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O USO DA FERRAMENTA DE STORYTELLING COMO ESTRATÉGIA DE MARKETING DIGITAL 1 Pricilla Abrantes 2 Elaine Cristina Paganotti Rezende 3 RESUMO O crescimento constante da tecnologia tem provocado mudanças comportamentais no consumidor, e consequentemente as mídias tradicionais vem denotando uma queda como ferramenta de marketing. Esse novo consumidor ocupa um papel mais exigente e busca por participação e interatividade. Perante a esse novo quadro social e econômico, as marcas precisam utilizar novas estratégias de vendas, como a técnica de Storytelling, que se trata da arte de contar histórias. A humanidade sempre foi conduzida por mitos e histórias. O storytelling é capaz de reforçar a marca na cabeça do consumidor, além de ser uma ferramenta eficaz para motivar o marketing viral. O objetivo do trabalho é abordar o termo de storytelling, além de apresentar através da pesquisa bibliográfica e observação, a importância de adquirir o mesmo como estratégia de marketing para empresas de todos os tamanhos. PALAVRAS-CHAVE: 1 Storytelling 2 Marketing Digital 3 Mídias Sociais 4 Narrativa _________________________ INTRODUÇÃO Histórias são a forma original de entretenimento. O homem costumava se reunir em volta da fogueira para compartilhar suas estórias e descobertas, enquanto esse ritual contribuía para desenvolvimento cultural, social e econômico. E mesmo com milhares de opções de lazer, essa tendência ainda permanece. As pessoas compartilham histórias sobre sua vida, e se interessam ainda mais sobre as histórias dos outros. Com o advento da internet 2.0 o consumidor passou a apresentar mudanças comportamentais adotando uma postura mais rígida em relação as marcas, enquanto a 1 Trabalho de conclusão do curso de pós-graduação Lato sensu em Educação a Distância da Universidade Católica Dom Bosco 2 Graduada em Publicidade e Propaganda e estudante de Administração, ambas pelo Centro Universitário UDC. email: [email protected] 3 Mestranda em Desenvolvimento Local e Especialista em Gestão Avançada em Recursos Humanos, ambos pela Universidade Católica Dom Bosco. Graduada em Administração pela Estácio de Sá de Campo Grande/MS. Orientadora do Trabalho de Conclusão do Curso de pós-graduação lato sensu da UCDB/ CPC Marcato. e-mail: [email protected]

Artigo Científico - O uso da ferramenta de storytelling como estratégia de marketing digital

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O USO DA FERRAMENTA DE STORYTELLING COMO ESTRATEacuteGIA

DE MARKETING DIGITAL1

Pricilla Abrantes2

Elaine Cristina Paganotti Rezende3

RESUMO

O crescimento constante da tecnologia tem provocado mudanccedilas comportamentais no consumidor e

consequentemente as miacutedias tradicionais vem denotando uma queda como ferramenta de marketing

Esse novo consumidor ocupa um papel mais exigente e busca por participaccedilatildeo e interatividade Perante

a esse novo quadro social e econocircmico as marcas precisam utilizar novas estrateacutegias de vendas como

a teacutecnica de Storytelling que se trata da arte de contar histoacuterias A humanidade sempre foi conduzida

por mitos e histoacuterias O storytelling eacute capaz de reforccedilar a marca na cabeccedila do consumidor aleacutem de ser

uma ferramenta eficaz para motivar o marketing viral O objetivo do trabalho eacute abordar o termo de

storytelling aleacutem de apresentar atraveacutes da pesquisa bibliograacutefica e observaccedilatildeo a importacircncia de adquirir

o mesmo como estrateacutegia de marketing para empresas de todos os tamanhos

PALAVRAS-CHAVE 1 Storytelling 2 Marketing Digital 3 Miacutedias Sociais 4 Narrativa

_________________________

INTRODUCcedilAtildeO

Histoacuterias satildeo a forma original de entretenimento O homem costumava se reunir em

volta da fogueira para compartilhar suas estoacuterias e descobertas enquanto esse ritual contribuiacutea

para desenvolvimento cultural social e econocircmico E mesmo com milhares de opccedilotildees de lazer

essa tendecircncia ainda permanece As pessoas compartilham histoacuterias sobre sua vida e se

interessam ainda mais sobre as histoacuterias dos outros

Com o advento da internet 20 o consumidor passou a apresentar mudanccedilas

comportamentais adotando uma postura mais riacutegida em relaccedilatildeo as marcas enquanto a

1 Trabalho de conclusatildeo do curso de poacutes-graduaccedilatildeo Lato sensu em Educaccedilatildeo a Distacircncia da Universidade

Catoacutelica Dom Bosco 2 Graduada em Publicidade e Propaganda e estudante de Administraccedilatildeo ambas pelo Centro Universitaacuterio UDC

email prisabranteshotmailcom 3 Mestranda em Desenvolvimento Local e Especialista em Gestatildeo Avanccedilada em Recursos Humanos ambos pela

Universidade Catoacutelica Dom Bosco Graduada em Administraccedilatildeo pela Estaacutecio de Saacute de Campo

GrandeMS Orientadora do Trabalho de Conclusatildeo do Curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu da UCDB CPC

Marcato e-mail elainepaganotti2011hotmailcom

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tecnologia vem democratizando a competitividade ao mesmo tempo que exige maior

criatividade das empresas A competiccedilatildeo aumentou mas aumentou tambeacutem a dificuldade de

conquistar o top of mind1 na mente do consumidor

As miacutedias tradicionais perderam a sua eficiecircncia Hoje esse novo consumidor quer

marcas que faccedilam a diferenccedila Eacute preciso emocionar o puacuteblico e o motivar a fazer o marketing

viral pela empresa

Novas ferramentas de marketing como o storytelling vem denotando capacidade

de interaccedilatildeo e reforccedilo da marca no mercado O storytelling eacute sobre contar histoacuterias Uma

ferramenta tambeacutem capaz de motivar colaboradores melhorar os processos voltados ao cliente

aleacutem de ajudar na construccedilatildeo de uma marca inesqueciacutevel Afinal histoacuterias quase sempre satildeo

lembradas

O storytelling tambeacutem funciona como uma estrateacutegia de marketing digital

Plataformas como Facebook e Twitter por exemplo ajudam na disseminaccedilatildeo e viralizaccedilatildeo

dessas estoacuterias ao mesmo tempo que incentiva para que o consumidor compartilhe isso com os

amigos

O tema proposto busca compreender o grau de eficaacutecia do uso do marketing digital

assim como analisar os pontos positivos e a viabilidade da ferramenta de storytelling como

estrateacutegia para marcas e empresas de todos os tamanhos

O trabalho presente utilizaraacute como metodologia o tipo pesquisa bibliograacutefica o qual

seraacute consultado livros e site especializados com o objetivo de um maior entendimento do tema

O tipo de pesquisa tambeacutem seraacute o de observaccedilatildeo com o intuito de analisar e compreender como

a ferramenta pode ser utilizada pelas empresas

1 MARKETING

O Marketing estaacute presente haacute muito tempo e sendo refletido em quase tudo que as

pessoas fazem Por outro lado exercer esse processo ainda eacute um imperativo para as empresas

que desejam projetar-se no mercado e principalmente permanecer no mesmo

Quando eacute colocado em questatildeo o conceito de marketing facilmente eacute observado o

equiacutevoco sobre o que realmente esse termo e suas nomenclaturas significam Falar em

_________________________

1 Top of mind quando a marca eacute a primeira marca lembrada pelo consumidor

3

marketing natildeo eacute falar apenas sobre vendas Ele eacute essencial para fazer com que esse consumidor

volte a realizar a compra no mesmo local assim como ajuda a fortalecer a relaccedilatildeo entre empresa

e cliente

Para Kotler (2010) o marketing comeccedila bem antes da existecircncia de um produto

Miller (2009) tambeacutem acredita que o marketing natildeo envolve apenas o objetivo da compra mas

tambeacutem pode ser considerado como o responsaacutevel por profundas mudanccedilas culturais e sociais

capaz de definir haacutebitos desejos e ateacute comportamentos

O marketing natildeo eacute apenas uma das ideias mais importantes nos negoacutecios ele

se torno a forccedila mais dominante da cultura humana Se isso soa como uma

afirmaccedilatildeo excessivamente contundente em que ningueacutem verdadeiramente

racional possa crer considere que grande parte dessa descrenccedila origina-se na

interpretaccedilatildeo equivocada de ldquomarketingrdquo como uma forma pretensiosa de

publicidade Poreacutem marketing eacute muito mais que isso Do ponto de vista ideal

eacute uma tentativa sistemaacutetica de satisfazer os desejos humanos ao produzir bens

e serviccedilos que as pessoas iratildeo comprar Eacute o lugar em que as fronteiras

desenfreadas da natureza humana se encontram com os poderes desenfreados

da tecnologia Como amantes gentis as empresas com melhor orientaccedilatildeo de

marketing nos ajudam a descobrir desejos que nunca soubemos ter e modos

de satisfazecirc-los jamais imaginados antes (MILLER 2009 p 57)

Kotler (2006) enuncia que o marketing eacute uma ferramenta usada para segmentar

mercados descobrir necessidades que natildeo foram atendidas e criar novas soluccedilotildees que quando

feitas com eficiecircncia podem construir o futuro de uma empresa O marketing tambeacutem tem

como objetivo estabelecer um custo acessiacutevel ao consumidor

De acordo com autor ldquomarketing eacute uma atividade humana dirigida para satisfazer

necessidades e desejos por meio de trocardquo (KOTLER 2010 p 28) Segundo Honorato ldquoao se

identificarem desejos ou necessidades busca-se satisfazecirc-los comprando produtos ou serviccedilos

de quem tem para vender estabelecendo assim uma troca na qual organizaccedilotildees e clientes

participamrdquo (HONORATO 2004 p3)

Todas essas informaccedilotildees satildeo alcanccediladas apoacutes saber que mercado trabalhar que tipo

de produto deve ser comercializado e como divulgar e distribuir este produto para a execuccedilatildeo

da venda Esse resultado eacute apenas conquistado quando o puacuteblico-alvo eacute profundamente

estudado identificando assim o que ele realmente busca Sendo assim isso jaacute coloca o cliente

como o centro de qualquer accedilatildeo de marketing e conhececirc-lo eacute uma condiccedilatildeo essencial para uma

estrateacutegia de sucesso

Segundo Drucker (2001) o marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado

como uma funccedilatildeo separada Ele deve ser visto como um todo ao considerar os objetivos da

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empresa e a opiniatildeo do cliente que iratildeo assim determinar o sucesso do produto ou serviccedilo

oferecido

Eacute importante ressaltar que se o comportamento do puacuteblico-alvo mudar e ele passar

a desejar outros produtos ou com caracteriacutesticas especiacuteficas entatildeo as estrateacutegias de marketing

tambeacutem precisam ser ajustadas

Por essa razatildeo ldquomarketing eacute mais do que uma forma de sentir o mercado e adaptar

produtos ou serviccedilos ele eacute um compromisso com a busca da melhoria da qualidade de vida das

pessoasrdquo (COBRA 1992 p14)

Kotler (2006) defende que panorama econocircmico mundial eacute formando por dois

principais elementos globalizaccedilatildeo e tecnologia Com essas mudanccedilas tecnoloacutegicas e

econocircmicas as empresas natildeo podem mais confiar em suas antigas praacuteticas porque a mesma

foacutermula aplicada para conquistar o puacuteblico haacute alguns anos atraacutes hoje natildeo apresenta a mesma

viabilidade Com base nisso ele defende que ldquoa capacidade de mudanccedila requer a capacidade

de aprenderrdquo (KOTLER 2006 p15)

Eacute aqui que entra os novos desafios de marketing enfrentados atualmente pelas

empresas ao ser questionada como atender um puacuteblico cada vez mais exigente Para auferir as

repostas para tais dilemas e conflitos eacute preciso compreender o que provocou tais mudanccedilas

2 O NOVO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Kotler (2006) posiciona o consumidor de hoje como algueacutem com pouco tempo

mais sofisticado e sensiacutevel ao preccedilo aleacutem de ser menos fiel agraves marcas Para esses consumidores

existem produtos pouco diferentes os preccedilos satildeo iguais e a propaganda natildeo eacute mais tatildeo

convincente

Cappo (2006) define o horaacuterio nobre de hoje como a busca para descobrir o

momento em que os consumidores estatildeo disponiacuteveis a dar mais tempo com base em suas

condiccedilotildees e horaacuterios Hoje as pessoas possuem pouco tempo disponiacutevel durante o dia e quando

possuem normalmente estatildeo na internet ou fazendo outra coisa A TV perdeu espaccedilo para

outros meios de comunicaccedilatildeo e a propaganda passou a ser ignorada

Segundo Ries (2002) o aumento no nuacutemero de propagandas e concorrentes resultou

na diminuiccedilatildeo de seu poder de persuasatildeo e consecutivamente no aumento na dificuldade para

ser notada

Austin (2007) acreditam que o avanccedilo tecnoloacutegico eacute um dos fatores que mais

aceleraram essas mudanccedilas de consumo Em suas palavras o consumidor de hoje eacute mais

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exigente em relaccedilatildeo aos produtos e seus preccedilos Com a internet por exemplo realizar uma

pesquisa sobre a empresa assim como pesquisar sobre vaacuterios produtos e escolher o melhor eacute

um dos exemplos das armas que o consumidor tem em suas matildeos O controle das marcas passou

do proprietaacuterio para os consumidores Os autores acreditam que as novas dinacircmicas de marcas

consumidores canais de comunicaccedilatildeo e as complexidades dos seus inter-relacionamentos satildeo

movidos por avanccedilos tecnoloacutegicos que exigem mais preocupaccedilatildeo mais informaccedilatildeo mais

ceacuterebro e muito mais criatividade

Para Salzman (2003) devido ao seu uso por meio das redes sociais hoje os

consumidores satildeo capazes de influenciar os demais com suas opiniotildees e experiecircncias de

compra As pessoas acreditam muito mais em seus amigos do que nas propagandas Esse

fenocircmeno eacute conhecido de propaganda boca-a-boca ou buzzmarketing

Berger (2014) afirma que os indiviacuteduos natildeo compartilham uma notiacutecia ou uma

recomendaccedilatildeo com todas as pessoas que conhecem Segundo o autor o boca-a-boca eacute dirigido

para um puacuteblico especiacutefico o qual o emissor considera que a informaccedilatildeo seraacute mais relevante

Por essa razatildeo o boca-a-boca se torna tatildeo viaacutevel e confiante

De iniciantes a estrelas as pessoas adotaram a miacutedia social como a onda do

futuro Facebook Twitter Youtube e outros canais satildeo vistos como formas de

cultivar seguidores e atrair consumidores Marcas postam anuacutencios muacutesicos

em iniacutecio de carreira postam viacutedeos e pequenas empresas postam ofertas

Companhias e organizaccedilotildees atiraram-se com tudo afobadas para pular no

vagatildeo do buzzmarketing A loacutegica eacute direta e reta Se conseguirem fazer com

que as pessoas falem de sua ideia ou compartilhem seu conteuacutedo isso iraacute se

espalhar pelas redes sociais como um viacuterus tornando o produto ou ideia

instantaneamente popular ao longo do processo (BERGER 2014 p20)

A propaganda boca-a-boca eacute hoje considerada uma das melhores ferramentas para

lidar com esse novo consumidor Aleacutem de transmitir a confianccedila que o cliente precisa ela acaba

se tornando mais barata e indicada por se tratar de uma accedilatildeo voluntaacuteria por parte do usuaacuterio

3 MARKETING DIGITAL

Conforme Gabriel (2010) o marketing digital utiliza qualquer componente de uma

estrateacutegia utilizando tecnologia e plataformas digitais Essas estrateacutegias de marketing satildeo

definidas com base nos 4 Ps mais conhecidos como preccedilo produto praccedila e promoccedilatildeo

Podemos falar de estrateacutegias digitais de marketing que satildeo as que usam

plataformas e tecnologias digitais envolvendo um ou mais dos 4 Ps para

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alcanccedilar os objetivos de marketing Como o ser humano ainda vive com

produtos materiais em mercados tradicionais fiacutesicos passando por outdoors

lendo revistas e ouvindo raacutedio um plano de marketing que envolva estrateacutegias

digitais de marketing associadas a estrateacutegias tradicionais tende a ser mais

bem-sucedido pois engloba as dimensotildees do material e digital em que vive o

ser humano (GABRIEL 2010 p 106)

O marketing digital acontece no meio digital Gabriel (2010) cita como exemplo as

paacuteginas digitais redes sociais games tecnologia mobile entre outros Essas plataformas e

tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estrateacutegias digitais de

marketing

31 WEB 20 E AS MIacuteDIAS SOCIAIS

O termo web 20 foi inserido por Tim OacuteReilly consultor norte-americano com o

objetivo de discutir sobre como a web estava produzindo sistemas aplicativos e ferramentas

ldquoque cada vez mais municiavam o usuaacuterio para accedilotildees de comunicaccedilatildeo e relacionamento

autocircnomas sem a intervenccedilatildeo dos conhecidos veiacuteculos de miacutedia para a formaccedilatildeo da opiniatildeo da

sociedaderdquo (SAAD 2003 p 148)

A web 20 permite a colaboraccedilatildeo por parte do usuaacuterio Essa inserccedilatildeo utiliza

ferramentas participativas como Blogs sites de publicaccedilatildeo de viacutedeos como o Youtube e redes

sociais como Facebook e Twitter

A Web 20 natildeo eacute democraacutetica apenas para o consumidor mas tambeacutem para todos

os tipos de empresas Gabriel (2010) enfatiza que a falta de limitaccedilotildees fiacutesicas onde eacute possiacutevel

mostrar ou armazenar qualquer tipo de informaccedilatildeo assim como colocar agrave disposiccedilatildeo uma

infinidade de opccedilotildees de produtos ou serviccedilos independentemente do tamanho da sua demanda

e popularidade possibilita a exploraccedilatildeo do nicho de mercado2 Esse fenocircmeno foi analisado e

batizado de a cauda longa por Chris Anderson

Anderson (2006) defende que o nicho de mercado resulta em um lucro maior pois

o cliente ao perceber que estatildeo atendendo uma necessidade especiacutefica dele estaraacute disposto a

pagar mais o que acaba criando um valor agregado agrave marca Para o autor a cultura de nicho

teve origem com o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo que permitiram o contato com outras

culturas

_________________________

2 Nicho de mercado satildeo segmentos ou puacuteblicos cujas necessidades particulares satildeo pouco exploradas ou

inexistentes

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O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

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incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

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Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

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pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

2

tecnologia vem democratizando a competitividade ao mesmo tempo que exige maior

criatividade das empresas A competiccedilatildeo aumentou mas aumentou tambeacutem a dificuldade de

conquistar o top of mind1 na mente do consumidor

As miacutedias tradicionais perderam a sua eficiecircncia Hoje esse novo consumidor quer

marcas que faccedilam a diferenccedila Eacute preciso emocionar o puacuteblico e o motivar a fazer o marketing

viral pela empresa

Novas ferramentas de marketing como o storytelling vem denotando capacidade

de interaccedilatildeo e reforccedilo da marca no mercado O storytelling eacute sobre contar histoacuterias Uma

ferramenta tambeacutem capaz de motivar colaboradores melhorar os processos voltados ao cliente

aleacutem de ajudar na construccedilatildeo de uma marca inesqueciacutevel Afinal histoacuterias quase sempre satildeo

lembradas

O storytelling tambeacutem funciona como uma estrateacutegia de marketing digital

Plataformas como Facebook e Twitter por exemplo ajudam na disseminaccedilatildeo e viralizaccedilatildeo

dessas estoacuterias ao mesmo tempo que incentiva para que o consumidor compartilhe isso com os

amigos

O tema proposto busca compreender o grau de eficaacutecia do uso do marketing digital

assim como analisar os pontos positivos e a viabilidade da ferramenta de storytelling como

estrateacutegia para marcas e empresas de todos os tamanhos

O trabalho presente utilizaraacute como metodologia o tipo pesquisa bibliograacutefica o qual

seraacute consultado livros e site especializados com o objetivo de um maior entendimento do tema

O tipo de pesquisa tambeacutem seraacute o de observaccedilatildeo com o intuito de analisar e compreender como

a ferramenta pode ser utilizada pelas empresas

1 MARKETING

O Marketing estaacute presente haacute muito tempo e sendo refletido em quase tudo que as

pessoas fazem Por outro lado exercer esse processo ainda eacute um imperativo para as empresas

que desejam projetar-se no mercado e principalmente permanecer no mesmo

Quando eacute colocado em questatildeo o conceito de marketing facilmente eacute observado o

equiacutevoco sobre o que realmente esse termo e suas nomenclaturas significam Falar em

_________________________

1 Top of mind quando a marca eacute a primeira marca lembrada pelo consumidor

3

marketing natildeo eacute falar apenas sobre vendas Ele eacute essencial para fazer com que esse consumidor

volte a realizar a compra no mesmo local assim como ajuda a fortalecer a relaccedilatildeo entre empresa

e cliente

Para Kotler (2010) o marketing comeccedila bem antes da existecircncia de um produto

Miller (2009) tambeacutem acredita que o marketing natildeo envolve apenas o objetivo da compra mas

tambeacutem pode ser considerado como o responsaacutevel por profundas mudanccedilas culturais e sociais

capaz de definir haacutebitos desejos e ateacute comportamentos

O marketing natildeo eacute apenas uma das ideias mais importantes nos negoacutecios ele

se torno a forccedila mais dominante da cultura humana Se isso soa como uma

afirmaccedilatildeo excessivamente contundente em que ningueacutem verdadeiramente

racional possa crer considere que grande parte dessa descrenccedila origina-se na

interpretaccedilatildeo equivocada de ldquomarketingrdquo como uma forma pretensiosa de

publicidade Poreacutem marketing eacute muito mais que isso Do ponto de vista ideal

eacute uma tentativa sistemaacutetica de satisfazer os desejos humanos ao produzir bens

e serviccedilos que as pessoas iratildeo comprar Eacute o lugar em que as fronteiras

desenfreadas da natureza humana se encontram com os poderes desenfreados

da tecnologia Como amantes gentis as empresas com melhor orientaccedilatildeo de

marketing nos ajudam a descobrir desejos que nunca soubemos ter e modos

de satisfazecirc-los jamais imaginados antes (MILLER 2009 p 57)

Kotler (2006) enuncia que o marketing eacute uma ferramenta usada para segmentar

mercados descobrir necessidades que natildeo foram atendidas e criar novas soluccedilotildees que quando

feitas com eficiecircncia podem construir o futuro de uma empresa O marketing tambeacutem tem

como objetivo estabelecer um custo acessiacutevel ao consumidor

De acordo com autor ldquomarketing eacute uma atividade humana dirigida para satisfazer

necessidades e desejos por meio de trocardquo (KOTLER 2010 p 28) Segundo Honorato ldquoao se

identificarem desejos ou necessidades busca-se satisfazecirc-los comprando produtos ou serviccedilos

de quem tem para vender estabelecendo assim uma troca na qual organizaccedilotildees e clientes

participamrdquo (HONORATO 2004 p3)

Todas essas informaccedilotildees satildeo alcanccediladas apoacutes saber que mercado trabalhar que tipo

de produto deve ser comercializado e como divulgar e distribuir este produto para a execuccedilatildeo

da venda Esse resultado eacute apenas conquistado quando o puacuteblico-alvo eacute profundamente

estudado identificando assim o que ele realmente busca Sendo assim isso jaacute coloca o cliente

como o centro de qualquer accedilatildeo de marketing e conhececirc-lo eacute uma condiccedilatildeo essencial para uma

estrateacutegia de sucesso

Segundo Drucker (2001) o marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado

como uma funccedilatildeo separada Ele deve ser visto como um todo ao considerar os objetivos da

4

empresa e a opiniatildeo do cliente que iratildeo assim determinar o sucesso do produto ou serviccedilo

oferecido

Eacute importante ressaltar que se o comportamento do puacuteblico-alvo mudar e ele passar

a desejar outros produtos ou com caracteriacutesticas especiacuteficas entatildeo as estrateacutegias de marketing

tambeacutem precisam ser ajustadas

Por essa razatildeo ldquomarketing eacute mais do que uma forma de sentir o mercado e adaptar

produtos ou serviccedilos ele eacute um compromisso com a busca da melhoria da qualidade de vida das

pessoasrdquo (COBRA 1992 p14)

Kotler (2006) defende que panorama econocircmico mundial eacute formando por dois

principais elementos globalizaccedilatildeo e tecnologia Com essas mudanccedilas tecnoloacutegicas e

econocircmicas as empresas natildeo podem mais confiar em suas antigas praacuteticas porque a mesma

foacutermula aplicada para conquistar o puacuteblico haacute alguns anos atraacutes hoje natildeo apresenta a mesma

viabilidade Com base nisso ele defende que ldquoa capacidade de mudanccedila requer a capacidade

de aprenderrdquo (KOTLER 2006 p15)

Eacute aqui que entra os novos desafios de marketing enfrentados atualmente pelas

empresas ao ser questionada como atender um puacuteblico cada vez mais exigente Para auferir as

repostas para tais dilemas e conflitos eacute preciso compreender o que provocou tais mudanccedilas

2 O NOVO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Kotler (2006) posiciona o consumidor de hoje como algueacutem com pouco tempo

mais sofisticado e sensiacutevel ao preccedilo aleacutem de ser menos fiel agraves marcas Para esses consumidores

existem produtos pouco diferentes os preccedilos satildeo iguais e a propaganda natildeo eacute mais tatildeo

convincente

Cappo (2006) define o horaacuterio nobre de hoje como a busca para descobrir o

momento em que os consumidores estatildeo disponiacuteveis a dar mais tempo com base em suas

condiccedilotildees e horaacuterios Hoje as pessoas possuem pouco tempo disponiacutevel durante o dia e quando

possuem normalmente estatildeo na internet ou fazendo outra coisa A TV perdeu espaccedilo para

outros meios de comunicaccedilatildeo e a propaganda passou a ser ignorada

Segundo Ries (2002) o aumento no nuacutemero de propagandas e concorrentes resultou

na diminuiccedilatildeo de seu poder de persuasatildeo e consecutivamente no aumento na dificuldade para

ser notada

Austin (2007) acreditam que o avanccedilo tecnoloacutegico eacute um dos fatores que mais

aceleraram essas mudanccedilas de consumo Em suas palavras o consumidor de hoje eacute mais

5

exigente em relaccedilatildeo aos produtos e seus preccedilos Com a internet por exemplo realizar uma

pesquisa sobre a empresa assim como pesquisar sobre vaacuterios produtos e escolher o melhor eacute

um dos exemplos das armas que o consumidor tem em suas matildeos O controle das marcas passou

do proprietaacuterio para os consumidores Os autores acreditam que as novas dinacircmicas de marcas

consumidores canais de comunicaccedilatildeo e as complexidades dos seus inter-relacionamentos satildeo

movidos por avanccedilos tecnoloacutegicos que exigem mais preocupaccedilatildeo mais informaccedilatildeo mais

ceacuterebro e muito mais criatividade

Para Salzman (2003) devido ao seu uso por meio das redes sociais hoje os

consumidores satildeo capazes de influenciar os demais com suas opiniotildees e experiecircncias de

compra As pessoas acreditam muito mais em seus amigos do que nas propagandas Esse

fenocircmeno eacute conhecido de propaganda boca-a-boca ou buzzmarketing

Berger (2014) afirma que os indiviacuteduos natildeo compartilham uma notiacutecia ou uma

recomendaccedilatildeo com todas as pessoas que conhecem Segundo o autor o boca-a-boca eacute dirigido

para um puacuteblico especiacutefico o qual o emissor considera que a informaccedilatildeo seraacute mais relevante

Por essa razatildeo o boca-a-boca se torna tatildeo viaacutevel e confiante

De iniciantes a estrelas as pessoas adotaram a miacutedia social como a onda do

futuro Facebook Twitter Youtube e outros canais satildeo vistos como formas de

cultivar seguidores e atrair consumidores Marcas postam anuacutencios muacutesicos

em iniacutecio de carreira postam viacutedeos e pequenas empresas postam ofertas

Companhias e organizaccedilotildees atiraram-se com tudo afobadas para pular no

vagatildeo do buzzmarketing A loacutegica eacute direta e reta Se conseguirem fazer com

que as pessoas falem de sua ideia ou compartilhem seu conteuacutedo isso iraacute se

espalhar pelas redes sociais como um viacuterus tornando o produto ou ideia

instantaneamente popular ao longo do processo (BERGER 2014 p20)

A propaganda boca-a-boca eacute hoje considerada uma das melhores ferramentas para

lidar com esse novo consumidor Aleacutem de transmitir a confianccedila que o cliente precisa ela acaba

se tornando mais barata e indicada por se tratar de uma accedilatildeo voluntaacuteria por parte do usuaacuterio

3 MARKETING DIGITAL

Conforme Gabriel (2010) o marketing digital utiliza qualquer componente de uma

estrateacutegia utilizando tecnologia e plataformas digitais Essas estrateacutegias de marketing satildeo

definidas com base nos 4 Ps mais conhecidos como preccedilo produto praccedila e promoccedilatildeo

Podemos falar de estrateacutegias digitais de marketing que satildeo as que usam

plataformas e tecnologias digitais envolvendo um ou mais dos 4 Ps para

6

alcanccedilar os objetivos de marketing Como o ser humano ainda vive com

produtos materiais em mercados tradicionais fiacutesicos passando por outdoors

lendo revistas e ouvindo raacutedio um plano de marketing que envolva estrateacutegias

digitais de marketing associadas a estrateacutegias tradicionais tende a ser mais

bem-sucedido pois engloba as dimensotildees do material e digital em que vive o

ser humano (GABRIEL 2010 p 106)

O marketing digital acontece no meio digital Gabriel (2010) cita como exemplo as

paacuteginas digitais redes sociais games tecnologia mobile entre outros Essas plataformas e

tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estrateacutegias digitais de

marketing

31 WEB 20 E AS MIacuteDIAS SOCIAIS

O termo web 20 foi inserido por Tim OacuteReilly consultor norte-americano com o

objetivo de discutir sobre como a web estava produzindo sistemas aplicativos e ferramentas

ldquoque cada vez mais municiavam o usuaacuterio para accedilotildees de comunicaccedilatildeo e relacionamento

autocircnomas sem a intervenccedilatildeo dos conhecidos veiacuteculos de miacutedia para a formaccedilatildeo da opiniatildeo da

sociedaderdquo (SAAD 2003 p 148)

A web 20 permite a colaboraccedilatildeo por parte do usuaacuterio Essa inserccedilatildeo utiliza

ferramentas participativas como Blogs sites de publicaccedilatildeo de viacutedeos como o Youtube e redes

sociais como Facebook e Twitter

A Web 20 natildeo eacute democraacutetica apenas para o consumidor mas tambeacutem para todos

os tipos de empresas Gabriel (2010) enfatiza que a falta de limitaccedilotildees fiacutesicas onde eacute possiacutevel

mostrar ou armazenar qualquer tipo de informaccedilatildeo assim como colocar agrave disposiccedilatildeo uma

infinidade de opccedilotildees de produtos ou serviccedilos independentemente do tamanho da sua demanda

e popularidade possibilita a exploraccedilatildeo do nicho de mercado2 Esse fenocircmeno foi analisado e

batizado de a cauda longa por Chris Anderson

Anderson (2006) defende que o nicho de mercado resulta em um lucro maior pois

o cliente ao perceber que estatildeo atendendo uma necessidade especiacutefica dele estaraacute disposto a

pagar mais o que acaba criando um valor agregado agrave marca Para o autor a cultura de nicho

teve origem com o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo que permitiram o contato com outras

culturas

_________________________

2 Nicho de mercado satildeo segmentos ou puacuteblicos cujas necessidades particulares satildeo pouco exploradas ou

inexistentes

7

O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

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pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

3

marketing natildeo eacute falar apenas sobre vendas Ele eacute essencial para fazer com que esse consumidor

volte a realizar a compra no mesmo local assim como ajuda a fortalecer a relaccedilatildeo entre empresa

e cliente

Para Kotler (2010) o marketing comeccedila bem antes da existecircncia de um produto

Miller (2009) tambeacutem acredita que o marketing natildeo envolve apenas o objetivo da compra mas

tambeacutem pode ser considerado como o responsaacutevel por profundas mudanccedilas culturais e sociais

capaz de definir haacutebitos desejos e ateacute comportamentos

O marketing natildeo eacute apenas uma das ideias mais importantes nos negoacutecios ele

se torno a forccedila mais dominante da cultura humana Se isso soa como uma

afirmaccedilatildeo excessivamente contundente em que ningueacutem verdadeiramente

racional possa crer considere que grande parte dessa descrenccedila origina-se na

interpretaccedilatildeo equivocada de ldquomarketingrdquo como uma forma pretensiosa de

publicidade Poreacutem marketing eacute muito mais que isso Do ponto de vista ideal

eacute uma tentativa sistemaacutetica de satisfazer os desejos humanos ao produzir bens

e serviccedilos que as pessoas iratildeo comprar Eacute o lugar em que as fronteiras

desenfreadas da natureza humana se encontram com os poderes desenfreados

da tecnologia Como amantes gentis as empresas com melhor orientaccedilatildeo de

marketing nos ajudam a descobrir desejos que nunca soubemos ter e modos

de satisfazecirc-los jamais imaginados antes (MILLER 2009 p 57)

Kotler (2006) enuncia que o marketing eacute uma ferramenta usada para segmentar

mercados descobrir necessidades que natildeo foram atendidas e criar novas soluccedilotildees que quando

feitas com eficiecircncia podem construir o futuro de uma empresa O marketing tambeacutem tem

como objetivo estabelecer um custo acessiacutevel ao consumidor

De acordo com autor ldquomarketing eacute uma atividade humana dirigida para satisfazer

necessidades e desejos por meio de trocardquo (KOTLER 2010 p 28) Segundo Honorato ldquoao se

identificarem desejos ou necessidades busca-se satisfazecirc-los comprando produtos ou serviccedilos

de quem tem para vender estabelecendo assim uma troca na qual organizaccedilotildees e clientes

participamrdquo (HONORATO 2004 p3)

Todas essas informaccedilotildees satildeo alcanccediladas apoacutes saber que mercado trabalhar que tipo

de produto deve ser comercializado e como divulgar e distribuir este produto para a execuccedilatildeo

da venda Esse resultado eacute apenas conquistado quando o puacuteblico-alvo eacute profundamente

estudado identificando assim o que ele realmente busca Sendo assim isso jaacute coloca o cliente

como o centro de qualquer accedilatildeo de marketing e conhececirc-lo eacute uma condiccedilatildeo essencial para uma

estrateacutegia de sucesso

Segundo Drucker (2001) o marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado

como uma funccedilatildeo separada Ele deve ser visto como um todo ao considerar os objetivos da

4

empresa e a opiniatildeo do cliente que iratildeo assim determinar o sucesso do produto ou serviccedilo

oferecido

Eacute importante ressaltar que se o comportamento do puacuteblico-alvo mudar e ele passar

a desejar outros produtos ou com caracteriacutesticas especiacuteficas entatildeo as estrateacutegias de marketing

tambeacutem precisam ser ajustadas

Por essa razatildeo ldquomarketing eacute mais do que uma forma de sentir o mercado e adaptar

produtos ou serviccedilos ele eacute um compromisso com a busca da melhoria da qualidade de vida das

pessoasrdquo (COBRA 1992 p14)

Kotler (2006) defende que panorama econocircmico mundial eacute formando por dois

principais elementos globalizaccedilatildeo e tecnologia Com essas mudanccedilas tecnoloacutegicas e

econocircmicas as empresas natildeo podem mais confiar em suas antigas praacuteticas porque a mesma

foacutermula aplicada para conquistar o puacuteblico haacute alguns anos atraacutes hoje natildeo apresenta a mesma

viabilidade Com base nisso ele defende que ldquoa capacidade de mudanccedila requer a capacidade

de aprenderrdquo (KOTLER 2006 p15)

Eacute aqui que entra os novos desafios de marketing enfrentados atualmente pelas

empresas ao ser questionada como atender um puacuteblico cada vez mais exigente Para auferir as

repostas para tais dilemas e conflitos eacute preciso compreender o que provocou tais mudanccedilas

2 O NOVO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Kotler (2006) posiciona o consumidor de hoje como algueacutem com pouco tempo

mais sofisticado e sensiacutevel ao preccedilo aleacutem de ser menos fiel agraves marcas Para esses consumidores

existem produtos pouco diferentes os preccedilos satildeo iguais e a propaganda natildeo eacute mais tatildeo

convincente

Cappo (2006) define o horaacuterio nobre de hoje como a busca para descobrir o

momento em que os consumidores estatildeo disponiacuteveis a dar mais tempo com base em suas

condiccedilotildees e horaacuterios Hoje as pessoas possuem pouco tempo disponiacutevel durante o dia e quando

possuem normalmente estatildeo na internet ou fazendo outra coisa A TV perdeu espaccedilo para

outros meios de comunicaccedilatildeo e a propaganda passou a ser ignorada

Segundo Ries (2002) o aumento no nuacutemero de propagandas e concorrentes resultou

na diminuiccedilatildeo de seu poder de persuasatildeo e consecutivamente no aumento na dificuldade para

ser notada

Austin (2007) acreditam que o avanccedilo tecnoloacutegico eacute um dos fatores que mais

aceleraram essas mudanccedilas de consumo Em suas palavras o consumidor de hoje eacute mais

5

exigente em relaccedilatildeo aos produtos e seus preccedilos Com a internet por exemplo realizar uma

pesquisa sobre a empresa assim como pesquisar sobre vaacuterios produtos e escolher o melhor eacute

um dos exemplos das armas que o consumidor tem em suas matildeos O controle das marcas passou

do proprietaacuterio para os consumidores Os autores acreditam que as novas dinacircmicas de marcas

consumidores canais de comunicaccedilatildeo e as complexidades dos seus inter-relacionamentos satildeo

movidos por avanccedilos tecnoloacutegicos que exigem mais preocupaccedilatildeo mais informaccedilatildeo mais

ceacuterebro e muito mais criatividade

Para Salzman (2003) devido ao seu uso por meio das redes sociais hoje os

consumidores satildeo capazes de influenciar os demais com suas opiniotildees e experiecircncias de

compra As pessoas acreditam muito mais em seus amigos do que nas propagandas Esse

fenocircmeno eacute conhecido de propaganda boca-a-boca ou buzzmarketing

Berger (2014) afirma que os indiviacuteduos natildeo compartilham uma notiacutecia ou uma

recomendaccedilatildeo com todas as pessoas que conhecem Segundo o autor o boca-a-boca eacute dirigido

para um puacuteblico especiacutefico o qual o emissor considera que a informaccedilatildeo seraacute mais relevante

Por essa razatildeo o boca-a-boca se torna tatildeo viaacutevel e confiante

De iniciantes a estrelas as pessoas adotaram a miacutedia social como a onda do

futuro Facebook Twitter Youtube e outros canais satildeo vistos como formas de

cultivar seguidores e atrair consumidores Marcas postam anuacutencios muacutesicos

em iniacutecio de carreira postam viacutedeos e pequenas empresas postam ofertas

Companhias e organizaccedilotildees atiraram-se com tudo afobadas para pular no

vagatildeo do buzzmarketing A loacutegica eacute direta e reta Se conseguirem fazer com

que as pessoas falem de sua ideia ou compartilhem seu conteuacutedo isso iraacute se

espalhar pelas redes sociais como um viacuterus tornando o produto ou ideia

instantaneamente popular ao longo do processo (BERGER 2014 p20)

A propaganda boca-a-boca eacute hoje considerada uma das melhores ferramentas para

lidar com esse novo consumidor Aleacutem de transmitir a confianccedila que o cliente precisa ela acaba

se tornando mais barata e indicada por se tratar de uma accedilatildeo voluntaacuteria por parte do usuaacuterio

3 MARKETING DIGITAL

Conforme Gabriel (2010) o marketing digital utiliza qualquer componente de uma

estrateacutegia utilizando tecnologia e plataformas digitais Essas estrateacutegias de marketing satildeo

definidas com base nos 4 Ps mais conhecidos como preccedilo produto praccedila e promoccedilatildeo

Podemos falar de estrateacutegias digitais de marketing que satildeo as que usam

plataformas e tecnologias digitais envolvendo um ou mais dos 4 Ps para

6

alcanccedilar os objetivos de marketing Como o ser humano ainda vive com

produtos materiais em mercados tradicionais fiacutesicos passando por outdoors

lendo revistas e ouvindo raacutedio um plano de marketing que envolva estrateacutegias

digitais de marketing associadas a estrateacutegias tradicionais tende a ser mais

bem-sucedido pois engloba as dimensotildees do material e digital em que vive o

ser humano (GABRIEL 2010 p 106)

O marketing digital acontece no meio digital Gabriel (2010) cita como exemplo as

paacuteginas digitais redes sociais games tecnologia mobile entre outros Essas plataformas e

tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estrateacutegias digitais de

marketing

31 WEB 20 E AS MIacuteDIAS SOCIAIS

O termo web 20 foi inserido por Tim OacuteReilly consultor norte-americano com o

objetivo de discutir sobre como a web estava produzindo sistemas aplicativos e ferramentas

ldquoque cada vez mais municiavam o usuaacuterio para accedilotildees de comunicaccedilatildeo e relacionamento

autocircnomas sem a intervenccedilatildeo dos conhecidos veiacuteculos de miacutedia para a formaccedilatildeo da opiniatildeo da

sociedaderdquo (SAAD 2003 p 148)

A web 20 permite a colaboraccedilatildeo por parte do usuaacuterio Essa inserccedilatildeo utiliza

ferramentas participativas como Blogs sites de publicaccedilatildeo de viacutedeos como o Youtube e redes

sociais como Facebook e Twitter

A Web 20 natildeo eacute democraacutetica apenas para o consumidor mas tambeacutem para todos

os tipos de empresas Gabriel (2010) enfatiza que a falta de limitaccedilotildees fiacutesicas onde eacute possiacutevel

mostrar ou armazenar qualquer tipo de informaccedilatildeo assim como colocar agrave disposiccedilatildeo uma

infinidade de opccedilotildees de produtos ou serviccedilos independentemente do tamanho da sua demanda

e popularidade possibilita a exploraccedilatildeo do nicho de mercado2 Esse fenocircmeno foi analisado e

batizado de a cauda longa por Chris Anderson

Anderson (2006) defende que o nicho de mercado resulta em um lucro maior pois

o cliente ao perceber que estatildeo atendendo uma necessidade especiacutefica dele estaraacute disposto a

pagar mais o que acaba criando um valor agregado agrave marca Para o autor a cultura de nicho

teve origem com o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo que permitiram o contato com outras

culturas

_________________________

2 Nicho de mercado satildeo segmentos ou puacuteblicos cujas necessidades particulares satildeo pouco exploradas ou

inexistentes

7

O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

4

empresa e a opiniatildeo do cliente que iratildeo assim determinar o sucesso do produto ou serviccedilo

oferecido

Eacute importante ressaltar que se o comportamento do puacuteblico-alvo mudar e ele passar

a desejar outros produtos ou com caracteriacutesticas especiacuteficas entatildeo as estrateacutegias de marketing

tambeacutem precisam ser ajustadas

Por essa razatildeo ldquomarketing eacute mais do que uma forma de sentir o mercado e adaptar

produtos ou serviccedilos ele eacute um compromisso com a busca da melhoria da qualidade de vida das

pessoasrdquo (COBRA 1992 p14)

Kotler (2006) defende que panorama econocircmico mundial eacute formando por dois

principais elementos globalizaccedilatildeo e tecnologia Com essas mudanccedilas tecnoloacutegicas e

econocircmicas as empresas natildeo podem mais confiar em suas antigas praacuteticas porque a mesma

foacutermula aplicada para conquistar o puacuteblico haacute alguns anos atraacutes hoje natildeo apresenta a mesma

viabilidade Com base nisso ele defende que ldquoa capacidade de mudanccedila requer a capacidade

de aprenderrdquo (KOTLER 2006 p15)

Eacute aqui que entra os novos desafios de marketing enfrentados atualmente pelas

empresas ao ser questionada como atender um puacuteblico cada vez mais exigente Para auferir as

repostas para tais dilemas e conflitos eacute preciso compreender o que provocou tais mudanccedilas

2 O NOVO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Kotler (2006) posiciona o consumidor de hoje como algueacutem com pouco tempo

mais sofisticado e sensiacutevel ao preccedilo aleacutem de ser menos fiel agraves marcas Para esses consumidores

existem produtos pouco diferentes os preccedilos satildeo iguais e a propaganda natildeo eacute mais tatildeo

convincente

Cappo (2006) define o horaacuterio nobre de hoje como a busca para descobrir o

momento em que os consumidores estatildeo disponiacuteveis a dar mais tempo com base em suas

condiccedilotildees e horaacuterios Hoje as pessoas possuem pouco tempo disponiacutevel durante o dia e quando

possuem normalmente estatildeo na internet ou fazendo outra coisa A TV perdeu espaccedilo para

outros meios de comunicaccedilatildeo e a propaganda passou a ser ignorada

Segundo Ries (2002) o aumento no nuacutemero de propagandas e concorrentes resultou

na diminuiccedilatildeo de seu poder de persuasatildeo e consecutivamente no aumento na dificuldade para

ser notada

Austin (2007) acreditam que o avanccedilo tecnoloacutegico eacute um dos fatores que mais

aceleraram essas mudanccedilas de consumo Em suas palavras o consumidor de hoje eacute mais

5

exigente em relaccedilatildeo aos produtos e seus preccedilos Com a internet por exemplo realizar uma

pesquisa sobre a empresa assim como pesquisar sobre vaacuterios produtos e escolher o melhor eacute

um dos exemplos das armas que o consumidor tem em suas matildeos O controle das marcas passou

do proprietaacuterio para os consumidores Os autores acreditam que as novas dinacircmicas de marcas

consumidores canais de comunicaccedilatildeo e as complexidades dos seus inter-relacionamentos satildeo

movidos por avanccedilos tecnoloacutegicos que exigem mais preocupaccedilatildeo mais informaccedilatildeo mais

ceacuterebro e muito mais criatividade

Para Salzman (2003) devido ao seu uso por meio das redes sociais hoje os

consumidores satildeo capazes de influenciar os demais com suas opiniotildees e experiecircncias de

compra As pessoas acreditam muito mais em seus amigos do que nas propagandas Esse

fenocircmeno eacute conhecido de propaganda boca-a-boca ou buzzmarketing

Berger (2014) afirma que os indiviacuteduos natildeo compartilham uma notiacutecia ou uma

recomendaccedilatildeo com todas as pessoas que conhecem Segundo o autor o boca-a-boca eacute dirigido

para um puacuteblico especiacutefico o qual o emissor considera que a informaccedilatildeo seraacute mais relevante

Por essa razatildeo o boca-a-boca se torna tatildeo viaacutevel e confiante

De iniciantes a estrelas as pessoas adotaram a miacutedia social como a onda do

futuro Facebook Twitter Youtube e outros canais satildeo vistos como formas de

cultivar seguidores e atrair consumidores Marcas postam anuacutencios muacutesicos

em iniacutecio de carreira postam viacutedeos e pequenas empresas postam ofertas

Companhias e organizaccedilotildees atiraram-se com tudo afobadas para pular no

vagatildeo do buzzmarketing A loacutegica eacute direta e reta Se conseguirem fazer com

que as pessoas falem de sua ideia ou compartilhem seu conteuacutedo isso iraacute se

espalhar pelas redes sociais como um viacuterus tornando o produto ou ideia

instantaneamente popular ao longo do processo (BERGER 2014 p20)

A propaganda boca-a-boca eacute hoje considerada uma das melhores ferramentas para

lidar com esse novo consumidor Aleacutem de transmitir a confianccedila que o cliente precisa ela acaba

se tornando mais barata e indicada por se tratar de uma accedilatildeo voluntaacuteria por parte do usuaacuterio

3 MARKETING DIGITAL

Conforme Gabriel (2010) o marketing digital utiliza qualquer componente de uma

estrateacutegia utilizando tecnologia e plataformas digitais Essas estrateacutegias de marketing satildeo

definidas com base nos 4 Ps mais conhecidos como preccedilo produto praccedila e promoccedilatildeo

Podemos falar de estrateacutegias digitais de marketing que satildeo as que usam

plataformas e tecnologias digitais envolvendo um ou mais dos 4 Ps para

6

alcanccedilar os objetivos de marketing Como o ser humano ainda vive com

produtos materiais em mercados tradicionais fiacutesicos passando por outdoors

lendo revistas e ouvindo raacutedio um plano de marketing que envolva estrateacutegias

digitais de marketing associadas a estrateacutegias tradicionais tende a ser mais

bem-sucedido pois engloba as dimensotildees do material e digital em que vive o

ser humano (GABRIEL 2010 p 106)

O marketing digital acontece no meio digital Gabriel (2010) cita como exemplo as

paacuteginas digitais redes sociais games tecnologia mobile entre outros Essas plataformas e

tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estrateacutegias digitais de

marketing

31 WEB 20 E AS MIacuteDIAS SOCIAIS

O termo web 20 foi inserido por Tim OacuteReilly consultor norte-americano com o

objetivo de discutir sobre como a web estava produzindo sistemas aplicativos e ferramentas

ldquoque cada vez mais municiavam o usuaacuterio para accedilotildees de comunicaccedilatildeo e relacionamento

autocircnomas sem a intervenccedilatildeo dos conhecidos veiacuteculos de miacutedia para a formaccedilatildeo da opiniatildeo da

sociedaderdquo (SAAD 2003 p 148)

A web 20 permite a colaboraccedilatildeo por parte do usuaacuterio Essa inserccedilatildeo utiliza

ferramentas participativas como Blogs sites de publicaccedilatildeo de viacutedeos como o Youtube e redes

sociais como Facebook e Twitter

A Web 20 natildeo eacute democraacutetica apenas para o consumidor mas tambeacutem para todos

os tipos de empresas Gabriel (2010) enfatiza que a falta de limitaccedilotildees fiacutesicas onde eacute possiacutevel

mostrar ou armazenar qualquer tipo de informaccedilatildeo assim como colocar agrave disposiccedilatildeo uma

infinidade de opccedilotildees de produtos ou serviccedilos independentemente do tamanho da sua demanda

e popularidade possibilita a exploraccedilatildeo do nicho de mercado2 Esse fenocircmeno foi analisado e

batizado de a cauda longa por Chris Anderson

Anderson (2006) defende que o nicho de mercado resulta em um lucro maior pois

o cliente ao perceber que estatildeo atendendo uma necessidade especiacutefica dele estaraacute disposto a

pagar mais o que acaba criando um valor agregado agrave marca Para o autor a cultura de nicho

teve origem com o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo que permitiram o contato com outras

culturas

_________________________

2 Nicho de mercado satildeo segmentos ou puacuteblicos cujas necessidades particulares satildeo pouco exploradas ou

inexistentes

7

O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

5

exigente em relaccedilatildeo aos produtos e seus preccedilos Com a internet por exemplo realizar uma

pesquisa sobre a empresa assim como pesquisar sobre vaacuterios produtos e escolher o melhor eacute

um dos exemplos das armas que o consumidor tem em suas matildeos O controle das marcas passou

do proprietaacuterio para os consumidores Os autores acreditam que as novas dinacircmicas de marcas

consumidores canais de comunicaccedilatildeo e as complexidades dos seus inter-relacionamentos satildeo

movidos por avanccedilos tecnoloacutegicos que exigem mais preocupaccedilatildeo mais informaccedilatildeo mais

ceacuterebro e muito mais criatividade

Para Salzman (2003) devido ao seu uso por meio das redes sociais hoje os

consumidores satildeo capazes de influenciar os demais com suas opiniotildees e experiecircncias de

compra As pessoas acreditam muito mais em seus amigos do que nas propagandas Esse

fenocircmeno eacute conhecido de propaganda boca-a-boca ou buzzmarketing

Berger (2014) afirma que os indiviacuteduos natildeo compartilham uma notiacutecia ou uma

recomendaccedilatildeo com todas as pessoas que conhecem Segundo o autor o boca-a-boca eacute dirigido

para um puacuteblico especiacutefico o qual o emissor considera que a informaccedilatildeo seraacute mais relevante

Por essa razatildeo o boca-a-boca se torna tatildeo viaacutevel e confiante

De iniciantes a estrelas as pessoas adotaram a miacutedia social como a onda do

futuro Facebook Twitter Youtube e outros canais satildeo vistos como formas de

cultivar seguidores e atrair consumidores Marcas postam anuacutencios muacutesicos

em iniacutecio de carreira postam viacutedeos e pequenas empresas postam ofertas

Companhias e organizaccedilotildees atiraram-se com tudo afobadas para pular no

vagatildeo do buzzmarketing A loacutegica eacute direta e reta Se conseguirem fazer com

que as pessoas falem de sua ideia ou compartilhem seu conteuacutedo isso iraacute se

espalhar pelas redes sociais como um viacuterus tornando o produto ou ideia

instantaneamente popular ao longo do processo (BERGER 2014 p20)

A propaganda boca-a-boca eacute hoje considerada uma das melhores ferramentas para

lidar com esse novo consumidor Aleacutem de transmitir a confianccedila que o cliente precisa ela acaba

se tornando mais barata e indicada por se tratar de uma accedilatildeo voluntaacuteria por parte do usuaacuterio

3 MARKETING DIGITAL

Conforme Gabriel (2010) o marketing digital utiliza qualquer componente de uma

estrateacutegia utilizando tecnologia e plataformas digitais Essas estrateacutegias de marketing satildeo

definidas com base nos 4 Ps mais conhecidos como preccedilo produto praccedila e promoccedilatildeo

Podemos falar de estrateacutegias digitais de marketing que satildeo as que usam

plataformas e tecnologias digitais envolvendo um ou mais dos 4 Ps para

6

alcanccedilar os objetivos de marketing Como o ser humano ainda vive com

produtos materiais em mercados tradicionais fiacutesicos passando por outdoors

lendo revistas e ouvindo raacutedio um plano de marketing que envolva estrateacutegias

digitais de marketing associadas a estrateacutegias tradicionais tende a ser mais

bem-sucedido pois engloba as dimensotildees do material e digital em que vive o

ser humano (GABRIEL 2010 p 106)

O marketing digital acontece no meio digital Gabriel (2010) cita como exemplo as

paacuteginas digitais redes sociais games tecnologia mobile entre outros Essas plataformas e

tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estrateacutegias digitais de

marketing

31 WEB 20 E AS MIacuteDIAS SOCIAIS

O termo web 20 foi inserido por Tim OacuteReilly consultor norte-americano com o

objetivo de discutir sobre como a web estava produzindo sistemas aplicativos e ferramentas

ldquoque cada vez mais municiavam o usuaacuterio para accedilotildees de comunicaccedilatildeo e relacionamento

autocircnomas sem a intervenccedilatildeo dos conhecidos veiacuteculos de miacutedia para a formaccedilatildeo da opiniatildeo da

sociedaderdquo (SAAD 2003 p 148)

A web 20 permite a colaboraccedilatildeo por parte do usuaacuterio Essa inserccedilatildeo utiliza

ferramentas participativas como Blogs sites de publicaccedilatildeo de viacutedeos como o Youtube e redes

sociais como Facebook e Twitter

A Web 20 natildeo eacute democraacutetica apenas para o consumidor mas tambeacutem para todos

os tipos de empresas Gabriel (2010) enfatiza que a falta de limitaccedilotildees fiacutesicas onde eacute possiacutevel

mostrar ou armazenar qualquer tipo de informaccedilatildeo assim como colocar agrave disposiccedilatildeo uma

infinidade de opccedilotildees de produtos ou serviccedilos independentemente do tamanho da sua demanda

e popularidade possibilita a exploraccedilatildeo do nicho de mercado2 Esse fenocircmeno foi analisado e

batizado de a cauda longa por Chris Anderson

Anderson (2006) defende que o nicho de mercado resulta em um lucro maior pois

o cliente ao perceber que estatildeo atendendo uma necessidade especiacutefica dele estaraacute disposto a

pagar mais o que acaba criando um valor agregado agrave marca Para o autor a cultura de nicho

teve origem com o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo que permitiram o contato com outras

culturas

_________________________

2 Nicho de mercado satildeo segmentos ou puacuteblicos cujas necessidades particulares satildeo pouco exploradas ou

inexistentes

7

O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

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BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

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GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

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23

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EDITORA 2013

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RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

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lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

6

alcanccedilar os objetivos de marketing Como o ser humano ainda vive com

produtos materiais em mercados tradicionais fiacutesicos passando por outdoors

lendo revistas e ouvindo raacutedio um plano de marketing que envolva estrateacutegias

digitais de marketing associadas a estrateacutegias tradicionais tende a ser mais

bem-sucedido pois engloba as dimensotildees do material e digital em que vive o

ser humano (GABRIEL 2010 p 106)

O marketing digital acontece no meio digital Gabriel (2010) cita como exemplo as

paacuteginas digitais redes sociais games tecnologia mobile entre outros Essas plataformas e

tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estrateacutegias digitais de

marketing

31 WEB 20 E AS MIacuteDIAS SOCIAIS

O termo web 20 foi inserido por Tim OacuteReilly consultor norte-americano com o

objetivo de discutir sobre como a web estava produzindo sistemas aplicativos e ferramentas

ldquoque cada vez mais municiavam o usuaacuterio para accedilotildees de comunicaccedilatildeo e relacionamento

autocircnomas sem a intervenccedilatildeo dos conhecidos veiacuteculos de miacutedia para a formaccedilatildeo da opiniatildeo da

sociedaderdquo (SAAD 2003 p 148)

A web 20 permite a colaboraccedilatildeo por parte do usuaacuterio Essa inserccedilatildeo utiliza

ferramentas participativas como Blogs sites de publicaccedilatildeo de viacutedeos como o Youtube e redes

sociais como Facebook e Twitter

A Web 20 natildeo eacute democraacutetica apenas para o consumidor mas tambeacutem para todos

os tipos de empresas Gabriel (2010) enfatiza que a falta de limitaccedilotildees fiacutesicas onde eacute possiacutevel

mostrar ou armazenar qualquer tipo de informaccedilatildeo assim como colocar agrave disposiccedilatildeo uma

infinidade de opccedilotildees de produtos ou serviccedilos independentemente do tamanho da sua demanda

e popularidade possibilita a exploraccedilatildeo do nicho de mercado2 Esse fenocircmeno foi analisado e

batizado de a cauda longa por Chris Anderson

Anderson (2006) defende que o nicho de mercado resulta em um lucro maior pois

o cliente ao perceber que estatildeo atendendo uma necessidade especiacutefica dele estaraacute disposto a

pagar mais o que acaba criando um valor agregado agrave marca Para o autor a cultura de nicho

teve origem com o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo que permitiram o contato com outras

culturas

_________________________

2 Nicho de mercado satildeo segmentos ou puacuteblicos cujas necessidades particulares satildeo pouco exploradas ou

inexistentes

7

O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

7

O autor afirma que ldquocom o surgimento dos meios de comunicaccedilatildeo a explosatildeo da

comunicaccedilatildeo de massa resultou em tendecircnciasrdquo (ANDERSON 2006 p10) Ele define essas

tendecircncias em hits como um termo ligado ao que estaacute na moda como filmes e muacutesicas

O mundo da globalizaccedilatildeo tem deixado essas tendecircncias do mercado de hits com

muita variedade e sucesso e foi a internet que contribuiu atraveacutes da democratizaccedilatildeo das

ferramentas onde o proacuteprio consumidor possui a capacidade de produzir um viacutedeo amador e

colocar na rede A internet atraveacutes dessa segmentaccedilatildeo deu um poder maior a esse novo usuaacuterio

que ao saber do seu poder perante as empresas tambeacutem quer participar do processo

Anderson (2006) define a Teoria da Cauda Longa com o graacutefico apresentado

abaixo Ela eacute sustentada por trecircs pilares A primeira eacute a democratizaccedilatildeo das ferramentas de

produccedilatildeo onde a maioria das pessoas podem produzir o que quiser e anunciar sua venda na

internet Isso resulta em maior oferta de bens e produto gerando o crescimento da cauda mais

para a direita A segunda forccedila eacute a reduccedilatildeo dos custos com a internet para poder alcanccedilar mais

consumidores e aumentar o consumo e assim o maior acesso ao nicho faz com que a cauda se

horizontalize E por fim a terceira forccedila eacute a ligaccedilatildeo entre a oferta e a demanda onde eacute preciso

apresentar os consumidores agrave esses novos bens os quais agora estatildeo disponiacuteveis com mais

facilidade empurrando assim a demanda da cauda para baixo

Fonte Anderson 2006 p 30

De acordo com Gabriel (2010) a cauda longa eacute um acontecimento sem precedentes

na histoacuteria da humanidade Mapeando-se as vendas ou a procura a partir da quantidade

Graacutefico 1 ndash Teoria da Cauda Longa

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

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Pearson Prentice Hall 2006

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TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

8

incontaacutevel de produtosserviccedilos que coexistem na web eacute possiacutevel obter uma curva que descreve

rapidamente a partir do produto mais popular e estabiliza-se formando uma cauda longa a partir

de produtos mais especiacuteficos de nicho

Hoje a publicidade e o marketing natildeo possuem apenas a funccedilatildeo de comunicar ldquoA

democratizaccedilatildeo das ferramentas estaacute transformando a percepccedilatildeo de como a experiecircncia

relevacircncia e profissionalismo se desenvolvem Em vez de excluir pessoas devem incluir elasrdquo

(TAPSCOTT 2006 p 182)

Saad (2003) acredita que o mundo 20 consecutivamente prova uma inversatildeo de

papeacuteis de maneira inusitada nas empresas Segundo o autor os clientes assumem a posiccedilatildeo de

concorrentes exigindo assim de qualquer induacutestria ou negoacutecio uma definiccedilatildeo de posiccedilatildeo para

manter-se no mercado O posicionamento nesse caso se torna possiacutevel atraveacutes das miacutedias sociais

digitalizadas ldquoTal posicionamento tem relaccedilatildeo direta com seus puacuteblicos no mundo digital com

a proximidade destes com as ferramentas da rede com as formas narrativas que a empresa se

utiliza para comunicar e com as formas interativas de se relacionarrdquo (SAAD 2003 p 154)

Outro fator importante eacute o baixo custo das miacutedias sociais aleacutem de possibilitar maior

interaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o cliente Por outro lado os profissionais de marketing natildeo tecircm mais

controle sobre suas marcas pois agora estatildeo competindo com o poder coletivo de seus

consumidores Sendo assim eacute importante monitorar a presenccedila dentro dessas plataformas e

ouvir constantemente o que os clientes estatildeo falando Mais do que nunca eles tecircm razatildeo

4 STORYTELLING

Storytelling significa a arte de contar histoacuterias Castro (2013) define o termo como

story que seria o fato ou a impressatildeo do fato enquanto telling seria o fato recriado atraveacutes de

imagens Para um maior entendimento o autor coloca em destaque a importacircncia de saber

diferenciar os termos story e history que no portuguecircs seriam estoacuteria e histoacuteria

Para entender o que digo eacute preciso saber a diferenccedila entre as duas palavras da

liacutengua inglesa history e story A primeira estaacute relacionada a fatos reais como

o homem ter chegado agrave Lua ou a algum fato que ocorreu na vida de algueacutem

A segunda eacute uma estrutura narrativa natildeo necessariamente ficccedilatildeo representa

episoacutedios que alinhados criam a Histoacuteria Por exemplo a histoacuteria de um povo

consiste em vaacuterias stories isto eacute anedotas historietas episoacutedios da vida

cotidiana mitos e etc (CASTRO 2013 p 3)

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

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lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

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JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

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que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

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KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

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QUALITYMARK 2010

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EDITORA 2013

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Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

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em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

9

Castro (2013) acredita que a histoacuteria surgiu na humanidade aproximadamente uns

cem mil anos desde o momento em que o homem se encantou assustou ou se surpreendeu com

algo e foi assim contar para algueacutem

Berger (2014) aborda o estilo de vida de um cidadatildeo grego de 1000 aC Naquela

eacutepoca natildeo existia internet revistas raacutedio ou jornal Sendo assim a distraccedilatildeo dessas pessoas

eram as histoacuterias ldquoO Cavalo de Troacuteia a Odisseacuteia e outros contos famosos eram o

entretenimento da eacutepoca As pessoas reuniam-se em torno de uma fogueira ou se sentavam em

um anfiteatro para ouvir essas narrativas serem contadas repetidamenterdquo (BERGER 2014 p

178)

Segundo Mcsill (2013) o storytelling jaacute podia ser notado nos ancestrais

Storytelling eacute o velho haacutebito de contar histoacuterias Os nossos ancestrais jaacute

tinham esse haacutebito quando ao fim de cada dia se reuniam em volta das

fogueiras e contavam suas fantaacutesticas caccediladas e vitoacuterias Jaacute naquele tempo

essa era a maneira de legitimar uma lideranccedila por meio da referecircncia A

histoacuteria seria ainda para perpetuar praacuteticas e conhecimentos arraigados

agravequelas culturas tatildeo necessaacuterios agrave sobrevivecircncia dos grupos e que esses

liacutederes repassavam dentro de suas histoacuterias Storytelling eacute a arte de contar uma

histoacuteria ou seja por meio da palavra escrita da muacutesica da miacutemica das

imagens do som ou dos meios digitais (MCSILL 2013 p 31)

Matos (2010) acredita que no bojo poacutes-moderno hedonista incerto e esvaziado de

sentido reacenderam as velhas questotildees fundamentais do enigma da criaccedilatildeo do Universo e que

desde o iniacutecio dos tempos o homem se pergunta de onde venho quem sou eu aonde vou A

autora afirma que nessa eacutepoca os olhares se voltaram para as antigas sociedades e para as

tradiccedilotildees do Oriente em busca de algo que comprovasse o sentido da existecircncia E foi devido

a essa busca por respostas que os contadores de histoacuterias fizeram sua entrada na cena

contemporacircnea

41 A CONSTRUCcedilAtildeO DAS HISTOacuteRIAS

Para Berger (2014) as narrativas satildeo intrinsecamente mais envolventes que fatos

baacutesicos Toda histoacuteria tem comeccedilo meio e fim O autor enfatiza que deixaram de se reunir em

volta da fogueira mas substituiacuteram o ritual por uma mesa de bar com os amigos As pessoas

continuam falando sobre elas mesmas e as coisas que aconteceram em seu dia a dia Sendo

assim elas continuam e iratildeo continuar contando histoacuterias como um processo sem fim

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

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22

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na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

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Financial Times ndash Prentice Hall 2006

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DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

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KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

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23

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EDITORA 2013

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MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

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Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

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em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

10

Alfredo (2013) define como elementos baacutesicos da narrativa a introduccedilatildeo

desenvolvimento e conclusatildeo Segundo ele tambeacutem eacute essencial definir o fato tempo lugar

personagens causa modo e consequecircncia dessa histoacuteria

Eacute possiacutevel afirmar que ldquotoda a estoacuteria deve ter um personagem que simpatizamos

e que se esforccedila ateacute as uacuteltimas gotas de sangue para superar obstaacuteculos aparentemente

intransponiacuteveis a fim de atingir um fim satisfatoacuterio e assim se tornar uma pessoa melhorrdquo

(MCSILL 2013 p34) Segundo o autor esses obstaacuteculos podem ser definidos como obstaacuteculo

fiacutesico obstaacuteculo emocional conflito interno conflito externo tensatildeo interna tensatildeo externa e

misteacuterio Em uma cena da histoacuteria pode faltar qualquer coisa menos o ldquoobjetivo (aonde o

personagem quer chegar) e o obstaacuteculoconflito (o que impede o personagem de chegar laacute ou

o que o estimula a chegar laacute) mas ao chegar laacute poderaacute enfrentar circunstancias imprevistasrdquo

(MCSILL 2013 p 33)

Campbell (1989) descreve a figura do heroacutei como um ser humano que surge do

cotidiano e que se aventura numa regiatildeo com coisas sobrenaturais onde ali encontra fabulosas

forccedilas e obteacutem uma vitoacuteria decisiva Logo apoacutes isso o heroacutei entatildeo retorna de sua aventura com

o poder de trazer benefiacutecios aos seus semelhantes

O heroacutei mitoloacutegico saindo de sua cabana ou castelo cotidianos eacute atraiacutedo

levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura Ali encontra

uma presenccedila sombria que guarda a passagem O heroacutei pode derrotar essa

forccedila assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino

das trevas (batalha com o irmatildeo batalha com o dragatildeo oferenda

encantamento) pode da mesma maneira ser morto pelo oponente e descer

morto (desmembramento crucifixatildeo) Aleacutem do limiar entatildeo o heroacutei inicia

uma jornada por um mundo de forccedilas desconhecidas e natildeo obstante

estranhamente iacutentimas algumas das quais o ameaccedilam fortemente (provas) ao

passo que outras lhe oferecem uma ajuda maacutegica (auxiliares) Quando chega

ao nadir da jornada mitoloacutegica o heroacutei passa pela suprema provaccedilatildeo e obteacutem

sua recompensa Seu triunfo pode ser representado pela uniatildeo sexual com a

deusa-matildee (casamento sagrado) pelo reconhecimento por parte do pai-criador

(sintonia com o pai) pela sua proacutepria divinizaccedilatildeo (apoteose) ou mais uma vez

ndash se as forccedilas se tiverem mantido hostis a ele - pelo roubo por parte do heroacutei

da becircnccedilatildeo que ele foi buscar (rapto da noiva roubo do fogo) intrinsecamente

trata-se de uma expansatildeo da consciecircncia e por conseguinte do ser

(iluminaccedilatildeo transfiguraccedilatildeo libertaccedilatildeo) O trabalho final eacute o do retorno Se a

forccedilas abenccediloaram o heroacutei ele agora retorna sob sua proteccedilatildeo (emissaacuterio) se

natildeo for esse o caso ele empreende uma fuga e eacute perseguido (fuga de

transformaccedilatildeo fuga de obstaacuteculo) No limiar de retorno as forccedilas

transcendentais devem ficar para traacutes o heroacutei reemerge do reino do terror

(retorno ressurreiccedilatildeo) A benccedilatildeo que ele traz consigo restaura o mundo

(elixir) (CAMPBELL 1989 p 241)

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

11

Campbell (1990) acredita que mesmo nos romances populares o heroacutei ou heroiacutena

o qual satildeo protagonistas da histoacuteria satildeo algueacutem que descobriu ou realizou alguma coisa aleacutem

do niacutevel considerado normal de realizaccedilotildees ou de experiecircncia Para o autor o heroacutei pode ser

definido como algueacutem que deu a proacutepria vida por algo maior que ele proacuteprio

Aleacutem disso natildeo precisamos correr sozinhos o risco da aventura pois os heroacuteis

de todos os tempos a enfrentaram antes de noacutes O labirinto eacute conhecido em

toda a sua extensatildeo Temos apenas de seguir a trilha do heroacutei e laacute onde

temiacuteamos encontrar algo abominaacutevel encontraremos um Deus E laacute onde

esperaacutevamos matar algueacutem mataremos a noacutes mesmos Onde imaginaacutevamos

viajar para longe iremos ter o centro da nossa proacutepria existecircncia E laacute onde

pensaacutevamos estar soacutes estaremos na companhia do mundo todo

(CAMPBELL 1990 p 91)

Contar estoacuterias faz parte da natureza humana pois eacute dessa forma que as pessoas

passam aos demais seres humanos o seu conhecimento ldquoQuando passamos um legado agraves

proacuteximas geraccedilotildees fizemos atraveacutes das estoacuterias Contar um conto faz parte da nossa essecircncia

eacute o que nos mantecircm vivos capazes de fazer as conexotildees cognitivas que o mundo nos oferecerdquo

(ALFREDO 2013 p49)

Matos (2010) destaca os motivos psicoloacutegicos e emocionais o qual contribui para

a importacircncia do storytelling Os problemas da economia mundial por exemplo causa o

aumento do estresse no indiviacuteduo Eacute nesse ponto que as histoacuterias vecircm camuflada de heroiacutesmo

Para a autora contos permitem passar de um estado anterior de desvalorizaccedilatildeo para um estado

reparado Sendo assim funcionam como a metaacutefora da evoluccedilatildeo da alma onde o heroacutei enfrenta

uma situaccedilatildeo que parece sem saiacuteda e que por fim os ldquoensinamentos (provas do caminho)

transformam o viajante (heroacutei) de inocente (situaccedilatildeo inicial) em experiente (situaccedilatildeo final) apoacutes

ter descoberto as leis da vidardquo (MATOS 2010 p67)

Sendo assim por essa razatildeo a autora acredita que histoacuterias satildeo ferramentas capazes

de inspirar mudar e motivas as pessoas Para ela a narrativa eacute um instrumento de

transformaccedilatildeo compartilhamento e crescimento

42 O STORYTELLING E A TRANSMIacuteDIA

Scartozzoni (2011) define em seu site Caldinas o termo transmiacutedia como uma accedilatildeo

de levar trechos diferentes ou complementares de uma mensagem para diversas miacutedias Sendo

assim a transmiacutedia storytelling seria distribuir a mesma histoacuteria para diversos canais

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

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CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

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Financial Times ndash Prentice Hall 2006

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JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

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KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

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23

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EDITORA 2013

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MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

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Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

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TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

12

Transmiacutedia storytelling eacute contar uma histoacuteria (story) por meio de diferentes

miacutedias tendo consciecircncia de que cada uma exige uma narrativa especiacutefica e

atinge puacuteblicos diferentes O primeiro universo ficcional criado desde o iniacutecio

com esse propoacutesito provavelmente foi o de Matrix tendo a trilogia de filmes

como o nuacutecleo desse universo e depois uma seacuterie de produtos que

aprofundavam a histoacuteria em outros meios para uma parte mais engajada do

puacuteblico animaccedilatildeo quadrinhos videogame etc Em cada um desses casos era

contada uma outra parte da histoacuteria ligada ao nuacutecleo poreacutem diferente dele

De acordo com Jenkins (2006) o conceito de narrativa transmiacutedia entrou para o

debate puacuteblico pela primeira vez em 1999 enquanto criacuteticos tentavam entender o sucesso

fenomenal de A Bruxa de Blair um filme independente de baixo orccedilamento que se tornou um

negoacutecio intensamente rendoso

Ainda segundo Jenkins (2006) uma histoacuteria de transmiacutedia ocorre atraveacutes de

muacuteltiplas plataformas de miacutedia com nichos diferentes onde possui um novo texto que contribui

de maneira distinta para o todo

Gabriel (2010) define transmiacutedia como o uso integrado das miacutedias em que a histoacuteria

ultrapassa os limites de um uacutenico meio Para ela o uso do conceito de transmiacutedia natildeo se restringe

aos meios digitais O diaacutelogo entre pessoas o jornal a revista o cinema ou a televisatildeo satildeo

exemplos da criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mensagens transmiacutedia

Para Gabriel (2010) a convergecircncia permite que a mesma mensagem seja

consumida em diversas plataformas diferentes tendo como principal caracteriacutestica a

portabilidade Esse processo acontece de forma sinergeacutetica criando novas funcionalidades

Sendo assim dentro do conceito da narrativa de transmiacutedia cada meio faraacute o que

faz de melhor ldquoa fim de que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela

televisatildeo romance e quadrinhos e seu universo possa ser explorado em games ou

experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildeesrdquo (JENKINS 2006 p 138)

Scartozzoni acredita que ldquono acircmbito da comunicaccedilatildeo de marcas as teacutecnicas de

transmiacutedia storytelling podem ser utilizadas para fazer uma amarraccedilatildeo contextual mais

elaborada e potencialmente mais engajadora entre as diferentes miacutedias de uma campanhardquo

(CALDINAS 2011) O que leva a acreditar que cada puacuteblico ao se deparar com a histoacuteria

adaptada para o meio que estaacute usando teraacute um maior entendimento e engajamento do mesmo

Jenkins (2006) foi o responsaacutevel pela criaccedilatildeo do termo da cultura de convergecircncia

Segundo ele aqui velhas e novas miacutedias se encontram miacutedia corporativa e alternativa se

cruzam e o poder do produtor e consumidor interagem de maneiras imprevisiacuteveis Para o autor

a cultura da convergecircncia eacute o futuro Os consumidores teratildeo mais poder nesse novo cenaacuterio

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

13

mas somente se utilizarem esse poder tanto como consumidores quanto como cidadatildeos

participantes dessa cultura

43 O STORYTELLING NAS EMPRESAS

Estoacuterias envolvem satildeo memoraacuteveis e conectam as pessoas Para Castro (2013) boas

histoacuterias quando satildeo profissionalmente narradas se tornam universais e imutaacuteveis porque

simplesmente eacute assim que funciona a natureza humana como algo universal e imutaacutevel

A praacutetica do storytelling ainda eacute receacutem Conforme Matos (2010) as histoacuterias e sua

construccedilatildeo vecircm sendo utilizadas pelas empresas como ferramenta de gestatildeo desde o final dos

anos 1990 Inicialmente nos EUA a seguir na Europa e mais recentemente no Brasil Para a

autora o storytelling surgiu como uma nova escola de administraccedilatildeo devido agrave necessidade de

reaprender a pensar agir trabalhar em rede gerenciar agrave distacircncia adaptar-se a novos negoacutecios

entre outros

Por outro lado de alguma forma as narrativas sempre estiveram presentes nas

empresas Matos (2010) afirma que as histoacuterias circulam nos corredores almoccedilos e chatildeo de

faacutebrica assim como estatildeo nos ambientes natildeo formais do trabalho

No contexto empresarial o ldquostorytelling eacute um modelo de comunicaccedilatildeo que se conta

uma estoacuteria utilizando determinadas teacutecnicas organizadas em um processo consciente que

possibilita a articulaccedilatildeo de informaccedilotildees em um determinado contexto e com um fim desejadordquo

(CASTRO 2013 p 10)

Histoacuterias podem ser simples fortes e efetivas Satildeo ferramentas capazes de nortear

as estrateacutegias organizacionais e possibilitar a implementaccedilatildeo de sonhos dos seres humanos

ldquoAtraveacutes de estoacuterias podem engajar-se de fato os colaboradores e criar elementos de narrativa

que descrevem bem onde queremos chegar com a organizaccedilatildeordquo (CASTRO 2013 p 4)

Matos (2010) acredita que o storytelling facilita a comunicaccedilatildeo promove

mudanccedilas estimula a inovaccedilatildeo e ajuda na transmissatildeo de conhecimento Para ela as histoacuterias

permitem estudar a poliacutetica organizacional e cultura dessa empresa revelando como questotildees

organizacionais como por exemplo o que devemos fazer no futuro satildeo vistas pelos seus

membros Sendo assim a aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica no ambiente empresarial vai desde a praacutetica

de lideranccedila ateacute o incremento do mesmo no desenvolvimento de novos produtos ou estrateacutegias

Em uma era onde a importacircncia do engajamento entre colaboradores e empresa se

torna tatildeo importante o storytelling tambeacutem funciona como estrateacutegia para reforccedilar essa alianccedila

Matos (2010) enfatiza que as histoacuterias podem ser contadas para promover accedilotildees que condizem

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

14

com os valores e crenccedilas da empresa assim como fortalece o comprometimento com a eacutetica da

organizaccedilatildeo

Em conformidade Castro (2013) defende que o storytelling vem para suprir a

necessidade da utilizaccedilatildeo de novos modelos de lideranccedila devido as transformaccedilotildees geradas

pela tecnologia e pela atuaccedilatildeo das novas geraccedilotildees Para o autor o aumento da qualidade de

vida vem aumentando a expectativa de vida dos profissionais que agora estatildeo com idade entre

60 e 80 anos E estes profissionais convivem com os paradigmas e visotildees diferentes trazidos

pelas geraccedilotildees de executivos e colaboradores mais novos

Eacute comum encontrarmos no mesmo ambiente profissional colaboradores com

vaacuterias faixas etaacuterias Esta convivecircncia eacute ineacutedita na estoacuteria do trabalho Hoje

em dia dependendo do perfil e da regiatildeo geograacutefica na qual estaacute localizada

uma organizaccedilatildeo podemos encontrar entre 20 a 40 do contingente de

trabalhadores com faixa etaacuteria classificada nas mais novas geraccedilotildees (Y e Z)

Estes profissionais estatildeo sendo liderados por executivos mais vividos

(geraccedilotildees X e Baby Boomers) e vem modificando o perfil de expectativas do

mercado (CASTRO 2010 p 16)

De acordo com o autor a boa notiacutecia eacute que essas novas geraccedilotildees satildeo movidas a

estoacuterias que envolvem o legado de seus pais e avoacutes aleacutem de terem sido criadas com a influecircncia

da tecnologia realidades virtuais e miacutedias sociais que utilizam o melhor do marketing e do

storytelling visando a criaccedilatildeo desenvolvimento e a comercializaccedilatildeo de novos produtos e

serviccedilos E nesse cenaacuterio altamente inovador existe uma ldquolinguagemrdquo comum capaz de engajar

todas as geraccedilotildees as histoacuterias ldquoEsta linguagem como nunca permite a criaccedilatildeo de significados

que pode ser percebida e valorizada por todas as diferentes geraccedilotildees fazendo com que o tema

natildeo seja focado nas diferenccedilas mas sim nos pontos de semelhanccedilas entre pessoas de diferentes

geraccedilotildeesrdquo (CASTRO 2013 p 17)

Castro (2013) acredita que a estoacuteria corporativa quando contada de forma eficiente

seraacute lembrada por todos stakeholders3 Assim uma equipe seraacute mais entrosada quanto maior

for a capacidade de seus membros terem para relembrar compartilhar e aprender com suas

estoacuterias

Matos (2010) coloca em questatildeo a importacircncia de ter um contador de histoacuterias

capaz de estimular a construccedilatildeo de laccedilos de companheirismo confianccedila sistematizar a troca de

conhecimento e experiecircncia e entre outros Essa accedilatildeo pode ser realizada pelo liacuteder

_________________________

3 Stackeholders Puacuteblicos de interesse de uma organizaccedilatildeo como clientes fornecedores colaboradores

acionistas entre outros

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

15

Para Castro (2013) o storytelling traz elementos e teacutecnicas que ajudam a capturar a

atenccedilatildeo do puacuteblico e engajar as pessoas pela emoccedilatildeo Segundo o autor em um mundo tatildeo

competitivo capturar a atenccedilatildeo das pessoas se tornou um grande desafio de lideranccedila

A construccedilatildeo das histoacuterias como ferramenta de gestatildeo nas empresas segue os

mesmos criteacuterios para o desenvolvimento das demais histoacuterias Existe um personagem que

busca por algo ldquoEstoacuterias encantam e engajam porque mostram personagens extraordinaacuterios

enfrentando desafios extraordinaacuterios que conseguem atingir resultados extraordinaacuteriosrdquo

(CASTRO 2013 p 20)

Matos (2010) argumenta que os personagens das empresas muitas vezes satildeo seus

fundadores que aos olhos dos colaboradores se tornam a inspiraccedilatildeo para sua vida Quando de

fato a compreensatildeo dos valores desse indiviacuteduo eacute compreendido o fundador se torna o heroacutei

Histoacuterias de impacto contam invariavelmente com personagens que carregam

em suas accedilotildees muito simbolismo Alguns desses personagens viram mitos e

ao longo do tempo suas accedilotildees ao serem recontadas vatildeo se distanciando da

realidade efetiva pois o que perdura satildeo as liccedilotildees valores dilemas e

posicionamentos morais ou eacuteticos desses personagens No contexto

empresarial isso eacute visto com frequecircncia agrave medida que as organizaccedilotildees

homenageiam seus fundadores e pioneiros Estes em alguns casos viram

ldquosuper-homensrdquo De fato natildeo importa mais quem de fato foram personagens

mas sim o que eles representam para o inconsciente coletivo das organizaccedilotildees

(MATOS 2010 p 78)

Mcsill (2013) coloca em questatildeo a importacircncia de que o personagem na histoacuteria

empresarial tenha um dilema moral levando em consideraccedilatildeo de que todas as pessoas tecircm

dilemas morais

Em um mundo onde a rivalidade e competitiva aumentam cada vez mais a

criatividade e o conhecimento se tornam armas essenciais para quem deseja se destacar no

mercado ldquoEm todas as sociedades o conhecimento eacute um dos trunfos competitivos de extremo

poder e eacute de extrema importacircncia natildeo soacute na aquisiccedilatildeo como tambeacutem na sua criaccedilatildeo e

transferecircnciardquo (CASTRO 2013 p 41)

Ainda segundo o autor o conhecimento se torna tatildeo importante que eacute considerado

por contadores e executivos financeiros um capital intelectual da empresa Sendo assim o

conhecimento eacute capaz de produzir riqueza na sociedade e principalmente no mundo

corporativo

Com o cenaacuterio atual da economia mundial combinado com o surgimento

exponencial de novas tecnologias e conceitos modernos de rede torna-se vital

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

16

potencializar o conhecimento que existe em uma organizaccedilatildeo Na denominada

ldquoSociedade do Conhecimentordquo o verdadeiro investimento se daacute cada vez

menos em maacutequinas e ferramentas e mais no conhecimento do colaborador

Sem este conhecimento os ativos e as maacutequinas satildeo improdutivos por mais

avanccediladas e sofisticadas que sejam Com o desenvolvimento dos conceitos de

atendimento ao mercado maior competitividade e globalizaccedilatildeo nos anos 90

tivemos as condiccedilotildees perfeitas para o surgimento da gestatildeo do conhecimento

(CASTRO 2013 p 42)

Castro (2013) defende importacircncia de aproveitar o capital criativo Para o autor a

transmissatildeo do know how4 acontece de modo informal dentro e fora das empresas atraveacutes do

storytelling e narrativas de histoacuterias Segundo ele quando o storytelling eacute utilizado de forma

correta o capital intelectual da empresa eacute consecutivamente ampliado

Matos (2010) acredita que histoacuterias no contexto de Gestatildeo do Conhecimento satildeo

capazes de transmitir conhecimentos complexos e valores culturais em uma Era altamente

influenciada pela tecnologia Para a autora ao ouvir uma histoacuteria que emocione e que

principalmente seja capaz de refletir os valores dessa organizaccedilatildeo naturalmente o colaborador

se envolveraacute com a organizaccedilatildeo pela identificaccedilatildeo que teraacute com seus valores e crenccedilas Sendo

assim histoacuterias podem promover essa identificaccedilatildeo de forma mais raacutepida do que qualquer outro

meio de comunicaccedilatildeo

4 STORYTELLING NO MARKETING DIGITAL

De acordo com Mcsill (2013) o storytelling se trata de uma ferramenta poderosa

que pode ser utilizada para compartilhar conhecimento e que eacute explorada muito antes de

qualquer miacutedia social

Matos (2010) acredita que essa influecircncia eacute uma consequecircncia da quantidade de

informaccedilotildees o qual as pessoas satildeo expostas todos os dias Sendo assim perante ao excesso de

conteuacutedos o ceacuterebro humano acaba selecionando as informaccedilotildees mais relevantes para serem

armazenadas ao contraacuterio do computador que pode armazenar para o futuro A autora afirma

que o ceacuterebro eacute capaz de recordar mais histoacuteria e contos do que demais informaccedilotildees

Nosso ceacuterebro armazena mais facilmente histoacuterias contos relatos de

experiecircncia porque aleacutem de evocarem emoccedilotildees possibilitam a identificaccedilatildeo

com os personagens ou com sua trajetoacuteria que se desenrola em um cenaacuterio _________________________

4 Know how palavra em inglecircs que expressa o conhecimento e a experiecircncia especiacutefica sobre algo ou algum

assunto

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

17

Sua linguagem metafoacuterica e o apelo agrave imaginaccedilatildeo satildeo elementos fundamentais

nesse processo (MATOS 2010 p75)

Para Jenkins (2006) o cinema natildeo eliminou o teatro assim como a televisatildeo natildeo

eliminou a raacutedio Como consequecircncia cada meio foi forccedilado a viver com meios emergentes

ldquoOs velhos meios natildeo estatildeo sendo substituiacutedos Mais propriamente suas funccedilotildees e status estatildeo

sendo transformados pela introduccedilatildeo de novas tecnologiasrdquo (JENKINS 2006 p 41)

De acordo com Murray (2001) as atividades cotidianas como assistir televisatildeo e

navegar na internet estatildeo se fundindo o que consecutivamente leva o mercado a criar novos

canais de participaccedilatildeo Como o uso das miacutedias sociais enquanto assistem programas de

televisatildeo com o objetivo de compartilhar as suas opiniotildees com seus colegas de audiecircncia

O corpo humano estaacute cada vez mais integrado com as plataformas digitais Gabriel

(2012) define essa uniatildeo do mundo ON e OFF line de cibridismo Sendo assim com o uso das

plataformas digitais as pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo por meio das

miacutedias digitais por exemplo

Em meio a tantas tendecircncias que emergem em funccedilatildeo da intensa aceleraccedilatildeo

da penetraccedilatildeo de novas tecnologias na sociedade acredito que a que permeia

tudo eacute a integraccedilatildeo do online e do offline Haacute dez anos eacuteramos

predominantemente OFF Nos uacuteltimos anos comeccedilamos a nos tornar ON No

entanto ateacute recentemente existia uma separaccedilatildeo fiacutesica necessaacuteria entre ON e

OFF pois para estar ON precisaacutevamos usar um equipamento fixo que nos

transportava para o laacute Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos

poucos conforme as tecnologias moacuteveis comeccedilaram a popular o cenaacuterio

social e muita gente ainda natildeo percebeu que isso jaacute eacute realidade

Para a autora as grandes tendecircncias da comunicaccedilatildeo e marketing vecircm sendo

contaminadas pela integraccedilatildeo ON e OFF por meio da transmiacutedia storytelling redes sociais

viacutedeo busca realidade aumentada e entre outros que unifica o ON e OFF e que compotildeem a

vida das pessoas

A miacutedia digital permite a colaboraccedilatildeo por parte dos usuaacuterios que passaram de

receptores de informaccedilatildeo para criadores ldquoPara os espectadores a diferenccedila entre as

experiecircncias fronteiriccedilas da miacutedia tradicional e aquelas realizadas hoje pelos artistas do mundo

digital eacute que desta vez noacutes tambeacutem fomos convidados para entrar na boca do dinossaurordquo

(MURRAY 2001 p108)

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

18

A influecircncia dessa nova atitude pode ser compreendida com o termo inteligecircncia

coletiva o qual significa o compartilhamento da inteligecircncia de diversos indiviacuteduos que

colaboram em busca da soluccedilatildeo de um problema usando como ferramenta a internet

Corroborando com o acima citado Jenkins descreve

A inteligecircncia coletiva refere se a essa capacidade das comunidades virtuais

de alavancar a expertise combinada de seus membros O que natildeo podemos

saber ou fazer sozinhos agora podemos fazer coletivamente A emergente

cultura do conhecimento jamais escaparaacute completamente da influecircncia da

cultura de massa assim como a cultura de massa natildeo pode funcionar

totalmente fora das restriccedilotildees do Estado-naccedilatildeo A inteligecircncia coletiva iraacute

gradualmente alterar o modo como a cultura de massa opera (JENKINS

2006 p 56)

Esse esforccedilo coletivo de fato natildeo eacute um fenocircmeno novo A contribuiccedilatildeo e influecircncia

de inuacutemeros contribuintes em um processo jaacute podia ser observado em obras literaacuterias como

Iliacuteada e a Odisseacuteia de Homero

Hoje sabemos que obras enciclopeacutedicas e densamente elaboradas como a

Iliacuteada e a Odisseacuteia foram produzidas natildeo por um uacutenico gecircnio criativo mas

pelo esforccedilo coletivo de uma cultura de histoacuterias contadas oralmente que

empregava um sistema narrativo altamente baseado em foacutermulas Desde a

Renascenccedila ateacute o iniacutecio do seacuteculo XX Homero foi considerado um grande

ldquoescritorrdquo mais do que um cantor de uma eacutepoca anterior agrave escrita e seus

eacutepicos eram tidos como o aacutepice da literatura ocidental Foi muito embaraccediloso

portanto quando Milman Parry especialista em estudos claacutessicos de Harvard

e seu aluno Alfred Lord documentaram as semelhanccedilas entre os poemas

homeacutericos e aqueles declamados por bardos orais ainda ativos na lugoslaacutevia

no iniacutecio do seacuteculo passado O livro de Lord The Singer of Tales (O Contador

de Histoacuterias) publicado em 1960 descreve o processo real de composiccedilatildeo e

da apresentaccedilatildeo dos bardos e argumenta de acordo com evidecircncias internas

que os poemas de Homero satildeo o resultado de meacutetodos similares (MURRAY

2001 p 181)

Jenkins (2006) acredita que a web estaacute se tornando cada vez mais um local de

participaccedilatildeo do consumidor o qual pode incluir maneiras natildeo autorizadas e natildeo previstas em

relaccedilatildeo ao conteuacutedo de miacutedia Embora a nova cultura participativa surgiu no seacuteculo 20 logo

abaixo da induacutestria das miacutedias a web empurrou essa camada oculta para o primeiro plano

obrigando as industrias a enfrentar as implicaccedilotildees em seus interesses comerciais

Murray (2001) argumenta que a participaccedilatildeo digital do telespectador estaacute mudando

de atividades sequenciais e realizadas de forma separada como assistir e depois interagir para

atividades simultacircneas como assistir enquanto interagi

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

19

Por essa razatildeo a unificaccedilatildeo das miacutedias para atingir a esse novo puacuteblico se torna

essencial Jenkins (2006) acredita que a experiecircncia natildeo deve ser contida em uma uacutenica

plataforma de miacutedia mas deve ser espalhada ao maior nuacutemero possiacutevel delas Para o autor a

extensatildeo de marca baseia-se no interesse do puacuteblico em determinado conteuacutedo para associaacute-lo

repetidamente a uma marca

Os anunciantes cada vez mais ansiosos para saber a programaccedilatildeo da TV

aberta e se estaacute conseguindo atingir o puacuteblico estatildeo diversificando seus

orccedilamentos de publicidade e procurando estender suas marcas a muacuteltiplos

pontos de distribuiccedilatildeo que espera-se iratildeo alcanccedilar uma variada seleccedilatildeo de

nichos menores (JENKINS 2006 p101)

Sendo assim o storytelling funciona como uma estrateacutegia de conteuacutedo relevante

que visa satisfazer o comportamento desse novo consumidor que estaacute presente nas plataformas

digitais e interagir com diversas miacutedias ao mesmo tempo ldquoO storytelling digital eacute o ato de

contar histoacuterias transporto para as miacutedias digitais como a Internetrdquo (MATOS 2010 p 142)

A autora acredita que esse partilhar de experiecircncia de vida entre os indiviacuteduos

anocircnimos eacute obra da narrativa avanccedila na mesma velocidade com que as novas tecnologias da

informaccedilatildeo tambeacutem percorrem O storytelling vem como uma evidecircncia disso Com base nisso

os blogs pessoais tambeacutem seriam um espaccedilo para as histoacuterias e os blogueiros seriam os

contadores de histoacuterias digitais

O storytelling emociona e reforccedila o top of mind na cabeccedila do consumidor devido

a sua capacidade de memorizar as experiecircncias que ele provoca nas pessoas Para Matos (2010)

os clientes natildeo compram apenas um produto mas tambeacutem compra a histoacuteria que ele representa

Diferente do marketing tradicional o objetivo do marketing narrativo natildeo

seria mais o de simplesmente seduzir e convencer o consumidor a comprar o

produto Tratava-se agora de mergulhar no universo narrativo e produzir um

efeito de crenccedila Natildeo mais estimular a demanda mas oferecer um relato de

vida que proponha modelos de conduta integrados incluindo certos atos de

compra atraveacutes de verdadeiras engrenagens narrativas Noacutes natildeo compramos

apenas a mercadoria compramos tambeacutem a histoacuteria (MATOS 2010 p12)

Por conseguinte a partir do momento em que o consumidor se depara com uma

histoacuteria emocionante e inesqueciacutevel ele seraacute movido a compartilhar isso com seus amigos

usando as miacutedias sociais como meio Para Berger (2014) essa histoacuteria se trata de uma

propaganda que percorre disfarccedilada entre as pessoas que as divulgam de forma voluntaacuteria

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

20

Em que narrativa mais ampla podemos envolver nossa ideia As pessoas natildeo

compartilham apenas informaccedilatildeo elas contam histoacuterias Mas assim como o

conto eacutepico do Cavalo de Troia as histoacuterias satildeo recipientes que portam coisas

como moral e liccedilotildees A informaccedilatildeo viaja disfarccedilada do que parece conversa

fiada Assim precisamos construir nossos cavalos de Troia embutindo nossos

produtos e ideias em histoacuterias que as pessoas queiram contar Mas precisamos

fazer mais do que apenas contar uma bela histoacuteria Devemos tornar a

viralidade valiosa Precisamos tornar nossa mensagem tatildeo intriacutenseca agrave

narrativa a ponto de as pessoas natildeo poderem contar a histoacuteria sem ela

(BERGER 2014 p 33)

Por fim o storytelling pode ser definido como a tendecircncia do marketing que

comeccedilou ontem Histoacuterias sempre moveram o mundo e continuaraacute sendo espalhada por

geraccedilotildees futuras seja na mesa de restaurante ou atraveacutes de propaganda Com base nisso

storytelling eacute capaz de emocionar o consumidor e tornar uma marca inesqueciacutevel em sua

memoacuteria As histoacuterias na comunicaccedilatildeo tambeacutem vecircm para resgatar a eficiecircncia das propagandas

que foram perdidas com o advento da tecnologia

A partir do momento que o storytelling eacute usado como ferramenta de marketing

digital essa histoacuteria ganha o mundo sendo capaz de disseminar uma marca para qualquer

mercado engajar os consumidores e motivar para que o mesmo compartilhe isso com os

amigos O storytelling pode ser usado por qualquer empresa o que torna a democracia possiacutevel

ao mesmo tempo que promove a criatividade e inovaccedilatildeo Histoacuterias duram para sempre e pode

ser sinocircnimo de um diferencial competitivo inesqueciacutevel

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute inquestionaacutevel as mudanccedilas comportamentais que a influecircncia da tecnologia tem

provocado na cultura sociedade e economia mundial Se de fato o marketing funciona como a

principal ferramenta de geraccedilatildeo de lucros e crescimento empresarial assim como provoca a

criaccedilatildeo de haacutebitos de consumo a sua capacidade de se adaptar aos novos meios deve seguir a

mesma velocidade da tecnologia deve ser raacutepida e constante

Com o crescimento de concorrentes eacute mais do que essencial a empresa possuir um

diferencial ou vantagem competitiva no mercado A internet proporciona um ambiente

democraacutetico para empresas de todos os tamanhos mas ao mesmo tempo exige criatividade para

que a sua marca seja notada Eacute aqui que entra a relevacircncia da ferramenta do storytelling

Natildeo precisa ir muito longe para perceber que histoacuterias duram para sempre Elas

estatildeo presente no processo do desenvolvimento do homem aleacutem de nortearem o futuro de uma

21

sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

REFEREcircNCIAS

ANDERSON Chris A Cauda Longa do mercado de massa para o mercado de nicho 1 ed

Rio de Janeiro Elsevier 2006

AUSTIN Mark AITCHISON Jim Tem algueacutem aiacute as comunicaccedilotildees no seacuteculo XXI 1 ed

Satildeo Paulo Nobel 2006

BERGER Jonah Contaacutegio por que as coisas pegam 1 ed Rio de Janeiro LEYA 2014

CAMPBELL Joseph O heroacutei de mil faces 1 ed Satildeo Paulo PENSAMENTO 1989

CAMPBELL Joseph O Poder do Mito 1 ed Satildeo Paulo PALAS ATHENA 1990

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

na Era Poacutes-Televisatildeo 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

CASTRO Alfredo Storytelling para resultados como usar estoacuterias no ambiente

empresarial 1 ed Rio de Janeiro QUALITYMARK 2013

CHETOCHINE Georges Buzzmarketing a sua marca na boca do cliente 1 ed Satildeo Paulo

Financial Times ndash Prentice Hall 2006

COBRA Marcos Administraccedilatildeo de marketing no Brasil 1 ed Satildeo Paulo Elsevier 2005

DRUCKER Nobel Peter O melhor de Drucker a administraccedilatildeo 1 ed Satildeo Paulo Nobel

2001

GABRIEL Martha Marketing na Era Digital conceito plataformas e estrateacutegias 1 ed

Satildeo Paulo PENSAMENTO 2007

GABRIEL Martha Cibridismo ON e OFF line ao mesmo tempo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarthacombrcibridismo-on-e-off-line-ao-mesmo-tempogt Acesso 05 ago

2014

HONORATO Gilson Conhecendo o Marketing 1 ed Satildeo Paulo Manole 2004

JENKINS Henry Cultura de Convergecircncia 1 ed Satildeo Paulo ALEPH 2006

KOTLER Philip KARTAJAYA Hermawan SETIAWAN Iwan Marketing 30 as forccedilas

que estatildeo definindo o novo marketing centrado no ser humano 1 ed Rio de Janeiro

ELSEVIER 2010

KOTLER Philip KELLER Kevin L Administraccedilatildeo de Marketing 1 ed Satildeo Paulo

Pearson Prentice Hall 2006

MATOS Gislayne Avelar Storytelling liacutederes narradores de histoacuterias 1 ed Rio de Janeiro

QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

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sociedade Histoacuterias fazem parte do entretenimento do mundo atraveacutes de livros filmes jogos e

teatro O cenaacuterio muda mas as histoacuterias permanecem

Como ferramenta de marketing o storytelling eacute uma ferramenta capaz de conquistar

a atenccedilatildeo do consumidor que estaacute sufocado com tantas informaccedilotildees em meio a tecnologia Por

essa razatildeo o storytelling tambeacutem ajuda na construccedilatildeo de marcas assim como no reforccedilo da

mesma na mente de seu puacuteblico Isso acontece porque pessoas compram as histoacuterias da marca

Histoacuterias tambeacutem satildeo capazes de motivar inovar e principalmente engajar os

colaboradores de uma organizaccedilatildeo Em uma era onde os consumidores tecircm o poder sobre as

marcas oferecer um atendimento de qualidade eacute mais do que obrigaccedilatildeo E nesse contexto o

storytelling ajuda a reforccedilar a alianccedila entre colaboradores e empresa assim como contribui para

o maior entendimento sobre as crenccedilas e valores da organizaccedilatildeo

As miacutedias sociais vecircm como plataformas para ajudar na disseminaccedilatildeo dessas

histoacuterias entre as pessoas que compartilham suas opiniotildees e desejos com amigos Sendo assim

com a tecnologia a transmissatildeo de histoacuterias natildeo possuem fronteiras

Por fim o storytelling pode ser considerado uma ferramenta de marketing eficaz

devido a sua capacidade de satisfazer as necessidades desse novo consumidor aleacutem de

funcionar como diferencial competitivo para as organizaccedilotildees Com o marketing digital a

empresa eacute capaz de construir um planejamento de crescimento viaacutevel agrave sua realidade e

consecutivamente o storytelling vem como uma estrateacutegia acessiacutevel e criativa dessa plataforma

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Satildeo Paulo Nobel 2006

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22

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Pearson Prentice Hall 2006

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QUALITYMARK 2010

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

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MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

Janeiro NOVATEC 2010

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Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

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Satildeo Paulo SENAC 2003

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aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

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pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

22

CAPPO Joe O Futuro da Propaganda novas miacutedias novos clientes novos consumidores

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2001

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2014

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ELSEVIER 2010

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Pearson Prentice Hall 2006

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Satildeo Paulo SENAC 2003

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aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

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em 20 jul 2014

TAPSCOTT Don DWILLIAMS Anthony Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa

pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007

23

MCSILL James 5 liccediloes de storytelling fatos ficccedilatildeo e fantasia 1 ed Satildeo Paulo DVS

EDITORA 2013

MILLER Geoffrey Darwin vai agraves compras sexo evoluccedilatildeo e consumo 2 ed Rio de

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MURRAY Janet H Hamlet no Holodeck o futuro da narrativa no ciberespaccedilo 1 ed Satildeo

Paulo ITAUacute CULTURAL UNESP 2003

RIES Al RIES Laura A queda da propaganda da miacutedia paga agrave miacutedia espontacircnea 1 ed

Rio de Janeiro Campus 2002

SAAD Beth Estrateacutegias para a Miacutedia Digital internet informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 2 ed

Satildeo Paulo SENAC 2003

SALZMAN Marian MATATHIA Ira OacuteREILLY Ann A Era do Marketing Viral como

aumentar o poder da influecircncia e criar demanda 1 ed Satildeo Paulo Cultrix 2003

SCARTOZZONI Bruno Storytelling e Transmiacutedia afinal para que servem Disponiacutevel em

lthttpwwwcaldinascombr201103storytelling-e-transmidia-afinal-o-quehtmlgt Acesso

em 20 jul 2014

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pode mudar o seu negoacutecio 1 ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2007