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Matéria locadores de equipamentos

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34 - Revista Tecnologística - Janeiro/Fevereiro 2017

Crise econômica, margens de lucro cada vez mais restritas, clientes que demandam maior controle na aplicação dos ativos e redução nos custos operacionais. O que poderia ser motivo de preocupação para as empresas locadoras de equipamentos

de movimentação tornou-se oportunidade de negócios, com a aplicação de sistemas de gerenciamento de frota. Assim, os players do setor estruturam suas ações, geram visibilidade nas atividades e disponibilizam aos locatários serviços efi cazes de gestão

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O mercado de locação de equipamentos de movi-mentação de materiais pas-

sa por uma fase de reajustes. São diversos os fatores que têm levado os players do setor a realizarem uma readequação em seus mode-los de negócio e operacional. A tão falada crise econômica, que teima em afetar o desenvolvimento do país, também impactou diretamen-te o segmento. E o desempenho dessas empresas ao final do ano de 2016 ilustra muito bem esse cená-

rio. Segundo um levantamento da Bentivegna Con-sultoria Empresa-rial, o mercado de locação não apre-sentou crescimen-to em relação a no-vos contratos.

Além disso, os preços dos equipa-mentos ou acom-panharam a infla-ção ou, em muitos casos, tiveram ele-vação acima da inflação devido à taxa de câmbio, gerando o repas-se dos custos. Isso estabeleceu um novo patamar de preço de locação, fazendo com que, muitas vezes, o valor praticado cobrisse apenas a depreciação dos equipamentos, nos casos de equipamen-tos novos em contra-tos de 36 meses, por exemplo. Uma nova prática também foi adotada nos casos de renovação de contra-to: a estratégia dos locadores foi oferecer descontos nos valores praticados para ga-rantir a continuidade do contrato por mais um período de 12 a 24 meses.

Mas o cenário adverso também gerou oportunidades, e mudanças significativas comportamentais, ge-renciais e operacionais começaram a ser observadas tanto na prestação dos serviços dos locadores quanto nas atividades diárias dos locatá-rios. E a aplicação de novas tecno-logias de gestão e controle foi uma delas. Segundo o diretor da con-sultoria, Flávio Bentivegna, as fer-ramentas tecnológicas vieram para

ficar e serão cada vez mais utiliza-das para a melho-ria da performance no setor. “Elas es-tão estabelecendo um novo padrão de utilização dos e q u i p a m e n t o s , tornando-os mais econômicos e me-lhorando a utiliza-ção”, garante. Para ele, a internet das coisas será cada

vez mais útil e presente na gestão de equipamentos, permitindo às empresas que possuam inteligência obter melhores resultados, diferen-temente do que acontece hoje, com a competição muitas vezes sendo

definida por aquele player que loca pelo menor preço.

A utilização da tec-nologia para coletar dados a respeito das mais variadas nuances de uma operação já não é mais novidade na logística há algum tempo. Beneficiar-se dessas vantagens tor-nou-se praticamente uma obrigação para qualquer transporta-dora, seja para acom-panhar a movimen-

tação da carga ou até mesmo para saber detalhes a respeito dos seus veículos, permitindo programar pa-radas para a realização de trabalhos de manutenção, garantindo uma operação ininterrupta ou, ao me-nos, otimizada ao máximo. Trata-se de interpretar as informações co-letadas, trabalhando-as da melhor maneira possível em prol de uma maior produtividade. “Não basta simplesmente aplicar rastreamento

Bentivegna: menos de 5% do total de máquinas disponíveis para locação conta com soluções tecnológicas

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Simplesmente coletar dados não é mais sufi ciente. Uma

gestão efetiva analisa com inteligência as informações

para auxiliar nas tomadas de decisão

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e telemetria para coletar os dados. É preciso analisar com inteligência e tomar medidas a fim de otimizar as operações”, afirma Bentivegna. Esta é, de maneira pura e simples, a definição da expressão business in-telligence (BI).

Indústria na vanguarda

As companhias que atuam no setor de locação de equipamentos de movimentação já identifica-ram essa demanda dos locatários, conhecem as ferramentas tecnoló-gicas disponíveis e estão cada vez mais atentas aos movimentos do mercado. A gerente de Locação da Still Brasil, Fabiana Souza Cinto, revela que a companhia sempre ob-serva as necessidades dos clientes, como a expectativa em termos de redução de custo, melhorias ope-racionais e maior controle na apli-cação dos ativos. Ela revela que a empresa sempre ofereceu esse tipo de tecnologia, uma vez que as má-

quinas importadas já vêm equipadas com um sistema chama-do Fleet Manager. Fabiana reconhece, porém, que havia al-gumas barreiras, pois a solução opera sob o sistema GPRS, que no Brasil é um tipo de tecnologia difícil de ser aplicada.

Para superar esse problema e tropicali-zar a solução, há dois anos teve início o de-senvolvimento de um sistema de monitoramento de máquinas das marcas Still e Linde que atendesse especificamente ao mercado bra-sileiro. Chamada de Datalogger, a solução é oferecida como um servi-ço adicional para máquinas elétri-cas e a combustão. O conteúdo do kit, que também pode ser aplicado em máquinas de outras marcas, é composto por um dispositivo de

armazenamento, um de leitura de cartões magnéticos, acelerô-metro para coleta de dados de impactos, leitor de corrente de bateria, antena e chi-cotes. Como opcio-nais, sirene e estrobo.

O início do proces-so consiste em, por meio de um cartão, identificar o condu-tor, tornando a ope-ração individualizada. Para armazenar as in-

formações coletadas, cada equipa-mento é dotado de um chip. Já a transmissão das informações cole-tadas, destinadas ao banco de dados da Still, é realizada por bluetooth ou por meio de redes Wi-Fi. Depois de consolidados, os dados são dis-ponibilizados em um ambiente web para os clientes.

Entre as vantagens da aplicação da ferramenta estão o acesso con-trolado aos equipamentos, o blo-queio remoto de acesso, a função GPS, o registro de impactos sofri-dos pela máquina e a identifica-ção do uso indevido das baterias tracionárias e do nível de utiliza-ção (ociosidade ou uso excessivo). Além disso, o sistema informa a respeito da necessidade de manu-tenções preventivas.

Hoje, a Still disponibiliza 3 mil equipamentos para locação, entre máquinas elétricas e a combustão de 1,8 a 10 toneladas. De acordo com a gerente, desse total de má-quinas cerca de 15% contam com as soluções de gestão de frota, seja o Fleet Manager ou o mais recen-te Datalogger. “Estamos utilizando como um período de testes. Co-meçamos a apresentar as soluções para os clientes e a receptividade foi muito boa. Atualmente, te-

Fabiana: clientes já exigem a presença dos sistemas de gestão de frota

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mos máquinas ge-renciadas em quatro grandes clientes”, destaca. Em outros dois, revela, os tes-tes foram concluí-dos. Após avaliar os resultados, as duas empresas, que locam cada uma mais de 50 equipamentos, soli-citaram a inclusão do Datalogger, que foi aplicado já no início deste ano. “As soluções irão ajudar as companhias a otimizar suas ope-rações”, garante.

A Crown Equipment, que loca equipamentos elétricos e a combus-tão com capacidade de até 2.950 kg, também disponibiliza ao mercado uma solução própria. Trata-se do InfoLink, sistema wireless de gestão de frotas e operadores de empilha-deiras que fornece dados acionáveis para ajudar os gestores de armazéns a maximizar a produtividade. Além disso, a ferramenta auxilia a fabri-cante a conhecer a operação logísti-ca do locatário.

Segundo gerente de Operações da Crown Brasil, Augusto Macha-do, a ferramenta, disponível por aqui desde 2013 e comercializada como um acessório, é flexível e se alinha às necessidades dos clientes, além de proporcionar diferentes ca-minhos para a otimização da frota de empilhadeiras, de acordo com planejamento financeiro e priorida-des organizacionais. Sem revelar o tamanho da frota locável, o gerente diz que 90% dela está em operação, com 70% das unidades, do total do parque, embarcadas com o sistema de gerenciamento.

São duas as plataformas de ges-tão. A Standard oferece às empresas um ponto de partida com recursos

básicos de gestão de frota e de operador, tais como autoriza-ção para o operador usar o equipamento, detecção de impacto e alertas, juntamente com status do equi-pamento em tempo real. Já a Advantage provê a capacidade de acompanhar a produ-tividade do operador, gerenciar a manuten-ção planejada e não planejada e otimizar

os recursos energéticos, incluin-do trocas de bateria e consumo de combustível, além dos recursos bá-sicos de gestão de frota.

De acordo com o executivo, o InfoLink ajuda os clientes a moni-torar e gerenciar o uso eficiente de sua frota de empilhadeiras e todas as operações ao disponibilizar da-dos acionáveis por meio de painéis interativos e interface amigável, com um conteúdo bastante rico, que permite aos gerentes de frota se concentrarem em oportunida-des reais e evitarem desperdício de tempo decifrando os dados.

Além de ser compatível com

uma variedade de protocolos de criptografia de segurança, o Info-Link exige nome de usuário e se-nha para acesso aos dados. O aces-so do operador de empilhadeira se dá via códigos de teclado ou car-tões de identificação, e os gerentes controlam a autorização para cada indivíduo ou grupo. Para auxiliar os clientes, a Crown conta com um departamento responsável pela instalação do sistema nos equipa-mentos e pela prestação de suporte ao usuário.

Na opinião de Machado, a evo-lução da movimentação de mate-riais vai além do aprimoramento contínuo da performance dos equi-pamentos fabricados, por isso a companhia busca inovar constan-temente e colocar a tecnologia da informação a serviço da operação do cliente. “O InfoLink transfor-ma amontoados de dados – obti-dos em tempo real ou arquivados em históricos – em um conjunto de indicadores de performance or-ganizado, priorizado, confiável e totalmente acionável. A tendência da tecnologia é termos cada vez mais velocidade de informação e gestão remota com dados em tem-po real”, avalia.

Machado: a tendência é termos cada vez mais dados em tempo real e gestão remota

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Diferencial competitivo

Mas desenvol-ver suas próprias tecnologias não é exclusividade dos grandes fabricantes de equipamentos. Na Dinamik, por exemplo, empresa de locação que pos-sui um parque for-mado por 700 má-quinas de diversas marcas, esse trabalho também foi realizado internamente. O diretor de Logística e Comercial, Claudio Cortez, informa que há dois anos a companhia focou as atividades de seu departamento de Tecnologia da Informação no desenvolvimento de uma solução própria. O resulta-do foi o Gear, comercializado como um acessório.

Trata-se de um sistema de BI composto por um tablete aplicado nas máquinas para a conferência em tempo real do checklist ele-trônico do equipamento e por um aparelho que capta todos os even-tos operacionais realizados pela máquina e os converte em dados. Esses hardwares se conectam a um software, também de desenvolvi-mento próprio, que consolida as informações e as disponibiliza aos clientes. “Cerca de 50% do nos-so parque de máquinas está dota-do com o Gear e os equipamentos gerenciados já estão operando em dois clientes”, diz.

O gestor Operacional da empre-sa, Márcio Hoffmann, salienta que a Dinamik não se resume a apenas fornecer a solução. “Trabalhamos junto aos clientes e auxiliamos na gestão das informações. Nosso tra-balho consiste em marcar reuniões periódicas e ir às plantas para au-

xiliar na customi-zação dos proces-sos”. Além disso, destaca, a empresa conta com um call center dedicado ao atendimento dos clientes que utilizam a solução Gear. “Não interfe-rimos na operação, esse não é nosso foco, mas moni-toramos os dados e realizamos um

follow-up para informar os des-vios identificados”, afirma. Cortez ratifica, dizendo que a atenção da companhia também está voltada para a geração dos dados e a trans-missão das informações no forma-to demandado pelos gestores de lo-gística dos clientes.

Os números comprovam a eficá-cia do trabalho realizado de forma integrada. De acordo com dados apu-rados pela própria Dinamik, a redu-ção no custo com manutenção, por exemplo, chegou a 60%, enquanto o índice de quebra operacional caiu cerca de 90%. Já a disponibilidade do parque, que sem a tecnologia era de 90%, com o sistema Gear ficou acima de 95%.

Cortez ressalta que o foco da companhia não é oferecer a com-modity dos serviços de locação e ser apenas um rental de equipa-mentos visando o volume. “Nossa meta é agregar valor ao mercado de locação, que julgamos ser carente de sistemas de informação”, ana-lisa. Hoffmann completa dizendo que a empresa transformou suas dificuldades quanto à segurança e à gestão de frota em oportunida-des. “O mercado está aderindo às tecnologias em virtude da seguran-ça e da redução de custos. Hoje, ainda acontecem muitos acidentes

A aplicação das novas tecnologias gera

também mudanças comportamentais, com profi ssionais

mais preocupados em trabalhar da melhor

maneira possível

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no mercado. As ferra-mentas tecnológicas monitoram essas ocor-rências, além de me-lhorar a performance dos equipamentos”.

Fornecedores

Companhias que atuam de forma mais pulverizada, com pou-cos equipamentos em diferentes operações, também começam a adotar as novas tecno-logias para gestão de frota. E quan-do investir na criação de sistemas próprios não parece ser o melhor caminho, recorrer a um fornecedor de tecnologia pode ser a solução. A Trax Rental, por exemplo, que pos-sui 320 equipamentos multimarcas para locação, entre máquinas elétri-cas e a combustão de 1,8 a 45 tone-ladas, apresenta como característica atender a diversas empresas com pe-

quenas quantidades de máquinas. Seu diretor, Antônio Carlos Rubino, conta que a empresa decidiu oferecer ferra-mentas que auxiliem na gestão da frota a fi m de agregar mais serviços aos clientes. “Toma-mos a decisão de olhar a gestão da frota com a utilização da tecnolo-gia, pois h o j e q u a l -q u e r

empresa de locação é um prestador de servi-ço. O nível da concor-rência aumentou, os preços estão abaixo da realidade e essa inicia-tiva ajuda a fi delizar o cliente, melhora sua cesta de serviços e traz redução de custo na frota locada”, avalia.

Para atingir esses objetivos, a Trax Rental estabeleceu um contrato com a Softrack, empresa que desenvolve e aplica sistemas de suporte à gestão estratégica de frotas. A solução ofe-recida consiste, essencialmente, em dois equipamentos embarcados que obtêm os dados da máquina, um res-ponsável por aspectos operacionais e o outro relacionado à telemetria. Vale lembrar que existe uma versão da solução para máquinas elétricas

e outra para a com-bustão, desenvolvidas com base nas condi-ções operacionais e cli-máticas brasileiras.

A ferramenta ope-racional é um dis-play de checklist, que identifica o operador e verifica, por meio de uma série de per-guntas – estabelecida de forma distinta por cada uma das empresas –, se aquele profissio-nal está autorizado a

operar o equipamento. Além disso, as questões introduzidas no display averiguam se a máquina está meca-nicamente em condições de utiliza-ção. Já o equipamento de telemetria computa a cada 15 segundos os da-dos estabelecidos referentes à opera-ção, como quanto tempo a máquina ficou ligada, quanto passou efetiva-mente trabalhando, de que forma foi tracionada e de que forma foram utilizados os acessórios. Ele armaze-na os dados e os transmite via GPRS para o servidor da Softrack. Nes-se banco de dados as informações de cada máquina são processadas e analisadas de forma automática e, posteriormente, disponibilizadas em um site para que os profissionais das empresas envolvidas no processo – locadores ou locatários – as analisem e tomem as melhores decisões.

Cortez: departamento de TI focado no desenvolvimento de soluções próprias

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Hoffmann: além de fornecer a tecnologia, temos que auxiliar no gerenciamento das informações

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Na Trax Rental, os trabalhos consis-tiram em selecionar dois clientes, um com 12 máquinas e outro com sete, e em cada um deles implantar o sistema da Softrack em um equipamento, para realizar medi-ções e depois mensu-rar e apresentar aos clientes os resulta-dos, as vantagens e os benefícios. “A ideia é que já neste início de 2017 tenhamos um banco de dados estruturado”, diz Rubino. O execu-tivo considera que os dados obti-dos serão benéficos para todos os envolvidos no processo de locação. “O locador poderá prever o custo de manutenção, observar a opera-ção e minimizar os danos por má utilização, promovendo, por exem-plo, treinamentos de reciclagem para os operadores. Já o locatário acompanhará de que forma sua fro-ta está sendo utilizada e corrigirá possíveis falhas e desvios”, afirma.

A solução da Softrack está em-barcada hoje em 450 máquinas de dez empresas diferentes, sendo uma na Argentina. Desse volume gerenciado, 70% são máquinas lo-cadas. “Trabalhando sobre dados, é possível que as companhias envol-vidas nos processos identifiquem desvios, detalhem a operação e oti-mizem o uso dos recursos. A tecno-logia torna a operação transparen-te”, analisa o gerente Comercial da Softrack, Mário Bavaresco. Segun-do o executivo, o resultado quanto ao nível de segurança do operador é incomensurável e, somente par-tindo do princípio de que ninguém mais liga uma máquina sem estar habilitado, centenas de problemas já são evitados.

O benefício direto em curto prazo e mais visível é a economia de combustível, gera-da por duas situações: pela eficiência no uso da máquina e pela re-dução potencial da quantidade de máqui-nas empregadas. Se fo-rem levadas em conta, além dessas, todas as outras variáveis, como manutenção e otimi-zação do quadro de funcionários, o uso da

tecnologia proporciona para o loca-tário uma redução média de 20% no custo com o parque de máquinas. O payback também é um resultado de curto prazo. “Apenas o valor da lo-cação, em um contrato de 36 meses, é pago em 18 meses”, calcula Bava-resco. O valor consolidado, claro, depende do tamanho de cada operação.

Na opinião do di-retor da Softrack, Ri-cardo Raschiatore, a decisão de aplicar uma solução tecnoló-gica desse tipo pode partir tanto do loca-dor quanto do loca-tário, já que a meta de quem fornece as máquinas com a tec-nologia é oferecer qualidade nos servi-ços, e a do locatário é avaliar se os ativos contratados es-tão operando da forma estabelecida no contrato.

Potencial

O consultor Bentivegna afirma que o setor de tecnologias volta-das para o mercado de equipamen-tos de movimentação apresenta

um potencial muito elevado. Ele estima que no Brasil o número de máquinas disponíveis para locação seja de 150 mil unidades. Desse to-tal, uma parcela de menos de 5% conta com algum tipo de solução aplicada, desde os equipamentos mais básicos de telemetria.

Para Fernando Sobral, diretor da Interlogis, consultoria especializa-da em logística, a taxa de utilização é baixa porque tudo ainda é muito recente. “Temos contato com loca-dores de empilhadeiras, principal-mente empresas médias e pequenas, que nunca ouviram falar dessas tec-nologias. E muitos dos que já ouvi-ram pensam que as ferramentas irão contribuir apenas para a reposição e a troca de peças do parque de má-quinas locado”, relata.

Esse conceito não está de todo errado, se levados em conta os pro-cessos de manutenção, principal-

mente para pequenos locadores. Em grandes locações existem me-cânicos na planta do cliente, mas em pe-quenas não, e muitas vezes o deslocamento realizado pelo mecâ-nico do locador até o site mostra-se inviá-vel. Com a aplicação de tecnologias que proporcionam mais visibilidade e inteli-gência à operação, o envio de reparadores

até o cliente pode ser realizado ape-nas quando realmente necessário, o que diminui os custos.

Além disso, as tecnologias tam-bém ajudam – e por isso ainda so-frem certa resistência – a identificar outro comportamento muito co-mum no mercado e que vem se mos-trando cada vez mais equivocado: a locação de um grande volume de

Rubino: oferecer soluções agregadas ajuda a fi delizar o cliente

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Bavaresco: tecnologias aplicadas tornam a operação mais transparente

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máquinas antigas, geralmente rea-lizada a um custo inicial bem mais atrativo quando comparada ao alu-guel de equipamentos novos. A aplicação de inteligência de dados escancara o quanto a prática pode, na ver-dade, prejudicar os negócios do locatá-rio, já que muitas ve-zes mostra que com um número menor de máquinas novas há mais produtividade.

Esse é um dos pontos cruciais, na opinião de Bentiveg-na, a ser observado. “O locador acredita que aplicando a tecnologia ele irá canibalizar seu negócio, já que em certas operações haverá uma redução na quantidade de equipamentos fornecidos”, diz. Mas as barreiras também existem no outro elo da cadeia, pois ainda há no locatário a cultura de locar, pen-sando na disponibilidade imediata dos ativos diante de manutenções operacionais, um número superior

de máquinas àquele realmente apli-cado nas operações.

Para Raschiatore, ambos os com-portamentos são deri-vados do desconheci-mento das vantagens da aplicação de ferra-mentas tecnológicas. “O mercado ainda não entende completamen-te as possibilidades que isso traz para a gestão da frota. Falta baliza-mento do que pode ser feito e obtido”, resume. O executivo salienta, contudo, que para obter dados confi áveis com a implementação de no-

vas tecnologias é preciso um período de quatro a seis meses. “É um proces-so gradativo de obtenção de variáveis que devem ser ajustadas”.

Mudança de cultura

Sejam desenvolvidos pela indús-tria, pelo departamento de Tecnolo-gia da Informação dos locadores ou adquiridos no mercado, os sistemas

de gestão de frota se tornam a cada dia mais presentes no cotidiano do setor. E essa é uma realidade sem volta por diversos motivos. Segun-do Bentivegna, muitos locatários já estão exigindo em seus processos de concorrência que os equipamentos sejam dotados de telemetria e solu-ções de gerenciamento. “Até então as avaliações de desempenho dos equipamentos eram empíricas, ago-ra não mais”, define. Para Sobral, a empresa de locação que não im-plantar novas tecnologias começará a perder mercado.

A afirmação dos consultores é comprovada no dia a dia dos negó-cios. Fabiana, da Still, diz que em 2016 os maiores BIDs de locação – acima de 50 máquinas – de que a companhia participou, cerca de sete, exigiram a presença de sistemas de gestão de frota. Alguns solicitaram que o valor do serviço já estivesse in-cluso no pacote de locação e outros que estivesse descrito à parte, a fim de saber seu custo.

De acordo com a executiva, antes a empresa oferecia aos clientes aná-lises por meio de KPIs e pontuava como estava sua performance den-tro das operações. “Chegamos a um ponto em que isso e as visitas que realizávamos às plantas não eram suficientes. A tecnologia trouxe in-formações adicionais. O cliente quer saber se o equipamento locado está realmente sendo utilizado, se pode ser otimizado entre áreas, em que turno é mais utilizado, quer identi-ficar a origem de falhas e o motivo de determinada ocorrência. Estamos caminhando para um processo que não tem como retroagir e uma ten-dência que irá se manter”, afirma. A mudança profissional, na opinião da gerente, acompanha a evolução da tecnologia e o novo cenário, com análises cada vez mais inteligentes baseadas em dados. “Será preciso

Raschiatore: decisão de aplicar uma solução pode vir tanto do locador quanto do locatário

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um profissional pre-parado, que tenha conhecimentos em logística, para reali-zar as análises e fazer a aplicação de ações baseadas nas informa-ções geradas”, diz.

Hoffmann, da Di-namik, vai além. Para ele, a aplicação das soluções tecnológicas exige readequações operacionais. “O ope-rador que trabalha sem monitoramento tende a se omitir quando há alguma ocorrência. Mas quando é obrigado a realizar o checklist no equipamento, e nisso está inclusa sua identifi cação, ele se torna mais cuidadoso. O pro-fi ssional começa a se preocupar e se previne para não gerar informações que denigram sua performance na operação, pois ela é monitorada”, ex-plica. Já os gestores, pontua o execu-tivo, têm a possibilidade de verifi car a operação a qualquer momento e isso exige que sejam profi ssionais com dedicação à análise das informações. “Temos aqui uma mudança compor-tamental. Alguns gestores já reservam um período do dia apenas para verifi -car os dados. Em certas companhias, há profi ssionais dedicados à análise das informações geradas pela solução de gestão de frota”, relata.

Para Rubino, da Trax Rental, as tecnologias já mudaram o mercado, pois os níveis de controle são muito mais apurados do que no passado, e as tecnologias de gestão de frota são ferramentas poderosas na adminis-tração dos negócios. “Antigamen-te o gestor de frota era guiado pelo achismo. Hoje isso já não é mais vi-ável. Atualmente, tomamos decisões baseados em informações”, diz. E o diretor também destaca a neces-sidade de uma mudança no perfil

dos profissionais. “As pessoas precisam se atualizar tecnologica-mente, conhecer o que cada solução oferece para poder interpretá--la e tirar dela seu me-lhor desempenho”, de-fine.

Essa é a linha segui-da por Bavaresco, da Softrack. Para ele, ape-sar de ser uma tecno-logia nova no mercado de locação, os sistemas de gestão de frota são

ferramentas consultadas diariamente pelo profi ssional moderno, utilizadas pelo mecânico, passando pelo pesso-al de recursos humanos, até chegar ao diretor da empresa, que vai anali-sar os dados para defi nir se loca mais equipamentos, retira máquinas da operação ou muda as características dos ativos locados.

Hoffmann faz uma última aposta. “A tendência é que as companhias relacionem as informações obtidas por meio dessas soluções com os seus sistemas gerenciais (ERP) e lo-gísticos (WMS e TMS). Além disso, ao contrário do que acontece hoje, com o sistema de gestão sendo ainda um diferencial e um serviço cobra-do à parte, em médio prazo acredito que os locadores passarão a oferecer seu parque de máquinas com o ser-viço incluso e compondo o valor de locação”, finaliza.

Fábio Penteado

Bentivegna Consultoria Empresarial:

(11) 95328-6888

Dinamik: (41) 3381-2300

Interlogis: (11) 3862-5670

Softrack: (19) 2517-0215

Still: (11) 4066-8157

Trax Rental: (11) 4468-7777

Sobral: empresas que não adotarem as novas tecnologias vão perder mercado

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