aqui
simbolizada pelo 1). Da, a proximao baseada num teclado real que
usamos em nossas experincias 2 e 3; os valores 4 x 5,04 e 8 x 9,01
seriam mais corretos para os acordes citados, mas o nosso ouvido
"perdoa" e aceita bem a diferena centesimal - talvez por avidez de
harmonia num mundo dissonante!
30. CAPTULO 6 Comportamento Interpessoal Comportamento
interpessoal: J vamos aplicar numa reunio social aquelas continhas
simples que fizemos no faroeste sorridente e no piano de cauda. - O
leitor d outro passo importante frente; se brao, nariz ou mo letra,
o conjunto forma palavra! COMPORTAMENTO INTERPESSOAL As "letras"
que formam as "palavras" Apresentamos a Voc, leitor, as nossas
desculpas, se lhe pareceu que samos demais do assunto. Quem sabe
quantas atitudes corporais voc observou durante aquela pausa?
Talvez algo assim? E ns, em vez de elucidarmos suas observaes,
levamos voc primeiro a uma cena de faroeste e, depois, a um piano!
Ento est bem; vamos examinar sucintamente este desenho. Comecemos
por estudar, individualmente, cada pessoa representada. HARMONIA E
DESARMONIA Vamos, primeiro, definir isso? Harmonia disposio bem
ordenada entre as partes de um todo; concrdia; concordncia.
Desarmonia m disposio das partes de um todo; discordncia. E agora,
mos obra: vamos analisar cada pessoa como se fosse uma palavra e
quisssemos saber de que letras ela composta. a) A mulher de p,
esquerda. Est "de p atrs". Nela, quase tudo harmoniza - concorda -
com esta atitude (repare a palavra atitude que tanto tem
significado fsico como psicolgico)! O corpo inclinado para trs:
recuo, rejeio, afastamento! Um brao permanece cruzado diante do
trax; defende a regio " leo" do sentimento do EU: no-aceitao no
plano emotivo.'
31. O outro brao, de mo fechada, leva o cigarro o mais para trs
possvel; atitude de quem no quer ceder um objeto que ali segura, ou
at mesmo arremess-lo, enquanto recua, sobre um agressor: recuo sob
protesto. A cabea em recuo, e de " nariz levantado", confirma," em
guia", a desaprovao no nvel do pensamento consciente. Contudo,
mostra um sorriso (" seco"; apenas os msculos bem prximos da
abertura oral entraram em jogo). Concluso bvia: um sorriso por
educao; a linguagem bsica, que a do corpo, no harmoniza com que o
sorriso tenta dizer. Se marcarmos "positivo" (+), ou melhor, "mais
ou menos" () a mensagem "oficial" - transmitida voluntariamente,
"de caso pensado" - temos que marcar todo o resto em oposio, com
sinal negativo (-). Observe - todo o resto harmoniza entre si,
porque tudo negativo. b) O homem, de p diante dela. Gosta de si
mesmo. Nele, sim, tudo diz: auto-satisfao, auto-aprovao! Posio de
firmeza e incio de avano nas pernas: confia em si prprio, "sabe
onde pisa". Trax em evidncia: sente a sua prpria importncia. At os
dedos das mos apontam "o leo". Cabea: atitude de quem "est por
cima" (combinando com o trax: orgulho). Procure notar isto na
ilustrao, que est na pgina seguinte. Este, sim, podemos rodear de
smbolos "positivos" (+), ou seja, concordantes com a mensagem
conscientemente expressa. Tudo, ali, afirma o EU.
32. c) O homem sentado. Est interessado na mulher. Sua atitude
expressa ao, totalmente voltada para ela (Desenho na pgina 67). O
tronco, avanado para a frente, diz: quero avanar. A cabea, idem.
Pernas cruzadas, desembarao; um dos ps avana para ela. A mo direita
apia-se no smbolo de desembarao citado; isto tambm acontece com o
cotovelo esquerdo. A mo esquerda como que afasta o copo
impacientemente da sua frente: est interessado na oponente e no na
bebida! Simboliza tambm esconder o seu prprio rosto de terceiros -
no quer que ningum se meta na conversa! Tambm nesta figura, podemos
assinalar pontos positivos - tudo concorda entre si, numa bvia
demonstrao de sinceridade de propsito. d) A mulher sentada. Est
adorando a situao. Aceita a liderana do seu parceiro. Gosta do que
est acontecendo (Desenho na pgina 68). O corpo inclinado para trs,
mas no retesado como na mulher a) e sim "relax", descontrado,
apoiado no espaldar da cadeira, diz:
33. aceitao, concordncia. As pernas, tambm cruzadas, espelham a
posio das do seu parceiro, mas de forma mais branda (Apostamos que
ela adotou essa posio logo em seguida dele!). Aceitao, concordncia.
Mostra as palmas das mos para cima: Aceitao, concordncia. Segundo
Dr. A.E. Scheflen, um dos cientistas que estuda essa matria:
"Sempre que uma mulher mostra a palma da mo, est cortejando voc -
quer ela o saiba ou no". Isto, em sentido lato; procura - ou
concorda com - um encontro, um parceiro, mesmo que a inteno seja
apenas o prazer de uma comunicao verbal agradvel. A cabea - ora, o
leitor j tem prtica bastante para reconhecer que concorda tambm.
Tudo positivo tambm aqui - nada destoa da inteno clara da mensagem:
aceitao, concordncia. CUIDADO, LEITOR! Positivo - bom lembrar -
aqui no quer dizer "certo", nem negativo "errado"! No h julgamento
tico nisto! Lembre-se que marcamos positivo, de sada, o sinal bvio,
formal (poderia ser a palavra "sim", pronunciada em voz alta), e
negativo tudo que for contrrio (o corpo dizendo no). Ou, algum
dizendo "no" em voz alta, isto seria o positivo, e o corpo, dizendo
" sim", seria negativo (negando o que est sendo dito em voz alta).
Tudo entendido? Ento vamos adiante:
34. CAPTULO 7 Origens Antigas dos Gestos de Hoje Quando em
grupo, nossa linguagem corporal anseia por afirmar o nosso eu. -
Vamos juntar "palavras " - e a percepo delas ser aprendizagem, ou
melhor, reaprendizagem? - O valorfilogentico dos gestos antigos; ou
aprova de como nosso vov pr-histrico escapou de levar uma pedrada
da eleita do seu corao por no esperar pela inveno da palavra
falada. O QUE HA DE COMUM ENTRE AS PESSOAS? Examinamos quatro
indivduos. Podemos afirmar que todos tm em comum precisamente isto:
cada qual zela pela sua individualidade, pela personalidade que lhe
prpria. E demonstra sua nsia de preserv-la! Nem precisamos analisar
longamente componentes de expresso facial (de propsito, aquela
abundncia de culos e cabelos). A linguagem do corpo foi coerente,
foi harmnica com o desejo de cada EU individual numa dada situao,
tanto no nvel consciente como nos outros componentes da "esfinge" (
nica exceo aparente -o sorriso em a) - retornaremos mais adiante).
Cada um preservou o seu EU, na atitude mental (e corporal)
desejada, conscientemente ou no! Isto, num sentido muito real, a
prpria sobrevivncia do EU de cada um de ns, ao longo do eixo-tempo
da nossa existncia. Mas os indivduos estudados no estavam isolados
em quatro proverbiais ilhas desertas! Formaram pares, estavam em
grupo. Ora, quem est num grupo, sempre influencia o comportamento
deste e, por sua vez, tambm por ele influenciado. o que estudaremos
a seguir porque analisar uma pessoa de cada vez e nada mais como
verificar as letras de uma s palavra. Falta ver a frase em que a
palavra est! VAMOS JUNTAR "PALAVRAS" H uma interao constante,
quando formamos grupos humanos. Voltemos ao nosso exemplo:
35. esquerda o grupo a) - b), tal como o vimos. direita, ns
dissolvemos o verniz da civilizao do casal. Ento a linguagem do
corpo se tornou acentuada, passou do gesto ao. O comportamento
interpessoal inequvoco; a agresso e defesa, visveis nos mesmos
gestos, porm dinmicos, desinibidos. O grupo a) - b) negativo (-),
discordante. Esses dois esto em DESACORDO! Na escala de valores da
vida, a autopreservao ocupa o primeiro lugar - sobrevivncia antes
do prazer. Queremos segurana para termos a tranqila paz, precisamos
de paz. para manter o amor e vice-versa; quando inseguros, ficamos
ansiosos. Em todo comportamento interpessoal encontramos atitudes
fsicas e mentais cuja finalidade evitar a ansiedade de um "No!" ao
nosso EU, ou de obter a segurana de um "Sim!" concordando com o que
somos. Existimos, afirmando nossa identidade, nossa existncia - e
vivemos a vigi-la inconscientemente (ou, mesmo, conscientemente)
ansiosos, quando em grupo. Assim, o homem b) anseia por impor o seu
EU. Nem precisamos saber qual foi a conversa. Decerto um desses
sujeitos maantes que s fala dele prprio, sem querer saber se o
parceiro est interessado no assunto. Faz um papel de lder
ditatorial e a mulher a) resiste, a olhos vistos, a essa negao da
sua prpria importncia! No nvel consciente, transmite um sorriso
educado, pois, tambm neste nvel, anseia por afirmar-se (Pessoa
educada, de classe, sabe fingir aprovao diante dos convivas).
Vejamos, agora, o grupo c) - d); vamos igualmente retirar-lhe o
verniz inibitrio. Mudemos toda inteno -j subentendida na muda
linguagem daqueles corpos - em ao desinibida:
36. Ser preciso gastar palavras para concluir que o grupo c) -
d) positivo (+), harmnico? No se percebe logo que esto DE ACORDO?
PERCEPO DO TODO X PARTES E o piano? (leitor em atitude de ctica e
impaciente expectativa: queixo apoiado na mo, observando-nos com a
cabea lateralmente desviada, sobrancelhas - mas no plpebras - bem
levantadas, dedos dos ps "martelando na mesma tecla" ...) Bem, no
nos iramos dar o trabalho de arrastar um piano de concerto para
dentro destas pginas, se fosse somente para introduzir a noo de
harmonia. Quisemos, entre muitos exemplos possveis, citar um bem
claro. Mas o tema agora sua percepo! Exemplo de emisso de mensagens
(sonoras) simultneas (acordes) e que estejam mutuamente em conflito
(discordncia sonora): Isto seria o "Qu". A parte importante agora,
o "Como": a recepo da mensagem como um todo mais a percepo da
dissonncia ou harmonia das suas partes por um dispositivo
psicofisiolgico! Exemplo da recepo, sob o aspecto fisiolgico: um
ossinho chamado estribo; um slido transmitindo a um lquido (linfa)
do caracol auditivo as vibraes de uma mistura de gases (ar).
Exemplo da percepo, sob o aspecto do EU: o maestro, regendo a
emisso conjunta de sons de oitenta instrumentos sinfnicos e,
simultaneamente, percebendo a diferena de meio tom entre dois
violinos. Os dispositivos so muitos Ora, tais dispositivos de
percepo abundam em ns -desde o registro de ondas luminosas, vindas
at de distncias de anos-luz, at a percepo de contato cutneo,
mudanas na velocidade com que
37. nos deslocamos, odores, correnteza de ar... No resistimos a
mais um exemplo: temos cerca de 1.500 "corpos lamelares" no
peritnio, nas paredes das grandes artrias, nos revestimentos de
msculos e principalmente na parte profun- da da pele. Cada uma um
pacotinho de lminas conjuntivas, tendo ao centro um nervo.
Deslocando-se o tecido, a linfa que se acha entre as lminas tem a
sua presso modificada, o que transmitido ao nervo. Assim a "guia"
em ns sabe quando algo nos desloca a pele, e tambm o "boi" toma
providncias administrativas dentro de ns, de cuja natureza nem
sequer nos damos conta! Quer dizer, ento, do nosso crebro -
especialmente dos milhes de informaes da nossa memria - no
constitui ele o mximo entre os aparelhos biolgicos de percepo e
conseqente reao em vrios nveis? Percepes antigas e recentes H um
nmero imenso de aes - reaes programadas no nosso sistema nervoso -
que , ele prprio, nosso sistema de percepo. Muitas percepes so
inconscientes, anteriores at prpria espcie, como, por exemplo, os
que governam os nossos movimentos intestinais. Outros so to
recentes como a sensibilizao do leitor s posturas dos corpos dos
seus amigos, durante um coquetel, e que ainda esto na fase da
aprendizagem. Ou ser reaprendizagem? A FALA DOS GESTOS ANTIGOS A
mulher a) do nosso estudo anterior usou o mesmo gesto ansioso deste
nosso antepassado a), num capinzal situado a milhes de anos antes
da Torre de Babel das lnguas faladas. E, certamente, nosso
antepassado b) percebeu muito bem o que a) queria transmitir! Mesmo
porque, se assim no fosse, pelo menos um dos dois teria deixado de
ser nosso antepassado naquela mesma hora e, talvez, no estivssemos
aqui para contar a histria!
38. E, sem a pedra na mo? Olhe a ansiedade de b), mostrando as
mos sem armas, para conseguir sobreviver s relaes interpessoais a)
- b)! Ser preciso dizer que, diante de um projtil engatilhado em
nossa direo, o smbolo pacfico de submisso at hoje emitido e
percebido da mesma forma? VIVER PERCEBER Sob que forma percebemos
nossa prpria existncia, o nosso EU? No , porventura, como uma
imensa soma de conhecimentos, isto , de informaes? De percepes? E o
sobreviver? No o reagir em harmonia com o que for necessrio para
isso? o caso daquele nosso homem primitivo, lembrando-se de
experincias pessoais anteriores sob o ttulo "vermelho": foge do
incndio do capinzal que reconhece no combinar com o seu bem- estar
fsico. Mas avana rumo ma, porque sabe que estar de acordo com as
exigncias do seu paladar. Fogo + pele = discrdia. Ma + boca =
concordncia, harmonia. Essencial prpria filogenia, no nos faltam
exemplos de capacidade de discernimento at nas manifestaes mais
primitivas da vida. Todos sabem que, pondo-se um feijo para
germinar numa caixinha na qual fizemos um orifcio lateral, a
plantinha se estender sempre na direo daquela fresta de luz.
Treinando um verme de espcie planaria a reagir cada vez que se
acender certa luz, pode-se cort-lo ao meio - as duas metades faro
brotar, respectivamente, nova cauda e nova cabea, e os dois vermes,
guardando aquela informao, continuaro reagindo conforme aquele
hbito anteriormente adquirido.
39. Talvez "Vida" e "No-Vida" nem sejam definies absolutas; um
vrus "vivo" no sentido de sua capacidade de multiplicar-se e
reproduzir a sua prpria espcie e nada mais - o primeiro passo do
estado inanimado ao animado. partcula incrivelmente pequena de
matria (por exemplo: o vrus da febre aftosa tem apenas 0.000.000.8
cm de dimetro; numa nica clula de um centsimo de milmetro de
dimetro caberiam mais de 50 milhes de vrus de poliomielite).
Contudo, at o vrus sabe "distinguir" (mensagem qumica que seja, o
que antes classificao do que uma explicao) entre o ambiente
favorvel ou desfavorvel sua ao reprodutora. Reage,
inconscientemente que seja, informao inconscientemente recebida.
Mas a discerniu, de alguma forma! Em resumo - tudo o que vive
possui a caracterstica de discernimento e isto essencial sua prpria
existncia. Ora, o homem um ser altamente perceptivo e, certamente,
percebe os seus semelhantes. Como no haveria de perceber-lhes a
diferena entre a atitude favorvel, neutra ou francamente
desfavorvel ao seu EU? E de que maneira, seno pela percepo da
linguagem do corpo - antes que inventassem as gramticas e os
dicionrios?
40. CAPTULO 8 Intermezzo 1 O homem programado para discernir,
mas o hbito de atentar para as ferramentas-smbolos, chamadas
palavras, afastou-o da percepo consciente total imediata do "aqui e
agora ". - Simpatia e antipatia, uma possvel capacidade residual
deste tipo de percepo. Aviso ao leitor: Este captulo curtinho para
lev-lo em boa velocidade ao captulo seguinte! O HOMEM PROGRAMADO
PARA DISCERNIR No ser lcito supor que um fenmeno constante to
antigo como a prpria vida tenha, tal qual o caracol auditivo ou os
circuitos de memria do crebro, tambm a sua programao psicofsica? Em
outras palavras, que o hbito de sobreviver tenha condicionado os
reflexos que lhe so pertinentes? E que no mais usamos
conscientemente esta nossa faculdade, simplesmente por termos
adquirido o hbito do smbolo-palavra em vez da percepo direta? O
silvcola sobrevive na mata porque cheira de longe onde encontrar o
riacho para beber. Ns precisamos de um mapa, de bssola, guia, seta
indicadora, para no morrermos de sede na mesma floresta! SIMPATIA E
ANTIPATIA No estar a a explicao de parte das causas de simpatia e
antipatia que sentimos diante de novas relaes humanas? Quando a
linguagem do corpo de algum nos transmite conflito com os nossos
interesses, quem sabe o percebamos em nvel inconsciente de forma
negativa (-)? Isto, apesar das palavras com que nos procura
agradar, ou o seu sorriso (+)? Sentimos a desarmonia (+ -)?
Lembremo-nos do sorriso daquela gente ruim, da cena de faroeste que
no nos agradou de sada! Lembremo-nos que instintivamente
desaprovamos gente que sempre desvia seu olhar do nosso, durante um
dilogo, ou que, de mo
41. inerte, no responde ao nosso aperto de mos com igual
aperto! PRONTO PARA UMA CONCLUSO FINAL? Obrigado, leitor, que nos
acompanhou at aqui, carregando piano, gente rejeitando bolo, gente
da idade da pe- dra, bichos e bandidos - agora est na hora de
apanharmos o prmio dos nossos esforos! Agora, juntos, podemos
sucumbir tentao de arriscarmos esboar uma teoria de Percepo Humana!
E isto com pleno conhecimento de causa! Ei-la, resumida em apenas
4princpios bsicos:
42. CAPTULO 9 Quatro Princpios Bsicos Os quatro princpios que
permitiro ao leitor um entendimento mais completo da linguagem do
corpo humano. - Mais uma pausa para aprender como funcionam na
prtica. - Um primeiro exemplo de dois canais de transmisso
simultnea de quatro mensagens. - Outro exemplo, j com oito canais.
- Outro aviso ao leitor: O pior j passou; depois das primeiras
pginas deste captulo tudo vai ficando cada vez mais simples -alis o
leitor notar pessoalmente que perceber a linguagem do corpo bem
mais fcil do que escrever sobre ela! PRINCPIOS DA TEORIA DE
INFORMAO E PERCEPO CINSICA DE P. WEIL E R. TOMPAKOW
43. Que tal voc reler os quatro princpios? Afinal, isso feito
lgebra. Muito certo, mas muito condensado e, portanto, indigesto. E
que tal mais uma pausa, dedicada a um breve exerccio prtico com um
amigo? Veja como esses Princpios ficam logo claros: OLHE COMO
BASICAMENTE SIMPLES:
44. Voc, o leitor, a figura a). A seta horizontal entre seu
rosto e o rosto do seu amigo b) a comunicao consciente entre ambos:
1. COMUNICAO DE a), EMITIDA CONSCIENTEMENTE, ALCANA b): Voc acaba
de contar a ele o que Voc est estudando no nosso livro. 2.
COMUNICAO DE b), EMITIDA CONSCIENTEMENTE, ALCANA a): Ele respondeu
que isso deve ser formidvel e tambm emitiu conscientemente um
sorriso (+) que voc tambm percebeu. 3. MAIS UMA COMUNICAO
CONSCIENTE DE a) ALCANA b): o seu olhar, que por um instante se
fixa na posio dos braos de b) (seta inclinada). 4. AGORA, UMA
COMUNICAO INCONSCIENTE PARTE DE b) E ALCANA a): A mensagem da
resistncia sua comunicao (-) emitida pelos braos cruzados de b) e
percebida por a). No caso de a) ser mesmo voc, claro que a percepo
consciente, embora a emisso no o seja, pois voc j est sensibilizado
linguagem do corpo, enquanto seu amigo nem percebe que ele est
emitindo positivo (+) com as palavras e o sorriso, mas negativo (-)
com os braos (e a posio de recuo do trax - do "leo" - sentimento -
expressando dvida).
45. Na realidade - lembre-se - um ser humano isolado no pode,
obviamente, mostrar suas relaes humanas completas. E mais de um j
grupo; ento h interao. O diagrama acima j mais real; a seta
horizontal de cima mostra o nvel co-consciente que j estudamos, mas
tem o co- inconsciente (como quando o lder muda a posio dos braos e
o liderado o imita sem sentir) e mais as influncias consciente-
inconsciente, quer mtuas (setas inclinadas), quer individuais
(setas verticais; conforme Anne A. Schtzenberger). Outra coisa: No
existe um s nvel inconsciente e, sim, vrios, como todo psiclogo e
psiquiatra sabem. Mas a gente faz uma fora louca para manter um
livro simples e prtico. Ento no vamos querer exibir cultura
inutilmente. O que interessa sermos prticos. Fazer com que as
pessoas se entendam melhor, com mais clareza e sucesso. O mundo tem
sede disso. No vamos resolver a situao do mundo, mas podemos trazer
o nosso modesto copo de gua; no estamos absolutamente subestimando
o leitor, mas no queremos que se engasgue!
46. CAPTULO 10 A Energia no Corpo Humano A vida um fluxo
constante de energia e a linguagem do corpo a linguagem da vida;
logo temos que conhecer a energia em ns. - Por isso vamos botar uma
serpente numa FLECHA. - O consumo de energia de cada "animal"
nosso. - Onde est o painel de controle da esfinge? A ENERGIA EM NS
Se olharmos atentamente as inmeras esfinges antigas, percebemos em
muitas a representao de um animal a mais. a SERPENTE! Aparentemente
insignificante, mais parece um ornamento usado na testa, ou no
mximo um pequeno distintivo, como no bon de um policial fardado dos
nossos dias. Assim, no desperta maior ateno ao leigo cuja percepo
mais facilmente centrada nos elementos mais bvios da esfinge. Isto
pode, alis, ter sido intencional por parte dos antigos sacerdotes,
por no quererem atrair a ateno - talvez desrespeitosa - dos fiis
para a SERPENTE URAEUS, que representaria a maior fora do Universo:
a ENERGIA! Notou, na figura acima, a cobrinha na testa da cabea
humana? A serpente bem visvel neste exemplo. Trata-se de uma
esfinge hitita - um povo da sia Menor, desaparecido h milnios.
provvel que o leitor estranhe o desenho. Estamos, afinal,
acostumados padronizao em nossa cultura de produo em massa. No
mundo inteiro, as caractersticas de nossas lminas de barbear, de
nossas chapinhas de refrigerante ou das roscas de nossas lmpadas
eltricas so de uma tranqila e confortadora igualdade banal. E at
mesmo aquela amvel esfinge de cartunista qual o leitor j se
habituou nestas pginas tambm uma espcie de padronizao nossa -
embora baseada em srias mdias estatsticas dos elementos
identificados pela arqueologia.
47. Mas os antigos no usavam linhas de montagem e os
componentes das esfinges egpcias, assrias, persas, hititas,
fencias, gregas etc, variavam muito. Assim, o leitor j percebeu que
o escultor hitita do nosso exemplo pouca ou nenhuma importncia deu
ao boi, mas caprichou tanto no leo que lhe concedeu at uma cabea
particular! Vejam s que importncia do "EU" na linguagem daquele
corpo simblico! Esta variao de nmero e de destaque de elementos -
possivelmente relacionada com o que Piaget chamaria de "Centraes de
Percepo" diferentes - pode tambm ter relao com fases evolutivas de
conceitos cosmolgicos e psicossomticos atravs dos tempos e dos
contextos culturais vigentes. Mesmo assim, no modelo mais antigo
conhecido - o egpcio -j a serpente est presente a freqentemente
reaparece em grande nmero de exemplares posteriores. Como a
serpente, a energia assume todas as formas possveis. Comparvel
quele animal que se "transforma" ou "renova", ao mudar a pele (a
sua forma externa), tambm a energia se transforma: qualquer gesto
do corpo vivo, desde o levantar de um peso at o mero ato de
raciocinar, gasta energia; o estudo bioqumico do metabolismo
mede-lhe a intensidade e o ritmo. Fora, por definio, energia
aplicada! E, como a ondulao da serpente, tambm a energia pode ser
representada como uma pulsao, um ritmo ou vibrao constante. Pois
tanto faz considerarmos nosso corao (100.000 batidas por dia), os
raios gama (1020 a 2 x 1018 vibraes por segundo), os ciclos das
estaes do ano ou da corrente eltrica da bateria do nosso carro -
tudo pode ser representado em grficos que tm, como caracterstica
bsica, uma linha ondulatria: Mas, embora a serpente se desloque
ondulando, sua direo e caminho percorridos podem ser indicados por
uma seta convencional (Ocorrem-nos, logo, os exemplos do
eletroencefalograma e do "eixo do X" cartesiano). Temos, ento, na
unio desses dois elementos, um smbolo a mais que criamos para
melhor estudar a linguagem do corpo. Vamos us-la doravante -
especialmente na segunda parte deste livro. Sem ele, o captulo 15
(sobre o Amor e similares) teria sido impossvel.
48. COMO FUNCIONA? Tal como a eletricidade da bateria do seu
carro, a energia do seu corpo armazenada sob forma qumica. Suas
chaves da ignio esto ao alcance da mo - perdo, da pata do boi e do
leo e da garra da guia. Uma grande parte da sua energia em
potencial est guardada como reserva na gordura, presente nos
msculos e sob forma de gli- cognio para uso dos mesmos no fgado.
Alm deste, outras glndulas endcrinas (gnadas, supra-renais,
pncreas, tireide e pituitria) so verdadeiros armazns de energia
para fins especficos. A glndula-mestra a pituitria; em ligao direta
com o hipotlamo, por sua vez ligado ao crtex, ativa as demais
glndulas citadas por meio dos seus chamados hormnios trpicos. A
PARTE DO BOI O boi um grande consumidor de corrente, desde o
trabalho constante dos msculos que no esto sujeitos vontade
consciente at as demais operaes puramente instintivas: respirao,
digesto e distribuio dos prprios produtos energticos da mesma,
funcionamento do sistema reprodutor da espcie desde a cpula at a
amamentao (perodo em que, na fmea, trabalha um s boi para manter
duas esfinges). E assim por diante. A PARTE DO LEO Esse cilindro de
ar comprimido d para quanto tempo de mergulho? a pergunta que
sempre fazem quando a gente, nos fins de semana, d uma de heri
submarino. E a gente nunca pode dar uma resposta exata!
49. Quem no est acostumado ao mergulho livre em pleno oceano
fica com medo mesmo, por mais que minta a si prprio ou aos ingnuos
habitantes de terra firme a quem, depois, impinge as suas histrias
de pescador. Tenso, nervoso, desperdiando energia, respirando mais
depressa, gasta o ar todo em muito menos tempo do que o tranqilo
mergulhador veterano. Assim, a emoo pode consumir uma "parte de
leo" mesmo, contagiando boi e guia com sua preocupao. o que notamos
na linguagem do corpo, quando a energia comea a fluir com
intensidade. H desde a respirao e o pulso mais acelerados at as
mudanas na voz, no olhar, no tnus muscular e na direo tomada pelas
partes do corpo. Observemos sobretudo as extremidades dos membros
que passam a expressar nitidamente o tipo de ao imediato desejado
pelo leo. A PARTE DA GUIA No muito grande; o membro mais moo da
famlia e os outros bichos no costumam deixar sobrar muita energia
para a guia obter informaes verdadeiras e completas a respeito do
seu mundo. muito comum, por exemplo, o leo tirar do seu arquivo a
imagem de, digamos, a guia materna, com seus ensinamentos do tempo
da infncia: "Menino, no faa isto ou aquilo que mame bate em voc!"
E, pronto, temos a guia l em cima, perturbada pelo inconsciente,
talvez aprovando o que o homem fume um cigarro atrs do outro, num
desafio totalmente inconsciente querida falecida. E o boi que se
arrume com a poluio pela nicotina!
50. Esta diviso da energia provavelmente explica por que, nos
mais diversos cultos, o jejum e a absteno sexual so levados em to
alta conta. Desliguem-se as chaves de ignio do boi e do leo e a
mente pode receber mais energia. No apaga voc as luzes do carro
para que, naquela madrugada escura e fria, a bateria tenha energia
bastante para o motor pegar logo? O CONTROLE DA ENERGIA Mas, e na
esfinge humana? Onde esto as chaves de controle do fluxo energtico
cujos efeitos percebemos na linguagem do corpo? Estamos na
fronteira do conhecimento atual, em rea das mais recentes
pesquisas. Se voc estiver na Califrnia, talvez o Dr. Lawrence
Pinneo, do Stanford Research Institute, permita que voc aperte um
boto no painel de um computador, j programado para emitir um
determinado fluxo de energia sob a forma de impulsos eltricos.
Estes alcanam minsculas eletrossondas, por sua vez enfiadas no
crebro do macaco "Bruno" que tem o brao direito normalmente imvel,
aleijado. Mas basta apertar o boto; naquele ponto do crebro do
macaco a ordem recebida, "entendida" (descodificada) e passada
adiante, pelos nervos do brao. E a linguagem do corpo torna a
adquirir vida; o brao se levanta! Este um dos mais de duzentos
pontos de controle j experimentalmente verificados por
pesquisadores como Pinneo, Delgado, Brinley, Heath, Hess e outros,
controlando emoes e
51. movimentos tanto em animais como em seres humanos. Em
tempo: o crebro no sente dor; a fina sonda metlica , em si,
imperceptvel e j se comea a substituir os cabos por uma pequena
antena costurada sob o couro cabeludo, recebendo o sinal emitido
pelo computador por meio de ondas curtas. Soluo para casos
patalgicos, ensino programado ou 1984 de Orwell? Uma s ciberntica
sob duas formas externas - o computador, irmo mais moo do homem?
Vejamos. Nosso desenho mostra trs pontos onde, por meio de sondas
eltricas, pesquisadores mexeram com o Boi e o Leo: Bastou ligar ou
desligar o fluxo de energia para que o corpo do paciente
respondesse imediatamente, manifestando ou eliminando a atitude
psicofisiolgica correspondente. Alm disso, parece haver duas
"chaves gerais" nessa rea que o pesquisador suo Hess chama de
sistema ergotrpico (incitando atividade) e trofotrpico (incitando
passividade). Mas chega de neurofisiologia! Vamos passar ao captulo
seguinte que prometemos simples. No contm hititas, macacos
teleguiados ou
52. pruridos filosficos. Ter apenas as instrues de uso do
"vocabulrio", no qual voc encontrar uma srie de atitudes corporais
e o seu significado.
53. CAPTULO 11 INTERMEZZO 2 Vamos aplicar em cheio o que j
aprendemos. - Regras para uso do vocabulrio a seguir e porque ns,
com a mais sria das intenes, fizemos as caricaturas que voc ter que
analisar nele. VAMOS APLICAR O QUE APRENDEMOS? Voc encontrar, nas
pginas seguintes, uma poro de exemplos de atitudes corporais,
acompanhados dos seus significados. Parece um dicionrio ou, antes,
um desses pequenos vocabulrios bsicos para turistas, com as
expresses mais usadas numa lngua que lhe pouco familiar. Mas, ser
mesmo? Que regras teremos que seguir para us-lo corretamente?
Lembre-se sempre que sua simples presena, como observador, j
modificar a linguagem do observado; na situao real um leo urra,
sacode a juba, amarelo, tem cheiro de leo. No papel impresso voc j
viu que no tem nada disso. Caber a voc, leitor, traduzir a lio
simplificada em plenitude da vida; toda a situao deve ser vista no
seu contexto. Por despir-se em pblico, voc pode ser ou condenado,
ou elogiado (se o fez para, atirando-se de um cais, salvar algum de
afogamento)! Isso tudo vamos explicar logo a seguir, antes de voc
comear a usar o vocabulrio, pois do contrrio a sua eficincia
diminuir na prtica. Outras noes surgiro, tais como a percepo
consciente da direo e intensidade do fluxo da energia, e da tenso
causada pelos seus bloqueios; do nmero de pontos de contato
energtico internos e externos (sete pontos, no mximo, para um copo
de cerveja e trinta para o mais sublime amor!); das distncias, no
espao, entre as pessoas, ligadas noo de territrio; da necessidade
de levar em conta o fator cultural das atitudes observadas.
Cumprimentos amistosos em pblico tm que ser aprendidos, enquanto
que baixar a cabea entre os ombros antes de atacar furiosamente
mais antigo que a inveno da palavra falada - j os bois pr-histricos
entendiam isso. Da a atitude corporal daqueles
54. cumprimentos, em Tquio, no ter a menor semelhana com as do
Rio de Janeiro, embora ambos tenham valor de sobrevivncia, pois
preservam o EU na sociedade. Tais noes, amigo leitor, surgiro e
sero tratadas na SEGUNDA PARTE, captulos 14 e 15, depois do
vocabulrio. Por enquanto, o que citamos j ser suficiente para seu
rpido progresso. ANTES, PORM, ESTE AVISO CUIDADO! CARICATURAS! A
reproduo pictrica convencional (fotos, desenhos " acadmicos") como
o sol: Torna TUDO claro. Ento a gente v tudo. V demais. Mas todos
ns percebemos muito menos do que vemos; a mensagem fica diluda. o
caso deste desenho (decalcado de um flagrante fotogrfico): Tem
mensagens visuais demais, competindo entre si, a clamar pela nossa
ateno. Vemos tudo, mas s registramos conscientemente o que nos
interessa: o amvel leitor "enxerga" pelo menos esse pargrafo
inteiro de uma s vez. Ento por que ser que seus olhos acompanham,
aos saltos que seja, linha por linha deste texto? Precisamente por
isso: est interessado na seqncia de nossas idias, uma aps outra,
palavra por palavra, ou pelo menos assim esperamos! J, se no se
interessar mais pela leitura, digamos, nesse instante (ateno Sr.
nosso editor, no leia isso!), ento No PERCEBER o
55. sentido do pargrafo seguinte, embora j o tenha "visto"
antes, ao "ver" a pgina inteira, depois de virar a folha anterior.
E fechar o livro! Assim, o leitor apreciador de anatomia feminina a
observar melhor do que o estampado das roupas (mas que sero olhadas
com ateno por um leitor que as costure) e nenhum dos dois olhar com
tanto interesse os canudos de refresco como um leitor fabricante
dos mesmos. J a caricatura como uma lente: pode focalizar a luz num
s ponto de cada vez ganhando em intensidade o que perde em extenso.
Vamos mostrar a mesma cena anterior, mas em caricatura: Ficaram s
as mensagens claras do corpo: a pessoa da direita fazendo baguna e
a outra dizendo com o rosto: "Gostei!", mas com o tronco inclinado
e a mo afastando o seu copo de refresco: "No compartilho desse
abuso; sou uma pessoa educada que quer estar longe dessa violao das
boas maneiras mesa!" Procure, no desenho da pgina anterior, estas
mensagens! Esto l, "escondidas" pelas outras. Por isso, o
vocabulrio em caricaturas. Voc compreender melhor e mais depressa o
que est sendo
56. transmitido. E se treinar afocalizar o essencial nas
atitudes corporais ao seu redor, na vida real! Voc vai ficar
surpreso com a rapidez com que sua "percepo cinsica" vai crescer!
TRS REGRAS PARA USO DO VOCABULRIO Temos trs fatores a levar em
conta: 1. Nossa prpria presena Repare no desenho: o "turista"
invadiu o "territrio" alheio. Emitiu, ele prprio, a mensagem: "sou
um intruso, um voyeur grosseiro!" Um grupo de duas pessoas mais um
observador um grupo de trs pessoas com todas as modificaes de
comportamento interpessoal da resultantes. 2. No podemos reduzir
gente viva a estruturas mortas sem perder algo de essencial, que a
prpria vida! Namorado contemplado durante um minuto a foto da sua
eleita; retrato que considera "igualzinho a ela"... Acontece que o
olho humano pisca normalmente 10 vezes por minuto. O do retrato,
evidentemente, nem uma s vez; no tem vida. Ora, nossos desenhos e
fotos nem piscam, no ? So registros simplificados; retratos
verdadeiros sim, mas preciso descontar essa diferena, ao comparar o
"retrato da namorada" com a prpria! O desenho esta parado, a pessoa
mexe!
57. Seu movimento rpido ou lento, hesitante ou dominante? Por
que fez aquele gesto? Est alegre ou triste? Isto nos leva
diretamente ao item mais importante que o 3. Contexto da situao a
decodificar Vamos explicar isso com uma histria em quatro
quadrinhos: Eis algum (A) cruzando defensivamente os braos. Por qu?
O seu oponente (B) est querendo convenc-lo de uma novidade
qualquer; voc sabe disso porque voc prprio a figura da esquerda do
desenho (ou, pelo menos, est presente conversa). E voc, pelas
respostas verbais dele, pela expresso do rosto e inclinao para trs
do corpo, sabe que ele no est de acordo com o que est sendo dito.
Eis que eleja concorda parcialmente; no est mais tenso. E os braos
cruzados? No so defesa do EU? No so "do contra"? Sim, mas agora
defesa necessria para o isolamento deliberativo. Para a liberdade
de decidir. E o jri que se retira, aps ouvir os fatos, e tranca a
porta para deliberar em particular. Tem hora que a Esfinge de todos
ns precisa ter vida privada, precisa de um biombo, para que a guia,
leo e boi entrem em conferncia particular. Como meditar em paz se o
oponente continua a nos bombardear com argumentos? A guia educada e
vida de novas informaes pode sorrir, mas o sincero leo, guardio das
informaes antigas, no baixa a defesa!
58. Agora, nosso oponente j est praticamente convencido. Falta-
lhe, somente, a experincia pessoal da novidade, por isso o leo
ainda cruza os braos, mas sem tenso; as mos frouxas, dedos
esticados e entreabertos, em repouso. Reparem o espao ocupado.
Entrou, submisso, no "territrio" do lder, avanando no espao da mesa
rumo ao outro! Est ficando "do nosso lado"! Alguns dias depois: "A"
ficou decididamente do lado de " B" (Ento procura tambm sentar ao
lado do seu lder). Claro que nesse intervalo descruzou os braos.
Eis os dois, unidos; " B" agora vai tentar convencer " C". E "A"
est outra vez de braos cruzados! Mas agora (pela sua posio, quer no
espao, quer na inclinao do tronco em direo ao lder do grupo) os
seus novos sentimentos esto sendo defendidos! (No vai ser difcil;
reparem os ps de "A" e "C" numa concordncia co-inconsciente.)
Cremos que com esse exemplo tornamos claro que no basta dizer: 1.
BRAOS CRUZADOS = LEO DIZ "NO". 2. O CORPO S FALA A VERDADE. 3. LOGO
A VERDADE "NO"!
59. Isto estaria errado. Seria igualar a fotografia (que nem
pisca) com a pessoa viva que, sistema aberto que , "recebe contnuas
informaes do meio exterior e de dentro de si mesmo, compara-as,
delibera e reage". A cada instante que passa somos algum j um pouco
diferente... Consideremos sempre o contexto da situao. No basta o
"que", h de se ver o "como", o "quando", o "onde", o
"porqu"...
60. Segunda Parte: APLICAES PRTICAS CAPITULO 12 Vocabulrio
Prtico Agora lhe damos a oportunidade de afinar ainda mais a sua
percepo. Poder saber tambm de que maneira o corpo expressa algumas
das principais emoes humanas. -Ou, ao contrrio, o que significa, em
separado, grande nmero de: "energemas " componentes dos
"semantemas". FALAM AS PARTES Nos desenhos grandes que voc
encontrar daqui em diante, usamos uma tcnica de "bales", tal como
nas histrias em quadrinhos. S que a "fala" no sai das bocas dos
personagens. o p, a mo, a sobrancelha que "diz" alguma coisa. Cada
parte do corpo humano fala exatamente isso - a sua parte (Cada
"significante" diz o seu "significado" - como diria Saussure). FALA
O TODO O ttulo geral, no alto de cada desenho, simplesmente o
sentido geral do conjunto de "opinies individuais" de cada parte do
corpo. TERNURA Temos aqui duas partes que emitem seus "
bales-legenda", embora no tenham boca para falar. So os ROSTOS e as
MOS. Os rostos expressam sentimentos que podemos chamar de enlevo,
contentamento, beatitude, tranqilidade amorosa, encanto, etc. Como
ambos ostentam emoo idntica, o sentimento mtuo. Assim, DIZEM:
gosto! E como olham um para o outro, ambos dizem a mesma coisa. As
duas mos dela e a esquerda dele, pelo fato de percorrerem o corpo
do parceiro - assim tomando conhecimento da sua presena -
mutuamente aprovam o que percebem. Detalhe: a mo esquerda dele toma
parte nisso - a "mo do sentimento". A mo direita dele - a "mo da
ao" -j fala em agir, sugerindo que ela se aproxime mais.
61. Contudo, a ausncia de contato entre as duas regies
abdominais mostra que o "boi" no est "falando" em sexo: emoo-" leo"
aliada ao apreo-" guia". Diz Freud que a ternura um resultado de
sublimao da energia; no exemplo da esfinge, a "serpente" que sobe
no nvel do corao. RESISTNCIA PASSIVA, TEIMOSIA (EXPECTATIVA DE
CONTINUIDADE DA INSATISFAO PRESENTE) A inclinao do corpo fala
sempre. No caso, contrria a quem quer que esteja diante dos nossos
dois personagens; logo, temos uma clara REJEIO em linguagem do
corpo. Habitue-se, leitor, a perceber a inclinao do corpo das
pessoas com quem conversa. Se est inclinado para trs, veja o
contexto: pode estar simplesmente relaxando, confortavelmente
descansado. Pode estar "digerindo" o que o leitor est procurando
inculcar nele. Mas se est de msculos tensos, temos resistncia,
rejeio. Braos protegendo o "Leo" (identidade emotiva), objetos
defendendo o "boi" (sobrevivncia), j claro para o leitor. Novidade
o p ancorado; procure observ-lo quando algum teima em manter o seu
ponto de vista numa discusso.
62. Ser um ser humano est interessado em algum ou algo, a
inclinao do seu corpo tende a mostrar naturalmente esta sua
inclinao emocional. Mas, se a "guia" avisa que tal ao a descoberto
no conveniente em dadas circunstncias, o homem tenta reprimir a
linguagem do corpo. Tenta, mas o seu interesse reaparece na direo
do olhar. Voc precisa estar alerta para perceber esses olhares -
podem durar apenas uma frao de segundo.
63. DESINTERESSE A inclinao do corpo agora contrria, mas o
homem desinteressado est " vontade"; seus msculos no apresentam
tenso. "BOI" dormitando, ruminando, sem se preocupar com emoo
alguma. Retraimento da " serpente". Compare os dois exemplos de
desinteresse com os demais personagens. Sem exceo, demonstram, nos
seus corpos mais tensos, nas suas mos e rostos, um mundo de emoes.
Tente compreender o que dizem, por exemplo,1 as mos. A moa, embaixo
esquerda, receosa de ver sangue de faquir, mostra regresso
momentnea a um estado infantil - seu dedo na boca diz: "eu consolo
voc falta do seio materno!"
64. AVIDEZ (ORIGEM: FRUSTRAO ORAL) A boca sensvel ao prazer,
satisfao, pois o seio materno - ou a mamadeira - satisfaz os
anseios de todo ser humano em sua fase de lactente. Foi o que o
leitor j percebeu, ao examinar atentamente o desenho anterior, no
caso da pessoa que, diante de uma angstia, regressa
inconscientemente a um estado infantil. Quando uma das mos, perto
da boca, "diz": PRECISO SATISFAZER O "EU", procure perceber o que
dizem as outras extremidades do corpo, mais o peito encolhido ou
estufado; sempre h uma mensagem que mostra a relao do gesto com o
contexto. Como o da outra mo, dizendo: PRECISO DO COLAR AQUI! As
pessoas que sentem a compulso de gastar a sua energia em atividades
orais (reais ou simblicas) mostram que sua "serpente" ficou fixada
no nvel do "boi", pois a boca, sendo a extremidade superior do
aparelho digestivo, preservador do "po de cada dia" da sobrevivncia
fsica, um "representante do boi" na cabea humana.
65. EXPECTATIVA (DE CONFIRMAO DA SATISFAO ESPERADA) No incio
deste " vocabulrio", sob o ttulo ATENO, INTERESSE, j vimos a
inclinao do corpo e direo do olhar que aqui reaparece. E no captulo
4 da primeira parte deste livro, observamos naquela cena de
faroeste o homem do "sorriso mau" com o queixo apoiado nas mos, em
atitude de expectativa. Torne o leitor a examinar o desenho acima:
todos os participantes da reunio mostram aquela inclinao para a
frente, e, na figura do meio, o apoio das duas mos ao queixo bem
evidente. Todos os rostos esto sorridentes - esperam manter-se
satisfeitos (ao contrrio dos rostos em RESISTNCIA PASSIVA,
esperando manter-se naquele contexto pessoalmente insatisfatrio).
Como o homem do centro, o da esquerda no desenho tambm expressa "
aguardo" pelo apoio dos cotovelos mesa. Mas a mo esquerda ("do
sentimento") est na boca, no gesto receoso que muito encontrado em
pessoas pouco seguras de si e em cuja primeira infncia
66. encontramos pais excessivamente severos. O peito (o EU) a
descoberto (homem direita) mostra total receptividade. O "EU" O
"EU" expresso pelo posicionamento do trax, conforme j vimos
anteriormente. No instante em que algum d muita importncia a si
prprio, a "Serpente" da Energia est no nvel do "EU-LEO". Convm
lembrar que estas atitudes, quando mais ou menos permanentes, so
fceis de observar. Mas o corpo fala sempre no Indicativo Presente,
no "aqui e agora", e o que diz pode durar apenas um breve
instante.
67. Compare o que vimos no desenho anterior com estes dois
personagens. O contexto outro, mas a estrutura das mensagens
basicamente a mesma. Onde a dama aristocrtica estava solidamente
apoiada na poltrona, o cavalheiro convidado mantm os ps em atitude
de slido apoio. Cabea, tronco, membros seguem paralelos similares;
tanto faz, por exemplo, a mo da pessoa que domina o encontro
"dizer": "Decido aceitar a homenagem do teu beijo formal" ou Decido
aceitar um "Hors-d'oeuvre". Este comportamento de superioridade foi
identificado pelos psiclogos como sendo um fator bipolar de "
ascendncia-submisso". No caso presente GUIA-LEO" dominando o
"BOI".
68. Repare o leitor como o corpo fala de forma nitidamente
diferente, quando, acusando, mostra um sentimento ESTTICO (um PONTO
de vista; PONTO local de PARADA), ou ento, ameaando, um sentimento
DINMICO (uma LINHA de ao; LINHA algo a SEGUIR!] No primeiro caso, a
atitude parada (dedo acusador parado, mo esquerda "do sentimento"
chegando a APOIAR a atitude fsica (mo na mesa). Este ltimo pormenor
est de acordo com o princpio de Greene que estudaremos mais adiante
neste captulo. No outro caso, repare no dinamismo do dedo
estendido!
69. RECEIO Nesta emoo que chamamos de Receio, o fluxo energtico
("SERPENTE") comea a se dividir em direes opostas. Nos exemplos
acima, uma parte MNIMA do corpo conscientemente exposta ao perigo
para "espionar o inimigo", enquanto o "grosso da tropa" est pronto
para uma retirada. Tornamos a lembrar: isto caricatura didtica!
interessante observar estes pormenores quando algum est diante de
um dilema, de uma escolha de compromissos pessoal que envolva
riscos, mesmo durante comunicao verbal aparentemente amena!
70. Na escala progressiva receio-medo-pavor, a diviso energtica
em direes opostas vai se acentuando at o medo intenso; h um
curto-circuito da "Serpente": a energia gasta ao mesmo tempo em
movimentos de querer (avano) e no poder (recuo). No pavor, os trs
inconscientes apavorados agem concatenados por mero reflexo.
71. O corpo fala o que a mente contm. Nos casos acima, a
maioria dos leitores decerto reconhece agora que, mesmo antes de
estudar nosso livro, j percebia de alguma forma (menos consciente
que fosse) o significado contido nas atitudes do desenho. o rosto
do nosso oponente mostrando contentamento enquanto nos encara com
firmeza: mostra interesse amvel em ns. Pelo raciocnio algbrico,
mais com mais d mais; ento troquemos os sinais: menos com menos tem
que dar menos! O olhar que nos evita, o sorriso que no chega a
firmar-se: no tem interesse amvel em ns! Quanto mo temerosa, mole,
que no responde a nosso aperto - preciso dizer mais?
72. SENSUALIDADE Na moa ao alto, de mo estendida palma para
cima (atitude pedinte), o desejo sensual pode ser ou no consciente.
Na maioria das atitudes que o leitor observar na prtica, ser
decerto inconsciente mesmo. O acariciar de plos outra fala
inconsciente do "boi". Por isso, quando as pessoas acariciam
distraidamente um gatinho ou a pelcia d um sof, demonstram seu
desejo inconsciente de contato sensual. A fala inconsciente do
corpo da moa dormindo foi observada em pessoas sexualmente
reprimidas.
73. INVEJA O desejo inconsciente de contato sensual, visto no
desenho anterior, aqui aparece na figura da direita, no ltimo
plano. As duas reaes bipolarmente opostas, causadas pelo sentimento
de inveja, aparecem na posio do trax: enquanto o homem esquerda no
desenho se diminui ao comparar-se com o dono da lancha, a senhora
do centro engrandece o seu EU.
74. DESCONFIANA (REJEIO INTRANQILA DE CONTATO HUMANO) Repare o
leitor na figura do psictico diante da enfermeira. Seus braos e
pernas formam uma GRADE protetora que diz: Ningum entra (e eu no
posso ou no quero sair)!
75. MUTISMO Muitas vezes acontece que, numa conversa, no
podemos ou no queremos externar nossos sentimentos. Isto tambm
expresso pelo nosso corpo.
76. PERSUASO (ESFORO DE...) Um estudo detalhado do desenho
decerto dispensa maiores comentrios.
77. SAIR (DE UMA DADA STTUAO) Ser interessante para o leitor
estudar tambm, em separado, somente as posies dos ps neste desenho.
Direo do p indica direo da inteno de locomover-se, de chegar-se ao
que interessa naquele momento.
78. PROTEO Observou os ps do casal sentado? Apontam-se
mutuamente! A mo esquerda da moa (mo "do sentimento") prende a
dele! Com a direita, ela puxa o brao direito dele "dizendo" ao
"outro": quero ser protegida pelo MEU parceiro! Procure notar como
comum um homem fazer um gesto inconsciente de proteo qualquer sua
companheira, quando algum possvel rival se aproxima, e, sobretudo,
procure notar esse gesto de proteo no SEU caso, quando em
circunstncias idnticas!
79. DESAFIO O desafio uma constante no nosso presente contexto
cultural. Temos que "passar frente"; preciso "colocar os outros nos
seus lugares"! Jouer des codes em francs, Ellenbogenraum em alemo,
elbowroom em ingls (tudo isso, literalmente, se refere ao espao
para cotovelos), a atitude fsica correspondente que alcanou foros
de linguagem verbal!
80. REGRESSO (A UM ESTADO INFANTIL) Todos ns temos momentos de
regresso na vida. Carnaval, futebol, brincadeiras de salo, so
exemplos mais corriqueiros. Os psicanalistas e os cientistas do
comportamento nos apontam, no entanto, exemplos mais inesperados:
Dormir, voltando posio fetal; aninhar-se como uma criana pequena no
colo da pessoa amada e, numa das reaes frustrao, fazer "manha"
(bater o p, xingar etc).
81. LINGUAGEM DOS OBJETOS (ESCOLHA DE...) OBJETO TAMBM FALA!
Todo e qualquer objeto relacionado com pessoas adquire uma
linguagem prpria. Exibir uma Mercedes fala! Empunhar uma garrafa de
usque escocs legtimo ou vestir farda de corpo de bombeiros fala!
Veja, nas figuras das moas acima, o que "dizem" suas atitudes
relacionadas com os objetos que preferem manusear!
82. CULPA (SENTIMENTO DE...) o superego de Freud, localizado no
nvel da guia, que faz com que a circulao da energia esteja inibida
em relao a tudo que tem relao com a linguagem; o modo inconsciente
da punio muito freqente em pessoas que foram muito castigadas na
infncia. Mas nem por isso toda a pessoa que se encolhe sente-se
culpada de alguma coisa! Antes de sucumbirmos tentao de dogmatizar
em termos deste vocabulrio bom lembrar o que dizem ter acontecido
em Viena: eis que um grupo de estudantes de Psicologia, altas horas
da noite, dobra uma esquina e encontra - quem? O prprio Freud
esperando um bonde, enquanto saboreia um enorme charuto! Silncio
constrangido; todos pensam em libido oral, ningum ousa falar.
83. Ento o Mestre, deliberadamente, retira o charuto da boca,
contempla-o pensativo e diz: "Senhores! Existem momentos na vida de
um Homem em que um charuto APENAS UM CHARUTO!" TENSO (STRESS,
ANSIEDADE) Convm um comentrio extenso. Tenso, no Homem, isto: uma
acumulao de energia contraindo certos msculos, espera da ao
decisiva para alcanar certo objetivo. Este objetivo pode ser alvo
material ou mental, consciente ou no. Freud, desesperanado de achar
conexes sistmicas entre o consciente e o sistema nervoso, confessou
que lhe era desconhecido o
84. que havia entre o "crebro, rgo corporal e cena da ao" da
vida mental, e os seus substratos fisiolgicos. Por isso, da em
diante, a prtica psicanaltica concentrou-se principalmente nas
relaes intrapsquicas. Mas, comeando talvez com Reich, que chamou a
ateno sobre a LINGUAGEM DO CORPO, o mistrio comeou a ceder. Surgiu
a anlise energtica de Lowen, a terapia Gestalt de Perl e muitas
outras. Assim, Greene e colaboradores (1970) obtiveram dados
suficientes para formular o Este princpio se aplica perfeitamente
no que acima dissemos e desenhamos: Para a mudana mental-emocional
do nosso caador, que de repente percebe o alvo, temos a imediata
mudana fsica do estado dos seus msculos, re-tesando o arco. Vamos
traduzir aquele "Princpio de Greene" para o nosso (mais leve, porm
menos preciso) estilo didtico? Mas, o que aconteceu com nosso
silvcola do desenho, enquanto lemos isso? J disparou a flecha.
Houve a ao, j se descontraiu. Em linguagem do corpo, este no repete
monotonamente: "Meu EU precisa se esforar sempre para alcanar
aquele objetivo" . Os seus msculos
85. no mais apresentam aquela tenso mxima que bloqueara por UM
MOMENTO o livre fluxo da energia, enquanto se concentrara na tarefa
de apontar com preciso para o alvo. Tudo isso foi quase instantneo.
Nenhum "primitivo" demora na posio de arco tenso, frustrando-se de
atirar! A sua tenso natural, vem e VAI. rtmica, como todo fluxo
energtico normal no universo. ALVO FIXO NOVIDADE Ora, isto sempre
foi assim, at que chegou a civilizao, com uma novidade na histria
da evoluo: os alvos fixos. Mais a ansiedade de mant-los sob a nossa
mira constante! Eis a ansiedade, a "tenso" de nossos dias. No surge
e desaparece, no vaivm natural. Vem e FICA. o alvo fixo de toda uma
coleo de regras de conduta ideal para a vida inteira que, desde a
infncia, nos foi inculcada na guia e guardada no boi e no leo. S
que nem Guilherme Tell acertaria naquela ma na cabea do filho a
vida inteira - brao cansado treme e h sempre um ventinho para
atrapalhar. - Acertou no centro? Tem prmio! - Acertou fora do
centro? crime; tem castigo! Ficamos tensos. O boi est indcil,
cutuca o leo com os chifres. O instinto quer seguir o costumeiro
impulso natural do alvo momentneo e esquecer o assunto.
86. Mas a guia no deixa. Ento os msculos correspondentes ao
frustrada permanecem tensos, seja nos ombros, nos maxilares, nas
costas ou nos vasos em que fluem os lquidos do corpo., Temos uma
situao biofsica e bioqumica anormal. "STRESS". Quanto ao resultado,
os engenheiros j tm a palavra adequada: "STRESS-CORROSION". A
gent