15
Página 1 de 15 EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA MESA DO SENADO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, SENADOR JOSÉ SARNEY CÍCERO BATISTA ARAÚJO RÔLA, brasileiro, casado, Servidor Público, portador do Título Eleitoral 24809020/54 expedido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (doc.02), da Carteira de Identidade 708224 - DF e do CPF 305 249 381-72, residente e domiciliado em Taguatinga - DF, na CSB 06 lote 8 Bloco B Apt. 315, tel. 9696 5213 , com endereço para correspondência na sede da CENTRAL ÚNICA DO TRABALHADORES DO DISTRITO FEDERAL, no SDS EDIFICIO VENANCIO V, SUBSOLO 20, CEP 70.393-904 Brasília DF, com fundamento no art. 41, da Lei nº 1.079, de 14 de abril de 1950, e demais disposições pertinentes, vem perante Vossa Excelência formular DENÚNCIA contra o Ministro GILMAR FERREIRA MENDES, pelos fundamentos de fato e de direito que adiante expõe.

Representação contra gilmar mendes

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Denúncia formulada pelo Cidadão Cicero Rôla em desfavor do Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes requerendo o seu impeachment por diversos motivos partidarização, contumácia em invento de estórias, etc.

Citation preview

Page 1: Representação contra gilmar mendes

Página 1 de 15

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA MESA DO SENADO

FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, SENADOR

JOSÉ SARNEY

CÍCERO BATISTA ARAÚJO RÔLA, brasileiro, casado, Servidor

Público, portador do Título Eleitoral 24809020/54 expedido pelo Tribunal

Regional Eleitoral do Distrito Federal (doc.02), da Carteira de Identidade

708224 - DF e do CPF 305 249 381-72, residente e domiciliado em

Taguatinga - DF, na CSB 06 lote 8 Bloco B Apt. 315, tel. 9696 5213 , com

endereço para correspondência na sede da CENTRAL ÚNICA DO

TRABALHADORES DO DISTRITO FEDERAL, no SDS EDIFICIO

VENANCIO V, SUBSOLO 20, CEP 70.393-904 Brasília DF, com fundamento

no art. 41, da Lei nº 1.079, de 14 de abril de 1950, e demais disposições

pertinentes, vem perante Vossa Excelência formular

DENÚNCIA

contra o Ministro GILMAR FERREIRA MENDES, pelos fundamentos de

fato e de direito que adiante expõe.

Page 2: Representação contra gilmar mendes

Página 2 de 15

I. DOS FATOS

A Polícia Federal montou a OPERAÇÃO MONTE CARLO para

apurar e desarticular as ações de uma organização criminosa que explorava

caça-níqueis e jogos de azar em Goiás.

No desenrolar das investigações, constatou-se que as relações do

senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, possuíam

teias que abrangiam muitas pessoas no seio das máquinas de estado no Governo

de Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, em pessoas dos órgãos de segurança

com participação de empresas do Setor Privado, como a Delta Engenharia.

Durante as investigações, foram realizadas escutas telefônicas, com

autorização judicial, onde o contraventor Carlinhos Cachoeira estaria

providenciando um jatinho King Air para dar uma carona ao Senador

Demóstenes Torres e para “Gilmar”, na viagem Alemanha-Brasil, retorno.

De fato, a ligação de 23 de abril de 2012, em que Carlinhos Cachoeira

estaria providenciando um jatinho King Air para dar carona ao Demóstenes e

“Gilmar”, que retornavam da Alemanha para o Brasil. A própria Policia

Federal, suspeitava que se tratava de Gilmar Mendes.

O Ministro Gilmar Mendes, somente ontem dia 29 de maio de 2012,

mostrando passagem pagas pelo Supremo, nega a viagem em companhia de

Demóstenes Torres no jatinho do Bicheiro. E, disse mais: que as informações

contra ele vieram de bandidos.

Mas, o Senador Demóstenes Torres, em depoimento à Comissão

Parlamentar de Inquérito, negou que na volta da viagem estaria o Ministro

Gilmar Mendes também no jatinho do contraventor. Mas, detalhou encontros

que tivera com o Ministro Gilmar Mendes, na Europa, em três cidades Berlin,

Copenhague e Praga naquela oportunidade. O Denunciado só refere ao

encontro em Berlin.

Não é só aí que encontramos o comprometimento do Ministro do

Supremo, mas, também, na capacidade que possui de inventar situações para

ficar em evidência e criar factóides políticos, escolhendo momentos e situações

específicas para dar entrevistas, de preferência à revista Veja.

De fato, acusou que fora investigado com grampos ilegais, no

entanto, estes áudios nunca apareceram. Tudo soou, como falso.

Page 3: Representação contra gilmar mendes

Página 3 de 15

Hipótese dele mais viável era que a declaração de grampo não tinha

fundamento no terreno dos fatos, mas na verdade o que Denunciado buscava

era desqualificar a Operação Satiagraha que descobria uma malha de corrupção,

lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas, formação de

quadrilha e tráfico de influência para obtenções de informações privilegiadas em

operações financeiras.

Eis que o Denunciado havia concedido habeas corpus para os principais

envolvidos nestas investigações o banqueiro DANIEL VALENTE DANTAS e

sua irmã VERÔNICA VALENTE DANTAS. O denunciado estava sob uma

saraivada de críticas, inclusive o seu “impeachment” fora requerido perante o

Senado Federal, acusando crítica à soltura concedida ao banqueiro, sua irmã e

uma série de outros envolvidos direta ou indiretamente com os crimes

apurados.

Era um meio de tergiversar, desviar atenção e jogar para segundo

plano as noticiais sobre os crimes escandalosos e a série de envolvidos

(corruptos e corruptores) contidos nos CD e DVD descobertos escondidos na

parede da casa do Banqueiro, bem como das denúncias dos esquemas. Foi

observado, inclusive, que, somente um dos sócios deste banqueiro, possuía mais

de 700 firmas sob suspeição da Polícia Federal.

Por outro lado, nada foi comprovada da acusação de grampo ilegal,

apesar de os órgãos de segurança terem investigado minuciosamente em busca

de procedência da acusação, nem um indicio destes grampos foram detectados.

O Ministro Gilmar Mendes, em setembro de 2008, com grande

estardalhaço denunciou que era vítima de grampo de sua conversa com o

Senador Demóstenes Torres, olha com quem! Áudios que nunca apareceram! E

mesmo que existissem poderiam ser originários de gravação de qualquer um

dos dois interlocutores

Em outras oportunidades, até no Supremo Tribunal Federal ele

buscava se destacar, inclusive com ataques a capacidade de pares, como ocorreu

em relação ao Ministro Joaquim Barbosa, que ao ser questionado sobre a sua

credibilidade, respondeu contundentemente:

“Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do

Judiciário Brasileiro. Quando V.Exa. se dirigir a mim, Vossa

Excelência não está falando com seus jagunços de Mato Grosso, Ministro

Gilmar”.

O Ministro, ora denunciado, não para aí, agora vem o mais grave.

Page 4: Representação contra gilmar mendes

Página 4 de 15

Em abril de 2012, após a viagem a Europa, ocasião em que o

Denunciado manteve encontros com Demóstenes, no escritório particular de

advocacia do ex. Ministro Jobim, ocorreu um encontro entre Luiz Inácio Lula

da Silva, ex. presidente, o advogado Nelson Jobim e o Denunciado.

Na ocasião, não houve qualquer divulgação do encontro por parte de

nenhum dos presentes, inclusive por parte do Denunciado.

Deliberadamente, só agora, passados cerca de um mês da reunião, o

senhor GILMAR MENDES concede entrevista à revista VEJA, a mesma que

suspeitamente possui relações com Carlinhos Cachoeira para armar matérias

contra o Governador Agnelo Queiroz e outros desafetos dos interesses da

quadrilha do bicheiro.

Grave não é conceder a entrevista, mas o conteúdo e a acusação de

que Lula o teria pressionado a contribuir no atraso do julgamento do chamado

“Processo do Mensalão” em troca de blindá-lo perante a CPMI.

Sem qualquer prova, novamente cria com a Revista Veja um factóide

sem qualquer verossimilhança e, ainda, faz isto demonstrando insegurança,

inclusive gaguejando quando as entrevista foram para o campo da rede

televisiva.

Eis que as afirmações contra o Ex-Presidente, com quem o

Denunciado esteve em reunião, conforme a imprensa noticiou, em espaço

particular, foram desmentidas em menos de 24 horas, pelo Ex-Ministro Nelson

Jobim.

Em entrevista, ao Jornal Estado S. Paulo, hoje advogado, o ex-

ministro, Nelson Jobim negou, no dia 27/05/2012, que o ex-presidente Luiz

Inácio Lula da Silva (PT) tenha pressionado o ministro Gilmar Mendes, do

Supremo Tribunal Federal (STF), a adiar o julgamento do mensalão, usando

como moeda de troca a CPI do Cachoeira. Destacou que “De forma nenhuma,

não se falou nada disso", reagiu Jobim,. "O Lula fez uma visita para mim, o

Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão", reiterou. O Dr. Nelson

Jobim, disse ainda, em entrevista ao Jornal Zero Hora, que alertou à Revista

Veja sobre a falsidade das declarações do Denunciado, antes mesmo da edição

da Revista Veja número 2.271.

Foi mais a fundo, esclarecendo que, em nenhum momento, o Ministro

Gilmar Mendes e o ex-presidente estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do

escritório, como relatou a Veja. "Tomamos um café na minha sala. O tempo

Page 5: Representação contra gilmar mendes

Página 5 de 15

todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu antes, durante todo o tempo nós

ficamos juntos", assegurou.

Além disto, o doutor Nelson Jobim afirmou que o Ministro

Denunciado, em momento algum, apresentou sinal de consternação ou similar.

Novamente, a verossimilhança não existe, mas sim uma falsidade,

comprovada, mais ainda quando o Ex-Presidente da República veio a público e

soltou uma nota desmentido as alegações do Denunciado.

Mas, novamente, é na cena política que se busca o que concatena com

a semana da declaração bombástica e suspeita.

Era justamente a semana em que o amigo do Denunciado, Senador

Demóstenes Torres (sob a suspeição de encontro na Alemanha) iria depor

perante a CPMI que apura as relações entre o bicheiro Carlos Cachoeira e os

aparelhos governamentais.

É também quando se buscava apurar as relações da revista Veja com

a quadrilha do bicheiro Carlos Cachoeira, e que crescia a comprovação das

relações entre membros da revista com a quadrilha, inclusive na plantação de

noticias contra o Governo Agnelo Queiroz, logo após este ter descoberto e

tomado providencias em relação a superfaturamento em operação da empresa

Delta.

Há indícios que o Denunciado pretendia, agora, não desqualificar

investigações policiais da Operação Satiagraha, nem as investigações de escuta

autorizadas judicialmente, mas, sim, desqualificar a CPMI que iria apurar as

ligações da revista VEJA, DEMOSTENES, CACHOEIRA, e, porquê não, o

próprio Denunciado.

Ora, a Lei Orgânica da Magistratura - LOMAN é taxativa ao dispor

que são deveres do magistrado manter conduta irrepreensível na vida pública e

particular (Art. 35, da Lei Complementar 35, de 14/03/1979).

Ademais, as reiteradas intervenções desse Ministro, sem qualquer

fundamentação verossímil, usando, ao que indica, da sua condição de Ministro

do Supremo Tribunal Federal, também, implicam em romper com a obrigação

de “cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as

disposições legais e os atos de oficio” (Art. 35, I, da LOMAN).

Por outro lado, tais condutas do Denunciado se conformam com a

tipificação prevista no art. 39, da Lei nº 1079/50, que considera crime de

responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, “proceder de

modo incompatível com a honra, dignidade e o decoro de suas funções.”

Page 6: Representação contra gilmar mendes

Página 6 de 15

Quando uma criança comete reiteradas faltas, os pais como exemplo

de responsabilidade aplicam-lhe corretivos.

Mas, o Ministro Denunciado tem reiterado em prática de declarações

não verossímeis sem que qualquer medida séria seja tomada pela Corte

Suprema e nem pelo Senado Federal, a quem cabe processar e julgar pedido do

afastamento e destituição do denunciado do cargo.

Vista grossa nestes fatos contribuem, mais ainda, para que seja

aniquilada a “Justiça neste País” e “destruída a credibilidade do Judiciário

Brasileiro”.

Corre assim risco de o Estado Democrático de Direito se tornar sem

credibilidade, dado que até outros ministros, alheios ao que aconteceu de fato

no escritório particular do Dr. Nelson Azevedo Jobim afirmarem taxativamente

que houve a conversa negada por Lula e Dr. Nelson Jobim, colocando em

choque a CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito e a honra do Ex-

Presidente Lula, a partir de mentiras gestadas pelo Denunciado.

E vista grossa está ocorrendo vergonhosamente na República,

quando juristas de plantão, sem a mínima comprovação no terreno lógico dos

fatos, assacam “altos conhecimentos jurídicos” apresentando pareceres contra o

Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiando a “coragem” de Gilmar

Mendes ao expor o encontro com acusações sem prova a Lula, enquanto os

desmentidos taxativos do Dr. Nelson Azevedo Jobim e do Ex-Presidente são

ignorados.

Mais trágico e absurdo é que, após apresentar alegações

inverossímeis e até, como a última patentemente inaceitável e sem fundamento.

Agora, o Ministro Denunciado usa palavras como bandido, incrédulo, etc.

Releva notar que os indícios de que o Ministro Denunciado esteja

mentindo são crescentes. Inclusive, o laudo de uma perícia em análise de

frequência de voz aponta 13 trechos “fraudulentos e suspeitos”, sendo 11 de alto

risco e 2 de baixo risco, na entrevista do Ministro Gilmar Mendes sobre o seu

encontro com o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O diretor da empresa TRUSTER BRASIL, perito responsável que

analisou os trechos esclareceu que “Alto risco é uma maneira de dizer que a

pessoa está mentindo” (vídeo análise no CD anexo).

A série de suspeitas sobre a inveracidade das afirmações do Ministro

Denunciado gerou na internet um twitaço inédito com a tag #gilmarmentes.

Provando o clamor popular que não aceita a versão acusatória e despropositada

Page 7: Representação contra gilmar mendes

Página 7 de 15

do Denunciado contra o ex-presidente. Clamor popular que certamente já sabe

o quanto a conduta do Ministro do Supremo Denunciado está procedendo, já a

algum tempo, de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.

Dia 29/05/2012, aproveitando a conivência de segmentos da mídia e

da grande imprensa, o Denunciado atacou mais ainda sem provas, sem fundo de

verdade, dizendo que Lula teria dado origem a uma central de boato contra ele.

Dizendo ainda que:

Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou

com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que

me chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O

próprio presidente.

As invencionices não tem paradeiro, até o ex-delegado Paulo Lacerda,

ex-chefe da Agencia Brasileira de Informação – ABIN é acusado de ser de uma

“inventada” central que municiaria o PT contra o ministro. Outra acusação

falsa, que coloca o Denunciado novamente como criador de mentiras, o ex-

diretor da ABIN foi enfático ao negar tal acusação descabida:

“Ele (Gilmar) está absolutamente desinformado, se isso for

verdade. Eu não presto assessoria a nenhum partido político e não

presto assessoria ao PT. Não teria nada demais se prestasse, mas

isso não é verdade. Sei que existe um jogo político aí. Eu não sou

político, não faço parte desse tipo de coisa. Lamento que o ministro

tenha dito isso”.

Até onde irresponsável, sem qualquer corretivo, esse Ministro

Denunciado vai chegar em acusações inverossímeis e crescentes, quebrando

com as normas de conduta que se pode esperar de um ministro do Supremo.

Ora, não é de hoje, que se sabia, do papel que o Ministro Denunciado

assumiria, para desgraça da nossa Justiça, tanto que, quando de sua indicação,

assim manifestou o jurista Dalmo Dallari, em matéria publicada na Folha de S.

Paulo, do dia 8 de maio de 2002:

Degradação do Judiciário

Dalmo de Abreu Dallari

Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e

civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e

imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que

Page 8: Representação contra gilmar mendes

Página 8 de 15

tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção,

assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos

constitucionais.

Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados

de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do

mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais

distanciado da ética.

Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem

sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado

democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da

notícia de que o presidente da República, com afoiteza e

imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma

indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode

ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder

Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à

Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica.

Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero

em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos

no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade

constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns

fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e

exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas

atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência

indispensáveis num sistema democrático.

Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa,

estaria sendo montada uma grande operação para anular o

Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao

atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato.

Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do

atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário

subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na

Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente -pois a

indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da

vaga-, o nome indicado está longe de preencher os requisitos

necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do

país.

Page 9: Representação contra gilmar mendes

Página 9 de 15

É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a

constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e

terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do

presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção.

É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo

especializou-se em “inventar” soluções jurídicas no interesse do

governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor,

que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito. Já no governo

Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao

Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da

Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de

áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes

negada pelo STF, “inventaram” uma tese jurídica, que serviu de

base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando

o decreto em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o

advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso,

recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem

decisões judiciais.

Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do

advogado-geral da União, muitas vezes eram claramente

inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de

liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades

federais.

Indignado com essas derrotas judiciais, o dr. Gilmar Mendes fez

inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo

grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua

afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um

“manicômio judiciário”.

Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros

ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo

publicado no “Informe”, veículo de divulgação do Tribunal

Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001).

Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado

“Manicômio Judiciário” e assinado pelo presidente daquele

tribunal, observa-se que “não são decisões injustas que causam a

Page 10: Representação contra gilmar mendes

Página 10 de 15

irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da

União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo”.

E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do dr.

Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo

federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes,

sócios na “indústria de liminares”.

A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um

problema ético. Revelou a revista “Época” (22/4/ 02, pág. 40) que

a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, o dr. Gilmar

Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito

Público - do qual o mesmo dr. Gilmar Mendes é um dos

proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é

contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe

de se enquadrar na “reputação ilibada”, exigida pelo artigo 101 da

Constituição, para que alguém integre o Supremo.

A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir

calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente

inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição

pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da

Constituição, seja apenas uma simulação ou “ação entre amigos”. É

assim que se degradam as instituições e se corrompem os

fundamentos da ordem constitucional democrática.”

Chega! Basta! É hora de haver dignidade neste País. Maior seriedade!

E é isto que o Autor da presente provoca o Senado Federal da República,

através desta Denúncia, para que demonstre não ser uma casa inútil ou uma

pizzaria quando se trata de apurar de quem comete crime de responsabilidade.

Não é possível que o Ministro Denunciado invente ou apresente

declarações inverossímeis a cada vez que se apura crimes de alta dimensão

perniciosa contra os interesses nacionais.

Cabe observar ainda que o Denunciado não age com a isenção que se

espera de um Ministro do Supremo Tribunal Federal, mas possui históricos de

práticas bem partidárias, em favor de políticos determinados e vinculados ao

seu amigo Demostenes Torres, destacamos o seguinte trecho de um artigo do

jurista Mário Maierovitch, em matéria publicada na Carta Capital:

Page 11: Representação contra gilmar mendes

Página 11 de 15

“A propósito, convém lembrar, que em plena campanha

presidencial foi flagrada uma ligação telefônica do candidato

Serra a Mendes, que teria por objeto, depois de chamado por Serra

de “meu presidente”, um pedido de orientação com finalidade

eleitoral pouco elevada. Sobre atividades de Gilmar Mendes em

Diamantino, sua cidade natal e em apoio ao irmão que é prefeito

da cidade, matéria publicada na revista CartaCapital mostra, da

sua parte, a inobservância à proibição prevista na Lei Orgânica

da Magistratura”.

Pois, cabe o presente pedido de destituição do Ministro Gilmar

Ferreira Mendes do cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, dada seus

atos que certamente tipificada como violadora, ao proceder de modo

incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções e agir de forma

não esperada por um magistrado que deveria contribuir para o Supremo

Tribunal Federal cumprir a sua função de guardião da Constituição, da

legalidade maior neste País.

É preciso dar um paradeiro a essa prática do Ministro Denunciado,

data venia, proceder de modo questionável desmoralizando o Poder Judiciário,

cuja orquestração, o que é pior, é acompanhada por membros daquela corte.

Mesmo após manifestação como falsas a declaração do Ministro denunciado,

tanto pelo ex-Presidente Lula, como pelo advogado, ex-Presidente do Supremo

Tribunal Federal, Dr. Nelson Azevedo Jobim.

Espera, pois, o recebimento e julgamento da presente Denúncia

contra o senhor Ministro do Supremo Tribunal Federal, repassada a uma

Comissão Especial eleita para opinar sobre o tema, considerada a denúncia

objeto de deliberação, permitido o direito de defesa. Sendo que, recebida, fique o

Denunciado suspenso do exercício de suas funções, torne sujeito à acusação

criminal e perderá, até a sentença final, um terço dos vencimentos.

Prosseguindo, o Denunciado seja julgado pelos Senadores,

constituindo o Senado em Tribunal de Julgamento, reinquirindo testemunhas

(cujo rol do Denunciante apresenta e requer oitiva), facultados os debates orais

das partes, e, o julgamento, esperando o Autor que a final será o senhor

ministro GILMAR FERREIRA MENDES seja destituído do cargo de

Ministro do Supremo Tribunal Federal por se enquadrar na tipificação prevista

Page 12: Representação contra gilmar mendes

Página 12 de 15

no art. 39, 5, da Lei nº 1079/50, ou seja, proceder de modo incompatível com a

honra dignidade e decoro de suas funções.

II – DO DIREITO

O artigo 39, da Lei nº 1.079/50, dispõe que:

Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo

Tribunal Federal:

...

5 - proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de

suas funções.”

Por outro lado, nos termos do art. 102, da Constituição Federal

compete ao Supremo Tribunal, precipuamente, a guarda da Constituição.

Já o art. 35, da Lei Complementar nº 35, 14 de março de 1979,

determina serem deveres dos magistrados, dentre outros:

“Art. 35 - São deveres do magistrado:

I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e

exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;

....

VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular

Ao proceder reiteradamente com acusações desprovidas de

verossimilhanças, ou, quando não, comprovadamente como falsas, usando suas

expressões baixas para referir ao ex-Presidente da República, o Ministro

Denunciado ofende as norma de conduta compatível com o cargo de Ministro

do Supremo Tribunal Federal.

O art. 41, da Lei nº 1.079/50, é taxativo em permitir a todo cidadão

denunciar perante o SENADO FEDERAL, os ministros do Supremo Tribunal

Federal pelos crimes de responsabilidade que cometerem. O cidadão

denunciante, embasado na disposição citada, formula a presente denúncia que

visa a destituição do denunciado do cargo de Ministro do Supremo Tribunal

Federal.

Page 13: Representação contra gilmar mendes

Página 13 de 15

Verifica-se, portanto, que a legislação aplicável à matéria oferece o

necessário amparo à propositura da presente DENÚNCIA, eis que obedecidos

os aspectos inerentes à legitimidade do cidadão que a formula e do destinatário

da Denúncia: a MESA DO SENADO FEDERAL, esperando que a mesma seja

processada com de direito.

III. DAS PROVAS

DA DIFICULDADE DE OBTENÇÃO DE DOCUMENTOS PELO

REPRESENTANTE:

Há uma dificuldade premente para um advogado obter perante as

autoridades judiciárias cópias de inteiro teor das peças para instruir uma

denúncia-representação como a presente, para um cidadão comum, condição em

que se enquadra o Denunciante, reveste de impossibilidade a obtenção de cópia

de interior teor das peças para instruir a denúncia.

Ademais, que, o próprio processo criminal que apura os crimes

cometidos pela quadrilha de Carlinhos Cachoeira se encontra sobre o manto de

mistério para os diversos segmentos.

Na CPMI, inclusive, há um Senador que resolveu assumir o papel de

bedel, afastando mais ainda as possibilidades de se saber com maiores detalhes o

que ocorre naquela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

De fato, o Denunciante precisaria ter acesso a investigação criminal

(inquérito) e às demais peças do Processo originários da Operação Monte Carlo.

Dado que o Denunciante declara a sua impossibilidade de apresentar,

no momento, os documentos para instrução do feito, requer, com fulcro no art.

43, da Lei nº 1.079/50, seja requisitado perante o arquivo da CPMI que apura

as relação de Carlos Augusto Ramos no aparelho do Estado e ainda perante o

Supremo Tribunal Federal, os documentos relativos aos processos relacionados

com o esquema de Cachoeira, bem como que sejam avaliados nos anais do

Congresso as manifestações existentes a propósito do esquema demais

manifestações do Ministro Gilmar Mendes ao afirmar que fora vítima de

escutas, as denúncias do Ministro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da

Silva e, demais documentos relacionados com os fundamentos desta denúncia.

Page 14: Representação contra gilmar mendes

Página 14 de 15

ROL DE TESTEMUNHAS:

Para complementar as provas, indica ainda como testemunhas, as

seguintes pessoas:

1. Dr. Nelson Azevedo Jobim (presente na reunião e denunciante dos

grampos).

2. Luiz Inácio Lula da Silva (presente na reunião com Gilmar

Mendes).

3. O procurador da República Rodrigo De Grandis (atuou no

processo que apurava os crimes relacionados com a Operação

Satiagraha).

4. Deputado Federal Protogenes Queiroz (delegado da Operação

Satiagraha).

5. Mario Mairovitch (jurista e articulista conhecedor da atuação do

ministro denunciado).

6. Dr. Dalmo De Abreu Dallari (jurista).

7. Paulo Lacerda (ex. chefe da ABIN).

8. Antonio Ramaiana de Barros Ribeiro (conhecedor da atuação do

ministro denunciado desde a época de estudante).

IV – DO PEDIDO:

EM FACE DO EXPOSTO, considerando a gravidade dos

fatos reportados que necessitam ser investigados e esclarecidos, com

conseqüente tomada de decisão pelo Senado Federal, o Autor, devidamente

qualificado, requer:

1- O regular processamento da presente denúncia nas instâncias

correspondentes do Senado Federal, a fim de apurar o envolvimento do

DENUNCIADO no procedimento de agir de modo incompatível com honra,

dignidade e decorro de suas funções, bem ser patentemente desidioso no

cumprimento de seus deveres do cargo de ministro, violando assim o art. 39, 5,

da Lei nº 1.079/50, portanto, cometendo crime de responsabilidade;

2- sejam solicitadas cópias de inteiro teor dos processos relacionados

com o esquema de Carlos Ramos Cachoeira, em especial nas referencias ao

Page 15: Representação contra gilmar mendes

Página 15 de 15

Denunciado, em curso perante o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL;

consulta aos anais do Congresso Nacional e nos demais documentos

pertinentes, sobre as manifestações do Ministro do Supremo Tribunal Federal

Denunciado, em matérias relacionadas à exposta acima.

3 – Dada a gravidade dos atos cometidos, processado o presente

nos termos dos artigos 41 a 73, da Lei nº 1.079/50 e demais disposições

pertinentes, espera que a final seja colocado em votação e aprovada a

destituição do cargo do Ministro Denunciado.

Brasília (DF), 30 de maio de 2012.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Brasília-DF, 30 de maio de 2012.

CICERO BATISTA ARAUJO RÔLA

Denunciante

(ORIGINAL COM FIRMA RECONHECIDA, ACOMPANHADA DE

DOCUMENTOS E DVD (este com gravações da Perícia e de entrevista de

Gilmar Mendes).