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22 - FEVEREIRO 2013 Rural Jovem surge para renovar os quadros representativos da SRB Nova Geração do Bruno Santos [email protected] Sucessão Bruno Santos C om o objetivo estimular a nova ge- ração de produtores rurais a partici- par ativamente da política de classe, a Sociedade Rural Brasileira – SRB, por iniciativa do presidente em exercício, Ce- sário Ramalho da Silva, lançou a Rural Jovem (RJ). A meta do grupo é renovar os quadros representativos da entidade e formar novas lideranças, além de propor uma forma para reivindicar interesses sem radicalismos ideológicos, com uma construção coletiva de ideias, baseada no diálogo com os setores e as pessoas que fazem parte do processo. Estes jovens acreditam que as princi- pais mudanças e o melhoramento do setor estão no desenvolvimento de novas tec- nologias e de novas políticas. Para tanto, é necessário levar o conhecimento sobre o agro à população urbana, principalmente nos grandes centros, pois a maioria das pessoas não se interessa pelo tema, por não ter nenhuma conexão direta ou por falta de conhecimento. A votação do Código Florestal mos- trou que o agronegócio não é totalmente exímio em comunicação. As discussões em torno das novas leis ambientais de- monstraram a força que temos, porém, levamos tempo para se unir e, por mais que muitos pontos fossem conquistados, a visão que a sociedade tem não melho- rou. “Este ponto evidencia que ainda temos muito que evoluir em termos de comunicação. Precisamos desenvolver uma forma de diálogo e de trocas de in- formações”, avalia João Francisco Adrien Fernandes, vice-diretor da Rural Jovem. O núcleo acredita que uma das gran- des transformações será o uso dos veícu- los midiáticos e, principalmente, da inter- net, criando e desenvolvendo, nas redes sociais ou em sites, uma forma de esta- belecer maior conexão. Segundo Bento Mineiro, diretor da entidade jovem, para facilitar essa aproximação, eles buscam sempre encontrar uma linguagem adequa- da para cada ocasião e para cada público. “Se estamos em um ambiente web, procuramos interagir e trocar conteúdo. Em outras ocasiões, podemos nos depa- rar com grupos mais radicais, onde exis- te conversa, mas os dados tornam-se os grandes protagonistas. E, não obstante, quando o público são pessoas do setor, procuramos estabelecer um tom de es- tímulo e convocação para representar e defender o setor”, destaca. Outro empecilho que se nota, além do problema na comunicação, é a visão

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Nova Geração do Agro - Revista AG

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22 - FEVEREIRO 2013

Rural Jovem surge para renovar os quadros representativos da SRB

Nova Geração do AgroBruno Santos

[email protected]

SucessãoB

runo

San

tos

C om o objetivo estimular a nova ge-ração de produtores rurais a partici-par ativamente da política de classe,

a Sociedade Rural Brasileira – SRB, por iniciativa do presidente em exercício, Ce-sário Ramalho da Silva, lançou a Rural Jovem (RJ). A meta do grupo é renovar os quadros representativos da entidade e formar novas lideranças, além de propor uma forma para reivindicar interesses sem radicalismos ideológicos, com uma construção coletiva de ideias, baseada no diálogo com os setores e as pessoas que fazem parte do processo.

Estes jovens acreditam que as princi-pais mudanças e o melhoramento do setor estão no desenvolvimento de novas tec-nologias e de novas políticas. Para tanto, é necessário levar o conhecimento sobre o agro à população urbana, principalmente

nos grandes centros, pois a maioria das pessoas não se interessa pelo tema, por não ter nenhuma conexão direta ou por falta de conhecimento.

A votação do Código Florestal mos-trou que o agronegócio não é totalmente exímio em comunicação. As discussões em torno das novas leis ambientais de-monstraram a força que temos, porém, levamos tempo para se unir e, por mais que muitos pontos fossem conquistados, a visão que a sociedade tem não melho-rou. “Este ponto evidencia que ainda temos muito que evoluir em termos de comunicação. Precisamos desenvolver uma forma de diálogo e de trocas de in-formações”, avalia João Francisco Adrien Fernandes, vice-diretor da Rural Jovem.

O núcleo acredita que uma das gran-des transformações será o uso dos veícu-

los midiáticos e, principalmente, da inter-net, criando e desenvolvendo, nas redes sociais ou em sites, uma forma de esta-belecer maior conexão. Segundo Bento Mineiro, diretor da entidade jovem, para facilitar essa aproximação, eles buscam sempre encontrar uma linguagem adequa-da para cada ocasião e para cada público.

“Se estamos em um ambiente web, procuramos interagir e trocar conteúdo. Em outras ocasiões, podemos nos depa-rar com grupos mais radicais, onde exis-te conversa, mas os dados tornam-se os grandes protagonistas. E, não obstante, quando o público são pessoas do setor, procuramos estabelecer um tom de es-tímulo e convocação para representar e defender o setor”, destaca.

Outro empecilho que se nota, além do problema na comunicação, é a visão

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Nova Geração do Agrodeturpada que as pessoas têm do agro. No setor, já existem jovens informados e politizados, assim como nos centros ur-banos. Entretanto, ainda é muito pouco para combater o marketing “antiagro”. “A grande questão é que o jovem poli-tizado do agro não tem paciência e/ou tempo para discutir com um antiagro pro-fissional. Evidente que radicais nunca se-rão convencidos, mas aqueles que foram persuadidos por um argumento simples e sem fundamento, desde que se converse com calma e bom senso poderão repensar sua posição. Portanto, acho que o maior obstáculo é convencer os jovens agrope-cuaristas que esse trabalho vale a pena e que as próximas gerações vão colher fru-tos deste esforço”, cita o diretor.

ParceriasPara tentar essa aproximação cam-

po/cidade, a RJ, trabalha na criação de debates que despertem o interesse no púbico urbano. “Buscamos gerar conhecimento através de palestras de profissionais seguidas de debates entre os associados, como também levar esse conhecimento para fora dos muros da entidade e do mundo rural, como nas universidades. Foi o caso da Pontifícia Universidade Católica - PUC, onde dis-cutimos as mudanças no Novo Código Florestal e da Farsul, no Rio Grande do Sul, onde já faz dois anos que vamos à Expointer encontrar os jovens”, com-pleta João Adrien.

Recentemente, já foi feito contato com os jovens da FIESP (Federação das

Indústrias do Estado de São Paulo), sob o comando de Matheus Borella. Por es-tar na capital paulista, a Rural Jovem está programando uma agenda de atividades conjuntas, já para 2013. “Queremos unir os diversos grupos que, independente da estrutura de representação, estejam interessados com as mesmas ideias que compartilhamos. Para nós, o que impor-ta é criar um meio de comunicação entre estas iniciativas para fortalecer os grupos e termos poder de mobilização”, confi-dencia o vice-diretor.

eventos O grupo, desde a criação, em 2010, já

realizou encontros e debates em Ubera-ba/MG, durante a Expozebu, na sede da ABCZ (Associação Brasileira dos Cria-dores de Zebu); em São Paulo, durante Feicorte (Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne); e em Araçatuba, durante a Expo Araçatuba. Outra ação que fizeram foi o movimento “Assina Dilma”, a favor do Novo Código Flo-restal. Segundo Adrien, foi uma cam-panha virtual com um conceito bastante informativo e um posicionamento neu-tro, no sentido de não ser sensaciona-lista, porém, chamando atenção para as consequências que a lei antiga poderia gerar ao meio ambiente e ao produtor, pois percebemos que produtor endivi-dado não produz com sustentabilidade, tão pouco consegue preservar.

No ano passado, os jovens também estiveram presentes na feira de Paler-mo, em Buenos Aires, na Argentina. Na oportunidade, conheceram grupos do Mercosul, tais como Associação Rural de Jovens do Paraguai, Ateneo de Jo-vens da Sociedade Rural da Argentina e do Uruguai. “Conversamos bastante e estamos constantemente em contato. Nossa ideia é trazê-los para conhecer

o Brasil. O grupo está cada vez com maior número de participantes e con-seguimos ter sequência nos eventos e encontros. A cada um deles discutimos questões importantes da conjuntura do agro e em muitos destes encontros tra-zemos pessoas que entendam dos temas para darem base às discussões”, revelou o vice-diretor.

a organização No fim de 2010, Cesário Ramalho

convidou Bento Mineiro, filho do em-presário e criador Jovelino Mineiro, con-selheiro da Rural, para formar esse de-partamento e iniciar o grupo de jovens. Além de João Francisco Adrien Fernan-des, a vice-diretoria é composta por An-dré Freitas, Marcelo Peres Lemos e João Tinoco Cabral.

Aos poucos, o grupo foi se formando e criando diretrizes. Os sócios fundado-res foram, primeiramente, convidando os conhecidos, que se identificassem com os princípios da Rural, a participarem do grupo. Em um segundo momento, após o primeiro evento, outros participantes foram conhecendo a RJ. “Além disso, as redes sociais e nossa comunicação na internet atraíram novos participantes. Junto a isso temos muito incentivo das mídias, como a Revista AG, que nos ajudam a divulgar nosso trabalho”, co-menta Adrien.

Para fazer parte da Rural Jovem o participante deve ter 30 anos ou menos e se associar à entidade. Fazendo parte de RJ, poderá participar das reuniões do departamento, bem como fazer parte de outros. Poderá também estagiar dentro da entidade, ou possivelmente pelo convênio da ESALQ na área de pesquisa da univer-sidade. Os interessados podem acessar o site da Rural, www.srb.org.br, e encontrar informações para se associar.