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REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS DO CONCELHO DE PALMELA O ESTADO NOVO E O 25 DE ABRIL Dossier temático dirigido às Escolas Novembro 2009

Estadonovoe25 deabril

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REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS DO CONCELHO DE PALMELA

O ESTADO NOVO E O 25 DE ABRIL Dossier temático dirigido às Escolas

N

ovembro 2009

ÍNDICE

Antes do 25 de Abril – Estado Novo 3

O Estado novo (1926-1974) 4

A revolução – o contexto politico e social 8

O movimento das forças armadas 9

O primeiro comunicado do MFA 10

A Junta de Salvação Nacional 11

O fim da ditadura 12

Período revolucionário 15

O pós 25 de Abril 16

Personagens e alguns factos 18

Outras personagens 23

O sistema politico português 31

Características principais do Estado Novo 41

Guerra colonial – treze anos de guerra 52

Combates – as primeiras missões 60

O fim da guerra – o fim do império 73

A guerra colonial numa canção de Zeca Afonso 80

Cronologia do 25 de Abril 81

O 25 de Abril em retrospectiva – Manuel Villaverde Cabral 136

O “mistério” do 25 de Novembro de 1975 146

O 25 de Novembro, por Álvaro Cunhal 148

Dossier sobre o 25 de Abril e os direitos das mulheres 164

Sites de onde foram retirados os textos apresentados 177

Documentos audiovisuais sobre o 25 de Abril disponíveis da RMBP 179

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ANTES DO 25 DE ABRIL – ESTADO NOVO

Até ao golpe de estado de 25 de Abril de 1974, estava instaurado em

Portugal um regime ditatorial e autoritário que dava pelo nome de

Estado Novo. O modelo não era nosso e já existia noutros países da

Europa, como era o caso da Itália, por exemplo.

O Estado Novo era um sistema político desenvolvido a partir da

afirmação da necessidade de intervenção do estado na vida

económica e social e da autoridade do governo e condicionamento

das liberdades individuais, em nome do interesse geral e da protecção

e promoção social das classes trabalhadoras num clima de paz social.

Esta nova concepção de gestão política surgiu face à falência da concepção liberal e

individualista do estado, generalizada um pouco por toda a Europa, após a I Grande Guerra,

durante o período em que diversas revoluções nacionalistas tiveram lugar.

Em Portugal, o Estado Novo surgiu logo após a revolução de 28 de Maio de 1926, que

arrastou duas correntes de pensamento político reorganizador. Por um lado, defendia-se que

o objectivo da ditadura militar seria reestruturar o sistema partidário e devolver o poder aos

partidos políticos; por outro lado, afirmava-se a criação de um novo regime republicano, livre

das vicissitudes da democracia liberal, com características de Estado Novo, isto é, o

predomínio de um sistema presidencialista aliado a um sistema económico e social

corporativo. Foi esta segunda corrente que prevaleceu, apoiada na Constituição de 1933. A

primeira referência à expressão “Estado Novo” foi proferida num discurso do ministro do

interior, Pais de Sousa, em 1931.

A grande figura do Estado Novo em Portugal foi António de Oliveira Salazar. Ingressando

como ministro das Finanças nos governos da ditadura militar a partir de 1928, Salazar

implantou em poucos anos um regime autoritário de fachada eleitoral, com um partido

único, uma polícia política, censura prévia e a repressão das oposições políticas. Nascia o

Estado Novo, uma ditadura do chefe de governo com uma Constituição corporativa (1933).

Alicerçado num estado forte, e com uma austera política deflacionista e de contenção

orçamental, Salazar governaria o país sob o lema “orgulhosamente sós”, marcando

profundamente o século XX português.

Depois de Salazar abandonar o poder em 1968, devido à queda de uma cadeira e

consequente hemorragia cerebral, os destinos do regime ditatorial foram entregues a

Marcello Caetano, que viria a ser derrubado no dia 25 de Abril de 1974.

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O ESTADO NOVO (1926-1974)

Durante a ditadura militar que se seguiu ao golpe militar de 1926, a

Constituição de 1911 vigoraria apenas em teoria, tendo sido alterada

por sucessivos decretos governamentais. Sendo, no entanto, uma das

bandeiras deste golpe o anti-parlamentarismo, depressa se

compreenderá que entre 1926 e 1935 - data do início da primeira

legislatura da Assembleia Nacional do Estado Novo - a ideia de

Parlamento, enquanto órgão de soberania, não conste das

prioridades políticas do poder.

A Assembleia Nacional na Constituição de 1933

Longe dos debates de uma assembleia constituinte, a Constituição de 1933 foi plebiscitada (1)

a partir de um projecto de constituição concebido e elaborado pelo Presidente do Conselho

de Ministros, António de Oliveira Salazar, coadjuvado por um pequeno grupo de

colaboradores.

A Constituição de 1933, embora formalmente estabelecesse um compromisso entre um estado

democrático e um estado autoritário, permitiu que a praxis política conduzisse à rápida

prevalência deste último.

Os direitos e garantias individuais dos cidadãos previstos na Constituição, designadamente a

liberdade de expressão, reunião e associação, serão regulados por "leis especiais".

A primeira Assembleia Nacional foi eleita em 1934 por sufrágio directo dos cidadãos maiores

de 21 anos ou emancipados. Os analfabetos só podiam votar se pagassem impostos não

inferiores a 100$00 e as mulheres eram admitidas a votar se possuidoras de curso especial,

secundário ou superior. O direito de voto às mulheres já fora expressamente reconhecido pelo

decreto 19.894 de 1931, embora com condições mais restritas que as previstas para os homens.

A capacidade eleitoral passiva determinava que podiam ser eleitos os eleitores que

soubessem ler e escrever e que não estivessem sujeitos às inelegibilidade previstas na lei, onde

se excluíam os "presos por delitos políticos" e "os que professem ideias contrárias à existência

de Portugal como Estado independente, à disciplina social..." (2). É na I Legislatura da

Assembleia Nacional que encontramos, pela primeira vez, três mulheres Deputadas.

A Assembleia Nacional, prevista nesta Constituição, tinha estrutura monocameralista. Existia

também a Câmara Corporativa, que era um órgão de consulta, embora, de facto, se tivesse

transformado num importante centro de grupos de pressão, representando interesses locais e

socio-económicos.

Na versão original do texto constitucional, o poder legislativo é atribuído exclusivamente à

Assembleia Nacional, embora essa actividade legislativa se devesse restringir à aprovação

Dossier temático dirigido às escolas 4/219

das bases gerais dos regimes jurídicos, permitindo-se que o governo legislasse no uso de

autorizações legislativas ou "nos casos de urgência e necessidade pública", devendo, neste

caso, o governo apresentar o decreto-lei à Assembleia, para ratificação, nas cinco primeiras

sessões após a sua publicação.

As sucessivas revisões constitucionais haveriam de subverter o primado de jure da

competência legislativa do Parlamento que, de facto, nunca teve e que culminou na revisão

de 1945, em que o governo passou a ter competência para legislar através de decretos-leis

também fora dos casos de urgência e de necessidade pública.(3)

O instituto da ratificação (direito da Assembleia alterar legislação produzida pelo Governo)

já tinha sido mitigado na revisão constitucional de 1935, sujeitando-se à fiscalização apenas os

decretos-leis publicados durante a sessão legislativa, aparecendo na última revisão da

Constituição em 1971 uma figura processual semelhante à ratificação tácita, no caso de não

ser requerida pelos Deputados.

A reserva absoluta de competência legislativa é substancialmente alargada na revisão

constitucional de 1971, embora sempre através de bases gerais a desenvolver pelo Governo.

O direito de iniciativa legislativa pertencia, indistintamente, aos Deputados (limitado, depois

da 1ª revisão constitucional, a projectos que não viessem a envolver aumento de despesa ou

diminuição das receitas), e ao Governo, excepto as iniciativas de lei de matérias referentes ao

ultramar, as quais, depois da última revisão constitucional, passam para a competência

exclusiva do Governo.

Depois desta revisão é mesmo reconhecida ao Presidente do Conselho a intervenção na

fixação da agenda dos trabalhos parlamentares.

O período da legislatura é fixado em quatro anos e a sessão legislativa começou por ter uma

duração de três meses improrrogáveis, para se fixar, com a revisão constitucional de 1971, em

três meses e meio, divididos em dois períodos, podendo o Presidente da República convocar

extraordinariamente a Assembleia ou adiar as suas sessões.

O parlamento do Estado Novo pode ser dissolvido pelo Presidente da República sempre que

este o entender e "assim o exigirem os interesses superiores da Nação"- é a fórmula

constitucional adoptada - bastando-lhe ouvir o Conselho de Estado.

É o Presidente da República que dá à Assembleia Nacional poderes constituintes para esta

proceder às revisões constitucionais, podendo inclusive indicar as matérias a rever, "quando o

bem público imperiosamente o exigir".

É também ao Chefe de Estado que compete em exclusivo a nomeação, exoneração e mesmo

o acompanhamento político da actividade do Governo, não tendo a Assembleia quaisquer

competências constitucionais nestas matérias, na medida em que os ministros respondem

politicamente perante o Presidente do Conselho e este responde apenas perante o Presidente

da República.

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A Assembleia Nacional reuniria pela última vez, sem quórum, na manhã de 25 de Abril de

1974, data do derrube do Estado Novo pelo Movimento das Forças Armadas.

O partido único durante o Estado Novo

O regime político-constitucional do período entre 1926 a 1974 pode definir-se como anti-

partidário, anti-liberal e antiparlamentar. É criada uma força política que assume um papel

exclusivo na apresentação de candidaturas aos órgãos electivos, pretendendo-se abolir a

mediação dos partidos políticos.

O partido político único é designado por União Nacional. Foram ilegalizados os partidos e

associações políticas que se opunham ao regime. O regime político, constitucionalizado em

1933, vai clarificando, progressivamente, a opção por um sistema de concentração de poderes

no Presidente do Conselho de Ministros. Na sequência da candidatura do General Humberto

Delgado à Presidência da República, em 1958, que mobilizou o apoio de todos os sectores da

oposição, Oliveira Salazar viria a anunciar uma revisão constitucional em que aquela eleição

deixaria de ser feita por sufrágio directo para passar a fazer-se por um colégio eleitoral, de

forma a impedir a eventualidade da eleição de um Presidente da República que não

perfilhasse a ideologia do regime.

As dificuldades do regime vinham sendo agravadas com o problema colonial, sobretudo

desde 1961, tendo o serviço militar obrigatório sido progressivamente alargado para um

mínimo de dois anos de permanência na guerra nas colónias africanas.

Em 1968, na sequência da queda de Salazar de uma cadeira, que o deixa mentalmente

diminuído, Marcello Caetano é nomeado para a Presidência do Conselho de Ministros,

passando o partido único a ser designado por Acção Nacional Popular.

Nas eleições de 1969 para a Assembleia Nacional, Marcello Caetano pretende revitalizar a

Acção Nacional Popular e ensaiar uma relativa mudança no regime, permitindo a

concorrência de comissões eleitorais da oposição, sem contudo autorizar a constituição de

partidos, nem actualizar os cadernos eleitorais e restringindo a campanha eleitoral apenas a

um mês antes das eleições. Nas listas do partido único foram incluídas algumas

personalidades independentes que viriam a enquadrar a chamada "ala liberal" da

Assembleia Nacional. Estas iniciativas evidenciaram a rigidez do regime e a sua incapacidade

de abertura e renovação. Muitos dos deputados que haviam integrado a "ala liberal"

acabariam por renunciar aos seus mandatos, designadamente após a revisão constitucional

de 1971 onde foi gorada qualquer possibilidade de introduzir alterações aos princípios

constitucionais de concentração de poderes no Presidente do Conselho de Ministros e no

Presidente da República.

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Em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas, com imediata e vastíssima adesão

popular, punha fim ao regime do Estado Novo que dominara o país durante quase meio

século.

________________________________________________________________________________________

(1) Esta foi a única Constituição a ser aprovada por sufrágio referendário. Num universo eleitoral de cerca de um

milhão e trezentos mil eleitores, as abstenções e os votos em branco contaram como votos a favor. A entrega do

boletim em branco - onde constava a pergunta "Aprova a Constituição da República Portuguesa?" - contava

como um "sim", enquanto que o "não" deveria ser expressamente escrito. O sufrágio era obrigatório e muitas das

liberdades fundamentais estavam restringidas.

(2) Artº 3º do decreto nº 24.631 de 6 de Novembro de 1934.

(3) Como se pode ler no parecer da Câmara Corporativa, esta alteração visou "regularizar constitucionalmente a

situação de facto: o Governo é órgão legislativo normal e a Assembleia órgão legislativo excepcional" (Diário das

Sessões, nº 176 de 16 de Junho de 1945).

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A REVOLUÇÃO - O CONTEXTO POLITICO E SOCIAL

A Revolução de 25 de Abril de 1974, que ficou conhecida como a Revolução

dos Cravos, derrubou o regime autoritário iniciado por Salazar quarenta e

oito anos antes e abriu o caminho para a democracia em Portugal.

Contestação do regime

Apesar do seu carácter fechado e repressivo, o regime corporativo fora profundamente

afectado pela década de 1960. Depois da campanha oposicionista do general Humberto

Delgado (assassinado pela polícia política em 1965), a contestação social e política atingira

níveis nunca vistos, ultrapassando os círculos intelectuais e alastrando aos meios operários e

ao movimento estudantil. À medida que se avançava na década, a Guerra Colonial

entretanto iniciada (1961) tornava-se o alvo especial da oposição – consumia os esforços e as

vidas do país e revelava-se como um combate longo, sangrento e inútil.

Entretanto, aumentara a pressão externa contra Salazar. O afastamento deste último e a

liberalização que se lhe seguiu, liderada por Marcelo Caetano, não pôs fim ao problema da

guerra, acabando mesmo, na óptica do governo, por se revelar prejudicial à sua condução.

Enquanto a pressão à sua volta crescia, o regime voltava a fechar-se, entrando nos anos 70

sem perspectivas de se modificar.

Derrube do regime

A solução acabou por vir do lado de quem fazia a guerra: os militares. No ano de 1973, um

dos mais mortíferos da Guerra Colonial, nascia uma conspiração de oficiais de patente

intermédia, descontentes com a duração e as condições do conflito. Começava o “Movimento

dos Capitães”, depois designado por Movimento das Forças Armadas (MFA). Este movimento

politizou-se rapidamente, concluindo pela inevitabilidade do derrube do regime em Portugal

para se poder chegar à paz em África. Depois de um golpe falhado nas Caldas da Rainha (16

de Março), em que não teve intervenção, o MFA decidiu avançar: o major Otelo Saraiva de

Carvalho elaborou o plano militar e, na madrugada de 25 de Abril, a operação “Fim-

regime” tomou conta dos pontos estratégicos da cidade de Lisboa, em especial do aeroporto,

da rádio e da televisão. Lideradas pelo capitão Salgueiro Maia, as forças revoltosas cercaram

e tomaram o quartel do Carmo, onde se refugiara o chefe do governo, Marcelo Caetano.

Rapidamente, o golpe de estado militar foi aclamado nas ruas pela população portuguesa,

cansada da guerra e da ditadura, transformando-se o movimento numa imensa explosão

social e numa revolução pacífica, que ficou conhecida no estrangeiro como a “Revolução dos

Cravos”.

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O MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS

Movimento de intervenção política criado por um grupo de oficiais das Forças Armadas que

planeou e executou o golpe de estado do 25 de Abril de 1974, levando à queda do regime

autoritário e transferindo o poder para a Junta de Salvação Nacional, presidida pelo general

António de Spínola.

Do seu programa político constava a intenção de formação de um governo civil que

preparasse eleições para uma assembleia constituinte, de forma a dotar o país de instituições

democráticas e de uma nova política económica e social de defesa dos interesses das classes

trabalhadoras contra o poder dos grandes grupos monopolistas. Propunha igualmente a

abolição da censura e a extinção da polícia política, da Legião e da Mocidade Portuguesa, e

autorizava a constituição de «Associações Políticas». Quanto ao plano de operações, previa a

concentração de forças de vários pontos do país sobre Lisboa, o controlo de emissoras de rádio

e televisão, do aeroporto e do quartel-general da região militar, o aprisionamento dos

membros do governo e do presidente da República, e a apresentação ao país dos membros

da Junta de Salvação Nacional perante as câmaras da RTP.

A coordenação das operações do MFA, durante a revolução de Abril, foi assegurada por um

posto de comando único e um sistema de transmissões e escuta próprio. Constituíam a

direcção do movimento Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Lourenço e Vítor Alves.

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O PRIMEIRO COMUNICADO DO MFA

Eram 4h26 da madrugada de 25 de Abril de 1974, quando o Movimento das Forças Armadas

emite o seu primeiro comunicado à população, numa emissão do Rádio Clube Português:

“Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas

portuguesas apelam a todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a

suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calam. Esperamos sinceramente que

a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente

pessoal, para o que apelamos o bom senso dos comandos das forças militarizadas, no sentido

de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de

desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam

divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo. Não obstante a expressa

preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português,

apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua ocorrência

aos hospitais a fim de prestar a sua eventual colaboração, que se deseja, sinceramente,

desnecessária.”

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A JUNTA DE SALVAÇÃO NACIONAL

Organismo constituído pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), após a revolução do 25

de Abril de 1974, com o poder e a legitimidade exclusiva de executar o programa do MFA.

A junta era composta por sete membros. Presidida pelo general António de Spínola,

integrava Rosa Coutinho, Pinheiro de Azevedo, Costa Gomes, Jaime Silvério Marques, Galvão

de Melo e Diogo Neto. Numa segunda fase, procedeu-se à repartição de poderes por outros

órgãos: o presidente da República (designado pela Junta), o conselho de estado, o governo

provisório e os tribunais.

Entre as suas múltiplas incumbências, competia-lhe promover eleições para uma assembleia

nacional constituinte, assumindo a própria junta uma posição de directório supremo. A

agitação e o descontrolo do processo revolucionário comprometeram as linhas programáticas

originais propostas pela junta, situação agravada com a tentativa de golpe militar de

António de Spínola em 11 de Março de 1975, vindo a fixar-se como dogma o modelo da

revolução socialista.

O socialismo revolucionário assumiu-se, então, como linha inspiradora da nova Constituição,

por opção do MFA, decisão confirmada por Costa Gomes, então presidente da República, na

abertura da Assembleia Constituinte. Na sequência destes factos, foi extinta a junta por

determinação da lei n.º 5/75, de 14 de Março, e instituiu-se o Conselho da Revolução.

Dossier temático dirigido às escolas 11/219

O FIM DA DITADURA

O 25 de Abril ficou na história como um marco que indica o início da democracia e o fim da

ditadura em Portugal.

O Antigo Regime caracteriza-se por um conjunto de ideais e de práticas que faziam do

governo de Salazar e, posteriormente, de Marcelo Caetano, um regime ditatorial, onde não

existia liberdade de expressão nem de opinião.

Vejamos, então, quais as principais mudanças operadas pela “Revolução dos Cravos” em

Portugal:

A abolição da censura

A censura consistia na supressão, pelas autoridades, de material considerado imoral, herético,

subversivo, difamatório, violador do segredo de estado ou que seja de algum modo ofensivo.

Em Portugal, exercia-se censura sobre a literatura, o teatro e os meios de comunicação social.

O “lápis azul” só deixava passar conteúdos que não fossem contra os princípios e ideais do

regime.

Além da censura “literária”, existia também a censura política. A Constituição de 1933 (em

vigor até 1974) previa a censura para os casos de natureza política ou social, que pudessem

pôr em causa a ordem pública. Após a revolução de 1974, a censura foi abolida da

Constituição portuguesa e foi publicada nova lei de imprensa (1975), que protege a liberdade

de expressão e informação.

O fim da Guerra Colonial e a descolonização

Com início no norte de Angola, em Fevereiro de 1961, a Guerra Colonial apenas terminou

quando o regime de Marcelo Caetano, foi derrubado a 25 de Abril de 1974, e com a abertura

do processo de descolonização nos anos de 1974 e 1975.

Ao longo de treze anos de luta militar, Portugal enviou para África centenas de milhares de

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soldados, com um número oficial de mortos que rondou os 9000 homens, e dezenas de

milhares de feridos, a juntar a um número ainda superior de baixas entre guerrilheiros e civis

guineenses, angolanos e moçambicanos.

Em 1974, ao derrubarem o regime, os «Capitães de Abril» faziam da descolonização um dos

seus objectivos principais. A braços com uma grande indefinição política interna, o novo

regime português reconheceu, em 1974, a independência da Guiné-Bissau e de Moçambique

e, em 1975, a de Cabo Verde e Angola. Só no Verão de 1975 cessaram definitivamente os

combates envolvendo portugueses em África. Chegava a hora da retirada, encerrando-se

finalmente o longo ciclo do império.

Extinção da PIDE/DGS

(Polícia de Informação e Defesa do Estado/Direcção-Geral de Segurança).

Para garantir que todos “pensassem” de forma análoga à do governo, o Antigo Regime

possuía uma polícia política desde 1945. O seu objectivo era travar todos os possíveis

movimentos contrários às políticas do regime. Os que conspirassem contra o Estado Novo

eram, na maioria das vezes, presos. Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, a PIDE/DGS foi

extinta.

Extinção da Mocidade Portuguesa

A Mocidade Portuguesa era uma organização oficial juvenil criada em 1936, dirigida por um

comissário nomeado pelo Ministério da Educação Nacional e com um carácter notoriamente

paramilitar. Os seus objectivos enquadravam-se no espírito do regime da época, patente no

regulamento da organização: “estimular o desenvolvimento integral da capacidade física da

juventude, a formação do carácter e a devoção à pátria no sentimento da ordem, no gosto

da disciplina e no culto do dever cumprido”.

Esta instituição entrou em declínio em 1971 e acabou por ser extinta após o 25 de Abril de

1974.

Extinção da Legião Portuguesa

A Legião Portuguesa era uma formação de milícias criada em 30 de Setembro de 1936, após

a eclosão da guerra civil em Espanha, e inspirada na legião nacionalista aí criada por Franco.

Complementando a Mocidade Portuguesa, os seus propósitos eram de «organizar a

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resistência moral da nação e cooperar na sua defesa contra os inimigos da pátria e da ordem

social».

Os filiados, portugueses do sexo masculino com mais de 18 anos, prestavam juramento,

comprometendo-se à acção política, cívica e moral. A organização estendia-se a todo o

território português (que incluía as colónias ultramarinas), constituindo-se em pequenos

grupos, integrados em formações maiores, fixadas nos principais aglomerados urbanos.

Dirigida por uma junta nomeada pelo governo de então, prestava instrução militar. Em 1958

passou a ter a cargo a organização nacional de defesa civil do território. Prestava serviços

como polícia de informação, com incidência em comícios oposicionistas ou actividades

editoriais consideradas «suspeita» pelo regime.

A organização foi extinta logo após a revolução de 25 de Abril de 1974.

As nacionalizações e a reforma agrária

A Revolução de Abril provocou uma viragem à esquerda nas políticas do país. Uma das

consequências desta viragem foram as nacionalizações que se seguiram ao 25 de Abril e que

colocaram nas mãos do Estado muitas empresas portuguesas.

A Constituição Portuguesa de 1976 previa a expropriação de bens de grandes latifundiários e

empresários sem obrigatoriedade de indemnizações, ponto que foi alterado na revisão

constitucional de 1982.

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PERÍODO REVOLUCIONÁRIO

Afastados os principais responsáveis do regime, seguiu-se a libertação

dos presos políticos e o fim da censura sobre a imprensa. Regressaram a

Portugal inúmeros exilados políticos, entre os quais o dirigente comunista

Álvaro Cunhal e o socialista Mário Soares. No programa do MFA

apresentado ao país após o golpe, o mote dos «três D» (democratizar,

descolonizar e desenvolver) resumia as aspirações dos militares, a que

aderiram de imediato as forças políticas em constituição. Entretanto, os

oficiais generais Costa Gomes e António de Spínola haviam sido atraídos

O MFA entrava em compromisso com a hierarquia militar e desse

compromisso saia uma Junta de Salvação Nacional.

para o movimento.

onsumado o golpe, a sucessão vertiginosa dos acontecimentos mostrava que se estava a C

entrar num período propriamente revolucionário. Com efeito, os «três D» teriam leituras

diferentes por parte dos intervenientes no processo político, e essa divergência esteve na base

da intensa luta social e política que o país conheceu em seguida. Para além das querelas

entre os partidos políticos, foram complexas as lutas entre estes e os militares, e no interior das

várias facções do próprio MFA, que a partir de muito cedo desempenhou um papel político

autónomo. A Junta de Salvação Nacional, que concentrou o poder até Maio de 1974, perdeu

progressivamente capacidade de acção, o mesmo sucedendo com o general Spínola,

obrigado a afastar-se da presidência da república na sequência dos acontecimentos de 28 de

Setembro, em que estiveram presentes sobretudo divergências quanto ao ritmo e à forma de

fazer a descolonização.

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O PÓS 25 DE ABRIL

Descolonização

De facto, tomando como interlocutores os anteriores adversários

A pressa de resolver a s ssão internacional para a auto-

eforço do radicalismo de Esquerda

A partir de 1975, no entanto, passou a ser a situação interna do país

ambém os governos provisórios reflectiam esta orientação, sobretudo a partir da chegada a

vanço para o Socialismo

ar de viabilizarem as reivindicações democráticas contidas no

socialismo económico e social.

de armas e reconhecendo a sua legitimidade, os primeiros

governos provisórios aceleraram o ritmo da descolonização, facto

que veio a tornar-se uma das maiores polémicas da sociedade

portuguesa do pós-25 de Abril.

ação militar no terreno, a pre

itu

determinação das antigas colónias e a própria evolução dos acontecimentos em Portugal

ajudam a explicar uma entrega rápida dos territórios africanos: Guiné, Cabo Verde, São

Tomé e Príncipe, Moçambique e, finalmente, Angola tornavam-se independentes entre 1974

e 1975, e começava o regresso e a integração em Portugal de cerca de 500 000 retornados,

um dos mais importantes fenómenos sociais da nossa história.

R

que dominou a agenda dos protagonistas. O afastamento de Spínola,

substituído na presidência pelo general Costa Gomes, era paralelo ao

crescimento da influência do MFA, com alguns dos seus membros a

tomarem posições cada vez mais à esquerda.

T

primeiro-ministro de Vasco Gonçalves (III governo provisório). Num país em mudança

acelerada, que se abria ao exterior e se confrontava com o seu próprio atraso a nível interno,

a partir de 11 de Março (golpe «spinolista» com imediata resposta das forças afectas ao MFA)

reforçou-se a influência das posições revolucionárias mais radicais. O MFA institucionalizou-se

e dele nasceu o Conselho da Revolução, que passou a assumir funções de soberania.

A

A p

programa inicial – com a realização, a 25 de Abril de 1975, de

eleições livres para a Assembleia Constituinte -, os poderes civil e

militar em exercício nortearam-se cada vez mais por um

Dossier temático dirigido às escolas 16/219

Tal incluía transformaçõe

defendendo-se um papel d

omo o início da ocupação de terras nos

tifúndios alentejanos, foram as medidas mais polémicas dos governos gonçalvistas (com

olucionário, apesar da

rescente hegemonia dos comunistas, foi muito diversificada e complexa, não podendo ser

mocrática

depois do 25 de Novembro de 1975 e da contenção da ala

ais radical do Conselho da Revolução, tinham lugar as primeiras

Acabava-se o ciclo d

democrática. As dificuld icas e os problemas sociais iriam caracterizar a vida do

s estruturais no tecido económico e produtivo português,

irigente para o Estado.

A nacionalização da banca e dos seguros, assim c

la

especial destaque para o V Governo Provisório), com o apoio dos comunistas e da ala

esquerdista do MFA. Atravessava-se o célebre «Verão Quente de 75», em que as divergências

sobre as opções dos governos e do Conselho da Revolução acenderam mesmo o rastilho dos

atentados políticos, sobretudo no norte do país. Ao nível dos partidos, verificou-se também

uma crescente polarização em torno das opções económico-sociais, que passou a ter como

principais antagonistas o Partido Socialista (e os partidos à sua direita) e o Partido

Comunista, com a questão da unidade sindical no centro da discórdia.

No entanto, a movimentação social e sindical ao longo do período rev

c

reduzida à acção destes últimos. Tudo isto se reflectiu no acidentado processo que levou à

redacção da Constituição de 1976: consagrando os direitos democráticos e civis fundamentais,

o pluralismo político e a descentralização administrativa, ela estipulava o avanço para o

socialismo, o papel dirigente do estado na economia, a irreversibilidade das nacionalizações e

a reforma agrária.

Normalização de

Por fim,

m

eleições legislativas livres para a Assembleia da República (25 de

Abril de 1976), tendo saído vencedor o Partido Socialista, liderado por

Mário Soares, um dos protagonistas da oposição ao antigo regime

antes de 1974 e ao Partido Comunista durante os anos quentes da

revolução.

os governos provisórios e entrava-se numa via de normalização

ades económ

novo regime. Mas também a liberdade, tornando-se o 25 de Abril o seu símbolo por

excelência.

Dossier temático dirigido às escolas 17/219

PERSONAGENS E ALGUNS FACTOS

Os Oficiais de Abril

Nuno Manuel Guimarães Fisher Lopes Pires (n. 1930 - )

Nasceu em Santarém a 17 de Fevereiro de 1930. Oficial de

tinha, comandou o movimento

Tenente-Coronel de Engenharia.

engenharia, foi um dos membros da equipa que, na Pon

insurreccional. Era o militar do Exército de maior patente entre os presentes: tenente-coronel.

Durante o processo revolucionário de 1974/75 chegaria a ser graduado em General.

Componente do grupo que, sob a orientação do Major Melo Antunes, preparou a elaboração

do programa do Movimento das Forças Armadas. Elemento da equipa de comando das

operações, tendo sido autor de comunicados transmitidos pelo Rádio clube Português.

Adjunto do Chefe de Estado-maior do Exército. Membro da 2ª Junta de Salvação Nacional.

Conselheiro de Estado. Autoridade Nacional de Segurança NATO. Membro do Conselho dos

Vinte. Conselheiro da Revolução.

Melo Antunes (n. 1933 - m. 1999)

Capitão em 1961, passou a major em 1972. Co-autor e principal

redactor do programa do MFA, pertenceu à sua comissão

coordenadora depois de 25 de Abril de 1974. Foi várias vezes

ministro nos governos provisórios. Negociou a independência da

Guiné-Bissau e fez parte do Conselho dos Vinte, órgão do MFA

antes do período constitucional, do Conselho da Revolução, e do

Conselho de Estado. Notabilizou-se ainda por ter participado

activamente na elaboração do Programa de Acção Política e Económica (Dez. de 1974) e do

Documento dos Nove, conhecido como documento Melo Antunes.

Otelo Saraiva de Carvalho (n. 1936 -)

la de 1961 a 1963, capitão de novo em Angola de

1967 e também na Guiné entre 1970 e 1973, sendo um dos

Foi alferes em Ango

1965 a

principais dinamizadores do movimento de contestação ao Dec. Lei nº

353/73, que deu origem ao Movimento dos Capitães e ao MFA. Era o

responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do MFA

e foi ele quem dirigiu as operações do 25 de Abril, a partir do posto de

comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha.

Dossier temático dirigido às escolas 18/219

Graduado em brigadeiro, foi nomeado Comandante do COPCON e Comandante da região

militar de Lisboa a 13 de Julho de 1975. Fez parte do Conselho da Revolução quando este foi

ar julgamento em

criado em 14 de Março de 1975. Em Maio do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco

Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o IV e V Governos Provisórios.

Conotado com a ala mais radical do MFA, viria a ser preso em consequência dos

acontecimentos do 25 de Novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições

presidenciais de 1976. Volta a concorrer às eleições presidenciais de 1980.

Em 1985 foi preso na sequência do caso FP-25. Foi libertado cinco anos mais tarde, após ter

apresentado recurso da sentença condenatória, ficando a aguard

liberdade provisória. Em 1996 a Assembleia da República aprovou uma amnistia para os

presos do Caso FP-25.

Depoimento

No dia 25 de Abril não tinha a noção do que tínhamos acabado de fazer. Na semana

emia Militar para dar aulas.

lvaro Cunhal.

nº 1381, HISTÓRIAS DO PREC, Sábado 17 de Abril de 1999.

seguinte apresentei-me na Acad

Spínola viu no MFA uma alavanca de apoio importante para, finalmente, atingir a

Presidência da República. Tinha batalhado anos por isso.

É falso que o 16 de Março tenha sido uma jogada de antecipação dos spinolistas. Não tenho

dúvida nenhuma porque estive na sua génese.

Marcello Caetano terá deixado o MFA avançar demasiadamente, à espera de conseguir

conciliar e resolver a situação.

O meu afastamento da vida político-partidária na clandestinidade era tão grande que eu

nunca tinha ouvido falar de Á

In: CARVALHO, Otelo Saraiva de, EXPRESSO REVISTA

Carlos Fabião (n. 1930 - m. 2006)

scola do Exército em 1950. No dia 25 de Abril de 1974

ra tenente-coronel e prestava serviço no D.R.M. de Braga, para onde

Salvação Nacional (e

integrar a estrutura i

Ingressou na E

e

tinha sido transferido na sequência da denúncia de um golpe de

Estado, que fez no IAEM (Pedrouços) em 17 de Dezembro de 73.

Membro activo do Movimento dos Capitães. Foi nomeado governador

da Guiné, cargo que exerceu até 15 de Outubro de 74. Na sequência

dos acontecimentos do 28 de Setembro foi nomeado para a Junta de

por inerência para o Conselho de Estado). Em fins de 74 passou a

nformal do Conselho dos Vinte e a partir de 14 de Março de 75 o

Dossier temático dirigido às escolas 19/219

Conselho da Revolução, sempre por inerência das funções que desempenhou. Passou à

Reserva em Dezembro de 1993, no posto de tenente-coronel.

Fernando Salgueiro Maia (n. 1944 - m. 1992)

No dia 1 de Julho de 1944 nasce, em Castelo de Vide, Fernando José

Salgueiro Maia, o principal protagonista da Revolução dos Cravos.

Licenciado em Ciências Sociais e Políticas e em Ciências Etnológicas e

Antropológicas, ingressou na Academia Militar, em Lisboa, em 1964 e,

dois anos mais tarde, na Escola Prática de Cavalaria (EPC) de

Santarém. Combateu na Guerra Colonial em Moçambique, já com a

patente de capitão.

Como tenente-coronel de cavalaria, foi um dos membros mais activos do MFA (Movimento

das Forças Armadas), vel pela tomada do Terreiro do Paço e pela tendo sido o responsá

rendição de Marcello Caetano a 25 de Abril de 1974. Vindo de Santarém, com 240 homens e

dez carros de combate, derrubou o poder em cerca de 12 horas.

Apesar de ter sido membro da Assembleia do MFA durante os governos provisórios, o

“capitão de Abril” nunca aceitou qualquer cargo político no pós-25 de Abril.

Depoimento

"A marcha para o Carmo foi extraordinária pelo apoio popular que agregou, que contribuiu

para que o Carmo perdesse a vontade de resistir. Nunca tinha visto o povo a

foi criado com um objectivo e deixou de existir quando o alcançou."

25 DE ABRIL,

otícias Editorial/ Diário de Notícias, Lisboa, 1997, pp. 94 e 100.

40 - )

bastante

manifestar-se assim. No Carmo, ao chegar houve desde senhoras a abrir portas e janelas até

ao simples espectador que enrouquecia a cantar o Hino Nacional. O ambiente que lá se

viveu foi de tal maneira belo que depois dele nada mais digno pode acontecer na vida de

uma pessoa.

... o MFA é um Estado de espírito, por isso nunca pretendeu a institucionalização ou a sua

continuação;

In: MAIA, Fernando Salgueiro, CAPITÃO DE ABRIL, HISTÓRIAS DA GUERRA DO ULTRAMAR E DO

N

José Eduardo Fernandes de Sanches Osório (n. 19

sé Eduardo Fernandes de Sanches Osório nasceu em Lisboa a 2 de Dezembro de 1940 e foi

e seis oficiais do MFA que ocupou

Jo

participante muito activo na Revolução. Integrou o grupo d

o posto de comando na Pontinha, sendo major à data. Formado em Engenharia Militar foi

posteriormente director-geral da Informação e Ministro da Comunicação Social.

Dossier temático dirigido às escolas 20/219

Amadeu Garcia dos Santos (n. 1936 - )

Amadeu Garcia dos Santos nasceu em Lisboa em 1936, major,

constituiu com Otelo os cérebros operacionais da revolta. A partir

ítor Manuel Trigueiros Crespo (n. 1932 - )

de 24 de Abril de 1974 integrou o posto de comando do MFA. Era

professor catedrático da Academia Militar e desempenhou o cargo

de Secretário de Estado das obras públicas do I Governo Provisório

de Vasco Gonçalves.

V

iros Crespo é natural de Porto de Mós onde

nasceu em 1932. Prestigioso comandante da Armada, foi o único

Eurico Corvado (n. 1940

Vítor Manuel Trigue

dos que comandavam na Pontinha que não integrava o posto de

comando. A Armada encontrava-se bem representada neste

ponto-chave. Foi alto-comissário em Moçambique até à

descolonização, Ministro da Cooperação e membro do Conselho da

Revolução.

- )

Nascido em Moncorvo foi, aos 35 anos, juntamente com Carlos Azeredo, o homem mais

as da revolta no Porto e na região Norte do país. Major da importante na acção das trop

Artilharia assumiu o comando das operações do MFA na madrugada de 25 de Abril. Foi ele o

primeiro a alertar a população para a existência da contra-revolução.

José Manuel Costa Neves (n. 1940 - )

Nasceu nas Caldas da Rainha em Outubro de 1940 e foi um dos grandes vultos do MFA. Foi

dou os militares que viriam a ocupar o Rádio Clube este engenheiro aeronáutico que coman

Português que se transformou numa emissora de comando do MFA. Era a ele que estava

destinada a leitura dos comunicados do movimento, mas acabou por não ser necessário pois

Joaquim Furtado aderiu rapidamente à Revolução.

José Inácio Costa Martins (n. 1938 - )

Capitão piloto nascido em Messines, Silves, em 1938, foi crucial no comando das forças que

ortela (Lisboa) e o Aeródromo Base nº1 de Lisboa. tomaram de assalto o Aeroporto da P

António Spínola convidou-o, a 31 de Maio de 1974, a desempenhar as funções de membro do

Conselho de Estado, tendo mesmo chegado a Ministro do Trabalho nos Governos seguintes.

Dossier temático dirigido às escolas 21/219

Vasco Correia Lourenço (n. 1942 - )

Natural da Lousã, Castelo Branco, onde nasceu a 19 de Junho de 1942, integrou a Comissão

estaque do Movimento dos capitães. Foi Governador

ando rebentou a

Coordenadora do MFA e é figura de d

Militar de Lisboa e Comandante da Região Militar de Lisboa de 1975 a 1978.

Descoberto como um dos conspiradores contra o regime, enfrentou a prisão de 10 a 15 de

Março de 1974 na Trafaria, seguindo daí para os Açores onde permanecia qu

rebelião de 25 de Abril.

Amadeu Garcia dos Santos (n. 1935 - )

enente-Coronel de Transmissões. Nasceu em 13 de Agosto de 1935. Promotor das redes

e Comando. Autor do anexo de Transmissões à

ugo Manuel Rodrigues Santos (n. 1933 - )

T

telefónicas e rádio que serviam o posto d

Ordem de Operações da Revolução de 25 de Abril. Elemento da equipa de comando das

operações. Organizador do sistema de Transmissões que serviu o Posto de Comando na

contenção do movimento de 25 de Novembro. Chefe da casa Militar do Presidente da

República, General Ramalho Eanes. Chefe do Estado-maior do Exército (Janeiro de 1981 a

Novembro de 1983). Conselheiro da Revolução.

H

ajor de Infantaria. Nasceu em 17 de Julho de 1933. Componente da 1ª Comissão eleita para

o após a saída do decreto-lei nº 353/73. Eleito

uís Ernesto Ferreira de Macedo (n. 1947 - )

M

estabelecer contactos com o Ministro do Exércit

membro da Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães. Componente do grupo

que, sob orientação do Major Melo Antunes, preparou a elaboração do Programa do

Movimento das Forças Armadas. Elemento da Equipa de comando das operações. Adjunto

do chefe do Estado-maior do Exército. Adido Militar na Roménia.

L

apitão de Engenharia. Nasceu em 29 de Setembro de 1947. Membro da Comissão

ionador da instalação do Posto de Comando.

C

Coordenadora do Movimento dos Capitães. Acc

Organizador da defesa do Regimento de Engenharia n.º 1. Face à evolução favorável dos

acontecimentos, foi integrado na equipa de comando das operações, tendo também

desempenhado missões no exterior. Secretário do Primeiro-ministro nos 2º e 3º Governos

Provisórios. Membro do Conselho dos Vinte. Conselheiro de Estado. Conselheiro da Revolução.

Dossier temático dirigido às escolas 22/219

OUTRAS PERSONAGENS

Outras Personagens

Humberto Delgado (n. 1906 - m. 1965)

teve uma carreira militar brilhante. Foi aliciado

ara a conspiração contra a República a partir do núcleo de

típicos jovens tenent

sacrifícios para não re

Humberto Delgado

p

implicados no 18 de Abril, que estava preso em Elvas. As simpatias de

Delgado foram para o grupo mais forte e mais conservador dos

conspiradores. Em Maio de 1926, enquanto aluno-piloto em Sintra,

conseguiu que a Escola Prática de Infantaria de Mafra aderisse ao 28

de Maio. Durante a ditadura Militar, Humberto Delgado foi um dos

es, que apoia o mais forte núcleo dos militares, disposto a todos os

gressar à República. A grande viragem na vida de Delgado dá-se em

fins de 1941, quando Santos Costa o chama para lhe entregar uma missão secreta em

Inglaterra: recolher vários dados que permitam a construção de uma base aérea nos Açores.

Descobre então que uma democracia pode ser eficiente. A partir de 1944 confirma esta ideia

com os EUA, pois é nomeado director do Secretariado de Aeronáutica Civil, o que o leva

frequentes vezes aos Estados Unidos. .Em 1952, Delgado é aprovado com a classificação

máxima de Alto-Comando para General. É então nomeado adido militar e do Ar em

Washington e representante de Portugal da NATO. Passa a viver nos Estados Unidos durante

cinco anos. Regressa a Lisboa em 1957, sendo já considerado politicamente perigoso, uma vez

que as suas experiências na NATO e o facto de ter vivido nos EUA mudaram o seu modo de

pensar. Aproxima-se pouco a pouco dos liberais e é convidado para se candidatar à

Presidência. Aos olhos da população, Delgado surgiu como o homem que tinha o apoio dos

EUA e de uma parte das Forças Armadas, ou seja, que tinha as condições necessárias para

derrubar Salazar. A princípio teve grandes apoios, mas depois todos lhe foram negados. No

entanto não tardou a ter o apoio oficial de todos os grupos da oposição. Surgiram grandes

revoltas no Porto e em Lisboa. Mas apesar do largo apoio da população, Delgado não

conseguiu ganhar as eleições, dado que os resultados eleitorais foram manipulados em favor

do regime. Passadas as eleições, tornou-se um homem isolado e incómodo para praticamente

todas as forças políticas que o apoiaram e também para os americanos. O seu desprezo pela

mentalidade e métodos portugueses impediu que criasse uma organização própria estável,

enquanto a falta de um forte grupo liberal o obrigou a colaborar minimamente com o PCP.

O regime procurou inicialmente neutralizar o "general sem medo" de forma discreta.

Humberto Delgado exilou-se no Brasil , tornando-se um homem amargurado e desiludido,

não só com o regime, mas também com os militares, a oposição e a mentalidade portuguesa.

Dossier temático dirigido às escolas 23/219

Após ter viajado por Argélia, Itália e França, foi assassinado às mãos do regime, perto de

Badajoz.

Américo Tomás (n. 1894 - m. 1987)

nte e Presidente da República Portuguesa (1958-1974),

eposto pela revolução de 25 de Abril de 1974. Era ministro

ntónio de Oliveira Salazar (n. 1889 - m. 1970)

Almira

d

da Marinha quando Salazar o propôs para disputar as

eleições contra o General Humberto Delgado, candidato da

oposição política democrática, vencido com recurso à fraude.

Depois do 25 de Abril de 1974 esteve exilado no Brasil, tendo

regressado em 1979. Publicou as suas memórias com o título

de As duas últimas décadas de Portugal.

A

ta Comba Dão (Viseu), frequentou o

eminário, mas abandonou a carreira religiosa para se matricular

se mostrava incapaz de r

Salazar surge como u a

Político nascido em San

S

na Faculdade de Direito de Coimbra em 1910. Foi professor da

Universidade de Coimbra de 1917 a 1926. Aceita o cargo de Ministro

das Finanças, no governo saído do golpe militar de 28 de Maio de

1926 que derrubou a I República, lugar que ocupa por brevíssimos

13 dias. Regressando a Coimbra, retoma o seu lugar de professor

catedrático, mas em breve voltará a ser chamado ao Governo que

esolver a grave crise financeira em que o país se encontrava. Assim,

espécie de salvador providencial. Aceita o cargo mas impõe as suas

condições. Rapidamente controla não apenas as finanças mas a política do Governo. Em 1932

assume o cargo de Presidente do Conselho, lugar em que se manteve até a doença o

incapacitar em 6/9/1968, altura em que Marcelo Caetano assume as funções governativas.

Originário de uma família camponesa pobre e de rígida formação católica, revelou-se

extremamente conservador, retrógrado e ditador em política. Reprimiu ferozmente todas as

formas de oposição ou de liberalização e não cedeu à pressão dos movimentos de libertação

das colónias nem das Nações Unidas no sentido de Portugal adoptar um comportamento

que acompanhasse e evolução política mundial, pondo fim ao seu império colonial.

m

Dossier temático dirigido às escolas 24/219

Marcelo Caetano (n. 1906 - m. 1980)

Político de formação ultra conservadora, influenciada pela

gralista que o precedeu, foi catedrático da

Faculdade de Direito de Lisboa e, designadamente a partir

geração inte

de 1940, enveredou pela carreira política, exercendo os mais

altos cargos sob o regime ditatorial salazarista: comissário

nacional da Mocidade Portuguesa, ministro das Colónias e

presidente da Câmara Corporativa. Em 1968 devido a

doença súbita de Salazar, ocupou o cargo de ministro da

Presidência do Conselho até à revolução de 25 de Abril de

1974. Deixou vasta obra publicada, não só no âmbito do

direito administrativo e corporativo, como no da

investigação histórica. Morreu exilado no Brasil em 1980.

Luís Cesariny Calafate (n. 1 5 91 - m. 1996)

Tenente-coronel, político, professor, orador, escritor, jornalista e

concursista hípico.

Terminou os cursos de Cavalaria da Escola Militar em 1938 e

para promoção a oficial superior em 1957.

Recebeu condecora s çõe e louvores mas as únicas medalhas que

usava na farda eram as de “Coragem, Abnegação e

Humanidade” ganhas por vários salvamentos de vidas no mar.

Foi um lutador consequente pelos ideais da liberdade, pelos

quais pagou com o asilo politico na Embaixada da Venezuela, o

exílio na Venezuela e Brasil, com a prisão e com a destruição da carreira, por ter participado

activamente no Movimento Militar Independente de 11 de Março de 1959, também conhecido

por REVOLTA da SÉ, integrando a Junta Militar que chefiava o movimento.

No exílio juntou-se a outros exilados políticos e colaborou com Humberto Delgado e

Henrique Galvão. Fez parte da Junta Patriótica Portuguesa em Caracas.

Julgado à revelia, foi condenado a 21 de Dezembro de 1960 a 22 meses de prisão e 5 anos de

suspensão de direitos políticos, sendo a pena suspensa por 5 anos. Nunca abdicou da luta pela

liberdade, tendo mesmo exigido que ficasse na acta de um dos seus julgamentos que jamais

repudiaria os ideais democráticos.

O seu livro “A Liberdade Tem Um Preço” integra bibliografias aconselhadas pelos

Departamentos de História de algumas Universidades do País.

Dossier temático dirigido às escolas 25/219

Luís Cesariny Calafate viveu a vida com simplicidade e verdadeiro espírito de missão, o que o

levou sempre a fazer aquilo que a consciência lhe impunha, desprezando riscos, privilégios e

interesses pessoais. (L.A. Calafate).

Francisco Sousa Tavares (n. 1920 - m. 1993)

Advogado, jornalista e político. Monárquico democrata, foi um

activo opositor ao regime salazarista. Foi um dos contactos civis dos

tentaram contra o regime naquela que ficou

conhecida como Revolta da Sé. No dia 25 de Abril de 1974 o país

rendição de Marcelo Ca

Socialista e mais tarde p

da Qualidade de Vida

poetisa Sophia de M lo

militares que em 1959 in

conheceu-o através de imagens que ficaram célebres: do alto de

uma guarita e através de um megafone foi primeiro político a falar

à população que no Largo do Carmo, acompanhando as

operações militares comandadas por Salgueiro Maia, aguardava a

etano. Depois da revolução de 25 de Abril foi deputado pelo Partido

elo Partido Social-democrata. Em 1983, ocupou o cargo de Ministro

no IX Governo Constitucional do Bloco Central. Foi casado com a

Breyner. el

Álvaro Cunhal (n. 1913 - m. 2005)

Destacado dirigente comunista, formou-se em direito pela

Universidade de Lisboa em 1935 e no mesmo ano foi eleito

secretário-geral da Juventude Comunista. Em 1949-51 promoveu

a reorganização do PCP e em 1961 foi eleito seu secretário-geral

cargo em que se manteve até 1992, quando foi substituído por

Carlos Carvalhas. Grande parte da sua vida decorreu nas

prisões, na clandestinidade e no exílio. Depois de 25 de Abril de

1974 regressou a Portugal e foi ministro sem pasta nos primeiros

governos provisórios. Líder incontestado e carismático, exerceu

forte influência na política e nos movimentos sociais que demarcam o seu percurso. Foi

membro do Conselho de Estado desde 1982. Faleceu no dia 13 de Junho de 2005.

Dossier temático dirigido às escolas 26/219

Henrique Galvão (n. 1895 - m. 1971)

Militar, político e escritor, com obra apreciável sobretudo de

temas africanos. Depois de ter sido adepto fervoroso da

salazarista aderiu à oposição democrática e

lebrizou-se pela "Operação Dulcineia" – assalto e ocupação

Morreu exilado no Brasil.

ditadura

ce

do paquete Santa Maria (1961) - como forma de protesto

contra a falta de liberdade cívica e política em Portugal.

Botelho Moniz - (n. 1900 - m. 1970)

Militar tido como protegido de Santo

s Costa, ministro do governo de

Salazar. Foi observador do Exército Português na frente leste da II

ial. Ministro do Interior e chefe do Estado -Maior -

General das Forças Armadas e posteriormente Ministro da Defesa,

mudança de orientação

colonialista do governo Norte- p

demasiada ingenuidade

Salazar.

Guerra Mund

cargo em que viria a substituir o já citado Santos Costa. Em Abril de

1961 protagonizou, juntamente com Craveiro Lopes e outras

personalidades, um golpe de estado palaciano que, segundo alguns

historiadores, contava com o apoio dos E.U.A. interessados na

da política portuguesa, na linha de uma nova política anti

americano. Esta tentativa gol ista só falhou devido a

e inabilidade dos seus protagonistas e à pronta intervenção de

José Dias Coelho (n. 1923 - m. 1961)

Ainda muito jovem, José Dias Coelho aderiu à Frente Académica

Antifascista, e mais tarde, já aluno da escola de Belas Artes de Lisboa, fez

enil, tendo participado em várias lutas estudantis em

47. Foi um dos dirigentes das lutas dos estudantes de Belas Artes pela

em qualquer outra facul

técnico. Aderiu ao

assassinado pela PID

parte do MUD juv

19

criação da Associação Académica e das lutas em defesa da paz e contra

a reunião do Pacto do Atlântico em Lisboa em 1952. Em consequência

disso foi expulso da Escola Superior de Belas Artes, proibido de ingressar

dade do país e foi demitido do seu lugar de professor do ensino

PCP com vinte e poucos anos. Era funcionário clandestino quando foi

E, em 19 de Dezembro de 1961, na rua dos Lusíadas, em Lisboa.

Dossier temático dirigido às escolas 27/219

Hermínio da Palma Inácio (n. 1922 -)

Mecânico da Aeronáutica civil, destacado militante e fundador da

LUAR, protagonizou algumas arrojadas operações de sabotagem

salazarista; foi um dos principais intervenientes no

ssalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz em 1974. Foi

conferida por alegada

portuguesa.

contra o regime

a

libertado da prisão de Caxias em 25-4-74. Militante do PS no pós 25

de Abril, foi indicado pelo Presidente Mário Soares, em 1995, para

receber a Ordem da Liberdade, ordem que não viria a ser-lhe

s pressões exercidas por sectores mais conservadores da sociedade

Francisco Sá Carne o ir (n. 1934 - m. 1980)

Advogado na comarca do Porto, foi deputado independente

na Ala Liberal durante o regime de Marcelo Caetano (1969-

1973). Depois do 25 de Abril de 1974, fundou o Partido Popular

Democrático (PPD), tornando-se seu presidente. Participou no I

Governo Provisório em Maio e Junho de 1974 como ministro sem

pasta. Enquanto dirigente do Partido Social-democrata (nova

designação do PPD), aliou-se ao Centro Democrático Social

(CDS) e ao Partido Popular Monárquico (PPM) criando a

Aliança Democrática (AD) em 1979, a qual, ao vencer as eleições, o tornou primeiro-ministro.

Nas eleições gerais de 1980 obteve a maioria absoluta. Faleceu num acidente de aviação nas

vésperas das eleições pres enid ciais em 4.12.80.

António de Spínola (n. 1910 - m. 1996)

Militar e Polític

o. Desportista hípico premiado até 1961.

Actividade militar apreciada na guerra colonial de Angola (1961-

1963). Na Guiné-Bissau, experimenta uma orientação inovadora

como comandante-chefe e governador (1968-1973) : notabilizou-

se aqui pela política de tentativa de integração social que

empreendeu. Como vice-chefe do Estado-maior General das

Forças Armadas (1974), foi exonerado devido à publicação do

livro Portugal e o Futuro, em que punha em causa a política

colonial do governo de Marcelo Caetano. Após o golpe militar de

25 de Abril de 1974, a Junta de Salvação Nacional elegeu-o para

Dossier temático dirigido às escolas 28/219

presidente da República (1974), tendo-se demitido em Setembro desse ano. Envolveu-se na

conjura militar de 11/3/1975. Foi promovido, mais tarde, a marechal do Exército. Em

Dezembro de 1981 é nomeado chanceler das Antigas Ordens Militares.

Adelino Palma Carlos (n. 1905 - m. 1992)

Adelino da Palma Carlos: Primeiro-Ministro do I Governo Provisório

de a Julho de 1974). Foi a este prestigiado

dvogado de ideias liberais que Spínola recorreu para chefiar o

representada no seio d

principal apoio ins u

procurou o Presidente

(de 17 de Maio a 18

a

primeiro governo saído da revolução de 1974. Com ligações a

importantes grupos económicos e insuspeito de simpatias esquerdistas,

tinha o perfil necessário para garantir a respeitabilidade do novo

governo nos meios conservadores e internacionais. Mas, numa

conjuntura política em que a balança da relação de forças se

inclinava decididamente para a esquerda, aliás fortemente

o governo, a sua tarefa não seria fácil. Tanto mais que Spínola, seu

cional, experimentava dificuldades crescentes junto do MFA. Em vão

da República criar uma forte corrente nacional e militar que reforçasse

a sua posição política, através de deslocações pelo País e apelos ao "bom povo português". O

próprio Conselho de Estado viria a recusar as suas propostas de concentração do poder nas

instâncias presidencial e governamental através de um referendo constitucional. Em

consequência disto, Palma Carlos pedirá a sua demissão.

tit

Vasco Gonçalves (n. 1922 - m. 2005)

Militar. Surgiu no Movimento dos Capitães em Dezembro de 1973,

argada da sua comissão coordenadora efectuada

a Costa da Caparica. Coronel de engenharia viria a integrar a

acontecimentos de 25 de N

numa reunião al

n

Comissão de Redacção do Programa do Movimento das Forças

Armadas. Passou a ser o elemento de ligação com Costa Gomes.

Elemento da Comissão Coordenadora do MFA, foi, mais tarde,

primeiro-ministro de sucessivos governos provisórios (II a V). Tido

geralmente como pertencente ao grupo dos militares próximos do

PCP, perdeu toda a sua influência na sequência dos

ovembro de 1975.

Dossier temático dirigido às escolas 29/219

Pinheiro de Azevedo (n. 1917 - m. 1983)

Nasceu em Luanda a 5 de Junho de 1917 e ingressou na Escola

34. Entre Fevereiro de 1968 e Agosto de 1971 foi

adido naval na Embaixada Portuguesa em Londres. Membro

Mário Soares (n. 1924 -)

Naval em 19

da Junta de Salvação Nacional, seria promovido a Almirante

e escolhido para chefe do Estado-Maior da Armada, de que

foi exonerado em Janeiro de 1976. A 29 de Agosto de 75, é

designado primeiro-ministro do VI Governo Provisório.

Candidata-se às eleições presidenciais de 1976 e, um ano

depois, presidirá ao Partido da Democracia Cristã, onde se

manteve até 1977. José Baptista Pinheiro de Azevedo faleceria

a 10 de Agosto de 1983.

Estadista nascido em Lisboa. Enquanto jovem participou em

acções de resistência contra o regime de Salazar e Caetano, tendo

nhecido as prisões e o exílio. Participou activamente no

dos Negócios Estrangeiros em 1975. Quebrando

como a principal figura da

coligação PS-PSD, que n

co

Movimento de Unidade Democrática (MUD), na campanha do

general Humberto Delgado e nas eleições parlamentares de 1969.

Em 1973 foi um dos fundadores do PS e veio a ser seu líder

incontestado depois do 25 de Abril. Nessa qualidade chefiará os

primeiro e segundo governos constitucionais, após ter sido Ministro

um hiato de cinco anos em que se assumiu

oposição, regressou em 1983 ao poder, dirigindo um governo de

ão resistiu às mudanças internas verificadas no segundo destes

parceiros. É eleito Presidente da República na segunda volta das eleições presidenciais de

1986. Será reeleito presidente em 1991 para um mandato que terminou em 1996. Foi

presidente da Comissão Mundial dos Oceanos, encarregada de redigir e apresentar até 1999

um relatório sobre os Oceanos. Regressou à vida política activa para se candidatar, pela

terceira vez, à Presidência da República, nas eleições de Janeiro de 2006.

Dossier temático dirigido às escolas 30/219

O SISTEMA POLITICO PORTUGUES

A 5 de Outubro de 1910, na sequência de um movimento militar iniciado na véspera, é

proclamada a República de Portugal e constituído um governo provisório, presidido por

Teófilo Braga.

O movimento republicano tinha já vindo a manifestar-se, de uma forma minimamente

organizada, desde a década de 70 do século anterior; consumava-se agora o fim do poder

da única instituição que, por não ser eleita pelos cidadãos, era alheia ao princípio político da

soberania nacional: o Rei.

Expressão actualizada da ideologia demo-liberal que caracterizara os momentos mais

radicais da monarquia constitucional, a República reforçou o parlamentarismo e a afirmação

dos direitos, liberdades e garantias individuais; o poder republicano consagrou os princípios

constitucionais do novo regime num texto elaborado por uma Assembleia Nacional eleita no

ano seguinte - a Constituição de 1911.

Não se esgotando, contudo, na substituição do Monarca hereditário pelo Presidente eleito, o

republicanismo levou a cabo um programa de laicização do poder e de completa separação

do Estado das Igrejas. Mas não conseguiu dar resposta política aos crescentes problemas

levantados pela chamada questão social, que tinha estado inscrita no ideário republicano.

As sequelas da I Guerra Mundial acentuaram a crise do parlamentarismo da Primeira

República, que sucumbiu a um golpe militar levado a cabo em 1926. Na sua sequência, viria

a estabelecer-se em Portugal o regime que ficou conhecido por Estado Novo.

Partido Comunista Português

“Fundado em 1921 com raízes na Federação Maximalista Portuguesa, o PCP manteve-se fiel

ao longo da sua existência aos princípios e à prática do marxismo-leninismo, na linha da

Revolução russa de 1917 e da experiência soviética que se lhe seguiu. Entre 1926 e 1974 foi

Dossier temático dirigido às escolas 31/219

perseguido e forçado à clandestinidade, primeiro sob a liderança de Bento Gonçalves,

emergindo desde os anos 40 a presença de Álvaro Cunhal, grande reorganizador do partido .

É de destacar, ainda, a influência de dirigentes como José Gregório e Júlio Fogaça. Sobretudo

a partir de 1944, foi muito nítida a marca do PCP na estratégia da oposição democrática -

desde o Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF) e do MUD ao MDP/CDE (de

1969 e de 1973). Depois de 1974, e sem esquecer que as eleições de 1973 tinham sido

disputadas pela oposição sob um signo de um acordo celebrado entre os comunistas e o

recém-constituído Partido Socialista, o PCP participou nos seis governos provisórios e foi a

terceira força mais votada nas eleições para a Assembleia Constituinte. Ao longo do processo

revolucionário, cobriu ou favoreceu alguns dos excessos radicais e chegou a manifestar, pela

boca de alguns dos seus dirigentes, reservas quanto ao modelo de democracia representativa

e pluralista, que viria a ser consagrado na Constituição. A sua acção política tem-se

desenvolvido sobretudo a nível autárquico, na Assembleia da República, no movimento

sindical - com fortes e estreitos elos relativamente à Confederação Geral dos Trabalhadores

Portugueses - Intersindical (CGTP-IN) e, até aos anos 80, na Zona de Intervenção da

Reforma Agrária. Desde 1977, tem integrado diversas coligações eleitorais: Frente Eleitoral

Povo Unido (FEPU-1977), Aliança do Povo Unido (APU-1978) e presentemente a Coligação

Democrática Unitária (CDU), formada em 1987 e constituída pelo PCP, pelo Partido

Ecologista Os Verdes e por elementos da Associação Intervenção Democrática. Em 1992,

Cunhal deixou o cargo de Secretário-Geral do Partido cedendo-o a Carlos Carvalhas". Em

2004 Jerónimo de Sousa assume as funções de secretário-geral do partido.

Partido Socialista

“A fundação do primeiro Partido Socialista

Operário Português (PSOP

) remonta a 1875,

sob proposta de Azedo Gneco, que contou

com o apoio de José Fontana, Antero de

Quental e Nobre da França, entre outros. Em

virtude da incipiente industrialização do País

e da crescente influência do Partido

Republicano Português nas duas últimas

décadas do século XIX junto da pequena e média burguesia e do proletariado urbanos, os

primeiros socialistas tiveram uma influência limitada na sociedade portuguesa quer no fim

do século passado quer no início deste. Desde cedo, porém, foram mantidas relações estreitas

com o movimento socialista internacional. Depois da implantação da Ditadura Militar, em

1926, o partido perdeu, porém, a sua organização - apesar de se manter activo até 1933,

data em que se realizou em Coimbra a sua IV Conferência. Em 1942, surge o Núcleo de

Doutrinação e Acção Socialista (NDAS) e, dois anos depois, é criada a União Socialista (US).

Dossier temático dirigido às escolas 32/219

Em 1945 o núcleo fundamental que funda o Movimento da Unidade Democrática (MUD) é

constituído por socialistas. E em 1 de Maio de 1947, António Sérgio profere a “Alocução aos

Socialistas”, onde apela à acção política em prol da democracia; em 1953 é constituída a

Resistência Republicana e Socialista e em 1961 é publicado o “Programa para a

Democratização da Republica”, que pretende corporizar um movimento político capaz de

mobilizar os cidadãos para a tarefa de pôr termo a Ditadura. Em 1964, Mário Soares, Tito de

Morais e Francisco Ramos da Costa criam a Acção Socialista Portuguesa (ASP), que

desenvolve acções de sensibilização cívica e de propaganda política e social no País e no

Estrangeiro. Em Março de 1968 Mário Soares é deportado para S. Tomé por decisão do

Governo de Salazar, o que pretende ser um duro golpe na oposição democrática, de onde

regressará em Novembro do mesmo ano, já por decisão de Marcelo Caetano, que assumira

entretanto a chefia do Governo. Nas eleições de 1969, a ASP promove Listas de Comissão

Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD) em Lisboa, no Porto e em Braga, com fracos

resultados. Em 1970 Mário Soares é, contudo, forçado a exilar-se no estrangeiro. Em Abril de

1973 a ASP transforma-se no Partido Socialista no Congresso de Bad-Munstereifel e os seus

membros concorrem às eleições desse ano ao lado dos comunistas e independentes. Após a

Revolução de 25 de Abril de 1974, o PS, sob a liderança de Mário Soares, participa em cinco

dos seis governos provisórios, sendo o partido mais votado nas eleições para a Assembleia

Constituinte (1975), na qual dispôs de uma influente maioria relativa. Volta a obter o

primeiro lugar nas eleições de 1976. Em 1974 e 1975, durante a Revolução, demarca-se

claramente do PCP, quer a propósito da “unidade sindical”, ponto em que se destacou

Salgado Zenha, ao denunciar a hegemonização dos movimentos dos trabalhadores pelo

PCP, quer a propósito da intransigente defesa do pluralismo e das liberdades fundamentais,

em contraponto ao projecto nacional-militar do MFA. Em 1976, o PS apoiou a candidatura

do General Ramalho Eanes à Presidência da República - que viria a sair vencedora - e em

1980 viabilizaria a recandidatura - então com a demarcação pessoal de Mário Soares, por

discordância com a orientação política do candidato. O líder socialista (Mário Soares) foi

primeiro-ministro em três períodos (1976-1977, governo minoritário, apenas com o apoio do

PS; 1978, maioritário com o apoio do CDS; 1983-1985, maioritário, baseado num acordo PS-

PSD). Nas eleições de Outubro de 1985 sofreu um duro revés, baixando a sua votação para

20%, em virtude dos efeitos da política de austeridade posta em prática pelo governo do

Bloco Central e do surgimento de um novo partido - o PRD. Em Fevereiro de 1986, o líder

histórico do partido, Mário Soares, viria, porém, a ser eleito presidente da República, numa

renhida disputa, batendo na segunda volta, com o voto de toda a esquerda, o candidato

Diogo Freitas do Amaral, apoiado pelo PSD e pelo CDS. Como secretário-geral do PS, Víctor

Constâncio sucedeu a Soares em 1986, vindo a renunciar ao cargo em Outubro de 1988.

Sucedeu-lhe Jorge Sampaio, sufragado no Congresso de Janeiro de 1989 - que viria a ser

eleito nesse ano Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Em 1991, Mário Soares é reeleito

Dossier temático dirigido às escolas 33/219

presidente da República, com cerca de 70% dos votos, mas em Outubro, o PS obtém nas

legislativas um resultado aquém das expectativas, o que conduzirá à eleição de um novo

secretário-geral do partido no início de 1992- António Guterres que chegaria ao poder, nas

Legislativas de Outubro de 1995." Devido a maus resultados nas eleições autárquicas,

Guterres abandona a liderança e é substituído por Ferro Rodrigues, o qual, por sua vez, vem

a mais tarde a ser substituído por José Sócrates, actual líder do PS e Primeiro-ministro.

Maioria Silenciosa

Designação pela qual ficou conhecida a tentativa de influência mais activa na vida política

de alguns sectores conservadores da sociedade portuguesa civil e militar, e que, em Setembro

de 1974, a partir da organização de uma manifestação de apoio ao então Presidente da

República General Spínola, visava o reforço de posição política deste militar.

Manifesto dos 118

Documento subscrito por 118 opositores ao regime em que apelo ao restabelecimento das

liberdades democráticas.

ovimento dos capitães

M

Movimento surgido em Agosto de 1973 no seio das Forças Armadas e protagonizado pelos

oficiais intermédios e subalternos que visava inicialmente a mera satisfação de reivindicações

de carácter corporativo. Em breve se transformou num movimento de clara contestação

política que culminou com o derrube do regime em 25 de Abril de 1974.

Legião Portuguesa

Fundada por proposta de J. Botelho Moniz, por Decreto-Lei de 30-9-1936, que estabelece na

base I "O Governo reconhece a Legião Portuguesa, formação patriótica de voluntários

destinada a organizar a resistência moral da Nação e cooperar na sua defesa contra os

inimigos da Pátria e da ordem social."

"Nós estamos sempre e em toda a parte. Estamos sempre na vigilância, na contradita, na

acção Estamos em toda a parte: nos cafés, nos teatros, nos serviços públicos ou particulares,

nos comboios, nas serras, nos campos, nas cidades nas praças e nas ruas..."

Salazar.Discursos III, 20/21. Alocução aos legionários

Dossier temático dirigido às escolas 34/219

Conselho de Revolução

Criado pela lei 5/75 14 de Março, o Conselho de Revolução foi instituído sob a presidência do

Presidente da República, visando atingir o mais rapidamente possível os objectivos constantes

do Programa do MFA e garantir ao povo português a segurança, a confiança e a

tranquilidade que lhe permitiam continuar com determinação a reconstrução nacional.

Inicialmente era constituído por 25 militares pertencentes aos ramos das Forças Armadas.

Caso República

Os trabalhadores do jornal "República" ocupam e

demitem a direcção do jornal acusando-a de ter

transformado o "República" no porta-voz dos interesses do

PS. Na sequência deste incidente, os ministros afectos ao

PS, abandonam o 4.o Governo Provisório. Os ministros do

PPD, dias mais tarde, solidarizam

-se e abandonam também o Governo. A ocupação do

jornal manter-se-á por vários meses, até 25 de Novembro.

Grupo dos Nove

Grupo de oficiais de tendência moderada pertencente ao MFA e que publicaram em Agosto

de 1975 um documento que ficou conhecido como documento dos nove com vista à

clarificação de posições políticas e ideológicas (...) dentro e fora das Forças Armadas.

Dossier temático dirigido às escolas 35/219

ESTADO NOVO

Estado Novo é o nome do regime político autoritário e corporativista de Estado que vigorou

em Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde 1933, com a aprovação de uma nova

Constituição, até 1974, quando foi derrubado pela Revolução do 25 de Abril. Ao Estado Novo

alguns historiadores também chamam "II República", embo tal designação jamais tenha

sido assumida pelo próprio regime.

A designação oficiosa "Estado Novo", criada sobretudo por razões ideológicas e

propagandísticas, quis assinalar a entrada numa nova era, aberta pela Revolução Nacional

de 28 de Maio de 1926, marcada por uma concepção anti parlamentar e antiliberal do

Estado. Neste sentido, o Estado Novo encerrou o período do liberalismo em Portugal,

abrangendo nele não só a Primeira República, como também o Constitucionalismo

monárquico.

António de Oliveira Salazar, o seu fundador e líder. Salazar assumiu o cargo de Ministro das

Finanças em 1928, tornou-se, nessa pasta, figura preponderante no governo da Ditadura

Militar já em 1930 (o que lhe valeu o epíteto de "Ditador das Finanças") e ascendeu a

Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) em Julho de 1932, posto que manteve

até ao seu afastamento por doença em 1968. A designação salazarismo reflecte a

circunstância de o Estado Novo se ter centrado na figura do "Chefe" Salazar e ter sido muito

marcado pelo seu estilo pessoal de governação. O Estado Novo, todavia, abrange

igualmente o período em que o sucessor de Salazar, Marcello Caetano, chefiou o governo

(1968-1974). Caetano assumiu-se como "continuador" de Salazar, mas vários autores preferem

autonomizar este período do Estado Novo e falar de Marcelismo. Marcello Caetano ainda

pretendeu rebaptizar publicitariamente o regime ao designá-lo por Estado Social,

"mobilizando uma retórica política adequada aos parâmetros desenvolvimentistas e

simulando o resultado de um pacto social que, nos seus termos liberais, nunca existiu", mas a

designação não se enraizou.

ra

Como regime político, o Estado Novo foi também chamado salazarismo, em referência a

Dossier temático dirigido às escolas 36/219

Ao Estado Novo têm sido atribuídas as influências do maurrasianismo, do Integralismo

Lusitano, da doutrina social da Igreja, bem como de alguns aspectos da doutrina e prática do

Fascismo italiano, regime do qual adoptou o modelo do Partido Único e, até certo ponto, do

Corporativismo de Estado.

A Ditadura Militar (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974)

ovo

nsão das garantias consignadas na Constituição Portuguesa

e 1911, precedeu a instauração formal do Estado Novo (1933). Após a eleição por sufrágio

eneral Óscar Carmona para Presidente da República em

28, este, tendo em atenção a incapacidade dos anteriores governantes, nomeadamente o

acional estatal, todas suas apoiantes. Soube também aproveitar as lutas entre as

acional, espécie de

foram, conjuntamente, o mais longo regime ditatorial na Europa Ocidental durante o séc.

XX, estendendo-se por 48 anos.

Nascimento do Estado N

A Ditadura Militar (1926-1933), regime de excepção dirigido por militares, com uma estrutura

constitucional provisória e suspe

d

directo, mas em lista única, do G

19

General Sinel de Cordes, para resolver a crise financeira, chamou António de Oliveira Salazar,

especialista de Finanças públicas da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, para

assumir o cargo de ministro das Finanças. Salazar aceitou o encargo com a condição, que lhe

foi garantida, de poder supervisionar os orçamentos de todos os ministérios e de ter direito de

veto sobre os respectivos aumentos de despesas. Impôs então uma forte austeridade e um

rigoroso controlo de contas, principalmente aumentando os impostos e reduzindo as despesas

públicas, conseguindo assim um saldo orçamental positivo logo no primeiro ano de exercício

(1928-29).

Aconselhado e apoiado por António Ferro, que viria a chefiar o aparelho de propaganda do

Estado Novo, o SPN, Salazar soube servir-se da imprensa (que lhe era maioritariamente

favorável, mantendo a restante sob apertada censura), assim como das recém-criadas

emissoras de rádio difusão — o Rádio Clube Português, a católica Rádio Renascença e a

Emissora N

diferentes facções da Ditadura, especialmente entre Monárquicos e Republicanos, para

consolidar o seu poder e ganhar mais prestígio. Tendo-se tornado indispensável à Ditadura, o

Presidente da República consultava-o em cada remodelação ministerial.

Salazar procurou então, com o apoio do General Carmona, dar um rumo estável à

Revolução Nacional que impedisse um "regresso à normalidade constitucional" da Primeira

República, para que alguns generais da Ditadura se inclinavam. Por isso, em 1930, depois de

vencida por Carmona a resistência do General Ivens Ferraz, Salazar criou, a partir do

governo e com fundos provenientes do Orçamento de Estado, a União N

"frente nacional", como lhe chamou, a qual devia proporcionar o apoio necessário à

Dossier temático dirigido às escolas 37/219

construção de um novo regime, o Estado Novo, concebido e integralmente desenhado por

Salazar.

A União Nacional era uma organização em parte idêntica aos partidos únicos dos regimes

autoritários surgidos na Europa entre as duas guerras mundiais, se bem que, ao contrário

desses, tivesse sido integralmente construída de cima para baixo e não se apoiasse num

pujante movimento de massas pré-existente. A União Nacional, cujo papel foi sempre muito

Alguns, como o Partido

ituição, Salazar criou

um regime autoritário, conservador, nacionalista,

corporativista de Estado de inspiração fascista, parcialmente católica e tradicionalista, de

, e colonialista, que vigorou em

Portugal sob a Segunda República. O regime criou a sua própria estrutura de Estado e um

pouco determinante na prática política do Estado Novo, simbolizava acima de tudo o

carácter nacionalista, antidemocrático e anti pluralista do regime.

Nenhuma lei proibia expressamente os partidos políticos enquanto tais, mas Salazar

considerava que, existindo a União Nacional, os antigos partidos tinham sido colocados fora

da lógica do novo regime, acabando todas as organizações e movimentos políticos existentes

por ser obrigados a coibir-se de qualquer actuação pública.

Comunista (PCP) ou o movimento Anarcossindicalista da Confederação Geral do Trabalho

passaram a actuar na clandestinidade ou no exílio, outros, como o Partido Socialista

Português e o Integralismo Lusitano, foram levados a extinguir-se em 1932-1933. O

Movimento Nacional-Sindicalista, de Francisco Rolão Preto foi proibido após a tentativa de

revolução levada a cabo por elementos seus a partir do quartel da Penha de França,

acrescentando a nota oficiosa de 29 de Julho de 1934, que decretava a sua extinção, que se

tratava de um movimento inspirado em "certos modelos estrangeiros".

Em 1932 foi publicado o projecto de uma nova Constituição, que seria "aprovada" por

referendo popular em 1933 (embora o texto da constituição mencionasse plebiscito, na

realidade o que houve foi tecnicamente um referendo). Nesse referendo as abstenções foram

contadas como votos "sim", falseando o resultado. Com esta const

finalmente o seu modelo ditatorial, o Estado Novo, e tornou-se o "Chefe" da Nação

portuguesa. Não deixa contudo de ser curioso que tenha sido essa a primeira constituição da

História portuguesa a dar o direito de voto às mulheres e a assegurar determinadas regalias

para as chamadas classes operárias.

Caracterização geral e concisa do Estado Novo

O Estado Novo (1933-1974) foi

cariz anti-liberal, anti-parlamentarista, anti-comunista

aparelho repressivo (PIDE, colónias penais para presos políticos, etc.) característico dos

chamados Estados policiais, apoiando-se na censura, na propaganda, nas organizações

paramilitares (Legião Portuguesa), nas organizações juvenis (Mocidade Portuguesa), no culto

do "Chefe" e na Igreja Católica.

Dossier temático dirigido às escolas 38/219

Um regime fascista?

O Estado Novo apresenta aspectos semelhantes aos regimes autoritários instituídos por Benito

Mussolini na Itália, Francisco Franco na Espanha, Engelbert Dollfuss na Áustria, Miklós Horthy

Grécia, Juan Perón na Argentina, Getúlio Vargas no Brasil e, em

muito menor grau, por Adolf Hitler na Alemanha.

ve durante algum tempo a fotografia

specialmente durante a sua primeira fase, até ao

na Hungria, Metaxas na

É, todavia, assunto de debate entre os estudiosos se o Estado Novo constitui

verdadeiramente, ou não, um regime fascista, visto apresentar algumas diferenças em

relação ao regime italiano, que serve naturalmente de "padrão" do fascismo, e ainda maiores

relativamente ao nazismo. Salazar (que mante

emoldurada de Mussolini em cima da sua secretária de trabalho, mas que acabaria por

afirmar que o ditador italiano era demasiado vaidoso e defensor de uma intervenção

excessiva do Estado na vida da nação), nunca reivindicou para o seu regime o qualificativo

de fascista, recusando igualmente o seu carácter totalitário, reflexo de quem pretendia ser

associado à recusa da "estatolatria" e do totalitarismo pela Igreja Católica e pelo Papa Pio XI.

Independentemente do modo como o regime de Salazar se via a si próprio, a questão gira

em torno de saber em que características, essenciais ou secundárias, o Estado Novo diferiram

do padrão fascista: existência ou não de movimento da massas, papel do partido único,

estrutura, lugar e papel dos sindicatos e corporações no Estado, características e estilo de

governação do chefe carismático, grau de autonomia do poder judicial, liberdades públicas,

nível de repressão das oposições políticas, independência da Igreja Católica. Nos pontos

citados, com efeito, há diferenças e semelhanças entre o Estado Novo e o fascismo: há

diferenças flagrantes no papel atribuído ao "movimento de massas" e no estilo de governação

do chefe; há semelhanças muito vincadas no papel do partido único e no lugar dos sindicatos

e das corporações na estrutura do Estado, assim como no cercear das liberdades públicas e no

nível de repressão das oposições políticas.

Para muitos, parece não haver dúvida que se trata de um regime fascista, quasi-fascista ou,

até, segundo o politólogo Manuel de Lucena, de um "fascismo sem movimento fascista" [9].

Para outros, tratar-se-ia de um regime autoritário e conservador de inspiração

simultaneamente católica e fascizante (e

final da Segunda Guerra Mundial) — o que, por sua vez, tem levado certos autores a

apontar a influência doutrinária do denominado clero-fascismo (clerico-fascismo em italiano,

clerical-fascism em inglês), que aproximaria o Estado Novo do regime austríaco de Dollfuss

(também dito Austro-fascismo) e, em parte, do Franquismo. O Estado Novo, materialização

do pensamento político de Salazar, foi certamente um regime político com algumas

características singulares no panorama dos regimes autoritários do seu tempo — como o

foram, aliás, todos os outros movimentos e regimes autoritários nascidos na Europa da

primeira metade do século XX.

Dossier temático dirigido às escolas 39/219

Em matéria de política externa, sobretudo, o Estado Novo marcou uma sensível diferença

relativamente aos regimes do Eixo, embora já não tanto em relação a Espanha, tendo os dois

países signatários do Pacto Ibérico[10], de 1939, mantido uma difícil neutralidade durante a

Segunda Guerra Mundial e adoptado, depois desta, uma semelhante política de aliança com

a Europa Ocidental e os Estados Unidos da América no quadro formal da NATO (Portugal)

ou à margem desta (Espanha).

Dossier temático dirigido às escolas 40/219

CARACTERISTICAS PRINCIPAIS DO ESTADO NOVO

Corporativismo

m stado corporativo", definindo-

se oficialmente como uma "República Corporativa", devido à forma republicana de governo

trinária e normativa corporativista, reflectida no edifício das leis

(Constituição política, Estatuto do Trabalho Nacional e numerosa legislação avulsa) e na

o", que poderia ter conferido um maior papel à iniciativa

e, como tal, uma falsificação grosseira das

ue vigorou durante o Estado Novo é considerado

antiparlamentar e antipartidário, uma vez que o único partido político aceite pela força

apresentação de candidaturas aos órgãos

electivos de poder foi a União Nacional, sendo que os restantes foram ilegalizados, o mesmo

O Estado Novo foi considerado pelos seus ideólogos como u "E

e à vertente dou

configuração do próprio Estado (Câmara Corporativa, Corporações, Ministério das

Corporações, Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, Sindicatos Nacionais de direito

público, Grémios Nacionais, Grémios da Lavoura, Casas do Povo, Casas dos Pescadores,

Comissões Reguladoras, etc.).

Oliveira Salazar considerou o corporativismo como a faceta do seu regime com maiores

potencialidades futuras, mas a sua implantação prática foi muito gradual e, sobretudo,

obedeceu a um padrão de "corporativismo de Estado" e não a um figurino de

"corporativismo de associaçã

privada e à auto-regulação da sociedade civil.

Várias personalidades apoiantes do Estado Novo apresentaram aquele regime político como

tendo sido inspirado nas doutrinas corporativas do Integralismo Lusitano[11]. Os integralistas

lusitanos, no entanto, cedo se demarcaram daquele regime [12], considerando-o como um

corporativismo de Estado de inspiração fascista

suas doutrinas corporativas de associação [13] . O integralista Hipólito Raposo, ao classificar em

1940 o Estado Novo como um regime autocrático - a "Salazarquia" [14] - foi preso, e

deportado para os Açores.

Anti-parlamentarismo e anti-partidário

O regime político-constitucional q

política que na altura era responsável pela

aconteceu mais tarde com as associações políticas. Eram permitidos em alguns actos eleitorais

a apresentação de listas não afectas à União Nacional, mas a sua existência era apenas

consentida momentaneamente e era impossível a eleição de qualquer candidato destas

listas, pois a fraude eleitoral ou a repressão provocada pela poderosa polícia política (PIDE)

provocava o esvaziamento de candidatos afectos a estas ou porque se encontravam presos

ou porque desistiam por falta de condições.

Dossier temático dirigido às escolas 41/219

Concentração de poderes no Presidente do Conselho de Ministros

Neste regime autoritário, o Governo tem simultaneamente o poder executivo e legislativo (o

overno pode decretar decretos-leis que sobrepõe as leis aprovadas pela Assembleia

Nacional), e por sua vez os poderes do Governo estão fortemente centralizados e reforçados

Presidente da

República tinha somente funções meramente cerimoniais, embora tivesse o poder de escolher

s que já tinham sido ilegalizados

Nação"

e "Deus, Pátria, Família" são os mais conhecidos e utilizados;

• O Estado Novo autoritário declarava-se limitado pelo Direito e pela Moral cristã,

• Era contra o liberalismo político, apesar da existência de uma Assembleia Nacional

al (que Caetano mudará para Acção Nacional Popular), a

unanimidade era a tónica destes órgãos visto serem compostos exclusivamente por apoiantes

bombásticas e militaristas dos seus congéneres Francisco Franco, Mussolini ou Hitler; Salazar

G

nas mãos do Presidente do Conselho de Ministros (Chefe do Governo). O

e demitir o Presidente do Conselho de Ministros. Mas este poder nunca foi utilizado visto que

o cargo de Presidente da República era sempre ocupado por um partidário da União

Nacional e apoiante do Presidente do Conselho de Ministros.

António de Oliveira Salazar, no sentido de inviabilizar a vitória do General Humberto

Delgado à Presidência da República em 1958, por este ser contra a ideologia do regime,

propôs a revisão constitucional onde a eleição que até naquela altura era feita por sufrágio

directo passou a ser feita por sufrágio indirecto, através de um colégio eleitoral.

Esta medida, a par com a inviabilização dos partidos político

na constituição original, sendo permitidos no entanto candidaturas de movimentos

independentes, levou a um aumento e a uma concentração dos poderes no Presidente do

Conselho de Ministros, que era já visto como o real detentor dos destinos de Portugal.

Outras características do regime

• Tal como outros regimes autoritários da época, o Estado Novo possuía lemas para

mostrar resumidamente a sua ideologia e doutrina: "Tudo pela Nação, nada contra a

considerando, por isso, não ser classificável como um regime totalitário, considerando-se

sempre um Estado de direito;

(função legislativa) e de uma Câmara Corporativa (função meramente consultiva) com

alguma liberdade de palavra, mas representando apenas os sectores apoiantes do regime,

organizados na União Nacion

do regime;

• O culto do Chefe, Salazar (e depois, sem grande êxito, Marcello Caetano), é representado

como um chefe paternal, mas austero, eremita "casado com a Nação", sem as poses

Dossier temático dirigido às escolas 42/219

era muitas vezes mencionado como um "ungido de Deus", o "salvador da Pátria", ou o

"redentor da Nação";

ura prévia às publicações periódicas, emissões de rádio e de televisão,

e de fiscalização de publicações não periódicas nacionais e estrangeiras, protegendo

• O regime apoia-se na propaganda política (fundando o Secretariado de Propaganda

e nas organizações juvenis (Mocidade Portuguesa) para ensinar aos jovens a

ideologia defendida pelo regime e ensiná-los a obedecer e a respeitar o "Chefe";

ue reprime apenas qualquer oposição política expressa ao regime, de acordo

com critérios de selectividade pontual, nunca se responsabilizando por crimes de massas, ao

portuguesa,

protegendo o regime de qualquer Oposição organizada, e com visibilidade pública; os

externa,

que leva o regime a combater o Comunismo e a aliar-se ao lado dos E.U.A, durante a

a educacional é controlado pelo regime (uma educação nacionalista e

ideológica) e centra-se na exaltação dos valores nacionais (ex.: o passado histórico, o grande

• Uma ideologia com forte componente católica, associando-se o regime à Igreja Católica

através da Concordata entre a Santa Sé e Portugal, em 1940; esta concordata concede

vastos privilégios à Igreja, bem diferente do paganismo hitleriano;

• Um serviço de cens

permanentemente a doutrina e ideologia do Estado Novo e defendendo a moral e os bons

costumes;

Nacional, a SPN) para difundir os bons costumes, a doutrina e a ideologia defendida pelo

Estado Novo;

• Apoia-s

• Uma polícia política repressiva (conhecida por PIDE), omnipresente e detentora de

grande poder, q

contrário das suas congéneres italiana e especialmente alemã, a PIDE semeia o terror, o

medo e o silêncio nos sectores oposicionistas que fossem activos na sociedade

opositores políticos mais activistas eram interrogados e, aqueles que apoiavam ou

pertenciam a organizações que defendiam a luta armada contra o Regime ou que tinham

ligações às potências inimigas de Portugal eram por vezes torturados e detidos em prisões

(ex.: Prisão de Peniche e Prisão de Caxias) e campos de concentração (ex.: Tarrafal);

• Além da PIDE, o regime apoia-se também nas organizações paramilitares (Legião

Portuguesa) para proteger o regime das ideologias oposicionistas, principalmente o

comunismo.

• Um discurso e uma prática anticomunistas, tanto na ordem interna como na

Guerra-fria, juntando-se à NATO, em 1949;

• O sistem

Dossier temático dirigido às escolas 43/219

Império Colonial Português, a religião, a tradição, os costumes, o serviço à comunidade e à

Pátria, a solidariedade humana numa perspectiva cristã, o apego à terra...), no ensinamento

e difusão da ideologia estatal aos jovens; teme as pessoas de correntes políticas diferentes que

têm um nível educacional alto e que defendem ou o Capitalismo ou o Comunismo, com os

a das causas do

desgaste e queda do regime, para proteger os seus territórios ultramarinos;

• O regime era muito conservador, tentando controlar o processo de modernização do

í

ocidentais, principalmente nas áreas das ciências, da tecnologia e da cultura;

quais Salazar mantinha uma relação de desconfiança (no primeiro caso) ou até mesmo de

rejeição (no segundo caso), visto que ele se orientava pela Doutrina Social da Igreja, que

defendia uma solução económica de pequena iniciativa privada (para maior distribuição de

riqueza) e de maior protecção dos assalariados/trabalhadores do que aquela que existia

normalmente nos sistemas capitalistas de então;

• Um projecto nacionalista e colonial que pretende manter à sombra da bandeira

portuguesa vastos territórios dispersos por vários continentes, "do Minho a Timor", mas

rejeitando a ideia da conquista de novos territórios (ao contrário do expansionismo do Eixo) e

que é mesmo vítima da política de conquista alheia (caso da Índia Portuguesa) e no qual

radica a manutenção de uma longa guerra colonial começada em 1961, um

• O regime era extremamente cauteloso nas relações diplomáticas, principalmente durante

a década 30 e 40, que leva Salazar, por um lado, a assinar um pacto com a vizinha Espanha

franquista e anticomunista e, por outro, a hesitar longamente entre o Eixo (compostos por

ditaduras) e os Aliados (compostos por democracias e pela União Soviética, um regime

comunista) durante a Segunda Guerra Mundial;

• Uma economia capitalista controlada e regulada por cartéis constituídos e

supervisionados pelo Governo, detentores de grandes privilégios, conservadores, receosa da

inovação e do desenvolvimento, que só admitirá a abertura da economia e a entrada

regulada de capitais estrangeiros numa fase tardia da história do regime, na década de 50;

Pa s, pois Salazar temia que se esta não fosse controlada, iria destruir os valores religiosos,

culturais e rurais da Nação. Este medo de uma modernização segundo os modelos

capitalistas puros que imperavam no Mundo Ocidental contribuiu, depois da Segunda

Guerra Mundial, para o distanciamento progressivo de Portugal em relação a outros países

• O regime, devido sobretudo ao carácter conservador e algumas vezes arrogante de

Salazar, teimava e prevenia a sua evolução a par das tendências políticas mundiais, optando

por se isolar quando sujeito a pressões externas que exigiam a sua mudança, e somente nos

seus últimos anos, durante o período de Marcello Caetano, experimentou uma renovação

"liberal" tentativa, logo fracassada pelo bloqueio da extrema-direita;

Dossier temático dirigido às escolas 44/219

• Uma forte tutela sobre o movimento sindical, proibindo todos os sindicatos, exceptuando

aqueles controlados pelo Estado (os Sindicatos Nacionais), e procurando organizar os

operários e os patrões de cada profissão em corporações, organizações controladas pelo

Estado que pretendiam conciliar harmoniosamente os interesses do operariado e do

patronato, prevenindo assim a luta de classes e a agitação social e protegendo os

interesses/unidade da Nação (objectivo principal do regime).

a sede. Dentro do regime, no

entanto, havia várias personalidades destacadas com um passado de filiação ou afinidades

• Francisco Higino Craveiro Lopes (1951-1958)

te o Estado Novo

eira Salazar (1932-1968)

74)

Lemas

• "Persistentemente, Teimosamente, não somos demais para continuar Portugal"

Revolução continua"

s uma Doutrina. Somos uma Força"

• "Orgulhosamente sós"

• A ilegalização da Maçonaria em Portugal, através da Lei n.º 1901, de 21 de Maio de

1935[15]. Todos os funcionários públicos eram obrigados a assinar uma declaração rejeitando a

Maçonaria e garantindo não serem membros dela, antes de poderem tomar posse nos seus

cargos. A sede do Grande Oriente Lusitano (o Grémio Lusitano), foi confiscada e encerrada

sendo entregue à Legião Portuguesa que nela instalou a su

maçónicas, caso do Presidente da República, Óscar Carmona (sendo esta informação não

confirmada), e do primeiro presidente da Assembleia Nacional, José Alberto dos Reis, mas

que, todavia, não opuseram qualquer resistência à ilegalização das chamadas «associações

secretas», e que, pelo contrário, a apoiaram.

Presidentes da República durante o Estado Novo

• António Óscar de Fragoso Carmona (1933-1951)

• António de Oliveira Salazar (1951) (Presidente interino, desde a morte de Carmona até à

eleição de Lopes)

• Américo de Deus Rodrigues Tomás (1958-1974)

Presidentes do Conselho de Ministros duran

• António de Oliv

• Marcello das Neves Alves Caetano (1968-19

• "Deus, Pátria, Família."

• "Tudo pela Nação, nada contra a Nação."

• "Enquanto houver um Português sem trabalho e sem pão a

• "Temo

Dossier temático dirigido às escolas 45/219

Reorganização geral de Portugal levado a cabo pelo Regime

o de efectuar

articularmente nas áreas políticas, económico-

turais. O seu principal objectivo era restabelecer a ordem e a

estabilidade nacional. Mas, mesmo que estas já estivessem restauradas em Portugal, Salazar

ue no País ainda

continuasse a haver uma única pessoa sem condições de vida aceitáveis. Com esta afirmação,

quele tempo e mesmo agora, era considerado

um "milagre" para muitos portugueses) e aumentando o valor do escudo. Tentou combater a

neamente os preços dos produtos e os salários.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estado Novo conseguiu manter Portugal neutro deste

até à actualidade

Nos primeiros anos do Estado Novo, Salazar, o seu "Chefe", teve o difícil trabalh

uma reorganização geral de Portugal, p

financeiras, sociais e cul

defendia que ele iria continuar a Revolução Nacional enquanto q

ele revelou que não iria abandonar o poder.

Economia e Finanças

Quando Salazar chegou ao poder, ele efectuou muitas reformas económico-financeiras,

como a diminuição substancial das despesas do País e a instituição de inúmeras taxas,

conseguindo assim equilibrar as Finanças (na

inflação, regulando simulta

conflito militar sangrento. Devido ao desiquilíbrio dos sistemas de produção da maioria dos

países europeus, Portugal ficou privado de importações e isto causou o aumento da

produção nacional, incentivado pelo regime. Durante boa parte do conflito, a balança

comercial portuguesa manteve saldo positivo, com as exportações a ultrapassarem as

importações, facto que não se verificava desde há dezenas de anos, e que

ainda não voltou a verificar-se. Portugal exportava predominantemente produtos têxteis,

metais e volfrâmio para os países europeus em guerra (fossem eles apoiantes do Eixo ou dos

Aliados), acumulando assim muitas divisas e desenvolvendo de certa forma a economia

portuguesa. Esta situação económica conseguiu também atenuar os problemas provocados

pela Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e pela própria Segunda Guerra Mundial, que

trouxeram consigo o racionamento dos alimentos e um disparo temporário da inflação.

Na década de 50, começou a abrir a economia ao estrangeiro e permitiu a entrada

regulada de capitais estrangeiros, desenvolvendo muito a economia (principalmente a

indústria química e metalomecânica, o turismo, os transportes e o sector energético) e as

infra-estruturas, principalmente pontes, estradas e barragens. É também neste período que o

País entrou na Associação Europeia de Livre Comércio (1959). A partir desta década até à

morte de Salazar (1970), o PIB de Portugal teve um crescimento anual de 5.66%.

Mas, mesmo com este grande crescimento económico, a economia portuguesa, continuando a

ser predominantemente rural e a ser altamente supervisionada pelo regime, continuava a ser

atrasada em relação às grandes economias da Europa, embora menos do que durante a 1ª

República. No fim da década de 60, Portugal era um dos países com um rendimento per

Dossier temático dirigido às escolas 46/219

capita mais baixo da Europa, significando que possuía uma mão-de-obra barata e que

muita gente vivia da agricultura de subsistência, que não é geradora de rendimentos,

r, o principal mentor do regime (e também o seu fundador), sempre preocupou

com os problemas do Ultramar e tentou resolvê-los. Logo em 1930, promulgou-se o Acto

50 e 60, apareceram novos problemas e necessidades, por isso

Salazar e os seus Governos começaram a evoluir o Conceito Ultramarino Português e

embora tal não signifique que existisse desemprego real, ou que não houvesse produção

abundante de alimentos. Havia contudo fortes desequilíbrios regionais em Portugal, com as

cidades (principalmente as que ficam junto ao litoral) a expandir-se e a beneficiarem do

crescimento económico, e as zonas rurais a continuarem a não se desenvolver ao mesmo

ritmo, apesar do crescente número de vias de comunicação e outras infra-estruturas (rede

eléctrica, etc.) que nelas iam sendo construídas. O atraso no desenvolvimento das zonas

rurais, aliado ao súbito aumento da população a chegar à idade adulta (provocado pela

melhoria das condições de saúde e pela diminuição da mortalidade infantil), fez com que se

verificasse um excesso populacional e uma certa aversão ao atraso que se vivia nos campos, o

que levou quase 2 milhões de pessoas, na grande maioria delas oriundas das zonas rurais, a

emigrar ou para as cidades que então estavam a crescer, ou para o estrangeiro,

principalmente França, Estados Unidos da América, Canadá e Alemanha (entre os que

emigraram para o estrangeiro, contavam-se também muitos jovens que desejavam apenas

fugir ao cumprimento do serviço militar em África).

Com o decorrer da Guerra Colonial Portuguesa, o desenvolvimento de Portugal a nível

económico-financeiro abrandou, devido sobretudo às enormes despesas militares efectuadas

pelo regime.

A Questão do Ultramar

Por natureza, o Estado Novo é um regime colonialista por isso queria manter a todo o custo

o seu Ultramar, considerado por este uma das fontes do prestígio e orgulho nacional. Por esta

razão, Salaza

Colonial, mas na década de

terminaram por se definirem uma Solução Portuguesa e uma Política Ultramarina

Portuguesa, correctas no acerto, realismo e modernidade, para resolver tais problemas. Mas,

devido aos erros efectuados por Salazar (com uma idade já muito avançada naquela época)

e ao novo panorama internacional (a condenação do colonialismo e a descolonização em

massa de muitas colónias), os povos das províncias ultramarinas portuguesas começaram

também a procurar a sua autodeterminação e isto causou a Guerra do Ultramar (1961-1974).

Esta longa guerra causou muitas mortes, arruinou Portugal e o país começou a sentir muitas

dificuldades económico-financeiras, dificuldades estas que a Nação já não sentiu durante

muito tempo, e uma forte pressão internacional (a ONU, principalmente os E.U.A.,

condenava o colonialismo). Os problemas do Ultramar foram mal resolvidos e estes

problemas causaram o alargamento da oposição ao Estado Novo, a Guerra do Ultramar

Dossier temático dirigido às escolas 47/219

(1961-1974), dificuldades económico-financeiras e sociais, e, posteriormente, a queda do

regime.

Ordem e estabilidade

Salazar, além de reorganizar as finanças e de reanimar a economia, investiu nos sectores da

educação básica (construção de milhares de escolas primárias), da saúde (construção de um

número considerável de hospitais e centros de saúde, então designados por "Casas do Povo")

e das infra-estruturas (barragens, estradas e abastecimento eléctrico a algumas vilas e

uxe também estabilidade e ordem ao País, efectuando a

corporativização da Nação. Contudo, esta estabilidade foi conseguida à custa da proibição

er renovar e tentar "liberalizar" o Regime, mas não teve sucesso, o que

a e até o resto da Europa. Por esta

razão, o Estado Novo, liderado pelo anti parlamentarista Salazar, alinhou-se com o General

s historiadores se foram ou não enviadas

forças militares portuguesas para Espanha (o que nunca foi reconhecido oficialmente).

aldeias portuguesas), tro

de todos os partidos políticos (à excepção da União Nacional), à repressão e por vezes

perseguição dos alegados "destabilizadores" da Nação (designação que era aplicada tanto

àqueles que defendiam uma Oposição organizada como aos bombistas ou elementos de

partidos com ligações a potências inimigas de Portugal, suspeitos de espionagem a favor das

mesmas), aliados ao controlo do ensino, à formação de organizações juvenis e paramilitares a

favor do Estado, à proibição de greves e à censura de certas publicações. Outro factor que

contribuiu para a obtenção da estabilidade foi a manutenção da neutralidade portuguesa

em vários conflitos, como a Segunda Guerra Mundial, e a reparação das relações entre

Portugal e a Igreja Católica (a maioria dos portugueses são católicos, muitos deles devotos)

com uma concordata.

Mas, na década de 60, o País começou a sentir alguma instabilidade por causa da crescente

acção dos opositores democráticos que iam tornar-se cada vez mais fortes porque cada vez

mais pessoas queriam a liberdade e, principalmente, o fim da Guerra do Ultramar (1961-

1974). Esta situação instável veio a agravar-se na década de 70, com a continuação da

Guerra e com a "renovação em continuidade" de Marcello Caetano (ele, o substituto de

Salazar, afirmava quer

resultou num enfraquecimento ainda maior do mesmo).

O Estado Novo e a Guerra Civil Espanhola

Na Guerra Civil Espanhola, deflagrada em Julho de 1936, estava fundamentalmente em

causa a implantação de um regime republicano parlamentar ou por um fascista em

Espanha, que poderia influenciar toda a Península Ibéric

nacionalista Francisco Franco, sendo discutido pelo

A posição e acção (sobretudo diplomática), a nível regional e internacional, de Portugal

sobre o conflito espanhol contribuíram muito significativamente para que a causa não-

Dossier temático dirigido às escolas 48/219

parlamentar republicana vencesse em Espanha. Esta grande ajuda do Estado Novo aos

nacionalistas/fascistas espanhóis levou com que Portugal e Espanha assinassem mutuamente,

em 17 de Março de 1939, o Tratado de Amizade e Não Agressão entre Portugal e Espanha,

que mereceu um protocolo adicional em 29 de Julho de 1940.

O Regime e a Segunda Guerra Mundial

Relativamente à Segunda Guerra Mundial, a atitude e a actuação de Salazar e do seu

Governo podem sintetizar-se em 4 aspectos dominantes:

• O de preservar a população portuguesa dos efeitos mais dolorosos da guerra, pelo

nseguiu manter a neutralidade portuguesa

neste conflito. Próximo ideologicamente do Eixo, o regime português escuda-se nisso e

afrontamento a qualquer dos lados

em beligerância. Mas, mesmo assim, em Portugal continuava a sofrer de falta de

uitos destes o tivessem feito ao arrepio do regime

como prova o tratamento que Aristides de Sousa Mendes levou ao passar milhares de

Com a vitória dos Aliados, em 1945, verificou-se no Ocidente uma expansão dos regimes

dem r

União S

que Salazar tentou a todo o custo e co

também na aliança com o Reino Unido para manter a tão desejada política de

neutralidade. Esta assentava num esforço de não

produtos alimentares e de inflação.

A contribuição muito significativa, igualmente quase decisiva, para a manutenção

da neutralidade da Espanha. O alinhamento espanhol com o Eixo iria pôr seriamente

em perigo a independência de Portugal e o controlo do Atlântico pelos Aliados. Este

alinhamento iria também ter projecção negativa de dimensão imprevisível no

decurso e resultado da guerra;

• A colaboração secreta com o regime nazi, como investigado por António Louçã (por

exemplo em livros como "Conspiradores e traficantes. Portugal no tráfico de armas e

de divisas nos anos do nazismo. 1933-1945"), ao mesmo tempo que, por outro lado,

Portugal era a porta de fuga de milhares de judeus da Europa para os Estados

Unidos da América, embora m

vistos de entrada em Portugal a Judeus e outros;

O apoio oportuno dado aos Aliados, com a concessão de facilidades, nos Açores, às

forças armadas aliadas. Este apoio, sem qualquer afectação à soberania nacional,

constitui um acto de grande relevância e contribuiu muito para a sobrevivência do

Estado Novo no pós-Guerra;

oc áticos pluralistas, adoptada já por inúmeros países aliados (exceptuando, claro, a

oviética e a sua área de influência da Europa de Leste em que tratou de implantar

Dossier temático dirigido às escolas 49/219

regimes

incluind ude pôs seriamente o Estado Novo em perigo.

Assim, Salazar, teve de lutar arduamente, a nível externo, contra estas pressões, procurando

ambém

ter abertamente fascista, à sua direita

(Nacional-sindicalismo) liderados por Francisco Rolão Preto, e também pelas forças

cossindicalistas (tentaram até

assassinar Salazar em 1938);

• Pelas conspirações dos revivalistas republicanos, repetidamente frustradas;

cretamente pelo Estado (sendo a mais conhecida e

flagrante as Presidenciais de 1958, em que concorre o General Humberto Delgado);

• Pelas tentativas golpistas efectuadas pelos militares democráticos (ex.: Golpe Botelho

s

Brigadas Revolucionárias (BR). Entre outras acções destacam-se o assalto a bancos e

• Pela Operação Ducineia, realizada em 1961, comandada pelos capitão Henrique

emas causados pela ditadura de Salazar. O Santa

Maria foi sequestrado em 22 de Janeiro de 1961. Os passageiros e a tripulação que

semelhantes ao seu). Estes países queriam democratizar toda a Europa Ocidental,

o a Península Ibérica. Esta atit

fazer aceitar internacionalmente a continuação do Estado Novo com as características que

tinha e sempre tivera, e que saldou por um sucesso. Este reconhecimento deveu-se ao facto

de o regime ser muito anticomunista, promovendo-o a um parceiro não desprezível dos

E.U.A.. Foi mesmo ingressado na NATO (1949), onde ficou a par precisamente das

democracias ocidentais vencedoras da Segunda Grande Guerra, na ONU (1955) e t

na Associação Europeia de Livre Comércio, em 1959.

Principais abalos internos sofridos pelo Estado Novo

O regime sofreu diversos abalos provocados:

• Pelas tentações golpistas de forças de carác

anarquistas da esquerda, nomeadamente os Anar

Pela acção das forças políticas oposicionistas, principalmente o Partido Comunista

Português e os democráticos, que periodicamente se candidatam a eleições

presidenciais manipuladas se

Moniz, em 1961);

Pelas acções de luta armada realizadas por oposicionistas ao regime, nomeadamente

a Acção Revolucionária Armada (ARA), ligada ao Partido Comunista Português, e a

a destruição de material militar;

Galvão e apoiada pelo general Humberto Delgado, que sequestrou o transatlântico

português Santa Maria e o levou para águas brasileiras. Com esta operação,

considerada o primeiro acto de pirataria dos tempos modernos, procurava-se chamar

a atenção mundial para os probl

Dossier temático dirigido às escolas 50/219

apoiaram a acção receberam asilo político no Brasil, em 3 de Fevereiro por Jânio

Quadros. O fotógrafo António Lúcio e o repórter Miguel Urbano Rodrigues, ambos do

jornal O Estado de S. Paulo, encontraram o navio em águas brasileiras, em 29 de

Janeiro e contribuíram para uma ampla difusão do acto.

Pela acção dos jovens, principalmente universitários, a partir da década de 60, que

queriam a democracia, o fim da guerra colonial e a liberdade (uma das mais

célebres acções foi a "Crise académica de 1962");

Pela forte emigração portuguesa (maioritariamente clandestina) a outros países

europeus (ao todo, emigraram cerca de 2 milhões de portugueses), especialmente

Queda do Estado No

O E d

golpe q

Armada aboração da população, cansada da

repressão, da censura, da guerra colonial e da má situação económico-financeira. Ficou

Cravos. Neste dia, diversas unidades militares comandadas por

oficiais do MFA marcharam sobre Lisboa, ocupando uma série de pontos estratégicos. As

França, começada a partir da década de 60.

vo

sta o Novo, após 41 anos de vida, é finalmente derrubado no dia 25 de Abril de 1974. O

ue acabou com a ditadura foi efectuado pelos militares do Movimento das Forças

s – MFA. O golpe militar contou com a col

conhecida por Revolução dos

guarnições militares que supostamente eram apoiantes do regime renderam-se e juntaram-

se aos militares do MFA. O regime caiu sem ter quase quem o defendesse. Os acontecimentos

deste dia culminaram com a rendição de Marcello Caetano, sitiado pelo capitão Salgueiro

Maia, no Quartel do Carmo. Foi uma revolução considerada "não-sangrenta" e "pacífica",

sendo que no dia 25 de Abril propriamente dito houve apenas quatro mortos, vítimas de

disparos da polícia política, junto à sua sede.

Dossier temático dirigido às escolas 51/219

GUERRA COLONIAL - TREZE ANOS DE GUERRA

A Guerra Colonial (1961/1974)

Guerra Colonial desenrolou-se nas colónias de Moçambique, Guiné e Angola, no período de

61 a 1974. Estiveram em confronto as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas

colóni .

A

19

pelos movimentos de libertação de cada uma daquelas as

Os primeiros confrontos ocorreram em Angola, na zona a que se

viria chamar Zona Sublevada do Norte, traduziram-se, a partir de

15 de Março de 1961, em bárbaros massacres de populações brancas

e trabalhadores negros oriundos de outras regiões de Angola.

Nos três teatros de operações (Angola, Moçambique e Guiné os

fectivos das forças portuguesas foram aumentando

capacidade de mobilizaçã

e

constantemente em relação ao aumento das frentes de combate,

atingindo-se, no início da década de 70, o limite crítico da

o de recursos.

Pela parte portuguesa, a guerra era sustentada pelo

princípio político da defesa daquilo que era considerado

território nacional, baseado no conceito de nação

pluricontinental e multirracial.

Pela parte dos Movimentos de Libertação, a guerra

justificava-se pelo inalienável princípio de

autodeterminação e independência, num quadro

internacional de apoio ao incentivo à sua luta.

O Estado Novo, primeiro com Salazar e depois com

Marcelo Caetano, manteve com grande rigidez o

essencial da política colonial, fechando todas as portas a

uma solução credível para o problema de qualquer dos territórios.

O 25 de Abril de 1974, trouxe alterações à natureza do regime político português, os novos

dirigentes de Portugal, aceitavam nação e naturalmente os princípios da autodetermi

independência, pelo que as fases de transição foram negociadas com os movimentos de

libertação, traduzindo-se rapidamente no fim das acções militares envolvendo forças

portuguesas.

Dossier temático dirigido às escolas 52/219

Intervenientes

Moçambique

Mapa de Moçambique, in D.N., fasc.51, pág.610

Angola

Mapa de Angola, in D.N., fasc.51, pág.609

Portugal Guiné

Mapa da Guiné, in D.N., fasc.51, pág.608

Dossier temático dirigido às escolas 53/219

Embarque em Lisboa

A viagem para África começava muito antes do

embarque. O processo que levava um jovem até Angola,

Guiné ou Moçambique iniciava-se habitualmente logo

após o final da instrução da especialidade. Para um

atirador, e tanto fazia sê-lo de infantaria, cavalaria ou

A companhia e o batalhão já tinh

os especialistas diversos, os condut

se preenchesse o quadro orgânico

Enquanto se formava a unida e,

de aperfeiçoamento operaciona elhos sobre o que fazer em África para

issa campal, que depois caiu em desuso; o

io especial em

er o navio, desfilava de novo,

agora em continência perante um alto representante militar, com as senhoras do Movimento

artilharia, após ser dado como pronto vinha a ordem de

mobilização. O caso mais vulgar e típico era o de o militar

pertencer a uma companhia e esta a um batalhão.

A ordem de mobilização originava a guia de marcha

para a unidade mobilizadora. Aí se juntavam os militares

vindos dos vários centros de instrução, os graduados e os

comandantes.

am um número de código atribuído e, aos poucos, surgiam

ores, transmissões, enfermeiros e cozinheiros, de modo a que

respectivo.

realizavam-se os exercícios de instrução - IAO, a instrução

l -,com os cons

d

sobreviver, recebiam-se as vacinas, o camuflado e, por fim, a unidade estava pronta.

Chegava a ordem de embarque e então o contingente formava em parada no quartel. Nos

primeiros tempos, o capelão rezava uma m

comandante da unidade mobilizadora, um coronel, proferia umas palavras alusivas à

missão e entregava o guião ao comandante do batalhão mobilizado, um tenente-coronel, ou

então da companhia, um capitão; as tropas desfilavam ao som da música, era concedida a

licença de dez dias antes de embarque e pagas as ajudas de custo. Neste momento, o militar

era um mobilizado, ia a casa, despedia-se da família, fazia umas asneiras por conta,

arranjava umas correspondentes para lhe escreverem, ou umas madrinhas de guerra, e

voltava à unidade mobilizadora para daí iniciar verdadeiramente a viagem.

Neste regresso faltavam uns quantos camaradas, que tinham decidido dar o salto para o

estrangeiro ou baixado ao hospital com uma doença mesmo a calhar, mas os que restavam

formavam-se de novo em parada no quartel, com as malas, e embarcavam nas viaturas

militares para a estação de caminho de ferro mais próxima.

Na estação, quase sempre de noite, o contingente embarcava num combo

direcção a Lisboa, ao Cais da Rocha ou ao de Alcântara. O navio que os iria levar estava

atracado e as famílias apinhavam-se nas varandas da gare marítima com lenços a acenar,

cartazes com o nome do militar, para chamar a atenção, e lágrimas da despedida. A tropa,

vinda de vários pontos em quantidade suficiente para ench

Dossier temático dirigido às escolas 54/219

Nacional Feminino e da Cruz Vermelha a distribuírem lembranças e mais folhetos sobre o

território de destino. Chegava o momento do embarque. Subiam-se as escadas e arrumava-

se a bagagem junto ao beliche armado nos porões, transformados em casernas. Depois,

voltava-se ao convés, lutava-se por um lugar na amurada ou trepava-se aos mastros, para

os últimos acenos.

A caminho do objectivo

Por volta do meio-dia, o navio recolhia as escadas e os

cabos, a sirene apitava e, durante alguns anos, a instalação

sonora tocava uma marcha intitulada ANGOLA É NOSSA

independentemente do destino – um ritual abandonado

nos anos mais próximos do fim da guerra. O navio

afastava-se lentamente, virava a proa à foz do Tejo,

Os oficiais seguiam para a Prime

Terceira. Neste caso, e dada a gr

de self-service. Cada grupo nom

montados à proa e à ré, para rec

que redistribuíam pelos seus am

piquenique, sentando no convés a mal com o mar calmo, mas

a formatura, agora o calor, um

passava por baixo da ponte e deslizava diante da Torre de

Belém. A fome já apertava e eram dadas instruções para a

primeira refeição a bordo.

ira classe, os sargentos para a Segunda e os praças para a

ande quantidade de tropas embarcadas, havia um sistema

eava os seus faxinas, que se aproximavam dos caldeirões,

eber um tacho de sopa, um de «segundo», o pão e a fruta,

aradas, no regresso aos seus postos. Comia-se como num

. Este sistema já funcionav

c

piorava nos dias de tempestade. Nesses dias, os respingos do mar salgavam a comida, os

faxinas desequilibravam-se com o balanço, entornando a sopa, e os restos espalhados

ajudavam a escorregar os que vinham em sentido contrário. Valia nessas ocasiões o enjoo da

maioria, que os tornava menos exigentes na quantidade e qualidade da alimentação.

A meio da viagem realizavam-se exercícios de salvamento a bordo, e todo o contingente

enfiava o colete salva-vidas e cada um apresentava-se junto à baleeira que lhe estava

destinada em caso de naufrágio. Tiravam-se umas fotografias e estava passada mais uma

tarde. Os dias de calma eram gastos a jogar às cartas e a receber alguma instrução sobre o

destino, em que ninguém, verdadeiramente, queria pensar.

Chegada a um novo continente

A passagem do equador fornecia o pretexto para uma cerimónia da praxe e, entretanto,

aproximava-se a chegada, que, quase sempre de manhã, era o tempo da curiosidade de

África, o tempo de refazer as malas e o desembarque. Nov

Dossier temático dirigido às escolas 55/219

desfile e um discurso. Depois, a partida para um campo

militar, o Grafanil, em Luanda, o Cumeré, em Bissau.

Logística

Chegada de Coluna Logística

"A Logística é o ramo dos conhecimentos militares que tem por fim proporcionar às Forças

Armadas os meios humanos e materiais necessários para satisfazer as exigências de guerra."

As Forças Armadas Portuguesas aptaram a sua doutrina logística para situações de

conflito a partir dos princípios e or guerra convencional, no âmbito

da NATO. Neles se estabelecem as cinco funções logísticas que reúnem grupos de actividades

tre comandos e unidades, fornecimento do respectivo

aterial, sua manutenção e reparação;

terial de aquartelamento;

Aqueles para quem Moçambique era o destino,

prosseguiam viagem de Lourenço Marques para norte,

até à Beira, Nacala ou Porto Amélia.

A partir daqui, seguiam-se os dois anos da comissão.

ad

n mas estabelecidos para a

afins: Abastecimento, evacuação hospitalização, transporte, manutenção e serviços.

Para as executar no terreno, prevendo as necessidades das tropas, organizaram-se serviços

no Exército com as respectivas missões:

Serviço de engenharia: trabalho de construção, reparação e manutenção de instalações e

vias de comunicação, montagem e exploração de redes de distribuição eléctrica, pesquisa e

exploração de fontes de água e fornecimento de cartas topográficas;

Serviço de transmissões: comunicação en

m

Serviço de transportes: Organização e execução de transportes marítimos e terrestres;

Serviço de material: operações de carácter técnico relativas a armamento, viaturas e

munições;

Serviço de intendência: abastecimento de víveres, combustíveis e lubrificantes, de

fardamento, calçado, equipamentos e ma

Serviço de saúde: preservação da saúde das tropas e recuperação dos feridos e doentes,

produção e distribuição de medicamentos. Transporte de tropas em lancha.

Dossier temático dirigido às escolas 56/219

Distribuição do Correio no SPM

Além destes, foram ainda implantados outros serviços especiais, de que se destaca pela sua

importância:

- Serviço Postal Militar (SPM): responsável pelo encaminhamento de toda a correspondência

oficial e particular;

Polícia Militar (PM): manutenção da disciplina, lei e ordem militar;

e reportagens cinematográficas e fotográficas;

Assistência religiosa;

-maiores e dos quartéis-generais, a actividade logística era planeada e

uperior a nível logístico

dante logístico.

aos navios e embarcações pertencentes aos comandos navais e de

efesa marítima processava-se nos serviços de assistência oficinal das instalações navais,

de processou-

e intermédio faziam-se nos grupos de material das próprias bases. A cadeia de

se a partir de Luanda e os serviços estavam centralizados.

-

- Serviço cartográfico, cinematográfico e fotográfico (SCE): execução de levantamentos

cartográficos, d

-

A nível dos estados

coordenada pelas 4º repartições. No exército, a responsabilidade s

cabia a um general designado como quartel-mestre – general; na Marinha, ao

superintendente do material; na Força Aérea existia um coman

Na Marinha, o apoio

d

existindo serviços destes em Luanda e Lourenço Marques, a partir de 1964, em Bissau a partir

de 1965.

Na Força Aérea, o sistema logístico de apoio às aeronaves em operações nas regiões aéreas

de Angola e Moçambique e no Comando da zona Aérea da Guiné e Cabo Ver

se de forma idêntica estabelecida para as aeronaves que se encontravam nas bases em

Portugal As grandes manutenções e reparações eram efectuadas nas OGMA (Oficinas Gerais

de Material Aeronáutico), situadas em Alverca, e as manutenções e reparações de nível

orgânico

reabastecimento de material era suportada pelo Depósito Geral de Material da Força Aérea,

situado junto das OGMA, e a actividade de intendência e de contabilidade foi organizada a

partir das delegações da Direcção do Serviço de intendência e Contabilidade junto dos

comandos das regiões e zonas aéreas.

Em Angola, no início da guerra não existia estrutura capaz de apoiar as unidades do

Exército, que chegavam em ritmo crescente, e a sua criação assentou no estabelecimento de

uma base logística em Luanda e na divisão da região militar em duas áreas logísticas, uma

englobando o Norte (ZIN) e a outra o restante território. Os reabastecimentos processavam-

Dossier temático dirigido às escolas 57/219

A partir dos depósito-base dos vários serviços eram enviadas para as unidades remessas

periódicas dos artigos requisitados, em transportes terrestres, marítimos e aéreos, civis ou

bique para abastecer as várias

necessidades, o pouco que existia concentrava-se em Bissau, com mau porto de

a resultante da escalada

a navegação a embarcações de pequeno calado, que

gurar a quantidade mínima de alimentos frescos às tropas,

eferir a importância de outros serviços que desempenharam papéis de

militares. Os abastecimentos eram levados para todo o território de Angola, excepto

Cabinda, em viaturas militares ou civis fretadas, através dos movimentos logísticos, os _MVL,

como ficaram conhecidos. A força Aérea e a Marinha participaram também no sistema de

transporte.

- O caminho-de-ferro foi utilizado em Angola e Moçam

unidades militares dos artigos requisitados. Para fazer face à ameaça de minas, eram

colocados vagões carregados de sacos de terra, antes da máquina.

A abertura da frente leste obrigou a criar órgãos logísticos avançados, sendo o apoio

centralizado na cidade do Luso.

Na Guiné, além da ausência quase total de estruturas económicas que suprissem pelo menos

em parte as

mar, onde era difícil armazenar, os abastecimentos idos de Portugal.

De Bissau para o interior eram muito deficientes as vias terrestres apesar de uma melhoria de

qualidade, essa melhoria foi anulada pelo aumento da inseguranç

das acções do PAIGC. Daí o aproveitamento da rede fluvial que penetrava no território,

embora esta apenas possibilitasse

estavam condicionadas pelas marés. É ainda de acrescentar as adversas condições

climatéricas, que depauperavam as tropas, aceleravam o desgaste do material e tornavam

difícil a conservação dos víveres.

Também a violência da guerra aumentava as dificuldades de todas as acções de apoio aos

combatentes.

A dependência de uma fonte exterior, as condicionantes dos transportes, com 70% deles a

serem efectuados por via fluvial, e a acção do PAIGC aconselhavam a dispor de elevados

níveis de reservas, o que era dificultado pela insuficiência das infra-estruturas de

armazenagem e de meios de manutenção. A rede de frio, necessária nos outros teatros, era

indispensável na Guiné para asse

tendo a força aérea um papel importante no transporte dos alimentos.

É ainda de r

importância decisiva: as transmissões e o serviço de saúde. O primeiro porque a intensidade

da guerra na Guiné exigia eficaz sistema de transmissões para o comando e o controlo das

operações, a fim de solicitar apoios de fogo, de evacuação sanitária e reabastecimentos.

Socorrista, com Equipamento de Primeiros-Socorros, em Coluna Militar

Dossier temático dirigido às escolas 58/219

A importância decisiva do serviço de saúde deve-se, à violência dos confrontos, aliada às

condições climatéricas, provocava elevado número de baixas por ferimentos e doenças, a que

o serviço de saúde deu resposta através de um sistema de evacuação apoiado nos meios da

Força Aérea e de tratamento nos seus órgãos próprios – as enfermarias, os postos avançados

de sangue e de reanimação e, acim de tudo, o Hospital Militar da Guiné, em Bissau.

Em Moçambique, a organização do apoio logístico foi, acima de tudo, condicionado pela

configuração do território e pela localização

militar relativamente às zonas d o

mélia.

lvimento que não teve em Angola ou na Guiné.

ara fazer face às particularidades resultantes da configuração do território, o exército

de operações,

sde as facilidades do PAIGC em fazer chegar ao interior todo o tipo de equipamentos,

PLA transportar por longos itinerários os

eios para levar a cabo as suas acções.

locaram aos movimentos, em especial em Angola e

b o seu controlo.

a

excêntrica dos centros de decisão política e

e perações.

Rapidamente se entendeu o desajustamento de manter depósitos – base em Lourenço

Marques, a 2000 km da fronteira norte, onde se desenrolavam as operações, pelo que a

estrutura logística foi descentralizada, constituindo-se depósitos junto aos portos de

desembarque da Beira, Nacala e Porto A

A descentralização e o relevo que os transportes tiveram são características marcantes do

apoio logístico em Moçambique e a importância destes levará à criação de uma chefia do

serviço de transportes, dando-lhe um desenvo

P

dividiu-o em quatro áreas logísticas, cada uma servida por um depósito base.

Logística dos Movimentos de Libertação

Os Movimentos de libertação assentaram o seu apoio logístico em bases no exterior,

normalmente nos países Limítrofes.

Os abastecimentos eram transportados por viatura até à fronteira e daqui para o interior

por meio de colunas apeadas.

As linhas de reabastecimento tiveram importância diferente nos três teatros

de

víveres e munições até extrema dificuldade do M

m

O mesmo problema viria a colocar-se também à Frelimo, com a abertura da frente de Tete.

Os principais problemas que se co

Moçambique, foram o transporte de minas e munições e o apoio sanitário aos seus

combatentes e às populações so

Dossier temático dirigido às escolas 59/219

COMBATES – AS PRIMEIRAS MISSÕES

"Audaces Fortuna Juvat"

peração Vendaval

Durante um reconhecimento aéreo foi localizada uma base

de guerrilheiros camuflada no interior da floresta.

Referenciada a posição na carta da região, o comandante

da zona decidiu que o objectivo se ajustava a acção dos

comandos. A base encontrava-se relativamente longe do

quartel das forças portuguesas em quadrícula, o acidentado

do terreno e a existência de população na área exigia

grandes cuidados, para os guerrilheiros não se aperceberem da aproximação dos militares

portugueses. Razões suficientes p

de forças especiais.

Após o rápido estudo de situaçã

o primeiro grupo (25 homens) d

emboscados a leste e oeste,

comandantes dos grupos e expl

seguiriam a pé, aproveitando a

Os itinerários percorriam uma zona propícia a

para eventual

O

ara a opção pelo golpe de mão, a realizar por uma unidade

o, o comandante da companhia de comandos decidiu lançar

e helicóptero sobre o objectivo, colocar os segundo e terceiro

e manter o quarto de reserva. O capitão chamou os

icou-lhes a ideia da manobra: os segundo e terceiro grupos

noite, para ocupar as suas posições em volta do objectivo, de

modo a constituírem um anel de cerco. Um progrediria a leste e outro a oeste, atravessando

o rio.

emboscadas, mas a noite era favorável a manter a

surpresa. O segundo grupo levaria o único guia disponível.

Em resumo: o primeiro grupo saltaria de helicóptero sobre

o objectivo, enquanto aos segundo e terceiro competiria

montar emboscadas nas zonas de acesso. O quarto grupo

seria mantido em reserva, para actuar em reforço de

algum dos grupos empenhados ou

perseguição.

Dossier temático dirigido às escolas 60/219

Recebidas as ordens, os comandantes dos grupos

reuniram-se com os seus homens. Cerca das 22

horas, o segundo e terceiro grupos saíram para

ocupar as posições, em silêncio, sem alterar a

rotina da base. Os comandos tinham à sua

madrugada, o segundo grupo atingiu as su

margens do rio. Para estes homens, havia qu

vedável, com margens acessíveis. Do outro

populações, mas todos sabiam que tinha

camaradas do primeiro grupo realizarem o

o Interior do Helicóptero

Um ligeiro cacimbo atrasou a partida da formação dos helicópteros, aumentando a

ansiedade dos homens. O barulho das pás dos rotores e das turbinas tornou-se quase

ensurdecedor e, finalmente, o primeiro aparelho deslocou, com o capitão junto à porta

esquerda, sinal de que ser o

O percurso até ao objectivo fez-se a muito baixa altitude, quase sobre as copas das árvores,

frente longas horas de difícil marcha na

escuridão, mas estavam treinados a percorrer os

trilhos e conheciam a mata. Às cinco horas da

as posições e, a essa hora, o terceiro chegava às

e vencer mais este obstáculo, procurar uma zona

lado não havia sinais dos guerrilheiros, nem das

m de evitar qualquer contacto até os seus

assalto ao acampamento. Os comandantes dos

grupos que iam constituir o anel de cerco mandaram as suas equipas de cinco homens

instalar-se em dispositivo de emboscada, e os rádios foram ligados em escuta permanente.

Restava-lhes aguardar, quase imóveis e em silêncio, que a acção começasse.

Na noite anterior, os homens do primeiro grupo, que iriam participar no assalto à base,

despediram-se dos camaradas que saíram, à noite, para o anel de cerco. Sentiam-se

privilegiados por não terem de percorrer o longo caminho a pé e por lhes caber a parte mais

decisiva da operação. De qualquer modo, quase todos tiveram dificuldade em adormecer.

De madrugada, estavam já completamente armados e equipados quando os helicópteros se

aproximaram para os embarcar. O capitão acertou os últimos pormenores com os pilotos, e a

partir daí tudo o que se esperava destes comandos é que cumprissem a missão.

N

ia primeiro a saltar.

para obter a surpresa e evitar ser atingido. Alguns minutos depois, os pilotos assinalaram o

objectivo, junto a uma orla de mata, em zona de capim. Abertas as portas de desembarque,

Dossier temático dirigido às escolas 61/219

os helicópteros ficaram a pairar sobre este espaço livre apenas o tempo indispensável para os

homens saltarem. O grupo de 25 comandos reuniu-se rapidamente, abrindo-se numa linha

evista a Uma Cubata

Depois foram os tiros, as granadas, os vultos a correr, os corpos caídos, os ruídos de labaredas,

gritos, pedidos de ajuda, ordens. Restavam os feridos, militares, homens e mulheres que ali

viviam. Era necessário retirar rapidamente, proceder à evacuação e regressar à base. Os

helicópteros voltaram, protegidos por u eberam os comandos e os feridos.

O capitão fez um curto relatório da operação, com descrição sumária e uma alínea para os

vacuação dos Feridos

Operação Zeta

Em 7 d Ju companhias de pára-quedistas (uma

de Nacala e uma da Beira) foram lançadas na zona de

Malambuage, a sul do rio Rovuma, onde se situavam pontos de

apoio às infiltrações da FRELIMO, que partiam ao coração do

planalto dos macondes, na zona de Mueda, Nangololo e Sagal.

Zeta constituiu uma da

Moçambique. Foi o prim

de operações e um dos raros que ocorreram durante toda a guerra, permitindo surpreender

virada ao objectivo. Seguiu-se o assalto e, descobertas as primeiras cubatas escondidas na

mata, os homens procuraram o melhor trilho de acesso, olhando para o lado em busca do

apoio do camarada que os devia proteger em caso de necessidade.

R

m helicanhão, e rec

resultados da Operação Vendaval.

E

e nho de 1969, duas

Embora não se tenham registado combates violentos, a operação

s principais referências da actividade das tropas pára-quedistas em

eiro e o maior lançamento operacional destas forças naquele teatro

Dossier temático dirigido às escolas 62/219

os guerrilheiros, cuja organização defensiva estava montada para o alerta e a defesa contra

forças que se aproximassem por terra, levando-os a dispersar e a abandonar grande

Acção com Lança-Granadas-Foguete

mbarque para Heliassalto

O que permitiu o ensaio de algumas manobras tácticas que vieram a melhorar o futuro

desempenho das forças em operações, como na de acção de uma unidade

em plena operação com o emprego de helicópteros em elevado número. Apesar do sucesso

da operação, foram raros os lançamentos de pára-quedistas durante os 13 anos de guerra, o

que se deve, em primeiro lugar, às cara e guerrilha, em que o

objectivo dos guerrilheiros não é conservar a posse do terreno, retirando as forças regulares à

nfermeiras Pára-Quedistas em Apoio a Operações

quantidade de material.

Em

E

a mudança de zo

cterísticas da própria guerra d

medida que atacam; em segundo lugar, às características do terreno, dado que as bases se

situavam em zonas impróprias para lançamentos; e também à escassez de recursos das forças

portuguesas, nomeadamente em aviões de transporte.

E

Dossier temático dirigido às escolas 63/219

Operação Abanadela

A construção da barragem de Cahora Bassa exigiu a montagem de

gigantesco dispositivo de segurança, no qual os fuzileiros ocuparam

o rio Zambeze - um a montante, no Magué, e

outro a jusante no Tchirose. A partir destas bases, no interior mais

do de Moçambique, as unidades de fuzileiros realizaram acções

de patrulhamento fluvial, com a finalidade de impedir a passagem dos

III, que, percorrendo

do trânsito de guerri

se de Fuzileiros

Era uma actividade cansativa, realizada em condições atmosféricas extremas, em que havia

que vencer a rotina e manter a atenção permanente para evitar as surpresas do adversário,

com grande mobilidade e capacidade de se diluir no meio.

Ao conjunto de patrulhas realizadas, entre 20 e 30 de Julho de 1970, pelo destacamento de

fuzileiros com base no Thcirose foi dado o o “Abanadela”.

pontos nas margens d

profun

guerrilheiros da FRELIMO para sul, na direcção do Tete. Estas acções

eram realizadas por equipas de 5 “fuzos” embarcados em botes Zebra

o rio ou deslocando-se por terra, procuravam vestígios da presença ou

lheiros.

Ba

n me de operação

Operação no Niassa

Intervenientes

Quando Salazar, depois de dominar a tentativa de golpe de estado do general Botelho

Moniz, pronunciou as palavras “Para Angol e em força”, estava, mais uma vez, a traçar o a

destino de Portugal e das suas colónias. Com esta que se lhes seguiram, s palavras e as acções

Dossier temático dirigido às escolas 64/219

Salazar fechava as portas, desde o início, a qualquer solução negociada para a questão

colonial.

Impressionados pela exibição das fotografias dos terríveis massacres de Angola, verdadeiras

mas de uma só face, os Portugueses responderam, de forma geral, com generosidade ao

apelo do ditador, sem poderem formular livre juízo de valor sobre o seu empenhamento. A

guerra acabou, aliás, por conduzir a maior dureza dos sistemas repressivos do regime,

impedindo qualquer discussão ou abordagem do problema que se tornou o nó górdio da

própria ditadura.

Quando Salazar saiu da cena política, em 1968, deixou ao sucessor um regime desacreditado,

com mais de 100 000 homens em armas em três frentes de combates e mais de um terço dos

gastos do Estado afectos às despesas militares.

Amílcar Cabral (1924-1973)

Amílcar Cabral ocupou um dos mais importantes lugares entre todos os

dirigentes nacionalistas das colónias portuguesas. A ele se deve o

essencial das doutrinas, das estratégias, da organização de esforços e do

estabelecimento de objectivos na luta contra o regime colonial

português. Os seus princípios procuraram ser claros tanto quanto à

Guiné, como aos povos dos outros territórios portugueses, tendo

orientado o seu pensamento e acção por duas ideias fundamentais: a

luta nacionalista fazia-se contra o regime português e não contra o povo português, também

ele vítima da ditadura; e a luta contra o regime português era a luta comum dos

nacionalistas de todas as colónias portuguesas. A sua morte não afectou a caminhada da

Guiné-Bissau para a proclamação da independência, mas viria a pôr em causa aquele que

terá sido o seu mais acarinhado sonho – juntar as suas duas pátrias, Guiné e Cabo Verde.

Spínola (1910-1996)

Oficial oriundo da arma de cavalaria, começou a construir a imagem

de chefe militar que vai onde os seus homens vão desde que, como

tenente-coronel, se ofereceu para comandar um batalhão em Angola.

Nomeado em 1968 por Salazar para governador e comandante-chefe

da Guiné, no primeiro estudo da situação, apresentado por Marcelo

Caetano, afirmava ter a guerra a finalidade de "resistir para

permanecer"; ligava entre si a sorte de cada território, de modo a

evitar as tentações do regime se libertar da ovelha negra que era a Guiné; e caracterizava o

PAIGC como o movimento de libertação mais consequente de quantos se opunham ao

Dossier temático dirigido às escolas 65/219

colonialismo português, classificado por Amílcar Cabral como líder merecedor do maior

respeito. A sua acção na Guiné cobre toda a panóplia de manobras políticas e militares,

subordinando sempre esta àquelas e tendo por finalidade a conquista das populações.

Promove conversações ao mais alto nível com Leopoldo Senghor; tentando chegar a Amílcar

Cabral, procura cindir o PAIGC, num episódio de que resulta a morte de três majores da sua

confiança; lança uma operação contra Conacri para derrubar Sekou Touré, mas realiza

também congressos do povo, liberta presos políticos, cria uma força africana. Nunca um

governador de província ultramarina, e muito menos um general, ousara ir tão longe.

Em 1973, quando Marcelo Caetano proíbe a continuação dos contactos com o "inimigo",

Spínola compreende que deixou de ter lugar no regime e prepara a publicação de Portugal

e o Futuro, bomba-relógio que iniciará a sua destruição.

Agostinho Neto (1922-1979)

Este médico angolano (Agostinho Neto) formado em Lisboa, fez parte,

com Amílcar Cabral e Mário Andrade, entre outros, da geração de

estudantes africanos que, tendo ganho consciência nacionalista, viria a

desempenhar papel decisivo na independência dos seus países. Preso

pela PIDE e deportado para o Tarrafal, foi-lhe fixada residência em

Portugal, de onde fugiu para o exílio, assumindo a direcção do MPLA,

do qual já era o presidente honorário desde 1962.

O que caracteriza a eta acção política deste homem culto, intelectualmente respeitado e po

de reconhecido mér ito, é a dificuldade em afirmar a autoridade no interior do seu

movimento e de se im a por externamente. A sua história e a história do seu MPLA são um

sucessão de rupturas , e e dissenções internas: com Viriato da Cruz, com Mário de Andrade

com os elementos da Revolta Activa, que impedem a congregação à sua volta do apoio

inequívoco dos n ci o MPLA em pólo a onalistas internacionais, de modo a transformar

unificador da luta anticolonial, atraindo outros movimentos e formações, como aconteceu, na

Guiné, com o PAIGC de Amílcar Cabral, e com a Frelimo da Samora Machel, em

Moçambique.

Costa Gomes (1914- )

Costa Gomes, oficial do Exército, oriundo da arma de cavalaria, foi o

general que maiores efectivos e durante mais tempo comandou tropas

em operações durante a guerra.

A sua figura apagada e pouco carismática escondia um estrategista

que conduzia as tropas no terreno com o rigor de jogador de xadrez,

Dossier temático dirigido às escolas 66/219

preparando antecipa nte as jogadas, e prevendo todas as eventualidades. A sua acção dame

como comandante-chefe em Angola é o culminar de uma carreira que o faz estar presente

nos grandes momentos da história portuguesa da segunda metade do séc. XX. Costa Gomes é

dos oficiais da "geraç ai introduzir profundas mudanças no ão NATO" que, desde os anos 50, v

aparelho militar português. Foi subsecretário de Estado do Exército do Governo de Salazar,

esteve envolvido na tentativa de golpe de Botelho Moniz, foi o segundo-comandante militar

em Moçambique e responsável pela montagem do sistema logístico naquele teatro de

operações, tão exigente nessa área, e comandante-chefe em Angola, onde, do ponto de vista

estritamente militar, esteve prestes a vencer a guerra.

Para a condução das operações utilizou, com grande mestria, as informações, apoiando-se

na DGS, desenvolveu a logística, dotou as suas tropas de grande mobilidade, usando cavalos

e helicópteros, e criou forças adaptadas ao ambiente, como os Flechas e os Leais. Costa

Gomes coordenou, sem alardes, a acção militar em Angola, descentralizando competências,

como fez com a criação das zonas militares, especialmente a do Leste, e quando saiu de

Luanda para ocupar o cargo de chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas o seu

drama era saber que, apesar de a situação estar aparentemente estabilizada em Angola, a

história não parava.

Samora Machel (1933-1986)

Samora Machel era uma força da natureza que libertava energia e

tinha um carisma que contagiava e fazia agir.

Antigo enfermeiro, nascido no Sul de Moçambique, pertence ao

primeiro grupo de nacionalistas moçambicanos que rompe com o

marasmo da discussão política e decide passar à luta armada. Estará

sempre ligado às tarefas da organização militar, porque entende que é

através de acções bélicas que tudo o resto virá. E o tudo era não só a

independência polític to de novo poder e de

a formal de Moçambique, mas o estabelecimen

nova sociedade.

Samora foi, no campo da ideologia, o líder de concepções mais revolucionárias, as quais

motivaram cisões e conflitos internos com várias personalidades e grupos com diferentes

visões dos caminhos para alcançar a independência, das quais resultaram, entre outros, o

afastamento de Uria Simango e de Lázaro Kavandame, que se entregou às autoridades

portuguesas. Samora soube reunir à sua volta um grupo coeso, unificador e eficaz para

conduzir a manobra político-militar. Ao decidir transferir o esforço da Frelimo do Norte de

Moçambique para Tete, centrando a guerra à volta do empreendimento de Cahora Bassa,

mesmo à custa de maiores riscos, provocados pela proximidade da África do Sul e da

Rodésia, e de menores apoios, pela distância às suas bases na Tanzânia, revela uma leitura

Dossier temático dirigido às escolas 67/219

da situação que os dirigentes políticos portugueses não tiveram ao decidir a construção da

barragem. Samora Machel soube aproveitar da melhor forma a opurtunidade, que lhe foi

oferecida de bandeja, de escolher o lugar e o momento da batalha decisiva, e por isso

ganhou a guerra.

Kaúlza de Arriaga (1915- )

No início dos anos 50, jovem capitão de engenharia em Tancos, cria uma

unidade de sapadores de assalto e apaixona-se pela aviação, que se

instalava na Base Aérea 3. A atracção pelas unidades especiais e pela

aeronáutica vai marcar a sua vida. Como major, é nomeado subsecretário

de Estado daquele novo ramo das Forças Armadas e, neste cargo, aproveita

as hesitações do Exército para criar os pára-quedistas. De major a general não mais

abandonará os corredores do poder e da teorização de problemas de estratégia.

Sem qualquer experiência anterior de comando em operações ao ser nomeado por Marcelo

Caetano para comandante militar em Moçambique, Kaúlza de Arriaga leva consigo uma

estratégia definida, idêntica à que dera maus resultados no Vietname: atacar o que se

julgava ser o o c ração do inimigo, o planalto dos Macondes – operação Nó Górdio; cortar-lhe

as linhas de reabastecimento, objectivo da operação Fronteira, e isolá-lo da população,

desenvolvendo a política de aldeamentos estratégicos; e aproveitar a albufeira de Cahora

Bassa para impedir a progressão da Frelimo, para sul.

Quando, em Julho de 1973, Marcelo Caetano lhe dá por finda a comissão substituindo-o por

"outra pessoa que possa rever os conceitos e tácticas", deixa como herança uma guerra que

aumentara de intensidade no Norte, após a operação Nó Górdio, e alastrara de Tete em

direcção ao sul e à Beira, com acções da Frelimo já a 400 quilómetros de Cahora Bassa, um

conjunto de escândalos provocados por massacres contra populações civis, as relações com a

Igreja Católica deterioradas ao seu mais baixo nível e, por último, como prova do seu

fracasso, o eng. Jardim, com quem Kaúlza dividiu o poder militar sem nunca entender o

verdadeiro papel representado por esse homem de acção, procurando outras soluções em

Lusaca.

Marcelo Caetano (1906-1980)

A subida de Marcelo Caetano ao poder, em Portugal, em 1983, gerou em

todo o mundo, em especial nos círculos ligados a África, enorme expectativa.

Para a maioria dos intervenientes no processo colonial, era a última

oportunidade de dar ao problema solução razoável.

Houve, por isso, da parte das Nações Unidas, dos movimentos de libertação

Dossier temático dirigido às escolas 68/219

e da oposição portuguesa uma pausa, apesar de tudo, carregada de cepticismo, até se

perceber o que s u ignificavam as "reformas necessárias" que Marcelo Caetano prometia no se

discurso.

Pouco tempo d so que urou a expectativa. Sem capacidade para romper o círculo vicio

herdara, Marcel terior, optando pela o Caetano depressa reafirmou a política colonial an

continuidade a d guerra e assumindo a responsabilidade histórica de encaminhar o seu

regime para um beco sem saída.

Holden Roberto (1924- )

Dirigente nacionalista angolano, com um percurso atribulado no seio

dos movimentos anti coloniais. Iniciou a sua actividade em 1954, com

a fundação da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), uma

organização de povos bacongos, mais tarde designada UPA para lhe

retirar o carácter tribal. Em 1960, assinou um acordo com o MPLA,

que rompe passados seis meses, decidindo assumir por si só a liderança

da luta contra o colonialismo português. A sua grande acção teve

início no dia 15 de Março, no Norte de Angola, com o assalto às fazendas do café e a morte

indiscriminada de colonos brancos e trabalhadores negros bailundos. A brutalidade e a

ausência de finalidade desta acção, em que os objectivos políticos e militares nunca foram

esclarecidos, mancharam toda a subsequente luta anticolonial e forneceram ao regime

português as image s n de horror e barbárie que lhe permitiram apelar à mobilização para a

guerra. Em 1962, criou a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), da qual se tornou

presidente. Esta organização constituiu o Governo Revolucionário de Angola no Exílio

(GRAE), onde Jonas Savimbi surge como ministro dos Negócios Estrangeiros.

Holden Roberto manteve sempre uma estreita ligação com Mobutu, presidente do Zaire, país

em que se instalaram as bases do movimento. Embora tenha recebido armas dos países de

Leste, a sua ligação privilegiada foi sempre com os EUA, que lhe pagam uma avença anual e

fornecem conselho técnico, inclusive com a presença de agentes nas suas bases.

Mário de Andrade (1928-1990)

Dirigente nacionalista angolano, foi um dos primeiros e mais

destacados líderes do MPLA, juntamente com Viriato da Cruz.

Pertencia a uma família de angolanos nacionalistas, sendo o seu pai

fundador, em 1928, da Liga Nacional Africana. Em 1948, juntamente

com o seu irmão Joaquim, iniciou estudos de Filologia Clássica na

Universidade de Lisboa. Aqui, os irmãos Pinto de Andrade

Dossier temático dirigido às escolas 69/219

relacionaram-se com estudantes das colónias, participando, com Agostinho Neto e outros, na

criação do Centro de Estudos Africanos. Perseguido pela PIDE, refugiou-se em Paris,

formando-se em Sociologia pela Sorbonne. Mário de Andrade vai distinguir-se por sempre ter

lutado pela unidade entre todos os movimentos de libertação contra o colonialismo

português, sendo muito próximo de Amílcar Cabral, Marcelino dos Santos e Aquino de

Bragança, com os quais fundou o MAC, Movimento AntiColonial.

Afastar-se-ia progressivamente do MPLA, tendo trabalhado no final da sua vida em

Moçambique e na Guiné-Bissau.

Jonas Savimbi (1934-)

Político angolano, fundador da UNITA. Frequentou o sétimo ano do liceu

em Lisboa, de onde saiu em 1961 apoiado por uma organização

protestante americana, que dirigia jovens estudantes para o escritório da

UPA em Paris.

Foi funcionário da UPA, tendo sido representante de Holden Roberto na

Europa no início dos acontecimentos desencadeados por aquele movimento no Norte de

Angola, em Març o de 1961, e secretário-geral e ministro dos Negócios Estrangeiros aquando

da fundação da FNLA e da constituição do GRAE.

Desde o início da sua actividade política, Savimbi manteve contactos privilegiados com

organizações pol as conotadas com a CIA americana e promoveu íticas e religios

repetidamente te ndências fraccionastes de raiz étnica.

Em 1964, demitiu-se de ministro do GRAE e de secretário-geral da FNLA e publicou um

documento intitulado Amangola, propondo a luta armada como solução contra o

colonialismo português. Aproximou-se do MPLA enquanto esteve em Brazzaville, de onde se

deslocou para Lusaca, capital da Zâmbia, estabelecendo relações com as embaixadas da

República Popular da China e dos EUA.

Depois de uma visita aos Estados Unidos, em Janeiro de 1966, um pequeno grupo armado

atacou a povoação de Teixeira de Sousa, em 6 de Fevereiro, naquela que é a primeira acção

reivindicada pela UNITA, que contava com quadros militares formados na China e políticos

ligados aos EUA, com Jeremias Chitunda. Desde 1969 são referenciados contactos seus com as

autoridades coloniais portuguesas, nomeadamente com a DGS, os quais vieram a culminar

na Operação Madeira.

Esta acção traduziu-se num protocolo de colaboração de Savimbi com as forças portuguesas,

em que este se comprometeu combater o MPLA no Leste de Angola, em troca do apoio dos

militares à acção da UNITA junto das populações controladas por este movimento.

Dossier temático dirigido às escolas 70/219

Nino Vieira (1939- )

João Bernardo Vieira, conhecido por Nino ou Nino Vieira, é o

exemplo mais marcante do guerrilheiro que se transformou em lenda

viva.

Nasceu em Bissau, em 1939, e pertenceu ao primeiro grupo de

militantes do PAIGC que frequentou a Academia Militar de Pequim,

na China, logo em 1960. No regresso à Guiné dedicou-se à

organização militar da rilha no Sul do território. Em 1964, durante a grande Operação guer

Tridente, em que as forças portuguesas reocuparam a ilha de Como, numa acção que durou

60 dias, Nino era já, com apenas 25 anos, o comandante militar da zona sul, que abrangia a

região de Catió até à fronteira com a Guiné-Conacri.

Será quase sempre no Sul que Nino actuará, transformando esta zona, que abrangia o

Cantanhez e o Quitafine, num dos mais duros, senão o mais duro, de todos os teatros de

operações em que s a forças portuguesas estiveram empenhadas e do qual ainda restam

nomes míticos de Guileje, que ele veio a ocupar em 1973, Gadamael, Gandembel, Cacine,

Catió, Cufar, Cadique, Bedanda e tantos outros.

Além da indesmentível coragem, Nino teve também pelo seu lado a sorte que faz os heróis

sobreviverem, e foi essa sorte que lhe permitiu escapar por várias vezes a emboscadas

montadas pelas forças portuguesas, sendo o caso mais conhecido o da Operação Jove, em

que foi feito prisioneiro o capitão cubano Pedro Peralta.

Embora se tenha dedicado principalmente à actividade militar, como comandante de

unidades de guerrilheiros, Nino Vieira ocupou os mais altos cargos na estrutura do PAIGC,

sendo membro eleito do bureau político do seu Comité Central desde 1964, vice-presidente

do Conselho de Guerra presidido por Amílcar Cabral em 1965, acumulando com o comando

da Frente Sul, e ainda comandante militar de operações, a nível nacional, a partir de 1970.

Em 1973, foi eleito deputado e, posteriormente, presidente da Assembleia Nacional Popular,

que proclamou a República da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973.

Aristides Pereira (1923- )

Político cabo-verdiano foi, juntamente com Amílcar Cabral, um dos

fundadores do PAIGC, integrando a comissão política do Comité

Central desde 1956, onde exerceu o cargo de secretário-geral adjunto.

Depois do assassínio de Amílcar Cabral, em Conacri, acção em que ele

próprio foi preso pelos criminosos e embarcado numa lancha que se

dirigia para a Guiné-Bissau, assumiu as funções de secretário-geral.

Dossier temático dirigido às escolas 71/219

Foi o primeiro Presidente da República da Guiné, gerindo conflitos de interesses entre cabo-

verdianos e guineenses, até à ruptura que ocorreu e separou a Guiné de Cabo Verde.

Eduardo Mondlane (1920-1969)

Dirigente nacionalista moçambicano, foi o primeiro presidente da

Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e, antes de mais, o

líder unificador dos vários movimentos e organizações que deram

. Homem do Sul, culto, professor universitário nos

UA, casado com uma cidadã americana e funcionário das Nações

as tendências dos gru

futuro Moçambique

independência das c

nacional anti-racista e

Foi morto pelo reb nt

origem àquela frente

E

Unidas, Mondlane dedicará o melhor dos seus esforços a manter unidas

pos e a promover, pela educação, a preparação de quadros paro o

independente, dentro de uma linha anglo-saxónica de acesso à

olónias, que passava pela formação de uma esclarecida consciência

antitribal.

amento de um livro armadilhado, em 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-

es-Salam, numa acção a que têm sido associados a PIDE/DGS e o antigo dirigente maconde

Lázaro Kavandame, que se entregara às autoridades portuguesas.

e

Dossier temático dirigido às escolas 72/219

O FIM DA GUERRA – O FIM DO IMPÉRIO

golpe de Estado do 25 de Abril de 1974, levado a efeito por militares dos três ramos das

orças Armadas, dirigidos pelo MFA, pôs fim a 41 anos de Estado Novo e a 48 anos de

itadura em Portugal. Ao 25 de Abril seguiu-se um período revolucionário que transformou

dois anos, Portugal a

udança na sua história não só do ponto de vista do sistema político, mas também nas

lgueiro Maia a prestar declarações

A guerra colonial constituiu a motivação dominante do MFA para conceber e preparar um

golpe de estado contra o regime. O go e de Estado obedeceu a um planeamento muito

cuidadoso e a execução de grande eficácia, baseada em princípios militares muito simples

(surpresa, coordenação e concentraçã d

O sinal utilizado pelos golpistas foi uma canção de José Afonso "Grândola, Vila Morena",

ril (operacionalmente considerada a Hora

m qualquer esboço de

sistência, foram caindo nas mãos dos revoltosos os centros nevrálgicos da capacidade de

O

F

d

radicalmente o Estado e a Sociedade. Em apenas sofreu a mais profund

m

concepções, estruturas e relações sociais e económicas. As independências dos territórios

coloniais, ocorrida entre Outubro de 1974 e Novembro de 75.

Sa

lp

o e forças).

transmitida pela rádio Renascença. Estava assim iniciada a revolta.

A maior parte dos objectivos a conquistar situava-se evidentemente em Lisboa, razão pela

qual, a partir das 3 horas da manhã de 25 de Ab

H), começaram as forças a efectuar os respectivos movimentos em direcção aos objectivos

que a cada uma estavam destinados. A partir desta hora, se

re

manobra do regime: RTP, Rádio Clube Português, Emissora Nacional (sintomaticamente os

primeiros objectivos conquistados eram todos meios de comunicação social, vitais para

qualquer dos contendores), Quartel-General de Lisboa, Aeroporto Internacional, Banco de

Portugal e Rádio Marconi. Nas primeiras horas foram igualmente bloqueadas vias de

comunicação importantes e executados movimentos de tropas em direcção aos centros de

decisão do regime: Terreiro do Paço, instalações da DGS, quartéis da Legião Portuguesa e

tropas potencialmente adversas.

Dossier temático dirigido às escolas 73/219

to metralhadoras da EPC no Terreiro do Paço

Em poucas horas, e sem que fosse visível qualquer reacção governamental organizada,

grande parte do plano operacional do MFA estava executado.

Só muito tarde o regime acordou.

Marcelo Caetano foi induzido pelos próp emas de segurança a dirigir-se para o Quartel

pôs as forças em posição de

do último símbolo do regime. O povo de Lisboa, figurante

ctivo e cada vez mais interveniente, respondia com crescente entusiasmo ao teor dos

Chaimite que Transportou Marcelo Caetano

Entretanto, no próprio Quartel do Carmo, efectuou-se um contacto entre o general Spínola e

Marcelo Caetano, ficando deste encontro a expressão deste último ao afirmar que preferia

entregar o poder a alguém que lhe desse garantias, em vez de deixar que caísse na rua. De

certa forma, formalizou-se neste cenário a Marcelo

Caetano e de alguns Ministros.

uinte.

Au

rios sist

do Carmo, que se transformou no ponto central das operações militares. Ao princípio da

tarde, Salgueiro Maia, comandante dos revoltosos no local, dis

cerco e preparou-se para a queda

a

comunicados transmitidos e aos objectivos políticos do MFA.

Do posto do comando, instalado no quartel do Regimento de Engenharia 1, na Pontinha, o

MFA procurou conduzir a acção militar e pôr fim à expectativa.

A

queda do governo, com a prisão de

Ao princípio da noite, o MFA divulgou a sua proclamação, primeiro documento

programático preparado antecipadamente e que continha as intenções fundamentais do

movimento militar: entrega do Governo a uma Junta de Salvação Nacional, próxima difusão

de um programa do MFA, restituição ao povo português das liberdades cívicas e eleição de

uma Assembleia Nacional Constit

Dossier temático dirigido às escolas 74/219

Spínola chegou entretanto ao quartel-general do MFA, na Pontinha, onde ficou

surpreendido com o facto de não serem oficiais da sua confiança os responsáveis pela

condução das operações militares que acabavam de derrubar o regime. De facto, mesmo

antes do 25 de Abril, estavam claramente esboçadas duas correntes principais no seio do

movimento militar. Spínola, que servia de referencial a uma delas, tinha a ideia de que o seu

mbarque das Últimas Tropas Portuguesas em Luanda

Contudo, na noite de 2 para 26 de Abril todos procuraram estabelecer relações

minimamente conflituosas, embora a noite não tivesse sido fácil para nenhum dos lados. Com

efeito, a questão que fund entou a atitude dos oficiais do MFA, relacionada no fundo com

a solução da Guerra Co n tintas. Na lógica do

projecto inicial do programa do MFA estava uma concepção inequívoca do acesso das

prestígio e a qualidade dos seus incondicionais apoiantes lhe garantiriam o domínio da

situação nos momentos decisivos. A «transmissão de poderes» no Quartel do Carmo, que

afinal acontecera num clima de euforia em torno da sua figura, culminava numa série de

acções que pareciam orientar-se no sentido de lhe ser atribuído o papel dominante. Contudo,

tanto a coordenação das acções militares, como a sua execução concreta fora, e continuava

a ser, obra da corrente do movimento não incondicionalmente apoiante de Spínola. Num

instante o potencial significado da transmissão do poder encenada no Carmo deixava de ter

sentido, já que a intervenção estava a ser protagonizada pela corrente não comprometida

com o general.

E assim, à medida que o confronto com o velho regime se atenuava, com a queda sucessiva

dos seus apoios, um conflito interno surgia desde as primeiras horas no interior do poder

emergente.

E

5

am

lo ial, polarizou duas atitudes profundamente dis

colónias à autodeterminação e independência, única forma de por fim à guerra. A supressão

da alínea que o declarava formalmente – negociada entre as duas tendências emergentes

na própria noite de 25 de Abril – não desfez o modelo resultante do restante articulado, mas

vem a prestar-se ao nascimento de novos equívocos, como os factos se encarregarão de

demonstrar.

À medida que o triunfo do MFA se desenhou, cresceu a participação popular em todas as

acções, em Lisboa e um pouco por todo o país. O povo da capital viveu intensamente todas

Dossier temático dirigido às escolas 75/219

as peripécias da revolução, acompanhou de perto as evoluções militares e participou com

entusiasmo em muitas das conquistas dos revoltosos; tomou mesmo à sua conta a execução

de algumas a

sentido democrático do movimento. No final do segundo dia, os últimos redutos do regime

tinham sido completamente derrubados, com a tomada da sede do DGS e a abertura das

prisões políticas. De certa forma se poderá considerar que estava consumado o golpe de

Estado.

O não reconhecimento, no programa do MFA do direito à independência dos povos das

colónias criou uma situação equívoca durante os messes que se seguiram ao 25 de Abril, que

só viria a ser emendada pela Lei 7/24 de 27 de Julho, seguida da comunicação do general

Spínola, Presidente da República. A posição pró-independentista então anunciada

possibilito

de libertação e o início do processo de descolonização. Entretanto, os três meses já decorridos

tinham produzido demasiadas situações de desequilíbrio nas forças militares em serviço nas

colónias.

A ambiguidade das primeiras posições relativas à nova política colonial gerou, de facto,

situações duvidosas, que não puderam depois ultrapassar-se sem graves desentendimentos.

Os dois projectos distintos que repartiram o poder em 25 de Abril tinham em grande parte,

na base da sua distinção, as questões ligadas ao futuro das relações de Portugal com as suas

colónias. E

submetidos à prova prática dos factos, o que exigiu, a maior parte das vezes, a sua revisão.

Cada revisão foi um combate. Cada passo na redefinição do processo colonial exigiu uma

dura luta entre Spínola, cuja tese carecia de prazos de concretização dilatados e não atendia

às situações reais vividas nos teatros de operações, e a Comissão Coordenadora do Programa

do MFA, que procurou guiar-se por um modelo político de acordo com os princípios dos

direitos dos povos à autodeterminação e independência e com realidade militar vivida no

terreno.

Definido, com a Lei 7/74, o direito dos povos coloniais à autodeterminação, com todas as suas

consequências, incluindo «a aceitação da independência dos territórios ultramarinos», estava

dado o sinal para as populações brancas das colónias de que o processo de descolonização

iria entrar na fase definitiva. O comunicado conjunto de Portugal - ONU, publicado em 4 de

Agosto, p

Com base neste novo enquadramento, foram retomadas as negociações com o PAIGC e a

Frelimo, chegando as delegações à assinatura de protocolos de acordo. Em Argel, em 26 de

Agosto, ficou concluído o processo de conversações entre Portugal e o PAIGC, no sentido do

reconhecimento da «República da Guiné-Bissau como Estado soberano pelo Estado

Português». Em Lusaca, a 7 de

cções, redobrando o seu empenhamento à medida que descobriu sinais do

u o incremento de conversações oficiais entre o Estado Português e os movimentos

mesmo os pontos comuns dos dois projectos acabaram rapidamente por ser

ôs fim às últimas dúvidas.

Setembro, foi solenemente assinado pela delegação

portuguesa e pela Frelimo um «acordo conducente à independência de Moçambique».

Dossier temático dirigido às escolas 76/219

Contudo neste mesmo dia, vários grupos de brancos organizados num movimento contrário

ao acordo assaltaram, em Lourenço Marques e noutras cidades moçambicanas, as instalações

do Rádio Clube de Moçambique e dos seus emissores regionais, preconizando, em contínua

emissão radiofónica, a independência branca e a intervenção da África do Sul. Apesar da

dificuldade de que se revestiu a acção das Forças Armadas para pôr termo à situação a

tentativa acabou por fracassar.

Criados assim os instrumentos de transmissão para a Guiné e para Moçambique, com

respeito pelo direito dos povos à independência, com o reconhecimento dos respectivos

movimentos de libertação e com a marcação de um calendário de transferência de poderes,

efectivaram-se os actos que concretizaram as cláusulas dos acordos.

Na Guiné fez-se a transferência administrativa, que poderia prolongar-se até 31 de Outubro.

De forma geral decorreu sem incidentes, publicando o governo português a declaração de

amente os mecanismos

grande envergadura planeada pelo quartel-general de Nampula e pela e pela

irecção da Frelimo, foram transportados para o interior do território e para as principais

a e dos seus aliados faziam adivinhar o

reconhecimento solene da independência da República da Guiné Bissau em 10 de Setembro

de 1974.

Relativamente a Moçambique, o governo português accionou rapid

acordados em Lusaca nomeando, ainda em 10 de Setembro, o alto-comissário previsto no

acordo, cargo em que foi investido Vítor Crespo, destacado elemento da Comissão

Coordenadora do MFA, que de imediato partiu para Moçambique. Entretanto, numa

operação de

d

cidades os efectivos militares e quadros dirigentes deste movimento de libertação por forma a

cumprir-se ao Acordo de Lusaca e a permitir que o governo de transição, presidido por

Joaquim Chissano, tomasse posse a 21 de Setembro.

Quanto a Angola, considerando as previsíveis dificuldades de aproximação dos três

movimentos de libertação e a amplitude da comunidade branca angolana, o Presidente da

República, e de forma geral os órgãos de soberania portugueses, interrogava-se

legitimamente sobre a melhor forma de levar à prática a descolonização. Com efeito, os altos

interesses em jogo no território angolano quer do ponto de vista da África do Sul e dos países

ocidentais, quer do ponto de vista da União Soviétic

alargamento de um confronto à margem de Portugal. Na sequência de várias decisões,

Spínola encontrou-se com Mobutu na ilha do Sal, em 15 de Setembro, reunião que se revestiu

de grande sigilo, mas cujo objectivo foi a questão de Angola. As iniciativas de Spínola

tiveram ainda alguma continuidade quando, em 27 de Setembro, exactamente nas vésperas

da sua ruptura com o novo regime, recebeu uma delegação das «forças vivas de Angola», a

quem apresentou «as linhas gerais do programa de descolonização daquele território», o seu

último acto oficial relativo a tal matéria. Três dias depois, Spínola renunciaria ao cargo.

Dossier temático dirigido às escolas 77/219

Com Costa Gomes na Presidência da República não diminuíram as preocupações com a

descolonização e, em especial, com a resolução do caso de Angola.

O processo de negociações conheceu várias frentes, desenvolvendo-se essencialmente em

torno de acções da Presidência da República, do ministro Melo Antunes, do ministro dos

negócios estrangeiros e das autoridades portuguesas de Angola. Neste período, uma primeira

frente de conversações desenvolveu-se em direcção à FNLA, a partir de Kinshasa, onde

esteve presente uma delegação portuguesa em 11 e 12 de Outubro, prosseguindo estas

em direcção à assinatura de um acordo global, com

em 15 de Outubro.

Em Moçambique prosseguiu a acção do alto-comissário e do

des e conjugar esforços para a preparação

Relativamente a São Tom 26 de Novembro de 1974,

em Argel, entre o Govern

a independência do territ

Quanto a Cabo Verde,

estabelecia o princípio o

conversações, alguns dias depois, em Luanda. Ainda durante o mês de Outubro, no interior

de Angola, encontraram-se delegações de Portugal e do MPLA, vindo a ser acordado um

cessar-fogo.

Entretanto, várias diligências ao nível diplomático e político procuraram desbloquear

algumas desconfianças mútuas e várias dificuldades práticas, até poder ser anunciado, os

últimos dias do ano, uma cimeira dos três movimentos em Mombaça, preparatória de uma

plataforma comum perante o Governo português. Efectuada esta nos primeiros dias de 1975,

foi possível dar mais um passo

realização, no Algarve, de uma cimeira dos três movimentos e de Portugal, entre 10 e 15 de

Janeiro. Neste último dia foi assinado o Acordo de Alvor, que definia um modelo de

transferência de poderes e criava os instrumentos-base do entendimento mútuo e do esforço

comum no sentido de Angola se tornar num Estado independente a partir de 11 de

Novembro de 1975. Contudo, os interesses brevemente silenciados não tardaram a fazer-se

ouvir, desfazendo em migalhas as esperanças de Alvor. Sem que a data da independência

tivesse sido posta em causa, o edifício constitucional laboriosamente construído durante as

conversações acabou rapidamente por ruir.

Nos outros territórios processaram-se entretanto os últimos actos da

presença portuguesa.

Da República da Guiné-Bissau, o último contingente militar

regressou a Lisboa

Governo de transição, que, apesar de alguns incidentes puderam

ultrapassar as dificulda

da independência de Moçambique, em 25 de Junho de 1975.

é e Príncipe foi assinado um acordo em

o português e o respectivo Movimento de Libertação, que marcou,

ório para 12 de Julho de 1975.

o acordo assinado entre Portugal e PAIGC, em Agosto de 1974,

acesso do arquipélago a autodeterminação e independência. Em 17

de Dezembro, foi publicado o Estatuto Constitucional de Cabo Verde, prevendo a realização

d

Dossier temático dirigido às escolas 78/219

de eleições por sufrágio directo e universal, em 30 de Julho de 1975, para uma assembleia

com «poderes soberanos e constituintes». Esta proclamou a independência do território em 5

ssou ultrapassa o âmbito deste trabalho dedicado à Guerra Colonial.

de Julho de 1975.

Em Angola, a guerra civil fez do processo de descolonização um desastre, com milhares de

vítimas e a fuga dos portugueses. Também em Timor se viveram dias dramáticos, com as

facções locais envolvidas em luta aberta e sem que as autoridades portuguesas dispusessem

de capacidade para por fim à situação, acabando a Indonésia por invadir a ilha.

O que depois se pa

Dossier temático dirigido às escolas 79/219

A GUERRA COLONIAL NUMA CANÇÃO DE ZECA AFONSO

Menina dos Olhos Tristes

Menina dos Olhos Tristes

O soldadinho não volta

Do outro lado do mar.

,

a

o,

egar.

.

ar.

sica: José Afonso)

O que tanto a faz chorar?

Senhora d’olhos cansadas,

Porque a fatiga o tear?

– O soldadinho não volta

Do outro lado do mar.

Vamos senhor pensativo

Olhe o cachimbo a apagar

– O soldadinho não volt

Do outro lado do mar.

Anda bem triste o amig

Uma carta o fez chorar.

- O soldadinho não volta

Do outro lado do mar.

A Lua que é viajante,

É que nos pode informar.

- O soldadinho já volta

Do outro lado do mar.

O soldadinho já volta

Está quase mesmo a ch

Vem numa caixa de pinho

Desta vez o soldadinho

Nunca mais se faz ao m

(1969 - Versos: Reinaldo Ferreira, Mú

Dossier temático dirigido às escolas 80/219

CRONOLOGIA DO 25 DE ABRIL

1958

Sede da campanha de Humberto Delgado em Lisboa

Campanha do General Humberto Delgado, candidato da oposição democrática às eleições

presidenciais. Américo Tomás, candidato do regime é o Presidente eleito.

Criação, em Portugal, na cl ndestinidade, da Junta de Libertação Nacional, movimento

político de oposição ao regim

a

e de Salazar.

1959

Foto do Tenente-coronel Luís Cesariny Calafate

Movimento Militar Independente de 11 de Março 1959, também conhecido por Revolta da Sé

(por ter sido a Sé de Lisboa um dos locais de reunião dos conspiradores) visou o derrube da

ditadura de Salazar e foi li por uma Junta Militar da qual faziam parte os majores derado

Luís Cesariny Calafate, Past Almeida Santos. A maioria foi or Fernandes, Alvarenga e capitão

presa, tendo o major Calafate depois de um longo asilo político na Embaixada da Venezuela

seguido para o exílio onde continuou a luta pela democracia em Portugal. Os elementos de

ligação à rede civil eram o Dr. Sousa Tavares e Manuel Serra .

Dossier temático dirigido às escolas 81/219

1960

Fuga de prisioneiros do Forte de Peniche

A ONU aprova uma recomendação condenando o Colonialismo Português. Portugal

contesta afirmando que as suas Províncias Ultramarinas não são colónias.

Janeiro

DIA 3

Do Forte de Peniche, uma das cadeias de alta segurança utilizadas pelo governo para

encarcerar os seus opositores políticos, fogem dez prisioneiros políticos entre os quais Álvaro

Cunhal, líder do Partido Comunista Português.

1961

Janeiro

DIA 22

Operação Ducineia. Desvio do navio português Santa Maria, levado a cabo pelo Capitão

Henrique Galvão, em colaboração com o General Humberto Delgado. Com esta acção,

"o primeiro acto de pirataria dos tempo modernos", procurava-se chamar a

tenção da comunidade internacional para a situação política interna de Portugal e para a

das liberdades fundamentais no país.

considerada

a

ausência

Dossier temático dirigido às escolas 82/219

DIA 31

ivulgação do "Programa para a Democratização da República" subscrito por um grupo de

idadãos ligados ao sector da Oposição Democrática.

D

c

Fevereiro

DIA 4

Em Angola, no seguimento de várias acções repressivas da polícia portuguesa sobre grupos

de trabalhadores africanos que reivindicavam melhores condições de trabalho, o MPLA

ataca a prisão de Luanda. No norte do território a UPA desencadeia vários ataques sobre a

população branca. É o início da Guerra Colonial.

Abril

DIA 13

Tentativa de golpe de estado encabeçado pelo General Botelho Moniz, então o Ministro da

Defesa. Os chefes do movimento são detidos.

Dezembro

DIA 18

A União Indiana anexa Goa, Damão e Diu, possessões portuguesas em território indiano.

DIA 19

O escultor e militante comunista José Dias Coelho é assassinado no bairro de Alcântara, em

Lisboa, pela PIDE, a polícia política bastião do regime ditatorial.

1962

Janeiro

DIA 1

a de Beja. Um grupo de militares, entre os quais o capitão Varela Gomes, em luta

contra o regime de Salazar tenta ocupar o Quartel de Beja. A tentativa falha e são detidos e

das FAs os militares directamente envolvidos. O General Humberto Delgado, exilado

Revolt

expulsos

Dossier temático dirigido às escolas 83/219

desde as últimas eleições presidenciais, tinha entrado clandestinamente em Portugal para

apoiar a acção. Em face do desaire, regressa ao exílio.

Março

DIA 12

A Rádio Portugal Livre, emissora clandestina criada para propaganda das actividades contra

e de Salazar, inicia as suas emissões a partir de Argel. o regim

DIA 26

O Dia do Estudante é proibido em Lisboa. Os estudantes de Lisboa entram em greve. A

Academia de Coimbra solidariza-se e a luta estudantil mantém-se acesa até Maio. A AAC é

ncerrada. e

Assembleia de estudantes em Lisboa

Dezembro

Criação em Argel da FPLN e Forças da Oposição. , no decurso da I Conferência d

1963

Cena da guerra colonial na Guiné

Cisão maoista no Partido Comunista Português. Aparecimento da FAP-CML.

Abril

Início da luta armada na Guiné.

Dossier temático dirigido às escolas 84/219

1964

Mueda – Cenário do prenúncio da Guerra em Moçambique, imagem do

aquartelamentos.

Janeiro

II Conferência da Frente Patriótica de Libertação Nacional.

Setembro

ício da luta armada em Moçambique.

DIA 25

In

1965

Capa de livro representando a localização dos corpos de Humberto

Delgado e Arajayr de Campos.

isão na FPLN. Constituição da ASP. C

Fevereiro

DIA 13

Humberto Delgado é assassinado pela PIDE em Vila Nueva del Fresno, perto de Badajoz

(Espanha).

Dossier temático dirigido às escolas 85/219

1966

os Congressos da Oposição Democrática Logótipo d

Dezembro

É divulgado um abaixo-ass iversos sectores da Oposição inado de elementos conotados com d

Democrática, em que se fazia apelo ao restabelecimento das liberdades fundamentais no

país e se pedia a demissão de Salazar. Esse documento ficou conhecido como Manifesto dos

118.

1967

Maio

DIA

Assalto ao Banco de Port gal na Figueira da Foz, numa primeira acção da LUAR. O golpe é

dirigido por Palma Inácio

Assalto à sede da 3ª Região Militar em Évora: desvio de armas pela LUAR.

17

u

.

1968

Setembro

DIA

Na sequência de uma queda, Salazar é afastado do Governo por motivos de saúde e

ano é nomeado Primeiro-ministro.

6

Marcelo Caet

Dossier temático dirigido às escolas 86/219

Marcelo Caetano

Dezembro

Devido ao forte cl a ão estudantil vivido em Lisboa nos dois últimos meses, o

im de contestaç

Governo manda encerrar o Instituto Superior Técnico. É decretado pela academia de Lisboa

"luto académico".

1969

Fevereiro

DIA 3

ssassínio, em Der-es-Salam, de Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO. A

Abril

DIA 17

Em Coimbra, desencadeia-se a crise universitária de 1969 na sequência da qual é decretada

às aulas e, mais tarde, o boicote aos exames da época de Junho. greve

Coimbra. Crise estudantil - Escadas Monumentais

Maio

DIA 15

Congresso Republicano de Aveiro. II

Dossier temático dirigido às escolas 87/219

Outubro

DIA 26

ara a Assembleia Nacional. Como seria de prever num regime de partido único em

ue a oposição política era tolerada mas não aceite. A ANP, partido do governo ganha as

Formação, no seio da ANP do que ficou conhecido como "Ala Liberal". Integrava,

Eleições p

q

eleições.

entre outros, Pinto Leite, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota, Miller Guerra e

comportou-se como uma "oposição moderada" dentro do próprio regime.

Novembro

DIA 17

O governo muda o nome da polícia política de PIDE para DGS.

1970

Julho

DIA 27

bo de cerca de ano e meio de doença que o inibira do desempenho das funções de

residente do Conselho de Ministros, Salazar morre em Lisboa.

Ao ca

P

Outubro

DIA 1

Criação da Intersindical, primeira central sindical portuguesa.

Dossier temático dirigido às escolas 88/219

1971

Março

DIA 8

o Revolucionária Armada (ARA) afecta ao PCP, ataca a Base Aérea de Tancos e

estrói toda a frota de helicópteros e alguns aviões de treino.

A Acçã

d

Agosto

DIA 16

Numa tentativa de aparentar uma certa abertura do regime, a Assembleia Nacional aprova

uma resolução constitucional em que se preconiza "maior autonomia para as Províncias

Ultramarinas". Entretanto Portugal continuava a ignorar as recomendações da ONU

relativamente aos territórios africanos sob governo português.

Outubro 1971 - Diário de Lisboa. Desenho de João Abel Manta, série O Burro em

Pé. Ilustrações para as crónicas de José Cardoso Pires.

1972

Outubro

DIA 12

estudante de engenharia, Ribeiro dos Santos, afecto ao MRPP é morto a tiro

ela polícia no decorrer de uma manifestação. O caso dará aso a grandes manifestações

is.

Em Lisboa o

p

estudant

Novembro

DIA 2

a-geral da ONU reconhece a "legitimidade da luta armada contra Portugal, em

frica".

A Assemblei

Á

Dossier temático dirigido às escolas 89/219

Dezembro

DIA 16

O Exército Português desencadeia uma operação militar sobre a população indígena em

iriyamu (Moçambique). Mais tarde a imprensa internacional irá denunciar esta acção e o

ar-se-á tristemente célebre sob a designação de Massacres de Wiriyamu.

calização de Wiriayamu

1973

W

caso torn

Lo

Janeiro

IA 1

tando a circunstância de se comemorar o Dia Mundial da Paz, um grupo de cristãos

icia uma acção de cariz anticolonial, de forte impacte: ocupa a Capela do Rato, em Lisboa,

uma greve de fome, organizando, ao mesmo tempo, uma assembleia aberta a

e Choque, comandada pelo capitão Maltês Soares, irrompe, pelas

h00, na Capela e prende 70 pessoas.

nakry.

D

Aprovei

in

e inicia

cristãos e não cristãos, para discussão do problema da guerra colonial, assunto totalmente

proibido pelo Regime.

DIA 2

Uma força da Polícia d

19

DIA 20

Amílcar Cabral, líder do PAIGC é assassinado em Co

Abril

A visita de Marcelo Caetano a Londres é aproveitada pela imprensa britânica para

ciar os massacres do colonialismo português em Wiriyamu. denun

Dossier temático dirigido às escolas 90/219

D

Realiza-se em Aveiro o III Congresso da Oposição Democrática. A sua realização foi cercada

de intensas medidas repressivas, entre elas o ataque da Polícia d

IAS 4-8

e Choque aos congressistas

deslocavam em manifestação silenciosa ao cemitério local, em romagem ao

a perto de Bona, é fundado o PS.

quando se

túmulo de Mário Sacramento.

DIAS 19

Numa reunião da ASP, realizad

Junho

DIAS 1-3

ola-se no Porto o chamado I Congresso dos Combatentes do Ultramar, através do qual

Governo pretende demonstrar, interna e externamente, a "adesão entusiástica" dos

política ultramarina. A sua forma de organização antidemocrática desencadeia

Desenr

o

militares à

um amplo repúdio no seio das Forças Armadas: em Portugal Continental Ramalho Eanes,

Hugo dos Santos, Vasco Lourenço e outros encabeçam um vasto movimento de protesto e,

com o mesmo objectivo, são recolhidas quatrocentas assinaturas de oficiais do Quadro

Permanente em serviço no teatro de operações da Guiné e enviado um telegrama ao

congresso assinado por Marcelino da Mata e Rebordão de Brito.

Julho

DIA 13

licado, no Diário do Governo, o Decreto-Lei n.º 353/73 (e posteriormente o 409/73, com

equenas alterações), o qual criava um conjunto de condições que facilitava o ingresso dos

ilicianos no Quadro Permanente, medida que vem incrementar a contestação já

É pub

p

oficiais m

latente nos oficiais desse Quadro, tornando-se o verdadeiro rastilho para a criação do futuro

Movimento dos Capitães.

Agosto

DIA 18

e duas dezenas de capitães na sala de jogos do Clube Militar, em Bissau. Analisa-se

legislação considerada afrontosa, ética e materialmente, para a maioria dos capitães do

te-se a atitude a tomar e escolhe-se uma comissão para elaborar um projecto de

Reunião d

a

QP. Discu

Dossier temático dirigido às escolas 91/219

carta a enviar às mais altas entidades das Forças Armadas e do Exército e ainda ao Ministro

da Educação.

DIA 21

Primeira reunião clandestina de capitães em Bissau.

u 51 assinaturas. Foi constituída uma

omissão, integrada pelo major Almeida Coimbra e capitães Matos Gomes, Duran Clemente

Caetano.

DIA 25

Leitura e discussão final do documento que recolhe

C

e António

Setembro

DIA 9

local de encontro o Templo de Diana, em Évora, 136 oficiais dirigem-se ao monte

o Sobral, em Alcáçovas, a uma herdade de um familiar do capitão Diniz de Almeida, onde

rmalmente o «Movimento dos Capitães». Exige-se a revogação do Decreto 353/73.

es, capitães e subalternos.

Tendo por

d

nasce fo

Um abaixo-assinado será entregue na Presidência da República e na Presidência do Conselho

de Ministros, pelos capitães Lobato Faria e Clementino Pais.

Neste mês, 94 capitães e subalternos, em comissão em Angola, assinam colectivamente um

protesto e enviam-no a Marcelo Caetano. Em Moçambique elabora-se um documento

idêntico que recolhe 106 assinaturas, entre oficiais superior

Nascimento do MFA

Alcáçovas (Alentejo). Descerramento da lápide que assinala o local da 1-a reunião do MFA

DIA 13

Otelo Saraiva de a rupo

de Artilharia de Campanha de Bissau, recebendo a incumbência de, em Lisboa, se integrar

ento, sendo porta-voz das preocupações dos seus camaradas.

da Guiné-Bissau.

C rvalho, em fim de comissão, reúne pela última vez numa sala do G

no Movim

DIA 24

O PAIGC proclama, em Mandinga do Boé, a independência do território

Dossier temático dirigido às escolas 92/219

Outubro

DIA 6

Realiza-se uma grande reunião quadripartida, devido à impossibilidade de conseguir uma

albergue delegados de quase todas as unidades do País. Em discussão a atitude a

leições para a Assembleia Nacional com a desistência da Oposição Democrática (CDE) que

acto de fraude eleitoral.

sala que

tomar pelo Movimento caso o Governo não retroceda na aplicação dos decretos. Foi

decidido, nesse caso, a apresentação de requerimentos individuais de demissão.

DIA 28

E

classifica o

Novembro

DIA 7

Remodelação ministerial que afasta o Ministro da Defesa, general Sá Viana Rebelo e o

io de Estado do Exército, Alberty Correia. Em sua substituição são nomeados para as

s Comissões Coordenadora e Consultiva provisórias do Movimento dos Capitães reúnem

rão nas traseiras da Colónia Balnear Infantil de O Século, em S. Pedro do Estoril. É

secretár

pastas da Defesa Nacional e do Exército, respectivamente, o Prof. Joaquim da Silva Cunha,

até então Ministro do Ultramar, e o general na reserva Alberto Andrade e Silva, sendo o

coronel de artilharia Carlos Viana de Lemos designado subsecretário de Estado do Exército.

DIA 24

A

num casa

necessário fazer um ponto de situação e eleger uma Comissão Coordenadora definitiva que

seja verdadeiramente representativa do Movimento. A «guerra do decreto» devia ser

ultrapassada pela acção e passar-se a uma nova fase de luta. Os delegados são solicitados a

auscultar as suas unidades sobre o caminho a prosseguir pelo Movimento dos Capitães.

Dezembro

DIA 1

Reunião no Clube Recreativo de Óbidos. Após se ter tomado conhecimento de que as bases

imento não pretendiam, por ora, ir além das reivindicações militares, importantes

decisões são tomadas:

do Mov

Dossier temático dirigido às escolas 93/219

Vota-se o nome do general Costa Gomes como chefe prestigiado que o Movimento deveria

chamar a si;

Delibera-se alargar o Movimento aos outros ramos das Forças Armadas (Marinha e Força

a CCE, numa casa de praia na Costa da Caparica. Prepara-se uma

roposta com base em reivindicações militares, a apresentar a elementos dos outros dois

sse documento era de tal forma ambicioso que seria uma forma de pressão quase

m preparação um golpe de Estado de

xtrema-direita, com a implicação dos generais Kaúlza de Arriaga, Silvino Silvério Marques,

Luz Cunha e Henrique Troni, visando a conquista do poder.

origem do Movimento

os Capitães. Teme-se que a desmobilização da luta alastre à maioria dos militares.

Aérea);

Elege-se uma Comissão Coordenadora e Executiva (CCE), com 3 oficiais por cada arma e

serviço do Exército.

DIA 5

1ª Reunião da nov

p

ramos. E

extrema para o Executivo. Para a CCE foi escolhida uma direcção: majores Vítor Alves, Otelo

Saraiva de Carvalho e capitão Vasco Lourenço.

DIA 17

Vislumbram-se insistentes sinais de que estaria e

e

Joaquim

DIA 22

São revogados os Decretos-Lei 353/73 e 409/73 que haviam estado na

d

1974

Janeiro

14-17

reivindicadas pela Frelimo conferem novas proporções à guerra colonial em

oçambique. Na Beira, enquadrados por elementos da PIDE/DGS, cerca de quatrocentos

gros da população local manifestam-se, em fúria, insultando gravemente as

ircular do Movimento (circular n.º1/74), por decisão da sua direcção. A

esma é amplamente distribuída, relatando os acontecimentos ocorridos em Moçambique e

a que cada militar "...dentro das mais estritas regras da disciplina..." se empenhe na

DIAS

Acções

M

brancos e ne

Forças Armadas.

DIA 23

É redigida a 1ª c

m

apelando

Dossier temático dirigido às escolas 94/219

exigência de um desagravo à instituição. Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço

avistam-se com Spínola, dando-lhe conhecimento da posição do Movimento. Esta circular

viria a ser citada na BBC, no Le Monde e na emissora Rádio Portugal Livre de Argel.

Fevereiro

DIA 5

to dos Capitães politiza-se de forma galopante. É necessário adoptar um

rograma. Para isso realiza-se um encontro alargado da CCE no qual é eleita uma Comissão

cção do Programa do Movimento. Dela fazem parte o tenente-coronel Costa Brás,

ola, que se esgota

pidamente, conhecendo um enorme sucesso. O general defende uma solução política e não

ra o Ultramar. Fica demonstrado publicamente o conflito existente no seio do

O Movimen

p

de Reda

majores Melo Antunes e José Maria Azevedo e capitão Sousa e Castro.

DIA 22

É publicado o livro Portugal e o Futuro, da autoria de António de Spín

ra

militar pa

regime em torno de uma solução para o problema colonial.

Março

DIA 5

do Movimento dos Oficiais das Forças Armadas, em Cascais, o último antes do

5 de Abril. Presentes 194 oficiais, das unidades de Infantaria, Artilharia, Cavalaria,

ria, Administração Militar, Transmissões, Serviço de Material, Pára-quedistas e Força

s

o Governo para o Ultramar, em discurso

roferido perante a Assembleia Nacional e transmitido pela RTP. No seu seguimento é

a pelos deputados uma moção de apoio à "política ultramarina do Governo".

s dois

rimeiros, decorridos alguns Dias, sido transferidos compulsivamente para os Açores e a

, respectivamente, enquanto o terceiro foi internado num estabelecimento

hospitalar.

Mini plenário

2

Engenha

Aérea (FA), representando 602 militares. O documento, de índole política, «O Movimento, A

Forças Armadas e a Nação» recolhe 111 assinaturas.

DIA 6

Marcelo Caetano faz defesa inflamada da política d

p

aprovad

DIA 9

Os capitães Vasco Lourenço, Antero Ribeiro da Silva e Pinto Soares são detidos, tendo o

p

Madeira

Dossier temático dirigido às escolas 95/219

DIA 14

O Governo demite os Generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de

Estado-maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de

solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas. Essa

cerimónia de solidariedade será ironicamente baptizada nos meios ligados à oposição ao

regime como "Brigada do Reumático" nome pelo qual ainda hoje é muitas vezes

referenciada. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na aceleração das

operações militares contra o regime.

DIA 15

Os jornais anunciam com grandes parangonas a exoneração dos generais Francisco da

Gomes e António de Spínola dos carg

Costa

os de Chefe do Estado Maior General das Forças

rmadas e vice-CEMGFA, respectivamente.

inha

dada pelo capitão Armando Marques Ramos.

retende executar um golpe militar, marchando sobre Lisboa e depondo o Governo. Apenas

que se encontra isolada. Um precipitado e

e

meza e perseverança nos objectivos do Movimento.

ncontram-se com Melo Antunes, no Café Londres, e pedem-lhe que elabore um programa

o Movimento dos Oficiais das Forças Armadas (MOFA), com base no Manifesto

oposição ao Estado Novo,

A

DIA 16

Às 04h00 da madrugada, uma coluna do Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Ra

passa os portões do aquartelamento, coman

P

a três quilómetros da capital terá a noção de

deficiente planeamento da acção leva ao seu fracasso, sendo presos quase duas centenas de

militares - oficiais, sargentos e praças - entre os quais o tenente-coronel João de Almeida

Bruno, majores Manuel Monge e António Casanova Ferreira e capitães Marques Ramos e

Virgílio Varela. Constituiu, embora, um importante balão de ensaio para o 25 de Abril. O

golpe falhou.

DIA 18

Otelo e Vítor Alves redigem a Circular 2/74, procedendo a uma análise dos acontecimentos

apelando à fir

E

político d

aprovado no plenário do dia 5.

O diário República, dirigido por Raul Rêgo, desde sempre ligado à

publica, de forma criptográfica, na página desportiva, a notícia intitulada «Quem travará os

leões» na qual se conclui que «perdeu-se uma batalha, mas não se perdeu a guerra».

Dossier temático dirigido às escolas 96/219

DIA 21

pós um contacto estabelecido no alto do Parque Eduardo VII por iniciativa do capitão Luís

acedo, colocado no Regimento de Engenharia 1 (RE 1), em que solicita a Otelo, em nome de

maradas, que assuma a condução militar do Movimento, este aceita a missão e

um pequeno núcleo de oficiais do Exército, da Força

érea e da Armada. Melo Antunes lê a primeira versão do programa político do Movimento,

todos aprovada.

TIA). Fica combinado o célebre telegrama em

os da direcção ainda activos

ssumam a responsabilidade da preparação militar e da preparação política do movimento.

ita, perante os presentes, gizar um plano operacional e elaborar a «ordem de

radeira «conversa em família».

A

M

muitos ca

designa-o seu adjunto operacional.

DIA 22

Reunião em casa de Vítor Alves de

A

sendo por

Melo Antunes comunica que, por ironia do destino, em resultado de um pedido seu, deferido

apenas naquela altura (!), irá partir nessa noite para Ponta Delgada, devido a ter sido

colocado no Comando Territorial dos Açores (C

código que o irá informar do grande momento: "Tia Aurora segue dia...Um abraço António".

O comandante Almada Contreiras acompanha Melo Antunes ao aeroporto, sendo

apresentado por este a Álvaro Guerra, jornalista do República.

DIA 24

A CCE reúne. É aprovado por unanimidade que os dois element

a

Otelo ace

operações» respectiva. Garante que o golpe será desencadeado entre 20 e 29 de Abril e,

desta vez, para conduzir à vitória.

DIA 28

Marcelo Caetano faz, na RTP, a sua der

Abril

DIA 15

Saraiva de Carvalho conclui o Plano Geral das Operações, que intitula simbolicamente

iragem Histórica". Divide o país em duas grandes áreas de operações: Zona Norte e Resto

endo este segmentado em quatro áreas. As unidades do Norte deveriam convergir

Otelo

"V

do País, s

para o Porto, onde ocupariam pontos estratégicos, nomeadamente o Quartel-General,

instalações de forças de segurança, estações de rádio e televisão, aeroporto e pontes. As

unidades situadas a Sul do Douro adoptariam idêntica manobra relativamente à capital,

sendo atribuídas a algumas das colunas mais importantes missões de natureza táctica. (EPC

Dossier temático dirigido às escolas 97/219

e EPA). Nesse mesmo dia entrega-o ao tenente-coronel Garcia dos Santos para que este

elabore o Anexo de Transmissões.

Encontro no restaurante Califa, em Benfica, de Otelo, do capitão Frederico Morais e dos

tenentes milicianos Luís Pessoa e Miguel Amado com vista a planear a tomada da Emissora

Nacional.

Escolha do Rádio Clube Português (R.C.P.) para posto emissor do MFA, em virtude de possuir

uma rede que cobre o país e o Ultramar, emitir noticiários de hora a hora em simultâneo e

de dispor,

gerador de emergência com entrada automática em funcionamento e rádio-telefone para o

centro emissor em Porto Alto.

Meados de Abril

Álvaro Guerra, elemento de li

nas instalações da Rua Sampaio e Pina, nº 26, de um estúdio compacto, de

gação entre alguns oficiais do MFA e meios civis da oposição,

btém a colaboração do núcleo do República, no qual se conta o seu director, Raul Rêgo,

listas Álvaro Belo Marques, Carlos Albino, Fernando Assis Pacheco, José

com o major Eurico Corvacho a quem explica a

eia geral de manobra, particularizando as movimentações a levar a cabo na Zona Norte. A

este, agrega-lhe as forças do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) de

do Agrupamento Norte

ovember), no apartamento de Dinis de Almeida, estando presentes todos os agentes de

ara esse sector, facto que se repete nas restantes reuniões.

ctor Centro (Charlie), em

a casa, contando-se entre estes o capitão Correia Bernardo, em representação da Escola

e Cavalaria (Santarém).

i as missões aos delegados do Sector Sul (Sierra), em casa

o major Fernandes da Mota.

o

bem como os jorna

Jorge Letria e Vítor Direito.

DIA 16

Otelo Saraiva de Carvalho reúne, no RE 1,

id

pedido d

Lamego, cometendo-lhes a missão de reforçar as tropas do Porto.

DIA 17

Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões aos delegados

(N

ligação p

DIA 18

Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões aos delegados do Se

su

Prática d

DIA 19

Otelo Saraiva de Carvalho distribu

d

Dossier temático dirigido às escolas 98/219

DIA 20

Finalmente, na mais importante das reuniões, Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões

os delegados das unidades da Região Militar de Lisboa (Lima), na residência, então vaga,

tenente Américo Henriques, em Cascais.

ação menos activa de Teles e Contreiras,

os com os coronéis

afael Durão (representante do general Spínola) e Fausto Marques, com vista a obter a

o Regimento de Caçadores Páraquedistas, comandado pelo último oficial, iniciativa

este dia, todos os delegados do Movimento nas unidades entram

m estado de alerta, preparados para receber o contacto do agente de ligação, portador das

finais.

de uma linha directa com o RE 1, da Pontinha, numa extensão de 4

o objectivo de emitir um sinal radiofónico para desencadear o movimento. O

a

do pai do

Conclusão do essencial dos textos políticos (em cuja redacção, coordenada por Vítor Alves,

participaram Franco Charais, Costa Brás, Vasco Gonçalves, Nuno Lopes Pires e Pinto Soares,

pelo Exército; Vítor Crespo e Lauret, com a particip

pela Marinha e a ocasional presença do major Morais e Silva e do capitão Seabra). A partir

desta data, Otelo, que também assegura a ligação com Spínola, passa a efectuar os

contactos, por razões de segurança, através do major de cavalaria na reserva Carlos

Alexandre de Morais. São da lavra do general algumas das modificações introduzidas,

nomeadamente a designação de Movimento das Forças Armadas (MFA), em substituição da

versão anterior de Movimento dos Oficiais das Forças Armadas (MOFA) e de Junta de

Salvação Nacional (JSN) em alternativa à proposta de Directório Militar.

DIA 21

Encontro, na marginal em Oeiras, de Otelo e do major Moura Calheir

R

adesão d

que se revela inconclusiva.

DIA 22

00h01 - A partir do início d

e

instruções

A Escola Prática de Transmissões (EPTm), localizada em Sapadores, recebe autorização do

Estado-Maior do Exército (EME), por proposta do tenente-coronel Garcia dos Santos, para o

estabelecimento

quilómetros. Inicia-se, sem demora, a sua instalação, efectuada por uma equipa comandada

pelo furriel Cedoura, que ficará concluída em menos de 24 horas. Tal iniciativa viria a

permitir ao Posto de Comando do MFA o acesso permanente às escutas das redes de

transmissões militares e das forças de segurança, missão de apoio técnico cometida à primeira

unidade militar, em que se destacaram os capitães Fialho da Rosa, Veríssimo da Cruz e

Madeira.

c. 11H00 - O capitão FA Costa Martins contacta João Paulo Dinis, no Rádio Clube Português

(R.C.P.), por incumbência de Otelo, que o tivera como subordinado no Comando Chefe na

Guiné, com

Dossier temático dirigido às escolas 99/219

radialista, que desconhecia o emissário, desconfia da sua identidade, mas aceita, depois de

muito instado, aprazar um encontro entre os três, nessa noite, num bar lisboeta.

Noite - Reunião de Otelo, na Reboleira, com os grupos de comandos coordenados pelo major

Jaime Neves

DIA 23

00h15 - Otelo Saraiva de Carvalho e Costa Martins, protegidos pelo major FA Costa Neves,

vistam-se, no Apolo 70, com João Paulo Diniz. Este esclarece que apenas colabora no

matutino Carrocel do R.C.P., razão pela qual não poderá emitir a senha

ns tuição da equipa que entrará de serviço na madrugada de 25. Este

os por Garcia dos Santos, que se destinam às unidades

ue não dispõem de material de transmissões, designadamente o Centro de Instrução Anti-

âmbito nacional que sirva

e código para o desencadeamento das operações, solicita a Carlos Albino, seu colega no

h a (GDH) de execução, modo

e confirmação da Hora H e a senha e contra-senha a utilizar nos contactos com tropas).

a

programa

pretendida. Obtêm, contudo, a garantia de transmissão do seguinte sinal, entretanto

combinado, "Faltam cinco minutos para a meia-noite. Vai cantar Paulo de Carvalho «E

depois do adeus»", através dos Emissores Associados de Lisboa (E.A.L), que apenas dispõem

de um raio de alcance de cerca de 100 a 150 quilómetros de Lisboa. A limitada potência do

emissor torna, assim, necessária a emissão de um segundo sinal, através de uma estação que

alcance todo o País.

Deslocam-se, seguidamente, para junto da Penitenciária de Lisboa, onde aguardam que o

ex-locutor do Programa das Forças Armadas em Bissau obtenha informação no Rádio Clube

Português sobre a co ti

apura que o serviço de noticiário estará a cargo de Joaquim Furtado mas, conhecendo-o

mal, não arrisca estabelecer contacto.

Manhã - Otelo carrega, no porta-bagagem do seu automóvel, estacionado na Academia

Militar, os aparelhos rádio Racal, obtid

q

Aérea e de Costa (CIAAC) e o Regimento de Cavalaria 3 (RC 3).

Final da manhã - Álvaro Guerra, contactado por Almada Contreiras em nome do

Movimento para conseguir a emissão de um sinal radiofónico de

d

República e um dos responsáveis pelo Limite - um programa independente que aluga tempo

de antena à Rádio Renascença - a transmissão, no início da madrugada de 25 de Abril, da

canção Venham mais cinco, de José Afonso. Carlos Albino pede a Álvaro Guerra para

devolver a resposta de que tal canção estava proibida pela censura interna da Renascença.

Sugere alternativas, entre as quais Grândola, Vila Morena.

15h00 - Otelo entrega ao major Neves Rosa os documentos finais para policopiar (anexo de

transmissões, alterações de missão, indicação do grupo data- or

d

Dossier temático dirigido às escolas 100/219

Esta missão é efectuada num período inferior a três horas, numa firma de artigos electrónicos

na Rua Luciano Cordeiro, 78, pertencente ao referido oficial que coordena o sector da ligação

operacional, coadjuvado pelo capitão Sousa e Castro.

Tarde - Encontro de Otelo com o tenente-coronel de cavalaria Correia de Campos, num bar

na zona do Rego (Lisboa), onde o último aceita participar no Movimento e assumir o

omando do Regimento de Cavalaria 7, coadjuvado pelos tenentes Cid, Cadete e Aparício,

lar do jornal

a - porta-voz do regime, código escolhido para identificar as equipas de ligação (dois

final

, onde foi obtida a garantia da neutralidade das forças da

AM).

3h00 - Chegada a Santarém dos capitães Candeias Valente e Torres, oficiais do Movimento,

aria. Comunicam

lefonicamente com o tenente Ribeiro Sardinha informando que já se encontram na cidade,

ção.

talhes. Uma viatura da PIDE/DGS

nda a zona e segue o capitão à distância.

c

logo que concretizada a detenção dos oficiais superiores daquele regimento que deveria ser

efectuada por grupos de comandos coordenados pelo major Jaime Neves.

18h00 - Otelo inicia, na Avenida Sidónio Pais, junto ao Parque Eduardo VII, a entrega dos

sobrescritos lacrados contendo as instruções finais, bem como de um exemp

Époc

oficiais por unidade, circulando cada um na sua viatura e seguindo preferencialmente

itinerários diferentes, de modo a prevenir diversas eventualidades) - e, ainda, em alguns

casos, material de transmissões.

20h00 - Na residência do comandante Vítor Crespo, no Restelo, realiza-se uma reunião

de Otelo e Vítor Alves com representantes da Armada, nomeadamente os comandantes

Geraldes Freire e Abrantes Serra

Marinha.

O capitão Santa Clara Gomes, oficial de ligação, procede à entrega, na residência do

capitão Teófilo Bento, da ordem de missão referente à Escola Prática de Administração

Militar (EP

2?h00 - Otelo decide pernoitar, por razões de segurança, no RE 1.

2

portadores da ordem de operações para a Escola Prática de Caval

te

na Pastelaria Bijou. Este contacta Salgueiro Maia.

23h30 - O capitão Salgueiro Maia desloca-se à Pastelaria Bijou, no Largo do Seminário, em

Santarém, para se encontrar com os agentes de liga

23h55 - Na viatura de Salgueiro Maia, estacionada junto ao Jardim da República, é-lhe

entregue a ordem de operações e acertados os últimos de

ro

Dossier temático dirigido às escolas 101/219

DIA 24

03h00 - O agente de ligação entrega ao major Albuquerque, do Centro de Instrução

Condução Auto 1 (CICA 1), as ordens de opera

e

ções referentes às unidades da Zona Norte.

adrugada – Recepção, no Regimento de Infantaria 14 (RI 14), em Viseu, da ordem de

. O capitão Ferreira do Amaral transmite as instruções a Lamego e o capitão

Bragança (Capitão Freixo).

municando-lhes que, se a senha e

ontra-senha forem para o ar, a operação decorrerá nessa madrugada.

a de Grândola Vila

. 10h00 - Otelo envia, da estação dos CTT da rua D. Estefânia, o telegrama cifrado a Melo

h00 - Carlos Albino adquire na então livraria Opinião o disco «Cantigas de Maio», para

, na Praça de Alvalade. O capitão Costa Martins contacta

ão Paulo Dinis e informa-o que o sinal foi antecipado em uma hora.

as. A qualidade dos

pontamentos transmitidos e o rigor da selecção musical, fazem de «Limite» um tempo

M

operações

Aprígio Ramalho à Guarda.

08h00 - O capitão Castro Carneiro e o alferes Pêgo, do CICA 1, iniciam a viagem destinada a

entregar as ordens de operações às unidades de Lamego (capitão Delgado da Fonseca), Vila

Real (capitão Mascarenhas) e

08h30 - Os oficiais da EPC, ligados ao MFA, iniciam nas paradas, no maior sigilo, os contactos

com os cerca de cinquenta graduados (oficiais subalternos do Quadro Permanente, alferes,

aspirantes, furriéis e cabos milicianos), individualmente, co

c

c. 09h30 - O capitão Santa Clara Gomes, oficial de ligação, entrega ao major Cardoso

Fontão a ordem de missão referente ao Batalhão de Caçadores 5 (BC 5).

10h00 - Álvaro Guerra comunica a Carlos Albino a escolha definitiv

Morena como senha nacional, garantindo este a sua transmissão.

c

Antunes, contendo o GDH.

11

garantia, já que, desde Dezembro de 73 havia indícios de que a PIDE se preparava para um

assalto aos escritórios do Limite

Jo

14h00 - O jornal República insere uma curta notícia, intitulada «LIMITE», com o seguinte

teor: "O programa «Limite» que se transmite em Rádio Renascença diariamente entre a

meia-noite e as 2 horas, melhorou notoriamente nas últimas seman

a

radiofónico de audição obrigatória.»

14h?? - O major Neves Rosa comunica a Otelo que o último elemento de ligação tinha

cumprido a missão.

Dossier temático dirigido às escolas 102/219

15h00 - Encontro decisivo de Carlos Albino com Manuel Tomás (técnico da Rádio Renascença

xecução da senha e garantia da sua transmissão. Refira-se que, sendo o

um programa independente, era obrigado a passar por duas censuras: a da Rádio

h00 - Os tenentes Baluda Cid, Ramos Cadete e Silva Aparício saem da EPC e dirigem-se a

lindadas do RC 7. Manuel Tomás convoca Leite de Vasconcelos (um outro

sponsável pelo referido programa, companheiro de Manuel Tomás em Moçambique), em

h00 - Os censores na Rádio Renascença autorizam os textos e o seguinte alinhamento do

ão Coro da Primavera.

1h00 - Otelo entrega ao capitão António Ramos, no Jornal do Comércio, o conjunto de

nfiança, assegurando-lhe que uma força

ilitar iria garantir a segurança próxima da residência do general, sita na rua Rafael

e um dos responsáveis pelo programa Limite que regressara de Moçambique com fama de

democrata) para a e

Limite

Renascença e a oficial, esta última corporizada num coronel que acompanhava as emissões

em directo e visava previamente os textos. Para maior segurança, retiram-se dos estúdios

para um local seguro.

15h30 - Na Igreja de S. João de Brito, simulando rezar, combinam todos os pormenores

técnicos da senha.

17

Lisboa, com a missão de "controlar", "aliciar" alguns oficiais e tentar "inoperacionalizar"

algumas viaturas b

re

dia de folga na locução do Limite, para «gravar poemas». Carlos Albino escreve textos para

serem visados pelo censor.

17h30 - Os graduados milicianos da EPC ultimam os preparativos para a operação,

designadamente quanto a material e equipamentos.

19

bloco com a duração de 11 minutos: quadra, canção Grândola, quadra, poemas Geografia e

Revolução Solar, da autoria de Carlos Albino, e a canç

20h00 - Na Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos procede à gravação dos textos que lhe

são apresentados, desconhecendo o seu objectivo.

2

documentos finais e um saco com granadas. Pede-lhe para permanecer toda a noite junto

de Spínola, juntamente com outros oficiais de co

m

Andrade, ao Paço da Rainha. Os oficiais da Força Aérea (tenente-coronel Sacramento

Gomes, majores Costa Neves e Campos Moura e capitães Correia Pombinho, Mendonça de

Carvalho, Santos Silva e Santos Ferreira) que constituem o «10º Grupo de Comandos»

reúnem-se em frente ao Grill do Hotel Ritz e iniciam a vigilância ao Rádio Clube Português

Dossier temático dirigido às escolas 103/219

21h30 - Fecho da porta de armas da EPC. Os militares contactados, que haviam saído da

unidade, fazem a sua entrada, trajando à civil, para não alertar os elementos da PIDE/DGS

ue rondam o quartel.

na operação.

nições. Procede, em seguida, à leitura da ordem de

perações e à recapitulação das missões.

Alves, bem como a notícia de que o Regimento de

fantaria 1 (Amadora) não adere, deixando, assim, de garantir o cerco à prisão de Caxias e a

valho e constituído pelos tenentes-coronéis

arcia dos Santos e Nuno Fisher Lopes Pires, major Sanches Osório, capitão Luís Macedo,

ral apreensão nas largas dezenas de militares que

guardam ansiosamente o primeiro sinal para entrar em acção.

2h55 - 1ª senha: a voz de João Paulo Dinis anuncia aos microfones dos Emissores Associados

s horas. Convosco, Paulo de Carvalho com

Depois do Adeus». Era o primeiro sinal para o início das operações

militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas.

q

21h50 - O tenente miliciano Sousa e Silva, oficial da dia na EPC, é substituído nesta função,

para poder tomar parte

c. 21h45 - O capitão Santos Coelho, do RE 1, junta-se aos seus camaradas do «10º grupo de

comandos» e distribui-lhes armas e mu

o

22h00 - Otelo regressa ao RE 1, onde se farda. Recebe do major Sanches Osório os primeiros

quatro comunicados, entregues por Vítor

In

protecção de Spínola. Entrega os comunicados ao seu adjunto para que este os faça chegar

ao grupo de comandos que tomará o R.C.P. O capitão Salgueiro Maia, que vai comandar a

coluna militar da EPC, na "Operação Fim Regime", dá início a uma breve reunião, no piso

dos quartos dos oficiais, para dar a conhecer a Ordem de Operações, distribuir missões e

definir detalhes para o desencadear da operação.

22h30 - No Posto de Comando encontra-se reunido o Estado Maior do Movimento das Forças

Armadas, dirigido pelo major Otelo Saraiva de Car

G

adjunto operacional, e comandante Vítor Crespo, que assegura a ligação com a Marinha,

garantida pela presença permanente do comandante Almada Contreiras no Centro de

Comunicações da Armada (CCA). Contam, também, com a colaboração de quatro oficiais

do RE 1 (Frazão, Máximo, Reis e Cepeda).

c. 22h48 - Uma falha técnica suspende, durante alguns minutos, a transmissão dos Emissores

Associados de Lisboa, facto que causa natu

a

c. 22h51 - Restabelecimento da emissão dos E.A.L..

2

de Lisboa Faltam cinco minutos para as vinte e trê

o Eurofestival 74 «E

Dossier temático dirigido às escolas 104/219

23h00 - Na Escola Prática de Artilharia (EPA), em endas Novas, os capitães Mira Monteiro

e Oliveira Patrício e os tenentes Marques Nave, Cabaças Ruaz, Sales Grade, Andrade da

Silva e António Pedro procedem à detenção dos comandante

V

e 2º comandante da unidade,

spectivamente coronel Mário Belo de Carvalho e tenente-coronel João Manuel Pereira do

da Ajuda (RC 7 e RL 2):

te-coronel Dias de Lima e o major Carlos Alexandre de

m sua casa, na expectativa de o aliciar para o movimento, o que se revelara

frutífero. Este, verificando que o oficial de dia fora substituído, ordena-lhe que retire

os da acção revolucionária. No entanto, é

formado da sua determinação em prosseguir a acção, bem como de todos os oficiais

Nos estúdios da Rádio Renascença, situados na Rua Capelo, ao Chiado, Paulo

sar dos sinais desesperados de Manuel Tomás, que se encontra na

abina técnica acompanhado de Carlos Albino, para sair do ar, o radialista prossegue

re

Nascimento, ocupam as centrais rádio e telefónica e assumem o controlo do quartel.

Recolhem à Escola Prática de Infantaria (EPI) as forças que se encontravam em exercícios de

campo.

O «10º grupo de comandos» divide-se em equipas, distribuídas por 4 automóveis, para

constituir patrulhas destinadas, além de manter a vigilância ao R.C.P., a observar as

principais instalações das Forças de Segurança (GNR, PSP, LP e DGS), e dos quartéis da

Calçada

No BC 5 o major Cardoso Fontão comunica aos oficiais presentes o que está a acontecer e os

objectivos do MFA. A adesão é total. O capitão António Ramos abandona as instalações do

Jornal do Comércio e dirige-se para a residência do general Spínola, aonde acorreram,

durante a madrugada, o tenen

Morais.

23h25 - O capitão Garcia Correia chega à porta de armas da EPC, acompanhado do 2º

comandante, tenente-coronel Henrique Sanches, que nessa noite havia convidado para

jantar e

in

imediatamente o braçal, no que não é obedecido.

23h30 - Henrique Sanches convoca para o seu gabinete o major Costa Ferreira, os capitães

Garcia Correia e Correia Bernardo, o tenente Ribeiro Sardinha e o oficial de dia substituto,

capitão Pedro Aguiar. O seu objectivo é demovê-l

in

presentes nessa noite na EPC.

DIA 25

00h00 - João Paulo Dinis conclui o programa nos E.A.L. e regressa a casa, seguindo instruções

do chefe militar do MFA.

00h20 –

Coelho, que ignora os compromissos assumidos pelos seus colegas do programa Limite, lê

anúncios publicitários. Ape

c

Dossier temático dirigido às escolas 105/219

paulatinamente a sua tarefa. Após 19 segundos de aguda tensão, Tomás dá uma "sapatada"

na mão do técnico José Videira, provocando o arranque da bobine com a gravação que

continha a célebre senha: a canção Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso.

c. 00h30 - Na EPAM, um grupo de capitães e subalternos armados dá voz de prisão ao

oficial de dia, alferes miliciano Pinto Bessa, e ao oficial de prevenção, aspirante miliciano

Leão. O capitão Gaspar assume provisoriamente as funções de oficial de serviço.

o Campo de Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM) começam-se a encher

ação dos homens para levar a bom termo a sua missão - conquistar a

Luís Pessoa reúne os cabos milicianos e consegue a sua adesão imediata.

a EPC o major Rui Costa Ferreira assume o comando.

o CIAAC, em Cascais, um grupo de jovens oficiais vê impedida a sua entrada na unidade

M os soldados são armados. No exterior tudo está tranquilo.

Serviço de Telecomunicações

N

carregadores na arrecadação de material de guerra. Na EPA continua-se (iniciada às 23h00)

a preparação final do golpe, onde o capitão Santos Silva assumira já o comando, acolitado

pelos tenentes Ruaz, Sales Grade e Sousa Brandão. Na EPI, os capitães Rui Rodrigues, Aguda

e Albuquerque ordenam a formatura da companhia de intervenção, a três bigrupos de

cinquenta homens. O capitão Silvério executa o plano de defesa do quartel. Os majores

Aurélio Trindade e Cerqueira Rocha convidam o coronel Jasmins de Freitas a aceitar o

comando da unidade.

00h40 - Na EPC, em Santarém os oficiais do MFA procuram obter a adesão ao Movimento

do tenente coronel Henrique Sanches. Não o conseguindo, procedem à sua detenção.

No Campo de Tiro da Serra da Carregueira (CTSC) os capitães Oliveira Pimentel e Frederico

Morais iniciam a prepar

Emissora Nacional.

01h00 - No BC 5 o major Fontão ordena ao alferes Frazão que controle e mantenha pessoal

de guarda à central telefónica. Manda fechar os portões e neutralizar a central rádio.

No CIMSM o tenente

N

01h30 - Na EPC Salgueiro Maia manda acordar o pessoal e formar em parada. A adesão é

entusiástica. Salgueiro Maia comandará a força tendo o tenente Alfredo Assunção como seu

adjunto.

N

que, ao contrário do que se previa, não adere ao Movimento. Contactam o Posto de

Comando pedindo nova missão.

Na EPA

No RI 14 os capitães Gertrudes da Silva, Silveira Costeira, Aprígio Ramalho, Ferreira do

Amaral e Augusto convocam os oficiais subalternos e esclarecem a situação. Controlam a

central telefónica e os postos de rádio da ordem pública e do

Militares (STM).

No Regimento de Cavalaria 3 (RC 3), em Estremoz, é problemático o cumprimento da

Dossier temático dirigido às escolas 106/219

missão: marchar sobre Lisboa com uma coluna de auto metralhadoras, estacionando na zona

da portagem da Ponte Salazar, aguardando ordens do Posto de Comando. O comandante,

coronel Caldas D

02h00 - No RI 14, em Viseu, inicia-se a preparação da companhia que vai seguir para a

Figueira da Foz, onde se juntará a outras unidades em acção (RI 10, CICA 2, RAP 3) com

vista a constituir o agrupamento «November».

uarte, mostra-se indeciso e pede tempo para reflectir.

companhia de intervenção a três bigrupos comandada pelo capitão Rui Rodrigues

buir armas, munições e aparelhos de rádio e

egimento de Artilharia Pesada 3 (RAP 3), na Figueira da Foz,

is da Escola Central de Sargentos (ECS) de Águeda.

cedidas de um automóvel de exploração civil, que constituíam a

rça da EPA - composta por uma bateria de artilharia (BTR 8,8) e uma companhia de

Vendas Novas em direcção a Lisboa.

A

abandona a EPI, em Mafra, para seguir por Malveira, Loures, Frielas e Camarate até ao

Aeroporto da Portela, que deverá ocupar e defender.

No BC 5 o major Cardoso Fontão manda distri

formar as companhias.

Do CTSC saem duas viaturas pesadas e um jipe, com um total de 47 homens, e dirigem-se

para o seu objectivo.

02h30 – Os capitães Dinis de Almeida e Fausto Almeida Pereira executam vitoriosamente o

plano de controlo do R

neutralizando os subalternos milicianos em serviço. Almeida Pereira abre o portão da

unidade aos oficia

Forças da EPI iniciam a ocupação dos pontos-chave de Mafra, assegurando o domínio da

vila e dos respectivos acessos.

02h40 - Forças da Escola Prática de Engenharia (EPE) saem de Tancos para se dirigirem à

ponte da Golegã-Chamusca, e aí se juntarem às Companhias de Caçadores 4241/73 e 4246/73

oriundas de Santa Margarida.

02h50 - Uma coluna da EPAM, num total de cerca de cem homens, montados em duas

viaturas ligeiras e três pesadas, comandada pelo capitão Teófilo Bento, inicia a curta marcha

em direcção ao objectivo.

03h00 - A Rádio Televisão Portuguesa (R.T.P.) - Mónaco na linguagem cifrada dos militares

revoltosos - é tomada de assalto pela força da EPAM.

As 16 viaturas militares, pre

fo

artilharia motorizada comandadas, respectivamente, pelos capitães Oliveira Patrício e Mira

Monteiro - cruzam a porta da unidade e partem de

Uma bateria de artilharia (BTR 10,5) da EPA, comandada pelo capitão Duarte Mendes,

ocupa posições a cavaleiro das estradas de Montemor-o-Novo e Lavre, assegurando a

Dossier temático dirigido às escolas 107/219

interdição destes eixos viários e garantindo a segurança próxima da unidade.

Abrem-se os portões do quartel do BC 5 dando saída a duas companhias operacionais.

O major Campos Moura e o capitão Correia Pombinho, encarregues de assinalar a saída dos

homens do BC 5 e que aguardam na viatura do primeiro, escondida por detrás de sebes

fronteiras à Penitenciária, partem de imediato para informar o 10º «Grupo de Comandos»

ue, após cinco horas de percurso, entrará no Porto.

Castilho com a Sampaio Pina.

major Fontão estabelece contacto proferindo a senha Coragem! a que o capitão

ndo entrada a oito oficiais, sete dos quais

rmados com pistolas Walther. Estava conquistado sem incidentes o R.C.P., tendo o capitão

a Nacional (E.N.) e ocupa a estação de rádio oficial. Tóquio viera completar

domínio de três objectivos fundamentais na área da comunicação social.

aç 4246/73 dirigir-

-á a Vila Franca de Xira para dominar a Ponte Marechal Carmona e a EPE seguirá para

a Cunha, ministro da Defesa,

ocam impressões sobre a situação geral, revelando que tinham conhecimento de que se

do facto.

Em Lamego, no Centro de Instrução de Operações Militares (CIOE), o seu comandante,

tenente-coronel Sacramento Marques dá ordem de saída a uma companhia de tropas

especiais q

Nesta cidade, uma força do CICA 1, comandada pelo tenente-coronel Carlos Azeredo,

penetra no Quartel-General da Região Militar do Porto (QG/RMP), transformando-o no

posto de comando das forças em operações na Região Norte.

03h07 – Encontro do 10º «grupo de comandos» com a segunda companhia do BC 5,

comandada pelo tenente Mascarenhas, na confluência da rua

O

Mendonça de Carvalho responde com Pela Vitória!

03h12 - Efectuada a junção com êxito, encaminham-se para a entrada do Rádio Clube

Português que o porteiro Alcino Leal virá a abrir, da

a

Santos Coelho informado, de seguida, o Posto de Comando de que México passara para as

mãos do MFA.

03h15 - A coluna do CTSC, comandada pelos capitães Frederico Morais e Oliveira Pimentel,

chega à Emissor

o

c. 03h15 - As Companhias de Caçadores (Ccaç) 4241/73 e 4246/73 encontram-se com a EPE. A

Ccaç 4241/73 marcha para o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto; a Cc

se

Lisboa a fim de ocupar posições de defesa na Casa da Moeda.

03h16 - No posto de comando do MFA é interceptada uma conversa telefónica entre o

general Andrade e Silva, ministro do Exército e o Prof. Silv

tr

preparava um jantar importante de carácter conspirativo, mas que a DGS vigiava os oficiais.

O primeiro membro do governo, entre outras considerações, afirma que "A situação está sem

Dossier temático dirigido às escolas 108/219

alteração e perfeitamente sob controlo...está tudo sossegado e não há qualquer problema

em qualquer ponto do País." A chamada é interrompida porque o responsável máximo da

DGS se encontrava noutro telefone para falar com o ministro da Defesa.

03h30 - A força da EPC - com 10 viaturas blindadas, 12 viaturas de transporte de tropas,

duas ambulâncias e um jipe e precedida por uma viatura civil, com três oficiais milicianos -

omandada pelo capitão Salgueiro Maia, cruza a porta da unidade e sai de Santarém em

orm o chefe do Estado-Maior, coronel Duque, da situação. Inicia-se, a

cor nel Santos Júnior, comandante da PSP local, informa

car-se à vontade, porque, por

(Tomar), está tudo calmo".

e Figueiredo, comandante da última unidade, é detido, nessa

ltura, pelo capitão Dinis de Almeida. Decorrerá ainda algum tempo até que se constitua o

viatura de exploração civil, sai do

uartel passando por Tondela, Santa Comba Dão, Luso, Anadia e Cantanhede.

po – regista:

Concentração que avança sobre Lisboa. Ele (Min. Ex?) vai já para lá (?)».

c

direcção a Lisboa.

A primeira companhia do BC 5, comandada pelo capitão Bicho Beatriz, toma posições de

cerco ao Quartel-general da Região Militar de Lisboa (QG/RML). O oficial de serviço,

aspirante Silva, inf a

partir de então, de acordo com a cadeia hierárquica, o processo de prevenção dos principais

responsáveis das Forças Armadas.

Carlos Albino e Manuel Tomás retiram-se das instalações da Rádio Renascença.

c. 03h30 - Surge o primeiro alarme oficial das forças governamentais sobre a eclosão do

Movimento, na cidade do Porto: o o

o Comando da GNR da tomada do QG/RMP pelos revoltosos.

03h31 – Os ministros da Defesa e do Exército retomam o diálogo telefónico, acabando por

concluir que o Presidente da República, nesse dia, "pode deslo

03h40 - A coluna do RI 10 de Aveiro, comandada pelo capitão Pizarro, chega aos portões do

RAP 3. O coronel Sílvio Aires d

a

Agrupamento Norte: a coluna do RAP 3 demora a formar, é preciso municiar as tropas

chegadas de Aveiro, aguarda-se que cheguem as forças do Centro de Instrução de Condução

Auto 2 (CICA 2) da Figueira da Foz e do RI 14 de Viseu.

03h55 - A companhia do RI 14 auto transportada, comandada pelo capitão Silveira Costeira,

constituída por 4 viaturas pesadas, 1 ambulância e 1

q

03h56 - O Posto de Comando toma conhecimento que foi quebrado o factor surpresa. O

documento onde são anotadas as escutas telefónicas – intitulado A Fita do Tem

«

Dossier temático dirigido às escolas 109/219

03h57 - A ausência de notícias da coluna da EPI, que ainda não conquistara o Aeroporto,

conduz ao adiamento da transmissão do primeiro comunicado inicialmente prevista para as

4h00.

04h00 - Um pelotão do BC 5 desloca-se para a residência de António de Spínola, a fim de

garantir a sua segurança.

O programa «A noite é nossa», do R.C.P., deixa de transmitir publicidade, passando a emitir

penas música.

o Martins Soares, comandante da RMP, apela aos coronéis Rui

nçarem sobre o Porto e libertarem o QG das mãos dos insurrectos. Nos dois

asos, os oficiais das unidades recusam-se a cumprir tais ordens.

o português e desviando o

áfego para os aeroportos de Las Palmas e Madrid. Nova Iorque encontra-se sob o controlo

4h26 - O Rádio Clube Português transmite o 1º comunicado do Movimento das Forças

de Sousa que se viria a transformar no hino

o MFA. Os portugueses começam a tomar conhecimento de que algo de muito importante

, à saída da sua residência, o chefe do Estado-Maior do Q.G./R.M.N.,

oronel Ramos de Freitas.

a

04h15 - O general Eduard

Mendonça, comandante do RI 8, e Carneiro de Magalhães, comandante do RI 13, ambos de

Braga, para ava

c

04h20 - A coluna da EPI, comandada pelo capitão Rui Rodrigues, assume o controlo do

Aeródromo Base nº 1 (Figo Maduro) e do Aeroporto de Lisboa. O capitão Costa Martins

emite um comunicado NOTAM, interditando o espaço aére

tr

do Movimento.

04h22 - Em resposta a um telefonema de Silva Cunha, a mulher do Ministro do Exército

informa-o que «O Alberto saiu agora de casa».

0

Armadas, lido por Joaquim Furtado. Seguem-se o Hino Nacional e marchas militares,

designadamente uma da autoria de John Philip

d

se está a desenrolar no País.

No Grupo de Artilharia Contra Aeronaves 2 (GACA 2) de Torres Novas os capitães do

Quadro Permanente, Pacheco, Dias Costa e Ferreira da Silva, conseguem a adesão dos

tenentes milicianos comandantes de companhias mobilizadas para o Ultramar e que

aguardam embarque.

04h30 - Rendição do QG/RML. O major Cardoso Fontão comunica ao posto de comando que

Canadá fora ocupado sem incidentes.

Forças do CICA 1 detêm

c

Dossier temático dirigido às escolas 110/219

04h45 - O 2º comunicado do MFA é emitido, apelando à desmobilização de eventuais acções

contra o Movimento.

O primeiro grupo do BC 5, comandado pelo major Fontão, penetra no interior do R.C.P.

O alarme é dado no Quartel-General da Região Militar de Coimbra (QG/RMC).

apidamente se apercebem de que a maior parte das unidades segue o Movimento.

o ubchefe.

Região Militar de Évora (QG/RME) é recebida ordem do

inistério do Exército para entrar de prevenção rigorosa.

r a Revolução na rua, sendo a situação muito grave, pelo que se

rnava necessário que o Presidente do Conselho se refugiasse no Quartel do Comando-Geral

litar, muitos dos contornos de uma verdadeira revolução.

EME)

etermina ao comandante da EPTm para proceder à escuta das comunicações militares e as

gueiro Maia cruza-se com viaturas da

olícia de Segurança Pública, no Campo Grande e, cerca de 10 minutos depois, com a Polícia

R

O governador da Região Militar de Lisboa reúne-se com o corpo do seu Estado-Maior na

residência do respectiv s

05h00 - Após uma viagem sem problemas, a coluna da EPC passa na portagem da auto-

estrada, em Sacavém.

c. 05h00.- No Quartel-General da

M

Marcelo Caetano recebe um telefonema do director-geral da PIDE/DGS, major Silva Pais,

que lhe comunica esta

to

da GNR no Largo do Carmo.

05h15 - Leitura do 3º comunicado que, entre outros apelos, aconselha a população a

permanecer em casa. Grande parte desta, pelo contrário, vai para a rua, passando a

manifestar um acolhimento eufórico à iniciativa dos militares, misturando-se com eles,

conferindo, assim, ao golpe mi

05h19 - O general Nascimento telefona ao recém nomeado CEMGFA, general Luz Cunha, a

informá-lo que "está muita tropa na rua e é preferível seguir para aqui".

c. 5h20 - O general Viotti de Carvalho, vice-chefe do Estado-Maior do Exército (

d

relatasse para o Estado-Maior. No entanto, há largas horas que a referida unidade militar

desempenhava aquela missão, mas a favor do MFA.

05h27 - O ministro do Exército ordena ao RI 6, do Porto, que liberte o Q.G./R.M.P,

determinação que não será cumprida, uma vez que a unidade era afecta ao MFA.

05h30 - No itinerário para o Terreiro do Paço, Sal

P

de Choque, na Av. Fontes Pereira de Melo, que não se manifestam.

Dossier temático dirigido às escolas 111/219

c. 05h30 - O Comando Territorial do Algarve (CTA) ordena a entrada em prevenção

e se ocupe da protecção

os CTT, Águas e Electricidade.

etiza os anteriores alertando para que a situação não se

ncontra ainda totalmente controlada.

rdena ao comandante do Regimento de Cavalaria 7 (RC 7),

oronel António Romeiras Júnior, que, com os carros de combate M47, tome posições em Vale

5h50 - Uma força do CICA 1 ocupa o centro emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.

ortugal e a 1ª Divisão da P.S.P., estando dirigidas as metralhadoras

» declara

algueiro Maia ao jornalista Adelino Gomes.

. 06h00 - O Quartel-General da Região Militar de Tomar (QG/RMT) ordena às unidades

A companhia do GACA 2 de Torres Novas, na qual ocorrera uma viragem da situação (de

- O alferes miliciano David e Silva chega ao Terreiro do Paço comandando um

uardam o

rigorosa das suas três unidades.

05h32 – O ministro do Exército determina ao general Carvalhais qu

d

05h45 - O 4º comunicado sint

e

05h46 - O Ministro do Exército o

c

de Cavalos para deter uma coluna da EPC que fora «referenciada no Cartaxo» e que «vem

a caminho de Lisboa».

0

c. 05h55 - As forças de Salgueiro Maia instalam-se no Terreiro do Paço, de forma

marcadamente intimidatória. Encontram-se cercados os ministérios, a Câmara Municipal, a

Marconi, o Banco de P

para as janelas do Ministério do Exército. «Estamos aqui para derrubar o Governo

S

05h59 - O ministro do Exército telefona ao coronel Romeiras Júnior, e ordena-lhe que "veja se

consegue salvar esta coisa, pois estamos todos cercados", recebendo a resposta que as forças

daquela unidade iam a caminho e já se encontravam na Av. 24 de Julho.

c

que passem ao estado de prevenção rigorosa. Mas já há algumas horas que forças de Tancos

(EPE), de Santa Margarida (Ccaç 4241 e 4246) e de Santarém se movimentam em apoio do

MFA.

-

força inimiga passa a apoiante), ocupa o Quartel e resiste a todas as ameaças, apesar de se

manter sem contactos com o Posto de Comandos do MFA até às 20h00 do dia 26.

06h05

pelotão de AML/Chaimites reforçado com Panhards do RC 7, favorável ao Governo, mas

adere imediatamente ao Movimento, colocando-se às ordens de Salgueiro Maia. A mesma

atitude será tomada por dois pelotões do Regimento de Lanceiros 2 (RL 2) que g

Dossier temático dirigido às escolas 112/219

Ministério do Exército, à excepção de sete elementos que virão a possibilitar a fuga aos

membros do Governo aí refugiados.

06h10 - O ministro do Exército pede ao general da FA Henrique Troni para "mandar dois

aviões sobrevoar o Terreiro do Paço".

06h50 - A bateria de obuses do Regimento de Artilharia Pesada 2 de Vila Nova de Gaia

A).

ma força do RL 2, comandada pelo tenente Ravasco, tenta, sem êxito, recuperar o

as, omandadas pelos capitães Patrício e Mira

Terreiro do Paço, do lado da Ribeira das Naus, um pelotão de reconhecimento

anhard do RC 7, orientado pelo seu 2º comandante, tenente-coronel Ferrand de Almeida

nto de Lanceiros 1 de Elvas, na sequência do frustrado golpe das Caldas.

pe Costa o 5º comunicado do Movimento das Forças Armadas, em que se

rnecem elementos acerca dos objectivos do MFA.

a ada pelo capitão Correia Bernardo,

i Maia. A evolução favorável dos acontecimentos acabou por tornar desnecessária

toma posição em ambas as entradas da Ponte da Arrábida, no Porto, dando acesso

unicamente às «forças amigas» (do MF

U

QG/RML.

07h00 - Forças da EPA de Vendas Nov c

Monteiro, ocupam a colina do Cristo-Rei, em Almada (com o nome de código Londres).

- Surge no

P

que, perante o dilema de ter de disparar ou de se render, opta por esta última posição, sendo

preso.

- Uma coluna do RC 3 de Estremoz, sob o comando do capitão Andrade Moura e Alberto

Ferreira, sai do Quartel e dirige-se a Setúbal, a fim de atingir a Ponte Salazar (actual Ponte

25 de Abril). Juntam-se-lhe os capitães Miquelina Simões e Gastão Silva, colocados no

Regime

- O Agrupamento Norte – envolvendo, nesta altura, forças do RAP 3 e CICA 2 da Figueira

da Foz e do RI 10 de Aveiro - sai a porta de armas do Quartel e mete-se à estrada em

direcção a Leiria.

07h30 - O RI 14 de Viseu chega à Figueira da Foz e integra as forças do Agrupamento Norte

muito antes da sua chegada a Leiria, assumindo o comando o capitão Gertrudes da Silva.

É lido por Luís Fili

fo

É detido, nas imediações do R.C.P., o tenente-coronel Chorão Vinhas, comandante interino do

BC 5.

Uma segunda coluna da EPC, constituída por cinco carros de combate (2 M47 e 3 M24) e dois

pelotões de atiradores (cerca de 60 homens), com nd

atinge o perímetro de Santarém, pronta para avançar para Lisboa em apoio da coluna de

Salgue ro

tal medida.

Dossier temático dirigido às escolas 113/219

07h40 - A Companhia de Caçadores (Ccaç 4241/73) ocupa o centro emissor do R.C.P., em

Porto Alto.

07h50 - Os capitães Glória Alves e Ferreira Lopes, à frente de um pelotão do Centro de

ifica-se o corte de energia ao centro emissor do R.C.P., em Porto Alto, que passa

funcionar com o gerador de emergência.

tel do Cabeço de Bola, constituída por 12 "Land

comandante é convencido a abandonar o local.

8h22 – O CEMGFA, general Luz Cunha, informa o chefe do Estado-Maior do Exército

nd o

nove viaturas militares da EPE de Tancos estaciona no centro

missor do R.C.P., a fim de reforçar a sua defesa. Mais tarde segue para Lisboa onde ocupa a

09h00 - A fragata Almirante Gago C utinho, comandada pelo capitão-de-fragata Seixas

Louçã, toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, intimidando directamente as

forças de Salgueiro Maia. Perante esta situação, a artilharia do Movimento, já estacionada

no Cristo-Rei, recebe ordens do Posto de Comando para afundar a fragata no caso desta

Instrução de Condução Auto 5 (CICA 5) de Lagos, ocupam o centro retransmissor de Fóia.

08h00 - Ver

a

A Companhia do CIOE, comandada pelo capitão Delgado da Fonseca, chega à cidade do

Porto, dirigindo-se ao CICA 1.

08h15 - Uma força da GNR saída do Quar

Rover", toma posição no Campo das Cebolas. Após um breve diálogo com Salgueiro Maia e

face à disparidade de meios, o

0

(CEME), general Paiva Brandão, que "pretende utilizar meios da Escola Prática do Serviço de

Material (EPSM) para tomar posições e libertar o AB 1. Irem pela auto-estrada e tomarem

estrada secundária. Terem cuidado com o Cmdt. dessa força porque a entrega do Ferra

deixou muito em baixo".

08h30 - É lido, pela primeira vez na Emissora Nacional, um comunicado do MFA.

08h50 - Uma coluna de

e

Casa da Moeda, seu objectivo inicial.

o

abrir fogo. O vaso de guerra terá recebido ordem do vice-chefe do Estado-Maior da Armada,

almirante Jaime Lopes, "para se preparar para abrir fogo". A ordem de disparar nunca

chegou.

Dossier temático dirigido às escolas 114/219

O major Cardoso Fontão detém, nas imediações do Q.G./R.M.L., o brigadeiro Serrano que, no

16 de Março, comandara o cerco ao RI 15.

Chega à residência de Spínola o médico Carlos Vieira da Rocha, amigo do general e

proprietário do automóvel Peugeot que os have

Quartel do Carmo.

ria de transportar, no final da tarde, ao

Pedreira.

uns pelotões da Polícia Militar. Dois dos carros de combate,

omandados pelo major Pato Anselmo, tomam posições na Ribeira das Naus, enquanto os

itar de

isboa, Edmundo Luz Cunha, o subsecretário de estado do Exército, coronel Viana de Lemos

responde com

ontinência e uma rígida posição de sentido. O brigadeiro manda, em seguida, abrir fogo

h15 - Um grupo de comandos, que integra Correia de Campos e Jaime Neves, passa revista

ente o coronel Álvaro

09h15 - Uma força da EPC, com uma AML e uma ETT/Panhard, comandadas pelo alferes

Sequeira Marcelino e pelo aspirante Pedro Ricciardi, vai reforçar a protecção do QG/RML,

em São Sebastião da

09h35 - Chega ao Terreiro do Paço uma força comandada pelo brigadeiro Junqueira dos

Reis, 2º comandante da RML, constituída por 4 CC/M47, uma companhia de atiradores do

Regimento de Infantaria 1 e alg

c

outros dois, sob o comando do coronel Romeiras Júnior, penetram na Rua do Arsenal.

09h40 - Protegidos pelos blindados do RC 7, os ministros da Defesa, Silva Cunha, do Interior,

César Moreira Baptista, do Exército, Andrade e Silva, da Marinha, Pereira Crespo, o chefe do

Estado-Maior General das Forças Armadas, Joaquim Luz Cunha, o governador mil

L

e o almirante Henrique Tenreiro, fogem pelas traseiras do Ministério do Exército, abrindo um

buraco na parede que comunica com a biblioteca do Ministério da Marinha. No parque de

estacionamento interior tomam lugar numa carrinha que os transporta ao Regimento de

Lanceiros 2, onde instalam o Posto de Comando das tropas leais ao Governo.

10h00 - Na Rua do Arsenal, o tenente Alfredo Assunção, da EPC, empreende uma tentativa

de negociação com o coronel Romeiras Júnior e o brigadeiro Junqueira dos Reis.

- Este oficial-general agride com três murros o emissário dos revoltosos que

c

sobre ele, não sendo obedecido, por intervenção directa do coronel Romeiras. Assunção

regressa, então, para junto das suas tropas.

10h10 - Chega ao Terreiro do Paço o tenente-coronel Correia de Campos, enviado do Posto

de Comando da Pontinha, com a missão de coordenar as operações.

10

ao Ministério do Exército, confirmando a fuga dos ministros que tinha por missão prender,

procedendo à detenção de diversos oficiais superiores, designadam

Dossier temático dirigido às escolas 115/219

Fontoura, chefe de gabinete do ministro do Exército que seriam, pouco depois, transferidos

a, que actua às ordens de Correia de Campos. Os dois carros de combate e as

opas que os seguiam passam-se para o lado dos revoltosos, ficando sob o comando de

da co na para Lisboa.

uina do Ministério do Exército e o muro para o rio

governo consegue cortar a emissão em FM do R.C.P., desligando o comutador de

uro de Sousa.

s unidades estacionadas no Terreiro do Paço dividem-se, avançando:

nte pela população.

orças dos Regimentos de Cavalaria 7, Lanceiros 2 e Infantaria 1 - que contavam com 16

para o RE 1.

10h30 - Depois de algumas tentativas infrutíferas para a rendição do major Pato Anselmo,

na Ribeira das Naus, esse intento é alcançado por um civil, o ex-alferes miliciano Fernando

Brito e Cunh

tr

Salgueiro Maia.

O Agrupamento Norte, comandado pelo capitão Gertrudes da Silva, atinge Peniche, com o

objectivo de ocupar essa odiosa prisão política do Regime. Face à resistência da PIDE/DGS, a

companhia do CICA 2 e duas secções de obuses do RAP 3 montam cerco àquele objectivo,

seguindo o grosso lu

10h45 – Face à perda de metade da sua coluna, o 2º comandante da RML transfere o

CC/M47 do alferes miliciano Fernando Sottomayor (RC 7) para a Ribeira das Naus.

Seguidamente, o brigadeiro Junqueira dos Reis ordena-lhe que abra fogo sobre Salgueiro

Maia, quando este se encontra entre a esq

Tejo, numa tentativa para obter a rendição do remanescente das forças fiéis ao governo. O

oficial miliciano recusa-se a obedecer, sendo detido e transferido para o RL2.

10h50 - Junqueira dos Reis ordena, sem sucesso, aos soldados que abram fogo. Perante a

desobediência generalizada, o oficial-general dá dois tiros para o ar e dirige-se para a Rua

do Arsenal, onde se encontra o carro de combate do comandante do RC 7.

11h00 - Incapaz de se fazer obedecer, o 2º governador militar de Lisboa conserva as forças

que lhe restavam nas posições que ocupavam, não tomando, naquela altura, mais nenhuma

iniciativa.

O

Monsanto.

É detido, por forças do BC 5, nas instalações do Quartel Mestre General, o seu responsável,

general Lo

11h30 - A

A Escola Prática de Cavalaria para o Quartel do Carmo, sendo, ao longo de todo o percurso,

aclamada entusiasticame

F

blindados - comandadas por Jaime Neves e pelos tenentes de Cavalaria Cadete e Baluda

Cid, para o Quartel-General da Legião Portuguesa (Marrocos).

Dossier temático dirigido às escolas 116/219

11h45 - Difundido novo comunicado do MFA ao País, informando que, de Norte a Sul, a

situação se encontra dominada e que "...em breve chegará a hora da libertação."

12h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho retira para o Mar da Palha.

EPC. Após

urto diálogo com o comandante das tropas, estas passam para o lado de Salgueiro Maia.

iro

aia.

volvidos no

ovimento revoltoso.

7 e os lanceiros e atiradores que lhe restavam, para o Largo de Camões, na esperança

se verificam inexequíveis. A companhia do RI 1 passa-se para as

ade entre

ilitares e civis.

h40 - O comandante e o Estado-Maior da Legião Portuguesa apresentam a sua rendição.

energia ao emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.

o MFA, no qual se dá conta dos objectivos e posições controlados e do ultimato para a

a qual ordena que apresente um aviso-ultimato para a

ndição.

No Rossio, uma companhia do Regimento de Infantaria 1 , da Amadora, comandada pelo

capitão Fernandes, tenta barrar o caminho para o Quartel do Carmo, à coluna da

c

12h30 - É montado o cerco ao Quartel da GNR, no Carmo, pela coluna da EPC.

12h45 - Forças hostis da GNR ocupam posições na retaguarda do dispositivo de Salgue

M

13h00 - Um comunicado do MFA tranquiliza as famílias dos militares en

m

Face ao cerco do Quartel do Carmo, o brigadeiro Junqueira dos Reis dirige-se, com os dois

CC/M4

de, conjuntamente com forças da GNR, tentar libertar o Presidente do Conselho. Tais

intenções rapidamente

fileiras do MFA e uma parte da guarnição de um M/47 abandona-o, confinando o brigadeiro

a uma posição de crescente fraqueza face ao aumento do poderio dos revoltosos.

13h15 - A coluna do RC 3 de Estremoz atinge o seu objectivo, a Ponte Salazar.

13h30 - Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, causando grande ansied

m

13

14h00 - Corte de

14h30 - É lido por Clarisse Guerra, aos microfones do Rádio Clube Português, um comunicado

d

rendição de Marcelo Caetano.

c. 15h10 - Salgueiro Maia solicita, com megafone, a rendição do Carmo em 10 minutos.

Momentos antes recebera do Posto de Comando do MFA uma mensagem escrita pelo major

Otelo Saraiva de Carvalho n

re

Dossier temático dirigido às escolas 117/219

15h15 - São libertados da Trafaria os onze militares que aí se encontravam detidos em

consequência do falhado golpe das Caldas.

15h30 - Não sendo atendido após 15 minutos, Salgueiro Maia ordena ao tenente Santos Silva

h00 - O coronel Abrantes da Silva, a pedido de Salgueiro Maia, entra no Quartel para

se aos estúdios da R.T.P. (Monte da Virgem) e do R.C.P. (Tenente

aladim), no Porto, para proceder à sua ocupação.

ro Maia dá ordens ao alferes miliciano Carlos Beato para instalar os

áticas G-3.

sunção que conduz dois civis

té ele. Trata-se de Pedro Feytor Pinto, director dos Serviços de Informação da Secretaria de

do MFA ter recebido um pedido de

arcelo Caetano para ser ele a aceitar a rendição do chefe do governo. Otelo, após recolher

para fazer uma rajada da torre da Chaimite sobre as janelas mais altas do Quartel,

repetindo o apelo de rendição logo a seguir.

15h45 - Do Quartel do Carmo sai o major Hugo Velasco, membro do MFA, para falar com o

capitão Salgueiro Maia.

16

dialogar com os sitiados.

Forças do CIOE dirigem-

V

16h15 - O capitão Salguei

seus homens no cimo das varandas do edifício da Companhia de Seguros Império e fazer fogo

sobre a frontaria do Carmo, agora com armas autom

16h25 - O comandante da força da EPC, na ausência de resposta por parte dos sitiados no

Quartel do Carmo, ordena a colocação de um blindado em posição de tiro e chega a dar

"voz" de "um, dois"..., sendo interrompido pelo tenente Alfredo As

a

Estado da Informação e Turismo, e Nuno Távora, que se dizem portadores de uma

mensagem do general Spínola para Marcelo Caetano.

16h30 - Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel dos dois mensageiros.

c. 16h30 - Spínola comunica ao Posto de Comando

M

a opinião dos presentes, concede-lhe esse mandato.

16h45 - Os dois mensageiros saem do Quartel do Carmo e deslocam-se num jipe,

acompanhados por Alfredo Assunção, para casa de Spínola que, entretanto, se dirige já para

o Carmo.

Dossier temático dirigido às escolas 118/219

17h00 - Salgueiro Maia desloca-se ao interior do Quartel e fala com Marcelo Caetano que,

após ter colocado algumas perguntas, lhe solicita que um oficial-general vá efectuar a

transmissão de poderes (Spínola, com quem, aliás, falara já ao telefone) para que o poder

ão caia na rua.

NR e, usando o megafone, apela à calma.

ela multidão, o Peugeot que

ansportava Spínola consegue, finalmente, chegar junto da porta de armas do quartel.

ne o Largo do Carmo, a fim de se proceder à retirada

o Presidente do Conselho e dos ministros. O apelo é ignorado.

h25 - Às ordens de Salgueiro Maia, soldados formam um cordão em frente da porta de

h30 - O Agrupamento Norte chega a Lisboa.

a Bap sta abandonam o Quartel do Carmo,

A Baixa de Lisboa é invadida por enorme multidão que vitoria as Forças Armadas e a

Liberdade.

n

17h00 - Salgueiro Maia pede a Francisco Sousa Tavares e a Pedro Coelho, oposicionistas

ligados à CEUD e ao PS, para ajudarem a afastar a população. Sousa Tavares sobe para

uma guarita da G

17h45 - Chegada ao Largo do Carmo do general António de Spínola, acompanhado pelo

tenente-coronel Dias de Lima, major Carlos Alexandre Morais, capitão António Ramos e dr.

Carlos Vieira da Rocha. Após longos minutos envolvido p

tr

18h00 - António de Spínola, acompanhado por Salgueiro Maia (que o informa sobre o modo

como os membros do Governo serão retirados das instalações), entra no Quartel do Carmo

para dialogar com Marcelo Caetano.

18h15 - Spínola encontra-se com Marcelo e informa-o dos procedimentos que serão adoptados

para a sua saída do local e posterior evacuação para a Madeira. Enquanto isso, Salgueiro

Maia pede à população que abando

d

18h20 - Um comunicado do MFA informa o País da entrega de Marcelo Caetano e de

membros do seu ex-governo, refugiados no Carmo.

18

armas do Quartel, por forma a ser possível retirar Marcelo Caetano em segurança.

18

Numa manobra difícil, a autometralhadora Chaimite penetra, de marcha atrás, no Quartel

do Carmo.

19h00 - Marcelo Caetano, Rui Patrício e Moreir ti

sendo conduzidos na auto metralhadora Chaimite "Bula", em direcção ao Quartel da

Pontinha.

-

Dossier temático dirigido às escolas 119/219

19h50 - Comunicado do MFA anunciando formalmente a queda do Governo.

20h05 - É lida, através dos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças

Armadas.

c. 20h30 - Na Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS, agentes desta

olícia política abrem fogo sobre a multidão que se aglomera na referida artéria, causando 4

1h00 - A Chaimite "Bula" e a coluna da EPC atingem o Quartel da Pontinha.

s que ali se haviam refugiado desde a tarde, conduzindo-os ao

E 1.

- Chegada da EPC ao RC 7 e RL 2 que ocupa, perante a rendição, sem resistência, dos

us comandantes.

1h30 - A Junta de Salvação Nacional - de que fazem parte o capitão-de-fragata António

ues, capitão-de-mar-e-guerra José Pinheiro de Azevedo e o general

anuel Diogo Neto, ausente do Continente - apresenta-se à Nação, através da Rádio

Portuguesa, lendo uma proclamação e tendo o general António de Spínola como

-coronel Lopes Pires acompanha ao aeroporto o ex-Presidente do Conselho,

arcelo Caetano e os ex-ministros Silva Cunha e Moreira Baptista.

p

mortos e dezenas de feridos.

2

c. 21h00 - Forças do RAP 3 e da EPI deslocam-se ao Comando da 1ª Região Aérea, em

Monsanto, para proceder à detenção dos ministros da Defesa, do Exército e da Marinha, e de

outras altas patentes militare

R

22h00 - Forças de pára-quedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS continua a

resistir.

23h30

se

DIA 26

0

Rosa Coutinho, coronel Carlos Galvão de Melo, general Francisco da Costa Gomes, brigadeiro

Jaime Silvério Marq

M

Televisão

Presidente.

c. 07h00 - O tenente-coronel Almeida Bruno desloca-se à Rua Almirante Saldanha, ao

Restelo, para solicitar ao ex-Presidente da República, Américo Tomás, que o acompanhe ao

aeroporto a fim de embarcar no DC-6 que o conduzirá à ilha da Madeira.

- O tenente

M

07h30 - O major Vítor Alves lê, perante a Comunicação Social, a versão definitiva do

Programa do MFA.

Dossier temático dirigido às escolas 120/219

07h40 - O DC-6 levanta voo da pista da Portela e parte rumo ao Funchal.

a polícia política, sendo o edifício ocupado por forças do Exército e da

arinha

. 10h00 - Rendição do Forte de Caxias.

cional, na Cova da Moura, onde a Junta de Salvação Nacional e o MFA passarão a

ncionar.

resos políticos nas cadeias de Caxias e Peniche.

Divulga-se o Programa do MFA que havia sido apresentado pelo major Vítor Alves, no

es regressa a Portugal.

a Portugal.

09h46 - Na Rua António Maria Cardoso, sede da PIDE/DGS, verifica-se a rendição

incondicional daquel

M

c

11h00 - Salgueiro Maia e as forças da EPC ocupam o edifício da Secretariado-Geral da

Defesa Na

fu

13h00 - Inicia-se a libertação dos p

-

Quartel da Pontinha, ao princípio da manhã, depois da 1ª conferência de imprensa da Junta

de Salvação Nacional.

DIA 27

Apresentação do Programa do Movimento das Forças Armadas.

DIA 28

Mário Soar

DIA 30

Álvaro Cunhal regressa

Maio

DIA 1

Manifestação do 1º de Maio, em Lisboa, congrega cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes

manifestações decorreram nas principais cidades do país.

DIA 4

O MRPP organiza a primeira manifestação de boicote ao embarque de soldados para as

colónias. A Junta de Salvação Nacional previra a necessidade de envio de alguns batalhões

de militares para substituírem a tropa portuguesa ainda em território africano e cujo período

de mobilização já terminara. Pensava-se também que seria importante manter as Forças

Dossier temático dirigido às escolas 121/219

Armadas Portuguesas em África até final das negociações com os Movimentos de Libertação

Africanos, com vista à independência dos territórios.

DIA 16

Tomada de posse do Iº Governo Provisório, presidido por Adelino da Palma Carlos.

Do I Governo fazem parte, entre outros, Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro.

DIA 20

Américo Tomás e Marcelo Caetano, com o conhecimento da JSN mas não do Governo,

partem para o exílio no Brasil.

DIA 25

Início das conversações com o PAIGC.

DIA 26

É fixado o primeiro Salário Mínimo Nacional em 3300$00.

Maio/Junho

Grandes conflitos laborais e lutas de trabalhadores começam a surgir em algumas das

grandes empresas portuguesas LISNAVE, TIMEX, CTT.

Inicia-se um grande movimento popular de ocupações de casas desabitadas que vai

prolongar-se por vários meses. A Junta de Salvação Nacional legaliza, em 19 de Maio, as

ocupações verificadas e proíbe novas ocupações.

Junho

DIA 6

Conversações preliminares com a FRELIMO, em Lusaka, com vista à independência de

Moçambique.

Julho

DIA 8

É criado o COPCON, chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho

Dossier temático dirigido às escolas 122/219

DIA 9

O Primeiro-ministro Palma Carlos pede a demissão do cargo por alegadamente não ter

condições políticas para governar numa clara alusão ao peso da influência do MFA. Com ele

solidarizam-se alguns ministros do seu Gabinete entre eles Francisco Sá Carneiro

DIA 12

Vasco Gonçalves é indigitado por Spínola para o cargo de Primeiro-ministro.

DIA 18

Tomada de posse do IIº Governo Provisório, presidido por um homem do MFA, o General

Vasco Gonçalves.

DIA 27

Spínola reconhece o direito à independência das colónias africanas.

Julho/Agosto

Greves da MABOR, TAP, SOGANTAL e JORNAL DO COMÉRCIO.

Agosto

DIA 8

Motim de ex-agentes da PIDE/DGS presos na Penitenciária de Lisboa.

DIA 28

Promulgação da Lei da Greve.

DIA 31

Por despacho conjunto do Ministério da Administração Interna e do Ministério do

Equipamento Social é criado o SAAL vocacionado para intervir na área da habitação social.

No processo SAAL colaboraram então alguns dos arquitectos portugueses hoje

internacionalmente reconhecidos, como Siza Vieira e Alves Costa. Ficaram célebres as áreas

de intervenção do Barredo no Porto, as de Setúbal e de Évora.

Dossier temático dirigido às escolas 123/219

Setembro

DIA 6

Acordos de Lusaka entre a FRELIMO e o Governo Português.

DIA 7

Tentativa de tomada de poder pelas forças neo-colonialistas em Lourenço Marques.

DIA 9

O Governo Português reconhece a Guiné-Bissau como país independente.

DIA 10

Apelo de Spínola à chamada Maioria Silenciosa, numa tentativa de procurar o apoio dos

sectores mais conservadores da sociedade portuguesa. Em resposta a este apelo surgem na

imprensa, dias mais tarde, notícias que anunciam para dia 28 uma manifestação de apoio a

Spínola.

DIA 26

António de Spínola e Vasco Gonçalves assistem a uma corrida de toiros no Campo Pequeno.

Vasco Gonçalves é apupado por manifestantes conotados com a Maioria Silenciosa.

DIA 28

Em resposta à anunciada manifestação da Maioria Silenciosa são organizadas barricadas

populares junto às saídas de Lisboa e um pouco por todo o país. No final dessa noite, os

militares substituem os civis nas barricadas. Mais de uma centena de pessoas, entre figuras

gratas ao regime deposto, quadros da Legião Portuguesa e participantes activos da

manifestação abortada da Maioria Silenciosa, são detidas por Forças Militares.

DIA 30

Apresentação da demissão do Presidente da República General António de Spínola e

nomeação do General Costa Gomes.

Tomada de Posse do III Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

Dossier temático dirigido às escolas 124/219

Outubro

DIA 6

"Um dia de trabalho para a Nação" proposto pelo Primeiro Ministro. Um domingo é

transformado em dia útil de trabalho oferecido gratuitamente pelos trabalhadores ao país. A

adesão é significativa e o resultado financeiro desta campanha será dias mais tarde estimado

pelas entidades oficiais competentes em cerca de 13000 contos.

DIA 27

O Governo anuncia as Campanhas de Dinamização Cultural, empreendidas pela 5ª Divisão

do EMGFA com o objectivo de "cumprir integralmente o programa do MFA e colocar as

Forças Armadas ao serviço de um projecto de desenvolvimento do Povo Português".

Novembro

DIA 11

O Ministério da Educação e Cultura institui o Serviço Cívico Estudantil, ano vestibular antes

da entrada definitiva no ensino superior e que mobilizou milhares estudantes para brigadas

de alfabetização e de educação sanitária junto das populações.

Dezembro

DIA 7

Por decisão do Governo é decidido o pagamento do 13º mês aos pensionistas do Estado.

DIA 9

Tem início o recenseamento eleitoral com vista à realização das primeiras eleições em

liberdade.

DIA 13

Os Estados Unidos concedem ao governo português um importante empréstimo financeiro no

âmbito de um Plano de Ajuda Económica a Portugal.

Dossier temático dirigido às escolas 125/219

1975

Mural Colectivo. Caixa Geral de Depósitos - Viseu.

Janeiro

DIA 15

Acordos de Alvor entre o s de Libertação Angolanos.

Fixa-se a data da independência: 11/11/75.

Governo Português e os Movimento

DIA 28

os de esquerda cercam o Palácio de Cristal no Porto, local onde

o Congresso do MFA proíbe todas as manifestações durante o período em que se

Militantes de vários grup

decorre

desenvolverão as manobras da NATO em Lisboa. O desembarque previsto para o dia 31 não

chega a realizar-se.

Fevereiro

DIA 2

Trabalhadores rurais ocupam terras abandonadas na herdade do Picote, em Montemor-o-

Novo. Início da Reforma Agrária.

DIA 7

e manifestação operária em Lisboa contra o desemprego e contra a NATO. Grand

DIA 21

Apresentação do Programa Económico de Transição, elaborado por uma equipa chefiada

ntunes, com vista à recuperação económica do país. pelo Major Ernesto Melo A

Dossier temático dirigido às escolas 126/219

DIA 22

O MFA reforça os seus poderes políticos chamando a si um direito de veto relativo a decisões

políticas fundamentais.

Março

DIA 7 e 8

Confrontações em Setúbal entre grupos políticos. A intervenção policial provoca dois mortos e

obriga à intervenção do COPCON.

DIA 11

Divisões profundas entre oficiais do MFA. A ala spinolista é levada a tentar um golpe de

estado. Insurreição na Base Aérea de Tancos e ataque aéreo ao Quartel do RAL1 . Fuga para

Espanha do General Spínola e outros oficiais. Reforço da capacidade de intervenção do

COPCON chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho.

DIA 12

São extintos a Junta de Salvação Nacional e o Conselho de Estado e em sua substituição é

criado o Conselho da Revolução. O Governo dá início à execução de um grande plano de

nacionalizações (Banca, Seguros, Transportes etc...).

DIA 26

Tomada de Posse do IV Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

Abril

DIA 11

Plantaforma de acordo MFA/Partidos assinada por CDS, FSP, MDP, PCP,PPD, PS. O acordo

visava o reconhecimento, por parte dos partidos, da necessidade de se manter a influência do

MFA na vida política do país por um período de transição de três a cinco anos o qual

terminaria por intermédio de uma revisão constitucional.

DIA 25

Eleições para a Assembleia Constituinte com uma taxa de participação de 91,7%. Resultados

dos Partidos com representação parlamentar: PS 37,9%; PPD 26,4%; PCP 12,5%; CDS 7,6%;

MDP 4,1%; UDP 0,7%.

Dossier temático dirigido às escolas 127/219

Maio

DIA 19

Início do chamado Caso República . Raul Rêgo é afastado da direcção do jornal pelos

trabalhadores, acusado de ter tornado o República no órgão oficioso do Partido Socialista.

DIA 25

Ocupação pelos trabalhadores das instalações da Rádio Renascença, propriedade do

Episcopado.

Junho

DIA 6

Em Ponta Delgada realiza-se a primeira manifestação pública da Frente de Libertação dos

Açores (FLA). Este movimento sem grande expressão e peso político reivindicava a

autodeterminação dos Açores.

DIA 25

Independência de Moçambique.

Julho

Reagindo ao curso dos acontecimentos e à situação criada no jornal República o Partido

Socialista desencadeia manifestações de massas - a maior das quais foi a da Fonte Luminosa,

abandonando o Governo em 16 de Julho. O Partido Popular Democrático segue-lhe o

exemplo. Iniciam-se as diligências para a formação de novo Governo.

DIA 5

Independência de Cabo-Verde.

DIA 8

MFA divulga o Documento "Aliança POVO/MFA. Para a construção da sociedade socialista

em Portugal."

DIA 12

Independência de S. Tomé e Príncipe.

Dossier temático dirigido às escolas 128/219

DIA 13

Assalto à sede do PCP em Rio Maior. Têm aqui início uma série de acções violentas contra as

sedes de partidos e organizações políticas de esquerda, registadas por todo o país mas com

maior intensidade no Norte e Centro. Esta onda de violência conotada com as forças

conservadoras ficou conhecida por Verão Quente.

DIA 27

Fuga de 88 agentes da ex-PIDE/DGS da prisão de Alcoentre.

DIA 30

É criado no Conselho da Revolução o Triunvirato que passa a orientá-lo. Constituem-no

Vasco Gonçalves, Costa Gomes e Otelo.

Agosto

DIA 7

É divulgado o Documento Melo Antunes, apoiado pelo Grupo dos Nove, um grupo de

militares que representava a facção moderada do MFA, e que se opõem às teses políticas do

Documento Guia Povo/MFA apresentado em 8 de Julho.

DIA 8

Tomada de posse do V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

DIA 10

Melo Antunes e apoiantes são afastados do Conselho da Revolução.

DIA 12

Aparecimento do "Documento do COPCON", em contraposição ao "Documento dos Nove", e

reforçando a ideia de ser atribuído um papel político relevante às Assembleias Populares

(democracia de base).

DIA 30

Vasco Gonçalves é demitido do cargo de Primeiro-ministro. Iniciam-se as negociações para a

formação do VI Governo Provisório, PS/PPD/PC.

Dossier temático dirigido às escolas 129/219

Setembro

DIA 10

Desvio de 1000 espingardas automáticas G3 do DGM 6 em Beirolas.

DIA 11

Manifestação dos SUV no Porto, numa tentativa de criar no seio das Forças Armadas uma

zona de influência adepta do Poder Popular de Base como advogavam alguns partidos da

chamada esquerda revolucionária.

DIA 19

Tomada de posse do VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo.

DIA 21 e 22

Agudiza-se a luta política nas ruas: manifestação dos Deficientes das Forças Armadas com

ocupação de portagens de acesso a Lisboa e tentativa de sequestro do Governo. Prosseguem

as nacionalizações: SETENAVE e Estaleiros de Viana do Castelo.

DIA 25

Nova manifestação dos SUV em Lisboa. Na intenção de retirar poderes ao COPCON o

Governo cria o AMI - Agrupamento Militar de Intervenção.

DIA 26

O Governo decide retirar ao COPCON "os poderes de intervenção para restabelecimento da

ordem pública".

DIA 27

Manifestantes de partidos de esquerda assaltam e destroem as instalações da Embaixada de

Espanha como medida de protesto contra a execução pelo garrote de cinco nacionalistas

bascos, decidida pelo governo ditatorial do Generalíssimo Franco.

Outubro

DIA 15

O Governo manda selar as instalações da Rádio Renascença, ocupada desde Maio pelos

trabalhadores. Mas a ocupação mantém-se.

Dossier temático dirigido às escolas 130/219

Novembro

DIA 7

Por ordem do Governo, o recém-criado AMI, faz explodir os emissores da Rádio Renascença.

Confrontos violentos na região de Rio Maior entre representantes das UCP's e Cooperativas

Agrícolas da Zona de Intervenção da Reforma Agrária (ligadas ao sector do trabalhadores

rurais) e representantes da CAP - Confederação de Agricultores Portugueses, instituição

ligada aos interesses dos proprietários agrícolas.

DIA 11

Independência de Angola.

DIA 12

Manifestação de trabalhadores da construção civil cerca o Palácio de S.Bento sequestrando

os deputados.

DIA 15

Juramento de bandeira no RALIS - os soldados quebram as normas militares que

regulamentam os juramentos de bandeira e fazem-no de punho fechado.

DIA 20

O Conselho da Revolução decide substituir Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no

comando da Região Militar de Lisboa.

O Governo anuncia a suspensão das suas actividades alegando "falta de condições de

segurança para exercício do governo do país".

DIA 25

Manhã de 25 de Novembro

Na sequência de uma decisão do General Morais da Silva, CEMFA, que dias antes tinha

mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos,

paraquedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto

e seis bases aéreas. Detêm o general Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva.

Este acto é considerado pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que

poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da

esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados PS e PPD, depois do

Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a

Dossier temático dirigido às escolas 131/219

confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de

rua, decidem então intervir militarmente para controlar inequivocamente o destino político

do país. Assim:

Tarde de 25 de Novembro

Elementos do Regimento de Comandos da Amadora cercam o Comando da Região Aérea

de Monsanto.

Noite de 25 de Novembro

O Presidente da República decreta o Estado de Sítio na Região de Lisboa. Militares afectos ao

governo, da linha do Grupo dos Nove, controlam a situação.

Prisão dos militares revoltosos que tinham ocupado a Base de Monsanto.

DIA 26

Comandos da Amadora atacam o Regimento da Polícia Militar, unidade militar tida como

próxima das forças políticas de esquerda revolucionária. Após a rendição da PM, há vítimas

mortais de ambos os lados.

Prisões dos militares revoltosos.

DIA 27

Os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos

cargos de Chefe de Estado-maior do Exército e de Comandante do COPCON.

O General António Ramalho Eanes é o novo Chefe de Estado-maior do Exército.

Por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica.

DIA 28

O VI Governo Provisório retoma funções. O Conselho de Ministros promete o direito de

reserva aos donos de terras expropriadas.

Dezembro

DIA 7

A Indonésia invade e ocupa o território de Timor.

Dossier temático dirigido às escolas 132/219

1976

Mural Colectivo. Mercado do Povo (Belém-Lisboa). Desaparecido num incêndio em 1981.

Janeiro

DIA 1

A PSP intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade

com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam três mortos e seis feridos.

DIA 3

A imprensa francesa denuncia que no seguimento da invasão de Timor pela Indonésia já

teriam morrido cerca de 60000 timorenses.

DIA 19

Prisão de Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos

imentos de 25 de Novembro. Alegadamente Otelo estaria implicado no possível acontec

golpe militar de esquerda. Será libertado a 3 de Março sem que as acusações se

confirmassem.

DIA 22

O jornal República é devolvido à anterior direcção.

Dossier temático dirigido às escolas 133/219

DIA 23

Lock-out na Fábrica Timex.

DIA 26

Revisão do Pacto MFA/Partidos. Assinam o CDS o MDP/CDE, o PPD e o PS.

DIA 29

Operários da Timex entram de novo em greve.

Ainda em Janeiro

Tem início uma série de atentados bombistas reivindicados pela extrema-direita portuguesa,

ELP e MDLP que se prolongará por vários meses e cujos alvos são instituições e

personalidades ligados a sectores da esquerda. O julgamento dessas acções ainda hoje

decorre sendo conhecido como Caso da Rede Bombista.

Fevereiro

DIA 20

Grande manifestação popular em Lisboa pela libertação dos militares presos em

consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.

Abril

DIA 2

Aprovação pela Assembleia Constituinte da Constituição da República de 1976.

DIA 25

Eleições legislativas. Resultados dos Partidos com representação parlamentar: PS 35%; PPD

24%; CDS 15,9%; PCP 14,6%; UDP 1,7%.

Junho

DIA 27

Eleições presidenciais. António Ramalho Eanes é o primeiro Presidente da República

constitucionalmente eleito com 61,5% dos votos. Resultados dos outros candidatos mais

votados: Otelo Saraiva de Carvalho 16,5%; Pinheiro de Azevedo 14,4%; Octávio Pato 7,5%.

Dossier temático dirigido às escolas 134/219

Setembro

DIA 23

Tomada de Posse do I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.

Dossier temático dirigido às escolas 135/219

O 25 DE ABRIL EM RETROSPECTIVA, artigo de Manuel Villaverde Carbral

In: Le Monde Diplomatique, edição portuguesa - Abril 2004

1 Seja qual for o significado disso, a “terceira ga democrática” começou exactamente há

trinta anos com o 25 de Abril.1 Coincidência ou não, foi o movimento dos capitães que, ao

derrubar a vetusta ditadura portuguesa, deu início a esse extraordinário processo de

democratização em cadeia de toda uma série de regimes políticos autoritários do mais

diverso tipo e localização: primeiro na Europa , a seguir na América Latina, depois de

volta à Europa para acabar por derreter o glaciar soviético, e finalmente arrastando na

apartheid oficial.

l ação quase universal da democracia – sem

vida ligada, embora não saibamos precisamente de que modo, ao processo geral de

lobalização – levou mesmo alguns pensadores apressados a proclamar “o fim da história”,

socialismo democrático e da esquerda em geral. Excepções como a China são meramente

aparentes, pois o antigo partido comunista já só serve como gestor de um modelo ferozmente

legitimidade substancial em que os regimes representativos entraram à medida que se

generalizavam à escala global.

Neste momento, é reconhecido por quase toda a ciência política que, sob o impacto da

anto, a representação política. Longe vai o

eleitoral”. Não é de admirar portanto que a vida política se tenha tornado de novo, como

va

do Sul

onda ditaduras avulsas na Ásia e na própria África, onde pôs termo ao único regime de

Em cerca de um quarto de século, a globa iz

g

isto é, a vitória definitiva do modelo demo-liberal sobre todas as outras modalidades de

organização política, em especial as ditaduras de inspiração comunista. Em todo o caso, o

certo é que o virtual desaparecimento das ditaduras de direita serviu de moeda de troca, por

assim dizer, para a deslegitimação absoluta do comunismo e de todos os seus avatares no

terceiro-mundo, provocando na passagem a erosão dos próprios fundamentos do chamado

repressivo de acumulação nacional-capitalista.

Retrospectivamente, apercebemo-nos hoje de que a difusão do modelo político demo-liberal,

ao mesmo tempo que fazia cair cadeias e libertava energias pelo mundo fora, colocava as

novas e até as velhas democracias ante contradições e desafios imprevistos. No espaço de um

artigo como este, apenas é possível enunciar telegraficamente as dimensões da crise de

globalização, o primado do social sobre o económico que era exercido através da esfera

política, pelo menos parcialmente, se inverteu nas últimas décadas, de tal modo que esvaziou

de valor intrínseco a competição partidária e, port

tempo, pois, em que Lipset podia falar da democracia como “a luta de classes por via 2

1 Samuel HUNTINGTON, 1991, The third wave: democratization in the late 20th century, Norman: University of Oklahoma Press.

eymour LIPSET (1985), Consenso e conflito: ensaios de sociologia política, Gradiva: Lisboa. 2 S

Dossier temático dirigido às escolas 136/219

sucedera até 1914, um eterno jogo de posições entre interesses organizados. E daqui a

tendência geral para a desertificação partidária e a abstenção eleitoral, como se aquele jogo

dissesse cada vez menos respeito às populações.

O próprio fim das ideologias – cada vez mais real depois do colapso do império soviético –

s a tais poderes. O caso dos países membros

cuo sistemático da potência estatal

uém sabia que a “terceira vaga democrática” ia começar nem

Sabemos hoje que a intensa mobilização social que fertilizou o confronto partidário

tem o efeito perverso de destituir a vida pública de orientação aos valores políticos. Como

ideologia de substituição, o centrismo dominante é pobre, pois o que não divide também não

une. Ao mesmo tempo, a exclusão simbólica a que foi votada qualquer forma de

radicalismo, tanto à direita como à esquerda, tem também um custo sistémico, pois priva os

partidos que se acotovelam ao centro de semáforos que lhes orientem o caminho.

Finalmente, a perda de poderes do “estado-nação” em favor de instâncias sub- e supra-

nacionais não tem tido como resultado uma qualquer evaporação das sedes de poder, mas

sim o descentramento real dos poderes e a falta de movimentos de opinião pública e de

formas de representação política correspondente

da União Europeia é paradigmático mas não exclusivo.

Nestas condições, a competição partidária nacional vai ficando esvaziada de opções

susceptíveis de mobilizar os eleitorados, conduzindo à flagrante ausência de oportunidades e

de alternativas políticas com que se concluiu a chamada “terceira vaga democrática”. Ao

contrário do que era legítimo esperar, salta à vista a pobreza de resultados substantivos e

mesmo formais na maior parte desses sistemas, desde o Leste Europeu à América Latina,

para não falar na Ásia e em África, mas também na Europa. Não é ilícito ver aqui uma clara

manifestação dos efeitos políticos da globalização económica e financeira, sobretudo desde a

queda do Muro de Berlim.

Na realidade, com incidência variável segundo as estruturas sociais, a sociedade civil real

emerge hoje, para o melhor e para o pior, ante o re

ditado pelo neo-liberalismo e gera uma crise global dos sistemas representativos.3 O

paradoxo da “terceira vaga” reside em que, ao mesmo que as alternativas à democracia

perderam legitimidade, esta perdeu manifestamente qualidade. Num país pequeno e

dependente como Portugal, todas estas tendências negativas se fazem sentir de forma

acrescida, como era de temer.

2

Naturalmente, em 1974 ning

que ela iria conduzir aos paradoxos actuais. A prova está nos dezanove meses de acesa luta

política em torno do modelo de organização política a fundar – o célebre PREC de que a

juventude mal ouviu falar, ignorando que aí reside a matriz do nosso sistema democrático.

3 Jeffrey ALEXANDER, ed. (1998), Real civil societies. Dilemmas of institutionalization, Sage: London.

Dossier temático dirigido às escolas 137/219

correspondeu, basicamente, ao aproveitamento de uma estrutura de oportunidades

proporcionada pela prolongada crise do Estado português, a qual se deveu, por seu turno, à

divisão das forças armadas ante a solução a dar à questão colonial, motivo primeiro do golpe

militar e causa da nossa revolução.

m compensação, aquela estrutura de oportunidades encerrou-se no momento em que as

ças armadas voltaram a unir-se a fim de pôr termo à crise do Estado e de iniciar a

n que prevaleceu universalmente dali em diante, ou seja,

nenhum

urança social, nomeadamente a

E

for

institucionalização do modelo finalmente adoptado pelas novas elites políticas.4 Seja como

for, a complexidade da descolonização, na sequência de treze anos de guerra colonial,

constituiu para o processo político e para a sociedade em geral uma ruptura brusca com

episódios dramáticos, como a fuga dos portugueses das antigas colónias africanas.

Em suma, a transição política portuguesa foi, simultaneamente, a última revolução do século

XX e a primeira democracia da “terceira vaga”. A copiosa literatura existente sobre as

transições democráticas desvaloriza, porém, o facto de a transição portuguesa ter sido a

única de toda esta “terceira vaga” a conhecer tal nível de participação popular e de ter

assim escapado ao modelo top-dow

uma transição concertada entre as novas e as antigas elites, incluindo a “revolução de

veludo” nos antigos países comunistas. Não é à toa que foi o modelo espanhol da transição

pactada, cuja moderação se inspirou a contrario no radicalismo da nossa revolução, aquele

que serviria de exemplo a todas as futuras transições.

O carácter revolucionário da transição portuguesa não se limitou, pois, ao plano político e

ideológico. Estendeu-se também ao plano social, coisa que não aconteceu em

outro processo de democratização na Europa do Sul nem no resto do mundo. A

liberalização selvagem das estruturas sociais na antiga União Soviética e nos países da

Europa de Leste não pertencem à mesma categoria, como mostra de resto a regressão

social que se instalou na maior parte deles. Convém pois assinalar as extraordinárias

transformações da sociedade portuguesa após 25 de Abril, algo de que hoje se fala pouco

e, quando se fala, demasiado negativamente.

Houve então uma enorme redistribuição de rendimentos e mesmo de riqueza, através de

várias medidas de que as nacionalizações foram a mais espectacular, mas as mais

profundas foram a criação do sistema de seg

universalização das pensões de origem não-contributiva, a criação do salário mínimo

nacional e todo esse conjunto de dispositivos que configuram o welfare state, ao qual se

acrescentaria em breve o sistema público de saúde, contribuindo para consolidar a

democracia mais até do que sucederia na vizinha Espanha.5

4 Diego PALACIOS (2004), O poder caiu na rua. Crise de Estado e acções colectivas na revolução portuguesa, 1974-75, Imprensa

de Ciências Sociais: Lisboa. 5 G. ESPING-ANDERSEN (1988), Orçamentos e democracia : o Estado-Providência em Espanha e Portugal, 1960-1986, Análise

Social, nº. 122, pp. 589-606.

Dossier temático dirigido às escolas 138/219

Com efeito, durante o “processo revolucionário” verificou-se em Portugal uma

redistribuição de rendimentos superior à do Chile de Allende, incluindo uma importante

esa manteve um estatuto único

s

s-

de origem não-eleitoral,

ente afunilamento das alternativas governativas

consideradas viáveis, para não dizer “legítimas”. Finalmente, tudo isto levou ao crescimento

a

sequência daquela, com a primeira “maioria absoluta” de Cavaco Silva – viria concluir o

do funcionamento das novas instituições, consagradas por sucessivas alternâncias

e

transferência de riqueza privada para o Estado e, através deste, para a sociedade, através

nomeadamente da criação de emprego, corrigindo deste modo as enormes desigualdades

sociais mantidas pela ditadura, conferindo benefícios imediatos à grande maioria da

população e alargando o consumo de massas, bem como a base de reprodução da

economia. Como é evidente, esta transferência maciça de recursos também contribuiu

para alargar e consolidar a base social de apoio do novo regime.6

Por outro lado, se o processo imediato da transição portugu

no contexto da “terceira vaga”, já no que diz respeito à consolidação da democracia se

verificou, como possivelmente não podia deixar de ocorrer, não só um reatamento das elite

democráticas com as elites tradicionais afectas à ditadura, como também o início do de

fazer da revolução, des-fazer este que se tem prolongado até hoje e se acelerou

drasticamente nos últimos dois anos.

Seja como for, o termo definitivo da transição tardou e a plena consolidação do novo regime

só teve lugar, segundo os analistas conservadores, com a revisão constitucional de 1982, que

de facto eliminou qualquer forma de representação política

consumando assim a gradual restrição da participação política aos partidos e uma

substancial redução dos poderes do presidente da República apesar da sua eleição directa.

Entretanto, diminuiu o número de partidos do “arco de poder” e aumentou a polarização

eleitoral nos dois agrupamentos do chamado “bloco central” (Partido socialista e Partido

social-democrata), com o consequ

paulatino da abstenção eleitoral, que é hoje em Portugal a mais elevada da União Europeia.

Por outras palavras, a consolidação começou a fazer convergir a transição portuguesa com o

modelo da “terceira vaga” e a gradual rotinização da democracia – que só se inicia

plenamente com a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia e, n

processo de convergência política sem no entanto se atingir, minimamente, a convergência

económica e social.

Por rotinização da democracia, entenda-se não só a perda do seu carácter aurático inicial,

bem como a perda da memória do período revolucionário, mas também uma banalização

governativas, mais precoces e menos traumáticas do que noutros países da Europa do Sul, e

finalmente pela concentração da vida política nos órgãos do Estado e nos partidos. A partir

do início da década de Noventa do século passado, começou a observar-se um processo d

6 S. C. KOLM (1977), La transition socialiste: la politique économique de gauche, Paris: Editions du Cerf.

Dossier temático dirigido às escolas 139/219

“restauração” social e cultural que teve como consequência a re-oligarquização do sistema

político-partidário, ou seja, o regresso das “elites funcionais” e a consagração da política como

profissão em vez da vocação (Weber).

No momento em que escrevo, o enfraquecimento do exercício da cidadania e o

uropa, como alguém lhe chamou, a sociedade

muitos se lhe tenham oposto, a adesão à futura União Europeia, depois da qual as linhas

ais para trás da mudança

social. conheceu um processo de liberalização económica

diametralmente oposto às nacionalizações e cujo impacto social tem de ser tido em conta

Abril foi a que se verificou na condição das mulheres portugueses. Uma mudança que

trouxe, aliás, alterações profundas nos padrões demográficos, cuja origem material se situa

desmantelamento dos direitos sociais convergem num só processo de manifesta regressão

societal, ao mesmo tempo que a economia se encontra de novo em recessão, de acordo com

um processo de stop and go ao qual ainda não se pôs termo. Trinta anos depois do 25 de

Abril, o panorama está longe de ser abonatório para a qualidade da nossa democracia,

como se tem verificado em todos os estudos relevantes, e confirma os efeitos políticos

deletérios da globalização neo-liberal a que me referi há pouco.

3

Entretanto, com o regresso de Portugal à E

começou a ganhar uma autonomia desconhecida até então relativamente à esfera política

e às vicissitudes da vida partidária. Com efeito, o segundo momento do processo de

consolidação material e simbólica do regime democrático foi, como é evidente, se bem que

de força da evolução da sociedade portuguesa se tornaram cada vez mais autónomas do

sistema político, tendo este ficado, em contrapartida, cada vez m

Após a adesão, Portugal

na análise da evolução da sociedade. Assim, as mudanças ocorridas a partir do Tratado de

Maastricht, com a aceleração drástica da convergência nominal que este trouxe, com vista

à criação da moeda única europeia, inscreveram-se num tecido já profundamente

transformado pela revolução e pelos benefícios sociais que ela trouxe à população,

provocando rupturas maiores do que nos outros países da UE.

Uma das mais notáveis das transformações sociais operadas silenciosamente pelo 25 de

no novo lugar que mulheres conquistaram, após a revolução, nos sistemas de trabalho e de

ensino. Não que as elas não trabalhassem antes do 25 de Abril, mesmo como assalariadas.

O que mudou foi a percepção do lugar da mulher na sociedade, sendo simbólica a queda

brusca do número de mulheres que passaram a declarar-se como domésticas nos Censos e

nos inquéritos sobre o emprego. Foi tudo isto que fez com que Portugal seja hoje um dos

países da UE onde a percentagem de mulheres activas é mais elevada.

Dossier temático dirigido às escolas 140/219

A alteração do lugar da mulher na sociedade trouxe consigo, portanto, uma mudança

drástica dos comportamentos familiares e demográficos tradicionais, desde a taxa de

natalidade até ao casamento e ao divórcio, fenómenos que têm nas mulheres,

evidentemente, o seu grande protagonista. E quando as mudanças culturais trazidas por

uma revolução se inscrevem, como de facto se inscreveram, no próprio tecido demográfico

– alterando as relações entre homens e mulheres, entre pais e filhos e entre gerações – isso

mostra não só a profundidade do movimento político, como também a sua capacidade

para modernizar uma sociedade conservada no frigorífico, por assim dizer, por uma

ditadura arcaica.

Em combinação com esta alteração radical dos padrões demográficos, que colocou a taxa

de fecundidade das mulheres portuguesas entre as mais baixas do mundo, a virtual

universalização do sistema público de saúde após o 25 de Abril contribuiu decisivamente

para reduzir de forma igualmente drástica a mortalidade infantil e, ao mesmo tempo,

para aumentar a esperança de vida, indicadores estes que se contam hoje entre os mais

favoráveis do mundo, sobretudo a mortalidade infantil.7 São dimensões, por assim dizer

subterrâneas, do processo de modernização societal encetado pela revolução social

associada à democratização do sistema político. É importante não o esquecer, como agora

tende a acontecer por vezes.

s

s

s

s

controlo que a igreja católica pretende manter sobre a

Porém, esta modernização entra frequentemente em contradição com instituições cuja

adaptação ficou manifestamente aquém da evolução verificada a nível demográfico e

familiar. O exemplo mais evidente, porventura, de uma instituição que ficou para trás é o

sistema de crenças religiosas, no nosso caso predominantemente católicas; outro é o da

estruturas judiciais, para citar apenas dois domínios cuja evolução não acompanhou a

transformações sociais e culturais. Neste contexto, é particularmente chocante, ma

paradigmático, o manifesto atraso da legislação respeitante à interrupção voluntária da

gravidez em Portugal, o qual se deve, como é bem conhecido, à pusilanimidade da

autoridades políticas ante o

orientação da sociedade aos valores morais.8

Algo de equivalente sucede com as estruturas judiciais, que não acompanharam, por

exemplo, o reconhecimento jurídico expedito do divórcio por mútuo consentimento,

mostrando-se incapazes de garantir a execução de medidas tão básicas quanto as pensões

alimentares, como se desconhecessem o facto de, hoje em dia, cerca de um terço dos novos

casamentos estar destinado ao divórcio num prazo de cinco anos. A relutância ou

incapacidade judicial para defender as crianças das mães separadas podem estar a

contribuir de forma perversa para a diminuição da natalidade, em contradição com a

7 M. V. CABRAL ed al. (2002), Saúde e doença em Portugal, Imprensa de Ciências Sociais: Lisboa. 8 M. V. CABRAL (2001), “Práticas religiosas e atitudes sociais dos Portugueses numa perspectiva comparada”, in J. Machado Pais

s: Lisboa. (org.), Religião e Bio-Ética, Série Atitudes Sociais dos Portugueses nº. 2, Imprensa de Ciências Sociai

Dossier temático dirigido às escolas 141/219

ideologia natalista prevalecente a nível do Estado e da própria sociedade. A crise da justiça,

como é sabido, está porém muito longe de se limitar a este campo, tendo explodido bem 9

explicar aos Portugueses as dimensões positivas

zação e democratização, numa metrópole

muitas famílias obrigadas a pagar do seu bolso a escola dos filhos, o que mostra bem como

Hoje em dia, já não estamos apenas ante um simples processo de massificação do ensino

superior. Neste momento, pode-se falar de um grau significativo de democratização das

universidades, quando mais de 50% dos estudantes, entre o sector público e o privado, são

provenientes de famílias onde os pais têm como nível máximo a antiga instrução primária.

Isto ajuda, aliás, a explicar o insucesso escolar e muitos outros problemas actuais do sistema

antes dos casos mediáticos dos últimos anos.

Do ponto de vista demográfico, outro fenómeno novo, inversamente associado à queda da

natalidade e ao desequilíbrio crescente entre a população activa e inactiva, foi a

transformação de Portugal, em menos de três décadas, num país de imigração. Para um país

caracterizado por uma tendência secular fortíssima para a emigração, isto representou uma

mudança radical, cujas implicações ainda não foram assimiladas pela sociedade portuguesa

e à qual o Estado se tem revelado incapaz de dar resposta devido à hesitação e hipocrisia dos

agentes políticos ante o fenómeno imigratório.

O Estado português nem produziu uma política migratória coerente, que aceite ou rejeite os

fluxos de imigrantes; nem teve a coragem de

da imigração, enquanto os aspectos alegadamente negativos são publicitados todos os dias

na comunicação social; nem tão pouco tomou as medidas legais e sociais indispensáveis à

inserção dos imigrantes, proporcionando-lhes não só condições de vida similares às dos

cidadãos nacionais, como protegendo-os da exploração abusiva do patronato e das máfias

que controlam a chamada imigração clandestina. Com efeito, a imigração está para ficar, o

que afinal só evidencia o facto lisonjeiro de a região de Lisboa, concretamente, se ter

transformado, após três décadas de descoloni

multi-étnica e multi-cultural, como sucede actualmente com todas as grandes aglomerações

modernas.

Outra dimensão crucial da mudança consecutiva ao 25 de Abril foi o crescimento do

sistema de ensino, cuja abertura correspondeu mais a uma conquista da sociedade do que

a uma iniciativa do Estado. O ensino privado, a todos os níveis, incluindo o universitário, é a

prova evidente de que o Estado, mesmo depois da consolidação democrática, nunca quis

assumir totalmente as suas obrigações ao nível da escolarização da população, sendo

esta é uma aspiração social à qual os sucessivos governos não têm sabido ou querido

responder.

9 M. V. CABRAL(2000), “A injustiça em Portugal”, in A. BARRETO, org., Justiça em cr se? C ises da justiça, Lisboa: Publicações

Dom Quixote; P. BACELAR DE VASCONCELOS (1988), A cr se da justiça em Portugal, Lisboa: Gradiva/Fundação Mário Soares. i r

i

Dossier temático dirigido às escolas 142/219

de ensino, continuando a escolaridade e a qualificação da população, incluindo os jovens, a

ser a mais baixa da EU incluindo os países do alargamento. Contudo, o elevado grau de

democratização do recrutamento universitário tem tido efeitos sociais comparáveis à

mudança que se verificou no lugar das mulheres da nossa sociedade, bem como na saúde e

na segurança social.

cesso como o das privatizações, em curso acelerado desde o início da

década de Noventa com o fito de reduzir a intervenção do Estado na economia, não tem

enas consequências macro-económicas. As privatizações fazem também com que a

agricultura, antecipando inclusivamente as directivas

profundo desequilíbrio entre Lisboa e o Porto e as outras cidades.

4

Em contrapartida, a evolução negativa dos direitos sociais adquiridos com a democracia,

em ligação com o ajustamento da economia portuguesa aos critérios de convergência

impostos na última década pela UE e, em última instância, pelos mecanismos da

globalização, têm não só reduzido a segurança social a todos os níveis e aumentado

acentuadamente as desigualdades sociais, como têm também contribuído para

desmobilizar os cidadãos, alienando-os do sistema político e criando um forte sentimento

de distância em relação ao poder.10

Por exemplo, um pro

ap

sindicalização diminua e que o movimento sindical perca peso e influência. Com efeito,

considerando que cerca de 75% dos sindicalizados portugueses pertencem ao sector público,

não é difícil imaginar que a redução deste último equivale à diminuição da sindicalização.

Privatizar é também descontratualizar, o que veio a culminar no fenómeno da

precarização do mercado laboral, que afecta quase todos os jovens que entram no

mercado do trabalho.

Por seu turno, o declínio profundo da

comunitárias no sentido do alinhamento dos preços nacionais pelos europeus e da

especialização da produção, introduziu alterações radicais na estrutura ocupacional e na

própria configuração social e cultural do país. O mesmo se passou e continua a passar com

a desindustrialização acelerada, sobretudo numa região com o peso político da Grande

Lisboa, afectando de forma indirecta, mas não menos decisiva, a influência dos sindicatos,

do Partido Comunista e da esquerda em geral.

A terciarização maciça da estrutura socio-económica correspondeu, por outro lado, à

consolidação das cidades médias, o que representa uma novidade em Portugal, onde

sempre prevaleceu um

10 Ver o meu artigo sobre “O exercício da cidadania política em Portugal”, publicado no nº. 1 de Le Monde Diplomatique.

Dossier temático dirigido às escolas 143/219

Sem que a relativa macrocefalia do país se tenha reduzido, também não aumentou, e hoje

em dia há indiscutivelmente maior pluralismo entre cidades de médio-porte dinamizadas,

muitas delas, pelas novas universidades surgidas ante a procura social a que me referia há

pouco.

Em suma, a urbanização e a terciarização acabaram por conferir à nova estrutura de

diferenciação social aquele “efeito de classe média”, que alguns autores portugueses já

começaram a identificar.11 Com todos estes fenómenos, tem vindo a ocorrer uma

istas.

la ideologia neo-liberais teve como resultado uma desarticulação das

evoluiu muito e, enquanto

o Partido comunista vai declinando a olhos vistos, os partidos de vocação eleitoral ficaram

verdadeira desestruturação do sistema de estratificação social que conhecíamos, à qual se

seguiu uma recomposição material e simbólica das novas camadas médias, cujos traços

mais importantes são a mudança da antiga orientação ao emprego seguro, que era a

dimensão com que o corporativismo e os sindicatos lidavam, para a orientação à vida

profissional, com os seus novos investimentos na vocação, na autonomia e na carreira,

dando lugar à emergência daquilo a que Ronald Inglehart chama os valores pós-

material

Retrospectivamente, verifica-se portanto que a evolução da sociedade portuguesa foi

muito considerável mas também cheia de contrastes e contradições, fazendo-se sentir de

forma cada vez mais penosa o recuo da presença reguladora do Estado, tanto na

economia e nas relações laborais, como nos próprios sistemas de ensino, saúde e segurança

social. Com efeito, depois de recuperar com o 25 de Abril o atraso que trazia de cinquenta

anos de ditadura fascista em termos de direitos civis, políticos, sociais e culturais, o país

voltou a beneficiar com a adesão à UE, que funcionou para Portugal como um desafio

estimulante em muitas áreas da nossa vida social e económica.

Contudo, na última década, a entrada num processo de convergência pautado pelos

critérios e pe

estruturas sócio-económicas tradicionais que não encontrou equivalente em outras tantas

estruturas modernas. Com efeito, a UE, que surgiu inicialmente como uma panaceia,

deixou de ser a solução para todos os problemas para se tornar em mais um problema que

a sociedade tem de enfrentar praticamente sem orientação nem apoio do Estado.

Em conclusão, Portugal caracteriza-se hoje por um atraso crescente do sistema político-

partidário em relação à mudança social. As clivagens sobre as quais foram construídos os

actuais partidos remontam a condições sociais anteriores ao próprio 25 de Abril e estão hoje

completamente ultrapassadas. Por outras palavras, a sociedade

s

11 E. ESTANQUE (2003), “O efeito classe média: desigualdades e oportunidades no limiar do século XXI”, in M. V. CABRAL el al.

(orgs.), De igualdades sociais e percepções da justiça, Imprensa de Ciências Sociais: Lisboa.

Dossier temático dirigido às escolas 144/219

praticamente imóveis, perderam qualquer enraizamento na sociedade e limitaram-se a

adoptar a modernidade factícia da mediatização e da personalização da vida política,

com graves danos para a comunicação democrática. Enquanto os cidadãos vêem os dois

principais partidos alternar no governo sem políticas verdadeiramente alternativas, todos

os indicadores apontam para uma profunda crise da representação política que o

enfraquecimento deliberado da acção do Estado só pode agravar.

Dossier temático dirigido às escolas 145/219

O “MISTÉRIO” DO 25 DE NOVEMBRO DE 1975, artigo de opinião de José Manuel

Barrosos

In: Jornal Diário de Noticias

É sabido: no dia 25 de Novembro de 1975, no final do período

revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, Portugal esteve à

beira de uma guerra civil. Depois de um período de disputa

pelo poder político-militar, que abrange todo o Verão de 1975,

as forças democráticas (PS, PSD e CDS, na ala partidária, os

moderados do Movimento das Forças Armadas, o MFA,

liderados pelos Grupo dos Nove, e a Igreja Católica), que

comunistas (PCP, extrema-esquerda e a Esquerda Militar), que

rocuravam impor ao País um regime autoritário próximo do dos países comunistas,

Venceram os moderados e o

desata, 30 anos depois, esse

PCP, com o apoio operaci

confronto e porquê?

a coerência (ou a "incoerência") de um plano militar "tão

frouxo" como o dos revoltosos de Tancos. E, no plano político, sobre as verdadeiras intenções e

poderia o PCP avançar para u

plano militar tão débil? E que q

As respostas, mesmo com base e

para mim, simples.

de militar verifica que uma acção de ocupação do quartel-general (QG) operacional da

Força Aérea e das suas principais bases aéreas operacionais não é um plano qualquer. É um

plano inteligente e necessário para fazer de novo bascular a balança do poder para a

- 21 Novembro 2006

lutavam por uma democracia do tipo europeu, e as forças pró-

p

enfrentaram-se em Lisboa.

caminho para a democracia foi reaberto. Mas a data, isto é, o

"quem é quem" e o "quem faz o quê" nos acontecimentos

que levaram os radicais do MFA a marchar com a unidade

pára-quedista de Tancos sobre a capital e as principais bases

aéreas em seu redor, ainda permanece envolto em "mistério".

E nem um simples e linear raciocínio de mediana inteligência

"mistério". O "mistério" resume-se a uma pergunta: é, ou não, o

onal da Esquerda Militar, a organização que avança para o

Têm-se colocado dúvidas sobre

acção do PCP nessa data. Em suma, perguntam os que alimentam esse "mistério": como

ma tentativa de mudança do poder político-militar com tal

uereria ele fazer, de facto, um golpe militar, tomar o poder?

m depoimentos que não incluem as "memórias" do PCP, são,

Era o plano militar de quem comandava o 25 de Novembro frouxo? Não. Qualquer aprendiz

Dossier temático dirigido às escolas 146/219

esquerda pró-comunista. Porquê? Porque, estando a principal força de actuação - o Exército

- maioritariamente dominada pelos moderados, só o desequilíbrio dos restantes dois ramos

das Forças Armadas - Marinha e Força Aérea - poderiam impor ao Exército um

realinhamento político-militar e impedir uma eventual acção deste para repor a ordem no

País. Tomar o comando da Força Aérea e as suas principais bases significava, "apenas",

subtrair ao Exército o seu principal apoio. E era também uma forma de incitar e libertar a

Marinha - nomeadamente os fuzileiros - para uma acção ao lado dos radicais.

pois de Março

de 1975, para ser o "grande líder" da revolução. É namorado pelo PCP e por Cuba. Tem

da

Guerra-fria e estratego inteligente, deixa Angola para as superpotências e Portugal para a

Que falhou neste plano militar? Duas coisas. Uma, e muito importante, o alinhamento do

então comandante operacional do Copcon (QG operacional do MFA), general Otelo Saraiva

de Carvalho, ao lado dos pára-quedistas (isto é: da Esquerda Militar). Otelo, que o PCP mais

voluntarista contava como aliado e comandante militar "independente" para o golpe, foi

para casa nessa madrugada, deixando os revoltosos sem um comando visível (e daí o ódio,

que ainda hoje persiste, do PCP a Otelo). Outra, a acção do presidente da República,

general Costa Gomes, que se opõe sinceramente a uma guerra civil e dá ordens de fidelidade

hierárquica a unidades e cobertura aos militares moderados.

Que falhou no plano político? Otelo e Costa Gomes, de novo. O general Otelo Saraiva de

Carvalho, comandante operacional do MFA no 25 de Abril, fora preparado, de

encontros a sós com Cunhal e Fidel Castro convida-o repetidamente para visitar a ilha. Otelo

acaba por lá ir em Julho. É recebido como um herói, é-lhe incentivado um papel de caudilho.

Otelo regressa aparentemente convencido, diz que vai mandar os "contra-revolucionários"

para a praça de touros do Campo Pequeno e é portador de uma mensagem de Fidel para

Costa Gomes anunciando a intervenção cubana em Angola. Mas, depois, Otelo falha sempre:

não apoia o primeiro-ministro comunista Vasco Gonçalves nem os pára-quedistas. Costa

Gomes também "falha". Deixa Cuba avançar em Angola, até porque Portugal era frágil aí.

Mas não dá possibilidade ao golpe do 25 de Novembro de avançar em Lisboa. Homem

NATO. Um mês antes do 25 de Novembro, o líder soviético Leonid Breznev, numa conversa a

sós de quatro horas, em Moscovo, explicara-lhe que a União Soviética não combateria os

EUA na Península Ibérica. Por isso, a primeira preocupação de Costa Gomes, na manhã do

25 de Novembro, é falar com Cunhal e o seu braço popular (não armado, mas armável), a

Intersindical. Cunhal aceita, mas ganha tempo para negociar o futuro, sem grandes perdas

para o PCP.

Dir-se-ia não haver depoimentos ou provas suficientes do que afirmo. Mas há. Não se

conhece tudo, mas o que se apurou, nestes anos de investigação e de recolha de relatos, é

suficiente. Explicarei isso em próximo artigo.

Dossier temático dirigido às escolas 147/219

O 25 DE NOVEMBRO, por Álvaro Cunhal (*)

1- O golpe militar em preparação

O 25 de Novembro foi um golpe militar inserido no processo contra-

revolucionário. A sua preparação começou muito antes das

insubordinações e sublevações militares do verão quente e de

Outubro e Novembro de 1975.

Talvez que as mais esclarecedoras informações dessa preparação em

de 1975, Edições jornal Expresso, 2ª ed., Junho de

1976.

o pelo «Movimento», que define por ser

dissidentes», — nomeadamente «os gonçalvistas» e o PCP. Fala em

e o «Movimento» deveria ter presença activa no

Conselho da Revolução (ob. cit., p. 93) e aceitar a «manutenção formal dos órgãos de cúpula

do Movimento — Conselho da Revolução e Assembleia do MFA» (ob. cit., p. 95).

O «Movimento» chamava a si a preparação e decisão do golpe militar, mas, «preservando e

garantindo a legitimidade revolucionár

Segundo José Gomes Mo ispunha de dois

grupos dirigentes.

Um «militar», «inicialmente co

a «elaboração de um plano de operações» (ob. cit., p. 99), tarefa que «cumpriu

rigorosamente», tendo «para isso muito contribuído a liderança de Ramalho Eanes» (ob. cit.,

O livro encerra muitas contradições e obscuridades sobre o «Movimento». Diz que «a

o militar] teria de partir sempre dos «dissidentes» (ob. cit., p. 93),

ue o «Movimento» tinha por objectivo «evitar qualquer possibilidade de uma guerra civil»

curso muitos meses antes de Novembro sejam as que dá o

comandante José Gomes Mota no seu livro, esquecido ou guardado

nas estantes, A Resistência. O Verão Quente

Segundo José Gomes Mota, o golpe foi preparad

contra o que chama «os

«novas estruturas reorganizadas». Diz qu

ia do Presidente da República» (ob. cit., p. 94).

ta, a cúpula efectiva era o «Movimento», que d

nstituído por Ramalho Eanes, Garcia dos Santos, Vasco Rocha

Vieira, Loureiro dos Santos, Tomé Pinto e José Manuel Barroso». A sua «tarefa» principal era

p. 100).

Outro «político», de que faria parte o «Grupo dos Nove», «veio a desempenhar o papel de

um verdadeiro estado-maior de Vasco Lourenço», que «assumira a chefia do Movimento»

(ob. cit., p.100).

iniciativa [de um confront

q

e a criação da «Comuna de Lisboa» (ob. cit, p. 94). Mas o facto, que importa sublinhar, é a

revelação de um efectivo centro político-militar a preparar um golpe ao longo do verão

Dossier temático dirigido às escolas 148/219

quente .

Melo An

o

militar, também desenvolvemos acções clandestinas para nos prepararmos para uma

confrontação que eu julgava inevitável. [...] Tínhamos uma organização militar em marcha.»

(Vida Mundial, D

A preparação do golpe «para pôr fim a uma situação insustentável» vinha pois de longe.

Foi ulteriormente dado a conhecer que, no verão quente, muitos Comandos «deixaram os

postos civis e se alistaram de novo para estarem operacionais».

A colocação de Pires Veloso no Norte em Setembro de 1975, substituindo Corvacho, que

Freitas do Amaral intitula de «famigerado Brigadeiro» «afecto ao PCP» (O Antigo Regime e

a Revolução,

25 de Novembro, vieram ajudar o golpe várias Companhias do Norte, que depois levaram os

presos para Custóias.

O papel de Ramalho Eanes é sublinhado nas valiosas informações que, no 20º aniversário do

golpe, revela Vasco Lourenço, designado em 22 de Novembro e confirmado a 24

Comandante da Região Militar de Lisboa e u

S

«desempenhou papel fundamental», e «acabou por ser o principal comandante operacional

», não cedendo às pressões dos militares mais radicais (artigo «Não aconteceu o pior», in

Revista História , nº 14, Novembro de 1995, pp. 37-38).

Também Jaime Neves, sublinhando que se tratou de «um golpe contra o PCP», confirma o

papel de Eanes: «Conspirávamos [...] e o Eanes [...] passou a ser ele a coordenar as coisas.»

(Entrevista à revista Indy, 21-11-1997.)

O papel de Eanes expre

tão significativos como a sua ascensão a Chefe do Estado-Maior do Exército (interino em 27-

11-1975 — posse em 9-12-1975) e ulteriormente a Presidente da República eleito.

Está mais que provado, assumido e confessado, que se tratou de um golpe militar con -

revolucionário há muito em preparação num turbulento processo de arrumação e

rearrumação de forças.

Cerca das 10 horas da própria manhã do dia 25, prontos para desencadear as operações, os

conspiradores — numa diligência conjunta do «Grupo

oficiais dos Comandos da Amadora — procuraram e conseguiram obter a aprovação e

cobertura institucional do Presidente da República, Costa Gomes (entrevista de Costa Gomes

a Maria Manuela Cruzeiro, in Costa G

L

tunes, por seu lado, fala da acção militar do «Grupo dos Nove» na preparação para

golpe: «Além das acções legais ou semilegais a que deitámos mão para obter a supremacia

ezembro de 1998, p. 50.)

ed. cit., pp. 245 e 406), fazia parte dessa preparação. Não foi por acaso que, no

m s bstituição de Otelo Saraiva de Carvalho.

egundo Vasco Lourenço, Eanes, «responsável por organizar o plano de operações»,

ssou-se aliás publicamente, logo após a vitória do golpe, em factos

tra

dos Nove», Eanes, Jaime Neves e

omes, o Último Marechal, Editorial Notícias, 3ª ed.,

isboa, 1998, p. 357; e in revista Indy, 27-11-1998).

Dossier temático dirigido às escolas 149/219

Para a compreensão do golpe e do que dele resultou é necessário ter em conta que, na sua

preparação, participaram forças muito diversas associadas num complexo enred a

contraditórias.·

Todas estavam aliadas

restabelecer uma hierarquia e disciplina nas forças armadas e extinguir o MFA

insanavelmente em vias de destruição pelas suas divisões e confrontos internos. Mas, como

resultado do golpe relativamente ao poder político e às medidas concretas a tomar, havia

importantes diferenças.

Na grande aliança contra-revolucionária, internamente mui

fa

ditadura, que tomasse violentas medidas de repressão, nomeadamente a ilegalização e

destruição do PCP. Participava também o Grupo dos Nove, de que alguns membros,

receosos da possibilida

Da parte dos fascistas e neofascistas, a ilegalização e repressão violenta do PCP era, não

apenas um desejo mas um objectivo que pretendiam fosse alcançado no imediato.

As organizações terrorista ia

ti

«programa máximo — um programa de violência ou de guerra — em ligação com um golpe

militar» (Do 25 de Abril ao 25 de Novembro, ed. cit., p. 204), intervindo com «muitos grupos

capazes de executar quem quer que fosse» ( ob. cit. , p. 197). Na noite de 25 de Novembro

foi-lhe comunicado para não avançar com o «Plano» (ob. cit., p. 208).

Este objectivo de desencadear uma vaga repressiva de extrema violência já na altura era

abertamente proclamado nas campanhas anticomun E

c

Jaime Neves, num jantar em sua homenagem realizado em Janeiro de 1996, declaro q

“problema”

Cunhal» (Público, 11-1-1996). O seu estado de espírito é transparente, ao dizer que, se «havia

uma manifestação realizada pelo Partido Comunista, eu recusava-me a ir com a tropa para

a rua se não fosse para prender o Dr. Álvaro Cunhal» (entrevista ao Semanário, 26-11-1983).

Alpoim Calvão, operacional nº 1 da rede bombista, não deu por definitivamente derrotada a

o de lianças

para pôr fim à influência do PCP e ao processo revolucionário,

to fragmentada, participavam

scistas declarados e outros reaccionários radicais, que visavam a instauração de um nova

de de saírem vitoriosas do golpe as forças mais reaccionárias,

pretendiam a continuação de um regime democrático.

s dev m também participar. Paradela de Abreu diz que «sempre

nha estado convencido de que o Plano Maria da Fonte só deveria ser desencadeado no seu

istas. muitos anos volvidos, mais

laramente o dizem, nas suas confissões, alguns dos participantes.

u ue «o

seria resolvido “muito simplesmente com a prisão do líder do PC”, Álvaro

Dossier temático dirigido às escolas 150/219

extrema-direita depois do 25 de Novembro. Num encontro com Pinheiro de Azevedo (então

Primeiro-Ministro), solicitou que fosse permitido o regresso a Portugal de Spínola e de todos

os spinolistas exilados. Não são conhecidos os termos em que colocou o problema. Pedido?

Exigência? O que diz é que uma tal decisão seria «uma solução pa

2

(entrevista a Eduardo Dâmaso, publicada no seu livro A Invasão Spinolista, Círculo de

Leitores, 1997, p. 98). É o que teriam feito, pelo que se vê, se tivessem sido eles a impor o

resultado.

No próprio dia 25, não estando ainda certo como o golpe iria terminar política e

m

pretendia que o resultado correspondesse aos seus próprios objectivos.

Mário Soares e o PS tinham representado um papel importante na acção política

preparatória do 25 de Novembro. Mas o golpe do 25 de Novembro não foi o que

projectaram. Nenhum dos seus três objectivos centrais imediatos se concretizou. Nem a

liquidação da dinâmica revolucionária e das suas conquistas. Nem o esmagamento militar do

PCP, do movimento operário e da esquerda militar, nem, como resultado do golpe, ser

Soares o vencedor, aquele que teria salvado a democracia de um golpe e de uma ditadura

comunista u

re

exagero dizer-se que Soares ficou de fora do 25 de Novembro.

Os fascistas e neofascistas, participantes na preparação e no golpe, n

p

Quanto ao «Grupo dos Nove», Melo Antunes (tal como Eanes e Costa Gomes) defendia uma

solução política da crise. Indo no dia 26 à televisão declarar que «a participação do PCP na

construção do socialismo era indispensável», deu importante contribuição para a defesa da

democracia.

Como na altura considerámos, essa atitude expressava um objectivo político e uma

apreensão: o objectivo de assegurar um regime democrático para o que considerava

indispensável o contributo do PCP e a apreensão de que, se a e

a

Poucos dias depois, o chef o

F

cífica», porque, apesar do

5 de Novembro, «muitos queriam pegar em armas e vir por aí abaixo matar comunistas»

ilitarmente, todos envolvidos num objectivo geral comum anticomunista, cada qual

e q e por isso assumiria naturalmente de imediato, no poder do Estado, as

sponsabilidades daí decorrentes. Tal operação foi tentada mas falhou. Não é por isso

ão conseguiram tão-

ouco o que pretendiam.

xtrema direita desencadeasse

repressão contra o PCP, ele e seus amigos acabariam também por ser reprimidos.

e d EMGFA, general Costa Gomes, enviou aos três ramos das

orças Armadas uma directiva na qual se afirmava que «só os militares [...] estão em

Dossier temático dirigido às escolas 151/219

condições de servir o projecto de construção da sociedade proposta pelo Movimento do 25 de

Abril, sociedade onde não seja mais possível a exploração do homem pelo homem» (Jornal de

Notícias , 2-12-1975).

E

Eanes, então promovido a general, declarou como «objectivos políticos prioritários a

independência nacional e a construção de uma nova sociedade democrática e socialista.» (

Jornal de Notícias , 7-12-1975).

2

Desde o 25 de Abril, todos os golpes e tentativas de golpes contra-revolucionários — golpe

Palma Carlos, 28 de Setembro, 11 de Março e outros — foram explicados pelos seus autores,

apoiantes e cúmplices como respostas a golpes ou tentativas de golpes do PCP visando o

assalto ao poder. Assi

re

Ao contrário do que dizem (como acabamos de ver) os principais protagonistas do 25 de

Novembro, Mário Soares e seus amigos não desistiram até hoje de dizer que, no 25 de

Novembro, « houve uma tentativa de golpe, animado pela Esquerda Militar e pelo PCP, e

uma resposta, [...] um contra

, ao tomar posse como Chefe do Estado-Maior do Exército, no dia 6 de Dezembro, Ramalho

- A tese do «contra-golpe»

m sucedeu também no verão quente de 1975, quando forças contra-

volucionárias desenvolviam o terrorismo bombista e preparavam um novo golpe militar.

-golpe da parte do sector democrático, isto é, militares

moderados, “Grupo dos 9” e PS » (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução , ed. cit.,

Esta versão dos acontecimentos foi através dos anos repetida incansavelmente.

e desencadeado pela ala “gonçalvista” do MFA com o total apoio do PC.» (Público,

, já agora, lembremos que, em 1997, Carlucci informava a Câmara dos Representantes de

p. 487).

José Manuel Barroso, sobrinho de Soares e adjunto de Spínola, é ainda mais categórico: «O 25

de Novembro [diz ele] foi um golpe de força militar, preparado pelo Partido Comunista».

«“Páras” e “fuzos” receberam, assim, ordens de saída directamente da direcção militar do

PCP». O 25 de Novembro foi «uma operação dirigida por dois postos de comando: um,

militar, situado no SDCI, e outro, civil, a partir da direcção militar do Partido Comunista»

(Diário de Notícias, 25-11-1993).

Manuel Monge, destacado oficial spinolista próximo de Soares e que tinha fugido para o

estrangeiro com Spínola depois do 11 de Março, afirma também que «o 25 de Novembro foi

um golp

17-4-1994.)

E

que no 25 de Novembro «o golpe comunista foi derrotado» (Dossier Carlucci/CIA, ed. cit., p.

109).

Dossier temático dirigido às escolas 152/219

Como a orientação e acção do PCP e os acontecimentos provassem que não tinha havido

nem golpe nem tentativa de golpe do PCP, inventou-se então a tese do «recuo» — a história

de que o PCP, vendo que o seu

do golpe

Mário Soares: que o PCP teria lançado o golpe, mas, vendo que ia ser derrotado, deixou no

terreno os esquerdistas «abandonados pelo PC» à sua sorte e à repressão (Maria João Avillez,

Soares. Ditadura e Revolução, ed. cit., p. 487). Falsidade e calúnia retomada por Freitas do

Amaral (O Antigo Re

Explique-se. Esta invencionice, como argumento, deturpa dois factos reais: Um , as

orient

o

esquerdistas de confronto militar (casos do Forte de Almada e do RAL 1).

Outro , uma conversa telefónica na mesma noite de 24 para 25 entre o Presidente da

República Costa Gomes e o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, em que este, tendo

tomado a iniciativa do contacto, nos termos habituais da ligação institucional com a

Presidência da República, comunicou ao Presidente, desmentindo especulações em curso, que

o PCP não estava envolvido em qualquer iniciativa de confronto militar e insistia em

apontar a necessidade de uma solução política. Soare iz

c

Público-Magazine, 24-4-1994). A verdade é que não houve «recuo» nem «desistência»

porque não houve golpe nem tentativa de golpe do PCP, mas a realização empenhada da

orientação definida pelo Comité Central em 10 de Agosto, até ao último minuto, incluindo as

indicações acima referidas dadas às organizações do Partido e a diligência

ju

Apesar de ficar claramente comprovado que o 25 de Novembro foi um golpe militar contra-

revolucionário, há muito em preparação, Soares diz ainda, tantos anos passados, que «a tese

de Álvaro Cunhal» de o 25 de Novembro ter sido um golpe e não um contra-golpe «

permanece hoje historicamente indefensável » (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e

Revolução , ed. cit., p. 490).

A verdade dos factos e os testemunhos mais válidos (de Costa Gomes, de Melo Antunes, de

Vasco Lourenço, de Ramalho Eanes) mostram que «indefensável» é a «tese» de Soares e seus

amigos quando insistem no golpe do PCP e no contra-golpe de 25 de Novembro.

golpe militar, já desencadeado, iria falhar, recuou e desistiu

. Essa tese do «recuo do PCP» é condimentada com uma insultuosa afirmação de

gime e a Revolução, ed. cit., p. 477).

ações dadas pela Direcção do PCP na noite de 24 para 25 a algumas das suas

rganizações para não se deixarem arrastar em atitudes ou na participação em aventuras

s d contudo que Costa Gomes

onseguiu «convencer o Partido Comunista a desistir» do 25 de Novembro (entrevista ao

que se lhes seguiu

nto do Presidente da República.

Dossier temático dirigido às escolas 153/219

3

Na medida em que avançava a preparação do golpe militar contra-revolucionário, travou-

se acesa luta política em torno dos trabalhos e das funções da Assembleia Constituinte.

Soares pretendia (tal como F it

C

escolher novo governo. Pretendia no imediato, tendo Mário Soares como Primeiro-Ministro,

formar governo em substituição do VI Governo Provisório. Jorge Miranda a pedido do PS e

do PPD (segundo testemunho de Freitas do Amaral a pp. 531-532 do seu livro citado)

- O «cerco» de S. Bento

re as do Amaral) que a Assembleia Constituinte, sem aprovar a

onstituição, se transformasse de imediato num órgão do poder para fazer leis gerais e

chegou a redigir um projecto de lei constitucional segundo o qual a «Assembleia Constituinte

ssume a plenitude dos poderes legislativos e de fiscalização do Poder Executivo em

Portugal» (art. 1º ). Compreende-se assim melhor que, nas suas memórias, Mário Soares

bleia Constituinte (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e

Revolução , ed. cit., p. 483). Pretendia ainda, como os acontecimentos pouco depois

a preparação do golpe contra-revolucionário, que veio a realizar-se em 25 de Novembro, e

milícia

a

chame «Parlamento» à Assem

comprovaram, impedir a aprovação da nova Constituição.

N

no quadro desses objectivos, chegou a ser examinada a possibilidade de transferência para o

Porto dos chefes da conspiração, de unidades militares comprometidas e da Assembleia

Constituinte, para depois, a partir do Norte, desencadear a guerra civil e esmagar

militarmente o Sul, o que chamaram a «Comuna de Lisboa».

O conhecimento da existência desse plano é necessário para compreender a conduta de

Mário Soares no chamado «cerco a S. Bento», assim chamado pela contra-revolução.

Foi o caso de, em tão polémica situação, no dia 12 de Novembro, os trabalhadores terem

realizado uma concentração em frente da Assembleia Constituinte com objectivos de

carácter reivindicativo laboral .

Conhecendo as posições dos vários partidos relativas às suas reivindicações, os trabalhadores

aplaudiram os deputados do PCP e alguns outros, que saíram calmamente do edifício e

seguiram os seus destinos.

Mário Soares conta à sua maneira os acontecimentos:

«Vieram dizer-me que havia uma importante manifestação de operários da construção civil

em frente ao Palácio. Fui a uma janela e apercebi-me de que uma verdadeira

Dossier temático dirigido às escolas 154/219

paramilitar [?!!!], que enquadrava [?!!!] os manifestantes, se preparava [?!] para ocupar

certas posições chave perto das saídas » (?!) (Mário Soares, Portugal: Que Revolução? , ed.

cit., p. 187).

Segue-se a descrição da «fuga», que vale a pena ler como testemunho de uma operação

teatral, espectacular e rocambolesca. Corredores fora no edifício, «começou a correr» com

seus amigos, atravessou e o

P

ed. cit., p. 483). O próprio Soares conta este episódio

m

A história do «cerco de S. Bento», como ameaça comunista de assalto à Assembleia

Constituinte com tais «milícias paramilitares», correu mundo, espalhada pela contra-

revolução, tal como tinham sido os casos República e do Patriarcado.

A

«provavam» que a Assembleia Constituinte não tinha condições para continuar em Lisboa.

Segundo o pormenorizado plano de ir para o Norte, era imperativo deslocar a Assembleia

para o Porto, para, a partir do Norte, lançar-se à conquista da «Comuna de Lisboa». É

esclarecedor que, no dia 20 de Novembro, PS, PPD e CDS aprovam na Assembleia

Constituinte a possibilidade de a Assembleia reunir «em

lu

Para o Porto não foi a Assembleia mas, como veremos, foi Mário Soares, pensando poder

realizar o tenebroso plano, que fora rejeitado.

Quanto à manifestação dos trabalhadores, «a ordem repôs-se» com «cedências do Primeiro-

Ministro a algumas das reivindicações salariais», segundo acabou por confirmar o próprio

S

abalado em tal correria e saído pelas traseiras?

4- O «contra-golpe» falhado

A ida, no pró rio dia 25 de Novembro, de Soares para

u

diferente do que veio a ser o golpe do 25 de Novembro e os seus resultados.

m c rreria os jardins de S. Bento até lá cima à residência do

rimeiro-Ministro e saiu pelas traseiras... (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução ,

com um colorido que faz inveja aos

elhores ficcionistas. Leia com gosto, se tiver ocasião.

ameaça comunista e a «fuga» a que Soares fora forçado para escapar ao perigo

qualquer momento e em qualquer

gar» ( Diário da Assembleia Constituinte , p. 2779).

oares (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução , ed. cit., p. 483). Para quê ter

p o Porto com os seus amigos, constituiu

m episódio que esclarece e evidencia alguns dos mais sérios perigos de um plano muito

Nesse dia, partindo para o Porto, Soares ia certamente esperançado e decidido a que o golpe

Dossier temático dirigido às escolas 155/219

c

resultado a ilegalização e repressão violenta do PCP, do movimento operário e da esquerda

militar e a não aprovação da Constituição da República já elaborada pela Assembleia

Constituinte.

ontra-revolucionário vitorioso seria um confronto militar violento, que tivesse como

Um tal plano foi desvendado vinte anos mais tarde pelas extraordinárias revelações de Vasco

de Novembro, substituiu Otelo no Comando da Região

Militar de Lisboa e acompanhou de perto, em ligação com Eanes, a preparação final e a

a publicação do

u documento, foi levantada e esteve quase em vias de ser aprovada a hipótese (à qual

(artigo in Revista História , nº 14, Novembro de 1995, p. 35). Seria também de

onsiderar «passar a reunir no Porto» a Assembleia Constituinte ( ibid. ), ideia esta que Mário

c nal de Jorge Miranda atrás referido.

e

f

Lourenço que, nas vésperas do 25

realização do golpe.

Vasco Lourenço revela que, já depois da formação do Grupo dos Nove e d

se

Vasco Lourenço diz ter-se oposto «firme e deliberadamente», porque seria «provocar a

guerra civil») da « retirada para o Norte, com as forças que nos apoiavam (Comandos da

Amadora, Artilharia de Cascais, Infantaria de Mafra e Cavalaria de Santarém), permitindo,

ou provocando, [!] que se criasse a Comuna de Lisboa , que depois se procuraria

reconquistar»

c

Soares sugere, inventando e lançando a cabala do «cerco a S. Bento» pelos comunistas.

Sendo impossível à Assembleia funcionar como Constituinte em tais condições, com a ida

para o Porto tornar-se-ia um Parlamento, faria leis e escolheria o governo, como consta do

projecto de lei constitu io

Reveladora também da natureza e execução do mesmo plano a pouco conhecida

transferência para o Norte do ouro do Banco de Portugal , em «operação devidamente

concertada com o sindicato dos bancários, na altura de orientação conjunta socialista e

MRPP» ( Vida Mundial , Dezembro de 1998).

Os factos mostram qu , ao ir para o Porto no dia 25, ainda Soares sonhava com a «hipótese»

de guerra civil contra a «Comuna da Lisboa» desvendada anos mais tarde por Vasco

Lourenço.

Também Melo Antunes informa «a sua vontade de evitar a deslocação do poder para o

Norte, com a intenção de daí se partir à conquista da “comuna de Lisboa” » ( Vida Mundial ,

Dezembro de 1998, p. 50).

As revelações de Vasco Lourenço e de Melo Antunes são ainda mais esclarecedoras, se lhes

acrescentarmos outras con issões, igualmente sensacionais, feitas pelo próprio Soares a Maria

Dossier temático dirigido às escolas 156/219

João Avillez: « Talvez uma semana antes do 25

G

através de Jorge Campinos, apresentei aos militares operacionais [é pena não dizer quais]

que, entretanto, tinham começado a gizar o seu plano militar — conforme Callaghan conta

nas suas Me ri

«A consumar-se a divisão entre o Norte e o Sul do país [informa Soares], o Reino Unido não

só nos apoiaria politicamente, como colaboraria ainda com Portugal através de apoios

concretos. Prometeram-nos ze

também armamento.

Isto é: Uma semana antes do 25 de Novembro já Soares estava a combinar com os ingleses a

ida para o Norte, o fornecimento de gasolina para os aviões e de armamento.

E não só. Conta Rui Mateus referindo os apoios financeiros dos ingleses: que «a entrega mais

[...] volumosa, seria a 24 de Novembro, nas vésperas da partida de Mário Soares para o

Porto. [...] As instruções

c

para a capital do Norte. Dirigi-me então [...] à sua casa no Campo Grande.» ( Contos

Proibidos. Memórias de Um PS Desconhecido , Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1996, p. 89.)

Acompanhemos o desenrolar dos acontecimentos militares. No dia 25 de Novembro, pilotos e

a

pelos oficiais saem de Tancos e ocupam o Estado-Maior da Força Aérea em Monsanto. Está

tudo preparado para desencadear em Lisboa as operações do golpe contra-r ci

h

«trocando informações com os seus camaradas e recolhendo dos militares as precisões

possíveis». Vai depois ao Palácio de Belém, onde «se montara um posto de informações

chefiado pelo tenente-coronel Ferreira da Cunha» , o mesmo que no 11 de Março se

encontrava com Manuel Alegre e outros dirigentes do PS. «Após ter sido decretado por Costa

Gomes o “estado de emergência”, mas quando a situação militar era muito confusa e Lisboa

estava cercada [em vez de ficar no teatro de operações do golpe a desencadear-se nesse

m

para o Porto» (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução , ed. cit., p. 490).

Chegara para Mário Soares a hora do seu «contra-golpe», a hora do plano referido por

Vasco Lourenço, ao qual este se tinha «firmemente oposto»: a retirada para o Norte

«permitindo, ou provocando, que se criasse a Comuna de Lisboa, que depois se procuraria

de Novembro, o então Primeiro-Ministro [da

rã-Bretanha] James Callaghan enviara-me um oficial do Intelligence Service que eu,

mó as .»

fa r chegar rapidamente ao Porto combustível para os aviões e

» (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução , ed. cit., p. 491.)

que Mário Soares me tinha dado eram no sentido de eu me dirigir

om o “pacote” a sua casa, pois o seu conteúdo era necessário para esta segunda viagem

viões são levados de Tancos para Monte Real e Cortegaça, os pára-quedistas abandonados

evolu onário

á muito preparado e definido no «Plano das Operações». Soares vai à sede do PS, aí

esmo dia], decidiu-se, numa reunião da direcção do Partido, que alguns de nós iríamos

Dossier temático dirigido às escolas 157/219

reconquistar». Agora não seria com as unidades das Forças Armadas nessa altura

consideradas. Mas poderia ser com as unidades do Norte e do Centro e com os pilotos e aviões

que tinham abandonado Tancos e estavam em Monte Real e Cortegaça. E com mais armas,

que poderiam fornecer os amigos ingleses, conforme não só prometera Callaghan

directamente, mas confirmara por intermédio de um oficial do Intelligence Service .

E, à maneira da «fuga» espectacular do «cerco de S. Bento», aí vão eles agora para o Porto

— do Estoril para Sintra, pela estrada da costa, até às Caldas da Rainha, ali pela N za

P

490).

Conta Freitas do Amaral que Mário Soares, imediatamente antes de partir para o Norte, lhe

telefonou a «“pedir-lhe que desse instruções para os dirigentes e os Deputados do CDS irem

também todos para o Porto”», a fim de a partir dali combaterem a «Comuna de Lisboa».

Perguntando-lhe Freitas do Amaral: «Acha que devemos partir antes do fim-de-semana?»,

Mário Soares respondeu-lhe «à queima-roupa: “Antes do fim-de-semana não, Sr. Professor.

Têm de partir antes do jantar. Hoje mesmo”.» ( O Antigo Regime e a Revolução , ed.

4

Melo Antunes e Costa Gomes fazem interessantes apreciações à ida para o Porto de Soares e

seus amigos no momento crucial do 25 de Novembro.

M

tenha havido conivência entre o PS e o Pires Veloso, nomeadamente na ideia da fuga para o

Norte , que, do meu ponto de vista, era completamente disparatada e só ia criar condições

de dramatização, que podiam conduzir à guerra civil . Passado este tempo todo, não me

custa a admitir que o PS, em particular o Mário Soares, quisessem ter, mais uma vez, um

enorme protagonismo no meio disto tudo, aparecendo no fim como os grandes heróis. »

(Entrevista a Maria Manuela Cruzeiro, revista Indy , 27-11-1998.)

D

dirigentes do PS se refugiarem no Norte . E parece que o Mário Soares foi um deles. Acho que

isso é uma fraqueza que as pessoas têm de vez em qu

M

do centro onde havia maior actividade revolucionária para um sítio onde julgava que havia

paz . Mas era uma paz podre, com laivos de MDLP. » (Entrevista a Maria Manuela Cruzeiro,

revista Indy , 27-11-1998. Cf. Costa Gomes. O Último Marechal , ed. cit., p. 363.)

a ré e S.

edro de Muel até ao Porto (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução , ed. cit., p.

cit., p.

61.)

elo Antunes, usa palavras importantes para compreender esta deslocação: «Admito que

iz por sua vez Costa Gomes : «Achei de um ridículo espantoso a decisão de os principais

ando. Talvez levadas, porque vejo o

ário Soares como uma pessoa corajosa. Mas, nesse momento não foi o mais corajoso. Fugiu

Dossier temático dirigido às escolas 158/219

Costa Gomes revela com frontalidade a situação, mas os factos atrás apontados mostram

que não se tratou de uma «fuga» e sim da partida para a realização de um plano.

In

Lemos Ferreira, levando os aviões e pilotos de Tancos, e contando com o apoio político,

diplomático e financeiro da Grã-Bretanha, gasolina para os aviões e mais armamento, Mário

Soares vai com a ideia de que o golpe contra-revolucionário em Lisboa poderá ser derrotado

e então ele, a partir do Norte, desencadeará a guerra civil para esmagar a «Comuna de

Lisboa».

E, sobre os pilotos que, com os aviões, abandonaram «em bloco» Tancos, e qu st

a

Costa Gomes lhes atribui grande responsabilidade por abandonarem os «páras» ( Indy, 27-11-

1998) que em desespero foram ocupar em Monsanto o EMGFA e prender o seu comand

No Norte, os aliados de Soares não eram famosos.

Segundo Melo Antunes, Soares e o PS «aliaram-se ao que de pior havia nas Forças Armadas.

Como já se haviam aliado ao Spínola . Numa aliança que se tornou mais evidente depois da

vinda dos oficiais do ELP e do MDLP. Que se tornaram nos aliados militares preferenciais do

PS.» ( Ind

No Porto (já realizado o encontro com Pires Veloso e Lemos Ferreira) Soares dá, no dia 26,

uma conferência de imprensa. Insistindo na sua tese do «contra-golpe» à tentativa de um

golpe comunista, afirma que o 25 de Novembro foi (o inventado golpe comunista, claro) « o

mais grave atentado à democracia portuguesa desde o 25 de Abril » ( Primeiro de Janeiro ,

2

D

primeiro lugar os dirigentes do PCP» (Jornal de Notícias, 27-11-1975). Sottomayor Cardia

classifica o 25 de Novembro como «uma insurreição comunista para a conquista total do

poder e eliminação dos adversários do comunismo» (O Jornal, 5-12-1975).

N

jornal, com um sugestivo cartaz: «Prisão para Cunhal e seus lacaios» (Comércio do Porto, 27-

11-1975).

Vê-se que Soares e o PS se identificavam, quanto aos objectivos do golpe, não com o que

do para o Norte, onde o aguardavam o comandante da Região Militar Pires Veloso e

e «con ituíam

parte mais importante dos “páras”» e os seus comandos todos, não é de mais lembrar que

ante.

y, 27-11-1998).

7-11-1975).

ois dias depois, num comício realizado também no Porto, acusa: «os responsáveis são em

esse comício destacou-se uma delegação do PC de P(m-l), muito aplaudida segundo o

Dossier temático dirigido às escolas 159/219

veio a ser o

G

Antunes. Com os reaças a ferver para « vir por aí abaixo matar comunistas », como diria dias

depois o chefe da rede bombista do MDLP Alpoim Calvão. Ainda com a ideia de liquidar

pelas armas a «Comuna de Lisboa».

U

Os contra-revolucionários chamaram «Comuna de Lisboa» à eventual conquista

insurreccio o

p

«era essencialmente um governo da classe operária» (Marx//Engels, Obras Escolhidas em três

tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1983, Tomo II, p. 243). Tão-

pouco por acaso a analogia da repressão que projectavam para a «Comuna de Lisboa» com

a conquista de Paris pelas tropas reaccionárias e o terrível e cruel esmagamento da

«Comuna de Paris» com fuzilamentos em massa de dirigentes e da população.

5

A

realizou-se no quadro complexo e movediço de alianças diversas e contraditórias, de

arrumações e desarrumações de forças em movimento, de objectivos políticos e militares

diferenciados e incompatíveis no que respeita ao que cada qual pretendia como resultado

final do golpe.

Mário Soares e o PS participaram com importante contribuição na formação da grande

aliança contra-revolucionária anticomunista e anti-MFA, que conduziu ao golpe. Mas, pela

identificação dos seus objectivos e pela sua colaboração estreita e prioritária c s

golpe e o seu resultado, mas com os fascistas e «laivos de MDLP» como Costa

omes refere. Com spinolistas e «o pior que havia nas Forças Armadas», como refere Melo

ma observação mais para melhor se compreender o alcance das palavras.

nal d poder pelo PCP na grande região de Lisboa. Este nome não foi utilizado

or acaso. Foi por analogia com a «Comuna de Paris» de 1871, a qual nas palavras de Marx

- A saída da crise político-militar

preparação e a execução do golpe militar contra-revolucionário de 25 de Novembro

om a forças

mais reaccionárias, estiveram à margem do processo efectivo de preparação do golpe e não

vam de «contra-golpe», nem conseguiram o seu

objectivo de reprimir e ilegalizar violentamente o PCP e o movimento operário.

. cit., p. 489). Fantástica reviravolta, na hora do fracasso da tentativa de

esencadear a guerra civil a partir do Norte.

conseguiram desencadear o que apelida

Muitos anos mais tarde, Soares diz que, logo no dia 26, apoiou e «pareceu-lhe sensata» a

célebre declaração de Melo Antunes na televisão: que «os comunistas eram indispensáveis

para que se cumprissem as regras do jogo democrático» (Maria João Avillez, Soares. Ditadura

e Revolução , ed

d

A verdade é que, no 25 de Novembro, Soares, de companhia com a extrema direita, sofreu

Dossier temático dirigido às escolas 160/219

séria derrota política . Nem a liquidação militar da «Comuna de Lisboa», nem guerra civil,

nem ilegalização e repressão do PCP, nem intervenção efectiva na saída política da situação.

É pertinente a observação de Melo Antunes de que «não é por acaso que das suas

declarações continuam a não constar grandes referências ao 25 de Novembro» (

19

Há quem não compreenda como foi possível a surpreendente solução política, que no

imediato veio a resultar do golpe. Com a salvaguarda das liberdades e da democracia. Com

a formação de um governo em que continuou o PCP. Com a aprovação e promulgação da

Constituição pela Assembleia Constituinte.

E entretanto essa solução política era uma possibilidade há muito considerada pelo PCP na

sua análise da situação e na sua acção prática. Uma tal saída política do golpe «contra o

PCP» resultou da aliança, não negociada, não debatida, não acordada, não explicitada, mas

aliança com o PCP, conjuntural e objectivamente existente, de chefes das Forças Armadas,

destacados participantes na preparação do golpe e na sua execução, mas defensores da

continu

A aliança, que decidiu da saída política do 25 de Novembro, não foi pois a que Mário Soares

indicava como sendo a do «contra-golpe» — «militares moderados, Grupo dos Nove e PS».

Não, não foi essa aliança que realizou o 25 de Novembro nem a que interveio na saída

política do golpe. No complexo quadro da g n

d

«Plano de Operações», o testemunha ( O Independente , 29-4-1994).

De facto, o «Plano de Operações», publicado como nexo em vários livros, e não nos consta

tenha sido desmentido, justifica inteiramente essa afirmação.

Embora admitindo poder vir a ser necessário um «pla

d

processar-se-á na Região Militar de Lisboa» «seja ou não» a iniciativa das «forças da ordem».

Elaborado sob a direcção pessoal de Eanes (como Gomes Mota informa e Vasco Lourenço

confirma) o Plano permite explicar e compreender muitos dos aspectos mais contraditórios e

polémicos do golpe.

O

um golpe. Não uma acção militar para responder a um golpe efectuado ou em curso, mas o

Indy, 27-11-

98).

ação das liberdades e da democracia política.

ra de aliança contra-revolucionária, o PS, no 25

e Novembro, acabou por ficar de fora, como atrás anotámos. É Eanes que, citando o

a

no de acção política com deslocação

os órgãos do poder político para o Norte», o Plano estabelece que «a acção decisiva

«Plano de Operações» contém, objectivamente, não o plano de um contra-golpe mas de

Dossier temático dirigido às escolas 161/219

plano de um golpe militar, exigindo longa preparação, com o

si

O Plano é concebido como um golpe à escala nacional e com plano de operações em todas

as regiões. Faz um balanço das «unidades favoráveis» e «unidades não seguras» indicando as

o

Aponta os termos concretos da intervenção tanto das unidades das Regiões Militares do

Norte, do Centro, do l

O Plano, embora admitindo que o momento da execução possa ter de ser determinado por

circunstâncias não previstas, «está elaborado para a hipótese da iniciativa ser das forças da

ordem» (hipótese 2ª) e vai ao ponto de indicar a altura do dia para o começo das operações

de tais ou tais unidades.

O Plano, nas alternativas que coloca em muitos casos ao desenvolvimento das operações,

contém uma avaliação de incertezas e contradições, que reflectem e correspondem às

contradições do próprio golpe.

Por um lado, constitui um elemento do processo geral da contra-revolução no caminho para

o fim da dinâmica revolucionária, para a efectiva dissolução do MFA, para o

re

Por outro lado, o seu resultado imediato não foi a repressão ao PCP e ao movimento

operário e a instauração de uma nova ditadura, como queriam, e não estiveram longe de

conseguir, os protagonista ap

c

Os principais dirigentes dos partidos que tinham participado e apoiado a realização do golpe

evitaram até hoje dar sobre isso

o

Pouco conformado com a saída política, Galvão de Melo (em 8 de Dezembro), brandindo a

moca, apelava para que os comunistas fossem lançados ao mar.

Alberto João Jardim diria mais tarde que «o problema foi que as Forças Armadas voltaram a

falhar por deixarem incompleta a missão patriótica, em que se envolveram a 25 de

Novembro. Passou-se uma esponja sobre os crimes que vinham sendo cometidos desde o 25

objectivo de pôr fim a uma

tuação político-militar cuja responsabilidade atribuem ao PCP.

perações militares do golpe decorrentes da situação avaliada em cada caso.

Su e de Lisboa, como dos partidos que apoiam o golpe.

stabelecimento da hierarquia militar controlada pelas forças de direita.

s e oiantes fascistas e fascizantes, mas a continuação (com os

omunistas e com um forte movimento sindical de classe) de um regime democrático.

uma apreciação frontal. Deixaram isso para o Jardim e para

s bombistas.

Dossier temático dirigido às escolas 162/219

de Abril» «mantiveram uma Assembleia Constituinte eleita em condições de total fa

im

vigor, quando deviam ter dissolvido essa Assembleia e, então sim, isso feito, realizar eleições

verdadeiramente livres» (O Diabo, 4-4-1994).

O

atentados, destruições de instalações do PCP, lamentando não ter vencido o «Plano» gizado

para liquidar fisicamente o PCP, referirá o golpe realizado como u

«

na execução do «Plano» «pudesse resultar em algumas centenas de mortos» (Paradela de

Abreu, ob. cit., pp. 153 e 154). Que importância teria isso?

Joaquim Ferreira Torres, destacado activista do MDLP e contratador do mercenário Ramiro

Moreira, considerou o 25 de Novembro «uma traição» (ob. cit., p. 188).

Também o cónego Melo ficou manifestam

m

destruições de Centros de Trabalho do PCP, tantas bombas, tantos atentados — alguns dos

quais até tem sido difícil manter impunes — e afinal um tal resultado: liberdades, regime

democrático, aprovação da Constituição. Desapontamento profundo. Não sabe como

explicar mas explica: «O 25 de Novembro foi da total responsabilidade dos marxistas […] foi

uma luta de marxistas» (entrevista ao Diário do Minho/Rádio Renascença, 13-3-1999). Só

faltava mais esta, não é verdade?

Como podiam fascistas e fascizantes, militares radicais, bombistas do MDLP, do Maria da

Fonte e do ELP, como podiam PS, PPD e CDS aceitar que a saída a

c

com a continuação da participação do PCP, com um ministro e seis secretários de Estado?

Não podiam aceitar e não se deram por vencidos. Voltaram à carga no imediato numa

ressaca que, como veremos, teve como objectivos imediatos fundamentais inverter a

situação, impedir a aprovação e promulgação da Constituição pela Assembleia Constituinte

e assegurar a efectiva tomada do poder pela contra-revolução.

____________

[*

de Abril: A contra-revolução confessa-se", Edições Avante!, Lisboa, Setembro de 1999, ISBN 972-550-272-8

lta de

parcialidade e liberdade para vários partidos políticos, o que deu a borrada ainda hoje em

chefe do movimento terrorista Maria da Fonte responsável por numerosos assaltos,

«aq ele 25 de Novembro»,

o pudico golpe militar de Novembro de 1975», que quis «evitar» que a intervenção dos civis

ente desiludido. Tanto empenho, tanta

obilização das populações arregimentadas pela Igreja e pelos padres, tantos assaltos e

polític de um golpe

ontra-revolucionário anti-PCP fosse a continuação e retomada de funções de um governo

] Ex-secretário-geral do Partido Comunista Português. Capítulo 8 do livro "A verdade e a mentira na Revolução

Dossier temático dirigido às escolas 163/219

DOSSIER SOBRE O 25 DE ABRIL E OS DIREITOS DAS MULHERES

As revoluções não acontecem: preparam-se!

O relevo que o PCP ganhou

no papel do movimento popular

para o dese lv

activos e dinamizadores, em cada fase,

nvo imento da Revolução,

deveu-se, em medida decisiva,

a que os comunistas estiveram lá, presentes,

em cada frente, em cada luta

– como o fermento que faz levedar

(Aurélio Santos, in O Militante Nº 269, Março-Abril/2004)

A mulher no fascismo – Total ausência de direitos

Trinta anos volvidos sobre a Revolução de Abril, é importante recordar a situa

mulher na sociedade portuguesa, caracterizada pela ausência total de direitos. E porque há

quem queira branquear a história do fascismo, evocando direitos e respeito pela mulher,

recordemos, porque a memória pode ser curta, alguns aspectos em várias ár

No trabalho

e crescer a massa do pão.

ção anterior da

eas da sua vida.

– Em 1974, apenas 25% dos trabalh

casa (86% eram solteiras; 50% tinham menos de 24 anos).

– Ganhavam menos cerca de 40% que os homens.

marido pudesse proibir a mulher

alhar fora de casa.

– Certas profissões (por ex., enfermeira, hospedeira do ar) implicavam a limitação de direitos,

adores eram mulheres; apenas 19% trabalhavam fora de

– A lei do contrato individual do trabalho permitia que o

de trab

– Se a mulher exercesse actividades lucrativas sem o consentimento do marido, este podia

rescindir o contrato.

– A mulher não podia exercer o comércio sem autorização do marido.

– As mulheres não tinham acesso às seguintes carreiras: magistratura, diplomática, militar e

polícia.

como o direito de casar.

Dossier temático dirigido às escolas 164/219

Na família

trato de casamento.

e 14 anos para a mulher;

ada pela figura do chefe, que detém o poder marital e paternal. Salvo

uns do casal, dos bens

igo Civil determinava que “pertence à mulher durante a vida em comum, o governo

gítimos e ilegítimos (nascidos dentro e fora do casamento): os direitos

os eram diferentes.

Mães solteiras não tinham qualquer protecção legal.

ele.

as um desterro de seis meses;

o marido.

– O único modelo de família aceite era o resultante do con

– A idade do casamento era 16 anos para o homem

– A mulher, face ao Código Civil, podia ser repudiada pelo marido no caso de não ser virgem

na altura do casamento.

– O casamento católico era indissolúvel (os casais não se podiam divorciar).

– A família é domin

casos excepcionais, o chefe de família é o administrador dos bens com

próprios da mulher e bens dos filhos menores.

– O Cód

doméstico”.

– Distinção entre filhos le

de uns e outr

– A mulher tinha legalmente o domicílio do marido e era obrigada a residir com

– O marido tinha o direito de abrir a correspondência da mulher.

– O Código Penal permitia ao marido matar a mulher em flagrante adultério (e a filha em

flagrante corrupção), sofrendo apen

– Até 1969, a mulher não podia viajar para o estrangeiro sem autorização d

Saúde Sexual e Reprodutiva

– Os médicos da Previdência não estavam autorizados a receitar contraceptivos orais, a não

ser a título terapêutico.

alquer circunstância, com pena de prisão de 2 a 8 anos.

o, sendo a terceira causa de morte

assistência médica; muitos

ade do marido, pois

l.

– A publicidade dos contraceptivos era proibida.

– O aborto era punido em qu

Estimavam-se os abortos clandestinos em 100 mil/an

materna.

– Cerca de 43% dos partos ocorriam em casa, 17% dos quais sem

distritos não tinham maternidade.

– A mulher não tinha o direito de tomar contraceptivos contra a vont

este podia invocar o facto para fundamentar o pedido de divórcio ou separação judicia

Segurança Social

– O regime de previdência e de assistência social caracterizava-se por insuficiente expansão,

fraca cobertura de riscos e prestações sociais com baixo nível de protecção social.

Dossier temático dirigido às escolas 165/219

– O número de trabalhadores (as) abrangidos com o direito a pensão de velhice era muito

tia pensão social, nem subsídio de desemprego.

As mulheres, particularmente as idosas, tinham uma situação bastante desfavorável. A

res com 65 anos e mais que recebia pensões era muito baixa, assim como

s respectivos valores.

reduzido. Pouco antes do 25 de Abril, o número de portugueses a receber pensão era cerca

de 525 mil.

– Não exis

– A pensão paga aos trabalhadores rurais era muito baixa e com diferenciação para

mulheres e homens.

– Não existia pensão mínima no Regime Geral e a pensão média, o abono de família e de

aleitação atingiam valores irrisórios.

proporção de mulhe

o

Infra-estruturas e equipamentos sociais

– Em 1973 havia 16 creches oficiais e a totalidade, incluindo as particulares, que cobravam

elevadas mensalidades, abrangia apenas 0,8% das crianças até aos 3 anos de idade.

s cobriam apenas 35% das crianças

sas não tinha água canalizada e mais de metade não dispunha de

– Não existiam escolas pré-primárias públicas e as privada

dos 3 aos 6 anos de idade.

– Quase 50% das ca

electricidade.

Direitos cívicos e políticos

– Até final da década de 60, as mulheres só podiam votar quando fossem chefes de família e

ossuíssem curso médio ou superior.

e voto para a Assembleia Nacional de todos os

idadãos que soubessem ler e escrever. O facto de existir uma elevada percentagem de

or exemplo), tendo de apresentar atestado de idoneidade moral.

p

– Em 1968 a lei estabeleceu a igualdade d

c

analfabetismo em Portugal, que atingia sobretudo as mulheres, determinava que, em 1973,

apenas houvesse 24% dos eleitores recenseados.

– As mulheres apenas podiam votar para as Juntas de Freguesia no caso de serem chefes de

família (se fossem viúvas, p

Dados estatísticos

lheres:

0,8 anos (1970)

• Esperança de vida das mu

7

80,6 anos (2002)

Dossier temático dirigido às escolas 166/219

• Taxa de mortalidade infantil:

(permilagem)

37,9% (1974)

5,0% (2002)

• Taxa de mortalidade materna:

(por 100 mil nados vivos)

73,4% (1970)

Partos em estabelecimentos de saúde:

s quais 11,5% mulheres, 6,3% homens.

perior:

1)

zada:

s (1970)

001)

de:

o tempo do fascismo...

2,5% (2000)

37,5% (1970)

99,5% (2000)

• Analfabetismo:

33,6% (1970)

9,0% (2001), do

• Taxa de actividade feminina:

19% (1974)

46% (2003)

• Feminização do ensino su

44,4% (1970-7

56,0% (2001)

• Taxa de cobertura:

– água canali

47,0% das casa

97,4% das casas (2

– esgotos:

58,0% (1970)

96,7% (2001)

– electricida

63,0% (1970)

99,6% (2001).

Aberrações n

os manuais de leitura estava incluída a seguinte frase: “Na família, o

o chefe é o mestre; na igreja, o chefe é o padre; na Nação, o chefe é o

– Em 1936, o Ministério da Educação proibiu as professoras de usar maquilhagem e

indumentária que não se adequasse à “majestade do ministério exercido”; as professoras só

– Em 1932, em todos

chefe é o pai; na escola,

governo.”

Dossier temático dirigido às escolas 167/219

podiam ca

demonstrasse

vencimento de

sar com a autorização do Ministro, concedida apenas desde que o noivo

ter “bom comportamento moral e civil” e meios de subsistência adequados ao

uma professora.

rava: “Nos países ou nos lugares onde a mulher casada concorre com o

omem (...) a instituição da família, pela qual nos batemos, como pedra

e uma sociedade bem organizada, ameaça ruína.” E “Portugal é um país

onservador, paternalista e – Deus seja louvado – ‘atrasado’, termo que eu considero mais

Em muitas localidades, quando uma mulher morria os sinos dobravam menos vezes do que

olução democrática e nacional

ma mera posição subalterna. As medidas revolucionárias na

o nacional (DL 212/74, de 27.05);

aumento generalizado de salários, garantia de emprego, férias, subsídio de férias e de

ssão do tratamento legal ou convencional

abertura às mulheres das carreiras da magistratura judicial e do ministério público e dos

rrespondência da mulher (DL 474/76, de 16.06);

revogadas disposições penais que reduziam penas ou isentavam de crimes os homens, em

sses delitos serem as suas mulheres ou filhas (DL 262/75, de 27.05);

– Salazar decla

trabalho do h

fundamental d

c

lisonjeiro do que pejorativo.”

quando era um homem.

Uma Rev

Uma Revolução para as mulheres

O 25 de Abril de 1974 representou para as mulheres portuguesas uma autêntica revolução.

Abriram-se as portas para a conquista de um lugar digno na sociedade, em igualdade de

direitos com o homem, e não nu

área do trabalho, da segurança social, do direito da família, a criação de equipamentos

sociais (creches, jardins de infância, lavadouros públicos,...) e de infra-estruturas básicas (rede

de água, esgotos, electricidade), o alargamento e o reforço dos serviços públicos, tiveram

repercussões imediatas nas suas vidas.

A título de exemplo:

– fixação do salário mínim

Natal; diminuição das diferenças salariais, supre

claramente discriminatório;

quadros de funcionários da justiça (DL 251/74,12.06), carreira diplomática (DL 308/74, de

6.07), a todos os cargos da carreira administrativa local (DL 251/74, de 22.06);

– abolidas todas as restrições baseadas no sexo quanto à capacidade eleitoral dos cidadãos

(DL 621-A/74, de 15.11);

– alteração do artigo XXIV da Concordata, passando os casamentos católicos a poder obter o

divórcio civil (DL 187/75, de 4.04);

– abolido o direito do marido abrir a co

virtude das vítimas de

Dossier temático dirigido às escolas 168/219

– aprovação da Constituição em 1976, que consagrava a igualdade entre mulheres e homens

em todos os domínios da vida, e cuja entrada em vigor determinou a revogação de todo o

direito discriminatório ainda existente;

); na família a

s de planeamento familiar nos centros de saúde materno-infantil

– ampliação do período de licença de maternidade para 90 dias (DL 112/76, de 7.02), 60 dos

quais teriam de ser gozados após o parto, estando abrangidas todas as trabalhadoras;

– entrada em vigor, em 1978, da revisão do Código Civil (DL 496/77, de 25.11

mulher deixa de ter estatuto de dependência para ter estatuto de igualdade com o homem;

– criação das consulta

(Despacho do Secretário de Estado de Saúde, 16.03.76).

Marcos importantes

A Constituição de 1976

uais perante a lei. O artº 36º que os cônjuges tinham

direitos e deveres iguais no casamento e que os filhos nascidos fora do casamento não podiam

ser objecto de discriminação.

Foram estabelecidos direitos e deveres sociais, tais como: segurança social (artº 63º), saúde

(artº 64º), habitação (artº 65º).

É atribuída ao Estado a incumbência do desenvolvimento de uma rede nacional de

de planeamento familiar [artº 67º,

. b) e d)].

cial eminente, e o direito a uma licença de

buição e quaisquer regalias (artº 68º).

arantido o direito ao trabalho para todos, incumbindo ao Estado garantir a igualdade de

de profissão e na progressão da carreira (artºs 51º e 52º) e o

rincípio do salário igual para trabalho igual [artº 53º, al. a)].

O artº 13º estabeleceu que todos são ig

assistência materno-infantil e a divulgação dos métodos

al

Reconhecimento da maternidade como valor so

parto sem perda de retri

G

oportunidades na escolha

p

Revisão do Código Civil

A Reforma do Código Civil, aprovada pelo DL 496/77, de 25.11, aboliu as disposições

discriminatórias do Direito da Família quer quanto à mulher, quer quanto aos filhos.

a figura do “chefe de família”.

A mulher deixa de ter estatuto de dependência para ter estatuto de igualdade no seio da

família.

Desaparece

O governo doméstico deixa de pertencer, por direito próprio à mulher. O casal decide em

comum qual a sua residência.

Dossier temático dirigido às escolas 169/219

A mulher deixa de precisar de autorização do marido para ser comerciante. Cada um dos

cônjuges pode exercer qualquer profissão ou actividade sem o consentimento do outro.

Na constância do matrimónio, o exercício do poder paternal pertence a ambos os cônjuges.

s direitos dos filhos não dependem da existência do casamento entre os pais; não há

al contra os filhos nascidos fora do casamento.

O

qualquer discriminação leg

Lei da Maternidade – Lei 4/84, de 4 de Abril

A aprovação desta lei, que teve posteriormente diversas alterações, foi muito relevante para

as mulheres trabalhadoras.

aternidade de 98 dias, bem como o direito à

especiais de segurança e saúde nos locais de trabalho para

justa

Reconhecido o direito a uma licença de m

dispensa de trabalho para consultas pré-natais e amamentação.

Previsto o direito a condições

trabalhadoras grávidas, puérperas e lactantes.

Estabelecimento de presunção de que o despedimento dessas trabalhadoras é feito sem

causa.

Previstas diversas licenças para acompanhamento de filhos menores, e filhos deficientes e com

doenças crónicas.

30 anos após o 25 de Abril

Governo PSD/CDS-PP desencadeia grave ofensiva contra os direitos das mulheres

e assumir publicamente uma linguagem igualitária, prossegue

dos serviços públicos. Foram

, o Código Laboral. Continuam por aplicar a

rno assume, sobretudo pela boca do Ministro Bagão Félix, que é necessário promover

o parcial. A linguagem salazarenta culpa a mulher por trabalhar fora de

asa, por não apoiar os filhos; fala insistentemente na decadência de valores, na falta de

ventando um passado colorido que nunca existiu.

s, o

ncerramento de serviços públicos de saúde (por exemplo, de maternidades, valências de

O actual Governo, apesar d

uma ofensiva altamente lesiva dos direitos das mulheres. Essa ofensiva passa pela destruição

do quadro legislativo e pela prossecução de políticas destruidoras

aprovadas leis que representam recuos importantes: a Lei Bases de Família (aprovada na

generalidade), a Lei Bases da Segurança Social

Lei da Educação Sexual e a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez.

O Gove

a natalidade e que para isso é necessário que a mulher assuma o retorno ao lar, a tempo

inteiro ou a temp

c

autoridade, nos divórcios, rein

O aumento do custo de vida, os baixos salários, o desemprego, o encerramento de escola

e

planeamento familiar, de ginecologia), a privatização da segurança social, a precariedade e

flexibilidade laboral, a demissão do Estado das suas responsabilidades sociais, entre muitos

outros aspectos, afectam, por forma decisiva, a vida das famílias e, em particular, a das

Dossier temático dirigido às escolas 170/219

mulheres. São essas políticas que destroem a coesão social, causam instabilidade quer nas

famílias quer no tecido social. Como sempre as mulheres pagam a factura mais pesada: são

as mais afectadas pelo desemprego e pelo trabalho a tempo parcial, recebem menores

a

estatuto de

salários, sempre desempenhando as suas duplas funções de mãe (que sem os equipamentos e

apoios sociais será ainda mais difícil) e trabalhadora. Muitas mulheres são forçadas

regressar ao lar, hipotecando o seu futuro e dos seus filhos, em consequência do encerramento

de fábricas, como é o caso do sector têxtil e do calçado.

Estas políticas representam recuos para os direitos das mulheres, cujo

inferioridade tenderá a agravar-se, acentuando-se fenómenos como a violência doméstica, e

sendo de prever a diminuição da sua participação cívica e política, já por si tão reduzida.

Na actualidade...

• As mulheres representam 51,7% da população (2002);

• As mulheres idosas (com 65 ou mais anos) representam 18,8% da população feminina

(2002);

• Trabalho a tempo parcial: 16,4% de mulheres contra 7,1% de homens (2002);

• Mulheres a trabalhar por conta de outrem auferiam um salário médio de 577 euros, inferior

ao do homem - 687 euros (2003);

• 53% dos desempregados são mulheres (2003).

PCP – a oposição coerente à política de direita

Um firme defensor dos direitos das mulheres

“A actual maioria PSD/CDS-PP está a proceder à destruição de importantes direitos e

arantias no que se refere à participação das mulheres em igualdade na família, no trabalho

ernidade, aposta em retrocessos no

lquer

legislativo em matéria de despenalização do aborto em Portugal, tornando-se

ulheres e seus

)

ma das mais graves ofensivas aos direitos das mulheres “...este Governo tem em curso um

ológico, aos direitos das mulheres, aos

mília e aos vários instrumentos existentes no

omínio da igualdade de direitos e de oportunidades, cujo prosseguimento criará um

profundo retrocesso nos valores e nos direitos das mulheres e novos obstáculos ao efectivo

g

e na sociedade, à função social da maternidade-pat

planeamento familiar e na educação sexual e assume-se como um travão a qua

avanço

politicamente responsável por novos e chocantes processos judiciais contra as m

familiares acusados de recurso ao aborto...”

(Comité Central do PCP, 5-6/12/03

U

das mais graves ofensivas, no plano político e ide

direitos sexuais e reprodutivos, ao conceito de fa

d

Dossier temático dirigido às escolas 171/219

exercício dos direitos e à concretização da participação em igualdade. Refugiando-se na

suposta defesa da família e da mãe trabalhadora, o que está de facto em causa é o

prosseguimento de um caminho que visa tornar a mão-de-obra feminina ainda mais

maleável e ajustável às necessidades do mercado e a total transferência para as mulheres e

para as famílias dos custos sociais que ao Estado e às empresas deveria competir no que se

refere à maternidade, ao apoio à infância, bem como aos idosos. É a defesa da família

patriarcal com a mulher em casa (ou trabal

dos idosos, dos doentes e assegurando

hando a tempo parcial) a tomar conta dos filhos,

o trabalho doméstico...”

arlos Carvalhas na Festa do Avante! /2003)

m os efeitos das políticas de

de dessas políticas

darem êxito à efectiva igualdade de direitos e de oportunidades entre mulheres e homens,

tária da

ravidez: não é sobre educação sexual e planeamento familiar. Estas são questões

(Bernardino Soares, Debate parlamentar sobre IVG, 3 Março/04)

(Extracto da intervenção de C

“...Quando lutamos pela suspensão e revisão do Pacto de Estabilidade, para permitir maior

intervenção pública e dinamização económica pela defesa de serviços públicos de qualidade,

por mais emprego com direitos, por melhor educação pública e formação profissional,

estamos a defender um contexto social mais favorável às pessoas, às mulheres e às crianças,

numa Europa onde a coesão económica e social não seja apenas um slogan mas uma

realidade de solidariedade e desenvolvimento, aberta ao Mundo e disposta a maior

cooperação com outros países.”

(Ilda Figueiredo, iniciativa do PCP sobre tráfico de mulheres e prostituição, 3/10/03)

A política de direita e os direitos das mulheres “Vinte e nove anos após a primeira

comemoração do 8 de Março em liberdade, e 30 anos após o 25 de Abril, a situação das

mulheres no trabalho, na família e na sociedade reflecte be

direita que têm vindo a ser desenvolvidas no nosso País e a impossibilida

tanto na esfera privada, como na esfera pública".

(Fernanda Mateus, Avante!, 18 Março/04)

A despenalização do aborto “Esta é uma causa porque o PCP se bate desde 1982, uma

questão de há muito devia estar resolvida, não fora a insensibilidade de maiorias formadas

em vários momentos, ou a imposição de um referendo em 98 interrompendo um processo

legislativo.

O debate que hoje aqui travamos é sobre a despenalização da interrupção volun

g

importantes; tão importantes que é inadmissível que a direita só se lembre delas quando se

discute a despenalização da IVG. E hoje mais uma vez isso acontece, com a direita a refugiar-

se num conjunto de recomendações para que o Governo faça aquilo que ao longo de dois

anos e meio não fez.”

Dossier temático dirigido às escolas 172/219

“Porque abortar é um verbo que se conjuga no feminino, reeditam-se argumentos fundados

num forte preconceito contra as mulheres... Porque entendem que as mulheres abortam por

r, ainda no século XXI, que a mulher não sabe usar

a sua autonomia, que não sabe tomar decisões responsáveis”

razões fúteis. Porque continuam a entende

d

(Odete Santos, Debate parlamentar sobre IVG, 3 Março/04)

Documentação disponível:

• “Em defesa dos direitos das mulheres, contra as discriminações e pela participação em

igualdade” – Intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-Geral do PCP (14 Maio/03).

• Em defesa dos direitos das Mulheres, Travar Retrocessos – Folheto do PCP, Maio/03.

• Dia Internacional da Mulher: Alguns itinerários da discriminação (7 Março/03).

• Comentário do PCP ao anúncio de um Plano Nacional para a Igualdade, Nota da

Comissão junto do CC do PCP para os problemas e movimento das mulheres (15 Jul./03).

as de prostituição e tráfico

HO – iniciativa sobre tráfico de

ulheres e prostituição (3 Out./03).

ri, deputada europeia francesa – iniciativa sobre o tráfico de

ulheres e prostituição (3 Out./03).

entar sobre

a gravidez – historial das votações na Assembleia da República (3

É uma vergonha o que se passa em Portugal (Dez./03).

o das mulheres (17 Fev./04).

• Projecto Resolução 214/IX – Sobre medidas de protecção às vítim

de mulheres (29 Jan./03).

• Projecto lei 352/IX – Reforça direitos das pessoas que vivem em união de facto (24 Set./03).

• Intervenção de Ilda Figueiredo – iniciativa sobre tráfico de mulheres e prostituição (3

Out./03).

• Intervenção de Inês Fontinha, em representação do NIN

m

• Intervenção de Sylviane Aina

m

• Intervenção de Mariane EriKsson – iniciativa sobre o tráfico de mulheres e prostituição (3

Out./03).

• Intervenção Odete Santos – debate parlamentar sobre aborto (3 Março/04).

• Declaração de voto do PCP sobre Petição do Referendo – debate parlam

aborto (3 Março/04).

• Intervenção de Bernardino Soares – debate parlamentar sobre aborto (3 Março/04).

• Intervenção de António Filipe – debate parlamentar sobre aborto (3 Março/04).

• Interrupção voluntária d

Março/04).

• Folheto: Um novo julgamento decorre em Aveiro envolvendo mulheres acusada de prátia

de aborto.

• “Pela absolvição – Solidariedade nacional e internacional continuam” – Comunicado da

DORAV (23 Jan./04).

• “PCP saúda absolvição das sete mulheres e dos outros acusados” – Comissão junto do CC do

PCP para os problemas e moviment

Dossier temático dirigido às escolas 173/219

• “PCP anuncia agendamento do seu projecto de despenalização do aborto” (17 Dez./03).

• “Sobre os direitos sexuais e reprodutivos e a luta pela despenalização do aborto” –

, 6 Nov./03).

oa, 28

Comunicado da Comissão Política (21 Nov./03).

• Intervenção de Fernanda Mateus – Direitos Sexuais e Reprodutivos - Direitos Sociais do

nosso tempo (Coimbra

• Intervenção de Manuela Pires – debate sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos (Lisb

Jun./03).

• Intervenção de Odete Santos – debate sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos (Lisboa, 28

Jun./03).

• Intervenção de Manuela Antunes da Silva – Educação Sexual em contexto escolar (28

Jun./03).

• 5º Aniversário da realização do Referendo sobre o aborto – Conferência de Imprensa da

DORP (28 Jun./03).

• Lançamento do livro As mulheres e o Poder Local – intervenção de Fernanda Mateus (5

Março/03).

Outros materiais disponíveis

• Dossier de apoio sobre a “Violência sobre a Mulher”

• Dossier sobre IVG

• Edições: Agenda Mulher 2004 “Direitos Sexuais e Reprodutivos”

As mulheres e o Poder Local, Edições Avante!

tação disponível:

– Intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-Geral do PCP (14 Maio/03).

a Mulher: Alguns itinerários da discriminação (7 Março/03).

to do CC do PCP para os problemas e movimento das mulheres (15 Jul./03).

Projecto Resolução 214/IX – Sobre medidas de protecção às vítimas de prostituição e tráfico

Projecto-lei 352/IX – Reforça direitos das pessoas que vivem em união de facto (24 Set. /03).

ico de mulheres e prostituição (3 Out.

iativa sobre tráfico de

e o tráfico de

Subsídios para a história das lutas de mulheres em Portugal, Edições Avante!

Documen

• “Em defesa dos direitos das mulheres, contra as discriminações e pela participação em

igualdade”

• Em defesa dos direitos das Mulheres, Travar Retrocessos – Folheto do PCP, Maio/03.

• Dia Internacional d

• Comentário do PCP ao anúncio de um Plano Nacional para a Igualdade, Nota da

Comissão jun

de mulheres (29 Jan. /03).

• Intervenção de Ilda Figueiredo – iniciativa sobre tráf

/03).

• Intervenção de Inês Fontinha, em representação do NINHO – inic

mulheres e prostituição (3 Out. /03).

• Intervenção de Sylviane Ainari, deputada europeia francesa – iniciativa sobr

Dossier temático dirigido às escolas 174/219

mulheres e prostituição (3 Out. /03).

3

sobre

gravidez – historial das votações na Assembleia da República (3

orto. É uma vergonha o que se passa em Portugal (Dez./03).

das mulheres (17 Fev./04).

direitos sexuais e reprodutivos e a luta pela despenalização do aborto” –

, 6 Nov./03).

28

• Intervenção de Mariane EriKsson – iniciativa sobre o tráfico de mulheres e prostituição (

Out ./03).

• Intervenção Odete Santos – debate parlamentar sobre aborto (3 Março/04).

• Declaração de voto do PCP sobre Petição do Referendo – debate parlamentar

aborto (3 Março/04).

• Intervenção de Bernardino Soares – debate parlamentar sobre aborto (3 Março/04).

• Intervenção de António Filipe – debate parlamentar sobre aborto (3 Março/04).

• Interrupção voluntária da

Março/04).

• Folheto: Um novo julgamento decorre em Aveiro envolvendo mulheres acusada de prática

de ab

• “Pela absolvição – Solidariedade nacional e internacional continuam” – Comunicado da

DORAV (23 Jan./04).

• “PCP saúda absolvição das sete mulheres e dos outros acusados” – Comissão junto do CC do

PCP para os problemas e movimento

• “PCP anuncia agendamento do seu projecto de despenalização do aborto” (17 Dez./03).

• “Sobre os

Comunicado da Comissão Política (21 Nov./03).

• Intervenção de Fernanda Mateus – Direitos Sexuais e Reprodutivos - Direitos Sociais do

nosso tempo (Coimbra

• Intervenção de Manuela Pires – debate sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos (Lisboa,

Jun./03).

• Intervenção de Odete Santos – debate sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos (Lisboa, 28

Jun./03).

• Intervenção de Manuela Antunes da Silva – Educação Sexual em contexto escolar (28

Jun./03).

• 5º aniversário da realização do Referendo sobre o aborto – Conferência de Imprensa da

DORP (28 Jun./03).

• Lançamento do livro As mulheres e o Poder Local – intervenção de Fernanda Mateus (5

Março/03).

Outros materiais disponíveis

• Dossier de apoio sobre a “Violência sobre a Mulher”

• Dossier sobre IVG

• Edições: Agenda Mulher 2004 “Direitos Sexuais e Reprodutivos”

Dossier temático dirigido às escolas 175/219

As mulheres e o Poder Local, Edições Avante!

Subsídios

para a história das lutas de mulheres em Portugal, Edições Avante!

Dossier temático dirigido às escolas 176/219

A INFORMAÇÃO AQUI APRESENTADA FOI RETIRADA DOS SEGUINTES SITES DA

INTERNET

ikipédia – Revolução dos Cravos ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_dos_Cravos

Wh (Consultado a 19/04/2009)

ite da Associação 25 de Abril ww.25abril.org

Sw (Consultada a 20/04/2009)

ww.educacao.te.pt/professores/index.jsp?p=133

Dossier temático – 25 de Abril w (Consultada a 22/04/2009)

tura do Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas, da niversidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. ww.citi.pt/cultura/

Página da CulUw (Consultada a 20/04/2009)

ww.cm-

Núcleo Museológico do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, da Câmara Municipal de Odivelas wodivelas.pt/CamaraMunicipal/ServicosEquipamentos/Cultura/NucleosMuseologicos.htm

cumentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra =homePage

(Consultada a 20/04/2009) Página oficial do Centro de Dohttp://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka (Consultada a 19/04/2009)

biblioteca Online da Fundação Mário Soares

Dossiers temáticos do Arquivo &http://www.fmsoares.pt/aeb/dossiers.asp (Consultada a 19/04/2009) Instituto Camões – Cronologia do 25 de Abril http://www.instituto-camoes.pt/revista/cronologia.htm (Consultada a 24/04/2009) Dossier do 25 de Abril do Partido Comunista Português http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=13&id=279&Itemid=154 (Consultada a 27/04/2009) Memórias da revolução de Abril na literatura para a infância: diferentes formaontar a mesma história. A

s de na Margarida Ramos

ttp://www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/documentos/ot_am_25a_a.pdfch (Consultada a

rinta anos da revolução dos cravos. Lincoln Secco

27/04/2009) Thttp://www.adusp.org.br/revista/33/r33a01.pdf (Consultada a 20/04/2009)

Dossier temático dirigido às escolas 177/219

“O movimento dos capitães e o 25 de Abril”. Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário

ttp://www1.ci.uc.pt/cd25a/media/SeculoIlustrado/1974/1926N4/01.jpgCardoso h (Consultada a 2/04/2009)

?content_id=649048

2 O mistério do 25 de Novembro de 1975. José Manuel Barroso http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx (Consultada a 28/04/2009) O 25 de Novembro (cap. 8, "A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril). Álvaro Cunhal http://www.dorl.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=2135&Itemid=105 (Consultada a 28/04/2009)

ssembleia da Republica oNovo.aspx

A http://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/OEstad

(Consultada a 22/04/2009)

Dossier temático dirigido às escolas 178/219

DOCUMENTOS SOBRE O 25 DE ABRIL DISPONÍVEIS NA REDE MUNICIPAL DE

BIBLIOTECAS

1.

RMBP-PNO 94(469)"1974" CRA - (CD 1 a CD 6

OS CRAVOS DA RÁDIO

Os cravos da rádio [Registo sonoro] : histórias de um certo Abril. - Portugal : [s.n., 19 - 20 ]. -

Cd's

Programas transmitidos pela TSF

CD 1 a CD 3 - As 25 horas do 25 de Abril (emissão histórica - 1994 das 00h00 de 25 à 01h00

de 26 de Abril)

ão, habitação, saúde, educação ... 25 anos depois (transmitidos entre 19 e 23

N

nos [Documento electrónico] / concepção e coordenação editorial por Nuno

úblico Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco óptico

olução : cronologia 1973-1976 / real. Centro de Documentação 25 de

Abril da Universidade de Coimbra ; dir. Boaventura de Sousa Santos ; colab. Grupo de

História da Universidade de Coimbra.

A informação base é constituída pela completa cronologia publicada na obra "O pulsar da

cronologia da revolução de 25 de Abril (1973-1976)", de Boaventura de Sousa

a Manuela Cruzeiro e Maria Natércia Coimbra.

acintosh. Requisitos mínimos: Processador Pentium II, 350 Mhz, 64

RAM, Vídeo 800x600 64K cores, Windows 98 SE ou superior, 80 Mb Disco.

biblioteca e de empréstimo domiciliário.

)

CD 4 e CD 5 - Histórias do PREC (transmitidos entre 12 e 16 de Abril de 1999)

CD 6 -A paz, o p

de Abril de 1999)

2.

RMBP-PAL 94(469)"1974" VI

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 A

Pacheco e Adelino Gomes. - Lisboa : P

(CD-ROM) : color. - (25 Abril, 30 Anos ; 10)

CD-ROM: O pulsar da rev

revolução :

Santos, Mari

Não é compatível com M

Mb

CD-Rom passível de consulta na

ISBN 9729502951

Dossier temático dirigido às escolas 179/219

3.

RMBP-PAL 94(469)"1974" VIN

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 anos [Documento electrónico] / concepção e coordenação editorial por Nuno

Pacheco e Adelino Gomes. - Lisboa : Público Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco

óptico(DVD)(ca. 149 min.). - (25 Abril, 30 Anos ; 6)

Este DVD-Vídeo inclui dois filmes: "Torre bela" e "A lei da terra".

Filme 1 : Torre bela / realização e argumento por Thomas Arlan ; prod. por José Pedro

Andrade dos Santos. - [S.l.] : Lichtbild, cop. 1977. - (ca. 82 min.) : color., p&b

extra-concurso, na

F

. - Estreou-se,

edição de 1977 do Festival de Cannes.

ilme 2 : A lei da terra / real. e argumento colectivos por Alberto Seixas Santos... [et al.]. -

S.l.] : Grupo Zero, cop. 1977. - (ca. 67 min.) : color.

sta colecção é composta por 10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

iores de 6 anos.

preto

RMBP-PNO PP33-93

5 de Abril no cinema português / Lauro António

In: a. - S. 3, Nº 64 (Fevereiro 2004) pp.52-59 (1ª parte) : S.3, Nº 65 (Abril

ª parte)

[

E

Ma

4.

CD 94 (469) MAT

MATEUS, Jorge

Os putos de agora não sabem nada do 25 de Abril : oito histórias de BD : a revolução a

e branco / Jorge Mateus ; Luís Rainha. - Setúbal : Associação dos Municípios do Distrito de

Setúbal, 2001. - pág. inum.

5.

ANTÓNIO, Lauro

O 2

História. - Lisbo

2004) pp. 52-57 (2

ISSN 0870-4538

Dossier temático dirigido às escolas 180/219

6

RM

.

BP-PAL 94(469)"1974" VIN

umento electrónico] / concepção e coordenação editorial por Nuno

cação Social, cop. 2004. - 1 disco óptico

Terra de Abril" e "Continuar a Viver".

Abril : Vilar de Perdizes / real. e arg. Philippe Constantini e Anna Glogowsky.

[Lisboa] : Copra Films, cop. 1977. - (ca. 90 min.) : p&b. - Prémio Cidade de Santarém - VII

estival Internacional de Cinema Agrícola e de Temática Rural, 1977.

ilme 2: Continuar a viver : os índios da meia praia / real. e arg. António da Cunha Telles. -

Lisboa] : Animatógrafo, cop. 1976. - (ca. 108 min.) : color. Participação - Quinzena dos

lizadores - Festival de Cinema de Cannes.

es: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

7.

editorial por Nuno

-75" e "As armas e o povo".

: RTP,

min.) : p&b. - Este programa foi elaborado com base na série "Anos 70,

agens de uma Década" (RTP-1980), de Joaquim Furtado, Joaquim Vieira, Perez Metello e

olano de Almeida

ilme 2 : As armas e o povo / real., prod. e argumento por Sindicato dos Trabalhadores da

dução de Cinema e Televisão. - [Lisboa] : SACTV, cop. 1975. - (ca. 78 min.) : color.

es: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 Anos [Doc

Pacheco e Adelino Gomes. - Lisboa : Público Comuni

(DVD) (ca. 198 min.). - (25 Abril, 30 Anos ; 7)

Este DVD inclui dois filmes: "

Filme 1: Terra de

-

F

F

[

Rea

Esta colecção é composta por 10 volum

Maiores de 6 anos.

RMBP-PAL 94(469)"1974" VIN

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 anos [Documento electrónico] / concepção e coordenação

Pacheco e Adelino Gomes. - Lisboa : Público Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco óptico

(DVD)(ca. 188 min.). - (25 Abril, 30 Anos ; 4)

Este DVD-Vídeo inclui dois filmes: "Portugal 74

Filme 1 : Portugal 74-75 / real. por José Eduardo Moniz e Adriano Cerqueira. - [Lisboa]

cop. 1994. - (ca. 110

Im

S

F

Pro

Esta colecção é composta por 10 volum

Maiores de 6 anos.

Dossier temático dirigido às escolas 181/219

8.

RMBP-PAL 94(469)"1974" VIN

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 anos [Re

Adelino Gomes. - Lisboa : Público Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco sonoro (CD). - (25

Abril, 30 Anos ; 1)

"Canções de luta e liberdade" divide-se em dois CD's: disco 1, vol. 1 ; disco 2, vol. 2.

Disco 1: Canções de luta e liberdad

C

gisto sonoro] / concepção e coordenação editorial por Nuno Pacheco e

e : uma crónica musical dos anos da resistência / interp. por

arlos Paredes... [et al.]. - Lisboa : Moviplay, cop. 2004. - (ca. 54 min.).

s canções e poemas são o resultado de um projecto de recolha e compilação do compositor

sé Niza.

sta colecção é composta por 10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

anos.

OS

r Nuno

in.) : color. - Melhor Documentário Português, XI Encontros

ternacionais de Cinema Documental - Amascultura (Nov. 2000).

ilme 2 : Brandos costumes / real. por Alberto Seixas Santos ; prod. Centro de Cinema

ortuguês. - [Lisboa] : CPC, cop. 1974. - (ca. 75 min.) : color. - Participação: Fórum - Festival

Cinema de Berlim 1974 ; New Directors/New Films, Nova Iorque. Estreia comercial a

Londres.

, dia 25 Abril 74 / real. por Alfredo Tropa. – Lisboa : Serviço

3,

Balsinha e Fialho Gouveia.

de 6 anos.

A

Jo

E

Maiores de 6

9.

RMBP-PAL 94(469)"1974" VIN

25 ABRIL 30 AN

25 Abril 30 anos [Documento electrónico] / concepção e coordenação editorial po

Pacheco e Adelino Gomes. - Lisboa : Público Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco óptico

(DVD)(ca. 177 min.). - (25 Abril, 30 Anos; 3)

Este DVD-Vídeo incluí três filmes: "Natal 71", "Brandos costumes" e "Noticiários RTP dia 25 de

Abril".

Filme 1 : Natal 71 / real. por Margarida Cardoso ; prod. Filmes Tejo. - [Lisboa] : Filmes do Tejo :

RTP, cop. 1999. - (ca. 52 m

In

F

P

de

18.09.1975 em Lisboa, no cinema

Filme 3 : Noticiários RTP

Informativo RTP, cop. 1974. - (ca. 50 min.) : p&b. - Blocos noticiosos das 18:40, 21h30 e 22h2

o último integrando imagens da ocupação da RTP pelas Forças Armadas e das operações

militares no Largo do Carmo, com Fernando

Esta colecção é composta por 10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

Maiores

Dossier temático dirigido às escolas 182/219

10.

RMBP-PAL 321(469) SAN

SANTOS, Boaventura de Sousa, 1940-

O estado e a sociedade em Portugal (1974-1988) / Boaventura de Sousa Santos. - Porto :

Afrontamento, 1990. - 266 p. - (Biblioteca das ciências do homem ; 12)

ISBN 972-36-0241-5

11.

24 ABRIL 30 ANOS

24 Abril 30 Anos [Re

A

RMBP-PAL 94(469)"1974" VIN

gisto sonoro] / concepção e coordenação editorial por Nuno Pacheco e

delino Gomes. - Lisboa : Público Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco sonoro (CD). - (25

l, 30 Anos ; 9).

Gravado ao vivo em 2002 no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa. Esta colecção é

composta por 10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM. Maiores de 6 anos.

VIN

bril 30 Anos [Documento electrónico] / concepção e coordenação editorial por Nuno

Pacheco e A úblico Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco óptico

Abril, 30 Anos ; 8)

ro filmes: "Outro país", "Se a memória existe", "Amanhã" e "Duas

SP Filmes, cop. 1999. - (ca. 70 min.) : p&b. - Prémio Melhor Obra

color. - Em memória a Salgueiro Maia e José Afonso. - Selecção Oficial para o Festival

eneza.

e Solveig Nordlund. - [Lisboa] : Ambar Filmes, cop. 2000. -

.

Abri

12.

RMBP-PAL 94(469)"1974"

25 ABRIL 30 ANOS

25 A

delino Gomes. - Lisboa : P

(DVD) (ca. 156 min.). - (25

Este DVD-Vídeo inclui quat

histórias de prisão".

Filme 1: Outro país : memórias, sonhos, ilusões... Portugal 1974/1975 / real. e arg. por Sérgio

Tréfaut. - [Lisboa] :

Documental nos "X Encontros Internacionais de Cinema Documental da Malaposta", 1999.

Filme 2: Se a memória existe / real. João Botelho. - [Lisboa] : Mdr : A25A, cop. 1999. - (ca. 22

min.) :

de V

Filme 3: Amanhã / real. e arg. d

(ca. 12 min.) : color.

Filme 4: Duas histórias de prisão / real. e arg. de Ginette Lavigne. - [Lisboa] : Lx Filmes, cop

2004. - (ca. 52 min.) : color

Maiores de 6 anos.

Esta colecção é composta por 10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

Dossier temático dirigido às escolas 183/219

13.

RMBP-PAL 94(469)"1974" VIN

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 anos [Registo sonoro] / concepção e coordenação editorial por Nuno Pacheco e

Adelino Gomes. - Lisboa : Público Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco sonoro (CD). - (25

Abril, 30 Ano

"Canções de luta e liberdade" divide-se em dois CD's: disco 1, vol. 1 ; disco 2, vol. 2.

Disco 2: Canções de l

José Mário Branco... [et al.]. - Lisboa : Moviplay, cop. 2004. - (ca. 50 min.).

As canções e poemas são o r

José Niza.

Esta colecção é composta por 10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

s ; 2)

uta e liberdade : uma crónica musical dos anos da resistência / interp. por

esultado de um projecto de recolha e compilação do compositor

Maiores de 6 anos.

4" VIN

úblico Comunicação Social, cop. 2004. - 1 disco óptico

ca. 135 min.) : p&b. - Interpretes : Augusto Figueiredo, Cecília Guimarães, Hélder

aulo, 1980 ; Prémio "Imagens e Documentos", no 9º Festival

ternacional da Figueira da Foz, 1980 ; Prémio Especial do Júri no Festival Internacional de

agena (Colômbia), 1981.

do / real. Ginette Lavigne. - [Lisboa] : LX Filmes, cop. 2001.

terpretes : Otelo Saraiva de Carvalho ; Filmado em Lisboa e na "La

seado nas "Caricaturas Portuguesas dos Anos de

14.

RMBP-PAL 94(469)"197

25 ABRIL 30 ANOS

25 Abril 30 anos [Documento electrónico] / concepção e coordenação editorial por Nuno

Pacheco e Adelino Gomes. - Lisboa : P

(DVD)(ca. 195 min.). - (25 Abril, 30 Anos ; 5)

Este DVD-Vídeo inclui quatro filmes: "Bom povo português"; "A noite do golpe de estado"; "A

noite saiu à rua"; "O cravo da liberdade".

Filme 1 : Bom povo português / realizado e produzido por Rui Simões. - [Lisboa] : Rui Simões,

cop. 1980. - (

Costa e outros. - Prémio do Público e Prémio da Crítica, para o "melhor filme" na 4ª Mostra

Internacional de São P

In

Cart

Filme 2 : A noite do golpe de esta

- (ca. 52 min.) : color. - In

Maison de l'Arbre, Montreuil ; Prémio da competição francesa, Júri da crítica - Festival

Internacional do Documentário / Marselha 2001 ; Menção honrosa - Festival de Kalamata /

Grécia.

Filme 3 : A noite saíu à rua / real. Abi Feijó. - [Lisboa] : Filmógrafo, cop. 1987. - (ca. 4 min.) :

color. - Curta-metragem de animação ; ba

Salazar" de João Abel Manta ; Menções honrosas no Cinanima 87, no Fantasporto 88 e no

Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa / Aveiro 88.

Filme 4 : O cravo da liberdade / real. por crianças de 11 e 13 anos da Escola das Taipas. -

Dossier temático dirigido às escolas 184/219

[Lisboa] : Filmógrafo, cop. 1996. - (ca. 4 min.) : color. - Curta-metragem de animaçã

Prémio Jovem Cineasta, Cinanima 96.

Esta colecção é composta por

Maiores de 6 anos.

15.

RMBP-PNO 94(469)"1974" ENS

RMBP-

ENSAIO GERAL

Ensaio geral : passado e futuro do 25 de Abril / Ana Drago... [et al.]. - Lisboa : Dom Quixote,

2004. - 242 p. - (Participar)

ISBN 972-20-2656-9

16.

RMBP-PNO 314.6 PIS

o ;

10 volumes: 6 discos DVD, 3 discos CD, 1 disco CD-ROM.

PAL 94(469)"1974" ENS

RMBP-PAL 316(469) PIS

PISELLI, Fortunata

inhos silenciosos da mudança : (quatro aldeias antes e depois do 25 de Abril) / Fortunata

Pisel ão Calouste Gulbenkian : Não definido, 1996.

- 380 p. - (Textos universitários de ciências sociais e humanas).Esta obra recebeu uma

tendo particular interesse para a sociologia europeia.

RMBP-PNO 321.7 COR

Questionar abril / Pedro Pezarat Correia. - Lisboa : Círculo de Leitores, 1994

a revolução : reforma agrária no Sul de Portugal / dir. António Murteira. -

orto : Campo das Letras, 2004. - 511 p.

9726108047

Cam

li ; colab. Manuela Afonso. - Lisboa : Fundaç

menção especial como

ISBN 9723106957

17.

RMBP-PAL 32(469)"19" COR

CORREIA, Pedro Pezarat, 1932-

ISBN 972-42-0923-7

18.

RMBP-PAL 338.43 VER

UMA REVOLUÇÃO NA REVOLUÇÃO

Uma Revolução n

P

ISBN

Dossier temático dirigido às escolas 185/219

19.

RMBP-PAL 338.43 BAR

BARRETO, António

Anatomia de uma revolução a reforma agrária em Portugal : 1974-1976 / An

Mem Martins : Europa

tónio Barreto. -

-América, 1987. - 349 p.. - (Estudos e documentos ; 225)

4-1975" BOM

Lisboa : Costa do Castelo Filmes [distrib.], 2006. - 1

. 135 min) : p&b.

rémio do Público e Prémio da Crítica para o "Melhor Filme" na 4.ª Mostra Internacional de

Paulo, 1980; Prémio "Imagens e documentos" no Festival Internacional da Figueira da

l do Júri no Festival Internacional de Cartagena das Índias

ura traçar a

1974 e 25 de Novembro de 1975, tal como ela foi sentida pela

pa que, ao longo deste processo, foi ao mesmo tempo espectador, actor participante,

mas que, sobretudo, se encontra totalmente comprometida com o processo revolucionário

em curso.

, Cecília Guimarães, Helder Costa, Manuel Martins, Adérito

RMBP-PAL 323.4 SAN Vol.2

RMBP-PAL 323.4 SAN Vol.1

SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos, 1935-

20.

RMBP-PNO 94(469)"197

BOM POVO PORTUGUÊS

Bom povo português [Documento electrónico] / realização, argumento e produção por Rui

Simões ; narrado por José Mário Branco. -

disco óptico (DVD)(ca

P

São

Foz, 1980; Prémio Especia

(Colômbia), 1981.

Opções especiais: Índice de cenas, comícios, trailer, fotos da equipa.

Sinopse: Documentário de longa metragem sobre a Revolução dos Cravos. Proc

história entre o 25 de Abril de

equi

Intérpretes: Augusto Figueiredo

Lopes, Dina Mendonça, João Vaz, Manuela Serra, Maria Agelina Oliveira.

21.

RMBP-PAL 323.4 SAN Vol.3

O 25 de Abril e as lutas sociais nas empresas / Maria de Lourdes Lima dos Santos, Marinús

Pires de Lima, Vitor Matias Ferreira. - Porto : Afrontamento, 1977. - 3 vol.(107, 250, 206 p.)

Dossier temático dirigido às escolas 186/219

22.

RMBP-PNO 323.2 COR

BP-PAL 323.2 COR

1993

lgo mais 25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975 / Natália

m Quixote, 1978. - 383 p. - (Participar ; 11)

HOR

R

ORTA, Maria Teresa, 1937-

ulheres de Abril / Maria Teresa Horta. - Lisboa : Caminho, 1977. - 110, [1] p. - (Letras ; 24)

RMBP-PNO 94 PAL/TRI FL

RMBP-QAN 94 PAL/TRI FL

BP-MAR 94 PAL/TRI FL

I FL

lmela : 3 décadas de realizações em democracia / Maria

éria Afonso. - Palmela : Câmara Municipal de Palmela, 2005. - 259 p. : il.

olor. Esta publicação complementa a exposição "30 anos de Abril no concelho de Palmela"

RM

CORREIA, Natália, 1923-

Não percas a rosa : diário e a

Correia. - 2ª ed. - Lisboa : Do

ISBN 972-46-1493-x

23.

RMBP-PNO 821.134.3-1

RMBP-PAL 821.134.3-1 HO

H

M

24.

RMBP-PNO 323.2 PAI

RMBP-PAL 32(469)"19" PAI

O PAÍS EM REVOLUÇÃO

O país em revolução / coord. J. M. Brandão de Brito. - Lisboa : Editorial Notícias, 2001. - 399

p. - (Revolução e democracia ; 2)

ISBN 972-46-1118-3

25.

RMBP-PAL 94 PAL/TRI FL

RMBP-PAL 94 PAL/TRI FL

RMBP-PNO 94 PAL/TRI FL

RMBP-QAN 94 PAL/TRI FL

RM

RMBP-MAR 94 PAL/TR

RMBP-POC 94 PAL/TRI FL

RMBP-POC 94 PAL/TRI FL

ROSENDO, Maria Teresa, 1966-

30 anos de Abril no concelho de Pa

Teresa Rosendo, Val

C

Dossier temático dirigido às escolas 187/219

realizada na Igreja de Santiago - Castelo de Palmela, de 29 de Janeiro a 08 de Maio e na

inhal Novo de 07 de Junho a 03 de Julho de 2005

L

9-

ngue / Gérard de Villiers ; trad. Sérgio Gonçalves. - Parede :

- 207 p.

5 de Abril de 1974.

PAL/VIN FL - 1 exemplar

061.4 PAL/VIN FL - 1 exemplar

ENTE, José Carlos

iro da exposição] / José Carlos Valente, João Carlos Natividade.

Palmela, 1999. - 23, [14] p. : il. p&b + jornal

o

icipal de Palmela no âmbito da exposição.

mposto por uma cronologia dos

mpanhada de documentação fotográfica publicada na

72-84-97-008

BN 972-84-97-00-8

ousa, 1964-

Praça da Independência - P

ISBN 9728497393

26.

RMBP-PNO 821.1/.8-312.4 VI

VILLIERS, Gérard de, 192

A revolução dos cravos de sa

Saída de Emergência, 2008.

Um thriller passado no pós 2

Tít. orig.: SAS les sorciers du Tage.

ISBN 978-989-637-035-0

27.

RMBP-PNO 061.4 PAL/VIN FL - 3 exemplares

RMBP-PAL 061.4 PAL/VIN FL - 2 exemplares

RMBP-QAN 061.4 PAL/VIN FL - 1 exemplar

RMBP-MAR 061.4

RMBP-POC

VAL

25 de Abril na imprensa : [rote

- Palmela : Câmara Municipal de

A presente publicação inclui a 2ª edição de 25 de Abril de 1974 do Jornal República. Ediçã

fac-simile, publicada pelo Museu Mun

Resumo:Roteiro, complemento da exposição, co

acontecimentos revolucionários aco

imprensa da época.ISBN 9

IS

28.

RMBP-QAN 323.2 DUA

RMBP-PNO 323.2 DUA

RMBP-POC 323.2 DUA

RMBP-PAL 323.2 DUA

DUARTE, António de S

Confissões : 25 de Abril / António de Sousa Duarte e João Pedro Serafim ; investigação de

Cristina Ferreira de Almeida. - Lisboa : Âncora, 1999. - 159 p. - (Ágora)

Dossier temático dirigido às escolas 188/219

Contém testemunhos de: Carlos Azeredo ; Carlos Matos Gomes ; Ferrand de Almeida ; Garcia

dos Santos ; Mário Tomé ; Mariz Fernandes ; Otelo Saraiva de Carvalho ; Ramalho

Ricardo Durão ; Sanches Osório ; Vasco Lourenço ; Virgílio Varela

ISBN 972 780 010 6

2

Eanes ;

9.

P-PNO 7(091)(469) HIS (13º vol.)

rio

vas / Rui Mário Gonçalves

ortugal : de 1945 à actualidade / Rui Mário Gonçalves. - Lisboa :

Alfa, 1993. - vol. 13, pp. 131-162

O 25 de Abril na arte pública portuguesa : formas de liberdade = the 25 of Abreil the

portuguese public art forms of freedom / Arlindo Mota ; fot. Pedro Soares. - Lisboa : Montepio

l, dep. leg. 1999. - 165 p. : il.

ois / Centro Nacional de Banda Desenhada e

agem. - Amadora : Câmara Municipal, 2004. - 48 p. : il.

atálogo da exposição realizada entre 22 de Abril e 16 Julho de 2004, na Amadora.

9728284349

inemateca Portuguesa, 1984. - 78 p. : p & b

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1974-1983 : acções colecti

In: História da arte em P

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MOTA, Arlindo

Gera

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RMBP-PAL 82-9.09 VRS

BDS DE ABRIL

BDs de Abril : o 25 de Abril 30 anos dep

Im

C

ISBN

32.

RMBP-PNO 94(469)"1974" VIN

25DE ABRIL

25de Abril : imagens. - Lisboa : C

Dossier temático dirigido às escolas 189/219

33.

BP-PNO PP1-37

cas de Paulo Freire : um exemplo da revolução portuguesa / Stephen

4.

RMBP-PNO 77.03 GOM

P-PAL 77.03 GOM

tógrafo na revolução / Adelino Gomes ; coord. Daniel Gil. - Lisboa : Caminho,

BN 9722116150

69) GOD

to ; 8)

6.

POR

P-PAL 94(469)"1974" POR

ed. lit. Instituto da Biblioteca Nacional e do

uto da Biblioteca Nacional e do Livro, 1994

5 LAM

LAM

EIRAS, João Miguel

25 de Abril e a BD / João Miguel Lameiras, João Paulo Paiva

Lisboa : Afrontamento, 1999. - 239 p. : il.

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Apropriações políti

Stoer e Roger Dale. In: Educação, sociedade e culturas. - Porto. - Nº11 (1999), p. 67-81

ISSN 0872-7643

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RMB

GOMES, Adelino

Carlos Gil um fo

2004. - 199 p. : il.

IS

35.

RMBP-PAL 78.07(4

GODINHO, Sérgio, 1945-

Canções de Sérgio Godinho. - 2ªed. - Lisboa : Assírio & Alvim, 1983. - 264 p. - (Rei lagar

3

RMBP-PNO 94(469)"1974"

RMB

PORTUGAL. INSTITUTO DA BIBLIOTECA NACIONAL E DO LIVRO

O 25 de Abril na imprensa : Março-Maio 1974 /

Livro. - Lisboa : Instit

37.

RMBP-QAN 741.

RMBP-PNO 741.5

LAM

Uma revolução desenhada : o

Boléo, João Ramalho Santos. -

ISBN 9723604949

Dossier temático dirigido às escolas 190/219

38.

RMBP-PNO 77.03 CUN

CUNHA, Alfredo

O dia 25 de Abril de 1974 : 76 fotografias e um retrato / fot. Alfredo Cunha ; texto

de Adelino Gomes. - Lisboa : Contexto, D.L. 1999. - Pag. inum. : p&b

ISBN 9725752368

s e legendas

3-

eve roteiro fotográfico / Alfredo Cunha, Eduardo Gageiro, José

do Vigésimo Aniversário do 25 de Abril

ISBN 9725751744

RA

eçou com música. -

a Música : Companhia Nacional de Música, [2004]. - 4 discos sonoros (CD)

1 livro. Contém:

Grândolas : cinco canções acompanharam Grândola Vila Morena no 25 de Abril de 1974

alho ; narração por Luís Filipe Costa.

s e dois pianos nos trinta anos de Abril / Mário Laginha e

Pedro Laranjeira / narração por João Paulo Guerra ; montagem por

: reportagens do dia 25 de Abril de 1974 / Adelino Gomes, Paulo

ro Laranjeira / narração por João Paulo Guerra ; montagem por Pedro

Contém as músicas: Venham mais cinco (José Afonso); Era um redondo vocábulo (José

Afonso); E depois do adeus (José Niza / José Calvário); Canto Moço (José Afonso);

; Life on the ocean

39.

RMBP-PNO 77.03 CUN

CUNHA, Alfredo, 195

Lisboa 25 de Abril de 1974 : br

Antunes ; pref. de Mário Soares ; apres. e legendas de Adelino Gomes. - Lisboa : Contexto,

1994. - [41] p. : todo il

Ed. comemorativa

40.

RMBP-PAL 090.2 G

GRÂNDOLAS; A REVOLUÇÃO QUE COMEÇOU COM MÚSICA

Grândolas [Registo sonoro] : 25 de Abril de 1974 ; A revolução que com

[Lisboa] : Guilda d

+

CD 1:

/ texto de Ruben de Carv

CD 2: Grândolas : seis cançõe

Bernardo Sassetti.

CD 3: As reportagens (I) : reportagens radiofónicas do dia 25 de Abril de 1974 / Adelino

Gomes, Paulo Coelho e

Pedro Laranjeira.

CD 4: As reportagens (II)

Coelho e Ped

Laranjeira.

Internacional (Pottier / Degeyter); Traz outro amigo também (José Afonso)

wave (Henry Russel); We shall overcome (Popular); Grândola vila morena (José Afonso).

Dossier temático dirigido às escolas 191/219

41.

RMBP-PNO 78.07(469) AFO

RMBP-MAR 78.07(469) AFO

TELES, Viriato, 1

Zeca Afonso : as voltas de um andarilho / Viriato Teles. - Lisboa : Ulmeiro, D.L. 1999. - 208 p. -

(Biblioteca Ulmeiro ; 26). Prefácio de Sérgio Godinho. ISBN 9727063039

42.

RMBP-PAL 78.07(469) AFO

SALVADOR, José A., 1947-

José Afonso : o rosto da utopia / José António Salvador. - Porto : Afrontamento, 1999. - 162

IS

958-

RMBP-PNO 78.07(469) AFO

RMBP-QAN 78.07(469) AFO

p.

BN 972-36-0493-0

43.

P

3) RAP

RMBP-PAL 78.07(047.53) RAP

antores de Abril : entrevistas a cantores e outros protagonistas do "Canto de Intervenção" /

ardo M. Raposo ; pref. de Manuel Alegre. - Lisboa : Colibri, 2000. - 220, [1] p. - (Extra-

colecção). ISBN 9727721745

44.

José Viale Moutinho. - Lisboa : Ulmeiro, 1999. - 276 p. - (Biblioteca

lmeiro ; 25)

9727062989

45.

RMBP-PNO 78.07(047.53) RA

RMBP-QAN 78.07(047.5

RAPOSO, Eduardo M., 1962-

C

Edu

RMBP-PNO 78.07(469) MOU

MOUTINHO, José Viale

Cancioneiro de Abril /

U

ISBN

RMBP-PNO 929 OLI

REIS, Manuel

Adriano presente! / Manuel Reis. - Vila Nova de Gaia : Ausência, 1999. - 183 p : il., p&b

ISBN 9729832005

Dossier temático dirigido às escolas 192/219

46.

RMBP-QAN 78.07(469) AFO

P-PAL 78.07(469) AFO

LHO, POETA E CANTOR

ão

4. - 127 p. : il.

O

CD

/ Sérgio Godinho. - [Portugal] : Universal, 2001. - 1 CD. -

9.

EIRA, Adriano Correia de

[Registo sonoro] : gente de aqui e de agora e outras canções /

e Oliveira. - Lisboa : Movieplay, 1994. - 1 CD. - (Adriano)

0.

P-PAL 090.2 GOD

ro] / Sérgio Godinho. - [Portugal] : Universal, 2001. - 1 CD. -

RMB

RMBP-PNO 78.07(469) AFO

JOSÉ AFONSO ANDARI

José Afonso andarilho, poeta e cantor : os lugares e encontros / José Afonso. - S.l. : Associaç

José Afonso, 199

47.

RMBP-PAL 090.2 AF

AFONSO, José

Traz outro amigo também [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1996. - 1

48.

RMBP-PAL 090.2 GOD

GODINHO, Sérgio, 1945-

Os sobreviventes [Registo sonoro]

(Godinho / Universal)

4

RMBP-PAL 090.2 OLI

OLIV

Adriano canta José Niza

Adriano Correia d

5

RMB

GODINHO, Sérgio, 1945-

À queima roupa [Registo sono

(Godinho / Universal)

Dossier temático dirigido às escolas 193/219

51.

RMBP-PAL 090.2 AFO

2.

GOD

INHO, Sérgio, 1945-

Sérgio Godinho ao vivo 2. - [S.l.] : EMI - Valentim de

e 5 de Março de 1998)

3.

BP-QAN 090.2 GOD

[Registo sonoro] / Sérgio Godinho. - [S.l.] : EMI, 2003. - 1 CD

FONSO, José

am mais cinco [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1996. - 1 CD

tema "pedra filosofal".

AFONSO, José

Cantares do andarilho [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1996. - 1 CD

5

RMBP-PAL 090.2

GOD

Rivolitz [Registo sonoro] : O melhor de

Carvalho, 1998. - 1 CD .

Gravado ao vivo no Rivoli Teatro Municipal no Porto (24, 25 e 26 de Outubro de 1997) e no

Ritz Clube em Lisboa (4

5

RMBP-PNO 090.2 GOD

RM

GODINHO, Sérgio, 1945-

O irmão do meio

Todas as canções têm a participação de um ou mais convidados.

54.

RMBP-PAL 090.2 AFO

AFONSO, José

Fura fura [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1996. - 1 CD

55.

RMBP-PAL 090.2 AFO

A

Venh

56.

RMBP-PAL 090.2 FRE

FREIRE, Manuel

Pedra filosofal [Registo sonoro] / Manuel Freire. - [S.l.] : CNM, 2004. - 1 CD

Inclui a nova versão do

Dossier temático dirigido às escolas 194/219

57.

RMBP-PAL 090.2

VITORINO

U

AFO

topia [Registo sonoro] : Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso (ao vivo). - [S.l.] : EMI -

ntim de Carvalho, 2004. - 1 CD

ectáculos "A Utopia e a Música" realizados no Centro Cultural de

e 23 de Fevereiro de 1998.

8.

P-PAL 090.2 AFO

egisto sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1996. - 1 CD

ROSO, Pedro

[Registo sonoro] / Pedro Barroso. - Lisboa : Movieplay, 2004. - 1 CD

Adriano [Registo sonoro] : a noite dos poetas / Adriano Correia de Oliveira. - Lisboa :

eplay, 1994. - 1 CD. - (Adriano)

FONSO, José

igas do maio [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. - (Série

FAU

AUSTO

ue der e vier [Registo sonoro] / Fausto. - Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

Vale

Gravado ao vivo nos esp

Belém nos dias 22

5

RMB

AFONSO, José

Cantigas do maio [R

59.

RMBP-PAL 090.2 BAR

BAR

Cantos da borda d'água

60.

RMBP-PAL 090.2 OLI

OLIVEIRA, Adriano Correia de

Movi

61.

RMBP-PNO 090.2 AFO

A

Cant

Ouro / Movieplay ; 3002)

62.

RMBP-PNO 090.2

F

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Dossier temático dirigido às escolas 195/219

63.

RMBP-PNO 090.2 VIT

VITORINO

Semear salsa ao reguinho [Registo sonoro] / Vitorino. - Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

2 FAU

egisto sonoro] / Fausto. - Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

driano Correia de

1 CD

José

érie

uro ; 3041)

O 090.2 AFO

u vou ser como a toupeira [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. -

Movieplay ; 3039)

ETRIA, José Jorge, 1951-

nção política em Portugal : da resistencia à revolução / José Jorge Letria. - 2ª ed.. -

64.

RMBP-PNO 090.

FAUSTO

Madrugada dos trapeiros [R

65.

RMBP-PNO 090.2 FAU

FAUSTO

Um beco com saída [Registo sonoro] / Fausto. - Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

66.

RMBP-PNO 090.2 OLI

OLIVEIRA, A

Cantaremos [Registo sonoro] / Adriano Correia de Oliveira. - Lisboa : Movieplay, 1999. -

67.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO,

Coro dos tribunais [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. - (S

O

68.

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AFONSO, José

E

(Série Ouro /

69.

RMBP-PNO 78.01(469) LET

L

A ca

Dossier temático dirigido às escolas 196/219

Lisboa : Ulmeiro, 1999

70.

RMBP-PNO 0

B

90.2 BRA

RANCO, José mário

maduro maio [Registo sonoro] : José Mário Branco, Amélia Muge, João Afonso cantam

: Sony, 1995. - 2 CD

do ao vivo no Teatro Municipal de S. Luis nos dias 13, 14 e 15 de Dezembro

1.

P-PNO 090.2 OLI

gisto sonoro] : Adriano Correia de Oliveira canta José Niza. -

2.

P-PNO 090.2 AFO COL

ADA CANTAM JOSÉ AFONSO

tam José Afonso [Registo sonoro] / Madredeus...[et al.]. - [Portugal]

NO 090.2 GOD

GOD

DINHO, Sérgio, 1945-

/ Sérgio Godinho. - Lisboa : Play Entertainment [distrib.], 1999. - 1

BRA

NCO, José Mário

1997 [Registo sonoro] / José Mário Branco. - [S.l.] : EMI -

Maio

Zeca Afonso. - [Portugal]

Espectáculo grava

de 1994

7

RMB

OLIVEIRA, Adriano Correia de

Gente de aqui e de agora [Re

Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

7

RMB

FILHOS DA MADRUG

Filhos da madrugada can

: BMG, 1994. - 2 CD

73.

RMBP-P

RMBP-PAL 090.2

GO

Pano-cru [Registo sonoro]

CD

74.

RMBP-PNO 090.2

BRA

José Mário Branco ao vivo em

Valentim de Carvalho, 1997. - 2 CD

Gravado ao vivo em Junho de 1997 no Coliseu do Porto, no Teatro da Trindade e no Teatro

Dossier temático dirigido às escolas 197/219

75.

RMBP-PNO 090.2 AFO

NSO, José

to sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. - (Série

BP-PNO 090.2 GOD

ODINHO, Sérgio

ma vez um rapaz [Registo sonoro] / Sérgio Godinho. - [S.l.] : PolyGram, 1984. - 1 CD

érie Ouro ; 3038)

(469) MOU

alguns problemas / José Barata Moura. - Lisboa : Horizonte, 1977.

79.

es de Abril o ser / José Manuel Mendes...[et al.]. - Coimbra : A Mar Arte, 1997. -

INHO, Sérgio, 1945-

Campol Godinho. - Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

AFO

Enquanto há força [Regis

Ouro ; 3043)

76.

RM

G

Era u

77.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

Traz outro amigo também [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. -

(S

78.

RMBP-PNO 78.01

MOURA, José Barata

Estética da canção política :

- 167 p. - (Movimento ; 16)

RMBP-PNO 78.07 (469) OLI

RMBP-QAN 78.07 (469) OLI

ADRIANO

Adriano : ant

55 p. : il.

ISBN 9728319363

80.

RMBP-PNO 090.2 GOD

GOD

ide [Registo sonoro] / Sérgio

Dossier temático dirigido às escolas 198/219

81.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

Contos velhos rumos novos [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. -

090.2 AFO

iros [Registo sonoro] / José Afonso. - Porto : EDISCO, [s.d.]. - 1 CD

3.

P-PNO 090.2 OLI

sonoro] / Adriano Correia de Oliveira. - Lisboa : Movieplay,

l

p. 1999. - 1 cd

1 AFO FAD

ados de Coimbra e outras canções [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. -

- (Série Ouro ; 3003)

ura fura [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. - (Série Ouro /

eplay ; 3044)

(Série Ouro ; 3037)

82.

RMBP-PNO

AFONSO, José

Os vamp

8

RMB

OLIVEIRA, Adriano Correia de

Memória de Adriano [Registo

1992. - 1 CD. - (Série Ouro ; 3050)

84.

RMBP-PNO 0 FRE

FREIRE, Manue

As canções possíveis [Registo sonoro] : Manuel Freire canta José Saramago / Manuel Freire. -

Lisboa : Caminho, co

85.

RMBP-PNO 090.

AFONSO, José

F

1 CD.

86.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

F

Movi

Dossier temático dirigido às escolas 199/219

87.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

Com as minhas tamanquinhas [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1

D. - (Série Ouro ; 3042)

omo se fora seu filho [Registo sonoro] : a sublime utopia / José Afonso. - [S.l.] : Strauss, 1994. -

antares do andarilho [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. -

Movieplay ; 3036)

m paz com a voz [Registo sonoro] : antologia / José Jorge Letria. - Lisboa : Strauss, 1997. - 1

D

2 JAN

[Registo sonoro] / Janita. - Lisboa : Movieplay, 1999. - 1 CD

de 1983.

C

88.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

C

1 CD

89.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

C

(Série Ouro /

90.

RMBP-PNO 090.2 LET

LETRIA, José Jorge

E

C

91.

RMBP-PNO 090.

JANITA

Melro

92.

RMBP-PNO 090.2 AFO

AFONSO, José

José Afonso [Registo sonoro] : ao vivo no coliseu. - [Portugal] : Lamiré, 1991. - 1 CD

Espectáculo gravado no Coliseu em 29 de Janeiro

Dossier temático dirigido às escolas 200/219

93.

RMBP-PNO 090.2 OLI

RMBP-PNO 090.2 OL

OLIVEIRA, Adriano Correia de

O ca

-

I

nto e as armas [Registo sonoro] / Adriano Correia de Oliveira. - Lisboa : Movieplay, 1997.

1 CD

FONSO, José

am mais cinco [Registo sonoro] / José Afonso. - Lisboa : Movieplay, 1987. - 1 CD. - (Série

Ouro / Movieplay ; 3040)

RMBP-PNO 090.2 OLI

RMBP-PAL 090.2 OLI

OLIVEIRA, Adriano Correia de

egisto sonoro] : que nunca mais / Adriano Correia de

Oliveira. - Lisboa : Movieplay, 1997. - 1 CD. - (Adriano)

P-PNO 090.2 BRA

BRANCO, José Mário

Mário Branco. - [S.l.] : EMI - Valentim de

Carvalho, 1999. - 1 CD

97.

BAR

BARROSO, Pedro

Cantos à terr / Pedro Barroso. - Lisboa : Movieplay, 1997. - 1 CD

94.

RMBP-PNO 090.2 AFO

A

Venh

95.

RMBP-QAN 090.2 OLI

Adriano canta Manuel da Fonseca [R

96.

RMB

Canções escolhidas 71/97 [Registo sonoro] / José

RMBP-PNO 090.2

a-madre [Registo sonoro]

Dossier temático dirigido às escolas 201/219

98.

RMBP-PNO 090.2 GOD

GODINHO, Sérgio, 1945-

Noites passadas [Registo sonoro] : o melhor de Sérgio Godinho ao vivo. - [S.l.] : EMI, 1995. - 1

D. Espectáculos gravados ao vivo no Teatro Municipal de S. Luís em Lisboa (26 e 27 de

mbro de 1993) e no Coliseu de Lisboa (25 de Novembro de 1994)

LIVEIRA, Adriano Correia de

istória da música ligeira portuguesa [Registo sonoro] / Adriano Correia de Oliveira. -

oa] : Movieplay, 1999. - 1 CD. - (Os inesquecíveis ; 12)

ca ligeira portuguesa" em livro.

0.

INE

ROSO, Pedro

portuguesa [Registo sonoro] : Pedro Barroso. - [Lisboa] : Movieplay,

s / Planeta de Agostini ; 60). Existe a "História da música ligeira

LIVEIRA, Adriano Correia de

no canta Manuel Alegre (I) [Registo sonoro] : trova do vento que passa / Adriano

a : Movieplay, 1994. - 1 CD. - (Adriano)

LIVEIRA, Adriano Correia de

driano canta Manuel Alegre (II) [Registo sonoro] : o canto e as armas / Adriano Correia de

a. - Lisboa : Movieplay, 1994. - 1 CD. - (Adriano)

C

Nove

99.

RMBP-PNO 090 INE

O

H

[Lisb

Existe a "História da músi

10

RMBP-PNO 090

BAR

História da música ligeira

1999. - 1 CD. - (Os inesquecívei

portuguesa" em livro.

100.

RMBP-PAL 090.2 OLI

O

Adria

Correia de Oliveira. - Lisbo

101.

RMBP-PAL 090.2 OLI

O

A

Oliveir

Dossier temático dirigido às escolas 202/219

102.

RMBP-PNO 590 POR CAN / COL

CANÇÕES COM HISTÓRIA

Canções com história [D

M

ocumento electrónico] / Paulo de Carvalho...[et al.]. - Lisboa :

ovieplay, 1999. - 2 registos sonoros (CD).

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anhais...[et al.]. - Portugal : Strauss, 1998. - 2 registos sonoros (CD).

AFO

V

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L

-QAN 821.134.3-1 L

ge, 1951-

99.

103.

RMBP-PNO 590 POR ABR / COL

25 ABRIL 25 ANOS 25 CANÇÕES

25 Abril 25 anos 25 canções [Documento electrónico] : antes, após r

F

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RMBP-PNO 78.07(469)

AFONSO, José

Textos e canções / José Afonso ; org. Elfriede Engelmayer. - 2ª ed, revista e aumentada. -

Lisboa : Assírio & Alvim, 1988. - 2990p. - (Rei lagarto ; 6)

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RMBP-PNO 94(469)

RMBP-QAN 94(469) V

RMBP-MAR 94(469) V

RMBP-POC 94(469) V

RMBP-PAL 94(469) V

V

A fáb

Navarro. - Porto : Campo das Letras, 2000

ISBN 9726102685

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RMBP-PNO 821.134.3-1

RMBP

RMBP-POC 821.134.3-1 L

LETRIA, José Jor

Era uma vez um cravo / José Jorge Letria ; il. André Letria. - Lisboa : Câmara Municipal, 19

Dossier temático dirigido às escolas 203/219

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RMBP-PNO 321 SAN

SANTOS, Boaventura de Sousa

O estado e a sociedade e

Porto : Afrontamento, 1998. - 266, [2] p. -

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m Portugal (1974-1988) / Boaventura de Sousa Santos. - 3ª ed. -

(Biblioteca das ciências do homem ; 12)

4.3-3 P

P

-QAN 821.134.3-3 P

43-

9.

P-PNO 94(469) R

onstituição fez a suprema lei / A. do Carmo Reis ; il. José

0.

P-PNO 94(469)"1974" ROD

ROD

25 de Abril / Avelino Rodrigues, Cesário Borga e Mário

ventura de Sousa Santos. - 4º ed. - Lisboa : Dom Quixote, 2001. -

108.

RMBP-PNO 821.13

RMBP-PNO 821.134.3-3

RMBP

RMBP-PAL 821.134.3-3 P

RMBP-PAL 821.134.3-3 P

RMBP-MAR 821.134.3-3 P

PINA, Manuel António, 19

O tesouro / Manuel António Pina. - 2ª ed. - Lisboa : Associação 25 de Abril, 1993. - 14 p. : il

10

RMB

REIS, António do Carmo

A revolução da liberdade : ... que da c

Garcês. - 3ª ed. - Porto : Asa, 1991. - 64 p. : il. - (História de Portugal em BD ; 4)

ISBN 9724106225

11

RMB

RMBP-PAL 94(469)"1974"

RODRIGUES, Avelino

O movimento dos capitães e o

Cardoso ; prefácio de Boa

349 p. - (Caminhos da memória ; 28)

ISBN 972201739X

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GUE

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9) "1974" GON

GON

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74" GON

D

am as suas experiências nas prisões do fascismo / Miguel Medina; il.

A Con

Maxwell ; trad. Carlos Le

ISBN 9722324020

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GUE

Descolonização portuguesa : o re

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ISBN 9724221830

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ISBN 9724613852

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itos recomendados:Pc Pentium MMX, 32 Mb Ram, 4 Mb placa

, cdrom 12x

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A HORA DA LIBER

A hora da liberdade [Registo vídeo] / real. Joana Pontes ; prod. Ana Torr

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Inclui imagens de arquivo d

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