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BIOSSEGURANÇA PARA LABORATÓRIOS DE ENSINO E PESQUISA

AUTORES

CRISLEIDY LAUTON DAVID Aluna graduação em Farmácia

Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira-UFBA

JAPY SOUZA GONDIM ÁVILA Aluno graduação em Nutrição

Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira-UFBA

LUIS EDUARDO DA SILVA Aluno graduação em Farmácia

Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira-UFBA

FRANCINE CRISTINA SILVA ROSA Profa. Dra. Microbiologia e Imunologia Geral

Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira-UFBA

Page 3: Livro biosseguranca-ims1

3

AGRADECIMENTOS

• Aos técnicos de laboratório Alan Dimitri Rocha Nogueira, Cristiana Rocha Moura Souza, Janeide Muritiba

de Oliveira, Lucimara Aparecida da Silva Pereira e Rejane Alves de Moura Cançado que colaboraram com

o projeto para “Implementação de protocolos de Biossegurança no IMS/CAT-UFBA – fase I”;

• A Profa. Dra. Denise Janzen (UFBA) que colaborou com a correção da parte sobre riscos químicos;

• Ao Prof. José Palmito Rocha que realizou a correção gramatical;

• A bibliotecária Flávia Bulhões de Sousa que colaborou com a adequação das Referências às normas da

NBR6023/2002.

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4 EPÍGRAFE

A obra BIOSSEGURANÇA PARA LABORATÓRIOS DE ENSINO E PESQUISA foi

desenvolvida pelos alunos de graduação do Instituto, sob a orientação da Professora do componente

curricular Microbiologia Geral, Dra. Francine Cristina Silva Rosa e com o inestimável apoio do

“PROJETO PERMANECER”, da Universidade Federal da Bahia. A elaboração deste livro foi muito

gratificante por ter despertado o interesse sobre o assunto Biossegurança e sua importância na prática

diária nas dependências do Instituto, nos alunos e em todos os envolvidos. Além disso, o livro foi uma

forma encontrada pela equipe para expor o trabalho dos alunos e da equipe envolvida, compartilhando

com a comunidade a importância deste assunto na viabilização das atividades de ensino, pesquisa e

extensão e na qualidade do trabalho nas dependências do Instituto. Embora o assunto Biossegurança seja

muito extenso, procurou-se sintetizar os aspectos de maior relevância, com uma abordagem objetiva e de

fácil compreensão. Teve-se essa preocupação a fim de possibilitar que toda a comunidade do IMS/CAT-

UFBA possa ter acesso às informações sobre os riscos e os procedimentos de segurança padrão frente a

cada situação que exponha o indivíduo a qualquer tipo de acidente nas dependências da instituição.

Houve, do mesmo modo, uma abordagem sucinta sobre os principais tipos de acidentes e os primeiros

socorros frente aos mesmos. Ao mesmo tempo, poderão ser observados no livro alguns aspectos

importantes sobre gerenciamento de resíduos, um assunto de muita repercussão na atualidade e que

envolve interesses de toda a população.

Page 5: Livro biosseguranca-ims1

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 7

1.1 Laboratório e seus riscos.................................................................................................... 7

2 MAPA DE RISCO............................................................................................................. 9

3 RISCOS BIOLÓGICOS..................................................................................................... 10

3.1 Classificação de microrganismos infecciosos por grupo de risco...................................... 10

3.2 Níveis de Biossegurança.................................................................................................... 11

3.3 Boas práticas para manipulação de materiais biológicos................................................... 11

3.4 Acesso aos laboratórios...................................................................................................... 15

3.5 Áreas de trabalho do laboratório........................................................................................ 16

3.6 Normas Gerais de Biossegurança frente a riscos biológicos............................................. 17

4 RISCOS QUÍMICOS......................................................................................................... 18

4.1

4.1.1

4.1.2

Boas práticas em laboratórios de química..........................................................................

Segurança Pessoal..............................................................................................................

Estocagem e manuseio de agentes químicos......................................................................

18

18

19

4.2 Acidentes mais comuns em laboratórios de química......................................................... 22

4.3 Sinalização em laboratório de química.............................................................................. 24

4.4 Prevenção de acidentes químicos....................................................................................... 32

4.5 Normas Gerais de Biossegurança frente a riscos químicos............................................... 32

5 RISCOS FÍSICOS.............................................................................................................. 34

5.1 Ruídos................................................................................................................................. 34

5.2 Temperaturas extremas – Calor.......................................................................................... 35

5.3 Umidades extremas............................................................................................................ 36

5.4 Eletricidade – Choque elétrico........................................................................................... 36

5.5 Radiações............................................................................................................................ 37

5.6 Incêndios............................................................................................................................. 38

5.7 Símbolos relacionados aos riscos físicos............................................................................ 40

5.8 Normas de segurança para riscos físicos............................................................................ 41

6 ACIDENTES COMUNS EM LABORATÓRIOS............................................................. 42

6.1 Como se prevenir de acidentes em laboratórios................................................................. 42

7 EPC..................................................................................................................................... 45

8 EPI...................................................................................................................................... 47

8.1 Cuidados especiais.............................................................................................................. 48

Page 6: Livro biosseguranca-ims1

6 9 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS - LABORATÓRIOS ENSINO/ PESQUISA........ 49

9.1 Identificação de resíduos.................................................................................................... 49

9.2 Acondicionamento de resíduos........................................................................................... 50

9.3 Segregação de resíduos....................................................................................................... 51

9.4 Transporte interno.............................................................................................................. 52

9.5 Armazenamento temporário e externo............................................................................... 52

9.6 Tratamento dos resíduos..................................................................................................... 52

9.7 Coleta e transporte externo................................................................................................. 55

9.8 Disposição final.................................................................................................................. 55

10 PRIMEIROS SOCORROS................................................................................................ 58

10.1 Orientações básicas para prestar primeiros socorros.......................................................... 60

10.2 Procedimentos específicos de primeiros socorros.............................................................. 61

10.3 Técnicas especiais.............................................................................................................. 62

10.4 Caixa de primeiros socorros............................................................................................... 63

11 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................ 65

ANEXO A.......................................................................................................................... 69

ANEXO B.......................................................................................................................... 70

Page 7: Livro biosseguranca-ims1

7 1 INTRODUÇÃO

Os laboratórios Institucionais de ensino e pesquisa e as demais repartições relacionadas

apresentam incontáveis riscos de acidentes. Os envolvidos na rotina desses ambientes devem estar

conscientes de certas precauções imprescindíveis para a segurança no desenvolvimento de suas

atividades. Este manual tem por objetivo informar aos usuários dos laboratórios e repartições afins do

Instituto Multidisciplinar em Saúde, da Universidade Federal da Bahia, Campus Anísio Teixeira, sobre os

cuidados de maior relevância quanto aos procedimentos de Biossegurança adequados às necessidades

prementes do Instituto.

1.1 O laboratório e seus riscos

A identificação dos riscos em uma Instituição de ensino e pesquisa constitui aspecto importante

para o estabelecimento de um programa adequado de Biossegurança. O conhecimento dos riscos facilita a

utilização de técnicas e práticas adequadas na redução dos mesmos, com a finalidade de promover o

desenvolvimento de um trabalho mais seguro, aumentando os parâmetros de qualidade e eficiência.

São múltiplos os riscos encontrados no ambiente de trabalho em uma Instituição de ensino e

pesquisa, destacando-se o ambiente laboratorial. Dentre os riscos, podemos citar aqueles relacionados

com a exposição aos agentes biológicos, às substâncias químicas e aos agentes físicos. Podemos

acrescentar como fator de risco, a conduta humana e a deficiência na organização laboratorial, que

podem ser consideradas riscos psicossociais, por estarem associadas ao conhecimento, às atitudes e ao

hábito humano. É importante considerar também o risco ergonômico, que está relacionado a qualquer

fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou

afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e transporte manual de peso, o

ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, a repetitividade, a responsabilidade excessiva, a postura

inadequada de trabalho, o trabalho em turnos, entre outros.

De maneira geral, os procedimentos de Biossegurança visam diminuir os riscos, melhorando as

condições de trabalho, com o intuito de prevenir os acidentes. O cumprimento das boas práticas no

ambiente de trabalho, o empenho da equipe de segurança, associados às instalações adequadas é essencial

para a redução de eventos indesejáveis nos ambientes de trabalho. É necessário salientar que a constante

informação é também fator importante na redução dos riscos.

Page 8: Livro biosseguranca-ims1

8

Devido à grande ocorrência de acidentes em ambientes laboratoriais, é necessário se estudar e ter

conhecimento a respeito dos riscos ocorrentes, com o intuito basicamente de evitá-los. Os laboratórios são

partes de enorme importância em instituições de ensino e pesquisa e em razão dos tipos de trabalho

desenvolvidos, existem diversos riscos de acidentes derivados da manipulação ou exposição a agentes

tóxicos e/ou corrosivos, resultando muitas vezes em queimaduras, lesões, incêndios e explosões,

radiações ionizantes e agentes biológicos patogênicos. É com objetivo de minimizar ao máximo esses

riscos, que se estabelecem algumas normas de segurança.

Page 9: Livro biosseguranca-ims1

9 2 MAPA DE RISCO

A implementação de um programa de Biossegurança em uma instituição de ensino e pesquisa tem

como estratégia a identificação dos riscos, incluindo as atividades que serão realizadas frente à

constatação dos mesmos. Com o diagnóstico dos riscos e os locais relacionados pode ser estabelecido o

“mapa de risco”, constando as diferentes áreas onde deverão estar sinalizados e potencializados os riscos

físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos.

As áreas deverão ser indicadas com círculos de diferentes cores para um entendimento mais fácil,

conforme indicado na Figura 1:

FIGURA 1 – Indicadores de cores relacionando a cor com o tipo de risco

A criação do mapa de risco do Instituto ainda não foi realizada, pois apesar de ter sido feita a avaliação da

planta baixa do prédio, o mesmo ainda está em construção, o que impossibilita um conhecimento melhor

da distribuição dos laboratórios e espaço físico destinado aos mesmos.

VERDE FÍSICO VERMELHO QUÍMICO MARROM BIOLÓGICO AZUL MECÂNICO AMARELO ERGONÔMICO

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10 3 RISCOS BIÓLOGICOS

O risco biológico está associado à manipulação ou exposição a agentes biológicos que podem

causar infecções, muitas vezes resultando na morte do indivíduo. O trabalho seguro com microrganismos

depende das boas práticas de laboratório, da disponibilidade e uso de equipamentos de segurança, da

instalação e funcionamento apropriado dos locais de ensino e pesquisa e de uma organização eficiente na

prevenção de infecções.

3.1 Classificação de microrganismos infecciosos por grupo de risco

A referência aos perigos relativos de microrganismos infecciosos é feita por grupos de riscos

(grupos de risco 1, 2, 3 e 4 da Organização Mundial de Saúde-OMS).

� Grupo de Risco 1 (nenhum ou baixo risco individual e coletivo): um microrganismo que

provavelmente não pode causar doença no homem ou em um animal.

� Grupo de Risco 2 (risco individual moderado, risco coletivo baixo): Um agente patogênico que

pode causar uma doença no homem ou no animal, mas que é improvável que constitua um perigo

grave para o pessoal dos laboratórios, a comunidade, os animais ou o ambiente. A exposição a

agentes infecciosos no laboratório pode causar uma infecção grave, mas existe um tratamento

eficaz e medidas de prevenção e o risco de propagação de infecção é limitado.

� Grupo de Risco 3 (alto risco individual, baixo risco coletivo): um agente patogênico que causa

geralmente uma doença grave no homem ou no animal, mas que não se propaga habitualmente de

uma pessoa a outra. Existe um tratamento eficaz, bem como medidas de prevenção.

� Grupo de Risco 4 (alto risco individual e coletivo): um agente patogênico que causa geralmente

uma doença grave no homem ou no animal e que se pode transmitir facilmente de uma pessoa

para outra, direta ou indiretamente. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou medidas

de prevenção.

Page 11: Livro biosseguranca-ims1

11 3.2 Níveis de Biossegurança

Para manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma dos quatro grupos de risco

devem ser atendidos alguns requisitos de segurança, conforme o nível de contenção necessário. Estes

níveis de contenção são denominados de níveis de Biossegurança. Os níveis são designados em ordem

crescente, pelo grau de proteção proporcionado ao pessoal do laboratório, meio ambiente e à comunidade,

conforme segue:

� Nível de Biossegurança 1: é o nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de

ensino básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes a classe de risco 1.

� Nível de Biossegurança 2: diz respeito ao laboratório em contenção, onde são manipulados

microrganismos da classe de risco 2. Aplica-se aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis

primários de diagnóstico, sendo necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras

físicas primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e

secundárias (desenho e organização do laboratório).

� Nível de Biossegurança 3: é destinado ao trabalho com microrganismos da classe de risco 3 ou

para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco

2. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2, desenho e

construção laboratoriais especiais. Deve ser mantido controle rígido quanto à operação, inspeção e

manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento

específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação destes microrganismos.

� Nível de Biossegurança 4: ou laboratório de contenção máxima, destina-se a manipulação de

microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de contenção, além de representar

uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Esses laboratórios

requerem, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de

contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de

segurança.

3.3 Boas práticas para manipulação de materiais biológicos

Resumo de métodos técnicos destinados a evitar ou a reduzir os problemas mais comuns na

manipulação de microrganismos ou amostras infecciosas:

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� Manipulação segura de amostras em laboratório: os recipientes devem ser de vidro ou plástico,

devem ser resistentes e corretamente etiquetados para facilitar a identificação. O transporte de

amostras deve ser feito em caixas com separações para que os recipientes se mantenham em

posição vertical. Estas caixas devem ser de material resistente (vidro ou plástico) a desinfetantes

químicos ou a esterilização em autoclave. Os laboratórios devem ter uma sala especial para a

recepção de amostras.

� Uso de pipetas e meios de pipetar: cuidados como pipetar com a boca deve ser evitado, nunca se

deve soprar com a pipeta num líquido contendo agentes infecciosos; não misturar materiais

infecciosos aspirando e soprando alternadamente através de uma pipeta; não soprar na pipeta para

expelir os líquidos; deve se dar preferência a pipetas graduadas que não necessitam de expulsar as

últimas gotas; pipetas contaminadas devem ser imersas num desinfetante apropriado contido num

recipiente inquebrável; pipetas contaminadas devem ficar no desinfetante durante o tempo que for

indicado antes de serem eliminadas; recipiente para as pipetas a eliminar deve ser colocado no

interior e não no exterior da câmara de segurança biológica; não utilizar seringas com agulha

hipodérmica para pipetar; utilizar-se de dispositivos para abrir frascos com cápsula que permitem

a utilização de pipetas e evitam a utilização de seringas e agulhas hipodérmicas, para evitar a

dispersão de material infeccioso caído de uma pipeta; a área de trabalho deve ser coberta com um

material absorvente que depois deve ser eliminado como resíduo infeccioso.

� Evitar a dispersão de materiais infecciosos: para evitar o derrame prematuro do material, as

alças de transferência microbiológica devem ter um diâmetro de 2–3 mm e estarem

completamente fechadas. Os cabos não devem ter mais de 6 cm de comprido para minimizar a

vibração; o risco de projeção de material infeccioso com a chama do bico de Bunsen pode ser

evitado utilizando um micro-incinerador elétrico para esterilizar as alças de transferência; devem

preferir-se as alças descartáveis que não precisam ser esterilizadas; as mostras e culturas a

esterilizar em autoclave e/ou a eliminar devem ser colocadas em recipientes estanques, por

exemplo, sacos de resíduos de laboratório (antes de colocados em contendores de lixo, devem ser

bem fechados por exemplo, com fita isoladora de autoclave); as zonas de trabalho devem ser

desinfetadas com solução desinfetante apropriada no fim de cada período de trabalho.

� Utilização de câmaras de segurança biológica (CSB): a utilização e limitações das CSB devem

ser explicadas a todos os utilizadores potenciais. O pessoal deve receber protocolos escritos ou

manuais sobre proteção ou funcionamento. Em especial, deve ser bem explicado que a câmara não

protege o trabalhador de derrame, quebra ou técnica deficiente; a câmara só deve ser utilizada se

estiver em pleno funcionamento; o painel de vidro não deve ser aberto quando a câmara estiver

em funcionamento; na câmara deve ter-se o mínimo de aparelhos e materiais para não bloquear a

circulação do ar no espaço do fundo; evitar a utilização de bico de Bunsem no interior das câmaras

Page 13: Livro biosseguranca-ims1

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(é possível utilizar um microincinerador, mas deve-se dar preferência a alças de transferência

estéreis e descartáveis); todas as operações devem ser realizadas no centro ou na parte de trás da

área de trabalho e devem ser visíveis através do painel; a passagem de pessoal por trás do

operador deve ser reduzida ao mínimo; o operador não deve perturbar o fluxo do ar introduzindo

ou retirando os braços da câmara repetidamente; as grelhas de ar não devem ser obstruídas com

papéis, pipetas ou outro material, pois isso interrompe o fluxo do ar causando contaminação

potencial do material e exposição do operador; uma vez o trabalho terminado e no fim do dia, a

superfície da câmara de segurança biológica deve ser limpa com um desinfetante apropriado; o

ventilador da câmara deve funcionar pelo menos durante 5 minutos antes do início do trabalho e

outros 5 depois do trabalho terminado.

� Evitar a ingestão de material infeccioso e o contato com a pele e os olhos: o pessoal de

laboratório deve utilizar luvas descartáveis e evitar tocar na boca, olhos e face; alimentos e

bebidas não devem ser consumidos nem armazenados no laboratório; não se deve levar à boca

nenhum objeto – canetas, lápis, goma de mascar; não se deve fazer a maquiagem no laboratório;

durante operações que possam resultar em projeções de materiais potencialmente infecciosos,

deve proteger-se a face, olhos e boca.

� Evitar a inoculação de material infeccioso: a inoculação acidental devido a ferimento com

vidros ou utensílios partidos pode ser evitada com medidas de precaução; sempre que possível, os

utensílios de vidro devem ser substituídos por utensílios em plástico; ferimentos com agulhas ou

seringas hipodérmicas, pipetas de Pasteur de vidro ou vidro partido, por exemplo, podem causar

inoculação acidental; podem reduzir-se os ferimentos com agulhas limitando ao mínimo o uso de

seringas e agulhas; as agulhas nunca devem ser reinseridas nos seus invólucros com a própria

mão; os artigos descartáveis devem ser colocados em recipientes especiais imperfuráveis,

providos de tampa; as pipetas de vidro devem ser substituídas por pipetas Pasteur de plástico

� Separação de soro: este trabalho só deve ser realizado por pessoal devidamente preparado;

projeções e aerossóis só podem ser evitados ou minimizados com boas técnicas de laboratório; o

sangue e o soro devem ser pipetados cuidadosamente e não vazados de um recipiente para outro;

tubos de amostras contendo coágulos de sangue, ou hemoderivados destinados a serem eliminados

devem ser tampados e colocados em recipientes estanques apropriados para esterilização em

autoclave e/ou incineração; desinfetantes adequados devem estar disponíveis para limpar salpicos

e derrames.

� Utilização de centrífugas: as centrífugas devem ser utilizadas segundo as instruções do seu

fabricante; devem ser colocadas de maneira que os usuários possam ver o interior da cuba para

colocar corretamente os recipientes e os copos; os tubos e recipientes de amostras para centrífugas

antes de serem utilizados devem ser inspecionados para detectar defeitos eventuais; os tubos e

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recipientes de amostras devem ser sempre bem tampados (se possível com rolhas de rosca) para

centrifugação; os copos devem ser carregados, equilibrados, fechados e abertos em CSB; os copos

e os recipientes devem ser postos aos pares segundo o peso e, uma vez os tubos no lugar,

corretamente equilibrados; o espaço que deve ser deixado entre o nível do fluido e a borda do tubo

de centrifugação deve estar assinalado nas instruções do fabricante; para equilibrar os copos

vazios deve utilizar-se água destilada ou álcool (propanol a 70%); não se devem utilizar soluções

salinas nem hipocloritos, pois corroem os metais; para microrganismos dos Grupos de Risco 3 e 4

devem utilizar-se copos de centrifugas fechados (copos de segurança); para utilizar rotores

angulares, é preciso assegurar-se que os tubos não estejam demasiado cheios, pois podem verter;

copos, rotores e cubas das centrífugas devem ser descontaminados depois de cada utilização;

depois de utilizados, os copos devem ser guardados invertidos para secar o líquido que serviu para

equilibrar; quando as centrífugas estão a funcionar, pode haver ejeção de partículas infecciosas

transportadas pelo ar. Contudo, uma boa técnica de centrifugação e tubos cuidadosamente tapados

oferece proteção apropriada contra aerossóis infecciosos e partículas dispersas.

� Utilização de homogeneizadores, batedores, misturadores e geradores de ultra-sons: os

homogeneizadores domésticos (de cozinha) não devem ser utilizados em laboratório, pois podem

verter ou libertar aerossóis; as tampas e copos ou frascos devem estar em boas condições e sem

rachas ou deformações; durante o funcionamento de homogeneizadores, batedores e geradores de

ultra-sons, a pressão aumenta no interior dos recipientes, e aerossóis contendo material infeccioso

podem escapar-se por interstícios entre estes e as tampas por isso recomendam-se recipientes

plásticos, em particular em politetrafluoroetileno (PTFE), pois o vidro pode partir-se libertando

material infeccioso e ferir alguém; durante a utilização, homogeneizadores, batedores e geradores

de ultra-sons devem estar cobertos com uma cobertura plástica transparente e robusta que será

desinfetada depois da utilização; sempre que possível, tais máquinas devem ser utilizadas com a

sua cobertura numa câmara de segurança biológica; no fim da operação, o recipiente deve ser

aberto numa CSB; uma proteção auditiva deve ser fornecida ao pessoal utilizando geradores de

ultra-sons.

� Manutenção e utilização de frigoríficos e congeladores: frigoríficos, congeladores e arcas de

dióxido de carbono sólido (neve carbônica) devem ser descongelados e limpos periodicamente;

ampolas, tubos, entre outros, quebrados durante a conservação devem ser retirados; rurante a

limpeza, deve utilizar-se uma proteção facial e luvas de borracha resistente; depois da limpeza,

devem desinfetar-se as superfícies internas da câmara; todos os recipientes conservados em

frigoríficos e congeladores devem estar claramente etiquetados com o nome científico do

conteúdo, a data em que foram colocados no frigorífico e o nome da pessoa que o fez; materiais

sem etiqueta e antigos devem ser descartados,mas antes serem autoclavados; deve manter-se um

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inventário do conteúdo do congelador; não se devem guardar soluções inflamáveis num frigorífico

exceto se este for à prova de explosão.

� Abertura de ampolas contendo material infeccioso liofilizado: é preciso ter cuidado quando se

abre ampolas de material liofilizado, pois, estando o interior da ampola a uma pressão inferior, a

entrada súbita de ar pode dispersar uma parte do conteúdo na atmosfera; as ampolas devem ser

sempre abertas numa CSB; segurar a ampola com algodão embebido em álcool para proteger as

mãos antes de parti-la no risco da lima; retirar delicadamente a parte superior da ampola e tratá-la

como material contaminado; se o tampão de algodão ainda estiver por cima do conteúdo da

ampola, removê-lo com pinças esterilizadas; juntar líquido para voltar a formar a suspensão

lentamente, para evitar a formação de espuma.

3.4 Acesso aos laboratórios

No acesso aos laboratórios observar:

� O símbolo e o sinal internacional de risco biológico (Figura 2) devem estar expostos nas portas

das salas onde se estão a manusear microrganismos do Grupo de Risco 2 ou acima;

� Só o pessoal autorizado deve entrar nas áreas de trabalho do laboratório;

� As portas do laboratório devem permanecer fechadas, mas devem ter janelas de vidro ou outro

material transparente que permita identificar os usuários;

� Crianças não devem poder nem ser autorizadas a entrar nas áreas de trabalho do laboratório;

� Acesso aos compartimentos de animais requer autorização especial;

� Nenhum animal deve entrar no laboratório, além dos que se inserem nas atividades do mesmo.

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FIGURA 2 – Sinal internacional do risco biológico que deve identificar portas onde ocorre manipulação

de materiais biológicos potencialmente patogênicos.

3.5 Áreas de trabalho do laboratório

� O laboratório deve estar arrumado, limpo e sem materiais que não sejam pertinentes ás suas

atividades;

� As superfícies de trabalho devem ser desinfetadas após qualquer derrame de material

potencialmente perigoso e no fim de um dia de trabalho;

� Todos os materiais contaminados, espécimes e culturas devem ser desinfetados antes de serem

ejetados ou limpos para reutilização;

� A embalagem e o transporte devem obedecer aos regulamentos nacionais e/ou internacionais

pertinentes.

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17 3.6 Normas Gerais de Biossegurança frente a riscos biológicos

� Pipetar com a boca deve ser imperiosamente proibido;

� Nenhum material deve ser colocado na boca. Não lamber rótulos;

� Todos os procedimentos técnicos devem ser efetuados de forma a minimizar a formação de

aerossóis e gotículas;

� A utilização de agulhas e seringas hipodérmicas deve ser limitada; estas não devem ser utilizadas

como substitutos de pipetas ou qualquer outro fim, além de injeções parentéricas ou aspiração de

fluidos de animais de laboratório;

� Qualquer derrame, acidente, exposição efetiva ou potencial a materiais infecciosos deve ser

notificado ao supervisor do laboratório. Deve-se manter um registro escrito de tais acidentes e

incidentes;

� Devem ser elaboradas normas escritas para a limpeza destes derrames e devidamente aplicadas;

� Os líquidos contaminados devem ser (química ou fisicamente) desinfetados antes de serem

lançados nos esgotos sanitários. Pode ser necessário um sistema de tratamento de efluentes,

segundo a avaliação de riscos do agente (ou agentes) manuseado (s);

� Os documentos escritos susceptíveis de saírem do laboratório precisam ser protegidos de

contaminação dentro do laboratório.

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18 4 RISCOS QUÍMICOS

As condições de trabalho em ambientes laboratoriais, normalmente são inseguras. Isso por causa

da má utilização do laboratório, dos moveis, de instalações mal feitas e da falta dos equipamentos de

proteção. Uma dificuldade bastante comum está ligada ao fato do laboratório, na maioria das vezes, ser

montado em local já construído; raramente constrói-se um edifício para ser usado especificamente como

laboratório - vantagem apresentada pelo prédio do IMS/CAT-UFBA que está em construção para ser

utilizado como laboratórios.

Um local muito importante para os laboratórios é o almoxarifado, pois é onde são armazenados os

produtos químicos, e deve-se ter o cuidado de analisar as propriedades físicas e químicas e dosagem

desses, o que é considerado medida preventiva em casos de incêndios, explosões, emissão de gases

tóxicos, vapores, pós e radiações ou combinações variadas desses efeitos.

4.1 Boas práticas em laboratórios de química

São normas, procedimentos e atitudes de segurança que visam minimizar os acidentes ocorridos

nos laboratórios. O maior risco dentro do laboratório é o próprio laboratorista e, portanto, é de extrema

importância o seu desempenho de maneira responsável e consciente. Como os acidentes em sua maioria

são causados por descuidos de usuários do laboratório, é muito importante a utilização de palestras de

conscientização, dando uma maior ênfase aos meios de prevenção dos acidentes.

4.1.1 Segurança pessoal

Abaixo estão estabelecidos alguns termos que são muito utilizados em laboratórios, tais como:

segurança no trabalho, risco, toxicidade, acidentes, prevenção de acidentes, equipamentos de segurança e

aerossóis. Assim, é importante defini-los antes de se estabelecer às regras de segurança.

� Segurança no trabalho: é o conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais, médicas

e psicológicas que são empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras

do ambiente, quer instruindo ou convencendo pessoas na implantação de práticas preventivas.

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� Risco: é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao entrar em contato com um agente

tóxico ou certa situação perigosa.

� Toxicidade: qualquer efeito nocivo que advém da interação de uma substância química com o

organismo.

� Acidentes: são todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento normal do

trabalho, das quais poderão resultar danos físicos ou funcionais e danos materiais e econômicos à

instituição.

� Prevenção de acidentes: é o ato de se por em prática as regras e medidas de segurança, de

maneira a se evitar a ocorrência de acidentes.

� Equipamentos de segurança: são os instrumentos que têm por finalidade evitar ou amenizar

riscos de acidentes. Os equipamentos de segurança individuais (EPIs) mais usados para a

prevenção da integridade física do indivíduo são: óculos, máscaras, luvas, aventais, gorros, etc.

Existem também equipamentos tais como capelas e blindagens plásticas que protegem a

coletividade (EPCs).

� Aerossóis: são constituídos à base de soluções coloidais, nas quais a fase dispersora é gasosa e a

fase dispersa é líquida ou sólida. Constituem-se de suspensões de diminutas partículas (líquidas ou

sólidas) em um gás ou mistura de fases.

4.1.2 Estocagem e manuseio de agentes químicos

O processo de estocagem exige cuidados como: não armazenar produtos químicos sem seu devido

símbolo, que represente qual o risco este traz a quem ira utilizá-lo.

Os problemas nos casos de estocagem desses produtos químicos ocorrem devido à quantidade de

produtos químicos que são estocados. A estocagem de forma errônea junto com o não planejamento e

controle propiciarão acidentes pessoais e prejuízos materiais. Entretanto, um almoxarifado

cuidadosamente planejado e supervisionado pode prevenir muitos acidentes. Os produtos químicos

que necessitam estocagem podem ser sólidos, líquidos e gasosos, e serem contidos em embalagens de

papel, plástico, vidro ou metal que podem ser caixas, garrafas, cilindros ou tambores.

Um meio de tornar mais fácil a estocagem é agrupar os produtos químicos nas seguintes

categorias gerais: Inflamáveis; Tóxicos; Explosivos; Agentes Oxidantes; Corrosivos Gases Comprimidos;

Produtos sensíveis à água; Produtos incompatíveis.

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20

� Produtos Inflamáveis: os líquidos inflamáveis são muito comuns nos laboratórios. E importante

analisar as propriedades dos produtos inflamáveis: ponto de ebulição (temperatura em que o

material passa ao estado de vapor), ponto de fulgor, (temperatura na qual o material se inflama se

houver fonte de ignição próxima embora a chama não se mantenha) e tipo de extintor adequado

para ser usado em caso de incêndio. O tipo de recipiente adequado para líquidos inflamáveis

depende em parte da quantidade estocada e da freqüência com que é utilizado. A quantidade de

líquido inflamável em estoque deve ser a mínima necessária. Quando for necessária a estocagem

de grandes quantidades de inflamáveis em laboratórios, é necessário um sistema automático de

“sprinklers”. Uma ventilação adequada para remoção dos vapores. Embalagens de vidro devem

ser evitadas na estocagem de líquidos inflamáveis. Pequenas quantidades de líquidos inflamáveis

(menos de 20 litros) podem ser estocadas em latas devidamente identificadas. São recomendados

recipientes em aço inoxidável, pois estes são mais adequados. Deve ser proibido fumar nas

proximidades do local de estocagem. As instalações elétricas devem atender aos requisitos de

segurança específicos para o caso.

� Produtos Tóxicos: existem muitos produtos químicos que são considerados tóxicos. Para se saber

o risco envolvido na manipulação de um produto químico, deve-se levar em consideração as

relações entre toxicidade, freqüência de manipulação e concentração durante a exposição. As

substâncias tóxicas podem entrar no corpo por inalação, ingestão, absorção através da pele ou pela

combinação desses caminhos. Alguns compostos químicos não tóxicos podem se decompor

gerando material tóxico quando submetidos ao calor, à umidade ou presença de outros produtos

químicos. Tais informações são importantes para que se determine o tipo de EPI (equipamento de

proteção individual) contra a exposição e o tratamento médico adequado adotado no caso de

exposição. O estoque de produtos tóxicos deve ser o mínimo possível e em local que de

preferência não se tenha um fluxo de pessoas. Em casos em que se deve estocar no local de

trabalho por um curto período de tempo, deve-se ter um sistema de ventilação adequado e com a

sinalização exigida. Nesses locais, é proibida a ingestão de alimentos sólidos ou líquidos, só

pessoas autorizadas devem ter acesso a tais materiais. Pessoas treinadas no uso de EPI`s

adequados e cientes dos sintomas de uma exposição aos tóxicos, além de conhecerem os primeiros

socorros. Qualquer efeito tóxico nocivo proveniente da exposição de um organismo vivo a uma

substância estranha (xenobiótico) pode ser considerado como manifestação de toxicidade. Os

efeitos causados pelas substâncias tóxicas podem ser locais ou sistêmicos A ação tóxica vai

depender da quantidade de agente químico que se teve o contato. Em decorrência da ação tóxica o

dano pode ser reversível ou irreversível. A maioria dos casos de câncer humano é de origem

química.

Page 21: Livro biosseguranca-ims1

21

� Produtos explosivos: Existem produtos químicos que são sensíveis a choque, impactos ou calor.

Nesta categoria se encontram os explosivos. Estes materiais expostos a choques impactos, calor,

podem liberar instantaneamente energia sob a forma de calor ou uma explosão. É necessário

elaborar tabelas contendo as distâncias que devem existir para a estocagem dos produtos

classificados como altamente explosivos. Algumas substâncias explosivas encontradas em

laboratórios: Peróxido de benzoíla, Dissulfeto de carbono, Éter di-isipropílico, Éter etílico, Ácido

pícrico, Ácido perclórico, Potássio metálico.

� Agentes Oxidantes: é a espécie reagente que sofre redução (ganha elétrons). Ao ganhar elétrons,

esta espécie promove a perde de elétrons (oxidação) de outra espécie, agindo assim, como um

agente oxidante. São exemplos de agentes oxidantes os peróxidos, nitratos, bromatos, cromatos,

cloratos, dicromatos, percloratos e permanganatos. Agentes oxidantes não devem ser armazenados

na mesma área que combustíveis, tais como: inflamáveis, substâncias orgânicas, agentes

desidratantes ou agentes redutores. Qualquer vazamento de material deve ser imediatamente

removido, pois a limpeza da área é essencial para a segurança. A área para estocagem de agentes

oxidantes deve possuir resistência ao fogo, deve ser blindada, bem ventilada de preferência longe

das áreas de trabalho. O piso também deve ser resistente ao fogo, e sem deformações onde possam

reter algum material. São recomendados “sprinklers” para a área de estocagem. Sprinklers são

chuveiros automáticos são dispositivos com elemento termo-sensível projetados para serem

acionados em temperaturas pré-determinadas, lançando automaticamente água sob a forma de

aspersão sobre determinada área, com vazão e pressão especificadas, para combater um foco de

incêndio.

� Produtos corrosivos: os ácidos reagem com muitos metais formando hidrogênio. Os álcalis

podem formar hidrogênio quando em contato com alumínio. Como o hidrogênio forma uma

mistura explosiva com o ar, a acumulação de hidrogênio nas áreas de estocagem de materiais

corrosivos deve ser evitada. A estocagem dos líquidos corrosivos deve ser feita em uma área

fresca, mas, mantidos em temperatura maior que a de seu ponto de fusão. Esta área deve ter ralos

para remoção de qualquer vazamento que venha a acontecer e alem de tudo deve ser seca e bem

ventilada. Os chuveiros lava-olhos e de emergência devem ser testados freqüentemente para

avaliar o equipamento e treinar as pessoas que estão em uso dos laboratórios.

� Gases Comprimidos: os gases comprimidos são classificados em gases liquefeitos, gases não

liquefeitos e gases em solução. E representam um risco potencial nos laboratórios, por causa da

pressão dentro dos cilindros e ainda por serem inflamáveis e tóxicos. Os cilindros, onde esses

gases são armazenados, devem ser manipulados com cuidado para prevenir sua queda ou o choque

com outros objetos. Os cilindros que não estejam em uso devem conter uma cápsula de proteção

na válvula. Quando a válvula do cilindro é arrancada ou o cilindro rompido de alguma forma, o

Page 22: Livro biosseguranca-ims1

22

cilindro pode ser lançado em direção contraria a da válvula e causar sérios acidentes. Os cilindros

devem ser devidamente rotulados, e estocados longe de materiais inflamáveis. Os cilindros não

devem sofrer alterações de temperatura, quando colocados em locais abertos. Esses também têm

que ser estocados na posição vertical e garantidos contra eventuais quedas. Os cilindros cheios

devem ficar separados dos cilindros vazios. Se os espaços para estocagem exigir que os cilindros

contendo gases de diferentes tipos sejam estocados juntos, deve-se ao menos agrupá-los por tipo.

Os gases inflamáveis devem ser separados dos gases oxidantes usando os cilindros dos gases não

combustíveis. Os cilindros de gases inflamáveis e oxigênio devem mantidos fora dos prédios e

distribuídos por sistemas de tubulação até os locais de uso. É da maior importância que algumas

das propriedades dos gases comprimidos, que representam perigos (como inflamabilidade,

toxidez, atividade química e efeitos corrosivos) sejam bem conhecidas pelos usuários do gás.

� Produtos sensíveis à água: alguns produtos químicos reagem com a água quando há aumento de

calor e de gases inflamáveis ou explosivos. O potássio e o sódio metálico e hidretos metálicos

reagem quando em contato com água produzindo hidrogênio com calor suficiente para uma

ignição a uma explosão. Os produtos sensíveis a água devem ser estocados em local distante de

quaisquer possíveis fontes de água. Os “sprinklers” não devem colocados onde grande quantidade

dos materiais está guardada porque esses podem produzir ou potencializar incêndios ou causar

uma explosão, contudo tem sido demonstrado que os “sprinklers” têm sido utilizados no controle

de incêndios causados por materiais tais como o magnésio.

� Produtos Incompatíveis: os produtos incompatíveis são aqueles produtos que podem reagir com

outros causando uma condição de perigo devido a essa reação. Áreas separadas de estocagem

devem ser providenciadas para produtos químicos incompatíveis.

4.2 Acidentes mais comuns em laboratórios de química

Em laboratórios de química, os acidentes mais comuns estão relacionados com quebras de peças

de vidro, queimadura por substâncias cáusticas, incêndios e explosões, podendo ser observada a

necessidade de tentar reduzir os riscos de acidentes

� Cortes por uso inadequado de vidrarias: em casos de cortes por uso inadequado de vidrarias,

quando se tratar de ferimentos leves, é necessário lavar as mãos com água e sabão, antes de fazer

o curativo, removendo do local eventuais corpos estranhos, como terra, fragmentos de vidros entre

Page 23: Livro biosseguranca-ims1

23

outros. Cobrir o local com gaze esterilizada, não deixando o ferimento aberto e se necessário

procurar auxílio médico. Avisar ao professor responsável pelo laboratório sobre o acidente.

� Derrame de substâncias cáusticas ou corrosivas: o contato da pele com substâncias corrosivas

ou cáusticas causa queimaduras, e isso ocorre, muitas vezes, devido ao descuido no manuseio

desses produtos. Em casos de queimaduras de pequena extensão, por agentes químicos, lave

lentamente com grande quantidade de água, cubra com gaze limpa, dependendo da parte atingida

(olhos, face, boca, órgãos genitais, etc.) procure logo um médico. Avisar ao professor responsável

pelo laboratório sobre o acidente. Nos casos de média e grande extensão, lave a área atingida com

bastante água, em seguida aplique jato de água, enquanto retira as roupas da vítima, coloque a

cabeça e o tórax da vítima em plano inferior ao resto do corpo. Se possível levante suas pernas. Se

a vítima estiver consciente. Quando a queimadura for aos olhos lave os olhos com água abundante

ou se possível, com soro fisiológico durante vários minutos, depois se deve vendar os olhos com

uma gaze ou pano limpo e procurar ao médico urgentemente.

� Explosões: Algumas reações químicas resultam em explosões. Em casos de explosões devido a

essas reações químicas, deve-se manter a calma e imediatamente procurar lavar os respingos

atingidos na pele com água corrente, mas antes verificar se a substância é compatível com água.

Se esses respingos atingirem os olhos deve-se fazer uso do lava-olhos, para que não cause danos à

visão. Procure auxilio do responsável. É importante observar se existe algum corte, por que muitas

vezes são lançados ao ar pequenos pedaços de vidro, se perceber a presença de sangue lave o local

com bastante água, em seguida limpe o local e cubra com uma gaze para estancar o sangramento.

� Estado de Choque: em casos de estado de choque a pessoa apresenta pele fria, sudorese, palidez

de face, respiração curta, rápida e irregular, visão turva, pulso rápido e fraco, semiconsciência,

vertigem ou queda ao chão e náuseas ou vômitos. As possíveis causas para essa situação são

queimaduras, ferimentos graves ou externos, esmagamentos, perda de sangue, envenenamento por

produtos químicos, ataque cardíaco, exposições extremas ao calor ou frio, intoxicação por

alimentos, fraturas, inalação de gases ou vapores tóxicos. E, os procedimentos a serem seguidos

para se evitar maiores complicações decorrentes do estado choque são os seguintes: a) avaliar

rapidamente o estado da vítima e estabelecer prioridades; b) colocar a vítima em posição lateral de

segurança (PLS) se possível com as pernas elevadas; c) afrouxar as roupas e agasalhar a vítima; d)

lembre-se de manter a respiração; e) fornecer ar puro, ou oxigênio, se possível; se possível dê-lhe

líquidos como água, café ou chá.

� Inalação de gases ou vapores tóxicos: maior grau de risco devido a rapidez com que as

substâncias químicas são absorvidas pelos pulmões. A inalação é a principal via de intoxicação no

ambiente de trabalho, daí a importância que deve ser dada aos sistemas de ventilação. A grande

superfície pulmonar facilita a absorção de gases e vapores, os quais podem passar para o sangue,

Page 24: Livro biosseguranca-ims1

24

para serem distribuídos a outras regiões do organismo. Sendo o consumo de ar de um homem

adulto normal de 10 a 20 kg/dia, dependendo do esforço físico realizado, é fácil chegar à

conclusão de que mais de 90% das intoxicações generalizadas tenham essa origem.O uso de

mascaras é recomendado quando se está trabalhando com gases ou vapores tóxicos.

� Ingestão de produtos químicos: Muitos acidentes ocorrem nos laboratórios por causa da

pipetagem errada de soluções, nunca deve se pipetar uma solução ou amostra com a boca. Para

isso existem as peras de sucção, pipetadores elétricos ou automáticos. Normalmente, quando

certas soluções são ingeridas deve-se induzir o vômito. A melhor maneira para provocá-los é a

excitação mecânica da garganta. Em alguns casos, o vômito não deve ser provocado, como nas

intoxicações em conseqüência da ingestão de substâncias cáusticas e derivados de petróleo.

4.3 Sinalização em laboratório de química

Em se tratando de produtos químicos, é importante considerar não somente a sua toxicidade, mas

também a quantidade manipulada. Algumas drogas, por exemplo, são efetivas na cura de doenças até

certa dosagem, que se excedida, podem provocar efeitos nocivos. Aqueles que trabalham no laboratório

devem conhecer a simbologia existente em recipientes de produtos A simbologia apresentada a seguir é

utilizada em embalagens de produtos químicos (classificados ou não pela ONU). Na Figura 3 estão

demonstradas algumas das principais sinalizações relacionadas a produtos químicos:

Page 25: Livro biosseguranca-ims1

25

PICTOGRAMAS E CLASSES DE PERIGO DO GHS

FIGURA 3 – Exemplos de sinalizações utilizadas em agentes químicos

� Diagrama de Hommel: utilizado para identificação dos agentes químicos quanto aos riscos à

saúde, a inflamabilidade, a reatividade e aos riscos específicos que porventura o produto venha a

apresentar.

Page 26: Livro biosseguranca-ims1

26 DIAGRAMA DE HOMMEL

AZUL – Risco à saúde, onde os cinco são os seguintes: 0 – Produto não perigoso ou de risco minimo; 1 – Produto levemente perigoso; 2 – Produto moderadamente perigoso; 3 – Produto serevamente perigoso; 4 – Produto Letal.

VERMELHO –Inflamabilidade, onde os risco são os seguintes: 0 – Produtos que não queimam; 1 – Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição; 2 – Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente; 3 – Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente; 4 – Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos;

AMARELO – Reatividade, onde os riscos são os seguintes: 0 – Normalmente estável; 1 – Normalmente estável, porem pode se tornar instável quando aquecido; 2 – Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas; 3 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão quando a fonte de energia severa; 4 – Capaz de detonação ou decomposição com explosão a temperatura ambiente; Branco – Riscos especiais, onde os riscos são os seguintes: OXY, Oxidante forte; ACID, Ácido forte; ALK, Alcalino forte; COR - Corrosivo W - Não misture com água

FIGURA 4- Cores e seus significados no Diagrama de Hommel

� Regras para rotulagem: há ainda algumas regras a serem seguidas para realizar corretamente

uma rotulagem e identificação em produtos ou resíduos como: etiqueta deve ser colocada no

frasco antes de se inserir o resíduo químico para evitar erros; abreviações e fórmulas não são

permitidas; o “Diagrama” deve ser completamente preenchido, ou seja, os 3 itens (risco à saúde,

inflamabilidade e reatividade); se a etiqueta for impressa em preto e branco, esta deve ser

preenchida usando canetas das respectivas cores do Diagrama; a classificação do resíduo deve

priorizar o produto mais perigoso do frasco, mesmo que este esteja em menor quantidade (Figura

5).

FIGURA 5 - Exemplo de etiqueta utilizada em produtos químicos

Page 27: Livro biosseguranca-ims1

27

� Frases de Risco e Segurança: São informações sobre os riscos potenciais dos produtos químicos

e dos cuidados a ter ao manipulá-los.

� Frases de Risco: As frases de Risco indicam a natureza dos riscos específicos que a substância

oferece. São representadas pela letra R seguida de números. Os números serão separados por um

hífen (-) quando se tratar de indicações distintas ou por um traço oblíquo (/) quando se tratar de

uma indicação combinada, que reuni numa só frase vários riscos específicos.

Exemplos:

R 10-35 = "Inflamável. Provoca queimaduras graves"

R 23/24/25 = “Tóxico por inalação, por ingestão e em contacto com a pele "

Códigos Frases de Risco

R 1 Explosivo em estado seco

R 2 Risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de ignição

R 3 Grande risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de ignição

R 4 Forma compostos metálicos explosivos muito sensíveis

R 5 Perigo de explosão em caso de aquecimento

R 6 Explosivo em contacto e sem contacto com o ar

R 7 Pode provocar incêndios

R 8 Perigo de incêndio em caso de contacto com materiais combustíveis

R 9 Perigo de explosão se misturado com materiais combustíveis

R 10 Inflamável

R 11 Facilmente inflamável

R 12 Extremamente inflamável

R 13 Gás liquefeito extremamente inflamável

R 14 Reage violentamente com a água

R 15 Reage com a água libertando gases extremamente inflamáveis

R 16 Explosivo se misturado com substâncias comburentes

R 17 Inflama-se espontaneamente em contacto com o ar

R 18 Pode formar misturas de ar-vapor explosivas/inflamáveis durante a utilização

R 19 Pode formar peróxidos explosivos

R 20 Nocivo por inalação

R 21 Nocivo em contacto com a pele

R 22 Nocivo por ingestão

R 23 Tóxico por inalação

R 24 Tóxico em contacto com a pele

R 25 Tóxico por ingestão

R 26 Muito tóxico por inalação

R 27 Muito tóxico em contacto com a pele

R 27 a Muito tóxico em contacto com os olhos

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28

R 28 Muito tóxico por ingestão

R 29 Em contacto com a água liberta gases tóxicos

R 30 Pode inflamar-se facilmente durante o uso

R 31 Em contacto com ácidos liberta gases tóxicos

R 32 Em contacto com ácidos liberta gases muito tóxicos

R 33 Perigo de efeitos cumulativos

R 34 Provoca queimaduras

R 35 Provoca queimaduras graves

R 36 Irritante para os olhos

R 36 a Lacrimogêneo

R 37 Irritante para as vias respiratórias

R 38 Irritante para a pele

R 39 Perigo de efeitos irreversíveis muito graves

R 40 Possibilidade de efeitos irreversíveis

R 41 Risco de lesões oculares graves

R 42 Possibilidade de sensibilização por inalação

R 43 Possibilidade de sensibilização em contacto com a pele

R 44 Risco de explosão se aquecido em ambiente fechado

R 45 Pode causar cancro

R 46 Pode causar alterações genéticas hereditárias

R 47 Pode causar má formações congênitas

R 48 Risco de efeitos graves para a saúde em caso de exposição prolongada

R 49 Pode causar cancro por inalação

R 50 Muito tóxico para os organismo aquáticos

R 51 Tóxico para os organismo aquáticos

R 52 Nocivo para os organismo aquáticos

R 53 A longo prazo pode provocar efeitos negativos no ambiente aquático

R 54 Tóxico para a flora

R 55 Tóxico para a fauna

R 56 Tóxico para os organismos do solo

� Frases de Segurança: As Frases de Segurança indicam as precauções que devem ser tomadas

durante a utilização dos produtos químicos. São representadas pela letra S seguida de números. Os

números serão separados por um hífen (-) quando se tratar de indicações distintas ou por um traço

oblíquo (/) quando se tratar de uma indicação combinada, que reuni numa só frase vários riscos

específicos.

Exemplos:

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S 7-16 = “Manter o recipiente bem fechado. Conservar longe de

fontes de ignição - Não fumar"

S 3/9/49 = “Conservar unicamente no recipiente original, em lugar fresco e bem ventilado"

Códigos Frases de Segurança

S 1 Conservar bem trancado

S 2 Manter fora do alcance das crianças

S 3 Conservar em lugar fresco

S 4 Manter longe de lugares habitados

S 5 Conservar em... (líquido apropriado a especificar pelo fabricante)

S 6 Conservar em ... (gás inerte a especificar pelo fabricante)

S 7 Manter o recipiente bem fechado

S 8 Manter o recipiente ao abrigo da humidade

S 9 Manter o recipiente num lugar bem ventilado

S 10 Manter o conteúdo húmido

S 11 Evitar o contacto com o ar

S 12 Não fechar o recipiente hermeticamente

S 13 Manter longe de comida, bebidas incluindo os dos animais

S 14 Manter afastado de... (materiais incompatíveis a indicar pelo fabricante)

S 15 Conservar longe do calor

S 16 Conservar longe de fontes de ignição - Não fumar

S 17 Manter longe de materiais combustíveis

S 18 Abrir manipular o recipiente com cautela

S 20 Não comer nem beber durante a utilização

S 21 Não fumar durante a utilização

S 22 Não respirar o pó

S 23 Não respirar o vapor/gás/fumo/aerossol

S 24 Evitar o contacto com a pele

S 25 Evitar o contacto com os olhos

S 26 Em caso de contacto com os olhos lavar imediata abundantemente em água e chamar um médico

S 27 Retirar imediatamente a roupa contaminada

S 28 Em caso de contacto com a pele lavar imediata e abundantemente com... (produto adequado a indicar pelo fabricante)

S 29 Não atirar os resíduos para os esgotos

S 30 Nunca adicionar água ao produto

S 33 Evitar a acumulação de cargas eletrostáticas

S 34 Evitar choques e fricções

S 35 Eliminar os resíduos do produto e os seus recipientes com todas as precauções possíveis

S 36 Usar vestuário de proteção adequado

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30

S 37 Usar luvas adequadas

S 38 Em caso de ventilação insuficiente usar equipamento respiratório adequado

S 39 Usar proteção adequada para os olhos/cara

S 40 Para limpar os solos e os objetos contaminados com este produto utilizar ...(e especificar pelo fabricante)

S 41 Em caso de incêndio e/ou explosão não respirar os fumos

S 42 Durante as fumigações/pulverizações, usar equipamento respiratório adequado (denominação(ões) adequada(s) a especificar pelo fabricante)

S 43 Em caso de incêndio usar... (meios de extinção a especificar pelo fabricante. Se a água aumentar os riscos acrescentar "Não utilizar água")

S 44 Em caso de indisposição consultar um médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do produto)

S 45 Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do produto)

S 46 Em caso de ingestão consultar imediatamente um médico e mostrar o rótulo ou a embalagem

S 47 Conservar a uma temperatura inferior a ... ºC (a especificar pelo fabricante)

S 48 Conservar húmido com ... (meio apropriado a especificar pelo fabricante)

S 49 Conservar unicamente no recipiente de origem

S 50 Não misturar com ... (a especificar pelo fabricante)

S 51 Usar unicamente em locais bem ventilados

S 52 Não usar sobre grandes superfícies em lugares habitados

S 53 Evitar a exposição – obter instruções especiais antes de usar

S 54 Obter autorização das autoridades de controlo de contaminação antes de despejar nas estações de tratamento de águas residuais

S 55 Utilizar as melhores técnicas de tratamento antes de despejar na rede de esgotos ou no meio aquático

S 56 Não despejar na rede de esgotos nem no meio aquático. Utilizar para o efeito um local apropriado para o tratamento dos resíduos

S 57 Utilizar um contentor adequado para evitar a contaminação do meio ambiente

S 58 Elimina-se como resíduo perigoso

S 59 Informar-se junto do fabricante de como reciclar e recuperar o produto

S 60 Elimina-se o produto e o recipiente como resíduos perigosos

S 61 Evitar a sua libertação para o meio ambiente. Ter em atenção as instruções específicas das fichas de dados de Segurança

S 62 Em caso de ingestão não provocar o vômito: consultar imediatamente um médico e mostrar o rótulo ou a embalagem

Códigos Frases Combinadas

S ½ Conservar bem trancado e manter fora do alcance das crianças

S 3/7/9 Conservar o recipiente num lugar fresco, bem ventilado e manter bem encerrado

S 3/9 Conservar o recipiente num lugar fresco e bem ventilado

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S 3/9/14 Conservar num local fresco, bem ventilado e longe de ... (materiais incompatíveis a especificar pelo fabricante)

S 3/9/14/49 Conservar unicamente no recipiente original num local fresco, bem ventilado e longe de ... (materiais incompatíveis a especificar pelo fabricante)

S 3/9/49 Conservar unicamente no recipiente original, em lugar fresco e bem ventilado

S 3/14 Conservar em lugar fresco e longe de ... (materiais incompatíveis a especificar pelo fabricante)

S 7/8 Manter o recipiente bem fechado e num local fresco

S 7/9 Manter o recipiente bem fechado e num local ventilado

S 20/21 Não comer, beber ou fumar durante a sua utilização

S 24/25 Evitar o contacto com o s olhos e com a pele

S 36/37 Usar luvas e vestuário de proteção adequados

S 36/37/39 Usar luvas e vestuário de proteção adequados bem como proteção para os olhos/cara

S 36/39 Usar vestuário adequado e proteção para os olhos/cara

S 37/39 Usar luvas adequadas e proteção para os olhos/cara

S 47/49 Conservar unicamente no recipiente original e a temperatura inferior a ...ºC (a especificar pelo fabricante)

� FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico): As informações contidas

na FISPQ são necessárias para a utilização segura da substância manuseada. Contém informações

sobre o transporte, manuseio, armazenamento e descarte de produtos químicos, considerando os

aspectos de segurança, saúde e meio ambiente. É regulamentada pela NBR 14725.

� Quadro de incompatibilidade: Importante para evitar que se façam misturas de produtos

incompatíveis no laboratório.

FIGURA 6 – Quadro de Incompatibilidade química

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32 4.4 Prevenção de acidentes químicos

Os produtos químicos exigem cuidados em seu manuseio e estocagem e a prevenção dos riscos de

acidentes causados por eles deve considerar a seguinte classificação (de acordo com a periculosidade):

agentes tóxicos, corrosivos, corantes, voláteis, inflamáveis, explosivos, oxidantes, irritantes, gases

comprimidos e gases liquefeitos, produtos sensíveis à água e produtos químicos incompatíveis, pois os

acidentes podem ser eliminados ou minimizados a partir de um maior conhecimento dos materiais que são

usados no laboratório.

Sempre que for iniciar uma nova tarefa deve-se ler no rótulo as instruções de toxicidade,

inflamabilidade, reatividade. Assim, a partir do conhecimento dessas informações, planejar as operações

quanto ao(s) local(s) adequado(s) e eventual uso de EPIs, como também verificar formas de

armazenamento, descarte e ações para o caso de derramamento acidental.

4.5 Normas Gerais de Biossegurança frente a riscos químicos

A manipulação de produtos químicos exige que regras de segurança sejam seguidas rigorosamente

para evitar acidentes e prejuízos aos envolvidos e ambiente de trabalho. A seguir estão listadas algumas

regras de segurança que devem ser seguidas pelos manipuladores de agentes químicos:

• Utilizar sempre jaleco de algodão com mangas compridas, na altura dos joelhos;

• Vestir calçados fechados, nunca sandálias ou chinelos;

• Não utilizar relógios, pulseiras, ou qualquer tipo de adornos dentro dos laboratórios;

• Manter cabelos presos na realização de qualquer atividade dentro do laboratório;

• Não alimentar-se dentro do laboratório;

• Nunca fumar;

• Nunca correr nos laboratórios;

• Não lamber ou deglutir amostras do laboratório;

• Tomar cuidado com a inalação de reagentes;

• Não abandonar experimentos sem identificação;

• Não executar reações a você estranhas em grande escala e sem proteção;

• Não retornar reagentes aos seus frascos de origem;

• Não levar a mão ao rosto quando estiver manuseando produtos químicos;

• As vestimentas, e equipamentos de proteção não devem ser usados fora do laboratório;

• Em caso de acidentes, mantenha a calma e chame o professor ou técnico responsável;

• Brincadeiras são proibidas no laboratório;

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33

• Distração com jogos, conversas e música alta, principalmente com fones não devem existir;

• Evitar trabalhar sozinho no laboratório;

• Usar capela sempre que trabalhar com solventes voláteis, tóxicos e reações perigosas, explosivas

ou tóxicas;

• Solventes inflamáveis devem ser manuseados distante de fontes de calor;

• Substâncias inflamáveis, devem ser manipuladas longe de fontes de aquecimento;

• Utilizar pipetadores sempre;

• Evitar uso de lentes de contato, para evitar lesões oculares;

• Óculos de segurança são necessários em todo o tempo no laboratório;

• Utilizar os EPI’s e EPC’s presentes no laboratório; (equipamentos de proteção individual e

coletiva): luvas, óculos, capelas, blindagens etc.;

• Nunca jogar restos de reagentes na pia, utilizar sempre o vaso de descarte;

• Não adicionar água a ácidos, mas sim os ácidos a água;

• Antes do manuseio de produtos químicos deve-se saber suas características com relação a

toxidade, inflamabilidade e explosividade;

• Vidrarias quebradas devem ser descartadas e notificadas ao técnico ou responsável;

• Cuidado ao manipular substância com potencial carcinogênico;

• Os reagentes e soluções devem possuir identificação clara e as soluções conterem data de preparo,

validade e o nome do preparador;

• O derramamento de reagentes deve ser limpo imediatamente protegendo-o caso necessário;

Ácidos e bases devem ser neutralizados antes da limpeza;

• Não fazer improvisações, seguir o roteiro inteiramente, pois improvisações podem causar

acidentes;

• Utilizar sempre materiais e equipamentos adequados;

• Lembrar que todas as substâncias são tóxicas, dependendo de sua concentração.

• Nunca confiar no aspecto de uma droga, deve-se conhecer suas propriedades para manipulá-la;

• Receber visitas apenas fora do laboratório;

• Ao encerrar as atividades verificar equipamentos ligados (bombas, motores, mantas, chapas,

gases, etc.) e reagentes ou resíduos em condições de risco.

� É importante salientar que o primeiro acidente pode ser o último; os acidentes não acontecem, são

causados.

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34 5 RISCOS FÍSICOS

Em geral, quando as condições físicas do ambiente laboratorial são boas, trabalha-se melhor com

menor esforço. Mas, quando essas condições fogem muito aos limites de tolerância, atinge-se facilmente

o incômodo e a irritação determinando muitas vezes o aparecimento de cansaço, a queda de produção,

falta de motivação e desconcentração, que são decorrentes da exposição aos agentes físicos e seus riscos.

Estes levam aos acidentes físicos, definidos como aqueles ocasionados por um intercâmbio brusco de

energia com o ambiente em quantidade superior àquela que o organismo é capaz de suportar. Existem

diversos tipos de riscos físicos em um laboratório e eles podem ser identificados com a cor verde em um

mapa de riscos. Os acidentes decorrentes de agentes físicos são capazes de provocar doenças

ocupacionais e necessitam de constante prevenção evitando-se lesões como queimaduras (ocasionadas

pela exposição ao calor), perda de consciência/parada respiratória (devido a choques elétricos), e

inclusive evitando problemas oncológicos/mutagênicos (causados por contato indevido com agentes

mutagênicos ou carcinogênicos em potencial).

Os principais agentes físicos que podem vir a ocasionar acidentes em um laboratório são ruídos,

temperaturas extremas, umidades extremas, eletricidade e radiação.

5.1 Ruídos

O ruído constitui uma causa de incômodo na realização de um trabalho, um obstáculo às

comunicações verbais e sonoras, podendo provocar fadiga geral, mau humor, que se manifestam, por

vezes, no comportamento individual e social, como também, em casos extremos, trauma acústico e

alterações fisiológicas extra-auditivas. O ruído: exerce um efeito de mascaramento sobre os sinais de

alarme, perturba a comunicação e pode mascarar as mensagens de aviso de perigo, perturba a

concentração e reduz a capacidade de manter a atenção. A exposição inadequada ao ruído pode causar

surdez temporária – em casos de exposição a níveis de ruído variando entre 90 e 120dB (mesmo por curto

tempo), permanente – decorrente de exposições repetidas por longo tempo ou exposição a ruído muito

intenso em curto período, como também trauma acústico – devido a explosões ou outros impactos

sonoros, e várias outras alterações, como afetar os sistemas nervoso central, cardiovascular e digestivo.

Em laboratórios que possuem equipamentos dotados de sons exuberantes que podem causar

desconfortos auditivos e/ou ocasionarem comprometimento na saúde daqueles relacionados à rotina do

laboratório, faz-se necessário o uso de protetores auriculares (protetores auditivos que consistem em

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35 calotes posicionadas contra cada um dos pavilhões auriculares ou numa calote circum-aural posicionada

contra a região periauricular), tampões auditivos (protetores auditivos que são introduzidos no canal

auditivo ou na cavidade do pavilhão auricular para obturar a entrada, impedindo dessa forma que o ruído

se propague até ao ouvido interno) e o isolamento sonoro visando uso exclusivo de tais equipamentos

como medida para a prevenção de danos à audição. Essas medidas devem ser observadas sempre que a

questão relacionada a aparelhos ruidosos não possa ter sido resolvida previamente com aquisição e

manutenção dos equipamentos de forma a diminuir o barulho.

5.2 Temperaturas extremas – Calor

Nas atividades de laboratório e de serviços de saúde, observa-se que o risco mais freqüente de

temperaturas extremas está relacionado com o calor. A exposição a este em quantidade e/ou tempo

excessivo, denominada sobrecarga térmica, pode provocar diversos efeitos nos indivíduos através de

mecanismo de reações que interferem na vasodilatação periférica e na sudorese. O calor é bastante usado

em operações de limpeza, desinfecção e esterilização de vários materiais e áreas de um laboratório de

ensino, pesquisa ou serviço de saúde. Entretanto, são necessárias precauções no momento em que se

realiza um procedimento com envolvimento do calor, para se evitar queimaduras, como por exemplo, ao

usar uma chama do bico de Bunsen – para flambar uma alça de platina, que atinge altas temperaturas e

provocar severas injúrias aos tecidos. Além disso, há outros problemas relacionados a temperaturas

extremas como os riscos de incêndio, dentre os quais, pode-se citar o esquecimento de substâncias

inflamáveis nas bancadas ou cantos do laboratório e o superaquecimento de aparelhos com possibilidade

de incêndio, que pode afetar todas as pessoas presentes no local.

Como medidas de controle para redução de acidentes devido a intensidade de calor podem

ocorrer: (a) isolamento das superfícies quentes com materiais isolantes; insuflamento de ar no ambiente;

(b) aumento da circulação de ar; (c) exaustão de vapores de água; (d) em locais em que ocorre calor

emitido por radiação pode-se ter a utilização de anteparos refletores, uso de barreiras absorvedoras de

radiação infravermelha localizadas entre a fonte e o trabalhador; (e) bem como, quando ocorre perda de

calor pelo metabolismo (no momento em que este é bastante alterado) pode-se haver a automatização de

tarefas e redução de atividade no ambiente de risco.

Deve-se observar que em laboratórios que possuam aparelhos como autoclaves e estufas existem

mais riscos de transtornos decorrentes do aumento excessivo da temperatura. Dessa forma, a presença de

janelas garante a aeração, tornando o ambiente mais agradável, o que é mais saudável, pois, além de

garantir a amenização da temperatura por ventilação, fica também garantida a renovação do ar presente

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36 no lugar. No caso dessa ventilação não ser suficiente podem ser utilizados ventiladores de chão

(observando se essa medida favorecerá ou não os riscos de acidentes) ou de teto, ou ainda aparelhos de ar

condicionado. No caso de recintos fechados, deve-se tomar cuidado com a contaminação do ar com gases

e produtos tóxicos.

5.3 Umidades extremas

O ser humano é muito sensível à umidade, já que a pele precisa do ar para se livrar da umidade

que nossos corpos produzem. As pessoas sentem-se mais confortáveis quando a umidade relativa está por

volta de 45%. Equipamentos como umidificadores e desumidificadores ajudam a mantê-la em locais

fechados num nível confortável. Em um laboratório a umidade extrema pode contribuir para que

aconteçam acidentes de duas maneiras: tanto quando se estabelecerem níveis reduzidos ou excessivos.

Sabe-se que o álcool etílico e outros líquidos combustíveis podem formar misturas explosivas com

o ar ou deslocar-se até uma fonte de ignição e provocar retrocesso da chama, situação potencializada por

elevadas temperaturas e reduzidos níveis de umidade relativa ambiental. Além desse fato, baixos valores

de umidade relativa aumentam as chances de produção de centelhas provocadas pelo armazenamento de

eletricidade estática, com um grande risco de ignição.

Em relação a locais que apresentam valores de umidade excessiva é conveniente alertar sobre o

risco de choques elétricos em equipamentos e fiação exposta em tais locais. Um equipamento jamais deve

ser conectado em tomadas que apresentarem umidade. É importante, nos casos de umidade excessiva, o

uso de sapatos adequados (com sola de borracha) principalmente em pisos molhados (neste caso, melhor

calçado de couro).

5.4 Eletricidade – Choque elétrico

O choque elétrico é um estímulo rápido e acidental do sistema nervoso do corpo humano causado

pela passagem de uma corrente elétrica. A sua gravidade é determinada pela intensidade de corrente que o

provocou e que depende basicamente dos seguintes fatores: diferença de potencial a que foi submetido o

corpo; área de contato do corpo; pressão de contato; umidade da superfície de contato; duração do

contato; tensão de contato; fatores psicológicos. Esses fatores definem a intensidade de corrente que irá

circular pelo corpo, corrente essa geralmente expressa em miliamperes. O percurso e o tempo de duração

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37 da passagem da corrente são também muito importantes nos efeitos que serão produzidos no corpo. As

correntes mais perigosas são as que atravessam o corpo de mão a mão, da mão esquerda para os pés ou da

cabeça para os pés, pois afetam diretamente o coração. Se a superfície de contato do corpo estiver úmida

ou suada e os pés molhados, a intensidade de corrente pode assumir valores muito elevados, produzindo

efeitos gravíssimos (danificar os tecidos, provocar coágulos nos vasos sanguíneos, levar a perda de

consciência etc.).

Para se prevenir de acidentes ocasionados por choque elétrico em um laboratório, recomenda-se

que a voltagem da rede local de eletricidade esteja evidenciada, assim como a de cada aparelho que deve

trazer essa informação em local de fácil visualização; o número de tomadas deve ser previsto de acordo

com a capacidade total dos aparelhos do setor onde são instalados, evitando-se a sobrecarga no uso das

tomadas, o que pode provocar curtos-circuitos e originar incêndios; os equipamentos devem ser instalados

usando-se sempre o fio terra para descarga elétrica excessiva; uma pessoa que irá operar um aparelho

deve sempre certificar-se da voltagem ao liga-lo evitando, assim, danos ao sistema e ao aparelho e nas

instalações elétricas nunca sejam deixados fios desencapados.

5.5 Radiações

Radiações são formas de energia emitidas que se transmitem pelo espaço como ondas ou, em

alguns casos, possuem comportamento corpuscular. As radiações acima das condições permitidas podem

provocar lesões e conseqüências graves ou irreversíveis.

Em um laboratório de ensino e pesquisa, as radiações com que o usuário deve tomar mais cuidado

e precauções são as ionizantes (emitidas por isótopos radioativos) e as não-ionizantes.

As radiações ultravioletas (UVs) são não-ionizantes e frequentemente emitidas por equipamentos

comumente encontrados em laboratórios que manipulam microrganismos, culturas de células ou tecidos e

que utilizam técnicas de biologia molecular. Manipulações em fluxos laminares só devem ocorrer após

um tempo no qual se deixa uma lâmpada de ultravioleta ligada na área de trabalho. Durante esse período,

a radiação pode ser absorvida por qualquer indivíduo que se encontrar no mesmo local que ela e com isso

há tendência de ocorrer queimaduras, cegueira e câncer de pele.

Para se proteger das radiações UVs deve-se dispor de barreiras que possam eliminar a reflexão no

ambiente e absorção direta pelo indivíduo. As barreiras podem ser construídas de chapas metálicas,

tecidos opacos, entre outros. Os EPIs que protegem de radiação direta sobre a superfície exposta também

devem ser usados, como os jalecos de algodão de manga comprida, luvas, óculos de proteção de

qualidade comprovada ou protetores de face inteira, além de anteparos de acrílico, com espessura capaz

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38 de proteger contra tais radiações. Há laboratórios que destinam salas apropriadas para o cultivo de células

e tecidos de forma que o manipulador só permaneça no local na ausência de radiação UV.

As radiações ionizantes podem provocar dois efeitos no organismo humano: 1) produzir lesões nas

células germinativas, causando alterações hereditárias e 2) causar lesões nas células somáticas, levando a

alterações sem natureza hereditária. Essas radiações são emitidas por radioisótopos de fonte natural

(elementos radioativos presentes na crosta terrestre: urânio - 238 e carbono - 14) ou artificial (produzidos

pelo homem com tecnologias específicas), podendo ter natureza corpuscular (raios alfa – e beta e nêutros)

ou eletromagnética (raios X, gama, e aceleradores lineares). Em ambos os casos para se proteger dos seus

efeitos nocivos deve-se seguir práticas referentes à radioproteção, que tem o objetivo de assegurar que os

níveis de radiações ionizantes em ambientes de trabalho sejam aceitáveis, com o mínimo de risco à saúde

e bem estar das pessoas.

Algumas medidas de controle que podem ser adotadas, visando à radioproteção são: reduzir ao

mínimo o tempo de exposição a radiações; manter-se o mais longe possível da fonte de irradiação;

blindagem do espaço físico de materiais que absorvem a radiação; sinalização no acesso e nas áreas que

realizem atividades com a presença de radiação; bom treinamento dos trabalhadores envolvidos nas

atividades relacionadas aos materiais radioativos e utilização de EPIs.

5.6 Incêndios

Existem diversas formas de prevenção de incêndios ou propagação do fogo. Os equipamentos de

proteção como: extintores, sprinklers e outros devem estar colocados em locais de fácil acesso e sem

impedimento, todos que usam o laboratório devem saber como operá-los corretamente.

Para a formação de fogo são necessários três elementos essenciais: o combustível (madeiras,

tecidos, plásticos, fibras couros, gasolina, éter álcool, etc.), o comburente (oxigênio) e o calor ou

temperatura de ignição. A combinação destes três elementos em determinadas proporções é denominada

de triângulo do fogo. Os incêndios são medidos em função do calor produzido e depende de uma série de

fatores. Para conseguir deter um incêndio é necessário que se retire pelo menos um dos elementos do

triângulo. Nestas condições, um exemplo disso é a retirada do combustível ou expulsão do oxigênio

(quando o fogo é resfriado pela água).

Para a transformação do combustível em fogo, na presença de oxigênio, devem ser levados em

consideração: o ponto de fulgor (temperatura na qual os vapores do combustível se inflamam com a

aproximação de chama ou centelha, porém a chama não se sustenta). Acima de tal temperatura temos o

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39 ponto de combustão. (A temperatura de ignição é aquela em que os vapores ou gases desprendidos do

combustível entram em combustão sem a necessidade da presença de chamas ou centelhas).

A principal causa da propagação de incêndios é a transmissão do calor. Esta transmissão é feita

através do ar, pela própria estrutura do corpo ou por líquidos e gases que estão próximos da chama. A

extinção de qualquer incêndio pode ser feita por abafamento ou resfriamento. Os agentes extintores,

atualmente mais utilizados são a água, espuma química ou mecânica, dióxido de carbono e pó-químico.

Mas dos citados acima o que tem maior emprego é o de água; que funciona por resfriamento.

A espuma apaga principalmente por abafamento. As espumas são dividas em dois tipos: a

química, na qual a formação de espuma é obtida pela reação de substâncias químicas e a mecânica. A

espuma nunca deve ser utilizada em corrente elétrica.

O dióxido de carbono também é um excelente extintor de incêndios incipientes e não ventilados,

pois age abafando o fogo diminuindo o contato com o ar. O extintor de dióxido de carbono é o mais

recomendado no laboratório, pois é de fácil manejo, tem boa eficiência no combate a princípios de

incêndio, especialmente nos do tipo que envolve eletricidade, e não danifica os equipamentos. Além

disso, o dióxido de carbono não se congela a temperatura ambiente e não deixa resíduos e é facilmente

removido pela simples ventilação do compartimento. O extintor tipo pó-químico age principalmente por

abafamento. Em contato com as chamas o pó se decompõe, formando dióxido de carbono, extinguindo-as

com grande eficiência.

Em instalações elétricas devem ser usados somente os extintores de dióxido de carbono ou pó

químico; os do tipo água ou espuma nunca devem ser empregados para esse tipo de incêndio. Os

extintores devem ser inspecionados no mínimo uma vez ao mês e recarregados, em casos de vazamentos

ou do uso.

Algumas medidas são importantíssimas para evitar incêndios como sempre ressaltar que fumar

nos laboratórios e corredores é proibido, atentar-se para que os aparelhos elétricos avariados devem ser

reparados apenas por técnicos especializados, além disso, devem ser observados com cuidado

equipamentos que aquecem muito, após pouco tempo de uso, não se deve abandonar pedaços de pano e

papéis embebidos com óleos, graxas ou solventes inflamáveis nas bancadas ou cantos dos laboratórios.

“Lembrar-se sempre de recorrer aos bombeiros imediatamente nos casos de incêndio”.

� Extintores de Incêndio: Os extintores de incêndio são a melhor ferramenta para combater

incêndios pequenos, principalmente na sua fase inicial. A seguir seguem as classes de incêndios e

o uso de extintores para cada classe de fogo:

a) Incêndios de Classe A: Abrange todos os incêndios que além de queimarem deixam resíduos

(madeiras, papel, borrachas, etc). Para estes incêndios são indicados os extintores com carga e

recarga de água ou espuma.

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40

b) Incêndios de Classe B: Os incêndios de classe B abrangem incêndios que ardem em superfícies,

no entanto não deixam resíduos (álcool, gasolina, etc). Para estes incêndios a carga do extintor é

feita de dióxido de carbono, espuma ou pó (Pó BC), a recarga de extintor é feita com o mesmo

produto.

c) Incêndios de Classe C: Na classe C são englobados todos os incêndios onde a eletricidade é um

elemento presente, o composto químico do extintor de incêndio não pode ser condutor de energia.

Nestes incêndios o extintor tem uma carga de pó e gás carbônico.

d) Incêndios de Classe D: Este tipo de incêndio exige extintores com agentes especialmente

produzidos para combatê-los, pois é um incêndio que ocorre em matérias pirofosfóricos (titânio,

zinco, lítio, magnésio, sódio, fósforo branco). Pode ser utilizado o extintor de pó químico, que age

por abafamento e quebra da reação em cadeia.

5.7 Símbolos relacionados aos riscos físicos

� Substância Radioativa

Este sinal deve estar sempre presente em fontes de radiação ionizantes, bem como nas

zonas controladas e vigiadas onde existe a probabilidade de se ultrapassarem determinados

limites de dose para os indivíduos expostos.

� Eletrocussão

Este sinal adverte para o perigo de eletrocussão, devendo ser afixado nos locais onde

existam fatores de risco, por contato direto ou indireto com a energia elétrica.

� Radiações não-ionizantes

Este sinal deverá ser colocado em qualquer local onde existam radiações não-ionizantes ou

componentes de equipamentos onde estas radiações estejam presentes, que possam

constituir perigo de exposição para os indivíduos.

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41 5.8 Normas de segurança para riscos físicos

• Use protetores auriculares e tampões auditivos para efetuar tarefas que envolvam ruídos;

• Não opere aparelhos que, anormalmente, apresentem excesso de ruídos;

• Os aparelhos que transmitem ruídos devem ser periodicamente verificados para manutenção

corretiva da quantidade do ruído produzido;

• Laboratórios que possuem aparelhos com ruídos exorbitantes devem estar em locais afastados;

• Cuidado ao manusear um objeto em estufas ou forno mufla, pois podem ocorrer queimaduras;

• Tubulações de gás e Bico de Bunsen devem ser manuseados com bastante cuidado, usando-se

equipamentos de proteção ao calor como, luvas de amianto e/ou garras apropriadas, pois há

probabilidade de ocorrência de incêndio, explosão ou queimaduras;

• Atente-se para casos de carregamento, instalação e ligação de aparelhos em locais úmidos e

cuidado com pisos escorregadios;

• Antes de conectar um aparelho a uma tomada verifique se a voltagem dele está correta;

• Não utilize equipamentos com componentes alterados;

• Não sobrecarregue as tomadas, use apenas um aparelho em cada uma;

• Jamais coloque aparelhos elétricos em superfícies molhadas ou úmidas;

• Use sempre EPIs e EPCs capazes de proteger contra radiações, caso trabalhe com elas;

• Mantenha-se longe da fonte de irradiação;

• As pessoas envolvidas nas atividades com materiais radioativo necessitam de um excelente treino;

• Saiba, antes de entrar no laboratório, o que será feito nele, seus riscos e as medidas de proteção

contra estes.

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42 6 ACIDENTES COMUNS EM LABORATÓRIOS

Acidente é entendido como um acontecimento infeliz, casual ou não, do qual resulta dano(s). E os

laboratórios de ensino, pesquisa ou serviços de saúde, por sua vez, são ambientes diferenciados, cuja

presença de vários tipos de riscos (químicos, físicos e biológicos, principalmente) pode ocasionar

acidentes e, portanto, requerem atenção especial como forma de prevenção, desde que seguidas certas

práticas, técnicas e normas de segurança. Os acidentes ocorridos no ambiente dos laboratórios têm como

algumas de suas possíveis causas, a utilização inadequada ou deficiente dos EPIs e EPCs, o manuseio

incorreto de materiais perfuro-cortantes, a quebra de vidrarias, a disposição incorreta de material no

laboratório e, principalmente, comportamentos inadequados no interior destes.

6.1 Como se prevenir de acidentes em laboratórios

Nenhuma pessoa dentro da Instituição está livre de acidentes – uma luva (EPI), por exemplo, pode

transferir secreções orgânicas para qualquer superfície manipulada e assim contaminar qualquer

indivíduo. Deve-se assumir uma postura diferenciada no seu ambiente de trabalho visando prevenção e

controle de acidentes, para se conseguir um ambiente seguro de aprendizagem e trabalho, que irá

repercutir em melhoras na qualidade de vida.

Os acidentes devem ser evitados através de cautelas que recebem o nome de “prevenções de

acidentes” e têm o objetivo de por em prática regras e medidas de segurança, de maneira a se evitar a

ocorrência de tais imprevistos. Essas cautelas vão desde as maneiras de como se deve atuar diante de

riscos inerentes aos agentes biológicos, químicos e físicos, já abordados em capítulos anteriores, como

também:

� Estar consciente da atividade executada. Uma boa conduta em laboratório é o agendamento de

atividades a serem desenvolvidas e o tempo de exposição/execução das atividades;

� Uso obrigatório de EPIs e EPCs no laboratório durante todos os procedimentos. O jaleco é um

EPI, que preferencialmente deve ser de algodão e de mangas compridas, pois, assim, alcança

maior área de proteção. É recomendado evitar o uso de jalecos constituídos de material

combustível como poliéster. Não utilizar sandálias, tênis ou sapatos abertos; os pés devem estar

protegidos com sapatos fechados;

� Não reencapar, quebrar, manipular agulhas ou desconecta-las das seringas utilizando as mãos. Em

casos de reutilização utilize um dispositivo mecânico ou a técnica de “cavar” com uma das mãos;

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� Ter muita cautela ao manusear vidrarias, pois sua quebra gera cacos de vidros que podem cortar,

além de haver possibilidade de respingo do material que está no seu interior. Para recolher os

estilhaços decorrentes da quebra de vidrarias, utilize sempre pá e vassoura, nunca as mãos;

� Evitar conversas enquanto realiza alguma tarefa que necessite de atenção e não obstrua seus

ouvidos com aparelhos sonoros, pois todos precisam estar atentos a qualquer ruído à sua volta;

� Ao abrir ampolas proteger as mãos com algodão ou pano;

� Evitar relógio no pulso durante as atividades laboratoriais, pois ao estar manuseando frascos

contendo líquidos ou similares, você pode causar e ou sofrer acidentes ao verificar as horas;

� Sempre que for utilizar algum aparelho, paramentar-se com os devidos EPIs (certificados de não

terem danos) e normas de segurança relativas a tal atividade;

� Atentar-se para as sinalizações presentes nos laboratórios, respeitando as advertências de rótulos e

livros sobre perigos e riscos. Antes de manusear frascos e reagentes ler atentamente os rótulos.

Não trabalhar com substâncias químicas sem identificação;

� Se uma substância for derramada, providenciar limpeza imediatamente – seguindo as medidas de

segurança para cada produto e observando sua classificação quanto à toxidade, corrosão dentre

outros;

� Nunca deixar materiais pessoais (mochilas, bolsas etc.) e do próprio laboratório em locais

impróprios (como na porta), pois dificultam as atividades e trazem mais riscos de acidentes;

� Não correr no ambiente do laboratório, isso retira a atenção dos outros e facilita o acontecimento

de acidentes por colisão, queda e escorregão;

� Não colocar material aquecido diretamente em superfícies desprotegidas com temperaturas

diferentes do material aquecido (aço inoxidável, fórmica ou pedra), bem como não deixar material

sujo por muito tempo na bancada ou pia. Após o uso mantê-los submersos no desinfetante,

observando o tempo de desinfecção exigido;

� Depois de realizar aquecimento com bico de Bunsen ou maçarico, sinalize-os evitando que outra

pessoa sofra queimaduras com os mesmos;

� Ao segurar recipiente (frascos ou similares), coloque sempre uma das mãos, devidamente

protegidas, sob este e nunca segurá-los apenas pelo gargalo;

� Não manusear maçanetas, telefones e outros usando luvas durante a execução de suas atividades;

� Não manipular ou cocar olhos, nariz, ouvido ou bocas com as mãos usando luvas, bem como

lentes de contato e manter, se for o caso, os cabelos longos presos e, se necessário, com gorro

protetor;

� Não fazer refeições no laboratório. Mantê-lo sempre limpo para que outros possam utilizá-lo de

forma segura;

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� Ao manipular material contaminado, procurar manter próximo à sua atividade, papel absorvente

embebido em desinfetante, a fim de evitar a dispersão de derramamento ou respingo acidental;

� Na realização de trabalho dentro do laboratório ter conhecimento das seguintes informações:

nomes e telefones de emergência, caixa de primeiros-socorros, locais dos EPCs, como lava-olhos

e chuveiros de segurança e como fazer a desinfecção, descontaminação ou neutralização antes da

manutenção de equipamentos automáticos, por haver pequeno risco de transmissão de infecções

ou exposição a produtos químicos.

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45 7 EPC

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) se destinam a proteger os trabalhadores expostos a

determinado risco. Permitem que o trabalho no laboratório seja desenvolvido de forma segura, em alguns

casos, reduz ou elimina o uso dos equipamentos de proteção individual. Como exemplo de EPCs,

podemos citar o enclausuramento acústico de fontes de ruído, a ventilação dos locais de trabalho, a

proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, a cabine de segurança

biológica, capelas, cabine para manipulação de radioisótopos, extintores de incêndio, dentre outros.

� Capelas: são de diversos tipos, dependendo do tipo de trabalho a que se destinam.

a) Capelas de uso geral: Onde se manuseia produtos químicos ou produtos particulados;

b) Capelas tipo “walk in”: É possível o trabalhador entrar na capela;

c) Capelas de ácido perclórico: São especialmente projetadas para o trabalho envolvendo ácido

perclórico;

� Câmaras fechadas (glove-box): para operação com produtos altamente tóxicos;

� Coifas de captação: destinadas a captar vapores, névoas, fumos ou pós;

� Sistemas de exaustão portáteis: dotados de filtros especiais para gases, solventes, etc.

� Mantas corta-fogo: fabricadas em tecidos especiais não combustíveis, são empregadas em casos

de incêndios, no qual um líquido em chama é espirrado nas vestimentas do trabalhador;

� Chuveiros de emergência: devem ser instalados em locais de fácil acesso;

� Lava-olhos de emergência: duchas dotadas de filtro para reter partículas;

� Vaso de areia ou balde de areia: utilizado sobre o derramamento de álcalis para neutralizá-lo;

� Mangueira de incêndio: o modelo padrão, comprimento e localização são fornecidos pelas

normas do Corpo de Bombeiros.

� Sprinkle: sistema de segurança que, através da elevação de temperatura, produz fortes borrifos de

água no ambiente (borrifador de teto).

� Alça de transferência descartável: são alças de material plástico estéril, descartáveis após o uso.

Apresentam a vantagem de dispensar a flambagem.

� Microincinerador de alça de transferência metálica: são aquecidos a gás ou eletricidade.

Possuem anteparos de cerâmica ou de vidro de silicato de boro para reduzir, ao mínimo possível, a

dispersão de aerossóis durante a flambagem das alças de transferência.

� Luz Ultra Violeta : são lâmpadas germicidas, cujo comprimento da onda eficaz é de 240 nm. Seu

uso em cabine de segurança biológica não deve exceder a 15 minutos. O tempo médio de uso é de

3000 horas.

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� Dispositivos de pipetagem: são os dispositivos de sucção para pipetas. Ex.: pipetador automático,

pêra de borracha e outros.

� Proteção do sistema de vácuo: são filtros do tipo cartucho, que impedem a passagem de

aerossóis. Também é usado o frasco de transbordamento, que contém desinfetante.

� Contenção para homogeneizador, agitador, ultra-som, entre outros: devem ser cobertos com

anteparo de material autoclavável e sempre abertos dentro das cabines de segurança biológica.

� Anteparo para microscópio de imunofluorescência: dispositivo acoplado ao microscópio, que

impede a passagem de luz ultravioleta, que poderá causar danos aos olhos, até mesmo levando o

operador à cegueira.

� Kit para limpeza em caso de derramamento biológico, químico ou radioativo: composto de

traje de proteção, luvas, máscara, máscara contra gases, óculos ou protetor facial, bota de

borracha, touca, pás para recolhimento do material, pinça para estilhaços de vidro, panos de

esfregão e papel toalha para o chão, baldes, soda cáustica ou bicarbonato de sódio para neutralizar

ácidos, areia seca para cobrir álcalis, detergente não inflamável, vaporizador de formaldeído,

desinfetantes e sacos plásticos.

� Kit de primeiros socorros: composto de material usualmente indicado, inclusive antídoto

universal contra cianureto e outros antídotos especiais.

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47 8 EPI

É essencial o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) - roupas protetoras, avental e

de luvas, durante a execução de atividades no interior do laboratório, no sentido de prevenir acidentes.

“As roupas protetoras somente devem ser usadas no interior do laboratório, e em corredores de

áreas técnicas comuns, devendo ser retiradas quando o técnico deixar o ambiente. É proibido o uso de

tais roupas e de luvas, nas áreas externas do laboratório, tais como: sala de lanche, área administrativa,

toaletes, banco, lanchonete, transporte público, etc.”

São exemplos de EPI:

� UNIFORMES : obrigatoriamente protegido com avental de mangas longas, fechado na frente e

longo (abaixo dos joelhos).

� SAPATOS: exclusivamente fechados. Não deve ser permitido o uso de sandálias dentro de área

hospitalar e laboratorial.

� ROUPAS PROTETORAS: avental exclusivamente de manga longa, permanentemente fechado.

Deve ser usado no interior do laboratório, e deve permanecer no vestuário técnico, não devendo

ser usado em áreas públicas como: bares, lanchonetes, banco, etc.

� ÓCULOS: devem ser usados para todas as áreas nas atividades de risco, como manipulação de

produtos biológicos potencialmente contaminados, produtos químicos, além daquelas que portam

risco de radiação e/ ou iluminação (uso de óculos especiais em presença de lâmpada U.V.).

Existem diversos modelos de óculos de proteção e cada qual se adapta às atividades

desenvolvidas: óculos de proteção contra radiação ultravioleta; óculos de proteção contra gases e

vapores; óculos de proteção contra produtos químicos.

� MÁSCARAS: devem ser usadas sempre que manipuladas substâncias químicas como alto teor de

evaporação (além de serem manipuladas em capelas de exaustão), e em áreas de alta

contaminação com produtos biológicos. As máscaras podem e devem ser usadas também no

sentido de não contaminarmos o ambiente (isolamento reverso, centro cirúrgico, etc.).

� LUVAS : obrigatórias na manipulação de qualquer material biológico, e com determinados

produtos químicos. Devem ter formato anatômico, boa resistência e oferecer conforto e destreza

ao usuário. A seguir estão alguns tipos de luvas e sua utilização:

a) Luvas butílicas: Usadas no contato com cetonas e ésteres.

b) Luvas de borracha natural (látex): Usadas para trabalhos gerais, manipulação de bases, alcoóis,

soluções aquosas diluídas, aldeídos e cetonas.

c) Luvas Kevlar® (marca registrada da DuPont): Fornecem proteção contra cortes, abrasão e

calor.

Page 48: Livro biosseguranca-ims1

48

d) Luvas de Neoprene (borracha de policloropropeno): Excelentes para ácidos e álcalis.

e) Luvas Nitrílicas: Resistentes a abrasão, perfuração e corte.

f) Luvas de PVA (polivinilálcool): Resistentes a compostos orgânicos aromáticos, alifáticos,

solventes clorados, ésteres e cetonas (exceto acetona).

g) Luvas de PVC (cloreto de polivinila): Usadas no contato com bases e ácidos fortes, soluções

aquosas, sais e alcoóis. Possui baixa resistência aos solventes.

h) Luvas Spectra (fibra de vidro): Resistentes a abrasão e cortes.

i) Luvas de vinil: Uma alternativa para os usuários alérgicos ao látex natural.

j) Luvas Viton® (elastano fluorada - marca registrada da DuPont): Usadas no manuseio de

aromáticos, solventes clorados, alifáticos e alcoóis. Não recomendadas para cetona, ésteres e

aminas.

8.1 Cuidados especiais

� JÓIAS E BIJUTERIAS: deve-se usar o mínimo possível. Não se deve usar anéis que contenham

reentrâncias, tais como incrustações de pequenos brilhantes ou pedras, assim como não se deve

usar pulseiras e colares que possam tocar superfícies de trabalho e/ou pacientes, vidrarias, etc.

� MAQUIAGEM E PERFUME: a maquiagem é uma grande fonte de partículas na área laboratorial

e hospitalar, partículas estas que significam perigo. As maquiagens liberam milhares destas

partículas, na maior parte aderentes, pois contêm glicerina, mica, titânio, entre outras coisas. Entre

as maquiagens, o excesso de batom e rímel significam, sem dúvidas, um dos maiores problemas,

assim como laquê. Os perfumes devem ser evitados em ambientes técnicos por inúmeros motivos:

são poluentes ambientais, muitos pacientes têm intolerância a odores, em função de seu estado de

saúde e outros em função dos medicamentos que fazem (quimioterapia e radioterapia), e podem

impregnar ambientes fechados que contenham filtros em ar condicionado, agravando o estado de

saúde de muitos alérgicos.

� UNHAS: devem ser curtas e bem cuidadas. Não podem ultrapassar a “ponta dos dedos”.

Preferencialmente sem conter esmalte, principalmente nas áreas de isolamento reverso e

laboratórios de Cultura Celular. O esmalte libera partículas por micro - fraturas.

� CABELOS: permanentemente presos na sua totalidade. Em áreas de controle biológico, o uso do

gorro é obrigatório (Laboratório de Cultura, Biologia Molecular, Produção de Componentes

Lábeis Sangüíneos, Laboratório de Microbiologia, Isolamento Reverso, Centro Cirúrgico, etc.).

Page 49: Livro biosseguranca-ims1

49 9 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS – LABORATÓRIOS ENSINO/PES QUISA

Uma universidade tendo como maior função a educação, precisa no seu exercício de difusão do

conhecimento promover a conscientização de seus alunos sobre o meio ambiente, com o objetivo de

educá-los para que levem suas experiências nessa área para suas vidas profissionais e mesmo para suas

casas. Além das aulas teóricas ministradas numa instituição de ensino superior, também são

desenvolvidas as aulas práticas, bem como, pesquisas científicas e tecnológicas, gerando subprodutos,

principalmente no ramo químico e biológico, que devem ser gerenciados.

O gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS) tem como objetivo minimizar a

produção de resíduos e proporcionar àqueles gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,

visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio

ambiente. Para que isto seja possível é necessário que toda Unidade Geradora (UG), através de um

profissional de nível superior habilitado pelo seu conselho de classe, elabore um Plano de Gerenciamento

de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, que seja: 1) compatível com as normas locais de coleta,

transporte e disposição dos RSS, 2) baseado nas características dos resíduos gerados e nas suas

classificações (Anexo I), para assim estabelecer as diretrizes de manejo desses.

9.1 Identificação de resíduos

Um procedimento bastante necessário no gerenciamento é a IDENTIFICAÇÃO dos resíduos que

consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento daqueles contidos em sacos e recipientes,

fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.

Em relação à identificação dos diversos tipos de resíduos que podem ser produzidos em

laboratórios de ensino e pesquisa, aqui será abordada a identificação de três tipos desses, por serem os

mais freqüentes em muitos desses laboratórios, como também importantes em termos de infecção

biológica e estrago químico e/ou físico:

O Grupo A que, segundo o Regulamento presente na Resolução ANVISA n° 306 de 07/12/2004 é

identificado pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT, com rótulos de

fundo branco, desenho e contornos pretos. Esse grupo (A) tem possibilidade de possuir agentes biológicos

infectantes.

O Grupo B, que através do mesmo Regulamento, é identificado através do símbolo de risco

associado, de acordo com a NBR 7500 da ABNT e com discriminação de substância química e frases de

Page 50: Livro biosseguranca-ims1

50 risco. Em tal grupo (B) estão os resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à

saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade e toxicidade.

E o Grupo E, identificado pelo símbolo de substância infectante constante também na NBR-7500

da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de RESÍDUO

PERFUROCORTANTE, indicando o risco associado em tal resíduo.

9.2 Acondicionamento de resíduos

O ACONDICIONAMENTO é o ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes

que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura, para prevenção e proteção contra os

produtos acondicionados, além de facilitar seu transporte.

� Acondicionamento de resíduos biológicos – Grupo A: a utilização de saco plástico branco com

o símbolo de resíduo infectante é recomendada à maioria dos resíduos biológicos, por ser entre

outras coisas: prático, eficiente e reduzir o contato direto entre manipulador/resíduo. Entretanto,

aqueles configurados como pertencentes aos grupos A3 e A5 (Anexo I), precisam estar em sacos

vermelhos, sendo que aqueles que contém o grupo A5 são proibidos de esvaziamento ou

reaproveitamento. Ao fechar o saco plástico é preciso seguir o procedimento de retirar o excesso

de ar, cuidando para não ocorrer inalação, bem como torcer e amarrar sua abertura com barbante

ou arame.

� Acondicionamento de resíduos químicos – Grupo B: o armazenamento temporário, o transporte

interno e o armazenamento externo destes resíduos podem ser feitos nos mesmos recipientes

utilizados para os resíduos biológicos infectantes. Os resíduos químicos já estocados na unidade

geradora são denominados de passivos, em tal circunstância, deve ser encarada de maneira

otimista, pois muitos laboratórios não enfrentam tal problema, porque já se livraram do referido

estoque em pias ou através de outros métodos não-recomendados. Alguns procedimentos podem

ser tomados como: deixa-los bem identificados/caracterizados (tarefa que necessita de muita

paciência, cuidado e investigação criteriosa); avaliar as possíveis formas de reaproveitá-los;

realizar troca num banco de resíduos etc. O possível deve ser feito para que o passivo não seja

armazenado na Unidade Geradora (UG). Caso contrário, devem ser acondicionados observadas as

exigências de compatibilidade química dos resíduos entre si, assim como de cada resíduo com os

materiais das embalagens de forma a evitar reação química entre os componentes do resíduo e da

Page 51: Livro biosseguranca-ims1

51

embalagem, enfraquecendo ou deteriorando a mesma, ou a possibilidade de que o material da

embalagem seja permeável aos componentes do resíduo.

� Acondicionamento de resíduos perfuro cortantes infectantes – Grupo E: o acondicionamento

dos resíduos pertencentes ao grupo E podem ser feitos nos mesmos recipientes utilizados para o

Grupo A. Entretanto, antes de serem lançados nos sacos plásticos, precisam estar em recipientes

rígidos com sistema de fechamento e identificação adequados, devido ao perigo de acidentes em

função de sua natureza e ao contato frequente com material infectante. A capacidade dos

recipientes de acondicionamento precisa ser compatível com a geração diária de cada tipo de

resíduo.

9.3 Segregação de resíduos

A SEGREGAÇÃO consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de

acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos.

Nessa parte do gerenciamento, seja ele de resíduos biológicos ou químicos, pode e deve haver a

minimização de seu(s) risco(s) com a redução do volume total ou da toxicidade do resíduo gerado, antes

de submetê-lo a tratamento ou descarte. Alguns dos procedimentos que visam a minimização de riscos

dos resíduos são: adoção de trabalho em microescala, micrométodos no laboratório (proporcionam

resultados com semelhantes exatidão e precisão, apresentando ainda vantagens de consumir menos

produtos e gerar menos resíduos); substituição de produtos usados por outros de menor toxicidade; além

dos processos de reaproveitamento: recuperação (retirar do resíduo um material ou componente

energético de interesse), reutilização (um resíduo é utilizado, tal qual foi gerado, em um processo

qualquer, dentro ou fora da UG) ou reciclagem (material retorna como matéria-prima ao seu processo

produtivo) entre outros. A separação dos resíduos perfurantes e cortantes é sempre recomendada, pois se

eles não estiverem em recipientes rígidos, pode haver contato direto com os materiais infectantes e/ou

maior chance de ocorrer acidentes.

Além das etapas já descritas, anteriormente (identificação, acondicionamento e segregação),

existem também outras, que devem fazer parte do plano de gerenciamento, como:

Page 52: Livro biosseguranca-ims1

52 9.4 Transporte interno

Translado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao armazenamento temporário

ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para a coleta.

9.5 Armazenamento temporário e externo

Guarda temporária dos recipientes contendo resíduos já acondicionados, em local próximo aos

pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os

pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. Não é permitida a retirada dos

sacos de resíduos de dentro dos recipientes ali estacionados (igualmente no ARMAZENAMENTO

EXTERNO – que consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta

externa, em ambiente exclusivo – de fácil higienização, com proteção contra insetos e roedores etc. – com

acesso facilitado para os veículos coletores), nem colocar tais sacos diretamente em pisos. Esse tipo de

armazenamento pode ser dispensado nos casos em que a distância entre o ponto de geração e o

armazenamento externo justifiquem.

Os resíduos químicos do Grupo B devem ser ARMAZENADOS em local exclusivo com

dimensionamento compatível com suas características quantitativas e qualitativas. O abrigo desses deve

possuir, em local de fácil visualização, a sinalização – RESÍDUOS QUÍMICOS, com símbolo baseado na

norma NBR 7500 da ABNT. O armazenamento de resíduos perigosos deve contemplar ainda as

orientações contidas na norma NBR 12.235 da ABNT.

9.6 Tratamento dos resíduos

Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos

inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou

de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em

outro estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de segurança para o transporte entre o

estabelecimento gerador e o local do tratamento.

Page 53: Livro biosseguranca-ims1

53

� Tratamento de resíduos biológicos: os métodos de tratamento de resíduos biológicos mais

utilizados são a esterilização a gás ou a vapor, desinfecção química por adição peróxido de

hidrogênio, hipocloritos, ácidos, álcoois, compostos de amônio quaternário ou cetona, e

incineração, além de ainda poderem ser tratados por emprego de radiação e incineração. Porém a

seleção do método de tratamento depende de certas variáveis, como: a natureza do item a ser

descontaminado (quanto mais áspera a superfície, maior tempo de contato requerido; número e

resistência dos microrganismos presentes, alguns são mais resistentes à descontaminação que

outros; tipo e concentração do descontaminante usado; presença de matéria orgânica), quantidade

significativa de proteínas podem inativar ou retardar a ação de alguns desinfetantes, duração do

contato com o descontaminante e à temperaturas elevadas que aumentam o poder biocida de

muitos tratamentos empregados. Dentre as opções de tratamento de resíduos que se pode realizar

em um laboratório de ensino e pesquisa, são a autoclavação, a desinfecção química, o emprego da

radiação, e a incineração.

� Tratamento de resíduos químicos: nenhum descarte de resíduos químicos deve ser feito, sem

que antes seja considerada a necessidade ou não destes passarem por tratamento prévio a fim de

eliminar ou reduzir acidentes ou dano ao meio ambiente. Em se tratando de resíduos químicos que

não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente não há necessidade do tratamento, podendo ser

submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem. Aqueles no estado sólido,

quando não submetidos à reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para

sistemas de disposição final licenciados. E aqueles no estado líquido podem ser lançados na rede

coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam respectivamente as diretrizes

estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes.

Por outro lado, os resíduos químicos que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio

ambiente quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem,

devem ser submetidos a tratamento ou disposição final específicos. Um grande cuidado deve ser

dado à escala de prioridades relativas ao gerenciamento de resíduos químicos. É preciso enfatizar

que anteriormente à geração de um resíduo dessa categoria, deve-se avaliar as implicações

posteriores, causadas por ele (talvez, o mesmo nem precisasse ser gerado, sendo substituída a

matéria-prima por outra de menor toxicidade). Chama-se atenção para isto, pois em relação à

escala de prioridades (evitar, minimizar, reaproveitar, tratar e dispor) o tratamento é a penúltima

prática a ser realizada – sendo mais usados em laboratórios o processamento térmico por

incineração (considerado dispendioso) e os métodos químicos ou físicos, além das práticas para

seu reaproveitamento (que para tal estabelecimento são mais promissores) – o que remete a

afirmar que a dimensão do problema remonta à anterior necessidade não seguida. Em outras

palavras, se o resíduo tivesse sido evitado, minimizado ou reaproveitado não haveria maiores

Page 54: Livro biosseguranca-ims1

54

preocupações com a quantidade dele para passar por tratamentos complicados ou onerosos e

mesmo com sua posterior disposição. A seguir estão dispostas algumas formas de tratamento de

determinados resíduos químicos, possibilitando ou não o seu reaproveitamento e/ou purificação:

a) Destilação fracionada – sem dúvida o processo mais utilizado no caso de solventes orgânicos;

b) Filtração – destinada à resíduos sólidos;

c) Extração por solventes para óleos e sólidos;

d) Neutralização ácido/base;

e) Precipitação química de metais;

f) Processos oxidativos avançados (H2O2, UV, Ozônio, Reagente de Fenton, fotocatálise heterogênea

e algumas de suas combinações), com ou sem luz solar.

Tratando-se de casos que envolvam substâncias muito perigosas, tais como cianetos, uma

possibilidade é recorrer ao fabricante, que estaria melhor preparado para realizar o tratamento ou descarte

do material.

Outro procedimento é a diluição, fato bem sucedido em alguns poluentes. Porém, está óbvio que

muitos produtos químicos sintéticos não são assimilados porque não são alterados pela ação de luz, água,

ar ou microorganismos. Como exemplos dessas substâncias, denominadas persistentes, tem-se o DDT,

gases de refrigeração (clorofluorcarbonetos - CFCs) e os compostos mercuriais, sendo que muitas destas

não se tornam uniformemente dispersas no meio ambiente e podem concentrar-se em organismos vivos,

chegando a atingir seres humanos e outros animais a níveis que, em alguns casos, afetam a saúde e até

levam à morte prematura.

Alguns dos procedimentos supracitados, assim como outros, são atividades que eximem a

necessidade de equipamentos sofisticados, podendo ser empregados em instituições de ensino e pesquisa

que geram em suas rotinas resíduos químicos.

� Tratamento de resíduos perfurocortantes: os resíduos perfurocortantes podem requerer

tratamentos, principalmente se estiverem infectados. Nestes casos, é bom que eles passem pelas

mesmas etapas que o seu produto infectante deveria passar. Entretanto, é preciso tomar bastante

cuidado pois, se tratando de vidrarias, estas não possuem bons coeficientes de dilatação e portanto

devem ser destinadas às desinfecções químicas e radiação UV. É bom ser observado, também,

algumas precauções, como no descarte as seringas e agulhas usadas, placas de Petri ou outros

objetos perfuro cortantes. Estes precisam ser acondicionados em recipientes apropriados,

resistentes a perfurações, colocados em áreas próximas à área de uso, sendo oportuno lembrar que

nunca tais resíduos devem ser armazenados em quantidade superior àquela suportada pelo

recipiente que os acondicionam.

� Tratamento de misturas de resíduos: em laboratórios os resíduos formados podem estar

misturados e serem de classes diferentes, requerendo, em tais casos, considerações especiais em

Page 55: Livro biosseguranca-ims1

55

seu tratamento. Genericamente, recomenda-se que diante de uma mistura de resíduos biológicos

infectantes com químicos, ocorra a inativação do primeiro e, então, posteriormente haja o

tratamento ou disposição do resíduo químico. É preciso observar que o melhor método para

inativar o resíduo biológico pode não ser adequado ao tratamento do outro. A autoclavação, por

exemplo, não deve ser empregada em um resíduo formado por agentes infectantes misturados a

solventes orgânicos, pois concentrações significativas destes (solventes) podem ser liberadas na

atmosfera durante o processo. Nesses casos pode-se fazer com que tal resíduo passe por uma

desinfecção química. Um apropriado método para o tratamento e disposição de material biológico

ou carcaças de animais contaminados ou que contém substâncias químicas – desde que estas não

sejam metais – é a incineração.

9.7 Coleta e transporte externo

Remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou

disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e

a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as

orientações dos órgãos de limpeza urbana e realizados de acordo com as normas NBR 12.810 e NBR

14.652 da ABNT.

9.8 Disposição final

Esta envolve o envio dos resíduos, basicamente, a três destinos: 1) aterros sanitários (seguindo

exigências técnicas e legais quanto à situação de já ter tais resíduos recebido pré-tratamento e devido

acondicionamento); 2) lançamento na rede de esgoto (o que pode ser feito conforme a Resolução

CONAMA n° 20, que dispõe sobre a classificação e respectivos níveis de qualidade aceitáveis das águas

doces, salobras e salinas); ou 3) liberação para a atmosfera (devendo obedecer a critérios, pois tal tipo de

método pode favorecer a ação nociva, tanto para a natureza como ao homem, de substâncias persistentes,

bioacumulativas e tóxicas), além dos processos de reaproveitamento já abordados anteriormente

(recuperação, reutilização e reciclagem).

Page 56: Livro biosseguranca-ims1

56

� Disposição final de resíduos biológicos: resíduos não-infectantes e substâncias químicas inócuas

– não apresentam características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e

patogenicidade, e não são consideradas como perigosas - podem ser dispostas como lixo comum.

Outra solução seria sua disposição na via hídrica, que deve ocorrer em um volume de água 100

vezes maior ao que foi descartado. Porém, em se tratando de líquidos imiscíveis (em relação com

a água) ou inflamáveis (mesmo hidrossolúveis), não podem passar pela disposição em tal via.

Antes do lançamento em esgoto ou em aterros sanitários devem ser realizados corretamente a

segregação e o tratamento dos resíduos. A liberação de agentes infecciosos (como diversos

microrganismos) para a atmosfera é inaceitável, tanto para a população como ao meio ambiente.

Para que tal procedimento não ocorra é necessário que as cabines de segurança biológica (CBS)

apresentem filtros HEPA (high efficency particulate air), que exigem manutenção e avaliação

constantes, a fim de sua eficácia ser garantida.

� Disposição final de resíduos químicos: quando destinados à reciclagem ou reaproveitamento,

devem ser acondicionados em recipientes individualizados, observadas as exigências de

compatibilidade com os materiais das embalagens evitando-se reação química que enfraqueça ou

deteriore a embalagem, ou a possibilidade de que o material desta seja permeável aos

componentes do resíduo. Muitos laboratórios de ensino e pesquisa acabam descartando seus

resíduos químicos em pias e ralos, ignorando as características e riscos pertinentes a vários deles,

que impossibilitariam este tipo de procedimento. Para que isto possa ser realizado (descarte em

pias e ralos) faz-se necessário que o efluente esteja atendendo à Resolução CONAMA n° 20 (ou

qualquer outra legislação estadual mais restritiva). Outros efluentes que não estejam atendendo tal

Resolução, devem ser enviados à incineração ou mesmo estação de tratamento destes, como as

que existem em indústrias de grande porte para tratamento de cargas orgânicas altas e

normalmente tóxicas. Os resíduos químicos sólidos devem ser destinados conforme as suas

classificações em classe I (perigoso), classe II (não-inerte) e classe III (inerte), pois isso determina

o local apropriado à sua disposição. Aqueles gerados em laboratórios, em sua maioria, são

pertencentes à classe I, exigindo que sejam dispostos em aterros industriais (sendo, também,

observadas as normas e procedimentos do órgão estadual de proteção ambiental).

� Disposição final de resíduos perfurocortantes: os materiais perfurocortantes devem ser

descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de

descarte, em recipientes, rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa,

devidamente identificados, atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 13853/97 da

ABNT, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu

reaproveitamento. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas,

quando descartáveis, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada manualmente, e deve-

Page 57: Livro biosseguranca-ims1

57

se seguir o procedimento de descarte do recipiente de armazenagem quando este atingir 2/3 de sua

capacidade ou o nível de seu preenchimento ficar a 5 (cinco) cm de distância da boca do

recipiente.

Page 58: Livro biosseguranca-ims1

58 10 PRIMEIROS SOCORROS

Em laboratórios de ensino e pesquisa todo o possível deve ser feito para se evitar que acidentes

aconteçam. Em capítulos anteriores foram abordados diferentes assuntos a respeito de como isso pode ser

realizado: através do uso de determinados equipamentos de proteção, conhecer e seguir normas de

segurança para seu bem estar, ter atenção e conhecimento sobre os diferentes tipos de riscos presentes nos

laboratórios, entre outros. Entretanto, caso tais acidentes aconteçam, o primeiro procedimento a se fazer é

por em prática medidas, adequadas, que possam minimizar as conseqüências para o acidentado ou vítima,

o que pode determinar, até mesmo, sua sobrevida. Essas condutas são os primeiros socorros, que devem

ser tomados com segurança e rapidez, imediatamente após a ocorrência de um acidente, com finalidade de

preservar a vida, minimizar os efeitos da lesão e promover a recuperação de uma pessoa que se acidentou

(vítima). Porém, nem todas as pessoas são aptas a prestá-los, pois nas diversas situações em que eles se

dão pode haver excessiva ansiedade, susto, mal estar entre outros nos socorristas (indivíduos que prestam

os primeiros socorros), comprometendo assim o atendimento. Com isso, recomenda-se treinamento

periódico e atualizado, principalmente aos que convivem frequentemente nos laboratórios, como um fator

de garantia do sucesso de desse procedimento, que precisa ser aplicado em casos específicos. Ademais, é

de suma importância que haja nos laboratórios: números e endereços de serviços de resgate e emergência

– como o do corpo de bombeiros, pronto-socorro, polícia, hospitais, médicos, além dos serviços de gás,

eletricidade e água – para que outras decisões e tratamentos possam ser buscados, observando-se que os

primeiros socorros são serviços de caráter emergenciais.

Os acidentes mais comuns que podem ocorrer em uma Instituição são vertigens, queimaduras,

cortes, envenenamentos e substâncias químicas nos olhos. Os seguintes equipamentos devem estar

facilmente acessíveis aos laboratórios: cobertor antifogo; extintor de incêndio; lava-olhos; chuveiros de

emergência; caixa de primeiros socorros; lavatório para queimaduras de ácidos ou de álcalis.

Todos os acidentes de laboratório devem ser obrigatoriamente, comunicados aos professores, quer

tenham recebido tratamento especializado. Também é importante que a pessoa acidentada e remetida a

tratamento especializado tenha um acompanhamento. Vamos relacionar aqui alguns lembretes

importantes para auxiliar nos procedimentos de primeiros socorros:

a) Evitar, sempre que possível tocar em ferimentos com as mãos e peças de roupas com resíduos

corpóreos (sangue, vômito, entre outros);

b) Em caso de desmaio, deitar o indivíduo de costas, com a cabeça mais baixa que o corpo, fazendo-

o respirar amoníaco ou vinagre;

c) Em caso de sinais de desmaio sentar o indivíduo e curvar sua cabeça entre as pernas, fazendo-o

respirar profundamente;

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59

d) Em caso de hemorragias, fazer compressão do ferimento com gaze limpa e dependendo do local

do ferimento, esta compressão poderá ser feita diretamente ou a uma certa distância do mesmo;

e) Em caso de contato da pele com substâncias químicas promover uma lavagem abundante do local

com água, caso o material seja com patível com a mesma;

f) Em caso de queimaduras por contato ou respingos, providenciar a lavagem da área com água fria,

por um período de pelo menos 15 minutos, encaminhando em seguida o acidentado ao socorro

médico mais próximo.

Abaixo estão dispostos alguns venenos usuais e os sinais ou sintomas induzidos por eles:

� Ácidos e álcalis: queimam e corroem os tecidos em que entram em contato e, em casos extremos,

podem fazer um orifício na parede estomacal.

� Álcool: Atua como enérgico depressor do sistema nervoso central.

� Cianeto: pode provocar o colapso da vítima. A morte é rápida em conseqüência da paralisia

respiratória. Pode ser ingerido ou absorvido por um ferimento ou através da pele. É usado em

certos formicidas.

� Cianeto e monóxido de carbono: provoca a morte por asfixia em virtude de combinação com o

sistema carreador do oxigênio no sangue, o que impede a transferência do oxigênio para partes

vitais do organismo humano.

� Sulfeto de hidrogênio: gás inflamável e venenoso, com cheiro de “ovo estragado”; perceptível na

diluição de 0,002 mg/l de ar. Muito perigoso por provocar o colapso, o coma e a morte em alguns

segundos depois de apenas uma ou duas inspirações. É insidioso já que o olfato fica insensível ao

seu cheiro depois de exposição prolongada. As concentrações mais baixas provocam irritação das

mucosas, dor de cabeça, enjôo e fadiga.

� Chumbo: o envenenamento agudo pelo chumbo pode provocar anorexia, vômitos, mal-estar,

convulsões e injúria permanente no cérebro. Os casos crônicos evidenciam-se pela perda de peso,

fraqueza e anemia.

� Mercúrio : perigoso por ser razoavelmente volátil (pressão de vapor de 0,002 mmHg a 25ºC) e

facilmente assimiláveis pelas vias respiratórias, pela pele e pelo tubo digestivo. O envenenamento

agudo pelo metal, ou seus sais provoca ferimentos na pele e nas mucosas, náusea aguda, vômitos,

dores abdominais, diarréia sanguinolentas, lesões nos rins e morte num lapso de dez dias. O

envenenamento crônico provoca inflamação da mucosa bucal e das gengivas, salivação abundante,

queda dos dentes, lesões nos rins tremores musculares, espasmos, depressão e brutas alterações de

personalidade, irritabilidade e nervosismo. Antídoto: dimercaprol (BAL: Britsh anti-lewisite).

Page 60: Livro biosseguranca-ims1

60

� Álcool metílico: Tem um efeito especifico de degeneração do nervo óptico que pode provocar

lesão permanente e cegueira, mesmo quando a quantidade assimilada tiver sido pequena.

� Fenilhidrazina: Provoca a hemólise dos eritrócitos.

� Piretrina : Encontrado em certos inseticidas. Provoca hiperexcitabilidade, descoordenação e

paralisia dos músculos e das ações respiratórias.

� Nitrato de prata: O contato com a pele ou com as mucosas pode ser cáustico e irritante. A

ingestão pode causar severa gastroenterite e até a morte.

10.1 Orientações básicas para prestar primeiros socorros

a) Em qualquer acidente, leve ou grave, NÃO PERDER A CALMA. Isto influi na maneira de pensar

e agir. Demonstrar segurança, tanto no atendimento ao acidentado como na orientação dos

presentes;

b) Manter o ferido quieto, agasalhado e em posição confortável; afrouxar as roupas (colarinho, cinta,

soutien entre outros);

c) Afastar os espectadores, deixando o ambiente livre para a prestação do socorro e a remoção do

acidentado;

d) Obter a colaboração do grupo, atribuindo para algumas pessoas atividades como: providenciar a

presença de um médico ou a vinda de uma ambulância, fornecendo neste caso o endereço correto,

podendo, às vezes, ser solicitado auxílio para o próprio cuidado do paciente;

e) Evitar comentários dos presentes, principalmente se o paciente estiver consciente;

f) Examinar o acidentado rápida e completamente, tomando providências principalmente nos casos

de hemorragia (procurar controlar o sangramento, através de curativo ou compressão manual)

g) Também manter limpas as vias respiratórias fazendo a limpeza da boca; se estiver preparado

aplicar a respiração artificial ou massagem cardíaca se for o caso; não administrar líquidos nem

medicamentos;

h) Movimentar o paciente o mínimo possível e, quando necessário, fazê-lo com cuidado;

i) Movimentar o fraturado somente após a imobilização adequada;

j) Deixar o paciente com a cabeça voltada para o lado, evitando uma possível aspiração de vômitos.

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61 10.2 Procedimentos específicos de primeiros socorros

� Vertigens: no estado de inconsciência, deve-se evitar aglomerações em torno do paciente, levá-lo

para um lugar mais arejado e afrouxar sua roupa ao redor do pescoço. Deve-se deixá-lo sentado

com a cabeça entre as pernas ou deitá-lo de costas com a cabeça mais baixa que o corpo. Não se

deve administrar nada por via oral, sendo recomendável induzir uma inalação de amoníaco ou

vinagre. Quando o paciente voltar a si, dar um estimulante, como café ou chá, por exemplo.

� Corpos estranhos nos olhos: com muito cuidado lavar os olhos abundantemente com água limpa

e após manter a pálpebra fechada.

� Substância química nos olhos: lavar os olhos abundantemente com água limpa. Evite a utilização

de substâncias neutralizantes de acidez ou básicas, colírios anestésicos, entre outros.

� Queimaduras: mitigar a dor e impedir infecção. As de 1º grau caracterizam-se por vermelhidão,

de 2º grau por bolhas e de 3º grau por lesão profunda do tecido. A queimadura pelo calor deve ser

lavada abundantemente com água fria por cerca de 15 minutos e após conforme a extensão, pode-

se usar vaselina esterilizada para cobrir a região queimada. Se for por ácido ou base, deve se lavar

com água fria abundantemente até a eliminação da substância. Cobrir a vítima com uma camada

espessa de penso seco e estéril. As queimaduras químicas devem ser lavadas com água, se

compatíveis.

� Ingestão de substâncias químicas: diluir o veneno e induzir o vômito, exceto quando isto for

desaconselhável. Os sintomas são queimaduras em torno da boca, frasco esvaziado. Frente a essa

situação diluir com água ou leite, induzir o vômito com solução concentrada de bicarbonato de

sódio ou com dedo na garganta da vítima. Antídoto universal: 1 parte de chá forte, 1 parte de leite

de magnésia, 2 partes de pão carbonizado (ou carvão ativo). Se necessário provocar vômito pela

estimulação mecânica da faringe ou pela ingestão de estimulantes químicos, como o xarope de

ipeca. Jamais provocar vômito se a pessoa estiver desacordada, ou se ingerir substância

corrosiva, cáustica ou solventes voláteis.

� Não provoque vômito: quando a vitima ingeriu qualquer das substâncias listadas abaixo.

Administre leite ou água; 1 a 2 xícaras no caso de crianças de 1 a 5 anos, e até 1 litro para maiores

de 5 anos.

� - Ácidos fortes, fluidos de lavagem a seco, amônia, gasolina, benzeno, hipoclorito de sódio (água

sanitária), cal (óxido de cálcio), nafta (éter de petróleo), Carbonato de sódio, óleo de pinho,

creosoto (creolina, fenóis), querosene, desinfetantes fenólicos, soda (hidróxido de sódio),

detergentes, soda para lavagem (barrilha), estriquinina, thiner e removedores de tintas.

Page 62: Livro biosseguranca-ims1

62

� Provoque vômito nos casos de ingestão de álcool (etílico, isopropílico, desnaturado, metílico),

bórax, cânfora, formaldeído, repelente de insetos.

� Produtos químicos em contato com a pele: deve-se promover a diluição e eliminação da

substância agressiva, pela lavagem exaustiva com água. Evite a colocação de substâncias que

podem ocasionar desenvolvimento de reação química sobre a pele, como por exemplo, reações de

neutralização.

� Cortes /ferimentos: lavar abundantemente o local do ferimento com água. Não retirar fragmentos

fixados no local do corte. Se necessário interrompa a perda de sangue (hemorragia) por elevação

do membro ferido, seguido de pressão próxima do ferimento. Evite fazer torniquete. O objetivo

deve ser de proteger o ferimento de infecções e controlar as hemorragias. Usar pensos

esterilizados e pressionar o ferimento até o término da hemorragia.

� Ataque cardíaco: No caso de a pessoa ter medicação própria, administre-a; mantenha a pessoa

deitada respirando com facilidade. Chame o médico.

� Fraturas: manter imóvel os ossos fraturados e as juntas adjacentes. Os principais sintomas são

dor, inchaço, deformação. Use um material rígido, uma almofada ou um cobertor, e entale como

estiver. Se for necessário deslocar a vítima, não curve, nem dobre, nem sacuda o paciente. Arraste

a vítima sobre um cobertor, ou um casaco ou um tapete; use uma cadeira, uma maca ou várias

pessoas para transportá-la e não provocar outras lesões.

� Estado de choque: manter o paciente deitado e em posição confortável. Os sintomas são pele

úmida e pálida, respiração pouca profunda, olhos sem brilho, pulso fraco. Manter o paciente

deitado com os pés elevados quando não houver lesões na cabeça ou no tórax. Cobrir o paciente

com cobertores (não provocar transpiração). Administrar água para mitigar a sede.

10.3 Técnicas especiais

� Técnica de Aplicação da Respiração Artificial:

Objetivo: Desobstruir e manter livres as vias respiratórias, provocar o aumento e a diminuição

alternados do volume torácico.

Sintomas: Ausência de respiração em virtude de choque elétrico, ou de afogamento ou de

envenenamento provocado por gases.

• Colocar o paciente em decúbito dorsal (deitado de costas). Levantar seu pescoço com uma das

mãos e manter sua cabeça inclinada para trás.

Page 63: Livro biosseguranca-ims1

63

• Manter a cabeça na posição adequada com a mão direita, e com a esquerda puxar o queixo da

pessoa para baixo, de forma que a língua não impeça a passagem de ar.

• Colocar a boca com firmeza sobre a boca do paciente, protegida por um pano limpo.

• Fechar as narinas do paciente, com o auxilio do polegar e do indicador.

• Insuflar ar para o interior da boca do acidentado, até notar que seu peito esteja elevado.

• Deixar o paciente expirar o ar livremente.

• Estes movimentos serão repetidos 15 vezes por minuto.

• Periodicamente, pressionar com delicadeza o estômago do paciente, evitando que se encha de ar.

• Quando dispuser do respirador artificial “AMBU”, este deverá ser utilizado por ser mais

eficiente, podendo ser operado por uma pessoa por maior tempo.

� Técnica de Massagem Cardíaca Externa:

• Colocar o paciente em decúbito dorsal sobre uma superfície firme.

• Manter a cabeça bem estendida para trás.

• Pressionar o peito do paciente sobre o externo (osso do peito) com as duas mãos espalmadas,

uma sobre a outra, firmemente, cerca de 60 vezes por minuto.

• Massagem cardíaca se alterna com a respiração artificial, um movimento respiratório para cada

quatro compressões cardíacas.

10.4 Caixa de primeiros socorros

Para a prestação de primeiros socorros recomenda-se ter no laboratório, em local de fácil acesso e bem

sinalizado, uma caixa ou armário contendo material necessário para atendimento de emergência, quais

sejam:

� Uma cópia do folheto comunicando os procedimentos de primeiros socorros;

� Um número suficiente (não menor que 12) de pequenas bandagens esterilizadas para ferimentos

nos dedos;

� Um número suficiente (não menor que 06) de bandagens esterilizadas de tamanho médio para

ferimentos nas mãos e nos pés;

� Um número suficiente (não menor que 06) de bandagens esterilizadas de tamanho grande para

outras partes lesadas;

� Um estoque suficiente de esparadrapo;

� Um estoque suficiente de rolos de algodão esterilizado em pacotes de 15 gramas;

� Um estoque suficiente de vaselina esterilizada;

Page 64: Livro biosseguranca-ims1

64

� Um número suficiente (não menos do que 04) de compressas esterilizadas para os olhos em

pacotes selados e separados;

� Uma bandagem de borracha ou bandagem de pressão;

� 1000 mL de soro fisiológico;

� Medicações emergenciais recomendadas pela equipe de enfermagem local.

Page 65: Livro biosseguranca-ims1

65 11 BIBLIOGRAFIA

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Page 69: Livro biosseguranca-ims1

69 ANEXO A – Resíduos encontrados no Apêndice I da Resolução ANVISA n° 306 de 07/12/2004, que

nesse caso estão citados somente alguns daqueles pertencentes ao Grupo A, B e E. Para

melhor verificação e análise recomenda-se a leitura do Apêndice I da referida

Resolução.

GRUPO A – Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção.

A1 - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.

A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.

A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares.

A4 - Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.

A5 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons.

GRUPO B – Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas. Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

GRUPO E – Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

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70 ANEXO B