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NOVA FASE Nº 23 | OUTUBRO 2016 TRIBUNA CLASSISTA www.tribunaclassista.blogspot.com | e-mail: [email protected] Edição Impressa R$ 3,00 Valor solidário R$ 5,00 SUMÁRIO: FORA TEMER! ORGANIZAR A GREVE GERAL EDITORIAL A Luta Contra O Golpe, O Ajuste E A Crise Do Regime Político Pag. 2 Brasil: Golpe A Golpe Osvaldo Coggiola Pag. 4 Os Estados Unidos No Olho Do Tempestade: Uma Nova Fase Da Crise Capitalista Mundial Pablo Heller Pag.5 Brasil: A Classe Operária Debate A Greve Geral Rafael Santos Pag.6 A Greve Dos Bancários Antonio Carlos Tarragô Giordano Pag. 7 24º Encontro Nacional Dos Bancários Do BANRISUL C. Santos Pag. 7 Um Cavalo De Tróia Para Os Bancários Guilherme Giordano e C. Santos Pag. 9 Camilo É Zero! A Greve Deve Continuar! Epitácio Macário Pag. 10 Triunfo Da Grande Greve Dos Municipários De Florianópolis Alfeu Bittencourt Goulart Pag. 11 Olho Cultural Rosana de Morais Pag. 12 1

Tribuna classista 23

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NOVA FASE Nº 23 | OUTUBRO 2016

TRIBUNA CLASSISTAwww.tribunaclassista.blogspot.com | e-mail: [email protected] Edição Impressa R$ 3,00 Valor solidário R$ 5,00

SUMÁRIO:

FORATEMER!

ORGANIZ AR A

GREVEGERAL

EDITORIAL A Luta Contra O Golpe, O Ajuste E A Crise Do Regime PolíticoPag. 2

Brasil: Golpe A GolpeOsvaldo CoggiolaPag. 4

Os Estados Unidos No Olho Do Tempestade: Uma Nova Fase Da Crise Capitalista Mundial

Pablo Heller

Pag.5

Brasil: A Classe Operária Debate A Greve Geral

Rafael Santos

Pag.6

A Greve Dos Bancários

Antonio Carlos Tarragô Giordano

Pag. 7

24º Encontro Nacional Dos Bancários Do BANRISUL

C. Santos

Pag. 7

Um Cavalo De Tróia Para Os Bancários

Guilherme Giordano e C. Santos

Pag. 9

Camilo É Zero! A Greve Deve Continuar!

Epitácio Macário

Pag. 10

Triunfo Da Grande Greve Dos Municipários De FlorianópolisAlfeu Bittencourt GoulartPag. 11

Olho Cultural

Rosana de Morais

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TRIBUNA CLASSISTA

A LUTA CONTRA OGOLPE, O AJUSTE E A

CRISE DO REGIMEPOLÍTICO

A análise do atual período deveconsiderar a gigantesca e determinantecrise que estamos atravessando, seusignificado econômico, político e social,assim como as perspectivas quepodemos desenvolver para modificar etransformar o panorama existente, sobo ponto de vista da classe trabalhadorae da maioria esmagadora dapopulação.

A crise que vivenciamos é parte deuma crise maior, uma crise histórica docapitalismo, que está, nitidamente, emseu período de declínio, um período decolapso de suas relações sociais, emque a estabilidade econômica e socialjá não pode ser assegurada nemmesmo nos países imperialistas, queconstituem o centro da economiamundial. Estamos diante de umabancarrota de todo o sistema, levandoa queda de regimes políticos inteiros, auma crise que afeta diretamente aUnião Europeia, os Estados Unidos, aChina, o Japão e toda Ásia, econsequentemente a América Latina.Sem uma análise que coloque a crisemundial do sistema capitalista como oeixo central, como pano de fundo,todos os grandes fatos históricos quevivenciamos no último período perdema sua concatenação lógica intrínseca, etornam-se um amálgama de crises semsentido e nem direção.

A queda internacional dos preços dasmatérias-primas é apenas mais umepisódio nessa luta, que afetoudiretamente as economias nacionais detodo o continente e abalouprofundamente grande parte dosregimes políticos do Cone Sul. Se numprimeiro momento, a crise mundialdesenvolveu-se e irradiou-se a partirdos EUA e da Europa, em seguidaafetou de forma inexorável toda asociedade latino-americana. E o Brasil,nesse contexto, sofreu uma de suasmaiores crises, onde a economia, apolítica e as relações sociais foramafetadas profundamente.

Durante um longo período, o PTdesenvolveu uma política decolaboração de classes com a

burguesia, colocou os movimentossociais, o movimento operário (atravésda CUT) e seus militantes, em umacamisa de força na qual tentava impedirqualquer tipo manifestaçãoindependente das massas com vistas alutar contra a opressão nacional e declasse. Seu papel foi subordinar earregimentar todos os movimentossociais a reboque de sua política dealiança com um amplo setor de fraçõesda burguesia e que tinha, em últimaanálise, apenas o objetivo de preservare aumentar os grandes lucros docapital como um todo, e o capitalfinanceiro de forma particular. O próprioLula sempre repetiu o sermão de que"os empresários nunca ganharam tantodinheiro como no meu governo".Somente o lucro dos bancos foi oitovezes maior no governo Lula do que nogoverno FHC, que o precedeu (R$279,9 bilhões contra R$ 34,4 bi).

A crise mundial manifestou-se no finaldo governo Lula e colocou em xeque osgrandes lucros e a estabilidade de todoo sistema. Um dos maiores fatores delucros dos bancos foi o altíssimoendividamento da população e seusjuros astronômicos. Temos, além disso,o endividamento público do Estadocomo um todo, que paga uma dasmaiores taxas de juros mundiais (acimade 14%). A dívida bruta brasileira jácresce em ritmo grego. Grande parteda burguesia (não somente os bancos)investiu nos títulos da dívida pública,não se precisa de muita astúcia para sechegar a conclusão que um "ajuste"para frear o déficit fiscal foi quase uminstinto de sobrevivência para aburguesia, que parasita de formasistemática o Estado, garantir esustentar os seus lucros. O risco de umdefault (calote) por parte do Estadoameaça os altos lucros da burguesia,nacional e internacional, como um todo.O sistema de endividamento financeiroé um dos combustíveis da crise.

O PT, que sustentava um governo decolaboração de classes com uma dasfrações da burguesia e do grandecapital, começou a perder o controle daeconomia e do poder político diante doagravamento da crise econômica e desuas consequências. Seus sóciospolíticos e econômicos foram“abandonando” o barco diante dodesmoronamento do governo e com aperda de popularidade, não só nascamadas médias, mas principalmentenas camadas mais oprimidas. O grandecapital que parasita o Estado e que atéontem estava com o governo,

transformou-se no principal promotorde um golpe parlamentar através doimpeachment, especialmente ossetores industriais paulistas agrupadosna FIESP. A burguesia e seus partidosforam abandonando paulatinamente oPT, enquanto o golpe foi estruturando-se dentro do próprio governo Dilma,com o PMDB e seus aliados comoprincipais protagonistas, liderados porMichel Temer, pelo presidente daCâmara, Eduardo Cunha, e pelopresidente do Senado, RenanCalheiros.

Capítulo a parte merece a frentepopular de colaboração de classes,entre o PT e os demais partidosburgueses (com PMDB e demaisaliados), que conseguiu eleger com seuaval, o que muitos consideram, oCongresso mais reacionário de nossaRepública, recheado de evangélicos,latifundiários e deputados ligados aoligarquias regionais. As chamadasbancada BBB (boi, bíblia e bala) e doCentrão de Eduardo Cunha, foram, emgrande parte, eleitos em aliançasregionais com o PT. Políticos edeputados burgueses foramcapitalizados e eleitos através daaliança eleitoral com o Partido dosTrabalhadores e com o PCdoB, nãoapenas o seu vice golpista, MichelTemer, que foi colocado em umaposição privilegiada para a articulaçãodo golpe, mas também os deputadosdo Centrão e de boa parte da BBB,assim como os demais partidosburgueses, que o PT acobertou emseus ministérios, como o PSD deKassab, entre outros, e que continuamno poder, graças a um golpeparlamentar que constituiu-se numgolpe da burguesia como classe, cominteresses definidos e apoiadoclaramente pela imprensa e pela mídiaburguesa.

A possibilidade de neutralizar aOperação Lava-Jato (e outrasoperações em curso), também foi umdos objetivos do golpe, já que foiutilizada como cavalo de batalha contrao PT (que se utilizou dos esquemascriados pelos próprios partidosburgueses), era lugar comum que só seconseguiria abafar os "escândalos" eoperações com o impeachment contraDilma, o PT e a conclusão do golpeparlamentar. Vazamentos "delataram"os objetivos do golpe antes mesmo queo golpe estivesse concluído, a realidadefoi mais fantástica do que qualquerficção.

O governo Temer constituiu um

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verdadeiro ministério de processadosna Lava-Jato e de outras operações,dando assim foro privilegiado a váriosacusados e demonstrando que há doispesos e duas medidas, conforme osinteresses de classe, assim como emtoda sociedade. Como disse um notóriopolítico brasileiro: "aos amigos tudo,aos inimigos a lei".

Com a conclusão do processo deimpeachment no Senado, o golpeparlamentar chega ao seu último ederradeiro capítulo. O PT, que durante13 anos governou o país numa frentede colaboração de classes com umaparcela significativa da burguesianativa, uma frente popular, foiderrubado por essa mesma burguesia(organizada dentro do PMDB, PSD eseus partidos acólitos), e que agora serearticulou junto com a oposiçãoburguesa (PSDB, DEM e partidosmenores). Após o impeachment, o líderdo PT no Senado, Humberto Costa,disse que "não faremos oposição aoBrasil", por detrás dessa frase há nãosomente uma capitulação política, masum verdadeiro acordo tácito com ogolpistas.

A burguesia unificou suas forças,momentaneamente, diante de suasinúmeras contradições, para tomar opoder através de uma manobra, umgolpe parlamentar, que não visa deforma alguma liquidar ou diminuir acorrupção (característica histórica daburguesia em seu parasitismo estatal),ou substituir um governo que não geriude forma “eficiente” a máquina doEstado, longe disso, o golpe visagarantir a continuidade da corrupçãocomo “modus operandi” da burguesia eda política burguesa e oaprofundamento dos ajustes e reformas(trabalhista, previdenciária, aumento deimpostos, etc), fazendo com que o ônusda crise recaia única e exclusivamentesobre as costas da classe trabalhadora,e da maioria esmagadora dapopulação, aprofundando assim arecessão e a consequente depressãoeconômica, aumentando o desempregoe a desindustrialização do país. OEstado cada vez mais é desmantelado(cortes nas áreas sociais, de saúde,educação, etc), levando seguramente aum colapso de todo o sistema.

Se para uma parcela da sociedade, aluta contra o golpe e pelo Fora Temerconfundia-se com o Fica Dilma, agoraconcluído o processo de impeachmentdelimita-se claramente quem é a favordo regime político (econsequentemente do golpe) e quem é

contra esse regime e tudo que osimboliza. A contradição de que o ForaTemer significa-se ao mesmo tempoum Volta Dilma foi superado pela friarealidade dos fatos. A situação políticaque era sinuosa e emaranhada, vai aospoucos ficando clara para amplossetores das massas que foram iludidaspelo grande capital e seus agentes. Apolítica de ajuste fiscal do novogoverno, que visa descarregar a crisesobre a classe trabalhadora e a maioriaexplorada vai sendo exposta,paulatinamente, a nu, e sem nenhumpudor, diante de uma parcela dapopulação que não tinha aindacompreendido a natureza e o caráterdesse governo e nem o seu profundosignificado político.

O PT (sua direção) e uma parcelasignificativa da esquerda, que não sócapitularam como participaram deconluios e acordos espúrios com osgolpistas, jogam uma cartada decisivaao tentar amarrar a esquerda e osmovimentos sociais, que apontam umatendência independente de luta contrao regime político de conjunto, com aconsigna de "eleições antecipadas" ede "frente de esquerda", utilizam-napara desviar a luta dos que tentam,lutar contra o regime político vigente.Os mesmos setores que agoradefendem essa política, como se fosseuma guinada à esquerda, são osmesmo que compuseram durantedécadas uma frente com a burguesia eque foram chutados e golpeados poressa mesma burguesia, enquantofaziam descer pela goela abaixo dostrabalhadores o ajuste fiscal, iniciado nogoverno Dilma, com Mantega e depoiscom Joaquim Levy.

Esses setores que agora queremuma frente, não para lutar contra ogolpe, mas para desviar a tendência deluta das massas, legitimar o golpeatravés de eleições antecipadas, emque se legitimaria o golpe e tudo quenele foi aprovado, assim como todos osajustes constituídos e realizados.

Antecipar as eleições visa apenascapitalizar um novo governo elogicamente realizar um ajuste mais"brando" e "flexível", com um governo"legitimado" por novas eleições, numatentativa de "estabilizar" a crise e oregime político, evitando assim, que ogoverno golpista corra o "risco" de serele próprio "golpeado" pela reação dasmassas.

A legitimação do golpe através deeleições antecipadas é, em últimaanálise, um acordo político espúrio,

como foi realizado no final ditaduramilitar para que o governo que osucedesse não derrubasse o regimeanterior, não desmontasse o Estado enão punisse os que participaram detodo o regime golpista. As eleiçõesvisam apenas ser a garantia do acordoem que ambas as partes "esqueceriam"as pugnas anteriores e o ajuste seriaaplicado às massas, de formapaulatina, em troca de um acordo de"governabilidade".

A crise que se desenvolve tem umabase material bem definida. Para osincrédulos poderíamos citar os cerca de2 milhões de empregos que foramaniquilados com a atual crise emapenas dois anos.

A maioria explorada necessita de umprograma de luta que defendaclaramente os interesses da classetrabalhadora. Sob essa perspectiva éque defendemos um Congresso daClasse Trabalhadora, para debater eelaborar um programa classista, queseja organizado pela base, pelossindicatos e pelas Centrais sindicaiscombativas. A organização metódica deuma greve geral para lutar contra oajuste é, no atual momento, não sóuma arma, como um laboratório deorganização para toda a classeoperária, e o movimento popular peloFora Temer, com a consequentederrubada do regime político vigente, ea constituição de um governo dostrabalhadores, independente daburocracia e da burguesia, é o caminhopara a superação dessa crise. Lógicoque para isso temos que dar umcombate para clarificar as ideias quenorteiam a nossa luta, assim como nosdelimitarmos, de forma intransigente,com aqueles que defendem a políticade colaboração de classe, e defenderassim uma política classista.

Contribuindo com essa perspectiva, oTC volta a ser publicado, expressandoessa luta de clarificação e delimitaçãona esquerda, nos movimentos sociaise, particularmente, no movimentooperário. ■

Conselho Editorial Alfeu Bittencourt Goulart

Antonio Carlos Tarragô Giordano

Carlos Alberto Zapelloni

Carlos Santos

Edgardo Azevedo

Luís Guilherme Tarragô Giordano

Rosana de Morais

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TRIBUNA CLASSISTA

BRASIL: GOLPE AGOLPE

Osvaldo Coggiola

A destituição (e o impeachment) deDilma Rousseff foi votada pelo SenadoFederal por 61 votos contra 20,resultado superior ao esperado,consumando um golpe institucional-parlamentar, o quarto da históriarecente da América Latina. O mesmoSenado não anulou seus direitospolíticos por oito anos, como previstopela Constituição, para preservar osdireitos de Eduardo Cunha, opublicamente corrupto, destituídopresidente da Câmara dos Deputados,que foi o articulador político do golpe,uma manobra armada pelo presidentedo Senado, Renan Calheiros (PMDB),objeto de oito investigações porcorrupção na operação Lava Jato,junto com o próprio PT. Michel Temerassumiu a presidência até o final domandato, o que significa que nãopoderá ser investigado por corrupçãodurante esse período.

Em síntese, todo o golpeparlamentar não foi mais do que umamanobra de encobrimento dacorrupção generalizada por todo oregime político do pais, e em todaclasse capitalista, com a cumplicidadedas próprias “vítimas” do golpe (o PT).Permitindo a volta ao executivo doPMDB, um partido oriundo do sistemapolítico da ditadura militar, que cadavez que apresentou candidatospresidenciais próprios (UlyssesGuimarães e Orestes Quércia no finalda década de 80 e na década de 90)não chegou a 5%, o que não impedede possuir a maior bancadaparlamentar e a maior quantidade deprefeitos do país. As especulações

sobre as eleições municipais deoutubro (pesquisas apontam umaqueda eleitoral do PT, perdendo aprefeitura de São Paulo) sesubordinam ao fato de que, comoescreveu um colunista de O Estado deSão Paulo (1/9), “ganhe quem ganhe,o PMDB terá as cartas do baralho namão”.

Contrariamente às declaraçõesimediatas de Temer (“a crise foideixada para trás”), a crise recémcomeçou. A frente golpista começou ase despedaçar de imediato. Nomesmo dia da votação doimpeachment, a FIESP publicou umade página inteira em todos os diáriosbrasileiros, reivindicando a quedaimediata da taxa de juros (14,25%, amais alta do mundo) como condiçãode sair da pior recessão da história,com uma queda no PIB por seistrimestres seguidos, e uma reduçãodo investimento de 27% sobre oúltimo ano. Acontece que essa taxade juros é o que mantém,precariamente, os capitaisinternacionais na ciranda financeira,sem os quais o país, com o maiordéficit fiscal e a maior dívida pública eprivada de sua história, entraria emum default imediato. O grande capitalbrasileiro simplesmente tem deixadode pagar impostos ou, como declarouo Ministro da Economia do grandecapital internacional (HenriqueMeirelles, ligado ao Citigroup) “estãose financiando om os recursos doTesouro nacional”. A economiacapitalista brasileira está quebrada,faltando apenas a declaração formalde quebra do Estado.

Os anúncios de saída eminente dacrise econômica não passam, portanto, de a expressão de desejos.Segundo o principal economista daFundação Getúlio Vargas (que calculaos índices oficiais), o Brasil não podenem sequer pensar em sair da crise senão transforma seu déficit nominal de

3% do PIB em um superávit de 2%, ouseja, se não aplica um corte em seuorçamento equivalente a 600 bilhõesde reais. A austeridade de Temer, quejá desatou um ataque violento àsmassas trabalhadoras (cortes degastos sociais, reforma trabalhista eprevidenciária) está bem longe desseobjetivo, para o qual não reúne asmínimas condições políticas.

A viagem imediata de Temer àChina (para tentar vender aPetrobras, última esperança paratentar impedir a explosão dasfinanças públicas) foi acompanhado,surpreendente e injustificadamente,por Renan Calheiros, que acaba devotar a destituição-absolvição deDilma Rousseff, e que já atua comoprimeiro ministro de fato. Está seproduzindo uma implosão do regimepolítico, o que transforma asespeculações político-eleitorais daesquerda que se reivindica classistaem mesquinharias frente ao tamanhogigantesco da crise.

Aos que saíram às ruas nasprincipais capitais, principalmente namanifestação de São Paulo (naAvenida Paulista, a mais numerosa)fossem objeto de uma selvagemrepressão pela Polícia Militar, comvários feridos bombas de gás e balase borracha.

O PT está em uma crise aberta, queo obrigou a suspender o EncontroNacional, previsto para novembro,depois das eleições municipais. DilmaRousseff, apoiada por umaala(minoritária) da direção nacionaldefende uma campanha por umplebiscito a favor de eleiçõespresidenciais imediatas, enquanto quea maioria orienta-se para uma frenteparlamentar de oposição (com menosde 20% da Câmara e menos de umterço no Senado) para preservar asmais hipotéticas chances presidenciaisde Lula em 2018.

A esquerda classista não tempolítica para intervir frente a essasgigantesca crise, que ameaçadespedaçar o PT, em primeiro lugar.Essa crise coloca na ordem do dia aunificação dos movimentosoperários, juvenis e populares queestão lutando e a greve geral: uma“frente de esquerda”, independenteda burguesia e sem representantespatronais, somente tem sentido (echances) como expressão política(inclusive eleitoral) destaperspectiva. ■

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NOVA FASE Nº 23 | OUTUBRO 2016

OS ESTADOS UNIDOS NO OLHO DOTEMPESTADE:

Uma Nova Fase Da Crise Capitalista Mundial

Pablo HellerPartido Obrero Argentina

Publicado originalmente em Prensa Obrera Nº 1424 | http://www.po.org.ar

Até há pouco tempo atrás se dizia que o pior da crise econômica mundial jáhavia passado. Para isso se exibiam sintomas da recuperação dos EstadosUnidos. A partir dessas expectativas o Federal Reserve (banco Central norte-americano) resolveu aumentar a taxa de juros no final do ano passado, eadiantou sua intenção de proceder a novas altas nos trimestres seguintes. TheWall Street Journal adverte sobre “o descenso mais prolongado daprodutividade do trabalho nos Estados Unidos desde o final da década de 1970(que) ameaça as perspectivas a longo prazo da economia do país e poderialevar o Federal Reserve a manter as taxas de juros baixas por vários anos”(WSJ, 11/08).

Assistimos ao terceiro trimestre seguido de baixa de produtividade (o períodomais longo desde 1979), o que ilustra a estagnação da economia. Ocrescimento econômico dos Estados Unidos no segundo trimestre foi desomente 1,2%. Porém este impasse integra uma tendência mundial. NaEuropa, teve um crescimento de apenas 0,3%. O crescimento chinês continuaem queda livre, e grande parte da América Latina continua em retrocesso.

O pano de fundo desses dados é uma enorme crise de superprodução, ouseja, um excesso de capitais e mercadorias comparado com suaspossibilidades de valorização. Isso nutre as tendências deflacionárias, a quedados lucros e uma retração do investimento. As tendências deflacionárias seexpressam no crescimento da dívida pública que hoje estão colocadas a umataxa de juros negativa, e que passou no último ano de 1,3 trilhões a 14 trilhõesde dólares a nível mundial. A ausência de rendimentos financeiros positivosimplica uma ameaça ao sistema bancário e às companhias de seguros, econstitui um registro inapelável da tendência à depressão econômica. Atividadepetroleira é um exemplo eloquente desse processo: alguns viram na queda depreços dos combustíveis como uma reativação da economia, umaoportunidade para a redução de custos industriais e para o aumento doconsumo. Longe disso, a queda dos preços de combustíveis somente conduz àderrubada da industria petroleira, com sua sequência de fechamentos,demissões e concentração industrial.

Em 2015, o informe anual do FMI assinalava que a queda de investimentoprivado estava no centro do fracasso da recuperação da economia globaldesde a crise de 2008, apesar do crédito com baixíssimas taxas de juro e do

resgate multimilionário dos bancosque realizaram os Estados dasprincipais potências e seusrespectivos bancos centrais. Noúltimo trimestre, o investimentoprivado dos EUA caiu 9,7%, a terceirapior queda trimestral. Esta queda deinvestimento nos países capitalistasavançados está na base dodesmoronamento da produtividade.

As grandes empresas acumularamtrilhões de dólares em espécie e nãoos investiram nem na produção e nemno desenvolvimento tecnológico.Utilizam esses fundos para recomprarações, aumentar seus lucros e levar acabo fusões e aquisições.

Isto explica o paradoxo de que odesempenho produtivo seja cadamais magro, enquanto o preço dasações nas bolsas mundiais alcançamníveis elevados. Quando examina-seos balanços, observa-se que umaparcela significativa de seusproventos advém de seusinvestimentos financeiros.

Esta hipertrofia do setor financeiroterminou por socavar a base industrialnorte-americana. Seu contraponto éum aumento da especulação e umainflação dos ativos, que não é outracoisa que capital fictício. A economiados Estados Unidos está sentada emcima de uma nova e explosiva bolha,que prepara uma crise de maioresproporções que a de 2008. Isto vai deencontro com as tendências àdesintegração da União Europeia,que ganharam um novo impulso como Brexit e o estado de falencia que seencontra o sistema bancário docontinente europeu; com o impasseda economia japonesa, que nãoconsegue sair da recessão mesmocom os abundantes recursoscolocados pelo Estado; com a crisena China e nos países emergentes.

O agravamento da bancarrotacapitalista explica a crescenterivalidade entre os Estados e, comisso, as tendências à guerracomercial, monetária e à própriaguerra se consolidam. Issoevidencia-se agora nos EUA, nouso crescente dos candidatos àdemagogia social e chauvinista,que floresce de forma proporcionalà desintegração dos partidostradicionais. Porém esta crise defundo também é o laboratório e ocaldo em que se cultiva as grandesexplosões sociais, e ao ritmo delas,as profundas reviravoltas políticasdas massas. ■

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TRIBUNA CLASSISTA

BRASIL: a classe operária

debate a greve geral

Rafael Santos Partido Obrero Argentina

De 1 a 3 de setembro aconteceu, emFlorianópolis, o IX Congresso doSINTRASEM (Sindicato dosTrabalhadores municipais da capitalcatarinense). Com a presença de 200delegados, representando 8.000filiados, debateu-se durante três dias asituação política do Brasil e as tarefasque devem encarar o movimentosindical e a classe operária na novaetapa pós-golpista. Apresentaramteses, que foram editadas edistribuídas no caderno oficial doCongresso, 6 organizações daesquerda brasileira: EsquerdaMarxista (Corrente O MilitanteInternacional), Unidade Classista(PCB), ConLutas-PSTU, UnidosVamos à Luta-CUT (O Trabalho, exlambertistas), Intersindical Central daClasse Trabalhadora (Psol) e TribunaClassista (CRQI no Brasil). O PO daArgentina foi convidado por TribunaClassista, com o apoio da direção doSintrasem, para intervir no debatenacional e internacional.

O debate central girousobre o balanço dogoverno do PT e anecessidade de enfrentar aofensiva do governo Temercom a greve geral. Apalavra de ordem “FORATEMER” dominou asdeliberações do congressoe serve como medida dorepúdio que desperta onovo governo entre ostrabalhadores.

Algumas correnteschamam a impulsionar agreve geral, mas esta proposta não éacompanhada por um balanço e umaruptura política com o PT e suasburocracias nas organizaçõesoperárias. Ao contrário, para algunssetores estaria colocado uma pressãosobre a direção da CUT, para que aCentral “volte a ser o ponto de apoiode nossas lutas, pressionando paraque sua direção passe do discurso àação.” Mas a CUT foi o veículo que

restringiu a luta independente daclasse trabalhadora, convertendo ossindicatos em escritórios do PT e dogoverno. Em nove meses do processode impeachment golpista, estasdireções burocráticas bloquearam todaa mobilização independente contra osgolpistas, subordinando-se ao governoDilma, que levava adiante o “ajuste”contra os trabalhadores. Concluído ojulgamento político, a política do PT éassegurar a governabilidade. A CUTvem propondo uma medida de força,enquanto se acentuam e multiplicamem todo o país as mobilizaçõespopulares.

Opondo-se a estas tendências seencontravam correntes defensorasativas de um plano de luta e da grevegeral, partidárias, além disso, derechaçar a política de colaboração declasses. O eixo desse rechaço girouem torno da ruptura do Sintrasem e detodas as organizações operárias coma CUT, a desfiliação e a saída damesma. Isto é defendido pela UnidadeClassista (PCB), uma ala do velho PCque enfrentou ao PT, e o PSTU, quedirige uma pequena central alternativa(CSP/CONLUTAS). A ruptura dasorganizações operárias com aburguesia se transformou na rupturada CUT; a batalha por uma proposta,reagrupamento e programa deindependência de classe é substituídapor uma luta faccional de aparatos. OABC dos que se reivindicam classistasé a defesa da frente única da classeoperária em todos os níveis, e lutar em

todos os sindicatos e centrais por umanova direção revolucionária baseadaem um programa revolucionário deindependência política.

As deliberações do Congresso dosservidores municipais é um exemplode amostragem da necessidade e dapossibilidade de uma resposta coletivados trabalhadores. A esquerdaclassista tem uma oportunidade deapresentar um programa de conjunto

frente à crise e de propor umaalternativa política de classe. Noentanto, tende a limitar suasperspectivas às eleições municipais deoutubro, a qual – importante registrar –passou desapercebida no congresso.Não houve propostas de apoio aqualquer candidatura. A esquerda nãovai unificada em torno de posições deindependência política. Alguns apóiama frações do PT (que vão inclusive emalianças com seus antigos aliadosconvertidos em golpistas) ou acandidaturas burguesas ouoportunistas (PSOL). O PSTU seoferece como um canal independente,mas minoritário e com algumaspropostas confusas.

Urge abrir um debate paradesenvolver a palavra de ordem“FORA TEMER” e a greve geral, emfunção de uma crise de poder comuma possível irrupção das massas.

Esta perspectiva foi desenvolvidapelo TRIBUNA CLASSISTA – eapoiada por muitos delegados, quechamou a impulsionar a convocaçãode Congresso de trabalhadoresnacional, para discutir as propostaspolíticas que permitam construir umaalternativa política e sindicalindependente dos trabalhadores.

A experiência de luta do PO naArgentina e a construção da FITdespertou um grande interesse nosdelegados. Nossa proposta de lutacontra o golpe sem apoiar o governoDilma, a necessidade de uma

delimitação implacável donacionalismo burguês e dofrentepopulismo, o rechaçoàs pseudo frentes deresistência contra Macri queagora diz impulsionar oKircnerismo e o combate porum plano de lutaindependente contra osplanos ajustadores dogoverno nacional de Macri edos governos provinciais doPJ e a luta por uma novadireção com um programaclassista revolucionário em

todas as centrais e sindicato.

Um fato marcante: no encerramentodo congresso, os delegados assistiramum vídeo do deputado federal do PO,Néstor Pitrola, enfrentando a deputadaElisia Carrió, para repudiar o golpe deTemer e assinalando que no Brasilestá se abrindo o caminho da luta pelaGreve Geral. ■

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NOVA FASE Nº 23 | OUTUBRO 2016

A GREVE DOS BANCÁRIOSAntonio Carlos Tarragô Giordano

Com assembleias esvaziadas, pelatotal falta de mobilização da principaldireção do movimento, que é aContraf-Cut, braço da CUT nomovimento bancário, que inclusive foiincapaz de mobilizar os trabalhadorescontra o golpe, começa a greve dosbancários. Há mais de uma décadaque os bancários têm seu movimentosendo completamente burocratizadopela falta de preparação, organizaçãoe mobilização, o que torna a categoriauma presa fácil para a quebra domovimento.

Mesmo assim a categoriademonstra uma grande vontade de lutar, sendo que em quase todas asassembleias predominou a palavra de ordem "Fora Temer Golpista" e não àvolta da política de abono dos banqueiros e do governo, na tentativa derebaixar os salários com uma proposta de 6,5% o que não cobre nem ainflação manipulada que é de mais de 9,5%.

Os movimentos de oposição sindical bancária em todo país, que controlamum número muito pequeno de sindicatos, tentam por sua vez construir umaalternativa, ainda que limitada, ao setor majoritário, com piquetesindependentes, para tentar fortalecer o movimento e fazer o trabalho demobilização da categoria, que dá demonstrações claras de total falta deconfiança na direção cutista, pelas várias traições ao longo dos anos,assinando acordos rebaixados e obrigando os bancários a pagar os diasparados, política defendida pela direção da Contraf/Cut, que não é nada maisnada menos do que a defensora e correia de transmissão da política dosbanqueiros.

Mesmo com esse quadro adverso e as ameaças das direções dos bancosestatais e privados, o primeiro dia de greve foi de uma adesão forte por parteda categoria. Nós bancários do jornal Tribuna Classista estamos defendendoque a greve seja fortalecida e organizada pela base com um conjunto dereivindicações a seguir:

Por um comando de base, com os delegados eleitos em assembleia;

Pela recuperação de todas as perdas salariais com os pacotes econômicos, que hoje chegam na média por volta de 80% de reajuste;

Pelo fim do assédio, fim das metas;

Pelo fim do controle dos sindicatos sobre os piquetes;

Pelo não pagamento dos dias parados;

Pela volta imediata da licença-prêmio onde foi retirada e isonomia no BB e na CEF;

Pela unificação da greve com as outras categorias (correios e petroleiros), rumo a greve geral!!

24º Encontro NacionalDos Bancários Do

BANRISUL

C. SantosCorrespondente bancário

Ocorreu nos dias 20 e 21/08/2016 o24º Encontro Nacional dos Bancáriosdo Banrisul, em Porto Alegre, na sededa FETRAFI/RS. O Tribuna Classistacompareceu com uma banca demateriais e distribuiu dezenas depanfletos pelo FORA TEMER e pelaorganização da GREVE GERAL, bemcomo um boletim contendo as TesesPolíticas que foram aprovadas naConferência Latinoamericanaconvocada pelo PO da Argentina epelo PT do Uruguai, um importanteevento internacionalista queaconteceu nos dias 15, 16 e 17/07,em Montevidéu.

A Mesa da abertura foi compostapor membros da FETRAFI/RS, doSindicato dos Bancários de PortoAlegre/RS, CONTRAF/CUT, CUT/RSe de Santa Catarina, uma burocraciasindical que praticamente transformouos organismos de luta da categorianum apêndice dos governos de Lula ede Dilma, e que nunca foi capaz dequestionar o conteúdo das aliançasdo PT, quando conformou-se, primeirouma chapa Lula/José de Alencar, umempresário da indústria têxtil que foium dos maiores incentivadores dogolpe militar de 1964 e depois, umaaliança direta com o golpista Temer eseu PMDB, o partido mais corrupto efisiológico da história da repúblicabrasileira.

Foi dado um informe inicial que osbancários terão mais uma nova mesade negociações com os banqueirosem 24/08/2016 e que, em 29/08/2016,está prevista uma proposta global aqual será avaliada com possívelindicação de data para greve dacategoria.

Nas falas dos membros da mesade abertura predominaramdeclarações e caracterizações de quea Campanha Salarial será muito difícilpor conta da crise econômica e dacrise política, tendo em vista queocorrerá no meio de um furacão, no

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TRIBUNA CLASSISTA

meio de um Golpe de Estado. Foicolocada a necessidade de se fazer adefesa dos Bancos Públicos contra osBanqueiros, contra o governo Temer econtra o governo Sartori. Lutar contraas privatizações, em especial doBanrisul. Foi feita uma caracterizaçãode que a Reforma da Previdência nofundo é para repassar rendas para osbanqueiros.

A burocracia sindical admitiutimidamente que embora tenhaapoiado os governos Lula e Dilma,houve equívocos na condução daeconomia. Foi proposto uma reaçãocontra o Golpe e uma campanha peloFora Temer, pois o mesmo vai retirardireitos trabalhistas. Foi previsto queos golpistas, as elites e os banqueirosvão atacar pesadamente depois daseleições. Levantou-se a necessidadede se realizar uma Greve Geral contraos ataques aos direitos dostrabalhadores e que a mobilizaçãodeve ser contínua e não só naCampanha Salarial.

Foi dito que Sartori sucateou asegurança no RS e que devemos nospreparar e estar atentos contra trêsataques que já tramitam comoprojetos-lei no Congresso Nacional, asaber: Terceirização, Reforma daPrevidência e Renegociação dasdívidas dos Estados, que colocarápossibilidade do Governo Federalnum prazo de 2 anos privatizar todasas empresas estatais estaduais.

O 24º Encontro Nacional doBanrisul tardiamente encerrou osEncontros e Conferências estaduais enacionais da Campanha SalarialBancária 2016 numa espécie de climade velório, depois dos bancários daCaixa Federal, do Banco do Brasil edos Bancos Privados realizaremConferências e Congressos Estaduaise Nacionais nos meses de Junho eJulho, tirando como principaisreivindicações: reajuste salarial de14,78%; Participação nos Lucros eResultados de 03 salários mais R$8.317,90; Piso do DIEESE de R$

3.940,24; fim das demissões; maiscontratações entre outras, em umaconjuntura de crise do capitalismo anível mundial, continental e nacional ecom um ataque real dos banqueirosde demissões em massa.

No primeiro semestre de 2016foram fechados aproximadamenteseis mil postos de trabalhos nosbancos e em 12 meses foramfechados mais de quatorze mil postosde trabalho. Enquanto o lucro líquidodos cinco maiores bancos no 1ºsemestre deste ano já atingiu R$ 30bilhões e no período de um anoultrapassou os R$ 50 bilhões. Porisso é mais do claro que os bancosprivados e públicos podem dar umreajuste salarial superior a 15% e nãodemitirem os bancários.

O que de início foi visto noEncontro do Banrisul, tambémocorreu nas demais atividades debancários: dirigentes sindicais (aburocracia sindical) totalmenteperdidos e numa total defensiva;salientaram várias vezes que será aCampanha Salarial mais difícil dosúltimos anos, por conta da criseeconômica e da crise política (oGolpe). Disseram que a CampanhaSalarial Bancária esta no meio de umfuracão, no meio de uma situaçãogolpista. Falam em defender osbancos públicos dos interesses dosbanqueiros, do Governo Sartori e doGoverno Temer nas privatizações,mas não apontam nenhuma luta realpara fazer frente a isto.

Acreditam ter um tempo curto desobrevida, disseram que o ataquegrosso dos golpistas, da elite e dosbanqueiros só virão depois dasEleições; como se os ataquesgolpistas atuais ainda não sejam tãosignificativos. Chegaram a sugerir quea Campanha Salarial não é porreivindicações econômicas, mas simpor garantia de empregos por causado fantasma da Terceirização.

No Encontro Nacional dosBancários do Banrisul ocorreu uma

mesa de debates entre o Ex-Ministrodo Governo Lula e Dilma, MiguelRosseto, e o Senador do PMDB/PR,ex-governador, Roberto Requião. Aconseqüência prática deste debate edo visível desconforto da burocraciasindical foi de que do primeiro para osegundo dia houve um esvaziamentode quase 30% da atividade (63bancários). De 230 delegado(a)scredenciados inicialmente chegamosao final do Encontro com 167delegado(a)s, sem perder de vista deque constitui-se em um verdadeiroretrocesso em matéria de número departicipantes dos últimos anos, poisforam 250 em 2014 e 350 em 2015,num quadro em que aumentousignificativamente o nível deinsatisfação da categoria, frente àsperdas crescentes nas suascondições de vida e frente àsameaças reais de perda inclusive doemprego com a anunciadaprivatização do banco.

Os militantes do Tribuna Classistapropuseram à Plenária que osbancários do Banrisul indicassem àCUT e aos CSP-CONLUTAS um diaestadual com todas as categoriaspelo FORA SARTORI e também umdia pelo FORA TEMER, que deverãoser altamente divulgados emobilizados, com aprovação unânimeda categoria.

No final do Encontro na votaçãopara escolha do Comando deNegociação/Greve, Comissão deSaúde e Comissão de Segurança, aburocracia sindical levou o seu maiorsusto: a sua chapa composta pelosaparatos somou 79% (132 votos)contra uma oposição dispersa quenem teve muito tempo para seorganizar e ainda assim somou 21%(35 votos). Isto resulta em duasanálises imediatas: a primeira é que aburocracia sindical está em uma sériacrise e a segunda é que a oposiçãopoderá ser uma pedra no sapato daburocracia nas negociações com oBanrisul/Governo Sartori. ■

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NOVA FASE Nº 23 | OUTUBRO 2016

UM CAVALODE TRÓIA PARAOS BANCÁRIOS

Guilherme Giordano e C. Santos

Correspondente bancário

No 24º Encontro nacional dosbancários do BANRISUL ocorreu umamesa com uma Pauta Políticadenominada Ataques aos direitos dostrabalhadores e Defesa do PatrimônioPúblico.

Os Painelistas Miguel Rosseto(Ex-ministro do Trabalho ePrevidência Social do governoDilma) e Roberto Requião (Senadore ex-governador do Estado doParaná), um verdadeiro Cavalo deTróia convocado para falar para acategoria bancária pela burocraciasindical, responsável entre outroscrimes em seu mandato enquantogovernador pelo assassinato de umdos principais dirigentes dos Sem-terras naquela região, ocompanheiro Teixeirinha.

Rosseto iniciou sua intervençãoelogiando Requião, segundo ele,por ser um companheiro de tantaslutas. Salientou que Requião estavaparticipando do movimento contra oGolpe, sendo supostamentemembro da banda sã do PMDB, emoposição à sua banda podre.

Disse que as lutas sindicais têmuma agenda maior que ascampanhas salariais, pois segundoele, seu ex-aliado, o governo Temer,fará uma mudança brutal no cenário

nacional. As agendas do futuro doBrasil estão colocadas: de um lado,os golpistas (anti-democráticos); dooutro lado, as forças democráticas.Uma correlação de forças, quesegundo ele devemos enfrentarcontra os golpistas, pois eles têmuma agenda contra o País, contra aPetrobrás, de agressão aos direitosprevidenciários e trabalhistas.

Segundo Rossetto, a Reforma naPrevidência é uma Reforma Fiscal,tendo se esquecido que no governoDilma, enquanto Ministro daPrevidência, propôs igualmente estareforma. Disse que os golpistasquerem atacar a CLT, rasgarem aCLT (negociado x legislado), etc.

Citou o caso da França onde ostrabalhadores fazem 35 horassemanais e farão 3 horas extraspodendo demorar até 03 anos parareceberem estas horas em dinheiroou no banco de horas.

O ex-Ministro dos dois governosdo PT se deu conta que as rendasnão são tributadas e os salários sãotributados, que os golpistas estãotentando nos próximos 20 anoslimitar as despesas públicas nasáreas sociais, que o GovernoGolpista quer aumentar a força doCapital sobre os Salários, e concluiudizendo que o problema dostrabalhadores no Brasil é adistribuição de renda, o qualsegundo ele, deveria de ser maisjusta. Terminou sua intervençãoconvocando para o ato do dia 29/08/(Dilma depôs no Senado na Defesado seu Mandato) e ressaltando danecessidade de resistência nestemomento contra o Golpe.

Citou por último o caso doMERCOSUL, no qual Serra foi tentarcomprar o governo Uruguaio paravotar contra a entrada da Venezuelano bloco. E o governo Uruguaiodenunciou Serra.

O ex-Ministro Miguel Rossetoenfim propôs uma saída nos marcosdo regime democrático-burguês,deixando claro que a estratégiapolítica da burocracia sindical, o qualé um dos principais representantes,é dar continuidade à aliançaburguesa e pró-imperialista, que oPT compôs junto com o PMDB e quepreparou o caminho, abrindo asportas para o golpe de estado dosseus recentes sócios. Também omitiuos fatos que antecederam o golpe,como se a vida dos trabalhadores

iniciasse somente após golpe.Idealizou-se uma situação, como seos trabalhadores tivessem percorrido13 anos de governo do PT sonhandocom suas maravilhosas realizações,e de repente acordaram de um belosonho numa noite de verão numpesadelo. O golpecontraditoriamente despertou ostrabalhadores. Saímos do paraíso dogoverno PT/PMDB edesembarcamos no inferno de Temere seus capangas. Isso é só o ideal, arealidade concreta é que ostrabalhadores foram relativamentecontidos durante os governos do PTe quando este já não conseguiacumprir esta função integralmente foiconvidado a se retirar do recinto(governo de coalizão) para que ainvestida contra as condições de vidadas massas passasse a ser a ferro efogo, aberta, sem tergiversações.Enquanto o governo Dilmatergiversava acerca da necessidadede aplicar o brutal ajuste paraatender os interesses da burguesianacional e do imperialismo, o PMDBe o restante da “base aliada”preparava o golpe com o PSDB e orestante da oposição de direita.

O representante do PMDB, partidoque foi o principal protagonista dogolpe, Roberto Requião iniciou suafala só pra passatempo com umapiada de tremendo mau gostorecheada de xenofobia, elogiando oPapa, embora para o nobre senadorele seja argentino.

Disse para os bancários que elesnão estavam somente em campanhasalarial, mas estavam na manutençãode seus empregos, pois tinha aquestão da Terceirização. Disse que oCapital é bom para aEconomia/Produção, porém o Capitalnão pode governar o mundo. Comoresolver esta equação? Propôs comoestratégia política a defesa do Estadodo Bem Estar Social.

Segundo ele, ocorreram 3 coisashorríveis no Brasil: 1) precarização doEstado; 2) precarização doParlamento e 3) precarização doTrabalho (negociado x legislado).

É contra a tributação dostrabalhadores e é a favor datributação do capital.

O sistema político apodreceu. OGoverno Lula melhorou as condiçõessociais, mas não houvedesenvolvimento econômico, não →

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TRIBUNA CLASSISTA

tinha um projeto econômico para oBrasil.

Precisamos de um ProjetoNacional. Precisamos de luta sindicale luta popular por um projeto dedesenvolvimento nacional.

O Neoliberalismo do GovernoTemer só serve para o desmonte doEstado Social.

Não há saída para defender:Trabalho, Previdência, Pré-sal, etc;sem um projeto de desenvolvimentonacional.

Na história do Brasil o povo nuncatomou o poder; sempre foram aselites.

Chegou a hora do povo comandar oPaís com um programa derecuperação do Brasil.

Garantia da propriedade privadados meios de produção.

Requião falou que a nossa lupem-burguesia só defende os seusmesquinhos interesses.

Os rentistas subordinados aocapitalismo internacional, são umasituação que só interessa a muitopoucos. Defendeu a população nopoder e que o movimento sindical temque se politizar e saber o queacontece no mundo.

Por fim, propôs Nem volta querida,nem fora Temer, afirmando que estápelo Brasil. Dilma e Lula erraram naEconomia, temos um congresso commuitos picaretas. Entende que seDilma voltasse não teria condições degovernar. Tem que chamar umplebiscito e procurar a UnidadeNacional.

Este verdadeiro Cavalo de Tróiafoi convocado pela burocraciasindical bancária na verdade parafazer uma advertência, a saber:deixou claro que a suposta bandasã do partido mais fisiológico (doponto de vista da burguesia) dahistória da república brasileira, queacabou de promover o golpe deestado, não tolerará uma ação dasmassas que coloquem em xeque osistema capitalista, da propriedadeprivada dos meios de produção eseu regime político decomposto. Foipara isso que foi convocado parafalar para a categoria bancária.Acima de tudo está colocado paraeste Cavalo de Tróia a política deUnidade Nacional, que é o mesmoconteúdo da política que começa afazer água do governo golpista doseu correligionário Temer. ■

CAMILO É ZERO!A GREVE DEVE

CONTINUAR!

Epitácio Macário Professor de Economia Política da UECE

Diretor do Andes-SN.

A longa audiência ocorrida naquinta-feira, 11/08, entre o movimentogrevista das estaduais e o secretárioHugo Figueiredo terminou numimpasse. Acompanhada por reitores equatro deputados estaduais, areunião durou quase dez horas edeixou três incontestes provas: aintransigência do governo de CamiloSantana, seu desejo de aplicarantecipadamente os ajustesregressivos do PL 257/16 e suaobstinação em impor perdas aosserviços e servidores públicos doEstado do Ceará.

Foi intransigente quanto a posiçãojá assumida publicamente de nãoremunerar os rendimentos dosservidores pela inflação acumulada

no ano passado (10,67%), ou porqualquer índice que seja, impondouma perda salarial que, a preçosatuais, alcança os 17% em relação ajaneiro de 2015. Os sindicalistasinsistiram e já nos estertores, quandoo punho direito do secretário explodiusobre a mesa mais uma vez,lembraram das possibilidades derecomposição inflacionária emalguma gratificação e solicitaram ainstauração de um Grupo de Trabalho(GT) para examinar a questão.Ossindicalistas queriam manter o diálogoaberto. A resposta foi NÂO!

Ele mesmo, o secretário da Seplag,dissera em suas consideraçõesiniciais que o governo se dispunha acorrigir distorções salariais porventuraexistentes no seio de cada categoria.Os sindicalistas apresentaram, então,a grave distorção salarial observadano magistério superior do Estado,uma vez que os professoressubstitutos – que são mais de umterço de toda a mão de obra docente– auferem salários correspondentes a50% do que ganham os efetivos. Semsaída e depois de muita insistência, osecretário admitiu a possibilidade deconstituição de um GT para verificar ocaso, quando deveria ter já →

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apresentado proposta para a questão– que é de há muito conhecida detodo o governo e um clamor dedignidade dos que entregam suasvidas no trabalho docente nas trêsuniversidades estaduais.

Nenhuma novidade mais havia napauta de reivindicações, pois osdemais pontos tratados eramsimplesmente a cobrança decumprimento de acordo celebradopelo governo no dia 6 de janeiro de2015. Também constavam exigênciasde que o governo cumpra oordenamento jurídico do Estado erespeite os direitos já adquiridos pelosprofessores, a exemplo do lote deprocessos de ascensão, promoção,estágio probatório, dedicaçãoexclusiva que mofa nos escaninhosda Seplag e do gabinete dogovernador – imputando gravesprejuízos para a carreira e aremuneração da categoria.

A seriedade insincera do secretáriotraiu-se, mais uma vez, quandoresolveu exigir que o cumprimentodos pontos que são obrigação legal edoutros que são obrigação moral epolítica (porque parte do acordocelebrado em 2015) era condicionadoao fim da greve em curso. Pois,chegou mesmo a alegar que asolenidade de nomeação dos 84professores da UECE, anunciada nosite do governo e no site dauniversidade para o dia 15 de abrilpassado, não ocorrera por falta detempo de S. Excia., o governadorCamilo Santana, e porque foradeflagrado o intempestivo movimentogrevista. Um sindicalista repôs ascoisas no seu devido lugar, fazendolembrar ao secretário que osconcursados estavam aptos aassumirem suas funções desdedezembro passado e, ainda, que agreve fora deflagrada no dia 3 demaio deste ano.

Essa artimanha, que tem aintenção de inflamar os ânimos dosconcursados contra seus colegasgrevistas, desvendou-se quando amesma autoridade anunciou que aimplantação de Gratificação porDedicação Exclusiva (GDE) seriacondicionada à disponibilidade derecursos para tal, sinalizando apossibilidade da suspensão dassolicitações e, desconfiamos, aproibição da oferta de vagas com areferida gratificação em concursosvindouros – se houverem!

Fosse sincera a seriedadeesboçada no rosto secretarial, teriaa autoridade confessado que ogoverno do Ceará se antecipa ao PL257/16 e à PEC 241/16, imputandoa responsabilidade da “crise fiscaldo Estado” – este mantra quejustifica cortes de toda natureza nasverbas das políticas sociais, menosnas renúncias fiscais para o capitale nos salários dos togados e dosparlamentares – sobre os serviços eos servidores públicos. Fosse umpouquinho mais descolado teria ditoque os cortes orçamentários sefazem em função da geração desuperávit fiscal que garanta acontinuidade do pagamento dejuros, amortizações e rolagem dadívida pública, que nunca foiauditada, e consome cerca de 45%de todo o orçamento da União.

Tem direito o secretário derepresentar tão bem os interessesde minorias privilegiadas quedominam o Estado do Ceará –mesmo que exceda, aqui e ali, nainsinceridade ou na cara de pau!Mas não são seus o direito nem aprerrogativa de iniciar ou por fim aomovimento grevista de umacategoria feita de homens emulheres honestos, trabalhadores,que com seus esforços contribuemdecisivamente para a disseminaçãoe elevação da cultura e doconhecimento científico do povocearense.

E em caso de se prevalecerem dafunção de comando para vilipendiaras condições de vida dos servidores– como no caso em lide, impondorestrições salariais que significarãoa inadimplência nas contas (escolados filhos, planos de saúde,moradia) e até no sagrado direito decomer e beber – que osprejudicados exerçam seu jussperniandis e reajam com vigor, poisé disto que é feita a cidadania.

Que a arrogância e aintransigência dosgovernantes e osdiscursos vazios e servisdas magnificências sejamcombatidos à altura: QUEA GREVE CONTINUE! ATÉA VITÓRIA!

TRIUNFO DA GRANDEGREVE DOS

MUNICIPÁRIOS DEFLORIANÓPOLIS

Alfeu Bittencourt Goulart Tribuna Classista e

delegado do Conselho do Sintrasem

Os servidores municipais deFlorianópolis acabaram ocupando ogabinete do prefeito, o que levou aeste a pedir à Câmara de Vereadoresque o Projeto Lei nº 1560 fossearquivado. Assim terminou a grevepor tempo indeterminado contra oPrefeito César Souza (PSD) que seestendeu por onze dias compiquetes, assembleias e marchasmassivas. Um dia antes aconteceuuma grande mobilização em frente àCâmara de Vereadores, sob umachuva torrencial, em uma clarademonstração da vontade de lutaexistente para que se investigue oroubo dos fundos públicos (operaçãoAve de Rapina).

O projeto pretendia aprovar a fusãodos fundos de pensão e financeirosem uma operação de privatização

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destinada a cobrir o déficit dequatrocentos milhões de reaisacumulados pelo executivo. Em umagreve anterior realizada em março,os trabalhadores que realizarampiquetes e manifestações foramameaçados com processos policiais-judiciais. Agora, da mesma maneiraque aconteceu naquela ocasião, ostrabalhadores da educação,vigilância sanitária, construção, etc.aderiram massivamente à greve.

A retirada do Projeto privatizadorfez com que todas as forças políticasrepresentadas no comando de greveavaliassem isso como um triunfo edecidissem acabar a greve. OTribuna Classista considerava queestavam dadas as condições paraimpor outras reivindicaçõespendentes na pauta: pagamento dosdias da greve de março aoscontratados que se mobilizaram nosatos, etc. Mas ficamos em minoriafrente ao resto dos agrupamentos.Ainda que houvesse umainsatisfação em setores da base dacategoria, porque naquelaoportunidade, depois de 20 dias degreve, o prefeito não cumpriu váriaspromessas.

O Tribuna Classista propôs quepodíamos recuperá-las agora,continuando a luta. Por outro lado, oSecretário da Saúde ameaçou aostrabalhadores e se negou a pagar ashoras extras devidas, etc. De fato, oprefeito César Souza leva adiante osplanos de ajuste iniciados pelogoverno de Dilma e agoracontinuados pelo golpe de Temer quequer aprofundá-los para que sejamos trabalhadores que paguem abancarrota capitalista.

Como se propôs e se aprovou noCongresso da categoria realizadorecentemente: pela escala móvel desalários e horas de trabalho, ocontrole operário da produção, anacionalização sem indenização dosbancos e dos monopólios de todaempresa que feche suas portas,abertura dos livros dos monopólioscapitalistas, reforma agrária sobcontrole dos trabalhadores, nãopagamento da dívida externa einterna.

Organizar a Greve Geral é apalavra de ordem que guia nossaluta.

OLHO CULTURAL

Rosana de MoraisArtista visual e representante discente PPG

ARTES - IA/UNESP

Em 1938 no México, Leon Trotski eAndré Breton redigiram o manifestoPor Uma Arte IndependenteRevolucionária.

Encontro emblemático davanguarda política com a vanguardaartística da época, ainda hojedecorridos quase oitenta anos, omanifesto possui o vigor da lutacontra a alienação capitalista e suarelação fetichista com a produçãoartística e intelectual.

O texto final, dividido em 16 tópicos,abarca reflexões pertinentes acercado papel do artista na sociedade,sendo também um recorte político ecrítico da época contra o stanilismo,nazismo e fascismo. E assim, omanifesto unifica a visão marxista etrotskista sobre arte com os princípiosdo surrealismo.

Nos baseamos na publicaçãobrasileira, Por Uma ArteIndependente Revolucionária daEditora Paz e Terra, 1985. A qualtambém possui textos e estudoscríticos de intelectuais brasileiros,como: Mário de Andrade, PatríciaGalvão (PAGU), Mário Pedrosa, LívioXavier entre outros. Vale conferir!

A seguir, reproduzimos trechos domanifesto:

. 4

(...) A arte verdadeira, a que não secontenta com variações sobremodelos prontos, mas se esforça pordar expressão às necessidadesinteriores do homem e dahumanidade de hoje, tem que serrevolucionária, tem que aspirar a umareconstrução completa e radical dasociedade, mesmo que fosse apenaspara libertar a criação intelectual dascadeias que a bloqueiam e permitir atoda humanidade elevar-se a alturasque só os gênios isolados atingiramno passado. (...)

. 6

(...) A oposição artística é hoje umadas forças que podem com eficáciacontribuir para o descrédito e ruínados regimes que destroem, aomesmo tempo, o direito da classeexplorada de aspirar a um mundomelhor e todo sentimento dagrandeza e mesmo da dignidadehumana.

. 9

(...) Àqueles que nos pressionarem,hoje ou amanhã, para consentir que aarte seja submetida a uma disciplinaque consideramos radicalmenteincompatível com seus meios,opomos uma recusa inapelável enossa vontade de nos apegarmos àfórmula: toda licença em arte.

. 11

(...) nós temos um conceito muitoelevado da função da arte para negarsua influência sobre o destino dasociedade. Consideramos que atarefa suprema da arte em nossaépoca é participar consciente eativamente da preparação darevolução. (...)

. 16

(...) O que queremos:

a independência da arte – para arevolução

a revolução – para liberação definitivada arte.

TRIBUNA CLASSISTA

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