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CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
MANUAL ACADÊMICO
HISTOLOGIA BÁSICA
Regina C. Pereira Reiniger
2014
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SUMÁRIO
UNIDADE I – INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 03
ESTUDO DOS TECIDOS.................................................................................... ...................................... 03
PREPARO DOS CORTES HISTOLÓGICOS........................................................................................... 03
TÉCNICA DE PARAFINA PARA PREPARO DOS CORTES................................................................ 04
MICROSCÓPIO ÓPTICO......................................................................................................................... 06
UNIDADE II – TECIDO EPITELIAL...................................................................................................... 10
TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO........................................................................................... 11
TECIDO EPITELIAL GLANDULAR....................................................................................................... 16
UNIDADE III – TECIDO CONJUNTIVO................................................................................................ 19
TECIDO CONJUNTIVO EMBRIONÁRIO.............................................................................................. 19
TECIDO CONJUNTIVO FIBRILAR........................................................................................................ 20
UNIDADE IV – TECIDO CARTILAGINOSO........................................................................................ 29
UNIDADE V – TECIDO ÓSSEO............................................................................................................. 32
UNIDADE VI – TECIDO HEMOCITOPOIÉTICO................................................................................. 37
UNIDADE VII – TECIDO LINFÓIDE...................................................................................................... 43
UNIDADE VIII – TECIDO NERVOSO.................................................................................................... 48
UNIDADE IX – TECIDO MUSCULAR................................................................................................... 60
UNIDADE X – ESTRUTURA HISTOLÓGICA GERAL DOS ÓRGÃOS.............................................. 68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................... 70
3
UNIDADE I – INTRODUÇÃO À HISTOLOGIA
A Histologia compreende o estudo da função celular, assim como a estrutura da
célula e, consequentemente abrange o estudo da célula e estrutura do tecido em relação às
suas funções. "Literalmente, histologia significa a ciência dos tecidos”.
Grego: Histo = tramas ou tecidos
Logo = ramo do conhecimento
Tecidos Orgânicos:
São quatro, os tecidos básicos: Epitelial, Conjuntivo, Nervoso e Muscular.
Os tecidos são agrupamentos de células. Estes por sua vez, quando reunidos formam
os órgãos. O conjunto de órgãos denomina-se sistemas. Os sistemas são encontrados
formando os organismos que reunidos constituem comunidades e populações.
Sistemas orgânicos - Digestivo, Respiratório, Urinário, Endócrino, Reprodutor,
Circulatório.
Características principais dos quatro tipos básicos de tecidos:
Tecido Células Matriz extracelular Funções principais
Nervoso Longos prolongamentos Nenhuma Transmissão de
impulsos nervosos
Epitelial Poliédricas justapostas Pequena quantidade Revestimento, secreção
e absorção
Muscular Alongadas contráteis Quantidade moderada Movimento
Conjuntivo Vários tipos Abundante Apoio e proteção Fonte: JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004.
.
Diferenciação celular:
Após a fusão dos núcleos dos gametas masculino e feminino (fecundação), forma-se o
zigoto. O zigoto sofre sucessivas mitoses para dar origem às células que constituem o corpo
dos seres vivos pluricelulares, as quais dividem o trabalho entre elas. Esta distribuição de
funções é consequência da diferenciação celular. A diferenciação celular ocorre à medida
que o organismo se forma. Apesar de todas as células terem capacidade de desempenharem
todas as funções, a eficiência na realização de certas funções é maior em certos tipos de
células e menor em outros. Certas células aperfeiçoam de tal maneira em uma função em
relação às demais células do organismo. Por exemplo, todas as células são capazes de
contrair seu citoplasma quando estimuladas no entanto, as células musculares são
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especializadas na contração. Do mesmo modo, tem-se células diferenciadas para condução
de impulsos (células nervosas), para secreção (células secretoras), para o revestimento
(células epiteliais nos animais e epidérmicas nos vegetais) etc. A diferenciação aumenta
muito a eficiência das células para favorecer o organismo, tornando-as dependentes umas
das outras. No homem adulto, por exemplo, são 1013 a 1014 células que se dividem em
aproximadamente 200 tipos diferentes. Durante a diferenciação ocorrem modificações
químicas e morfológicas com aumento da complexidade celular. Toda célula é dotada de
duas características: a diferenciação e a potencialidade. A diferenciação é o grau de
especialização da célula; a potencialidade é a capacidade que a célula tem de organizar
outros tipos celulares especializados. Para qualquer célula, quanto maior for a
potencialidade menor será a diferenciação e vice-versa. As células originadas dos óvulos
possuem 100% de potencialidade e grau zero de diferenciação, sendo, portanto,
pluripotentes.
A maioria das células tem graus intermediários de diferenciação e potencialidade. A
capacidade de multiplicação de uma célula é inversamente proporcional ao seu grau de
diferenciação. As células indiferenciadas dos embriões, por exemplo, multiplicam-se
intensamente, enquanto que os neurônios não se multiplicam. Por outro lado, as células
hepáticas, muito diferenciadas, dividem-se por mitose quando estimuladas. Como então,
pode-se conceituar a diferenciação celular? Em termos gerais, a diferenciação celular é o
conjunto de processos que transformam uma célula embrionária em uma célula
especializada. Esses processos (a diferenciação) são controlados através da expressão
seletiva de diversos conjuntos de genes.
As modificações estruturais e funcionais que ocorrem durante a diferenciação resultam da
inativação de certos genes e da ativação de outros; isto é, na transcrição de certos genes e
não de outros. Existem genes que se expressam em todas as células, como aqueles
necessários para construção de membrana, ribossomos, etc. eles são denominados genes de
manutenção (ou resistentes).
A diferenciação celular vem sendo estudada a muito tempo e alguns dos conceitos tem
sofrido poucas alterações no decorrer dos anos; no entanto, tem-se aprendido muito sobre
como os genes são controlados e já existem bons modelos para explicar a diferenciação,
como a formação dos glóbulos sanguíneos (hemocitopoese).
TECIDO
É um grupo de células especializadas, separadas ou não por líquidos e substâncias
intercelulares, provenientes de células embrionárias que sofreram diferenciação, que se
distinguem por sua estrutura e por atuarem conjuntamente no desempenho de uma função
específica.
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Os tecidos são formados pelas unidades biológicas fundamentais chamadas células e
também pela matriz extracelular, que, em geral, elas mesmas produzem. As células podem
ser iguais ou diferentes, no organismo existem cerca de 200 tipos de células, que se
diferenciam por suas formas e funções, derivadas da presença de componentes químicos
particulares, organizados de maneira distinta em cada tipo celular. A matriz extracelular é
um conjunto de substâncias amorfas figuradas, líquidos e fibras, produzidas pelas células,
que preenchem o espaço entre as mesmas.
Com base nos tipos de células que possuem, na proporção entre estas e as matrizes
extracelulares, no modo de vinculação das células entre si e com os elementos da matriz e
nas funções que desempenham, os tecidos se classificam nos quatro seguintes tipos
fundamentais:
1 Tecido epitelial - forma tanto as membranas que revestem superfícies como conjuntos
celulares que se especializam na secreção de substâncias. As membranas denominam-se
epitélios de revestimento; os conjuntos celulares, epitélios glandulares ou glândulas.
2 Tecido conjuntivo - contém células que se encontram dispersas em meio a uma abundante
matriz extracelular. Existem vários tipos de tecido conjuntivo que se diferenciam pelas
células que possuem, pela qualidade, quantidade, distribuição e propriedades dos elementos
da matriz extracelular. O tecido conjuntivo pode ser frouxo, denso, mucoso, adiposo,
cartilaginoso, ósseo, hematopoiético e linfático, incluindo também o sangue, com matriz
extracelular líquida.
.
3 Tecido muscular – se caracteriza por ter células que se contraem. Com base no
ordenamento espacial dos componentes do citoesqueleto, na forma e no tamanho das
células e levando-se em conta se sua contração é governada pela vontade ou não, existem
três tipos de tecidos musculares: tecido muscular estriado esquelético ou voluntário, o
tecido muscular estriado cardíaco e o tecido muscular liso.
4 Tecido nervoso – contém neurônios e células acessórias, denominadas neuróglia. O tecido
nervoso forma o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico.
Os tecidos se associam entre si em proporções variáveis e formam os órgãos.
Muitos órgãos apresentam os quatro tipos de tecidos. Por sua vez, grupos de órgãos se
associam para realizar funções comuns ou complementares, o que dá origem aos sistemas
do corpo, como os sistemas circulatório, imune, tegumentar, digestivo, respiratório,
endócrino, urinário, reprodutor e sensorial.
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ESTUDO DOS TECIDOS
1. Preparo de cortes Histológicos:
Os cortes são derivados da remoção de pequenas amostras representativas de
tecidos, cortadas em fatias muito delgadas, apropriadas para o estudo microscópico, para o
M.O.; em geral os cortes são preparados pela técnica de parafina (lâminas permanentes).
1.1. TÉCNICA DE PARAFINA PARA PREPARO DE CORTES
1.1.1. Amostra de Tecido:
A amostra deve ser pequena, obtida através de excisão cirúrgica (biópsia), ou pós
morte (necropsia). A amostra não deve exceder 1 cm, em qualquer dimensão. Este tamanho
pode variar em função do tipo de equipamento apresentado pelo laboratório, onde o corte
será preparado.
1.1.2. Fixação:
Os fixadores objetivam endurecer os tecidos moles e prevenir a deterioração e
outras alterações estruturais indesejáveis nas células e nos tecidos. Atuam como
coaguladores proteícos. Evitam a digestão das células pelas enzimas celulares por ela
liberadas após a morte, o que danificaria os tecidos para o exame microscópico.
Apresentam também ação anti-séptica matando bactérias e outros agentes causadores de
doenças nos tecidos infectados, que poderiam, eventualmente, ameaçar a saúde dos que
manuseiam tais tecidos.
O fixador mais comum é a solução de formal à 10%; outros fixadores: álcool,
fixador de Bouin, Zenker.
Para o transporte até o laboratório não devem ser esquecidos os requisitos
fundamentais de acompanhamento: anamnese, condições de coleta, data da morte e data de
coleta, dados de necropsia (se realizada). Na ausência do formal ou álcool, para transporte,
pode-se acondicionar a amostra em isopor com gelo, mas deve-se evitar congelá-la, pois
sua estrutura microscópica será alterada quando ocorrer o descongelamento.
1.1.3. Lavagem:
O primeiro passo da técnica consiste em deixar a amostra sendo lavada em água
corrente por um período de 12 horas, será removido assim o excesso de formol.
1.1.4. Desidratação:
O objetivo da técnica de parafina é substituir a água dos tecidos pela parafina. Como
a parafina não é solúvel em água, é necessário primeiro retirar a mesma da amostra de
tecido. Isto é feito em dois estágios:
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1º - Substituição da água por álcool - passa-se o tecido em várias soluções de álcool com o
aumento de graduação na concentração, num amplo período de tempo.
- álcool 70º - 1 a 2 hs
- álcool 80º - 1 h
- álcool 90º - 1 h
- álcool 96º - 1 h
- álcool 100º- 1 h
- álcool 100º- 1 h
2º - Clarificação ou Diafanização - Substituição do álcool por um solvente de parafina
miscível com o álcool. Usa-se o Xilol como solvente. Passa-se o tecido em várias trocas de
Xilol até que o álcool seja substituído por este. O tecido fica meio transparente.
- Xilol I -1 h Xilol II- 1 h Parafina I - 1 h Parafina II -1 h
1.1.5. Inclusão
Coloca-se a amostra impregnada por xilol em 2 trocas de parafina líquida aquecida.
O tecido logo fica inteiramente saturado com parafina, sendo que, a cera líquida passa a
ocupar todos os espaços do tecido, que antes continha água. Este procedimento é feito
dentro da estufa. A cêra endurece a medida que esfria, onde monta-se o bloco de parafina
(emblocagem), para que possa ser cortado em fatias delgadas.
1.1.6. Microtomia
O bloco de parafina é colocado em peças de madeira para ser colocado no
micrótomo; onde se desbasta a parafina até chegar ao corte, após gradua-se o micrótomo
para cortes de 3 a 6 um, onde sairão os cortes desprendendo-se da navalha, com suas bordas
aderidas aos cortes vizinhos de modo a constituir uma fita da qual, cada um deles é,
individualmente, separado com facilidade.
1.1.7. Confecção da lâmina
Os cortes são esticados em água morna, e depois colocados em lâminas contendo
albumina de Meyer, para fixar o corte à lâmina. (lado brilhante voltado para o vidro).
Deixar escorrer o excesso de água, e levar as lâminas para estufa, onde se deixa secar
completamente e começar a derreter a parafina.
Outra maneira é esticar os cortes em álcool a 20% e depois passar pela gelatina,
dispensando a albumina.
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1.1.8. Coloração
A maioria dos tecidos são incolores, o que torna difícil sua observação ao
microscópio óptico. Devido a isto, foram introduzidos métodos para a coloração dos tecidos
de modo a tornar seus componentes visíveis e destacados uns dos outros.
A coloração é feita usando geralmente misturas de substâncias químicas
denominadas corantes. A maioria dos corantes usados em histologia comporta-se como
ácidos ou básicos e tendem a formar ligações salinas com radicais ionizáveis presentes nos
tecidos.
Os componentes dos tecidos que se coram facilmente com corantes básicos são
chamados basófilos, sendo chamados de acidófilos os que se liga a corantes ácidos.
A hematoxilina não é um corante básico, mas comporta-se como tal, ligando-se as
estruturas basófilas dos tecidos. A eosina é um corante ácido. A coloração dupla pela
Hematoxilina e pela Eosina ( H - E ) é a mais utilizada na rotina em histologia.
H - E Hematoxilina - coram núcleos de azul Eosina - coram citoplasma róseo
Técnica de coloração HE - Hematoxilina e Eosina
- Xilol - 15' - 30'
- Deixar Secar
- Álcool Absoluto - 2'
- Álcool Absoluto - 2'
- Lavar em água destilada
- Hematoxilina - 1'30''
- Lavar em água corrente
- Deixar descansando em água - 2' (até ficar meio azulado)
- Eosina - 30''
- Lavar em água - 2'
- Álcool absoluto - 2'
- Álcool absoluto - 2'
- Álcool absoluto - 2'
- Álcool absoluto - 2'
- Deixar secar
- Xilol - 20'
- Montagem em Bálsamo
- Identificação das lâminas
2. MICROSCÓPIO ÓPTICO
Finalidade: Aumentar pequenos objetos e revelar seus pormenores, ou seja, aumento e
resolução, respectivamente.
Estrutura:
Constitui-se de duas partes básicas:
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1 - Mecânica
1.a. Estrutura de Sustentação:
Canhão - sustenta tanto a ocular como as objetivas.
Braço - Liga o canhão ao pé(base).
Platina ou mesa - É o plano de apoio do material.
Base ou pé - É o plano de apoio ao microscópio.
1.b. Estrutura de Movimentação:
Parafuso Macrométrico: Aproxima a objetiva com movimentos amplos, focalização
grosseira.
Parafuso Micrométrico: Possibilita a nitidez do observador, movimentos mínimos,
focalização fina.
Revólver: Fixa (apoia) e movimenta as objetivas.
Charriot: Fixa e movimenta a lâmina.
2. Óptica
Sistema de Lentes
Ocular - Situa-se na parte superior do canhão. Com a finalidade de aumentar a imagem
recebida e enviar ao olho do observador.
Objetiva - Situa-se parte inferior do canhão. Tem como importância ampliar a imagem do
objeto, é responsável pelo poder de resolução do microscópio.
Condensador - Localizado abaixo da platina, tem como importância desviar de acordo com
as necessidades e foco luminoso.
Poder de Resolução ou limite de resolução (L.R.). Chama-se de L.R. de um sistema óptico
sua capacidade de separar detalhes. Mais precisamente, o L.R. é a menor distância que deve
existir entre dois pontos, para que apareçam individualizados.
A riqueza de detalhes da imagem fornecida por um sistema óptico é o seu limite
resolutivo, e não seu poder de aumentar de tamanho os objetos.
O limite de resolução depende essencialmente da objetiva. A ocular apenas aumenta
de tamanho a imagem projetada no seu plano de foco pela objetiva.
Outros tipos de Microscópio: Contraste de fase, Polarização, Eletrônico, Eletrônico de
Varredura.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2ºed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 371p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
488 p.
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UNIDADE II - TECIDO EPITELIAL
Origem:
- Ectodérmica: epiderme, epitélio do nariz, epitélio da boca, glândulas sebáceas, glândulas
mamarias, glândulas salivares.
- Mesodérmica: endotélio, epitélio do sistema urogenital, epitélio de membranas que
envolvem órgãos (pleura - pulmão, pericárdio - coração e peritônio – órgãos abdominais).
- Endodérmica: epitélio que reveste a luz do tubo digestivo, a árvore respiratória, o fígado e
o pâncreas, epitélio da bexiga urinária, glândulas tireóide e paratireóide.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
1. Células justapostas.
2. Ausência de substância intercelular (pouca quantidade).
3. Células apoiadas à membrana basal.
4. Não possuem vasos sangüíneos (avascularizados).
5. Não possuem inervação, exceto terminações nervosas que captam estímulos.
6. Regenera-se facilmente.
TIPOS DE EPITÉLIO:
1. TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO
2. TECIDO EPITELIAL GLANDULAR OU SECRETOR
FUNÇÕES GERAIS
Revestir e Proteger
Absorção
Secreção
Condução de substâncias
Sensibilidade específica
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DESCRIÇÃO DOS TECIDOS
TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO
1. OCORRÊNCIA: Revestindo todas as superfícies e forrando todas as cavidades.
Exemplo: esôfago, traquéia, útero...
2. FUNÇÕES:
. Revestimento
. Proteção
. Absorção
. Condução de substâncias
3. ESTRUTURA:
3.1. MEMBRANA BASAL:
Função: Adesão
Apoio
Sustentação
Semi-permeabilidade
Ao microscópio eletrônico:
Lâmina Basal = Material glicoprotéico + Fibrilas Colágenas
Membrana Reticular = Material glicoprotéico + Fibrilas Reticulares
LÂMINA BASAL = Quase todos os epitélios apresentam na sua superfície de
contato com o tecido conjuntivo.
3.2. SUBSTÂNCIA INTERSTICIAL OU MATRIZ EXTRACELULAR
Com exceção de uma camada muito delgada de glicoproteínas, que geralmente
reveste as células epiteliais, não existe substância intersticial entre elas.
Esta camada chama-se GLICOCÁLIX. Acredita-se que estas glicoproteínas façam parte nos
processos celulares de pinocitose, e adesão entre células. Conforme Kessel (2001) a matriz
extracelular é secretada na base da célula, sendo chamada de lâmina basal.
3.3. FORMA DAS CÉLULAS
As dimensões e as formas das células epiteliais variam muito. Observa-se desde
células achatadas como um ladrilho, até células prismáticas altas, com todas as formas
intermediárias. Geralmente as formas dos núcleos acompanham a forma das células.
Exemplo: células cúbicas - núcleo esférico, células prismáticas - núcleo elíptico.
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3.4. COESÃO ENTRE AS CÉLULAS
As células epiteliais apresentam uma intensa adesão mútua, e para separá-las, são
necessárias forças mecânicas relativamente grandes. Essa coesão varia com o tipo epitelial,
mas é especialmente desenvolvida nos epitélios sujeitos a fortes trações, exemplo pele.
Essa coesão é em parte devido a ação adesiva das glicoproteínas do glicocálix. O
íon cálcio também é importante para a manutenção da coesão entre as células. A adesão
celular é reforçada por estruturas especiais, como os desmossomos.
3.5. REGENERAÇÃO
Os epitélios são tecidos cujas células têm vida limitada. Ocorre, pois uma
renovação constante dessas células, graças a uma atividade mitótica contínua. A velocidade
dessa renovação, porém, é variável, podendo ser muito rápida em certos casos e lenta em
outras. Como exemplo extremo citamos o epitélio de revestimento do intestino que se
renova a cada 2 a 3 dias, e o das glândulas salivares e do pâncreas, que levam mais de 2
meses para se renovar. Nos epitélios estratificados e pseudo estratificados, em geral as
mitoses ocorrem nas células situadas junto à lâmina basal.
3.6. METAPLASIA
Em determinadas condições patológicas, certas células, podem sofrer uma
série de alterações e dar origem a um novo tipo de tecido. Este processo se chama
metaplasia; é uma alteração reversível, e os seguintes exemplos podem ser citados:
a. O epitélio pseudo estratificado da traquéia e dos brônquios, em fumantes crônicos sob a
ação irritante do fumo, pode ser substituído por epitélio estratificado pavimentoso.
b. Em casos de carência de vitamina A, o epitélio dos brônquios, bexiga e vários outros são
substituídos por epitélios estratificados pavimentosos cornificados.
OBS: A metaplasia não é exclusiva do tecido epitelial, podendo ocorrer em outros órgãos.
ESPECIALIZAÇÃO DA MEMBRANA SUPERFICIAL
- MICROVILOS Milhares de evaginações da membrana sob a forma de dedos de
luvas, na superfície livre da célula. Presente nas células epiteliais com função de absorção.
Os microvilos aumentam a eficiência dos processos de absorção, ampliando muito a
superfície de contato das células com o ambiente. Exemplo: Intestino, Rim.
- CÍLIOS E FLAGELOS Na superfície das cél. Epiteliais Ciliadas existem grande
quantidade de estruturas móveis e alongadas chamadas CÍLIOS. O movimento ciliar é
geralmente coordenado, provocando uma corrente de fluido em uma só direção, na
superfície das cél. Epiteliais ciliadas. Exemplo: Traquéia.
Os Flagelos são encontrados nos mamíferos somente nos espermatozóides, tem uma
estrutura semelhante à dos cílios. Diferem, entretanto em suas dimensões, sendo mais
longos que estes.
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- ESTEREOCÍLIOS São constituídos por longos microvilos, que podem ou não se
anastomosar livremente entre si. São encontrados na região apical das células de
revestimento do epidídimo e do canal deferente.
CLASSIFICAÇÃO DO EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
O epitélio de revestimento é classificado de acordo com a forma das células e com
número e arranjo das camadas celulares.
CLASSIFICAÇÃO:
- Quanto a forma das células: plano, cúbico ou cilíndrico.
- Quanto ao número de camadas: uma camada – simples; mais de uma camada –
estratificado.
Células especializadas em absorção ou filtração estão dispostas em camada única,
portanto é um epitélio Simples ou Uniestratificado.
Células expostas a grande uso e desgaste estão ordenadas em muitas camadas, o
arranjo é então denominado epitélio estratificado.
a) EPITÉLIO PAVIMENTOSO OU PLANO
SIMPLES Consiste de uma camada única de células achatadas, que se assemelham os
ladrilhos de pavimento. O núcleo das células é centralmente localizado, sendo esférico ou
oval.
Denominações especiais:
- ENDOTÉLIO reveste internamente o coração, vasos sangüíneos e linfáticos.
- MESOTÉLIO forra as cavidades pleural, pericárdica e peritoneal, e a face externa dos
órgãos contidos em cavidades.
ESTRATIFICADO Consiste em muitas camadas celulares; as células superficiais são
achatadas, porém as células profundamente situadas são mais espessas (Figura 1 e 2).
Por convenção, a classificação do epitélio estratificado é dada pela forma das
células superficiais.
Epitélio estratificado pavimentoso resiste ao uso e desgaste e protege os tecidos
subjacentes. As células profundas ou basais estão sofrendo continuamente divisões
celulares; as novas células são empurradas em direção a superfície onde descamam.
Conforme as células se deslocam para a superfície, elas se afastam da fonte de nutrição
que se origina dos vasos sangüíneos do tecido conjuntivo subjacente. Como conseqüência
deste movimento e da falta gradativa de nutrientes, as células diminuem, tornam-se
rígidas e finalmente morrem.
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Em locais secos como a pele, as células superfíciais contém uma escleroproteína
chamada queratina. Este material resiste a traumas e a infecções bacterianas e micóticas,
além de ser impermeável. A este tipo de epitélio damos o nome de epitélio estratificado
pavimentoso queratinizado (Figura 2).
Nas superfícies úmidas, como aquelas encontradas na boca, vagina, as células do
epitélio estratificado plano não contém queratina e o chamamos de epitélio
estratificado pavimentoso não queratinizado (Figura 1).
Figura 1 – Esôfago Figura 2 – Pele grossa
b) EPITÉLIO CÚBICO
SIMPLES Consiste em uma camada única de células que se assemelham aos cubos. O
núcleo é esférico e central. Sua ocorrência é recobrindo os pequenos ductos em certas
glândulas (ex. salivares), e forma as unidades secretoras de outras glândulas ( ex. tireóide).
FUNÇÃO: Secreção e absorção.
ESTRATIFICADO Raro, apenas revestindo alguns ductos de glândulas.
c) EPITÉLIO CILÍNDRICO
SIMPLES Consiste em uma camada única de células que se assemelham a colunas
verticais. A extremidade de cada célula, que descansa sobre a lâmina basal, é conhecida
como região basal da célula. A sua extremidade é conhecida como região apical da célula.
Seu núcleo é central ou próximo a região basal da célula. Sua ocorrência é revestindo o
estômago, intestinos, útero, vesícula biliar (Figura 3).
FUNÇÃO Secreção e absorção
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Figura 3 – Vesícula Biliar
ESTRATIFICADO Encontrado somente em alguns locais do corpo; como revestindo
grandes ductos de certas glândulas (glândulas mamárias) e conjuntiva do olho.
PSEUDO - ESTRATIFICADO É um epitélio que nos dá idéia de estratificação, mas na
realidade é um epitélio simples com todas as células apoiadas sobre uma lâmina basal. A
aparência estratificada resulta do fato de que as células variam em altura e nem todas
atingem a superfície. Pelo fato das células possuírem diferentes alturas, seus núcleos
localizam-se em diferentes níveis, fornecendo a ilusão de que o epitélio é estratificado. Este
epitélio é encontrado nas superfícies da parte superior do sistema respiratório.
Figura 4 - Traquéia
CILÍNDRICO ESPECIALIZADO A estrutura de muitas células cilíndricas tem sido
adaptadas para o desempenho de funções especiais, tais como:
1. Células Caliciformes - São glândulas unicelulares cuja função é de produzir muco. A
secreção mucosa acumula-se na porção apical da célula, que assume a forma de um
cálice. As células caliciformes estão presentes em grande número no epitélio de
revestimento do sistema respiratório e também nos intestinos.
2. Células Absortivas - São células cuja superfície livre apresenta uma borda estriada ou
em escova. Ao microscópio eletrônico observam-se os microvilos. Este arranjo aumenta
muito a área de superfície livre da célula, incrementando a absorção. Estas células são
encontradas no revestimento dos intestinos, túbulos contorcidos dos rins.
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3. Células Cilíndricas Ciliadas - Apresentam na sua superfície livre processos móveis, os
cílios, que possuem um batimento coordenado. Ocorrem no epitélio de revestimento dos
brônquios pulmonares, trompas uterinas, traquéia. No sistema respiratório, o muco
contendo partículas estranhas que foram inaladas e posteriormente capturadas, é
deslocado pêlos cílios em direção a faringe, onde este material é deglutido ou
expectorado.
d) EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO É um epitélio estratificado que ocorre exclusivamente
no sistema urinário (Figura 5). O número de estratos é variável, dependendo se o órgão está
contraído ou distendido.
No estado de contração Este epitélio tem várias camadas, e suas células superficiais
são volumosas e esféricas, projetando-se para a luz.
No estado de distensão Podem ser encontrado 2 ou 3 estratos celulares, e as células
superficiais tornam-se estiradas e achatadas.
O arranjo deste epitélio permite os órgãos cavitários, como a bexiga, distender-se
sem que ocorra ruptura ou separação das células do revestimento.
Figura 5 – Bexiga
TECIDO EPITELIAL GLANDULAR
As glândulas são formadas por um grupo de células especializadas cuja função é
secreção. Entende-se por secreção a produção e liberação, pelas células, de um fluido
contendo substâncias como muco, enzimas ou um hormônio.
As células secretoras de uma glândula são conhecidas como parênquima. O tecido
conjuntivo do interior da glândula, que sustenta as células secretoras, é chamado de
estroma.
As glândulas se classificam em: Glândulas Exócrinas
Glândulas Endócrinas
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Muitos tipos celulares secretam moléculas sinalizadoras denominadas citocinas, que
realizam a função de comunicação célula-a-célula. As citocinas são liberadas por células
sinalizadoras específicas. Dependendo da distância, a citocina precisa viajar para alcançar
sua célula alvo, e seus efeitos podem ser um dos seguintes:
-Autócrino: a célula sinalizadora é seu próprio alvo; a célula estimula a si mesma.
-Parácrino: a célula-alvo está localizada na vizinhança da célula sinalizadora; assim, a
citocina não precisa ir para o sistema vascular.
-Endócrino: a célula-alvo e a célula sinalizadora estão longe uma da outra; assim, a citocina
tem que ser transportada pelo sistema sanguíneo, ou linfático.
As glândulas que secretam seus produtos através de uma via secretora constitutivos o fazem
de um modo contínuo, liberando seus produtos de secreção imediatamente sem
armazenamento e sem necessitar de um estímulo por moléculas sinalizadoras. As glândulas
que possuem uma via secretora regulada concentram e armazenam seus produtos de
secreção até que seja recebida a molécula sinalizadora adequada para sua liberação.
1. GLÂNDULAS EXÓCRINAS
Possuem ductos que transportam a secreção glandular para a superfície do corpo ou
para o interior (luz) de um órgão cavitário. Exemplo: Sudoríparas, salivares...
As glândulas exócrinas classificam-se de acordo com:
a) Quanto ao ducto:
Simples o ducto não se ramifica. Exemplo: Glândula sudorípara
Composta o ducto se ramifica, em geral repetidamente. Exemplo: Pâncreas.
b) Quanto a forma da porção secretora:
Tubulosa Em forma de tubos. Exemplo: Glândulas estomacais e intestinais.
Acinosa ou alveolar Forma arredondada. Exemplo: Parótida e pâncreas.
Tubuloalveolar Presença das duas formas. Exemplo: Sublinguais e salivares.
c) Quanto ao produto de secreção:
Serosa Secreta um fluido aquoso. Exemplo: Parótida
Mucosa Secreta um fluído espesso e viscoso, glicoprotéico denominado muco.
Exemplo: célula caliciforme.
Seromucosas ou mistas Compostas por uma mistura de unidades secretoras. Exemplo:
glândulas salivares.
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d) Quanto ao modo de extrusão:
Merócrinas Nestas glândulas, a secreção é liberada para a superfície livre de vesículas
recobertas por membranas, não resultando em perda de citoplasma. Exemplo: parte
exócrina do pâncreas.
Apócrinas Nestas glândulas, a secreção e, possivelmente, uma parte do citoplasma da
célula secretora são perdidas para a superfície livre da célula. A parte celular restante, então
regenera a porção perdida. Exemplo: glândulas sudoríparas axilares e glândulas mamárias.
Holócrina Nestas glândulas, a célula inteira morre e destaca-se formando a secreção da
glândula. As células perdidas são substituídas a partir da divisão das células vizinhas.
Exemplo: glândulas sebáceas da pele.
OBS: Em muitas glândulas exócrinas, existe um tipo especial de célula contrátil ramificada
entre as células secretoras e a membrana basal, chamada célula MIOEPITELIAL. Estas
células contêm miofibrilas e auxiliam na expulsão da secreção do ácino para o interior do
ducto. Exemplo: glândulas mamárias, salivares, sudoríparas.
2. GLÂNDULAS ENDÓCRINAS
Estas glândulas não possuem ductos e sua secreção verte-se diretamente na corrente
sanguínea, onde será distribuída para todo o corpo. A secreção das glândulas endócrinas
contém substâncias químicas denominadas HORMÔNIOS, que regulam a atividade celular,
normalmente a distância da glândula que lhes deu origem.
Classificam-se:
VESICULAR Possui grande quantidade de capilares. Suas células arranjam-se
formando vesículas. Exemplo: Tireóide (Figura 6). Neste tipo de glândula o produto de
secreção pode ser armazenado dentro da vesícula.
CORDONAL As células são arranjadas em cordões. O produto de secreção é elaborado
e armazenado intracelularmente. Exemplo: paratireóides, hipófise, supra renal.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2ºed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 371p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
495 p.
KESSEL, R.G. Histologia Médica Básica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 511 p.
19
UNIDADE III - TECIDO CONJUNTIVO
Origem embrionária: Mesoderme (mesênquima)
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EMBRIOGÊNESE
1. Tecido conjuntivo Embrionário ou Mesenquimal
2. Tecido conjuntivo Embrionário Gelatinoso, mucoso ou Gelatina de Whorton
3. Tecido conjuntivo Adulto
Fibrilar Frouxo
Fibrilar Denso
Modelado
Não modelado
Tecido Mucoso
Tecido Hemocitopoético
Tecido Adiposo
Tecido Ósseo
Tecido Cartilaginoso
Tecido Conjuntivo
de Suporte
Tecido Conjuntivo
Tecido conjuntivo fibrilarTecido conjuntivo de
características especiais
Tecido Elástico
Fonte: JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004.
CARACTERISTICAS GERAIS
- Células esparsas
- Grande quantidade de líquido intersticial
- Bem vascularizado e bem inervado
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Figura 1 – Conjuntivo fibrilar frouxo
CONSTITUIÇÃO
- Células
- Substância intercelular (amorfa ou fibrilar)
- Liquido intercelular ou tissular
1. TECIDO CONJUNTIVO EMBRIONÁRIO OU MESENQUIMAL
É o tecido conjuntivo que se forma primariamente, podendo formar todos os demais
tipos de tecidos conjuntivos. Sua ocorrência é restrita aos Embriões.
CARACTERISTICAS: Suas células apresentam-se da seguinte maneira:
- Com forma irregular
- Ricas em prolongamentos citoplasmáticos
- Núcleo grande e vesiculoso
- Citoplasma homogêneo
- Substância intercelular líquida e fluida
OCORRÊNCIA: Ocorre nos embriões preenchendo todos os espaços.
FUNÇÃO: Dar origem a todos os demais tecidos conjuntivos.
2. TECIDO CONJUNTIVO EMBRIONÁRIO GELATINOSO, MUCOSO OU
GELATINA DE WHORTON
CARACTERÍSTICAS: Suas células são de dois tipos:
a. Mesenquimal
b. Fibroblastos que apresenta seus prolongamentos citoplasmáticos reduzidos.
A substância intercelular é viscosa, gelatinosa e com algumas fibrilas.
OCORRÊNCIA: Cordão Umbilical
FUNÇÃO: Conduzir elementos na fase fetal;
Sustentar os vasos do cordão umbilical.
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OBS. O tecido conjuntivo mesenquimal é mais rico em água do que o gelatinoso.
3. TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO ou FIBRILAR
É encontrado formando e revestindo órgãos, ligando tecidos, e ocorre por todo o
organismo. Mantém as mesmas características gerais e constituição.
Como característica especifica apresenta grande quantidade de fibras na substância
intercelular (Figura 1).
CONSTITUIÇÃO:
- Células
- Substância intercelular (amorfa ou fibrilar)
- Liquido intercelular ou tissular
1. CÉLULAS
Fibroblasto - síntese de substâncias
fibrócito - célula adulta
Macrófago: fixo e móvel - defesa por fagocitose
Plasmócito: defesa especifica
Mastócito: Interpõe-se nos processos alérgicos
Adipócito: Armazena substâncias energéticas
Encontram-se ainda leucócitos, que saem dos capilares para desempenhar suas funções.
Os mais comuns são os linfócitos, mas também podem aparecer eosinófilos e neutrófilos.
DESCRIÇÃO DAS CÉLULAS
1.FIBROBLASTOS: Tem como função realizar a síntese de substância intercelular e
síntese de colágeno. Apresentam citoplasma abundante com muitos prolongamentos
citoplasmáticos, e seu núcleo é grande e ovóide. São as células mais comuns deste tecido.
FIBRÓCITO: São menores, poucos prolongamentos e aspecto fusiforme. Apresentam-se
com metabolismo quiescentes.
Embora fibrócitos possam ainda secretar constituintes da matriz em quantidades
diminuídas, o reparo principal do tecido conjuntivo envolve a formação de novos
fibroblastos, muitos dos quais são derivados dos pericitos.
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2. MACRÓFAGO: Tem como função defesa através da fagocitose de corpos estranhos.
Podem unir-se para fagocitar partículas grandes, sendo desta forma chamada de célula
macrofagocitária de corpo estranho ou gigante, constituem-se de células muito grandes com
100 núcleos ou mais.
Sua forma é irregular quando em ação, e arredondadas em repouso. Seu núcleo é
arredondado e central. Movimenta-se e fagocita por meio de Pseudópodos curtos e largos
(por isso sua forma é irregular quando em ação).
Fagocitam restos de células, material intercelular alterado, bactérias e partículas inertes
que penetram no organismo.
Os macrófagos se originam dos monócitos - células sanguíneas que
atravessam os capilares, penetrando no tecido conjuntivo (por diapedese), onde se
transformam em macrófagos. Portanto o monócito e o macrófago são as mesmas células,
em diferentes estágios de maturação. Os macrófagos do tecido podem proliferar localmente
produzindo novas células. O monócito se origina da medula óssea.
Os macrófagos estão presentes na maioria dos órgãos e constituem o sistema
fagocitário mononuclear. Apresentam nomes diferentes dependendo do local em que se
encontram. São células importantes no sistema imunológico (JUNQUEIRA &
CARNEIRO, 2004).
Nome da Célula Localização
Monócito Sangue
Macrófago Tecido conjuntivo, órgãos linfóides, pulmão e medula óssea
Célula de Kupffer Fígado
Micróglia Sistema Nervoso
Células de Langerhans Pele
Célula Dendrítica Linfonodo
Osteoclasto Osso
3. PLASMÓCITOS: São células ovóides, citoplasma muito basófilo, e núcleo esférico e
excêntrico. Estas células foram originalmente classificadas como células do tecido
conjuntivo porque eles estão comumente presentes no tecido conjuntivo frouxo associado a
certos epitélios úmidos. Entretanto, uma vez que eles se originam de linfócitos B de órgãos
linfóides secundários e de tecido conjuntivo das mucosas, eles são mais apropriadamente
considerados como um componente do tecido linfóide. Por isso, os plasmócitos são
freqüentemente descritos como pertencentes tanto ao tecido conjuntivo frouxo como ao
tecido linfóide, (COMARCK, 2001).
São poucos numerosos no conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos a
penetração de bactérias e proteínas estranhas ao organismo, como por exemplo, mucosa
intestinal e traqueal. Apresentam-se numerosos nas áreas onde existem inflamações
crônicas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
Os anticorpos (Ac) circulantes, encontrados no sangue, são sintetizados pelos
plasmócitos. Os Ac são proteínas específicas, fabricadas pelo organismo em resposta à
penetração de moléculas estranhas, que recebe o nome de antígeno (Ag).
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Todos os Ac formados são específicos para o Ag que provocou sua formação, e se
combina com o mesmo. Pode também ocorrer reação cruzada, entre um Ac e um Ag muito
semelhante ao que desencadeou sua formação.
Segundo COMARCK (2001), os plasmócitos são importantes células efetoras da
resposta imune: desenvolver imunidade significa ficar a salvo ou isento de reinfecção. O
tipo mais comum de imunidade desenvolve-se quando células imunologicamente
responsivas respondem a macromoléculas estranhas e produzem respostas imunes
específicas direcionadas contra elas. Uma macromolécula capaz de estimular respostas
imunes específicas é denominada antígeno. A proteína de secreção, produzida por um
plasmócito, que interage especificamente com um antígeno é denominada anticorpo. Os
anticorpos, conhecidos mais precisamente de imunoglobulinas, são transportados no plasma
sanguíneo e constituem uma classe de gama-globulinas.
4. MASTÓCITOS: Apresenta-se como uma célula globosa, grande, sem prolongamentos
citoplasmáticos, seu citoplasma apresenta-se carregados de grânulos basófilos. Seu núcleo é
esférico e central. Os mastócitos colaboram com as reações imunes e tem um papel
importante na inflamação, reações alérgicas e na expulsão de parasitos.
Ocorrência: são numerosos em alguns conjuntivos como, por exemplo, a pele, membranas
mucosas, pulmão, útero e trato gastrintestinal.
Apresenta pelo menos duas populações, uma delas é denominada como mastócito do
tecido conjuntivo: encontrado na pele e cavidade peritoneal (há heparina em seus
grânulos); a segunda população é denominada de mastócito da mucosa e está presente na
mucosa intestinal e pulmões (seus grânulos apresentam condroitim sulfatado em vez de
heparina).
São ausentes no tecido conjuntivo que envolve os pequenos vasos sanguíneos
situados no interior do cérebro e medula espinhal. Sendo estes protegidos contra os efeitos
potencialmente destruidores do edema característico das reações alérgicas.
Os grânulos dos mastócitos contêm mediadores químicos como a histamina e
glicosaminoglicanas (heparina ou condroitim sulfatada), proteases neutras, fator
quimiotático para eosinófilos, leucotrienos ou SRL-A (substância de reação lenta da
anafilaxia). A histamina promove um aumento da permeabilidade vascular, importante na
inflamação.
A liberação dos mediadores químicos armazenados nos mastócitos provoca reações
alérgicas denominadas “reações de sensibilidade imediata”, porque tem lugar poucos
minutos após a penetração do Ag em indivíduos sensibilizados previamente ao mesmo.
Exemplo: Choque anafilático
Observações importantes:
A superfície dos mastócitos apresentam receptores específicos para IgE (anticorpo),
produzido pelos plasmócitos.
O PROCESSO DE EXTRUSÃO DOS GRÂNULOS NÃO DANIFICA A CÉLULA
QUE CONTINUA VIVA E SINTETIZA NOVOS GRÂNULOS.
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6.CÉLULAS ADIPOSAS: São células arredondadas quando isoladas ou achatadas quando
em grupos. Seu núcleo e o citoplasma estão intensamente comprimidos na periferia da
célula, sendo que o espaço restante está preenchido por vacúolos contendo gorduras no seu
interior.
Tem como função armazenar gorduras que servirão como reserva alternativa de
energia.
2. SUBSTÂNCIA INTERCELULAR
CONSTITUIÇÃO - FIBRAS - colágenas, elásticas e reticulares
- SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA
FIBRAS
. Fibras Colágenas: Branca “ïn vivo”
As fibras estão reunidas em Feixes de Fibras estas são formadas por feixes de
fibrilas, e estas por sua vez são constituídas por um conjunto de Miofibrilas.
PROPRIEDADES:
. Transformam-se em gelatina quando fervidas.
. É muito resistente à pressão e tração devido ao arranjo de sua disposição paralela.
. Não são ramificadas, sendo muito longas e dispostas freqüentemente em feixes.
. É a fibra mais comum do organismo.
.O colágeno é sintetizado por diversos tipos celulares: fibroblastos, osteoblastos,
odontoblastos, condrócitos e célula muscular lisa.
São conhecidos pelo menos 15 tipos diferentes de fibras de colágeno, que variam nas
sequências de aminoácidos de suas cadeias. O colágeno é a proteína mais abundante no
corpo humano (30% do total de proteínas). A síntese de colágeno é feita pelos fibroblastos.
Os tipos principais de colágeno são:
- Tipo I: tecido conjuntivo propriamente dito, osso, dentina e cemento;
- Tipo II: cartilagens hialina e elástica;
- Tipo III: fibras reticulares;
- Tipo IV: lâmina densa da lâmina basal;
- Tipo V: associado ao colágeno tipo I e na placenta;
- Tipo IV: liga a lâmina basal à lâmina reticular
. Fibras Elásticas: Amarelo “in vivo”
- São menos espessas que as colágenas e são ramificadas.
- Ocorrem no tecido conjuntivo fibrilar (ex.: Art. de grande calibre)
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PROPRIEDADES:
. Cedem à tração e pressão, mas cessadas as forças, retornam ao estágio normal.
. Resistem à cocção (não se alteram a fervura).
. As fibras elásticas são sintetizadas por fibroblastos, condrócitos e células musculares lisas.
. Fibras Reticulares: São fibras muito delicadas e também as mais delgadas.
PROPRIEDADES:
. Disposição em forma de rede.
. Não são coráveis
. Não são vistos ao M.O., somente quando impregnadas em Nitrato de Prata;
Formam o arcabouço de sustentação das células dos órgãos hemocitopoiéticos
(baço, linfonodos, medula óssea) das células musculares lisas, dos nervos, dos
adipócitos e das células de muitos órgãos epiteliais (fígado, rins e as glândulas
endócrinas).
SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA (intercelular)
. É uma substância incolor,
. Homogênea
. Preenche os espaços entre as células e as fibras do conjuntivo
. É de consistência viscosa;
. Representa uma barreira à penetração de partículas estranhas no interior do tecido.
A SFA é uma mistura complexa de moléculas aniônicas (glicosaminoglicanas e
proteoglicanas) e glicoproteínas multiadesivas.
SULFATADOS: Os elementos que mais aparecem são os condroitim sulfatos, responsáveis
pela consistência nos tecidos cartilaginosos e ósseos.
NÃO SULFATADOS: Os elementos que mais aparecem são os ácidos hialurônicos que
garantem a viscosidade do tecido e ainda impedem a entrada de bactérias nestes.
Encontrado no tecido conjuntivo propriamente dito.
Obs. O ácido hialurônico é despolimerizado pela hialuronidase. Algumas bactérias
produzem essa enzima, e por este motivo, conseguem penetrar no organismo, atravessando
o tecido conjuntivo.
3. LÍQUIDO INTERSTICIAL ou FLUIDO TISSULAR
- É o liquido que ocorre entre os tecidos
- Tem como função transportar elementos no interstício.
H2O DE SOLVATAÇÃO: É o líquido tissular, não livre, não circulante, mas por onde
circulam as substâncias. São moléculas de água fixa.
A baixa quantidade de líquidos é devido as forças: Hidrostática e Osmótica
P.Hidrostática: Retira líquidos do interior dos capilares
P.Osmótica: Atrai líquidos para o interior dos capilares
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SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA E LÍQUIDA TISSULAR
A quase totalidade de água presente na S.F.A. do tecido conjuntivo acha-se na
camada de solvatação. Mesmo assim, essa água serve de veículo para a passagem por
difusão, de inúmeras substâncias hidrostáticas os quais se difundem pelo conjuntivo sem
que haja movimentos de líquidos.
Exemplo: Não se pode aspirar líquido do conjuntivo com uma seringa hipodérmica
Em condições normais, a quantidade de líquido intersticial é insignificante.
EQUILIBRIO OSMÓTICO E HIDROSTÁTICO
A água presente na substância intercelular do conjuntivo origina-se do sangue,
passando através da parede dos capilares para os espaços intercelulares dos tecidos. A
parede dos capilares é impermeável as macromoléculas, porém deixa passar água, íons e
moléculas pequenas, inclusive algumas proteínas de peso molecular baixo.
Segundo Junqueira e Carneiro (2004) o sangue traz para o conjuntivo os diversos
nutrientes de que as células necessitam e leva para os órgãos de desintoxicação e
eliminação (fígado, rim, intestino) os produtos de refugo do metabolismo, compreende-se a
importância da passagem de água dos capilares para o conjuntivo e vice-versa.
Há duas forças que atuam sobre a água contida nos capilares. Uma é a pressão
hidrostática do sangue (pressão arterial), conseqüência principalmente da contração
cardíaca e que tende a forçar a passagem da água para fora dos capilares. A outra força, que
tem sentido contrário, é a pressão osmótica do plasma sangüíneo, que atrai água para dentro
dos capilares. Essa pressão osmótica deve-se principalmente às proteínas do plasma, pois os
íons e pequenas moléculas, que passam facilmente pela parede capilar, estão presentes fora
dos vasos e dentro dele, em concentração muito semelhante. A pressão osmótica exercida
pelos íos e moléculas pequenas é aproximadamente igual dentro dos capilares e fora,
anulando-se mutuamente. Como as macromoléculas protéicas não passam para os espaços
intercelulares do conjuntivo, a pressão osmótica (coloidosmótica) que eles exercem no
interior dos capilares não é contrabalançada por pressão semelhante existente fora do
capilar.
Em condições normais, ocorre uma passagem de água para fora dos capilares na
porção arterial deles, isto é, na extremidade do capilar ligado a uma arteríola. Essa saída de
água decorre do fato de que aí a pressão hidrostática vence a pressão coloidosmóica. Mas a
pressão hidrostática decresce ao longo do capilar, sendo mínima na sua extremidade
venosa, isto é, na extremidade do capilar ligado a uma vênula. Enquanto a pressão
hidrostática do sangue cai, a pressão coloidosmótica aumenta, em conseqüência da saída de
água, que acarreta uma concentração progressiva das proteínas. O aumento da concentração
das proteínas e a queda da pressão hidrostática fazem com que, na parte venosa do capilar,
a pressão osmótica prevaleça sobre a p. hidrostática, atraindo água para o interior do
capilar.
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Fonte: Junqueira e Carneiro, 2004
Pressão hidrostática
Ação bombeadora do coração
Pressão Osmótica
Proteínas Plasmáticas
Permite a saída
Uma parte da água é drenada
pelos capilares linfáticos
Esse movimento dos fluidos
permite a nutrição dos
componentes teciduais.
Atrai água de volta
aos capilares
Ao retornar aos
capilares, carrega os
restos do metabolismo
tecidual.
EDEMA
Em condições patológicas diversas, a quantidade de líquido intersticial pode
aumentar muito, formando o edema, que se caracteriza nos cortes histológicos por uma
separação maior entre os elementos figurados do conjuntivo, provocada pelo acúmulo de
líquido. Macroscopicamente, o edema apresenta-se como um aumento de volume que cede
facilmente a pressão localizada, a qual dá origem a uma depressão que desaparece
lentamente.
O edema pode ser provocado por obstrução dos vasos linfáticos, como ocorre em
certas infestações parasitárias (Filariose) e em certos casos de câncer, e tanbém por
obstrução venosa pelas veias, como ocorre na insuficiência cardíaca. Outra causa é a
desnutrição, mais especificamente a deficiência protéica. A falta de proteínas na
alimentação acarreta uma deficiência de proteínas plasmáticas, com a conseqüente queda na
pressão coloidosmótica e conseqüente acúmulo de água no tecido conjuntivo.
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CLASSIFICAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO FIBRILAR
Classifica-se com os seguintes critérios:
- Quanto ao tipo de fibras
- Distribuição e concentração das fibras
- Orientação das fibras
1. Quanto ao tipo de fibras
1.1 Tec. conjuntivo fibrilar elástico: predomínio de fibras elásticas. Ex. artérias de grande
calibre.
1.2 Tec. conjuntivo fibrilar colagenoso: Predomínio de fibras colágenas. Ex. Derme e
tendões.
1.3 Tec. conjuntivo fibrilar reticular: Predomínio de fibras reticulares. Ex. órgãos
linfóides.
2. Quanto a distribuição das fibras:
2.1 Tec. cojuntivo fibrilar frouxo ou areolar: Possui todos os elementos do tecido
conjuntivo. Suas fibras são encontradas esparsas. Ocorre ligando os órgãos, envolvendo os
vasos sangüíneos, e é o tecido que mais ocorre no organismo. Apresenta como função
preenchimento dos espaços e ligação.
2.2 Tec. conjuntivo fibrilar denso ou fibroso: Há predomínio de fibras colagenosos,
seguido de elásticas e reticulares. Ocorre na derme, gânglios linfáticos e tendões.
3. Quanto a orientação das fibras:
3.1 Tec. conjuntivo fibrilar (fibroso) denso irregular ou não modelado ou
irregularmente constituído: As fibras estão dispostas sem nenhum arranjo definido. Ex.
derme.
3.2 Tec. conjuntivo fibrilar denso regular ou modelado ou regularmente constituído:
As fibras estão dispostas regularmente, normalmente em paralelo, entre as quais ocorrem
fibroblastos, fibrócitos e macrófagos. Ex. tendões e ligamentos.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2ºed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 371p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
495 p.
KESSEL, R.G. Histologia Médica Básica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 511 p.
29
UNIDADE IV - TECIDO CARTILAGINOSO
Característica: principal é a de possuir sua substância intercelular consistente.
1- Células: condroblastos e condrócitos
2- Substância Intercelular ou matriz cartilaginosa:
Fibras: Colágenas e elásticas
Amorfa: predomina a condroitim sulfato, responsável pela consistência da cartilagem.
3- Líquido Tissular: ocorre em mínima quantidade.
Ocorrência e Distribuição: Orelha, nariz, anéis da traquéia, epífises ósseas, esqueleto do
embrião.
Funções: Sustentação e flexibilidade
Sendo que de acordo com a região, podem ser mais rígidas.
Descrição dos componentes
Células
- Condroblastos: célula jovem, ativa, com grande quantidade de energia e grande
potencial.
Função: produzir substância intercelular formando a matriz da cartilagem
Característica: Forma ovalada , núcleo ovalado, citoplasma rico em complexo de golgi e
R.E. Granular, localizada na periferia da cartilagem.
- Condrócitos: Secretam colágeno (tipo II) e condronectina.
Função: Dividir-se e formar novos condroblastos, quando houver necessidade (caso
contrário permanece inativo).
Características: Forma arredondada, núcleo arredondado, citoplasma rico em gotículas de
lipídios e glicogênio, localiza-se no centro da cartilagem, podendo aparecer isolados ou em
grupos. Quando reunidos formam grupos isógenos porque se originam de um único
condroblasto.
CLASSIFICAÇÃO DO TECIDO CARTILAGINOSO
1. Quanto a orientação das fibras
a) Cartilagem hialina
b) Cartilagem elástica
c) Cartilagem fibrosa
a)Cartilagem Hialina
Apresenta como característica suas fibras dispersas na substância fundamental
amorfa, sendo que fibras e substância apresentam o mesmo índice de refração.
Ocorrem na traquéia, esqueleto do embrião, laringe, epífises dos ossos longos e
partes do nariz.
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- Suas fibras colágenas são distribuídas irregularmente, mas mesmo assim, garantem a
função de sustentação.
- O tecido que envolve a grande maioria dos tecidos cartilaginosos hialinos é o pericôndrio.
b) Cartilagem Elástica
Apresentam como característica além das fibras colágenas uma rica rede de fibras
elásticas dispersas na substância fundamental amorfa.
- Suas fibras elásticas são mais espessas que as fibras colágenas
- Apresenta Pericôndrio
Pode ser encontrada: Orelha, nariz, epiglote, tuba de Eustáquio, pavilhão auditivo.
c) Cartilagem Fibrosa
Sua principal característica é ser formada por fibras colágenas orientadas em feixes
paralelos, que lhe conferem maior resistência. Não apresenta Pericôndrio
-É encontrada: nos discos intervertebrais e algumas inserções articulares (Escápula-
Umeral).
Pericôndrio Todas as peças cartilaginosas Hialinas e Elásticas são envolvidas por uma camada
de tecido conjuntivo denso, (na sua maior parte).
É formado por um tecido conjuntivo rico em fibras colágenas na parte mais
superficial, porem gradativamente mais rico em células à medida que se aproxima da
cartilagem. Morfologicamente, as células do pericôndrio são semelhantes aos fibroblastos.
Matriz É formada em 40% por fibrilas de colágeno embebidas em substância fundamental
amorfa. Nos preparos comuns, o colágeno não se destaca da subs. Fundamental amorfa por
dois motivos.
- Porque está principalmente sob a forma de fibrilas, a maioria das quais de
dimensões submicroscópicas.
- Porque as fibrilas têm o índice de refração muito semelhante ao da substância
fundamental amorfa que as envolve.
A parte amorfa da matriz é constituída principalmente por glicosaminoglicanas
combinadas com proteínas, formando proteoglicanas.
OBS. as proteoglicanas ligam-se quimicamente ao colágeno e está associação é responsável
pela resistência da cartilagem as pressões.
Condriogênese (Histogênese)
A cartilagem se origina do mesênquima. Os passos p/ sua formação são:
1) Transformação das células mesenquimais em condroblastos
2) Formação da matriz cartilaginosa
3) Centralização dos condroblastos na matriz cartilaginosa que passam a denominar-se
condrócitos
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4) Novos condroblastos surgem na periferia
5) As células mesenquimais da periferia forma o pericôndrio
Crescimento Ocorre de duas maneiras:
- Aposicional: de fora para dentro (Pericôndrio)
- Intersticial: de dentro para fora (Condrócito)
Aposicional: A estrutura responsável é o pericôndrio.
O crescimento ocorre da seguinte forma:
- As células mesenquimais (condriogênicas) dão origem ao condroblasto que produz
substância intercelular e se transforma em condrócito. O processo repete a histogênese da
cartilagem, determinando que a mesma cresça de fora para dentro.
Intersticial: A estrutura responsável é o condrócito (por divisão mitótica dos condrócitos
pré-existentes). Estes condrócitos dividem-se por mitose, renovam-se, transformando
em condroblastos que iniciam a síntese da matriz cartilaginosa e convertem-se novamente
em condrócitos. Desta forma ocorre o crescimento de células de dentro para fora.
O crescimento intersticial é menos importante e quase só ocorre nas primeiras fases
de vida da cartilagem.
A medida que a cartilagem se torna cada vez mais rígida e espessa, o crescimento
intersticial deixa de ser viável e a cartilagem passa a crescer somente por aposição.
Nutrição - Não há nenhum vaso sangüíneo ou linfático na matriz, portanto é avascularizado.
- Sua nutrição é feita através do pericôndrio.
- Os vasos que estão no pericôndrio trazem nutrientes que através da difusão pela matriz
nutrem as células.
- A via de transporte dos nutrientes é a água de solvatação dos componentes da matriz, pois
nas cartilagens praticamente não existe água em estado livre.
Regeneração Regeneração fibrosa: Ocorre pela ação do pericôndrio
Os fibroblastos se dividem e invadem a lesão, passando a sintetizar substância fibrilar.
Logo a seguir ocorre uma restauração fibrosa no local lesado da cartilagem. Mais raramente
pode ocorrer restauração do tipo celular (da própria cartilagem), sendo na maioria dos casos
do tipo fibrilar.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2ºed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 371p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
495 p.
KESSEL, R.G. Histologia Médica Básica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 511 p.
32
UNIDADE V - TECIDO ÓSSEO
1. Conceito: É uma forma de tecido conjuntivo constituída por células e substância
intercelular que contém cerca de 70% de compostos inorgânicos.
2. Funções: * Proteção de órgãos internos (ex.: craniana e torácica).
* Depósito de sais de Ca e P e outros elementos.
* Sustentação (rigidez).
* Molduração corporal.
* Alavancas para inserção muscular.
* Produção de elementos sangüíneos.
3. Propriedades:
* Altamente resistente a tração, pressão, compressão e extensão.
* Apresenta um alto grau de mineralização.
* Está em constante remodelação.
4. Constituintes do Tecido Ósseo
* Células - Osteoprogenitoras, Osteoblastos, Osteócitos e Osteoclastos
* Substância Intercelular - Fibrosa (colágeno)
Amorfa com sais inorgânicos e orgânicos
* Líquido Tissular - Ausente ou reduzido na substância osteóide, e matriz Óssea, mas
abundante no osso adulto, sendo representado por plasma, linfa
e outros elementos.
DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES
CÉLULA OSTEOPROGENITORA:
- São pequenas células fusiformes que residem em todas as superfícies ósseas não
reabsortivas. Elas constituem a camada profunda do periósteo que reveste cada osso e
também o endósteo que reveste a cavidade medular, canais haversianos.
- Estas células do periósteo ou do endósteo que são estimuladas a proliferar dão
origem a osteoblastos, em regiões que são bem vascularizadas, e a condroblastos em
regiões que não são vascularizadas.
- Estas células participam na reparação das fraturas.
OSTEOBLASTOS:
- Dão origem ao tecido ósseo;
- No osso adulto são encontradas em áreas de destruição ou regeneração;
- Forma cúbica ou angular;
- Apresentam Fosfatase Alcalina que participa da impregnação da matriz orgânica
do osso com fosfatos.
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OSTEÓCITOS:
- Encontrados em maior número;
- Forma estrelada;
- Núcleo compacto;
Obs.: São as células encontradas no interior da matriz óssea, ocupando lacunas dos
quais partem os canalículos.
OSTEOCLASTOS:
- Células móveis, gigantes, multinucleadas (6 a 50 ou + núcleos);
- São células capazes de destruir a cartilagem e o osso;
- Os osteoclastos derivam dos monócitos do sangue. Após atravessar a parede dos
capilares do osso, os monócitos fundem-se para formar os osteoclastos.
SUBSTÂNCIA INTERCELUL.AR OU MATRIZ
Parte inorgânica - representa cerca de 50% do peso da matriz óssea. Os íons mais
encontrados são os de fosfato e cálcio. Há também bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e
citrato.
* O Ca e P formam Cristais de Hidroxiapatita (Ca10 (PO4)6(OH)2) , onde se arranjam
ao longo das fibrilas do colágeno, e são envolvidos por substância fundamental amorfa.
Parte orgânica - formada por fibras de colágeno e por pequena quantidade de
substância fundamental que contém proteoglicanas e glicoproteínas.
* A associação de hidroxiapatita com fibras colágenas é responsável pela
dureza e resistência característica do tecido ósseo.
Removendo o Ca do osso - mantém a forma intacta, porém tornam-se flexíveis
como tendões.
Removendo o Colágeno (parte orgânica) - através da incineração - o osso também
fica com sua forma intacta, porém tão quebradiço que dificilmente pode ser manipulado
sem se partir.
PERIÓSTEO E ENDÓSTEO
São as membranas conjuntivas que revestem o osso externamente e internamente.
Periósteo - É formado por tecido conjuntivo denso, muito fibroso em sua parte externa, e
mais celular e vascular na porção interna, junto ao tecido ósseo.
Endósteo - Formado por uma delgada lâmina de tecido conjuntivo frouxo, revestindo as
cavidades dos ossos esponjosos, canal medular, canais de havers, e canais de
volkmann.
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No tecido conjuntivo do endósteo e principalmente do periósteo, existem vasos
sangüíneos, que se ramificam e penetram nos ossos, através de canais encontrados na
matriz óssea.
Principais funções:
Nutrir o tecido ósseo, pois dos seus vasos partem ramos que penetram nos ossos
pelos canais de Volkmann.
Servem de fonte de osteoblastos para o crescimento dos ossos.
CLASSIFICAÇÃO DO TECIDO ÓSSEO
* Tecido ósseo rudifibroso ou imaturo ou primário;
* Tecido ósseo laminoso ou maturo ou secundário (lamelar).
Os dois tipos possuem as mesmas células e os mesmos constituintes da matriz,
porém, no tecido ósseo primário as fibras colágenas formam conjuntos dispostos
irregularmente; e no tecido ósseo secundário essas fibras se organizam em lamelas, que
adquirem uma disposição muito peculiar.
TECIDO ÓSSEO RUDIFIBROSO OU IMATURO OU PRIMÁRIO
São encontrados nos embriões, pontos de inserção dos tendões nos ossos, e alvéolo
dentário.
Apresenta fibras colágenas sem organização definida, tem menor quantidade de
minerais e maior percentual de osteócitos.
É o primeiro tecido ósseo a ser formado, sendo substituído gradativamente por
tecido ósseo secundário. No adulto é pouco freqüente.
TECIDO ÓSSEO LAMINOSO OU SECUNDÁRIO OU MADURO
É o mais desenvolvido no adulto.
Como característica apresenta fibras colágenas organizadas em lamelas, que ficam
paralelas umas às outras, ou se dispõem em camadas concêntricas em torno de canais com
vasos, formando o sistema de Harvers.
As lacunas com osteócitos estão em geral situadas entre as lamelas ósseas, em cada
lamela, as fibras colágenas são paralelas umas as outras.
Separando um grupo de lamelas, ocorre freqüentemente um acúmulo de
proteoglicanas (proteínas + glicosaminoglicanas), que recebe o nome de substância
cimentante.
Cada sistema de Harvers ou Ósteon é constituído por um cilindro longo, às vezes
bifurcado, paralelo à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas.
No centro deste cilindro ósseo existe um canal, o canal de Harvers, que contém
vasos, nervos e tecido Conjuntivo Frouxo. Os canais de Harvers comunicam-se entre si,
com a cavidade medular e com a superfície externa do osso, por meio de canais transversais
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ou oblíquos, os canais de Volkmann. Estes se distinguem dos de Harvers por não
apresentarem lamelas ósseas concêntricas.
HISTOGÊNESE
O tecido ósseo é formado por um processo chamado de ossificação
intramenbranosa que ocorre no seio de uma membrana conjuntiva, ou pelo processo de
ossificação endocondral que se inicia sobre um modelo cartilaginoso, o qual é destruído
gradualmente e substituído por tecido ósseo que se forma à partir de células vindas do
conjuntivo adjacente.
Tanto na ossificação Intramembranosa como na endocondral, o primeiro tecido
ósseo formado é do tipo primário. Este é pouco à pouco removido e substituído por tecido
secundário ou lamelar.
HISTOFISIOLOGIA
Sustentação e proteção
O tecido ósseo forma o esqueleto que serve de apoio às partes moles do organismo e
no qual se inserem os músculos voluntários (esqueléticos). Os ossos longos constituem
sistemas de alavancas que aumentam a força gerada pela contração muscular. Por sua
resistência, os ossos representam uma proteção para o sistema nervoso central, contido na
caixa craniana e no canal vertebral. Protegem também a medula óssea.
Plasticidade
Apesar da sua resistência às pressões e da sua dureza, o tecido ósseo é muito
plástico, sendo capaz de remodelar sua estrutura interna em resposta a modificações nas
forças e que está submetido normalmente. Assim é que a posição dos dentes na arcada
dentária pode ser modificada por pressões laterais exercidas por aparelhos ortodônticos
sobre os mesmos. Ocorre reabsorção óssea no lado em que a pressão atua e deposição no
lado oposto, que está sujeito a uma tração. Desse modo, o dente praticamente caminha na
espessura do maxilar. Essa capacidade de reconstrução não é exclusiva do osso alveolar,
sendo este apenas um exemplo da plasticidade do tecido ósseo, o que contrasta com a
aparência inerente de um osso seco.
Reserva de cálcio
O esqueleto contém 99% do cálcio do organismo e funciona como uma reserva
deste elemento, cuja taxa no sangue (calcemia) e nos tecidos varia muito pouco. O ìon
cálcio é importante na contração muscular, transmissão do impulso nervoso, coagulação
sanguínea, adesão celular...
Há um intercâmbio contínuo entre o cálcio do plasma sangüíneo e o dos ossos. O
cálcio absorvido da dieta e que faria aumentar a taxa sanguínea é depositado imediatamente
no tecido ósseo e, inversamente, o cálcio dos ossos é mobilizado quando diminui sua
percentagem no sangue.
36
VASCULARIZAÇÃO
Os vasos sangüíneos formam no periósteo uma rede + ou - espessa. Deste ponto tem
início pequenos ramos arteriais finos que penetram na medula óssea através de perfurações
de nutrição e participam da rede capilar que a irriga.
Os vasos linfáticos se situam principalmente na capa externa do periósteo.
INERVAÇÃO
É feito por fibras nervosas mielínicas e amnielínicas que formam uma plexo frouxo.
Uma parte destas fibras acompanha os vasos sangüíneos e penetram com os mesmos nos
canais de nutrição. Outra parte das fibras termina no periósteo como ramificações livres.
REPARAÇÃO DAS FRATURAS
Nas fraturas ocorre hemorragia local, pela lesão dos vasos sangüíneos do osso e do
periósteo. Nota-se também destruição da matriz e morte de células ósseas junto ao local
fraturado.
Para iniciar a reparação, o coágulo sangüíneo e os restos celulares e de matriz
devem ser removidos pelos macrófagos.
O periósteo e o endósteo próximos à área fraturada respondem com uma intensa
proliferação de seus fibroblastos, que formam um tecido muito rico em células,
constituindo um colar em torno da fratura e penetrando entre as extremidades ósseas
rompidas.
Nesse anel ou colar conjuntivo, bem como no conjuntivo que se localiza entre as
extremidades ósseas fraturadas, surge tecido ósseo imaturo, tanto pela ossificação
endocondral de pequenos pedaços de cartilagem que aí se forma, quanto por ossificação
intramembranosa.
Podem ser encontrados no local de reparação ao mesmo tempo:
Áreas de cartilagem;
Áreas de ossificação intramembranosa e
Áreas de ossificação endocondral.
Esse processo evolui de modo a aparecer, após algum tempo, um calo ósseo,
constituído por tecido ósseo imaturo que se formou de modo desordenado, mas que une
provisoriamente as extremidades do osso fraturado.
Com a volta gradual do osso às suas atividades, irá ocorrer a remodelação do calo
ósseo; sendo esta remodelação essencial para que o osso retorne a sua estrutura anterior, ou
seja, antes de ocorrer a fratura.
Pouco a pouco o tecido ósseo primário do calo vai sendo reabsorvido e substituído
por tecido ósseo lamelar, até que a estrutura que o osso apresentava antes da fratura seja
totalmente refeita.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2ºed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 371p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
495 p.
KESSEL, R.G. Histologia Médica Básica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 511 p.
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UNIDADE VI - TECIDO HEMOCITOPOIÉTICO
SANGUE
1. Definição: O sangue é um tecido conjuntivo fluido, no qual as células, ou elementos
figurados estão suspensos em uma matriz líquida chamada plasma.
2. Funções:
A) Transporte de oxigênio e dióxido de carbono, pela afinidade pela Hemoglobina.
B) Transporte de hormônios
C) Remoção de restos metabólicos
D) Manutenção do equilíbrio ácido básico
E) Controle da temperatura corporal
F) Defesa contra infecções
garantem a homeostasia do meio interno.
3. Composição:
Constituído de:
. Plasma - substância intercelular líquida - que contém proteínas( albumina, fibrinogênio e
gamaglobulinas)
. Células - Eritrócitos ou glóbulos vermelhos ou hemácias
- Leucócitos ou glóbulos brancos
- Trombócitos ou plaquetas
4. Cor: Decorre da presença do pigmento hemoglobina do citoplasma dos eritrócitos. O
sangue é um líquido viscoso e opaco de cor escarlate quando oxigenado e vermelho
escuro quando desoxigenado.
5. Descrição das células:
5.1. Eritrócitos Forma Discos bicôncavos, anucleados e arredondados nos mamíferos,
. Discos biconvexos, nucleados e elípticos nas aves, répteis e anfíbios.
Tamanho Variam em torno de 4 a 7 µm de diâmetro e 2 µm em espessura.
O nº total varia com o sexo, idade, atividade fisica...
Estrutura O eritrócito é composto de uma membrana ou estroma e a hemoglobina.
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SobrevidaO tempo de duração dos eritrócitos é em torno de 120 dias, sendo após este
tempo eliminadas da circulação. São destruídas por fagocitose (hemocaterese) no baço
fígado e medula óssea. A membrana é eliminada do organismo, enquanto que a
hemoglobina é reaproveitada pelo organismo. A hemoglobina é desdobrada em ferro e
bilirrubina.
HEMOGLOBINA E O TRANSPORTE DE GASES
Os gases apresentam baixa solubilidade em água, e o plasma é constituído por
aproximadamente 90% de água, portanto essa característica é problema para o oxigênio,
pois o dióxido de carbono é 40 vezes mais solúvel em água se comparado ao oxigênio. Para
tal, o oxigênio necessita de uma molécula de hemoglobina para realizar seu transporte pelo
organismo.
A hemoglobina é um pigmento de cor vermelha que tem afinidade pelo oxigênio. É
formada por quatro grupos prostéticos, chamado HEME, associados com a globina (uma
proteína tetramérica). A molécula de globina consiste em dois dímeros, α1 β1 e α2 β2 , cada
qual uma unidade fortemente aderida. Cada hemoglobina é formada por quatro globinas
associada ao grupo HEME, que é um composto nitrogenado não proteico, sendo uma
porfirina que contém um metal – ferro. O oxigênio é transportado pela hemoglobina
ligando-se ao ferro e a globina, sendo o ferro fundamental para esse transporte.
Quando o oxigênio está combinado com a hemoglobina chama-se de
oxihemoglobina (HbO2). Cada hemoglobina pode transportar 4 moléculas de oxigênio,
chamada de hemoglobina saturada. A medida que o oxigênio vai sendo liberado nos
tecidos vai ocorrendo a diminuição da saturação (a hemoglobina pode levar 4,3,2, 1 ou
zero). Quando a hemoglobina estiver sem oxigênio é chamado de desoxihemoglobina.
Hb + 4 O2 Hb (O2)4
Exemplo: Quando dizemos que a saturação de hemoglobina está em 95%, significa que
95% das hemoglobinas estão transportando 4 moléculas de O2, e os restante – 5% não
necessariamente serão desoxihemoglobina, pois podem estar transportando 1, 2 ou 3 O2.
O sangue arterial apresenta alta saturação de hemoglobina, já o sangue venoso é
mais baixo, mas mesmo no sangue venoso há hemoglobina transportando oxigênio. Um
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exemplo disto é quando trancamos a respiração, e o sangue segue circulando e liberando
oxigênio nos tecidos, portanto a hemoglobina também é um depósito de oxigênio.
Quando a oxihemoglobina ganhar 1 hidrogênio, ela libera rapidamente o oxigênio e
se transforma em desoxihemoglobina. Podemos dizer que a desoxihemoglobina se
transforma em oxihemoglobina no pulmão através da hematose, e volta a ser
desoxihemoglobina nos tecidos.
H+ + HbO2 ↔ HHb + O2
A ligação de oxigênio com a Hb tem que ser possível de liberação, e há fatores que
facilitam essa liberação:
- aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) – nos tecidos;
- aumento da temperatura do sangue por atividade metabólica – nos tecidos;
- aumento dos íons de H+
e diminuição do pH;
- aumento nos produtos do metabolismo celular.
OBS: EFEITO BOHR Quando chega o hidrogênio a oxihemoglobina libera o oxigênio.
O dióxido de carbono (CO2) é transportado
– 7% solúvel no plasma;
- 23% como carbamilhemoglobina (HbCO2),
- 70% na forma de bicarbonato (HCO- 3).
Quando a célula usa oxigênio durante a respiração nas mitocôndrias gera CO2 e H2O.
CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO
- 3
O hidrogênio quando liberado baixa o pH e ocorre o efeito BOHR.
O dióxido de carbono não ocupa o mesmo espaço do oxigênio, porém o monóxido de
carbono compete pela ligação da hemoglobina, sendo a carboxihemoglobina tóxica para o
organismo, pois ocupa o espaço do oxigênio.
5.2. Leucócitos: quando isolados são incolores, e quando juntos mostram uma coloração
branca. Possuem suas funções somente quando deixam o sistema circulatório e entram
nos tecidos.
São células nucleadas, móveis e realizam suas funções nos tecidos.
O nº circulante é bem menor em relação as hemácias, e ainda variam em situações
patológicas, fisiológicas como o stress, exercícios, alimentação, sexo, idade.
Os leucócitos classificam-se de acordo com a presença ou não de grânulos:
a) Granulócitos
1) Eosinófilos: diâmetro - 9 a 15 µm
.Núcleo bilobulado, rodeado de grânulos acidófilos;
.Função pouco conhecida, porém presume-se que suas funções principais sejam:
. Fagocitar e destruir certos complexos Ag-Ac.
. Limitar e circunscrever processos inflamatórios.
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2) Basófilos: diâmetro 10 a 12 µm
.Núcleo bilobulado ou forma irregular; podendo apresentar-se com aspecto de letra “S”.
.Citoplasma carregado de grânulos, os quais muitas vezes obscurecem totalmente o
núcleo. Seus grânulos contêm histamina e heparina. A histamina desempenha papel
fundamental nas reações de hipersensibilidade imediata (urticária, anafilaxia e alergia
aguda), a heparina tem um efeito anticoagulante importante no processo inflamatório.
.São raros no sangue.
.Função - talvez participem nos estados alérgicos e no stress.
3) Neutrófilos: diâmetro 10 a 12 µm
Núcleo lobulado ou segmentado - variando de 2 a 5 lóbulos, núcleo pouco volumoso.
.Núcleo não lobulado - formas imaturas - bastão, metamielócitos e mielócitos.
.Grânulos pouco visíveis devido a suas pequenas dimensões.
Possuem três tipos de grânulos (específicos, azurófilos e terciários). Quando os neutrófilos
chegam ao seu sítio de ação, eles eliminam o conteúdo de seus grânulos por exocitose para
realizar suas funções antimicrobianas.
.Função: constitui a primeira linha de defesa celular contra a invasão de
microorganismo, sendo fagócitos ativos de partículas de pequenas dimensões.
Após sua ação para desempenho das funções antimicrobianas, morrem e tornam-se um
componente principal do pus.
b) Agranulócitos:
1) Linfócitos: diâmetro 6 a 8 µm.
.São células esféricas.
.Núcleo esférico, sua cromatina se dispõem em grumos grosseiros de modo que o núcleo
aparece escuro nos preparados usuais.
.Funções: relacionado a respostas à antígenos, sintetizando e liberando anticorpos à
circulação. Os linfócitos funcionalmente são de 2 tipos: os circulantes de longa vida -
linfócito T, e os circulantes de vida curta - linfócitos B.
2) Monócitos: diâmetro 9 a 22 µm
.É o maior de todos os leucócitos;
.Núcleo ovóide, com forma de rim ou de ferradura, geralmente excêntrico, e mais
claro que os demais leucócitos.
.Os monócitos do sangue representam uma fase na maturação da cél. Mononuclear
fagocitária originada na medula óssea. Estas células passam para o sangue, onde circulam
em torno de 3 dias e depois vão para os tecidos convertendo-se em macrófagos onde
fagocitam restos celulares e substâncias estranhas.
5.3 Trombócitos ou plaquetas São corpúsculos ovais ou irregulares, e anucleados, que corresponde a metade de
um eritrócito em diâmetro. Originam-se da fragmentação do citoplasma dos megacariócitos
maduros.
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Funções: Hemostasia de aderência, coagulação sanguínea, retração do coágulo.
As plaquetas tampam pequenos defeitos no revestimento endotelial dos vasos
sanguíneos e bloqueiam a hemorragia através da coagulação. Normalmente, o revestimento
dos vasos possui uma superfície lisa; quando ocorre uma falha no endotélio, esta superfície
se modifica. Então, as plaquetas, que fluem no sangue ao longo do lúmem, aderem à
superfície modificada e circundam a falha, de tal forma que o defeito desaparece.
Quando um vaso sangüíneo é cortado, ocorre hemorragia. O sangue flui para o
exterior através da parede aberta do vaso e as plaquetas começam a aderir à área danificada.
O contínuo acúmulo de plaquetas reduz a área afetada e, posteriormente oclui a abertura.
Este processo é auxiliado pela contração da musculatura lisa da parede do vaso, que
contribui ainda mais para o fechamento da abertura. Além disso, o sangue adjacente à área
de agrupamento de plaquetas pode coagular.
6. PLASMA
É de cor âmbar, é o componente fluido do sangue. Constitui cerca de 55% do
volume sangüíneo dos quais:
90% água
7% proteínas (albumina, fibrinogênio e gamaglobulinas);
1% substâncias inorgânicas - K, Cl, Na, HCO3;
1% substâncias orgânicas não protéicas;
. Restante - gases dissolvidos, hormônios e pigmentos.
FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
1. Exercem pressão sanguínea
2. Auxiliam na coagulação sanguínea
3. Contribuem com a viscosidade do sangue em relação a pressão sanguínea;
4. Servem como tampões, mantendo constante a concentração de íon hidrogênio no
sangue;
5. Auxiliam no transporte de Fe e hormônios;
6. Contribuem no desenvolvimento da imunidade, através das gamaglobulinas.
As proteínas plasmáticas são formadas no fígado pelos hepatócitos a partir de
aminoácidos. Os plasmócitos são responsáveis pela síntese das gamaglobulinas, que são os
anticorpos.
MEDULA ÓSSEA As células do sangue geralmente não se multiplicam na corrente sanguínea e, tendo
duração relativamente curta, são continuamente substituídas por células novas originadas
da medula óssea vermelha, que é constituída por tecido mielóide.
Os eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas são produzidos exclusivamente
na medula óssea. Os linfócitos originam-se diretamente da medula óssea, e também em
outros órgãos, mas por divisão mitótica de células derivadas daquelas. As células
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precursoras saem da medula óssea e levadas pelo sangue vão fixar-se nos órgão formados
por tecido linfóide (gânglios, tonsilas, baço, timo, nódulos linfóides), onde proliferam e
produzem linfócitos para o sangue.
A medula óssea é encontrada no canal medular dos ossos longos e cavidades dos
ossos esponjosos. A m. óssea consiste de uma rede tridimensional de fibras reticulares que
sustentam células reticulares; as artérias nutridoras que suprem a medula ramificam-se em
arteríolas e capilares que, por sua vez, se abrem nos sinusóides. O revestimento endotelial
dos sinusóides permite que um grande número de células sanguíneas recentemente
formadas caia na circulação, passando entre as células endoteliais destes capilares.
Distinguem-se:
MEDULA ÓSSEA VERMELHA - ou Hematógena, que deve sua cor à presença de
numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação;
MEDULA ÓSSEA AMARELA - Rica em células adiposas e que não produz células
sanguíneas.
Nos recém nascidos toda a medula óssea é vermelha, e, portanto, ativa na produção
de células do sangue. Com o avançar da idade, porém, a maior parte da medula óssea
transforma-se em amarela, existindo medula óssea vermelha no adulto apenas no esterno,
costelas, vértebras, no adulto jovem nas epífises proximais do fêmur e úmero.
FUNÇÕES
MEDULA ÓSSEA VERMELHA:
. Produção de células sanguínea
. Armazenamento de Fe - ferritina e hemossiderina
. Produção de células indiferenciadas que, levadas pelo sangue, vão se estabelecer nos
órgão linfóides. Estas células são precursoras dos linfócitos T e B.
MEDULA ÓSSEA AMARELA:
Atua como órgão de reserva nutritiva por sua riqueza em células adiposas.
Representa uma reserva de tecido hemocitopoiético. Nas situações em que a produção de
células sanguíneas deve ser aumentada (hemorragias freqüentes, destruição excessiva de
hemácias), parte da m. óssea amarela se transforma em m. óssea vermelha e retorna a
atividade hematógena, devido a células indiferenciadas existentes entre as células adiposas.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D.H. Fundamentos de Histologia. 2ªed., , Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2003, 371p.
GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Atlas Colorido de Histologia. 4ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007, 431p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1990.
488 p.
SNELL, R.S. Histologia Clínica. Rio de Janeiro, Interamericana, 1985. 686.
43
UNIDADE VII - TECIDO LINFÓIDE
GENERALIDADES:
São órgãos constituídos por uma variedade muito celular do tecido conjuntivo, o
tecido linfático ou linfóide. Este tecido é formado por uma trama tridimensional de células
reticulares, fibras reticulares e macrófagos fixos. Nas malhas deste tecido existem células
livres, principalmente linfócitos T e B em diversas fases de maturação, macrófagos livres e
plasmócitos.
Há dois tipos de tecido linfóide:
Tecido linfóide Frouxo - predomínio de células fixas.
Tecido linfóide Denso - predomínio de células livres (linfócitos).
Tecido linfóide Denso Nodular - formam estruturas esféricas.
Tecido linfóide Denso Cordonal – formam estruturas em forma de cordões.
O conjunto dos órgãos linfóides, mais os acúmulos de tecido linfóide em outros órgãos,
os linfócitos do sangue e linfa, e os linfócitos e plasmócitos do tecido conjuntivo,
constituem o sistema imunitário, cuja função é o reconhecimento e defesa contra
macromoléculas que penetram no organismo isoladamente ou como parte da estrutura
superficial de um vírus ou microorganismos.
A medula óssea e o timo são considerados órgãos linfóides primários ou centrais,
sendo sua função marcar os linfócitos. Os demais órgãos (linfonodo, tonsila, baço e os
nódulos linfóides espalhados pelo organismo) são denominados de secundários, tendo
como função reagir frente a antígenos.
ÓRGÃOS LINFÓIDES
A) NÓDULOS LINFÓIDES OU FOLÍCULOS LINFÓIDES
São encontrados isolados no tecido conjuntivo frouxo (Figura 1) de diversos órgãos
(principalmente na lâmina própria do tubo digestivo, vias respiratórias e vias urinárias).
Esses nódulos não apresentam cápsula conjuntiva e podem ocorrer em grupos, formando
acúmulos, como as placas de Peyer no íleo. Os nódulos são estruturas temporárias, podendo
aparecer e desaparecer de um determinado local. Cada nódulo linfático é uma estrutura
esférica com 0,2 a 1 mm de diâmetro.
Freqüentemente, o interior do nódulo mostra uma região menos corada, o Centro
Germinativo. Este aspecto deve-se ao fato da região central de muitos nódulos serem rica
em linfócitos imaturos, que tem núcleos mais claros, e devido a isto, contrastam com os
linfócitos menores e de núcleos mais escuros, localizados na periferia do nódulo.
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A presença do Centro germinativo indica que o nódulo está em grande atividade no
sentido da produção de linfócitos. O centro germinativo pode aparecer e desaparecer num
nódulo, conforme o estado funcional deste.
Nos nódulos (tecido linfóide nodular) predominam as células livres, constituídas
principalmente por linfoblastos, linfócitos grandes, médios e pequenos, e plasmócitos em
diversos estágios de maturação; e células fixas: macrófagos e células reticulares.
Figura 1 – Nódulo linfóide abaixo do epitélio de revestimento da língua.
B) LINFONODOS OU GÂNGLIOS LINFÁTICOS
São órgãos encapsulados constituídos por tecido linfóide e que aparecem espalhados
pelo corpo, sempre no trajeto dos vasos linfáticos.
Os linfonodos são arredondados ou reniformes (um lado convexo e outro côncavo
onde está o hilo, pelo qual penetram as artérias nutridoras e saem as veias). A linfa que
atravessa os linfonodos penetra pelos vasos linfáticos, que desembocam na borda convexa
do órgão (vasos aferentes) e saem pelos linfáticos do hilo (vasos eferentes).
A cápsula de tecido conjuntivo denso que envolve os linfonodos envia trabéculas
para o seu interior, dividindo o parênquima em compartimentos incompletos. O parênquima
do linfonodo é dividido numa região cortical, que se localiza abaixo da cápsula, ausente no
hilo, e numa região medular, que ocupa o centro do órgão e seu hilo.
Além destas regiões, descreve-se também uma zona Paracortical, localizada entre a
cortical e a medular. Esta região é mal definida morfologicamente.
ESTRUTURA HISTOLÓGICA
Região Cortical - tecido linfóide frouxo, que forma os seios subcapsulares e
peritrabeculares, e por nódulos linfóides (tecido linfóide denso).
Região Medular - constituída pelos cordões medulares (tecido linfóide denso); seios
medulares (tecido linfóide frouxo).
Região Paracortical - constituída por tecido linfóide denso.
HISTOFISIOLOGIA
Os linfonodos são verdadeiros filtros da linfa. Estão espalhados por todo o corpo, e
a linfa antes de atingir o sangue, atravessa ao menos 1 linfonodo.
45
A linfa aferente chega aos seios subcapsulares, passa pelos seios peritrabeculares e
daí para os seios medulares, saindo pelos linfáticos eferentes. Estes podem ser comparados
ás cavidades de uma esponja, pelos quais a linfa circula muito lentamente. Isto favorece um
contato íntimo e demorado com os macrófagos aí situados, o que facilita a fagocitose de
moléculas e partículas estranhas trazidas pela linfa.
C) AMIGDALAS OU TONSILAS
São órgãos constituídos por aglomerados de tecido linfóide, colocados abaixo do epitélio da
boca e da faringe.
Distinguem-se as amígdalas: faríngea, palatinas e linguais.
Ao contrário dos linfonodos, as tonsilas não se situam no trajeto de vasos linfáticos.
Produzem linfócitos, muitos dos quais penetram no epitélio e o atravessam, caindo na boca
e na faringe.
C.1. TONSILAS PALATINAS: São em número de duas, localizadas na parte oral da
faringe. Nelas o tecido linfóide denso forma uma faixa sob o epitélio estratificado plano,
faixa esta que contem nódulos linfáticos, em geral com centros germinativos.
Cada tonsila tem 10 a 20 invaginações epiteliais que penetram profundamente no
parênquima, formando as criptas. Essas criptas contêm células epiteliais descamadas,
linfócitos vivos e mortos e bactérias, podendo aparecer como pontos purulentos nas
amidalites.
Separando o tecido linfóide dos planos profundos, há uma faixa de tecido conjuntivo denso,
a cápsula da amígdala. Essa cápsula representa uma barreira à propagação das infecções das
amígdalas.
C.2. TONSILA FARINGIANA: Essa tonsila é única e situa-se na porção supero-
posteriorda farínge, sendo recoberta pelo epitélio típico das vias respiratórias. Esta tonsila é
formada por pregas da mucosa e contém tec. Linfóide difuso e nódulos linfóides. Essa
tonsila não possui criptas. A cápsula é mais fina em relação à palatina.
C.3. TONSILAS LINGUAIS: Possuem pequeno diâmetro, porém são mais numerosas.
Situam-se na base da língua, sendo recobertas por epitélio estratificado plano. Em cada
tonsila, o epitélio forma uma invaginação que se aprofunda muito, originando uma cripta.
D) TIMO
É um órgão linfóide primário ou central, situado no mediastino ao nível dos grandes
vasos do coração. Possui 2 lobos, envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso,
46
do qual partem tabiques que dividem o órgão em lóbulos incompletos, sendo a separação
entre os lobos imperfeita (Figura 2).
Ao contrário dos demais órgãos linfáticos, o Timo não apresenta nódulos. Cada lóbulo é
formado de uma parte periférica de tecido linfóide denso, denominado de Zona Cortical,
que envolve a parte central, mais clara e de tecido difuso, a Zona Medular.
Zona Cortical - Cora-se fortemente por possuir maior concentração de linfócitos
(principalmente pequenos). Tecido linfóide denso.
Zona Medular - Constituída por tecido linfóide difuso, e apresentam os corpúsculos de
Hassal, característicos do timo e constituídos por células achatadas, em arranjo concêntrico.
Predominam linfoblastos, linfócitos jovens.
Figura 2 – Lóbulo Tímico (X10)
HISTOFISIOLOGIA
Com relação ao peso corporal, o Timo atinge seu desenvolvimento máximo logo
após o nascimento e sofre uma involução acentuada após a puberdade. Apesar de involuir
com a idade, o Timo continua funcionando e suas células são capazes de reagir,
aumentando a produção de linfócitos, quando estimuladas. O tecido tímico vai sendo
infiltrado por células adiposas.
O Timo é o local de formação e de seleção de linfócitos T. As células tronco
migram da medula óssea pelo sangue, e chegam ao timo, onde os linfócitos indiferenciados
proliferam e se diferenciam em linfócitos T. Nesse processo ocorre intensa mitose, mas
mais de 95% dos linfócitos são eliminados por apoptose. São selecionados apenas os
linfócitos T que não reagem contra antígenos do próprio organismo.
E) BAÇO
É o maior acúmulo de tecido linfóide do organismo, interposto na circulação
sanguínea, representando um importante órgão de defesa contra microorganismos que
penetram no sangue.
47
ESTRUTURA HISTOLÓGICA
Baço possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso, que emite trabéculas que divide o
parênquima ou polpa esplênica em compartimentos incompletos. O tecido conjuntivo denso
da cápsula e das trabéculas apresenta algumas fibras musculares lisas, que em certos
mamíferos (cão, gato e eqüino) são numerosas e suas contração provoca a expulsão do
sangue acumulado no baço, pois sua estrutura esponjosa armazena sangue.
Polpa Esplênica: é dividida em polpa branca e polpa vermelha.
Polpa branca: É constituída por tecido linfóide com formas cordonal e nodular.
Apresentam nódulos que se distinguem dos demais pela presença de uma arteríola central, e
estes nódulos também podem ser chamados de corpúsculos de malpighi e apresentam o
centro germinativo de Flemming.
Polpa vermelha: É formado por tecido reticular, constituindo os cordões de Bilroth ou
cordões esplênicos. Estes cordões separam os capilares sinusóides e aparecem apenas nos
cortes histológicos, pois a polpa vermelha é uma esponja cujas cavidades são os capilares
sinusóides.
HISTOFISIOLOGIA
O Baço é um órgão linfóide com características próprias, cujas funções mais conhecidas
são:
1. Formação de linfócitos: A polpa branca produz linfócitos, que migram para a polpa
vermelha e atingem a luz dos capilares, incorporando-se ao sangue aí contido.
2. Hemocaterese: Os eritrócitos têm uma vida média de 120 dias e, quando envelhecidos,
são destruídos no baço. As células macrofágicas da polpa vermelha, principalmente as dos
cordões de Billroth, e os de revestimento dos sinusóides, fagocitam hemácias inteiras e
pedaços destas. A polpa branca não participa da hemocaterese.
3. Defesa: Através dos linfócitos T e B e células macrofágicas, o baço é um órgão de
defesa importante, pois do mesmo modo que os linfonodos “filtram” a linfa, o baço atua
como um “filtro” para o sangue.
4. Armazenamento de sangue: Devido a sua estrutura esponjosa (polpa vermelha), o baço
armazena sangue, que pode ser devolvido à circulação, indo aumentar o volume de sangue
circulante. O esvaziamento do órgão se deve a contração da musculatura que constitui a
cápsula e trabéculas do órgão.
Referências bibliográficas: COMARCK, D.H. Fundamentos de Histologia. 2ªed., , Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2003, 371p.
GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Atlas Colorido de Histologia. 4ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007, 431p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. .10ª ed., Rio de Janeiro,Guanabara Koogan, 2002.
488 p.
KESSEL, R.G. Histologia Médica Básica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 511p.
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UNIDADE VIII - TECIDO NERVOSO
Origem embriológica - Ectoderme
O tecido nervoso acha-se distribuído pelo organismo, interligando-se e formando
uma rede de comunicação, que constitui o Sistema Nervoso. Anatomicamente, este sistema
é dividido em:
1 - Sistema Nervoso Central: (SNC) Formado pelo encéfalo (cérebro e cerebelo) e medula
espinhal.
2 - Sistema Nervoso Periférico: (SNP) Formado pelos nervos e por pequenos agregados de
células nervosas denominadas gânglios nervosos.
CONSTITUIÇÃO DO TECIDO NERVOSO
É constituído por dois componentes principais: - Neurônios e células da glia ou neuróglia
FUNÇÕES
A) Detectar, transmitir, analisar e utilizar as informações geradas pelos estímulos sensoriais
representados pelo calor, energia mecânica, luz e modificações químicas do ambiente
interno e externo.
B) Organizar e coordenar, direta ou indiretamente, o funcionamento de quase todas as
funções do organismo, entre os quais as funções motoras, viscerais, endócrinas e psíquicas.
NEURÔNIOS
São células nervosas formadas por:
a) Dendritos: Prolongamentos numerosos, especializados na função de RECEBER os
estímulos do meio ambiente, de células epiteliais sensoriais ou de outros neurônios.
b) Corpo Celular ou Pericário: Apresenta o Centro Trófico da célula, também é capaz de
RECEBER estímulos.
c) Axônio: Prolongamento único, especializado na CONDUÇÃO de impulsos que
transmitem informações do neurônio a outras células (nervosas, musculares e glandulares).
A porção final do axônio, em geral é muito ramificada chamada de TELODENDRO, e
termina na célula seguinte por meio de BOTÕES TERMINAIS, essenciais à transmissão de
informações para elementos adiante.
- AXOLEMA - membrana plasmática do axônio
- AXOPLASMA - Citoplasma do axônio
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Os neurônios possuem um núcleo, e o seu axoplasma é rico em retículo endoplasmático e
apresenta as seguintes organelas e inclusões:
- Corpúsculo de Nissl, complexo de golgi, mitocôndrias, microfilamentos, microtúbulos,
lisosomas, centrosoma, lipofucsina, melanina, glicogênio e lipídeos.
O Corpúsculo de Nissl representam grânulos distribuídos no citoplasma do corpo
celular, com exceção da região próxima ao axônio, chamada de cone de implantação. O
material granular estende-se também nas regiões proximais dos dendritos. Os corpúsculos
de Nissl são responsáveis pela síntese de proteínas, que migrarão posteriormente para os
dendritos e o axônio, com a finalidade de substituir as proteínas que normalmente são
metabolizadas durante a atividade celular.
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
a) Quanto a forma:
- Neurônios Multipolares: Apresentam mais de 2 prolongamentos celulares.
- Neurônios Bipolares: Possuem um dendrito e um axônio.
- Neurônios pseudo-unipolares: Apresentam ao corpo celular, um prolongamento único,
mas este logo se divide em dois, dirigindo-se um rama para a periferia e outro para o SNC.
b) Quanto a função:
- Neurônios Motores: Controlam órgãos efetores, tais como: glândulas endócrinas e fibras
musculares.
- Neurônios Sensoriais: Recebem estímulos sensoriais do meio ambiente e do próprio
organismo.
- Interneurônios: Estabelecem conexões entre outros neurônios, formando círculos
complexos.
SINAPSE
É a transmissão unidirecional dos impulsos nervosos. As sinapses são locais de
contato entre os neurônios ou entre neurônios e outras células efetoras, como as células
musculares e glandulares.
´
Classificação das Sinapses:
1.Estruturas envolvidas:
- Axônio com Dendrito - AXODENDRÍTICA
- Axônio com Pericário - AXOSSOMÁTICA
- Entre dendrítos - Dendrodendríticas
- Entre axônios - Axoaxônicas
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2.Locais de ocorrência:
Interneuronais (neurônio + neurônio)
Neuromusculares (neurônio + músculo)
Neuroglandulares (neurônio + glândula)
3.Quanto a excitabilidade: Inibitória e Excitatória
4.Quanto a transdução: Química e Elétrica.
ULTRA ESTRUTURA DAS SINAPSES
A sinapse se constitui por um terminal axônico (terminal pré-sinaptica) que traz o
sinal; uma região na superfície da outra célula, onde se gera um novo sinal (terminal pós-
sináptico); e um espaço muito fino entre os dois terminais chamado de fenda sináptica.
A transmissão do impulso numa sinapse é acompanhada pela liberação de
neurotransmissores, associadas às vesículas pré-sinápticas, na fenda sináptica. No caso de
uma sinapse excitatória, a liberação de neurotransmissores causa a Despolarização da
membrana pós sináptica; no caso de sinapse inibitória, o neurotransmissor leva a
Hiperpolarização da membrana pós sináptica. Os neurotransmissores são sintetizados no
corpo do neurônio e armazenados em vesículas no terminal pré-sináptico, sendo liberados
na fenda sináptica por exocitose durante a transmissão do impulso.
Esses mediadores são liberados na membrana pré-sináptica e aderem a moléculas
receptoras da membrana pós-sináptica, promovendo a condução do impulso nervoso
através do intervalo sináptico. A união do neurotransmissor com o receptor pode ter efeito
excitador (sinapses excitatórias) ou inibidor (sinapses inibitórias) sobre o neurônio seguinte
do circuito. As membranas das vesículas sinápticas que se incorporam à membrana pré-
sináptica são recuperadas por endocitose e reutilizadas para formar novas vesículas
sinápticas.
O neurotransmissor mais comum é a acetilcolina. Imediatamente após sua liberação
na sinapse, essa substância é destruída pela enzima colinesterase aí existente, impedindo a
passagem contínua do impulso. A sinapse funciona, então, como uma espécie de “válvula”,
que se fecha uma vez transmitido o impulso nervoso. Constatou-se que, embora esse
acontecimento seja mais rápido, a sinapse retarda a condução do impulso em mínimas
frações de segundo. As placas motoras (junções neuromusculares) são também sinapses que
tornam possível a efetivação da contração da fibra muscular. Muitas drogas podem
bloquear a passagem do impulso no nível das sinapses, como é o caso dos anestésicos. Os
neurônios e, portanto, suas sinapses podem diferir quanto ao tipo de neurotransmissor.
Fala-se em sinapses colinérgicas ou adrenérgicas quando os neurotransmissores são,
respectivamente, a acetilcolina e a noradrenalina.
51
Após a passagem do impulso, os neurotransmissores são removidos rapidamente por
degradação enzimática, difusão ou endocitose, por intermédio de receptores específicos
localizados na membrana pós-sináptica.
O potencial de repouso é de – 75mv. O potencial de ação é diferente, sendo dividido
em três etapas, cada uma com características distintas, DESPOLARIZAÇÃO,
REPOLARIZAÇÃO E HIPERPOLARIZAÇÃO.
O potencial é gerado pela bomba de Na e K, ocorrendo a entrada de três moléculas
de Na para dentro da célula e duas moléculas de K para fora da célula, contra seus
respectivos gradientes de concentração, ocorrendo pela permeabilidade seletiva da
membrana ao K e não ao Na e os ânios de carga negativa retidos no interior da célula pela
membrana celular.
A primeira etapa – despolarização – a membrana torna-se permeável aos íons de Na,
aumentando o fluxo de Na e carga + no interior da célula. Essa etapa somente ocorre se
atingir o limiar de excitabilidade da célula que é = a -65mv. Quando atingir essa voltagem
ocorre o que chamamos de “tudo ou nada”. A etapa de despolarização varia de -75mv até
35mv.
Ao término desta etapa inicia a repolarização, em que ocorre o fechamento dos
canais de Na e a abertura dos canais de K. Repolarizando a célula em 35 mv até – 75mv.
A etapa de hiperpolarização que é um período de milesegundos em que a céllula não
reage aos neurotransmissores, pois está com excesso de negatividade em seu interior, o que
impede um novo potencial de ação. Esta etapa a célula varia de -75mv até 90mv.
De outra forma – uma sinapse excitatória provoca a abertura dos canais de Na+, e na
sinapse inibitória ocorre a abertura dos canais de K+ e Cl
-.
- A natureza excitatória ou inibitória está na dependência do neurotransmissor
liberado e na natureza do receptor estimulado. Um neurônio é excitado pela Acetilcolina e
inibido pelo Gaba ou Glicina.
Os receptores pós-sinápticos podem ser de dois tipos: ionotrópicos e
metabotrópicos.
Fisiologia Neuronal:
Os impulsos nervosos são gerados na zona de disparo dos picos de um neurônio, em
consequência da despolarização da membrana, e são conduzidos ao longo do axônio para as
terminações do axônio. A transmissão dos impulsos das terminações de um neurônio para
outro neurônio, célula muscular ou glândula ocorre nas sinapses. Em repouso, a membrana
do axônio tem carga elétrica externa positiva e interna negativa. Isto é, em parte,
consequência de uma elevada taxa de íons Na+ fora da célula, mantida por um mecanismo
chamado bomba de sódio. Fala-se então que o axônio está polarizado.
Ao receber um estímulo num ponto do axônio, ocorrem em sequência os seguintes eventos:
- A membrana torna-se bruscamente muito permeável ao sódio, que passa do meio externo
para o meio interno do axônio em maior quantidade do que a saída de íons potássio. A
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superfície externa fica negativa e a interna, positiva. Nesse ponto e nesse instante, a
membrana sofreu inversão de polaridade.
- mecanismo da bomba de sódio expulsa então esse íon, voltando a membrana à polaridade
inicial.
- Cada ponto estimulado modifica a permeabilidade na região vizinha. O impulso nervoso
propaga-se, então, como uma onda dinâmica de inversão de polarização da membrana do
axônio em toda a sua extensão. É essa onda que pode ser medida eletricamente e
corresponde ao impulso nervoso nas fibras amielínicas, como, por exemplo, as da
substância cinzenta do sistema nervoso central.
- mecanismo da bomba de sódio depende de gasto energético, consumindo ATP do
neurônio.
Classificação dos neurotransmissores:
Classe I – Acetilcolina
Classe II – Noradrenalina, adrenalina, dopamina e serotonina
Classe III – Aminoácidos (Aa) - gaba, glicina e glutamato
Classe IV – Peptídeos
Os neurotransmissores mais importantes são a acetilcolina e adrenalina que atuam
com ação colinérgica e adrenérgica; Gaba é o principal Aa inibidor do SNC; L-glutamato é
um Aa excitatório que atua no SNC.
Neurotransmissores importantes e suas funções (CURIOSIDADES)
Dopamina
Controla níveis de estimulação e controle motor em muitas partes do cérebro. Quando os
níveis estão extremamente baixos na doença de Parkinson, os pacientes são incapazes de se
mover voluntariamente. Presume-se que o LSD e outras drogas alucinógenas ajam no
sistema da dopamina.
Serotonina
Esse é um neurotransmissor que é incrementado por muitos antidepressivos tais com o
Prozac, e assim tornou-se conhecido como o neurotransmissor do 'bem-estar'. Ela tem um
profundo efeito no humor, na ansiedade e na agressão.
Acetilcolina
A acetilcolina controla a atividade de áreas cerebrais relacionadas à atenção, aprendizagem
e memória. Pessoas que sofrem da doença de Alzheimer apresentam tipicamente baixos
níveis de ACTH no córtex cerebral, e as drogas que aumentam sua ação podem melhorar a
memória em tais pacientes.
Noradrenalina
Principalmente uma substância química que induz a excitação física e mental e bom humor.
A produção é centrada na área do cérebro chamada de locus coreuleus, que é um dos
muitos candidatos ao chamado centro de "prazer" do cérebro. A medicina comprovou que a
norepinefrina é uma mediadora dos batimentos cardíacos, pressão sanguínea, a taxa de
conversão de glicogênio (glucose) para energia, assim como outros benefícios físicos.
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Glutamato
O principal neurotransmissor excitante do cérebro, vital para estabelecer os vínculos entre
os neurônios que são a base da aprendizagem e da memória em longo prazo.
Encefalinas e Endorfinas
Essas substâncias são opiáceos que, como as drogas heroína e morfina, modulam a dor,
reduzem o estresse, etc. Elas podem estar envolvidas nos mecanismos de dependência
física.
DEGENERAÇÃO E REGENERAÇÃO
Como os neurônios não se dividem, sua destruição representa uma perda
permanente. Seus prolongamentos, no entanto, dentro de certos limites, podem regenerar
devido à atividade sintética dos receptivos pericários, desde que estes não estejam lesados.
NEURÓGLIA
Os neurônios do SNC estão sustentados por células especiais Não excitáveis e que
não conduzem impulsos nervosos. Conjuntamente, elas são denominadas de neuróglia ou
glia. Estas células sustentam os neurônios, participam da atividade neural, da nutrição dos
neurônios, e dos processos de defesa do tecido nervoso.
As células neurogliais são geralmente menores do que as células nervosas e as
superam de 5 a 10 vezes em número; elas formam a metade do volume total do encéfalo e
medula espinhal. O tecido nervoso apresenta uma quantidade mínima de material
extracelular, e as células da glia fornecem um microambiente adequado para os neurônios.
Tipos de células neurogliais:
. Astrócitos . Oligodendrócito . Schwann . Micróglia . Epêndima
a) Astrócitos: Apresentam um pequeno corpo celular, do qual se estendem prolongamentos
intensamente ramificados em todas as direções. Muitos destes prolongamentos terminam
em expansões sobre vasos sangüíneos (pés-perivasculares), sobre células ependimárias e
sobre a piamáter. São as maiores células da glia.
Existem 2 tipos de astrócitos: Fibrosos e Protoplasmáticos
- FIBROSOS: São encontrados principalmente na Substância BRANCA, onde seus
prolongamentos são longos, delgados e não muito ramificados.
- PROTOPLASMÁTICOS: São encontrados principalmente na Substância CINZENTA,
onde seus prolongamentos se ramificam por entre os corpos dos neurônios. Os
prolongamentos são curtos, finos e mais ramificados do que os fibrosos.
FUNÇÕES: Com seus prolongamentos intensamente ramificados, formam uma trama de
sustentação para as células e fibras nervosas no SNC.
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b) Oligodendrócitos: Tem um corpo menor do que os astrócitos, e apresentam poucos e
delicados prolongamentos. Seus prolongamentos se enrolam em volta de vários axônios,
produzindo a bainha de mielina.
FUNÇÕES: formação da bainha de mielina que servem como isolantes térmicos para os
neurônios do sistema nervoso central.
c) Célula de Schwann: Apresentam diversos prolongamentos pelo qual envolvem diversos
axônios do sistema nervoso periférico.
FUNÇÕES: formação de mielina em torno de um segmento de um único axônio.
c) Micróglia: São as menores células da glia e estão dispersas no SNC. Do pequeno corpo
celular, partem ondulados e ramificados prolongamentos que emitem numerosas projeções
espinhosas.
FUNÇÃO: No encéfalo normal (e também na medula), são inativos. Assemelham-se aos
macrófagos do tecido conjuntivo, tornando-se ativamente fagocíticos nas doenças.
d) Epêndima: Estas células são células epiteliais colunares que revestem os ventrículos do
cérebro e o canal central da medula espinhal. Em alguns locais apresentam cílios, para
facilitar a movimentação do líquido cefalorraquidiano.
SUBSTÂNCIA BRANCA E CINZENTA
No SNC há certa segregação entre os corpos celulares dos neurônios e os seus
prolongamentos. Isto faz com que seja reconhecido no encéfalo e na medula espinhal duas
porções distintas, denominadas de substância branca e substância cinzenta.
- Substância Branca: Seu nome origina-se da presença de grande quantidade de um material
esbranquiçado denominado Mielina. Está constituído por:
- Fibras mielínicas
- Oligodendrócitos
- Astrócitos Fibrosos
- Células da micróglia
- Prolongamentos dos neurônios
- Substância Cinzenta: É assim chamada porque mostra essa coloração macroscópicamente.
Esta constituída por:
- Corpos dos neurônios
- Fibras amielínicas (grande quantidade)
- Algumas fibras mielínicas
- Astrócitos protoplasmáticos
- Oligodendrócitos
- Células da micróglia
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A disposição das duas substâncias varia conforme a parte do Sistema Nervoso
considerada. Na medula espinhal a substância branca localiza-se externamente, enquanto
que internamente se encontra a substância cinzenta. No cérebro estas substâncias se
encontram ao contrário, ou seja, a cinzenta externamente e a branca internamente.
CEREBELO
Apresenta região cortical e medular.
O córtex tem três camadas que de dentro para fora (Figura 1):
- Camada granulosa - São os menores neurônios do corpo humano, e sua estrutura é atípica.
- Camada de células de Purkinje - É formada por uma única fileira dessas células, que são
muito grandes.
- Camada molecular - Contém poucos neurônios e muitas fibras nervosas amielínicas.
A região medular apresenta aspecto uniforme com fibras mielínicas.
MENINGES
O SNC está contido e protegido na caixa craniana e canal vertebral, e são
envolvidos por membranas de tecido conjuntivo, a que chamamos de meninges.
As meninges de fora para dentro são: Dura máter, Aracnóide e Pia máter.
1. Dura Máter
. É a meninge mais externa.
. Formada por tecido conjuntivo denso, contínuo com o Periósteo dos ossos da caixa
craniana.
. A Dura máter que envolve a Medula espinhal é separada do Periósteo das
vértebras, formando entre os dois o Espaço EPIDURAL. Estes espaços contem veias de
parede muito delgada, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo.
OBS: Em toda sua extensão a Dura máter é separada da Aracnóide pelo espaço
SUBDURAL. A superfície interna é revestida por epitélio plano simples.
2. Aracnóide
. Apresenta 2 partes: uma em contato com a Dura máter - formada por membranas e
outra que se liga a Pia máter, formada por traves.
. As cavidades entre as traves conjuntivas chamam de espaço SUBARACNÓIDE,
que contém líquido cefalorraquidiano e não tem comunicação com o espaço Subdural.
. A aracnóide forma em certas locais expansões que perfuram a Dura máter, e vão
terminar nos seios venosos nela contido. Tem como função transferir o líquido
cefalorraquidiano para o sangue. Estas expansões são chamadas de VILOSIDADES
ARACNÓIDES.
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3. Pia Máter
A Pia máter é muito vascularizada e aderente ao tecido nervoso, embora não fique
em contato direto com as células ou fibras nervosas.
Entre a Pia máter e os elementos nervosos situam-se prolongamentos das células da
neuróglia, onde formam uma camada muito delgada.
A Pia máter segue todas as irregularidades da superfície do SN e penetra no tecido
nervoso por certa extensão, juntamente com vasos sangüíneos. Os vasos sangüíneos
penetram no tecido nervoso por meio de túneis revestidos por pia máter, os chamados
espaços Perivasculares. A pia máter que segue os vasos sangüíneos desaparece antes que
estes se transformem em capilares. Os capilares do tecido nervoso são totalmente
envolvidos por expansões dos prolongamentos das células da neuróglia, não havendo
contato direto entre os neurônios e os capilares.
PLEXO CORÓIDE E LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO
Os plexos coróides são dobras e invaginações altamente vascularizadas da Pia
máter, que formam saliência para o interior dos ventrículos. Histologicamente, os plexos
coróides são formados pelo conjuntivo frouxo da pia máter, revestido por um epitélio
simples que varia de cúbico a colunar baixo.
A principal função dos plexos coróides é secretar o líquido cefalorraquidiano, o
qual, apesar de sua pobreza em sólidos e sua riqueza em água, é produzido pelo trabalho
ativo das células epiteliais que recobrem os plexos coróides.
O líquido cefalorraquidiano formado pelos plexos coróides, enche as cavidades dos
ventrículos, o canal medular, o espaço subaracnóide e os espaços perivasculares. Ele é
importante para o metabolismo do SNC e o protege contra traumatismos externos, por
formar uma camada líquida no espaço subaracnóide.
O líquido cefalorraquidiano é produzido de modo contínuo, e circula no SNC e
volta para o sangue por intermédio das veias localizadas em torno do SN. O tecido nervoso
não possui vasos linfáticos.
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Constituída por nervos, gânglios e terminações nervosas.
a) Fibras nervosas: É uma fibra nervosa é um axônio (ou um dendrito) de uma célula
nervosa. Feixes de fibras nervosas, no SNC são denominados de Tractos nervosos,
enquanto os feixes de fibras de fibras nervosas no SNP são chamadas conjuntamente de
Nervos Periféricos.
Dois tipos de fibras estão presentes no SNC e SNP:
Fibras Mielínicas e Fibras Amielínicas
Fibras Mielínicas: Esta fibra está circundada por uma bainha de mielina. Esta bainha não
faz parte da fibra (neurônio), mas é formada por uma célula de sustentação.
- No SNC esta célula de sustentação é o OLIGODENDRÓCITO.
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- No SNP esta célula de sustentação é de SCHWANN.
A bainha de mielina é uma camada segmentada e descontínua, interrompida a
intervalos regulares pelos nódulos de RANVIER.
OBS: Nestas fibras as células se enrolam em espiral e suas membranas formam um
complexo lipoprotéico denominado mielina.
Observam-se na Mielina fendas em forma de cones, as chamadas INCISURAS DE
SCHIMIDT-LANTERMANN.
Fibras Amielínicas
Estas fibras periféricas são envolvidas pelas células de SCHWANN; mas não ocorre
enrolamento em espiral. Nestas fibras não existem nódulos de Ranvier, pois neles as células
de SCHWANN se unem lateralmente formando uma bainha contínua.
OBS: A substância cinzenta do SNC é rica em fibras nervosas amielínicas. Essas fibras são
envolvidas por expansões terminais de prolongamentos dos oligodendrócitos, uma vez que
não existe célula de Schwann no SNC.
Condução saltatória:
A condução do impulso é um pouco diferente nas fibras mielínicas, como as fibras motoras
dos músculos esqueléticos. Ocorre apenas a inversão de polaridade nas regiões dos nódulos
de Ranvier. A onda então, “salta” diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo
em toda a extensão da região mielinizada. Fala-se em condução saltatória e com isso há um
considerável aumento da velocidade do impulso nervoso nas fibras mielínicas, em relação
às fibras amielínicas.
Tipos de fibras:
- Fibras do tipo A: têm maior diâmetro, nódulos de Ranvier espaçados e são as mais rápidas
na condução do impulso nervoso (15 a 100 metros por segundo).
- Fibras do tipo B: são também mielínicas, porém mais finas, com nódulos de Ranvier mais
próximos uns dos outros, e nelas o impulso nervoso caminha com menor rapidez (3 a 14
metros por segundo).
- Fibras do Tipo C: são as amielínicas, mais delgadas, e conduzem o impulso a uma
velocidade relativamente baixa (0,6 a 2 metros por segundo).
OBS: Células envoltórias: Célula de Schwann no SNP e oligodendrócito no SNC.
b) Nervos:
No SNP, as fibras nervosas agrupam-se em feixes, dando origem aos nervos.
Devido a cor da mielina, os nervos são esbranquiçados, exceto os raros nervos muito finos
formados somente por fibras amielínicas.
58
O estroma (tecido de sustentação) dos nervos é constituído por uma camada fibrosa
mais externa de tecido conjuntivo denso - o EPINEURO - que reveste o nervo e preenche
os espaços entre os feixes de fibras nervosas.
Cada um destes feixes é revestido por uma bainha de várias camadas de células
achatadas, justapostas denominada de PERINEURO.
Dentro da bainha perineural encontram-se os axônios, cada um envolvido pela
bainha de células de Schwann, com sua lâmina basal, e um envoltório conjuntivo
constituído principalmente por fibras reticulares, chamadas de ENDONEURO.
Os nervos estabelecem comunicações entre: - Centros nervosos
- Órgãos de sensibilidade
- Órgãos efetores: músculos, glândulas.
Os nervos possuem fibras Aferentes e Eferentes, em relação ao Sistema Nervoso
Central. As Aferentes levam para os centros as informações obtidas no interior do corpo e
no meio ambiente.
As eferentes levam impulsos dos centros nervosos para os órgãos efetores
comandados por esses centros.
Os nervos que possuem apenas fibras de sensibilidade (aferentes) são chamados de
SENSITIVOS, e os que são formados apenas por fibras que levam a mensagem dos centros
para os efetores, são os nervos MOTORES. A maioria dos nervos possui fibras dos dois
tipos, sendo, portanto Nervos MISTOS.
GÂNGLIOS NERVOSOS
Os acúmulos de neurônios localizados fora do SNC recebem o nome de Gânglios
nervosos. Os gânglios são órgãos esféricos, protegidos por cápsulas conjuntivas e
associadas a nervos.
Há dois tipos de gânglios no SNP, os gânglios sensitivos (neurônios sensoriais) e os
gânglios autônomos.
Gânglios sensitivos: estão associados aos nervos cranianos e a cada um dos nervos
espinhais que saem da medula espinhal. Abrigam corpos celulares unipolares dos nervos
sensitivos, com um processo amielínico deixando cada corpo celular. O curto processo se
bifurca em um ramo periférico e um central. O ramo periférico alcança uma terminação
sensitiva periférica e termina em dendritos. O ramo central penetra no SNC. O corpo
celular do neurônio é circundado por uma camada de células satélites achatadas,
semelhantes e contínuas como as células de Schwann, à medida que envolvem os processos
periférico e central de cada neurônio. Um impulso nervoso alcança a bifurcação-T, se
desvia do corpo celular e trafega do axônio periférico para o axônio central.
Gânglios autônomos: (simpático e parassimpático): são encontrados nos troncos
simpáticos, nos plexos e próximos ou no interior de víscera. Uma camada de tecido
conjuntivo contínua com o epineuro e o perineuro das fibras nervosas periféricas circunda
cada gânglio autônomo. Os neurônios dos glânglios autônomos são multipolares. Os
dendritos estão conectados por axônios mielínicos dos neurônios pré-ganglionares (ramos
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brancos). Os axônios possuem um diâmetro pequeno e são amielínicos (ramos cinzentos).
Cada corpo celular neuronal é circundado por célula satélites semelhantes à célula de
Schwann.
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
Chama-se SNA a parte do SN relacionada com o controle da musculatura lisa, com
o ritmo cardíaco e com a secreção de algumas glândulas. Sua função é ajustar certas
atividades do organismo, a fim de manter a constância do meio interno (Homeostase).
As funções do SNA sofrem constantemente a influência da atividade consciente do
SNC.
O conceito de SNA é principalmente funcional. Anatomicamente, ele é formado por
aglomerados de células nervosas localizadas no SNC, por fibras que saem do SNC através
de nervos cranianos ou espinhais, e pelos gânglios nervosos situados no curso dessas fibras.
O primeiro neurônio da cadeia autônoma está localizado no SNC, seu axônio entra
em conexão sináptica com o segundo neurônio da cadeia, localizado em um gânglio do
SNA ou no interior de um órgão.
Os axônios (ou fibras nervosas) que ligam o primeiro neurônio ao segundo são
chamadas de pré-ganglionares, e as que partem do segundo neurônio para os efetores são as
pós-ganglionares.
As fibras pré-ganglionares são mielínicas e as pós-ganglionares são amielínicas.
O SNA é formado por 2 partes distintas: O S.N. simpático, e o S.N. parasimpático.
Características do Simpático:
Fibras Pré ganglionares curtas
Fibras pós ganglionares longas
Origem das fibras: Toracolombar
Principal neurotransmissor: Adrenalina
- Simpático colinérgico – glândulas sudoríparas, músculo liso dos vasos sanguíneos
que irrigam os músculos Esqueléticos; e vasos sanguíneos periféricos
Características do Parassimpático:
Fibras Pré ganglionares longas
Fibras pós ganglionares curtas
Origem das fibras: crânio sacral
Principal neurotransmissor: Acetilcolina
- Só inervam vasos sanguíneos localizados no: clitóris, pênis e língua.
Referências Bibliográficas: COMARCK, D.H. Fundamentos de Histologia. 2ªed., , Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2003, 371p.
GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Atlas Colorido de Histologia. 4ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007, 431p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. .10ª ed., Rio de Janeiro,Guanabara Koogan, 2002.
488 p.
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UNIDADE IX - TECIDO MUSCULAR
Origem embrionária: Mesodérmica
Os tecidos musculares são responsáveis pelos movimentos corporais. São
constituídos por células alongadas - fibras musculares - caracterizadas pela presença de
grande quantidade de filamentos citoplasmáticos específicos.
De acordo com suas características morfológicas e funcionais, podemos distinguir
nos mamíferos três tipos de tecido muscular:
1. Músculo Liso: É formado por aglomerados de células fusiformes que não possuem
estrias transversais. O processo de contração é lento e não está sujeito ao controle
voluntário. Exemplo: Vísceras.
2. Músculo Estriado Esquelético: É formado por feixes de células cilíndricas muito longas
e multinucleadas, que apresentam estriações transversais. Tem contração rápida,
vigorosa e sujeita ao controle voluntário. Exemplo: Músculos.
3. Músculo Estriado Cardíaco: Apresenta estrias transversais, é formado por células
alongadas e ramificadas, que se unem longitudinalmente às células vizinhas, formando
uma rede. Apresentam contração involuntária, vigorosa e rítmica. Exemplo: Miocárdio.
As células musculares são tão diferenciadas que receberam denominações especiais:
. Membrana - Sarcolema
. Citoplasma - Sarcoplasma
. Retículo Endoplasmático - R. Sarcoplasmático
. Mitocôndrias - Sarcossomas
Descrição dos tipos de Músculos:
1. Músculo Estriado Esquelético:
São formados por feixes de células muito longas (até 30 cm), cilíndricas,
multinucleadas, chamadas de fibras musculares estriadas.
1.1. ORGANIZAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
Num músculo, os feixes de fibras musculares, não estão agrupados ao acaso, mas
organizados em feixes envolvidos por uma membrana externa de tecido conjuntivo
chamado - EPIMÍSIO. Do Epimísio partem septos muito finos de tecido conjuntivo, que se
dirigem para o interior do músculo, dividindo-o em fascículos. Esses septos – PERIMÍSIO.
61
. Cada fibra muscular é envolvida por uma camada muito fina de fibras reticulares
formando o - ENDOMÍSIO.
O tecido conjuntivo mantém as fibras musculares unidas, permitindo que a força de
contração gerada por cada fibra individualmente atue sobre o músculo inteiro, contribuindo
para a contração deste.
Os vasos sanguíneos penetram no músculo através dos septos de tecido conjuntivo
e formam uma rica rede de capilares que correm entre as fibras musculares.
A fibra muscular é delimitada por uma membrana - SARCOLEMA - e seu
citoplasma apresenta-se preenchido principalmente por fibrilas paralelas - MIOFIBRILAS.
As miofibrilas mostram um padrão de faixas transversais repetitivas e, como essas
faixas estão muito próximas umas das outras, elas originam as estriações transversais de
toda a fibra muscular.
Quando examinada ao Microscópio Óptico, cada estriação tranversal pode ser vista
como sendo constituída por uma faixa escura chamada de FAIXA A e por uma faixa clara,
a FAIXA I .
Uma linha transversal, a linha Z, divide cada faixa I em duas partes iguais.
As linhas H correspondem à região mediana da faixa A
A área entre 2 linhas Z de uma única miofibrila é chamada de SARCÔMERO .
As miofibrilas do músculo estriado contêm pelo menos 4 proteínas principais: actina,
miosina (representam 55% do total), troponina e tropomiosina.
A miosina é a principal proteína dos filamentos grossos da banda A. Ao longo de
cada filamento grosso há pequenas projeções laterais que conectam os filamentos grossos
aos finos. As bandas I há filamentos finos que se prendem a linha Z. A principal proteína
destes filamentos é a actina.
Os filamentos de cada lado de cada linha Z aderem a banda A, onde os filamentos
grossos de miosina se intercalam com os filamentos finos de Actina. Durante a contração os
filamentos finos deslizam sobre os grossos, o que provoca a aproximação das linhas Z, e a
diminuição simultânea das Bandas I e a zona H.
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63
No músculo relaxado o ATP liga-se a parte globular ou cabeça da miosina, e mesmo antes
de interagir com a actina, o ATP se hidroliza gerando ADP e fosfato inorgânico. No
músculo relaxado o complexo troponina tropomiosina interpõem-se entre as duas
moléculas, impedindo a interação entre a miosina e a actina.
Contração Muscular O processo se inicia com a liberação de íons cálcio do retículo e a
consequente elevação da concentração de cálcio no sarcoplasma. Isto permite a ligação do
cálcio no complexo troponina que por sua vez promove o deslocamento do filamento de
tropomiosina permitindo a interação entre actina e miosina.
Neste momento há uma diminuição da afinidade da miosina pelo ADP e Pi fazendo
com que os dois produtos da hidrólise de ATP se dissociem do sítio catabolítico da
miosina.
Simultaneamente a dissociação do Pi e ADP a cabeça da miosina se move e puxa o
filamento de actina promovendo seu deslizamento sobre o filamento de miosina. Após
completar o movimento a cabeça de miosina fica fortemente presa a actina. Para que a
miosina se dissocie é necessário que o ATP se ligue novamente a ela iniciando um nnovo
ciclo. Se não houver ATP a miosina fica fortemente ligada a actina, situação conhecida
como rigor.
Músculo relaxado
Músculo contraido
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Tipos de fibras musculares esqueléticas
Existem três tipos de fibras musculares esqueléticas: a vermelha, a branca e a intermediária.
A maioria dos músculos esqueléticos contém uma mistura dos três tipos de fibras. Numa
unidade motora, todas as miofibras são do mesmo tipo.
As fibras vermelhas ou fibras do tipo I - são encontradas nas unidades motoras de
contração lenta, têm um diâmetro relativamente pequeno, são ricas em mitocôndrias e
sarcoplasma contendo mioglobina. Sua energia é obtida principalmente da fosforilação
oxidativa de ácidos graxos. São fibras resistentes à fadiga e adaptadas para contrações
continuadas e atividade muscular prolongada (p. ex., manutenção da postura).
As fibras brancas ou fibras do tipo II - são encontradas nas unidades motoras de
contrações rápidas e descontínuas. São relativamente grandes, com pouca mitocôndria,
contêm pouca mioglobina. Geralmente são responsáveis pelo movimento (p. ex., músculo
extraocular). As fibras do tipo II podem ser divididas nos tipos II A, B e C. As fibras do
tipo II B são as mais rápidas e dependem principalmente da glicólise como fonte de
energia. As fibras intermediárias possuem características intermediárias entre as fibras
vermelhas e as fibras brancas. Nos humanos, os músculos consistem em uma mistura dos
três tipos.
2. MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO
O músculo cardíaco constitui o Miocárdio, sendo a maior parte da parede do
coração.
Estrutura ao Microscópio Óptico: As células são ramificadas e possuem núcleos centrais. O
Sarcoplasma contém miofibrilas e mostra estriações transversais, onde encontramos as
Faixas A e I, e as linhas H e Z. As células musculares estriadas cardíacas diferem das
demais, pois suas células não somente se ramificam, mas também são mantidas juntas por
um complexo juncional especial conhecido como DISCO INTERCALAR. Estes discos são
vistos como linhas escuras que correm de modo escalariforme.
As fibras de Purkinje, ricas em glicogênio, são fibras terminais especializadas do sistema
de condução do coração. Quando comparadas às fibras contráteis, as fibras de Purkinje são
maiores, pouco coradas e contêm poucas miofibrilas.
As fibras musculares cardíacas são mononucleadas, apresentando o núcleo na região
central. Nessas fibras ocorrem também miofilamentos de actina e de miosina, que não se
apresentam, no entanto, com disposição tão regular como aquela apresentada pelas fibras
musculares estriadas.
No coração existe uma rede de células musculares cardíacas modificadas, acopladas às
outras células musculares do órgão, que têm papel importante na geração e condução do
estímulo cardíaco, de tal modo que as contrações dos átrios e ventrículos ocorrem em
determinada sequência, permitindo ao músculo cardíaco exercer com eficiência a sua
função de bombeamento do sangue.
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3. MÚSCULO LISO
Este músculo não está sujeito ao controle voluntário (consciente) e é freqüentemente
chamado de Músculo Involuntário .
Dependendo do órgão, a fibra muscular lisa pode contrair-se por:
Estiramento local das fibras, ou
Impulsos nervosos originados dos nervos autônomos, ou
Estimulação hormonal.
Nos órgãos tubulares do corpo, o músculo liso fornece a força motriz para propelir o
conteúdo por sua luz. No sistema digestivo, ele faz também com que o alimento ingerido
seja totalmente misturado com os sucos digestivos. Uma onda de contração das fibras
dispostas circularmente passa ao longo do tubo, empurrando o conteúdo para diante. Por
sua contração, as fibras longitudinais puxam a parede do tubo proximalmente sobre o
conteúdo. Esse método de propulsão é chamado de PERISTALTISMO.
Nos órgãos de armazenamento, como a bexiga e útero, as fibras estão dispostas
irregularmente e são entrelaçadas. Sua contração é lenta e sustentada e faz com que o
conteúdo dos órgãos seja expelido. Nas paredes dos vasos sanguíneos, as fibras musculares
lisas dispõem-se circularmente e servem para modificar o calibre da luz dos mesmos.
Estrutura ao Microscópio Óptico: As fibras musculares lisas consistem em longas
células fusiformes. As fibras estão dispostas em feixes ou lâminas e estão relacionadas
umas com as outras, de tal forma que a espessa porção mediana de uma célula situe-se
próximo às extremidades delgadas das células vizinhas. Há um único núcleo para cada
fibra, centralmente localizado e de forma ovóide.
Controle da contração do músculo liso
As fibras apresentam feixes de miofilamentos que se cruzam em todas as direções,
formando uma trama tridimensional;
O arranjo das proteínas contráteis e o mecanismo de contração do músculo liso diferem
daqueles observados para o músculo esquelético e o cardíaco.
1. Os filamentos de actina e de miosina não estão organizados em sarcômeros como no
músculo esquelético e no músculo cardíaco.
2. As células musculares lisas não contêm troponina, mas contêm a tropomiosina que se
une e estabiliza os filamentos de actina.
3. Os íons de Ca2+, que iniciam a contração, derivam do exterior da célula em vez do
retículo sarcoplasmático.
4. A quinase da cadeia leve da miosina, ao contrário da troponina, que não está presente nas
células musculares lisas, é responsável pela sensibilidade ao Ca2+ das fibras contráteis do
músculo liso.
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No músculo liso, os filamentos de actina e os filamentos associados à miosina se ligam ao
citoplasma e aos corpos densos da membrana plasmática, representando o equivalente à
linha Z do músculo estriado. Os corpos densos estão unidos à membrana plasmática por
intermédio dos filamentos intermediários de desmina e de vimentina. Quando o complexo
actina-miosina se contrai, sua ligação com os corpos densos determina o encurtamento da
célula. A fosforilação cálcio-dependente das cadeias leves reguladoras da miosina é
responsável pela contração do músculo liso.
A fosforilação da miosina tipo II ocasiona seu despregueamento e associação em
filamentos, o sítio de ligação da actina na cabeça da miosina é exposto e a miosina pode se
unir aos filamentos de actina para produzir contração celular.
Junqueira e Carneiro, 2002.
Os miofilamentos da musculatura lisa não são alinhados em miofibrilas, como nas
musculaturas cardíacas e esqueléticas. Além disso, há uma razão mais alta de actina para
miosina (15:1 em vez de 2:1). Outro filamento, conhecido como filamento intermediário,
está presente em associação à actina (filamentos finos) e miosina (filamentos grossos).
Geralmente o filamento intermediário (que não é contrátil) parece comprometer o
atrelamento para contração de actina e miosina. Feixes de filamentos intermediários estão
ligados a corpúsculos densos (acredita-se que sejam equivalentes às linhas Z, que estão
presentes no citoplasma) e estão também ligados à membrana celular. O esforço de
contração é transmitido através dos feixes de filamentos intermediários por toda a
membrana celular, fazendo a célula muscular lisa ser comprimida em direção a seu centro
e, assim, encurtando seu eixo longitudinal. A contração de cada célula é, por sua vez,
atrelada à lâmina externa do tecido conjuntivo. As junções neuromusculares estão presentes
nas fibras musculares lisas que recebem inervação do sistema nervoso autônomo. As
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vesículas sinápticas contêm Acetilcolina (ACh) ou norepinefrina, dependendo da natureza
da fibra pós-ganglionar, parassimpática ou simpática respectivamente. O sistema
sarcotubular da musculatura lisa é pouco desenvolvido. Em contrapartida, os túbulos T e as
vesículas sob a membrana celular, abrem-se para a superfície da fibra (REECE, 1996)
Referências Bibliográficas: COMARCK, D.H. Fundamentos de Histologia. 2ªed., , Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2003, 371p.
GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Atlas Colorido de Histologia. 4ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007, 431p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. .10ª ed., Rio de Janeiro,Guanabara Koogan, 2002. 488 p.
KESSEL, R.G. Histologia Médica Básica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001, 511p.
REECE, W. Fisiologia de animais domésticos. São Paulo, Roca, 1996, 351 p.
68
UNIDADE X - ESTRUTURA HISTOLÓGICAS DOS ÓRGÃOS
1. ÓRGÃOS MACIÇOS:
Exemplos: Fígado, baço, rim, pâncreas...
Estrutura:
a) Esqueleto ou estroma Forma a cápsula que reveste, e trabéculas que divide o órgão
em porções menores. É formado normalmente por tecido conjuntivo denso. Tem como
função a sustentação.
b) Parênquima É a parte funcional. É formado por células especiais, que diferem em
funções de acordo com o órgão. Ex. Hepatócito no fígado.
c) Hilo É o ponto de entrada e saída de vasos sangüíneos, linfáticos, com função
nutricional.
2. ÓRGÃOS OCOS:
Exemplo: intestino (Figura 1), estômago, esôfago, bexiga...
Possui uma cavidade funcional delimitada por uma parede. É formada por quatro
túnicas ou camadas. A descrição abaixo se refere ao tubo digestivo, por apresentar-se de
forma completa:
. Túnica Mucosa
. Túnica Submucosa
. Túnica Muscular
. Túnica Serosa ou Adventícia
Obs: Haverá serosa quando o órgão estiver contido em uma cavidade. Ex. estômago.
Haverá adventícia nos órgãos que estiverem fora de uma cavidade, formado por
conjuntivo de ligação. Ex. Reto, vagina, traquéia.
QUANDO NÃO HÁ SEROSA, HÁ ADVENTÍCIA.
Cada túnica é submetida em lâminas ou lamelas - em ordem do interior para o exterior:
1. Túnica Mucosa:
a) Lâmina epitelial Varia de acordo com a necessidade funcional do órgão.
b) Lâmina própria Formada por tecido conjuntivo frouxo, pode conter glândulas,
nódulos linfóides, vasos sangüíneos e linfáticos, terminações nervosas. Também pode
ser chamada de Córion.
c) Lâmina muscular Formada por 2 camadas delgadas de fibras musculares lisas, uma
circular e outra longitudinal.
2. Túnica Submucosa Nesta túnica não exixtem lâminas, é formada por tecido
conjuntivo frouxo, podendo conter glândular, nódulos linfóides, vasos sagüíneos e
linfáticos e fibras nervosas.
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Função Unir a mucosa à muscular.
OBS: Nesta Túnica há presença do PLEXO NERVOSO DE MEISSNER OU
SUBMUCOSO – Conjunto de gânglios e fibras nervosas. Do plexo saem fibras para a
túnica mucosa.
3. Túnica Muscular Constituída por feixes musculares lisos, formadas por 2 lâminas:
- Uma circular ou interna
- Uma longitudinal ou externa
Entre as dois lâminas existe o PLEXO NERVOSO DE AUERBACK OU MIOENTÉRICO.
4. Túnica Serosa Constituída por conjuntivo e vasos (lamina submesotelial) e uma
lâmina de mesotélio ( lâmina mesotelial).
Túnica Adventícia Formado por tecido conjuntivo frouxo – tecido de ligação.
Figura 1 – Intestino grosso (X10)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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