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Relatório de Atividades do Primeiro Semestre de 2014 Programa de Cicloturismo Rural Ecológico “Roteiros Agroecológicos de Cicloturismo da Serra dos Tapes, RS”. julho de 2014Pelota, RS.

Relatório Cicloturismo Rural 2014 - 1

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Relatório de Atividades do Primeiro Semestre de 2014

Programa de Cicloturismo Rural Ecológico “Roteiros Agroecológicos de Cicloturismo da Serra dos Tapes, RS”.

julho de 2014Pelota, RS.

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Autores:

Joel Henrique Cardoso

Leandro de Melo Karam

Rui Carlos Madruga

Julian Daminelli Medeiros

Realização

Movimento Pedal Curticeira e Embrapa Clima Temperado

Parceiros

ARPA Sul, J. L. Casarin e NURES

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SUMÁRIO

1. Apresentação: .................................................................................. 1

2. Articulações prévias ......................................................................... 1

3. Uma agenda para 2014 .................................................................... 3

4. Logística de planejamento das visitas .............................................. 4

5. Relato das experiências do 1º Semestre 2014................................. 5

Acampamento de Abertura do Programa – Sítio Amoreza e

Comunidade Afonso Pena de Morro Redondo. ................................. 5

Impacto da atividade: ........................................................................ 7

Primeira visita do Programa – Famílias Leal e Ferreira, Passo dos

Ferreira, Canguçu. ............................................................................. 9

Impacto da atividade ....................................................................... 10

Segunda visita do Progrma – Templo das Águas e Colônia São

Manoel, Pelotas ............................................................................... 11

Impacto da atividade ....................................................................... 12

Terceira visita do Progrma – Família Schiavon e Colônia São

Manoel, Pelotas ............................................................................... 13

Impacto da atividade ....................................................................... 15

6. Resultados preliminares ................................................................. 16

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1. Apresentação:

O presente documento visa apresentar dados qualitativos e quantitativos

das atividades desenvolvidas durante o 1º semestre de 2014 pelo Programa de

Cicloturismo Rural Ecológico “Roteiros Agroecológicos de Cicloturismo da

Serra dos Tapes” desenvolvido pelo Movimento Pedal Curticeira e Embrapa

Clima Temperado em parceria com a Associação Regional de Produtores

Agroecologistas da Região Sul (ARPA SUL), Núcleo de Responsabilidade

Socioambiental (NURES) e a empresa J.L. Casarin. Pretende-se, em posse

deste material, promover discussões e articular ações que qualifiquem e

ampliem as atividades de cicloturismo e turismo rural até aqui desenvolvidas.

Além de servir como um instrumento de socialização e planejamento das

ações, o relatório pretende apresentar as estratégias metodológicas adotadas,

de forma que este documento possa servir como experiência e inspiração para

outros coletivos que queiram desenvolver atividades que dialoguem com as

aqui apresentadas. Entre os conceitos que transversalizam este trabalho,

podemos destacar os termos cicloturismo, ciclocidadania,

desenvolvimento rural e agroecologia.

2. Articulações prévias

O Programa Cicloturismo Rural Ecológico “Roteiros Agroecológicos

de Cicloturismo da Serra dos Tapes”, surge da iniciativa do Biólogo e

Coordenador do Movimento Pedal Curticeira, Leandro de Melo Karam, a partir

de algumas experiências na promoção de atividades de cicloturismo na região

colonial de Pelotas e cidades vizinhas.

Através do contato , em julho de 2013, com o pesquisador da

EMBRAPA, Joel Henrique Cardoso, que atua na área de Sistemas

Agroflorestais e Desenvolvimento Rural Sustentável, criou-se a possibilidade

de unir forças e aperfeiçoar a proposta, estabelecendo uma agenda de

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cicloturismo à experiência agroecológica de base famíliar em comunidades

rurais de nossa região.

Motivados pelas possibilidades de futuro desta parceria, foram definidas

algumas atividades experimentais dentro do foco da agroecologia e

diversificação das práticas rurais sustentáveis com o grupo de ciclistas. Em

caráter piloto realizou-se uma visitação à Estação Experimental Cascata (EEC),

Embrapa Clima Temperado, em 29 de setembro de 2013 quando foram

apresentados alguns dos trabalhos da Estação, como o projeto Quintais

Orgânicos de Frutas, a Unidade Demonstrativa Agroflorestal (UDSAF),

Produção de Mudas Florestais Nativas, Fossas Sépticas e outras ações em

desenvolvimento, além de se ter comido frutas no pé na área da UDSAF.

No dia 22 de novembro do mesmo ano, ainda em caráter piloto, foi-se ao

8º Distrito de Pelotas visitar a propriedade da Família Schiavon na Colônia São

Manoel. Aquela atividade demonstrou todo o potencial do Programa, pois

conforme esperado o agricultor Ênio Nilo Ludwig Schiavon soube cativar os

ciclistas com sua sensibilidade, conhecimento e qualidade de comunicação.

Pisando em chão mais firme em termos de avanço da concepção dos

Roteiros Agroecológicos, ainda realizou-se 2 mutirões para plantio de árvores,

um na região do Porto, centro de Pelotas e o outro na Granja da Barragem

Santa Bárbara, Zona Rural, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento

Rural de Pelotas. As espécies utilizadas eram florestais e frutíferas nativas.

Durante este período, aconteceu a aproximação do colaborador da

Embrapa, atuante no Núcleo de Responsabilidade Social da empresa

(NURES), Rui Carlos Madruga. Rui passou a praticar ciclismo junto a grupos

da cidade, o que culminou em sua inserção no projeto, passando a dar apoio

estratégico na aproximação com os produtores das feiras ecológicas e outros

que podem vir a integrar a rede dos Roteiros Agroecológicos.

Desta forma, iniciamos a realização de visitas de apresentação da

proposta em propriedades de sócios da ARPA-Sul localizadas em Canguçu e

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Morro Redondo. A visão da proposta foi rapidamente vislumbrada pelos

agricultores que, além de se demonstrarem interessados, também auxiliaram

com perspicácia à elaboração dos roteiros a partir dos atrativos turísticos

potenciais em suas localidades, como arroios, matas, pomares, locais que

abrigam fatos históricos, áreas de lazer e trilhas para pedalar.

Após o período de natal e ano novo, retomou-se as articulações com o

grupo de agricultores associados à ARPA-Sul em reunião no dia 19 de janeiro

de 2014, quando foram identificadas as famílias e grupos de agricultores

interessados em participar do Programa.

3. Uma agenda para 2014

A partir da reunião com o grupo de agricultores da ARPA-Sul, foi

estabelecida a agenda de visitas para compor a experiência piloto dos Roteiros

Agroecológicos de Cicloturismo Rural da Serra dos Tapes, conforme tabela 1.

Tabela 1. Agenda de atividades de cicloturismo rural da Serra dos

Tapes para o ano de 2014. Programa de Cicloturismo Rural

Ecológico - Roteiros Agroecológicos de Cicloturismo Rural da Serra

dos Tapes, RS.

Data Local da Atividade

15 e 16/03/2014 Acampamento de abertura no Sítio Amoreza - Afonso Pena,

Morro Redondo.

6/04/2014 Famílias Leal e Ferreira – Coxilha dos Silveira, Canguçu.

4/05/2014 Templo das Águas – Colônia São Manoel, Pelotas.

8/06/2014 Família Schiavon – Colônia São Manoel, Pelotas

14/09/2014 Família Scheer – Rincão da Caneleira, Morro Redondo

19/10/2014 Família Stork - São Domingos, Turuçu

16 /11/2014 Comunidade do Remanso, Canguçu

14/12/2014 Encerramento das atividades de 2014, Embrapa Sede e Estação

Experimental Cascata

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Ao todo foram programadas 8 atividades para o ano de 2014,

envolvendo 10 unidades familiares, das quais 7 delas são associadas à ARPA

SUL e participam das feiras-livres agroecológicas de Pelotas e Canguçu.

4. Logística de planejamento das visitas

A rotina de preparação dos eventos de cicloturismo rural consiste de

uma visita prévia da equipe executora do projeto às propriedades, com o intuito

de conhecer e registrar por meio do diálogo, fotografia e audiovisual os

principais atrativos existentes. São definidos os cardápios dos cafés e almoços

que serão servidos aos visitantes. O agricultor é consultado sobre o valor a ser

cobrado por participante tendo-se em conta os custos de alimentação e

preparação para a recepção do grupo.

Para as atividades de ciclismo são avaliados a dificuldade do percurso, a

distância e o tempo previsto para o roteiro, de modo a não exigir esforços

exagerados dos participantes, pois a priori, não se conhece o condicionamento

físico e habilidade dos participantes em terrenos acidentados e de relevo

acentuado (mountain bike - MTB).

Desta forma, o percurso praticado atinge, em média, cerca de 15 Km e

leva em torno de 2 a 3 horas para ser cumprido com tranqüilidade. Ao longo do

percurso os ciclistas dispõem de água e apoio para o transporte da bicicleta em

caso de desistências durante o percurso.

A organização destes eventos requer uma estrutura que é onerosa em

termos de infra estrutura, principalmente no que diz respeito ao transporte, pois

necessita de ônibus para deslocamento das pessoas e de caminhão para

deslocamento das bicicletas, além do serviço de apoio durante a pedalada que

é feito preferencialmente de camioneta, pela facilidade de percorrer trechos

acidentados e capacidade de carga para carregar bicicletas e outros materiais,

quando necessários.

Após se definir a agenda de visitas, realizou-se uma reunião com o setor

Administrativo da Embrapa Clima Temperado, que contou com a presença da

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equipe executora do Programa e o Chefe de Administração José Dias Viana,

ocasião em que foi apresentada a proposta e solicitado o apoio da Embrapa a

realização dos Roteiros Agroecológicos de Cicloturismo, sugerindo-se que a

mesma disponibilizasse o transporte necessário para o desenvolvimento das

atividades, bem como a dedicação de parte da carga horária de seus

colaboradores para o desenvolvimento deste trabalho. A proposta foi aprovada

pela administração e a partir de então se agendou o transporte para os dias de

atividades do programa até dezembro de 2014.

O transporte possibilita que o perfil de participantes não se restrinja a

ciclistas experientes e com aptidões físicas para a prática do MTB. Neste

contexto, o cicloturismo é um atrativo chave, mas a participação pode ser

realizada sem que o visitante disponha de uma bicicleta ou queira pedalar.

Também integra a parceria a Empresa J. L. Casarin, que tem sido o

ponto de referência dos participantes para realizar as inscrições, encontro e

partida para os passeios. A J. L. Casarin também tem apoiado financeiramente

a impressão de folders e cartazes, além de fornecer equipamentos de

segurança para os participantes.

5. Relato das experiências do 1º Semestre 2014.

Durante o primeiro semestre de 2014 foram realizadas 4 visitas,

respeitando-se as datas e locais de visitação, conforme agenda previamente

estabelecida. O relato das experiências seguirá a ordem cronológica da agenda

de visitações e tem o objetivo de registrar de forma sintética os procedimentos

de preparação e execução das visitas.

Acampamento de Abertura do Programa – Sítio Amoreza,

Comunidade Afonso Pena de Morro Redondo.

A abertura dos Roteiros Agroecológicos aconteceu nos dias 15 e 16 de

março e a escolha do Sítio Amoreza se deu em função de já ser conhecido por

boa parte do público, pelos seus diferenciais ecoturísticos e pela perspectiva de

sustentabilidade a partir de práticas de bioconstrução e agricultura ecológica.

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Além disso, o Sitio dispõe de estrutura de alojamento, área para camping e

refeições para grupos que buscam estas experiências.

O local de concentração para a saída de Pelotas foi na J. L. Casarin as

13h30min. e contou-se com 19 ciclistas mais a equipe de coordenação. A

recepção foi às 15h30min. de sábado. Após a recepção e boas vindas, foi

servido o café e partiu-se para uma pedalada de cerca de 18 Km, passando

pelo centro da cidade e estradas vicinais.

Esta atividade despertou a curiosidade dos moradores. Os ciclistas

interagiram com um grupo grande de moradores que estavam na frente da

igreja, onde acontecia um casamento. Foi travada conversação com o noivo,

quando se falou sobre o evento, projeto, a ligação da bicicleta com alguns

princípios agroecológicos, enquanto se aguardava o restante dos ciclistas. Já à

noite o grupo retornou e foi recebido com o jantar e, na sequência, houve uma

sessão de música contemporânea ao redor da fogueira.

Na manhã de domingo os visitantes mais dispostos realizaram uma

pedalada de 7 Km, explorando outras áreas do entorno e diferentes paisagens.

Após a chegada do grupo, tomou-se café e iniciou-se um diálogo de

apresentação do projeto junto aos participantes, entre ciclistas, moradores do

Sítio Amoreza, uma vereadora do município e a equipe de jornalismo do

programa Terra Sul, que cobriu o evento durante os dois dias, resultando em

reportagem que foi ao ar na TV Nativa, afiliada do SBT.

Ainda pela manhã, foi realizada uma oficina prática na área do Sistema

Agroflorestal do Sítio. Foi à oportunidade de interagir diretamente e entender

um pouco mais sobre agroecologia e algumas técnicas de manejo destas áreas

para produção agrícola consorciada com espécies nativas florestais,

conciliando conservação do patrimônio natural e produção.

Após o almoço, o grupo fez uma caminhada por toda a propriedade,

conhecendo as instalações, métodos de bioconstrução e a rotina de trabalho

no sítio, revelando um pouco das dificuldades do cotidiano, limitações e como

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os moradores fazem para avançar em seu ideal de uso sustentável da

propriedade.

Impacto da atividade:

Foi possível observar o olhar de interesse por parte dos munícipes ao

observar o grupo de ciclistas, chamando atenção para a atividade e para a

importância de um espaço como o Sítio Amoreza como agregador de pessoas,

culturas, práticas e valores que confere uma maneira diferenciada e instigante

de dar margem à experimentação em práticas de sustentabilidade

socioambiental.

Politicamente, o evento também fortaleceu as iniciativas agroecológicas.

A participação da vereadora de Morro Redondo, Angélica dos Santos, é um

indicativo importante da visibilidade do projeto.

O cicloturismo é uma das modalidades de turismo de menor impacto

ambiental. Não emite ruídos, poluentes atmosféricos, o assoreamento das

estradas é mínimo. Além disso, a experiência ciclística neste meio permite o

aprofundamento das relações e de percepção entre as pessoas, à cultura e o

ambiente visitado. A seguir será apresentado o impacto econômico da

atividade, que apesar de significativo, precisa ser contemporizado com relação

ao apoio prestado pelos parceiros.

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Os valores envolvidos com a realização do evento estão especificados

na tabela 2:

Tabela 2 – Valor pago por participante ao estabelecimento e ao

articulador do Movimento Pedal Curticeira e valor total de

inscrição.

Descrição Valor

Unitário (R$)

Número de participantes Total (R$)

Valor pago por participante ao estabelecimento

65,00* 19 1.235,00

Valor pago ao Coordenador do Movimento Pedal Curticeira**

10,00** 19 190,00

Valor arrecadado com inscrições

75,00 19 1.425,00

*Valor referente à disponibilização de camping e acomodações, os cafés e refeições (almoço e janta) e toda a recepção e envolvimento durante o evento. **Valor referente ao trabalho de articulação e mobilização com o público e parceiros.

Além do impacto econômico, o Programa de Cicloturismo Rural

Agroecológico quer impactar os corações e mentes de agricultores e ciclistas

que interagem por meio das visitas, gerando reflexões e processos que

possibilitem a construção de um novo rural.

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Primeira visita do Programa – Famílias Leal e Ferreira, Coxilha

dos Silveira, Canguçu.

A visita a comunidade de Coxilha dos Silveira foi a primeira atividade de

2014 com duração de um dia, fato que traz alguns facilitadores em termos de

estrutura, logística e disponibilidade do público. As unidades de produção

visitadas pertencem as Famílias Leal e Ferreira, ambas fundadoras da ARPA

SUL.

A atividade aconteceu em um sábado, no dia 06 de abril. Às 7h30min. o

grupo saiu da J. L. Casarin. Na Coxilha dos Campos, caminho dos

estabelecimentos, o grupo encontrou com um membro da família Leal que

conduziu os ciclistas ao longo dos primeiros 10 Km. de pedal.

Durante o caminho, predominantemente plano, interagiu-se rapidamente

com uma festividade local, que já concentrava bastante gente para almoçar e

passar o dia. As 9h30min recebeu-se as boas-vindas da família Leal, que

serviu o café-da-manhã, com sucos, pães, bolos e outros produtos da

propriedade. Após o café, o patriarca guiou o grupo em uma caminhada por

sua propriedade, mostrando sua produção, seus métodos de cultivo e seu

contexto familiar de trabalho, para dar conta de toda a dinâmica da propriedade

envolvendo a produção, o transporte, a feira e os produtos agroindustriais

como sucos e geléias.

Na continuação do roteiro da pedalada, visitou-se a agroindústria de

sucos orgânicos Vida na Terra de propriedade da Família Ferreira, fruticultores

e beneficiadores da própria produção e de terceiros, que dista cerca de 300

metros da propriedade dos Leal. O casal Ferreira guiou o grupo por sua planta

agroindustrial, abordou aspectos técnicos e sociais de seus trabalhos e

serviram generosamente alguns sabores de sua produção.

Após mais 3 Km de pedalada chegou-se no arroio, onde estava sendo

preparado o almoço, com churrasco e saladas. Alguns participantes

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refrescaram-se, enquanto outros aproveitaram o momento para conversar. O

almoço estava delicioso, apesar do cardápio ser pouco adequado para quem

está pedalando. Após o descanso, o grupo de visitantes fez uma caminhada

até o alto do morro, na rampa de vôo livre de Canguçu, onde se pode apreciar

uma vista panorâmica fantástica.

Após a caminhada o grupo voltou de bicicleta as propriedades, quando

as famílias comercializaram seus produtos agroecológicos antes do regresso a

cidade, que foi feito de ônibus.

Impacto da atividade

O cordão de ciclistas, de capacete e trajes próprios para o esporte,

causa interesse dos moradores e coloca em evidência a relevância das

experiências agroecológicas da comunidade.

A festa religiosa que acontecia na Coxilha dos Campos ampliou esta

repercussão, uma vez que naquela atividade havia uma concentração maior de

pessoas que provinham de outras comunidades de Canguçu e de outros

municípios da Serra dos Tapes.

A exemplo da festa religiosa, os roteiros agroecológicos trazem

dinamicidade para as comunidades rurais, explorando por meio da prática do

cicloturismo sua paisagem natural e antrópica, que se traduz em belezas

naturais, dinâmicas sociais, gastronomia e cultura da comunidade, além de

valorizar as famílias que praticam a Agroecologia.

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Os valores envolvidos com a realização do evento foram os seguintes:

Tabela 3 – Valor pago por participante ao estabelecimento e ao

articulador do Movimento Pedal Curticeira e valor total de

inscrição.

Descrição Valor

Unitário (R$)

Número de participantes

Total (R$)

Valor pago por participante ao estabelecimento

25,00* 30 750,00

Valor pago ao Coordenador do Movimento Pedal Curticeira**

10,00** 30 300,00

Valor arrecadado com inscrições 35,00 30 1.050,00

* Valor referente à disponibilização do café colonial, almoço (churrasco) e suco natural de uva e pêssego, além do serviço coletivo para a recepção e orientação do grupo na atividade. ** Valor referente ao trabalho de articulação e mobilização com o público e parceiros.

Segunda visita do Programa – Templo das Águas, Colônia São

Manoel, Pelotas

A terceira atividade foi no Templo das Águas, propriedade da família

Gottinari, que desenvolve seu trabalho através do turismo, da música e daquilo

que a natureza lhes oferece.

O grupo foi recepcionado próximo das 9h, recebeu as boas vindas dos

proprietários que nos conduziu ao local do café. As 10h fez-se uma

concentração em frente a casa para se fazer um breve aquecimento,

alongamento e orientações sobre o percurso da pedalada.

Dadas as instruções iniciou-se um roteiro de 19km, passando por vistas

panorâmicas da Colônia São Manoel e da ponte da Colônia Maciel, um dos

principais símbolos da localidade.

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Na estrutura de apoio passou-se a contar com camioneta, além do

ônibus dos passageiros e o caminhão pra transporte das bicicletas.

Cumprido o percurso de bicicleta, o público ficou encantado com o

almoço que foi servido. No cardápio: pizza de fungi e de queijo colonial, com

salada de diversos tipos, além do típico suco de butiá. A ausência da carne nas

refeições é uma das linhas seguidas pelos patriarcas da Família Gottinari.

O descanso pós pedalada foi acompanhado por música as margens da

cachoeira do Arroio Pelotinhas, um dos contribuintes do Arroio Pelotas. Esta

parada antecedeu a caminhada pela propriedade e trilha até o Túnel de Pedra

da antiga linha ferroviária que passava pela comunidade.

Impacto da atividade

Apesar da propriedade não adotar a agricultura de maneira expressiva, a

escolha do Templo das Águas como roteiro de cicloturismo se deu em razão do

seu grande apelo estético, natural, pela riqueza histórica dos atrativos locais e

pela sensibilidade explorada musicalmente pelo compositor Marco Gottinari,

em suas letras e melodias, que age como ferramenta universal de

sensibilização, de acordo com os objetivos deste projeto.

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Os valores envolvidos com a realização do evento foram os seguintes:

Tabela 4 – Valor pago por participante ao estabelecimento e ao

articulador do Movimento Pedal Curticeira e valor total de

inscrição.

Descrição Valor

Unitário (R$)

Número de participantes

Total (R$)

Valor pago por participante ao estabelecimento

30,00 20 600,00

Valor pago ao Coordenador do Movimento Pedal Curticeira**

8,00 20 160,00

Valor cobrado com inscrições 38,00 20 760,00

* O valor é referente à disponibilização do café colonial, almoço e suco natural, além do serviço coletivo para a recepção e orientação do grupo na atividade. ** O valor é referente ao trabalho de articulação e mobilização com o público e parceiros.

Terceira visita do Progrma – Família Schiavon, Colônia São

Manoel, Pelotas

Como de costume, o grupo se encontrou em frente à J.L. Casarin,

partindo em direção à Colônia São Manoel, Pelotas, para a visita que

encerraria as atividades do semestre. A escolha da propriedade da Família

Schiavon se deu pelas características do trabalho da família na propriedade,

que há 18 anos atua com uma perspectiva sistêmica de produção, obedecendo

atentamente ao ciclo dos nutrientes e dos elementos componentes da

paisagem.

Além disso, a propriedade foi escolhida para esta época do ano porque,

apesar do frio e da baixa produtividade de modo geral, é aquela que ainda

apresenta diversidade de produção mesmo neste período, uma conseqüência

direta da qualidade da relação do produtor com o ambiente de trabalho.

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O grupo foi recebido com café-da-manhã, e em seguida iniciou-se a

pedalada de 16 Km que teve como primeiro destino a Cachoeira do Arco-íris,

onde o grupo contemplou, tirou fotos, e apesar da época alguns se banharam.

Durante o trajeto, em pontos de apoio, foi servido suco de uva pela filha da

família, que guiou o grupo durante todo o percurso, levando em seu carro

outros participantes que não andam de bicicleta e que foram para conhecer às

experiências da família e os atrativos envolvidos da programação.

O trajeto passava pela escola e igreja em que o patriarca havia

estudando, além da propriedade de seu pai. No caminho de volta, o grupo foi

até próximo ao Morro do Quinongongo, local que abriga grutas e foi um antigo

quilombo, o que oportunizou a contextualização histórica do local.

O almoço já aguardava quando o grupo de ciclistas retornou da

pedalada. Foi servido carreteiro com feijão, regado a suco de uva e frutas de

época, sagu e creme de sobremesa.

Após um período de descanso, houve um momento de trocas de

experiências, quando Leandro Karam compartilhou um pouco da visita recente

a Santa Rosa de Lima (SC), capital catarinense da agroecologia, onde funciona

o projeto de turismo rural “Acolhida na Colônia”, que se comunica com os

ideais deste programa em relação a construção coletiva de uma proposta de

desenvolvimento rural sustentável, que entre os atrativos está o cicloturismo e

o turismo de experiência em pequenas propriedades de agricultura familiar

agroecológica.

O pesquisador Joel salientou sobre a importância da participação e

envolvimento do público para que este trabalho possa ter continuidade, tendo

em vista todo o envolvimento gerado e a qualidade daquilo que está sendo

construído permanentemente desde o início, quando do encontro destas idéias

e iniciativas.

No entanto, o dia teve seu momento de maior interação na caminhada

pela propriedade. Orientados pelo patriarca, o grupo demonstrou grande

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interesse e envolvimento com os métodos e também pela estética do trabalho.

O patriarca cativou o grupo, que se mostrou bastante participativo, e transmitiu

com facilidade inúmeros conceitos e experiências em sistemas agroflorestais,

conservação da natureza, controle biológico e disponibilizou o seu saber-fazer

aos participantes, estando sempre aberto a perguntas. Após retorno da

caminhada, o grupo se despediu dos anfitriões e retornou à cidade de Pelotas.

Impacto da atividade

O trabalho que a família Schiavon presta em sua propriedade possui um

grande potencial de impactar positivamente a comunidade local. As ações do

Programa fazem com que as propriedades do entorno despertem para o

excelente trabalho que está sendo desenvolvido naquele local.

O trabalho da família Schiavon, a exemplo de outras unidades

agroecológicas, possui uma qualidade que traz resultados não apenas cênicos,

mas em termos de produtividade e qualidade da produção, como a produção

de pêssegos agroecológica, que coloca técnicos e percicultores experientes em

estado de admiração quando visitam a sua propriedade, a cerca feita de

moirões vivos para a sustentação das videiras e todas as técnicas e

conhecimentos que poderiam ser melhor socializados.

A forma com que o patriarca conduzia o público a entender a

propriedade como uma extensão de si mesmo, o entusiasmo e paixão que

demonstra quando ilustra o dia-a-dia no campo, os desafios e a busca pelo

aperfeiçoamento demonstram o potencial da família para o turismo rural

agroecológico.

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Os valores envolvidos com a realização do evento foram os seguintes:

Tabela 5 – Valor pago por participante ao estabelecimento e ao

articulador do Movimento Pedal Curticeira e valor total de inscrição

Descrição Valor

Unitário (R$)

Número de participantes

Total (R$)

Valor pago por participante ao estabelecimento

25,00 27 675,00

Valor pago ao Coordenador do Movimento Pedal Curticeira**

10,00 27 270,00

Valor cobrado com inscrições 35,00 27 945,00

*Valor referente à disponibilização do café colonial, almoço e suco natural, além do serviço coletivo para a recepção e orientação do grupo na atividade. ** valor referente ao trabalho de articulação e mobilização com o público e parceiros.

6. Resultados preliminares

Um questionário está sendo aplicado com o objetivo de captar as

impressões dos participantes a respeito da qualidade das atividades. Com base

em algumas conversas e nas respostas dos primeiros questionários, pode-se

dizer que os participantes têm sido sensibilizados sobre saúde alimentar,

técnicas ecológicas de cultivo, bem-estar social, valorização do trabalho do

agricultor e reconhecimento in loco da qualidade dos alimentos, fator que toma

muita relevância diante da visível descrença, por um grande público, no modelo

de produção agroecológico.

Reconhecemos no programa oportunidades de capitalizar o zelo que o

agricultor nutre pela natureza, na forma de conservação e multiplicação de

fragmentos de mata nativa, não utilização de biocidas, cuidados com corpos de

água, entre outros serviços ambientais prestados pelo agricultor familiar e até

os tempos atuais ignorado no mercado de bens e serviços agrícolas.

Em conversas com os agricultores participantes é marcante a satisfação

destes com os resultados das visitas, tanto financeiros como de caráter

Page 20: Relatório Cicloturismo Rural 2014 - 1

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subjetivo, como a valorização do trabalho na terra através da intensificação das

relações socioambientais no sentido de troca de conhecimentos baseados na

observação dos fenômenos naturais e articulação no campo social para

propostas de vida que resultem em saúde para o indivíduo e para o ambiente

de maneira integral. O termo integral remete à transversalização de múltiplos

aspectos relativos à saúde, como aspectos biológico, psicológico, espiritual e

socioambiental.

Estes agricultores vêm percebendo após cada visita a presença de

pessoas que participaram dos eventos e passaram a frequentar as feiras. Este

contexto proporciona um ambiente fértil para o surgimento de novos

agricultores ecológicos, novos simpatizantes e consumidores destes produtos.

Arrisca-se afirmar, apesar do curto tempo de implantação do Programa,

que as atividades até aqui desenvolvidas são potencialmente capazes de criar

um ambiente propício para que outras famílias, próximas às propriedades

visitadas, sejam sensibilizadas para o modelo agroecológico.

As atividades movimentam os finais de semana das famílias vizinhas

que são sugestionadas a se perguntar por que pessoas do espaço urbano

saem do conforto de suas casas para pedalar em estradas de terra, com relevo

acidentado, que desvendam paisagens tão comuns para quem é dali, como

são as lavouras, os cerros, as construções do rural. Mesmo os vizinhos mais

céticos devem refletir sobre o que trouxe pessoas do espaço urbano para o seu

convívio.

Mais do que respostas, o Programa quer provocar a reflexão dos

residentes, sugerindo por meio de uma ação prática de turismo, que o rural e

as pessoas que ali vivem interessam para quem mora nos centros urbanos.

A autoafirmação e valorização da auto-estima dos residentes rurais

exige uma reflexão sobre qual rural está sendo visitado e por que? A

perspectiva do ciclista traz como mensagem subliminar um estilo de vida

saudável, que integra prazer e atividade física. Os grupos de ciclistas estão

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preocupados com a qualidade ambiental do rural, mas não só. Também se

interessam pela qualidade de vida das pessoas que ali residem. O turista é

alguém que quer vivenciar a experiência, daí a disposição de pagar para ir até

o local e poder desfrutá-lo.

Além de valorizar a comunidade, o Programa destaca a experiência das

propriedades agroecológicas, que no seu contexto estão bastante suscetíveis

as contradições impostas pelo modelo dominante. Aqueles que decidem

produzir com técnicas e estratégias diferenciadas sofrem críticas e são

desacreditados continuamente. Além de ter de construir suas próprias barreiras

para não ter suas propriedades contaminadas por deriva de agrotóxicos,

insetos, plantas e doenças indesejáveis, além de enfrentar a concorrência

desleal do mercado, que com estratégias simplificadas de produção define

preços e padrões de qualidade dos produtos agrícolas.

A partir da experiência aqui relatada conclui-se que o cicloturismo rural é

uma ferramenta que contribui para a resignificação do rural, que deixa de ser

uma mão de via única para se transformar em um lugar de tantas

possibilidades quanto os centros urbanos. Este novo rural atrairá tanto as

pessoas do local, quanto a dos centros urbanos que buscam saúde, alimentos

saborosos, paisagens exuberantes, cultura e hospitalidade.

Vamos pedalar?!!!!