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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS PÓS – ENFERMAGEM DO TRABALHO A IMPORTÂNCIA DA POLITICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR PARA PREVENÇÃO DE DOENÇA OCUPACIONAL. CAMILA FRANZOTTI ROZZA FERNANDÓPOLIS - SP 2013

Camila brucelose final

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLISPÓS – ENFERMAGEM DO TRABALHO

A IMPORTÂNCIA DA POLITICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR PARA PREVENÇÃO DE DOENÇA

OCUPACIONAL.

CAMILA FRANZOTTI ROZZA

FERNANDÓPOLIS - SP2013

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CAMILA FRANZOTTI ROZZA

A IMPORTÂNCIA DA POLITICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR PARA PREVENÇÃO DE DOENÇA

OCUPACIONAL.

Monografia apresentada a Fundação Educacional de Fernandópolis, como requisito para obtenção do titulo de especialista em Enfermagem do Trabalho, sob a orientação do Prof. Dr. José Martins Pinto Neto.

FERNANDÓPOLIS - SP 2012

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CAMILA FRANZOTTI ROZZA

A IMPORTÂNCIA DA POLITICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR PARA PREVENÇÃO DE DOENÇA

OCUPACIONAL.

Monografia aprovada em _________ de _____________de 2013, como requisito para a obtenção do título de especialista em Enfermagem do Trabalho do Curso de Especialização da Fundação Educacional de Fernandópolis, como requisito para obtenção do titulo de especialista em Enfermagem do Trabalho, sob a orientação do Prof. Dr. José Martins Pinto Neto.

____________________________________________Orientadora

FERNANDÓPOLIS - SP 2013

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RESUMO

A brucelose é uma doença infecto-contagiosa, sistêmica que acomete os seres humanos e os animais, tendo como agente etiológico bactérias do gênero Brucella. É de caráter profissional, em que estão mais sujeitos a adquirir a doença as pessoas que trabalham diretamente com os animais infectados ou aqueles que trabalham com produtos e subprodutos de origem animal, como funcionários de matadouros, laticínios e indústrias alimentícias. Como não se transmite habitualmente de um ser humano a outro, a profilaxia no homem se atem ao combate e à eliminação da doença nos animais. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, elaborou em 2001, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose que tem como objetivo atingir uma elevada cobertura vacinal de bezerras entre três e oito meses com vacina B19, de forma a reduzir a prevalência de brucelose para níveis que permitam passar à fase de erradicação. Apesar de a brucelose não ser doença de notificação obrigatória no território nacional, deve ser notificada na vigência de surtos, para que se intensifiquem medidas de controle. Os casos de brucelose relacionada ao trabalho deve ser comunicado aos órgãos responsáveis pelo controle dos rebanhos, que podem alertar a vigilância sanitária e impedir a distribuição e consumo de produtos infectados, visando à redução da morbimortalidade da doença. Surgem a cada ano 500 mil novos casos de brucelose humana. Do ponto de vista da Saúde Pública deve ser considerada não só como causa de enfermidade, de incapacidade para o trabalho e diminuição do rendimento, mas também como fator nocivo para a produção de alimentos, principalmente de proteínas de origem animal que são indispensáveis para a saúde e bem estar. Com base nos preceitos éticos e legais, o enfermeiro do trabalho, realiza suas atividades diante do controle da doença, administra cursos e palestras voltados à orientação dos colaboradores sobre a doença, orientando-os quanto ao uso correto de EPI´s, sempre avaliando os resultados e a qualidade da assistência. A necessidade de implantação de medidas de prevenção, impõe um melhor conhecimento epidemiológico desta patologia, que atinge o homem em circunstâncias especiais, decorrentes das características do seu trabalho.

Palavras chave: brucelose, riscos ocupacionais, prevenção.

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ABSTRACT

Brucellosis is an infectious disease, systemic that affects humans and animals, and bacteria as the etiologic agent of the genus Brucella. It is professional in nature, they are more likely to acquire the disease directly to people who work with infected animals or those working with products and animal byproducts, such as employees of slaughterhouses, dairy and food industries. As usually is not transmitted from one human to another, prophylaxis in humans is timely to combat and eliminate the disease in animals. The Ministry of Agriculture, Livestock and Supply, produced in 2001, the National Programme for Control and Eradication of Brucellosis which aims to achieve a high coverage of calves between three and eight months with B19 vaccine in order to reduce prevalence of brucellosis to levels that can be brought to eradication. Although brucellosis is not notifiable disease in the national territory shall be notified in the duration of outbreaks, in order to intensify control measures. Cases of brucellosis-related work should be communicated to the bodies responsible for control of livestock, which can alert health monitoring and preventing the distribution and consumption of infected, to reduce morbidity and mortality of the disease. Appear every year 500,000 new cases of human brucellosis. From the standpoint of public health must be viewed not only as a cause of illness, incapacity for work and reduced performance, but also as a factor harmful to food production, especially of animal proteins that are vital for health and welfare. Based on the ethical and legal issues, the nurse's work, carries out its activities on disease control, runs courses and seminars aimed at orientation of employees about the disease, advising them about the correct use of PPE, always evaluating the results and the quality of care. The need to implement preventive measures requires a better knowledge of epidemiology of this disease, which infects humans in special circumstances arising from the characteristics of their work.

Keywords: Brucellosis, occupational hazards, prevention.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

2. OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .09

2.1 Objetivo Geral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .09

2.2 Objetivos Específicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .09

3. METODOLOGIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

4.1 Definição de brucelose. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

4.2 Transmissão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

4.3 Manifestações clínicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4.4 Diagnóstico e tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4.5 Prevenção e Educação em Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

4.6 A Importância da Política de Saúde do Trabalhador para o Setor de Saúde. 18

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

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1. INTRODUÇÃO

A brucelose é uma doença infecto-contagiosa, especialmente importante para

fêmeas adultas e prenhes, causada por bactérias aeróbicas, Gram negativas do

gênero Brucella spp que acomete os animais domésticos e o homem (BRASIL,

2001).

Há vários anos a brucelose é associada a ocupação do homem, atribuindo-se

a esta enfermidade um caráter de doença ocupacional de trabalhadores rurais,

trabalhadores do setor de limpeza pública, frigoríficos e indústrias alimentícias. Esta

enfermidade é de grande importância para a saúde pública, resultando em custos

diretos e indiretos para os trabalhadores e para as respectivas empresas (TENÓRIO

et al., 2008).

Os fatores de risco, entre os quais exposição constante e direta com carcaças

de animais, seus órgãos e vísceras e distribuição de carnes provenientes deles,

geralmente estão presentes no abate de animais para consumo humano. Ações e

medidas de vigilância sanitária para tais animais devem ser postas em execução,

com o objetivo de prevenir o risco potencial de infecção brucélica zoonótica

(FREITAS et. al., 2001).

O autor citado acima enfatiza ainda que a confirmação diagnóstica de uma

doença causa um grande impacto ao portador que deve receber acolhimento,

esclarecimento fornecido por uma equipe previamente capacitada, garantindo assim

o direito à saúde, sendo este um momento oportuno para estreitarem seus laços

criando um elo de confiança entre o paciente e o enfermeiro.

Os trabalhadores expostos a riscos ocupacionais devem se conscientizar que

estes são prevenidos através de mecanismos de segurança, especialmente

inseridos em um programa abrangente de prevenção, podendo reduzir de forma

importante o risco dessa exposição (BRASIL, 2010).

Os casos de brucelose relacionada ao trabalho deve ser comunicado aos

órgãos responsáveis pelo controle dos rebanhos, que podem alertar a vigilância

sanitária e impedir a distribuição e consumo de produtos infectados, visando à

redução da morbimortalidade da doença (BRASIL, 2001).

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Faz-se necessário um entendimento aprofundado acerca do tema em questão

visando o aprimoramento e o conhecimento da brucelose, através de recursos

metodológicos da pesquisa bibliográfica do presente estudo.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar uma abordagem da importância da política de saúde do trabalhador

para o setor de saúde.

2.2 Objetivos Específicos

Identificar os fatores de risco para a brucelose em trabalhadores expostos à

doença em seu espaço de trabalho;

Descrever a Política de Saúde do Trabalhador; e

Enfatizar as Políticas de Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar.

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3. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão da literatura que segundo Vieira e Hossne (2001)

mostra a evolução de conhecimentos sobre o tema específico, apontando falhas e

acertos, fazendo críticas e elogios e desta forma mostra o que é realmente

importante sobre o tema.

Vieira e Hossne (2001) relatam que uma revisão de literatura sobre um

determinado assunto, mostra a evolução do conhecimento, mostrando falhas e

acertos das publicações relacionadas ao mesmo.

A leitura consultada, segundo os autores pode incluir livros, artigos científicos

publicados em periódicos nacionais, teses dentre outros. Neste tipo de estudo, os

autores informam ainda que os pesquisadores utilizam as publicações que lhes

parecem mais importantes; não existe aqui a obrigatoriedade de explicação dos

critérios de seleção.

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4. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

4.1 Definição de brucelose

O gênero Brucella é composto por nove espécies, sendo B. melitensis, B. suis

e B. abortus espécies lisas, altamente patogênicas e responsáveis por doenças

graves, principalmente em caprinos e ovinos, suínos e bovinos, respectivamente,

assim como no homem. As duas únicas espécies naturalmente rugosas são B.

canis, causadora da brucelose canina e considerada a menos patogênica para o

homem, e B. ovis, que só foi encontrada infectando naturalmente ovinos (POESTER

et al., 2009).

De acordo com o autor citado acima, as espécies B. neotomae e B. microti,

isoladas de roedores silvestres, não são consideradas zoonóticas. B. ceti e B.

pinnipedialis, patogênicas para mamíferos marinhos, já foram associadas a

granulomas intracerebrais em pacientes com neurobrucelose, osteomielite da coluna

vertebral e a acidentes laboratoriais.

As Brucellas são pequenos bastonetes Gram-negativos, não móveis, não

formadores de esporos. Eles são aeróbios e carboxifílicos e catalase positivos e não

produzem ácidos de carboidratos em meio convencional com peptona. Eles não são

encontrados vivendo longe de animais e todos são patogênicos, parasitas intra-

celulares facultativos com uma predileção pelo sistema retículo endotelial além do

trato reprodutivo e órgãos (TENÓRIO, 2008).

Desde a descoberta da Brucella melitensis por Bruce, em 1887, e sua

associação com a doença zoonótica transmitida por alimento, a brucelose continuou

sendo uma doença cosmopolita, tendo como fatores de risco, a ingestão de

alimentos contaminados, o contato com animais e o exercício de atividades que

envolvem o contato com eles (FREITAS et. al., 2001).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que a cada ano

surgem 500 mil novos casos de brucelose humana, afetando principalmente

pessoas envolvidas com a bovinocultura (BRASIL, 2001).

Do ponto de vista da Saúde Pública deve ser considerada não só como

causa de enfermidade, de incapacidade para o trabalho e diminuição do rendimento,

mas também como fator nocivo para a produção de alimentos, principalmente de

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proteínas de origem animal que são indispensáveis para a saúde e bem estar

(SOUZA, 1977).

4.2 Transmissão

Das zoonoses que afetam o homem, a brucelose é uma das mais

disseminadas e pode ser transmitida direta ou indiretamente do animal ao homem.

Como não se transmite habitualmente de um ser humano a outro, a profilaxia no

homem se atem ao combate e à eliminação da doença nos animais. Uma vaca

brucélica pode eliminar quantidades de Brucellas suficientes para contaminar todo o

rebanho de uma região através das membranas fetais, dos corrimentos puerperais

ou do leite (SOUZA, 1977).

O autor acima citado destaca ainda que a transmissão de Brucella ao

homem pela ingestão ou manipulação do leite contaminado e seus derivados, está

comprovada e sabe-se que as três espécies principais de Brucella são B. abortus; B.

suis e B. melitensis.

Em geral, a transmissão da infecção animal é

potencializada para as pessoas em decorrência

da inobservância de normas adequadas no

manejo sanitário das criações e de práticas

insalubres das pessoas na lida sistemática com

o gado bovino. A maior dificuldade de

identificar e caracterizar a dinâmica da infecção

em humanos é a inexistência de uma técnica

específica para esse fim, sendo, por isso,

utilizados nos ensaios sorológicos envolvendo

pessoas, os mesmos testes de referência

empregados para o diagnóstico da brucelose

bovina, contidos no Programa Nacional de

Controle e Erradicação da Brucelose e

Tuberculose - PNCEBT, implementado pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e

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Abastecimento – MAPA (TENÓRIO, 2008,

p.416).

O período de incubação é muito variável, podendo ser de 5 a 60 dias, até

meses, porém o início dos sintomas ocorre de duas a três semanas após a

exposição ao agente (BRASIL, 2001).

4.3 Manifestações clínicas

A doença pode se manifestar por quadros agudos ou crônicos, com síndrome

febril, mal-estar, fadiga fácil, artralgia, mialgia, dor lombar e nas panturrilhas,

cefaléia, desatenção e depressão. Pode também ser observada linfadenomegalia

pouco expressiva e raramente hepatoesplenomegalia. Nas formas agudas, a

duração da doença é de até dois meses, e nos crônicos ultrapassa a dois anos.

Muitos pacientes podem apresentar alterações limitadas a um órgão e sistema como

ossos e articulações, fígado e vesícula biliar, tubo digestivo, aparelhos urinário e

respiratório, coração e sistema nervoso (BRASIL, 2001).

Quadros sub-clínicos são frequentes, bem como quadros

crônicos de duração de meses e até anos, se não tratados.

Devido ao polimorfismo das manifestações e ao seu curso

insidioso, nem sempre se faz a suspeita diagnóstica. Muitos

casos se enquadram na síndrome de febre de origem obscura

(FOO). Essa febre, na fase aguda e subaguda, em 95% dos

casos, é superior a 39°C. Complicações osteo-articulares

podem estar presentes em cerca de 20 a 60% dos pacientes,

sendo a articulação sacroiliaca a mais atingida. Orquite e

epididimite tem sido relatadas e, também, pode ocorrer

endocardite bacteriana (BRASIL, 2010, P.105).

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Em geral, o paciente se recupera, porém pode ficar com incapacidade intensa

no curso da enfermidade, sendo importante o diagnóstico e tratamento precoces.

Podem ocorrer recidivas, com manifestações parciais do quadro inicial ou com todo

o seu cortejo (BRASIL, 2010).

4.4 Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico laboratorial é realizado através de isolamento da Brucella em

cultura de sangue, medula óssea e outras secreções; teste de aglutinação em tubos

com títulos maiores ou iguais a 1/160 ou aumento de 4 vezes dos títulos da

soroaglutinação, 2 a 3 semanas de intervalo entre eles (de 7 a 10 dias após a

infecção, pode ser detectada IgM específica para a Brucella (BRASIL, 2001).

O tratamento é feito com doxiciclina ou minociclina (100 mg, VO, 12/12 horas,

por 45 dias) associada com rifampicina (600 – 900 mg/dia, VO, uma vez ao dia por

45 dias), porém a doxiciclina não deve ser usada em crianças com idade inferior a

sete anos ou em grávidas após o sexto mês de gestação. O sulfametoxazol (800) de

12/12 horas, VO, por seis semanas também poderá ser associado com gentamicina

(5mg/kg/dia, IM ou EV, divididas em porções iguais, de 8/8 horas) (BRASIL, 2001).

As recidivas devem ser tratadas com o mesmo esquema antibiótico que, em

geral, não se devem à resistência aos antibióticos, mas a seqüestro dos agentes por

algum órgão que impede a efetiva ação da droga (SOUZA, et al, 1977).

O trabalho insalubre pode ser conceituado como o desempenho de atividades

laborais, de natureza física, em ambiente que efetivamente possibilite a ocorrência

de dano à saúde do trabalhador (ARAÚJO JÚNIOR, 2008).

De acordo com o autor citado acima, o trabalho em frigoríficos compreende

atividades repetitivas devido ao intenso processo de produção. Trabalhadores

executam suas atividades laborais em ambientes inapropriados e insalubres, onde

as dificuldades incluem desde a iluminação, ruídos, poeiras e espaço físico. Isso

torna o trabalho exaustivo e perigoso.

Os meios de contaminação mais freqüentes para o homem são: (a) produtos

alimentícios preparados do leite cru de animais infectados; (b) legumes crus

contaminados por excrementos de animais infectados; (c) as vísceras, medula

espinhal e gânglios linfáticos de carnes infectadas, nas quais a Brucella pode

permanecer por mais de um mês após o abate, e mais tempo ainda se congelada ou

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refrigeradas; e (d) a água de cisternas e poços contaminados por excrementos de

animais doentes (SOUZA, 1977).

O homem pode contrair a doença ainda pelo contato com a carcaça do animal,

sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados ou placenta. Também pode

ocorrer contaminação por meio de acidente em laboratório (BRASIL, 2001).

O abate de animais, uma das atividades de

risco, tem importante significado na

transmissão das espécies de Brucella sp. para

o homem, principalmente nas operações que

envolvem contato direto com a fonte de

infecção, representada por carcaças e vísceras

de animais abatidos e pela formação de

aerossóis conseqüentes às condições

ambientais reinantes nos estabelecimentos de

abate, situações muito comuns nos matadouros

(SANCHEZ et al, 1998, apud FREITAS, 2001,

p.101).

Na prática, as empresas, em razão da necessidade de grandes

investimentos em tecnologias que reduzam ou eliminem as condições de riscos,

preferem eternizar o pagamento do adicional de risco em detrimento da segurança,

higiene e saúde do trabalhador (ARAÚJO JÚNIOR, 2008).

4.5 Prevenção e Educação em Saúde

Em 1990, a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal 8080/90), em seu artigo 6º,

parágrafo 3º, regulamentou os dispositivos constitucionais sobre Saúde do

Trabalhador como “um conjunto de atividades” que se destina, através das ações de

vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção, assim como

visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos

e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL, 2007).

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), elaborou e

lançou no Brasil, no início de 2001, o Programa Nacional de Controle e Erradicação

da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT). Trata-se de um programa harmonizado com

as condutas preconizadas pelos organismos internacionais e suficientemente flexível

a ponto de permitir a sua implementação nos heterogêneos estados brasileiros

(BRASIL, 2006 apud POESTER et al., 2009).

O PNCEBT tem como um de seus objetivos atingir uma elevada cobertura

vacinal de fêmeas, por meio de vacinação de bezerras entre três e oito meses com

vacina B19, de forma a reduzir a prevalência de brucelose para níveis que permitam

passar à fase de erradicação (AMAKU et al., 2009).

Quando se pretende iniciar um programa de controle de brucelose, é de

extrema importância conhecer a situação epidemiológica da doença, por duas

razões principais: (1) permitir a escolha das melhores estratégias tendo em vista a

frequência e distribuição da doença nas populações estudadas; (2) permitir que seja

feito o acompanhamento do programa com vistas a possíveis correções, para evitar

desperdício de tempo e de recursos (POESTER et al., 2009).

Apesar de a brucelose não ser doença de notificação obrigatória no território

nacional, deve ser notificada na vigência de surtos, para que se intensifiquem

medidas de controle (BRASIL, 2001).

Os cuidadores de animais também devem ser educados quanto aos riscos da

doença e os cuidados para evitar o contato com animais doentes ou potencialmente

contaminados (BRASIL, 2001).

As precauções com o material de drenagem e secreções, deve ser realizada

com a desinfecção concorrente das secreções purulentas e a investigação de

contatos para tratamento, controle e adoção de medidas de prevenção. Em

situações de epidemia, investigar fontes de contaminação comum, que em geral são

o leite e os derivados não pasteurizados. Confiscar os alimentos suspeitos até que

sejam instituídas as medidas de prevenção definitivas (BRASIL, 2001).

No caso de trabalhadores expostos, devem ser observadas as medidas de

biossegurança, fornecidos os EPI adequados e facilidades para higiene pessoal. Os

equipamentos de proteção individual incluem: luvas, máscaras, gorros, óculos de

proteção, aventais e atendem às seguintes indicações:

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• Luvas - sempre que houver possibilidade de contato com

sangue, secreções e excreções, com mucosas ou com áreas

de pele não íntegra (ferimentos, escaras, feridas cirúrgicas e

outros).

• Máscaras, gorros e óculos de proteção - durante a realização

de procedimentos em que haja possibilidade de respingo de

sangue e outros fluidos corpóreos nas mucosas da boca, nariz

e olhos do profissional.

• Capotes (aventais) - devem ser utilizados durante os

procedimentos com possibilidade de contato com material

biológico, inclusive em superfícies contaminadas.

• Botas - proteção dos pés em locais úmidos ou com

quantidade significativa de material infectante (centros

cirúrgicos, áreas de necrópsia e outros) (BRASIL, 2010, p. 181-

182).

Em alguns casos, pode ser necessário o controle da infecção em animais por

meio de provas sorológicas para diagnóstico precoce e, se necessário, sacrifício do

animal infectado. Recomenda-se a verificação da adequação e cumprimento, pelo

empregador, das medidas de controle dos fatores de risco ocupacionais e promoção

da saúde identificados no PPRA (NR 9) e no PCMSO (NR 7), além de outros

regulamentos sanitários e ambientais.

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se informar

ao trabalhador; examinar os expostos, visando a identificar outros casos; notificar o

caso aos sistemas de informação do SUS, à MTE e ao sindicato da categoria;

providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da

Previdência Social, orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e

gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco (BRASIL,

2001).

Para maior controle da disseminação da doença, devem ser realizadas

algumas mudanças no setor de trabalho:

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Ter precauções com o material de drenagens e secreções.

Realizar a desinfecção concorrente das secreções

purulentas. Investigar os contatos para tratamento e

controle. Investigar as fontes de infecção para adoção de

medidas de prevenção. Em situações de epidemia,

investigar fontes de contaminação comum, que, em geral,

são os produtos de origem animal contaminados,

principalmente leite e derivados não pasteurizados,

esterilizados ou fervidos. Confiscar os alimentos suspeitos

até que sejam instituídas as medidas de prevenção

definitivas. Em laboratórios, observar o cumprimento das

normas de biosseguranca, incluindo o uso correto dos

equipamentos de proteção individual (BRASIL, 2010, p.

107).

A necessidade de implantação de medidas de prevenção, impõe um melhor

conhecimento epidemiológico desta patologia, que atinge o homem em

circunstâncias especiais, decorrentes das características do seu trabalho (SPÍNOLA,

1972).

4.6 A Importância da Política de Saúde do Trabalhador para o Setor de

Saúde

A saúde do trabalhador só veio ganhar âmbito depois de muito processo. No

Brasil, até 1988, a Saúde era apenas um benefício previdenciário (restrito aos

contribuintes) ou um serviço comprado na forma de assistência médica ou, por fim,

uma ação de misericórdia oferecida aos que não tinham acesso à previdência e nem

recursos para pagar a assistência privada, prestada por hospitais filantrópicos, como

as Santas Casas. (BRASIL,2006)

Políticas de saúde são considerados trabalhadores todos os homens e

mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes,

qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, no setor formal ou

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informal da economia. Também são considerados trabalhadores aqueles que

exercem atividades não remuneradas, participando de atividades econômicas na

unidade domiciliar; o aprendiz ou estagiário e aqueles temporária ou definitivamente

afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego. Este

conceito de trabalhador, ampliado e abrangente, expressa o princípio do SUS de

universalidade do acesso à atenção. (RIO GRANDE DO NORTE, 2012)

Como pode observar a prestação de serviço de saúde era regulado pela

Previdência Social.

“A atenção à saúde era, rigorosamente, um serviço oferecido e regulado pelo

mercado ou pela Previdência Social, por meio de uma política de Estado

compensatória voltada aos trabalhadores contribuintes, formalmente inseridos no

mercado de trabalho”. (BRASIL, 2006)

As campanhas não eram repercutidas o quanto deveria ser. Neste caso, a

assistência de prevenção deixava de merecer.

Campanhas e programas predominantemente de caráter preventivista, como

as campanhas de vacinação e os programas verticais sobre doenças endêmicas,

como tuberculose, hanseníase, doença de Chagas, malária, entre outras. (BRASIL,

2006)

Dissociava as ações individuais das ações coletivas e excluía grande parte da

população da atenção à saúde, aliado aos níveis de desigualdade de distribuição da

riqueza do país, contribuía incisivamente para perpetuar péssimas condições de

saúde e qualidade de vida aos cidadãos. (BRASIL, 2006)

Era muito alto o índice de acidente do trabalho, além disso a capacidade de

diagnóstico não era satisfatória. Neste texto abaixo enuncia com clareza o contexto

exposto.

O índices recordistas de acidentes do trabalho, levando a Organização

Internacional do Trabalho – OIT a pressionar o então governo militar por

providências em curto prazo; baixíssima capacidade diagnóstica e de registro das

doenças relacionadas ao trabalho.(BRASIL, 2006)

A partir de meados dos anos 70 e durante toda a década de 80, o

recrudescimento dos movimentos sociais levou o Brasil ao seu processo de

redemocratização. Nesse contexto surge o Movimento de Reforma Sanitária,

propondo uma nova concepção de Saúde Pública para o conjunto da sociedade

brasileira, incluindo a Saúde do Trabalhador. (BRASIL, 2006)

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A Saúde do Trabalhador reflete uma resposta institucional aos movimentos

sociais que, entre a metade dos anos 70 e os anos 90, reivindicavam que as

questões de saúde relacionadas ao trabalho fizessem parte do direito universal à

saúde, incluídas no escopo da Saúde Pública. Entre os fatores que contribuíram

para a institucionalização da Saúde do Trabalhador no âmbito do Sistema Único de

Saúde, temos:

- o movimento de Oposição Sindical dos anos 70 e 80;

-o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira;

-o movimento pelas eleições diretas e pela Assembléia Nacional Constituinte e; a

promulgação da “Constituição Cidadã” em 1988, com a conquista do direito universal

à saúde e o advento do Sistema Único de Saúde.

Em 1988 o povo brasileiro conquistou, após quase 500 anos de história, o

direito universal à saúde, disposto na Constituição da República Federativa do

Brasil, em seu Art.196 como “... um direito de todos e um dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas....”.

A Carta Magma traz em seu texto que “... As ações e serviços de saúde

integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único...”

e, em seu artigo 200, está definido que “... ao Sistema Único de Saúde compete...

executar as ações de saúde do trabalhador...”, assim como “... colaborar na proteção

do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho...”.

A lei 8080/90 em seu artigo 60 parágrafo 30 apresenta sobre a constituição a

Saúde do Trabalhador, com o seguinte respaldo:

“Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de

atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e

vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como

visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos

e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:

I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de

doença profissional e do trabalho;

II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde

(SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais

à saúde existentes no processo de trabalho;

III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde

(SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção,

Page 21: Camila brucelose final

extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de

produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do

trabalhador;

IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às

empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do

trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames

de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética

profissional;

VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de

saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo

de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão

competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de

trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos

trabalhadores.”.

Dessa forma, a configuração da Saúde do Trabalhador se dá diretamente no

âmbito do direito à saúde, previsto como competência do SUS. Devido à

abrangência de seu campo de ação, apresenta caráter intra-setorial (envolvendo

todos os níveis de atenção e esferas de governo do SUS) e inter-setorial

(envolvendo a Previdência Social, Trabalho, Meio Ambiente, Justiça, educação e

demais setores relacionados com as políticas de desenvolvimento), exigindo uma

abordagem interdisciplinar e com a gestão participativa dos trabalhadores.

Nos últimos dez anos o SUS representou um considerável avanço no que

tange ao acesso do cidadão às ações de atenção à saúde e à participação da

comunidade em sua gestão, por meio das instâncias de controle social, legalmente

definidas. Tal avanço tem se refletido na melhora substancial dos indicadores gerais

de saúde, como por exemplo o da mortalidade infantil. Porém, é sabido que, para o

direito pleno à saúde, requer ainda que o SUS alcance a melhoria da qualidade e da

eqüidade em suas ações, incluindo as ações em Saúde do Trabalhador. (BRASIL,

2006)

As ações em Saúde do Trabalhador, no âmbito do SUS, têm se desenvolvido

de forma isolada e fragmentada das demais ações de saúde. Estas ações

Page 22: Camila brucelose final

atualmente são desenvolvidas de modo desigual nos estados e municípios. Tal

atraso no cumprimento constitucional para as ações em Saúde do Trabalhador no

SUS, tem se refletido em alguns indicadores de mortalidade e gravidade elevados.

(BRASIL, 2004)

O Relatório Brasileiro sobre Direitos Humanos Econômicos, Sociais e

Culturais de 2003, apresentado em abril na Conferência Mundial de Direitos

Humanos (Genebra - 2003) e, posteriormente, na Conferência Nacional de Direitos

Humanos (Brasília – 2003), denuncia casos de violação de direitos humanos,

inclusive no que diz respeito à Saúde do Trabalhado (Relatório Brasileiro sobre

Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais, 2003).

Assim, o direito à saúde e à vida, passa pela transformação do processo de

produção, que de fonte de agravos e de morte deve ser um fator de proteção e de

promoção da vida. Neste contexto, o Sistema Único de Saúde tem um papel

fundamental, sendo racional e adequado que a rede de serviços públicos de saúde

se qualifique e estruture para atender as demandas de saúde do trabalhador de

forma integral (BRASIL, 2006).

Política esta entendida como o instrumento orientador da atuação do setor

saúde no campo da saúde dos trabalhadores, com o objetivo de: promover e

proteger a saúde dos trabalhadores por meio de ações de promoção, vigilância e

assistência; explicitar as atribuições do setor saúde no que se refere às questões de

Saúde do Trabalhador de modo a dar visibilidade à questão e viabilizar a pactuação

intra e inter-setorial; fomentar a participação e o controle social. (BRASIL, 2006)

4.7 Políticas de Saúde do Trabalhador no Âmbito Hospitalar

Foi a partir de 1987, que as principais normas legais davam ênfase aos

acidentes de trabalho e as características especificas do trabalho propriamente dito,

pois as leis foram elaboradas pelo Ministério do Trabalho.

A assistência do cuidar da segurança e da saúde do trabalhador por meio

das ações e da Saúde, atribuições regulamentadas na Consolidação das Leis do

Trabalho (Capítulo V, do Título II, Lei n. 6.229/75), na Lei n. 8.212/91 e

Page 23: Camila brucelose final

8.213/91, que dispõe sobre a organização da seguridade social e institui planos de

custeio e planos de benefícios da previdência social e na lei Orgânica da Saúde, Lei

n. 8080/90. (BRASIL,2006)

Apenas a partir da Constituição Federal de 1988 e sua regulamentação, com

a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080 de 1990), o Sistema de Único de Saúde – SUS

passa a ter competência e atribuição legal sobre o processo saúde-doença

relacionado ao trabalho. Desde então, o Ministério da Saúde, por meio da Área

Técnica de Saúde do Trabalhador - COSAT, tem buscado formular uma Política

Nacional de Saúde do Trabalhador - PNST. Entre 1998 e 2000 foi desenvolvido um

processo participativo para a elaboração de uma proposta para a PNST, jamais

implementada (BRASIL,2006)

Os artigos 196 aos 200 da CF atribuem ao Sistema Único de Saúde as ações

de Saúde do Trabalhador, por meio de políticas sociais e econômicas que visem à

redução do risco de doenças e de outros agravos, além de serviços e ações que

possam promover proteger e recuperar a saúde.

Estão incluídas no campo de atuação do Sistema Único de Saúde - SUS

(art.200), nos distintos níveis: a) - a execução de ações de saúde do trabalhador;

b) a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho. A alínea I, do artigo 22, da CF define como prerrogativa exclusiva da União

legislar sobre o Direito do Trabalho e a obrigação de organizar, manter e executar a

inspeção do trabalho.

A alínea XXII, do artigo 7o, da CF, inclui como direito dos trabalhadores a “...

redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e

segurança”. (BRASIL,2006)

A competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho não

se sobrepõe nem entra em conflito com a competência dos Estados e dos

Municípios em editar, de forma suplementar, normas de proteção e defesa da

saúde, em especial do trabalhador, por se situarem em campos distintos,

autônomos, ainda que conexos pelo bem jurídico que se pretende proteger.

(BRASIL,2006)

Os trabalhadores têm o direito ao trabalho em condições seguras e saudáveis

não condicionados à existência de vínculo trabalhista, ao caráter e natureza do

trabalho. (BRASIL,2006)

Page 24: Camila brucelose final

O texto constitucional define os poderes da União, estabelecendo, também,

os poderes remanescentes dos Estados e dos Municípios. A União organiza,

mantém e executa a inspeção do trabalho, com exclusividade (BRASIL,2006).

(V) e legisla, privativamente, sobre direito do trabalho (art. 22, I). A União,

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cuidam da saúde e assistência

pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência (art. 23,

II). A União, os Estados e o Distrito Federal legislam concorrentemente sobre.

previdência social, proteção e defesa da saúde (art. 24, XII).

A elaboração e adoção da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (Lista

A e Lista B) pelo Ministério da Saúde (Portaria MS N.º 1.339 de 18 de novembro de

1999), em cumprimento do Art. 6o, §3o, inciso VII, da Lei 8.080/90, representa um

subsídio valioso para o diagnóstico, tratamento, vigilância e o estabelecimento da

relação da doença com o trabalho e outras providências decorrentes.

A politica de saúde do trabalhador ela tem por finalidade a saúde e qualidade

de vida do trabalhador. É com a ajuda do governo que entra como articulador das

ações politicas nos ramos de produção, consumo, ambiente e saúde.

Para que o plano de ação seja executado deve se submeter a diretrizes e

estratégias, o qual é a ferramenta de trabalho que auxilia na aplicação. As diretrizes

e estratégias implicarão o desencadeamento da politica qual deve ser aplicada aos

trabalhadores.

“Tais políticas têm dimensões sociais e técnicas indissociáveis. A dimensão

técnica pressupõe a utilização dos conhecimentos e tecnologias mais adequados, a

fim de dar respostas eficazes aos problemas e assegurar a credibilidade dos

trabalhadores. Na sua dimensão social, as demandas por saúde são reivindicadas

diretamente pelo trabalhador no serviço de saúde, aonde somam-se as ações

preventivas e/ou curativas. Nesse sentido, o serviço de saúde configura-se como um

micro espaço de luta política e de produção de informação e conhecimento,

relacionando interesses com projetos distintos, que necessitam ser considerados no

modelo de atenção adotado”.(BRASIL,2006)

Promoção, proteção e reparação da saúde do trabalhador

Para realizar a promoção a proteção e a reparação da saúde do trabalhador,

deve se ter alguns planos de ação.Como por exemplos,

Page 25: Camila brucelose final

Instituir um Plano Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, pactuado

entre os diversos órgãos de Governo e da sociedade civil, atualizado.

Periodicamente. (BRASIL,2006)

Normatizar, de forma interministerial, os assuntos referentes à Segurança e

Saúde do Trabalhador, em matérias que requeiram ações integradas ou apresentem

interfaces entre os diversos órgãos de governo; adotar regras comuns de Segurança

e saúde do Trabalhador para todos os trabalhadores, observando o principio da

equidade; atuar nas negociações da reforma trabalhista, integrado com os demais

atores sociais envolvidos, garantido a manutenção do direito a um trabalho seguro e

saudável e de representação de trabalhadores nos locais de trabalho, democrática e

independente, específica de SST; participar ativamente das negociações tripartites

nacionais e internacionais, especialmente no âmbito do Mercosul e dos países

latino-americanos, de modo a garantir uma atuação brasileira articulada na

Conferência Internacional do Trabalho de 2005 da OIT, que elaborará a “Estratégia

Global de Segurança e Saúde no Trabalho”. (BRASIL,2006)

Reorganizar os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho – SESMT, de modo à adequá-los aos objetivos da PNSST;

articular e integrar as ações de interdição nos locais de trabalho.” (BRASIL,2006)

Page 26: Camila brucelose final

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A brucelose é uma doença infecciosa, de natureza aguda ou crônica, que afeta

várias espécies animais, inclusive o homem.

Um ponto relevante que não posso deixar de salientar é a qualidade de vida

desses portadores que apresentam um importante impacto em todas as dimensões

relacionada à saúde, reforçando a necessidade de uma equipe interdisciplinar no

acompanhamento do paciente. Percebo que tais portadores apresentam

comprometimento na função física e também psicológica, sendo necessário o

acompanhamento de um profissional capacitado. Mas, apesar disso as pessoas com

brucelose podem levar uma vida ativa e adotar uma atitude positiva em relação a

ela.

Dos riscos ocupacionais encontrados na literatura revisada, os principais

estão relacionados ao contato direto com manipulação de produtos de origem

animal. As publicações referentes à proteção dos trabalhadores em indústrias

alimentícias e frigoríficos, principalmente em relação aos riscos ocupacionais que

esses enfrentam evidenciou a necessidade de intervenção nessa realidade,

tornando-se necessário o estabelecimento de um plano de ação, baseado no

diagnóstico das condições de trabalho que oportunizam a prevenção de acidentes.

No entanto, a higiene pessoal e o saneamento ambiental são os meios mais

comuns de prevenção à brucelose humana. É recomendado o uso de luvas de

borracha, máscaras cirúrgicas e proteção para os olhos, para trabalhadores de

abatedouros e para todos aqueles que correm o risco de exposição à bactéria.

Outras medidas importantes são os cuidados de higiene, para limitar os riscos de

exposição de algumas atividades ocupacionais.

Pelo exposto, acredito ter atendido aos objetivos iniciais a que me propus,

trazendo uma reflexão sobre a brucelose e sobre as implicações da enfermagem a

ser entendida como tal, despertando a atenção do enfermeiro do trabalho para a

condição de sofrimento humano do portador de brucelose, apontando formas

possíveis de atuação profissional no alívio desse sofrimento.

Mais pesquisas sobre essa temática poderiam ser realizadas, com o intuito de

aumentar o conhecimento existente sobre a mesma, facilitando-se a tomada de

Page 27: Camila brucelose final

consciência dos próprios trabalhadores, as principais vítimas dos problemas

ocupacionais relacionados ao trabalho.

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