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Inovação - O Jornal Económico RALI 21/10/2016, FIL Lisboa FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA Um lugar estranho e necessário Apresentação RALi - Realidade Aumentada em Lisboa (Expo Sync Lisboa, FIL - 21 outubro 2016)

Futuro e Inovação nos Media - Um lugar estranho e necessário

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA Um lugar estranho e necessário

Apresentação RALi - Realidade Aumentada em Lisboa (Expo Sync Lisboa, FIL - 21 outubro 2016)

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA

FUTURO

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1989

2015

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA

No futuro, e 26 anos depois, Marty e Doc ainda liam notícias em jornais impressos.

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UPS! UPS! UPS! UPS! UPS!

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1455

Obrigada Gutenberg por teres posto nas mão da humanidade o papel impresso!

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Lidamos com papel impresso há quase 600 anos!

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E há mais…

UPS! UPS! UPS! UPS! UPS!

somos todos nativos do papel, pois ainda aprendemos a partir dele!

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BACK TO THE FUTURE AGAIN!

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Impressões e projecções sobre a impressão

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2011

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OS LIVROS IMPRESSOS VÃO DESAPARECER?

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OS JORNAIS IMPRESSOS VÃO DESAPARECER?

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FISICALIDADE, CHEIRO, TEXTURA, PARTILHA…

Um lugar sem livros e jornais impressos, é um lugar estranho…

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BACK TO THE PRESENT!

2014… 2015… 2016

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA

Os livros e os jornais impressos talvez, não desapareçam…

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O FUTURO DOS MEDIA?

ALTERNATIVAS? SOLUÇÕES?

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BACK TO OUR FUTURE!

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Co-Existência

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Co-Existência O papel a potenciar o digital e o digital a potenciar o papel.

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA

III21 out. 2016

“Receber o prémio Saramago das mãos do próprio foi um retorno”Que importância teve receber o Prémio Saramago?Ter recebido o Prémio José Sara-mago, das mãos do próprio JoséSaramago, com o discurso apai-xonado que ele fez, foi muito im-portante. Porque há uma espéciede retorno. Como se toda a mi-nha vida de paixão pelos textosme desse uma resposta. Como seo discurso de Saramago personi-ficasse o mundo. E me respon-desse e acolhesse, dizendo: “Val-ter, tu tens um lugar.” Para umautor talvez o que lhe confereum maior sentimento de justiça,de gratificante justiça, seja pas-sar a ser amado por um autorque sempre amou. É o reconhe-cimento pelos pares.O que mudou na sua vida com o galardão?Após a vitória o caminho amplia--se. O que acontece ao vencedordo Prémio Saramago é que a suaimagem e o seu trabalho é ex-posto, havendo curiosidade na-tural por parte dos leitores emsaber quem é aquele autor. Hávencedores que mantêm a evi-dência e outros tornam-se maisdiscretos. Mas nenhum regressaao anonimato. É um prémio mu-dador, brilhante para um novoautor.Como é que lhe surgem os te-mas?Vivo impressionado por algumascoisas. Há assuntos que me sãonaturais e para os quais estoupropenso a estar atento. E há ins-tantes, epifanias, coisas da vida,do quotidiano, os gestos das pes-soas. Gosto muito de observarpessoas que não conheço e quenem sei o que estão a dizer. Gos-to de ver o movimento, a formacomo se movem e gesticulam. Écomo se as pessoas destituídasdo discurso se tornassem umatela branca na qual posso escre-ver. Sou muito marcado pela ob-servação das pessoas.Já lhe aconteceu ter uma visão para uma personagem, mas esta ganhar vida e terminar com ou-tro ângulo?Sim, acontece de vez em quan-do, em alguns livros, algumaspersonagens fazerem inversõesno seu percurso que são surpre-sas profundas para mim. São de-cisões que o livro toma quase àminha revelia. Como se me dei-xasse estupefacto. Por exemplo,personagens que tinha comofundamentais para sustentar olivro e que morrem demasiadocedo. São personagens que desa-parecem do livro muito antes doque eu poderia supor. Mas cuja

morte pode ser essencial para arobustez das outras persona-gens. O livro tem sobretudo umarranque que podemos orientar,mas depois, e eventualmente sefor um livro para dar “certo”,cria a sensação de que é o livroque nos orienta. Deixamos de tero poder de decidir o próprio li-vro. E ficamos numa posição emque, de alguma forma, vamosobedecendo à identidade que olivro definiu.Quando isso acontece não deve contrariar-se. Certo?Quando isso acontece é maravi-lhoso. O momento em que o li-vro atinge um ponto em que seimpõe ao autor é quando ele dealguma forma atingiu a sua velo-cidade de cruzeiro. Consegui-mos dotá-lo de uma dinâmicaque depois se alimenta a ela pró-

pria e, por isso, tem de haveruma espécie de controlo do egodo autor para que este não se so-breponha à coerência que o livroacabou de estabelecer. É como sesubitamente, depois desse esfor-ço inaugural, de plantar umahistória, o autor ficasse apenas acuidar daquilo que germina.É como se fosse um filho que ga-nhou independência?Ganha independência e não po-demos definir tudo. Não pode-mos contrariar sob pena de des-tituir o livro de qualquer senti-do, de qualquer coerência, deuma dimensão plausível.Nunca considerou escrever um livro da categoria do fantástico?Gosto da fantasia, da permissivi-dade, da trama, das ideias, masnão está na minha natureza es-crever livros fantásticos.Mas já experimentou vários gé-neros literários...Sim, os géneros literários inte-ressam-me. Como me interes-sam todas as formas de expres-são, todas as formas de arte. Senão faço exposições de pintura éporque não sei pintar. Mas tentover as exposições dos artistas dequem gosto.Usa o que apreende na sua obra?Aquilo que me impressiona emqualquer expressão da humani-dade tento traduzir através da li-teratura. Em certas passagensdos meus livros posso ter usadoconcetualmente a imagem dealgo que vi, algo que presenciei,algo que ouvi ou os gestos de al-guém. Muitas vezes não tem aver com as palavras que as pes-soas dizem, mas sim com os ges-tos. Uma espécie de fisicalidade.Tudo é comunicacional. Se pas-sarmos pelo mundo como obser-vadores o mundo é perfomático.Todas as pessoas estão em per-formance e, por isso, quando seescreve ou se cria algum tipo deobra artística traduz-se a perfor-mance que presenciamos.Alguns amigos podem rever-se nas personagens dos seus livros?Muito. Às vezes há uma ou outrafigura que é ligeiramente inspi-rada ou pensada em alguém.Como se fosse uma brincadeiraou uma homenagem a algumapessoa. Nos meus livros criei pe-quenas homenagens a algumaspessoas.E conseguem identificar-se?Sim. Logo no primeiro romancefalo de um senhor Seixas, umpintor que vivia numa pequenaaldeia e que era claramente umahomenagem ao pintor surrealis-ta Cruzeiro Seixas.

“Nos meus livroscriei pequenashomenagens aalgumas pessoas.Logo no primeirofalo de um senhorSeixas que é umahomenagem aopintor surrealistaCruzeiro Seixas.”

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA

IV ESTILO

Woody Allen a olhar para a in-dústria cinematográfica, numavisita aos anos 30 é tambémWoody Allen a olhar para a vidados ricos. E ainda Woody Allennum exercício que se transfor-ma em misto de fascínio e repul-sa no que diz respeito ao gla-mour de Hollywood. Não falta,ainda, a pitada de certeiro senti-do de humor e romantismo. Nofundo, ingredientes que temapresentado ao longo da carreiracinematográfica com visõesmais ou menos profundas e rea-parecem em “Café Society”, asua mais recente obra.

Aos 80 anos, conforme afir-mou em entrevista ao diário“The Guardian”, Allen admiteque gosta de olhar para as vidasdos ricos e está muito longe dediabolizar os seus argumentos,

trunfos, eventos e fausto em quese movimentam. Com ironia, re-conhece que joga na lotaria coma mulher e chega a gastar 100dólares por semana. Mas semprediz que não quer comprar umbarco ou um avião – é, afinal,mais um passatempo.Género: Comédia/Romance;Realizador: Woody Allen; Elenco:Jesse Eisenberg, Kristen Stewart,Steve Carell; País: EUA; Duração:96m.

Woody Allen gosta de olhar para as vidas dos ricosÉ assim que o realizador norte-americano fala, em certa medida,sobre o seu mais recente filme, “Café Society”.

Paulo Jorge [email protected]

CINEMA

NOVIDADES

Nos textos reunidos por Carla Baptista háautores como Eça de Queiroz, Jorge deSena ou Natália Correia, entre muitosoutros. Não faltam distintas visões acercade uma América multifacetada, entre asurpresa e a monotonia, o imprevisível euma coleção de estranhezas que são,afinal, parte da normalidade num imensomosaico de costumes e atitudes. Está àvenda desde dia 18.

Realidade e ficção, numa história entre1930 e 1958 em que “o leitor éconduzido pela voz de um rapazjudeu, com humor e ironia, numuniverso repleto de momentos dedesalento, ternura e amor à vida”.A autora, nascida a 28 de fevereiro de1948 na Argentina, vive em Portugal hámais de quatro décadas, colabora emjornais e revistas desde os 17 anos eescreve poesia, romance e conto. Aobra já está nas livrarias.

Referem os autores que esta novelagráfica “não é apenas um romancehistórico”. E acrescentam: “É a históriade pessoas como nós que, ao longoda História, são obrigadas a enfrentarvagas de acontecimentoscataclísmicos.”Está à venda desde o dia 14, mas vaiter apresentação especial no dia 22,com a presença de Alecos Papadatose Abraham Kawa durante o AmadoraBD – Festival Internacional de BandaDesenhada.

Não é a primeira vez que DiegoArmando Maradona apresenta a suaautobiografia, mas vale sempre a penaler as histórias que conta. Por muitosconsiderado o melhor jogador desempre, o argentino volta a contar coma ajuda de Daniel Arcucci para umdesfile de episódios que vão desde osproblemas face a Passarella à relaçãocom Messi, passando pelo memorávelMundial de 86. À venda por 16,56euros desde dia 14.

“América, the beautiful – Relatos de escritoresportugueses” de Vários (Tinta-da-China)

“O Rapaz e o Pombo”, de Cristina Norton (Leya)

“Democracia”, de Alecos Papadatos, Abraham Kawa e Annie Di Donna

“A mão de Deus - A minha verdade”,de Diego Armando Maradona com Daniel Arcucci (Vogais)

É apresentado hoje o livro sobrea vida de um político importantena democracia portuguesa,escrito pelo sociólogo JoãoPedro George com publicaçãopela Contraponto do GrupoBertrand/Círculo. Fulcral para afundação do PPD/PSD, MotaPinto seria primeiro-ministro edesempenhou papel central noprimeiro Executivo do BlocoCentral, liderado por Mário

“Mota Pinto”, de João Pedro George (Contraponto)

Abril e o MundoExtraordinário

Alguma coisa de errado está aacontecer naquele ano de 1941 empleno reinado de Napoleão V emFrança: sem qualquer base deexplicação, os cientistas estão adesaparecer. Falta evolução, atecnologia não passa de merapalavra, a eletricidade é algo deinexistente, tal como invenções dadimensão de televisão, rádio ouaviões. Abril (Marion Cotillard)continua a investigar o chamado soroda imortalidade, dando seguimentoao trabalho dos pais que, comoquaisquer outros cientistas,desapareceram. Este é o momentoem que vai lançar-se numa aventurasimultânea de procura dos pais e defuga às autoridades, missão em quevai ter apoios – Darwin, o gatofalante, e Julius, o jovem apaixonado,

estarão ao seu lado para a ajudar acada momento mais delicado. Umaobra diretamente inspirada na BandaDesenhada de Jacques Tardi comdois estreantes na realização.Género: Animação/Comédia;Realizador: Christian Desmares eFranck Ekinci; Elenco: MarionCotillard (voz), Philippe Katerine(voz), Jean Rochefort (voz); País:Bélgica, Canadá e França; Duração:105m.

Jack Reacher: NuncaVoltes AtrásO ex-investigador Jack Reacher(Tom Cruise) vive à margem domundo após mais de 10 anos àfrente da Unidade de Investigações

Especiais. Entretanto, descobre queSusan Turner, major com quemchegou a trabalhar, foi detida sobacusação de traição. Crendo que

Turner é vítima de uma armadilha,Reacher envolve-se num plano paraa ajudar. E é aí que tudo secomplica ainda mais...Género: Ação; Realizador: EdwardZwick; Elenco: Tom Cruise, CobieSmulders, Robert Knepper; País:EUA; Duração: 118m.

Mas que Cinco...Julia, Vadim, Timothé, Samuel e Nes-

tor, amigos desde a infância, planea-ram morar juntos assim que estives-se assegurada a autonomia. Samueldiz que irá pagar metade da rendagraças à riqueza do pai, mas o planovai sofrer grandes alterações.Género: Comédia; Realizador: IgorGotesman; Elenco: Pierre Niney,François Civil, Igor Gotesman; País:França; Duração: 102m.

ESTREIAS

Jesse Eisenberg e,sobretudo, KristenStewart, ganhamevidência no maisrecente exercíciocinematográficodo realizador.

477 out. 2016

Para quando um Governo em Espanha?

A Espanha vive actualmente umdos momentos políticos maisconturbados na Europa. Cami-nha a ‘passos largos’ para quaseum ano sem Governo formado.Mariano Rajoy, do PP, não conse-guiu uma maioria e tem tentadoformar uma coligação governa-mental, nomeadamente com oPSOE, o Podemos e os Cidadãos.

Para agravar esta situação, osecretário-geral do PSOE, PedroSánchez acabou por se demitirdurante o último fim de semana,no decorrer do comité federal dopartido.

Entretanto, Cristina Díaz,presidente da Junta da Andalu-zia e líder da facção rival de Sán-chez é um dos nomes mais pro-váveis para avançar para a lide-rança do PSOE. Díaz tem sido de-fensora de não viabilizar um Go-verno com Rajoy. Se até 31 deoutubro, não existir uma solu-ção, o rei de Espanha terá deconvocar novas eleições.

Amalio de Marichalar, presi-dente do Foro Soria 21 para oDesenvolvimento Sustentável,ao Jornal Económico mostrapreocupação com as consequên-cias económicas em Espanha de-vido à inexistência de um rumopolítico no país. A desilusão dapopulação é evidente e a nívelexterno, existe o perigo de per-der competividade.

“O impacto na economia espa-nhola ainda não é grande, pois asprincipais decisões do anteriorgoverno e, especialmente, o com-portamento de toda a sociedadefaz com que a Espanha esteja acrescer a um bom ritmo, no en-tanto, as orientações do governoanterior têm urgentemente de tercontinuidade, de forma imediata,para manter a confiança”, admite.

Marichalar alerta para o fac-to de ser necessário mudar a ati-tude e o compromisso dos res-ponsáveis políticos para quepensem exclusivamente no bemcomum e nos interesses geraisda Espanha, ouvindo e consul-tando a sociedade civil espanho-

la e o compromisso que cada umtoma no seu setor, para respon-der convenientemente ao que seespera de cada um.

As consequências externassão evidentes e tem de se corrigirimediatamente a situação, senãocorre-se o risco de se perder aconfiança em muitos dos proje-tos de investimento internacio-nais que Espanha necessita paraconsolidar a sua economia e tam-bém o facto, de que a reputação éalgo muito difícil de ganhar masfácil de perder. “Num mundocompetitivo como este, em quecada país deve oferecer as suasmais-valias e potencialidades eonde Espanha neste caso temmuitas, esta é uma situação mui-to delicada. Temos de ter atençãosob o ponto de vista internacio-nal para não perdermos competi-vidade”, conclui Marichalar. ■ FP

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do uma Europa e o seu imberbe projeto de União Europeia. Fragilizada, vamos ter de esperar para ver quem tem coragem de lutar por ela.

A crise interna doPSOE com ademissão dePedro Sánchezvem agravar asituação deEspanha

quais já nacionais dos paísesonde habitam e nos quais mui-tas vezes nasceram, a Europatenderá para a irrelevância: semum mercado interno pujante,sem a capacidade de emitir pa-drões - de produção, de qualida-de, de garantia, de segurança -universais ou universalizáveis;sem o softpower assente na suaautoridade como entidade reco-nhecida e respeitada mundial-mente, a União e os países quedela fazem parte iniciarão uminevitável processo de encolhi-mento e apoucamento”. Porquenão é possível que um continen-te que produz quase 25% da ri-queza mundial com apenas 10%da população acredite que issopossa durar para sempre.

O Brexit é já uma resposta a

esta questão, como refereBrandão de Brito, a desconstru-ção da integração europeiaestá em marcha, quer sobre aforma do Brexit quer quandose fala em construir muros (asvelhas fortalezas e castelos…)efémeros porque a Histórianão lhes permite grande longe-vidade e no seu implacávelprocesso acaba por arrasá-los,“ficarão então na Europa ou-tras tantas cicatrizes que cons-tituirão mais alguns elementosde que se arrependerá e farápor esquecer”.

Paulo Sande alerta para o fac-to da União Europeia ser uma ri-queza dos europeus. “Está emrisco. Veremos agora quem temcoragem, capacidade e lucidezsuficientes para lutar por ela”. ■

Se a Europa sefragmentar,muito se perderáe os europeusretrogradarãoséculos

Depois de Pedro Sánchez deixar a direção do PSOE,deverá seguir-se Cristina Díaz que tem defendido ainviabilização de um governo com Rajoy

Pedro Sánchez, admirador do políticochileno, Salvador Allende, o ex--secretário-geral do PSOE deEspanham deixa a direcção dopartido mas continua ativo na política.

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FUTURO E INOVAÇÃO NOS MEDIA

ESTILOVIII

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Amadeo de Souza Cardoso e o quadro Clown, Cavalo e Salamandra, que a Âme Moi mimetizou em carteira com a ajuda da sobrinha-trineta do artista e de uma técnica especial em relevo

Portugal é muito forte na indús-tria de calçado, mas não tinha uma marca de acessórios, sobre-tudo em pele, à altura. A Âme Moi, criada em 2013 por Alberto Gomes e Margarida Jacôme, veio preencher essa lacuna e, em pou-co tempo – pouquíssimo na reali-dade –, assumiu-se como uma co-biçada marca de luxo internacio-nal, com presença em lugares tão icónicos como o Harrods e o Sel-fridges em Londres.

Todas as carteiras são manufa-turadas no atelier em Vila Nova de Famalicão, por experientes mãos portuguesas. Hoje a marca emprega já oito artesãs dedicadas em exclusivo a produzir as cerca de 1.500 carteiras criadas no ano passado.

E, se a ideia é crescer, a aposta passa sempre pela qualidade e ex-clusividade dos produtos, nunca pela quantidade. Até porque o preço médio de uma Âme Moi ri-

valiza com o das grandes marcas de moda mundiais.

Na génese foram identificados três pilares fundamentais de ins-piração: a arte, a “portugalidade” e o mundo equestre. Até porque os fundadores como a designer, Carlotta Costa, são ávidos prati-cantes de equitação. Ao ponto de a Âme Moi ter um centro hípico nas instalações. A tradição nacio-nal é evidente nas carteiras inspi-radas nas mantas alentejanas e na arquitetura portuguesa. A coleção desta estação foi claramente be-ber à fonte de Lisboa, aos seus bairros e símbolos icónicos e, na próxima, a ligação equestre será mais evidente ainda, como foi possível admirar durante o show de Anabela Baldaque no Portugal Fashion, onde as manequins des-filaram com peças Âme Moi.

Apesar de estar para breve a criação de uma nova loja online, a aposta da Âme Moi foi e mantém--se na presença em pontos-chave um pouco por todo o mundo. As coleções são apresentadas em Mi-lão, havendo representantes em S. Petersburgo, Alemanha, Espa-

nha e Coreia do Sul, este um dos mercados mais fortes, junto com Inglaterra. Ficou a faltar uma ci-dade importante, Paris, e essa é a próxima grande aposta na marca. Foi precisamente por isso que Al-berto e Margarida visitaram a ex-posição que o Grand Palais orga-nizou em honra de Amadeo de Souza Cardoso, “o último grande segredo da arte moderna”.

A ideia para uma coleção de homenagem estava em marcha. Contactaram então a sobrinha tri-neta do pintor, Isabel Rebello An-drade, que rapidamente se juntou à equipa. Nascia assim a Pour Lu-

cie, uma ode ao amor que uniu o artista a Lucie Pecetto, por quem Amadeo se apaixonou em Paris e com quem mais tarde se casou. Esta carteira é, pois, um pouco de tudo isto: a arte de um artista maior, uma história de amor, um saber artesanal e os melhores ma-teriais disponíveis.

Há ainda o cavalo, já que o quadro escolhido foi Clown, Cava-lo, Salamandra, e a carteira repli-ca o cavalo da pintura, feito de forma a recriar o seu movimento. Na pala foi utilizada uma técnica de sublimação com relevo para conseguir representar o padrão do corpo do animal.

Este projeto não termina aqui, prevendo o lançamento de seis carteiras no total, sempre em edi-ção limitada. À cadência de uma nova peça por estação, a ideia é que, em 2018, o ano em que se co-memora o centenário da morte do artista, a coleção esteja com-pleta e possa ser apresentada na totalidade.

A coleção Pour Lucie está ex-clusivamente à venda na Loja das Meias ou no site da marca. ■

Pour MoiÉ uma das mais bonitas ligações entre moda e arte. Colocar Amadeo de Souza Cardoso nas carteiras foi um golpe de génio desta marca portuguesa que ainda vai dar muito que falar.

Bruno Lobo [email protected]

LUXO

Em pouquíssimo tempo a Âme Moi conseguiu atingir um estatuto de cobiçada marca de luxo internacional

A Rosa & Teixeira renova-seÉ a mais emblemática casa de al-faiataria por medida da capital e, entre os seus clientes, contam-se os grandes decisores políticos e económicos do país há gerações.

O segredo está na qualidade do serviço e na forma como se tem adaptado aos desejos de uma clientela em mudança. Foi o que aconteceu agora, com a renova-ção total da loja na Avenida da Li-berdade, criando-se um espaço mais luminoso e amplo, com ou-tra organização. Enorme desta-que para a escultura que Pedro Cabrita Reis criou especialmente para a R&T. Cabrita Reis é – seria quase dispensável referi-lo – clien-te de longa data: “Fazem escultu-ras em tecido que gosto de usar”, pelo que não foi difícil integrá-lo.

Entramos para uma zona de-dicada aos acessórios e o espaço central divide-se agora em quatro áreas: camisas, blazers, calças e sapatos. Tudo separado para facili-tar a experiência. Os fatos ocu-pam a zona mais interior, até por-que a coleção de cerimónia pas-sou para o piso inferior, uma zona mais privada e com vista privile-giada para o atelier de alfaiataria. A ligação entre os pisos faz-se por uma escada que rodeia a peça de Cabrita Reis e novos ângulos para admirar a escultura. O icónico piso de Brecha da Arrábida foi mantido na zona central, preser-vando a memória, porque é im-portante que algumas coisas nun-ca mudem. Por isso continuamos a ser recebidos pelo nome da loja gravado na calçada da Avenida, um privilégio único, e pelo Sr. Jo-sé de Castro, sempre de sorriso aberto para clientes e amigos.

Pedro cabrita Reis, vestido de Rosa & Teixeira, posa junta da escultura que criou para a renovada loja na Avenida.

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Amadeo de Souza Cardoso e o quadro Clown, Cavalo e Salamandra, que a Âme Moi mimetizou em carteira com a ajuda da sobrinha-trineta do artista e de uma técnica especial em relevo

Portugal é muito forte na indús-tria de calçado, mas não tinha uma marca de acessórios, sobre-tudo em pele, à altura. A Âme Moi, criada em 2013 por Alberto Gomes e Margarida Jacôme, veio preencher essa lacuna e, em pou-co tempo – pouquíssimo na reali-dade –, assumiu-se como uma co-biçada marca de luxo internacio-nal, com presença em lugares tão icónicos como o Harrods e o Sel-fridges em Londres.

Todas as carteiras são manufa-turadas no atelier em Vila Nova de Famalicão, por experientes mãos portuguesas. Hoje a marca emprega já oito artesãs dedicadas em exclusivo a produzir as cerca de 1.500 carteiras criadas no ano passado.

E, se a ideia é crescer, a aposta passa sempre pela qualidade e ex-clusividade dos produtos, nunca pela quantidade. Até porque o preço médio de uma Âme Moi ri-

valiza com o das grandes marcas de moda mundiais.

Na génese foram identificados três pilares fundamentais de ins-piração: a arte, a “portugalidade” e o mundo equestre. Até porque os fundadores como a designer, Carlotta Costa, são ávidos prati-cantes de equitação. Ao ponto de a Âme Moi ter um centro hípico nas instalações. A tradição nacio-nal é evidente nas carteiras inspi-radas nas mantas alentejanas e na arquitetura portuguesa. A coleção desta estação foi claramente be-ber à fonte de Lisboa, aos seus bairros e símbolos icónicos e, na próxima, a ligação equestre será mais evidente ainda, como foi possível admirar durante o show de Anabela Baldaque no Portugal Fashion, onde as manequins des-filaram com peças Âme Moi.

Apesar de estar para breve a criação de uma nova loja online, a aposta da Âme Moi foi e mantém--se na presença em pontos-chave um pouco por todo o mundo. As coleções são apresentadas em Mi-lão, havendo representantes em S. Petersburgo, Alemanha, Espa-

nha e Coreia do Sul, este um dos mercados mais fortes, junto com Inglaterra. Ficou a faltar uma ci-dade importante, Paris, e essa é a próxima grande aposta na marca. Foi precisamente por isso que Al-berto e Margarida visitaram a ex-posição que o Grand Palais orga-nizou em honra de Amadeo de Souza Cardoso, “o último grande segredo da arte moderna”.

A ideia para uma coleção de homenagem estava em marcha. Contactaram então a sobrinha tri-neta do pintor, Isabel Rebello An-drade, que rapidamente se juntou à equipa. Nascia assim a Pour Lu-

cie, uma ode ao amor que uniu o artista a Lucie Pecetto, por quem Amadeo se apaixonou em Paris e com quem mais tarde se casou. Esta carteira é, pois, um pouco de tudo isto: a arte de um artista maior, uma história de amor, um saber artesanal e os melhores ma-teriais disponíveis.

Há ainda o cavalo, já que o quadro escolhido foi Clown, Cava-lo, Salamandra, e a carteira repli-ca o cavalo da pintura, feito de forma a recriar o seu movimento. Na pala foi utilizada uma técnica de sublimação com relevo para conseguir representar o padrão do corpo do animal.

Este projeto não termina aqui, prevendo o lançamento de seis carteiras no total, sempre em edi-ção limitada. À cadência de uma nova peça por estação, a ideia é que, em 2018, o ano em que se co-memora o centenário da morte do artista, a coleção esteja com-pleta e possa ser apresentada na totalidade.

A coleção Pour Lucie está ex-clusivamente à venda na Loja das Meias ou no site da marca. ■

Pour MoiÉ uma das mais bonitas ligações entre moda e arte. Colocar Amadeo de Souza Cardoso nas carteiras foi um golpe de génio desta marca portuguesa que ainda vai dar muito que falar.

Bruno Lobo [email protected]

LUXO

Em pouquíssimo tempo a Âme Moi conseguiu atingir um estatuto de cobiçada marca de luxo internacional

A Rosa & Teixeira renova-seÉ a mais emblemática casa de al-faiataria por medida da capital e, entre os seus clientes, contam-se os grandes decisores políticos e económicos do país há gerações.

O segredo está na qualidade do serviço e na forma como se tem adaptado aos desejos de uma clientela em mudança. Foi o que aconteceu agora, com a renova-ção total da loja na Avenida da Li-berdade, criando-se um espaço mais luminoso e amplo, com ou-tra organização. Enorme desta-que para a escultura que Pedro Cabrita Reis criou especialmente para a R&T. Cabrita Reis é – seria quase dispensável referi-lo – clien-te de longa data: “Fazem escultu-ras em tecido que gosto de usar”, pelo que não foi difícil integrá-lo.

Entramos para uma zona de-dicada aos acessórios e o espaço central divide-se agora em quatro áreas: camisas, blazers, calças e sapatos. Tudo separado para facili-tar a experiência. Os fatos ocu-pam a zona mais interior, até por-que a coleção de cerimónia pas-sou para o piso inferior, uma zona mais privada e com vista privile-giada para o atelier de alfaiataria. A ligação entre os pisos faz-se por uma escada que rodeia a peça de Cabrita Reis e novos ângulos para admirar a escultura. O icónico piso de Brecha da Arrábida foi mantido na zona central, preser-vando a memória, porque é im-portante que algumas coisas nun-ca mudem. Por isso continuamos a ser recebidos pelo nome da loja gravado na calçada da Avenida, um privilégio único, e pelo Sr. Jo-sé de Castro, sempre de sorriso aberto para clientes e amigos.

Pedro cabrita Reis, vestido de Rosa & Teixeira, posa junta da escultura que criou para a renovada loja na Avenida.

IMOBILIÁRIO

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Guia de Investimento Imobiliário Internacional A consultora CBRE apresentou o Guia de Investimento Imobiliário com informação de 36 países da Europa, Médio Oriente e África. Onde enuncia os fundamentos económicos e imobiliários de cada país e identifica os grupos de investimento mais proeminentes e os ativos mais desejados.

Edifício Pinheiro Manso recebe sede da Mercadona

O Edifício Pinheiro Manso, na cidade do Porto, foi o escolhido pelo gigante da distribuição espanhol Mercadona para instalar a sua sede em Portugal. A JLL foi responsável por assessorar a operação de arrendamento, e a PRAGMA Management como representante do proprietário, a Lone Star.

Já recebeu um Pritzker, um dos mais prestigiados prémios inter-nacionais de arquitetura, mas os seus projetos nacionais e inter-nacionais falam por si. Eduardo Souto de Moura, além de um dos mais conceituados arquitetos portugueses é um homem que conhece a fundo o mercado imo-biliário. Defensor desde sempre da regeneração das cidades, o ar-quiteto enaltece o investimento realizado nessa área mas não deixa de criticar o estado da ar-quitetura em Portugal. Sempre foi um grande defensor da reabilitação urbana. Agora está na ordem do dia, portanto já antecipava um pouco o tema… A história prova que as cidades crescem sobre elas próprias e fi-cam mais bonitas como por exemplo, Roma, Veneza, Floren-ça… que são feitas com sobrepo-sições. E porquê? Não tem senti-do gastarem energias a partir do zero quando têm ali ao lado um edifício que pode ser relativa-mente alterado e mudado. Se uma cidade já tem ruas, praças, infraestruturas e edifícios aban-donados, devem ser renovados porque existe uma malha que re-cebe exatamente esses progra-mas. Isto passou-se em toda a Eu-ropa depois da guerra e Portugal que não esteve no conflito, dei-xou-se atrasar. Só agora, feliz-mente, a reabilitação está a acontecer, sobretudo em Lisboa e no Porto. Apesar de nem sem-pre ser bem-feita. Espero que melhore no futuro, porque as

operações de remodelação que se fazem, são de ‘cosmética’. Também se tem criticado o facto de a reabilitação nos centros his-tóricos servirem apenas para um público de classe média-alta e in-vestidores estrangeiros. Discordo completamente, por-que a cidade é plural. Plural no sentido formal e temporal. O que é bonito na cidade é a di-versidade de estilos, épocas e de pessoas. Eu não estou a falar

entre os ricos e os pobres. Gen-te nova, terceira idade, classe média, média-alta e média-bai-xa, com culturas diferentes e quando se cruzam dá exata-mente esse pulsar que é o espí-rito urbano e isso é que é inte-ressante. E relativamente ao estado atual da arquitetura? Há várias arquiteturas. A arqui-tetura que eu estudei, que come-cei a praticar com os arquitetos, os meus professores… acabou. Não vou ser moralista e dizer “aquilo no meu tempo é que era bom”, não é nada disso. Exis-tiam determinadas condições que se alteraram. Aquilo a que eu chamava arquitetura quando fui formado, hoje é impossível de fazê-la porque não há tempo nem dinheiro para concretizá-la daquela forma e mesmo que houvesse não há operários, não há artesanato e muitos dos nos-sos profissionais saíram do país. Existe outra maneira de a fazer, que no meu caso pessoal, não sei se devia dizer isto mas digo-o com toda a honestidade, falta--me a coragem, a energia para enfrentar aos 60 e tal anos, essa nova visão de andar de avião to-dos os dias para ir para Xangai, para Singapura, passando por Luanda e acabando em Lisboa porque não há voos para o Porto e começo a ficar cansado, só de imaginar. A profissão mudou completamente. Problema nú-mero um: toda a história da ar-quitetura é feita com um espíri-to ligado ao poder, só que anti-gamente havia o poder político, religioso e financeiro, neste mo-mento há só um, o financeiro. O resto do poder não está muito empenhado. Fundamentalmen-

“A arquitetura está ligada ao poder financeiro”Souto de Moura diz que é urgente existirem tabelas honorárias, enquanto não acontecer, os arquitetos são tratados como cães.

Fernanda Pedro [email protected]

ENTREVISTA Eduardo Souto de Moura Arquiteto

A arquitetura que eu estudei, que comecei a praticar com os arquitetos, os meus professores… acabou

te existe esta vocação financeira que faz alterar os timings, os sí-tios de aplicação de investimen-to e não é melhor nem pior. É como o futsal… o futsal é o tijo-lo do futebol não é o futebol que nós conhecemos. Não é pior nem melhor, é outro. Tal como o conceito de arquitetura que mu-dou completamente. E o que acontece com as gera-ções novas? As gerações novas - vou ser muito bruto, estou farto de dizer isso e acusam-me de ser desumano mas o facto é que o digo às mi-

nhas duas filhas que estudam ar-quitetura e são novas - vão ter de emigrar, não têm hipótese cá. Há 22 mil arquitetos em Portugal. Se os professores de ateliês ligados aos partidos políticos não têm trabalho, quanto mais quem aca-ba um curso e sem experiência. Não há que inventar ou mitificar a situação. A nível da atuação da Ordem dos Arquitetos acha que houve algu-ma evolução para a profissão? Não. Começa é a existir uma preocupação e eu até apoiei e faço um esforço para se rever

uma situação que é altamente injusta, o facto de não existirem tabelas honorárias, e aí os arqui-tetos são tratados como cães. Na Europa não é assim e nós faze-mos parte da Comunidade Euro-peia. Por exemplo, a Alemanha, tem uma tabela de mínimos. Ninguém pode apresentar um orçamento para fazer uma casa ou um prédio menos que isto… em Portugal por exemplo, isso não existe e obriga a uma espe-culação total e uma humilhação completa da disciplina dos ar-quitetos. Neste momento, o que eu tenho feito no apoio que dou

à Ordem é tentar contribuir para que se faça o mínimo de legisla-ção sobre esse tema, que já não é um problema de direito natural. Quanto mais as pessoas cedem, menos se respeita o arquiteto. E a Ordem neste momento come-ça a levantar essas questões. E a nível político, houve alguma alteração? Fala-se por vezes em alguns in-centivos mas depois parece que se dão e que se tira …. Ao nível político pode haver boas inten-ções ou não, os chamados parti-dos de esquerda podem dizer que estão mais bem intenciona-dos, mas na prática acontece tudo igual. Bastam ver os apoios, tanto dá ter de um partido ou de outro que os resultados são sem-pre os mesmos. Há boas inten-ções mas a arquitetura está liga-da ao poder financeiro, portanto o partido não interessa. Para a arquitetura e o imobiliá-rio, o que interessa é que exista investimento. É dessa opinião? Claro. Por exemplo quando eu digo que aumentam esses proje-tos de reabilitação quer no Porto, quer em Lisboa, o que acontece é que se na questão dos impostos e das taxas existirem muitas altera-ções, as pessoas têm medo e não investem. Sou de uma maneira geral otimista, mas não estou sa-tisfeito, há situações que me re-voltam, até há uma certa tomada de consciência dos problemas e muitas vezes não há meio para os resolver. Apesar disso, acho que as coisas estão a alterar. No Porto pouco, mas em Lisboa existe in-vestimento, porque há mercado, hotéis, museus, depois há turis-tas e eles querem ver museus. Até se fala em ampliar o Museu de Arte Antiga, fazer um museu novo de Arte Contemporânea porque há turistas e há público. Não podemos perder o encanto que Portugal tem neste momen-to lá fora… Considero que o impulso que está a existir é muito bom, mas sem fazer os erros que os outros já fizeram na Europa. Já sabe-mos que não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”, então não se pode ter tudo, quantida-de e qualidade. Mas na qualida-de devia-se ter mais preocupa-ção e a Europa tem legislação que nós devíamos adotar para permitir isso, a começar nos ho-norários e no número de peças técnicas e documentos. Isto não é só pagar bem, é também exi-gir aos arquitetos. Se não pa-gam não façam para não baixar a qualidade. ■

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Guia de Investimento Imobiliário Internacional A consultora CBRE apresentou o Guia de Investimento Imobiliário com informação de 36 países da Europa, Médio Oriente e África. Onde enuncia os fundamentos económicos e imobiliários de cada país e identifica os grupos de investimento mais proeminentes e os ativos mais desejados.

Edifício Pinheiro Manso recebe sede da Mercadona

O Edifício Pinheiro Manso, na cidade do Porto, foi o escolhido pelo gigante da distribuição espanhol Mercadona para instalar a sua sede em Portugal. A JLL foi responsável por assessorar a operação de arrendamento, e a PRAGMA Management como representante do proprietário, a Lone Star.

Já recebeu um Pritzker, um dos mais prestigiados prémios inter-nacionais de arquitetura, mas os seus projetos nacionais e inter-nacionais falam por si. Eduardo Souto de Moura, além de um dos mais conceituados arquitetos portugueses é um homem que conhece a fundo o mercado imo-biliário. Defensor desde sempre da regeneração das cidades, o ar-quiteto enaltece o investimento realizado nessa área mas não deixa de criticar o estado da ar-quitetura em Portugal. Sempre foi um grande defensor da reabilitação urbana. Agora está na ordem do dia, portanto já antecipava um pouco o tema… A história prova que as cidades crescem sobre elas próprias e fi-cam mais bonitas como por exemplo, Roma, Veneza, Floren-ça… que são feitas com sobrepo-sições. E porquê? Não tem senti-do gastarem energias a partir do zero quando têm ali ao lado um edifício que pode ser relativa-mente alterado e mudado. Se uma cidade já tem ruas, praças, infraestruturas e edifícios aban-donados, devem ser renovados porque existe uma malha que re-cebe exatamente esses progra-mas. Isto passou-se em toda a Eu-ropa depois da guerra e Portugal que não esteve no conflito, dei-xou-se atrasar. Só agora, feliz-mente, a reabilitação está a acontecer, sobretudo em Lisboa e no Porto. Apesar de nem sem-pre ser bem-feita. Espero que melhore no futuro, porque as

operações de remodelação que se fazem, são de ‘cosmética’. Também se tem criticado o facto de a reabilitação nos centros his-tóricos servirem apenas para um público de classe média-alta e in-vestidores estrangeiros. Discordo completamente, por-que a cidade é plural. Plural no sentido formal e temporal. O que é bonito na cidade é a di-versidade de estilos, épocas e de pessoas. Eu não estou a falar

entre os ricos e os pobres. Gen-te nova, terceira idade, classe média, média-alta e média-bai-xa, com culturas diferentes e quando se cruzam dá exata-mente esse pulsar que é o espí-rito urbano e isso é que é inte-ressante. E relativamente ao estado atual da arquitetura? Há várias arquiteturas. A arqui-tetura que eu estudei, que come-cei a praticar com os arquitetos, os meus professores… acabou. Não vou ser moralista e dizer “aquilo no meu tempo é que era bom”, não é nada disso. Exis-tiam determinadas condições que se alteraram. Aquilo a que eu chamava arquitetura quando fui formado, hoje é impossível de fazê-la porque não há tempo nem dinheiro para concretizá-la daquela forma e mesmo que houvesse não há operários, não há artesanato e muitos dos nos-sos profissionais saíram do país. Existe outra maneira de a fazer, que no meu caso pessoal, não sei se devia dizer isto mas digo-o com toda a honestidade, falta--me a coragem, a energia para enfrentar aos 60 e tal anos, essa nova visão de andar de avião to-dos os dias para ir para Xangai, para Singapura, passando por Luanda e acabando em Lisboa porque não há voos para o Porto e começo a ficar cansado, só de imaginar. A profissão mudou completamente. Problema nú-mero um: toda a história da ar-quitetura é feita com um espíri-to ligado ao poder, só que anti-gamente havia o poder político, religioso e financeiro, neste mo-mento há só um, o financeiro. O resto do poder não está muito empenhado. Fundamentalmen-

“A arquitetura está ligada ao poder financeiro”Souto de Moura diz que é urgente existirem tabelas honorárias, enquanto não acontecer, os arquitetos são tratados como cães.

Fernanda Pedro [email protected]

ENTREVISTA Eduardo Souto de Moura Arquiteto

A arquitetura que eu estudei, que comecei a praticar com os arquitetos, os meus professores… acabou

te existe esta vocação financeira que faz alterar os timings, os sí-tios de aplicação de investimen-to e não é melhor nem pior. É como o futsal… o futsal é o tijo-lo do futebol não é o futebol que nós conhecemos. Não é pior nem melhor, é outro. Tal como o conceito de arquitetura que mu-dou completamente. E o que acontece com as gera-ções novas? As gerações novas - vou ser muito bruto, estou farto de dizer isso e acusam-me de ser desumano mas o facto é que o digo às mi-

nhas duas filhas que estudam ar-quitetura e são novas - vão ter de emigrar, não têm hipótese cá. Há 22 mil arquitetos em Portugal. Se os professores de ateliês ligados aos partidos políticos não têm trabalho, quanto mais quem aca-ba um curso e sem experiência. Não há que inventar ou mitificar a situação. A nível da atuação da Ordem dos Arquitetos acha que houve algu-ma evolução para a profissão? Não. Começa é a existir uma preocupação e eu até apoiei e faço um esforço para se rever

uma situação que é altamente injusta, o facto de não existirem tabelas honorárias, e aí os arqui-tetos são tratados como cães. Na Europa não é assim e nós faze-mos parte da Comunidade Euro-peia. Por exemplo, a Alemanha, tem uma tabela de mínimos. Ninguém pode apresentar um orçamento para fazer uma casa ou um prédio menos que isto… em Portugal por exemplo, isso não existe e obriga a uma espe-culação total e uma humilhação completa da disciplina dos ar-quitetos. Neste momento, o que eu tenho feito no apoio que dou

à Ordem é tentar contribuir para que se faça o mínimo de legisla-ção sobre esse tema, que já não é um problema de direito natural. Quanto mais as pessoas cedem, menos se respeita o arquiteto. E a Ordem neste momento come-ça a levantar essas questões. E a nível político, houve alguma alteração? Fala-se por vezes em alguns in-centivos mas depois parece que se dão e que se tira …. Ao nível político pode haver boas inten-ções ou não, os chamados parti-dos de esquerda podem dizer que estão mais bem intenciona-dos, mas na prática acontece tudo igual. Bastam ver os apoios, tanto dá ter de um partido ou de outro que os resultados são sem-pre os mesmos. Há boas inten-ções mas a arquitetura está liga-da ao poder financeiro, portanto o partido não interessa. Para a arquitetura e o imobiliá-rio, o que interessa é que exista investimento. É dessa opinião? Claro. Por exemplo quando eu digo que aumentam esses proje-tos de reabilitação quer no Porto, quer em Lisboa, o que acontece é que se na questão dos impostos e das taxas existirem muitas altera-ções, as pessoas têm medo e não investem. Sou de uma maneira geral otimista, mas não estou sa-tisfeito, há situações que me re-voltam, até há uma certa tomada de consciência dos problemas e muitas vezes não há meio para os resolver. Apesar disso, acho que as coisas estão a alterar. No Porto pouco, mas em Lisboa existe in-vestimento, porque há mercado, hotéis, museus, depois há turis-tas e eles querem ver museus. Até se fala em ampliar o Museu de Arte Antiga, fazer um museu novo de Arte Contemporânea porque há turistas e há público. Não podemos perder o encanto que Portugal tem neste momen-to lá fora… Considero que o impulso que está a existir é muito bom, mas sem fazer os erros que os outros já fizeram na Europa. Já sabe-mos que não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”, então não se pode ter tudo, quantida-de e qualidade. Mas na qualida-de devia-se ter mais preocupa-ção e a Europa tem legislação que nós devíamos adotar para permitir isso, a começar nos ho-norários e no número de peças técnicas e documentos. Isto não é só pagar bem, é também exi-gir aos arquitetos. Se não pa-gam não façam para não baixar a qualidade. ■

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Page 30: Futuro e Inovação nos Media - Um lugar estranho e necessário

Inovação - O Jornal Económico RALI 21/10/2016, FIL Lisboa

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