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L E M B R A N Ç AS D O M E U P A I

Lembrancas do papai

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Page 1: Lembrancas do papai

L E M B R A N Ç AS

D O M E U

P A I

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Sabe meu pai, nós como filhos e seres humanos, muitas vezes não somos capazes de valorizar o que temos.

Talvez por imaturidade ou orgulho, ou mesmo a ambição. Só enxergamos bem a frente, não paramos

para pensar no bem precioso que temos em nosso lar.

Nossa Família: Pai, mãe, irmãos, avós, parentes, amigos, todos que nos rodeiam, queremos uma vida de luxo e nem sempre podemos ter. Porém pensando no hoje vimos o reflexo do nosso passado. Que importa a

condição de vida? Somos uma família, movidos pelo amor e compreensão.

“Não importa quem meu pai tenha sido; o que interessa é a minha lembrança de quem ele foi.”

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Ainda criança, nunca esqueci que levantava bem cedinho, buscava o pão e o leite e depois saía para o trabalho,

retornando somente a noite. Nada deixava faltar. Era um homem íntegro, cumpridor de seus deveres e de nossa

educação. Nos deu bom exemplo de dignidade, caráter o qual nos acompanha nos dias atuais.

Só uma coisa faltou meu pai, talvez você nem tenha percebido, mas nos fez muita falta. O carinho, o afago, uma palavra de incentivo com um sorriso nos lábios. Eu sofria mais por ser única filha, mas meus irmãos levavam uma vida mais livre e não sentiam tanto. Somente eu, porque, talvez tenha sido mais afetiva, mas carente e sonhadora... Como desejava que me pegasse no colo, e me abraçasse ao voltar do serviço... Tudo aquilo foi acumulando no meu

ego, sem que percebesse.

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Minha mãe, muito humilde, talvez faltasse coragem nessa cobrança. Não estou reclamando meu pai, pois você era o máximo em tudo, sempre preocupou com nossa saúde, nosso bem estar,

mas também nunca soube demonstrar seu amor por nós.Às vezes por motivos sem tanta importância, usava suas forças, através das

chicotadas, pensando talvez estar fazendo o bem.

Hoje eu lhe entendo meu Pai. Você nos deu aquilo que recebeu em sua criação e achava que era certo. Se não ganhou amor ou

carinho, como poderia nos dar tudo isso? Sua forma de nos amar era diferente. Nunca sentamos à mesa como uma família para as

refeições. Era somente você, como um rei, servido por minha mãe. Nós quatro ficávamos no quintal bem quietinhos para não fazer

barulho. Quando você apontava ao longe corríamos para desligar o rádio, ou apagar as luzes, pois não gostava. Eu tinha tanto medo do escuro! Muitas vezes deixava a luz acesa dizendo que estava estudando, até que mamãe fosse mais tarde no meu quarto

apagá-la.

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.

O que me marcou mais foi na época de menina-moça. Na minha rua havia muitas crianças e nas noites enluaradas

iam brincar naquela nossa rua de rodas, de esconde-esconde e muitas outras brincadeiras. Só que você não

deixava meu pai; Então eu ia dormir aos prantos. Só queria crescer depressa. Foi aí que comecei a escrever meu diário. Diário de uma mocinha sonhadora. Pouco

entendia da vida. Pensava que um dia viria um príncipe e me buscaria. Quanta infantilidade! Isto não faz tanto tempo assim, foi no século passado, mas depois dos

anos sessenta.

Namorar? Tinha de ter seu conhecimento e aprovação. Cinema, só ia se você fosse junto. Depois o tempo foi

passando e tudo modificando. Não o culpo por isso meu pai, hoje constitui família e minha preocupação com os

filhos talvez seja maior, mas os tempos mudaram. Entregar nas mãos de Deus e pedir que os acompanhe.

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Lembro-me também que nas festas de fim de ano, Natal e Ano Novo, apenas ouvíamos as vozes alegres das pessoas, pois tínhamos de dormir cedo. Mesmo assim eu o amava e admirava, meu pai, só faltava coragem de expressar o que

sentia. Você lutou muito por mim, e até no período de faculdade, já bastante cansado sempre ia me buscar no

término das aulas, a pé e depois das vinte e três horas. Não conversávamos, mas sempre cuidava de mim.

E assim o tempo foi passando... Casei, tive filhos e passei a compreender o porquê de tantos NÃOS que ouvia. E lhe

agradeço por ter feito de nós pessoas simples e dignas de viver em sociedade.

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Deus lhe deu muitos anos de vida meu pai, quase um século. Mas como foi triste a partida! A fraqueza tomava conta do seu corpo juntamente com as dores que eram

inevitáveis. Só que você meu pai, sempre altivo não sabia aceitar o sofrimento. Sempre foi forte e sadio e não

aceitava viver naquela condição. Então me chamava, às vezes gritava e eu passei a ser sua princesa. Quão feliz fiquei. Quão triste também, pois era o que eu queria ter

sido sempre em sua vida, a princesa, a menina carregada no colo, e naquele instante, por ironia do destino era eu

quem o carregava.

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Sua princesa. Eu não merecia ser uma princesa meu pai, pois não soube lhe dar carinho. Meus irmãos eram

carinhosos, brincalhões, mas eu era durona, não conseguia. Eu queria lhe abraçar, tentar aliviar suas

tensões, suas dores, e dar muito carinho e amor. Queria dizer agüente firme meu velho, pois lhe amo, e peço a Deus que lhe dê forças para vencer esta fase de sua vida. Nós o amamos muito e agradecemos por estar

conosco até agora, ... Mas as palavras não saiam.

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Hoje meu pai, você é uma lembrança viva em nosso coração. Procuro imitá-lo em muitas coisas. Você se foi, mas os bons exemplos ficaram. Só queria que o tempo pudesse voltar atrás por alguns minutos para que eu pudesse

abraçá-lo bem forte e dizer:

“ EU O AMO MUITO MEU PAI. VOCÊ É MEU TUDO, SE SOU REALIZADA FOI GRAÇAS A VOCÊ, A SEUS ENSINAMENTOS OS QUAIS JAMAIS

ESQUECEREI.”

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Mas o tempo não para e jamais voltará, mesmo assim, esteja onde estiver, ouça meu coração que diz:

“ Meu pai, você ficará sempre na minha vida, jamais o esquecerei pois sinto-o presente, e amo você de todo coração, com todas as minhas forças, porque é o seu sangue que corre em minhas veias. Perdoe-me por não ter

dito tudo isso antes, mas sinto que a hora é agora.

Que Deus o proteja sempre.”

RAYMA LIMA

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Aqui viveu meu pai Antônio Gomes de Brito, nascido em maio de 1.902 e falecimento em agosto

de 1.995.

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M É R I T O S:

“ Lembranças do Meu Pai “ Crônica do site Razão de Viver.

Home Page Rayma Lima - Poesias e Crônicas.

Música de fundo : “Branca - Dilermando Reis “

Apresentação e montagem : [email protected]

{ [email protected] }