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CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MANUAL ACADÊMICO
LABORATÓRIO CLÍNICO
Regina C. Pereira Reiniger
2014
1
FICHA CATALOGRÁFICA
2
SUMÁRIO
- CAPÍTULO I
COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA LABORATÓRIO .......................... 04
- CAPÍTULO II
HEMATOLOGIA ..................................................................................................... 09
1. ERITROPOIESE E ERITROCINÉTICA................................................................ 09
1.1. Introdução .......................................................................................................... 09
1.2. Maturação das hemácias ou eritrócitos................................................................. 09
1.3. Origem dos elementos figurados........................................................................... 10
2. REGULAÇÃO DA ERITROPOIESE..................................................................... 12
2.1. Morfologia normal dos eritrócitos........................................................................ 13
2.2. Sobrevida e destruição dos eritrócitos.................................................................. 13
2.3. Eritrócitos imaturos e anormais............................................................................ 14
2.4. Inclusões eritrocitárias.......................................................................................... 15
3. LEUCÓCITOS........................................................................................................ 16
3.1. Leucócitos anormais............................................................................................. 17
4. PLAQUETAS OU TROMBÓCITOS...................................................................... 18
5. COAGULAÇÃO SANGUÍNEA.............................................................................. 29
CAPÍTULO III
HEMOGRAMA.......................................................................................................... 35
1. ERITROGRAMA................................................................................................... 35
2. LEUCOGRAMA.................................................................................................... 44
CAPÍTULO IV
HEMOTERAPIA ...........................................................................................................
61
CAPÍTULO V
EXAMES COMPLEMENTARES...............................................................................
70
1. HEMOSSEDIMENTAÇÃO.................................................................................... 70
2. TEMPO DE COAGULAÇÃO................................................................................. 71
3. CONTAGEM DE RETICULÓCITOS..................................................................... 72
4. TEMPO DE SANGRIA......................................................................................... 73
5. CASOS CLÍNICOS............................................................................................... 74
CAPÍTULO VI
1. NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS....................................................................... 61
2. CASOS CLÍNICOS................................................................................................. 66
3
CAPÍTULO VII
BIOQUÍMICA CLÍNICA............................................................................................ 68
1. FUNÇÃO HEPÁTICA............................................................................................ 69
2. INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL DAS ENZIMAS.............................................. 74
3. FUNÇÃO RENAL.................................................................................................. 75
4. FUNÇÃO PANCREÁTICA.................................................................................... 76
5. MINERAIS E ELETRÓLITOS............................................................................... 77
CAPÍTULO VIII
EXAMES DOS LÍQUIDOS CAVITÁRIOS................................................................ 81
1. EXAME FÍSICO..................................................................................................... 81
2. EXAME CITOLÓGICO.......................................................................................... 82
3. EXAME QUÍMICO................................................................................................ 83
4. EXAME BACTERIOLÓGICO................................................................................ 84
5. EFUSÃO HEMORRÁGICA.................................................................................... 84
CAPÍTULO IX
URINÁLISE............................................................................................................. 86
1. REVISÃO DA FISIOLOGIA RENAL..................................................................... 86
2. URINÁLISE CLÍNICA........................................................................................ 88
2.1. Exame Físico........................................................................................................ 89
2.2. Exame Químico.................................................................................................... 92
2.3. Exame do Sedimento........................................................................................... 96
3. CASOS CLÍNICOS................................................................................................ 101
CAPÍTULO X
CASOS CLÍNICOS..................................................................................................... 103
ANEXOS – VALORES DE REFERÊNCIA................................................................ 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 107
CAPÍTULO I
COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA EXAMES
LABORATORIAIS
4
A perfeita coleta e remessa de um espécime ao laboratório produz um resultado, o
qual dará ao clínico a segurança de seu diagnóstico. Após a coleta, o material deverá ser
identificado e nesta, o remetente deverá incluir todas as informações que possam auxiliar à
conclusão de um diagnóstico.
Pode-se identificar um material anexando a eles as informações referentes a
caracterização do animal e dados clínicos. Deve-se incluir:
- Espécie do animal - Nome ou Número -Idade e sexo
- Duração da doença - Taxa de mortalidade -Taxa de morbidade
- Manejo do rebanho - Achados de necrópsia -Suspeita Clínica
-Tratamento usado - Exame solicitado -Conservador utilizado
- Requisitante
A embalagem do material deve ser feita de tal forma que não proporcione a
transmissão de doenças a outros animais ou pessoas, principalmente tratando-se de
zoonoses. O meio de transporte deve ser o mais rápido, contudo deve-se evitar a remessa
em fins de semana ou às vésperas de feriado.
1. Preservação do Material Coletado - Conservadores:
São inúmeras as formas de preservação dos espécimes; como conservadores
podemos citar: Conservadores Físicos e os Conservadores Químicos.
a) Conservadores Físicos:
a.1. GELO ÚMIDO: É um método de conservação adequado quando a embalagem da
amostra é bem executada e a distância para o laboratório não é excessivamente longa.
Deve-se ter o cuidado de não deixar o material entrar em contato direto com o gelo. Assim,
pode-se colocar a amostra em vidro, fechá-lo herméticamente e acondicioná-lo em caixa de
isopor contendo gelo. Deste modo a preservação fornecida pelo gelo úmido é de
aproximadamente 18 a 24 hs no inverno e apenas 8 a 12 hs no verão.
a.2. GELO SECO: Também chamado de neve carbônica, é um método não muito utilizado
em consequência da dificuldade na aquisição, e seu perigo quando acondicionado de modo
incorreto. O gelo seco só poderá ser usado em amostras que possam ser congeladas e não
causar problemas ao laboratório na execução do exame solicitado, também deve-se ter o
cuidado de não deixá-lo entrar em contato direto com o material. O recipiente Não deve ser
de vidro, nem deve ser fechado herméticamente, pois haverá o perigo de exposição.
a.3. LIOFILIZAÇÃO: É realizada através de um liofilizador.
5
a.4. CONGELAMENTO EM NITROGÊNIO LÍQUIDO: Utilizado para conservação de
espermatozóides, Eimeria, Tricomonas e Babesia.
b) Conservadores Químicos
b.1. SOLUÇÕES FIXADORAS: São conservadores ideais para amostras que devem ser
submetidas a exames histológicos. Quando usar um fixador, o volume deste deve ser dez
vezes maior que o do material a ser fixado. Ex. Formol à 10%, Álcool etílico, Líquido de
Zenker, Solução de Bouin.
b.2. BACTERIOSTÁTICOS: São usados geralmente quando se pretende realizar cultura e
isolamento de vírus (impede a reprodução da bactéria). A relação entre o volume da
amostra e do conservador é a mesma citada para os fixadores (1:10). Ex. Glicerina pura ou
a 50%, líquido de Bedson, Líquido de Vallé, Ácido bórico.
b.3. BACTERICIDAS: Não devem ser usados para a conservação de espécimes com a
finalidade de exames bacteriológicos ou virológicos. Ex. Formol à 10% (usado para
preservação de fezes), Mertiolato 1:10.000 ( usado para preservação de soro sangüíeno -
1:9), Fenol à 0,5%.
2. COLETA E REMESSA DE AMOSTRAS AO LABORATÓRIO
2.1. URINA
Coleta: Pode-se esperar a micção natural, adaptar sacos de borracha na região
prepucial também é uma alternativa, pode-se ainda optar por massagem no prepúcio para
machos, e na região pré-pubiana para fêmeas, a compressão na bexiga para cães e gatos e o
cateterismo são largamente usados, enquanto que a punção na bexiga deve ser para casos
extremos.
ACONDICIONAMENTO PARA DIVERSOS EXAMES:
Sendo pequena a distância entre o animal e o laboratório, o uso de
conservantes pode ser dispensado. Entre os conservadores para urina podemos citar:
refrigeração, tolueno (quantidade suficiente para criar uma fina película na superfície),
formal à 40% (4 gotas/100ml de urina), timol (0,1g/100ml urina), congelamento (bom meio
de conservação para exame químico).
Bacteriológico ou virológico: remeter a amostra imediatamente após a coleta
sendo esta feita de forma mais asséptica possível.
OBS: PARA EXAMES BACTERIOLÓGICOS E VIROLÓGICOS UTILIZAR
SEMPRE VIDRARIA ESTERELIZADA, E REALIZAR UMA BOA ASSEPSIA.
6
2.2 SANGUE
COLETA: Geralmente é feita por punção venosa a qual deve ser realizada de acordo
com a seguinte sequência:
1. Depilar a região sempre que necessário;
2. Realizar a assepsia (álcool iodado);
3. Exercer o garrote ou fazer pressão com o dedo sobre o vaso sanguíneo a ser
puncionado;
4. Introduzir a agulha na veia, desprezar o garrote e aspirar o sangue;
5. Retirar a agulha e pressionar a região com algodão embebido com álcool iodado;
6. Desprezar a agulha e colocar o sangue no vidro com anticoagulante (levemente
inclinado), homogeinizar delicadamente (movimentos suaves).
OBS: O ideal é que a coleta de sangue seja feita antes de começar qualquer
tratamento (quando se quer diagnóstico).
LOCAL INDICADO PARA COLETA DE SANGUE
ESPÉCIE ANIMAL - LOCAL DE VENOPUNÇÃO - AGULHA*
CÃO . CEFÁLICA, JUGULAR, SAFENA - 25X7; 25X8; 25X9
GATO . IDEM - 25X7; 25X8
BOVINO . JUGULAR,CAUDAL,MAMÁRIA - 40X12; 40X16
EQÜINO . JUGULAR - 40X12; 40X16
OVINOS . JUGULAR -40X10;40X12;40X16
CAPRINOS . IDEM - IDEM
SUINOS . CAVA ANTERIOR, MARG.ORELHA - 40X12; 40X16
COELHOS . MARG. DA ORELHA, CARDÍACA - 25X7; 40X12
* 25X7: 25mm de comprimento e 0,7 mm de calibre
ACONDICIONAMENTO PARA DIVERSOS EXAMES
. ANÁLISES CLÍNICAS: Usar um anticoagulante. O EDTA é um bom exemplo. Junto
com o sangue coletado, mandar confeccionado o esfregaço sangüíneo, devidamente
embalado.
. BACTERIOLÓGICO OU VIROLÓGICO: Usar sangue desfibrinado ou usar a Heparina
como anticoagulante.
. PARASITOLÓGICO: Remeter esfregaços delgados, fixados em metanol. Para realizar a
fixação cobrir o esfregaço com metanol durante 3 minutos, escorrer e deixar secar em
temperatura ambiente. Exp: Babesia, Anaplasma...
. IMUNOLÓGICO: Usar o soro sangüíneo. Retirá-lo e enviar refrigerado. Exp: Brucelose,
AIE.
7
. DETERMINAÇÃO BIOQUÍMICA: A maioria se faz a partir do soro. Usar como
conservador o congelamento. Quando o sangue for total, recomenda-se uma refrigeração e
enviar imediatamente após a coleta.
ANTICOAGULANTES
São substâncias que impedem a coagulação sangüínea e são empregados para
obtenção do plasma ou células sangüíneas. Existem uma quantidade expressiva de
anticoagulantes e a eleição de um deles depende do exame a ser solicitado.
- EDTA: Quimicamente corresponde ao ETILENODIAMINOTETRACETATO de SÓDIO
ou POTÁSSIO. É o anticoagulante indicado para estudos hematológicos, exceto
determinação de Cálcio, Sódio e Potássio. Esta substância não interfere na morfologia
celular durante 24hs quando a amostra de sangue for refrigerada. Nos esfregaços observa-se
eritrócitos e leucócitos sem deformações, o que ocorre em virtude do EDTA impedir as
propriedades de adesividade e agregação das plaquetas. Assim as células apresentam-se
isoladas e com distribuição uniforme, o que facilita a contagem.
Para prevenir a coagulação de 5 ml de sangue, usar 1 gota de EDTA à 10%.
- PAUL HELLER: Este mantem o sangue líquido por um tempo indefinido. No entanto a
morfologia celular começa a ser alterada após 30 minutos em contato com o sangue. Este
coagulante não deve ser usado em transfusões sangüíneas em virtude da sua toxidez (tem
amônia na sua constituição). Cada 0,1ml previme a coagulação de 1,0 ml de sangue.
- CITRATO DE SÓDIO: Usado em solução à 3,8%, é indicado para transfusões sangüíneas,
VHS, e compatibilidade sangüínea. Usa-se na concentração de 1,0ml de solução para 9,0ml
de sangue, para transfusões sanguíneas ( 1:9 ).
- HEPARINA: Tem como desvantagem seu alto custo e a interferência na coloração dos
leucócitos, por isto não é usado para exames hematológicos. A solução à 1%, usando 0,1 ml
retarda a coagulação de 5ml de sangue. A heparina retarda a coagulação sanguínea pelo
período de aproximadamente 8 horas.
- FLUORETO DE SÓDIO: Normalmente é usado para determinação de glicose em virtude
deste inibir a glicólise. Mais comumente utiliza-se o Fluoreto de Na em mistura com outro
anticoagulante, como por exemplo o EDTA, resultando em EDTA FLUORETADO, usa-se
0,5 ml deste anticoagulante para evitar a coagulação e a glicólise de 5,0 ml de sangue.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA UTILIZAÇÃO DE ANTICOAGULANTES:
8
. O EDTA não deve ser usado em amostras cuja finalidade seja a determinação do
tempo de protrombina, pois provoca resultados aumentados.
. Não deve ser usado anticoagulante na forma de sódio e potássio quando form
necessária a dosagem destes elementos.
MODOS DE AÇÃO DOS ANTICOAGULANTES
- EDTA:Reage através de seus dois radicais ácidos com o cálcio plasmático, formando um
quelato com os elementos alcalinos terrosos, tornando-se insolúvel.
- FLUORETO DE SÓDIO: Quelante de cálcio, com a formação de sais insolúveis.
- HEPARINA: Atividade como inibidor da trombina e tromboplastina.
- CITRATO DE SÓDIO: Quelante de cálcio, com a formação de sais insolúveis.
CAPÍTULO II – HEMATOLOGIA
1.ERITROPOIESE E ERITROCINÉTICA
9
1.1.INTRODUÇÃO
Os exames hematológicos estão entre os mais práticos, econômicos e de maior utilidade na
prática clínica. Isto porque o tecido sanguíneo tem por função principal manter a
homeostase corpórea; deste modo é um “espelho” do animal no momento da coleta.
Juntamente com o exame de fezes e a urianálise, o hemograma é tido como exame de
primeira linha, ou seja, de triagem clínica. Quando bem indicado, e o material bem colhido
e acondicionado adequadamente, podem prestar grande auxílio ao clínico, quer no
diagnóstico, prognóstico ou controle terapêutico.
COMPOSTOS DO SANGUE
O sangue é composto por uma parte líquida e outra celular. A parte líquida, chamada
plasma(quando com anticoagulante), contém o fibrinogênio e o soro, este último contendo
os mais variados solutos orgânicos, como minerais, enzimas,hormônios,etc. A parte celular
é composta pelos eritrócitos, leucócitos e trombócitos (plaquetas nos mamíferos, que não
são células). Os leucócitos são constituidos pelos granulócitos (neutrófilos, basófilos e
eosinófilos) e os agranulócitos(linfócitos e monócitos).
FUNÇÕES DO SANGUE
A principal função do sangue é o transporte, quer de substâncias essencias para a vida das
células do corpo, tais como o oxigênio, o dióxido de carbono, nutrientes, hormônios, quer
de produtos oriundos do metabolismo e indesejáveis ao organismo, que são levados aos
órgãos de excreção. Ao sangue também se atribui o papel de defesa imunológica,
hemostasia e diversos outros, como o transporte de calor.
VOLUME SANGUÍNEO
O volume sanguíneo normal nas espécies domésticas está em torno de 6 a 10% do peso
corpóreo, com grande variedade intra e inter-espécies. Entre os pequenos animais, o cão
possui aproximadamente 10% e o gato 7%; a anemia nos gatos é portanto também por este
motivo, mais severa.
1.2.MATURAÇÃO DAS HEMÁCIAS
Existem elementos indispensáveis na produção de hemácias, um destes é a Vitamina B12,
denominado de fator extrínseco. O fator intrínseco é a mucoproteína, produzida pelas
células fúndicas da mucosa gastrointestinal (células parietais) e tem a função de solubilizar
a Vit.B12. A deficiência de um destes dois fatores, levará a um quadro de anemia
Perniciosa, pois haverá no sangue formas imaturas, não realizando muito bem suas funções.
A Vit.B12(cianocobalamina), é um nutriente essencial para todas as células do organismo,
verificando-se, em geral, depressão acentuada do crescimento dos tecidos na ausência dessa
vitamina. Esse efeito decorre da necessidade desta vitamina para síntese de ADN. Por
conseguinte, a falta dessa vitamina impede a maturação e a divisão nuclear. Como os
tecidos que produzem eritrócitos estão entre os de mais rápido crescimento e proliferação, a
falta de Vit.B12 inibe, em particular a velocidade de produção dos eritrócitos. Ademais, as
10
células eritroblásticas da medula óssea, além de serem incapazes de proliferar rapidamente
tornam-se maiores que o normal, transformando-se em megaloblastos, o eritrócito adulto
resultante, denominado macrócito, possui membrana delgada e, com frequência, tem forma
irregular, grande e oval, em lugar da forma bicôncava habitual. Quando penetram no sangue
circulante, esses macrócitos são capazes de transportar normalmente oxigênio, mas sua
fragilidade reduz seu tempo de sobrevida de metade a um terço do normal. Assim, a
deficiência de Vitamina B12 provoca uma deficiência de maturação no processo da
eritropoiese.
ANEMIA PERNICIOSA
A causa mais comum de deficiência de maturação não é a falta de vitamina B12 na dieta,
mas sua absorção inadequada pelo tubo gastrointestinal. Essa disabsorção é frequentemente
observada na doença denominada “anemia perniciosa”, em que a anormalidade básica
reside na atrofia da mucosa gástrica, que fica incapaz de secretar as secreções gástricas
normais. As células parietais das glândulas gástricas secretam uma glicoproteína,
denominada de fator intrínseco, que se combina à Vit.B12 da dieta, permitindo sua
absorção intestinal. Esse mecanismo atua da seguinte maneira: em primeiro lugar, o fator
intrínseco liga-se fortemente a vit. B12. Nesse estado fixo, a vitamina é protegida do
processo de digestão pelas enzimas gastrointestinais. Em segundo lugar, ainda no estado
fixo, o fator intrínseco liga-se a sítios receptores específicos existentes nas membranas da
borda em escova das células da mucosa do íleo. Por fim, a Vit. B12 é transportada para o
sangue durante as horas seguintes, provavelmente através do processo de pinocitose, que
transporta, juntos , o fator intrínseco e a vit. através da membrana.
Em consequência da ausência do fator intrínseco, determina a perda da vitamina, devido à
ação enzimática no intestino e a sua falta de absorção.
1.3.ORIGEM DOS ELEMENTOS FIGURADOS
.TEORIA MONOFILÉTICA: Todos os elementos figurados do sangue se originam de um
tipo único de célula precursora, denominada HEMOCITOBLASTO. Esta teoria é a mais
aceita, os glóbulos sanguíneos derivam de uma única célula fonte ou célula primordial, cuja
célula livre surge diretamente do mesênquima do embrião e tem potencial de diferenciação
estritamente hemocitopoiético.
.TEORIA POLIFILÉTICA: Alguns investigadores admitem a existência de mais de um tipo
de célula precursora. Esta teoria admite a existência de 2 tipos de células fonte, uma para os
linfócitos e outra para as demais células sanguíneas. Outros investigadores afirmam existir
uma célula fonte para cada tipo de glóbulo sanguíneo.
A existência destas teorias é consequência das dificuldades em se seguir as etapas de
diferenciação celular nos tecidos linfóides e mielóides. Nos órgãos hemocitopoiéticos,
embora as células se desenvolvam em ninhos(grupos de cél. da mesma origem), tal
sequência não existe, sendo as diversas etapas da diferenciação inter-relacionadas apenas
como base em caracteres morfológicos.
11
SÉRIE ERITROCÍTICA
De acordo com o seu grau de maturação, as células eritrocíticas são classificadas em:
.RUBRIBLASTO
.PRÓ-RUBRÍCITO
.RUBRÍCITO BASOFÍLICO
.RUBRÍCITO POLICROMÁTICO
METARRUBRÍCITO
.Reticulócitos
.Hemácias ou eritrócitos
SÉRIE GRANULOCÍTICA
O mieloblasto é a forma mais imatura, já determinada, para formar exclusivamente os tres
tipos de granulócitos. Os estágios seguintes de maturação são o mielócito, o metamielócito,
o granulócito com o núcleo em bastão e o granulócito maduro.
SÉRIE LINFOCÍTICA
A célula mais jovem da linhagem é o linfoblasto, que forma o prólinfócito, formando este
por sua vez, os linfócitos maduros. Os linfócitos originam-se diretamente da medula óssea,
e também em outros órgãos. Células precursoras saem da medula óssea, levadas pelo
sangue, e vão fixar-se nos órgãos formados por tecido linfóide, onde proliferam e produzem
linfócitos para o sangue.
SÉRIE MONOCÍTICA
Ao contrário dos granulócitos, que são células diferenciadas terminais, os monócitos são
células intermediárias, destinadas a formar macrófagos nos tecidos. A célula mais jovem da
linhagem é o promonócito, encontrado somente na medula óssea.
SÉRIE MEGACARIOCÍTICA
As plaquetas, no adulto, se originam na medula óssea vermelha, pela fragmentação dos
megacariócitos granulosos maduros. Estes, por sua vez, formam-se pela diferenciação dos
megacariócitos linfóides, também chamados de megacarioblastos.
Os eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas são produzidos exclusivamente na
medula óssea. A medula óssea é encontrada no canal medular dos ossos longos e nas
cavidades dos ossos esponjosos. Distinguem-se a medula óssea vermelha hematógena, deve
sua cor a presença de numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação, e a medula
óssea amarela, rica em células adiposas e que não produz células sanguínea
O processo básico da maturação da série eritrocítica é a síntese de hemoglobina e a
formação de um corpúsculo pequeno e que oferece o máximo de superfície para as trocas de
oxigênio. Durante a maturação das células, ocorre o seguinte:
12
1. O volume das células diminui
2. A cromatina torna-se cada vez mais densa, até que o núcleo se apresente picnótico e finalmente
expulso da célula
3. Os nucléolos diminuem de tamanho e depois tornam-se invisíveis no esfregaço
4. Há uma diminuição dos poliribossomas(basofilia) e um aumento de
hemoglobina(acidofilia) no citoplasma
5. A quantidade de mitocôndrias diminui.
ERITROPOIESE ( Segundo LOPES; BIONDO, 2009)
O processo de eritrogênese que resulta na formação de eritrócitos maturos é
conhecido como eritropoiese, levando em torno de sete a oito dias para se completar. O
núcleo eritrocitário é expulso no decorrer do processo de desenvolvimento nos mamíferos e
fagocitado por macrófagos locais. Enquanto nas aves, peixes, anfíbios e répteis as hemácias
são nucleadas.
As células ficam na medula óssea até a fase de metarrubrícito, e nas fases finais de
maturação, como o reticulócito, podem ser encontrados no sangue periférico em algumas
espécies. Os reticulócitos não são encontrados no sangue em condições de normalidade nos
equinos, bovinos, suínos e caprinos. A fase de proliferação, compreendida entre a célula
pluripotencial até o metarrubrícito, leva de dois a três dias, enquanto o restante consiste na
fase de maturação, levando em torno de cinco dias. A eritropoiese é formada na medula
óssea a partir de uma célula pluripotencial de origem mesenquimal chamada célula tronco
ou célula mãe que é estimulada a proliferar e diferenciar-se em “burst” de unidade
formadora eritróide (BUF-E) pela IL-3 e fator estimulante de colônia granulocítica-
monocítica (UFC-GM) na presença da eritropoietina (EPO). Esta diferenciação ocorre sob
influência do microambiente medular local e por citocinas produzidas por macrófagos e
linfócitos T ativados. A proliferação e diferenciação da BUF-E para unidade formadora de
colônia eritróide (UFC-E) resulta da presença destes mesmos fatores e pode ser
potencializado por fatores de crescimento adicional. A EPO é o fator de crescimento
primário envolvido na proliferação e diferenciação de UFC-E para rubriblasto, a primeira
célula morfologicamente reconhecível das células eritróides. A seguir seguem as
divisões/maturações em que serão formados: pró-rubrícito, rubrícito, metarrubrícito,
reticulócito e eritrócito. Os eritrócitos são células encarregadas de transportar oxigênio dos
pulmões aos tecidos e dióxido de carbono no sentido inverso.
A eritropoiese normal envolve um mínimo de quatro mitoses: uma na fase de
rubriblasto, outra no estágio de pró-rubrícito e duas no estágio de rubrícito basofílico. O
rubrícito basofílico matura-se em rubrícito policromático, que se transformará em
metarrubrícito. Ocasionalmente o rubrícito policromático pode se dividir. A denucleação do
metarrubrícito leva à formação de reticulócito, o qual finalmente matura-se, dando origem
ao eritrócito.
A nomenclatura recomendada para as células eritróides morfologicamente
identificáveis é: Rubriblasto – pró-rubrícito – rubrícito basofílico – rubrícito policromático
– metarrubrícito – reticulócito – eritrócito.
13
Eritropoiese nos mamíferos domésticos (segundo Jain, 1986)
2.REGULAÇÃO DA ERITROPOIESE
Ocorre um aumento na produção de eritrócitos nas situações em que há deficiência no
suprimento de oxigênio aos tecidos, como por exemplo, em pessoas que vivem em altitudes
elevadas, onde a tensão de oxigênio é baixa. O mesmo ocorre após hemorragias ou
destruição maciça de eritrócitos na corrente sanguínea (hemólise) .
A deficiência em oxigênio nos tecidos (hipóxia) determina o aparecimento, no sangue, de
uma glicoproteína chamada eritropoetina, que estimula o compartimento medular a
produzir maior número de eritrócitos. Em condições de hipóxia os rins produzem
eritrogenina, que atua sobre uma α-globulina do plasma, eritropoetinogênio, produzindo a
eritropoetina. A eritrogenina é sintetizada principalmente nos rins, mas outros órgãos
também a produzem, pois em animais que sofreram nefrectomia bilateral ainda aparece a
eritropoetina no sangue. O fígado é o sítio de síntese de EPO na fase fetal.
Vários órgãos endócrinos influenciam a eritropoiese, através de seus efeitos na
síntese de eritropoietina. A pituitária medeia estes efeitos através da produção de TSH,
ACTH e hormônio do crescimento; as adrenais através da produção de corticosteróides; as
glândulas tireóides através da produção de tiroxina; e as gônadas através da produção de
andrógenos e estrógenos. A única influência negativa é a do estrógeno.
Em conjunto com a eritropoietina, a IL-3 produzida por linfócitos T; o FEC-GM
por linfócitos T, células endoteliais e fibroblastos; e o FEC-G por macrófagos,
granulócitos, células endoteliais e fibroblastos estimulam a multiplicação de uma célula
progenitora eritróide jovem, a unidade formadora de explosão eritróide (UFE-E) e sua
diferenciação na célula progenitora da UFC-E. A UFE-E é relativamente insensível a
eritropoietina sozinha. Doses farmacológicas de andrógenos aumentam a taxa de glóbulos
14
vermelhos, estimulando a produção de eritropoietina ou potencializando sua ação, por isso,
machos apresentam maior número de eritrócitos que as fêmeas. Os estrógenos, por sua vez,
apresentam efeito inibitório sobre a eritropoiese.
Hormônios tireoidianos, hipofisários e adrenocorticais alteram a demanda de
oxigênio nos tecidos, alterando a necessidade de eritropoiese. Para que ocorra a adequada
multiplicação eritrocitária, há necessidade também de substrato para possibilitar a divisão
celular, principalmente material nucléico. Os substratos que constituem maior importância
são: a vitamina B12, o ácido fólico, o cobalto e o ácido nicotínico.
Na fase de maturação eritrocitária, o RNA mensageiro encarrega-se da
hemoglobinização citoplasmática. Nesta fase são importantes o ferro na forma ferrosa, o
cobre e a piridoxina.
ERÍTRON
Chama-se erítron ao conjunto formado pelos eritrócitos e pelas células precursoras destes
corpúsculos. A principal função do erítron é suprir o meio interno com o oxigênio
necessário ao metabolismo dos tecidos. Além disso, participa no transporte de CO2, gás que
também é transportado em dissolução no plasma.
O erítron pode ser dividido em 2 compartimentos funcionais:
1.Compartimento circulante ou sanguíneo; representado pelas hemácias e reticulócitos do
sangue;
2.Compartimento medular, onde ocorre a formação dos elementos do erítron.
Os reticulócitos passam para o sangue e se transformam em hemácias. Reticulócitos e
eritrócitos jovens podem apresentar Corpusculo de Howell-Jolly- retenção de núcleo
após a fragmentação nuclear ou extrusão incompleta dos núcleos dos metarrubrícitos.
A queda de tensão de oxigênio (PO2) no sangue estimula a produção de
eritropoetina, que acelera a divisão e o amadurecimento das células do compartimento
medular do erítron.
OBS: Um maior número de reticulócitos no sangue, acompanhado por um simultâneo
descrécimo de seu número na medula óssea, indicaria liberação mais rápida para o sangue, e
não uma formação mais acelerada.
2.1.MORFOLOGIA NORMAL DOS ERITRÓCITOS
Os eritrócitos ou hemácias dos mamíferos são anucleadas, e tem a forma de disco
bicôncava, ao microscópio aparece sob forma esférica. Nas aves, peixes e répteis tem a
forma de disco biconvexo e são nucleadas, e tem aspecto oval.
O eritrócito é muito flexível, o que lhe permite se adaptar à forma às vezes irregular dos
capilares.
A hemácia é constituída de uma membrana ESTROMA, e de hemoglobina. Esta
hemoglobina é formada por 4 subunidades, cada uma contendo um grupo HEME ligado a
15
um polipeptídeo. O grupo heme é um derivado porfirínico contendo um radical de ferro
(Fe++).
Além do tamanho eritrocitário característico para cada espécie animal, encontra-se
uma pequena porção de eritrócitos aproximadamente 10% maiores (macrócitos) ou então
com diâmetro menor (micrócitos).
ESTRUTURA DA HEMOGLOBINA E O TRANSPORTE DE GASES
Os gases apresentam baixa solubilidade em água, e o plasma é constituído por
aproximadamente 90% de água, portanto essa característica é problema para o oxigênio,
pois o dióxido de carbono é 40 vezes mais solúvel em água se comparado ao oxigênio. Para
tal, o oxigênio necessita de uma molécula de hemoglobina para realizar seu transporte pelo
organismo.
A hemoglobina é um pigmento de cor vermelha que tem afinidade pelo oxigênio. É
formada por quatro grupos prostéticos, chamado HEME, associados com a globina (uma
proteína tetramérica). A molécula de globina consiste em dois dímeros, α1 β1 e α2 β2 , cada
qual uma unidade fortemente aderida. Cada hemoglobina é formada por quatro globinas
associada ao grupo HEME, que é um composto nitrogenado não proteico, sendo uma
porfirina que contém um metal – ferro. O oxigênio é transportado pela hemoglobina
ligando-se ao ferro e a globina, sendo o ferro fundamental para esse transporte.
Quando o oxigênio está combinado com a hemoglobina chama-se de
oxihemoglobina (HbO2). Cada hemoglobina pode transportar 4 moléculas de oxigênio,
chamada de hemoglobina saturada. A medida que o oxigênio vai sendo liberado nos
tecidos vai ocorrendo a diminuição da saturação (a hemoglobina pode levar 4,3,2, 1 ou
zero). Quando a hemoglobina estiver sem oxigênio é chamado de desoxihemoglobina.
Hb + 4 O2 Hb (O2)4
Exemplo: Quando dizemos que a saturação de hemoglobina está em 95%, significa que
95% das hemoglobinas estão transportando 4 moléculas de O2, e os restante – 5% não
necessariamente serão desoxihemoglobina, pois podem estar transportando 1, 2 ou 3 O2.
16
O sangue arterial apresenta alta saturação de hemoglobina, já o sangue venoso é
mais baixo, mas mesmo no sangue venoso há hemoglobina transportando oxigênio. Um
exemplo disto é quando trancamos a respiração, e o sangue segue circulando e liberando
oxigênio nos tecidos, portanto a hemoglobina também é um depósito de oxigênio.
Quando a oxihemoglobina ganhar 1 hidrogênio, ela libera rapidamente o oxigênio e
se transforma em desoxihemoglobina. Podemos dizer que a desoxihemoglobina se
transforma em oxihemoglobina no pulmão através da hematose, e volta a ser
desoxihemoglobina nos tecidos.
H+ + HbO2 ↔ HHb + O2
A ligação de oxigênio com a Hb tem que ser possível de liberação, e há fatores que
facilitam essa liberação:
- aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) – nos tecidos;
- aumento da temperatura do sangue por atividade metabólica – nos tecidos;
- aumento dos íons de H+
e diminuição do pH;
- aumento nos produtos do metabolismo celular.
OBS: EFEITO BOHR Quando chega o hidrogênio a oxihemoglobina libera o oxigênio.
O dióxido de carbono (CO2) é transportado
– 7% solúvel no plasma;
- 23% como carbamilhemoglobina (HbCO2),
- 70% na forma de bicarbonato (HCO- 3).
Quando a célula usa oxigênio durante a respiração nas mitocôndrias gera CO2 e H2O.
CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO
- 3
O hidrogênio quando liberado baixa o pH e ocorre o efeito BOHR.
O dióxido de carbono não ocupa o mesmo espaço do oxigênio, porém o monóxido
de carbono compete pela ligação da hemoglobina, sendo a carboxihemoglobina tóxica para
o organismo, pois ocupa o espaço do oxigênio.
2.2 SOBREVIDA E DESTRUIÇÃO DOS ERITRÓCITOS
Os eritrócitos de cada espécie possuem meia vida intravascular característica:
Espécie animal - Vida média do eritrócito
Cão 120
Gato 70
Bovinos 160
Equinos 145
17
A perda de eritrócitos é continuamente balanceada por uma liberação de
reticulócitos ou células jovens da medula óssea para o sangue periférico, desta forma o
tamanho do erítron é mantido. Um exemplo disto é citado por KERR (2003), sendo que um
cão pesando aproximadamente 15 Kg cerca de 800.000 hemácias morrem e são repostas na
circulação por SEGUNDO. A destruição eritrocitária pode ocorrer intravascular, por
mudanças na permeabilidade de membrana e fragilidade celular; ou extravascular, pela ação
do sistema fagocítico mononuclear. A deformidade é importante na sobrevida da hemácia, e
depende da manutenção de sua forma, fluidez normal interna da hemoglobina e
propriedades viscoelásticas intrínsecas da membrana. Qualquer mudança nestas
características pode ativar a destruição fagocitária por macrófagos, que ocorre
primariamente no baço e fígado, mas também pode ocorrer na medula óssea. Os
macrófagos iniciam a fagocitose após reconhecerem anticorpos IgG aderidos a antígenos de
membrana em eritrócitos danificados e ou envelhecidos.
Após a destruição das hemácias, a membrana ou estroma é excretado pelo
organismo, enquanto a hemoglobina é reaproveitada pelo organismo, dando como resultado
uma substância chamada de bilirrubina indireta, que vai ao fígado e se transforma em
bilirrubina direta. Esta transformação consiste na combinação de bilirrubina indireta com o
ácido glicurônico. A bilirrubina indireta não é solúvel à nível renal, e a bilirrubina direta é.
A hemoglobina quando desdobrada, dará origem a um pigmento sem ferro, a bilirrubina.
O ferro formado por este desdobramento pode ser imediatamente armazenado sob a forma
de Ferritina, ou passar para o sangue onde se combinará com a transferrina que é a proteína
plasmática transportadora de ferro. Através desta, o ferro é levado para outras células (por
exemplo as células de kupfer) , onde se acumula para posterior utilização.
2.3.ERITRÓCITOS IMATUROS E ANORMAIS
.Anisocitose: Variação no tamanho dos eritrócitos. Observa-se comumente em animais com
anemias regenerativas, pois estão sendo liberados macrócitos para circulação.
.Reticulócitos:Eritrócitos imaturos, até 1% na circulação é considerado normal.
.Poiquilocitose: É um desvio significativo da forma normal do eritrócito.
Leptócito:São eritrócitos adelgaçados, nos quais a área superficial está aumentada, mas o
volume celular não se alterou. Estas células são mais resistentes a hemolise na solu,ão
salina; não agregam a outras células com facilidade, podem ficar aprisionados no botão
leucocitário, fazendo com que esta camada geralmente esbranqui,ada, tome um tom
rosado. O leptócito tem, as vezes, uma dobra que atravessa a célula transversalmente.
Codócitos: Também é considerado uma forma de leptócito.Esta cél. caracteriza-se por
uma secção central que se cora intensamente, circundada por uma área clara
despigmentada, que por sua vez está em volta por um anel citoplasmático corado. Rstas
células são mais comuns em sangue canino. Estas cél. são mais facilmente encontrados
em animais acometidos de processo patológico
crônico.
18
Esferócitos: Estas cél. são mais comumente encontrados nocão; são menores que os
eritrócitos normais, coram-se mais intensamente e não tem descoloração central. Essa
condição é comum em cães com anemia hemolítica auto-imune.
.FRAGMENTAÇÃO DOS ERITRÓCITOS:
Queratinócitos: se há um ou mais cortes incompletos;
Esquizócitos: se há um corte completo;
Cnizócitos: se a forma apresentada é tricôncava.
Estas fragmentações podem ocorrer em anemias hemolíticas. Está também associada à
deficiência de ferro, na formação de corpúsculos de Heinz. Também podem estar presentes
em episódios de CID (coagulação intravascular disseminada ).
.ACANTÓCITOS: São eritrócitos apresentando projeções arredondadas. Estas células
podem aparecer em bovinos sadios e em cães com hepatopatias.
.CRENAÇÃO (PROJEÇÕES NA SUPERFÍCIE DO ERITRÓCITO): Não tem significado
clínico, decorre da secagem retardada, exposição a agente lítico ou presença de soluções
hipertônicas. Também ocorre quando o sangue permanece em repouso.
2.4.INCLUSÕES ERITROCITÁRIAS
.RETICULÓCITOS: Não são reconhecidos pelos métodos rotineiros de coloração, e sim
pelas soluções: Sol. à 1% de azul brilhante de cresil em salina fisiológica e outras soluções
que serão dadas na técnica de contagem de reticulócitos. Os reticulócitos corados desta
forma tem uma pontuação azulada no centro da célula.
O grau de reticulocitose é proporcional a atividade eritropoiética, pois uma contagem
aumentada de reticulócitos indicará um incremento no eritrogênese. Uma hemorragia aguda
será seguida de uma abundante liberação de reticulócitos, que irá indicar eritropoiese
acelerada. A hemorragia crônica é usualmente seguida, e acompanhada, por reticulocitose,
mas em níveis não tão altos quanto nas reticulocitoses associadas com hemorragias agudas.
Se uma contagem de reticulócitos persistir alta é a regra em quadros de anemia crônica,
uma queda súbta a valores muito baixos pode indicar uma falência presente, ou iminente, da
medula óssea.
Os reticulócitos não são encontrados no sangue de Equinos, Ovinos, Bovinos, essas células
maturam no interior da medula óssea destes animais. No cão e no gato há cerca de 0,5 a 1%
de reticulócitos no sangue normal. No suíno pode aparecer até 2% destas células.
Tabela 1. Grau de resposta da medula na produção de reticulócitos (%)
Grau de resposta (canino) (felino) (ruminantes e eqüinos)
Normal 0-1,5 0-0,4 ausentes
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Leve 1-4 0,5-2,0 1 é sinal regenerativo
Moderada 5-20 3,0-4,0
Intensa 21-50 >50
.PONTEADO BASÓFILO: A basofilia pontilhada caracteriza-se pelo aparecimento de
agregados puntiformes de material basófilo sob a forma de grande número de granulações
finas ou grosseiras, presentes no eritrócito. Essa condição é observada em anemias das
espécies bovinas e ovinas; podem também surgir em algumas condi,ões anemicas dos
felinos. Também pode ocorrer em cães por envenenamento por Chumbo.
.POLICROMATOFILIA: Eritrócitos mostram um tom azulado pálido devido a uma mistura
de cores características de hemoglobina e do citoplasma eritrocitário. Tais células,
usualmente reticulócitos, ocorrem em associação com anemias.
.CORPÚSCULO DE HOWELL-JOLLY: São remanescentes eritrocitários do material
nuclear, após a extrusão do núcleo do metarrubrícito. Estes são visualizados como corpos
esféricos azulados, isolados ou as vezes em dupla, no interior dos eritrócitos. No Bovino,
eles precisam ser diferenciados do anaplasma marginale. Esses corpúsculos são comuns em
qualquer episódio de anemia severa. Sua ocorrência pode variar com as espécies animais.
1% dos eritrócitos de felinos regularmente possuem um corpo excêntrico;
Eventualmente no sangue canino;
Comuns em leitões jovens, até 3 meses;
Eventualmente são vistos no eritrócito do equino; neste animal, os corpúsculos variam
consideravelmente em suas dimensões, sendo usualmente negros, e localizados
excentricamente.
.CORPÚSCULO DE HEINZ: São inclusões refrativas pequenas, redondas ou irregulares,
que podem ocorrer isolada ou multiplamente dentro de um eritrócito. Estão frequentemente
eaasociadas com anemias hemolíticas produzidas por agentes tóxicos aos eritrócitos.
3.LEUCÓCITOS
Os leucócitos ou células brancas do sangue são corpúsculos incolores implicados nas
defesas celulares e imunológicas do organismo.
20
GRANULOPOIESE
A granulopoiese ou granulocitopoiese envolve a produção de neutrófilos, eosinófilos
e basófilos, através de um processo ordenado. O tradicional conceito de granulopoiese
determina a formação de neutrófilos, eosinófilos e basófilos com origem em um precursor
celular, o pró-mielócito. Recentes estudos, no entanto, têm demonstrado que cada um destes
três tipos de granulócitos possui um pró-mielócito jovem específico e com características
ultra-estruturais e citoquímicas próprias.
Na medula óssea, sob estímulos apropriados, a célula pluripotencial origina células
progenitoras confinadas que produzem os vários granulócitos. Esta célula com potencial de
produção de neutrófilos e monócitos é conhecida como Unidade Formadora de Colônia
Granulocítica-Monocítica (UFC-GM), pois em seu estágio inicial é bipotencial. Em
seguida, sob estímulo apropriado, a UFC-GM diferencia-se em células unipotenciais, UFC-
G e UFCM. Similarmente há também a existência de progenitores celulares distintos para
eosinófilos (UFC-Eos) e basófilos (UFC-Bas).
As células unipotenciais são morfologicamente identificáveis e são precursores
conhecidos como mieloblastos, que se dividem, diferenciam-se e maturam-se nos
granulócitos sanguíneos específicos.
Regulação da granulopoiese
O número de leucócitos específicos que adentram e deixam o sangue é mantido
constante mediante diversos mecanismos e condições, ver tabela abaixo:
Estimuladores e inibidores da granulopoiese
Processo Estimuladores Inibidores
Granulopoiese UFC-GM, UFC-G Fator inibidor de Colônia
Granulopoietina Lactoferrina, Transferrinas
Linfocinas (IL-3) Certas linfocinas PGE1 e PGE2
Eosinofilopoietina Fator esplênico
Basofilopoietina Ferro em diferentes quantias
Linfopoiese Interleucina - Interferon Corticóide
Granulocinética
É a informação quantitativa sobre a produção de granulócitos na medula óssea e
suas fases intravascular e tecidual. Em estudos dos granulócitos, no sangue e medula óssea,
21
marcados com radioisótopos, foi possível determinar os compartimentos dos neutrófilos em
humanos. Também alguns estudos foram realizados em animais.
Três compartimentos funcionais de granulócitos são reconhecidos na medula óssea:
1. Compartimento proliferativo ou mitótico, consistindo de mieloblastos, pró-mielócitos
e mielócitos;
2. Compartimento de maturação ou pós-mitótico, consistindo de metamielócitos e
bastonetes;
3. Compartimento de reserva ou estoque, primariamente composto de neutrófilos maturo
e alguns bastonetes. Um precursor neutrofílico no compartimento de multiplicação
geralmente sofre 4 mitoses, uma no estágio de mieloblasto, outra no de pró-mielócito e duas
na fase de mielócito. Sob certas circunstâncias, a mitose pode se manter ou mitoses
adicionais podem ocorrer, numa taxa de 3 a 7 mitoses.
Neutrófilos
Morfologia: Possuem um diâmetro de 12µm, apresentam núcleo pouco volumoso e
formado por 2 a 5 lóbulos (mais frequente 3 lóbulos) ligados entre si. A célula jovem tem
núcleo não segmentado em lóbulos, sendo chamada de neutrófilo em bastão ou bastonete
(forma de bastonete curvo). Neutrófilos maturos normalmente emergem à corrente
sanguínea em torno de 3 a 5 dias no cão, 4 a 6 dias no bovino e 7 a 11 dias no homem.
Conforme Eurell e Frappier (2012), os grânulos dos neutrófilos contêm muitas enzimas
hidrolíticas e substâncias antibacterianas necessárias para a inativação e digestão de
microorganismos fagocitados. Os neutrófilos também possuem sistemas dependentes e
independentes de oxigênio para destruirção de microorganismos internalizados nos seus
grânulos.
FUNÇÕES: Constituem a primeira linha de defesa celular contra a invasão de
microorganismos, sendo fagócitos ativos de partículas de pequenas dimensões.
Eosinófilos
Morfologia: possuem diâmetro de 9µm, sendo, portanto um pouco menor do que o
neutrófilo. Seu núcleo, em geral, é bilobulado (característica para diferenciar dos
neutrófilos). A principal característica para a identificação do eosinófilo é a presença de
granulações ovóides que se coram pela eosina (laranja).
O maior sítio de produção de eosinófilos é a medula óssea, embora também ocorra em
menor grau em outros tecidos como baço, timo e linfonodos cervicais. Em geral, os
eosinófilos são produzidos em torno de 2 a 6 dias e adentram no sangue periférico
aproximadamente 2 dias após. Sua meia vida intravascular é de 4 a 6 horas em humanos e
menos de 1 hora nos cães; a seguir entram tecidualmente e normalmente não retornam para
a circulação sanguínea. A histamina, liberada por mastócitos e basófilos em resposta a
uma lesão tecidual ou a reações alérgicas, é o principal fator quimiotático para os
eosinófilos.
A principal citocina responsável por estimular sua produção é a IL-5, produzida por
linfócitos T sensibilizados.
22
FUNÇÕES: desempenha papel importante nas reações inflamatórias, alérgicas e
anafiláticas e no controle das infestações por parasitos (principalmente helmintos).
1.Fagocitar e destruir determinados complexos de antígenos anticorpos(Ag-Ac).
2.Limitar e circunscrever processos inflamatórios.
Basófilos
Morfologia: Medem cerca de 12µm de diâmetro e tem um núcleo bem volumoso, com
forma retorcida e irregular, geralmente com aspecto de lerea “S”. O citoplasma dos
basófilos é carregado de grânulos, os quais muitas vezes obscurece parcialmente o núcleo.
Devido ao pequeno número destas células, seu estudo é particularmente difícil.
Seus grânulos contêm histamina e heparina. A histamina desempenha papel fundamental
nas reações de hipersensibilidade imediata (urticária, anafilaxia e alergia aguda). A heparina
tem um efeito anticoagulante importante no processo inflamatória.
Basófilos ativos são capazes de sintetizar diversas citocinas que iniciam ou modulam a
resposta inflamatória.
Linfócitos
Morfologia: São células esféricas, com diâmetro variável entre 6 a 8µm. Os linfócitos com
estas dimensões são conhecidos como linfócitos pequenos. No sangue circulante ocorre
ainda uma pequena percentagem de linfócitos médios, sendo raros os linfócitos grandes.
Esta classificação não tem significado funcional. O linfócito pequeno, que é o tipo
predominante no sangue, tem núcleo esférico, sua cromatina se dispõe em grumos
grosseiros, de modo que o núcleo aparece escuro nos preparados usuais, que favorece a
identificação do linfócito.
FUNÇÕES: Os linfócitos T especializam-se na defesa a tecidos estranhos no organismo,
além disso são importantes para a rejeição ou eliminação de células tumorais. Os linfócitos
T possuem longevidade de 100 dias ou mais.
Os linfócitos B possuem tempo de vida em torno de 5 dias e estão em condições de
reconhecer antígenos. Estes dois tipos constituem a meméria imunológica.
Monócitos
Morfologia: Estes agranulócitos tem diâmetro variável entre 9 a 12 µm (14 a 22µm). Seu
núcleo é ovoide, em forma de rim ou de ferradura, sendo geralmente excêntrico. O núcleo
dos monócitos é mais claro do que os demais leucócitos.
23
Os monócitos do sangue representam uma fase na maturação da célula mononuclear
fagocitária originada na medula óssea. Esta célula passa para o sangue, onde permanece
alguns dias, e penetra no tecido conjuntivo e em alguns órgãos, transformando-se em
macrófagos.
3.1.LEUCÓCITOS ANORMAIS
1.Célula do Lupus Eritrematoso(LE): Geralmente um neutrófilo que se distende por um
corpo intracitoplasmático, homogêneo de cor roxo púrpura, com os lóbulos de seus núcleos
compridos na periferia da massa.
2.Cristal de Charcot-Leyden: Cristal que se encontra nas secreções de locais onde abundam
os eosinófilos: por exemplo, nas secreções bronquiais de pacientes asmáticos ou as vezes
em apcientes com parasitoses intestinais; é derivado de produtos de desintegração dos
eosinófilos.
3.Corpúsculo de Döhle: Pequenos corpos (1 a 2 µ) redondos ou ovalados, de cor azul gris
no citoplasma dos neutrófilos; derivam-se da utilização incompleta do ácido ribonucléico
na maturação; observa-se em pacientes que mostram efeitos tóxicos de enfermidade
generalizada, ou processo inflamatório. É observado com maior frequencia nos felinos,
ocasionalmente nos caninos e outras espécies. Indicam toxemia e uremia.
4.Eritrofagocitose: Eritrócitos englobados por células fagocíticas como monócitos; se
observam frequentemente na anemia hemolítica auto imune e em parasitoses sanguíneas
como a hemobartonelosis.
5.Granulações Tóxicas: Neutrófilos contendo grânulos mais condensados e de cor púrpura
mais escuro que o normal. Em ocasiões o citoplasma é basófilo e vacuolado. Se observa em
infecções graves e em outros estados tóxicos que interferem na maturação citoplasmática
normal e portanto inibem a transformação normal de grânulos. Estas formas podem ser
confundidas pela coloração abundante. São manifestações em processos tóxico-sistêmicos.
6.Neutrófilos hipersegmentados: Um neutrófilo segmentado com mais lóbulos do que o
normal, geramente mais de 4. Indica retenção do neutrófilo na circulação por mais tempo do
que dura em condições normais. Pode ser observado em uma série de enfermidades. Os
corticosteróides, stress, evitam a diapedese das células e estas continuam envelhecendo na
circulação; pode ser observado em enfermidades crônicas, aparece como artefato em sangue
contendo anticoagulantes, deficiência de vitamina B12 e ácido fólico, em transtornos
mielorpoliferativos e na anemia hemolítica auto imune.
7.Neutrófilos gigantes: Maturação neutrofílica defeituosa, pode ocorrer devido a um atraso
na maturação do citoplasma onde a célula não se divide no momento adequado, já que o
núcleo continua sua maturação. Observa-se em algumas enfermidades inflamatórias graves
no gato, como a fase de recuperação na Panleucopenia e em ocasiões, na leucocitose
extrema.
4. PLAQUETAS OU TROMBÓCITOS
24
São corpúsculos anucleados com a forma de disco, medindo cerca de 2 a 4µm de
diâmetro. Existem apenas nos mamíferos. Sua concentração no sangue é muito variável e os
métodos para sua contagem são poucos precisos, devido a propriedade que tem as plauqetas
de se aglutinares.
Funções: A principal função das plaquetas relaciona-se com a capacidade que tem o sangue
de impedir sua própria saída quando os vasos sanguíneos são lesados. Quando se rompe um
vaso sanguíneo, as plaquetas da zona da lesão liberam a Serotonina contida em seus
grânulos. A serotonina que é vasoconstritora, determina a contração da musculatura lisa dos
vasos, fazendo parar ou diminuir o fluxo de sangue na área lesada. As plaquetas aderem
facilmente ao colágeno exposto pela lesão e, junto com as células endoteliais atingidas pelo
ferimento, liberam a Tromboplastina. Esta faz a conversão enzimática da protrombina do
plasma em trombina, esta converte o fibrinogênio em fibrina. Após sua formação, a fibrina
forma uma matriz fibrilar que prende mais plaquetas e células do sangue, dando origem ao
“tampão hemostático”, que é a base do coágulo sanguíneo.
As plaquetas liberam também Trombosteína, uma proteína contrátil, que se incorpora ao
coágulo e causa sua retração. Subsequentemente, as enzimas das plaquetas podem
contribuir para a lise e remo,ão do coágulo, após cessar a hemorragia.
PDW – amplitude de distribuição das plaquetas
VPM – volume plaquetário médio
São corpúsculos anucleados medindo cerca de 2 a 4µm de diâmetro. Existem apenas
nos mamíferos. Em indivíduos saudáveis apresentam uniformidade de tamanho.
OBS: o diâmetro das plaquetas de felinos é maior e mais variável em relação a outras
espécies, podendo muitas vezes exceder o tamanho dos eritrócitos.
Plaquetas maiores que os eritrócitos normais são tipicamente classificados como
gigantes e quando o número destas plaquetas parece aumentado ao microscópio, elas devem
ser relatadas.
Considerando que o VPM é uma média de todas as plaquetas, subpopulações de
plaquetas grandes podem estar presentes sem aumento na VPM. Plaquetas grandes podem
não estar incluídas em cálculos do VPM se elas forem muito grandes para serem detectadas
como plaquetas.
Quando o tamanho for maior, porém sem exceder o tamanho do eritrócito, elas podem
não ser referidas como grandes, mas o VPM pode estar aumentado.
Sua forma varia conforme sua atividade, quando não estão ativadas são discoides e
aparecem na maioria das vezes arredondadas, oval ou alongadas em esfregaços sanguíneos
feitos com sangue sem a presença de anticoagulantes. Tornam-se esferoides na presença de
EDTA. Quando as plaquetas aparecem alongadas, provavelmente, representam segmentos
25
de pseudópodes de megacariócitos não divididos (proplaquetas), podendo ser mais
numerosas durante condições de trombopoiese estimulada. Plaquetas ativadas podem
apresentar pseudópodes periféricos.
Sua concentração no sangue é muito variável e os métodos para sua contagem são
poucos precisos, devido a propriedade que tem as plaquetas de se aglutinarem.
As plaquetas são constituídas por uma membrana fosfolipídica contendo glicoproteínas
importantes em interações entre células e fosfolipídios essenciais para a coagulação.
Apresentam um sistema tubular denso de retículo endoplasmático que armazena Ca2+
para
ativação plaquetária e que é importante na síntese de tromboxano.
Produção de plaquetas (segundo STOCKHAM; SCOTT, 2011; KERR, 2003).
O processo de formação de plaquetas circulantes pelas células tronco hematopoiéticas
pode ser dividido em megacariopoiese e trombopoiese.
- Megacariopoiese – é a proliferação e a maturação de megacariócitos, ocorre em tecidos
hematopoiéticos, sobretudo a medula óssea. Células progenitoras mieloides residentes
respondem a citocinas, principalmente a TROMBOPOIETINA (Tpo), ao sofrerem
proliferação e maturação. Uma produção basal limitada de megacariócitos ocorre na
ausência de Tpo.
- Trombopoiese – é a formação de plaquetas a partir de megacariócitos e sua liberação
para a circulação, também é mediada principalmente pela Tpo, mas produção basal de
plaquetas pode ocorrer na ausência de Tpo.
A trombopoiese ocorre na medula óssea e em outros locais de hematopoiese (por ex.
baço). Ela ocorre também nos pulmões, onde os megacariócitos residem após deixar a
medula óssea.
As plaquetas formam-se a partir de megacariócitos de estágio tardio. Elas parecem
desprender-se diretamente no sangue por fragmentação citoplasmática ou pela constrição
periódica de pseudópodes citoplasmáticos megacariocíticos que se estendem para dentro de
seios vasculares.
Trombopoietina
A Tpo é produzida principalmente nos hepatócitos, no epitélio tubular renal e em
células do estroma da medula óssea.
26
Em condições fisiológicas a produção é constante e removida mediante captação
mediada por receptor e destruição por plaquetas e megacariócitos. De outra forma, massas
de plaquetas e megacariócitos exercem controle sobre a Tpo plasmática, e em geral há uma
relação inversa entre as plaquetas e a Tpo do sangue e medula óssea.
Com redução na massa plaquetária, uma quantidade maior de Tpo permanece não
ligada e está disponível para estimular os megacariócitos. Entretanto, quando hiperplasia de
megacariócitos está associada a trombocitopenia, mais Tpo se tornará ligada a
megacariócitos e a Tpo sanguínea será menor do que a esperada com base exclusivamente
nas plaquetas.
À medida que as plaquetas aumentam mais Tpo é ligada e removida da circulação,
de modo que ocorre menos estimulação de megacariócitos ou de células-tronco.
A produção de Tpo aumenta em determinados estados patológicos:
- inflamação causa aumento de IL-6, que induz hepatócitos a produzir mais Tpo, o
que, por sua vez, pode causar trombocitose. Em consequência da produção aumentada de
Tpo, a Tpo do plasma na trombocitose inflamatória é maior do que a esperada em relação as
plaquetas.
As plaquetas ativadas podem liberar Tpo, aumentando assim as concentrações
sanguíneas durante condições de consumo de plaquetas.
Cinética plaquetária
- As plaquetas no sangue são geralmente estabelecidas pelas taxas de produção,
consumo e destruição de plaquetas bem como pelo desvio de plaquetas da circulação e para
a circulação.
- A produção de plaquetas é influenciada principalmente pelo grau de estimulação de
citocinas e pelo número de células responsivas. O tempo de maturação total de
megacariócitos varia de 2 a 10 dias (humanos e roedores).
- O consumo de plaquetas é contínuo em virtude do reparo constante de defeitos
vasculares de menor gravidade. O período médio de vida é em torno de 5 a 10 dias em
indivíduos sadios. Os fatores que influenciam o tempo de vida não são conhecidos, porém o
baço é importante na sobrevida de plaquetas em cães. Cães esplenectomizados
27
apresentaram sobrevida das plaquetas (8 dias) quase 50% mais prolongada do que em cães
não esplenectomizados (5 a 6 dias).
- O baço de humanos e de coelhos abrigam cerca de 33% das plaquetas sanguíneas
em qualquer momento. Epinefrina e contração esplênica podem mobilizar essas plaquetas
para a circulação, ao passo que ingurgitamento esplênico pode aprisionar mais plaquetas. A
mobilização e armazenamento esplênico de plaquetas são esperados em outras espécies.
Funções
A principal função das plaquetas relaciona-se com a capacidade que tem o sangue de
impedir sua própria saída quando os vasos sanguíneos são lesados.
- Manutenção do endotélio vascular. As plaquetas são essenciais para manter a
integridade do endotélio capilar e estão constantemente sendo incorporadas ao próprio
endotélio para realizar esta função. Em casos de trombocitopenia grave (contagens abaixo
de 20 x 109/L), o endotélio torna-se fraco e as hemácias podem sair através da parece
capilar intacta, resultando em petéquias, equimoses e até mesmo hemorragia espontânea.
- Reparo do endotélio lesado, sendo nesta situação que as plaquetas funcionam como
parte integrante do processo de coagulação.
1. Uma lesão do endotélio expõem a base de colágeno e uma única camada de plaquetas
adere-se ao local lesado (plaquetas normalmente não se aderem a vasos sanguíneos
intactos).
2. Uma vez que as plaquetas são expostas as fibras colágenas da parede do vaso,
serotonina, histamina e ADP são liberados no local (“liberação plaquetária”). O ADP
provoca aderência da segunda camada de plaquetas à primeira e agregação de um plug
plaquetário.
3. O plug se retrai para formar um forte tampão que sela o local lesado. Com o passar do
tempo, este plug é substituído pelo endotélio normal.
As plaquetas liberam também Trombosteína, uma proteína contrátil, que se incorpora ao
coágulo e causa sua retração. Subsequentemente, as enzimas das plaquetas podem
contribuir para a lise e remoção do coágulo, após cessar a hemorragia.
28
- Funções plaquetárias não hemostáticas: são importantes na inflamação e cicatrização
de feridas. Elas interagem com os leucócitos e liberam aminas vasoativas, citocinas,
mitógenos e fatores de crescimento.
Trombocitopenia
É um estado patológico em que o número de plaquetas é menor que um limiar de
referência inferior estabelecido. Ex: cães Greyhound apresentam concentrações menores de
plaquetas em relação a outras raças.
Indica um processo patológico e seu significado principal é a potencialização de
sangramento. Sua presença pode sugerir distúrbios ou doenças específicas.
Sinais clínicos: Petéquias e equimoses. Sangramento em mucosas (epistaxe,
hematoquezia ou melena), hematúria e hemorragia prolongada após traumatismo acidental
ou intencional (ex. venopunção).
Doenças e condições que causam trombocitopenia – tabela 4.2 pg 197 (STOCKHAM;
SCOTT, 2011).
Contagem de plaquetas
É a avaliação quantitativa das plaquetas. Valor acima da referência da espécie
confere uma trombocitose e valores abaixo, uma trombocitopenia. A contagem pode ser
automática ou em um hemocitômetro. A amostra deve ser coletada de forma não
traumática, pois o trauma pode causar a ativação plaquetária com formação de agregados
que podem falsamente diminuir o número de plaquetas. Requer amostra com EDTA
(etileno diamino tetraacetato de sódio ou potássio). A contagem em hemocitômetro possui
alto coeficiente de erro (20 a 25%).
A contagem em gatos é difícil devido ao grande tamanho das plaquetas.
As plaquetas podem ser estimadas pela observação no esfregaço sanguíneo com
objetiva de 100x. Deve-se contar no mínimo 10 campos e fazer uma média:
- 10 a 20 plaquetas/campo = normal
- 4 a 10 plaquetas/campo = trombocitopenia
- < que 4 plaquetas/campo = severa trombocitopenia
- 1 plaqueta/campo = 15.000 a 20.000 plaquetas/ L
29
A avaliação da morfologia das plaquetas também deve ser feita, a presença de
macroplaquetas ou agregados plaquetários exerce influência sobre a contagem e função
plaquetária e por isso devem ser descritos no laudo.
Valores normais de plaquetas/μL:
- Cão: 200.000 a 500.000
- Gato: 200.000 a 500.000
- Eqüino: 100.000 a 600.000
- Bovino: 200.000 a 800.000.
4.1.COAGULAÇÃO SANGUÍNEA
Segundo Santos (2008), a hemostasia é o mecanismo que mantém a fluidez do sangue
pelos vasos. Inclui o controle da hemorragia e a dissolução do coágulo, por meio de eventos
mecânicos e bioquímicos.
Didaticamente pode-se dividir a hemostasia em primária, secundária e terciária, embora
os três processos estejam inter-relacionados. Na hemostasia primária, tem-se vasoconstrição
local, adesão e agregação plaquetária com conseqüente formação de um tampão plaquetário
inicial. A hemostasia secundária compreende uma série de reações em cascata cujo
resultado final é a formação de fibrina a partir do fibrinogênio que confere estabilidade ao
coágulo. A hemostasia terciária ou fibrinólise é ativada na mesma ocasião da coagulação,
existindo um equilíbrio fisiológico entre as mesmas, onde a plasmina atua degradando a
fibrina e desfazendo o coágulo formado. Os vasos sanguíneos também participam
ativamente no processo de coagulação.
Hemostasia primária
Na hemostasia primária, tem-se vasoconstrição local, adesão e agregação plaquetária com
conseqüente formação de um tampão plaquetário inicial. Por agregação plaquetária
entende-se a fixação de uma plaqueta em outra e por adesão entende-se a fixação de uma
plaqueta no vaso sanguíneo. Para que ocorra a agregação e a adesão é necessário que esteja
presente o fator de von Willebrand, uma glicoproteína que facilita estas ações.
Cinética plaquetária
As plaquetas são formadas na medula óssea, a partir da célula pluripotencial (steam cell),
que vai dar origem a linha megacariocítica. A primeira célula da linha dos megacariócitos é
30
o megacarioblasto que vai formar o pró-megacariócito e megacariócito. A divisão
celular cessa, mas a divisão nuclear continua. Pode-se encontrar células de 4 a 64 núcleos.
Este processo é chamado endomitose. As plaquetas são simplesmente pequenos fragmentos
do citoplasma do megacariócito liberados na corrente sangüínea. O citoplasma do
megacariócito é formado por longos pseudopodes que penetram nos sinusóides das células
endoteliais, liberando as plaquetas que são observadas como pequenos discos com grânulos
vermelhos com 2 a 5 m de diâmetro (em gatos o tamanho é variável) na circulação
sanguínea.
Após a estimulação as plaquetas aparecem entre 3 e 5 dias, e são controladas pela
trombopoetina e também pela eritropoetina, possuem uma vida média em torno de 8 dias,
sendo que cerca de um terço das plaquetas são seqüestradas pelo baço.
- Valor normal em torno de 300 000/ l.
- Menos que 100 000/ l é claramente uma trombocitopenia.
- 50 000/ l é suficiente para prevenir hemorragia.
- 20 000/ l ocorre hemorragia espontânea.
Função das plaquetas na hemostasia
A função primária das plaquetas é a manutenção da hemostasia por meio da
interação com as células endoteliais mantendo a integridade vascular. Adesão, agregação e
liberação plaquetária são eventos que podem ocorrer simultaneamente ou
independentemente, dependendo das condições de estímulos e circunstancias. O transtorno
de qualquer um destes processos podem levar à desordens hemorrágicas. A adesão é a
aderência das plaquetas no local da lesão. Esta adesão plaquetária ao endotélio é efetuada
por meio de seus receptores de superfície para o colágeno e fator de Von Willebrand que,
portanto o liga plaqueta ao colágeno do subendotélio. A agregação é uma resposta básica
para a liberação de ADP na presença do cálcio. A reação de liberação promove a agregação
de agrupamentos plaquetários e o acúmulo de mais plaquetas e assim uma série de reações
em cadeia para formar uma capa para deter a hemorragia.
As plaquetas se aderem ao colágeno do sub-endotélio e liberam aminas vasoativas
(serotoninas, catecolaminas, adrenalina e outras) que promovem a vaso constrição local
com liberação de ADP (adenosina difosfato). O vaso contrai-se diminuindo o fluxo de
sangue no local, causando a agregação das plaquetas em resposta a liberação de ADP na
presença dos íons cálcio, formando a primeira camada de plaquetas. Estas plaquetas
agregadas liberam ATP (adenosina trifosfato) que é degradado a ADP por ATPase que
31
facilita a maior agregação das plaquetas no local da parede do vaso lesionado, sendo o
suficiente para deter a hemorragia, constituindo a primeira fase da coagulação.
As plaquetas também são importantes na coagulação sanguínea por fornecer
fosfolipídio plaquetário (fator III plaquetário que atua como um acelerador dos processos de
coagulação) e por carrear vários fatores de coagulação em suas superfícies. Após a
formação da primeira camada, inicia-se um depósito dos fatores de coagulação, culminando
com a transformação do fibrinogênio em fibrina, havendo um depósito sobre as plaquetas,
formando um trombo que constitui a fase terminal da coagulação sanguínea.
Após a formação do tampão hemostático, iniciam-se os mecanismos fibrinolíticos,
que promovem a degradação enzimática do fibrinogênio e da fibrina e outros fatores da
coagulação ativados, permitindo o reparo definitivo da injúria vascular e o controle sobre os
eventos trombóticos. A manutenção do sangue dentro dos vasos e a sua fluidez por dentro
dos mesmos é mantida pelo equilíbrio entre a coagulação e a fibrinólise.
Hemostasia secundária
A hemostasia secundária compreende uma série de reações em cascata cujo
resultado final é a formação de fibrina a partir do fibrinogênio que consolida desse agregado
e dá estabilidade ao coágulo.
Cascata de coagulação
A cascata de coagulação é um mecanismo complexo de reações seqüenciais que
culmina na formação de fibrina a partir do fibrinogênio. O conjunto de proteínas que atuam
na coagulação (fatores de coagulação) estão representados na Tabela 1. Os fatores de
coagulação são ativados predominantemente por exposição a tromboplastina tecidual,
expressada na superfície das células edoteliais ou fibroblastos extravasculares. Logo após a
ativação inicial, os fatores vão se ativando seqüencialmente e amplificando o estímulo
inicial por feedback. A cascata de coagulação tradicionalmente de divide em sistema
intrínseco, extrínseco e comum (Figura 1).
Um coágulo sanguíneo será composto por uma parede de filamentos de fibrina
dispostos em todas as direções e que reunem glóbulos sanguíneos, plaquetas e plasma,
este mecanismo vai agir fechando uma lesão e fornecendo meio para o reparo tecidual.
Os fatores envolvidos: X, V, II, I e o XIII.
Tabela 1 - FATORES DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA
FATOR SINÔNIMO
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I Fibrinogênio
II Protrombina
III Tromboplastina Tecidual
IV Cálcio
V Fator Lábil, globulina A-C
VII Proconvertina,fator estável
VIII Fator antihemolítico-Tromboplastinogênio
IX Fator Christmas-Componente tromboplastínico do plasma
X Fator de Stuart-Power
XI Antecedentes tromboplastínico
XII Fator de Hageman
XIII Fator de estabilização da Fibrina(F.Laki-Lorand)
Figura 1 – Esquema simplificado da cascata de coagulação (Santos, 2008).
DEFICIENCIAS NA COAGULAÇÃO
1. Deficiência de Fibrinogênio: É muito raro em animais, a teoria sobre sua causa, seria por
fatores hereditários. Esta deficiência já foi comprovada em cães.
33
2.Deficiência de Protrombina: Também é rara, e também pode ser hereditária, ou adquirida.
Quando hereditária o animal já nasce com esta deficiência, sendo muito difícil sua
sobrevivência, pois todo o mecanismo de coagulação estaria comprometido.
A deficiência adquirida se deve ao fato de que esta é produzida pelo fígado e
qualquer transtorno hepático determina uma produção deficiênte ou insuficiente desta. A
deficiência de vitamina K causa também a deficiência de protrombina, porque esta vitamina
participa na formação da protrombina.
3.Deficiência dos fatores:
3.1.V: É raro, transtornos hepáticos e deficiência de vit. K podem promover a deficiência
do fator V, o que provocaria um aumento no tempo de coagulação.
3.2.X: Obedece as mesmas deficiências do fator V.
3.3.XII: também é muito rara, e apenas aumentaria o tempo de coagulação.
3.4.VIII, IX, e XI: a deficiência destes fatores podem causar hemofilia.
TERMOS UTILIZADOS:
Trombocitopenia: Diminuição do número de plaquetas. Raro, pode ser hereditário, ou
causado por transtornos na medula óssea ou ação de fármacos.
Trombocitopatia: É uma situação em que o número de plaquetas está normal, no
entanto são deficientes em tromboplastina plaquetária. Este tipo de problema ocorre na
cirrose hepática, leucemia e uremia.
Tromboblastemia: É uma deficiência na retração do coágulo.
TROMBOCITOPATIA: É a falha no mecanismo de aderência (plaqueta/vaso), agragação
(plaqueta/plaqueta) ou uma falha na liberação de constituintes intracelulares ou qualquer
combinação destes fatores. Trombocitopatias podem ser congênitas ou adquiridas e o número de
plaquetas pode estar normal.
1. Trombocitopatias congênitas
a. Doença de von Willebrand: pode afetar várias espécies animais e o homem. O fator de von
Willebrand é uma glicoproteína multimérica produzida por megacariócitos e células endoteliais que
facilita a adesão da plaqueta ao colágeno e vaso sanguíneo, a agregação plaquetária e, no plasma se
associa com fator VIII estabilizando este fator e aumentando seu tempo de circulação. É a mais
34
comum das desordens de sangramento hereditárias, sendo reconhecidas em mais de 54 raças de
cães. Existem três tipos da doença:
Tipo I: multímeros normais, mas diminuídos.
Severidade variável
Forma mais comum
Comum em dobermanns
Tipo II: Multímeros com defeito de função
Severidade variável
Comum em Ponter alemão
Tipo III: forma mais severa
Comum no Scottish terrier
b. Trombopatia trombastênica canina: Falha na agregação. Observada em
Otterhounds, Scottish Terriers, Foxhounds.
c. Trombopatia do Basset Hound: Falha na agregação.
d. Síndrome do Chediak-Higashi: Agregação plaquetária diminuída. Observada
em bovinos e gatos.
2 - Trombocitopatias adquiridas
São multifatoriais, mas essencialmente envolve defeitos de ativação, aderência, agregação e reação
de liberação por causa de substâncias anormais no plasma ou anormalidade estrutural adquirida.
a. Doença renal com uremia: adesividade reduzida ao endotélio. Esta anormalidade das
plaquetas se deve aos metabólitos da uréia como o ácido guanidino succínico e fenólico.
b. Coagulação intravascular disseminada: Produtos de degradação da fibrina envolvem as
plaquetas e reduzem a sua aderência e bloqueiam receptores de fibrinogênio, reduzindo a
agregação.
c. Disproteinemias (macroglobulinemia) ou mieloma múltiplo: Afetam a membrana da
plaqueta diminuindo a aderência.
d. Drogas: Anti-inflamatórios não esteroidais. A aspirina gera uma inibição irreversível das
plaquetas porque inibe tromboxano A2 (inicia a agregação) e a função plaquetária fica
dependente de uma nova produção. Drogas como Buprofen, fenilbutazona, indontacin
causam inibição plaquetária reversível. Sulfonamidas, penicilinas, tranqüilizantes
prozamínicos causam respostas variáveis.
CAPÍTULO III
HEMOGRAMA
Representado pelo eritrograma e leucograma.
35
1. Eritrograma:
a. Determinação do número de hemácias/mm³ de sanhue
b. Determinação da hemoglobina
c. Determinação do volume globular
d. Interpretação do eritrograma
e. Valores normais do eritrograma nos animais domésticos.
a. Determinação do número de hemácias/mm³ de sangue:
Técnica: Tomar a pipeta de Thoma para diluição de glóbulos vermelhos (limpa e
seca), encher de sangue até a marca 0,5 e completar com líquido diluente até a marca 101,
homogeinizar, encher a câmara de Neubauer e contar 5 quadrados dos 25 (5/25) do
milímetro central do retículo de Neubauer. Multiplicar o número encontrado por 10.000 e
expressar o resultado em números de hemácias/mm³ de sangue.
b. Determinação da Hemoglobina:
É o condutor de oxigênio e está contido no eritrócito. São numerosos os métodos
usados para dosagem de Hb. Usa-se kits reagentes próprios para Hb e faz-se a leitura em
espectofotômetro.
c. Determinação do Volume globular:
É a parte do hemograma que estuda o volume ocupado pelas hemácias em
determinado volume de sangue.
. Método do microematócrito:
Este método apresenta grandes vantagens, pois requer pequenas quantidades de
sangue e pouco tempo para sua realização, fornecendo resulrados mais precisos.
- Técnica: Toma-se um tubo capilar 75,0 x 1,0 mm, enche-se até aproximadamente 2 terços
do comprimento do tubo, retirando o sangue da parte externa com auxílio de algodão ou
papel higiênico. Do lado oposto ao da entrada do sangue e, fechar o tubo capilar com o
auxílio do bico de Bunsen, girando o tubo entre os dedos até o fechamento completo.
Centrifugar a 10.000 rpm durante 5 minutos em centrífuga especial. Fazer a leitura
no cartão de leitura de microematócrito. Expressar o resultado em percentagem. Este
método é o mais utilizado.
LÍQUIDOS DILUENTES PARA CONTAGEM DE ERITRÓCITOS
. Devem ser usadas soluções isotônicas:
- Solução fisiológica
- Solução de Hayem
36
- Solução de Gower
- Solução Fisiológica: largamente usada com bons resultados
. Cloreto de sódio ..............................0,85g
. Água destilada.................................1.000ml
- Filtrar e esterilizar.
CÂMARA DE NEUBAUER
Consiste em uma placa retangular de cristal com 2 barras transversais em plano
maior que a câmara, cuja função é apoiar a lamínula. Entre estas barras existe uma área
polida contornada por uma depressão, de modo que a distância entre a área polida e a
lamínula equivale a 0,1 mm. O retículo de Neubauer está impresso na área polida, tem 9
mm² . Os quatro milímetros angulares estão divididos em 16 subquadrados, e o milímetro
central está dividido em 25 quadrados, os quais são subdivididos em 16 quadradinhos.
Os eritrócitos são contados no milímetro central, conta-se 5/25 deste, podendo
contar os quatro quadradinhos angulares e um central ou os cinco quadrados em posição
diagonal. A diferença entre o número de eritrócitos contados em um grupo de 16 quadrados
não deve ultrapassar a 20, quando isto acontecer deve-se repetir o exame, pois significa que
a pipeta pode não ter sido preenchida ou agitada corretamente ou ainda a câmara de
Neubauer poderia não encontrar-se completamente limpa.
Para a realização da contagem de células segue-se um esquema convencional: as
células localizadas sobre ou junto às linhas verticais da esquerda e horizontal de cima são
contadas como pertecentes ao quadrado em questão; as células situadas junto ou sobre as
linhas verticais da direita e horizontal inferior não entram na contagem, passando a
pertencer aos quadrados da direita e inferior respectivamente. Feita a contagem, multiplica-
se o número encontrado por 10.000. Esta constante corresponde ao resultado da
multiplicação da diluição do sangue (1:200) pela profundidade da câmara 0,1mm e a área
do milímetro contada 5/25.
37
Fonte: Rebar,A H., MacWilliams, P. S., Feldman, B. F., Metzger Jr., F. L., Pollck, R. V. H., Roche, J.;
Guia de Hematologia para Cães e Gatos. (2003)
EXAMES ADICIONAIS AO HEMOGRAMA EM VETERINÁRIA
1. FIBRINOGÊNIO: O fibrinogênio é uma proteína plasmática produzida pelo fígado.
Esse composto atua no mecanismo de coagulação. Desempenha, também um papel
importante na defesa do organismo, ao ser transportada para o espaço extravascular,
auxiliando na localização dos processos patológicos. Devido a associação do
fibrinogênio com as condições inflamatórias, as estimativas do nível plasmático dessa
proteína tem sido consideradas de uso na avaliação da resposta inflamatória. Em
algumas espécies, como nos ruminantes prefere-se essa determinação em lugar da
estimativa da VHS.
TÉCNICA PARA ESTIMATIVA DE FIBRINOGÊNIO:
O fibrinogênio precipita a temperatura entre 56-58ºC. Nesta faixa as outras
proteínas plasmáticas permanecem em solução. Podemos aproveitar essa característica
física para medir a concentração de fibrinogênio. Schalm et al.(1975), descreveram um
método para estimar a quantidade de fibrinogênio no plasma.
38
- Encher 2 tubos capilares de 75mm de sangue (3/4 do capilar)
- Centrifugar ambos ( como para determinação do microematócrito)
- Quebrar um dos tubos, imediatamente acima da linha eritrocitária, utilizando em
seguida um refratômetro para estimar as proteínas totais do plasma, colocando 1 gota de
plasma (obtida com a quebra do tubo capilar) no prisma do aparelho, e depois observa-
se pela ocular.
- OBS: O nível total de PPT é lido na coluna da direita, no ponto onde a linha divisória
entre o campo escuro e o campo claro intercepta a escala.
- O segundo tubo capilar é colocado em banho maria, à 56-58ºC por 3 minutos, para que
o fibrinogênio se precipite. O tubo então é centrifugado novamente, e partido logo
acima da camada de fibrinogênio. Uma gota deste plasma isento de fibrinogênio é
colocado no refratômetro clínico, a PP é lida novamente.
- A quantidade de fibrinogênio será obtida pela diferença entre os conteúdos de proteína
do tubo aquescido e do tubo nâo aquescido.
Exemplo: 1ª leitura - 6,8 g/dl = PPT
2ª leitura - 6,6 g/dl
O fibrinogênio é a diferença entre as duas leituras. Portanto no exemplo citado o
FP = 0,2 g/dl ---- passar para mg - FP = 200mg%
Valores normais:
Canino e Equino = 200 - 400 Suíno e Ovino = 100 - 500
Bovino = 300 - 700 Caprinos = 100 - 400
Felino = 50 - 300
Interpretação:
CÃES:
. Aumento de fibrinogênio - hiperfibrinogenemia
- Piômetra
- Nefrite avançada
- Insuficiência renal
- Parvovirose
- Cinomose - fase bacteriana
- Doenças inflamatórias e supurativas
. Diminuição de fibrinogênio - hipofibrinogenemia
- Doenças hepáticas crônicas - fibrose , cirrose
- Coagulação intravascular disseminada (CID)
- Intoxicação por derivados cumarínicos
EQUINOS: - aumenta em processo inflamatório agudo
BOVINOS: - aumento: pericardite, peritonite e processos inflamatórios
39
- diminuição: severas hepatopatias, estágios terminais de outras
enfermidades
OVINOS: - aumento: Pneumonia, encefalite, obstrução intestinal, poliartrite.
2. PROTEÍNAS PLASMÁTICAS TOTAIS (PPT)
. AUMENTO = HIPERPROTEINEMIA
1. Devido ao aumento relativo da albumina, na desidratação (inanição, diarréia,
vômito).
2. Devido ao aumento das globulinas: nos processos que levam à estimulação da
resposta imune (vacinas, doenças crônicas, processos autoimunes)
PPT = ou > 10g/dl ESTADO DE DESIDRATAÇÃO GRAVE
. DIMINUIÇÃO = HIPOPROTEINEMIA
. Hepatopatias
. Nefropatias
. Enteropatias comperdas intestinais
. Neoplasias invasivas
. Hemorragias graves
. Subnutrição
PPT = ou < 4,0 g/dl BAIXA PRESSÃO OSMÓTICA COM TRANSUDAÇÃO DE
LÍQUIDOS PLASMÁTICOS
VALORES NORMAIS:
. Canino: 6 a 7 g/dl
. Felino: 7 g/dl
. Equino: 6,5 a 7 g/dl
. Bovino: 7 a 8 g/dl
. Suíno: 6,5 a 7 g/dl
. Ovinos: 6,5 a 7 g/dl
3. ÍNDICE ICTÉRICO
A determinação do IC tem como afinidade medir a bilirrubina, carotenóides
e a hemoglobina das hemácias hemolisadas.
Interpretação:
IC Aumentado:
- Obstrução do canal biliar
- Hemólise
- Lesão hepática
40
IC Diminuido: - Depressão da medula óssea
OBS: QUANDO O IC APRESENTAR-SE DESCORADO A PÁLIDO, PODE-SE
SUSPEITAR DE FALÊNCIA MEDULAR.
D. INTERPRETAÇÃO DO ERITROGRAMA:
A análise do eritrograma é importante no diagnóstico e classificação das anemias
como também para a constatação das policitemias.
Policitemia:
Consiste no aumento do número de eritrócitos, geralmente acompanhado do
aumento da hemoglobina e volume globular.
As policitemias podem ser classificadas em:
a. Policitemia relativa
b. Policitemia absoluta
a. Policitemia Relativa
Ocorre quando há diminuição do volume plasmático. Observa-se todas as vezes que
houver redução na ingestão de líquidos, vômitos, diarréia, sudoração excessiva, passagem
da água do plasma para os espaços intersticiais e choque.
b. Policitemia Absoluta
Nesta, existe um verdadeiro aumento da quantidade de células vermelhas do sangue.
Denomina-se eritrocitose quando a policitemia tem causa conhecida, e eritremia quando a
causa é desconhecida.
Eritrocitose ocorre na diminuição da pressão atmosférica, diminuição da ventilação
pulmonar, animais recém nascidos, e transtornos circulatórios.
Eritremia há um aumento absoluto do número de eritrócitos e do volume total de
sangue. É raros nos animais domésticos, havendo citações da sua ocorrência em cães,
bovinos, e gatos.
Anemia:
Consiste na diminuição do número de eritrócitos, teor de hemoglobina do sangue e
volume globular. A anemia sempre aparece como consequência de perda de sangue,
eritropoiese diminuida ou defeituosa e ainda uma destruição acelerada dos eritrócitos.
41
A. Massa global de eritrócitos
Relativa: Fluidoterapia e gestação
Absoluta: Redução da massa eritrocitária
B. Resposta medular – pela contagem de reticulócitos
. Regenerativa ou responsiva
. Pouco regenerativa ou pouco responsiva
. Arregenerativa ou não responsiva
C. Morfológica
Esta classificação baseia-se no tamanho das hemácias e na sua concentração
hemoglobínica, sendo este estudo feito através do VGM - Volume Globular Médio, e o
CHGM - Concentração de Hemoglobina Globular Média.
O VGM expressa o valor médio do volume individual do eritrócito. É determinado
pela f'órmula:
VGM = VGx10
nº de eritrócitos
O resultado é expressado em µ³.
A concentração da Hb globular média (CHGM) expressa em percentagem o volume
ocupado pela Hb. Nos eritrócitos mede a relação entre o peso da Hb e o volume do
eritrócito. É calculada através da fórmula:
CHGM = Hbx100
Vg
O resultado é expresso em percentagem.
De acordo com o VGM, as anemias podem ser: Normocíticas, Macrocíticas e Microcíticas.
O CHGM determina se a anemia é normocrômica ou hipocrômica, a hipercrômica segundo
autores não ocorre.
- Anemia Normocítica: É resultante da depressão seletiva na eritrogênese, provocada por
tumores malígnos, enfermidades infecciosas crônicas, raio X, nefrite. Na ocorrência desta
anemia aconselha-se a transfusão sanguínea e identificação do agente etiológico. A
Classificação das anemias
A. Massa global dos eritrócitos
B. Resposta medular
C. Morfológica
D. Fisiopatológica
42
administração de vitaminas do complexo B, ou substâncias hematimínicas, não são
indicadas.
- Anemia Macrocítica: Pode ser transitória ou verdadeira.
Transitória: Geralmente ocorre quando o organismo encontra-se em fase de
recuperação de uma grande perda sanguínea.
Verdadeira: Ocorre quando há interferência na maturação eritrocítica. Resulta da
deficiência de vitamina B12, ácido fólico e niacina. Aconselha-se nestes casos além da
administração do elemento deficiente a transfusão sanguínea para que haja em seguida a
restauração do processo de amadurecimento do eritrócito.
- Anemia Microcítica: Normalmente é hipocrômica e resulta da deficiência de ferro ou dos
elementos que interferem no seu metabolismo. Também pode ocorrer na deficiência de
piridoxina. Nestes casos de anemias pode-se utilizar a transfusão sanguínea como indicação
de urgência e em seguida administrar o elemento deficitário.
D. Fisiopatológica
Nesta classificação a anemia é estudada juntamente com o seu agente causal.
1- Anemia por perda de sangue:
a. Hemorragia aguda
- Intoxicações causadas por warfarina, dicumarol.
- Traumatismos ou cirurgias.
b. Hemorragia crônica
Neoplasias com hemorragias, deficiência de vitamina C e K, deficiência de
protrombina, lesões gastrointestinais, parasitos internos e externos.
2- Anemia hemolítica:
a. Infecciosa: Anaplasma, piroplasmose, haemobartonelose, leptospirose, anemia infecciosa
equina, hemoglobinúria bacilar.
b. Tóxica: Intoxicação pelo cobre em bovinos, ovinos e suínos, intoxicação pelo chumbo,
benzeno, fenotiazina, intoxicação pela ricina, toxinas bacterianas do Micrococcus pyogenes
e Clostridium perfringens do tipo A.
c. Anemias provocadas por agentes isoimunes:
- Transfusões sanguíneas incompatíveis;
- Isoimunização em suínos recém nascidos e potros.
3. Anemia por deficiência nutricional
43
a. Hipoproteinemia
b. Deficiencia de vitaminas, principalmente do complexo B
c. Deficiência dos minerais: ferro, cobre e cobalto.
4. Anemia por depressão seletiva da eritrogênese
a. Enfermidades infecciosas crônicas, geralmente 30 dias após a instalação do processo.
b. Enfermidades parasitárias
c. Transtornos orgânicos ou dos tecidos, como nefrite intersticial crônica com uremia,
principalmente em cães, hipotiroidismo, tumores maligno.
VALORES NORMAIS DO ERITROGRAMA NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Espécie Hem x 106
Hb g% Vg % VGM µ³ CHGM %
Bovina 5,5 - 10 8,0 - 14 24 - 48 40 - 60 26 - 34
Ovinos 11,2 11,9 38,07 35 31
Caprinos 12 - 20 8 - 14 24 - 48 18 - 24 30 - 35
Equino 6,1 - 11 13 - 22 32 - 56 37 - 50 31 - 35
Suíno 6,24 11,3 41,1 50 - 68 30 - 34
Canina 5,5 - 8,5 12 - 17,8 40 - 55 60 - 77 31 - 36
Felina 5,5 - 10 08 - 14 24 - 45 39 - 55 31 - 35
Silveira (1988), Patologia Clínica Veterinária
EFEITOS DA ANEMIA SOBRE O SISTEMA CIRCULATÓRIO
Segundo GAYTON (1998), a viscosidade do sangue depende quase que
inteiramente da concentração de hemácias. Na anemia grave, a viscosidade do sangue pode
cair para uma vez e meia a da água, sendo que o normal é de três vezes a viscosidade da
água. A diminuição da viscosidade reduz tanto a resistência ao fluxo sangüíneo nos vasos
periféricos, que quantidades aumentadas de sangue retornam ao coração. Ademais, a
hipóxia, devido ao transporte diminuído de oxigênio pelo sangue, faz com os vasos
teciduais se dilatem, o que permite maior retorno de sangue para o coração, aumentando o
débito cardíaco para valor ainda mais elevado. Dessa forma, um dos principais efeitos da
anemia é uma sobrecarga de trabalho extremamente aumentada sobre o coração.
O débito cardíaco aumentado na anemia compensa parcialmente muitos dos
seus efeitos, pois, mesmo que uma dada quantidade unitária de sangue carregue apenas
pequenas quantidades de oxigênio, o fluxo sangüíneo pode ser tão incrementado que
quantidades quase normais de oxigênio são liberadas nos tecidos. Entretanto, quando um
indivíduo começa a realizar exercícios físicos, o coração não é capaz de aumentar muito
mais a quantidade de sangue que já se encontra bombeando. Em conseqüência disto,
durante o exercício, que aumenta grandemente a demanda tecidual de oxigênio, ocorre uma
hipóxia tecidual pronunciada que pode resultar em insuficiência cardíaca aguda.
44
VCM CHCM INTERPRETAÇÃO (Anemias)
Má síntese de hemoglobina (deficiência de Fe e doenças
crônicas)
Evolução de anemias microcíticas/hipocrômicas
Nefrite com Uremia
Inicio das anemias microcíticas / hipocrômicas - Intoxicação
por chumbo e drogas
Falta de eritropoetina (doenças crônicas –I.R.C)
Sempre regenerativa –Hemorragia ou hemólise
Distúrbio na fase de multiplicação – deficiência de B12, ácido
fólico e cobaltoN
NN
N
Anemia associada a desidratação
Elevada destruição de eritrócitos,diminuição da eritropoiese,
Perda crônica de sangue(deficiência de ferro)
Fluidoterapia, Perda de sangue externa
Anemia mascarada por desidratação, aumento de globulinas
Fisiológico
Elevada perda proteíca,Baixa produção proteíca
N
Desidratação
Contração Esplênica, Policitemia 1ª e 2ª, Desidratação
mascarada por hipoproteiniemia
Hipoproteinemia com contração esplênica
InterpretaçãoPPTHt %
N
N
N
2. Leucograma
a. Determinação do número de leucócitos/mm³ de sangue
b. Contagem diferencial de leucócitos - exame do esfregaço
c. Interpretação do leucograma
d. Valores normais do leucograma
a. Determinação do número de leucócitos/mm³ de sangue
Técnica: Tomar a pipeta de Thoma, própria para contagem de leucócitos. Aspirar o
sangue até a marca 0,5 e completar com solução diluidora até a marca 11, homogeinizar,
desprezar 2 gotas e encher a câmara de Neubauer. Contar os leucócitos contidos nos quatro
milímetros angulares, multiplicar o valor achado por 50 e expressar o resultado em
leucócitos/mm³ de sangue.
45
- Solução diluidora para leucócitos:
- Ácido acético à 4%, ou
- Diluente de Türk
. Ácido acético glacial................................. 15 mL
. Violeta de genciana 1% ............................ 10 mL
. H2O destilada q.s.p.....................................1.000mL
b. Contagem diferencial de leucócitos.
É feita em esfregaços de sangue corado. Para sua confecção deve-se usar lâminas
limpas e desengorduradas.
Confecção do esfregaço: Colocar uma gota de sangue próxima a uma das extremidades de
uma lâmina e com outra lâmina ou lamínula, realizar um movimento para trás tocando na
gota de sangue, quando esta se espalhar, arrastá-la para frente com um movimento rápido e
homogêneo. Para a obtenção de um esfregaço delgado o ângulo formado entre as lâminas
deve ser de 45º.
Fonte: Rebar et al. (2003).
Contagem:
* Observar o esfregaço sanguíneo corado em objetiva de 40x, verificando a contagem
global aproximada por estimativa de leucócitos/campo.
* Visualizar também a homogeneidade na distribuição leucocitária;
46
* Colocar em objetica de imersão ( aumento de 1000x) e realizar observação minuciosa da
morfologia e coloração dos leucócitos e demais estruturas.
* Realizar contagem diferencial dos leucócitos em forma de "torre"a cada 3 ou 4 campos,
até atingir o total de 100 leucócitos.
Fonte: Junqueira e Carneiro, 2004.
* Transformar os dados relativos obtidos nesta contagem em dados absolutos, através da
multiplicação dos percentuais parciais pelo número total de leucócitos.
Exemplo: CGL = 8.000/mm³
Valor absoluto Valor relativo
Eosinófilos 640/mm³ 8%
Basófilos 0 0
Bastão 80/mm³ 1%
Segmentados 5.600/mm³ 70%
Linfócitos 1.440/mm³ 18%
Monócitos 240/mm³ 3%
- Foram contados 8 eosinófilos, então faz-se a seguinte regra:
em 100 células ............................... contou-se 8
em 8.000............................................ x
x = 8.000 x 8 / 100
x = 640/ mm³
47
- Método de Coloração
O método de May-Grunwld-Giemsa (Panóptico de Pappenheim) constitui o melhor
para coloração das células sanguíneas.
c. Interpretação do Leucograma nos animais domésticos:
São inúmeros os fatores fisiológicos que podem influenciar sobre os leucócitos,
dentre estes podem ser inumerados: stress, idade, sexo, raça, espécie animal, digestão e
exercício muscular. Assim, para a interpretação da reação leucocitária é indispensável a
análise da presença de um ou mais destes ítens.
c.1. Considerações gerais sobre leucograma
Os leucócitos abrangem todas as células brancas do sangue, produzidas, em sua
maioria, na medula óssea e nos demais tecidos hematopoiéticos. Compreendem os
neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, monócitos e basófilos.
Todas as formas celulares desempenham funções específicas de defesa do
organismo em processo patológico, seja fagocitando diretamente o agente agressor,
produzindo substâncias humorais de defesa ou modificando as condições do meio.
Os leucócitos usam a corrente sanguínea somente como meio de transporte,
desempenhando as suas funções nos tecidos. A contagem de leucócitos do sangue reflete,
portanto, grosseiramente, o equilíbrio entre a oferta e a demanda para o cumprimento de
suas funções.
Segundo Gayton (97), os neutrófilos são células adultas que podem atacar e destruir
bactérias mesmo no sangue circulante.
c.2. Classificação da resposta leucocitária
É denominada de desvio e baseia-se na quantidade e maturação dos neutrófilos
encontrados no sangue circulante. O desvio pode ser classificado em: para a direita e para a
esquerda.
- Desvio para a Direita: Consiste no aumento de neutrófilos segmentados sem o aumento
das formas jovens, enquanto que a CGB encontra-se dentro dos valores normais,
ligeiramente aumentado ou ligeiramente diminuído. A condição principal para haver um
desvio para a direita é a presença de neutrofilia caracterizada por neutrófilos maduros (
hipersegmentados), com número de lóbulos nucleares acima de 4, podendo ser encontrados
até 8.
Essa condição expressa clinicamente a permanência em demasiado das células na
circulação, em detrimento da resposta da medula óssea. As condições mais frequentes do
aparecimento do desvio para a direita são:
48
. Efeito de corticosteróides impedindo a diapedese de neutrófilos, prolongando a sobrevida
das células no sangue e o consequente envelhecimento das mesmas ( síndrome de cushing)
. Deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico
. Fase final de doença supurativa crônica
. Artefato produzido no sangue estocado.
- Desvio para a Esquerda: Quando no sangue circulante ocorre neutrofilia e esta é
acompanhada do aparecimento de neutrófilos jovens. Quando estes neutrófilos jovens são
representados apenas por bastonetes diz-se desvio para esquerda pequeno ou leve, quando
aparecem bastonetes e metamielócitos denomina-se desvio para esquerda moderado,
finalmente diz-se marcado quando se observa a presença de bastonetes, metamielócitos e
mielócitos.
1.Mielócitos 3. Bastonetes
2.Metamielócitos 4. Segmentados (neutrófilos maduros)
(desenhar esquema do quadro)
Associando-se o aparecimento dos neutrófilos jovens com a quantidade de
leucócitos/mm³ de sangue o desvio para a esquerda pode ser classificado em regenerativo e
degenerativo.
Desvio para esquerda Regenerativo: Leucocitose com presença de células jovens na
corrente sanguínea. Considera-se desvio a partir do aparecimento de 4% de neutrófilos
jovens na forma de bastonete, na contagem diferencial para a maioria das espécies. O
desvio para esquerda indica sempre uma resposta favorável do organismo frente ao agente
agressor.
Observa-se que, no desvio à esquerda acentuado, o esforço do organismo já atingiu
o pool de células mais imaturas da medula óssea, daí a necessidade de uma maior vigilância
quanto as condições físicas do animal, face à eminência de um processo degenerativo (
desvio degenerativo).
Desvio para esquerda Degenerativo:É a fase subsequente do desvio à esquerda
regenerativo acentuado, caso o processo inflamatório tenha continuidade. No desvio
degenerativo não há tempo suficiente para a divisão e amadurecimento normal das células,
fazendo com que as mesmas sejam lançadas imaturas na circulação sanguínea, em número
superior às maduras. A característica deste desvio é que o número global de leucócitos pode
estar aumentado, normal, ou mesmo diminuído.
49
A condição fundamental, entretanto, é de que o número de neutrófilos jovens
sempre ultrapassará o número de neutrófilos maduros na contagem diferencial.
O significado clínico do desvio degenerativo é uma depressão da granulopoiese, ou
seja, perda da habilidade da medula para produzir neutrófilos em resposta à demanda.
Este desvio tem prognóstico desfavorável em cães, gatos, e equinos. Nos bovinos, o
desvio degenerativo não tem prognóstico desfavorável. Isto acontece nesta espécie pela
existência de um número reduzido de neutrófilos maduros no pool de reserva. Assim, no
estágio inicial de um processo inflamatório agudo, como peritonite, pericardite, mastite, os
neutrófilos maduros deixam o sangue e entram na lesão. Com isto, a medula óssea não
tendo reserva de neutrófilos maduros, libera, em consequência, os neutrófilos imaturos, os
quais em poucas horas, ultrapassam o número de segmentados.
Portanto, nesta espécie, a leucopenia com desvio para a esquerda aparece no
processo bacteriano agudo, num período de 6 a 24 horas.
Após 3 a 4 dias, o nº de leucócitos retorna ao normal, podendo haver leucocitose
leve.
Nos equinos, o aparecimento do desvio é de difícil ocorrência, mesmo nos processos
mais graves.
c.3. SIGNIFICADO CLÍNICO DAS ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA
- Leucocitose: Aumento do nº total de leucócitos circulantes, e como regra geral, está
diretamente relacionado com o aumento do nº de neutrófilos, embora outros tipos celulares
eventualmente possam estar aumentados no sangue. A leucocitose expressa o grau de
resistência individual e pode ser de origem fisiológica e patológica. Esta última é de maior
interesse nos animais, tendo como causas principais:
- Infecções bacterianas localizadas ou generalizadas;
- Intoxicações metabólicas (uremia), químicas, por drogas e venenos;
- Hemorragias agudas
- Processos hemolíticos, infecciosos ou parasitários;
- Neoplasias de caracter invasivo;
- Leucemias;
- Processos auto imunes;
- Traumas.
- Neutrofilia Inflamatória: O aumento do nº de neutrófilos nos animais, em resposta à
doença, é variável e está na dependência estreita da capacidade de produção destas células
pela medula óssea.
A amplitude da neutrofilia por outro lado, está em correlação com a natureza do agente,
gravidade e extensão do processo inflamatório. O grau de neutrofilia é muito maior nas
infecções localizadas do que em processos sistêmicos. A pressão interna exercida é um
50
fator de influência. Por exemplo, um abscesso organizado por uma membrana limitante
produzirá uma menor neutrofilia do que o processo ainda não organizado e sob pressão.
O equilíbrio entre a demanda, produção, movimento e liberação dos neutrófilos, nos
processos inflamatórios, é variável entre as espécies animais e deve-se à existência natural,
na medula óssea, de compartimentos celulares armazenados, com características especiais,
que recebem denominação em ordem cronológica de maturidade. Chamamos isto de
desvios.
O desvio caracteriza a gravidade da infecção.
Em resumo, a leucocitose com neutrofilia e desvio de células jovens assinala a
presença de um estado inflamatório purulento. Leucogramas sequenciais, revelando a
intensificação do desvio, denotam agravamento do processo com um prognóstico
desfavorável; ao contrário, a diminuição do desvio significa recuperação, recebendo um
prognóstico favorável.
A neutrofilia inflamatória é sempre acompanhada de uma linfopenia e eosinopenia.
É a chamada tríade de resposta inflamatória nos animais domésticos.
Equilíbrio da dinâmica que determina a quantidade de neutrófilos
no sangue
Taxa de liberação medular
Taxa de consumo tecidual
Quando a liberação medular excede o consumo NEUTROFILIA
Quando o consumo tecidual excede a liberação medular NEUTROPENIA C/ D.E.
neutrófilos
Fonte: Thrall, 2007
51
Fatores de crescimento e controle da produção e da quantidade no sangue
C. Maturação e estocagem
Metamielócito
Bastão
Neutrófilo
Compartimento de proliferação
Mieloblasto
Progranulócito
Mielócito
Sistema de células primordiais
C. Medular
C. marginalC. circulante Tecidos
neutrófilos
Fonte: Thrall, 2007
- Neutrofilia não inflamatória: Ocorre durante certos eventos fisiológicos em pacientes
sadios, devido:
. Aumento da frequência cardíaca;
. Aumento da pressão sanguínea;
. Atividade muscular forçada;
. Drogas que causem taquicardia e / ou hipertensão.
É caracterizada por neutrofilia, linfopenia e eosinopenia, sem significante desvio
para a esquerda.
A neutrofilia sem significante desvio pode ocorrer ainda em processos inflamatórios
nos quais os neutrófilos participam em pequenas proporções, como componentes do
exsudato, como na cistite, dermatite seborréica, traqueobronquites e processos
granulomatosos gerais.
Estes eventos são mediados pelo sistema nervoso simpático e causam a mobilização
de neutrófilos aderidos aos pequenos vasos para os grandes vasos, dos quais a amostra para
exames é normalmente colhida.
52
Cinética
C. Maturação e estocagem
Metamielócito
Bastão
Neutrófilo
Compartimento de proliferação
Mieloblasto
Progranulócito
Mielócito
Sistema de células primordiais
Tempo de trânsito
7-10 dias (normal)
< inflamação
C. marginalC. circulanteMigração
transendotelial
Quimiotáticos
Meia-vida na
circulação
6 – 10 hs
Controle
IL-3,IL-6,IL-11
FEC
IL-3
FEC
IL-3
FEC
IL-1, TNF
FEC, FIL
FEC- fator estimulador de colônias; FIL-fator indutor de leucocitose; TNF- fator de necrose tumoral
neutrófilos
Fonte: Thrall, 2007
- FATORES DETERMINANTES DE LEUCOCITOSE POR NEUTROFIA
1. Infecções graves generalizadas: Causadas por bactérias e fungos, com septicemia, como
se observa particularmente nos casos de salmonelose, pasteurelose e leptospirose, onde
inicialmente há leucopenia devido a neutropenia, para em seguida, observar-se neutrofilia.
2. Infecções localizadas: Principalmente piogênicas, produzidas por estafilococos e
corinumbacterium
( meningite, nefrite, artrite e mamite). Quando há formação de abcesso com pressão interna
e sem cápsula, a reação leucocitária é mais intensa do que a observada em infecções
generalizadas (endometrites de cadelas).
3. Intoxicações: de origem endógena: uremia, diabetes mellitus, acidose, aclâmpsia;
de origem exógena: chumbo, mercúrio ( bovinos e caninos), azul de
metileno (gatos), plantas tóxicas e estrógeno.
4. Necrose de qualquer natureza: enfarte, queimadura, gangrena.
5. Hemorragia aguda e hemólise aguda.
53
C. Maturação e estocagem
Metamielócito
Bastão
Neutrófilo
Compartimento de proliferação
Mieloblasto
Progranulócito
Mielócito
Sistema de células primordiais
C. marginalC. Circulante
Lesão inflamatória
Consumo Tecidual
neutrófilosResposta Hematológica à Inflamação
Hiperplasia:
.aumento de produção
.alteração tóxica
Liberação da reserva:
.C. de armazenamento-neutrofilia
.Células em maturação-
Desvio à esquerda
Fonte: Thrall, 2007
Resposta inflamatória moderada
C. Maturação e estocagem
Metamielócito
Bastão
Neutrófilo
Compartimento de proliferação
Mieloblasto
Progranulócito
Mielócito
Sistema de células primordiais
C. marginalC. circulante Tecidos
neutrófilos
Exemplo de leucograma:
Leucócitos: 35.000
Bastões- 3.000
NS – 30.000
Linfócitos – 1.200
Monócitos - 800
Interpretação: Inflamação
Fonte: Thrall, 2007
54
Resposta inflamatória grave
C. Maturação e estocagem
Metamielócito
Bastão
Neutrófilo
Compartimento de proliferação
Mieloblasto
Progranulócito
Mielócito
Sistema de células primordiais
C. circulante
neutrófilos
Exemplo de leucograma:
Leucócitos: 1.500
Metamielócitos - 300
Bastões- 500
NS – 500
Linfócitos – 200
Interpretação: Inflamação
aguda grave
Tecidos
Fonte: Thrall, 2007
Contribuição comparativa da medula óssea à migração de NS e relação
com variações de neutrofilia na resposta inflamatória de várias espécies
Rápida
Intermediária
Intermediária
Lenta
Relativamente alta
Intermediária
Intermediária
Relativamente baixa
Cão
Gato
Eqüino
Bovino
Capacidade de regeneraçãoReserva MedularEspécie
20.000 – 100.000
20.000 – 60.000
15.000 – 30.000
10.000 – 25.000
Cão
Gato
Eqüino
Bovino
Variação possível de neutrofilia (neutrófilos/µL)Espécie
Fonte: Thrall, 2007
55
- FATORES DETERMINANTES DE LEUCOPENIA E NEUTROPENIA
. Infecções Virais: Panleucopenia felina, parvovirose, cinomose, hepatite infecciosa canina,
peritonite infecciosa felina, influenza suína, língua azul, febre catarral malígna, diarréia a
vírus ( bovinos), artrite viral ( equinos).
. Protozoários: toxoplasmose;
. Anormalidades da medula óssea: Hipoplasia(crescimento incompleto) e displasia(
anomalia do desenvolvimento).
- FATORES DETERMINANTES DE LINFOCITOSE
O linfócito possui um papel fundamental no início e execução da resposta imune.
Após vacinações, devido a estimulação antigênica. Infecções crônicas que
estimulem a resposta imune. Doenças imunológicas. Hipoadrenocorticismo. Linfadenite.
Hipertiroidismo. Infecções por certos parasitas ( babesia, trypanossoma). Animais jovens,
Fisiológica ( medo, excitação e esforço).
- Causas de linfopenia:
Efeitos esteróides:
. Hiperadenocorticismo
. Administração de corticóides - ACTH
. Estresse severo
Infecção sistêmica aguda
. Viral recente
. Bacteriana severa ou incomum
Toxoplasmose/ Ehrlichiose/ Leishmaniose
Lesão de linfonodos
.Neoplasias
.Inflamação crônica
Quimioterapia imunossupressiva
Atrofia linfóide
Demodicose generalizada
Insuficiência renal crônica
Perda de linfócitos
* Os corticóides (endógenos e exógenos) atuam de várias formas na linfopenia e
consequente imunodepressão, tais como:
. Inibindo a mitose linfocitária
. Lisando linfócitos circulantes
. Reduzindo a liberação de histamina
. Estimulando o catabolismo protéico, reduzindo formação de anticorpos.
56
Resposta ao Estresse
C. Maturação e estocagem
Metamielócito
Bastão
Neutrófilo
Compartimento de proliferação
Mieloblasto
Progranulócito
Mielócito
Sistema de células primordiais
C. marginalC. circulanteTecidos
A alteração envolve a
migração celular do
compartimento marginal para
o compartimento circulante,
resultando em quase o dobro
da quantidade de leucócitos
em repouso.
A liberação medular e o
consumo tecidual ficam
inalterados.
Fonte: Thrall, 2007
Resposta ao estresse- liberação ou administração de corticosteróide:
O estresse fisiológico é uma resposta orgânica mediada pela liberação de ACTH
pela hipófise e consequente liberação de cortisol pela adrenal. Isso ocorre em resposta às
principais doenças sisteêmicas, aos distúrbios metabólicos e a dor. Dentre as condições que
induzem resposta de estresse então: insufucência renal, cetoacidose diabética, desidratação,
doença inflamatória e dor associada a traumatismo. A resposta pode ser detectada no
leucograma devido às alterações em vários tipos celulares.
A principal alteração é a linfopenia. Os esteróides podem induzir apoptose de
linfócitos e alterar seu padrão de recirculação. A segunda alteração mais consistente é a
duplicação da população de neutrófilos circulantes. Os esteróides causam diminuição da
viscosidade e marginação celular, resultando na retenção de células decorrente da
circulação ligeiramente mais lenta que o normal. Desse modo, constata-se
hipersegmentação. Quando a contagem de neutrófilos em repouso estiver acima do valor
50º percentil da faixa de variação normal, espera-se a ocorrência de neutrofilia. Não há
desvio para esquerda, a menos que haja uma doença inflamatória simultânea.
Eosinopenia é a terceira alteração mais comum. A ocorrência de monocitose é
variável, sendo mais provável em cães. Na interpretação do leucograma em resposta ao
esteróide, é importante pesquisar o distúrbio fisiológico primário (caso ainda não
identificado), evitando considerar um padrão induzido simplesmente por esteróide como
uma inflamação.
57
ANORMALIDADES MAIS COMUNS EM LINFÓCITOS
Moderada
Se < 750µL
procurar outras
causas de
linfopenia
Linfopenia
grave
Pode ser tb
linfocitose
Hipoprotei-
nemia
Normal
Normal
Normal
ou
atípicos
Comum
Rara
Rara
Seqüestro
em efusões
quilosas
Retenção
em
linfonodos
neoplásicos
Induzido por
corticóide ou
estresse
Interrupção da
recirculação
Linfossarcoma
Linfopenia
ComentáriosOutros
achados
MorfologiaOcorrênciaMecanismoClassificaçãoAlteração
ANORMALIDADES MAIS COMUNS EM LINFÓCITOS
Contagens
podem chegar a
20.000/µL
Pode ocorrer
1 -2 semanas
após vacinação
Linfocitose é
uma alteração
tardia da doença
Normal
Reativo
AnormalCélulas
grandes,
cromatina
frouxa e
nucléolos
evidentes
Comum
Comum
Rara
Linfócitos
marginais são
mobilizados
para
circulação
Expansão
clonal como
resposta
Multiplicação
neoplásica
Excitação apenas
em gatos
Estimulação
antigênica
Linfossarcoma
Linfocitose
ComentáriosMorfologiaOcorrênciaMecanismoClassificaçãoAlteração
Fonte: REBAR et al. (2003).
58
- FATORES DETERMINANTES DE MONOCITOSE
Geralmente em processos crônicos onde existam muitos detritos celulares a serem
removidos(abscessos). Nos processos patológicos que levam à formação de tecidos de
granulação ( micoses) e algumas bacterioses: erisipela, listeriose, tuberculose, brucelose e
mamite supurativa. Nas endometrites de cadelas e retenção de placenta.
- FATORES DETERMINANTES DE EOSINOFILIA
. Infecções parasitárias: Quando ocorre sensibilidade à proteína do parasita ou de seus
produtos secretórios. Os exemplos mais comuns em cães são devidos a ancilostoma,
dirofilária, espirocerca e equinococos. Estrongilodíases em equinos.
. Processos alérgicos: Devido à degradação dos mastócitos que liberam histamina, a qual é
quimiotática para eosinófilos - razão do aumento de eosinófilos no sangue. A eosinofilia é
comum em doenças cujos tecidos contenham uma alta concentração de mastócitos. São
estes: pele, pulmão, trato gastrointestinal e útero.
Podem-se citar ainda como entidades específicas cuja característica principal é a
ocorrência de eosinofilia no sangue: gastroenterite eosinofílica, miosite eosinofílica (cães) e
leucemia eosinofílica
(cães, gatos e equinos).
Na prática, os eosinófilos aparecem em nº razoável no leucograma, mas não atingem
eosinofilia nas seguintes doenças de animais de pequeno porte: parvovirose, hepatite,
endometrite, dermatite e pneumonias alérgicas. Grandes animais - pneumonia e leucose.
- Causas de eosinopenia: Stress agudo ( adrenalina)
Stress crônico: glicocorticóides endógenos
Hiperadrenocorticismo
Administração de esteróides
Inflamação/ infecção aguda
- FATORES DETERMINANTES DE BASOFILIA
Esta célula está presente no sangue em quantidades insignificantes, talvez por esse
motivo ele tenha sido pouco estudada. Dentre as funções mais importantes do basófilo está
o desencadeamento de uma imediata reação de hipersensibilidade através da secreção de
seus estoques de mediadores vasoativos e elaboração de alguns potentes mediadores desse
processo.
Causas de basofilia:
Desordens alérgicas
Doença inflamatória purulenta localizada
Dirofilariose
Raça - Basenjis
Associado a Eosinofilia
59
Para interpretação do quadro leucocitário existem pontos básicos que auxiliam no
prognóstico e na determinação da natureza do processo. Pode-se avaliar que:
a. O prognóstico é favorável quando o reaparecimento de linfócitos e eosinófilos é
associado a:
- Diminuição da leucocitose;
- Desaparecimento do desvio para esquerda;
- Desaparecimento das granulações tóxicas nos neutrófilos;
- Linfocitose na fase convalescente.
b. O prognóstico será reservado quando:
- Eosinopenia duradoura;
- Linfopenia intensa e persistente;
- Presença de grande quantidade de neutrófilos com granulações tóxicas;
- Desvio para esquerda degenerativo (exceto nos bovinos em fase inicial de processo
infeccioso)
* Infecção intensa ou grave: Determina neutrofilia associada a linfopenia relativa e
eosinopenia absoluta.
* Infecção moderada: Determina um pequeno desvio para esquerda e persistência de
eosinófilos.
VALORES NORMAIS DO LEUCOGRAMA
Espécie CGB/mm³ bastão segment. linfócitos Eosinófilos basófilos monócitos
Canina 6-17 x 10³ 0-3 60-77 12-30 2-10 raros 3-10
Bovina 4-12 0-2 15-45 45-75 2-20 0-2 2-7
Equina 7-14 0-2 30-65 25-70 0.5-11 0-3 0.5-7
Felina 5,5-19,5 0-3 35-75 20-55 2-12 raros 1-4
Suína 11-22 0-4 28-47 25-60 0.5-11 0-2 2-10
Caprina 8-16 0-2 30-48 50-70 3-8 0-2 1-4
Ovina 4-12 0-2 10-50 40-75 1-10 0-3 1-6
Silveira (88), Patologia Clínica Veterinária
60
Dicas para interpretação de exames:
Apresentação dos casos clínicos:
CGV - 3.800.000 (5,5-8,5) CGB - 23.000 (6-17)
Hb - 7,3 g% (12-18) Mielócitos: 0
VG- 22% ( 32-56 ) Metamielócitos: 4%
VGM - ............... ( 60-68) Bastões: 10% ( 0-2)
CHGM............... ( 32-16) NS : 80% (45 - 76)
Reticulócitos: 2,9% (0,5-1) Linfócitos: 5% ( 12- 35)
PPT: 10g/dl ( 6 - 7 ) Eosinófilos: 0 (2 - 10)
FP : 550mg%( 200-400) Monócitos: 1% (3 - 10)
OBS: Exame do esfregaço corado: Presença de anisocitose moderada, e hipocromasia.
Ordem para interpretar um hemograma:
1- Eritrograma: 1. Existe anemia?
2. Classificar a anemia;
3. PPT e FP?
4. Reticulócitos?
2 - Leucograma: 1. Leucócitos normais, leucopenia ou leucocitose?
2. Há desvios?
3. Há neutrofilia? relativa ou absoluta?
4. Forma a tríade inflamatória?
Segundo Rebar et al.,(2003), existem algumas perguntas chaves:
Existe alguma evidência de inflamação?
Exite alguma evidência de estresse?
Em caso de processo inflamatório, ele pode ser classificado como agudo, crônico ou grave?
Existe alguma evidência de toxemia sistêmica?
Leucócitos NS Bastão Linfócito Monócito Eosinófilo
Inflmação
aguda
Aumentados Aumentados Aumentados Normais/
diminuidos
Variáveis Variáveis
Inflamação
crônica
Normais/
Aumentados
Normais/
Aumentados
Normais/
Aumentados
Normais/
Aumentados
Aumentados Variáveis
Processo
grave inflam
Normais/
Diminuido
Normais/
Diminuidos
Aumentados Normais/
Diminuidos
Variáveis Variáveis
Leucocitose
Por Excitação
Aumentados Aumentados
Em cães, n/
Aum.gatos
Normais Norm-cães
Aum-gatos
Normais Normais
Estresse Aumentados Aumentados Normais Diminuidos N ou Aum N ou Dimi
Fonte: Rebar et al., (2003).
61
- Interprete o quadro e dê o prognóstico:
25/08 25/08 26/08 28/08 30/08
CGV-2.800.000 CGB - 15.000 17.000 25.000 20.000
Hb - 5,5g/dl Mielócitos: 0 2% 3% 0
VG - 17% Metamielóc.: 4% 8% 8% 6%
VGM Bastão: 7% 10% 14% 10%
CHGM NS: 75% 72% 65% 70%
Ret.: 3% Linfócitos: 12% 8% 10% 13%
PPT: 7,0 Eosinófilos: 1% 0 0 1%
FP: 600mg% Monócitos: 1% 0 0 0
- Faça uma interpretação diária, e após defina o prognóstico:
62
Capitulo IV – HEMOTERAPIA
Prova Cruzada de Compatibilidade Sanguínea ou prova de Jambreau
Para obter-se a Prova Cruzada de Compatibilidade Sanguínea coleta-se o sangue do
doador e do receptor com anticoagulante, sendo no caso o citrato de sódio à 3,8%, na
proporção de uma parte de citrato para 3 de sangue. Do sangue coletado com anticoagulante
preparar as suspensões de células do doador e do receptor.
- Preparação da suspensão de hemácias:
Em um tubo A e B colocar 3 ml de solução fisiológica. No tubo A acrescentar 2
gotas de sangue (citrado) do doador e no tubo B 2 gotas de sangue do receptor.
- Preparação do plasma:
Em 2 tubos identificados como D e R colocar 2 ml de sangue citrado, do doador e
do receptor respectivamente. Centrifugar a 3.500 rpm/5', utilizar o sobrenadante que
constitui o plasma.
Tubos 1 - D 2 - R 3 - D 4 - R
Susp. cél. D 0,1 ml 0,1 ml
Susp. cél. R 0,1 ml 0,1 ml
Plasma D 0,1 ml 0,1 ml
Plasma R 0,1 ml 0,1 ml
Deixar os tubos na temperatura ambiente pôr 30 minutos e centrifugar a 1.000
rpm/1'.
Pesquisar a presença de hemólise no sobrenadante, em seguida homogenizar e pesquisar a
aglutinação macroscópica e microscópica. Havendo hemólise ou aglutinação nos tubos 1 e
2 e os tubos 3 e 4 permanecerem inalterados, a incompatibilidade está presente, deve-se
recorrer a outro doador.
Interpretação:
O método é pouco exato, não sendo muito seguro os resultados negativos. No cavalo
é necessário a pesquisa de hemólise e aglutinação em virtude desta espécie apresentar certos
iso - anticorpos que atuam como hemolisinas. Nos bovinos e ovinos deve-se realizar a
pesquisa de hemólise apenas, pois os eritrócitos destas espécies apresentam muito pouco
tendência a aglutinação. No cão a presença de uma pequena hemólise não é específica.
63
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
Conforme Silveira (88), a importância dos grupos sanguíneos nos animais:
Os grupos sanguíneos são caracterizados pêlos antígenos específicos das hemácias e
pêlos anticorpos naturais do soro. Os antígenos específicos das hemácias, também
chamados de "determinantes antigênicos", hereditariamente adquiridos, são substâncias que
caracterizam os grupos sanguíneos. Estão presentes nos eritrócitos, aderidos às suas
membranas, ou existem sob a forma solúvel nos líquidos orgânicos: saliva, suco gástrico,
líquido seminal, soro do leite, plasma, etc., sendo secretados pelas células mucosas e
excretadas subsequentemente para o plasma.
Os anticorpos naturais do soro respondem pelas reações clínicas das transfusões
incompatíveis e recebem também a denominação de "Iso-hemaglutininas" e pertencem,
geralmente, a classe IgG.
- Número de Grupos Sanguíneos, Fatores Determinantes e Anticorpos Naturais Existentes
nos Animais Domésticos:
Espécie Nº grupos sang. Fatores Sang. Grupos + import. Isoantic.nat.soro
Bovino 11 80 B - J Anti - J
Equino 08 30 Q Anti - A e B
Suíno 15 65 A - E Anti - A e Ea
Ovino 07 - B - R' Anti - R e O
Canino 11 15 A Anti - B, D e Tr
Felino 03 02 A Anti - A e B
' Os antígenos são adquiridos do plasma durante a 1ª semana ou meses depois do
nascimento. Silveira (88), Patologia Clínica Veterinária
O número de determinantes dos grupos sanguíneos nos animais varia
consideravelmente entre as espécies, sendo reconhecidamente maior que 80 nos bovinos e
menor que 3 nos felinos.
- COMPATIBILIDADE SANGÜÍNEA
Quando um paciente humano recebe sangue de um doador que possui em suas
hemácias antígenos de superfície diferentes daquelas encontradas nas hemácias do receptor,
produz-se uma reação de hipersensibilidade, decorrente da interação dos anticorpos naturais
existentes no receptor com as hemácias do doador. O resultado será a destruição das
hemácias do doador ( hemólise por isoimunização).
64
Nos animais, os anticorpos naturais existem em baixa concentração e reagem contra
um pequeno nº de antígenos.
No bovino, há pouco perigo de reação incompatível, quando se faz somente uma
transfusão, porque o único anticorpo natural que pode ser encontrado é o Anti - J (afim do
anti A humano). Portanto, os doadores J negativos não sofreriam hemólise de seu sangue,
pois não haveria interação dos anticorpos do receptor contra suas hemácias.
Igual situação caracteriza o sangue de Equinos e Suínos que possuem anticorpos
Anti-A e Anti-B.
As reações de transfusão de sangue incompatível, na prática, ocorre com maior
frequência quando o cão foi sensibilizado em uma transfusão anterior. Se um cão A
negativo foi anteriormente imunizado com um sangue A positivo, a reação subsequente é
produzida em menos de 1 hora, com manifestações de hemoglobinemia, hemoglobinúria,
trombocitopenia, leucopenia, febre, tremor, urticária e prostração.
No gato, o grupo A representa 73,3% da população felina, o tipo B - 26,3%, e
apenas 0,4% representa o tipo AB que é mais raro. Um gato do tipo A tem pouca ocorrência
natural de isoanticorpos Anti-B. Todavia, o grupo B tem altos títulos de anticorpos Anti A,
os quais aumentam o perigo de uma reação, mesmo na primeira transfusão de sangue
incompatível.
Com exceção desta espécie, na prática algumas poucas transfusões provocam
incompatibilidade e qpresentam reações clínicas, porque, normalmente, não se fazem
transfusões múltiplas de uma forma geral, a não ser que o animal apresente uma doença
crônica que demande repetidas transfusões. A maior parte das transfusões são realizadas
como emergência para salvar vidas e se constituem, na realidade, na primeira transfusão
que o animal recebeu.
- INDICAÇÕES CLÍNICAS
A mera existência de uma anemia não é justificativa para uma transfusão sanguínea.
Geralmente os bovinos requerem uma transfusão sanguínea quando o hematócrito cai
abaixo de 14%, os Equinos - 15%, os caninos - 12% e os felinos - 10%.
Rotineiramente, as transfusões tornam-se necessárias e desejáveis quando o número
de hemácias estiverem abaixo de 50% do valor normal mínimo para a espécie considerada.
- QUANTIDADE, VIAS DE REPOSIÇÃO E RECOMENDAÇÕES:
Os animais tem aproximadamente 10% do seu peso vivo em sangue.
Usar 10 ml de sangue/Kg de peso, a fim de obter um aumento aproximado de 1.000.000 de
hemácias no sangue do receptor.
65
Exemplo: Um terneiro deve ter no mínimo 5.000.000 de hemácias por mm³. Considerando
um terneiro de 150 Kg e com 2.000.000 de hemácias, este deverá receber:
30 x 150 = 4.500ml ( 4,5 litros ); de outro modo: 10 x 150 x 3 = 4.500ml.
- Um cão ( normal 5.500.000 de hemácias) com 10 Kg e 2.000.000 de hemácias:
10 x 10 x 3,5 = 350ml
Nas anemias aparentemente graves, poder-se-á transfundir de 25 até 50% do total do
sangue estimado para o peso do animal.
Ex. Cão - 10Kg - Volemia - 1 litro - transfundir - 250 a 500ml
Terneiro - 200 Kg - Volemia - 20 litros - transfundir - 5 a 10 litros.
- Durante o ato de transfusão, nos primeiros 10 minutos: deixar correr 60 a 120 gotas de
sangue por minuto e observar a ocorrência de possíveis sinais clínicos que revelem
incompatibilidade.
- Posteriormente: o fluxo poderá ser mais rápido, uma vez que o calibre da própria agulha
fará o controle.
- O sangue deverá ser passado lentamente, em pacientes com anemia crônica, para impedir
a ocorrência de sobre carga cardíaca.
- A via preferida em grandes animais é a jugular. A caudal também pode ser usada em
certas situações.
- Doador - Todo animal pode doar de 1 a 2% de seu peso vivo em sangue, no máximo, uma
vez a cada
15 dias. Cães - 200 a 300 ml - máximo 500ml.
Doador ideal canino – ter 2 a 8 anos, peso acima de 28kg
. Cães com peso superior a 28kg podem doar – 450mL de sangue a cada 3 semanas, sem
necessidade de suplementação nutricional com ferro.
. O ideal é que a doação tenha intervalos de 3 a 4 meses.
. Podem ser machos ou fêmeas castradas ou nulíparas;
. Não utilizar animais que já estiveram prenhes ou que receberam transfusão prévia, devido
a possibilidade de exposição a hemácias estranhas e subsequentes formação de
aloanticorpos.
. Submeter os doadores a exame clínico e hemograma antes da doação;
. Anualmente deve ser realizado perfil bioquímico e
Sorologia para: Brucela canis; Erlichia sp.; Dirofilaria immitis, Babesia sp.; Leischimania
sp. (localização geográfica e incidência.
66
Doador ideal felino
- Idade entre 2 a 5 anos, peso acima de 4kg (5 -7kg não pode ser obeso); Ht > 35%,
Hb > 11 g/dl;
- Volume máximo a ser colhido – 11 a 15 mL/kg a cada 21 dias;
- Cuidado com HIPOTENSÃO durante ou logo após a coleta;
- Geralmente é necessário sedar o paciente;
- Administrar solução salina intravenosa, dose 2 a 3 x o volume sanguíneo colhido.
- Submeter os doadores a exame clínico e hemograma antes da doação;
- Anualmente deve ser realizado perfil bioquímico
- Sorologia para: Toxoplasma gondii, Haemobartonella felis, vírus da peritonite
felina, leucemia felina e panleucopenia felina.
-
Opções para transfusão:
INDICAÇÕES SANGUE E COMPONENTES
Anemia Sangue fresco total
Sangue fresco estocado
Papa de hemácias
Trombocitopenia Sangue fresco total
Trombocitopatia Plasma rico em plaquetas
Coagulopatias Sangue fresco total
Plasma fresco
Plasma fresco congelado
Hipoproteinemia Plasma fresco
Plasma fresco congelado
FTIP * Plasma fresco
Transferência de imunidade específica Plasma fresco congelado
Septicemia/endotoxemia Plasma congelado
*falha da transferência da imunidade passiva
67
1- Sangue fresco total: coletado no máximo há 4 h – manter em TºC ambiente (ou 1 a
6ºC).
Anticoagulante usado: citrato de sódio 3,8% (1 mL/10mL de sangue) ou
heparina – 60 a 120 UI/para cada 500 mL sangue
Componentes: Hemácias – Leucócitos – Plaquetas – Plasma – Proteínas
e todos os fatores de coagulação
- Indicação: Hemorragia aguda (anemia com hipovolemia).
2- Sangue total estocado: manter Temperatura 4 – 6 ºC
Tempo de estocagem: 35 dias Cães
30 dias Bovinos
28 dias Equinos
Anticoagulante usado: Citrato Fosfato Dextrose Adenina – CPDA1 ou Citrato Ácido
Dextrose – ACD contém fatores nutricionais ou preservantes de hemácias.
Componentes: Hemácias – Proteínas Plasmáticas – Fibrinogênio
- ACD – 10 mL/60mL de sangue total (preservação média 21 dias)
- CPDA-1 - 10 mL/60mL de sangue total (preservação média 35 dias – adenina
fornece substrato para as hemácias sintetizarem ATP durante estocagem)
3- Papa de hemácias (volume globular) – centrifugar (2000 rpm /30’) ou sedimentar
(36 a 48hs) o sangue fresco total e ressuspender as hemácias em solução salina a 0,9% -
(0,5:1 ou de 1:1 – para cada 100mL de papa acrescentar 50 ou 100mL de solução salina
isotônica).
. Tempo de estocagem: 30 dias a T 4ºC
A papa de hemácias é pobre em eletrólitos, menos plaquetas e fibrinogênio.
. A administração é realizada como a transfusão.
. A administração deve ser lenta para evitar a sobrecarga cardíaca, em casos de anemia
crônica não deve ultrapassar a velocidade de 10 mL/Kg/h.
. Indicada para animais que precisem melhorar sua capacidade de transporte de oxigênio
e não apenas reposição de volemia. Utilizar sempre que o hematócrito esteja inferior a 25%.
Sinais físicos indicadores para transfusão de papa – fraqueza excessiva, edema e
anorexia prolongada.
4- Plasma Fresco Congelado colhido – separado e armazenado a -18ºC até 6 h
após a coleta. Pode ser armazenado por até 1 ano.
. O congelamento protege os fatores de coagulação lábeis ( V e VIII)
Fornece: Todos os fatores de coagulação
Proteínas plasmáticas
Imunoglobulinas
De 500 mL de sangue com anticoagulante, podem ser obtidos 250 mL de
plasma.
68
OBS: O armazenamento prejudica a manutenção de níveis adequados do fator
VIII e do fator de von Willebrand.
5- Plasma Fresco Congelado deve ser aquecido em banho-maria à 30 - 37ºC
por 20 a 30 minutos somente antes de ser administrado.
Indicação: casos de hipoproteinemia e para reposição de volume quando o
hematócrito for alto com proteínas plasmáticas baixas; para repor fatores de
coagulação. Pressão oncótica plasmática reduzida (efusão pleural severa, edema
pulmonar), pacientes em anestesia com risco de hipotensão, defict de vitamina K,
hemofilia B.
Dose média – 6 a 10mL/Kg via endovenosa.
Fórmula
plasma (l)= peso (kg) x 0,05 x défict protéico (g/dl)
Proteína no plasma do doador (g/dl)
6- Plasma Congelado quando o congelamento ocorre após 6h da coleta.
Conserva – somente fatores de coagulação dependentes da vitamina K
(II – VII- IX – X )
Proteínas Plasmáticas
Imunoglobulinas
Manter a temperatura de -40 e -60ºC – armazenado por mais de 1 ano.
7- Plasma rico em plaquetas obtido após centrifugação do plasma fresco.
Estocar em temperatura ambiente, manter em agitação suave por no máximo 48hs.
(cuidado com risco de contaminação bacteriana)
Indicações:
Pacientes com trombocitopenia grave
Pacientes com disfunções plaquetárias congênitas ou adquiridas
A transfusão sanguínea é medida terapêutica emergencial, de efeito limitado e
transitório. O tempo de vida das hemácias transfundidas é relativamente curto,
e sua indicação em anemia crônica é questionável.
69
Tempo de vida das hemácias transfundidas
ESPÉCIE TEMPO DE VIDA
(EM DIAS)
Equinos 2 – 6 dias
Bovinos 2 – 3 dias
Caprinos 2 – 5 dias
Suínos Até 14 dias
Caninos Até 21 dias
Felinos Até 70 dias
REAÇÕES DE TRANSFUSÕES INCOMPATÍVEIS E SINAIS CLÍNICOS
Silveira (88), Patologia Clínica Veterinária
No tratamento de incompatibilidade transfusional, poderão ser usadas anti-
histamínicos e corticosteróides, para diminuir a reação de hipersensibilidade ( alergia ).
Na maioria das vezes, havendo hipotensão arterial com tendência ao choque, são
indicados agentes estimuladores da pressão ( alfa e beta adrenérgicos) à base de Dopamina.
Esforços ocasionais deverão ser desenvolvidos para manter volume e fluxo urinário, para
impedir o desenvolvimento de uma insuficiência renal.
Classificação Reações sinais clínicos
-Não imunológicas .Anormalidades hemodinâmicas (sobrecarga
vascular).
. Febre (agentes infecciosos)
. Hemólise assintomática: trauma físico dos
eritrócitos: congelamento, superaquescimento.
- Tosse, dispneia, vômitos e urticária.
- Febre.
- Nenhum.
- Imunológicas . Incompatibilidade hemolítica dos eritrócitos. - Inquietação, ansiedade, tremores musculares.
Náuseas, vômitos, apnéia ou taquipnéia.
- Incontinência urinária ou fecal.
- Convulsões.
70
Capítulo V – EXAMES COMPLEMENTARES
1. Hemossedimentação (VHS)
O sangue contendo anticoagulante, quando em repouso, os eritrócitos tendem a
sedimentar. Este processo é acelerado quando há existência de certos processos patológicos.
A hemossedimentação depende de vários fatores, dentre eles merecem destaque a
tendência dos eritrócitos a formares pilhas globulares ( rouleax), o nº e tamanho destas
células por volume de sangue, a concentração de fibrinogênio, o teor de globulinas e ainda
o tipo de anticoagulante.
Interpretação: Muitos dos diversos fatores que influenciam na VHS não foram ainda
estabelecidos. Todavia, tem-se verificado que a VHS aumenta em associação com o dano
tecidual e em episódios de processos inflamatórios. Esse incremento é uma resposta
inespecífica, tendo valor limitado, como instrumento para a configuração de um diagnóstico
definitivo. A maior importância, é no acompanhamento do curso de uma enfermidade e,
particularmente, na avaliação da resposta de um indivíduo a processos necróticos ou
inflamatórios.
. Bovinos: Normalmente a formação do rouleax no sangue de ruminantes é escassa. O
resultado da VHS superior a 4mm em 7 horas indica existência de processo patológico.
. Equinos: Os equinos apresentam uma intensa capacidade de formação do rouleax. Ocorre
na AIE.
. Suínos: Pneumonia, peste suína.
. Cão: Leptospirose, cinomose, radiações, prenhez, miocardite, filariose, pneumonia, nefrite
intersticial crônica, peritonite, pleurite e hepatite infecciosa canina.
- SEDIMENTAÇÃO DIFÁSICA
Ocasionalmente, em uma determinação de VHS, não há linha definida entre os
eritrócitos sedimentados e o plasma. Este último está transparente, excetuando um halo de
leucócitos que parece ondular por sobre a coluna de eritrócitos. Esse fenômeno é resultado
da presença de reticulócitos ou de outras formas imaturas de eritrócitos. Ele poderá também
ocorrer, caso esteje presente um grande número de eritrócitos com formas anormais. Esse
"rastro" de eritrócitos ocorre porque as células envolvidas possuem dimensões maiores;
além disso, elas não participam das formações de "rouleax" .
Sempre que ocorre sedimentação difásica, indica a presença de uma alteração eritrogênica.
71
2. TEMPO DE COAGULAÇÃO
Constitui o tempo necessário para que haja completa coagulação de sangue e,
considerando o tempo inicial o momento em que é retirado do vaso sanguíneo. A técnica
utilizada e a temperatura influenciam no tempo de coagulação dos animais.
- Método de LEE - WHITE
Para coletar sangue, no processo de determinação do tempo de coagulação de Lee-
White, lavamos uma seringa e agulha estéril com solução salina fisiológica, também estéril.
A salina deve ser cuidadosamente expelida, de forma que o espaço morto no fim do cilindro
e da agulha permaneça desocupado. Devemos coletar mais de 3 ml de sangue, e o tempo de
coagulação deve ser registrado desde o momento em que o sangue inicialmente aparece na
seringa. Precisamos evitar ao máximo a introdução de ar na seringa, pois o ar acelera a
coagulação. A agulha é removida da seringa e 1 ml de sangue é colocado em cada um dos
três tubos., com diâmetro interno de 13mm e comprimento de 75mm.
Estes tubos devem estar quimicamente limpos, tendo sido enxaguados com solução salina
fisiológica imediatamente antes do uso. Antes ainda de se colocar o sangue nesses tubos,
eles deverão ser postos em um recipiente com água mantida à temperatura de 37ºC. Os
tubos serão movimentados delicadamente a intervalos de 30 segundos, começando com o
tubo 1. Quando este coagular, continuaremos com os tubos 2 e 3, respectivamente.
Devemos tomar cuidado para não deixar que os tubos esfriem ou sejam agitados em
excesso, até que ocorra a coagulação.
O tempo de coagulação será registrado quando o tubo puder ser invertido sem que
seu conteúdo escorra. O ponto terminal, correspondente ao encerramento da contagem de
tempo, será alcançado quando o tubo nº 3 coagular; o tempo de coagulação inicia-se no
momento em que a amostra de sangue é obtida até que esteja completada a coagulação do
tubo nº 3.
OBS: O tempo de coagulação em plástico ou tubos siliconizados é aproximadamente 2
vezes mais longo que em vidros.
- Método do TUBO CAPILAR:
O sangue é obtido por punção cutânea, após desprezar a 1ª gota encher o tubo
capilar com sangue e mantê-lo na posição horizontal. Marcar o tempo e a intervalos
regulares de 30 segundos, quebrar os fragmentos de aproximadamente 1 cm do tubo.
Quando após a quebra do tubo aparecem filamentos de fibrina nas extremidades deste,
marca-se o período transcorrido. O tempo de coagulação corresponde ao tempo gasto até o
aparecimento do coágulo.
Muito difícil a obtenção do sangue desta maneira, sem que haja a contaminação com
fluídos tissulares em quantidade excessiva.
72
VALORES NORMAIS DO TEMPO DE COAGULAÇÃO DO SANGUE TOTAL
- MÉTODO DE LEE - WHITE -
ESPÉCIE TEMPO DE COAGULAÇÃO
Bovino - Vidro 04 - 15
Ovino - Vidro 04 - 15
Plástico 05 - 27
Equino - Vidro 20 - 32
Silicone 57 - 86
Suínos - Vidro 6,2
Caninos - Vidro 06 - 7,5
Silicone 28 - 40
Felinos - Vidro 9,2
Interpretação:
O tempo de coagulação encontra-se aumentado quando há:
. Hemofilia
. Lesão hepática severa
. Trombocitopenia
. Uremia
. Envenenamento pelo fósforo
. Deficiência de vitamina K
. Deficiência de Manganês em aves.
3. CONTAGEM DE RETICULÓCITOS
Coloca-se uma gota de sangue em um tubo de ensaio e uma gota de azul cresil
brilhante, homogenizar, e esperar alguns minutos com este tubo em banho- maria. Fazer o
esfregaço e deixar secar livremente.
Conta-se os reticulócitos (x100) que são raros, mas o que importa é sua percentagem
relativa ao nº de hemácias.
Contagem % absoluta de reticulócitos = contagem % observada x VG observado
VG normal
Exemplo: Cão com VG 20%, contagem de reticulócitos 32%
Contagem absoluta = 32 x 20 = 14,5%
45
73
4. TEMPO DE SANGRIA
Consiste na observação do tempo gasto para que haja hemostasia de uma pequena
incisão realizada na pele e está intimamente relacionada com o nº de plaquetas.
- MÉTODO DE DUKE
Realizar assepsia da região onde deverá ser realizada a prova (orelha ou lábio).
Praticar uma incisão cutânea com uma agulha comum ou lanceta de Bensaúde de modo a
conseguir um fluxo de sangue e através de um cronômetro marcar o tempo quando
aparecer a 1ª gota de sangue e através do papel filtro enxugar o sangue a cada 30’’, encerrar
o tempo quando não mais aparecer sangue, determinando-se assim o tempo de sangria.
Interpretação:
Este tempo poderá estar aumentado quando há:
- trombocitopenia,
- defeito na parede vascular,
- lesão hepática severa;
- uremia;
- após administração de grande quantidade de anticoagulante.
O tempo de sangria nos animais domésticos varia entre 1 a 5 minutos, podendo ser
observado no cavalo 5 a 15’’ pelo método de Duke.
74
5-CASOS CLÍNICOS
1. Cão cocker spaneil, com 8 anos, 20 Kg, apresentando as mucosas oculares e bucais
intensamente descoradas. Anorexia, apatia, aumento de volume abdominal.
Eritrograma
Hemácias - 1.800.000 (5,5-8,5 x 106)
Hb - 3,4 g% ( 12-18)
VG - 12% (35-55)
Ret.- 0,5% (0,5-1)
PPT- 3,7g/dl (6 - 7 )
FP - 100mg% (200-400)
IC - 2 UI (2 - 5 )
VGM - 66 (60-77)
CHGM - 31 (31-37)
Interpretação: Há anemia arregenerativa, normocítica normocrômica. É arregenerativa
porque a contagem de reticulócitos está nos limites normais. É uma anemia resultante de
uma doença crônica, provavelmente de origem hepática em virtude do valor da ppt -
hipoproteinemia acentuada. A lesão hepática deste animal pode ser crônica com um certo
grau de cirrose. Pelo valor da ppt, pode-se dizer que está ocorrenco transudação de líquidos
para a cavidade, para que o órgão se torne afuncional, para a realização de síntese de
proteínas, como é o caso.
2. Cão, fêmea, 7 anos, Dobermam, apresentando polidipsia, levemente febril, corrimento
vaginal achocolatado.
Eritrograma
Hemácias - 6.700.000
Hb - 13,5 g%
VG - 40%
Retic. - 1%
PPT - 8,3g/dl
FP - 600mg%
IC - normal
Interpretação: Não há anemia. O que chama a atenção é o aumento de PPT e FP. O aumento
de PPT é devido a hipertonicidade plasmática que ocorre na piômetra - pelo fato de haver
acúmulo de líquidos (água) no útero e consequentemente desvio de água do plasma (
hemoconcentração).
O FP se eleva devido a contaminação do líquido uterino com bactérias - processo
inflamatório séptico.
75
3. Cão macho, adulto, SRD, apresentando desidratação intensa, mucosas oculares
hiperêmicas, temperatura 39,5ºC. Odor amoniacal à respiração. Pêlos de cor e aspecto
desagradável.
Eritrograma
Hemácias - 1.600.000
Hb - 3,1 g%
VG - 10%
Retic. - 0,5%
VGM - 62,6
CHGM - 31%
PPT - 10g/dl
FP - 600 mg%
IC - plasma pálido(descorado)
Interpretação: Anemia arregenartiva devido à anormalidade da contagem de reticulócitos e
com agravante de indicação de depressão da medula óssea. Esse quadro acontece mais
comumente em cães com nefrite crônica difusa ou insuficiência renal, A ausência da
resposta da medula óssea à anemia é devida à falta de eritropoetina - hormônio renal cuja
função é estimular a diferenciação na medula em todas as espécies animais.
Esse quadro tem uma indicação forte para as doenças referidas, em virtude do estado
de desidratação grave que acompanha o paciente (PPT = 10 ). Esta hiperproteinemia ocorre
em doenças renais avançadas, face à retenção de solutos (Uréia, creatinina) na fase oligúria,
diminuição da filtração glomerular e inanição.
O valor elevado de FP é decisivo para o diagnóstico de processos infecciosos
inflamatórios; a doença renal avançada é uma das poucas patologias em animais de pequeno
porte, em que há elevação deste parâmetro.
4. Cão, 3 meses, Chiuaua. Informações recebidas à necrópsia: no dia anterior, o animal foi
apresentado no ambulatório ao clínico de plantão, com diarréia aquosa, vômito, temperatura
alta. Morreu em 24hs. Foi encaminhado para anatomia patológica.
Hemograma
Hemácias - 5.200.000(5,5-8,5x106) Leucócitos: 2.500 (6 – 15x10
3)
Hb - 12,2 g% (12-18) Bastão - 25% (0 - 2)
VG - 38% (37-55) Segmentados- 50% (60-77)
VGM - 73,1 (60 -77) Linfócitos - 24% (12 - 30)
CHGM - 32,1 (31 - 37) Monócitos: 1% (3 - 10)
PPT - 5,6 g/dl (6 - 7) Eosinófilos - 0% (2 - 10)
FP - 600 mg% (200-400)
Interpretação: Nesta virose, a desidratação é um sinal que normalmente acompanha este
animal. É manifestada pelos valores normais ou falsamente elevados do hematócrito e das
PPT. A hiperfibrinogenemia tem sido uma constante na fase em que houve infecção
bacteriana secundária. A leucopenia ocorre pela depressão da medula ósssea, marcadamente
76
do número de neutrófilos e linfócitos. Na prática, os animais com menos de 3.000
leucócitos dificilmente obtêm êxito no tratamento, mesmo quando racionalmente
conduzidos.
Outras viroses do cão provocam sintomas similares, principalmente coronavírus, a
qual pode ser diferenciada pela ausência de febre e a inexistência de leucopenia. Esta última
é mais sensível ao tratamento e acomete animais jovens e adultos.
5. Equino, PSI, potro 6 meses, macho, apresentando anorexia, fraqueza, palidez das
mucosas. Mucosas ictéricas.
Hemograma
Hemácias - 2.540.000 (7 – 13x106) Leucócitos: 15.400 (6 – 11x10
3)
Hb - 4,6g% (10 - 18) Bastão - 2% (0 - 2)
VG - 14% (32 - 48) Segmen. - 40 % (55- 65)
PPT - 6,8g/dl (6,5 - 7,0) Eosinóf. - 1% (1 - 4)
FP - 400 mg% (200-400) Monócit.- 4% (3 - 5)
IC - 30 UI (5 - 20) Linfócitos- 53% (30-35)
OBS: Exame do esfregaço corado: Presença de Babesia equi. Policromatofilia acentuada,
com presença de células jovens. Eritrofagocitose.
Interpretação: Anemia regenerativa com boa resposta da medula é uma característica do
processo hemolítico parasitário. Há necessidade de transfusão pelo valor do VG - 14%. O
aumento do IC reforça o diagnóstico da hemólise intravascular. O FP está normal, pela
ausência de condição inflamatória. Há leucocitose com linfocitose, esta última relacionada
com a estimulação antigênica determinada pelo agente.
A Babesia equi é difícil de ser encontrada na forma aguda em animais adultos. A
mais comum é a forma crônica, quando se encontram poucas formas parasitárias no
esfregaço. Provavelmente, numa condição de stress, o parasita tem seu potencial de
multiplicação exacerbado e a partir de sua liberação do SRE, onde parece ficar
sequestrado. A eritrofagocitose - fagocitose das hemácias alteradas, desenvolvida por
macrófagos do sangue - é uma alteração patológica comum no sangue de animais
parasitados por hematozoários, principalmente cães e equinos.
77
Capítulo VI – NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS
É uma doença neoplásica generalizada, envolvendo 1 ou mais tipos de
células dos tecidos hematopoiéticos, medula óssea, tecido linfóide, SRE.. O seu diagnóstico
pode ser feito através do exame de sangue circulante, exame de medula através de punção
ou ainda através de biópsia de gânglio.
É definida pela presença de células sanguíneas neoplásicas no sangue periférico ou
na medula óssea e geralmente é classificado como distúrbios MIELOPROLIFERATIVOS
E LINFOPROLIFERATIVOS.
A leucemia é invariavelmente fatal; assim, deve-se ter o cuidado para firmar um
diagnóstico positivo, a menos que ele seja cuidadosamente confirmado. Em alguns casos
essa confirmação é conseguida pelo exame de sangue e pela demonstração de alterações
típicas, no sangue periférico. O exame de medula óssea é frequentemente utilizado para
colaborar com os achados no sangue.
Geralmente a configuração absoluta é difícil, porque embora o nome da doença
sugira a existência de uma alteração observável no sangue e com um aumento de leucócitos,
esses achados nem sempre estão presentes.
Na identificação do tipo de leucemia, a célula tipo que caracteriza a enfermidade
deverá ser demostrada.
As leucemias de acordo com o seu grau de malignidade e o número de leucócitos
pôr mm³ de sangue podem ser classificados em: leucêmicas, subleucêmicas e aleucêmicas.
- Leucêmica: produz leucocitose intensa com elevado número de células deformadas e
imaturas no sangue circulante.
- Subleucêmica: Os leucócitos apresentam-se em número normal ou ligeiramente
aumentados enquanto que é pequena a quantidade de células deformadas no sangue
circulante.
- Aleucêmica: Também neste tipo os leucócitos apresentam-se dentro dos valores normais e
poucas são as células anormais no sangue circulante.
Nas leucemias aleucêmicas e em algumas subleucêmicas, torna-se necessário o
exame de medula e biópsia para confirmar o diagnóstico.
Baseando-se no curso do processo leucêmico, as leucemias podem ser agrupadas em
agudas ou crônicas. As agudas geralmente são subleucêmicas e as crônicas podem ser do
tipo leucêmico, subleucêmico ou aleucêmico.
De acordo com o tipo de células predominante no sangue circulante, na medula
óssea ou no tecido linfóide, as leucemias podem ser granulocíticas - também chamadas de
mielógenas; linfocíticas - linfossarcoma e linfoma maligno; e monocíticas.
78
Existem vários outros termos representativos das leucemias, dentre eles merecem
citação:
1. Leucose: Neoplasias dos leucócitos de um modo geral. Em determinados países apenas
para as leucemias das aves (EUA); enquanto na Europa para designar as enfermidades
neoplásicas dos leucócitos como um grupo geral. No Brasil é usado para as neoplasias dos
Bovinos.
2. Leucemia: "Sangue Branco", termo usado primeiramente pôr Wirchow em 1847,
representa as leucoses nas quais os leucócitos neoplásicos são observados no sangue
circulante.
3. Linfossarcoma: Neoplasia de origem linfógena, sendo este termo aplicado somente para
as neoplasias com um ponto central de origem - unicêntrica - as quais se estendem pôr
invasão e metástase - parte de uma víscera e se espalha para as demais.
4. Linfoma maligno: Assim são denominadas as leucemias de origem linfógena, quando se
observa engrossamento de muitos ou todos os linfonodos, representa as leucemias que
possuem muitos pontos de origem - multicêntrica.
5. Doença de Hodgkin: Rara nos animais domésticos, é representada pelos processos
granulomatosos dos gânglios linfáticos com hiperplasia linfocítica no início do processo,
seguida de perda progressiva de estrutura normal dos linfócitos. Este tipo tem como sinal
patognomônico a presença de células Reed-Sternberg as quais são gigantes, mono ou
multinucleadas.
6. Mielose - Eritrogênica: Neoplasia hematológica caracterizada pôr uma excessiva
proliferação de células da linhagem eritrocítica.
7. Eritroleucemia: Proliferação das linhagens eritrocíticas e mielocíticas no sangue
periférico, simultaneamente.
8. Leucemóide: Designação utilizada para o aumento do número de leucócitos e quadro
sangüíneo diferencial semelhante a uma leucemia, mas que tem causa diferente.
79
Thrall, 2007
NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS DO CÃO
Linfossarcoma (sinônimo: linfoma maligno, leucose linfóide, leucose linfática)
É a forma mais comum de leucemia em cães, embora sangue leucêmico seja
relativamente difícil de ser encontrado. Assim como no bovino, a incidência aumenta com a
idade, estando a maior incidência na faixa etária de 5 a 9 anos.
Formas clínicas:
MULTICÊNTRICA: caracterizada por linfoandenopatia bilateral da maioria dos nódulos
superficiais, hepatoesplenomegalia e envolvimento de outros tecidos e órgãos.
ALIMENTAR: raramente acomete os linfonodos superficiais ou o baço, mas o tubo
gastrintestinal e linfonodos mesentéricos são normalmente envolvidos. É o tipo menos
diagnosticado na literatura.
Diagnóstico:
Clínico: O sinal clínico mais comum de cães com linfossarcoma é a linfoadenopatia
bilateral, indolor dos linfonodos superficiais (pré-escapular, inguinal e poplíteo). As
amídagas podem estar hipertrofiadas.
A forma multicêntrica é dividida por alguma autores em 3 fases clínicas
progressivas:
a) Linfoadenopatia em cães relativamente normais;
b) Início com perda de peso e leves distúrbios digestivos;
80
c) Rápida mudança de comportamento, com anorexia, apatia, emaciação, desidratação
e morte.
O linfossarcoma no cão é afebril e deve ser diferenciado da linfoadenopatia
acompanhada de febre, cujo diagnóstico é provavelmente de linfadenite infecciosa.
Pode haver formação de ascite na fase final, quando então o animal se apresenta em
péssimas condições físicas. Alguns autores estimam o tempo de duração da doença, até
a morte é em torno de 180 dias.
Laboratorial: a forma leucêmica da doença é rara. O número de leucócitos está no limite
normal máximo (18 a 20.000/mm³), havendo exceção nos estágios finais, onde há
comprometimento bacteriano com depauperamento do animal.
A leucopenia pode existir em alguns casos e não é considerada um resultado
anormal.
Leucocitose absoluta é dificilmente encontrada, diferenciando, neste aspecto, dos
bovinos. Porém, o aparecimento de formas imaturas de linfóctios no sangue periférico
em pequenas proporções é comum, NÃO PODENDO SER INTERPRETADO COMO
DIAGNÓSTICO. Nos casos mais avançados da doença, as formas anormais dos
linfócitos (nucleo binucleado com pseudópodes e hipercromatismo) chamam a atenção.
A indicação mais segura para o disgnóstico é a biópsia (citoaspirado) do linfonodo,
facilmente desenvolvida com agulha fina, que ajuda em 60% dos casos, ou pela
histopatologia.
Nos estágios finais da doença, a medula óssea está acometida por células
linfocitárias neoplásicas.
Anemia, quando presente, é moderada do tipo arregenerativa, mostrando uma
contagem baixa de reticulócitos.
A concentração de proteína está na dependência do estágio da doença e do
comprometimento do baço e fígado.
O cálcio sanguíneo mostra valores altos em uma grande porcentagem de animais,
pela produção ectópica de hormônios semelhantes ao PHT (pseudo
hiperparatireoidismo).
LECEMIAS LEUCÊMICAS
1. Linfocítica
Há relatos de leucemias leucêmicas linfocíticas em cães, cuja contagem de
leucócitos variam de 120 a 580.000/mm³, dos quais 85 a 97,5% das células eram de origem
linfóides e presentes no sangue. Apresentam formas linfocitárias imaturas no sangue, em
proporções variadas.
Depressão de diversos meses de duração, vômito ocasional e episódios esporádicos
de diarréia, anorexia, perda de peso e temperatura corporal ocasionalmente elevada são os
sinais clínicos principais.
Pode ocorrer linfoadenopatia bilateral, infiltração de linfócitos na medula óssea e
esplenomegalia. A idade varia de 9 a 10 anos.
81
2. Granulocítica ou Mielocítica
Faixa etária varia de 16 meses a 14 anos. Na maioria dos casos os animais
apresentam-se com sangue leucêmico, ou seja leucocitose com presença de células imaturas
nos esfregaço. Há neutrofilia com desvio a esquerda de mieloblastos.
Como característica das leucometrias específicas nesta espécie e neste tipo de
leucemia, é a disparidade nos estágios de desenvolvimento dos granulócitos. Num animal
com resposta normal, poder-se-ia esperar o encontro de menos mielócitos que
metamielócitos, menos metamielócitos que bastões, e menos bastões que segmentados. Em
leucemias granulocíticas, isto não é sempre verdadeiro; frequentemente são encontradas
quantidades maiores de mielócitos do que metamielócitos ou de metamielócitos que
bastonetes, e com frequência neutrófilos imaturos suplantam numericamente os neutrófilos
segmentados maduros.
As células leucêmicas com frequência são volumosas ao extremo, com citoplasma
altamente basófilos, estão presentes nucléolos, as vezes, mesmo as formas mais maduras
dos granulócitos. Há vacuolização do citoplasma. Os neutrófilos neoplásicos são
susceptíveis de mudanças degenerativas, ocorrendo após o evento da coleta. Os neutrófilos
neolpásicos degenerados com frequência assumem características de monócitos, podendo
ser difícil a diferenciação.
A anemia e trombocitopenia são achados frequentes devido a ocupação dos espaços
da medula óssea pelas células neoplásicas.
Na citologia por aspiração dos linfonodos observa-se granulócitos em vários
estágios de maturidade.
No exame físico observa-se linfadenopatia periférica, esplenomegalia e em alguns
casos hepatomegalia.
A queixa frequente dos proprietários é a perda de peso, com vários meses de
duração. Anorexia, vômito, diarreia, poliúria e polidipsia estão presentes.
OBS: ANIMAL SUSPEITO DE LEUCEMIA - FAZER O ESFREGAÇO
IMEDIATAMENTE APÓS A COLETA.
Outros tipos de leucemias em cães
- Leucemia leucêmica monocítica
- Leucemia dos mastócitos – mastocitoma
- Mieloma múltiplo ou mieloma plasmocitário
- Mielose eritrêmica e eritroleucemia
82
LEUCOSE BOVINA
É uma das doenças neoplásicas de maior importância nos bovinos. A forma mais
comum de leucose nos bovinos é a do tipo linfocítico, com características essencialmente
tumorais, recebendo a denominação compatível com esta forma de apresentação de
linfossarcoma.
Formas clínicas:
1. Forma Juvenil: Acomete terneiros de 1 a 6 meses de idade, ocasionando linfoadenopatia
generalizada, infiltração da medula óssea, fígado e baço com células neoplásicas.
2. Forma Tímica: Observada em terneiros de corte e leite, com idades variando de 6 a 30
meses, apresentando comprometimento maciço do timo e frequente envolvimento da
medula óssea. Os linfonodos regionais são também afectados, mas linfoadenopatia
generalizada é raro.
3. Forma adulta: É considerada como "Leucose Enzoótica Bovina", incidente em animais
da faixa etária de 2 a 18 anos. É comum haver múltiplas incidências no mesmo rebanho. Há
linfoadenopatia disseminada, afetando o coração, rins, abomaso, útero, medula espinhal,
intestinos, fígado, baço e bexiga, com ordem decrescente de frequência. É a forma mais
comum no Brasil. A forma enzoótica é a forma contagiosa, a qual está relacionada ao vírus
da Leucose Bovina (VLB), que é um oncornavírus tipo C.
Diagnóstico:
- Clínico: A enfermidade é tipicamente afebril atingindo preferentemente a faixa etária de
animais com idade acima de 5 anos. A evolução da doença é rápida, conduzindo o animal
para fase terminal e morte em apenas poucos meses. Aumento bilateral dos gânglios
superficiais (cervicais, submandibulares, femurais) é a primeira advertência, ainda que, em
alguns casos, a hipertrofia de um gânglio externo esteja aparente. A infiltração do
miocárdio e abomaso pode ocorrer conduzindo, neste último caso, a sinais de indigestão.
- Laboratorial: Hematologia: A contagem global dos leucócitos pode variar, podendo haver
leucocitose, leucopenia, ou leucócitos em número normal. Uma leucocitose variando de 15
a 30 mil leucócitos/mm³ de sangue, com linfocitose, é o resultado mais frequente. É
importante observar a presença de linfócitos imaturos, com núcleo redondo e nucléolo
evidente e citoplasma fortemente basófilo. Linfócitos anormais e típicos - núcleo duplo ou
com chanfradura e citoplasma vacuolizado - podem ser vistos em proporções que variam na
contagem diferencial de 4 a 10%, podendo ser consideravelmente maiores nas formas
leucêmicas.
83
Uma neutrofilia moderada acompanha o leucograma e é justificada pela presença de
produtos celulares necróticos, resultantes das células neoplásicas (tumorais), que são
quimiotáticas para os neutrófilos.
Eosinófilos estão sempre presentes no esfregaço, e as plaquetas, normalmente estão
aumentadas em tamanho e número.
A hipoproteinemia pode ocorrer na fase terminal da doença e pode ser explicada
pela anorexia prolongada, perda intestinal e comprometimento do fígado e baço.
A anemia pode ocorrer, entretanto, o estado anêmico franco é difícil de ser
encontrado, talvez pelo longo tempo de sobrevida das hemácias do bovino (160 dias) e pelo
estado de hemoconcentração em que o animal se encontra na fase final da doença,
mascarando os resultados dos exames.
A hematologia, quando criteriosamente desenvolvida e associada ao exame clínico,
dá bom respaldo ao diagnóstico, mas só é definitiva nos casos francamente leucêmicos.
OBS: A INDICAÇÃO MAIS SEGURA PARA DIAGÓSTICO É A BIÓPSIA DO
GÂNGLIO.
EFEITOS DA LEUCEMIA SOBRE O CORPO
Segundo GAYTON (1984), o primeiro efeito da Leucemia é o crescimento
metastático de células leucêmicas em áreas anormais do corpo. As células leucêmicas da
medula óssea podem reproduzir-se tão intensamente, de modo a invadir o osso circundante,
causando dor e, por fim, tornando-o facilmente fraturável. Quase todas as leucemias
disseminam-se para o baço, gânglios linfáticos, fígado e outras regiões bastante
vascularizadas, independentemente de a leucemia originar-se na medula óssea ou nos
gânglios. Em cada uma dessas áreas, as células em crescimento rápido invadem os tecidos
circundantes, utilizando os elementos metabólicos desse tecido e, consequentemente,
causando sua destruição.
O desenvolvimento de infeções, anemia intensa e tendência ao sangramento causada
pela trombocitopenia são efeitos muito comuns na leucemia. Tais efeitos resultam,
principalmente, da substituição da medula óssea normal por células leucêmicas.
Finalmente, talvez o efeito mais importante de leucemia sobre o corpo seja o uso
excessivo de substratos metabólicos pelas células cancerosas em crescimento. Os tecidos
leucêmicos reproduzem-se de modo tão rápido que uma enorme demanda é feita aos
líquidos do corpo para o fornecimento de substâncias nutritivas, especialmente aminoácidos
e vitaminas. Conseqüentemente, a energia do paciente é bastante diminuída, e a utilização
excessiva de aminoácidos causa a rápida deterioração das proteínas normais dos tecidos do
corpo. Assim, à medida que os tecidos leucêmicos crescem, os outros tecidos são
debilitados. É claro que após esse jejum metabólico ter-se prolongado em demasia, ele é,
por si só, suficiente para causar a morte.
84
CASOS CLÍNICOS
1. Canino macho, 3 anos, Pointer, 28 Kg. Animal estava fisicamente bem no dia anterior.
Houve uma súbita queda nas condições de saúde. Foram observadas apatia, fraqueza nas
pernas e instabilidade nos movimentos.
Sinais clínicos: Hipertermia. Frequências cardíacas e respiratória aumentadas. Icterícia
evidente. Hepato e esplenomegalia.
Hematologia
Eritrócitos: 630.000 (5,5-8,5x106) Leucócitos: 65.000(6-17)
Hemoglobina: 3,0g%(12-18) Mielócitos: 1%
VG: 10% ( 37-55) Metamielócitos: 11%
VGM: 166 ( 60-77) Bastões: 13% (0-3)
CHGM: 30% (31-36) Segmentados: 60% (60-77)
PPT: 7,4g/dl ( 6-7) Eosinófilos: 2% ( 2-10)
FP: 400 mg% (200-400) Monócitos: 1% (3-10)
IC: 50UI (2-5) Linfócitos: 12% ( 12-30)
Obs: exame do esfregaço corado: Policromatofilia acentuada. Presença de grande número
de células jovens eritrocitárias no sangue(metarrubrócitos). Auto aglutinação das hemácias.
Esferocitose.
2. Bovino, mestiço, Holandês, de aproximadamente 5 anos de idade, fêmea, com histórico
de diarréia líquida, profusa, em jactos, com mais ou menos 15 dias de duração. Mucosas
anêmicas, desidratação profunda. Hipertermia. Propriedade de manejo precário e condições
higiênicas pobres.
Hematologia
Eritrócitos: 3.700.000 (5-10 x 106) Leucócitos: 3.400 ( 4-12)
Hb: 6,9 g% ( 8-14) Mielócitos: 1%
VG: 22% ( 24-48) Metamielócitos: 2%
PPT: 4,0 g/dl ( 7-8) Bastões: 4% ( 0-2)
FP: 300 mg% (300-700) Segmentados: 34% ( 15-45)
IC: normal Linfócitos: 56% ( 45-75)
Eosinófilos: 1% ( 2-20)
Monócitos: 2% ( 2-7)
Obs: exame do esfregaço corado: Muitos linfócitos com alterações morfológicas
do citoplasma e núcleo. Células multinucleadas.
Exame Parasitológico: Ausência de ovos de helmintos e cistos de protozoários.
85
3. Bovino, fêmea, de aproximadamente 7 anos de idade. A vaca começou a mancar,
inicialmente. Levantou-se algumas vezes e prostrou-se definitivamente. Come e bebe.
Estado geral bom. Gânglios superficiais todos palpáveis e com aumento de volume
(hipertrofiados). Mucosas congestas. Dificuldade respiratória. Atonia ruminal, edema dos
membros, paresia dos posteriores.
Hematologia
Hemácias: 4.300.000 Leucócitos: 25.000
Hb: 11 g% Bastões: 4%
VG: 34% Segmentados: 42%
PPT: 3,8 g/dl Linfócitos*:53%
FP: 400 mg% Eosinófilos: 1%
Monócitos: 0
Obs: exame do esfregaço corado: 15% de linfoblastos com nucléolos evidentes e
hipercromatismo nuclear.
86
Capítulo VI - BIOQUÍMICA CLÍNICA
1. Função Hepática
- Bilirrubina
- Albumina
- Globulinas séricas
- Ác. Úrico
- Prova de tolerância dos Aa
- Protrombina
- Amônio
- Colesterol
-TGO (AST), TGP (ALT)
-SDH – sorbitol desidrogenase
-GDH – glutamato desidrogenase
-Gama GT – Gama glutamil-transferase
- Fosfatase alcalina
2. Prova de função muscular – CPK
3. Inespecífica – LDH – Desidrogenase láctica
4. Função Renal:
-Creatinina
-Uréia
-Ác. Úrico
5. Função Pancreática
-Glicose
-Lipase sérica
-Amilase sérica
-Teste de Absorção
6.Minerais: Cálcio e Fósforo, Magnésio
7.Eletrólitos: Sódio, Potássio e Cloretos
87
Conforme Kerr (2003), o plasma é basicamente o fluido extracelular (FEC) com
adição de proteínas para retenção de água na circulação – por aumento da pressão osmótica.
Ele transporta uma grande quantidade de substâncias dos sítios de absorção ou produção
aos sítios de utilização ou excreção e contém muitas outras substâncias que são essenciais
em determinadas concentrações para a função apropriada do FEC.
Deve-se considerar qual a razão pelo qual a determinada substância está presente no
plasma.
Plasma ou soro? Plasma é o sobrenadante obtido quando uma amostra de sangue
que foi coletada com anticoagulante é centrifugada; soro é equivalente de uma amostra que
se permitiu coagular. A maioria dos testes bioquímicos pode ser realizada tanto com o
plasma de amostra heparinizada ou com soro (há poucas exceções).
Para obtenção do soro, o sangue coagulado deve ser deixado a temperatura
ambiente até que o coágulo se forme por inteiro (pode levar cerca de 2 horas) antes de
qualquer tentativa de separá-lo. A centrifugação logo após a coleta, o soro por si só
ficará sólido/coagulado, tornando a amostra inutilizável.
1.FUNÇÃO HEPÁTICA
Para avaliação de função e lesão hepática há três categorias de análise:
1. Testes indicativos de lesão de hepatócitos
- ALT – AST e SDH
-
2. Testes indicativos de obstrução do fluxo biliar (colestase)
- Fosfatase Alcalina (FA), Gama-glutamil transferase (GGT);
3. Testes que avaliam a função hepática ou indicam a disfunção hepática:
Proteínas (Albumina), Colesterol, Glicose, Uréia e Fatores de coagulação e
Bilirrubina.
- TGP e TGO
TGP - nomenclatura atual - ALT (Alanino aminotransferase)
A maior quantidade desta enzima é encontrada nos hepatócitos do cão, gato, rato e
coelho. É considerada específica para lesão hepática destes animais. Seu aumento no soro
está relacionada com lesão hepática de natureza inflamatória, tóxica e degenerativa. Os
níveis de sua elevação estão na dependência do grau e duração da lesão. As concentrações
maiores são encontradas nos casos agudos. Na prática, níveis elevados dessas enzimas são
observadas em patologias do fígado, dentre as principais:
- Hepatite infecciosa canina e leptospirose
- Hepatite tóxica
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- Congestão passiva do fígado
- Lipidiose ou degeneração gordurosa
- Necrose inespecífica
- Processos tóxico-quimicos
Tumores hepáticos
- Uso de drogas farmacológicas-corticosteróides e hormônios
TGO - nomenclatura atual: AST (Aspartato aminotransferase)
A maior fonte está localizada no hialoplasma e nas mitocôndrias das células. É uma
das enzimas de peso molecular alto - esta propriedade está relacionada com o tempo e sua
transudação da célula para o plasma.
É a enzima de eleição para esclarecer lesões hepáticas em animais de grande porte,
particularmente bovinos.
A enzima AST existe também nas células musculares (cardíaca e esquelética) em
menor quantidade. Por esta razão, nas situações em que existe evidência clínica ou suspeita
de lesão muscular concomitante, deve-se dosar, em paralelo, outra enzima específica para
avaliação da função muscular, a fim de excluir o tecido envolvido. Esta enzima é a
Creatino-Fosfoquinqse CPK. Existe todavia, casos em que as duas estão aumentadas no
soro, denotando envolvimento de ambos os tecidos.
Na rotina laboratorial, o aumento desta enzima no soro tem sido encontrada nas
seguintes situações:
- Animais de grande porte: Necrose hepática
Degeneração hepática
Congestão passiva do fígado
Abscessos hepáticos
Acetonemia
- Animais de pequeno porte: Miopatias inflamatórias e degenerativas
Cardiopatias
Sorbitol - desidrogenase (SDH) Pede-se principalmente para equinos, alguns autores
citam que esta é uma substituta para a ALT nessa espécie. Deve ser analisada em questão de
horas, devido ser muito lábil.
Enzima hepato-específica. Presente nos hepatócitos dos bovinos e eqüinos.
Aumentos significantes desta enzima no soro ocorrem nos processos patológicos de eqüinos
relacionados com:
- Necrose hepática - Cirrose
- Icterícia obstrutiva - Distúrbios gastrointestinais
GDH – Glutamato desidrogenase
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É usada como substituta da ALT em grandes animais e é específica para lesão
hepática, particularmente necrose hepática. É muito menos lábil que a SDH e, portanto, é o
teste de escolha no equino se as amostras tiverem que ser enviadas pelo correio. Valores
normais devem ser menores que 20-25 UI/L e pode subir para mais de 100UI/L em lesão
hepática aguda.
Gama-Glutamil desidrogenase (gama-GT)
Ocorre principalmente no fígado e rins, mas em termos clínicos sua aplicação está
restrita a quadros hepáticos. Em grandes animais, parece estar particularmente associada
com lesão hepática crônica, ao contrário da SDH e GDH – frequentemente, esta estará
normal quando as outras estiverem aumentadas. Posteriormente, quando elas diminuirem a
gama-GT começará a aumentar. Os valores normais em equinos e ruminantes são menores
que 60UI/L (KERR, 2003). Segundo González (2008) , esta enzima está associada as
membranas e tanbém no citoplasma especialmente das células epiteliais de revestimento
dos ductos biliares e renais. Normalmente é a de origem hepática a que encontra-se no
plasma, sendo indicativa de colestase e proliferação de ductos biliares, estando aumentadas
também na cirrose e no colangiocarcinoma. Em felinos, mas não em cães, pode ser usada
no lugar da FA.
Fosfatase Alcalina (FA)
Enzima existente nas membranas celulares do fígado (sistema hepatobiliar), ossos
(osteoblastos e condroblastos) e intestinos. É uma enzima de indução, portanto encontra-se
aumentada nos casos de obstrução do fluxo biliar (colestase).
Na rotina laboratorial, em grandes animais, o aumento desta enzima no soro é
utilizada para expressar indiretamente os efeitos do parato-hormonio sobre os ossos no
hiperparatireoidismo secundário. Isto acontece em consequência da hipocalcemia que
estimula os processos de destruição óssea (osteolise) para posterior reabsorção do cálcio.
Estas enfermidades recebem a denominação de osteopatias desmineralizantes, entre as quais
mencionamos:
-Hiperparatireoidosmo e secundário (Nutricional e Renal)
-Osteomalácia
-Raquitismo
-Neoplasia ósseas (valores não muito consistentes)
Em pequenos animais, a F. Alcalina é mais utilizada como prova de função
hepática nos processos que conduzem à colestase intra-hepática, como :
- Obstrução intra e extra-hepáticas
- Necrose hepática
- Degeneração gordurosa, em conseqüência de diabete e inanição
- Congestão passiva
90
Sempre que possível, associar a FA, com outra enzima hepato-especifica para a
espécie, ou com outra substância orgânica convencional que avalie igualmente a função
hepática, como por exemplo Albumina e bilirrubina.
Apresenta pouca importância em doenças hepáticas de ruminantes e equinos devido
ao intervalo de referência ser muito amplo.
Bilirrubina
Pigmento resultante da degradação de hemáceas pelo S.R. histiocitário e que
imprime a cor do sangue. É transportado no plasma ligado à albumina (forma indireta) e
conjugada no fígado (forma direta), exercendo sua ação na digestão à nível de intestino
delgado. A determinação das frações direta e indireta da bilirrubina do soro tem
importância pelo significado clínico na diferenciação das causas de icterícia.
Bilirrubina Indireta: É a forma já mencionada de b. livre, solúvel em lipídeos, tendo
por isto preferência pelo tecido adiposo. Requer altos níveis no sangue periférico para se
manifestar clinicamente e produzir icterícia. Não é filtrada pelo glomérulo e não é
encontrada na urina em condições renais normais.
O aumento de bilirrubina indireta é devido a:
Hemósile intravascular devido a processos imunológicos, parasitas (babesia) e viróticos
(AIE)
Isoeritrólise neonatal (potros)
Anemia Hemolítica auto imune (cão, gato e bovino)
Patologias tóxicas ou infecciosas do fígado
Jejum prolongado, cólica e constipação (eqüinos)
Hipoalbuminemia grave
Bilirrubina Direta: É a bilirrubina conjugada no fígado, após a conjugação com o
ácido glicurônico. Tem alta afinidade pelas fibras elásticas, tais como esclerótica e pele e,
por isto, cora os tecidos superficiais mais rapidamente.
O aumento de B. Direta é devido a:
- Obstrução ciliar com colestase intra e extra hepática. A colestase refere-se a estagnação
da bile no fígado e a conseqüente regurgitação das substâncias biliares para o sangue.
- Fotossensibilização hepatógena por plantas (Bovinos, Eqüinos e Ovinos).
Albuminas e globulinas séricas
A queda absoluta da concentração de albumina, resultante de distúrbios da síntese
normais pelo fígado, não é uma alteração bioquimica precoce. Tal queda é encontrada mais
comumente em doenças hepáticas crônicas, como hepatite subaguda ou fibrose difusa. Na
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fibrose portal, há uma característica diminuição na albumina sérica e uma elevação nas
gamaglobulinas.
Hepatite aguda - As mudanças na albumina são menos significativas, mas surgirá
um acréscimo consistente nos níveis gamablobulínicos.
Níveis diminuídos de albumina não são associados apenas com hepatopatias pode-se
observar alterações em animais com enfermidades circulatórias, digestão protéica deficiente
subordinada a enfermidade ou queda queda de ingestão proteica, nefrite, nefrose e uma
série de doenças crônicas, que se fazem acompanhar de caquexia.
O nível das globulinas está aumentado tanto na fibrose difusa como na hepatite.
Esse aumento absoluto de globulinas é de difícil explicação embora possa na verdade ser
uma resposta do mecanismo produtor de anticorpos.
Ácido úrico
A determinação deste, como uma das provas de função hepática, parece ser valiosa
apenas para o cão. As purinas são metabolizadas até ác. Úrico, este depois é transformado
em alantoína. O fígado é o local de convensão do ác. Úrico em alnatoína, através da ação
catalisadora da Uricase. Os valores hematínicos normais para o cão situa-se entre 0,1 a
1mg/dl. Elevações acima de 1,0mg/dl podem ser consideradas indicações de hepatopatia
nesta espécie.
Ott (1956) registrou níveis de ác. Úrico sangüíneo significativamente elevados na
icterícia hepatocelular, e níveis normais, para as icterícias hemolíticas e obstrutiva.
Obs. O ácido úrico é o principal produto final do metabolismo das purinas do homem,
primatas inferiores e cão dálmata; nos demais mamíferos o produto de excreção final é a
alantoína. No cão dálmata, este fenômeno (excreção de ác. urico) não se deve a deficiência
da enzima uricase, e sim aparentemente a um mecanismo renal causado pela insuficiência
(fisiológica) da reabsorção do ác. Úrico pelos túbulos renais.
Protrombina
A síntese de protrombina é função do fígado. Poderão ocorrer baixos níveis
plasmáticos de protrombina, como resultado de:
1. Incapacidade hepática de sintetizar protrombina, mesmo que os metabólitos necessários
estejam presentes.
2. Colapso na síntese de protrombina por aportes inadequados de vit. K, essas
anormalidades podem existir paralelamente a um caso de fibrose hepática difusa, avançada.
Tempo de Protrombina normal p/ cães 7,4 a 8,6 seg
92
Colesterol
O colesterol pode ser ingerido pela dieta ou formado a partir de triglicerídeos e
outros ác. Graxos do organismo. É esterificado no fígado. Entra na composição dos ác.
biliares excretados no intestino. É transportado no plasma, como os demais lípideos.
Aumento de colesterol no soro: Hepatites
Pancreatites
Hipotireoidismo
Diabetes mellitus
Obesidade
Diminuição de colesterol no soro: Hipertireoidismo
Síndrome de má absorção
2.INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL DAS ENZIMAS
Creatina quinase (CK ou CPK)
A CK está envolvida no metabolismo de alta energia. Enzima presente no
hialoplasma das células musculares. Esta enzima existe no interior da célula em múltiplas
formas moleculares denominadas isoenzimas: - M e B.
CK-MM é a forma dos músculos esquelético, responsável pelo aumento dramático
observado em lesões musculares generalizadas, tais como rabdomiólise ou trombose ilíaca
no gato. Pode aumentar de um valor normal de 100UI/L (um pouco mais alta em cavalos)
até 500.000UI/L em casos graves. O simples fato de um animal de grande porte permanecer
em decúbito por dois dias, já aumenta a CK até 3.000 UI/L. O esforço muscular e injeções
intramusculares também podem produzir um aumento discreto a moderado na atividade
plasmática de CK-MM.
CK-MB é a forma do músculo cardíaco – usado em humanos no diagnóstico do
infarto agudo do miocárdio, quadro extremamente raro em animais, e os casos mais
crônicos de cardiomiopatias tendem a causar poucas mudanças enzimáticas detectáveis
devido a meia-vida curta desta enzima.
CK-BB é a forma cerebral – poucos laboratórios oferecem este teste.
.
CK total ligeiramente elevada – hipotireoidismo, pois o catabolismo de VK é
aparentemente promovido pela tiroxina. A mensuração de CK total reflete a CK-MM,
porque é a mais abundante. Mesmo em grandes aumentos causados por rabdomiólise, os
níveis retornam ao normal em 24 – 48 horas, tão logo a lesão de base tenha cessado.
O teste deve ser realizado no mesmo dia, ou pode ser congelada a -20ºC.
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Lactato desidrogenase (LDH ou LD)
A isoenzima cardíaca também conhecida como hidroxibutirato desidrogenase
(HBDH ou HBD).
A LDH catalisa a interconversão reversível do lactato e do piruvato e é uma das
maiores moléculas protéicas do organismo. Apresentam-se na forma de cinco isoenzimas
(HHHH, HHHL, HHLL, HLLL e LLLL), chamadas de LDH1-5 em ordem decrescente de
mobilidade eletroforética.
- LDH1 (HBDH) – associada ao músculo cardíaco, rim e hemácias
- LDH5 – Fígado
As demais isoenzimas estão associadas com a musculatura esquelética e pulmões.
Devido a sua ampla distribuição, oa aumentos na atividade de LDH total podem ser
muito difíceis de ser interpretadosem medicina veterinária.
3.FUNÇÃO RENAL
CREATININA
É um produto nitrogenado não-proteíco, resultante do fosfato de creatinina, existente
em grandes quantidades nos músculos (esquelético e cardíaco), fígado e rins. É uma
substancia de limiar baixo toda a quantidade que chega aos rins e eliminada. Propriedade
esta que torna clinicamente utilizável como índice de filtração glomerular renal.
O aumento de creatinina no sangue ocorre em todas as patologias mais em que há
diminuição da taxa de filtração glomerular. A dosagem de creatinina deve ser realizada em
paralelo com a uréia, para melhor avaliação da reversibilidade da lesão. A diminuição da
creatinina no sangue pode ocorrer em hidratação excessiva, insuficiência hepática e doenças
musculares degenerativas.
UREIA:
É um produto nitrogenado não protéico, resultante do metabolismo das proteínas,
sintetizado pelo fígado e eliminado pelos rins.
A concentração de uréia elevada no soro sanguíneo deve ser acompanhada sempre
do exame completo da urina para sua interpretação, a fim de auxiliar na localização do
processo. Clinicamente, a uremia pose ser classificada em observância à natureza do
processo, em pré-renal, renal e pós renal.
Uremia pré-renal : Ocorre quando há reduzida perfusão sangüínea dos rins em
conseqüência, diminuição do fluxo de lipídeos a este órgão, ocasionando decréscimo da
taxa de filtração glomerular, principalmente nos casos de insuficiência cardíaca, choque e
desidratação acentuada.
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Uremia Renal: Apresenta-se em todas as patologias intrínsecas dos rins,
particularmente nas nefrites, pielonefrites, glomerulonefrites e demais processos de caracter
infeccioso e degenerativo.
Uremia pós-renal: Ocorre principalmente em processos primário de obstrução
parcial ou total das vias urinárias. É quase sempre secundária aos processos inflamatórios,
degenerativos e neoplásicos.
A diminuição da taxa sangüínea de uréia ocorre na insuficiência hepática, ou em
decorrência de processos infecciosos graves.
Indicação para o teste:
1. Sempre que se suspeita de redução do funcionamento renal.
2. Como procedimento de medida da perfusão periférico dos tecidos animais.
3. Como teste laboratorial de triagem pré-cirurgica de rotina.
4. FUNÇÃO PANCREÁTICA
Função pancreática endocrina
GLICOSE
Sua mensuração necessita de uma amostra específica, sendo que o sangue deve ser
colhido em tubos contendo fluoreto (EDTA fluoretado). O fluoreto bloqueia a glicólise nas
hemácias, evitando o consumo da glicose na amostra que, de outro modo, poderia estar
significativamente diminuida em 30 minutos.
É o principal produto resultante do metabolismo dos carboidratos.
É amplamente utilizada pelas células do organismo nas reações de oxidação para a
produção de energia. É absorvida no intestino via ingestão. É armazenada no fígado e
células musculares sob a forma de glicogênio e ácido láctico, transformando-se em glicose
disponível no sangue, sob efeito do glucagon e epinefrina, respectivamente. As alterações
da glicose estão na dependência do efeito de várias substâncias, tecidos e condições
clínicas.
A concentração plasmática normal de glicose em jejum é de cerca de 4-6 mmol/L
em monogástricos e 3-5mmol/L em ruminantes.
Aumento da glicose sanguínea:
- Diabetes mellitus
- Lesões do SNC - raiva e poliencefalomalácia
- Hipertiroidismo e hiperadrenocorticismo
- Nos estados hiperlipêmicos
- Pancreatites
- Excitamento muscular, convulsões ( trauma intracraneal, epilepsia e tetania)
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Diminuição da glicose sangüínea ocorre nas patologias relacionadas a:
- Hipoadrenocorticismo e hipotiroidismo
- Síndrome da má absorção
- Tripanossomose equina (fase febril)
Função pancreática exócrina
LIPASE
Está envolvida com a quebra da gordura alimentar e está presente também no
pâncreas.
Enzima específica para revelar lesões nas células pancreáticas em monogástricos. O
tempo de manutenção da elevaçãao desta enzima no soro, após necrose pancreática é curto.
É utilizada juntamente com a amilase para investigar a pancreatite aguda necrosante e
geralmente parece mais específica para este quadro, porque sofre menos interferências por
alterações inespecíficas.
Esta enzima é excretada pelos rins. Nos casos de anúria ou oligúria, poderá haver
aumento da lipase.
AMILASE
Está envolvida com a quebra do amido e glicogênio alimentar em maltose. Está
presente no pâncreas e glândulas salivares e é excretada pelos rins, apesar de ser uma
molécula protéica. Utilizada em monogástricos para auxiliar no diagnóstico de pancreatite
aguda, sua elevação no soro atinge valores máximos em 24 horas. Quando a lesão não
persiste, os níveis retornam ao normal em 2 a 6 dias.
A pancreatite é uma doença essencialmente de cães (e humanos), associadas com
dietas com muita gordura e obesidade (e alcolismo), na qual as enzimas proteolíticas
extravasam das células e iniciam a autodigestão do órgão. Os sintomas são dor abdominal
aguda e vômitos podem ser confundidos com um corpo estranho no intestino delgado. O
limite superior de normalidade é de 3.000UI/L e a pancreatite aguda está associada com
atividade na faixa de 5.000-15.000UI/L, diminuindo com a evolução da recuperação.
Aumentos discretos a moderados inespecíficos podem ser encontrados em outros
quadros abdominais agudos (incluindo obstrução intestinal) e na insuficiência renal.
TESTE DE ABSORÇÃO
A capacidade animal de absorção dos lipídeos da dieta pode ser empregada para a
avaliação da deficiência pancreática, ou de outras síndromes de má absorção. As gorduras
da dieta devem ser hidrolisadas, resultando na produção de ácidos graxos e glicerol
absorvíveis. Se a lipase pancreática está ausente, ocorrerá pouca (ou nenhuma ) absorção.
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Uma simples prova de absorção baseia-se na comparação da turvação plasmática,
antes e depois de uma refeição rica em lipideos. Coleta-se uma amostra de sangue
heparinizado de animal submetido previamente a jejum, centrifugando-a em seguida.
Paralelamente adicionamos óleo de milho na base de 3ml/kg pv, a uma pequena quantidade
de alimento para consumo do paciente. Depois de passadas 2 horas, é coletada nova
amostra de sangue heparinizado; como o primeiro espécime, essa amostra também é
centrifugada. Comparamos então, a turbidez do plasma colhido antes e depois da ingestão
dos lipídeos.
No animal normal, o plasma da amostra posterior à absorção de gorduras deverá
estar turvo indicando o desenvolvimento de lipemia, devido a decomposição e absorção dos
lipídeos. Se esse plasma permanecer translúcido, podemos assumir que há uma deficiência
na função pancreática exócrina, ou ainda que o intestino não é capaz de absorção adequada.
Para distinção entre estas 2 condições, a prova deve ser repetida mais tarde, com a adição
de enzimas pancreáticas ao alimento. Se a não absorção lipídica no teste inicial decorre da
deficiência de lipase, será evidenciada a hiperlipemia. Se a falta de turbidez ocorreu como
conseqüência de má absorção, a adição de enzimas pancreáticas ao teste não irá influenciar
os resultados; tanto a amostra anterior como a posterior à refeição rica em gorduras
permanecerão translúcidas.
5.MINERAIS E ELETRÓLITOS
Cálcio: É um dos elementos minerais de maior importância na alimentação animal.
Participa ativamente da contração muscular, coagulação sangüínea,
permeabilidade das membranas, transmissão de impulsos nervosos. Sua maior concentração
ocorre nos ossos e dentes, mas ocorre em todos os tecidos. O teor de cálcio é influenciado
pela ativação da vitamina D e do paratormônio. O primeiro influencia na absorção de Ca e
o paratormônio determina a liberação de Ca dos ossos.
Interpretação:
- Hipercalcemia - pouco freqüente, ocorre quando há:
. Excesso de vitamina D
. Hiperparatiroidismo
. Alguns carcinomas ósseos
. Mieloma múltiplo
. Hipoproteinemia
- Hipocalcemia
. Hipoparatiroidismo
. Raquitismo
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. Osteomalácia
. Defict de Vitamina D
. Inanição
. Período final de gestação
. Síndrome da má absorção
Fósforo: Mineral de grande importância na alimentação animal, existe em grandes
proporções nos ossos, e também nos dentes onde encontra-se combinado com o
cálcio, mas também ocorre em menor quantidade nos demais tecidos do organismo.
- Hipofosfatemia:
. Osteofagia
. Manqueira por engrossamento das articulação
. Raquitismo
. Hiperparatiroidismo
- Hiperfosfatemia:
. Enfermidades renais graves
. Febre vitular
. Cálculos renais (urolitíases)
. Hipoparatiroidismo
Magnésio: É um dos minerais importantes na alimentação animal, desempenhando
relevantes funções nos meios líquidos do organismo. No meio intracelular, o
magnésio funciona como ativador para enzimas que requerem a vitamina B como cofator.
Uma dessas reações é a conversão do ácido pirúvico à acetil colina.
No meio extracelular, o magnésio influencia na produção e destruição da acetil
colina- substância imprescindível para a transmissão de impulsos na placa motora. Uma das
poucas alterações deste elemento tem sido reladata em herbívoros e decorre da diminuição
da sua concentração no sangue, potencializando a liberação da acetilcolina e ocasionando a
tetania muscular. Essa alteração é rara em nossas condições e tem sido relacionada com a
hipocalcemia, subnutrição, possuindo variação sazonal.
A fonte de magnésio, pela ingestão, é a clorofila das plantas verdes. Desta
quantidade somente 30% são absorvidos, o restante é eliminado pelas fezes. O magnésio
absorvido é novamente eliminado pelos rins.
- Aumento de magnésio: Apresenta como sinais clínicos- distúrbios neuromusculares,
semelhante a ação do curare, letargia, fraqueza muscular e retenção urinária.
- Diminuição de magnésio: Hiperexcitabilidade neuromuscular, com convulsões, tremor,
tetanias e taquicardias.
Sódio: É um dos cátions existentes em maior concentração no fluido extracelular ( sangue),
responsável pela isotonicidade do plasma.
- Diminuição do Na no sangue nos casos de :
98
. Disturbios gastrointestinais
. Patologias renais crônicas
. Hiperglicemia e lipemia
. Uso de certos diuréticos
- Aumento de Na:
. Síndrome de Cushing em caninos
. Diarrérias dos terneiros; pois promovem elevação da osmolaridade plasmática.
Potássio: É um dos cátions encontrados em maior quantidade no meio intracelular dos
animais, assegurando o equilíbrio osmótico. Desempenha igualmente, funções
de relevância no organismo, particularmente relacionadas a potenciais de membranas e
transmissão neuromuscular. Nos rins, pela troca com o sódio, regula o equilíbrio ácido-
básico.
- Aumento de K no sangue:
. Processos renais crônicos
. Acidose metabólica
. Hipoadrenocorticismo
- Diminuição de K no sangue:
. Alcalose metabólica
. Vômito e diarréia persistente
. Hiperadrenocorticismo
Cloretos: É um dos íons que estão em maior concentração no líquido extracelular,
tendo importância, como o K, na manutenção do equilíbrio iônico do
organismo. A absorção, distribuição e excreção do cloreto no organismo obedecem as
mesmas regras utilizadas pelo Na.
- Aumento de cloretos no sangue:
. Acidose metabólica
. Alcalose respiratória
. Diminuição da excreção ( obstrução urinária )
- Diminuição de cloretos no sangue:
. Alcalose metabólica ( vômito persistente)
. Acidose respiratória
. Obstrução intestinal alta
. Hipoadrenocorticismo
99
CAPÍTULO VIII- EXAMES DOS LÍQUIDOS ORGÂNICOS
Normalmente as cavidades serosas e espaços tissulares contém pequena
quantidade de líquido, o qual é resultante de um processo dinâmico de trocas de substâncias
entre o plasma sanguíneo, as cavidades serosas e os espaços intersticiais. Quando
aumentado de volume este líquido poderá apresentar-se com a composição normal ou
alterada podendo esta última ser resultante de vários fatores. Encontram-se agrupados em 2
classes: transudatos, quando não são de origem inflamatória, e exsudato, quando de origem
inflamatória.
A denominação destes líquidos é dada de acordo com a sua localização:
- Hidroperitônio ou Ascite - Cavidade abdominal
- Hidrotórax - Cavidade torácica
- Hidropericárdio - Saco pericárdico
- Hidroencéfalo - Espaço subaracnóide e ventrículo cerebral
- Hidrocele - Bolsa escrotal
A primeira preocupação do clínico é situar o líquido coletado entre os transudatos
ou exsudatos. Dentre os exames realizados podem ser citados: físico, químico, citológico e
bacteriológico.
1. EXAME FÍSICO
Transudato:
Odor: geralmente inodoro
Cor: incolor a amarelo palha
Aspecto: límpido
Densidade: varia entre 1.006 a 1.018
Coagulação: normalmente ausente, quando presente é bastante tênue.
Exsudato:
Odor: pútrido ou fétido
Cor: variável entre amarelo, vermelho, purulento ou acinzentado depende da causa
Aspecto: freqüentemente apresenta-se turvo ou espesso
Densidade: situa-se acima de 1.018
Coagulação: presente em conseqüência do seu alto teor de fibrinogênio.
100
2. EXAME CITOLÓGICO
No exame citológico pode-se realizar a contagem global e diferencial das células
existentes. Para contagem global utiliza-se a mesma técnica descrita para contagem dos
leucócitos. A contagem diferencial das células é através de esfregaços do sedimento, obtido
através de centrifugação do líquido em estudo a 3.000 rpm/10 minutos.
Estes esfregaços podem ser corados por uma das técnicas descritas para a coloração
de esfregaços de sangue. Feito a coloração, faz-se a identificação de no mínimo 100 células.
Células encontradas nos líquidos das cavidades:
- Células mesoteliais: derivadas do mesotélio
- Células reactivas mesoteliais: possuem pseudópodes
- Células mesoteliais transformadas
- Macrófagos
- Neutrófilos
- Linfócitos
- Células neoplásicas - linfossarcoma, carcinoma metastático e sarcoma.
TRANSUDATOS:
. Líquido orgânico que escorre ao nível de uma superfície não inflamada e que
obedece somente as leis mecânicas.
-Poucas células: 100 - 1.500/mm³
-Contagem diferencial: cél. mesoteliais transformadas
cél. mesoteliais reativas
neutrófilos íntegros
Linfócitos e hemácias
-Causas mais comuns:
.hipoproteinemia - má absorção intestinal, perda de proteínas intestinais e doenças
glomerulares
.linfangiectasia - dilatação dos linfáticos intestinais com perda proteíca
.obstrução da drenagem linfática.
TRANSUDATO MODIFICADO
É um transudato que foi modificado pela adição de proteínas e células. A maioria
dos transudatos podem evoluir para o exsudato séptico. A acumulação de fluídos por si
mesma pode iniciar uma resposta inflamatória. Os mecanismos de acumulação de fluídos se
devem a congestão passiva do fígado e de outras vísceras e diminuição da drenagem
linfática dos tecidos.
Características:
- Aparência turva ou róseo para vermelho
- Densidade 1.018 1 1.025
- PT: 2,0 a 3,0 g/dl
101
- Células nucleadas: 500 a 3.500/mm³
- Podem ser vistos pequenos coágulos
Células encontradas: Cél. mesoteliais reativas e transformadas
Neutrófilos íntegros
Hemacias, linfócitos, macrófagos e eosinófilos
Causas mais comuns: - insuficiência cardíaca congestiva
- hepatopatias - cirrose, carcinoma do ducto biliar
- neoplasias abdominais
EXSUDATO
Líquido orgânico seroso, fibrinoso ou mucoso que escorre (exsuda) ao nível de uma
superfície inflamada. É o produto de uma inflamação causada por irritantes que não são
tóxicos para os neutrófilos.
Características:
- Cél. nucleadas: 3.000 a 50.000/mm³
- Cont. diferencial: grande número de neutrófilos degenerados
linfócitos e/ou eosinófilos
poucas hemácias
- Presença de bactérias, pode estar presente, recomenda-se a coloração de gram nestes
líquidos.
Causas mais comuns:
-Perfuração intestinais
-Feridas penetrantes
-Piômetra rompida
-Abcesso rompido e extensão de infecções
-Ruptura de bexiga
-Hérnia diafragmática
-Ruptura de vesícula biliar
-Neoplasias abdominais
3. EXAME QUÍMICO
As provas químicas mais usadas são:
- Determinação de Proteínas totais
- Prova de Rivalta
- Reação - pH
.Proteínas totais: Através da refratometria. Colocar 1 gota do líquido em estudo no prisma
do refratômetro clínico e realizar a leitura na escala destinada à leitura de proteínas. Quando
102
a leitura ultrapassar o valor contido na escala, diluir o líquido na proporção 1:1 com solução
fisiológica e multiplicar o resultado por 2.
Transudato: PT menor que 2,0g/dl
Exsudato: PT 2,5 a 5,0 g/dl
. Teste de Rivalta: É o resultado através da água acidulada em contato com o líquido em
estudo. Em uma proveta colocar 150ml de água destilada e 0,1 ml de ácido acético glacial,
homogeneizar. Deixar cair nesta solução gotas do líquido suspeito. Quando a gota deixar
um trajeto esbranquiçado o resultado é positivo, quando não deixar rastro é considerado
negativo.
Transudato: Rivalta negativo (-)
Exsudato: Rivalta positivo (+)
.Reação (pH): Pode ser obtida com o auxílio de papel tornasol ou papel pH.
Transudato: Alcalina
Exsudato: Ácida
4. EXAME BACTERIOLÓGICO
Quando necessário a identificação de microorganismos, realizar a cultura em meios
apropriados, não deixando de acentuar os cuidados com a assepsia no momento da coleta.
Contudo para a pesquisa de bactérias de modo geral, pode-se realizar esfregaço do
sedimento do líquido após a centrifugação e realizar colorações de Zielh-Neilsen e Gram.
Transudato: bactérias ausentes
Exsudato: bactérias presentes.
5.EFUSÃO HEMORRÁGICA
A citologia pode ser utilizada para caracterização de uma hemorragia recente ou de
longa duração, nos casos de traumatismos, cirurgias, infarto e tumores.
Hemorragia Recente
Características:
O líquido coletado apresenta-se:
- Sobrenadante claro e sedimento vermelho;
- Concentração de proteínas e quantidade de células são menores do que as do sangue
periférico;
- Morfologia dos leucócitos é semelhante à do sangue periférico;
103
- As plaquetas podem aparecer em forma de agregados no esfregaço.
Hemorragia de Longa Duração
Características:
- Eritrócitos e leucócitos parecem mais velhos (hipersegmentados) e distorcidos.
- O sobrenedante pode ser róseo devido a hemólise;
- Os macrófagos aparecem no esfregaço com eritrócitos fagocitados (eritrofagocitose) e
com pigmentos de hemoglobina (azul esverdeado);
-Ausência de plaquetas no esfregaço, devido a lise.
Causas mais comuns:
- Lesão traumática de vasos( fígado e baço);
- Neoplasias
- Alterações hemorrágicas (provocadas por warfarina, e em situações que ocorra
trombocitopenia)
- Trombose
- Torções de estômago e baço.
104
CAPÍTULO IX - URINÁLISE
FISIOLOGIA RENAL ( REVISÃO )
FUNÇÕES:
* Equilíbrio de água e eletrólitos e concentração urinária;
* Excreção de substâncias tóxicas, principalmente do nitrogênio não protéico do sangue:
uréia, creatinina e ác. úrico;
* Reabsorção de substâncias orgânicas essenciais, como água, glicose, aminoácidos, e
vários eletrólitos;
* Regulação do equilíbrio ácido-básico, com efeitos compensatórios na alcalose e acidose
metabólicas e respiratórias.
Síntese do mecanismo de concentração da urina:
O rim é um órgão essencial para a conservação(absorção) de metabólitos
imprescindíveis ao organismo e excreção de "restos" metabólicos não utilizáveis. O sangue
é o líquido que circula nas avenidas dos néfrons eventualmente cercados de barreiras, as
quais são representadas pelas porções permeáveis e impermeáveis dos túbulos. A barreira
inicial, no caminho do sangue para os rins, é representada pelos glomérulos. São milhões de
estruturas microscópicas que retém macromoléculas, entre as quais: globulinas,
fibrinogênio, proteínas e células. O resultado é a passagem, para o segmento seguinte, de
um líquido conhecido como ultrafiltrado plasmático, cuja composição é semelhante a do
sangue, exceto pela ausência de macromoléculas.
O valor da densidade deste ultrafiltrado é de 1.008 a 1.012. Esse dado é
importante para a comparação com a urina final excretada, a qual normalmente para a
comparação com a urina final excretada, a qual normalmente deverá ter uma densidade
maior, pelas transformações que sofre durante seu trajeto, principalmente nos processos
patológicos.
Na sequência, os túbulos renais descendentes e ascendentes ( alça de henle )
e túbulos distais alteram o ultrafiltrado através de mecanismos reabsortivos (retorna ao
sangue) e por mecanismos excretórios ( eliminação pela urina).
Nos túbulos contorcidos proximais, por exemplo, aproximadamente 65% da
quantidade de líquidos passam para o sangue. Aproximadamente 15% são reabsorvidos nas
alças de henle. O segmento descendente da alça de henle é permeável ao sódio e a água. Por
sua vez, o segmento ascendente é impermeável a água, mas o sódio passa livremente para o
interstício, criando um meio hipertônico entre as estruturas vesculares. Esse meio é que
"puxa"a água do segmento descendente. Portanto, o líquido está hipertônico, ao se
105
aproximar da curva da alça, e vai se tornando hipotônico porque a água é mantida e o sódio
é perdido na porção ascendente. Esses segmentos da alça são vascularizados por capilares
originados da arteríola eferente, denominados vasa reta. Em razão da baixa pressão
hidrostática característica da solução sangüínea nesses vasos, não há ocorrência de
alterações no gradiente osmótico (gradiente = diferença de concentração), estabelecendo
desse modo as condições necessárias para a concentração da urina. Esses é o mecanismo
denominado de sistema de contracorrente de trocas.
Em resumo, as alças de henle atuam como multiplicadoras de contracorrente,
e são responsáveis pela criação de um gradiente de concentração, do córtex à extremidade
da papila. Ao entrar nos túbulos distais, esse líquido hipotônico perde mais sódio, o qual é
substituído por potássio, hidrogênio e amônia, acidificando a urina.
Em herbívoros, a secreção de potássio nos túbulos provavelmente é maior
em relação às demais espécies, para justificar a alcalinidade da urina. Nos túbulos distais, a
retenção de sódio é regulada pela aldosterona em resposta a diminuição do volume
plasmático.
Nos túbulos coletores, ocorre a concentração final da urina: + 9% de água é
retirada pela força osmótica do meio intersticial desenvolvida pelas alças . Essa reabsorção
é regulada pelo hormônio antidiurético (HAD) ., que recebe estímulos dos receptores da
pressão plasmática em situações diversas. Assim, se o plasma estiver hipertônico ( maior
osmolaridade) água deverá ser reabsorvida sob efeito do HAD, ocorrendo em consequência,
uma diminuição do volume da urina e correspondente aumento da densidade urinária.
Esse fenômeno explica a maioria dos processos patológicos que conduzem a uma
perda de líquidos nos animais, como exemplos, diarréias, vômitos, hemorragias e inanição.
Por outro lado, a falta de HAD conduz a uma insuficiente concentração da urina na
enfermidade conhecida como diabete insipidus.
TERMINOLOGIA RELACIONADA COM A CONCENTRAÇÃO E
DILUIÇÃO DA URINA
. Concentração da Urina: É a modificação do filtrado glomerular pelos túbulos renais, de
modo que mais água é removida da urina do que soluto. A densidade do filtrado glomerular
é de 1.008 a 1.012, enquanto a osmolaridade é de 300 miliosmol/litro. A urina normal tem
densidade e osmolaridade maior que a do filtrado glomerular.
. Diluição da Urina: É a modificação do filtrado glomerular, de modo que mais soluto é
removido da urina do que água. Urina diluída tem baixa densidade em comparação com o
FG.
- Hipostenúria - Urina com valores de densidade abaixo daqueles do FGP. Na prática
estima-se que isto ocorra quando 2/3 dos néfrons estão afuncionais.
106
- Isostenúria - Urina com densidade similar à do FGP (1.008 a 1.012 ). Denotam imperfeita
habilidade dos rins para reabsorverem água e eletrólitos.
- Hiperestenúria - Urina com alta densidade. Esses efeito ocorre sob a ação da aldosterona
e HAD nos estados de hipovolemia e hipertonicidade plasmática.
TERMOS E CONCEITOS RELACIONADOS COM A PATOLOGIA RENAL
. Azotemia: É a presença de concentrações anormais de Nitrogênio não protéico (uréia,
creatinina e ácido úrico ) no sangue, plasma ou soro. A azotemia é um resultado
laboratorial que pode não ser causado por lesão do parênquima renal. As causas de
azotemia não renal estão sempre ( ou quase) à diminuição da taxa de filtração glomerular,
ocasionadas por diminuição do volume de sangue renal, das pressões sanguínea e colóide-
osmótica, bem como obstrução dos ureteres, bexiga e uretra.
.Uremia: É a presença de quantidades anormais de constituíntes da urina no sangue
causadas por doença renal generalizada e síndromes tóxico sistêmicas, as quais ocorrem
como resultado do mau funcionamento renal.
2.URINÁLISE CLÍNICA
A urianálise fornece uma riqueza de informações de importância na determinação do
diagnóstico, prognóstico e no acompanhamento terapêutico. Todavia, como todos os
demais testes laboratoriais, os resultados dos exames de urina são de grande valia, mas nem
sempre totalmente infalíveis
Os resultados da urianálise são significantemente influenciados por diversos fatores
biológicos, seus resultados deverão ser interpretados em combinação com o exame clínico
do animal e outros procedimentos laboratoriais, quando necessários e disponíveis.
O exame de urina se divide em:
- Exame Físico
- Exame químico
- Exame do sedimento
107
1. EXAME FÍSICO
Este compõem-se de: volume, cor, aspecto, cheiro, e densidade.
a) Volume: Tem importância semiológica apenas quando é coletado toda a urina emitida
durante 24 horas. O volume urinário durante 24 horas varia entre espécies e depende de
vários fatores.
Interpretação:
- Poliúria: Aumento de volume urinário excretado durante determinado tempo, em geral 24
hs. Ocorre nos seguintes casos: terapia diurética, aumento de ingestão de líquidos,
administração de fluidos por via parenteral, nefrite crônica, diabetes insipidus, diabetes
mellitus, piômetra, amiloidose renal, pielonefrite e algumas doenças do fígado.
- Oligúria: Diminuição do volume de urina excretado durante 24 hs. Fisiologicamente
ocorre quando há diminuição do volume ingerido, desidratação, diminuição da pressão
sangüínea, nefrite aguda, febre, hiperemia renal passiva, isquemia renal, transtornos
circulatórios com edema, exercícios, transtornos intestinais com vômitos e diarréia.
- Anúria: Consiste na supressão absoluta da secreção urinária. Pode ocorrer quando há
diminuição do volume de água ingerida e aumento da perda de líquido ( por outras vias ),
produzindo um grau de concentração tal que não possa mais haver eliminação de água;
diminuição da circulação periférica, cardiopatias, e colapso.
Volume urinário diário nos animais domésticos (litros)
ESPÉCIE VALOR MÍNIMO VALOR MÁXIMO VALOR MÉDIO
Bovino 8,8 22,6 14,2
Equino 2,0 11,0 4,7
Suíno 2,0 6,0 4,0
Ovino 0,5 2,0 1,0
Caprino 0,5 2,0 1,0
Canino 0,5 2,0 1,0
Felino 0,1 0,2 0,15
b) COR: A coloração da urina é variável pois depende da quantidade de pigmentos
urinários (urocromo e uroeritrina), da presença de substâncias medicamentosas ou de
elementos patológicos. A urina normalmente apresenta sua coloração variando entre o
amarelo claro e o amarelo âmbar. Geralmente as urinas ácidas são mais escuras que as
alcalinas.
108
Interpretação:
- Incolor ou amarelo pálido: Ocorre normalmente quando há proteinúria, nefrite intersticial
crônica, ingestão excessiva de líquidos, piômetra.
- Amarelo escuro ou amarelo âmbar: Ocorre quando há oligúria, a urina apresenta-se muito
densa, nefrite intersticial aguda, ingestão escassa de líquidos, febre, vômitos, diarréia e
desidratação.
- Amarelo âmbar ou marron enegrecido: Ocorre na azotúria, intoxicação pelo fenol.
- Amarelo esverdeado: Indica a presença de pigmentos biliares, cuja urina quando agitada
produz a formação de espuma de coloração esverdeada.
- Vermelho claro ou escuro: Depende da presença de hemácias ou hemoglobina
respectivamente.
Alguns medicamentos modificam a coloração da urina. O azul de metileno e
a acriflavina dão a urina uma coloração esverdeada, a fenotiazina e a fenolftaleína
determinam coloração vermelha.
c) ASPECTO: O aspecto da urina pode ser límpido ( ou claro), ligeiramente turvo, turvo e
floculento.
O aspecto da urina é observado colocando-se a urina em um recipiente de
vidro, após isto, procura-se visualizar um foco luminoso através dela. No aspecto límpido e
floculento há nitidez na visualização porém no segundo, pode-se observar partículas
maiores disseminadas na urina, e quando turvo há turbidez na visualização do foco
luminoso.
Interpretação:
- Aspecto límpido ou transparente: Normal na urina dos carnívoros e onívoros; nos
herbívoros é límpido no momento da emissão, após ficar em repouso algumas horas torna-
se turvo ( exceto nos equinos em que a urina é turva logo após a emissão).
- Aspecto turvo: Normal em equinos. Nos carnívoros e onívoros ocorre todas as vezes que
há aumento do número de células epiteliais, leucócitos, cristais, bactérias e hemácias.
* Obs: Quando há aumento do nº de leucócitos a urina torna-se com aspecto leitoso, e
bactérias em grande proporção produz turbidez uniforme, a qual não sedimenta.
* A urina ácida frequentemente apresenta-se límpida, já a alcalina apresenta-se turva.
* O aspecto floculento geralmente é observado quando há aumento da quantidade de muco.
109
d) ODOR: A urina apresenta odor característico ("suis generis") para as diversas espécies
animais, o qual é atribuida aos ácidos orgânicos voláteis nela contido.
Interpretação:
O odor amoniacal da urina recém emitida é visto nas fermentações e processos
inflamatórios das vias urinárias. O odor de acetona na acetonemia das vacas; o pútrido
quando há destruição dos tecidos no aparelho urinário. Também alguns medicamentos
podem modificar o odor urinário.
e) DENSIDADE: A densidade ou peso específico apresenta valores que variam de acordo
com a espécie animal, o volume do líquido ingerido, a perda de líquidos e a quantidade de
solutos eliminados.
Determina-se a densidade colocando uma gota de urina no prisma do refratômetro
clínico, e fazer a leitura na escala que vai de 1.000 a 1.045.
Nos casos em que a densidade urinária for superior a 1.045, deve-se diluir a urina
em água destilada 1:1. Após a leitura, multiplicar por 2 os últimos algarismos da direita.
Exemplo: urina diluida = 1:1 = 1.034 x 2 = 1.068.
Interpretação:
A densidade urinária está aumentada na desidratação, diabete mellitus, enfermidades
debilitantes com destruição de tecidos, nefrite intersticial aguda, cistite.
A densidade urinária diminuida: diabete insipidus, ingestão excessiva de líquidos,
uremia, nefrite intesticial crônica.
A densidade urinária é um dos ítens do exame físico de maior importância para o
assessoramento da função tubular, a qual é responsável pela propriedade de concentração da
urina através das trocas de água e solutos. A densidade urinária é portanto, uma medida
aproximada da concentração de solutos (osmolaridade) da urina, que, por sua vez, reflete a
situação do plasma circulante.
A densidade normal da urina dos animais domésticos apresenta valores muito
amplos e em razão disto, dificulta a interpretação do exame. Assim, na interpretação
clínica, considera-se importante apenas a observação do valor médio encontrado para cada
espécie.
Na clínica prática, a diferenciação do valor encontrado na urianálise com o valor
médio preconizado para a espécie é de fundamental importância para o estabelecimento do
diagnóstico e prognóstico. Por exemplo, no cão este valor é de 1.025. Nesta espécie, os
processos que conduzem a um aumento da densidade urinária quase sempre estão
110
relacionados com a fase aguda das nefrites e são explicadas pela diminuição do volume
urinário em decorrência de hipertermia, anorexia, e sintomas correlatos, que promovem
perda de líquidos corporais. A interpretação nestes casos, é que os néfrons ainda possuem
habilidade para corrigir o defict de água pela ação do HAD nos túbulos distais e coletores.
As estruturas tubulares, embora lesadas, mantêm a capacidade de concentrar a urina.
Como as vias de armazenamento e de excreção da urina não possuem a
propriedade de concentração, os processos inflamatórios agudos extra-renais, como a
cistite e outros, não conduzem a alterações significantes da densidade. Todavia, nestes
casos, a densidade estará levemente aumentada em decorrência da grande quantidade de
sedimento presente, ou mesmo pelos sintomas que acompanham a doença.
Nos processos renais crônicos, normalmente ocorre o inverso. Há uma diminuição
da densidade urinária, que geralmente é encontrada com valores próximos a 1.013 a 1.022,
podendo variar conforme a extensão da lesão e a fase detectada. A interpretação, neste caso,
é de que os néfrons perderam, parcial ou totalmente a capacidade de concentração devido a
lesões irreversíveis.
Naturalmente estas interpretações são isoladas e resultantes apenas de um ítem
importante do exame físico. Por isso, devem estar sempre associados aos demais paâmetros
do exame físico da urianálise. Quando possível também associar provas bioquímicas para
função renal ( uréia e creatinina).
VALORES NORMAIS DA DENSIDADE URINÁRIA NOS ANIMAIS
DOMÉSTICOS
ESPÉCIE VALOR MÍNIMO VALOR MÁXIMO VALOR MÉDIO
Canino 1.015 1.050 1.025
Bovino 1.020 1.050 1.035
Ovino 1.015 1.070 1.040
Caprino 1.015 1.070 1.040
Equino 1.015 1.060 1.035
Suíno 1.010 1.040 1.025
Felino 1.025
2. EXAME QUÍMICO
O exame químico da urina é realizado com o auxílio de fitas reagentes de química
seca, obtidas comercialmente para laboratórios humanos.
111
- pH:
A concentração hidrogeniônica da urina é particularmente influenciada pela
nutrição. Os animais mantidos com dieta predominantemente vegetal apresentam urina
alcalina, devido à presença de bicarbonato de cálcio solúvel; por outro lado os animais cuja
alimentação é rica em proteínas e cereais apresentam urina ácida, devido à presença de
fosfatos ácidos de sódio e cálcio.
O pH urinário é portanto ácido nos carnívoros (5,5 a 7,0) e alcalino (7,5 a 8,5) nos
herbívoros. Animais novos, em fase de amamentação, apresentam pH urinário ácido,
mesmo que o adulto da mesma espécie tenha caracteristicamente pH urinário alcalino.
As alterações do pH urinário geralmente indicam uma alteração sistêmica do que um
processo localizado ao nível do sistema urinário.
Interpretação:
Urina Alcalina:
. Demora da urianálise com formação de amônia,
. Cistite associada a bactérias que degradam a uréia em amônia;
. Administração de alcalinizantes: bicarbonato de sódio, lactato de sódio, citrato de sódio;
. Retenção urinária vesical;
. Alcalose metabólica ou respiratória.
Urina Ácida:
.Alimentação rica em proteínas;
.Administração de acidificantes: cloreto de amônio, cloreto de cálcio, fosfato ácido de Na;
.Catabolismo de proteínas orgânicas por febre, jejum, Diabetes mellitus;
.Acidose metabólica ou respiratória, principalmente uremia e Diabetes mellitus.
- PROTEÍNAS (mg/dl):
A proteinúria deve ser sempre interpretada em associação com a densidade e outros
dados clínicos e laboratoriais. Na urina normal não deve haver a presença de proteínas.
O grau de proteinúria não é necessariamente proporcional à severidade do processo
patológico, principalmente na proteinúria renal.
INTERPRETAÇÃO
PROTEINÚRIA FISIOLÓGICA:
.Exercício muscular excessivo;
.Convulsões;
.Ingestão excessiva de proteínas;
.Função renal alterada nos primeiros dias de vida.
PROTEINÚRIA PATOLÓGICA
1. Enfermidades renais: amiloidose renal, nefrite, pielonefrite, congestão renal,
intoxicação por arsênico, fósforo, e outros.
112
2. Enfermidades pós-renal: Cistite, prostatite, uretrite, urolitíase, contaminação por
descarga vaginal ou prepucial.
-ACETONA ( corpos cetônicos)
Normalmente isebto na urina, incluem o ácido aceto-acético, ácido B- butítico e
acetona. A elevação destas substâncias no sangue é denominada cetose ou acetonemia. O
ácido aceto- acético e o B-hidrobutírico, que dão origem à acetona, são produtos
intermediários normais do metabolismo das gorduras.
As causas de cetonúria variam conforme a patogenia r as particularidades do
metabolismo das diferentes espécies.
Causas de cetonúria:
. acidose
. jejum
. hepatopatias
. febre em animais novos
. diabetes mellitus em pequenos animais
. cetose em vacas leiteiras por desbalanço energético
. cetose em ovelhas prenhes associada à hipoglicemia
-GLICOSE:
Em condições normais, a urina dos animais não contém glicose. Embora a glicose
seja filtrada no glomérulo, ela é totalmente reabsorvida no túbulo proximal. A glicose é
uma substância de umbral (limiar elevado) - propriedade das substâncias que interessam
ao organismo, como os aminoácidos e a água.
A glicosúria ocorre quando a taxa de glicose presente nos túbulos excede a
capacidade de reabsorção, ou seja, ultrapassa o limiar renal. No cão, a glicosúria ocorre
quando a glicemia excede180mg%.
Quando presente pode significar:
Glicosúria associada à hiperglicemia:
. Diabetes mellitus
. Tratamento parenteral com glicose ou frutose
. Hiperadrenocorticismo
. Pancreatite necrótica aguda
. Ingestão excessiva de açucares
. Administração parenteral de adrenalina.
Glicosúria não associada à hiperglicemia:
. Nefropatias congênitas ou hereditárias;
. Doenças renais com comprometimento da porção tubular proximal.
113
Pode-se verificar glicosúria falso-positiva por reação química cruzada após
administração de certos antibióticos, substâncias redutoras de açucar e outros
medicamentos.
-SANGUE OCULTO:
Normal quando ausente. Sua presença na urina é chamada hematúria. Os testes de
rotina não diferenciam hematúria de hemoglobinúria. Deve-se centrifugá-la e observar o
sedimento e o sobrenadante; o sedimento vermelho indica hematúria e o sobrenadante
avermelhado a hemoglobinúria. Confirmar no exame do sedimento.
Hematúria: Após centrifugação o sobrenadante límpido e sedimento com grande quantidade
de hemácias intactas.
Causas de hematúria:
.Nefrites .Uretrite
.Nefrose .Cistite
.Infarto renal .Traumatismo
.Congestão passiva do rim .Prostatite
.Neoplasias .Dictophyme renale
.Urolitíases .Dirofilaria immitis
-HEMOGLOBINA:
Normal não aparecer na urina, quando encontrada chama-se hemoglobinúria, no
qual determina uma coloração escura e aspecto límpido. Após centrifugação ou repouso, o
sobrenadante apresenta-se com a mesma coloração vermelho escuro, sedimentos contendo
poucos eritrócitos.
Causas de hemoglobinúria:
.Babesiose, infecções provocadas por Clostridium perfringens e C. haemolyticum
tipo A, Leptospirose, fotossensibilização, incompatibilidade sangüínea, hemoglobinúria
pós-parto, agentes químicos como mercúrio e o cobre, algumas plantas tóxicas; Anemia
infecciosa equina.
- UROBILINOGÊNIO:
O urobilinogênio é um cromógeno formado nos intestinos por ação bacteriana
redutora de bilirrubina. Uma parte do urobilinogênio é excretada através das fezes, mas
outra é absorvida pela circulação porta, retornando ao fígado e sendo eliminada pela bile.
Pequena quantidade de urobilinogênio ( aprox. 2% ) atinge os rins através da circulação,
sendo excretado pela urina.
Ausência ou diminuição do urobilinogênio urinário:
. Obstrução das vias biliares;
. Distúrbios intestinais de reabsorção como na diarréia;
. Nefrite
114
Aumento do urobilinogênio urinário:
. Hepatite por incapacidade funcional de remoção do urobilinogênio da circulação;
. Cirrose hepática;
. Icterícia hemolítica
-BILIRRUBINA:
A bilirrubinúria deve sempre ser interpretada em associação com a densidade
específica da urina e é normal quando ausente. O limiar de excreção de bilirrubina no cão é
baixo em condições normais. A urina obtida de cães sadios normalmente contém alguma
quantidade de bilirrubina, principalmente quando a amostra possui elevada densidade
específica.
Causas de Bilirrubinúria
. Hepatopatias como hepatite infecciosa canina, leptospirose, neoplasias;
. Obstrução das vias biliares como colestase intra e extra-hepáticas.
-INDICAN
Esta substância é formada e absorvida no intestino, sendo eliminada pelos rins,
constitui o produto final do metabolismo bacteriano. É normal observar a presença de
pequena quantidade de Indican na urina de cães e gatos, nos herbívoros sempre está
presente.
A indicanúria é observada quando há:
.Constipação; obstrução intestinal; enterite; gastrite; diminuição do fluxo biliar; dieta rica
em proteínas;
áreas de decomposição protéica no organismo, como por exemplo: peritonite, metrite e
abcessos.
3. EXAME DO SEDIMENTO
O exame do sedimento possui padrão, e deve ser realizado com 10 ml de urina
fresca após sua centrifugação a 1.500 rpm por 5 a 10 minutos. O material é obtido
desprezando-se p sobrenadante, homogeinizando-se o sedimento e colocando-se uma gota
sobre lâmina, e em seguida uma lamínula por cima.
A leitura deve ser realizada em microscópio óptico em objetiva de 40x, ou seja,
aumento de 400 vezes. No entanto, uma observação em menor aumento ( 100 a 200x ) deve
ser realizada previamente à leitura, para verificar-se homogeneidade do sedimento a
macroestruturas como coágulos e pús. Observar a densidade urinária, pois pode haver
diluição do sedimento.
115
O sedimento urinário é constituído em 2 partes:
. Sedimento organizado
. Sedimento não organizado
SEDIMENTO ORGANIZADO
a) Células epiteliais de descamação:
Normal quando ausente ou discreta presença. Quando aumentadas podem indicar
lesão no local ou difusa. as células podem ser diferenciadas quanto a sua morfologia como
de epitélio renal, pélvis, vesicais, uretrais e vaginais. Em urinas de retenção ou quando há
demora de exame, as células podem apresentar-se degeneradas.
Causas da presença de células epiteliais na urina:
- Renais: degeneração tubular aguda, intoxicação renal, isquemia renal, processo
inflamatório;
- Pelve: pielite e pielonefrite;
- Vesicais: Cistite, cateterização agressiva;
- Uretrais: uretrite, cateterização agressiva;
- Tumorais: diagnóstico por morfologia citológica do sedimento.
b) Hemácias:
As hemácias são menores que os leucócitos e normal quando na quantidade de 1 a
2/campo de observação no microscópio; quando maior que 5/campo é hematúria.
A hematúria pode apresentar-se macro ou microscopicamente, e as causas são:
. Inflamação do trato urinário, como pielonefrite, cistite, pielite, prostatite
. Traumas como cateterização, cistocentese, neoplasias de rim, bexiga ou próstata;
. Congestão passiva renal;
. Infarto renal;
. Parasitas no trato urinário, como Dioctophima renale, Sthefanurus sp., dirofilariose;
. Intoxicações como cobre e mercúrio;
. Problemas hemostáticos;
. Estro;
. Pós-parto;
. Neoplasias, trauma e inflamações do trato genital.
c) Leucócitos:
Apresentam-se como células granulares maiores que as bactérias, porém menores
que as células epiteliais. Normal quando 1 a 2/campo. Quando maior que 5/campo é
leucocitúria ou piúria.
Em pH alcalino, os leucócitos tendem a apresentar-se sob a forma de grumos.
116
Causas de Leucocitúria
. Inflamações renais como nefrite, glomerulonefrite, pielonefrite
. Inflamações do trato urinário baixo como uretrite e cistite
. Inflamações do trato genital como vaginite, prostatite e metrite.
d) Cilindros:
São constituídos primariamente de mucoproteína e proteína que aderem-se ou não a
outras estruturas; normal quando ausentes. Representam moldes dos túbulos onde são
formados, como nos ductos coletores, túbulos contorcidos e alça de henle.
A formação dos cilindros dá-se na porção renal tubular, onde a urina atinge
concentração máxima e acidez, o que favorece a precipitação de proteínas e mucoproteínas.
Qualquer lesão tubular presente no momento da formação dos cilindros pode refletir
na composição dos mesmos. Deste modo os cilindros são classificados conforme o material
que contém:
CILINDROS URINÁRIOS
Tipo Composição Interpretação
Hialinos mucoproteína e
proteínas
-geralmente associados à
proteínúria
-processo transitório(febre e
congestão)
-Também doença renal
Hemáticos Muco + hemácias -hemorragia glomerular e tubular
-glomerulonefrite aguda
-nefropatia crônica em fase
evolutiva
Leucocitários Muco + leucócitos -associados à inflamação renal
-pielonefrites e abcessos renais
Epiteliais Muco + restos celulares -semelhante à presença de
cél.isoladas
-inflamações renais
Granulosos Muco + várias estruturas -degeneração tubular
-necrose de células tubulares
Céreos Cilindros angulares
(alta permanência renal)
-fase final da degeneração tubular
-lesão tubular crônica
IMPORTANTE: os cilindros não se formam em baixas densidades ou em pH alcalino.
e) Espermatozóides:
Normal no cão. Em outras espécies, como no bovino, pode indicar distúrbio
reprodutivo.
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f) Muco:
São filamentos mucóides, e normal quando quantidade discreta. Aumentam em
processos inflamatórios.
g) Bactérias:
Normal quando quantidade discreta, mas não deve ser analisado isoladamente.
Normalmente a urina é estéril até atingir o polo distal da bexiga; a uretra dos cães contém
uma população bacteriana normal maior na extremidade distal. Cuidado com falsa
bacteriúria por tempo prolongado de exposição da amostra de urina previamente ao exame.
Grande quantidade em exame de urina fresca sugere infecção bacteriana em algum
ponto do trato urinário, especialmente quando associada a outros sinais de inflamação como
piúria, hematúria e proteinúria.
SEDIMENTO NÃO ORGANIZADO
Cristais:
São produtos finais da alimentação do animal, e dependem para sua formação do pH
urinário. A grande quantidade pode indicar urolitíase, embora possa haver cálculos sem
cristalúria e vice-versa.
CRISTALÚRIA
pH ALCALINO pH ÁCIDO
- Fosfato triplo
- Fosfato amorfo
- Carbonato de cálcio
- Urato de amônio
- Urato amorfo
- Oxalato de cálcio
-Ácido hipúrico
- Cistina (raro)
Outros:
-Fungos ou leveduras: Contaminantes ou infecção fúngica
- Ovos e parasitas:
- Stephanurus sp - suínos
- Dioctophyme renale - cães
- Capillaria sp - Cães e gatos
- Dirofilaria immitis - Cães
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ESQUEMA LABORATORIAL PROPOSTO PARA DIAGNÓSTICO
DE ALGUMAS DOENÇAS DO SISTEMA URINÁRIO COMUNS EM
VETERINÁRIA
pH densidade Proteínas cilindros leucócitos hemácias diagnóstico
6 - 6,5 / norm + / ++ pres. pres. raras nefrite aguda *
5 - 6,5 1012-
1020
+ / ++ pres. pres. raras nefrite crônica*
6 - 6,5 ou 3+/ 4+ pres. pres. variáveis glomerulonefrite **
8,0 1006-
1012
+ / ++ ausentes pres. aumentada pielonefrite bovinos**
alcalino (> 1025) - / + / ++ ausentes pres. /bact. Cistite *
alcalino /normal - / + ausentes pres. /cristais cálculo +
Silveira (88)
* - checar taxa de uréia no plasma
** - Checar taxa de uréia e creatinina no plasma
+ - Checar pelo raio x
- presença acentuada
- presença discreta
- - Traços
Teremos processo inflamatório renal
. Proteinúria
. Cilindrúria TRÍADE
. Leucocitúria
-Proteinúria pequena - casos crônicos
-Proteinúria de grande magnitude, sem significativa hematúria e leucocitúria -
Glomerulonefrite
-Proteinúria sem cilindros - origem pós renal
-Densidade aumentada - fase aguda das nefrites
-Densidade diminuida - processos renais crônicos
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CASOS CLÍNICOS - URINA
Silveira(88), Patologia Clínica Veterinária
1. Amostra de urina, coletada com cateter, de um cão macho de 6 anos de idade.
Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento
Volume: 20 ml . Proteínas: ++ . Cilindros: xpc 3 a 4 granulo.
Aspecto: turvo . S. Oculto: + . Cél. Epi.: 1 a 2 x pc
Reação: ácida . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: x pc 5 a 10
Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 10 a 15
pH: 5,5 . Glicose: ausente . Bactérias: Pres. moderada
Densidade: 1.039 . Cristais: oxalato de cálcio
2. Amostra de urina recebida de um cão não cateterizado
Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento
Volume: 40 ml . Proteínas: + . Cilindros: xpc 1 a 2 hialinos
Aspecto: limpido . S. Oculto: ausente . Cél. Epi.: Ocasionais
Reação: ácida . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: x pc 4 a 6
Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 1 a 4
pH: 6,0 . Glicose: ausente . Bactérias: Pres. raras
Densidade:1.012 . Cristais: ausentes
3. Amostra de urina recebida de um cão cateterizado
Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento
Volume: 15 ml . Proteínas: +++ . Cilindros: ocasionais hial.
Aspecto: turvo . S. Oculto: ausente . Cél. Epi.: Ocasionais
Reação: ácida . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: x pc 6 a 8
Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 0 a 4
pH: 5,5 . Glicose: ausente . Bactérias: Pres. raras
Densidade: 1.022 . Cristais: ausentes
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4. Amostra de urina, coletada com cateter, de um cão encaminhado ao consultório.
Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento
Volume: 30 ml . Proteínas: ++ . Cilindros: ausentes
Aspecto: turvo . S. Oculto: +++ . Cél. Epi.: Ocasionais
Reação: alcalina . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: + de 50 pc
Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 20 a 30
pH: 8,5 . Glicose: ausente . Bactérias: muitos cocos
Densidade: 1.026 . Cristais: fosfatos amorfos
5. Amostra de urina de um cão obtida por caterização.
Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento
Volume: 45 ml . Proteínas: aus. . Cilindros: ausentes
Aspecto: turvo . S. Oculto: aus. . Cél. Epi.: Ocasionais
Reação: alcalina . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: ausentes
Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: ausentes
pH: 8,0 . Glicose: ausente . Bactérias: raros cocos
Densidade: 1.025 . Cristais: fosfatos amorfos
6. Amostra de urina de cão encaminhada ao laboratório e coletada por cistocentese.
Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento
Volume: 30 ml . Proteínas: - . Cilindros: ausentes
Aspecto: turvo . S. Oculto: aus. . Cél. Epi.: Ocasionais
Reação: neutro . Bilirrubina: ++ . Leucócitos: ausentes
Cor: amarela carregado . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: ausentes
pH: 7,0 . Glicose: ausente . Bactérias: ausentes
Densidade: 1.040
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CAPÍTULO IX - Casos Clínicos Completos
1. Canino, fêmea, 9 anos de idade, Fox Paulistinha. Poliúria, certo grau de obesidade.
Desidratação aparente. Qual o provável diagnóstico?
Hemácias 8.000.000 leucócitos: 35.000
Hb: 16,8 mielócitos: 1%
Vg: 50% Metamielócitos: 5%
PPT: 9,6g/dl Bastão: 23%
FP: 300mg% NS: 53%
Monocitos: 14%
Linfócitos: 2%
Eosinófilos: 0
Bioquímica Urianálise
Colesterol: 366 mg% Densidade: 1.032 Corpos cetônicos: ++
Glicose: 200mg% Reação: ácida – 6,0 Leucócitos: ocasionais
TGP: 190 UI/l Proteínas: traços
Lipase: 55 UI/l Glicose: ++
2. Bovino, raça mista, 6 anos de idade. Animal esteve em trabalho de parto distócito.
Apresentava sinais de traumatismo, provocado pelas mãos do tratador, como tentativa de
expulsar o feto.
Hemácias: 8.800.000 Leucócitos: 8.700
Hb: 13,2 g% Bastão: 7%
VG: 39% NS: 31%
PPT: 7,2 g/dl Linfócitos: 52%
FP: 1.200 mg% Monócitos: 10%
Eosinófilos: 0
BIOQUÍMICA
CPK 1.280 UI/l
Cálcio: 7,9 mg%
Fósforo: 3,8 mg%
Glicose: 121 mg%
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3. Canino, macho, 7 meses, foi atropelado há 2 dias. Esta medicado com analgésico. Parou
de comer e urinar. Abdome aumentado de volume e intensamente dolorido ao toque.
BIOQUÍMICA
Uréia: 328 mg%
Creatinina: 8,2 mg%
Análise do líquido peritoneal
EXAME FÍSICO EXAME QUÍMICO
Aspecto: turvo Proteínas: 500 mg/100ml
Cor: amarelo Sangue Oculto: +++
Densidade: 1.014 Indican: +++
Reação ácida (pH 6,5)
CITOLÓGICA
Leucócitos: +++ Hemácias: +++
Células epiteliais de transição
Bactérias: ++
123
ANEXOS – Valores de referência
124
125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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