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Página 1 de 253 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO TIPO DE AUDITORIA : ESPECIAL UNIDADE AUDITADA : DNIT e VALEC CÓDIGOS : 393003 e 275075 CIDADE : BRASILIA RELATÓRIO Nº : 201112110 UCI EXECUTORA : 170985 RELATÓRIO DE AUDITORIA Senhor Coordenador-Geral, Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201112110, apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de gestão, ocorridos nas Entidades acima referidas, no período de 01/01/2005 a 25/08/2011. A estrutura deste Relatório é a seguinte: I – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 2 II – DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................................................... 3 II.1 - DA PRECARIEDADE ESTRUTURAL DO DNIT E DA VALEC ....................................................... 3 II.2 - DNIT – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL ................................................................ 9 II.2.1 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-280/SC ...................................................................................... 9 II.2.2 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-116/RS .................................................................................... 23 II.3 - DNIT – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA ...................................................................... 33 II.3.1 - CONTORNO DE VITÓRIA/ES ....................................................................................................... 34 II.3.2 - CONFLITO DE INTERESSES – CONSTRUTORA ARAÚJO E TECH MIX ............................... 40 II.4 - DNIT – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU .......................................................................................... 58 II.4.1 - DNIT – O CASO DAS OBRAS DA BR-101/NE ............................................................................ 58 II.4.2 - DAS IRREGULARIDADES PRATICADAS NO ÂMBITO DO DNIT/ES .................................. 110 II.4.3 - DOS FATOS CONSTATADOS NO ÂMBITO DO DNIT/RS ...................................................... 130 II.4.4 - DO SISTEMA DE PESAGEM DE VEÍCULOS – PPV (CGPERT) .............................................. 147 II.4.5 - IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA......................... 181 II.4.6 - IMPROPRIEDADES NA EXECUÇÃO DE OBRAS DELEGADAS ........................................... 193 II.5 - VALEC – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL ........................................................ 200 II.5.1 - FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE - FIOL............................................................. 200 II.6 - VALEC – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA ................................................................ 210 II.6.1 - O CASO DISMAF .......................................................................................................................... 211 II.7 - VALEC – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU .................................................................................... 222 II.7.1 - FERROVIA NORTE-SUL - FNS ................................................................................................... 222 II.7.2 - IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA......................... 225 III – CONCLUSÕES .............................................................................................................................................. 232 IV – RECOMENDAÇÕES..................................................................................................................................... 246 V - ANEXOS............................................................................................................................................................ 251

Dnit valec relatorio-set2011

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

TIPO DE AUDITORIA : ESPECIAL UNIDADE AUDITADA : DNIT e VALEC CÓDIGOS : 393003 e 275075 CIDADE : BRASILIA RELATÓRIO Nº : 201112110 UCI EXECUTORA : 170985

RELATÓRIO DE AUDITORIA

Senhor Coordenador-Geral,

Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201112110, apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de gestão, ocorridos nas Entidades acima referidas, no período de 01/01/2005 a 25/08/2011. A estrutura deste Relatório é a seguinte: I – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 2 II – DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................................................... 3 

II.1 -  DA PRECARIEDADE ESTRUTURAL DO DNIT E DA VALEC ....................................................... 3 II.2 -  DNIT – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL ................................................................ 9 

II.2.1 -  O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-280/SC ...................................................................................... 9 II.2.2 -  O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-116/RS .................................................................................... 23 

II.3 -  DNIT – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA ...................................................................... 33 II.3.1 -  CONTORNO DE VITÓRIA/ES ....................................................................................................... 34 II.3.2 -  CONFLITO DE INTERESSES – CONSTRUTORA ARAÚJO E TECH MIX ............................... 40 

II.4 -  DNIT – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU .......................................................................................... 58 II.4.1 -  DNIT – O CASO DAS OBRAS DA BR-101/NE ............................................................................ 58 II.4.2 -  DAS IRREGULARIDADES PRATICADAS NO ÂMBITO DO DNIT/ES .................................. 110 II.4.3 -  DOS FATOS CONSTATADOS NO ÂMBITO DO DNIT/RS ...................................................... 130 II.4.4 -  DO SISTEMA DE PESAGEM DE VEÍCULOS – PPV (CGPERT) .............................................. 147 II.4.5 -  IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA ......................... 181 II.4.6 -  IMPROPRIEDADES NA EXECUÇÃO DE OBRAS DELEGADAS ........................................... 193 

II.5 -  VALEC – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL ........................................................ 200 II.5.1 -  FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE - FIOL ............................................................. 200 

II.6 -  VALEC – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA ................................................................ 210 II.6.1 -  O CASO DISMAF .......................................................................................................................... 211 

II.7 -  VALEC – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU .................................................................................... 222 II.7.1 -  FERROVIA NORTE-SUL - FNS ................................................................................................... 222 II.7.2 -  IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA ......................... 225 

III – CONCLUSÕES .............................................................................................................................................. 232 IV – RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................................................... 246 V - ANEXOS ............................................................................................................................................................ 251 

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I – INTRODUÇÃO O presente trabalho de auditoria investigativa foi realizado em cumprimento às Portarias nº 1.322, de 06/07/2011 e nº 1.579, de 08/08/2011, do Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União, que designou equipe específica para auditar as licitações, contratos e execução de obras que deram origem a denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes, mais especificamente em suas entidades vinculadas DNIT e VALEC. Trata-se de Auditoria Especial, resultante de determinação da Senhora Presidenta da República, e que atendeu também a solicitação do então Ministro de Estado dos Transportes, dirigida à CGU por meio do Aviso nº 089/GM/MT, de 04/07/2011. Os trabalhos foram realizados na sede do Ministério dos Transportes – MT, no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT e na VALEC – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., no período de 06/07/2011 a 31/08/2011, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço público federal. A presente Ação de Controle teve por objetivo inicial a verificação da procedência dos fatos apontados na denúncia publicada pela Revista VEJA nº 2.224, de 6/7/2011, na qual foram abordadas questões relativas aos procedimentos licitatórios para contratação das obras nas Rodovias BR-280/SC e BR-116/RS (entre Eldorado do Sul e Pelotas), bem como ao incremento dos custos para construção de trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL. Além desses casos, entretanto, o presente Relatório aborda também outras denúncias veiculadas na imprensa, e, ainda, inclui resultados de outras auditorias e fiscalizações realizadas pela Controladoria-Geral da União - CGU. Estas últimas apurações, embora não tratem de casos apontados nas recentes denúncias, foram incluídas neste relatório tendo em vista a decisão do Governo de fazer um amplo diagnóstico, com vistas a uma completa reformulação e renovação nos órgãos envolvidos – DNIT e VALEC. Por isso, os critérios para sua inclusão levaram em conta serem eles casos emblemáticos e representativos das principais tipologias de problemas que a CGU encontra, frequentemente, nas auditorias de obras, sobretudo do DNIT. A partir dos casos descritos, é possível constatar a precariedade dos projetos de engenharia – fato reiteradamente apontado pela CGU – e o modo como essas deficiências contribuem para a geração de superestimativas nos orçamentos de referência da própria Administração, daí para o sobrepreço nos contratos, e como, por fim, levam, em muitos casos, ao superfaturamento das obras, com prejuízo aos cofres públicos. Desse modo, serão aqui analisados, além das denúncias inicialmente mencionadas (BR-280/SC, BR-116/RS, Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL), os fatos relativos às obras de restauração e duplicação do Lote 07 da BR-101 no Estado de Pernambuco; às obras do Contorno de Vitória/ES; às irregularidades constatadas no âmbito do DNIT/ES e do DNIT/RS; à licitação para estruturação de Postos de Pesagem Veicular – PPV; a impropriedades na contratação de empresas terceirizadas pelo DNIT e pela VALEC; a impropriedades na execução de obras delegadas; à contratação de empresa para fornecimento de trilhos (FIOL e FNS); e à construção da Ferrovia Norte-Sul. Esclarece-se, por fim, que, além dos casos abordados no presente Relatório de Auditoria da Secretaria Federal de Controle (SFC/CGU), outras situações irregulares encontram-se em apuração na Corregedoria-Geral da União (outra unidade da CGU), mediante sindicâncias e

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processos disciplinares, cujos prazos obedecem às regras legais, tendo em vista o direito ao contraditório e à ampla defesa. A Corregedoria-Geral, ademais, deverá receber também uma cópia do presente relatório, tanto para subsidiar aqueles processos já em curso, quanto para possível instauração de novos processos e sindicâncias. II – DESENVOLVIMENTO II.1 - DA PRECARIEDADE ESTRUTURAL DO DNIT E DA VALEC O DNIT, Autarquia criada por meio da Lei 10.233/01 e que sucedeu o antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER, tem por objetivo implementar a política de infraestrutura do Sistema Federal de Viação, compreendendo sua operação, manutenção, restauração ou reposição, adequação de capacidade e ampliação mediante construção de novas vias e terminais. Trata-se de entidade gestora e executora, sob a jurisdição do Ministério dos Transportes, das vias navegáveis, ferrovias e rodovias federais, instalações de vias de transbordo e de interface intermodal e instalações portuárias fluviais e lacustres. Além disso, o DNIT é o órgão da União competente para exercer as atribuições elencadas no art. 21 do Código de Trânsito Brasileiro: nas rodovias federais, ele é responsável pela aplicação de multas por excesso de peso e ou de velocidade, por meio dos postos de pesagem e das lombadas eletrônicas. Para cumprir sua missão, o DNIT conta ainda com 23 Superintendências Regionais, de maneira a cobrir todo o território nacional. A VALEC, Empresa Pública sob a forma de sociedade por ações, nos termos previstos na Lei n° 11.772/2008, tem por função social a construção e exploração de infraestrutura ferroviária nacional. Além disso, a VALEC que vinha tendo como função principal a construção da EF 151 – A Ferrovia Norte-Sul, que vai de Belém (PA) até Panorama (SP), detém, também, pela Lei 11.772, a concessão das seguintes Ferrovias: EF 267, de Panorama, em São Paulo, a Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, com 750 km; EF 334 – Ferrovia da Integração Oeste-Leste, que, partindo de Ilhéus, na Bahia, chega a Figueirópolis, no Tocantins, onde se liga à Ferrovia Norte-Sul, num total de 1.490 km; e a EF 354 – Ferrovia Transcontinental, que partirá do Litoral Norte Fluminense e passará por Muriaé, Ipatinga e Paracatu, em Minas Gerais; por Brasília, no Distrito Federal, por Uruaçu, em Goiás; por Cocalinho, Ribeirão Castanheira e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso; Vilhena e Porto Velho, em Rondônia; e Rio Branco e Cruzeiro do Sul, no Acre, até chegar à localidade de Boqueirão da Esperança, na fronteira Brasil-Peru. A Transcontinental terá, após concluída, um percurso de 4.400 km. Para cumprir sua missão, a VALEC conta ainda com 10 Escritórios nos seguintes Estados: RJ, MA, GO, TO e BA, conforme distribuição a seguir. Quadro I: Distribuição dos Escritórios da VALEC nos Estados

UF Rio de Janeiro Maranhão Goiás Tocantins Bahia Nº Escritórios 1 4 2 2 1

Fonte: VALEC

No entanto, ambas as Entidades não dispõem de elementos fundamentais para garantia do sucesso em seus projetos, aqui entendido como a entrega do objeto contratado conforme o planejado, dentro do prazo previsto, com o custo total dentro do orçamento avençado, e com a necessária qualidade, segundo os padrões e normas técnicas. Esses projetos relacionam-se às atividades de construção/manutenção da infraestrutura dos modos rodoviário, ferroviário e

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aquaviário (hidrovias). Dessa forma, os elementos fundamentais anteriormente citados seriam os seguintes: a) necessidade da estruturação de um planejamento estratégico; b) utilização das melhores práticas relacionadas à gestão de projetos; c) quantitativo adequado de pessoal próprio necessário ao pleno desenvolvimento de suas atividades, inclusive em suas Auditorias Internas; e d) aquisição de recursos materiais, em especial de TI. a) A falta de planejamento estratégico dificulta uma maior efetividade das políticas públicas, e, por este motivo, faz-se necessário que as organizações públicas aprimorem, continuamente, seus processos de gestão e o uso coordenado de recursos, visando obter os melhores resultados. No caso do DNIT e VALEC, sem a existência de um planejamento estratégico, os objetivos e metas dessas Entidades não são formalizados; não há mapeamento de processos críticos e, por conseguinte, não há meios de mitigação, de acompanhamento/atualização, de mensuração e classificação dos riscos identificados. b) Quanto à falta de gestão de projetos, faz-se necessário efetuar as seguintes considerações:

O conceito de maturidade em gestão de projetos está relacionado à capacidade de uma organização de gerenciar, conduzindo ao êxito, seus projetos. Observa-se no DNIT e na VALEC que não existe um fluxo horizontal, em que os pacotes de trabalho são organizados e gerenciados mediante a interação permanente entre as áreas. As cadeias de trabalho são verticais e não há interface entre as coordenações-gerais, no caso do DNIT ou superintendências, no caso da VALEC. As consequências são visíveis e manifestam-se pela falta de percepção do escopo completo dos projetos, acarretando surpresas do ponto de vista ambiental, das desapropriações, do descasamento entre a compra de insumos e o plano de ataque das construções, entre outros. Não há um sistema de controle de custos minimamente razoável, que possibilite o monitoramento do desempenho, a melhoria nas estimativas e uma melhor compreensão do custo real do trabalho exigido pelo empreendimento. Tampouco existe mecanismo para gestão de mudanças de escopo e a compreensão de que o gerenciamento de riscos é fundamental para o sucesso das obras, sendo mais abrangente que uma mera medida de proteção de uma estimativa ou programação. Não são produzidos relatórios gerenciais de como os recursos humanos e materiais estão sendo reunidos e utilizados, inexistindo um modelo de planejamento de capacidade para percepção de quanto de esforço adicional as unidades são capazes de absorver. No DNIT em particular, há um grande número de projetos em estoque, inviabilizando as competentes análises técnicas com as profundidades requeridas. Muitos projetos acabam sendo licitados já defasados em relação ao volume médio diário de tráfego, ao nível de serviço, às localizações de jazidas e às necessidades de desapropriações, o que, inevitavelmente, conduz à necessidade de aditivos contratuais, consequência das necessárias revisões de projeto em fase de obra. A conquista da maturidade na gestão de projetos passa obrigatoriamente pela definição de sucesso em projeto. Se sucesso for definido como a concretização do prazo programado, dentro do orçamento e com os requisitos de qualidade assegurados, o nível de êxito nos empreendimentos seria muito baixo, tanto no DNIT quanto na VALEC. Raríssimos são os empreendimentos em que não há acréscimos de custos, muitos dos quais se aproximam do limite legal, algumas vezes até superando-o, tornando sem efeito os descontos obtidos pela administração nos processos licitatórios, irrisórios em muitos casos. É possível

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constatar facilmente a deficiência na programação, bastando relacionar alguns empreendimentos do PAC, por exemplo, como os apresentados na Tabela a seguir: Tabela 1: Amostra de empreendimentos do PAC sob responsabilidade do MT, DNIT e VALEC

Unid Obra DESCRIÇÃO DO OBJETO VALOR INICIAL

VALOR ATUAL

Atual-Inicial %

variação

DNIT

(PAC) BR-101/RS - Adequação Divisa SC/RS – Osório

Execução de obras do Proj. de Ampliação de Capacidade e Modernização da Ligação Rod. Florianópolis-Osório, BR-101/RS. Lote 03, km 52,86 - 72,06 (extensão 19,20 km).

157.009.885,39 272.657.211,93 115.647.326,54 73,7%

DNIT

(PAC) BR-101/PE - Adequação Trecho Divisa PB/PE - Divisa PE/AL

Restauração, duplicação e OAEs da BR-101 NE - subtrecho: entr. PE064/85 - entr. PE-126 (Catende) - km 148,5 a 188,5 - Lote 8

208.216.132,90 258.635.706,52 50.419.573,62 24,2%

DNIT

(PAC) BR-101/PE - Adequação Trecho Divisa PB/PE - Divisa PE/AL

Restauração, Duplicação e OAEs da BR 101 NE - subtrecho entr. PE-025/02/037 (Cabo) - entr. PE-064/085 (Ribeirão) - Km 104,6 a 148,5 - Lote 7

272.504.024,09 316.021.702,67 43.517.678,58 16,0%

Valec

(PAC) Ferrovia Norte-Sul – TO

Obra de infraestrutura e superestrutura ferroviárias e obras de artes especiais no trecho Darcinópolis - Araguaína -TO

119.449.743,01 159.797.894,67 40.348.151,66 33,8%

Valec

(PAC) Ferrovia Norte-Sul – TO

Execução das obras de infraestrutura e superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul, trecho Córrego do Brejo Grande - Ribeirão Tabocão, Lote 08

159.298.536,98 199.068.341,73 39.769.804,75 25,0%

Valec (PAC) Ferrovia Norte-Sul - TO

Obras de infra-estrutura e superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte - Sul,no trecho do TO - 080 Palmas (km 719,16) - Córrego Jaboti (km 818,30),Lote 12,com 99,14 km de extensão (Concorrência 001/2007)

299.684.766,95 372.897.156,29 73.212.389,34 24,4%

Valec

(PAC) Construção da Ferrovia Norte-Sul/GO

Obra de infraestrutura e superestrutura ferroviárias e obras de arte especiais na Ferrovia Norte-Sul/GO, no trecho de 71 km, compreendido entre o Pátio de Jaraguá/GO e o Pátio de Santa Isabel/GO - Lote 03

164.704.436,23 205.806.314,91 41.101.878,68 25,0%

Valec (PAC) Ferrovia Norte-Sul - TO

Execução das obras de infra-estrutura e superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul, trecho Córrego do Brejo Grande - Ribeirão Tabocão, Lote 08

159.298.536,98 199.068.341,73 39.769.804,75 25,0%

Valec (PAC) Ferrovia Norte-Sul - TO

Obras de infra-estrutura e superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul, Lote 16 (Concorrência 001/2007)

151.194.412,22 183.686.592,39 32.492.180,17 21,5%

Valec (PAC) Ferrovia Norte-Sul - TO

Obras de infra-estrutura e superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul, no trecho Córrego Riacho Fundo - Córrego Brejo Grande, Lote 07

127.895.492,86 159.839.936,10 31.944.443,24 25,0%

Valec

(PAC) Construção da Ferrovia Norte-Sul/GO

Execução, sob o regime de empreitada por preço unitário, de obra de infraestrutura e superestrutura ferroviárias e obras de arte especiais, no trecho de 52 km, compreendido entre Ouro Verde de Goiás e o Pátio de Jaraguá no Estado de Goiás, relativo ao lote 2

116.426.598,81 145.529.895,75 29.103.296,94 25,0%

Valec (PAC) Ferrovia Norte-Sul - TO

Obras de infra-estrutura e superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul, no trecho Córrego Gavião ,Córrego Riacho Fundo, Lote 06 com extensão de 51km

110.199.784,66 137.733.455,25 27.533.670,59 25,0%

Fonte: TCU

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É possível observar, a partir destes 12 empreendimentos listados, que os aditivos de valor são frequentes, principalmente nas obras sob a responsabilidade da VALEC, muitas vezes aproximando, e, às vezes, até superando o teto previsto no § 1º do artigo 65 da Lei nº 8.666/93. Concorrem para este quadro a deficiência dos projetos de engenharia, principalmente no tocante aos estudos geotécnicos, geológicos, topográficos, a falta de um plano estratégico de ataque às obras, as fragilidades dos sistemas de referência de custos utilizados pela administração e as dificuldades de se conduzir cotações, entre outras causas. Convém alertar que a pressão para o início da execução das obras e do orçamento previsto, encerra prematuramente os processos de confecção e análise dos projetos, fatores que, somados à baixa capacidade operacional dos órgãos, muito aquém das necessidades impostas pelos gigantescos portfólios, contribui para o baixo percentual de êxito. Modernamente, a definição de sucesso em projetos é mais abrangente, mensurando fatores como o alinhamento à estratégia da organização, a proteção ambiental e a conduta ética dos servidores. Em junho deste ano, a CGU aplicou um questionário aos diretores e coordenadores-gerais do DNIT com o intuito de avaliar a maturidade em gestão de projetos, seja pela compreensão dos conceitos relacionados à disciplina, seja pela atitude da alta direção ou pelo emprego de ferramentas de gestão de projetos. O resultado mostra um quadro que explica o baixo nível de sucesso alcançado, considerando-se os parâmetros primários de qualidade, custos e prazos. Dentro de um modelo de maturidade reconhecido internacionalmente, em que é possível quantificar numericamente a capacidade de uma organização gerenciar projetos com sucesso, classificando o estágio de maturidade em cinco níveis, verificamos que o DNIT encontra-se no nível denominado inicial, ou seja, o mais baixo existente. Neste nível, os gestores reconhecem a importância de dispor de ferramentas e métodos de gerenciamento de projetos, no entanto, não há medidas concretas para promover o amadurecimento na ciência e arte de gerir projetos. Figura 1: Modelo Capability Maturity Model

Fonte: Curtis et al. 1995

Neste patamar, o DNIT iguala-se a 11% das organizações brasileiras, segundo pesquisa conduzida por Darci Prado, publicada na Revista Mundo Project Management – Abr/Mai 2011.

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Gráfico 1: Distribuição percentual nos níveis de maturidade das organizações brasileiras.

Fonte: Revista Mundo Project Management – Abr/Mai 2011

Merece destaque o fato de que, pelo portfólio de investimentos administrado, tanto o DNIT quanto a Valec deveriam contar em suas estruturas com escritórios de gerenciamento de projetos. Este organismo teria como missão manter a propriedade intelectual relativa à gestão de projetos nas organizações, bem como sustentar o planejamento estratégico, realizando o acompanhamento e a supervisão dos empreendimentos, segundo uma visão de valor agregado, garantindo os marcos de entrega. Também é fundamental para o êxito contar com sistemas de informação confiáveis, em que se verifiquem os valores reais e planejados para o trabalho, o tempo estimado da conclusão, os custos envolvidos para retroalimentar o sistema de referência. Além disso, deve ser possível registrar lições aprendidas e pontuar o desempenho dos contratados, visando à aplicação das sanções, quando for o caso, e a emissão dos atestados. c) Em relação à falta de pessoal próprio, cabe apresentar a seguinte situação conforme se segue. O DNIT possui uma força de trabalho de 2.583 servidores efetivos e 3.360 terceirizados. Em função do grande volume de contratos de obras, e considerando-se que nem todos os 2.583 servidores são engenheiros, ocorre, principalmente nos Estados da Federação com as maiores malhas, a sobrecarga dos fiscais, especialmente no que se refere à efetividade das fiscalizações por eles realizadas, tendo em vista a necessidade de se percorrer grandes trechos em construção, sem o devido aprofundamento nas questões inerentes a uma obra rodoviária. Se essa fiscalização primária não for realizada de maneira efetiva, os empreendimentos passam a ser acompanhados, unicamente, pelas empresas supervisoras. Conforme será verificado mais adiante, verifica-se a existência reiterada de diversos problemas decorrentes da precariedade da fiscalização e da atuação das empresas supervisoras nos empreendimentos em construção. Já a VALEC possui uma força de trabalho de 364 empregados e 155 terceirizados. Tendo em vista o volume das obras relacionadas à construção da infraestrutura ferroviária nacional, e considerando-se que existem 42 engenheiros fiscais, cuja atuação já foi contestada pela CGU, devido à precariedade no gerenciamento, supervisão e fiscalização dos contratos de supervisão da Ferrovia Norte-Sul (Lotes S/Nº, 1, 02, 04, 09, 10, 11, 12, 13, 14), é fundamental o aprimoramento desse controle primário. Da mesma forma como relatado para o DNIT, será verificado mais adiante a existência reiterada de diversos problemas decorrentes da precariedade da fiscalização e da atuação das empresas supervisoras nos empreendimentos em construção.

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d) Por fim, no que se refere à falta de recursos materiais, em especial os de Tecnologia da Informação – TI, por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112110/030, de 18/8/2011, solicitou-se ao DNIT o encaminhamento de um diagnóstico da área de TI da Autarquia e Superintendências Regionais, destacando a existência ou não de política de segurança da informação, a existência de PDTI já implementado, integração de sistemas no âmbito da Autarquia, além da composição do parque de hardware e os softwares em utilização pelo DNIT, em especial os relacionados à engenharia. Nesse sentido, a Autarquia, por meio da Coordenação-Geral de Modernização e Informática – CGMI, ressaltou diversos problemas em especial quanto à política de segurança da informação, tendo em vista o incremento considerável de incidentes de segurança da informação ao longo dos últimos anos, os quais assumem as formas mais variadas, como, por exemplo: infecção por vírus, acesso não autorizado, ataques contra redes e sistemas, furto de informação proprietária, invasão de sistemas, fraudes internas e externas, e uso não autorizado de redes sem fio. Apesar de ainda não implementado, encontra-se em desenvolvimento o Plano Diretor de Tecnologia da Informação da Autarquia, o qual tem como propósito orientar o planejamento e a execução das ações de TI no DNIT, de maneira a consolidar a importância estratégica dessa área, consistindo em um instrumento essencial para orientar ações e decisões sobre tecnologia de informação. No que se refere à integração de sistemas, verifica-se a necessidade de se integrar o universo de sistemas existentes na Autarquia ao SIAC – Sistema de Acompanhamento de Contratos, a exemplo do Sistema de Faixa de Domínio, Sistema Patrimonial, Sistema Desapropriação, Sistema Custo Final de Obra, Sistema Contabilidade, além do Módulo Protocolo. Quanto ao parque de TI verifica-se que a situação atual requer melhoramentos, tendo em vista a necessidade de investimentos em hardware e na aquisição de licenças de softwares, em especial os relacionados à área de engenharia, atualmente insuficientes ao desenvolvimento dos trabalhos na Sede e Superintendências Regionais, situação relacionada ao fortalecimento do ambiente de controle. Com base no anteriormente exposto, pode-se concluir que as duas Entidades estão com seus ambientes de controle fragilizados, com baixa governança corporativa, e submetidas a diversas vulnerabilidades e riscos. Primeiramente, entende-se por um efetivo ambiente de controle aquele ambiente onde as pessoas compreendem suas responsabilidades, seus limites de autoridade e são responsáveis, cuidadosas e comprometidas a fazer o que é correto e da forma adequada. Elas estão comprometidas com as políticas e procedimentos da organização e os padrões de ética e comportamento. O ambiente de controle envolve tanto a competência técnica como os valores éticos, e estes são fatores intangíveis essenciais ao controle interno. As diversas constatações apresentadas ao longo deste Relatório corroboram a precariedade do ambiente de controle tanto no DNIT quanto na VALEC. Em linhas gerais, uma boa governança deve garantir que os processos e instituições governamentais devem produzir resultados que vão ao encontro das necessidades da sociedade ao mesmo tempo em que fazem o melhor uso possível dos recursos à sua disposição. Nas Entidades do MT em foco, a baixa governança está associada à inadequada utilização de recursos públicos, conforme pode ser verificado nos itens seguintes deste Relatório. Com um ambiente de controle precário e baixa governança, é fato que ambas as Entidades estejam vulneráveis a diversos tipos de riscos e fragilidades. Em decorrência disso e de todo o

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contexto apresentado anteriormente, ocorre a formação do cenário propício para o surgimento de projetos mais caros do que realmente valem, com qualidade inferior, os quais serão licitados com sobrepreço, situação que futuramente acarreta a confirmação de obras superfaturadas, além de licitações dirigidas, fraudes relacionadas à execução de obras, situações de conflitos de interesses, e pagamentos indevidos. Nos itens que se seguem, são apresentadas situações específicas relacionadas ao DNIT e à VALEC, as quais decorrem das questões expostas no item II.1 anteriormente apresentado. II.2 - DNIT – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL II.2.1 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-280/SC Fato denunciado: O teor da denúncia se refere a situações envolvendo burla à livre concorrência, direcionamento de licitações e superestimativa na tabela de referência da Administração, de forma que esse contexto proporcionasse margem ao pagamento de propina. Conclusão CGU: No que compete ao órgão de auditoria - em especial a análise do procedimento licitatório e sua lisura, a qualidade do projeto básico, o orçamento de referência da licitação formulado pela Administração e eventuais superestimativas -, concluímos pela existência de superestimativa na tabela da Administração, o que, por sua vez, pode, em tese, gerar contratação futura com sobrepreço. Concluir, entretanto, que isso resultaria no pagamento de propina dependeria de apuração somente factível, via de regra, por meio de investigação policial, com instrumental próprio e autorização judicial. DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO Trata-se de licitação na modalidade Concorrência – Edital no 505/2010-00, cujo objeto é a execução, sob o regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários à realização das obras de duplicação, incluindo restauração e melhoramentos, para adequação de capacidade e segurança na Rodovia BR-280, no Estado de Santa Catarina. Em 08/10/2010, o Diretor-Geral do DNIT delegou, através da Portaria n° 1.167, competência ao Superintendente Regional no Estado de Santa Catarina para analisar e aprovar os projetos de engenharia da duplicação da BR-280/SC. Em 25/10/2010 os referidos projetos foram aprovados pelo Superintendente através das Portarias no 148 e no 149, conforme descrito a seguir:

- Portaria n° 148/2010 – o Superintendente de Santa Catarina aprova o Projeto de Engenharia do trecho que vai de São Francisco do Sul (acesso ao Porto) até a intersecção com a BR-101 (lado oeste) - extensão 36,0 km – Projetista: Consórcio Prosul/ARS – Valor: R$ 319.690.509,98 (data base: março 2010). - Portaria n° 149/2010 – o Superintendente de Santa Catarina aprova o Projeto de Engenharia do trecho que vai da intersecção com a BR-101 (lado oeste) até Jaraguá do Sul – extensão 37,9 km – Projetista: Consórcio Iguatemi/Sotepa – Valor: R$ 621.948.711,15 (data base: março 2010). A Licença Prévia n° 370/2010 havia sido emitida pelo IBAMA em 09/09/2010 para as obras de duplicação da Rodovia BR-280/SC, com validade de dois anos.

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Após a aprovação dos projetos, foi definido pela área técnica do DNIT que a obra seria dividida em três lotes, que compreenderiam: -Lote 1 – Porto de São Francisco do Sul a entrada da BR-101 – extensão de 36 km – valor de R$ 319.690.509,98 (março/2010); -Lote 2 – Entrada da BR-101 a entrada da SC-108 (A) (Neudor) – extensão de 14 km – valor de R$ 133.606.841,59 (março/2010); -Lote 3 – Entrada da SC-108 (A) (Neudor) a Corupá – extensão de 23,9 km – valor de R$ 488.341.869,56 (março/2010). -Valor Total: R$ 941.639.221,13 Em 08/11/2010, foi publicado no DOU o aviso de licitação do Edital n° 505/2010-00, com a data de entrega das propostas definida para 21/12/2010, no valor total de R$ 941.639.221,13. O referido edital foi objeto de vários questionamentos e pedidos de impugnação devido a falhas apresentadas no orçamento, razão pela qual o Superintende Regional do DNIT/SC sugeriu a suspensão do edital para que fossem corrigidas as falhas. Em 14/12/2010 foi publicado no DOU o Aviso de Suspensão da Concorrência n° 505/2010. Após as devidas correções, a Superintendência Regional do DNIT apresentou os orçamentos corrigidos pelas projetistas com os seguintes valores: - Lote 1 – R$ 319.392.338,60 (data base: março 2010) - Lote 2 – R$ 136.959.587,06 (data base: março 2010) - Lote 3 – R$ 492.759.483,02 (data base: março 2010) - Valor total: R$ 949.111.408,68 - Incremento no orçamento total: R$ 7.472.187,55 O Tribunal de Contas da União publicou em 08/12/2010 o Acórdão 3.402/2010 - Plenário determinando ao DNIT que, enquanto não viabilizada e tornada oficial, no SICRO 2 e/ou no SINCTRAN, a pesquisa de preços de fretes praticados pelas distribuidoras/transportadoras de materiais betuminosos, adotasse as equações tarifárias sugeridas pelo referido Acórdão em substituição às equações constantes do Ofício Circular no 032/2000/DFPC/DNER, de 28/06/2000. Diante da provocação do TCU, o Diretor-Geral do DNIT publicou a Instrução de Serviço/DG n° 02, de 18/01/2011, introduzindo as alterações nas equações tarifárias de transporte de material betuminoso. Em virtude da IS no 02, houve uma nova adequação no orçamento, com a data-base atualizada para setembro/2010: - Lote 1: R$ 299.402.523,22 (data base: setembro/2010) - Lote 2: R$ 130.313.240,85 (data base: setembro/2010) - Lote 3: R$ 470.801.810,91 (data base: setembro/2010) - Total: R$ 900.517.574,98 - Redução: R$ 41.121.646,15 (considerando o orçamento apresentado no edital da licitação) Motivado pelo Ofício 277/2011-TCU/SECOB-2 (oitiva) – Processo TC 000.823/2011-2, que apresentou questionamentos ao projeto, o Superintendente Regional do DNIT/SC fez novas correções no orçamento, chegando aos valores dispostos a seguir:

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- Lote 1: R$ 297.200.695,82 (data base: setembro/2010) - Lote 2: R$ 128.823.583,82 (data base: setembro/2010) - Lote 3: R$ 459.604.702,33 (data base: setembro/2010) - Total: R$ 885.628.981,97 - Redução: R$ 56.010.239,16 Em 27/05/2011 foi publicada no DOU a 1ª errata ao Edital, com as modificações procedidas e a nova data para abertura das propostas, marcada para 06/07/2011. Na data marcada para a abertura das propostas foi publicado no DOU o Aviso de Revogação da Licitação, justificada pelo Diretor Executivo, através do Mem. n° 369/2011/DIREX, pela necessidade de inclusão de uma ponte que não estava considerada no valor da obra, o que resultaria em um valor acima do autorizado pelo GEPAC. O presente edital foi objeto de auditoria do Tribunal de Contas da União – TCU no período compreendido entre 19/01/2011 e 18/02/2011, e teve como escopo a análise dos projetos e orçamentos apresentados quando da publicação do Edital n° 505/2010. Para a estruturação dos trabalhos, a equipe de auditoria da CGU utilizou como referência os achados apontados pelo TCU, modificando o escopo da análise para os projetos e orçamentos apresentados na 1ª Errata ao edital, tendo sido verificado alguns problemas tais como: previsão de execução de serviços que são da responsabilidade de particulares, projeto básico deficiente e superestimativa decorrente de preços excessivos, que proporcionam um incremento no valor da obra estimado em R$ 47 milhões. CONSTATAÇÃO 001: PREVISÃO DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS CUJA RESPONSABILIDADE É DE CONCESSIONÁRIOS. Os valores necessários ao remanejamento de serviços públicos (redes elétricas, de água, e comunicações – telefonia e fibra ótica), no total de R$ 11.469.510,07 (setembro/2010), foram previstos na planilha do Edital, sendo que, conforme as Instruções de Serviço no 06/2008, no 07/2008 e no 08/2008, tais serviços são de responsabilidade das respectivas concessionárias, não cabendo ao DNIT assumi-los. A IS/DG no 06/2008 estabelece em seu item 2.5 que será a Permissionária quem tomará todas as medidas necessárias (com as despesas ocorrendo por sua conta) se o DNIT, por força de obras novas de melhoramentos, como alargamentos, pavimentação, construção de variantes e acessos, necessitar renovar a posteação e alterar suas condições geométricas. Por sua vez, a IS/DG no 07/2008 estabelece em seu item 4.6 que será a Permissionária quem tomará todas as medidas necessárias (com as despesas ocorrendo por sua conta) se o DNIT, por força de obras novas ou melhoramentos na faixa de domínio, necessitar remover ou alterar as suas instalações de adutoras, tubulações de gás, oleodutos, esgotos e similares. E ainda, a IS/DG no 08/2008 estabelece em seu item 1.3 que em caso de obra em que for preciso influir nas redes de telecomunicações das Permissionárias, os custos de recomposição das redes deverão ser absorvidos pelas próprias permissionárias.

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Entretanto, apesar do disposto nas referidas Instruções, o Edital contempla, nos três lotes, o remanejamento de serviços públicos, com intervenções em redes elétricas, de comunicações e de água e esgoto, conforme se observa nos Quadros a seguir: Quadro I: Lote 1

Interferências Unid. Quant. Valor Unitário com BDI (R$)

Valor Total com BDI (R$)

Remanejamento de LT 69 kV Joinville – São Francisco do Sul (orç. CELESC)

un 1 1.309.135,16 1.309.135,16

Remanejamento LT 230 kV Joinville – Veja do Sul (orç. Eletrosul)

un 1 322.524,85 322.524,85

Remanejamento de linha de telefonia e fibra ótica (orç. Oi – CT)

un 1 1.578.192,21 1.578.192,21

Remanejamento de rede de água (orç. CASAN) un 1 1.637.011,67 1.637.011,67 Remanejamento de rede de água (orç. SAMAE) un 1 355.437,11 355.437,11

Total 5.202.301,00 5.202.301,00 Fonte: Edital no 505/2010-00

Quadro II: Lote 2

Interferências Unid. Quant. Valor Unitário com BDI (R$)

Valor Total com BDI (R$)

Remanejamento de rede elétrica (orç. CELESC) un 1 259.765,24 259.765,24 Remanejamento de rede de abastecimento (orç. Águas de Guaramirim)

un 1 3.137.989,65 3.137.989,65

Remanejamento de rede de comunicação (orç. Brasil Telecom)

un 1 2.581.306,79 2.581.306,79

Total 3.575.036,71 3.575.036,71 Fonte: Edital no 505/2010-00

Quadro III: Lote 3

Interferências Unid. Quant. Valor Unitário com BDI (R$)

Valor Total com BDI (R$)

Remanejamento de rede elétrica (orç. CELESC) un 1 11.327,96 11.327,96 Remanejamento de rede de abastecimento (orç. Águas de Guaramirim)

un 1 937.321,59 937.321,59

Remanejamento de rede de abastecimento (orç. SAMAE Jaraguá do Sul)

un 1 59.027,65 59.027,65

Remanejamento de rede de comunicação (orç. Brasil Telecom)

un 1 1.106.274,33 1.106.274,33

Total 2.692.172,36 2.692.172,36 Fonte: Edital no 505/2010-00 Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 03 IS/DG no 06 IS/DG no 07 IS/DG no 08 CONSTATAÇÃO 002: PROJETO BÁSICO DEFICIENTE Foram observadas falhas no Projeto Básico da BR-280/SC, as quais poderiam acarretar um prejuízo potencial estimado de R$ 29.018.282,89, tais como: previsão de aquisição de areia comercial em detrimento de sua exploração direta; utilização de fator de contração inadequado; quantificação indevida de cambotas metálicas e seus respectivos pés-direitos; e insuficiência de sondagens.

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a) Aquisição de areia comercial em detrimento de sua exploração direta O Projeto Básico prevê nos três lotes da obra a aquisição de areia comercial, embora se tenha constatado a possibilidade de sua exploração direta pelo executor da obra. Primeiramente, cabe esclarecer que é possível se determinar, em caráter preventivo, o bloqueio das áreas de jazidas necessárias à construção de rodovias, por Portaria do DNPM, como já ocorreu na BR-101/Sul e no Arco Rodoviário do Rio de Janeiro. Esta possibilidade se deve ao fato de que a propriedade do subsolo está dissociada da propriedade do terreno. Segundo a CF/88, art. 20, inciso IX, os recursos minerais, inclusive os de subsolo, são bens da União. E de acordo com seu art. 176, as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais, constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra e assegurada à participação do proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. O art. 42 do Código Minerário estabelece que “A autorização será recusada se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo. Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo a indenização das despesas feitas com os trabalhos de pesquisa, uma vez que haja sido aprovado o Relatório”. Ainda nesse aspecto, o Parecer DNPM/PROGE 136/2005 dispõe que “... a despeito do art. 42 fazer a alusão somente à recusa do requerimento de lavra, possível o indeferimento de requerimento de autorização de pesquisa assim como a invalidação de autorização de pesquisa já concedidos com o fundamento em interpretação extensiva da mesma norma em face do caráter relativo desses direitos e hão de ceder quando da existência de interesse público preponderante (garantido o ressarcimento pelos gastos com a pesquisa). A União, contudo, não necessita de título minerário para explorar o subsolo, sendo suficiente que o DNPM emita a “dispensa de título minerário”. Conforme o art. 3º, 1º do Código Minerário, nos casos de exploração de jazidas que se destinem à abertura de vias de transporte, a União poderá se utilizar desses recursos mediante a dispensa de título minerário. A esse respeito, a Portaria-DNPM 441/2009 estabelece em seu art. 7º que “A declaração de Dispensa de Título Minerário somente poderá ser pleiteada pelo responsável ou executor da obra, mediante requerimento dirigido ao Chefe do Distrito do DNPM em cuja circunscrição está localizada a área de interesse”. Portanto, caberia ao DNIT pleitear junto ao DNPM o bloqueio e a Declaração de Dispensa de Títulos Minerários das áreas necessárias à construção da BR-280/SC antes da retomada da licitação, proporcionando uma economia estimada de R$ 22.700.508,53 no preço da obra, em virtude da exploração direta das jazidas, sem a cobrança comercial desses insumos, conforme demonstrado a seguir. Lote 1 O Projeto Básico prevê a aquisição de areia comercial a partir de dois areais, o do km 30 + 200 do lado direito da BR-280/SC (para substituição de solos inservíveis) e o de Águas do Piraí no km 71 da BR-101/SC, distante 16,9 km do acesso à BR-280 no km 35 + 960 (para os demais serviços), a um custo de R$ 24,31/m3.

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Dados obtidos no DNPM (endereço eletrônico SIGMINE – http://sigmine.dnpm.gov.br) indicam a existência de alguns areais não explorados passíveis de utilização vizinhos àqueles indicados no projeto, o que reduziria o custo do insumo “areia” para R$ 5,27/m3 (composição 1 A 01 170 01 – areia extraída com escavadeira hidráulica). As figuras a seguir mostram a localização de algumas jazidas pesquisadas para serem utilizadas em substituição às especificadas no projeto, com seus respectivos números de identificação de requerimento junto ao DNPM. Estes areais são aqueles cujos processos minerários são do tipo “requerimento de lavra”, “requerimento de pesquisa” ou “autorização de pesquisa”. Figura I: Jazidas pesquisadas para serem utilizadas em substituição às especificadas no projeto

Fonte: DNPM Nota-se que nas proximidades do areal Águas do Piraí existem várias áreas com requerimento de lavra de areia, mais próximas do eixo da rodovia, tais como as de números 815.981/1996, 815.561/2001, 815.451/2004, 815.379/2004 e 815.443/2005. Figura II: Jazidas pesquisadas para serem utilizadas em substituição às especificadas no projeto

Fonte: DNPM No caso do areal do km 30 + 200, que se encontra às margens da rodovia, existem as áreas 815.377/2004, 815.226/1992, 815.452/2004 e 815.294/2004 que também estão nas condições de requerimento de lavra.

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Com a utilização de tais áreas observar-se-ia uma redução no valor da obra de R$ 7.176.622,60 somente para o serviço de “Fornecimento e Transporte de areia comercial”, em que a areia tem maior representatividade. Quadro IV: Redução do valor da obra para o serviço “Fornecimento e Transporte de areia comercial”

Quant.Pr. Unit. Areia

ComercialPr. Total Areia

ComercialPr. Unit. Areia

Expl. DiretaPr. Total Areia

Expl. DiretaDiferença sem

BDIDiferença com

BDI294.840,00 R$ 24,31 R$ 7.167.560,40 R$ 5,27 R$ 1.553.806,80 R$ 5.613.753,60 R$ 7.176.622,60

Lotes 2 e 3 Para os Lotes 2 e 3 adotou-se o areal “Extração e Comércio de Areia Ottomar Ltda”, localizado em Guaramirim no km 46 + 740, situado do lado esquerdo da rodovia (processo minerário DNPM no 815.092/1991), no valor de R$ 30,22/m3. Novamente, dados obtidos no DNPM (endereço eletrônico SIGMINE – http://sigmine.dnpm.gov.br) indicam a existência de dois areais (815.869/2008 e 815.340/2002) não explorados, passíveis de utilização, vizinhos àquele indicado no projeto, o que reduziria o custo do insumo “areia” para R$ 5,27/m3 (composição 1 A 01 170 01 – areia extraída com escavadeira hidráulica), conforme figura a seguir. Figura III: Jazidas pesquisadas para serem utilizadas em substituição às especificadas no projeto

Fonte: DNPM Com a utilização de tais áreas observar-se-ia uma redução no valor da obra de R$ 11.451.713,39 somente para o serviço de “Colchão de areia” do Lote 2 e de R$ 4.072.172,53 somente para o serviço “Forn., carga, transp. e esp. mat. de areal (terra armada)” do Lote 3, totalizando R$ 15.523.885,93. Quadro V: Redução do valor da obra para os serviços “Colchão de areia” e “Forn., carga, transp. e esp. mat. de areal (terra armada)”

Lote Quant.Pr. Unit. Areia

ComercialPr. Total Areia

ComercialPr. Unit. Areia

Expl. DiretaPr. Total Areia

Expl. DiretaDiferença sem

BDIDiferença com

BDILote 2 359.032 R$ 30,22 R$ 10.849.947,04 R$ 5,27 R$ 1.892.098,64 R$ 8.957.848,40 R$ 11.451.713,39Lote 3 127.670 R$ 30,22 R$ 3.858.187,40 R$ 5,27 R$ 672.820,90 R$ 3.185.366,50 R$ 4.072.172,53

R$ 15.523.885,93Total É importante salientar que os cálculos foram feitos considerando-se apenas os serviços de maior representatividade em cada lote, porém tem uma série de outros serviços que utilizam o insumo

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(serviços de drenagem, obras de arte especiais e correntes e pavimentação), o que geraria uma economia ainda maior ao contrato. Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 03 SIGMINE – site do DNPM Volume 2 – Projeto Básico de Terraplenagem dos Lotes 01 a 03 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 03 b) Utilização de Fator de Contração (FC) inadequado De acordo com o Acórdão no 2311/2008-P, o TCU admite, para fins de projeto, um Fator de Contração - FC (volume natural / volume compactado) de até 1,30. Pela análise dos quantitativos previstos no Projeto de Terraplenagem dos Lotes 02 e 03 (volume 02), observou-se que o projetista adotou um FC de 1,39 para o Lote 02 e de 1,43 para o Lote 03 em seus cálculos, conforme tabela apresentada a seguir, o que majora o volume de escavações, podendo acarretar um incremento no valor do contrato de R$ 3.411.237,11, no caso de se considerar uma DMT de 50 a 200 m. Quadro VI: Incremento do contrato em função da DMT

Volume de

Aterro (m3)

Volume de

Corte (m3)FC FC - TCU

Vol. Corte

Corrigido (m3)

Lote 2 485.748,00 676.550,00 1,39 1,30 631.472,40 45.077,60 4,96 223.584,90Lote 3 5.359.699,00 7.680.730,00 1,43 1,30 6.967.608,70 713.121,30 4,47 3.187.652,21

3.411.237,11Total

Planilha TCU

LoteDiferença

Volume (m3)

Pr. Unit. (R$)

Pr. Total (R$)

Fonte: Projeto de Terraplenagem dos Lotes 02 e 03 (volume 02) e TCU

Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 03 Volume 2 – Projeto Básico de Execução dos Lotes 02 e 03 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 02 e 03 c) Quantificação indevida de cambotas metálicas e seus respectivos pés-direitos Foram observadas, na análise do Projeto Básico do túnel (Lote 3), inconsistências na quantificação do número de cambotas metálicas a serem instaladas, levando a um aumento no valor do orçamento de R$ R$ 2.906.537,25 . O volume 3, tomo IV, item 4.7.5.1, estabelece as seguintes disposições para o Escoramento em Solo: “Nos emboques, os trechos escavados total ou parcialmente em solo ou no interior do túnel nos trechos onde as características geológicas da rocha forem particularmente desfavoráveis, o escoramento será executado com cambotas treliçadas feitas com vergalhões de aço. O espaçamento médio entre as cambotas será de 80 cm, podendo sofrer alteração de espaçamento conforme a situação geológica”. Já o item 4.7.5.2 estabelece para o Escoramento em Rocha - “A rocha será classificada conforme o método Bieniawski de classificação de maciço, de acordo com a tabela apresentada a seguir:

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Tabela I: Método Bieniawski

Como se pode inferir da leitura da tabela, para as rochas de Classe I, II e III não há previsão de escoramento por cambotas. Quanto às outras classes, a previsão é de espaçamento entre cambotas de 1,50m para as rochas de Classe IV e de 0,75 m para as de Classe V. Entretanto, observa-se na análise do Demonstrativo dos Quantitativos de Serviços (pag. 384, volume I, tomo II), que o projetista utilizou um espaçamento de 0,60 m, independentemente do tipo de material escavado, levando a uma superestimativa da quantidade de cambotas, conforme se pode observar nos dados apresentados a seguir: - extensão de solo = 180 m (direito) + 180 m (esquerdo) = 360 m - extensão de rocha classe IV = 233m (direito) + 233 m (esquerdo) = 496 m - extensão de rocha classe V: 27 m (direito) + 27 m (esquerdo) = 54 m - extensão total: 910 m - considerando um espaçamento de 60 cm, o número de cambotas = 910 / 0,60 = 1.517 un - 1.517 + 10% = 1.680 unidades (margem de incerteza) Levando-se em consideração os espaçamentos apresentados nas especificações do volume 3 do Projeto Básico, tem-se: - número de cambotas instaladas em solo: 360 / 0,80 = 450 (espaçamento de 0,80 m em solos) - número de cambotas instaladas em rocha classe IV: 496 / 1,50 = 331 (espaçamento de 1,50 m em rochas da classe IV). - número de cambotas instaladas em rocha classe V: 54 / 0,75 = 72 (espaçamento de 0,75 m em rochas da classe V) - total de cambotas metálicas = 450 + 331 + 72 = 853 unidades - 853 + 10% = 939 (margem de incerteza) Quadro VII: Diferença de valor resultante de falha na quantificação das cambotas metálicas

Valor Unit. (R$)

Quant. Planilha (un)

Valor Total Planilha (R$)

Quant. Corrigida (un)

Valor Total Corrigido (R$)

Diferença (R$)

1.496,90 1.680 2.514.792,00 939 1.405.589,10 1.109.202,90 Fonte: Demonstrativo dos Quantitativos de Serviços (pag. 384, volume I, tomo II) e especificações do volume 3 do Projeto Básico

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Houve também falha na quantificação de pés-direitos das cambotas metálicas (elementos estruturais posicionados no rebaixo do túnel), uma vez que o cálculo do número de pés-direitos leva em consideração a quantidade de cambotas. De acordo com o que está transcrito na pág. 384, volume I, tomo II do Projeto Básico, considerou-se que 5% das cambotas terão pé direito em apenas um lado, portanto: - quantidade de pés-direitos prevista na planilha = 1.680 + (0,95 * 1.680) = 3.276 unidades. Porém, levando-se em consideração o número corrigido de cambotas tem-se: - quantidade de pés-direitos = 939 + (0,95 * 939) = 1.831 unidades Quadro VIII: Diferença de valor resultante de falha na quantificação de pés-direitos das cambotas metálicas

Valor Unit. (R$)

Quant. Planilha (un)

Valor Total Planilha (R$)

Quant. Corrigida (un)

Valor Total Corrigido (R$)

Diferença

1.243,83 3.276 4.074.787,08 1.831 2.277.452,73 1.797.334,35 Fonte: Volume I, tomo II do Projeto Básico

Corrigindo-se os quantitativos de cambotas metálicas e pés-direitos tem uma redução total de R$ 2.906.537,25 no valor do contrato. Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 03 Volume 1 – Relatório do Projeto Básico Volume 3 – Memória Justificativa Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra do Lote 03 d) Insuficiência de sondagens A norma DNER-PRO 391/98 – Projeto de aterros sobre solos moles para obras viárias, estabelece parâmetros mínimos para as investigações desses materiais - “As investigações poderão ser realizadas em duas fases: a primeira, objetiva somente a obtenção do perfil geotécnico e constará simplesmente de sondagens a percussão segundo a norma ABNT NBR 6484, sendo pelo menos uma em cada depósito mole. Quando o depósito tiver mais que 100 m de extensão, as sondagens a percussão deverão ser realizadas com intervalo não superior a 100 m. Estes estudos permitirão elaborar um perfil geotécnico detalhado”. Nos Lotes 2 e 3 os projetos não atenderam ao critério mínimo de investigações especificado pela norma DNER-PRO 381/98. No Lote 2 foram detectados solos moles, de diferentes espessuras, desde o km 38 + 140 até o km 45 + 150 (extensão de 7.100 m) e, em toda essa extensão, somente foram executados 34 furos de sondagem. No Lote 3, no segmento compreendido entre o km 50 + 930 e o km 54 + 250 (extensão de 3.320 m), foram executados apenas 10 furos de sondagem, embora tenha previsão de remoção de solo inservível em todo esse segmento. Ainda no Lote 03, verificou-se que as sondagens para caracterização geológica da região onde será construído o túnel, foram executadas em desacordo com as especificações da norma NBR 8044/83, que estabelece “Ao longo do túnel, execução de sondagens a percussão em solos, sondagens rotativas em rochas, verticais ou inclinadas nos trechos com capeamento inferior a 50

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m, no mínimo até 10 m abaixo da soleira do túnel, e sondagens geofísicas ao longo de todo o túnel ou nos mesmos trechos, dependendo das condições geológicas”. Da análise do Projeto Básico, volume 2, pg. 377 e 378 pode-se inferir que: - das seis sondagens executadas, pelo menos quatro delas (SM 01, 02, 03 e 04) não atenderam às especificações da norma. As de no 02, 03 e 04 sequer atingiram a parte superior do túnel (topo da abóboda). A de no 01 atingiu a região de escavação do túnel, porém não alcançou dez metros abaixo da soleira; - há indícios que as outras duas, de no 05 e 06 também estão em desacordo com a norma, pois foram plotadas em local incorreto (diverge do estaqueamento dos furos) nas figuras constantes das fls. 377 e 378; - em consulta ao volume 3, tomo VI do Projeto Básico, observou-se que a execução dos furos de sondagens SM 05 e SM 06 se deu nas posições de estaca 66+680 e 66+710,80 e quando se plota estes estaqueamentos verifica-se que as duas sondagens não se alinham às especificações da norma, pois não atingiram os dez metros abaixo da soleira do túnel; - caso se confirme o posicionamento incorreto das sondagens apresentadas no volume 2, pode-se concluir que as sondagens executadas estão em desacordo com o preceituado pela norma. Essas sondagens são determinantes para a identificação da geologia da região e para a escolha da solução técnica e econômica de projeto mais adequada, para a definição dos métodos executivos e das necessidades de escoramento e revestimento do túnel. Portanto, é fundamental proceder ao aperfeiçoamento do projeto, como novas investigações, de modo a se obter um perfil geotécnico detalhado que possibilite a adequada avaliação e quantificação dos serviços. Evidências Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 03 Volume 1 – Relatório do Projeto Básico Volume 2 – Projeto Básico de Execução Volume 3 – Memória Justificativa CONSTATAÇÃO 003 SUPERESTIMATIVA DECORRENTE DE PREÇOS EXCESSIVOS Observou-se indícios de superestimativa decorrente de preços excessivos na planilha da 1ª Errata ao Edital no 505/2010, que acarretam um prejuízo potencial estimado de R$ 6.515.530,30, para os seguintes serviços: BDI inadequado para o serviço “transporte de materiais betuminosos”, BDI inadequado para serviços cujas composições foram obtidas a partir de cotações e serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção. a) BDI inadequado para o serviço “transporte de materiais betuminosos” Da análise das composições de preços do DNIT, observa-se que este considera um BDI de 27,84% para transporte e de 15% para aquisição dos materiais betuminosos, seguindo a orientação da Portaria no 349, de 06/03/2010, que estabelece em seu art. 1º que “Todos os materiais betuminosos necessários às obras ou serviços rodoviários do DNIT financiados com Recursos Ordinários do Tesouro serão inseridos nas planilhas de quantidade de projetos e planos de trabalho, para aquisição pela empresa contratada, com os preços definidos pelo acompanhamento de preços regionais de distribuição de asfaltos, realizado pela Agência Nacional de Petróleo – ANP, acrescidos das respectivas alíquotas de ICMS e com LDI de 15% (quinze por cento)”.

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Observa-se, pela leitura do dispositivo, que o DNIT fixa o BDI em 15% somente para aquisição de material betuminoso. O Tribunal de Contas da União tem vários Acórdãos a respeito do tema, dentre os quais se destaca o de no 2649/2007 – Plenário, em que o Ministro relator afirma no Item “I.3 BDI APLICADO À AQUISIÇÃO E AO TRANSPORTE DE MATERIAIS BETUMINOSOS” que tendo em vista a representatividade dos materiais betuminosos no custo das obras rodoviárias, é premente e de necessidade imperiosa a realização de estudo sobre o valor de BDI incidente sobre os materiais betuminosos e que até que este estudo seja realizado, entende-se que deve ser adotado o BDI de 15% na orçamentação de obras pelo DNIT, sendo que tal limite é plenamente justificável, posto que, até outubro/1997, quando os materiais eram remunerados mediante apresentação da Nota Fiscal, acrescida de BDI, o percentual de 15% era amplamente adotado pelo DNIT, não havendo razão para incremento deste valor, sem qualquer justificativa devidamente fundamentada por aquela Autarquia. Nesse mesmo sentido, no Acórdão nº 1077/2008 – Plenário, o Ministro relator, após a análise das Notas Fiscais apresentadas pela ABEDA faz a seguinte indagação: “se as distribuidoras de asfalto, que vivem da compra e venda do produto, pagando todos seus custos indiretos, pessoal, Administração Local e Central, e obtendo seu lucro, o fazem com margens brutas menores que 10% (a maioria menor que 6%), por que motivo as empreiteiras, cuja estrutura operacional necessária para viabilizar a chegada do produto às usinas de CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente não tem qualquer razão para ser maior que as distribuidoras, fariam jus a BDIs de 20 ou 30% ?”. Portanto, tendo em vista que o DNIT ainda não providenciou o estudo demandado pelo Tribunal, essa equipe de auditoria entende que é razoável que se aplique também um BDI diferenciado de 15% para o transporte de materiais betuminosos, o que daria uma redução de preço total de R$ 349.314,21. Quadro IX: Custo do transporte de materiais betuminosos

Material TransporteCusto do Transporte

sem BDICusto do Transporte

BDI 27,84% Custo do Transporte

BDI 15%%CAP a quente R$ 84,82 R$ 108,43 R$ 97,54CAP com polímero a quente R$ 57,03 R$ 72,90 R$ 65,58ADP a frio R$ 76,36 R$ 97,61 R$ 87,81Emulsão a frio R$ 51,33 R$ 65,62 R$ 59,03

Lote 1

Fonte: Composições de preços do DNIT Quadro X: Diferença de valores para o serviço de transporte de materiais betuminosos DNIT x CGU

Material Quant. (t)Valor Unit DNIT (R$)

Valor Total DNIT (R$)

Valor Unit. CGU (R$)

Valor Total CGU (R$)

Diferença (R$)

Transporte de Asfalto Diluído CM-30 1.092,00 97,61 106.590,12 87,81 95.892,89 10.697,23Transporte de Emulsão Asfáltica RR-1C 958,00 65,62 62.863,96 59,03 56.550,26 6.313,70Transporte de Emulsão Asfáltica RR-2C 162,00 65,62 10.630,44 59,03 9.562,78 1.067,66Transporte de CAP modificado por polímero 14.485,00 72,90 1.055.956,50 65,58 949.991,48 105.965,02Transporte de CAP 50/70 3.276,00 108,43 355.216,68 97,54 319.550,87 35.665,81Total - - 1.591.257,70 - 1.431.548,28 159.709,42

Lote 1

Fonte: Edital no 505/2010

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Quadro XI: Custo do transporte de materiais betuminosos

Material TransporteCusto do Transporte

sem BDICusto do Transporte

BDI 27,84% Custo do Transporte

BDI 15%%material betuminoso a quente R$ 113,27 R$ 144,80 R$ 130,26material betuminoso com polímero a quente R$ 83,88 R$ 107,23 R$ 96,46material betuminoso RR-2C a frio R$ 75,55 R$ 96,58 R$ 86,88material betuminoso CM-30 a frio R$ 102,08 R$ 130,50 R$ 117,39

Lote 2

Fonte: Composições de preços do DNIT Quadro XII: Diferença de valores para o serviço de transporte de materiais betuminosos DNIT x CGU

Material Quant. (t)Valor Unit DNIT (R$)

Valor Total DNIT (R$)

Valor Unit. CGU (R$)

Valor Total CGU (R$)

Diferença (R$)

Transporte comercial material betuminoso a quente 896,20 144,80 129.769,76 130,26 116.739,46 13.030,30Transporte comercial material betuminoso a frio - RR-2C

276,70 96,58 26.723,69 86,88 24.040,39 2.683,30

Transporte comercial material betuminoso a frio - CM-30

226,90 130,50 29.610,45 117,39 26.636,24 2.974,21

Transporte comercial material betuminoso a quente c/ polímero

4.182,00 107,23 448.435,86 96,46 403.404,08 45.031,78

Total - - 634.539,76 - 570.820,18 63.719,58

Lote 2

Fonte: Edital no 505/2010 Quadro XIII: Custo do transporte de materiais betuminosos

Material TransporteCusto do Transporte

sem BDICusto do Transporte

BDI 27,84% Custo do Transporte

BDI 15%%material betuminoso a quente R$ 113,27 R$ 144,80 R$ 130,26material betuminoso com polímero a quente R$ 83,88 R$ 107,23 R$ 96,46material betuminoso RR-2C a frio R$ 75,55 R$ 96,58 R$ 86,88material betuminoso CM-30 a frio R$ 102,08 R$ 130,50 R$ 117,39

Lote 3

Fonte: Composições de preços do DNIT Quadro XIV: Diferença de valores para o serviço de transporte de materiais betuminosos DNIT x CGU

Material Quant. (t)Valor Unit DNIT (R$)

Valor Total DNIT (R$)

Valor Unit. CGU (R$)

Valor Total CGU (R$)

Diferença (R$)

Transporte comercial material betuminoso a quente 1.499,00 144,80 217.055,20 130,26 195.260,49 21.794,71Transporte comercial material betuminoso a frio - RR-2C

557,00 96,58 53.795,06 86,88 48.393,55 5.401,51

Transporte comercial material betuminoso a frio - CM-30

764,00 130,50 99.702,00 117,39 89.687,49 10.014,51

Transporte comercial material betuminoso a quente c/ polímero

8.235,00 107,23 883.039,05 96,46 794.364,57 88.674,48

Total - - 1.253.591,31 - 1.127.706,10 125.885,21

Lote 3

Fonte: Edital no 505/2010 Redução: R$ 159.709,42 +R$ 63.719,58 +R$ 125.885,21 = R$ 349.314,21 Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 03 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 03 b) BDI inadequado para serviços cujas composições foram obtidas a partir de cotações O projeto da BR-280/SC, especialmente em seu Lote 3, em que está prevista a construção de um túnel, possui vários serviços não contemplados no SICRO. Em alguns desses serviços, o projeto não traz composições completas e detalhadas. Para se chegar ao preço referencial desses serviços, foi adotada a seguinte metodologia: realizou-se

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cotação com empresas especializadas e os preços obtidos foram inseridos em composição simplificada, sem detalhamento de insumos, sobre eles incidindo o BDI referencial de 27,84%. A CGU entende que, nesse caso, a bonificação a incidir sobre a parcela cotada na composição não pode ser integral, pois conforme as propostas apresentadas à projetista, nos valores orçados para esses serviços, já estão inclusos administração central, custos financeiros, lucro, impostos (PIS e COFINS) e riscos da empresa executora. Porém, acompanhando a descrição das propostas cotadas, percebe-se que nem todos os encargos estão previstos nas cotações, sendo razoável a manutenção do percentual destinado à administração local (as cotações preveem a utilização da estrutura organizacional), garantias contratuais (seguros e outras garantias não inclusas nas cotações) e ISSQN (as cotações preveem que o recolhimento do ISSQN é de responsabilidade do Contratante) o que daria um BDI diferenciado de 8,40% a incidir sobre a parcela cotada, resultando em uma redução de R$ 4.656.557,84 no valor da obra. Quadro XV: Diferença decorrente da variação do percentual de BDI

Pr. Unit. BDI 27,84% (R$)

Pr. Total (R$) Serviços Cotados

(R$)

Serviços Cotados BDI 8,40% (R$)

Demais Parcelas BDI 27,84% (R$)

Pr. Unit. Corrigido (R$)

Pr. Total (R$)

Enfilagens Tubulares Injetadas em solo (tubo schedule)

m 27.715,00 384,03 10.643.391,45 194,61 210,96 135,24 346,20 9.594.910,16 1.048.481,29

Enfilagens Tubulares Injetadas em solo (tubo PVC)

m 6.528,00 298,60 1.949.260,80 194,61 210,96 49,81 260,76 1.702.265,46 246.995,34

Enfilagens Tubulares Injetadas em alteração de rocha (tubo schedule)

m 16.075,00 580,32 9.328.644,00 309,65 335,66 184,46 520,12 8.360.944,05 967.699,95

Enfilagens Tubulares Injetadas em alteração de rocha (tubo PVC)

m 3.786,00 494,88 1.873.615,68 309,65 335,66 99,02 434,69 1.645.719,17 227.896,51

Enfilagens Tubulares Injetadas em rocha (tubo schedule)

m 11.642,00 645,94 7.520.033,48 309,65 335,66 250,08 585,74 6.819.199,14 700.834,34

Enfilagens Tubulares Injetadas em rocha (tubo PVC)

m 2.741,00 560,50 1.536.330,50 309,65 335,66 164,65 500,31 1.371.338,02 164.992,48

Colunas de solo-cimento - perfuração em solo

m 27.451,00 84,34 2.315.217,34 46,44 50,34 24,97 75,31 2.067.282,98 247.934,36

Colunas de solo-cimento - perfuração em rocha

m 9.151,00 453,69 4.151.717,19 317,24 343,89 48,13 392,02 3.587.374,29 564.342,90

Colunas de solo-cimento D=0,80m - Injeção de calda de cimento

m 14.630,00 405,23 5.928.514,90 139,31 151,01 227,13 378,15 5.532.266,73 396.248,17

Colunas de solo-cimento D=1,20m - Injeção de calda de cimento

m 2.776,00 600,75 1.667.682,00 168,85 183,03 384,89 567,92 1.576.549,50 91.132,50

Total 46.914.407,34 42.257.849,50 4.656.557,84

Planilha da Licitação

Descrição Un Quant.

Planilha Corrigida

Diferença (R$)

Fonte: Planilha da Licitação Evidências: Planilha Orçamentária do Lote 03 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra do Lote 03 c) Serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção No SICRO os preços unitários dos serviços de restauração (5 S) são diferentes dos preços unitários dos serviços de construção (2 S), consistindo as diferenças basicamente no fator de eficiência utilizado para a produção mecânica, onde em obras de construção considera-se que para cada hora de produção nominal a produção efetiva é de 50 min, enquanto que nas obras de restauração, a produção efetiva é de 45 min, por causa da influência do tráfego existente nas execução dos serviços de restauração. O critério geral adotado pelo SICRO no Manual de Custos rodoviários (Volume 7 – Obras de Restauração Rodoviária) é o seguinte: “os preços de restauração serão também aplicados para os serviços de adequação de capacidade das rodovias (duplicações, terceiras faixas de tráfego, etc) e correção de pontos críticos”.

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A CGU entende que essa regra exposta acima não pode ser aplicada indiscriminadamente, tendo em vista que em obras de duplicação é comum que se isolem as praças de trabalho para a execução dos serviços, mantendo-se o tráfego na rodovia previamente existente e sem que ocorra tal interferência. Assim, entende-se que a planilha deve ser alterada, utilizando-se os preços de construção rodoviária, para os seguintes serviços: compactação de aterros, base de brita graduada, sub-base de macadame seco e concreto betuminoso usinado a quente, o que resultaria em uma redução estimada de R$ 1.509.658,25 somente nos serviços expostos na tabela a seguir. Quadro XVI: Diferença resultante de serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção

Código (Planilha)

Valor Unit. (R$)

Valor Total (R$)

CódigoValor Unit.

(R$)Valor Total

(R$)Compactação de aterros a 95% proctor normal m³ 2.454.630,00 5 S 01 510 00 2,68 6.578.408,40 2 S 01 510 00 2,44 5.989.297,20 589.111,20Compactação de aterros a 100% proctor norma m³ 437.460,00 5 S 01 511 00 3,21 1.404.246,60 2 S 01 511 00 2,87 1.255.510,20 148.736,40Compactação de material de "bota-fora" m³ 312.320,00 5 S 01 513 01 2,05 640.256,00 2 S 01 513 01 1,93 602.777,60 37.478,40Base de brita graduada m³ 138.756,00 5 S 02 230 00 95,79 13.291.437,24 2 S 02 230 00 93,84 13.020.863,04 270.574,20CBUQ – capa de rolamento AC t 54.599,00 5 S 02 540 51 77,56 4.234.698,44 2 S 02 540 51 76,78 4.192.111,22 42.587,22Compactação de aterros a 95% proctor normal m³ 413.517,00 5 S 01 510 00 2,68 1.108.225,56 2 S 01 510 00 2,44 1.008.981,48 99.244,08Compactação de aterros a 100% proctor norma m³ 72.231,00 5 S 01 511 00 3,21 231.861,51 2 S 01 511 00 2,87 207.302,97 24.558,54Compactação de material de "bota-fora" m³ 166.896,00 5 S 01 513 01 2,05 342.136,80 2 S 01 513 01 1,93 322.109,28 20.027,52Compactação de aterros a 95% proctor normal m³ 91.254,00 5 S 01 510 00 2,68 244.560,72 2 S 01 510 00 2,44 222.659,76 21.900,96Compactação de aterros a 100% proctor norma m³ 22.813,00 5 S 01 511 00 3,21 73.229,73 2 S 01 511 00 2,87 65.473,31 7.756,42Compactação de aterros a 95% proctor normal m³ 342.743,00 5 S 01 510 00 2,68 918.551,24 2 S 01 510 00 2,44 836.292,92 82.258,32Compactação de aterros a 100% proctor norma m³ 111.950,00 5 S 01 511 00 3,21 359.359,50 2 S 01 511 00 2,87 321.296,50 38.063,00

27.230,00 5 S 02 230 00 88,09 2.398.690,70 2 S 02 230 00 85,92 2.339.601,60 59.089,101.017,00 5 S 02 230 00 88,09 89.587,53 2 S 02 230 00 85,92 87.380,64 2.206,89

t 83.130,00 5 S 02 540 51 72,26 6.006.973,80 2 S 02 540 51 71,48 5.942.132,40 64.841,40t 1.570,00 5 S 02 540 51 72,26 113.448,20 2 S 02 540 51 71,48 112.223,60 1.224,60

1.509.658,25

Diferença (R$)

1

Lote Serviço Unid. Quant.

Total

2

Base de brita graduada m³

CBUQ – capa de rolamento AC

Restauração Construção

Fonte: Planilha de custos da licitação e SICRO

Evidências Planilha Orçamentária dos Lotes 01 e 02 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 e 02 II.2.2 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-116/RS Fato denunciado: O teor da denúncia se refere a situações envolvendo burla à livre concorrência, direcionamento de licitações e superestimativa na tabela de referência da Administração, de forma que esse contexto proporcionasse margem ao pagamento de propina. Conclusão CGU: No que compete ao órgão de auditoria - em especial a análise do procedimento licitatório e sua lisura, a qualidade do projeto básico, o orçamento de referência da licitação formulado pela Administração e eventuais superestimativas -, concluímos pela existência de superestimativa na tabela da Administração, o que, por sua vez, pode, em tese, gerar contratação futura com sobrepreço. Concluir, entretanto, que isso resultaria no pagamento de propina dependeria de apuração somente factível, via de regra, por meio de investigação policial, com instrumental próprio e autorização judicial. DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO Trata-se de licitação na modalidade Concorrência – Edital n° 342/2010-00, cujo objeto é a execução, sob o regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários à realização das obras de melhorias de capacidade, incluindo duplicação na Rodovia BR-116, no Estado do Rio Grande do Sul. Em 01/04/2009, o Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT delegou, por meio da Portaria n° 307, competência à Comissão formada pelo Coordenador

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da Comissão e por outros dois Membros, engenheiros da Superintendência Regional no Estado do Rio Grande do Sul, para análise e aprovação dos projetos de engenharia. A Licença Prévia n° 356/2010 para as obras de duplicação da rodovia foi emitida pelo IBAMA em 27/05/2010, com validade de dois anos. Os referidos projetos foram aprovados pela Comissão através das Portarias de no 132, 133, 134 e 135: Portaria n° 132, de 31/05/2011 – a Comissão aprova o projeto de engenharia do Lote 01 - Segmento edital: km 291,20 – km 350,40 - Segmento projeto: km 300,54 – km 351,34 - Extensão projeto: 50,80 km - Contrato: PD-10-20-2000 – Consultora Magna Portaria n° 133, de 31/05/2010 – a Comissão aprova o projeto de engenharia do Lote 02 - Segmento edital: km 350,40 – km 397,80 - Segmento projeto: km 351,34 – km 397,203 - Extensão do projeto: 45,86 km - Contrato: PRO/DIS-10-021/2000 – Consultora Ecoplan Portaria n° 134, de 31/05/2010 – a Comissão aprova o projeto de engenharia do Lote 03 - Segmento edital: km 397,80 – km 448,500 - Segmento projeto: km 397,180 (equivalente ao km 397,203 do lote 2) – km 447,975 - Extensão do projeto: 50,795 km - Contrato: PRO/DIS-10-022/2000 – Consultora STE Portaria n° 135, de 31/05/2010 – a Comissão aprova o projeto de engenharia do Lote 04 - Segmento edital: km 448,50 – km 510,62 - Segmento projeto: km 448,50 – km 511,76 - Extensão do projeto: 63,26 km - Contrato: PD-10-023/2000 – Consultora Enecon Definiu-se, então, que a obra seria dividida em nove lotes com as seguintes características: Lote 01 (Lote 1.1 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-703 (p/Guaíba) - Entr. RS-715/713 (p/Tapes) - Segmento: Km 300,54 ao Km 325,0 - Extensão: 24,46 km - Código PNV 116BRS3275 116BRS3290 116BRS3295 116BRS3297 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 136.335.285,33 (setembro/2009) Lote 02 (Lote 1.2 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-713 (p/Sertão Santana) - Entr. RS-470/RS-350 (p/Camaquã) - Segmento: Km 351,34 ao Km 373,22 - Extensão: 21,88 km - Código PNV: 116BRS3275 116BRS3290 116BRS3295 116BRS3297 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 127.624.999,94 (setembro/2009)

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Lote 03 (Lote 2.1 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-713 (p/Sertão Santana) - Entr. RS-470/RS-350 (p/Camaquã) - Segmento: Km 351,34 ao Km 373,22 - Extensão: 21,88 km - Código PNV: 116BRS3297 116BRS3310 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 84.630.040,94 (setembro/2009) Lote 04 (Lote 2.2 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-713 (p/Sertão Santana) - Entr. RS-470/RS-350 (p/Camaquã) - Segmento: Km 373,22 ao Km 397,20 - Extensão: 23,98 km - Código PNV: 116BRS3297 116BRS3310 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 98.044.090,89 (setembro/2009) Lote 05 (Lote 3.1 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-715/717 (p/Tapes) - Entr. RS-265 (p/São Lourenço do Sul) - Segmento: Km 397,203 ao Km 422,30 - Extensão: 25,12 km - Código PNV: 116BRS3310 116BRS3330 116BRS3340 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 120.123.668,36 (setembro/2009) Lote 06 (Lote 3.2 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-715/717 (p/Tapes) - Entr. RS-265 (p/São Lourenço do Sul) - Segmento: (01) Km 422,30 ao Km 428,164 - Segmento: (02) Km 428,844 ao Km 447,975 - Extensão: 24,995 km - Código PNV: 116BRS3310 116BRS3330 116BRS3340 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 101.443.789,40 (setembro/2009) Lote 07 (Lote 4.1 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-354 (p/Amaral Ferrador) - Acesso a Pelotas - Segmento: Km 448,50 ao Km 470,10 - Extensão: 21,60 km - Código PNV: 116BRS3340 116BRS3350 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 101.321.366,35 (setembro/2009) Lote 08 (Lote 4.2 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-354 (p/Amaral Ferrador) - Acesso a Pelotas - Segmento: Km 470,10 ao Km 489,00 - Extensão: 18,90 km

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- Código PNV: 116BRS3340 116BRS3350 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 96.867.096,51 (setembro/2009) Lote 09 (Lote 4.3 do projeto) - Trecho: Div. SC/RS (Rio Pelotas) - Jaguarão (Front. Brasil/Uruguai) - Subtrecho: Entr. RS-354 (p/Amaral Ferrador) - Acesso a Pelotas - Segmento: Km 489,00 ao Km 511,76 - Extensão: 22,76 km - Código PNV: 116BRS3355 - Jurisdição: Superintendência Regional DNIT no Estado do Rio Grande Do Sul - Orçamento: R$ 102.367.219,44 (setembro/2009) Após a aprovação da Diretoria Colegiada em 13/07/2010, ata n° 28/2010, foi publicado o Aviso de Licitação no DOU de 30/07/2010, marcando a abertura das propostas para a data de 02/09/2010. Na data marcada foram abertos os envelopes contendo os documentos de habilitação das empresas, sendo que somente duas foram desclassificadas: a empresa Constran S.A e a empresa Acciona Infraestruturas S.A, sendo que esta última se tornou habilitada após o julgamento dos recursos apresentados. Após iniciada a sessão de abertura dos envelopes contendo as propostas de preços, em 18/11/2010, a Presidenta da Comissão de Licitação comunicou que a mesma estava suspensa, tendo em vista o conhecimento da decisão judicial que deferiu a antecipação da tutela recursal para que a agravante Constran S/A participasse da sessão, bem como o DNIT não ter sido notificado oficialmente de tal decisão. Em 08/12/2010 foi publicado no DOU o Aviso de Alteração da Concorrência, que tornou sem efeito a desclassificação da empresa Constran em virtude da decisão no Mandato de Segurança Individual n° 1.502/2010, tornando-a reclassificada no certame. Entretanto, em 14/02/2011 foi publicado no DOU o Aviso de Suspensão da Concorrência, em virtude da medida cautelar expedida pelo Tribunal de Contas da União, determinando a suspensão do processo licitatório devido aos indícios de irregularidades graves encontrados na auditoria objeto do FISCOBRAS 2010. Tendo como referência os achados apontados pelo TCU e, aumentando o escopo do objeto analisado sempre que possível, a equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União identificou problemas tais como: superestimativa decorrente de preços excessivos e deficiência no projeto básico, que proporcionam um incremento estimado no valor da obra da ordem de R$ 101 milhões, conforme demonstrado a seguir. CONSTATAÇÃO 004 SUPERESTIMATIVA DECORRENTE DE PREÇOS EXCESSIVOS Foram observados indícios de superestimativa decorrente de preços excessivos na planilha de custos, os quais acarretam um prejuízo potencial estimado de R$ 30.028.407,31, relativos aos seguintes serviços: “transporte de materiais betuminosos”, serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção e “escavação e carga de material de jazida”.

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a) Transporte de materiais betuminosos Conforme relatado anteriormente, o Tribunal de Contas da União publicou em 08/12/2010 o Acórdão 3.402/2010 – Plenário, determinando ao DNIT que, enquanto não viabilizada e tornada oficial no SICRO 2 e/ou no SINCTRAN a pesquisa de preços de fretes, praticados pelas distribuidoras/transportadoras de materiais betuminosos, adotasse as equações tarifárias sugeridas pelo referido Acórdão em substituição às equações constantes do Ofício Circular no 032/2000/DFPC/DNER, de 28/06/2000. E, diante da provocação do TCU, o Diretor-Geral do DNIT publicou a Instrução de Serviço/DG n° 02, de 18/01/2011, introduzindo as alterações nas equações tarifárias de transporte de material betuminoso. Observa-se, porém, que nas composições adotadas pelo DNIT na presente licitação foram consideradas as equações tarifárias constantes do Ofício Circular no 032/2000, desconsiderando a alteração constante da IS/DG no 02. Outro ponto que merece destaque na análise dos preços adotados é que, do mesmo modo que na BR 280/SC, o DNIT considera na sua composição um BDI de 27,84% para transporte e de 15% para aquisição dos materiais betuminosos, seguindo a orientação da Portaria no 349, de 06/03/2010. Conforme relatado anteriormente, o Tribunal de Contas da União tem vários Acórdãos a respeito do tema, dentre os quais se destacam o de no 2649/2007 e o de n° 1077/2008, que apontam a necessidade de realização de estudo sobre o valor de BDI incidente sobre os materiais betuminosos e que até que este estudo seja realizado, entende-se que deve ser adotado o BDI de 15% na orçamentação de obras pelo DNIT. Portanto, tendo em vista que o DNIT ainda não providenciou o estudo demandado pelo Tribunal, essa equipe de auditoria entende que é razoável que se aplique também um BDI diferenciado de 15% para o transporte de materiais betuminosos. Tendo em vista o exposto, adotando-se as equações tarifárias dispostas na IS/DG no 02 e o BDI de 15%, obtém-se uma redução no valor da obra de R$ 2.714.877,37 para o serviço de “transporte de materiais betuminosos” dos Lotes 01 a 09, conforme se observa a seguir: Quadro I: Planilha de preços unitários corrigidos

Lote Material Betuminoso Nova Equação Tarifária D1 D2 D3Custo Unitário

Direto (R$)Pedágio

(R$)PU

Corrigido(R$)Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 47,10 3,49 50,59

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 42,44 3,49 45,93

CAP 50/70 (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 53,73 3,49 57,22

Asfalto diluído CM-30 (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 48,42 3,49 51,91

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 57,08 3,49 60,57

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1+ 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 51,46 3,49 54,95

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 65,83 3,49 69,32

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 59,35 3,49 62,84

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 67,74 3,49 71,23

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 61,07 3,49 64,56

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 85,53 5,88 91,41

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 77,13 5,88 83,01

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 199,82 0,18 0,00 85,00 0,00 85,00

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 200,00 0,00 0,00 76,64 0,00 76,64

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 214,37 0,63 0,00 89,29 0,00 89,29

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 220,00 0,00 0,00 81,76 0,00 81,76

Material betuminoso a quente (24,715 + 0,247 * D1 + 0,335 * D2 + 0,354 * D3) * ICMS * IGP 229,56 0,30 0,00 93,47 0,00 93,47

Material betuminoso a frio (22,244 + 0,223 * D1 + 0,301 * D2 + 0,318 * D3) * ICMS * IGP 240,38 0,00 0,00 86,97 0,00 86,97

4,50 0,00

200,84 0,80 0,00

0,00 0,00

131,70 0,50 0,00

1,00 0,00

82,86 5,00 0,00

06

07

08

09

64,88

101,50

133,01

01

02

03

04

05

Fonte: Planilha de custos do Edital Quadro II: Demonstrativo de Superestimativa decorrente de preços excessivos relativa ao transporte de materiais betuminosos dos Lotes 01 a 09

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Lote Material Betuminoso Unidade QuantidadePU Planilha

sem BDI (R$)PU BDI 27,84%

(R$)PU Corrigido sem

BDI (R$)PU Corrigido

BDI 15% (R$)Diferença

Unitária (R$)Diferença Total

(R$)

CAP 50/70 t 4.200,00 57,39 73,37 50,59 58,18 15,19 63.804,30

Asfalto diluído CM-30 t 570,00 52,04 66,53 45,93 52,82 13,71 7.814,99

Emulsão RR-1C t 370,00 52,04 66,53 45,93 52,82 13,71 5.072,89

CAP 50/70 com polímero t 1.700,00 57,39 73,37 50,59 58,18 15,19 25.825,55

CAP 50/70 t 4.000,00 66,12 84,53 57,22 65,80 18,73 74.908,00

Asfalto diluído CM-30 t 530,00 59,90 76,58 51,91 59,70 16,88 8.948,26

Emulsão RR-1C t 380,00 59,90 76,58 51,91 59,70 16,88 6.415,73

CAP 50/70 com polímero t 1.800,00 66,12 84,53 57,22 65,80 18,73 33.708,60

Material betuminoso a quente t 5.374,00 70,56 90,20 60,57 69,66 20,54 110.406,14

Material betuminoso a frio t 888,00 63,89 81,68 54,95 63,19 18,49 16.416,90

Material betuminoso a quente t 4.710,00 82,07 104,92 69,32 79,72 25,20 118.701,42

Material betuminoso a frio t 763,00 74,26 94,93 62,84 72,27 22,66 17.292,63

Asfalto a quente t 5.664,00 113,71 145,37 71,23 81,91 63,46 359.411,95

Asfalto a frio t 948,00 102,76 131,37 65,56 75,39 55,98 53.065,25

Asfalto a quente t 5.516,00 139,53 178,38 91,41 105,12 73,26 404.093,89

Asfalto a frio t 950,00 126,26 161,41 83,01 95,46 65,95 62.651,08

CM-30 e RR-1C a frio t 960,00 99,34 127,00 76,64 88,14 38,86 37.309,44

CAP 50/70 para CBUQ a quente t 5.610,00 138,86 177,52 85,00 97,75 79,77 447.509,70

CM-30 e RR-1C a frio t 760,00 106,06 135,59 81,76 94,02 41,57 31.590,16

CAP 50/70 para CBUQ a quente t 4.350,00 144,55 184,79 89,29 102,68 82,11 357.163,28

CM-30 e RR-1C a frio t 890,00 112,91 144,34 86,97 100,02 44,32 39.448,81

CAP 50/70 para CBUQ a quente t 5.150,00 149,90 191,63 93,47 107,49 84,14 433.318,43

2.714.877,37Total

01

02

03

04

05

06

07

08

09

Fonte: Planilha de custos do Edital

Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 09 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 09 b) Serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção Os preços unitários dos serviços de restauração (5 S) são diferentes dos preços unitários dos serviços de construção (2 S). O critério geral adotado pelo SICRO no Manual de Custos rodoviários (Volume 7 – Obras de Restauração Rodoviária) é o seguinte: “os preços de restauração serão também aplicados para os serviços de adequação de capacidade das rodovias (duplicações, terceiras faixas de tráfego, etc) e correção de pontos críticos”. Conforme explicado no caso da BR 280/SC, a CGU entende que a regra exposta acima não pode ser aplicada indiscriminadamente, tendo em vista que em obras de duplicação é comum que se isolem as praças de trabalho para a execução dos serviços, mantendo-se o tráfego na rodovia previamente existente e sem que ocorra tal interferência. Assim, entende-se que a planilha deve ser alterada, utilizando-se os preços de construção rodoviária, para os seguintes serviços: concreto betuminoso usinado a quente, base de brita graduada, compactação de aterros, enleivamento, hidrossemeadura e escavação, carga e transporte de materiais de 1ª e 3ª categorias, o que resultaria em uma redução estimada de R$ 11.550.430,29 somente nos serviços expostos nos quadros a seguir. Quadro III: Demonstrativo da diferença de custos – composições SICRO 5S e 2S

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Serviço Lote Unid. Quantidade Composição 5SCusto Unitário

5S (R$)Composição 2S

Custo Unitário 2S (R$)

Diferença Custo Unitário (R$)

Diferença Custo Total (R$)

01 t 63.400,00 5 S 02 540 01 72,39 2 S 02 540 01 71,60 0,79 50.086,00

02 t 59.500,00 5 S 02 540 01 75,61 2 S 02 540 01 74,81 0,80 47.600,00

03 t 80.851,00 5 S 02 540 01 73,48 2 S 02 540 01 72,69 0,79 63.872,29

04 t 71.795,00 5 S 02 540 01 69,75 2 S 02 540 01 68,96 0,79 56.718,05

05 t 11.479,20 5 S 02 540 01 87,14 2 S 02 540 01 86,34 0,80 9.183,36

06 t 11.702,40 5 S 02 540 01 90,66 2 S 02 540 01 89,87 0,79 9.244,90

07 t 35.400,00 5 S 02 540 01 75,16 2 S 02 540 01 74,36 0,80 28.320,00

08 t 27.200,00 5 S 02 540 01 75,26 2 S 02 540 01 74,47 0,79 21.488,00

09 t 30.940,00 5 S 02 540 01 75,45 2 S 02 540 01 74,66 0,79 24.442,6001 t 28.100,00 5 S 02 540 01 72,39 2 S 02 540 01 71,60 0,79 22.199,0002 t 29.700,00 5 S 02 540 01 75,61 2 S 02 540 01 74,81 0,80 23.760,0005 t 28.665,60 5 S 02 540 01 87,14 2 S 02 540 01 86,34 0,80 22.932,4806 t 26.878,20 5 S 02 540 01 90,66 2 S 02 540 01 89,87 0,79 21.233,78

01 m3 63.100,00 5 S 02 230 00 89,90 2 S 02 230 00 89,16 0,74 46.694,00

02 m3 58.000,00 5 S 02 230 00 91,70 2 S 02 230 00 90,95 0,75 43.500,00

03 m3 60.542,00 5 S 02 230 00 98,42 2 S 02 230 00 97,68 0,74 44.801,08

04 m3 53.103,00 5 S 02 230 00 92,65 2 S 02 230 00 91,90 0,75 39.827,25

05 m3 72.744,00 5 S 02 230 00 101,77 2 S 02 230 00 101,03 0,74 53.830,56

06 m3 74.550,00 5 S 02 230 00 108,09 2 S 02 230 00 107,35 0,74 55.167,00

07 m3 66.200,00 5 S 02 230 00 82,46 2 S 02 230 00 81,72 0,74 48.988,00

08 m3 52.400,00 5 S 02 230 00 84,67 2 S 02 230 00 83,93 0,74 38.776,00

09 m3 61.410,00 5 S 02 230 00 98,83 2 S 02 230 00 98,09 0,74 45.443,40

01 m3 936.950,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 215.498,50

02 m3 1.055.927,60 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 242.863,35

03 m3 813.558,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 187.118,34

04 m3 896.496,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 206.194,08

05 m3 947.440,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 217.911,20

06 m3 726.120,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 167.007,60

07 m3 814.870,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 187.420,10

08 m3 994.450,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 228.723,50

09 m3 1.318.560,00 5 S 01 510 00 2,67 2 S 01 510 00 2,44 0,23 303.268,80

01 m3 599.050,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 197.686,50

02 m3 661.908,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 218.429,64

03 m3 174.171,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 57.476,43

04 m3 233.819,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 77.160,27

05 m3 369.230,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 121.845,90

06 m3 281.130,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 92.772,90

07 m3 387.210,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 127.779,30

08 m3 312.910,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 103.260,30

09 m3 212.980,00 5 S 01 511 00 3,21 2 S 01 511 00 2,88 0,33 70.283,40

05 m2 366.566,00 5 S 05 100 00 7,86 2 S 05 100 00 7,75 0,11 40.322,26

06 m2 296.684,00 5 S 05 100 00 7,86 2 S 05 100 00 7,75 0,11 32.635,24

hidrossemeadura 06 m2 517.931,00 5 S 05 102 00 1,12 2 S 05 102 00 1,11 0,01 5.179,31

escavação, carga e transporte 1a e

3a categorias

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e 09 m

3 - - - - - - 7.631.485,63

11.550.430,29Total

concreto betuminoso usinado a quente - capa de rolamento

CBUQ com polímero

base de brita graduada

compactação de aterro a 95%

compactação de aterro a 100%

enleivamento

Fonte: SICRO e Planilha de Custos do Edital

Quadro IV: Demonstrativo da diferença de custos relativos ao serviço Escavação, carga e transporte de material

Serviço Lote Unid. Quantidade Composição 5SCusto Unitário

5S (R$)Composição 2S

Custo Unitário 2S (R$)

Diferença Custo Unitário (R$)

Diferença Custo Total (R$)

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 50m

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m3 351.627,00

5 S 01 100 011,83

2 S 01 100 011,65 0,18 63.292,86

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 50 a 200m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m

3 625.437,005 S 01 100 22

5,992 S 01 100 22

5,40 0,59 369.007,83

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 200 a 400m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m

3 454.472,005 S 01 100 23

6,472 S 01 100 23

5,83 0,64 290.862,08

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 400 a 600m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m

3 351.840,005 S 01 100 24

6,952 S 01 100 24

6,30 0,65 228.696,00

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 600 a 800m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m

3 337.256,005 S 01 100 25

7,472 S 01 100 25

6,74 0,73 246.196,88

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 800 a 1000m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m

3 578.531,005 S 01 100 26

7,802 S 01 100 26

7,12 0,68 393.401,08

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 1000 a 1200m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 06, 07, 08 e 09 m

3 288.481,005 S 01 100 27

8,402 S 01 100 27

7,52 0,88 253.863,28

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 1200 a 1400m c/escavadeira

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e

09m

3 269.669,005 S 01 100 28

8,752 S 01 100 28

7,88 0,87 234.612,03

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 1400 a 1600m c/escavadeira

03, 04, 07, 08 e 09 m

3 250.399,005 S 01 100 29

9,082 S 01 100 29

8,18 0,90 225.359,10

Esc. carga transp .mat 1ª cat DMT 1600 a 1800m c/escavadeira

03, 04, 05, 06, 07, 08 e 09 m

3 357.690,005 S 01 100 30

9,352 S 01 100 30

8,31 1,04 371.997,60

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 1800 a 2000m c/escavadeira

03, 04, 06, 07, 08 e 09 m3 48.166,00

5 S 01 100 319,75

2 S 01 100 318,92 0,83 39.977,78

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 2000 a 3000m c/escavadeira

03, 04, 05, 06, 07, 08 e 09 m

3 1.003.044,005 S 01 100 32

11,442 S 01 100 32

10,00 1,44 1.444.383,36

Esc. carga transp. mat 1ª cat DMT 3000 a 5000m c/escavadeira

03, 04, 06, 07, 08 e 09 m

3 1.247.487,005 S 01 100 33

15,022 S 01 100 33

13,23 1,79 2.233.001,73

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 50 a 200m c/escavadeira

01, 02, 06, 07, 08 e 09 m

3 63.700,005 S 01 102 02

28,552 S 01 102 02

24,69 3,86 245.882,00

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 200 a 400m c/escavadeira

01, 02, 06, 07, 08 e 09 m

3 48.680,005 S 01 102 03

30,892 S 01 102 03

25,56 5,33 259.464,40

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 400 a 600m c/escavadeira

01, 02, 07, 08 e 09 m

3 38.290,005 S 01 102 04

31,322 S 01 102 04

26,83 4,49 171.922,10

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 600 a 800m c/escavadeira

01, 02, m3 11.000,00

5 S 01 102 0532,61

2 S 01 102 0525,91 6,70 73.700,00

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 800 a 1000m c/escavadeira

01, 02, 06, 07, 08 m3 73.050,005 S 01 102 06

33,182 S 01 102 06

28,55 4,63 338.221,50

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 1000 a 1200m c/escavadeira

04, 07 m3 27.278,00

5 S 01 102 0734,31

2 S 01 102 0728,92 5,39 147.028,42

Esc. carga transp. mat 3ª cat DMT 50m

09 m3 270,005 S 01 102 01

22,582 S 01 102 01

20,30 2,28 615,60

7.631.485,63Total Lotes 07, 08 e 09 Fonte: SICRO e Planilha de Custos do Edital

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Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 09 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 09 c) Escavação e carga de material de jazida As composições de “escavação e carga de material de jazida” para os nove lotes apresentam os equipamentos “trator de esteiras” e “carregadeira” para o serviço de escavação e carga propriamente dito e “motoniveladora” para a manutenção dos caminhos de serviço. Esta equipe entende que os equipamentos “trator de esteira” e “carregadeira” devem ser substituídos por “escavadeira”, uma vez que esta é mais econômica e desempenha a mesma função. No caso da motoniveladora, em virtude de existir na planilha orçamentária o serviço “manutenção do canteiro, caminhos de serviço e desvios”, este equipamento deve ser desconsiderado da composição em questão. Dessa forma, o serviço de “escavação e carga de material de jazida” seria composto apenas por escavadeira hidráulica, encarregado e servente, ao custo de R$ 1,60/m3 (setembro/2009), o que reduziria o valor da obra em R$ 15.763.099,65 para os Lotes 01 a 06, conforme o Quadro a seguir. Quadro V: Superestimativa no serviço de “escavação e carga de material de jazida” – Lotes 01 a 06

Lote  Unid. Quantidade

Custo Unit. Execução 

Equipamentos 

Planilha (R$)

Custo Unit. 

Execução com 

Escavadeira (R$)

Indenização de 

Jazida (R$)

PU Planilha 

(R$)

PU Corrigido 

(R$)

Diferença 

Unit. (R$)

Diferença 

Total (R$)

01 m3

1.849.320,00 3,04 1,60 5,10 10,40 8,57 1,83 3.392.984,39

02 m3

2.003.430,00 3,04 1,60 5,10 10,40 8,57 1,83 3.675.733,09

03 m3

904.326,00 3,04 1,60 5,10 10,41 8,57 1,84 1.668.228,26

04 m3

1.250.489,00 3,04 1,60 5,10 10,41 8,57 1,84 2.306.802,07

05 m3

1.637.040,00 3,04 1,60 5,50 10,92 9,08 1,84 3.017.654,05

06 m3

923.150,00 3,04 1,60 5,50 10,92 9,08 1,84 1.701.697,78

15.763.099,65Total Fonte: Planilha de Custos do Edital

Nota-se que, para o cálculo do sobrepreço, não foi excluída a parte relativa à indenização de jazida, que será tratada no próximo ponto. Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 09 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 09 CONSTATAÇÃO 005 PROJETO BÁSICO DEFICIENTE Foram constatadas falhas no Projeto Básico da BR-116/RS, as quais podem acarretar um prejuízo potencial estimado de R$ 71.433.147,32, tais como: adoção de soluções técnicas que acarretam prejuízo ao erário, adoção de composição inadequada para o serviço de “macadame seco” e deficiências que criam condições para a ocorrência de jogo de planilha. a) Adoção de soluções técnicas que acarretam prejuízo ao erário O Projeto Básico adota soluções técnicas que oneram o preço da obra, relacionadas à cobrança sem amparo legal de “indenização de jazidas” para material destinado a corpo de aterro.

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Em termos legais, a indenização de jazidas” refere-se aos custos para a obtenção do material necessário à execução da obra como solos e materiais arenosos. Nos Projetos Básicos dos Lotes 01 a 06 da presente licitação, foi cobrado o valor de R$ 5,10 ou R$ 5,50 para o serviço, no qual estão inclusos os seguintes encargos: - indenização e direitos minerários, de acordo com o Código de Mineração e legislação específica; - indenização ambiental e por eventuais danos à propriedade, nos termos do Código Civil. Ocorre que a indenização ambiental já está prevista no orçamento no serviço de “recuperação de área de jazidas de empréstimo”, portanto não deve ser incluída no serviço. No que diz respeito aos direitos minerários, cabe esclarecer que é possível se determinar, em caráter preventivo, o bloqueio das áreas de jazidas necessárias à construção de rodovias, por Portaria do DNPM, como já ocorreu na BR-101/Sul e no Arco Rodoviário do Rio de Janeiro. Esta possibilidade se deve ao fato de que a propriedade do subsolo está dissociada da propriedade do terreno. Segundo a CF/88, art. 20, inciso IX, os recursos minerais, inclusive os de subsolo, são bens da União. E, de acordo com o art. 176, as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais, constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra e assegurada à participação do proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. O art. 176 da CF/88 complementa, ainda, que a pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efetuadas mediante autorização ou concessão da União. A União, contudo, não necessita de título minerário para explorar o subsolo, sendo suficiente que o DNPM emita a “dispensa de título minerário”. Conforme o art. 3º, § 1º do Código Minerário, nos casos de exploração de jazidas que se destinem à abertura de vias de transporte, a União poderá se utilizar desses recursos mediante a dispensa de título minerário. Segundo o art. 4º do mesmo Código, o enquadramento dos casos específicos no § 1º do art. 3º depende da observância dos seguintes requisitos: I - real necessidade dos trabalhos de movimentação de terras ou de desmonte de materiais in natura para a obra; e II - vedação da comercialização das terras e dos materiais in natura resultantes dos referidos trabalhos. § 1º Para fins do inciso I deste artigo, entende-se por real necessidade aquela resultante de fatores que condicionam a própria viabilidade da execução das obras à realização dos trabalhos de movimentação de terras ou de desmonte de materiais in natura, ainda que excepcionalmente fora da faixa de domínio. § 2º Os fatores referidos no § 1º deste artigo podem ser naturais ou físicos, como o relevo do local, mas também de outra natureza, desde que igualmente impeditivos à execução das obras, como, por exemplo, comprovada ausência, insuficiência ou prática de preço abusivo do material na localidade, à critério do DNPM. (...) A esse respeito, a Portaria-DNPM 441/2009 estabelece em seu art. 7º que “A declaração de Dispensa de Título Minerário somente poderá ser pleiteada pelo responsável ou executor da

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obra, mediante requerimento dirigido ao Chefe do Distrito do DNPM em cuja circunscrição está localizada a área de interesse”. Dessa forma, cabe ao DNIT pleitear junto ao DNPM o bloqueio e a Declaração de Dispensa de Títulos Minerários das áreas necessárias à construção da BR-116/RS antes da retomada da licitação, pois entende-se que a ordem jurídica em vigor, nos termos do art. 3º, § 1º do CM, impõe que deva ser realizado o aproveitamento de material para as obras públicas, e que isto deve ser considerado no orçamento para a obra, sem pagamento de indenização, o que resultará em uma redução de R$ 57.107.383,85 somente para o serviço de “escavação e carga de material de jazida”. Quadro VI: Demonstrativo da redução de valores para o serviço escavação e carga de material de jazida

Lote Serviço Unid. QuantidadeIndenização 

de Jazida (R$)

Superestimativa 

(R$)

01 Escavação e carga de material de jazida (1acategoria m

31.849.320,00 6,51 12.039.073,20

02 Escavação e carga de material de jazida (1acategoria m

32.003.430,00 6,51 13.042.329,30

03 Escavação e carga de material de jazida (const. e res m3

904.326,00 6,51 5.887.162,26

04 Escavação e carga de material de jazida (const. e res m3

1.250.489,00 6,51 8.140.683,39

05 Escavação e carga de material de jazida (const. e res m3

1.637.040,00 7,03 11.508.391,20

06 Escavação e carga de material de jazida (const. e res m3

923.150,00 7,03 6.489.744,5057.107.383,85Total 

Fonte: Planilha de Custos do Edital

É importante ainda salientar que, em pesquisa na página eletrônica do DNPM, observou-se que inexistem pedidos de outorga de lavra referentes às áreas a serem exploradas. Caso o proprietário de terra tire proveito econômico dessa atividade (como orçado no projeto básico), tal será considerado como lavra ilegal, podendo ensejar a responsabilização civil, penal e administrativa do infrator, nos termos do art. 6º da Portaria 411/CCE/DNPM. Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 09 Volume 2 – Projeto Básico de Terraplenagem dos Lotes 01 a 09 Volume 3 – Memória Justificativa dos Lotes 01 a 09 Volume 3B – Estudos Geotécnicos dos Lotes 01 a 09 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 09 b) Adoção de composição inadequada para o serviço de “macadame seco” Como não há composição no SICRO 2 para o serviço de “macadame seco”, o DNIT utilizou como base o serviço de “macadame hidráulico”, substituindo o equipamento distribuidor de agregados pelo trator de esteiras D6 e pela motoniveladora. O macadame seco é um material granular com muita semelhança ao macadame hidráulico, porém sem uso de água para auxílio do preenchimento dos agregados graúdos pelos miúdos. Em geral, os agregados graúdos utilizados são de dimensões bastante significativas, chamadas de “pedra pulmão”, com tamanho variando entre 2” e 5”, de graduação uniforme, e preenchidos por agregados miúdos compreendidos em 5 diferentes faixas. Ocorre que as composições utilizadas pelos projetistas para os Lotes 01 a 09 adotam como material a “brita produzida em central de britagem 80 m3/h” para a confecção do macadame seco, quando na verdade o serviço é realizado com “pedra de mão ou rachão” e “brita”, conforme as especificações dos departamentos de estradas de rodagem.

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Assim, para se obter um preço adequado, adotou-se como referência a composição especificada pelo DAER/RS, “Código: 879 - Macadame Seco - exclusive transporte”, com inclusão do equipamento “caminhão basculante” e com os custos dos insumos obtidos do SICRO 2, do Rio Grande do Sul, data base de setembro/2009, observando-se uma redução de R$ 14.325.763,47 no valor do serviço para os Lotes de 01 a 09, conforme se observa no Quadro VII a seguir. Quadro VII: Demonstrativo da redução de valores para o serviço macadame seco

Lote Unid. Quantidade PU Planilha (R$) PU Corrigido (R$) Diferença Unit.  (R$) Diferença Total  (R$)

01 m3

84.700,00 83,40 65,71 17,69 1.498.343,00

02 m3

78.500,00 85,08 66,86 18,22 1.430.270,00

03 m3

87.505,00 91,39 72,44 18,95 1.658.219,75

04 m3

80.148,00 85,97 67,46 18,51 1.483.539,48

05 m3

94.672,00 99,23 77,46 21,77 2.061.009,44

06 m3

90.910,00 101,40 79,02 22,38 2.034.565,80

07 m3

76.400,00 76,42 58,18 18,24 1.393.536,00

08 m3

65.300,00 78,51 59,61 18,90 1.234.170,00

09 m3

69.800,00 91,79 69,84 21,95 1.532.110,00

14.325.763,47Total

Fonte: Planilha de Custos do Edital

Evidências: Planilha Orçamentária dos Lotes 01 a 09 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 09 c) Insuficiência de Sondagens Foi observada uma deficiência no número de sondagens para caracterização dos volumes de bolsões de solos moles e de solos de baixa capacidade de suporte. A norma DNER-PRO 381/98 - Projeto de aterros sobre solos moles para obras viárias estabelece parâmetros mínimos para as investigações desses materiais a saber: “As investigações poderão ser realizadas em duas fases: a primeira, objetiva somente a obtenção do perfil geotécnico e constará simplesmente de sondagens a percussão segundo a norma ABNT NBR 6484, sendo pelo menos uma em cada depósito mole. Quando o depósito tiver mais que 100 m de extensão, as sondagens a percussão deverão ser realizadas com intervalo não superior a 100 m. Estes estudos permitirão elaborar um perfil geotécnico detalhado.” Entretanto, em nenhum dos nove lotes existe tal estudo, de forma que os volumes de solo mole foram estimados com alto grau de imprecisão. Portanto, é fundamental proceder ao aperfeiçoamento do projeto, como novas investigações, de modo a se obter um perfil geotécnico detalhado que possibilite a adequada avaliação e quantificação dos serviços. Evidências: Volume 2 – Projeto Básico de Terraplenagem dos Lotes 01 a 09 Volume 3 – Memória Justificativa dos Lotes 01 a 09 Volume 3B – Estudos Geotécnicos dos Lotes 01 a 09 Volume 4 – Projeto Básico – Orçamento da Obra dos Lotes 01 a 09 II.3 - DNIT – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA

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II.3.1 - CONTORNO DE VITÓRIA/ES Fato denunciado: “R$ 11 milhões por quilômetro. Esse é o valor a ser pago em um contrato, sem licitação, feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) - órgão ligado ao Ministério dos Transportes - com a empresa Contractor. Assinado em março de 2010 pelo então superintendente Élio Bahia - o atual é Halpher Luiggi -, o termo visa à complementação de obras para a duplicação do Contorno de Vitória e à construção de oito viadutos. Em um trecho de apenas 6,2 quilômetros, o Dnit vai desembolsar, ao menos, R$ 66,9 milhões - já foram assinados aditivos ao contrato”. (Fonte: A Gazeta – Gazeta on Line em 18/07/2011) Conclusão CGU: Situação confirmada. A análise da CGU evidenciou que a contratação das obras de complementação do Contorno de Vitória por dispensa foi irregular. Com base nas análises efetuadas no processo licitatório decorrente do Edital n° 0596/2009, foi possível verificar a prática de atos que violam os princípios de ampla competitividade e concorrência, que são pressupostos para a contratação de serviços e obras da Administração Pública. Constatou-se a ocorrência de direcionamento na primeira licitação das obras de duplicação do contorno de Vitória, que resultou deserta e acabou sendo contratada, por dispensa, com a Contractor Engenharia Ltda. As irregularidades incluem: a ausência de justificativas consistentes para a dispensa; ausência de repetição do processo licitatório de Concorrência; antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato de licitação a qual encerrou-se deserta; validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta; e ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes. Portanto, a análise da CGU evidenciou que a contratação das obras de complementação do Contorno de Vitória por dispensa foi irregular. CONSTATAÇÃO 006: DISPENSA IRREGULAR DE LICITAÇÃO DE OBRAS DE COMPLEMENTAÇÃO DO CONTORNO DE VITÓRIA NO VALOR DE R$ 66.985.178,71 Trata-se de fiscalizações efetuadas pela CGU-Regional/ES, abrangendo questões acerca de descumprimento da Lei de Licitações, dispensa irregular, alteração importante de valor e prejuízos potenciais aos cofres públicos, identificados nas licitações realizadas no âmbito da Superintendência Regional do DNIT/ES; Preliminarmente, cumpre informar que em razão da Solicitação de Fiscalização n° 02/CGU-ES, de 27/07/2011, Equipe Técnica da CGU analisou o processo digitalizado n° 50.617.001787/2009-01, disponibilizado pelo DNIT/ES em 07 volumes que contêm documentação relativa à execução dos serviços necessários à realização da complementação das obras de duplicação do Contorno de Vitória na Rodovia BR-101/ES, compreendendo uma extensão de 6,2 Km, situada entre os segmentos Km 288,1 e Km 294,3 - PNV 101BES2350 situado no trecho Divisa BA/ES – Divisa ES/RJ, subtrecho Entr. ES – 080 (Tabajara) – Entr. BR-262 (A). A referida obra encontra-se em execução pela empresa Contractor Engenharia Ltda (CNPJ 01.980.404/0001-51), contratada por dispensa de licitação pelo DNIT/ES, por meio do Contrato n°. 17.1.0.00.0231.2010, de 04/03/2010, no valor de R$66.985.178,71, posteriormente alterado para R$70.619.411,07 mediante Termo Aditivo de 30/12/2010. Da leitura que se faz do processo digitalizado n°. 50617.000649/2006-54, também disponibilizado pelo DNIT/ES à Equipe Técnica da CGU, em resposta à Solicitação de Fiscalização n° 03/CGU-ES de 29/07/2011, observa-se que as obras de duplicação do Contorno

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de Vitória se iniciaram nos segmentos compreendidos entre o Km 268,8 e o Km 288,1 – extensão de 19,3 Km –, cuja execução ficou a cargo da empresa Delta Construções S/A (CNPJ 10.788.628/0001-57), conforme Contrato TT-011/2008-00 de 03/01/2008 no valor de R$51.447.985,45, o qual decorreu da Concorrência n°. 344/2007. Às fl. 224 do processo administrativo em tela, foi informado que as obras remanescentes (Km 288,1 ao Km 294,3) teriam que ser “licitadas em separado em vista que o projeto passará por processo de revisão, para atender aos interesses do Estado e Município determinado em audiência pública”(sic). Feitas essas considerações iniciais, verificamos no Quadro I abaixo um resumo dos procedimentos realizados pelo DNIT/ES relativos aos processos em comento: Quadro I: Obras de duplicação do Contorno de Vitória na Rodovia BR-101/ES

Objeto (segmento)

Processo Licitatório

Contrato / Data Empresa

Contratada Valor Contratado (valor

original) Km 268,8 ao Km 288,1 (concluído)

Concorrência n°. 0344/2007-00

Contrato TT-011/2008-00 Data: 03/01/2008

Delta Construções S/A R$ 51.447.985,45

Km 288,1 ao Km 294,3 (em curso)

Dispensa de Licitação (art. 24, inciso V) licitação deserta

Contrato n°. 17.1.0.00.0231.2010 Data: 04/03/2010

Contractor Engenharia Ltda

R$ 66.985.178,71

Fonte: DNIT/ES – Processos administrativos 50617.000649/2006-54 e 50617.001787/2009-01

Em referência às obras de duplicação contratadas junto à empresa CONTRACTOR por dispensa de licitação, observamos que o Diretor-Geral do DNIT, por meio da Portaria n°. 1.224 de 08/10/2009 (fl. 82), delegou competência ao Superintendente Regional do DNIT/ES à época, para “promover a licitação, (...), nomear Comissão de Julgamento, elaborar o Edital, (...) divulgar o Edital, julgar recursos, homologar e representar a Autarquia na lavratura e assinatura do Contrato e seus respectivos Termos Aditivos (....)” (sic). Cita-se que referida delegação se deu para atender a solicitação formulada pelo Superintendente Regional do DNIT/ES, por meio do memorando n°. 464/2009/SR/ES de 25/09/2009 (fl.01), no qual restou consignado que à época as Superintendências Regionais do DNIT contavam com delegação de competência por meio da Portaria do Diretor-Geral do DNIT n°.310 de 07/03/2007 para adoção de todos os procedimentos licitatórios de obras cujos valores fossem menores ou iguais a R$10,5 milhões. No memorando do DNIT/ES o valor estimado para a obra era de R$62.533.439,00. Ato contínuo, em 08/10/2009 foi emitida a Portaria n° 054 de 08/10/2009/DNIT/ES, assinada pela Superintendente Substituta do DNIT/ES, designando os servidores para comporem a comissão de licitação com vistas à contração da empresa para a execução dos serviços de complementação das obras de duplicação do Contorno de Vitória - Rodovia BR-101/ES: Quadro II: Portaria DNIT/ES n°. 0054/2009 – Composição da Comissão de Licitação

Matrícula Função DNIT n°. 1620-9 Presidência da CPL

DNIT n°. 384-0 Membro

DNIT n°. 1619-5 Membro

Fonte: DNIT/ES – Processo administrativo n°. 50617.001787/2009-01 – fl. 0087

Em 16/10/2009 a Comissão de Licitação lançou o Edital n° 0596/2009-17 – Concorrência Pública cujas principais informações consignamos no Quadro III seguinte: Quadro III: Edital n° 0596/2009-17 – Concorrência Pública

Objeto Execução, sob o regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários à realização da Complementação das Obras de Duplicação do Contorno de Vitória na Rodovia BR-101/ES

Lote 02

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Rodovia BR-101/ES

Trecho Divisa BA/ES – Divisa ES/RJ

Subtrecho Entr. ES – 080 (Tabajara) – Entr. BR-262 (A)

Segmento Km 288,1 ao Km 294,3

Extensão 6,20 Km

Códigos do PNV 101BES2350

Orçamento R$ 67.315.943,36 (Edital) - As publicações no Site DNIT, no DOU e em jornal de grande circulação o valor orçado foi de R$62.533.439,00 mesmo após o adiamento da licitação para 07/12/2009 para adequação do BDI

Data de entrega da Documentação e

Propostas 20/11/2009 (posteriormente alterado para 07/12/2009)

Fonte: DNIT/ES – Processo administrativo n°. 50617.001787/2009-01 – (fl. 185)

Em 04/11/2009 a Comissão de Licitação procedeu ao adiamento da licitação, divulgando nova data de entrega da documentação e propostas para o dia 07/12/2009, para dar cumprimento ao contido no art. 3° da Portaria DNIT n°. 1.186 de 01/10/2009, que determinou alteração na parcela de BDI a ser adotada nos orçamentos das licitações do DNIT, bem como a suspensão das licitações em andamento para ajustes nos editais com o novo percentual do BDI (fl. 275). Em 07/12/2009 foi realizada pela Comissão de Licitação a primeira sessão para recebimento da documentação e propostas das empresas interessadas. Contudo, ficou consignado na respectiva Ata que “por não acudirem interessados a licitação foi declarada deserta”. Relevante informar que após uma atenta leitura na documentação digitalizada disponibilizada à Equipe Técnica da CGU, não houve êxito em identificar no processo qualquer indicação de que eventuais empresas interessadas tenham retirado o Edital no DNIT/ES. Observa-se que já em 08/12/2009, portanto no dia seguinte à realização da primeira sessão cuja Ata declarou deserta a licitação, a Comissão de Licitação já cuidava de enviar Ofício a três empresas solicitando apresentação de propostas para a execução do objeto do certame com fundamentação no art. 24, Inciso V da Lei de Licitações, que trata de dispensa de licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior. Com efeito, somente em 15/12/2009 os atos da Comissão de Licitação alcançaram eficácia com a publicação no DOU da respectiva Ata. Naquela mesma data, 15/12/2009, duas das três empresas chamadas apresentavam à Comissão de Licitação a documentação de habilitação e respectivas propostas comerciais. Quadro IV: Empresas chamadas para apresentação de preços (R$1,00)

Empresas Endereço Preços ofertados Contractor Engenharia Ltda CNPJ 01.980.404/0001-51

Av. N.Sª dos Navegantes , n°.451 Salas 1801, 1802, 1803, 1804, Enseada do Suá Vitória-ES

66.985.178,71

Almeida e Filho Terraplenagens Ltda CNPJ 32.487.258/0001-50

Av. Aero Clube , 319, Bairro Aero Clube Volta Redonda-RJ

67.307.101,98

Tervap-Pitanga Mineração e Pavimentação Ltda CNPJ 28.137.081/0001-95

R Holdercim 1061, Civit II Serra-ES Não apresentou proposta

Fonte: DNIT/ES – Processo administrativo n° 50617.001787/2009-01 – (fl. 281 a 381, 384 a 586, 590 a 878) e Cadastro CNPJ.

Verificou-se que consulta foi formulada pela Comissão de Licitação em 23/12/2009 à Procuradoria Federal Especializada junto a Superintendência Regional do DNIT/ES - Despacho n°. 399/2009-SCL-ES, (fl. 1159), a qual emitiu na mesma data, ou seja, 23/12/2009, Parecer n° 185/2009 PFE/SR/DNIT/ES favoravelmente a contratação direta com fulcro no art. 24, Inciso V da Lei de Licitações, como pretendido pela CPL, em face de a licitação ter sido declarada

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deserta. Ato contínuo, também em 23/12/2009, a Comissão de Licitação declarou, “por múnus público do artigo 26, caput da Lei n° 8.666/93, de 21.06.1993, a Dispensa de Licitação, com amparo nos preceitos estabelecidos no artigo 24, Inciso V, da Lei 8.666/93” ato ratificado em 28/12/2009 pela Superintendente Regional do DNIT/ES substituta. No intuito de facilitar o entendimento dos atos praticados pela Administração para contratação de empresa para execução dos serviços necessários à realização da complementação das obras de duplicação do Contorno de Vitória na Rodovia BR-101/ES, relacionamos no Quadro V abaixo a cronologia das ocorrências. Foram arrolados os principais atos praticados até a autorização do início dos serviços. Quadro V: Cronologia dos atos praticados pelo DNIT/ES

Data Ocorrências 25/09/2009 Memorando n° 464/DNIT/ES solicita delegação para licitar acima de R$10,5 milhões

08/10/2009 Portaria n° 1.224 do Diretor-Geral DNIT delega competência ao DNIT/ES para licitar

08/10/2009 Portaria n° 0054/DNIT/ES designa servidores para compor Comissão de Licitação

16/10/2009 Publicação do Aviso de Licitação no site do DNIT com abertura fixada para 20/11/2009

18/10/2009 Publicação no jornal A Gazeta do Aviso de Licitação com abertura fixada para 20/11/2009

20/10/2009 Publicação no DOU do Aviso de Licitação com abertura fixada para 20/11/2009

04/11/2009 Justificativa de Adiamento da Licitação publicada no site DNIT fixando a data de 07/12/2009 para recebimento de documentação e propostas

06/11/2009 Publicação do Aviso de Adiamento no site do DNIT com abertura fixada para 07/12/2009

08/11/2009 Publicação do Aviso de Adiamento no jornal A Gazeta com abertura fixada para 07/12/2009

09/11/2009 Publicação do Aviso de Adiamento no DOU com abertura fixada para 07/12/2009

07/12/2009 Ata da Primeira Sessão de Habilitação publicada no site do DNIT declarando a licitação deserta

08/12/2009 O DNIT/ES oficializa três empresas para apresentarem preços

15/12/2009 Publicação do resultado do julgamento no DOU sendo declarada a licitação deserta

15/12/2009 Duas das três empresas chamadas apresentam preços e respectivas propostas comerciais

23/12/2009 A Comissão de Licitação formula consulta à PFE-DNIT/ES acerca da condução do processo por dispensa após declarada a licitação deserta, bem como justifica o relevante interesse público para contratação direta.

23/12/2009 Parecer n°. 185/2009 PFE/SR/DNIT/ES opina favoravelmente a contratação direta com fulcro no art. 24, Inciso V da Lei de Licitações, como pretendido pela CPL, em face da licitação ter sido declarada deserta.

23/12/2009 Declaração da Comissão de Licitação de Dispensa de Licitação

23/12/2009 Solicitação da Comissão de Licitação para o Superintendente Regional do DNIT/ES pela ratificação da Declaração de Dispensa

23/12/2009 Ratificação pelo Superintendente Regional do DNIT/ES da Dispensa de Licitação

24/12/2009 Publicação no DOU do extrato de Dispensa de Licitação com fundamento legal no artigo 24, Inciso V da Lei de Licitações informando a contratação da empresa Contractor no valor de R$66.985.178,71

28/12/2009 Homologação do processo de dispensa de licitação e adjudicação em favor da empresa Contractor no valor de R$66.985.178,71

28/12/2009 Autorização do Superintendente do DNIT/ES para assinatura e publicação do contrato com a empresa Contractor

04/03/2010 Celebração entre o DNIT/ES e a empresa Contractor do Contrato n°. 17.1.0.00.0231.2010

05/03/2010 Publicação no DOU do extrato do contrato. Valor R$66.985.178,71

05/03/2010 Ordem de Início de Serviços

Fonte: DNIT/ES – Processo administrativo n°. 50617.001787/2009-01

Decorridas estas considerações iniciais e após a análise cuidadosa do conteúdo dos processos digitalizados disponibilizados pelo DNIT/ES, restou demonstrado para a Equipe Técnica da CGU a contratação irregular da empresa Contractor Engenharia Ltda mediante dispensa de licitação pelo valor de R$66.985.178,71, posteriormente alterado para R$70.619.411,07 mediante Termo Aditivo de 30/12/2010.

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É sabido que a regra geral que vige para o Administrador Público é a de sempre licitar. Como toda regra tem sua exceção, o Estatuto de Licitações permite como ressalva à obrigação de licitar, a contratação direta através de processos de dispensa e inexigibilidade de licitação, desde que preenchidos os requisitos previstos na lei. (grifo nosso) No entanto, nos processos analisados não foram encontrados os correspondentes documentos de motivações e justificativas ao amparo da Lei de Licitações que ensejaram a contratação por dispensa, de maneira a atender os requisitos previstos na lei. As situações verificadas demonstraram a burla ao certame licitatório na modalidade Concorrência, ficando sob suspeição os atos praticados pela gestão DNIT/ES. O art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/1993, possibilita a contratação mediante dispensa de licitação, desde que não acudam interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não possa ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas. (grifo nosso) Ainda que se pudesse caracterizar a licitação como deserta, não estaria justificada a contratação com base no art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/93, pois se teria que demonstrar que a repetição do certame traria prejuízos à administração, conforme reza o dispositivo. Entretanto, não restou explicitado no processo de dispensa de licitação que a repetição de nova licitação traria tais prejuízos. É apenas mencionado no processo como justificativa para contratação direta e dispensa da licitação a “necessidade de a Administração atender aos anseios quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos; eliminação do gargalo existente, em face do excesso fluxo de veículo pesado; sendo, portanto, obra de relevante interesse público” (sic) (fl. 159) A doutrina tem entendido: “... é preciso que fique caracterizado o risco a pessoas ou bens potencialmente aferível no momento da dispensa, não atribuível à desídia do agente público”, segundo JACOBY. (grifo nosso) E, ainda, a administração do DNIT/ES considerou correto o chamamento de três empresas para apresentação de proposta comercial, havendo somente duas delas comparecido com documentação e preços cujos valores se situam em torno de R$65 milhões, culminando na contratação de uma delas, a que apresentou menor orçamento. De ressaltar, ainda, que se tratava de vultosos valores e em uma situação de normalidade a gestão zelosa e preocupada com a regular aplicação do recurso público haveria de considerar um número maior de cotações a empresas, em vez de apenas as duas que pautaram a avaliação do custo mais vantajoso para a Administração. A verdade é que o objetivo do dever de licitar é evitar desmandos ou favorecimentos, dando-se oportunidades iguais a todos, além de fornecer à Administração a possibilidade de escolher a proposta mais vantajosa. O simples atendimento ao comando legal, se por um lado exime o administrador de imputação de irregularidade quanto a este comando, não lhe retira a responsabilidade pelo afastamento de princípios basilares da Administração, os quais devem estar presentes nos seus atos, a exemplo da observância ao princípio da moralidade, insculpido no art. 37 da Constituição Federal e no art. 3º da Lei nº 8.666/93, posto que apenas duas propostas válidas embasaram a contratação de gastos superiores a R$ 65 milhões.

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Restou demonstrada para a Equipe da CGU a fuga da modalidade de licitação apropriada, estando comprometido o caráter competitivo na contratação de terceiros pela Administração Pública. Após levantamentos efetuados junto ao SIAFI- Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal e SISDNIT-SIAC – Sistema de Acompanhamento de Contratos do DNIT, identificamos as seguintes medições e pagamentos relativos ao Contrato n° 17.1.0.00.0231.2010 ora em análise. Quadro VI: Últimas medições (R$1,00)

Últimas medições N° Referência Valor

Med. 14 abril/2011 4.595.347,65

Med. 15 maio/2011 1.178.284,25 Fonte: SISDNIT – SIAC - https://sisdnit.dnit.gov.br

Quadro VII: Últimos pagamentos efetuados (R$1,00)

Pagamentos efetuados Data Valor Medição Ordem Bancária

30-07-2010 75.225,28 01 823956 30-07-2010 79.364,74 02 823955 03-09-2010 86.059,60 03 827393 03-09-2010 91.765,66 04 827392 15-10-2010 97.205,46 05 832796 18-10-2010 1.162.083,88 06 833433 09-02-2011 1.537.603,34 07 810038 04-01-2011 764.706,26 08 800883

03-02-2011 1.257.240,04 09 808975

18-03-2011 4.313.013,94 10 815934

13-04-2011 1.358.116,70 11 822954

11-05-2011 84.207,85 12 829699

16-06-2011 1.652.212,51 13 840152

17-06-2011 2.535,67 13 840370

24-06-2011 4.096.752,43 14 842996 Total 16.658.093,36

Fonte: SIAFI - Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

Devemos esclarecer, ainda, no que diz respeito aos aspectos técnicos de engenharia bem como aos preços praticados, que a Equipe Técnica da CGU não se ocupou da verificação da adequabilidade dos custos da obra com os valores de mercado, havendo, portanto, direcionado seus esforços na identificação dos atos praticados pela gestão do DNIT que culminaram com a contratação direta da empresa Contractor mediante dispensa irregular de licitação. Extrai-se ainda da documentação analisada importante divergência entre os valores orçados e informados pelo DNIT ao longo do processo. Isto porque, verificamos que por ocasião das publicações dos avisos da licitação o valor trazido à praça em outubro/2009 era de R$ 62.533.439,00 (DOU, Jornal A Gazeta e sítio do DNIT), ao tempo em que quando da realização da Ata de 07/12/2009, que declarou deserta a licitação, os valores orçados montavam a importância de R$ 67.315.943,36. Tais fatos merecerão maiores aprofundamentos por Equipe Técnica da CGU.

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A Superintendência Estadual do DNIT no Espírito Santo, especificamente a sua Comissão de Licitação, vem praticando atos que ferem os princípios de ampla competitividade e concorrência, que são pressupostos para a contratação de serviços e obras com a Administração Pública. Constata-se que há direcionamento da licitação realizada para a contratação de obras de duplicação do contorno de Vitória, realizada com a firma Contractor Engenharia Ltda, consubstanciado em: irregularidades pela ausência de justificativas consistentes para a dispensa; ausência de repetição do processo licitatório de Concorrência; antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato de licitação a qual encerrou-se deserta; validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta; e ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes da Concorrência. II.3.2 - CONFLITO DE INTERESSES – CONSTRUTORA ARAÚJO E TECH MIX a) CONSTRUTORA ARAÚJO

Fato denunciado: “A Construtora Araújo Ltda, da mulher de José Henrique Sadok de Sá, diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), assinou contratos que somam pelo menos R$ 18 milhões para tocar obras em rodovias federais entre 2006 e 2011, todas vinculadas a convênios com o órgão. A mulher de Sadok, Ana Paula Batista Araújo, é dona da Construtora Araújo, contratada para cuidar de obras nas rodovias BR-174, BR-432 e BR-433, todas em Roraima e ligadas a convênios com o Dnit, principal órgão executor do Ministério dos Transportes. A aplicação de aditivos, que aumentam prazos e valores, ocorreu em todos os contratos. Sadok trabalhou em Roraima em 2001, no antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), como diretor de obras.” (Fonte: Estadão - estadao.com.br, em 15/7/2011)

Conclusão CGU: Situação confirmada parcialmente. Verificou-se a inexistência de caráter competitivo no caso da licitação da BR-174/RR, decorrente do Convênio nº TT-109, além de indícios de formação de conluio entre os participantes do certame. Um conflito de interesse ocorre quando um agente público tem um interesse privado que possa influenciar indevidamente certa decisão pública. No caso em tela, o conflito ocorre pelo fato de a companheira do ex-Diretor Executivo do DNIT ser proprietária de uma construtora que recebia recursos repassados pela Autarquia Federal ao Governo do Estado de Roraima, mediante convênio, fato que já vinha sendo investigado pela CGU. BR-174/RR CONSTATAÇÃO 007 INDÍCIO DE AUSÊNCIA DO CARÁTER COMPETITIVO ENTRE OS LICITANTES E DE POSSÍVEL CONLUIO. Trata-se de constatação consignada originalmente no Relatório de Fiscalização nº 1306, referente ao 08º Sorteio do Projeto de Fiscalização a Partir de Sorteios Públicos - Sorteio de Unidades da Federação, no Estado de Roraima, datado de 28/05/2009. Tendo em vista o achado desta constatação e o relacionamento existente entre o Diretor Executivo do DNIT à época e a proprietária da empresa vencedora do Lote III, referente ao subtrecho 3, optou-se por inserir a referida constatação neste Relatório.

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O Convênio nº TT-109-06 foi firmado em 09/12/2005, entre o DNIT e o Governo do Estado de Roraima, cujo objeto é a execução de serviços de manutenção (conservação/recuperação), na rodovia BR-174/RR, com extensão total de 381,3 km, nos seguintes subtrechos: Subtrecho 1 - Div AM/RR (km 0,0) - Vila do Equador (km 118,5) Subtrecho 2 - Vila do Equador (km 118,5) - Novo Paraíso (km 245,2) Subtrecho 3 - Caracaraí (km 369,0) - Boa Vista (km 505,1) Conforme consulta ao SIAFI2008 - CONTRANSF, a vigência atual do convênio foi estabelecida da seguinte forma: Início da Vigência: 13/12/2005 Fim da Vigência: 15/03/2009 Prazo para Prestação de Contas: 14/05/2009 Por meio do Edital de Concorrência nº 003/2006, de 09/02/2006, iniciou-se a fase externa da licitação. A Abertura ocorreu no dia 16/03/2006. Foram firmados os contratos 57, 58 e 59, todos assinados no dia 20/04/2006, entre o Governo do Estado de Roraima e as empresas Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda., Tescon Engenharia Ltda e Construtora Araújo Ltda, respectivamente. O prazo de execução foi definido em 720 dias. Em 28/10/2008 foi emitido o 6º Termo Aditivo com o objetivo de adequação do plano de trabalho com atualização de valor. Portanto, o valor vigente é de R$ 33.205.687,42, sendo R$ 29.885.118,86 (concedente) e R$ 3.320.568,74 (executor). O valor vigente do Convênio TT-109 está distribuído entre as empresas vencedoras dos lotes da seguinte forma: 1) Contrato nº 57, de 20/04/2006 - Construtora MM Ltda Subtrecho 1 - R$ 10.587.714,65 (4º Termo Aditivo, de 03/11/2008); 2) Contrato nº 58, de 20/04/2006 - Tescon Engenharia Ltda Subtrecho 2 - R$ 8.751.011,63 (4º Termo Aditivo, de 03/11/2008); 3) Contrato nº 59, de 20/04/2006 - Construtora Araújo Ltda Subtrecho 3 - R$ 12.137.706,05 (4º Termo Aditivo, de 03/11/2008; O valor de R$ 1.729.255,10 é devido a título de reajustamento desses contratos. O prazo atual de execução dessas obras foi estendido até o dia 14/04/2009. Em consulta ao SIAFI2008 - CONTRANSF, os valores foram informados da seguinte forma: Valor Original : 17.349.645,65 Valor Aditivado : 12.535.473,05 Valor Total : 29.885.118,70 Valor Contrapartida: 3.320.568,72 Valor Pactuado : 33.205.687,42 Em relação aos recursos financeiros, verificou-se que foram creditados, à época da fiscalização da CGU, pelo Concedente no Banco: 001 - Agência: 3797-4 - Conta Corrente: 5.781-9, o valor total de R$ 22.405.647,75, conforme detalhamento abaixo: Quadro I: Demonstrativo das OB´s - Concedente

UG GESTÃO DOCUMENTO EMISSÃO PARCELA VALOR (R$) 393003 39252 2005OB913521 30Dez2005 001 1.112.788,97 393003 39252 2005OB913727 30Dez2005 002 487.211,03 393003 39252 2006OB924651 13Dez2006 003 1.100.000,00

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393003 39252 2006OB925515 18Dez2006 003 1.415.698,61 393003 39252 2006OB924645 13Dez2006 004 1.697.656,10 393003 39252 2006OB925516 18Dez2006 004 384.301,39 393003 39252 2007OB928605 11Out2007 005 1.013.143,90 393003 39252 2007OB928606 11Out2007 005 827.993,89 393003 39252 2008OB904711 25Fev2008 005 481.229,76 393003 39252 2008OB904713 25Fev2008 005 1.772.006,11 393003 39252 2008OB905207 26Fev2008 005 505.296,00 393003 39252 2008OB904710 25Fev2008 006 1.518.770,24 393003 39252 2008OB904712 25Fev2008 006 1.000.000,00 393003 39252 2008OB905192 26Fev2008 006 2.000.000,00 393003 39252 2008OB917864 24Jun2008 006 1.489.794,59 393003 39252 2008OB000109 24Jun2008 006 1.489.794,59 393003 39252 2008OB917870 25Jun2008 006 1.489.794,59 393003 39252 2008OB917865 24Jun2008 007 3.277.270,94 393003 39252 2008OB000110 24Jun2008 007 3.277.270,94 393003 39252 2008OB917869 25Jun2008 007 3.277.270,94 393003 39252 2008OB934759 26Nov2008 008 1.893.868,73 393003 39252 2008OB934762 26Nov2008 009 428.617,49

Fonte: SIAFI

Em relação aos valores devidos a titulo de contrapartida, verificou-se que foram creditados na conta específica do Convênio nº 109/2005, até o dia 07/11/2008, os seguintes valores: Quadro II: Demonstrativo das OB´s - Contrapartida

Data Histórico Documento Valor 22/08/06 Ordem Bancária 200616340 69.989,41 14/11/06 Ordem Bancária 200619393 80.642,79 27/11/06 Ordem Bancária 200622706 48.059,00 20/12/06 Ordem Bancária 200624922 99.999,43 03/01/07 Ordem Bancária 200627184 147.084,38 26/01/07 Ordem Bancária 200700587 7.632,51 28/02/07 Ordem Bancária 200703425 74.561,36 12/03/07 Ordem Bancária 200704022 42.369,67 26/03/07 Ordem Bancária 200705205 40.733,13 03/04/07 Ordem Bancária 200705928 65.995,65 04/09/07 Ordem Bancária 200719170 317.264,66 19/10/07 Ordem Bancária 200724223 86.267,53 12/11/07 Ordem Bancária 200726370 111.120,60 26/11/07 Ordem Bancária 200727138 12.328,82 12/12/07 Ordem Bancária 200729028 965,85 06/03/08 Ordem Bancária 200804188 586.366,90 17/06/08 Ordem Bancária 200814332 236.754,42 26/06/08 Ordem Bancária 200815320 65.022,85 08/07/08 Ordem Bancária 200817062 396.357,46

Valor Total 2.489.516,42Fonte: SIAFI Dessa forma, até a data de 07/11/2008, foram creditados na conta específica o valor total de R$ 20.083.161,53, por parte do Concedente, e R$ 2.489.516,42, por parte do Convenente, sendo que em 26/11/2008, o Órgão Concedente desembolsou mais R$ 2.322.486,22. Em relação aos débitos relacionados aos pagamentos efetuados às empresas contratadas, até a data 07/11/2008, totalizaram cerca de R$ 22.247.728,33, conforme repartição abaixo: Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda - R$ 7.405.933,76 Tescon Engenharia Ltda. - R$ 5.512.902,46 Construtora Araújo Ltda - R$ 9.328.892,11

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Ressaltamos, ainda, que o Convênio TT-109 já foi objeto de fiscalização por parte da CGU, conforme Relatório de Ação de Controle Nº 00190.000789/2006-11. A seguir, transcreveu-se o teor das constatações contidas na referida Ação de Controle: "2.1.1 - Atualização dos valores do projeto básico, sem o devido termo aditivo ou apostilamento ao convênio. O Convênio nº TT-109/05, firmado em 09/12/2005, teve o valor pactuado inicialmente em R$ 19.277.384,06, cujos preços foram orçados em referência ao SICRO II do mês de janeiro de 2005. Em 20 de abril de 2006, foram firmados contratos com as empresas Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda., Tescon Engenharia Ltda. E Construtora Araújo Ltda., para a execução dos serviços de conservação e manutenção na BR-174/RR, no valor de R$ 21.856.344,24, com base no SICRO II do mês de janeiro de 2006, que provocou um aumento de cerca de 13,38%. Quadro III: Orçamento básico x contratação das empresas - Convênio TT- 109/05.

SERVIÇOS

0,0-118,5 (Div AMRR/

Vila Equador)

118,5-261 (Vila do Equador - Rio

Dias)

369-501,1 (Caracaraí-Boa Vista)

TOTAL

A- Orçamento Básico (SICRO II, fev-2005) 6.284.248,92 6.501.404,28 6.491.730,86 19.277.384,06B- Contratação das empresas (SICRO II, jan-2006 7.208.248,56 7.422.587,90 7.225.507,78 21.856.344,24Acréscimo (AB)/A*100 14,70% 14,17% 11,30% 13,38%

Todavia, não foi pactuado termo aditivo ou apostilamento ao convênio autorizando os novos preços do projeto básico, ou seja, o acréscimo de R$ 2.578.960,18 ao valor inicial do contrato. Por força do art. 116 da Lei nº 8.666/93, que determina a aplicação subsidiária desta Lei aos convênios, assim, quaisquer alterações ou reajustes do convênio serão precedidos de termo aditivo ou apostilamento. Destarte, o Governo Estadual de Roraima efetuou reajuste financeiro ao convênio, no valor de R$2.578.960,18, sem o prévio apostilamento." "2.2.2 - Celebração de convênios originados de desdobramentos de serviços do mesmo projeto básico, implicando em superposições de serviços. Em 06/07/2005, por meio da Portaria nº 740, o DNIT aprovou o projeto básico de revitalização da BR-174/RR, com base no programa PIR IV, para a execução dos seguintes serviços: ... Em relação ao desmembramento que originou os Convênios nºs TT-108/05 e TT-109/05, bem como a execução de seus serviços, constatou-se o seguinte: a) Houve divisão dos serviços de reparo localizados na pista de rolamento e acostamento, no entanto, foram mantidos os quantitativos do projeto inicial no Convênio nº TT/108/05, e acrescentados novos quantitativos ao Convênio nº TT-109/05, os quais poderiam ser normalmente acrescidos ao Convênio nº 108/05; b) Superposição dos serviços de canteiro, mobilização e Desmobilização, no valor de R$ 348.778,05; c) Pagamento de dois serviços de canteiro, mobilização e desmobilização a mesma empresa Tescon Engenharia Ltda, que foi contratada tanto para os serviços de revitalização, como para os

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serviços de manutenção e conservação no trecho Vila do Equador (Km 118,5) a Rio Dias (km 261), pelos valores: Convênio nº 109/05 - canteiro, mobilização e desmobilização, valor R$ 122.624,00 Convênio nº 044/02 - canteiro, mobilização e desmobilização, valor R$ 747.967,17. d) Descontinuidade de execução de sub-trecho com problemas - Boa Vista (km 505,1) a Pacaraima (km 719,9), em que foi contratada a empresa Tescon Engenharia Ltda tanto para os serviços de revitalização como de conservação e manutenção, gerando o impasse de qual contrato seria realizado o pagamento dos serviços comuns de reparo de buracos existentes, podendo, potencialmente pagá-los pelos dois. Mesmo dilema para com os segmentos com bastante buracos (km 0 ao km 118,5 e km 118,5 a km 245,2), o que fazer primeiro: a conserva e depois revitalizar ou somente os serviços da revitalização são necessários? ... Destarte, o desmembramento dos serviços iniciais não tinha razão de ser, uma vez que produziu diversas dificuldades para determinar qual contrato executaria os serviços de reparos localizados, podendo ser realizado dois pagamentos para o mesmo serviço a uma mesma empresa, além de onerar o serviços de revitalização e conservação." Isto posto, no dia 21/03/2006, a Comissão Setorial de Licitação – CSL apresentou o resultado da classificação referente ao julgamento das propostas de preços. Entretanto, por meio de análise comparativa das propostas de preços das empresas vencedoras, constatou-se falta de competitividade entre os concorrentes no certame licitatório, conforme verificado nos quadros IV, V e VI. Quadro IV: Comparativo dos preços ofertados no Lote I Empresas classificadas: Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda. e ASC Empreendimentos e Construções Ltda

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Destaca-se, ainda, que a variação percentual entre os totais das duas empresas resultou em aproximadamente 2,16% de diferença. Além desse fato, as propostas foram superiores em cerca de 10% ao valor total orçado.

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Quadro V: Comparativo dos preços ofertados no Lote II Empresas classificadas: Tescon Engenharia Ltda. e Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda.

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Destacamos, ainda, que a variação percentual entre os totais das duas empresas resultou em aproximadamente 0,5117% de diferença. Além desse fato, as propostas foram superiores cerca de 8% ao valor total orçado. Quadro VI: Comparativo dos preços ofertados no Lote III Empresas classificadas: Construtora Araújo Ltda. e Tescon Engenharia Ltda.

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Destacamos, ainda, que a variação percentual entre os totais das duas empresas resultou em aproximadamente 0,1% de diferença. Além desse fato, as propostas foram superiores em cerca de 8% ao valor total orçado.

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Pelo exposto, em relação aos Lotes I, II e III, verificou-se ausência de concorrência entre os licitantes com prejuízo ao princípio da proposta mais vantajosa para administração, conforme se infere do Artigo 3º da Lei 8.666/1993.

"Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. § 1º É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato; II - ... § 2º ... I - ... II - ... III - ... § 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura." (grifo nosso)

Evidência: Proposta de preço da empresa Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda (Processo 789 - Fls 601 a 613) Proposta de preço da empresa Tescon Engenharia Ltda. (Processo 789 - Fls 629 a 644) Proposta de preço da empresa Construtora Araújo Ltda. (Processo 789 - Fls 657 a 664) Ata de Classificação. (Processo 789 - Fls 711 a 713) Manifestação da Unidade Examinada: Por meio do Ofício GAB/SEINF Nº 090/2009, de 02/02/2009, o Governo do Estado de Roraima, por meio do Secretário de Estado Infraestrutura, apresentou os seguintes esclarecimentos: "Esclarecimentos: A referida licitação obedeceu rigorosamente o disposto no art. 21, inciso I a III, §1º; Art. 22, §2º da Lei 8.666/93 e suas alterações. Ademais, o certame licitatório atendeu aos princípios da isonomia, da seleção da proposta mais vantajosa à Administração Pública, da impessoalidade, da publicidade, da probidade administrativa e da vinculação ao instrumento convocatório, entre outros previstos no Art. 3º da referida lei, como também a sequência dos procedimentos nas licitações para a execução de obras (projeto básico, projeto executivo e execução das obras), bem como o cumprimento de cada etapa após a conclusão e aprovação pela autoridade administrativa das fases anteriores, de conformidade com art. 7º; em outras palavras restou atendido o devido processo licitatório. Vale ressaltar, também, que em todos os certames licitatórios os participantes adquirem o orçamento detalhado em planilha que expressam todos os custos unitários, conforme Art. 7º, parágrafo 2º, inciso II da citada lei. Nessa linha, a Administração Pública cumpriu todas as etapas/fases exigidas conforme a lei, como pode ser constatada por esta Controladoria através dos processos, estando administrativamente o certame licitatório dentro da legalidade, a Administração Pública sempre permaneceu equidistante das empresas quanto a seus preços, composições, percentuais, LDI, etc., mantendo a publicidade dos atos e não interferindo nas propostas nem se responsabilizando pelas empresas quanto ao seu conteúdo.

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Dito isso, não se verifica conluio ou entre as empresas ou indícios de ausência do caráter competitivo das participantes. Com referência aos valores das propostas serem superiores aos valores orçados, isto não procede, uma vez que esta Controladoria tomou como referência duas datas base distintas, comparando os preços de setembro de 2005 (orçamento SEINF) e os preços das empresas que tem como data base janeiro de 2006, conforme solicitado no edital de Concorrência Pública nº 003/2006 de 09/02/2006. Em anexo, planilha comparativa de preços do orçamento básico da SEINF tendo como referência janeiro de 2006 e os preços das empresas vencedoras também com data base janeiro de 2006, sendo o valor global da empresa vencedora menor que o valor global do orçamento básico. Além disso, como já dito anteriormente o órgão oferece a planilha de preços (valor), que atua como balizador para os participantes, que não podem oferecer valor maior do estabelecido pelo órgão, sob pena de desclassificação, mas certamente pode ofertar preço igual ou menor, competido em igualdade de condições com as empresas interessadas. Em resumo, a Administração Pública seguiu rigorosamente a lei de licitações, atendendo os princípios que regem o procedimento licitatório, notadamente a impessoalidade, a igualdade entre as participantes e a publicidade dos atos. Dessa forma concluímos que por parte da Administração Pública em nem um momento houve qualquer tipo de conluio no processo licitatório, pois este está totalmente dentro da legalidade. A equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União procurou demonstrar a ausência de caráter competitivo entre os licitantes, bem como possível conluio, por meio da análise das propostas apresentadas pelas licitantes. Quanto ao comparativo de preços referente ao Lote I, observa que a empresa ASC não ofertou nenhum preço unitário inferior aos preços do orçamento e aos da proposta da empresa CMM, além de existirem itens com preços iguais. Quanto ao Lote II, observa que a empresa CMM ofertou 11 itens que apresentavam os mesmos valores dos itens da empresa Tescon. Quanto ao lote III, observa que com exceção de cinco itens, todos os demais apresentaram preços unitários iguais entre as propostas das duas concorrentes: Araújo e Tescon. Além disso, ressalta que as situações descritas são improváveis de acontecer em certames cujo sigilo das propostas seja mantido entre os concorrentes, o que demonstra o indício de conluio. Por fim, a equipe de auditoria ressalta que cada lote apresentava apenas duas empresas para concorrerem entre si e nenhuma delas apresentou proposta para os três lotes, de modo que para cada lote venceu uma empresa diferente. Entretanto, os elementos apresentados por equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União não são suficientes para comprovar a prática de conluio e a ausência de caráter competitivo. A Jurisprudência do TCU firmou entendimento no sentido de que se faz necessária a presença de elementos probatórios consistentes para responsabilização das empresas licitantes pela prática de tão graves ilegalidades.

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Os precedentes são objetivos ao afirmar que proximidade de preço entre as propostas e entre essas e o valor orçado pela administração e participação de apenas duas empresas no certame, nem mesmo se aliados a outros fatores como exigência editalícia de caráter restritivo e redução quantitativa de preços, são suficientes para caracterizar a possível prática de conluio e a frustração do caráter competitivo do certame. Nesse sentido: "40. À insuficiência de elementos probantes da eventual formação de conluio entre os dois únicos licitantes que efetivamente "disputaram" entre si nas Concorrências 76/2005 e 78/2005, não obstante a incisiva asserção, verificada no relatório de auditoria elaborado pela equipe técnica da Secex/MA, de que as empresas contratadas em um e outro certame, aproveitando-se de sua condição de únicas licitantes hábeis à superação de todas as exigências habilitatórias, poderiam ter combinado previamente os preços, objetivando frustrar o caráter competitivo da licitação e executar contratos distintos, a preços bem próximos dos estimados, consignei o seguinte, por ocasião do Acórdão 1.372/2007 - Plenário. (...) 42. Desta feita, reconhece a unidade técnica não haver elementos suficientes para atribuir às licitantes, com segurança, prática de tão grave ilegalidade. Com efeito, combinações de preços já foram punidas anteriormente por este Tribunal quando, além dos indícios de escalonamento linear dos preços constantes das propostas das licitantes, ou da aplicação de descontos obedecendo a um padrão numérico ou percentual, bem próximos aos limites estabelecidos no orçamento da licitação, foram encontrados outros que corroborassem o indício de conluio, como, por exemplo, a verificação conjunta de outros elementos tais como a elaboração de propostas obedecendo a um mesmo padrão gráfico, mesma assinatura, mesmo número de fax, endereço ou telefone de contato, ou ainda correspondência de sócios, coligações informais entre empresas, etc., como tantas vezes já se deparou este Tribunal em outras oportunidades, só para citar alguns elementos ilustrativos, o que de fato não se cogitou nestes autos. 43. Assim, considerando os limites de atuação desta Corte e as prerrogativas indicadas na Lei Orgânica, torna-se forçoso reconhecer que a única penalidade possível de ser infligida às empresas, por parte deste Tribunal, seria aquela a que se refere o art. 46 da Lei 8.443/1992, correspondente à declaração de inidoneidade do licitante, a qual somente pode ser aplicada se verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação. Embora além da proximidade dos preços entre as propostas e entre essas e o valor orçado pela Administração, outros fatores, como a presença de exigência editalícia de caráter restritivo, e, especialmente, a redução de quantitativos de serviços, contribuam ainda mais para a conclusão acerca do direcionamento da licitação a essas empresas, é de se reconhecer que esses indícios não são, ainda, suficientes para que haja a aplicação da sanção prevista no referido dispositivo legal, porque não há elementos suficientes que sustentem a comprovação de fraude praticada por elas. (Acórdão 2638/2007 - Plenário, Ata 51/2007, Sessão 05/12/2007, Aprovação 10/12/2007, DOU 11/12/2007, TC 014.936/2007-1, Rel. Min. Augusto Sherman)." E ainda, "Em relação à proposta de envio de cópia de documentação referente ao item 3.11 da instrução transcrita no relatório ao Ministério Público Federal, considero que os indícios de conluio não são consistentes o suficiente para tal providência. O conluio poderia estar caracterizada se as duas empresas houvessem participado do certame para ajudar a compor o número mínimo de três participantes, com o ajuste prévio de preços, como tal não ocorreu, creio que os mencionados indícios não induzem a prática de tal irregularidade.(Acórdão 166/2005 – Segunda Câmara, Ata 05/2005, Sessão 17/02/2005, Aprovação 01/03/2005, DOU 02/03/2005, TC 003.272/2002-0, Rel. Min. Lincoln Magalhães Rocha)." Além de tudo que já foi dito acima esclarecemos ainda:

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Sem entrar no mérito quanto à existência ou não de quebra de sigilo no processo licitatório em questão, visto tratar-se de juízo cuja formação deve estar sustentada por bases consistentes e conclusivas, cumpre-se aqui, a enumeração de aspectos que demonstram a possibilidade de ocorrer as coincidências observadas nos preços unitários ofertadas por duas concorrentes, a saber: 1) A obra em questão, trata-se de serviços típicos de manutenção de rodovias, especificamente na BR-174/RR, em plena região amazônica. As condições de trabalho, graças às questões climáticas e de logísticas impõem dificuldades que minimizam o interesse por parte das empresas e consequentemente reduz o número de concorrentes na licitação. 2) Tem sido observado, que essas empresas que participam de licitação dessa natureza, na região, não se aventuram em ofertar preços muito defasados do orçamento oficial publicado no edital, no caso em questão, verificou-se que para a maioria dos itens, foram ofertados preços unitários com pequena variação em relação aos preços unitários constantes do orçamento referencial publicado. 3) São disponibilizados os preços unitários referenciais, constante do orçamento oficial da obra e/ou serviço em licitação, nos quais todas as concorrentes se baseiam. 4) Os concorrentes usualmente elaboram suas propostas, aplicando percentuais de variação nos preços unitários referenciais, obtendo-se assim seus preços propostos. 5) Em contratos de manutenção como são os casos em análise, constam inúmeros serviços com preços unitários de baixos valores. Assim, ao aplicar pequenas variações percentuais em baixos valores de preços unitários, o resultado não varia, tendo em vista as regras de truncamento das operações aritméticas com moeda. 6) Para elucidar essa questão, preparou-se a tabela apresentada a seguir, simulando a variação percentual de preços unitários ofertados em relação a preços unitários do orçamento referencial publicado. Quadro 01 – Esclarecimentos Convênio 109

Faixa de

Preço Unitário

Variações percentuais em relação ao orçamento referencial publicado Probabilidade de

Coincidência 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

R$ 0,50 0,49 0,49 0,49 0,49 0,49 0,49 0,49 0,49 0,49 0,49 100% R$ 1,00 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 100% R$ 1,50 1,49 1,49 1,49 1,49 1,49 1,49 1,48 1,48 1,48 1,48 50% R$ 2,00 1,99 1,99 1,99 1,99 1,99 1,98 1,98 1,98 1,98 1,98 50%

7) Conclui-se então, que em decorrência da regra de truncamento, duas empresas podem aplicar diferentes percentuais de variação para obtenção do preço de determinado item de serviço, e ainda assim, resultar no mesmo preço unitário proposto. Isto posto apenas para explicar em tese a coincidência entre determinados preços unitários propostos por mais de uma licitante, lembrando-se mais uma vez, que as hipóteses levantadas de quebra de sigilo acerca dos preços ofertados, entre as concorrentes, são matérias que fogem do domínio do DEIT/SEINF. Quanto ao fato de apenas duas empresas concorrerem para cada lote, a Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 8.666/93) é clara no § 3º do art. 22, a seguir transcrito:

§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

Logo, o legislador ordinário impôs número mínimo de participante tão somente à modalidade convite, isso em razão da publicidade exigida ser limitada à afixação do instrumento convocatório em local apropriado, além da emissão de convites a interessados previamente cadastrados.

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Quanto à modalidade concorrência, por ser esta a mais ampla possível e por ter seguido o Estado de Roraima os ditames legais de publicidade, leia-se: veiculação em Diário Oficial do Estado e da União, além de jornal de grande circulação, demonstra-se exagero o apontamento de ausência de caráter competitivo, muito pelo contrário, pois se foi dado publicidade por meio de obediência ao artigo 21 da Lei 8.666/93, logo infundado o relato apontado. Quanto ao conluio de empresas, exclui-se de qualquer participação ou condescendência o Estado de Roraima, uma vez que prima a Comissão Setorial de Licitação e os demais servidores da Secretaria de Infra-Estrutura pela realização transparente do torneio licitatório. Aliás, todas as sessões de abertura de licitação são marcadas previamente, seguem obediência aos prazos legais mínimos exigidos de publicidade e divulgação dos avisos de edital, são veiculados em jornal de grande circulação, diários oficiais (Estado e União), bem como é dada oportunidade para interposição de recursos e quando interpostos são julgados administrativamente e, ainda, sujeitam-se ao eventual crivo do Poder Judiciário. Ademais, toda a publicidade do aviso do edital e demais documentos pertinentes são ferramentas de controle e fiscalização, dos quais tomam ciência o Ministério Público, os órgãos de controle interno e externo (Controladoria e Tribunal de Contas). Assim, simplesmente apontar formação de conluio sem justa causa ou indícios que possam justificar tal ocorrência é temerário num Estado de Direito que prima pela boa-fé, pela presunção de inocência e pela civilidade. Quanto à coincidência de valores proporcionalmente similares, embora possam vir a tentar macular a higidez e a ilibada reputação de membros da Comissão de Licitação, deve-se justificar tal similitude pela entrega do orçamento em meio físico e meio lógico (arquivo com planilha) aos interessados, isso em atendimento ao princípio da publicidade e, ainda, no intuito de fomentar a competitividade entre os interessados e, também, sem interferir no princípio do sigilo das propostas que se aplica só e somente a partir do recebimento dos envelopes de propostas até o julgamento, leia-se: é a única exceção do procedimento licitatório ao princípio da publicidade em razão da própria lógica do certame licitatório. Disso, aproveitar os contratados a planilha de orçamento fornecida pela Comissão de Licitação para nela lançarem sua proposta não pode interferir no julgamento objetivo e desclassificá-las sem previsão legal ou editalícia, como por exemplo: Serão desclassificadas propostas que percentualmente coincidam com outra proposta é irrazoável e fogem ao bom senso, embora tenha sempre o Estado de Roraima se posicionado no sentido de evitar a classificação nesses termos. Contudo, até o suposto conluio apontado é frágil indício, pois como sustentar o conluio numa modalidade (concorrência) que bastaria e basta tão-somente uma proposta válida para legitimá-la como vencedora do certame? Derradeiramente, mostra-se inócua tal observação apontada." O Convenente ainda apresentou esclarecimentos pertinentes a fiscalizações anteriores: "Com relação à fiscalização por parte da CGU, conforme Relatório de Ação de Controle nº 00190.000789/2006-11 sobre o que foi constatado esclarecemos: Item 2.1.1 - Atualização dos valores do projeto básico, sem o devido termo aditivo ou apostilamento ao convênio. O devido termo aditivo ao convênio de atualização dos preços, não tendo reflexo financeiro ao convênio, pois se trata de atualização de valor, já foi devidamente assinado e publicado através do 4º Termo Aditivo. Cópia em anexo.

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Item 2.2.2 - Celebração de convênios originados de desdobramentos de serviços do mesmo projeto básico, implicando em superposição de serviços. A decisão de lavrar dois convênios, de Revitalização e de Conservação/manutenção se deve ao fato de que já existiam nos segmentos entre Novo Paraíso (km 245,20) x Caracaraí (km 369,00) e Boa Vista (km 505,10) x Fronteira Brasil/Venezuela (km 719,90), contratos de conservação/manutenção em andamento com a Superintendência Regional do AM/RR, UT-012/04 e UT-03/04. Nos outros trechos resolveu-se também retirar os serviços de conservação/manutenção que constavam somente no projeto de revitalização como verba sem quantidades e serviços definidos a serem executados. Então foi feito levantamento de campo com a real necessidade, à época, da rodovia para a elaboração do Plano Anual de Trabalho e Orçamento - PATO, quantificando e orçando os serviços a serem executados nos segmentos: Lote I - Div. AM/RR (km 0,00) x Vila do Equador (km 118,50); Lote II - Vila do Equador (km 118,50) x Novo Paraíso (km 245,20) e Lote III - Caracaraí (km 369,00) x Boa Vista (km 505,10) e celebrado o convênio TT-109/05 no valor inicial de R$ 19.277.384,06. Com relação ao desmembramento do Projeto Básico de Revitalização da BR-174/RR vale ressaltar que não houve nenhum trecho com superposição de mesmo objeto e sim serviços similares como remendo profundo / reparos localizados nos contratos de revitalização e conservação / manutenção. Observando que nunca houve pagamento de mesmo serviço simultaneamente nos dois contratos, como pode ser verificado pelos serviços atestados na medição dos mesmos. a) Os quantitativos do convênio TT-108/05 foram mantidos e foi feito um levantamento para a elaboração do PATO, que é estimado. Porém apenas são quantitativos, não significando que serão executados e, a medição, sem dúvida, é feita em cima de serviços efetivamente realizados no campo. Não tendo nenhum tipo de dano ao erário uma vez que não foram pagos serviços não executados; b) Na elaboração da planilha orçamentária tanto dos serviços de revitalização como de conservação/manutenção foram orçados os serviços de canteiro de obra e mobilização/ desmobilização, porém são dois serviços distintos como consta na planilha orçamentária: 1 - Canteiro de obra; 2 - Mobilização e desmobilização. Também foram realizadas licitações distintas para os serviços de revitalização e conservação. 1 - Trecho: Div. AM/RR (km 0,00) x Vila do Equador (km 118,50) Análise do Controle Interno: Em relação aos esclarecimentos prestados pelo governo do Estado de Roraima, apresentamos os comentários nos trechos seguintes. Quanto aos valores das propostas superiores aos valores orçados, não procede a afirmação do Convenente, pois o orçamento da obra deve constar no respectivo processo que servirá de parâmetro para análise das propostas. Trata-se, portanto, de informação que também compõe a fase interna da licitação.

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A alegativa acerca da existência no edital de licitação não exclui a falha, visto que o Edital de Concorrência nº 003/2006, foi assinado no dia 09/02/2006 - abertura no dia 16/03/2006, ou seja, deveria constar no processo o orçamento tendo por base o mês de janeiro de 2006 e não aquele referente ao mês de setembro de 2005, tendo em vista que havia tempo hábil para elaboração do referido orçamento. Afirmou ainda que os elementos apresentados pela equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União não são suficientes para comprovar a prática de suposto conluio e a ausência de caráter competitivo, inferindo-se, portanto, a falta de elementos probatórios para caracterização da referida constatação. Todavia, os elementos comprobatórios estão evidenciados no relatório por meio dos preços ofertados nas propostas. Portanto, não procede a afirmação do Convenente. Além da fundamentação citada no fato, destacamos ainda o Acórdão nº 3007/2006 - Segunda Câmara:

"... 9.5.9.3.1. indícios de fraude e conluio em convites relativos à contratação de serviços de transporte escolar, durante os exercícios de 2005 e 2006, no âmbito do PNATE. Constatou-se que em cada um dos 14 processos licitatórios realizados na modalidade convite nos exercícios de 2005 e 2006, nenhum dos licitantes ofertou o preço mais vantajoso em mais de um item, ou seja, em cada um dos 14 certames, os vencedores lograram cotar o melhor preço em um item apenas. Tal fato, de probabilidade estatística remota, corrobora a hipótese de que em cada certame, provavelmente, cada um dos três licitantes convidados só cotou efetivamente para apenas um dos itens ofertados, por dispor de apenas um veículo próprio, o que por certo faz de cada certame licitatório mera peça de ficção pela possibilidade de conluio entre os participantes. Agravando o fato da inexistência de qualquer competição entre os licitantes, tal procedimento por certo permitiu o livre ajuste de preços entre os mesmos, afastando de cada um dos certames qualquer possibilidade de se obter os melhores preços para a administração. Sendo do conhecimento prévio do gestor tal condição, e com o propósito de assegurar o efetivo caráter competitivo da licitação, por certo seria prudente não restringir a apenas três os convidados a ofertar preço para os serviços, número mínimo que a lei estabelece. Forte evidência do procedimento fraudulento descrito é encontrada no Convite 46/2005, onde o licitante Bento Alves da Silva, mesmo ofertando menores preços nos dois itens do certame, aparece no mapa de apuração final como vencedor em apenas um deles;" (grifo nosso)

Em relação à questão da quebra de sigilo das propostas, entendemos que se relaciona com a existência de indício de formação de conluio, conforme demonstrado nos fatos. Dessa forma, não procedem as afirmações do Convenente, tendo em vista que não haveria como manter o sigilo de propostas no caso de formação de conluio. Em relação aos itens 1 a 5 das justificativas, não verificamos elementos que pudessem elidir a constatação. Quanto aos itens 6 e 7, apontamos a análise das justificativas transcrita a seguir: "O gestor concluiu que em decorrência da regra de truncamento das operações aritméticas apresentada acima, duas empresas podem aplicar diferentes percentuais de variação em cima do preço da referência, e ainda assim, resultar no mesmo preço unitário proposto. Esta conclusão está completamente equivocada, pois ela cai em descrédito com o aumento dos custos unitários. A tabela acima descrita contém erros, pois se forem considerados os truncamentos com aplicação do arredondamento até a segunda casa decimal, pois se referem a operações com moedas, tem-se que um custo unitário de R$ 0,50 permanece a mesmo com a variação dos percentuais de 0,1% a 1,0% (R$ 0,50), de 1,1% a 3,0% (R$ 0,49), de 3,1% a 5,0% (R$ 0,48) e assim sucessivamente, ou seja, nota-se que em uma faixa de variação de porcentagem de 2% pode-se ter todos os 20 custos unitários iguais, logo a probabilidade de coincidência será de 100% para os 20 percentuais

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aplicados das faixas consideradas. Da mesma forma para um custo unitário de R$ 1,00, este permanece o mesmo com a variação dos percentuais de 0,1% a 0,5% (R$ 1,00), de 0,6% a 1,5% (R$ 0,99), de 1,6% a 2,5% (R$ 0,98) e assim sucessivamente, ou seja, nota-se que em uma faixa de variação de porcentagem de 1% pode-se ter todos os 10 custos unitários iguais, logo a probabilidade de coincidência será de 100% para os 10 percentuais aplicados das faixas consideradas. Se o custo unitário for R$ 1,50, este permanece o mesmo com a variação dos percentuais de 0,1% a 0,3% (R$ 1,50), de 0,4% a 1,0% (R$ 1,49), de 1,1% a 1,6% (R$ 1,48) e assim sucessivamente, ou seja, nota-se que em uma faixa de variação de porcentagem de 0,7% pode-se ter todos os 7 valores iguais, logo a probabilidade de coincidência será de 70% para os 10 percentuais aplicados das faixas consideradas. E no caso do último custo da tabela, R$ 2,00, este permanece o mesmo com a variação dos percentuais de 0,1% a 0,2% (R$ 2,00), de 0,3% a 0,7% (R$ 1,99), de 0,8% a 1,2% (R$ 1,98) e assim sucessivamente, ou seja, nota-se que em uma faixa de variação de porcentagem de 0,5% pode-se ter todos os 5 valores iguais, logo a probabilidade de coincidência será de 50% para os 10 percentuais aplicados das faixas consideradas. Nota-se que quando o custo unitário dobra a probabilidade de coincidência cai para a metade, desta forma a probabilidade de coincidência para custos unitários R$ 4,00, R$ 8,00, R$ 16,00, R$ 32,00, será respectivamente 25%, 12,5%, 6,25% e 3,125%, ou seja, a probabilidade do quadro acima é uma função que pode ser definida pela equação y = 100%/x, onde x é o custo unitário e y é a probabilidade de coincidência. Logo, se tivermos um custo unitário de R$ 40,00 teremos uma probabilidade de coincidência de 2,5%. Além disso, essa regra de truncamento é aplicada sobre um valor já conhecido e na constatação foi dito que as propostas das empresas possuem proporcionalidade entre si e não entre os custos da Administração. Dessa forma, mantém-se a constatação." Ressaltamos, que não basta apenas que haja publicidade da licitação para que o caráter competitivo seja obedecido em sua plenitude. É fundamental que tenha ocorrido de fato a competição entre os licitantes, ou seja, com o indício de formação de conluio não há como se afirmar, portanto, que houve competição entre os licitantes. O Convenente afirmou ainda a exclusão de qualquer participação ou condescendência do Estado de Roraima, tendo em vista a realização transparente da licitação. Entretanto, a Comissão de Licitação deteve a atribuição de julgamento das propostas e não observou a irregularidade apontada. Além disso, em ocorrência de conluio, o processo licitatório torna-se viciado prejudicando etapas tais como sigilo das propostas, competitividade, interposição de recursos, etc. Dessa forma, descabe a alegativa de que houve tentativa de "macular a higidez e a ilibada reputação de membros da Comissão de Licitação". Todavia, a Comissão de Licitação possui responsabilidade pelo julgamento dessa licitação que acarretou na classificação das licitantes sem observância das impropriedades apuradas. Não se trata também de mera desclassificação das empresas que apresentaram propostas com valores percentualmente coincidentes. Mas, conforme detalhado no fato, de situação improvável de acontecer sem que tenha ocorrido o suposto conluio dos licitantes que em situação verossímil também o TCU havia apurado. Não há fundamentação na afirmação de que não há como sustentar "o suposto conluio numa modalidade (concorrência) que bastaria e basta tão somente uma proposta válida para legitimá-la". Ressalta-se que não foi apenas uma empresa que participou do certame, conforme demonstrado no fato. Além disso, não há sentido lógico nessa afirmação, pois um conluio entre

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licitantes pode ocorrer em todas as modalidades de licitação. Dessa forma, a inocuidade da alegativa, esta sim, é evidente. Ressaltamos, entretanto, que os fatos apurados neste Relatório receberão julgamento pelo Tribunal de Contas da União que determinará a responsabilização ou não dos agentes responsáveis. As demais justificativas não acrescentaram informações que pudessem elidir a constatação. Destarte, pelas razões expostas, não aceitamos as justificativas apresentadas. b) CONTRATAÇÃO DA EMPRESA TECH MIX

Fato denunciado: “O dono da Tech Mix Serviços, Luiz Carlos Rodrigues da Cunha, negou qualquer irregularidade na contratação de sua empresa pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) por R$ 18,9 milhões. Ele também afirmou que não há nenhuma ligação entre esse contrato e os acertos emergenciais fechados pela Alvorada Comercial e Serviços, empresa de sua mulher, com a Valec. "Ela tem o negócio dela e eu tenho o meu", afirmou. Luiz Cunha contou que a decisão final de quem vai trabalhar na Tech Mix dentro do Dnit é do próprio órgão do governo. "Eu submeto os currículos aos órgãos, não tem como. Eles vão decidir lá dentro quem vai trabalhar", afirmou. "A palavra final é do órgão, que escolhe o melhor currículo.” (Fonte: Estadão - estadao.com.br, em 18/7/2011)

Conclusão CGU: Situação confirmada quanto à irregularidade da contratação. Tal situação está relacionada a diversos problemas verificados pela CGU e pela Auditoria Interna do DNIT na contratação e na execução do contrato da Tech Mix com a Autarquia. Trata-se de análise ao Processo nº 50600.005885/2010-22, relativo ao Pregão Eletrônico nº 0387/2010-00, que originou o Contrato nº 1037/2010/DIREX/DNIT, no valor global de R$ 18.925.352,40, bem como ao Processo nº 50600.001288/2011-18, e seus anexos, relativo a denúncias apresentadas contra a empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, declarada vencedora do certame licitatório e contratada para execução do objeto pactuado, ambos encaminhados em resposta às Solicitações de Auditoria nº 201112110/25 e 201112110/27. O objeto do referido contrato mencionado no parágrafo anterior consiste na “prestação de serviços de suporte técnico e administrativo, de natureza continuada, em atividades meio, consideradas essenciais, conforme descrito em sua proposta de Edital, que fica fazendo parte integrante e inseparável deste instrumento, com fornecimento de toda a mão-de-obra, necessários no edifício Sede do DNIT em Brasília/DF, no IPR-Instituto de Pesquisas Rodoviárias, localizado na Rodovia Presidente Dutra, Km 163 – Prédio do IPR – Vigário Geral – Rio de Janeiro e nas Superintendências Regionais, sendo que foi autorizado pela Diretoria Colegiada [...]”. Segundo consignado no Relatório elaborado pela equipe de auditoria do DNIT nº 13/2011/AUDINT/DNIT, de 25/8/2011, encaminhado a esta CGU, “o referido procedimento licitatório ocorreu de forma um tanto conturbada, a começar pela escolha da modalidade de pregão. As impugnações e frequentes denúncias apresentadas, especialmente pela licitante Orion Serviços e Eventos Ltda, não foram adequadamente apuradas, o que talvez a tenha levado a apresentar denúncias em outras instâncias, como CGU/PR, MPF, DPF, inclusive na imprensa, com grandes prejuízos à imagem desta Autarquia”. Nesse sentido, serão apresentadas algumas das constatações relacionadas à contratação da empresa Tech Mix.

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CONSTATAÇÃO 008: INDÍCIOS DE FAVORECIMENTO NA GESTÃO DO CONTRATO Da Análise ao Processo de contratação da empresa Tech Mix, detectou-se possível ocorrência de favorecimento, prática de nepotismo ou, de alguma forma, a utilização do Contrato nº 1037/2010/DIREX/DNIT como meio de oferta de emprego para pessoas ligadas à DIREX/DNIT, dentre outros. A título de exemplo, registre-se a existência, no contrato, dos colaboradores Mônica Beatriz Borges Ferreira, assessora direta do Diretor Executivo, que atuou inclusive na contratação, e de seu irmão, Marcos Francisco de Jesus Borges, com prováveis outros parentes a serem apurados. Há também a contadora Ana Yukie Nakandakari Ishihara, indicada pelo Diretor Executivo, com provável relação de parentesco com a Senhora Mieko Nakandakari, representante da empresa CIAMI Serviços Profissionais Ltda, responsável pela emissão de Atestado de Capacidade Técnica, cuja autenticidade/idoneidade encontra-se sob investigação, conforme será abordado de maneira mais detalhada na sequência. Por fim, integra o rol de contratados o Senhor Guilherme Incerti Soares, provável parente do fiscal do contrato. Dadas as limitações de acesso a informações e ao reduzido prazo para solicitações externas, não foi possível avanços significativos nesse item. II.4 - DNIT – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU II.4.1 - DNIT – O CASO DAS OBRAS DA BR-101/NE Embora não conste no rol de obras citadas nas recentes denúncias, a obra da BR-101/NE foi aqui incluída pelo seu caráter emblemático, representativa que é da tipologia de problemas que se repetem em inúmeras obras do DNIT. A auditoria realizada no lote 7 da BR-101/NE é, sem dúvida, o caso que evidencia de forma mais clara como a combinação de fatores, a exemplo da existência de cláusulas restritivas no edital de licitação, o descaso com a confecção e a análise dos projetos de engenharia, a falência do modelo de supervisão de obras e a conivência da fiscalização, podem representar prejuízos significativos ao erário público, materializados pela medição de serviços não executados, pela necessidade constante de revisões de projeto em fase de obra com repercussão financeira, algumas das quais resultantes de erros grosseiros de projeto e pela falta de qualidade dos serviços entregues. É possível relacionar as constatações deste trabalho às diversas fases da execução de um empreendimento rodoviário. A aprovação de um projeto executivo deficiente, com volumes de terraplanagem majorados artificialmente em gabinete para inflar o orçamento, reforça a necessidade de acompanhamento cerrado da elaboração do projeto, incluindo as fases de prospecção de campo. A utilização de projetos muito antigos, em estoque, sem a devida atualização, inclusive da geometria, inevitavelmente conduzirá a aditivos para adequação à nova realidade. Há deficiência no processo de análise e aprovação do projeto, seja por falta de softwares especializados, seja pela pressão do tempo ou pelas diminutas equipes e até mesmo, pela má fé dos responsáveis.

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A exigência de atestados tem se mostrado instrumento ineficaz de garantia da qualidade das obras, sendo utilizada como recurso para a restrição ao caráter competitivo das concorrências e direcionamento dos certames. Na prática observa-se a terceirização dos serviços para os quais foram exigidos atestados ou a baixa qualidade da execução destes serviços. Há uma promiscuidade entre empresas supervisoras, gerenciadoras e construtoras. Os recursos para controle tecnológico e os profissionais exigidos no certame não são mobilizados. As supervisoras utilizam o laboratório da construtora, referendam medições de serviços inexistentes e não verificam a qualidade dos serviços executados. As gerenciadoras, por sua vez, mostram-se incapazes para apontar riscos aos gestores, para produzir alertas tempestivos para os estouros de cronograma e de orçamento e para assegurar o cumprimento das normas e especificações técnicas. Este cenário só se materializa com a conivência dos fiscais do contrato e dos superintendentes regionais, que não se furtam a assinar medições majoradas. O relato da auditoria do lote 7 da BR-101/NE expõe de maneira cabal todas as deficiências existentes desde o processo de elaboração do projeto (contratação, acompanhamento, análise e aprovação) até o recebimento da obra. Não se trata de um caso isolado. Patologias de mesma natureza têm sido observadas em outras fiscalizações da CGU, a exemplo do lote 2 do mesmo empreendimento, cujo processo encontra-se atualmente protegido por segredo de justiça. Esta fiscalização foi realizada no âmbito da Rede de Controle da Gestão Pública, em conjunto com o Departamento de Polícia Federal - DPF, Ministério Público Federal - MPF e Tribunal de Contas da União - TCU. O objeto fiscalizado compreende os serviços de restauração e duplicação do Lote 07 da BR-101 no Estado de Pernambuco, realizados sob a égide do contrato TT-252/2006, firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT e o Consórcio Construtor Queiroz Galvão/Odebrecht/Andrade Gutierrez/Barbosa Melo. A inspeção física in loco dos serviços de restauração e duplicação, realizada por equipe da CGU, se deu entre os dias 16/11/2009 e 27/11/2009, com a realização de testes laboratoriais para aferição da qualidade de materiais e serviços, emprego de equipamentos de topografia GeoXRH e do equipamento Georadar pela Perícia da Polícia Federal, para aferição das quantidades de terraplenagem e avaliação da integridade do pavimento rígido. Tendo em vista que o principal objetivo da Rede de Controle é desenvolver ações direcionadas à fiscalização da gestão pública, ao diagnóstico e combate à corrupção, ao incentivo e fortalecimento do controle social, ao compartilhamento de informações e documentos, ao intercâmbio de experiências e à capacitação dos seus quadros, houve a utilização de Laudos Técnicos produzidos por peritos do MPF e da PF. Cabe ressaltar que os Laudos Técnicos produzidos por peritos do DPF foram incorporados aos trabalhos da CGU, tendo em vista que aquele Departamento possuía softwares de aferição dos quantitativos de terraplenagem, estações totais, além dos equipamentos de aferição não destrutiva para verificação das especificidades das placas de concreto do pavimento construído. A CGU, por força de seu limitado orçamento, ainda não dispõe de tais instrumentos de trabalho. O valor inicial do Contrato era de R$ 272.504.024,09 com data-base dezembro de 2005. A assinatura do contrato ocorreu em 19/10/2006 e o início dos serviços em 20/10/2006. O prazo inicial para conclusão dos serviços era 07/03/2009. Contudo, esse contrato sofreu Termos Aditivos estendendo prazo e aumentando o valor inicial. O prazo atual para conclusão dos serviços é 31/12/2011. O valor total dos Termos Aditivos é R$43.836.389,78, a preços de dezembro de 2005. Assim, o valor do contrato após todos os aditivos é de R$316.340.413,87, a preços iniciais. O total de reajustamentos decorrentes das

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prorrogações de prazos ocorridas é de R$39.736.908,69. Dessa forma, o valor atualizado gasto nesse contrato é R$356.077.322,56 (Fonte: SIAC/DNIT). Preliminarmente, os apontamentos efetuados pela CGU serão apresentados de forma estratificada relativamente às fases da contratação das obras em questão, quais sejam: elaboração/aprovação do projeto, licitação, execução das obras, e acompanhamento do empreendimento. No que se refere à elaboração/aprovação do projeto executivo do empreendimento em questão, cabe destacar a constatação seguinte, identificada pela equipe de fiscalização desta Controladoria-Geral da União – CGU. CONSTATAÇÃO 009: APROVAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DEFICIENTE, COM QUANTITATIVOS DE SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM SUPERESTIMADOS. O Projeto Executivo de Engenharia para Adequação de Capacidade e Restauração da Rodovia BR-101/PE/Corredor Nordeste – Lote 07 foi elaborado pela empresa JBR Engenharia Ltda - CNPJ 070.074.448/0001-35, por meio do contrato PG – 141/2001-00 firmado com o extinto Departamento Nacional de Estrada de Rodagens - DNER em 18/10/2001, posteriormente transferido para o DNIT mediante Termo de Transferência n° 018/2002. A sua aprovação ocorreu em 18/10/2004, conforme Portaria nº 1132 assinada pelo então Coordenador-Geral de Desenvolvimento e Projetos/DPP/DNIT, mediante delegação de competência pela Portaria n° 609 de 02 de julho de 2004, do Diretor-Geral do DNIT. Após aprovação, o referido projeto executivo passou a integrar o edital de licitação n° 102/2006, cujo objeto é a contratação de empresa para execução de obras de duplicação, restauração e obras de arte especiais em diversos lotes da BR-101 na Região Nordeste, dentre os quais está o Lote 07, localizado no estado de Pernambuco entre os quilômetros 104,6 e 148,5. A avaliação desse projeto executivo por esta Controladoria-Geral da União permitiu identificar as seguintes falhas graves: a) Erro de definição do traçado da rodovia duplicada no subsegmento da variante de Ribeirão. Na variante de Ribeirão, o traçado adotado no projeto executivo aprovado passa dentro de um açude da Companhia Pernambucana de Saneamento - COMPESA, cuja finalidade é armazenamento de água para abastecer a cidade de Ribeirão. De acordo com o projeto executivo aprovado, a variante de Ribeirão inicia-se na estaca 2200+6,80 e estende-se até a estaca 2382+0,40, localizando-se à esquerda (sentido Cabo-Ribeirão) do referido açude a partir da estaca 2300. Entre as estacas 2305 e 2312, a pista da direita (sentido Cabo-Ribeirão) localiza-se dentro do açude, conforme folhas 66/67 do volume II Des. 5.4.66 e Des 5.4.67 – Projeto Geométrico (vide Figura I seguinte).

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Figura I: Sobreposição de pista com manancial de abastecimento d'água da cidade de Ribeirão-PE.

Desenho 5.4.66 do Projeto Geométrico

Desenho 5.4.67 do Projeto Geométrico

Fonte: Projeto Executivo da obra Outra evidência da adoção desta alternativa de traçado pelo projeto executivo aprovado encontra-se registrada no item 3.2.5 – Aspectos de Interesse para o Estudo Geotécnico, do volume I – Relatório do Projeto e Documentos para a Licitação:

Relatório do Projeto e Documentos para a Licitação – Vol. 1. [...] “Na variante de Ribeirão, a rodovia atravessa a extremidade de montante de um açude artificial. Foi detectada uma camada de argila mole, com espessura da ordem de 50 centímetros. A causa provável da deposição dessa argila é o assoreamento”. [...]

Analisando-se os documentos da licitação 082/2001, referente à contratação de Consultoria para elaboração de projeto executivo e supervisão da obra, é possível concluir que a empresa projetista já tinha conhecimento da situação problemática do traçado na Variante de Ribeirão desde a elaboração de sua proposta técnica, conforme consta no item 3.4.1 – características geológicas desse documento:

Proposta Técnica, item 3.4.1 – características geológicas: [...] “Na variante de Ribeirão, a rodovia atravessa a extremidade de montante de um açude artificial. Foi detectada uma camada de argila mole, com espessura da ordem de 2m. A causa provável da deposição dessa argila é o assoreamento”. [...]

Apesar disso, não ponderou junto ao DNIT (DNER, na ocasião) acerca da inviabilidade desta solução, desconsiderando a destinação do citado açude ao abastecimento de água potável da cidade de Ribeirão. No âmbito do DNIT (DNER, na ocasião), o acompanhamento e a fiscalização dos projetos ficam a cargo do órgão regional. Tal atribuição é exercida pelo Serviço de Engenharia de cada regional da Autarquia, ao qual compete controlar e analisar os projetos, avaliando sua qualidade técnica e recomendando, ou não, sua aprovação. No caso do projeto executivo em tela, a aprovação

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definitiva ocorreu por meio da Coordenação-Geral de Desenvolvimento de Projetos, mediante delegação de competência do Diretor-Geral da Autarquia. Após análise das cópias dos autos dos processos administrativos n° 51.140.005.941/2001-65 e n° 50.604.000.126/2002-33, encaminhadas à equipe de fiscalização da CGU pelo Superintendente Regional do DNIT em Pernambuco, em resposta à SF nº 001/237418, não foram encontradas manifestações das áreas competentes do DNIT (DNER em extinção na ocasião) tratando da questão em comento. Às folhas 499 a 506 do processo n° 51.140.005.941/2001-65 consta o Ofício n° 015/2002, de 28/01/2002, do Eng° Chefe da Res. 4/5, encaminhando ao Chefe do Sv. E. R. / 4° DRF, a 2ª medição parcial do contrato PG 141/2001-00, referente à “Aprovação do Relatório de Andamento 01 (Fase I) - Serviços de Consultoria para Elaboração do Projeto Executivo de Adequação da Capacidade da BR-101/PE, trecho: Entr. PE-064/085 (Ribeirão), segmento: km 104,6 – km 148,5” no valor de R$ 165.546,52. Neste documento consta o atesto do Chefe da Residência 4/5, sem qualquer ponderação sobre a problemática aqui relatada. Da mesma forma, em relação à terceira medição parcial, que se refere ao relatório de complementação da Fase preliminar, o Eng° Chefe da Res. 4/5, certificou que os serviços constantes da nota fiscal n° 804 “foram efetuados de acordo com as normas de projeto e especificações do DNER (à época). Com base neste atesto, foi elaborado pelo servidor de Matrícula 41758-0, Parecer, datado de 01/03/2002, recomendando a aprovação do citado relatório (fls. 531 e 532). Nesse Parecer consta o rol de serviços realizados pela consultora no período, dentre eles os estudos de traçado e estudos ambientais. No entanto, não há comentário sobre o problema do traçado na variante de Ribeirão. Ao contrário, o citado parecer afirma que o “Relatório de Complementação foi elaborado de acordo coma as instruções em vigor no DNER...” Em parecer assentado às folhas 544 a 545 do processo n° 51.140.005.941/2001-65, o Chefe do Serviço de Inventariança do DNER/PE, trata do Relatório de Andamento do Projeto Executivo do Lote 07, cujo escopo é apresentar os trabalhos desenvolvidos pela Consultora para obtenção dos elementos de campo pertinentes a fase de elaboração do projeto executivo e soluções recomendadas. No que se refere à etapa denominada de Estudos Topográficos, o referido parecer limitou-se a mencionar que o relatório de andamento apresentou informações sobre “concepção básica do projeto (traçado)”, sem desenvolver qualquer análise dessas informações. Na etapa específica denominada Anteprojeto Geométrico, o citado parecer faz menção ao “estudo de traçado”, entretanto, tal documento não consta da documentação apresentada à equipe de fiscalização da CGU. Nesse aspecto, o parecer limita-se a descrever o conteúdo do relatório, mencionando que integra o anteprojeto geométrico planta na escala de 1:5000 onde estão representadas: “as características técnicas ao longo do trecho; as soluções nas passagens dos pontos críticos e nas interseções, retornos, acessos e travessias urbanas; as ocupações das faixas de domínio e travessias urbanas.” Às folhas 550 a 551 do processo n° 51.140.005.941/2001-65 consta parecer sobre Relatório de Andamento 01 do projeto executivo, onde o substituto do Chefe do Serviço de Engenharia do 4º DFR/PE, afirma que o referido relatório foi elaborado de acordo com as instruções em vigor no extinto DNER. No item 2 - Estudo Topográfico, o parecer limita-se a informar que “foram definidos a linha diretriz do traçado e seções transversais, com poligonal altimétrica de distância máxima de 2m”, sem tecer qualquer comentário sobre análise de alternativa de traçado. Todavia, convém registrar que essa análise deve integrar o corpo do Relatório de Andamento 01 apresentado pela consultora, conforme item 3.1 do Escopo Básico 102 das Diretrizes Básicas

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para a Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários (1999), documento que vincula o contratado durante a elaboração do projeto executivo em tela, conforme Termo de Referência anexo ao edital de licitação, e, consequentemente, a Administração no que concerne à análise do citado Relatório. Esse mesmo Termo de Referência cita também o Escopo Básico 108 (EB-108) das Diretrizes Básicas para a Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários (1999) como norma a ser respeitada durante a elaboração do projeto em comento. Esse EB-108 trata das regras a serem seguidas na elaboração de projeto de engenharia de duplicação de rodovia. Segundo o citado escopo básico, os Estudos de Alternativas de Traçado devem seguir as instruções de serviço IS-207, IS-231 e IS-246. A instrução de serviço IS-246 trata do componente ambiental do projeto de engenharia rodoviária. De acordo com item 3.1.2 desta Instrução de Serviço, durante os levantamentos ambientais, “deve ser dispensada atenção especial às 'Indicações Particulares' fornecidas pelos Órgãos Executivos Regionais do DNER, às interferências com áreas urbanas e Unidades de Conservação e, em particular, aos mananciais destinados ao consumo humano, em face de possibilidade de sinistros envolvendo transporte rodoviário de produtos perigosos”. Apesar das exigências normativas acima citadas, não consta na documentação apresentada à equipe de fiscalização da CGU, nem mesmo no projeto executivo em tela, qualquer discussão ou ponderação, ou justificativa, seja pelos órgãos competentes do então DNER ou do DNIT, seja pela própria projetista, sobre a alternativa de traçado adotada para a Variante de Ribeirão. Iniciada a obra, esta solução de traçado da variante de Ribeirão foi considerada inexequível, de tal forma que, em revisão de outubro de 2007, o traçado deste subsegmento foi deslocado para a direita do referido açude, evitando a sua interceptação. Tal modificação resultou em significativa alteração das quantidades de terraplenagem previstas inicialmente na fase da licitação da obra, ocasionando expressivo reflexo financeiro ao Contrato TT-252/2006-00 da BR-101/PE. Na proposta de revisão do traçado, o Consórcio Construtor menciona a provável justificativa para o problema aqui relatado nos seguintes termos:

Carta DC.:-BR101 nº 048/2007 [...] “Tal situação decorre da adoção, na atualidade, do traçado previsto inicialmente pelo 1º projeto elaborado para aquela variante, ressaltando que este primeiro projeto apenas previa a implantação de uma pista, enquanto na atualidade o projeto contempla a implantação de duas pistas.” [...]

Essa justificativa indica que a Empresa JBR Engenharia Ltda., quando da elaboração do projeto executivo do lote 07 em 2001, no segmento da Variante de Ribeirão, limitou-se a utilizar os levantamentos de campo feitos na elaboração do projeto básico dessa variante em 1976 pela consultora ASTEP, abstendo-se de realizar novos levantamentos que identificassem as interferências com o novo traçado em pista dupla. Vale destacar que esses levantamentos de campo estão inseridos no escopo do contrato PG-141/2001-00 de elaboração do projeto executivo em tela e foram pagos pela Administração.

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Segundo Relatório de Análise da 1ª Revisão em Fase de Obras, assinado pelo Fiscal de Contrato DNIT/PE TT – 252/2006-00 da BR 101/PE, essa alteração gerou expressivo reflexo financeiro ao contrato, como a seguir transcrito:

Relatório de Análise da 1ª Revisão em Fase de Obras [...] “essa alteração, decorrente de indispensáveis adequações do traçado da Variante de Ribeirão (terreno de topografia acidentada) para preservação do manancial de abastecimento d'água da cidade”, provocou os seguintes acréscimos: R$11.798.365,63 nos serviços Escavação, carga e transporte material 1ª categoria (itens 1.4.1 a 1.4.15); R$840.386,55 no serviço de compactação de aterro a 95% do PN (item 1.9); R$ 463.239,47 compactação de material para bota-fora (item 1.11).” [...]

Acerca desse fato, convém destacar manifestação de servidor em Parecer Técnico n° 207/07/01-207 (CGCONT), de 29/11/2007, emitido em sede da 1ª Revisão de Projeto em Fase de obra:

[...] “conforme apresentado no relatório dessa revisão, o traçado da rodovia previsto no projeto executivo aprovado está parcialmente locado sobre um lago existente entre as estacas 2310 e 2340...” “Salienta-se, aqui, que na visão deste analista houve grave deficiência na elaboração do projeto executivo já que não foi verificada, em campo, a sobreposição do traçado da rodovia com o lago existente.” [...]

Portanto, o projeto executivo aprovado pelo DNIT e utilizado para elaboração da planilha orçamentária de referência da licitação contemplou solução inexequível, o que ensejou modificação significativa e imprescindível de concepção após iniciada a obra. Nesse sentido, o projeto executivo foi aprovado sem conter os elementos necessários e suficientes à completa execução da obra, caracterizando, assim, infringência ao Art 6°, X da Lei 8.666/1993. b) Estudo de estabilidade de taludes de corte incorreto, gerando solução técnica inadequada e potencializadora do risco de ruptura, negligenciando o requisito segurança. No item 4.2.5.3 do Vol I – Relatório do Projeto e Documentos para Licitação do Projeto Executivo aprovado pelo DNIT, consta o estudo de estabilidade dos taludes de corte da rodovia. Neste estudo, conforme expressamente informado no segundo parágrafo, “foram utilizados os dados constantes de projeto executivo elaborado pela ASTEP no ano de 1976”. No terceiro parágrafo, a JBR Engenharia faz referência à metodologia adotada pela ASTEP em 1976, conforme transcrição a seguir:

Item 4.2.5.3 do Volume I do Projeto Executivo do Lote 07 [...] “Na ocasião, ela selecionou alguns cortes problemáticos e realizou ensaios de granulometria por peneiramento e sedimentação, cizalhamento para determinação dos ângulos de atrito e das coesões, densidades in situ, umidades naturais e densidades reais dos grãos.”

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[...] Em seguida, apresenta tabela com os parâmetros geotécnicos adotados em sua análise, sendo eles os mesmos usados no projeto executivo da ASTEP de 1976, conforme Quadro I a seguir. Quadro I: Parâmetros geotécnicos de 1976 usados na análise de estabilidade de taludes

A partir desses dados, foram obtidas as médias dos parâmetros ângulo de atrito interno, coesão e peso específico, sendo esses valores médios usados na análise de estabilidade feita pelo método de Bishop e Morgnstern, conforme Quadro II abaixo: Quadro II: Alternativas estudadas pela JBR Engenharia Ltda.

Os resultados obtidos na análise de estabilidade de taludes feita pela JBR são apresentados no Quadro III abaixo, extraído do texto do vol. 1 item 4.2.5.3 do projeto executivo em comento. A partir destes resultados, a projetista JBR Engenharia LTDA define a solução para os taludes de corte afirmando o seguinte:

[...] “para os dados utilizados, a estabilidade dos taludes estará garantida se adotado: · Taludes de 45° ou 1(V):1(H); · Altura vertical máxima do talude de 8,0 metros. A partir daí, serão escalonados a cada 8,0 metros, através de bermas de equilíbrio com largura de 3,0 metros e inclinação transversal de 5% voltada para o seu interior.” [...]

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Quadro III: Resultados da análise de estabilidade de taludes obtidos pela JBR Engenharia Ltda.

Fonte: Projeto Executivo da obra Essa solução foi executada no âmbito do Contrato TT-252/2006-00 da BR-101/PE Lote 7, ainda vigente, mas já se mostrou inadequada tecnicamente. Em inspeção de campo realizada por fiscais da CGU, entre 17/11/2009 e 26/11/2009, foram verificados diversos locais onde taludes de corte assim executados já romperam, ocasionando deslizamento em cunha do maciço, tipologia de ruptura característica de deficiências na análise de estabilidade. De fato, o exame mais detalhado do estudo de estabilidade de taludes, adotado no projeto executivo, denuncia várias fragilidades comprometedoras dos resultados obtidos e, por conseguinte, da solução adotada. A primeira fragilidade encontrada é a adoção de valores médios dos parâmetros geotécnicos obtidos há 28 anos, em projeto executivo elaborado por outra consultora, qual seja ASTEP Engenharia Ltda. Parâmetros como umidade natural do solo, coesão e ângulo de atrito, determinantes das soluções de estabilidade dos taludes, sofrem variações em função das condições climáticas e de confinamento , não sendo razoável a adoção de resultados de ensaios de 1976 em projeto executivo de 2004. A consultora JBR Engenharia Ltda deveria ter feito os ensaios para obtenção dos parâmetros geotécnicos necessários à correta definição dos taludes de corte. Avaliando os resultados da caracterização dos materiais dos cortes da duplicação, apresentados no Volume 3B-Estudos Geotécnicos do projeto executivo da JBR (2004), constata-se predominância de solos silto-argilosos ou argilo-siltosos. De 81 pontos em corte caracterizados, apenas 15 foram classificados como areia silto-argilosa ou areia argilo-siltosa. Além disso, resultados de caracterização de solos próximos às estacas onde se localizam os materiais ensaiados pela ASTEP em 1976, mostram que, exceto em relação às ocorrências próximas às estacas 253 e 255,os materiais são classificados como argilas ou siltes cujos percentuais passantes na peneira n°200 é superior a 50%. Apesar disso, o valor médio do ângulo de atrito adotado no estudo de estabilidade dos taludes de corte é 32°, ângulo de atrito típico de solos arenosos. Logo, a análise se baseou em parâmetro de resistência superior à condição verificada em campo pelos estudos geotécnicos, o que é contra a segurança.

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Figura II: Ábacos usados pela JBR para obtenção de m e n.

Outra fragilidade importante, determinante para obtenção de fatores de segurança equivocados, é a adoção de coeficientes de estabilidade do método Bishop e Morgnstern, m e n, incoerentes com os dados de entrada considerados no estudo da JBR. Esses coeficientes são obtidos a partir de ábacos de Bishop e Morgnstern e variam em função do ângulo de inclinação do talude, ângulo de atrito do solo, relação c'/γh e parâmetro de profundidade Df. Uma evidência clara desse fato é que os ábacos usados para obtenção dos coeficientes m e n (Figura II acima), integrante do texto do projeto executivo da JBR (item 4.2.5.3 Vol I), não contêm, no eixo das abscissas, os ângulos de inclinação 1(H):1(V) e 1,5(H):1(V), considerados nas alternativas estudadas e, no caso do talude 1:1, adotado como solução de talude estável pela projetista. Tais ábacos trazem as inclinações 2(H):1(V), 2,5:1, 3:1, 3,5:1, 4:1, 4,5:1, 5:1. Consequentemente, os valores de m e n adotados são superiores aos que deveriam ser considerados, por se referirem a taludes mais abatidos, isto é, mais estáveis, gerando fatores de segurança superiores aos obtidos para os taludes de 1(H):1(V) e 1,5(H):1(V).

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Em face das fragilidades verificadas, a equipe de fiscalização da CGU realizou o cálculo dos fatores de segurança FS pelo método de Bishop e Morgenstern usando os mesmos dados de entrada adotados pela JBR Engenharia Ltda e ábacos do referido método que contenham as inclinações de talude 1:1 e 1,5:1, estudados na análise da projetista. Os resultados obtidos estão apresentados no Quadro IV seguinte. Para facilitar obtenção dos parâmetros m e n, adotou-se o ângulo de atrito de 35° para o qual já existem valores tabelados de tais coeficientes.

Quadro IV: Cálculo dos Fatores de Segurança.

Fonte: DITRA/SFC/CGU

Esses resultados confirmam a deficiência da análise de estabilidade de taludes que norteou a solução para os taludes de corte adotada no projeto executivo do lote 7. De fato, os coeficientes de estabilidade m e n que deveriam ser adotados são bastante inferiores aos considerados pela JBR em sua análise. Consequentemente, os fatores de segurança para todas as alternativas estudadas são significativamente menores aos obtidos pela JBR, inclusive denunciando situação de instabilidade para solução adotada. Pelo Método de Bishop e Morgenstern, a condição para estabilidade de um talude é o menor fator de segurança ser maior ou igual a 1,5. Os fatores de segurança obtidos pela JBR são superiores a 1,5 para todas as alternativas analisadas. Contudo, na análise feita por equipe de fiscalização da CGU, para cada alternativa estudada, pelo menos um fator de segurança obtido é inferior a 1,5, indicando possibilidade de ocorrência de ruptura para todas as alternativas estudadas. No caso específico da alternativa I, adotada como solução pela JBR, o menor FS é 1,582, indicando estabilidade. No entanto, o valor obtido pela equipe de fiscalização da CGU é 0,820, indicativo de ruptura. Portanto, fica caracterizada a desídia por parte da projetista JBR Engenharia Ltda e a omissão da área do DNER/DNIT, responsável pela análise e aprovação do projeto executivo em comento, por permitir estudo de estabilidade de taludes de corte com dados defasados e inadequados, o

Poro-pressão

i h (m) u (t/m²) C'/YH Tu m n S

I 1:1 1 8 2,4 35 1,38 1 0,0250 0,22 >0,80 1,138 1,440 0,821 0,0500 0,22 0,63 1,378 1,492 1,05

1,25 0,0250 0,22 1,899 1,990 1,461,25 0,0500 0,22 >0,80 2,077 2,018 1,631,5 0,0500 0,22 2,710 2,592 2,14

II 1:1 1 10 2,4 35 1,38 1 0,0250 0,17 >0,80 1,138 1,440 0,891 0,0500 0,17 0,63 1,378 1,492 1,12

1,25 0,0250 0,17 1,899 1,990 1,561,25 0,0500 0,17 2,077 2,018 1,731,5 0,0500 0,17 2,710 2,592 2,27

III 1:1,5 1,5 8 2,4 35 1,38 1 0,0250 0,22 0,62 1,498 1,601 1,151 0,0500 0,22 0,19 1,771 1,678 1,40

1,25 0,0250 0,22 2,077 2,064 1,621,25 0,0500 0,22 >0,80 2,270 2,109 1,811,5 0,0500 0,22 2,855 2,722 2,26

IV 1:1,5 1,5 10 2,4 35 1,38 1 0,0250 0,17 0,62 1,498 1,601 1,231 0,0500 0,17 0,19 1,771 1,678 1,49

1,25 0,0250 0,17 - 2,077 2,064 1,731,25 0,0500 0,17 2,270 2,109 1,911,5 0,0500 0,17 - 2,855 2,722 2,39

Notas: 1) Tu = u 3)

2) S = 4) Ao menor valor do coeficiente de segurança corresponderáa superfície crítica de deslizamento

Ângulo de inclinação do talude

Distância

Vertical

Ângulo de Atrito

Peso específic

o aparente

Fator de Profundida

de

Número de Estabilid

ade

Coeficiente de Proporcionalidade

Coeficiente de Estabilidade

Fator de Segurança

Alternativa Estuda

da

cotgi Ǿ (o) Y (t/m3) Df Tne

-

-

- >0,80

-

-

-

>0,80

condição para estabilidade de um talude Smin>Srequerido>1,5yH

M-nTu

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qual culminou em solução técnica que não contemplou o requisito de segurança exigido pelo inciso I do Art. 12 da lei 8.666/93. c) Mapas de cubação com volumes de corte superiores ao necessário para completa execução dos cortes da obra. O Projeto Executivo do Lote 07 da BR 101/PE, que serviu de base para elaboração do orçamento de referência da Concorrência nº 102/2006-00, tem as quantidades dos serviços de “escavação, carga e transporte” (ECTs) superestimadas.

De acordo com o Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, de 28 de abril de 2011, o quantitativo total dos serviços de escavação, carga e transporte, obtido a partir do mapa de cubação original do projeto executivo em comento, é 24,5% superior ao volume de corte calculado pela perícia a partir do projeto geométrico do Lote 07.

O mapa de cubação é o documento no qual são calculadas as quantidades dos serviços de terraplenagem, mais precisamente os volumes de corte, aterros e bota-foras. É obtido a partir de softwares específicos que processam dados de topografia representativos do terreno natural e projeto geométrico de um determinado segmento de rodovia. O mapa de cubação é a fonte das quantidades dos serviços de terraplenagem integrantes da planilha orçamentária da licitação. Dessa forma, se o quantitativo total de ECT está superestimado no mapa de cubação em relação ao projeto geométrico, seguramente as quantidades licitadas desses serviços são superiores às necessárias, gerando um elevado potencial de dano ao erário durante a execução da obra. No caso do Lote 07 da BR 101/PE, foi comprovado pelo referido laudo pericial que a autora do Projeto Executivo, JBR Engenharia Ltda., superestimou os volumes de corte no mapa de cubação. Segundo a perícia, o volume total de corte era aproximadamente 300 mil metros cúbicos superior ao volume total de corte necessário para a execução completa do projeto, mesmo após todos os acréscimos decorrentes das revisões ocorridas. Evidências: Projeto Executivo de Engenharia para Adequação de Capacidade e Restauração do Lote 7 da BR 101/PE. Portaria nº 1132 CGDESP/DPP/DNIT, de 18/10/2004. Processos administrativos N° 51.140.005.941/2001-65 e n° 50.604.000.126/2002-33. Contrato PG – 141/2001-00; Edital de licitação nº 082/2001; Escopo Básico 108 (EB-108) das Diretrizes Básicas para a Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários (1999); IS-246 componente ambiental do projeto de engenharia rodoviária; Primeira Revisão de Projeto em Fase de obra - Relatório de Análise da 1ª Revisão em Fase de Obras, assinado pelo Fiscal do Contrato TT-252/2006-00 da BR-101/PE. Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, de 30/05/2011. Carta DC-BR 101 N° 048/2007 – Consórcio Queiroz Galvão, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Barbosa Mello. Manifestação da unidade examinada: Em relação ao fato relatado na alínea “a” foi encaminhada a esta CGU por meio do Memorando nº 26/2010/DPP, de 15/01/2010, manifestação da Coordenação-Geral de Desenvolvimento e Projetos (Memo1885/2009/CGDEPS/DPP – 08/12/2009) informando que esse fato já é objeto de

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apurações administrativa por meio do processo n° 50600.005170/2008-55 e que a Coordenação de Projetos já se manifestou acerca do tema por meio de nota técnica de 14/01/2009 assinada pela funcionária terceirizada Eng.ª Maruska Tatiana Nascimento da Silva (CREA nº 7386/D Matrícula SISCON 1368-D). Essa nota técnica contém opinião sobre modificação do projeto executivo proposta em sede da 1ª Revisão de projeto em fase de obra. A seguir, a transcrição do conteúdo desse documento:

[…] “Em verificação ao projeto executivo constatou-se que realmente existe a presença de um lago entre as estacas 2300 e 2315. No entanto, a rodovia para o estaqueamento citado margeava o lago. No entanto, cabe informar que o traçado apresentado para o projeto em revisão de obra não corresponde ao traçado aprovado em projeto executivo. Em projeto executivo aprovado no ano de 2004 pela Coordenação de Projetos (DNIT) a rodovia margeava o lago e em projeto apresentado pela projetista em fase de revisão de obra a rodovia atravessa parte do lago. Percebe-se incompatibilidade entre as informações prestadas pela projetista atualmente e em projeto executivo aprovado em 2004.” […] “Sendo assim, informamos que esta coordenação não possui atribuição de verificar em campo a veracidade das informações dos projetos enviados para análise, tendo em vista que esta tarefa cabe a Superintendência Local, conforme a IS/DG de 08 de abril de 1998 – Art. 2º, letra 'e' e a IS nº 13 de 17 de novembro de 2008, Capítulo II, Art.2º – V. Conforme o parágrafo anterior, sabe-se que a veracidade de informações no que dizem respeito ao estudo de traçado, variações hidrológicas que justifiquem alterações em níveis de rios, lagos e/ou lençóis freáticos, a presença de barragem nas imediações das rodovias e as possíveis possibilidades de mudança de projeto em campo que acarretem grandes alterações em orçamento entre outros questionamentos cabem a superintendência Local fiscalizar.” […] “Cabe lembrar que, o procedimento concernente a 1ª revisão de projeto não observou o Art. 5° da portaria 1046 de 06 de setembro de 2005 do Diretor Geral do DNIT.”

Em resposta à SA n° 231057/011, foi encaminhado o Memorando n° 072/2010 – CGDESP/011, de 13/01/2010, assinado pela Coordenadora de Projetos Substituta. Transcreve-se a seguir o posicionamento sobre o fato relatado:

[...] “a) verifica-se em Volume 2, projeto da Variante de Ribierão, aprovado em 2004, que entre os estaqueamentos 2300 e 2314 encontra-se um lago. Observa-se que a rodovia atravessa o lago entre os estaqueamentos 2305 e 2312.

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Em verificação ao volume 3 de Memória Justificativa, página 69, item 3.4 de estudo do traçado, observa-se que 'Os estudos de traçado foram desenvolvidos com base em informações provenientes do projeto básico e dos estudos preliminares de traçado, e das resoluções decorrentes de visitas técnicas ao trecho, para consolidação das alternativas estudadas em escritório' Em Volume 3A (Relatório Ambiental), página 12, item 3.1.1.3, a empresa projetista informa que 'A geometria do segmento em estudo alterna regiões onduladas com forte sinuosidade a pequenos segmentos com rampas médias ou suaves. Do ponto de vista da segurança do tráfego, este fato cria riscos potenciais de acidentes devido ao condicionamento dos condutores pela possibilidade de imprimir velocidades maiores aos veículos...'. Cabe ainda informar que, a empresa projetista em mesmo volume, pág. 18, item referente a geomorfologia, informa que 'a maior limitação quanto à ocupação da planície fluvial está ligada a suscetibilidade a inundações eventuais no período chuvoso, em função do pequeno gradiente da drenagem de superfície, bem como do regime de alta torrencialidade existente na área, em face da concentração temporária das precipitações pluviométricas.' Face ao exposto, pode-se inferir que o traçado atravessa parte do lago devido às necessidades do relevo local, inclusive mantendo o traçado de projeto básico. No entanto, quanto às variações pluviométricas, percebe-se que a empresa tinha conhecimento a respeito da 'suscetibilidade a inundações eventuais no período chuvoso”, conforme supracitado. b) O traçado é pré-determinado pela área de planejamento do DNIT, porém os desvios tais como montanhas, lagos, rios, entre outros, ao longo deste traçado são observados em campo por meio de verificação da empresa projetista. Após este estudo faz-se as devidas alterações e concebe-se o projeto. Lembramos que para alguns casos que dizem respeito ao meio ambiente faz-se necessário, licença ambiental para a liberação do projeto. Sendo assim, esclarecemos que o processo de aprovação do traçado foi inicialmente realizado pela coordenação de projetos, após a realização dos procedimentos citados em parágrafo anterior. Quanto às responsabilidades, pode-se observar em Portaria N° 1133 de 18 de Outubro de 2004 e em Análise de aprovação N° 277/2002/04/04, conforme citado anteriormente. c) Informamos que esta área corresponde a coordenação de Projetos na qual recebe projetos impressos em diversos volumes que são analisados pela equipe de analistas. Estes projetos possuem responsáveis técnicos que respondem jurídica e tecnicamente no que diz respeito às informações dadas em projetos. Mediante o exposto, esta área não possui a atribuição de listar providências que serão tomadas quanto à quantificação dos prejuízos gerados. Tão pouco, levantar responsabilidades de projetistas; d) Não cabe a esta área de Coordenação de Projetos informar prazos para providências quanto às incompatibilidades deste projeto.

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Análise do controle interno: As manifestações apresentadas divergem em relação ao fato relatado na alínea “a” da constatação. Na nota técnica de 14/01/2009 (sem número) consta que o traçado do projeto executivo aprovado em 2004 não se sobrepõe ao açude de abastecimento da cidade de Ribeirão, ao passo que por meio do Memo 072/2010 CGDESP, o DNIT informa que o traçado da variante de Ribeirão integrante do projeto executivo aprovado em 2004 atravessa o referido manancial, apresentando razões para isso, à luz das informações contidas na memória justificativa do projeto executivo em comento. Segundo o memorando supracitado, o traçado da Variante de Ribeirão atravessa parte do lago da Compesa “devido às necessidades do relevo local” e por essa razão optou-se por manter o traçado de projeto básico. Essa informação demonstra que durante a elaboração do projeto executivo optou-se por solução comprovadamente inexequível, com base em justificativa inapropriada, uma vez que iniciada a obra, o eixo da rodovia teve que ser modificado para preservar o manancial, sendo a execução no novo posicionamento realizada. Nesse sentido, a informação contida na documentação apresentada não elide a constatação, pelo contrário, reforça o fato relatado pela equipe de fiscalização. A respeito da apuração de responsabilidades, foi informado que existe processo administrativo com essa finalidade. No entanto, não foi mencionada a situação desse processo. O Memorando nº 072/2010 apenas cita a Portaria N° 1133 de 18 de outubro de 2004 e a Análise de aprovação n° 277/2002/04/04. Também foi feita referência às responsabilidades técnica e jurídicas dos autores do projeto, bem como dos setores competentes da Superintendência Regional do DNIT em Pernambuco. Em que pese essas referências, não existe menção ao estágio de apuração dessas responsabilidades. Dessa forma, as manifestações apresentadas não contribuem para elidir a constatação. Na Nota Técnica da Coordenação de Projeto/CGDESP, de 14/01/2009, afirma-se que na aprovação do 1º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obras, que contempla as alterações de terraplenagem decorrentes do problema em tela, não foi observado o comando do art. 5° da Portaria nº 1046, de 06 de setembro de 2005, assinada pelo Diretor-Geral do DNIT. Esse dispositivo tem o seguinte teor:

Portaria 1046 de 06/09/2005 do Diretor Geral do DNIT […] “Art. 5 º Quando for imprescindível promover a revisão do projeto final de engenharia durante a execução da obra, com ampla e detalhada justificativa, durante a fase de análise, antes da sua aprovação pela autoridade competente, deverá o setor que aprovou o projeto original, manifestar a respeito da solução técnica proposta na revisão do projeto.”

Assim, segundo a informação prestada, a Coordenação-Geral de Construção Rodoviária - CGCONT/DIR, quando da análise do 1º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra, não solicitou manifestação da Coordenação-Geral de Desenvolvimento de Projetos – CGDESP/DPP, área responsável pela aprovação do projeto original, sobre solução de traçado proposta na revisão antes da aprovação. No Despacho do Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, de 04/12/2007, que aprova a citada revisão de projeto, não há referência à manifestação da CGDESP/DPP, o que indica provável descumprimento à referida Portaria.

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Na sequência, será abordado o tema relacionado à licitação do projeto em questão, objeto dos Laudos do Departamento da Polícia Federal – DPF nº 2.018/2009 – INC/DITEC/DPF e 1.104/2011 – INC/DITEC/DPF. A Figura III a seguir ilustra de maneira sintética os eventos relacionados aos certames do empreendimento em questão. Figura III: Fluxo das licitações para contratação das obras da BR-101/NE

Fonte: Departamento de Polícia Federal (Laudo nº 2.018/2009 – INC/DITEC/DPF)

O referido empreendimento decorreu da concorrência associada ao Edital 102/2006. No entanto, de acordo com o Laudo nº 2.018/2009 – INC/DITEC/DPF, a revogação do Edital 155/2005 (anterior) e o lançamento posterior do Edital 102/2006, com aumento significativo da quantidade exigida de pavimento em concreto para habilitação técnica-operacional, não foram motivados por critérios técnicos, além de haver redução da competitividade da licitação, de maneira a atender aos interesses de grandes construtoras que, mesmo possuindo capacidade técnica para executarem as obras sozinhas, formaram consórcios entre si. Ao se confrontar as conclusões dos descontos potenciais em obras com grande competitividade e o resultado final da Concorrência 102/2006, verifica-se que haveria um grande potencial de se obter maiores descontos caso os critérios de habilitação da Concorrência 155/2005 tivessem sido mantidos e se as empresas com capacidade física e operacional suficientes para executar as obras sozinhas não tivessem se consorciado entre si. Portanto, infere-se ainda do mencionado Laudo que o Edital nº 155/2005-00 apresentava condições adequadas para a qualificação técnico-operacional dos interessados, havendo, inclusive, parecer do DNIT atestando que os quantitativos exigidos para execução de pavimento rígido, correspondentes a aproximadamente 10% do total previsto no Edital, eram suficientes para assegurar ampla competitividade e verificar a capacidade técnica das empresas, proporcionando segurança de execução da obra. Por meio do Laudo nº 1.104/2011 – INC/DITEC/DPF, decorrente de Perícia realizada pela Polícia Federal, foi realizado o confronto entre os preços unitários contratados e aqueles obtidos

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pela Perícia, para quatro orçamentos distintos: planilha do edital, proposta vencedora; proposta atualizada (após 2ª revisão do projeto); e 34ª medição (julho/2009). Os resultados podem ser observados no Quadro V a seguir: Quadro V: Resumo da análise dos preços

Orçamento Preço Total (R$) Sobrepreço

Questionado Perícia R$ % Planilha do Edital 275.462.514,46 266.835.538,00 8.626.976,46 3,23%

Proposta Vencedora 272.504.024,09 264.245.338,22 8.258.685,87 3,13%Proposta Atualizada 316.021.702,67 304.373.110,03 11.648.592,64 3,83%

34ª Medição 216.098.400,63 202.962.326,69 13.136.073,94 6,47%Fonte: Departamento de Polícia Federal (Laudo nº 1.104/2011 – INC/DITEC/DPF) Dessa forma, verifica-se o nascedouro dos superfaturamentos identificados por esta Controladoria-Geral da União – CGU, por ocasião da fiscalização in loco no Lote 07 da BR-101/NE. As constatações da CGU, referentes à execução das obras em questão serão apresentadas a seguir. CONSTATAÇÃO 010: SUPERFATURAMENTO DE R$ 865.992,56 NA EXECUÇÃO DE CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE (FAIXA C), DECORRENTE DO PAGAMENTO DE INSUMO ESSENCIAL, MAS NÃO UTILIZADO DURANTE A USINAGEM DA MISTURA ASFÁLTICA. Durante a inspeção de campo, foi constatado que a empresa subcontratada para execução do revestimento asfáltico (Lidermac Construções e Equipamentos Ltda. CNPJ 40.882.060/0001-08) não estava utilizando o filler na composição granulométrica da mistura de agregados do concreto betuminoso usinado a quente da capa de rolamento (CBUQ – Faixa C), apesar de tal componente estar previsto em especificação de serviço e estar sendo pago pela Administração. De acordo com a ficha de ensaio para dosagem do CBUQ – Faixa C, apresentada pelo consórcio construtor, a composição de agregados que permite o enquadramento na faixa C da especificação de serviço DNER-ES 313/1997 é a seguinte: 22,0% de brita B 19,1mm; 22,0% de brita B 12,7mm; 45,0% de Areia; 8% de pó-de-pedra e 3,0% de “filler”. Todavia, conforme Foto da Figura I abaixo, a qual registra o painel da usina de asfalto da empresa Lidermac no momento da usinagem da mistura de CBUQ faixa C, o percentual de filler utilizado é igual a 0,0%, comprovando o não uso deste componente no referido traço. Figura I: Painel da Usina de Asfalto no Momento da Usinagem CBUQ - C

Na composição de custo unitário do consórcio construtor referente ao serviço “CA - Usinagem de CBUQ (capa de rolamento – Faixa C)” o filler custa R$5,81 (P0). Subtraindo este valor do

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custo unitário total que está sendo pago (R$60,36), têm-se o custo unitário total real de R$54,55 para esse serviço auxiliar. Entrando, com este valor na composição de preço unitário do serviço “Concreto betuminoso usinado a quente – capa de rolamento (Faixa 'C')” e considerando corretos os demais custos envolvidos neste serviço, chega-se ao preço unitário total real de R$89,64, conforme demonstrado no Quadro I abaixo.

Quadro I: Cálculo do preço unitário do CBUQ – C sem o “filler”

Descrição Contratado (R$) Executado (R$) Custo Unitário de Execução CBUQ - C 13,88 13,88 Custo Usinagem CBUQ - C 60,36 54,55 Custo Unitário Direto Total 74,24 68,43 BDI de 31 % 23,01 21,21

Preço Unitário Total 97,25 89,64 Fonte: DITRA/SFC/CGU Até 31/10/2009 foi pago R$11.066.724,89, em valor inicial, referente ao serviço CBUQ Faixa C. No entanto, o valor de fato devido pela Administração, por conta da execução do CBUQ Faixa C sem o “filler” pela empresa subcontratada, é R$ 10.200.732,33. Portanto, um superfaturamento de R$ 865.992,56 a preços iniciais, conforme Quadro II a seguir.

Quadro II: Cálculo do superfaturamento até 31/10/2009.

Fonte: DITRA/SFC/CGU. Registra-se que a não utilização do “filler” na composição granulométrica da mistura de CBUQ Faixa C pode acarretar não enquadramento em faixa granulométrica especificada, bem como desatendimento aos parâmetros volumétricos especificados para este tipo de concreto asfáltico (DNER-ES 313/97), repercutindo desfavoravelmente na vida útil do revestimento. Assim sendo, além do superfaturamento demonstrado até 31/10/09, fica caracterizada a deficiência da fiscalização/supervisão no acompanhamento dos serviços ao permitir pagamento de serviços executados por empresa subcontratada com qualidade técnica inferior à exigida pela respectiva especificação de serviço.

item Descrição QuantidadeValor Pago Valor Devido

Até 31/10/09 Até 31/10/094.2.3 CBUQ na Faixa C t 14.782,85 R$ 1.437.632,16 R$ 1.325.134,674.3.1.9 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 20.969,17 R$ 2.039.251,78 R$ 1.879.676,40

4.3.1.6 t 4.446,79 R$ 432.450,13 R$ 398.610,084.3.2.7 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 47.679,44 R$ 4.636.825,54 R$ 4.273.985,004.3.3.8 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 727,80 R$ 70.778,06 R$ 65.239,544.3.4.5 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 10.988,56 R$ 1.068.636,97 R$ 985.014,074.4.1.5 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 990,12 R$ 96.289,46 R$ 88.754,634.4.2.5 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 604,90 R$ 58.826,91 R$ 54.223,594.4.3.5 CBUQ na Faixa C para Revestimento t 269,64 R$ 26.222,39 R$ 24.170,44

4.5.1.4 t 1.211,05 R$ 117.774,13 R$ 108.558,07

4.5.2.5 t 7.815,98 R$ 760.104,06 R$ 700.624,45

t 149,46 R$ 14.534,60 R$ 13.397,24

4.6.2.1.4 t 785,11 R$ 76.352,34 R$ 70.377,6211.2.5 CBUQ na Faixa C (desvio de tráfego) t 2.207,11 R$ 214.641,54 R$ 197.845,43

2.5.5 t 51,01 R$ 4.960,24 R$ 4.572,09

2.5.5 t 65,79 R$ 6.398,08 R$ 5.897,42

2.5.5 t 51,89 R$ 5.046,50 R$ 4.651,60R$ 11.066.724,89 R$ 10.200.732,33

VALOR PAGO A MAIS ATÉ 31/10/2009 R$ 865.992,56

Und.

CBUQ na Faixa C para correção de irregularidades longitudinais

CBUQ na Faixa C para Revestimento (semi-pistas retornos e acessos)CBUQ na Faixa C para Revestimento (na pista existente)CBUQ na Faixa C para Revestimento (parada de ônibus I)CBUQ na Faixa C para Revestimento (parada de ônibus II)

CBUQ na Faixa C para Revestimento (obras de arte especiais)CBUQ na Faixa C para Revestimento (obras de arte especiais)CBUQ na Faixa C para Revestimento (obras de arte especiais)

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Evidências: 37° Boletim de Medição referente ao período de 01/10/2009 a 31/10/2009. Composição de preço unitário do contratado código 4.2.3 – Concreto betuminoso usinado a quente – capa de rolamento (Faixa “C”). Composição de preço unitário do contratado código 8 CA – Usinagem de CBUQ (capa de rolamento – Faixa C). Ficha do ensaio de dosagem da mistura asfáltica realizado pelo laboratório do consórcio construtor. Fotografia n° 1 – painel da usina de asfalto no momento da usinagem CBUQ – C. CONSTATAÇÃO 011: SUPERFATURAMENTO DE R$ 352.224,57 NA EXECUÇÃO DO SERVIÇO “CBUQ NA FAIXA B PARA CAMADA DE LIGAÇÃO”, DECORRENTE DO PAGAMENTO DE INSUMO NÃO UTILIZADO DURANTE A USINAGEM DA MISTURA ASFÁLTICA. A empresa subcontratada pelo consórcio construtor para execução do revestimento asfáltico (Lidermac Construções e Equipamentos Ltda. CNPJ 40.882.060/0001-08) não estava utilizando o filler na composição granulométrica da mistura de agregados do concreto betuminoso usinado a quente para camada de ligação (CBUQ – Faixa B). A fotografia da Figura I abaixo, a qual registra o painel da usina de asfalto da empresa Lidermac no momento da usinagem da mistura de CBUQ faixa B, evidencia que o percentual de filler utilizado é igual a 0,0%, comprovando o não uso deste componente. De acordo com a ficha de ensaio de dosagem apresentada pelo consórcio construtor a composição de agregados que permite enquadramento na faixa B da especificação DNER-ES 313/97 é a seguinte: 15% de brita 32,0mm; 15% de brita 25,4mm; 15% de brita 19,1mm; 40% de areia e 15% de pó de pedra. De fato, segundo esses estudos laboratoriais, não há necessidade de filler para que o CBUQ Faixa B para camada de ligação atenda às exigências da citada norma quanto a enquadramento em faixa granulométrica e parâmetros volumétricos. Figura I: Painel da Usina de Asfalto no Momento da Usinagem CBUQ - B

Fonte: DITRA/SFC/CGU. Entretanto, este componente, em princípio desnecessário, e de fato não utilizado pela subcontratada, está sendo pago pela Administração, uma vez que consta na composição de custo unitário 889 “CA-Usinagem de CBUQ (camada de ligação – Faixa B) do consórcio construtor o valor R$ 5,81 referente ao material filler. Subtraindo-se esse valor do custo unitário da usinagem de CBUQ Faixa B, obtém-se o preço unitário devido de R$ 75,55 para o serviço 800787 – CBUQ na faixa B para camada de ligação, ao invés do preço unitário até então pago de R$ 83,16 (vide Quadro I seguinte).

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Quadro I: Cálculo do preço unitário do CBUQ – B sem o “filler

Descrição Contratado (R$) Executado (R$) Custo Unitário de Execução CBUQ - B 9,96 9,96 Custo Usinagem CBUQ - B 53,52 47,71 Custo Unitário Direto Total 63,48 57,67 BDI de 31 % 19,68 17,88

Preço Unitário Total 83,16 75,55 Fonte: DITRA/SFC/CGU

Até 31/10/2009 foi pago R$3.849.013,86 em valor inicial, referente ao serviço CBUQ Faixa B para camada de ligação. No entanto, o valor de fato devido pela Administração, por conta da execução do desse serviço sem o “filler” pela empresa subcontratada, é R$3.496.789,29. Portanto, um superfaturamento de R$352.224,57 a valores de 31/10/2007, conforme Quadro II. Quadro II: Cálculo do superfaturamento até 31/10/2009

Fonte: DITRA/SFC/CGU Evidências: 37° Boletim de Medição referente ao período de 01/10/2009 a 31/10/2009. Composição de preço unitário do contratado código 4.3.1.8 – Concreto betuminoso usinado a quente – capa de rolamento rolamento (Faixa “B”). Composição de preço unitário do contratado código 889 CA – Usinagem de CBUQ (capa de rolamento – Faixa “B”). Ficha do ensaio de dosagem da mistura asfáltica realizado pelo laboratório do consórcio construtor. Fotografia n° 1 – painel da usina de asfalto no momento da usinagem CBUQ – B. CONSTATAÇÃO 012: SUPERFATURAMENTO DE R$ 6.979.191,60 NO SERVIÇO APLICAÇÃO DE GEOMALHA HATELIT 40/17, DECORRENTE DA NÃO UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PREVISTOS, DE PREÇO DE INSUMO SUPERIOR AO PRATICADO NO MERCADO E DE CONSIDERAÇÃO EXCESSIVA DE PERDAS NO CONSUMO DO MATERIAL. O serviço aplicação de geomalha Hatelit 40/17 foi previsto pelo projeto executivo nos reforços do pavimento composto e do pavimento rígido existente entre as camadas de ligação (binder) e a capa de rolamento, a fim de minimizar a propagação de trincas das camadas pré-existentes para as novas camadas. Durante a fiscalização em campo, foi verificado que este serviço está sendo realizado pela subcontratada Lidermac Contruções Ltda. A execução verificada in loco consistia em desenrolar manualmente os rolos de geomalha sobre a pista, sem uso do equipamento “Rolo compactador de pneus Dynapac CP – 221”, o qual integra a composição do preço unitário do consórcio construtor para este serviço (Figura I abaixo).

item Descrição QuantidadeValor Pago Valor Devido

Até 31/10/09 Até 31/10/094.3.1.8 CBUQ na Faixa B para camada de ligação t 43.606,68 R$ 3.626.331,59 R$ 3.294.484,754.3.2.6 CBUQ na Faixa B para camada de ligação t 1.089,90 R$ 90.635,83 R$ 82.341,724.3.3.7 CBUQ na Faixa B para camada de ligação t 1.587,86 R$ 132.046,44 R$ 119.962,82

R$ 3.849.013,86 R$ 3.496.789,29VALOR PAGO A MAIS ATÉ 31/10/2009 R$ 352.224,57

Und.

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Figura I: Aplicação da geomalha Hatelit 40/17

Segundo cotação de preço realizada em 26/03/2010 pela equipe de fiscalização da CGU, junto à empresa Geocom Comercial Ltda, representante do fabricante da geomolha hatelit 40/17 (Huesker) em Recife-PE, o preço unitário deste insumo, considerando material posto em obra em Arapiraca-Al e 18% de ICMS incluso, é de R$14,28/m². O custo do frete é bem inferior ao considerado na cotação, pois Arapiraca encontra-se a 357 km de Recife, e o canteiro de obras (Escada) está a 64km de Recife. Retirando-se desse valor o ICMS, chega-se a R$ 12,10/m². Incindindo-se 5% de IPI sobre esse valor, obtém-se o preço unitário de geomalha Hatelit 40/17 de R$ 12,71/m² (26/03/2010). Retroagindo esse preço a novembro de 2006 pelo índice de 1,2112 previsto em contrato, obtém-se o valor R$ 10,49/m². Entretanto, o custo unitário considerado na composição de preço unitário do consórcio construtor é R$ 22,83 (11/2006), ou seja, superior ao dobro do preço unitário calculado pela equipe de fiscalização da CGU (R$ 10,49), apesar de se considerar material posto em canteiro 293 km mais distante que a situação real da obra. Além disso, outro fator que contribui para a majoração excessiva do custo da geomalha é o coeficiente de consumo adotado na composição de preço unitário do consórcio para este insumo. Tal consumo prevê 20% de perdas de material na aplicação da geomalha, por considerar excessos de 50 cm de largura de geomalha para cada lado da pista de rolamento. Faz-se necessário registrar que tal critério foi previsto no projeto executivo, mas a execução não estava sendo realizada dessa forma. Verificou-se em campo que a geomalha é aplicada em dois rolos de igual largura com sobreposição de 50 cm no eixo da pista, cuja largura é 7,0m, sem transpor os bordos externos da pista (Figura anterior). Assim, em uma extensão de 1,00m, têm-se 7,00m² de serviço executado. Para cada 7m² de serviço executado são empregados 1,00m x 0,50m = 0,50m² a mais de material, por causa da sobreposição de 50 cm no eixo da pista. Logo, o consumo é da ordem de 7% maior que área de serviço executada, isto é, menos da metade do percentual adotado na composição de preço unitário do consórcio (20%). Adotando um percentual de perdas de 10% na aplicação da geomalha e com base nas constatações de campo e na cotação de preço deste insumo mencionada acima obteve-se o preço unitário total de R$ 19,89 para o serviço “Aplicação de geomalha Hatelit 40/17”, conforme composição de preço unitário abaixo, elaborada pela equipe de fiscalização da CGU (Quadro a seguir).

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Quadro I: Cálculo do preço unitário do serviço aplicação de geomalha Hatelit 40/17 conforme execução verificada

Fonte: DITRA/SFC/CGU Até 31/03/2011, foram pagos 335.215,74 m² do serviço em comento, ao preço unitário contratado de R$ 40,71, o qual é superior ao dobro do preço obtido pela equipe de fiscalização. Dessa forma, até a referida data, o valor pago a preços iniciais foi de R$ 13.646.632,57, ao passo que, com base nos achados da equipe de fiscalização, o valor pago deveria ser de R$ 6.667.440,97. Logo, verificou-se um superfaturamento de R$ 6.979.191,60 a valores iniciais (vide Quadro II abaixo). Quadro II: Cálculo do superfaturamento na aplicação da geomalha Hatelit 40/17

Item Descrição Und. Quantidade Valor Pago (R$) Valor Devido (R$)

Até 31/03/11 Até 31/03/11

4.3.1.7 Aplicação de geomalha

Hatelit 40/17 m² 318.340,485 12.959.641,14 6.331.792,25

4.3.2.5 Aplicação de geomalha

Hatelit 40/17 m² 16.875,250 686.991,43 335.648,72

TOTAL 13.646.632,57 6.667.440,97 SUPERFATURAMENTO ATÉ 31/03/2011 (valor a PI) R$ 6.979.191,60

Fonte: DITRA/SFC/CGU Evidências: 54ª Boletim de Medição 01/03/2011 a 31/03/2011. 37° Boletim de Medição 01/10/2009 a 31/10/2009. Composição de preço unitário do contratado código 4.3.1.7– Aplicação de geomalha Hatelit 40/17. Cotação de preço da geomalha Hatelit 40/17 junto a Geocom Comercial LTDA. Planilha do Quadro I; Foto da Figura VI – Aplicação de Geomalha Hatelit 40/17. CONSTATAÇÃO 013: EXISTÊNCIA DE DEFEITOS PRECOCES NO ACOSTAMENTO DA DUPLICAÇÃO. Durante a inspeção de campo foram constatados os seguintes defeitos no acostamento recém construído da duplicação:

Equipamento / Modelo QuantidadeUtilização Custo Operacional Custo

HorárioCarregadeira de pneus CAT 966 1 1 0 251,78 71,89 251,78Caminhão carroceria – 15T 1 1 0 104,72 40,66 104,72

TOTAL (A) 356,5Mão de Obra Suplementar K ou R Salário Custo

horas Base HorárioServente 2,82 1500 1,85 7825,50encarregado de turma 9,88 150,3 1,85 2747,18

TOTAL (B) 10572,68

C) PRODUÇÃO DA EQUIPE 3000 CUSTO HORÁRIO TOTAL (A+B) 10929,18D) CUSTO UNITÁRIO DA EXECUÇÃO (A+B) / C = D 3,64

Materiais / Outras Atividades UnidadeCusto

ConsumoCusto

Unitário Totalm2 10,49 1,1 11,54

TOTAL (E) 11,54CUSTO DIRETO TOTAL (D+E) 15,18BONIFICAÇÃO (31,00%) 4,71PREÇO UNITÁRIO TOTAL 19,89Transporte já incluso no preço do material

Prod. Improd. Prod. Improd.

Quant.

Geomalha Hatelit 40/17

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a) fissuras transversais prejudiciais à vida útil do pavimento. Foram verificadas fissuras transversais espaçadas de 3,0m a 4,0m e distribuídas em vários sub-segmentos do lote 7 (vide Foto da Figura I seguinte). O pavimento do acostamento da pista duplicada e da restaurada, onde tais defeitos foram verificados, foi construído recentemente e, até a data da inspeção de campo, ainda não havia sido submetido ao tráfego previsto em projeto. Em alguns locais, o respectivo acesso ainda permanecia fechado ao tráfego na data da fiscalização. Assim sendo, o aparecimento precoce das fissuras aponta para prováveis falhas construtivas durante a execução da camada de base de brita graduada com cimento, cuja espessura é de 27 cm. Adverte-se que esse tipo de defeito pode comprometer a durabilidade do pavimento por causa dos efeitos deletérios do acesso da água das chuvas à estrutura do pavimento e ao subleito. Segundo Art. 69 da Lei 8.666/93, o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados.” Nesse sentido, independentemente da apuração da gênese deste defeito, deve ser feita correção tempestiva, às expensas do consórcio construtor, a fim de evitar maiores prejuízos futuros ao erário. Figura I: Fissuras Transversais no Acostamento

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b)Trinca Longitudinal pronunciada ao longo do acostamento No acostamento da duplicação, entre as estacas 228 e 230, foi verificada uma trinca longitudinal de aproximadamente 1cm de abertura e 30 m de extensão, localizada sobre a interface da sub-base de CCR com a sub-base de brita graduada com cimento. Esse defeito, pode desencadear o comprometimento da estrutura do pavimento e até da estabilidade do maciço do aterro pela ação da água. Trata-se de um defeito cuja causa requer apuração pelo órgão gestor para identificar quem suportará o ônus da correção. Contudo, ressalta-se a necessidade de correção tempestiva do problema a fim de evitar prejuízo ao erário decorrente de provável perda total dos serviços já executados e pagos. Figura II: Trinca Longitudinal no Acostamento (Estacas 228 e 230).

Evidências: Fotografias da Figura II apresentadas na descrição do fato. Manifestação da unidade examinada: Supervisora Em resposta à alínea “d” da S.A. n° 236990/015, a Supervisora JBR Engenharia Ltda, que também é responsável pelo Projeto Executivo de Engenharia da obra em análise, apresentou a Carta Ct nº 269/2009, de 16/12/2009, assinada pelo Diretor e Responsável Técnico Luiz Wagner Júnior, contendo a seguinte manifestação em relação ao problema constatado:

“Por fim, no tocante a abordagem constante do 'item d' da solicitação de auditoria ora em resposta, é preciso de logo deixar inexoravelmente sublinhado que a supervisora alertou o Consórcio Construtor logo início dos trabalhos ocorrido 18 de outubro de 2008, através de registro aposto no Diário de Obra, folha 79754, em 09 de janeiro de 2009 sobre a NECESSIDADE DE SE FAZER A CURA na camada de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC) (grifos nossos), conforme comprova o expediente anexo, visando dessa forma evitar a ocorrência de fissuras naquela camada do pavimento. Além disso, a supervisora em continuação ao acompanhamento dos trabalhos enfatizou por diversas vezes durante a execução dos serviços, in loco, a necessidade de providência necessárias para ilidir definitivamente as fissuras detectadas, culminando com correspondência neste sentido datada de 02 de outubro de 2009, logo após a volta dos serviços de execução dos acostamentos, face o término do período de chuvas (de abril a setembro), onde

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ali elencamos textualmente as medidas a serem adotadas para evitar problemas de fissuramento, tudo como comprova a sua fotocópia anexa.”

Fiscal do Contrato O Fiscal do Contrato TT-252/2006, por intermédio do Memorando n° 85/2009, de 17/12/2009, encaminhado ao Coordenador-Geral de Construção Rodoviária Substituto, se manifestou em relação à alínea “d” da S.A. n° 236990/014, transcrevendo a manifestação da Supervisora, e, nela embasado, fez as seguintes considerações:

“Considerações desta Fiscalização: Diante do exposto acima estamos solicitando ao superintendente Regional a aplicação de multa contratual ao Consórcio Construtor por descumprimento da clausula décima terceira do contrato TT-252/06, face ao não atendimento as determinações da Fiscalização e sugerindo ao mesmo que determine as correções dos defeitos no prazo de 60(sessenta) dias.”

Diretoria de Infraestrutura Rodoviária – DIR Por intermédio da SA n° 236990/016, a Diretoria de Infraestrutura Rodoviária foi instada a apresentar sua avaliação e providências quanto aos fatos constatados e quanto às justificativas apresentadas pela fiscalização e supervisão da obra acima transcritas. Antes de se manifestar, solicitou posicionamento da CGCONT, que sugeriu à DIR, em 07/12/2009, conforme fls. 122/124 do processo n° 50600.015208/2009-89, as seguintes providências relacionadas:

“- Contratação imediata por meio de instrumento jurídico competente de auditoria específica para realização de levantamentos e verificações necessárias; - Determinar o estorno e/ou glosa de eventuais serviços medidos indevidamente, após a conclusão dos trabalhos de auditoria; - Reter as garantias contratuais vigentes até a conclusão dos trabalhos de correção e aceitação por parte do DNIT; - Mudança imediata de toda equipe técnica da empresa Supervisora JBR, tendo em vista os fatos constantes do documento INFORME DA CGU.”

Neste mesmo documento, o Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, afirma no parágrafo 20, que a CGCONT não tem competência regimental para fazer avaliações quanto aos fatos constatados, nem com relação às justificativas apresentadas pela fiscalização e supervisão acima transcritas. E faz menção à necessidade de adequada instrução com vistas à instauração de processo administrativo, por parte do Diretor-Geral, para que seja promovida a competente avaliação e posterior resposta à CGU. Em 10/03/2010, pelo Memorando nº 896/2010/CGCONT/DIR, este mesmo Coordenador-Geral de Construção Rodoviária informou à DIR as ações implementadas, com intuito de sanear as impropriedades apontadas em cada item do INFORME CGU, de 30/11/2009. Especificamente em relação aos fatos relatados nesta constatação, foi informado à DIR, na ocasião, que o “DNIT está firmando com o Exército Brasileiro, por meio do processo nº 50600.001043/2010-00, o Termo de Cooperação Técnica n° 208/2010, que tem como objeto: ' o estabelecimento da sistemática de cooperação em atividades de execução de Levantamento Topográfico, Análise de Pavimento Rígido, Quantificação de Terraplenagem e Avaliação

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Técnica das Soluções a Adotar para a Obra de Adequação e Duplicação da BR 101/NE, lotes 7 e 8, em Pernambuco.'” No mesmo Memorando, a CGCONT informa que “O Referido objeto do Termo de Cooperação Técnica será executado de acordo com o Plano de Trabalho n° 40.001.10.22.01.01”, cujo valor, referente a dezembro de 2009, é R$ 1.704.869,77. Na alínea “e” do campo identificação do objeto deste Plano de Trabalho consta: “fissuras longitudinais e transversais no acostamento – levantar a gênese das patologias e indicar as soluções técnicas;” Continuando, a CGCONT afirma que “Após as conclusões dos trabalhos, objeto do referido plano de Trabalho, serão procedidas das correções e estornos necessários, bem como as apurações de responsabilidade, se for o caso, e aplicação das sanções cabíveis, mediante competente processo administrativo, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa, como determina a legislação pertinente”. Conclui o CGCONT ressaltando que, cautelarmente, adotou todas as providências necessárias para a retenção das garantias contratuais relativas ao Contrato n° TT-252/06, firmado com o consórcio Queiroz Galvão/Odebrecht/Andrade Gutierrez/Barbosa Mello, responsável pela construção do lote 7 da BR 101 PE. Apresenta a documentação comprobatória dessa retenção pela Diretoria de Administração e Finanças. Com base nas manifestações do CGCONT, o Diretor de Infraestrutura Rodoviária entende “restar prejudicada qualquer avaliação das justificativas apresentadas antes de concluídos os trabalhos designados, uma vez que qualquer avaliação no presente momento poderia se mostrar prematura face aos resultados a serem obtidos com as providências adotadas.” Por meio do memorando 3617/2010-CGCONT, de 22/09/2010, o Coordenador-Geral de Construção, levou ao conhecimento do Superintendente Regional do DNIT em Pernambuco o inteiro teor do Relatório de Visita Técnica dos Lotes 07 e 08 emitido por Consultor contratado pela Diretoria de Obras de Cooperação do Exército – DOC no âmbito do plano de trabalho 40.001.10.22.01.01. Além disso, determina ao Superintendente Regional que “empreenda gestões no sentido da execução das medidas recomendadas no item nº 5 desse relatório, o que deverá ser fiscalizado cotidianamente pela empresa supervisora das obras, de tal forma a garantir a integridade do pavimento do Lote nº 07 da BR 101/PE.” Análise do controle interno: A documentação apresentada pela Supervisora e pelo fiscal refere-se exclusivamente ao problema das fissuras transversais no acostamento, não tratando do defeito relatado na alínea “b” desta constatação. Foi apresentada a folha n° 42 do Diário de Obra, assinada pelo fiscal, pelo supervisor e pelo representante do consórcio construtor, na qual consta registro de correspondência interna reiterando as etapas de execução dos serviços de acostamento e restauração, dando ênfase à necessidade de cura da camada de “BGTC”. Ora, se esta correspondência consiste numa reiteração, deduz-se que o consórcio construtor já tinha sido alertado anteriormente sobre a necessidade de execução da adequada cura da camada de “BGTC”. Além disso, o caráter de reiteração da citada correspondência sugere que o consórcio construtor não adotou as recomendações da Supervisora e Fiscalização anteriormente feitas.

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Outro aspecto subentendido na manifestação da supervisora é o nexo de causalidade entre o aparecimento das fissuras transversais no acostamento e a falta ou deficiência do processo de cura da base de “BGTC”. De fato, a experiência corrente demonstra que em camadas de pavimento que contenham cimento Portland, o processo de cura é etapa fundamental para evitar o fissuramento por retração térmica. A fiscalização em seu posicionamento sobre o fato constatado acatou na íntegra o entendimento da supervisora e nele baseada considerou ter havido, por parte do consórcio construtor, desobediência a sua determinação para seguir etapas da execução do acostamento da duplicação e restauração recomendadas pela Supervisora, dentre as quais inclui-se a cura da camada de BGTC. Ao solicitar ao Superintendente Regional do DNIT em Pernambuco aplicação de multa ao contratado por não cumprir determinação da fiscalização, o fiscal do contrato reconhece o nexo de causalidade entre as fissuras transversais e a falta ou deficiência da cura e, por conseguinte, a culpa do consórcio construtor em relação a esse defeito. Entretanto, essa atitude do fiscal, embora pertinente, não é dotada de eficácia para evitar o problema. Além disso, convém registrar que tal atitude foi desencadeada apenas após ser instado a se manifestar por esta CGU sobre o problema em tela em sede da SA n° 236990/014, emitida em 03/12/2009. A boa prática de fiscalização adotaria como medida eficaz não atestar as medições dos serviços no qual não foi cumprida determinação do fiscal. No caso em tela, embora o consórcio construtor não tenha atendido determinação da fiscalização/supervisão, datada de 02/10/2009, o fiscal do contrato e a supervisora atestaram, no mesmo mês, 34.243,887m³, 68% do total do serviço base de brita graduada com cimento do acostamento, no valor de R$ 5.318.780,53, conforme 37º Boletim de Medição (1/10/2009 a 31/10/2009). A Coordenação-Geral de Construção, por sua vez, se absteve de avaliar as respostas da Supervisora e do Fiscal a respeito do problema constatado sob alegação de não ter competência regimental para tanto. Entretanto, essa alegação não procede, pois conforme Art. 83, I e II, compete à CGCONT:

Regimento Interno do DNIT - Art. 83, I e II: “I – programar, coordenar e acompanhar a execução de obras de construção, pavimentação, aumento da capacidade, modernização, eliminação de pontos críticos, obras de arte especiais, acessos e travessias urbanas, tanto em contratos diretos com o DNIT, como através de convênio firmado com entidades governamentais; II – orientar e supervisionar a execução dos contratos e convênios das obras de construção em Rodovias Federais a cargo das Superintendências Regionais;”

A avaliação das manifestações da supervisora e do fiscal em relação aos fatos relatados nas alíneas “a” e “b” se insere nas competências definidas nos dispositivos acima, pois tais manifestações tratam de problemas de execução da obra, que a CGCONT tem a responsabilidade de coordenar e acompanhar ou, no mínimo, orientar e supervisionar.

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Além disso, especificamente em relação às fissuras e trincas constatadas, a contratação de auditoria independente (Termo de cooperação com E.B.) para definir as causas e apontar soluções consiste em medida desnecessária, uma vez que a supervisora indica em sua manifestação a não realização da cura pelo construtor. Assim, bastaria o DNIT, por meio da DIR/CGCONT, instar a supervisora, que tem atribuição contratual para isto (alínea “b” item 6.3 ANEXO III – TERMO DE REFERÊNCIA EDITAL 082/2001), a emitir laudo técnico informando a causa deste problema e a solução adequada, para, a partir daí, notificar o contratado fazendo valer o comando do Art. 69 da Lei 8.666/1993: “Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados.” Portanto, as manifestações avaliadas não contêm medidas eficazes à garantia da eliminação tempestiva dos defeitos constatados. A determinação do Coordenador-Geral de Construção Rodoviária ao superintendente Regional do DNIT em Pernambuco, para que esse executasse as recomendações do Exército, relativas à promoção de selagem das fissuras do acostamento, ocorreu apenas em 22/09/2010 (Memorando n°3617/2010-CGCONT), isto é, nove meses após o DNIT ter tomado conhecimento dos problemas em comento por meio do Informe CGU de 03/12/2009. Destaca-se que nesse interregno ocorreu o período mais chuvoso na região (março a setembro), o que certamente provocou deterioração estrutural do pavimento do acostamento em face do fissuramento constatado. Assim, a atitude do gestor comprova-se ineficaz e intempestiva no sentido preservar a integridade de serviços já executados e pagos. CONSTATAÇÃO 014: PAVIMENTO RÍGIDO RECÉM-CONSTRUÍDO COM DEFEITO SUPERFICIAL DECORRENTE DE MÁ EXECUÇÃO COMBINADA COM DEFICIÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO. O pavimento rígido da pista duplicada do Lote 07 da BR-101 NE em Pernambuco encontra-se com elevada irregularidade longitudinal, decorrente de provável deficiência na execução das placas de concreto de cimento Portland e omissão da fiscalização. Utilizando-se um perfilômetro a laser, foi realizada a avaliação da irregularidade longitudinal por meio da determinação do IRI (International Roughness Index), parâmetro estabelecido pelo Banco Mundial para definir o nível de conforto ao rolamento de um pavimento rodoviário. O ensaio foi inicialmente conduzido nos lotes 06 e 08, como forma de estabelecer um referencial comparativo após a calibração e teste do equipamento em ruas do Recife-PE. Em seguida, verificou-se o lote 7, objeto da fiscalização. Os resultados obtidos são apresentados no Quadro I abaixo: Quadro I: Resultados do IRI para o Lote 07.

Lote Ext. Aval.

(km)

PADRÕES IRI – International Roughness Index % Fora Padrão Excelente Bom Regular Ruim Péssimo

1–1,9 1,9–2,7 2,7-3,5 3,5-4,6 >4,6 7 73,63 0,00% 8,00% 35,00% 36,00% 21,00% 57,00%

Fonte: Relatório Técnico RSP N° RSP-01.22.09 LEP Laboratório de Engenharia e Pesquisa.

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Para o Lote 07, foram constatados valores de IRI de 4, 5, 6 e até 7 em alguns trechos. Os resultados demonstram que 0% dos trechos do lote 07 avaliados são considerados excelentes, 8% bom, 35% regular, 36% ruim e 21% péssimo. A literatura recomenda valores de IRI até 2,5. José Tadeu Balbo, em seu livro Pavimentos de Concreto, cita valores de 4 como relativos a pavimentos deteriorados. O próprio DNIT, na norma 049/2009-ES estabelece que o controle da irregularidade longitudinal seja feito pelo índice de perfil determinado pelo equipamento Perfilógrafo Califórnia. Conforme essa norma, o pavimento será aceito quanto à irregularidade Longitudinal quando o IP for menor ou igual a 240mm/km. A mesma norma permite a avaliação do acabamento longitudinal do pavimento por meio do Quociente de Irregularidade (QI), que deve ser inferior ou igual a 35 contagens por quilômetro, o que equivale a IRI menor ou igual a 2,7m/km. Portanto, os valores de IRI obtidos durante a fiscalização indicam uma condição de acabamento longitudinal do pavimento do lote 07 inaceitável segundo os critérios dessa norma. Essa condição normalmente é verificada em pavimentos com mais de 20 anos de abertura ao tráfego. Nesse sentido, destaca-se afirmação do Consultor Prof. DSc José Tadeu Balbo, contratado pelo Exército Brasileiro no âmbito do plano de trabalho n° 40.001.10.22.01.01 sobre o problema em tela: “... a condição de rolamento percebida pelos usuários não é típica de um pavimento de concreto recém-construído, deixando a desejar.” De maneira diversa, nos pavimentos dos Lotes 06 e 08, adotados como referência, a condição de superfície medida pelo IRI vai de boa a excelente, coerente com a condição de pavimento novo, conforme gráfico abaixo (Gráfico I). Logo, a elevada irregularidade longitudinal é um problema restrito ao pavimento da duplicação do Lote 07, cuja principal causa provável é a deficiência executiva das placas de concreto. Gráfico I: Resultados IRI pavimentos dos lotes 06, 07 e 08.

Fonte: Relatório Técnico RSP N° RSP-01.22.09 LEP Laboratório de Engenharia e Pesquisa. O próprio DNIT já reconheceu tal fato, ao adotar medidas corretivas desse defeito, as quais são propostas pelo Plano de Intervenção Corretiva elaborado pelo Consultor Luis Carlos Grossi, contratado pelo Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc. Esse documento, emitido em 01/03/2010, faz menção a resultados do Índice de Perfil (IP) do Lote 07 obtidos pelo Perfilográfo Califórnia como transcrito a seguir:

[...] “esses resultados, juntamente com a análise do gráfico traçado pelo equipamento precitado, mostram valores altos de IP, indicadores de desconforto de rolamento.” [...]

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O mesmo Relatório Técnico indica como medida corretiva desse defeito o “Micronivelamento de Pavimento de Concreto (MPC)”, também conhecida como “Microfresagem”. Acerca da aplicação dessa técnica corretiva, convém apresentar posicionamento do Prof. DSc José Tadeu Balbo, contratado pelo Exército Brasileiro no âmbito do plano de trabalho n°40.001.10.22.01.01:

[...] “este tipo de correção superficial (com microfresadora) que está sendo aplicada sobre a superfície dos pavimentos de concreto no lote 7 jamais deve ser encarada como atividade normal pós-obra de construção de pavimentos de concreto. Pelo contrário, essa técnica surgiu no passado como forma de melhoria da condição de rolamento, do ponto de vista de conforto e de segurança, para pavimentos de concreto antigos que já haviam suportado tráfego por um longo período de serviço e que apresentassem, fundamentalmente, ou escalonamentos em juntas transversais ou perda de textura superficial.” [...]

Acrescenta-se que pavimentos com os valores de IRI detectados para o Lote 7 geram alto grau de desconforto ao usuário, aumento dos danos à suspensão dos veículos e aceleração da ruína do pavimento na região das juntas entre placas, o que contribui para redução significativa da vida útil e aumento dos custos de manutenção. Em relatório técnico de novembro de 2008, emitido pelo Eng° Luís Carlos Grossi, consultor do Consórcio Supervisor Contécnica, Planservi e Lenc, consta avaliação quanto ao conforto do pavimento rígido do Lote 07. Tal avaliação foi feita com base no Quociente de Irregularidade obtido com o Perfilômetro Merlin. Segundo o citado documento, o resultado do QI obtido foi 28,82. Contudo, alguns valores se mostraram superiores a 35, valor limite para aceitação do serviço, indicando falhas pontuais na execução das placas de concreto. Nesse sentido, é oportuno transcrever conclusão do citado consultor sobre a causa provável do problema:

[...] “Os resultados do Merlim atestam, como já foi dito, que o problema reside sobremaneira na execução segmentada acima do que se tem em mira e na falta de um maior capricho na confecção das juntas de construção nas retomadas de concretagem.” [...]

Ressalta-se ainda que a causa da elevada irregularidade longitudinal já era do conhecimento da Supervisora no período de execução das placas de concreto. Funcionários de campo da própria JBR Engenharia Ltda informaram à equipe de fiscalização da CGU que a pavimentadora usada pelo Consórcio Construtor era velha e quebrava com muita frequência, gerando interrupções e retomadas de concretagem além do especificado. Essa informação converge com o diagnóstico desse laudo do consórcio gerenciador emitido em 2008, Assim, o citado problema, embora ainda em pequena escala, tornou-se conhecido pelo DNIT ainda em 2008, durante a execução do serviço. Por meio do Memorando nº 3216/2008-CGCONT, de 08/12/2008, o Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, deu ciência ao Superintendente Regional do DNIT em Pernambuco sobre o teor do relatório mencionado no parágrafo anterior, solicitando implementar as recomendações nele contidas nos lotes de

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responsabilidade da Superintendência Regional em Pernambuco (lotes 07 e 08). Faz-se oportuno transcrever a íntegra dos itens 4 e 5 desse documento:

[...] “4. Para a recuperação dos diversos defeitos deve ser utilizada a metodologia constante do item 6 do relatório que é perfeitamente compatível com o preconizado pela ABCP. 5. Pelo fato de se constatar grande incidência de defeitos nas regiões das juntas transversais de final de jornada, deve-se seguir rigorosamente o método executivo detalhado no item 7 do relatório, com reforço de fiscalização nestes pontos, com a presença constante de fiscais de campo das empresas supervisoras, de tal forma a garantir a boa qualidade executiva”. [...]

Observa-se, portanto, que o gestor do contrato, além de apontar medida corretiva dos defeitos verificados, solicitou reforço de fiscalização por meio da Supervisora durante a execução. Todavia, os resultados da avaliação da irregularidade longitudinal feita no âmbito da fiscalização da Rede de Controle em novembro de 2009 demonstram que a providência do gestor de informar a Superintendência Regional não contribuiu para evitar a continuidade do problema detectado em 2008. Em março de 2010, após emissão de informe desta CGU, datado de dezembro de 2009, foram tomadas providências no sentido de corrigir essa grave falha detectada, conforme proposta de Plano de Intervenção Corretiva elaborado por Consultor do Consórcio Gerenciador. Isso indica que no período entre novembro de 2008 e março de 2010, a execução defeituosa das placas de concreto, assim como os respectivos pagamentos, transcorreu normalmente, já que até março de 2010, já tinham sido pagos R$ 31.090.686,37, referente ao quantitativo total de 87.720,245 m³ previsto para o serviço placa de concreto de cimento Portland. Nesse sentido, fica evidente a falta de adoção de medidas administrativas pertinentes à correção da prática executiva adotada. Caso o DNIT tivesse notificado o consórcio contratado, ou até mesmo suspendido pagamentos, o problema poderia ter sido evitado, eliminando a necessidade da intervenção corretiva realizada. Ressalta-se que o Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, gestor do contrato em tela, tem competência regimental para avaliar e coordenar as medições para fins de pagamento. Assim, em face da não eliminação da prática executiva inadequada pelo Consórcio e da permanência dos defeitos no pavimento, esse gestor, no exercício de sua competência regimental, deveria ter suspendido os pagamentos do serviço placa de concreto até que o Consórcio Construtor corrigisse o método executivo. Porém, não foi verificada no caso em comento nenhuma atitude nesse sentido. Segundo o Relatório Técnico emitido pelo Prof° DSc José Tadeu Balbo em setembro de 2010, contratado pelo Exército Brasileiro no âmbito do plano de trabalho n° 40.001.10.22.01.01, em alguns locais onde essa intervenção corretiva foi realizada houve arrancamento do selante das juntas, ocasionando perda desse serviço já realizado e pago. Ressalta-se que a falta do selante nas juntas expõe o pavimento à ação danosa da água, comprometendo a durabilidade. O citado relatório elenca no item 5 uma série de recomendações para garantir a integridade do pavimento, dentre elas a reposição imediata do selante. Neste caso específico, o gestor do contrato determinou ao Superintendente Regional do DNIT em Pernambuco que adotasse as

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medidas sugeridas pelo relatório técnico precitado, conforme Memorando 3617/2010 CGCONT, de 22/09/2010. Evidências: LEP - Laboratório de Engenharia e Pesquisa. Levantamento de Irregularidade com Road Surface Profile – RSP: Relatório Técnico RSP n° RSP-01.22.09, de janeiro de 2010. Norma DNIT 049/2009-ES: Execução de pavimento rígido com equipamento de forma deslizante. Memorando nº 3216/2008 CGCONT, de 08/12/2008. Relatório de Visitas Técnicas para Reuniões sobre Aplicação de Metodologia de Inspeção de Pavimento Rígido e Verificação de Ocorrências Específicas na BR-101 NE. Consultor Luis Carlos Grossi – Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc. (Novembro, 2009). Plano de Intervenção Corretiva. Consultor Luis Carlos Grossi – Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc. (Março, 2010). Memorando nº 3617/2010 CGCONT, de 22/09/2010. Relatório de Visita Técnica aos Lotes 07 e 08 da BR 101/PE. Consultor José Tadeu Balbo - Departamento de Obras de Cooperação – DOC/EB. (Setembro de 2010). CONSTATAÇÃO 015: INEXISTÊNCIA OU POSICIONAMENTO IRREGULAR DAS BARRAS DE LIGAÇÃO, CARACTERIZANDO EXECUÇÃO DO PAVIMENTO RÍGIDO EM DESACORDO COM O PROJETO EXECUTIVO. O pavimento rígido do lote 07 foi executado em desacordo com a prescrição do projeto executivo. Constatou-se ora a inexistência, ora o posicionamento incorreto e ora o espaçamento superior ao de projeto das barras de ligação das placas de concreto. Em princípio, a verificação foi realizada por meio do uso do equipamento Ground Penetrating Radar pela equipe de peritos da Polícia Federal. Foi levantada a extensão aproximada de 5,0 km, o que corresponde a 12% da extensão do lote. Posteriormente, o problema foi confirmado com a demolição da placa de concreto nas proximidades da estaca 148, dentro de um dos trechos examinados com o equipamento mencionado. Essa demolição foi realizada pelo consórcio construtor após determinação da equipe técnica do DNIT. Neste local especificamente, não foram encontradas barras ou o espaçamento medido foi superior ao especificado em projeto, que é de 50 cm. As fotografias abaixo comprovam o achado (Figura I). O Projeto Executivo (Item 4.5.2.4 do Volume 1 Tomo I – Documentos para Licitação) prescreve duas juntas longitudinais de articulação no pavimento da duplicação do lote 7. Uma localizada no eixo da pista e outra no contato com a faixa de segurança. De acordo com o mesmo projeto executivo, foi prevista a colocação de barras de ligação “para melhor controlar as fissuras longitudinais decorrentes do empenamento da placa” na seguinte configuração:

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Figura I: Defeitos na Placa de Concreto do Pavimento Rígido.

Ausência de barras de ligação Espaçamento de 80cm entre barras “• Para junta longitudinal no eixo da pista – ф = 12,5mm a cada 50cm com comprimento de 92cm; • Para junta longitudinal entre a pista e a faixa de segurança – ф = 10,0mm a cada 50cm com comprimento de 50cm.” No levantamento realizado constatou-se ausência de barras de ligação em diversos locais, principalmente na junta longitudinal entre a pista e a faixa de segurança. Algumas ocorrências apontaram barras fora da posição especificada no projeto. Em certos locais onde as barras foram detectadas na posição correta foram encontrados espaçamentos de 60cm, 70cm, 80cm e até 90cm. Nesse sentido, fica caracterizada execução de serviço em desacordo com o projeto executivo. A conclusão da equipe de fiscalização da CGU é a de que apenas uma pequena extensão do lote 7 apresentava barras de ligação em conformidade com o prescrito no projeto executivo. De fato, o Laudo Pericial nº 1104/2011 – INC/DITEC/DPF cita resultado de Relatório Técnico Preliminar, executado pela UnB, o qual informa que 88% das juntas longitudinais de todo o pavimento executado não estão em conformidade com o projeto, por ausência ou posicionamento incorreto das barras de ligação. Segundo o Manual de pavimento Rígido do DNIT, a função principal das barras de ligação é manter as faixas de tráfego livres de possíveis movimentos laterais, evitando a abertura da junta longitudinal. Em face dos defeitos verificados e relatados acima, pode-se afirmar que essa função importante não será cumprida em boa parte do pavimento do Lote 7, comprometendo a durabilidade esperada de um pavimento rígido. Assim, observa-se que não houve incorporação ao serviço placa de concreto de parte da quantidade de material essencial ao bom funcionamento e durabilidade do pavimento rígido, material esse integrante do custo do serviço, portanto já pago pela Administração. Outro componente do dano ao erário a ser considerado diz respeito aos custos decorrentes da perda de durabilidade do pavimento. A União pagou ao Contratado por um pavimento que deveria durar vinte anos com um baixo custo de manutenção. Contudo, a durabilidade esperada provavelmente será reduzida em função de defeito executivo provocado pelo Contratado, o que exigirá maiores intervenções de manutenção ao longo da vida útil. Esse custo não pode ser imputado ao erário, já que decorre de defeito executivo originário de ação dolosa ou culposa do contratado.

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As inspeções de campo identificaram serviços materialmente relevantes com graves defeitos executivos, comprometedores dos padrões funcionais e da vida útil da rodovia. O serviço placa de concreto de cimento Portland, que custou ao erário o montante de R$ 32.442.940,66 (valor de dez/2005), apresentou elevada irregularidade longitudinal, ausência ou posicionamento incorreto de barra de ligação, resultando em um pavimento rígido com nível de conforto ao rolamento similar ao de pavimentos deteriorados. Não bastasse isso, o Laudo Pericial Criminal Federal 1104/2011 INC-DITEC/DPF aponta que a resistência do concreto à tração na flexão das placas do pavimento rígido apresentou-se inferior à especificada em projeto em alguns locais. Esses defeitos são extremamente prejudiciais à durabilidade do pavimento, requerendo correções, demolições e refazimentos em alguns pontos que custariam o montante de R$ 42.961.724,07 (a preços de dezembro/2005), segundo o citado laudo pericial. Por fim, registra-se que foi encontrada em campo evidência de que os responsáveis pelo acompanhamento da obra tinham conhecimento da ausência ou posicionamento irregular das barras de ligação. Em algumas placas existiam furos nas adjacências da junta longitudinal onde não foram encontradas as barras de aço (Figura II abaixo). Figura II: Evidência de ausência de barras de ligação no pavimento

Evidências: Levantamentos de campo usando equipamento GPR – Ground Penetration Radar. Fotografia da Figura II. CONSTATAÇÃO 016: SUPERFATURAMENTO DE R$ 1.830.471,45 NO SERVIÇO ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE MATERIAL DE 3ª CATEGORIA. Até a 24ª medição (01/09/2008 a 30/09/2008) já havia sido medidos e pagos 71.811,95m3 do serviço Escavação, carga e transporte material 3ª categoria (itens 1.6.1 a 1.6.8 da planilha de medição), totalizando R$2.364.760,00, a preços iniciais. Esse quantitativo total foi medido parcialmente nos seguintes boletins de medição: 8º, 9º, 12º, 13º,14º, 15º, 17º e 24°. Conforme informado pela equipe da supervisora durante a fiscalização em campo, o local onde houve a maior quantidade desse serviço foi no corte denominado de C100, entre as estacas 1459 e 1467. De fato, nesse local, foram medidos e pagos como desmonte convencional 33.648,00 m3 (Mapa de cubação Parcial referente a 14ª Medição Parcial - 01/11/2007 a 31/11/2007), dos quais 22.992,393m3 referem-se à faixa de DMT – Distância Média de Transporte 400 – 600m. A área da seção de medição considerada de material de 3ª categoria na estaca 1461 + 0,00 é 301,268m2, o que informa que a medição realizada considerou que o material de terceira

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categoria, nesta seção específica, se estende da plataforma até o segundo patamar do corte (Vide Figura I abaixo). Isso se repetiu nas demais seções de cubação do mesmo corte, demonstrando que na referida medição o material de 3ª categoria foi considerado desde a plataforma de duplicação até o segundo patamar, ao longo de toda extensão do corte 100, resultando no quantitativo acima citado de 33.648,00 m3. Figura I: Área Medida como material 3ª Categoria (em azul)

Entretanto, inspeção visual realizada por equipe de fiscalização desta CGU constatou que o material de terceira categoria limita-se a dois nichos no meio do corte que atingem no máximo o primeiro patamar e cujas extensões somadas não correspondem à metade do comprimento total do corte (Figura I). Por meio de cubação realizada com trena, e considerando para cada um desses nichos constatados o volume de um paralelepípedo cuja base compreende toda a largura da plataforma da duplicação, obtém-se que o volume máximo executado no referido corte foi de 7069,9 m³ (Figura II). Essa quantidade corresponde a apenas 21% do quantitativo medido e pago para o referido serviço na 14ª medição parcial. Figura II: Cubação do Material de 3ª Categoria (1459 - 1467)

Além da ocorrência do corte C100, foram constatadas outras 03 ocorrências com vestígios de rocha nas paredes dos cortes executados. O somatório dos volumes cubados pela equipe de fiscalização da CGU como descrito acima nessas 03 ocorrências é de no máximo 2.500 m³.

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O valor correspondente à quantidade de fato executada no corte C100 é R$ 308.883,93 (a preços iniciais), conforme Quadro XIII abaixo. No cálculo desse valor, distribuiu-se a quantidade constatada em campo no corte C100 (7069,9 m³) para o bota-fora mais distante dentre os considerados no Mapa de cubação Parcial da 14ª Medição Parcial - 01/11/2007 a 31/11/2007, isto é: BF51 (DMT 2570 m) cujo preço unitário correspondente é R$ 43,69. No caso das outras três ocorrências, o valor correspondente ao quantitativo constatado por equipe de fiscalização da CGU foi obtido multiplicando a quantidade 2.500 m³ pelo preço unitário correspondente à faixa de DMT de maior distância da planilha contratual (DMT 7001 a 9000m) - R$ 70,82. Assim, o valor referente à quantidade constatada é R$ 177.050,00 (cento e setenta e sete mil e cinquenta reais). Portanto, o superfaturamento do serviço escavação carga e transporte de material 3ª categoria medido e pago até outubro de 2009 é de R$ 1.878.826,07 a PI, conforme Quadro III seguinte. Quadro III: Cálculo do Valor do Superfaturamento

Fonte: DITRA/SFC/CGU

A execução desse serviço medido e pago a maior foi avaliada e atestada pela fiscalização e supervisão, conforme Boletins de Medição nº 8, 9, 12, 13,14, 15, 17 e 24. Com base no atesto da fiscalização foi emitida nota fiscal e procedido o pagamento após avaliação da Coordenação-Geral de Construção Rodoviária. Evidências: 24ª Boletim de medição referente ao período de 01/09/2008 a 30/09/2008. Boletins de medição nº 8, 9, 12, 13,14, 15 e 17. Mapa de cubação Parcial referente a 14ª Medição Parcial - 01/11/2007 a 31/11/2007. seção transversal de medição na estaca 1461 + 0,00; seções transversais de medição entre as estacas 1459 e 1467 – Corte C100. Figura II: Cubação do Material de 3ª Categoria (Corte C100 entre Estacas 1459 – 1467). Quadro III: Cálculo do Valor do Superfaturamento. CONSTATAÇÃO 017: APROVAÇÃO DE REVISÃO DE PROJETO EM FASE DE OBRA COM SUPERESTIMATIVA DE QUANTIDADE DO SERVIÇO “ECT 3ª CATEGORIA EM ÁREA DE RISCO”. Os serviços de escavação, carga e transporte de material 3ª categoria tiveram seus quantitativos e preços unitários modificados na planilha da 37ª Medição Parcial 01/10/2009 a 31/10/2009, gerando aumento significativo nos respectivos valores. Até outubro de 2009 já haviam sido medidos e pagos 71.056,96 m3 do serviço Escavação, carga e transporte material 3ª categoria (itens 1.6.1 a 1.6.8), totalizando R$ 2.316.405,38, a preços iniciais. Desse quantitativo, foram estornados na mesma medição 55.058,45 m3, o que equivale a R$1.757.453,36 a PI.

Ocorrência DMT P. Unit. Quantidade (m3) Valor Quantidade (m3) Valor C100 2001 a 3000m R$ 43,69 7069,9 R$ 308.883,93Demais 7001 a 9000m R$ 70,82 2500 R$ 177.050,00

R$ 485.933,93

CONSTATADO Medido e Pago (até OUT/2009)

71.811,95 R$ 2.364.760,00SUBTOTAL R$ 2.364.760,00

VALO SUPERFATURADO A PI R$ 1.878.826,07

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Em decorrência do 2° Relatório de Readequação do Projeto em Fase de Obra (2° RRPFO) foi inserido na planilha contratual o serviço escavação, carga e transporte material 3ª categoria em área de risco (fogo controlado) para cinco faixas de DMTs, com preços superiores aos pré-existentes na planilha contratual e na quantidade de 62.661,43 m3, totalizando R$ 3.648.090,99 (Quadro I abaixo). Quadro I: Quantitativo e preços unitários do serviço ECT 3ª CAT. Área de risco (fogo controlado) – 2º RRPFO.

Escavação, carga e transporte mat. 3ª Cat. Área de risco (fogo controlado) DMT Ud. Quant. 2ª Revisão P. Unit. Valor (R$)

Até 50m m3 244,73 53,4 13.068,58 201m a 400m m3 19787 57,92 1.146.063,04 401m a 600m m3 23590,39 58,66 1.381.453,24 601m a 800m m3 8432,14 59,42 501.037,76 801 a 1000m m3 800,56 60,62 48.529,95 2001 a 3000m m3 7806,61 71,47 557.938,42

Total 62661,43m3 3.648.090,99 Fonte: DITRA/SFC/CGU

Ao ser questionada sobre as justificativas dessa modificação (SF nº 003/237418), a Fiscalização/Supervisão informou que “esse tipo de serviço foi executado nas proximidades de habitações urbanas, exigindo um plano de fogo bem mais específico e complexo”. Segundo a Supervisora, essas especificidades e complexidades “afetam a produtividade de execução do serviço e também a quantidade de insumos aplicados, diferenciando-o do desmonte comum”. De fato, próximo à ocorrência de maior quantidade, corte C100 entre as estacas 1459 e 1467, havia um posto de combustível e algumas residências, conforme fotografia apresentada como Figura II da Constatação 016. Todavia, a pertinência da justificativa apresentada carece de elementos comprobatórios ainda não enviados à equipe de fiscalização da CGU. Não foram apresentados registros fotográficos da execução do desmonte realizado que demonstrem as especificidades e complexidades alegadas. Tampouco foi enviada a esta CGU qualquer composição analítica demonstrando os preços unitários adotados. Destaca-se que os registros fotográficos, de responsabilidade da Supervisora, foram solicitados ainda em novembro de 2009, quando da emissão da SF nº 003/237418. Além de ainda não ter sido demonstrada a adequabilidade dos preços à técnica de fato executada, os quantitativos inseridos na planilha contratual por meio do 2º RRPFO foram superestimados. Para a faixa de DMT de 400 a 600 m foi inserido o quantitativo de 23.590,39 m³ (ECT 3ª cat. área de risco fogo controlado) em substituição à quantidade estornada de 24.938 m³ anteriormente executada e paga como desmonte convencional. Esse quantitativo inserido refere-se em sua grande parte à ocorrência localizada no corte C100 (estacas 1459 e 1467), cujo o volume máximo de remoção de rocha estimado por equipe de fiscalização da CGU é 7069,9 m³, conforme relatado na constatação anterior. Portanto, verificou-se uma superestimativa de 16520,49 m³. É oportuno registrar que as quantidades e preços novos propostos no 2º RRPFO para os serviços Escavação carga e transporte 3ª categoria em área risco (fogo controlado), elencados no Quadro III da Constatação nº 016, foram inseridos na página 02 do Boletim de Serviços Executados, coluna Dados Contratuais, integrante da 37ª Medição Parcial, referente a outubro de 2009. No entanto, consulta a essa mesma medição, realizada em 23/05/2011 no SIAC (Sistema de Acompanhamento de Contratos), referente à 55ª Medição Provisória, evidencia que as

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quantidades de projeto para esse mesmo serviço são bem inferiores às registradas como dados contratuais no Boletim de Serviços Executados da 37ª Medição Parcial, assinado pelo Engenheiro de Campo da Supervisora e pelo Fiscal do contrato. O serviço em comento começou a ser medido e pago em novembro de 2009 na 38ª Medição, mesmo mês em que a equipe de fiscalização da CGU esteve em campo e detectou a superestimativa das quantidades. O quantitativo medido e pago é muito inferior ao proposto no 2º RRPFO. Os preços unitários, no entanto, são os mesmos aprovados no 2º RRPFO. O Quadro II a seguir relaciona os itens medidos e pagos do serviço Escavação, carga e transporte 3ª categoria área de risco (fogo controlado) desde essa medição até a 55ª medição provisória, referente a fevereiro de 2011. Quadro II: Valores medidos e pagos desde 38º MP até 55ªMP.

Escavação, carga e transporte mat. 3ª Cat. Área de risco (fogo controlado) DMT Ud. Quant. Medido P. Unit. Valor (R$)

201m a 400m m3 7.840,89 R$ 57,92 454.144,05 601m a 800m m3 2.389,44 R$ 59,42 141.980,52 801 a 1000m m3 2.319,06 R$ 60,62 140.581,41 2001 a 3000m m3 3.698,43 R$ 71,47 264.326,64

Total 16.247,81 1.001.032,62 Fonte: DITRA/SFC/CGU

Portanto, foi medido e pago um quantitativo total de 16.247,81 m³, o que equivale a somente 26% da quantidade inserida em planilha contratual pelo 2º RRPFO. Em termos de valores, verifica-se que o de fato medido e pago, R$ 1.001.032,62, representa 27% do valor correspondente ao quantitativo inserido em planilha contratual pelo 2º RRPFO (R$ 3.648.090,99). Portanto, uma diferença de R$ 2.647.058,37 a valor inicial.

Outro fato que reforça a constatação é a divergência verificada entre as quantidades dos serviços ECT 3ª Cat Área de risco (Fogo controlado) inseridas na planilha do 2º RRPFO, aprovada pela CGCONT em 18/08/2009, e os quantitativos desses mesmos serviços constante na coluna “Quantidade de Projeto” da planilha da 37ª Medição (01/10/2009 – 31/10/2009) do sistema SIAC (consulta 06/04/2011). Foram propostas e aprovadas as quantidades relacionadas no Quadro I anteriormente apresentado, cujo total foi de 62.661,43 m3, mas, no entanto, foram inseridas no SIAC as quantidades relacionadas no Quadro II, no total de 16.247,81m³. Observa-se, assim, que a Coordenação-Geral de Construção Rodoviária aprovou alteração de quantidade superestimada, mas ao tomar conhecimento do Informe CGU de novembro de 2009, que relatava um provável superfaturamento dos serviços em comento, não efetivou o pagamento com quantidade a maior que o de fato executado. O 2º RRPFO proposto pelo Consórcio Construtor com a citada superestimativa foi avaliado e aprovado pela Supervisora, conforme documento Ct nº 134/2009 e análise anexa, de 01/07/2009. Com base na manifestação da Supervisora, o Fiscal do Contrato aprovou o 2º RRPFO sem qualquer ressalva, conforme documento constante à folha 39 do processo nº 50604000936/09-56, de 02/07/2009. No mesmo processo também consta o “de acordo” do Consórcio Gerenciador Contécnica/ Lenc/ Planservi, consignado na Carta nº 35/2009, de 03 de julho de 2009, assinada pelo Engenheiro Silvano José Queiroga de C. Filho. Com supedâneo nas manifestações citadas, por meio do Parecer técnico n° 25/2009/01/09 de 17/08/2009, recomendou-se a aprovação do referido RRPFO ao Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, este assim procedendo em 31/08/2009 conforme despacho presente à folha 116 do processo n° 50604000936/09-56.

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Por meio do Relato nº 705/2009, de 01/10/2009, o Diretor de Infraestrutura Rodoviária, aprovou a solicitação do Consórcio e encaminhou proposta de Termo Aditivo ao contrato TT-252/2006-00 à Diretoria Colegiada. Esse órgão colegiado aprovou a referida proposta por unanimidade em 06/10/2009, conforme Ata 39/2009. Evidências: 37ª Medição Parcial referente ao período de 01/10/2009 a 31/10/2009; Planilha do 2ª Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra; Fotografia da Figura I – Constatação 016; Planilha da 37ª Medição Parcial referente a outubro de 2009, página 02 do Boletim de Serviços Executados, coluna Dados Contratuais; Planilha da 55ª Medição Provisória referente ao período de 01/04/2011 a 30/04/2011 – Consulta SIAC em 23/05/2011. Ct nº 134/2009 e análise anexa da Empresa JBR Engenharia Ltda (Supervisora), de 01/07/2009. Despacho de 02/07/2009, folha 39 do processo nº 50604000936/09-56 – Fiscal do contrato. Carta nº 35/2009, de 03 de julho de 2009 - Consórcio Gerenciador Contécnica, Lenc e Planservi - Engenheiro Silvano José Queiroga de C. Filho. Parecer Técnico n° 25/2009/01/09 de 17/08/2009 elaborado por Analista de Infraestrutura de Transportes CGCONT/DNIT. Despacho de Aprovação de 31/08/2009 presente à folha 116 do processo nº 50604000936/09-56 – Coordenador-Geral de Construção Rodoviária. CONSTATAÇÃO 018: EXECUÇÃO DE SERVIÇOS SEM COBERTURA CONTRATUAL. No 17º Boletim de Medição Parcial, referente ao mês de fevereiro de 2008, foram medidos e pagos 232.344,66 m³ do serviço “103.023 - Colchão drenante de areia (DMT = 45,70)” ao preço unitário de R$ 56,25, totalizando R$ 13.069.387,52. No entanto, até 27/11/2009, data de término da fiscalização de campo da CGU, o quantitativo executado era bem menor. Durante a fiscalização em campo, verificou-se que no 37º Boletim de Medição (01/10/2009 a 31/10/2009) constava como realizado até então a quantidade de 120.820,324m³, cujo valor é R$ 6.796.143,23 a PI. Uma redução de 48% em relação ao quantitativo medido e pago em fevereiro de 2008. A JBR Engenharia, empresa Supervisora, por meio da Carta nº 263/2009 de 11/12/2009, respondendo ao item “e” da SF003/237418, informou que esse quantitativo a maior foi estimado por ocasião da proposta do 1º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra, dado o aumento dos locais onde esse serviço se fazia necessário, em virtude da perda de estabilidade dos solos de baixada provocada pela inundação durante o período chuvoso. Contudo, na mesma resposta, a Supervisora informa que durante a execução dos trabalhos verificou-se que em alguns pontos não foi necessária a execução de todo o quantitativo previsto e que o valor a maior foi utilizado para pagamento de serviços não constantes da planilha contratual, porém executados após aprovação do 1º RRPFO, quais sejam: desmonte controlado de rocha, terraplenagem das ilhas dos retornos, escavação de solo com esgotamento para fundações dos bueiros, carga e transporte de material proveniente de desmatamento (exigência do gerenciador ambiental), adequação de serviços nas obras de artes especiais, bem como o remanejamento da rede elétrica.

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A Supervisora, neste documento, afirma que, diante da demora na aprovação de uma segunda readequação de projeto em fase de obra e da necessidade de manutenção do equilíbrio econômico do contrato, optou-se em conjunto com o DNIT e a Construtora por medir os serviços mencionados acima no item colchão drenante de areia, procedendo-se em seguida quando da aprovação do 2º RRPFO o devido estorno e adequação das reais quantidades executadas. Informa também que o fiscal do contrato determinou os estornos dos valores medidos, sendo esses realizados na 26ª (nov/2008), 27ª (dez/2008) e 37ª (out/2009) medições. Conforme quadro “Resumo colchão drenante de areia X Serviços executados” foi estornado o total de R$ 6.407.629,48 nas seguintes medições parciais: 26ª MP (4981,45 m³/R$ 280.206,28); 27ª MP (76.107,669 m³/R$ 4.281.056,38); 37ª MP (32.824,299/R$1.846.366,8). No entanto, o valor correspondente aos serviços acima mencionados e inclusos no 2º RRPFO é de R$6.408.476,08. Apesar dos motivos alegados na resposta apresentada, não foi apresentada documentação comprobatória da aferição dos quantitativos dos serviços não previstos em planilhas, porém faturados como colchão drenante. No quadro resumo anteriormente mencionado, não constam sequer as quantidades dos serviços ditos realizados e pagos como colchão drenante de areia. Além disso, não foi demonstrado o momento da execução desses serviços, nem a localização com o adequado cálculo explicativo de quantidades. Portanto, resta configurada, como admitido pela própria Empresa Supervisora, a execução de serviços sem cobertura contratual, prática considerada irregular por expor o erário a risco de dano, e contrariar o disposto no Art. 65, I, “a” da Lei 8.666/93. Segundo esse comando legal, serviços não previstos em contrato somente podem ser executados após a aprovação das justificativas para alteração do projeto, o que não ocorreu no caso em comento. Em outra ocasião, por meio do Acórdão TCU nº 1738/2006 - Plenário, o Tribunal de Contas da União já havia feito determinação ao DNIT para não realizar a prática aqui relatada:

“Acórdão TCU nº 1738/2006 Plenário 9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT que: […] 9.1.3. abstenha-se de realizar as chamadas “medições de gaveta”, relativas a execução de quantitativos não previstos em contrato e que aguardam a assinatura de aditivo para que possam constar de medição oficial;”

Conforme consignado às folhas 08 da Carta CT 263/2009 essa prática foi acordada entre Supervisora, DNIT e Consórcio Construtor. Nesse mesmo contexto fático, também houve pagamento de serviço não executado, uma vez que o quantitativo de “colchão drenante de areia” atestado e pago no 17º Boletim de Medição Parcial (Fevereiro/2008) não foi integralmente executado. O valor pago a maior na ocasião foi de R$ 6.273.244,29 a preços iniciais. Esse mesmo entendimento expressou a Perícia do Ministério Público Federal na conclusão do Laudo Pericial n° 22/2011 (item III, alínea “a”). Ainda em relação a esse laudo pericial, cita-se o destaque dado ao fato de a verificação que resultou em devolução dos valores referentes ao serviço “colchão drenante de areia” só ter sido feita após fiscalização do TCU, realizada de abril a junho de 2008. Evidências: 17º Boletim de Medição Parcial - fevereiro de 2008. 37º Boletim de Medição referente ao período de 01/10/2009 a 31/10/2009. Carta nº 263/2009 de 11/12/2009 – JBR Engenharia Ltda (Supervisora).

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Laudo Pericial nº 22/2011 - Ministério Público Federal – Assessoria Pericial da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão – Patrimônio Público e Social. CONSTATAÇÃO 019: APROVAÇÃO DE REVISÃO DE PROJETO EM FASE DE OBRA COM SUPERESTIMATIVA DE QUANTITATIVO DO SERVIÇO “COLCHÃO DRENANTE DE AREIA” COM PREJUÍZO EM POTENCIAL NO VALOR DE R$ 6.931.598,00, A PI. A 1ª Revisão de Projeto em fase de obra promoveu alteração significativa no quantitativo do serviço “colchão drenante de areia”, bem como aumento do preço unitário decorrente de alteração de distância média de transporte. A quantidade prevista no projeto executivo de 56.734 m³ foi revisada para 249.197 m³, isto é, 4,5 vezes a quantidade de projeto, ou seja, um aumento de aproximadamente 339%. Tais alterações provocaram um aumento líquido de R$ 11.936.895,47 no valor do contrato. Nos itens 05 e 06 do Relatório de Análise da 1ª Revisão em Fase de Obras assentado às folhas 66 a 68 do processo nº 50604003813/07-13, o Fiscal do Contrato afirma que essa alteração decorre de acréscimos das extensões e/ou profundidades dos locais previstos no projeto com solos de baixa capacidade de suporte assim como outras ocorrências surgidas após a fase de projeto. A Supervisora JBR Engenharia, também autora do Projeto Executivo ora revisado, na Carta nº 263/2009, em resposta ao item da SF 003/237418, o qual solicita explicações para essa diferença de quantidade, traz o seguinte como justificativa para essa alteração: limitações no levantamento dos quantitativos durante a fase de projeto, associadas ao fato de tais levantamentos serem realizados durante o período seco, ao passo que durante a obra, no contexto desta 1ª Revisão, os levantamentos foram feitos nos pontos baixo e em presença de chuvas, o que provocou aumento das ocorrências de solo com baixa capacidade de suporte. Entretanto, na mesma Carta nº 263/2009, a empresa Supervisora informa que durante a execução dos trabalhos verificou-se que em alguns pontos não foi necessária a execução de todo o quantitativo inserido e aprovado no 1° Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra (1º RRPFO). De fato, consulta feita ao sistema SIAC em 17/05/2011 evidencia que a quantidade acumulada medida e paga do serviço “colchão drenante de areia” até março de 2011 (54° Boletim de Medição Parcial) foi de 125.968,588 m³. Dessa forma, considerando que não haverá mais execução desse serviço dado o estágio final da execução da obra, pode-se concluir que o aumento de quantidade para 249.197m³ na 1ª RRPFO mostrou-se muito superior às necessidades reais da obra. Isto é, neste 1º RRPFO foi proposto e aprovado quantitativo do serviço colchão drenante de areia 98% superior ao necessário, ou seja, aproximadamente o dobro do necessário. O valor correspondente à quantidade superestimada é R$ 6.931.598,00, a preços iniciais. Um erro dessa magnitude para mais no contexto de Revisão de Projeto em Fase de Obra não é razoável. O levantamento das quantidades do serviço em comento com a obra em andamento é favorecido pela disponibilidade de equipamentos, bem como pelo fato de as frentes de serviço estarem abertas, facilitando a visualização e o acesso aos locais de execução. Esse quantitativo superestimado foi proposto pelo Consórcio Construtor em 26 de novembro de 2007, por meio da Carta DC-BR101 Nº 048/2007. Por meio do Relatório de Análise da 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras (sem data), o Fiscal do Contrato aprovou as alterações propostas nos seguintes termos:

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[...] “considerando que todas as alterações estão devidamente justificadas e que os quantitativos estão calculados de acordo com a realidade da obra (grifos nossos) opinamos pela aprovação do aditivo contratual no valor indicado na introdução deste relatório”. [...]

Na documentação encaminhada pelo Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, Memorando n° 4596/2009/CGCONT/DIR, em resposta a SF nº 004/237418/CGU, não há qualquer manifestação da supervisora sobre as alterações propostas pelo Consórcio. Consta parecer do Eng° Silvano José Queiroga de Carvalho Filho, representante do Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc, de 27/11/2007, posicionando-se favoravelmente às alterações propostas pelo Consórcio Construtor. Com base nos pareceres do fiscal do contrato e do consórcio gerenciador, o Superintendente Regional substituto, encaminhou à Coordenação-Geral de Construção Rodoviária - CGCONT, por meio do MEMO n° 178/2007 - Superintendência, de 27/11/2007, processo n° 50604.003813/2007-13 que trata do 1º RRPFO, recomendando a sua aprovação. No âmbito da CGCONT foi emitido o Parecer Técnico n° 207/07/01/2007 (CGCONT), concluído em 04/12/2007, no qual consta posicionamento embasado nos pareceres retro mencionados favorável à alteração do quantitativo do serviço colchão drenante de areia proposta pelo consórcio construtor no 1º RRPFO. Com base nessa análise e nos demais pareceres integrantes do processo nº 50604.03813/07-13, nesta mesma data, foi emitido despacho do Coordenador-Geral de Construção, aprovando a revisão de projeto em comento. Por meio do Relato nº 1352/2007, sem data, o Diretor de Infraestrutura Rodoviária aprovou a solicitação do Consórcio e encaminhou proposta de 1º Termo Aditivo ao contrato TT-252/2006-00 à Diretoria Colegiada. Esse órgão colegiado aprovou a referida proposta por unanimidade em 26/12/2007, conforme Ata nº 52/2007. Evidências: Planilha orçamentária do 1º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra. Relatório de Análise da 1ª Revisão em Fase de Obras, de 26/11/2007, assentado às folhas 66 a 68 do processo nº 50604003813/07-13 - Fiscal do Contrato. Carta nº 263/2009 de 11/12/2009 – JBR Engenharia Ltda (Supervisora). Planilha do 54° Boletim de Medição Parcial (março de 2011). Carta DC-BR101 Nº 048/2007, de 26/11/2007 – Consórcio Queiroz Galvão, Odebtrecht, Andrade Gutierrez e Barbosa Mello. Memorando n° 4596/2009/CGCONT/DIR, em resposta a SF nº 004/237418/CGU – Coordenador-Geral de Construção Rodoviária. Parecer Favorável, de 27/11/2007 – Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc – Eng.º Silvano José Queiroga de Carvalho Filho. MEMO n° 178/2007 - Superintendência, de 27/11/2007, processo n° 50604.003813/2007-13 – Aceitação do 1º RRPFO – Superintendente Regional DNIT/PE Substituto. Parecer Técnico n° 207/07/01/2007 (CGCONT), concluído em 04/12/2007 pelo Analista de Infraestrutura de Transportes CGCONT/DNIT. Despacho de Aprovação de 04/12/2007, processo nº 50604.03813/07-13 – Coordenador Geral de Construção Rodoviária. Relato nº 1352/2007, sem data - Diretor de Infraestrutura Rodoviária.

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CONSTATAÇÃO 020 APROVAÇÕES DE REVISÕES DE PROJETO EM FASE DE OBRA COM QUNTITATIVOS DE TERRAPLENAGEM SUPERESTIMADOS COM DANO AO ERÁRIO EM POTENCIAL NO VALOR DE R$ 20.560.370,95. O Primeiro Relatório de Revisão do Projeto em Fase de Obra (1º RRPFO) foi aprovado com quantidades superestimadas dos serviços escavação carga e transportes (ECT). Tal superestimativa decorre de fraude no processo de cálculo das quantidades desses serviços necessárias para atender às modificações no traçado da Variante da cidade de Ribeirão - PE. O contrato original previa o quantitativo total de 3.642.491 m³ para os serviços de escavação carga e transporte. No 1º RRPFO a quantidade total desses serviços, para todas as faixas de DMTs (distância média de Transportes) e categorias de material, passou para 4.895.832 m³, um aumento de 1.253.341 m³, que em termos percentuais representa 34% de incremento. A justificativa apresentada pelo Consórcio Construtor e aceita integralmente pelo DNIT foi que esse aumento de quantidade decorria da alteração de traçado no subsegmento da Variante de Ribeirão, que no projeto executivo estava parcialmente sobreposta ao açude de abastecimento d’água desse município. De fato, essa justificativa é pertinente, conforme relatado na constatação 009 – alínea “a”. Entretanto, o quantitativo proposto e aceito sem nenhum questionamento por parte da Supervisora, Gerenciadora, fiscalização e demais representantes do DNIT são muito superiores à quantidade necessária para atender a alteração em comento. De acordo com o Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, de 28 de abril de 2011, a alteração de traçado do subsegmento da Variante de Ribeirão na realidade aumentou os volumes de corte (serviços de escavação carga e transporte) em apenas 113.834,76 m³. Trata-se de uma quantidade bastante inferior à aprovada pelo DNIT no 1º RRPFO. Em outras palavras, pode-se afirmar que o quantitativo aprovado pela Supervisão/Fiscalização, Consórcio Gerenciador e setores competentes do DNIT é mais de 10 vezes superior ao necessário. Esse mesmo documento pericial aponta como causa dessa superestimativa a existência de fraude no processo de cálculo dos volumes de corte da Variante de Ribeirão, realizada pela Empresa Supervisora JBR Engenharia Ltda, supostamente em conluio com o Consórcio Construtor (Empresas Queiroz Galvão, Barbosa Mello, Andrade Gutierrez e Odebrecht), já que este é o primeiro beneficiário dos posteriores pagamentos superfaturados. Segundo o Laudo Pericial, a fraude consistia em alterar artificiosamente no escritório a feição primitiva do terreno natural de modo a se obter áreas a serem cortadas bem superiores às reais, superestimando assim os volumes de cortes obtidos a partir dessas áreas. Na Figura I a seguir, vê-se um exemplo da estaca 2282, na Variante de Ribeirão: à esquerda, a seção que gera o volume é formada entre a superfície artificiosa (Linha de cor lilás) e o projeto geométrico (linha vermelho) gerando a falsa área da seção (verde claro), enquanto, à direita, a seção verificada pela perícia é menor (área verde), porque é formada a partir da superfície do terreno natural verdadeira. Esse quantitativo de terraplenagem superestimado foi proposto pelo Consórcio Construtor em 26 de novembro de 2007 por meio da Carta DC-BR101 Nº 048/2007. Por meio do Relatório de Análise da 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras (sem data), o Fiscal do Contrato, Eng.º Genivaldo Paulino da Silva limitou-se a transcrever as justificativas apresentadas pelo consórcio sem desenvolver qualquer análise, aprovando as alterações propostas nos seguintes termos:

[...]

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“considerando que todas as alterações estão devidamente justificadas e que os quantitativos estão calculados de acordo com a realidade da obra (grifos nossos) opinamos pela aprovação do aditivo contratual no valor indicado na introdução deste relatório”.

Figura I: Exemplo de Processo de Cálculo Fraudulento na Variante de Ribeirão

Fonte: Fonte: Laudo Pericial Nº 824/2011 – INC/DITEC/DPF Na documentação encaminhada pelo Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, Memorando n° 4596/2009/CGCONT/DIR, em resposta a SF nº 004/237418/CGU, não há qualquer manifestação da supervisora sobre as alterações propostas pelo Consórcio. Consta parecer do Eng° Silvano José Queiroga de Carvalho Filho, representante do Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc, de 27/11/2007, posicionando-se favoravelmente às alterações propostas pelo Consórcio Construtor. Com base nos pareceres do fiscal do contrato e do consórcio gerenciador, o Superintendente Regional substituto, encaminhou à Coordenação-Geral de Construção Rodoviária - CGCONT, por meio do MEMO n° 178/2007 - Superintendência, de 27/11/2007, processo n° 50604.003813/2007-13 que trata do 1º RRPFO, recomendando a sua aprovação. No âmbito da CGCONT foi emitido Parecer Técnico n° 207/07/01/2007 (CGCONT), concluído em 04/12/2007, no qual consta posicionamento embasado nos pareceres retro mencionados, favorável às alterações dos quantitativos dos serviços de escavação carga e transporte (ECT). Sobre esse parecer técnico, convém informar que se constitui de análise cujo conteúdo limita-se à transcrição de fragmentos da justificativa apresentada pelo Consórcio. Essa análise contém juízo de valor expressando enfaticamente a ocorrência de erro grave de projeto executivo na concepção do traçado da Variante de Ribeirão, o que é coerente com a realidade dos fatos (vide constatação 009). Entretanto, nesse documento não se verifica qualquer ponderação sobre as novas quantidades dos serviços ECTs propostas. Pelo contrário, em sua conclusão o analista recomenda a aprovação dessas alterações afirmando que não foram encontradas incorreções nas modificações de terraplenagem. Essa afirmação é contrária ao Laudo Pericial nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, o qual comprova que o aumento de quantidade de ECTs aprovado é mais de 10 vezes superior ao incremento necessário para atender às modificações de traçado exigidas. Com base nessa análise e nos demais pareceres integrantes do processo nº 50604.03813/07-13, nessa mesma data (04/12/2007), foi emitido despacho do Coordenador-Geral de Construção, aprovando a revisão de projeto em comento. Foi encaminhada a esta CGU Nota Técnica da Coordenação-Geral de Projetos de Infraestrutura/CGDESP/DPP, de 14/01/2009, informando que durante o processo de aprovação

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do 1º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra não foi observado o disposto no Art. 5º da Portaria nº 1046, de 06/09/2005, cujo comando encerra o seguinte conteúdo:

Portaria 1046 de 06/09/2005 do Diretor Geral do DNIT [...] “Art. 5º - Quando for imprescindível promover a revisão do projeto final de engenharia durante a execução da obra, com ampla e detalhada justificativa, durante a fase de análise, antes da sua aprovação pela autoridade competente, deverá o setor que aprovou o projeto original, manifestar a respeito da solução técnica na revisão do projeto.” [...]

De fato, o despacho de aprovação do 1º RRPFO emitido pelo CGCONT, é da mesma data do Parecer Técnico n° 207/07/01/2007, 04/12/2007, último documento emitido na fase de análise. Assim, o Coordenador-Geral de Construção Rodoviária – CGCONT aprovou as alterações de terraplenagem no projeto executivo sem permitir que o setor responsável por analisar e aprovar o projeto executivo original avaliasse as modificações propostas, contrariando veementemente a citada Portaria. O mesmo problema foi verificado na aprovação do 2º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra (2ºRRPFO). Neste último caso, o quantitativo total dos serviços de escavação, carga e transporte passou de 4.895.832 m³ para 5.443.062 m³, um aumento de 547.230 m³ atribuído, principalmente, à necessidade de cortes nas ilhas de retorno não previstos originalmente. De acordo com o Laudo Pericial nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, de 28 de abril de 2011, o volume total de corte necessário para execução completa do Lote 07 da BR 101 em Pernambuco é de 3.616.379,52 m³, já incluídos os cortes extras nos retornos e a modificação do traçado da Variante de Ribeirão. Logo, foram aprovados 1.826.682 m³ a mais que o necessário, o que representa uma superestimativa de aproximadamente 50%. Conforme esse documento pericial, essas superestimativas podem ser explicadas, em síntese, pelos vícios constatados nas superfícies do Terreno Natural elaboradas pela JBR Engenharia Ltda, e usadas no cálculo dos volumes de terraplenagem. O 2º RRPFO proposto pelo Consórcio Construtor com a citada superestimativa foi avaliado e aprovado pela Supervisora, conforme documento Ct nº 134/2009 e análise anexa, de 01/07/2009. Essa análise limita-se a informar a adequação das justificativas apresentadas pelo Consórcio, não contemplando qualquer avaliação sobre o novo quantitativo de ECTs proposto. A seguir, a transcrição da conclusão dessa análise da Empresa Supervisora, JBR Engenharia Ltda:

Análise do 2º Relatório de Revisão em Fase de Obras.

[...]

“As justificativas referentes aos acréscimos destes serviços apresentadas no Relatório de Revisão, descrevem a contento a situação que conduz a necessidade da adequação da terrpalenagem proposta neste Relatório de Revisão, estando adequada aos serviços requeridos e realizados.”

[...] Com base na manifestação da Supervisora, o Fiscal do contrato aprovou o 2º RRPFO sem qualquer ressalva, conforme documento constante à folha 39 do processo nº 50604000936/09-56, de 02/07/2009. Limita-se a afirmar que no item terraplenagem “os acréscimos de serviços foram

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devidamente justificados”, concluindo nos seguintes termos:

Parecer do Fiscal do Contrato:

[...]

“Diante das justificativas apresentadas e manifestações da JBR Engenharia Ltda., Supervisora do Lote 07 da Rodovia BR 101/PE, somos favoráveis a aprovação do pleito solicitado pelo Consórcio Construtor.” [...]

No mesmo processo também consta o de acordo do Consórcio Gerenciador Contécnica/ Lenc/ Planservi, consignado na Carta nº 35/2009, de 03 de julho de 2009, assinada pelo Engenheiro Silvano José Queiroga de C. Filho.

Com supedâneo nas manifestações citadas, por meio do Parecer Técnico n° 25/2009/01/09 (CGCONT) de 17/08/2009, recomendou-se a aprovação do 2º RRPFO ao Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, este assim procedendo em 31/08/2009, conforme despacho presente à folha 116 do processo nº 50604000936/09-56.

No citado parecer técnico da CGCONT, o analista manifesta aprovação pela justificativa apresentada pelo Consórcio, cita a existência das memórias de cálculos em volumes anexo, mas não desenvolve qualquer análise sobre essas memórias de cálculo. Por fim, conclui o parecer nos seguintes termos:

Parecer técnico n° 25/2009/01/09 (CGCONT):

[...]

“Concluído o Parecer, informamos que não foram encontradas incorreções na Terraplenagem do relatório, conforme descrito acima.”

Neste caso também não foi dada a oportunidade ao setor responsável pela análise e aprovação do projeto executivo original de se manifestar sobre as alterações de terraplenagem aqui citadas. No processo nº 50604000936/09-56 não foi verificado despacho do Coordenador-Geral de Construção Rodoviária solicitando pronunciamento da área de projetos previamente à aprovação do 2º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra, contrariando o art 5º da Portaria DG 1046/2005.

A partir das aprovações dessas revisões de projeto em fase de obra com os acréscimos de quantitativo de terraplenagem já citados, foram expedidos Relatos pelo Diretor de Infraestrutura Rodoviária, concordando com as alterações e propondo à Diretoria Colegiada celebração de Termos Aditivos ao Contrato TT 252/2006 (Relato n° 1352/2007 e Relato n° 705/2009, respectivamente). As alterações propostas pelos 1º e 2º Relatórios de Revisão de Projeto em Fase de Obra, homologados respectivamente pelos 1º e 3º Termos Aditivos, resultaram em um reflexo financeiro total positivo de R$ 43.517.678,58 em relação ao valor original do contrato. Aproximadamente metade desse valor, ou seja R$ 20.560.370,95, corresponde ao quantitativo superestimado de terraplenagem que não foi executado, servindo de base para futuros superfaturamentos como relatado na constatação seguinte. Evidências: Planilha orçamentária do 1º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra. Relatório de Análise da 1ª Revisão em Fase de Obras, de 26/11/2007, assentado às folhas 66 a 68 do processo nº 50604003813/07-13 - Fiscal do Contrato. Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, de 28 de abril de 2011.

Memorando n° 4596/2009/CGCONT/DIR, em resposta a SF nº 004/237418/CGU – Coordenador-Geral de Construção Rodoviária.

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Parecer Favorável, de 27/11/2007 – Consórcio Gerenciador Contécnica, Planservi e Lenc – Eng.º Silvano José Queiroga de Carvalho Filho.

MEMO n° 178/2007 - Superintendência, de 27/11/2007, processo n° 50604.003813/2007-13 – Aceitação do 1º RRPFO – Superintendente Regional DNIT/PE Substituto. Parecer Técnico n° 207/07/01/2007 (CGCONT), concluído em 04/12/2007 – Analista de Infraestrutura de Transportes CGCONT/DNIT. Despacho de Aprovação de 04/12/2007, processo nº 50604.03813/07-13 – Coordenador-Geral de Construção Rodoviária. Relato nº 1352/2007, sem data - Diretor de Infraestrutura Rodoviária. Planilha Orçamentária do 2º Relatório de Revisão de Projeto em Fase de Obra (2º RRPFO). Ct nº 134/2009 e análise anexa, de 01/07/2009 – JBR Engenharia Ltda – Supervisora. Parecer do Fiscal do contrato aprovando o 2º RRPFO, de 02/07/2009 - folha 39 do processo nº 50604000936/09-56. Parecer do Consórcio Gerenciador Contécnica/ Lenc/ Planservi, de 03/07/2009 - Carta nº35/2009, assinada pelo Engenheiro Silvano José Queiroga de C. Filho. Parecer Técnico n° 25/2009/01/09 (CGCONT) de 17/08/2009 – Analista de Infraestrutura de Transportes do DNIT. Despacho de Aprovação do 2º RRPFO de 31/08/2009 – Coordenador-Geral de Construção Rodoviária - folha 116 do processo n° 50604000936/09-56. Relato n° 1352/2007 – Diretor de Infraestrutura Rodoviária/DIR. Relato n° 705/2009 – Diretor de Infraestrutura Rodoviária/DIR. CONSTATAÇÃO 021: PAGAMENTOS DE SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM SUPERFATURADOS POR MEIO DE FRAUDE NO CÁLCULO DAS QUANTIDADES, GERANDO DANO AO ERÁRIO NO VALOR DE R$ 16.299.709,69 A PI. Os pagamentos dos serviços de “escavação carga e transporte” (ECTs), relacionados à execução dos cortes do Lote 07, foram superfaturados por meio de fraude no processo de cálculo das quantidades. Segundo o 57º Boletim de Medição Parcial, a quantidade total acumulada dos serviços de ECTs medida e paga até junho de 2011 para execução dos cortes é de 5.118.536,122 m³. O Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF afirma que o volume máximo de ECTs necessário para execução de todos os cortes do Lote 07 é de 3.616.379,000 m³, já incluídos os acréscimos decorrentes da mudança de traçado da Variante de Ribeirão e do arrazamento das ilhas de retornos. Assim sendo, foram medidos e pagos até junho de 2011 1.502.156,632 m³ a mais que o necessário. A perícia aponta como causa principal do superfaturamento a fraude no processo de cálculo dos volumes de corte das medições, que eram processadas pela Empresa Supervisora, JBR Engenharia Ltda. Essa fraude consistia em alterar artificiosamente no escritório a feição primitiva do terreno natural de modo a se obter áreas de seções transversais de corte bem superiores às reais, aumentando assim os volumes de cortes obtidos a partir dessas áreas. Nas Figuras I até IV, são apresentadas seções transversais de corte nas estacas 89, 90, 92, 94, 96, 98 e 100, onde é possível a visualização da modificação fictícia da altimetria do Terreno Natural no lugar. As linhas em verde representam o terreno natural convergente com o projeto; as linhas vermelhas representam o próprio projeto geométrico de terraplanagem original; as linhas em magenta representam o terreno artificiosamente alterado, possivelmente com o fim de induzir a erro no cálculo do volume de terras.

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Figura I: Terreno Primitivo artificiosamente alterado – Estaca 89

Fonte: Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF Figura II: Terreno Primitivo artificiosamente alterado – Estaca 90 e 92

Fonte: Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF

Figura III: Terreno Primitivo artificiosamente alterado – Estaca 94 e 96.

Fonte: Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF Figura IV: Terreno Primitivo artificiosamente alterado – Estaca 98 e 100

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Fonte: Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF O mesmo fenômeno é percebido em toda a obra, como demonstram as seções transversais das estacas 102, 257, 973, 1461, 2041 e 2278 amostradas ao longo dos 44 km do lote 07 e ilustradas na Figura V. Nesta figura, a linha vermelha representa projeto geométrico, a verde o terreno natural e a magenta o terreno natural primitivo alterado artificiosamente. Figura V: Exemplos de alteração artificiosa do terreno primitivo ao longo do Lote 07

Fonte: Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF No caso do Lote 07, o levantamento das quantidades dos serviços executados no mês era feito exclusivamente pela equipe da Supervisora JBR Engenharia Ltda, como constatado durante o período de campo dessa fiscalização. No escritório da JBR Engenharia Ltda, localizado no

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canteiro de obras, esses levantamentos eram por ela processados com os vícios acima relatados e calculados os volumes de ECTs a serem atestados e pagos pelo DNIT. De acordo com o laudo pericial, esta falsificação da altimetria do local configura indício de conluio praticado entre a empresa contratada para supervisionar a execução da obra e o consórcio contratado para construção da rodovia, posto que a divergência encontrada é tão grosseira que não poderia ser reputada como acidental, sendo o consórcio construtor o primeiro beneficiário dos pagamentos com valores maiores aos de fato devidos.

Com base nesse processamento fraudado, a JBR Engenharia elaborava os Boletins de Medição Parcial com as quantidades dos serviços de ECT dos cortes superiores às de fato executadas. Esses boletins eram assinados pelos Engenheiros Supervisor e de Campo, da JBR Engenharia Ltda, pelo representante do Consórcio e pelo Fiscal do Contrato. A partir desses boletins, o Fiscal atestava a execução dos serviços e com base nesses atestos eram emitidas as faturas pelo Superintendente Regional do DNIT em Pernambuco. Este, por meio de ofício eletrônico, encaminhava essas faturas à Coordenação-Geral de Construção Rodoviária, cujo titular é o gestor do contrato TT-252/2006. Nessa Coordenação-Geral eram realizadas as avaliações finais dos boletins de medição para fim de pagamento. Constata-se que as avaliações dos boletins de medição pelo fiscal do contrato e pela CGCONT não foram capazes de detectar a fraude verificada pela perícia, já que foram efetuados pagamentos no valor de R$ 16.299.709,69, a preços iniciais, referentes às quantidades de serviços ECTs de cortes não executadas. Isso não é razoável, uma vez que a verificação das seções transversais que serviram de base para o cálculo das quantidades medidas permitiria concluir quão absurdas são as representações do terreno primitivo artificioso, exemplificados nas figuras anteriores. Aceitar essas representações como modelo representativo do relevo natural seria o mesmo que aceitar que a rodovia, anteriormente em pista simples, tenha deixado taludes de corte de mais de 30m de altura em inclinação mais íngrime que 1H:1V, sem o uso de bermas de equilíbrio. Isso é irreal, uma vez que taludes de corte com essa configuração não seriam estáveis para os solos da região atravessada pelo lote 7 da BR 101/PE. Portanto, com aquiescência do fiscal do contrato, da Superintendência Regional do DNIT em Pernambuco e da Coordenação-Geral de Construção Rodoviária da Diretoria de Infraestrutura Rodoviária, foram pagos 1.502.156,632 m3 de ECTs nos cortes a mais do que o de fato executado, resultando em superfaturamento no valor de R$ 16.299.709,69, a preços iniciais. No Quadro I abaixo é apresentado o cálculo do valor do superfaturamento. Esse montante faturado e pago indevidamente corresponde a 80% do valor acrescido ao contrato TT-252/2006 pelas primeiras e segunda revisões de projeto em fase de obra para os serviços de ECTs dos cortes. Isso demonstra que as alterações referentes à terraplenagem, implementadas por essas revisões de projeto, tiveram o condão de permitir o superfatuaramento dos serviços de ECTs dos cortes, gerando expressivo prejuízo ao erário. O valor atualizado do dano decorrente desses pagamentos superfaturados é de R$ 18.987.531,82, obtido a partir do mesmo índice de reajustamento previsto em contrato para os serviços de terraplenagem. Quadro I: Cálculo do valor total dos pagamentos superfaturados de ECTs, a PI.

Item Descrição Quantidade (m3) Preço SF

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Executado Medido DQ

Unit. (R$)

1.0 Terraplenagem

1.4 Escavação, carga e transporte (1ªCat) DMT:

1.4.1 até 50m 5.208,027 7.371,315 2.163,288 2,14 R$ 4.629,44

1.4.2 51 a 200m 331.363,967 469.004,550 137.640,583 5,07 R$ 697.837,76

1.4.3 201 a 400m 95.977,740 135.844,574 39.866,834 5,70 R$ 227.240,95

1.4.4 401 a 600m 456.102,633 645.556,643 189.454,010 6,00 R$ 1.136.724,06

1.4.5 601 a 800m 329.202,709 465.945,557 136.742,848 6,48 R$ 886.093,66

1.4.6 801 a 1.000m 171.450,510 242.666,908 71.216,398 6,75 R$ 480.710,69

1.4.7 1.001 a 1.200m 186.550,227 264.038,683 77.488,456 7,32 R$ 567.215,49

1.4.8 1.201 a 1.400m 233.540,270 330.547,253 97.006,983 7,56 R$ 733.372,79

1.4.9 1.401 a 1.600m 34.350,712 48.619,167 14.268,455 8,21 R$ 117.144,02

1.4.10 1.601 a 1.800m 13.333,142 18.871,407 5.538,265 8,46 R$ 46.853,72

1.4.11 1.801 a 2.000m 152.565,374 215.937,343 63.371,969 8,82 R$ 558.940,77

1.4.12 2.001 a 3.000m 376.109,230 532.335,913 156.226,683 10,02 R$ 1.565.391,37

1.4.13 3.001 a 5.000m 557.141,262 788.564,276 231.423,014 13,99 R$ 3.237.607,97

1.4.14 5.001 a 7.000m 321.971,130 455.710,156 133.739,026 17,79 R$ 2.379.217,26

1.4.15 7.001 a 9.000m 245.664,066 347.706,981 102.042,915 23,06 R$ 2.353.109,62

1.4.16 9.001 a 11.0000m 45.407,085 64.268,090 18.861,005 25,40 R$ 479.069,54

1.4.17 11.001 a 13.000m 26.596,777 37.644,435 11.047,658 28,62 R$ 316.183,98

1.4.18 13.001 a 15.000m 32,21

1.5 Escavação, carga e transporte (2ªCat) DMT:

1.5.1 201.a 400m 7,66

1.5.2 401.a 600m 7,94

1.5.3 2.001.a 3.000m 4.202,417 5.948,000 1.745,583 12,41 R$ 21.662,68

1.5.4 3.001.a 5.000m 1.206,747 1.708,000 501,253 15,43 R$ 7.734,34

1.5.5 5.001.a 7.000m 8.027,437 11.361,840 3.334,403 19,45 R$ 64.854,14

1.6 Escavação, carga e transporte (3ªCat) DMT:

1.6.1 Até 50m 15,226 21,550 6,324 25,60 R$ 161,90

1.6.2 51m a 200m 1.352,699 1.914,578 561,879 29,62 R$ 16.642,84

1.6.3. 201m a 400m 1.663,311 2.354,210 690,899 30,12 R$ 20.809,88

1.6.4 401m a 600m 281,197 398,000 116,803 30,77 R$ 3.594,02

1.6.5 601m a 800m 3.747,750 5.304,475 1.556,725 31,62 R$ 49.223,64

1.6.6 801m a 1.000m 32,83

1.6.7 2.001 a 3.000m 1.628,472 2.304,900 676,428 43,69 R$ 29.553,14

1.6.8 3.001 a 5.000m 239,869 339,505 99,636 43,69 R$ 4.353,09

1.6.9 5001 a 7000m 55,74

1.6.10 7001 a 9000m 70,82

1.6.A ECT (3ªCat) em área de Risco (fogo controlado) DMT:

1.6.A.1 até 50m 53,40

1.6.A.2 201m a 400m 5.539,790 7.840,885 2.301,095 57,92 R$ 133.279,42

1.6.A.3 401m a 600m 58,56

1.6.A.4 601m a 800m 1.688,202 2.389,440 701,238 59,42 R$ 41.667,57

1.6.A.5 801m a 1.000m 1.638,476 2.319,060 680,584 60,62 R$ 41.256,97

1.6.A.6 2001m a 3.000m 2.613,036 3.698,428 1.085,392 71,47 R$ 77.572,97

TOTAL 3.616.379,490 5.118.536,122 1.502.156,632 R$ 16.299.709,69

Fonte: DITRA/SFC/CGU

Evidências: 57º Boletim de Medição Parcial – SIAC/DNIT. Laudo de Perícia Criminal Federal nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, de 28 de abril de 2011.

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No que se refere ao acompanhamento do empreendimento, principalmente no que tange à atuação da empresa supervisora, durante os trabalhos de fiscalização da CGU pode se verificar o que se segue. CONSTATAÇÃO 022: IRREGULARIDADES GRAVES NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SUPERVISÃO GERANDO PREJUÍZO AO ERÁRIO. A Empresa JBR Engenharia Ltda foi contratada para prestação dos serviços de supervisão das obras de duplicação e restauração do Lote 07 da BR 101/PE, por meio do Contrato nº PG 141/2001-00. A finalidade principal da supervisão é auxiliar a fiscalização do DNIT nas suas atribuições. Dentro do escopo desses serviços está inserida a obrigação de a supervisora medir os serviços executados e apresentar os resultados à fiscalização, juntamente com todos os elementos de campo necessários à elaboração das medições mensais para fins de pagamento da construtora. Durante os trabalhos de campo, realizados no período de 16/11/2009 a 27/11/2009, foi constatado que os dados brutos da topografia de cada medição realizada, elementos de campo necessários à elaboração das medições e indispensáveis para futuras conferências, não se achavam em poder do fiscal do DNIT, nem de qualquer outro representante da Autarquia. Os dados brutos da topografia referentes às medições efetuadas até novembro de 2009 achavam-se armazenados no computador da JBR Engenharia Ltda. Esses dados são informações fundamentais do processo de elaboração das medições dos serviços executados. São indispensáveis para futuras verificações e conferências das quantidades de serviços de terraplenagem inseridos nas medições. Portanto, uma cópia dessas informações deve estar em poder da Administração para que eventuais necessidades de controle pelo próprio gestor possam ser viabilizadas. Diante da imprescindibilidade desses dados para as avaliações dos quantitativos dos serviços de terraplenagem medidos e pagos, a equipe de fiscalização da CGU os solicitou ao fiscal do contrato no início dos trabalhos de campo. Apenas no último dia da inspeção de campo (17/11/2009) os dados brutos da topografia referentes às medições de terraplenagem foram entregues à equipe de fiscalização da CGU pelo Engº Supervisor da JBR Engenharia Ltda, armazenados em um DVD que foi repassado aos peritos criminais federais com habilitação para processá-los. Durante os trabalhos de campo foi constatado que processamento dos levantamentos topográficos de campo era realizado de forma errada por pessoa sem habilitação técnica exigida para tal função. Segundo o Laudo Pericial nº 824/2011-INC/DITEC/DPF, os dados colhidos em campo eram processados erroneamente no gabinete da JBR Engenharia Ltda, sem o uso das linhas de quebra, por funcionário leigo em Topografia, sem formação técnica comprovada, que durante o processamento, indevidamente, ignorava os dados pertinentes à correta classificação das linhas de quebra colhidas em campo pelos práticos. Assim, durante o processo de modelagem do terreno, executado por funcionários da JBR Engenharia Ltda, sem capacitação técnica comprovada para execução e processamento de levantamentos topográficos, informações topográficas de campo necessárias à representação da realidade, representadas pelas linhas de quebra do terreno, eram ignoradas no processamento

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em escritório. Como resultados, eram obtidos Modelos Digitais do Terreno imprecisos e não representativos de um levantamento As Built, ao nível de precisão esperada para o controle de uma obra rodoviária. A metodologia incorreta de processamento dos dados estava sendo aplicada nas medições parciais, conforme constatado in loco. A perícia no arquivo dos dados brutos da topografia das medições de terraplenagem permitiu constatar, conforme já mencionado nas constatações nº 12 e 13, que a JBR Engenharia Ltda alterava ficticiamente as representações das superfícies do terreno natural a fim de majorar os volumes de corte a serem pagos. Trata-se de ação fraudulenta que culminou com prejuízo real ao erário no valor de R$ 16.299.709,69, a preços iniciais. Além de contribuir diretamente para esse dano ao erário, foi constatado superfaturamento na própria execução do contrato PG-141/2001-00. Em grande parte das medições realizadas até outubro de 2009, a Administração pagou por uma equipe de topografia composta por Topógrafo Chefe, Topógrafo Auxiliar, Auxiliar de Topografia e Desenhista ou Calculista. Todavia, na realidade, os serviços de levantamento topográfico do terreno natural primitivo e das obras de terraplenagem, incluindo as fases de levantamento de campo, processamento de dados e geração dos modelos digitais do terreno, eram feitos por Topógrafo, de nível médio, e um Auxiliar de Engenharia, também de nível médio. Dessa forma, foi pago indevidamente o valor de R$ 199.450,00 (a preços iniciais), referente aos pagamentos de 1 topógrafo chefe e de 1 auxiliar de topografia até 31/10/2009 mais encargos sociais. Evidências: Laudo Pericial nº 824/2011-INC/DITEC/DPF. 8º até 44º Boletins de Medição Parcial. II.4.2 - DAS IRREGULARIDADES PRATICADAS NO ÂMBITO DO DNIT/ES As irregularidades que serão descritas a seguir, embora não estejam contidas no universo das citadas em denúncias da imprensa, constituem uma tipologia de fraude em obras de conservação rodoviária muito frequentes nas fiscalizações da CGU. Os fatos a seguir narrados foram constatados em fiscalizações efetuadas pela CGU-Regional/ES na BR-101/ES, na BR-262/ES e na BR-342/ES, evidenciando o envolvimento de alguns de seus servidores com empresas contratadas para realização de serviços e obras em rodovias, com consequente desvio de recursos públicos, contexto esse que motivou a inserção de tais fatos no presente Relatório. Uma observação importante diz respeito à materialidade dos fatos que serão apresentados. Embora os prejuízos causados sejam discretos no caso a seguir apresentado, adverte-se que se trata de um tipo de fraude comum, observada em centenas de contratos espalhados por todo o país. A seguir, serão apresentadas as constatações identificadas em cada uma das Rodovias anteriormente mencionadas. a) CONSTATAÇÃO 023: UTILIZAÇÃO DAS MESMAS FOTOGRAFIAS COMPROBATÓRIAS DE SERVIÇOS CONTRATUAIS EM DIFERENTES PROCESSOS DE PAGAMENTO RELACIONADOS À BR-101/ES

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Detectou-se irregularidade consubstanciada na inclusão de fotografias iguais em diferentes processos de medição, apresentados com o objetivo de comprovar serviços na rodovia, correspondentes ao contrato número 17.1.0.00.0006.2008, executado na BR-101/ES, trecho sul. As respectivas fotografias utilizadas para comprovação dos serviços não estavam datadas, apesar de serem idênticas.

FOTO 1 Mesma foto para comprovar serviços em processos de medições distintos - Processos números 50617.001874/2008-70 – fls. 71 – novembro de 2008, 50617.000250/2009-16 - fls. 174 – janeiro de 2009 e 5061700584/2009-90 – fls. 140 – maio de 2009

FOTO 2 Mesma foto para comprovar serviços em processos de medição distintos – Processo número 506170001772/2008-54 – fls. 41 – outubro de 2008; 50617000423/2009-04 – fls. 175 – março de 2009; 50617001726/2009-36 – fls. 125 – julho de 2009

FOTO 3 Mesma foto para comprovar serviços em processos de medições distintos - Processos números 5061700138/2009-95 – fls. 66 – dezembro de 2008, 50617.000250/2009-16 – fls. 171 - janeiro de 2009 – , 50617.000584/2009-90 fls. 133 – maio de 2009.

FOTO 4 Mesma foto para comprovar serviços em processos de medições distintos - Processos números 50617.001874/2008-70 fls. 70 – novembro de 2008, 50617.000250/2009-16 – fls. 172 - janeiro de 2009; 5061700584/2009-90 – fls. 141 – maio de 2009; e 50617001726/2009-36 – fls. 173 – julho de 2009

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FOTO 5 Mesma foto para comprovar serviços em processos de medições distintos - Processos números 50617001683/2008-16 – fls. 38 – agosto de 2008 e 50617001684/2008-52 – fls. 27 – setembro de 2008

FOTO 6 Mesma foto para comprovar serviços em processos de medições distintos - Processos números 50617000136/2009-96 – fls. 38 – dezembro de 2008 e 50617000584/2009-90 – fls. 142 – maio de 2009

FOTO 7 Mesma foto para comprovar serviços em processos distintos

FOTO 7.1 Foto do processo 50617000250/2009-16 – fls. 173 – medição jan/2009

FOTO 7.2 Foto do processo 50617000584/2009-90 (fls.139) medição maio/ 2009

FOTO 7.3 Foto do processo 50617001874/2008-70 (fls. 69) medição nov/2008

Responsáveis pela irregularidade: Responsáveis pelos fatos – DNIT Fiscal do Contrato Superintendente Responsável – Empresa contratada Ricardo Alves de Paiva – CREA 18081/D/MG - Preposto

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b) CONSTATAÇÃO 024: REGISTROS FOTOGRÁFICOS COMPROBATÓRIOS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA BR-262/ES COM DATAS ADULTERADAS No caso da BR-262/ES, constatou-se que os registros fotográficos apresentados pelo DNIT/ES relativos ao contrato 17.1.0.00.0008.2008 contêm datas adulteradas. Esses registros constam dos processos de medição e dos relatórios fotográficos digitais e foram encaminhados pelo fiscal do contrato e apresentados com o objetivo de comprovar serviços nesta Rodovia em 2008 e 2009.

Foto 1 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 2 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 3 Ver data da foto – canto direito inferior – e comparar com foto 1

Foto 4 Ver data da foto – canto direito inferior – e comparar data e foto sequências foto 2

Foto 5 Foto 6

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Ver data da foto – canto direito inferior Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 7 Ver data da foto - canto direito inferior

Foto 8 Ver data da foto - canto direito inferior

Foto 9 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 10 Ver data da foto – canto direito inferior – comparar com data e foto 9

Foto 11 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 12 Ver data da foto – canto direito inferior

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Foto 13 Ver data da foto – canto direito inferior – e comparar com foto 11

Foto 14 Ver data da foto – canto direito inferior – e comparar data da foto 12

Foto 15 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 16 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 17 Ver data da foto – canto direito inferior – e comparar com foto 15

Foto 18 Ver data da foto – canto direito inferior – e comparar com data e sequência fotos 16

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Foto 19 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 20 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com data e foto 19

Foto 21 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 22 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com data e foto 21

Foto 23 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 24 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com data e foto 23

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Foto 25 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 26 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com data e foto 25

Foto 27 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 28 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com foto 27

Foto 29 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 30 Ver data da foto – canto direito inferior

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Foto 31 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com foto 29

Foto 32 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com foto 30

Foto 33 Ver data da foto – canto direito inferior

Foto 34 Ver data da foto – canto direito inferior e comparar com foto 33

Evidência da ocorrência da irregularidade: Registros fotográficos, relatório fotográfico em meio digital e Processos de medição números 50617001795/2008-69 (outubro de 2008), 50617000382/2009-48 (janeiro de 2009), 50617000352/2009-31 (fevereiro de 2009), 50617000423/2009-04 (março de 2009), 50617000571/2009-11 (maio de 2009) 50617000844/2009-27 (junho de 2009), 50617001707/2009-18 (agosto de 2009) e 50617001843/2009-08 (setembro de 2009). c) CONSTATAÇÃO 025: PAGAMENTOS POR SERVIÇOS NÃO REALIZADOS NOS VALORES DE: R$11.200,02, RELATIVOS AO CONTRATO 17.1.0.00.0007-2006 - BR-101/ES; R$69.810,24 – RELATIVOS AO CONTRATO 17.1.0.00.0004-2006 - BR-262/ES; E R$22.567,34, RELATIVOS AO CONTRATO 17.1.0.00.0018-2006 - BR-342/ES. BR-101/ES Constatou-se, mediante análise da 35ª medição do Contrato 17.1.0.00.0007-2006, executado pela empresa “Notemper Empreendimentos Ltda.”, e verificações físicas das condições da Rodovia BR-101, no trecho entre os km 300 e 458,4, realizadas no dia 01/03/2011, o registro e pagamento por serviços cuja realização não foi efetivada no mês de fevereiro de 2011, embora tenham sido atestados pelo fiscal do contrato e pelo preposto da empresa contratada. Os valores pagos nessa medição foram os seguintes:

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Quadro I: Valor pago na Medição nº 35

Nº Medição Processo Referência Valor 35 50617.002501/2011-11 Fevereiro/2011 R$ 75.742,33

Fonte: Processo de Pagamento da 35ª Medição

Os serviços cujo pagamento indevido foi constatado estão relacionados no Quadro II a seguir: Quadro II: Identificação dos prejuízos:

Objeto medido (rubrica) Boletim de Medição

Data da Medição DNIT

Data da verificação física

Valor pago (R$)

Prejuízo aos cofres públicos

(R$)

830001 Limpeza de sarjeta e meio-fio

35 31/05/2011 01/03/2011 3.895,63 1.619,72

890001 Roçada de Capim Colonião

35 31/05/2011 01/03/2011 31.308,26 9.580,30

TOTAL 11.200,02

Fonte: Processo de Pagamento da 35ª Medição

O pagamento indevido por serviços não prestados resultou em prejuízo efetivo de R$ 11.200,02, representando um percentual de desvio de 31,81% da medição correspondente aos serviços fiscalizados, que totalizou R$ 35.203,89, conforme quadros e relatórios fotográficos apresentados a seguir. Nesse sentido, o valor dos serviços medidos e pagos pela SR-DNIT/ES - km 333 a km 334, km 446 a km 448 e km 452 a km 455 -, cuja inexecução foi constatada na verificação física realizada no dia 01/03/2011, relacionam-se ao Item 1 da Medição nº 35 (serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio”), enquanto que o valor dos serviços medidos e pagos pela SR-DNIT/ES - km 442 a 455,6 e km 456 a km 458,42 - lados direito/esquerdo, cuja inexecução foi constatada em verificação física realizada no dia 01/03/2011, relacionam-se ao Item 2 da Medição nº 35 (serviços de “Roçada de Capim Colonião”). A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços “Limpeza de sarjeta e meio-fio”:

1) Trevo de Guarapari – meio fio sujo 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em28/02/2011 Foto uvs110801001

1) Trevo de Guarapari – meio fio sujo 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 28/02/2011 Foto uvs110801002

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1) Km 334 – meio fio sujo e com vegetação 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em28/02/2011 Foto uvs110801010

1) Km 446,00–lado direito–sarjeta c/ vegetação 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 21/02/2011 Foto uvs110730049

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Roçada de Capim Colonião”:

1)Km 442,10 – lado esquerdo – vegetação alta 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 17/02/2011 oto uvs110730046

1) Km 444,00 – lado direito – marco quilométrico encoberto 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 18/02/2011 Foto uvs110730009

1) Km 447,20 – lado direito – placa encoberta 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 21/02/2011 Foto uvs110730015

1) Km 447,20 – lado esquerdo – placa encoberta 2) Foto extraída no trecho em 01/03/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 21/02/2011 Foto uvs110730043

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BR-262/ES Constatou-se, mediante análise da 35ª medição do Contrato 17.1.0.00.0004-2006, executado pela empresa Delta Construções S/A, e verificações físicas das condições da Rodovia BR-262/ES, no trecho entre os km 15,5 e 195,9, realizadas nos dias 17/02 e 04/03/2011, o registro e pagamento por serviços não realizados no mês de fevereiro de 2011, embora tenham sido atestados pelo fiscal do contrato e pelo preposto da empresa contratada. Os valores pagos nessa medição foram os seguintes: Quadro I: Valor pago na Medição nº 35 Nº Medição Processo Referência Valor

35 50617.002176/2011-97 Fevereiro/2011 R$ 104.456,22 Fonte: Processo de Pagamento da 35ª Medição

Os serviços cujo pagamento indevido foi constatado estão relacionados no Quadro II a seguir: Quadro II: Identificação dos prejuízos:

Objeto medido (rubrica) Boletim de Medição

Data da Medição DNIT

Data da verificação física

Valor pago (R$)

Prejuízo aos cofres públicos

(R$)

830001 Limpeza de sarjeta e meio-fio

35 02/03/2011 03/03/2011 16.349,03 16.349,03

890001 Roçada de Capim Colonião

35 02/03/2011 03/03/2011 57.692,05 53.461,21

TOTAL 69.810,24

Fonte: DNIT

O pagamento indevido por serviços não prestados resultou em prejuízo efetivo de R$ 69.810,24, representando um percentual de desvio de 94,29% da medição correspondente aos serviços fiscalizados, que totalizou R$ 74.041,08, conforme tabelas e relatórios fotográficos apresentados a seguir. Nesse sentido, o valor dos serviços medidos e pagos pela SR-DNIT/ES - km 54,3 ao km 103,3, cuja inexecução foi constatada na verificação física realizada nos dias 17/02/2011 e 04/03/2011, relacionam-se ao Item 1 da Medição nº 35 (serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio”), enquanto que o valor dos serviços medidos e pagos pela SR-DNIT/ES - km 60 ao 195,90 - lados direito/esquerdo, cuja inexecução foi constatada em verificações físicas realizadas nos dias 17/02/2011 e 04/03/2011, relacionam-se ao Item 2 da Medição nº 35 (serviços de “Roçada de Capim Colonião”). A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços “Limpeza de sarjeta e meio-fio”:

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1) Km 57,00 – lado direito – sarjeta com vegetação 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 02/02/2011 Foto uvs110726003

1) Km 57,00 – lado esquerdo – meio fio sujo 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 04/02/2011 Foto uvs110726029

1) Km 69,80 – lado esquerdo – sarjeta suja 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 10/02/2011 Foto uvs110726022

1) Km 70,00 – lado direito – meio fio sujo 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 10/02/2011 Foto uvs110726021

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Roçada de Capim Colonião”:

1) Km 70,00 – lado esquerdo – placa encoberta 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 03/02/2011 Foto uvs110720029

1) Km 70,60 – lado direito – placa encoberta 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 03/02/2011 Foto uvs110714001

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1) Km 73,80 – lado esquerdo – placa encoberta 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 03/02/2011 Foto uvs110720026

1) Km 74,00 – lado esquerdo – placa encoberta 2) Foto extraída no trecho em 17/02/2011 3) Serviço não executado, embora atestado como realizado em 03/02/2011 Foto uvs110720025

BR-342/ES Constatou-se, mediante análise da 51ª e 52ª medições do Contrato 17.1.0.00.0018-2006, executado pela empresa “Construtora Visor Ltda.”, e verificações físicas das condições da Rodovia BR-342, no trecho entre os km 48,8 a 106,1, realizadas nos dias 03, 29 e 30.03.2011, o registro e pagamento por serviços cuja realização não foi efetivada nos meses de fevereiro e março de 2011, embora tenham sido atestados pelo fiscal do contrato e, no caso da medição nº 51, também pelo preposto da empresa contratada. Os valores pagos nas citadas medições foram os seguintes: Quadro I: Valor pago nas Medições nº 51 e 52

Nº Medição Processo Referência Valor 51 50617.002107/2011-83 Fevereiro/2011 R$ 46.991,80 52 50617.002316/2011-27 Março/2011 R$ 36.441,55

Fonte: Processos de Pagamentos referentes às Medições nº 51 e 52

Os serviços cujo pagamento indevido foi constatado estão relacionados na Quadro II a seguir: Quadro II: Identificação dos prejuízos e responsáveis

Objeto medido

(rubrica)

Boletim de

Medição

Data da Medição

DNIT

Data da verificação

física

Valor pago (R$)

Responsáveis pelo

Boletim de Medição

Responsável pela

autorização de pagamento

Fiscal do contrato

Prejuízo aos

cofres públicos

(R$)

810000 Tapa

Buraco

51 02/03/2011 03/03/2011 3.441,05*0863046 e 0863001

1373168 0863001 2.523,43*

52 04/04/2011 29/03/2011 30/03/2011

0,000863046 e 0863001

1373168 0863001 0,00

890000 Roçada Manual

51 02/03/2011 03/03/2011 938,010863046 e 0863001

1373168 0863001 272,06

52 04/04/2011 29/03/2011 30/03/2011

917,280863046 e 0863001

1373168 0863001 456,04

890001 Roçada de

Capim Colonião

51 02/03/2011 03/03/2011 5.628,110863046 e 0863001

1373168 0863001 1.632,45

52 04/04/2011 29/03/2011 30/03/2011

5.503,730863046 e 0863001

1373168 0863001 2.736,33

830001 Limpeza

de sarjeta e meio fio

51 02/03/2011 03/03/2011 2.615,820863046 e 0863001

1373168 0863001 Impossível

avaliar

52 04/04/2011 29/03/2011 30/03/2011

1.754,320863046 e 0863001

1373168 0863001 1.754,32

Página 124 de 253

891000 Capina manual

51 02/03/2011 03/03/2011 0,000863046 e 0863001

1373168 0863001 0,00

52 04/04/2011 29/03/2011 30/03/2011

963,310863046 e 0863001

1373168 0863001 963,31

850000 Recompo-

sição manual de

aterro

51 02/03/2011 03/03/2011 3.498,880863046 e 0863001

1373168 0863001 Impossível

avaliar

52 04/04/2011 03/03/2011 29/03/2011 30/03/2011

12.229,400863046 e 0863001

1373168 0863001 12.229,40

TOTAL 22.567,34

Fonte: DNIT

O pagamento indevido por serviços não prestados resultou em prejuízo efetivo de R$ 22.567,34, representando um percentual de desvio de 60,19% da medição correspondente aos serviços fiscalizados, que totalizou R$ 37.489,91, conforme tabelas e relatórios fotográficos apresentados a seguir. Nesse sentido, o valor dos serviços medidos e pagos pela SR-DNIT/ES correspondem ao que se segue: - km 57,4 - lado direito, e 76,2 - lado esquerdo, cuja inexecução foi constatada na verificação física realizada em 03/03/2011, relacionam-se ao Item 1 da Medição nº 35 (Subitem 1.1 - serviços de “Tapa Buraco”); - km 81,15 a 86,4 - lados direito/esquerdo, cuja inexecução foi constatada na verificação física realizada em 03/03/2011, relacionam-se ao Item 1 da Medição nº 35 (Subitem 1.2 “Roçada de Capim Colonião” e “Roçada Manual”); - km 86,4 a 88,3 e 97,2 a 104,1 - lados direito/esquerdo, cuja inexecução foi constatada em verificações físicas realizadas nos dias 03, 29 e 30/03/2011, relacionam-se ao Item 2 da Medição nº 35 (Subitem 2.1 “Roçada Manual” e “Roçada de Capim Colonião”); - km 64,1 a 70,0 - lados direito/esquerdo, cuja inexecução foi constatada na verificação física realizada nos dias 29 e 30/03/2011, relacionam-se ao Item 2 da Medição nº 35 (Subitem 2.2 “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual”); e - km 89,90 - lado esquerdo, km 90,10 - lado direito e km 91,10 - lado direito, cuja inexecução foi constatada nas verificações físicas realizadas nos dias 03, 29 e 30/03/2011, relacionam-se ao Item 2 da Medição nº 35 (Subitem 2.3 “Recomposição manual de aterro”). A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Tapa Buraco”

BR-342 - km 57,4 - lado direito – inexiste evidência da prestação do serviço

BR-342 - km 76,2 lado esquerdo – inexiste evidência da prestação do serviço

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A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Roçada de Capim Colonião” e “Roçada Manual”

BR-342 - 03/03/2011 - km 81,15 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 03/03/2011 - km 81,3 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 03/03/2011 - km 81,6 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 03/03/2011 - km 81,8 - lado direito - ausência de prestação do serviço

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Roçada de Capim Colonião” e “Roçada Manual” - Verificação de 03/03/2011:

BR-342 - 03032011 - km 86,4 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 03032011 - km 86,6 - lado direito - ausência de prestação do serviço

Página 126 de 253

BR-342 - 03032011 - km 87,2 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 03032011 - km 87,5 - lado direito - ausência de prestação do serviço

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Roçada de Capim Colonião” e “Roçada Manual” - Verificação de 29 e 30/03/2011

BR-342 - 29032011 - km 101,6 - lados direito/esquerdo - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 29032011 - km 101,7 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 29032011 - km 102,7 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 29032011 - km 102,8 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

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A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 29 e 30/03/2011

BR-342 - 30032011 - km 64,2 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 29/03/2011 - km 64,3 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 29/03/2011 - km 66,50 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 30032011 - km 66,60 -lado direito - ausência de prestação do serviço

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 03/03/2011 - km 89,9 - lado esquerdo

BR-342 - 03/03/2011-km 89,9-lado esquerdo - situação da via antes da execução do serviço

BR-342 - 03/03/2011-km 89,9-lado esquerdo - situação da via antes da execução do serviço

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A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 30/03/2011 - km 89,9 - lado esquerdo

BR-342 - 30/03/2011 - km 89,9 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 30/03/2011 - km 89,9 - lado esquerdo - ausência de prestação do serviço

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 03/03/2011 - km 90,1 - lado direito

BR-342 - 03/03/2011 - km 90,1 - lado direito - situação da via antes da execução do serviço

BR-342 - 03/03/2011 - km 90,1 - lado direito - situação da via antes da execução do serviço

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 30/03/2011 - km 90,1 - lado direito

BR-342 - 30/03/2011 - km 90,1 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 30/03/2011 - km 90,1 - lado direito - ausência de prestação do serviço

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A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 03/03/2011 - km 91,1 - lado direito

BR-342 - 03/03/2011 - km 91,1 - lado direito - situação da via antes da execução do serviço

BR-342 - 03/03/2011 - km 91,1 - lado direito - situação da via antes da execução do serviço

A seguir é apresentado sucinto Relatório Fotográfico relacionado à inexecução dos serviços de “Limpeza de sarjeta e meio-fio” e “Capina manual” - Verificação de 30/03/2011 - km 91,1 - lado direito

BR-342 - 30/03/2011 - km 91,1 - lado direito - ausência de prestação do serviço

BR-342 - 30/03/2011 - km 91,1 - lado direito - ausência de prestação do serviço

Com base nas informações anteriormente apresentadas, verifica-se que as fiscalizações da CGU-Regional/ES detectaram a existência de um modus operandi em plena execução por alguns servidores do DNIT/ES, em suposto conluio com empresas prestadoras de serviços de manutenção e conservação das Rodovias Federais no Estado do Espírito Santo. Com a aprovação dos Boletins de Medição, sem que os serviços sejam prestados, as empresas são beneficiadas por não incorrerem nos custos informados quando dos procedimentos licitatórios. Os serviços de manutenção da BR-101/ES, BR-262/ES e BR-342/ES não estão sendo executados integralmente e, no entanto, os pagamentos são efetuados como se fossem. A situação física encontrada quando das visitas a essas Rodovias revela descaso do DNIT/ES em preservar as condições normais mínimas de trafegabilidade da rodovia, o que acarreta grandes riscos aos usuários. No caso da BR-101/ES, constatou-se um desvio de recursos no montante de R$ 11.200,02, que correspondeu ao percentual de 31,81% do valor pago pela prestação dos serviços de “Roçada de capim colonião” e “Limpeza de sarjeta e meio fio”, cujo valor montou a R$ 35.203,89. Somente foram objeto de análise os serviços de “Roçada de capim colonião” e de “Limpeza de sarjeta e meio fio” realizados no período de até 14 dias anteriores à data da verificação física, realizada em

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01/03/2011, tendo sido constatada a inexecução de 100% dos serviços dessa natureza realizados nesse período. Em relação à BR-262/ES, constatou-se um desvio de recursos no montante de R$ 69.810,24, que correspondeu ao percentual de 94,29% do valor pago pela prestação dos serviços de “Roçada de capim colonião” e “Limpeza de sarjeta e meio fio”, cujo valor montou a R$ 74.041,08. Somente foram objeto de análise os serviços de “Roçada de capim colonião” e de “Limpeza de sarjeta e meio fio” executados no período de até 15 dias anteriores à data da verificação física, realizada nos dias 17/02/2011 e 04/03/2011. Quanto à BR-342/ES, constatou-se um desvio de recursos no montante de R$ 22.567,34, que correspondeu ao percentual de 60,19% do valor pago pela prestação dos serviços de “Roçada de capim colonião”, “Limpeza de sarjeta e meio fio”, “Tapa buraco”, “recomposição manual de aterro” e “capina manual”, cujo valor montou a R$ 37.489,91. Somente foram objeto de análise os serviços de: “Roçada de capim colonião”, “Roçada Manual”, “Limpeza de sarjeta e meio fio” e “capina manual”, executados no período de até 10 dias anteriores à data da verificação física; e serviços de “Tapa buraco” e “recomposição manual de aterro”, executados no período de até 30 dias anteriores à data da verificação física, realizada nos dias 03, 29 e 30 de março de 2011. Por fim, faz-se necessário salientar que a situação relativa à estruturação de processos com fotografias idênticas, para comprovação de serviços executados em mais de uma medição, foi detectada no âmbito da Superintendência Regional do DNIT no Estado da Bahia, relacionada aos serviços de manutenção na BR-242/BA objeto do Contrato nº SR-05/0033/2007 , devendo-se atentar para a possibilidade de tal prática estar ocorrendo em diversos outros Estados da Federação, em outras Superintendências Regionais da Autarquia, relacionando-se sao pagamento desse ou outros tipos de serviços. II.4.3 - DOS FATOS CONSTATADOS NO ÂMBITO DO DNIT/RS Trata-se de trabalho realizado pela Controladoria-Regional da União no Estado do Rio Grande do Sul – CGU-Regional/RS, com foco na análise de relatórios de fiscalização elaborados por equipes da mencionada Regional, de forma ordinária ou na elaboração de Relatórios de Demandas Externas - RDE e que incluíram o exame "in loco" em seus escopos, quais sejam os serviços decorrentes dos Editais de Licitação nº 485/2008, 489/2008, 490/2008 e 491/2008, relativos à contratação de serviços do CREMA - Programa de Restauração e Manutenção de Rodovias 1ª Etapa. Além disso, focou-se também na análise de dados e informações disponibilizados pela Superintendência Regional do DNIT no RS, bem como realização de consultas aos sistemas corporativos do Governo Federal, notadamente o Sistema CNPJ, o Sistema CPF e o Sistema SIAFI, relativamente às empresas participantes dos referidos certames. Com base no exposto, e, em função dos achados encontrados, optou-se por inseri-los neste Relatório. CONSTATAÇÃO 026: INDÍCIOS DE DIRECIONAMENTO E POSSÍVEL ALINHAMENTO DE PREÇOS PRATICADOS EM LOTES DO PROCESSO LICITATÓRIO Nº 485/2008.

As propostas apresentadas por licitantes dos lotes do Processo Licitatório nº 485/2008, relativo à execução, sob regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários a realização da

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Obras de Revitalização - CREMA 1ª Etapa (Recuperação, Restauração e Manutenção) Rodoviária, conforme informado pela SR/DNIT/RS foram as seguintes: Quadro I: Empresas participantes x Lotes

EMPRESAS LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7BRASÍLIA GUAÍBA 39.529.047,14 36.577.418,37 19.278.023,30 17.740.663,79 25.115.734,63

CONSÓRCIO ECB/CONSTRUBRÁS/TORC

38.788.780,33

PEDRASUL 39.248.729,53 37.107.239,37 19.507.765,95 45.848.919,08 17.767.150,03 25.208.027,04CBEMI 36.945.126,07 19.556.383,22 27.118.693,76 17.415.869,71

CSL - SACCHI 27.116.389,34 24.798.612,20CONSÓRCIO EMPA/TESCON 19.553.333,81

PAVIA 26.710.052,06 45.793.286,60 17.755.191,73 TORC 26.965.397,39 45.330.550,48 17.630.263,69

ATERPA 45.673.790,12 MAC ENGENHARIA 25.083.448,14

Fonte: Processo Licitatório nº 485/2008

As mesmas propostas, como percentuais dos orçamentos: Quadro II: Empresas participantes x Lotes em percentuais

EMPRESA LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7ATERPA 99,54%

BRASÍLIA GUAÍBA 100,36% 98,52% 98,51% 99,82% 99,53% CBEMI 99,51% 99,93% 99,76% 97,99%

CONSÓRCIO ECB/CONSTRUBRÁS/TORC

98,48%

CONSÓRCIO EMPA/TESCON 99,92% CSL - SACCHI 138,56% 98,27%

MAC ENGENHARIA 99,40% PAVIA 98,26% 99,80% 99,90%

PEDRASUL 99,65% 99,95% 99,68% 99,92% 99,97% 99,89% TORC 99,20% 98,79% 99,20%

Fonte: Processo Licitatório nº 485/2008

Em reais: Quadro III: Valores das propostas x valor orçado

ORÇAMENTO/PROPOSTA LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7VALOR ORÇADO 39.385.956,48 37.127.500,57 19.569.763,49 27.182.861,47 45.884.946,34 17.772.444,15 25.235.537,90

PROPOSTA VENCEDORA 38.788.780,33 36.577.418,37 19.278.023,30 26.710.052,06 45.330.550,48 17.415.869,71 24.798.612,202ª COLOCADA 39.248.729,53 36.945.126,07 19.507.765,95 26.965.397,39 45.673.790,12 17.630.263,69 25.083.448,143ª COLOCADA 39.529.047,14 37.107.239,37 19.553.333,81 27.118.693,76 45.793.286,60 17.740.663,79 25.115.734,634ª COLOCADA 19.556.383,22 45.848.919,08 17.755.191,73 25.208.027,045ª COLOCADA 27.116.389,34 17.767.150,03

Fonte: Processo Licitatório nº 485/2008

Em percentuais em relação ao orçamento: Quadro IV: Valores das propostas x valor orçado em percentuais

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7VALOR ORÇADO 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

PROPOSTA VENCEDORA 98,48% 98,52% 98,51% 98,26% 98,79% 97,99% 98,27% 2ª COLOCADA 99,65% 99,51% 99,68% 99,20% 99,54% 99,20% 99,40% 3ª COLOCADA 100,36% 99,95% 99,92% 99,76% 99,80% 99,82% 99,53% 4ª COLOCADA 99,93% 99,92% 99,90% 99,89% 5ª COLOCADA 138,56% 99,97%

Fonte: Processo Licitatório nº 485/2008 Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento (apenas a proposta vencedora, segunda e terceiras colocadas):

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Quadro V: Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento

VENCEDORA 2ª COLOCADA 3ª COLOCADA MÉDIA 0,9840 0,9945 0,9990

DESVIO PADRÃO 0,0024 0,0018 0,0025 MEDIANA 0,9848 0,9951 0,9987

Fonte: CGU

As propostas apresentadas no Processo Licitatório 485/2008 seguiram um padrão evidente: a primeira proposta ficou em torno de 98,5% do orçamento, a segunda proposta em torno de 99,5% e a terceira em torno do valor orçado. Em todos os sete lotes, apenas o Lote 6 teve seu resultado ligeiramente diferente do padrão aduzido. Além disto, resta evidente que as próprias empresas alteraram seus percentuais em relação ao orçamento, em várias propostas, sagrando-se vencedoras justamente ao apresentarem propostas condizentes com o padrão deduzido. Além dos fatos expostos, cabe registrar os seguintes relacionamentos empresariais identificados dentre algumas das empresas licitantes. Os relacionamentos societários entre SULTEPA, PEDRASUL e BRASÍLIA GUAÍBA identificados foram os seguintes:

A METROVIAS (CNPJ 02.393.266/0001-77) tem como participantes de seu quadro societário como conselheiros diretores RICARDO LINS PORTELLA NUNES (presidente da CONSTRUTORA SULTEPA e diretor da PEDRASUL) e ANDRÉ LOIFERMANN (CPF 354.259.200-59/sócio administrador da BRASÍLIA GUAÍBA).

A COPARCO (CNPJ 08.702.891/0001-30) tem participação no seu quadro societário da CONSTRUTORA SULTEPA, de SÉRGIO COELHO DA SILVA (CPF 265.609.840-87), diretor de operações da BRASÍLIA GUAÍBA, da BGPAR (CNPJ 04.987.555/0001-20), cujos sócios são ABRÃO LOIFERMAN (CPF 000.651.100-72), ANDRÉ LOIFERMAN e a BRASÍLIA GUAÍBA.

Participam dos quadros societários da CONVIAS (CNPJ 02.414.599/0001-35) e da SULVIAS (CNPJ 02.419.175/0001-63) RICARDO LINS PORTELLA NUNES (presidente da CONSTRUTORA SULTEPA e diretor da PEDRASUL), RONALDO SCHWAMBACH (sócio da CONSTRUTORA SULTEPA e diretor da PEDRASUL) e SERGIO COELHO DA SILVA que, embora não conste no Sistema CNPJ como integrante dos quadros societários da BRASÍLIA GUAÍBA, é nominado no site da mesma como Diretor de Operações (www.brasiliaguiaba.com.br/, consulta em 12 de agosto de 2011). Além disto, o mesmo consta como administrador responsável pelo CONSÓRCIO BRASILIA GUAIBA CARPENEDO (CNPJ 12.936.297/0001-80).

A CP CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES (CNPJ 07.177.497/0001-67) tem participação no seu quadro societário de RICARDO LINS PORTELLA NUNES (presidente da SULTEPA e diretor da PEDRASUL), ÂNGELO LÚCIO VILLARINHO DA SILVA (diretor da SULTEPA e da PEDRASUL), da SULTEPA, da PORTELLA NUNES PARTICIPAÇÕES (cujo sócio ROBERTO LINS PORTELLA NUNES é sócio da STE – SERVIÇOS TÉCNICOS DE ENGENHARIA e irmão de RICARDO LINS PORTELLA NUNES, como já explanado), de ABRÃO LOIFERMAN, sócio da BRASÍLIA GUAÍBA, de SÉRGIO COELHO DA SILVA, diretor de operações da BRASÍLIA GUAÍBA, e da BGPAR, cujos sócios são ABRÃO LOIFERMAN, ANDRÉ LOIFERMAN e a BRASÍLIA GUAÍBA.

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Como registrado, as empresas PEDRASUL e BRASÍLIA GUAÍBA foram licitantes nos lotes 1, 2 e 6 da presente licitação. Além disto, quanto ao Lote 1, a TORC participa de consórcio juntamente com a BRASÍLIA GUAÍBA, dentre outras empresas (CONSÓRCIO IVAI/TORC/CONSTRAN/BRASILIA GUAIBA, CNPJ 12.234.978/0001-05). No tocante ao Lote 6, também foi identificado relacionamento indireto dentre a Brasília Guaíba e a CSL, a saber: ANDRÉ LOIFERMANN, sócio da BRASIÍLIA GUAÍBA e SÉRGIO COELHO DA SILVA, diretor de operações da BRASÍLIA GUAÍBA participam do quadro societário da UNIVIAS (08.035.833/0001-08), que também conta com a participação de MARIO ROBERTO AMORIM BALTAR (CPF 285.365.090-15), sócio da BALTAR & MENEZES CONSULTORES ASSOCIADOS (CNPJ 03.312.919/0001-09), cujo quadro societário também é composto por ODILON ALBERTO MENEZES (CPF 290.610.919-34), sócio da CSL – CONSTRUTORA SACCHI LTDA. CONSTATAÇÃO 027: INDÍCIOS DE DIRECIONAMENTO E POSSÍVEL ALINHAMENTO DE PREÇOS PRATICADOS EM LOTES DO PROCESSO LICITATÓRIO N.º 489/2008. As propostas apresentadas por licitantes para os lotes do Processo Licitatório nº 489/2008, referente à execução, sob regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários a realização das Obras de Revitalização - CREMA 1ª Etapa (Recuperação Restauração e Manutenção) Rodoviária conforme informado pela SR/DNIT/RS foram as seguintes: Quadro I: Empresas participantes x Lotes

EMPRESAS LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5Brasília Guaíba 35.609.771,45 40.161.367,61 16.276.514,64 Cbemi INABILITADA Toniolo Busnello 35.772.995,35 30.800.024,35 Consórcio Sultepa/Pedrasul 35.427.326,49 31.086.174,93 Sanches Tripoloni - 30.884.259,45 14.716.947,92 40.235.499,28 16.243.260,46 Consórcio Cc/Brasília Guaíba - 30.544.224,50Consórcio Sbs/Tv - 14.769.911,86 Conpasul - 14.752.259,79 Consórcio Cotrel/Della Pasqua - 14.392.928,69Consórcio Empa/Tescon - 39.132.621,28 Consórcio Traçado/Construbrás/Iguatemi - 39.187.093,86 16.103.119,01Consórcio Pavicon/Csl - INABILITADA

Fonte: Processo Licitatório nº 489/2008

Tais propostas como percentual em relação ao orçamento: Quadro II: Empresas participantes x Lotes em percentuais

EMPRESA LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 Brasília Guaíba 99,01% 102,62% 94,14% Conpasul 99,40% Consórcio Cc/Brasília Guaíba 98,18% Consórcio Cotrel/Della Pasqua 96,98% Consórcio Sbs/Tv 99,52% Consórcio Sultepa/Pedrasul 98,50% 99,92% Consórcio Traçado/Construbrás/Iguatemi 100,14% 93,14% Consório Empa/Tescon 100,00% Sanches Tripoloni 99,27% 99,16% 102,81% 93,95% Toniolo Busnello 99,46% 99,00%

Fonte: Processo Licitatório nº 489/2008

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Quadro III: Valores (R$) das propostas x valor orçado

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5VALOR ORÇADO 35.966.929,50 31.111.732,83 14.841.544,86 39.134.171,39 17.288.837,16

PROPOSTA VENCEDORA 35.427.326,49 30.544.224,50 14.392.928,69 39.132.621,28 16.103.119,01 2ª COLOCADA 35.609.771,45 30.800.024,35 14.716.947,92 39.187.093,86 16.243.260,46

3ª COLOCADA 35.772.995,35 30.884.259,45 14.752.259,79 40.161.367,61 16.276.514,64 4ª COLOCADA 31.086.174,93 14.769.911,86 40.235.499,28

Fonte: Processo Licitatório nº 489/2008

Quadro IV: Valores (%) das propostas x valor orçado em percentuais

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5ORÇAMENTO 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

PROPOSTA VENCEDORA 98,50% 98,18% 96,98% 100,00% 93,14% 2ª COLOCADA 99,01% 99,00% 99,16% 100,14% 93,95% 3ª COLOCADA 99,46% 99,27% 99,40% 102,62% 94,14% 4ª COLOCADA 99,92% 99,52% 102,81%

Fonte: Processo Licitatório nº 489/2008

Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento (apenas a proposta vencedora, segunda e terceiras colocadas): Quadro V: Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento

VENCEDORA 2ª COLOCADA 3ª COLOCADA MÉDIA 0,9736 0,9825 0,9911

DESVIO PADRÃO 0,0232 0,0219 0,0275 MEDIANA 0,9818 0,9901 0,9946

Fonte: CGU

No Processo Licitatório 489/2008 houve uma maior diferença em termos percentuais das propostas primeira e segunda colocadas em relação aos orçamentos. De igual forma, as propostas apresentadas pelos licitantes, em relação ao orçamento, se mostraram bastante próximas, quando apresentadas em mais de um lote, à exceção da CONPASUL. CONSTATAÇÃO 028: INDÍCIOS DE DIRECIONAMENTO E POSSÍVEL ALINHAMENTO DE PREÇOS PRATICADOS NO PROCESSO LICITATÓRIO N.º 490/2008. As propostas apresentadas por licitantes relativas aos lotes do Processo Licitatório nº 490/2008, relacionadas à execução, sob regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários à realização das Obras de Revitalização - CREMA 1ª Etapa (Recuperação, Restauração e Manutenção) Rodoviária foram as seguintes: Quadro I: Empresas participantes x Lotes

EMPRESAS LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4Consórcio Traçado/Construbrás/Iguatemi 13.176.388,46 28.896.638,62 Sbs 10.400.971,45 28.750.321,11Consórcio Iccila/Dobil 13.342.415,35 47.672.430,90 Consórcio Cotrel/Pavia 13.373.544,15 29.039.349,63 49.018.195,10 Mac Engenharia 29.040.687,14 48.658.149,73 Torc 48.881.580,62 Consórcio Sultepa/Pedrasul 21.831.936,51Brasília Guaíba 22.494.358,82 Consórcio Conterra/Csl 22.585.414,87 Cbemi 22.594.119,37 Brasil

Fonte: Processo Licitatório nº 490/2008

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Quadro II: Empresas participantes x Lotes

EMPRESAS LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7 LOTE 8 CONSÓRCIO

TRAÇADO/CONSTRUBRÁS/IGUATEMI SBS 44.413.776,55 20.020.706,05 35.599.056,87

CONSÓRCIO ICCILA/DOBIL 44.472.702,00 19.427.027,12 CONSÓRCIO COTREL/PAVIA 43.256.802,35

MAC ENGENHARIA 19.941.467,90 35.526.368,22TORC 35.779.387,17

CONSÓRCIO SULTEPA/PEDRASUL 37.063.084,54 BRASÍLIA GUAÍBA

CONSÓRCIO CONTERRA/CSL 36.084.125,13CBEMI BRASIL 36.364.226,01

Fonte: Processo Licitatório nº 490/2008

Propostas apresentadas por licitantes - percentual em relação ao orçamento. Quadro III: Empresas participantes x Lotes em percentuais

EMPRESAS LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7 LOTE 8BRASIL 98,11%

BRASÍLIA GUAÍBA 99,52% CBEMI 99,96%

CONSÓRCIO CONTERRA/CSL 99,92% 97,36% CONSÓRCIO COTREL/PAVIA 99,75% 99,00% 99,78% 96,96% CONSÓRCIO ICCILA/DOBIL 99,52% 97,04% 99,69% 96,64%

CONSÓRCIO SULTEPA/PEDRASUL 96,59% 100,00% CONSÓRCIO

TRAÇADO/CONSTRUBRÁS/IGUATEMI 98,28% 98,51%

MAC ENGENHARIA 99,00% 99,05% 99,20% 98,50%

SBS 77,58% 98,01% 99,56% 99,59% 98,70%

TORC 99,50% 99,20%

Fonte: Processo Licitatório nº 490/2008

Quadro IV: Valores (R$) das propostas x valor orçado

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4

VALOR ORÇADO 13.407.335,58 29.333.603,58 49.127.190,69 22.603.230,41 PROPOSTA VENCEDORA 10.400.971,45 28.750.321,11 47.672.430,90 21.831.936,51

2ª COLOCADA 13.176.388,46 28.896.638,62 48.658.149,73 22.494.358,82

3ª COLOCADA 13.342.415,35 29.039.349,63 48.881.580,62 22.585.414,87

4ª COLOCADA 13.373.544,15 29.040.687,14 49.018.195,10 22.594.119,37

Fonte: Processo Licitatório nº 490/2008

Quadro V: Valores (R$) das propostas x valor orçado

LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7 LOTE 8VALOR ORÇADO 37.064.407,13 44.611.740,63 20.103.229,01 36.067.931,45

PROPOSTA VENCEDORA 36.084.125,13 43.256.802,35 19.427.027,12 35.526.368,22 2ª COLOCADA 36.364.226,01 44.413.776,55 19.941.467,90 35.599.056,87 3ª COLOCADA 37.063.084,54 44.472.702,00 20.020.706,05 35.779.387,17 4ª COLOCADA

Fonte: Processo Licitatório nº 490/2008

Em percentuais em relação ao orçamento: Quadro VI: Valores das propostas x valor orçado em percentuais

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6 LOTE 7 LOTE 8VALOR ORÇADO 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

PROPOSTA VENCEDORA 77,58% 98,01% 97,04% 96,59% 97,35% 96,96% 96,64% 98,50% 2ª COLOCADA 98,28% 98,51% 99,04% 99,52% 98,11% 99,56% 99,19% 98,70% 3ª COLOCADA 99,52% 99,00% 99,50% 99,92% 100,00% 99,69% 99,59% 99,20% 4ª COLOCADA 99,75% 99,00% 99,78% 99,96%

Fonte: Processo Licitatório nº 490/2008

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Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento (apenas a proposta vencedora, segunda e terceiras colocadas): Quadro VII: Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento

VENCEDORA 2ª COLOCADA 3ª COLOCADAMÉDIA 0,9483 0,9886 0,9955

DESVIO PADRÃO 0,0655 0,0051 0,0031 MEDIANA 0,9700 0,9887 0,9955

Fonte: CGU

Se não restou tão evidente a padronização das propostas em relação ao orçamento quanto no Processo Licitatório 485/2008, ainda assim é possível dizer que, à exceção dos lotes 1 e 5, bastava a empresa apresentar proposta igual ou inferior a 98,5% para ser a vencedora do certame. Além disto, resta evidente que as próprias empresas alteraram seus percentuais em relação ao orçamento, em várias propostas, sagrando-se vencedoras justamente ao apresentarem propostas condizentes com o padrão deduzido. No que tange ao Lote 7, registre-se que foi identificado relacionamento da MAC ENGENHARIA (CNPJ 80.083.454/0001-02 com a DOBIL (CNPJ 02.077.639/0001-09). MARCO ANTÔNIO CAMINO (CPF 293.831.290-34) é sócio administrador responsável da MAC ENGENHARIA e da CAPO ENGENHARIA (04.438.483/0001-61), juntamente com os sócios administradores DARCI JOSÉ GIOVANELLA e BILL BOF REIS (CPF 158.357.070-53), ambos sócios da DOBIL ENGENHARIA. Além disto, a MAC ENGENHARIA e a DOBIL ENGENHARIA são sócias da BRITAGEM RIO BONITO (CNPJ 05.270.831/0001-05). CONSTATAÇÃO 029: INDÍCIOS DE DIRECIONAMENTO E POSSÍVEL ALINHAMENTO DE PREÇOS PRATICADOS NO PROCESSO LICITATÓRIO Nº 491/2008.

Conforme informado pela SR/DNIT/RS as propostas dos lotes do Processo Licitatório nº 491/2008, referentes à execução, sob regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários a realização das Obras de Revitalização - CREMA 1ª Etapa (recuperação, Restauração e Manutenção) Rodoviária foram as seguintes: Quadro I: Empresas participantes x Lotes

EMPRESAS LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5CONSÓRCIO SBS/TV 23.399.179,26 42.507.283,22

CONPASUL 23.401.805,44 17.623.792,86 40.825.453,83 SANCHES TRIPOLONI 26.359.530,88 17.259.904,56 20.906.775,77

CBEMI 17.044.020,28 24.153.832,54 CONSÓRCIO

PELOTENSE/PEDRASUL 17.215.204,91 20.881.029,60MAC ENGENHARIA 17.257.390,81 23.487.515,67BRASÍLIA GUAÍBA 17.384.395,38 20.982.236,20

CONSÓRCIO EMPA/TESCON 21.084.500,43 CONSÓRCIO ICCILA/DOBIL 42.398.135,69

ATERPA 24.202.577,07

Fonte: Processo Licitatório nº 491/2008

Os percentuais das propostas em relação ao orçamento foram os seguintes:

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Quadro II: Empresas participantes x Lotes em percentuais EMPRESA LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5

ATERPA 99,96% BRASÍLIA GUAÍBA 99,93% 99,50%

CBEMI 97,97% 99,76% CONPASUL 87,93% 101,31% 95,86%

CONSÓRCIO EMPA/TESCON 99,99% CONSÓRCIO ICCILA/DOBIL 99,55%

CONSÓRCIO PELOTENSE/PEDRASUL 98,96% 99,02%

CONSÓRCIO SBS/TV 87,92% 99,81% MAC ENGENHARIA 99,20% 97,00%

SANCHES TRIPOLINI 99,04% 99,21% 99,15%

Fonte: Processo Licitatório nº 491/2008

Em reais: Quadro III: Valores das propostas x valor orçado

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5

VALOR ORÇADO 26.614.357,51 17.396.583,57 21.087.063,62 42.589.032,42 24.213.008,13 PROPOSTA VENCEDORA 23.399.179,26 17.044.020,28 20.881.029,60 40.825.453,83 23.487.515,67

2ª COLOCADA 23.401.805,44 17.215.204,91 20.906.775,77 42.398.135,69 24.153.832,54

3ª COLOCADA 26.359.530,88 17.257.390,81 20.982.236,20 42.507.283,22 24.202.577,07 4ª COLOCADA 17.259.904,56 21.084.500,43 5ª COLOCADA 17.384.395,38 6ª COLOCADA 17.623.792,86

Fonte: Processo Licitatório nº 491/2008

Em percentuais em relação ao orçamento: Quadro IV: Valores das propostas x valor orçado em percentuais

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5

VALOR ORÇADO 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% PROPOSTA VENCEDORA 87,92% 97,97% 99,02% 95,86% 97,00%

2ª COLOCADA 87,93% 98,96% 99,15% 99,55% 99,76% 3ª COLOCADA 99,04% 99,20% 99,50% 99,81% 99,96% 4ª COLOCADA 99,21% 99,99% 5ª COLOCADA 99,93% 6ª COLOCADA 101,31%

Fonte: Processo Licitatório nº 491/2008

Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento (apenas a proposta vencedora, segunda e terceiras colocadas): Quadro V: Percentuais em termos estatísticos em relação ao orçamento

VENCEDORA 2ª COLOCADA 3ª COLOCADA MÉDIA 0,9556 0,9707 0,9950

DESVIO PADRÃO 0,0396 0,0458 0,0035 MEDIANA 0,9700 0,9915 0,9950

Fonte: CGU

Se não restou tão evidente a padronização das propostas em relação ao orçamento quanto no Processo Licitatório 485/2008, ainda assim é possível dizer que, à exceção dos lotes 1 e 2, bastava a empresa apresentar proposta igual ou inferior a 99% do valor orçado para ser a vencedora do certame. De igual forma, as propostas apresentadas pelos licitantes, em relação ao orçamento, se mostraram bastante próximas, quando apresentadas em mais de um lote, à exceção da CONPASUL e do CONSÓRCIO SBS/PELOTENSE.

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IMPROPRIEDADES/IRREGULARIDADES VERIFICADAS PELO CONTROLE INTERNO NO ÂMBITO DO CREMA/RS.

Quando da realização de ações do Controle Interno voltados à execução do Programa CREMA no RS, em especial aos lotes contratados mediante o Processo Licitatório n.º 490/2008, foram identificadas as seguintes impropriedades/irregularidades: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO 236200 LOTE 2 – Consórcio CC PAVIMENTADORA/BRASÍLIA GUAÍBA Projeto falho elaborado pela STE - Dynatest Prejuízo apurado: R$ 475.372,72. CONSTATAÇÃO 030: DIVERGÊNCIAS ENTRE OS VALORES DE DMTS PREVISTOS NO PROJETO LICITADO E OS VALORES OBSERVADOS "IN LOCO", ACARRETANDO PAGAMENTO INDEVIDO DE TRANSPORTE NO VALOR DE R$ 475.372,75. Identificamos que as DMTs (distâncias médias de transporte) utilizadas no projeto licitado para orçar os preços unitários de serviços, que envolvem em sua composição o emprego de massa asfáltica e brita graduada, apresentam divergências em relação aos valores observados em campo, conforme demonstrado no Quadro a seguir: Quadro I: Divergências das DMT

Material DMT (km)

Projeto Identificada “in loco” (1) Massa asfáltica (distância entre usina e pista) 30,9 13,6

Pedra Britada (distância entre pedreira e usina) 0,8 10,0 (1) Valor obtido com base na localização das fontes de materiais “in loco”, a saber: a) pedreira comercial (900 metros do km 414,5 da BR-386/RS - lado direito); e b) usina de CBUQ (km 423,6 da BR-386/RS - lado direito).

Conforme pode ser observado no quadro acima, o projeto licitado utilizou uma DMT de material pétreo (pedreira-usina) inferior e, por sua vez, uma DMT da massa asfáltica superior à identificada em campo. Em relação à DMT da massa asfáltica, foi solicitada ao DNIT manifestação sobre o assunto (SF nº 236199/03/CGU-R/RS). Em resposta, o DNIT apresentou, por meio do Ofício nº 01954/2010/SR/RS, o cálculo da DMT do concreto asfáltico fornecido pela empresa projetista. A memória de cálculo apresentada consiste em um e-mail do Engenheiro de Planejamento (PROARTE/PROCREMA) do Consórcio STE/Dynatest/CGMRR/DIR/DNIT encaminhado ao Coordenador do Programa Crema do DNIT, datado de 27/10/2010. Neste documento, o Engenheiro de Planejamento apresenta as seguintes informações: "Segue memória de cálculo das DMTs. Para cálculo foi considerado além da extensão do trecho as distâncias da fonte de materiais betuminosos e da usina até a pista, conforme: Origem da fonte de material betuminoso = 4 km Distância da Usina até a pista = 3 km Extensão do trecho = 54,2 km Total = 61,2 km DMT ≈ 30,6 km"

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O cálculo apresentado, na resposta encaminhada pelo DNIT, referente à DMT de transporte da massa asfáltica, encontra-se equivocado, não representando as condições identificadas por equipe de fiscalização da CGU no que tange às fontes de materiais e localização das instalações industriais. Analisando a composição da DMT da massa asfáltica (CBUQ) apresentada pelo DNIT, tecemos os seguintes comentários: a) Origem da fonte de material betuminoso = 4km: Essa distância não deve ser incorporada à DMT da massa asfáltica, pois a composição de preços unitários dos serviços correlatos quantificam esse transporte em item específico. b) Distância da usina até a pista = 3km: A usina móvel do tipo Drum Mixer utilizada pela empresa responsável pelo contrato para a usinagem da massa asfáltica (CBUQ) encontra-se instalada às margens do lado direito da BR-386/RS, mais especificamente no km 423,6. Ou seja, não há o que se falar em distância de transporte da usina até a pista, haja vista esse deslocamento se resumir a metros. c) Extensão total do trecho = 54,2 km: A extensão do subtrecho contratado é, conforme informado pelo Projetista, de 54,2 km. Entretanto, o cálculo da DMT para o subtrecho contratado não é a mera divisão desta extensão por dois (no caso em tela, além da extensão do subtrecho contratado, foram consideradas indevidamente as distâncias da fonte de material betuminoso e da usina até a pista, ou seja: (54,2 Km + 4 Km + 3 Km)/2 = 30,6 Km), pois a usina de CBUQ não se encontra instalada nem no início (km 395,00), nem no final(km 449,2) do segmento. d) DMT calculada: Considerando a localização da usina de CBUQ no km 423,6 (aproximadamente no meio do segmento contratado) e a extensão do trecho de 54,2 km, a DMT obtida após os devidos cálculos de momento de transporte é de 13,6 km e não de 30,6 km conforme informado. As diferenças apontadas de DMTs repercutem diretamente no preço de itens de serviço, tais como "CBUQ" e "Manutenção e Conservação". Objetivando apurar o valor orçado a maior no preço unitário do item de serviço "CBUQ", constante no projeto licitado, efetuamos ajustes nos valores das DMTs da massa asfáltica e da brita graduada, adequando-os aos verificados em campo. Do ajuste das DMTs, obteve-se uma redução, no preço do citado serviço, de R$ 7,79 por tonelada executada, conforme demonstrado no Quadro a seguir: Quadro II: Diferenças apuradas face ao ajuste das DMT

Transporte Custo (km)

Distância orçada (km)

Distância verificada (km)

Consumo Custo

Orçado (R$)

Custo verificado (R$)

Variação (R$)

Brita comercial 0,29 0,8 10 0,67 0,16 1,94 -1,78 CBUQ (massa asfáltica)

0,48 30,9 13,6 1 14,83 6,53 8,3

TOTAL (CUSTO) 14,99 8,47 6,52 TOTAL (PREÇO) BDI – 19,6% 17,92 10,13 7,79

Fonte e método: Elaborado com base na composição de preços unitário do item de serviço “CBUQ-capa de rolamento AC/BC” constante no projeto referencial licitado. Dessa forma, o preço inicialmente orçado do referido item de serviço fica reduzido de R$ 79,22 para R$ 71,43. Considerando o quantitativo de CBUQ atestado na 15ª medição, que foi de 61.023,46 t, o valor orçado a maior corresponderia a R$ 475.372,75 (quatrocentos e setenta e cinco mil, trezentos e setenta e dois reais e setenta e cinco centavos).

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Quanto à proposta apresentada pelo consórcio vencedor do certame licitatório, não foi possível avaliar a repercussão da alteração das DMTs no preço unitário do item de serviço "CBUQ". A composição unitária desse serviço não apresenta no item transporte a discriminação dos insumos, a respectiva DMT e o custo unitário do transporte. A orçamentação do transporte se resume na apresentação de uma DMT sem identificar a qual insumo se refere, conforme pode ser observado no Quadro que segue: Quadro III: Orçamentação do transporte

Transportes DMT (Total) em km Custo (R$) Consumo Custo Horário (R$)Transp. local basc. 10 m3 em rodovia Pav (auxiliar 10)

73 0,28 1 20,44

*Fonte e método: Baseado na composição de preço unitário do item de serviço “CBUQ-4cm” constante na proposta da empresa vencedora do certame licitatório

Embora não seja possível avaliar diretamente a repercussão das DMTs no custo unitário do serviço, pode-se inferir que o valor pago a maior encontra-se próximo ao calculado anteriormente para o item de serviço "CBUQ", tendo como base o valor orçado para o serviço presente no projeto referencial. Tal pressuposto baseia-se no fato de que o valor orçado para o transporte dos insumos constante no item de serviço CBUQ (projeto referencial) e o valor financeiro do transporte deste mesmo serviço na proposta da empresa vencedora do certame são muito próximos, R$ 20,49 e R$ 20,44, respectivamente. Salientamos que não foi efetuada avaliação dos preços unitários que compõem esse item de serviço. Evidências: a) Ofício nº 01954/2010/SR/RS da Superintendência Regional do Estado do Rio Grande do Sul, datado de 09/11/2010. b) Planilha de composição de preços unitários relativa ao item de serviço "CBUQ-4cm", referente à proposta do consórcio vencedor do certame licitatório. c) Composição de preço unitário referente ao item de serviço "CBUQ-4cm", constante no projeto licitado. d) Croqui de localização das fontes de materiais (usina e pedreira), constante no projeto básico licitado. RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO 236202 LOTE 4 – CONSÓRCIO SULTEPA/PEDRASUL CONSTATAÇÃO 031: PATOLOGIA GRAVE EM SERVIÇO DE RESTAURAÇÃO DA PISTA DE ROLAMENTO. Em inspeção "in loco" realizada nos dias 06, 07 e 08 de julho de 2010 identificou-se exsudação de material asfáltico com nível de severidade alta em três segmentos (km 331 ao 337; km 358+500 ao 371; km 398 ao 409) nos quais foram executados, pela empresa contratada, serviços de fresagem e recomposição do revestimento em CBUQ. Tal situação apresenta risco aos usuários da rodovia frente a baixa resistência do revestimento à derrapagem pela redução/perda da macrotextura, comprometendo a aderência pneu/pavimento principalmente em presença de umidade e água na pista de rolamento. A patologia relatada decorre de dosagem inadequada da mistura asfáltica (excesso de ligante e/ou índice de vazios baixo) ou temperatura do ligante acima da especificada no momento

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da mistura, indicando que houve problemas de projeto da mistura asfáltica ou de execução da mesma pela empresa contratada. Registra-se que o edital de licitação no capítulo III Indicações Particulares no item 6 - Responsabilidade da Contratada em relação à qualidade da obra dispõe que "O projeto da Mistura do Concreto Asfáltico será de responsabilidade do Contratado". Frente a situação identificada foi solicitado por meio da SF nº 236201/03/CGU-R/RS ao DNIT informar quais as medidas adotadas visando solucionar o problema relatado, pois conforme identificado nas medições do contrato tais serviços foram atestados como executados. Em resposta, por meio do Ofício nº 01474/2010/SR/RS, de 20 de agosto de 2010, o DNIT informou: "Os segmentos que apresentaram exsudação/espelhamento foram verificadas por esta fiscalização após já haverem sido realizadas a execução dos serviços e pagamentos dos mesmos nas medições mensais (fotos em anexo dos serviços antes da exsudação/espelhamento). O início do fenômeno se deu após os primeiros dias que apresentaram temperaturas elevadas da primavera/verão de 2009/2010 (primeira quinzena de novembro de 2009). Mediante esta verificação realizada pela fiscalização, solicitou-se imediato estudo para que fosse apresentado pelo consórcio contratado novo projeto de Concreto Asfáltico bem como verificações na linha de produção em possível problema na usinagem do CBUQ (conforme ofício anexo). Conforme a solicitação da fiscalização, foi elaborado pelo consórcio contratado novo projeto de Concreto Asfáltico que foi apresentado ao DNIT e encaminhado a Consultora para avaliação, como procedimento já ocorrido no primeiro projeto de CBUQ; bem como o consórcio Sultepa/Pedrasul implementou dosador de finos resultantes do filtro de manga na usina de CBUQ para minimizar os problemas aqui relatados. Como resultado o concreto asfáltico resultante do segundo projeto apresentou melhor comportamento não apresentando até o momento estes problemas. Esta fiscalização, preocupada com o nível de atrito entre a pista e os pneus dos veículos, solicitou que fossem executados ensaios de Mancha de Areia nos locais onde ocorreram exsudação/espelhamento para avaliações do estado superficial da mesma. Os ensaios contaram com a participação do Consórcio contratado, da Consultora Ecoplan, do DNIT e da UFSM para verificação da macrotextura do revestimento asfáltico onde a UFSM (realizou os ensaios pela contratada) emitiu laudo informando que o pavimento apresenta textura superficial média a grossa (em anexo Laudo e encaminhamento para o Chefe de Engenharia da SRERS/DNIT e Consultora). Solicitou-se também, de forma verbal à Polícia Rodoviária Federal, se haviam problemas de aquaplanagem/escorregamentos de veículos nos pontos elencados e recebemos a informação de que não havia este tipo de problema/acidente até o presente momento. Informamos que no trecho inicial do contrato, entre os Kms 330,5 ao 334, foram re-executados os serviços de Capa em CBUQ pelo Consórcio contratado, pois ocorreram problemas de formação de trilha de rodas um período após o aparecimento da exsudação/espelhamento. Salienta-se que nas Avaliações Mensais da Taxa de Manutenção e Conservação do contrato têm-se efetuado desconto nos locais onde este problema ocorreu, conforme preconiza o Edital. Após a realização de notificações pela Consultora e pela Fiscalização do DNIT para que fosse proposta uma solução para esta questão (já enviadas a Chefia de Engenharia da Superintendência). O Consórcio Responsável enviou documento (em anexo) dizendo que fará estudo em conjunto com seu consultor para verificações e evidenciar as causas deste problema. Este consórcio responsável pela obra coloca em dúvida se o problema trata-se de exsudação ou espelhamento bem como as causas do mesmo.

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Informamos também que o Engenheiro Chefe do Setor de Engenharia esteve em visita ao trecho na data de 11/08/2010 para verificação do fenômeno em loco e após foi realizada reunião com a presença de representantes do consórcio, DNIT e consultora. Após o recebimento do relatório com as conclusões e pareceres necessários e envio para a Consultora e Chefia de Engenharia SRERS, esta fiscalização solicitará reunião com estes para definição de qual o procedimento a ser adotado." Em que pese as informações prestadas pelo engenheiro fiscal do contrato demostrando preocupação por parte do DNIT para diagnosticar a causa do problema relatado, salienta-se que até o término dos trabalhos de fiscalização não foram informados os procedimentos/providências a serem adotados para a solução do problema detectado. Evidências: a) registro fotográfico da patologia:

km 333+200 - Exsudação de material asfáltico Data: 06/07/2010 Hora:15:28 coordenada: S29º39.571' W054º.40.475'.

km 333+200 - Exsudação de material asfáltico Data:06/07/2010 Hora:15:28 Coordenada:S29º39.571' – W054º.40.475'.

km 333+200 - Exsudação de material asfáltico Data:06/07/2010 Hora:15:28 Coordenada: S29º39.571' - W054º.40.475'.

km 364+000 - Exsudação de material asfáltico Data:07/07/2010 Hora: 9:16 Coordenada: S29º25.810' -W054º43.282'.

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km 364+000 Exsudação de material asfáltico (Sentido SãoBorja/POA) Data:07/07/2010 Hora:9:16 Coordenada: S 29º25.810' – W054º43.277'.

km 398+000 Exsudação de material asfáltico Data:07/07/2010 Hora:10:54 Coordenada: S29º10.474' - W054º49.016'.

km 398+000 Exsudação de material asfáltico Data:07/07/2010 Hora:10:54 Coordenada: S29º10.474' – W054º49.016'.

km 399+000 Exsudação do material asfáltico (sentido SãoBorja/Poa) Data:08/07/2010 Hora:13:45 Coordenada:S29°10171- W054°51704

RELATÓRIOS DE FISCALIZAÇÃO 236193 e 236194 LOTE 5 – CONTERRA/SCL PREJUÍZO APURADO: 3.232.191,62. CONSTATAÇÃO 032: PROBLEMAS EXECUTIVOS NO TRATAMENTO SUPERFICIAL DUPLO COM POLÍMEROS. Foi verificada a existência de falhas na execução do tratamento superficial duplo (TSD) com polímero, na pista de rolamento, entre os km 469+300 ao 472+000 (lado direito), 475+000 ao 476+000 e do 478+000 ao 478+800. Entre os km 469+300 ao 472+000 o problema detectado consistia na ausência de material pétreo em panos executados. A causa provável do defeito verificado deve-se a falhas de "bico" durante a execução do TSD. Evidências: a) Registro fotográfico efetuado durante a fiscalização "in loco" no dia 07/07/2010.

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km 469 + 300 Falha na execução do TSD na pista de rolamento no lado direito Data:07/07/2010 Coordenada S28º59.175 – W055º27.236'

km 469 + 300 Falha na execução do TSD na pista de rolamento no lado direito Data: 07/07/2010 Coordenada S28º59.175 - W055º27.236'

CONSTATAÇÃO 033: PAGAMENTO INDEVIDO DE MATERIAL E DE TRANSPORTE. Analisando as composições de preço unitário dos itens de serviço "CBUQ" e "CBUQ massa fina" do consórcio vencedor do certame licitatório identificamos: i) que as DMTs (distâncias médias de transporte) da massa asfáltica (usina-obra) e da brita graduada (depósito-usina), utilizadas para definição do preço unitário dos serviços elencados, não refletem a situação observada em campo durante a fiscalização; e ii) que a inclusão do insumo "areia" está em desacordo com os projetos das respectivas misturas asfáltica, que não apresentam este material como componente. i) Enquanto as DMTs, utilizadas para definição dos preços unitários pelo consórcio, dos itens de serviço "CBUQ" e "CBUQ massa fina" indicam os seguintes valores: 28 km para a brita graduada e 58 km para a massa asfáltica (CBUQ), as distâncias médias obtidas tendo como base a localização das instalações industriais utilizados pelo consórcio (pedreira e usina de CBUQ) no km 504+00 da BR-287/RS, são de 41,3 km para a massa asfáltica e para o material pétreo não há deslocamento depósito-usina. Quadro I: Diferenças apuradas nas DMT

Material DMT (km)

Orçada pelo consórcio Identificada in loco

Massa asfáltica (usina-obra) 58 41,3

Pedra Britada (depósito- usina) 28 0

Fonte e método: Elaborado com base nas composições de preços unitários do consórcio vencedor do certame licitatório

ii) Os projetos das misturas asfálticas (CBUQ e CBUQ massa fina), disponibilizados pelo engenheiro fiscal do contrato, não apresentam em sua composição granulométrica o insumo "areia" conforme pode ser observado no Quadro que segue:

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Quadro II: Composição granulométrica CBUQ e CBUQ massa fina

Material Porcentagem (%)

CBUQ CBUQ massa fina

Agregado 1 (Brita 1/2”) 25,65 24,00

Agregado 2 (Brita 3/8”) 30,40 34,00

Agregado 3 (Pó-de-pedra”) 37,05 40,00

Agregado 4 (Cal hidratado) 1,90 2,00

CAP 50/70 5,00 5,20

Total 100,00 100,00

*Fonte: Resumo do projeto de mistura asfáltica (CBUQ e CBUQ massa fina)

A análise conjunta das diferenças de DMTS (proposta do consórcio X real) com o pagamento indevido do transporte de areia reduz o preço unitário do CBUQ em R$ 67,59 (sessenta e sete reais e cinquenta e nove centavos) e do CBUQ - massa fina em R$ 77,66 (setenta e sete reais e sessenta e seis centavos), conforme pode ser observado a seguir. Quadro III: CBUQ

Transporte Código Unid. ConsumoDMT –

proposta (km)

Custo (R$)

Custo unitário

proposta(R$)

DMT identificada

(km)

Custo unitário (R$*)

De brita depósito-usina 216 m3xkm 0,45 28,00 0,50 6,27 0,00 0,00

Areia depósito-usina 206 m3xkm 0,36 180,00 0,50 32,42 0,00 0,00

Massa asfáltica usina-obra

221 tonxkm 1,00 58,00 0,75 43,50 41,30 31,00

Total 82,19 Total 31,00

Total com BDI de 33,58% (preço) **

109,80

Total com BDI de 33,58% (preço) **

41,41

* O custo unitário foi calculado com base nas DMTs identificadas durante a fiscalização consideraram o o custo unitário dos itens de transporte orçados pelo consórcio vencedor do certame. Não foi efetuada análise dos custos unitários propostos pelo consórcio. ** Não foi efetuada análise do BDI. Para efeito da verificação dos valores de preço unitário do serviço foi mantido o BDI da proposta. Quadro IV: CBUQ – massa fina

Transporte Código Unid. ConsumoDMT –

proposta (km)

Custo (R$)

Custo unitário

proposta(R$)

DMT identificada

(km)

Custo unitário (R$*)

De brita depósito-usina 216 m3xkm 0,448 28,000 0,500 6,220 0,000 0,000

Areia depósito-usina 206 m3xkm 0,439 180,000 0,500 39,420 0,000 0,000

Massa asfáltica usina-obra

221 tonxkm 1,000 58,000 0,750 43,500 41,300 31,000

Total 89,140 Total 31,000

Total com BDI

(33,58%) ** 119,070 41,410

* O custo unitário foi calculado com base nas DMTs identificadas durante a fiscalização considerando o custo unitário dos itens de transporte orçados pelo consórcio vencedor do certame. Não foi efetuada análise dos custos unitários propostos pelo consórcio. ** Não foi efetuada análise do BDI utilizado pelo consórcio. Para efeito da verificação dos valores de preço unitário do serviço foi mantido o BDI da proposta. Cabe registrar que não foi retirado do preço total dos serviços em análise o material "areia". Embora não conste como integrante do projeto da mistura asfáltica, tal premissa foi definida,

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haja vista, que, como não foi utilizado o insumo areia na mistura, ocorre o aumento do consumo de material pétreo, compensando entre si os custos desses insumos. Considerando os quantitativos acumulados de "CBUQ" e "CBUQ massa fina", constantes na última medição amostrada (13ª) de 9.744 t e 26.223,96 t, respectivamente, o valor pago a maior, referente às DMTS é de R$ 2.695.149,69 (R$ 658.596,96 do CBUQ e R$ 2.036.552,73 do CBUQ massa fina) a preços iniciais. O valor calculado de prejuízo equivale a 7,5% do valor contratado (R$ 36.084.125,13). Salientamos que não foi efetuada avaliação dos preços unitários dos serviços relacionados ao apontamento. Evidências: b) Projeto da mistura asfáltica para o CBUQ e CBUQ - massa fina da empresa vencedora do certame licitatório. c) Planilha de preços unitários da proposta da empresa vencedora do certame referente aos itens de serviço "CBUQ", "CBUQ - massa fina" e "CAP 50/70 - aquisição". d) 02 (duas) últimas planilhas de medições dos serviços realizados (12ª e 13ª medições). e) Planilha de preços unitários do projeto licitado referente aos itens de serviço "CBUQ" e "CBUQ - massa fina". CONSTATAÇÃO 034: PAGAMENTO INDEVIDO DE LIGANTE ASFÁLTICO. Constatamos que os teores de ligante asfáltico utilizados para quantificar o consumo de CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo 50/70 nas medições amostradas (13 e 14ª), de 6 % e 6,5 % para os serviços de CBUQ e CBUQ massa fina, respectivamente, são superiores aos teores ótimos definidos nos projetos das misturas asfálticas (5,0% e 5,2%) apresentados pelo consórcio vencedor do certame. Quadro I: Teores de ligante asfáltico

Teor de asfalto projeto Teor de asfalto orçado Teor de asfalto atestado (*)

CBUQ 5,00% 6,00% 6,00%

CBUQ – massa fina 5,20% 6,50% 6,50%

* Considerando o quantitativo de CAP 50/70 atestado na última medição amostrada (13ª)

O reflexo do atesto a maior dos percentuais de ligante asfáltico nos quantitativos acumulados dos serviços de "CBUQ" e "CBUQ-massa fina" tendo como base a última medição amostrada (13ª) identificam quantitativo de ligante asfáltico a maior em 438,35 toneladas (CAP 50/70), conforme pode ser observado a seguir. Quadro II: Demonstrativo do quantitativo de ligante asfáltico a maior

Quantidade atestada (t*)

Quantidade de CAP50/70 atestada ( t *)

Quantidade de CAP 50/70 calculada conforme projeto de

CBUQ (**)

Quantitativo a maior de CAP 50/70 (t)

CBUQ 9.744,000 584,640 487,20 97,44

CBUQ – massa fina 26.223,960 1.704,557 1.363,65 340,91

Total 2.289,200 1.850,85 438,35

Fonte e método: Elaborado com base na 13ª medição do contrato e nos projetos de mistura asfálticas disponibilizados pelo engenheiro fiscal do contrato. * Conforme quantitativo acumulado constante na 13ª medição do contrato ** Cálculo considerando o percentual de asfalto de 5,0% para o CBUQ e 5,2% para o CBUQ massa fina, conforme constante nos projetos de CBUQ disponibilizados pelo engenheiro fiscal do contrato.

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O prejuízo quantificado referente ao quantitativo atestado a maior de ligante asfáltico de 438,35 t (aquisição de CAP 50/70), perfaz um montante de R$ 537.041,93 (438,35 t ao preço unitário de R$ 1.225,14) a preços iniciais, correspondendo a 1,49% do contrato (R$ 36.084.125,13). Salientamos que não foi efetuada avaliação dos preços unitários que compõem esse item de serviço. Evidências: a) Projeto da mistura asfáltica para o CBUQ e CBUQ-massa fina da empresa vencedora do certame licitatório. b) Planilha de preços unitários da proposta da empresa vencedora do certame referente aos itens de serviço "CBUQ", "CBUQ - massa fina" e "CAP 50/70 - aquisição". c) 02 (duas) últimas planilhas de medições dos serviços realizados (12ª e 13ª medições). d) Planilha de preços unitários do projeto licitado referente aos itens de serviço "CBUQ" e "CBUQ - massa fina". II.4.4 - DO SISTEMA DE PESAGEM DE VEÍCULOS – PPV (CGPERT) Embora não conste do rol de obras citadas nas recentes denúncias da imprensa, trata-se de procedimento licitatório de grande relevância e materialidade que já vinha sendo acompanhado pela CGU antes da veiculação da reportagem que deflagrou esta ampla avaliação dos problemas do DNIT. A relevância está diretamente relacionada às externalidades positivas nas rodovias federais do país, advindas da futura contratação de empresa para monitoramento do peso dos veículos de carga em tráfego na malha rodoviária nacional, por meio da redução da necessidade das intervenções de manutenção decorrentes do excesso de cargas transportadas. Já a materialidade refere-se diretamente ao valor do orçamento do referido certame que é de R$ 1.129.675.209,23 (um bilhão cento e vinte e nove milhões seiscentos e setenta e cinco mil duzentos e nove reais e vinte e três centavos), cuja data-base é Maio/2010. Por estes motivos, optou-se por inserir os fatos relacionados a esse certame. a) DO SISTEMA DE PESAGEM DE VEÍCULOS - PPV As informações a seguir representam os resultados obtidos da avaliação ao Edital nº 162/2011, que trata da concorrência pública do tipo “menor preço” para a contratação de empresas ou consórcio de empresas para a execução de serviços inerentes à preservação da integridade da infraestrutura e da segurança de trânsito nas rodovias federais pavimentadas, mediante a elaboração de projetos executivos, construção e manutenção de postos de pesagem, disponibilização, instalação, operação e manutenção de sistemas fixos e portáteis de pesagem dinâmica e de equipamentos e sistemas associados, sob jurisdição do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT. Os seguintes aspectos foram contemplados na realização das verificações: análise da conformidade legal dos Processos nº 50600.005406/2007-72 e 50600.0004623/2008-26, os quais tratam da elaboração e aprovação dos projetos básicos; verificação de conformidade dos projetos básicos entregues pelo Departamento de Engenharia e Construções do Exército Brasileiro – DEC/EB, aprovados pela CGPERT, com as instruções de serviço supracitadas e outras normas aplicáveis aos serviços contratados; análise do processo licitatório nº 50600.003790/2009-31,

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que deu origem ao Edital nº 162/2011; e análise do Edital nº 162/2011, buscando opinar sobre a conformidade das cláusulas quanto à ausência de restrição à competitividade, especialmente as referentes à subcontratação e à qualificação econômico-financeira, e sobre a adequabilidade das especificações previstas para a execução dos serviços. O Plano Nacional de Pesagem – PNP foi concebido pelo DNIT visando à implementação de um controle de peso efetivo na malha rodoviária federal, que evite a deterioração precoce das rodovias causada pelo tráfego de veículos com excesso de peso. A implantação do PNP consiste em estabelecer a operação de 239 (duzentos e trinta e nove) postos de pesagem de veículos em pontos estratégicos da malha rodoviária federal, e foi prevista em duas etapas, quais sejam: - 1ª etapa: operação de 78 (setenta e oito) postos de pesagem, sendo 45 (quarenta e cinco) fixos

e 33 (trinta e três) móveis. Estes postos já possuíam alguma infraestrutura instalada, sendo necessária reforma ou revisão de equipamentos em alguns deles, para início da operação. Para execução desta etapa o DNIT firmou 16 (dezesseis) contratos em julho/2008, estando atualmente em operação 77 (setenta e sete) postos de pesagem.

- 2ª etapa: construção e operação de 161 (cento e sessenta e um) novos postos de pesagem,

sendo 94 (noventa e quatro) fixos e 67 (sessenta e sete) móveis. A operação dos postos de pesagem de veículos do tipo fixo tem por objetivo o controle de peso em pontos de rodovias com elevado volume diário médio de veículos comerciais, compreendendo infraestrutura adequada para operações de movimentação de cargas e transbordo, contemplando uma balança seletiva (média ou alta velocidade) para pré-seleção dos veículos sobrecarregados e uma balança de baixa velocidade, homologada pelo INMETRO, responsável pela autuação dos eventuais veículos sobrecarregados. Os postos móveis são instalados em pontos de rodovias com baixo volume diário médio de veículos comerciais ou em rotas de fuga dos postos de pesagem fixos, e são operados mediante o uso de balanças portáteis destinadas ao controle de peso, além de pesagens estatísticas. A licitação realizada por meio do Edital nº 162/2011 representa o início da execução da segunda e final etapa do PNP. O projeto básico que especifica o objeto desta licitação é composto por: - projetos das obras de construção dos postos de pesagem, os quais foram elaborados pelo

Departamento de Engenharia de Construção do Exército Brasileiro - DEC/EB, mas que sofreram alterações posteriores pela CGPERT;

- e pelo Termo de Referência – Anexo I do Edital, que contempla as diretrizes para a elaboração dos projetos executivos pelas futuras contratadas e as especificações para os serviços de operação dos postos de pesagem, disponibilização e manutenção de equipamentos e veículos, e conservação de infraestrutura.

A partir da análise da conformidade legal e do conhecimento dos processos, documentos do edital e projetos, bem como dos esclarecimentos prestados pelo DNIT em resposta às solicitações de auditoria expedidas, a equipe de auditoria buscou emitir opinião sobre o processo licitatório e outros aspectos relacionados ao objeto licitado, quais sejam: Quanto às transferências concedidas para o DEC/EB para a elaboração do projeto básico:

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Verificou-se que desde 2004, o DNIT vem repassando recursos ao Exército Brasileiro destinados à elaboração de projetos para os novos postos de pesagem de veículos. Inicialmente, em 26/11/2004, o DNIT celebrou o Convênio nº PP-207/2004 com o Comando do Exército – Instituto Militar de Engenharia, sendo este convenente formalmente alterado para o DEC/EB em 31/10/2005. O valor transferido foi de R$ 10.118.152,35 e o objeto consistia na elaboração do PNP, projetos básicos e executivos dos postos de pesagem. Em 10/08/2006, por meio da Portaria nº 1006, foi firmada outra transferência de recursos para o DEC/EB, no valor de R$ 12.520.000,00, destinado a estudos e atividades de coordenação inerentes à implantação, adequação e operação dos postos de pesagem de veículos em apoio ao PNP, o que incluía a elaboração de projetos básicos. Por fim, foi firmada uma terceira transferência para o DEC/EB no valor de R$ 3.054.000,00, mediante a Portaria nº 1.203 de 25/07/2007, cujo objeto era a readequação dos projetos básicos.

Da análise dos processos relativos às citadas transferências, foram identificadas as seguintes impropriedades, as quais serão detalhadas em CONSTATAÇÕES específicas deste Relatório:

- CONSTATAÇÃO 035 - Ausência de avaliação e aceitação dos produtos realizados mediante transferências celebradas com o DEC/EB, evidenciando controle e acompanhamento precário dos recursos repassados.

- CONSTATAÇÃO 036 - Celebração de transferência destinada à execução da readequação dos projetos básicos sem definição adequada das especificações e dos custos dos serviços. Quanto aos projetos básicos das obras de construção dos postos de pesagem:

A versão final dos projetos básicos foi encaminhada pelo DEC/EB à CGPERT em 02/04/2009. Contudo, as diretrizes necessárias à elaboração e apresentação destes projetos somente foram formalmente estabelecidas em 21/07/2009, com a expedição da Instrução de Serviço nº 09, expedida pelo Diretor-Geral da Autarquia. Trata-se de documento base de análise dos produtos entregues pelo DEC/EB, no qual estão indicados uma série de critérios técnicos que deveriam ser respeitados nos projetos básicos apresentados pelo DEC/EB ao DNIT.

Pouco tempo depois, em 28/07/2009, foi publicada a Portaria nº 900, também do Diretor-Geral, que delegou à CGPERT a competência para a revisão e aprovação dos projetos resultantes dos serviços do Plano de Trabalho nº 30.001.07.01.54.02, função atribuída regimentalmente à Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP. Em 18/08/2009, o Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias submeteu os projetos ao Coordenador de Operações para aprovação após análise e parecer da área técnica. O Coordenador de Operações, por sua vez, submeteu os projetos à área técnica em 28/08/2009. Em 25/05/2010, ou seja, nove meses depois, a área técnica apresentou sua análise e parecer, por meio da Nota Técnica nº 001/2010/CGPERT/DIR, de 24/05/2010. Como justificativas para a demora, a área técnica informou: a existência de divergências quanto ao estabelecido na IS/DG nº 09/2009 e consequentes encontros com a equipe técnica responsável pela elaboração dos projetos básicos a fim de dirimir tais ocorrências; a dificuldade de formação de comissão de servidores, em virtude da deficiência no quadro de servidores da CGPERT, saneada, parcialmente, após a nomeação de novos servidores ocorridas a partir de dezembro de 2009; e a demora na entrega da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART por parte do Exército, ocorrida somente em 17/05/2010. O parecer da área técnica concluiu que os projetos básicos encontravam-se em condições de aprovação, embora com ressalvas, apresentando sugestões e recomendações que deveriam ser

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atendidas quando da elaboração do edital de licitação e respectivo termo de referência para a execução da 2ª etapa do PNP. O Coordenador de Operações aprovou o parecer e o submeteu ao Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias, que aprovou os projetos básicos mediante a Portaria nº 588, de 31/05/2010. Entretanto, verificou-se que a CGPERT, sob a justificativa da necessidade de reduções de custos de instalação e operação dos postos, promoveu, na publicação do edital de licitação dos postos, alterações de quantitativos de serviços e de soluções técnicas previstas no projeto aprovado. Da análise do processo relativo à aprovação dos projetos básicos apresentados pelo DEC/EB e das manifestações da CGPERT sobre as alterações posteriores promovidas, apresentadas em resposta a solicitações de auditoria, foram identificadas as seguintes impropriedades, as quais serão detalhadas em CONSTATAÇÕES específicas deste Relatório: - CONSTATAÇÃO 037 - Aprovação de projeto básico sem observância aos critérios estabelecidos na IS/DG nº 09/2009. - CONSTATAÇÃO 038 - Ausência de especificações no Projeto Básico necessárias à execução das obras. - CONSTATAÇÃO 039 - Alteração do projeto básico aprovado sem a devida formalização legal. - CONSTATAÇÃO 040 - Alterações no projeto básico sem devida justificativa técnica e sem previsão das especificações necessárias. - CONSTATAÇÃO 041 - Sobrepreço em itens do orçamento da licitação referente às obras de construção dos PPV.

Quanto ao Edital nº 162/2011: A equipe de auditoria analisou as cláusulas do edital, buscando opinar sobre a sua conformidade quanto à ausência de restrição à competitividade. Algumas questões, tais como as cláusulas relativas à subcontratação e à qualificação econômico-financeira, foram questionadas ao DNIT e devidamente esclarecidas, não tendo sido evidenciadas impropriedades. Também foi objeto de análise o Termo de Referência, de autoria do Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias, conforme por ele declarado à fl. 998 do Processo nº 50600.003790/2009-31. O Termo de Referência estabelece as especificações necessárias à execução do objeto da licitação, que compreende as seguintes etapas: - elaboração dos projetos executivos dos postos de pesagem; - construção dos postos de pesagem, que deverá ocorrer segundo os projetos executivos a ser aprovados; - e operação dos postos de pesagem. A análise do Termo de Referência buscou avaliar os riscos da execução do objeto licitado, decorrentes do planejamento e das especificações dos serviços, principalmente as referentes à operação. A partir desta análise foram identificadas as seguintes impropriedades, as quais serão detalhadas em CONSTATAÇÕES específicas deste Relatório:

- CONSTATAÇÃO 042 - Risco de atraso no cronograma e de aumento futuro do custo contratual em razão de o licenciamento ambiental e a desapropriação ocorrerem em fase posterior à licitação e sob responsabilidade do DNIT.

- CONSTATAÇÃO 043 - Definição precária das especificações necessárias à execução dos serviços de disponibilização e manutenção de equipamentos e veículos.

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Ainda no escopo da análise do Edital, foi verificada a metodologia de estabelecimento dos preços dos serviços previstos para o contrato na fase de operação dos postos, uma vez que não foram previstos no projeto básico elaborado pelo DEC/EB. A partir desta verificação foram identificadas as seguintes impropriedades, as quais serão detalhadas em CONSTATAÇÕES específicas deste Relatório: - CONSTATAÇÃO 044 - Metodologia imprópria de obtenção do preço de referência de disponibilização e manutenção de equipamentos. - CONSTATAÇÃO 045 - Ausência de orçamento de referência individualizado para cada equipamento a ser disponibilizado e mantido pela contratada, podendo acarretar em prática de “jogo de planilha” com consequente prejuízo ao erário. CONSTATAÇÃO 035: AUSÊNCIA DE AVALIAÇÃO E ACEITAÇÃO DOS PRODUTOS REALIZADOS MEDIANTE TRANSFERÊNCIAS CELEBRADAS COM O DEC/EB, EVIDENCIANDO CONTROLE E ACOMPANHAMENTO PRECÁRIO DOS RECURSOS REPASSADOS. Desde 2004, o DNIT vem repassando recursos ao Exército Brasileiro destinados à elaboração de estudos e projetos para os novos postos de pesagem de veículos. A responsabilidade pelo acompanhamento da execução destes recursos esteve a cargo da CGPERT. Inicialmente, em 26/11/2004, o DNIT celebrou o Convênio nº PP-207/2004 com o Comando do Exército – Instituto Militar de Engenharia, sendo este convenente formalmente alterado para o DEC/EB em 31/10/2005. O valor transferido foi de R$ 10.118.152,35 e o objeto consistia no desenvolvimento de estudos para o desenvolvimento do monitoramento remoto de cargas (Plano Diretor Nacional Estratégico de Pesagem), o que incluía a elaboração de projetos básicos e executivos para os postos de pesagem. Em análise ao Processo nº 50600.005985/2003-20, relativo à transferência, não foi identificado qualquer documento que avalie ou aceite os produtos apresentados pelo DEC/EB, também não tendo sido evidenciada a existência de portaria de aprovação dos projetos entregues. Em 10/08/2006, por meio da Portaria nº 1006, o DNIT celebrou outra transferência de recursos para o DEC/EB, no valor de R$ 12.520.000,00, conforme Plano de Trabalho nº 30.001.06.01.54.02, aprovado pelo Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias em 12/06/2006, destinada à realização de estudos e atividades de coordenação inerentes à implantação, adequação e operação dos postos de pesagem de veículos em apoio ao PNP, o que incluía a elaboração de projetos básicos. Da mesma forma que na primeira transferência, no Processo nº 50600.005638/2006-40 não se identificou qualquer documento que evidencie a avaliação ou aceitação dos produtos pela CGPERT, ou por outra área do DNIT. Também não foi evidenciada a existência de portaria de aprovação dos projetos entregues. A ausência da avaliação e aceitação dos produtos das transferências evidencia o controle e acompanhamento precário por parte da CGPERT sobre os recursos repassados. CONSTATAÇÃO 036: CELEBRAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DESTINADA À EXECUÇÃO DA READEQUAÇÃO DOS PROJETOS BÁSICOS SEM DEFINIÇÃO ADEQUADA DAS ESPECIFICAÇÕES E DOS CUSTOS DOS SERVIÇOS.

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A equipe de auditoria analisou o Processo nº 50600.005406/2007-72, referente à transferência concedida pelo DNIT ao DEC/EB no valor de R$ 3.054.000,00, celebrada por meio da Portaria nº 1.203 de 25/07/2007, conforme Plano de Trabalho nº 30.001.07.01.54.02 aprovado pelo Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias em 13/07/2007, cujo objeto foi a readequação dos projetos básicos dos postos de pesagem. Verificou-se que não constam do Plano de Trabalho, tampouco em documentos acostados ao Processo nº 50600.005406/2007-72, as especificações necessárias à execução dos serviços pelo DEC/EB e o detalhamento adequado do custo destes serviços. No Plano de Trabalho, as especificações dos serviços a serem executados atêm-se somente a informar que seriam readequados os projetos de 160 postos, sendo 100 fixos e 60 móveis, e que os serviços contemplam estudos e trabalhos de campo e readequação de projeto em escritório. No entanto, não foram definidos quais os tipos de alterações seriam realizados nos projetos básicos, nem quais postos teriam seus projetos adequados. Ademais, observou-se que a definição dos custos no Plano de Trabalho se restringiu a valores globais, sem qualquer discriminação dos serviços acordados. Ou seja, a transferência foi efetuada com base em um Plano de Trabalho genérico e impreciso, que não possibilitou justificar os valores apresentados, bem como definir as etapas de entregas e especificações dos produtos previstos. Em que pese se tratar de um destaque orçamentário, em que são dispensadas formalidades exigidas na IN da STN nº 01/97 para os convênios em geral, o Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias não poderia ter aprovado o repasse de recursos sem estabelecer com o DEC/EB uma definição clara e formal das especificações do objeto a ser apresentado e sem uma adequada avaliação dos custos dos serviços a serem executados. Nesse sentido, ressalta-se o disposto no § 1º do art. 2º da Instrução Normativa da STN nº 01/97 que estabelece que integrará o Plano de Trabalho a especificação completa do bem a ser produzido ou adquirido e, no caso de obras, instalações ou serviços, o projeto básico, entendido como tal o conjunto de elementos necessários e suficientes para caracterizar, de modo preciso, a obra, instalação ou serviço objeto do convênio, ou nele envolvida, sua viabilidade técnica, custos, fases ou etapas, e prazos de execução, devendo, ainda, conter os elementos discriminados no inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. CONSTATAÇÃO 037: APROVAÇÃO DE PROJETO BÁSICO SEM OBSERVÂNCIA AOS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS NA IS/DG Nº 09/2009. Conforme consta da Portaria nº 900, de 28/07/2009, que delega a competência para aprovação dos projetos à CGPERT, deveriam ser observadas todas as normas contidas na IS/DG nº 09, de 21/07/2009, que estabelece as diretrizes para a elaboração e apresentação dos projetos básicos relativos aos serviços de implantação de postos de pesagem. A fim de avaliar o cumprimento da referida determinação, a equipe de auditoria analisou os projetos básicos aprovados pelo Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias por meio da Portaria nº 588, de 31/05/2010, com o intuito de verificar se foram cumpridas as diretrizes da IS/DG nº 09/2009. Da análise do Processo nº 50600.004623/2008-26, que contém os atos relativos à aprovação dos projetos básicos, verificou-se que a Nota Técnica nº 01/2009/CGPERT/DIR/DNIT, de 24/05/2010, é o documento que formaliza a avaliação técnica de aceitação dos projetos básicos

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dos PPV, elaborado pelo DEC/EB. Segundo a Nota, os projetos apresentados pelo DEC/EB respeitam o estabelecido na IS/DG nº 09/2009, apesar de existirem deficiências nos projetos básicos relacionadas a requisitos de projeto estabelecidos em outros normativos do DNIT. Estas deficiências, independente da sua gravidade, foram mantidas, tendo os técnicos da CGPERT sugerido sua correção na fase de elaboração dos projetos executivos. No entanto, ao contrário do informado na Nota, observou-se que alguns critérios previstos na IS/DG nº 09/2009 não foram respeitados nos Projetos Básicos. Citam-se como exemplos de relevância: a ausência de especificações das fontes de materiais de jazidas a serem utilizados nos serviços de terraplanagem, conforme estabelecido no item 5.3.3 da IS/DG nº 09/2009; a ausência de detalhamento de projeto conforme estabelecido no item 2 da IS/DG nº 09/2009; e a ausência de justificativas técnicas para a implantação de postos de pesagem em locais distintos dos estabelecidos em diretrizes contidas no item 4.1 da IS/DG nº 09/2009. O descumprimento dos itens citados da IS/DG nº 09/2009 está detalhado a seguir, caso a caso. Descumprimento do item 5.3.3 da IS/DG nº 09/2009 Este item estabelece a necessidade indicação de fontes de materiais, tais como empréstimos, jazidas de cascalhos, areais e pedreiras, informando: - nome da fonte ou do proprietário; - área, volume utilizável e profundidade média, no caso de jazidas de cascalho ou empréstimo para terraplanagem; - caracterização, ISC e expansão, no caso de empréstimos ou jazidas. O estudo dos empréstimos e jazidas não constou dos projetos básicos entregues pelo DEC/EB e aprovados pela CGPERT, e por essa razão, por meio da Solicitação de Auditoria nº 2011112025/012, de 03/08/2011, foram solicitadas ao DNIT a disponibilização do referido estudo à equipe de auditoria, bem como justificativa para a sua ausência no projeto básico. Em resposta, a Auditoria Interna do DNIT encaminhou, por meio do Ofício nº 406/2011/AUDINT/DNIT, de 15/08/2011, o Memorando nº 7365/2011/CGPERT, de 12/08/2011, do qual retiram-se as justificativas apresentadas quanto ao fato:

“52. As ausências levantadas pela equipe de auditoria da CGU, relativas aos serviços de terraplanagem, são procedentes e reconhecidas por esta CGPERT. Deram-se em virtude do lapso temporal entra a (i) portaria que autoriza o primeiro destaque orçamentário, referente à elaboração dos projetos básicos dos postos de pesagem – 10/08/2006; (ii) a portaria que autoriza o destaque orçamentário para a readequação de tais projetos – 25/07/2007; (iii) a efetiva entrega de projetos básicos – 02/04/2009, e por fim (iv) a elaboração e publicação da Instrução de Serviço DG nº 09/2009.

53. A Coordenação-Geral, quando avaliou os projetos básicos ora em comento, o fez tentando adequá-los às novas diretrizes para avaliação de projetos básicos. Lógico é que tais projetos foram conduzidos em época anterior à assinatura e efetivo início das atividades atinentes à elaboração dos mesmos, o que impossibilitou o devido enquadramento do empreendimento em premissas posteriores.”

Como observado no excerto acima, a CGPERT ratifica a inexistência do estudo, identificada pela equipe de auditoria, e tenta minimizar a impropriedade argumentando que se tratou de critério estabelecido em momento posterior ao desenvolvimento dos projetos básicos.

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A justificativa não pode ser acatada, primeiramente porque, mesmo sendo posterior à entrega dos projetos, a IS/DG nº 09/2009 não poderia ser desrespeitada, por força do disposto na Portaria de delegação de competência para aprovação dos projetos à CGPERT. Além disso, a CGPERT omite o fato de que os termos da Instrução de Serviço já estavam sendo discutidos muito antes da entrega dos projetos pelo DEC/EB. Tal fato é evidenciado no processo nº 50600.003133/2008-11, no qual consta, à fl. 30, parecer da CGPERT datado de 13/06/2008 favorável à minuta da instrução de serviço para análise e aprovação dos projetos básicos do PPV, na qual constava tal critério. Ressalta-se ainda que a falta do estudo geológico das áreas de empréstimos já havia sido alertada pela CGDESP em momento anterior a entrega da revisão de projetos pelo DEC/EB, conforme o item 4 da Análise de Projeto nº 018/2008 realizada pela SISCON Consultoria de Sistemas Ltda., de 29/07/2008 (fls. 05-39 do processo nº 50600.004623/2008-26).

“Deverão ser apresentados os resultados dos ensaios de qualidade dos materiais dos empréstimos, areais, pedreiras e cascalheiras de acordo com o item 5.3.3 da Instrução de serviço Postos de Pesagem. Estes resultados podem ser obtidos de projetos existentes das rodovias onde se localizam os postos, ou junto aos proprietários das próprias ocorrências quando se tratarem de ocorrências comerciais. Deverão constar ainda distâncias de transportes em rodovias pavimentadas e não pavimentadas em relação ao eixo do projeto distinguindo cada tipo de ocorrência. (...) Concluída a análise, informamos que deverão ser atendidos os comentários acima para que o item Estudos Geológicos-geotécnicos, possa ser aceito.” (grifo nosso)

Ademais, a confirmação de que os termos contidos na IS/DG nº 09/2009 foram amplamente discutidos com o DEC/EB está contida no Item 1 da Parte B do Termo de Referência do Edital nº 162/2011, de onde se extrai o excerto abaixo:

“No decorrer dos anos de 2008 e 2009 a Diretoria de Obras Militares do Exército Brasileiro – DOM/DEC/EB, elaborou os projetos básicos de todos os postos de pesagem, ora ensejados. Os projetos básicos acima referidos foram largamente discutidos, seguindo a Instrução de Serviço/DG Nº 09 de 21 de julho de 2009 que estabeleceu as diretrizes para a elaboração e apresentação dos projetos básicos relativos aos serviços de implantação de postos de pesagem.”

Portanto, não há como imaginar que durante as várias reuniões que se sucederam com o Exército, desde a fase preliminar até a entrega definitiva dos projetos, as diretrizes de análise de projeto, previstas na minuta da Instrução de Serviço, não teriam sido apresentadas e discutidas com o DEC/EB; até porque a minuta da Instrução de Serviço é datada de 2006, ou seja, anterior à portaria que autoriza o destaque orçamentário para a readequação de tais projetos, que é de 27/07/2007. Do exposto, conclui-se que as justificativas apresentadas pela CGPERT para a aprovação do Projeto Básico sem o devido estudo geológico das jazidas não são plausíveis, sendo ignorados por representantes da Coordenação-Geral estudos essenciais para as quantificações de serviços de terraplanagem. Ressalta-se que a ausência do estudo geológico das jazidas possibilitou que técnicos da CGPERT majorassem os fatores de homogeneização e empolamento sem o devido embasamento técnico, quando do lançamento do Edital nº 162/2011. Tal ação foi justificada como uma tentativa de eliminar a necessidade de termos aditivos no momento da execução dos contratos. Entretanto, trata-se de uma superestimativa nos quantitativos dos serviços de terraplanagem, que permite a ocorrência de jogo de planilhas no momento da apresentação das propostas de preços dos licitantes, com potencial risco de dano ao erário na fase de execução do contrato.

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Descumprimento do item 2 da IS/DG nº 09/2009 Este item estabelece que os Projetos Básicos devem conter:

“Soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação durante as fases de elaboração do projeto executivo, execução das obras e montagem dos equipamentos de pesagem e acessórios”

Bem como:

“Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra”

Porém observa-se que a análise efetuada pela CGPERT deixou de apontar a falta de layout e de especificações técnicas do canteiro de obras, descumprindo a IS/DG nº 09/2009. Descumprimento do item 4.1 da IS/DG nº 09/2009 Este item estabelece as diretrizes básicas para a determinação dos locais dos postos de pesagem, dentre as quais citam-se: - segmento em nível; - minimização dos volumes de movimento de terra; - cortes, preferencialmente, em material de 1ª categoria; - segmento afastado de mananciais de água; - trecho afastado de conurbações e de postos de serviço (no mínimo 5 km). No entanto, o que se observou foi a aprovação de Projetos de PPV em localizações contrárias às estabelecidas nas diretrizes, sem que ocorresse a apresentação de justificativas técnicas. Citam-se, por exemplo, casos de localização de PPV em áreas com aclives e declives acentuados, implicando em consumo excessivo de serviços de terraplanagem, e próximos a corpos hídricos, conforme Quadro I abaixo: Quadro I: Postos localizados em aclives e declives acentuados

Posto Situação Observada 20.01.101.AL.F Talude de 11m 05.04.101.BA.F Talude de 8 m 03.03.116.CE.F Talude de 8m 12.05.060.GO.F Talude de 16m 12.09.153.GO.F Talude de 10m 06.13.122.MG.F Talude de 12m 06.03.262.MG.M Talude de 22m 06.16.356.MG.M Talude de 20m 06.24.381.MG.F Talude de16m 13.01.101.PB.F Talude de 18m 04.04.232.PE.F Talude de 16m 09.05.153.PR.F Talude de 22m 10.03.153.RS.F Talude de 18m 10.05.158.RS.F Talude de 12m 16.06.163.SC.F Talude de 8m 16.xx.282.SC.M Talude de 25m 16.01.282.SC.M Talude de10m 16.09.470.SC.F Talude de 10m 16.10.470.SC.F Talude de 10m 21.02.101.SE.F Talude de 10m 05.05.101.BA.F Corpo hídrico (lago) 20.02.101.AL.F Corpo hídrico (lago) 06.12.116.MG.F Rios na adjacências 16.03.470.SC.F Corpo hídrico (drenagem)

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Como justificativa para a adoção de postos em zonas de aclive e declive acentuado, a CGPERT se limitou a informar na nota técnica de aprovação do projeto:

“Conforme esclarecimentos dos técnicos do Exército Brasileiro, a elevada diversidade de relevos encontrados no território nacional, aliada à ocupação de áreas lindeiras às rodovias federais, impossibilitou o atendimento, em sua plenitude, da referida premissa. Entendemos, portanto, que tais deficiências não são impeditivos para a aprovação dos estudos ora em análise. Contudo, sugerimos incluir no termo de referência do futuro edital a possibilidade de flexibilidade na localização dos postos, resguardando-se a homogeneidade do local quanto ao tráfego, buscando sempre evitar grandes movimentos de massa.” (grifo nosso)

A sugestão da CGPERT de transferir à contratada a possibilidade de alteração da localização dos postos não tem amparo na IS/DG nº 09/2009, e ainda contraria a premissa contida nesta instrução, de que os projetos básicos devem ser suficientemente detalhados, de modo a minimizar a necessidade de reformulação no projeto executivo. CONSTATAÇÃO 038: AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÕES NO PROJETO BÁSICO NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DAS OBRAS. Ao analisar as especificações de serviços a serem executados durante a fase de obra dos postos, constantes do Tomo IV – Volume 04 do Projeto Básico, observou-se que alguns desses não apresentaram detalhamento suficiente, implicando em riscos de controle de execução e de aceitação pela fiscalização a ser realizada pelo DNIT. Estabelece o Inciso XI do Art. 6º da Lei 8.666/93:

“IX – Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição do método e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: (…) c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução” (grifo nosso)

Sendo a Lei 8.666/93 norma que fundamenta o processo licitatório em questão, o seu atendimento torna-se obrigatório, devendo qualquer inobservância aos seus termos serem revistos tempestivamente pela unidade responsável pelo Edital. Dentre as fragilidades identificadas nas especificações de serviços estão: a) Falta de detalhamento e especificações do canteiro de obras Ausência de projeto de execução de canteiro de obras e acampamentos nos Projetos Básicos Licitados, conforme determinado na IS/DG nº 015/2006, que compõe a fundamentação legal do Edital nº 162/2011.

Estabelece o item 1.2 - Volume 2 - Projeto de Execução - da Instrução de Serviço DG/DNIT n° 015/2006:

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“Incluir no Volume 2 - Projeto de Execução o projeto do canteiro de obras e dos acampamentos, observando as prescrições da NBR 6492 e, onde couber, as contidas na NBR 12.721 e NBR 12.722.”

b) Utilização indevida da composição 2 S 02 607 50 (CONCRETO CIMENTO PORTLAND C/ EQUIP. PEQUENO PORTE AC/BC) para a pavimentação de acesso as balanças A composição de preço unitário do serviço considera indevidamente utilização de betoneira, em obra onde o controle tecnológico exige a produção do concreto em centrais gravimétricas, afetando diretamente o custo de produção. Estabelece o item 4.9.1.4 – Execução do pavimento – das Especificações Técnicas que integram o Projeto Básico:

“O concreto deverá ser produzido em centrais do tipo gravimétrica, podendo os agregados serem medidos por pesagem acumulada, exceto o cimento, cuja massa deverá ser medida em balança separada. Esta central poderá ser do tipo misturadora ou dosadora, sendo a mistura, nesta última, em caminhões-betoneira. As balanças para pesagem dos materiais deverão ser periodicamente aferidas.”

Outrossim, não foi identificada nas referidas especificações a indicação de resistência e elasticidade mínima necessária para o aceite do serviço de pavimentação rígida. c) Não previsão de estrutura laboratorial (equipe e equipamentos) para realização de controle tecnológico da execução dos serviços de terraplanagem, pavimentação e drenagem. Não foram observadas nos documentos que integram o Edital nº 162/2011 a previsão da contratada instalar laboratório para a execução de ensaios de controle de qualidade de materiais empregados em serviços de terraplanagem, pavimentação e drenagem. CONSTATAÇÃO 039: ALTERAÇÃO DO PROJETO BÁSICO APROVADO SEM A DEVIDA FORMALIZAÇÃO LEGAL. Conforme se verificou na documentação pertinente ao Edital nº 162/2011, a CGPERT promoveu alterações nas soluções técnicas e quantitativos de serviços definidos no Projeto Básico anteriormente aprovado pela Portaria nº 588, de 31/05/2010, sob a justificativa da necessidade de redução de custos de contratação. No entanto, estas alterações foram efetuadas sem qualquer formalização processual. As alterações foram simplesmente introduzidas no orçamento do Edital e não tiveram qualquer fundamentação formalmente elaborada. Ao modificar as condições previamente estabelecidas pela projetista, deveriam ser elaborados pela CGPERT documentos que formalizassem as analises técnicas sobre o projeto e a validação de suas alterações, com a devida indicação dos responsáveis técnicos, conforme estabelece o Art. 1º da Instrução de Serviço/DG nº 15, de 20/02/2006 (normativo que compõe a fundamentação legal do Edital nº 162/2011):

“Art 1º - Os estudos e projetos de engenharia de infra-estrutura de transportes devem conter, além das previstas nas Normas e Instruções em vigor, as seguintes informações: 1.1 - Volume 1 - Relatório do Projeto e Documentos para Concorrência O volume 1 deverá conter:

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(…) 1.1.4 - Cópia da ART dos profissionais que desenvolveram cada um dos itens constituintes do projeto, mesmo se for elaborado por engenheiros da Superintendência Regional, objeto de convênio ou doado por algum órgão ou instituição. 1.1.5 - Relação dos profissionais responsáveis por cada um dos itens constituintes do projeto, com os nomes completos e respectivos números do CREA. (…) 1.1.8 - Declaração, no início do tópico relativo a cada item do projeto, de que os quantitativos foram verificados pelo projetista e que ele assume total responsabilidade pelos quantitativos apresentados (...)”.

Tal condição faz-se necessária, visto a perda de validade das declarações sobre projetos alterados. Solicitada a apresentar identificação do profissional responsável pela alterações, bem como publicação de portaria formalizando as alterações no projeto, a CGPERT, por meio do Memorando nº 7365/2011/CGPERT, limitou-se a informar:

“5. Quanto às alterações, verificadas entre o projeto básico analisado e aprovado e o projeto licitado, apontadas pelos auditores da CGU, temos a informar que o seu atendimento foi providenciado pelo Coordenador-Geral da época, sob sua supervisão direta, tendo esses ajustes como objetivo precípuo a adequação das instalações e a redução dos custos, quando comparados com aqueles estimados pelo Exército Brasileiro. 6. Desta forma, não temos como justificar, nesse momento, a ausência da ART solicitada.” (...) “49. Levando-se em consideração que as alterações e adequações introduzidas nos projetos básicos foram levadas a efeito pelas próprias equipes técnicas do DNIT, em função da exposição de motivos apresentada anteriormente, o Coordenador-Geral entendeu que não haveria a necessidade de portaria de aprovação das alterações introduzidas nos ditos projetos básicos, ainda mais levando-se em conta que o intuito dessas alterações foi adequá-los, buscando-se o aprimoramento técnico das soluções adotadas e, principalmente, a redução dos custos envolvidos com a construção dos postos de pesagem.”

Embora tenha apresentado justificativas para as alterações no projeto, a CGPERT confirma em sua manifestação que não formalizou suas ações em processo específico, contrariando orientações do art. 22 da Lei nº 9.784/1999, que estabelece que os atos dos processos administrativos devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura do responsável. Ressalta-se ainda que o Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias emitiu, à fl. 1003 do Processo nº 50600.003790/2009-31, declaração de que o orçamento da licitação “corresponde ao orçamento constante do projeto básico aprovado”, o que se trata de uma afirmação improcedente, tendo, portanto, induzido ao erro as demais áreas do DNIT que opinam na autorização do processo licitatório. Marçal Justen Filho, em sua obra “Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”, esclarece como um dos pressupostos de instauração da fase externa da licitação a existência e aprovação do projeto básico:

“Nenhuma licitação para obras e serviços pode fazer-se sem projeto básico(...). Mas é insuficiente a mera elaboração do projeto básico. Faz-se necessária sua aprovação, por ato formal e motivado da autoridade competente, a qual deverá avaliá-lo e verificar a sua adequação às exigências legais e aos interesses supra-individuais. A autoridade, ao aprovar o projeto, responsabiliza-se pelo juízo de legalidade e de conveniência adotado. (...) Como já decidiu o TCU, a aprovação do projeto básico não deve ser confundida com a autorização para elaboração do edital.” (conforme Acórdão nº 13/99-Plenário).”

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Do exposto, conclui-se que as alterações promovidas no projeto pela CGPERT, em desacordo com a legislação supracitada, são improcedentes, e consequentemente devem ser considerados atos nulos, por infringirem elemento constituinte de estrutura de atos administrativos: a forma - que é o revestimento exteriorizado do ato administrativo. Assim, a equipe da CGU entende que o Edital nº 162/2011 encontra-se eivado de vício insanável e, como tal, deverá ser revisto antes da continuidade do processo licitatório.

CONSTATAÇÃO 040: ALTERAÇÕES NO PROJETO BÁSICO SEM DEVIDA JUSTIFICATIVA TÉCNICA E SEM PREVISÃO DAS ESPECIFICAÇÕES NECESSÁRIAS. Conforme já abordado neste Relatório, a CGPERT promoveu alterações no Projeto Básico aprovado por meio da Portaria nº 588, de 31/05/2010. Além dessas alterações terem sido efetuadas sem qualquer formalização processual, a documentação disponibilizada aos licitantes como sendo o projeto básico das obras apresenta divergências entre o orçamento e os demais documentos de projeto, fato que prejudica o adequado entendimento das modificações promovidas. Somente constam esclarecimentos acerca das alterações efetuadas em relação ao Projeto Básico aprovado no item B do Termo de Referência do Edital, nos seguintes termos:

“No decorrer dos anos de 2008 e 2009 a Diretoria de Obras Militares do Exército Brasileiro – DOM/DEC/EB, elaborou os projetos básicos de todos os postos de pesagem, ora ensejados. Os projetos básicos acima referidos foram largamente discutidos, seguindo a Instrução de Serviço/DG Nº 09 de 21 de julho de 2009 que estabeleceu as diretrizes para a elaboração e apresentação dos projetos básicos relativos aos serviços de implantação de postos de pesagem. Na condução dos estudos e projetos as premissas básicas contidas naquela Instrução de Serviço deverão ser resguardadas. Dentre elas podem ser citadas as seguintes: - Concepção básica dos pavimentos: sub-base em concreto rolado e revestimento em concreto de cimento Portland e subleito com ISC mínimo de 7% referente ao proctor normal, somente nas alças de entrada e saída dos postos de pesagem e acesso aos pátios de estacionamento. - Os pátios de estacionamento tiveram a sua concepção original modificada em função da economicidade das obras. Em lugar de revestimento em concreto, será considerada uma camada de sub-base de concreto rolado, idêntica à que será aposta nas alças de entrada e saída dos postos de pesagem e acesso aos pátios de estacionamento, e sobre essa camada deverá ser aplicado colchão de areia e pavimento tipo bloquete. - Exclusão das edificações como ali consideradas, e em seu lugar a construção de uma base em concreto para acomodar instalações modulares de aço. Também essa modificação visou a economicidade e também a possibilidade de atos de vandalismo, caso o posto venha a ser desativado. - Introdução de tecnologia de pré-seleção de peso dos veículos de carga e de passageiros por meio de sensores instalados na rodovia. Além da instalação de sensores múltiplos na rodovia, o projeto prevê área para instalação de balança seletiva tradicional. Na eventualidade de algum PPV, por algum motivo técnico não suportar a instalação da nova tecnologia proposta, a CGPERT determinará a instalação de balança seletiva tradicional.”

Primeiramente, cabe ressaltar que o texto do Edital é confuso e apresenta informações equivocadas. As alterações de projeto foram citadas como premissas básicas contidas na IS/DG nº 09/2009, o que não é verdade. Esta instrução de serviço prevê a concepção anterior, existente

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no projeto básico, não estabelecendo a alteração do tipo de pavimento para o pátio dos postos fixos, a exclusão das edificações, nem a tecnologia de pré-seleção por sensores na rodovia. Não obstante a ausência de formalização processual, a equipe de auditoria buscou esclarecimentos junto ao DNIT quanto à fundamentação das quantidades e soluções adotadas no orçamento da licitação. Tomou-se como amostra os orçamentos e projetos dos postos de pesagem 15.04.316.MA.F e 16.07.280.SC.F, a serem construídos nas rodovias BR-316/MA e BR-280/SC, respectivamente, para os quais foram identificadas impropriedades relacionadas à falta de justificativas técnicas adequadas ou à ausência de especificações, nos itens apresentados a seguir: a) Alteração injustificada dos serviços de desmatamento, terraplenagem e da área de

pavimentação: Foram verificadas divergências entre os quantitativos do projeto básico previstos no Volume 5 - Tomo III e os quantitativos do orçamento da licitação (Volume 5 – Tomo IV) referentes aos serviços de terraplenagem e pavimentação, conforme exemplos a seguir: Quadro I: Divergências referentes aos serviços de terraplenagem SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM Projeto básico (Tomo III) Orçamento (Tomo IV)

PPV 15.04.316.MA.F

Desm. Dest. Limp. Áreas c/ Arv. Diam. Até 0,15m 37.616,00 m² 37.616,00 m²

Esc. Carga Tr. Mat 1ª C. DMT 50 A 200m 7.523,30 m³ 7.523,30 m³

Esc. Carga Tr. Mat 1ª C. DMT 1800 A 2000m 113.518,89 m³ 136.830,80 m³

Compactação De Aterros A 95% Proctor Normal 70.000,00 m³ 70.000,00 m³

Compactação De Aterros A 100% Proctor Normal 31.356,15 m³ 31.356,15 m³

Compactação De Material De "Bota-Fora" 6.717,23 m³ 6.717,23 m³

PPV 16.07.280.SC.F Desm. Dest. Limp. Áreas c/ Arv. Diam. Até 0,15m 32.146,00 m² 32.526,00 m²

Esc. Carga Tr. Mat 1ª C. DMT 400 A 600m 2.505,23 m³ 2.505,23 m³

Esc. Carga Tr. Mat 1ª C. DMT 800 A 1000m 119.076,00 m³ -

Escav. e Carga de Mater. De Jazida (Const E Restr) 168.022,06 m³ 58.997,48 m³

Transp. Local C/ Basc. 10m3 Rodov. Pav. (Const) 772.630,11 tkm 536.995,10 tkm

Rachão ou Pedra-De-Mão Comercial (Cont e Rest)/ PC 8.000,00 m³ -

Construção de Corpo de Aterro Em Rocha - 24.000,00 m³

Compactação De Aterros A 95% Proctor Normal 119.317,86 m³ 13.000,00 m³

Compactação De Aterros A 100% Proctor Normal 30.701,84 m³ 30.701,84 m³

Compactação De Material De "Bota-Fora" 2.236,81 m³ 2.236,81 m³ Fonte: Quantitativos do projeto básico

Quadro II: Divergências referentes aos serviços de pavimentação ÁREA DE PAVIMENTAÇÃO Projeto básico (Tomo III) Orçamento (Tomo IV)

PPV 15.04.316.MA.F

Área total pavimentada (pista e pátio) 9.900,00 m² 8.296,13 m²

PPV 16.07.280.SC.F

Área total pavimentada (pista e pátio) 15.600,00 m² 13.711,84 m² Fonte: Quantitativos do orçamento da licitação

Diante do fato, por meio da Solicitação de Auditoria nº 2011112025/012, de 03/08/2011, foi solicitado ao DNIT justificar a ausência das referidas alterações nos quantitativos de projeto, assim como a disponibilização do estudo que embasasse essas modificações.

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Mesmo com as justificativas, no tocante aos serviços de terraplanagem, restaram divergências no entendimento da Equipe Técnica da CGU com o apresentado pela CGPERT quanto aos seguintes itens: a.1) Alterações de soluções construtivas no PPV 16.07.280.SC.F, para aterro sobre solo mole:

A CGPERT justificou conforme segue:

“Este posto de pesagem é o único que contem este serviço, face as condições existentes de implantação - o local encontra-se em uma área inteiramente alagada e utilizada com cultivo de arroz, comum na região. A proposição de quantitativos inicialmente foi de 8.000 m³ de empedramento, conforme item 2.6 da planilha original. Calculamos então, a altura da camada considerada em relação à quantidade prevista para a regularização do subleito (área igual a 30.000m²), resultando numa altura de 0,27m. Esta Coordenação julgou que pelas condições do terreno esta altura de empedramento seria insuficiente para a estabilização do solo. A quantidade revisada teve como consideração um altura de empedramento equivalente a 0,80m, resultando em um volume de 24.000m³ (30.000m2 x 0,80m).”

Porém, a Coordenação não demostrou a necessidade de revisão do projeto por meio de memória de cálculo que indicasse a inadequação da solução apresentada pelo DEC/EB, com a respectiva indicação de parâmetros de projeto previstos em normativos específicos para o serviço, tratando-se, portanto, de mera análise subjetiva. a.2) Alterações nos quantitativos de escavações previstos: A CGPERT justificou conforme segue:

“14. Outro aspecto observado nos projetos básicos elaborados pelo Exército Brasileiro é concernente aos quantitativos de escavação previstos. Foi verificado que a taxa de empolamento em relação ao volume compactado foi de 12%. 15. De forma a subsidiar a adoção de tal taxa, foram realizadas pesquisas em licitações recentes deste Departamento.(...) 16. Diante do exposto acima, verificou-se que a taxa adotada pelo Exército poderia ser considerada inadequada e, caso mantida, poderia refletir-se em aditivos futuros. Desta forma, foi adotada a taxa de empolamento equivalente a 35% para os volumes de escavação para a construção de aterros. Importante lembrar, contudo, que essa consideração deverá ser verificada por ocasião da elaboração dos projetos executivos.”

Da manifestação da CGPERT, primeiramente observa-se que esta se equivoca quanto à nomenclatura adotada, ao se referir à “taxa de homogeneização” como “taxa de empolamento”. Além disso, verifica-se a falta de rigor técnico ao majorar os quantitativos de serviços de terraplanagem sem um embasamento teórico adequado.

Quando analisados manuais consagrados adotados por projetistas de serviços de terraplanagem, observa-se que o DEC/EB inferiu adequadamente as taxas de homogeneização do solo (relação volume compactado / volume in natura). Cita-se excerto da página 35 do Manual Prático de Escavação – Terraplanagem e Escavação de Rocha, 3ª Edição, Editora PINI.

“Em razão da diversidade dos solos e das diferentes energias de compactação empregadas, é bastante difícil estimar-se a relação Vcomp:Vn.

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Todavia, para a terra comum (solo argiloso-siltoso, com areia) pode-se admitir uma redução volumétrica de 5% a 15% , em relação ao volume no estado natural.”

Neste mesmo manual, na página 34, encontra-se tabela especificando percentuais de empolamento para solos de diferentes características, dentre eles “terra comum seca (solos argiloso-siltosos com areia)” e “terra comum úmida”, ambos indicando 25%.

Ressalta-se que esta modificação dos quantitativos possibilita a ocorrência de jogo de planilhas no momento da apresentação das propostas pelas licitantes, ensejando risco de superfaturamento durante a fase de obras. b) Ausência das especificações necessárias à execução das edificações: O projeto básico aprovado havia estabelecido os projetos tipo das edificações dos postos de pesagem, bem como todas as especificações necessárias a sua execução. No entanto, o Edital esclareceu a exclusão das edificações previstas no projeto básico, conforme o seguinte texto:

“Exclusão das edificações como ali consideradas, e em seu lugar a construção de uma base em concreto para acomodar instalações modulares de aço. Também essa modificação visou a economicidade e também a possibilidade de atos de vandalismo, caso o posto venha a ser desativado.”

Contudo, o DNIT, além de ter disponibilizado aos licitantes toda a documentação referente aos projetos tipos das edificações que não mais seriam adotadas, não estabeleceu as especificações técnicas necessárias à execução da nova solução a ser adotada, que é completamente diferente da anterior. As especificações técnicas para esta nova solução consistem somente em um croqui do prédio administrativo, não suficientemente detalhado, que consta na pasta de Projetos Tipo - Arquitetônico - do DVD disponibilizado aos licitantes, e nos itens da planilha orçamentária, que são genéricos e imprecisos, conforme se observa, como exemplo, no orçamento referente ao PPV 15.04.316.MA.F: Quadro III: Itens da planilha orçamentária

Fonte: Orçamento referente ao PPV 15.04.316.MA.F

Ao considerar uma média de custo de R$ 160 mil por prédio administrativo e um número de 94 postos fixos, tem-se um custo de mais de R$ 15 milhões para execução dos prédios administrativos, sem uma devida definição das especificações da obra. Por meio do Memorando nº 7365/2011/CGPERT, de 12/08/2011, a Coordenação-Geral de Operações Rodoviárias informou em relação ao Prédio da Administração:

“40. (...), foi adotado, para o prédio da administração, instalações modulares em aço, cujo croqui esquemático contendo o detalhamento das instalações do prédio da administração, foi disponibilizado no Volume 2 – Projeto Tipo – pasta Arquitetônico. Cabe ressaltar que esta

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solução já é utilizada em alguns postos que se encontram em operação atualmente, alcançando bons resultados. (...) 42. Para os sistemas elétricos, de água, incêndio, cabeamento estruturado e de esgoto, optou-se pela sua quantificação de forma global. Tal procedimento se deveu às diversidades de situações que serão encontradas pelas empresas ou consórcios de empresas que deverão operar a pesagem, em função do posicionamento das fontes de obtenção, bem como o oferecimento de liberdade aos operadores em termos de lay-out que se apresentem mais adaptados às necessidades de cada posto.”

Em sua manifestação, a CGPERT afirma ter detalhado, no croqui da nova concepção da edificação, as instalações dos prediais existentes no orçamento. Porém, ao analisar-se o desenho, somente foram identificados posicionamentos de tomadas de água e energia, ficando evidenciado o não atendimento ao estabelecido no item 5.10 – Projeto Básico de Instalações – da Instrução de Serviço/DG nº 09/2009, que estabelece:

“Os Projetos Básicos de Instalações serão apresentados no Volume 2 – Projetos - Tipo e deverão contemplar: Instalações elétricas prediais; Rede de iluminação pública; Instalações hidráulicas; Instalações sanitárias; Cabeamento estruturado; Instalações de proteção contra incêndios e de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).”

Já para justificar a ausência de detalhamento do orçamento e especificações de materiais relacionados às instalações prediais, a CGPERT informa que a opção pela quantificação global visou à liberdade de atuação da contratada na escolha dos materiais e layout do prédio. Para esclarecer os preços informados no orçamento do Edital nº 162/2011, a CGPERT encaminhou por meio do memorando supra o detalhamento dos quantitativos das instalações prediais. Ressalta-se, porém, que a falta de detalhamentos e especificações desses serviços no orçamento da obra dificulta o controle exercido pela fiscalização do contrato, e cria a possibilidade de ocorrências de desconforto a usuários do prédio, devido a falta de estudo específico que garanta a funcionalidade do posto a condições climáticas diversas, bem como seu adequado dimensionamento para o atendimento ao fluxo de veículos circulantes. c) Ausência das especificações necessárias à execução da infraestrutura do local do sistema de Pesagem em Movimento com Múltiplos Sensores: O Edital estabeleceu a adoção de sistema de Pesagem em Movimento com Múltiplos Sensores a ser instalado diretamente na rodovia, mas nem o projeto básico nem o orçamento previram serviços de infraestrutura para o local deste sistema, por exemplo:

- sinalização horizontal ou vertical orientativa sobre o procedimento de pesagem (indicando ao veículo, por exemplo, a faixa de rolamento em que deve se posicionar e a velocidade a ser mantida);

- serviços de reparo na pista de rolamento necessários ao bom funcionamento do equipamento. Dessa forma, tais serviços implicarão em custos adicionais para o DNIT, já que não foram previstos no objeto desta licitação.

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d) Falta de detalhamento e especificações de sistema de sinalização: A IS/DG nº 09/2009 definiu que a concepção do projeto de sinalização seria de responsabilidade da CGPERT, visto a necessidade de adoção de critérios específicos de sinalização de postos de pesagem, conforme observado no excerto abaixo.

“5.5. Projeto Básico de Sinalização (IS/DG 09/2009) Levando-se em consideração necessidades especiais quanto à sinalização dos postos de pesagem, a CGPERT fornecerá a concepção do Projeto de Sinalização para que esse possa vir a ser detalhado, considerando as concepções de geometria típicas para cada uma das situações apresentadas nos projetos básicos de geometria.”

Nesse contexto, foram alterados os quantitativos dos itens referentes aos serviços de sinalização na planilha orçamentária do Edital nº 162/2011 em relação ao previsto no Projeto Básico apresentado pelo Exército. Entretanto, as alterações na concepção promovidas pela CGPERT, com o devido detalhamento em plantas baixas, detalhes de implantação e memoriais descritivos, indicando cada uma das placas a serem instaladas, posicionamento de pórticos e outros itens, não foram apresentados nos projetos que compõem o Edital nº 162/2011. Além disso, a CGPERT não cumpriu o previsto no item 5.5 da IS/DG nº 09/2009, uma vez que não forneceu a nova concepção do Projeto de Sinalização, transferindo-a para a fase de elaboração do projeto executivo, conforme se verifica no item 3.1.10 da parte B do Termo de Referência:

“Será elaborado o Projeto de Sinalização considerando a sistemática adotada no Projeto Básico, complementada pela sinalização relativa à aplicação da tecnologia do sistema de Pesagem em Movimento com Múltiplos Sensores para pré-seleção na rodovia, conforme disposições contidas neste Termo de Referência, que deverá ser apresentada no Projeto Executivo.”

e) Inclusão de 4 (quatro) novos postos de pesagem sem a devida fundamentação técnica: Em análise ao processo licitatório nº 50600.003790/2009-31, verificou-se que, conforme consta do Relato DIREX nº 02/2011 assinado pelo Diretor-Geral em 04/01/2011, a minuta do edital, juntamente com a definição do objeto licitado e suas especificações, já se encontrava apta à aprovação pela Diretoria Colegiada, após ter sido elaborada pela CGPERT e apreciada pela Diretoria de Infraestrutura Rodoviária - DIR, Coordenação-Geral de Cadastro e Licitação CGCL/DIREX e Procuradoria Federal Especializada - PFE. Naquela ocasião, o objeto licitado previa a construção e operação de 157 (cento e cinquenta e sete postos de pesagem). No entanto, antes que o edital fosse submetido à aprovação da Diretoria Colegiada, o Diretor-Geral emitiu despacho à DIR, datado de 23/02/2011, no qual solicita a inclusão de mais 4 (quatro) postos de pesagem a serem operados mediante equipamentos móveis, sendo 2 (dois) na BR-493/RJ, nas adjacências do Porto de Sepetiba/RJ, e 2 (dois) na BR-319/AM. Neste despacho, o Diretor-Geral justifica a inclusão dos postos na BR-493/RJ em razão de: aumento dos investimentos aplicados pelo DNIT na BR-101/RJ nas adjacências do Porto de Sepetiba face ao incremento das suas atividades, o que ocorreu após a definição do PNP; e questionamentos provenientes do Ministério Público Federal quanto ao controle de peso nas rodovias, em especial da BR-101/RJ, próximo ao município de Itaguaí.

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Já quanto aos postos da BR-319/AM, o Diretor-Geral justificou que a inclusão se daria em razão de solicitação do Ministro dos Transportes, quando lhe foi apresentado o PNP em fevereiro/2011. Diante da demanda do Diretor-Geral, o Diretor de Infraestrutura Rodoviária emitiu despacho à Coordenação-Geral de Operações Rodoviárias solicitando a inclusão, no orçamento da licitação, dos serviços necessários à construção e os equipamentos e atividades necessários à operação destes quatro postos, tomando por referência os projetos tipo já aprovados. Informou ainda que as atividades relativas à terraplenagem, desapropriações e licenças ambientais ficariam sob responsabilidade das respectivas Superintendências Regionais, sendo que, especificamente no caso do Rio de Janeiro, seriam realizadas por meio do contrato atualmente vigente para recuperação e adequação de traçado da BR-493/RJ. A Coordenação-Geral de Operações Rodoviárias promoveu a inclusão dos postos de pesagem e seus quantitativos de serviço na minuta do edital, que, após ser submetida à DIR e à DIREX, teve a aprovação da Diretoria Colegiada em 29/03/2011. Ressalta-se que, após as alterações, o processo não foi submetido à Procuradoria Federal Especializada. Do exposto, observa-se que a inclusão dos 4 (quatro) postos de pesagem não foi precedida por qualquer análise técnica que contemplasse, por exemplo, a avaliação de especialistas da área sobre a necessidade de fato dos postos dentro das diretrizes do PNP, e os estudos topográficos, geotécnicos, de tráfego, ambientais e hidrológicos, os quais são requisitos de projeto previstos na IS nº 09/2009, e que são fundamentais para a definição da localização adequada dos postos e do custo final de instalação. Dessa forma, a ausência desta fundamentação técnica pode ser considerada como ausência do projeto básico para os referidos postos, e, portanto, a sua inclusão no objeto do Edital nº 162/2011 configura uma afronta à Lei de Licitações. Ademais, a execução dos serviços de terraplenagem mediante contratos em separado pode trazer problemas futuros à programação das obras de construção. CONSTATAÇÃO 041: SOBREPREÇO EM ITENS DO ORÇAMENTO DA LICITAÇÃO REFERENTE ÀS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DOS PPV. A equipe de auditoria selecionou como amostra as planilhas de preço referentes à construção dos postos de pesagem 15.04.316.MA.F, 16.07.280.SC.F e 01.02.319.AM.M, que compõem o orçamento de referência do Edital nº 162/2011. Foram selecionadas para análise as composições de custo unitário – CPU disponibilizadas pelo DNIT referentes aos itens de serviço que representam maior materialidade, sendo assim considerados: Quadro I: composições de custo unitário – CPU

Código SICRO Serviço 2 S 02 607 50 CONCRETO CIMENTO PORTLAND C/ EQUIP. PEQUENO PORTE AC/BC 2 S 02 603 50 SUB-BASE DE CONCRETO ROLADO AC/BC

- ASSENTAMENTO DE BLOCOS PRE MOLDADOS PARA PAVI 10X10X20 CM 2 S 01 512 01 CONSTRUÇÃO DE CORPO DE ATERRO EM ROCHA

Fonte: Orçamento de referência do Edital nº 162/2011 Identificou-se sobrepreço em alguns itens de serviço, conforme segue: a) CONCRETO CIMENTO PORTLAND C/ EQUIP. PEQUENO PORTE AC/BC A CPU do referido serviço está prevista no SICRO e inclui a utilização dos seguintes equipamentos na execução da camada de revestimento da pista de pesagem:

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- E402 - CAMINHÃO CARROCERIA : MERCEDES BENZ : 2423 K - DE MADEIRA; - E404 - CAMINHÃO BASCULANTE : MERCEDES BENZ : 2423 K - 10 M3 - 15 T; e - E427 - CAMINHÃO BETONEIRA : VOLKSWAGEN : 16-220 - 11,5. Cabe ressaltar, primeiramente, que, conforme já abordado em ponto específico deste relatório, a CPU adotada não guarda coerência com as especificações de serviço previstas no Projeto Básico, haja vista que as especificações prevêem concreto produzido em usina, enquanto a CPU prevê a produção com equipamento de pequeno porte. Nesse sentido, por meio da SA nº 201101225/006, foram solicitados esclarecimentos para a previsão dos referidos equipamentos na CPU, descrevendo o método construtivo do serviço na construção do posto de pesagem e a finalidade da utilização de cada equipamento, porém o DNIT não apresentou resposta. Em que pese a ausência de esclarecimentos, se for considerado que o concreto será produzido com equipamento de pequeno porte, esta operação ocorrerá no próprio local de construção do posto de pesagem, com lançamento direto sobre a pista ou com uso de equipamentos manuais, não se justificando a necessidade do uso dos referidos caminhões. Dessa forma, a previsão destes caminhões na CPU representaria sobrepreço. Na CPU analisada, referente ao Estado do Maranhão, a parcela de custo dos caminhões no preço do serviço equivale a R$ 27,26 por m³ de concreto. Este valor varia em cada Estado, porém adotando-o a título exemplificativo, e considerando o volume de 179.930,80 m³ de concreto necessário para construção das pistas de todos os postos previstos, tem-se um sobrepreço de cerca de R$ 4.900.000,00 no orçamento da licitação. b) ASSENTAMENTO DE BLOCOS PRÉ-MOLDADOS PARA PAVI 10X10X20 CM A CPU, que não está prevista no SICRO, considerou um consumo de 0,13 m³ de peças pré-moldadas por m² de assentamento, no entanto, considerando que a altura do assentamento é de 10 cm, o volume a ser utilizado em cada m² de pavimento é de 0,10 m³ (0,1m X 1m X 1m). O entendimento desta CGU é confirmado ao se verificarem composições similares do SICRO, que adotam o consumo de 0,10 m³.

A CGPERT justificou que o Relatório do Projeto Básico (Volume 1) estabeleceu uma tolerância para as dimensões dos blocos, cujas diferenças em relação às dimensões nominais não podem ser superiores a 3 mm no comprimento e na largura e 5 mm na espessura, e, diante da possibilidade de haver blocos com dimensões superiores a 10 cm, julgou adequado manter o consumo originalmente previsto pelo DEC/EB, ou seja, de 0,13 m³/m². A justificativa não pode ser acatada porque o parâmetro de tolerância estabelecido em projeto deve ser considerado apenas para controle de qualidade do serviço. Além disso, os blocos fabricados podem apresentar dimensões variando para mais ou para menos; assim, na estimativa da quantidade e, consequentemente, do custo, é mais adequado considerar o bloco com as dimensões médias esperadas, que correspondem as dimensões nominais. Na CPU analisada, referente ao Estado do Maranhão, a parcela do custo referente ao acréscimo indevido do consumo de peças pré-moldadas é equivalente a R$ 14,48 por m² de assentamento. Este valor varia em cada Estado, porém adotando-o a título exemplificativo, e considerando a área de 371.835,69 m² de assentamento necessária para construção dos pátios de todos os postos previstos, tem-se um sobrepreço de cerca de R$ 5.300.000,00 no orçamento da licitação.

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c) CONSTRUÇÃO DE CORPO DE ATERRO EM ROCHA

O referido serviço foi previsto somente para o posto de pesagem 16.07.280.SC.F. Na CPU, que não está prevista no SICRO, foi adotado o consumo de 1,5 m³ de pedra de mão para cada m³ de aterro. No entendimento da equipe de auditoria, este consumo mostra-se excessivo, tendo em vista que o serviço consiste em espalhar as pedras de mão sobre o terreno com uso de trator de esteiras, não sendo razoável admitir que neste espalhamento ocorra tamanha acomodação do material de forma a se obter uma redução de volume de 1,5 m³ para 1,0 m³. Por meio da SA nº 201101225/006, foram solicitados esclarecimentos à CGPERT, que justificou que o consumo adotado é o mesmo previsto na composição 2 S 01 512 52 do serviço “compactação camada final de aterro de rocha BC”, prevista no SICRO. Contudo, a justificativa da CGPERT não pode ser acatada, uma vez que a CPU 2 S 01 512 52 não guarda semelhança com o serviço aqui tratado. Aquela se refere à execução de uma camada final de brita sobre um aterro em rocha, e o consumo de brita não poderia ser comparado ao consumo de pedra de mão. Deve-se ressaltar ainda que existem outras composições no SICRO que guardam mais semelhança com o serviço em questão, tais como a 2 S 05 300 02 - enrocamento de pedra jogada e 2 S 05 300 01 - alvenaria de pedra arrumada, as quais apresentam consumo de pedra de mão de 1,0 m³ e 1,2 m³, respectivamente, por m³ de serviço. Se considerado o consumo de 1,0 m³, o preço unitário do serviço “construção de corpo de aterro em rocha” de R$ 96,34 previsto na licitação seria reduzido para R$ 67,58. Considerando o quantitativo previsto de 24.000 m³, verifica-se um sobrepreço total de R$ 690.240,00.

d) Insumos BRITA COMERCIAL e AREIA COMERCIAL nos postos de pesagem do Estado

do Amazonas. Na elaboração do orçamento das obras dos postos de pesagem do Estado do Amazonas, a CGPERT adotou o SICRO com data base em maio/2010. Comparando as cotações deste mês com a de outros meses, verificou-se que os preços dos insumos brita comercial e areia comercial previstos no SICRO maio/2010 estão significativamente acima da média de outros meses, conforme Quadro a seguir: Quadro II: Insumos brita comercial e areia comercial previstos no SICRO maio/2010 SICRO/ Insumo mai/10 mar/11 jan/11 nov/10 set/10 jul/10 mar/10 jan/10 dez/09 Média

Brita 217,50 150,00 150,00 145,00 130,00 217,50 150,00 180,00 140,00 157,82 Areia 98,00 40,00 45,00 50,00 50,00 98,00 50,00 50,00 50,00 54,13 Fonte: SICRO Informativo – Estado do Amazonas.

Os preços dos insumos brita comercial e areia comercial afetam diretamente os custos das obras de edificações, pavimentação e drenagem, assim a adoção do SICRO maio/2010 nos orçamentos dos postos do Amazonas se mostrou desvantajosa para o DNIT, acarretando em sobrepreço em diversos itens de serviço. Diante de preços unitários notadamente discrepantes dos praticados nos orçamentos de outros Estados, a CGPERT poderia ter corrigido o orçamento, trazendo os preços a um patamar adequado. Ressalta-se que consta do Processo nº 50600.003790/2010-31 uma declaração expedida em 24/03/2011 pelo Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias e endossada pelo Diretor de Infraestrutura Rodoviária de que o orçamento adotado na licitação, com data de maio/2010, encontrava-se atual e adequado, o que demonstra uma atitude dos gestores não favorável à economicidade da contratação.

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CONSTATAÇÃO 042: RISCO DE ATRASO NO CRONOGRAMA E DE AUMENTO FUTURO DO CUSTO CONTRATUAL EM RAZÃO DE O LICENCIAMENTO AMBIENTAL E A DESAPROPRIAÇÃO OCORREREM EM FASE POSTERIOR À LICITAÇÃO E SOB RESPONSABILIDADE DO DNIT. O cronograma físico-financeiro do Edital nº 162/2011 prevê o início da operação dos postos de pesagem, bem como da disponibilização e manutenção de equipamentos, a partir do 16º mês do contrato para os postos fixos e do 14º mês do contrato para os postos móveis, quando então tais serviços passam a ser remunerados mensalmente até o final da vigência do contrato, que é de 60 meses. Dessa forma, antes disso, ou seja, em um prazo de 15 meses para os postos fixos e de 13 meses para os móveis, devem ser elaborados e aprovados os projetos executivos, providenciadas as licenças ambientais e as desapropriações e concluídas e aceitas as obras. O Termo de Referência estabeleceu os seguintes prazos para execução destas etapas:

- 120 (cento e vinte) corridos após a ordem de serviço, para que a contratada elabore as minutas dos projetos executivos e entregue à CGPERT;

- 45 (quarenta e cinco) dias corridos após a entrega das minutas dos projetos executivos, para que o DNIT avalie e solicite modificações ou correções, visando à aprovação;

- 15 (quinze) dias corridos contados a partir da aprovação das minutas dos projetos executivos para que a contratada providencie as modificações porventura solicitadas e impressão definitiva dos projetos executivos;

- 180 (cento e oitenta) dias corridos para os postos fixos e 120 (cento e vinte) dias corridos para os postos móveis, após a obtenção das licenças ambientais, quando requeridas, e conclusão dos processos para desapropriação, para a execução das obras dos postos de pesagem e implantação de todos os equipamentos, sistemas, sinalização e aferição dos equipamentos metrológicos.

- 30 (trinta) dias corridos após a conclusão das obras e instalação e aferição dos equipamentos, para o DNIT elaborar um relatório de cada posto de pesagem, aprovando as obras executadas e a adequação e funcionamento pleno de todos os equipamentos e sistemas implantados, emitindo, caso sejam aprovados os quesitos de verificação, um laudo de conformidade, documento hábil para que a contratada possa operar o posto de pesagem.

A etapa de obtenção das licenças ambientais e das desapropriações ocorrerá após os projetos executivos e antes das obras. O Termo de Referência não estabeleceu prazo, mas definiu que, após a aprovação final dos projetos executivos, o DNIT será responsável por todos os ritos expropriatórios e de licenciamento ambiental necessários à regularização das áreas. Considerando que não haja atrasos e as etapas de elaboração e aprovação dos projetos executivos e de execução e aceitação das obras ocorram conforme previsto, observa-se que somente estas etapas demandarão um período de 13 meses para os postos fixos e de 11 meses para os móveis. Assim, resta um prazo de apenas 2 meses para o DNIT providenciar as licenças ambientais e as desapropriações, para que se cumpra o cronograma físico-financeiro previsto. Este cenário foi suscitado por dois interessados na licitação, conforme se verifica nas perguntas nº 67 e 82 do 1º caderno de perguntas e respostas.

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No primeiro questionamento, perguntou-se se estaria correto o entendimento de que os ritos expropriatórios e de licenciamento ambiental serão realizados pelo DNIT num prazo de 2 meses e, caso haja atraso, se serão pagas as quantidades de serviço previstas para os itens de operação dos postos, manutenção e disponibilização de equipamentos e veículos, e conservação de infraestrutura. O DNIT, por meio do seu Diretor Executivo, forneceu uma resposta inadequada e nada esclarecedora, limitando-se a informar que o entendimento do interessado estava incorreto. Na pergunta nº 82 foi questionado se, caso o licenciamento ambiental ou as desapropriações demorem mais do que o previsto e, em função disso, o início das obras e consequentemente o início das operações sejam atrasadas, como será preservado o equilíbrio financeiro do contrato, uma vez que alguns itens, sobretudo a disponibilização de equipamentos, prevêem o ressarcimento do investimento em 45 meses. Em resposta, o DNIT, por meio do seu Diretor Executivo, informou que, caso o atraso seja decorrente de motivos alheios à contratada, poderá ser restabelecido o equilíbrio financeiro do contrato, de acordo com o previsto na Lei nº 8.666/93. Diante do exposto, o planejamento da execução do contrato apresenta uma fragilidade, uma vez que o DNIT, ao assumir a responsabilidade pelo licenciamento ambiental e pela desapropriação, tornou-se também responsável por eventuais insucessos destas atividades, seja em razão de atrasos ou de dificuldades na condução dos processos, que possibilitarão o reequilíbrio financeiro do contrato e consequente acréscimo ao custo mensal de operação, em especial da disponibilização e manutenção de equipamentos. Deve-se ressaltar ainda que o risco da contratação sem o devido licenciamento ambiental aumenta principalmente por não se ter um projeto executivo aprovado. Marçal Justen Filho em sua obra “Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos” esclarece sobre a questão:

“Um aspecto que não pode ser deixado de lado se relaciona com a liberação da obra sob o prisma de licenças ambientais. A disciplina jurídica vigente entre nós condiciona a própria Administração Pública, na execução de obras públicas, a respeitar a integridade do meio ambiente. Inúmeras obras públicas apenas poderão ser efetivamente implementadas depois de comprovado o atendimento às exigências atinentes ao meio ambiente. Apesar disso, é muito usual produzir-se licitação sem que esteja equacionada a questão, o que se revela ainda mais grave nos casos em que a licitação se funda em projeto básico. Essas hipóteses beiram ao surreal. Faz-se a licitação com fulcro no projeto básico. O vencedor elabora o projeto executivo e submete-o ao órgão de proteção ao meio-ambiente. Na maior parte dos casos, a efetiva outorga da licença ambiental é condicionada a correções e alterações que dão configurações totalmente diversa ao projeto levado à licitação. Logo, licitar obra pública sem licenciamento ambiental e sem projeto executivo é, para usar terminologia vulgar, “dar um tiro no escuro”. Não há a menor garantia de que o cronograma original será respeitado nem que a obra coincidirá com aquela licitada. Logo, melhor seria que a licitação apenas fosse instaurada depois de a Administração ter elaborado o projeto executivo e obtido o licenciamento ambiental. Bem por isso, há precedente do TCU determinando a suspensão de contratação eivada de problemas dessa ordem. Decidiu-se que: ‘As irregularidades concernentes à ausência de licença ambiental são também, graves o suficiente para determinar o não prosseguimento dos serviços, principalmente tendo em vista a etapa em que se encontram os serviços, ou seja, sem que tenham sido iniciadas as obras, evitando-se o envio de recursos para projeto que apresenta vícios na origem e, de conseguinte, grandes prejuízos ao Erário, já que poderia haver a paralisação futura das obras.’ (Acórdão nº 678/2003- Plenário)”

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CONSTATAÇÃO 043: DEFINIÇÃO PRECÁRIA DAS ESPECIFICAÇÕES NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISPONIBILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS.

A equipe de auditoria analisou o Termo de Referência do Edital nº 162/2011 e constatou que não houve uma definição adequada das especificações necessárias à execução de alguns serviços relativos à disponibilização e manutenção de equipamentos e veículos, seja por ausência de especificações ou por estas conterem informações conflitantes, conforme os casos apresentados a seguir:

a) Falta de definição sobre o número de faixas Sistema de Pesagem em Movimento com

Múltiplos Sensores para pré-seleção (itens 5.1.1 e 5.2.1 da parte D do Termo de Referência): O sistema consiste em sensores de detecção de peso instalados na rodovia. Porém, não está claro se, no caso de pista com mais de uma faixa de rolamento, os sensores devem ser instalados em uma, duas ou mais faixas. Esta premissa é fundamental para definição do valor mensal de disponibilização do sistema, uma vez que os sensores representam relevante parcela do custo do sistema. Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112025/009, a CGPERT esclareceu que em rodovias de pista dupla, a pesagem seletiva por meio de múltiplos sensores deverá ser realizada na pista da direita, local para o qual todos os veículos pesados deverão ser direcionados por meio de sinalização horizontal e vertical. Informou ainda que na faixa à esquerda não há previsão de instalação do sistema por problemas de segurança, evitando a transposição de pista por esses veículos, pois poderia gerar pontos de conflitos de tráfego. Informou ainda que apenas 8 (oito) postos de pesagem estarão localizados em rodovia de pista dupla ou em fase de duplicação. Em que pese as especificações terem sido esclarecidas pela CGPERT, no Termo de Referência mostram-se mal definidas, podendo induzir os licitantes a interpretações divergentes, o que prejudica a competitividade do certame. b) Falta de especificações para a VAN a ser fornecida para os postos móveis: O Edital previu que a contratada deverá disponibilizar VAN, para funcionar como cabine de operações do posto de pesagem móvel, onde será efetuada a operação do sistema e a emissão de documentos. Entretanto não especifica o tipo de VAN, o que representa risco de a contratada fornecer um veículo inadequado para a funcionalidade requerida. Este problema ocorreu nos atuais contratos de pesagem vigentes, em que a contratada forneceu veículos tipo “Kombi”, apresentando condições precárias, sob aspectos de ergonomia, para a realização das atividades requeridas. Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112025/009, a CGPERT justificou o item 4.2.4 do Termo de Referência prevê que o veículo a ser disponibilizado deve atender a legislação de trânsito, trabalhista e sanitária, e por esta razão poderá exigir que a contratada forneça um veículo adequado para a funcionalidade requerida. A justificativa da CGPERT torna-se frágil na medida em que a definição daquilo que seria adequado passa a ser subjetiva, podendo induzir os licitantes a interpretações divergentes acerca das especificações do veículo, o que prejudica a competitividade do certame, além de possibilitar divergências de entendimento entre o DNIT e a contratada quando da aceitação do veículo fornecido.

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c) Ausência de definição clara quanto às especificações para o sistema de CFTV e sistema de

fuga:

O Quadro 9.8 – Planilha de Preço – Equipamento/Sistema, o qual deverá ser preenchido pelos licitantes, apresenta a relação de equipamentos e respectivas quantidades que deverão ser fornecidas pela empresa contratada, conforme demonstrado a seguir: Quadro I: Quadro 9.8 – Planilha de Preço – Equipamento/Sistema

Fonte: Termo de Referência do Edital nº 162/2011

Os itens 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 17 e 18 referem-se aos equipamentos e quantidades previstos para cada posto fixo, enquanto os itens 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 19 referem-se aos equipamentos e quantidades previstos para cada posto móvel. Analisando-se o Quadro 9.8 e o Termo de Referência, verificou-se a existência de informações conflitantes em relação aos sistemas de circuito fechado de televisão - CFTV e de fuga. No caso do sistema de CFTV:

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O item 5.6.2 da parte D do Termo de Referência estabeleceu as especificações para o sistema de CFTV para os postos móveis, prevendo somente 2 (duas) câmeras a serem instaladas na área interna do veículo do PPV móvel. No entanto, o Quadro 9.8 prevê, além das 2 (duas) câmeras, mais 1 (uma) câmera externa portátil. Dessa forma, o edital traz informações conflitantes, além de não trazer as especificações necessárias à instalação dessa câmera externa portátil. Verificou-se também que no item 5.6.1 da parte D do Termo de Referência, que traz as especificações para os postos fixos, foram previstas 4 (quatro) câmeras fixas para instalação nas áreas internas do PPV, enquanto o Quadro 9.8 prevê 3 (três) equipamentos. Portanto, mais uma vez o Edital traz informações conflitantes, não estando claro se devem ser instaladas 3 (três) ou 4 (quatro) câmeras nas áreas internas. Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112025/009, a CGPERT justificou que houve uma falha de grafia nos itens 5.6.1.1 e 5.6.2 do Termo de Referência e esclareceu que as quantidades corretas de câmeras são as previstas na planilha de preço (quadro 9.8), ou seja, nos postos fixos, 3 (três) câmeras internas e, nos móveis, 2 (duas) câmeras internas e 1 (uma) externa. Sobre esta, a CGPERT informou que as especificações são as mesmas da câmera móvel do PPV fixo, exceto quanto à sua fixação, que se dará por meio de um tripé, garantido a sua portabilidade. Em que pese as especificações terem sido esclarecidas pela CGPERT, fica evidente a ausência ou a incerteza de informações no Termo de Referência, tendo aquela Coordenação inclusive reconhecido as falhas no Edital, que podem induzir os licitantes a interpretações divergentes, o que prejudica a competitividade do certame, além de dar margem a contestações futuras por parte da contratada acerca do objeto a ser executado. No caso do sistema de fuga: O item 5.3 da parte D do Termo de Referência estabeleceu as especificações para o sistema de câmeras para detecção automática de fuga e foto-auditoria no sistema de pesagem em movimento com múltiplos sensores para pré-seleção e na balança dinâmica de precisão, a ser implementado em postos fixos e móveis. O Quadro 9.8 prevê um quantitativo de 5 (cinco) equipamentos do sistema de fuga por posto fixo, mas não prevê nenhum equipamento referente ao sistema em questão para postos móveis. Dessa forma não está claro se os postos móveis terão ou não o sistema de fuga. As especificações também não trazem informações claras, de forma que não permitem concluir quais seriam os 5 (cinco) equipamentos previstos no quadro 9.8 do Edital. Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112025/009, a CGPERT esclareceu que os postos móveis não terão sistema de fuga, já que este não consta do item 2.1.2 do Termo de Referência que descreve os sistemas previstos para os postos móveis. Para justificar os 5 (cinco) equipamentos de fuga previstos no Quadro 9.8, a CGPERT manifestou-se conforme segue:

“a. Nos itens 2.1.1.4.3 e 5.3.5.1.1, constante das páginas 116 e 121 do Edital, está previsto um sistema de fugas na rodovia, nas faixas onde não houver o sistema de pesagem em Movimento com Múltiplos Sensores para pré-seleção, inclusive acostamento (2 câmeras sem LAP: 1 no acostamento e 1 na faixa adjacente à que está o sistema de pesagem – fluxo contrário); b. No item 2.1.1.4.2, estão previstas 2 câmeras na balança de precisão, 1 equipamento com LAP e 1 equipamento sem LAP (para registro de imagem panorâmica);

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c. Nos itens 2.1.1.4.1 e 5.3.5.1.2, constante das páginas 116 e 122 do Edital, estão previstas 2 câmeras junto ao Sistema de Pesagem em Movimento com Múltiplos Sensores para pré-seleção (1 equipamento com LAP e 1 equipamento para registro de imagem panorâmica); d. No item 5.3.5.1.1, constante da página 122 do Edital, está prevista 1 câmera na pista após a balança de precisão.”

Verifica-se que, na tentativa de explicar o número de câmeras de fuga, a resposta da CGPERT é confusa, uma vez que contabilizou, como equipamentos do sistema de fuga, as câmeras do sistema de Vídeo Auditoria com LAP, que é um outro sistema, previsto no item 3 do Quadro 9.8. Pode-se inferir da resposta da CGPERT que o número correto de equipamentos a ser adotado deveria ser de 3 (três) equipamentos para o sistema de fuga e 4 (quatro) equipamentos para o sistema de Vídeo Auditoria com LAP, diferente do que consta no Quadro 9.8. As justificativas apresentadas pela CGPERT somente reforçam a ocorrência de informações conflitantes no Termo de Referência, bem como a ausência de clareza nas especificações. Isso pode induzir os licitantes a interpretações divergentes, o que prejudica a competitividade do certame, além de dar margem a contestações futuras por parte da contratada acerca do objeto a ser executado.

d) Ausência de definição clara quanto aos critérios de medição dos serviços de

disponibilização/manutenção de equipamentos e conservação de infraestrutura: O item 14.1 da parte D do Termo de Referência apresenta os critérios de medição dos serviços. No caso dos serviços de disponibilização/manutenção de equipamentos e conservação de infraestrutura, estabelece que serão medidos mensalmente, com base na parcela de sua execução e de acordo com os preços apresentados pela contratada. Com relação aos serviços de disponibilização/manutenção de equipamentos, não estão claros os critérios de cálculo da parcela de execução. Por exemplo, se o equipamento parar de funcionar por algum defeito imputável à contratada, não está claro se será excluído da medição o valor proporcional ao tempo em que o equipamento ficou inoperante. Verificou-se ainda que o item 10.8.2 estabeleceu que “não será admitida a paralisação dos equipamentos e dos sistemas e subsistemas por prazo superior a 72 horas”. Neste caso, não está claro se a paralisação, para efeito de medição, só é considerada a partir destas 72 horas. Também não está claro sobre que medidas serão aplicadas em caso de descumprimento deste prazo (ex: penalidade). Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112025/009, a CGPERT justificou que os critérios de medição serão definidos em uma instrução de serviço, tal como a que orienta os atuais contratos de pesagem vigentes. Sobre as medidas aplicáveis em caso do descumprimento do prazo máximo de 72 horas, a CGPERT não esclareceu. A necessidade de uma instrução de serviço posterior e a ausência de definição quanto à gestão dos prazos de atendimento da manutenção evidenciam a fragilidade do Edital no estabelecimento das especificações dos serviços. Com relação aos serviços de conservação de infraestrutura, a contratada apresentará um quadro contendo as quantidades de serviço anuais e o preço de cada serviço. A partir deste quadro, obtém-se um valor anual, que, dividido por 12, dá o valor mensal. Não ficou claro se o DNIT apurará mensalmente os quantitativos de fato executados, ou se pagará à contratada o valor mensal, independentemente da quantidade executada. A apuração mensal dos quantitativos de fato executados fica inviável porque a planilha apresenta um item impreciso, qual seja,

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“instalações elétricas”, de forma que não é possível medir as quantidades executadas. Já para o pagamento mensal independentemente da quantidade executada, seria necessário o estabelecimento de critérios de aceitação mensal das condições de conservação, o que não foi realizado neste Edital.

e) Ausência de definição clara quanto ao regime de operação dos postos móveis: O item 4.2.2 da parte D do Termo de Referência estabeleceu, para os postos móveis, que “a jornada de trabalho de cada equipe será de 12 (doze) horas por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados”. Definiu ainda que a contratada deverá apresentar ao DNIT para aprovação o Plano Funcional de Operação de cada posto, devendo englobar, tempo de deslocamento, de montagem e desmontagem. No entanto, não foram definidos os critérios para a elaboração desse plano funcional, os horários padrão de operação, ou as situações que requeiram a operação noturna, bem como a ocorrência de acréscimo de custo decorrente desta, informações que são necessárias para uma elaboração precisa das propostas pelos licitantes, principalmente quanto ao custo da equipe de operação. CONSTATAÇÃO 044: METODOLOGIA IMPRÓPRIA DE OBTENÇÃO DO PREÇO DE REFERÊNCIA DE DISPONIBILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS.

Para obter os preços de referência da licitação para os serviços de disponibilização e manutenção dos equipamentos, a CGPERT efetuou pesquisa de preços junto a empresas fornecedoras ou representantes de equipamentos relacionados à pesagem rodoviária, como também de equipamentos relacionados à sinalização rodoviária. Nesse intuito, a CGPERT encaminhou a 11 (onze) empresas uma planilha juntamente com as especificações dos equipamentos, tal como consta do Termo de Referência do Edital nº 162/2011. Essa planilha deveria ser preenchida pelas empresas consultadas, que informariam valores para fornecimento de cada equipamento, valores para disponibilização mensal e valores para manutenção (corretiva e preventiva) mensal. Foram obtidas cotações de valores de fornecimento por 5 (cinco) empresas: Toledo Brasil (alguns equipamentos), Omega, Pat Traffic, Iessa (alguns equipamentos) e Fiscal Tech. Foram obtidas cotações de valores de disponibilização mensal por 3 (três) empresas: Pat Traffic, Kopp (alguns equipamentos) e Fiscal Tech. Foram obtidas cotações de valores de manutenção mensal por 4 (quatro) empresas: Omega, Pat Traffic, Kopp (alguns equipamentos) e Fiscal Tech. A metodologia de obtenção dos preços empregada pela CGPERT levou em consideração as cotações de disponibilização e manutenção, mas também valores calculados a partir da aplicação de índices de depreciação sobre as cotações de fornecimento. O cálculo a partir da aplicação de índices de depreciação sobre as cotações de fornecimento permitiu, na maioria dos equipamentos, que a CGPERT obtivesse preços menores que os das cotações de disponibilização e manutenção. O Quadro a seguir demonstra as cotações obtidas para fornecimento dos equipamentos e os valores adotados pela CGPERT:

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Quadro I: Cotações obtidas para fornecimento dos equipamentos e os valores adotados pela CGPERT

Equipamento Toledo Omega Pat Traffic Iessa Fiscal Tech Outros Valor Adotado

Sistema Fixo de Pesagem Dinâmica de Precisão 270.000,00 478.166,00 612.938,17 407.942,84 442.261,75

Sistema automático de fuga com câmeras 30.000,00 55.816,39 51.899,39 57.633,20 30.000,00

Sistema de Vídeo Auditoria com Leitura Automática de Placas - LAP

55.000,00 47.424,48 59.816,42 65.150,58 47.424,48

Equipamento e subsistema para controle de dimensões (comprimento e altura)

88.364,42 122.661,86 128.296,52 88.364,42

Subsistema de Controle de Fluxo, semáforos a led com indicações dupla (Seta Verde e X Vermelho)

31.680,00 41.902,56 47.108,88 31.680,00

Subsistema de Controle de Fluxo (Painel de Mensagem Variável) - Pesagem Fixa

37.700,00 62.567,34 34.128,00 58.134,36 34.128,00

Equipamento e Sistema de Circuito Fechado de Televisão - CFTV (Câmera MiniDOME Interna)

18.000,00 38.055,37 10.321,50 26.520,80 10.321,50

Equipamento e Sistema de Circuito Fechado de Televisão - CFTV (Câmera MiniDOME Externa)

78.000,00 131.932,81 61.928,97 72.637,88 61.928,97

Equipamento e Sistema para Contagem Volumétrica e classificatória de tráfego

62.500,00 67.277,76 67.301,59 75.173,74 62.500,00

Sistema Móvel de Pesagem Dinâmica 153.400,00 256.869,91 240.555,97 216.941,96

Equipamento e Subsistema de Controle de Fluxo por Semáforo Portátil

3.421,60 21.098,06 28.064,86 17.528,17

Sistema de Circuito Fechado de Televisão - CFTV (Câmera DOME Externa - Portátil) - Posto Móvel

9.100,00 57.711,05 97.914,00 54.908,35

Equipamento e sistema de Câmera de Registro de Imagem (instalada na área interna do veículo da balança móvel)

30.712,50 57.713,27 51.136,50 10.321,50 10.321,50

Sistema de Pesagem em Movimento - Múltiplos Sensores - Pré-seleção

326.180,00 553.417,96 380.880,29 326.180,00

Subsistema de Controle de Fluxo com Painel de Mensagem Variável - pré-seleção (inclusive pórtico)

168.960,00 198.535,91 247.033,00 220.509,64 208.759,64

Subsistema de Controle de Fluxo com Painel de Mensagem Variável portátil do tipo carreta - pré-seleção

45.500,00 75.965,87 53.044,00 77.178,37 87.922,06

Fonte: Planilha de resultado da pesquisa de preço do DNIT para fornecimento de equipamentos.

Conforme Quadro acima, a CGPERT adotou para alguns equipamentos a menor cotação como referência, e para outros adotou a média das cotações. Diante disso, por meio da Solicitação de Auditoria nº 201112025/007, a CGPERT foi instada a justificar por que foram adotados critérios diferentes – média das cotações e menor cotação – na metodologia de obtenção dos preços e por que não foi adotada a menor cotação, haja vista que a adoção deste critério traria redução considerável no valor do orçamento, principalmente no preço do Sistema Fixo de Pesagem Dinâmica de Precisão, que apresentou uma grande diferença entre as cotações, variando de R$ 270.000,00 a R$ 612.938,17. A CGPERT justificou conforme segue:

“A respeito, temos a informar que, especificamente quanto ao Sistema Fixo de Pesagem Dinâmica de Previsão, esta Autarquia solicitou cotação às principais empresas fabricantes, detentoras de portaria de aprovação de equipamento fixo de pesagem dinâmica de precisão junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, resultando no recebimento de 4 (quatro) cotações distintas. Dentre as citadas cotações, informamos que 2 (duas) possuíam valores semelhantes e as outras 2 (duas) possuíam valores bastantes distintos – um muito superior e outro muito inferior à média. Desta forma, julgamos prudente a aplicação de técnicas de análise estatística (cálculo da média e mediana, onde se pode verificar a significativa proximidade entre a média calculada e os valores apresentadas pelas duas empresas cujas cotações eram semelhantes), o que nos permitiu optar, inicialmente, pelo valor médio.

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Além do mais, especificamente quanto à empresa que apresentou a menor cotação para o Sistema Fixo de Pesagem Dinâmica de Precisão, a Toledo do Brasil Indústria de Balanças Ltda, entendemos tratar-se de uma empresa que não atua com a profusão requerida, visto não possuir um equipamento de larga utilização dentre aqueles mais empregados no País. A título exemplificativo, os equipamentos fixos de pesagem da citada empresa não são utilizados pelos Consórcios que hoje operam postos de pesagem do DNIT. O Sistema Fixo de Pesagem Dinâmica de Precisão é aquele de maior importância dentro do objeto do Edital nº 162/2011-00 para a manutenção e garantia de uma eficiente fiscalização do excesso de peso transportado. Ao todo serão 94 (noventa e quatro) balanças dotadas de equipamentos fixos, a serem implantadas ao longo de rodovias federais, em regra, na circunscrição de todos os Estados Federativos e, desta forma, limitar a licitação ao menor preço poderia tornar inviável a operação dos postos de pesagem de veículos, pois uma única empresa, no caso, a Toledo do Brasil Indústria de Balanças Ltda, poderia não ter condições de fornecer um número tão elevado de equipamentos. Outra razão que também influenciou a adoção do valor médio dos preços cotados foi o fato de o referido sistema ser composto de equipamentos específicos, cujas linhas de produção não são em escala, produzidos por poucas empresas localizadas nos grandes centro urbanos. Desta forma, sendo o mercado de empresas fabricantes de equipamentos de pesagem dinâmica bastante limitado e diante da disparidade de preços apresentadas, não poderia o DNIT assumir tal posição – menor preço cotado, uma vez que poder-se-ia tal decisão inviabilizar todo o processo (i) por ficar o DNIT a mercê de apenas uma empresa, ou ainda, (ii) pela possibilidade de não fornecimento de todos esses equipamentos no tempo hábil para a devida operação dos postos de pesagem na cronologia adotada pelo Edital. Em relação aos demais equipamentos, com tecnologias mais acessíveis, disponíveis em todo o País e de fácil aquisição, como por exemplo, as câmeras de filmagem, foi adotado o menor preço para realização do orçamento, com o intuito de promover economicidade para a Administração Pública. Esse procedimento sim se aplica a esses tipos de equipamentos que já são produzidos e comercializados por muitas empresas, configurando-se dessa maneira uma possibilidade real de menores preços.”

Em que pese serem plausíveis os argumentos da CGPERT, considerando a discrepância entre os valores cotados para o Sistema Fixo de Pesagem Dinâmica de Precisão e a relevância deste sistema no orçamento dos equipamentos, seria prudente um melhor estudo por parte da Coordenação quanto ao preço deste equipamento, podendo-se, por exemplo, buscar um maior número de cotações ou pesquisar junto aos fornecedores que oferecessem um menor preço acerca da disponibilidade de fornecimento. Cabe ainda ressaltar que a afirmação de que os consórcios que hoje operam os PPV não utilizam balanças da Toledo, utilizada pela CGPERT para exemplificar que esta empresa não atua com a profusão requerida, é tendenciosa, haja vista que induz ao entendimento de que os consórcios optaram por não usar balanças da Toledo, o que não é verdade, já que os equipamentos atualmente utilizados foram fornecidos pelo DNIT. Outros problemas podem ser constatados na metodologia adotada pela CGPERT: - Algumas empresas apresentaram, juntamente com a cotação de preços, as especificações dos equipamentos, as quais, em diversos casos, não guardam exata correlação com as especificações previstas no Termo de Referência, fato que compromete a cotação como parâmetro a ser adotado. Além disso, observa-se uma disparidade de preços muito grande entre as cotações de determinados equipamentos, o que induz à conclusão de que os equipamentos oferecidos por cada empresa não apresentam especificações similares, o que inviabiliza a comparação de preços.

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- Algumas empresas que apresentaram cotações figuram como licitantes do Edital nº 162/2011, de modo que, sabendo que os preços por elas fornecidos iriam subsidiar a elaboração do orçamento pelo DNIT, podem tê-los superestimado com o objetivo de majorar o orçamento de referência da licitação. O risco disso é, no caso de eventual conluio de empresas na licitação, incorrer a Administração na contratação com preços acima do mercado. Nesse sentido, a CGPERT poderia ter realizado pesquisas em licitações e contratos junto a outros órgãos e entidades no Brasil ou até mesmo em outros países, que contemplaram produtos semelhantes, podendo aferir se os preços cotados correspondem a preços de mercado. Diante de todo o exposto, apesar de a CGPERT ter adotado uma metodologia objetiva na obtenção dos preços, verificam-se inconsistências que não permitem emitir opinião sobre a adequação dos preços dos equipamentos aos valores de mercado. CONSTATAÇÃO 045: AUSÊNCIA DE ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA INDIVIDUALIZADO PARA CADA EQUIPAMENTO A SER DISPONIBILIZADO E MANTIDO PELA CONTRATADA, PODENDO ACARRETAR EM PRÁTICA DE “JOGO DE PLANILHA” COM CONSEQUENTE PREJUÍZO AO ERÁRIO. Os serviços de disponibilização e manutenção de equipamentos para os postos de pesagem serão remunerados mensalmente, com base na parcela de sua execução ou funcionamento, conforme estabelecido nos itens 14.1.5 e 14.1.6 do Termo de Referência do Edital nº 162/2011. Os licitantes devem apresentar o custo mensal previsto para cada equipamento, porém o edital não estabeleceu um valor de referência para cada equipamento, tendo apresentado somente valores globais para quatro itens, quais sejam: - disponibilização de equipamentos para postos fixos; - disponibilização de equipamentos para postos móveis; - manutenção de equipamentos para postos fixos; e - manutenção de equipamentos para postos móveis. Assim, a proposta do licitante somente se limita ao valor global dos equipamentos, podendo estipular qualquer valor para cada equipamento. A ausência de orçamento de referência individualizado para cada equipamento representa risco de ocorrer a prática conhecida como “jogo de planilha” podendo acarretar em prejuízo ao erário, haja vista a possibilidade de o licitante orçar valores muito altos para equipamentos essenciais para o início da operação do posto, tais como a balança, e orçar valores menores para os outros equipamentos, cuja instalação pode atrasar ou nem mesmo ocorrer. Se adotada essa prática, a Administração poderá ter que desembolsar mensalmente um montante considerável de recursos em relação ao total previsto, sem que muitos dos equipamentos estejam em funcionamento. Deve-se destacar a materialidade inerente aos serviços de disponibilização e manutenção de equipamentos, uma vez que representam cerca de 30% do valor total da licitação. Ressalta-se também que a inoperância de equipamentos previstos foi um problema de alta incidência constatado nas fiscalizações realizadas nos postos de pesagem pela CGU em 2009 e 2010 (de 31 postos fiscalizados, 28 apresentaram pelo menos 1 dos equipamentos previstos inoperante). Ainda, deve-se considerar a possibilidade de atraso decorrente das dificuldades na implantação em razão da complexidade e do ineditismo da utilização destes equipamentos no Brasil.

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CONSTATAÇÃO 046: SUSPENSÃO DA CONTRATAÇÃO JUNTO À EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT, ACARRETANDO EM PREJUÍZO AO DNIT EM RAZÃO DO NÃO ENVIO DAS NOTIFICAÇÕES DAS INFRAÇÕES OCORRIDAS NOS POSTOS DE PESAGEM A suspensão do contrato com a ECT se deu em razão da suspensão, pelo DNIT, do pagamento de seis faturas que totalizavam R$ 2.571.248,07 (dois milhões, quinhentos e setenta e um mil, duzentos e quarenta e oito reais e setenta e um centavos). A suspensão prejudicou o sistema de pesagem de veículos, por terem sido suspensos os serviços de postagem das notificações e multas, comprometendo a eficácia do controle de peso nos postos de pesagem e acarretando prejuízo aos cofres públicos de mais de R$ 126 milhões, conforme estimou o próprio gestor. Evidências: - Memorando nº 3300/2010/CGPERT - Contratos PG-186/99-00 e TT-100/2005-00 - Ofício – 0118/2006 – GEAVC/GEVEN/DR/BRASILIA - Ofício nº 1368/2007-CGPERT/DIR - Ofício CGPERT nº 1372/2007 - Ofício – 0468/2007 – GEAVC/GEVEN/DR/BRASILIA - Ofício Circular 0682/2007 – SCB/SFAC/SUCOC/GECOF/DR/BSB - Ofício nº 74/2009/CGPERT-DIR - Ofício DEGER – 386/2009 - Termo de Responsabilidade e Confissão de Dívida - Relato à Diretoria Colegiada Manifestação da Unidade Examinada: Conforme Memorando nº 3300/2010/CGPERT, de 04/06/2010, o Coordenador-Geral de Operações Rodoviárias prestou os seguintes esclarecimentos:

“Esclarecemos que as suspensões do contrato anterior da prestação dos serviços de postagem de multas e recursos junto às JARI pela ECT se deram nos períodos de 30/08/2007 a 01/04/2009 e de 30/06/2009 a 04/03/2010, em virtude de rescisão unilateral pelos Correios, motivado pela existência de dívidas, conforme descrito abaixo, relativo aos contratos PG-186/99-00 e TT-100/2005-00, onde a EBCT, se utilizando do seu monopólio, paralisou os serviços e não renovou o Contrato. Entretanto, anteriormente ao fato, o DNIT já vinha notificado a EBCT sobre a falta de prestação de parte dos serviços de digitalização de Avisos de Recebimento – AR, onde o DNIT devolveu à EBCT 6 (seis) faturas, com negativa de pagamento até a regularização das respectivas digitalizações, conforme Ofício CGPERT Nº 1372/2007 de 14/03/2007. Para melhor elucidar o exposto acima, anexamos cópias de várias correspondências em que são tratados esses assuntos. Cabe ressaltar que no período que o contrato de postagem esteve paralisado por força da EBCT, o DNIT teve um prejuízo de mais de R$ 126 milhões na arrecadação de multas, conforme Nota Técnica apensa ao Ofício nº 74/2009/CGPERT de 23/01/2009, onde destaca valores da época. A dívida contratual com o DNIT, incluindo contratos desta CGPERT, encontra-se inserida no Termo de Responsabilidade e Confissão de Dívida com a EBCT de 13 de julho de 2009, Processo nº 50600.8712/2009-22. Entretanto, a EBCT constatou que o valor de R$11.482.103,95 não era devido, tendo em vista a mesma reconheceu que houve duplicidade de cobrança no Contrato n.º 75/2000, num montante de R$2.374.901,17 (dois milhões, trezentos e setenta e quatro mil, novecentos e um reais e dezessete centavos), relativos aos períodos de 2000 a 2003.

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Diante desta constatação, a EBCT, conforme Ofício nº DEGER-386/2009 de 10 de dezembro de 2009, cancelou a quinta e última fatura (parcela) da dívida, ficando a mesma num montante de R$ 9.395.389,00 (nove milhões, trezentos e noventa e cinco mil, trezentos e oitenta e nove reais). O DNIT ficou ainda, com saldo credor no montante de R$ 175.874,18 (cento e setenta e cinco mil, oitocentos e setenta e quatro reais e dezoito centavos). Hoje, se encontra em vigência um novo contrato, instruído por meio do Processo nº 50600.012350/2009-74, publicado no 04/03/2010, que também colocamos à disposição para consulta ou solicitação de cópia.”

Em anexo ao Memorando, foram encaminhados os seguintes documentos: Em 31 de janeiro de 2006 foi encaminhado à CGPERT, pela ECT, o Ofício – 0118/2006 – GEAVC/GEVEN/DR/BRASILIA sobre a suspensão temporária dos serviços de digitalização. Esse ofício comprova que a partir do dia 10/10/2005 o serviço de digitalização foi suspenso por problemas internos dos Correios com o fornecedor do serviço de digitalização. Em 12 de março de 2007, a CGPERT enviou à ECT o Ofício nº 1368/2007-CGPERT/DIR alertando que desde 2005 o DNIT vem reclamando dos serviços, em especial quanto à exclusão das imagens digitalizadas de avisos de recebimento (AR Digital). Diz ainda que tais falhas ocasionaram “dano incomensurável” ao DNIT pela impossibilidade de obter prova material nos casos judiciais e extrajudiciais, quando os infratores contestam o prazo máximo de 30 dias para encaminhamento da Notificação de Autuação das multas (art. 3º da Resolução 149/2003 do CONTRAN). Em 14 de março de 2007, foi encaminhado aos Correios o Ofício CGPERT nº 1372/2007, devolvendo seis faturas, que totalizavam R$ 2.571.248,07 (dois milhões, quinhentos e setenta e um mil, duzentos e quarenta e oito reais e setenta e um centavos), “até que se concluam os serviços de digitalização dos ARs”. Em seguida, por meio do Ofício – 0468/2007 – GEAVC/GEVEN/DR/BRASILIA, de 19 de março de 2007, os Correios comunicam que estão analisando as considerações dos ofícios 1368/2007-CGPERT/DIR e CGPERT nº 1372/2007, restabelecendo a prestação dos serviços por 30 dias. Dessa forma, em 11 de abril de 2007, os Correios encaminham o Ofício Circular 0682/2007 – SCB/SFAC/SUCOC/GECOF/DR/BSB, informando que os serviços serão suspensos a partir do dia 25/04/2007, pela não regularização dos valores pendentes. Após várias reuniões e trocas de correspondências entre os dois órgãos sem se chegar a uma solução do problema, em 23 de janeiro de 2009, a CGPERT enviou o Ofício nº 74/2009/CGPERT-DIR. O ofício solicitava possibilidade de nova negociação, informava sobre a aprovação pela Diretoria Colegiada de reconhecimento de dívida em relação ao contrato PG-186/99 (R$ 735.516,50) e encaminhava Nota Técnica elaborada pelo Coordenador de Operações da CGPERT relatando os prejuízos gerados ao DNIT pela suspensão dos serviços de postagem e digitalização dos Avisos de Recebimento, totalizando R$ 126.606.906,48 (cento e vinte e seis milhões, seiscentos e seis mil, novecentos e seis reais e quarenta e oito centavos). Finalmente, tal situação só ficou resolvida, após a assinatura, em julho de 2009, de Termo de Responsabilidade e Confissão de Dívida, no qual o DNIT se compromete a pagar dívida de R$ 11.482.103,95 (onze milhões, quatrocentos e oitenta e dois mil, cento e três reais e noventa e cinco centavos), referente ao débito vencido e não pago, com base em contratos de prestação de serviços e fornecimento de produto firmado com os Correios.

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Posteriormente, por meio do Ofício DEGER – 386/2009, de 10 de dezembro de 2009, a ECT reconhece que R$ 2.374.901,17 foram cobrados em duplicidade e por isso já estavam quitados. Diante disso, esse valor foi abatido da dívida, passando para R$ 9.109.502,48 (nove milhões, cento e nove mil, quinhentos e dois reais e quarenta e oito centavos). Análise do Controle Interno: Analisando-se o material disponibilizado, conclui-se que tanto os Correios quanto a CGPERT/DNIT são responsáveis pela paralisação das postagens das notificações referentes às infrações dos pesos de veículos que circulam na malha rodoviária federal. Observa-se que as duas entidades excederam as suas prerrogativas na gestão do contrato, provocando prejuízo na arrecadação das multas e na efetividade do Sistema de Pesagem de Veículos. A ECT se utilizou do privilégio de exclusividade (ou monopólio) reservada á União (art. 9º da Lei 6.538, de 22/06/1978) para impor as suas cláusulas contratuais ao DNIT. Conforme entendimento do Superior Tribunal Federal, a atividade postal é um serviço público, sujeito a privilégio de exclusividade. Entretanto, o simples fato de ser um serviço público não pressupõe o monopólio da atividade, qualificação reservada apenas àquelas atividades marcadas pela essencialidade e pela sua relação direta com a realização do interesse coletivo. Se o serviço interessa a toda a sociedade, não só a disponibilidade, mas a sua contínua prestação deve ser garantida pela primazia do interesse público. O objetivo principal do Programa de Pesagem de Veículos é coibir o excesso de peso nos veículos, garantindo maior a vida útil dos pavimentos. Nesse caso específico, o interesse coletivo ficou prejudicado, pois a efetividade do Programa ficou comprometida quando os usuários não foram punidos pelas suas infrações. As penalidades impostas aos infratores tem caráter punitivo e, principalmente, educativo, visando coibir as reincidências. O prejuízo, nesse caso, não foi só em relação às multas não aplicadas, mas a toda efetividade do Programa. Dessa forma, há responsabilidade da ECT na paralisação dos serviços, que não levou em consideração o prejuízo ao interesse coletivo dessa interrupção. Todavia, a suspensão dos contratos também poderia ter sido evitada pelo DNIT, se o gestor do contrato tivesse observado e seguido as cláusulas dos contratos. Em análise ao contrato PG-186/99-00, observa-se que se trata de um contrato de prestação de serviços de coleta, transporte e entrega domiciliária de objetos de correspondência sob registro, com Aviso de Recebimento - AR, tratamento por meio magnético e digitalização do AR. A vigência do contrato foi de 60 (sessenta) meses a partir da data de assinatura: de 31/12/1999 a 31/12/2005. A cláusula quarta do contrato determinou o preço dos serviços, sendo que o item 4.1.2 estabeleceu o valor de R$ 0,13 (treze centavos de reais) por documento digitalizado. As questões de inadimplemento foram tratadas na cláusula décima segunda:

“12.1 O inadimplemento das obrigações prevista no presente contrato será comunicado pela parte prejudicada a outra, que providenciará a sua regularização num prazo de 5 (cinco) dias úteis; 12.2 A não regularização poderá ensejar a critério da parte prejudicada, a rescisão do Contrato, sem prejuízo de outras sansões (sic), bem como, no caso de atraso de pagamento de faturas, a suspensão de prestação do serviço pela ECT até a sua normalização” [grifou-se].

Ressalta-se ainda o item 13.3.3 (cláusula décima terceira – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS) o qual diz que ”qualquer reclamação apresentada pela CONTRATANTE, por motivo de faturamento, desde que procedente, será levada a débito ou crédito da fatura em questão, não havendo, no entanto, prorrogação da data de seu vencimento” [grifou-se].

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O contrato TT-100/2005-00 foi assinado, com o mesmo objeto, em substituição ao contrato anterior, no dia 31 de agosto de 2005, com vigência de 12 meses, podendo ser prorrogado por até 60 meses. Nesse contrato foram acrescentados alguns parágrafos nas condições de pagamento, quais sejam:

“5.2 Qualquer reclamação sobre erros de faturamento deverá ser apresentada pela CONTRATANTE, por escrito, e receberá o seguinte tratamento: 5.2.1 Reclamação apresentada sem o pagamento, admitida somente antes da data do vencimento: a) se for procedente, a ECT emitirá nova fatura com o valor correto; b) se for improcedente, a CONTRATANTE pagará a fatura mais os acréscimos legais previstos no subitem 7.2., Cláusula Sétima. 5.3 Reclamação apresentada com a fatura paga, se for procedente será efetuada a devida compensação na fatura seguinte, em valores atualizados.” [grifou-se]

Em relação ao preço do serviço de AR Digitalizado, o anexo IV do contrato especificou os valores, que variavam de R$ 2,35 (postagem acima de 200 mil objetos) a R$ 2,49 (postagem de até 5 mil objetos). Os contratos são claros quando determinam que o não pagamento das faturas poderá ensejar na suspensão dos serviços. Nesse caso, a CGPERT sabia do risco quando decidiu devolver as faturas. Conforme as cláusulas contratuais, o gestor tinha duas opções: contestar as faturas antes do vencimento ou pagar as faturas e contestá-la para compensação futura. Entretanto a decisão do gestor foi exatamente o oposto: das seis faturas contestadas, cinco faturas estavam vencidas em 14/03/2007 (data do Ofício CGPERT nº 1372/2007 que contestou as faturas). Portanto elas deveriam ter sido pagas, para evitar a suspensão dos serviços. Além disso, a contestação deveria ser feita glosando-se os valores específicos da digitalização, que são perfeitamente mensuráveis (item 4.1.2 do contrato PG-186/99-00 e anexo IV do contrato 100/2005-00), e não do total da fatura, como foi feito. Finalmente, também evidenciando falha na gestão do contrato, não ficou esclarecida a razão do gestor ter contestado somente as faturas a partir de novembro de 2006, quando a digitalização havia sido suspensa desde outubro de 2005 (conforme Ofício – 0118/2006 – GEAVC/GEVEN/DR/BRASILIA, de 31/01/2006). II.4.5 - IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA CONTRATAÇÃO DA EMPRESA TECH MIX Tendo em vista o conflito de interesses detectado pela CGU e Auditoria Interna do DNIT, decorrente das análises ao processo de contratação da Empresa Tech Mix, optou-se em apresentar neste Relatório outros fatos relacionados à referida contratação. CONSTATAÇÃO 047: UTILIZAÇÃO INADEQUADA DE PREGÃO ELETRÔNICO. Verificou-se nos autos do processo licitatório que a utilização da modalidade pregão eletrônico para a contratação de serviços técnicos, disposto no Edital nº 387/2010-00, é inadequada para o

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referido caso. Isto porque a Lei nº 10.520/2002 dispõe sobre o pregão com a finalidade de aquisição de bens e serviços comuns, estabelecendo que:

“Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei. Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado”

Sobre a definição de serviço comum, nas lições do ilustre doutrinador Hely Lopes Meirelles em sua obra Direito Administrativo Brasileiro, tem-se o que se segue:

“SERVIÇOS COMUNS - serviços comuns são todos aqueles que não exigem habilitação especial para sua execução. Podem ser realizados por qualquer pessoa ou empresa, pois não são privativos de nenhuma profissão ou categoria profissional. São serviços executados por leigos.”

O mesmo autor também se posiciona sobre a caracterização de bens e serviços comuns, nestes termos:

“O que caracteriza os bens e serviços comuns é sua padronização, ou seja, a possibilidade de substituição de uns por outros, mantendo-se o mesmo padrão de qualidade e eficiência. Isto afasta desde logo os serviços de Engenharia que não sejam comuns, os quais permitem o pregão, bem como todos aqueles que devam ser objeto de licitação nas modalidades de melhor técnica ou de técnica e preço”.

Vale ressaltar que as atribuições básicas e os perfis relacionados aos profissionais descritos no termo de referência do referido edital, nas categorias citadas I, II, III, IV, referem-se à contratação de pessoas para exercerem atividades com certo grau de complexidade. Sobretudo para o nível superior III, consta previsão de serviços com alto grau de conhecimento, tais como: subsidiar parecer técnico, assessoramento em assuntos da especialidade de sua área de atuação e correlatos, análises, elaboração, compilação e transcrição de relatórios resultantes de serviços prestados na área de engenharia civil para o DNIT e IPR (Instituto de Pesquisas Rodoviárias), sendo que esse profissional deve possuir pós-graduação e/ou mestrado e estar formado há pelo menos 5 (cinco) anos. Como o Instituto de Pesquisas Rodoviárias - IPR tem a atribuição de desenvolver estudos e pesquisas, visando a excelência na elaboração e implementação de normas, manuais e outros documentos técnicos, infere-se que o Instituto está associado à pesquisa, ou seja, trabalho de natureza intelectualizada, assim apresentando elevado grau de complexidade técnica, nada coerente com serviços comuns passíveis de licitação na modalidade de pregão. Ainda na categoria de nível superior III consta a contratação de profissionais que prestarão assistência jurídica aos Procuradores Federais na PFE/DNIT, na Sede e nas Regionais, para “análise prévia dos processos administrativos e/ou judiciais distribuídos a cada Procurador Federal, bem assim no preparo e estudos e minutas por ele solicitadas”. Para o nível superior IV é prevista a contratação de profissionais para exercerem apoio técnico na área de engenharia, assessorando os trabalhos de planejamento e coordenação de serviços técnicos especializados de engenharia civil, elétrica, telecomunicações. As atividades básicas relacionam-se ao assessoramento em assuntos da especialidade de sua área de atuação e correlatos, bem como análises, elaboração, compilação e transcrição de relatórios resultantes de serviços prestados na área de engenharia civil para o DNIT, além de auxiliar na elaboração de relatórios solicitados por órgãos de controle e fiscalização. O contratado deve possuir acima de 8 (oito) anos de formação.

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Entende-se que a contratação de profissionais citados anteriormente não se enquadra como serviço comum, pois há necessidade de serviço técnico especializado e em alguns casos, trabalho intelectualizado envolvendo pesquisa, inclusive. Portanto, considera-se que o objeto do contrato não se enquadra como serviço comum, ou seja, não caberia uma padronização ou possibilidade de substituir um pelo outro. Conforme entendimento do TCU, descrito no Acórdão nº 601/2011-Plenário, que trata da utilização inadequada da modalidade pregão, tem-se que:

“(...) O pregão não deverá ser utilizado para a contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, assim considerados aqueles que podem apresentar diferentes metodologias, tecnologias e níveis de desempenho e qualidade, sendo necessário avaliar as vantagens e desvantagens de cada solução (...)”.

“(...) A aplicação do pregão aos bens e serviços incomuns representa risco à segurança contratual, pela possibilidade de conduzir a Administração à celebração de contrato com pessoa sem qualificação para cumpri-lo ou pela aceitação de proposta inexeqüível (...)”.

Conforme apresentado no Processo Administrativo nº 50600.005885/2010-22, embora o pregão eletrônico apresente um caráter competitivo e verse sobre o menor preço, haja vista que trata da proposta mais vantajosa para a Administração, esses serviços contratados não são padronizáveis e não existe a possibilidade de substituição de uns por outros, mantendo-se o mesmo padrão de qualidade e eficiência. Portanto, os serviços relacionados no mencionado edital não podem ser caracterizados como comuns. Pode-se citar como exemplo a contratação de Engenheiro Civil com pós-graduação e/ou mestrado que possa subsidiar pareceres técnicos e análises para o IPR. Depreende-se que para a contratação desse profissional é necessária formação acadêmica voltada às atividades de pesquisa rodoviária, bem como que a titulação exigida (pós-graduação e/ou mestrado) seja relacionada a essa área. CONSTATAÇÃO 048: ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA SOB SUSPEITA DE IRREGULARIDADE Um dos atestados de capacidade técnica apresentado pela licitante/contratada, foi expedido pela empresa CIAMI – Serviços Profissionais Ltda, registrado no Conselho Regional de Administração de Goiás, e, posteriormente, incluído no acervo técnico da licitante no Conselho Regional de Administração do Distrito Federal. Ocorre que esse referido atestado, entre outros documentos, foi objeto de denúncia apresentada pela empresa Orion Serviços e Eventos Ltda, também participante do certame, em 10/01/2011, dando origem ao processo administrativo n° 50600.001288/2011-18, que cuida das diversas denúncias apresentadas pela aludida licitante, em desfavor da vencedora. A denunciante assevera, acerca da documentação que deu suporte à emissão do atestado de capacidade técnica questionado, resumidamente, irregularidades no contrato de prestação de serviços firmado entre a Tech Mix e a Ciami (assinaturas das testemunhas seriam falsas); emissão fraudulenta das notas fiscais, que se encontravam vencidas à época, já considerada a prorrogação de validade permitida pela Secretaria de Fazenda, além de terem sido emitidas quando a emitente (Tech Mix) já havia baixado sua inscrição no Cadastro Fiscal do Distrito Federal – CF/DF, o que pode ser confirmado em consulta ao sítio da Secretaria de Fazenda do Distrito Federal.

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Não obstante as denúncias, com idêntico teor e documentos anexos, terem sido protocoladas em diversas outras instâncias, segundo o denunciante (CRA/GO, CRA/DF, CGU/PR, MPF e DPF, além da disponibilização do endereço eletrônico: http://denunciaasfraudes.blogspot.com), a Diretoria Executiva entendeu por bem atribuir-lhe a classificação de “confidencialidade”, nos termos do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002. A dispersão da documentação relativa às denúncias e seus desdobramentos, entre os dois processos (contratação e denúncia), dificulta sobremaneira a análise e compreensão do deslinde da questão, sobretudo em face da confidencialidade atribuída àquele que tem por objeto a denúncia apresentada. Por intermédio do Ofício nº 04/2011/DIREX/DNIT, de 26 de janeiro de 2011, o Diretor Executivo do DNIT levou ao conhecimento do representante da Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, a instauração do Processo Administrativo nº 50600.001288/2011-18 visando o esclarecimento da denúncia, concedendo prazo de 5 (cinco) dias úteis para apresentação de “justificativas contundentes acerca de todas as alegações suscitadas”, alertando que “manifestação inconclusiva poderá ensejar em aplicação de penalidades da parte da Administração Pública [...]”. Registre-se, conforme já mencionado, a intempestividade na resposta, ou melhor, no pedido de dilação de prazo, por mais 10 (dez) dias, também descumprido, tendo ensejado a reiteração por parte da Diretoria, por meio do Ofício nº 35/2011/DIREX/DNIT, de 11/03/2011, estabelecendo novo prazo improrrogável de 48 horas para defesa. Extemporaneamente a defesa foi apresentada por meio do Ofício nº 32/2011, protocolado no DNIT no dia 17/03. Paralelamente, consoante Ofício nº 06/2011/DIREX/DNIT, datado de 28/01/2011, cópia à folha 44 dos referidos autos, o Diretor Executivo solicitou pronunciamento do Presidente do CRA/GO, acerca de denúncia de suposta irregularidade na emissão de atestado de capacidade técnica fornecido pela empresa retrocitada, registrada como acervo técnico da Tech Mix naquele Conselho. Por intermédio do Ofício nº 038/2011/CRA/GO/P de 11/02/2011, cópia à fl. 46 do referido processo, o Presidente do CRA-GO relatou ao Diretor Executivo do DNIT que já houve determinação de:

“(...) instauração de procedimento administrativo com vistas a apurar a ocorrência de falha funcional e, caso positivo, a autoria, na esfera penal e cível, por igual, o CRA-GO está encaminhando ao Ministério Publico Federal e Polícia Federal com vistas à efetiva apuração de crime contra a administração pública, ou outros tipos penais”.

Em 11 de março a Diretoria Executiva expediu o Ofício nº 36/2011/DIREX, reiterando ao CRA/GO informações acerca do desfecho do apuratório, não constando nos autos resposta daquele Conselho Regional, cessando aí as tratativas entre o DNIT e o CRA/GO, sem o resultado conclusivo. Ato contínuo, foi protocolado no DNIT, no dia 17/03/2011, o Ofício nº 32/2011, dirigido à Diretoria Executiva, contendo as “contra razões” apresentadas pela Tech Mix Ltda. A referida defesa não mereceu qualquer exame e manifestação por parte da DIREX, sendo apenas inclusa a aludida defesa aos autos do processo, às fls. 52-57, posteriormente encaminhado à Auditoria Interna do DNIT “visando à análise, averiguação e a emissão de parecer conclusivo quanto ao assunto abordado”. Referido processo foi restituído à origem com orientações no sentido de que o assunto fosse levado ao conhecimento do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, tendo em vista tratar-se de graves denúncias sobre possível prática criminosa, passível de apuração por aqueles órgãos, sendo recomendado pela Auditoria Interna do DNIT que o assunto fosse levado ao conhecimento da Diretoria Colegiada da Autarquia, com vistas à sua deliberação acerca da

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continuidade ou não do referido contrato, haja vista indícios de irregularidades graves, carente de defesa consistente por parte da contratada. Cumpre destacar que a defesa formulada pela Tech Mix, s.m.j., não se mostra “contundente”, conforme pretensão da Diretoria Executiva, externalizada em seu expediente, por meio do qual levou a denúncia ao conhecimento da contratada e anotou prazo para os esclarecimentos pertinentes. Ao contrário, a peça de resistência concentra mais esforços na pretensão de desqualificar as acusações e sua autoria, não trazendo por anexo qualquer documento que comprove suas argumentações, senão farta coletânea de matéria jornalística envolvendo a denunciante. Merece destaque a pífia argumentação da contratada ao tentar defender-se da acusação de que encontrava-se com sua inscrição no CF/DF baixada, in verbis:

“Ora, temos agora que explicar os procedimentos corretos os quais o GDF – Governo do Distrito Federal utiliza para regularização de pendências. A forma descrita no sistema como baixado, não quer dizer que o contribuinte teve sua inscrição cancelada, quer dizer o seguinte, o contribuinte pode reativar a sua inscrição, bastando para tanto, o pagamento da multa. Foi o que ocorreu naquela ocasião. A Tech Mix teve sua inscrição baixada no sistema, por pouco tempo, é assim que funciona, o objetivo do GDF não é manter a inscrição sempre ativa, é arrecadar dinheiro [...]”

Absolutamente inadequada a “explicação” acima, senão vejamos: Acerca da baixa de inscrição, que se processa mediante requerimento do contribuinte, dispõe o artigo 22 do Decreto nº 25.508, de 19 de janeiro de 2005, do Governo do Distrito Federal, que Regulamenta o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, in verbis:

“Art. 22. A partir do encerramento de suas atividades, o contribuinte fica obrigado a requerer, no prazo de trinta dias, baixa de inscrição, se contribuinte exclusivamente do ISS, ou exclusão do ISS, se contribuinte também do ICMS.”

Já no que tange aos institutos da suspensão e do cancelamento da inscrição, esses se dão por ato de ofício da Secretaria de Fazenda, por omissão ou infração cometida pelo contribuinte, consoante disposto nos fragmentos do dispositivo regulamentar, nestes termos:

“Da Suspensão e do Cancelamento da Inscrição Art. 23. Mediante ato da autoridade fiscal competente, a inscrição poderá ser: I - suspensa, quando: a) o contribuinte deixar de providenciar alterações cadastrais, no prazo regulamentar; b) o contribuinte, após seis meses de cadastramento no CF/DF, salvo disposição em contrário: 1) não tiver solicitado a Autorização de Impressão de Documentos Fiscais - AIDF; 2) não possuir os livros fiscais exigidos na legislação devidamente autenticados ou não tiver solicitado a emissão e escrituração de livros e documentos fiscais por sistema eletrônico de processamento de dados; [...] II - cancelada, quando: a) o contribuinte reincidir na infração que enseje a suspensão; b) o contribuinte prestar informações cadastrais falsas; c) o contribuinte deixar de promover seu recadastramento, conforme determinado pela autoridade competente; d) permanecer suspensa por período superior a noventa dias; e) expirado o prazo da inscrição de ofício a que se refere o § 1º do art. 19; f) transitar em julgado a sentença declaratória de falência.”

Resta claro que a situação cadastral “baixada” é algo definitivo. Tanto que ao retornar com suas atividades, a mesma Tech Mix não reativou sua inscrição, mas obteve nova inscrição, com número diferente da anterior, conforme consta em suas atuais notas fiscais emitidas contra o

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DNIT (07.517.492/001-88), podendo também ser consultada no Cadastro Fiscal do Distrito Federal. Diante do exposto, a Auditoria Interna da Autarquia solicitou ao Presidente do Conselho Regional de Administração do Distrito Federal, por meio do Ofício nº 382/2011/AUDINT/DNIT de 03/08/2011, manifestação acerca da autenticidade do atestado técnico apresentado pela empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda ao DNIT, com a maior brevidade possível. Vale ressaltar que o CRA-DF emitiu a certidão de acervo técnico da empresa utilizado na fase de habilitação no certame licitatório. Posteriormente, por intermédio do Ofício nº 410/2011/AUDINT/DNIT, de 12 de agosto de 2011, foi solicitado também pela Auditoria Interna do DNIT ao CRA-DF, cópia do processo da apuração em curso naquele órgão de classe, ainda sem desfecho. A AUDINT/DNIT encaminhou também expediente com solicitação idêntica ao CRA-GO, por intermédio do Ofício nº 387/2011/AUDINT/DNIT, de 04 de agosto de 2011, para que aquele Conselho se pronunciasse sobre as denúncias de falsificação de documentos e a respeito da autenticidade dos atestados técnicos. Além disso, a equipe da AUDINT/DNIT se deslocou até a Sede do referido CRA-GO, no dia 04/08/2011, onde obteve cópia integral do processo administrativo nº 0086/11, que trata da apuração da denúncia no âmbito daquele Conselho, sem contudo obter ainda uma manifestação conclusiva. Conforme constatado na cópia dos autos do mencionado processo, o CRA-GO aguarda resultado de exame grafotécnico, a ser realizado pela Polícia Federal, para determinar autenticidade ou não dos documentos, o que pode ser verificado no teor do Ofício nº 044/2011/CRA/GO de 15/02/2011, à folha 127 do processo obtido por cópia. CONSTATAÇÃO 049: PRESTAÇÃO DE GARANTIA (CARTA FIANÇA) IRREGULAR PELA EMPRESA VENCEDORA DO CERTAME LICITATÓRIO. Nos autos do Processo Administrativo nº 50600.005885/2010-22, volume V, folha 814 (contratação), consta a guia de DEPÓSITO DE CAUÇÃO nº 10.DC.06460, datada de 17/12/2010, referente ao depósito da garantia correspondente a 5% do valor do contrato, condição para assinatura da avença decorrente do edital do pregão eletrônico n° 387/2010-00. A discriminação na guia indica que a empresa vencedora do certame licitatório, Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, apresentou garantia contratual na modalidade carta de fiança, datada de 16/12/2010, no montante de R$ 946.267,62 (novecentos e quarenta e seis mil, duzentos e sessenta e sete reais e sessenta e dois centavos), emitida pelo Fundo de Microcrédito Rotativo Caixa Social. Mister se faz registrar que na Ata da Assembléia Geral de Constituição, Fundação e Eleição da Primeira Diretoria do Fundo de Microcrédito Rotativo Caixa Social (encadernação anexa ao processo nº 50600.001288/2011-18), consta como Diretor Financeiro eleito o Sr. Cleônides Gomes de Sousa, no entanto, em diversos expedientes, o mesmo subscreve como “Cleônides de Sousa Gomes”. Aparentemente há divergência também entre as assinaturas existentes na Ata e nos referidos expedientes. À folha nº 848 consta correspondência s/n° de 05/01/2011, expedida pelo Diretor Financeiro do Fundo de Microcrédito Rotativo Caixa Social, por meio da qual foi informado ao Senhor Diretor Executivo do DNIT que, tendo “tomado conhecimento por meio de terceiros”, acerca da Carta Fiança emitida pela referida Entidade, em favor da Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, pelo

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bem da verdade, de que a referida garantia não apresentava valor legal para qualquer efeito. Acrescentou que o firme das assinaturas para esse serviço é de competência exclusiva da presidência e diretoria financeira, segundo o estatuto da Entidade. Nota-se, entre as fls. 834 e 847 (dos autos principais), bem como no processo de nº 50600.01288/2011-18, frequentes intervenções da empresa Orion Serviços e Eventos Ltda, CNPJ/MF nº 03.567.231/0001-70, também participante do pregão eletrônico, inclusive solicitando cópia da aludida carta de fiança, dentre outros documentos, fazendo crer ser ela a portadora da informação levada ao Fundo de Microcrédito Rotativo Caixa Social, emitente da garantia, face à sua manifesta irresignação com o desfecho do certame licitatório. Em 06/01/2011, a Diretoria da Caixa Social reiterou a declaração citada, dando ciência ao Senhor Diretor Executivo do DNIT de que a carta fiança apresentada pela empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda não teria valor legal, tendo sido emitida indevidamente (fls. 861/862). A Diretoria Executiva do DNIT, em face disso, solicitou à referida empresa a correção da carta fiança inválida por meio do Ofício nº 01/2011/DIREX/DNIT de 06/01/2011 (fl. 863), alertando “que a não correção das impropriedades apresentadas, mesmo não atendo a Tech Mix dado causa ao evento, resultará na invalidação de todos os atos praticados em virtude da assinatura do contrato em epígrafe”. A empresa contratada (Tech Mix) manifestou-se por meio do Ofício n° 05/2011, datado de 10/01/2011, inserto à fl. 866, dizendo-se surpresa e alegando desconhecer o cancelamento da fiança. A dita surpresa não se coaduna com a informação prestada pelo Diretor do Fundo de Microcrédito, pela qual apresentou cópias autenticadas de telegrama e do respectivo aviso de recebimento, datados de 05 e 06/01/2011, respectivamente, expedidos justamente para comunicar a nulidade da garantia ofertada. Na sequencia, por intermédio do Ofício nº 007/2011, de 18/01/2011, às fls. 867/868, o representante da Tech Mix, ainda referindo-se ao Ofício nº 01/2011/DIREX/DNIT, faz menção a tratativas com o aludido Fundo de Crédito, a quem se refere como “instituição financeira”, e sempre como “Fundo de Crédito”, não de “Microcrédito”. Informou haver expedido o Ofício nº 006/2011, ao citado Fundo, por meio do qual foi solicitado informar, no prazo de 05 (cinco) dias, as razões que levaram ao cancelamento da carta de fiança, não tendo recebido qualquer resposta senão o telegrama que informa da não validade da garantia. Chama atenção o fato de que o telegrama (anexo por cópia e datado de 05/01, à fl. 870) contém data anterior à da expedição do Ofício nº 06/2011 (10/01/2011, cópia à fl. 869). Registre-se ainda, que não há comprovação de que, de fato, o dito ofício tenha chegado ao destinatário (Fundo de Microcrédito). Conclui o representante da Tech Mix, ainda no Ofício nº 007/2011, por solicitar prazo de 10 (dez) dias para apresentação de nova garantia, no que foi prontamente atendido pela DIREX/DNIT, de forma improrrogável, em despacho manuscrito, nos autos. Em 31/01/2011 (fora do prazo improrrogável concedido), por intermédio do Ofício nº 09/2011, nova carta de fiança foi apresentada, com vigência a cotar de 17/12/2010 e vencimento em 17/12/2011 (cópias às fls. 891/892). Da análise da primeira carta fiança apresentada merecem destaques as constatações a saber: a garantia apresenta apenas a assinatura do seu diretor administrativo, ao qual compete, de acordo com o Estatuto Social da referida organização, as seguintes atribuições:

“Registrar os projetos e propostas; Providenciar e preservar a memória dos projetos e acordos; Manter em ordem os livros de atas de reuniões, da diretoria e das assembléias gerais, e, o registro da presença dos participantes; Coordenar os trabalhos de secretaria e/ou projeto mantendo-os organizados; Manter atualizado o cadastro de sócios”.

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Outra observação relevante refere-se à ausência de identificação do exato período de vigência da caução. O documento simplesmente menciona que: “a presente fiança vigorará por um prazo máximo de 60 (sessenta) dias após a emissão do termo de recebimento definitivo dos serviços pelo DNIT”. Em interpretação literal extrai-se da transcrição retro que a vigência não excederá de sessenta dias, iniciando-se com o recebimento definitivo dos serviços, o que a torna, s.m.j., absolutamente inútil, o que não foi observado pelos gestores do contrato. Entende-se que a caução deverá conter um período determinado, conforme estabelece o item 14.4 do Edital pregão eletrônico n° 387/2010-00, o que foi observado na carta de fiança emitida pelo Banco BRJ.

“(...) No caso de fiança, esta deverá ser, a critério do licitante, fornecido por uma instituição localizada no Brasil, pelo prazo da duração do contrato, devendo a contratada providenciar sua prorrogação, por toda a duração do contrato, independente de notificação do DNIT/Sede, sob pena de rescisão contratual (...)”.

Na referida carta fiança da Caixa Social, na qualidade de “instituição financeira” que afirma ser (equivocadamente), a mesma declara e atesta que:

“(...) Atestamos que a presente fiança está devidamente contabilizada no Livro nº 06, usado por esta instituição e, por isso, é boa, firme e valiosa, satisfazendo, além disso, as determinações do Banco Central do Brasil ou das autoridades monetárias no país de origem (...)”.

Ainda no processo principal, à fl. 899, emitida em 03/01/2011, encontra-se cópia de declaração firmada pelo Banco Central do Brasil, asseverando não existir registro dessa instituição financeira (CNPJ nº 07.725.352/0001-53 – Fundo de Microcrédito) no seu cadastro, no sistema de informações – Sisbacen, informação essa corroborada pelo Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ/MF, no qual não consta qualquer atividade compatível com a expedição de tal garantia. Saliente-se que o Processo nº 50600.01288/2011-18, que trata integralmente de denúncia contra a Tech Mix, às fls. 2/8 encontra-se a peça acusatória subscrita pela empresa Órion Serviços Especiais Ltda. Na referida peça constam diversas relatos acerca de possíveis irregularidades praticadas pela contratada (Tech Mix), dentre as quais, registre-se, aqueles pertinentes à carta de fiança emitida pelo Fundo de Microcrédito Rotativo Caixa Social e ao atestado de capacidade técnica, este último sob investigação pelo Conselho Regional de Administração – CRA/GO, ainda pendente de conclusão. Importa registrar que, face às denúncias, a DIREX/DNIT, por intermédio do Ofício nº 04/2011/DIREX/DNIT, de 26/01/2011, cópia à fl. 43, noticiou o representante da Tech Mix das denúncias e estabeleceu prazo de 05 (cinco) dias úteis para apresentação de defesa. Intempestivamente, a empresa solicitou, por meio do Ofício nº 11/2011 (protocolado em 03/02, às 17h21min), cópia à fl. 45, prorrogação de prazo, por 10 (dez) dias, para a apresentação da defesa. Por meio do Ofício nº 35/2011/DIREX/DNIT, de 11/03/2011, cópia à fl. 50, a Diretoria Executiva reiterou o pedido de justificativas (defesa), uma vez que não houve atendimento (mesmo nos dez dias concedidos adicionalmente) citando prazo improrrogável de 48 horas para tal. A defesa veio por intermédio do Ofício nº 32/2011, protocolado no DNIT no dia 17/03, mais uma vez extemporaneamente, conforme se vê em cópia às fls. 52/57. Em breve análise na defesa apresentada, nota-se maior ênfase em desqualificar a denúncia e a autora da denúncia, em prejuízo de argumentos consistentes e de documentação comprobatória, inexistente nos autos. Foram anexados à defesa diversos recortes de jornais com matérias que tentam denegrir a imagem da denunciante. Não foram localizados nos autos do referido processo, ainda, qualquer manifestação por parte da DIREX/DNIT acerca da defesa apresentada, acolhendo ou não os argumentos. Simplesmente a referida peça de resistência foi inserida do

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processo. Também não foi localizada nenhuma resposta à denunciante, o que talvez a tenha levado a apresentar denúncias em outras instâncias, inclusive na imprensa. Em relação às informações contidas na peça de defesa, da lavra do Sr. Luís Carlos Rodrigues da Cunha, representante legal da contratada, faz-se mister destacar, in verbis:

“além do mais, o mesmo Sr Cleones (sic), sempre fez questão de receber em espécie os valores acordados, especificamente neste caso, conforme acordado, os valores a serem pagos, seriam a posteriore, única razão em afirmar que nenhum valor foi pago. Em que pesem não serem verdadeiras as alegações levados em consideração, salientamos que este mesmo Fundo de Microcrédito, em outras operações, foi garantidor de outros contratos assinados com autorização do Dr. Cleones de Souza Gomes, e se o mesmo não quis se pronunciar, ou mesmo dizer os valores que foram pagos, respeitamos os seus direitos.”

Importa transcrever aqui o item 7 da carta apresentada à Auditoria Interna do DNIT pelo Sr. Cleonides de Sousa Gomes, Diretor Financeiro do Fundo de Microcrédito, datada de 08/08/2011:

“7. Vale salientar, para fins de esclarecimentos, que jamais houve a cobrança de qualquer valor para expedição da Carta de Fiança e nenhum contrato foi firmado entre a Caixa Social e a empresa TECH MIX visando tal elaboração e garantia da carta de Fiança, uma vez que tratava-se apenas de atender a um pedido de uma pessoa, na época amiga desse Diretor Financeiro.”

Os fragmentos da defesa e esclarecimentos transcritos acima fazem crer que no referido Fundo de Microcrédito reina a informalidade. Não se pode admitir que uma empresa que apresentou qualificação técnica para a contratação desconheça as regras para emissão de garantia na modalidade de carta de fiança. Tendo por base o exposto, a AUDINT/DNIT encaminhou a Solicitação de Auditoria nº 13.04/2011, em 02/08/11, ao Diretor Executivo da Autarquia, objetivando esclarecimentos acerca das providências adotadas por aquela Diretoria com relação à apresentação de carta fiança irregular, por parte da empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, haja vista denúncia constante nos autos. Segundo a AUDINT/DNIT, inobstante o não recebimento de manifestação/resposta da parte da Diretoria, até o momento, os autos dos processos (licitação/contratação e apuração de denúncia) e seus respectivos anexos (integralmente) foram objeto de minucioso exame e neles não foram encontrados documentos que demonstrem medidas efetivas adotadas com vistas ao cumprimento das normas ante a admitida inidoneidade da caução apresentada. Verificou-se que a empresa vencedora do certame, já então contratada, forneceu nova fiança bancária, emitida pelo Banco BRJ, em 31/01/2011, conforme registrado no item 11 acima, no valor de R$ 946.267,62. Observa-se que o DNIT tomou ciência em 05/01/2011 de que a carta fiança apresentada inicialmente não tinha valor legal e aguardou até o dia 31/01/2011 a apresentação de nova fiança, o que corresponde a um lapso temporal de 26 dias. Releva consignar que no dia 08/08/2011 foi recebida na Auditoria Interna do DNIT, carta expedida pelo Diretor Financeiro do Fundo de Microcrédito Rotativo Caixa Social, Sr. Cleonides de Sousa Gomes, por meio da qual o referido representante da Entidade relatou a solicitação de carta de fiança pela Tech Mix, emitida em 16/12/2010, com registro em cartório em 17/12/2010 e posterior reconhecimento de sua nulidade. Asseverou que em 5 de janeiro de 2011, após ser alertada da falta de legitimidade, noticiou a DIREX/DNIT da nulidade da Carta, solicitando considerar o referido documento sem nenhum valor legal. Acrescentou ainda que “jamais houve qualquer cobrança de qualquer valor para expedição da carta de fiança e nenhum contrato foi firmado entre a Caixa Social e a empresa Tech Mix visando tal elaboração e garantia da carta

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de fiança, uma vez que tratava-se apenas de atender a um pedido de uma pessoa, na época amiga desse Diretor Financeiro”. Frise-se que na cláusula décima primeira do contrato nº 1.037/2010, objeto dos exames, a qual dispõe sobre as penalidades à contratada, é estabelecido que:

“11.2- Ficará impedida de licitar e de contratar com a Administração do Dnit, pelo prazo de até 5 anos, garantido o direito prévio da citação e da ampla defesa, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, a licitante que: (...) 11.2.4 – Fizer declaração falsa

CONSTATAÇÃO 050: ENQUADRAMENTO INDEVIDO DA LICITANTE NO SIMPLES NACIONAL. Identificou-se que a licitante fez uso indevido de enquadramento no Simples Nacional. A Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006 estabelece em sua Seção II – Das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional:

Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: .... XI - que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios; XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra; XIII - que realize atividade de consultoria; .... § 2º Também poderá optar pelo Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que se dedique à prestação de outros serviços que não tenham sido objeto de vedação expressa neste artigo, desde que não incorra em nenhuma das hipóteses de vedação previstas nesta Lei Complementar.

Em consulta ao sitio da Receita Federal do Brasil observou-se que a empresa supracitada foi optante pelo Simples Nacional no período compreendido entre 01/01/2008 e 31/12/2010, período este que compreende o processo licitatório analisado. Conforme se extrai do texto da referida Lei, é vedado o recolhimento de impostos na forma do Simples Nacional para microempresa ou empresa de pequeno porte que preste serviço de locação de mão-de-obra, atividade essa desenvolvida pela empresa Tech Mix Comercial e Serviços ltda, no período em que estava enquadrada no respectivo programa, conforme Atestado de Capacidade Técnica apresentado pela empresa na fase de habilitação (processo 50600.005885/2010-22, pasta 3). O objeto do contrato atestado é: “contratação de empresa para prestação de serviços de suporte técnico e administrativo, por diversas categorias laborais...”, cuja vigência terminou em abril de 2008, o que evidencia que a empresa realizava atividade de locação de mão-de-obra quando solicitou o enquadramento no Simples Nacional. Extrai-se do parágrafo 2º do artigo 17 da citada Lei que somente as microempresas e empresas de pequeno porte, que se dediquem à prestação de outros serviços que não os vedados na referida Lei, como o caso de locação de mão-de-obra, poderão se enquadrar no Simples Nacional, o que não é o caso da empresa Tech Mix Comercial e Serviços ltda, conforme ficou comprovado. Isto posto, entende-se que a empresa não poderia estar enquadrada no Simples Nacional no momento em que participou do processo licitatório.

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CONSTATAÇÃO 051: NÃO ABERTURA DE CONTA VINCULADA CONFORME DETERMINAÇÃO CONTRATUAL. De acordo com o item 3.8 da cláusula terceira do contrato analisado, a contratante deverá:

“Depositar em conta vinculada específica, conforme o disposto no anexo VII da Instrução Normativa nº 3, os valores provisionados para o pagamento de férias, 13º salário e rescisão contratual dos trabalhadores da contratada que somente serão liberados para o pagamento direto dessas verbas aos trabalhadores, nas seguintes situações: a) Parcial e anualmente, pelo valor correspondente aos 13º salários, quando devidos; b) Parcialmente, pelo valor correspondente aos 1/3 de férias, quando dos gozos de férias dos empregados vinculados ao contrato; c) Parcialmente, pelo valor correspondente aos 13os salários proporcionais, férias proporcionais e à indenização compensatória porventura devida sobre o FGTS, quando da demissão de empregado vinculado ao contrato; d) Ao final da vigência do contrato, para o pagamento das verbas rescisórias; e e) O saldo restante, com a execução completa do contrato, após a comprovação, por parte da empresa, da quitação de todos os encargos trabalhistas e previdenciários relativos ao serviço contratado, de acordo com a IN. 03/2009;

Ao se analisar o processo de pagamento, verificou-se que não restou demonstrada a efetivação de créditos em conta vinculada, consoante estabelece item 3.8 da cláusula terceira do contrato nº 1037/2010/DIREX/DNIT, com finalidade de depósito dos valores assecuratórios da quitação de verbas rescisórias, gratificação natalina e abono constitucional de férias, nos percentuais de 32,82% a 33,25% da fatura mensal. A Diretoria Executiva, gestora do contrato, é a responsável pela abertura e movimentação da conta vinculada, sendo atribuição do fiscal do contrato o acompanhamento das movimentações financeiras efetuadas. CONSTATAÇÃO 052: CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS EM DESCONFORMIDADE COM OS REQUISITOS EXIGIDOS NO TERMO DE REFERÊNCIA. De acordo com as exigências contidas no Termo de Referência, componente do Edital do Pregão Eletrônico nº 387/2010-00, os profissionais que serão contratados deverão atender aos seguintes requisitos:

Nível 1: Escolaridade 3º grau completo, com formação em uma das seguintes áreas: Ciências da Computação, Administração de Empresas, Economia, Direito, Ciências Contábeis e outros de interesse da contratante, sendo devidamente registrado no conselho ou na ordem respectiva quando exigido. Experiência comprovada em execução de serviços em sua área de formação, mínimo de 06 meses. Nível 2: Escolaridade: 3º grau completo, com formação acima de 03 (três) anos em uma das seguintes áreas: administração de empresas, economia, ciências contábeis, arquitetura, e outros de interesse da contratante, sendo devidamente registrado no conselho ou na ordem respectiva quando exigido. Experiência comprovada em execução de serviços em sua área de formação, mínimo de 06 meses. Nível 3: Escolaridade: 3º grau completo, com formação acima de 05 (cinco) anos em Economia, Contabilidade, Administração, Direito, Arquitetura e outros de interesse da contratante, com pós-graduação e ou mestrado, sendo devidamente registrado no conselho ou

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na ordem respectiva quando exigido. Experiência comprovada em execução de serviços em sua área de formação, mínimo de 06 meses. Nível 4: Escolaridade: 3º grau completo, com formação acima de 08 (oito) anos em Engenharia Civil, Elétrica, Telecomunicações, sendo devidamente registrado no conselho ou na ordem respectiva quando exigido. Experiência comprovada em execução de serviços na área de formação, mínimo de 06 meses.

Durante entrevista com o fiscal do contrato, foram solicitadas para verificação as pastas contendo os currículos e documentos de cada um dos empregados vinculados ao Contato Tech Mix. Após a análise da documentação solicitada, foram verificados casos de pessoas que não cumprem os requisitos mínimos exigidos. Os Quadros abaixo evidenciam o que foi verificado. Quadro I: Impropriedade quanto à comprovação dos requisitos referentes ao cargo de Técnico de Nível Superior I

Fonte: Pastas de documentos dos empregados vinculados ao contrato

Quadro II: Impropriedades quanto à comprovação dos requisitos referentes ao cargo de Técnico de Nível Superior II

Fonte: Pastas de documentos dos empregados vinculados ao contrato Quadro III: Impropriedades quanto à comprovação dos requisitos referentes ao cargo de Técnico de Nível Superior III

Fonte: Pastas de documentos dos empregados vinculados ao contrato

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Quadro IV: Impropriedades quanto à comprovação dos requisitos referentes ao cargo de Técnico de Nível Superior IV

Fonte: Pastas de documentos dos empregados vinculados ao contrato

Dos Quadros anteriormente apresentados, observa-se que uma grande quantidade de empregados não apresentam os requisitos mínimos exigidos no Termo de Referência, não podendo assim exercer as atividades para as quais foram contratados. Outro ponto que merece destaque é o fato de que, ao se analisar os currículos apresentados, deparou-se com casos de pessoas que apresentam o atual vínculo empregatício com a contratada como experiência profissional, o que evidencia para esses casos o fato de não haver apresentação prévia de currículos, podendo-se inferir que tais documentos foram elaborados somente após a solicitação da Auditoria Interna da Autarquia. Ressalta-se a deficiência da fiscalização do contrato, que deveria ao menos se certificar de que a empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda estava contratando pessoas que cumpriam as exigências do Termo de Referência. Agrava tal situação o fato de o fiscal do contrato estar de posse dos currículos e comprovantes de qualificação e experiência profissional dos empregados contratados, e não ter analisado a condição de ingresso dessas pessoas, ignorando o cumprimento das exigências editalícias. II.4.6 - IMPROPRIEDADES NA EXECUÇÃO DE OBRAS DELEGADAS Tendo em vista o conflito de interesses detectado pela CGU, decorrente das análises ao processo de contratação da Construtora Araújo, decorrente do Convênio nº 534035, optou-se em apresentar neste Relatório outros fatos relacionados à referida contratação. BR-174/RR CONSTATAÇÃO 053: EXECUÇÃO PRECÁRIA DOS SERVIÇOS DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO, CONTRATOS 57, 58 E 59, DE 20/04/2006. À época dos trabalhos de fiscalização no âmbito do 8º Sorteio de UF, técnicos da CGU constataram, nos dias 13 e 14/11/2008, que trechos licitados da BR-174/RR não apresentavam boas condições de conservação, conforme registro fotográfico do subtrecho km 369,0 ao km 505,1, de responsabilidade da Construtora Araújo Ltda.

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Foto 24 - Vista parcial da rodovia BR-174. Detalhe para a existência de buracos e ausência de sinalização horizontal. Ponto GPS 111 – Subtrecho 3 - km 369,0 ao km 505,1.

Foto 25 - Vista parcial da rodovia BR-174. Detalhe para a existência de remendos sobre remendos apresentando má qualidade nos serviços executados. Ausência de sinalização horizontal. Ponto GPS 113 – Subtrecho 3 - km 369,0 ao km 505,1.

Foto 26 – Detalhe da foto anterior. Dessa forma, verificou-se que a situação precária de conservação nos subtrechos fiscalizados na BR-174 conduz à insegurança e ao desconforto de seus usuários, além de propiciar maiores despesas com manutenção de veículos. Tais fatos foram de encontro ao objetivo maior do pavimento, conforme descrição no item 10.1 - Considerações Iniciais do Manual de Pavimentação/MT/DNIT/DPP/IPR.

"O objetivo maior do pavimento - entendido aqui como a rodovia com todos os seus componentes, deverá se constituir em atender, adequadamente, às suas funções básicas. Por este motivo, deverá ser ele concebido, projetado, construído e conservado de forma a apresentar, invariavelmente, níveis de serventia compatíveis e homogêneos, em toda sua extensão, os quais são normalmente avaliados através da apreciação de três características gerais de desempenho: a segurança, o conforto e a economia (de manutenção, operação e segurança)."

Vale ressaltar ainda as justificativas apresentadas no Memorando nº 029/2006 - DEPT/DEIT/SEINF, de 24/01/2006 que tratava de solicitação de abertura de processo licitatório:

"Todas as Vias pavimentadas necessitam de manutenção e conservação, caso contrário em determinado período de tempo, estando os mesmos sujeitas ao tráfego de veículos e a fatores ambientais, sofreriam processos de deterioração e acabariam perdendo a sua função de comunicação social política e econômica.

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A BR-174, em particular, interliga a nossa população ao resto do País além de que, ao fazer parte da Amazônia Legal necessita de condições adequadas, pois é o elo de integração regional. Outro fato imperioso é que a BR-174 também nos conduz à Venezuela e à República Cooperativa da Guiana e por consequência ao Caribe e ao resto do mundo, e que somos dependentes do transporte rodoviário. É evidente que com os serviços de manutenção e conservação teremos uma redução dos custos operacionais, segurança dos usuários, pedestres e propriedades as margens das vias, além do conforto do usuário e preservação dos padrões de conforto estético de via."

Entretanto, diante da situação precária encontrada na BR-174, não há evidências de que os custos operacionais tenham sido reduzidos e que tenha aumentado a segurança dos usuários. Aliás, de forma oposta, destaca-se a ocorrência de prestação de serviços insatisfatórios, conforme Memorando nº 191/2008, de 08/04/2008 e Memorando/SEINF nº 193/2008, de 10/04/2008, em referência a execução do Convênio nº 044/2002. A empresa contratada para executá-lo foi a Tescon Engenharia Ltda que agora é a responsável pelos serviços de conservação no subtrecho definido no Lote II. Além do exposto, destacamos ainda a existência do Convênio nº 292/2007 que possui como objeto a Restauração de 126,60 km na Rodovia BR-174, no subtrecho Caracaraí (Km 369,0) - Entrada BR-401 (Km 495,6). Dessa forma, constatamos a ocorrência de serviços de conservação no trecho que será restaurado pelo Consórcio CMT - EGESA. Evidência: Verificação no local. Manifestação da unidade examinada: Por meio do Ofício GAB/SEINF Nº 090/2009, de 02/02/2009, o Governo do Estado de Roraima, por meio do Secretário de Estado de Infraestrutura, apresentou os seguintes esclarecimentos: "Esclarecimentos: Com relação a este item concordamos que embora os serviços de conservação/manutenção estejam sendo executados conforme instruções do DNIT, a rodovia ainda se encontra em estado ruim. Este fato se dá devido à situação da rodovia, cujo pavimento se encontra totalmente deteriorado, com problemas estruturais de base, sub-base, drenagem, etc., sendo necessário fazer uma obra de restauração, não resolvendo mais apenas os serviços de conservação. Vale ressaltar que em toda a extensão da BR-174/RR o pior trecho é o situado entre a Div. AM/RR (km 0,00) x Jundiá (km 73,00), que corresponde à reserva indígena Waimiri-Atroari, onde a situação se torna mais grave devido à grande incidência de chuvas durante quase todo o ano e as condições da vegetação que estão atualmente quase encobrindo a rodovia, dificultando dessa forma, a aeração do pavimento, acumulando umidade e reduzindo a sua capacidade de suporte. Os outros trechos da rodovia encontram-se trafegáveis com algumas panelas decorrentes de desgaste do revestimento asfáltico existente. Este desgaste acarreta o aparecimento frequente de novas panelas. A idade média do pavimento é em torno de 10 anos, tendo sido dimensionado para um número N ≤ 10 (elevado a seis) e base com CBR ≥ 60. Em face da evolução do tráfego hoje se faz necessário à utilização de uma base com CBR ≥ 80. O revestimento asfáltico utilizado foi o Tratamento Superficial Duplo - TSD, sendo que com o aumento do número N hoje a melhor opção para o revestimento asfáltico é o Concreto Betuminoso Usinado a Quente - CBUQ.

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O Governo do Estado de Roraima, por meio da SEINF, já licitou o projeto de Restauração da BR-174/RR no trecho compreendido entre Div. AM/RR (km 0,00) x Caracaraí (km 369,00) e Boa Vista (km 505,10) x Pacaraima (km 719,90). Este devendo ser entregues a SEINF até março de 2009, o qual deverá ainda ser aprovado pelo DNIT para posterior licitação. É importe frisar que até a execução da solução definitiva é necessário fazer a conservação/manutenção de todo o trecho para dar trafegabilidade, conforto e segurança a rodovia. No trecho compreendido entre Caracaraí (km 369,00) x Boa Vista (km 505,10) existem dois convênios e dois contratos vigentes abaixo relacionados: A) TT-109/05 - Convênio de Conservação da BR-174/RR lavrado entre o Governo do Estado de Roraima, através da SEINF e o DNIT. Acobertado por este convênio existe o Contrato nº 056/06 entre a SEINF e a Construtora Araújo LTDA que tem seu prazo vigente até abril de 2009, podendo ainda ser prorrogado. B) TT-292/07 - Convênio de Restauração da BR-174/RR lavrado entre o Governo do Estado de Roraima, através da SEINF e o DNIT. Acobertado por este convênio existe o Contrato nº 071/07 entre a SEINF e o Consórcio CMT/Egesa, que tem a CMT como líder e o prazo para a conclusão dos serviços de Restauração é em junho/2010. Conforme cronograma de execução do Consórcio CMT/Egesa, em anexo, a mesma executará obras de restauração no período do verão, entre dezembro/2008 e maio/2009, somente no trecho entre Iracema (km 377,50) e Boa Vista (km 426,00), ficando o trecho entre Caracaraí (km 369,00) e Iracema (km 377,50) para ser executado no outro verão de 2009/2010, iniciando em outubro de 2009. Diante do exposto e para que não ocorram prejuízos para a rodovia e consequentemente para os seus usuários, colocando em risco a segurança de transito, informamos que o trecho entre Caracaraí (km 369,00) e Iracema (km 377,50) será mantido pelo contrato de Conservação com a Construtora Araújo, até que se iniciem os serviços de Restauração neste trecho. Este programação foi informada ao TCU através do nº 1715/08 de 23/12/2008. Cópia do cronograma de execução do Consórcio CMT/Egesa," Análise do controle interno: As justificativas apresentadas pela SEINF têm como foco central o reconhecimento da impropriedade. Quanto ao fato de existir uma empresa realizando serviços de conservação em trecho que sofrerá restauração, vale ressaltar que conforme justificativa apresentada pela SEINF, o cronograma do Consórcio CMT/Egesa prevê a execução das obras de restauração, no verão compreendido no período de dezembro/2008 a maio/2009, somente no trecho entre Iracema (km 377,50) e Boa Vista (km 426,00), ficando o trecho entre Caracaraí (km 369,00) e Iracema (km 377,50) para ser executado no verão do período 2009/2010, iniciando em outubro de 2009. Em função desta programação a SEINF justifica a necessidade da continuidade dos serviços de conservação, com a Construtora Araújo, no trecho entre Caracaraí (km 369,00) e Iracema (km 377,50), até que se iniciem os serviços de Restauração neste trecho.

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Entretanto, a SEINF não apresenta justificativas para o fato do cronograma do Consórcio CMT/Egesa não prever a execução dos serviços de restauração de forma concomitante, nos dois sub-segmentos, no verão compreendido no período de dezembro/2008 a maio/2009, ou a previsão da não atuar inicialmente no sub-segmento entre Caracaraí (km 369,00) e Iracema (km 377,50). Além disso, supondo que a programação apresentada no cronograma do Consórcio CMT/Egesa seja justificável, a SEINF também não esclarece se será procedida a formalização, por meio da emissão de Ordem de Serviço específica, da suspensão da execução das obras de conservação no segmento entre Caracaraí (km 369,00) e Iracema (km 377,50), quando do início dos trabalhos de restauração deste trecho. E ainda, se a liberação da execução de serviços de conservação, com relação ao segmento entre o km 369,0 e 377,50, levará em consideração, dentro do possível, as soluções previstas no projeto de restauração, de maneira a minimizar a execução de serviços que não serão aproveitados quando da realização da restauração. No entanto, por meio do Ofício nº 1705/2009/GAB/SEINF-RR, de 11/11/2009 (págs. 06 a 15 do proc. 00190.041884/2009-17), houve o encaminhamento de manifestação do Secretário Estadual Interino de Infraestrutura, conforme transcrito a seguir:

“A continuidade dos serviços de conserva tinha por finalidade a manutenção da trafegabilidade da rodovia, até que os serviços de restauração fossem iniciados. A opção pela não execução dos dois sub-segmentos de forma concomitante, teve por fundamento o princípio da economicidade considerando que se realizado dessa forma elevaria consideravelmente o custo do empreendimento. Também, a opção por se iniciar a obra no trecho Boa Vista x Mucajai teve por fundamento o interesse público, uma vez que esse trecho possui um maior fluxo de veículos.”

Análise da CGU: A SEINF-RR justifica o particionamento dos serviços de restauração previsto no Contratos nº 071/076, entre a SEINF-RR e o Consórcio CMT/Engesa, em duas etapas devido a economicidade gerada. Sendo previsto a restauração de 48,5 km na 1a etapa e 8,5 km na 2a etapa. No entanto, restou pendente à SEINF-RR justificar as razões da diminuição da produtividade das equipes e usina contratada, em relação às previstas no SICRO II, que impedem a execução de 57 km de restauração em um período de 6 meses. BR-432/RR CONSTATAÇÃO 054: FINALIDADE DOS SERVIÇOS DE CONSERVAÇÃO NÃO ATENDIDA. À época dos trabalhos de fiscalização no âmbito do 8º Sorteio de UF, técnicos da CGU/PR constataram que trechos licitados da BR-432/RR não apresentavam boas condições de conservação, conforme registro fotográfico do subtrecho km 140,8 ao km 185,4, de responsabilidade da Construtora Araújo Ltda.

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Foto 15 – BR-432 – Km 142 – Falta de compactação da pista, gerando um “atoleiro”.

Foto 16 – BR-432 – Km 143 – Acúmulo de água na lateral da pista.

Foto 17 – BR-432 – Km 154 – Acúmulo de água na lateral da pista.

Foto 18 – BR-432 – Km 165 – Erosão na lateral da pista, comprometendo a base.

Tanto no Lote I/1, correspondente ao subtrecho Entrada da BR-174/210 - Vila Santa Rita, segmento Km 0,0 - Km 140,8, em que a empresa Construtora Araújo Ltda é responsável pelos serviços de conservação, como no Lote I/2, correspondente ao subtrecho Vila Santa Rita - Rio Quitauaú, segmento Km 140,8 - Km 185,4, em que a empresa contratada é a Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda, as condições de trafegabilidade da rodovia não são satisfatórias em diversos pontos, chegando, às vezes, a ser precária, gerando desconforto e até mesmo comprometendo a segurança dos usuários, além de gerar a necessidade de realização de novos serviços em um curto espaço de tempo, onerando ainda mais os cofres públicos, podendo ocasionar por fim, a interrupção do tráfego, descaracterizando dessa forma, o objetivo do contrato de conservação da rodovia. Evidência: Contrato nº 072/2007 - Processo n° 01196/07-82 - fls. 471 à 477; Contrato nº 073/2007 - Processo n° 01196/07-82 - fls. 460 à 466; À época do encaminhamento do Relatório do 8º Sorteio de UF, não houve manifestação do Gestor, não havendo análise a ser realizada por parte do Controle Interno. No entanto, por meio do Ofício nº 1705/2009/GAB/SEINF-RR, de 11/11/2009 (págs. 06 a 15 do proc. 00190.041884/2009-17), houve o encaminhamento de manifestação do Secretário Estadual Interino de Infraestrutura, conforme transcrito a seguir:

“O trecho objeto dos contratos em comento está sujeito a constantes inundações, necessitando de elevação de greide, e os serviços de conservação ora executados não contemplam esta necessidade.

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Razão pela qual a SEINF está pleiteando junto ao DNIT um projeto de implantação e pavimentação do trecho em questão, o qual se encontra em análise naquele órgão e, certamente, trata solução definitiva ao problema aqui apontado.”

Análise da CGU: Embora as informações apresentadas pela SEINF-RR justifique o motivo da deterioração do trecho da Rodovia BR-432/RR, segmento km 32 ao km 165, a mesma não se manifesta quanto aos serviços de conservação que estão sendo prestados no trecho. A não apresentação de evidências que indiquem que a empresa contratada está prestando adequadamente os serviços contratados, tais como fotos dos trechos recuperados após o período de chuvas, é razão para a permanência da constatação. BR-433/RR CONSTATAÇÃO 055: EXISTÊNCIA DE CLÁUSULAS RESTRITIVAS NO EDITAL DE CONCORRÊNCIA Nº 16/2009, CERTAME ESSE CONDUZIDO PELA SECRETARIA DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA DE RORAIMA Trata-se de licitação dividida em 2 (dois) lotes visando a contratação de empresa para execução, sob regime de empreitada a preços unitários, dos serviços necessários à realização dos serviços de manutenção rodoviária (conservação/recuperação) na Rodovia BR-433/RR, num total de 191,0 km a saber: Lote I - km 0,0 (Entronc. BR-401/RR) x km 87,0 = km 87,0 Lote II - km 87,0 x km 191,0 (Entronc. BR-174/RR) = km 104,0 Ao se analisar o Edital nº 16/2009, publicado no DOE em 22/07/2009, no jornal “Roraima Hoje” e no DOU em 23/07/2009, verificou-se a existência de cláusulas restritivas à competição, tendo em vista que o Item 10.2 – estabeleceu um único dia (13/08/2009) e horário (8:00 h) para a realização de visita aos locais onde serão prestados os serviços. Quanto a esse tema, verifica-se que o Tribunal de Contas da União – TCU, em diversos Acórdãos afirmou que a realização de visita técnica em data única afronta ao art. 30, § 1º, c/c o art. 3º, § 1º, da Lei 8.666/1993. Além disso, dispôs ainda o TCU que se trata de exigência que viola o art. 3º da Lei nº 8.443, de 16 de junho de 1992, visto que restringe o caráter competitivo da licitação, pois onera de forma injustificável os licitantes. Verificou-se ainda que retiraram o Edital 7 (sete) Empresas, quais sejam: ASC Empreendimentos e Construções Ltda, em 11/08; Construtora Araújo Ltda, em 28/07; CMM Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda, em 28/07; CENGE Construções Ltda, em 29/07; Construtora COBRA Ltda, em 28/07; V.S. Construções e Serviços Ltda, em 29/07; Construtora MELLO de Azevedo S/A. Dessas 7 (sete) Empresas, 3 (43%) concorreram ao Lote I e 1 (14%) concorreram ao Lote II sendo que, ao se analisar o certame como um todo, ou seja, os três Lotes simultaneamente, verificou-se a participação de 4 (quatro) Empresas, ou seja, 57% do total de Empresas que retiraram o Edital. Essa situação pode ser observada a seguir: Lote 1 = Construtora Araújo; Meirelles Mascarenhas; Construtora COBRA; Lote 2 = Meirelles Mascarenhas.

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Por fim, sagraram-se vencedores do certame as seguintes Empresas: Lote 1 – Construtora Araújo – R$ 6.573.852,21; Lote 2 – Meirelles Mascarenhas – R$ 8.484.019,26. Em conclusão, com base no exposto, verifica-se que a cláusula editalícia relacionada à restrição da visita técnica a apenas um determinado dia e horário pode ter sido determinante para o desfecho da licitação, haja vista a possibilidade de afastamento de outros interessados por conta dessa restrição. II.5 - VALEC – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL II.5.1 - FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE - FIOL Fato denunciado: “(...) a Valec ter aumentado em R$ 828 milhões de reais um trecho de ferrovia cujo custo havia sido estimado apenas seis meses antes.” (Fonte: Revista Veja nº 2.224, de 06/07/2011) Conclusão CGU: Confirmado parcialmente. Isto porque o trabalho realizado pela CGU, neste caso, teve por escopo a avaliação do projeto básico e o grau de correspondência do orçamento apresentado pela administração com o projeto de engenharia apenas nos Lotes 01, 02 e 03, evidenciando superestimativa de R$ 52.217.131,69, a valores de Março/2010. Cabe ressaltar que o TCU já havia identificado superestimativa de R$ 227.499.818,53, ao qual entendemos devam ser acrescidos mais R$ 52.217.131,69, resultando em superestimativa total para esses Lotes no montante de R$ 279.716.950,22. Reportagem da Revista menciona o acréscimo na previsão orçamentária para a referida obra, bem como um arranjo para a escolha das empresas que ganhariam os lotes para construção. A análise da CGU, neste caso, teve por escopo a avaliação do projeto básico e o grau de correspondência do orçamento apresentado pela administração com o projeto de engenharia. CONSTATAÇÃO 056: SOBREPREÇO NO ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA DA VALEC PARA OS LOTES 01, 02 E 03 DA FIOL NO VALOR DE R$ R$ 52.217.131,69, DECORRENTE DE QUANTIDADES A MAIOR DOS SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM. O empreendimento Construção da Ferrovia de integração Oeste-Leste compreende a implantação de 1.526,700 km de ferrovia ligando o terminal de Ilhéus-BA a Figueirópolis-TO, onde entronca com a Ferrovia Norte-Sul. A execução desse empreendimento é de responsabilidade da VALEC – Engenharia, Construção e Ferrovia S.A. e está inserida no programa 1460 - Vetor Logístico Nordeste Meridional. Até o presente momento, os serviços de execução se iniciaram no segmento compreendido entre Ilhéus e Barreiras no Estado da Bahia, totalizando 1.021,9 km divididos em oito lotes. A extensão restante, de Barreiras – BA até Figueirópolis –TO, ainda encontra-se em fase de elaboração de projeto. As licitações para contratação de empresas para execução das obras e serviços de engenharia necessários à implantação dos 1.021,9km entre Ilhéus e Barreiras foram realizadas em 2010. O plano inicial de implantação adotado pela VALEC adotou a divisão em oito lotes de construção, sendo sete lotes licitados pelo Edital nº 005/2010, de 16/07/2010, e um lote de construção da

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Ponte sobre o Rio São Francisco, cuja licitação foi regida pelo Edital nº 008/2010, publicado em 01/10/2010. A extensão dessa ponte é 2.900 m e o valor estimado pela Superintendência de Construção da VALEC - SUCON para execução das obras e serviços de engenharia necessários à sua execução é R$148.230.813,75, referido a março de 2010. No caso dos outros sete lotes, o valor inicialmente estimado para implantação foi de R$ 4.389.811.685,86 (quatro bilhões, trezentos e oitenta e nove milhões, oitocentos e onze mil, seiscentos e oitenta e cinco reais e oitenta e seis centavos), também referidos a Março de 2010. Cabe destacar que, apesar de o Tribunal de Contas da União – TCU ter realizado trabalho relacionado à verificação dos custos unitários frente aos de mercado, esta CGU, especificamente nesta constatação, efetuou análises quanto aos quantitativos dos serviços de terraplenagem inseridos no orçamento de referência da VALEC. Atuação do Tribunal de Contas da União concomitante à realização do certame regido pelo Edital nº 005/2010 detectou preços unitários superiores aos de mercado em diversos itens dos orçamentos de referência da VALEC relativos aos sete lotes do subtrecho Ilhéus – Barreiras. A análise do TCU partiu de Orçamento de Referência para esses lotes com valor total de R$ 4.471.446.299,86, segundo Relatório Preliminar de Fiscalização do TCU nº 318/2010. Esse valor é R$ 81.634.614,00 superior ao valor total da estimativa inicial da SUCON (fl. 03 processo nº 145/2010), conforme colunas 2 e 3 do Quadro I seguinte. Quadro I: Cálculo do Sobrepreço do Orçamento de Referência Inicial Elaborado pela SUCON - VALEC.

Orçamentos de Referência VALEC - Edital nº 005/2010

Lote Extensão (km)

Estimativa Inicial (SUCON)

Orç. Ref. VALEC (Rel. 318 TCU)

Orçamento Ref. VALEC Pós TCU Diferença

1 2 3 4 2 - 4 3 - 4

1 124,9 626.040.728,00 626.040.728,00 583.246.469,46 42.794.258,54 42.794.258,54

2 117,9 656.514.944,16 667.729.655,25 652.980.952,60 3.533.991,56 14.748.702,65

3 115,36 490.902.480,22 521.142.472,29 412.763.785,63 78.138.694,59 108.378.686,66

4 178,28 773.259.186,12 787.331.202,68 745.046.362,63 28.212.823,49 42.284.840,05

5 162,04 715.222.493,75 731.003.748,92 724.867.503,46 -9.645.009,71 6.136.245,46

6 159,31 601.691.156,63 598.695.384,18 581.090.193,31 20.600.963,32 17.605.190,87

7 161,12 526.180.696,98 539.503.108,54 543.951.214,24 -17.770.517,26 -4.448.105,70

TOTAL 1018,91 4.389.811.685,86 4.471.446.299,86 4.243.946.481,34 145.865.204,52 227.499.818,53

Obs.: Valores referidos a Março/2010.

Fonte: Memorando nº 129/2010-SUCON / VALEC e Ofício nº 924/2011 PRESI. Relatório Preliminar de Fiscalização TCU nº 318/2010 Processo TC 9518/2010-0

Por meio da Solicitação de Auditoria n° 201112110/032 da CGU, a VALEC foi instada a apresentar as razões para esse aumento de valor, bem como as planilhas orçamentárias que dão suporte ao valor total registrado no Relatório Preliminar de Fiscalização TCU nº 318/2010 (R$4.471.446.299,86), não apresentando resposta até fechamento deste relatório. Em função da Atuação do TCU, a VALEC promoveu adequações que resultaram em uma redução de R$ 227.499.818,53 no valor total do orçamento de referência inicial da VALEC (vide coluna 3 – 4 do Quadro I anterior). Nesse sentido, o valor total de fato licitado, após atuação do TCU, referente aos sete lotes da FIOL passou para R$ 4.243.946.481,34, referidos a março/2010. Em termos percentuais, uma diminuição de 5% . Verifica-se, pois, que os orçamentos de referência da VALEC para os lotes 01, 02, 03, 04, 05 e 06 foram originariamente superestimados pela Superintendência de Construção da VALEC nos valores relacionados no Quadro acima. O fato de a própria VALEC ter promovido os ajustes de

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preço visando à redução dos valores inicialmente orçados é uma evidência incontestável dessa constatação. Ao avaliar a versão finalmente licitada dos orçamentos de referência da VALEC dos lotes 01, 02 e 03 (coluna 4 do Quadro I acima), estritamente no que se refere aos quantitativos dos serviços de terraplenagem, esta equipe de Auditoria detectou quantidades maiores do que as necessárias para execução da geometria desses lotes. Dessa forma, os respectivos orçamentos de referência da VALEC, em que pese a atuação do Tribunal de Contas da União relativa aos preços unitários, ainda foram licitados com valores superestimados devido a quantitativos além do necessário no item terraplenagem. Por meio do Ofício n° 933/2011-PRESI, o Diretor Presidente Interino encaminhou a esta CGU o documento intitulado “Planilhas de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação” integrante do Projetos Básico dos lotes 01, 02 e 03 em meio magnético. Essas planilhas fornecem os volumes geométricos de corte e aterros necessários à execução da geometria da ferrovia, considerando os levantamentos de campo realizados na fase de elaboração do Projeto Básico. Portanto, é a fonte principal para geração dos quantitativos dos serviços de terraplenagem. A partir dos volumes de corte e aterro registrados nessas planilhas de cubação e dos resultados dos estudos geotecnológicos das áreas de empréstimos constantes no Relatório do Projeto Básico, foram obtidas as quantidades de escavação e aterros necessárias à execução da geometria dos lotes 01, 02, 03 definidas nos respectivos projetos básicos. Cotejando essas quantidades com as inseridas nos respectivos orçamentos referenciais licitados pela VALEC, foram observados excessos que, se durante a fase de obra forem pagos e não executados, ocasionarão expressivo prejuízo ao erário, conforme a seguir relatado: Lote 01 Na Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico do Lote 01, o volume total de corte necessário para execução da geometria da ferrovia é 4.719.595,28 m3, distribuídos da seguinte maneira: 1.706.442,36 m3 de material de 1ª categoria (solo), 1.022.640,41 m3 de material de 2ª Categoria (transição solo/rocha); 1.990.512,52 m3 de material de 3ª categoria (rocha sã). Já o volume total de aterro acabado necessário para execução do projeto geométrico é 7.289.735,09 m3. Como o volume de aterro acabado é superior ao volume total de corte da obra, será necessária a realização de volumes adicionais de escavação, denominadas de “empréstimos”, para atender a demanda de aterros. Para obtenção do volume de empréstimo necessário deve-se converter o volume de aterro total (7.289.735,09 m3), o qual se refere ao volume de aterro compactado, para o volume equivalente no estado natural, na condição em que se encontra na escavação. Essa conversão é feita multiplicando o volume de aterro compactado pelo fator de homogeneização, parâmetro resultante da divisão entre densidade seca máxima do material compactado e densidade in situ do material (medida na condição em que se acha na escavação). No caso do Projeto Básico do Lote 01, foi adotado o fator de homogeneização de 1,25, embora resultados das investigações geotécnicas realizadas nas áreas de empréstimos indicarem fatores de homogeneização inferiores, conforme Relatório do Projeto Básico – Lote 1F – Volume 01. Segundo esse Relatório do Projeto Básico, apenas 6% dos resultados apresentam valores de fator de homogeneização maiores que 1,20; 24% apresentam valores maiores que 1,15 e 1,20, e a grande maioria, 71% dos resultados, apresentam fatores de homogeneização inferiores a 1,15. A média dos resultados foi de 1,13. Vide Quadro II seguinte:

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Quadro II: Fatores de Homogeneização segundo estudos geotecnológicos do Projeto Básico do Lote 01. Cálculo do Fator de Homogeneização dos Materiais da Áreas de Empréstimos do Projeto Básico do Lote 01

Identificação dos Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Densidade in situ 1,504 1,365 1,465 1,496 1,582 1,672 1,475 1,642 1,450 1,413 1,515 1,595 1,488 1,561

Densidade Seca Máxima 1,735 1,535 1,718 1,699 1,788 1,940 1,670 1,875 1,690 1,503 1,690 1,562 1,570 1,745

Fator Homogeneização 1,15 1,12 1,17 1,14 1,13 1,16 1,13 1,14 1,17 1,06 1,12 0,98 1,06 1,12

Identificação dos Ensaios 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Densidade in situ 1,645 1,501 1,591 1,353 1,354 1,612 1,683 1,537 1,576 1,524 1,594 1,516 1,379 1,384

Densidade Seca Máxima 1,865 1,636 1,825 1,620 1,565 1,921 2,007 1,810 1,809 1,795 1,881 1,733 1,515 1,515

Fator Homogeneização 1,13 1,09 1,15 1,20 1,16 1,19 1,19 1,18 1,15 1,18 1,18 1,14 1,10 1,09

Identificação dos Ensaios 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

Densidade in situ 1,434 1,601 1,681 1,551 1,65 1,433 1,447 1,397 1,393 1,321 1,311 1,511 1,398 1,401

Densidade Seca Máxima 1,58 1,81 1,87 1,707 1,837 1,655 1,616 1,642 1,555 1,4 1,39 1,656 1,553 1,517

Fator Homogeneização 1,10 1,13 1,11 1,10 1,11 1,15 1,12 1,18 1,12 1,06 1,06 1,10 1,11 1,08

Identificação dos Ensaios 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53

Densidade in situ 1,377 1,405 1,265 1,411 1,170 1,241 1,465 1,337 1,453

Densidade Seca Máxima 1,577 1,755 1,580 1,750 1,212 1,395 1,675 1,520 1,617

Fator Homogeneização 1,15 1,25 1,25 1,24 1,04 1,12 1,14 1,14 1,11

Valor médio 1,13 % Valores < 1,15 71% 1,15 < Valores<1,20 22% Valores > 1,20 6%

Fator Homogeneização Obtido = 1,15

Fonte: Estudos Geotecnológicos das Áreas de Epréstimos - Relatório do Projeto Basíco do Lote 02 - Volume 01. Ofício nº 933/2011- PRESI, de 25/07/2011.

Portanto, adotar um fator de homogeneização de 1,25, resulta em superestimativa do volume de escavação de empréstimos necessário para atender à demanda dos aterros. Assim, em face desses resultados, um valor adequado para esse parâmetro seria 1,15, isto é, o valor médio obtido (1,13) acrescido de mais 2% para compensar eventuais perdas de materiais durante o transporte. Assim, considerando um fator de homogeneização de 1,15, seriam necessários 8.383.195,35 m3 de material escavado para execução dos aterros do Lote 01 da FIOL, segundo os documentos do Projeto Básico. Pouco mais da metade desse volume (4.719.595,28 m3) provém das escavações dos cortes necessárias para execução da geometria da ferrovia, uma vez que, de acordo com o orçamento de referência da VALEC, todo o material cortado está sendo aproveitado nos aterros. E o restante, correspondente ao volume de 3.663.600,06 m3, é quantidade de empréstimo em material de 1ª categoria necessária para realizar os aterros do Lote 01. Portanto, o volume total de escavação em material 1ª categoria é 5.370.042,42 m3, correspondendo à soma entre os volumes de material 1ª categoria proveniente dos cortes e o volume de empréstimo necessário para completar a execução dos aterros. Todavia, no orçamento de referência da VALEC para o Lote 01, a quantidade total de escavação em material de 1ª categoria é 7.677.402,00 m3, um volume de 2.307.359,58 m3 a mais do que o necessário segundo cubação do Projeto Básico. No caso da escavação em material de 2ª categoria, a quantidade inserida no orçamento de referência da Administração converge com a cubação do projeto básico. No que se refere aos quantitativos de material de 3ª categoria, o volume total do orçamento de referência da VALEC é 2.412.182,00 m3, enquanto o cubado segundo projeto básico é de 1.990.512,52 m3, uma diferença para mais de 421.669,48 m3. No caso dos aterros, o volume total inserido no orçamento de referência da VALEC para o Lote 01 é de 8.635.617,00 m3, ao passo que o volume total de aterro cubado pelo projeto básico é 7.289.735,09 m3. Portanto, 1.345.881,91 m3 a mais que o necessário segundo o projeto básico. Distribuindo o volume total de aterro obtido pela cubação do projeto básico na mesma proporção da planilha do orçamento de referência da VALEC para os três tipos de aterros verificados, chega-se às seguintes quantidades: 4.795.285,78 m3 de aterro a 95% do Proctor Normal,

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517.158,57 m3 de aterro a 100% do Proctor Normal, e 1.977.290,745 m3 de aterro com material de terceira categoria. Uma síntese da comparação entre os quantitativos de terraplenagem obtidos a partir da cubação do Projeto Básico e os inseridos no orçamento de referência da VALEC para o Lote 01 é apresentada nos Quadros seguintes. Quadro III: Comparação entre Quantidades de Escavação da Cubação do Projeto Básico e Orçamento de Referência da VALEC.

Classificação Cubação do Proj. Básico

Orçamento Ref. VALEC

Diferença

m3 m3 m3 %

Escavação mat. 1ª Cat. 5.370.042,42 7.677.402,00 2.307.359,58 43%

Escavação mat. 2ª Cat. 1.022.640,41 1.021.647,00 -993,41 0%

Escavação mat. 3ª Cat. 1.990.512,52 2.412.182,00 421.669,48 21%

Escavação Total 8.383.195,35 11.111.231,00 2.728.035,65 33%

Fonte: Planilha de Cubação da Terraplenagem Projeto Básico - Memo nº 933/2011 – PRESI. Planilha do Orçamento de Referência da VALEC - Memo nº 924/2011 - PRESI. Quadro IV: Comparação entre Quantidades de Aterro da Cubação do Projeto Básico e Orçamento de Referência da VALEC.

Classificação Cubação do Proj. Básico

Orçamento Ref. VALEC

Diferença

m3 m3 m3 %

Aterro a 95% do P.N. 4.795.285,78 5.680.625,00 885.339,22 18%

Aterro a 100% do P.N. 517.158,57 612.640,00 95.481,43 18%

Aterro c/ mat. 3ª Cat. 1.977.290,74 2.342.352,00 365.061,26 18%

Aterro Total 7.289.735,09 8.635.617,00 1.345.881,91 18%

Fonte: Planilha de Cubação da Terraplenagem Projeto Básico - Memo nº 933/2011 – PRESI. Planilha do Orçamento de Referência da VALEC - Memo nº 924/2011 - PRESI. Considerando os mesmos preços unitários dos serviços de escavação e aterro e adotando a mesma proporção de distribuição dos quantitativos nas diversas faixas de DMT do Orçamento de Referência da VALEC para o Lote 01, chega-se a um sobrepreço devido à majoração de quantidades no valor de R$ 33.509.765,70, referidos a Março/2010. Vide Quadro abaixo: Quadro V: Cálculo do sobrepreço na terraplenagem do orçamento de referência da VALEC - Lote 01

CÁLCULO DO SOBREPREÇO NA TERRAPLENAGEM DO ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA DA VALEC - LOTE 01

SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM Und. P. Unit.

(R$)

Orçamento de Referência Licitação Projeto Básico do Lote 01

Quantidade Valor Quantidade Valor

Material de 1ª categoria

Escavação, carga, transporte e descarga

0 < DMT ≤ 50 m m3 1,61 22.342,40 R$ 35.971,26 15.627,63 R$ 25.160,49

50 < DMT ≤ 200 m m3 4,73 89.369,60 R$ 422.718,21 62.510,54 R$ 295.674,85

200 < DMT ≤ 400 m m3 5,51 317.089,00 R$ 1.747.160,39 221.791,35 R$ 1.222.070,36

400 < DMT ≤ 600 m m3 5,97 861.121,00 R$ 5.140.892,37 602.320,46 R$ 3.595.853,14

600 < DMT ≤ 800 m m3 6,38 1.105.711,00 R$ 7.054.436,18 773.401,60 R$ 4.934.302,20

800 < DMT ≤ 1000 m m3 6,75 204.193,00 R$ 1.378.302,75 142.825,02 R$ 964.068,87

1000 < DMT ≤ 1200 m m3 7,14 1.262.516,00 R$ 9.014.364,24 883.080,56 R$ 6.305.195,22

1200 < DMT ≤ 1400 m m3 7,50 914.257,00 R$ 6.856.927,50 639.487,01 R$ 4.796.152,60

1400 < DMT ≤ 1600 m m3 7,79 444.388,00 R$ 3.461.782,52 310.832,03 R$ 2.421.381,48

1600 < DMT ≤ 1800 m m3 7,91 135.473,00 R$ 1.071.591,43 94.758,06 R$ 749.536,29

1800 < DMT ≤ 2000 m m3 8,51 153.215,00 R$ 1.303.859,65 107.167,90 R$ 911.998,83

2000 < DMT ≤ 3000 m m3 9,56 1.353.415,00 R$ 12.938.647,40 946.660,86 R$ 9.050.077,81

3000 < DMT ≤ 5000 m m3 12,71 672.609,00 R$ 8.548.860,39 470.463,69 R$ 5.979.593,48

Escavação,carga e descarga para DMT > 5000 m

m3 2,49 141.703,00 R$ 352.840,47 99.115,71 R$ 246.798,11

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CÁLCULO DO SOBREPREÇO NA TERRAPLENAGEM DO ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA DA VALEC - LOTE 01

SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM Und. P. Unit.

(R$)

Orçamento de Referência Licitação Projeto Básico do Lote 01

Quantidade Valor Quantidade Valor

Momento de transporte para DMT> 5000 m

m3xkm 1,85 997.775,00 R$ 1.845.883,75 697.904,61 R$ 1.291.123,53

Material de 2ª categoria

Escavação, carga, transporte e descarga

0 < DMT ≤ 200 m m3 6,86 11.716,00 R$ 80.371,76 11.727,39 R$ 80.449,91

200 < DMT ≤ 400 m m3 7,66 71.234,00 R$ 545.652,44 71.303,27 R$ 546.183,01

400 < DMT ≤ 600 m m3 8,07 40.974,00 R$ 330.660,18 41.013,84 R$ 330.981,70

600 < DMT ≤ 800 m m3 8,4 91.345,00 R$ 767.298,00 91.433,82 R$ 768.044,09

800 < DMT ≤ 1000 m m3 9,18 56.425,00 R$ 517.981,50 56.479,87 R$ 518.485,17

1000 < DMT ≤ 1200 m m3 9,66 27.390,00 R$ 264.587,40 27.416,63 R$ 264.844,67

1200 < DMT ≤ 1400 m m3 10,03 28.290,00 R$ 283.748,70 28.317,51 R$ 284.024,61

1400 < DMT ≤ 1600 m m3 10,33 14.086,00 R$ 145.508,38 14.099,70 R$ 145.649,87

1600 < DMT ≤ 1800 m m3 10,67 39.632,00 R$ 422.873,44 39.670,54 R$ 423.284,63

1800 < DMT ≤ 2000 m m3 11,21 352.987,00 R$ 3.956.984,27 353.330,23 R$ 3.960.831,89

2000 < DMT ≤ 3000 m m3 12,29 100.068,00 R$ 1.229.835,72 100.165,30 R$ 1.231.031,56

3000 < DMT ≤ 5000 m m3 16,1 113.008,00 R$ 1.819.428,80 113.117,88 R$ 1.821.197,94

Escavação, carga e descarga para DMT > 5000 m

m3 3,76 74.492,00 R$ 280.089,92 74.564,43 R$ 280.362,27

Momento de transporte para DMT> 5000 m

m3xkm 2,23 438.077,00 R$ 976.911,71 438.502,99 R$ 977.861,67

Material de 3ª categoria

Escavação, carga, transporte e descarga

0 < DMT ≤ 200 m m3 23,32 41.063,00 R$ 957.589,16 33.884,85 R$ 790.194,61

200 < DMT ≤ 400 m m3 24,64 241.375,00 R$ 5.947.480,00 199.180,64 R$ 4.907.811,02

400 < DMT ≤ 600 m m3 25,89 143.222,00 R$ 3.708.017,58 118.185,60 R$ 3.059.825,26

600 < DMT ≤ 800 m m3 26,73 83.273,00 R$ 2.225.887,29 68.716,19 R$ 1.836.783,68

800 < DMT ≤ 1000 m m3 27,58 98.974,00 R$ 2.729.702,92 81.672,52 R$ 2.252.528,14

1000 < DMT ≤ 1200 m m3 27,93 211.445,00 R$ 5.905.658,85 174.482,66 R$ 4.873.300,56

Escavação, carga e descarga para DMT > 1200 m

m3 18,22 1.592.830,00 R$ 29.021.362,60 1.314.390,07 R$ 23.948.187,00

Momento de transporte para DMT> 1200 m

m3xkm 4,61 1.090.218,95 R$ 5.025.909,36 899.639,54 R$ 4.147.338,27

Aterro

Corpo do aterro

Grau de compactação 95% (proctor normal)

m3 2,33 5.680.625,00 R$ 13.235.856,25 4.795.285,78 R$ 11.173.015,87

Grau de compactação 100% (proctor normal)

m3 2,73 612.640,00 R$ 1.672.507,20 517.158,57 R$ 1.411.842,89

Compactação em aterro com material de 3ª categoria

m3 8,51 2.342.352,00 R$ 19.933.415,52 1.977.290,74 R$ 16.826.744,24

TOTAL R$ 163.159.557,46 R$ 129.649.791,76

VALOR DO SOBREPREÇO (MARÇO/2010) R$ 33.509.765,70

Fonte: Orçamento de referência FIOL – Lote 01

O Orçamento de Referência da licitação é o valor “teto” definido pela Administração necessário para realização do empreendimento. É a partir desse referencial, com as quantidades dos serviços nele inseridas, que os licitantes formarão as suas propostas de preços para realização da obra. Destarte, se essas quantidades são superiores às necessárias para execução dos serviços, a proposta selecionada terá valor excessivo que poderá permitir superfaturamentos ou pagamentos indevidos durante a fase de obra. No caso concreto do Lote 01, o valor referencial definido pela VALEC foi de R$ 583.246.469,46. A proposta selecionada no certame foi a apresentada pelo Consórcio SPA/DELTA/CONVAP no valor de R$ 574.497.646,72. Logo, uma redução de R$ 8.748.822,74 ou 1,5%, em termos percentuais. Se os quantitativos de terraplenagem do orçamento de

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referência da VALEC estivessem de acordo com o projeto básico licitado, o valor Referencial da Licitação do Lote 01 teria sido R$ 549.736.703,76. Isso significa que a Administração poderia licitar o mesmo objeto definido no projeto básico por um valor R$ 33.509.765,70 inferior ao valor de fato licitado e, por conseguinte, contratar o mesmo objeto por um valor menor ainda, conforme o desconto dado pelos licitantes. LOTE 02 Em relação ao Lote 02 foi verificada uma menor divergência, se comparado com o Lote 01, entre os volumes registrados na Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico e as quantidades dos serviços de terraplenagem inseridos no orçamento de referência da VALEC. Os volumes totais de corte em material de 2ª categoria e 3ª categoria da cubação do projeto básico coincidem com o quantitativo total de escavação em material de 2ª categoria e em 3ª categoria registrado na planilha do orçamento de referência da VALEC para o lote 02. Em relação aos aterros também foi verificada uma certa convergência. Por outro lado, o quantitativo total de escavação em material de 1ª categoria inseridos no orçamento de referência da VALEC é significativamente superior ao obtido a partir da Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico. Foi constatado que essa diferença para mais decorre do volume excessivo de material de empréstimo, o qual foi calculado usando um fator de homogeneização de 1,25, considerado exagerado em face dos resultados dos estudos geotecnológicos das áreas de empréstimos, constantes do Volume 01 do Projeto Básico do Lote 02. Os valores de densidade in situ e densidade seca máxima dos materiais das áreas de empréstimos indicadas no Projeto Básico resultaram em fatores de homogeneização, na grande maioria, inferiores a 1,15. O valor médio encontrado foi de 1,14. Acrescendo a esse valor eventuais perdas decorrentes do transporte chegou-se a um fator de homogeneização de 1,18. Quadro VI: Fatores de Homogeneização segundo estudos geotecnológicos do Projeto Básico do Lote 02

Cálculo do Fator de Homogeneização dos Materiais da Áreas de Empréstimos do Projeto Básico do Lote 02

Identificação dos Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Densidade in situ 1,505 1,558 1,607 1,548 1,613 1,539 1,504 1,560 1,402 1,505 1,507 1,538 1,522 1,6

Densidade Seca Máxima 1,879 1,850 1,921 1,815 1,965 1,851 1,728 1,819 1,580 1,775 1,816 1,785 1,795 1,875

Fator Homogeneização 1,25 1,19 1,20 1,17 1,22 1,20 1,15 1,17 1,13 1,18 1,21 1,16 1,18 1,17

Identificação dos Ensaios 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Densidade in situ 1,52 1,5 1,64 1,58 1,72 1,53 1,64 1,59 1,67 1,49 1,72 1,74 1,61 1,69

Densidade Seca Máxima 1,790 1,775 1,810 1,770 1,760 1,890 1,725 1,910 1,840 1,850 1,795 1,790 1,67 1,83

Fator Homogeneização 1,18 1,18 1,10 1,12 1,02 1,23 1,05 1,20 1,10 1,24 1,04 1,03 1,04 1,08

Identificação dos Ensaios 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

Densidade in situ 1,71 1,52 1,71 1,57 1,62 1,52 1,49 1,6 1,5 1,5 1,42 1,508 1,422 1,580

Densidade Seca Máxima 1,92 1,74 1,9 1,79 1,86 1,64 1,6 1,73 1,67 1,67 1,79 1,790 1,925 1,560

Fator Homogeneização 1,12 1,15 1,12 1,14 1,15 1,08 1,07 1,08 1,11 1,11 1,26 1,19 1,35 0,99

Identificação dos Ensaios 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53

Densidade in situ 1,495 1,305 1,446 1,332 1,315 1,353 1,732 1,364 1,366 1,450 1,453

Densidade Seca Máxima 1,622 1,593 1,568 1,465 1,415 1,395 1,940 1,498 1,485 1,570 1,571

Fator Homogeneização 1,08 1,22 1,08 1,10 1,08 1,03 1,12 1,10 1,09 1,08 1,08

Valor médio 1,14 % Valores < 1,15 60% 1,15 < Valores<1,20 25% Valores > 1,20 15%

Fator Homogeneização Obtido = 1,18

Fonte: Estudos Geotecnológicos das Áreas de Epréstimos - Relatório do Projeto Basíco do Lote 02 - Volume 01. Ofício nº 933/2011- PRESI, de 25/07/2011.

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Utilizando o fator de homogeneização de 1,18, obtido a partir de estudos do Projeto Básico do Lote 02, e adotando a mesma metodologia de cálculo já relatada anteriormente para o Lote 01, obtém-se um volume de empréstimo em material de 1ª categoria para execução dos aterros de 6.124.685,15 m3. Somando esse valor ao volume de escavação em material de 1ª categoria proveniente dos cortes, que é 2.043.586,28 m3, obtém-se um volume total de escavação de 8.168.271,43 m3. Essa quantidade é 1.782.982,57 m3 inferior ao volume total de escavação em material de 1ª categoria inserido no orçamento de referência da VALEC para o Lote 02. A seguir, apresenta-se a comparação entre as quantidades de escavação e aterro obtidas segundo os parâmetros do Projeto Básico do Lote 02 e as registradas no respectivo Orçamento de Referência da VALEC. Quadro VII: Comparação entre volumes de escavação segundo Projeto Básico e Orçamento Referencial.

Classificação Cubação do Proj. Básico Orçamento Ref. VALEC Diferença

m3 m3 m3 %

Escavação mat. 1ª Cat. 8.168.271,43 9.951.254,00 1.782.982,57 22%

Escavação mat. 2ª Cat. 1.112.647,54 1.112.648,00 0,46 0%

Escavação mat. 3ª Cat. 2.292.765,46 2.292.765,00 -0,46 0%

Escavação Total 11.573.684,43 13.356.667,00 1.782.982,57 15%

Fonte: Planilha de Cubação da Terraplenagem Projeto Básico Lote 02- Memo nº 933/2011 – PRESI. Planilha do Orçamento de Referência da VALEC Lote 02 - Memo nº 924/2011 - PRESI.

Quadro VIII: Comparação entre volumes de aterro segundo Projeto Básico e Orçamento Referencial.

Classificação Cubação do Proj. Básico Orçamento Ref. VALEC Diferença

m3 m3 m3 %

Aterro a 95% do P.N. 7.482.369,27 7.541.821,00 59.451,73 1%

Aterro a 100% do P.N. 415.878,61 419.183,00 3.304,39 1%

Aterro c/ mat. 3ª Cat. 1.909.959,27 1.925.135,00 15.175,73 1%

Aterro Total 9.808.207,15 9.886.139,00 77.931,85 1%

Fonte: Planilha de Cubação da Terraplenagem Projeto Básico Lote 02 - Memo nº 933/2011 – PRESI. Planilha do Orçamento de Referência da VALEC Lote 02 - Memo nº 924/2011 - PRESI.

Distribuindo as quantidades de escavação e aterros calculadas segundo o Projeto Básico na mesma proporção observada no Orçamento de Referência da VALEC para o Lote 02 e adotando os mesmos preços unitários desse orçamento para esses serviços, chega-se a um sobrepreço devido à majoração de quantidades no valor de R$ 14.722.096,54, referidos a Março/2010. Vide Quadro abaixo: Quadro IX: Cálculo do sobrepreço devido ao excesso de quantidades de serviços de terraplenagem.

CÁLCULO DO SOBREPREÇO NA TERRPLENAGEM DO ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA DA VALEC - LOTE 02

SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM Und.P.

Unit. (R$)

Orçamento de Referência Licitação

Projeto Básico do Lote 02

Quantidade Valor Quantidade Valor

Material de 1ª categoria

Escavação, carga, transporte e descarga

0 < DMT ≤ 50 m m3 1,61 57.708,80 R$ 92.911,17 47.369,02 R$ 76.264,12

50 < DMT ≤ 200 m m3 4,73 230.835,20 R$ 1.091.850,50 189.476,08 R$ 896.221,84

200 < DMT ≤ 400 m m3 5,5 808.234,00 R$ 4.445.287,00 663.421,38 R$ 3.648.817,60

400 < DMT ≤ 600 m m3 5,96 1.676.029,00 R$ 9.989.132,84 1.375.732,12 R$ 8.199.363,45

600 < DMT ≤ 800 m m3 6,38 1.026.532,00 R$ 6.549.274,16 842.606,57 R$ 5.375.829,92

800 < DMT ≤ 1000 m m3 6,75 711.276,00 R$ 4.801.113,00 583.835,51 R$ 3.940.889,67

1000 < DMT ≤ 1200 m m3 7,14 352.077,00 R$ 2.513.829,78 288.994,78 R$ 2.063.422,76

1200 < DMT ≤ 1400 m m3 7,50 633.664,00 R$ 4.752.480,00 520.129,38 R$ 3.900.970,33

1400 < DMT ≤ 1600 m m3 7,78 624.415,00 R$ 4.857.948,70 512.537,54 R$ 3.987.542,03

1600 < DMT ≤ 1800 m m3 7,91 212.688,00 R$ 1.682.362,08 174.580,34 R$ 1.380.930,49

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CÁLCULO DO SOBREPREÇO NA TERRPLENAGEM DO ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA DA VALEC - LOTE 02

SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM Und.P.

Unit. (R$)

Orçamento de Referência Licitação

Projeto Básico do Lote 02

Quantidade Valor Quantidade Valor

1800 < DMT ≤ 2000 m m3 8,51 135.673,00 R$ 1.154.577,23 111.364,25 R$ 947.709,73

2000 < DMT ≤ 3000 m m3 9,55 1.754.579,00 R$ 16.756.229,45 1.440.208,19 R$ 13.753.988,22

3000 < DMT ≤ 5000 m m3 12,7 1.727.543,00 R$ 21.939.796,10 1.418.016,27 R$ 18.008.806,69

Aterro

Corpo do aterro

Grau de compactação 95% (proctor normal) m3 2,32 7.541.821,00 R$ 17.497.024,72 7.482.369,27 R$ 17.359.096,71

Grau de compactação 100% (proctor normal) m3 2,72 419.183,00 R$ 1.140.177,76 415.878,61 R$ 1.131.189,81

Compactação em aterro com material de 3ª categoria m3 8,51 1.925.135,00 R$ 16.382.898,85 1.909.959,27 R$ 16.253.753,43

TOTAL R$ 115.646.893,33 R$ 100.924.796,79

VALOR DO SOBREPREÇO (MARÇO/2010) R$ 14.722.096,54

Fonte: Orçamento de referência FIOL – Lote 02

No caso concreto do Lote 02, o valor referencial definido pela VALEC foi de R$ 652.980.952,60. A proposta selecionada no certame foi a apresentada pelo Consórcio GALVÃO/OAS no valor de R$ 650.414.035,89. Logo, uma redução de R$ 2.566.916,71 ou 0,4%, em termos percentuais. Se os quantitativos de terraplenagem do orçamento de referência da VALEC estivessem de acordo com o projeto básico licitado, o valor Referencial da Licitação do Lote 01 teria sido R$ 638.258.856,06. Isso significa que a Administração poderia licitar o mesmo objeto definido no projeto básico por um valor R$ 14.722.096,54 inferior ao valor de fato licitado e, por conseguinte, contratar o mesmo objeto por um valor menor ainda, conforme o desconto dado pelos licitantes. Lote 03 Verificou-se que os quantitativos dos serviços de escavação inseridos no orçamento de referência da VALEC para o Lote 03 convergem com os volumes obtidos a partir da Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico desse lote. Diferente do verificado para os lotes 01 e 02, o fator de homogeneização adotado no projeto básico do Lote 03 (1,25) converge com os resultados desse parâmetro obtidos a partir dos estudos geotecnológicos das áreas de empréstimos integrantes do Relatório do Projeto Básico – Volume 01. No Quadro X seguinte apresenta-se o cálculo dos fatores de homegeneização realizado por esta CGU com base nos resultados dos ensaios de densidade in situ e densidade seca máxima constante no referido relatório. Quadro X: Fatores de Homogeneização segundo estudos geotecnológicos do Projeto Básico do Lote 03.

Cálculo do Fator de Homogeneização dos Materiais da Áreas de Empréstimos do Projeto Básico do Lote 03

Identificação dos Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Densidade in situ 1,550 1,640 1,658 1,601 1,585 1,555 1,602 1,569 1,619 1,595 1,604 1,698 1,615 1,582

Densidade Seca Máxima 1,775 1,890 1,930 1,922 1,925 1,932 1,934 1,938 1,935 1,913 1,954 1,995 1,925 1,859

Fator Homogeneização 1,15 1,15 1,16 1,20 1,21 1,24 1,21 1,24 1,20 1,20 1,22 1,17 1,19 1,18

Identificação dos Ensaios 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Densidade in situ 1,646 1,592 1,585 1,603 1,600 1,651 1,535 1,599 1,612 1,588 1,510 1,620 1,620 1,578

Densidade Seca Máxima 1,936 1,962 1,910 1,973 1,905 2,067 1,837 1,969 1,976 1,935 1,850 1,920 2,016 1,850

Fator Homogeneização 1,18 1,23 1,21 1,23 1,19 1,25 1,20 1,23 1,23 1,22 1,23 1,19 1,24 1,17

Valor médio 1,20 % Valores < 1,15 7% 1,15 < Valores<1,20 43% Valores > 1,20 50%

Fator de Homogeneização Obtido = 1,25 Fonte: Estudos Geotecnológicos das Áreas de Empréstimos – Rel. do Proj. Básico do Lote 03 – Vol. 01. Ofício nº 933/2011- PRESI, de 25/07/2011.

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Entretanto, em relação aos aterros, o volume total de aterro inserido no Orçamento de Referência da VALEC é superior ao volume total de aterros registrado na Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico do Lote 03, conforme Quadro XI abaixo: Quadro XI: Comparação entre volumes de aterro segundo Projeto Básico e Orçamento Referencial.

Classificação Cubação do Proj. Básico Orçamento Ref. VALEC Diferença

m3 m3 m3 %

Aterro a 95% do P.N. 2.651.850,04 3.573.248,00 921.397,96 35%

Aterro a 100% do P.N. 308.207,75 415.296,00 107.088,25 35%

Aterro c/ mat. 3ª Cat. 522.876,18 704.552,00 181.675,82 35%

Aterro Total 3.482.933,96 4.693.096,00 1.210.162,04 35%

Fonte: Planilha de Cubação da Terraplenagem Projeto Básico - Memo nº 933/2011 – PRESI. Planilha do Orçamento de Referência da VALEC - Memo nº 924/2011 - PRESI.

Observa-se que o Orçamento Referencial da VALEC licitou um quantitativo de aterro 1.210.162,04 m3 a maior do que o necessário para realizar a geomtria do Lote 03 definida em Projeto Básico integrante do mesmo Edital de Licitação (Nº 005/2010). Essa diferença para mais de 35% não é razoável, além de gerar um sobrepreço de R$ 3.985.269,45 a preços de Março de 2010. O cálculo desse sobrepreço, apresentado no Quadro XII abaixo, foi realizado distribuindo o volume total de aterro cubado no projeto básico na mesma proporção adotada no orçamento referencial da Valec para os três tipos de aterros orçados. Quadro XII: Cálculo do sobrepreço devido ao excesso de quantidades de serviços de terraplenagem.

CÁLCULO DO SOBREPREÇO NA TERRPLENAGEM DO ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA DA VALEC - LOTE 03

SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM Und.P.

Unit. (R$)

Orçamento de Referência Licitação

Projeto Básico do Lote 03

Quantidade Valor Quantidade Valor

Aterro

Corpo do aterro

Grau de compactação 95% (proctor normal) m3 2,33 3.573.248,00 R$ 8.325.667,84 2.651.850,04 R$ 6.178.810,59

Grau de compactação 100% (proctor normal) m3 2,73 415.296,00 R$ 1.133.758,08 308.207,75 R$ 841.407,15

Compactação em aterro com material de 3ª categoria

m3 8,51 704.552,00 R$ 5.995.737,52 522.876,18 R$ 4.449.676,25

TOTAL R$ 15.455.163,44 R$ 11.469.893,99

VALOR DO SOBREPREÇO (MARÇO/2010) R$ 3.985.269,45

Fonte: Orçamento de referência da FIOL – Lote 03

No caso desse lote, o valor referencial licitado pela VALEC foi de R$ 412.763.785,63. A proposta selecionada no certame foi a apresentada pelo Consórcio TORC/IVAÍ/CAVAN no valor de R$ 403.269.812,83. Logo, uma redução de R$ 9.493.972,80 ou 2,3%, em termos percentuais. Se os quantitativos de terraplenagem do orçamento de referência da VALEC estivessem de acordo com o projeto básico licitado, o valor Referencial da Licitação do Lote 03 teria sido R$ 408.778.516,18. Isso significa que a Administração poderia licitar o mesmo objeto definido no projeto básico por um valor R$ 3.985.269,45 inferior ao valor de fato licitado e, por conseguinte, contratar o mesmo objeto por um valor menor ainda, conforme o desconto dado pelos licitantes. Em síntese, o valor do sobrepreço devido ao excesso de quantidades em serviços de terrplenagem dos lotes 01, 02 e 03 totaliza R$ 52.217.131,69 a preços de Março de 2010, conforme Quadro XIII seguinte: Quadro XIII: Sobrepreço devido a serviços de terrplenagem com quantiativos majorados em relação ao projeto básico – Lotes 01, 02 e 03.

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Lote Orçamento VALEC Licitado Orçamento Referência s/ sobrequantidades - CGU Valor do Sobrepreço

1 R$ 583.246.469,46 R$ 549.736.703,76 R$ 33.509.765,70

2 R$ 652.980.952,60 R$ 638.258.856,06 R$ 14.722.096,54

3 R$ 412.763.785,63 R$ 408.778.516,18 R$ 3.985.269,45

TOTAL R$ 52.217.131,69

Fonte: Projetos Básicos dos Lotes 01,02 e 03 – Ofício nº 933/2011-PRESI. Ofício nº 924/2011 – PRESI, de 22/07/2011.

Ao se comparar os valores de referência sem sobrepreço por excesso de quantidades dos lotes 01, 02 e 03 com os valores dos orçamentos de referência da SUCON – VALEC, anteriores à atuação do TCU para esses mesmos lotes (Relatório Preliminar de Fiscalização TCU nº 318/2010), observa-se uma estimativa a maior de R$ 218.138.779,54, decorrente de preços unitários superiores aos de mercado e excesso de quantidades dos serviços de terraplenagem. Vide Quadro XIV seguinte: Quadro XIV: Valor da estimativa a maior do orçamento de referência inicial da VALEC para os lotes 01, 02 e 03.

Lote Orçamento Ref. VALEC anterior atuação do TCU

Orçamento Referência s/ sobrequantides - CGU Valor do Sobrepreço

1 R$ 626.040.728,00 R$ 549.736.703,76 R$ 76.304.024,24

2 R$ 667.729.655,25 R$ 638.258.856,06 R$ 29.470.799,19

3 R$ 521.142.472,29 R$ 408.778.516,18 R$ 112.363.956,11

TOTAL R$ 218.138.779,54

Fonte: Relatório Preliminar de Fiscalização TCU nº 318/2010 Isso significa que a SUCON-VALEC pretendia que a licitação desses três lotes se iniciasse com valores consideravelmente superiores aos verificados como adequados para realização dos objetos definidos pelos projetos básicos dos lotes 01, 02 e 03 integrantes do Edital 005/2010. Os orçamentos de referência da VALEC para os lotes 04, 05, 06 e 07 não foram avaliados por esta equipe de auditoria porquê a VALEC não disponibilizou as Planilhas de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação dos Projeto Básicos desses lotes. Ressalta-se que esses documentos deveriam ter sido apresentados juntamente com a documentação integrante dos Projetos Básicos encaminhados a esta CGU em 25/07/2011 por meio do Ofício nº 933/2011-PRESI. Evidências: Memo nº 129/2010-SUCON, de 13/03/2010 – fls 02 e 03 do Processo nº 145/2010. Ofício nº 924/2011 – PRESI, de 22/07/2011; Projetos Básicos dos Lotes 01,02 e 03 – Ofício nº 933/2011-PRESI. Orçamento de Referência da VALEC – Lote 1F - Edital nº 005/2010, de 16/07/2010. Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico do Lote 1F. Relatório do Projeto Básico – Lote 1F – Volume 01. Orçamento de Referência da VALEC – Lote 2F - Edital nº 005/2010, de 16/07/2010. Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico do Lote 2F. Relatório do Projeto Básico – Lote 2F – Volume 01. Orçamento de Referência da VALEC – Lote 3F - Edital nº 005/2010, de 16/07/2010. Planilha de Cálculo de Volumes de Terraplenagem – Cubação do Projeto Básico do Lote 3F. Relatório do Projeto Básico – Lote 3F – Volume 01. Relatório Preliminar de Fiscalização TCU nº 318/2010. II.6 - VALEC – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA

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II.6.1 - O CASO DISMAF

Fato denunciado: “Há dois meses, a Dismaf ganhou nova licitação da Valec para fornecimento de trilhos às ferrovias Norte-Sul e de Integração Oeste-Leste, duas obras prioritárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Valor do contrato: 720 milhões de reais. A finalização do processo, porém, depende algumas variantes. Em abril de 2010, os Correios publicaram no Diário Oficial um aviso de penalidade no qual proíbem a empresa de participar de licitações e de firmar contratos com a estatal durante cinco anos – ou seja, até 2015. Apesar dessa sanção, a Valec não vetou a presença da Dismaf no último pregão das ferrovias.” (Fonte: Revista Veja nº 2.212,de 13/04/2011)

Conclusão CGU: Situação confirmada. A CGU já havia apontado diversas impropriedades no processo de contratação da Dismaf, como prazo insuficiente para formulação de propostas, não reabertura de prazos em função de mudanças de entendimentos em item do edital, excessiva exigência de qualificação técnica, e a não observância do direito de contraditório. Ademais, a CGU, verificando que a empresa não poderia ter participado da licitação, tendo em vista que à época constava do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), comunicou tal fato ao Ministério dos Transportes. Por meio do Ofício nº 1.076/2011 – PRESI, de 26/08/2011, encaminhado a CGU, o Diretor-Presidente Interino da VALEC comunicou a revogação do Pregão Presencial nº 04/2011, decisão publicada no Diário Oficial da União – DOU também em 26/08/2011. DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO Trata-se da licitação na modalidade Pregão Presencial - Edital nº 004/2011, cujo objeto é a contratação de empresa para fornecimento de trilhos UIC-60 a serem aplicados na EF-334 – Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL, trecho Ilhéus/BA a Barreiras/BA e na EF-151 – Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul. Pelo Edital, a VALEC – Engenharia, Construções e Ferrovias S/A pretendia contratar empresa para fornecimento de 244.597 toneladas de trilhos UIC-60 com valor unitário estimado em R$ 3.300,00, totalizando R$ 807.170.100,00. O referido Edital foi publicado no Diário Oficial da União – DOU de 13/01/2011 –, com previsão de abertura das propostas para o dia 25/01/2011. Em função de diversas impugnações e na impossibilidade de análise tempestiva de todas, a VALEC fez publicar no DOU de 25/01/2011 adiamento do certame, fixando a data de 10/02/2011 para abertura das propostas. Na data marcada, compareceram à sessão dois licitantes, sendo uma empresa isolada – a DISMAF DISTRIBUIDORA DE MANUFATURADOS LTDA –, à época impedida de participar de licitações, fato conhecido pela empresa que tentava na justiça a reversão deste status, e o consórcio liderado pela TROP COMÉRCIO EXTERIOR LTDA. Durante a fase de lances, o consórcio desistiu do certame, sagrando-se vencedor a DISMAF, com uma proposta de R$ 723.273.329,00, que representa um desconto de 10,40%. Da análise ao processo licitatório nº 033/2011, verificou-se a existência de condições restritivas de competitividade, tendo por base o “prazo insuficiente para formulação de propostas” e a “exigência excessiva de qualificação técnica”. Destaca-se que tanto o prazo para a formulação de propostas quanto a comprovação, por meio de atestados, de fornecimento de trilhos foram

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objetos de inúmeras impugnações por parte de potenciais licitantes, sendo todas negadas pela Administração. Por fim, verificou-se problemas de ordem gerencial na condução do certame, tendo em vista a não observância dos ditames legais instituídos pela Lei 8.666/93, no que se refere à realização de audiência pública, à abertura de prazo tendo em vista modificação no entendimento de item do Edital e ao direito a ampla defesa e contraditório quando da anulação do certame. CONSTATAÇÃO 057: NÃO REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA PÚBLICA, EM DESCUMPRIMENTO À DISPOSITIVO DA LEI 8.666/93 Acerca da necessidade de realização de Audiência Pública previamente a determinados procedimentos licitatórios, o art. 39 da Lei 8.666/1993 estabelece as condicionantes para sua ocorrência, conforme transcrito a seguir.

“Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela autoridade responsável com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e com realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também com objetos similares, o edital subseqüente tenha uma data anterior a cento e vinte dias após o término do contrato resultante da licitação antecedente.”

Da leitura do artigo, verifica-se três condições essenciais à realização de Audiência: o valor da Licitação – acima de R$150.000.000,00 –, a similaridade entre objetos e o intervalo de tempo entre os certames ou estes e o contrato anterior. O valor para contratação relativo ao Edital nº 004/2011 foi estimado em R$ 807.170.100,00, superando em muito o valor mínimo necessário para a realização da Audiência. Em análise de seu processo, não foi verificada documentação comprobatória de realização da citada Audiência. Sendo assim, foram solicitados os processos relacionados aos Editais nºs 090/2006 e 015/2009, cujos objetos referem-se à contratação de trilhos, portanto, com objetos similares aos do Edital nº 004/2011. Da análise destes, verificou-se também que não há documentação comprobatória de realização de Audiência. Tendo em vista a ausência de documentação comprobatória, foi encaminhada a Solicitação de Auditoria – SA nº 201111015/008 questionando a realização da Audiência Pública. Em resposta, por meio do Ofício nº 745/2011-PRESI, datado de 14 de junho de 2011, a VALEC assim se manifestou:

“A audiência pública promovida pela Administração Pública ocorre em diversas situações, quando se realiza uma espécie de reunião entre seus representantes e membros da coletividade, onde são discutidos determinados assuntos de interesse geral ou específico, apresentando prestações de contas, etc. A Lei nº 8.666/93 determinou o seguinte:

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(...) Segundo Marçal Justen Filho, a audiência pública, para os fins da Lei nº 8.666/93, “é um dos instrumentos destinados a assegurar a transparência da atividade administrativa”, com o intuito de “proteger o interesse público, objetivamente”, garantindo a “eficácia na gestão dos recursos públicos” Assim, sabe-se que o Pregão nº 004/2011 tem por objeto a contratação de empresa para o fornecimento de trilhos UIC-60 a serem aplicados na EF – 334 – Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL no trecho Ilhéus/BA a Barreiras/BA e na EF – 151 – Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, tendo como locais de entrega o seguinte: (...) Percebe-se que o Trilho UIC-60 se prestaria para ser aplicado nas obras de construção da EF –334 – Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL e da EF –151 – Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul. Não obstante, na data de 10/09/2008 (conforme publicação no Diário Oficial da União) a VALEC realizou Audiência Pública para apresentar as informações prévias à “Subconcessão dos trechos de Palmas/TO – Estrela d’Oeste/SP e Obras dos trechos de Rio Verde/GO – Panorama/SP pertencentes à EF-151 Ferrovia Norte Sul e Subconcessão e Obras dos trechos de Ilhéus/BA – Alvorada/TO, pertencentes à EF-334 Ferrovia de Integração Oeste Leste.” Desta forma, a VALEC realizou Audiência Pública que previa a contratação de todos os procedimentos relativos à construção das Ferrovias EF-151 Ferrovia Norte-Sul e EF-334 Ferrovia de Integração Oeste-Leste, cumprindo o que determina o artigo 39 da Lei 8.666/93.”

Em sua manifestação, a VALEC informa que “realizou Audiência Pública que previa a contratação de todos os procedimentos relativos à construções das Ferrovias ...”. Assim, a VALEC entende que a realização de uma Audiência que trate de todo o empreendimento, por si só, é suficiente para dar atendimento ao preceito estabelecido no art. 39 da Lei 8.666/93. Observa-se, porém, que o citado artigo ressalta a obrigação de realização de Audiência para uma dada licitação que satisfaça os requisitos estabelecidos, não se referindo a um empreendimento globalmente. Assim, em um determinado empreendimento, para cada licitação, ou conjunto delas, que se enquadrar no citado artigo, se fará necessário um audiência pública. Ademais, a Audiência tratada na manifestação da VALEC foi realizada para tratar especificamente da licitação para a Subconcessão da Ferrovia Norte-Sul e da Ferrovia Oeste-Leste, não guardando, portanto, similaridade com o objeto do Edital nº 004/2011, conforme publicação no DOU de 12 de agosto de 2008, transcrito a seguir.

“O Diretor Presidente da VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., comunica que será realizada na data de 10 de Setembro de 2008, às 10:00 horas no Auditório Térreo, situado no Setor de Autarquias Norte - SAN, Quadra 03, Lote "A" - Edifício Núcleo dos Transportes, Audiência Pública prévia a Licitação para a Subconcessão dos Trechos de Palmas/TO-Estrela d'Oeste/SP e Obras dos Trechos de Rio Verde/GO-Panorama/SP pertencentes à EF 151 Ferrovia Norte-Sul e Subconcessão e Obras dos Trechos de Ilhéus/BA Alvorada/ TO, pertencentes à EF 334 Ferrovia Leste-Oeste.”

Ante o exposto, verifica-se descumprimento do preceito estabelecido no art. 39 da Lei de Licitações. CONSTATAÇÃO 058: DEFINIÇÃO DE PRAZO INSUFICIENTE PARA FORMULAÇÃO DE PROPOSTAS, CONSIDERANDO-SE O VULTO DO CERTAME. O Decreto nº 3.555, de 08 de agosto de 2.000, que trata da licitação na modalidade “Pregão”, estabelece a seguinte exigência de prazo em seu inciso III, do art.11:

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“III - o edital fixará prazo não inferior a oito dias úteis, contados da publicação do aviso, para os interessados prepararem suas propostas” (grifou-se)

Da leitura do inciso, verifica-se que o normativo tão somente estabelece um prazo mínimo para a realização do certame. Entretanto, a fixação, por si só, do prazo de 8 dias úteis, sem a observância das peculiaridades que envolvem os requisitos editalícios, não garantem o cumprimento dos princípios estabelecidos na Lei de Licitações, sobretudo no que se refere à isonomia do processo. Aliás, cabe aos responsáveis pela condução do certame, a fixação de um prazo razoável, sob pena de não atender ao referido princípio. Nesse sentido, o Acórdão 1462/2010 – Plenário, do Tribunal de Contas da União – TCU, ao analisar o Pregão Eletrônico nº 072/2009, cujo objeto é o Registro de Preços para Prestação de Serviços de Solução de Governança Organizacional, promovido pelo Departamento de Engenharia e Construção do Exército – DEC, determinou: “9.2.1.1. nos pregões para a aquisição de bens e serviços de informática, mediante Pregão, avalie a complexidade demandada na preparação das propostas pelos eventuais interessados e busque definir o prazo mais adequado entre a data de publicação do aviso do Pregão e a de apresentação das propostas, a qual nunca poderá ser inferior a oito dias úteis, de modo a garantir a isonomia entre os interessados que tenham acessado especificações do objeto antecipadamente, por terem colaborado na fase de planejamento pelo fornecimento das informações mercadológicas e técnicas necessárias, e os demais interessados;” (grifou-se) No caso do Pregão nº 004/2011, o aviso da licitação foi publicado no Diário Oficial da União – DOU de 13/01/2011, com data para entrega das propostas fixada em 25/01/2011, o que resulta em exatos 8 (oito) dias úteis – o mínimo estabelecido pelo Decreto. Vários são os argumentos que revelam a inexequibilidade do prazo estabelecido pela VALEC, destacando-se: I) A necessidade de autenticação de documentos necessários à habilitação, por consulados, bem como sua tradução por tradutor juramentado, conforme alíneas “a” e “b” do item 3.1.1, transcritas abaixo, em função do caráter internacional da licitação. “a) as empresas estrangeiras que não funcionem no país atenderão às exigências do item10 – DA HABILITAÇÃO mediante documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo ter procurador residente e domiciliado no Brasil, com poderes expressos para receber citação, intimação e responder administrativa ou judicialmente por seus atos e atos da empresa, juntando os instrumentos de mandato com os documentos de habilitação. b) as empresas nacionais que apresentarem documentação emitida por empresas estrangeiras que não funcionem no país, para atender às exigências do item 10 DA HABILITAÇÃO, deverão apresentar documentos autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, na forma estabelecida para as empresas estrangeiras” (grifou-se) II) As peculiaridades do mercado de trilhos, tendo em vista que potenciais fornecedores encontram-se principalmente nos mercados europeu e asiático, a necessidade de cotação de preços para transporte marítimo e armazenamento, ou seja, todo uma análise logística que possibilite a apresentação de proposta. Destaca-se que essas questões não se tratam apenas de uma percepção desta CGU: em uma análise do processo nº 033/11 – base da licitação – verifica-se uma série de impugnações ao Edital do Pregão nº 004/2011, dentre as 8 (oito) impugnações analisadas, 06 (seis) questionavam

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o prazo estipulado. O quadro abaixo apresenta a relação de empresas que questionavam o prazo estabelecido. Quadro I: Empresas que impugnaram o Edital

Impugnações quanto ao prazoTrop Comércio Exterior Ltda. Mitsui & Co. Brasil S/A Advogado Caio Júlio César Brandão Oneida do Brasil Ltda. Marco Antônio Balasso Fercortec Indústria, Comércio e Representações

Fonte e método: Elaborado pela DITRA/DI/SFC/CGU, a partir das informações constantes do processo nº 033/11.

Diante de tantas impugnações e na dificuldade de análise de todas, a VALEC fez publicar no DOU de 25/01/2011 adiamento da abertura das propostas para 10/02/2011. Deste modo, ao invés de conceder um prazo razoável com vistas ao atendimento do pleito das impugnantes e possibilitar que novas empresas se interessassem no certame, a VALEC optou em conceder um prazo de 15 dias, o que também foi objeto de contestação, conforme relação indicada no quadro abaixo. Quadro II: Empresas que impugnaram o Edital

Impugnações quanto ao prazoAçoparaná Mitsui & Co. Brasil S/A China Railway/Construtora Augusto Velloso S/A Cotia Empreendimentos Logísitica e Participações RCE Engenharia Fercortec Indústria, Comércio e Representações

Fonte e método: Elaborado pela DITRA/DI/SFC/CGU, a partir das informações constantes do processo nº 033/11.

Observa-se, ao cotejar os quadros, que a nova publicação foi capaz de atrair uma nova gama de possíveis interessados, o que demonstra um grande potencial de mercado para o certame. Deste modo, as próprias empresas interessadas em participar do certame evidenciaram aos responsáveis pela licitação o pouco prazo dado à preparação das propostas. Em que pese as inúmeras manifestações, não se verificou medidas efetivas para sanar a questão. Como efeito, o pregão acabou por ocorrer com dois licitantes. Ante o exposto, verifica-se que o pouco tempo disponibilizado entre a publicação do Edital e a abertura das propostas restringiu a competitividade do certame. CONSTATAÇÃO 059: EXCESSIVA EXIGÊNCIA DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA, ACARRETANDO RESTRIÇÃO À COMPETITIVIDADE. O Edital de Pregão nº 004/2011 estabeleceu, como critério de qualificação técnica, a necessidade de apresentação de atestados de fornecimento de trilhos que totalizem um montante de 110.000 (cento e dez mil) toneladas, conforme item 10.2.7 transcrito abaixo: “a) A empresa licitante deverá apresentar atestados e/ou certidões de capacidade técnica da seguinte forma: a.1) Atestado(s) (ou declarações) de capacidade técnica, expedido(s) por pessoa jurídica de

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direito público ou privado, que comprove(m) que a empresa licitante já forneceu trilho de aço carbono em quantidades iguais ou superior a 110.000 (cento e dez mil) toneladas.” O valor em questão representa aproximadamente 45% do total que a VALEC pretende contratar com a licitação, que é de 244.597 toneladas. Destaca-se que inúmeras foram as impugnações ao Edital questionando a excessiva exigência. Sobre estas, a VALEC informou que “ O critério de quantidade mínima adotado no item seleciona empresas que realmente possam atender as necessidades quantitativas do empreendimento, protegendo a VALEC de adquirir algo que jamais a contratada simplesmente pelo critério de menor preço terá condições de fornecer.”. Em que pese a alegação da empresa, destaca-se que em outros certames para a aquisição de trilhos, os percentuais de exigência de atestados foram bem inferiores ao do Edital nº 004/2011, conforme Quadro abaixo: Quadro I: Comparativo das exigências de capacidade técnica

Edital Objeto Aquisição

(ton.)Exigência

(ton.) % sobre a aquisição

010/2006

Aquisição de 63.000 toneladas de trilhos novos TR-57 a serem aplicados na Ferrovia Norte Sul, trecho entre Babaçulândia/TO(km 311,50) – Araguaína/TO (km 361,50), incluindo o Pátio de carga e descarga.

63.000 - -

015/2009

Contratação de Empresa para o fornecimento de Trilhos TR-57 a serem aplicados na Ferrovia Norte-Sul, conforme Especificações e Condições Constantes do Edital e seu Termo de Referência

60.000 12.000 20,0

004/2011

Contratação de empresa para fornecimento de trilhos UIC-60 a serem aplicados na EF-334 – Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL, trecho Ilhéus/BA a Barreiras/BA e na EF-151 – Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul, conforme especificações e condições constantes do Edital e seu Termo de Referência.

244.597 110.000 44,97

Fonte e método: Elaborado pela DITRA/DI/SFC/CGU, a partir das informações constantes dos Editais 010/2006, 015/2009 e 004/2011. Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 201111015/004, de 08 de junho de 2011, acerca do aumento do percentual de exigência, a VALEC, por meio do Ofício nº 747/2011-PRESI, datado de 14 de junho de 2011, assim se manifestou: “Na realidade não houve uma ampliação do percentual de quantitativos a serem comprovados pelos licitantes para serem qualificados a participar de uma licitação da VALEC. Efetivamente, o que ocorreu foi uma padronização desse percentual em licitações oriundas da Diretoria de Engenharia. A citada padronização teve base no trecho a seguir, do Acórdão 2.299/07, Plenário do TCU: “abstenha-se de estabelecer percentuais mínimos em patamares superiores a 50% dos quantitativos dos itens de maior relevância da obra ou serviço, salvo em casos excepcionais, quando houver justificativa tecnicamente fundamentada, em observância ao disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, c/c os arts. 3º, §1, inciso I, e 30, inciso II, da Lei nº 8.666/1993.” Isto posto, a partir do 4º trimestre de 2010, passou-se a utilizar o percentual de 45% para determinação dos quantitativos a serem comprovados para a participação em licitações originadas na DIREN.

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Da leitura da manifestação apresentada, a VALEC informa ter padronizado, para seus contratos, um percentual de exigência de 45% dos quantitativos dos itens de maior relevância, em observância ao Acórdão 2.299/07 – Plenário, do Tribunal de Contas da União. Observa-se, porém, que o citado Acórdão estabelece, salvo casos excepcionais, um limite máximo de exigência no valor de 50% para os itens de maior relevância. Sendo assim, cabe ao gestor, dentro dos limites estabelecidos e observando as peculiaridades de cada contrato, exigir um valor razoável para comprovação. Neste sentido, a opção adotada pela VALEC fixando um valor padrão sem se ater às particularidades de cada contrato, vulnerabolizou o procedimento licitatório. No caso concreto do Edital nº 004/2011, o fato de haver apenas um item constituinte da planilha orçamentária, de a programação das entregas definir remessas mensais com valor não superior 27.200,00 toneladas, conforme item 3.2 do Anexo I do Termo de Referência, de não haver fabricantes de trilhos no mercado nacional, funcionando a futura contratada como mera “atravessadora”, revela que a comprovação em termos de atestados foi desproporcional. Ainda, ao analisar a proposta apresentada pela licitante vencedora, Dismaf Distribuidora de Manufaturados Ltda., verifica-se que dos 12 atestados apresentados pela empresa, 11 foram emitidos pela VALEC. O Quadro II abaixo apresenta um detalhamento dos referidos atestados: Quadro II: Relação de atestados apresentada pela DISMAF

Número Emissor Data de Emissão Quantidade Atestada001/2007 VALEC 06/05/2008 6.000,00 002/2008 VALEC 17/12/2008 16.640,00 015/2009 VALEC 23/11/2009 10.243,157 003/2010 VALEC 22/06/2010 16.827,060 004/2010 VALEC 22/06/2010 12.466,270 005/2010 VALEC 22/06/2010 1.498,660

-- METROFOR 16/08/2010 3.047,510 014/2010 VALEC 11/11/2010 17.329,856 015/2010 VALEC 11/11/2010 15.505,590 016/2010 VALEC 11/11/2010 10.719,992 017/2010 VALEC 11/11/2010 10.245,579 018/2010 VALEC 11/11/2010 11.041,889

TOTAL 131.565,563 Fonte e método: Elaborado pela DITRA/DI/SFC/CGU, a partir dos atestados constantes do processo n 033/2011 Da análise do Quadro II, verifica-se que cerca de 97% da quantidade de trilhos atestada foram emitidos pela VALEC. Ainda, há que se destacar que 64.842,91 toneladas (somatório dos atestados emitidos em novembro de 2010), aproximadamente 59% do valor exigido, foram adquiridos pela DISMAF por meio do Contrato nº 055/2009, objeto do Edital nº 015/2009. Deste modo, sem estes nem a própria vencedora teria condições de atender a exigência do certame. Num cenário em que os maiores empreendimentos ferroviários do país estão sob a responsabilidade da VALEC, a exigência de fornecimento de 110.000 toneladas de trilhos (45% do total a contratar) acabou por favorecer a DISMAF, detentora dos Contratos nº 055/2009 e 008/2007, objeto dos Editais nº 015/2009 e 010/2006, totalizando 127.019,393 toneladas em fornecimento nestes. Ante o exposto, a excessiva qualificação técnica exigida contribuiu para a restrição do caráter competitivo da licitação.

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CONSTATAÇÃO 060: AUSÊNCIA DE REABERTURA DE PRAZO EM FUNÇÃO DE MUDANÇA DE ENTENDIMENTO EM ITEM DE EDITAL, A QUAL INTERFERIU NA FORMULAÇÃO DAS PROPOSTAS. A Lei 8.666/93 ao tratar de alterações que possam interferir na formulação de propostas estabelece em seu §4º do art. 21 da Lei 8.666/93:

“§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas”.

Da leitura do citado dispositivo verifica-se duas condições imprescindíveis a serem observadas nos casos de alterações no Edital: a divulgação pela mesma forma que se deu o texto original e a reabertura do prazo inicial quando a alteração interferir na formulação da proposta. Destaca-se que o Edital nº 004/2011 foi originalmente publicado no Diário Oficial da União – DOU de 13/01/2011 e em jornais de grande circulação, em consonância com o que estabelece a Lei de Licitações. Acerca das características do objeto licitado, o referido Edital estabelecia em seu item 7.1.3 a seguinte obrigatoriedade: “O licitante deverá apresentar proposta para trilhos tipo UIC-60, barra de 12 metros, conforme especificações contidas neste Edital.” Nota-se que o item não abriu margem para o fornecimento de trilhos em barras com outros comprimentos. Em 31/01/2011, a empresa MITSUI & Co. (Brasil) S.A., por meio de mensagem eletrônica, questionou a VALEC a possibilidade de aceitação de outros comprimentos de barra, conforme se segue: “(...) gostaria de perguntar se a VALEC pode aceitar trilhos de 18m ou 24m, ao invés de 12m, para aumentar a eficiência na produção.” Em resposta, por meio do Memorando nº 012-02-2011-SUCON, datado de 03 de fevereiro de 2011, o Superintendente de Construções encaminhou posicionamento ao Gerente de Licitações e Contratos, no sentido de sua possibilidade, conforme transcrito a seguir: “Não nos oporemos ao fornecimento de barras de 18,00m ou 24,00m, desde que: As tolerâncias dimensionais sejam aquelas especificadas no termo de referência do pregão em questão; Os prazos de entrega sejam aqueles especificados no termo de referência citado acima; Cada remessa seja fornecida, integralmente, com somente um único comprimento de trilho.” Foi dado conhecimento do referido posicionamento as licitantes, por meio do 1º Caderno de Perguntas e Respostas, datado de 08 de fevereiro de 2011.

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Em que pese o novo entendimento, contrário ao item 7.1.3 do Edital em comento, não houve por parte da VALEC retificação deste, tampouco uma publicação na forma como preconizado no §4º do art. 21 da Lei de Licitações, se limitando em informar do entendimento por meio de um caderno de perguntas e respostas. Ainda, verifica-se que o certame ocorreu em 10/02/2011, somente dois dias após a divulgação do 1º Caderno de Perguntas e Respostas. Tendo em vista que o comprimento das barras de trilhos influenciam na logística de transporte e armazenamento, e, consequentemente, da elaboração da proposta de preços, para dar atendimento ao §4º do art. 21 da Lei 8.666/9, a VALEC deveria ter reaberto o prazo. Questionada por meio da Solicitação de Auditoria – SA nº 201111015/007, datado de 08/06/2011, acerca destes fatos, a VALEC, por meio do Ofício nº 745/2011-PRESI, datado de 14 de junho de 2011, assim se manifestou:

“... I – Comprimento do trilho exigido no Edital nº 004/2011-08-03 Cumpre preliminarmente ressaltar que todas as especificações exigidas no referido Edital são aquelas informadas pela área técnica, detentora do conhecimento necessário para atendimento aos projetos, sendo as mesmas extraídas do Termo de Referência, integrante no caso em questão no memorando nº 028/2011 – SUCON, devidamente aprovados, de 09 de janeiro de 2011, que solicita a abertura do Processo Licitatório. Ocorre que, após haver questionamento acerca da possibilidade de fornecimento de barras com outros comprimentos, a VALEC, por meio do Memorando nº 012/02/2011-SUCON, de 03/02/2011, a área técnica assim se manifestou, in verbis: “A área técnica solicitante dos serviços não se opõe ao fornecimento de barras de 18,00m ou 24,00m, desde que: 1. As tolerâncias dimensionais sejam aquelas especificadas no termo de referência do pregão em questão; 2. Os prazos de entrega sejam aqueles especificados no termo de referência citado acima; 3. Cada remessa seja fornecida, integralmente, com somente um único comprimento de trilho. Ressalta-se que em nenhuma das hipóteses, a logística de carga, transporte, descarga e empilhamento de trilhos com comprimentos de 18,00m ou 24,00m utilizado pelo fornecedor justificará descumprimentos de prazos e peso mínimo por remessa estabelecidos no termo de referência do Edital do pregão.” Percebe-se que a manifestação foi no sentido de não oposição à aceitação de outra metragem do trilho, desde que, não fossem alteradas as demais especificações para o fornecimento. Resta claro que em momento algum a área técnica alterou a exigência descrita no Termo de Referência, apenas não se opôs no caso de algum licitante apresentar quando do fornecimento do material outra metragem, mas desde que atendendo as mesmas especificações técnicas do produto ora licitado, não sendo, portanto, alterado o objeto escopo do procedimento licitatório. II – Ausência de retificação do Edital e adiamento da licitação No que tange à ausência de Retificação do Edital, conforme demonstrado acima, o objeto licitado não foi alterado e nem as exigências para o seu fornecimento, apenas foi informado que poderia ser aceito comprimento diferente, frise-se que não haveria oposição, mas o objeto continuava sendo o mesmo descrito no Edital, bem como as condições de participação no certame, desta forma, não houve razão para retificação do Edital, somente apresentado esclarecimento a um licitante em que em nenhum momento alterou a formulação das propostas. É oportuno destacar que tal manifestação quanto a não oposição supracitada foi publicada no caderno de perguntas e respostas referente à licitação em questão, o que o tornou a partir de sua

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divulgação, parte integrante do Edital, sendo então, entendimento desta Empresa não ser necessária tal retificação.”

Da leitura da manifestação, verifica-se que a VALEC informa que não se oporia ao fornecimento de trilhos com comprimentos superiores a 12m, mas que em momento algum a área técnica alterou a exigência descrita no Termo de Referência. Ainda, esclarece que houve publicação no caderno de perguntas e respostas referente à licitação, tornando-o parte integrante do Edital. Ocorre que, ao permitir trilhos maiores que 12m, a VALEC vai de encontro ao definido expressamente no item 7.1.3 do Edital nº 04/2011, o que, por si só, já mereceria uma retificação deste. Ainda, o fato de houver publicação no citado caderno não afasta a necessidade de publicação no DOU e da reabertura do prazo para a realização do certame. Do exposto, ao não retificar o item 7.1.3 do Edital, bem como proceder sua publicação, de modo a dar amplo conhecimento a potenciais interessados, e dar continuidade ao certame, sem reabertura de prazo, mesmo com a divulgação do caderno de respostas a apenas dois dias da abertura das propostas, a VALEC infringiu o disposto contido no §4º do art. 21 da Lei 8.666/93. CONSTATAÇÃO 061: NÃO OBSERVÂNCIA DO DIREITO AO CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA EM DECORRÊNCIA DE PUBLICAÇÃO DE ANULAÇÃO DE CERTAME. O art. 49 da Lei 8.666/93, transcrito abaixo, estabelece os procedimentos a serem adotados pela Administração quando do desfazimento de um procedimento licitatório, quer seja por revogação ou anulação.

“Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. § 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. § 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.”

Destaca-se que, conforme consta no processo, por determinação do Ministro de Estado dos Transportes, por meio do Aviso nº 04/2011/GM/MT, foi determinada a anulação do procedimento licitatório objeto do Edital nº 004/2011. Diante do fato, a Assessoria Jurídica da empresa, por meio do Parecer nº 080/11 – ASJUR/BSB, datado de 19 de abril de 2011, acerca do direito ao contraditório e ampla defesa, assegurado no §3º do art. 49 da Lei de Licitações, a que teria direito a empresa vencedora do certame, recomendou que:

“Ante o exposto, em atenção à determinação Ministerial, sugerimos que: (...) ii) seja encaminhada de Ofício à DISMAF, a fim de que lhe seja assegurado o Contraditório e a Ampla Defesa, em atenção ao disposto no §3º do art. 49 da Lei 8.666/93; e (...)”

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Em que pese o contido no Parecer, constatou-se que, sem a devida atenção ao recomendado, a VALEC fez publicar no Diário Oficial da União – DOU, datado de 20 de abril de 2011, aviso de anulação da referida licitação. Com efeito, a empresa DISMAF DISTRIBUIDORA DE MANUFATURADOS LTDA, recorrendo ao judiciário, em função da não observância do seu direito a ampla defesa e contraditório, impetrou Mandado de Segurança nº 25729-62.2011.4.01.3400 da 14ª Vara Federal/DF, o qual foi deferido. Ante o exposto, esta CGU questionou à VALEC, por meio da Solicitação de Auditoria – SA nº 201111015/006, a ausência, no âmbito administrativo, do contraditório e ampla defesa à DISMAF, quando da anulação do referido edital. Em resposta, por meio do Ofício nº 743/2011-PRESI, datado de 15 de junho de 2011, a VALEC assim se manifestou: “Conforme constatado por esta Controladoria, de fato, ao determinar a publicação do ato que anulou o Pregão nº 004/2011, atendendo a determinação advinda do Ministério dos Transportes que anexou como razões a documentação da Controladoria Geral da União – CGU, não foi oportunizado o contraditório e a ampla defesa à empresa DISMAF, o que se consubstancia em uma falha administrativa. Contudo, posteriormente, tal situação foi devidamente retificada. Isso porque o MM. Juiz Federal da 14ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal proferiu decisão nos autos do Mandado de Segurança nº 25729-62.2011.4.91.3400, na qual deferiu o pedido de liminar formulado pela empresa DISMAF Distribuidora de Manufaturados Ltda para “suspender o ato de anulação do Pregão 04/2011, publicado no DOU de 20 de abril de 2011, para efeito de oportunizar o contraditório e a ampla defesa à impetrante, bem assim ordenar à Autoridade impetrada que se abstenha de realizar nova licitação que tenha o mesmo objeto do referido certame”. Em virtude da decisão liminar que determinou a suspensão do ato de anulação do Pregão 04/2011 e determinou que fosse oportunizado o contraditório e a ampla defesa, a VALEC publicou, no Diário Oficial da União – Seção 3, no dia 13/05/2011, extrato informando que “fica suspensa a Anulação do Pregão nº 004/2011, publicado no Diário Oficial da União do dia 20/04/2011, Seção 3, pág. 160, a fim de dar cumprimento à decisão liminar proferida em sede de Mandado de Segurança nº 25729-62.2011.4.91.3400, da 14ª Vara Federal/DF”. Em seguida, a empresa DISMAF – Distribuidora de Manufaturados Ltda foi notificada para apresentar defesa no prazo de 15 dias, contados a partir de 19/05/2011. Diante das justificativas apresentadas, informamos que a VALEC está analisando a defesa supramencionada o que garante, inequivocamente, o cumprimento do §3º do art. 49 da Lei 8.666/93.” Da leitura da manifestação, constata-se que houve falhas de gestão, na medida em que a VALEC não tomou as medidas administrativas que lhe cabiam, mesmo alertada por sua Assessoria Jurídica, passando a atuar apenas quando provocada pelo Poder Judiciário. Com efeito, a questão que envolve a anulação do procedimento licitatório permanece sem solução, tendo em vista que a mesma não foi decidida pelo poder Judiciário.

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II.7 - VALEC – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU II.7.1 - FERROVIA NORTE-SUL - FNS Embora o empreendimento relativo às obras de construção da Ferrovia Norte-Sul não conste do rol de obras citadas pela imprensa, mas, considerando-se as graves constatações apontadas pela CGU, reveladoras de problemas que remetem à precariedade estrutural, as quais impactam a administração da VALEC, optou-se por abordá-las conforme a seguir. CONSTATAÇÃO 062: PRECARIEDADE NA FISCALIZAÇÃO DOS CONTRATOS DA FERROVIA NORTE-SUL Dos contratos de supervisão O Relatório de Avaliação da Gestão 2009, encaminhado à VALEC por meio da Solicitação de Auditoria nº 243889/37, e os relatórios produzidos pela Auditoria Interna da VALEC no ano de 2009 apontaram uma série de falhas nos procedimentos de medição dos contratos de supervisão ao longo da Ferrovia Norte-Sul. Com efeito, foram incluídas no Relatório de Avaliação da Gestão, exercício 2009, doze constatações que se relacionam a problemas nos Contratos de Supervisão, referentes aos Lotes S/N, 1, 2, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 das obras de construção da mencionada Ferrovia. Por todo o exposto naquele Relatório de Avaliação da Gestão, fica configurado que os contratos com as empresas supervisoras não estão sendo acompanhados pelo engenheiro residente, representante da VALEC nos trechos, e que os boletins de medição não têm representado a realidade do que tem sido pago, o que significa que esses servidores têm assinado documentos que embasam pagamentos por equipamentos e serviços de mão-de-obra que não ocorreram, e que esse desvio poderia ter sido facilmente e visualmente identificado, caso houvesse uma ação de conferência, mesmo de baixo escopo. Esse tem sido um problema de conduta reiterado e disseminado, o qual gerou a necessidade de apuração de responsabilidade pelos danos causados. Da situação atual da atuação da fiscalização Em que pese o escopo dos exames realizados abranger a atuação do fiscal nos contratos de supervisão, é possível verificar que a negligência com o recurso público alcança todo o campo de sua ação, como pode ser observado pelos depoimentos prestados nas oitivas de 2 (dois) funcionários, relativos à apuração de responsabilidade quanto às constatações contidas no Relatório de Avaliação de Gestão nº 243889, representativas da precária situação existente da fiscalização da VALEC. Funcionário “1”:

"Perguntado se na época de suas nomeações, tinha conhecimento das suas atribuições, o funcionário afirmou que foi nomeado gestor sem saber ao certo quais eram as atribuições de seu cargo. (...) Como justificativa para seu desconhecimento, declarou que assumiu a residência de um lote com muitos problemas e com obras paralisadas, e que foi nomeado para o cargo com a função de conferir uma série de coisas e com muito pouco tempo para dar conta das inúmeras atribuições inerentes ao cargo. (...) Ao ser solicitado pela Comissão que explicasse a forma como realizava a conferência das medições dos serviços executados pela construtora, que lhe eram encaminhadas pela empresa Supervisora (...), seja como residente ou

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como gestor, (...) respondeu que, em função das inúmeras atividades que tinha, a conferência das medições, dos serviços previstos em Contrato e o medido era feita estatisticamente (amostragem) e, muitas vezes, tinha que confiar no supervisor que assinava a mesma antes dele. (...) Questionado se conhecia o previsto nas Normas para Medição e Pagamento (...), declarou que não conhecia e que, muito da sua maneira de atuar, se baseava na forma como as coisas eram executadas nos outros lotes. Por essa razão, concluiu, a irregularidade foi constada pela auditoria (AUDIN- VALEC)(...) O funcionário esclareceu que, no período desta constatação atuava como presidente de comissão de encerramento do contrato de construção do lote 9 e também como membro de comissão de sindicância para apurar irregularidades na compra de material de superestrutura e dos serviços executados naquele lote.”(grifo nosso)

Cumpre ressaltar que um funcionário que realiza declarações como as expostas não poderia atuar como membro de comissão de sindicância. No mesmo sentido, cabe transcrever parte da oitiva do funcionário “2”:

"Nunca tomou conhecimento dos fatos relatados nos relatórios em referência. Em seguida apresentou um organograma Geral no qual expõe o modelo de gerenciamento adotado pela VALEC. Esclarecendo que, se nos contratos de arqueologia e meio ambiente o gestor fiscaliza e faz a medição. Já nos contratos de obra, continuou, a fiscalização é encargo de um supervisor terceirizado.(...) Segundo o depoente, nem o residente nem o gestor tem como atribuição fiscalizar os trabalhos da construtora, bem como de saber se possui profissionais qualificados, com quantitativo adequado e se utiliza equipamentos apropriados." (grifo nosso)

Assim, fica caracterizada a precariedade da fiscalização na construção da Ferrovia Norte-Sul, haja vista que há casos de fiscais de contratos que sequer tem noção de suas atribuições e responsabilidades. Desse modo, esses representantes da VALEC não atuam no sentido de garantir que as medições representem precisamente a fidedignidade do que deve ser pago, colocando em risco o erário e possibilitando todo tipo de manipulação por parte de empresas supervisoras e construtoras. Dessa forma, a VALEC adota, sem justificativa, prática administrativa com alto potencial lesivo aos cofres públicos, quando posiciona servidores, no mínimo, despreparados e, mesmo, desinformados, em uma função estratégica para a certificação dos serviços realizados, etapa que serve de base para o efetivo pagamento. CONSTATAÇÃO 063: INSUFICIÊNCIA DE PROVIDÊNCIAS RELACIONADAS ÀS IRREGULARIDADES APONTADAS PELA CGU. Em 8/10/2010, foi encaminhado, por meio do Ofício nº 33430/DITRA/DI/SFC/CGU, o Relatório de Avaliação de Gestão nº 243889, relativo ao exercício de 2009. Após 2 (duas) versões, em 15 de junho de 2011, por meio do Ofício nº 757/2011 – PRESI, foi encaminhada a versão (R3) do Plano de Providências Permanente - PPP com a última posição da VALEC quanto às medidas adotadas para atender as recomendações formuladas no citado Relatório. Ao realizar análise expedita do andamento das providências, é possível montar o seguinte Quadro, relativo à situação atual do atendimento das recomendações: Quadro I: Situação atual do atendimento das recomendações do Relatório de Avaliação de Gestão – 2009

Atendida Não atendida Não analisada Total Qt 23 63 11 97 % 23,7 64,9 11,3 100

Fonte: DITRA/DI/SFC/CGU

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Assim, do total de 97 recomendações, pode-se afirmar que continuam não atendidas 64,9% das mesmas. As “não analisadas”, em 11,3%, referem-se às providências, de análise mais complexa, que requererão tempo adicional para se emitir opinião quanto ao atendimento. Desse modo, a quantidade de “não atendidas” poderia alcançar até 76,3% do total de recomendações. De qualquer forma, o elevado percentual alcançado até o momento demonstra a baixa efetividade das ações da VALEC em resolver de forma definitiva os problemas apontados, considerando a data em que o Relatório foi encaminhado. Para se dar visibilidade da gravidade das irregularidades apontadas sem solução, cabe apresentar as constatações mais relevantes em que já há evidências que a VALEC não elidiu todos os problemas: i. Sobrepreço do orçamento-base e da planilha contratada, em desacordo ao SICROII.

(LOTE 1, S/N, 2, 3, 4, 9, 10, 11 e 12); ii. (...) Aprovação de aditivo contratual com alteração irregular da data de referência para o

reajuste de contratos; iii. Falta de providências frente às constatações apontadas no Relatório de Avaliação da

Gestão 2008; iv. Contratação indevida por dispensa de licitação; v. Manutenção da contratação de dispensa irregularmente, após realização de licitação; vi. (...) Pagamento indevido de despesas reembolsáveis, não previstas no orçamento

contratado; vii. Pagamento por profissional ausente, descumprindo preceito estabelecido em Edital. (LOTE

9); viii. Não realização da retenção dos pagamentos efetuados pelo transporte de dormentes.

(LOTE 9); ix. (...) Pagamento indevido de escavação, transporte e aterro de "folhelho" como de 3ª

categoria. (Lote 9); x. Pagamento indevido por profissionais ausentes e com requisitos divergentes do edital.

(Lotes 09 e 12); xi. Pagamento indevido por profissional ausente e superfaturamento nas medições. (Lote 13); xii. Pagamento indevido por equipamentos, em quantidades superiores ao estabelecido em

contrato de supervisão. (Lotes 10 e 11); xiii. (...) Pagamento indevido de serviços de escavação, inclusive rebaixo, e aterro. (Lote 6); xiv. (...) Realização de serviços de rebaixo em quantidades superiores ao exigido na

especificação técnica. (Lote 6); xv. Valores de BDI previstos nas planilhas orçamentárias com itens inadmissíveis e/ou

repetidos no orçamento e incompatíveis com os registros públicos de referência do Sistema de Custos Rodoviários - SICRO do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT. (Lotes 2, 3, 4, 11);

xvi. (...) Pagamento indevido de serviços de escavação e aterro. (Lote 12); xvii. Precariedade do projeto básico licitado. (Lote 2); xviii. Alteração irregular da data de referência para o reajuste do Contrato. (Lote 2, 3) xix. Aprovação de aditivo contratual com alteração irregular da data de referência para o

reajuste de contratos. (Lote 4); xx. (...) Ausência de projeto executivo, acarretando falhas de execução na obra (Lote 3) xxi. Precariedade (...) quanto ao suporte documental para atesto dos serviços de terraplenagem

(Todos os Lotes fiscalizados); xxii. Precariedade no gerenciamento, supervisão e fiscalização dos contratos de supervisão da

Ferrovia Norte-Sul (Lotes S/N, 1, 02, 04, 09, 10, 11, 12, 13, 14)

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No mesmo sentido, padecem de providências as recomendações da Auditoria Interna da Empresa que, somente no exercício de 2010, totalizou 102 (cento e duas) recomendações sem atendimento até maio de 2011. II.7.2 - IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA CONTRATAÇÃO DA EMPRESA ALVORADA DO PROCESSO DE CONTRATAÇÃO POR DISPENSA DE LICITAÇÃO A VALEC contratou a empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda, inscrita no CNPJ sob o no 03.741.662/0001-00, duas vezes por dispensa de licitação para a prestação de serviços de terceirização de mão-de-obra, baseada no inciso IV, art. 24 da Lei 8.666/93, qual seja, contratação em caráter emergencial. O primeiro Contrato foi celebrado em 14/12/2010, com vigência de 180 dias e o segundo foi celebrado em 14/06/2011 com vigência de 180 dias. A primeira contratação foi tratada no processo administrativo no 804/10, que teve início com os Ofícios no 1442, no 1443 e no 1444 enviados a três empresas com sede no Distrito Federal na data de 05/11/2010, solicitando que estas encaminhassem proposta de preços, conforme Termo de Referência, em caráter emergencial por um período de até seis meses para a prestação de serviços de apoio administrativo, técnico especializado e atividades auxiliares, restrito aos escritórios da VALEC nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal, consideradas essenciais ao funcionamento de diferentes segmentos organizacionais, em caráter subsidiário, em atividades meio, no âmbito da VALEC – Engenharia Construções e Ferrovias S/A, com a maior brevidade possível. Em resposta ao Ofício no 1442/2010/DIRAF, a empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda enviou sua proposta datada de 20/10/2010, no valor mensal de R$ 970.796,70, totalizando R$ 5.824.780,00 para todo o período do contrato. Em resposta ao Ofício no 1443/2010/DIRAF, a empresa Soma Serviços e Logísticas Ltda enviou sua proposta datada de 05/11/2010, no valor mensal de R$ 1.002.274,64, totalizando R$ 6.013.647,84 para todo o período do contrato. E, a empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, em resposta ao Ofício no 1444/2010/DIRAF, enviou sua proposta datada de 05/11/2010, no valor mensal de R$ 975.775,44, totalizando R$ 8.854.652,65 durante os seis meses. Para justificar a contratação por dispensa de licitação, a VALEC afirmou que, com o término do Contrato no 032/07 entre a VALEC e a Federal Serviços Gerais Ltda, previsto para 16/12/2010, que aglutinava um percentual relevante de mão-de-obra de apoio administrativo e técnico necessário ao bom andamento dos trabalhos demandados à empresa, fazia-se necessário a contratação emergencial de que tratava o referido pleito para assegurar os serviços prestados pelos funcionários alocados no contrato anterior, por se tratar de serviço de natureza continuada, cuja interrupção comprometeria a continuidade dos Projetos desenvolvidos pela VALEC junto ao Governo Federal. A VALEC informou, ainda, que já estava em andamento o processo licitatório do Pregão no 014/09, cujo objeto era a contratação de empresa para a prestação de serviços de apoio administrativo, técnico especializado e atividades auxiliares, restrito aos escritórios da VALEC

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nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Tocantins e Distrito Federal, mas que este não seria concluído antes do término da vigência do contrato referido anteriormente. O Termo de Referência da contratação, datado de 19/11/2010, ao qual os Ofícios encaminhados às empresas faziam menção, estão acostados às fls. 270 a 306 do processo, e aponta o seguinte quantitativo de postos de trabalho por categoria profissional:

Item Categoria Quant. 01 Técnico Administrativo Superior III 12 02 Técnico Administrativo Superior II 10 03 Técnico Administrativo Superior I 08 04 Assistente Administrativo II 44 05 Auxiliar Administrativo II 05 06 Reprografista 06 07 Recepcionista 05 08 Motorista 04 09 Telefonista 04 10 Porteiro 06 11 Auxiliar de Limpeza 09 12 Auxiliar de Serviços Gerais 11 13 Copeira 07 14 Mensageiro 07

Total de Postos 138 À fl. 307, o Diretor Administrativo-Financeiro autorizou a Contratação por dispensa de licitação e encaminhou o processo para apreciação da área jurídica, que elaborou o Parecer 076/10-00.ASJUR/BSB, aprovando a contratação emergencial sem qualquer ressalva. Em 03/12/2010 foi publicada no Diário Oficial da União a autorização da despesa no valor de R$ 5.824.780,000 em favor de Alvorada Comercial e Serviços Ltda, sendo que em 06/12/2010 a contratação foi aprovada pela Diretoria Executiva da VALEC em reunião extraordinária. Foi, então, celebrado em 14/12/2010 o Contrato no 076/10 entre a VALEC e a empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda, com vigência de 180 dias, no valor de R$ 5.824.780,00. Em 18/04/2011, o fiscal do Contrato enviou ao Superintendente Administrativo da VALEC o Memorando no 080/2011-DIRAF, solicitando a prorrogação do Contrato emergencial. Para tanto, ele justificava que, em virtude da carência de pessoal e face às necessidades e projetos de novos trechos ferroviários a serem desenvolvidos e em execução, o Sr. Diretor Administrativo determinou que fosse efetuado um levantamento da real necessidade básica de pessoal de apoio administrativo e técnico especializado dos escritórios da VALEC. Dizia o texto, ainda, que o Termo de Referência estava em fase de elaboração para o novo processo licitatório de no 134/2011, que foi aberto em 22/02/2011, aguardando dados para sua instrução e conclusão e que a prorrogação dar-se-ia nas mesmas condições e quantitativos da proposta inicial da vencedora do certame, conforme Oficio no 045/2011 da Contratada. No citado oficio, datado de 11/04/2011, a empresa Alvorada manifestava o interesse na prorrogação do Contrato por mais seis meses, ratificando sua proposta comercial, em que seu preço seria mantido nas mesmas condições do preço de sua proposta inicial. O Superintendente encaminhou o processo para a área jurídica para manifestação, que em seu Parecer no 089/11 – ASJUR/BSB, de 27/04/2011, deliberou que a lei vedava a prorrogação do prazo nos contratos por emergência, mas que, entretanto, havendo a caracterização de uma situação de emergência, quer pela continuidade da anterior, quer uma nova situação,

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juridicamente existe, para todos os efeitos, uma nova emergência e deveria se aplicar a norma que prevê a dispensa de licitação, devendo ser efetuada uma nova contratação direta, e não a prorrogação do contrato. Em virtude do parecer da Assessoria Jurídica, contrário à prorrogação do Contrato, procedeu-se uma nova contratação, nos mesmos moldes da primeira, que foi tratada no processo administrativo no 339/11. No Termo de Referência (fls. 11 a 48) elaborado para a nova contratação emergencial, datado de 02/05/2011, a VALEC fixou os valores dos salários a serem pagos aos profissionais, tomando como base os salários obtidos na Bolsa de Salários publicada no Datafolha, na publicação da tabela de salários do Portal Guia RH www.guiarh.com.br e no Plano de Cargos e Salários do CONFEA, e modificou os quantitativos de alguns postos e extinguiu outros, conforme se pode observar na tabela a seguir:

Item Categoria Quant. 01 Técnico Administrativo Superior III 12 02 Técnico Administrativo Superior II 10 03 Técnico Administrativo Superior I 08 04 Assistente Administrativo II 44 05 Auxiliar Administrativo II 05 06 Reprografista 06 07 Recepcionista 17 08 Motorista 04 09 Telefonista 04 10 Porteiro 14 11 Auxiliar de Serviços Gerais 11 12 Mensageiro 07

Total de Postos 142 Na data de 09/05/2011, a VALEC encaminhou os Ofícios de no 607 à empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda, no 608 à empresa Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, no 609 à empresa Agroservice Empreiteira Agrícola Ltda, no 610 à empresa Bandeirante Serviços Especializados - EPP e no 611 à empresa Soma Conservação e Limpeza, todas sediadas no Distrito Federal, solicitando proposta de preços, conforme Termo de Referência anexo, em caráter emergencial por um período de até 6 meses, para execução indireta de prestação de serviços de suporte técnico e administrativo por diversas categorias laborais, em caráter subsidiário, em atividades meio restrito aos escritórios da VALEC nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal, para atender principalmente as atividades correlatas às suas atribuições, conforme arts. 8º e 9º da Lei 11.772/2008, e empreendimentos e projetos do Governo Federal em execução, inerentes ao PAC 1 e PAC 2, e de acordo com as necessidades, quantitativos e especificações constantes do Termo de Referência. Às fls. 377 e 378 foi acostada a ata de recebimento e abertura das propostas de preços, que se deu na data de 27/05/2011, ficando consignado na ata que a representante da empresa Tech Mix entregou o Ofício no 060/2011 informando que, devido à urgência e grande demanda, inclusive na elaboração das planilhas, não entregariam proposta de preços, e que não compareceu nenhum representante da empresa Bandeirante e da empresa Soma, apesar desta última ter apresentado proposta. A empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda foi a que apresentou o menor valor, como se pode observar na tabela a seguir:

Empresa Participante Valor Mensal (R$) Valor Total (R$) Agroservice Empreiteira Agrícola Ltda R$ 1.288.019,00 R$ 7.728.114,00 Soma Conservação e Limpeza Ltda R$ 1.296.560,41 R$ 7.779.362,46 Alvorada Comercial e Serviços Ltda R$ 1.235.729,83 R$ 7.414.378,98

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No Memorando no 123/2011 – DIRAF, de 06/06/2011, em que o Assessor da DIRAF encaminhou o processo para o Superintendente Administrativo para análise e aprovação, ele justificou que, face aos dissídios coletivos de trabalho de 2011/2012 dos Estados do Rio de Janeiro, Tocantins, Goiás e Distrito Federal, houve uma atualização salarial que foi consequência dos Dissídios Coletivos, haja vista que os parâmetros de fixação salarial foram de dezembro de 2010, valores estes tendo como referencial a cotação de abril de 2009. O Superintendente Administrativo encaminhou o processo para a Assessoria Jurídica, que deu o Parecer no 134-A/11-ASJUR/BSB, de 10/06/2011, aprovando a contratação sem qualquer ressalva. O Extrato de Dispensa de Licitação foi publicado no DOU de 14/06/2011. E o Contrato no 039/2011 firmado entre a VALEC e a empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda na data de 14/06/2011, com vigência de 180 dias, no valor de R$ 7.414.378,98. No decorrer dos trabalhos desta auditoria especial, estando a análise da contratação da Empresa Alvorada pela VALEC contemplada no escopo dos trabalhos da CGU, em 17/07/2011 foi publicada matéria no jornal O Estado de São Paulo, nos seguintes termos:

“Os diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Valec Engenharia e Construções montaram um esquema com duas empresas de fachada acusadas de usar documentos falsos em contratos que somam R$ 31 milhões - desse total, R$ 13 milhões sem licitação. Os contratos são para fornecer funcionários em áreas estratégicas, incluindo obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em pelo menos 20 Estados e no Distrito Federal. As pessoas contratadas por essas duas empresas, a Alvorada e a Tech Mix, são escolhidas pelo PR, partido que comanda o Ministério dos Transportes, para trabalhar na gestão de obras sob suspeita de corrupção. O processo de assinatura dos contratos passou pelo alto escalão do Dnit e da Valec envolvido na crise de irregularidades nos Transportes. O dono da Tech Mix é marido da dona da Alvorada. A Alvorada Comercial e Serviços mudou seu ramo de atividade em 25 de novembro de 2010, um dia antes da liberação de R$ 5,8 milhões pelo então diretor financeiro e hoje presidente interino da Valec, Antonio Felipe Sanchez Costa. A empresa era registrada, até então, para atuar no ramo de embalagens, embora nunca tenha saído do papel. Apesar de não ter nenhuma experiência na terceirização de mão de obra, ganhou dois contratos: esse de R$ 5,8 milhões e outro, no mês passado, de R$ 7,4 milhões, ambos sem licitação. A Alvorada pertence a Alcione Petri Cunha. O marido, Luiz Carlos Cunha, é dono da Tech Mix Serviços, contratada pelo Dnit por R$ 18,9 milhões anuais após a desclassificação de oito concorrentes que apresentaram preço inferior a esse valor. O Diário Oficial da União fornece indícios de que Valec e Dnit atuaram juntas. O contrato de R$ 5,8 milhões com a Alvorada foi assinado em 14 de dezembro, mesmo dia em que a Tech Mix foi declarada vencedora no Dnit”. “A Tech Mix e a Alvorada sempre mudam de endereço. As empresas já foram registradas, inclusive, no mesmo lugar. Hoje, são vizinhas. Funcionam numa pequena sala comercial de 30 metros quadrados. Na Tech Mix, por exemplo, há apenas duas mesas e um computador”.

Como se observa, o conteúdo da denúncia coincide com aquilo que já fora constatado pela auditoria da CGU. Ressalta-se, por fim, que devido ao prazo exíguo, não foi analisado nenhum aspecto referente à execução propriamente dita dos contratos em questão, mas somente dos processos de contratação em si.

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CONSTATAÇÃO 064: INDÍCIOS DE CONLUIO ENTRE AS EMPRESAS PARTICIPANTES Da análise dos documentos apresentados pela empresa nas duas contratações e das certidões obtidas junto aos órgãos públicos, verificou-se indícios de conluio entre as empresas participantes, conforme relatado a seguir. A Terceira Alteração e Consolidação do Contrato Social da Empresa Alvorada Comercial e Serviço Ltda, registrada na Junta Comercial do Distrito Federal sob o no 201002118318 em 06/04/2010, alterou seu objetivo social para: serviços de assessoria e consultoria técnica, terceirização de mão de obra técnica especializada a poio administrativo, de agentes e ajudantes, analistas, auxiliares administrativos de escritório e todas as áreas técnicas e telefonia, patrimonial e de segurança desarmada e eletrônica, call-center, supervisão e analistas, serviços de instalação, manutenção e assistência de centrais e equipamentos telefônicos, elétricos, eletro-eletrônicos, manutenção, instalação de redes e equipamentos de comutação telefônica, configurações de equipamentos e programas, processamento eletrônico de documentos, armazenamento e relatórios de dados, serviços de instalação de equipamentos de segurança, controles de acesso as áreas operacionais e restritas, prediais, aeroportos e portos, monitoração por meio eletrônico, serviços especializados de limpeza técnica e conservação predial, industrial, hospitalar, escritórios, copas e cozinhas, jardinagem e comercialização de equipamentos de informática, suprimentos, periféricos, equipamentos de telecomunicações, eletro-eletrônicos de segurança, sistemas eletrônicos de controle de acesso, equipamentos de precisão e medições, equipamentos fotográficos e acessórios. Na Terceira Alteração foi também retirado da sociedade em caráter definitivo o sócio Carlos Roberto de Oliveira, permanecendo apenas o sócio Francisco Marinho Laurentino, e alterado o capital social da empresa de R$ 20.000,00 para R$ 150.000,00. No Comprovante de Inscrição e de Situação no Cadastro Fiscal do Distrito Federal – DIF consta que a inscrição no CF/DF 07.559.836/001-06 foi concedida na data de 25/11/2010. Para corroborar os fatos, observa-se que na Certidão Negativa de Débitos Relativos às Contribuições Previdenciárias e às de Terceiros da Secretaria da Receita Federal apresentada pela empresa, emitida na data de 16/09/2010 (fl. 312), ainda consta o seu nome antigo Alvorada Comercial de Embalagens Ltda. Ocorre que a autorização para a contratação dos serviços foi dada pelo Diretor Administrativo-Financeiro da VALEC, na data de 19/11/2010, quando a mesma ainda figurava no Cadastro Fiscal do Distrito Federal como uma empresa de comércio de embalagens, tendo ocorrido a publicação no DOU da autorização em favor da Alvorada na data de 03/12/2010. Não obstante esse fato, observa-se que na Sexta Alteração e Consolidação do Contrato Social da Empresa Alvorada Comercial e Serviços Ltda apresentada à época da segunda contratação, registrada na Junta Comercial sob o no 20110239946 em 11/04/2011, a Sra. Alcione Aparecida Petri da Cunha figura como sócia única da empresa. Ocorre que, em consulta à documentação apresentada pela empresa Tech Mix para concorrer à licitação objeto do Edital 387-10, observou-se que na Décima Primeira Alteração e Consolidação do Contrato Social da Tech Mix Comercial e Serviços Ltda, registrada na Junta Comercial do Distrito Federal sob o no 20100690998 em 03/09/2010, admitiu-se na sociedade o sócio Luís Carlos Rodrigues da Cunha e retirou-se da sociedade em caráter definitivo a sócia Alcione Aparecida Petri da Cunha, que cedeu e transferiu no ato todas as suas cotas.

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E mais, em consulta ao site do Diário da Justiça do Distrito Federal, na edição do dia 26/08/2010, verificou-se nos proclamas de casamento do Sr. André Petri Rodrigues da Cunha que ele é filho do Sr. Luis Carlos Rodrigues da Cunha e da Sra. Alcione Aparecida Petri da Cunha, corroborando as denúncias do jornal de que “o dono da Tech Mix é marido da dona da Alvorada”. É importante destacar que, em pesquisa no Cadastro Fiscal do Distrito Federal, observou-se que somente as empresas Tech Mix e Alvorada apresentam como atividade econômica do ISS “serviços combinados de escritório e apoio administrativo”. A empresa Soma apresenta como descrição da atividade econômica do ISS os serviços de “limpeza em prédios e em domicílios” e a empresa Agroservice apresenta como descrição os serviços de “manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para uso geral não especificado anteriormente”. Quanto à empresa Bandeirante, não foi possível localizá-la no referido cadastro porque a equipe não teve acesso ao seu CNPJ. Portanto, segundo o DIF-DF, das empresas convidadas pela VALEC para apresentarem suas propostas nas duas contratações emergenciais, somente a Alvorada e a Tech Mix estão habilitadas para prestarem o serviço de apoio administrativo, objeto dos contratos. Outro fato que merece destaque, relaciona-se à existência de Ofícios, solicitando que as empresas Alvorada, Tech Mix e Soma encaminhassem suas propostas para a primeira contratação, enviados na data de 05/11/2010 pelo Assessor da DIRAF. Entretanto, não obstante a data de envio da solicitação às empresas, a Alvorada encaminhou sua proposta datada de 20/10/2010 e as demais datadas de 05/11/2010, ou seja, a proposta da empresa Alvorada foi produzida antes mesmo que esta tomasse conhecimento do processo de contratação e as demais produzidas na mesma data do envio do Ofício. CONSTATAÇÃO 065: UTILIZAÇÃO INADEQUADA DE CONTRATAÇÃO POR DISPENSA DE LICITAÇÃO Conforme relatado anteriormente, a justificativa apresentada pela VALEC para a celebração do Contrato no 076/10 foi que, com o término do Contrato no 032/07 entre a VALEC e a Federal Serviços Gerais Ltda, previsto para 16/12/2010, que aglutinava um percentual relevante de mão-de-obra de apoio administrativo e técnico necessário ao bom andamento dos trabalhos demandados à empresa, fazia-se necessário a contratação emergencial de que tratava o referido pleito para assegurar os serviços prestados pelos funcionários alocados no contrato anterior, por se tratar de serviço de natureza continuada, cuja interrupção comprometeria a continuidade dos Projetos desenvolvidos pela VALEC junto ao Governo Federal. A VALEC informou, ainda, que já estava em andamento o processo licitatório do Pregão no 014/09, cujo objeto era a contratação de empresa para a prestação de serviços de apoio administrativo, técnico especializado e atividades auxiliares, restrito aos escritórios da VALEC nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Tocantins e Distrito Federal, mas que este não seria concluído antes do término da vigência do contrato com a Federal Serviços Gerais Ltda. Posteriormente, em 18/04/2011, o Assessor da DIRAF solicitou ao Superintendente Administrativo a prorrogação Contrato no 076/10, apresentando como justificativa que, em virtude da carência de pessoal e face às necessidades e projetos de novos trechos ferroviários a serem desenvolvidos e em execução, o Sr. Diretor Administrativo determinou que fosse efetuado um levantamento da real necessidade básica de pessoal de apoio administrativo e técnico especializado dos escritórios da VALEC. E que, para tanto, estava em fase de elaboração um Termo de Referência para o novo processo licitatório de no 134/2011, que foi aberto em 22/02/2011, aguardando dados para sua instrução e conclusão.

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E, finalmente, tendo em vista o parecer contrário da Assessoria Jurídica à prorrogação do Contrato, mas favorável a uma nova contratação por emergência, celebrou-se o Contrato no 039/2011 por dispensa de licitação. Da leitura do processo licitatório do Pregão no 14/09, obtido por meio do site www.valec.gov.br, observa-se que o primeiro Aviso de Licitação foi publicado no DOU de 11/10/2010, com a abertura das propostas marcada para o dia 27/10/2010. Posteriormente, em 20/10/2010, foi publicado também no DOU o Aviso de Alteração do edital, marcando nova data de abertura para 04/11/2010. Em 26/10/2010 foi publicado o Aviso de Suspensão do pregão. Entretanto, na data de 17/11/2010 foi publicado no DOU o Aviso de Reabertura de Prazo, com a abertura das propostas no dia 01/12/2010. Novamente, em 30/11/2010 foi publicado outro Aviso de Suspensão da licitação. E no dia 31/01/2011, o referido Pregão foi revogado. Destaca-se que, em nenhuma das publicações contidas no Diário Oficial da União, constam os motivos que levaram a VALEC a suspender ou revogar a licitação. E que, em consulta ao site www.comprasnet.gov.br, não foi encontrada nenhuma referência sobre o Pregão no 14/09. Analisando-se os fatos, fica bem evidenciado que houve falta de planejamento do gestor em relação à contratação, uma vez que era sabido que a data de vigência do contrato com a empresa Federal Serviços Gerais Ltda expiraria em 16/12/2010 e o edital para contratação de outra empresa para prestar os serviços só foi lançado com dois meses de antecedência ao fato. A situação se tornou mais crítica ainda quando o processo licitatório em curso foi suspenso por duas vezes e depois revogado para que se procedesse um novo levantamento da real demanda de pessoal de apoio administrativo e técnico especializado dos escritórios da VALEC, culminando com a celebração do segundo ajuste por dispensa de licitação, o Contrato no 039/2011, demonstrando claramente a desídia administrativa no caso em questão. Assim, esta equipe entende que não é apropriada neste caso a contratação por dispensa de licitação com base no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/93. Isto porque, segundo o referido inciso “é dispensável a licitação nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos”. E, quanto a esse aspecto, há jurisprudência farta do Tribunal de Contas da União – TCU, no sentido de que “é pressuposto da aplicação do caso de dispensa preconizado no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/93 que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação”. CONSTATAÇÃO 066:

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PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DA GARANTIA CONTRATUAL PELA CONTRATADA A Cláusula Décima Sexta – Garantia do Contrato no 076/10 estabelece em seu item 16.1 que “para o fiel cumprimento das obrigações contratuais, a Contratada prestará garantia em qualquer das modalidades previstas no artigo 56, parágrafo 1º da Lei 8.666/93, no valor correspondente a 5% (cinco por cento) do valor do contrato”. E no item 16.4 “ o pagamento de todo e qualquer documento de cobrança somente será efetuado, se a condição de garantia de que trata esta cláusula estiver satisfeita”. Em cumprimento às disposições contratuais, a empresa entregou a Carta de Fiança do Banco BRJ S/A – CF 057/2011, assinada em 23/03/2011, mesmo Banco que emitiu a Carta de Fiança à Empresa Tech Mix, referente ao Pregão nº 387/2010 promovido pelo DNIT, que estabelecia que a presente fiança vigoraria pelo prazo de 180 dias, a partir de 14/12/2010, vencendo em 12/06/2011. Em 08/04/2011, o gestor do contrato encaminhou o Ofício no 403/2011/DIRAF/VALEC à empresa Alvorada, solicitando a substituição da garantia apresentada tendo em vista que esta foi recusada, uma vez que em seu bojo refere-se tão somente a garantia de execução dos serviços contratados, não abrangendo: indenizações trabalhistas de qualquer espécie, recolhimento previdenciário e do FGTS, indenizações a fornecedores ou quaisquer credores e recolhimento de impostos de qualquer natureza, de obrigação do afiançado. Em resposta, em 11/04/2010 a empresa encaminhou em substituição outra Carta de Fiança do Banco BRJ, com o mesmo número da primeira – CF 057/2011, com a mesma data de assinatura e sem as restrições impostas pela outra. Ocorre que o Contrato no 076/10 foi assinado entre as partes em 14/12/2010. E, pela data de assinatura da primeira Carta de Fiança apresentada, verifica-se que a garantia somente foi providenciada na data de 23/03/2011. Portanto, se passaram mais de três meses sem que o gestor do contrato tomasse as providências para que a empresa cumprisse as suas obrigações contratuais, sendo que conforme o item 16.4 da Cláusula Décima Sexta, não se poderia nem ter pago toda e qualquer fatura dos serviços prestados até que a condição de garantia estivesse satisfeita.

III – CONCLUSÕES As conclusões sobre cada um dos casos relatados serão apresentadas na mesma sequência do Capítulo II – Desenvolvimento. III.1 – DNIT – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL III.1.1 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-280/SC Fato denunciado: O teor da denúncia se refere a situações envolvendo burla à livre concorrência, o direcionamento de licitações, à existência de superestimativa na tabela de referência da Administração, de forma que esse contexto proporciona margem para pagamentos de propinas. Conclusão CGU: No que compete ao órgão de auditoria - em especial a análise do procedimento licitatório e sua lisura, a qualidade do projeto básico, o orçamento de referência da licitação

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formulado pela Administração e eventuais superestimativas -, concluímos pela existência de superestimativa na tabela da Administração, o que, por sua vez pode, em tese, gerar contratação futura com sobrepreço. Concluir, portanto, que isso resultaria no pagamento de propina dependeria de apuração factível, via de regra, por meio de investigação policial, com instrumental próprio e autorização judicial. No caso concreto, quanto à licitação da BR-280/SC, os trabalhos de auditoria permitiram identificar irregularidades graves no processo de licitação das obras de sua duplicação, sendo que as constatações identificadas demonstraram a ocorrência de deficiências de projeto, inclusive quanto à previsão de serviços de responsabilidade de concessionários, e superestimativa decorrente de preços excessivos que, conjuntamente, correspondem a cerca de R$ 47 milhões, de um total de R$ 885 milhões licitados. Ressalta-se a delegação de competência para a análise e aprovação dos projetos, conferida, por meio de portaria do Diretor-Geral, ao Superintendente Regional de Santa Catarina a despeito da envergadura da obra e das limitações da superintendência. Das irregularidades detectadas, R$ 6,5 milhões referem-se à superestimativa, e R$ 40,5 milhões têm como causas as deficiências encontradas no Projeto Básico, sendo que R$ 11,5 milhões são relativos à previsão de execução de serviços cuja responsabilidade é de concessionários. Quanto aos serviços que apresentam superestimativa destacam-se: utilização de BDI inadequado para os serviços de “transporte de materiais betuminosos”, utilização de BDI inadequado para as composições obtidas através de cotações de mercado e alguns serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção. Quanto às demais deficiências no Projeto Básico foram detectados: utilização de composição considerando aquisição de areia comercial em detrimento de sua exploração direta, utilização de fator de contração inadequado nos projetos de terraplenagem, quantificação indevida de cambotas metálicas e seus respectivos pés-direitos no projeto do túnel e insuficiência de sondagens. Registre-se ainda que na planilha orçamentária dos três lotes há previsão de remanejamento das redes elétricas, de água, e comunicações (telefonia e fibra ótica) que, de fato, são da responsabilidade das respectivas concessionárias de serviços públicos. Pelo exposto, no que se refere ao procedimento licitatório para contratação das obras de duplicação da BR-280/SC, restou configurado o excedente de preço no valor de R$47.003.323,26. III.1.2 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-116/RS Fato denunciado: O teor da denúncia se refere a situações envolvendo burla à livre concorrência, direcionamento de licitações e superestimativa na tabela de referência da Administração, de forma que esse contexto proporcionasse margem ao pagamento de propina. Conclusão CGU: No que compete ao órgão de auditoria - em especial a análise do procedimento licitatório e sua lisura, a qualidade do projeto básico, o orçamento de referência da licitação formulado pela Administração e eventuais superestimativas -, concluímos pela existência de superestimativa na tabela da Administração, o que, por sua vez, pode, em tese, gerar contratação futura com sobrepreço. Concluir, entretanto, que isso resultaria no pagamento de propina dependeria de apuração somente factível, via de regra, por meio de investigação policial, com instrumental próprio e autorização judicial.

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No caso concreto, quanto à licitação da BR-116/RS, os trabalhos de auditoria permitiram identificar irregularidades graves no processo de licitação das obras de sua duplicação, sendo que as constatações demonstraram a ocorrência de deficiências de projeto e superestimativa decorrente de preços excessivos que, conjuntamente, correspondem a cerca de R$ 101 milhões, de um total de R$ 968 milhões licitados. Também neste caso, houve a delegação de competência à Superintendência Regional do Rio Grande do Sul para análise e aprovação dos projetos, incompatível com a envergadura do empreendimento. Das irregularidades detectadas, cerca de R$ 30 milhões se referem à superestimativa decorrente de preços excessivos e R$ 71 milhões a deficiências encontradas no Projeto Básico. Quanto aos serviços que apresentam superestimativa destacam-se: o de “transporte de materiais betuminosos”, o de “escavação e carga de material de jazida” e alguns serviços com preços referenciais de restauração em vez de construção. Quanto à deficiência no Projeto Básico foram detectados: utilização de composição inadequada para caracterizar os serviços de sub-base e base executados com macadame seco, utilização de soluções técnicas que acarretam prejuízo ao erário e insuficiência de sondagens. Pelo exposto, no que se refere ao processo licitatório das obras da BR-116/RS, restou configurado o excedente de preço no valor de R$ 101.462.554,63. III.2 – DNIT – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA III.2.1 - CONTORNO DE VITÓRIA/ES Fato denunciado: “R$ 11 milhões por quilômetro. Esse é o valor a ser pago em um contrato, sem licitação, feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) - órgão ligado ao Ministério dos Transportes - com a empresa Contractor. Assinado em março de 2010 pelo então superintendente Élio Bahia - o atual é Halpher Luiggi -, o termo visa à complementação de obras para a duplicação do Contorno de Vitória e à construção de oito viadutos. Em um trecho de apenas 6,2 quilômetros, o Dnit vai desembolsar, ao menos, R$ 66,9 milhões - já foram assinados aditivos ao contrato”. (Fonte: A Gazeta – Gazeta on Line em 18/07/2011) Conclusão CGU: Situação confirmada. A análise da CGU evidenciou que a contratação das obras de complementação do Contorno de Vitória por dispensa foi irregular e que esse foi o preço. Com base nas análises efetuadas no processo licitatório decorrente do Edital n° 0596/2009, foi possível verificar a prática de atos que violam os princípios de ampla competitividade e concorrência, que são pressupostos para a contratação de serviços e obras da Administração Pública. Constatou-se a ocorrência de direcionamento na primeira licitação das obras de duplicação do Contorno de Vitória, que resultou deserta e acabou sendo contratada, por dispensa, com a Contractor Engenharia Ltda. As irregularidades incluem: a ausência de justificativas consistentes para a dispensa; ausência de repetição do processo licitatório de Concorrência; antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato de licitação a qual encerrou-se deserta; validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta; e ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes. Portanto, a análise da CGU evidenciou que a contratação das obras de complementação do Contorno de Vitória por dispensa foi irregular.

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III.2.2 - CONFLITO DE INTERESSES – CONSTRUTORA ARAÚJO E TECH MIX a) CONSTRUTORA ARAÚJO Fato denunciado: “A Construtora Araújo Ltda, da mulher de José Henrique Sadok de Sá, diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), assinou contratos que somam pelo menos R$ 18 milhões para tocar obras em rodovias federais entre 2006 e 2011, todas vinculadas a convênios com o órgão. A mulher de Sadok, Ana Paula Batista Araújo, é dona da Construtora Araújo, contratada para cuidar de obras nas rodovias BR-174, BR-432 e BR-433, todas em Roraima e ligadas a convênios com o Dnit, principal órgão executor do Ministério dos Transportes. A aplicação de aditivos, que aumentam prazos e valores, ocorreu em todos os contratos. Sadok trabalhou em Roraima em 2001, no antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), como diretor de obras.” (Fonte: Estadão - estadao.com.br, em 15/7/2011) Conclusão CGU: Situação confirmada parcialmente. Verificou-se a inexistência de caráter competitivo no caso da licitação da BR-174/RR, decorrente do Convênio nº TT-109, além de indícios de formação de conluio entre os participantes do certame. Em relação ao certame decorrente do Convênio TT-109/2005 (SIAFI nº 534035), lote 03, vencido pela Construtora Araújo, em suposta concorrência com a Empresa Tescon Engenharia, constatou-se a ausência de competitividade entre os concorrentes da licitação, tendo em vista que à exceção de 5 (cinco) itens, ao se comparar as propostas de preços de cada um deles, todos os outros apresentaram preços unitários idênticos. Há nesta situação indício de conluio entre os participantes, de maneira a fraudar a licitação. b) CONTRATAÇÃO DA EMPRESA TECH MIX Fato denunciado: “O dono da Tech Mix Serviços, Luiz Carlos Rodrigues da Cunha, negou qualquer irregularidade na contratação de sua empresa pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) por R$ 18,9 milhões. Ele também afirmou que não há nenhuma ligação entre esse contrato e os acertos emergenciais fechados pela Alvorada Comercial e Serviços, empresa de sua mulher, com a Valec. "Ela tem o negócio dela e eu tenho o meu", afirmou. Luiz Cunha contou que a decisão final de quem vai trabalhar na Tech Mix dentro do Dnit é do próprio órgão do governo. "Eu submeto os currículos aos órgãos, não tem como. Eles vão decidir lá dentro quem vai trabalhar", afirmou. "A palavra final é do órgão, que escolhe o melhor currículo.” (Fonte: Estadão - estadao.com.br, em 18/7/2011) Conclusão CGU: Situação confirmada quanto à irregularidade da contratação. Tal situação está relacionada a diversos problemas verificados pela CGU e pela Auditoria Interna do DNIT na contratação e na execução do contrato da Tech Mix com a Autarquia. No caso das constatações relacionadas à Empresa Tech Mix, os resultados dos exames realizados demonstraram que o contrato em tela contém diversas impropriedades e irregularidades. O procedimento licitatório ocorreu de forma conturbada, a começar pela escolha da modalidade de pregão. As impugnações e frequentes denúncias apresentadas, especialmente pela Orion Serviços e Eventos Ltda, não foram adequadamente apuradas, o que talvez a tenha levado a apresentar denúncias em outras instâncias, como na própria CGU, no MPF, no DPF, e inclusive na imprensa.

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O acompanhamento da execução do contrato por representante da Administração, especialmente designado na forma do art. 67 da Lei 8.666/93, não foi suficiente para evitar toda sorte de irregularidades, segundo evidenciado nos documentos examinados, suscintamente descritos no presente Relatório. Há faturas atestadas sem comprovação da efetiva prestação laboral por funcionário constante da relação anexa à nota fiscal. Não foi localizado folha de registro de frequência, tampouco o nome na Relação de Empregados – RE, gerada pelo SEFIP - Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. III.3 – DNIT – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU III.3.1 - O CASO DA OBRAS DA BR-101/NE Embora não conste no rol de obras citadas nas recentes denúncias, a obra da BR-101/NE foi aqui incluída pelo seu caráter emblemático, representativa que é da tipologia de problemas que se repetem em inúmeras obras do DNIT. A auditoria realizada no lote 7 da BR-101/NE é, sem dúvida, o caso que evidencia de forma mais clara como a combinação de fatores, a exemplo da existência de cláusulas restritivas no edital de licitação, o descaso com a confecção e a análise dos projetos de engenharia, a falência do modelo de supervisão de obras e a conivência da fiscalização, podem representar prejuízos significativos ao erário público, materializados pela medição de serviços não executados, pela necessidade constante de revisões de projeto em fase de obra com repercussão financeira, algumas das quais resultantes de erros grosseiros de projeto e pela falta de qualidade dos serviços entregues. É possível relacionar as constatações deste trabalho às diversas fases da execução de um empreendimento rodoviário. A aprovação de um projeto executivo deficiente, com volumes de terraplanagem majorados artificialmente em gabinete para inflar o orçamento, reforça a necessidade de acompanhamento cerrado da elaboração do projeto, incluindo as fases de prospecção de campo. A utilização de projetos muito antigos, em estoque, sem a devida atualização, inclusive da geometria, inevitavelmente conduzirá a aditivos para adequação à nova realidade. Há deficiência no processo de análise e aprovação do projeto, seja por falta de softwares especializados, seja pela pressão do tempo ou pelas diminutas equipes e até mesmo, pela má fé dos responsáveis. A exigência de atestados tem se mostrado instrumento ineficaz de garantia da qualidade das obras, sendo utilizada como recurso para a restrição ao caráter competitivo das concorrências e direcionamento dos certames. Na prática, observa-se a terceirização dos serviços para os quais foram exigidos atestados ou a baixa qualidade da execução destes serviços. Há promiscuidade entre empresas supervisoras, gerenciadoras e construtoras. Os recursos para controle tecnológico e os profissionais exigidos no certame não são mobilizados. As supervisoras utilizam o laboratório da construtora, referendam medições de serviços inexistentes e não verificam a qualidade dos serviços executados. As gerenciadoras, por sua vez, mostram-se incapazes para apontar riscos aos gestores, para produzir alertas tempestivos para os estouros de cronograma e de orçamento e para assegurar o cumprimento das normas e especificações técnicas. Este cenário só se materializa com a conivência dos fiscais do contrato e dos superintendentes regionais, que não se furtam a assinar medições majoradas. O relato da auditoria do lote 7 da BR-101/NE expõe de maneira cabal todas as deficiências existentes desde o processo de elaboração do projeto (contratação, acompanhamento, análise e

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aprovação) até o recebimento da obra. Não se trata de um caso isolado. Patologias de mesma natureza têm sido observadas em outras fiscalizações da CGU, a exemplo do lote 2 do mesmo empreendimento, cujo processo encontra-se atualmente protegido por segredo de justiça. Esta fiscalização foi realizada no âmbito da Rede de Controle da Gestão Pública, em conjunto com o Departamento de Polícia Federal - DPF, Ministério Público Federal - MPF e Tribunal de Contas da União - TCU. O objeto fiscalizado compreende os serviços de restauração e duplicação do Lote 07 da BR-101 no Estado de Pernambuco, realizados sob a égide do contrato TT-252/2006, firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT e o Consórcio Construtor. A inspeção física in loco dos serviços de restauração e duplicação, realizada por equipe da CGU, se deu entre os dias 16/11/2009 e 27/11/2009, com a realização de testes laboratoriais para aferição da qualidade de materiais e serviços, emprego de equipamentos de topografia GeoXRH e do equipamento Georadar pela Perícia da Polícia Federal, para aferição das quantidades de terraplenagem e avaliação da integridade do pavimento rígido. Cabe ressaltar que os Laudos Técnicos produzidos por peritos do DPF foram incorporados aos trabalhos da CGU, tendo em vista que aquele Departamento possuía softwares de aferição dos quantitativos de terraplenagem, estações totais, além dos equipamentos de aferição não destrutiva para verificação das especificidades das placas de concreto do pavimento construído. A CGU, por força de seu limitado orçamento, ainda não dispõe de tais instrumentos de trabalho. O valor inicial do Contrato era de R$ 272.504.024,09 com data-base dezembro de 2005. A assinatura do contrato ocorreu em 19/10/2006 e o início dos serviços em 20/10/2006. O prazo inicial para conclusão dos serviços era 07/03/2009. Contudo, esse contrato sofreu Termos Aditivos estendendo prazo e aumentando o valor inicial. O prazo atual para conclusão dos serviços é 31/12/2011. O valor total dos Termos Aditivos é R$43.836.389,78, a preços de dezembro de 2005. Assim, o valor do contrato após todos os aditivos é de R$316.340.413,87, a preços iniciais. O total de reajustamentos decorrentes das prorrogações de prazos ocorridas é de R$39.736.908,69. Dessa forma, o valor atualizado gasto nesse contrato é R$356.077.322,56 (Fonte: SIAC/DNIT). Durante a fase de elaboração do projeto executivo do Lote 07, foi constatado comportamento excessivamente permissivo, omissivo ou desidioso por parte dos responsáveis pela fiscalização, acompanhamento e análise dos documentos integrantes do referido projeto executivo, assim como por parte do setor competente por sua aprovação definitiva. Tais comportamentos permitiram a Administração Pública pagar por um projeto executivo com graves deficiências, dentre as quais se destacam: solução técnica inexequível, que comprometia a segurança do abastecimento d’água de uma população; estudo de estabilidade de taludes de corte manipulado com solução técnica que coloca em perigo a vida dos usuários da rodovia em face da alta possibilidade de deslizamentos de terra; quantidades de serviços de terraplenagem muito superiores ao necessário para execução completa dos cortes, possibilitando pagamentos superfaturados na fase de obra. Esses fatos, extensamente relatados na Constatação 009, demonstram que a Empresa JBR Engenharia Ltda., autora do referido projeto executivo, no decorrer da elaboração do mesmo adotou decisões técnicas com elevado potencial lesivo ao erário, à vida de terceiros e ao meio ambiente. Isso enseja representação junto ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA, para que seja apurada a responsabilidade civil dos responsáveis técnicos pelo projeto

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executivo em comento, tanto por parte da JBR como por parte do DNIT. Além disso, requer as devidas apurações na esfera administrativa para fins de possível declaração de inidoneidade da JBR Engenharia Ltda. Apesar das graves deficiências constatadas, esse projeto executivo foi aprovado em 18/10/2004, e a partir dessa aprovação passou a integrar o Edital de Licitação n° 102/2006, que tinha como fim a contratação de empresa para execução das obras de duplicação e restauração de diversos lotes da BR 101/NE, dentre os quais o Lote 07 de Pernambuco. Embora o exame da referida Licitação não faça parte do escopo dessa fiscalização, é oportuno apresentar as conclusões da Perícia da Polícia Federal sobre fatos ocorridos no contexto dessa licitação, as quais são transcritas a seguir:

LAUDO Nº 1104/2011 – INC/DITEC/DPF [...] “o Edital nº 155/2005-00, originalmente lançado em 08/06/2005, apresentava condições adequadas para a qualificação técnico-operacional dos interessados. Havia, inclusive, parecer do DNIT atestando que os quantitativos exigidos para execução de pavimento rígido, correspondentes a aproximadamente 10% do total previsto no Edital, eram suficientes para assegurar ampla competitividade e verificar a capacidade técnica das empresas, proporcionando segurança de execução da obra. Considerando as propostas apresentadas, havia, em média, mais de 25 concorrentes por lote.”

O mencionado Edital nº 155/2005-00 foi revogado pelo DNIT em 27/01/2006, o qual foi substituído pelo Edital nº 102/2006-00. Prossegue o Laudo nº 1104/2011 – INC/DITEC/DPF:

[...] O novo edital exigia, para a qualificação técnico-operacional das empresas, o dobro dos quantitativos anteriormente fixados para a execução de pavimento rígido em placas de concreto. Essa exigência, aliada à ausência de dispositivos que limitassem a formação de consórcios por empresas de grande porte, resultou em restrição à competitividade, demonstrada pela média de apenas 4,4 concorrentes por lote. Os consórcios licitantes foram formados, em sua maioria, pela união das principais construtoras de infraestrutura pesada do país, que sozinhas tinham, certamente, capacidade real para realizar obras compatíveis com as rodovias licitadas, sem a necessidade de formarem consórcios. As empresas restantes, de pequeno ou médio porte, acabavam sendo indiretamente impedidas de participar das licitações, em decorrência das exigências excessivas de qualificação e da falta de opções para formar consórcios com as empresas de grande porte, já associadas entre si. O resultado dessa ausência de competitividade foi a contratação por valores globais muito próximos aos preços de referência do Edital (tetos): o desconto médio obtido foi de apenas 2,17%. Para efeito comparativo, destaca-se que, segundo LIMA1, o percentual de desconto médio obtido em concorrências do próprio DNIT que apresentaram boa competitividade foi de 37,08%. Caso esse mesmo desconto tivesse sido obtido nos cinco lotes da Concorrência nº 102/2006, o valor total dos cinco contratos seria 34,91% inferior, representando uma economia de R$ 319.730.037,21 aos cofres públicos.” [...]

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Assim, observa-se que houve uma conjugação de atos por parte dos dirigentes do DNIT que visaram a substituir um edital de licitação capaz de privilegiar a ampla competição por outro extremamente restritivo. Ainda de acordo com o Laudo Pericial nº 1104/2011 – INC/DITEC/DPF, o Edital 102/2006 assinado pelo então Diretor de Infraestrutura Terrestre, além de ser considerado restritivo, apresentava orçamento referencial para o Lote 07 com sobrepreço nos itens de terraplenagem. Exatamente os mesmos itens cujas quantidades já se achavam superestimadas desde a concepção do projeto executivo desse lote (constatação 009). De acordo com a perícia, o orçamento de referência da Administração para o Lote 07 achava-se majorado em R$ 8.626.976,46 devido a preços superiores ao sistema SICRO nos itens de terraplenagem. O resultado da referida licitação, publicado do sítio www.dnit.gov.br, registra que o desconto obtido para o Lote 07 na proposta vencedora (Consórcio) foi de 1,07%, o que em termos absolutos representa um valor de R$ 2.958.490,37, a preços de Dezembro/2005. Ora, se o orçamento de referência estava inflado em mais que o dobro do valor do desconto obtido no certame, constata-se que esse desconto é irreal, pois não se traduz em ganho efetivo para a Administração. Pelo contrário, o processo licitatório regido pelo Edital 102/2006 resultou na seleção de uma proposta desvantajosa para a Administração. Concluída a Licitação 102/2006, foi firmado o Contrato TT-252/2006. Durante a execução desse contrato foram detectados vários problemas graves, conforme constatações 002 até 014. As inspeções de campo identificaram serviços materialmente relevantes com graves defeitos executivos, comprometedores dos padrões funcionais e da vida útil da rodovia. O serviço placa de concreto de cimento Portland, que custou ao erário o montante de R$ 32.442.940,66 (valor de dez/2005), apresentou elevada irregularidade longitudinal, ausência ou posicionamento incorreto de barra de ligação, resultando em um pavimento rígido com nível de conforto ao rolamento similar ao de pavimentos deteriorados. Não bastasse isso, o Laudo Pericial Criminal Federal 1104/2011 INC-DITEC/DPF aponta que a resistência do concreto à tração na flexão das placas do pavimento rígido apresentou-se inferior à especificada em projeto em alguns locais. Esses defeitos são extremamente prejudiciais à durabilidade do pavimento, requerendo correções, demolições e refazimentos em alguns pontos que custariam o montante de R$ 42.961.724,07 (a preços de dezembro/2005), segundo o citado laudo pericial. Foi constatado que tais defeitos decorreram de ação culposa ou dolosa do Consórcio Construtor. Dessa forma, a existência desses defeitos é uma evidência de que o aumento da exigência de atestado de quantidades de pavimento rígido no Edital 102/2006, serviu apenas para restringir a competitividade do certame, não agregando nenhum benefício à qualidade da execução dos serviços. Constatou-se também que as atuações do gestor do contrato, auxiliado pelo Consórcio Gerenciador, bem como a da Superintendência Regional do DNIT, do Fiscal do Contrato e da Supervisora não foram efetivas no sentido de evitar a ocorrência desses defeitos. No caso específico da alta irregularidade longitudinal do pavimento rígido, a atuação do gestor do contrato limitou-se a instar a Superintendência a providenciar a correção, após quase todo o quantitativo previsto já ter sido executado com defeito. A correção efetiva só foi iniciada após fiscalização conjunta realizada no âmbito da Rede de Controle da Gestão Pública, que reúne CGU, TCU, DPF, MPF, dentre outros órgãos e entidades governamentais, realizada no final de 2009.

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Mesmo tendo a competência regimental para coordenar e avaliar as medições para fins de pagamento, o gestor do contrato não atuou no sentido de condicionar os pagamentos desse serviço à correção da técnica executiva adotada pelo consórcio ainda durante a execução do serviço, evitando assim a continuação do defeito e a necessidade da intervenção corretiva. No que se refere à atuação da Superintendência do DNIT em Pernambuco e do Fiscal do Contrato, não foi identificado documento ou qualquer registro de tomada de providências visando a evitar os defeitos constatados tempestivamente. Pelo contrário, os serviços defeituosos foram normalmente atestados pelo fiscal e faturados pela Superintendência, garantindo a normalidade dos recebimentos pelo Consórcio Executor. Observou-se que os setores do DNIT diretamente responsáveis pela fiscalização do empreendimento não fizeram uso de uma ferramenta extremamente eficaz em evitar os problemas: a negativa de atesto de serviço executado em desacordo com especificação ou projeto executivo. Ressalta-se ainda que a causa da elevada irregularidade longitudinal já era do conhecimento da Supervisora no período de execução das placas de concreto. Funcionários de campo da própria empresa informaram à equipe de fiscalização da CGU que a pavimentadora usada pelo Consórcio Construtor era velha e quebrava com muita frequência, gerando interrupções e retomadas de concretagem além do especificado. Essa informação converge com laudo do consórcio gerenciador emitido em 2008. Também foi encontrada em campo evidência de que os responsáveis pelo acompanhamento da obra tinham conhecimento da ausência ou posicionamento irregular das barras de ligação. Em algumas placas existiam furos nas adjacências da junta longitudinal onde não foram encontradas as barras de aço. Outro problema extremamente grave ocorrido durante a fase de obra foi a aprovação de revisões de projeto e posteriores aditivos com quantidades muito acima do necessário para execução dos serviços objetos de alteração. As falhas existentes no projeto executivo exigiram modificação deste durante a obra. Verificou-se que o consórcio construtor, supostamente em conluio com a Empresa JBR Engenharia Ltda., aproveitava a oportunidade da modificação para propor quantitativos muito superiores aos que seriam de fato executados, especialmente os de corte, em face da dificuldade de detecção da irregularidade com instrumental de auditoria. Mas como nessa fiscalização conjunta houve trabalho pericial, foi possível comprovar que a empresa supervisora, de maneira fraudulenta, criava em seu escritório superfícies do terreno primitivo irreais de forma a maximizar as áreas de corte e consequentemente obter volumes de corte superiores aos necessários. Ressalta-se que os serviços de execução de cortes já na planilha de referência da Administração (Edital 102/2006) se achavam com quantidades superestimadas, além de sobrepreço. Assim, revisões de projeto fraudadas resultaram em termos aditivos que aumentaram o valor do contrato para fazer frente a quantidades de serviços que não seriam executadas, possibilitando futuros pagamentos superfaturados. O valor do montante acrescido ao contrato referente às quantidades não necessárias é de R$ 27.491.969,00 (constatações 11 e 12), a preços iniciais. Parte desse valor superestimado pelos aditivos se converteu em pagamento de quantidade de serviços de corte não executados, gerando prejuízo real ao erário no valor de R$ 16.299.709,69, a preços de dezembro de 2005. Também foram constatados pagamentos a maior que o valor de fato incorrido pelo contratado para os serviços CBUQ faixa C (constatação 010) e CBUQ faixa B (constatação 011). O primeiro no valor de R$ 865.992,56, a PI, e o segundo no valor de R$ 352.224,57, a PI. Neste caso, o prejuízo ao erário limita-se ao valor de R$ 865.992,56, pois o valor correspondente ao

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CBUQ faixa B pago a maior foi estornado pelo gestor após realização da fiscalização desta CGU. Além disso, foi pago a maior o valor de R$ 6.979.191,6, referente à aplicação de geomalha Hatellit (constatação 012). Assim, o montante dos pagamentos a maior realizados em favor do Consórcio totaliza R$24.144.894,00, a preços de dezembro de 2005. Somando-se a esse montante o valor correspondente aos refazimentos da placa de concreto apontado pela perícia da Polícia Federal (R$ 42.961.724,07), chega-se a um valor de prejuízo real ao erário no valor de R$ 67.106.618,00, a preços de dezembro de 2005. Esse valor corresponde a 24,6% do valor inicial do contrato. No que se refere aos pagamentos a maior, ressalta-se a necessidade de apuração das responsabilidades relacionadas à empresa supervisora, por ter elaborado boletins de medição com quantidades maiores que o de fato executado; do Fiscal do contrato, por ter concordado com tais boletins de medição e atestado medições nessas condições; da autoridade competente para avaliar avaliar as medições para fins de pagamento. III.3.2 - DAS IRREGULARIDADES PRATICADAS NO ÂMBITO DO DNIT/ES Em decorrência dos trabalhos de fiscalização na BR-101/ES, foram verificadas irregularidades relacionadas à inclusão de idênticas fotos em diferentes processos de medição, de maneira a comprovar serviços que deveriam ter sido executados na rodovia, correspondentes ao contrato número 17.1.0.00.0006.2008, executado na BR-101/ES, trecho sul. Além disso, equipe de fiscalização da CGU constatou diversos pagamentos por serviços não executados na BR-101/ES, na BR-262/ES e na BR-342/ES, em especial no que se refere aos serviços de limpeza de sarjeta e meio-fio, roçada de capim colonião, tapa buraco, capina manual, e recomposição manual de aterro. No que diz respeito à materialidade dos fatos apresentados, embora os prejuízos causados sejam discretos, adverte-se que se trata de um tipo de fraude comum, observada em centenas de contratos espalhados por todo o país. III.3.3 - DOS FATOS CONSTATADOS NO ÂMBITO DO DNIT/RS Em decorrência de trabalho realizado pela Controladoria-Regional da União no Estado do Rio Grande do Sul – CGU-Regional/RS, com foco na análise de relatórios de fiscalização elaborados por equipes da mencionada Regional, de forma ordinária ou na elaboração de Relatórios de Demandas Externas - RDE e que incluíram o exame "in loco" em seus escopos, quais sejam os serviços decorrentes dos Editais de Licitação nº 485/2008, 489/2008, 490/2008 e 491/2008, relativos à contratação de serviços do CREMA – Programa de Restauração e Manutenção de Rodovias 1ª Etapa, verificou-se a existência de indícios de relacionamento entre empresas licitantes e possível alinhamento de preços praticados em lotes dos processos licitatórios nº 485/2008, 489/2008, 490/2008 e 491/2008. Além disso, no caso da BR-293/RS, segmento: km 172,5 - km 305,2, foram encontradas divergências entre os valores de DMTs (distâncias médias de transporte) previstos no projeto licitado e os valores observados "in loco", acarretando pagamento indevido de transporte no valor de R$ 475.372,75. Nesse sentido, identificou-se que as DMTs utilizadas no projeto licitado para orçar os preços unitários de serviços, que envolvem em sua composição o emprego de

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massa asfáltica e brita graduada, apresentaram divergências em relação aos valores observados em campo. Identificou-se também patologia grave em serviço de restauração da pista de rolamento da BR-287/RS, segmento: km 330,3- km 409,4, após inspeção "in loco" realizada nos dias 06, 07 e 08 de julho de 2010 por equipe de fiscalização da CGU, a exemplo de exsudação de material asfáltico com nível de severidade alta em três segmentos (km 331 ao 337; km 358+500 ao 371; km 398 ao 409), serviços de fresagem e recomposição do revestimento em CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente. Tais problemas se refletem em risco aos usuários da rodovia frente a baixa resistência do revestimento à derrapagem pela redução/perda da macrotextura, comprometendo a aderência pneu/pavimento principalmente em presença de umidade e água na pista de rolamento. Verificou-se também problemas executivos no tratamento superficial duplo com polímeros na BR-287/RS, segmento: km 409,4 - km 533,7, tendo em vista a existência de falhas na execução do tratamento superficial duplo (TSD) com polímero, na pista de rolamento, entre os km 469+300 ao 472+000 (lado direito), 475+000 ao 476+000 e do 478+000 ao 478+800. Entre os km 469+300 ao 472+000 o problema detectado consistia na ausência de material pétreo em panos executados. A causa provável do defeito verificado deve-se a falhas de "bico" durante a execução do TSD. Ainda na BR-287/RS, segmento: km 409,4 - km 533,7, constatou-se pagamento indevido de material e de transporte, tendo em vista que as DMTs (distâncias médias de transporte) da massa asfáltica (usina-obra) e da brita graduada (depósito-usina), utilizadas para definição do preço unitário dos serviços elencados, não refletiam a situação observada em campo durante a fiscalização; e que a inclusão do insumo "areia" está em desacordo com os projetos das respectivas misturas asfáltica, que não apresentam este material como componente. Constatou-se também que, enquanto as DMTs utilizadas para definição dos preços unitários pelo consórcio, dos itens de serviço "CBUQ" e "CBUQ massa fina", indicam os valores de 28 km para a brita graduada e 58 km para a massa asfáltica (CBUQ), as distâncias médias obtidas, tendo como base a localização das instalações industriais utilizados pelo consórcio (pedreira e usina de CBUQ) no km 504+00 da BR-287/RS, são de 41,3 km para a massa asfáltica e para o material pétreo não há deslocamento depósito-usina. Por fim, ainda no que se refere à BR-287/RS, relacionado ao pagamento indevido de ligante asfáltico, constatou-se que os teores de ligante asfáltico utilizados para quantificar o consumo de CAP 50/70 nas medições amostradas (13 e 14ª), de 6 % e 6,5 % para os serviços de CBUQ e CBUQ massa fina, respectivamente, são superiores aos teores ótimos definidos nos projetos das misturas asfálticas (5,0% e 5,2%) apresentados pelo consórcio vencedor do certame. III.3.4 – DO SISTEMA DE PESAGEM DE VEÍCULOS - PPV (CGPERT) Diante do exposto no capítulo próprio, o entendimento da equipe de auditoria é de que o processo licitatório, que contemplaria o início da 2ª etapa do Plano Nacional de Pesagem, não se apresenta em condições de prosseguir, em razão das diversas deficiências apontadas no Termo de Referência e, principalmente no Projeto Básico das obras de construção dos postos de pesagem. Além da ausência da devida aprovação da versão do Projeto Básico levada à licitação, fato que prejudicou o atendimento dos requisitos formais previstos na Lei nº 8.666/93, as

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deficiências relatadas representam risco de prejuízo ou de acréscimo de custos à Administração quando da fase da execução dos contratos. A equipe de auditoria manifesta ainda sua opinião de que a licitação seja realizada somente após a aprovação do projeto executivo, devendo este ser elaborado mediante contratação à parte, uma vez que esta providência minimizaria o risco de ônus futuro decorrente de eventuais alterações de localização dos postos e soluções de projeto ou de dificuldades na execução dos processos de licenciamento ambiental e desapropriação pelo DNIT. Além disso, o projeto básico existente, embora não apresente condições de ser licitado como objeto do Edital nº 162/2011, está apto para subsidiar a elaboração do projeto executivo, desde que saneados os aspectos formais da sua aprovação e definidas as premissas básicas necessárias. A execução em separado da etapa de elaboração do projeto executivo ainda permitiria uma maior celeridade na implementação do PNP do que se realizada a contratação integrada com a construção e operação dos postos, situação que exigiria uma revisão mais abrangente do atual projeto básico e assim demandaria maior tempo. III.3.5 - IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA Após a detecção do conflito de interesses apontado pela CGU e pela Auditoria Interna do DNIT, decorrente das análises ao processo de contratação da Empresa Tech Mix, foi possível verificar outras impropriedades como a utilização inadequada de pregão eletrônico, porque tendo em vista se tratar de contratação para locação de mão-de-obra, a utilização da modalidade pregão eletrônico é inadequada para o referido caso. Cabe frisar que a Lei nº 10.520/2002 dispõe sobre o pregão com a finalidade de aquisição de bens e serviços comuns, não abarcado no caso analisado. Além disso, constatou-se também a apresentação de atestado de capacidade técnica sob suspeita de irregularidade, a prestação de garantia (carta fiança) irregular pela empresa vencedora do certame licitatório, o enquadramento indevido da licitante vencedora no Simples Nacional, o que viola dispositivo da Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006, a não abertura de conta vinculada conforme determinação contratual, e, por fim, a contratação de empregados em desconformidade com os requisitos exigidos no termo de referência. III.3.6 - IMPROPRIEDADES NA EXECUÇÃO DE OBRAS DELEGADAS Além do conflito de interesses detectado pela CGU, decorrente das análises ao processo de contratação da Construtora Araújo Ltda, referente ao Convênio nº 534035, verificou-se ainda, no caso da BR-174/RR, a execução precária dos serviços de conservação e manutenção realizados pela empresa, tendo em vista que à época dos trabalhos de fiscalização no âmbito do 8º Sorteio de UF, técnicos da CGU/PR constataram, nos dias 13 e 14/11/2008, que trechos licitados da BR-174/RR não apresentavam boas condições de conservação, do subtrecho km 369,0 ao km 505,1. Situação idêntica foi verificada na BR-432/RR, tendo em vista que trechos licitados da BR-432/RR também não apresentavam boas condições de conservação, no subtrecho km 140,8 ao km 185,4, cujos serviços são de responsabilidade da Construtora Araújo Ltda. No caso da BR-433/RR, constatou-se a existência de cláusulas restritivas no Edital de Concorrência nº 16/2009, certame esse conduzido pela Secretaria de Estado de Infraestrutura de Roraima, tendo em vista que em item específico deste Edital estabeleceu-se um único dia (13/08/2009) e horário (8:00 h) para a realização de visita aos locais onde serão prestados os

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serviços, situação amplamente condenada pela jurisprudência do Tribunal de Contas da União - TCU. III.4 – VALEC – FATOS CONSTANTES DA DENÚNCIA INICIAL III.4.1 - FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE - FIOL Fato denunciado: “(...) a Valec ter aumentado em R$ 828 milhões de reais um trecho de ferrovia cujo custo havia sido estimado apenas seis meses antes.” (Fonte: Revista Veja nº 2.224, de 06/07/2011) Conclusão CGU: Confirmado parcialmente. Isto porque o trabalho realizado pela CGU, neste caso, teve por escopo a avaliação do projeto básico e o grau de correspondência do orçamento apresentado pela administração com o projeto de engenharia apenas nos Lotes 01, 02 e 03, evidenciando superestimativa de R$ 52.217.131,69, a valores de Março/2010. Cabe ressaltar que o TCU já havia identificado superestimativa de R$ 227.499.818,53, ao qual entendemos devam ser acrescidos mais R$ 52.217.131,69, resultando em superestimativa total para esses Lotes no montante de R$ 279.716.950,22. Reportagem da Revista menciona o acréscimo na previsão orçamentária para a referida obra, bem como um arranjo para a escolha das empresas que ganhariam os lotes para construção. A análise da CGU, neste caso, teve por escopo a avaliação do projeto básico e o grau de correspondência do orçamento apresentado pela administração com o projeto de engenharia. Assim, caso as planilhas orçamentárias não sejam compatibilizadas com os volumes de terraplanagem projetados, há o risco real de superfaturamento por pagamento de serviços que não serão executados de fato. Esse risco aliado a outras deficiências do projeto pode comprometer prematuramente a dotação planejada para a obra. III.5 – VALEC – OUTROS FATOS DIVULGADOS NA MÍDIA III.5.1 - O CASO DISMAF

Fato denunciado: “Há dois meses, a Dismaf ganhou nova licitação da Valec para fornecimento de trilhos às ferrovias Norte-Sul e de Integração Oeste-Leste, duas obras prioritárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Valor do contrato: 720 milhões de reais. A finalização do processo, porém, depende algumas variantes. Em abril de 2010, os Correios publicaram no Diário Oficial um aviso de penalidade no qual proíbem a empresa de participar de licitações e de firmar contratos com a estatal durante cinco anos – ou seja, até 2015. Apesar dessa sanção, a Valec não vetou a presença da Dismaf no último pregão das ferrovias.” (Fonte: Revista Veja nº 2.212,de 13/04/2011)

Conclusão CGU: Situação confirmada. A CGU já havia apontado diversas impropriedades no processo de contratação da Dismaf, como prazo insuficiente para formulação de propostas, não reabertura de prazos em função de mudanças de entendimentos em item do edital, excessiva exigência de qualificação técnica, e a não observância do direito de contraditório. No caso concreto, relativo à contratação da Empresa Dismaf, foram evidenciadas impropriedades no processo de contratação da empresa, a exemplo do prazo insuficiente para formulação de

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propostas, da não reabertura de prazos em função de mudanças de entendimentos em item do edital, da excessiva exigência de qualificação técnica, e da não observância do direito de contraditório. Analisou-se a licitação na modalidade Pregão Presencial - Edital nº 004/2011, Processo Licitatório nº 033/2011, cujo objeto é a contratação de empresa para fornecimento de trilhos UIC-60 a serem aplicados na EF-334 – Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL, trecho Ilhéus/BA a Barreiras/BA e na EF-151 – Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul. Da análise do referido processo, verificou-se a existência de condições restritivas de competitividade, tendo por base o “prazo insuficiente para formulação de propostas” e a “exigência excessiva de qualificação técnica”. Destaca-se que ambas as condições foram objetos de inúmeras impugnações por parte de potenciais licitantes, sendo todas negadas pela Administração. Ainda, foram verificados problemas de ordem gerencial na condução do certame, tendo em vista a não observância dos seguintes ditames legais: a) Art. 39 da Lei 8.666/1993 – Tendo em vista a não realização de audiência pública; b) §4º do art. 21 da Lei 8.666/1993 – Tendo em vista a não reabertura de prazo para preparação

de proposta, em função da modificação de entendimento de item do Edital, uma vez que a VALEC passou a aceitar barras de trilhos com comprimento superior a 12 metros, contrariando o Edital nº 004/2011; e

c) § 3º do art. 49 da Lei 8.666/1993 – Tendo em vista a não observância do direito à ampla defesa e ao contraditório à DISMAF, quando da anulação do certame.

Ademais, a CGU, verificando que a empresa não poderia ter participado da licitação, tendo em vista que à época constava do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), comunicou tal fato ao Ministério dos Transportes. Por meio do Ofício nº 1.076/2011 – PRESI, de 26/08/2011, encaminhado a CGU, o Diretor-Presidente Interino da VALEC comunicou a revogação do Pregão Presencial nº 04/2011, decisão publicada no Diário Oficial da União – DOU também em 26/08/2011. III.6 – VALEC – OUTRAS APURAÇÕES DA CGU III.6.1 – FERROVIA NORTE-SUL – FNS Diante do exposto no capítulo próprio, a auditoria concluiu pela extrema precariedade na fiscalização dos contratos da Ferrovia Norte-Sul pela VALEC. Já há algum tempo (inclusive no Relatório Anual de Auditoria de Avaliação da Gestão de 2009) a CGU vem apontando uma série de falhas nos procedimentos de medição feitas pelas empresas supervisoras ao longo da Ferrovia. Exemplo disso foram as constatações referentes aos Lotes 01, 02, 09, 10, 11, 12, 13 e 14. Disso se conclui, também, que os contratos firmados com as empresas supervisoras não estão sendo acompanhados pelo engenheiro residente da VALEC nos trechos respectivos, resultando no pagamento de boletins de medição que não representam serviços efetivamente realizados. Os fatos se agravam à vista da falta ou insuficiência de providências que deveriam ter sido adotadas pela Direção da VALEC a partir das reiteradas recomendações da CGU. Das 97 recomendações feitas no mencionado Relatório de 2009, pouco mais de 20% foram atendidas.

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IV – RECOMENDAÇÕES As recomendações serão apresentadas a seguir na mesma sequência das Conclusões do presente Relatório. IV.1 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-280/SC

Quanto à licitação da BR-280/SC a CGU recomenda ao DNIT que, antes do lançamento do novo edital para a licitação dos serviços necessários à realização das obras de melhorias de duplicação da BR-280, no Estado de Santa Catarina, proceda aos seguintes ajustes, dentre outros, no Projeto Básico: a) excluir, nos orçamentos dos três lotes, os serviços referentes ao remanejamento de serviços públicos; b) pleitear junto ao DNPM o bloqueio das áreas necessárias à construção da BR-280/SC e adotar, nos orçamentos dos três lotes, a previsão de exploração direta das jazidas; c) adotar, nos orçamentos dos lotes 02 e 03, um fator de contração máximo de 1,30 para os projetos de terraplenagem; d) corrigir, no orçamento do túnel, os quantitativos dos serviços de “cambotas metálicas” e “pés- direitos das cambotas metálicas”, considerando o espaçamento médio entre cambotas conforme o método Bieniawski; e) realizar sondagens a percussão, em conformidade com a norma de procedimento “DNER PRO 381-98”, de forma a avaliar o real volume de solo mole projetado para as obras dos lotes de 1 a 3, e providenciar, conforme o caso, os ajustes dos quantitativos atualmente previstos do serviço de “escavação, carga e transporte de solos moles”, nos orçamentos desses lotes; f) realizar sondagens a percussão, em conformidade com a norma de procedimento “DNER PRO 381-98”, de forma a fazer a adequada caracterização geológica da região onde será construído o túnel; g) adotar, nos orçamentos dos três lotes, para o serviço de “transporte de materiais betuminosos”, o mesmo LDI adotado na aquisição desses materiais, de 15%; h) adotar, no orçamento do túnel, para os serviços cujas composições foram obtidas a partir de cotações, um LDI de 8,40%; i) abster-se de utilizar, indistintamente, composições de restauração rodoviária nos orçamentos dos três lotes do empreendimento com obras de construção. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. IV.2 - O CASO DA LICITAÇÃO DA BR-116/RS

Recomenda-se ao DNIT que, antes da retomada da Concorrência n° 342/2010-00, cujo objeto é a execução dos serviços necessários à realização das obras de melhorias de capacidade, incluindo duplicação na Rodovia BR-116, no Estado do Rio Grande do Sul, proceda aos seguintes ajustes no edital: a) adotar, nos orçamentos dos nove lotes, para o serviço de “transporte de materiais betuminosos”, as equações tarifárias dispostas na IS/DG no 02, de 18/01/2011, e o mesmo BDI adotado na aquisição desses materiais, de 15%;

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b) abster-se de utilizar, indistintamente, composições de restauração rodoviária nos orçamentos dos nove lotes do empreendimento com obras de construção; c) excluir, nos orçamentos dos nove lotes, para o serviço auxiliar “escavação e carga de material de jazida”, o equipamento “Motoniveladora (105 kW)”; d) substituir, nos orçamentos dos nove lotes, para o serviço auxiliar “escavação e carga de material de jazida”, os equipamentos “trator de esteira” e “carregadeira” pelo equipamento “escavadeira”; e) expurgar, nos orçamentos dos nove lotes, o item “indenização de jazida” previsto no serviço de “escavação e carga de material de jazida”, e em outros serviços do empreendimento que contenham o mesmo item; f) substituir, nos orçamentos dos nove lotes, conforme o caso, as composições projetadas para os serviços de sub-base e de base executados com macadame seco, pelas composições de referência obtidas a partir da composição do serviço de “macadame seco” especificada pelo DAER/RS; g) realizar sondagens a percussão, em conformidade com a norma de procedimento “DNER PRO 381-98”, de forma a avaliar o real volume de solo mole projetado para as obras dos lotes de 1 a 3, e providenciar, conforme o caso, os ajustes dos quantitativos atualmente previstos do serviço de “escavação, carga e transporte de solos moles”, nos orçamentos desses lotes. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. IV.3 - CONTORNO DE VITÓRIA/ES

Com relação aos fatos apresentados neste item, recomenda-se que o DNIT observe a modalidade de licitação apropriada para cada certame, assegurando o caráter competitivo em suas contratações. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. IV.4 - CONFLITO DE INTERESSES – CONSTRUTORA ARAÚJO E TECH MIX

Quanto às contratações da Construtora Araújo e da Empresa Tech Mix pelo DNIT, recomenda-se: a) O encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. b) Caso sejam comprovadas as ilicitudes promovidas pela contratada, que as empresas sejam declaradas inidôneas, a fim de não poder celebrar novos contratos com a Administração Pública Federal, Estadual e Municipal.

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IV.5 - O CASO DA OBRAS DA BR-101/NE

Em função dos apontamentos referentes ao Lote 07 da BR-101/NE, recomenda-se ao DNIT a instauração de processo administrativo com vistas à aplicação das sanções previstas nos artigos 86 e 87 da Lei nº 8.666/93 ao consórcio construtor, à empresa projetista e supervisora e ao consórcio gerenciador. Devido à reprovabilidade das condutas das empresas, que ocasionou prejuízos severos à administração, prejudicando o atingimento pleno dos objetivos da ação de governo colimados, faz-se necessário ponderar sobre a necessidade de aplicação de sanções que não tenham seus efeitos exauridos no âmbito dos contratos, mas que gerem os efeitos negativos posteriores. Além disso, deverá haver o ressarcimento ao erário dos valores pagos indevidamente, bem como deverá ser apresentado estudo no sentido de contemplar o prejuízo imposto pela perda de vida útil resultante do desatendimento dos requisitos técnicos. De igual modo, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração, diretamente ou por determinação ao DNIT, de sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso, notadamente quanto à análise e aprovação dos projetos básico e executivo de engenharia, ao pagamento por serviços não executados ou executados em quantidade inferior a medida, à aprovação de revisões de projetos em fase de obra inconsistentes do ponto de vista técnico, à aprovação de aditivos desarrazoados e à condução de um processo licitatório restritivo que culminou com a obtenção de um desconto irrisório concedido sobre um orçamento já sobrestimado. Em relação às próximas contratações de consultorias de projeto, o DNIT deverá observar o seguinte: a) prever uma reunião de início dos serviços, envolvendo a Diretoria de Planejamento e Pesquisa, a diretoria finalística envolvida, a Unidade Local responsável pelo acompanhamento e a empresa de consultoria; b) planejar a estrutura de acompanhamento, definindo as necessidades de pessoal e material e os reforços eventualmente requeridos; c) debater e definir um cronograma de entregas parciais, em que os pagamentos estarão vinculados à aprovação dos produtos entregues; d) realizar inspeções nos escritórios das empresas contratadas, verificando o andamento dos trabalhos, o atendimento das normas de ensaio e instruções de serviço, a qualificação da equipe técnica. Eventuais desconformidades deverão ser tratadas imediatamente com a empresa consultora; e) o DNIT deverá acompanhar o desenvolvimento do projeto, incluindo as prospecções de campo. Os exames devem ser feitos por amostragem, envolver a realização de ensaios pela consultora e acompanhados pela fiscalização, verificando-se a qualidade dos serviços e as tolerâncias de variações em relação ao preconizado nas normas e termos de referência. Para tal, o número de amostras deve ser estabelecidos respeitando-se um grau de confiança previamente estipulado; f) da mesma forma que a geotecnia, os estudos topográficos também deverão verificados. O projeto não pode ser recebido em hipótese alguma quando desacompanhado do modelo digital do terreno primitivo; g) o DNIT deverá elaborar boletins de desempenho contratual, parciais e geral, com vistas à aplicação de sanções, inclusive a suspensão do direito de licitar e a declaração de inidoneidade; h) o documento de aprovação dos projetos deverá conter os nomes dos responsáveis técnicos pelas análises, além das respectivas anotações de responsabilidade técnica. IV.6 - DAS IRREGULARIDADES PRATICADAS NO ÂMBITO DO DNIT/ES

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Com relação aos fatos apresentados neste item, recomenda-se: a) Que o DNIT promova a glosa das medições das empresas executoras dos contratos, de maneira a compensar o pagamento efetuado por serviços não realizados; b) Que o DNIT aplique as sanções previstas em contrato às empresas. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. IV.7 - DOS FATOS CONSTATADOS NO ÂMBITO DO DNIT/RS

Com relação aos fatos apresentados neste item, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso, relacionadas aos problemas de execução das obras na BR-386/RS e na BR-287/RS. IV.8 – DO SISTEMA DE PESAGEM DE VEÍCULOS – PPV (CGPERT)

Quanto à situação do Sistema de Pesagem Veicular, recomenda-se ao DNIT: a) Revogar o Edital nº 162/2011-00. b) Apresentar avaliação técnica sobre a necessidade de inclusão dos novos 4 (quatro) postos de

pesagem nos Estados do Amazonas e Rio de Janeiro, sob o ponto de vista da efetividade do Plano Nacional de Pesagem.

c) Realizar a contratação do projeto executivo em separado da contratação da construção e operação dos postos de pesagem, utilizando como parâmetro o projeto básico existente, desde que saneados os aspectos formais da sua aprovação e definidas as premissas básicas necessárias à elaboração do projeto executivo.

d) Elaborar e aprovar novo Termo de Referência após correção das deficiências nas especificações de serviço relatadas.

e) Estabelecer nova metodologia de obtenção de preços para os equipamentos dos postos de pesagem, buscando sanear as fragilidades relatadas e, por consequência, obter uma adequada aferição dos preços de mercado.

Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso, em razão das falhas inerentes à sua atuação apontadas neste Relatório, quais sejam:

aprovação do projeto básico com deficiências e em desacordo com a IS/DG nº 09/2009; alteração do projeto básico sem a devida formalização legal e sem o estabelecimento

adequado das especificações; proposição de autorização de processo licitatório mediante declaração improcedente de

que orçamento correspondia ao orçamento constante do projeto básico aprovado, induzindo ao erro as demais áreas do DNIT que opinam na autorização do processo licitatório;

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elaboração do Termo de Referência com deficiências; suspensão dos serviços de postagens de notificações e multas do Sistema de Pesagem de

Veículos. IV.9 - IMPROPRIEDADES NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA TERCEIRIZADA

Com relação aos fatos apresentados relativos à contratação da Empresa Tech Mix, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. IV.10 - IMPROPRIEDADES NA EXECUÇÃO DE OBRAS DELEGADAS

Com relação aos fatos apresentados, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação ao DNIT, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso, relacionados à execução das obras da BR-174/RR e BR-432/RR. IV.11– RECOMENDAÇÃO DE CARÁTER GERAL AO DNIT

Tendo em vista o que foi observado em diversos trabalhos de auditoria, a CGU recomenda que o DNIT proceda à cuidadosa revisão de seu edital padrão, considerando-se que as sucessivas alterações nele introduzidas ao longo do tempo acabaram por gerar fragilidades e abrir brechas a vários tipos de fraudes. IV.12 - FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE - FIOL

Com relação aos fatos apresentados neste item, recomenda-se à VALEC: a) Avaliar as planilhas contratuais de todos os lotes da FIOL, a fim de adequar os quantitativos de terraplenagem às quantidades necessárias para execução da geometria da ferrovia definida em projeto, promovendo as devidas adequações nos casos em que forem verificados excessos, como os relatados nos lotes 01, 02 e 03. b) Intensificar a fiscalização da execução da terraplenagem em todos os lotes, a fim de garantir que não sejam medidas e pagas quantidades superiores à completa execução da geometria definida em projeto. c) Manter sob a guarda da VALEC os dados brutos dos levantamentos topográficos do terreno primitivo das regiões de empréstimos, corte, alargamentos de corte e aterros, com o respectivo registro da anotação de responsabilidade técnica dos responsáveis por esses levantamentos, enviando cópia desses dados a esta CGU, a fim de garantir a realização de verificações futuras dos quantitativos de terraplenagem executados. d) Atentar para que as quantidades dos serviços de terraplenagem sejam levantadas por meio de cubação com topografia das áreas de empréstimos, cortes, alargamentos de corte e aterros, cuidando para que sejam preservados em poder da VALEC os dados brutos dos levantamentos topográficos de cada feição medida e paga mês a mês. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação à VALEC, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes

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constatações a eventuais processos disciplinares já em curso, relacionados aos agentes envolvidos nas elaborações dos orçamentos de referência dos Lotes 01, 02 e 03 da FIOL. IV.13 - O CASO DISMAF

Com relação aos fatos apresentados neste item, recomenda-se à VALEC que: a) Seja realizada também pesquisa de preços de aquisição de trilhos junto a fornecedores internacionais, com o objetivo de se verificar os menores custos de aquisição; b) Por ocasião da nova aquisição de trilhos, seja observado o alinhamento dessa aquisição com o plano de ataque das obras de construção das ferrovias; c) Por ocasião da nova aquisição de trilhos, seja realizada a discriminação dos custos de aquisição dos trilhos (armazenagem, transporte e içamento); d) No que se refere à elaboração de novo edital para aquisição de trilhos, deverá ser exigido o mínimo necessário de atestados, de maneira a evitar a restrição à licitação, sendo que a exigência de atestados deverá observar o cronograma de entrega dos trilhos; e) Também no que se refere à elaboração do novo edital, não deverá haver restrição ao comprimento de barra (trilho); f) Sempre que possível, deverá haver o transporte dos trilhos por ferrovia. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração e individualização de responsabilidades, diretamente ou por determinação à VALEC, via sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso. IV.14 - FERROVIA NORTE-SUL - FNS Com relação aos fatos apresentados neste item, recomenda-se à VALEC: a) A completa reformulação dos seus métodos de supervisão e fiscalização, que têm se revelado ineficazes; b) O cumprimento das reiteradas recomendações feitas pela CGU em relatórios anteriores. Adicionalmente, recomenda-se o encaminhamento deste Relatório à Corregedoria-Geral da União da CGU, para adoção das providências pertinentes em seu âmbito de atuação, mormente quanto à apuração, diretamente ou por determinação à VALEC, de sindicâncias e processos administrativos, bem como incorporação das presentes constatações a eventuais processos disciplinares já em curso, com especial atenção quanto às responsabilidades pela omissão, na VALEC, das apurações que lhe foram recomendadas. V - ANEXOS Em anexo, encontram-se quadros demonstrativos das irregularidades constatadas.

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ANEXO I AO RELATÓRIO Nº 201112110 - Demonstrativo das superestimativas, dos sobrepreços e dos superfaturamentos identificados PREJUÍZOS IDENTIFICADOS (R$)

Órgão Objeto Valor (R$) Data-base

Superestimativa no Valor de Referência

Sobrepreço no Valor

Contratado

Superfatura-mento na execução

Outros Prejuízos

Prejuízo apontado

Observações Nº Constat

no Relatório

DNIT BR-280/SC 885.628.981,97 set/10 11.469.510,07 - - - 11.469.510,07 serviços de responsabilidade das concessionárias 1 29.018.282,89 - - - 29.018.282,89 projeto básico deficiente (jazida) 2 6.515.530,30 - - - 6.515.530,30 preços excessivos 3

BR-116/RS 968.757.557,16 set/09 30.028.407,31 - - - 30.028.407,31 preços excessivos 4 71.433.147,32 - - - 71.433.147,32 projeto básico deficiente (jazida e outros) 5

BR-101/NE

- Lote 07 356.077.322,56 dez/05 - 13.136.073,94 - - 13.136.073,94 Projeto executivo deficiente 9

- - 865.992,56 - 865.992,56 superfaturamento na execução de cbuq (faixa c) 10

- - 352.224,57 - 352.224,57 superfaturamento na execução de cbuq (faixa b) 11 - - 42.961.724,07 - 42.961.724,07 Valor para refazimento das placas de concreto 15

- - 6.979.191,60 - 6.979.191,60 superfaturamento na execução de geomalha 12 - - 1.830.471,45 - 1.830.471,45 superfaturamento esvacação, carga e transp. mat.3ª categoria 16

- 6.931.598,00 - - 6.931.598,00

Revisão proj. em fase de obras: superestimativa quant. colchão drenante

19

- 20.560.370,95 - - 20.560.370,95

Revisão proj. em fase de obras: superestimativa quant. - terraplanagem

20

      16.299.709,69 - 16.299.709,69 Pagto terraplanagem superfaturado (fraude no cálculo de quantidades)

21

- - 199.450,00 - 199.450,00 pagto indevido (topógrafo chefe e aux. Topo) 22

BR-101/ES 19.476.894,49

mai/05 nov/07     11.200,02 - 11.200,02 Pagamento por serviços não executados 25

BR-262/ES 34.273.040,52

nov/04 nov/07 - - 69.810,24 - 69.810,24 Pagamento por serviços não executados 25

BR-342/ES 2.375.304,61 mai/10 - - 22.567,34 - 22.567,34 Pagamento por serviços não executados 25

CREMA/RS 86.666.382,75 mai/08 475.372,75 - - - 475.372,75

Divergência entre DMTs previstas nos proj. licitados e valores observados in loco

30

- - 3.232.191,62 - 3.232.191,62

Problemas executivos no tratamento superficial duplo com polímeros.

32

- - 2.695.149,69 - 2.695.149,69 Pagto indevido de material de transporte 33 - - 537.041,93 - 537.041,93 Pagamento indevido de ligante asfáltico 34

PPV 1.129.675.209,23 mai/10 10.890.240,00 - - - 10.890.240,00

Composições de Custo Unitário inconsistentes, gerando superestimativa de custo unitário

41

- - - 126.000.000,00 126.000.000,00

Em função da suspensão dos serviços de postagem das notificações (PPV) - estimativa do próprio gestor

46

VALEC FIOL 1.648.991.207,69 mar/10 52.217.131,69 - - - 52.217.131,69 Sobrepreço no orçamento de referência (quantidades a maior de terraplanagem), nos Lotes 01, 02 e 03.

56

VALEC FIOL 227.499.818,53 - - - 227.499.818,53 Redução total no valor de referência dos 7 (sete) Lotes, em decorrência de atuação do TCU

56

TOTAL    5.131.921.900,98    439.547.440,86 40.628.042,89 76.056.724,78 126.000.000,00 682.232.208,53

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ANEXO II AO RELATÓRIO Nº 201112110 - Demonstrativo de outras irregularidades

OUTRAS IRREGULARIDADES

Órgão Objeto/Área Constatações Nº Constat. no Relatório

DNIT CONTORNO DE VITÓRIA/ES

Contratação irregular 006

BR-101/ES Mesmas fotografias com adulteração de data em processos de pagamento distintos. 023

BR-262/ES Mesmas fotografias com adulteração de data em processos de pagamento distintos. 024

BR-174/RR Indícios de restrição à competição e conluio, execução precária dos serviços de conservação e manutenção, contratos 57, 58 e 59, de 20/04/2006 007 e 053

Contratação TECH MIX Indícios de favorecimento na gestão do contrato, utilização inadequada de pregão eletrônico, atestado de capacidade técnica sob suspeita de irregularidade, Prestação de garantia irregular, enquadramento indevido do licitante no simples nacional, não abertura de conta vinculada, contratação de empregados em desacordo com os requisitos do edital

008, 047 a 052

BR-101/NE Lote 07

existência de defeitos precoces no acostamento da duplicação, pavimento rígido recém-construído com defeito superficial decorrente de má execução combinada com deficiência de fiscalização, inexistência ou posicionamento irregular das barras de ligação, caracterizando execução do pavimento rígido em desacordo com o projeto executivo, aprovação de revisão de projeto em fase de obra com superestimativa de quantidade do serviço “ect 3ª categoria em área de risco”, execução de serviços sem cobertura contratual,

013, 014, 015, 017

CREMA/RS indícios de direcionamento e possível alinhamento de preços praticados em lotes do processo licitatório nº 485/2008, 489/2008, 490/2008 e 491/2008, patologia grave em serviço de restauração da pista de rolamento,

026 a 029; 031

PPV

ausência de avaliação e aceitação dos produtos realizados mediante transferências celebradas com o dec/eb, evidenciando controle e acompanhamento precário dos recursos repassados, celebração de transferência destinada à execução da readequação dos projetos básicos sem definição adequada das especificações e dos custos dos serviços, aprovação de projeto básico sem observância aos critérios estabelecidos na is/dg nº 09/2009, ausência de especificações no projeto básico necessárias à execução das obras, alteração do projeto básico aprovado sem a devida formalização legal, alterações no projeto básico sem devida justificativa técnica e sem previsão das especificações necessárias; risco de atraso no cronograma e de aumento futuro do custo contratual em razão de o licenciamento ambiental e a desapropriação ocorrerem em fase posterior à licitação e sob responsabilidade do dnit, definição precária das especificações necessárias à execução dos serviços de disponibilização e manutenção de equipamentos e veículos, metodologia imprópria de obtenção do preço de referência de disponibilização e manutenção de equipamentos, ausência de orçamento de referência individualizado para cada equipamento a ser disponibilizado e mantido pela contratada, podendo acarretar em prática de “jogo de planilha” com consequente prejuízo ao erário.

035 a 040; 042 a 045

BR-432/RR Finalidade dos serviços de conservação não atendida 054

BR-433/RR Cláusulas restritivas no edital de concorrência 055

VALEC Caso DISMAF não realização de audiência pública, em descumprimento à dispositivo da lei 8.666/93, Prazo insuficiente para formulação de propostas, excessiva exigência de qualificação técnica, não reabertura de prazos em função de mudanças de entendimentos em item do edital, , não observância do direito de contraditório

057 a 061

Ferrovia Norte Sul - FNS

Precariedade na fiscalização dos contratos, insuficiências de providências face às irregularidades apontadas pela CGU. 062 e 063

Empresa Alvorada Indícios de conluio entre empresas participantes do certame; utilização inadequada de "dispensa de licitação", prestação intempestiva da garantia contratual 064 a 066