12
Plantas Tóxicas para Animais HERBÁRIO VIRTUAL Lantana camara Alice Melo Cândido , Zootecnia - UFSC, 2015

Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Plantas Tóxicas para Animais

HERBÁRIO VIRTUAL

Lantana camara

Alice Melo Cândido , Zootecnia - UFSC, 2015

Page 2: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Lantana

Nome científico: Lantana camara;

Nomes populares: Camará, cambará, camará-de-cheiro, camará de espinho, cambará de cheiro, cambará-de-chumbo, cambará miúdo, cambará verdadeiro e cambará vermelho;

Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical;

Origem: América Central, América do Sul;

Altura: 0.9 a 1.2 metros;

Luminosidade: Sol Pleno;

Ciclo de Vida: Perene.

História

“A Lantana é nativa da América tropical e subtropical, com algumas espécies ocorrendo na Ásia e África. A espécie Lantana câmara tem se espalhado pelo mundo, causando problemas em diversos países onde ela foi introduzida como planta ornamental.

Distribuição global da L. camara

Nesses países a Lantana se adaptou muito bem às condições climáticas, invadindo florestas, pastos e outras áreas. Além do potencial tóxico para muitos animais, a Lantana camara tem um efeito alopático na vegetação que circunda, interferindo em comunidades naturais e reduzindo a diversidade local.“ - Passos et al., 2009

Page 3: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Características morfológicas

Lantana camara é um pequeno arbusto perene que pode crescer para cerca de 2 m de

altura e forma moitas densas em uma variedade de ambientes. Devido ao extenso cruzamentos seletivos ao longo dos séculos 17 e 18 para uso como planta ornamental, existem agora muitos diferente cultivares de L. camara.

Esta espécie tem pequenas flores tubulares de forma que cada uma tem quatro pétalas e estão dispostas em conjuntos nas áreas terminais das hastes. Suas flores vêm em diversas cores, incluindo vermelho, amarelo, branco, rosa e laranja que diferem de acordo com o local de inflorescências, idade e maturidade. Após a polinização ocorre a mudança das cores das flores (normalmente de amarelo a alaranjado, rosa, ou avermelhada), este se acredita ser um sinal para os polinizadores, aumentando assim a eficiência da polinização. Os frutos de L. camara são do tipo drupa, que mudam de verde para roxo escuro quando maduros. Até 12.000 frutos podem ser produzidos por cada planta, que são então consumidos por aves e outros animais que podem espalhar as sementes em grandes distâncias, o que facilita a propagação de L. camara.

L a n t a n a

Page 4: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

• É um arbusto que cresce com forte ramificação de 2-4 m de altura como aglomerados compactos ou moitas densas. É capaz de subir para 15 m com o apoio de outro vegetação.

• A Lantana tem arqueamento nas hastes que são quadrados em seção transversal, com centros expressivas e curto, e espinhos em forma de gancho. Hastes mais velhas podem ser de até 15 cm de diâmetro.

• As folhas são de 2-10 cm de comprimento com bordas dentadas, verde brilhante na superfície superior e mais pálida, plumada e com veios fortes no lado inferior. Elas crescem opostas uma à outra ao longo das hastes, e seu tamanho e forma dependem do tipo de lantana e da disponibilidade de luz e humidade.

• A planta tem um sistema radicular superficial composta por uma curta raíz ereta com as laterais ramificandas para formar um tapete.

• As inflorescências (grupos de 20-40 indivíduos de flores) têm cerca de 2,5 cm de diâmetro. Bem embalados, os botões de flores angulares abertos começam a partir do exterior para o centro da inflorescência enquanto amadurecem.

• Os frutos são em forma de esfera e duros, de cerca de 5-7 mm, crescem em cachos e amadurecem a um preto brilhante ou roxo.

• Esmagando os caules e folhas, a planta produz um forte cheiro característico.

Características morfológicas L a n t a n a

Page 5: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

L a n t a n a

Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries

Page 6: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

Frutos Flores

Arbustos

1 cm

5 mm

Page 7: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

L a n t a n a

Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries

Page 8: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Lantana

Toxicidade

A Lantana camara é conhecida por ser tóxica para os animais, como gado, ovelhas, cavalos, cães e cabras. O principal fator para que a intoxicação ocorra está relacionado à baixa oferta de alimentos associada à presença de alguma espécie de Lantana tóxica na pastagem.

Todas as partes da planta são tóxicas, principalmente os frutos. Os dois principais compostos biologicamente ativos conhecidos da Lantana camara são os ácidos triterpenos pentacíclicos, sendo os dois principais o lantadeno A e o lantadeno B (Jones et al., 1997), que resultam em danos ao fígado e fotossensibilização. A fotossensibilização secundária é uma doença de caráter sazonal, ocorrendo a maioria dos casos de intoxicação no inverno. Os princípios ativos triperpenos (Lantadenos A e B) atuam diretamente no fígado causando lesões que dificultam ou impedem a excreção biliar de agentes tóxicos resultantes do metabolismo animal.

Pode-se definir a intoxicação por Lantana spp como fotossensibilização hepatógena (semelhante a que ocorre nos quadros de intoxicação por Brachiaria decumbens), levando a degeneração hepática que se manifesta por icterícia (mucosas amareladas), urina de cor marrom-escura, anorexia, diarréia, depressão, desidratação, edema pulmonar, estase e compactação ruminal e fotossensibilização. Esta última se manifesta como uma dermatite localizada no focinho, úbere e em áreas de pele branca (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2001) que tendem a se espalhar pelo corpo do animal formando cascas e feridas profundas de difícil cicatrização.

Page 9: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Lantana

Toxicidade

O exame histopatológico frequentemente revela vacuolização citoplasmática e necrose hepática, além de lesões dos túbulos renais (OBWOLO e ODIAWO, 1991). O diagnóstico da intoxicação é baseado na observação dos sinais clínicos associados a ocorrência da planta como contaminante das pastagens. Lantana camara também excreta substâncias químicas (alelopaticas) que reduzem o crescimento de plantas em torno dela, inibindo a germinação e alongamento de suas raízes. A toxicidade de L. camara para os seres humanos é indeterminada, com vários estudos que sugerem que a ingestão de frutos pode ser tóxica para os seres humanos, tais como um estudo realizado pelo OP Sharma, que afirma que "frutos verdes da planta são tóxicos para os seres humanos". No entanto outros estudos não encontraram evidência que de que a ingestão de dos frutos de L. camara representam qualquer risco para os seres humanos e são de fato comestíveis quando maduros.

Page 10: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Lantana

Efeitos tóxicos da Lantana spp. em gado - Tallawalah, Queensland.

Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries

Page 11: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Prevenção e tratamento contra a intoxicação por Lantana spp.

L a n t a n a

“Embora não exista tratamento eficaz para a intoxicação por Lantana spp (COSTA, 2009), medidas como a lavagem gástrica ou ruminotomia dos animais acometidos com a remoção do conteúdo gástrico contendo toxinas e substituição por líquido ruminal proveniente de animais sadios, substâncias tampão e pasto verde picado representam medidas adjuvantes no tratamento (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2001).

Segundo Riet-Correa e Medeiros (2001), a prevenção e o controle das intoxicações por plantas deve-se basear no conhecimento dos fatores associados as plantas, aos animais, ao ambiente ou ao manejo que determinam a ocorrência, frequência e distribuição geográfica das intoxicações, incluindo: 1 - o manejo dos animais e das pastagens tais como evitar o pastoreio excessivo, utilizar animais de espécies ou idades resistentes a determinadas plantas e evitar colocar animais recentemente transportados com fome ou sede em pastagens contaminadas por plantas tóxicas; 2 - a utilização de cercas para isolar áreas contaminadas por plantas tóxicas; 3 - a eliminação das espécies tóxicas, arrancando-as manualmente, utilizando herbicidas, roçando, capinando, lavrando, queimando ou pelo pastoreio com animais não-susceptíveis; 4 - a utilização de sementes controladas para evitar a difusão de espécies tóxicas; 5 - a confecção de fenos e silagem evitando a sua contaminação por espécies potencialmente nocivas aos animais.” - Canal MilkPoint, 29/06/2010

Page 12: Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

Lantana

Referências bibliográficas

BASTIANETTO et al. Intoxicação de bezerros búfalos por Lantana spp. em Minas Gerais: relato de casos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.29, n.2, p.57-59, jan./mar. 2005.

BRITO M.F. & TOKARNIA C.H; 1995. Estudo comparativo da toxidez de Lantana camara var. aculeata em bovinos e ovinos. Pesq. Vet. Bras. 15(2/3):79-84.

MELLO, F.B.; JACOBUS, D., CARVALHO, K. et al. Effects of Lantana camara (Verbenaceae) on general reproductiveperformance and teratology in rats. Toxicon, v.45, p.459-466, 2005.

SCHILD, A.L.; Fotossensibilização Hepatógena. In:___ RIET-CORREA, F.; SHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.C.; LEMOS, R.A.A. Doenças de Ruminantes e Eqüinos. São Paulo: Varela, 2001. vol.2, p.177-180.

SEAWRIGHT, A.A.; 1965. Toxicity of Lantana spp in Queensland. Aust. Vet. J. 41:235- 238.

SHARMA, O. P., MAKKAR, H. P., DAWRA, R. K., NEGI, S. S.; A review of the toxicity of Lantana camara (Linn) in animals. Clin. Toxicol., v. 18(9), p. 1077-1094, 1981.

ZENIMORI, S., PASIN, L.A.A.P.; Aspectos da biologia floral de Lantana (Lantana camara L.). Revista Univap, (Anais do X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós Graduação), v.13, n.24, 2006.