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Anne Frank1

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A família de Anne Frank (1925 -1929)O casamento dos pais de Anne - Otto Frank e Edith Holländer - celebrou-se a 12

de Maio de 1925, na sinagoga de Aix-la-Chapelle, na Alemanha. Os FranK são judio-alemães. Falam, escrevem e lêem em alemão. Anne Frank é a segunda filha do casal Frank. A sua irmã mais velha chama-se Margot e nasceu em 1926.

Os pais de Anne em viagem de núpcias Margot, com 1 ano, ao colo do pai

Fotografia do nascimento de Anne, tirada em 13 de Junho de 1929

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Álbum de família (1930-1933)

“Papá e os seus tesouros”, escreverá mais tarde Anne no

seu diário sobre esta fotografia que data de

1930.

Edith e as filhas Anne e Margot

10 de Março de 1933, os Frank vão às compras e Otto tira uma fotografia à família,

ainda em Frankfurt.

Anne e Margot, 1933

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A ascensão do nazismo na Alemanha

Cronologia histórica:• 1918 (11/11) – A Alemanha assina o Armistício (Tratado de Paz), em França, a

marcar o fim da 1ª Guerra Mundial.• 1920 (Abril) – Surge o Partido Nazi, na Alemanha.• 1921 (29/7) –Adolf Hitler é escolhido para chefe (Führer) do Partido Nazi.• 1930 (13/9) – O Partido Nazi torna-se o 2º maior partido no Parlamento.• 1932 (31/7) – Os nazis obtêm 37,3% dos votos nas eleições deste ano.• 1933 (30/1) – Hitler é nomeado Chanceler (Primeiro-Ministro).Fevereiro – É suspensa a liberdade de expressão;Março – É construído o campo de concentração de Dachau para presos políticos;Abril – É criada a Gestapo;

Os nazis declaram boicote ao comércio, à prática médica e à actividade jurídica dos Judeus; É publicada uma lei que exclui todos os não-arianos (em especial, os judeus) do acesso à Administração Pública e ao Ensino;

Maio – Os livros escritos por judeus ou por qualquer autor considerado inimigo político do Estado Nazi, são queimados em autos de fé, em toda a Alemanha;

Julho – Hitler proíbe todos os partidos excepto o Partido Nazi.

• 1934 - Hitler funde os cargos de presidente e de primeiro-ministro num só e passa a ser Führer e Kanzler do Reich (chefe e chanceler do Império).

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O Exílio da família Frank (1934-1941)

Na sequência das perseguições aos judeus, em 1934 a família Frank é

obrigada a emigrar para a Holanda, instalando-se em Amesterdão. Otto Frank abre uma empresa que comercializa pectina a Opekta Werke. A primeira

funcionária da empresa é Miep Santrouschitz que se tornará grande amiga da família.

Anne começa a frequentar a escola infantil, nesse ano. Aos sete anos sabe ler e escrever correctamente e escreve à família e aos amigos que deixou na Alemanha.

Anne no jardim de sua casa, em Amesterdão Miep Santrouschitz

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Ideologia alemã na Holanda (1941-1942)

Após seis anos de vida em liberdade, dá-se a invasão da Holanda pelas tropas alemãs, pelo que Anne e Margot passam a frequentar o Liceu Judaico, a partir de 1941. Os judeus são perseguidos e obrigados a usar a estrela amarela de David, não podem andar nos transportes públicos e têm o recolher obrigatório às 8h da noite.

Também na Holanda se instala um clima de perseguição, discriminação e terror que visa transformar os judeus em bodes expiatórios e exterminá-los, em campos de concentração e de morte.

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No dia 12 de Junho de 1942, Anne faz treze anos e recebe um diário que será a prenda mais apreciada.

Na primeira folha escreve “Espero poder contar-te tudo, como nunca o pude ainda fazer com ninguém, e espero que sejas para mim um grande apoio”.

Na parte interior da capa, cola uma fotografia sua e escreve “Que bonita fotografia, não é?”

O diário de Anne Frank

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No dia 6 de Julho de 1942, a família Frank resolve ‘mergulhar’ na clandestinidade, e ir habitar um anexo do prédio da empresa, em Prisengracht, na sequência de uma convocatória das SS, para que Margot se apresente e parta para o campo de concentração de Westerborck.

Na clandestinidade (1942 -1944)

O edifício do Anexo (a azul) O quarto de Anne Frank, no Anexo

Durante dois anos não podem sair à rua e vivem sob a constante ameaça de serem descobertos pela polícia. Ao longo desse tempo, serão ajudados por Miep e outros três colaboradores da Opekta (Johannes, Victor e Bep) que se encarregam, entre outras coisas, da alimentação dos clandestinos do Anexo que chegarão a ser oito – a família Frank; a família Van Pels e Albert Dussel, um dentista, que chegará em Novembro desse ano.

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O dia da partida é triste. Anne terá de deixar para trás tudo o que gosta, inclusivamente o seu gato Moortje, e cingir-se ao essencial. Todos vestem o maior número de peças de vestuário possível e realizam uma viagem de 6 km a pé até ao esconderijo, em Prisengracht.

Mudar de vida (1942 -1944)

Dia da partida

Despedida de Moortje

Chegada ao anexo

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Ao longo dos dois anos de vida no Anexo, Anne Frank registará no seu diário todo o tipo de acontecimentos, vivências, sonhos e sentimentos que a vida no esconderijo lhe permite experimentar. Rapidamente, ao diário inicial se acrescentarão folhas soltas e outros cadernos que hoje constituem o famoso Diário de Anne Frank que todos conhecemos.

Instaurando, desde as primeiras páginas, um clima de diálogo com essa personagem imaginária “Kitty”, a quem invariavelmente se dirige, Anne passará a confidenciar-lhe todas as suas alegrias e aflições, encontrando desta forma, a amiga íntima que nunca teve, para aliviar os ‘pesos do seu coração’.

“Durante uns dias não escrevi nada, porque quis pensar seriamente na finalidade e no sentido de um diário.(…) Apetece-me escrever e quero aliviar o meu coração de todos os pesos.(…)

Por tudo isto é que escrevo um diário. E para evocar na minha fantasia a ideia da amiga há tanto tempo desejada, não quero, como qualquer pessoa, assentar só factos. Este diário é que há-de ser a minha amiga, e vou-lhe pôr um nome. Essa amiga chama-se Kitty.” (20/6/1942)

Tua Anne

O Diário (1942 -1944)

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Os oito clandestinos do Anexo da Prisengracht tentam viver tão naturalmente quanto possível e cumprem um horário rigoroso.

Como o esconderijo fica por cima da empresa, os clandestinos são obrigados a sussurrar, a andar descalços, não podem utilizar torneiras nem casas de banho, durante o dia, entre as 9h da manhã e as 7h da tarde, quando o pessoal está a trabalhar.

Quando anoitece e fica escuro, os clandestinos vão até aos escritórios da empresa para seguir as notícias da guerra pela rádio. Nessas alturas, Anne pode contemplar a cidade das janelas do escritório. Observa os transeuntes, escondida atrás das cortinas. É o único contacto com o mundo exterior que lhe resta.

Após a higiene diária, Anne, Margot e Peter dedicam tempo aos estudos para não se atrasarem nas matérias (Línguas, Álgebra, Geometria, Geografia e História). Para além desta tarefa, preenchem o tempo com todo o tipo de actividades e passatempos: jogos, leitura, audição de discos, escrita, palavras cruzadas, etc.

A comida é armazenada no sótão. Os clandestinos dependem totalmente dos 4 protectores: Miep, Bep, Victor e Johannes.

A vida no Anexo (1942 -1944)

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A vida no Anexo (1942 -1944) Registos no diário

Querida Kitty:

“Entre domingo de manhã e hoje foi como se tivessem passado muitos anos. É como se a Terra estivesse toda ela transformada. ” (8/7/1942)

“Assim corremos debaixo da chuva, cada um com uma pasta e uma saca de compras(…) Os operários que iam para o trabalho olhavam-nos. Bem se lhes lia no rosto que tinham pena de nós por irmos tão carregados e por não nos deixarem andar nos carros eléctricos. A nossa estrela amarela no braço falava por si. Pelo caminho fora os pais contaram-me tintim- por-tintim, como nascera o plano do nosso esconderijo.” (9/7/1942)

“O nosso quarto até agora estava nu completamente. O pai trouxe toda a minha colecção de postais de estrelas de cinema e de vistas, e eu transformei-os em lindos quadros para as paredes. (…) Ontem, pela primeira vez, a mãe quis cozinhar. Sopa de ervilhas! Mas enquanto tagarelava em baixo esqueceu-se da sopa por completo, e esta esturrou toda(…)É pena que eu não possa contar esta história ao meu professor Kepler…teoria da hereditariedade.” (11/7/1942)

Crédito das ilustrações: Angela Barret in Anne Frank, ed.Terramar, 2005

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A relação com Peter (1942 -1944) Registos no diário

No dia 13 de Julho chega ao esconderijo a família Van Pels (a do sócio de Otto) constituída por três elementos, pai, mãe e o filho, Peter que se tornará um bom amigo de Anne. Com ele, passará muitas horas, no sótão, olhando o céu e a grande árvore defronte do prédio, fazendo jogos, ouvindo música….

“Chegou o Peter Van Daan (pseudónimo criado por Anne), um rapazote de dezasseis anos, enfadonho, bastante tímido, que não promete vir a ser um companheiro interessante.” – regista Anne no seu diário.

“Sinto como que marteladas na cabeça! Nem sei por onde começar. Sexta-feira à tarde, e no sábado também, fizemos vários jogos. Esses dias passaram-se sem novidade e bastante depressa. No domingo pedi ao Peter que viesse aqui e mais tarde subimos e ficámos lá em cima até às seis horas. Das seis e quinze até às sete horas ouvimos um belo concerto de música de Mozart; do que mais gostei foi da «K'eine Nachtmusik». Não consigo escutar bem quando há muita gente à minha volta, porque a boa música comove-me profundamente.” (11/4/1944)

O sótão passará a ser um local de refúgio, recolhimento e intimidade, onde se pode sonhar, dar largas à imaginação e alimentar a esperança e a fé num mundo melhor.

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“Nunca nenhum de nós se tinha encontrado numa situação tão perigosa como a da noite passada. Deus protegeu-nos. Imagina a Policia a remexer na estante da nossa porta giratória, iluminada pela luz acesa, sem dar connosco!”

Sinto-me cada vez mais independente dos meus pais. Embora seja muito nova ainda, sei, no entanto, que tenho mais coragem de viver e um sentido de justiça mais apurado, mais seguro do que a mãe. Sei o que quero, tenho uma finalidade, uma opinião, tenho fé e amor. Deixem-me ser eu mesma e estarei satisfeita. Tenho consciência de ser mulher, uma mulher com força interior e com muita coragem.

Se Deus me deixar viver, hei-de ir mais longe de que a mãe. Não quero ficar insignificante. quero conquistar o meu lugar no Mundo e trabalhar para a Humanidade.

O que sei é que a coragem e a alegria são os factores mais importantes na vida!”

“Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta…Ao escrever sei esclarecer tudo – os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias.”

“Sinto-me como um pássaro a quem cortaram as asas e, que bate na escuridão, contra as grades da sua gaiola estreita.”

Terrores, introspecções, esperanças e

expectativas…(1942 -1944) Registos no diário

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Um dos temas recorrentes no diário de Anne Frank é a guerra, os seus progressos e as suas consequências.

“Hoje estamos todos perturbados, não conseguimos fazer nada com calma. As notícias lá de fora são horríveis. Dia e noite arrastam a pobre gente das suas casas. Separam as pessoas em três grupos: homens, mulheres e crianças. É vulgar voltarem as crianças da escola e já não encontrarem os pais, ou voltarem as mulheres das compras e darem com a casa selada. O resto da família já foi deportada. (…) E durante as noites, centenas de aviões sobrevoam a Holanda, para lançarem uma chuva de bombas na Alemanha. A cada hora tombam homens na Rússia e na África. A Terra enlouqueceu, há destruição por toda a parte. A situação melhorou para os Aliados, mas o fim de tudo isto ainda está longe.” (13/1/1943)

“Esperamos a invasão de um dia para o outro. Churchil teve uma pneumonia, mas já está quase bom. Ghandi, o libertador da Índia, já fez, não sei quantas vezes, a greve da fome.”(27/2/1943)

“Politicamente, tudo vai às mil maravilhas. Na Itália proibiram o partido fascista. Em várias regiões, o povo bate-se contra os fascistas. Até os soldados tomam parte.(…) Pela terceira vez a cidade foi violentamente bombardeada. Cerrei os dentes e disse para comigo: «Coragem!».” (3/8/1943)

“«This is D-day», disse ao meio dia a rádio inglesa e com razão! Começou a invasão! (…) O ano de 1944 trará, de facto a vitória?”(6/6/1944)

“Estou cheia de esperanças, tudo vai bem! Sim, vai mesmo muito bem! Noticias sensacionais. Houve um atentado contra Hitler mas, imagina, os autores não foram comunistas, judeus ou capitalistas ingleses, mas sim um general alemão da nobre raça germânica(…) A «providência divina» salvou a vida do Fuhrer e ele escapou – infelizmente! – com algumas arranhadelas e queimaduras.” (21/7/1944)

A guerra (1942 -1944) Registos no diário

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Denúncia, Detenção e Deportação dos clandestinos do Anexo

Na manhã de 4 de Agosto de 1944, os clandestinos do Anexo são

descobertos e levados para o campo de detenção de Westerbrok, na Holanda. A 3 de Setembro partem, de comboio, na última leva de judeus, para o campo de morte de Auschwitz, na Polónia. Edith morrerá em Janeiro de 1945 e Otto será resgatado pelas forças soviéticas no final desse mês. Anne e Margot morrerão de tifo em Bergen-Belsen, na Holanda, para onde tinham sido transferidas, em Março desse ano.

Westerbrok

Auschwitz

Bergen-Belsen, após a libertação

Dia da detenção

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Otto e o diárioOtto chega a Amesterdão a 3 de Junho de 1945 e dirige-se a casa de Miep e

Jan Gies. Conta-lhes que a mulher morreu, mas que tem esperança de encontrar as filhas com vida, pois foram transferidas para Bergen-Belsen que não é um campo de extermínio. Dois meses mais tarde chega a confirmação da morte de Anne e Margot, em Março, vítimas de tifo.

Só então Miep entrega a Otto os cadernos com o diário de Anne Frank que ele lê pela primeira vez. Mais tarde procurará, sem sucesso, um editor. Em 3 de Abril de 1946, o jornal Het Parool publica um artigo intitulado “A voz de uma criança”, e um editor interessa-se pela publicação do diário, que verá a sua primeira edição sair no Verão de 1947.

Miep entrega o diário a Otto.

Capa da 1ªed. holandesa do Diário com o título

“A Casa de Trás”

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Rapidamente o Diário de Anne Frank deu a volta ao mundo, traduzido em vários idiomas. Otto consagrou o resto da sua vida a espalhar as ideias da filha pelo mundo inteiro :“Em nenhuma parte do diário Anne fala de ódio. O que ela escreve é que, apesar de tudo, acredita na bondade humana. E que quer trabalhar para o mundo e para as pessoas quando a guerra acabar. “

A 11 de Maio de 1944, Anne escreve ”Sabes, há muito que o meu maior desejo é tornar-me um dia jornalista, e mais tarde uma escritora célebre.”

Afinal o seu desejo concretizou-se.

Otto Frank morre aos 91 anos em 1980 e faz doação dos diários de Anne ao estado holandês.

O esconderijo onde a família Frank se escondeu entre 1942-44, transformou-se num museu aberto ao público que é o depositário do espólio, actualmente chamado Fundação Anne Frank.

Para além de Anne Frank

Imagens da Fundação:

edifício e quarto de Anne

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Da esquerda para a direita:

Miep Gies, Johannes Kleiman, Otto Frank, Victor Kugler y Bep Voskuijl.

Os protectores com Otto