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O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades Marcos Ubirajara de Carvalho e Camargo

Geoprocessamento na Gestão de Cidades

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Leituras do complexo de interrelações que permeiam a cidade, em prol do aprimoramento dos modelos de conhecimento propostos e dos benefícios que destes possam derivar na implementação de políticas públicas concertadas.

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O Geoprocessamento e suas

Aplicações na Gestão das Cidades

Marcos Ubirajara de Carvalho e Camargo

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Marcas Registradas Microstation Geographics, GeoExchange, GeoOutlook são marcas registradas da Bentley Systems, Incorporated. ODBC é uma marca registrada da Microsoft Corporation Autocad é uma marca registrada da Autodesk Corporation Mapinfo é uma marca registrada da Mapinfo Corporation Apic é uma marca registrada Vist@érea é uma marca registrada

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ÍNDICE

SOBRE A PROPOSTA DO LIVRO..........................................................7

INICIANDO ..............................................................................................11

RECOMENDAÇÕES ...............................................................................13

O AGENTE MOTIVADOR.....................................................................15

INTRODUÇÃO.........................................................................................18

I.I.I.I. PROCESSAMENTO DE INDPROCESSAMENTO DE INDPROCESSAMENTO DE INDPROCESSAMENTO DE INDICADORES DE GESTÃO EICADORES DE GESTÃO EICADORES DE GESTÃO EICADORES DE GESTÃO E

ANÁLISES INTEGRADASANÁLISES INTEGRADASANÁLISES INTEGRADASANÁLISES INTEGRADAS................................................................23

EXTRAÇÃO DE MAPAS ......................................................................23 Figura I.1 Dados sobre obra do Orçamento Participativo. .................23 Figura I.2 – Tela Principal do Sistema SEMAI-X..............................24 Figura I.3 – Lista sugerida de Nomes de Logradouros.......................26 Figura 1.4 – Mapa da localização de um endereço.............................27

I.A. Informações ao Estudo, Projetos e Acompanhamento das Obras do Orçamento Participativo................................................................27

Figura I.5 – Contextualização da obra 122 do OP-2001/2002............29 Figura I.6 – Área de inserção da obra 122 do OP-2001/2002.............30 Figura I.7 - Detalhe da área da obra 122 do OP-2001/2002 ...............30

I.B. Informações ao Planejamento......................................................31 Figura I.8 – Destaque das Regionais Oeste e Centro-Sul na Proposta de Modificação dos Limites ...............................................................33

I.C. Diagnósticos das Áreas Carentes de Infraestrutura Urbana, Moradia, Serviços Básicos de Saneamento, Educação e Saúde .........34

Figura I.9 – Mapeamento de áreas não atendidas por redes de coleta de esgotos................................................................................................37 Figura I.10 – Mapeamento de área de expansão urbana.....................38 Figura I.11 – Áreas não atendidas e em expansão sobre a malha de redes coletoras de esgotos. .................................................................38

I.D. Levantamento das Áreas Não Atendidas pela Coleta de Esgotos Sanitários nas Bacias Prioritárias do Drenurbs: ...............................39

Figura I.12 – Cenários sociais de alguns córregos contemplados pelo Programa Drenurbs ............................................................................45

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Figura I.13 – Mapeamento do IQVU e das áreas prioritárias para inclusão social sobre as bacias do Drenurbs.......................................45 Figura I.14 – Composição das imagens do Vist@érea com um detalhe da Área III – Córrego Bonsucesso......................................................49 Figura I.15 – Composição das imagens do Vist@érea com um detalhe da Área II – Córrego Bonsucesso .......................................................50

CRUZAMENTO DE DADOS ESPACIAIS INTEGRADOS .................53 I.E. Metodologia Para a Produção dos Indicadores de Gestão do PMS – Plano Municipal de Saneamento de Belo Horizonte........................54

Figura I.16 – “Layer” das bacias elementares superposto pelo “layer” das vilas e favelas. ..............................................................................59 Figura I.17 – Recorte das áreas em “overlay”: Bacias Elementares versus Vilas e Favelas. .......................................................................60 Figura I.18 – Relatório de “overlay” (cruzamento das camadas). ......60 Figura I.19 – Recorte das áreas em “overlay” das Bacias Elementares X Vilas e Favelas X Setores Censitários. ...........................................61 Figura I.20 – Relatório de “overlay” das bacias elementares X vilas e favelas X setores censitários do IBGE................................................62 Figura I.21 – Relatório de “overlay” das bacias elementares X vilas e favelas X setores censitários do IBGE com cálculo das distâncias médias para os equipamentos de saúde, educação e obras do orçamento participativo......................................................................64 Figura I.22 – Planilha resumo do cálculo dos indicadores e índices do PMS....................................................................................................67 Figura I.23 – Planilha resumo do cálculo ISA e da priorização das Bacias Elementares ............................................................................68 Figura I.24 – Priorização das bacias elementares de BH para efeito das ações do PMS.....................................................................................70

I.F. Metodologia para o processamento e análise dos dados sobre as obras do Orçamento Participativo em Belo Horizonte.......................71

Figura I.25 - Esquemático para o cálculo das distâncias ....................76 Figura I.26 - Interpolação das populações totalizadas a cada 100 metros.................................................................................................76 Figura I.27 – Recorte do relatório de acessibilidade para a obra 52 do OP-97 na Regional Noroeste. .............................................................79 Figura I.28 – Classificação dos setores censitários na Regional de Venda Nova segundo as distâncias médias para as obras do OP........81

I.G. Uma Metodologia para Processamento e Análise dos Indicadores do SNIS Segundo Bacias Hidrográficas..............................................83

Figura I.29 – Fluxo do Processamento das Informações ....................92 Figura I.30 – Aspecto do produto de cruzamento da malha municipal com as bacias hidrográficas do nível 2 ...............................................95 Figura I.31 - DER do Núcleo do SNIGIS..........................................96

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Figura I.32 – Aspecto do mapa temático obtido a partir da classificação dos municípios segundo o Peso.....................................98

CONTROLE DE PROCESSOS ............................................................109 Figura I.33 – Exemplo de informações sobre um processo. .............111

II. PRODUÇÃO II. PRODUÇÃO II. PRODUÇÃO II. PRODUÇÃO –––– ENTRADA E SAÍDA DE ENTRADA E SAÍDA DE ENTRADA E SAÍDA DE ENTRADA E SAÍDA DE DADOSDADOSDADOSDADOS ..............112

CAPTURA E CONVERSÃO DE DADOS ...........................................112 Figura II.1 – Menu principal do programa CNVMAP .....................113

TRANSFORMAÇÕES BÁSICAS........................................................116 Figura II.2 – Ilustração do Deslocamento de Mapas........................117 Figura II.3 – Tela principal do programa para posicionamento de mapas. ..............................................................................................118 Figura II.4 – Produto de saída do programa Escala. ........................119

IMPRESSÕES EM ESCALAS E FORMATOS VARIADOS ..............119 Figura II.5 – Tela principal do aplicativo de plotagem CADPLOT .119 Figura II.6 – Produto de plotagem identificado como PRODUTO_XXX.DGN...................................................................121 Figura II.7 – Configuração das pastas para implantação do programa aplicativo CADPLOT.......................................................................121

III.III.III.III. APOIO À OPERAÇÃO DE APOIO À OPERAÇÃO DE APOIO À OPERAÇÃO DE APOIO À OPERAÇÃO DE SISTEMAS URBANOSSISTEMAS URBANOSSISTEMAS URBANOSSISTEMAS URBANOS ........122

GERAÇÃO DE RELATÓRIOS TÉCNICOS........................................122 III.A. Relatório de Inspeção de Assoreamento em PV’s da Microdrenagem.................................................................................123

Figura III.1 – Pesquisa dos PV’s assoreados da microdrenagem.....124 Figura III.2 – Detalhe de PV assoreado............................................125

III.B. Relatório de Inspeção de Presença de Esgoto em PV’s da Microdrenagem.................................................................................125

Figura III.3 – Pesquisa de PV’s da microdrenagem com presença de esgotos..............................................................................................126 Figura III.4 – Detalhe de PV com esgoto .........................................127

III.C. Relatório de Inspeção de Estações de Rádio-Base Celular (ERB’s)..............................................................................................127

Figura III.5 – Mapeamento das Estações de Rádio-Base Celular (ERB’s) de Belo Horizonte ..............................................................129 Figura III.6 – Relatório de interferência entre ERB’s de Belo Horizonte..........................................................................................130

III.D. Relatório de Classificação do Sistema Viário por Tipo de Pavimento .........................................................................................130

Figura III.7 – Mapa da Classificação do Sistema Viário ..................132

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Figura III.8 – Relatório de Classificação do Sistema Viário ............132 CONSISTÊNCIA DE DADOS INTEGRADOS ...................................133

Figura III.9 – Desenho de atualização do cadastro de microdrenagem..........................................................................................................135 Figura III.10 - Tela de confirmação da criação do registro...............137 Figura III.11 – Tela de edição e carregamento dos dados alfanuméricos. ..................................................................................137

CONSULTAS A UM BANCO DE DADOS MUNICIPAL ..................138 Figura III.12 - Tela do Módulo de Busca e Extração de Mapas do Sistema BDM...................................................................................139 Figura III.13 - Mapa Resultante da Extração do Setor Fiscal 16, Quadra 143 e seu Detalhe.................................................................140 Figura III.14 - Mapeamento do Roteiro de Leitura ROT1608L .......142 Figura III.15 - Mapeamento parcial do Proprietário “Antonio Campanharo”....................................................................................143 Figura III.16 - Mapeamento do Usuário “Anselmo Aranda”............144 Figura III.17 - Localização da “Rua Babilônia” no Geral e em Detalhe no canto Superior Direito .................................................................145 Figura III.18 - Localização da “Rua Germânia” no Geral e em Detalhe no canto Inferior Esquerdo ...............................................................146 Figura III.19 - Mapeamento dos Consumidores na Faixa de 36-50m3 do Roteiro ROT1627L com a Quadra-31 em Destaque....................148 Figura III.20 - Mapeamento da Zona Baixa do Setor de Abastecimento Erasmo Assunção dentro da Bacia Guaixaya ...................................150 Figura III.21 - Composição das Quadras 48 e 49 do Setor 14 com as Redes de Água..................................................................................151 Figura III.22 – Formulário para exibição dos dados da Ligação ......153 Figura III.23 - Tela de um Relatório dos Consumos da Quadra 190 do Setor Fiscal 10..................................................................................154

LEITURAS RECOMENDADAS .........................................................157

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SOBRE A PROPOSTA DO LIVRO Este livro, tal como as cidades objeto dos nossos estudos, poderá ser lido e consultado através de vários recortes no seu conteúdo. Esses recortes vão desde aqueles apropriados aos leitores não especialistas, e que vêm os sistemas de informações geográficas (SIG) como uma potencial fonte de informações e consultas, até recortes orientados para profissionais altamente especializados trabalhando nas fronteiras do Planejamento Urbano; da Gestão das Cidades e dos Serviços Públicos em geral; da Implementação das Políticas Públicas nos Complexos Urbanos e Metropolitanos; e do Desenvolvimento de Sistemas de Geo-Informações. Todos esses campos do conhecimento são afetados direta ou indiretamente por uma crônica falta de informações articuladas em modelos inteligentes (ou seja: mínimos, completos, integrados e integrais) orientados para o objeto da análise e do planejamento estratégico, antes que os ultrapassados modelos baseados em visões compartimentadas das cidades e limitados pela “(pouca)disponibilidade” de informações. O livro não se propõe ser de Engenharia, nem de Planejamento, ou de Cartografia Digital ou, muito menos, de Informática ou Análise de Sistemas. Mas sim, o viés da sua leitura, poderá proporcionar proveitos na medida em que crie espaços para uma discussão multidisciplinar em torno da necessidade que temos de interrelacionar diversificados modelos do conhecimento. Para efeito de orientação dessa leitura, seu conteúdo poderá ser recortado através de “blocos de hiperlinks”, os quais filtram matérias e conceitos de interesse para perfis profissionais diferenciados. Esses “blocos de hiperlinks” são identificados no índice analítico abrangendo os interesses de Analistas Programadores, Operadores de Sistemas, Especialistas da Área de Geo-Informações, profissionais do Planejamento Urbano, da Gestão de Cidades e Operadores de Serviços Públicos em geral. Essa diversidade de conhecimentos formando um todo consistente é que constitui a essência da proposta deste livro, qual seja a de apreensão dos mecanismos que operam na dinâmica urbana – e da complexa rede de interrelações que formam – através da sua

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codificação como geo-informação. Isto sugere que a concepção das bases de informações de sistemas dessa natureza deva ser amplamente discutida entre os diversos setores demandantes das informações, para que esses setores dêem a resposta esperada na coordenação das ações intersetoriais empreendidas pelo poder público e provenham adequadamente os processos de realimentação das bases de informações. Este livro propõe abrir essa discussão. Todavia, trata-se de um desafio cuja superação depende não apenas de uma revisão da cultura da retenção da informação como instrumento de poder; mas também da revisão ou da recriação de processos que foram moldados com base na deficiência de informações; e que, por essa razão, negam a sua necessidade; e que, bem ou mal, sempre funcionaram. Essa, talvez, seja a principal barreira. Afinal, para quê mexer em algo que sempre funcionou assim? Essa cultura da desinformação, quer seja alimentada pelo hábito da retenção da informação, quer seja alimentada pela omissão ou negação da sua necessidade; permeia as atividades não somente do setor público, mas também de muitos segmentos do setor privado. Está a serviço do desperdício de recursos, do desvio de finalidades, da precariedade das soluções e da ineficácia das ações. Mascara também uma realidade para a qual não podemos mais voltar a costa, pois dela fazemos parte. Exclui mundos com os seus enormes contingentes populacionais, distorcendo as visões das cidades seja sob o aspecto territorial ou do tecido social que as revestem e que, em razão das profundas desigualdades, tende a se desagregar. Tais são os males da cultura da desinformação. Por quê a geo-informação? Embora desejável, a lógica de produção do espaço urbano para a sua posterior ocupação, na prática, e cada vez mais, dá lugar a uma lógica inversa de ocupação do espaço para a sua posterior urbanização. Esse desafio que se coloca para o poder público é como o de consertar os motores de um avião lotado, em pleno vôo. Esse espaço já ocupado é o avião que, de qualquer forma, vai para algum destino dependendo dos propulsores. Esses propulsores a

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serem consertados, e também concertados, são o conjunto das políticas públicas concorrentes para a melhoria dos padrões de deslocamento, habitação, saneamento básico, saúde, educação e inclusão político-social. Mas, retomando o objeto central dessa discussão, o munícipe, aquele que inventa um lugar para morar, tem naquele avião esse lugar e o chama de cidade. Uma cidade que, no seu conjunto, irá para algum destino. Aqui se colocam os riscos de alguns grandes equívocos: a segregação sócio-cultural-territorial pode levar a classe dominante e, às vezes, a classe dirigente a pensar que o avião possa perder a cauda em pleno vôo e prosseguir viagem salvando-se o resto; a despolitização pode fazer com que muitos dos passageiros pensem que qualquer plano, de qualquer qualidade ou natureza, sirva para o conserto dos propulsores; o concerto dos propulsores não pode ser alcançado usando-se componentes de diferentes qualidades para as mesmas funções; o desconhecimento dos esquemáticos dos propulsores pode levar a intervenções inócuas ou, quem sabe, a um desastre; o desconhecimento do avião, dos seus passageiros e dos princípios que os compelem a empreender essa viagem tem seu análogo no vácuo deixado para trás do avião sem rumo. Mas, como dizíamos, aquele avião é um lugar e, como um lugar, tem suas formas, seus interiores, exteriores, suas fronteiras, sua origem, sua história, suas coordenadas de posição e suas direções. O lugar é um ente geográfico, e os seus atributos são geo-informação. Mas, atributos são passivos. Há outras geo-informações, de uma natureza intrínseca, cuja apropriação depende de uma visão mais ampla, e que extrapola o conhecimento do lugar e os seus atributos. São as relações que esse lugar estabelece e que, diferente dos atributos, conferem-lhe propriedades ativas/reativas. Essas propriedades derivam das relações de inserção, vizinhança, proximidade, e outras; das quais se podem derivar vetores de expansão e de indução da reordenação do espaço urbano interno e adjacente. São, todas essas, propriedades espaciais que podem afetar enormemente o conjunto da cidade, não se podendo ignorá-las ou tratá-las de maneira apartada do todo. Neste análogo, impõe-se a necessidade do pleno conhecimento do trinômio ente-atributos-relações para o sucesso das ações que

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visem conduzir aquele avião para um pouso seguro. Por essa razão defendemos modelos de conhecimento baseados em geo-informações e vemo-los como imprescindíveis para a gestão não apenas do nosso aero-modelo, mas da cidade real que esse modelo representa por analogia. Podemos dizer que o objetivo final deste trabalho é provocar discussões acerca de outras visões e possíveis leituras do complexo de interrelações que permeiam a cidade, em prol do aprimoramento dos modelos de conhecimento propostos e dos benefícios que destes podemos auferir na implementação de políticas públicas concertadas.

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INICIANDO

Colocar uma cidade inteira em meio digital ainda é uma tarefa fácil.

Difícil é tirá-la de lá!

De fato, com a rápida evolução dos periféricos e acessórios para a captura e conversão de dados, tornou-se uma tarefa relativamente fácil criar o “equivalente” digital para as informações, sejam elas de natureza alfanumérica, vetorial ou imagens “raster”. Nos anos 90, assistimos a uma verdadeira revolução das metodologias e técnicas para a captura de informações, acompanhada de uma popularização (entenda-se como fácil uso e baixo custo) dos insumos para a instrumentalização de tais processos. Alguns dos mais significativos avanços aconteceram nas áreas da restituição assistida por computadores, sistemas de posicionamento global (GPS), coletores de dados, telemetria, reconhecimento óptico de caracteres (OCR), câmaras digitais, “scanner”, etc. A informação “multimídia”, uma ficção nos anos anteriores, tomou conta dos veículos de comunicação de massa, dos sistemas de comércio e de serviços, do instrumental de trabalho das mais comuns atividades humanas. Ao final da década de 90, chega a ser difícil imaginar um mundo sem a informação “multimídia” e sem a Internet, sua grande precursora. Mas, o que parecia ser a solução, tornou-se um grande problema. É muita informação. Freqüentemente, podemos traduzir a tão popularizada expressão “navegar” como literalmente “naufragar”. Isto mesmo. Na busca de uma informação muitas vezes trivial do ponto de vista de quem a procura, mergulha-se num verdadeiro oceano de informações desnecessárias, redundantes e desconformes. Isto resulta não somente de um inadequado tratamento e modelagem do dado, como também de uma má contextualização do mesmo dentro de um modelo de conhecimento. Informação financeira é uma coisa, de engenharia é outra. O vertiginoso aumento da capacidade de armazenamento dos computadores e periféricos, com o conseqüente aumento da tolerância à geração de informações inúteis como a duplicação, a manutenção de várias versões de um dado muitas vezes ruim; só

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piora as coisas. Ao final, possui-se mais do que se deveria e obtém-se menos do que se necessita, ratificando a assertiva inicial. A solução parece estar na retomada de alguns princípios como a orientação dos processos para a aplicação final e jamais tê-los como um fim em si. Se uma informação destina-se ao uso pela engenharia, os métodos para sua captura, tratamento, organização e apresentação devem ser métodos da engenharia. Não se deve empregar uma técnica apenas por ser nova ou revolucionária, em detrimento do produto que dela se obtém. Um exemplo recente está no malogro do uso do GPS como uma técnica absoluta e substitutiva das demais utilizadas na obtenção de dados de topografia e de posicionamento no campo. O custo operacional do GPS (aparato e tempo para a obtenção do dado) cresce exponencialmente com o requisito da precisão, inviabilizando-o para o uso mais corriqueiro quando a precisão é exigida. Outro exemplo está no uso indiscriminado do “scanner” como uma técnica para conversão de dados para o formato digital. Neste caso, a rapidez e o baixo custo só fazem crescer descontroladamente as massas de dados inviabilizando os sistemas de recuperação e de aplicação da informação. Orientar os processos para a aplicação final significa “chamar” o usuário final para deste obter o modelo de conhecimento. Deve-se usar este modelo de conhecimento como um gabarito para a triagem e para a qualificação das informações. Deve-se modelar e organizar o dado segundo o conhecimento do usuário, para que o sistema produza o que se espera dele. Jogar o resto fora. Este trabalho é uma iniciativa e não pretende ser uma solução cabal para os problemas que se apresentam. Uma iniciativa orientada para os nichos das aplicações em saneamento básico, drenagem e planejamento urbano; com ênfase para as práticas da engenharia. O trabalho deve ser avaliado através deste prisma. Não deixa de sugerir, entretanto, uma mudança cultural no uso das informações, ao propor o objeto mínimo e completo como base do conhecimento. Aceito este conceito, seguem algumas recomendações.

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RECOMENDAÇÕES

a. A extração de um mapa deve ser orientada para o objeto de análise e não para a disponibilidade de informações. Em outras palavras, uma informação não é boa apenas por estar disponível, podendo desta forma extrapolar o conceito de completeza do objeto de análise, com prejuízo para a clareza e objetividade da informação. Presume-se, então, que o modelo de dados deva ser inspirado pela camada de aplicações; isto é, a partir de uma definição clara dos objetos que se pretende representar e dos produtos que se pretende obter da sua manipulação. Embora isto pareça óbvio, é comum encontrarmos a inversão dessa lógica na concepção de muitos sistemas de informações que privilegiam as tecnologias de armazenamento e de processamento dos dados, em detrimento dos modelos de conhecimento do universo de potenciais usuários do sistema. Como resultado teremos: produtos inadequados e incompletos que exigem retrabalho para a sua utilização; usuários insatisfeitos; sistemas que crescem até o colapso das máquinas e programas que lhes deram origem.

b. A definição de uma unidade territorial de análise constitui o primeiro passo para a geração de objetos mínimos. Por exemplo, na caracterização dos sistemas de esgotamento sanitário e de drenagem urbana para posterior análise dos dados, a unidade territorial compatível é a bacia elementar. Quando muito, alguma informação sobre o entorno imediato poderá ser útil na formulação dos indicadores da bacia, mas não na compreensão dos processos que nela ocorrem. Um sistema ideal deve oferecer flexibilidade para a criação, edição e modificação dessas unidades territoriais, de tal forma a incorporar a dinâmica dos processos de transformação do espaço, bem como permitir a projeção de cenários futuros a partir da compreensão dos mecanismos que operam nesses processos.

c. O software Microstation, utilizado nessa experiência, trabalha com um conceito de “arquivo semente” que deve ser bem compreendido. Nenhum arquivo é criado do “nada”, mas sim de um modelo para certas finalidades, quais sejam: mapeamento

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digital, mecânica, eletro-eletrônica, engenharia civil, arquitetura, modelagem tridimensional e assim por diante. Cada uma dessas finalidades trabalha com os seus próprios conceitos de “mundo” (abrangência geográfica), unidades e sub-unidades de medida, resolução espacial, tabela de cores, entre outros. Portanto, utilizar uma boa semente para o objeto das aplicações é garantia de bons produtos na outra extremidade do processo. Isto vale não somente para a criação de novos arquivos, mas também como um bom procedimento para a “importação” de informações de outros sistemas. Mais ainda, sugere a organização de bancos de dados modulares e distribuídos, antes que os grandes bancos de dados monolíticos e centralizados.

d. Na produção de impressões, do ponto de vista técnico, a escala do dado impresso é mandatária sobre outros aspectos como o formato do papel e o “arranjo” das informações. Com relação ao arranjo das informações, nas aplicações em mapeamento digital convenciona-se o norte para cima, não sendo recomendado rotacionar o mapa sob pretexto de obter um melhor “arranjo” na folha, em detrimento da escala que é mandatária, e da articulação dessa parte com as demais. O uso indiscriminado desse recurso produz objetos desconexos e de difícil rearticulação com todo de onde se originaram.

e. Sempre que possível, deve-se trabalhar com o conceito de arquivos de referência antes que a duplicação indiscriminada da informação. Segundo esse conceito, a área de trabalho é um recorte para o “mundo” das informações que, estando georreferenciadas, articulam-se no modelo que se pretende construir. Sendo assim, um produto que agrega informações como arquivos de referência implementa o conceito de “visão para o dado mais atual”, além de possuir tamanho mínimo.

f. A formação de um acervo das composições mais usuais agiliza sobremaneira o processo de geração de novos produtos. Além disso, favorece a criação de padrões para a apresentação das informações.

g. O melhor grau de acabamento de um produto deve ser obtido na tela do computador. Imprimir para corrigir é uma prática antieconômica e retrógrada.

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O AGENTE MOTIVADOR O Plano Diretor de Drenagem da Prefeitura de Belo Horizonte teve como um dos principais objetivos a criação de uma base de dados georreferenciada passível de atualizações e capaz de articular informações setoriais dos demais órgãos da administração direta e indireta, e seus interferentes. O sistema de informações assim conceituado, ao ser implementado, recebeu uma camada de aplicações cujo potencial de uso ultrapassou as melhores expectativas. Mostrou-se ser um instrumental indispensável para a gestão não somente do planejamento e da operação dos sistemas de drenagem urbana, mas também para servir como um esteio para as demais informações na integração das políticas setoriais da Prefeitura de Belo Horizonte. Por essa razão, tornou-se um importante eixo de sustentação das ações intersetoriais preconizadas na reforma administrativa e incorporadas pelo programa DRENURBS – Programa de Recuperação Ambiental e Saneamento dos Fundos de Vale e dos Córregos em Leito Natural de Belo Horizonte. Sendo inspirado pelo próprio Plano Diretor de Drenagem, o programa DRENURBS tornou-se o primeiro grande cliente do sistema de informações do Plano Diretor, demonstrando a necessidade de uma visão sobre o conjunto das informações setoriais para a formulação de propostas de intervenções integradas. Consequentemente, a arquitetura desse sistema tornou-se um gabarito para a captura, tratamento, modelagem e articulação das informações visando a concepção, a formulação de propostas, a prospeção dos recursos, o planejamento das ações e a gestão do programa DRENURBS, o qual tem se colocado como um duplo desafio: primeiro, o desafio que se coloca ao poder público de repensar suas políticas setoriais, buscando a efetiva gestão integrada dos recursos e investimentos; segundo, o desafio que se coloca à comunidade técnica de Belo Horizonte, que é o de propor soluções inovadoras do ponto de vista das práticas e relações tradicionais desta com o poder público, e que se baseavam numa visão compartimentada da cidade, inspirada no modelo anterior de gestão independente das políticas setoriais. Colocados esses desafios, entendemos ser condição indispensável para o sucesso

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uma gestão agressiva e bem informada, em vista da necessidade de articular as políticas urbanas para a dotação e adequação da infraestrutura urbana, com as políticas sociais visando não somente o bem-estar social, a saúde, a educação, o esporte, a cultura e o lazer; mas, principalmente, a inclusão social de amplos contingentes da população de Belo Horizonte. Somente a articulação dessas políticas (urbana e social), sob a ótica de um planejamento global, poderá proporcionar a efetiva recuperação e reintegração de amplos espaços à paisagem urbana, hoje degradados pela má ocupação. O Plano Diretor de Drenagem, todavia, preconiza e desenvolve outros programas como o de monitoramento hidrológico, bem como interage com programas de outros setores da administração pública municipal como o programa de controle das áreas de risco da Urbel e o Plano Municipal de Saneamento. A efetiva operacionalização do sistema de informações como instrumental de planejamento e de gestão, tende a oferecer uma base de informações atualizadas e articuláveis sobre as diversas unidades territoriais de interesse para cada setor. Além disso, essa operacionalização tem por finalidade também a disseminação e a transferência do conhecimento cristalizado na primeira fase pelo Grupo Gerencial do PDDBH para outros setores da administração pública de Belo Horizonte em seu esforço de modernização e de racionalização do uso dos recursos públicos. Atualmente, o GGSAN - Grupo Gerencial de Saneamento, a Urbel – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte e a Secretaria do Planejamento seguem os passos do Plano Diretor de Drenagem na articulação das suas próprias bases de conhecimento. Um exemplo notável foi a criação sistema de informações georreferenciadas do PMS – Plano Municipal de Saneamento, o qual deu origem à produção de todos os indicadores utilizados para a formulação do plano, desde a fase de diagnóstico, passando pela criação do ISA - Índice da Salubridade Ambiental e do estabelecimento das áreas prioritárias para as intervenções, até a fase de elaboração das propostas de intervenções. Tendo sido concebido e desenvolvido por uma equipe multidisciplinar e intersetorial, reunindo especialistas das áreas de infraestrutura, saneamento básico, drenagem urbana, saúde, resíduos sólidos, habitação, meio-ambiente e planejamento

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entre outras; esse trabalho tornou-se uma referência no âmbito da Prefeitura de Belo Horizonte pelo sucesso alcançado.

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INTRODUÇÃO Um sistema para a extração de mapas visando o procedimento de análises integradas deve ser idealizado de tal forma a prover os especialistas de objetos de análises mínimos e completos, extraídos de bases de dados contínuas. Tais objetos, gerados a partir de recortes espaciais, são identificados aqui como Unidades Territoriais de Análise e Planejamento Estratégico (UTAPE). Tendo como ambiente das aplicações o saneamento básico entendido no sentido mais amplo, o sistema a ser apresentado integra bases de dados dos serviços de abastecimento de água tratada; coleta, afastamento e tratamento de esgotos sanitários; dados da coleta e tratamento de resíduos sólidos; dados da geopolítica e da infraestrutura urbana; dados da caracterização e configuração dos sistemas de drenagem urbana; dados do planejamento, da habitação e sobre obras do OP - orçamento participativo. Assim contextualizado, o saneamento básico mostra-se ser um dos grandes eixos das ações do poder público para o equacionamento dos problemas que afligem principalmente os grandes centros urbanos. Essas informações, tipicamente mapas digitais integrados a bancos de dados alfanuméricos na formação de estruturas de informações georreferenciadas, têm origem em diversos setores da administração pública municipal de Belo Horizonte-MG e em diversos órgãos externos, dentre os quais as concessionárias de serviços públicos, o que resulta numa diversidade de formatos e padrões de armazenamento dos dados, tornando o acesso muitas vezes dependente da interface que criou a informação. Por essa razão, tornou-se uma premissa do desenvolvimento aqui apresentado a capacidade para “importar” dados dos diversos sistemas em uso na PBH – Prefeitura de Belo Horizonte e nos referidos órgãos externos, permitindo o acesso contínuo dessas bases de informações em um ambiente homogêneo e de fácil manutenção. A PBH hoje detém um dos maiores acervos de mapeamento digital entre as capitais brasileiras, com os seus mais de 15(quinze) anos de tradição na utilização do geoprocessamento e tecnologias correlatas. Todavia, consolidou-se uma prática pouco disciplinada de migração das informações entre sistemas baseada na replicação/exportação dos bancos de dados originais, os quais

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vêm sofrendo atualizações setoriais descoordenadas. Isto se dá em conseqüência de uma solução centralizada e de pouca capilaridade, exigindo um trabalho de prospeção e triagem dos dados nas suas fontes, sob pena de realimentar o já reconhecido processo de desagregação da informação. Para se ter uma idéia do que temos dito, o banco de dados original mantido pela PRODABEL encontra-se ambientalizado no APIC, sistema esse pouco disseminado nos órgãos municipais de Belo Horizonte, e menos ainda em outras localidades, constituindo uma “ilha” de cultura de geoprocessamento. Mais disseminado que o sistema central, pelo seu grande potencial de uso, o MAPINFO encontra-se em setores chave da administração pública municipal como a Secretaria de Planejamento, Secretaria de Saúde, Secretaria de Limpeza Urbana e na própria PRODABEL. Muito utilizado também em outras localidades, o MAPINFO, que já criou uma ampla base cultural entre os profissionais do planejamento e da gestão, peca pela falta de aptidões para as práticas da engenharia, o que não o descredencia para o uso nos outros setores. Na engenharia, enquanto ferramenta de projetos, o AUTOCAD, cuja consagração antecede o próprio advento das tecnologias de geoprocessamento, permanece em uso notadamente nos setores tradicionais da engenharia civil, mecânica, arquitetura e eletro-eletrônica, os quais permeiam muitas das mais importantes atividades da administração pública. Isto é um fato a ser relevado, a despeito da fraca intercambiabilidade do dado geocodificado dos sistemas de geoprocessamento com o “mundo” do AUTOCAD (CAD – Computer Aided Design, ou seja, Projetos Assistidos por Computadores). Pode-se dizer, isto se deve muito mais à barreira cultural dos seus próprios usuários do que às limitações do programa. Para a engenharia, deve-se pensar numa solução que possua uma forte interface para o AUTOCAD e, por que não, tê-lo como parte integrante de uma solução ao invés de procurar um programa que o substitua. Empresas projetistas, consultorias e prestadores de serviços de engenharia em geral o tem como indispensável ferramenta de trabalho, sem contar o imenso acervo técnico formado ao longo das últimas três décadas. Essa parece ser uma tendência em Belo Horizonte.

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Alguns setores da PBH como a habitação, infraestrutura urbana e saneamento, com acentuada vocação para as práticas da engenharia, buscaram uma solução de geoengenharia que pudesse instrumentalizá-los adequadamente na formação de complexos modelos de informações georreferenciadas, capazes de constituir verdadeiras réplicas da cidade real. A escolha recaiu sobre o MICROSTATION GEOGRAPHICS, uma solução sem similar no mercado no que concerne às capacidades de intercambiar dados com outros sistemas, tratamento de grandes massas de informações, edição e processamento de dados vetoriais e integração com bancos de dados comerciais de diferentes fabricantes e tecnologias. Embora seja a mais recente cultura de geo-informações no âmbito da Prefeitura de Belo Horizonte, a Bentley, detentora dos direitos da família de produtos do MICROSTATION GEOGRAPHICS, é uma das mais tradicionais empresas do mundo no desenvolvimento de soluções de geoengenharia. Por outro lado, o potencial integrador da solução baseada no MICROSTATION pode ser indicativo não de uma “nova solução”, em detrimento dos investimentos já realizados em outros setores da PBH, mas de uma solução para a diversidade existente, integrando e preservando as soluções já encontradas. Esta estratégia sugere apenas uma melhor coordenação das atualizações das bases de informações, as quais devem ser feitas de forma descentralizada e pelos setores competentes, como uma imposição do modelo aqui apresentado. Mas, como veremos no desenvolvimento desta proposta, não nos deteremos na discussão de soluções tecnológicas para o sistema de informações em si, que para nós é importante, mas ainda uma atividade-meio. Nossa discussão será sobre como as diversas soluções encontradas podem integrar-se na formação de uma cultura de informações verdadeiramente transformadora, orientada para os modelos de conhecimento das atividades-fim, e que vise a melhoria do desempenho do planejamento e da gestão integrada dessas atividades. O nosso trabalho parte de um conhecimento da cidade; do seu território e dos seus lugares; das suas demandas e necessidades; das suas vocações e potenciais; e de como o poder público pode somatizar os saberes das políticas setoriais,

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articulando-os num modelo de gestão global. Falamos da cidade real e, sendo assim, não se dispensa um conhecimento amiúde da sua sociedade, da sua cultura e da sua história. Perceba-se que desta diversidade de entendimentos daquilo que chamamos “cidade” (território, lugares, demandas, necessidades, vocações, potenciais, sociedade, cultura, história, etc.) surge a singularidade, qual seja a existência e a identidade única de um local quando deste nos apropriamos dos entendimentos acima. É desta matéria que tratamos aqui e de como este conhecimento pode vir a contribuir para a construção de “lugares melhores”.

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I.I.I.I. PROCESSAMENTO DE INDICADORES DE GESTÃO E PROCESSAMENTO DE INDICADORES DE GESTÃO E PROCESSAMENTO DE INDICADORES DE GESTÃO E PROCESSAMENTO DE INDICADORES DE GESTÃO E

ANÁLISES INTEGRADASANÁLISES INTEGRADASANÁLISES INTEGRADASANÁLISES INTEGRADAS EXTRAÇÃO DE MAPAS O sistema que apresentaremos, denominado SEMAI-X, opera no ambiente de projeto do Microstation Geographics , baseando-se na análise integrada das topologias representativas dos objetos do mundo real, e dos seus respectivos atributos alfanuméricos armazenados num banco de dados relacional. A Figura I.1 mostra os dados alfanuméricos relacionados à uma obra do OP (orçamento participativo) em destaque (à direita) e os dados da UP (unidade de planejamento) na qual a obra se insere (à esquerda). Sendo uma das principais bandeiras do governo democrático popular de Belo Horizonte, o OP tem como um dos principais critérios a equanimidade da distribuição dos recursos orçamentários previstos para suas obras. Isto pressupõe uma distribuição espacial das intervenções que é equacionada sobre a divisão da cidade em UP’s.

Figura I.1 Dados sobre obra do Orçamento Participativo.

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Para o perfeito funcionamento do programa, exige-se um arranjo dos diretórios de projeto, o qual não impõe limites nem quanto ao número, nem quanto ao tamanho dos projetos. Para um não especialista, um “projeto” pode ser entendido como um banco de dados setorial, por exemplo, resíduos sólidos. Tendo os requisitos da modularidade e do tempo de resposta como mandatários, essa estrutura sugere a criação de diversos dispositivos de banco de dados, antes que uma estrutura monolítica contendo “todas” as informações. Um outro forte apelo para a adoção desta estrutura é o requisito da facilidade de manutenção das informações. Na estrutura monolítica, a atualização é centralizada e dificultada pelo manuseio das informações fora das suas fontes, além da inevitável defasagem entre a captura e a conversão do dado. Na estrutura proposta, a atualização é descentralizada e realizada pelo “dono da informação”, o que confere ao dado confiabilidade e atualidade.

Figura I.2 – Tela Principal do Sistema SEMAI-X

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A tela principal do sistema SEMAI-X, conforme a Figura I.2, é composta por uma série de módulos e comandos, sendo os mais relevantes descritos a seguir. Drive: O sistema foi idealizado para permitir o acesso às bases de dados locais, bases de dados remotas através de redes, ou bases de dados “removíveis” gravadas em CD. Essa flexibilidade permite inclusive a alternância das fontes durante os processos de extração dos mapas e análise das informações. Os “drivers” padrão são C: para o disco local, D: para o CD-ROM e V: para um disco remoto acessível através da rede. Para o correto funcionamento, o programa exige as configurações dos “drivers” acima e a correta configuração dos NFD’s do ODBC. Embora possa parecer complicado para um leitor desavisado, essa configuração do ODBC é simples, podendo ser feita por qualquer operador minimamente treinado para usar o sistema. Não é, todavia, matéria deste livro. Pesquisa: O sistema ampara-se na pesquisa por endereço utilizando o sistema viário completo da cidade como base. Este comando inicia o processo de busca de uma localidade, que se procederá como segue. Nome: Neste campo deverá ser introduzida parte do nome de um logradouro, sem acentos, podendo ser digitada em maiúsculas ou minúsculas. Em resposta, o sistema oferecerá uma lista de todos os nomes de logradouros contendo a ocorrência daquela “parte”, com indicação complementar do nome popular do bairro, para que o operador proceda à escolha precisa do local. A Figura I.3 ilustra a resposta do sistema ao nome dado “sao paulo”. É muito comum nas cidades brasileiras a ocorrência de vários logradouros com o mesmo nome. Essa dificuldade fica reduzida trazendo-se o nome do bairro como um atributo do logradouro como mostrado na figura. Há questões também relacionadas com a grafia de certos nomes ou com os conectivos corretos. Dificuldades deste tipo são contornadas utilizando-se apenas parte do nome como semente para a pesquisa inicial. Feito isto, o sistema oferecerá uma lista com os nomes

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válidos cadastrados na base de logradouros oficiais, poupando o operador do trabalho de refazer a pesquisa.

Figura I.3 – Lista sugerida de Nomes de Logradouros

Confirmada a escolha do logradouro pelo operador, seguir-se-á a busca do endereço especificado em um banco de dados, informação esta disposta no mapa da região onde o logradouro se encontra, sendo destacado em alto-brilho um dos seus trechos conforme ilustra a Figura I.4. Identificado o local, a tela principal do programa apresenta botões para a agregação de várias informações setoriais que sejam de interesse na composição de um mapa, a saber: toponímia dos logradouros, geopolítica, saneamento, planejamento, habitação, projetos e programas. As funcionalidades do sistema se completam com um conjunto de botões para a visualização, consultas aos bancos de dados e impressão dos mapas compostos. Banco: Podendo alternar entre diversos dispositivos de banco de dados, o sistema informará neste campo o dispositivo ativo naquele momento da aplicação, existindo botões que permitem a navegação entre vários dispositivos.

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Figura 1.4 – Mapa da localização de um endereço

I.A. Informações ao Estudo, Projetos e Acompanhamento das Obras do Orçamento Participativo

Na execução das políticas sociais e urbanas da Prefeitura de Belo Horizonte, as obras do OP (orçamento participativo) têm imposto uma nova dinâmica das ações do poder público, preconizando intervenções setoriais integradas na reordenação e adequação do espaço, na dotação de infraestrutura e de equipamentos urbanos.

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Neste sentido, um estudo da viabilidade e do impacto dessas obras exige a articulação de várias camadas de informações, formando uma complexa rede de interrelações, indispensável para a tomada de decisões, para a definição das prioridades e para a resolução orçamentária das obras. São dados da caracterização do espaço urbano objeto do empreendimento e do seu entorno imediato; dados da infraestrutura urbana, dos equipamentos e das redes de serviços públicos existentes; dados indicadores da sócio-economia local e da qualidade de vida das populações beneficiadas direta ou indiretamente; e dados do planejamento global. Superadas as dificuldades para a obtenção e sistematização dessas bases de informações, surge a necessidade de uma adequada instrumentalização dos processos de extração dos dados em vista das crescentes demandas do Orçamento Participativo enquanto um programa de governo, e enquanto uma via cada vez mais consolidada da participação popular nos processos decisórios desse mesmo governo. A seguir, numa seqüência de ilustrações, mostra-se a flexibilidade do sistema ao compatibilizar informações intersetoriais de diferentes escalas, oferecendo uma mesma referência espacial para as fases de estudo, planejamento, projeto, execução e cadastro das obras. Entre as fases iniciais de estudo e de planejamento, desenvolve-se todo o processo decisório participativo, sendo este o grande diferencial do OP para o processo decisório tradicional. A confiança que o OP tem ganho dos cidadãos e das entidades participantes, em boa parte, deve-se à proficiência e exatidão das informações que subsidiam as discussões, a aplicação dos critérios e, por fim, as tomadas de decisão. Pode-se dizer, as informações são indispensáveis para conferir transparência a um processo que, no conjunto da cidade, não privilegia a priori as regiões beneficiadas pelas obras, mas sim as contempla sob a aplicação de um conjunto de critérios rigorosamente equânimes. Isto significa que o conjunto das informações deve ser homogêneo, abrangendo a cidade até os seus limites. Caso contrário, seria impossível a aplicação dos mesmos critérios para todos os pleiteantes. Este princípio da isonomia no trato das informações que subsidiam os processos decisórios é igualmente válido para o processo tradicional. Mas, não basta deter as informações. É importante observar, em primeiro

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lugar, o pressuposto da continuidade no acesso às informações, a despeito dos diferentes “mundos” que as mesmas representam; e, em segundo lugar, o pressuposto da “sobrevida” do produto das informações nas fases subseqüentes aos estudos preliminares, pelo fato de tratar-se de um objeto georreferenciado, passível de atualizações sucessivas, supressão e/ou agregação de novas camadas de informações, e articulação com outros objetos georreferenciados. A Figura I.5 tem como objeto de análise a contextualização da obra de reassentamento na Vila Várzea da Palma – Regional de Venda Nova. Essa obra teve como órgãos executores a SUDECAP – Superintendência de Desenvolvimento da Capital e a URBEL – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte. Como mostrado, coloca-se a obra frente à divisão geopolítica, o mapeamento das áreas carentes da cidade, e as outras realizações do OP concluídas ou em andamento. A abrangência da área mapeada sugere uma escala de estudo e planejamento, não possuindo muitos detalhes de interesse técnico. A Figura I.6, por sua vez, tem como objeto de análise a mesma área, estando numa escala apropriada para o orçamento e projeto das obras. São ali acrescentadas informações sobre redes de serviços de saneamento existentes, canais de drenagem, curvas de nível, etc.

Figura I.5 – Contextualização da obra 122 do OP-2001/2002

Limites das Unidades de Planejamento Áreas Atuação

da URBEL

Obras do OP

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Figura I.6 – Área de inserção da obra 122 do OP-2001/2002

Já a Figura I.7 propõe uma escala de detalhe, apropriada para o acompanhamento e medição; análise das interferências; e cadastro das obras executadas, realimentando a base de informações.

Figura I.7 - Detalhe da área da obra 122 do OP-2001/2002

Área de Inserção da Obra

Descarga de Esgotos nos Canais em Leito Natural

Limites de Sub-Bacias

Canais de Drenagem em Leito Natural

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I.B. Informações ao Planejamento As atividades do planejamento são muito favorecidas quando subsidiadas por informações precisas e atualizadas. Todavia, a disponibilidade e a quantidade das informações podem nada significar quando formatos, escalas e convenções para a sua apresentação são incompatíveis, formando um todo inconsistente. Mesmo quando superadas as dificuldades para a obtenção das informações como as bases do urbanismo, das redes de serviços e dos equipamentos urbanos como saneamento básico, saúde, educação, segurança, lazer etc; os produtos da superposição dessas informações obtidos pelos métodos convencionais são cartas geográficas passivas, as quais desinformam na medida em que se desatualizam e na medida em que não incorporam a dinâmica urbana de criação e de transformação dos meios de acesso aos bens e serviços. Neste sentido, o conceito de periferia confunde-se com o conceito da exclusão social se, a rigor, entendermos “periferia” como sendo a não acessibilidade aos bens e serviços – Lemos, M.B. (Fonte: Revista Política Social – Secretaria Municipal de Coordenação de Política Social – PBH – Julho-Agôsto/2001). Pode-se, todavia, diferenciar o que seja “periferia do urbano”, como conceituado acima, e “periferia social”, esta última sendo a negação do acesso e não a ausência das condições de acessibilidade. A “periferia urbana” é visível nos mapas, pois, configura-se como regiões desprovidas de equipamentos. As comunidades que ali vivem não são necessariamente “excluídas”, mas são periféricas. A “periferia social” não é tão visível, mas poderá ser “mapeada” se incorporarmos àquelas cartas geográficas passivas a representação espacial dos meios de acesso aos centros de produção de bens e de serviços. Isto pressupõe a incorporação de uma dinâmica de atualização aos mapas, tornando-os réplicas atualizadas da cidade real. Mas, a dotação da cidade de infraestrutura física para acesso aos centros de produção de bens e serviços não basta para garantir a acessibilidade universal, ou seja, de todos os segmentos da população. Há que se ponderar sobre a disponibilidade do transporte público, o custo desse transporte, a sua eficiência nas horas de concentração do desejo de viagem (horários de pico), e tudo mais que possa significar uma impedância na transposição do espaço geográfico que separa o indivíduo em sua moradia do ponto

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de acesso ao serviço. Por exemplo, em alguns grandes centros urbanos, para os moradores de condomínios relativamente afastados dos centros, a acessibilidade é assegurada pelo transporte particular, o qual se utiliza muitas vezes de infraestruturas viárias privilegiadas, pedagiadas, garantindo o rápido deslocamento e acesso para alguns. Todavia, às comunidades vizinhas daqueles condomínios, a acessibilidade é negada quer pela inexistência de um serviço de transporte público coletivo, quer pelo custo desse transporte, ou ambas as razões. Essas comunidades constituem periferias urbana e social. Outro exemplo são algumas vilas e favelas de Belo Horizonte, muitas das quais sem uma infraestrutura viária adequada para a circulação de veículos automotores, embora incrustadas na grande cidade, têm o acesso negado aos serviços essenciais como a coleta de lixo, atendimento de urgência e policiamento; com graves conseqüências para a saúde, a salubridade ambiental e a segurança públicas. No primeiro exemplo, é o indivíduo que se desloca ao pólo de atração. No segundo exemplo, o pólo de atração é o indivíduo em sua comunidade, cabendo ao prestador do serviço empreender os esforços para a transposição do obstáculo denotado aqui como falta de infraestrutura viária. É claro que essa inversão de papéis é apenas aparente, pois, apenas ao potencial beneficiário do serviço cabe o ônus da “negação do acesso”. Essas comunidades não estão na “periferia urbana” mas na “periferia social”. O seu mapeamento se completa quando às informações atualizadas sobre a disponibilidade de equipamentos e de meios de acesso, somam-se as informações dessas comunidades que habitam áreas ambientalmente degradadas, áreas de risco para o assentamento urbano e áreas de ocupação desordenada e caótica. Não se caracterizando como urbanas, essas áreas normalmente estão ausentes na cartografia oficial e essa constitui a maior dificuldade a ser superada. Acreditamos que o entrelaçamento das ações do poder público visando a reordenação do espaço urbano com as demais ações visando a inclusão social poderá proporcionar a efetiva apreensão da intersetorialidade como conceito fundamental para um planejamento global da cidade. Desta forma, o planejamento global tendo a territorialidade como a compreensão de como se aglutinam e se organizam os meios de acesso aos bens e serviços disponíveis

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na cidade, necessita instrumentalizar-se para capturar as informações e articulá-las num modelo real da cidade, o qual extrapola limites administrativos, limites setoriais e geopolíticos; que são remanescentes de uma visão compartimentada da cidade. Mais do que obter indicadores estáticos, é necessário espacializá-los e interrelacioná-los com os fluxos dos serviços na construção de uma réplica da cidade. O ambiente para a construção de tal modelo é o de um SIG (Sistema de Informações Georreferenciadas), por razões da natureza espacial das informações, e que seja capaz de importar dados de diversas fontes e em variados formatos. E como um pressuposto do próprio modelo de conhecimento que se pretende estabelecer, a parametrização dos indicadores mapeados torna-se imprescindível para que o sistema seja capaz de dar respostas imediatas seja para a projeção de cenários, seja para a imposição de restrições às inúmeras variáveis que compõem o modelo.

Figura I.8 – Destaque das Regionais Oeste e Centro-Sul na

Proposta de Modificação dos Limites A Figura I.8 mostra uma composição de informações de diversas fontes, a saber: Secretaria do Planejamento, Urbel, Sudecap e Prodabel. Sobre essas informações, coloca-se a proposta de uma nova divisão das Regionais para Belo Horizonte.

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I.C. Diagnósticos das Áreas Carentes de Infraestrutura Urbana, Moradia, Serviços Básicos de Saneamento, Educação e Saúde

Historicamente, os setores do saneamento básico e da infraestrutura urbana têm representado grande parcela dos investimentos nos Orçamentos Participativos desde 1994 a 2002. Em termos do número de empreendimentos, as obras de infraestrutura totalizam 391, frente a um total de 852 obras, correspondendo a um percentual em torno de 46%; e, em termos dos recursos aprovados, essas obras respondem por nada mais nada menos que R$ 112.679.144,00, em um total de R$ 281.997.456,00 de recursos aprovados, correspondendo a um percentual em torno de 40%. No OP-1999/2000, que teve significativa participação popular, o setor de infraestrutura destaca-se com 59 dos 124 empreendimentos aprovados, correspondendo a 47,58% do total (Fonte: Revista PLANEJAR BH – Secretaria Municipal de Planejamento – PBH – Dezembro/2000). Esses números são indicativos do quanto o setor de infraestrutura é importante na consecução do projeto político democrático-popular, quer seja como um fim em si, quer seja como uma base de sustentação e, por que não dizer, de indução das demais políticas sociais como saúde, habitação, educação, esportes, cultura, lazer, etc. Considerando o Orçamento Participativo como principal canal de participação popular nos processos decisórios do executivo municipal de Belo Horizonte, e tendo-o também como o mais efetivo meio de controle social da execução orçamentária deste mesmo, diante do quadro exposto acima, há que se perguntar: como instrumentalizar a gestão, de tal forma que essa possa antecipar-se aos reclamos populares nas ações do planejamento e na preconização de respostas? Entendemos ser esta uma importante questão que se coloca. O aperfeiçoamento e a qualificação do processo do OP têm cristalizado os seguintes critérios: abrangência e relevância social. O critério da abrangência, representando o contingente populacional beneficiado diretamente pela reinvidicação, quando estendido ao conjunto da cidade, pode transformar-se em importante agente da distensão social, beneficiando indiretamente o conjunto da sociedade. O critério da relevância social, representando a reiteração de solicitações anteriores, pode

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transformar-se em importante agente da universalização dos benefícios das obras do OP.

Em resposta à questão central de como instrumentalizar a gestão..., ficam as seguintes impressões:

a. O esteio de todas as informações deverá ser o planejamento

global tendo como objeto o conjunto da cidade enquanto infraestrutura e disponibilidade de serviços públicos e do espaço urbano;

b. Registros das políticas setoriais da infraestrutura, habitação, saúde, educação, esportes, cultura e lazer são indispensáveis;

c. Torna-se mister a agregação de informações temáticas da demografia e da sócio-economia, indispensáveis para a avaliação da inserção social e da relevância das obras, bem como da abrangência social. Em Belo Horizonte, o indicador IQVU - Índice de Qualidade de Vida Urbana - foi construído para ser um instrumento que possibilite uma distribuição mais eficiente e justa dos recursos públicos municipais, agregando dados da oferta de serviços urbanos essenciais existentes no local e dados da acessibilidade dos moradores a serviços oferecidos em locais mais ou menos distantes, utilizando-se do transporte coletivo. Para o seu cálculo foram definidas 13(treze) variáveis ou setores de serviços, a serem quantificados: Demografia, Abastecimento, Assistência Social, Educação, Esportes, Cultura, Habitação, Infraestrutura Urbana, Meio Ambiente, Renda Média, Saúde, Segurança, e Serviços Urbanos. (Fonte: Home Page www.pbh.gov.br da PBH – TEMA: Qualidade de Vida ).

d. Um cadastro histórico das obras do OP, desde a sua criação, propiciará a aplicação mais justa do critério da relevância social;

e. O cadastro das redes de serviços básicos (água, esgoto, drenagem, etc.) e da dotação de infraestrutura urbana é indispensável para a classificação das áreas contempladas na discussão das prioridades;

f. A base cadastral alimentada com registros de visita ao campo e com diagnósticos, caracterizará áreas elegíveis para futuros

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empreendimentos, permitindo a antecipação das ações do planejamento e da discussão das prioridades;

g. Todas as informações articuladas deverão integrar um modelo contínuo da cidade, até os seus limites;

h. O melhor ambiente para abrigar esses dados é um sistema de informações georreferenciadas (SIG), capaz de importar e exportar dados para uma ampla variedade de aplicações para gestão, planejamento e projetos de engenharia.

As figuras que seguem são produtos de um trabalho de diagnóstico dos sistemas de esgotamento sanitário de Belo Horizonte, os quais foram realizados pela equipe técnica do GGSAN – Grupo Gerencial de Saneamento da Sudecap. Nesses casos, importante lembrar, a metodologia desenvolvida é fortemente induzida pelo modelo conceitual da base de informações, que por sua vez, é um reflexo do próprio modelo de conhecimento, significando que essa base de informações está orientada para o problema que se pretende resolver e para as propostas que se pretende formular. Outro aspecto importante a ser observado é a sua completeza e adequação ao objeto de estudo. A Figura I.9 exibe um mapeamento preciso das áreas não atendidas pelos sistemas de esgotamento sanitário existentes, bem como apresenta propostas de expansão dos sistemas. Ali são apresentados dados cadastrais dos sistemas existentes; modelagem e codificação em cores dos sub-sistemas (ou micro-bacias) e suas áreas de esgotamento (fundo branco); e propostas de expansão das redes para as áreas internas às “manchas” de não atendimento. Pode-se observar também os limites das bacias de drenagem e de esgotos (contornos azuis e vermelhos espessos ao lado direito superior); um ponto de descarga de esgotos em galeria de águas pluviais (célula azul no centro ao alto). A Figura I.10 mostra uma área em expansão (zona hachurada na porção central da figura), caracterizada pelo vazio urbano, uma zona de transição (mancha de área não atendida) e a cidade formal.

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Figura I.9 – Mapeamento de áreas não atendidas por redes de

coleta de esgotos Observam-se também diversos pontos de descarga de esgotos em canais em leito natural (no canto superior esquerdo e à direita da mancha central), o que invariavelmente representa condições de insalubridade para a população e de danos ao meio ambiente. Na Figura I.11 vemos um cenário das duas situações em destaque, tendo a variável de Infraestrutura do IQVU mapeada ao fundo. Como sugerido, a mancha verde, cobrindo unidades de planejamento com disponibilidade de serviços de esgotamento sanitário inferior a 75%, pode constituir-se em fator decisivo no estabelecimento de prioridades neste caso. Percebe-se o grande potencial de uso da base de dados georreferenciados, tendo o vínculo espacial como elemento-chave na formação de réplicas ativas do mundo real, incorporando a dinâmica da evolução dos meios físico, ambiental, geopolítico e sócio-econômico no tempo. Conhecer essa evolução, racionalizá-la de uma forma participativa, interferir e induzi-la na produção de um espaço urbano cada vez mais qualificado é, em resumo, o modo democrático-popular de pensar a cidade.

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Figura I.10 – Mapeamento de área de expansão urbana

Figura I.11 – Áreas não atendidas e em expansão sobre a

malha de redes coletoras de esgotos.

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I.D. Levantamento das Áreas Não Atendidas pela Coleta de Esgotos Sanitários nas Bacias Prioritárias do Drenurbs:

A cidade de Belo Horizonte sofre com uma desigualdade comum nas cidades brasileiras, principalmente os grandes centros urbanos. Trata-se da falta de acesso a serviços essenciais, como o afastamento de esgotos e de resíduos sólidos (lixo), por grandes contingentes populacionais segregados e excluídos da vida urbana. Esse verdadeiro bloqueio sofrido por aquelas populações, tem um componente físico e um componente lógico. O componente lógico relacionando-se com a falta de acesso ao mercado de trabalho, à renda, à escola e aos serviços de saúde; é um problema político-social. Entretanto, e como uma conseqüência direta da falta de acesso à renda, esse componente associa-se ao físico que está relacionado com a ocupação das áreas impróprias ao assentamento urbano e das áreas ditas “livres”, constituindo um complexo desafio para o poder público. São condições de moradias insalubres, de risco para a integridade física e para o exercício pleno da cidadania por aquelas populações. E como uma resposta à falta de uma solução global para esses problemas, surgem verdadeiras “periferias urbanas” encravadas na cidade. Essas áreas crescem em detrimento não apenas do que poderíamos chamar de “ordenação urbana”; mas em detrimento também da qualidade de vida e ambiental do conjunto da cidade e de toda a sociedade. Esse fenômeno, que se dá igualmente em nossas cidades médias e grandes, traz como contribuição expor um quadro de injustiça e desigualdade social, e os equívocos de um modelo insustentável de desenvolvimento urbano, o qual induz e produz o não-urbano, sua própria negação, através do processo de exclusão social. O repensar desse modelo exaurido está a exigir o planejamento e a incorporação pelo poder público, de uma política intersetorial conjugada e não apenas combinada como no passado. A diferença está em que as ações combinadas perpetuam os desvios das visões setoriais estratificadas, restando as políticas compensatórias como única forma de mitigar as distorções que elas provocam. Ao contrário, a ação conjugada pressupõe mecanismos de precedência dentro de um compromisso único, qual seja o resgatar da cidadania para amplos contingentes populacionais. Esse diagnóstico tem como objetivo materializar a existência dessas áreas de exclusão na

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cidade de Belo Horizonte - MG, sinalizando para algumas situações agudas que estão a merecer uma reflexão não apenas do poder público, mas de toda a sociedade. O Programa DRENURBS O Programa de Recuperação Ambiental e Saneamento dos Córregos em Leito Natural de Belo Horizonte visto apenas pela ótica da limpeza, desobstrução, contenção, estabilização e paisagismo das margens dos córregos da cidade; seria insustentável devido à manutenção futura. Para a sua correta consecução, pressupõe-se intervenções em 3(três) grandes eixos, a saber: o saneamento básico, a reordenação do espaço urbano (ocupação) da bacia e a educação ambiental. No primeiro eixo, fazer o saneamento básico significa coletar e afastar os esgotos lançados nos córregos para as estações de tratamento, através da interceptação dos mesmos. Essa linha de ação requer a dotação da área da bacia de uma infraestrutura urbana, para a efetiva separação dos efluentes de esgotos das águas pluviais. Outra componente igualmente importante no eixo do saneamento básico é a coleta e afastamento dos resíduos sólidos de natureza orgânica para os aterros sanitários, e os de natureza inorgânica para os pontos de processamento. Isto também requer a dotação da área da bacia de infraestrutura adequada para o transporte dos resíduos sólidos nela produzidos. O segundo eixo, em parte resulta das ações do primeiro, mas com a componente social. Em sua maioria, essas áreas, quer nas faixas ribeirinhas quer nas faixas ascendentes, estão ocupadas. Para a dotação dessas áreas de uma infraestrutura urbana, preconizam-se ações sociais visando assistência às famílias sujeitas à remoção. Isto pressupõe ações conjugadas nos eixos da habitação e da assistência às famílias no que tange à sua reintegração no corpo da cidade, dando-lhes não só condições de moradia, como também condições de saúde, educação e lazer; podendo este último estar fundamentado na própria reordenação e ocupação do espaço marginal aos córregos. Todavia, a sustentabilidade deste eixo da reordenação do espaço urbano, depende de um programa de renda

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familiar para a efetiva reintegração dessas populações à vida urbana. Finalmente, com relação ao terceiro eixo, o da educação ambiental, pensa-se ser necessário, em primeiro lugar, dar condições de salubridade para uma população que vive sob risco de saúde e de integridade física; em segundo, requalificar o ambiente onde vivem para, então, educar do ponto de vista ambiental. Essas duas ações são preconizadas pelos outros 2 (dois) eixos; ou seja, o do saneamento básico e o da reordenação do espaço urbano. Entretanto, um processo educativo em qualquer direção específica, no caso a educação ambiental, tem como uma componente essencial a educação fundamental. Numa ponta, está a própria capacitação dessas populações para apreender os conteúdos do processo educativo específico. Na outra ponta, está a capacitação do poder público para implementar o programa educativo. Isto sugere que, além das contribuições dos desenvolvimentos dos outros eixos, a educação pública com acesso pleno e universal torna-se um importante pilar de sustentação do programa como um todo, tanto no que se refere à atração da “clientela” para o processo educativo, como no que se refere a instrumentalização do poder público para efetivamente educar. O exemplo destacado do levantamento que se apresenta a seguir é preliminar, sem verificações de campo, produzido a partir de dados cadastrais relativamente atualizados e do geoprocessamento de informações em banco de dados mantidos num SIG - Sistema de Informações Georreferenciadas do GGPD – Grupo Gerencial do Plano Diretor de Drenagem. Para efeito da produção dos resultados apresentados, foram utilizadas as seguintes bases de informações, bem como os dados alfanuméricos a essas associados:

Camadas de Informações Ano Fontes Divisão das bacias elementares do cadastro técnico do Plano Diretor de Drenagem da PBH.

1999 GGPD – Grupo Gerencial do Plano Diretor de Drenagem.

Hidrografia da cidade de Belo Horizonte (rede de macrodrenagem ).

1999 GGPD – Grupo Gerencial do Plano Diretor de Drenagem.

Mapeamento das Vilas, Favelas e Conjuntos Habitacionais.

2002 URBEL – Secretaria da Habitação.

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Redes de coleta e afastamento de esgotos sanitários (redes coletoras e interceptoras).

2002 COPASA.

Mapeamento dos setores censitários do IBGE

2002 IBGE / Secretaria do Planejamento da PBH

Imagens do Vist@érea. 1999 Prodabel. Informações Geoprocessadas 2002 GGPD - Grupo Gerencial do

Plano Diretor de Drenagem Passos do Processamento das Informações: 1. Mapeamento das manchas urbanas não cobertas pelas redes

coletoras de esgotos operadas pela COPASA dentro dos limites das bacias elementares em estudo.

2. Agregação dos dados do Censo 2000 do IBGE. 3. Geoprocessamento das manchas não atendidas para produção

dos relatórios dos setores censitários total ou parcialmente incluídos nas manchas.

4. Estimativa das parcelas de contribuição por setor censitário a partir dos mapas.

5. Totalização das populações das manchas não atendidas pelas redes de coleta e afastamento dos esgotos.

6. Agregação dos dados do cadastro geral das redes de macrodrenagem de Belo Horizonte.

7. Agregação dos dados cadastrais da COPASA sobre os pontos de lançamentos de esgotos em canais das redes de macrodrenagem e em galerias de águas pluviais.

8. Composição das áreas mapeadas com as imagens do Vist@érea (aerofotos ortorretificadas em escala 1:2.000 de Belo Horizonte).

9. Considerações Metodologia

A Prefeitura de Belo Horizonte, através do Programa Drenurbs – de Recuperação Ambiental e Tratamento dos Fundos de Vale dos Córregos em Leito Natural tem contemplado um dos principais aspectos da reforma administrativa implementada a partir do ano de 2001. Trata-se da intersetorialidade, que pode ser entendida como o planejamento, a execução e a sincronização das intervenções setoriais para a produção do espaço urbano em seu amplo sentido.

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Dentro dessa visão, os grandes programas sociais e de desenvolvimento urbano da prefeitura devem interagir, potencializando as ações setoriais neles preconizadas. O Drenurbs é um programa inovador e ao mesmo tempo aderente a esta nova visão, já que propõe manter os córregos da cidade em leito natural, reintegrando-os à paisagem urbana ao tratar suas águas e margens. Isto significa resolver o problema de esgotamento sanitário, coletando e tratando os esgotos despejados “in natura” nos córregos; dotar as áreas de drenagem desses córregos de infraestrutura para dali retirar os resíduos sólidos que são carreados para o corpo d’água; recuperar a calha dos córregos, incluindo o desassoreamento, a estabilização e contenção das margens; promover a integração social das populações ribeirinhas equacionando os problemas de habitação e de acesso aos demais serviços públicos essenciais como o saneamento, a saúde, a educação ambiental e o lazer. O Programa Drenurbs, portanto, apresenta-se como um forte integrador das políticas setoriais, pressupondo um planejamento articulado com os demais programas da PBH, dentre os quais o BH - Cidadania. Para efeito de um planejamento integrado, torna-se mister conhecer não só os cenários urbanos contemplados pelo programa, mas também, e principalmente, os cenários sociais. Se, por um lado, o Drenurbs subdivide a cidade em bacias e sub-bacias, tendo-as como unidades territoriais de análise e planejamento estratégico; a desigualdade social, por sua vez, subdivide o espaço urbano em áreas de inclusão e áreas de exclusão social. Pretendendo-se fazer um balanço social do programa, torna-se necessário rebater para as áreas de intervenções do Drenurbs, os indicadores de qualidade de vida urbana (IQVU), de vulnerabilidade social (IVS) e a classificação das áreas prioritárias para inclusão social da cidade de Belo Horizonte. Esses indicadores foram publicados e estão disponíveis na Secretaria Municipal de Governo, Planejamento e Coordenação Geral da PBH, sendo que a classificação das áreas prioritárias para inclusão social foi produzida a partir dos dados do censo 2000 do IBGE. Com base na análise das variáveis de renda, educação, saúde, abastecimento de água e coleta de lixo; essa classificação abrange as dimensões econômica, social e ambiental-urbana (6).

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Bacias como Sistemas Integrados F.A.R. Barbosa, J.A. de Paula e R.L.M. Mont-Mór definem “bacias” como “sistemas terrestres e aquáticos geograficamente definidos, compostos por sistemas físicos, econômicos e sociais. O seu gerenciamento apropriado requer que sejam consideradas como sistemas multiníveis que incluam água, solo e componentes sócio-políticos internos e externos”(7). Naquele trabalho, sugere-se que a “bacia” seja tomada como unidade de estudo, de manutenção e conservação dos recursos hídricos e; consequentemente, como unidade de planejamento para as ações que visem à melhoria da qualidade de vida das populações. Esta qualidade de vida, por sua vez, será fortemente dependente das condições ambientais, envolvendo aspectos relativos à saúde pública, à paisagística e ao lazer; e dependente dos recursos naturais seja como insumos à produção de bens e serviços, seja como corpos receptores das águas pluviais na operação dos sistemas de drenagem urbana. Sendo assim, a Figura I.12 tem como pano de fundo as bacias prioritárias do Programa Drenurbs e, sobre estas, uma classificação das áreas prioritárias para a inclusão social. Utilizando técnicas de geoprocessamento, o mapa apresentado foi obtido através de uma operação lógica de inclusão (AND) entre as bacias elementares prioritárias do Drenurbs e o “Ranking” das áreas prioritárias para a inclusão social. Não se trata de uma simples superposição de mapas. O que se apresenta, na realidade são as manchas do “Ranking” que estão inclusas em áreas do Drenurbs, ou seja, onde há uma superposição de projetos do governo. A figura apresenta um cenário para os córregos do Túnel, Jatobá, Olaria e Barreiro. São córregos com alguns trechos canalizados, mas também longos trechos em leito natural, exibindo cenários de ocupação por populações excluídas da vida urbana, sendo alvos das políticas de inclusão social da PBHTodavia, uma discussão de sobre como o programa Drenurbs poderá produzir um balanço social positivo merece um aprofundamento. A Figura I.13 apresenta um mapeamento dos menores índices de qualidade de vida urbana (IQVU), as áreas prioritárias para a inclusão social, um produto lógico entre essas, tendo como pano de fundo as bacias elementares prioritárias do Drenurbs.

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Figura I.12 – Cenários sociais de alguns córregos contemplados pelo Programa Drenurbs

Figura I.13 – Mapeamento do IQVU e das áreas prioritárias para inclusão social sobre as bacias do Drenurbs

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As bacias foram subdivididas em áreas não atendidas pelos sistemas de coleta e afastamento de esgotos sanitários, tendo-se procedido ao levantamento individual de cada uma dessas áreas. Feitas as estimativas de contribuição parcial dos setores censitários, produziu-se totalizações conforme as planilhas apresentadas por bacia. A seguir, foram agregados os dados da hidrografia e dos pontos de lançamento de esgotos em canais e galerias de águas pluviais, conforme registros do cadastro da COPASA, e feitas as primeiras análises sobre a destinação dos efluentes coletados. Também foram feitas composições com as imagens do Vist@érea, as quais possibilitaram tecer as considerações seguintes. Considerações Neste estudo serão apresentados resultados de uma das bacias prioritárias do programa Drenurbs, a bacia do córrego Bonsucesso, por ser representativa em função dos valores globais apresentados para as demais bacias no quadro que segue.

QUADRO RESUMO DO CONJUNTO DAS BACIAS PRIORITÁRIAS DO DRENURBS

POPULAÇÃO HABITANTES %

TOTAL 310.885 100 SEM ESGOTAMENTO SANITÁRIO 91.033 29 FAVELADA TOTAL NAS BACIAS 91.623 29 FAVELADA SEM COLETA DE LIXO 28.784 9,2

ÁREA HECTARES

% TOTAL 5.187,51 100 SEM COBERTURA DE REDES DE ESGOTO 2.426,47 46

Os números mostrados no quadro resumo acima falam por si. Exprimem uma realidade concreta com a qual o poder público tem de lidar. Sob o aspecto quantitativo, esses números correspondem a imensos contingentes populacionais vivendo numa cidade informal, sem acesso aos serviços essenciais e que, se por um lado, ativamente são agentes das ações antrópicas que produzem o quadro de insalubridade e má qualidade de vida no qual vivem; por outro lado, passivamente são atingidos pelo produto dessas mesmas ações, escamoteadas pela cidade formal. Isto pode ser

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visto em diversas áreas da cidade, onde populações faveladas habitando em beira de córregos expõem-se ao lançamento dos esgotos produzidos pela cidade formal, perpetrando um quadro de desigualdade e injustiça social. Sob o aspecto qualitativo, ao observarmos os indicadores de saneamento básico da cidade de Belo Horizonte, deparamos com valores até “aceitáveis” se comparados com os de outras cidades brasileiras. São valores médios calculados sobre o universo atendido pelos serviços. O quadro resumo, entretanto, mostra a face da desigualdade. Existem grandes concentrações do “déficit” do saneamento. São locais encravados na cidade formal, densamente ocupados, e com indicadores dos piores no que respeita aos serviços essenciais, condições de moradia, renda, educação e saúde. Enfim, são as piores cidades que se poderia conceber para morar, só que essas cidades encontram-se dentro de Belo Horizonte. E ao totalizarmos as populações que se encontram nessas condições, chegamos a uma outra Belo Horizonte, que estaria entre as 10(dez) maiores cidades do estado de Minas Gerais, em termos quantitativos, e entre as 10(dez) piores em termos qualitativos. Esses extremos são produtos de um modelo desenvolvimentista que divorcia o econômico do social, concentrando renda, aprofundando as desigualdades e induzindo a desagregação dos tecidos social e urbano. A seguir, são mostrados os quadros correspondentes à bacia do córrego Bonsucesso e tecidas considerações acerca de algumas das suas particularidades. Mais uma vez, como poderá ser visto, os números mostram desigualdades entre os desiguais. São quadros exibindo indicadores muitas vezes extremos no que se relaciona à questão da falta de saneamento básico, outras vezes no que se relaciona ao drama social de imensas populações faveladas, e outras vezes uma combinação de péssimos indicadores apontando para áreas críticas da cidade. Essencialmente, esses indicadores são indissociáveis sob a ótica de um planejamento integrado. São variáveis acopladas. As diferenças entre as áreas podem ter origens diversas tais como no grau de inserção dessas áreas na cidade formal; nas condicionantes físico-ambientais dos locais; ou mesmo num produto de políticas setoriais descoordenadas.

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CÓRREGO BONSUCESSO

POPULAÇÃO HABITANTES % TOTAL 42.138 100 SEM ESGOTAMENTO SANITÁRIO 13.908 33 FAVELADA TOTAL NA BACIA 10.073 24 FAVELADA SEM COLETA DE LIXO 3.264 8

ÁREA HECTARES

% TOTAL 1.172,12 100 SEM COBERTURA DE REDES DE ESGOTO 742,63 63

Planilha I – Bonsucesso

SETOR MAS FEM TOTAL FATOR TOTAL 25.61-0208 266 254 520 0,75 390 05.62-0361 51 31 82 0,24 20 25.61-0253 807 813 1620 0,58 940 25.61-0116 343 338 681 0,83 565 05.67-0175 275 297 572 0,23 132 25.61-0247 402 407 809 0,15 121 25.61-0248 719 757 1476 0,70 1033 25.61-0200 341 336 677 0,48 325 25.61-0206 817 781 1598 1 1598 25.61-0234 455 450 905 1 905 25.61-0202 535 497 1032 0,88 908 25.61-0207 572 556 1128 0,47 530 25.61-0117 332 297 629 0,90 566 25.61-0233 641 629 1270 1 1270 25.61-0204 641 637 1278 0,47 601 25.61-0205 375 419 794 0,35 278 25.61-0118 524 473 997 0,47 468 16068 10650

Planilha II – Bonsucesso SETOR MAS FEM TOTAL FATOR TOTAL

25.61-0178 492 554 1046 0,14 146 25.61-0188 366 402 768 0,40 307 25.61-0224 560 601 1161 0,42 488 25.61-0183 386 410 796 0,31 247 25.61-0186 458 457 915 1 915 25.61-0184 247 274 521 0,33 172 5207 2275

Planilha III – Bonsucesso SETOR MAS FEM TOTAL FATOR TOTAL

05.67-0112 637 673 1310 0,75 983 1310 983

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Quadro I – Bonsucesso – Situação da Coleta de Lixo nas Favelas, Vilas e Conjuntos

CGVIL NOME POP COLETA(%) POP NÃO

ATEND. NA BACIA

10 CONJUNTO BONSUCESSO 2244 100 0 36 CEMIG 5000 85 750 27 CONJUNTO BETANIA 265 100 0 183 VILA PARAISO 194 80 39 223 BERNADETE 500 20 400 16 ALTA TENSAO I, II, NOVA

DAS INDÚSTRIAS 1870 100 0

10073 1189

Figura I.14 – Composição das imagens do Vist@érea com um

detalhe da Área III – Córrego Bonsucesso

Conforme a Figura I.14, percebe-se à esquerda da imagem uma área de favelas em franca expansão (Conjunto Esperança e Cemig)

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na direção da zona hachurada (área não atendida pelas redes de coleta e afastamento de esgotos sanitários), extrapolando os limites da área mapeada pela URBEL – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte como sendo de intervenção. Ao centro da imagem, percebe-se uma provável zona de expansão urbana, sugerindo a existência de um loteamento em razão da existência de sistema viário definido. Esta última área encontra-se totalmente inserida na mancha não atendida. Vale lembrar que o cadastro das redes coletoras de esgotos da COPASA é mais atual (maio de 2002) do que as fotos do Vist@érea (1999). Observe-se também a total inserção dos setores censitários 25.61-0206, 25.61-0233 e 25.61-0234, os quais já somam uma população considerável de 3.773 habitantes, segundo os dados do IBGE para o censo 2000.

Figura I.15 – Composição das imagens do Vist@érea com um

detalhe da Área II – Córrego Bonsucesso Na Figura I.15, verifica-se a inserção da extremidade norte da favela Alta Tensão I, área cinza conforme o mapeamento da URBEL, na área delimitada pelo setor censitário 25.61-0186, o qual encontra-se totalmente inserido na mancha hachurada, ou seja, não atendida pelas redes coletoras de esgotos. Segundo o IBGE, somente esse setor censitário teria 915 habitantes no ano 2000. Ao

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lado esquerdo da mancha cinza mapeada pela URBEL, observa-se haver uma grande expansão do núcleo de favela anteriormente existente, entre a rodovia e o limite da área não atendida. È uma área de difícil acesso, com sistema viário indefinido e pavimentação precária. No lado esquerdo superior, observa-se uma área de expansão urbana, a qual encontra-se inserida no setor censitário 25.61-0183 do censo 2000 do IBGE. Vale lembrar que a foto do Vit@érea é de 1999, um ano antes do censo.

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CRUZAMENTO DE DADOS ESPACIAIS INTEGRADOS O maior apelo para o uso dos SIG - Sistemas de Informações Georreferenciadas está na possibilidade de proceder-se análises diversas baseadas em regras de inferência sobre um banco de dados relacional, impondo-lhes restrições espaciais combinando uma variedade de topologias. Todavia, transformar essa potencialidade numa ferramenta de trabalho depende da facilidade e flexibilidade da interface do sistema para a criação dessas regras na produção de temas diversos. Esses temas poderão ser compostos através de operações lógicas cumulativas ou não, superposição de camadas, cruzamentos e análises das informações de um banco de dados relacional tendo a relação espacial como vínculo. As análises temáticas como produtos de regras complexas e compostas, constituem o grande diferencial do potencial de uso desses sistemas para os sistemas convencionais. Por outro lado, uma interface flexível combinada com potentes linguagens de programação, possibilitará ao sistema responder às formulações específicas ou genéricas; restritas ou abrangentes; cumulativas ou não. Todas essas possibilidades, podendo ser amalgamadas num único produto, combinando formas, imagens, cores e textos; colocam à mão do especialista um sofisticado instrumental para suas reflexões acerca do mundo real. Pode-se dizer, os computadores que ao longo das últimas décadas tornaram-se indispensáveis no desenvolvimento do poder da análise nos diversos campos do conhecimento humano, tornam-se cada vez mais indispensáveis no desenvolvimento do poder da síntese, tão ausente na lógica procedural que domina os processos decisórios. O programa aplicativo CONSREGRA, um construtor de regras para a produção de cartas temáticas, propõe oferecer conforto e objetividade ao usuário, sem perda da flexibilidade característica dos modernos projetos de interface homem-máquina. O seu projeto é modular, possibilitando o acesso a diversos dispositivos de banco de dados em uma rede corporativa e, a partir desses, processar e extrair quaisquer informações. Nas atividades do Grupo Gerencial de Saneamento (GGSAN) e do Grupo Gerencial do Plano Diretor de Drenagem (GGPD) da Superintendência para o Desenvolvimento da Capital (SUDECAP) da Prefeitura de Belo Horizonte, seu principal

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objetivo é instrumentalizar os processos de síntese de indicadores gerenciais, indicadores intraurbanos, projetos básicos e cadastros técnicos na retroalimentação de diagnósticos e na formulação de propostas para intervenções visando à solução dos problemas da cidade, em particular nos setores do saneamento básico e da drenagem urbana. I.E. Metodologia Para a Produção dos Indicadores de Gestão do

PMS – Plano Municipal de Saneamento de Belo Horizonte INTRODUÇÃO O Convênio de Cooperação para Gestão Compartilhada dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário celebrado entre o Município de Belo Horizonte e o Estado de Minas Gerais pressupõe a existência de um Plano de Gestão, o qual servirá de esteio para as ações regulatórias dos serviços conveniados, a serem exercidas pela Prefeitura de Belo Horizonte. Todavia, para o bom desempenho dessas ações regulatórias, torna-se fundamental a perfeita caracterização dos serviços, das condições para sua prestação, bem como a caracterização de um instrumental de planejamento capaz de imprimir a melhoria e a expansão dos sistemas existentes tendo como meta a universalização e a eficácia dos serviços prestados. Em vista dessas demandas, a Prefeitura de Belo Horizonte, através do Grupo Gerencial de Saneamento - GGSAN da SUDECAP, investiu na elaboração do PMS – Plano Municipal de Saneamento, cuja formulação baseia-se na integração das bases de conhecimento dos sistemas operados pela COPASA às informações das políticas setoriais da PBH – Prefeitura de Belo Horizonte. Essa integração tem por objetivo a apuração dos indicadores de desempenho e de qualidade dos serviços ofertados à população, a produção de diagnósticos, a formulação de propostas e a informação ao público; o que permitirá a priorização das intervenções que concorram para a melhoria e para a universalização daqueles serviços e o efetivo controle social dos mesmos. O PMS, como concebido, impõe um forte vínculo espacial entre as informações, exatamente com o objetivo de garantir a generalidade de todos os demais indicadores

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preconizados no Plano de Gestão como a regularidade, continuidade, eficiência, qualidade, atualidade, cortesia e modicidade dos custos. Por essa razão, o sistema ideal para abrigar as informações é um SIG – Sistema de Informações Georreferenciadas, operado em todo o seu potencial de processamento para a concepção dos modelos espaciais na vinculação das informações; para as análises e correlações espaciais entre os indicadores; para a produção de diagnósticos e prognósticos; enfim, para efeito das manipulações de todas as informações segundo regras espaciais.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

UNIDADES ESPACIAIS: A definição de uma unidade técnica de análise ou de uma área de estudo constitui o primeiro passo para a geração de objetos mínimos e completos. Por exemplo, na caracterização dos sistemas de esgotamento sanitário e de drenagem urbana para posterior análise dos dados, a unidade técnica compatível é a bacia elementar. Quando muito, alguma informação sobre o entorno imediato poderá ser útil na formulação dos indicadores da bacia, mas não na compreensão dos processos que nela ocorrem. O mesmo se aplica a outros modelos do conhecimento, significando que nunca estaremos processando todas as informações, mas sim aquelas que se inserem no contexto da análise. Portanto, o primeiro dado a ser informado a um sistema de extração de objetos de análise que sejam mínimos e completos é a abrangência, aqui no sentido da extensão territorial. Entretanto, uma das maiores dificuldades para a gestão integrada em saneamento está no estabelecimento de uma unidade territorial de análise. Na maioria das cidades brasileiras, sistemas de gestão comercial em serviços de saneamento são articulados sobre unidades fiscais; isto é, a unidade territorial de análise é o setor fiscal e suas subdivisões: quadras e lotes. Os sistemas de abastecimento de água, necessariamente, subdividem a área de atendimento em setores de abastecimento, sub-setores, zonas de pressão e/ou zonas de manobra. Por sua vez, os sistemas de coleta, afastamento, tratamento e disposição final de esgotos domésticos e efluentes industriais, subdividem a área de atendimento em bacias e sub-bacias (áreas de drenagem). Todas as

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unidades territoriais acima citadas são incongruentes entre si, o que torna a agregação dos dados uma tarefa muitas vezes impraticável para efeito das análises integradas. A sugestão é, com base nas demarcações existentes sobre os diversos temas de interesse, criar unidades técnicas de análise homogêneas (8). No saneamento, unidades técnicas de análise e de planejamento estratégico normalmente são definidas como bacias, sub-bacias, áreas de “booster”, setores, zonas de pressão, áreas de manobra, etc. Pode-se afirmar haver um grande ganho de produtividade quando essas unidades estão cadastradas no sistema de informações. Isto, todavia, não impede o analista de, a qualquer hora, “criar” uma área de estudo arbitrária, não congruente com as demais existentes, transformando-a numa feição permanente ou temporária para a realização das análises. Como exemplo, poderíamos citar algumas unidades territoriais de interesse: regionais, áreas de planejamento, áreas de interesse social (vilas e favelas), áreas de preservação ambiental, bacias de esgotamento sanitário, áreas desassistidas pelas redes de coleta de esgotos, depressões (áreas abaixo da cota mínima para atendimento pela coleta por gravidade), áreas de alagamento, etc. Acontece que nem sempre as áreas objetos de estudos são compatíveis com as unidades territoriais conhecidas, tampouco estão contidas nelas. É comum uma área de interesse transpor limites administrativos, operacionais, legais e técnicos; exigindo o tratamento diferenciado das informações tanto na fase de captura como no processamento. Isto sugere a integralização dessas áreas como mosaicos (células homogêneas), tendo as descontinuidades nos limites das diferentes regiões que as compõem. Uma vez conhecidos esses limites, as operações lógicas favorecerão os processos de extração dos dados, já que muitas restrições poderão se impor para a seleção das informações relevantes. O SISTEMA DE EXTRAÇÃO DE MAPAS: A função básica de um sistema de extração de mapas é permitir a criação de filtros (critérios de seleção e de triagem dos dados) que permitam a modelagem de objetos inteligentes (ou seja, completos e mínimos), dando agilidade aos processos de análise e rapidez no tempo de resposta; além de traduzir importantes atributos como a forma (topologia), abrangência

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(tamanho relativo), inserção (relações de vizinhança) e outras relações decorrentes do cruzamento das unidades técnicas de análise com “panos de fundo” como a geopolítica, a demografia / setores censitários, modelos digitais de terreno e hipóteses de planos diretores entre outros. REGRAS DE BANCO DE DADOS: O sistema que se apresenta possui a capacidade para armazenar no banco de dados camadas de informações que são produtos da execução de regras de seleção (filtros) para posteriores cruzamentos com outras camadas de informações. Por exemplo, pode-se armazenar uma camada de todas as áreas desassistidas pelas redes de coleta de esgotos e, posteriormente, cruzá-la com quaisquer outras camadas, aumentando muito a produtividade do processo de análise. O produto armazenado pode ser recuperado e/ou modificado dentro e fora da aplicação. Poderá também ser exportado para outros sistemas, já que se trata de uma tabela de banco dados. Regras de seleção de informações constituindo camadas para aplicações específicas devem ser pensadas pelos especialistas daquele campo de conhecimento específico, auxiliados por analistas de bancos de dados que as escrevam. Esse casamento é indispensável para que o sistema dê respostas precisas para as alternativas em estudo. LAYER OU CAMADA: Um “layer” de informações é um produto obtido através da execução de uma regra seleção num banco de dados integrando atributos gráficos e alfanuméricos. É constituído, portanto, por entes “inteligentes” possuindo atributos gráficos e alfanuméricos que os individualizam. Assim os chamamos, “inteligentes”, porque um “layer” poderá ser armazenado no banco de dados, recuperado, submetido a cruzamentos com outros “layers” através de operações lógicas (AND, DIFF, OR, XOR) cumulativas ou não. “Importado” dos sistemas de Processamento Digital de Imagens (PDI), o conceito de “layer” não deve ser confundido com o conceito de nível de desenho. O nível de desenho limita-se a um conceito estático de estratificação e organização das informações, enquanto o “layer”, além das propriedades já referidas acima, oferece a possibilidade de manipulação dessas propriedades em tempo de processamento, dando-lhe uma dinâmica não apresentada pelo conceito de nível de desenho.

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“OVERLAY” OU CRUZAMENTO DE CAMADAS: É uma superposição de “layers” através de um operador lógico AND, DIFF, OR ou XOR. Embora um “overlay” seja sempre o produto do cruzamento de 2(dois) “layers”, não há limitações quanto à complexidade das regras, significando que um “overlay” poderá ser usado como um “layer” num processo cumulativo. PROCESSO: De uma forma simples, um processo será desencadeado a partir dos seguintes passos: Primeiro: Definição de uma área ou região geográfica objeto da análise. Segundo: Parametrização da regra SQL (seleção da feição, do campo-filtro, do operador lógico e do valor). Terceiro: Escolha dos atributos de exibição. Quarto: Produção de “layers”. Quinto: Produção de “overlays” (cruzamento dos “layers”). O PROCESSAMENTO DAS CAMADAS DE INFORMAÇÕES O desenvolvimento dos trabalhos tem como pressuposto que toda a informação espacial ou alfanumérica deva ser consubstanciada no sistema como feições e seus respectivos atributos. Sendo assim, segue que nossas unidades espaciais traduzem-se em mapas georreferenciados ligados a registros alfanuméricos de um banco de dados contendo seus atributos. Por exemplo, bacias elementares e áreas de interesse social como as vilas e favelas se identificam por sua extensão territorial e seus atributos alfanuméricos como nome, código, área, perímetro etc. Abaixo, a Figura I.16 exibe informações extraídas de um banco de dados, as quais já são apresentadas na forma de “layers” de informações a serem processadas posteriormente. O cruzamento desses “layers” produzirá “recortes” das áreas segundo os limites das bacias e das favelas, como ilustrado na Figura I.17. Esses “recortes” serão descritos num relatório contendo os atributos de ambos os “layers”. A Figura I.18 mostra alguns campos do relatório de cruzamento dos limites de bacias elementares com os limites de vilas e favelas. A interpretação dos campos daquele relatório é como mostrado na Tabela 1.

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Tabela 1 – Significado dos campos do relatório de cruzamento das camadas

Nome Campo Definição

LOCAL É um identificador para a célula do mosaico formado após o cruzamento.

AREALOCAL Área da célula. PERÍMETROLOCAL Perímetro da célula.

NOMEBACIA Código identificador da bacia elementar dentro da qual a célula se encontra.

AREABACIA Área total da bacia elementar.

AREAREALATIVALOCAL Parcela correspondente à área da célula em relação à área da bacia elementar.

FAVELA Nome da vila ou favela. AREAFAVELA Área da vila ou favela.

AREARELATIVAFAVELA Parcela (%) da vila ou favela contida na bacia elementar.

Figura I.16 – “Layer” das bacias elementares superposto pelo

“layer” das vilas e favelas.

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Figura I.17 – Recorte das áreas em “overlay”: Bacias

Elementares versus Vilas e Favelas.

Figura I.18 – Relatório de “overlay” (cruzamento das camadas). A OBTENÇÃO DOS DADOS DO CENSO IBGE 2000 A obtenção dos dados da demografia se faz através do cruzamento das áreas em estudo com o mapa dos setores censitários do IBGE, dos quais pode-se obter informações sobre as populações, renda dos responsáveis pelos domicílios, escolaridade e outras. Conhecidas as áreas, destas pode-se derivar informações como a densidade demográfica, perfis de renda e etc. A Figura I.19,

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mostrando em detalhe a Vila Nossa Senhora da Aparecida no aglomerado da serra em Belo Horizonte, ilustra o produto lógico do cruzamento das bacias elementares com as vilas e favelas e com os setores censitários. Como pode-se depreender, essa operação redivide as células do primeiro “overlay”, identificadas pelos números maiores, em células menores determinadas pelos limites dos setores censitários. Essas células menores, identificadas pelos números menores, estão igualmente ligadas aos registros alfanuméricos contendo os atributos das bacias elementares, das vilas e favelas e também dos setores censitários. São células primitivas homogêneas a partir das quais pode-se reconstruir qualquer das unidades de análise maiores. Homogêneas porque cada uma agrupa populações que se encontram na mesma bacia elementar, na mesma vila ou favela e no mesmo setor censitário.

Figura I.19 – Recorte das áreas em “overlay” das Bacias

Elementares X Vilas e Favelas X Setores Censitários. Seguindo o mesmo raciocínio anterior, os setores censitários, entrecortados pelos limites das bacias elementares e das favelas,

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podem estar total ou parcialmente contidos nas áreas de interesse. A Figura I.20 mostra alguns campos do relatório de cruzamento dos limites de bacias elementares, limites de vilas e favelas e de setores censitários. A interpretação dos campos do relatório é como mostrado na Tabela 2.

Figura I.20 – Relatório de “overlay” das bacias elementares X

vilas e favelas X setores censitários do IBGE. Tabela 2 – Significado dos campos do relatório de cruzamento das

camadas Campo Definição

LOCAL É um identificador para a célula do mosaico formado após o cruzamento.

A_L Área da nova célula. P_L Perímetro da nova célula.

BACIA Código identificador da bacia elementar dentro da qual a célula se encontra.

A_C Área total da célula subdividida pelo cruzamento com os setores censitários.

A_RC Parcela correspondente à área da nova célula em relação à célula subdividida.

FAVELA Nome da vila ou favela. A_S Área total do setor censitário. A_RS Parcela (%) do setor censitário contida na célula. P_S População do setor censitário.

P_RS Parcela da população do setor censitário inclusa na célula.

D Densidade demográfica na célula.

SETOR Código identificador do setor censitário do IBGE 2000.

R$0_05 Número de responsáveis por domicílio com renda de 0 (zero) à 0.5 (meio) SM

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R$05_1 De 0.5 (meio) à 1.0 (um) SM R$1_2 De 1.0 (um) à 2.0 (dois) SM R$2_3 De 2.0 (dois) à 3.0 (três) SM R$3_5 De 3.0 (três) à 5.0 (cinco) SM R$5_10 De 5.0 (cinco) à 10.0 (dez) SM R$10_15 De 10.0 (dez) à 15.0 (quinze) SM R$15_20 De 15.0 (quinze) à 20.0 (vinte) SM R$M_20 Maior que 20.0 (vinte) SM R$0 Sem Renda Onde SM = 1(um) Salário Mínimo. Observações: 1 - Para efeito dos cálculos realizados, parte-se da premissa de que os setores censitários são amostras homogêneas do padrão de ocupação local, o que permitiria o cálculo a partir da densidade demográfica. 2 – Através desta metodologia, não há limite para a sucessão de cruzamentos em operações lógicas cumulativas. A PRODUÇÃO DE RELATÓRIOS As planilhas acima, produzidas pelo aplicativo CONSREGRA, constituem a base dos relatórios para apuração dos indicadores. Tendo-se a unicidade nos identificadores das células básicas, das bacias, das áreas de planejamento, dos setores censitários, das vilas e favelas, das áreas desassistidas por coleta de esgotos e outras unidades espaciais de interesse; fica fácil agregar aos relatórios uma diversidade de dados tabulares. Essa agregação poderá ser feita através de novos cruzamentos em processos cumulativos, ou através de relacionamentos das tabelas no banco de dados. O aplicativo poderá ainda atribuir a cada célula no relatório, as distâncias médias de cada grupamento para os equipamentos urbanos existentes da saúde, da educação ou obras do orçamento participativo. São considerações importantes: 1. Ao ordenar as planilhas pelo código das bacias ou das área de

planejamento, pode-se obter diretamente as totalizações necessárias para o cálculo dos indicadores. Subprodutos como totalizações por vilas, favelas ou setores censitários também

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poderão ser obtidos através de uma simples ordenação de suas respectivas colunas na planilha;

2. Ao ordenar as planilhas pelas populações, poderão ser identificadas as áreas com maior contingente populacional e, portanto, onde as intervenções produziriam benefícios de maior abrangência;

3. Ao ordenar as planilhas pelos dados de renda dos responsáveis pelos domicílios, poderão ser identificadas áreas de maior carência e, portanto, onde as intervenções produziriam benefícios de maior relevância social.

4. Ao ordenar pelas distâncias médias para os equipamentos urbanos, o que poderá ser feito a partir da planilha mostrada na Figura I.21, poderemos identificar as populações mais remotas da cidade em termos da acessibilidade àqueles equipamentos urbanos.

Figura I.21 – Relatório de “overlay” das bacias elementares X vilas e favelas X setores censitários do IBGE com cálculo das

distâncias médias para os equipamentos de saúde, educação e obras do orçamento participativo.

A ANÁLISE E PRODUÇÃO DOS RESULTADOS A manipulação das informações contidas nos relatórios de “overlays” poderá ser feita no banco de dados ou numa planilha eletrônica, facilitando o emprego de fórmulas e expressões matemáticas no cálculo dos indicadores e índices. O uso das planilhas favorece também a apresentação dos resultados, que não deixa de ser importante quando quesitos como a organização, a clareza e a estética são importantes. Apresenta-se na Figura I.22 um quadro resumo dos indicadores do PMS – Plano Municipal de Saneamento de Belo Horizonte, neste caso calculados por bacias elementares. Na Figura I.23 apresenta-se a composição e os respectivos

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resultados para os cálculos do ISA e a pontuação para efeito da priorização das Bacias Elementares. As diversas ordenações possíveis, como exemplificado acima, bem como a ponderação dos critérios e as simulações para diferentes composições entre os indicadores, possibilitarão a construção de cenários mais ou menos influenciados por determinadas variáveis na produção de diagnósticos ou prognósticos. Esta flexibilidade permitindo ao planejador intervir nas diversas camadas paramétricas do sistema, e também nas relações envolvendo a composição dos indicadores e dos modelos espaciais em análise; confere-lhe um sofisticado aparato para os processos decisórios. Do ponto de vista do gestor, tal aparato torna-se indispensável para as tarefas de supervisão, monitoração, controle e atuação nos processos em foco.

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Figura I.22 – Planilha resumo do cálculo dos indicadores e índices do PMS.

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Figura I.23 – Planilha resumo do cálculo ISA e da priorização das Bacias Elementares

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Tabela 3 – Significado dos campos da planilha dos indicadores para o ISA

Nome Campo Definição CÓDIGO Código da bacia elementar. ÁREA Área da bacia elementar. CÓRREGO Nome do córrego.

MACRO BACIA Macro bacia hidrográfica à qual pertence a bacia elementar.

POP População da bacia elementar à partir dos dados do censo IBGE 2000.

DENS Densidade demográfica dada em hab./ha. IAB Índice de abastecimento com água tratada. POP. NÃO ATENDIDA

População não atendida por coleta de esgoto na bacia elementar.

ICE Indicador de atendimento por coleta de esgoto. PROJETADOS Extensão de interceptores projetados. EXISTENTES Extensão de interceptores existentes.

LIE Indicador de atendimento por interceptação de esgotos.

VILAS E FAVELAS

População sem coleta de lixo em vilas e favelas.

CIDADE FORMAL

População sem coleta de lixo na cidade formal.

ICL Indicador de cobertura por coleta de lixo domiciliar.

IDR Indicador de Drenagem Urbana

DENGUE Número de casos de dengue na bacia elementar.

IDG Indicador de dengue. ISA Índice de Salubridade Ambiental.

PGE Existência de Planos Globais Específicos para vilas e favelas na bacia.

DRENURBS Existência de áreas de intervenções do programa Drenurbs na bacia.

OP Incidência de obras do Orçamento Participativo na bacia.

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Figura I.24 – Priorização das bacias elementares de BH para efeito das ações do PMS.

A REINTEGRAÇÃO DOS DADOS AOS MODELOS ESPACIAIS A reintegração dos dados aos modelos espaciais é de fundamental importância para as análises baseadas na distribuição espacial dos indicadores e índices, bem como para a coordenação de ações setoriais integradas visando a eficácia das intervenções do poder público para a solução dos grandes problemas da cidade. A Figura I.24 traz uma escala de priorização das bacias para efeito das intervenções do PMS – Plano Municipal de Saneamento, resultante de uma pontuação em função do ISA – Índice da Salubridade Ambiental, da existência de PGE – Planos Globais Específicos, da densidade demográfica, da existência de intervenções dos programas Drenurbs e Propam, e da existência de obras de infraestrutura do Orçamento Participativo.

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CONCLUSÃO Tendo como principal objetivo a universalização e o incremento da qualidade dos serviços de saneamento básico e ambiental prestados pela COPASA em Belo Horizonte, o PMS – Plano Municipal de Saneamento e as ações regulatórias preconizadas no Plano de Gestão exigem do poder público municipal agilidade para proceder análises integradas entre as ações da operadora e a execução das políticas setoriais interferentes, e que são de sua própria gestão, a saber: habitação, infraestrutura, drenagem, tratamento de resíduos sólidos e o conjunto das políticas sociais. Sua capacidade de resposta aos desafios de uma gestão integrada visando o equacionamento dos grandes problemas da cidade, dependerá fortemente do domínio das informações e de como essas informações se articulam num complexo modelo de interrelações chamado “espaço urbano”. A metodologia aqui apresentada não é propriamente uma resposta para os problemas, mas, certamente, constitui uma resposta para a necessidade de capacitação do poder público para responder àqueles desafios.

I.F. Metodologia para o processamento e análise dos dados sobre as obras do Orçamento Participativo em Belo Horizonte

INTRODUÇÃO A Prefeitura de Belo Horizonte tem contemplado em suas ações um dos principais pilares da reforma administrativa implementada a partir do ano de 2001. Trata-se da intersetorialidade, que pode ser entendida como o planejamento, a execução e a sincronização das intervenções setoriais para a produção do espaço urbano em seu amplo sentido. Dentro dessa visão, os grandes programas sociais e de desenvolvimento urbano da Prefeitura devem interagir, potencializando as ações setoriais neles preconizadas. Para efeito de um planejamento integrado, torna-se mister conhecer não só os cenários urbanos, mas também, e principalmente, os cenários sociais. Se, por um lado, o poder público subdivide a cidade em regionais administrativas e áreas de planejamento, tendo-as como unidades territoriais de análise e planejamento estratégico; a desigualdade social, por sua vez, subdivide o espaço urbano em

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áreas de inclusão e áreas de exclusão social. Por essa razão, uma discussão sobre como as ações do governo possam produzir um balanço social positivo merece um aprofundamento, e esse aprofundamento passa pela questão da territorialidade. A Questão da Territorialidade Como mencionado acima, o aprofundamento da discussão refere-se ao aspecto da territorialidade. Maurício Borges Lemos, em artigo na revista Política Social (1), define urbano como sendo a síntese de uma diversidade de bens e serviços, e vida urbana como sendo a acessibilidade a essa diversidade de bens e serviços. Ali o autor afirma: “o urbano é a síntese do diverso, a síntese do acesso a coisas muito diferenciadas”. Isto nos leva a uma reflexão sobre alguns aspectos como a expansividade de algumas áreas prioritárias para inclusão social tendo o IQVU – Índice de Qualidade da Vida Urbana (2) - como vetor de expansão, e o isolamento de algumas “pequenas” manchas prioritárias para inclusão social em termos do cenário urbano do entorno imediato. Esse é o verdadeiro aspecto da territorialidade, pois temos ai duas dimensões do problema social, sendo a primeira uma dimensão “horizontal”, conotando a acessibilidade limitada pelo físico, ou seja, distância e a ausência dos equipamentos urbanos; e a segunda, uma dimensão “vertical”, conotando a acessibilidade limitada pelo lógico, não físico, e que pode ser entendida como segregação social no seu profundo sentido. Essa última dimensão, que se aplica às “pequenas” áreas de exclusão social incrustadas no urbano, sugere ações que visem o resgate da cidadania de populações que não têm acesso aos bens, serviços e equipamentos urbanos próximos aos seus locais de moradia. Não requerem, portanto, grandes intervenções no urbano. A outra dimensão, que em princípio se aplica às manchas prioritárias para inclusão social com dimensões maiores, muitas das quais imersas em manchas ainda maiores com baixos índices de qualidade de vida urbana, sugere ações combinadas visando o resgate da cidadania das populações que as ocupam, na dimensão vertical, e visando a dotação do espaço urbano interno e adjacente de equipamentos e meios de acesso a uma diversidade de bens e serviços, na dimensão horizontal. Como pode ser depreendido do método desenvolvido neste trabalho, as análises contemplam essas

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duas dimensões, permitindo ao planejador perceber as condicionantes para o estabelecimento de ações integradas, mas, também, ponderar sobre as demandas setoriais na construção de modelos de desenvolvimento urbano mais equilibrados e comprometidos com as políticas sociais. A Acessibilidade / Percepção dos Bens e Serviços Ainda com respeito à questão da territorialidade, e entendendo-se o conceito de urbano como acessibilidade a uma diversidade de bens e serviços, podemos construir um indicador sintético da acessibilidade / percepção para as obras do Orçamento Participativo por parte das populações adjacentes, e destas obras ponderar sobre os aspectos da sua abrangência, com base nos contingentes populacionais próximos, e da sua relevância social, considerados os perfis sócio-econômicos daquelas populações. Posto como um indicador “espacial”, propõe-se construí-lo a partir das distâncias médias a serem percorridas por cada grupamento sócio-econômico para atingir centros de produção de serviços e/ou para perceber os benefícios das obras do Orçamento Participativo. Esses grupamentos sócio-econômicos, por muitas razões, são os setores censitários do IBGE, os quais podem estar total ou parcialmente contidos num recorte do espaço definindo uma região. Dentre as razões para a escolha dos setores censitários como unidades territoriais de análise, está a facilidade para agregar dados relativos a densidade demográfica e a sócio-economia das populações beneficiadas, permitindo contemplar os aspectos já mencionados da abrangência e da relevância social das obras. Numa aproximação de 1ª ordem, a distância do centróide da unidade territorial para o equipamento urbano ou obra mais próxima, conforme ilustrado na Figura I.25, define a distância média ou impedância para aquele grupamento sócio-econômico perceber o benefício. Numa aproximação de 2ª ordem, a proximidade de outras obras permitirá uma análise conjunta dos benefícios, cuja diversidade, em síntese, constitui o próprio conceito de urbano, remetendo ao importante aspecto da intersetorialidade. O modelo conceitual apresentado, baseia-se em duas premissas, não excludentes, como segue:

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Primeira: as cidades se expandem radialmente a partir de núcleos populacionais adensados, na direção das suas respectivas periferias. Esses núcleos atuam como pólos de atração em função da oferta de uma diversidade de bens, serviços e equipamentos urbanos. Esse raciocínio segue o modelo da termodinâmica clássica para a transformação de fases em soluções supersaturadas, segundo o qual o equilíbrio dinâmico se impõe através do crescimento da nova fase em detrimento da anterior. O análogo da solução supersaturada está na grande cidade e suas demandas por infraestrutura, habitação e oferta de empregos, induzindo os processos de transformação e reordenação do espaço urbano; por sua vez, o análogo da temperatura está no desenvolvimento econômico da cidade, o qual atua como principal indutor das transformações dos tecidos social e urbano. Segunda: os empreendimentos do O.P. convergem para esses núcleos em razão direta da aplicação dos critérios da relevância social, que pondera a exclusão social pela carência de bens, serviços e equipamentos urbanos; e da abrangência dos benefícios, que pondera a representatividade dos pólos geradores das demandas, e que acabará por refletir a densidade demográfica local. Se essas premissas – as quase se sustentam nos maiores pilares do O.P. - estiverem corretas, a distribuição das populações no entorno dos empreendimentos do O.P., em função da distância radial, deverá seguir o comportamento de uma curva de saturação, cujas derivadas se anulam nos limites da cidade, integralizando toda a sua população. Análise dos Resultados Conforme ilustra a Figura I.26, não somente a consistência do método é provada, como fica evidenciada a asserção dos critérios do OP ao longo dos seus mais de dez anos, que garantiram não só a supressão de carências em áreas de exclusão social, que pode ser vista a partir do perfil de renda das populações mais próximas às obras; como a equanimidade na distribuição espacial dos empreendimentos, os quais então presentes em todos os grandes

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núcleos de adensamento populacional da cidade, e que está denotada na suavidade da curva. São analisados dados do censo demográfico do IBGE 2000, tendo como referência a recontagem da população do IBGE de 1996. A comparação direta das curvas de distribuição das populações de 2000 e de 1996, mostra um crescimento da abrangência dos benefícios das obras do OP superior ao crescimento da população total da cidade, confirmando ser o OP um instrumento democrático e eficaz na universalização dos benefícios trazidos à população. Os resultados apresentados em mapas temáticos e relatórios são uma classificação dos setores censitários do IBGE para o censo 2000, segundo as distâncias médias desses setores para a obra do OP mais próxima. São ainda exibidas informações sobre a locação das obras do OP, limites de bairros e limites das vilas e favelas de Belo Horizonte. A Figura I.27 ilustra um recorte do relatório para a obra 52 do OP-97 na Regional Noroeste. As informações do Bloco 1 da Figura I.27 correspondem, respectivamente, à nota de IQVU, a parcela incluída do setor (em %), população, densidade demográfica e a identificação dos setores censitários que têm aquela obra como mais próxima. As do Bloco 2 correspondem à relação de obras próximas à obra em destaque, o ano da primeira obra da relação, a distância média das obras para os setores censitários que as têm como mais próximas, tipo da obra e a Regional Administrativa. As do Bloco 3 correspondem ao perfil de renda dos responsáveis pelos domicílios inclusos naqueles setores censitários. De acordo com o censo 2000 do IBGE: Faixa 1 corresponde a 0 – 0.5 SM, Faixa 2 de 0.5 – 1 SM, Faixa 3 de 1 – 2 SM, Faixa 4 2 – 3 SM, Faixa 5 de 3 – 5 SM, Faixa 6 de 5 – 10 SM, Faixa 7 de 10 – 15 SM, Faixa 8 de 15 – 20 SM, Faixa 9 a mais de 20 SM e Faixa 10 a renda 0(zero), onde SM é um salário mínimo.

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Figura I.25 - Esquemático para o cálculo das distâncias

Distribuição da População de Belo Horizonte em Função da Distância Radial das obras do O.P.

332824

840532

1288972

1620230

1856181

2003584

21047242167158 2192040 2209285

144855

407626

742122

1033903

1295796

1493233

1650262

17547531832421

1885180

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

( x 100 metros )

IBGE 2000

IBGE 1996

Figura I.26 - Interpolação das populações totalizadas a

cada 100 metros

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São considerações importantes: 1. Com relação aos mapas, pode-se depreender diretamente: � Áreas contempladas pela primeira vez com uma obra do OP; � Áreas não contempladas pelo OP em andamento, mas

contempladas por obras anteriores; � Áreas com grande concentração de obras do OP; � Áreas nunca contempladas pelas obras. 2. Com relação à planilha, podemos manipulá-la de várias formas, a saber: � Ao ordená-la pela coluna do número da obra, teremos um

agrupamento dos setores censitários mais próximos de uma obra, permitindo a dedução das populações beneficiadas não só em termos quantitativos como qualitativos (perfil de renda, prioridade para inclusão social, escolaridade, etc.)

� Ao ordená-la pela coluna da distância média para as obras, poderemos quantificar e classificar as populações pela proximidade do benefício, por exemplo, muito próximo, próximo ou relativamente próximo. Dados de entrevistas no campo podem aferir essa percepção.

� Ao ordená-la pela coluna da população poderemos, através de uma relação com as distâncias, identificar as obras que beneficiaram um maior contingente populacional.

� Ao ordená-la pela coluna da tipologia das obras, poderão ser estabelecidos critérios diferenciados para avaliação da percepção dos benefícios (em função da distância) de acordo com a temática (saúde, educação, infraestrutura, urbanização de vilas e favelas, etc.)

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Bloco 1

Bloco 2

Bloco 3

Figura I.27 – Recorte do relatório de acessibilidade para a obra 52 do OP-97 na Regional Noroeste.

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A Figura I.28 exibe a classificação dos setores censitários segundo as distâncias médias para as obras. Estão ali representadas também informações sobre as escolas, postos de saúde, hospitais, creches, áreas das vilas e favelas e limites de bairros.

Figura I.28 – Classificação dos setores censitários na Regional de Venda Nova segundo as distâncias médias para as obras do

OP Conclusão Como pode ser verificado, os programas da Prefeitura de Belo Horizonte, vistos pela ótica da territorialidade, poderão, estrategicamente, tornarem-se propulsores de ações integradas em áreas de grande interesse para as políticas de desenvolvimento urbano e social da cidade. É para a instrumentalização desse planejamento estratégico que se propõe a metodologia aqui apresentada, transformando-se esse planejamento em oportunidade

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para a reafirmação dos preceitos da reforma administrativa e do projeto de governo da Prefeitura de Belo Horizonte, que tem como um dos seus eixos o compromisso com a inclusão social de amplos contingentes populacionais.

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I.G. Uma Metodologia para Processamento e Análise dos Indicadores do SNIS Segundo Bacias Hidrográficas

Fato Motivador: Classificados como de abrangência local, regional ou estadual; os operadores dos serviços de saneamento no Brasil são alvo do PMSS – Programa de Modernização do Setor de Saneamento, que tem como objetivos maiores contribuir para o aumento da eficiência, a universalização dos serviços prestados, a efetiva regulação e fiscalização do setor; dentro de um novo arranjo institucional e de novos modelos de organização e de gestão. Introdução: Dentre os sérios problemas enfrentados pelo setor no Brasil estão a falta de padrões operacionais e de qualidade para exercer-se a regulação; a escassez de recursos aliada à falta de capacidade de auto-financiamento dos investimentos necessários; a escassez de recursos naturais em algumas regiões; a falta de políticas de habitação e de desenvolvimento urbano compatíveis com as aptidões locais para o assentamento; e a falta de integração das políticas setoriais interferentes como o manejo dos resíduos sólidos e a operação dos sistemas de drenagem urbana. Todas essas questões, quer sejam abordadas em separado ou no conjunto, necessitam de um diagnóstico visando a formulação de propostas para a solução dos problemas existentes; bem como de prognósticos para as áreas críticas visando a adoção de medidas mitigadoras e o estudo de alternativas para a reversão de processos que venham contribuir para a degradação ainda maior da qualidade e quantidade dos serviços ofertados. O SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, com os seus 9(nove) anos de existência, tem dado grande contribuição para o setor de saneamento brasileiro, exatamente na fase de elaboração de diagnósticos dos serviços, a partir dos quais alguns prognósticos podem ser lançados. Mas cabe também ao poder público, além de supervisionar o setor, monitorá-lo, regulá-lo e assessorá-lo; fechando o ciclo da gestão envolvendo a supervisão, a monitorização, o controle e a atuação. Se já podemos, com base no histórico de dados e indicadores do SNIS, subsidiar programas de supervisão e monitorização/fiscalização daqueles serviços; falta-nos instrumentos para a regulação, que pressupõe a existência de

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padrões e marcos regulatórios; e para a atuação, pressupondo a existência de uma política de investimento/financiamento para o setor que premie a capacidade de gestão, a eficácia, a relevância social, ambiental e a sustentabilidade das intervenções. A supressão dessa lacuna depende apenas de como articular os dados e indicadores já existentes no SNIS segundo modelos de gestão integrando outras bases de informações setoriais interferentes. Dessa integração dependerá a formulação dos novos indicadores propostos. Todavia, as principais dificuldades para a consecução das metas de eficiência e de universalização dos serviços de saneamento no Brasil são impostas por um mal arranjo institucional acarretando um baixo desempenho do setor, tendo como resultado a baixa capacidade de auto-financiamento. Contribuem também as ausências de regulação, de fiscalização, de capacitação tecnológica, de controle externo (ou controle social) e de entrosamento com as outras políticas setoriais interferentes como as já citadas, criando um entrave para a adoção de novos modelos de gestão e para o próprio fortalecimento institucional. Exatamente em razão dessas dificuldades, no âmbito dos sistemas urbanos e em prol da instrumentalização de uma gestão integrada voltada para o equacionamento dos grandes problemas do saneamento brasileiro, propõe-se a criação de um Sistema de Indicadores para Inversões de Prioridade em Saneamento – SIIPS. Este sistema terá como objetivo instruir o planejamento, processos decisórios, indicar prioridades, avaliar a sustentabilidade dos programas e medir o retorno das inversões. Assim sendo, o sistema demandará informações setoriais já incorporadas a outros indicadores, alguns dos quais estrangeiros (existentes fora das bases do SNIS), como é o caso do IDH. Desenvolvimento: os produtos aqui apresentados relatam sucintamente alguns resultados obtidos a partir da formulação de novos indicadores conforme descritos abaixo, e resultam do geoprocessamento destes visando a sua articulação com os demais dados e indicadores do SNIS dentro da bacia do Paraná. Nesta primeira etapa dos trabalhos, estes indicadores foram propostos conforme abaixo:

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• A partir dos mapas já integrantes da Visão Geral da Prestação dos Serviços de Água e Esgotos do diagnóstico do SNIS – 2003, selecionaremos os seguintes indicadores.

I055 – atendimento total de água I056 – atendimento total de coleta de esgoto I013 – índice de perdas de faturamento Os referidos mapas são publicados por região, oferecendo uma classificação daqueles municípios cujos dados permitiram calcular os citados indicadores.

• Para a nova geração de mapas com base nos indicadores já existentes no SNIS, propõe-se o desenvolvimento de novos produtos, sendo que os mapas acima, já apresentados por região, poderão ser apresentados também por recortes segundo os limites das bacias hidrográficas nos níveis 1 (14 bacias), 2 (86 bacias) e 3 (336 bacias) estabelecidos pela ANA – Agência Nacional das Águas. Propõe-se ainda:

1. Estabelecer uma relação entre as áreas dos municípios para os quais o SNIS possui informações e as áreas das bacias que ocupam;

2. Estabelecer a relação do peso do município com relação ao seu potencial para o consumo concentrado de água tratada, geração concentrada de esgotos, de resíduos sólidos e outros efluentes.

Pi = Ia x Io , onde Pi = Indicador do peso do município; Ia = Índice de adensamento=(densidade do município/densidade da bacia) Io = Índice de ocupação=(área municipal na bacia/ área da bacia)

3. Cálculo dos indicadores ponderados por bacia

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Ipb = ΣΣΣΣ {[(I11 + I21 + ... + Im1) P1] + ... + [(I1n + I2n + ... + Imn) Pn]} //// n ,

onde: Ipb = Indicador Ponderado da Bacia Imi = Indicadores do município i; Pi = Peso do município i na bacia; n = número de municípios No caso dos indicadores selecionados, o cálculo para o indicador ponderado da bacia ficou sendo:

Ipb=ΣΣΣΣ{[(100-I55)+(100-I56)+I13)P1]+...+[(100-I55)+(100-56)+I13)Pn]} //// n

Como passo inicial, propõe-se realizar o cruzamento da atual base territorial do SNIS, isto é, a malha municipal do IBGE 2000, com as bases das bacias hidrográficas do Brasil obtidas junto à ANA – Agência Nacional das Águas segundo os níveis 1, 2 e 3 descritos acima. Para este trabalho realizou-se o cruzamento da malha municipal com o nível 2 (86 bacias) das bacias hidrográficas. Vale lembrar que, a partir deste nível 2, será sempre possível recuperar o nível 1 (14 bacias), como se verificará na apresentação dos resultados. Ressalve-se também que os indicadores propostos preliminarmente poderão ser reformulados na medida em que a equipe técnica do SNIS incorpore os novos conceitos e abordagens das questões não só relativas aos modelos espaciais a serem adotados para a publicação dos indicadores e séries históricas; mas, também no que respeita à conquista de novos públicos-alvo para efeito do pleno exercício da supervisão, do controle externo (regulação e controle social) e da gestão de planos de investimentos. Bacias Hidrográficas como Sistemas Integrados: F.A.R.Barbosa, J.A. de Paula e R.L.M.Mont-Mór definem “bacias” como “sistemas terrestres e aquáticos geograficamente definidos, compostos por sistemas físicos, econômicos e sociais. O seu gerenciamento apropriado requer que sejam consideradas como sistemas multiníveis que incluam água, solo e componentes sócio-políticos

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internos e externos”(1). Naquele trabalho, sugere-se que a “bacia” seja tomada como unidade de estudo, de manutenção e de conservação dos recursos hídricos e; conseqüentemente, como unidade de planejamento para as ações que visem a melhoria da qualidade de vida das populações. Esta qualidade de vida, por sua vez, será fortemente dependente das condições ambientais, envolvendo aspectos relativos à saúde pública, à paisagística e ao lazer; e dependente dos recursos naturais seja como insumos à produção de bens e serviços, seja como corpos receptores das águas pluviais na operação dos sistemas de drenagem urbana. Sendo assim, a proposta de articulação dos diagnósticos e indicadores do SNIS tendo as bacias hidrográficas como UTAPE - Unidades Territoriais de Análise e Planejamento Estratégico(2), vem não somente promover o já inegável valor acumulado do SNIS para o PMSS nos últimos 9(nove) anos, como lançar novos desafios no sentido de ampliar o seu universo de usuários, instrumentalizando, como preconizado, o poder público, os organismos reguladores, os agentes financiadores, a sociedade civil, enfim, todos aqueles que têm no saneamento básico e ambiental o seu campo de estudo e de desenvolvimento das suas atividades. Tomaremos para este estudo a importante bacia do rio Paraná. A Bacia do Rio Paraná: Como se depreende da Tabela 1 abaixo, a bacia do Paraná com seus 879.872,6 km2 é a terceira maior bacia do Brasil em extensão territorial, e a mais populosa com seus 54.670.056 hab, o que corresponde a quase um terço da população do Brasil. Dos cerca de 1420 municípios contidos nesta bacia, 1401 têm ali localizadas as suas sedes municipais e em torno de 1150 inserem-se completamente ou em mais de 90% de suas áreas na bacia. Para o diagnóstico 2003 do SNIS, 472 dos municípios desta bacia forneceram informações sobre o atendimento total de água (I55), 326 informaram sobre o atendimento total por coleta de esgoto (I56) e 299 informaram sobre o índice de perdas de faturamento (I13). Nesta bacia, encontram-se algumas das maiores cidades do país, dentre as quais São Paulo, Brasília. Goiânia, Uberaba, Uberlândia, Ribeirão Preto, Campinas, Londrina e Curitiba entre outras. É, sem dúvida, um cenário onde podemos contemplar as grandes questões do saneamento no Brasil, que vão desde a escassez da água potável para algumas regiões, o quê muitas

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vezes decorre do seu próprio uso; até o desperdício em quotas inaceitáveis em certas localidades, que decorre do imenso déficit operacional resultante da falta de investimentos no setor. Estão aí, intrinsecamente colocados, os problemas de saúde pública, a má qualidade ambiental, o mau desempenho financeiro dos prestadores de serviço; constituindo verdadeiras barreiras para a universalização dos serviços. Este trabalho que se inicia, pretende não apenas identificar, conhecer e medir o desempenho dos operadores, mas identificá-los como os principais atores do enredo que se desenvolve neste cenário e que, pelas questões colocadas, reveste-se do mais alto interesse público. Por sua vez, essa bacia do Paraná subdivide-se em 12(doze) sub-bacias conforme mostrado na Tabela 2, onde se destaca a bacia do Tietê, a qual sendo a quarta em extensão territorial, é a maior em população com seus 27.155.005 hab. Isto não significa, todavia, que essa bacia constitua um grande problema para a gestão em saneamento, muito menos significa que venha a ser a mais insalubre ou a mais preocupante no tocante aos riscos de degradação ambiental num cenário futuro.

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Tabela 1 - Bacias Hidrográficas do Nível 1

AREA_KM2 POP_2000 HAB_KM2 %_LIXO %_AGUA POP_URB REG_HIDROG %_ESGOT POP_RUR NíVEL_1

3869952,5 7805515 2,02 77,38 62,25 5266891 RH Amazônica 13,54 2538624 A

921921,2 7177930 7,79 79,8 69,4 5331072 RH do Tocantins_Araguaia

10,25 1846858 B

879872,6 54670056 62,13 97,84 95,53 49493379 RH do Paraná 74,58 5176677 L

638575,9 12796082 20,04 88,53 94,98 9435374 RH do São Francisco

61,85 3360708 F

388159,8 13995550 36,06 85,78 89,85 9777791 RH Atlântico Leste 50,3 4217759 G

363445,5 1887365 5,19 88,66 88,5 1598653 RH do Paraguai 23,08 288712 M

333056 3728617 11,2 63,16 85,42 2299217 RH do Parnaíba 5,89 1429400 D

286802,2 21465233 74,84 86,32 84,82 16243443 RH Atlantico Nordeste Orient

31,99 5221790 E

274301,1 5302404 19,33 51,46 70,2 3023249 RH Atlantico Nordeste Ociden

12,72 2279155 C

214629,4 25245193 117,62 94,13 89,09 22720665 RH Atlantico Sudeste

67,74 2524528 H

214629,4 25245193 117,62 94,13 89,09 22720665 RH Atlantico Sudeste

67,74 2524528 H

187522,3 11633991 62,04 97,9 90,89 9881620 RH Atlantico Sul 31,49 1752371 I

187522,3 11633991 62,04 97,9 90,89 9881620 RH Atlantico Sul 31,49 1752371 I

174532,5 3834455 21,97 94,36 93,45 2624034 RH do Uruguai 23,44 1210421 J

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Tabela 2 - Sub-Bacias do Paraná

%_AGUA HAB_KM2 POP_2000 NOME POP_URB POP_RUR NIVEL_1 %_ESGOT THEID %_LIXO

97,98 53,81 7728951 GRANDE 6731042 997909 L 95,14 215 98,47

79,9 21,78 2801239 PARANAIBA B1 2572426 228813 L 50,58 234 96,02

98,07 38,01 4059999 PARANAPANEMA 3369951 690048 L 61,97 183 97,49

97,54 260,08 27155005 TIETE 25731032 1423973 L 84,12 220 98,8

96,64 38,34 2825875 PARANA ESQ 2198383 627492 L 25,47 318 95,97

96,33 63,69 4180556 IGUACU 3457780 722776 L 52,03 174 97,6

87,54 10,46 665059 PARANA D3 519752 145307 L 9,07 9 90,92

95 2,5 139677 PARANA D1 108118 31559 L 13,43 31 95,49

89,04 16,89 720418 PARANA D2 684121 36297 L 17,08 200 98,18

83,07 70,44 3054696 PARANAIBA A3 2901425 153271 L 65,24 224 92,88

94,55 19,91 598080 PARANAIBA A2 524362 73718 L 70,14 212 96,4

98,56 34,45 740501 PARANAIBA A1 694987 45514 L 96,84 283 98,69

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Essas afirmações, todavia, não podem ser sustentadas com base em argumentos meramente técnicos ou com base em projeções dos indicadores tradicionais que a engenharia sanitária tem utilizado para, principalmente, atingir padrões de qualidade dos serviços que, muitas vezes, quando otimizados, tornam-se focos de outros problemas. Um exemplo notável disto é a busca da universalização da cobertura por redes de coleta de esgotos que, quando não acompanhada pela interceptação e tratamento, acaba funcionando em detrimento da qualidade das águas fluviais, em muitos casos matando rios, num processo de difícil reversão. O cenário futuro a que nos referimos, decorre da atividade econômica, do desenvolvimento social e urbano daquele território; sendo estes últimos fortemente dependentes de políticas públicas concertadas e comprometidas com a erradicação da pobreza e das desigualdades sociais. O PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES O processamento das informações dar-se-á segundo o fluxo mostrado na Figura I.29, sendo identificadas as suas fases, os ambientes e os objetos em processamento.

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Figura I.29 – Fluxo do Processamento das Informações

1

2

3

4

5

6

7

8

Geoprocessamento Banco de Dados Planilha Excel

Procedimentos para limpeza topológica das bases georreferenciadas das bacias hidrográficas

Geoprocessamento das informações através das interfaces do aplicativo CONSREGRA

Extração do mapa de células homogêneas

Obtenção da tabela de “overlay”

Estabelecimento dos relacionamentos

Formulação das consultas em banco de dados

Cálculo dos indicadores Elaboração dos mapas temáticos

Redução da tabela de “overlay” e exportação

Manipulações das planilhas e relatórios

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Fase 1: O cruzamento das camadas de informações num ambiente de geoprocessamento exige um rigoroso tratamento topológico dos dados traduzidos em modelos espaciais, sob pena da perda de qualidade e confiabilidade da informação obtida. Todavia, tratando-se de bases territoriais intrinsecamente ligadas a modelos de gestão, como é o caso das unidades federativas e das bacias hidrográficas, vale a pena investir algum tempo no tratamento e depuração dessas bases. No nosso caso, a malha municipal é a do IBGE 2000, que sofre alterações somente após longos períodos, justificando o tempo gasto no seu tratamento. A base de informações sobre as bacias hidrográficas é ainda menos passível de alterações ao longo do tempo. O tratamento necessário para este trabalho deveu-se principalmente em razão das diferentes plataformas tecnológicas adotadas nas diferentes instituições para efeito da disponibilização dos seus dados. Entende-se que isto é uma contingência do trabalho, mas não deve ser perdida de vista a busca da interoperabilidade entre essas plataformas, devendo ser este um importante requisito para o aparelhamento do SNIS no que respeita ao instrumental de geoprocessamento. Fase 2: O geoprocessamento tem como pressuposto que toda a informação espacial ou alfanumérica deva ser consubstanciada no sistema como feições e seus respectivos atributos. Sendo assim, segue que nossas unidades espaciais traduzem-se em mapas georreferenciados ligados a registros de um banco de dados contendo seus atributos alfanuméricos. No nosso caso, as bacias hidrográficas e a malha municipal se identificam por sua extensão territorial e seus atributos alfanuméricos como nome, código, área, perímetro etc. O cruzamento é feito através das interfaces do programa aplicativo CONSREGRA, que é uma customização do Microstation Geographics desenvolvida numa extensão da linguagem Visual Basic. Fase 3: O cruzamento dessas camadas de informações, cujas unidades espaciais são incongruentes por excelência, produzirá “recortes” dessas áreas segundo os seus limites. Após o cruzamento, esses “recortes” formarão células que estarão associadas a um relatório no banco de dados contendo os atributos de ambas as camadas; isto é, o relatório conterá informações

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oriundas de ambas as tabelas, mas, principalmente seus campos-chave, o que permitirá amplos relacionamentos com as tabelas originais e outras tabelas do banco de dados. A Tabela 3 abaixo mostra alguns dos campos do relatório de cruzamento com suas respectivas interpretações e, a seguir, o aspecto gráfico do produto do cruzamento. É importante notar que a partir das células assim criadas, quaisquer das entidades superiores poderão ser reconstituídas, no nosso caso as sub-bacias, bacias ou os municípios. Esse produto do cruzamento, tratando-se de uma mera descrição vetorial de entidades espaciais associadas aos registros alfanuméricos de um banco de dados, poderá ser exportado para vários formatos, possibilitando não somente a realização de consultas como também a geração de novos produtos através de outras soluções tecnológicas, dentre as quais aquelas baseadas em software livre. Tabela 3 – Significado dos campos do relatório de cruzamento

das camadas Nome Campo Definição

MSLINK É um identificador para a célula do mosaico formado após o cruzamento.

AREA Área da célula. PERÍMETRO1 Perímetro da célula.

TABELA1 É o campo-chave da primeira tabela em cruzamento (bacias hidrográficas)

NOME1 Nome da bacia dentro da qual a célula se encontra. AREATOTAL1 Área total da bacia.

AREAREALATIVA1 Parcela correspondente à área da célula em relação à área da bacia.

TABELA2 É o campo-chave da segunda tabela em cruzamento (malha municipal)

NOME2 Nome do município dentro do qual a célula se encontra.

AREATOTAL2 Área total do município.

AREARELATIVA2 Parcela correspondente à área da célula em relação à área do município.

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Figura I.30 – Aspecto do produto de cruzamento da malha municipal com as bacias hidrográficas do nível 2

Segundo a interpretação dos campos do relatório de cruzamento em banco de dados, o identificador circundado na Figura I.30, de número 1989, corresponde a uma parcela do município de Veríssimo correspondente a 0.3790 % da área total da bacia do (Rio) Grande e a 53.29 % da área total do município. A outra parcela desse município, cujo identificador é 1911, corresponderá a 0.3775 % da área total da bacia do (Rio) Paranaíba B1 e aos restantes 46.70 % da área total do referido município.

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Fase 4: O DER – Diagrama Entidade Relacionamento visando a complementação dos dados do relatório de “overlay” ficou como mostrado na Figura I.31. A partir desses relacionamentos foram formuladas consultas ao banco de dados para obtenção das informações conforme descrito.

Figura I.31 - DER do Núcleo do SNIGIS Fase 5 e 6: as consultas às várias tabelas interrelacionadas como mostrado no DER foram elaboradas como mostrado na TABELA 4, preenchendo campos do relatório de “overlay” necessários para os cálculos dos indicadores. Os indicadores aqui propostos, ainda de formulação muito simples, também foram calculados através de consultas, como poderá ser verificado. Percebe-se não haver limites para o estabelecimento de novos relacionamentos e a conseqüente agregação de novas informações. Não são limitadas também as consultas que utilizam os relacionamentos através da linguagem

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SQL, evitando o crescimento desnecessário do número de campos do relatório principal.

Tabela 4 – Consultas sobre o Relatório de Cruzamento RELATÓRIO TABELAS CONSULTADAS

CODIGO_MUNICIPIO [Q55MU2500P]![CODIGO]

CODRED Esquerda$([PARANA_00]![CODIGO];6)

POPULACAO_TOTAL [MUNICIPIO]![PTOT_2000]

POPINCLUSA [PARANA_00]![POPULACAO_TOTAL]*[PARANA_00]!

[AREARELATIVA2]/100

DENSIDADE [MUNICIPIO]![HAB_KM2]

DENSBACIA [NIVEL_2]![HAB_KM2]

I_A [PARANA_00]![DENSIDADE]/[PARANA_00]![DENSBACIA]

I_O [PARANA_00]![AREARELATIVA2]*[PARANA_00]!

[AREATOTAL2]/[PARANA_00]![AREATOTAL1]

P_I [PARANA_00]![I_A]*[PARANA_00]![I_O]

I55 [SNIS_03]![I55]

I56 [SNIS_03]![I56]

I13 [SNIS_03]![I13]

IPB ((100-[PARANA_00]![I55])+(100- PARANA_00]![I56]) +

[PARANA_00]![I13])*[PARANA_00]![P_I]

FASE 6: a partir desta fase, é importante notar que produtos como mapas temáticos, gráficos estatísticos, planilhas e outras formas de apresentação das informações poderão ser obtidos a partir de interfaces diversas, inclusive aquelas baseadas em software livre. São os diversos softwares de geoprocessamento que interpretam os formatos de domínio público como dgn, mid-mif, shp; e planilhas em geral que intercambiem dados com o Microsoft Office. Neste trabalho, apresentamos um mapa temático produzido através da interface do programa CONSREGRA, uma customização do Microstation Geographics. Procedeu-se uma classificação dos municípios segundo o Pi, compondo-se o tema com outras informações importantes conforme apresentado abaixo. Da

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observação direta do mapa na Figura I.32, podemos fazer importantes inferências como: cidades importantes como Uberaba e Uberlândia, contribuem com parcelas substantivas do seu território para bacias diferentes, com pesos diferenciados.

Figura I.32 – Aspecto do mapa temático obtido a partir da

classificação dos municípios segundo o Peso. FASE 7: A versão reduzida da tabela considera parcelas dos municípios superiores a 1% dentro das bacias. Na tabela original, essa grandeza é expressa no campo chamado AREARELATIVA2. Sobre esta versão reduzida do relatório foi elaborada a consulta abaixo para dedução do número de municípios dentro da bacia. A seguir, a tabela reduzida foi exportada para o Excel.

Tabela 5 – Consultas sobre a Tabela Reduzida

TABELA: TABELAS GERADAS

MUNIC_BACIA_PARANÁ MUNICIPIOS_BACIA_PARANA.* (consulta acréscimo)

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FASE 8: No Excel, algumas manipulações poderão produzir resultados imediatos como, por exemplo, uma ordenação dos registros segundo os índices-chave. Por havermos trabalhado com o nível 2 das bacias hidrográficas definido pela ANA, a bacia do Paraná aparece subdividida em 12(doze) sub-bacias. Sendo assim, o nosso primeiro índice-chave é o identificador da sub-bacia, que seria a menor unidade espacial da entidade imediatamente superior que é a bacia do Paraná. Por essa razão criamos uma ordenação pelo nome da sub-bacia, a qual induzirá o agrupamento das unidades territoriais formadoras de cada sub-bacia. Todavia, o núcleo desta proposta é a criação de um indicador universal, que possa ser calculado indistintamente para todos os municípios, quer possuam ou não dados no SNIS, ou quaisquer outras informações censitárias, e que permita atribuir a esses municípios um “peso” pelo o quê eles representam para o desempenho dos sistemas naturais e antropogênicos das bacias hidrográficas que ocupam. Poderemos dessa maneira projetar os dados do SNIS sobre cenários diferenciados em função do papel que cada unidade da federação venha representar. Preconizado nesta proposta com o nome provisório de Pi (indicador do peso do município), este será o nosso segundo indicador-chave. Sendo assim, criaremos uma ordenação dentro das sub-bacias segundo este indicador, representado na coluna P_I da planilha, em ordem decrescente; isto é, do “mais importante” para o “menos importante”. Finalmente, sugerimos uma terceira ordenação, também em ordem decrescente, segundo a parcela relativa do território do município que se encontra dentro da bacia. Abaixo, podemos ver o aspecto da planilha ordenada segundo os critérios acima, apresentada na forma de um resumo considerando apenas as 10(dez) “mais importantes” cidades de cada sub-bacia. No ANEXO 1 é apresentada a planilha com os resultados das cidades participantes do diagnóstico do SNIS 2003 dentro da bacia do Paraná. No ANEXO 2 é apresentada a planilha completa.

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O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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Planilha I - Cálculo do IPB – Indicador Ponderado da Bacia

Dados da Bacia Dados do Municipio Indic. Propostos Indicad. do SNIS IPB

POP_TOT - Populacao Total

SUB-BAC-Nome CODRED - Codigo do Municipio POP_INC - Populacao Inclusa na Bacia I_A - Ind. Adens. I55 - At. Tot. Agua

NOME - Nome do Municipio DENSMUNIC - Dens. Demogr. Municipio I_O - Ind. Ocup. I56 - Col. Tot. Esg.

% PARC - Parcela do Municipio na Bacia DENSBACIA - Dens. Demogr. Bacia P_I - Peso Munic. I13 - Ind. Perd. Fat.

SUB-BACIA CODRED NOME % PARC POP_TOT POP_INC DENSMUNIC DENSBACIA I_A I_O P_I I55 I56 I13 IPB

GRANDE 354340 Ribeirão Preto 100,00 505012 505012 775 54 14,35 0,45 6,52 99,49 97,50 30,84 220,46

GRANDE 354980 São José do Rio Preto 98,25 357862 351608 825 54 15,28 0,29 4,50 93,23 89,47 48,23 295,06

GRANDE 351620 Franca 100,00 287400 287400 472 54 8,74 0,42 3,69 95,61 93,69 39,43

GRANDE 315180 Poços de Caldas 100,00 135343 135343 248 54 4,59 0,38 1,75 100,00 100,00 47,02 82,38

GRANDE 317010 Uberaba 51,33 251159 128910 55 54 1,02 1,60 1,63 97,29 96,31 23,85 49,33

GRANDE 353070 Mogi Guaçu 100,00 124134 124134 152 54 2,81 0,57 1,61 99,66 93,57 51,54 93,72

GRANDE 354890 São Carlos 63,89 192923 123266 169 54 3,13 0,51 1,60 92,91 91,54 53,05 109,84

GRANDE 317070 Varginha 100,00 108284 108284 273 54 5,06 0,28 1,40 97,13 94,71 18,82 37,81

GRANDE 315250 Pouso Alegre 100,00 106587 106587 196 54 3,63 0,38 1,39 97,15 95,40 30,70 53,01

GRANDE 310560 Barbacena 92,10 113947 104946 144 54 2,67 0,51 1,35 98,82 79,04 15,00 50,24

GRANDE 7620298 99,95 30,84

Page 102: Geoprocessamento na Gestão de Cidades

O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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IGUACU 410690 Curitiba 100,00 1586898 1586898 3682 64 57,53 0,66 38,12 100,00 76,08 911,72

IGUACU 410580 Colombo 71,49 183353 131077 1153 64 18,02 0,21 3,87 86,43 14,78 382,09

IGUACU 412550 São José dos Pinhais 71,04 204198 145052 219 64 3,42 1,02 3,50 81,29 31,96 303,36

IGUACU 410940 Guarapuava 80,32 154990 124492 49 64 0,77 3,80 2,91 93,39 56,69 11,18 177,98

IGUACU 410830 Foz do Iguaçu 45,02 258368 116328 438 64 6,84 0,42 2,90 93,79 44,47 35,94 283,52

IGUACU 410480 Cascavel 48,63 245066 119167 119 64 1,86 1,55 2,88 96,86 43,03 22,68 238,32

IGUACU 411915 Pinhais 100,00 102871 102871 1686 64 26,34 0,09 2,45 100,00 36,18 156,06

IGUACU 410180 Araucária 100,00 94137 94137 200 64 3,13 0,71 2,23 88,85 25,56 18,99 233,19

IGUACU 410840 Francisco Beltrão 100,00 67118 67118 93 64 1,45 1,12 1,63 88,96 31,32 1,05 131,69

IGUACU 411950 Piraquara 91,79 72806 66826 319 64 4,98 0,32 1,59 66,20 34,96 156,70

IGUACU 4185446 99,85 68,04

PARANA D1 500830 Três Lagoas 99,97 78943 78922 8 2 4,00 18,38 73,52 100,00 22,16 34,57 8264,82

PARANA D1 500100 Aparecida do Taboado 71,71 18425 13213 7 2 3,50 3,54 12,41 99,88 12,61 31,19 1472,67

PARANA D1 500325 Costa Rica 78,22 15475 12105 3 2 1,50 7,97 11,96 0,00 0,00 0,00 2392,32

PARANA D1 500290 Cassilândia 62,42 20059 12521 5 2 2,50 4,07 10,18 0,00 0,00 0,00 2035,21

PARANA D1 500020 Água Clara 100,00 11023 11023 1 2 0,50 19,79 9,89 84,28 32,56 1467,03

PARANA D1 500295 Chapadão do Sul 85,84 11663 10011 3 2 1,50 5,90 8,84 94,59 17,07 1083,34

Page 103: Geoprocessamento na Gestão de Cidades

O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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PARANA D1 500230 Brasilândia 79,06 11687 9240 2 2 1,00 8,30 8,30 63,88 36,76 1435,34

PARANA D1 500260 Camapuã 31,06 16591 5154 2 2 1,00 5,97 5,97 88,05 40,19 21,60 557,59

PARANA D1 500780 Selvíria 99,96 6083 6081 2 2 1,00 5,86 5,86 89,25 46,34 920,35

PARANA D1 500440 Inocência 99,67 7977 7951 1 2 0,50 10,32 5,16 69,16 9,56 724,47

PARANA D1 174495 99,89 1945,36

PARANA D2 500270 Campo Grande 92,62 662534 613608 82 17 4,82 17,59 84,87 100,00 19,47 50,76 11142,87

PARANA D2 500190 Bataguassu 99,68 16196 16144 7 17 0,41 5,69 2,34 92,15 18,59 296,34

PARANA D2 500710 Ribas do Rio Pardo 71,45 16624 11877 1 17 0,06 28,96 1,70 71,03 4,10 31,43 266,24

PARANA D2 500620 Nova Andradina 35,98 35374 12726 7 17 0,41 4,06 1,67 100,00 4,58 174,82

PARANA D2 500200 Batayporã 71,51 10610 7587 6 17 0,35 3,10 1,09 81,91 3,88 133,52

PARANA D2 500080 Anaurilândia 99,62 7950 7920 2 17 0,12 7,99 0,94 70,63 9,86 130,95

PARANA D2 500755 Santa Rita do Pardo 99,56 6624 6595 1 17 0,06 14,38 0,85 70,71 20,40 126,64

PARANA D2 500490 Jaraguari 71,28 5330 3799 2 17 0,12 4,85 0,57 0,00 0,00 0,00 114,14

PARANA D2 500150 Bandeirantes 62,66 6415 4020 2 17 0,12 4,55 0,54 69,74 6,65 107,03

PARANA D2 500600 Nova Alvorada Sul 41,03 9949 4082 2 17 0,12 3,88 0,46 78,66 38,67 73,09

PARANA D2 694630 99,91 906,16

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O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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PARANA D3 500370 Dourados 100,00 164674 164674 40 10 4,00 6,42 25,67 95,21 26,01 50,05 3307,74

PARANA D3 500660 Ponta Porã 83,04 60966 50627 11 10 1,10 6,95 7,64 91,97 4,44 47,64 1155,37

PARANA D3 500570 Naviraí 99,88 36616 36571 12 10 1,20 5,04 6,05 100,00 10,80 16,79 641,31

PARANA D3 500060 Amambaí 100,00 29466 29466 7 10 0,70 6,65 4,65 80,76 13,64 26,58 615,08

PARANA D3 500720 Rio Brilhante 100,00 22528 22528 6 10 0,60 6,25 3,75 75,97 39,97 614,62

PARANA D3 500470 Ivinhema 100,00 21619 21619 11 10 1,10 3,16 3,48 82,31 6,59 432,49

PARANA D3 500620 Nova Andradina 64,02 35374 22648 7 10 0,70 4,80 3,36 100,00 4,58 351,20

PARANA D3 500240 Caarapó 100,00 20691 20691 10 10 1,00 3,29 3,29 89,13 35,69 482,78

PARANA D3 500540 Maracaju 73,31 26200 19206 5 10 0,50 6,08 3,04 93,12 1,98 49,02 467,76

PARANA D3 500380 Fátima do Sul 100,00 19111 19111 60 10 6,00 0,50 2,97 97,56 5,62 49,93 436,36

PARANA D3 628591 99,84 388,20

PARANA ESQ 410830 Foz do Iguaçu 52,05 258368 134468 438 38 11,53 0,44 5,10 93,79 44,47 35,94 497,73

PARANA ESQ 410480 Cascavel 51,37 245066 125899 119 38 3,13 1,47 4,62 96,86 43,03 22,68 382,40

PARANA ESQ 411520 Maringá 43,87 288465 126553 588 38 15,47 0,29 4,46 100,00 70,83 23,66 235,82

PARANA ESQ 412770 Toledo 100,00 98189 98189 82 38 2,16 1,63 3,52 86,00 30,15 14,19 345,20

PARANA ESQ 412810 Umuarama 100,00 90621 90621 74 38 1,95 1,67 3,25 98,07 52,64 11,47 197,36

PARANA ESQ 410430 Campo Mourão 100,00 80420 80420 105 38 2,76 1,03 2,83 95,85 46,36 10,45 193,40

PARANA ESQ 410550 Cianorte 100,00 57360 57360 70 38 1,84 1,10 2,02 89,17 48,47 13,54 153,54

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O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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PARANA ESQ 412060 Prudentópolis 99,88 46323 46268 20 38 0,53 3,16 1,66 41,67 25,08 2,49 225,55

PARANA ESQ 411460 Mal. Cândido Rondon 100,00 41014 41014 61 38 1,61 1,02 1,64 81,33 10,62 211,44

PARANA ESQ 412625 Sarandi 62,95 71392 44942 686 38 18,05 0,09 1,57 100,00 2,80 0,00 152,93

PARANA ESQ 2431886 99,94 67,04

PARANAIBA A1 317020 Uberlândia 58,97 500095 294907 122 34 3,59 11,30 40,54 97,75 96,79 27,84 1350,29

PARANAIBA A1 310400 Araxá 100,00 78848 78848 68 34 2,00 5,44 10,87 0,00 0,00 0,00 2174,74

PARANAIBA A1 317010 Uberaba 25,63 251159 64368 55 34 1,62 5,40 8,73 97,29 96,31 23,85 263,99

PARANAIBA A1 314810 Patrocínio 61,84 73060 45182 25 34 0,74 8,25 6,06 0,00 0,00 0,00 1212,92

PARANAIBA A1 310350 Araguari 24,34 101519 24712 37 34 1,09 3,09 3,36 96,12 90,14 1,92 52,62

PARANAIBA A1 312950 Ibiá 99,95 21054 21044 8 34 0,24 12,63 2,97 0,00 0,00 0,00 594,39

PARANAIBA A1 314980 Perdizes 100,00 12345 12345 5 34 0,15 11,42 1,68 0,00 0,00 0,00 335,93

PARANAIBA A1 315690 Sacramento 51,98 21301 11073 7 34 0,21 7,47 1,54 100,00 100,00 21,88 33,64

PARANAIBA A1 311150 Campos Altos 82,85 12815 10618 18 34 0,53 2,78 1,47 0,00 0,00 0,00 294,74

PARANAIBA A1 314500 Nova Ponte 96,10 9216 8857 8 34 0,24 4,95 1,17 0,00 0,00 0,00 233,07

PARANAIBA A1 613684 99,94 376,56

PARANAIBA A2 314800 Patos de Minas 72,60 123708 89806 39 20 1,95 7,73 15,07 100,00 14,35 1723,72

PARANAIBA A2 310350 Araguari 75,66 101519 76806 37 20 1,85 6,91 12,77 96,12 90,14 1,92 200,09

Page 106: Geoprocessamento na Gestão de Cidades

O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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PARANAIBA A2 314310 Monte Carmelo 99,96 43894 43878 32 20 1,60 4,53 7,24 0,00 0,00 0,00 1448,66

PARANAIBA A2 520450 Caldas Novas 76,37 49642 37913 31 20 1,55 4,03 6,25 0,00 0,00 0,00 1250,52

PARANAIBA A2 314810 Patrocínio 37,68 73060 27530 25 20 1,25 3,62 4,52 0,00 0,00 0,00 904,17

PARANAIBA A2 311930 Coromandel 99,67 27432 27340 8 20 0,40 10,96 4,38 0,00 0,00 0,00 876,77

PARANAIBA A2 520510 Catalão 39,14 64290 25164 17 20 0,85 4,92 4,19 93,95 42,28 0,00 266,90

PARANAIBA A2 316960 Tupaciguara 68,91 23123 15933 13 20 0,65 4,20 2,73 0,00 0,00 0,00 546,50

PARANAIBA A2 521380 Morrinhos 33,76 36926 12468 13 20 0,65 3,19 2,08 97,44 41,38 31,99 193,41

PARANAIBA A2 313750 Lagoa Formosa 72,18 16300 11765 19 20 0,95 2,04 1,94 0,00 0,00 0,00 387,40

PARANAIBA A2 487263 99,84 244,05

PARANAIBA A3 530010 Brasília 63,17 2043169 1290733 351 70 5,01 8,44 42,32 91,15 85,44 22,39 1938,44

PARANAIBA A3 520110 Anápolis 57,88 287666 166495 267 70 3,81 1,22 4,67 96,10 52,84 48,88 466,96

PARANAIBA A3 521250 Luziânia 100,00 140813 140813 35 70 0,50 9,15 4,58 42,26 8,62 25,81 800,29

PARANAIBA A3 520025 Águas Lindas de Goiás 93,36 105379 98383 549 70 7,84 0,41 3,23 26,00 23,70 639,09

PARANAIBA A3 522185 Valparaíso de Goiás 100,00 93960 93960 1566 70 22,37 0,14 3,09 65,63 23,90 23,17 413,10

PARANAIBA A3 521523 Novo Gama 100,00 74297 74297 387 70 5,53 0,44 2,45 82,88 16,80 45,80 357,98

PARANAIBA A3 521975 Sto. Antônio Descoberto 100,00 51717 51717 55 70 0,79 2,16 1,70 63,04 32,71 288,36

PARANAIBA A3 520549 Cidade Ocidental 100,00 40375 40375 104 70 1,49 0,90 1,33 97,86 52,70 37,15 115,49

Page 107: Geoprocessamento na Gestão de Cidades

O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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PARANAIBA A3 520620 Cristalina 95,16 34060 32412 6 70 0,09 13,56 1,16 72,18 29,01 182,33

PARANAIBA A3 520510 Catalão 46,21 64290 29705 17 70 0,24 4,07 0,99 93,95 42,28 0,00 62,98

PARANAIBA A3 2247673 99,84 133,72

PARANAIBA B1 520870 Goiânia 100,00 1090581 1090581 1468 22 66,73 0,57 38,22 100,00 85,81 27,69 1600,76

PARANAIBA B1 520140 Aparecida de Goiânia 100,00 335822 335822 1158 22 52,64 0,22 11,70 53,22 19,42 26,70 1803,14

PARANAIBA B1 317020 Uberlândia 40,71 500095 203569 122 22 5,55 1,31 7,28 97,75 96,79 27,84 242,59

PARANAIBA B1 521880 Rio Verde 100,00 116559 116559 14 22 0,64 6,53 4,15 87,44 55,04 41,04 409,30

PARANAIBA B1 313420 Ituiutaba 100,00 88823 88823 34 22 1,55 2,03 3,13 94,48 91,46 23,18 116,63

PARANAIBA B1 522140 Trindade 100,00 82131 82131 114 22 5,18 0,55 2,86 88,70 40,77 36,42 305,48

PARANAIBA B1 521150 Itumbiara 91,23 81259 74130 33 22 1,50 1,75 2,63 86,96 65,99 46,64 246,52

PARANAIBA B1 521190 Jataí 100,00 75408 75408 10 22 0,45 5,58 2,54 89,47 61,28 49,04 249,50

PARANAIBA B1 317010 Uberaba 23,05 251159 57882 55 22 2,50 0,82 2,04 97,29 96,31 23,85 61,79

PARANAIBA B1 522045 Senador Canedo 100,00 53030 53030 216 22 9,82 0,19 1,87 0,00 0,00 0,00 373,22

PARANAIBA B1 3120347 99,93 86,44

PARANAPANEMA 411370 Londrina 100,00 446849 446849 267 38 7,03 1,55 10,89 100,00 72,56 36,42 695,22

PARANAPANEMA 411990 Ponta Grossa 77,48 273469 211887 132 38 3,47 1,52 5,29 99,18 52,12 14,96 336,60

PARANAPANEMA 411520 Maringá 56,13 288465 161912 588 38 15,47 0,26 3,97 100,00 70,83 23,66 209,53

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O Geoprocessamento e suas Aplicações na Gestão das Cidades

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PARANAPANEMA 352230 Itapetininga 88,94 125192 111351 70 38 1,84 1,50 2,76 91,05 84,28 68,03

PARANAPANEMA 353470 Ourinhos 100,00 93796 93796 316 38 8,32 0,28 2,30 100,00 96,08 42,89 107,90

PARANAPANEMA 410370 Cambé 100,00 88314 88314 178 38 4,68 0,46 2,17 99,52 53,37 39,74 188,77

PARANAPANEMA 410150 Arapongas 100,00 85415 85415 230 38 6,05 0,36 2,16 0,00 0,00 0,00 432,48

PARANAPANEMA 350400 Assis 100,00 87144 87144 188 38 4,95 0,43 2,13 95,98 95,72 17,64

PARANAPANEMA 352240 Itapeva 100,00 82833 82833 45 38 1,18 1,72 2,03 81,19 73,38 92,39

PARANAPANEMA 350450 Avaré 100,00 76400 76400 63 38 1,66 1,14 1,89 86,58 84,25 55,09

PARANAPANEMA 4196837 99,92 45,79

TIETE 355030 São Paulo 90,66 10406166 9434350 6810 260 26,19 1,34 35,19 99,58 86,62 485,48

TIETE 350950 Campinas 100,00 967921 967921 1213 260 4,67 0,77 3,59 97,92 87,88 23,82 136,47

TIETE 351880 Guarulhos 80,75 1071299 865068 3369 260 12,96 0,25 3,23 91,38 69,90 49,81 286,04

TIETE 353440 Osasco 100,00 650993 650993 10015 260 38,52 0,06 2,42 99,86 60,03 96,98

TIETE 354780 Santo André 91,37 648443 592490 3705 260 14,25 0,15 2,20 96,91 94,55 30,16 85,03

TIETE 354870 S. Bernardo do Campo 79,73 700405 558401 1721 260 6,62 0,32 2,09 0,00 0,00 0,00 417,34

TIETE 355220 Sorocaba 100,00 494649 494649 1099 260 4,23 0,44 1,84 96,11 93,70 29,46 72,91

TIETE 352940 Mauá 100,00 363112 363112 5764 260 22,17 0,06 1,36 95,48 77,60 45,97 99,19

TIETE 351380 Diadema 100,00 356389 356389 11496 260 44,22 0,03 1,34 100,00 81,20 42,85 82,62

TIETE 351060 Carapicuíba 100,00 343668 343668 9819 260 37,77 0,03 1,28 90,84 55,92 68,25

TIETE 25517532 99,91 14,54

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CONTROLE DE PROCESSOS Os programas para CONTROLE DOS PROCESSOS foram desenvolvidos para instrumentalizar a criação de um sistema de busca e recuperação de informações acerca dos processos no GGIT – Grupo Gerencial de Informações Técnicas da SUDECAP. Nos dias de hoje, a falta de uma referência espacial para as informações sobre os processos existentes, os quais poderão ter origem em reclamações dos munícipes ou em solicitações internas da PBH, dificulta o estabelecimento de uma relação imediata com as demandas por informações ou novas solicitações que chegam; e dificulta a recuperação dos históricos dos locais de incidência das intervenções do poder público. Em decorrência das crescentes dificuldades e em vista do grande número de processos, propôs-se a criação de camadas de informações georreferenciadas, as quais, tendo como pano de fundo o extenso acervo de informações do SIG-SUDECAP, e baseadas numa simbologia específica, passarão a informar a existência de processos nas localidades do município de Belo Horizonte. Mais do que isso, a conexão das feições espaciais, informando sobre a abrangência dos processos, com tabelas de um banco de dados, possibilitará a recuperação imediata das informações acerca da natureza, do histórico e do estágio em que se encontram tais processos. Pretende-se dessa forma agilizar a tomada de decisões, melhorar o fluxo e a confiabilidade das informações emitidas pelo poder público, e melhorar a eficácia das ações desencadeadas a seguir. Os principais componentes deste sistema são um editor gráfico para a criação da simbologia específica do controle dos processos; um gerenciador das conexões dessa simbologia com os registros alfanuméricos de um banco de dados; e os bancos de dados existentes informando sobre o urbanismo, os sistemas de macro e microdrenagem, abastecimento de água, coleta de esgotos, áreas de risco e divisão geopolítica entre outros. Trabalhando basicamente com 3 (três) tipos de feições (ou seja, o ponto, a linha e a área), o editor cria camadas de informações espaciais sobre processos com incidência pontual, ou seja, de abrangência local; processos com abrangência linear; e processos

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com abrangência de uma área. Além da forma e da abrangência dos processos, o que consequentemente já informa sobre o contexto da informação e seu entorno, o sistema oferece ainda atributos de exibição, (tais como cores, tipos de traço e níveis de armazenamento), como elementos diferenciadores da natureza e do estágio em que os processos se encontram, permitindo a visualização direta nos mapas de algumas informações gerenciais de grande interesse. Por exemplo, a classificação de um processo como sendo de alto risco, confere-lhe um atributo de exibição específico, colocando-o em destaque em meio às outras informações. O módulo de gerenciamento das conexões, por sua vez, faz a consistência do dado espacial transformando-o numa feição do banco de dados espaciais. A partir disto, este módulo permite a consulta, a alteração e o estabelecimento de novas conexões, podendo-se ligar os elementos gráficos a um ou mais registros de diferentes tabelas do banco de dados alfanuméricos. Outras associações possíveis são as desses elementos gráficos com fotografias e imagens diversas, as quais poderão ser oriundas de sobrevôos, como no caso das aerofotos do Vist@érea, de visitas ao campo, vistorias ou produtos de “scannerização” de anotações, despachos ou quaisquer documentos ligados ao processo. Em sua tela inicial, o módulo de gerenciamento das conexões solicita ao operador a escolha do dispositivo de banco de dados sobre o qual serão feitas as transações. Isto significa que a um processo poderão estar associadas informações de diferentes bases de dados. Os resultados e benefícios obtidos das aplicações sobre uma base de informações assim estruturada vão desde mapas temáticos sobre as propriedades e atributos específicos dos processos, até relatórios combinando restrições espaciais com regras complexas de inferência de um banco de dados relacional. A Figura I.33 ilustra uma área que deu origem a um processo de usucapião. Ali são superpostas informações da base urbanística de Belo Horizonte com a divisão de bairros, uma foto aérea recente daquela região e uma tela exibindo informações do processo existentes num banco de dados. A propósito, neste caso, existem 2 (dois) registros de banco

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de dados associados ao referido processo, sendo que as telas correspondentes exibem-se em seqüência.

Figura I.33 – Exemplo de informações sobre um processo.

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II. PRODUÇÃO II. PRODUÇÃO II. PRODUÇÃO II. PRODUÇÃO –––– ENTRADA E SAÍDA DE DADOS ENTRADA E SAÍDA DE DADOS ENTRADA E SAÍDA DE DADOS ENTRADA E SAÍDA DE DADOS CAPTURA E CONVERSÃO DE DADOS

Como um gabarito do modelo de dados adotado, um aplicativo para conversão de informações deve prover o sistema de meios para capturar, tratar, consistir e transformar dados oriundos de fontes diversas, colocando-os em conformidade com os padrões estabelecidos por aquele modelo. Isto significa que um aplicativo para conversão deverá possuir as capacidades seguintes:

• Conversão de dados para o formato digital; • Reconversão de dados para as diversas estruturas de armazenamento (“raster”, vetor, alfanumérico); • Transformações básicas de rotação, translação e escalamento; • Transformações de unidades de trabalho (“working units”); • Transformações de estruturas 3D para 2D e vice-versa; • Transformações generalizadas ou seletivas de atributos gráficos. É natural que todas essas capacidades não estejam disponíveis num único programa aplicativo. Todavia, espera-se de um pacote de programas de apoio, que o mesmo ofereça ferramentas capazes de, em conjunto, promover as transformações acima descritas, tão necessárias para a “recuperação” de grandes acervos de informações, muitos dos quais já existentes em formato digital.

Este programa foi projetado para automatizar o tratamento de arquivos vetoriais minimizando interferências indesejáveis como a falha humana e a morosidade do manuseio de grandes massas de dados durante o processo de conversão. Num aplicativo deste tipo, a flexibilidade na criação de filtros de entrada e de saída são fundamentais para que o mesmo desempenhe satisfatoriamente suas funções com segurança e qualidade. Tão fundamental quanto a flexibilidade, a interatividade, por sua vez, torna-se indispensável para o gerenciamento de processos cumulativos, aumentando a produtividade do operador. Sendo assim, passamos a descrever os

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mecanismos de interação do menu principal do programa CNVMAP mostrado na Figura II.1, bem como a descrever as suas capacidades e conceitos.

Figura II.1 – Menu principal do programa CNVMAP

O conceito mais fundamental utilizado pelo aplicativo é o de feição. Este é um programa para conversão de feições de um cadastro técnico, colocando-as em conformidade com a estrutura de geocodificação definida para o sistema de informações. A Tabela 1 que segue mostra 4(quatro) grupos de feições (base cartográfica, sistemas de água, esgotos e drenagem) para as quais o aplicativo implementa conjuntos de atributos pré-programados. A Tabela das Feições contida nas diretrizes para a caracterização e organização do banco de dados descreverá os agrupamentos de atributos pré-programados implementados pelo programa. Conversão de Feições: o conjunto de atributos que identificam uma feição a ser capturada e convertida poderá ser digitado pelo operador nos campos correspondentes ao Nível, Peso, Estilo, Cor e Tipo, do menu principal, ou recuperado automaticamente pelo programa a partir do assinalamento da coluna correspondente à feição de saída (identificada por 01, 02, 03 ou 04 no menu), seguida do acionamento do botão LOCELE (Localiza Elemento) para identificação do elemento a ser processado. Uma vez apontado um

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elemento pelo operador, os atributos do mesmo serão carregados na coluna à esquerda. As conversões poderão ser feitas em grupos de até 4(quatro) feições. Feita a seleção dos atributos de entrada, ao “clicar” no botão OK o programa carregará automaticamente os atributos da feição objeto da transformação, selecionados de uma lista pré-programada. Ao “clicar” o botão OK novamente, o programa iniciará o processamento, retornando ao menu principal no término do processo.

Tabela 1 - Feições do Menu Principal do Programa CNVMAP BASE BASE BASE BASE

Muros / Lotes Quadra-Lote Meio-Fio Curvas Nível Cercas Indústrias Comércio Municipais Bombeiros Escola Polícia Canteiro Guia Hospitais Praça Clubes Garage Rios Federais Grandes Estaduais Guia/Meio-Fio Viaduto Canteiro Ferrovia Rodovia Cemitério Ciclovia Lago Residências Igreja Jardim Malha Vértice Fonte Padrão Topo Predial Textos Livres Topo Lograd Setor Leitura Setor/Bairro Grupo Fonte Padrão Limite Fiscal Limite Limite Região Label Faixas

ÁGUA ÁGUA ÁGUA ÁGUA Peças Planejada Projetada Em obras Executada Em Operação Anéis Adutoras Desativada Desconhecid Presumida Textos da Amarrações Alinhamentos Cotas Anotações Label

ESGOTO ESGOTO ESGOTO ESGOTO Em obras Peças Planejada Projetada Desconhecid Executada Em Operação Desativada Emissário Presumida Coletores Interceptores Amarrações Recalque Recalque Textos da Label Alinhamentos Cotas Anotações DRENAGEM DRENAGEM DRENAGEM DRENAGEM Peças Em Operação Textos da Amarrações Alinhamentos Cotas

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Exportação (3D x 2D): quando executado, o programa identificará a estrutura de armazenamento do arquivo ativo, podendo essa estrutura ser convertida com o simples assinalamento do campo da estrutura de saída.

Unidades de Trabalho: um sistema de cadastro urbano trabalha com as unidades fundamentais m (metro – unidade base); cm (centímetro – sub-unidade); 100 (cem) divisões da unidade base (o metro); e 1 (uma) divisão da sub-unidade (o centímetro). Não se recomenda a alteração dessa relação em arquivos de um mesmo sistema de informações, sob pena de perda da padronização da simbologia utilizada, introdução de fatores de escalamento entre os mapas, e/ou uma drástica alteração da abrangência do espaço geográfico coberto pelo sistema de coordenadas. Para que não ocorra nenhuma das interferências citadas, o programa CNVMAP informará ao operador as unidades de trabalho do arquivo de entrada e as transformará para as unidades-padrão acima descritas.

Arquivos: a digitação dos diretórios de Origem e de Destino pelo operador facilitará a localização dos arquivos de entrada e a geração dos arquivos de saída quando houver conversões de 3D para 2D e vice-versa. A especificação de um diretório ou caminho deverá terminar sempre com o caracter “\”, por exemplo, c:\base\dgn\saida\. Abre: definido o diretório de Origem (caso contrário o programa iniciará a busca no diretório raiz - c:\) este botão abrirá a tela para seleção dos arquivos a serem processados.

Move 63: move as feições para um nível temporário (nível 63).

Limpa 63: limpa o nível temporário (nível 63).

Limpa: limpa os atributos de entrada previamente selecionados.

Locele: este botão indica o elemento a ser processado.

Analisa: este botão permite a utilização de funções para análise dos elementos.

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OK: conforme já descrito, este botão, no primeiro passo, carregará os atributos das feições de saída; isto é, os atributos pré-programados. Num segundo passo, este botão iniciará o processamento das informações.

Cancel: Esta opção encerrará o programa. TRANSFORMAÇÕES BÁSICAS Como é de conhecimento geral, a cultura de CAD (Projetos Assistidos por Computadores) amplamente disseminada nas áreas técnicas da engenharia, está baseada no AUTOCAD. Esse produto, há pelo menos 2(duas) décadas, foi introduzido nessas áreas como um substituto das tradicionais pranchetas, antes mesmo da popularização de ferramentas de automação mais sofisticadas, de simulação e de modelagem espacial hoje conhecidas. Sendo assim, uma considerável parte do acervo técnico e cultural deixado pelo AUTOCAD apresenta deficiências conceituais, muito mais devidas à anterioridade da sua formação em relação a esses conceitos, do que pela incapacidade do programa adaptar-se aos novos padrões conceituais das aplicações de geoprocessamento e tecnologias correlatas. Trata-se, portanto, de um problema cultural. Consideramos o AUTOCAD como parte integrante de uma solução para a geoengenharia, exatamente pela “escola” que o mesmo já fez. Todavia, torna-se necessário reeducar muitos dos seus usuários, os quais não percebem ainda a ferramenta que usam como parte de uma solução e não a solução em si. São práticas comuns no “mundo” do AUTOCAD: trabalhar em sistemas de coordenadas arbitrárias; alterar a escala original das informações; escalar e rotacionar desenhos para “encaixá-los” nos formatos padrão; usar indiscriminadamente níveis de informações como memórias de trabalho; produzir instâncias de uma mesma informação em “partes” diferentes do espaço de trabalho; etc. Se estamos utilizando a ferramenta na produção de desenhos mecânicos, por exemplo, nenhuma das práticas acima mencionadas comprometeria a utilização do produto digital resultante. Mas, se a ferramenta é utilizada na produção de mapas e modelos espaciais

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de geoengenharia, qualquer uma daquelas práticas, e normalmente todas aparecem juntas, pode comprometer o uso do produto digital no que se relaciona à sua articulação com outras informações georreferenciadas, à sua manutenção, associação com dados de topografia, integração com modelos de simulação e outras aplicações. A recuperação das informações poderá ser difícil, ou até impossível, representando perda do valor agregado ao produto. A Figura II.2 que segue é uma ilustração de uma situação muito comum, onde uma porção do espaço geográfico da cidade encontra-se fora do seu sistema de coordenadas, rotacionada e escalada.

Figura II.2 –––– Ilustração do Deslocamento de Mapas

O programa Escala, para o posicionamento de mapas, foi desenvolvido para automatizar os procedimentos visando à recuperação do acervo de informações do PGE – Planos Globais Específicos da Secretaria Municipal da Habitação da Prefeitura de Belo Horizonte, e que apresentem não conformidades dos tipos citados acima. Com o auxílio desta ferramenta, a recuperação de um mapa é feita em três passos, a saber:

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• Escolha dos pontos pivô e de referência das transformações. Idealmente, esses pontos deverão estar mais afastados entre si, ou seja, em diagonal sobre a área de interesses;

• Obtenção das coordenadas U.T.M. dos pontos, a partir da base georreferenciada. Esses valores poderão ser obtidos a partir da leitura de mapas ou de visitas ao campo, a partir de um instrumento de posicionamento global – GPS.

• Carregamento das informações no programa, conforme ilustrado na Figura II.3, e execução das transformações.

Figura II.3 –––– Tela principal do programa para

posicionamento de mapas. O programa permite a introdução de sucessivos conjuntos de coordenadas, possibilitando o “ajuste fino” do posicionamento, se for o caso. A Figura II.4 ilustra um produto da transformação, onde a mancha central corresponde a um levantamento de dados para estudos e diagnósticos dos PGE – Planos Globais Específicos da Secretaria Municipal da Habitação. Os dados encontravam-se no AUTOCAD, porém, num sistema de coordenadas arbitrárias. Ao fundo, encontra-se o nível das quadras da base cartográfica de Belo Horizonte mantida pela Prodabel.

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Figura II.4 –––– Produto de saída do programa Escala.

IMPRESSÕES EM ESCALAS E FORMATOS VARIADOS O aplicativo CADPLOT tem como finalidade a padronização dos procedimentos para a apresentação e impressão de mapas. Sendo assim, implementa os formatos padrão de A0 até A4, que são amplamente utilizados. Além disso, uma grande flexibilidade no trabalho com escalas é oferecida, equacionando o binômio formato x escala na apresentação da informação.

Figura II.5 – Tela principal do aplicativo de plotagem CADPLOT

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A tela principal do sistema CADPLOT é conforme mostrado na Figura II.5, onde: FORMATO: Este botão abre uma lista dos formatos disponíveis, inclusive as variações de cada um, para escolha pelo operador. Flag GRID: Quando assinalado, o aplicativo calcula e posiciona o “grid” de coordenadas na área útil do desenho. Flag CLIP: Quando assinalado, o aplicativo executa um “clipping” (recorte) da informação tendo como referência a área útil do desenho. ESCALA: O aplicativo CADPLOT oferece um contínuo de escalas que vai de 1 a 100.000. PADRÃO: Este botão cria um arquivo padrão de plotagem contendo o formato padrão escolhido e anexando todas as informações do mapa em questão. Este arquivo recebe uma série de nomes genéricos que vai de PRODUTO_000.dgn a PRODUTO_999.dgn, os quais ficarão num diretório padrão. Esta série de nomes visa limitar o número de produtos de plotagem no disco, os quais, periodicamente serão excluídos. Caso o operador queira manter um produto, ao concluir o trabalho de plotagem, este arquivo deverá ser renomeado, pois o aplicativo reutilizará esses nomes após a manutenção do diretório. A Figura II.6 mostra um produto de plotagem. CONFIGURAÇÃO O aplicativo CADPLOT utiliza-se de uma configuração padrão para busca dos formatos utilizados e para os produtos gerados . Para o correto mapeamento das informações, estas pastas deverão encontrar-se no “drive V:” conforme ilustração da Figura II.7. Para isso, no ambiente de rede, basta mapear a unidade onde as informações se encontram com o referido nome (V:), reservando-o para este fim.

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Figura II.6 – Produto de plotagem identificado como

PRODUTO_XXX.DGN.

Figura II.7 – Configuração das pastas para implantação do

programa aplicativo CADPLOT.

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III.III.III.III. APOIO À OPERAÇÃO DE SISTEMAS URBANOSAPOIO À OPERAÇÃO DE SISTEMAS URBANOSAPOIO À OPERAÇÃO DE SISTEMAS URBANOSAPOIO À OPERAÇÃO DE SISTEMAS URBANOS

GERAÇÃO DE RELATÓRIOS TÉCNICOS As únicas justificativas para os enormes esforços empreendidos na construção de modelos de redes estão na manutenção da sua integridade e consistência, preservando não só os investimentos na sua construção, como o seu real potencial de uso em trabalhos de modelagem, simulação, diagnósticos e suporte para operações. Todavia, a sobrevida de um modelo de rede não depende apenas da atualidade do dado, mas principalmente de como a nova informação se insere num complexo de interrelações muitas vezes insondável através do método visual. Por um lado, são as relações topológicas, simbologias e convenções gráficas; por outro lado, o conjunto de atributos alfanuméricos numa base de dados relacional. Salvo em casos de uma adequada instrumentalização, a manutenção de modelos de tal complexidade só faria comprometer a sua integridade, com uma crescente perda de qualidade e confiabilidade. Essa adequada instrumentalização pressupõe a capacidade de inspecionar a integridade do modelo como um todo a cada intervenção, mesmo que pontual. Trata-se de uma tarefa impraticável pelos métodos convencionais. O programa aplicativo SEMLINK, conforme passaremos a descrever, reúne capacidades essenciais para “flagrar” erros óbvios que podem ter origem na captura ou na conversão do dado; mas também para consistir a lógica e a interação do dado dentro do modelo, provendo um meio para tratar grandes massas de informações com segurança e eficácia. A flexibilidade da sua interface de programação associada à capacidade para incorporar processos originários de outras aplicações em análises cumulativas, confere a esse programa o caráter de um especialista, antes que uma ferramenta de aplicação genérica como as que acompanham os produtos comerciais de geoprocessamento.

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III.A. Relatório de Inspeção de Assoreamento em PV’s da Microdrenagem

O exemplo que segue é ilustrativo do grande potencial de uso da base de informações do PDDBH - Plano Diretor de Drenagem de Belo Horizonte como uma ferramenta gerencial e de planejamento, extrapolando as aplicações de um simples cadastro técnico informatizado. O problema da drenagem urbana nos grandes centros tem se agravado mais e mais com o adensamento populacional, resultando em mais detritos e dejetos por km2 no processo de lavagem do solo urbano; desmatamento e ocupação de encostas, resultando em erosão do solo exposto e o conseqüente assoreamento dos canais de macro e microdrenagem; envelhecimento e fadiga da infraestrutura, resultando em obstrução dos canais; e, finalmente, a falta de planejamento estratégico das intervenções, resultando na ineficácia das medidas mitigadoras. Como se não bastasse a reconhecida complexidade das operações quando da associação dos problemas acima, há que se considerar o espelhamento de todos esses fatores nos sistemas de coleta e afastamento de esgotos sanitários. O mau funcionamento dos sistemas de drenagem urbana e de esgotamento sanitário, os quais inevitavelmente interferem mutuamente, agrava o primeiro nos processos agudos de extravasão no período das chuvas, e agrava o segundo nos processos de afastamento e tratamento. Com respeito ao primeiro, relacionam-se os problemas de saúde pública, insalubridade e má qualidade de vida, em função da presença de esgotos nas águas pluviais. Com respeito ao segundo, relacionam-se os problemas da operação dos sistemas e dos custos de tratamento de imensos volumes de um efluente diluído em águas pluviais. Fica clara a necessidade da criação de bases de informações passíveis de atualizações constantes e adequadamente articuladas para, através das análises de interferência, estabelecermos uma base de conhecimento dessa intrincada rede de interrelações. Os exemplos das aplicações a seguir foram extraídos de uma massa de dados real da cidade de Belo Horizonte. O levantamento das informações se deu no período de 1999 a 2000 e a sistematização dessas informações num SIG se deu no período de 2000 a 2001. A Figura III.1 ilustra uma pesquisa no banco de dados integrados com o objetivo de mapear, tipificar e quantificar os

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poços de visita das redes de microdrenagem apresentando assoreamento, na área da regional Centro-Sul de Belo Horizonte, com saídas na tela (“display”), em relatório alfanumérico e em arquivo gráfico conforme os atributos de gravação indicados. Próximo a um canal da macrodrenagem, ou seja, um fundo de vale, o poço de visita em destaque na Figura III.2 recebe as águas de toda uma micro-bacia. O assoreamento o transforma em potencial ponto de alagamento.

Figura III.1 – Pesquisa dos PV’s assoreados da

microdrenagem A Tabela 1 abaixo ilustra um registro da saída em relatório alfanumérico, e a Figura III.2 um poço de visita assoreado em detalhe, ampliado três vezes em relação aos demais, conforme os atributos de gravação.

ARQUIVO DE CONTROLE DE QUALIDADE DO BANCO DE DADOS PLANO DIRETOR DE DRENAGEM - PBH Data: 5-10-2001 Hora:15:23:12 Critério Peve da Micro Campo Obs : assorea Elemento: 2 Valor Encontrado: ASSOREADO U.T.M. X: 612371.53 Y: 7794673.3 MSLINK: 1495 Endereço:RUA BERNARDO FIGUEIREDO Código:081202

Tabela 1 – Registro do relatório de PV’s com assoreamento.

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Figura III.2 – Detalhe de PV assoreado

III.B. Relatório de Inspeção de Presença de Esgoto em PV’s da Microdrenagem

Quando se aborda a questão do tratamento de esgotos, invariavelmente pensa-se no dimensionamento e especificação de ETE’s, - Estações de Tratamento de Esgotos e na discussão da eficácia deste ou daquele processo. Não é raro encontrá-las prontas ou em adiantado estágio de construção, sem que o esgoto lhes chegue. Vemos, portanto, como uma fase crítica do ciclo do esgoto, principalmente nas grandes aglomerações urbanas, a efetiva separação e interceptação dos efluentes. Um sistema de informações já exemplificado como uma ferramenta gerencial e de planejamento, torna-se também um poderoso instrumento de apoio operacional, seja na operação e manutenção das redes, seja no planejamento de intervenções numa operação caça-esgotos por exemplo. A Figura III.3 apresenta uma pesquisa da presença de

Canal da Macrodrenagem

Redes de Microdrenagem

PV assoreado

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esgotos nos poços de visita das redes de microdrenagem na regional Centro-Sul de Belo Horizonte.

Figura III.3 – Pesquisa de PV’s da microdrenagem com

presença de esgotos A Tabela 2 ilustra um registro típico da saída em relatório alfanumérico da pesquisa de poços de visita com a presença de esgotos. A seguir, as Figuras III.4 ilustra uma situação de ocorrência, tendo os poços de visita com esgoto ampliados três vezes em relação aos demais.

ARQUIVO DE CONTROLE DE QUALIDADE DO BANCO DE DADOS PLANO DIRETOR DE DRENAGEM - PBH Data: 5-11-2001 Hora: 8:48:22

Critério Peve da Micro Campo Obs : esgoto Elemento: 7 Valor Encontrado: ESGOTO NA REDE U.T.M. X: 611088.12 Y: 7791786.98 MSLINK: 11163 Endereço:RUA PROFESSOR C.PEREIRA DA SILVA Código:090620

Tabela 2 – Registro do relatório de PV’s com esgotos.

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Figura III.4 – Detalhe de PV com esgoto

III.C. Relatório de Inspeção de Estações de Rádio-Base Celular

(ERB’s) A polêmica discussão sobre os possíveis efeitos danosos da radiação produzida pelas ERB - Estações de Radio-Base Celular nas cidades sobre a saúde humana, tem exigido dos administradores públicos a tomada de decisões agudas, muitas vezes como medidas protelatórias, já que não há uma base científica consolidada sobre a relevância de tais efeitos ou mesmo uma lei que regule o assunto, que é de interesse público. Todavia, teme-se que tendo a atenção desviada para apenas este aspecto da saúde coletiva, especialistas e a sociedade civil como um todo, percam de vista outros importantes aspectos da vida urbana, com forte influência na qualidade de vida das populações e nos processos de racionalização do uso do espaço urbano. A proliferação indiscriminada desses equipamentos, os quais até recentemente não integravam a paisagem urbana, está a exigir do

Canal da Macrodrenagem

Redes de Microdrenagem

PV com esgoto

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poder público uma regulação sobre o assunto que considere não somente aquele aspecto anterior, como também as questões ambientais (dada à presença física dos equipamentos e o ruído dos seus sistemas de refrigeração); questões relacionadas com a regulação do uso do solo; e questões relacionadas com instalações irregulares funcionando sem o aval do poder público. Neste sentido, há três necessidades prementes: regular, fiscalizar e racionalizar o uso do espaço urbano. Pelo exposto, isto deverá ser feito de forma continuada pelo poder público, ainda que sejam comprovadamente irrelevantes os prejuízos causados pelos equipamentos à saúde pública. Mais uma vez, a questão é como instrumentalizar o poder público para que este desempenhe com autoridade e eficácia as suas funções reguladoras, fiscalizadoras e gestoras do espaço urbano. Onde estão as torres? Quem são suas operadoras? Há espaço para todas elas? Como racionalizar o uso do espaço ocupado pelas antenas? Pode-se aceitar de um poder publico o desconhecimento da presença de estruturas tão grandes? A resposta está na informação. Mas não naquela informação dispersa. Está numa base de informações articuladas, interrelacionadas espacial e logicamente. Numa base que seja passível de atualizações constantes, pois, o avanço dos serviços de telefonia celular será seguido pelo avanço dos sistemas de posicionamento e rastreamento nas grandes cidades. Estamos falando novamente de um sistema de informações georreferenciadas. Um SIG, conforme veremos. As bases de informações do SIG-SUDECAP, criadas a partir do Plano Diretor de Drenagem, estão hoje disponíveis num ambiente de aplicações com alto potencial de uso para as atividades de planejamento de intervenções nos sistemas urbanos de Belo Horizonte. Dados de uma planilha de campo, contendo informações sobre as ERB’s (antenas de telefonia celular), suas coordenadas geográficas e suas operadoras; foram introduzidos no sistema de informações e mapeados na forma indicada na Figura III.5, como resposta às perguntas: onde estão e quem são as operadoras? Traçando um círculo de raio = 250 metros em torno das suas posições, produziu-se um tema para visualização das interferências

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entre pontos próximos como uma resposta à questão: há espaço para todas elas? Finalmente, conforme mostrado na Figura III.6, produziu-se um relatório pormenorizado e cruzado sobre a posição relativa de cada ponto, seus interferentes num raio de 500 metros com seus respectivos endereços, em resposta à questão: como racionalizar o uso do espaço ocupado pelas antenas? Com relação a essa última questão, já é consenso que as operadoras devam compartilhar as torres ao invés de concorrerem no uso do espaço. Para isso, um instrumento de regulação poderá contribuir enormemente. Quanto à presença de instalações irregulares, somente uma ação fiscalizadora eficaz poderá dar conhecimento ao poder público sobre a situação existente. Todas essas operações de carregamento dos dados foram totalmente automatizadas através do desenvolvimento de um módulo aplicativo chamado Posiciona_Antenas.

Figura III.5 – Mapeamento das Estações de Rádio-Base Celular

(ERB’s) de Belo Horizonte

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Figura III.6 – Relatório de interferência entre ERB’s de

Belo Horizonte

III.D. Relatório de Classificação do Sistema Viário por Tipo de Pavimento

Para uso pelo Plano Diretor de Drenagem de Belo Horizonte, o sistema viário da cidade recebeu ou teve atualizados alguns atributos de suma importância para a sua caracterização e utilização

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nas fases de diagnósticos, modelagem dos sistemas de drenagem, planejamento de intervenções, projetos básicos, programas de manutenção e obras. Dentre aqueles atributos, o tipo de pavimentação do trecho de viário aparece como um informação essencial para todas as aplicações citadas. Este atruibuto é um importante componente do índice de permeabilidade dos solos à ocupação; do padrão de ocupação urbana; da produção de sedimentos quer seja como fonte, através dos processos erosivos, quer seja como veículo nos processos de lavagem do solo e de transporte de lixo em locais inacessíveis pelo serviço de coleta; e também é importante indicador da necessidade de implantação de obras de infraestrutura e de pavimentação de vias. Pelas razões expostas, a produção de um tema de tal importância requer insrtrumentos adequados para mantê-lo atualizado, uma vez tratar-se de informação bastante volátil, principalmente nas áreas de expansão ou de reordenação do espaço urbano, como é o caso das áreas contempladas pelo Programa de Recuperação Ambiental e Saneamento dos Fundos de Vale e dos Córregos em Leito Natural de Belo Horizonte – Programa Drenurbs-BH. O funcionamento do Programa Viário é bastante simples. As saídas produzidas pelo programa, todavia, merecem maiores comentários. O mapeamento da a Figura III.7 corresponde a uma área de favela, tendo um córrego em leito natural contemplado pelo programa Drenurbs. Percebe-se uma cidade “formal” no entorno da favela e esta, no fundo do vale, entrecortada por becos com atributo de pavimentação “não especificado”, constituindo locais de difícil acesso. Pode-se presumir haver dificuldades para a coleta de lixo no fundo de vale, ou seja, nos locais próximos ao canal. Outra consideração plausível é a necessidade de induzir uma reordenação naquele local, dotando-o de infraestrutura e requalificando-o como “espaço urbano”. Este tipo de abordagem pressupõe um conjunto de intervenções integradas, caracterizando uma ação intersetorial no saneamento, na recuperação ambiental e paisagística do local. O relatório apresentado na Figura III.8 é exclusivo do local indicado, fornecendo um quantitativo do sistema viário pelo tipo de pavimentação. Esses dados poderão ser muito úteis na programação das jornadas de campo, na elaboração dos diagnósticos e dos projetos básicos.

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Figura III.7 – Mapa da Classificação do Sistema Viário

Figura III.8 – Relatório de Classificação do Sistema Viário

Canal em Leito Natural

Não Especificado

Poliédrico

Asfalto

Terra

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CONSISTÊNCIA DE DADOS INTEGRADOS “A questão fundamental do geoprocessamento aplicado não é se o objeto ou ente espacial está onde deveria ou avizinha-se de outros; mas, rigorosamente, a questão é se o objeto se integra e funciona como deveria funcionar. Por essa razão, um modelo do conhecimento torna-se imprescindível. Relações de vizinhança, proximidade, pertinência e outras propriedades espaciais, têm aplicabilidade limitada num modelo de rede; pois, nos limites de bacias e zonas de abastecimento, ou mesmo em limites operacionais, tais relações podem nada significar. Portanto, a questão não é simplesmente se algo encontra-se onde deveria encontrar-se, mas, se executa a função esperada e dá continuidade (conectividade) ao modelo. Esta é a diferença fundamental entre um modelo de dados e um modelo do conhecimento...A construção de um modelo da rede é um investimento e o valor do modelo será reduzido se o analista não compreende claramente para qual uso ele se destina, tanto com relação ao presente como com relação ao futuro. Este ponto é particularmente importante quando o analista e o usuário são pessoas diferentes ou organizações diferentes. Da mesma forma, a precisão e a facilidade de atualização do modelo estarão relacionadas com o esforço despendido na sua criação” [3]. Parafraseando a assertiva inicial, pode-se dizer: criar informações e inseri-las no sistema é uma tarefa fácil. A questão é integrá-las num modelo espacial e num modelo lógico do conhecimento. Como modelo espacial podemos compreender as relações topológicas e a simbologia. Como modelo lógico, devemos entender a continuidade e a funcionalidade; ou seja, dentro de uma visão sistêmica do conjunto, verificar se as informações se articulam e se integram. Exemplificando, as propriedades espaciais são expressas na forma de feições e seus atributos alfanuméricos. Um dado, dessa forma, deve cair dentro de uma categoria de feições e univocamente a uma delas corresponder. As propriedades lógicas são expressões da base do conhecimento e devem ser verificadas por um especialista. Informações sobre materiais, diâmetros, caminhamentos, sentidos de escoamento e outras características operacionais podem ser “flagradas” por um especialista quando equivocadas ou inconsistentes.

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Um banco de dados é um dispositivo que só produz bons resultados quando o conjunto das informações é consistente e possui integridade. Uma das formas mais eficazes de destruir essa integridade é a introdução de informações a revelia de critérios de triagem e de verificação prévia da consistência da informação. No caso de uma modelagem espacial, o trabalho de verificação é favorecido pela possibilidade de consistir o dado dentro do modelo espacial, verificando se o mesmo se integra ao conjunto de informações (mapas, esquemas, croquis, etc.). Todavia, recomenda-se fazê-lo antes da introdução da informação no banco de dados. Não se recomenda fazê-lo depois, pois, a verificação da informação dentro do banco de dados nem sempre é favorecida quando as massas de dados são grandes. O programa RLINK, em conjunto com o aplicativo CADDRE (para cadastramento de redes de drenagem) [4], formam uma base instrumental para a criação, modificação, testes de consistência e de integração do dado no modelo espacial, e sua introdução no banco de dados. Observa-se assim que a construção da informação possui fases e, possivelmente, estejam essas fases separadas no tempo e no espaço. As fases da captura, criação e da integração do dado ao modelo espacial poderão estar ocorrendo nas extremidades do sistema, ou seja, nos locais onde a informação é capturada. Todavia, a fase de introdução no banco de dados deverá ser centralizada por razões óbvias: segurança e eficiência do processo, além do impositivo de disponibilizar a informação simultaneamente para todo o universo de usuários. Essa é a base filosófica de um procedimento para manutenção e atualização das bases de dados do PDDBH. A seguir, passaremos a examinar as capacidades do programa, utilizando para isso uma massa de dados real de Belo Horizonte. O programa RLINK, trabalhando sobre a modelagem espacial dos dados do cadastro técnico produzida pelo aplicativo CADDRE, habilita o analista da rede a selecionar feições, consisti-las com o modelo lógico, convertê-las e integrá-las ao banco de dados alfanumérico. Uma das vantagens desse processo é que o programa faz a aquisição das informações em “desenho”, já

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consistidas visualmente pelo analista da rede. Essas informações são gravadas automaticamente em seus respectivos campos nos registros alfanuméricos, poupando o analista de esforços de digitação e evitando a introdução de erros pela falha humana. A Figura III.9 identifica as feições constituindo um “desenho” de atualização. Conforme sugerido, a fase da criação e da integração do dado ao modelo espacial ocorrerá preferencialmente nas extremidades do sistema, ou seja, nos locais onde a informação é capturada. O produto desta fase é um modelo espacial consistido, podendo até ser disponibilizado como “desenho de cadastro”, e que serve de “entrada” para o programa RLINK.

Figura III.9 – Desenho de atualização do cadastro de

microdrenagem. O programa solicitará ao operador uma confirmação das feições a serem processadas. Essa confirmação determinará o enquadramento da simbologia da feição selecionada (ou seja, cor, nível, peso, escala, etc.) na estrutura de geocodificação que define aquela feição. Afetando apenas os elementos que se encontram dentro da uma envoltória, o programa permitirá o tratamento de “porções” do mapa, garantindo a coordenação dos processos. Uma vez que o nível de atualização é único para toda a cidade, torna-se

Redes

Bocas de Lobo

PV’s

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desejável tratar as partes de maneira coordenada e segura, de acordo com as demandas regionais. Após o enquadramento da simbologia da feição selecionada na estrutura de geocodificação, o aplicativo iniciará um processo de criação dos registros do banco de dados alfanumérico e a respectiva interligação desses registros com o elemento gráfico. Neste processo, os elementos serão dispostos em alto-brilho, um a um no centro da tela, como mostrado na Figura III.10. Caberá ao operador informar se aquele elemento deverá ter ou não a conexão com o banco de dados alfanumérico. Sendo confirmado, o registro alfanumérico será criado, ligado ao elemento gráfico e editado para conferência e carregamento das demais informações. Nos casos em que há informações em desenho associadas aos elementos gráficos, por exemplo, as especificações de material, diâmetro, extensão e outros atributos correspondentes aos trechos das redes; o programa fará a aquisição dessas informações e as carregará automaticamente na estrutura alfanumérica conforme mostrado na Figura III.11. Naquele momento, o operador poderá conferir as informações capturadas no “desenho”, consisti-las com os registros de campo, complementá-las e salvá-las no banco de dados. Concluindo a edição do registro, o programa avançará para o próximo elemento, dispondo-o no centro da tela em alto-brilho para a seqüência do processo. Observe-se que na Figura III.11, as redes apresentam-se como linhas sólidas e não como traço-ponto do desenho de atualização mostrado na Figura III.10. Essa mudança ocorre por ocasião do enquadramento da simbologia das redes do desenho de atualização (traço-ponto) na estrutura de geocodificação das redes de microdrenagem (linha sólida). A segurança do processo, bem como a facilidade para coordenar as atualizações pelos critérios cronológico, espacial ou sob demanda; conferem a esse sistema a flexibilidade necessária para acompanhar a dinâmica das intervenções na infraestrutura urbana e, ao mesmo tempo, atender às demandas pontuais dos processos decisórios em todas as esferas do poder público. Esse tem sido um requisito fundamental no processo de modernização da administração municipal, e será decisivo na fase de consolidação do uso desse instrumental nas rotinas de trabalho.

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Figura III.10 - Tela de confirmação da criação do registro.

Figura III.11 – Tela de edição e carregamento dos dados

alfanuméricos.

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CONSULTAS A UM BANCO DE DADOS MUNICIPAL O Sistema de Consultas ao Banco de Dados Municipal de Santo André/SP – BDM realiza pesquisas simultâneas num banco de dados gráfico georreferenciado (mapas do urbanismo e cadastros técnicos dos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e cadastro comercial); num banco de dados relacional alfanumérico do cadastro municipal (cadastro imobiliário); e num banco de dados relacional do cadastro comercial integrado ao sistema 195 (cadastro de reclamações). Essas consultas são apoiadas por uma modelagem de dados espaciais baseada em células homogêneas, capazes de reproduzir, quando agrupadas adequadamente, todos os modelos espaciais e operacionais passíveis de análise como, por exemplo, setores fiscais, setores de abastecimento, zonas de pressão, bacias, sub-bacias, etc.. Dentro desses mapas, são igualmente identificáveis lotes, quadras, rotas de leitura, rotas de entrega e grupos de faturamento entre outros. Em última instância, essas chaves-de-grupo constituem critérios para a própria “extração dos mapas” objetos de análises. A ilustração da Figura III.12 corresponde à tela de abertura do Sistema BDM, cuja operação passaremos a descrever em seguida.

Funções do Módulo de Busca e Extração de Mapas A função básica de um sistema de extração é permitir a criação de filtros (critérios de seleção e triagem dos dados) que permitam a modelagem de objetos inteligentes (ou seja, completos e mínimos), dando agilidade aos processos de análise e rapidez no tempo de resposta; além de traduzir importantes atributos como forma (topologia), abrangência (tamanho relativo), inserção (relações de vizinhança) e outras relações decorrentes do cruzamento das unidades territoriais de análise com “panos de fundo” como a geopolítica, demografia / setores censitários, modelos digitais de terreno e hipóteses de planos diretores entre outros. Os critérios de busca e extração são como segue:

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Figura III.12 - Tela do Módulo de Busca e Extração de

Mapas do Sistema BDM

1°°°° critério – SQL (Setor/Quadra/Lote)

Como sabemos, esses bancos de dados são indexados pelo SQL (aqui, Setor-Quadra-Lote). Isto, evidentemente, favorece o tempo de resposta nas pesquisas. Por essa razão, todos os outros critérios passam por um pré-processamento e, portanto, todos aqueles que possam ser traduzidos em SQL são igualmente favorecidos. O operador poderá, na ordem, fornecer como dados de entrada o Setor; o Setor-Quadra ou Setor-Quadra-Lote. Obviamente existe uma hierarquia, uma vez que fornecido apenas o Lote ou a Quadra-Lote, sem a indicação do Setor, resulta numa regra de inferência inconsistente. Por exemplo, a extração de um mapa através de um critério como Setor-Quadra resultará num produto como o mostrado na Figura III.13. Conforme ilustrado, a quadra é realçada como no detalhe ao lado, sendo pintada com a cor de “destaque” definida pelo operador (vide canto superior direito da tela de entrada na Figura III.12).

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Figura III.13 - Mapa Resultante da Extração do Setor Fiscal 16, Quadra 143 e seu Detalhe

Outro dado importante contido neste mapa é o fato de o mesmo ser constituído por 2 (duas) células básicas. Isto pode ser notado através da observação de uma tênue linha verde que percorre o

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mapa no sentido norte-sul, a qual, na realidade, é a borda dessas células básicas constituintes do mapa. O porque desta divisão será explicitado mais adiante. Alternativamente, o operador poderá entrar com uma lista de identificadores para Setor-Quadra-Lote, exigindo-se apenas que esses identificadores sejam separados por vírgulas como no exemplo abaixo:

Setor: 16

Quadra: 115,116,117,118,173,177

O produto resultante da entrada exemplificada é mostrado na Figura III.14 e corresponde a uma Rota de Leitura real da cidade de Santo André/SP, identificada por ROT1608L. Merece destaque o fato de, pela primeira vez naquela localidade, uma rota de leitura e, consequentemente também a rota de entrega das contas, poderem ser equacionadas em termos dos modelos operacionais (ou seja, áreas de reservação, setores de abastecimento e zonas de pressão) e também em termos da distribuição espacial de grandes consumidores e consumidores especiais. O mapeamento prévio de tais consumidores poderá nortear a criação, implantação e execução das rotas. Ao considerarmos a importância do sistema de faturamento para o bom desempenho do serviço, concluímos que somente esta aplicação já justificaria todo o empreendimento da implantação do geoprocessamento.

Ainda sobre rotas de leitura e de entrega de contas, outro problema que a dinâmica do geoprocessamento permite resolver é o relativo ao surgimento de obstáculos para a execução das rotas, exigindo às vezes a revisão permanente ou temporária de um roteiro. Esses obstáculos, quando são acidentes geográficos registrados nos mapas do urbanismo, poderão ser facilmente assimilados no trabalho de planejamento das rotas, quando este trabalho estiver apoiado no geoprocessamento. Mesmo quando esses obstáculos não forem de natureza geográfica e previamente mapeados (por exemplo, os diversos códigos de impedimento ou mesmo grandes intervenções ou obras na infraestrutura que possam descaracterizar temporariamente o urbanismo local), os mesmos poderão ser mapeados em caráter temporário para, assim, apoiar e orientar o trabalho de revisão dos roteiros.

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Figura III.14 - Mapeamento do Roteiro de Leitura

ROT1608L 2°°°° critério – NOME

Tendo sido programado para ser menos restritivo que o SQL (Setor-Quadra-Lote), o NOME deve ser usado em associação com a chave USUÁRIO (da ligação de água no cadastro comercial) X PROPRIETÁRIO (do imóvel no cadastro imobiliário). Essa flexibilidade advém de uma implementação baseada na integração de bases de dados distribuídas e, acredita-se, deva ser um requisito indispensável em qualquer solução para o caso. Como resultado, um munícipe poderá ser localizado e identificado pelo critério mais conveniente, eliminando praticamente uma outra “inconsistência natural” entre o registro imobiliário e o cadastro comercial. As Figuras III.15 e III.16 ilustram uma situação real onde o Proprietário apontado pelo Cadastro Imobiliário não é o Usuário apontado pelo Cadastro Comercial para o imóvel do Setor-16, Quadra-118, Lote-024.

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Figura III.15 - Mapeamento parcial do Proprietário

“Antonio Campanharo” No Mapeamento do Proprietário de nome “Antonio Campanharo” foi utilizado o termo parcial porque o mesmo possui outros imóveis no município, todos mapeados pelo programa, mas não mostrados no recorte da ilustração. 3°°°° critério – ENDEREÇO

O endereço é sempre um critério de vasta aplicabilidade, que vai desde uma simples localização até a criação de complexos relacionamentos entre eventos, processos, intervenções e equipamentos urbanos por proximidade, acessibilidade ou interferência.

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Figura III.16 - Mapeamento do Usuário “Anselmo Aranda”

A chave do endereço é, portanto, fundamental para as rotinas de atendimento ao público; registro de reclamações; registro de eventos; encaminhamento de processos; e para as operações do cadastro técnico no apoio às intervenções, obras, projetos, estudos e levantamentos. Como no caso do NOME, o critério do ENDEREÇO é menos restritivo do que o SQL (Setor-Quadra-Lote), e é muito flexível uma vez que o operador poderá informar apenas trechos do nome do logradouro. À semelhança daquele caso, o operador terá como resposta tantos mapas quantos forem aqueles que contenham o “trecho” de nome informado, no caso de haver multiplicidade de nomes de logradouros, ou tantos mapas quantos forem aqueles que contenham o logradouro em toda a sua extensão, no caso da inexistência de multiplicidade. Ilustrativamente, mostramos a seguir o mapeamento de 2(dois) logradouros contrapondo as respostas do sistema nos casos de um logradouro pouco extenso e de outro de grande extensão. No exemplo da Figura III.17, percebe-se uma linha verde contornando as quadras fiscais. Esta linha é borda de uma célula básica de mapa, a qual corresponde ao Setor Fiscal 16 / Bacia Guaixaya / Setor de Abastecimento Erasmo Assunção / Zona Alta. Todas essas propriedades tornam-se atributos homogêneos dos munícipes que

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ali se encontram. Em contraposição, vê-se na Figura III.18 um logradouro de grande extensão, o qual ocupa várias células básicas para sua total inserção.

Figura III.17 - Localização da “Rua Babilônia” no Geral e

em Detalhe no canto Superior Direito

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Figura III.18 - Localização da “Rua Germânia” no Geral e

em Detalhe no canto Inferior Esquerdo

A rua mapeada na Figura III.18 percorre o Setor Fiscal 16 / Bacias Guaixaya e Oratório / Setor de Abastecimento Erasmo Assunção /

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Zonas Alta e Baixa. Seu mapeamento é composto, portanto, por 4 (quatro) células básicas. 4°°°° critério – FAIXA DE CONSUMO

O critério de seleção por faixa de consumo, com toda certeza, constituir-se-á num daqueles com mais vasta aplicabilidade tanto na gestão comercial como nas rotinas de operação; manutenção; atendimento às reclamações; programas de redução de perdas e de águas não faturadas; programas de economia e uso racional da água; planejamento e projeto de intervenções. A caracterização do perfil dos grupos de consumidores e a sua distribuição dentro das áreas operacionais é subsídio indispensável para um correto entendimento de relações fundamentais como oferta x demanda locais. Os serviços de abastecimento de água no Brasil, independente dos seus portes, têm se debatido com um índice intolerável de águas não faturadas, cuja média em nosso país chega aos extratosféricos 40%. Por outro lado, o escasseamento dos recursos hídricos principalmente nas proximidades dos grandes centros de urbanização, está a exigir medidas eficazes sejam estas de caráter intervencionista ou educativo, não importa. Entretanto, a autoridade para assim proceder, necessita estar instrumentalizada e informada, sob risco de perpetrar ações ineficazes num extremo, ou ações não condizentes com a realidade, com efeitos indesejáveis na manutenção do bem estar social e da qualidade de vida das populações. Esse conhecimento detalhado das situações locais tipificando as ofertas e as demandas reais será necessário para evitar os extremos acima. Na Figura III.19, ilustra-se o mapeamento de um roteiro real de leitura (ROT1627L), o qual encontra-se no Setor 16 cobrindo as Quadras-30,31,32,46 e 47 (pintado em azul claro). Sobre o mapeamento deste roteiro, apenas como exemplo, foram pesquisadas as ligações na faixa de 36 a 50 m3 (pintadas em azul escuro). O objeto de análise, todavia, poderá ser um grupo de ligações; um conjunto de quadras delimitando um roteiro, bairro ou zona urbana; um setor fiscal; uma bacia e, assim por diante. Com tanta flexibilidade, pode-se estender a análise a muitos outros campos do conhecimento, sempre que os dados da ligação (como o consumo, sua categoria e tipo) possam ser traduzidos como

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indicadores sócio-econômicos, de padrões de saúde pública, de bem estar social e de qualidade de vida.

Figura III.19 - Mapeamento dos Consumidores na Faixa de

36-50m3 do Roteiro ROT1627L com a Quadra-31 em Destaque

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5°°°° critério – ROTA DE LEITURA / ENTREGA

Este critério considera a premissa de identificadores únicos para a Rota de Leitura e para a Rota de Entrega. Isto significa que, quando especificado um roteiro de leitura ou de entrega, o sistema ignorará outros identificadores como o SQL (Setor-Quadra-Lote) e executará uma regra de seleção com base nos identificadores dos roteiros. Como resultado, serão mapeadas todas as ligações constantes daquele roteiro indicado, como mostrado na Figura III.19. 6°°°° critério – BACIA / SETOR / ZONA DE PRESSÃO

Os critérios que seguem devem ser utilizados em combinação ou independentemente, como nos casos anteriores. Para dar mais flexibilidade ao sistema de extração de mapas, através deste critério pode-se extrair um mapa de uma bacia de drenagem, com ou sem restrição aos setores de abastecimento aos quais ela pertença. A rigor, um divisor de águas ou limite de uma bacia ou sub-bacia, pode interceptar uma quadra ou os limites fiscais, o que é muito comum, colocando os lotes daquela quadra em áreas de drenagem diferentes. Esta é a grande dificuldade, por exemplo, de se fazer apropriação do consumo de água dentro de uma bacia para efeito de cálculos de aporte de efluentes. A Figura III.20 é um mapeamento da Zona Baixa do Setor Erasmo Assunção, que se encontra dentro da Bacia Guaixaya. Observe-se no detalhe como as quadras fiscais são entrecortadas pelos divisores da bacia. Os lotes que ali não aparecem drenam para outras bacias. 7°°°° critério – CATEGORIAS

Essencial para o estabelecimento das relações do urbanismo e dos registros comerciais com os sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem; este critério foi criado para não sobrecarregar os mapas, permitindo uma expressão clara das informações e precisão na indicação dos componentes e suas interligações. Por princípio, a Categoria da Base (que contém as referências do urbanismo) e a Categoria Comercial (contendo as ligações com o banco de dados alfanumérico) estarão sempre presentes.

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Figura III.20 - Mapeamento da Zona Baixa do Setor de Abastecimento Erasmo Assunção dentro da Bacia

Guaixaya

O operador poderá optar pela seleção das Categorias de Água, Esgoto, Drenagem ou todas juntas para análises de interferências. A Figura III.21 que segue é uma composição das Quadras 48 e 49 do Setor 14, com as respectivas redes de água.

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Figura III.21 - Composição das Quadras 48 e 49 do Setor

14 com as Redes de Água

Um observador atento notará que todos os mapas extraídos nos exemplos acima são diferentes entre si. Isto, na realidade, representa a consolidação de um modelo conceitual segundo o qual não existem “folhas de mapas”, mas sim objetos de análise extraídos de uma base contínua através de critérios específicos, e esses objetos são mínimos. Isto é tão importante para o bom desempenho do sistema quanto a indexação de uma base de dados alfanumérica. A esses objetos de análise denominamos aqui “Unidades Territoriais de Análise e Planejamento Estratégico - UTAPE”. O Sistema de Emissão de Relatórios Gerenciais das Consultas sobre o Banco de Dados Municipal Temos sustentado a idéia do geoprocessamento como uma ferramenta de gestão. Para a concretização dessa idéia, tornou-se imprescindível incorporar aos modelos do sistema a visão gerencial, sendo a integração dos modelos espaciais com os bancos de dados alfanuméricos (do Cadastro Municipal, do Cadastro Técnico, do Cadastro Comercial e do Sistema de Atendimento ao Público – 195)

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um passo primordial e indispensável para a consecução desse objetivo. Todavia, gestão num sentido amplo não se restringe a obter o dado e formatá-lo num relatório. Isto, quando muito, propicia um entendimento ou uma mensuração dos problemas. Um sistema de gestão no amplo sentido da palavra deverá prover o usuário de meios para ensaiar, simular e implementar modelos experimentais fechando o ciclo da supervisão ⇒ monitorização ⇒ controle ⇒ atuação. Evidentemente, isto pressupõe a existência de um aparato apropriado para diagnosticar e analisar problemas e para prognosticar soluções. Esse aparato tem como requisitos fundamentais a flexibilidade dos critérios para a obtenção de amostragens representativas, a correta parametrização dos processos aos quais os dados serão submetidos (sejam eles comparativos ou indutivos), a apropriada expressão dos dados assim processados e aberturas para intervenções na base de dados primária e na camada paramétrica. Os recursos já implementados e que passaremos a descrever, são parte de um desenvolvimento que objetivou modelar a visão gerencial do SEMASA – Santo André/SP, tendo começado pela Diretoria Financeira. Desnecessário dizer quão importante torna-se o requisito de um sistema aberto, capaz de adaptar-se às demandas de cada serviço ao modelar sua filosofia de gestão. Cada localidade tem seus próprios condicionantes e esses, muitas vezes como verdadeiros paradigmas, podem comprometer um trabalho de implantação que não os contemple. A título ilustrativo do trabalho feito, ao encerrar a extração de um mapa, o sistema de consultas indagará o operador sobre o desejo ou não de emitir relatórios gerenciais. Caso positivo, segue uma série de processamentos preparando dados para a emissão de relatórios e estatísticas reportados no formato alfanumérico e gráfico como mostrado adiante.

O formulário da Figura III.22 foi projetado para exibir os dados mínimos de uma ligação, considerados indispensáveis para a caracterização de um usuário. Algumas dessas informações são dados cadastrais e outras são produtos de um pré-processamento. Por exemplo, o campo do Consumo corresponde ao consumo global do grupo, ou seja, o universo de 47 ligações mostrado no campo Elementos Pesquisados. O consumo médio, por sua vez, mostrado no campo identificado por Cons.Médio corresponde ao

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dado da ligação, enquanto o consumo relativo mostrado no campo Cons.Relat., no caso, foi calculado a partir de uma relação entre o consumo médio por economia e o maior consumo do grupo como um referencial. Este parâmetro referencial do consumo poderá assumir outros valores como o volume para tarifa mínima ou uma média universal de consumo, atendendo assim a um requisito fundamental relacionado acima que é a acessibilidade à camada paramétrica para os ajustes necessários para cada caso ou localidade.

Figura III.22 – Formulário para exibição dos dados da

Ligação

Sem prejuízo dos tradicionais relatórios e listagens, o grande diferencial do geoprocessamento está na sua capacidade de associar e distribuir espacialmente as informações, criando verdadeiras réplicas do mundo real. Os cruzamentos desses modelos espaciais em escala e georreferenciados com diversos temas propiciarão um grande salto qualitativo dos produtos de análise. Por outro lado, dentro da visão da gestão comercial, muitas outras informações poderão ser obtidas de imediato, como as sugeridas na ilustração da Figura III.23 que segue. Ali estão o mapeamento do local com destaque para o grupo selecionado, um

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gráfico de barras com os consumos relativos do grupo e dois diagramas circulares com as contribuições das respectivas faixas mínimas, médias e máximas no consumo e na receita.

Figura III.23 - Tela de um Relatório dos Consumos da Quadra 190 do Setor Fiscal 10

1.4 - Tabela dos Tempos de Resposta do Sistema de Consultas sobre o Banco de Dados Municipal Tão essencial quanto a qualidade (apresentação e confiabilidade dos dados) é o tempo de resposta de um sistema. Um sistema de informações “computadorizado” que não dá respostas rápidas às ações do operador acaba sendo uma grande contradição. Por mais morosos que sejam os métodos convencionais para levantamento das informações, espera-se do sistema informatizado respostas rápidas pois, o paradigma do operador não é o processo convencional e as suas dificuldades, mas, outras aplicações

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informatizadas como planilhas e editores de texto. Sendo assim, deve ser constante a preocupação de otimizar as técnicas de implementação das aplicações complexas, principalmente em ambiente de rede, para não impressionar negativamente o usuário final quanto ao desempenho. Do contrário, se a primeira impressão for a de que aquela solução agiliza os processos e constitui uma ferramenta de alto desempenho, praticamente eliminam-se as barreiras culturais para sua implantação. A Tabela 1 lista os tempos de resposta dos processos executados para extração dos mapas e demais informações agregadas apresentados neste trabalho. Onde: T1 = tempo para busca dos elementos e identificação dos mesmos sobre os mapas com a cor de destaque T2 = tempo total para o processo de busca (T1) e extração dos mapas Os tempos de resposta da Tabela 1 poderão ser reduzidos em pelo menos em 50% se atendidos os itens de “Up-Grade” recomendados na Tabela 2.

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Tabela 1 – Tempos de Resposta do Sistema de Consultas ao Banco de Dados Municipal

Descrição do Objeto T1 T2 1. Setor Fiscal 16, Quadra 143 0 min.:03 s. 0 min.:12 s. 2. Roteiro de Leitura ROT1608L 0 min.:24 s. 1 min.:25 s. 3. Mapeamento do Proprietário “Antonio Campanharo”

0 min.:16 s. 0 min.:33 s.

4. Mapeamento do Usuário “Anselmo Aranda”

0 min.:02 s. 0 min.:20 s.

5. Localização “R. Babilônia” 0 min.:05 s. 0 min.:17 s. 6. Localização “R. Germânia” 0 min.:04 s. 0 min.:26 s. 7. Mapeamento dos Consumidores na Faixa de 36-50m3 do Roteiro ROT1627L

2 min.:19 s. 3 min.:38 s.

8. Mapeamento no Setor 10 da Zona Baixa do Setor de Abastecimento Erasmo Assunção

- 0 min.:19 s.

9. Composição das Quadras 48 e 49 do Setor Fiscal 14 com as Redes de Água

0 min.:04 s. 0 min.:53 s.

10. Mapeamento da Quadra 190 do Setor Fiscal 10 com Emissão dos Relatórios Gerenciais

0 min.:56 s. 1 min.:06 s.

Tabela 2 – Configurações de Hardware e Software

Configuração Utilizada Up-Grade Recomendado 1. Microcomputador Pentium 133 MHz, 64 Mbytes de RAM, Winchester 1 GBytes

1. Microcomputador Pentium II 266 MHz, 128 Mbytes de RAM, Winchester 4 Gbytes

2. Placa de Rede de 10 MBits 2. Placa de Rede de 100 Mbits 3. Oracle 7.3 3. Oracle 8.0 4. MicroStation 95 4. MicroStation SE

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LEITURAS RECOMENDADAS 1.1.1.1. Revista PLANEJAR BHRevista PLANEJAR BHRevista PLANEJAR BHRevista PLANEJAR BH – Publicação da Secretaria Municipal de

Planejamento – PBH – Fevereiro/2000. 2.2.2.2. Revista PLANEJAR BH Revista PLANEJAR BH Revista PLANEJAR BH Revista PLANEJAR BH – Publicação da Secretaria Municipal de

Planejamento – PBH – Dezembro/2000. 3.3.3.3. O Sistema de Informações Geográficas como Instrumento de O Sistema de Informações Geográficas como Instrumento de O Sistema de Informações Geográficas como Instrumento de O Sistema de Informações Geográficas como Instrumento de

Gestão e SaneamentoGestão e SaneamentoGestão e SaneamentoGestão e Saneamento – Marcos Ubirajara de C. e Camargo – Rio de Janeiro – ABES – 1997.

4.4.4.4. O GIS na Integração de Cadastros Técnicos da Drenagem e seus O GIS na Integração de Cadastros Técnicos da Drenagem e seus O GIS na Integração de Cadastros Técnicos da Drenagem e seus O GIS na Integração de Cadastros Técnicos da Drenagem e seus

InterferentesInterferentesInterferentesInterferentes – Marcos Ubirajara de C. e Camargo – Apostila de Curso Ministrado na SUDECAP - Superintendência de Desenvolvimento da Capital – Plano Diretor de Drenagem – PBH – Outubro/2000.

5.5.5.5. Revista Política Social Revista Política Social Revista Política Social Revista Política Social – Publicação da Secretaria Municipal de Coordenação de Política Social – PBH – Julho-Agôsto/2001.

6.6.6.6. C. Flores, S.K. Moscovitch, F.C. MeloC. Flores, S.K. Moscovitch, F.C. MeloC. Flores, S.K. Moscovitch, F.C. MeloC. Flores, S.K. Moscovitch, F.C. Melo - Metodologia de elaboração e utilização do mapa de Áreas Prioritárias para inclusão sócio-espacial na cidade de Belo Horizonte – Prefeitura de Belo Horizonte.

7.7.7.7. F.A.R. Barbosa. J.A. de Paula e R.L.M. MontF.A.R. Barbosa. J.A. de Paula e R.L.M. MontF.A.R. Barbosa. J.A. de Paula e R.L.M. MontF.A.R. Barbosa. J.A. de Paula e R.L.M. Mont----Mór Mór Mór Mór – Biodiversidade, População e Economia - UFMG / CEDEPLAR – ECMVS – PADCT/CIAMB – Belo Horizonte-MG, Julho de 1997.

8.8.8.8. M.U.C. Camargo - O Geoprocessamento no Contexto do Saneamento: Fundamentos da Aplicação – Congresso da AESBE – Associação Brasileira das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – Natal-RN, 1998.