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Ciencia Rural Universidade Federal de Santa Maria [email protected] ISSN (Versión impresa): 0103-8478 ISSN (Versión en línea): 1678-4596 BRASIL 2002 Carlos Augusto Araújo Valadão / Juan Carlos Duque / Anderson Farias ADMINISTRAÇÃO EPIDURAL DE OPIÓIDES EM CÃES Ciencia Rural, março-abril, año/vol. 32, número 002 Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, Brasil pp. 347-355 Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma del Estado de México

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Ciencia RuralUniversidade Federal de Santa [email protected] ISSN (Versión impresa): 0103-8478ISSN (Versión en línea): 1678-4596BRASIL

2002 Carlos Augusto Araújo Valadão / Juan Carlos Duque / Anderson Farias

ADMINISTRAÇÃO EPIDURAL DE OPIÓIDES EM CÃES Ciencia Rural, março-abril, año/vol. 32, número 002

Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, Brasil

pp. 347-355

Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal

Universidad Autónoma del Estado de México

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Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.2, p.347-355, 2002ISSN 0103-8478

Recebido para publicação em 21.09.00 Aprovado em 27.06.01

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ADMINISTRAÇÃO EPIDURAL DE OPIÓIDES EM CÃES

EPIDURAL OPIOIDS ADMINISTRATION IN DOGS: A REVIEW

Carlos Augusto Araújo Valadão1 Juan Carlos Duque2 Anderson Farias3

- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -

1Professor Adjunto, Anestesiologia Veterinária, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, Faculdade de Ciências Agrárias eVeterinárias (FCAV), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Jaboticabal. Rodovia Professor Donato Castelane, s/n, 14884-900,Jaboticabal, SP. E-mail : [email protected].

2Aluno do Curso de Mestrado em Cirurgia Veterinária, FCAV/UNESP/Jaboticabal.3Aluno do Curso de Doutorado em Cirurgia Veterinária, FCAV/UNESP/Jaboticabal.

RESUMO

Os opióides têm sido utilizados em MedicinaVeterinária há vários anos como alternativa para o alívio da dorpós-operatória ou traumática. Atualmente, tem-se dado maiorvalor ao controle da dor nos animais, visando a oferecermelhores condições de recuperação ao paciente traumatizado ourecém-operado. A morfina foi o primeiro opióide usado emanimais. Mais recentemente, a administração dessa substância,por via epidural, vem sendo empregada no controle da dor comresultados promissores. Assim, nesta revisão, abordam-se váriosaspectos referentes aos efeitos e às indicações da administraçãoepidural de opióides em cães.

Palavras-chave: morfina, epidural, analgesia, cães.

SUMMARY

Opioids have been used for several years to relievetraumatic pain in Veterinary Medicine. The painful stimulus areimplicated with delayed tissue recuperation of surgical wounds.Today, a great importance has been given to pre-emptive controlof post operative pain in animals. Indeed, the use of epiduralmorphine, the first opioid substance used in animals, hasprovided excellent analgesia and good condition at the immediatepost operative period. In addition, several aspects concerning theeffects indications and forms of epidural opioids injections indogs are considered in this review.

Key words: morphine, epidural, analgesia, dogs.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a dor pós-operatória ou pós-traumática tem sido uma das grandes preocupações

dos clínicos veterinários. Freqüentemente, ela écontrolada com administração de analgésicos. Noscasos de dor aguda intensa, a injeção parenteral deopióides mostra-se eficaz, apesar de essassubstâncias terem vida média relativamente curta e,geralmente, serem necessárias doses repetidas paramanter a analgesia, aumentando o risco doaparecimento de efeitos colaterais (THURMON etal., 1996). A analgesia epidural, com anestésicoslocais, possui baixa seletividade, produzindo tantobloqueio sensitivo como bloqueio motor, tornandoesta técnica pouco atrativa para o controle da dorpor períodos prolongados (KEEGAN et al., 1995;HERPERGER 1998; TORSKE et al., 1998).Recentes estudos sobre a fisiologia da dor,particularmente da dor clínica, têm fomentado o usode agentes analgésicos opióides como importantealternativa no controle da nocicepção em animais e,principalmente por via epidural, para o controlesegmentar da dor pós-operatória (POPILSKIS et al.,2000), porque produz analgesia pós-cirúrgica dose-dependente de melhor qualidade e duração do que aobtida após administração desses agentes por viaparenteral (ALLEN et al., 1986). Assim, nestarevisão, abordam-se vários efeitos observados após ouso e as indicações da administração epidural deopióides, em cães.

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ASPECTOS FARMACOLÓGICOSRELATIVOS AOS OPIÓIDES

Os efeitos farmacológicos dos opióidessão atribuídos à ativação de receptores localizadosna camada superficial (substância gelatinosa) docorno dorsal da medula espinhal. Os receptores dotipo mu, classificados ainda, nos subtipos mu-1 emu-2, distribuem-se ao longo de toda a medulaespinhal, ao passo que, os receptores delta estãorestritos aos segmentos cervicais. Esses dois tipos dereceptores são responsáveis pela inibição dose-dependente das respostas aos estímulos termo-cutâneos. Os receptores kappa estão localizados nosegmento lombo-sacral da medula espinhal e estãorelacionados à potente supressão da resposta aosestímulos químicos viscerais, mas não interferem nanocicepção somática.

Existem diferenças na farmacodinâmicados opióides para os receptores no sistema nervosocentral (SNC) entre as espécies animais, mas, deforma geral, a analgesia espinhal é mediada pelaativação dos receptores mu-1, mu-2, kappa e delta.Segundo as características de ligação com estesreceptores, os opióides são classificados emagonistas puros, agonistas parciais, agonistas-antagonistas e antagonistas puros. Os agonistasincluem morfina, fentanila, meperidina, oximorfona,metadona, os quais atuam ativando especificamenteos receptores mu. Os agonistas parciais, como abuprenorfina, podem ser agonistas ou antagonistaspara o receptor mu, dependendo da situação. Atuamcomo agonistas quando administrados como agenteúnico e, como antagonistas, quando administradossimultaneamente com um agonista puro. Osagonistas-antagonistas, como a nalbufina ebutorfanol, são agonistas para os receptores kappa eantagonistas para os receptores mu, enquanto que analoxona é um antagonista puro (CHRUBASIK etal., 1993; SINATRA, 1993).

Os opióides podem produzir efeitosmáximos ocupando um número diferente dereceptores, dependendo da sua afinidade e da suaatividade intrínseca. Esses efeitos são proporcionaisao logaritmo da sua concentração plasmática edependentes da sua afinidade e atividade intrínseca.A afinidade de uma substância pelo receptor refletea capacidade de sua ligação ao mesmo, e a atividadeintrínseca é a capacidade da substância de produzirum efeito máximo (MURKIN, 1991).

O perfil clínico de um analgésico opióideestá intimamente ligado à estrutura química damolécula e às suas propriedades físico-químicas.Essas propriedades não afetam somente a interaçãodo opióide com o receptor, mas também interferem

na farmacocinética da substância e,conseqüentemente, na latência e na duração dosefeitos. As propriedades físico-químicas maisimportantes incluem a constante de ionização em umdado pH (pKa), a lipossolubilidade e a capacidadede ligação às proteínas. Foi demonstrado, com osanestésicos locais, que o período de latência estádiretamente ligado ao pKa, que a potênciacorrelaciona-se com a lipossolubilidade e que aduração de ação está vinculada à capacidade deligação com proteínas plasmáticas. No caso dosopióides, também foi estabelecida uma estreitacorrelação entre as propriedades físico-químicas, osrespectivos perfis farmacodinâmicos e os efeitoscolaterais. Dessa maneira, sabe-se que opióidesaltamente lipofílicos e pouco ionizados (meperidina,fentanila, sufentanila, metadona, buprenorfina,oximorfona) possuem latência e curta duração deação, se comparados à morfina, quando injetados porvia intravenosa. Adicionalmente, os opióideslipofílicos, como a fentanila, possuem menorbiodisponibilidade do que a morfina (hidrofílica),difundindo-se rapidamente através das membranasdurais e produzindo menos efeitos colateraisgastrintestinais, tais como: vômito e constipação(MEERT, 2000). As doses de opióides lipofílicosrequeridas para produzir analgesia epidural podemser altas, aproximando-se às requeridas paraadministração parenteral. A lipossolubilidade, então,é um fator que pode diminuir a duração da analgesia.No entanto, particularidades como o tamanho damolécula, a fórmula espacial e a afinidade pelosreceptores, podem compensar esse efeito, comoocorre no caso da buprenorfina, a qual é altamentelipofílica mas penetra lentamente as meninges, tendoum período de latência maior, mantendo sua açãoanalgésica por tempo mais prolongado (SINATRA,1993).

Altas concentrações de morfina sãoobservadas na circulação sistêmica, após a injeçãopor via epidural, devidos, provavelmente, àspropriedades hidrofílicas desta substância. Ocoeficiente de partição óleo/água da morfina é 1,4:1.Devido a isso, 29% da quantidade deste opióide,quando injetado no espaço epidural, é absorvida pelagordura epidural, e aproximadamente 71% passapara a circulação sistêmica ou atravessa a dura-máter, podendo alcançar, eventualmente, altasconcentrações no líquido céfalo-raquidiano (LCR).Após injeção epidural no cão, os picos deconcentração de morfina no LCR lombar, sãoalcançados entre 5 e 60 minutos, enquanto que nohomem estes picos só ocorrem entre 30 minutos equatro horas. Dessa maneira, tem sido observadasem cães concentrações médias de morfina no LCR

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15 vezes maiores do que aquelas observadas nohomem em relação à quantidade dessa substânciainjetada por via epidural.

Esse fenômeno poderia ser atribuído àdiferença na espessura da dura-máter existente entreas duas espécies (DURANT & YAKSH, 1986). Noentanto, outros estudos determinaram que a principalbarreira para a difusão de alfentanila e morfina,após injeção epidural, foi a membrana aracnóide. Adura-máter e a pia-máter são formadas por fibras decolágeno e elastina, enquanto que a aracnóide éformada por várias camadas de células planas(escamosas) unidas por fortes junções celulares. Adifusão da alfentanila foi 3,7 vezes mais rápida doque a da morfina. Embora a molécula de alfentanila(peso molecular = 416) seja maior que a molécula damorfina (peso molecular = 286), a alfentanila é 130vezes mais lipossolúvel do que a morfina. O iníciodo efeito analgésico, após a administração epiduralde opióides, varia marcadamente entre as diferentessubstâncias e, geralmente, depende do tempo em queestas atravessam as meninges para chegar até o LCRe, posteriormente, à medula espinhal (McMURPHY,1993). Em geral, a analgesia começa com maiorrapidez após a injeção epidural de opióideslipofílicos (meperidina, metadona, alfentanila,fentanila e sufentanila), tendo início entre 13-18minutos. Com substâncias hidrofilícas, comomorfina e tramadol, a analgesia efetiva só começadepois de 40 e 60 minutos, respectivamente. Emcompensação, a analgesia obtida, após injeçãoepidural de morfina, é mais prolongada do que aobtida com a administração de agentes lipofílicos. Amorfina é eliminada lentamente do LCR, permitindouma concentração suficiente para substituirconstantemente as moléculas dissociadas dosreceptores, sendo possível manter longos períodosde analgesia (CRHUBASIK et al., 1993). Exceções,entre os opióides lipofílicos, são a buprenorfina e ametadona, as quais têm alta afinidade pelosreceptores e velocidade de dissociação lenta, o queresulta em longos períodos de analgesia.

O objetivo primário dainjeção de opióides, por viaepidural, é produzir, com a menordose efetiva, o maior grau deanalgesia segmentária, ocasionandoconcentrações ótimas no LCR combaixas concentrações na circulaçãosistêmica. A administração de dosesaltas pode produzir analgesiaimediata e prolongar sua duração,porém, também aumenta aocorrência de efeitos colaterais

(CHRUBASIK et al., 1993). Por exemplo, ostempos de analgesia, obtidos após injeção epiduralde morfina nas doses únicas de 2, 4, 6 e 8 mg, foram514, 543-718, 722-938 e 865 minutos,respectivamente. As evidências demonstraram que oaumento da dose prolongou a duração da analgesia.Embora esta seja a única justificativa para o usoinicial de doses maiores à dose mínima efetiva, essaprática é questionável, já que o risco decomplicações posteriores aumenta consideravel-mente (CASTRO et al., 1991).

Outro fator associado aos efeitosbenéficos e colaterais da injeção epidural deopióides pode estar relacionado ao volume final dasolução. VALVERDE et al. (1989) não encontraramdiferenças significativas na analgesia segmentáriaobtida em cães, após injetar morfina (0,1mg/kg),tanto diluída num volume de 0,13m"/kg ou em0,26m"/kg. Contudo, a injeção epidural de grandesvolumes não é recomendável, pois aumenta aspossibilidades de difusão cranial do opióide e,portanto, pode induzir depressão respiratória tardia(CASTRO et al., 1991). Na tabela 1, estãorelacionadas as doses dos opióides usados por viaepidural, com maior freqüência em cães.

EFEITOS ADVERSOS DA ADMINISTRAÇÃOEPIDURAL DE OPIÓIDES

Os efeitos colaterais mais comuns após ainjeção epidural dos opióides incluem depressãorespiratória, retenção urinária, vômito, prurido ehipotermia. Em geral, tais complicações foramobservadas na espécie humana, após a injeção porvia parenteral, sendo que, na terapia prolongada, porvia epidural, observa-se menor freqüência deoligúria, agitação, miose, hipotensão e constipação(COUSINS & MATHER, 1984; CHRUBASIK etal., 1993).

A depressão respiratória ocorre commenor freqüência em pacientes tratados commorfina epidural do que em pacientes tratados com

Tabela 1 - Doses dos pióides freqüentemente usados por via epidural em cães.

Opióide Dose VolumeDiluição

Duração do efeito/Procedimento

Fonte

Morfina 0,10mg/kg 0,26m"/kg 16 - 24 horas Valverde et al., 19895-6m" total 24 horas Popilskis et al., 19930,3m"/kg Toracotomia Pascoe & Dyson, 19931m"/5 kg Day et al., 1995

0,11mg/kg 1m"/4,5 kg 6,3 ± 1,2 h Branson et al., 1993Oximorfona 0,10mg/kg 8 - 10 horas Popilskis et al., 1991Butorfanol 0,25mg/kg Troncy, 1996

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morfina, por via sistêmica. A incidência deste efeitono homem é relativamente baixa 0,1-0,3%, maspode comprometer a vida do paciente se ocorrerdurante o sono (COUSINS & MATHER, 1984).Entre os fatores associados à depressão respiratóriaestão o uso de opióides hidrofílicos, doses totaisaltas, doses repetidas e a administraçãoconcomitante de opióides por via parenteral.Pacientes de idade avançada, debilitados, comalterações neurológicas, doença pulmonar obstrutivacrônica (ou qualquer outro problema respiratório),insuficiência ventricular esquerda ou ainda, composicionamento da cabeça em plano inferior aotronco (o qual facilita o movimento cranial doopióide no LCR) estão predispostos à depressãorespiratória, após a injeção epidural de opióides(ETCHES et al., 1989; SINATRA, 1993).

Os opióides lipofílicos têm menor efeitosob a função respiratória do que os opióideshidrofílicos, mas a depressão respiratória precoce émais comumente observada após a administraçãodos lipofílicos. A depressão respiratória precocepode ter menor importância que a depressão tardia,quando a injeção epidural for realizada antes dacirurgia, já que, nesse caso, o paciente estará sendomonitorizado continuamente (SINATRA, 1993). Adepressão respiratória precoce é pouco comum apósa injeção epidural de opióides hidrofílicos como amorfina, se não forem empregadas doses elevadas,ou se o paciente não estiver recebendosimultaneamente opióides por via sistêmica. Écausada pela absorção e redistribuição para océrebro, através da circulação sistêmica, podendo sersimilar à depressão obtida após a administração dedoses equivalentes, por via parenteral (ETCHES etal., 1989).

A depressão respiratória tardia, de 4 -12horas após a injeção epidural, é decorrente dadispersão cranial da morfina no LCR até a cisternamagna, após a injeção de concentrações altas desteopióide (KAFER et al., 1983). Noventa minutosapós a injeção epidural, os níveis de morfina noLCR permanecem elevados, provavelmente devido àsua lenta eliminação nesse compartimento. Empacientes humanos tratados com injeção epidural demorfina, a depressão respiratória máxima (menorfreqüência respiratória e de resposta ao CO2) ocorreuentre as 2 e 12 horas posteriores à realização doprocedimento, com incidência de apresentação entre0,25 e 0,4% (MADSEN et al., 1986).

PELLIGRINO et al. (1989) avaliaram afunção respiratória de cães acordados ecorrelacionaram os efeitos respiratórios, com osníveis de morfina no LCR, após a injeção de

0,7mg/kg diluídos em 3m" de solução salina. Adepressão respiratória ocorreu de 1,5 a 2 horas emanteve-se até 6 horas após a administração. Osefeitos da injeção epidural de morfina sobre arespiração, reportados no homem, não parecem terrelevância clínica em cães, após a injeção de morfina0,1mg/kg, isoladamente ou em associação comanestésicos locais (VALVERDE et al., 1989, 1991;POPILSKIS et al., 1991; KEEGAN et al., 1995;DAY et al., 1995 e HENDRIX et al., 1996). Noentanto, DUQUE & VALADÃO (2001) observaramdepressão respiratória de 8 a 10 horas apósadministração epidural da associação de morfina ecetamina, em cães, após procedimento ortopédico,que foi revertida com a administração de butorfanol,na dose de 0,3mg/kg por via intramuscular.

Com respeito aos efeitoscardiovasculares, BIDWAI et al. (1975) relataramque a aplicação intravenosa de morfina (2mg/kg),em cães, diminuiu a pressão arterial. Já no homem, aadministração da mesma dose não teve o mesmoefeito, sugerindo a existência de diferenças entre asduas espécies no que se refere à respostahemodinâmica obtida após a administração demorfina. Não existem relatos de alteraçõescardiovasculares após a injeção epidural de morfinana dose convencional de 0,1mg/kg, embora SABBEet al. (1994) tenham relatado que a morfina, emcães, tanto pela via epidural como pela via intratecal,diminuiu a freqüência cardíaca de maneira dose-dependente. Por outro lado, a injeção epidural defentanila, em gatos anestesiados com isoflurano,produziu diminuição significativa da freqüênciacardíaca e da pressão arterial média, após 5 minutosda aplicação, fato que pode ser importante empacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos(DUKE et al., 1994). Em contraste, segundoVALVERDE et al. (1991), a injeção epidural demorfina não induziu alterações hemodinâmicassignificativas em cães, durante a anestesia comhalotano.

A retenção urinária após administraçãoepidural ou parenteral de opióides, em cães, tem sidoatribuída à perda do tônus no músculo detrusor,devido ao bloqueio parassimpático (HENDRIX etal., 1996). A morfina liga-se aos receptores opióidesmu e delta na medula espinhal, inibindo os axôniosparassimpáticos eferentes do nervo pélvico, os quaiscontrolam a contração do músculo detrusor,produzindo hipotonicidade da bexiga e distensão porretenção urinária. Os receptores kappa não intervêmneste processo (YAKSH, 1993; HERPERGER,1998). A administração intratecal de fentanila, causarelaxamento da bexiga, produzindo, também, ummarcante efeito relaxante na uretra, quando

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comparado com a morfina, buprenorfina emetadona. A buprenorfina não apresenta efeitoalgum sobre essas estruturas. A conclusão dosautores aponta que o relaxamento uretral ocasionadopela fentanila poderia prevenir a distensão excessivada bexiga associada à retenção urinária. Essascaracterísticas fazem desses dois opióides os maisapropriados nos pacientes em que as complicaçõesurinárias devem ser evitadas particularmente(DRENGER & MAGORA, 1989).

O prurido não segmentário é outropossível efeito colateral, induzido pelaadministração epidural de morfina e parece ser dose-dependente. A freqüência de apresentação nohomem varia entre 90 e 100%, para a dose total de10mg, e entre 1 e 28%, para doses totais entre 2 e5mg. A explicação para esse fenômeno ainda não éclara. Suspeita-se que a causa seja a alteração damodulação do sistema sensorial cervical, ocasionadapela difusão cranial do opióide. Para alguns autores,a liberação de histamina (ocasionada pelosconservantes presentes na substância injetada) nãotem um papel importante; para outros, é evidente aparticipação desses agentes no processo, apósinjeção epidural de morfina (McMURPHY, 1993).MAZZEI et al. (2000) relataram que, embora amorfina injetada por via epidural tenha sido maisefetiva do que a cetamina, na prevenção da dor pós-operatória, dois animais apresentaram urticária eprurido abdominal, após 60 minutos da injeção doopióide. Esse fenômeno também foi anotado porROBINSON et al. (1994) após injeção epidural demorfina em cavalos. A ocorrência do prurido podeestar associada, particularmente, ao emprego deagonistas um, tendo em vista que VALADÃO et al.(1996) administraram meperidina ou nalbufina porvia intravenosa, em eqüinos e observaram tal efeitoapenas nos animais medicados com o agonista mu.

Aparentemente, o uso de bupivacaína porvia epidural, antes da injeção da morfina, reduz oaparecimento desse efeito (COUSINS & MATHER,1984), muito embora SILVA (1997) tenhaobservado prurido na região glútea em 28% (2/7)dos bovinos tratados com a associação de morfina elidocaína. Aproximadamente 1% dos casos deprurido após injeção epidural de opióides são graves.O uso de anti-histamínicos é questionável, embora ouso de difenidramina possa, eventualmente, aliviaros sinais. A naloxona pode ser usada, também, nadose de 0,2mg/kg IV, sem alterar a intensidade daanalgesia, apesar de existirem relatos de ineficáciacom este procedimento (CASTRO et al., 1991).Doses sub-hipnóticas de propofol têm sido usadaspara controlar o prurido nestes casos, tendo-sesucesso em aproximadamente 85% dos pacientes. O

propofol produz marcada depressão dos cornosventral e dorsal da medula espinhal, tendo sidopostulado que sua ação antipruriginosa é devida àinibição da transmissão pós-sináptica, diferente daação da naloxona, que bloqueia a transmissãoencefalinérgica central. A dose de propofol usadanesses casos não produz sedação, hipnose oudiminuição da intensidade da analgesia(McMURPHY, 1993).

Estudos experimentais têm demonstradoque a administração epidural ou intratecal demorfina não está associada a efeitos tóxicos oualterações histopatológicas da medula espinhal(McMURPHY, 1993). Em animais tratados cominjeções diárias de sufentanila, alfentanila e morfina,não houve evidência de danos na medula espinhal,nem injúrias neuronais, presença de nódulosmicrogliais, gliose ou desmielinização, mesmo após15 dias de tratamento (SABBE et al., 1994). Poroutro lado, as substâncias seguras para uso porvia epidural podem ocasionar alteraçõescomportamentais e mórbidas quando administradasno espaço subaracnóide. RAWAL et al. (1981)avaliaram os efeitos comportamentais emorfológicos da administração intratecal e epiduralde butorfanol, sufentanila ou nalbufina em ovelhas.A administração de butorfanol, na dose de0,075mg/kg, ocasionou respostas como agitação,rigidez, vocalização, paralisia prolongada comaumento da atividade cortical e/ou atividadeconvulsiva. Achados histopatológicos foramcompatíveis com meningite e mielite supurativa. Deforma diferente, nos animais tratados com injeçãoepidural, não foi observada nenhuma alteração. Aadministração subaracnóide de sufentanila nas dosesconvencionais produziu alterações comportamentaise motoras leves, mas o uso de doses cinco vezesmaiores do que a dose terapêutica produziu efeitossimilares aos ocasionados pelo butorfanol.

O vômito é um efeito colateral dose-dependente, pois a administração de doses demorfina superiores às convencionais produzelevados níveis desse opióide no LCR, facilitando aativação da zona químio-receptora na área póstrema(McMURPHY, 1993). Em gatos, o vômito tem sidoobservado logo após à injeção epidural de morfina.Já, em cães essa técnica não induziu vômito(VALVERDE et al., 1989).

ASSOCIAÇÃO DE FÁRMACOS

A intensidade e a duração da analgesiaobtida por injeção epidural de opióides podem seraumentadas com a administração concomitante deoutras substâncias. A injeção simultânea de

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anestésicos locais e opióides pode oferecervantagens, já que o anestésico local produzbloqueio imediato, tanto sensitivo como motor,aliviando a dor e favorecendo, posteriormente, aação analgésica de longa duração do opióide.Estudos experimentais demonstraram que abupivacaína aumenta o grau de união dosagonistas opióides aos receptores na medulaespinhal em ratos e, adicionalmente, que aadministração intratecal de opióides otimiza obloqueio sensorial produzido pelos anestésicoslocais. A bupivacaína tem sido o anestésicolocal de eleição para associação com opióidesna injeção epidural, já que oferece longosperíodos de analgesia com bloqueio motor demenor intensidade (HENDRIX et al., 1996).FARIAS et al. (1997) observaram intensaanalgesia, miorrelaxamento e alteraçõescardiorrespiratórias discretas após a administraçãoespinhal da associação de fentanila e bupivacaína.

A administração epidural de agonistas α-2tem sido usada para produzir analgesia sem induçãode ataxia. A associação desses agentes com morfina,aumenta os períodos de analgesia em cães(KEEGAN et al., 1995). O uso conjunto deagonistas α-2 e opióides pode ser de grandeutilidade, já que as duas substâncias têm sítios deligação específicos na medula espinhal. Sabe-se queas fibras noradrenérgicas eferentes, provenientes dotronco cerebral, modulam a condução dos estímulosnociceptivos na medula por ativação dos receptoresnoradrenérgicos do tipo α-2, inibindo a transmissãorostral dos impulsos nociceptivos aferentesperiféricos, através da hiperpolarização dasmembranas pré-sinápticas (BRANSON et al., 1993).A injeção simultânea de xilazina ou detomidina emorfina, na medula espinhal, aumentou o tempo deduração da analgesia, em cães (BRANSON et al.,1993; KEEGAN et al., 1995).

Foi demonstrado, recentemente, que aassociação entre um opióide e a cetamina, umantagonista do receptor para aminoácido excitatóriodo tipo NMDA, pode bloquear a sensibilizaçãocentral por impedir a redução do limiar das fibrassensitivas aferentes na medula espinhal, aumentandoa eficiência da analgesia espinhal produzida peloopióide (AIDA et al., 2000). Na tabela 2, estãorelacionadas as doses e as associações de opióidescom outros fármacos, mais comumente usadas emcães.

INDICAÇÕES E USO CLÍNICO

Quando se considera o uso de opióides nomanejo da dor, é muito importante levar em conta adiferença existente entre a prevenção dos efeitos

periféricos e o desencadeamento da sensibilizaçãocentral. Essas substâncias têm mostrado maioreficiência na prevenção da dor aguda periférica,reduzindo a liberação de substância P nasterminações pré-sinápticas das fibras nociceptivas einibindo as fibras pós-sinápticas dos neurôniosmedulares de segunda ordem, impedindo asensibilização (redução do limiar nociceptivo).

Em muitas ocasiões, a dor pós-operatória,no homem, tem sido associada com disfunçõescardiocirculatórias (vasoconstrição, aumento doconsumo de O2, diminuição do débito cardíaco eaumento da pressão arterial), gastrintestinais(náusea, vômito e íleo paralítico), respiratórias(disfunção pulmonar, atelectasia e hipoxemia),músculo-esqueléticas (alteração do metabolismomuscular e atrofia progressiva), estresse e aumentodo risco de trombose (CASTRO et al., 1991). Alémdisso, o trauma cirúrgico ou acidental induz àliberação de mediadores químicos inflamatórios quediminuem o limiar das fibras aferentes, levando aoaparecimento da sensibilização periférica(hiperalgesia) e central (alodinia). SegundoWATERMAN (1997), a analgesia preventiva podeevitar a sensibilização central, embora essa técnicanão elimine totalmente a dor pós-operatória eobjetive primariamente minimizar a intensidade eduração da dor, após a manipulação e o traumacirúrgico. A hiperalgesia pode difundir-se pararegiões próximas ao trauma (hiperalgesiasecundária), sugerindo que a agressão primária induza um estado de hiperexcitabilidade na medulaespinhal, alterando a condução de impulsos nasregiões circunvizinhas ao local afetado esensibilizando os neurônios adjacentes. O estímulodoloroso, resultante do trauma cirúrgico, écaracterizado por ser prolongado e difuso, podendoabranger os segmentos cutâneo, muscular e visceral.Adicionalmente, esse tipo de trauma pode induzir à

Tabela 2 - Associação de opióides freqüentemente usados por via epiduralno cão.

Combinação deFármacos

Doses VolumeDe Diluição

Fonte

Morfina +Bupivacaína 0,5%

01mg/kg*1m"/kg

Hendrix et al., 1996

Oximorfona +Bupivacaína 0,75%

0,1mg/kg1mg/kg

0,2m"/kg Torske et al., 1998

Morfina +Detomidina

0,1mg/kg0,05mg/kg

1m"/4,5kg Branson et al., 1993

Morfina +Xilazina

0,1mg/kg0,02mg/kg

5m"/total Keegan et al., 1995

* 1m" de solução de salina por cada 10 cm de distância entre a cisternamagna e o espaço epidural.

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sensibilização central (alodinia) pela estimulaçãocontínua, gerada pela resposta inflamatória noperíodo pós-operatório (COUSINS, 1990;WATERMAN, 1997).

O uso epidural de opióides tem sidorecomendado no período peri-operatório emintervenções cirúrgicas abdominal, torácica, genito-urinária e ortopédica, as quais podem ocasionar dorintensa e prolongada, principalmente em pacientescom alto risco cirúrgico, obesos, portadores deinsuficiência respiratória crônica e idosos. Tem sidoreferido, também, que a administração preventiva deanalgésicos, para o controle da dor pós-operatória,pode ser mais efetiva do que o uso dessassubstâncias quando os sinais de dor são evidentes(McMURPHY, 1993). Estudos experimentaisdemonstraram que a injeção prévia de analgésicosdiminuiu a dor pós-operatória. Nesse sentido, a pré-medicação com morfina ou a injeção de umanestésico local reduziu a dor pós-cirúrgica emprocedimentos ortopédicos, por diminuir impulsosaferentes e a sensibilização central (PETERSEN-FELIX & CUTAROLO, 2000). Talvez a maiorvantagem do uso de opióides, por via epidural, emrelação aos anestésicos locais, seja o alívio dasensação dolorosa sem produzir hipotensão, ouconvulsões (COUSINS & MATHER, 1984). Aanalgesia obtida após a injeção epidural de morfina éprolongada (18-24 horas), sem ocasionar sedação,que geralmente é observada após a administraçãoparenteral e é isenta de alterações motoras ouautonômicas (ETCHES et al., 1989; McMURPHY,1993). Por outro lado, o uso de fentanila caracteriza-se pela analgesia intensa, porém de curta duração(30 minutos) com estabilidade cardiorrespiratória,queda da temperatura corpórea e manutenção dotônus muscular (FARIAS, 1999). Pacientessubmetidos a procedimentos ortopédicos, nos quaisfoi realizada injeção epidural de morfina (0,1mg/kg),no período trans-cirúrgico, tiveram baixa intensidadee freqüência da dor, mesmo empregando-se dosesmenores desse opióide para o alívio da dor noperíodo pós-cirúrgico (LANZ et al., 1982).

O sinergismo entre opióides e agonistasα-2 aufere período de analgesia mais intenso eprolongado em relação ao alcançado após o usoisolado de cada agente (BRANSON et al., 1993). Noentanto, foram relatados por FARIAS et al., (1998)salivação, emese, miose, diurese e sedação, naassociação de romifidina com fentanila injetada porvia espinhal, em cães. A associação de opióides eanestésicos locais aumenta a eficiência da analgesiaespinhal. Assim, a administração conjunta debupivacaína e morfina fornece analgesia profunda ede longa duração, sendo eficaz para o alívio da dor

após cirurgias ortopédicas da região e membrospélvicos, no cão (HENDRIX et al., 1996). Todavia,se a sensibilização central estiver estabelecida, aeficiência dos opióides diminuirá e a associação combloqueadores do receptor do tipo NMDA, como acetamina, deverá ser mais efetiva para revertê-la.

CONCLUSÕES

A existência de preconceitos com respeitoao uso de agentes analgésicos, o desconhecimentodos efeitos benéficos e colaterais dos analgésicos,especialmente do grupo dos opióides, o númerolimitado de opióides para uso veterinário e adificuldade em identificar as manifestações de dor esuas implicações na recuperação pós-operatória têmlimitado o número de veterinários que usaprotocolos analgésicos no período pré, trans e pós-operatório.

Sabe-se que o alívio da dor melhora aqualidade de vida do animal e ajuda a restaurar asfunções fisiológicas com maior rapidez. Aadministração de opióides no espaço epiduralminimiza o trajeto e as barreiras fisiológicas quedeveriam ser percorridos por essas substâncias,quando administradas por via parenteral, paraalcançar os receptores espinhais. Por isso, as dosesusadas para administração epidural sãosignificativamente menores às empregadas por viaparenteral, reduzindo o risco de complicações para opaciente.

Assim, diante dos aspectos enfocadosneste artigo, ficou evidenciado que o uso de opióidespor via epidural oferece vantagens em relação àadministração sistêmica. O uso dos opióides nocontrole da dor pós-operatória torna-se maiseficiente quando empregado preventivamente,aumentando o limiar das fibras sensitivas aferentes.Além disso, eles diminuem a resposta álgicaproduzida pela manipulação cirúrgica e reduzem aconcentração de anestésico geral necessária paramanter o plano anestésico desejado durante oprocedimento cirúrgico. Nesse particular, DUQUE& VALADÃO (2001) observaram, também, aredução da concentração alveolar mínima, em cães,após injeção epidural de cetamina S(+) associada àmorfina. Deve-se ressaltar que o uso dessaassociação causa depressão respiratória discreta,prontamente revertida por outro opióide agonista-antagonista. Os opióides lipossolúveis aparecemcomo uma boa opção para uso trans e pós-cirúrgico,porque seus efeitos analgésicos são imediatos e orisco de complicações respiratórias e cutâneas émenor ao observado com o uso da morfina, muitoembora seus efeitos sejam de duração mais curta.

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Por outro lado, a associação da morfina comanestésicos locais, agonistas α-2 ou com a cetamina,como recentemente preconizado, pode aumentar aduração e a eficácia analgésica. Tais associações,por atuarem em diferentes locais e receptores, sãoalternativas que minimizam os efeitos colaterais, àsvezes observados com o uso isolado da morfina, econtribuem para melhorar a recuperação do animalno período pós-cirúrgico.

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