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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O USO DA WEB 2.0 NA CAMPANHA DE JOSÉ FORTUNATI À PREFEITURA DE PORTO ALEGRE. João Luiz Guedes Trabalho de conclusão apresentado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Contabilidade da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Pública. Professor Orientador: Professor Msc. Marcelo Guedes de Nonohay Porto Alegre Ano - 2013

A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O USO DA WEB 2.0 NA CAMPANHA DE JOSÉ FORTUNATI À PREFEITURA DE PORTO ALEGRE

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Trabalho de conclusão apresentado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Contabilidade da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Pública. Professor Orientador: Professor Msc. Marcelo Guedes de Nonohay RESUMO: O artigo estuda a influência exercida pela campanha on-line de Barack Obama em 2008 sobre a campanha que levou o Prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, à reeleição em 2012, do ponto de vista de alguns dos recursos e instrumentos empregados como parte das operações de comunicação política em redes digitais. Trata-se, enfim, de uma análise acerca de uma experiência de utilização de recursos digitais e on-line em campanhas políticas com o objetivo de reconhecer o patamar a que foram levadas as campanhas on-line e de estabelecer algumas generalizações sobre tendências e possibilidades desse tipo de campanha política. O estudo conclui que, apesar de o sucesso da campanha de Fortunati — assim como de toda a mobilização popular em torno do seu nome — não poder ser atribuído exclusivamente aos recursos de comunicação digital, eles certamente fazem parte do ambiente social e político que determinou esses fenômenos. ABSTRACT: The article shows the influence that the online campaign of Barack Obama in 2008 had in the campaign that reelected the Mayor of Porto Alegre, Jose Fortunati, in 2012. Regarding some of the resources and instruments utilized as part of the operations of political communication in the Internet's social networks. In the end, it was an analysis of the experience of utilizing digital and internet resources in a political campaign with the objective to recognize at what level the online campaign was developed, and to establish a few generalizations about tendencies and possibilities of this kind of political campaign. The conclusion is that the success of Fortunati's campaign, as well as all of the popular mobilization around his name, can not be justified exclusively because of the use of resources of media communication, but certainly give credit to the social and political enveiroments that determine these phenomena. João Luiz Guedes. Pós-graduado em Administração Pública UFRGS - FCE - NECON. Jornalista e consultor na área política. E-mail: [email protected] / Fone (51) 8143.4612 / (51) 8498.6613

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES

MUNICIPAIS DE 2012.

O USO DA WEB 2.0 NA CAMPANHA DE JOSÉ FORTUNATI À

PREFEITURA DE PORTO ALEGRE.

João Luiz Guedes

Trabalho de conclusão apresentado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Contabilidade da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Pública.

Professor Orientador: Professor Msc. Marcelo Guedes de Nonohay

Porto Alegre Ano - 2013

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RESUMO: O artigo estuda a influência exercida pela campanha on-line de Barack

Obama em 2008 sobre a campanha que levou o Prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, à

reeleição em 2012, do ponto de vista de alguns dos recursos e instrumentos empregados

como parte das operações de comunicação política em redes digitais. Trata-se, enfim, de

uma análise acerca de uma experiência de utilização de recursos digitais e on-line em

campanhas políticas com o objetivo de reconhecer o patamar a que foram levadas as

campanhas on-line e de estabelecer algumas generalizações sobre tendências e

possibilidades desse tipo de campanha política. O estudo conclui que, apesar de o sucesso

da campanha de Fortunati — assim como de toda a mobilização popular em torno do seu

nome — não poder ser atribuído exclusivamente aos recursos de comunicação digital, eles

certamente fazem parte do ambiente social e político que determinou esses fenômenos.

PALAVRAS-CHAVE: campanhas on-line; Barack Obama; José Fortunati; Porto

Alegre; marketing político; mídias sociais; redes sociais; internet; comunicação política.

ABSTRACT: The article shows the influence that the online campaign of Barack

Obama in 2008 had in the campaign that reelected the Mayor of Porto Alegre, Jose

Fortunati, in 2012. Regarding some of the resources and instruments utilized as part of the

operations of political communication in the Internet's social networks. In the end, it was an

analysis of the experience of utilizing digital and internet resources in a political campaign

with the objective to recognize at what level the online campaign was developed, and to

establish a few generalizations about tendencies and possibilities of this kind of political

campaign. The conclusion is that the success of Fortunati's campaign, as well as all of the

popular mobilization around his name, can not be justified exclusively because of the use of

resources of media communication, but certainly give credit to the social and political

enveiroments that determine these phenomena.

KEY-WORDS: online campaign; Barack Obama; José Fortunati; Porto Alegre;

political marketing; social media; social network; internet; political communication

___________

João Luiz Guedes. Pós-graduado em Administração Pública UFRGS - FCE - NECON. Jornalista e consultor na área política. E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

A campanha presidencial norte-americana de 2008 criou um novo paradigma acerca

de como desenvolver um projeto de marketing político. O uso da web 2.0 como plataforma

central da campanha do candidato do Partido Democrata, Barack Obama, viria a servir de

modelo para campanhas como a do prefeito (reeleito) de Porto Alegre, José Fortunati, em

2012.

Pode-se dizer que, no caso supracitado, a web não teve a mesma importância que

na campanha de Obama. Não temos, por exemplo, nenhuma declaração similar à postada

no blog Media & Politics pelo cientista político americano e diretor de pesquisa do Projeto

Democracia On-line da Universidade George Washington, Michael Cornfield. No dia 4 de

junho de 2008, ele postou: “NO INTERNET, NO OBAMA!”, ou seja, “Sem internet não

haveria Obama". Antes das eleições, ainda por ocasião das primárias do Partido Democrata

ele afirmava:

A diferença de compreensão, entre as campanhas de Obama e Clinton, sobre o que se pode realizar por meio da política on-line tem sido um fator decisivo nessa que é a maior reviravolta na história das primárias presidenciais. (Cornfield, 2008)

Em tempos de web 2.0, grande parte dos estudos científicos acerca da influência das

diversas ferramentas da web nas campanhas eleitorais fica obsoleto ou desatualizado em

pouco tempo. Devido a isso, o artigo pretende analisar algumas das estratégias

desenvolvidas por Obama e que inspiraram os estrategistas brasileiros.

MARKETING POLÍTICO

O marketing político pode ser definido como uma ferramenta que visa informar e

estabelecer a comunicação com o cidadão/eleitor. Por meio da orientação e direcionamento

do discurso do partido, candidato e/ou governo— em função das necessidades detectadas

por meio de pesquisas de opinião — tende a estabelecer relações duradouras com o

eleitorado. Enfim, é o ajustar das medidas às necessidades do Estado e da sociedade, aos

anseios dos cidadãos, no sentido de servi-los sempre melhor, aproximando o governo dos

governados (GARCIA et al, 2004, p. 1-10).

Torquato (1985), defende que “o marketing político é um esforço planejado para

se cultivar a atenção, o interesse e a preferência de um mercado de eleitores, é o

caminho seguro para o sucesso de quem deseja vencer na política”. Já Philip Kotler

(1978) afirma que para um cidadão sair do anonimato, conseguir ser eleito e permanecer

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eleito, é necessário definir uma meta dominante e a partir daí canalizar seus planos e ações

visando a essa meta. "O candidato é um novo produto procurando um lançamento bem

sucedido no mercado de eleitores. Após ser eleito, o candidato tem o desafio de manter e

cultivar a satisfação dos eleitores através de seu bom desempenho, organização, retórica

apropriada e carisma".

MARKETING POLÍTICO X MARKETING ELEITORAL

O marketing político é utilizado por gestores públicos visando garantir a eficiência do

uso das ferramentas adequadas para a comunicação com a população. Está relacionado à

manutenção da popularidade, preservação da imagem do homem público e aprovação

popular das ações sociais implantadas pelos políticos.

O marketing eleitoral, por sua vez, é aplicável aos processos eletivos. Sua premissa

é o convencimento do eleitor à decisão do voto por determinado candidato. A estratégia é

voltada para o eleitor e visa fazer com que um partido ou candidato vençam uma

determinada eleição. Como o seu público alvo é o eleitor, as suas estratégias são

direcionadas para satisfazer este segmento. Segundo MANHANELLI:

“O marketing eleitoral consiste em implantar técnicas de marketing político e comunicação social integrados, de forma a conquistar a aprovação e simpatia da sociedade, construindo uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir confiabilidade e segurança à população elevando o seu conceito em nível de opinião pública.”

O COMPOSTO DE MARKETING APLICADO À POLÍTICA

Segundo Zucolotto (2004), o marketing político, embora possua as suas

particularidades, também pode ser enfocado no composto mercadológico tradicional, que

resulta da mistura dos quatro elementos — Produto, Preço, Ponto (distribuição) e

Promoção.

No marketing político, o Produto é o candidato que precisa vender sua imagem ao

eleitor, buscando através das pesquisas de mercado, moldar seu perfil ao escolhido por seu

público-alvo.

O Preço é o que o candidato propõe para ser justificável e apreciado pelos eleitores.

Um dos inúmeros fatores que influenciam a estratégia de preço criada pelo profissional de

marketing é a competitividade e, dentro do contexto político, o candidato precisa buscar as

melhores propostas para agradar o eleitor e vencer a concorrência.

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A distribuição (Ponto) é feita através dos meios de comunicação como revistas,

jornais, folhetos, televisão, Internet, entre outros; e também através de cabos eleitorais, para

que a imagem do candidato e suas propostas cheguem em tempo hábil ao mercado, ou

seja, os eleitores.

E a Promoção, segundo ele, estaria relacionada às ações sociais executadas pelo

candidato como remédios, transportes, alimentos, entre outras ajudas que possam

incentivar o eleitor a escolher determinado candidato ou partido. No entanto, vale ressaltar

que a distribuição dos itens acima relacionados são proibidos pela legislação eleitoral

brasileira.

BARBOSA e SAISI (2007, p.292), por sua vez, resumem o composto de marketing

de produtos e o político, onde o produto corresponde ao candidato, o preço ao custo (o

voto), a praça à conveniência e a promoção à comunicação. Os autores ainda explicam que

a escolha do público-alvo no início da campanha é fundamental para a obtenção do

resultado desejado uma vez que é a partir dessa escolha que o posicionamento da

campanha irá se direcionar.

BREVE HISTÓRICO DA WEB

No início dos anos 90, a primeira geração da WWW (World-Wide Web) —

denominada Web 1.0 — era similar aos meios de comunicação tradicionais. Tal como ocorre

com o rádio, TV e mídia impressa (jornais e revistas) o usuário não interagia com o que

recebia. Como explicam Clara Coutinho e João Batista Bottentuit Júnior:

“A primeira geração da Internet teve como principal atributo a enorme quantidade de informação disponível e a que todos podíamos aceder. No entanto, o papel do utilizador nesses cenários era o de mero espectador da ação que se passava na página que visitava, não tendo autorização para alterar ou reeditar o seu conteúdo” (COUTINHO e BOTTENTUIT JR., 2007, p.199)

Ainda segundo os autores, a palavra chave dessa forma de pensar a Web é

interatividade. A Web 2.0 é uma mídia que não só se preocupa com a rapidez e o poder de

armazenamento como também pretende tornar a Web um espaço onde haja interação entre

pessoas. Esta segunda geração da Web caracteriza-se pela facilidade no armazenamento

de dados e criação de páginas Web; pela utilização da inteligência coletiva (diferentes

pessoas podem editar e, principalmente, atualizar a mesma página); além da união entre

sites e aplicativos, trabalhando em plataforma e dando aos sites mais ferramentas.

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INTERNET E MÍDIAS SOCIAIS

Comunidades Virtuais ou Redes Sociais podem ser definidas como um grupo de

pessoas que possuem algum nível de relação ou interesse mútuo e estabelecem laços

sociais por intermédio do computador. Segundo Rheingold:

As Comunidades Virtuais são agregadores sociais que surgem da rede, quando uma quantidade suficiente de gente leva adiante essas discussões públicas durante um tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações sociais no ciberespaço. (RHEINGOLD, apud RECUERO, 2009a, p. 137)

Saad (2003) classifica como mídias sociais as ações que envolvem o uso das

ferramentas de comunicação na internet.

O papel dessa nova mídia é decisivo e único na sociedade interconectada funcionando como o suporte para o novo padrão cultural e social que será o alicerce da identidade; que possibilita a integração de todas as mensagens num único padrão cognitivo, em que o mesmo sistema, por causa de sua interatividade e seletividade acolhe todo tipo de mensagem, mesclando a diversidade de códigos de comunicação; e uma mídia com a capacidade de disponibilização de qualquer tipo de expressão cultural com toda a sua diversidade. (SAAD, 2003, p.32).

Recuero (2009) esclarece que o processo de transformação da noção de localidade

geográfica — que permitiu aos indivíduos se comunicarem mesmo estando em regiões

diferentes — não começou com o surgimento da internet, começou com o advento das

cartas e do telefone que iniciaram essa troca de mensagens independente da presença do

indivíduo. Várias pessoas de diferentes regiões já interagiam apenas não se

interconectavam, assim, o que havia era uma aldeia de informação que não se comunicava

entre si. A internet foi o instrumento que permitiu a conectividade entre essas aldeias.

O principal diferencial entre as mídias sociais e as mídias tradicionais — como

jornais, televisão, livros ou rádio — é que as mídias sociais dependem da interação entre

pessoas. É a discussão e a integração entre elas que constrói o conteúdo que é

compartilhado por intermédio da tecnologia.

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REDES SOCIAIS

Redes sociais na Internet são constituídas de representações dos atores sociais e de

suas conexões (Recuero, 2009). Essas representações são, geralmente, individualizadas e

personalizadas. Podem ser constituídas, por exemplo, de um perfil no Orkut, Facebook,

Twitter, Instagram, etc.

Segundo Garton, Haythornthwaite e Wellman:

Quando uma rede de computadores conecta pessoas ou organizações, é uma rede social. Assim como uma rede de computadores é um conjunto de máquinas conectadas por um conjunto de cabos, uma rede social é um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) conectadas por um conjunto de relações sociais, como amizade, co-working, ou troca de informações.

A atual dinâmica da sociedade estimula a formação das comunidades virtuais. Ao

buscar novas possibilidades de interação, os indivíduos — que já não conseguem mais

encontrar espaços ou tempo para estabelecer relacionamentos pessoais — acabam

formando tais comunidades como forma de buscar novas formas de sociabilização.

A falta de tempo, o medo e mesmo o declínio dos terceiros lugares podem ser conectados ao isolamento das pessoas, ao atomismo e a efemeridade das relações sociais. No entanto o aumento do uso de ferramentas de comunicação mediadas por computador poderia representar, justamente, um esforço no sentido contrário, em direção ao social [...] Através do advento da comunicação mediada por computador e sua influência na sociedade e na vida cotidiana, as pessoas estariam buscando novas formas de conectar-se, estabelecer relações e formar comunidades já que, por conta da violência e do ritmo da vida, não conseguem encontrar espaços de interação social. (RECUERO, 2009a, p. 136)

A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL

A Lei Nº 11.300, de 10 de maio de 2006, mudou consideravelmente o modo de se

fazer campanha eleitoral no Brasil. Dentre as principais alterações, podemos destacar o

parágrafo 6º: "É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por

comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas,

brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar

vantagem ao eleitor"; e o parágrafo 8º: "É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors,

sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, coligações e candidatos à imediata

retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa...”

A iniciativa reduziu drasticamente as formas de chegar ao eleitor, pois os materiais

impressos e a propaganda gratuita no rádio e na TV eram, na prática, as únicas opções. À

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época, as redes sociais como Orkut (criado em 2004) e Twitter (2006) davam seus primeiros

passos e eram vistas mais como entretenimento que como uma nova mídia. Porém, nas

eleições de 2008, a Instrução nº 121 e a Resolução nº 22.718, deram início à

regulamentação da propaganda eleitoral pela internet. Em seu capítulo IV, a legislação

vigente à época determinava, em seu Artigo 18, que "A propaganda eleitoral na Internet

somente será permitida na página do candidato destinada exclusivamente à campanha

eleitoral."

Até julho de 2008, ações da Justiça Eleitoral reprimiam comunidades no Orkut que

promovessem candidatos às eleições de outubro. As páginas criadas no site eram

consideradas propaganda antecipada. Em alguns Estados, a Justiça determinou que se

tirasse do ar comunidades de pré-candidatos. No entanto, portaria do Tribunal Regional

Eleitoral do Rio de Janeiro, permitiu a campanha no Orkut a partir de agosto. E o Tribunal

Superior Eleitoral optou por julgar cada caso separadamente por entender que a maior parte

das comunidades de cunho eleitoral não é criada pela direção das campanhas, mas por

eleitores dos candidatos.

A Resolução Nº 23.191, que Dispõe sobre a propaganda eleitoral e as condutas

vedadas na campanha eleitoral das Eleições de 2010, é bem mais completa em relação à

propaganda na internet. Em seu Artigo 20, fica determinado que a propaganda eleitoral na

internet poderá ser realizada "por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens

instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos,

partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural". Enquanto orkut saía de

cena, entravam o Facebook, o Twitter e o Youtube com força total nas campanhas, além de

outras redes de menor relevância. Ao mesmo tempo em que foram elaboradas regras mais

claras sobre o tema, na prática as redes sociais ganhavam o status de mídia alternativa.

A Lei Eleitoral 2012 (RESOLUÇÃO N. 23.370) não apresentou mudanças

significativas em relação à de 2010, no entanto já iniciava um período de utilização de

alguns dos modelos teóricos desenvolvidos pela equipe de marketing do Presidente norte-

americano Barak Obama nas eleições de 2008 e que estavam sendo reproduzidos e

aprimorados em 2012.

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“POLITICS 2.0” - AS LIÇÕES DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA

EM 2008

A campanha de 2008 do candidato Barack Obama foi um exemplo de como utilizar a

Web 2.0 de modo eficaz. Mesmo que não tenha sido a primeira campanha a se valer da

nova mídia, tornou-se referência em inovação de estratégia de marketing político, ao não

utilizá-la apenas como mídia de apoio para divulgar a campanha. Ao focar na natureza viral,

democrática e interativa da Web, a equipe de Obama baseou suas ações no princípio de

que elas deveriam ser feitas onde as pessoas estão e não onde se gostaria que estivessem.

Segundo Torres (p.348)

“O grande mérito do atual presidente americano, que mudou a forma de se fazer política em seu país e mudará em todo o mundo foi ficar atento à evolução dos meios, mídias e tecnologias para usá-los, assim que viável e necessário, a seu favor. E mais importante: antes que seus concorrentes tivessem coragem de fazê-lo.”

Os dados referentes às paginas oficiais da candidatura Obama, permitem avaliar a

dimensão da campanha. Colin Delany (2009) descreve as estratégias adotadas:

“3 milhões de doadores fizeram um total de 6,5 milhões em doações somando mais de US$ 500 milhões. Desses 6,5 milhões de doações, 6 milhões estavam em incrementos de $100 ou menos. A doação foi em média 80 dólares, que aconteciam, geralmente, em mais de uma vez. A Internet foi responsável pela maior parte da arrecadação”. (DELANY, 2009, p. 32)

Em vez de pedir para que as pessoas entrassem em seu site e fizessem doações, a

equipe de Obama preferiu motivar e engajar o eleitorado. E para facilitar a doação, foram

usadas de ferramentas de interação (widgets – um tipo de código que pode ser instalado e

executado dentro de qualquer página HTML pelo usuário) espalhadas nas redes sociais

existentes.

Visando unificar a estratégia de comunicação na internet, foi desenvolvido o portal

www.barackobama.com. Durante a campanha, o endereço centralizava os links para blogs,

vídeos, informações sobre eventos e links para os perfis do candidato em dezesseis redes

sociais — Facebook, MySpace, Flickr, Blackplanet, Faithbase, YouTube, Eons, Digg, Glee,

Migente, Twitter, Mybatanga, Eventful, Asianave, Linkedin e Dng Partybuilder. Através dele,

também era possível adquirir camisas, bonés e canecos, entre outros materiais de Obama.

O portal também serviu para arrecadar os endereços eletrônicos que viriam a formar

o banco de e-mail da campanha, que segundo Delany (2009, p. 9), ainda foi uma das

principais formas de disseminação das mensagens entre amigos e familiares. Mais de 13

milhões de pessoas se cadastraram para receber informações sobre a campanha de

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Obama. O e-mail marketing tem como principal característica o custo irrelevante e a

possibilidade de se enviar milhões de e-mails em pouco tempo.

Dentre as ferramentas utilizadas, também é importante destacar os vídeos postados

na Internet. Discursos, depoimentos e vídeo-clips — de conteúdo político e de característica

"viral" — foram publicados em canais de compartilhamento de vídeo. O viral “Yes, we can”,

por exemplo, teve suas duas versões (uma feita com atores e outra com um mosaico

animado de fotos enviadas por eleitores) assistidas mais de 20,5 milhões de vezes, até maio

de 2010, apenas no YouTube.

O eleitorado foi incentivado a participar por intermédio do site www.youbama.com,

onde os usuários podiam enviar vídeos apoiando o candidato, e também através de um

concurso de vídeo, cuja premiação seria a exibição da produção no programa de TV da

campanha. Em torno de 1.100 usuários enviaram seus vídeos para Obamain30seconds.org

e obtiveram mais de 5,5 milhões de votos para elegerem os 15 finalistas. O vencedor foi o

vídeo com o título de “Obamacan” (disponível no Youtube -

http://www.youtube.com/watch?v=9b8Sx1AEoGI) de David Gaw e Lance Mungia. A

interatividade também se fez presente no perfil de Obama na rede social Flickr, que teve a

maior parte das fotos tirada por eleitores voluntários durante todas as etapas da campanha.

Uma rede social própria (www.mybarackobama.com) foi criada para o então

candidato Obama. Nela os eleitores podiam criar blogs para enviar recomendações

diretamente à campanha, arrecadar doações e organizar eventos, entre outras ações.

“Em MyBarackObama.com, ou MyBO, 2 milhões de perfis foram criados. Além disso, 200.000 eventos offline foram planejados, cerca de 400.000 posts foram escritos e grupos de mais de 35.000 voluntários foram criados - pelo menos 1.000 deles em 10 de fevereiro de 2007, dia em que Obama anunciou a sua candidatura.” (DELANY, 2009, p. 4)

Segundo Araújo e Rios:

Não houve nenhuma revolução tecnológica na campanha do Barack Obama. O que ele basicamente fez foi conseguir, através da interatividade com seus eleitores, que estes trabalhassem voluntariamente em prol da candidatura do presidente americano, e o resultado foi visto nas urnas.

Um dos grandes diferenciais da campanha de Obama em 2008 foi a amplitude das

ações e o fato de todas as tecnologias de comunicação on-line disponíveis à época terem

sido exploradas de modo a se obter o máximo de visibilidade possível. Foi criado um

conjunto de mecanismos de comunicação on-line que dialogavam entre si e formaram um

sistema bem articulado e, principalmente, interligado.

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Segundo Gomes, a grande novidade representada pela campanha de Obama na

internet consistiu em transformar o universo das trocas de informações digitais e on-line —

até então considerado uma mídia complementar — numa via alternativa à campanha

veiculada nos meios de comunicação de massa.

Até aquele momento, as campanhas políticas adotavam três rotas de produção de informação, imagem e persuasão: como rota principal as redes de comunicação de massa, principalmente a TV e o rádio; como rota secundária as redes sociais e, por último, como rotas acessórias as redes sociais digitais, as redes de comunicação e relacionamento baseadas no universo digital.

Brandão e Dias, consideram o uso intensivo de novas tecnologias de informação a

grande inovação ocorrida na campanha presidencial de Obama.

A mídia, enquanto propagadora de conteúdos e informações,possuía restrições apenas no que diz respeito ao público receptor. No caso da televisão,por exemplo, a informação é levada para um público cada vez mais heterogêneo, tornando difícil manter um direcionamento a um público específico, uma vez que esferas sociais diferentes, com expectativas também diferentes em relação ao candidato, estarão consumindo concomitantemente o mesmo pacote de informações.

A utilização de ferramentas midiáticas através da internet permite ao candidato

relacionar-se, utilizando linguagem e temática específicas, com cada grupo social. Ainda,

segundo os autores, por intermédio desse recurso tecnológico:

É possível através dela segmentar uma campanha publicitária qualquer em diferentes ramos que atinjam públicos específicos. No caso da campanha política, esse é um grande recurso, já que existe uma série de diferenciações possíveis entre os eleitores de um mesmo candidato, sejam elas a idade, o padrão social de vida, a condição trabalhista, entre outros.

Ao usar a tecnologia disponível a seu favor, a campanha de Obama atingiu da

maneira mais direta o eleitor norte-americano. Por intermédio da sua rede social e da

utilização intensiva de mensagens SMS, aproximou o candidato das pessoas produzindo a

ideia de que ele estava à distância apenas de um clique. Enfim, ao estabelecer esse tipo de

diálogo com o eleitorado Obama foi além da publicidade, criando uma nova forma de se

fazer campanha eleitoral.

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FORTUNATI 2012 - O MARKETING POLÍTICO 2.0 NA ELEIÇÃO EM PORTO

ALEGRE

A campanha de José Fortunati à prefeitura de Porto Alegre em 2012 — eleito com

65,22% dos votos (517.969) já no primeiro turno — é um exemplo de utilização eficaz do

marketing político nas redes sociais. No primeiro dia da campanha eleitoral, 05 de julho de

2012, foi lançado o site Rede Fortunati (www.redefortunati.com), cujo objetivo foi concentrar

a divulgação de notícias, da agenda e das propostas da coligação Por Amor a Porto

Alegre (PDT, PMDB, PTB, PP, PPS, DEM, PRB, PMN, PTN). Até o dia da eleição (07 de

outubro), o site exibiu conteúdo ininterruptamente, inclusive com transmissões ao vivo de

debates e eventos.

A Rede Fortunati foi responsável pela consolidação da imagem do pedetista em um

ambiente antes dominado pelos adversários. Em um dos seus canais, o Youtube, foram

publicados 181 vídeos, cujo total de visualizações chegou a mais de 63 mil até o final da

campanha. O site divulgou informações do dia a dia da disputa eleitoral, além de novidades,

ações sociais e solidárias lideradas por Fortunati. Também permitiu a troca de ideias com

eleitores, tornando-se importante ferramenta para a coligação receber sugestões e

aprimorar o programa de governo.

Mesmo após o final da campanha eleitoral no rádio e na TV, a plataforma multimídia,

que reuniu os canais de comunicação da candidatura na web — Orkut, Facebook, Twitter,

Youtube, Flicker, Instagram, Vimeo, Pinterest e Google + — continuou a ser atualizada

normalmente, com postagens das últimas notícias, fotos e vídeos sobre a movimentação

dos candidatos até a apuração e o resultado do pleito.

Visando estabelecer contato direto com os cidadãos dos bairros de Porto Alegre,

equipes de televisão percorreram a cidade tomando o depoimento de moradores a respeito

de seus bairros em áudio e vídeo. O material foi disponibilizado num local especial do site –

o Canal 12. A iniciativa visava mostrar a relação dos porto-alegrenses com a sua cidade,

pois nesses depoimentos cada morador podia indicar o que gostava no bairro e o que ainda

precisava ser feito, além de encaminhar sugestões.

Evidentemente, não podemos atribuir apenas à estratégia de internet o sucesso da

campanha. Além dos méritos da própria administração — que apresentou altos índices de

aprovação em todas as pesquisas de opinião pública — é preciso levar em consideração o

trabalho da equipe da Via Mercosul Comunicação e Marketing. A empresa responsável pela

publicidade e propaganda foi a vencedora em três das 14 categorias do Reed Latino 2013

(premiação concedida pela versão em espanhol da revista Campaigns & Elections) nas

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categorias Melhor Campanha Eleitoral; Melhor slogan "Melhorou, vai melhorar" e Melhor

peça Gráfica em via pública.

CONCLUSÃO

O presente artigo não pretende esgotar o tema, visto que se trata de uma área de

estudo em constante evolução. Ao abordar aspectos da campanha eleitoral de Obama e os

seus reflexos nas eleições de 2012 em Porto Alegre, o estudo procura avaliar o impacto do

marketing político nas redes sociais, identificar algumas das macroestratégias da campanha

do presidente norte-americano que foram adotadas e readaptadas para a nossa realidade e

as tendências para o futuro.

A campanha de Obama não promoveu uma revolução tecnológica. O mérito está na

equipe ter conseguido, por intermédio da interatividade com seus eleitores, que estes

trabalhassem voluntariamente para a candidatura do presidente americano. É importante

destacar, ainda, que não poderíamos simplesmente copiar o modelo adotado pela equipe de

Obama em todos os seus detalhes sem considerar algumas diferenças estruturais entre os

processos políticos brasileiro e norte-americano. Além do voto não ser obrigatório nos

Estados Unidos, existem diferenças entre as estruturas político-partidárias e o processo de

escolha dos candidatos dos partidos. Enquanto no Brasil são decididos apenas pelos

membros políticos das coligações, nos Estados Unidos, são eleitos nas prévias com voto

popular dos filiados.

Além disso, é necessário levar em consideração o sistema de financiamento das

campanhas e os recursos para propaganda eleitoral, pois foi exatamente a inexistência de

cotas televisivas gratuitas na campanha norte-americana que motivou a atenção especial

dada aos investimentos em estratégias para o mídia digital.

Podemos identificar macroestratégias da campanha de Barack Obama que foram

adotadas e readaptadas, com resultados expressivos para a realidade política brasileira.

Para exemplificar, podemos citar o maior peso do Twitter na estratégia digital das eleições

brasileiras do que nas norte-americanas. Declarações dos candidatos em seus perfis do

microblog seguidamente ultrapassaram os limites da internet e acabaram por pautar a mídia

tradicional. Não raramente apareceram como tópicos em entrevistas de rádio e TV e

ganharam páginas em jornais e revistas.

Enfim ao analisar a influência da campanha de Obama nas eleições brasileiras

percebemos que, apesar das realidades distintas, algumas ações trouxeram mais

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informação e conteúdo para o eleitor conectado, abrindo espaço para uma participação ativa

na campanha do candidato. Segundo Oliveira, 2011.

Mesmo com tanta disparidade cultural e intelectual, recursos financeiros menores e uma situação política desgastada como a nossa, as campanhas digitais do país avançaram importantes passos em direção a um pleito em que o eleitor é convidado a se informar, debater e realmente participar do processo eleitoral brasileiro. Os próximos passos irão refletir essas primeiras iniciativas de aproximar candidatos, eleitores e política através da web, tornando a decisão pelo voto cada vez mais bem informada,

participativa e transparente.

A análise do uso das ferramentas da web 2.0 na campanha de Fortunati, permitiram

concluir que as redes sociais podem influenciar uma campanha política e, principalmente,

podem ajudar a prever o resultado de uma eleição.

Na pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha (consultados 1152 eleitores da capital,

nos dias 25 e 26/9, com margem de erro de 3 pontos percentuais) no dia 27 de setembro de

2012, José Fortunati, do PDT, estava 47% das intenções de voto. Manuela D’Avila, do PC

do B, com 24% e Adão Villaverde, do PT, 9%. Ao avaliar as mais de 90.000 mensagens

postadas nas redes sociais no período, Fortunati já aparecia com 55% das menções,

enquanto Manuela tinha 34% e Villaverde 11%.

Nos últimos 7 dias de campanha, as redes sociais proporcionaram um panorama

ainda mais preciso que o das pesquisas de opinião, se considerarmos o resultado nas

urnas: vitória de Fortunati com 65,22% do total de votos válidos, 17,76% para Manuela e

9,64% para Villaverde. Enquanto a pesquisa Datafolha divulgada no dia 06/10 (consultados

1748, nos dias 05 e 06/10, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para

menos), apresentava 54% para Fortunati, 20% para Manuela e 9% para Villaverde, o

percentual de menções referentes a campanha para prefeitura nas redes sociais, chegava

aos 68% para o pedetista, 26% para a candidata do PCdoB e 6% para o candidato do PT.

Com base nesse dados, podemos concluir que Fortunati alcançou um número de

menções referentes a campanha muito próximo de seu resultado nas urnas. Manuela, que

no mesmo período teve 26% do total de menções, obteve um percentual inferior de votos

válidos. No entanto, é importante destacar que o seu impacto (número de impressões no

Twitter) sempre foi muito alto ao longo do pleito devido ao fato de que ela tinha muitos

seguidores e que em torno de 80% dele resultava de mensagens postadas por ela própria

— tanto com cunho de campanha quanto do seu cotidiano.

Enfim, há muito o que se aprender com as experiências relativas ao uso da web 2.0

— em especial das mídias e redes sociais — nas estratégias de marketing político. Nem

tudo o que foi válido para a campanha de Obama vai resultar em êxito na nossa realidade

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político-cultural. Por outro lado, podemos utilizar uma ferramenta similar para obter

informações ou resultados distintos. O fato é que muitas das tecnologias atuais

provavelmente já estarão obsoletas nas próximas eleições, assim como novas ferramentas

deverão estar disponíveis àqueles que estiverem dispostos a ousar e descobrir novas

potencialidades.

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FECAP - Volume 5 Nº 3, p 1-10 jul/ago/set2004 -

http://www.fecap.br/adm_online/art0503/art5031.pdf - Acesso em 20 de Agosto de 2013.

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LEGISLAÇÃO

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.300, de 10 de maio de 2006. Dispõe sobre

propaganda, financiamento e prestação de contas das despesas com campanhas eleitorais, alterando

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11300.htm

______. Presidência da República. Resolução 22.718 - Instrução Nº 121 – Classe 12ª – Brasília –

Distrito Federal. Dispõe sobre a propaganda eleitoral e as condutas vedadas aos agentes públicos

em campanha eleitoral (eleições de 2008). Disponível em:

http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/2008/pdf/r22718.pdf

______. Presidência da República. Resolução nº 23.191. Instrução Nº 131 – Classe 19 – Brasília –

Distrito Federal. Dispõe sobre a propaganda eleitoral e as condutas vedadas em campanha eleitoral

(Eleições de 2010). Disponível em:

http://www.tse.jus.br/internet/eleicoes/normas_2010/arquivos/Original/23191.pdf

______. Presidência da República. Resolução N. 23.370. Instrução Nº 1162-41.2011.6.00.0000 –

Classe 19 – Brasília – Distrito Federal. Dispõe sobre a propaganda eleitoral e as condutas ilícitas

em campanha eleitoral nas eleições de 2012. http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-

resolucao-tse-no-23-370-eleicoes-2012