Upload
institutopensarte
View
2.675
Download
4
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Caderno especial desenvolvido para auxiliar o debate público sobre a Lei Rouanet, com a compilação de informações e contra-argumentos baseados em dados e estatísticas, a respeito do mais importante instrumento de financiamento à cultura do Brasil.
Citation preview
Contribuições ao debate público da Lei RouanetNova lei de fomento e incentivo em consulta pública
Lei Rouanet em debate
Fabio MacielPresidente
Instituto Pensarte é uma organização
cultural de interesse público fundada em
2000 com o objetivo de articular a
sociedade em torno da importância
estratégica da cultura. Protagonizou
neste período o avanço das políticas
culturais, envolvendo-se com
importantes causas, no Brasil e no
exterior. Realiza seminários, fóruns e
discussões sobre o tema, à procura de
proposição e diálogo com todas as
instâncias da sociedade, sobre a
relevância da cultura como elemento
estratégico em busca do
desenvolvimento sustentável.
SOBRE O PENSARTEApós quatro semanas de intensos debates sobre a proposta do MinC de substituição da Lei Rouanet, o Instituto
Pensarte divulga o resultado parcial desses encontros.
Neste documento apresentamos os principais tópicos discutidos por representantes da sociedade civil para que
o debate continue e sirva de parâmetro para o aprimoramento das leis que regem o setor.
A opinião pública é parte importante da construção de uma sociedade democrática, por isso pedimos sua
participação divulgando este documento e apresentando suas propostas, até o dia 6 de maio, para a Casa Civil
[[email protected]]. As discussões continuam no site www.culturaemercado.com.br .
Os textos aqui apresentados, necessariamente, não refletem necessariamente a opinião do Pensarte, mas são
fundamentais para a construção de um debate democrático.
www.pensarte.org.br e www.culturaemercado.com.br
Lei Rouanet: formato atual1
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2
O que muda com o novo projeto?3
Desfazendo mitos4
Conclusão5
Lei Rouanet: formato atual1Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2
O que muda com o novo projeto?3
Desfazendo mitos4
Conclusão5
1991 1993 1997 2000 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 20092004
Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo
Incentivo à criança e adolescente
(Artigo 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente, alterado pela Lei 8.242/91)
100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas
Incentivo à Cultura (Lei Rouanet)
Mecanismo dos artigos 25/26 (abatimento parcial de imposto de renda).
30 ou 40% de abatimento do imposto de renda para pessoas jurídicas e 60
ou 80% de abatimento do imposto de renda para pessoas físicas
Incentivo ao Audiovisual (Lei do Audiovisual, artigo 1)
125% de abatimento do imposto de renda para pessoas jurídicas
e 100% de abatimento do imposto de renda para pessoas físicas
Incentivo à Cultura vai a 100%
Medida Provisória nº 1.589/1997 convertida na Lei
9874/99
100% de abatimento do imposto de renda para
pessoas jurídicas ou físicas para aplicação em
projetos de áreas específicas (artes cênicas; livros de
valor artístico, literário ou humanístico; música erudita
ou instrumental; circulação de exposições de artes
plásticas; doações de acervos para bibliotecas públicas
e para museus). Paras as outras foi mantido o
abatimento de 30 ou 40% de abatimento do imposto
de renda para pessoas jurídicas e 60 ou 80% de
abatimento do imposto de renda para pessoas físicas
1991 1993 1997 2000 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 20092004
Cria fundo de fomento à indústria cinematográfica (FUNCINE)
para a atividade audiovisual (Medida Provisória 2228/01)
Benefício fiscal parcial regressivo: iniciava em 68% e era reduzido
gradativamente ao longo dos períodos (só permitia pessoa jurídica)Amplia os incentivos à cultura que recebem 100%
(Medida Provisória 2228/01)
Áreas que foram inseridas no 100% (exposições de artes
visuais; doações de acervos para bibliotecas públicas,
museus, arquivos públicos e cinematecas, bem como
treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para
a manutenção desses acervos;produção de obras
cinematográficas e videofonográficas de curta e média
metragem e preservação e difusão do acervo audiovisual;
preservação do patrimônio cultural material e imaterial).
Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo
1991 1993 1997 2000 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 20092004
Amplia benefícios dos fundos de investimento audiovisual - FUNCINES
Lei 11.437/2006. Entendimento do governo que beneficio precisava ser valorizado para "pegar"
100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas
Cria incentivos ao esporte, das ações educacionais, participação ao
rendimento (Lei 11.438 de 29 de dezembro de 2006)
100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas
Cria incentivos ao audiovisual, passando os filmes de longa-metragem
do benefício parcial de abatimento - vindo da Lei Rouanet - para o integral
- Lei do Audiovisual (Artigo 1A) - Lei 11.437/2006
100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas
Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo
1991 1993 1997 2000 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 20092004
Amplia os incentivos à cultura que recebem 100%
Lei 11.646 de 10 de março de 2008
Áreas que foram inseridas no 100% (construção e manutenção de salas de
cinema e teatro, que poderão funcionar também como centros culturais
comunitários, em Municípios com menos de 100.000 (cem mil)
habitantes).
Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo
CulturaCriança e AdolescenteEsporte
Distribuição da Renúncia Fiscal entre as Leis de Incentivo
Incentivo ao Audiovisual- Abatimento fiscal: de 100 a 125% (art. 1º e 1ºA - lei 8685/93)
- Outro mecanismo Audiovisual, o FUNCINE também permite,
desde 2006, o abatimento de 100% do IR
Lei do Incentivo ao Esporte- Abatimento fiscal: 100% (Lei 11.438)
- Criado por lei em 2006
- Permite o investimento ou patrocínio
em clubes, associações, confederações e
comitês esportivos
- Desde 2007, foram mais de R$ 415
milhões captados, em 282 projetos*
- SP e RJ respondem por mais de 60% da
soma de valores dos projetos aprovados*
Fundo da Criança e do Adolescente- Abatimento fiscal: 100% (Lei 11.438)
- Criado por lei em 1990, alterado nos anos
subsequentes, mas sempre com 100% de abatimento
Incentivo à cultura (Lei Rouanet)- Abatimento fiscal: 30%, 40% ou 100%
- Criado por lei em 1991, alterado em 1999, a lei
tem dois formatos de abatimento: Em um caso, a
empresa abate parte do IR (30-40%) mais o
lançamento como despesa operacional. No outro,
abate 100% do IR devido
- Os formatos de abatimento são dependentes da
área cultural em que o projeto se enquadra
1%
1%4%
Dos 6% do Imposto de Renda devido que é possível aplicar em Leis de Incentivo, 1% pode ser aplicado
no Esporte, outro 1% pode ser aplicado no Fundo da Criança e do Adolescente, enquanto que os 4%
restantes podem ser aplicados na Lei de Incentivo à cultura que o Financiador escolher.
Mecanismos de Financiamento à Cultura
Recursos Públicos Incentivo FiscalIncentivo Fiscal com Investimento Privado Investimento Privado
- Fundo Nacional da Cultura (Lei 8.313/91)
- Subvenções do Poder Público
- Programas Públicos em Geral
- Lei 8.313/91 (artigo 26)
- Lei 8.685/93 (artigo 3º, 3ºA)
- Leis Estaduais (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Paraíba, Rio grande do Norte, Pará, Amapá, Roraima, Mato Grosso, Goiás)
- Municipais (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Maceió, São José dos Campos, Salvador, Belém, Aracaju, Teresina, Natal, Cuiabá, Florianópolis)
- Lei de Incentivo ao Esporte
Mecenato:
- Lei 8.313/91 (artigo 18)
- Lei 8.685/93 (artigos 1o,1oA, Programa Especial de Fomento)
- MP 2.228/01 (Funcine e Condecine)
-
Fundo da Criança e do Adolescente
- Leis Estaduais de São Paulo, Acre, Santa Catarina, Ceará e Piauí.
- Lei 8.313/91 (FICART)
- Doações a OSCIPs
- Lei nº 10.179/01 (Conversão da Dívida Externa)
- BNDES: Linha de Crédito para a Economia da Cultura
Abatimento de ImpostoRecursos Públicos Recursos Privados
Mecanismos de Financiamento à Cultura
Recursos Públicos Incentivo FiscalIncentivo Fiscal com Investimento Privado Investimento Privado
- Fundo Nacional da Cultura (Lei 8.313/91)
- Lei 8.313/91 (artigo 26)
- Lei 8.313/91 (artigo 18)
- Lei 8.313/91 (FICART)
Abatimento de ImpostoRecursos Públicos Recursos Privados
- Subvenções do Poder Público
- Programas Públicos em Geral
- Lei de Incentivo ao Esporte
Mecenato:
- Lei 8.685/93 (artigos 1o,1oA, Programa Especial de Fomento)
- MP 2.228/01 (Funcine e Condecine)
-
Fundo da Criança e do Adolescente
- Leis Estaduais de São Paulo, Acre, Santa Catarina, Ceará e Piauí.
- Lei 8.685/93 (artigo 3º, 3ºA)
- Leis Estaduais (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Paraíba, Rio grande do Norte, Pará, Amapá, Roraima, Mato Grosso, Goiás)
- Municipais (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Maceió, São José dos Campos, Salvador, Belém, Aracaju, Teresina, Natal, Cuiabá, Florianópolis
- Doações a OSCIPs
- Lei nº 10.179/01 (Conversão da Dívida Externa)
- BNDES: Linha de Crédito para a Economia da Cultura
Dinâmica de Funcionamento
3. FINANCIADOR- Empresa brasileira tributada no lucro real (aplicação de IR);- Pessoas físicas.
2. MINISTÉRIOGoverno Federal [MinC / ANCINE], Estadual ou Municipal
1. PROPONENTEEmpresa, Instituição ou Pessoa Física proponente de projeto cultural
Liberdade de seleção de projetos dentre o rol aprovado pelo Ministério da Cultura
Critérios para aprovação de projetos:subjetividade é vedada pela lei atual
29,26%Comércio e Serviço
19,8%Indústria
11,93%Trabalho
11,71%Saúde
9,07%Agricultura
5%Assistência social
4,63%Educação
1,46%CULTURA
LEI ROUANET: Áreas que recebem incentivo fiscal, em %
Fonte: Receita Federal
Apesar de ser um dos setores mais importantes da
sociedade, a cultura recebe um aporte de apenas 1,46%
dentre as áreas que recebem incentivo fiscal do Governo.
Fonte: MinC, 2008
LEI ROUANET: Número de projetos apresentados em cada Região, 2008
504
5.525
1.332
146
828
Pelo gráfico ao lado percebe-se que a concentração de
recursos no Sudeste está atrelada, além da questão
demográfica, à quantidade de projetos apresentados, estando
bastante relacionada à realidade socioeconômica do País.
Fonte: MinC, 2008
LEI ROUANET: Número de projetos aprovados em cada Região, 2008
359
4.630
1.047
108
639
Região Sul 78,60%
Região Sudeste 83,80%
Região Nordeste 77,17%
Região Centro-Oeste 71,23%
Porcentagem de projetos aprovados em
relação à quantidade de projetos apresentados:
Região Norte 73,97%
EM MILHÕES DE REAIS
LEI ROUANET: Evolução da Captação Anual
Fonte: MinC, 2000 - 2008
0
125
250
375
500
625
750
875
1.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
927981
844
724
510430
344
Neste gráfico, pode-se observar como as leis de
renúncia fiscal vem tendo maior compreensão ao longo
dos anos, gerando, consequentemente maior captação.
EM MILHÕES DE REAIS
LEI ROUANET: Evolução da Captação Anual, por Região
Fonte: MinC, 2000 - 2008
0
100
200
300
400
500
600
700
800
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
NÚMEROS ABSOLUTOS
MECENATO: Quantitativo de projetos
0
1.750
3.500
5.250
7.000
Artigo 18 Artigo 26
Número de projetos por tipo de captação
Fonte: MinC, SalicNET, Comparativos/Consolidado/Mecenato
O crescimento contínuo do número de projetos
aprovados indica, naturalmente, um crescimento da
compreensão da importância e funcionalidade da lei
por parte dos proponentes.
ApresentadoAprovadoCaptado
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
3.0653.1992.9132.474
2.0401.5421.371
6.7836.3096.587
5.990
4.958
4.0694.218
8.335
9.402
7.763
9.264
5.726
4.8565.405
8,1%
20,3%
20,7%14,3%
6,8%
10,1%
19,7%
Artes CênicasArtes IntegradasArtes VisuaisAudiovisualHumanidadesMúsicaPatrimônio Cultural
MECENATO: Quantitativo Projetos Captados - 2008
Fonte: MinC, SalicNET, Comparativos/Quantitativo/Mecenato/Captação de Recursos/Por Ano e Área Cultural - 2008
EM MILHÕES (R$)
MECENATO: Incentivos 2002 - 2007
6 principais estatais6 principais privadasoutras
R$ 1.207.101.975,8740,3%
R$ 1.188.954.143,0039,7%
598.651.815,1320%
Fonte: MinC, 2002 - 2007
0
50
100
150
200
250
300
350
400
2002 2003 2004 2005 2006 2007
67,9 71,745,6
76,4
132,3
204,8
119,2145,4
122,9
231,6
307,7
262,2
6 principais estatais 6 principais privadas
É importante observar que apenas as 12 maiores
empresas, estatais e privadas, representam
aproximadamente 60% dos incentivos através
das leis de renúncia fiscal.
Lei Rouanet: formato atual1
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2O que muda com o novo projeto?3
Desfazendo mitos4
Conclusão5
1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet
Lei nº 8.313/91 (“Lei Rouanet”)
Estabelece o PRONAC a partir de
três pilares: Fundo Nacional de
Cultura ‒ FNC (fundo público),
Fundos de Investimento Cultural e
Artístico ‒ FICART (fundos privados)
e MECENATO (renúncia fiscal).
Decreto nº 1.494/95
O primeiro Decreto a regulamentar
efetivamente o PRONAC em seu conjunto,
determinando regras para o funcionamento
do FNC, FICART e MECENATO, além de
regras específicas para a eleição dos
membros da Comissão Nacional de
Incentivo à Cultura ‒ CNIC representativos
da sociedade civil, conforme previsões
contidas na Lei Rouanet.
Portaria Conjunta MinC/MF nº 01/1995
Destinada à regulamentação da fruição,
pelas pessoas físicas e jurídicas, dos
incentivos fiscais previstos pela Lei
Rouanet no sistema do MECENATO.
Elaborada em conjunto com o
Ministério da Fazenda, representou
esforço no sentido de controle e
fiscalização quanto à utilização dos
recursos oriundos de renúncia fiscal.
1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004
Lei nº 9.532/97
Dentre outras disposições
estabelece o limite de 4% do IR
devido para dedução das doações
feitas por pessoas jurídicas na
modalidade MECENATO (separando
tal limite das doações feitas nos
termos do Programa de Amparo ao
Trabalhador ‒PAT e daquelas feitas
para os Fundos da Criança e do
Adolescente).
Portaria nº 219
Tem por objeto a regulamentação
do uso das marcas de identificação
do apoio concedido pelas
ferramentas de financiamento que
compõem o PRONAC na divulgação
dos projetos apoiados.
Portaria MinC nº 46
Primeiro diploma a estabelecer de forma
minuciosa as regras para aprovação de
projetos culturais e fiscalização pelo MinC
quanto à utilização dos recursos públicos
utilizados tanto no âmbito do FNC quanto
do MECENATO, sobretudo em termos de
prestação de contas (estabelecendo
prazos, regras e formulários específicos
para tais procedimentos);
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet
1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet
Lei nº 9.874/99
Alterou diversos dispositivos da Lei Rouanet e criou a possibilidade
de abatimento de 100% dos valores investidos em projetos por
pessoas físicas ou jurídicas, no caso de patrocínio ou doação a
projetos que previssem iniciativas em áreas culturais específicas (p.
ex. artes plásticas ou artes cênicas, música erudita ou instrumental,
produção de obras audiovisuais de curta ou média metragens).
Criou também a possibilidade de que empresas financiem
projetos de instituições culturais sem fins lucrativos por ela
criados.
Lei nº 9.999/00
Aumenta para 3% o percentual da receita
obtida com concursos de prognósticos e
loterias federais a ser repassado ao FNC.
Decreto nº 5.761/2006 - Revogou o Decreto nº 1.494/95 e
modificou as regras relativas à aprovação de projetos na
modalidade MECENATO. A principal alteração ficou por conta da
modificação da competência da CNIC, à qual, no regime do
Decreto nº 1.494/95 competia a aprovação dos projetos na
modalidade MECENATO e que, no regime do Decreto nº 5.761/06,
passou apenas a subsidiar a decisão do Ministério da Cultura.
1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004
Portaria nº 09 (06.03.2007) ‒ Passou a exigir que os recursos captados pela modalidade MECENATO fossem
movimentados exclusivamente em instituição financeira oficial (Banco do Brasil). A partir de tal Portaria, cabe ao
MinC a abertura das contas-corrente específicas dos projetos aprovados (tarefa que antes cabia ao Proponente).
Estabeleceu, ainda, a necessidade de abertura de duas contas, uma para captação de recursos e outra para a
movimentação dos recursos captados, aumentando sobremaneira a burocracia envolvida na gestão dos recursos
captados para os projetos culturais.
*** - Critérios da CNIC ‒ em algum momento durante o ano de 2007 (não se pode precisar por se tratar de ato
informal, sequer publicado no Diário Oficial da União), foi publicado no sítio de internet do Ministério da Cultura
ato contendo uma série de critérios norteadores da aprovação de projetos culturais na modalidade MECENATO.
Tais critérios revelavam o objetivo de restringir o acesso aos recursos de renúncia fiscal, estabelecendo limites e
vedações não previstas seja pela própria Lei Rouanet seja pelo Decreto que a regulamenta.
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet
1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004
Portaria nº 04 (26.02.2008)
Modifica as regras para apresentação e instrução de projetos
culturais submetidos ao Ministério da Cultura, aumentando
significativamente a exigência de documentos e informações para
ingresso de projetos nas modalidades FNC e MECENATO. Dentre
tais disposições, passou a proibir que os proponentes se fizessem
representar por instrumento de procuração na prática de diversos
atos junto ao Ministério.
Lei nº 11.646
Altera a Lei Rouanet para fazer incluir a possibilidade de utilização
da modalidade MECENATO para a construção de salas de cinema
em municípios com menos de cem mil habitantes.
Portaria nº 54 (04.09.2008)
Diante de reiteradas críticas do setor cultural editou-se esta
Portaria cujo objetivo foi revogar parte das exigências trazidas pela
Portaria nº 04. Em que pese divulgada como um “processo de
desburocratização” para a apresentação de projetos ao MinC, na
realidade apenas minimizava o grande número de exigências feitas
pela Portaria nº 04, editada anteriormente, mantendo-se parte de
tais exigências, inclusive a proibição à representação por
instrumento de procuração.
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet
Lei Rouanet: formato atual1
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2
O que muda com o novo projeto?3Desfazendo mitos4
Conclusão5
Apesar de 80% dos investimentos em cultura* utilizarem a Lei Rouanet, na visão do governo, a Lei se tornou incompatível
com as necessidades do país:
“A gestão da cultura pelas empresas se mostrou inadequada...Não queremos o fim da renúncia fiscal para a cultura. O que
não é sustentável é a manutenção da renúncia como seu principal financiador”
Roberto Gomes do Nascimento, secretário de Incentivo e Fomento à cultura do MinC*
“O ponto central é que a lei atual não realizou plenamente as intenções para as quais foi criada... A falta de critérios faz
com que muita coisa que não deveria ser patrocinada acabe sendo”
Juca Ferreira, ministro da Cultura**
*Entrevista a Revista Época (20/04/2009)** Entrevista ao Meio & Mensagem (27/04/2009)
1. Revogação da Lei Rouanet:
1. Revogação da Lei Rouanet:
A revogação da Lei Rouanet - atrelada ao projeto de lei de incentivo à cultura apresentado pelo MinC - acarreta na extinção
da Lei Rouanet em cinco anos conforme Lei 11.768/08 ‒ Lei de Diretrizes Orçamentárias (expresso no artigo 19 do projeto do
MinC). Depois desta data, o apoio a área cultural se dará apenas por “fomento”.
Esta situação, de pronto, impede uma discussão do processo e obriga um necessário debate de aprimoramento da “Lei
Rouanet” e não de sua revogação.
“Trata-se de desejo mal dissimulado de escantear o Congresso em decisões importantes, deixando pontos-chave da
política cultural do governo a serem definidos em gabinetes fechados do Poder Executivo, por meio de decretos
presidenciais”*
* Jornal O Globo - Editorial (05/04/09)
O Que Isso Significa?
1. Revogação da Lei Rouanet: Referências
Mais informações nos seguintes artigos:
- Jornal O Globo, Rio de Janeiro/RJ, Editorial, Idéia Fixa: “No momento certo, Lula demonstrou sensatez e engavetou a proposta” - 05/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/ideia-fixa/
- Site Cultura e Mercado, Gui Afif: “Tsunami Cultural” - 18/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/tsunami-cultural/
- Revista Época, Ed. 570, Celso Masson: “A Demagogia Rouba a Cena” - 20/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/revista-epoca-governo-quer-revogar-lei-rouanet/
2. Dirigismo Governamental
O projeto do MinC deixa algumas das importantes definições da política de financiamento para regulamentação posterior
(artigos 4, 7, 9, 11, 20, 21, 26, 27, 29, 33, 50), pois, segundo o Ministério, estas seriam tomadas após a consulta pública, uma
vez que suas diretrizes devem ser providenciadas a partir da opinião da sociedade civil.
“Não estávamos especificando esses critérios justamente para não engessar o texto, para que, se quisessem modificar
algo mais tarde, não tivessem que mexer na lei toda.”
Juca Ferreira*
* Trecho retirado do debate realizado no Teatro Leblon, Rio de Janeiro/RJ, no dia 14/04/09
O Que Isso Significa?
* Trecho retirado do texto “Tsunami Cultural”
2. Dirigismo Governamental
Deixando estas definições em aberto, o projeto passa para as mãos governamentais o poder regulamentar. Da maneira
sugerida, o projeto vira uma proposta de gestão de governo, e não uma política de Estado para financiamento.
Consequentemente, entende-se que o projeto é centralizador, abrindo a porta para inúmeras discussões, uma vez que
os critérios são subjetivos e, intrinsecamente, não estão previstos na lei. Com isso, ganha o dirigismo governamental e
perde a sociedade.
“As medidas propostas gerarão insegurança política, não apenas no âmbito cultural, mas em todo o universo
político-partidário nacional”
Gui Afif *
“A Rouanet precisa ser reformada, mas essa reforma já deveria especificar os critérios que o MinC pretende usar na
escolha dos projetos”
Eduardo Saron, superintendente de atividades culturais do Itaú Cultural**
Referências
Mais informações no seguinte artigo:
- Jornal Gazeta Mercantil, São Paulo/SP, Fábio Maciel: “Casa de ferreiro, espeto de pau” - 09/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/casa-de-ferreiro-espeto-de-pau/
2. Dirigismo Governamental
* Entrevista ao jornal O Globo, Segundo Caderno, 11/04/09** Pronunciamento 23/03/09
3. Novas Faixas de Renúncia Fiscal
Ao invés de cada projeto receber 30% ou 100%, como ocorre hoje em dia, haveria mais quatro faixas, de 60%, 70%, 80% e
90% dos valores despendidos. O enquadramento em cada faixa seria feito pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura
(CNIC) por critérios pré-estabelecidos.
“A intenção da renúncia era atrair dinheiro privado, mas, nos últimos 18 anos, os investimentos tiveram 90% de dinheiro
público e só 10% de dinheiro privado. Isso não é da natureza da lei, é uma distorção”
Juca Ferreira, ministro da Cultura*
“Este modelo não é justo, não é política pública, pois a Lei não nos dá instrumentos para realizar uma política de fato
para a Cultura. As empresas é que definem o que vai ser financiado. O que predomina é o critério privado, que é
excludente”
Juca Ferreira, ministro da Cultura**
3. Novas Faixas de Renúncia Fiscal
Com essa medida, o volume de benefícios do imposto de renda serão reduzidos. No caso do mecanismo atual, o benefício
varia de 30/64% a 40/73% (artigo 26) a 100% (artigo 18). Segundo o MinC, 90% dos projetos usam 100% de abatimento do IR.
Após a exigência da contrapartida sem uma política gradual de alteração, as empresas tenderão a se afastar do processo.
“No Rio, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) admite a queda de arrecadação no
último ano, depois que foi revogada uma deliberação permitindo às empresas definir para que projetos doar. (...) Os
recursos do fundo carioca caíram de R$ 1,7 milhão em 2004 para R$ 332,8 mil em 2007. Em São Paulo, onde há doação
vinculada, a arrecadação foi de R$ 4 milhões para R$ 40 milhões no período.”*
* Trecho retirado do texto “Tsunami Cultural”
O Que Isso Significa?
3. Novas Faixas de Renúncia Fiscal Referências
Mais informações nos seguintes artigos:
- Site G1, “Produtores criticam proposta de mudanças na Lei Rouanet” - 02/04/09
http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1071275-7084,00-PRODUTORES+CRITICAM+PROPOSTA+DE+MUDANCAS+NA+LEI+ROUANET.html
- Jornal O Estado de S Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto: “Dirigismo cultural” - 28/03/09
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090328/not_imp346213,0.php
O projeto visa criar diversos fundos de fomento dentro do mecanismo do Fundo Nacional de Cultura (FNC), dentre os quais:
Fundo Setorial das Artes, Fundo Setorial da Cidadania, Identidade e Diversidade Cultural, Fundo Setorial da Memória e
Patrimônio Cultural Brasileiro, Fundo Setorial do Livro e Leitura e Fundo Global de Equalização. Segundo o projeto, o objetivo
desta setorização é alcançar uma maior participação social e permitir o acesso igualitário a todos os segmentos artístico-
culturais.
* Pronunciamento 23/03/09
4. Criação de Fundos
4. Criação de Fundos
* Jornal O Estado de S. Paulo, Opinião, 28/03/09
O Que Isso Significa?
O texto não consegue explicar claramente de onde sairão os recursos para financiar cada fundo. Como pode ser visto abaixo,
o Ministro Juca Ferreira tem declarado que pretende taxar a atividade cultural para coletar dinheiro para os fundos, o que
contraria o interesse das partes envolvidas. Além disso, as definições dos diferentes fundos criados dão margem a distintas
interpretações.
“Será que os recursos do FNC canalizados para os projetos de ‘cidadania’, ‘identidade’, ‘diversidade cultural’ ou
‘equalização’ (como serão eles?) deixarão alguma sobrinha para financiar algum espetáculo de teatro, de circo, de dança,
algum concerto, alguma ópera ou alguma exposição?”
Mauro Chaves, jornalista*
4. Criação de Fundos Referências
Mais informações nos seguintes artigos:
- Site Cultura e Mercado, Carina Teixeira: “Fórum deve aprofundar discussão sobre Democracia Cultural” - 04/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/forum-deve-aprofundar-discussao-sobre-democracia-cultural/
- Site Cultura e Mercado, Elaine Thomé “A Lei Rouanet 17 anos depois” - 17/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/a-lei-rouanet-17-anos-depois/
- Site Cultura e Mercado, Gui Afif: “Tsunami Cultural” - 18/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/tsunami-cultural/
- Jornal O Estado de S Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto: “Dirigismo cultural” - 28/03/09
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090328/not_imp346213,0.php
* Entrevista ao Meio & Mensagem (27/04/2009)
5. Análise de Mérito
O sistema de contemplação dos projetos será reformulado e avaliado a partir de critérios estabelecidos pela CNIC. O texto da
proposta diz que “Os projetos passarão por um sistema de avaliação que contemplará a acessibilidade do público, aspectos
técnicos e orçamentários, baseado em critérios transparentes e que nortearão o processo seletivo (...) Os projetos que
concorrem ao co-patrocínio serão submetidos a sistema de pontuação que indicará seu enquadramento em um dos
percentuais de renúncia fiscal (...)”.
“É evidente que o risco do dirigismo deve ser evitado, mas o projeto prevê que o mecanismo de gestão de renúncia fiscal,
feito pela Cnic, seja trazido para dentro do FNC, que passa a ser o principal mecanismo de financiamento”.
Juca Ferreira, ministro da Cultura*
5. Análise de Mérito
* Jornal O Estado de S. Paulo, Espaço Aberto, 27/04/09
O Que Isso Significa?
Contrariando o artigo 22 da Lei Rouanet que decretava que "Os projetos enquadrados nos objetivos desta lei não poderão ser
objeto de apreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou cultural.", a proposta permite que o governo realize esta
análise subjetiva, possibilitando o desenvolvimento de “critérios transparentes”. Com lacunas, o texto pode deixar que o
governo altere as regras a cada processo seletivo, impedindo o planejamento dos produtores e instituições, além de dar
margem a um dirigismo cultural governamental.
“Na esfera cultural, o governo, sempre tentando o controle total sobre os recursos tomados à sociedade, busca a
ingerência direta no processo de criação artística. Nada leva a crer que a atual investida na revisão da Lei Rouanet tenha
outro objetivo”
Ipojuca Pontes, jornalista*
5. Análise de Mérito Referências
Mais informações nos seguintes artigos:
- Site Cultura e Mercado, Felipe Lindoso: “Diagnóstico errado pode matar o doente” - 01/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/diagnostico-errado-pode-matar-o-doente/
- Jornal O Estado de S. Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto, Ipojuca Pontes: “Controle Cultural Socialista” - 27/04/09
http://arquivoetc.blogspot.com/2009/04/controle-cultural-socialista-ipojuca.html
- Jornal O Estado de S. Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto, Mauro Chaves: “Dirigismo Cultural” - 28/03/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/dirigismo-cultural/
- Site Cultura e Mercado, Hugo Barreto: “A prática da Lei Rouanet” - 26/04/09
http://www.culturaemercado.com.br/post/a-pratica-da-lei-rouanet/
* Folha de S. Paulo, Ilustrada, (02/04/2009)
6. Cessão de Direitos Autorais
O texto da proposta estabelece que após passados um ano e meio da realização de qualquer obra financiada com recurso
público, a “administração pública federal" poderá dispor dela "para fins educacionais". Além disso, passados três anos, o uso
da obra pelo governo para "fins não comerciais e não onerosos" também será permitido.
“Uma vez explorado o processo econômico de um bem cultural financiado com dinheiro público, proibir ou limitar o
seu acesso numa TV pública ou educacional é um contrassenso que a gente busca sanar com essa medida”
Alfredo Manevy, secretário-executivo do Ministério da Cultura*
A proposta prevê a suspensão da reserva de direitos autorais dos bens e serviços realizados com benefício da lei (de renúncia
fiscal), em favor do governo. O artigo afronta o art. 5º, XXVII, da CF, bem como os artigos 28 e 29 da Lei de Direitos Autorais
(Lei nº 9610/98), à medida que a CF garante aos autores o direito exclusivo de exploração de sua obra, e a Lei de Direitos
Autorais exige a autorização prévia e expressa do autor para que terceiros possam utilizar a sua obra.
“Nova Lei Rouanet prevê ‘quebra’ de direito autoral ”
Título de matéria da Folha De S. Paulo*
6. Cessão de Direitos Autorais
* Jornal Folha de S. Paulo, Ilustrada (02/04/09)
O Que Isso Significa?
6. Cessão de Direitos Autorais Referências
Mais informações nos seguintes artigos:
- Site Cultura e Mercado, Dirceu P. de Santa Rosa: “Comentários sobre mudanças na Lei Rouanet”
http://www.culturaemercado.com.br/post/comentarios-sobre-mudancas-na-lei-rouanet/
- Revista Época, Ed. 570, Celso Masson: “A Demagogia Rouba a Cena” - 20/04/2009
http://www.culturaemercado.com.br/post/revista-epoca-governo-quer-revogar-lei-rouanet/
O projeto recria a CNIC ‒ Comissão Nacional de Incentivo à Cultura e Comitês Gestores setoriais (art. 4 do projeto), mas não
define suas composições. Ou seja, a CNIC será responsável por decisões vitais, com a definição da pontuação de cada projeto
e, consequetemente, seu enquadramento nas diferentes faixas de renúncia.
“Estabelecer critério público não pode ser, a priori, chamado de dirigismo. É difícil aceitar a idéia de que recursos podem
ser distribuídos com lisura na esfera pública. Ou a gente desiste da república ou enfrenta esta questão ”.
Yacoff Sarcovas, diertor-geral da Significa e Articultura*
* Debate realizado pela Folha De S. Paulo (02/04/09)
7. Participação da Sociedade Civil
Sem a composição exata da CNIC, como havia no texto da Lei Rouanet, o projeto dá ao governo a oportunidade de selecionar
a seu critério o formato de constituição da Comissão. O projeto não restitui, tampouco, os poderes deliberativos às comissões
paritárias, mantendo o controle na mão do Ministério da Cultura.
“Da forma sugerida, ele vira uma proposta de gestão de governo, e não uma política de Estado para a cultura”
Fábio Cesnik, advogado*
“Em mãos erradas, isso pode ser instrumento poderoso do alinhamento político e ideológico, na lógica do torrão de
açúcar”
Paulo Pélico, diretor da APETESP**
7. Participação da Sociedade Civil
* Revista Época, ed. 570 (20/04/09)** Debate realizado pela Folha De S. Paulo (02/04/09)
O Que Isso Significa?
7. Participação da Sociedade Civil Referências
Mais informações nos seguintes artigos:
- As mudanças na Lei Rouanet
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090329/not_imp346472,0.php
- A Lei Rouanet 17 anos depois
http://www.culturaemercado.com.br/post/a-lei-rouanet-17-anos-depois/
- Reforma da Lei Rouanet não altera essência do modelo, dizem produtores
http://www.culturaemercado.com.br/post/reforma-da-lei-rouanet-nao-altera-essencia-do-modelo-dizem-produtores/
Lei Rouanet: formato atual1
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2
O que muda com o novo projeto?3
Desfazendo mitos4Conclusão5
Com diversas críticas ao sistema de renúncias fiscais atual, o
MinC desenvolveu a proposta de revogação da Lei Rouanet.
Mas, como poderá ser visto a seguir, tais problemas muitas
vezes são causados por ações do próprio ministério e o
novo projeto não necessariamente aborda soluções.
1. Anúncio do MinC opinativo sobre os problemas da lei
Principal mecanismo fomentador da cultura brasileira, pode-se avaliar
que “os benefícios da lei superam de longe os seus problemas”*. O MinC,
no anúncio para a reformulação da Rouanet, anúncia, por exemplo, que
3% dos proponentes ficam com mais de metade dos recursos.
Pode-se dizer que esta é uma informação leviana, uma vez que este
índice mistura todos os tipos de atividades culturais, comparando-as
diretamente, Ou seja, não dá olhos a se o projeto é um Centro Cultural
permanente ou, por exemplo, um livro. Uma restauração de um
patrimônio histórico ou um show pontual.
Retomamos aqui a visão da importância da reformulação em alguns
aspectos da lei Rouanet, mas não de sua revogação.
2. MinC critica a distribuição geográfica dos incentivos
O incentivo fiscal da Lei Rouanet baseia-se na destinação de um percentual do imposto de renda das empresas tributadas
no lucro real e das pessoas físicas para projetos culturais previamente aprovados pelo MinC. Assim, as pessoas físicas e
jurídicas tendem a aplicar o seu imposto de renda nas ações que aconteçam na sua esfera de atuação estratégica/
geográfica. Neste sentido, não há na lei mecanismos que invoquem uma distribuição regional, obrigando que os
empresários invistam mais num local ou em outro.
2. MinC critica a distribuição geográfica dos incentivos
Desta forma, torna-se natural que os recursos sejam
aplicados nas principais capitais do Brasil,onde há
maior contigente populacional e econômico, como
pode ser visto neste gráfico.
2. MinC critica a distribuição geográfica dos incentivos
Fonte: MinC, 2002-2007
Além destes fatos, é interessante perceber que o
próprio MinC segmenta de maneira similar seus
investimento em cultura, uma vez que 46% de seus
recursos estão concentrados nos estados de São
Paulo e Rio de Janeiro.
ACALAPAMBACEDFESGOMAMTMSMGPAPBPRPEPIRJRNRSRORRSCSPSETO
0%0%0%0%2%1%2%1%1%0%0%0%11%1%0%3%2%0%
26%0%6%0%0%2%
42%0%0%
0%0%9%0%8%1%3%0%7%0%0%0%5%0%0%2%7%0%
26%0%4%2%1%4%
20%0%0%
UFRouanet
2002/2007FNC
$ captados
Na pessoa de Juca Ferreira, o MinC avalia que as empresas tomam as decisões de patrocínio não por questões culturais, mas
sim por fatores que o envolvem o reconhecimento e valorização de sua marca, além de retorno financeiro.
Ora, nada mais natural, uma vez que as maiores empresas desenvolveram departamentos próprios para selecionar projetos e,
nesse período, nada mais fizeram do que escolher quais, dentre os projetos aprovados pelo governo, seriam os mais
adequados à sua política de comunicação/ investimento social privado. Trata-se de uma decisão partilhada com o governo.
Conforme já foi observado, com a revogação da lei, as empresas devem se afastar do investimento através da renúncia fiscal,
por conta da falta de transparência nos critérios estabelecidos, e, consequentemente, o montante destinado ao setor seria
reduzido.
3. MinC critica que a lei é dominada pelos “diretores de marketing”
Segundo Juca Ferreira, seria justo que os recursos captados através do mecenato fossem 50% públicos (ou seja, através das
leis de renúncia fiscal) e 50% privados, proveniente das empresas.
As propostas que caminham neste sentido, através das várias faixas de aplicabilidade, são autoritárias e têm seus critérios
definidos de maneira subjetiva. Para isso, a legislação deveria estabelecê-los em sua totalidade - na hipótese de incidência do
incentivo.
Por último, é enorme o investimento privado atrelado ou não a recursos públicos:
- O Cirque du soleil recebe investimentos anuais do Bradesco sem qualquer incentivo fiscal;
- O Tim festival foi realizado, na sua última edição, basicamente com recursos privados diretos da empresa;
- O festival Claro Cine, realizado no Jóquei Clube do Rio em novembro de 2008, utilizou-se de R$ 1,4 milhão captados via artigo 18 da Lei
Rouanet. A Claro aportou mais, pelo menos, a mesma quantia em recursos privados;
- Nenhum dos mega espetáculos de música estrangeira pleiteiam benefícios.
4. MinC critica que 90% dos recursos captados são “públicos”
5. MinC critica que a lei é concentrada em poucos proponentes
As críticas do MinC são inconcebíveis, uma vez que é natural que os maiores players do setor tenham maior aporte para
patrocinar eventos culturais. Alguns destes proponentes aprofundaram seu trabalho na área cultural com o uso de
incentivos fiscais e desenvolveram projetos importantes de interesse público como o Museu da Língua Portuguesa, projetos
de teatro, dentre tantos outros.
Outro fator importante é que muitos destes players, além de utlizarem investimentos privados em muitos de seus
patrocínios, realizam editais para produtores independentes, em uma parceria público-privada com o Estado, atendendo ao
interesse público. Toma-se como exemplo o Insituto Itaú Cultural e o Instituto Votorantim.
Outro fator a ser avaliado é que o próprio MinC contribui para esta estatística de concentração. Ao criar a “Associação
Cultural da Funarte”, por exemplo, a gestão criou um subterfúgio do Estado entrar na briga pelos incentivos fiscais, como
pode ser visto no gráfico a seguir:
Ao mesmo tempo em que o MinC comunica que as empresas deveriam investir mais dinheiro privado no setor cultural, a
proposta limita este investimento, uma vez que:
(Projeto) Art. 19. (...) II - pessoa jurídica tributada com base no lucro real - dedução de valores despendidos com doações ao FNC nos termos do inciso XVIII do art. 9o, ou em patrocínio ou co-patrocínio de projetos culturais aprovadas pelo Ministério
da Cultura, sendo que o total da dedução, conjuntamente com as deduções previstas na Lei no 8.685, de 6 de setembro de
1993, e na Medida Provisória no 2.228-1, de 20 de julho de 2001, não poderá exceder a 2% do lucro operacional.
Ou seja, este novo limite (2% do lucro operacional) VAI PASSAR A SE APLICAR TAMBÉM A QUALQUER OUTRA OPERAÇÃO DE PATROCÍNIO, MESMO SENDO ESTRITAMENTE PRIVADA (sem incentivos).
6. MinC diz que as empresas precisam colocar mais dinheiro direto na cultura, mas limita esta ação
Lei Rouanet: formato atual1
Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2
O que muda com o novo projeto?3
Desfazendo mitos4
Conclusão5
Os critérios e medidas adotados na proposta restrigem o investimento no setor por
parte das pessoas jurídicas e físicas que, até hoje já utilizaram mais de R$ 8 bilhões
para fomentar a cultura.
As medidas, além de serem centralizadoras e subjetivas, indicam, ainda que não de
forma direta, um caminho para o fim do investimento através da renúncia fiscal.
Segundo Pedro Pires, diretor de teatro e membro da
Companhia do Feijão, os Manifestantes integram o
Movimento 27 de março, e promoveram a ocupação
para firmar sua posição contrária a renúncia fiscal ‒
querem supressão desse mecanismo no Projeto de
Lei que pretende substituir a Lei Rouanet (...)
“E o que o setor levantou é acabar com a
renúncia fiscal e mais recursos para a cultura. Eu
fico com medo até que pensem que a gente
tem alguma coisa com essa invasão, tal é a
semelhança que a demanda deles tem com a
nossa proposta” (Fala do Ministro Juca Ferreira)
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090330/not_imp346993,0.php 30 de Março de 2009
Entrevista do ministro Juca Ferreiraao Jornal do Brasil - publicada em 5 de janeiro de 2009
Qual vai ser a vantagem para o investidor no novo modelo?
“Para que submeter o produtor à via-crúcis que é bater na porta do departamento de marketing de empresas com o
pires na mão se a renúncia é de 100%? Quase todo o financiamento de cultura é feito com dinheiro público. Vai
ser mais simples: o empresário vai poder contribuir com o fundo por renúncia fiscal ou
outros modos, sem ter de escolher projetos, o que gera custo e tempo para eles. Deixa
que o ministério seleciona. Outra parte importante é a certificação de responsabilidade social com a cultura
do país. Não avançamos no universo das empresas. Apenas cerca de 7% das empresas brasileiras contribuem. É
muito pouco. O novo modelo dará retorno de marca maior e menos trabalho.”
O cofre da cultura
5 de Janeiro de 2009
Créditos
PresidenteFabio Maciel
Vice-presidente ExecutivoPx Silveira
Vice-presidente ExecutivoRicardo Albuquerque
Conselho ConsultivoJorge Mautner
Diretoria de Cooperação InternacionalLala Deheinzelin
Diretoria de Economia CriativaAna Carla Fonseca Reis
Presidente do Conselho FiscalBento Andreato
Direção AdministrativaEunice Medeiros de Sá
CoordenaçãoCris Arenas
Assistência AdministrativaBernardo Baena Benedito
Mais informações:www.pensarte.org.br
www.culturaemercado.com.br