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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA ELEITORAL DA 117ª ZONA ELEITORAL - OLINDA/PERNAMBUCO COLIGAÇÃO MUDA OLINDA, composta pelos partidos PSB, PHS, PR, PSC, PTC, PPL, REDE, PMB, PSDC, PROS e PEN, e ANTÔNIO RICARDO ACCIOLY CAMPOS, brasileiro, advogado, candidato ao cargo de prefeito do Município de Olinda/PE, pela Coligação demandante, por seus advogados ao final subscritos, conforme instrumento de procuração já noticiado nos autos, vêm, tempestivamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no que preleciona o artigo 51 da Resolução TSE nº 23.463/2015, apresentar IMPUGNAÇÃO À PRESTAÇÃO DE CONTAS Página 1 de 13

Antônio Campos pede impugnação das contas de Lupércio

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA ELEITORAL DA 117ª ZONA ELEITORAL -

OLINDA/PERNAMBUCO

COLIGAÇÃO MUDA OLINDA, composta pelos partidos PSB, PHS, PR, PSC, PTC, PPL,

REDE, PMB, PSDC, PROS e PEN, e ANTÔNIO RICARDO ACCIOLY CAMPOS, brasileiro,

advogado, candidato ao cargo de prefeito do Município de Olinda/PE, pela Coligação

demandante, por seus advogados ao final subscritos, conforme instrumento de procuração já

noticiado nos autos, vêm, tempestivamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no que

preleciona o artigo 51 da Resolução TSE nº 23.463/2015, apresentar

IMPUGNAÇÃO À PRESTAÇÃO DE CONTAS

Apresentada por LUPERCIO CARLOS DO NASCIMENTO, e seu vice, MÁRCIO ANTONY

DOMINGOS BOTELHO, nos autos do Processo nº 61-56.2016.6.17.0117, ambos já devidamente

qualificados perante esta Justiça Eleitoral, a ser intimado no endereço constante do banco de

dados da Justiça Eleitoral, fornecido pelo candidato, pelas razões de fato e de direito a seguir

articuladas.

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I – DA TEMPESTIVIDADE

A priori, considerando a publicação do Edital no Diário Oficial em data de 08 de

novembro de 2016, informando a prestação de contas de todos os candidatos que disputaram

o primeiro turno, abrindo, naquela oportunidade, o prazo de 3 (três) dias insculpido no Art. 51

da Resolução TSE nº 23.463/2015 para eventuais impugnações, resta patente a tempestividade

da presente peça, conquanto o prazo fatal assenta em data de 11 de novembro de 2016.

II – DOS FATOS E DO DIREITO

De início, é imperioso pontuar que serve a presente, dentre outros motivos que serão

alinhavados, para averiguar o robusto contexto de indícios de burla à legislação eleitoral,

mediante o uso ostensivo de propaganda nas ruas e a não compatibilidade com os recursos e

gastos declarados.

Pois bem. Parafraseando a escritora Hannah Arendt, quando, em determinado contexto,

afirmou ser a “banalidade do mal”, o que se verifica na presente demanda é a banalização da

inverdade, posto que, a despeito do ínfimo valor oficialmente informado e declaradamente

despendido pelos Impugnados, houve um verdadeiro e discrepante derrame de recursos e

material gráfico na campanha dos mesmos.

Se verifica nesta prestação de contas, como já exposto através da Ação de Investigação

Judicial Eleitoral colacionada na íntegra nos autos da Prestação de Contas dos Candidatos

Impugnados, notadamente às fls. 44-88 do Processo n. 61-56.2016.6.17.0117, que o mesmo

iniciou sua campanha no prazo legalmente previsto para tanto, com a presença maciça de

material de campanha e despesas, sendo que até o fim do mês de setembro, nada havia

declarado à esta Justiça, como verifica-se da documentação colacionada às folhas já elencadas.

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É de se anotar, ainda, que a gráfica utilizada pelos Impugnados para impressão de seu

material encontra-se, perante a JUCEPE – Junta Comercial do Estado de Pernambuco, como

sendo de “comércio varejista ambulante de produtos alimentícios prontos para o consumo –

vendedor ambulante de produtos alimentícios”. Basta mera consulta pelo CNPJ da empresa

(CNPJ n. 19.993.789/0001-57) no sítio eletrônico da JUCEPE

(http://iged.jucepe.pe.gov.br:8081/default.aspx) para se extrair tal informação, sendo este,

pois, apenas o ponto inicial que, dentro de um contexto doravante apresentado, traz fortes

indícios de burla à legislação eleitoral e a princípios basilares insculpidos na Constituição e

legislação de regência.

Sobre tal gráfica, verifica-se que o contrato firmado com a mesma, juntado aos autos

pelos Impugnados (f. 31-32), apenas constam informações genéricas, sem a especificação do

quantitativo de material contratado para a campanha (seja por elementos específicos ou

mesmo genericamente), donde, assim, não se pode aferir a real correspondência da(s)

tiragem(ns)contratada(s), conforme exige a legislação de regência (art. 38, §1º, da Lei Federal

n. 9.504/1997).

Ou seja, carece de maior investigação e apuração a fundo, por parte dessa Justiça

Eleitoral, a verdadeira e efetiva quantidade de material contratado, produzido e pago, uma vez

que a robusta quantidade de elementos de publicidade de campanha dos demandados não

parece condizer com o valor declarado e não pode ser, também, comparada com os dados

informados pelo contrato por eles apresentado.

Ademais, verifique-se que a Nota Fiscal da gráfica em comento, trazida aos autos da

Prestação de Contas às fls. 34, apenas fora emitida em data de 29/09/2016, isto é, 3 dias antes

das eleições do primeiro turno, e em momento imediatamente posterior ao Impugnado tomar

conhecimento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral proposta pelo Impugnante em seu

desfavor, sobre esse mesmo tema, Ação esta tombada sob o nº 0000007-05.2016.6.17.0113.

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Ora, desnecessário dizer que o Impugnado produziu amplo e vasto material de

campanha durante todo o primeiro turno, que iniciou-se um mês e quinze dias antes da

emissão da Nota Fiscal colacionada, não condizendo tal Nota Fiscal com a realidade no que toca

a data de sua emissão, nem tampouco com a quantidade e qualidade dos materiais entregues

pela suposta gráfica.

Sequer tal Nota Fiscal foi apresentada acompanhada do DANFE, documento que deveria

acompanhá-la.

Outro ponto que vale ser elucidado é que a Nota Fiscal em comento tem como “Número

da Nota 00000002”. Seria essa gráfica recém inaugurada, digo, inaugurada apenas para

confeccionar o material de campanha do Impugnado? Seria razoável admitir que uma

gráfica com capacidade de produzir o material deste porte esteja emitindo Nota Fiscal

de seus produtos pela segunda vez!?

Tal fato merece uma melhor elucidação, motivo pela qual se requer, nesta oportunidade,

que a mesma seja intimada a apresentar e trazer a conhecimento deste Juízo, todas as Notas

Fiscais e comprovantes de entrada/aquisição de matéria prima nos meses de agosto e

setembro, que servirão como embasamento e para alicerçar a produção do suposto material

por ela confeccionado.

Ato contínuo, questão bastante curiosa a respeito da gráfica e do seu contrato juntado

aos autos pelos demandados é também sobre a sua vigência. É de se perceber que o ajuste

contratual fora assinado em setembro, com vigência estipulada entre 1 de setembro (início da

contratação) e 1 de outubro (final da contratação). Mas como seria justificada a propaganda

já existente antes mesmo da data de existência do referido contrato? É possível visualizar,

da imagem abaixo colacionada e também as apresentadas em anexo, que existia material de

campanha, tal como perfurados, santinhos, bandeiras, camisas, etc. que os Impugnados

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utilizavam antes do início da vigência do contrato por ele colacionado, estando, pois, tais gastos

sem qualquer comprovação ou sustentáculo de legalidade.

Isto porque a campanha eleitoral iniciou-se em 16 de agosto de 2016, isto é, cerca

de 15 dias antes do início da vigência do contrato em tela, e, repise-se, um mês e quinze

dias antes da emissão da Nota Fiscal trazida aos autos, sendo que diversos materiais de

campanha já estavam produzidos no mês de agosto, conforme vasta prova documental

colacionada nesta oportunidade.

Ora, traz-se a conhecimento deste Juízo a foto de um “santinho”, bem como perfurados e

bandeiras, ainda no mês de agosto publicadas no Facebook do candidato a vice-prefeito ora

Impugnado, materiais estes em que já constavam as informações referentes à gráfica que só

fora contratada em setembro de 2016, como informado e comprovado pelo próprio

Impugnados às fls. 31-32 dos autos da prestação de contas.

Resta evidente e patente, inclusive com a chancela e aquiescência dos Impugnados, que

houve produção de material de campanha sem contrato em contrariedade ao que dispõe e

exige a lei eleitoral. Também se está diante do dispêndio de recursos sem que haja qualquer

declaração à Justiça Eleitoral, constituindo-se, pois, mácula gravíssima!

Segue a imagem referida no parágrafo anterior (também em anexo):

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Além da publicação aqui exibida e das colacionadas em anexo, é possível extrair

diversas outras das redes sociais dos candidatos

(https://www.facebook.com/marcio.antony.3?ref=br_rs;

https://www.facebook.com/lupercio.carlos.3), que demonstram, à exaustão e evidência, que já

existia bastante material de publicidade eleitoral da campanha dos demandados anteriormente

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ao contrato firmado e apresentado nos autos e, muito provavelmente, à soma de gastos bem

maiores do que se encontra assentado no referido ajuste contratual.

Demais disso, é também curioso apontar que praticamente todos os contratos juntados

aos autos pelo Impugnados datam de setembro de 2016, quando a sua campanha já estava na

rua, de modo ostensivo, desde o mês de agosto, conforme amplamente demonstrado. Em que

parte da conta, então, encontram-se declarados tais gastos?

Mais um ponto que permanece às escuras e sem declaração é acerca da propaganda

casada com vereadores, em que os demandados não cuidam de emitir uma frase sequer sobre o

assunto, nem a demonstrar a realidade dos gastos envolvidos, tendo em vista que todos os

vereadores receberam material de campanha através de doação dos Impugnados. A lei é

expressa ao sacramentar o preceito de que “quando o material impresso veicular propaganda

conjunta de diversos candidatos, os gastos relativos a cada um deles deverão constar na

respectiva prestação de contas, ou apenas naquela relativa ao que houver arcado com os

custos” (art. 38, §2º, da Lei Federal n. 9.504/1997).

Um candidato ao cargo de prefeito que apresenta, em sua conjuntura pública e política,

cenário de fortes indícios de uso de dinheiro sob o manto de diversas irregularidades,

mormente quando considerada a existência de quase quinze dias de campanha, sem a

existência de qualquer relação jurídica às claras que embase os gastos evidentes e realizados às

vistas de todos, conforme já sucintamente demonstrado, não pode, sob qualquer hipótese,

eventualmente, se valer do argumento de que sua campanha se encontrou amparada em

voluntariado pela falta de recursos a tanto, posto que também não existe qualquer doação, de

quem quer que seja, de tais materiais confeccionados no mês de agosto, para a campanha do

Impugnados.

III – DOS PEDIDOS

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Diante do exposto, verificando-se tantas questões nebulosas que existem em torno dos

gastos de campanha dos Impugnados, no que toca ao primeiro turno das eleições 2016, com a

evidente e reprimível prática de abuso de poder econômico, consubstanciado na não

comprovação, efetivamente, da origem e o quantitativo de todos os seus gastos de campanha

com os documentos anexados à sua prestação de contas, deve, a Prestação de Contas do

Impugnados, ser rejeitada, nos termos do Art. 43, §7º da Resolução TSE nº 23.463/2015.

Afora isso, requer:

a) que a gráfica contratada pelos Impugnados, CNPJ nº 19.993.789/0001-57, seja

intimada a apresentar o quantitativo efetivamente produzido de material publicitário de

campanha, bem como a partir de quando começou, efetivamente, a prestar serviços para os ora

Impugnados.

b) que a referida gráfica seja intimada a apresentar e trazer a conhecimento deste Juízo,

todas as Notas Fiscais e comprovantes de entrada/aquisição de matéria prima e insumos nos

meses de agosto e setembro, que servirão como embasamento e para alicerçar a produção do

suposto material por ela confeccionado.

c) Que sejam requisitados técnicos para atuar na presente demanda e analisar a

prestação de contas do Impugnados, nos termos do que preceitua o Art. 63 da Resolução TSE

nº 23.463/2015.

d) Caso remanesça qualquer dúvida ou ante tantos indícios de irregularidade ora

apresentados, requer que, nos termos do Art. 64 da Resolução TSE n. 23.456/2015, sejam

requisitadas informações adicionais porventura necessárias para melhor elucidação dos fatos.

e) Que este Juízo requisite ao TSE a integralidade das Notas Fiscais Eletrônicas emitidas

contra o Impugnados, CNPJ de campanha nº 25.751.552/0001-62, para efeito de comparação

aos gastos declarados no primeiro turno, nos termos do Art. 82 da Resolução TSE nº

23.463/2015.

f) que todos os fornecedores do Impugnados, por ele declarados, sejam intimados a

trazer um relatório do material fornecido, com quantitativo, qualidade e data do fornecimento,

em atenção ao permissivo do Art. 88 da Resolução TSE nº 23.463/2015, sendo advertido que a

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apresentação de informações falsas sujeitará o infrator às penas previstas nos Arts. 346 e

seguintes do Código Eleitoral, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

g) Desaprovadas as contas, que seja remetido cópia de todo o processo ao Ministério

Público Eleitoral para os fins previstos no Art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990.

h) Que seja dado vistas ao Ministério Público na qualidade de fiscal da lei e para tomada

das providências cabíveis.

Protesta-se, por fim, pela posterior juntada de novas provas, requisição de documentos,

diligências e outras que forem necessárias.

São os termos em que pede deferimento.

Olinda, 11 de novembro de 2016.

BRUNO BRENNAND

OAB/PE nº 16.990

BRENO CARRILHO

OAB/PE nº 12.614-E

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