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CLIPPING ELETRÔNICO - 2014 Senado Federal Anexo II, Gabinete 10 (61) 3303.6645 Sen. Rodrigo Rollemberg 1 25.1.13 REVISTAS 25/01/2014 Oi Brasil, estamos aqui! Bem-vindo ao país da periferia, tão próximo e às vezes tão distante de tantos brasileiros. Formado pelas classes C, D e E, é um universo de 155 milhões de pessoas que compram mais do que a Suíça e a Holanda O sorriso metálico e colorido dos jovens que, nas últimas semanas, tomaram conta do noticiário nacional, após a explosão dos rolezinhos, deixa escapar bem mais do que os versos do funk ostentação com os quais eles fazem, às centenas, os seus barulhentos passeios pelos shoppings das periferias das grandes cidades brasileiras. Não é que a trilha sonora desse novo e ruidoso fenômeno urbano careça de importância; dela vai se tratar adiante . Mas o sorriso, em si, de aparelho, daquela garotada um símbolo de status, de ascensão econômica e, sobretudo, de uma sadia vaidade, decorrente da autoestima elevada ilumina algo de maior vulto. Para além das roupas de grife e de traquitanas tecnológicas de última geração, itens obrigatórios para "os parça" e "as mina", os dentes cobertos de ferragens e elásticos compõem a face mais visível de um país que existe dentro do Brasil, habitado pelas classes C, D e E. Um país "fictício", diga-se desde logo, contra qualquer insinuação de secessão, de apartheid social e que, no entanto, revela o Brasil real. Ele é formado pela parcela que representa a maioria da população, um contingente de 155 milhões de pessoas que vem se consolidando como um gigantesco exército de consumidores, alimentados pela facilidade de crédito no ano passado, eles gastaram, com produtos e serviços em geral. 1,27 trilhão de reais, segundo projeção do instituto Data Popular, especializado em pesquisas nas classes média e baixa e que atende empresas como MasterCard, Santander e TAM. Conforme levantamento do instituto, só os jovens de classe C consumiram em 2013 algo em torno de 129 bilhões de reais, contra 80 bilhões das classes A e B e 19,9 bilhões da D. A pedido de VEJA, o Data Popular isolou dados e estatísticas das classes C, D e E cuja renda familiar mensal média varia de 250 a 2 344 reais para criar, hipoteticamente, um país, de modo a tornar explícito o seu vigor no mercado. Se existisse de fato, a, chamemos assim, "República Federativa da Periferia do Brasil" teria um poder de compra que a poria no G20 do consumo mundial, ocupando a 16a posição no ranking das nações que mais gastam (o Brasil está hoje na sétima posição). Estaria, dessa maneira, à frente, por exemplo, de Suíça e Holanda. Para chegar a essa conclusão, o Data Popular cruzou números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Mundial. "O orgulho da periferia encontra-se muito atrelado ao consumo porque, pela primeira vez, essas famílias conseguiram romper com a história de pobreza de seus antepassados", acredita o sociólogo e cientista político Rudá Ricci, autor do livro Nas Ruas, sobre os protestos de junho de 2013, a ser lançado em fevereiro. "Elas estão conseguindo gastar com supérfluos, viajar de avião, ter um smartphone. Os meninos do rolezinho são filhos dessa geração que deixou a

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Oi Brasil, estamos aqui!

Bem-vindo ao país da periferia, tão próximo e às vezes tão distante de tantos brasileiros. Formado pelas classes C, D e E, é um universo de 155 milhões de pessoas que compram mais do que a Suíça e a Holanda

O sorriso metálico e colorido dos jovens que, nas últimas semanas, tomaram conta do noticiário nacional, após a explosão dos rolezinhos, deixa escapar bem mais do que os versos do funk ostentação com os quais eles fazem, às centenas, os seus barulhentos passeios pelos shoppings das periferias das grandes cidades brasileiras. Não é que a trilha sonora desse novo e ruidoso fenômeno urbano careça de importância; dela vai se tratar adiante . Mas o sorriso, em si, de aparelho, daquela garotada — um símbolo de status, de ascensão econômica e, sobretudo, de uma sadia vaidade, decorrente da autoestima elevada — ilumina algo de maior vulto. Para além das roupas de grife e de traquitanas tecnológicas de última geração, itens obrigatórios para "os parça" e "as mina", os dentes cobertos de ferragens e elásticos compõem a face mais visível de um país que existe dentro do Brasil, habitado pelas classes C, D e E. Um país "fictício", diga-se desde logo, contra qualquer insinuação de secessão, de apartheid social — e que, no entanto, revela o Brasil real.

Ele é formado pela parcela que representa a maioria da população, um contingente de 155 milhões de pessoas que vem se consolidando como um gigantesco exército de consumidores, alimentados pela facilidade de crédito — no ano passado, eles gastaram, com produtos e serviços em geral. 1,27 trilhão de reais, segundo projeção do instituto Data Popular, especializado em pesquisas nas classes média e baixa e que atende empresas como MasterCard, Santander e TAM. Conforme levantamento do instituto, só os jovens de classe C consumiram em 2013 algo em torno de 129 bilhões de reais, contra 80 bilhões das classes A e B e 19,9 bilhões da D.

A pedido de VEJA, o Data Popular isolou dados e estatísticas das classes C, D e E — cuja renda familiar mensal média varia de 250 a 2 344 reais — para criar, hipoteticamente, um país, de modo a tornar explícito o seu vigor no mercado. Se existisse de fato, a, chamemos assim, "República Federativa da Periferia do Brasil" teria um poder de compra que a poria no G20 do consumo mundial, ocupando a 16a posição no ranking das nações que mais gastam (o Brasil está hoje na sétima posição). Estaria, dessa maneira, à frente, por exemplo, de Suíça e Holanda. Para chegar a essa conclusão, o Data Popular cruzou números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Mundial.

"O orgulho da periferia encontra-se muito atrelado ao consumo porque, pela primeira vez, essas famílias conseguiram romper com a história de pobreza de seus antepassados", acredita o sociólogo e cientista político Rudá Ricci, autor do livro Nas Ruas, sobre os protestos de junho de 2013, a ser lançado em fevereiro. "Elas estão conseguindo gastar com supérfluos, viajar de avião, ter um smartphone. Os meninos do rolezinho são filhos dessa geração que deixou a

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miséria para trás e se inseriu na sociedade por meio do consumo." Durante décadas, houve pouca mobilidade social no Brasil. Pobre era pobre e classe média era classe média. Nos últimos anos, a ascensão social foi rapidíssima. Compreensível: entre 2002 e 2012, a renda familiar média dos 25% mais pobres cresceu 45% (a dos 25% mais ricos subiu 13%).

A referência às viagens aéreas e aos telefones móveis conectados à internet ganha peso quando se analisam alguns dados recentes. De acordo com o Data Popular, 54% dos que tomaram um avião em 2013 pertenciam às classes C, D e E, que, por sua vez, têm em mãos 58% dos smartphones habilitados .

Naturalmente, não se está querendo dizer que, diante de indicadores tão expressivos, a vida das classes menos favorecidas por aqui tenha alcançado padrões escandinavos. Em 2012, 3,2 milhões de domicílios das classes C, D e E não tinham água encanada; 9,2 milhões seguiam sem coleta de lixo e 19,4 milhões sem coleta de esgoto. Vive-se na periferia o paradoxo de ter um celular de última geração e ser obrigado a carregar uma lata d"água na cabeça.

Como o Brasil de verdade, o país fictício exibe diversidade e diferenças regionais. A Periferia, com p maiúsculo, comporta distintas periferias. Diferentemente de São Paulo, por exemplo, no Rio de Janeiro "periferia" é, muitas vezes, uma área vizinha dos pontos nobres. Lá, morros recobertos por teias de favelas ficam, como se sabe, a poucos degraus dos glamourosos bairros da Zona Sul. "A geografia carioca põe a periferia no meio da cidade, aproximando, como em nenhum outro lugar do país, as diferentes camadas sociais", diz o sociólogo Marcelo Burgos, da PUC-RJ. "Elas frequentam a mesma praia. A cultura dos morros transborda para o asfalto, e os desejos de consumo da Zona Sul são aspirados e copiados nas favelas. Há uma simbiose."

Muitas vezes, as diferenças podem ser flagradas entre periferias de uma mesma cidade. A Zona Sul de São Paulo, onde estão áreas carentes como Capão Redondo e Grajaú, registrou em 2013, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, taxas de homicídio e roubo 30% maiores do que as da Zona Leste, onde se localizam São Mateus e Guaianases.

Ressalvas feitas, pode-se voltar aos pontos de contato. "O que aproxima os moradores das periferias brasileiras é a aspiração de ascender socialmente e ter acesso a bons serviços e a uma vida confortável", diz Burgos. Desse desejo absolutamente legítimo decorrem outras aproximações. A autoestima elevada e o orgulho mencionados antes estão por trás de um sentimento que se espalha e une diversas periferias: o apego às origens. Há exatos treze anos, VEJA realizou uma reportagem de capa sobre essas regiões. Ela discutia as implicações do inchaço da periferia. Naquela época, o sonho de consumo do morador de bairros pobres não era comprar um tênis de marca — era mudar para um local melhor. Hoje, o progresso social não traz consigo a obsessão de ir morar onde vivem os integrantes das classes A e B — quando isso é possível, claro, o que está longe de ser corriqueiro — nem frequentar os lugares que eles frequentam (shopping centers incluídos). "O orgulho de viver no subúrbio tem a ver com a identidade cultural. Sinto que isso está ainda mais exacerbado agora, com o crescimento econômico desses lugares. Mesmo quem enriquece não quer sair de lá", atesta o telenovelista João Emanuel Carneiro, autor de Avenida Brasil (2012), que fez sucesso pondo em cena personagens como o ex-craque Tufão (Murilo Benício), um ídolo "pobre-rico" que jamais deixou o bairro simples onde cresceu.

Muito dessa atitude de apego às origens está ancorado no empreendedorismo que, cada vez mais, se faz notar entre os integrantes das classes menos abastadas (alguns exemplos percorrem as páginas desta reportagem). O levantamento Data Favela, realizado pelo Sebrae e pelo Data Popular, com 2 000 pessoas de 63 favelas brasileiras de nove estados mais o Distrito Federal, mostrou que, de um total de 11,7 milhões de brasileiros que moram naqueles lugares, cerca de 20% se sustentam com a exploração de um pequeno negócio próprio. Quarenta e sete por cento dos empreendedores iniciaram a atual atividade há menos de três anos.

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Diante de todo esse cenário, não se estranha que a esmagadora maioria (87%) dos brasileiros situados nas classes mais baixas atribua a seus próprios esforços a melhora de sua vida, de acordo com o Data Popular. Só 6% creditam tal mudança ao governo — a despeito das políticas sociais que tiraram 30 milhões de pessoas da pobreza entre 2003 e 2009 e do aumento real de quase 70% do salário mínimo entre 2003 e 2012. Para os entrevistados pelo instituto, antes da mão governamental vêm a família, Deus, a fé, a sorte e até o patrão. Tamanha descrença no governo se reflete na avaliação dos serviços públicos: de zero a 10, as classes C. D e E dão nota 4 para a segurança e a saúde, 4,5 para o transporte e 5 para a educação. Não se imagine, entretanto, que a aparente despreocupação política dos participantes dos rolezinhos reflita o pensamento das classes de menor poder aquisitivo. Embora 54% de seus integrantes avaliem que o Brasil seria melhor sem partidos políticos, 81% consideram a política um assunto importante e 67% confiam que o voto pode mudar o país. Considerando o tamanho da população da República da Periferia, não é difícil medir o seu cacife eleitoral no Brasil real. Para o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, é preciso acompanhar com atenção uma provável mudança de discurso nas próximas eleições: "O debate não será mais focado no legado de cada partido, mas sim no que eles podem oferecer para o futuro. O jovem dessa classe emergente não está interessado no que Lula ou FHC fizeram; quer um político que melhore as condições de vida dele".

Conquistar a atenção, e o poder de compra, das classes mais baixas tem mobilizado potências do mercado. Em 2005, 34% dos clientes da americana Procter & Gamble (P&G) no Brasil eram da classe C; cinco anos depois já representavam mais da metade. Para entender melhor tais consumidores, a empresa organiza periodicamente imersões em suas rotinas. "Uma das particularidades desse grupo é que o jovem da família tem alto poder de decisão, e é muito exigente", explica Gabriela Onofre, diretora de comunicação e marketing da P&G. O alto nível de exigência, aliás, é um traço fundamental desse público, que costuma fazer pesquisa de preço e é muito criterioso em suas escolhas. Diz Gabriela: "Há uma preocupação grande em consumir bons produtos, com a melhor tecnologia e a maior inovação". Isso para não falar do desprezo à falsificação. Dados do Data Popular indicam que, no último ano, 73% das mulheres da classe AB compraram produtos piratas; na classe C. esse número foi de 53%.

No mundo do entretenimento, a atenção às classes menos abastadas também é grande. Pudera. No caso de comédias como De Pernas pro Ar, o estouro de audiência ocorre especialmente em cinemas da periferia (leia reportagem a partir da pág. 96). Com isso — de volta aos negócios —, desde 2009 vem crescendo o número de salas em shoppings fora das regiões centrais das cidades. Até porque, segundo levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) realizado em 2012, 56% do público de classe C declarou ir àqueles centros de compras uma vez por semana (na classe A, foram 70%).

O entendimento da "classe C emergente"" como "nova classe média" tem sido um ponto de polêmica entre acadêmicos e especialistas. "A definição de classe média é baseada estritamente em dados econômicos, não tem absolutamente nada a ver com capital cultural ou social", argumenta Renato Meirelles. "Os baixos valores dos seus ganhos são fruto de uma má distribuição da renda. Apenas 5% dos brasileiros ganham um salário maior do que 4 000 reais por mês e só 1% ganha acima de 11000 reais. Logo, seria equivocado identificar apenas 5% da população como classe média. N"o mundo, não é diferente. Cinquenta e quatro por cento da população mundial ganha menos do que a classe média brasileira."

Quando cantam funk pelos corredores dos shoppings, os jovens rolezeiros filhos dessa classe social expandida podem estar querendo apenas se divertir — e não fazer das músicas hinos de protesto contra algo como a má distribuição de renda, uma das mazelas ainda persistentes entre os brasileiros. As letras entoadas são, muitas vezes, grosseiras, feias — mas o sorriso metálico dos meninos e meninas da fictícia República Federativa da Periferia, pelo que ele representa do Brasil de verdade, é bonito de ver.

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Com reportagem de Ana Luiza Daltro e Bela Megale (São Paulo); Alvaro Leme e Cecília Ritto (Rio De Janeiro); Adriano Ceolin e Ullisses Campbell (Brasília); Isabel Marchezan (Porto Alegre); Kalleo Coura (Recife)

O smartphone rompeu fronteiras

Quando Steve Jobs apresentou o primeiro iPhone, em 2007, ele instantaneamente transformou os smartphones em um ícone da elite financeira. No Brasil, onde a média salarial é de 1500 reais, poucos podem comprar um celular de mais de 2 000 reais. Nos últimos sete anos, porém, os celulares inteligentes seguiram a sina de toda tecnologia: baratearam. Valeu a máxima de Gordon Moore, fundador da Intel, que em 1965 estipulou que a capacidade de processamento dos aparelhos dobra, sem aumento de custo, a cada dezoito meses. Outra forma de olhar: dispositivos da geração passada têm seu custo cortado. O preço de smartphones caiu 13% no Brasil, entre 2012 e 2013. Hoje, 60% dos aparelhos vendidos custam menos de 600 reais. "É evidente a popularização", diz Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Não tão óbvia é a transformação social. "Quem não tinha acesso à internet agora navega por dispositivos que viraram plataformas de comunicação para os que se sentiam isolados."

A partir do sucesso na classe C, a venda de smartphones no Brasil cresceu 122% no último ano. São 80 milhões de brasileiros com acesso à rede 3G, seis vezes mais do que há três anos. "Não tenho internet em casa, só uso pelo smartphone"", afirma a vendedora Jessica Leite, de 20 anos, moradora da Zona Leste de São Paulo. Na semana passada, ela visitou um quiosque do Google no shopping Aricanduva, no qual funcionários ensinam a usar os aparelhos. "Acesso o Facebook, pelo qual me comunico, e o YouTube, para ouvir música." Dos dez nomes mais buscados no Google.com.br em 2013. três são de funkeiros. No topo está o MC Daleste, morto a tiros num show em 2013. O vídeo do assassinato, visto por 3 milhões de pessoas, é um dos fatores da popularidade. Mas não o único: seu clipe São Paulo contabiliza 8 milhões de acessos no YouTube e o perfil de Daleste no Facebook tem 192 000 fãs. O "efeito smartphone" só cresce. Uma pesquisa feita com jovens de 15 a 24 anos de áreas paulistanas pobres mostrou que esses dispositivos são o item de consumo mais desejado por eles. Victor Caputo

25/01/2014

Radar

Olimpíada

Os bilhões da festa 1

A cerimônia em que seria divulgado o custo total da Olimpíada 2016, marcada para terça-feira, em Brasília, vai acontecer — mas o valor da brincadeira o distinto público só saberá de fato em agosto.

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Os bilhões da festa 2

Na terça-feira se revelará apenas parte da Matriz de Responsabilidades, o documento que deveria conter os valores totais que serão investidos na estrutura olímpica pelos governos federal, estadual e municipal.

Como vários projetos ainda não possuem orçamentos confiáveis, será apresentada uma conta parcial de 5,6 bilhões de reais, custeada com recursos públicos. O resto fica para agosto.

Os bilhões da festa 3

Esse valor não inclui os 7,1 bilhões de reais que serão custeados pela iniciativa privada e os cerca de 15 bilhões de reais em obras na infraestrutura urbana do Rio de Janeiro, bancados com recursos públicos, cujo detalhamento dos gastos será feito em março.

As mudanças que o brasileiro quer

O Ibope começou no sábado 25 uma nova pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República, mas a pergunta mais relevante dos seus entrevistadores não é a tradicional "Em quem você vai votar para presidente nestas eleições?". Essa será feita, é claro, mas o Ibope vai também aprofundar uma questão que ficou no ar depois da pesquisa que divulgou em novembro passado. Nela, 62% dos brasileiros diziam que queriam mudanças. 0 porcentual elevado naturalmente excitou as oposições. Eduardo Campos e Aécio Neves viram ali um caminho para nortear suas campanhas. Desde então, ambos exibem esses números em conversas e articulações como prova de que derrotar o PT é possível. Numa palavra, o índice lhes deu um sopro de esperança. Agora, com a pesquisa que está em curso, o Ibope quer descobrir com mais exatidão que tipo de mudança o brasileiro quer.

ELEIÇÕES

Pesquisas na mira 1

Os tucanos resolveram comprar briga com os institutos de pesquisa. O senador Cássio Cunha Lima apresenta em fevereiro um projeto para proibir que institutos que trabalhem para governos ou partidos tenham contratos com meios de comunicação para a divulgação de pesquisas eleitorais.

Pesquisas na mira 2

Os principais alvos do projeto são o Ibope e o Vox Populi. O Ibope tem contrato com o governo federal e tradicionalmente fecha acordos com a Globo em temporada eleitoral. O Vox trabalha para o PT e nas últimas eleições mostrava seus números de pesquisas na tela da Band.

Troca de papéis

Sérgio Cabral planeja dar um susto no PT. O partido deixará os seus 1200 cargos no governo do Rio de Janeiro no dia 28 de fevereiro, dando fim a uma parceria de sete anos. Cabral vai se antecipar e mandar todo mundo para casa dentro de duas semanas.

? GOVERNO

Homens de negócios

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A Secretaria dos Portos pode parar nas mãos de muita gente na reforma ministerial. Menos nas do PMDB da Câmara, que andou reivindicando o lugar. A um interlocutor, Dilma foi peremptória: "Não vou dar um ministério para as pessoas fazerem negócios". 5 488 megawatts — 64,56% do prometido. ? ECONOMIA

Quase fechado

A CCX, de Eike Batista, dona de minas de carvão na Colômbia, está sendo vendida para um grupo da Turquia.

Novas promessas

Há duas semanas, ao abrir a primeira reunião do ano do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, Edison Lobão pisou no acelerador. Disse que o Brasil "deverá acrescentar este ano pelo menos 6 000 megawatts de capacidade instalada em novas usinas de energia elétrica". Beleza. Mas em janeiro de 2013 sua chefe foi à TV para garantir: "Neste ano, vamos colocar mais 8500 megawatts de energia" em operação. Só que o ano acabou e foram agregados 5 488 megawatts - 64,56% do prometido.

18/01/2014

A caixa-preta da Caixa

Controlada exclusivamente pelo governo, a CEF vem sendo usada com fins políticos — e isso tem um preço alto que um dia terá de ser pago.

Os governos gozam de um privilégio perigoso: fabricar dinheiro. Nos períodos de recessão forte os governos podem — e devem — abrir a torneira de liquidez monetária para tentar reanimar a atividade econômica. Perigoso por quê, então? Porque imprimir dinheiro não significa criar riqueza. Se errar a mão e imprimir mais dinheiro do que a economia precisa para funcionar, o governo arrisca-se a criar uma bolha inflacionária — que nada mais é do que o aumento artificial dos preços pelo excesso de liquidez no mercado. Nos últimos anos, em reação à queda no ritmo de crescimento do PIB, a equipe econômica de Dilma Rousseff resolveu elevar o volume de crédito como forma de incentivar o consumo e, assim, dar um empurrão na economia. Não funcionou. Nem podia. Os números mostram que nos últimos dez anos o consumo dos brasileiros aumentou 115%, enquanto, no mesmo período, a indústria nacional cresceu apenas 20%. Não é preciso ser um gênio para ver nessa disparidade o retrato de uma política econômica que se equivoca em incentivar o consumo, quando o gargalo está na produção. Não se resolve com mais crédito uma situação em que a demanda dispara, enquanto a oferta de produtos fica estagnada. Claramente, a indústria brasileira não está conseguindo competir em preço e qualidade com os produtos importados. As fábricas brasileiras precisam aumentar exponencialmente sua produtividade, e isso não se consegue com mais crédito — que implica mais gastos do governo, maior desequilíbrio fiscal e, claro, juros mais altos.

Os economistas são quase unânimes em localizar o maior empecilho ao avanço sustentável do PIB no próprio governo. Em particular, nos gastos crescentes, o que obriga o Banco Central a elevar os juros, em um perigoso círculo vicioso. Como a Caixa Econômica Federal (CEF) entra

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na história? Por ser um banco estatal de varejo inteiramente controlado pelo governo, a CEF é um dos instrumentos mais acionados da equivocada política oficial de aumento do crédito. Desde 2008, a Caixa vem crescendo a taxas superiores a 35% ao ano. Vale lembrar que o crescimento de um banco pode ser medido pelo volume de empréstimos que ele concede. A participação da Caixa no total de crédito disponível no Brasil triplicou, saltando de 6% para 18%.

O risco dessa política está no fato de a quantidade de dinheiro liberado pela Caixa ter avançado em uma velocidade muito superior à do aumento do seu capital. Uma análise da agência de classificação de risco Austin Rating dá a dimensão do desequilíbrio. Em 2008, o volume de crédito da Caixa era equivalente a 5,8 vezes seu patrimônio. Em setembro passado, essa relação era de 17,4 vezes. No Itaú Unibanco, o maior banco privado do país, os financiamentos correspondem a cinco vezes o capital. O recomendável é que um banco empreste até o equivalente a nove vezes o seu patrimônio. Um banco é tanto mais vulnerável quanto maior for o múltiplo do volume de crédito em relação ao capital. Segundo esse critério, adotado internacionalmente, a Caixa está muito exposta. Mas seus correntistas e poupadores não correm risco. Se a instituição tiver um problema sério de inadimplência, terá de ser socorrida pelo Tesouro Nacional — ou seja, pelos brasileiros que pagam impostos, não têm nenhuma influência na gestão de risco do banco estatal e só são chamados na hora de pagar a conta. Por se valer desse privilégio, equivalente à prerrogativa de imprimir dinheiro, a Caixa está na contramão do sistema financeiro. Diz Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating: "Os bancos privados avaliaram o cenário iminente e decidiram ser mais restritivos na concessão de crédito. A Caixa fez a leitura de que, com o recuo dos bancos privados, ela pode ganhar mercado. Aposta também que a inadimplência ficará sob controle. O tempo vai dizer se foi uma estratégia correta".

A real situação financeira da Caixa é difícil de ser avaliada porque o banco tem seu capital fechado, ficando livre do grau de transparência exigido das companhias com ações na bolsa, como é o caso do Banco do Brasil. Também diferentemente do BB, cuja administração é comandada por funcionários de carreira, na Caixa os principais cargos estão nas mãos de políticos do PT ou da base aliada. Seu presidente, Jorge Hereda, foi secretário em prefeituras petistas no ABC paulista. Um episódio revelador dos riscos a que a Caixa se expôs foi a sua associação ao PanAmericano, em 2009. O banco estatal pagou 739 milhões de reais para ficar com 49% das ações do banco. Meses depois, viu-se que o PanAmericano fraudava balanços e tinha um rombo de 4,3 bilhões de reais. Mais recentemente, a direção da Caixa decidiu prorrogar em um ano o pagamento de um empréstimo de 461 milhões de reais contraído pela OSX, a empresa naval de Eike Batista. A OSX entrou com pedido de recuperação judicial dias depois.

A despeito de todos os artifícios, não há mais como esconder que o modelo de sustentação da Caixa aumenta o endividamento do governo — e contribui para o círculo vicioso que emperra o Brasil. Alerta Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas: "Os desequilíbrios causados pelo uso político dos bancos públicos chegam muitos anos depois, mas chegam. E preciso transparência. Os brasileiros têm o direito de saber como o seu dinheiro está sendo usado".

25/01/2014

Davos, Cuba

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Depois de dizer na Suíça que prioriza a infraestrutura nacional, Dilma parte para Havana para inaugurar um porto financiado pelo Brasil

Durante três anos, o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, foi desprezado pela presidente Dilma Rousseff. Para seus assessores. o mais importante convescote mundial, que põe para conversar os principais banqueiros, políticos, empresários e executivos do planeta, era muito cartaz para pouca ação. O orgulho não resistiu à necessidade. Na esperança de conter a saída de investidores do Brasil e, mais ainda, atrair outros dispostos a arriscar no país, Dilma discursou na sexta-feira 24 em Davos. "Quero enfatizar que nós não transigimos com a inflação", disse ela a um grupo de executivos. A presidente também citou o programa de infraestrutura. "O sentido (do programa) é enfrentar os gargalos gerados por décadas de subinvestimentos agravados pelo forte crescimento da demanda nos últimos anos", disse. O poder de convencimento da presidente, contudo, foi minado na véspera, quando consultorias e bancos mundiais relataram o contrário, apontando o dedo para gastos públicos sem controle, desequilíbrio nas contas fiscais, inflação em alta e infraestrutura deficiente. "A intervenção governamental continuará forte", informou o Deutsche Bank.

Em uma rápida troca de roupa, a presidente embarcaria de Davos direto para Cuba. Longe dos capitalistas, banqueiros e empresários, ela participa nesta semana, em Havana, de um encontro da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Mais à vontade, Dilma vai celebrar a ditadura dos irmãos Castro, agradecer pelos médicos enviados ao Brasil a preço de ouro e, se sobrar tempo, inaugurar o moderno Porto de Mariel.

A obra é de fazer inveja a qualquer exportador brasileiro e de deixar os mais ricos visitantes de Davos de boca aberta. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu 682 milhões de dólares na reforma e na ampliação do porto, realizadas pela Odebrecht. Recapitulando: poucos dias depois de falar de subinvestimentos em infraestrutura no seu próprio país, a presidente pretendia prestigiar um grande investimento em infraestrutura em outro país feito em grande parte com dinheiro brasileiro. Alguns dos terminais já estão prontos e, ao redor, será construída uma Zona Especial de Desenvolvimento com 465 quilômetros quadrados. A área, equivalente à de Curitiba, já recebeu 100 quilômetros de rede de água, 12 quilômetros de ferrovia e 70 quilômetros de estradas pavimentadas e em pista dupla. As indústrias estrangeiras que decidirem se instalar ali poderão proporcionar uma renda miserável aos trabalhadores, enquanto a ditadura confiscará a maior parte dos salários, um modelo semelhante ao do programa Mais Médicos. Em meados de 2012, o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, decretou que o contrato para o financiamento do Porto de Mariel será confidencial até 2027. Ao tomarem conhecimento do fato em uma reportagem de VEJA ("Isso é que é camaradagem", 8 de janeiro), senadores e deputados prometeram levar ao Congresso a discussão sobre a caixa-preta do BNDES. Já era hora.

"O investimento em Cuba é uma falta de respeito com o produtor brasileiro. Nossa infraestrutura logística está trinta anos atrasada." CARLOS FÁVAR0, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja)

"Qual é a necessidade de fazer uma operação de crédito entre dois Estados e pedir confidencialidade? A imposição desse segredo alimenta mil e uma interpretações." RICARDO FERRAÇO (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado

"Ninguém sabe qual será o custo desse financiamento em Cuba para os brasileiros. Não estamos em condições de subvencionar obras alheias em país algum." KÁTIA ABREU (PMDB-T0), senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

"O principal empecilho nos nossos portos é a quantidade de entidades com as quais o

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exportador deve lidar. A burocracia continua enorme." ANTÔNIO JORGE CAMARDELLI, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec)

"O acesso aos portos é extremamente problemático e caro. Além disso, eles não funcionam durante a noite por não terem iluminação. Faltam investimentos." LUIZ MOAN, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea)

25/01/2014

Dilemas femininos- A nova luta das mulheres

O feminismo do século XXI se multiplica em várias tendências. E usa a tecnologia digital para difundir a ideia de que a igualdade entre os sexos ainda é uma ilusão

Graziele Oliveira

As feministas estão de volta à luta. Décadas depois dos protestos pela liberação sexual, nos anos 1960, e mais de um século depois da campanha pelo direito ao voto – causas que uniram gerações inteiras de mulheres –, um feminismo novo e multifacetado está emergindo dos blogs e redes sociais. Muitas das novas militantes são mulheres jovens, educadas na era digital, que passaram a juventude inteira ouvindo que homens e mulheres já tinham direitos iguais. Com a chegada à vida adulta e ao mercado de trabalho, elas depararam com inúmeros sinais de que a igualdade entre os sexos ainda é uma ilusão – e decidiram se organizar para fazer algo a respeito. Alguns especialistas já descrevem esse fenômeno como o surgimento da quarta onda feminista, para diferenciá-lo dos três outros grandes momentos do feminismo no século XX. Há até quem tenha trocado a palavra "feminismo" por "feminismos" – assim mesmo, no plural. Em vez de formar um movimento único, como no passado, as novas feministas formam vários grupos distintos. Suas causas muitas vezes são semelhantes, mas cada um tem sua visão de feminismo e sua estratégia para buscar mais igualdade.

As novas feministas têm diferentes formas de protestar. Ex-líder do Femen no Brasil, Sara Winter é uma das radicais. Desde o surgimento do grupo na Ucrânia, em 2008, as passeatas usam a nudez para chamar a atenção da mídia – e muitas vezes terminam com suas integrantes na delegacia. O grupo já promoveu manifestações diante de templos religiosos, como mesquitas, ou símbolos públicos, como sedes de governos e embaixadas. Sara, que acaba de criar um movimento próprio, com base no Femen, o Bastardxs, acredita no poder do corpo como instrumento de protesto. "A gente choca por meio da nudez descontextualizada", diz Sara. A Marcha das Vadias, movimento que surgiu em 2011 no Canadá, também usa o espaço público das ruas para seus protestos. Nas marchas, repletas de cartazes com palavras de ordem, há nudez, mas não é obrigatória. "Até homens podem marchar, mas o comando é sempre das mulheres. A única regra é essa", diz uma integrante da Marcha de São Paulo, que não quis se identificar.

As manifestações no mundo virtual também fazem barulho. Um exemplo é a campanha Chega de Fiu-Fiu, lançada em 2013 pela jornalista Juliana Faria, em protesto contra as cantadas

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ofensivas. Por meio de seu site Think Olga, ela coletou opiniões de 7.762 mulheres sobre assédio sexual. A pesquisa teve grande repercussão e foi compartilhada por dezenas de milhares de pessoas. Em 2014, Juliana pretende levar seus protestos para as ruas. Outra estrela do ativismo digital é a professora universitária Lola Aronovich, autora do blog Escreva Lola Escreva, que tem em média 260 mil visitantes por mês. Desde 2008, o blog abriga longos textos diários que defendem a liberdade sexual e criticam a maneira como as mulheres são retratadas na imprensa, na publicidade e no cinema. O blog Blogueiras Feministas, criado pela pesquisadora Cynthia Semíramis, também se destaca. O site reúne textos de ativistas brasileiras e também de outros países. Doutoranda em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cynthia tenta levar a discussão da internet para o Legislativo, sugerindo mudanças em leis relacionadas às mulheres.

Uma das características das novas feministas é que elas, além de se expressar de forma distinta, também têm opiniões divergentes sobre causas polêmicas. Uma delas é a regulamentação da profissão de prostituta (leia a entrevista com o ensaísta francês Pascal Bruckner na página 52). Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados defende a legalização das casas de prostituição e os direitos trabalhistas de prostitutas. Algumas feministas discordam da proposta. Sara Winter acredita que a regulamentação transforma o corpo da mulher em mercadoria. "É preciso pensar quando a prostituição é, de verdade, uma opção para a mulher, e não uma necessidade", diz. Lola Aronovich pensa de outro modo. Ela apoia a regulamentação, mas com ressalvas. "Eu gostaria de viver num mundo onde a prostituição não existisse", afirma.

Outras causas unem todos os grupos, apesar das diferenças. Todas defendem o direito da mulher de se vestir como quiser, sem ser julgada ou criticada por isso. A Marcha das Vadias, além de chamar suas integrantes por um adjetivo que choca, usa o topless e slogans fortes para chamar a atenção. Juliana, do Chega de Fiu-Fiu, é mais comedida. Em vez de mostrar o corpo, prefere combater o assédio com a divulgação dos números de sua pesquisa e seu relato pessoal. "Fui assediada pela primeira vez aos 11 anos", diz. "Era uma criança e estava voltando da padaria, um carro passou perto de mim e gritou palavrões. Não entendi aquilo e comecei a chorar". Os resultados da pesquisa mostram que Juliana não é exceção. Das mulheres entrevistadas, 83% não gostam de ouvir cantadas na rua, 81% já deixaram de fazer algo por medo de ser abordadas por homens e 90% já trocaram de roupa antes de sair de casa para evitar provocações.

O despertar de um novo feminismo na internet também deu voz a outros grupos, que o movimento feminista tradicional não representava. É o caso do transfeminismo, uma corrente que defende o fim da discriminação não só contra as mulheres, mas também contra as pessoas que não se identificam com comportamentos ou papéis esperados para pessoas de seu sexo. Entre os grupos incluídos na corrente estão os transexuais (aqueles que têm o desejo de viver e ser aceitos como alguém do sexo oposto) e os transgêneros (desde quem se identifica com o gênero oposto até quem se considera parte homem e parte mulher). "Hoje, não é possível ser aquela feminista que só pensa nos direitos das mulheres", diz Lola. "É preciso debater os direitos de todos".

Essa multiplicidade de cenários no Brasil também é vista no exterior. Uma das ativistas mais importantes da atualidade é a cantora pop americana Amanda Palmer. Ela acredita que o debate político sobre o feminismo não funciona e, por isso, prefere chamar a atenção do mundo para o tema com performances ousadas – geralmente envolvendo nudez – e letras sobre medos e emoções femininas. Amanda também se dedica a criticar a exposição do corpo da mulher como objeto do prazer masculino nos meios de comunicação. Sua vítima mais recente foi o jornal britânico Daily Mail, que publicou a foto de seu seio "fugindo" do sutiã num show. Em resposta, Amanda ficou totalmente nua em outro concerto – e tocou uma canção que satirizava o jornal. "Mulheres jovens estão finalmente sendo reeducadas a respeito do que o feminismo significa e que a coisa mais importante é lembrá-las de que a batalha nunca foi vencida", afirma

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Amanda.

Outra feminista que se destacou no exterior recentemente foi a cineasta argentina Paula Schargorodsky, que lançou um vídeo intitulado 35 e solteira. Nele, Paula descreve com bom humor sua experiência como a única solteira num mundo rodeado por casais. "Todos os meus amigos querem se casar, morar com seus namorados, ter filhos. Estou lá apenas como testemunha", diz ela no filme. Ela defende a ideia de que é possível ser solteira e feliz, a despeito das cobranças para casar e ter filhos que atormentam muitas mulheres.

O uso de ferramentas tecnológicas como sites de vídeos e redes sociais é uma das principais características do novo feminismo. Os estudiosos do movimento feminista costumam dividir sua história em três grandes etapas – cada uma delas caracterizada por suas bandeiras e pela incorporação de novos desafios. A primeira onda, no início do século passado, foi marcada pela luta da conquista do poder político, especialmente o direito ao voto. A segunda onda, da década de 1960 até a década de 1980, lutou pelo fim da discriminação e pelo fim de uma estrutura de comando em que somente os homens tinham acesso ao poder. A terceira onda feminista teve início a partir da década de 1990 e contestou as omissões do movimento anterior. Combatia as definições da mulher típicas da segunda fase, que se baseava apenas nas experiências das mulheres brancas de classe média alta americanas e britânicas. Atualmente, especialistas discutem ainda se estaríamos diante de uma quarta fase do feminismo, definido pelo uso das tecnologias para construir um movimento popular forte, reativo e multifacetado na internet. Nessa onda estariam as dezenas de milhares de mulheres que, como Juliana, Lola e Cynthia, escrevem sobre o assédio nas ruas, a discriminação e a liberdade sexual. A nova onda incentiva as mulheres a perceber que a desigualdade não é um problema individual, mas coletivo – e, por isso, precisa de soluções políticas. Outros especialistas discordam da existência da quarta onda feminista e afirmam que o aumento do uso da internet não seria suficiente para delinear uma nova era. Os novos feminismos seriam uma continuação da terceira onda.

Num ponto, todos concordam: o feminismo de fato deixou de ser um movimento único para dar lugar a grupos fragmentados. A mudança é vista como algo natural. "Seria louco juntar todas as mulheres num único movimento, dada a diversidade de suas necessidades e experiências", afirma a escritora feminista americana Naomi Wolf. Isso não significa que o feminismo tenha se enfraquecido. Pelo contrário: "A tensão entre os diferentes feminismos é positiva, pois nos mantém pensando sobre o tema, buscando respostas e tentando descobrir novas visões", diz Lisa Wade, professora de sociologia da Occidental College, na Califórnia. A forma democrática como os grupos são organizados, a diversidade das participantes e a pluralidade de reivindicações incentivam mulheres antes marginalizadas a aderir a alguma das bandeiras feministas e começar a protestar por seus direitos. "Essa é uma das riquezas do feminismo atual, que ele seja múltiplo", diz Tânia Swain, professora de estudos feministas na Universidade de Brasília (UnB)."Há uma grande movimentação de negras, latinas e lésbicas para se fazerem ouvir". Somadas, as vozes de múltiplos grupos diferentes podem soar mais fortes do que um movimento unificado.

Com Júlia Korte

25/01/2014

Personagem da Semana -Aloizio Mercadante

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No governo da bronca, o homem do diálogo

Na Casa Civil, ele será o principal negociador de uma presidente que não gosta de negociar. Para ter sucesso, terá de evitar os escorregões do passado

Leandro Loyola

Após três anos de governo, boa parte dos ministros ainda se incomoda com as broncas da presidente Dilma Rousseff. Franca e direta, Dilma costuma fazer críticas ácidas, sem preocupação com os sentimentos alheios. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), é um dos poucos que aprenderam a contornar essa situação. Em momentos delicados, Mercadante precede a exposição de seus argumentos com algum elogio à posição defendida por Dilma. Em algumas dessas ocasiões, consegue melhorar um pouco o clima e, com jeito, até fazer com que ela ouça e aceite um ponto de vista diferente. Essa habilidade pode ser uma das explicações para o fato de Mercadante ser o único ministro promovido nos três anos de governo Dilma. Começou na Ciência e Tecnologia, passou ao Ministério da Educação e, com a saída de Gleisi Hoffmann, será o próximo ministro-chefe da Casa Civil. Na Pasta, ele terá a missão de ser o principal negociador de uma presidente que não gosta de negociar.

Mercadante deverá ser o primeiro ministro da Casa Civil, desde José Dirceu, a ter maior liberdade para atuar na articulação política – além de cuidar da missão maior da Casa Civil, a administração do governo. Na história recente, os ministros da Casa Civil eram personagens mais dedicados à árdua missão de cuidar de medidas provisórias, organizar projetos de outros ministérios e administrar problemas como cartões corporativos. A exceção foi Dirceu. No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele acumulou ambas as coisas. Era poder demais concentrado – resultou no mensalão. Depois dele, Dilma e Erenice Guerra eram menos atuantes na política. Em sua curta gestão, Antonio Palocci teve liberdade para discutir cargos com aliados. A discreta Gleisi Hoffmann foi mais contida.

Mercadante não terá tanto poder quanto Dirceu tinha. Deve, no entanto, cuidar da relação com aliados e oposição. Deputado e senador entre 1995 e 2010, Mercadante sabe dialogar com o Congresso – um problema crônico do governo Dilma. Sua ascensão é um perigo para a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Dez entre dez parlamentares reclamam de Ideli, por achar que ela não tem autonomia para resolver suas demandas. Se ficar no governo, Ideli terá a sombra acachapante do novo ministro.

Mesmo quando comandava o Ministério da Educação, uma das áreas mais problemáticas e desafiadoras para o país, Mercadante já tratava de diversos temas políticos sensíveis ao governo, como se fosse seu articulador oficial. No ano passado, antecipou-se ao colega Alexandre Padilha, da Saúde, ao falar do programa Mais Médicos ao Congresso. O protagonismo causou desconforto a Padilha. Durante as manifestações de junho, Mercadante alertou o Congresso sobre os riscos de não dar prioridade aos cinco pactos propostos pela presidente Dilma Rousseff como solução para a crise. Disse que haveria "uma grande renovação no Congresso" se a voz das ruas não fosse ouvida. Sua postura não foi bem-vista entre os parlamentares. Esses escorregões atrapalharam um pouco a relação com Dilma, mas Mercadante se recuperou e acumulou prestígio. Ele participa das reuniões sobre eleições, realizadas regularmente no Palácio da Alvorada, quando Dilma recebe Lula, o marqueteiro João Santana, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins.

O limite posto a Mercadante é a política econômica. Dilma não admite nenhuma intromissão no trabalho do ministro Guido Mantega. No início do governo, Mantega não gostava de tratar alguns assuntos com Dilma na presença de Palocci, então na Casa Civil e seu antecessor na Fazenda. Economista por formação, Mercadante sempre gostou de falar sobre a política econômica e acalentou o projeto de comandar a área. Na Casa Civil, não poderá cometer deslizes nesse

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terreno minado.

O maior perigo a ser enfrentado por Mercadante em sua futura relação com o Congresso é uma história mal resolvida do governo Lula. Em 2009, então líder do governo no Senado, Mercadante tinha uma missão espinhosa pela frente. Cabia a ele indicar dois senadores amigos para o Conselho de Ética, com a missão de bloquear três pedidos de investigação sobre o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e um relacionado ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Mercadante se recusou publicamente a fazer isso. Pressionado, anunciou até em uma rede social que não aceitaria a imposição e renunciaria ao cargo. Três dias depois, voltou atrás. Em um discurso no plenário do Senado, anunciou que permanecera no cargo a pedido de Lula. Sarney e Renan se livraram dos incômodos pedidos de investigação, graças à ajuda de Lula e do PMDB. Mas não esquecem a atuação de Mercadante.

25/01/2014

Opinião

Uma nova Carta aos Brasileiros

O discurso de Dilma em Davos foi um reconhecimento tácito dos erros na condução da economia. E um sinal de humildade na direção correta

A presidente Dilma Rousseff chegou a Davos, na Suíça, para sua primeira participação no Fórum Econômico Mundial, arrastando uma mala pesada. Em três anos de governo, ela acumulou taxa de crescimento do PIB de 6%; taxa de inflação de 19%; e um deficit em conta-corrente (o resultado de nossas transações com o exterior) de US$ 187 bilhões, 47% superior ao do final do governo Lula, mesmo com a economia andando a ritmo mais lento. É um resultado medíocre, mesmo levando-se em conta a desaceleração da economia global no período. Segundo o ex-ministro Delfim Netto, um simpatizante do governo Dilma, um resultado "razoável" teria sido um crescimento do PIB de 9% (um terço maior); uma taxa de inflação de 16% e em trajetória declinante; e um deficit em conta-corrente em torno de US$ 130 bilhões, ou 2,7% do PIB.

Esses não são os únicos indicadores a explicar por que, desta vez, Dilma decidiu aceitar o convite para falar em Davos – onde, anualmente, se reúnem empresários, banqueiros, dirigentes de instituições multilaterais, acadêmicos e líderes políticos de todo o mundo para discutir os rumos da economia global. Os sinais de que os motores da economia brasileira estão engasgando chegaram ao mercado de trabalho, uma das poucas áreas em que o governo pode alardear números positivos. Confirmando uma tendência de arrefecimento, o número de novos empregos com carteira assinada, criados em 2013, foi o mais baixo dos últimos dez anos. Há ainda a desconfiança em relação à solidez fiscal do Brasil, por causa dos artifícios para maquiar as contas públicas, conhecidos como "contabilidade criativa". Por fim, a mão pesada do governo tentando controlar preços contribuiu para assustar investidores e disseminar a percepção – exagerada – de que o Brasil está mais próximo de Argentina e Venezuela, com suas desastradas políticas intervencionistas, do que de Chile, Peru e Colômbia, países que se tornaram as economias mais promissoras da América do Sul com suas políticas mais liberais.

Por todos esses motivos, Dilma foi a Davos com a intenção de recuperar a credibilidade perdida

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com sua "nova matriz econômica". Sua fala em Davos foi concebida como uma segunda Carta aos Brasileiros, para desfazer a imagem de que Dilma seria contra o lucro, o mercado ou o capital privado. Na Suíça, Dilma prometeu perseguir o centro da meta de inflação do Banco Central, reforçou o compromisso com o equilíbrio fiscal, disse que a flutuação do câmbio é a primeira linha de defesa do real e se engajou com um ambiente estável para os investidores brasileiros e internacionais. Parecia uma volta aos tempos do governo FHC.

Um único discurso não será capaz de desfazer uma percepção que foi construída com uma série de decisões equivocadas, quando a presidente achava que tinha lições a dar ao mundo sobre como gerir a economia. A ficha caiu, e o governo, humildemente, tem dado vários passos atrás em sua orientação, como mostram as decisões sobre os juros do BC e as bem-sucedidas privatizações de aeroportos e rodovias do final do ano passado. O discurso de Davos dá sequência a essa bem-vinda correção de rumos. Ela não será suficiente para relançar o crescimento da economia brasileira a um ritmo mais rápido, que só virá com reformas estruturais, mas não há dúvidas de que é um passo na direção certa.

De volta, Cristina precisa agir

A coisa não anda bem na Argentina. Na quinta-feira, dia 23, o peso argentino sofreu sua maior desvalorização num único dia desde 2002. O dólar chegou a ultrapassar a barreira de 8 pesos, um salto de cerca de 9%. Num quadro inflacionário, tal movimento representa um risco gigantesco. O governo de Cristina Kirchner, que aperfeiçoou seus truques para maquiar dados econômicos, insiste que a inflação fechou 2013 pouco acima de 10%. Analistas privados dizem que a alta de preços ficou em torno de 28%, situação que pode se agravar com a disparada do dólar. A moeda americana, aliás, está em falta no vizinho. As reservas argentinas estão abaixo de US$ 30 bilhões, o que expõe a fragilidade econômica do país. Tudo isso preocupa o Brasil, cujas exportações para a Argentina podem sofrer e cuja imagem no mercado pode ser arranhada por tabela.

A situação já seria difícil se tivesse de ser controlada por um governo estável e confiável, o que não é o caso. A presidente Cristina Kirchner reapareceu na quarta-feira, depois de 42 dias sem pronunciamentos públicos. Participou de um evento na Casa Rosada, mas não falou de economia. No ano passado, Cristina passou por uma delicada cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro, e sua recente ausência gerou rumores sobre seu estado de saúde.

O governo de Cristina Kirchner, reeleita no final de 2011, tem sido marcado por aversão ao diálogo com o setor privado, ataques à imprensa independente e recusa em lidar com fragilidades econômicas. Em dezembro, uma onda de saques no norte do país, durante uma greve de policiais, levou comerciantes a se armar. Pior para o governo: Cristina perdeu popularidade. Nas eleições regionais de outubro, sua Frente para a Vitória sofreu derrotas significativas, e poucos apostam que Cristina consiga apoio para um terceiro mandato. O governo argentino precisa urgentemente agir contra a inflação e aumentar a transparência econômica e política. Antes que seja tarde demais.

Um resultado encorajador

Uma novidade auspiciosa emergiu na semana passada da área de segurança pública – uma fonte crônica de más notícias no Brasil. Em um ano, as mortes causadas por policiais militares em São Paulo diminuíram 39% no Estado (de 546 para 339) e 47% na capital (de 230 para 121). É o melhor resultado dos últimos 15 anos.

A redução foi verificada um ano depois de uma resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ela passou a recomendar aos policiais que não prestem socorro a feridos e aguardem o atendimento feito pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A

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medida foi implantada a pretexto de garantir aos feridos socorro especializado, mas tinha também o objetivo não declarado de coibir ações violentas pelos policiais e alterações de cenas de crime feitas com o propósito de esconder execuções sumárias e forjar confrontos. Ela foi adotada pelo atual secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, logo depois de assumir o cargo, em seguida a uma onda de assassinatos de policiais e confrontos da PM com o crime organizado.

São Paulo continua a registrar graves ocorrências de violência policial. Recentemente, 12 homens foram executados em bairros da periferia de Campinas, a terceira maior cidade paulista. Há fortes indícios de que os assassinatos foram cometidos por policiais militares, como retaliação pela morte de um soldado – atingido com um tiro na cabeça ao reagir a um assalto num posto de combustíveis. A resolução da Secretaria de Segurança Pública não será capaz, por si só, de resolver um problema com raízes históricas, mas seu êxito na redução dos assassinatos por PMs deve encorajar mais medidas para aumentar o controle sobre as corporações policiais – uma questão delicada em qualquer parte do mundo. Para enfrentá-la, há um princípio universal: tolerância zero com os abusos e punição exemplar para os maus policiais.

Boate Kiss: nada mudou

O incêndio da Boate Kiss, que matou 242 jovens em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, não foi capaz de transformar as condições de segurança das casas de show no país. As esferas de governo foram tão lentas na aprovação de leis mais rigorosas que uma boate pode funcionar, hoje, como fazia na trágica madrugada de 27 de janeiro de 2013.

O Congresso Nacional recebeu 28 projetos para aumentar a segurança nas casas. Não votou nenhum. A principal proposta tramita na Câmara, em regime de urgência, desde julho. Em vão.

Só em dezembro, o Rio Grande do Sul aprovou uma lei mais rigorosa. Mato Grosso do Sul levou menos de três meses para fazer a mesma coisa. O governo gaúcho foi lento ao aprovar a lei e será lento ao transformar de fato as condições de suas boates. Prédios já construídos terão três anos para se enquadrar às exigências.

Em janeiro, Santa Maria obrigou casas noturnas a informar, na entrada, o público presente e a lotação máxima. Elas têm quatro meses para mudar. Hoje, o efeito mais visível da tragédia são velas e cartazes em memória das vítimas.

25/01/2014

A Semana

"Brasil paga mais impostos que a média da América Latina" por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou estudo a mostrar que o Brasil fechou 2012 com carga tributária de 36,3% de seu PIB. A média de quanto se pagou de impostos na América Latina foi 20,7%. Em 2013, o recorde: R$ 1,13 trilhão em impostos e contribuições federais foram arrecadados, 4,08% a mais que em 2012.

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"Cresce o debate sobre a perigosa legalização da maconha" por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

Ferve nos EUA o assunto sobre a legalização da maconha – e, na verdade, o mundo precisa de providências mais urgentes de seus governantes do que a liberação de drogas. O termômetro da discussão foi subindo assim que o presidente Barack Obama manifestou, ainda que cautelosamente, seu apoio aos Estados do Colorado e de Washington, que aprovaram a descriminalização. Todo o seu cuidado não impediu uma avalanche de críticas. Eis o que disse Obama: "Fumei maconha quando era garoto e considero um hábito ruim, é um vício. Mas não acho que fumá-la seja mais perigoso do que ingerir bebida alcoólica".

"A Ucrânia já era um barril de pólvora que agora explodiu" por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

São quase três meses sem que a Ucrânia viva um dia sequer livre de confrontos entre a polícia e manifestantes contrários ao presidente Viktor Yanukovich – e a crise foi se acirrando a ponto de a população se valer de tratores, fuzis e improvisadas armas medievais contra tropas do governo. Na quinta-feira 23 foi aceita uma trégua para nova rodada de conversação. Mero placebo. Os confrontos ganharam contornos de guerra civil ao longo da semana passada assim que o Parlamento radicalizou e proibiu os protestos. E o diálogo nesse momento é impossível porque, na verdade, o barril de pólvora que explode agora começou a pegar fogo em novembro, quando Yanukovich se alinhou com a Rússia preterindo a União Europeia. Esse foi e é o pano de fundo da crise.

"Roseana dá construção de cadeia a quem pôs dinheiro em sua campanha " por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

Continua a arder o inferno da penitenciária maranhense de Pedrinhas: mais um preso foi encontrado enforcado em sua cela, e o assassinato é represália de facções contra a transferência de seus líderes. Em meio à crise, a governadora Roseana Sarney contratou a empresa Techmaster Engenharia para construir três presídios. Detalhe: não houve licitação na contratação e essa empresa doou R$ 225 mil à sua campanha para reeleição em 2010. Na quinta-feira 23 o Tribunal de Justiça condenou o Estado a indenizar em R$ 60 mil a família de um dos detentos mortos em Pedrinhas.

"Joaquim Barbosa causa mal-estar no STF. E ele está em Paris " por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, está de férias em Paris. Na capital francesa fez compras em lojas de grifes, como a Galeries Lafayette (foto), na qual adquiriu echarpe e gravata. Criticou seus colegas ministros que não assinaram o mandado de prisão de João Paulo Cunha dizendo que lhe deram "um mês a mais de liberdade." "Se eu estivesse como substituto, jamais hesitaria em tomar essa decisão." Por fim, desdenhou da polêmica sobre os R$ 14 mil que teria recebido dos cofres da corte para diárias do hotel: "É uma grande bobagem".

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"Preso nos EUA o ex-"guru" de José Serra " por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

Foi preso nos EUA o americano de ascendência indiana Ravi Singh, que se autodenomina "guru da internet" e trabalhou para políticos de diversos países – no Brasil foi coordenador da campanha de José Serra à Presidência da República, em 2010, justamente no setor de internet (o site era editado pela ex-vereadora Soninha Francine). Segundo a polícia da Califórnia, o "guru" Ravi é suspeito de ter negociado de forma ilícita a doação de meio milhão de dólares não contabilizados em campanhas políticas em San Diego. O dinheiro teria saído da conta de um empresário mexicano – nos EUA, assim como no Brasil, capital estrangeiro não pode ser doado a campanhas.

"Cristina Kirchner reaparece em tempos de "corralito" da web" por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, reapareceu publicamente após 33 dias de isolamento. Fez-se ver na quarta-feira 22, justamente no dia em que se registrou uma das maiores desvalorizações do peso nos últimos 12 anos. Ela não tocou no assunto. Sorriu, acenou e disse que "alguns bobos por aí" acreditam na boataria de que ela está com sérios problemas de saúde. "É para criar a sensação de que eu já não posso governar." Mais uma tentativa do governo para estancar a saída de divisas do país foi iniciada: agora o argentino que gastar mais de US$ 25 em compras online terá de preencher uma declaração juramentada para o Fisco e pagar em imposto 50% do valor do produto. A medida foi apelidada de "corralito" da web em referência ao congelamento dos depósitos bancários em 2001.

"Dois lados do Minha Casa Minha Vida" por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

Foram divulgadas na semana passada conclusões dos 224 procedimentos abertos pelo Ministério Público Federal sobre eventuais irregularidades no programa Minha Casa Minha Vida, desde que ele foi implantado em 2009.

Problemas mais comuns, segundo o MPF -Fraude na lista de beneficiários -Corrupção e vantagens indevidas -Financiamentos irregulares de moradias -Imóveis entregues inacabados

Pontos mais positivos, segundo o governo -Contratados três milhões de moradias -1,4 milhão de moradias entregues -700 mil casas serão contratadas em 2014 -Maior crédito à região Norte

"A agenda da paz entre EUA e Cuba"

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por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

Acerta quem aposta na existência de uma agenda que já está montada nos bastidores diplomáticos para o reatamento das relações de Cuba com os EUA. Tal agenda vai sendo aberta página por página ao mundo, a fazer crer que tudo é improviso ou decisão recente. Não é mera coincidência, no entanto, que menos de um mês após o aperto de mãos entre o presidente americano, Barack Obama, e o ditador cubano Raúl Castro outro passo já está sendo dado rumo ao descongelamento: pela primeira vez desde 1962, um secretário-geral da Organização dos Estados Americanos pisará Havana. A viagem está agendada (há tempo) para o fim deste mês.

25/01/2014

Os planos de Mercadante

Conheça os projetos e desafios do novo homem forte do Planalto, que vão muito além do que simplesmente auxiliar a presidenta Dilma Rousseff, enquanto ela percorre o País para pedir votos e discutir alianças para a reeleição

Paulo Moreira Leite

Com as credenciais de quem teve um papel reconhecido durante os protestos de junho de 2013, quando ajudou a tirar o Planalto de uma crise que assumia dimensões apocalípticas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, assume o posto de ministro-chefe da Casa Civil para cumprir funções essenciais do governo Dilma Rousseff. Programando um inevitável afastamento dos afazeres diretos de governo para dedicar-se à campanha pela reeleição, Dilma convocou Mercadante para fazer uma espécie de revezamento.

Enquanto a presidenta irá percorrer o País para discutir alianças e pedir votos, Mercadante ficará em Brasília para assumir o papel de "gestor do governo," num cargo que tem armadilhas que ajudaram a derrubar um dos principais dirigentes do partido, José Dirceu, mas também oferece oportunidades que transformaram Dilma Rousseff na sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva sem que ela tivesse vencido sequer uma eleição de síndico. Chamado, até agora, para participar de reuniões da Coordenação da Campanha, abandonará as funções eleitorais para preocupar-se com o governo em regime de dedicação exclusiva. Se a reforma ministerial inclui ministros que só devem permanecer em seus cargos até a eleição, permitindo novas nomeações caso Dilma seja reeleita em outubro, Mercadante entrará na Casa Civil para permanecer durante um eventual segundo mandato.

Enfeitado com o adereço de Superministro antes mesmo que sua nomeação fosse anunciada oficialmente, o que deve ocorrer nos próximos dias, Mercadante rejeita o apelido. Mais: o considera uma grande asneira. Em 40 anos de vida pública, aprendeu que um ministro que pretende ser maior do que os outros passa a disputar poder com quem tem o direito de assinar sua carta de demissão – a presidenta da República.

É certo, porém, que Mercadante terá mais poderes do que, por exemplo, a senadora Gleisi Hoffmann, antecessora de menor estatura política, sem autonomia nem poder de decisão, sempre sob as asas

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da presidenta. Na vida cotidiana, a Casa Civil ocupa o centro do governo. É a porta de entrada do gabinete presidencial, por onde passam todas as sugestões relevantes que serão levadas à presidenta e de onde saem as decisões mais importantes que irão afetar a vida dos 200 milhões de brasileiros. Nessa posição, Mercadante nada fará que possa ser visto – nem sequer interpretado – como um arranhão à autoridade de Dilma. Por essa razão, rejeitou todos os pedidos de entrevista antes de a nomeação ser oficializada. Mesmo instalado em dependências da Casa Civil, no Planalto, consultando documentos e abrindo pastas para conhecer as novas funções, também evitou fotografias no novo ambiente, postura que trai a lição aprendida por Fernando Henrique Cardoso ao sentar-se na cadeira de prefeito de São Paulo que lhe seria tomada por Jânio Quadros nas urnas de 1985.

Frequentemente criticado por sofrer de uma doença chamada vaidade excessiva, e até por uma postura considerada autossuficiente demais, no novo cargo Mercadante será submetido a testes frequentes de contenção e disciplina. O mundo político é formado por homens e mulheres que acima de tudo gostam de Poder com inicial maiúscula, mercadoria que se disputa palmo a palmo, 24 horas por dia, nos 365 dias do ano. Nesse universo, é fácil confundir "contribuição" com "intromissão", e até mesmo "ajuda" com "arrogância". Boas intenções, frequentemente, são confundidas com intrigas e planos maquiavélicos. Na Casa Civil, caberá a Mercadante encontrar a fronteira certa.

Embora ele tenha conhecido Dilma no final da década de 1970, quando ambos estudavam pós-graduação no curso de economia da Universidade de Campinas, a razão principal para a nomeação de Mercadante encontra-se em junho de 2013, naquelas semanas da vida brasileira em que as grandes cidades viviam um ambiente que ora lembrava uma insurreição popular, ora uma epopeia de ficção científica. Na ocasião, Mercadante foi um dos – poucos – ministros capazes de fazer a diferença num governo que oscilava entre a desorientação e a paralisia. Contribuindo para formular um conjunto de cinco pontos que ajudaram a aliviar a tensão social e baixar a temperatura política, seu prestígio interno cresceu na mesma proporção em que os índices de aprovação da presidenta voltaram a subir.

Ele deu contribuições na reforma política, fez o arremate final no programa Mais Médicos e também no esforço para levantar recursos para investimentos atrasados em metrô e corredores de ônibus. Também negociou a parcela de royalties do pré-sal que irá financiar a educação. Recebidas com ironia e pouco caso, as propostas tinham um eixo central – "conversar com as ruas" – e revelaram a disposição para correr riscos numa hora em era mais confortável fazer críticas em voz alta e esconder-se embaixo da mesa até a tempestade passar. Mercadante já tinha recebido notas favoráveis, na avaliação presidencial, pelo trabalho na Ciência e Tecnologia, ministério que recebeu por influência de Lula. Em sua passagem pelo Ministério da Educação, recebeu muito mais elogios do que críticas por parte de Dilma, que desde então devota às suas ideias e opiniões uma atenção que poucos ministros recebem. Com leituras econômicas da mesma biblioteca que as da presidenta, e pensamento político com grandes semelhanças, também, há muito tempo Mercadante conquistou o direito de falar sobre assuntos que vão muito além de suas pastas. Esse é, na verdade, seu trunfo principal.

É sintomático que, ao buscar liberar-se das tarefas presidenciais para dedicar-se mais à campanha, Dilma tenha escolhido Mercadante como "gestor do governo". Nas projeções sobre a campanha eleitoral, o governo reserva suas maiores cautelas para aquele movimento imprevisível e sempre ameaçador dos protestos de rua. Inspirados pela Copa do Mundo, por problemas de ônibus, por rolezinhos de shopping ou qualquer outro fator que possa transformar uma faísca num incêndio, esses movimentos representam uma pesadelo muito maior, hoje, do que os adversários nominais do governo. Em junho de 2013, a aprovação de Dilma, então superior a 65%, derreteu em poucas semanas de protestos. Hoje com 40% de intenções de voto, ninguém sabe o que irá acontecer, caso venham a ocorrer mobilizações com a mesma envergadura nos meses anteriores à eleição. Se isso acontecer, Mercadante estará em seu novo lugar no Planalto.

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Ele nunca esteve tão isolado

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, continua favorito, mas chega às vésperas da eleição com a menor base de apoio de sua história

Alan Rodrigues

Na política, convencionou-se dizer que disputas eleitorais nas quais há pouco ou quase nenhum risco de derrota são as que encontram – usando um termo geralmente associado à aviação – um "céu de brigadeiro" em seu horizonte. Foi o que ocorreu nos últimos cinco pleitos disputados pelo PSDB ao governo do Estado de São Paulo. Há 20 anos, os tucanos encontram céu aberto pelo caminho: conseguem atrair à sua órbita o maior número de partidos, celebram alianças eleitorais com mais facilidade, conseguem montar os mais robustos palanques e, nas urnas, justificam o favoritismo. Desde 1994, ganharam todas. Muitas sem necessidade de segundo turno, como em 2006 e 2010. Agora, no entanto, pela primeira vez em mais de duas décadas, nuvens pesadas surgem no caminho e ameaçam deixar a disputa mais turbulenta para os tucanos.

A nove meses da disputa, o candidato à reeleição do PSDB, Geraldo Alckmin, nunca esteve tão isolado. Rompido com os principais partidos e lideranças que lhe deram sustentação nas últimas campanhas, como PMDB e PSD (então DEM), e mal resolvido com o indeciso PPS, fiel parceiro de outrora, Alckmin agora vê um importante aliado, o PSB, deixar seu arco de alianças. Essas baixas representam a perda de apoio de 30% dos prefeitos paulistas, além de metade do tempo no horário eleitoral gratuito em relação às eleições passadas. "Os tucanos enfrentarão as maiores turbulências dessas eleições", avalia o cientista político Gaudêncio Torquato, professor da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, Alckmin só pode contar mesmo com o desestruturado DEM, o sempre questionado PSC de Marco Feliciano e, se tudo correr como o esperado, o PTB.

O desembarque dos socialistas da canoa do PSDB ao lado de outras importantes legendas começou com a saída do PMDB da coligação. Os peemedebistas lançaram o nome do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que já aparece nas pesquisas em segundo lugar, com cerca de 20% das intenções de voto. Na última semana, ganhou força a possível aliança entre o PMDB, de Skaf, e o PSD, de Gilberto Kassab. No caso, o ex-prefeito de São Paulo desistiria da candidatura ao governo do Estado e disputaria a vaga como senador na chapa de Skaf. Estrategistas eleitorais acreditam que essa seria uma grande tacada do ex-prefeito, já que ele manteria o apoio já declarado à presidenta Dilma Rousseff e não teria de enfrentar eventuais contratempos de estar numa chapa coligada com o PT.

O grande problema do desembarque das grandes legendas da coligação tucana é o enfraquecimento regional do partido, ponto forte do PSDB em São Paulo. "É a força do interior que determinará o resultado dessas eleições", explica o sociólogo Fábio Gomes, presidente do Instituto Informa. Em números, as baixas tucanas no interior do Estado podem chegar a mais de 150 das 645 cidades paulistas. Ao que parece, ao contrário do que ocorreu em eleições anteriores, tucanos podem esperar chuvas e trovoadas no horizonte.

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Quem está assando essa pizza?

Lentidão da Justiça já permitiu que o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia fique impune no mensalão tucano e outros acusados podem ter o mesmo destino

Josie Jeronimo

Se depender da celeridade do Poder Judiciário, o desfecho do chamado mensalão tucano será muito diferente daquele apresentado pela Ação Penal 470, mais conhecida como mensalão do PT, no qual o Supremo Tribunal Federal agiu como determina a legislação, e ex-ministro, ex-deputados, empresários e banqueiros já pagam na prisão as penas que lhes foram impostas. No primeiro, o único resultado até agora apresentado pelo Judiciário foi a prescrição da pena que poderia ser imposta a um dos réus, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. Na semana passada, a Justiça de Minas decretou que para ele o caso está encerrado. Sem punição. O mesmo poderá ocorrer em abril, favorecendo o empresário Cláudio Mourão e posteriormente outros acusados. Isso porque a Justiça de Minas Gerais ainda se atrapalha para ouvir testemunhas e nos processos criminais o tempo costuma ser aliado dos réus.

Mares Guia, o primeiro favorecido pela lentidão da Justiça, teve no mensalão tucano um papel semelhante ao do ex-ministro José Dirceu no mensalão do PT, condenado como chefe de quadrilha a dez anos e dez meses de prisão, com direito a um embargo infringente para um dos crimes. Cláudio Mourão, que, ao que tudo indica, sairá livre de qualquer punição, era o tesoureiro, como Delúbio Soares, que foi condenado a oito anos e 11 meses. A proximidade original dos mensalões é tamanha que o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, quando fez a denúncia, chamou o mensalão tucano de "origem e laboratório" do mensalão petista.

Embora o procurador geral Cláudio Fonteles tenha denunciado o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) em 2003, no STF, o caso só começou a andar depois das denúncias contra o partido rival, três anos mais tarde. Os caminhos escolhidos pela Justiça também foram muito diferentes. Os réus petistas foram reunidos num julgamento só, por um único relator, num único tribunal. Isso permitiu a aplicação da teoria do domínio do fato, que definia hierarquia e responsabilidades entre todos. Os réus do mensalão tucano foram separados por uma decisão conhecida como desmembramento. Em 2014, o Supremo irá julgar apenas dois réus – o atual deputado Eduardo Azeredo e o senador Clésio Andrade –, enquanto os outros 13 estão sendo julgados numa Vara de primeira instância em Belo Horizonte. Quem for condenado em primeira instância, em Belo Horizonte, terá direito, automaticamente, a pelo menos um segundo julgamento, por outros juízes, em outro tribunal.

A fase final do julgamento de Azeredo e Clésio ainda não tem data definida. Se o STF quiser, pode julgar cada um separadamente, sendo que Azeredo será o primeiro porque seu caso está há mais tempo na casa. Mas se o ministro-relator Luiz Roberto Barroso preferir reunir os dois réus num julgamento só, a decisão irá demorar alguns meses a mais. O julgamento de Belo Horizonte só deve começar em 2015. Se não houver um empenho do Judiciário, o desfecho do Mensalão Tucano poderá representar um passo atrás para a Justiça.

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Empréstimos suspeitos

Secretário da Casa Civil do Ceará, Arialdo Pinho, é acusado de envolvimento no escândalo dos consignados. Justiça determinou a quebra de seus sigilos bancário e fiscal

Como todos no Ceará sabem, o governador Cid Gomes (PROS) sofre de enxaqueca. Ela é tão terrível que, nos momentos de crise, é recorrente o recolhimento dele no Palácio da Abolição, sede do poder cearense. Nos últimos dias, as dores lancinantes voltaram a lhe incomodar. Porém, a causa é política. Cid está sendo cobrado por representantes de seu próprio governo e da oposição para demitir o secretário da Casa Civil, Arialdo de Mello Pinho. O secretário da Casa Civil de Cid é acusado pelo Ministério Público do Ceará por supostas irregularidades que envolvem ele próprio e sua família na concessão de empréstimos consignados a servidores estaduais.

Na segunda-feira 14, a juíza Nádia Pereira, da 13ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza, determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscal de Arialdo Pinho, do genro dele, Luís Antônio Valadares, dono da Promus Promotora de Crédito e Cobrança Extrajudicial, e do sócio deste, Bruno Barbosa Borges, proprietário da ABC Administradora de Cartões de Crédito, além de mais quatro pessoas. No Ceará, o esquema é conhecido como "escândalo dos consignados".

De acordo com os promotores Ricardo Rocha e Luiz Alcântara, há fortes indícios de favorecimento ilícito e possivelmente tráfico de influência. As irregularidades nos consignados foram denunciadas pelo deputado estadual Heitor Férrer (PDT), que apontou que a Promus operava com exclusividade com empréstimos para servidores estaduais. Além disso, a empresa é acusada de oferecer taxas de juros cerca de 70% acima do valor praticado no mercado. Heitor classificou o esquema como "engenharia para enriquecer aliados", já que a empresa gerencia os empréstimos consignados e recebe 19% dos valores dos empréstimos, em torno de R$ 10 milhões mensais. Homem de extrema confiança do governador, Pinho coordenou as duas campanhas eleitorais de Cid Gomes e chegou a ser cotado para disputar a sucessão.

25/01/2014

Leonardo Attuch

Braços abertos, balas de borracha

Duas abordagens se enfrentam na guerra ao crack: o acolhimento versus a repressão.

Difícil acreditar que tenha sido coincidência. Logo depois de a Prefeitura de São Paulo lançar a Operação Braços Abertos, que acolhe dependentes químicos da região da Cracolândia e oferece um auxílio de R$ 15 por dia aos que se dispuserem a ajudar em serviços de manutenção da cidade, limpando ruas e praças, a Polícia Civil, do governo estadual, deflagrou uma dura ação repressiva na última quinta-feira no local, com bombas de efeito moral e, segundo relatos de testemunhas, balas de borracha. Num intervalo de poucas horas, duas abordagens distintas para o mesmo problema estiveram em choque. De um lado, o acolhimento e o voto de confiança a uma população marginalizada. De outro, o cassetete.

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Para o prefeito Fernando Haddad, a ação da polícia de Geraldo Alckmin, além de "lamentável", colocaria em risco a continuidade da Operação Braços Abertos. Porta-vozes da linha-dura comparam o programa petista a uma espécie de "Bolsa-Crack" – como se fosse impossível apostar na recuperação dos dependentes – e afirmam que cabe à polícia combater o tráfico.

Haddad enxergava na Cracolândia a oportunidade de construir uma das principais marcas de sua gestão. Antes de lançar essa operação, viciados em crack foram recebidos, pela primeira vez, na própria prefeitura. Expuseram seus sentimentos, seus anseios e a sensação de que, no fundo do poço, não teriam mais qualquer possibilidade de retorno. Assim, nasceu a ideia de oferecer a eles uma oportunidade de trabalho, a despeito de todas as suas limitações. Ainda que seja uma operação sem nenhuma garantia de sucesso, a repercussão foi positiva e os primeiros relatos dos dependentes indicavam que o diálogo, sim, pode dar certo.

No entanto, para muitos indivíduos que chegaram ao fim da linha, não há diferenciação entre governo estadual e municipal – ambos são apenas a mesma face do Estado. Como reagirão os dependentes diante de um poder que, com uma mão, oferece uma nova chance e, com a outra, dispara balas de borracha? Para lideranças petistas, como o provável futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro, as formas de encarar a questão das drogas são, hoje, a principal diferença entre PT e PSDB. Diz ele que, enquanto petistas pregam "solidariedade e respeito", tucanos defendem "o projeto da segregação e da indiferença".

Até agora, Fernando Haddad manteve um diálogo próximo e construtivo com o governador Geraldo Alckmin – talvez mais próximo até do que com o próprio PT. Num ano em que o afastamento será inevitável, uma vez que o PT aposta todas as suas fichas na candidatura de Alexandre Padilha, a Cracolândia oferece todos os motivos para que o rompimento ocorra.

25/01/2014

Nada mudou

Um ano após a tragédia que matou 242 pessoas na boate Kiss e escancarou as condições precárias das casas noturnas brasileiras, ISTOÉ visita baladas do eixo Rio-São Paulo e constata que elas continuam perigosamente inseguras

Mariana Brugger, Raul Montenegro, Simone Felício e Wilson Aquino

Depois que passa, a gente se dá conta do absurdo que é um jovem entrar num buraco daqueles e sair morto", diz Elaine Gonçalves, que há um ano perdeu dois filhos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS). No dia 27 de janeiro de 2013, depois de um dia de calor intenso no interior gaúcho, 242 pessoas morreram na tragédia que escancarou ao País as condições precárias das casas noturnas brasileiras. Na época, muitas promessas foram feitas – com estabelecimentos e autoridades de todas as esferas se comprometendo a endurecer medidas de combate ao fogo no território nacional. Um ano depois, porém, quase nada saiu do papel e muitos dos "buracos" continuam funcionando sem condições mínimas de proteção. Em um deles, visitado por ISTOÉ, uma pessoa pode se deparar com uma parede de tijolos ao abrir a porta de emergência que deveria levá-la ao lado de fora.

A imagem que beira o surreal pode ser vista numa casa de shows localizada entre os bairros de

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Pinheiros e Vila Madalena, dois dos mais badalados de São Paulo. A reportagem foi a boates da capital paulista e do Rio de Janeiro na semana passada para verificar as condições de segurança das baladas, o que já havia feito no ano passado, e constatou que pouca coisa mudou.

Naquela madrugada de domingo em Santa Maria, a existência de uma única saída foi uma das causas apontadas por especialistas para o número de mortes. A maioria das casas noturnas visitadas possui problemas nas saídas de emergência. Na Ó do Borogodó, que emparedou um dos acessos à rua, instrumentos musicais bloqueavam outra porta da casa. De acordo com o proprietário Leonardo Gola, o prédio possui outros dois acessos que são suficientes. No pub Kia Ora, na zona oeste paulistana, uma delas leva à cozinha, que, por sua vez, termina numa passagem trancada. No Beco 203, na rua Augusta, centro de São Paulo, uma das saídas, ao lado do fumódromo, estava fechada no dia da visita. Os frequentadores também dariam com a cara na porta de emergência do Maavah, bar da zona leste paulistana que toca música sertaneja e pagode. ISTOÉ não conseguiu contato com Beco 203 e Maavah. O Kia Ora disse que um botão ao lado da porta que dá para a rua, quando pressionado, libera a passagem. No Rio, o caso mais grave foi o da 021 Club, na Barra, cuja entrada é cercada por grades de metal fixas, empecilho invencível para sair do lugar em caso de incêndio. Apesar das três saídas de emergência, não há sinalização, aponta Vinicius Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança no Rio, que acompanhou a reportagem. Procurada, a casa não se pronunciou. No centro carioca, o Pampa Grill tinha mesas e uma porta de metal obstruindo saídas.

Edgar Vargas, gerente do local, reconheceu as falhas. A Casa da Matriz, em Botafogo, chegou a ser fechada por dois dias no ano passado devido a problema de alvará, mas se regularizou. Na quarta-feira 22, entretanto, acontecia uma festa que tinha, na decoração, uma piscina de plástico na saída. "Confesso que não sabia, mas vamos alertar as produções", afirma Léo Feijó, sócio. No inferno da Kiss, sobreviventes relataram que muita gente foi parar no banheiro pensando se tratar de uma rota de fuga. No Studio RJ, em Ipanema, há a mesma armadilha: a porta do fumódromo, que leva a um cômodo fechado, parece uma saída de incêndio. A boate não se pronunciou.

Outro problema grave é a lotação. Na boate Kiss, testemunhas contaram que havia pelo menos mil pessoas no dia do incêndio, apesar de a casa oficialmente comportar 691. Em São Paulo, num cartaz da balada D.Edge, na zona oeste, está escrito que lá cabem 360 pessoas. Funcionários ouvidos pela ISTOÉ, no entanto, afirmam que a boate recebe até dois mil frequentadores. Na segunda-feira 20, a reportagem contou entre 200 e 300 pessoas só no deque superior. Em nota, a D.Edge afirmou que possui autorização para abrigar 609 frequentadores. Na Fosfobox, em Copacabana, a placa afixada do lado de fora consta a capacidade de 100 pessoas, mas há muito mais gente do lado de dentro. Cabbet Araújo, dono, explica: "Nossa licença permite 100 pessoas por pavimento." Os materiais também são item fundamental na segurança. Na tragédia do ano passado, foi a espuma inflamável do teto que pegou fogo depois que o vocalista da banda Gurizada Fandangueira acendeu um sinalizador durante o show. Na The History, localizada na zona oeste paulistana, a reportagem flagrou uma garrafa com vela que soltava faíscas, o que não é recomendado pelos bombeiros – a administração afirmou que a chama não oferece riscos. Na casa noturna Alberta #3, no centro de São Paulo, o teto da pista de dança também é de espuma. A fiação e uma tomada elétrica ficam próximas ao forro, mas a assessoria informa que o material é antichamas. Já na carioca Rio Music, fios expostos e assentos com espuma podem ajudar na propagação de incêndios. "Ainda existem elementos de papel na decoração", afirma Jaques Sherique, engenheiro especializado em segurança e vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (CREA-RJ), que percorreu endereços noturnos com a ISTOÉ. Ulisses Xavier, sócio, informou que a casa já passou pelo processo de adequação e está em dia com os bombeiros. "Um grande problema é que esses produtos não são avaliados. Na área da saúde você não vê remédios sendo vendidos sem teste" afirma José Carlos Tomina, superintendente

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do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio da ABNT.

Muitas das casas do País funcionam sem alvará. Em São Paulo, segundo a prefeitura, foram emitidas ou revalidadas 178 permissões para locais com capacidade superior a 500 pessoas em 2013. Mais 224 estabelecimentos estão abertos aguardando regularização. No Rio, 2.600 "casas de diversão" foram vistoriadas pelo município. Desses, 825 foram autuados por funcionarem sem alvará ou em desacordo com a documentação. Belo Horizonte (MG) tem apenas 34 locais de shows completamente regulares, dos 264 vistoriados em 2013. Entre os 201 estabelecimentos visitados em Porto Alegre (RS), 98 possuíam licença e 71 estão fechados por falta de documentação. Já em Salvador (BA), a prefeitura fiscalizou 64 casas noturnas no ano passado – 20 foram interditadas, mas 12 já estão funcionando. Estudiosos afirmam que há pouca gente para fazer a fiscalização. Somente 14% dos municípios brasileiros têm Corpos de Bombeiros, o principal parceiro das autoridades nesse trabalho.

Desde o caso Kiss, a legislação referente ao tema avançou um pouco. O Rio Grande do Sul aprovou regras mais duras no ano passado, como uma maior rigidez na obtenção de alvarás de prevenção contra incêndio, por exemplo, mas elas vão demorar meses para sair do papel. Em Santa Catarina, bombeiros lutam pelo poder de interditar imediatamente locais que ofereçam riscos – o que já acontece no Rio. Tomina, da ABNT, diz que é muito complicado não haver uma legislação nacional sobre o tema. "Os Estados têm sua legislação própria. Isso é muito ruim porque não há um padrão." Depois do desastre de Santa Maria, a Câmara dos Deputados começou a discutir um projeto de lei para sanar essa questão. A proposta ficou pronta em julho, mas aguarda votação no plenário. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que coordenou uma comissão sobre o assunto na Casa, afirma que a demora se deu por causa da análise de assuntos com urgência constitucional – que têm prioridade – no ano passado. Para ele, porém, é preciso aproveitar a retomada do interesse para votar a matéria. "O Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, fez a promessa de colocar em votação na primeira semana de fevereiro."

Uma das promessas do projeto federal é responsabilizar agentes públicos que não cumprirem suas obrigações de fiscalização. Um ano depois da Kiss, esse é um dos pontos mais incômodos para os familiares das vítimas. "Ficou um sentimento de impunidade", afirma Helena Rosa da Cruz, mãe de duas vítimas do incêndio. Processos de homicído correm contra dois integrantes da banda e dois proprietários da boate, que chegaram a ser presos, mas foram soltos meses depois. Outros dois inquéritos, sobre poluição sonora e fraude no licenciamento, devem ser concluídos em fevereiro. Para que outras famílias do País não sofram o mesmo que as de Santa Maria, Tomina, da ABNT, diz que deve haver boas regras, produtos de qualidade e fiscalização. "Temos 1.200 vítimas fatais por causa de incêndios anualmente no Brasil. São cinco boates Kiss todo ano." É preciso dar um basta.

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Clésio Andrade - "O setor de transportes está cercado de equívocos"

Clésio Andrade

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"O setor de transportes está cercado de equívocos"

Presidente da Confederação Nacional do Transporte, o senador mineiro diz que falta de investimento e má gestão são obstáculos para o desenvolvimento do País e que a solução para a mobilidade urbana é dar prioridade ao metrô por Alan Rodrigues

Dez em cada dez empresários brasileiros são categóricos ao afirmar que um dos principais entraves para o crescimento econômico do País é a falta de investimentos em infraestrutura na área de transportes. O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, faz coro. "Não há caminho alternativo ou atalho. Para que o PIB cresça a taxas significativas, há necessidade de investimentos em infraestrutura de transportes ", diz o senador eleito pelo PMDB de Minas Gerais. Segundo ele, os empresários reclamam que os investimentos anunciados pelo governo federal são parcos diante da demanda. "É preciso investir quase R$ 1 trilhão no setor. Nos últimos dez anos, autorizou-se gastar R$ 155 bilhões e o governo só conseguiu realizar R$ 93 bilhões." Na entrevista concedida à ISTOÉ, o senador reclama ainda do problema da mobilidade urbana no País e da burocracia que existe no sistema portuário brasileiro. "Tem que simplificar a entrada e saída de cargas internacionais. Atualmente, precisa-se preencher cerca de 50 documentos. É como se fossem países diferentes. Isso é um terror."

Istoé -

Qual é o maior problema do setor de transporte no Brasil?

Clésio Andrade -

São três os maiores problemas que afetam o setor no País: baixo investimento, burocracia e falta de uma visão sistêmica da área. O maior, sem dúvida, é o baixo aporte de recursos para o investimento. Os valores teoricamente destinados ao setor são pura ficção, porque não são suficientes para realizar o mínimo necessário. Existe uma discrepância de valores entre os recursos necessários e os que são gastos. É preciso investir quase R$ 1 trilhão no setor. Nos últimos dez anos, autorizou-se gastar R$ 155 bilhões e o governo só conseguiu realizar R$ 93 bilhões. Isso é nada diante da demanda.

Istoé -

Então, o problema não é tão somente a falta de dinheiro e também saber gastar?

Clésio Andrade -

A falta de dinheiro é um problema grave, mas também vivemos uma deficiência gerencial absurda. Faltam bons projetos, há dificuldades ambientais que retardam a execução das obras e, acima de tudo, existem problemas ideológicos para aceitar a iniciativa privada como parceira. Perde-se muito tempo com esses debates. A infraestrutura precária de nosso país afeta toda a sociedade.

Istoé -

A presidenta Dilma Rousseff elegeu-se como a gerente eficiente do governo Lula. Como o sr. analisa a atuação dela hoje?

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Clésio Andrade -

A presidenta Dilma era uma eficiente gerente de projetos do governo Lula. Ela é muito boa em projetos específicos. Pega um e resolve. Mas o Brasil não é só isso. São milhares de projetos que uma pessoa só não dá conta de resolver. A presidenta Dilma tem que aprender a delegar mais e rever sua forma de gerenciar. Ela tem que aprender a descentralizar a tomada de decisões e aproveitar mais a parceria da iniciativa privada, principalmente na área dos transportes.

Istoé -

Qual é o balanço que o sr. faz da área de transportes do governo federal até o momento?

Clésio Andrade -

O Brasil perdeu nos últimos 20 anos a visão sistêmica dos transportes. Criou-se uma série de órgãos que não falam um com o outro. Com isso, perdem-se a integração dos modais mais eficientes e bons projetos. Ninguém conversa com ninguém.

Istoé -

O toma lá dá cá de cargos e o fatiamento político do governo atrapalham a administração?

Clésio Andrade -

Não é isso. Os poderes são harmônicos e interagem. O mundo inteiro é assim. O Brasil é um governo de coalizão em função da quantidade de partidos existentes. A questão é do comando central, é a forma de comandar. A presidenta precisa descentralizar mais o governo e acabar de vez com a resistência em não querer administrar o País ao lado dos empresários. Existe uma colaboração de ambas as partes.

Istoé -

Os esforços feitos pelo governo federal nos últimos anos, como a criação do PAC, ainda não foram suficientes para garantir a melhora da infraestrutura. Quais são os principais gargalos?

Clésio Andrade -

Existem gargalos em todos os modais dos transportes. As pesquisas mostram que nossa malha rodoviária chega a ser 70% deficiente. A situação do sistema rodoviário é muito crítica, já que o Brasil ainda é muito rodoviarista. Mais de 60% do transporte do País é feito por rodovias e mais de 80% das pessoas são transportadas também por elas. O ideal é que 40% sejam transportes em rodovias, 40% em ferrovias, 10% em hidrovias e o restante, transporte aéreo.

Istoé -

Quais são as medidas que podem ser adotadas para reverter esse quadro?

Clésio Andrade -

O setor de transportes está cercado de indecisões, equívocos, lentidão, excesso de burocracia e falta de gestão adequada. Esses são alguns dos elementos indesejáveis ao progresso de uma

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nação. Precisamos duplicar pelo menos mais 12 mil quilômetros de rodovias federais, que são os eixos. Mas o governo federal está conseguindo muito pouco. O projeto de privatização das estradas não foi bem. Vão conseguir executar pouco mais de três mil quilômetros.

Istoé -

As parcerias público-privadas na construção de rodovias não deram certo?

Clésio Andrade -

As privatizações que este governo fez em estradas estão longe de resolver as questões rodoviárias. São dificuldades gerenciais graves. O governo precisa caminhar mais fortemente junto com a iniciativa privada.

Istoé -

Qual é a situação dos transportes marítimos e dos portos no Brasil?

Clésio Andrade -

A situação dos portos está caminhando para a solução depois das privatizações. Com a nova legislação, o governo está autorizando o funcionamento de novos portos privados e eles poderão competir no mercado, o que não podia nas últimas décadas. Porto você praticamente resolve tudo com a iniciativa privada. Achamos que entre cinco e dez anos resolveremos a questão portuária no Brasil, em termos de investimento. Mas no transporte de passageiros e de cargas não usamos quase nada do nosso potencial. Hoje, 1% do transporte de passageiros e 3% do de cargas são feitos pelos rios, quando na verdade deveríamos operar na faixa de 10%.

Istoé -

Por que se reclama tanto da questão dos portos?

Clésio Andrade -

O governo agora acertou na solução, que é o envolvimento da iniciativa privada no setor. Mas ainda faltam investimentos em tecnologia avançada e logística. Nosso sistema portuário é muito atrasado. Os guindastes utilizados são muito velhos e os equipamentos são muito sucateados. Temos um desafio muito grande também, que é acabar com a burocracia excessiva e a quantidade de taxas que tem de se pagar e órgãos envolvidos. Ou seja, tem que simplificar a entrada e saída de cargas internacionais. Atualmente, precisa-se preencher cerca de 50 documentos. É como se fossem países diferentes. Isso é um terror.

Istoé -

E a questão da logística?

Clésio Andrade -

É um problema anterior à chegada dos produtos aos portos que ainda não foi resolvido. Todos os anos a gente vê quilômetros de fila de caminhões para descarregar os grãos nos portos, isso é uma questão de infraestrutura. Temos que ter silos para armazenagem dos grãos ao longo das rodovias. Se tivermos depósitos de armazenamento, o empresário pode soltar os produtos aos poucos. A solução sempre cai na falta de uma visão sistêmica. Não precisam existir três

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agências de regulação para tratar do setor de transporte e mais 12 órgãos.

Istoé -

Na tributação do setor de transportes, o governo atendeu às demandas dos empresários?

Clésio Andrade -

Tivemos um grande avanço com a desoneração da folha de pagamentos, que reduziu substancialmente os custos dos encargos sociais. Agora só falta unificar os impostos na área de cargas, já que se pagam diversos impostos em diferentes Estados.

Istoé -

A Copa está chegando. De que maneira o sr. analisa a questão da mobilidade urbana no Brasil? O que pode ficar como legado da competição no País?

Clésio Andrade -

O País esqueceu-se da mobilidade urbana nas últimas duas décadas. Acordou há dois anos e está investindo mais de R$ 100 bilhões. O problema central é que o ônibus tradicional não é transporte de massa e ele sempre cumpriu esse papel. Precisa-se investir em BRts, metrô, ou seja, transportes rápidos sobre trilhos. Estamos muito aquém da necessidade do País.

Istoé -

Uma das maiores críticas que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, vem recebendo é de que ele criou faixas exclusivas de ônibus e os engarrafamentos pioraram. É possível harmonizar a convivência de todos os meios de transporte, como carros, transportes públicos e de cargas no Brasil?

Clésio Andrade -

A curtíssimo prazo o cenário é complicado. Do jeito que está sendo feito no Brasil, privilegiando corredores, os passageiros de ônibus vão levar vantagens, mas para quem anda de carro os congestionamentos vão se agravar. Quando se fala em mobilidade urbana, tem que se considerar o automóvel, o estacionamento desses veículos e o metrô que o passageiro vai buscar. Não existe mágica, tem que se priorizar o transporte sobre trilhos.

Istoé -

Mas, em geral, obras no metrô demoram muito. A curto prazo, qual é a solução?

Clésio Andrade -

Investir em veículos leves sobre trilhos (VLTs). A situação mais grave é que o País aumentou muito a produção de veículos automotores. O lado bom é que as pessoas mudaram o padrão de vida, mas as cidades pararam. O governo federal acordou há dois anos para os problemas da mobilidade urbana. Ele acreditava que esse era um problema dos municípios, que não têm capacidade para investir nessa área.

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Istoé -

O sr. é candidato ao governo de Minas?

Clésio Andrade -

A proposta do PMDB é ter candidatura própria. Eu coloquei meu nome para disputa. Um eventual acordo com o PT no primeiro turno é complicado, já que 70% do partido quer ter candidato.