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0 CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MANUAL ACADÊMICO LABORATÓRIO CLÍNICO Regina C. Pereira Reiniger 2014

Poligrafo laboratorio 2014

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CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MANUAL ACADÊMICO

LABORATÓRIO CLÍNICO

Regina C. Pereira Reiniger

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

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SUMÁRIO

- CAPÍTULO I

COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA LABORATÓRIO .......................... 04

- CAPÍTULO II

HEMATOLOGIA ..................................................................................................... 09

1. ERITROPOIESE E ERITROCINÉTICA................................................................ 09

1.1. Introdução .......................................................................................................... 09

1.2. Maturação das hemácias ou eritrócitos................................................................. 09

1.3. Origem dos elementos figurados........................................................................... 10

2. REGULAÇÃO DA ERITROPOIESE..................................................................... 12

2.1. Morfologia normal dos eritrócitos........................................................................ 13

2.2. Sobrevida e destruição dos eritrócitos.................................................................. 13

2.3. Eritrócitos imaturos e anormais............................................................................ 14

2.4. Inclusões eritrocitárias.......................................................................................... 15

3. LEUCÓCITOS........................................................................................................ 16

3.1. Leucócitos anormais............................................................................................. 17

4. PLAQUETAS OU TROMBÓCITOS...................................................................... 18

5. COAGULAÇÃO SANGUÍNEA.............................................................................. 29

CAPÍTULO III

HEMOGRAMA.......................................................................................................... 35

1. ERITROGRAMA................................................................................................... 35

2. LEUCOGRAMA.................................................................................................... 44

CAPÍTULO IV

HEMOTERAPIA ...........................................................................................................

61

CAPÍTULO V

EXAMES COMPLEMENTARES...............................................................................

70

1. HEMOSSEDIMENTAÇÃO.................................................................................... 70

2. TEMPO DE COAGULAÇÃO................................................................................. 71

3. CONTAGEM DE RETICULÓCITOS..................................................................... 72

4. TEMPO DE SANGRIA......................................................................................... 73

5. CASOS CLÍNICOS............................................................................................... 74

CAPÍTULO VI

1. NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS....................................................................... 61

2. CASOS CLÍNICOS................................................................................................. 66

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CAPÍTULO VII

BIOQUÍMICA CLÍNICA............................................................................................ 68

1. FUNÇÃO HEPÁTICA............................................................................................ 69

2. INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL DAS ENZIMAS.............................................. 74

3. FUNÇÃO RENAL.................................................................................................. 75

4. FUNÇÃO PANCREÁTICA.................................................................................... 76

5. MINERAIS E ELETRÓLITOS............................................................................... 77

CAPÍTULO VIII

EXAMES DOS LÍQUIDOS CAVITÁRIOS................................................................ 81

1. EXAME FÍSICO..................................................................................................... 81

2. EXAME CITOLÓGICO.......................................................................................... 82

3. EXAME QUÍMICO................................................................................................ 83

4. EXAME BACTERIOLÓGICO................................................................................ 84

5. EFUSÃO HEMORRÁGICA.................................................................................... 84

CAPÍTULO IX

URINÁLISE............................................................................................................. 86

1. REVISÃO DA FISIOLOGIA RENAL..................................................................... 86

2. URINÁLISE CLÍNICA........................................................................................ 88

2.1. Exame Físico........................................................................................................ 89

2.2. Exame Químico.................................................................................................... 92

2.3. Exame do Sedimento........................................................................................... 96

3. CASOS CLÍNICOS................................................................................................ 101

CAPÍTULO X

CASOS CLÍNICOS..................................................................................................... 103

ANEXOS – VALORES DE REFERÊNCIA................................................................ 105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 107

CAPÍTULO I

COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA EXAMES

LABORATORIAIS

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A perfeita coleta e remessa de um espécime ao laboratório produz um resultado, o

qual dará ao clínico a segurança de seu diagnóstico. Após a coleta, o material deverá ser

identificado e nesta, o remetente deverá incluir todas as informações que possam auxiliar à

conclusão de um diagnóstico.

Pode-se identificar um material anexando a eles as informações referentes a

caracterização do animal e dados clínicos. Deve-se incluir:

- Espécie do animal - Nome ou Número -Idade e sexo

- Duração da doença - Taxa de mortalidade -Taxa de morbidade

- Manejo do rebanho - Achados de necrópsia -Suspeita Clínica

-Tratamento usado - Exame solicitado -Conservador utilizado

- Requisitante

A embalagem do material deve ser feita de tal forma que não proporcione a

transmissão de doenças a outros animais ou pessoas, principalmente tratando-se de

zoonoses. O meio de transporte deve ser o mais rápido, contudo deve-se evitar a remessa

em fins de semana ou às vésperas de feriado.

1. Preservação do Material Coletado - Conservadores:

São inúmeras as formas de preservação dos espécimes; como conservadores

podemos citar: Conservadores Físicos e os Conservadores Químicos.

a) Conservadores Físicos:

a.1. GELO ÚMIDO: É um método de conservação adequado quando a embalagem da

amostra é bem executada e a distância para o laboratório não é excessivamente longa.

Deve-se ter o cuidado de não deixar o material entrar em contato direto com o gelo. Assim,

pode-se colocar a amostra em vidro, fechá-lo herméticamente e acondicioná-lo em caixa de

isopor contendo gelo. Deste modo a preservação fornecida pelo gelo úmido é de

aproximadamente 18 a 24 hs no inverno e apenas 8 a 12 hs no verão.

a.2. GELO SECO: Também chamado de neve carbônica, é um método não muito utilizado

em consequência da dificuldade na aquisição, e seu perigo quando acondicionado de modo

incorreto. O gelo seco só poderá ser usado em amostras que possam ser congeladas e não

causar problemas ao laboratório na execução do exame solicitado, também deve-se ter o

cuidado de não deixá-lo entrar em contato direto com o material. O recipiente Não deve ser

de vidro, nem deve ser fechado herméticamente, pois haverá o perigo de exposição.

a.3. LIOFILIZAÇÃO: É realizada através de um liofilizador.

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a.4. CONGELAMENTO EM NITROGÊNIO LÍQUIDO: Utilizado para conservação de

espermatozóides, Eimeria, Tricomonas e Babesia.

b) Conservadores Químicos

b.1. SOLUÇÕES FIXADORAS: São conservadores ideais para amostras que devem ser

submetidas a exames histológicos. Quando usar um fixador, o volume deste deve ser dez

vezes maior que o do material a ser fixado. Ex. Formol à 10%, Álcool etílico, Líquido de

Zenker, Solução de Bouin.

b.2. BACTERIOSTÁTICOS: São usados geralmente quando se pretende realizar cultura e

isolamento de vírus (impede a reprodução da bactéria). A relação entre o volume da

amostra e do conservador é a mesma citada para os fixadores (1:10). Ex. Glicerina pura ou

a 50%, líquido de Bedson, Líquido de Vallé, Ácido bórico.

b.3. BACTERICIDAS: Não devem ser usados para a conservação de espécimes com a

finalidade de exames bacteriológicos ou virológicos. Ex. Formol à 10% (usado para

preservação de fezes), Mertiolato 1:10.000 ( usado para preservação de soro sangüíeno -

1:9), Fenol à 0,5%.

2. COLETA E REMESSA DE AMOSTRAS AO LABORATÓRIO

2.1. URINA

Coleta: Pode-se esperar a micção natural, adaptar sacos de borracha na região

prepucial também é uma alternativa, pode-se ainda optar por massagem no prepúcio para

machos, e na região pré-pubiana para fêmeas, a compressão na bexiga para cães e gatos e o

cateterismo são largamente usados, enquanto que a punção na bexiga deve ser para casos

extremos.

ACONDICIONAMENTO PARA DIVERSOS EXAMES:

Sendo pequena a distância entre o animal e o laboratório, o uso de

conservantes pode ser dispensado. Entre os conservadores para urina podemos citar:

refrigeração, tolueno (quantidade suficiente para criar uma fina película na superfície),

formal à 40% (4 gotas/100ml de urina), timol (0,1g/100ml urina), congelamento (bom meio

de conservação para exame químico).

Bacteriológico ou virológico: remeter a amostra imediatamente após a coleta

sendo esta feita de forma mais asséptica possível.

OBS: PARA EXAMES BACTERIOLÓGICOS E VIROLÓGICOS UTILIZAR

SEMPRE VIDRARIA ESTERELIZADA, E REALIZAR UMA BOA ASSEPSIA.

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2.2 SANGUE

COLETA: Geralmente é feita por punção venosa a qual deve ser realizada de acordo

com a seguinte sequência:

1. Depilar a região sempre que necessário;

2. Realizar a assepsia (álcool iodado);

3. Exercer o garrote ou fazer pressão com o dedo sobre o vaso sanguíneo a ser

puncionado;

4. Introduzir a agulha na veia, desprezar o garrote e aspirar o sangue;

5. Retirar a agulha e pressionar a região com algodão embebido com álcool iodado;

6. Desprezar a agulha e colocar o sangue no vidro com anticoagulante (levemente

inclinado), homogeinizar delicadamente (movimentos suaves).

OBS: O ideal é que a coleta de sangue seja feita antes de começar qualquer

tratamento (quando se quer diagnóstico).

LOCAL INDICADO PARA COLETA DE SANGUE

ESPÉCIE ANIMAL - LOCAL DE VENOPUNÇÃO - AGULHA*

CÃO . CEFÁLICA, JUGULAR, SAFENA - 25X7; 25X8; 25X9

GATO . IDEM - 25X7; 25X8

BOVINO . JUGULAR,CAUDAL,MAMÁRIA - 40X12; 40X16

EQÜINO . JUGULAR - 40X12; 40X16

OVINOS . JUGULAR -40X10;40X12;40X16

CAPRINOS . IDEM - IDEM

SUINOS . CAVA ANTERIOR, MARG.ORELHA - 40X12; 40X16

COELHOS . MARG. DA ORELHA, CARDÍACA - 25X7; 40X12

* 25X7: 25mm de comprimento e 0,7 mm de calibre

ACONDICIONAMENTO PARA DIVERSOS EXAMES

. ANÁLISES CLÍNICAS: Usar um anticoagulante. O EDTA é um bom exemplo. Junto

com o sangue coletado, mandar confeccionado o esfregaço sangüíneo, devidamente

embalado.

. BACTERIOLÓGICO OU VIROLÓGICO: Usar sangue desfibrinado ou usar a Heparina

como anticoagulante.

. PARASITOLÓGICO: Remeter esfregaços delgados, fixados em metanol. Para realizar a

fixação cobrir o esfregaço com metanol durante 3 minutos, escorrer e deixar secar em

temperatura ambiente. Exp: Babesia, Anaplasma...

. IMUNOLÓGICO: Usar o soro sangüíneo. Retirá-lo e enviar refrigerado. Exp: Brucelose,

AIE.

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. DETERMINAÇÃO BIOQUÍMICA: A maioria se faz a partir do soro. Usar como

conservador o congelamento. Quando o sangue for total, recomenda-se uma refrigeração e

enviar imediatamente após a coleta.

ANTICOAGULANTES

São substâncias que impedem a coagulação sangüínea e são empregados para

obtenção do plasma ou células sangüíneas. Existem uma quantidade expressiva de

anticoagulantes e a eleição de um deles depende do exame a ser solicitado.

- EDTA: Quimicamente corresponde ao ETILENODIAMINOTETRACETATO de SÓDIO

ou POTÁSSIO. É o anticoagulante indicado para estudos hematológicos, exceto

determinação de Cálcio, Sódio e Potássio. Esta substância não interfere na morfologia

celular durante 24hs quando a amostra de sangue for refrigerada. Nos esfregaços observa-se

eritrócitos e leucócitos sem deformações, o que ocorre em virtude do EDTA impedir as

propriedades de adesividade e agregação das plaquetas. Assim as células apresentam-se

isoladas e com distribuição uniforme, o que facilita a contagem.

Para prevenir a coagulação de 5 ml de sangue, usar 1 gota de EDTA à 10%.

- PAUL HELLER: Este mantem o sangue líquido por um tempo indefinido. No entanto a

morfologia celular começa a ser alterada após 30 minutos em contato com o sangue. Este

coagulante não deve ser usado em transfusões sangüíneas em virtude da sua toxidez (tem

amônia na sua constituição). Cada 0,1ml previme a coagulação de 1,0 ml de sangue.

- CITRATO DE SÓDIO: Usado em solução à 3,8%, é indicado para transfusões sangüíneas,

VHS, e compatibilidade sangüínea. Usa-se na concentração de 1,0ml de solução para 9,0ml

de sangue, para transfusões sanguíneas ( 1:9 ).

- HEPARINA: Tem como desvantagem seu alto custo e a interferência na coloração dos

leucócitos, por isto não é usado para exames hematológicos. A solução à 1%, usando 0,1 ml

retarda a coagulação de 5ml de sangue. A heparina retarda a coagulação sanguínea pelo

período de aproximadamente 8 horas.

- FLUORETO DE SÓDIO: Normalmente é usado para determinação de glicose em virtude

deste inibir a glicólise. Mais comumente utiliza-se o Fluoreto de Na em mistura com outro

anticoagulante, como por exemplo o EDTA, resultando em EDTA FLUORETADO, usa-se

0,5 ml deste anticoagulante para evitar a coagulação e a glicólise de 5,0 ml de sangue.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA UTILIZAÇÃO DE ANTICOAGULANTES:

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. O EDTA não deve ser usado em amostras cuja finalidade seja a determinação do

tempo de protrombina, pois provoca resultados aumentados.

. Não deve ser usado anticoagulante na forma de sódio e potássio quando form

necessária a dosagem destes elementos.

MODOS DE AÇÃO DOS ANTICOAGULANTES

- EDTA:Reage através de seus dois radicais ácidos com o cálcio plasmático, formando um

quelato com os elementos alcalinos terrosos, tornando-se insolúvel.

- FLUORETO DE SÓDIO: Quelante de cálcio, com a formação de sais insolúveis.

- HEPARINA: Atividade como inibidor da trombina e tromboplastina.

- CITRATO DE SÓDIO: Quelante de cálcio, com a formação de sais insolúveis.

CAPÍTULO II – HEMATOLOGIA

1.ERITROPOIESE E ERITROCINÉTICA

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1.1.INTRODUÇÃO

Os exames hematológicos estão entre os mais práticos, econômicos e de maior utilidade na

prática clínica. Isto porque o tecido sanguíneo tem por função principal manter a

homeostase corpórea; deste modo é um “espelho” do animal no momento da coleta.

Juntamente com o exame de fezes e a urianálise, o hemograma é tido como exame de

primeira linha, ou seja, de triagem clínica. Quando bem indicado, e o material bem colhido

e acondicionado adequadamente, podem prestar grande auxílio ao clínico, quer no

diagnóstico, prognóstico ou controle terapêutico.

COMPOSTOS DO SANGUE

O sangue é composto por uma parte líquida e outra celular. A parte líquida, chamada

plasma(quando com anticoagulante), contém o fibrinogênio e o soro, este último contendo

os mais variados solutos orgânicos, como minerais, enzimas,hormônios,etc. A parte celular

é composta pelos eritrócitos, leucócitos e trombócitos (plaquetas nos mamíferos, que não

são células). Os leucócitos são constituidos pelos granulócitos (neutrófilos, basófilos e

eosinófilos) e os agranulócitos(linfócitos e monócitos).

FUNÇÕES DO SANGUE

A principal função do sangue é o transporte, quer de substâncias essencias para a vida das

células do corpo, tais como o oxigênio, o dióxido de carbono, nutrientes, hormônios, quer

de produtos oriundos do metabolismo e indesejáveis ao organismo, que são levados aos

órgãos de excreção. Ao sangue também se atribui o papel de defesa imunológica,

hemostasia e diversos outros, como o transporte de calor.

VOLUME SANGUÍNEO

O volume sanguíneo normal nas espécies domésticas está em torno de 6 a 10% do peso

corpóreo, com grande variedade intra e inter-espécies. Entre os pequenos animais, o cão

possui aproximadamente 10% e o gato 7%; a anemia nos gatos é portanto também por este

motivo, mais severa.

1.2.MATURAÇÃO DAS HEMÁCIAS

Existem elementos indispensáveis na produção de hemácias, um destes é a Vitamina B12,

denominado de fator extrínseco. O fator intrínseco é a mucoproteína, produzida pelas

células fúndicas da mucosa gastrointestinal (células parietais) e tem a função de solubilizar

a Vit.B12. A deficiência de um destes dois fatores, levará a um quadro de anemia

Perniciosa, pois haverá no sangue formas imaturas, não realizando muito bem suas funções.

A Vit.B12(cianocobalamina), é um nutriente essencial para todas as células do organismo,

verificando-se, em geral, depressão acentuada do crescimento dos tecidos na ausência dessa

vitamina. Esse efeito decorre da necessidade desta vitamina para síntese de ADN. Por

conseguinte, a falta dessa vitamina impede a maturação e a divisão nuclear. Como os

tecidos que produzem eritrócitos estão entre os de mais rápido crescimento e proliferação, a

falta de Vit.B12 inibe, em particular a velocidade de produção dos eritrócitos. Ademais, as

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células eritroblásticas da medula óssea, além de serem incapazes de proliferar rapidamente

tornam-se maiores que o normal, transformando-se em megaloblastos, o eritrócito adulto

resultante, denominado macrócito, possui membrana delgada e, com frequência, tem forma

irregular, grande e oval, em lugar da forma bicôncava habitual. Quando penetram no sangue

circulante, esses macrócitos são capazes de transportar normalmente oxigênio, mas sua

fragilidade reduz seu tempo de sobrevida de metade a um terço do normal. Assim, a

deficiência de Vitamina B12 provoca uma deficiência de maturação no processo da

eritropoiese.

ANEMIA PERNICIOSA

A causa mais comum de deficiência de maturação não é a falta de vitamina B12 na dieta,

mas sua absorção inadequada pelo tubo gastrointestinal. Essa disabsorção é frequentemente

observada na doença denominada “anemia perniciosa”, em que a anormalidade básica

reside na atrofia da mucosa gástrica, que fica incapaz de secretar as secreções gástricas

normais. As células parietais das glândulas gástricas secretam uma glicoproteína,

denominada de fator intrínseco, que se combina à Vit.B12 da dieta, permitindo sua

absorção intestinal. Esse mecanismo atua da seguinte maneira: em primeiro lugar, o fator

intrínseco liga-se fortemente a vit. B12. Nesse estado fixo, a vitamina é protegida do

processo de digestão pelas enzimas gastrointestinais. Em segundo lugar, ainda no estado

fixo, o fator intrínseco liga-se a sítios receptores específicos existentes nas membranas da

borda em escova das células da mucosa do íleo. Por fim, a Vit. B12 é transportada para o

sangue durante as horas seguintes, provavelmente através do processo de pinocitose, que

transporta, juntos , o fator intrínseco e a vit. através da membrana.

Em consequência da ausência do fator intrínseco, determina a perda da vitamina, devido à

ação enzimática no intestino e a sua falta de absorção.

1.3.ORIGEM DOS ELEMENTOS FIGURADOS

.TEORIA MONOFILÉTICA: Todos os elementos figurados do sangue se originam de um

tipo único de célula precursora, denominada HEMOCITOBLASTO. Esta teoria é a mais

aceita, os glóbulos sanguíneos derivam de uma única célula fonte ou célula primordial, cuja

célula livre surge diretamente do mesênquima do embrião e tem potencial de diferenciação

estritamente hemocitopoiético.

.TEORIA POLIFILÉTICA: Alguns investigadores admitem a existência de mais de um tipo

de célula precursora. Esta teoria admite a existência de 2 tipos de células fonte, uma para os

linfócitos e outra para as demais células sanguíneas. Outros investigadores afirmam existir

uma célula fonte para cada tipo de glóbulo sanguíneo.

A existência destas teorias é consequência das dificuldades em se seguir as etapas de

diferenciação celular nos tecidos linfóides e mielóides. Nos órgãos hemocitopoiéticos,

embora as células se desenvolvam em ninhos(grupos de cél. da mesma origem), tal

sequência não existe, sendo as diversas etapas da diferenciação inter-relacionadas apenas

como base em caracteres morfológicos.

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SÉRIE ERITROCÍTICA

De acordo com o seu grau de maturação, as células eritrocíticas são classificadas em:

.RUBRIBLASTO

.PRÓ-RUBRÍCITO

.RUBRÍCITO BASOFÍLICO

.RUBRÍCITO POLICROMÁTICO

METARRUBRÍCITO

.Reticulócitos

.Hemácias ou eritrócitos

SÉRIE GRANULOCÍTICA

O mieloblasto é a forma mais imatura, já determinada, para formar exclusivamente os tres

tipos de granulócitos. Os estágios seguintes de maturação são o mielócito, o metamielócito,

o granulócito com o núcleo em bastão e o granulócito maduro.

SÉRIE LINFOCÍTICA

A célula mais jovem da linhagem é o linfoblasto, que forma o prólinfócito, formando este

por sua vez, os linfócitos maduros. Os linfócitos originam-se diretamente da medula óssea,

e também em outros órgãos. Células precursoras saem da medula óssea, levadas pelo

sangue, e vão fixar-se nos órgãos formados por tecido linfóide, onde proliferam e produzem

linfócitos para o sangue.

SÉRIE MONOCÍTICA

Ao contrário dos granulócitos, que são células diferenciadas terminais, os monócitos são

células intermediárias, destinadas a formar macrófagos nos tecidos. A célula mais jovem da

linhagem é o promonócito, encontrado somente na medula óssea.

SÉRIE MEGACARIOCÍTICA

As plaquetas, no adulto, se originam na medula óssea vermelha, pela fragmentação dos

megacariócitos granulosos maduros. Estes, por sua vez, formam-se pela diferenciação dos

megacariócitos linfóides, também chamados de megacarioblastos.

Os eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas são produzidos exclusivamente na

medula óssea. A medula óssea é encontrada no canal medular dos ossos longos e nas

cavidades dos ossos esponjosos. Distinguem-se a medula óssea vermelha hematógena, deve

sua cor a presença de numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação, e a medula

óssea amarela, rica em células adiposas e que não produz células sanguínea

O processo básico da maturação da série eritrocítica é a síntese de hemoglobina e a

formação de um corpúsculo pequeno e que oferece o máximo de superfície para as trocas de

oxigênio. Durante a maturação das células, ocorre o seguinte:

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12

1. O volume das células diminui

2. A cromatina torna-se cada vez mais densa, até que o núcleo se apresente picnótico e finalmente

expulso da célula

3. Os nucléolos diminuem de tamanho e depois tornam-se invisíveis no esfregaço

4. Há uma diminuição dos poliribossomas(basofilia) e um aumento de

hemoglobina(acidofilia) no citoplasma

5. A quantidade de mitocôndrias diminui.

ERITROPOIESE ( Segundo LOPES; BIONDO, 2009)

O processo de eritrogênese que resulta na formação de eritrócitos maturos é

conhecido como eritropoiese, levando em torno de sete a oito dias para se completar. O

núcleo eritrocitário é expulso no decorrer do processo de desenvolvimento nos mamíferos e

fagocitado por macrófagos locais. Enquanto nas aves, peixes, anfíbios e répteis as hemácias

são nucleadas.

As células ficam na medula óssea até a fase de metarrubrícito, e nas fases finais de

maturação, como o reticulócito, podem ser encontrados no sangue periférico em algumas

espécies. Os reticulócitos não são encontrados no sangue em condições de normalidade nos

equinos, bovinos, suínos e caprinos. A fase de proliferação, compreendida entre a célula

pluripotencial até o metarrubrícito, leva de dois a três dias, enquanto o restante consiste na

fase de maturação, levando em torno de cinco dias. A eritropoiese é formada na medula

óssea a partir de uma célula pluripotencial de origem mesenquimal chamada célula tronco

ou célula mãe que é estimulada a proliferar e diferenciar-se em “burst” de unidade

formadora eritróide (BUF-E) pela IL-3 e fator estimulante de colônia granulocítica-

monocítica (UFC-GM) na presença da eritropoietina (EPO). Esta diferenciação ocorre sob

influência do microambiente medular local e por citocinas produzidas por macrófagos e

linfócitos T ativados. A proliferação e diferenciação da BUF-E para unidade formadora de

colônia eritróide (UFC-E) resulta da presença destes mesmos fatores e pode ser

potencializado por fatores de crescimento adicional. A EPO é o fator de crescimento

primário envolvido na proliferação e diferenciação de UFC-E para rubriblasto, a primeira

célula morfologicamente reconhecível das células eritróides. A seguir seguem as

divisões/maturações em que serão formados: pró-rubrícito, rubrícito, metarrubrícito,

reticulócito e eritrócito. Os eritrócitos são células encarregadas de transportar oxigênio dos

pulmões aos tecidos e dióxido de carbono no sentido inverso.

A eritropoiese normal envolve um mínimo de quatro mitoses: uma na fase de

rubriblasto, outra no estágio de pró-rubrícito e duas no estágio de rubrícito basofílico. O

rubrícito basofílico matura-se em rubrícito policromático, que se transformará em

metarrubrícito. Ocasionalmente o rubrícito policromático pode se dividir. A denucleação do

metarrubrícito leva à formação de reticulócito, o qual finalmente matura-se, dando origem

ao eritrócito.

A nomenclatura recomendada para as células eritróides morfologicamente

identificáveis é: Rubriblasto – pró-rubrícito – rubrícito basofílico – rubrícito policromático

– metarrubrícito – reticulócito – eritrócito.

Page 14: Poligrafo laboratorio  2014

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Eritropoiese nos mamíferos domésticos (segundo Jain, 1986)

2.REGULAÇÃO DA ERITROPOIESE

Ocorre um aumento na produção de eritrócitos nas situações em que há deficiência no

suprimento de oxigênio aos tecidos, como por exemplo, em pessoas que vivem em altitudes

elevadas, onde a tensão de oxigênio é baixa. O mesmo ocorre após hemorragias ou

destruição maciça de eritrócitos na corrente sanguínea (hemólise) .

A deficiência em oxigênio nos tecidos (hipóxia) determina o aparecimento, no sangue, de

uma glicoproteína chamada eritropoetina, que estimula o compartimento medular a

produzir maior número de eritrócitos. Em condições de hipóxia os rins produzem

eritrogenina, que atua sobre uma α-globulina do plasma, eritropoetinogênio, produzindo a

eritropoetina. A eritrogenina é sintetizada principalmente nos rins, mas outros órgãos

também a produzem, pois em animais que sofreram nefrectomia bilateral ainda aparece a

eritropoetina no sangue. O fígado é o sítio de síntese de EPO na fase fetal.

Vários órgãos endócrinos influenciam a eritropoiese, através de seus efeitos na

síntese de eritropoietina. A pituitária medeia estes efeitos através da produção de TSH,

ACTH e hormônio do crescimento; as adrenais através da produção de corticosteróides; as

glândulas tireóides através da produção de tiroxina; e as gônadas através da produção de

andrógenos e estrógenos. A única influência negativa é a do estrógeno.

Em conjunto com a eritropoietina, a IL-3 produzida por linfócitos T; o FEC-GM

por linfócitos T, células endoteliais e fibroblastos; e o FEC-G por macrófagos,

granulócitos, células endoteliais e fibroblastos estimulam a multiplicação de uma célula

progenitora eritróide jovem, a unidade formadora de explosão eritróide (UFE-E) e sua

diferenciação na célula progenitora da UFC-E. A UFE-E é relativamente insensível a

eritropoietina sozinha. Doses farmacológicas de andrógenos aumentam a taxa de glóbulos

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vermelhos, estimulando a produção de eritropoietina ou potencializando sua ação, por isso,

machos apresentam maior número de eritrócitos que as fêmeas. Os estrógenos, por sua vez,

apresentam efeito inibitório sobre a eritropoiese.

Hormônios tireoidianos, hipofisários e adrenocorticais alteram a demanda de

oxigênio nos tecidos, alterando a necessidade de eritropoiese. Para que ocorra a adequada

multiplicação eritrocitária, há necessidade também de substrato para possibilitar a divisão

celular, principalmente material nucléico. Os substratos que constituem maior importância

são: a vitamina B12, o ácido fólico, o cobalto e o ácido nicotínico.

Na fase de maturação eritrocitária, o RNA mensageiro encarrega-se da

hemoglobinização citoplasmática. Nesta fase são importantes o ferro na forma ferrosa, o

cobre e a piridoxina.

ERÍTRON

Chama-se erítron ao conjunto formado pelos eritrócitos e pelas células precursoras destes

corpúsculos. A principal função do erítron é suprir o meio interno com o oxigênio

necessário ao metabolismo dos tecidos. Além disso, participa no transporte de CO2, gás que

também é transportado em dissolução no plasma.

O erítron pode ser dividido em 2 compartimentos funcionais:

1.Compartimento circulante ou sanguíneo; representado pelas hemácias e reticulócitos do

sangue;

2.Compartimento medular, onde ocorre a formação dos elementos do erítron.

Os reticulócitos passam para o sangue e se transformam em hemácias. Reticulócitos e

eritrócitos jovens podem apresentar Corpusculo de Howell-Jolly- retenção de núcleo

após a fragmentação nuclear ou extrusão incompleta dos núcleos dos metarrubrícitos.

A queda de tensão de oxigênio (PO2) no sangue estimula a produção de

eritropoetina, que acelera a divisão e o amadurecimento das células do compartimento

medular do erítron.

OBS: Um maior número de reticulócitos no sangue, acompanhado por um simultâneo

descrécimo de seu número na medula óssea, indicaria liberação mais rápida para o sangue, e

não uma formação mais acelerada.

2.1.MORFOLOGIA NORMAL DOS ERITRÓCITOS

Os eritrócitos ou hemácias dos mamíferos são anucleadas, e tem a forma de disco

bicôncava, ao microscópio aparece sob forma esférica. Nas aves, peixes e répteis tem a

forma de disco biconvexo e são nucleadas, e tem aspecto oval.

O eritrócito é muito flexível, o que lhe permite se adaptar à forma às vezes irregular dos

capilares.

A hemácia é constituída de uma membrana ESTROMA, e de hemoglobina. Esta

hemoglobina é formada por 4 subunidades, cada uma contendo um grupo HEME ligado a

Page 16: Poligrafo laboratorio  2014

15

um polipeptídeo. O grupo heme é um derivado porfirínico contendo um radical de ferro

(Fe++).

Além do tamanho eritrocitário característico para cada espécie animal, encontra-se

uma pequena porção de eritrócitos aproximadamente 10% maiores (macrócitos) ou então

com diâmetro menor (micrócitos).

ESTRUTURA DA HEMOGLOBINA E O TRANSPORTE DE GASES

Os gases apresentam baixa solubilidade em água, e o plasma é constituído por

aproximadamente 90% de água, portanto essa característica é problema para o oxigênio,

pois o dióxido de carbono é 40 vezes mais solúvel em água se comparado ao oxigênio. Para

tal, o oxigênio necessita de uma molécula de hemoglobina para realizar seu transporte pelo

organismo.

A hemoglobina é um pigmento de cor vermelha que tem afinidade pelo oxigênio. É

formada por quatro grupos prostéticos, chamado HEME, associados com a globina (uma

proteína tetramérica). A molécula de globina consiste em dois dímeros, α1 β1 e α2 β2 , cada

qual uma unidade fortemente aderida. Cada hemoglobina é formada por quatro globinas

associada ao grupo HEME, que é um composto nitrogenado não proteico, sendo uma

porfirina que contém um metal – ferro. O oxigênio é transportado pela hemoglobina

ligando-se ao ferro e a globina, sendo o ferro fundamental para esse transporte.

Quando o oxigênio está combinado com a hemoglobina chama-se de

oxihemoglobina (HbO2). Cada hemoglobina pode transportar 4 moléculas de oxigênio,

chamada de hemoglobina saturada. A medida que o oxigênio vai sendo liberado nos

tecidos vai ocorrendo a diminuição da saturação (a hemoglobina pode levar 4,3,2, 1 ou

zero). Quando a hemoglobina estiver sem oxigênio é chamado de desoxihemoglobina.

Hb + 4 O2 Hb (O2)4

Exemplo: Quando dizemos que a saturação de hemoglobina está em 95%, significa que

95% das hemoglobinas estão transportando 4 moléculas de O2, e os restante – 5% não

necessariamente serão desoxihemoglobina, pois podem estar transportando 1, 2 ou 3 O2.

Page 17: Poligrafo laboratorio  2014

16

O sangue arterial apresenta alta saturação de hemoglobina, já o sangue venoso é

mais baixo, mas mesmo no sangue venoso há hemoglobina transportando oxigênio. Um

exemplo disto é quando trancamos a respiração, e o sangue segue circulando e liberando

oxigênio nos tecidos, portanto a hemoglobina também é um depósito de oxigênio.

Quando a oxihemoglobina ganhar 1 hidrogênio, ela libera rapidamente o oxigênio e

se transforma em desoxihemoglobina. Podemos dizer que a desoxihemoglobina se

transforma em oxihemoglobina no pulmão através da hematose, e volta a ser

desoxihemoglobina nos tecidos.

H+ + HbO2 ↔ HHb + O2

A ligação de oxigênio com a Hb tem que ser possível de liberação, e há fatores que

facilitam essa liberação:

- aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) – nos tecidos;

- aumento da temperatura do sangue por atividade metabólica – nos tecidos;

- aumento dos íons de H+

e diminuição do pH;

- aumento nos produtos do metabolismo celular.

OBS: EFEITO BOHR Quando chega o hidrogênio a oxihemoglobina libera o oxigênio.

O dióxido de carbono (CO2) é transportado

– 7% solúvel no plasma;

- 23% como carbamilhemoglobina (HbCO2),

- 70% na forma de bicarbonato (HCO- 3).

Quando a célula usa oxigênio durante a respiração nas mitocôndrias gera CO2 e H2O.

CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO

- 3

O hidrogênio quando liberado baixa o pH e ocorre o efeito BOHR.

O dióxido de carbono não ocupa o mesmo espaço do oxigênio, porém o monóxido

de carbono compete pela ligação da hemoglobina, sendo a carboxihemoglobina tóxica para

o organismo, pois ocupa o espaço do oxigênio.

2.2 SOBREVIDA E DESTRUIÇÃO DOS ERITRÓCITOS

Os eritrócitos de cada espécie possuem meia vida intravascular característica:

Espécie animal - Vida média do eritrócito

Cão 120

Gato 70

Bovinos 160

Equinos 145

Page 18: Poligrafo laboratorio  2014

17

A perda de eritrócitos é continuamente balanceada por uma liberação de

reticulócitos ou células jovens da medula óssea para o sangue periférico, desta forma o

tamanho do erítron é mantido. Um exemplo disto é citado por KERR (2003), sendo que um

cão pesando aproximadamente 15 Kg cerca de 800.000 hemácias morrem e são repostas na

circulação por SEGUNDO. A destruição eritrocitária pode ocorrer intravascular, por

mudanças na permeabilidade de membrana e fragilidade celular; ou extravascular, pela ação

do sistema fagocítico mononuclear. A deformidade é importante na sobrevida da hemácia, e

depende da manutenção de sua forma, fluidez normal interna da hemoglobina e

propriedades viscoelásticas intrínsecas da membrana. Qualquer mudança nestas

características pode ativar a destruição fagocitária por macrófagos, que ocorre

primariamente no baço e fígado, mas também pode ocorrer na medula óssea. Os

macrófagos iniciam a fagocitose após reconhecerem anticorpos IgG aderidos a antígenos de

membrana em eritrócitos danificados e ou envelhecidos.

Após a destruição das hemácias, a membrana ou estroma é excretado pelo

organismo, enquanto a hemoglobina é reaproveitada pelo organismo, dando como resultado

uma substância chamada de bilirrubina indireta, que vai ao fígado e se transforma em

bilirrubina direta. Esta transformação consiste na combinação de bilirrubina indireta com o

ácido glicurônico. A bilirrubina indireta não é solúvel à nível renal, e a bilirrubina direta é.

A hemoglobina quando desdobrada, dará origem a um pigmento sem ferro, a bilirrubina.

O ferro formado por este desdobramento pode ser imediatamente armazenado sob a forma

de Ferritina, ou passar para o sangue onde se combinará com a transferrina que é a proteína

plasmática transportadora de ferro. Através desta, o ferro é levado para outras células (por

exemplo as células de kupfer) , onde se acumula para posterior utilização.

2.3.ERITRÓCITOS IMATUROS E ANORMAIS

.Anisocitose: Variação no tamanho dos eritrócitos. Observa-se comumente em animais com

anemias regenerativas, pois estão sendo liberados macrócitos para circulação.

.Reticulócitos:Eritrócitos imaturos, até 1% na circulação é considerado normal.

.Poiquilocitose: É um desvio significativo da forma normal do eritrócito.

Leptócito:São eritrócitos adelgaçados, nos quais a área superficial está aumentada, mas o

volume celular não se alterou. Estas células são mais resistentes a hemolise na solu,ão

salina; não agregam a outras células com facilidade, podem ficar aprisionados no botão

leucocitário, fazendo com que esta camada geralmente esbranqui,ada, tome um tom

rosado. O leptócito tem, as vezes, uma dobra que atravessa a célula transversalmente.

Codócitos: Também é considerado uma forma de leptócito.Esta cél. caracteriza-se por

uma secção central que se cora intensamente, circundada por uma área clara

despigmentada, que por sua vez está em volta por um anel citoplasmático corado. Rstas

células são mais comuns em sangue canino. Estas cél. são mais facilmente encontrados

em animais acometidos de processo patológico

crônico.

Page 19: Poligrafo laboratorio  2014

18

Esferócitos: Estas cél. são mais comumente encontrados nocão; são menores que os

eritrócitos normais, coram-se mais intensamente e não tem descoloração central. Essa

condição é comum em cães com anemia hemolítica auto-imune.

.FRAGMENTAÇÃO DOS ERITRÓCITOS:

Queratinócitos: se há um ou mais cortes incompletos;

Esquizócitos: se há um corte completo;

Cnizócitos: se a forma apresentada é tricôncava.

Estas fragmentações podem ocorrer em anemias hemolíticas. Está também associada à

deficiência de ferro, na formação de corpúsculos de Heinz. Também podem estar presentes

em episódios de CID (coagulação intravascular disseminada ).

.ACANTÓCITOS: São eritrócitos apresentando projeções arredondadas. Estas células

podem aparecer em bovinos sadios e em cães com hepatopatias.

.CRENAÇÃO (PROJEÇÕES NA SUPERFÍCIE DO ERITRÓCITO): Não tem significado

clínico, decorre da secagem retardada, exposição a agente lítico ou presença de soluções

hipertônicas. Também ocorre quando o sangue permanece em repouso.

2.4.INCLUSÕES ERITROCITÁRIAS

.RETICULÓCITOS: Não são reconhecidos pelos métodos rotineiros de coloração, e sim

pelas soluções: Sol. à 1% de azul brilhante de cresil em salina fisiológica e outras soluções

que serão dadas na técnica de contagem de reticulócitos. Os reticulócitos corados desta

forma tem uma pontuação azulada no centro da célula.

O grau de reticulocitose é proporcional a atividade eritropoiética, pois uma contagem

aumentada de reticulócitos indicará um incremento no eritrogênese. Uma hemorragia aguda

será seguida de uma abundante liberação de reticulócitos, que irá indicar eritropoiese

acelerada. A hemorragia crônica é usualmente seguida, e acompanhada, por reticulocitose,

mas em níveis não tão altos quanto nas reticulocitoses associadas com hemorragias agudas.

Se uma contagem de reticulócitos persistir alta é a regra em quadros de anemia crônica,

uma queda súbta a valores muito baixos pode indicar uma falência presente, ou iminente, da

medula óssea.

Os reticulócitos não são encontrados no sangue de Equinos, Ovinos, Bovinos, essas células

maturam no interior da medula óssea destes animais. No cão e no gato há cerca de 0,5 a 1%

de reticulócitos no sangue normal. No suíno pode aparecer até 2% destas células.

Tabela 1. Grau de resposta da medula na produção de reticulócitos (%)

Grau de resposta (canino) (felino) (ruminantes e eqüinos)

Normal 0-1,5 0-0,4 ausentes

Page 20: Poligrafo laboratorio  2014

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Leve 1-4 0,5-2,0 1 é sinal regenerativo

Moderada 5-20 3,0-4,0

Intensa 21-50 >50

.PONTEADO BASÓFILO: A basofilia pontilhada caracteriza-se pelo aparecimento de

agregados puntiformes de material basófilo sob a forma de grande número de granulações

finas ou grosseiras, presentes no eritrócito. Essa condição é observada em anemias das

espécies bovinas e ovinas; podem também surgir em algumas condi,ões anemicas dos

felinos. Também pode ocorrer em cães por envenenamento por Chumbo.

.POLICROMATOFILIA: Eritrócitos mostram um tom azulado pálido devido a uma mistura

de cores características de hemoglobina e do citoplasma eritrocitário. Tais células,

usualmente reticulócitos, ocorrem em associação com anemias.

.CORPÚSCULO DE HOWELL-JOLLY: São remanescentes eritrocitários do material

nuclear, após a extrusão do núcleo do metarrubrícito. Estes são visualizados como corpos

esféricos azulados, isolados ou as vezes em dupla, no interior dos eritrócitos. No Bovino,

eles precisam ser diferenciados do anaplasma marginale. Esses corpúsculos são comuns em

qualquer episódio de anemia severa. Sua ocorrência pode variar com as espécies animais.

1% dos eritrócitos de felinos regularmente possuem um corpo excêntrico;

Eventualmente no sangue canino;

Comuns em leitões jovens, até 3 meses;

Eventualmente são vistos no eritrócito do equino; neste animal, os corpúsculos variam

consideravelmente em suas dimensões, sendo usualmente negros, e localizados

excentricamente.

.CORPÚSCULO DE HEINZ: São inclusões refrativas pequenas, redondas ou irregulares,

que podem ocorrer isolada ou multiplamente dentro de um eritrócito. Estão frequentemente

eaasociadas com anemias hemolíticas produzidas por agentes tóxicos aos eritrócitos.

3.LEUCÓCITOS

Os leucócitos ou células brancas do sangue são corpúsculos incolores implicados nas

defesas celulares e imunológicas do organismo.

Page 21: Poligrafo laboratorio  2014

20

GRANULOPOIESE

A granulopoiese ou granulocitopoiese envolve a produção de neutrófilos, eosinófilos

e basófilos, através de um processo ordenado. O tradicional conceito de granulopoiese

determina a formação de neutrófilos, eosinófilos e basófilos com origem em um precursor

celular, o pró-mielócito. Recentes estudos, no entanto, têm demonstrado que cada um destes

três tipos de granulócitos possui um pró-mielócito jovem específico e com características

ultra-estruturais e citoquímicas próprias.

Na medula óssea, sob estímulos apropriados, a célula pluripotencial origina células

progenitoras confinadas que produzem os vários granulócitos. Esta célula com potencial de

produção de neutrófilos e monócitos é conhecida como Unidade Formadora de Colônia

Granulocítica-Monocítica (UFC-GM), pois em seu estágio inicial é bipotencial. Em

seguida, sob estímulo apropriado, a UFC-GM diferencia-se em células unipotenciais, UFC-

G e UFCM. Similarmente há também a existência de progenitores celulares distintos para

eosinófilos (UFC-Eos) e basófilos (UFC-Bas).

As células unipotenciais são morfologicamente identificáveis e são precursores

conhecidos como mieloblastos, que se dividem, diferenciam-se e maturam-se nos

granulócitos sanguíneos específicos.

Regulação da granulopoiese

O número de leucócitos específicos que adentram e deixam o sangue é mantido

constante mediante diversos mecanismos e condições, ver tabela abaixo:

Estimuladores e inibidores da granulopoiese

Processo Estimuladores Inibidores

Granulopoiese UFC-GM, UFC-G Fator inibidor de Colônia

Granulopoietina Lactoferrina, Transferrinas

Linfocinas (IL-3) Certas linfocinas PGE1 e PGE2

Eosinofilopoietina Fator esplênico

Basofilopoietina Ferro em diferentes quantias

Linfopoiese Interleucina - Interferon Corticóide

Granulocinética

É a informação quantitativa sobre a produção de granulócitos na medula óssea e

suas fases intravascular e tecidual. Em estudos dos granulócitos, no sangue e medula óssea,

Page 22: Poligrafo laboratorio  2014

21

marcados com radioisótopos, foi possível determinar os compartimentos dos neutrófilos em

humanos. Também alguns estudos foram realizados em animais.

Três compartimentos funcionais de granulócitos são reconhecidos na medula óssea:

1. Compartimento proliferativo ou mitótico, consistindo de mieloblastos, pró-mielócitos

e mielócitos;

2. Compartimento de maturação ou pós-mitótico, consistindo de metamielócitos e

bastonetes;

3. Compartimento de reserva ou estoque, primariamente composto de neutrófilos maturo

e alguns bastonetes. Um precursor neutrofílico no compartimento de multiplicação

geralmente sofre 4 mitoses, uma no estágio de mieloblasto, outra no de pró-mielócito e duas

na fase de mielócito. Sob certas circunstâncias, a mitose pode se manter ou mitoses

adicionais podem ocorrer, numa taxa de 3 a 7 mitoses.

Neutrófilos

Morfologia: Possuem um diâmetro de 12µm, apresentam núcleo pouco volumoso e

formado por 2 a 5 lóbulos (mais frequente 3 lóbulos) ligados entre si. A célula jovem tem

núcleo não segmentado em lóbulos, sendo chamada de neutrófilo em bastão ou bastonete

(forma de bastonete curvo). Neutrófilos maturos normalmente emergem à corrente

sanguínea em torno de 3 a 5 dias no cão, 4 a 6 dias no bovino e 7 a 11 dias no homem.

Conforme Eurell e Frappier (2012), os grânulos dos neutrófilos contêm muitas enzimas

hidrolíticas e substâncias antibacterianas necessárias para a inativação e digestão de

microorganismos fagocitados. Os neutrófilos também possuem sistemas dependentes e

independentes de oxigênio para destruirção de microorganismos internalizados nos seus

grânulos.

FUNÇÕES: Constituem a primeira linha de defesa celular contra a invasão de

microorganismos, sendo fagócitos ativos de partículas de pequenas dimensões.

Eosinófilos

Morfologia: possuem diâmetro de 9µm, sendo, portanto um pouco menor do que o

neutrófilo. Seu núcleo, em geral, é bilobulado (característica para diferenciar dos

neutrófilos). A principal característica para a identificação do eosinófilo é a presença de

granulações ovóides que se coram pela eosina (laranja).

O maior sítio de produção de eosinófilos é a medula óssea, embora também ocorra em

menor grau em outros tecidos como baço, timo e linfonodos cervicais. Em geral, os

eosinófilos são produzidos em torno de 2 a 6 dias e adentram no sangue periférico

aproximadamente 2 dias após. Sua meia vida intravascular é de 4 a 6 horas em humanos e

menos de 1 hora nos cães; a seguir entram tecidualmente e normalmente não retornam para

a circulação sanguínea. A histamina, liberada por mastócitos e basófilos em resposta a

uma lesão tecidual ou a reações alérgicas, é o principal fator quimiotático para os

eosinófilos.

A principal citocina responsável por estimular sua produção é a IL-5, produzida por

linfócitos T sensibilizados.

Page 23: Poligrafo laboratorio  2014

22

FUNÇÕES: desempenha papel importante nas reações inflamatórias, alérgicas e

anafiláticas e no controle das infestações por parasitos (principalmente helmintos).

1.Fagocitar e destruir determinados complexos de antígenos anticorpos(Ag-Ac).

2.Limitar e circunscrever processos inflamatórios.

Basófilos

Morfologia: Medem cerca de 12µm de diâmetro e tem um núcleo bem volumoso, com

forma retorcida e irregular, geralmente com aspecto de lerea “S”. O citoplasma dos

basófilos é carregado de grânulos, os quais muitas vezes obscurece parcialmente o núcleo.

Devido ao pequeno número destas células, seu estudo é particularmente difícil.

Seus grânulos contêm histamina e heparina. A histamina desempenha papel fundamental

nas reações de hipersensibilidade imediata (urticária, anafilaxia e alergia aguda). A heparina

tem um efeito anticoagulante importante no processo inflamatória.

Basófilos ativos são capazes de sintetizar diversas citocinas que iniciam ou modulam a

resposta inflamatória.

Linfócitos

Morfologia: São células esféricas, com diâmetro variável entre 6 a 8µm. Os linfócitos com

estas dimensões são conhecidos como linfócitos pequenos. No sangue circulante ocorre

ainda uma pequena percentagem de linfócitos médios, sendo raros os linfócitos grandes.

Esta classificação não tem significado funcional. O linfócito pequeno, que é o tipo

predominante no sangue, tem núcleo esférico, sua cromatina se dispõe em grumos

grosseiros, de modo que o núcleo aparece escuro nos preparados usuais, que favorece a

identificação do linfócito.

FUNÇÕES: Os linfócitos T especializam-se na defesa a tecidos estranhos no organismo,

além disso são importantes para a rejeição ou eliminação de células tumorais. Os linfócitos

T possuem longevidade de 100 dias ou mais.

Os linfócitos B possuem tempo de vida em torno de 5 dias e estão em condições de

reconhecer antígenos. Estes dois tipos constituem a meméria imunológica.

Monócitos

Morfologia: Estes agranulócitos tem diâmetro variável entre 9 a 12 µm (14 a 22µm). Seu

núcleo é ovoide, em forma de rim ou de ferradura, sendo geralmente excêntrico. O núcleo

dos monócitos é mais claro do que os demais leucócitos.

Page 24: Poligrafo laboratorio  2014

23

Os monócitos do sangue representam uma fase na maturação da célula mononuclear

fagocitária originada na medula óssea. Esta célula passa para o sangue, onde permanece

alguns dias, e penetra no tecido conjuntivo e em alguns órgãos, transformando-se em

macrófagos.

3.1.LEUCÓCITOS ANORMAIS

1.Célula do Lupus Eritrematoso(LE): Geralmente um neutrófilo que se distende por um

corpo intracitoplasmático, homogêneo de cor roxo púrpura, com os lóbulos de seus núcleos

compridos na periferia da massa.

2.Cristal de Charcot-Leyden: Cristal que se encontra nas secreções de locais onde abundam

os eosinófilos: por exemplo, nas secreções bronquiais de pacientes asmáticos ou as vezes

em apcientes com parasitoses intestinais; é derivado de produtos de desintegração dos

eosinófilos.

3.Corpúsculo de Döhle: Pequenos corpos (1 a 2 µ) redondos ou ovalados, de cor azul gris

no citoplasma dos neutrófilos; derivam-se da utilização incompleta do ácido ribonucléico

na maturação; observa-se em pacientes que mostram efeitos tóxicos de enfermidade

generalizada, ou processo inflamatório. É observado com maior frequencia nos felinos,

ocasionalmente nos caninos e outras espécies. Indicam toxemia e uremia.

4.Eritrofagocitose: Eritrócitos englobados por células fagocíticas como monócitos; se

observam frequentemente na anemia hemolítica auto imune e em parasitoses sanguíneas

como a hemobartonelosis.

5.Granulações Tóxicas: Neutrófilos contendo grânulos mais condensados e de cor púrpura

mais escuro que o normal. Em ocasiões o citoplasma é basófilo e vacuolado. Se observa em

infecções graves e em outros estados tóxicos que interferem na maturação citoplasmática

normal e portanto inibem a transformação normal de grânulos. Estas formas podem ser

confundidas pela coloração abundante. São manifestações em processos tóxico-sistêmicos.

6.Neutrófilos hipersegmentados: Um neutrófilo segmentado com mais lóbulos do que o

normal, geramente mais de 4. Indica retenção do neutrófilo na circulação por mais tempo do

que dura em condições normais. Pode ser observado em uma série de enfermidades. Os

corticosteróides, stress, evitam a diapedese das células e estas continuam envelhecendo na

circulação; pode ser observado em enfermidades crônicas, aparece como artefato em sangue

contendo anticoagulantes, deficiência de vitamina B12 e ácido fólico, em transtornos

mielorpoliferativos e na anemia hemolítica auto imune.

7.Neutrófilos gigantes: Maturação neutrofílica defeituosa, pode ocorrer devido a um atraso

na maturação do citoplasma onde a célula não se divide no momento adequado, já que o

núcleo continua sua maturação. Observa-se em algumas enfermidades inflamatórias graves

no gato, como a fase de recuperação na Panleucopenia e em ocasiões, na leucocitose

extrema.

4. PLAQUETAS OU TROMBÓCITOS

Page 25: Poligrafo laboratorio  2014

24

São corpúsculos anucleados com a forma de disco, medindo cerca de 2 a 4µm de

diâmetro. Existem apenas nos mamíferos. Sua concentração no sangue é muito variável e os

métodos para sua contagem são poucos precisos, devido a propriedade que tem as plauqetas

de se aglutinares.

Funções: A principal função das plaquetas relaciona-se com a capacidade que tem o sangue

de impedir sua própria saída quando os vasos sanguíneos são lesados. Quando se rompe um

vaso sanguíneo, as plaquetas da zona da lesão liberam a Serotonina contida em seus

grânulos. A serotonina que é vasoconstritora, determina a contração da musculatura lisa dos

vasos, fazendo parar ou diminuir o fluxo de sangue na área lesada. As plaquetas aderem

facilmente ao colágeno exposto pela lesão e, junto com as células endoteliais atingidas pelo

ferimento, liberam a Tromboplastina. Esta faz a conversão enzimática da protrombina do

plasma em trombina, esta converte o fibrinogênio em fibrina. Após sua formação, a fibrina

forma uma matriz fibrilar que prende mais plaquetas e células do sangue, dando origem ao

“tampão hemostático”, que é a base do coágulo sanguíneo.

As plaquetas liberam também Trombosteína, uma proteína contrátil, que se incorpora ao

coágulo e causa sua retração. Subsequentemente, as enzimas das plaquetas podem

contribuir para a lise e remo,ão do coágulo, após cessar a hemorragia.

PDW – amplitude de distribuição das plaquetas

VPM – volume plaquetário médio

São corpúsculos anucleados medindo cerca de 2 a 4µm de diâmetro. Existem apenas

nos mamíferos. Em indivíduos saudáveis apresentam uniformidade de tamanho.

OBS: o diâmetro das plaquetas de felinos é maior e mais variável em relação a outras

espécies, podendo muitas vezes exceder o tamanho dos eritrócitos.

Plaquetas maiores que os eritrócitos normais são tipicamente classificados como

gigantes e quando o número destas plaquetas parece aumentado ao microscópio, elas devem

ser relatadas.

Considerando que o VPM é uma média de todas as plaquetas, subpopulações de

plaquetas grandes podem estar presentes sem aumento na VPM. Plaquetas grandes podem

não estar incluídas em cálculos do VPM se elas forem muito grandes para serem detectadas

como plaquetas.

Quando o tamanho for maior, porém sem exceder o tamanho do eritrócito, elas podem

não ser referidas como grandes, mas o VPM pode estar aumentado.

Sua forma varia conforme sua atividade, quando não estão ativadas são discoides e

aparecem na maioria das vezes arredondadas, oval ou alongadas em esfregaços sanguíneos

feitos com sangue sem a presença de anticoagulantes. Tornam-se esferoides na presença de

EDTA. Quando as plaquetas aparecem alongadas, provavelmente, representam segmentos

Page 26: Poligrafo laboratorio  2014

25

de pseudópodes de megacariócitos não divididos (proplaquetas), podendo ser mais

numerosas durante condições de trombopoiese estimulada. Plaquetas ativadas podem

apresentar pseudópodes periféricos.

Sua concentração no sangue é muito variável e os métodos para sua contagem são

poucos precisos, devido a propriedade que tem as plaquetas de se aglutinarem.

As plaquetas são constituídas por uma membrana fosfolipídica contendo glicoproteínas

importantes em interações entre células e fosfolipídios essenciais para a coagulação.

Apresentam um sistema tubular denso de retículo endoplasmático que armazena Ca2+

para

ativação plaquetária e que é importante na síntese de tromboxano.

Produção de plaquetas (segundo STOCKHAM; SCOTT, 2011; KERR, 2003).

O processo de formação de plaquetas circulantes pelas células tronco hematopoiéticas

pode ser dividido em megacariopoiese e trombopoiese.

- Megacariopoiese – é a proliferação e a maturação de megacariócitos, ocorre em tecidos

hematopoiéticos, sobretudo a medula óssea. Células progenitoras mieloides residentes

respondem a citocinas, principalmente a TROMBOPOIETINA (Tpo), ao sofrerem

proliferação e maturação. Uma produção basal limitada de megacariócitos ocorre na

ausência de Tpo.

- Trombopoiese – é a formação de plaquetas a partir de megacariócitos e sua liberação

para a circulação, também é mediada principalmente pela Tpo, mas produção basal de

plaquetas pode ocorrer na ausência de Tpo.

A trombopoiese ocorre na medula óssea e em outros locais de hematopoiese (por ex.

baço). Ela ocorre também nos pulmões, onde os megacariócitos residem após deixar a

medula óssea.

As plaquetas formam-se a partir de megacariócitos de estágio tardio. Elas parecem

desprender-se diretamente no sangue por fragmentação citoplasmática ou pela constrição

periódica de pseudópodes citoplasmáticos megacariocíticos que se estendem para dentro de

seios vasculares.

Trombopoietina

A Tpo é produzida principalmente nos hepatócitos, no epitélio tubular renal e em

células do estroma da medula óssea.

Page 27: Poligrafo laboratorio  2014

26

Em condições fisiológicas a produção é constante e removida mediante captação

mediada por receptor e destruição por plaquetas e megacariócitos. De outra forma, massas

de plaquetas e megacariócitos exercem controle sobre a Tpo plasmática, e em geral há uma

relação inversa entre as plaquetas e a Tpo do sangue e medula óssea.

Com redução na massa plaquetária, uma quantidade maior de Tpo permanece não

ligada e está disponível para estimular os megacariócitos. Entretanto, quando hiperplasia de

megacariócitos está associada a trombocitopenia, mais Tpo se tornará ligada a

megacariócitos e a Tpo sanguínea será menor do que a esperada com base exclusivamente

nas plaquetas.

À medida que as plaquetas aumentam mais Tpo é ligada e removida da circulação,

de modo que ocorre menos estimulação de megacariócitos ou de células-tronco.

A produção de Tpo aumenta em determinados estados patológicos:

- inflamação causa aumento de IL-6, que induz hepatócitos a produzir mais Tpo, o

que, por sua vez, pode causar trombocitose. Em consequência da produção aumentada de

Tpo, a Tpo do plasma na trombocitose inflamatória é maior do que a esperada em relação as

plaquetas.

As plaquetas ativadas podem liberar Tpo, aumentando assim as concentrações

sanguíneas durante condições de consumo de plaquetas.

Cinética plaquetária

- As plaquetas no sangue são geralmente estabelecidas pelas taxas de produção,

consumo e destruição de plaquetas bem como pelo desvio de plaquetas da circulação e para

a circulação.

- A produção de plaquetas é influenciada principalmente pelo grau de estimulação de

citocinas e pelo número de células responsivas. O tempo de maturação total de

megacariócitos varia de 2 a 10 dias (humanos e roedores).

- O consumo de plaquetas é contínuo em virtude do reparo constante de defeitos

vasculares de menor gravidade. O período médio de vida é em torno de 5 a 10 dias em

indivíduos sadios. Os fatores que influenciam o tempo de vida não são conhecidos, porém o

baço é importante na sobrevida de plaquetas em cães. Cães esplenectomizados

Page 28: Poligrafo laboratorio  2014

27

apresentaram sobrevida das plaquetas (8 dias) quase 50% mais prolongada do que em cães

não esplenectomizados (5 a 6 dias).

- O baço de humanos e de coelhos abrigam cerca de 33% das plaquetas sanguíneas

em qualquer momento. Epinefrina e contração esplênica podem mobilizar essas plaquetas

para a circulação, ao passo que ingurgitamento esplênico pode aprisionar mais plaquetas. A

mobilização e armazenamento esplênico de plaquetas são esperados em outras espécies.

Funções

A principal função das plaquetas relaciona-se com a capacidade que tem o sangue de

impedir sua própria saída quando os vasos sanguíneos são lesados.

- Manutenção do endotélio vascular. As plaquetas são essenciais para manter a

integridade do endotélio capilar e estão constantemente sendo incorporadas ao próprio

endotélio para realizar esta função. Em casos de trombocitopenia grave (contagens abaixo

de 20 x 109/L), o endotélio torna-se fraco e as hemácias podem sair através da parece

capilar intacta, resultando em petéquias, equimoses e até mesmo hemorragia espontânea.

- Reparo do endotélio lesado, sendo nesta situação que as plaquetas funcionam como

parte integrante do processo de coagulação.

1. Uma lesão do endotélio expõem a base de colágeno e uma única camada de plaquetas

adere-se ao local lesado (plaquetas normalmente não se aderem a vasos sanguíneos

intactos).

2. Uma vez que as plaquetas são expostas as fibras colágenas da parede do vaso,

serotonina, histamina e ADP são liberados no local (“liberação plaquetária”). O ADP

provoca aderência da segunda camada de plaquetas à primeira e agregação de um plug

plaquetário.

3. O plug se retrai para formar um forte tampão que sela o local lesado. Com o passar do

tempo, este plug é substituído pelo endotélio normal.

As plaquetas liberam também Trombosteína, uma proteína contrátil, que se incorpora ao

coágulo e causa sua retração. Subsequentemente, as enzimas das plaquetas podem

contribuir para a lise e remoção do coágulo, após cessar a hemorragia.

Page 29: Poligrafo laboratorio  2014

28

- Funções plaquetárias não hemostáticas: são importantes na inflamação e cicatrização

de feridas. Elas interagem com os leucócitos e liberam aminas vasoativas, citocinas,

mitógenos e fatores de crescimento.

Trombocitopenia

É um estado patológico em que o número de plaquetas é menor que um limiar de

referência inferior estabelecido. Ex: cães Greyhound apresentam concentrações menores de

plaquetas em relação a outras raças.

Indica um processo patológico e seu significado principal é a potencialização de

sangramento. Sua presença pode sugerir distúrbios ou doenças específicas.

Sinais clínicos: Petéquias e equimoses. Sangramento em mucosas (epistaxe,

hematoquezia ou melena), hematúria e hemorragia prolongada após traumatismo acidental

ou intencional (ex. venopunção).

Doenças e condições que causam trombocitopenia – tabela 4.2 pg 197 (STOCKHAM;

SCOTT, 2011).

Contagem de plaquetas

É a avaliação quantitativa das plaquetas. Valor acima da referência da espécie

confere uma trombocitose e valores abaixo, uma trombocitopenia. A contagem pode ser

automática ou em um hemocitômetro. A amostra deve ser coletada de forma não

traumática, pois o trauma pode causar a ativação plaquetária com formação de agregados

que podem falsamente diminuir o número de plaquetas. Requer amostra com EDTA

(etileno diamino tetraacetato de sódio ou potássio). A contagem em hemocitômetro possui

alto coeficiente de erro (20 a 25%).

A contagem em gatos é difícil devido ao grande tamanho das plaquetas.

As plaquetas podem ser estimadas pela observação no esfregaço sanguíneo com

objetiva de 100x. Deve-se contar no mínimo 10 campos e fazer uma média:

- 10 a 20 plaquetas/campo = normal

- 4 a 10 plaquetas/campo = trombocitopenia

- < que 4 plaquetas/campo = severa trombocitopenia

- 1 plaqueta/campo = 15.000 a 20.000 plaquetas/ L

Page 30: Poligrafo laboratorio  2014

29

A avaliação da morfologia das plaquetas também deve ser feita, a presença de

macroplaquetas ou agregados plaquetários exerce influência sobre a contagem e função

plaquetária e por isso devem ser descritos no laudo.

Valores normais de plaquetas/μL:

- Cão: 200.000 a 500.000

- Gato: 200.000 a 500.000

- Eqüino: 100.000 a 600.000

- Bovino: 200.000 a 800.000.

4.1.COAGULAÇÃO SANGUÍNEA

Segundo Santos (2008), a hemostasia é o mecanismo que mantém a fluidez do sangue

pelos vasos. Inclui o controle da hemorragia e a dissolução do coágulo, por meio de eventos

mecânicos e bioquímicos.

Didaticamente pode-se dividir a hemostasia em primária, secundária e terciária, embora

os três processos estejam inter-relacionados. Na hemostasia primária, tem-se vasoconstrição

local, adesão e agregação plaquetária com conseqüente formação de um tampão plaquetário

inicial. A hemostasia secundária compreende uma série de reações em cascata cujo

resultado final é a formação de fibrina a partir do fibrinogênio que confere estabilidade ao

coágulo. A hemostasia terciária ou fibrinólise é ativada na mesma ocasião da coagulação,

existindo um equilíbrio fisiológico entre as mesmas, onde a plasmina atua degradando a

fibrina e desfazendo o coágulo formado. Os vasos sanguíneos também participam

ativamente no processo de coagulação.

Hemostasia primária

Na hemostasia primária, tem-se vasoconstrição local, adesão e agregação plaquetária com

conseqüente formação de um tampão plaquetário inicial. Por agregação plaquetária

entende-se a fixação de uma plaqueta em outra e por adesão entende-se a fixação de uma

plaqueta no vaso sanguíneo. Para que ocorra a agregação e a adesão é necessário que esteja

presente o fator de von Willebrand, uma glicoproteína que facilita estas ações.

Cinética plaquetária

As plaquetas são formadas na medula óssea, a partir da célula pluripotencial (steam cell),

que vai dar origem a linha megacariocítica. A primeira célula da linha dos megacariócitos é

Page 31: Poligrafo laboratorio  2014

30

o megacarioblasto que vai formar o pró-megacariócito e megacariócito. A divisão

celular cessa, mas a divisão nuclear continua. Pode-se encontrar células de 4 a 64 núcleos.

Este processo é chamado endomitose. As plaquetas são simplesmente pequenos fragmentos

do citoplasma do megacariócito liberados na corrente sangüínea. O citoplasma do

megacariócito é formado por longos pseudopodes que penetram nos sinusóides das células

endoteliais, liberando as plaquetas que são observadas como pequenos discos com grânulos

vermelhos com 2 a 5 m de diâmetro (em gatos o tamanho é variável) na circulação

sanguínea.

Após a estimulação as plaquetas aparecem entre 3 e 5 dias, e são controladas pela

trombopoetina e também pela eritropoetina, possuem uma vida média em torno de 8 dias,

sendo que cerca de um terço das plaquetas são seqüestradas pelo baço.

- Valor normal em torno de 300 000/ l.

- Menos que 100 000/ l é claramente uma trombocitopenia.

- 50 000/ l é suficiente para prevenir hemorragia.

- 20 000/ l ocorre hemorragia espontânea.

Função das plaquetas na hemostasia

A função primária das plaquetas é a manutenção da hemostasia por meio da

interação com as células endoteliais mantendo a integridade vascular. Adesão, agregação e

liberação plaquetária são eventos que podem ocorrer simultaneamente ou

independentemente, dependendo das condições de estímulos e circunstancias. O transtorno

de qualquer um destes processos podem levar à desordens hemorrágicas. A adesão é a

aderência das plaquetas no local da lesão. Esta adesão plaquetária ao endotélio é efetuada

por meio de seus receptores de superfície para o colágeno e fator de Von Willebrand que,

portanto o liga plaqueta ao colágeno do subendotélio. A agregação é uma resposta básica

para a liberação de ADP na presença do cálcio. A reação de liberação promove a agregação

de agrupamentos plaquetários e o acúmulo de mais plaquetas e assim uma série de reações

em cadeia para formar uma capa para deter a hemorragia.

As plaquetas se aderem ao colágeno do sub-endotélio e liberam aminas vasoativas

(serotoninas, catecolaminas, adrenalina e outras) que promovem a vaso constrição local

com liberação de ADP (adenosina difosfato). O vaso contrai-se diminuindo o fluxo de

sangue no local, causando a agregação das plaquetas em resposta a liberação de ADP na

presença dos íons cálcio, formando a primeira camada de plaquetas. Estas plaquetas

agregadas liberam ATP (adenosina trifosfato) que é degradado a ADP por ATPase que

Page 32: Poligrafo laboratorio  2014

31

facilita a maior agregação das plaquetas no local da parede do vaso lesionado, sendo o

suficiente para deter a hemorragia, constituindo a primeira fase da coagulação.

As plaquetas também são importantes na coagulação sanguínea por fornecer

fosfolipídio plaquetário (fator III plaquetário que atua como um acelerador dos processos de

coagulação) e por carrear vários fatores de coagulação em suas superfícies. Após a

formação da primeira camada, inicia-se um depósito dos fatores de coagulação, culminando

com a transformação do fibrinogênio em fibrina, havendo um depósito sobre as plaquetas,

formando um trombo que constitui a fase terminal da coagulação sanguínea.

Após a formação do tampão hemostático, iniciam-se os mecanismos fibrinolíticos,

que promovem a degradação enzimática do fibrinogênio e da fibrina e outros fatores da

coagulação ativados, permitindo o reparo definitivo da injúria vascular e o controle sobre os

eventos trombóticos. A manutenção do sangue dentro dos vasos e a sua fluidez por dentro

dos mesmos é mantida pelo equilíbrio entre a coagulação e a fibrinólise.

Hemostasia secundária

A hemostasia secundária compreende uma série de reações em cascata cujo

resultado final é a formação de fibrina a partir do fibrinogênio que consolida desse agregado

e dá estabilidade ao coágulo.

Cascata de coagulação

A cascata de coagulação é um mecanismo complexo de reações seqüenciais que

culmina na formação de fibrina a partir do fibrinogênio. O conjunto de proteínas que atuam

na coagulação (fatores de coagulação) estão representados na Tabela 1. Os fatores de

coagulação são ativados predominantemente por exposição a tromboplastina tecidual,

expressada na superfície das células edoteliais ou fibroblastos extravasculares. Logo após a

ativação inicial, os fatores vão se ativando seqüencialmente e amplificando o estímulo

inicial por feedback. A cascata de coagulação tradicionalmente de divide em sistema

intrínseco, extrínseco e comum (Figura 1).

Um coágulo sanguíneo será composto por uma parede de filamentos de fibrina

dispostos em todas as direções e que reunem glóbulos sanguíneos, plaquetas e plasma,

este mecanismo vai agir fechando uma lesão e fornecendo meio para o reparo tecidual.

Os fatores envolvidos: X, V, II, I e o XIII.

Tabela 1 - FATORES DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA

FATOR SINÔNIMO

Page 33: Poligrafo laboratorio  2014

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I Fibrinogênio

II Protrombina

III Tromboplastina Tecidual

IV Cálcio

V Fator Lábil, globulina A-C

VII Proconvertina,fator estável

VIII Fator antihemolítico-Tromboplastinogênio

IX Fator Christmas-Componente tromboplastínico do plasma

X Fator de Stuart-Power

XI Antecedentes tromboplastínico

XII Fator de Hageman

XIII Fator de estabilização da Fibrina(F.Laki-Lorand)

Figura 1 – Esquema simplificado da cascata de coagulação (Santos, 2008).

DEFICIENCIAS NA COAGULAÇÃO

1. Deficiência de Fibrinogênio: É muito raro em animais, a teoria sobre sua causa, seria por

fatores hereditários. Esta deficiência já foi comprovada em cães.

Page 34: Poligrafo laboratorio  2014

33

2.Deficiência de Protrombina: Também é rara, e também pode ser hereditária, ou adquirida.

Quando hereditária o animal já nasce com esta deficiência, sendo muito difícil sua

sobrevivência, pois todo o mecanismo de coagulação estaria comprometido.

A deficiência adquirida se deve ao fato de que esta é produzida pelo fígado e

qualquer transtorno hepático determina uma produção deficiênte ou insuficiente desta. A

deficiência de vitamina K causa também a deficiência de protrombina, porque esta vitamina

participa na formação da protrombina.

3.Deficiência dos fatores:

3.1.V: É raro, transtornos hepáticos e deficiência de vit. K podem promover a deficiência

do fator V, o que provocaria um aumento no tempo de coagulação.

3.2.X: Obedece as mesmas deficiências do fator V.

3.3.XII: também é muito rara, e apenas aumentaria o tempo de coagulação.

3.4.VIII, IX, e XI: a deficiência destes fatores podem causar hemofilia.

TERMOS UTILIZADOS:

Trombocitopenia: Diminuição do número de plaquetas. Raro, pode ser hereditário, ou

causado por transtornos na medula óssea ou ação de fármacos.

Trombocitopatia: É uma situação em que o número de plaquetas está normal, no

entanto são deficientes em tromboplastina plaquetária. Este tipo de problema ocorre na

cirrose hepática, leucemia e uremia.

Tromboblastemia: É uma deficiência na retração do coágulo.

TROMBOCITOPATIA: É a falha no mecanismo de aderência (plaqueta/vaso), agragação

(plaqueta/plaqueta) ou uma falha na liberação de constituintes intracelulares ou qualquer

combinação destes fatores. Trombocitopatias podem ser congênitas ou adquiridas e o número de

plaquetas pode estar normal.

1. Trombocitopatias congênitas

a. Doença de von Willebrand: pode afetar várias espécies animais e o homem. O fator de von

Willebrand é uma glicoproteína multimérica produzida por megacariócitos e células endoteliais que

facilita a adesão da plaqueta ao colágeno e vaso sanguíneo, a agregação plaquetária e, no plasma se

associa com fator VIII estabilizando este fator e aumentando seu tempo de circulação. É a mais

Page 35: Poligrafo laboratorio  2014

34

comum das desordens de sangramento hereditárias, sendo reconhecidas em mais de 54 raças de

cães. Existem três tipos da doença:

Tipo I: multímeros normais, mas diminuídos.

Severidade variável

Forma mais comum

Comum em dobermanns

Tipo II: Multímeros com defeito de função

Severidade variável

Comum em Ponter alemão

Tipo III: forma mais severa

Comum no Scottish terrier

b. Trombopatia trombastênica canina: Falha na agregação. Observada em

Otterhounds, Scottish Terriers, Foxhounds.

c. Trombopatia do Basset Hound: Falha na agregação.

d. Síndrome do Chediak-Higashi: Agregação plaquetária diminuída. Observada

em bovinos e gatos.

2 - Trombocitopatias adquiridas

São multifatoriais, mas essencialmente envolve defeitos de ativação, aderência, agregação e reação

de liberação por causa de substâncias anormais no plasma ou anormalidade estrutural adquirida.

a. Doença renal com uremia: adesividade reduzida ao endotélio. Esta anormalidade das

plaquetas se deve aos metabólitos da uréia como o ácido guanidino succínico e fenólico.

b. Coagulação intravascular disseminada: Produtos de degradação da fibrina envolvem as

plaquetas e reduzem a sua aderência e bloqueiam receptores de fibrinogênio, reduzindo a

agregação.

c. Disproteinemias (macroglobulinemia) ou mieloma múltiplo: Afetam a membrana da

plaqueta diminuindo a aderência.

d. Drogas: Anti-inflamatórios não esteroidais. A aspirina gera uma inibição irreversível das

plaquetas porque inibe tromboxano A2 (inicia a agregação) e a função plaquetária fica

dependente de uma nova produção. Drogas como Buprofen, fenilbutazona, indontacin

causam inibição plaquetária reversível. Sulfonamidas, penicilinas, tranqüilizantes

prozamínicos causam respostas variáveis.

CAPÍTULO III

HEMOGRAMA

Representado pelo eritrograma e leucograma.

Page 36: Poligrafo laboratorio  2014

35

1. Eritrograma:

a. Determinação do número de hemácias/mm³ de sanhue

b. Determinação da hemoglobina

c. Determinação do volume globular

d. Interpretação do eritrograma

e. Valores normais do eritrograma nos animais domésticos.

a. Determinação do número de hemácias/mm³ de sangue:

Técnica: Tomar a pipeta de Thoma para diluição de glóbulos vermelhos (limpa e

seca), encher de sangue até a marca 0,5 e completar com líquido diluente até a marca 101,

homogeinizar, encher a câmara de Neubauer e contar 5 quadrados dos 25 (5/25) do

milímetro central do retículo de Neubauer. Multiplicar o número encontrado por 10.000 e

expressar o resultado em números de hemácias/mm³ de sangue.

b. Determinação da Hemoglobina:

É o condutor de oxigênio e está contido no eritrócito. São numerosos os métodos

usados para dosagem de Hb. Usa-se kits reagentes próprios para Hb e faz-se a leitura em

espectofotômetro.

c. Determinação do Volume globular:

É a parte do hemograma que estuda o volume ocupado pelas hemácias em

determinado volume de sangue.

. Método do microematócrito:

Este método apresenta grandes vantagens, pois requer pequenas quantidades de

sangue e pouco tempo para sua realização, fornecendo resulrados mais precisos.

- Técnica: Toma-se um tubo capilar 75,0 x 1,0 mm, enche-se até aproximadamente 2 terços

do comprimento do tubo, retirando o sangue da parte externa com auxílio de algodão ou

papel higiênico. Do lado oposto ao da entrada do sangue e, fechar o tubo capilar com o

auxílio do bico de Bunsen, girando o tubo entre os dedos até o fechamento completo.

Centrifugar a 10.000 rpm durante 5 minutos em centrífuga especial. Fazer a leitura

no cartão de leitura de microematócrito. Expressar o resultado em percentagem. Este

método é o mais utilizado.

LÍQUIDOS DILUENTES PARA CONTAGEM DE ERITRÓCITOS

. Devem ser usadas soluções isotônicas:

- Solução fisiológica

- Solução de Hayem

Page 37: Poligrafo laboratorio  2014

36

- Solução de Gower

- Solução Fisiológica: largamente usada com bons resultados

. Cloreto de sódio ..............................0,85g

. Água destilada.................................1.000ml

- Filtrar e esterilizar.

CÂMARA DE NEUBAUER

Consiste em uma placa retangular de cristal com 2 barras transversais em plano

maior que a câmara, cuja função é apoiar a lamínula. Entre estas barras existe uma área

polida contornada por uma depressão, de modo que a distância entre a área polida e a

lamínula equivale a 0,1 mm. O retículo de Neubauer está impresso na área polida, tem 9

mm² . Os quatro milímetros angulares estão divididos em 16 subquadrados, e o milímetro

central está dividido em 25 quadrados, os quais são subdivididos em 16 quadradinhos.

Os eritrócitos são contados no milímetro central, conta-se 5/25 deste, podendo

contar os quatro quadradinhos angulares e um central ou os cinco quadrados em posição

diagonal. A diferença entre o número de eritrócitos contados em um grupo de 16 quadrados

não deve ultrapassar a 20, quando isto acontecer deve-se repetir o exame, pois significa que

a pipeta pode não ter sido preenchida ou agitada corretamente ou ainda a câmara de

Neubauer poderia não encontrar-se completamente limpa.

Para a realização da contagem de células segue-se um esquema convencional: as

células localizadas sobre ou junto às linhas verticais da esquerda e horizontal de cima são

contadas como pertecentes ao quadrado em questão; as células situadas junto ou sobre as

linhas verticais da direita e horizontal inferior não entram na contagem, passando a

pertencer aos quadrados da direita e inferior respectivamente. Feita a contagem, multiplica-

se o número encontrado por 10.000. Esta constante corresponde ao resultado da

multiplicação da diluição do sangue (1:200) pela profundidade da câmara 0,1mm e a área

do milímetro contada 5/25.

Page 38: Poligrafo laboratorio  2014

37

Fonte: Rebar,A H., MacWilliams, P. S., Feldman, B. F., Metzger Jr., F. L., Pollck, R. V. H., Roche, J.;

Guia de Hematologia para Cães e Gatos. (2003)

EXAMES ADICIONAIS AO HEMOGRAMA EM VETERINÁRIA

1. FIBRINOGÊNIO: O fibrinogênio é uma proteína plasmática produzida pelo fígado.

Esse composto atua no mecanismo de coagulação. Desempenha, também um papel

importante na defesa do organismo, ao ser transportada para o espaço extravascular,

auxiliando na localização dos processos patológicos. Devido a associação do

fibrinogênio com as condições inflamatórias, as estimativas do nível plasmático dessa

proteína tem sido consideradas de uso na avaliação da resposta inflamatória. Em

algumas espécies, como nos ruminantes prefere-se essa determinação em lugar da

estimativa da VHS.

TÉCNICA PARA ESTIMATIVA DE FIBRINOGÊNIO:

O fibrinogênio precipita a temperatura entre 56-58ºC. Nesta faixa as outras

proteínas plasmáticas permanecem em solução. Podemos aproveitar essa característica

física para medir a concentração de fibrinogênio. Schalm et al.(1975), descreveram um

método para estimar a quantidade de fibrinogênio no plasma.

Page 39: Poligrafo laboratorio  2014

38

- Encher 2 tubos capilares de 75mm de sangue (3/4 do capilar)

- Centrifugar ambos ( como para determinação do microematócrito)

- Quebrar um dos tubos, imediatamente acima da linha eritrocitária, utilizando em

seguida um refratômetro para estimar as proteínas totais do plasma, colocando 1 gota de

plasma (obtida com a quebra do tubo capilar) no prisma do aparelho, e depois observa-

se pela ocular.

- OBS: O nível total de PPT é lido na coluna da direita, no ponto onde a linha divisória

entre o campo escuro e o campo claro intercepta a escala.

- O segundo tubo capilar é colocado em banho maria, à 56-58ºC por 3 minutos, para que

o fibrinogênio se precipite. O tubo então é centrifugado novamente, e partido logo

acima da camada de fibrinogênio. Uma gota deste plasma isento de fibrinogênio é

colocado no refratômetro clínico, a PP é lida novamente.

- A quantidade de fibrinogênio será obtida pela diferença entre os conteúdos de proteína

do tubo aquescido e do tubo nâo aquescido.

Exemplo: 1ª leitura - 6,8 g/dl = PPT

2ª leitura - 6,6 g/dl

O fibrinogênio é a diferença entre as duas leituras. Portanto no exemplo citado o

FP = 0,2 g/dl ---- passar para mg - FP = 200mg%

Valores normais:

Canino e Equino = 200 - 400 Suíno e Ovino = 100 - 500

Bovino = 300 - 700 Caprinos = 100 - 400

Felino = 50 - 300

Interpretação:

CÃES:

. Aumento de fibrinogênio - hiperfibrinogenemia

- Piômetra

- Nefrite avançada

- Insuficiência renal

- Parvovirose

- Cinomose - fase bacteriana

- Doenças inflamatórias e supurativas

. Diminuição de fibrinogênio - hipofibrinogenemia

- Doenças hepáticas crônicas - fibrose , cirrose

- Coagulação intravascular disseminada (CID)

- Intoxicação por derivados cumarínicos

EQUINOS: - aumenta em processo inflamatório agudo

BOVINOS: - aumento: pericardite, peritonite e processos inflamatórios

Page 40: Poligrafo laboratorio  2014

39

- diminuição: severas hepatopatias, estágios terminais de outras

enfermidades

OVINOS: - aumento: Pneumonia, encefalite, obstrução intestinal, poliartrite.

2. PROTEÍNAS PLASMÁTICAS TOTAIS (PPT)

. AUMENTO = HIPERPROTEINEMIA

1. Devido ao aumento relativo da albumina, na desidratação (inanição, diarréia,

vômito).

2. Devido ao aumento das globulinas: nos processos que levam à estimulação da

resposta imune (vacinas, doenças crônicas, processos autoimunes)

PPT = ou > 10g/dl ESTADO DE DESIDRATAÇÃO GRAVE

. DIMINUIÇÃO = HIPOPROTEINEMIA

. Hepatopatias

. Nefropatias

. Enteropatias comperdas intestinais

. Neoplasias invasivas

. Hemorragias graves

. Subnutrição

PPT = ou < 4,0 g/dl BAIXA PRESSÃO OSMÓTICA COM TRANSUDAÇÃO DE

LÍQUIDOS PLASMÁTICOS

VALORES NORMAIS:

. Canino: 6 a 7 g/dl

. Felino: 7 g/dl

. Equino: 6,5 a 7 g/dl

. Bovino: 7 a 8 g/dl

. Suíno: 6,5 a 7 g/dl

. Ovinos: 6,5 a 7 g/dl

3. ÍNDICE ICTÉRICO

A determinação do IC tem como afinidade medir a bilirrubina, carotenóides

e a hemoglobina das hemácias hemolisadas.

Interpretação:

IC Aumentado:

- Obstrução do canal biliar

- Hemólise

- Lesão hepática

Page 41: Poligrafo laboratorio  2014

40

IC Diminuido: - Depressão da medula óssea

OBS: QUANDO O IC APRESENTAR-SE DESCORADO A PÁLIDO, PODE-SE

SUSPEITAR DE FALÊNCIA MEDULAR.

D. INTERPRETAÇÃO DO ERITROGRAMA:

A análise do eritrograma é importante no diagnóstico e classificação das anemias

como também para a constatação das policitemias.

Policitemia:

Consiste no aumento do número de eritrócitos, geralmente acompanhado do

aumento da hemoglobina e volume globular.

As policitemias podem ser classificadas em:

a. Policitemia relativa

b. Policitemia absoluta

a. Policitemia Relativa

Ocorre quando há diminuição do volume plasmático. Observa-se todas as vezes que

houver redução na ingestão de líquidos, vômitos, diarréia, sudoração excessiva, passagem

da água do plasma para os espaços intersticiais e choque.

b. Policitemia Absoluta

Nesta, existe um verdadeiro aumento da quantidade de células vermelhas do sangue.

Denomina-se eritrocitose quando a policitemia tem causa conhecida, e eritremia quando a

causa é desconhecida.

Eritrocitose ocorre na diminuição da pressão atmosférica, diminuição da ventilação

pulmonar, animais recém nascidos, e transtornos circulatórios.

Eritremia há um aumento absoluto do número de eritrócitos e do volume total de

sangue. É raros nos animais domésticos, havendo citações da sua ocorrência em cães,

bovinos, e gatos.

Anemia:

Consiste na diminuição do número de eritrócitos, teor de hemoglobina do sangue e

volume globular. A anemia sempre aparece como consequência de perda de sangue,

eritropoiese diminuida ou defeituosa e ainda uma destruição acelerada dos eritrócitos.

Page 42: Poligrafo laboratorio  2014

41

A. Massa global de eritrócitos

Relativa: Fluidoterapia e gestação

Absoluta: Redução da massa eritrocitária

B. Resposta medular – pela contagem de reticulócitos

. Regenerativa ou responsiva

. Pouco regenerativa ou pouco responsiva

. Arregenerativa ou não responsiva

C. Morfológica

Esta classificação baseia-se no tamanho das hemácias e na sua concentração

hemoglobínica, sendo este estudo feito através do VGM - Volume Globular Médio, e o

CHGM - Concentração de Hemoglobina Globular Média.

O VGM expressa o valor médio do volume individual do eritrócito. É determinado

pela f'órmula:

VGM = VGx10

nº de eritrócitos

O resultado é expressado em µ³.

A concentração da Hb globular média (CHGM) expressa em percentagem o volume

ocupado pela Hb. Nos eritrócitos mede a relação entre o peso da Hb e o volume do

eritrócito. É calculada através da fórmula:

CHGM = Hbx100

Vg

O resultado é expresso em percentagem.

De acordo com o VGM, as anemias podem ser: Normocíticas, Macrocíticas e Microcíticas.

O CHGM determina se a anemia é normocrômica ou hipocrômica, a hipercrômica segundo

autores não ocorre.

- Anemia Normocítica: É resultante da depressão seletiva na eritrogênese, provocada por

tumores malígnos, enfermidades infecciosas crônicas, raio X, nefrite. Na ocorrência desta

anemia aconselha-se a transfusão sanguínea e identificação do agente etiológico. A

Classificação das anemias

A. Massa global dos eritrócitos

B. Resposta medular

C. Morfológica

D. Fisiopatológica

Page 43: Poligrafo laboratorio  2014

42

administração de vitaminas do complexo B, ou substâncias hematimínicas, não são

indicadas.

- Anemia Macrocítica: Pode ser transitória ou verdadeira.

Transitória: Geralmente ocorre quando o organismo encontra-se em fase de

recuperação de uma grande perda sanguínea.

Verdadeira: Ocorre quando há interferência na maturação eritrocítica. Resulta da

deficiência de vitamina B12, ácido fólico e niacina. Aconselha-se nestes casos além da

administração do elemento deficiente a transfusão sanguínea para que haja em seguida a

restauração do processo de amadurecimento do eritrócito.

- Anemia Microcítica: Normalmente é hipocrômica e resulta da deficiência de ferro ou dos

elementos que interferem no seu metabolismo. Também pode ocorrer na deficiência de

piridoxina. Nestes casos de anemias pode-se utilizar a transfusão sanguínea como indicação

de urgência e em seguida administrar o elemento deficitário.

D. Fisiopatológica

Nesta classificação a anemia é estudada juntamente com o seu agente causal.

1- Anemia por perda de sangue:

a. Hemorragia aguda

- Intoxicações causadas por warfarina, dicumarol.

- Traumatismos ou cirurgias.

b. Hemorragia crônica

Neoplasias com hemorragias, deficiência de vitamina C e K, deficiência de

protrombina, lesões gastrointestinais, parasitos internos e externos.

2- Anemia hemolítica:

a. Infecciosa: Anaplasma, piroplasmose, haemobartonelose, leptospirose, anemia infecciosa

equina, hemoglobinúria bacilar.

b. Tóxica: Intoxicação pelo cobre em bovinos, ovinos e suínos, intoxicação pelo chumbo,

benzeno, fenotiazina, intoxicação pela ricina, toxinas bacterianas do Micrococcus pyogenes

e Clostridium perfringens do tipo A.

c. Anemias provocadas por agentes isoimunes:

- Transfusões sanguíneas incompatíveis;

- Isoimunização em suínos recém nascidos e potros.

3. Anemia por deficiência nutricional

Page 44: Poligrafo laboratorio  2014

43

a. Hipoproteinemia

b. Deficiencia de vitaminas, principalmente do complexo B

c. Deficiência dos minerais: ferro, cobre e cobalto.

4. Anemia por depressão seletiva da eritrogênese

a. Enfermidades infecciosas crônicas, geralmente 30 dias após a instalação do processo.

b. Enfermidades parasitárias

c. Transtornos orgânicos ou dos tecidos, como nefrite intersticial crônica com uremia,

principalmente em cães, hipotiroidismo, tumores maligno.

VALORES NORMAIS DO ERITROGRAMA NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

Espécie Hem x 106

Hb g% Vg % VGM µ³ CHGM %

Bovina 5,5 - 10 8,0 - 14 24 - 48 40 - 60 26 - 34

Ovinos 11,2 11,9 38,07 35 31

Caprinos 12 - 20 8 - 14 24 - 48 18 - 24 30 - 35

Equino 6,1 - 11 13 - 22 32 - 56 37 - 50 31 - 35

Suíno 6,24 11,3 41,1 50 - 68 30 - 34

Canina 5,5 - 8,5 12 - 17,8 40 - 55 60 - 77 31 - 36

Felina 5,5 - 10 08 - 14 24 - 45 39 - 55 31 - 35

Silveira (1988), Patologia Clínica Veterinária

EFEITOS DA ANEMIA SOBRE O SISTEMA CIRCULATÓRIO

Segundo GAYTON (1998), a viscosidade do sangue depende quase que

inteiramente da concentração de hemácias. Na anemia grave, a viscosidade do sangue pode

cair para uma vez e meia a da água, sendo que o normal é de três vezes a viscosidade da

água. A diminuição da viscosidade reduz tanto a resistência ao fluxo sangüíneo nos vasos

periféricos, que quantidades aumentadas de sangue retornam ao coração. Ademais, a

hipóxia, devido ao transporte diminuído de oxigênio pelo sangue, faz com os vasos

teciduais se dilatem, o que permite maior retorno de sangue para o coração, aumentando o

débito cardíaco para valor ainda mais elevado. Dessa forma, um dos principais efeitos da

anemia é uma sobrecarga de trabalho extremamente aumentada sobre o coração.

O débito cardíaco aumentado na anemia compensa parcialmente muitos dos

seus efeitos, pois, mesmo que uma dada quantidade unitária de sangue carregue apenas

pequenas quantidades de oxigênio, o fluxo sangüíneo pode ser tão incrementado que

quantidades quase normais de oxigênio são liberadas nos tecidos. Entretanto, quando um

indivíduo começa a realizar exercícios físicos, o coração não é capaz de aumentar muito

mais a quantidade de sangue que já se encontra bombeando. Em conseqüência disto,

durante o exercício, que aumenta grandemente a demanda tecidual de oxigênio, ocorre uma

hipóxia tecidual pronunciada que pode resultar em insuficiência cardíaca aguda.

Page 45: Poligrafo laboratorio  2014

44

VCM CHCM INTERPRETAÇÃO (Anemias)

Má síntese de hemoglobina (deficiência de Fe e doenças

crônicas)

Evolução de anemias microcíticas/hipocrômicas

Nefrite com Uremia

Inicio das anemias microcíticas / hipocrômicas - Intoxicação

por chumbo e drogas

Falta de eritropoetina (doenças crônicas –I.R.C)

Sempre regenerativa –Hemorragia ou hemólise

Distúrbio na fase de multiplicação – deficiência de B12, ácido

fólico e cobaltoN

NN

N

Anemia associada a desidratação

Elevada destruição de eritrócitos,diminuição da eritropoiese,

Perda crônica de sangue(deficiência de ferro)

Fluidoterapia, Perda de sangue externa

Anemia mascarada por desidratação, aumento de globulinas

Fisiológico

Elevada perda proteíca,Baixa produção proteíca

N

Desidratação

Contração Esplênica, Policitemia 1ª e 2ª, Desidratação

mascarada por hipoproteiniemia

Hipoproteinemia com contração esplênica

InterpretaçãoPPTHt %

N

N

N

2. Leucograma

a. Determinação do número de leucócitos/mm³ de sangue

b. Contagem diferencial de leucócitos - exame do esfregaço

c. Interpretação do leucograma

d. Valores normais do leucograma

a. Determinação do número de leucócitos/mm³ de sangue

Técnica: Tomar a pipeta de Thoma, própria para contagem de leucócitos. Aspirar o

sangue até a marca 0,5 e completar com solução diluidora até a marca 11, homogeinizar,

desprezar 2 gotas e encher a câmara de Neubauer. Contar os leucócitos contidos nos quatro

milímetros angulares, multiplicar o valor achado por 50 e expressar o resultado em

leucócitos/mm³ de sangue.

Page 46: Poligrafo laboratorio  2014

45

- Solução diluidora para leucócitos:

- Ácido acético à 4%, ou

- Diluente de Türk

. Ácido acético glacial................................. 15 mL

. Violeta de genciana 1% ............................ 10 mL

. H2O destilada q.s.p.....................................1.000mL

b. Contagem diferencial de leucócitos.

É feita em esfregaços de sangue corado. Para sua confecção deve-se usar lâminas

limpas e desengorduradas.

Confecção do esfregaço: Colocar uma gota de sangue próxima a uma das extremidades de

uma lâmina e com outra lâmina ou lamínula, realizar um movimento para trás tocando na

gota de sangue, quando esta se espalhar, arrastá-la para frente com um movimento rápido e

homogêneo. Para a obtenção de um esfregaço delgado o ângulo formado entre as lâminas

deve ser de 45º.

Fonte: Rebar et al. (2003).

Contagem:

* Observar o esfregaço sanguíneo corado em objetiva de 40x, verificando a contagem

global aproximada por estimativa de leucócitos/campo.

* Visualizar também a homogeneidade na distribuição leucocitária;

Page 47: Poligrafo laboratorio  2014

46

* Colocar em objetica de imersão ( aumento de 1000x) e realizar observação minuciosa da

morfologia e coloração dos leucócitos e demais estruturas.

* Realizar contagem diferencial dos leucócitos em forma de "torre"a cada 3 ou 4 campos,

até atingir o total de 100 leucócitos.

Fonte: Junqueira e Carneiro, 2004.

* Transformar os dados relativos obtidos nesta contagem em dados absolutos, através da

multiplicação dos percentuais parciais pelo número total de leucócitos.

Exemplo: CGL = 8.000/mm³

Valor absoluto Valor relativo

Eosinófilos 640/mm³ 8%

Basófilos 0 0

Bastão 80/mm³ 1%

Segmentados 5.600/mm³ 70%

Linfócitos 1.440/mm³ 18%

Monócitos 240/mm³ 3%

- Foram contados 8 eosinófilos, então faz-se a seguinte regra:

em 100 células ............................... contou-se 8

em 8.000............................................ x

x = 8.000 x 8 / 100

x = 640/ mm³

Page 48: Poligrafo laboratorio  2014

47

- Método de Coloração

O método de May-Grunwld-Giemsa (Panóptico de Pappenheim) constitui o melhor

para coloração das células sanguíneas.

c. Interpretação do Leucograma nos animais domésticos:

São inúmeros os fatores fisiológicos que podem influenciar sobre os leucócitos,

dentre estes podem ser inumerados: stress, idade, sexo, raça, espécie animal, digestão e

exercício muscular. Assim, para a interpretação da reação leucocitária é indispensável a

análise da presença de um ou mais destes ítens.

c.1. Considerações gerais sobre leucograma

Os leucócitos abrangem todas as células brancas do sangue, produzidas, em sua

maioria, na medula óssea e nos demais tecidos hematopoiéticos. Compreendem os

neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, monócitos e basófilos.

Todas as formas celulares desempenham funções específicas de defesa do

organismo em processo patológico, seja fagocitando diretamente o agente agressor,

produzindo substâncias humorais de defesa ou modificando as condições do meio.

Os leucócitos usam a corrente sanguínea somente como meio de transporte,

desempenhando as suas funções nos tecidos. A contagem de leucócitos do sangue reflete,

portanto, grosseiramente, o equilíbrio entre a oferta e a demanda para o cumprimento de

suas funções.

Segundo Gayton (97), os neutrófilos são células adultas que podem atacar e destruir

bactérias mesmo no sangue circulante.

c.2. Classificação da resposta leucocitária

É denominada de desvio e baseia-se na quantidade e maturação dos neutrófilos

encontrados no sangue circulante. O desvio pode ser classificado em: para a direita e para a

esquerda.

- Desvio para a Direita: Consiste no aumento de neutrófilos segmentados sem o aumento

das formas jovens, enquanto que a CGB encontra-se dentro dos valores normais,

ligeiramente aumentado ou ligeiramente diminuído. A condição principal para haver um

desvio para a direita é a presença de neutrofilia caracterizada por neutrófilos maduros (

hipersegmentados), com número de lóbulos nucleares acima de 4, podendo ser encontrados

até 8.

Essa condição expressa clinicamente a permanência em demasiado das células na

circulação, em detrimento da resposta da medula óssea. As condições mais frequentes do

aparecimento do desvio para a direita são:

Page 49: Poligrafo laboratorio  2014

48

. Efeito de corticosteróides impedindo a diapedese de neutrófilos, prolongando a sobrevida

das células no sangue e o consequente envelhecimento das mesmas ( síndrome de cushing)

. Deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico

. Fase final de doença supurativa crônica

. Artefato produzido no sangue estocado.

- Desvio para a Esquerda: Quando no sangue circulante ocorre neutrofilia e esta é

acompanhada do aparecimento de neutrófilos jovens. Quando estes neutrófilos jovens são

representados apenas por bastonetes diz-se desvio para esquerda pequeno ou leve, quando

aparecem bastonetes e metamielócitos denomina-se desvio para esquerda moderado,

finalmente diz-se marcado quando se observa a presença de bastonetes, metamielócitos e

mielócitos.

1.Mielócitos 3. Bastonetes

2.Metamielócitos 4. Segmentados (neutrófilos maduros)

(desenhar esquema do quadro)

Associando-se o aparecimento dos neutrófilos jovens com a quantidade de

leucócitos/mm³ de sangue o desvio para a esquerda pode ser classificado em regenerativo e

degenerativo.

Desvio para esquerda Regenerativo: Leucocitose com presença de células jovens na

corrente sanguínea. Considera-se desvio a partir do aparecimento de 4% de neutrófilos

jovens na forma de bastonete, na contagem diferencial para a maioria das espécies. O

desvio para esquerda indica sempre uma resposta favorável do organismo frente ao agente

agressor.

Observa-se que, no desvio à esquerda acentuado, o esforço do organismo já atingiu

o pool de células mais imaturas da medula óssea, daí a necessidade de uma maior vigilância

quanto as condições físicas do animal, face à eminência de um processo degenerativo (

desvio degenerativo).

Desvio para esquerda Degenerativo:É a fase subsequente do desvio à esquerda

regenerativo acentuado, caso o processo inflamatório tenha continuidade. No desvio

degenerativo não há tempo suficiente para a divisão e amadurecimento normal das células,

fazendo com que as mesmas sejam lançadas imaturas na circulação sanguínea, em número

superior às maduras. A característica deste desvio é que o número global de leucócitos pode

estar aumentado, normal, ou mesmo diminuído.

Page 50: Poligrafo laboratorio  2014

49

A condição fundamental, entretanto, é de que o número de neutrófilos jovens

sempre ultrapassará o número de neutrófilos maduros na contagem diferencial.

O significado clínico do desvio degenerativo é uma depressão da granulopoiese, ou

seja, perda da habilidade da medula para produzir neutrófilos em resposta à demanda.

Este desvio tem prognóstico desfavorável em cães, gatos, e equinos. Nos bovinos, o

desvio degenerativo não tem prognóstico desfavorável. Isto acontece nesta espécie pela

existência de um número reduzido de neutrófilos maduros no pool de reserva. Assim, no

estágio inicial de um processo inflamatório agudo, como peritonite, pericardite, mastite, os

neutrófilos maduros deixam o sangue e entram na lesão. Com isto, a medula óssea não

tendo reserva de neutrófilos maduros, libera, em consequência, os neutrófilos imaturos, os

quais em poucas horas, ultrapassam o número de segmentados.

Portanto, nesta espécie, a leucopenia com desvio para a esquerda aparece no

processo bacteriano agudo, num período de 6 a 24 horas.

Após 3 a 4 dias, o nº de leucócitos retorna ao normal, podendo haver leucocitose

leve.

Nos equinos, o aparecimento do desvio é de difícil ocorrência, mesmo nos processos

mais graves.

c.3. SIGNIFICADO CLÍNICO DAS ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA

- Leucocitose: Aumento do nº total de leucócitos circulantes, e como regra geral, está

diretamente relacionado com o aumento do nº de neutrófilos, embora outros tipos celulares

eventualmente possam estar aumentados no sangue. A leucocitose expressa o grau de

resistência individual e pode ser de origem fisiológica e patológica. Esta última é de maior

interesse nos animais, tendo como causas principais:

- Infecções bacterianas localizadas ou generalizadas;

- Intoxicações metabólicas (uremia), químicas, por drogas e venenos;

- Hemorragias agudas

- Processos hemolíticos, infecciosos ou parasitários;

- Neoplasias de caracter invasivo;

- Leucemias;

- Processos auto imunes;

- Traumas.

- Neutrofilia Inflamatória: O aumento do nº de neutrófilos nos animais, em resposta à

doença, é variável e está na dependência estreita da capacidade de produção destas células

pela medula óssea.

A amplitude da neutrofilia por outro lado, está em correlação com a natureza do agente,

gravidade e extensão do processo inflamatório. O grau de neutrofilia é muito maior nas

infecções localizadas do que em processos sistêmicos. A pressão interna exercida é um

Page 51: Poligrafo laboratorio  2014

50

fator de influência. Por exemplo, um abscesso organizado por uma membrana limitante

produzirá uma menor neutrofilia do que o processo ainda não organizado e sob pressão.

O equilíbrio entre a demanda, produção, movimento e liberação dos neutrófilos, nos

processos inflamatórios, é variável entre as espécies animais e deve-se à existência natural,

na medula óssea, de compartimentos celulares armazenados, com características especiais,

que recebem denominação em ordem cronológica de maturidade. Chamamos isto de

desvios.

O desvio caracteriza a gravidade da infecção.

Em resumo, a leucocitose com neutrofilia e desvio de células jovens assinala a

presença de um estado inflamatório purulento. Leucogramas sequenciais, revelando a

intensificação do desvio, denotam agravamento do processo com um prognóstico

desfavorável; ao contrário, a diminuição do desvio significa recuperação, recebendo um

prognóstico favorável.

A neutrofilia inflamatória é sempre acompanhada de uma linfopenia e eosinopenia.

É a chamada tríade de resposta inflamatória nos animais domésticos.

Equilíbrio da dinâmica que determina a quantidade de neutrófilos

no sangue

Taxa de liberação medular

Taxa de consumo tecidual

Quando a liberação medular excede o consumo NEUTROFILIA

Quando o consumo tecidual excede a liberação medular NEUTROPENIA C/ D.E.

neutrófilos

Fonte: Thrall, 2007

Page 52: Poligrafo laboratorio  2014

51

Fatores de crescimento e controle da produção e da quantidade no sangue

C. Maturação e estocagem

Metamielócito

Bastão

Neutrófilo

Compartimento de proliferação

Mieloblasto

Progranulócito

Mielócito

Sistema de células primordiais

C. Medular

C. marginalC. circulante Tecidos

neutrófilos

Fonte: Thrall, 2007

- Neutrofilia não inflamatória: Ocorre durante certos eventos fisiológicos em pacientes

sadios, devido:

. Aumento da frequência cardíaca;

. Aumento da pressão sanguínea;

. Atividade muscular forçada;

. Drogas que causem taquicardia e / ou hipertensão.

É caracterizada por neutrofilia, linfopenia e eosinopenia, sem significante desvio

para a esquerda.

A neutrofilia sem significante desvio pode ocorrer ainda em processos inflamatórios

nos quais os neutrófilos participam em pequenas proporções, como componentes do

exsudato, como na cistite, dermatite seborréica, traqueobronquites e processos

granulomatosos gerais.

Estes eventos são mediados pelo sistema nervoso simpático e causam a mobilização

de neutrófilos aderidos aos pequenos vasos para os grandes vasos, dos quais a amostra para

exames é normalmente colhida.

Page 53: Poligrafo laboratorio  2014

52

Cinética

C. Maturação e estocagem

Metamielócito

Bastão

Neutrófilo

Compartimento de proliferação

Mieloblasto

Progranulócito

Mielócito

Sistema de células primordiais

Tempo de trânsito

7-10 dias (normal)

< inflamação

C. marginalC. circulanteMigração

transendotelial

Quimiotáticos

Meia-vida na

circulação

6 – 10 hs

Controle

IL-3,IL-6,IL-11

FEC

IL-3

FEC

IL-3

FEC

IL-1, TNF

FEC, FIL

FEC- fator estimulador de colônias; FIL-fator indutor de leucocitose; TNF- fator de necrose tumoral

neutrófilos

Fonte: Thrall, 2007

- FATORES DETERMINANTES DE LEUCOCITOSE POR NEUTROFIA

1. Infecções graves generalizadas: Causadas por bactérias e fungos, com septicemia, como

se observa particularmente nos casos de salmonelose, pasteurelose e leptospirose, onde

inicialmente há leucopenia devido a neutropenia, para em seguida, observar-se neutrofilia.

2. Infecções localizadas: Principalmente piogênicas, produzidas por estafilococos e

corinumbacterium

( meningite, nefrite, artrite e mamite). Quando há formação de abcesso com pressão interna

e sem cápsula, a reação leucocitária é mais intensa do que a observada em infecções

generalizadas (endometrites de cadelas).

3. Intoxicações: de origem endógena: uremia, diabetes mellitus, acidose, aclâmpsia;

de origem exógena: chumbo, mercúrio ( bovinos e caninos), azul de

metileno (gatos), plantas tóxicas e estrógeno.

4. Necrose de qualquer natureza: enfarte, queimadura, gangrena.

5. Hemorragia aguda e hemólise aguda.

Page 54: Poligrafo laboratorio  2014

53

C. Maturação e estocagem

Metamielócito

Bastão

Neutrófilo

Compartimento de proliferação

Mieloblasto

Progranulócito

Mielócito

Sistema de células primordiais

C. marginalC. Circulante

Lesão inflamatória

Consumo Tecidual

neutrófilosResposta Hematológica à Inflamação

Hiperplasia:

.aumento de produção

.alteração tóxica

Liberação da reserva:

.C. de armazenamento-neutrofilia

.Células em maturação-

Desvio à esquerda

Fonte: Thrall, 2007

Resposta inflamatória moderada

C. Maturação e estocagem

Metamielócito

Bastão

Neutrófilo

Compartimento de proliferação

Mieloblasto

Progranulócito

Mielócito

Sistema de células primordiais

C. marginalC. circulante Tecidos

neutrófilos

Exemplo de leucograma:

Leucócitos: 35.000

Bastões- 3.000

NS – 30.000

Linfócitos – 1.200

Monócitos - 800

Interpretação: Inflamação

Fonte: Thrall, 2007

Page 55: Poligrafo laboratorio  2014

54

Resposta inflamatória grave

C. Maturação e estocagem

Metamielócito

Bastão

Neutrófilo

Compartimento de proliferação

Mieloblasto

Progranulócito

Mielócito

Sistema de células primordiais

C. circulante

neutrófilos

Exemplo de leucograma:

Leucócitos: 1.500

Metamielócitos - 300

Bastões- 500

NS – 500

Linfócitos – 200

Interpretação: Inflamação

aguda grave

Tecidos

Fonte: Thrall, 2007

Contribuição comparativa da medula óssea à migração de NS e relação

com variações de neutrofilia na resposta inflamatória de várias espécies

Rápida

Intermediária

Intermediária

Lenta

Relativamente alta

Intermediária

Intermediária

Relativamente baixa

Cão

Gato

Eqüino

Bovino

Capacidade de regeneraçãoReserva MedularEspécie

20.000 – 100.000

20.000 – 60.000

15.000 – 30.000

10.000 – 25.000

Cão

Gato

Eqüino

Bovino

Variação possível de neutrofilia (neutrófilos/µL)Espécie

Fonte: Thrall, 2007

Page 56: Poligrafo laboratorio  2014

55

- FATORES DETERMINANTES DE LEUCOPENIA E NEUTROPENIA

. Infecções Virais: Panleucopenia felina, parvovirose, cinomose, hepatite infecciosa canina,

peritonite infecciosa felina, influenza suína, língua azul, febre catarral malígna, diarréia a

vírus ( bovinos), artrite viral ( equinos).

. Protozoários: toxoplasmose;

. Anormalidades da medula óssea: Hipoplasia(crescimento incompleto) e displasia(

anomalia do desenvolvimento).

- FATORES DETERMINANTES DE LINFOCITOSE

O linfócito possui um papel fundamental no início e execução da resposta imune.

Após vacinações, devido a estimulação antigênica. Infecções crônicas que

estimulem a resposta imune. Doenças imunológicas. Hipoadrenocorticismo. Linfadenite.

Hipertiroidismo. Infecções por certos parasitas ( babesia, trypanossoma). Animais jovens,

Fisiológica ( medo, excitação e esforço).

- Causas de linfopenia:

Efeitos esteróides:

. Hiperadenocorticismo

. Administração de corticóides - ACTH

. Estresse severo

Infecção sistêmica aguda

. Viral recente

. Bacteriana severa ou incomum

Toxoplasmose/ Ehrlichiose/ Leishmaniose

Lesão de linfonodos

.Neoplasias

.Inflamação crônica

Quimioterapia imunossupressiva

Atrofia linfóide

Demodicose generalizada

Insuficiência renal crônica

Perda de linfócitos

* Os corticóides (endógenos e exógenos) atuam de várias formas na linfopenia e

consequente imunodepressão, tais como:

. Inibindo a mitose linfocitária

. Lisando linfócitos circulantes

. Reduzindo a liberação de histamina

. Estimulando o catabolismo protéico, reduzindo formação de anticorpos.

Page 57: Poligrafo laboratorio  2014

56

Resposta ao Estresse

C. Maturação e estocagem

Metamielócito

Bastão

Neutrófilo

Compartimento de proliferação

Mieloblasto

Progranulócito

Mielócito

Sistema de células primordiais

C. marginalC. circulanteTecidos

A alteração envolve a

migração celular do

compartimento marginal para

o compartimento circulante,

resultando em quase o dobro

da quantidade de leucócitos

em repouso.

A liberação medular e o

consumo tecidual ficam

inalterados.

Fonte: Thrall, 2007

Resposta ao estresse- liberação ou administração de corticosteróide:

O estresse fisiológico é uma resposta orgânica mediada pela liberação de ACTH

pela hipófise e consequente liberação de cortisol pela adrenal. Isso ocorre em resposta às

principais doenças sisteêmicas, aos distúrbios metabólicos e a dor. Dentre as condições que

induzem resposta de estresse então: insufucência renal, cetoacidose diabética, desidratação,

doença inflamatória e dor associada a traumatismo. A resposta pode ser detectada no

leucograma devido às alterações em vários tipos celulares.

A principal alteração é a linfopenia. Os esteróides podem induzir apoptose de

linfócitos e alterar seu padrão de recirculação. A segunda alteração mais consistente é a

duplicação da população de neutrófilos circulantes. Os esteróides causam diminuição da

viscosidade e marginação celular, resultando na retenção de células decorrente da

circulação ligeiramente mais lenta que o normal. Desse modo, constata-se

hipersegmentação. Quando a contagem de neutrófilos em repouso estiver acima do valor

50º percentil da faixa de variação normal, espera-se a ocorrência de neutrofilia. Não há

desvio para esquerda, a menos que haja uma doença inflamatória simultânea.

Eosinopenia é a terceira alteração mais comum. A ocorrência de monocitose é

variável, sendo mais provável em cães. Na interpretação do leucograma em resposta ao

esteróide, é importante pesquisar o distúrbio fisiológico primário (caso ainda não

identificado), evitando considerar um padrão induzido simplesmente por esteróide como

uma inflamação.

Page 58: Poligrafo laboratorio  2014

57

ANORMALIDADES MAIS COMUNS EM LINFÓCITOS

Moderada

Se < 750µL

procurar outras

causas de

linfopenia

Linfopenia

grave

Pode ser tb

linfocitose

Hipoprotei-

nemia

Normal

Normal

Normal

ou

atípicos

Comum

Rara

Rara

Seqüestro

em efusões

quilosas

Retenção

em

linfonodos

neoplásicos

Induzido por

corticóide ou

estresse

Interrupção da

recirculação

Linfossarcoma

Linfopenia

ComentáriosOutros

achados

MorfologiaOcorrênciaMecanismoClassificaçãoAlteração

ANORMALIDADES MAIS COMUNS EM LINFÓCITOS

Contagens

podem chegar a

20.000/µL

Pode ocorrer

1 -2 semanas

após vacinação

Linfocitose é

uma alteração

tardia da doença

Normal

Reativo

AnormalCélulas

grandes,

cromatina

frouxa e

nucléolos

evidentes

Comum

Comum

Rara

Linfócitos

marginais são

mobilizados

para

circulação

Expansão

clonal como

resposta

Multiplicação

neoplásica

Excitação apenas

em gatos

Estimulação

antigênica

Linfossarcoma

Linfocitose

ComentáriosMorfologiaOcorrênciaMecanismoClassificaçãoAlteração

Fonte: REBAR et al. (2003).

Page 59: Poligrafo laboratorio  2014

58

- FATORES DETERMINANTES DE MONOCITOSE

Geralmente em processos crônicos onde existam muitos detritos celulares a serem

removidos(abscessos). Nos processos patológicos que levam à formação de tecidos de

granulação ( micoses) e algumas bacterioses: erisipela, listeriose, tuberculose, brucelose e

mamite supurativa. Nas endometrites de cadelas e retenção de placenta.

- FATORES DETERMINANTES DE EOSINOFILIA

. Infecções parasitárias: Quando ocorre sensibilidade à proteína do parasita ou de seus

produtos secretórios. Os exemplos mais comuns em cães são devidos a ancilostoma,

dirofilária, espirocerca e equinococos. Estrongilodíases em equinos.

. Processos alérgicos: Devido à degradação dos mastócitos que liberam histamina, a qual é

quimiotática para eosinófilos - razão do aumento de eosinófilos no sangue. A eosinofilia é

comum em doenças cujos tecidos contenham uma alta concentração de mastócitos. São

estes: pele, pulmão, trato gastrointestinal e útero.

Podem-se citar ainda como entidades específicas cuja característica principal é a

ocorrência de eosinofilia no sangue: gastroenterite eosinofílica, miosite eosinofílica (cães) e

leucemia eosinofílica

(cães, gatos e equinos).

Na prática, os eosinófilos aparecem em nº razoável no leucograma, mas não atingem

eosinofilia nas seguintes doenças de animais de pequeno porte: parvovirose, hepatite,

endometrite, dermatite e pneumonias alérgicas. Grandes animais - pneumonia e leucose.

- Causas de eosinopenia: Stress agudo ( adrenalina)

Stress crônico: glicocorticóides endógenos

Hiperadrenocorticismo

Administração de esteróides

Inflamação/ infecção aguda

- FATORES DETERMINANTES DE BASOFILIA

Esta célula está presente no sangue em quantidades insignificantes, talvez por esse

motivo ele tenha sido pouco estudada. Dentre as funções mais importantes do basófilo está

o desencadeamento de uma imediata reação de hipersensibilidade através da secreção de

seus estoques de mediadores vasoativos e elaboração de alguns potentes mediadores desse

processo.

Causas de basofilia:

Desordens alérgicas

Doença inflamatória purulenta localizada

Dirofilariose

Raça - Basenjis

Associado a Eosinofilia

Page 60: Poligrafo laboratorio  2014

59

Para interpretação do quadro leucocitário existem pontos básicos que auxiliam no

prognóstico e na determinação da natureza do processo. Pode-se avaliar que:

a. O prognóstico é favorável quando o reaparecimento de linfócitos e eosinófilos é

associado a:

- Diminuição da leucocitose;

- Desaparecimento do desvio para esquerda;

- Desaparecimento das granulações tóxicas nos neutrófilos;

- Linfocitose na fase convalescente.

b. O prognóstico será reservado quando:

- Eosinopenia duradoura;

- Linfopenia intensa e persistente;

- Presença de grande quantidade de neutrófilos com granulações tóxicas;

- Desvio para esquerda degenerativo (exceto nos bovinos em fase inicial de processo

infeccioso)

* Infecção intensa ou grave: Determina neutrofilia associada a linfopenia relativa e

eosinopenia absoluta.

* Infecção moderada: Determina um pequeno desvio para esquerda e persistência de

eosinófilos.

VALORES NORMAIS DO LEUCOGRAMA

Espécie CGB/mm³ bastão segment. linfócitos Eosinófilos basófilos monócitos

Canina 6-17 x 10³ 0-3 60-77 12-30 2-10 raros 3-10

Bovina 4-12 0-2 15-45 45-75 2-20 0-2 2-7

Equina 7-14 0-2 30-65 25-70 0.5-11 0-3 0.5-7

Felina 5,5-19,5 0-3 35-75 20-55 2-12 raros 1-4

Suína 11-22 0-4 28-47 25-60 0.5-11 0-2 2-10

Caprina 8-16 0-2 30-48 50-70 3-8 0-2 1-4

Ovina 4-12 0-2 10-50 40-75 1-10 0-3 1-6

Silveira (88), Patologia Clínica Veterinária

Page 61: Poligrafo laboratorio  2014

60

Dicas para interpretação de exames:

Apresentação dos casos clínicos:

CGV - 3.800.000 (5,5-8,5) CGB - 23.000 (6-17)

Hb - 7,3 g% (12-18) Mielócitos: 0

VG- 22% ( 32-56 ) Metamielócitos: 4%

VGM - ............... ( 60-68) Bastões: 10% ( 0-2)

CHGM............... ( 32-16) NS : 80% (45 - 76)

Reticulócitos: 2,9% (0,5-1) Linfócitos: 5% ( 12- 35)

PPT: 10g/dl ( 6 - 7 ) Eosinófilos: 0 (2 - 10)

FP : 550mg%( 200-400) Monócitos: 1% (3 - 10)

OBS: Exame do esfregaço corado: Presença de anisocitose moderada, e hipocromasia.

Ordem para interpretar um hemograma:

1- Eritrograma: 1. Existe anemia?

2. Classificar a anemia;

3. PPT e FP?

4. Reticulócitos?

2 - Leucograma: 1. Leucócitos normais, leucopenia ou leucocitose?

2. Há desvios?

3. Há neutrofilia? relativa ou absoluta?

4. Forma a tríade inflamatória?

Segundo Rebar et al.,(2003), existem algumas perguntas chaves:

Existe alguma evidência de inflamação?

Exite alguma evidência de estresse?

Em caso de processo inflamatório, ele pode ser classificado como agudo, crônico ou grave?

Existe alguma evidência de toxemia sistêmica?

Leucócitos NS Bastão Linfócito Monócito Eosinófilo

Inflmação

aguda

Aumentados Aumentados Aumentados Normais/

diminuidos

Variáveis Variáveis

Inflamação

crônica

Normais/

Aumentados

Normais/

Aumentados

Normais/

Aumentados

Normais/

Aumentados

Aumentados Variáveis

Processo

grave inflam

Normais/

Diminuido

Normais/

Diminuidos

Aumentados Normais/

Diminuidos

Variáveis Variáveis

Leucocitose

Por Excitação

Aumentados Aumentados

Em cães, n/

Aum.gatos

Normais Norm-cães

Aum-gatos

Normais Normais

Estresse Aumentados Aumentados Normais Diminuidos N ou Aum N ou Dimi

Fonte: Rebar et al., (2003).

Page 62: Poligrafo laboratorio  2014

61

- Interprete o quadro e dê o prognóstico:

25/08 25/08 26/08 28/08 30/08

CGV-2.800.000 CGB - 15.000 17.000 25.000 20.000

Hb - 5,5g/dl Mielócitos: 0 2% 3% 0

VG - 17% Metamielóc.: 4% 8% 8% 6%

VGM Bastão: 7% 10% 14% 10%

CHGM NS: 75% 72% 65% 70%

Ret.: 3% Linfócitos: 12% 8% 10% 13%

PPT: 7,0 Eosinófilos: 1% 0 0 1%

FP: 600mg% Monócitos: 1% 0 0 0

- Faça uma interpretação diária, e após defina o prognóstico:

Page 63: Poligrafo laboratorio  2014

62

Capitulo IV – HEMOTERAPIA

Prova Cruzada de Compatibilidade Sanguínea ou prova de Jambreau

Para obter-se a Prova Cruzada de Compatibilidade Sanguínea coleta-se o sangue do

doador e do receptor com anticoagulante, sendo no caso o citrato de sódio à 3,8%, na

proporção de uma parte de citrato para 3 de sangue. Do sangue coletado com anticoagulante

preparar as suspensões de células do doador e do receptor.

- Preparação da suspensão de hemácias:

Em um tubo A e B colocar 3 ml de solução fisiológica. No tubo A acrescentar 2

gotas de sangue (citrado) do doador e no tubo B 2 gotas de sangue do receptor.

- Preparação do plasma:

Em 2 tubos identificados como D e R colocar 2 ml de sangue citrado, do doador e

do receptor respectivamente. Centrifugar a 3.500 rpm/5', utilizar o sobrenadante que

constitui o plasma.

Tubos 1 - D 2 - R 3 - D 4 - R

Susp. cél. D 0,1 ml 0,1 ml

Susp. cél. R 0,1 ml 0,1 ml

Plasma D 0,1 ml 0,1 ml

Plasma R 0,1 ml 0,1 ml

Deixar os tubos na temperatura ambiente pôr 30 minutos e centrifugar a 1.000

rpm/1'.

Pesquisar a presença de hemólise no sobrenadante, em seguida homogenizar e pesquisar a

aglutinação macroscópica e microscópica. Havendo hemólise ou aglutinação nos tubos 1 e

2 e os tubos 3 e 4 permanecerem inalterados, a incompatibilidade está presente, deve-se

recorrer a outro doador.

Interpretação:

O método é pouco exato, não sendo muito seguro os resultados negativos. No cavalo

é necessário a pesquisa de hemólise e aglutinação em virtude desta espécie apresentar certos

iso - anticorpos que atuam como hemolisinas. Nos bovinos e ovinos deve-se realizar a

pesquisa de hemólise apenas, pois os eritrócitos destas espécies apresentam muito pouco

tendência a aglutinação. No cão a presença de uma pequena hemólise não é específica.

Page 64: Poligrafo laboratorio  2014

63

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA

Conforme Silveira (88), a importância dos grupos sanguíneos nos animais:

Os grupos sanguíneos são caracterizados pêlos antígenos específicos das hemácias e

pêlos anticorpos naturais do soro. Os antígenos específicos das hemácias, também

chamados de "determinantes antigênicos", hereditariamente adquiridos, são substâncias que

caracterizam os grupos sanguíneos. Estão presentes nos eritrócitos, aderidos às suas

membranas, ou existem sob a forma solúvel nos líquidos orgânicos: saliva, suco gástrico,

líquido seminal, soro do leite, plasma, etc., sendo secretados pelas células mucosas e

excretadas subsequentemente para o plasma.

Os anticorpos naturais do soro respondem pelas reações clínicas das transfusões

incompatíveis e recebem também a denominação de "Iso-hemaglutininas" e pertencem,

geralmente, a classe IgG.

- Número de Grupos Sanguíneos, Fatores Determinantes e Anticorpos Naturais Existentes

nos Animais Domésticos:

Espécie Nº grupos sang. Fatores Sang. Grupos + import. Isoantic.nat.soro

Bovino 11 80 B - J Anti - J

Equino 08 30 Q Anti - A e B

Suíno 15 65 A - E Anti - A e Ea

Ovino 07 - B - R' Anti - R e O

Canino 11 15 A Anti - B, D e Tr

Felino 03 02 A Anti - A e B

' Os antígenos são adquiridos do plasma durante a 1ª semana ou meses depois do

nascimento. Silveira (88), Patologia Clínica Veterinária

O número de determinantes dos grupos sanguíneos nos animais varia

consideravelmente entre as espécies, sendo reconhecidamente maior que 80 nos bovinos e

menor que 3 nos felinos.

- COMPATIBILIDADE SANGÜÍNEA

Quando um paciente humano recebe sangue de um doador que possui em suas

hemácias antígenos de superfície diferentes daquelas encontradas nas hemácias do receptor,

produz-se uma reação de hipersensibilidade, decorrente da interação dos anticorpos naturais

existentes no receptor com as hemácias do doador. O resultado será a destruição das

hemácias do doador ( hemólise por isoimunização).

Page 65: Poligrafo laboratorio  2014

64

Nos animais, os anticorpos naturais existem em baixa concentração e reagem contra

um pequeno nº de antígenos.

No bovino, há pouco perigo de reação incompatível, quando se faz somente uma

transfusão, porque o único anticorpo natural que pode ser encontrado é o Anti - J (afim do

anti A humano). Portanto, os doadores J negativos não sofreriam hemólise de seu sangue,

pois não haveria interação dos anticorpos do receptor contra suas hemácias.

Igual situação caracteriza o sangue de Equinos e Suínos que possuem anticorpos

Anti-A e Anti-B.

As reações de transfusão de sangue incompatível, na prática, ocorre com maior

frequência quando o cão foi sensibilizado em uma transfusão anterior. Se um cão A

negativo foi anteriormente imunizado com um sangue A positivo, a reação subsequente é

produzida em menos de 1 hora, com manifestações de hemoglobinemia, hemoglobinúria,

trombocitopenia, leucopenia, febre, tremor, urticária e prostração.

No gato, o grupo A representa 73,3% da população felina, o tipo B - 26,3%, e

apenas 0,4% representa o tipo AB que é mais raro. Um gato do tipo A tem pouca ocorrência

natural de isoanticorpos Anti-B. Todavia, o grupo B tem altos títulos de anticorpos Anti A,

os quais aumentam o perigo de uma reação, mesmo na primeira transfusão de sangue

incompatível.

Com exceção desta espécie, na prática algumas poucas transfusões provocam

incompatibilidade e qpresentam reações clínicas, porque, normalmente, não se fazem

transfusões múltiplas de uma forma geral, a não ser que o animal apresente uma doença

crônica que demande repetidas transfusões. A maior parte das transfusões são realizadas

como emergência para salvar vidas e se constituem, na realidade, na primeira transfusão

que o animal recebeu.

- INDICAÇÕES CLÍNICAS

A mera existência de uma anemia não é justificativa para uma transfusão sanguínea.

Geralmente os bovinos requerem uma transfusão sanguínea quando o hematócrito cai

abaixo de 14%, os Equinos - 15%, os caninos - 12% e os felinos - 10%.

Rotineiramente, as transfusões tornam-se necessárias e desejáveis quando o número

de hemácias estiverem abaixo de 50% do valor normal mínimo para a espécie considerada.

- QUANTIDADE, VIAS DE REPOSIÇÃO E RECOMENDAÇÕES:

Os animais tem aproximadamente 10% do seu peso vivo em sangue.

Usar 10 ml de sangue/Kg de peso, a fim de obter um aumento aproximado de 1.000.000 de

hemácias no sangue do receptor.

Page 66: Poligrafo laboratorio  2014

65

Exemplo: Um terneiro deve ter no mínimo 5.000.000 de hemácias por mm³. Considerando

um terneiro de 150 Kg e com 2.000.000 de hemácias, este deverá receber:

30 x 150 = 4.500ml ( 4,5 litros ); de outro modo: 10 x 150 x 3 = 4.500ml.

- Um cão ( normal 5.500.000 de hemácias) com 10 Kg e 2.000.000 de hemácias:

10 x 10 x 3,5 = 350ml

Nas anemias aparentemente graves, poder-se-á transfundir de 25 até 50% do total do

sangue estimado para o peso do animal.

Ex. Cão - 10Kg - Volemia - 1 litro - transfundir - 250 a 500ml

Terneiro - 200 Kg - Volemia - 20 litros - transfundir - 5 a 10 litros.

- Durante o ato de transfusão, nos primeiros 10 minutos: deixar correr 60 a 120 gotas de

sangue por minuto e observar a ocorrência de possíveis sinais clínicos que revelem

incompatibilidade.

- Posteriormente: o fluxo poderá ser mais rápido, uma vez que o calibre da própria agulha

fará o controle.

- O sangue deverá ser passado lentamente, em pacientes com anemia crônica, para impedir

a ocorrência de sobre carga cardíaca.

- A via preferida em grandes animais é a jugular. A caudal também pode ser usada em

certas situações.

- Doador - Todo animal pode doar de 1 a 2% de seu peso vivo em sangue, no máximo, uma

vez a cada

15 dias. Cães - 200 a 300 ml - máximo 500ml.

Doador ideal canino – ter 2 a 8 anos, peso acima de 28kg

. Cães com peso superior a 28kg podem doar – 450mL de sangue a cada 3 semanas, sem

necessidade de suplementação nutricional com ferro.

. O ideal é que a doação tenha intervalos de 3 a 4 meses.

. Podem ser machos ou fêmeas castradas ou nulíparas;

. Não utilizar animais que já estiveram prenhes ou que receberam transfusão prévia, devido

a possibilidade de exposição a hemácias estranhas e subsequentes formação de

aloanticorpos.

. Submeter os doadores a exame clínico e hemograma antes da doação;

. Anualmente deve ser realizado perfil bioquímico e

Sorologia para: Brucela canis; Erlichia sp.; Dirofilaria immitis, Babesia sp.; Leischimania

sp. (localização geográfica e incidência.

Page 67: Poligrafo laboratorio  2014

66

Doador ideal felino

- Idade entre 2 a 5 anos, peso acima de 4kg (5 -7kg não pode ser obeso); Ht > 35%,

Hb > 11 g/dl;

- Volume máximo a ser colhido – 11 a 15 mL/kg a cada 21 dias;

- Cuidado com HIPOTENSÃO durante ou logo após a coleta;

- Geralmente é necessário sedar o paciente;

- Administrar solução salina intravenosa, dose 2 a 3 x o volume sanguíneo colhido.

- Submeter os doadores a exame clínico e hemograma antes da doação;

- Anualmente deve ser realizado perfil bioquímico

- Sorologia para: Toxoplasma gondii, Haemobartonella felis, vírus da peritonite

felina, leucemia felina e panleucopenia felina.

-

Opções para transfusão:

INDICAÇÕES SANGUE E COMPONENTES

Anemia Sangue fresco total

Sangue fresco estocado

Papa de hemácias

Trombocitopenia Sangue fresco total

Trombocitopatia Plasma rico em plaquetas

Coagulopatias Sangue fresco total

Plasma fresco

Plasma fresco congelado

Hipoproteinemia Plasma fresco

Plasma fresco congelado

FTIP * Plasma fresco

Transferência de imunidade específica Plasma fresco congelado

Septicemia/endotoxemia Plasma congelado

*falha da transferência da imunidade passiva

Page 68: Poligrafo laboratorio  2014

67

1- Sangue fresco total: coletado no máximo há 4 h – manter em TºC ambiente (ou 1 a

6ºC).

Anticoagulante usado: citrato de sódio 3,8% (1 mL/10mL de sangue) ou

heparina – 60 a 120 UI/para cada 500 mL sangue

Componentes: Hemácias – Leucócitos – Plaquetas – Plasma – Proteínas

e todos os fatores de coagulação

- Indicação: Hemorragia aguda (anemia com hipovolemia).

2- Sangue total estocado: manter Temperatura 4 – 6 ºC

Tempo de estocagem: 35 dias Cães

30 dias Bovinos

28 dias Equinos

Anticoagulante usado: Citrato Fosfato Dextrose Adenina – CPDA1 ou Citrato Ácido

Dextrose – ACD contém fatores nutricionais ou preservantes de hemácias.

Componentes: Hemácias – Proteínas Plasmáticas – Fibrinogênio

- ACD – 10 mL/60mL de sangue total (preservação média 21 dias)

- CPDA-1 - 10 mL/60mL de sangue total (preservação média 35 dias – adenina

fornece substrato para as hemácias sintetizarem ATP durante estocagem)

3- Papa de hemácias (volume globular) – centrifugar (2000 rpm /30’) ou sedimentar

(36 a 48hs) o sangue fresco total e ressuspender as hemácias em solução salina a 0,9% -

(0,5:1 ou de 1:1 – para cada 100mL de papa acrescentar 50 ou 100mL de solução salina

isotônica).

. Tempo de estocagem: 30 dias a T 4ºC

A papa de hemácias é pobre em eletrólitos, menos plaquetas e fibrinogênio.

. A administração é realizada como a transfusão.

. A administração deve ser lenta para evitar a sobrecarga cardíaca, em casos de anemia

crônica não deve ultrapassar a velocidade de 10 mL/Kg/h.

. Indicada para animais que precisem melhorar sua capacidade de transporte de oxigênio

e não apenas reposição de volemia. Utilizar sempre que o hematócrito esteja inferior a 25%.

Sinais físicos indicadores para transfusão de papa – fraqueza excessiva, edema e

anorexia prolongada.

4- Plasma Fresco Congelado colhido – separado e armazenado a -18ºC até 6 h

após a coleta. Pode ser armazenado por até 1 ano.

. O congelamento protege os fatores de coagulação lábeis ( V e VIII)

Fornece: Todos os fatores de coagulação

Proteínas plasmáticas

Imunoglobulinas

De 500 mL de sangue com anticoagulante, podem ser obtidos 250 mL de

plasma.

Page 69: Poligrafo laboratorio  2014

68

OBS: O armazenamento prejudica a manutenção de níveis adequados do fator

VIII e do fator de von Willebrand.

5- Plasma Fresco Congelado deve ser aquecido em banho-maria à 30 - 37ºC

por 20 a 30 minutos somente antes de ser administrado.

Indicação: casos de hipoproteinemia e para reposição de volume quando o

hematócrito for alto com proteínas plasmáticas baixas; para repor fatores de

coagulação. Pressão oncótica plasmática reduzida (efusão pleural severa, edema

pulmonar), pacientes em anestesia com risco de hipotensão, defict de vitamina K,

hemofilia B.

Dose média – 6 a 10mL/Kg via endovenosa.

Fórmula

plasma (l)= peso (kg) x 0,05 x défict protéico (g/dl)

Proteína no plasma do doador (g/dl)

6- Plasma Congelado quando o congelamento ocorre após 6h da coleta.

Conserva – somente fatores de coagulação dependentes da vitamina K

(II – VII- IX – X )

Proteínas Plasmáticas

Imunoglobulinas

Manter a temperatura de -40 e -60ºC – armazenado por mais de 1 ano.

7- Plasma rico em plaquetas obtido após centrifugação do plasma fresco.

Estocar em temperatura ambiente, manter em agitação suave por no máximo 48hs.

(cuidado com risco de contaminação bacteriana)

Indicações:

Pacientes com trombocitopenia grave

Pacientes com disfunções plaquetárias congênitas ou adquiridas

A transfusão sanguínea é medida terapêutica emergencial, de efeito limitado e

transitório. O tempo de vida das hemácias transfundidas é relativamente curto,

e sua indicação em anemia crônica é questionável.

Page 70: Poligrafo laboratorio  2014

69

Tempo de vida das hemácias transfundidas

ESPÉCIE TEMPO DE VIDA

(EM DIAS)

Equinos 2 – 6 dias

Bovinos 2 – 3 dias

Caprinos 2 – 5 dias

Suínos Até 14 dias

Caninos Até 21 dias

Felinos Até 70 dias

REAÇÕES DE TRANSFUSÕES INCOMPATÍVEIS E SINAIS CLÍNICOS

Silveira (88), Patologia Clínica Veterinária

No tratamento de incompatibilidade transfusional, poderão ser usadas anti-

histamínicos e corticosteróides, para diminuir a reação de hipersensibilidade ( alergia ).

Na maioria das vezes, havendo hipotensão arterial com tendência ao choque, são

indicados agentes estimuladores da pressão ( alfa e beta adrenérgicos) à base de Dopamina.

Esforços ocasionais deverão ser desenvolvidos para manter volume e fluxo urinário, para

impedir o desenvolvimento de uma insuficiência renal.

Classificação Reações sinais clínicos

-Não imunológicas .Anormalidades hemodinâmicas (sobrecarga

vascular).

. Febre (agentes infecciosos)

. Hemólise assintomática: trauma físico dos

eritrócitos: congelamento, superaquescimento.

- Tosse, dispneia, vômitos e urticária.

- Febre.

- Nenhum.

- Imunológicas . Incompatibilidade hemolítica dos eritrócitos. - Inquietação, ansiedade, tremores musculares.

Náuseas, vômitos, apnéia ou taquipnéia.

- Incontinência urinária ou fecal.

- Convulsões.

Page 71: Poligrafo laboratorio  2014

70

Capítulo V – EXAMES COMPLEMENTARES

1. Hemossedimentação (VHS)

O sangue contendo anticoagulante, quando em repouso, os eritrócitos tendem a

sedimentar. Este processo é acelerado quando há existência de certos processos patológicos.

A hemossedimentação depende de vários fatores, dentre eles merecem destaque a

tendência dos eritrócitos a formares pilhas globulares ( rouleax), o nº e tamanho destas

células por volume de sangue, a concentração de fibrinogênio, o teor de globulinas e ainda

o tipo de anticoagulante.

Interpretação: Muitos dos diversos fatores que influenciam na VHS não foram ainda

estabelecidos. Todavia, tem-se verificado que a VHS aumenta em associação com o dano

tecidual e em episódios de processos inflamatórios. Esse incremento é uma resposta

inespecífica, tendo valor limitado, como instrumento para a configuração de um diagnóstico

definitivo. A maior importância, é no acompanhamento do curso de uma enfermidade e,

particularmente, na avaliação da resposta de um indivíduo a processos necróticos ou

inflamatórios.

. Bovinos: Normalmente a formação do rouleax no sangue de ruminantes é escassa. O

resultado da VHS superior a 4mm em 7 horas indica existência de processo patológico.

. Equinos: Os equinos apresentam uma intensa capacidade de formação do rouleax. Ocorre

na AIE.

. Suínos: Pneumonia, peste suína.

. Cão: Leptospirose, cinomose, radiações, prenhez, miocardite, filariose, pneumonia, nefrite

intersticial crônica, peritonite, pleurite e hepatite infecciosa canina.

- SEDIMENTAÇÃO DIFÁSICA

Ocasionalmente, em uma determinação de VHS, não há linha definida entre os

eritrócitos sedimentados e o plasma. Este último está transparente, excetuando um halo de

leucócitos que parece ondular por sobre a coluna de eritrócitos. Esse fenômeno é resultado

da presença de reticulócitos ou de outras formas imaturas de eritrócitos. Ele poderá também

ocorrer, caso esteje presente um grande número de eritrócitos com formas anormais. Esse

"rastro" de eritrócitos ocorre porque as células envolvidas possuem dimensões maiores;

além disso, elas não participam das formações de "rouleax" .

Sempre que ocorre sedimentação difásica, indica a presença de uma alteração eritrogênica.

Page 72: Poligrafo laboratorio  2014

71

2. TEMPO DE COAGULAÇÃO

Constitui o tempo necessário para que haja completa coagulação de sangue e,

considerando o tempo inicial o momento em que é retirado do vaso sanguíneo. A técnica

utilizada e a temperatura influenciam no tempo de coagulação dos animais.

- Método de LEE - WHITE

Para coletar sangue, no processo de determinação do tempo de coagulação de Lee-

White, lavamos uma seringa e agulha estéril com solução salina fisiológica, também estéril.

A salina deve ser cuidadosamente expelida, de forma que o espaço morto no fim do cilindro

e da agulha permaneça desocupado. Devemos coletar mais de 3 ml de sangue, e o tempo de

coagulação deve ser registrado desde o momento em que o sangue inicialmente aparece na

seringa. Precisamos evitar ao máximo a introdução de ar na seringa, pois o ar acelera a

coagulação. A agulha é removida da seringa e 1 ml de sangue é colocado em cada um dos

três tubos., com diâmetro interno de 13mm e comprimento de 75mm.

Estes tubos devem estar quimicamente limpos, tendo sido enxaguados com solução salina

fisiológica imediatamente antes do uso. Antes ainda de se colocar o sangue nesses tubos,

eles deverão ser postos em um recipiente com água mantida à temperatura de 37ºC. Os

tubos serão movimentados delicadamente a intervalos de 30 segundos, começando com o

tubo 1. Quando este coagular, continuaremos com os tubos 2 e 3, respectivamente.

Devemos tomar cuidado para não deixar que os tubos esfriem ou sejam agitados em

excesso, até que ocorra a coagulação.

O tempo de coagulação será registrado quando o tubo puder ser invertido sem que

seu conteúdo escorra. O ponto terminal, correspondente ao encerramento da contagem de

tempo, será alcançado quando o tubo nº 3 coagular; o tempo de coagulação inicia-se no

momento em que a amostra de sangue é obtida até que esteja completada a coagulação do

tubo nº 3.

OBS: O tempo de coagulação em plástico ou tubos siliconizados é aproximadamente 2

vezes mais longo que em vidros.

- Método do TUBO CAPILAR:

O sangue é obtido por punção cutânea, após desprezar a 1ª gota encher o tubo

capilar com sangue e mantê-lo na posição horizontal. Marcar o tempo e a intervalos

regulares de 30 segundos, quebrar os fragmentos de aproximadamente 1 cm do tubo.

Quando após a quebra do tubo aparecem filamentos de fibrina nas extremidades deste,

marca-se o período transcorrido. O tempo de coagulação corresponde ao tempo gasto até o

aparecimento do coágulo.

Muito difícil a obtenção do sangue desta maneira, sem que haja a contaminação com

fluídos tissulares em quantidade excessiva.

Page 73: Poligrafo laboratorio  2014

72

VALORES NORMAIS DO TEMPO DE COAGULAÇÃO DO SANGUE TOTAL

- MÉTODO DE LEE - WHITE -

ESPÉCIE TEMPO DE COAGULAÇÃO

Bovino - Vidro 04 - 15

Ovino - Vidro 04 - 15

Plástico 05 - 27

Equino - Vidro 20 - 32

Silicone 57 - 86

Suínos - Vidro 6,2

Caninos - Vidro 06 - 7,5

Silicone 28 - 40

Felinos - Vidro 9,2

Interpretação:

O tempo de coagulação encontra-se aumentado quando há:

. Hemofilia

. Lesão hepática severa

. Trombocitopenia

. Uremia

. Envenenamento pelo fósforo

. Deficiência de vitamina K

. Deficiência de Manganês em aves.

3. CONTAGEM DE RETICULÓCITOS

Coloca-se uma gota de sangue em um tubo de ensaio e uma gota de azul cresil

brilhante, homogenizar, e esperar alguns minutos com este tubo em banho- maria. Fazer o

esfregaço e deixar secar livremente.

Conta-se os reticulócitos (x100) que são raros, mas o que importa é sua percentagem

relativa ao nº de hemácias.

Contagem % absoluta de reticulócitos = contagem % observada x VG observado

VG normal

Exemplo: Cão com VG 20%, contagem de reticulócitos 32%

Contagem absoluta = 32 x 20 = 14,5%

45

Page 74: Poligrafo laboratorio  2014

73

4. TEMPO DE SANGRIA

Consiste na observação do tempo gasto para que haja hemostasia de uma pequena

incisão realizada na pele e está intimamente relacionada com o nº de plaquetas.

- MÉTODO DE DUKE

Realizar assepsia da região onde deverá ser realizada a prova (orelha ou lábio).

Praticar uma incisão cutânea com uma agulha comum ou lanceta de Bensaúde de modo a

conseguir um fluxo de sangue e através de um cronômetro marcar o tempo quando

aparecer a 1ª gota de sangue e através do papel filtro enxugar o sangue a cada 30’’, encerrar

o tempo quando não mais aparecer sangue, determinando-se assim o tempo de sangria.

Interpretação:

Este tempo poderá estar aumentado quando há:

- trombocitopenia,

- defeito na parede vascular,

- lesão hepática severa;

- uremia;

- após administração de grande quantidade de anticoagulante.

O tempo de sangria nos animais domésticos varia entre 1 a 5 minutos, podendo ser

observado no cavalo 5 a 15’’ pelo método de Duke.

Page 75: Poligrafo laboratorio  2014

74

5-CASOS CLÍNICOS

1. Cão cocker spaneil, com 8 anos, 20 Kg, apresentando as mucosas oculares e bucais

intensamente descoradas. Anorexia, apatia, aumento de volume abdominal.

Eritrograma

Hemácias - 1.800.000 (5,5-8,5 x 106)

Hb - 3,4 g% ( 12-18)

VG - 12% (35-55)

Ret.- 0,5% (0,5-1)

PPT- 3,7g/dl (6 - 7 )

FP - 100mg% (200-400)

IC - 2 UI (2 - 5 )

VGM - 66 (60-77)

CHGM - 31 (31-37)

Interpretação: Há anemia arregenerativa, normocítica normocrômica. É arregenerativa

porque a contagem de reticulócitos está nos limites normais. É uma anemia resultante de

uma doença crônica, provavelmente de origem hepática em virtude do valor da ppt -

hipoproteinemia acentuada. A lesão hepática deste animal pode ser crônica com um certo

grau de cirrose. Pelo valor da ppt, pode-se dizer que está ocorrenco transudação de líquidos

para a cavidade, para que o órgão se torne afuncional, para a realização de síntese de

proteínas, como é o caso.

2. Cão, fêmea, 7 anos, Dobermam, apresentando polidipsia, levemente febril, corrimento

vaginal achocolatado.

Eritrograma

Hemácias - 6.700.000

Hb - 13,5 g%

VG - 40%

Retic. - 1%

PPT - 8,3g/dl

FP - 600mg%

IC - normal

Interpretação: Não há anemia. O que chama a atenção é o aumento de PPT e FP. O aumento

de PPT é devido a hipertonicidade plasmática que ocorre na piômetra - pelo fato de haver

acúmulo de líquidos (água) no útero e consequentemente desvio de água do plasma (

hemoconcentração).

O FP se eleva devido a contaminação do líquido uterino com bactérias - processo

inflamatório séptico.

Page 76: Poligrafo laboratorio  2014

75

3. Cão macho, adulto, SRD, apresentando desidratação intensa, mucosas oculares

hiperêmicas, temperatura 39,5ºC. Odor amoniacal à respiração. Pêlos de cor e aspecto

desagradável.

Eritrograma

Hemácias - 1.600.000

Hb - 3,1 g%

VG - 10%

Retic. - 0,5%

VGM - 62,6

CHGM - 31%

PPT - 10g/dl

FP - 600 mg%

IC - plasma pálido(descorado)

Interpretação: Anemia arregenartiva devido à anormalidade da contagem de reticulócitos e

com agravante de indicação de depressão da medula óssea. Esse quadro acontece mais

comumente em cães com nefrite crônica difusa ou insuficiência renal, A ausência da

resposta da medula óssea à anemia é devida à falta de eritropoetina - hormônio renal cuja

função é estimular a diferenciação na medula em todas as espécies animais.

Esse quadro tem uma indicação forte para as doenças referidas, em virtude do estado

de desidratação grave que acompanha o paciente (PPT = 10 ). Esta hiperproteinemia ocorre

em doenças renais avançadas, face à retenção de solutos (Uréia, creatinina) na fase oligúria,

diminuição da filtração glomerular e inanição.

O valor elevado de FP é decisivo para o diagnóstico de processos infecciosos

inflamatórios; a doença renal avançada é uma das poucas patologias em animais de pequeno

porte, em que há elevação deste parâmetro.

4. Cão, 3 meses, Chiuaua. Informações recebidas à necrópsia: no dia anterior, o animal foi

apresentado no ambulatório ao clínico de plantão, com diarréia aquosa, vômito, temperatura

alta. Morreu em 24hs. Foi encaminhado para anatomia patológica.

Hemograma

Hemácias - 5.200.000(5,5-8,5x106) Leucócitos: 2.500 (6 – 15x10

3)

Hb - 12,2 g% (12-18) Bastão - 25% (0 - 2)

VG - 38% (37-55) Segmentados- 50% (60-77)

VGM - 73,1 (60 -77) Linfócitos - 24% (12 - 30)

CHGM - 32,1 (31 - 37) Monócitos: 1% (3 - 10)

PPT - 5,6 g/dl (6 - 7) Eosinófilos - 0% (2 - 10)

FP - 600 mg% (200-400)

Interpretação: Nesta virose, a desidratação é um sinal que normalmente acompanha este

animal. É manifestada pelos valores normais ou falsamente elevados do hematócrito e das

PPT. A hiperfibrinogenemia tem sido uma constante na fase em que houve infecção

bacteriana secundária. A leucopenia ocorre pela depressão da medula ósssea, marcadamente

Page 77: Poligrafo laboratorio  2014

76

do número de neutrófilos e linfócitos. Na prática, os animais com menos de 3.000

leucócitos dificilmente obtêm êxito no tratamento, mesmo quando racionalmente

conduzidos.

Outras viroses do cão provocam sintomas similares, principalmente coronavírus, a

qual pode ser diferenciada pela ausência de febre e a inexistência de leucopenia. Esta última

é mais sensível ao tratamento e acomete animais jovens e adultos.

5. Equino, PSI, potro 6 meses, macho, apresentando anorexia, fraqueza, palidez das

mucosas. Mucosas ictéricas.

Hemograma

Hemácias - 2.540.000 (7 – 13x106) Leucócitos: 15.400 (6 – 11x10

3)

Hb - 4,6g% (10 - 18) Bastão - 2% (0 - 2)

VG - 14% (32 - 48) Segmen. - 40 % (55- 65)

PPT - 6,8g/dl (6,5 - 7,0) Eosinóf. - 1% (1 - 4)

FP - 400 mg% (200-400) Monócit.- 4% (3 - 5)

IC - 30 UI (5 - 20) Linfócitos- 53% (30-35)

OBS: Exame do esfregaço corado: Presença de Babesia equi. Policromatofilia acentuada,

com presença de células jovens. Eritrofagocitose.

Interpretação: Anemia regenerativa com boa resposta da medula é uma característica do

processo hemolítico parasitário. Há necessidade de transfusão pelo valor do VG - 14%. O

aumento do IC reforça o diagnóstico da hemólise intravascular. O FP está normal, pela

ausência de condição inflamatória. Há leucocitose com linfocitose, esta última relacionada

com a estimulação antigênica determinada pelo agente.

A Babesia equi é difícil de ser encontrada na forma aguda em animais adultos. A

mais comum é a forma crônica, quando se encontram poucas formas parasitárias no

esfregaço. Provavelmente, numa condição de stress, o parasita tem seu potencial de

multiplicação exacerbado e a partir de sua liberação do SRE, onde parece ficar

sequestrado. A eritrofagocitose - fagocitose das hemácias alteradas, desenvolvida por

macrófagos do sangue - é uma alteração patológica comum no sangue de animais

parasitados por hematozoários, principalmente cães e equinos.

Page 78: Poligrafo laboratorio  2014

77

Capítulo VI – NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS

É uma doença neoplásica generalizada, envolvendo 1 ou mais tipos de

células dos tecidos hematopoiéticos, medula óssea, tecido linfóide, SRE.. O seu diagnóstico

pode ser feito através do exame de sangue circulante, exame de medula através de punção

ou ainda através de biópsia de gânglio.

É definida pela presença de células sanguíneas neoplásicas no sangue periférico ou

na medula óssea e geralmente é classificado como distúrbios MIELOPROLIFERATIVOS

E LINFOPROLIFERATIVOS.

A leucemia é invariavelmente fatal; assim, deve-se ter o cuidado para firmar um

diagnóstico positivo, a menos que ele seja cuidadosamente confirmado. Em alguns casos

essa confirmação é conseguida pelo exame de sangue e pela demonstração de alterações

típicas, no sangue periférico. O exame de medula óssea é frequentemente utilizado para

colaborar com os achados no sangue.

Geralmente a configuração absoluta é difícil, porque embora o nome da doença

sugira a existência de uma alteração observável no sangue e com um aumento de leucócitos,

esses achados nem sempre estão presentes.

Na identificação do tipo de leucemia, a célula tipo que caracteriza a enfermidade

deverá ser demostrada.

As leucemias de acordo com o seu grau de malignidade e o número de leucócitos

pôr mm³ de sangue podem ser classificados em: leucêmicas, subleucêmicas e aleucêmicas.

- Leucêmica: produz leucocitose intensa com elevado número de células deformadas e

imaturas no sangue circulante.

- Subleucêmica: Os leucócitos apresentam-se em número normal ou ligeiramente

aumentados enquanto que é pequena a quantidade de células deformadas no sangue

circulante.

- Aleucêmica: Também neste tipo os leucócitos apresentam-se dentro dos valores normais e

poucas são as células anormais no sangue circulante.

Nas leucemias aleucêmicas e em algumas subleucêmicas, torna-se necessário o

exame de medula e biópsia para confirmar o diagnóstico.

Baseando-se no curso do processo leucêmico, as leucemias podem ser agrupadas em

agudas ou crônicas. As agudas geralmente são subleucêmicas e as crônicas podem ser do

tipo leucêmico, subleucêmico ou aleucêmico.

De acordo com o tipo de células predominante no sangue circulante, na medula

óssea ou no tecido linfóide, as leucemias podem ser granulocíticas - também chamadas de

mielógenas; linfocíticas - linfossarcoma e linfoma maligno; e monocíticas.

Page 79: Poligrafo laboratorio  2014

78

Existem vários outros termos representativos das leucemias, dentre eles merecem

citação:

1. Leucose: Neoplasias dos leucócitos de um modo geral. Em determinados países apenas

para as leucemias das aves (EUA); enquanto na Europa para designar as enfermidades

neoplásicas dos leucócitos como um grupo geral. No Brasil é usado para as neoplasias dos

Bovinos.

2. Leucemia: "Sangue Branco", termo usado primeiramente pôr Wirchow em 1847,

representa as leucoses nas quais os leucócitos neoplásicos são observados no sangue

circulante.

3. Linfossarcoma: Neoplasia de origem linfógena, sendo este termo aplicado somente para

as neoplasias com um ponto central de origem - unicêntrica - as quais se estendem pôr

invasão e metástase - parte de uma víscera e se espalha para as demais.

4. Linfoma maligno: Assim são denominadas as leucemias de origem linfógena, quando se

observa engrossamento de muitos ou todos os linfonodos, representa as leucemias que

possuem muitos pontos de origem - multicêntrica.

5. Doença de Hodgkin: Rara nos animais domésticos, é representada pelos processos

granulomatosos dos gânglios linfáticos com hiperplasia linfocítica no início do processo,

seguida de perda progressiva de estrutura normal dos linfócitos. Este tipo tem como sinal

patognomônico a presença de células Reed-Sternberg as quais são gigantes, mono ou

multinucleadas.

6. Mielose - Eritrogênica: Neoplasia hematológica caracterizada pôr uma excessiva

proliferação de células da linhagem eritrocítica.

7. Eritroleucemia: Proliferação das linhagens eritrocíticas e mielocíticas no sangue

periférico, simultaneamente.

8. Leucemóide: Designação utilizada para o aumento do número de leucócitos e quadro

sangüíneo diferencial semelhante a uma leucemia, mas que tem causa diferente.

Page 80: Poligrafo laboratorio  2014

79

Thrall, 2007

NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS DO CÃO

Linfossarcoma (sinônimo: linfoma maligno, leucose linfóide, leucose linfática)

É a forma mais comum de leucemia em cães, embora sangue leucêmico seja

relativamente difícil de ser encontrado. Assim como no bovino, a incidência aumenta com a

idade, estando a maior incidência na faixa etária de 5 a 9 anos.

Formas clínicas:

MULTICÊNTRICA: caracterizada por linfoandenopatia bilateral da maioria dos nódulos

superficiais, hepatoesplenomegalia e envolvimento de outros tecidos e órgãos.

ALIMENTAR: raramente acomete os linfonodos superficiais ou o baço, mas o tubo

gastrintestinal e linfonodos mesentéricos são normalmente envolvidos. É o tipo menos

diagnosticado na literatura.

Diagnóstico:

Clínico: O sinal clínico mais comum de cães com linfossarcoma é a linfoadenopatia

bilateral, indolor dos linfonodos superficiais (pré-escapular, inguinal e poplíteo). As

amídagas podem estar hipertrofiadas.

A forma multicêntrica é dividida por alguma autores em 3 fases clínicas

progressivas:

a) Linfoadenopatia em cães relativamente normais;

b) Início com perda de peso e leves distúrbios digestivos;

Page 81: Poligrafo laboratorio  2014

80

c) Rápida mudança de comportamento, com anorexia, apatia, emaciação, desidratação

e morte.

O linfossarcoma no cão é afebril e deve ser diferenciado da linfoadenopatia

acompanhada de febre, cujo diagnóstico é provavelmente de linfadenite infecciosa.

Pode haver formação de ascite na fase final, quando então o animal se apresenta em

péssimas condições físicas. Alguns autores estimam o tempo de duração da doença, até

a morte é em torno de 180 dias.

Laboratorial: a forma leucêmica da doença é rara. O número de leucócitos está no limite

normal máximo (18 a 20.000/mm³), havendo exceção nos estágios finais, onde há

comprometimento bacteriano com depauperamento do animal.

A leucopenia pode existir em alguns casos e não é considerada um resultado

anormal.

Leucocitose absoluta é dificilmente encontrada, diferenciando, neste aspecto, dos

bovinos. Porém, o aparecimento de formas imaturas de linfóctios no sangue periférico

em pequenas proporções é comum, NÃO PODENDO SER INTERPRETADO COMO

DIAGNÓSTICO. Nos casos mais avançados da doença, as formas anormais dos

linfócitos (nucleo binucleado com pseudópodes e hipercromatismo) chamam a atenção.

A indicação mais segura para o disgnóstico é a biópsia (citoaspirado) do linfonodo,

facilmente desenvolvida com agulha fina, que ajuda em 60% dos casos, ou pela

histopatologia.

Nos estágios finais da doença, a medula óssea está acometida por células

linfocitárias neoplásicas.

Anemia, quando presente, é moderada do tipo arregenerativa, mostrando uma

contagem baixa de reticulócitos.

A concentração de proteína está na dependência do estágio da doença e do

comprometimento do baço e fígado.

O cálcio sanguíneo mostra valores altos em uma grande porcentagem de animais,

pela produção ectópica de hormônios semelhantes ao PHT (pseudo

hiperparatireoidismo).

LECEMIAS LEUCÊMICAS

1. Linfocítica

Há relatos de leucemias leucêmicas linfocíticas em cães, cuja contagem de

leucócitos variam de 120 a 580.000/mm³, dos quais 85 a 97,5% das células eram de origem

linfóides e presentes no sangue. Apresentam formas linfocitárias imaturas no sangue, em

proporções variadas.

Depressão de diversos meses de duração, vômito ocasional e episódios esporádicos

de diarréia, anorexia, perda de peso e temperatura corporal ocasionalmente elevada são os

sinais clínicos principais.

Pode ocorrer linfoadenopatia bilateral, infiltração de linfócitos na medula óssea e

esplenomegalia. A idade varia de 9 a 10 anos.

Page 82: Poligrafo laboratorio  2014

81

2. Granulocítica ou Mielocítica

Faixa etária varia de 16 meses a 14 anos. Na maioria dos casos os animais

apresentam-se com sangue leucêmico, ou seja leucocitose com presença de células imaturas

nos esfregaço. Há neutrofilia com desvio a esquerda de mieloblastos.

Como característica das leucometrias específicas nesta espécie e neste tipo de

leucemia, é a disparidade nos estágios de desenvolvimento dos granulócitos. Num animal

com resposta normal, poder-se-ia esperar o encontro de menos mielócitos que

metamielócitos, menos metamielócitos que bastões, e menos bastões que segmentados. Em

leucemias granulocíticas, isto não é sempre verdadeiro; frequentemente são encontradas

quantidades maiores de mielócitos do que metamielócitos ou de metamielócitos que

bastonetes, e com frequência neutrófilos imaturos suplantam numericamente os neutrófilos

segmentados maduros.

As células leucêmicas com frequência são volumosas ao extremo, com citoplasma

altamente basófilos, estão presentes nucléolos, as vezes, mesmo as formas mais maduras

dos granulócitos. Há vacuolização do citoplasma. Os neutrófilos neoplásicos são

susceptíveis de mudanças degenerativas, ocorrendo após o evento da coleta. Os neutrófilos

neolpásicos degenerados com frequência assumem características de monócitos, podendo

ser difícil a diferenciação.

A anemia e trombocitopenia são achados frequentes devido a ocupação dos espaços

da medula óssea pelas células neoplásicas.

Na citologia por aspiração dos linfonodos observa-se granulócitos em vários

estágios de maturidade.

No exame físico observa-se linfadenopatia periférica, esplenomegalia e em alguns

casos hepatomegalia.

A queixa frequente dos proprietários é a perda de peso, com vários meses de

duração. Anorexia, vômito, diarreia, poliúria e polidipsia estão presentes.

OBS: ANIMAL SUSPEITO DE LEUCEMIA - FAZER O ESFREGAÇO

IMEDIATAMENTE APÓS A COLETA.

Outros tipos de leucemias em cães

- Leucemia leucêmica monocítica

- Leucemia dos mastócitos – mastocitoma

- Mieloma múltiplo ou mieloma plasmocitário

- Mielose eritrêmica e eritroleucemia

Page 83: Poligrafo laboratorio  2014

82

LEUCOSE BOVINA

É uma das doenças neoplásicas de maior importância nos bovinos. A forma mais

comum de leucose nos bovinos é a do tipo linfocítico, com características essencialmente

tumorais, recebendo a denominação compatível com esta forma de apresentação de

linfossarcoma.

Formas clínicas:

1. Forma Juvenil: Acomete terneiros de 1 a 6 meses de idade, ocasionando linfoadenopatia

generalizada, infiltração da medula óssea, fígado e baço com células neoplásicas.

2. Forma Tímica: Observada em terneiros de corte e leite, com idades variando de 6 a 30

meses, apresentando comprometimento maciço do timo e frequente envolvimento da

medula óssea. Os linfonodos regionais são também afectados, mas linfoadenopatia

generalizada é raro.

3. Forma adulta: É considerada como "Leucose Enzoótica Bovina", incidente em animais

da faixa etária de 2 a 18 anos. É comum haver múltiplas incidências no mesmo rebanho. Há

linfoadenopatia disseminada, afetando o coração, rins, abomaso, útero, medula espinhal,

intestinos, fígado, baço e bexiga, com ordem decrescente de frequência. É a forma mais

comum no Brasil. A forma enzoótica é a forma contagiosa, a qual está relacionada ao vírus

da Leucose Bovina (VLB), que é um oncornavírus tipo C.

Diagnóstico:

- Clínico: A enfermidade é tipicamente afebril atingindo preferentemente a faixa etária de

animais com idade acima de 5 anos. A evolução da doença é rápida, conduzindo o animal

para fase terminal e morte em apenas poucos meses. Aumento bilateral dos gânglios

superficiais (cervicais, submandibulares, femurais) é a primeira advertência, ainda que, em

alguns casos, a hipertrofia de um gânglio externo esteja aparente. A infiltração do

miocárdio e abomaso pode ocorrer conduzindo, neste último caso, a sinais de indigestão.

- Laboratorial: Hematologia: A contagem global dos leucócitos pode variar, podendo haver

leucocitose, leucopenia, ou leucócitos em número normal. Uma leucocitose variando de 15

a 30 mil leucócitos/mm³ de sangue, com linfocitose, é o resultado mais frequente. É

importante observar a presença de linfócitos imaturos, com núcleo redondo e nucléolo

evidente e citoplasma fortemente basófilo. Linfócitos anormais e típicos - núcleo duplo ou

com chanfradura e citoplasma vacuolizado - podem ser vistos em proporções que variam na

contagem diferencial de 4 a 10%, podendo ser consideravelmente maiores nas formas

leucêmicas.

Page 84: Poligrafo laboratorio  2014

83

Uma neutrofilia moderada acompanha o leucograma e é justificada pela presença de

produtos celulares necróticos, resultantes das células neoplásicas (tumorais), que são

quimiotáticas para os neutrófilos.

Eosinófilos estão sempre presentes no esfregaço, e as plaquetas, normalmente estão

aumentadas em tamanho e número.

A hipoproteinemia pode ocorrer na fase terminal da doença e pode ser explicada

pela anorexia prolongada, perda intestinal e comprometimento do fígado e baço.

A anemia pode ocorrer, entretanto, o estado anêmico franco é difícil de ser

encontrado, talvez pelo longo tempo de sobrevida das hemácias do bovino (160 dias) e pelo

estado de hemoconcentração em que o animal se encontra na fase final da doença,

mascarando os resultados dos exames.

A hematologia, quando criteriosamente desenvolvida e associada ao exame clínico,

dá bom respaldo ao diagnóstico, mas só é definitiva nos casos francamente leucêmicos.

OBS: A INDICAÇÃO MAIS SEGURA PARA DIAGÓSTICO É A BIÓPSIA DO

GÂNGLIO.

EFEITOS DA LEUCEMIA SOBRE O CORPO

Segundo GAYTON (1984), o primeiro efeito da Leucemia é o crescimento

metastático de células leucêmicas em áreas anormais do corpo. As células leucêmicas da

medula óssea podem reproduzir-se tão intensamente, de modo a invadir o osso circundante,

causando dor e, por fim, tornando-o facilmente fraturável. Quase todas as leucemias

disseminam-se para o baço, gânglios linfáticos, fígado e outras regiões bastante

vascularizadas, independentemente de a leucemia originar-se na medula óssea ou nos

gânglios. Em cada uma dessas áreas, as células em crescimento rápido invadem os tecidos

circundantes, utilizando os elementos metabólicos desse tecido e, consequentemente,

causando sua destruição.

O desenvolvimento de infeções, anemia intensa e tendência ao sangramento causada

pela trombocitopenia são efeitos muito comuns na leucemia. Tais efeitos resultam,

principalmente, da substituição da medula óssea normal por células leucêmicas.

Finalmente, talvez o efeito mais importante de leucemia sobre o corpo seja o uso

excessivo de substratos metabólicos pelas células cancerosas em crescimento. Os tecidos

leucêmicos reproduzem-se de modo tão rápido que uma enorme demanda é feita aos

líquidos do corpo para o fornecimento de substâncias nutritivas, especialmente aminoácidos

e vitaminas. Conseqüentemente, a energia do paciente é bastante diminuída, e a utilização

excessiva de aminoácidos causa a rápida deterioração das proteínas normais dos tecidos do

corpo. Assim, à medida que os tecidos leucêmicos crescem, os outros tecidos são

debilitados. É claro que após esse jejum metabólico ter-se prolongado em demasia, ele é,

por si só, suficiente para causar a morte.

Page 85: Poligrafo laboratorio  2014

84

CASOS CLÍNICOS

1. Canino macho, 3 anos, Pointer, 28 Kg. Animal estava fisicamente bem no dia anterior.

Houve uma súbita queda nas condições de saúde. Foram observadas apatia, fraqueza nas

pernas e instabilidade nos movimentos.

Sinais clínicos: Hipertermia. Frequências cardíacas e respiratória aumentadas. Icterícia

evidente. Hepato e esplenomegalia.

Hematologia

Eritrócitos: 630.000 (5,5-8,5x106) Leucócitos: 65.000(6-17)

Hemoglobina: 3,0g%(12-18) Mielócitos: 1%

VG: 10% ( 37-55) Metamielócitos: 11%

VGM: 166 ( 60-77) Bastões: 13% (0-3)

CHGM: 30% (31-36) Segmentados: 60% (60-77)

PPT: 7,4g/dl ( 6-7) Eosinófilos: 2% ( 2-10)

FP: 400 mg% (200-400) Monócitos: 1% (3-10)

IC: 50UI (2-5) Linfócitos: 12% ( 12-30)

Obs: exame do esfregaço corado: Policromatofilia acentuada. Presença de grande número

de células jovens eritrocitárias no sangue(metarrubrócitos). Auto aglutinação das hemácias.

Esferocitose.

2. Bovino, mestiço, Holandês, de aproximadamente 5 anos de idade, fêmea, com histórico

de diarréia líquida, profusa, em jactos, com mais ou menos 15 dias de duração. Mucosas

anêmicas, desidratação profunda. Hipertermia. Propriedade de manejo precário e condições

higiênicas pobres.

Hematologia

Eritrócitos: 3.700.000 (5-10 x 106) Leucócitos: 3.400 ( 4-12)

Hb: 6,9 g% ( 8-14) Mielócitos: 1%

VG: 22% ( 24-48) Metamielócitos: 2%

PPT: 4,0 g/dl ( 7-8) Bastões: 4% ( 0-2)

FP: 300 mg% (300-700) Segmentados: 34% ( 15-45)

IC: normal Linfócitos: 56% ( 45-75)

Eosinófilos: 1% ( 2-20)

Monócitos: 2% ( 2-7)

Obs: exame do esfregaço corado: Muitos linfócitos com alterações morfológicas

do citoplasma e núcleo. Células multinucleadas.

Exame Parasitológico: Ausência de ovos de helmintos e cistos de protozoários.

Page 86: Poligrafo laboratorio  2014

85

3. Bovino, fêmea, de aproximadamente 7 anos de idade. A vaca começou a mancar,

inicialmente. Levantou-se algumas vezes e prostrou-se definitivamente. Come e bebe.

Estado geral bom. Gânglios superficiais todos palpáveis e com aumento de volume

(hipertrofiados). Mucosas congestas. Dificuldade respiratória. Atonia ruminal, edema dos

membros, paresia dos posteriores.

Hematologia

Hemácias: 4.300.000 Leucócitos: 25.000

Hb: 11 g% Bastões: 4%

VG: 34% Segmentados: 42%

PPT: 3,8 g/dl Linfócitos*:53%

FP: 400 mg% Eosinófilos: 1%

Monócitos: 0

Obs: exame do esfregaço corado: 15% de linfoblastos com nucléolos evidentes e

hipercromatismo nuclear.

Page 87: Poligrafo laboratorio  2014

86

Capítulo VI - BIOQUÍMICA CLÍNICA

1. Função Hepática

- Bilirrubina

- Albumina

- Globulinas séricas

- Ác. Úrico

- Prova de tolerância dos Aa

- Protrombina

- Amônio

- Colesterol

-TGO (AST), TGP (ALT)

-SDH – sorbitol desidrogenase

-GDH – glutamato desidrogenase

-Gama GT – Gama glutamil-transferase

- Fosfatase alcalina

2. Prova de função muscular – CPK

3. Inespecífica – LDH – Desidrogenase láctica

4. Função Renal:

-Creatinina

-Uréia

-Ác. Úrico

5. Função Pancreática

-Glicose

-Lipase sérica

-Amilase sérica

-Teste de Absorção

6.Minerais: Cálcio e Fósforo, Magnésio

7.Eletrólitos: Sódio, Potássio e Cloretos

Page 88: Poligrafo laboratorio  2014

87

Conforme Kerr (2003), o plasma é basicamente o fluido extracelular (FEC) com

adição de proteínas para retenção de água na circulação – por aumento da pressão osmótica.

Ele transporta uma grande quantidade de substâncias dos sítios de absorção ou produção

aos sítios de utilização ou excreção e contém muitas outras substâncias que são essenciais

em determinadas concentrações para a função apropriada do FEC.

Deve-se considerar qual a razão pelo qual a determinada substância está presente no

plasma.

Plasma ou soro? Plasma é o sobrenadante obtido quando uma amostra de sangue

que foi coletada com anticoagulante é centrifugada; soro é equivalente de uma amostra que

se permitiu coagular. A maioria dos testes bioquímicos pode ser realizada tanto com o

plasma de amostra heparinizada ou com soro (há poucas exceções).

Para obtenção do soro, o sangue coagulado deve ser deixado a temperatura

ambiente até que o coágulo se forme por inteiro (pode levar cerca de 2 horas) antes de

qualquer tentativa de separá-lo. A centrifugação logo após a coleta, o soro por si só

ficará sólido/coagulado, tornando a amostra inutilizável.

1.FUNÇÃO HEPÁTICA

Para avaliação de função e lesão hepática há três categorias de análise:

1. Testes indicativos de lesão de hepatócitos

- ALT – AST e SDH

-

2. Testes indicativos de obstrução do fluxo biliar (colestase)

- Fosfatase Alcalina (FA), Gama-glutamil transferase (GGT);

3. Testes que avaliam a função hepática ou indicam a disfunção hepática:

Proteínas (Albumina), Colesterol, Glicose, Uréia e Fatores de coagulação e

Bilirrubina.

- TGP e TGO

TGP - nomenclatura atual - ALT (Alanino aminotransferase)

A maior quantidade desta enzima é encontrada nos hepatócitos do cão, gato, rato e

coelho. É considerada específica para lesão hepática destes animais. Seu aumento no soro

está relacionada com lesão hepática de natureza inflamatória, tóxica e degenerativa. Os

níveis de sua elevação estão na dependência do grau e duração da lesão. As concentrações

maiores são encontradas nos casos agudos. Na prática, níveis elevados dessas enzimas são

observadas em patologias do fígado, dentre as principais:

- Hepatite infecciosa canina e leptospirose

- Hepatite tóxica

Page 89: Poligrafo laboratorio  2014

88

- Congestão passiva do fígado

- Lipidiose ou degeneração gordurosa

- Necrose inespecífica

- Processos tóxico-quimicos

Tumores hepáticos

- Uso de drogas farmacológicas-corticosteróides e hormônios

TGO - nomenclatura atual: AST (Aspartato aminotransferase)

A maior fonte está localizada no hialoplasma e nas mitocôndrias das células. É uma

das enzimas de peso molecular alto - esta propriedade está relacionada com o tempo e sua

transudação da célula para o plasma.

É a enzima de eleição para esclarecer lesões hepáticas em animais de grande porte,

particularmente bovinos.

A enzima AST existe também nas células musculares (cardíaca e esquelética) em

menor quantidade. Por esta razão, nas situações em que existe evidência clínica ou suspeita

de lesão muscular concomitante, deve-se dosar, em paralelo, outra enzima específica para

avaliação da função muscular, a fim de excluir o tecido envolvido. Esta enzima é a

Creatino-Fosfoquinqse CPK. Existe todavia, casos em que as duas estão aumentadas no

soro, denotando envolvimento de ambos os tecidos.

Na rotina laboratorial, o aumento desta enzima no soro tem sido encontrada nas

seguintes situações:

- Animais de grande porte: Necrose hepática

Degeneração hepática

Congestão passiva do fígado

Abscessos hepáticos

Acetonemia

- Animais de pequeno porte: Miopatias inflamatórias e degenerativas

Cardiopatias

Sorbitol - desidrogenase (SDH) Pede-se principalmente para equinos, alguns autores

citam que esta é uma substituta para a ALT nessa espécie. Deve ser analisada em questão de

horas, devido ser muito lábil.

Enzima hepato-específica. Presente nos hepatócitos dos bovinos e eqüinos.

Aumentos significantes desta enzima no soro ocorrem nos processos patológicos de eqüinos

relacionados com:

- Necrose hepática - Cirrose

- Icterícia obstrutiva - Distúrbios gastrointestinais

GDH – Glutamato desidrogenase

Page 90: Poligrafo laboratorio  2014

89

É usada como substituta da ALT em grandes animais e é específica para lesão

hepática, particularmente necrose hepática. É muito menos lábil que a SDH e, portanto, é o

teste de escolha no equino se as amostras tiverem que ser enviadas pelo correio. Valores

normais devem ser menores que 20-25 UI/L e pode subir para mais de 100UI/L em lesão

hepática aguda.

Gama-Glutamil desidrogenase (gama-GT)

Ocorre principalmente no fígado e rins, mas em termos clínicos sua aplicação está

restrita a quadros hepáticos. Em grandes animais, parece estar particularmente associada

com lesão hepática crônica, ao contrário da SDH e GDH – frequentemente, esta estará

normal quando as outras estiverem aumentadas. Posteriormente, quando elas diminuirem a

gama-GT começará a aumentar. Os valores normais em equinos e ruminantes são menores

que 60UI/L (KERR, 2003). Segundo González (2008) , esta enzima está associada as

membranas e tanbém no citoplasma especialmente das células epiteliais de revestimento

dos ductos biliares e renais. Normalmente é a de origem hepática a que encontra-se no

plasma, sendo indicativa de colestase e proliferação de ductos biliares, estando aumentadas

também na cirrose e no colangiocarcinoma. Em felinos, mas não em cães, pode ser usada

no lugar da FA.

Fosfatase Alcalina (FA)

Enzima existente nas membranas celulares do fígado (sistema hepatobiliar), ossos

(osteoblastos e condroblastos) e intestinos. É uma enzima de indução, portanto encontra-se

aumentada nos casos de obstrução do fluxo biliar (colestase).

Na rotina laboratorial, em grandes animais, o aumento desta enzima no soro é

utilizada para expressar indiretamente os efeitos do parato-hormonio sobre os ossos no

hiperparatireoidismo secundário. Isto acontece em consequência da hipocalcemia que

estimula os processos de destruição óssea (osteolise) para posterior reabsorção do cálcio.

Estas enfermidades recebem a denominação de osteopatias desmineralizantes, entre as quais

mencionamos:

-Hiperparatireoidosmo e secundário (Nutricional e Renal)

-Osteomalácia

-Raquitismo

-Neoplasia ósseas (valores não muito consistentes)

Em pequenos animais, a F. Alcalina é mais utilizada como prova de função

hepática nos processos que conduzem à colestase intra-hepática, como :

- Obstrução intra e extra-hepáticas

- Necrose hepática

- Degeneração gordurosa, em conseqüência de diabete e inanição

- Congestão passiva

Page 91: Poligrafo laboratorio  2014

90

Sempre que possível, associar a FA, com outra enzima hepato-especifica para a

espécie, ou com outra substância orgânica convencional que avalie igualmente a função

hepática, como por exemplo Albumina e bilirrubina.

Apresenta pouca importância em doenças hepáticas de ruminantes e equinos devido

ao intervalo de referência ser muito amplo.

Bilirrubina

Pigmento resultante da degradação de hemáceas pelo S.R. histiocitário e que

imprime a cor do sangue. É transportado no plasma ligado à albumina (forma indireta) e

conjugada no fígado (forma direta), exercendo sua ação na digestão à nível de intestino

delgado. A determinação das frações direta e indireta da bilirrubina do soro tem

importância pelo significado clínico na diferenciação das causas de icterícia.

Bilirrubina Indireta: É a forma já mencionada de b. livre, solúvel em lipídeos, tendo

por isto preferência pelo tecido adiposo. Requer altos níveis no sangue periférico para se

manifestar clinicamente e produzir icterícia. Não é filtrada pelo glomérulo e não é

encontrada na urina em condições renais normais.

O aumento de bilirrubina indireta é devido a:

Hemósile intravascular devido a processos imunológicos, parasitas (babesia) e viróticos

(AIE)

Isoeritrólise neonatal (potros)

Anemia Hemolítica auto imune (cão, gato e bovino)

Patologias tóxicas ou infecciosas do fígado

Jejum prolongado, cólica e constipação (eqüinos)

Hipoalbuminemia grave

Bilirrubina Direta: É a bilirrubina conjugada no fígado, após a conjugação com o

ácido glicurônico. Tem alta afinidade pelas fibras elásticas, tais como esclerótica e pele e,

por isto, cora os tecidos superficiais mais rapidamente.

O aumento de B. Direta é devido a:

- Obstrução ciliar com colestase intra e extra hepática. A colestase refere-se a estagnação

da bile no fígado e a conseqüente regurgitação das substâncias biliares para o sangue.

- Fotossensibilização hepatógena por plantas (Bovinos, Eqüinos e Ovinos).

Albuminas e globulinas séricas

A queda absoluta da concentração de albumina, resultante de distúrbios da síntese

normais pelo fígado, não é uma alteração bioquimica precoce. Tal queda é encontrada mais

comumente em doenças hepáticas crônicas, como hepatite subaguda ou fibrose difusa. Na

Page 92: Poligrafo laboratorio  2014

91

fibrose portal, há uma característica diminuição na albumina sérica e uma elevação nas

gamaglobulinas.

Hepatite aguda - As mudanças na albumina são menos significativas, mas surgirá

um acréscimo consistente nos níveis gamablobulínicos.

Níveis diminuídos de albumina não são associados apenas com hepatopatias pode-se

observar alterações em animais com enfermidades circulatórias, digestão protéica deficiente

subordinada a enfermidade ou queda queda de ingestão proteica, nefrite, nefrose e uma

série de doenças crônicas, que se fazem acompanhar de caquexia.

O nível das globulinas está aumentado tanto na fibrose difusa como na hepatite.

Esse aumento absoluto de globulinas é de difícil explicação embora possa na verdade ser

uma resposta do mecanismo produtor de anticorpos.

Ácido úrico

A determinação deste, como uma das provas de função hepática, parece ser valiosa

apenas para o cão. As purinas são metabolizadas até ác. Úrico, este depois é transformado

em alantoína. O fígado é o local de convensão do ác. Úrico em alnatoína, através da ação

catalisadora da Uricase. Os valores hematínicos normais para o cão situa-se entre 0,1 a

1mg/dl. Elevações acima de 1,0mg/dl podem ser consideradas indicações de hepatopatia

nesta espécie.

Ott (1956) registrou níveis de ác. Úrico sangüíneo significativamente elevados na

icterícia hepatocelular, e níveis normais, para as icterícias hemolíticas e obstrutiva.

Obs. O ácido úrico é o principal produto final do metabolismo das purinas do homem,

primatas inferiores e cão dálmata; nos demais mamíferos o produto de excreção final é a

alantoína. No cão dálmata, este fenômeno (excreção de ác. urico) não se deve a deficiência

da enzima uricase, e sim aparentemente a um mecanismo renal causado pela insuficiência

(fisiológica) da reabsorção do ác. Úrico pelos túbulos renais.

Protrombina

A síntese de protrombina é função do fígado. Poderão ocorrer baixos níveis

plasmáticos de protrombina, como resultado de:

1. Incapacidade hepática de sintetizar protrombina, mesmo que os metabólitos necessários

estejam presentes.

2. Colapso na síntese de protrombina por aportes inadequados de vit. K, essas

anormalidades podem existir paralelamente a um caso de fibrose hepática difusa, avançada.

Tempo de Protrombina normal p/ cães 7,4 a 8,6 seg

Page 93: Poligrafo laboratorio  2014

92

Colesterol

O colesterol pode ser ingerido pela dieta ou formado a partir de triglicerídeos e

outros ác. Graxos do organismo. É esterificado no fígado. Entra na composição dos ác.

biliares excretados no intestino. É transportado no plasma, como os demais lípideos.

Aumento de colesterol no soro: Hepatites

Pancreatites

Hipotireoidismo

Diabetes mellitus

Obesidade

Diminuição de colesterol no soro: Hipertireoidismo

Síndrome de má absorção

2.INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL DAS ENZIMAS

Creatina quinase (CK ou CPK)

A CK está envolvida no metabolismo de alta energia. Enzima presente no

hialoplasma das células musculares. Esta enzima existe no interior da célula em múltiplas

formas moleculares denominadas isoenzimas: - M e B.

CK-MM é a forma dos músculos esquelético, responsável pelo aumento dramático

observado em lesões musculares generalizadas, tais como rabdomiólise ou trombose ilíaca

no gato. Pode aumentar de um valor normal de 100UI/L (um pouco mais alta em cavalos)

até 500.000UI/L em casos graves. O simples fato de um animal de grande porte permanecer

em decúbito por dois dias, já aumenta a CK até 3.000 UI/L. O esforço muscular e injeções

intramusculares também podem produzir um aumento discreto a moderado na atividade

plasmática de CK-MM.

CK-MB é a forma do músculo cardíaco – usado em humanos no diagnóstico do

infarto agudo do miocárdio, quadro extremamente raro em animais, e os casos mais

crônicos de cardiomiopatias tendem a causar poucas mudanças enzimáticas detectáveis

devido a meia-vida curta desta enzima.

CK-BB é a forma cerebral – poucos laboratórios oferecem este teste.

.

CK total ligeiramente elevada – hipotireoidismo, pois o catabolismo de VK é

aparentemente promovido pela tiroxina. A mensuração de CK total reflete a CK-MM,

porque é a mais abundante. Mesmo em grandes aumentos causados por rabdomiólise, os

níveis retornam ao normal em 24 – 48 horas, tão logo a lesão de base tenha cessado.

O teste deve ser realizado no mesmo dia, ou pode ser congelada a -20ºC.

Page 94: Poligrafo laboratorio  2014

93

Lactato desidrogenase (LDH ou LD)

A isoenzima cardíaca também conhecida como hidroxibutirato desidrogenase

(HBDH ou HBD).

A LDH catalisa a interconversão reversível do lactato e do piruvato e é uma das

maiores moléculas protéicas do organismo. Apresentam-se na forma de cinco isoenzimas

(HHHH, HHHL, HHLL, HLLL e LLLL), chamadas de LDH1-5 em ordem decrescente de

mobilidade eletroforética.

- LDH1 (HBDH) – associada ao músculo cardíaco, rim e hemácias

- LDH5 – Fígado

As demais isoenzimas estão associadas com a musculatura esquelética e pulmões.

Devido a sua ampla distribuição, oa aumentos na atividade de LDH total podem ser

muito difíceis de ser interpretadosem medicina veterinária.

3.FUNÇÃO RENAL

CREATININA

É um produto nitrogenado não-proteíco, resultante do fosfato de creatinina, existente

em grandes quantidades nos músculos (esquelético e cardíaco), fígado e rins. É uma

substancia de limiar baixo toda a quantidade que chega aos rins e eliminada. Propriedade

esta que torna clinicamente utilizável como índice de filtração glomerular renal.

O aumento de creatinina no sangue ocorre em todas as patologias mais em que há

diminuição da taxa de filtração glomerular. A dosagem de creatinina deve ser realizada em

paralelo com a uréia, para melhor avaliação da reversibilidade da lesão. A diminuição da

creatinina no sangue pode ocorrer em hidratação excessiva, insuficiência hepática e doenças

musculares degenerativas.

UREIA:

É um produto nitrogenado não protéico, resultante do metabolismo das proteínas,

sintetizado pelo fígado e eliminado pelos rins.

A concentração de uréia elevada no soro sanguíneo deve ser acompanhada sempre

do exame completo da urina para sua interpretação, a fim de auxiliar na localização do

processo. Clinicamente, a uremia pose ser classificada em observância à natureza do

processo, em pré-renal, renal e pós renal.

Uremia pré-renal : Ocorre quando há reduzida perfusão sangüínea dos rins em

conseqüência, diminuição do fluxo de lipídeos a este órgão, ocasionando decréscimo da

taxa de filtração glomerular, principalmente nos casos de insuficiência cardíaca, choque e

desidratação acentuada.

Page 95: Poligrafo laboratorio  2014

94

Uremia Renal: Apresenta-se em todas as patologias intrínsecas dos rins,

particularmente nas nefrites, pielonefrites, glomerulonefrites e demais processos de caracter

infeccioso e degenerativo.

Uremia pós-renal: Ocorre principalmente em processos primário de obstrução

parcial ou total das vias urinárias. É quase sempre secundária aos processos inflamatórios,

degenerativos e neoplásicos.

A diminuição da taxa sangüínea de uréia ocorre na insuficiência hepática, ou em

decorrência de processos infecciosos graves.

Indicação para o teste:

1. Sempre que se suspeita de redução do funcionamento renal.

2. Como procedimento de medida da perfusão periférico dos tecidos animais.

3. Como teste laboratorial de triagem pré-cirurgica de rotina.

4. FUNÇÃO PANCREÁTICA

Função pancreática endocrina

GLICOSE

Sua mensuração necessita de uma amostra específica, sendo que o sangue deve ser

colhido em tubos contendo fluoreto (EDTA fluoretado). O fluoreto bloqueia a glicólise nas

hemácias, evitando o consumo da glicose na amostra que, de outro modo, poderia estar

significativamente diminuida em 30 minutos.

É o principal produto resultante do metabolismo dos carboidratos.

É amplamente utilizada pelas células do organismo nas reações de oxidação para a

produção de energia. É absorvida no intestino via ingestão. É armazenada no fígado e

células musculares sob a forma de glicogênio e ácido láctico, transformando-se em glicose

disponível no sangue, sob efeito do glucagon e epinefrina, respectivamente. As alterações

da glicose estão na dependência do efeito de várias substâncias, tecidos e condições

clínicas.

A concentração plasmática normal de glicose em jejum é de cerca de 4-6 mmol/L

em monogástricos e 3-5mmol/L em ruminantes.

Aumento da glicose sanguínea:

- Diabetes mellitus

- Lesões do SNC - raiva e poliencefalomalácia

- Hipertiroidismo e hiperadrenocorticismo

- Nos estados hiperlipêmicos

- Pancreatites

- Excitamento muscular, convulsões ( trauma intracraneal, epilepsia e tetania)

Page 96: Poligrafo laboratorio  2014

95

Diminuição da glicose sangüínea ocorre nas patologias relacionadas a:

- Hipoadrenocorticismo e hipotiroidismo

- Síndrome da má absorção

- Tripanossomose equina (fase febril)

Função pancreática exócrina

LIPASE

Está envolvida com a quebra da gordura alimentar e está presente também no

pâncreas.

Enzima específica para revelar lesões nas células pancreáticas em monogástricos. O

tempo de manutenção da elevaçãao desta enzima no soro, após necrose pancreática é curto.

É utilizada juntamente com a amilase para investigar a pancreatite aguda necrosante e

geralmente parece mais específica para este quadro, porque sofre menos interferências por

alterações inespecíficas.

Esta enzima é excretada pelos rins. Nos casos de anúria ou oligúria, poderá haver

aumento da lipase.

AMILASE

Está envolvida com a quebra do amido e glicogênio alimentar em maltose. Está

presente no pâncreas e glândulas salivares e é excretada pelos rins, apesar de ser uma

molécula protéica. Utilizada em monogástricos para auxiliar no diagnóstico de pancreatite

aguda, sua elevação no soro atinge valores máximos em 24 horas. Quando a lesão não

persiste, os níveis retornam ao normal em 2 a 6 dias.

A pancreatite é uma doença essencialmente de cães (e humanos), associadas com

dietas com muita gordura e obesidade (e alcolismo), na qual as enzimas proteolíticas

extravasam das células e iniciam a autodigestão do órgão. Os sintomas são dor abdominal

aguda e vômitos podem ser confundidos com um corpo estranho no intestino delgado. O

limite superior de normalidade é de 3.000UI/L e a pancreatite aguda está associada com

atividade na faixa de 5.000-15.000UI/L, diminuindo com a evolução da recuperação.

Aumentos discretos a moderados inespecíficos podem ser encontrados em outros

quadros abdominais agudos (incluindo obstrução intestinal) e na insuficiência renal.

TESTE DE ABSORÇÃO

A capacidade animal de absorção dos lipídeos da dieta pode ser empregada para a

avaliação da deficiência pancreática, ou de outras síndromes de má absorção. As gorduras

da dieta devem ser hidrolisadas, resultando na produção de ácidos graxos e glicerol

absorvíveis. Se a lipase pancreática está ausente, ocorrerá pouca (ou nenhuma ) absorção.

Page 97: Poligrafo laboratorio  2014

96

Uma simples prova de absorção baseia-se na comparação da turvação plasmática,

antes e depois de uma refeição rica em lipideos. Coleta-se uma amostra de sangue

heparinizado de animal submetido previamente a jejum, centrifugando-a em seguida.

Paralelamente adicionamos óleo de milho na base de 3ml/kg pv, a uma pequena quantidade

de alimento para consumo do paciente. Depois de passadas 2 horas, é coletada nova

amostra de sangue heparinizado; como o primeiro espécime, essa amostra também é

centrifugada. Comparamos então, a turbidez do plasma colhido antes e depois da ingestão

dos lipídeos.

No animal normal, o plasma da amostra posterior à absorção de gorduras deverá

estar turvo indicando o desenvolvimento de lipemia, devido a decomposição e absorção dos

lipídeos. Se esse plasma permanecer translúcido, podemos assumir que há uma deficiência

na função pancreática exócrina, ou ainda que o intestino não é capaz de absorção adequada.

Para distinção entre estas 2 condições, a prova deve ser repetida mais tarde, com a adição

de enzimas pancreáticas ao alimento. Se a não absorção lipídica no teste inicial decorre da

deficiência de lipase, será evidenciada a hiperlipemia. Se a falta de turbidez ocorreu como

conseqüência de má absorção, a adição de enzimas pancreáticas ao teste não irá influenciar

os resultados; tanto a amostra anterior como a posterior à refeição rica em gorduras

permanecerão translúcidas.

5.MINERAIS E ELETRÓLITOS

Cálcio: É um dos elementos minerais de maior importância na alimentação animal.

Participa ativamente da contração muscular, coagulação sangüínea,

permeabilidade das membranas, transmissão de impulsos nervosos. Sua maior concentração

ocorre nos ossos e dentes, mas ocorre em todos os tecidos. O teor de cálcio é influenciado

pela ativação da vitamina D e do paratormônio. O primeiro influencia na absorção de Ca e

o paratormônio determina a liberação de Ca dos ossos.

Interpretação:

- Hipercalcemia - pouco freqüente, ocorre quando há:

. Excesso de vitamina D

. Hiperparatiroidismo

. Alguns carcinomas ósseos

. Mieloma múltiplo

. Hipoproteinemia

- Hipocalcemia

. Hipoparatiroidismo

. Raquitismo

Page 98: Poligrafo laboratorio  2014

97

. Osteomalácia

. Defict de Vitamina D

. Inanição

. Período final de gestação

. Síndrome da má absorção

Fósforo: Mineral de grande importância na alimentação animal, existe em grandes

proporções nos ossos, e também nos dentes onde encontra-se combinado com o

cálcio, mas também ocorre em menor quantidade nos demais tecidos do organismo.

- Hipofosfatemia:

. Osteofagia

. Manqueira por engrossamento das articulação

. Raquitismo

. Hiperparatiroidismo

- Hiperfosfatemia:

. Enfermidades renais graves

. Febre vitular

. Cálculos renais (urolitíases)

. Hipoparatiroidismo

Magnésio: É um dos minerais importantes na alimentação animal, desempenhando

relevantes funções nos meios líquidos do organismo. No meio intracelular, o

magnésio funciona como ativador para enzimas que requerem a vitamina B como cofator.

Uma dessas reações é a conversão do ácido pirúvico à acetil colina.

No meio extracelular, o magnésio influencia na produção e destruição da acetil

colina- substância imprescindível para a transmissão de impulsos na placa motora. Uma das

poucas alterações deste elemento tem sido reladata em herbívoros e decorre da diminuição

da sua concentração no sangue, potencializando a liberação da acetilcolina e ocasionando a

tetania muscular. Essa alteração é rara em nossas condições e tem sido relacionada com a

hipocalcemia, subnutrição, possuindo variação sazonal.

A fonte de magnésio, pela ingestão, é a clorofila das plantas verdes. Desta

quantidade somente 30% são absorvidos, o restante é eliminado pelas fezes. O magnésio

absorvido é novamente eliminado pelos rins.

- Aumento de magnésio: Apresenta como sinais clínicos- distúrbios neuromusculares,

semelhante a ação do curare, letargia, fraqueza muscular e retenção urinária.

- Diminuição de magnésio: Hiperexcitabilidade neuromuscular, com convulsões, tremor,

tetanias e taquicardias.

Sódio: É um dos cátions existentes em maior concentração no fluido extracelular ( sangue),

responsável pela isotonicidade do plasma.

- Diminuição do Na no sangue nos casos de :

Page 99: Poligrafo laboratorio  2014

98

. Disturbios gastrointestinais

. Patologias renais crônicas

. Hiperglicemia e lipemia

. Uso de certos diuréticos

- Aumento de Na:

. Síndrome de Cushing em caninos

. Diarrérias dos terneiros; pois promovem elevação da osmolaridade plasmática.

Potássio: É um dos cátions encontrados em maior quantidade no meio intracelular dos

animais, assegurando o equilíbrio osmótico. Desempenha igualmente, funções

de relevância no organismo, particularmente relacionadas a potenciais de membranas e

transmissão neuromuscular. Nos rins, pela troca com o sódio, regula o equilíbrio ácido-

básico.

- Aumento de K no sangue:

. Processos renais crônicos

. Acidose metabólica

. Hipoadrenocorticismo

- Diminuição de K no sangue:

. Alcalose metabólica

. Vômito e diarréia persistente

. Hiperadrenocorticismo

Cloretos: É um dos íons que estão em maior concentração no líquido extracelular,

tendo importância, como o K, na manutenção do equilíbrio iônico do

organismo. A absorção, distribuição e excreção do cloreto no organismo obedecem as

mesmas regras utilizadas pelo Na.

- Aumento de cloretos no sangue:

. Acidose metabólica

. Alcalose respiratória

. Diminuição da excreção ( obstrução urinária )

- Diminuição de cloretos no sangue:

. Alcalose metabólica ( vômito persistente)

. Acidose respiratória

. Obstrução intestinal alta

. Hipoadrenocorticismo

Page 100: Poligrafo laboratorio  2014

99

CAPÍTULO VIII- EXAMES DOS LÍQUIDOS ORGÂNICOS

Normalmente as cavidades serosas e espaços tissulares contém pequena

quantidade de líquido, o qual é resultante de um processo dinâmico de trocas de substâncias

entre o plasma sanguíneo, as cavidades serosas e os espaços intersticiais. Quando

aumentado de volume este líquido poderá apresentar-se com a composição normal ou

alterada podendo esta última ser resultante de vários fatores. Encontram-se agrupados em 2

classes: transudatos, quando não são de origem inflamatória, e exsudato, quando de origem

inflamatória.

A denominação destes líquidos é dada de acordo com a sua localização:

- Hidroperitônio ou Ascite - Cavidade abdominal

- Hidrotórax - Cavidade torácica

- Hidropericárdio - Saco pericárdico

- Hidroencéfalo - Espaço subaracnóide e ventrículo cerebral

- Hidrocele - Bolsa escrotal

A primeira preocupação do clínico é situar o líquido coletado entre os transudatos

ou exsudatos. Dentre os exames realizados podem ser citados: físico, químico, citológico e

bacteriológico.

1. EXAME FÍSICO

Transudato:

Odor: geralmente inodoro

Cor: incolor a amarelo palha

Aspecto: límpido

Densidade: varia entre 1.006 a 1.018

Coagulação: normalmente ausente, quando presente é bastante tênue.

Exsudato:

Odor: pútrido ou fétido

Cor: variável entre amarelo, vermelho, purulento ou acinzentado depende da causa

Aspecto: freqüentemente apresenta-se turvo ou espesso

Densidade: situa-se acima de 1.018

Coagulação: presente em conseqüência do seu alto teor de fibrinogênio.

Page 101: Poligrafo laboratorio  2014

100

2. EXAME CITOLÓGICO

No exame citológico pode-se realizar a contagem global e diferencial das células

existentes. Para contagem global utiliza-se a mesma técnica descrita para contagem dos

leucócitos. A contagem diferencial das células é através de esfregaços do sedimento, obtido

através de centrifugação do líquido em estudo a 3.000 rpm/10 minutos.

Estes esfregaços podem ser corados por uma das técnicas descritas para a coloração

de esfregaços de sangue. Feito a coloração, faz-se a identificação de no mínimo 100 células.

Células encontradas nos líquidos das cavidades:

- Células mesoteliais: derivadas do mesotélio

- Células reactivas mesoteliais: possuem pseudópodes

- Células mesoteliais transformadas

- Macrófagos

- Neutrófilos

- Linfócitos

- Células neoplásicas - linfossarcoma, carcinoma metastático e sarcoma.

TRANSUDATOS:

. Líquido orgânico que escorre ao nível de uma superfície não inflamada e que

obedece somente as leis mecânicas.

-Poucas células: 100 - 1.500/mm³

-Contagem diferencial: cél. mesoteliais transformadas

cél. mesoteliais reativas

neutrófilos íntegros

Linfócitos e hemácias

-Causas mais comuns:

.hipoproteinemia - má absorção intestinal, perda de proteínas intestinais e doenças

glomerulares

.linfangiectasia - dilatação dos linfáticos intestinais com perda proteíca

.obstrução da drenagem linfática.

TRANSUDATO MODIFICADO

É um transudato que foi modificado pela adição de proteínas e células. A maioria

dos transudatos podem evoluir para o exsudato séptico. A acumulação de fluídos por si

mesma pode iniciar uma resposta inflamatória. Os mecanismos de acumulação de fluídos se

devem a congestão passiva do fígado e de outras vísceras e diminuição da drenagem

linfática dos tecidos.

Características:

- Aparência turva ou róseo para vermelho

- Densidade 1.018 1 1.025

- PT: 2,0 a 3,0 g/dl

Page 102: Poligrafo laboratorio  2014

101

- Células nucleadas: 500 a 3.500/mm³

- Podem ser vistos pequenos coágulos

Células encontradas: Cél. mesoteliais reativas e transformadas

Neutrófilos íntegros

Hemacias, linfócitos, macrófagos e eosinófilos

Causas mais comuns: - insuficiência cardíaca congestiva

- hepatopatias - cirrose, carcinoma do ducto biliar

- neoplasias abdominais

EXSUDATO

Líquido orgânico seroso, fibrinoso ou mucoso que escorre (exsuda) ao nível de uma

superfície inflamada. É o produto de uma inflamação causada por irritantes que não são

tóxicos para os neutrófilos.

Características:

- Cél. nucleadas: 3.000 a 50.000/mm³

- Cont. diferencial: grande número de neutrófilos degenerados

linfócitos e/ou eosinófilos

poucas hemácias

- Presença de bactérias, pode estar presente, recomenda-se a coloração de gram nestes

líquidos.

Causas mais comuns:

-Perfuração intestinais

-Feridas penetrantes

-Piômetra rompida

-Abcesso rompido e extensão de infecções

-Ruptura de bexiga

-Hérnia diafragmática

-Ruptura de vesícula biliar

-Neoplasias abdominais

3. EXAME QUÍMICO

As provas químicas mais usadas são:

- Determinação de Proteínas totais

- Prova de Rivalta

- Reação - pH

.Proteínas totais: Através da refratometria. Colocar 1 gota do líquido em estudo no prisma

do refratômetro clínico e realizar a leitura na escala destinada à leitura de proteínas. Quando

Page 103: Poligrafo laboratorio  2014

102

a leitura ultrapassar o valor contido na escala, diluir o líquido na proporção 1:1 com solução

fisiológica e multiplicar o resultado por 2.

Transudato: PT menor que 2,0g/dl

Exsudato: PT 2,5 a 5,0 g/dl

. Teste de Rivalta: É o resultado através da água acidulada em contato com o líquido em

estudo. Em uma proveta colocar 150ml de água destilada e 0,1 ml de ácido acético glacial,

homogeneizar. Deixar cair nesta solução gotas do líquido suspeito. Quando a gota deixar

um trajeto esbranquiçado o resultado é positivo, quando não deixar rastro é considerado

negativo.

Transudato: Rivalta negativo (-)

Exsudato: Rivalta positivo (+)

.Reação (pH): Pode ser obtida com o auxílio de papel tornasol ou papel pH.

Transudato: Alcalina

Exsudato: Ácida

4. EXAME BACTERIOLÓGICO

Quando necessário a identificação de microorganismos, realizar a cultura em meios

apropriados, não deixando de acentuar os cuidados com a assepsia no momento da coleta.

Contudo para a pesquisa de bactérias de modo geral, pode-se realizar esfregaço do

sedimento do líquido após a centrifugação e realizar colorações de Zielh-Neilsen e Gram.

Transudato: bactérias ausentes

Exsudato: bactérias presentes.

5.EFUSÃO HEMORRÁGICA

A citologia pode ser utilizada para caracterização de uma hemorragia recente ou de

longa duração, nos casos de traumatismos, cirurgias, infarto e tumores.

Hemorragia Recente

Características:

O líquido coletado apresenta-se:

- Sobrenadante claro e sedimento vermelho;

- Concentração de proteínas e quantidade de células são menores do que as do sangue

periférico;

- Morfologia dos leucócitos é semelhante à do sangue periférico;

Page 104: Poligrafo laboratorio  2014

103

- As plaquetas podem aparecer em forma de agregados no esfregaço.

Hemorragia de Longa Duração

Características:

- Eritrócitos e leucócitos parecem mais velhos (hipersegmentados) e distorcidos.

- O sobrenedante pode ser róseo devido a hemólise;

- Os macrófagos aparecem no esfregaço com eritrócitos fagocitados (eritrofagocitose) e

com pigmentos de hemoglobina (azul esverdeado);

-Ausência de plaquetas no esfregaço, devido a lise.

Causas mais comuns:

- Lesão traumática de vasos( fígado e baço);

- Neoplasias

- Alterações hemorrágicas (provocadas por warfarina, e em situações que ocorra

trombocitopenia)

- Trombose

- Torções de estômago e baço.

Page 105: Poligrafo laboratorio  2014

104

CAPÍTULO IX - URINÁLISE

FISIOLOGIA RENAL ( REVISÃO )

FUNÇÕES:

* Equilíbrio de água e eletrólitos e concentração urinária;

* Excreção de substâncias tóxicas, principalmente do nitrogênio não protéico do sangue:

uréia, creatinina e ác. úrico;

* Reabsorção de substâncias orgânicas essenciais, como água, glicose, aminoácidos, e

vários eletrólitos;

* Regulação do equilíbrio ácido-básico, com efeitos compensatórios na alcalose e acidose

metabólicas e respiratórias.

Síntese do mecanismo de concentração da urina:

O rim é um órgão essencial para a conservação(absorção) de metabólitos

imprescindíveis ao organismo e excreção de "restos" metabólicos não utilizáveis. O sangue

é o líquido que circula nas avenidas dos néfrons eventualmente cercados de barreiras, as

quais são representadas pelas porções permeáveis e impermeáveis dos túbulos. A barreira

inicial, no caminho do sangue para os rins, é representada pelos glomérulos. São milhões de

estruturas microscópicas que retém macromoléculas, entre as quais: globulinas,

fibrinogênio, proteínas e células. O resultado é a passagem, para o segmento seguinte, de

um líquido conhecido como ultrafiltrado plasmático, cuja composição é semelhante a do

sangue, exceto pela ausência de macromoléculas.

O valor da densidade deste ultrafiltrado é de 1.008 a 1.012. Esse dado é

importante para a comparação com a urina final excretada, a qual normalmente para a

comparação com a urina final excretada, a qual normalmente deverá ter uma densidade

maior, pelas transformações que sofre durante seu trajeto, principalmente nos processos

patológicos.

Na sequência, os túbulos renais descendentes e ascendentes ( alça de henle )

e túbulos distais alteram o ultrafiltrado através de mecanismos reabsortivos (retorna ao

sangue) e por mecanismos excretórios ( eliminação pela urina).

Nos túbulos contorcidos proximais, por exemplo, aproximadamente 65% da

quantidade de líquidos passam para o sangue. Aproximadamente 15% são reabsorvidos nas

alças de henle. O segmento descendente da alça de henle é permeável ao sódio e a água. Por

sua vez, o segmento ascendente é impermeável a água, mas o sódio passa livremente para o

interstício, criando um meio hipertônico entre as estruturas vesculares. Esse meio é que

"puxa"a água do segmento descendente. Portanto, o líquido está hipertônico, ao se

Page 106: Poligrafo laboratorio  2014

105

aproximar da curva da alça, e vai se tornando hipotônico porque a água é mantida e o sódio

é perdido na porção ascendente. Esses segmentos da alça são vascularizados por capilares

originados da arteríola eferente, denominados vasa reta. Em razão da baixa pressão

hidrostática característica da solução sangüínea nesses vasos, não há ocorrência de

alterações no gradiente osmótico (gradiente = diferença de concentração), estabelecendo

desse modo as condições necessárias para a concentração da urina. Esses é o mecanismo

denominado de sistema de contracorrente de trocas.

Em resumo, as alças de henle atuam como multiplicadoras de contracorrente,

e são responsáveis pela criação de um gradiente de concentração, do córtex à extremidade

da papila. Ao entrar nos túbulos distais, esse líquido hipotônico perde mais sódio, o qual é

substituído por potássio, hidrogênio e amônia, acidificando a urina.

Em herbívoros, a secreção de potássio nos túbulos provavelmente é maior

em relação às demais espécies, para justificar a alcalinidade da urina. Nos túbulos distais, a

retenção de sódio é regulada pela aldosterona em resposta a diminuição do volume

plasmático.

Nos túbulos coletores, ocorre a concentração final da urina: + 9% de água é

retirada pela força osmótica do meio intersticial desenvolvida pelas alças . Essa reabsorção

é regulada pelo hormônio antidiurético (HAD) ., que recebe estímulos dos receptores da

pressão plasmática em situações diversas. Assim, se o plasma estiver hipertônico ( maior

osmolaridade) água deverá ser reabsorvida sob efeito do HAD, ocorrendo em consequência,

uma diminuição do volume da urina e correspondente aumento da densidade urinária.

Esse fenômeno explica a maioria dos processos patológicos que conduzem a uma

perda de líquidos nos animais, como exemplos, diarréias, vômitos, hemorragias e inanição.

Por outro lado, a falta de HAD conduz a uma insuficiente concentração da urina na

enfermidade conhecida como diabete insipidus.

TERMINOLOGIA RELACIONADA COM A CONCENTRAÇÃO E

DILUIÇÃO DA URINA

. Concentração da Urina: É a modificação do filtrado glomerular pelos túbulos renais, de

modo que mais água é removida da urina do que soluto. A densidade do filtrado glomerular

é de 1.008 a 1.012, enquanto a osmolaridade é de 300 miliosmol/litro. A urina normal tem

densidade e osmolaridade maior que a do filtrado glomerular.

. Diluição da Urina: É a modificação do filtrado glomerular, de modo que mais soluto é

removido da urina do que água. Urina diluída tem baixa densidade em comparação com o

FG.

- Hipostenúria - Urina com valores de densidade abaixo daqueles do FGP. Na prática

estima-se que isto ocorra quando 2/3 dos néfrons estão afuncionais.

Page 107: Poligrafo laboratorio  2014

106

- Isostenúria - Urina com densidade similar à do FGP (1.008 a 1.012 ). Denotam imperfeita

habilidade dos rins para reabsorverem água e eletrólitos.

- Hiperestenúria - Urina com alta densidade. Esses efeito ocorre sob a ação da aldosterona

e HAD nos estados de hipovolemia e hipertonicidade plasmática.

TERMOS E CONCEITOS RELACIONADOS COM A PATOLOGIA RENAL

. Azotemia: É a presença de concentrações anormais de Nitrogênio não protéico (uréia,

creatinina e ácido úrico ) no sangue, plasma ou soro. A azotemia é um resultado

laboratorial que pode não ser causado por lesão do parênquima renal. As causas de

azotemia não renal estão sempre ( ou quase) à diminuição da taxa de filtração glomerular,

ocasionadas por diminuição do volume de sangue renal, das pressões sanguínea e colóide-

osmótica, bem como obstrução dos ureteres, bexiga e uretra.

.Uremia: É a presença de quantidades anormais de constituíntes da urina no sangue

causadas por doença renal generalizada e síndromes tóxico sistêmicas, as quais ocorrem

como resultado do mau funcionamento renal.

2.URINÁLISE CLÍNICA

A urianálise fornece uma riqueza de informações de importância na determinação do

diagnóstico, prognóstico e no acompanhamento terapêutico. Todavia, como todos os

demais testes laboratoriais, os resultados dos exames de urina são de grande valia, mas nem

sempre totalmente infalíveis

Os resultados da urianálise são significantemente influenciados por diversos fatores

biológicos, seus resultados deverão ser interpretados em combinação com o exame clínico

do animal e outros procedimentos laboratoriais, quando necessários e disponíveis.

O exame de urina se divide em:

- Exame Físico

- Exame químico

- Exame do sedimento

Page 108: Poligrafo laboratorio  2014

107

1. EXAME FÍSICO

Este compõem-se de: volume, cor, aspecto, cheiro, e densidade.

a) Volume: Tem importância semiológica apenas quando é coletado toda a urina emitida

durante 24 horas. O volume urinário durante 24 horas varia entre espécies e depende de

vários fatores.

Interpretação:

- Poliúria: Aumento de volume urinário excretado durante determinado tempo, em geral 24

hs. Ocorre nos seguintes casos: terapia diurética, aumento de ingestão de líquidos,

administração de fluidos por via parenteral, nefrite crônica, diabetes insipidus, diabetes

mellitus, piômetra, amiloidose renal, pielonefrite e algumas doenças do fígado.

- Oligúria: Diminuição do volume de urina excretado durante 24 hs. Fisiologicamente

ocorre quando há diminuição do volume ingerido, desidratação, diminuição da pressão

sangüínea, nefrite aguda, febre, hiperemia renal passiva, isquemia renal, transtornos

circulatórios com edema, exercícios, transtornos intestinais com vômitos e diarréia.

- Anúria: Consiste na supressão absoluta da secreção urinária. Pode ocorrer quando há

diminuição do volume de água ingerida e aumento da perda de líquido ( por outras vias ),

produzindo um grau de concentração tal que não possa mais haver eliminação de água;

diminuição da circulação periférica, cardiopatias, e colapso.

Volume urinário diário nos animais domésticos (litros)

ESPÉCIE VALOR MÍNIMO VALOR MÁXIMO VALOR MÉDIO

Bovino 8,8 22,6 14,2

Equino 2,0 11,0 4,7

Suíno 2,0 6,0 4,0

Ovino 0,5 2,0 1,0

Caprino 0,5 2,0 1,0

Canino 0,5 2,0 1,0

Felino 0,1 0,2 0,15

b) COR: A coloração da urina é variável pois depende da quantidade de pigmentos

urinários (urocromo e uroeritrina), da presença de substâncias medicamentosas ou de

elementos patológicos. A urina normalmente apresenta sua coloração variando entre o

amarelo claro e o amarelo âmbar. Geralmente as urinas ácidas são mais escuras que as

alcalinas.

Page 109: Poligrafo laboratorio  2014

108

Interpretação:

- Incolor ou amarelo pálido: Ocorre normalmente quando há proteinúria, nefrite intersticial

crônica, ingestão excessiva de líquidos, piômetra.

- Amarelo escuro ou amarelo âmbar: Ocorre quando há oligúria, a urina apresenta-se muito

densa, nefrite intersticial aguda, ingestão escassa de líquidos, febre, vômitos, diarréia e

desidratação.

- Amarelo âmbar ou marron enegrecido: Ocorre na azotúria, intoxicação pelo fenol.

- Amarelo esverdeado: Indica a presença de pigmentos biliares, cuja urina quando agitada

produz a formação de espuma de coloração esverdeada.

- Vermelho claro ou escuro: Depende da presença de hemácias ou hemoglobina

respectivamente.

Alguns medicamentos modificam a coloração da urina. O azul de metileno e

a acriflavina dão a urina uma coloração esverdeada, a fenotiazina e a fenolftaleína

determinam coloração vermelha.

c) ASPECTO: O aspecto da urina pode ser límpido ( ou claro), ligeiramente turvo, turvo e

floculento.

O aspecto da urina é observado colocando-se a urina em um recipiente de

vidro, após isto, procura-se visualizar um foco luminoso através dela. No aspecto límpido e

floculento há nitidez na visualização porém no segundo, pode-se observar partículas

maiores disseminadas na urina, e quando turvo há turbidez na visualização do foco

luminoso.

Interpretação:

- Aspecto límpido ou transparente: Normal na urina dos carnívoros e onívoros; nos

herbívoros é límpido no momento da emissão, após ficar em repouso algumas horas torna-

se turvo ( exceto nos equinos em que a urina é turva logo após a emissão).

- Aspecto turvo: Normal em equinos. Nos carnívoros e onívoros ocorre todas as vezes que

há aumento do número de células epiteliais, leucócitos, cristais, bactérias e hemácias.

* Obs: Quando há aumento do nº de leucócitos a urina torna-se com aspecto leitoso, e

bactérias em grande proporção produz turbidez uniforme, a qual não sedimenta.

* A urina ácida frequentemente apresenta-se límpida, já a alcalina apresenta-se turva.

* O aspecto floculento geralmente é observado quando há aumento da quantidade de muco.

Page 110: Poligrafo laboratorio  2014

109

d) ODOR: A urina apresenta odor característico ("suis generis") para as diversas espécies

animais, o qual é atribuida aos ácidos orgânicos voláteis nela contido.

Interpretação:

O odor amoniacal da urina recém emitida é visto nas fermentações e processos

inflamatórios das vias urinárias. O odor de acetona na acetonemia das vacas; o pútrido

quando há destruição dos tecidos no aparelho urinário. Também alguns medicamentos

podem modificar o odor urinário.

e) DENSIDADE: A densidade ou peso específico apresenta valores que variam de acordo

com a espécie animal, o volume do líquido ingerido, a perda de líquidos e a quantidade de

solutos eliminados.

Determina-se a densidade colocando uma gota de urina no prisma do refratômetro

clínico, e fazer a leitura na escala que vai de 1.000 a 1.045.

Nos casos em que a densidade urinária for superior a 1.045, deve-se diluir a urina

em água destilada 1:1. Após a leitura, multiplicar por 2 os últimos algarismos da direita.

Exemplo: urina diluida = 1:1 = 1.034 x 2 = 1.068.

Interpretação:

A densidade urinária está aumentada na desidratação, diabete mellitus, enfermidades

debilitantes com destruição de tecidos, nefrite intersticial aguda, cistite.

A densidade urinária diminuida: diabete insipidus, ingestão excessiva de líquidos,

uremia, nefrite intesticial crônica.

A densidade urinária é um dos ítens do exame físico de maior importância para o

assessoramento da função tubular, a qual é responsável pela propriedade de concentração da

urina através das trocas de água e solutos. A densidade urinária é portanto, uma medida

aproximada da concentração de solutos (osmolaridade) da urina, que, por sua vez, reflete a

situação do plasma circulante.

A densidade normal da urina dos animais domésticos apresenta valores muito

amplos e em razão disto, dificulta a interpretação do exame. Assim, na interpretação

clínica, considera-se importante apenas a observação do valor médio encontrado para cada

espécie.

Na clínica prática, a diferenciação do valor encontrado na urianálise com o valor

médio preconizado para a espécie é de fundamental importância para o estabelecimento do

diagnóstico e prognóstico. Por exemplo, no cão este valor é de 1.025. Nesta espécie, os

processos que conduzem a um aumento da densidade urinária quase sempre estão

Page 111: Poligrafo laboratorio  2014

110

relacionados com a fase aguda das nefrites e são explicadas pela diminuição do volume

urinário em decorrência de hipertermia, anorexia, e sintomas correlatos, que promovem

perda de líquidos corporais. A interpretação nestes casos, é que os néfrons ainda possuem

habilidade para corrigir o defict de água pela ação do HAD nos túbulos distais e coletores.

As estruturas tubulares, embora lesadas, mantêm a capacidade de concentrar a urina.

Como as vias de armazenamento e de excreção da urina não possuem a

propriedade de concentração, os processos inflamatórios agudos extra-renais, como a

cistite e outros, não conduzem a alterações significantes da densidade. Todavia, nestes

casos, a densidade estará levemente aumentada em decorrência da grande quantidade de

sedimento presente, ou mesmo pelos sintomas que acompanham a doença.

Nos processos renais crônicos, normalmente ocorre o inverso. Há uma diminuição

da densidade urinária, que geralmente é encontrada com valores próximos a 1.013 a 1.022,

podendo variar conforme a extensão da lesão e a fase detectada. A interpretação, neste caso,

é de que os néfrons perderam, parcial ou totalmente a capacidade de concentração devido a

lesões irreversíveis.

Naturalmente estas interpretações são isoladas e resultantes apenas de um ítem

importante do exame físico. Por isso, devem estar sempre associados aos demais paâmetros

do exame físico da urianálise. Quando possível também associar provas bioquímicas para

função renal ( uréia e creatinina).

VALORES NORMAIS DA DENSIDADE URINÁRIA NOS ANIMAIS

DOMÉSTICOS

ESPÉCIE VALOR MÍNIMO VALOR MÁXIMO VALOR MÉDIO

Canino 1.015 1.050 1.025

Bovino 1.020 1.050 1.035

Ovino 1.015 1.070 1.040

Caprino 1.015 1.070 1.040

Equino 1.015 1.060 1.035

Suíno 1.010 1.040 1.025

Felino 1.025

2. EXAME QUÍMICO

O exame químico da urina é realizado com o auxílio de fitas reagentes de química

seca, obtidas comercialmente para laboratórios humanos.

Page 112: Poligrafo laboratorio  2014

111

- pH:

A concentração hidrogeniônica da urina é particularmente influenciada pela

nutrição. Os animais mantidos com dieta predominantemente vegetal apresentam urina

alcalina, devido à presença de bicarbonato de cálcio solúvel; por outro lado os animais cuja

alimentação é rica em proteínas e cereais apresentam urina ácida, devido à presença de

fosfatos ácidos de sódio e cálcio.

O pH urinário é portanto ácido nos carnívoros (5,5 a 7,0) e alcalino (7,5 a 8,5) nos

herbívoros. Animais novos, em fase de amamentação, apresentam pH urinário ácido,

mesmo que o adulto da mesma espécie tenha caracteristicamente pH urinário alcalino.

As alterações do pH urinário geralmente indicam uma alteração sistêmica do que um

processo localizado ao nível do sistema urinário.

Interpretação:

Urina Alcalina:

. Demora da urianálise com formação de amônia,

. Cistite associada a bactérias que degradam a uréia em amônia;

. Administração de alcalinizantes: bicarbonato de sódio, lactato de sódio, citrato de sódio;

. Retenção urinária vesical;

. Alcalose metabólica ou respiratória.

Urina Ácida:

.Alimentação rica em proteínas;

.Administração de acidificantes: cloreto de amônio, cloreto de cálcio, fosfato ácido de Na;

.Catabolismo de proteínas orgânicas por febre, jejum, Diabetes mellitus;

.Acidose metabólica ou respiratória, principalmente uremia e Diabetes mellitus.

- PROTEÍNAS (mg/dl):

A proteinúria deve ser sempre interpretada em associação com a densidade e outros

dados clínicos e laboratoriais. Na urina normal não deve haver a presença de proteínas.

O grau de proteinúria não é necessariamente proporcional à severidade do processo

patológico, principalmente na proteinúria renal.

INTERPRETAÇÃO

PROTEINÚRIA FISIOLÓGICA:

.Exercício muscular excessivo;

.Convulsões;

.Ingestão excessiva de proteínas;

.Função renal alterada nos primeiros dias de vida.

PROTEINÚRIA PATOLÓGICA

1. Enfermidades renais: amiloidose renal, nefrite, pielonefrite, congestão renal,

intoxicação por arsênico, fósforo, e outros.

Page 113: Poligrafo laboratorio  2014

112

2. Enfermidades pós-renal: Cistite, prostatite, uretrite, urolitíase, contaminação por

descarga vaginal ou prepucial.

-ACETONA ( corpos cetônicos)

Normalmente isebto na urina, incluem o ácido aceto-acético, ácido B- butítico e

acetona. A elevação destas substâncias no sangue é denominada cetose ou acetonemia. O

ácido aceto- acético e o B-hidrobutírico, que dão origem à acetona, são produtos

intermediários normais do metabolismo das gorduras.

As causas de cetonúria variam conforme a patogenia r as particularidades do

metabolismo das diferentes espécies.

Causas de cetonúria:

. acidose

. jejum

. hepatopatias

. febre em animais novos

. diabetes mellitus em pequenos animais

. cetose em vacas leiteiras por desbalanço energético

. cetose em ovelhas prenhes associada à hipoglicemia

-GLICOSE:

Em condições normais, a urina dos animais não contém glicose. Embora a glicose

seja filtrada no glomérulo, ela é totalmente reabsorvida no túbulo proximal. A glicose é

uma substância de umbral (limiar elevado) - propriedade das substâncias que interessam

ao organismo, como os aminoácidos e a água.

A glicosúria ocorre quando a taxa de glicose presente nos túbulos excede a

capacidade de reabsorção, ou seja, ultrapassa o limiar renal. No cão, a glicosúria ocorre

quando a glicemia excede180mg%.

Quando presente pode significar:

Glicosúria associada à hiperglicemia:

. Diabetes mellitus

. Tratamento parenteral com glicose ou frutose

. Hiperadrenocorticismo

. Pancreatite necrótica aguda

. Ingestão excessiva de açucares

. Administração parenteral de adrenalina.

Glicosúria não associada à hiperglicemia:

. Nefropatias congênitas ou hereditárias;

. Doenças renais com comprometimento da porção tubular proximal.

Page 114: Poligrafo laboratorio  2014

113

Pode-se verificar glicosúria falso-positiva por reação química cruzada após

administração de certos antibióticos, substâncias redutoras de açucar e outros

medicamentos.

-SANGUE OCULTO:

Normal quando ausente. Sua presença na urina é chamada hematúria. Os testes de

rotina não diferenciam hematúria de hemoglobinúria. Deve-se centrifugá-la e observar o

sedimento e o sobrenadante; o sedimento vermelho indica hematúria e o sobrenadante

avermelhado a hemoglobinúria. Confirmar no exame do sedimento.

Hematúria: Após centrifugação o sobrenadante límpido e sedimento com grande quantidade

de hemácias intactas.

Causas de hematúria:

.Nefrites .Uretrite

.Nefrose .Cistite

.Infarto renal .Traumatismo

.Congestão passiva do rim .Prostatite

.Neoplasias .Dictophyme renale

.Urolitíases .Dirofilaria immitis

-HEMOGLOBINA:

Normal não aparecer na urina, quando encontrada chama-se hemoglobinúria, no

qual determina uma coloração escura e aspecto límpido. Após centrifugação ou repouso, o

sobrenadante apresenta-se com a mesma coloração vermelho escuro, sedimentos contendo

poucos eritrócitos.

Causas de hemoglobinúria:

.Babesiose, infecções provocadas por Clostridium perfringens e C. haemolyticum

tipo A, Leptospirose, fotossensibilização, incompatibilidade sangüínea, hemoglobinúria

pós-parto, agentes químicos como mercúrio e o cobre, algumas plantas tóxicas; Anemia

infecciosa equina.

- UROBILINOGÊNIO:

O urobilinogênio é um cromógeno formado nos intestinos por ação bacteriana

redutora de bilirrubina. Uma parte do urobilinogênio é excretada através das fezes, mas

outra é absorvida pela circulação porta, retornando ao fígado e sendo eliminada pela bile.

Pequena quantidade de urobilinogênio ( aprox. 2% ) atinge os rins através da circulação,

sendo excretado pela urina.

Ausência ou diminuição do urobilinogênio urinário:

. Obstrução das vias biliares;

. Distúrbios intestinais de reabsorção como na diarréia;

. Nefrite

Page 115: Poligrafo laboratorio  2014

114

Aumento do urobilinogênio urinário:

. Hepatite por incapacidade funcional de remoção do urobilinogênio da circulação;

. Cirrose hepática;

. Icterícia hemolítica

-BILIRRUBINA:

A bilirrubinúria deve sempre ser interpretada em associação com a densidade

específica da urina e é normal quando ausente. O limiar de excreção de bilirrubina no cão é

baixo em condições normais. A urina obtida de cães sadios normalmente contém alguma

quantidade de bilirrubina, principalmente quando a amostra possui elevada densidade

específica.

Causas de Bilirrubinúria

. Hepatopatias como hepatite infecciosa canina, leptospirose, neoplasias;

. Obstrução das vias biliares como colestase intra e extra-hepáticas.

-INDICAN

Esta substância é formada e absorvida no intestino, sendo eliminada pelos rins,

constitui o produto final do metabolismo bacteriano. É normal observar a presença de

pequena quantidade de Indican na urina de cães e gatos, nos herbívoros sempre está

presente.

A indicanúria é observada quando há:

.Constipação; obstrução intestinal; enterite; gastrite; diminuição do fluxo biliar; dieta rica

em proteínas;

áreas de decomposição protéica no organismo, como por exemplo: peritonite, metrite e

abcessos.

3. EXAME DO SEDIMENTO

O exame do sedimento possui padrão, e deve ser realizado com 10 ml de urina

fresca após sua centrifugação a 1.500 rpm por 5 a 10 minutos. O material é obtido

desprezando-se p sobrenadante, homogeinizando-se o sedimento e colocando-se uma gota

sobre lâmina, e em seguida uma lamínula por cima.

A leitura deve ser realizada em microscópio óptico em objetiva de 40x, ou seja,

aumento de 400 vezes. No entanto, uma observação em menor aumento ( 100 a 200x ) deve

ser realizada previamente à leitura, para verificar-se homogeneidade do sedimento a

macroestruturas como coágulos e pús. Observar a densidade urinária, pois pode haver

diluição do sedimento.

Page 116: Poligrafo laboratorio  2014

115

O sedimento urinário é constituído em 2 partes:

. Sedimento organizado

. Sedimento não organizado

SEDIMENTO ORGANIZADO

a) Células epiteliais de descamação:

Normal quando ausente ou discreta presença. Quando aumentadas podem indicar

lesão no local ou difusa. as células podem ser diferenciadas quanto a sua morfologia como

de epitélio renal, pélvis, vesicais, uretrais e vaginais. Em urinas de retenção ou quando há

demora de exame, as células podem apresentar-se degeneradas.

Causas da presença de células epiteliais na urina:

- Renais: degeneração tubular aguda, intoxicação renal, isquemia renal, processo

inflamatório;

- Pelve: pielite e pielonefrite;

- Vesicais: Cistite, cateterização agressiva;

- Uretrais: uretrite, cateterização agressiva;

- Tumorais: diagnóstico por morfologia citológica do sedimento.

b) Hemácias:

As hemácias são menores que os leucócitos e normal quando na quantidade de 1 a

2/campo de observação no microscópio; quando maior que 5/campo é hematúria.

A hematúria pode apresentar-se macro ou microscopicamente, e as causas são:

. Inflamação do trato urinário, como pielonefrite, cistite, pielite, prostatite

. Traumas como cateterização, cistocentese, neoplasias de rim, bexiga ou próstata;

. Congestão passiva renal;

. Infarto renal;

. Parasitas no trato urinário, como Dioctophima renale, Sthefanurus sp., dirofilariose;

. Intoxicações como cobre e mercúrio;

. Problemas hemostáticos;

. Estro;

. Pós-parto;

. Neoplasias, trauma e inflamações do trato genital.

c) Leucócitos:

Apresentam-se como células granulares maiores que as bactérias, porém menores

que as células epiteliais. Normal quando 1 a 2/campo. Quando maior que 5/campo é

leucocitúria ou piúria.

Em pH alcalino, os leucócitos tendem a apresentar-se sob a forma de grumos.

Page 117: Poligrafo laboratorio  2014

116

Causas de Leucocitúria

. Inflamações renais como nefrite, glomerulonefrite, pielonefrite

. Inflamações do trato urinário baixo como uretrite e cistite

. Inflamações do trato genital como vaginite, prostatite e metrite.

d) Cilindros:

São constituídos primariamente de mucoproteína e proteína que aderem-se ou não a

outras estruturas; normal quando ausentes. Representam moldes dos túbulos onde são

formados, como nos ductos coletores, túbulos contorcidos e alça de henle.

A formação dos cilindros dá-se na porção renal tubular, onde a urina atinge

concentração máxima e acidez, o que favorece a precipitação de proteínas e mucoproteínas.

Qualquer lesão tubular presente no momento da formação dos cilindros pode refletir

na composição dos mesmos. Deste modo os cilindros são classificados conforme o material

que contém:

CILINDROS URINÁRIOS

Tipo Composição Interpretação

Hialinos mucoproteína e

proteínas

-geralmente associados à

proteínúria

-processo transitório(febre e

congestão)

-Também doença renal

Hemáticos Muco + hemácias -hemorragia glomerular e tubular

-glomerulonefrite aguda

-nefropatia crônica em fase

evolutiva

Leucocitários Muco + leucócitos -associados à inflamação renal

-pielonefrites e abcessos renais

Epiteliais Muco + restos celulares -semelhante à presença de

cél.isoladas

-inflamações renais

Granulosos Muco + várias estruturas -degeneração tubular

-necrose de células tubulares

Céreos Cilindros angulares

(alta permanência renal)

-fase final da degeneração tubular

-lesão tubular crônica

IMPORTANTE: os cilindros não se formam em baixas densidades ou em pH alcalino.

e) Espermatozóides:

Normal no cão. Em outras espécies, como no bovino, pode indicar distúrbio

reprodutivo.

Page 118: Poligrafo laboratorio  2014

117

f) Muco:

São filamentos mucóides, e normal quando quantidade discreta. Aumentam em

processos inflamatórios.

g) Bactérias:

Normal quando quantidade discreta, mas não deve ser analisado isoladamente.

Normalmente a urina é estéril até atingir o polo distal da bexiga; a uretra dos cães contém

uma população bacteriana normal maior na extremidade distal. Cuidado com falsa

bacteriúria por tempo prolongado de exposição da amostra de urina previamente ao exame.

Grande quantidade em exame de urina fresca sugere infecção bacteriana em algum

ponto do trato urinário, especialmente quando associada a outros sinais de inflamação como

piúria, hematúria e proteinúria.

SEDIMENTO NÃO ORGANIZADO

Cristais:

São produtos finais da alimentação do animal, e dependem para sua formação do pH

urinário. A grande quantidade pode indicar urolitíase, embora possa haver cálculos sem

cristalúria e vice-versa.

CRISTALÚRIA

pH ALCALINO pH ÁCIDO

- Fosfato triplo

- Fosfato amorfo

- Carbonato de cálcio

- Urato de amônio

- Urato amorfo

- Oxalato de cálcio

-Ácido hipúrico

- Cistina (raro)

Outros:

-Fungos ou leveduras: Contaminantes ou infecção fúngica

- Ovos e parasitas:

- Stephanurus sp - suínos

- Dioctophyme renale - cães

- Capillaria sp - Cães e gatos

- Dirofilaria immitis - Cães

Page 119: Poligrafo laboratorio  2014

118

ESQUEMA LABORATORIAL PROPOSTO PARA DIAGNÓSTICO

DE ALGUMAS DOENÇAS DO SISTEMA URINÁRIO COMUNS EM

VETERINÁRIA

pH densidade Proteínas cilindros leucócitos hemácias diagnóstico

6 - 6,5 / norm + / ++ pres. pres. raras nefrite aguda *

5 - 6,5 1012-

1020

+ / ++ pres. pres. raras nefrite crônica*

6 - 6,5 ou 3+/ 4+ pres. pres. variáveis glomerulonefrite **

8,0 1006-

1012

+ / ++ ausentes pres. aumentada pielonefrite bovinos**

alcalino (> 1025) - / + / ++ ausentes pres. /bact. Cistite *

alcalino /normal - / + ausentes pres. /cristais cálculo +

Silveira (88)

* - checar taxa de uréia no plasma

** - Checar taxa de uréia e creatinina no plasma

+ - Checar pelo raio x

- presença acentuada

- presença discreta

- - Traços

Teremos processo inflamatório renal

. Proteinúria

. Cilindrúria TRÍADE

. Leucocitúria

-Proteinúria pequena - casos crônicos

-Proteinúria de grande magnitude, sem significativa hematúria e leucocitúria -

Glomerulonefrite

-Proteinúria sem cilindros - origem pós renal

-Densidade aumentada - fase aguda das nefrites

-Densidade diminuida - processos renais crônicos

Page 120: Poligrafo laboratorio  2014

119

CASOS CLÍNICOS - URINA

Silveira(88), Patologia Clínica Veterinária

1. Amostra de urina, coletada com cateter, de um cão macho de 6 anos de idade.

Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento

Volume: 20 ml . Proteínas: ++ . Cilindros: xpc 3 a 4 granulo.

Aspecto: turvo . S. Oculto: + . Cél. Epi.: 1 a 2 x pc

Reação: ácida . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: x pc 5 a 10

Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 10 a 15

pH: 5,5 . Glicose: ausente . Bactérias: Pres. moderada

Densidade: 1.039 . Cristais: oxalato de cálcio

2. Amostra de urina recebida de um cão não cateterizado

Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento

Volume: 40 ml . Proteínas: + . Cilindros: xpc 1 a 2 hialinos

Aspecto: limpido . S. Oculto: ausente . Cél. Epi.: Ocasionais

Reação: ácida . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: x pc 4 a 6

Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 1 a 4

pH: 6,0 . Glicose: ausente . Bactérias: Pres. raras

Densidade:1.012 . Cristais: ausentes

3. Amostra de urina recebida de um cão cateterizado

Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento

Volume: 15 ml . Proteínas: +++ . Cilindros: ocasionais hial.

Aspecto: turvo . S. Oculto: ausente . Cél. Epi.: Ocasionais

Reação: ácida . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: x pc 6 a 8

Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 0 a 4

pH: 5,5 . Glicose: ausente . Bactérias: Pres. raras

Densidade: 1.022 . Cristais: ausentes

Page 121: Poligrafo laboratorio  2014

120

4. Amostra de urina, coletada com cateter, de um cão encaminhado ao consultório.

Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento

Volume: 30 ml . Proteínas: ++ . Cilindros: ausentes

Aspecto: turvo . S. Oculto: +++ . Cél. Epi.: Ocasionais

Reação: alcalina . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: + de 50 pc

Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: x pc 20 a 30

pH: 8,5 . Glicose: ausente . Bactérias: muitos cocos

Densidade: 1.026 . Cristais: fosfatos amorfos

5. Amostra de urina de um cão obtida por caterização.

Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento

Volume: 45 ml . Proteínas: aus. . Cilindros: ausentes

Aspecto: turvo . S. Oculto: aus. . Cél. Epi.: Ocasionais

Reação: alcalina . Bilirrubina: ausente . Leucócitos: ausentes

Cor: amarela . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: ausentes

pH: 8,0 . Glicose: ausente . Bactérias: raros cocos

Densidade: 1.025 . Cristais: fosfatos amorfos

6. Amostra de urina de cão encaminhada ao laboratório e coletada por cistocentese.

Ex.Físico Ex.Químico Ex.Sedimento

Volume: 30 ml . Proteínas: - . Cilindros: ausentes

Aspecto: turvo . S. Oculto: aus. . Cél. Epi.: Ocasionais

Reação: neutro . Bilirrubina: ++ . Leucócitos: ausentes

Cor: amarela carregado . C.Cetônicos: ausen. . Hemácias: ausentes

pH: 7,0 . Glicose: ausente . Bactérias: ausentes

Densidade: 1.040

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CAPÍTULO IX - Casos Clínicos Completos

1. Canino, fêmea, 9 anos de idade, Fox Paulistinha. Poliúria, certo grau de obesidade.

Desidratação aparente. Qual o provável diagnóstico?

Hemácias 8.000.000 leucócitos: 35.000

Hb: 16,8 mielócitos: 1%

Vg: 50% Metamielócitos: 5%

PPT: 9,6g/dl Bastão: 23%

FP: 300mg% NS: 53%

Monocitos: 14%

Linfócitos: 2%

Eosinófilos: 0

Bioquímica Urianálise

Colesterol: 366 mg% Densidade: 1.032 Corpos cetônicos: ++

Glicose: 200mg% Reação: ácida – 6,0 Leucócitos: ocasionais

TGP: 190 UI/l Proteínas: traços

Lipase: 55 UI/l Glicose: ++

2. Bovino, raça mista, 6 anos de idade. Animal esteve em trabalho de parto distócito.

Apresentava sinais de traumatismo, provocado pelas mãos do tratador, como tentativa de

expulsar o feto.

Hemácias: 8.800.000 Leucócitos: 8.700

Hb: 13,2 g% Bastão: 7%

VG: 39% NS: 31%

PPT: 7,2 g/dl Linfócitos: 52%

FP: 1.200 mg% Monócitos: 10%

Eosinófilos: 0

BIOQUÍMICA

CPK 1.280 UI/l

Cálcio: 7,9 mg%

Fósforo: 3,8 mg%

Glicose: 121 mg%

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122

3. Canino, macho, 7 meses, foi atropelado há 2 dias. Esta medicado com analgésico. Parou

de comer e urinar. Abdome aumentado de volume e intensamente dolorido ao toque.

BIOQUÍMICA

Uréia: 328 mg%

Creatinina: 8,2 mg%

Análise do líquido peritoneal

EXAME FÍSICO EXAME QUÍMICO

Aspecto: turvo Proteínas: 500 mg/100ml

Cor: amarelo Sangue Oculto: +++

Densidade: 1.014 Indican: +++

Reação ácida (pH 6,5)

CITOLÓGICA

Leucócitos: +++ Hemácias: +++

Células epiteliais de transição

Bactérias: ++

Page 124: Poligrafo laboratorio  2014

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ANEXOS – Valores de referência

Page 125: Poligrafo laboratorio  2014

124

Page 126: Poligrafo laboratorio  2014

125

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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