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Porquê e Como elaborar um Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil em um Canteiro de Obra Denise Chaves Ros Patrícia Mazoni

Elaborando Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção

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Porquê e Como elaborar um Projeto

de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil em um Canteiro de Obra

Denise Chaves RosPatrícia Mazoni

Porquê e Como elaborar um Projeto de Gerenciamento

de Resíduos da Construção Civil em um Canteiro de Obra

Porquê e Como elaborar um Projeto de Gerenciamento

de Resíduos da Construção Civil em um Canteiro de Obra

Denise Chaves RosPatrícia Mazoni

1ª Edição

Apoio e parceria

Realização

Comissão de Meio Ambiente

Porquê e Como elaborar o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil,Brasília-DF,2006.

Instituição Responsável: Eco-Atitude ações ambientais ( www.ecoatitude.org)Instituições Parceiras: Sinduscon DF / Comissão de Meio Ambiente e Fibra-DF

Autoras:Denise Chaves RosPatrícia Mazoni

Revisores:Dario ClementinoMarco Aurélio Branco GonçalvesRbucar

Colaboradores:Marco Aurélio Branco GonçalvesDavid JussierPaulo Celso dos Reis Gomes

Editoração: Rbucar

1ª Edição

Este material representa uma iniciativa da Comissão do Meio Ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal – CMA/Sinduscon-DF e objetiva refletir sobre o papel e os impactos da Indústria da Construção Civil – ICC, enquanto um segmento reconhecidamente importante, no desenvolvimento social e econômico, bem como orientar sobre práticas ambientalmente viáveis e sustentáveis, nos canteiros de obra do DF. Esse importante setor da economia local é, sem dúvida, um grande apoiador para o desenvolvimento de nossa sociedade, mas, é também responsável por impactos ambientais, tanto pelo uso excessivo de recursos naturais finitos, como ainda pelo enorme volume de resíduos gerados.

Assim, a grande pergunta orientadora desse material é:

Como atuar de maneira que a prática da construção civil possa, ao mesmo tempo, atender às crescentes demandas de desenvolvimento econômico e social do país, mas que também, e sobretudo, possa ser vista como “parceira” das questões ambientais? Para construção desse material, foi utilizado o formato “Caderno de Aprendizagem”, que apresenta, como estratégia de estudo, duas características fundamentais: • Reflexão, por meio de questionamentos

que irão conduzir o leitor a uma análise crítica e contextualizadora a cerca do segmento, do ponto de vista econômico, social e ambiental.• Orientação, que permitirá subsidiar práticas mais efetivas de gestão ambiental, nas empresas do DF, por meio de diversos recursos didáticos.

O Caderno de Aprendizagem está estruturado em dois módulos que possuem focos complementares.No Módulo I, são apresentados conteúdos que auxiliam o entendimento sobre a questão foco a ser tratada: gestão de resíduos da construção civil.

São abordados dois temas principais:• A construção civil do ponto de vista econômico, social e ambiental.• Por que refletir sobre a questão dos Resíduos da Construção Civil - RCC? Os aspectos legais e os impactos gerados.

O objetivo do módulo é reunir informações que permitam uma reflexão que traga argumentos e justificativas para a necessidade da mudança de comportamento do segmento, no que diz respeito à responsabilidade sócio-ambiental das empresas, e que só será consolidada por meio de práticas conscientes e efetivas.O Módulo II dedica-se às informações que objetivam subsidiar a elaboração de um Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC, apresentando exemplos de estratégias metodológicas, bem como as ferramentas necessárias para planejamento, implantação e monitoramento das ações planejadas, que atenderão às necessidades específicas de cada realidade empresarial.Enquanto recurso de reflexão e orientação, este Caderno de Aprendizagem está voltado para todos aqueles que queiram construir respostas que conduzam a uma prática profissional mais consciente.

Índice

Módulo I: Contextualização Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1- A construção civil do ponto de vista econômico, social e ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71.1- Do ponto de vista econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71.2- Do ponto de vista social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81.3- Do ponto de vista ambiental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81.4- Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2- Porquê refletir sobre a questão dos resíduos da construção civil? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.1- Aspectos legais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.1.1- Políticas Públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.1.2- Normas Técnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.2- Os impactos dos resíduos da construção civil nos ambientes urbanos e naturais. . . . . 142.3- Experiência Piloto em Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil . . . . . . . . . . . . 162.4- Experiências Brasileiras em Reciclagem de Entulho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.5- A Responsabilidade Sócio-ambiental das Empresas da Construção Civil . . . . . . . . . . . . 272.6- Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Módulo II - Planejamento e Gestão do PGRCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311- Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312- Princípios de Sustentabilidade do PGRCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.1- Princípios da Teoria da Complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312.2- Princípios da Sustentabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.2.1- Sustentabilidade Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.2.2- Sustentabilidade Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.2.3- Sustentabilidade Ecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.2.4- Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342.3- Princípios da Visão Sistêmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.3.1- Visão Sistemática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.3.2- Visão Sistêmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362.4- Princípios da Educação como Instrumento de Gestão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.4.1- Ambiente de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.4.2- Dimensões da Aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.4.3- O Papel do Educador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3- Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC . . . . . . . . . . . . . . . . 383.1- Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383.2- Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3.2.1- 1ª Fase: Planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Planilha de gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Planilha de controle da destinação final dos resíduos da construção civil . . . . . . . . . . . . 44

3.2.2- 2ª Fase: Capacitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3.2.3- 3ª Fase: Implantação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.2.4- 4ª Fase: Monitoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Sugestão de Plano de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

1- A CONSTRUÇÃO CIVIL DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL

Toda atividade econômica, seja de pequeno, médio ou grande porte, precisa ser analisada por um tripé de sustentabilidade: a economia, a sociedade e o meio ambiente. Essa é uma expressão que indica que, se um de seus eixos não estiver sendo considerado, tanto em seu planejamento quanto em sua prática, pode gerar um cenário deficiente e insustentável. A partir dessa visão, surge um conceito, atualmente muito debatido,

e também foco dessa discussão: o desenvolvimento sustentável, que, para esse material, deverá ser visto como um processo que necessita considerar as facetas econômicas, sociais e ambientais de todo e qualquer sistema produtivo.

Mais adiante, no Módulo II, essas reflexões também serão discutidas tendo, como referência, o olhar sistêmico tão necessário para consolidar práticas de fato sustentáveis.

Inserir desenho incompleto da trama de uma rede

Para compreender essa visão, convidamos o leitor a imaginar a trama de uma rede que, em sua estrutura, contém diversos desenhos que proporcionam a sua sustentação! (conforme esquema ao lado)

1.1- Do ponto de vista econômico Pensar a construção civil, do ponto de vista econômico, é reconhecer e validar que este é de fato um segmento que representa força na economia nacional e, por isso, deve ser, cada vez mais, alvo de políticas públicas eficientes e de pesquisas em tecnologias, que garantam a sua sustentabilidade. Abaixo, seguem alguns dados expressivos que traduzem a importância da ICC na economia brasileira:

O PIB do setor, em 2005, foi de R$ 126,2 bilhões*.Em 2005, o setor cresceu 1,3% e participou com 7,3% do PIB nacional.Entre 1991-2004, a construção civil cresceu a uma taxa média de 0,9% ao ano.Em 2004, a produtividade do setor (valor adicionado / pessoal ocupado) foi de R$ 28.266, contra R$ 22.418 da economia brasileira.A construção civil, como um todo, paga 26,64% do seu VAB em tributos.Existem 118.993 empresas de construção civil, no país, responsáveis pela ocupação formal de 1.462.589 trabalhadores.Cerca de 73% destas empresas estão nos segmentos de edificações e obras de engenharia civil.As transações formais do setor são equivalentes a R$ 37,141 bilhões (2,5% do VAB brasileiro).

(*) Calculado de acordo com a participação

percentual no Valor Adicionado a Preços Básicos

total do país, divulgada pelo IBGE.

Fonte: IPEA, IBGE e FGV-Consult - “Informalidade

na Construção Civil” - Conjuntura da Construção,

Ano 3, N. 3, setembro de 2005.

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Trama de uma rede

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Vários outros dados e indicadores econômicos poderiam ilustrar a importância do segmento na economia, porém, o convite ao leitor agora é que possa começar a “tecer a rede da construção civil” inserindo seus primeiros desenhos.

1.2- Do ponto de vista socialPensar a construção civil, do ponto de vista social, é perceber a sua participação e contribuição na vida das pessoas, como fonte de geração de renda por meio do trabalho e emprego, tanto na fase de produção dos insumos e matérias-primas como nas próprias construções.

Dados apresentados, na Folha de S. Paulo, de 26/06/2006, referentes à construção civil brasileira:

Gerou 15,5 mil novas vagas de trabalhos formais, em abril/2006, o que representa um crescimento de 1,1% no nível de emprego do setor em relação a março.No acumulado dos primeiros quatro meses do ano de 2006, foram criados 58,4 mil empregos, um aumento de 4,2% sobre igual período de 2005.Ao final de abril, a construção civil brasileira contava com 1,454 milhão de trabalhadores formais, a maior parte deles, 1,155 milhão, ocupada no segmento de obras, e o restante, no de serviços.

Outras abordagens também precisam ser vistas dentro do aspecto social, e não apenas enquanto fonte de emprego e de trabalho, tais como:

as condições de saúde e segurança dos trabalhadores;os investimentos contínuos em qualifi-cação da mão-de-obra;a disponibilidade de locais adequados,

nos canteiros de obras, para alojar seus funcionários; a garantia dos direitos trabalhistas.

Inserir desenho um pouco mais completo da trama da rede

Continuando o exercício anterior, outro desenho aparece na trama, fortalecendo a sua rede!

1.3- Do ponto de vista ambientalPensar a construção civil do ponto de vista ambiental é refletir sobre as fontes de onde originam todos os insumos e materiais que compõem uma obra; lembrando que esses recursos são finitos, e pensando para onde vão as grandes quantidades de resíduos dos processos construtivos.

Para tratar desse assunto, convidamos o leitor a refletir sobre as seguintes questões:

De onde vêm os recursos naturais que são utilizados na construção civil?Existe renovação desses recursos?Será que o tempo natural para reposição dos mesmos é suficiente para suprir as demandas das próximas gerações?Para onde vão os resíduos que são gerados em meu ambiente de trabalho?

••

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Alguns dados importantes podem ajudar na sua reflexão:

A construção civil é considerada o maior consumidor de recursos naturais: consome entre 15 e 50 % dos recursos naturais extraídos.O consumo de agregados naturais varia entre 1 e 8 toneladas/habitante/ ano. No Brasil, o consumo de agregados naturais, somente na produção de concreto e argamassas, é de 220 milhões de toneladas. A construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída, e a maioria das florestas não é manejada adequadamente. Algumas matérias-primas tradicionais da construção civil têm reservas mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, têm reservas suficientes apenas para 60 anos. Quanto à geração de poluição do ar, além de extrair recursos naturais, a produção

de materiais de construção também gera poluição: poeira, CO2. O processo produtivo do cimento necessariamente gera CO2, gás causador do efeito estufa. Para cada tonelada de clinquer produzido, mais de 600 kg de CO2 são gerados. O crescimento da produção mundial do cimento faz com que a participação do cimento, no CO2 total gerado, tenha mais que dobrado no período 30 anos (1950 e 1980). Outros materiais usados em grande escala têm problemas similares. O volume de entulho de construção e demolição gerado é até duas vezes maior que o volume de resíduos sólidos domésticos. Em São Paulo, o volume de entulho gerado é de 12.500 m3 por dia. Outros dados são apresentados nos itens adiante.

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Pensar nas questões ambientais não deve ser um exercício apenas para os ambientalistas, pois, todos usam recursos naturais e geram resíduos!Agora, é possível inserir outro desenho na trama e perceber que a rede está mais resistente e sustentável!

Curiosidades Importantes sobre o Entulho

Apesar de causar tantos problemas, o entulho deve ser visto como fonte de materiais de grande utilidade para a construção civil. Seu destino mais tradicional - em aterros - nem sempre é o mais racional, pois ele ocupa um espaço nobre que deveria estar sendo preenchido por resíduos domésticos, contribuindo desta forma para o esgotamento prematuro dos aterros sanitários. Além disso, grande parte dos resíduos gerados em obras de construção civil apresentam características físico-químicas que possibilitam substituir os materiais normalmente extraídos de jazidas, possibilitando seu uso, como insumo, com qualidade comparável aos materiais tradicionais. Inclusive, atualmente já existem Normas Técnicas da ABNT que definem os padrões técnicos que garantem confiabilidade ao uso de materiais reciclados nas obras. Desta forma, é possível produzir agregados reciclados – areia, brita e bica corrida para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos e uso em argamassas e concreto. Da mesma maneira, pode-se produzir componentes pré-fabricados - blocos,

briquetes, tubos para drenagem, placas. Para todas estas aplicações, é possível obter similaridade de desempenho em relação aos produtos confeccionados com as matérias-primas convencionais, com custos muito competitivos. De qualquer forma, deve ser sempre observado se existe compatibilidade entre as aplicações dos componentes a serem produzidos e a qualidade dos materiais reciclados a serem utilizados em sua composição. A produção de componentes deve considerar a necessidade de cuidados especiais para que a composição do entulho não prejudique o produto final. Além disso, o controle da composição do material é indispensável.Os benefícios são conseguidos não só por se diminuir a deposição em locais inadequados (e suas conseqüências indesejáveis já apresentadas), como também por minimizar a necessidade de extração de matéria-prima em jazidas, o que nem sempre é adequadamente fiscalizado. Reduz-se, ainda, a necessidade de destinação de áreas públicas para a deposição dos resíduos.

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1.4- Conclusão Foram abordados, brevemente, os 3 eixos de sustentação, que avaliados individualmente, percebe-se que um estão intimamente ligados ao outro, ou seja:

não basta gerar renda ao empregado e não respeitar a sua integridade física;não basta utilizar toda a capacidade de suporte de uma jazida de ferro e não prever as demandas das gerações futuras;não basta pagar para remover os resíduos que são gerados no canteiro, sem se responsabilizar e se comprometer com sua destinação adequada.

Várias outras combinações podem ser feitas, mas a finalidade é compreender que, quanto mais se perceber que um sistema construtivo é complexo e sistêmico, mais forte, durável e consolidado ele será!

Na verdade, todos os questionamentos até então apresentados serviram para contextualizar as soluções aqui propostas, e também para auxiliar a compreensão de que essas soluções precisam pensar a construção civil em suas dimensões sociais, econômicas e ambientais, de forma integrada.

2- POR QUE REFLETIR SOBRE A QUESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL?

Esse questionamento será respondido sob alguns pontos de análise:2.1- Aspectos legais. 2.2- Os impactos dos Resíduos de Cons-trução e Demolição (RCD) nos ambientes urbanos e naturais.2.3- Experiência Piloto em Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

2.4- Experiências em Reciclagem de Entulho. 2.5- Responsabilidade Sócio-ambiental das Empresas.

2.1- Aspectos legais Outra questão de fundamental importância para essa discussão diz respeito aos aspectos legais que orientam e também exigem uma mudança de comportamento dos atores da Indústria da Construção Civil.

Há um conjunto de leis, políticas públicas, além de normas técnicas, que balizam a gestão dos RCD e que contribuem com essa mudança de cultura no segmento.

2.1.1- Políticas Públicas

a) Resolução CONAMA 307 (5 de julho de 2002)

A Resolução define, classifica e estabelece as possíveis destinações para os Resíduos de Construção e Demolição (RCD), além de atribuir responsabilidades para o poder público municipal e distrital e, também, para os geradores de resíduos, no que se refere à sua destinação.

Ao disciplinar a gestão dos RCD, a Resolução CONAMA Nº307 leva em consideração as definições da Lei de Crimes Ambientais, de fevereiro de 1998, que prevê penalidades para a disposição final de resíduos em desacordo com a legislação. Essa resolução exige do poder público municipal a elaboração de leis, decretos, portarias e outros instrumentos legais como parte da construção da política pública que discipline a destinação dos resíduos da construção civil.

Curiosidades Importantes

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No Estado de São Paulo, em outubro de 2002, foi editada a Resolução SMA nº 41, que busca disciplinar a destinação dos resíduos, em todo o Estado, com estabelecimento de prazos para a adequação das áreas de bota-fora existentes. Esses locais devem ser transformados em áreas de aterro para resíduos de construção e inertes, com condições específicas de operação previstas nas normas técnicas já existentes. Desse modo, foram integrados às atividades do órgão de controle ambiental estadual (CETESB) o licenciamento e a fiscalização das áreas utilizadas como aterro para os resíduos de construção e demolição.

Definição e PrincípiosDefinição: resíduos da construção de demolição são os provenientes de construção, demolição, reformas, reparos e preparação e escavação de solo.Princípios:- Priorizar a não geração de resíduos e proibir disposição final em locais inadequados, como aterros sanitários (para lixo doméstico), bota-foras, lotes vagos, corpos d’água, encostas e áreas protegidas por lei. - Poluidor pagador: cada gerador é responsável por seus resíduos.

Classificação e Destinação dos Resíduos

Classe A: sobras de alvenaria, concreto, argamassa e solos. Destinação: reutilização ou reciclagem com uso na forma de agregados, além da

disposição final em aterros específicos e licenciados.Classe B: sobras de madeira, metal, plásticos em geral e papel. Destinação: reutilização, reciclagem ou encaminhamento para áreas de armazenamento temporário.Classe C: produtos sem tecnologia disponível para sua recuperação (gesso, por exemplo). Destinação: conforme norma técnica específica. Classe D: resíduos perigosos (tintas, solventes, óleos etc.), conforme NBR 10004:2004 (Resíduos Sólidos – Classificação). Destinação: conforme norma técnica específica.

“Quanto aos materiais não incorporados à obra final, como peças de madeira de andaimes, tapumes, etc., deverá ser incentivado seu reuso através de centrais de empréstimo ou reaproveitamento”. (GRIMBERG e BLAUTH)

ResponsabilidadesMunicípios: elaborar o Plano Integrado de Gerenciamento, que incorpore:- implantação do Programa Municipal de Gerenciamento (para disciplinar os geradores e transportadores de pequenos volumes);- apresentação dos Projetos de Gerenciamento, em obra, para aprovação dos empreendimentos das construtoras (geradores de grandes volumes).Grandes Geradores: elaboração dos Projetos de Gerenciamento em obra (caracterizando os resíduos e indicando procedimentos de triagem, acondicionamento, transporte e destinação).

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I - Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos.II - Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas na caracterização.III - Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos, após a geração, até a etapa de transporte, assegurando, em todos os casos em que seja possível, a condição de reutilização e de reciclagem.IV - Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos.

PrazosPlano Integrado e Programa Municipal: deveriam estar elaborados até janeiro de 2004, e implementados até julho de 2004.Projetos de Gerenciamento: deveriam ser apresentados e implementados a partir de janeiro de 2005.

b) PBPQH – Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do Habitat

O sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras prevê, em seu escopo, a necessidade da “consideração dos impactos, no meio ambiente, dos resíduos sólidos e líquidos produzidos pela obra (entulho, esgotos e águas servidas), e a definição de um destino adequado para os mesmos”, como condição para a qualificação das construtoras no nível “A”.A falta de observância desses requisitos poderá resultar na restrição ao crédito oferecido por instituições financeiras que

exigem tal qualificação, como critério de seleção para seus tomadores de recursos.

c) Lei Federal nº 9605, dos Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998

2.1.2- Normas Técnicas (ABNT)As normas técnicas, integradas às políticas públicas, representam importante instrumento para a viabilização do exercício da responsabilidade para os agentes públicos e os gestores de resíduos. Para viabilizar o manejo correto dos resíduos, em áreas específicas, foram preparadas as seguintes normas técnicas:

NBR 15112/2004 - Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Área de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operaçãoPossibilitam o recebimento de resíduos para posterior triagem e valorização. Tem importante papel na logística de destinação dos resíduos e poderão, se licenciados para tal, processar resíduos para valorização e aproveitamento.

NBR 15113/2004 - Resíduos da Construção Civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operaçãoSolução adequada para disposição dos Resíduos Classe A, de acordo com a Resolução CONAMA 307, considerando critérios para reservação dos materiais para uso futuro ou disposição adequada ao aproveitamento posterior da área.

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NBR 15114/2004 - Resíduos da Construção Civil - Áreas de Reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operaçãoPossibilita a transformação dos resíduos da construção civil Classe A, em agregados reciclados destinados à reinserção na atividade da construção.

O exercício das responsabilidades pelo conjunto de agentes envolvidos na geração, destinação, fiscalização e controle institucional sobre os geradores e transportadores de resíduos está relacionado à possibilidade da triagem e valorização dos resíduos que, por sua vez, será viável, na medida em que haja especificação técnica para o uso de agregados reciclados pela atividade da construção. As normas técnicas que estabelecem as condições para o uso destes agregados são as seguintes:

NBR 15115/2004 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil - Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos

NBR 15116/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil - Utilização em pavimentação de concreto sem função estrutural – Requisitos

2.2- Os impactos dos resíduos da construção civil, nos ambientes urbanos e naturaisComo citado anteriormente, a ICC ainda é vista como grande vilã do ponto de vista ambiental, tanto pelo grande uso de recursos naturais quanto pela enorme geração de resíduos.

Diagnóstico do segmento apontam os quantitativos de geração de resíduos em algumas cidades brasileiras, conforme tabela abaixo. Tabela 1 – Estimativa da geração de resíduos sólidos da construção e demolição em diferentes cidades do Brasil, para o ano base de 1997. (PINTO, 1999: 55).

Já em recente pesquisa realizada por (ROCHA & SPOSTO, 2005: 9), foi apontada

Município Quantidade de resíduos (Ton/dia)

Santo André 1.013

São José do Rio Preto

687

São José dos Campos

733

Ribeirão Preto 1.043

Jundiaí 712

Vitória da conquista

310

Brasília 4.000

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Característica dos impactos ambientais causados pelas atividades

Ocupação de terras

Extração de matéria-prima

Transporte

Processo construtivo

Geração/ disposição

de RCC

O produto em si

Tabela 2: Método de análise baseado em Jassen, Nijkamp e Voogd,1984.

Classes de Atividades

Solo e lençol freático

Água Ar Plantas Animais Paisagem Barulho Clima

a geração de cerca de 5.500 ton/dia de resíduos sólidos de construção e demolição, no Distrito Federal, demonstrando um aumento em mais de 30% na geração de resíduos, em 6 anos. Ainda, em amostras coletadas em 14

canteiros de obras de Brasília, constatou-se a ocorrência de 85% de resíduos recicláveis (30% de classe A e 55% de classe B). A tabela abaixo apresenta algumas informações, fazendo uma relação entre as atividades da ICC e os impactos ambientais gerados.

Conforme a tabela acima, a geração e disposição de resíduos da construção civil é a atividade que se destaca em termos de impactos ambientais, que também devem ser vistos enquanto problemas sociais e

econômicos, dentre eles:esgotamento prematuro das áreas de disposição final de resíduos urbanos (aterros sanitários/lixões), já que o entulho de obras ocupa um grande volume nestes locais;

obstrução de elementos de drenagem urbana de água, provocando riscos de enchentes;assoreamento, obstrução e poluição de rios, córregos e outros mananciais;poluição visual das cidades, já que parte desse material é depositada em áreas clandestinas, geralmente próximo às rodovias, dentro do perímetro urbano; contribuição para a proliferação de espécies indesejáveis como ratos, baratas e insetos, que podem atuar como vetores de doenças;

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custos adicionais para o governo, com limpeza em geral, que deixa de aplicar os recursos em outras áreas prioritárias, etc.;esgotamento prematuro de fontes de matérias-primas não-renováveis e que poderiam ser substituídas por agregados reciclados (como, por exemplo, cascalho de rio, brita, areia, etc.).

Nesse sentido, destacam-se duas questões que deverão ser avaliadas, debatidas e solucionadas de forma compartilhada – governo, sociedade civil e iniciativa privada:

a alta geração de resíduos que deverá ser alvo de políticas públicas e de programas específicos de redução de desperdícios;o gerenciamento inadequado do RCD.

2.3- Experiência Piloto em Gerenciamento de Resíduos da Construção CivilQuanto às duas questões colocadas anteriormente, e mais especificamente em relação à segunda, reside o foco desse trabalho, que é verificar as possibilidades de uma prática mais adequada nos canteiros de obras. Para demonstrar a viabilidade em gerenciamento de resíduos, será apresentada, a seguir, uma experiência piloto no DF, destacando que iniciativas nesse sentido já vêm sendo realizadas, e que podem e devem orientar novas práticas em Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Programa Entulho Limpo: Uma experiência piloto de educação ambiental em canteiro de obras do DF (2003)

ApresentaçãoEsta experiência foi fruto de uma parceria entre a ECO Atitude – ações ambientais, o Ministério do Meio Ambiente, a Fundação Avina, o Sebrae/DF, a Novacap, a Universidade de Brasília e o Sinduscon-DF que visou a implantação de ações educacionais junto à Indústria da Construção Civil, subsidiando o desenvolvimento do Programa Entulho Limpo.

Este Programa foi elaborado para atender à demanda da Resolução Conama 307, em 10 canteiros de obras do DF. O critério adotado para a seleção das construtoras participantes foi possuir o certificado nível A do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Habitação), por considerar que as mesmas já possuíam uma preocupação com a sua adequação às diversas demandas de mercado, incluindo aqui a questão do destino adequado dos seus resíduos.

Extração de matéria-prima utilizada na construção.

Grande volume de resíduos gerados.

Poluição visual das cidades.

Esgotamento prematuro dos locais de destinação final.

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Os objetivos do projeto educacional foram:

Implantar o Sistema de Coleta Seletiva de Resíduos da Construção nos canteiros de obras das empresas construtoras selecionadas.Preparar a equipe técnica de cada construtora para elaborar o seu Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC.Preparar os operários da obra para a implementação do PGRCC.Elaborar material didático de apoio às ações da equipe técnica responsável pela disseminação das ações do Projeto aos funcionários que ingressaram na obra, após o término do projeto-piloto.

A metodologia adotada foi dividida em etapas de planejamento, implantação, monitoramento e avaliação, sendo todas realizadas com o grupo de trabalho constituído pela equipe técnica de cada construtora, mediado pela equipe da ECO Atitude – ações ambientais, constituindo-se o princípio metodológico deste Projeto.Para alcançar os objetivos acima definidos, o projeto foi divido em 5 metas descritas, a seguir.

Descrição das Atividades Meta 1: Apresentação do Programa Entulho Limpo e do projeto educacional às diretorias das construtoras.

Meta 2: Sensibilizar e orientar, para os procedimentos operacionais do Programa, a equipe técnica da empresa, composta pelos engenheiros, mestres, encarregados e gerentes da qualidade da obra-piloto.

Meta 3: Sensibilizar e orientar os operários

para os procedimentos operacionais do Programa elaborados, na Meta 2, pela equipe técnica da construtora.

Meta 4: Realização das visitas de monitoramento.

Meta 05: Elaboração do Relatório Final e apresentação dos resultados para cada construtora.

Resultados QualitativosInício de um processo de mudança de hábitos e valores na comunidade atingida pelo Projeto Educacional sobre práticas que estimulem um comportamento mais crítico e sustentável.Reforço da função social da iniciativa privada, compro-metendo-se com a solução dos problemas sócio-ambientais por ela gerados.Contribuição para a melhoria da qualidade dos serviços prestados através da trans-missão de conhecimen-tos técnicos incorporados às práticas e acervos de conhecimentos dos colaboradores da Indústria da Construção atendidos pelo Projeto.Viabilização de tecnologias/ativida-des ambientalmente e socialmente sustentáveis.Geração de um modelo metodológico testado e validado pela experiência, permitindo a sua reprodução em outras empresas do segmento.Conhecimento e adequação à demanda legal da Resolução Conama 307.Diminuição do índice de desperdício, uma vez que os mesmos são mais

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facilmente quantificados por meio da pré-seleção.Melhoria da organização e limpeza do canteiro de obras.Maior aproveitamento do volume de cada caçamba de resíduos.Melhoria do controle de caçambas movimentadas no período.Reaproveitamento do resíduo de madeira por meio da separação.Em função da qualidade satisfatória dos resíduos Classe A encaminhados para a Novacap, a mesma demonstrou interesse em continuar recebendo esta classe de resíduos motivando a continuidade do processo com as construtoras.Aquisição de bens móveis (TV e vídeo) para uso dos operários na própria obra.Incorporação das informações referentes ao PEL nas instruções de trabalho da obra.

Resultados QuantitativosCapacitação de 758 atores diretamente envolvidos na construção civil.Seleção de 227 toneladas de entulho Classe A que foram destinados à NovacapSeleção de 4.887 toneladas de resíduos Classe B, gerando um retorno de R$ 1.857,00 reais; (estes valores referem-se à seleção e venda dos resíduos Classe B de somente 37% das construtoras. As demais optaram pela doação, lixão ou, até o momento do encerramento do projeto, não haviam feito a comercialização). Redução de 12% a 50% dos custos com a destinação final do entulho da obra, representando uma redução de R$1.410,00 por obra durante o período do projeto.62 % das construtoras planejaram a disseminação da experiência para as suas demais obras.

Dificuldades enfrentadas

1. Demora na assinatura do convênio, comprometendo:

a liberação da área para estocagem do resíduo Classe A (Novacap – GDF) e, conseqüentemente, a perda dos resíduos já selecionados, uma vez que os mesmos foram encaminhados para o lixão; a certa desmobilização de alguns atores envolvidos em função deste prazo dilatado, o que afetou os resultados esperados; um maior prazo para a execução do projeto previsto inicialmente, bem como a escassez de recursos (via doação do MMA) para implantação da metodologia.

Estratégias de soluçãoA equipe da Eco Atitude fez um acompanhamento permanente junto às instituições responsáveis pela assinatura do convênio, repassando as informações às construtoras. Prorrogação do prazo de execução do projeto.

2. Falta de comprometimento de alguns engenheiros/construtoras na execução das metas propostas

Estratégia de solução Durante as visitas de monitoramento foram identificados os motivos e encaminhadas as soluções.

3. Falta de comprometimento por parte de algumas empresas transportadoras de entulho na execução do acordo firmado entre os parceiros do PEL

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Estratégia de solução Foi sugerido que as renegociações ocorressem entre as construtoras e as empresas transportadoras de entulho.

4. Falta de profissionalismo, pelo não cumprimento dos prazos para a coleta dos resíduos Classe B, por parte dos agentes responsáveis, neste caso, as cooperativas de coleta e triagem que ainda estão se estruturando (caminhão próprio, galpão, treinamento)

Estratégias de solução Foi feita uma pesquisa pela Eco Atitude entre as cooperativas de coleta e triagem para identificar quais destes agentes estariam interessados em comercializar este “novo” fluxo de resíduos. Esta pesquisa resultou em uma listagem que foi encaminhada às construtoras, criando-se, assim, uma rede de troca de informações entre elas e a Eco Atitude, a respeito dos melhores parceiros.

2.4- Programa Entulho Limpo: uma experiência piloto de educação ambiental em canteiro de obras do DF

Outra questão que também deve ser observada e bem planejada, diz respeito ao que fazer com as enormes quantidades de entulho, tendo em vista o seu potencial de reciclagem. Vale destacar ainda que os programas de gerenciamento de resíduos preconizam a coleta seletiva no canteiro de obras, segregando-os na fonte geradora, de acordo com a classificação da Resolução CONAMA 307, e por isso é necessário planejar soluções criativas e eficientes no que diz respeito ao uso potencial desses resíduos. Assim, nesse item são apresentadas algumas informações

provenientes de experiências nacionais sobre a reciclagem de entulhos, e que poderão orientar eventuais programas nesse sentido.

• SÃO PAULOEstimativas recentes da Prefeitura do Município de São Paulo, Departamento de Limpeza Urbana – LIMPURB, indicam que são gerados 144.000 m3, por mês, de material recolhido por caçambas estacionárias na Cidade de São Paulo. Já as estatísticas não-oficiais sugerem a geração de 326.000 m3 por mês.

O procedimento usual dos munícipes, ao efetuarem uma construção nova, uma reforma ou demolição, é, ao final de uma determinada etapa ou ao fim da obra, dependendo do tamanho da mesma, chamar uma caçamba e depositar todos os rejeitos.

Observa-se, no entanto, que as caçambas recebem toda sorte de rejeitos, desde resíduos de construção propriamente dito até rejeitos de podas e objetos indesejados, como sofás e armários quebrados.

O material recolhido pelas caçambas varia de composição dependendo da região em que estão estacionadas e do tipo de atividade que gerou sua utilização. As caçambas estacionadas na região central da cidade geralmente recebem rejeitos de obras de reforma, demolição e reconstrução, apresentando grande quantidade de restos de argamassas, concretos, tijolos e azulejos. Já as caçambas instaladas na regiões periféricas da cidade recebem grande quantidade de solo de escavação, material proveniente de poda e limpeza de terreno, além de restos de construção de obras novas,

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incluindo materiais de uso mais recente na Construção Civil, como por exemplo o gesso.

A diversidade de materiais recebidos pelas caçambas, além das exigências na recepção no aterro, motivou a organização dos transportadores em associações, com o objetivo de criar estações de classificação e transbordo.

Existem, atualmente, duas associações de transportadores de entulho na Cidade de São Paulo: a associação que congrega as empresas das regiões noroeste e oeste e se situa no bairro da Freguesia do Ó e a associação que congrega as empresas das regiões central e norte e se situa no bairro do Jaçanã.

A associação que se situa no bairro da Freguesia do Ó conta com 30 empresas participantes, todas cadastradas na Prefeitura Municipal de São Paulo, e tem um volume de material coletado de 7.000 m3/mês.

Já a associação que se situa no bairro do Jaçanã congrega 9 empresas cadastradas na Prefeitura Municipal de SP, e trabalha com um volume coletado de 4.800 m3/mês. Neste momento, cerca de 4 aterros de “inertes” privados estão sendo implantados no município, de forma a atender a demanda por novas áreas de destinação final.Nem todo o material coletado pelas caçambas pode ser destinado ao aterro de “inertes”, pois, o mesmo só recebe a descarga do material classificado como classe A, composto de argamassas, tijolos, concretos e solo de escavação.

Assim é que, na prática, as caçambas

não podem descarregar diretamente no aterro, havendo necessidade de classificar e separar o material antes da destinação final. Desta forma, as áreas de transbordo e triagem acabam sendo uma etapa obrigatória para garantir a recepção de resíduos “inertes”. Além disso, o longo trajeto a percorrer e as dificuldades de trânsito, entre as regiões de coleta e a destinação final, produzem um enorme gasto em combustível e manutenção dos caminhões. Ao fazer o transbordo, os resíduos passam a ser transportados em caminhões com capacidade igual a 15 m3, diminuindo as despesas de transporte, uma vez que as caçambas transportam um volume igual a 4 m3.

A criação da Associação dos Trans-portadores de Entulho (SIERESP) visa organizar e atender as empresas coletoras cadastradas, na Prefeitura do Município de São Paulo, de modo a viabilizar a destinação correta do material coletado, nos locais definidos por lei municipal que regulamenta a implantação do PIGRC, no município.

As Áreas de Transbordo e Triagem são empreendimentos privados que têm, como objetivo, a segregação dos resíduos que chegam totalmente misturados, permitindo que somente os resíduos Classe A possam ser encaminhados, para os aterros de “inertes” definidos pela Prefeitura Municipal de São Paulo, bem como o encaminhamento para reciclagem, reaproveitamento e reutilização dos demais materiais presentes no entulho.• LONDRINAEm 1994, foi inaugurada a Central de Moagem de Entulhos, sendo a primeira cidade do Paraná a dar este passo.

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A Central iniciou sua produção com mais de 1.000 tijolos/dia, destinados para a construção de casas populares, e que são produzidos até hoje.

Além do reaproveitamento, os quase 4 mil pontos de despejos de entulho detectados no município, foram praticamente extintos.

A Central chegou a receber cerca de 100 caminhões de entulho por dia, 300 toneladas em média, (das cerca de 400 toneladas produzidas, diariamente, na cidade); 10 a 15% delas foram processadas e viraram brita, e o restante foi reaproveitado em pavimentações diversas, como calçamento de praças e logradouros públicos.

Hoje, esta Central se encontra desativada em função das dificuldades orçamentárias encontradas pelo poder público para manter a grande instalação fixa (com britador e rebritador), que se encontra sucateada, bem como devido às dificuldades de relacionamento com a comunidade vizinha.

• BELO HORIZONTEA Prefeitura de Belo Horizonte, através da Superintendência de Limpeza Urbana – SLU, vem desenvolvendo, desde 1993, um programa com ações voltadas à correção dos problemas ambientais causados pela deposição clandestina de entulho em lotes vagos, junto a córregos, em vilas e favelas e na periferia da cidade.

A experiência iniciou-se com a contratação, em 1993, de uma consultoria especializada para realizar o diagnóstico dos problemas relacionados com o descarte de resíduos

da construção civil e apresentar uma proposta para sua solução.

Sendo a SLU uma autarquia municipal com atuação no Município de Belo Horizonte, o Programa tem abrangência municipal. A capital mineira possui uma área de 335 km2 e, de acordo com o censo de 1996, uma população de 2.091.448 habitantes. Levando-se em conta a população flutuante, a SLU considera nos seus programas e ações uma população de aproximadamente 2.500.000 habitantes.

A opção pela implementação de um manejo diferenciado para essa categoria de resíduos, no meio urbano, partiu da constatação, pelo diagnóstico dos resíduos gerados, de que eles correspondem a, aproximadamente, metade da massa de resíduos coletada diariamente em Belo Horizonte, demandando investimentos específicos para equacionar os problemas ambientais que acarretam, especialmente, quando despejados em locais inadequados. Tais problemas estão relacionados, entre outros, com a obstrução dos sistemas de drenagem urbana (galerias, canais e corpos d’água) e com a formação de abrigos para animais vetores de doenças.Ações específicas no sentido de estruturar, de forma diferenciada, o manejo e a reciclagem de entulho no município, foram iniciadas a partir do estudo contratado pela SLU em 1993, que realizou um diagnóstico da situação do município especificamente em relação aos resíduos de construção. Esse diagnóstico constatou a existência de 134 áreas de deposição clandestina, que abrigavam a coleta diária de cerca de 425 metros cúbicos de material. A partir desse estudo, foi estimada a geração de 2.000 metros cúbicos de

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resíduos de construção ao dia, entre material proveniente de desaterro (1.250 metros cúbicos) e entulho gerado nos processos de construção (750 metros cúbicos).

Parte do material era disposta, adequa-damente, em bota-foras autorizados pela administração municipal e parte era depositada, de forma irregular, pela malha urbana, gerando problemas para o município e custos para sua correção.A partir desse diagnóstico, estruturou-se um programa voltado à instalação de unidades físicas descentralizadas para receber esse material, em pequenas quantidades, para encaminhamento posterior às estações recicladoras. Na dinâmica do trabalho, uma importante vertente é a aproximação do poder público com os agentes transportadores de entulho na cidade, especialmente, os carroceiros. Atividades voltadas à sensibilização e conscientização quanto aos problemas ambientais da disposição clandestina de entulho na cidade, são desenvolvidas permanentemente com esse grupo. Esses agentes são orientados a descartar o entulho somente em locais autorizados, facilitando e barateando o transporte para o aterro sanitário e estações de reciclagem, diminuindo a poluição e a degradação ambiental, bem como a ocorrência de ratos, escorpiões e baratas. Entretanto, já se identifica a necessidade de ampliação dessa atuação, em termos de abrangência do território municipal, buscando também maior integração dos carroceiros entre si, com a SLU e outros órgãos da PBH. Até o presente momento, este Programa de reciclagem de entulho vem sendo totalmente gerido, desde a sua implementação, pelo poder

público municipal. Transcorridos cerca de 13 anos de desenvolvimento deste programa, os índices de reciclagem alcançados ficam abaixo dos 15% do total de RCD gerado. Este baixíssimo resultado pode ser creditado à inexistência de uma regulamentação especifica, à ausência de Normas Técnicas que foram consolidadas somente, a partir de 2004. No entanto, pode-se creditar também este baixo índice de reciclagem, ao longo destes 13 anos, à ausência de uma política de incentivo para a participação do setor privado, enquanto agente reciclador, o que poderia ter viabilizado o desenvolvimento do mercado privado, para beneficiar e comercializar os agregados reciclados em volumes potencialmente muito superiores aos atuais.

• FLORIANÓPOLISEm Florianópolis, a eliminação do entulho em áreas de preservação e/ou impróprias para disposição, de maneira indiscriminada e clandestina, provoca um problema ambiental que necessita de uma solução.

Os serviços de limpeza pública do Município de Florianópolis, são de responsabilidade da COMCAP (Companhia de Melhoramentos da Capital), empresa de economia mista municipal. A COMCAP é responsável pelo recolhimento de cerca de 3% do entulho gerado na cidade. O restante é coletado pelas empresas de coleta informal (privada) ou por carreteiros.

O entulho coletado pelas empresas da coleta informal é eliminado, em um aterro, no município vizinho (São José), ou ainda, em áreas impróprias para tal, bem como

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utilizado para regularizar terrenos particulares a pedido dos proprietários.

De acordo com o que já foi pesquisado até o momento, a Provável Geração Total de Entulho de Florianópolis é cerca de 636,12 (t/dia).

No Município de Florianópolis, existem dezessete empresas atuando, na atividade da coleta informal (privada), conhecidas como “tele-papa-entulhos”, sendo nove localizadas em São José (município vizinho) e oito, em Florianópolis. A quantidade de entulho recolhido varia muito de uma empresa para outra, dependendo do número de contêineres e caminhões que cada uma possui. Estas empresas estão coletando cerca de 17.000 m3/mês (784,61 t/dia) de entulho, no Município de Florianópolis.

O preço cobrado por estas empresas é de acordo com a distância, variando de R$ 30 (trinta) a R$ 35 (trinta e cinco reais) o contêiner (dimensões de 4,5 a 6 metros cúbicos).

A partir de questionários enviados a estas empresas, pudemos quantificar o volume de entulho coletado pelas mesmas no Município de Florianópolis.

Recentemente, o serviço de limpeza pública operacionalizou um aterro para recebimento de “inertes” e material de poda e varrição de ruas, para atender o município. Neste aterro, são dispostos somente os materiais (entulho, poda e varrição) recolhidos pela COMCAP e aqueles encaminhados voluntariamente pela comunidade. Para operacionalização, foi licenciada uma área de 48.000 m2, com capacidade para

receber 279.000 m3 de entulho.

Todo material recolhido (entulho e varrição) que entra no aterro é pesado, para maior controle do processo, e o restante estimado em função do veículo transportador.

De abril a julho/2000, foram depositadas, no aterro, 4.781,83 toneladas do material. O aterro de “inertes” recebe, em média, 438,33 m3/mês (526 t/mês ou 20,23 t/dia) de entulho.

A composição do entulho inspecionado em obras de Florianópolis é:1. 23% de solo, galhos de árvores e lixo;2. 28% de papel, plástico, lata, aço, madeira e 3. 49% de entulho reciclável para construção (material cerâmico e cimentício).

• CEARÁA Cidade de Fortaleza, conhecida como terra da luz e de belas praias, não é diferente das outras cidades brasileiras na organização e planejamento dos resíduos sólidos. A cidade possui grandes problemas relacionados à disposição e destinação clandestina dos resíduos sólidos da construção e demolição originários dos canteiros de obras das construtoras que atuam na capital. Apesar disto, a cadeia produtiva da construção civil vem desde 1997 se empenhando e se articulando em prol do desenvolvimento de ações conjuntas para aperfeiçoar o PGRCC (Projeto de Gerenciamento de Resíduo da Construção Civil) e também na criação de novas áreas de transbordo e triagem de entulho, pois atualmente, a cidade gera em torno de 30 % desse tipo resíduo. No intuito de fazer cumprir a resolução 307 e o PGRCC, a Semam (Secretaria

Municipal do Meio Ambiente) criou um grupo de trabalho com a participação do Sinduscon-Ce, Usina de Reciclagem de Fortaleza (Usifort), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental do Ceará (Abes-CE), Ministério Público e Senai, dando inicio à sensibilização do setor para o enfretamento das questões ambientais.

O trabalho do grupo resultou em medidas e ações que contribuíram para a segregação de resíduos nos canteiros de obras, e foi referência no ENIC 2006 (Encontro Nacional da Indústria da Construção). Dentre as principais ações:

- a Semam estabeleceu diretrizes para a elaboração de projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil com formulários, declarações de destinos, cadastros dos coletores e geradores. Além destas ações, a Seman se estabeleceu definitivamente como órgão público fiscalizador; - ao mesmo tempo, as construtoras iniciaram também o trabalho de descrição da rotina de triagem, armazenagem e transporte dos resíduos no canteiro de obras e, a cada 30 dias, os responsáveis técnicos pelas construções, apresentam um relatório técnico descrevendo a quantidade de resíduos gerados e a sua caracterização.

A partir da implementação destas medidas, e de apresentação de um formulário descrevendo o PGRCC, as empresas poderiam receber o alvará de construção. Através deste acompanhamento racional e educativo da geração e destinação dos resíduos, a Semam espera realizar parcerias com os empresários da construção civil para incentivar a implantação do PGRCC, sendo assim, base e indicador para o Programa

Brasileiro de Qualidade (PBQP-H).

Como medida educadora, o Senai presta serviço de consultoria, com apoio da Usifort e do Sinduscon-Ce, para a implantação de um sistema de separação dos resíduos e ainda incentiva as construtoras a prestarem conta dos resíduos gerados nos canteiros de obra. Esse incentivo se dá através da aplicação de práticas de gerenciamento de resíduos sólidos, sensibilização, treinamentos e estabelecimento de procedimentos para triagem, acondicionamento, transporte e destinação final dos resíduos.

A Usiforte é a responsável por receber o resíduo RCD segregado da construção civil e emitir um atestado de disposição, após o pagamento de uma taxa única por m3 em função da classificação do resíduo. Foi firmado um acordo com a cadeia produtiva da construção civil, de que seria cobrada uma taxa caso o material chegue contaminado, caso contrário, não seria cobrado essa taxa de disposição na usina de reciclagem.

O sistema de gerenciamento de resíduos em Fortaleza obteve alguns resultados positivos, dentre eles: o uso de resíduos para fabricação de tijolos em casas populares e sub-base de pavimentação, dentre outros. Porém, existem dificuldades relacionadas à lei municipal que ainda não é cumprida em sua totalidade, à inexistência de novas áreas para destinação do entulho e ao envolvimento maior da sociedade.

• SALVADORO Projeto de Gestão Diferenciada de Entulho tem como suporte legal o Decreto nº 12.133, de 8/10/98 (Salvador, 1998),

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chamado Regulamento do Entulho, que estabelece a obrigação para o proprietário (seja pessoa física ou jurídica) ou ao responsável legal ou técnico, por uma obra de construção civil ou movimento de terra, de providenciar, às suas expensas, o transporte de entulho até os locais autorizados para sua recepção, bem como a aquisição dos recipientes adequados para acondicionamento, no local da obra.

Determina, também, a obrigatoriedade de cadastro para pessoas físicas ou jurídicas que realizam o transporte de entulho no município (Carneiro, Brum e Cassa, 2001), que ficam obrigadas a cumprir as normas de segurança e levar o material para os locais autorizados.

Prevê, ainda, pesadas multas para quem joga entulho nas ruas ou locais não autorizados e para quem transporta entulho sem autorização ou desrespeitando as normas de segurança (Salvador, 1998; Santana, 2003).

O Decreto nº 12.133/98 antecipou-se à Resolução CONAMA nº. 307/02, no que tange à previsão de locais para recepção de resíduos de pequenos e grandes geradores; entretanto, não adota, como princípio, a prevenção da geração de resíduos e nem estabelece a sua segregação em classes, para facilitar o seu reaproveitamento ou armazenamento, para posterior utilização.

Em 2002, Salvador gerava, por dia, 2.164t de RCD, ou 655.569t/ano, significando 45,03% do RSU (Salvador, 2002). A Prefeitura, quando lançou o Projeto de Gestão Diferenciada de Entulho, para resolver o problema da disposição inadequada desse resíduo, espalhado

por vários pontos na cidade, criou Postos de Descarte de Entulho (PDE), onde o pequeno gerador pode descartar até 2m3 de material.

Para os grandes geradores, existem as denominadas Bases de Descarte de Entulho (BDE) (Salvador, 1997, 1999; Bloisi, 2002).

Quando do início do projeto, foram identificados 220 pontos de descarte clandestino em encostas, terrenos baldios, córregos, valas, praias e estradas, tendo, como conseqüência, a criação de pontos de lixo, mau cheiro, doenças, obstrução do sistema de drenagem, inundações, insegurança no trânsito, deslizamentos e proliferação de insetos e animais nocivos (Salvador, 1997).

• UBERABAEm Uberaba, existem vários pontos de depósitos de entulhos da construção civil. Entretanto, o oficial localiza-se no bairro Espírito Santo, faz fundo com o Quartel do 4º Batalhão de Polícia Militar e situa-se às margens do Rio Uberaba. No local, funcionava uma usina de extração de basalto. Em 1996, foi interditada.

Uma alternativa para mitigar o impacto ambiental causado pela mineradora foi o depósito de entulhos. Verifica-se, porém, no local, diversos tipos de lixo, inclusive orgânico; tal fato é evidenciado pela presença de animais como cavalos e urubus. São despejados também, neste local, animais mortos, jogados por funcionários da Prefeitura Municipal, embalagens de suprimentos veterinários – como da Booston Coopers – Vite; embalagens de agrotóxicos e

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outros.” (REZENDE, 2002:30)São vários os impactos ambientais causados pela forma incorreta de disposição destes entulhos.

Em períodos de chuva, formam-se poças de água, na base do entulho, que por conseguinte irão atrair vetores transmissores de doenças e, por gravidade, seguem em direção ao Rio Uberaba. É necessário frisar que a área ultrapassa o limite mínimo de 30 metros da margem do rio.

Ali, pessoas garantem seu sustento, recolhendo alguns materiais recicláveis. A maior parte das empresas que coletam o entulho da cidade, deposita, neste local seus resíduos.Uberaba não satisfaz um desenvolvimento sustentável da cidade. A proposta é que se implante um sistema de gerenciamento sistêmico dos resíduos, onde esteja inserido um projeto de usina de reciclagem de entulhos, a exemplo de algumas cidades como São Paulo, Londrina, Belo Horizonte e Ribeirão Preto.

• RIO DE JANEIROA Companhia Municipal de Limpeza Urbana, do Município do Rio de Janeiro, (COMLURB), possui um sistema de coleta gratuita para os geradores de até 2m3

de RCD. O gerador basta ligar para uma central de atendimento gratuita (0800) que, em 24 horas, a Comlurb providencia um caminhão que vai remover os resíduos gerados. Apesar dos aparentes grandes custos para oferecer este serviço de remoção gratuita, a Comlurb, praticamente, anulou a ocorrência de disposição irregular deste resíduos, o que eliminou os altos custos de remoção e transporte, promovendo uma economia em todo o sistema. Desta forma, a Comlurb tem

conseguido controlar de forma eficiente o fluxo dos pequenos geradores (até 2m3), que correspondem a cerca de 47% do total de RCD gerados, no Município do Rio.

Os demais 53% correspondem ao volume gerado pelos grandes geradores e são coletados e transportados por empresas privadas de remoção de entulho.

Com este sistema, quase a totalidade dos RCD gerados, no município, estão sendo efetivamente coletados e transportados até os locais definidos, que, neste caso, são: a área de transbordo existente no Km zero, da Rod.Washington Luís, e os dois aterros (Bangu e Gramacho) que absorvem os resíduos urbanos, em geral, gerados no Município do Rio. Após passar por uma triagem, estes resíduos são utilizados como base, nas vias internas dos aterros, e também nas praças de recepção de resíduos domésticos, permitindo o acesso dos caminhões compactadores de lixo, sem que exista o risco que os mesmos atolem, mesmo nas épocas de maior índice de chuvas.

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2.5- A Responsabilidade Sócio-ambiental das Empresas da Construção Civil A simples obediência às leis ambientais não tem se mostrado atitude suficiente para as empresas que desejam ampliar suas atividades. Atualmente, o mercado exige das instituições, cada vez mais, ações em prol do meio ambiente, cobrando, não apenas os tradicionais balanços econômicos, como também os sociais. Diante dessa realidade, a responsabilidade sócio-ambiental tornou-se imprescindível para as organizações promoverem projetos que possibilitem a melhoria na qualidade de vida da comunidade e que reduzam o impacto sobre o meio ambiente. O setor da construção civil, ao mesmo tempo em que participa, expressivamente, com o PIB nacional, gerando milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil, também é um dos que mais produz resíduos. Diante desse quadro, as construtoras precisam assumir um papel importante no que diz respeito à responsabilidade sócio-ambiental. “Com certeza é imprescindível e possível aliar a construção sustentável à qualidade”, afirma o Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), somente em Minas Gerais, 81% das empresas investem em ações sociais.

Roberto Carvalho Silva, presidente do Conselho de Cidadania Empresarial e Voluntários da Fiemg e da AngloGold Ashanti, uma das maiores mineradoras do mundo, acredita na interação entre empresa e sociedade. Para ele, não faz sentido que apenas os bons resultados de uma organização tragam os benefícios esperados; toda a sociedade tem que

buscar a interação e a participação ativa. “Todos fazem parte de tudo, já não existem mais o lado de fora e o lado de dentro; temos, agora, um círculo sinérgico onde todos atuam em defesa de seus interesses em troca permanente de ações e reações”, afirma. As organizações também devem manter ações permanentes com a comunidade, do seu entorno, garantindo o seu desenvolvimento e o bem-estar dos moradores. É o que diz a coordenadora de desenvolvimento social da Fundação Sidertube, braço social da V & M do Brasil, Maria de Betania Teixeira Campos.

“É importante preparar a comunidade para ter outras opções de sustentabilidade que não apenas aquelas oferecidas pela empresa da região”, diz Betania.

A idéia da coordenadora é fazer com que as comunidades próximas a grandes empresas não dependam apenas das suas atividades, caso a instituição deixe de atuar na região. Outro fator que também incentiva o uso de boas práticas de responsabilidade sócio-ambiental são os chamados stakeholders (acionistas, empregados, fornecedores, ONGs, instituições de classe, governos etc). Para Roberto Carvalho, há uma demanda de transparência, clareza, ação efetiva e ética por parte de fornecedores e acionistas.

“Não se cria credibilidade sem um conjunto de valores baseados em ética”, diz. Além das ações sociais e ambientais preventivas, as organizações precisam saber lidar com eventuais acidentes ambientais, que abalam a imagem institucional. Cuidados durante os processos produtivos dentro e fora da empresa são determinantes para assegurar a marca, uma vez que casos de acidentes ambientais de grandes

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proporções não são tolerados nem pela sociedade e nem pelo mercado.

2.6- ConclusãoAs temáticas abordadas, nesse módulo, foram encadeadas em uma seqüência que permitisse ao leitor construir e refletir sobre seus próprios argumentos e que irão justificar a sua prática, ou seja, por que devo refletir sobre os eixos de sustentabilidade da ICC? Por que adequar o gerenciamento de resíduos, em minha obra? Qual a importância da responsabilidade sócio-ambiental, nas empresas? Assim, poderá avançar seu aprendizado, no sentido de responder: como fazer?

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1- INTRODUÇÃOAs informações apresentadas, neste Módulo objetivam subsidiar a elaboração do Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC, apresentando exemplo de estratégias metodológicas, bem como as ferramentas necessárias para o planejamento, implantação e monitoramento das ações planejadas. Assim, serão apresentadas, a seguir, importantes informações que auxiliarão na elaboração do PGRCC, e que atenderão às necessidades específicas de cada realidade empresarial.

2- PRINCÍPIOS DE SUSTENTABILIDADE DO PGRCC

Para compreender melhor as etapas e ferramentas a serem trabalhadas, é necessário, inicialmente, construir o entendimento sobre quais princípios irão regê-las. Os mesmos deverão ser considerados como a base de sustentação de todo e qualquer Programa, já foram abordados, no Módulo I, e serão, agora, aprofundados.

Isso significa dizer que, apesar deste

material apresentar um “modelo” de Programa, será a partir do entendimento dos seus princípios que cada empresa poderá adequar o Programa, conforme as suas realidades e perspectivas específicas.Toda ação deve estar inserida em um contexto que a justifique e que, principalmente, esteja embasada em princípios que apoiarão e direcionarão a realização desta ação.

Neste Módulo, será possível refletir sobre 4 princípios gerais, e, a partir destes, construir outros novos, caso seja uma necessidade do leitor/ empresa.Os princípios apresentados provêm das diversas áreas do conhecimento como Educação, Administração, Ciências Sociais, Psicologia, Ecologia entre tantas outras que atuam de forma inter e multidisciplinares.

2.1- Princípios da Teoria da ComplexidadeA Teoria da Complexidade entende o mundo como uma rede de fatos complexos e interligados. Essas interligações buscam representar os fatores dinâmicos da vida, entendida nos seus espaços físicos, químicos e biológicos, bem como os fatores das sociedades humanas, entendidos como fatores sociais, políticos e econômicos.

O pensamento científico ocidental desenvolveu-se à luz de uma estrutura que funciona apenas de forma fragmentária, e de acordo com metodologias que promovem recortes da realidade. Considerando este um princípio importante, é necessário reconhecer a necessidade de buscar soluções que priorizem a busca da visão do todo, e que há diferentes modos pelos quais podemos ver o mundo, e que tendem a ser complementares.

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Podendo-se assim dizer, que a realidade está em permanente processo de construção. Por isso, falamos aqui em um modelo, mas que pode e deve estar em constante transformação e com flexibilidade suficiente para sofrer adequações e ajustes necessários.

Quais são os elementos da Teoria da Complexidade que devem ser percebidos em um PGRCC?É possível compartilhar a responsabilidade do sucesso do Programa de sua empresa sem considerar as potencialidades e especificidades dos seus colaboradores?

2.2- Princípios da SustentabilidadeTodo e qualquer programa, seja de qual área for, necessita de encontrar o seu eixo de sustentabilidade, já falado no Módulo I, sendo que agora o foco é no PGRCC. E o que isso quer dizer?

Ao se planejar uma ação, é necessário que sejam pensadas as diversas dimensões da sustentabilidade, o que irá garantir a sua continuidade, ao logo dos anos.

2.2.1- Sustentabilidade SocialNo âmbito da sustentabilidade social deve-se reconhecer e potencializar o capital social presente nos diversos grupos, e que podem ser os agentes diretos e/ou indiretos do Programa. Entende-se por capital social os níveis de organização de um grupo e sua capacidade de gerar novos espaços de articulação, cooperação e parceria.

E assim, garantir as condições necessárias para que esse grupo possa exercer seus potenciais.

Nesse sentido, as ações do PGRCC devem considerar as questões relevantes para aquele grupo que se quer atingir.

É possível falar em questões ambientais, sem ao menos garantir as questões mínimas de saúde e segurança no trabalho?É possível obter sucesso, no Programa, sem que seu grupo de trabalho esteja fortalecido e organizado para tal?É possível requerer a compreensão do Programa em sua totalidade, sem garantir as condições de leitura do seu colaborador?E para você, o que deve atender a sustentabilidade social em sua empresa? Esta pode ser uma excelente oportunidade de reconhecer demandas dos colaboradores de sua empresa e propor soluções!

2.2.2- Sustentabilidade Econômica Ao se fazer uma análise sobre programas de gerenciamento de resíduos, imediatamente, é possível perceber que os mesmos atendem uma visão de “fim de tubo”, que, ao invés de se utilizarem da lógica da prevenção do desperdício, gera-se o resíduo/problema, para então gerenciá-lo.

Assim, pensando em uma abordagem pedagógica desse material didático, não se pode deixar de citar a importância e necessidade de se priorizar ações de redução de desperdícios.

Atenção: As ações de redução de desperdícios não excluem a necessidade de pensarmos em soluções de reciclagem!

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Afinal, o que é mais sensato: vender por centavos sobras de ponta de ferro para compradores de sucata ou comprá-las por vários reais? Ou seja, a sustentabilidade econômica está em não desperdiçar, e não vender algo que se comprou caro por apenas alguns centavos, e ainda achar que está se tendo “lucro” com a venda de resíduos recicláveis.

Mas, qual é a relação dessa informação com a sustentabilidade econômica?Uma vez que os resíduos estão associados ao desperdício de matérias-primas e insumos, é possível pensar na sustentabilidade econômica de uma empresa que não pensa nos desperdícios que gera? Lembrando que, no custo de um resíduo, estão embutidos os gastos com:

a compra da matéria-prima;o consumo de energia elétrica;todos os demais insumos utilizados;a mão-de-obra e o tempo gastos com os serviços;o acondicionamento e o armazenamento provisório do resíduo;o transporte do resíduo;a destinação final do resíduo.

Por outro lado, o PGRCC, por priorizar a separação dos diversos tipos de resíduos gerados em um canteiro de obras, oferece oportunidade de reconhecimento de suas enormes quantidades e, assim, a possibilidade de visualização e quantificação de tais resíduos e, conseqüentemente, as principais matérias-primas que não estão sendo incorporadas no processo construtivo, gerando indicadores reais de perda. Pode-se, então, considerar a cultura da reciclagem como o 1ºpasso para a cultura da redução de desperdícios.

Existem também outros componentes da sustentabilidade econômica presentes nas reflexões seguintes:

Como sua empresa pensa em manter a qualificação de seus profissionais, para que o investimento de capacitação não tenha que ser repetido?Como sua empresa pensa em monitorar as ações do PGRCC, para que as mesmas não sejam perdidas, com o tempo, requerendo um novo investimento com consultorias externas?

Que outro componente da sustentabilidade econômica você percebe como importante?

2.2.3- Sustentabilidade EcológicaQuando falamos em sustentabilidade ecológica, falamos em reconhecer o capital natural, as condições ambientais e físico-territoriais (urbanas e/ ou rurais) e as possibilidades de utilização sustentável desses recursos.

É possível pensar na existência de vida, no planeta, sem que haja água, em qualidade e quantidade? É possível construir um edifício sem que haja, por exemplo, os minerais que serão incorporados no processo construtivo?

É possível pensar em vida, sem as florestas que purificam o ar que respiramos?

Todas essas questões estão inter-relacionadas entre si e, sobretudo, com a forma como vemos e nos apropriamos dos recursos naturais disponíveis na Terra.

É freqüente colocar proteção ambiental e desenvolvimentoeconômico como metas conflitantes e excludentes.

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Porém, é possível pensar no desen-volvimento econômico a curto, médio e longo prazo sem a disponibilidade dos recursos naturais? Várias outras abordagens poderiam ser feitas em torno desta questão, porém, já foram destacadas e refletidas, no Módulo I, onde foram apresentados argumentos ecológicos que justificam a realização de um PGRCC.

2.2.4- ConclusãoHá muitos outros argumentos, na literatura econômica, a respeito da base de toda a riqueza, da única coisa sem a qual a atividade econômica não pode ocorrer.

Os primeiros teóricos pensavam que a base da riqueza era a terra. Marx dizia que era o trabalho humano; os economistas capitalistas acham que o capital é que permite acontecer toda produção, seja na forma de instrumentos e máquinas, ou na forma de dinheiro e crédito, com o qual se adquirem os instrumentos e máquinas. Recentemente, durante períodos de falta de energia, foi desenvolvida uma teoria que coloca a energia, como base de todo o valor.Todas essas teorias estão parcialmente certas, porém, incompletas.

O sistema produtivo requer tudo o que foi citado e também terra, trabalho, capital, energia, tecnologia, crédito, habilidades, matérias-primas, água, gerenciamento, purificação natural, entre outros.

O fator mais limitante, num certo momento, seja ele qual for, é o que determina o nível real da produção. Pode-se dizer, então, com igual correção, que a fonte de riqueza é o trabalho, é o capital, é a energia ou os diferentes materiais da terra.

Assim, quando falamos em susten-tabilidade num PGRCC, estamos querendo chamar a atenção para o fato de que os mesmos devem disseminar uma cultura: socialmente justa, ecologicamente equilibrada e economicamente viável! Ou seja, para haver sustentabilidade, é necessário reconhecer que todos os componentes, sociais, ambientais e econômicos, são fundamentais e, portanto, estamos falando de uma visão sistêmica como apresentado adiante.

2.3- Princípios da Visão SistêmicaDestacamos agora duas formas de se imaginar, perceber, conceber e agir na realidade humana, seja ela individual ou coletiva: uma delas se processa mediante a visão sistemática, também conhecida como linear, e a outra, pela concepção da visão sistêmica, ou em rede.

Essas diferentes visões do mundo resultam em condutas distintas, sejam elas individuais e/ou coletivas. No entanto, pergunta-se: qual a origem e o significado dessas visões?

2.3.1- Visão SistemáticaA visão sistemática ou linear das organizações humanas pode ser representada conforme a Figura 1.

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Suponhamos que este esquema represente as relações de um pequeno grupo de pessoas, sendo que cada hexágono representa uma delas. Sem maiores explicações, pergunta-se: em quais dessas posições concentra-se o maior poder (seja financeiro, de tomada de decisões, hierárquico)? Automaticamente, os olhos voltam-se para o hexágono superior do esquema, mesmo sem haver nenhuma indicação escrita com tal informação. Esta visão de mundo, na forma de organograma clássico, indica que o hexágono superior é hierarquicamente superior, e os demais hexágonos inferiores representam posições hierárquicas inferiores. Praticamente, todas as instituições humanas atuais foram concebidas e funcionam sob essa representação.

De um modo geral as estruturas organizacionais sistemáticas são:

Centralizadoras: a manutenção da centralidade de poder implica a necessidade de sua manutenção, ou seja, a limitação clara das ações de todo o grupo, normalmente predeterminadas e fixadas, formal ou informalmente, como direitos e deveres.

Classificatórias: a pré-determinação das ações implica um sistema classificatório, sendo que alguns níveis terão mais direitos que os outros.

Hierárquicas: diferentes regimes de ação implicam diferentes níveis hierárquicos preestabelecidos.

Excludentes: a organização sistemática, em todos os seus níveis, não prevê questionamentos de limites impostos, ou mudança de valores que agridam e

desafiem sua estrutura original. Esse tipo de comportamento é excluído do sistema e algum nível de “marginalidade” é previsto, mas, também, dentro de certo controle.

Lineares na relação causa-efeito: as decisões são tomadas no nível superior da estrutura e são verticalizadas nos demais níveis.

Nas representações sistemáticas, todas as figuras são representadas com o mesmo formato geométrico, sendo que o fator que destaca umas das outras é a posição que cada uma ocupa. Quanto mais acima uma figura estiver, maior importância ela terá frente ao grupo.

Quando comparamos o funcionamento das estruturas sistemáticas com o dos ecossistemas naturais, notamos que as características destes últimos são totalmente opostas às daquelas.

Em termos de sustentabilidade, os ambientes naturais tendem a ser cíclicos, e todos os pontos desse ciclo têm a mesma importância. A ciclagem de materiais e energia que ocorre na natureza não admite centralidades, ou seja, não está previsto o acúmulo nem de materiais, nem de energia e nem tampouco de resíduos. Qualquer centralidade na ordem cíclica que reina, no mundo natural, torna a estrutura insustentável, a não ser que as forças externas controlem a tendência à instabilidade. Podemos pensar na imagem de um aterro sanitário com resíduos da construção civil que, mais dia menos dia, terá sua capacidade de suporte alcançada, e novos e novos aterros terão que ser construídos!

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2.3.2- Visão Sistêmica A metáfora de redes (lembra-se do desenho do Módulo I?) é o modo figurativo por meio do qual podemos expressar a visão sistêmica, ou seja, as redes de relação observadas nos processos dinâmicos do mundo vivo. A visão linear aplicada às máquinas não faz sentido nos seres vivos. Assim sendo, a visão em rede, ou visão sistêmica, simbolizada por redes de relação, pode ser compreendida como o oposto da visão sistemática abordada anteriormente. A visão em rede pode ser imaginada como mostra a Figura 2.

Na visão em rede, cada figura é representada por formas geométricas que a diferenciam das demais figuras do conjunto. Essa distinção denota que cada ponto dessa rede tem particularidades que podem não existir nos demais pontos; por isso, todos eles são importantes e necessários no conjunto.As principais características da visão em rede são:

Cada elemento da rede tem características próprias e reconhecidas.Na rede não existe nenhum tipo de

centralidade, já que todos os elementos têm a sua importância relativizada em comparação aos demais elementos.As redes não são rígidas, são dinâmicas, flexíveis, auto-reguladas e auto-reguladoras. Qualquer alteração em um dos elementos pode alterar toda a rede, pois, estas são portadoras de princípios de ordem, regulação e desordem, reiterando dessa forma a complexidade dinâmica das organizações vivas.

Que elementos da visão sistêmica você reconhece na sua empresa? E o que significa ter uma visão sistêmica no PGRCC?

2.4- Princípios da Educação como Instrumento de GestãoInterligado aos demais princípios apresentados, este apresenta as dimensões da sustentabilidade, da complexidade e da visão sistêmica abordados anteriormente. A educação é aqui reconhecida como um elemento central e que valoriza o processo integrado do conhecimento, incluindo a autonomia no processo de aprendizagem, a criatividade, as capacidades individuais, a síntese e o pensamento não-linear.

A educação, como instrumento de gestão, enfatiza o aprender a conhecer e o saber comunicar, questionar, observar, manter-se aberto às novas possibilidades e necessidades, criar, buscar informação e construir o conhecimento de forma contínua.

A necessidade de se falar sobre esse tema fundamenta-se no fato de que a implementação de um PGRCC em uma empresa requer reflexões que culminarão

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em prováveis mudanças de cultura e de práticas internas, possivelmente, já cristalizadas. Assim, será necessário apoiar-se na educação para levantar toda uma reflexão e construção coletiva para as novas idéias abordadas pelo PGRCC.Optou-se, então, por aprofundar essa temática, discutindo os seguintes tópicos necessários a esse contexto de trabalho:

Ambiente de Aprendizagem;Dimensões da Aprendizagem; O Papel do Educador.

2.4.1- Ambiente de AprendizagemEste ambiente é pensado e estruturado para contribuir com o desenvolvimento do espírito problematizador, que conduz à reflexão e ao desenvolvimento do pensamento criativo, na busca de novas soluções. Este espaço não está delimitado por ambiente físico, mas pela concepção de aprendizagem direcionada para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, atitudinais e operacionais, que ocorrerão em suas reuniões, no dia-a-dia das atividades no canteiro de obras e na própria empresa.

2.4.2- Dimensões da Aprendizagem

Dimensão Aprender a ConhecerAqui, o objetivo pedagógico é o desenvolvimento do pensamento reflexivo e crítico, com uma atitude de investigação e de organização do conhecimento, ou seja, aprender a conhecer e a pensar. Aprender a conhecer refere-se à interpretação da realidade, pelo conhecimento de conceitos, princípios, fatos, informações sobre o assunto tratado cultivando, simultaneamente, a visão global contextualizante e o domínio de assuntos específicos, no caso do PGRCC. Na prática

do seu papel de gestor educador, deve reconhecer que o outro precisa construir o seu próprio entendimento dos porquês de um Programa dessa natureza e quais as melhores maneiras de executá-lo. Assim, os demais participantes poderão se inserir, no programa, com mais naturalidade e comprometimento.

Dimensão Aprender a Ser/ConviverNa dimensão do aprender a ser/conviver, o objetivo pedagógico é estimular o conhecimento e o desenvolvimento das potencialidades individuais – cognitivas, de ser pessoa, de conviver e, principalmente, de ser criativo – por meio do autoconhecimento e da capacidade de interação com o grupo. Assim, o aprendizado se dá a partir do seu próprio entendimento, e também da troca e interação com o grupo.

Dimensão Saber FazerNa dimensão do saber fazer, o objetivo pedagógico é estimular a transformação da teoria em ação, isto é, a aplicação do conhecimento em uma prática refletida e planejada. Por isso, requer experiências de reflexões teóricas, mas também de experimentações práticas.

Assim, espera-se que os indivíduos possam desenvolver suas capacidades e habilidades de observação do contexto real; de entendimento dos diferentes componentes de um problema, no caso do PGRCC; capacidade para imaginar uma realidade futura e estabelecer estratégias e capacidade para resolver problemas e tomar decisões.

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2.4.3- O Papel do EducadorVocê já parou para pensar que esta capacitação objetiva a formação de multiplicadores, o que significa dizer que você estará atuando como gestor educador e, para tanto, necessitará de apoio da Educação?

Assim, qual será o seu ambiente de aprendizagem? Como você pensa em trabalhar as dimensões da aprendizagem com o seu grupo de trabalho? Uma vez discutidos os princípios de sustentabilidade do PGRCC, este é um momento para reflexão individual sobre quais princípios deverão apoiar o Programa em sua empresa. Atenção, agora, é apenas para exercitar: a construção dos princípios será realizada em conjunto com o grupo de sua empresa, conforme apresentado mais adiante. Essa discussão realizada com um grupo de engenheiros e administradores pode parecer um tanto quanto distante de sua prática profissional, porém, se você quer estar em sua empresa à frente de um bom PGRCC, é necessário pensar na consolidação de um Projeto que tenha sua base apoiada em princípios que possibilitarão maior alcance de resultados satisfatórios, e que seja sustentável ao longo dos anos.

3- PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PGRCC

3.1- IntroduçãoO PGRCC de uma obra precisa estar integrado à estrutura organizacional da empresa, e, portanto, ser parte da mesma, e não uma ação pontual e fora do contexto, do pensamento e da práxis empresarial. Portanto, se a empresa possui algum programa da qualidade, seja certificações ISO, seja Sistema de Gestão Ambiental –SGA, 5S, ou outros, o PGRCC deve ser inserido como uma nova ação dentro do que já existe.

Por isso, ao se planejar um projeto dessa natureza, é imprescindível verificar:

Há política da qualidade em sua empresa?Como posso estruturar o PGRCC em sintonia com tal política?

Dica importante:Lembra-se dos princípios? A política de sua empresa pode e deve auxiliar na construção dos mesmos!

3.2- Metodologia Até o presente momento foram apresentados e discutidos vários componentes que precisam fazer parte da construção de um PGRCC, em sua obra.Agora, serão debatidos os passos metodológicos que, uma vez bem planejados, consolidarão o PGRCC de sua obra. Lembramos, mais uma vez, que essa capacitação objetiva formar multiplicadores que, por sua vez, estarão exercendo o papel de gestores educadores

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e, como tais, necessitarão do apoio de uma metodologia que subsidie sua ação. Por outro lado, é necessário compreender que, enquanto gestor/educador, o processo, ao ser disseminado na obra/empresa, não poderá e nem deverá estar centralizado apenas em sua figura, isso porque, para atender aos princípios já refletidos, essa metodologia precisará ter, como base, a participação coletiva dos demais envolvidos.Significa dizer que o princípio metodológico recomendado é o da participação. A participação permitirá que os indivíduos passem da condição de mero observadores do processo para a condição de gestores autônomos. Na medida em que o Programa adotar este princípio, estará sendo permitido que os envolvidos possam se implicar no processo, e ,consequentemente, comprometer-se, efetivamente, na busca de soluções criativas para as ações que precisam ser realizadas. Assim, o PGRCC deve considerar a participação dos envolvidos, legitimando e validando todas as suas fases de execução: planejamento, execução e monitoramento, pois, dessa forma, todos se sentirão parte do processo, estimulando cada vez mais que o PGRCC possa ser melhorado e adequado.

Dica importante:A participação é em si um ato educativo!

A metodologia está estruturada em 3 fases principais, as quais possuem etapas específicas, assim pensadas:

3.2.1- 1ª Fase: PlanejamentoUma vez tomada a decisão de implementação do PGRCC, deve-se iniciá-lo pelo planejamento que poderá ser

chamado também de fase preparatória.Esta é a fase dedicada à estruturação de todos os momentos que irão compor o Projeto. Esses momentos estão registrados no esquema abaixo.

Esta seqüência de etapas não obedece a uma ordem rígida e, como dito anteriormente, está sendo apresentada como um exemplo de modelo metodológico que foi validado, com sucesso, pela experiência de um programa chamado Programa Entulho Limpo, apresentado anteriormente.

Constituição do Conselho Gestor

Definição da Obra Piloto

Inserção de Novos Integrantes no Conselho Gestor

1ª Capacitação

Definição dos Princípios

Elaboração do PGRCC

Adequação do Canteiro de Obras

2ª Capacitação

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I - Detalhamento das etapas do Planejamento

A - Constituição do Grupo GestorEsta etapa consiste em compor um grupo de trabalho que estará à frente de todas as fases do PGRCC.

Partimos da seguinte questão: Quem são os atores estratégicos na administração da empresa? Chamamos de atores estratégicos aqueles que possuem a visão geral da empresa e que suas áreas de atuação estão voltadas para as questões da qualidade e da engenharia. Assim, sugere-se que este grupo seja composto por: gerentes da qualidade, gestão de pessoas e gerentes da área da engenharia.

Outras importantes representações também terá o grupo gestor composto pelos que são os atores da própria obra, porém, estes deverão ser inseridos no grupo na 3ª etapa desta fase.

Dica importante:É importante perceber que tratamos das funções/cargos estratégicos, pois, as pessoas, um dia, sairão da empresa!

Este nome de Grupo Gestor é apenas uma sugestão; outros nomes poderão representar este grupo de trabalho e, uma vez definido o grupo, o mesmo irá participar de todas as etapas/fases, construindo juntos todo o PGRCC; por isso, essa etapa começa logo no início do trabalho.

B - Definição da Obra-PilotoO grupo gestor deverá definir qual é a obra mais indicada para implementar o PGRCC. Sugere-se começar por um canteiro de

obras que esteja iniciando suas atividades, pois, dessa forma, a complexidade do Projeto irá acompanhar a complexidade da obra.

Dica importante:Para iniciar o PGRCC em sua empresa, recomenda-se definir uma única obra para realizar uma experiência-piloto, para que seja validada a metodologia a ser adotada por toda a empresa.

C - Inserção de Novos Integrantes no Grupo Gestor Estes novos integrantes são aqueles que representarão a obra definida. Devem participar desse grupo: o engenheiro responsável pela obra, o técnico de segurança, o mestre e os encarregados. Essa composição dependerá da realidade de cada obra, porém, é necessário garantir que pessoas estratégicas participem de todas as etapas/fases do PGRCC. D - 1ª Capacitação - Grupo GestorUma vez constituído o Grupo Gestor, chega o momento de aprofundar e nivelar o conhecimento do grupo sobre o PGRCC.

Que informações são relevantes nessa etapa?

O que é o PGRCC.Quais as principais justificativas para a implantação do Projeto: aspectos legais, ambientais e econômicos.Quais são os procedimentos para implantação do Projeto.Quais são os instrumentos de apoio utilizados no Projeto.Definição dos Princípios de Susten-tabilidade do PGRCC.Definição de um cronograma de trabalho.

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Esse encontro é caracterizado como o 1º momento de discussão, e que contempla vários temas; assim sendo, sugere-se separar esta etapa da etapa de elaboração do PGRCC, quando são descritos todos os procedimentos operacionais do mesmo.

E - Elaboração do PGRCCNesta etapa, serão planejados todos os procedimentos operacionais do PGRCC, lembrando-se de que os mesmos deverão traduzir os princípios e metodologia do Projeto.

Como o foco do trabalho é gerenciar os resíduos, deve-se partir da classificação dos resíduos gerados nas diversas etapas construtivas. Essa classificação deverá, obrigatoriamente, obedecer às 4 classes de resíduos definidas na Resolução CONAMA 307 – Classes A, B, C e D, conforme visto no Capítulo I.

Há uma seqüência de etapas que deverão ser planejadas e, para facilitar o entendimento e registro dessas etapas, foram elaborados dois modelos de planilhas. A 1ª diz respeito ao registro das etapas, do momento de geração até o de armazenamento final do resíduo na obra; considera-se que essa planilha não requer o manuseio diário, pois, é o registro do que tem que ser feito. Já a segunda planilha é aquela que controlará a saída dos resíduos do canteiro de obras para o local de destinação final, o que irá requerer o manuseio diário da mesma; por isso, a separação em dois documentos complementares.

Essas planilhas representam importantes ferramentas, nessa fase de planejamento, e assim, essa etapa será explicada a partir das planilhas a seguir.

Este deverá ser o documento que sintetizará o que é feito com todos os resíduos gerados, do momento da sua geração ao momento de armazenamento final na obra.

As rotinas a serem introduzidas nos canteiros de obra visam principalmente garantir as condições para que as ações de segregação e armazenamento possam ser realizadas de forma eficaz, permitindo que os resíduos possam ser coletados, seletivamente, e transportados conforme a classe dos resíduos, para os locais de destinação adequados.

Classes Tipo de Resíduo

Armazenamento Inicial

Movimentação Interna

Armazenamento Final na Obra

Responsável

A

B

C

D

Observação: esses resíduos poderão, desde o momento de sua geração até o armazenamento final na obra , esta-rem juntos, pois, a destinação final será a mesma.

Entulho de Alvenaria

Pavimento Grua Caçamba Mestre

Entulho de concreto

Sobra de argamassa

Solo escavado

Telhas

Observação: esses resíduos deverão ser separados, desde o momento de sua geração até o armazenamento final na obra, conforme sua destinação final.

AlumínioAço

Ferro em geral

Fio de cobre com PVCMadeiraPapel /

papelãoPerfis

metálicosPlásticos

embalagensPlásticos PVC

VidroZinco

Tubo de ferro galvanizado

Observação: esses resíduos poderão, desde o momento de sua geração até o armazenamento final na obra esta-rem juntos, pois, a destinação final será a mesma.

PneuTubo de

poliuretanoSaco

de cimentoMassa

de vidroGessoIsoporLixasManta

asfálticaEstopa

Tintas e sobras

de material de pintura

Observação: esses resíduos poderão, desde o momento de sua geração até o armazenamento final na obra, esta-rem juntos, pois, a destinação final será a mesma.

PLANILHA DE GERENCIAMENTO DE RESíDUOS SóLIDOS DA CONSTRUçãO CIVIL

EMPRESA: OBRA:

E X E M P L O

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Descrição geral das etapas

Etapa 1: com sua planilha, em mãos, em primeiro lugar, deverá ser realizada a identificação do documento, ou seja, registrar o nome da empresa, o nome e/ou nº da obra, a logomarca da empresa, a(s) data(s) de suas versões/atualizações e, abaixo, a assinatura de quem será o responsável geral pelo documento.

Etapa 2: completar por classe, quais os resíduos que estão sendo gerados, na etapa construtiva, correspondente ao momento do preenchimento da planilha. O registro dos resíduos, na planilha, pode ser feito em uma única vez, considerando todos os resíduos gerados ao longo de toda a obra, ou então, o que é mais recomendado, preencher a cada nova etapa da obra, o que irá requerer uma atualização constante da planilha.

Etapa 3: para cada resíduo inserido na planilha, prever seu local de armazenamento inicial, ou seja, a partir do momento em que cada tipo de resíduo for gerado, todo o seu fluxo/movimentação, até o local de destinação final, deverá estar separado dos demais. A lógica a ser utilizada deverá ser a da segregação na fonte, ou seja, separar os resíduos na fonte geradora, para não haver re-trabalho de separação/triagem, posteriormente. Para que esta etapa obtenha os resultados esperados, deve-se priorizar a separação na hora da limpeza do pavimento e/ou local de sua geração.

Etapa 4: uma vez gerado e separado, prever a melhor maneira de movimen-tação interna, seja horizontal e/ou vertical, para esse tipo de resíduo, do local de geração até o local de armazenamento final na obra.

Etapa 5: agora, chegou o momento de armazenar esse tipo de resíduo em um local adequado no canteiro de obras. Considera-se adequado o local que permite: 1- fácil acesso, tanto para chegada como para saída desse resíduo na obra; 2- atende aos aspectos de segurança ocupacional e não interfere na rotina do canteiro. Esses locais devem ser planejados, considerando as especificidades de cada tipo de resíduo. Para preparação, recomenda-se inserir/marcar esses locais de destinação final, na obra, na planta do canteiro.

Etapa 6: após planejar todas as etapas anteriores, é necessário definir qual(is) do(s) gestor(es) será(ão) responsável(is) pelo fluxo definido. Um bom critério que poderá ser utilizado refere-se a quem já é o responsável pelos resíduos na obra, desde a sua geração até a sua destinação final.

Recomendação importante: Todas essas etapas devem levar em consideração os aspectos de saúde e segurança dos trabalhadores e visitantes da obra, definidos pela empresa e legislação vigente.

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Classes Tipo de Resíduo

DestinaçãoFinal

Nome

Data daColeta

Quantidade/Unidade

A

B

Entulho de alvenaria

Trituração na obra

Entulho de concreto

Sobra de argamassa

Solo escavado

Telhas

Alumínio

Aço

Ferro em geral

Fio de cobre com PVC

Madeira

Papel / papelão

Perfis metálicos

Plásticos embalagens

Plásticos PVC

Vidro

Zinco

Tubo de ferro galvanizado

PneuTubo de

poliuretano

Saco de cimento

Massa de vidroGesso

Isopor

Lixas

Manta asfáltica

Estopa

Tintas e sobras

de material de pintura

PLANILHA DE GERENCIAMENTO DE RESíDUOS SóLIDOS DA CONSTRUçãO CIVIL

Latas e sobras de aditivos

desmoldantes

Responsável

Assinatura

Placa Veículo

Empresa de Destinação

C

D

CONTROLE DA DESTINAçãO FINAL DOS RESíDUOS DA OBRA

E X E M P L O

Este será o documento complementar à planilha anterior e, portanto, fará parte da mesma. Tendo em vista que a legislação co-responsabiliza o gerador do resíduo por sua destinação final, o foco desta planilha é registrar as informações relevantes em relação à destinação final dos resíduos gerados no canteiro de obras.

Descrição geral das etapas: Etapa 1: como todas as informações estarão registradas em duas planilhas separadas, esta também deverá obedecer à etapa de preenchimento dos dados de identificação do documento, ou seja, registrar o nome da empresa, o nome e/ou nº da obra, a logomarca da empresa e, abaixo, a assinatura de quem será o responsável geral pelo documento.

Etapa 2: planejar qual será a destinação final para cada classe de resíduo, lembrando que o diferencial entre as classes de resíduos é sua forma de uso/ destinação.

Essa poderá ser: Classe A: reutilização, na própria obra e /ou destinação final para o aterro, caso não haja o interesse e/ ou demanda de uso dessa matéria em outro processo construtivo.Classe B: reutilização na própria obra; doação e/ou comercialização dos resíduos.Classes C e D: destinação, para o aterro sanitário disponível na cidade para essas classes de resíduos.

Dicas importantes:Como o que difere o resíduo Classe B do resíduo Classe C é a destinação final, na medida em que um tipo de resíduo Classe

B não tiver mais como ser encaminhado para a reciclagem, automaticamente deverá ser passado para o local do resíduo Classe C, e vice-versa, ou seja, aquele tipo de resíduo que estiver na Classe C e passar a ter mercado de reciclagem na cidade, automaticamente, poderá ser passado para os de Classe B. Caso a opção de destinação final dos resíduos Classe B for a comercialização, sugere-se planejar uma forma de uso dos recursos provenientes da venda, que envolva os funcionários da obra.

Etapa 3: uma vez utilizada toda a capacidade de suporte do local de armazenamento final na obra, deverá ser feito o contato com a empresa responsável pela destinação final daquele tipo/classe de resíduo, registrando a data de saída e a quantidade do resíduo. A partir do registro da quantidade de resíduo e/ou do nº de caçambas, poderão ser gerados os resultados quantitativos do PGRCC.

O responsável por estas ações deverá assinar no último campo da planilha. Segue em anexo uma relação de possíveis compradores de resíduos

Dica importante:Conforme Resolução CONAMA 307, a empresa é co-responsável pela destinação final do resíduo que gera, assim, é impor-tante estabelecer uma forma de garantia que essa empresa estará coletando e destinando os resíduos de forma adequada; logo, recomenda-se ter um documento onde a empresa coletora do resíduo irá assinar um Termo de Comprometimento, indicando o local de sua destinação, por ocasião da sua retirada da obra.

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F. Adequação do Canteiro de Obras

Agora que o PGRCC da obra foi planejado pelo grupo gestor, está na hora de realizar as adequações ao canteiro de obras.

Essas adequações consistem em:Disponibilizar a infra-estrutura de suporte ao armazenamento final do resíduo, na obra. Deve-se priorizar a utilização de sobras de materiais da própria obra, como madeiras, tapumes entre outros, pensando na importância e no impacto que o aspecto visual deverá causar. Afinal, se estamos falando de um programa da qualidade, não é coerente pensar em uma infra-estrutura mal planejada e com mau aspecto.Outra questão importantíssima diz respeito à sinalização do PGRCC. Ou seja, devem ser planejadas placas educativas que tragam informações e estratégias de motivação do funcionário, bem como a sinalização das baias e contêineres com a respectiva classe de resíduo.

3.2.2- 2ª Fase - CapacitaçãoApós compor o grupo gestor, planejar o PGRCC e disponibilizar a infra-estrutura de suporte ao Projeto, chega o momento de capacitar os demais funcionários da obra em relação ao PRGCC. Sugere-se planejar a capacitação pensando os grupos conforme suas frentes de trabalho.

Dica importante:Muitas pessoas juntas, em um mesmo local correm o risco de dispersão e não aproveitamento da capacitação! Como esse é o único momento de parada da obra, é importante planejar esse tempo, de forma criativa, e com um bom ambiente de aprendizagem!

Por se tratar de um assunto novo, recomenda-se provocar um momento e um ambiente diferenciados daquelas reuniões de rotina, já estabelecidas.

O que deverá contemplar a capacitação?

1º Momento: aspectos gerais- O que é o PGRCC.- Quais as principais justificativas para a implantação do Projeto: aspectos legais, ambientais e econômicos.- Qual a relação do PGRCC com a política da empresa/e quais são os princípios do PGRCC.

2º Momento: operacionalização do PGRCC- Quais os procedimentos para implantação do Projeto; neste momento, deverão ser apresentados os responsáveis pelas ações, conforme registrado nas planilhas.

3º Momento: demonstração prática- Esse momento é de fundamental importância, pois será possível observar, na prática, a execução de todo o processo. Assim, deve-se utilizar, como exemplo, um tipo de resíduo, ir ao local de sua geração e mostrar todo o passo-a-passo, até o local do seu armazenamento final, na obra.

4º Momento: avaliação final- No mesmo local onde for concluído o momento anterior, deverá ser feito um debate sobre possíveis dúvidas, críticas ou sugestões por parte dos funcionários. Este é o momento ideal para o responsável pela capacitação manifestar a importância do papel de cada um, e que os resultados serão diretamente proporcionais ao empenho e comprometimento de todos.

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Dicas importantes:- Deve-se pensar em uma maneira de motivação permanente dos funcionários.- Como a rotatividade de funcionários, na construção civil, é significativa, deve-se pensar em estratégias de capacitação dos novos funcionários.- Em caso de se trabalhar com terceirização de serviços, deve ser pensada uma estratégia de inserir os funcionários da empreiteira contratada na execução do PGRCC, lembrando que a responsabilidade da gestão dos resíduos é da empresa proponente da obra.

3.2.3- 3ª Fase: ImplantaçãoConsidera-se que o PRGCC da obra começa seu ciclo de implantação na medida em que o Projeto já foi planejado e todos os funcionários, capacitados. A partir de então, o Programa inicia-se, efetivamente.

3.2.4- 4ª Fase: Monitoramento A partir da operacionalização dos procedimentos, será possível analisar, na prática, se o planejamento está ocorrendo da forma prevista. Assim, devem ser realizados monitoramentos constantes para verificação e validação do PGRCC planejado.

Sugestões para o monitoramento:O monitoramento deverá considerar não apenas a visão dos planejadores, mas, sobretudo, dos executores e, nesse sentido, envolverá toda a obra.Assim, pode-se aproveitar as reuniões já existentes dos encarregados com seus funcionários para ouvir dos mesmos suas considerações. Essas considerações

devem representar os problemas identi-ficados e também as sugestões das possíveis soluções.Assim, os encarregados poderão repassar as informações ao conselho gestor, o qual irá consolidá-las e tomar as decisões que forem necessárias.Uma vez tomadas as decisões sobre as novas formas de atuação do PRGCC, a informação deverá ser registrada nas planilhas, bem como repassadas para os demais funcionários. Normalmente, esses ajustes acontecerão no início no PGRCC.É importante definir um período de tempo mais espaçado para avaliar, consolidar e divulgar os resultados quantitativos e qualitativos alcançados.

Outras Recomendações Importantes:

A empresa deve planejar:como incorporar o PGRCC em sua estrutura organizacional;como disseminar o PGRCC para todas as suas obras;como divulgar interna (nas obras e na empresa) e externamente os resultados do PGRCC;como promover a troca de experiências entre obras em relação ao PGRCC de cada uma;como motivar seus funcionários.

Referências Bibliográficas

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SUGESTãO DE PLANO DE TRABALHO

Fases Etapas Duração

1ª FasePlanejamento

• Formação do Conselho Gestor• Definição da Obra-Piloto• Capacitação do Conselho Gestor• Definição dos Princípios do PGRCC

1 encontro

• Elaboração do PGRCC• Planejamento do Canteiro de Obras

1 encontro

• Validação da infra-estrutura de suporte ao PGRCC• Planejamento do treinamento

1 encontro

• Treinamento dos funcionários40

funcionários/encontro

2ª Fase Implementação

• Acompanhamento em campo 2 visitas

3ª FaseMonitoramento

• 1º Monitoramento: identificação dos problemas/soluções. (15 dias após implementação)

1 visita

• 2º Monitoramento: (30 dias após implementação)

1 visita

• 3º Monitoramento: (45 dias após implementação)

1 visita

• Definição do plano de continuidade: definição das estratégias de disseminação na empresa e de divulgação interna

1 encontro

• Elaboração relatório final: consolidação da metodologia, do plano de continuidade e dos resultados quantitativos e qualitativos alcançados

trabalho ausencial

• Apresentação do relatório final 1 encontro

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RESOLUçãO CONAMA Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002Cartilha da SMMA “Plano de Gerenciamento de Resíduos do Município de Curitiba”, nov/2004.

Este caderno foi impresso em papel nacional, produ-

zido dentro dos mais rigorosos padrões de qualidade

ambiental: totalmente sem cloro, com emissão mínima

de ruídos e resíduos sólidos, efluentes líquidos trata-

dos, padrões de odor controlados e sem impacto sobre

as florestas nativas brasileiras.

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Apoio e parceria

Realização

Comissão de Meio Ambiente