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Andréia Roberta Costa Reis Ricardo Pereira Arantes ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE UNISAL Unidade Lorena São Paulo 2011 Andréia Roberta Costa Reis

Energia hidraulica

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Energia Hidraulica

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Page 1: Energia hidraulica

Andréia Roberta Costa Reis

Ricardo Pereira Arantes

ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS

E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE

UNISAL – Unidade Lorena

São Paulo

2011

Andréia Roberta Costa Reis

Page 2: Energia hidraulica

Ricardo Pereira Arantes

ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS

E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Perícia em Meio

Ambiente – orientado pelo Prof. Luiz Gustavo Galhardo Mendes, como

requisito parcial para obtenção do título de especialista em Perícia Ambiental.

UNISAL – Unidade Lorena

São Paulo

2011

Andréia Roberta Costa Reis

Ricardo Pereira Arantes

Page 3: Energia hidraulica

ENERGIA HÍDRICA E O MEIO AMBIENTE : O PAPEL DAS HIDRELÉTRICAS

E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO AMBIENTE

Lorena, ___ de ___________ de 2011.

___________________________________________________

Profº. Orientador: Luiz Gustavo Galhardo Mendes

___________________________________________________

Profº. Examinador:

Resumo

Page 4: Energia hidraulica

Atualmente as usinas hidrelétricas representam a principal fonte de geração no

Brasil. Na matriz energética brasileira, verifica-se que a base da capacidade

instalada do parque gerador é a exploração de potenciais hidráulicos. O setor

elétrico nacional sente a necessidade de agilizar a entrada de novas unidades

geradoras, o que reduziria o risco de déficit de oferta de energia, auxiliando na

expansão da oferta de energia elétrica. A preservação do meio ambiente é

essencial para a sustentabilidade dos ecossistemas, além de gerar melhorias

substanciais para a população com a geração de postos de trabalho,

arrecadação de impostos, incentivo ao turismo e muitos outros. Todas as

formas de obtenção de energia implicam variados impactos sócio-ambientais.

No caso das usinas hidrelétricas, esses impactos vão além da criação em si de

um empreendimento de grandes proporções, mas englobam uma gama maior

de problemas com diversos aspectos. Não só o ambiente natural é afetado,

mas também as populações são atingidas no processo de construção de

usinas hidrelétricas. Compreender e minimizar esses impactos constitui hoje o

grande desafio das empresas que optam por implantar usinas dessa natureza.

A presente pesquisa tem como objetivo sistematizar e comentar um conjunto

de dados e informações relativas ao contexto dos diversos impactos gerados a

partir da inserção de usinas hidrelétricas no meio ambiente, e as possíveis

soluções para mitigar tais impactos.

Palavras-chave: usinas hidrelétricas, energia elétrica, impactos sócio-

ambientais.

Page 5: Energia hidraulica

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Recursos Hídricos por país

Tabela 2: Potenciais Hídricos com capacidade de exploração no mundo

Tabela 3: Parque Elétrico Brasileiro

Tabela 4: Fontes Alternativas de Energia versus Matriz Energética

Brasileira

Tabela 5: Posição das PCHS X Maiores UHEs

Page 6: Energia hidraulica

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Pequena Central Hidrelétrica de Queluz

FIGURA 2: Pequena Central Hidrelétrica de Lavrinhas

Page 7: Energia hidraulica

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

...............................................................................................07

1.1 Objetivos ....................................................................................................08

1.2 Justificativa ...............................................................................................08

1.3 Materiais e Métodos ..................................................................................08

2 IMPLANTAÇÃO DAS USINAS HIDRELÉTRICAS .......................................09

2.1 Potencial Hidrelétrico Brasileiro .............................................................09

2.2 Obtenção de Energia e o Impacto Ambiental .........................................10

2.3 Questões Sociais nos Empreendimentos Hidrelétricos .......................14

2.4 Hidrelétricas X Sustentabilidade .............................................................15

3 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ............................................................17

3.1 Principais Bacias Produtoras de Hidroeletricidade ..............................17

3.2 Evolução Histórica ....................................................................................18

3.3 Aspectos Legais .......................................................................................19

3.4 Plano de Expansão da Energia Elétrica no Brasil .................................23

3.5 Perspectivas do Setor Hidrelétrico Brasileiro ........................................25

3.5.1 Consumo de Energia Elétrica no Brasil ...............................................25

3.5.2 A Matriz Elétrica Brasileira no Cenário Mundial .................................27

3.5.3 Características Básicas das Usinas de Produção de Energia

Elétrica ....................................................................................................30

Page 8: Energia hidraulica

3.5.4 Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs ............................................31

3.5.4.1 Pequenas Centrais Hidrelétricas do Vale do Paraíba ......................33

4 CONCLUSÃO

................................................................................................36

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................37

Capítulo Primeiro - Introdução

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Brasil está entre

os cinco maiores produtores de energia hidrelétrica no mundo, possuindo

atualmente 158 usinas hidrelétricas de grande porte.

A hidroeletricidade penetrou no país no ano de 1883, com a usina de Ribeirão

do Inferno, no município de Diamantina. Em 1889, no despertar da República,

inaugurou se a usina de Marmelos, em Juiz de Fora, já na condição de serviço

público (CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL, 1989).

Mas, nesta época, o empreendedorismo prevaleceu. Pouco a pouco, as

potências instaladas de proprietários foram aumentando, excedendo suas

necessidades e motivando a instalar pequenas redes de distribuição, as quais

se expandiram gradativamente para regiões vizinhas, tornando-se um negócio

rentável (MARIOTONI E MAUAD,1999).

Nas décadas 1940/1950, o acelerado desenvolvimento do parque industrial

brasileiro mostrou a vulnerabilidade do setor elétrico, o qual passou a exibir

acentuada redução de qualidade de seus serviços, com freqüentes e

crescentes interrupções e cortes de energia que, agravando-se, obrigou o

Page 9: Energia hidraulica

Estado a adotar medidas de racionamento e a pensar em planejamento de

longo prazo (CHIGANER et al., 2002).

Em termos macroeconômicos, o Plano Real também foi um dos aliados

fundamentais da estratégia de reestruturação do setor elétrico, propiciando ao

Estado passar do papel de produtor para o de financiador (via BNDES),

fiscalizador e poder concedente (SOUZA E VALENCIO, 2005).

Essa busca pelo aumento da exploração energética para a expansão do

progresso do país é causa de grandes discussões na sociedade

contemporânea principalmente no que tange os impactos sócio-ambientais.

Para Pierre George (1973, p.7) o meio ambiente é constituído por um conjunto

de dados fixos e de equilíbrio de forças concorrentes que condicionam a vida

de um grupo ecológico, assim, aspectos decorrentes de impactos são

causadores do desequilíbrio natural que ocorre no meio ambiente.

1.1 OBJETIVOS

Relatar o uso da energia hidroelétrica no Brasil e suas vantagens e

desvantagens a respeitos ambientais.

1.2 JUSTIFICATIVA

Quando o ser humano interfere de alguma forma nos sensíveis ciclos da

natureza, por mais sutis que possam ser os efeitos dos seus atos, estes podem

ser catastróficos. A energia hídrica é considerada uma energia limpa e

renovável, devido à disponibilidade do ciclo da água ser inesgotável. Mas com

sua construção ela altera fortemente o ambiente e com isso prejudica muitas

espécies de seres vivos, inunda florestas que se decompõem produzindo o gás

metano que contribui para o efeito estufa.

1.3 MATERIAIS E MÉTODOS

Page 10: Energia hidraulica

Material: Câmera fotográfica.

Métodos: Visita às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) de Lavrinhas e

Queluz, ambas no estado de São Paulo, referências bibliográficas e pesquisas

didáticas.

Capítulo 2 - Implantação das Usinas Hidrelétricas

2.1 POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO

Os órgãos de planejamento do setor elétrico iniciam o trabalho de estimativa do

potencial hidrelétrico do país, em diferentes regiões, motivados pela

necessidade de aumentar a oferta de energia elétrica, sinalizada pela

tendência de crescimento da demanda.

A etapa preliminar dos estudos, com vistas à implantação de usinas

hidrelétricas, constitui-se da análise preliminar das características da bacia

hidrográfica, especialmente quanto aos aspectos topográficos, hidrológicos,

geológicos e ambientais. Nessa etapa, o objetivo fundamental é verificar a

potencialidade da referida bacia para geração de energia elétrica.

Com base nos resultados dos estudos para estimativa do potencial hidrelétrico,

são definidas, as bacias prioritárias para serem objeto de análises mais

complexas, os chamados estudos de inventário hidrelétrico.

Nessa fase, o potencial hidrelétrico de uma bacia hidrográfica é determinado.

Também é estabelecida a melhor divisão (partição) de quedas, mediante a

identificação do conjunto de aproveitamentos que propiciem um máximo de

Page 11: Energia hidraulica

energia ao menor custo aliada a um mínimo de efeitos negativos sobre o

ambiente. Destaca-se que, neste momento, o conceito de impacto ambiental

constitui-se como a variável ambiental objeto de mensuração que é utilizada na

tomada de decisão.

A elaboração dos estudos de inventário é baseada em informações de campo,

referenciadas em estudos hidrometeorológicos, energéticos, geológicos,

ambientais e de outros usos da água. Esses fatores determinam as principais

características dos aproveitamentos hidráulicos (ELETROBRÁS/DNAEE,

1997).

Após a elaboração dos estudos de inventário hidrelétrico inicia-se o estudo de

viabilidade, etapa de definição da concepção global de um dado

aproveitamento. Esse estudo parte da identificação da melhor alternativa de

divisão de quedas estabelecida na etapa anterior. Os estudos de viabilidade

vislumbram a otimização técnico-econômica e ambiental, além da avaliação

dos benefícios e custos associados.

Essa concepção compreende o dimensionamento do aproveitamento, as obras

de infra-estrutura local e regional necessárias à sua implantação, o seu

reservatório e respectiva área de influência, os outros usos da água e as ações

ambientais correspondentes.

O Relatório Final do Estudo de Viabilidade constituirá a base técnica para a

licitação da concessão de projetos de geração de energia hidrelétrica.

Conhecido o vencedor do leilão, será iniciada a elaboração do projeto básico.

Nesta etapa, o aproveitamento, como concebido nos estudos de viabilidade, é

detalhado e o seu orçamento é definido com mais precisão (CEPEL/COPPE,

1999).

Paralelamente, é concebido o projeto executivo, onde se processa a

elaboração dos desenhos de detalhamento das obras civis e dos equipamentos

hidromecânicos e eletromecânicos, necessários à execução da obra e à

montagem dos equipamentos. Nesta etapa, são tomadas todas as medidas

pertinentes à implantação do reservatório (ANEEL, 2004).

Page 12: Energia hidraulica

2.2 OBTENÇÃO DE ENERGIA E O IMPACTO AMBIENTAL

A preocupação com os impactos ambientais vem da crescente conscientização

de que a vida na Terra necessita dos recursos naturais para se manter em

equilíbrio.

Ao mesmo tempo em que o homem precisa de energia elétrica para seu

desenvolvimento, ele precisa encontrar formas para que essa geração não

degrade o meio ambiente, que é o grande gerador dos recursos naturais e de

importância vital.

Segundo Goldemberg (2003), as agressões antropogênicas ao meio ambiente

se tornaram significantes após a Revolução Industrial, e particularmente no

século XX, devido ao aumento populacional e ao grande aumento no consumo

per capita, principalmente nos países industrializados.

Após a Revolução Industrial, iniciou-se uma exploração desenfreada dos

recursos naturais, utilizando-se tecnologias em larga escala para obtenção de

energia, sem preocupações ou conhecimento das conseqüências disso. A

preocupação maior era alcançar o crescimento econômico e tecnológico, e

aumentar de modo geral oferta e mercado.

Atualmente, o preço deste desenvolvimento é conhecido: os impactos

ambientais gerados são alvos de discussões internacionais para que sejam

contidos e, se possível, restaurados.

Segundo Goldemberg (2003), os impactos ambientais podem ser:

• Locais - poluição urbana do ar, poluição do ar em ambientes fechados;

• Regionais – chuva ácida; ou

• Globais – efeito estufa, desmatamento, degradação costeira e marinha.

Adicionando a estes impactos outros relacionados à poluição sonora, impacto

sobre a flora e fauna, nota-se então a relação entre impactos ambientais e

problemas sócio-econômicos gerados, problemas com saúde, dentre outros.

Embora a construção de reservatórios, grandes ou pequenos, tenham trazido

enormes benefícios para o país, ajudando a regularizar cheias, promover

irrigação e navegabilidade de rios, elas também trazem impactos irreversíveis

Page 13: Energia hidraulica

ao meio ambiente. Isso é especialmente verdadeiro no caso de grandes

reservatórios. Existem problemas com mudanças na composição e

propriedades químicas da água, mudanças na temperatura, concentração de

sedimentos, e outras modificações que ocasionam problemas para a

manutenção de ecossistemas à jusante dos reservatórios. Esses

empreendimentos, mesmo bem controlados, têm tido impactos na manutenção

da diversidade de espécies (fauna e flora) e afetado a densidade de

populações de peixes, mudando ciclos de reprodução. (JANNUZZI, 2001)

O Brasil tem acumulado grande experiência com o resultado das várias usinas

hidroelétricas construídas, o que provocou a inundação de parte de florestas

nativas, ocasionando alterações na composição e acidez da água, que depois

teve impacto no próprio desempenho das usinas. Por sua vez, as turbinas

apresentam problemas de corrosão e depósito de material orgânico, devido às

alterações que ocorrem na composição da água.

Segundo Martins e De Luca (1994, p. 23), “a indústria pode ser a menos

poluente do mundo, porém, se seus produtos forem de má qualidade, não

haverá negócio. Contudo, se são poluentes, mesmo com qualidade podem

também estar fora dos planos de muitos consumidores”.

Segundo Oliveira (2004, p. 1):

O impacto ambiental na construção de uma usina hidrelétrica é muito intenso,

pois na área que recebe o grande lago que serve de reservatório da

hidrelétrica, a natureza se transforma: o clima muda, espécies de peixes

desaparecem, animais fogem para refúgios secos, árvores viram madeira

podre debaixo da inundação.Isso fora o impacto social: no Brasil, 33 mil

pessoas deixaram suas casas e têm de recomeçar sua vida do zero num outro

lugar.

É notório que o barramento de um rio provoca impactos ambientais

irreversíveis. Construir hidrelétricas à maneira tradicional significa abrir mão de

recursos naturais para a produção de energia em escala: isto é um fato

técnico.

Page 14: Energia hidraulica

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Brasil está entre

os cinco maiores produtores de energia hidrelétrica no mundo, possuindo

atualmente 158 usinas hidrelétricas de grande porte, que produzem um total de

74.438.695 kW (BONSOR, 2008).

Esse tipo de geração de energia produz diversos impactos ambientais, o que

faz com que seja motivo de polêmica atualmente com o avanço das discussões

sobre desenvolvimento sustentável. Os estudiosos procuram descobrir a

dimensão deste impacto a fim de encontrar formas de amenizá-los, uma vez

que a energia hidrelétrica é considerada fonte renovável.

Esses impactos ocorrem principalmente durante a construção dessas usinas,

quando afetam a fauna e a flora local. O represamento da água contribui para

esta destruição, fazendo com que diversas espécies fiquem submersas e

morram, aqueles animais que conseguem fugir acabam saindo de seu habitat

natural precisando se adaptar em novos lugares.

Em relação às espécies aquáticas, o represamento faz com que umas acabem

por se proliferar em relações a outras e, para aquelas espécies que fazem a

piracema, são utilizadas escadas nas barragens para que esses peixes

possam circular. O represamento também gera um excesso de nutrientes

culminando na eutrofização das águas e aumentando a proliferação de

microorganismos que, além de poluir, causam conseqüências negativas aos

homens. Além disso, a morte da floresta eleva a temperatura ambiente

mudando o ciclo de chuvas.

A Resolução nº001 do CONAMA, em seu artigo 1º define impacto ambiental

como:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas que diretamente ou indiretamente afetam a saúde, a

segurança e o bem estar da população; a biota; as condições estéticas e

sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos naturais. (BRASIL,

1997)

Page 15: Energia hidraulica

Outra polêmica em relação à construção das usinas hidrelétricas é a

contribuição para o efeito estufa. Durante suas construções e seu

funcionamento, as usinas hidrelétricas emitem gás carbônico (CO2) e metano

(CH4), dois dos principais causadores do aumento prejudicial do efeito estufa,

porém ainda não se sabe se o impacto causado é tão grande quanto o de

usinas termoelétricas, consideradas uma das maiores responsáveis pelo

aquecimento global (FENILI, 2008).

2.3. QUESTÕES SOCIAIS NOS EMPREENDIMENTOS

HIDRELÉTRICOS

O modelo utilizado atualmente para a construção de hidrelétricas coloca em

primeiro lugar os interesses econômicos (privados) em relação aos bens

coletivos (meio ambiente), consubstanciando-se em uma visão antropocêntrica

de mundo, gerador de fortes impactos sócio-ambientais.

O aumento da construção de usinas, principalmente as hidrelétricas no Brasil,

deve-se ao fato da energia ser um fator essencial para o desenvolvimento

sócio-econômico de uma nação. Porém, os impactos sócio-ambientais

causados por essas normalmente não são visíveis para a sociedade.

No que se refere aos aspectos sociais, particularmente com relação às

populações ribeirinhas atingidas pelas obras, essas são invariavelmente

desconsideradas diante da perspectiva da perda irreversível das suas

condições de produção e reprodução social, determinada pela formação do

reservatório.

As usinas hidrelétricas construídas até hoje no Brasil resultaram em mais de

34.000 km2 de terras inundadas para a formação dos reservatórios, e na

expulsão – ou “deslocamento compulsório” – de cerca de 200 mil famílias,

todas elas populações ribeirinhas diretamente atingidas. (CMB, 2000)

Com freqüência, a construção de uma usina hidrelétrica representou para

essas populações a destruição de seus projetos de vida, impondo sua expulsão

Page 16: Energia hidraulica

da terra sem apresentar compensações que pudessem, ao menos, assegurar a

manutenção de suas condições de reprodução num mesmo nível daquele que

se verificava antes da implantação do empreendimento.

Historicamente, muitas usinas hidrelétricas são instaladas em espaços sociais

inicialmente concebidos pelas e para populações ribeirinhas produzirem suas

formas de subsistência por meio da pesca e da lavoura. Os projetos de

construção de hidrelétricas acabam ocupando os espaços de reprodução

social/cultural de proprietários e não-proprietários de terras (meeiros,

arrendatários, posseiros, assalariados etc.).

2.4 HIDRELÉTRICAS X SUSTENTABILIDADE

Apesar do tema “desenvolvimento sustentável” vir sendo citado freqüentemente

nas últimas décadas, a idéia corrente de “progresso” ou “desenvolvimento”

ainda está cega em relação à questão ambiental, fazendo com que surja a

necessidade de despertar a sociedade para a conseqüência deste

desconhecimento.

As hidrelétricas, vistas por muitos como uma fonte de “energia limpa”, do ponto

de vista ambiental não podem ser consideradas uma ótima solução ecológica.

Elas interferem drasticamente no meio ambiente devido à construção das

represas, que provocam inundações em imensas áreas de matas, interferem

no fluxo de rios, destroem espécies vegetais, prejudicam a fauna, e interferem

na ocupação humana. As inundações das florestas fazem com que a

vegetação encoberta entre em decomposição, alterando a biodiversidade e

provocando a liberação de metano, um dos gases responsáveis pelo efeito

estufa e pela rarefação da camada de ozônio.

Segundo Leite (2005), a implantação de hidrelétricas pode gerar impactos

ambientais na hidrologia, clima, erosão e assoreamento, sismologia, flora,

fauna e alteração da paisagem. Na hidrologia impacta com a alteração do fluxo

de corrente, alteração de vazão, alargamento do leito, aumento da

profundidade, elevação do nível do lençol freático, mudança de lótico para

lêntico e geração de pântanos. Impacta no clima alterando temperatura,

Page 17: Energia hidraulica

umidade relativa, evaporação (aumento em regiões mais secas), precipitação e

ventos (formação de rampa extensa).

Impacta também através da erosão marginal com perda do solo e árvores,

assoreamento provocando a diminuição da vida útil do reservatório,

comprometimento de locais de desova de peixes, e perda da função de

geração de energia elétrica. Na sismologia pode causar pequenos tremores de

terra, com a acomodação de placas. Na flora provoca perda de biodiversidade,

perda de volume útil, eleva concentração de matéria orgânica e conseqüente

diminuição do oxigênio, produz gás sulfídrico e metano provocando odores e

elevação de carbono na atmosfera, e eutrofiza as águas. Na fauna provoca

perda da biodiversidade, implica em resgate e realocação de animais, somente

animais de grande porte conseguem ser salvos, aves e invertebrados

dificilmente são incluídos nos resgates, e provoca migração de peixes.

No Brasil, a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia vem degradando

enormemente a floresta, que “tornou-se alvo das estratégias de

desenvolvimento e integração territorial de diversos países da América do Sul”

(FAVARETTO, 1999).

Cortez (2005) coloca que:

O desmatamento é o principal fator da redução pluviométrica nas áreas de

recarga (cabeceiras) dos rios que abastecem as represas. E cita o rio São

Francisco como exemplo: o desmatamento de sua cabeceira e afluentes, a

perda das matas ciliares, a retirada sem controle de grandes volumes de água

para irrigação e consumo rebaixaram o seu nível, assorearam o seu leito e

causaram a salinização de sua foz. E, conseqüentemente, perda de volume

nos reservatórios das suas hidrelétricas.

Os impactos ambientais provocados por hidrelétricas podem ser exemplificados

pela usina de Balbina, na Amazônia. Neste caso não só os impactos

ambientais são visíveis, como também os resultados da falta de planejamento

para implantação do projeto.

Page 18: Energia hidraulica

Capítulo 3 - O Setor Elétrico Brasileiro

3.1 PRINCIPAIS BACIAS PRODUTORAS DE

HIDROELETRICIDADE

A capacidade de geração do Brasil é de 82,35 GW. Existem, ainda, sistemas

isolados no norte do país, cujo parque gerador representa 3,5% do parque

nacional instalado. A base geradora é eminentemente hidráulica (78%), com a

geração térmica exercendo a função de complementaridade nos momentos de

pico do sistema. Uma característica importante da geração elétrica brasileira é

a coordenação da operação das usinas hidrelétricas para a otimização da

utilização do parque instalado (SILVA, 2004).

Pouco menos de 60% da capacidade instalada, no Brasil, está na bacia do rio

Paraná. Outras bacias importantes são as do São Francisco e do Tocantins,

com 16% e 12%, respectivamente, da capacidade instalada no país. As bacias

com menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste e Amazonas,

que somam apenas 1,5% da capacidade instalada, no país. Em termos de

esgotamento dos potenciais, verifica-se que as bacias mais saturadas são as

do Paraná e do São Francisco, com índices de aproveitamento (razão entre

Page 19: Energia hidraulica

potencial aproveitado e potencial existente) de 64,5% e 39,2%,

respectivamente.

As menores taxas de aproveitamento são verificadas nas bacias do Amazonas

e Atlântico Norte/Nordeste. Em nível nacional, cerca de 25,6% do potencial

hidrelétrico estimado já foi aproveitado. Em relação ao potencial inventariado,

essa proporção aumenta para 37,3%. Os baixos índices de aproveitamento da

bacia do Amazonas devem-se ao relevo predominante da região (planícies), à

grande diversidade biológica e à distância dos principais centros consumidores

de energia.

Já na região centro-sul do país, o desenvolvimento econômico muito mais

acelerado e o relevo predominante (planaltos) levaram a um maior

aproveitamento dos seus potenciais hidráulicos. Mas o processo de

interiorização do país e o próprio esgotamento dos melhores potenciais das

regiões Sul e Sudeste têm requerido um maior aproveitamento hidráulico de

regiões mais remotas e economicamente menos desenvolvidas.

Na primeira metade do século XX, a grande maioria dos projetos hidrelétricos

foi instalada na região Sudeste. Até 1950, as usinas estavam concentradas

próximas ao litoral, entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas

Gerais.

Atualmente, há uma dispersão mais acentuada, cujo centro de massa está

localizado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e

Goiás. No período de 1945 a 1970, os empreendimentos se espalharam mais

em direção ao Sul e ao Nordeste, com destaque para os estados do Paraná e

Minas Gerais. Entre 1970 e meados dos anos 80, as usinas espalharam-se por

diversas regiões do país, graças ao aprimoramento de tecnologia de

transmissão de energia elétrica em grandes blocos e distâncias.

Nesse mesmo período verificou-se também uma forte concentração de projetos

na zona de transição entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde estão

duas importantes sub-bacias do Paraná (Grande e Paranaíba). Mais

recentemente, tem-se destacado as regiões Norte e Centro-Oeste,

principalmente o estado de Mato Grosso (ANEEL, 2004).

Page 20: Energia hidraulica

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A iniciativa privada, cuja participação setorial foi praticamente inexistente nos

anos 60 até meados dos anos 90, hoje participa, após a privatização realizada

nos âmbitos federal e estadual, respectivamente, com cerca de 62% e 12% dos

segmentos de distribuição e geração de eletricidade. Apesar da estrutura

diversificada, historicamente a estrutura de decisões do Setor Elétrico Brasileiro

- SEB era bastante centralizada.

Essa característica acentuou-se após 1962, com a criação da Eletrobrás que

assumiu as funções de coordenação do planejamento e da operação e de

agente financeiro e transformou-se em holding das quatro geradoras federais,

(Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul) responsáveis, ao longo da década de

90, por cerca de 50% da energia gerada no país (PIRES et al., 1999).

A reestruturação do SEB, na última década, tinha como objetivo a busca da

eficiência econômica em um setor tradicionalmente caracterizado pela forte

intervenção do poder público, em grande parte sob a forma de monopólios

estatais. A reforma do SEB não pode ser examinada fora do quadro de

transição econômica que o Brasil vivenciava no início dos anos 90.

A abertura comercial promovida a partir de 1989 sinalizou o início de uma nova

etapa de desenvolvimento marcado pela substituição de crescimento

impulsionado pelo Estado, para o crescimento predominantemente

impulsionado por capitais privados. Como a economia de escala era a

prioridade que definia a maior parte das decisões sobre investimentos, as

usinas maiores eram preferidas às menores. Isso resultou em projetos

enormes, os quais demandaram grandes dispêndios com ativos fixos e

períodos de maturação longos – fatores que, posteriormente, impediram o

término da construção de muitas delas (SILVA, 2004).

A crise de abastecimento de energia elétrica, verificada no país no ano de

2001, foi oriunda de inúmeros fatores, tais como: falta de investimentos no

setor elétrico, falta de infra-estrutura nos órgãos ambientais, lacunas

Page 21: Energia hidraulica

regulatórias, erros na elaboração do planejamento, cenário hidrológico

desfavorável, dentre outros. Aspectos de cunho estrutural e também

conjuntural levaram o país a implementar um plano de redução do consumo e

aumento de oferta de energia elétrica.

3.3 ASPECTOS LEGAIS

Para uma análise da legislação ambiental brasileira, obrigatoriamente, tem-se

que iniciar nosso estudo pela Lei Maior do País, ou seja, pela Constituição da

República Federativa do Brasil. Pela primeira vez, o meio ambiente foi objeto

de tratamento direto e minucioso no texto constitucional, considerado como

parte integrante do patrimônio público e indispensável à existência da vida e à

manutenção de sua qualidade e que, nessa condição, deve ser objeto de

atenção e proteção por parte do poder público e da coletividade.

Assim, o Capítulo VI, da Constituição Federal, trata exclusivamente, do meio

ambiente, interessando especificamente o disposto no Artigo 225:

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

poder publico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.

Deste modo é incontestável que o texto constitucional e a própria legislação

ordinária visam proteger a qualidade do meio ambiente em função da qualidade

da vida humana. Assim sendo, há inegável interesse público na proteção

ambiental. O interesse que está em questão, e que deve ser objeto de

proteção, pertence à coletividade como um todo, a um número indeterminado

de pessoas que são seus integrantes. Trata-se, portanto, de um interesse

difuso, superior ao interesse coletivo e ao interesse particular.

Neste contexto, de acordo com o Ministério de Minas e Energia – MME (2006,

p. 1):

A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL foi criada pela Lei Nº 9.427,

Page 22: Energia hidraulica

de 1996. Autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e

Energia, tem como atribuições regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a

distribuição e a comercialização da energia elétrica; mediar os conflitos de

interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores;

conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas

justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a

competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços.

Sendo assim, a viabilidade de construção de novas usinas hidrelétricas é

gerenciada pela ANEEL. Compete a ela também programar as políticas e

diretrizes do Governo Federal para a exploração de energia elétrica e o

aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica. Muitas atribuições legais

da ANEEL estão diretamente ligadas à área de hidrologia e aos recursos

hídricos, das quais se destacam:

a) desenvolver atividades relativas aos aproveitamentos de energia elétrica;

b) definir o aproveitamento ótimo do potencial de energia hidráulica;

c) promover as licitações destinadas a contratação para a produção de energia

elétrica e para a outorga de concessão com vistas ao aproveitamento de

potenciais hidráulicos;

d) regular e fiscalizar a conservação e o aproveitamento dos potenciais

hidráulicos;

e) definir e arrecadar os valores relativos à compensação financeira pela

exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica;

f) homologar dos valores das energias asseguradas das centrais elétricas;

g) promover a articulação como os Estados e o Distrito Federal para o

aproveitamento energético dos cursos de água e a compatibilização com a

política nacional de recursos hídricos.

Nesse sentido, a Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas –

SIH desenvolve trabalhos de forma a subsidiar a ANEEL no cumprimento

dessas atribuições. Outro órgão que fiscaliza o meio ambiente e seus recursos,

é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis –

Page 23: Energia hidraulica

IBAMA. Fazendo parte do IBAMA, há o Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA. Conforme Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de

1997:

Art. 3º - A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas

efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio

dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de

impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual se dará publicidade,

garantido a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com

a regulamentação.

Tanto o EIA como o RIMA são responsáveis por evidenciar toda a

operacionalização ambiental da instituição antes, durante e após a conclusão

dos projetos, o que os tornam imprescindíveis na gestão ambiental. Também

conforme Resolução CONAMA Nº 237, define em seus artigos 4 º,5 º e 6 º os

órgãos competentes para o licenciamento, como segue:

Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento

ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de

1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de

âmbito nacional ou regional, a saber:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no

mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em

terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País

ou de um ou mais Estados;

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o

licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de

conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;

II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação

natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771,

Page 24: Energia hidraulica

de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por

normas federais, estaduais ou municipais;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um

ou mais Municípios;

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos

competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o

licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto

ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por

instrumento legal ou convênio.

3.4 PLANO DE EXPANSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NO

BRASIL

A Eletrobrás tem como atribuição executar o plano de expansão do sistema

elétrico brasileiro, cujo desenvolvimento se dá em três níveis: longo, médio e

curto prazos.

Os estudos que subsidiam a elaboração do Plano de Longo Prazo devem ser

conduzidos em consonância com a Política Energética Nacional. Esse plano

contempla a definição das estratégias de expansão do sistema para um

horizonte de 20 anos e aponta as disponibilidades de fontes energéticas

primárias e alternativas tecnológicas.

Nessa etapa do planejamento, torna-se extremamente necessária, a utilização

de ferramentas de Avaliação Ambiental Estratégica – AAE. Essas ferramentas

estão sendo desenvolvidas para subsidiar a concepção e análise de políticas,

planos e programas.

Os estudos relativos à hidroeletricidade deverão apontar a necessidade de

realização de novos inventários, para melhor conhecimento do potencial

hidroelétrico disponível, em vistas a atender a requisitos técnicos, energéticos,

econômicos e ambientais. Como exemplo, a perspectiva de esgotamento do

potencial hidráulico disponível nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, apontam

para a utilização dos recursos hídricos na região Amazônica. Isso exigirá,

Page 25: Energia hidraulica

certamente, cuidados específicos para a priorização da utilização dos recursos

dessa região, em função de sua complexidade ambiental e de grande interesse

pelas intervenções aí realizadas, manifestado pela sociedade em geral

(CEPEL/COOPE, 1998).

A partir da escolha de aproveitamentos inventariados, são programados os

estudos de viabilidade, configurando-se na etapa de planejamento de médio

prazo, contemplando um horizonte de 15 anos.

Por fim, o planejamento de curto prazo, conhecido como Plano Decenal de

Geração – PDG, com horizonte de 10 anos, inicia-se a partir da aprovação dos

estudos de inventário e de viabilidade. Empresas contratadas elaboram os

projetos básicos e fazem ajustes nos cronogramas de implantação dos

aproveitamentos, em função da evolução do mercado consumidor de energia,

estimado também pela Eletrobrás, por meio do Comitê Técnico de Estudos de

Mercado – CTEM (ELETROBRÁS, 2004).

Os estudos são elaborados com o objetivo de estabelecer diretrizes para a

expansão do sistema, de modo a atender a demanda de energia e nortear as

decisões individuais dos agentes investidores. Eles indicam a melhor

seqüência de obras no horizonte de dez anos, do ponto de vista energético,

econômico e ambiental (GCPS/ELETROBRÁS, 1998).

Devem ser sinalizados os custos e as incertezas associados a cada projeto,

especialmente com relação aos aspectos ambientais. Igualmente as incertezas

relativas à data de entrada em operação, em decorrência do prazo necessário

para o cumprimento dos procedimentos do processo de licenciamento

ambiental (ELETROBRÁS, 2004).

O processo de planejamento deverá contar, desde o início da tomada de

decisão, com instâncias participativas, de modo a integrar visões extra-setoriais

e reduzir a margem de conflitos sócio-ambientais, em etapas mais adiantadas.

Considere-se que o comprometimento com recursos e prazos é maior devido a

decisões já estabelecidas (ELETROBRÁS/DNAEE, 1997).

Os estudos de inventário hidrelétrico são desenvolvidos em consonância com o

planejamento indicativo do setor elétrico que deverá observar as diretrizes

Page 26: Energia hidraulica

estabelecidas pelo poder concedente. A realização dos estudos de inventário

tem importância estratégica para a definição do aproveitamento ótimo.

Do ponto de vista estritamente setorial, o inventário hidrelétrico assume um

papel central na determinação da boa qualidade da expansão do setor. Nesta

etapa são analisadas as múltiplas implicações dos diferentes aproveitamentos,

sem ainda ter ocorrido o comprometimento de recursos técnicos e financeiros

(LA ROVERE, 2000).

Do ponto de vista ambiental, é o momento em que podem ser identificados os

impactos ambientais do conjunto de aproveitamentos sobre a bacia

hidrográfica, os efeitos cumulativos e as sinergias entre os diferentes projetos.

Além disso, as restrições são impostas aos demais usos dos recursos hídricos

e buscados os meios de equacioná-los ou minimizá-los.

Por outro lado, nesta fase, as interações com os interesses dos demais

agentes usuários da água na bacia hidrográfica em estudo podem ser mais

bem avaliadas (LA ROVERE, 2000).

De modo a disciplinar a execução dos estudos ambientais em paralelo com os

estudos energéticos, a Resolução ANEEL nº 393/98 estabelece que os titulares

de registro de estudos de inventário deverão formalizar consulta aos órgãos

ambientais para definição dos estudos relativos aos aspectos ambientais e aos

órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, com vistas à melhor

definição do aproveitamento ótimo e da garantia do uso múltiplo dos recursos

hídricos.

3.5 PERSPECTIVAS DO SETOR HIDRELÉTRICO

BRASILEIRO

3. 5.1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

A geração hidráulica é responsável por cerca de 40% da oferta interna de

energia no Brasil — percentual ligeiramente superior ao do petróleo e do gás

natural somados (37%) — e por mais de 90% do suprimento de eletricidade no

Page 27: Energia hidraulica

país. Somente cerca de 25% do total do potencial hidrelétrico brasileiro (de

aproximadamente 261 mil megawatts) corresponde a usinas em operação, o

que indica que a participação da energia hidráulica na matriz energética

brasileira deverá aumentar, sobretudo em razão do aproveitamento do

potencial da Amazônia, considerado uma das melhores soluções para

assegurar o suprimento da demanda de energia elétrica no período entre 2005

e 2020.

O país possui 403 usinas em operação e 25 em construção, além de mais de

3.500 unidades registradas no Sistema de Informação do Potencial Hidrelétrico

Brasileiro (instrumento desenvolvido pela divisão de Recursos Hídricos e

Inventário da Eletrobrás), em fases diversas de avaliação ou planejamento. No

rio Paraná, situa-se a maior usina do mundo, a Itaipu Binacional,

empreendimento conjunto do Brasil e do Paraguai, com potência instalada de

12.600 megawatts (MW). As bacias brasileiras com maior potencial hidrelétrico

são a do Paraná - 59.183MW e a do Amazonas - 105.440MW.

Segundo o Instituto do Ambiente – IA (2004), a produção de energia

hidroelétrica pode ser atrativa pelos seguintes motivos:

a) é nula ou reduzida a poluição atmosférica, da água e do solo;

b) contribui para os objetivos da política energética e de desenvolvimento

sustentável (fonte renovável de energia);

c) caso haja uma barragem construída, esta pode ter outros benefícios

associados, tais como: o abastecimento público de água, a irrigação, a criação

de uma zona de lazer e com potencial turístico, etc;

d) a energia elétrica é mais barata para o consumidor em comparação com

outras formas de energia, eólica, térmica ou nuclear.

De acordo com Vésper (2006, p. 1), “a demanda mundial por energia irá quase

dobrar até 2030”, ou seja, há uma tendência significativa na construção e

modernização de usinas hidroelétricas para os próximos anos, principalmente

no Brasil, um país em desenvolvimento.

Ainda segundo Vésper (2006, p. 2):

O ritmo de crescimento do consumo de energia nos países ricos é menos

Page 28: Energia hidraulica

acelerado que naqueles em desenvolvimento. "Isso acontece por causa dos

diferentes estágios de industrialização", diz Mike Grillot, economista do

Departamento de Energia dos Estados Unidos. Países atrasados têm indústrias

pesadas, que consomem mais eletricidade. As nações maduras, por sua vez,

estão cada vez mais se especializando na área de serviços e deslocando

fábricas para países em desenvolvimento. Hoje, de cada dez habitantes do

planeta, três não têm acesso à eletricidade.

3.5.2 A MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA NO CENÁRIO MUNDIAL

O Brasil é o país que detém maior quantidade de água no planeta. Na Tabela 1

é possível observar os países com maiores recursos hídricos. Por meio dessa

tabela nota-se a importância que o Brasil possui no mundo quando se trata de

recursos hídricos.

Tabela 1: Recursos Hídricos por país

País Recursos hídricos interno ao território (km³/ano) Recursos hídricos de

origem externa (km³/ano)

Total (km³/ano)

% do total

Brasil 5418 2815 8233 18,81%

Rússia 4312,7 194,6 4507,3 10,30%

Canadá 2850 52 2902 6,63%

Indonésia 2838 0 2838 6,48%

China 2812 17,2 2829,2 6,46%

Estados Unidos 2000 71 2071 4,73%

Peru 1616 297 1913 4,37%

Índia 1260,5 636,1 1896,6 4,33%

Congo 900 383 1283 2,93%

Venezuela 722,5 510,7 1233,2 2,82%

Mundo 43.764 43.764 100%

Page 29: Energia hidraulica

Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED

NATIONS (2003)

A partir dos recursos hídricos totais é possível avaliar quanto é aproveitável

para geração de energia, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2: Potenciais Hídricos com capacidade de exploração no mundo

País Capacidade Teórica (TWh/ano) Tecnicamente Exploráveis (TWh/ano)

Page 30: Energia hidraulica

Produção em 2005 (TWh/ano) Economicamente Exploráveis (TWh/ano)

% Total

Brasil 5920 1920 337 1260 13%

Rússia 2800 1670 165 852 12%

Canadá 2040 1488 337,46 811 10%

Indonésia 1289 951 358,61 523 7%

China 1397 774 5,8 419 5%

EUA 4485 529 269,69 376 4%

Peru 527 264 15 264 2%

Índia 650 260 2,84 260 2%

Congo 1578 260 17,98 260 2%

Venezuela 600 260 136,4 180 1%

Fonte: WORLD ENERGY CONCIL (2007)

O parque energético brasileiro é um dos mais limpos do mundo. De acordo

com dados da Eletronorte (2009), 14,7% da matriz energética brasileira é de

fonte hidráulica, sendo que a energia hidráulica representa 85,6% da oferta

interna de energia elétrica. Desta forma, pode-se afirmar que o Brasil é uma

grande referência para o setor de energia elétrica no mundo, em razão da alta

participação de fontes renováveis.

Além disso, segundo Eletronorte (2009), de todo o potencial hídrico brasileiro,

apenas 30% se transformaram em usinas construídas ou outorgadas. Essa

situação ocorre, porque 70% do potencial aproveitável está localizado nas

bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia. Assim em 2008 os potenciais da

região Sul, Sudeste e Nordeste já estavam quase que integralmente

explorados, em razão dos grandes centros consumidores estarem nessas

localidades.

Apesar do Brasil ser referência no setor de energia, a participação das PCHs

ainda é pequena como pode ser observado na Tabela 3. No entanto essa

participação vem aumentando de forma consistente nos últimos anos.

Page 31: Energia hidraulica

Tabela 3: Parque Elétrico Brasileiro

Tipo Quant.

Potência Fiscalizada (KW) %

Eólica 17 272.650,00 0,27%

PCH 542 2.336.976,00 2,29%

Solar 1 20,00 0,00%

Grandes Hidrelétricas 159 75.066.931,00 73,46%

Térmica 1.039 22.500.308,00 22,02%

Termonuclear 2 2.000.700,00 1,96%

Total 1.760 102.183.885,00 100,00%

Fonte: ANEEL (2011)

Nota-se pela Tabela 4 que a participação de PCHs em construção teve um

grande crescimento, quando comparado com a porcentagem das PCHs em

operação, um aumento de 2,3% para 17,4%. A potência instalada das PCHs

que estão em construção são aproximadamente 50% superior do que a

capacidade de geração das que estão operando atualmente. Sendo que a

potência das futuras PCHs que já possuem autorização da ANEEL é maior que

a atual potência elétrica em funcionamento.

Tabela 4: Fontes Alternativas de Energia versus Matriz Energética Brasileira

Tipo Operação Construção Autorização Total

PCH 2.336,00 1.264,00 2.446,00 6.046

Eólica 273,00 174,00 3.181,00 3.628

Biomassa 4.600,00 176,00 970,00 5.746

Total 7.209,00 1.614,00 6.597,00 15.420

Page 32: Energia hidraulica

Brasil 102.183,00 7.266,00 33.557,00 143.006

(PCH/Brasil) % 2,3% 17,4% 7,3% 4,2%

Fonte: ANEEL (2011)

Na Tabela 5 pode-se visualizar o atual potencial de geração elétrica das PCHs

em comparação com as maiores usina hidrelétricas brasileiras. Somando a

potência gerada pelas 542 PCHs que operam atualmente pelas diversas

regiões do Brasil, se chega à potência de 2.336 MW, fazendo essa

consideração elas ficam destacadas em sexto lugar entre as maiores usinas.

É bem possível que em alguns anos, com o ritmo de crescimento das PCHs

atual, juntas, as PCHs tenham uma capacidade de geração elétrica superior

que qualquer usina hidrelétrica no país.

Tabela 5: Posição das PCHS X Maiores UHEs

1° Tucuruí I e II 8.370

2° Itaípu (Parte do Brasil) 7.000

3° Ilha Solteira 3.444

4° Xingó 3.162

5° Paulo Afonso IV 2.462

6° PCH (542) 2.336

7° Itumbiara 2.280

8° São Simão 1.710

9° Jupiá 1.551

10° Porto Primavera 1.540

Fonte: ANEEL (2011)

3.5.3 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS USINAS DE PRODUÇÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

Para produzir energia a partir de uma fonte hidráulica é necessário integrar a

vazão do rio, a quantidade de água disponível em certo período de tempo e os

Page 33: Energia hidraulica

desníveis de relevo, sejam naturais ou criados, artificialmente. A estrutura

básica de uma usina é composta resumidamente por uma barragem, sistema

de captação e adução de água, casa de força e vertedouro, que funcionam de

forma integrada.

A barragem interrompe o curso normal do rio e permite a formação do

reservatório. Além de estocar a água, os reservatórios possuem outras

funções: possibilitar a formação do desnível necessário para configuração da

energia hidráulica, a captação da água em volume apropriado e a regularização

da vazão do rio em épocas de chuva ou estiagem. Algumas usinas são

denominadas “a fio d'água”, isto é, não existe reservatório de água, o que

diminui a capacidade de armazenamento.

Os sistemas de captação e adução são formados por canais, túneis ou

condutos metálicos que possuem a função de induzir a água até a casa de

força. Neste local ficam instaladas as turbinas, formadas por uma série de pás

ligadas ao eixo que está conectado ao gerador. Durante o movimento das pás,

as turbinas transformam energia cinética em energia elétrica por meio dos

geradores. As águas depois que passam pelas turbinas são restituídas ao leito

natural do rio pelo canal de fuga.

O vertedouro tem a função de possibilitar a saída da água sempre que os

níveis do reservatório ultrapassar o limite recomendado. Sua abertura ocorre

em razão do excesso de vazão ou chuva, isto é, quando a quantidade de água

é maior que a necessária para o armazenamento ou para geração de energia.

Em tempos de chuva, o processo de abertura de vertedouros procura evitar

enchentes nas regiões de entorno da usina.

3.5.4 PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS - PCHs

As PCHs são feitas na maioria das vezes em rios de médio e pequeno porte

que possuam um desnível expressivo durante seu percurso, que possa gerar

potência hídrica o suficiente para movimentar as turbinas.

Geralmente uma PCH opera a fio da água, ou seja, o reservatório não

Page 34: Energia hidraulica

possibilita a regularização do fluxo da água. Dessa forma, em épocas de

estiagem a vazão disponível pode ficar menor que a capacidade das turbinas, o

que leva a ociosidade. Em outras circunstâncias as vazões são maiores, o que

leva a passagem da água pelo vertedouro.

Isso faz com que o custo da energia elétrica gerada pelas PCHs seja maior que

de uma usina de grande porte, onde o reservatório pode ser operado de forma

a contornar a ociosidade ou os desperdícios de água. Porém as PCHs são

usinas que trazem um menor impacto ambiental e ajudam na geração

descentralizada da energia no país.

Além dos elementos técnicos para definir o porte de uma barragem, como o

volume de água do rio, características geográficas e fragilidade ambiental, o

porte de usina também pode sofrer influência de aspectos sociais e políticos, o

que reduzem a otimização da usina. Mas na maioria das vezes os recursos são

os fatores restritivos a maximização do aproveitamento do potencial hídrico.

De acordo com a resolução n° 652 da ANEEL, foi determinado que serão

denominadas de Pequena Central Hidrelétrica (PCH). A classificação, segundo

a Eletrobrás, das centrais quanto à capacidade de regularização são

classificadas da seguinte forma: (1) de acumulação, com regularização diária

ou mensal do reservatório; (2) a fio d'água.

Uma PCH de acumulação é construída quando a vazão do curso da água não

é suficiente para gerar a energia necessária de descarga para o sistema

gerador. Dessa forma a barragem terá que acumular água nos momentos de

baixo consumo, para utilizá-la no período de pico. Em situação extrema, as

máquinas param o suprimento de energia no baixo consumo, que deverá ser

suprido com outras fontes como geradores a diesel. Esse tipo de PCH tem

maiores efeitos ambientais, em especial sobre a vida aquática, já que o

reservatório estará em constante mudança de nível.

Já uma PCH a fio d'água possuiu um rio com volume de água maior que a

descarga necessária para o sistema gerador. Com isso a adução pode ser feita

a partir de uma barragem mínima, já que o aproveitamento do potencial hídrico

será parcial, ocorrendo descarga de forma continua pelo vertedouro.

Page 35: Energia hidraulica

Segundo Müller (1995) o potencial aproveitável de PCHs no Brasil é de cerca

de 7GW, porém a participação de PCHs no parque elétrico brasileiro é

consideravelmente baixo, ainda mais considerando a competitividade de custos

das PCHs em frente a outras fontes de energia elétrica. Entretanto a

participação dessa fonte é significativa no atendimento de regiões isoladas e

em situações ligadas a usos conciliados de reservatórios.

Outra vantagem das PCHs é que pela lei n° 9.648 de 27 de maio de 1998, as

PCHS destinadas a autoprodução ou à produção independente só precisam de

autorização da ANEEL, estando livre do pagamento pelo uso do bem público.

3.5.4.1 PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS DO VALE DO PARAÍBA

O Vale do Paraíba possui três usinas hidrelétricas em operação, com

capacidade instalada de 174 megawatts. A maior central é de Paraibuna, com

85 megawatts, seguida pela de Santa Branca (57 megawatts) e Jaguari (27,6

megawatts).

Além da geração de energia, o rio Paraíba do Sul é o responsável pelo

abastecimento de água das cidades localizadas na bacia paulista do rio e da

região metropolitana do Rio de Janeiro.

Para suprir a população do Rio, é retirado diariamente volume de cerca de 160

metros cúbicos por segundo do Paraíba. A água é levada para o sistema

Guandú, na baixada fluminense, onde é tratada e distribuída para consumo

humano.

O governo paulista também estuda a possibilidade de transpor um volume de

água do Paraíba para suprir a região metropolitana de São Paulo. A questão é

polêmica e movimenta ambientalistas e autoridades contrários a uma possível

transposição.

Recentemente, foram concluídas as novas centrais hidrelétricas do rio Paraíba

do Sul, entre as cidades de Queluz e Lavrinhas, no Vale Histórico, na divisa

entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Ambas possuem capacidade de geração de energia de 30 megawatts. O lago

Page 36: Energia hidraulica

da central de Queluz (FIGURA 1) tem capacidade máxima de armazenamento

de 3,37 bilhões de litros e ocupará uma área de 0,88 quilômetros quadrados. A

PCH de Lavrinhas (FIGURA 2) possui um reservatório com capacidade para

armazenar até 8,84 bilhões de litros.

Figura 1 – Pequena Central Hidrelétrica de Queluz

Fonte: http://colunajeremias.blogspot.com/2011_09_01_archive.html

Como as barragens destas PCHs foram desviadas, as águas do rio formaram

lagos para a alimentação das mesmas, o que acarretou a perda das belas

corredeiras do Rio Paraíba do Sul e perdendo tudo o que a natureza formatou

nesse trecho para purificá-lo e oxigená-lo.

Figura 2 – Pequena Central Hidrelétrica de Lavrinhas

Fonte: RICARDO PEREIRA ARANTES (2009)

Page 37: Energia hidraulica

4 Conclusão

O problema dos impactos sócio-ambientais relacionados à construção de

usinas hidrelétricas ainda é de difícil solução. Das primeiras usinas implantadas

no Brasil até a atualidade muito se evoluiu no que diz respeito à mitigação dos

impactos nos sistemas vivos inseridos nesse contexto. Uma perspectiva mais

abrangente que contemple o homem, os animais, a vegetação, o curso d'água

e suas interações pode ser muito útil para se mensurar o impacto dessas obras

e propor alternativas de minimização de problemas. De fato muito já se pode

fazer nesse sentido.

Em contrapartida a crescente demanda de energia elétrica para abastecer os

grandes centros urbanos, com suas indústrias, exige a expansão do parque

gerador brasileiro. Deve-se então condicionar esses empreendimentos a uma

série de estudos sob uma ótica multidisciplinar, levando em conta não só o

meio ambiente, o ser humano e suas relações, mas também a necessidade de

energia elétrica das futuras gerações.

Cada forma de obtenção de energia, renovável ou não, possui pontos positivos

e negativos, entretanto os pesos para cada ponto devem ser atribuídos

corretamente para que o planejamento seja válido e realmente possa mitigar os

impactos ambientais. Conhece-los e quantifica-los é essencial para o

planejamento.

Diante da crescente demanda por energia elétrica, concluí-se que os incentivos

às Pequenas Centrais Hidrelétricas, por serem consideradas uma forma de

produção de energia com baixo impacto ambiental e uma energia “limpa” e

Page 38: Energia hidraulica

renovável, criam atrativos para que sejam implantadas PCHs nas regiões que

seriam consideradas críticas em relação à falta de energia.

5 Referências Bibliográficas

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elétrica, 2004.

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ARANTES, R. P. Pequena Central Hidrelétrica de Lavrinhas. Lavrinhas, 04 abr.

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