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Índice Patricia Acróstico 6 Peruíbe 7 Meu Pensamento 8 Apocalipse Moderno 9/10 Saudosismo 11/12 Devaneio 13 Quem és tu? Acróstico 14 Lúcia 15 Entardecer em Peruíbe 16 Vivi Acróstico 17 Patricia Acróstico 18 Afrodite Acróstico 19 Serra dos Itatins 20 O Sonhador 21 Desilusão 22 Leila Acróstico 23 Amanda 24 Alegria 25 Desgosto 26 Para Ela 27 Ternura 28 Vênus de Milo 29 Você! 30 Minha ruína foi o amor 31 Agradecimento 32 O Desencanto 33 A Felicidade 34 O fim das coisas 35 Poema do Desespero 36 Despedida 37 Telepatia 38 Katia! 39 O Despeito 40 A Solidão 41 Angústia 42 Despedida 43 Confissão 44 A Felicidade 45 Desilusão 46

Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

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Compilação dos poemas de Nicolau Laraia (vovô).

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Page 1: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Índice

Patricia – Acróstico 6

Peruíbe 7

Meu Pensamento 8

Apocalipse Moderno 9/10

Saudosismo 11/12

Devaneio 13

Quem és tu? – Acróstico 14

Lúcia 15

Entardecer em Peruíbe 16

Vivi – Acróstico 17

Patricia – Acróstico 18

Afrodite – Acróstico 19

Serra dos Itatins 20

O Sonhador 21

Desilusão 22

Leila – Acróstico 23

Amanda 24

Alegria 25

Desgosto 26

Para Ela 27

Ternura 28

Vênus de Milo 29

Você! 30

Minha ruína foi o amor 31

Agradecimento 32

O Desencanto 33

A Felicidade 34

O fim das coisas 35

Poema do Desespero 36

Despedida 37

Telepatia 38

Katia! 39

O Despeito 40

A Solidão 41

Angústia 42

Despedida 43

Confissão 44

A Felicidade 45

Desilusão 46

Page 2: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 6

Acróstico - Patricia

Petita Querida, que brinca contente,

Alegre, feliz desde o teu despertar,

Travessa, garrula, cantante, inocente,

Recolhe as frases dispersas no ar,

Insone por vezes, na noite que avança,

Correndo ela foge do leito e dos seus,

Inventa folguedos, até que se cansa,

Acaba dormindo e sonhando com Deus

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 7

Peruíbe

A madrugada qual facho luminoso

Surge no céu, o horizonte iluminando!

A luz murmura – Peruíbe, eu te amo!

E se expande, na areia reverberando

Emerge o dia e na abóbada azulada

Rutila o sol de ouro e prata em fusão

Brada o céu – Peruíbe, eu te amo!

O brado ecoa em sons de oração

A tarde tinge de rubro o poente,

O sol descamba em gradações de luz

Ressoa a prece: Peruíbe, eu te amo!

O éter freme, e o céu calmo reluz

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 8

Meu Pensamento

Muitas vezes em introspecção imerso,

Elevo-me entre os astros do firmamento,

E, num segundo, percorro todo o universo,

Nas asas do meu veloz pensamento,

Silencioso, audaz, imponderável

Segue reto, e sem desvios me conduz,

Atravessando toda matéria impenetrável,

Vencendo em velocidade a própria luz

Retorno ao passado milenar

Percorro as profundezas dos oceanos

Infiltro-me pela coroa solar!

E desvendo do futuro os arcanos

Torna-se pequeno o infinito

Quando dou asas ao meu pensamento

O universo, enorme; fica restrito

E, a eternidade transforma-se em um só momento

E neste profundo deslumbramento

Quando vibram, os sentimentos meus

Que, pela dádiva celeste do pensamento

Eu, humildemente agradeço a Deus

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 9

Apocalipse Moderno

Num dia ensolarado, Visão sombria eu vivi O evangelista por João chamado Pouco viu, ante o que eu vi Vi o rádio e a televisão Mancomunados com a imprensa Espalharem a deseducação Difundido torpezas e ofensa

Vi o comércio mentiroso, Que por lucro, mente e engana Vender em embrulho formoso, Pedaços de carne humana A inversão de valores – enorme! Tinha tamanho vulto Que o gênio morria de fome E, endeusava-se o homem estulto!

A pintura e a escultura Eram tão vilipendiadas Que só reproduziam a estrutura De mentes obsidiadas

A música modificada Era som de estranhas eras

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 10

O cantar, uma algaraviada Pior que o rugir de mil feras!

As religiões estavam desfeitas E de Jesus, o ensino da igualdade Mas agora, os hippies em seitas, Pregavam a promiscuidade! Da monarquia e da democracia, Não restava um só resquício Pois cada nação que existia Chama-se – Império do Vício! O ar estava poluído A luz do sol, era fria e rasa O tóxico em pó, era ingerido E respirado na fumaça!

A juventude, inexperiente, Não sabia que caminho seguir E pensando em viver diferente Destruía o próprio porvir Mas, no auge da orgia na Terra Eis que a humanidade se cansa E para descansar faz a Guerra E destrói, por fim, a esperança E então, eu vi, com tristeza O Deus, supremo e eterno Venerado pela natureza E a humanidade – no Inferno!

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 11

Saudosismo Quisera eu Ser hoje, Agora Toda a temeridade Que outrora Fui... E que hoje, No acaso da existência Prevalece, porém Como essência Como palor Como pulsações Interminentes... Suspiros Soluços Formas impotentes, Incapazes de gerar Acontecimentos De inovar, A existência! Os momentos... Quisera que, Esta força Incoercível Impulsionada Pela sutil, Centrípeta energia, Revertesse Aos primórdios

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 12

Da fantasia e, Embebendo-se Fortificando-se No cosmo escuro Retornasse Ao pretérito O meu futuro E o presente Fosse, Por toda Eternidade O anseio Louco, De perpétua, Mocidade!

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 13

Devaneio No teu sorrido eu vejo,

Promessas de beijos reprimidos,

Desvendo escondidos desejos

Por momentos, nunca vividos

A vida, tão pouco dura

Que é preciso viver

Sorvendo toda a ventura

De um instante de prazer

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 14

Quem és tu? – Acróstico Cálida aragem que me acalenta a alma Lucilante estrela – minha constelação Escrínio de diamante – coroa de palma Incrustação de ouro no meu coração Deus, quando te fez, por certo encantado Enaltecido e feliz com sua criação

Encarregou um anjo de trazer céu azulado Usando três pedaços; fez-te os olhos e o coração Numa tarde radiosa, quando o sol fulguroso Infatigavelmente, acalentava os prados Com os raios do sol, o Deus Laborioso Então elaborou – os teus cabelos dourados E toda essa obra, tão bela e divina Há mais de cinco anos na Terra eu encontrei Meus olhos divisaram suave menina E desde aquele instante - por ti me apaixonei!

Alma gêmea da minha; seremos eternamente Dois seres em um só – unidos num abraço E, quando vier a morte, iremos, serenamente Brilhar como dois sóis, na amplidão do espaço!

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 15

Lúcia

Alma sensível, feita de flores

Brotada num mundo, feito de estrume

Não pode, ao odor de fétidos amargores

Exibir sua cor, espargir seu perfume

Como tenazes, que a tudo comprime

Extraindo-lhe a vida e lançando-a ao vento

A podridão, que a cerca e oprime

Vai, pouco a pouco, roubando-lhe o alento!

Por isso essa alma – voltada à beleza

Não quer conviver com a torpeza do mundo

Nasceu para o belo – ama a pureza

Não quer vicejar, em canteiro imundo!

Mas, ela bem-diz a sujeira horrorosa,

Que aos poucos lhe furta a existência doída

E, reza, implora à morte piedosa

Que venha tirá-la dos braços da vida...

Adeus! Alma pura – segue pro além

E entre as estrelas, constrói teu abrigo

E aguarda por mim, que logo também

Eu morro no mundo – vou viver contigo!

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 16

Entardecer em Peruíbe

A tarde de esvai em languido arpejo,

Da luz refletida no píncaro do monte,

A tarde se escoa no sutil rumorejo

Da gélida água que brota na fonte

A tarde de esvai em lânguido arpejo

Da luz refletida no píncaro do monte

A tarde se escoa, no lânguido beijo

Que o sol lança à terra, ao sumir no horizonte!

A tarde de esvai, na doce harmonia

Dos sons da floresta e o marulho do mar

A tarde se escoa, com a melodia

Que a brisa convida à folhagem a cantar

A tarde se esvai, na doce harmonia

Dos sons da floresta e, o marulho do mar,

A tarde se escoa, o mocho já pia

E há suindaras riscando o ar!

A tarde se foi...da noite o véu

A terra envolve, silencia a orquestra

Miríades de astros cintilam no céu,

E os pirilampos povoam a floresta!

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 17

Acróstico -Vivi

Vela gênio encantado. Vela o doce sonhar... Vibra o ser no anseio E a alma se expande a cantar! Inspirações do infinito, descem – que anjo conduz Ela dorme as mãos sobre os seios Aureoladas de luz! Vem segredar-lhe a consciência o clarão do manto estrelar Para seus olhos exibirem A luz da estrela polar

Irmã das noites enluaradas – Musa, Deusa da poesia Povos seus sonhos de amores, E o despertar da harmonia A noite, miríades de silfos, de nomes alegres a brincar De fadas em vestes opalinas De flores que se beijam ao luar!

Na quadra ditosa da vida, dorme, sonha juventude O ser – uma orquestra retumbante O coração – vibrante alaúde! Milhões de beijos, abraços, amizade, humano calor Quinze anos! Metamorfose – do botão desabrocha a flor!

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Nicolau Laraia Página 18

Acróstico - Patricia

Pálida lua que no céu flutua! Argêntea pérola que boia no ar Tíbia esfera de prata, oh! Lua Repara no amor que eu vou revelar Infante tão bela, mimosa safira Cravada em Minh ‘alma ao céu me conduz Iluminando o estro, me inspira A minha menina – meu anjo de luz!

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 19

Acróstico – Afrodite Só, Afrodite na branca espuma

E o mar sedento, louco, tenta tocá-la

Levanta, iça as vagas, sacode a tênue bruma

Mas não consegue jamais alcançá-la

Apaixonado, insano, desesperado

Move-se ele em convulsão danada

Arremetendo-se contra os esguios penedos

Rugindo como louco, pela sua amada!

Infrene, o mar circunda as rochas rígidas

Alvoroçado, tenta despedaça-las

Lacrimejando ondas sobre as praias

A branca areia tenta, em vão enxugá-las

Ruge o mar, enquanto Afrodite canta

A natureza assiste a medonha por fia..

Insano, o mar assusta, enerva, espanta

Acariciante é o som, da doce melodia!

Baixa lentamente a noite sobre o mar cansado

A luz da lua, qual manto pálido e brilhante!

Recama as águas do oceano apaixonado!

Regila de prata, para o abandonado amante!

E dorme o mar, profundo sono agitado

Igual ao sono em que o pesadelo se habite

Raiando novamente, a clara aurora

O mar se lembrará de Afrodite

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 20

Serra dos Itatins

Quando a lânguida aurora envolve a Terra E de mil cores, amplo horizonte tinge A brisa afasta a névoa que envolve a Serra Descortinando a colossal esfinge!

Formas barrocas dum mosteiro alegórico Cujo átrio resplandece ao sol nascente Contemporânea do homem pré-histórico Contemporânea do homem do presente! Morada dos Deuses; Fronte orgulhosa Mistério de Elêusis, grandesa assombrosa Sublime beleza, tesouro infinito Pomposa nobreza de rijo granito! Serra fragosa, que traz escondida Silente, orgulhosa, milformas de vida harpa sublime, maga harmonia Que a arte exprime de noite e de dia! Delinea-se no horizonte a Serrania Sob o manto das nuvens arruivadas Com as cores da sutil melancolia A tarde envolve a Montanha Sagrada! Lentamente, o véu espessso da neblina, Cobre a montanha; o sol no ocaso esmaece A luz elétrica, Peruíbe ilumina E a Serra dos Itatins, adormece.

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 21

O Sonhador

Eu busco

A minha desventura

Naquele olhar de

Ternura....

Nos seus cabelos

Tão longos,

No seu riso de menina,

Na sua presença

Divina...

E o amanhã?

Há de ser minha ruína

A esperança perdida

Talvez seja a minha sina

Page 18: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 22

Desilusão

Construí um pedestal dourado,

De diamantes e rubis,

No diamante o sol brilhava e o sangue jorrava

Na cor rubra dos rubis!

Opalinas maravilhas, seduziam vaidosas

Luzidias e gris...mas tudo desmoronou

E somente restou, uma flor de lis...

Chorei ao ver que a vaidade

O amor e a paixão

Morrem e só deixam saudades

Nunca mais amarei; nem poesias comporei

Pois o amor e a paixão

Transformaram meu coração

Num corolário de dor!

Page 19: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 23

Acróstico – Leila

Louco de amor e de paixão

Ergui um santuário em meu peito

Incrustado de ônix e platina

Lavrado como escrínio da ilusão!

Agora, olhando a obra divina,

Presto homenagem ao coração!

Refúgio do amor e da tristeza

Indômito, infeliz coração

Mas diante de tanta beleza,

O manto suave da paixão...

Frágil como toda ilusão,

Retraiu-se!

Afogou-se num mar de loucura

Numa enorme tristeza afinal!

Conservando com amor e doçura

O nome na vertical!

Page 20: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 24

Amanda!

Se o mundo me condena

Por amar tantas mulheres

Amanda – de mim tenhas pena

Diga-me que tu também me queres!

Amanda, eu já não sinto

O que pelas outras eu senti

Amanda, creia-me, eu não minto

Amanda – eu só amo a ti!

Eu sei que já está chegando

O dia que você sempre esperou

Você, estará casada

Com aquele que sempre te amou!

Amanda – não sejas descarada

É um bem aquilo que almejas?

Eu te maldigo – não sejas malvada!

Pois eu te amo, e minha quero que sejas.

Page 21: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 25

Alegria?

Oh, que delícia de vida

Onde eu vivo cantando

Uma canção, tão comprida

Que canto, pois estou amando!

Que importa, se a mulher amada

Tem por compromisso um marido?

Pois, se a mulher é cortejada

Ele que seja prevenido!

Eu a amo, e ela bem sabe,

Que morrerei de paixão

Pois tal amor, já não sabe

Escondido, no meu coração!

Por isso, eu exibo ao mundo

Este amor, que me alenta o viver

E me enche, de orgulho profundo

E mais aumenta o meu sofrer!

Da vida dela, eu sei tudo!

Tudo que eu deveria saber

Por isso a amo e me iludo,

Pois ela nunca, há de me querer!

Page 22: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 26

Desgosto

Cessou a angústia, que oprimia meu peito

Pois, tudo que julguei ser um direito

Era ilusão, fantasia, sonhos mal sonhados

Mal definidos, que assombravam o meu despertar

Nada me resta, nem sequer poesia

Suave e doce harmonia de viver na ilusão

Hoje sou um sonâmbulo desgraçado

Não tenho presente ou passado

E o futuro será de amargura!

Restará fêmures, tíbias, costelas

Numa campa singela

Onde uma cruz, enegrecida,

Triste, pelo desgaste consumida

Traz-nos o epitáfio:

“Aqui, jaz, alguém

Que nunca viveu em paz”

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 27

Para ela

Sigo cantando, pela vida afora

Feliz e contente, com a minha canção

Canto beleza, duma mulher

Que trago escondida, no meu coração!

Essa mulher, de olhos pequenos

Nariz afiado, tem lábios beijáveis

Mas, rouba-me a calma, traz-me desespero

Inculca-me na alma cruel ilusão!

Quero fugir, para longe dela

Mas levo em meu peito, meu pobre coração

Depositário, do meu desengano

Do meu sofrimento, da minha paixão!

Se eu encontra-la, lá na rua deserta

Ou no burburinho, eu a cidade tem

Eu vou beijá-la apaixonadamente

Depois morrerei, nos braços do meu bem!

Page 24: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 28

Ternura Quando a vejo, com os cabelos mesclados

Ao invés de soltos, presos, sacrificados

Que angústia me invade a alma!

Quisera, liberdade no desejo

De depositar, o meu beijo

Naqueles cabelos perfumados!

Mas, da vida no dilema, minha alma se deprime

Cometer tamanho crime

Não me é dado o direito

Talvez, outro feliz vivente

Beija e afaga, contente

E aspira o seu perfume

Que ela não ouça o meu queixume

Pois a dor, que o meu peito oprime,

É amor, e amor não é crime

É amor, e amor não é crime

É da vida o contente é viver!

É gozo; a alegria é prazer

De amor até desfalecer

Page 25: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 29

Vênus de Milo

Vênus de Milo e, sua suprema beleza

Que a todos mortais, sublima e encanta

Não consegue o meu ser impressionar

Porque tenho no peito, um coração indiferente

À beleza que os viventes

Apreciam, amam e veneram!

Eu adoro outra vênus

Que possui, os cabelos mesclados

Longos, lindos, perfumados

Para os meus beijos, destinados

Mas, sem uma só chance de me dar!

Mas ela há de assistir

A minha morte

Então terei a sorte

De vê-la sofrer e chorar.

Page 26: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 30

Você!

Você mora no meu pensamento,

Pois não existe, um só momento

Que eu não penso em você

Quando estás ausente

Imagino-a com Laís

E Larissa, todas juntas

E, sorridentes

A brincarem sobre o colchão

Então eu imagino

Esse momento divino,

Musicado por um hino

De ternura e de amor

Sofro invejas em torrente

Quisera assistir à função

Mas creia, mesmo ausente

Eu sinto um contentamento

No fundo do meu coração

Page 27: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 31

Minha ruína foi o amor!

Cinzas! Unicamente, cinzas

Numa urna escondida

Guardarei no meu coração

São as cinzas, de um amor

Que tive na minha vida

Enquanto o amor durou

Vim feliz, mas a mulher

A quem tanto amei na vida

Nunca, jamais me amou

Mesmo assim, meu pensamento

Me elevava até o céu

Mas tudo desmoronou!

E só as cinzas do meu coração

Que o sofrer incendiou,

E o vento, para o infinito levou

Page 28: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 32

Agradecimento

Quando a luz esmaece,

E o sol, no horizonte desaparece!

E a lua surge no céu

Ante o disco argênteo

Eleva a Deus uma prece

Agradecendo a dádiva celeste

Agradeço-o pela miríades

De estrelas

E pelo céu tão azul e sereno

Pelo mar, de azul agitado

Pelas montanhas altivas

Pelas árvores

E pelos seres viventes

Pela mulher, que amo tanto

Pelo amor, pela dor e pelo pranto

Que por ela, já derramei...

Page 29: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 33

O Desencanto

Aos poucos, se me esvai a vida

Na insônia incontida

A pensar na mulher

Que amo tanto!

Na face, rola-me o pranto

E meu enorme desencanto

Dá-me o desejo de morrer

Quero tudo esquecer!

Entrar no nada, a região

Fazer explodir o coração

E a enorme paixão destruir

E ao Criador, pedir:

Senhor! Que me deste a existência;

Destrua-me – por clemência;

Pois, cansei-me, de viver e sofrer!

Page 30: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 34

A Felicidade!

Pensei em destruir

Todas as lembranças

para sossegar meu coração!

Pensei assim: o elo da saudade, eu partiria

E cessaria

A dor da recordação

Que Leila devolvesse, as poesias

E os escritos, todos,

Que lhe enviei, num momento de paixão!

Você, Leila, negou

E disse, que tudo lhe pertencia

E que você, os guardaria

Para sempre, como feliz recordação

Comovido, chorei escondido

Por você, Leila, minha eterna paixão...

Page 31: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 35

O fim das coisas!

Hoje, melhorei o conceito

Que de mim, o mundo fazia

Agora, trago no peito

Um coração que outrora se esvaía

Hoje, respiro em liberdade

A alegria, me faz muito feliz

Sinto enorme felicidade!

Por ter feito, aquilo que fiz

Voltou-me aos lábios, o sorriso

E, ao meu peito, um coração feliz

Que pulsa acelerado

Por sentir o Paraíso

O Éden, do contentamento

Um dia, serei amado

Por um simpático, sorriso

Que encontrarei na multidão

Com este feliz pensamento

Adormeço contente e sonho

Com o futuro risonho

Quando, então, serei feliz!

Page 32: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 36

Poema do Desespero

Hoje, ao vê-la, eu senti alegria

De vislumbrar, nos teus olhos, o ciúme e o despeito

Mas, senti também, mortal nostalgia

Por aflorar também, os ciúmes, em meu peito!

Me mata os ciúmes – e você bem sabes

Me mata, pouco a pouco, e não vejo solução!

Em meu coração, mais ciúmes não cabe

É tanto ciúmes, destruindo-me a razão!

Oh, destino absurdo, amargoso, cruel...

Com tantas mulheres, que existem no mundo

Por que entre tantas, essa única mulher

Despertou-me, em meu ser, amor tão profundo?

Com ela, eu sonho, cada vez adormeço

Se fico desespero, então nela eu penso!

Meu Deus! Sofrer assim, não mereço...

Mata-me aos poucos, um sofrer tão intenso!

Quando chegar, o dia da partida

Eu partirei, também, neste dia

Pois não suporto, a dor da despedida

De imenso desgosto, então morreria!

Page 33: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 37

Despedida!

Voa, pomba, do meu pombal

Voe para longe, e não voltes mais!

Leva nas tuas asas todo o meu mal

Todas as minhas dores todos os meus áis!

Eu ficarei, só com lembranças

De um amor que jamais voltará

Mortas, são todas as minhas esperanças

Em meu peito, infeliz só saudades ficará

Voe pomba, e no mundo inteiro

Espalhe a minha triste solidão

Voe pomba, voe ligeira

Leve aos pedaços, o meu coração...

Page 34: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 38

Telepatia

Senti efúlvios de amor

E de saudades também

Havia em tudo, ao redor

Perfume, que vinha do além

Ajoelhei-me, constrito...

E fartei o meu coração!

Naquele manancial bendito

Que inundava-me de emoção

As lágrimas contive, contudo

Apesar, da amarga saudade!

Meu coração, ficou mudo

Então, eu chorei de verdade...

Page 35: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 39

Katia!

Onde estás, que não respondes

Oh! Saudosa, Deusa Astarde?

Quero saber, onde te escondes

Quero depressa ir buscar-te

Do mel, tens a saborosa doçura

Mas, da abelha, tens também o ferrão

Tu me miras, com brandura

Mas, incendeias, o meu pobre coração

Por que, não enxugas, este meu pranto?

O meu rosto, amorosamente beijando?

Tu sabes, que eu te amo tanto

E este amor, está me dilacerando?

Quero morrer, ao teu lado

E num amplexo, profundo

Abraçar o teu corpo, amado

Olvidando, todas as asperezas do mundo!

Page 36: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 40

O Despeito

Passastes, por mim, orgulhosa!

E notei, que virastes o rosto

Notá-la tão caprichosa

Causou-me enorme desgosto!

Tens medo que, me cause cegueira

A luz que emana do teu olhar?

Desde que te vi, pela vez primeira

Não conseguiste, me cegar!

Só tua amizade, eu desejo...

De amor, nunca mais te falarei!

Só respeitar-me, almejo...

Escrever ou compor, não mais farei!

Tua família, eu respeitarei,

Pois, só agora em meu peito

Pulsa um coração verdadeiro

Que jamais, pulsará contrafeito...

É por isso que te ofereço

Uma amizade verdadeira

Pendido, todo o meu apreço

Para a minha vontade derradeira

Page 37: Nicolau Laraia - Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 41

A Solidão!

Solidão – é uma campa podre, abandonada!

Com os tijolos carcomidos pelo tempo

Uma cruz, metálica, enferrujada

Representa o abandono e o desalento!

Solidão – é o silêncio, é o farfalhar do cipreste

É o vento sacudindo os chorões

É o capim, tudo invadindo o agreste

E anjos pétreos, que protegem as ilusões!

Solidão – é um féretro, vagaroso chegando

Com um novo morador, em um caixão

Alguns, acompanhantes, estão chorando!

Porém, outros, falam e geme como um cão!

Solidão – é um cemitério fechado

Com chaves e cadeados do portão

Lá dentro, o ar parece estacionado!

E o sol, faz brotar vapores do chão

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 42

Angústia!

Senhor! Vós me destes a poesia Como instrumento, de divina inspiração Para que eu divulgasse a alegria E o amor, em cada triste coração Senhor! Bem sei, quantos poemas Extravasei, de minh’alma inspirada! Fiz broqueis, com milhares de diademas Para pavimentar, inúmeras estradas! Estradas, palmilhadas a esmo Por centenas de almas desiludidas Só, que olvidei, de mim mesmo E, minha’alma só e vencida Senhor! Eu te devolvo a poesia! E o instrumento da inspiração Já não suporto mais a agonia Que estraçalha o meu dolorido coração! Senhor! Nunca mais, comporei poesia! Sou um poeta, fracassado agora Até que desponte, o alegre dia Do regresso do meu amor, que foi embora

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 43

Despedida! Cada dia que passa,

As chances vão se esmaecendo

Com um turbilhão de fumaça

Que no céu vai se perdendo

Chorar, já não solve o problema

Pois a tristeza que tomou o meu ser,

É igual à tenaz de diadema

Que sufoca, sem piedade, o meu viver!

Preciso aceitar calado

Pois foi a vida que me castigou

Fazendo-me apaixonado

Por Deusa, que nunca me amou

E se amasse, como seria

Seria um céu de ternura?

Talvez eu até morreria

Ou me acabaria em loucura

Vou me encerrar, a imaginação

Num escrínio, todo dourado

E os pedaços do coração

Comigo, serão enterradas

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 44

Confissão! Afinal, alcancei o desalento

E meus sonhos, por água abaixo escorreram

Mas por fim cessaram todos os tormentos

E as previsões, todas fracassaram

Não mais catástrofes vou prever

Dois como médium espiritual, sou um fracasso

É melhor, os desarraigamentos esquecer

Do que levar vitorioso, um erro crasso! Fracassei, pois o espírito de adivinhação

Deixou-me perdido, e desamparado

Previ, mas não tive a compreensão

Que é difícil adivinhar, quando apaixonado

Para contar, com a divina proteção

É preciso olvidar, que se é humano

Olvidando, totalmente o coração

Para poder, mergulhar fundo nos arcanos!

Este poema, já chegou ao seu final

Aguardando que, a verdade proclame!

Vou esperar, até depois do carnaval

Para submeter, meu crânio a novo exame

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 45

A Felicidade Consoante, a crença que eu professo

Enquanto o corpo jaz, adormecido

Descansado, das lides do progresso

Despírito busca o ser querido

E juntos – com a divina permissão

Realizam a mais grandiosa aventura

Sob um céu, que os leva à comoção

E lhes empolga o coração de ternura

Foi isso que comigo sucedeu

A noite que ontem, com encanto

Saí para encontrar o amor meu

O espírito da mulher que amo tanto!

E pelo espaço, todo constelado

Flutuamos, abraçados e contentes

Beijamo-nos como felizes namorados

Agradecendo a Jesus, tal presente!

Quando a minha amada partiu

Eu, ao meu corpo retornei

E quando o meu corpo sorriu

De felicidade eu chorei

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Nicolau Laraia – Poemas (Volume I)

Nicolau Laraia Página 46

Desilusão Não quero mais saber o que conforma

Decepcionei-me, com a dura realidade

Pois de conhecemos a verdade

Para que eu pensar tanto na vida

Se toda esperança é perdida

E a vida, em um inferno se transforma?

O desgosto que trago comigo

É por saber que tão tardiamente

Que vivi, como vil inocente

Idiota, que só antevia belezas

Num mundo cheio de incertezas

Onde prevalece o castigo

Sonhei tolices, fui mesquinho

Perdi-me, somente por acreditar

Que bastaria odes versejar

Para conquistas de amor conseguir

Mas, acabei por ir ao chão – cair!

Na metade do meu longo caminho

Hoje saboreio a solidão me alegro em viver sozinho

Não mais poetizo pelo caminho

Nem canto, ou baixinho assobio

Sigo em frente, nunca me desvio

Até que acabe, toda minha desilusão