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H istóricos C omentar W arren W. W iersbe

2 comentario biblico espositivo do antigo testamento warren w. wiersbe-volume-ii-historico

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  • 1. H is t r ic o s C o m e n t a r W a r r e n W. W i e r s b e

2. C o m en t r io B blic o Expo sitivo Antigo Testamento Volume II Histrico W arren W . W iersbe T r a d u z id o p o r S u s a n a E . K la s s e n Ia Edio 5a Impresso Geogrfica Santo Andr, SP - Brasil 2010 3. Comentrio Bblico Expositivo Categoria: Teologia / Referncia Copyright 2001 por Warren W. Wiersbe Publicado originalmente pela Cook Communications Ministries, Colorado, e u a . Ttulo Original em Ingls: The Bible Exposition Commentary - Old Testament: History Preparao: Liege Maria de S. Marucci Reviso: Thefilo Vieira Capa: Douglas Lucas Diagramao: Viviane R. Fernandes Costa Impresso e Acabamento: Geogrfica Editora Os textos das referncias bblicas foram extrados da verso Almeida Revista e Atualizada, 2a edio (Sociedade Bblica do Brasil), salvo indi cao especfica. A I a edio brasileira foi publicada em maio de 2006. Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Wiersbe, Warren W. Comentrio Bblico Expositivo : Antigo Testamento : volume II, Histrico / Warren W. Wiersbe ; traduzido por Susana E. Klassen. - Santo Andr, SP : Geogrfica editora, 2006. Ttulo original: The Bible Exposition Commentary - Old Testament: History ISBN 85-89956-49-0 1. Bblia A.T. - Comentrios I. Ttulo. 06-3699 CDD-221.7 ndice para catlogo sistemtico: 1. Antigo Testamento : Bblia : Comentrios 221.7 2. Comentrios : Antigo Testamento : Bblia 221.7 Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados pela: Geo-Grfica e editora ltda. Av. Presidente Costa e Silva, 2151 - Pq. Capuava - Santo Andr - SP - Brasil Site: www.geograficaeditora.com.br 4. S u m r i o J o s u .................................................................................................... 07 J u iz es ....................................................................................................89 R ute.................................................................................................172 1 Sa m u el........................................................................................... 199 2 Sa m u el / 1C r n ic a s................................................................... 293 1 R eis..................................................................................................391 2 R eis / 2 C r n ic a s......................................................................... 491 Esd ra s.............................................................................................586 N eem ias...........................................................................................614 Ester, 689 5. J o s u ESBOO Tema-chave: Apropriando-nos de nossa vi tria e de nossa herana em Cristo Versculo-chave: Josu 1:8 I. PREPARANDO A NAO - 1 - 5 1. Animando o lder - 1 2. Espiando a terra - 2 3. Atravessando o rio - 3 - 4 4. Confirmando a aliana - 5 II. DERROTANDO O INIM IGO - 6 - 1 2 1. A campanha central - 6 - 9 2. A campanha ao sul - 10 3. A campanha ao norte - 11 4. Resumo das vitrias - 12 III. APROPRIANDO-SE DA HERANA - 13 - 22 1. O s territrios so designados s tribos - 1 3 - 1 9 2. As cidades de refgio so separadas - 20 3. As cidades dos levitas so identificadas - 21 4. As tribos da fronteira so mandadas para casa - 22 IV. RENOVANDO A ALIANA - 23 - 24 1. A ltima mensagem de Josu aos lderes - 23 2. A ltima mensagem de Josu nao - 24 CONTEDO 1. Recom eo (Introduo ao Livro de Josu)................8 2. Sigam o lder (Js 1)...........................................................................14 3. Uma proslita em Cana (Js 2)..............................................................................21 4. Avante pela f (Js 3 - 4 ).....................................................................26 5. Preparando-se para a vitria (Js 5).............................................................................32 6. Com ea a conquista (Js 6).............................................................................38 7. Derrota na terra da vitria (Js 7).............................................................................45 8. Transformando a derrota em vitria (Js 8)..............................................................................51 9. O inimigo mora ao lado (Js 9:1 - 10:28).....................................................57 10. Esta terra nossa! (Js 1 3 - 2 1 )..............................................................65 11. Quando termina a batalha (Js 22).......................................................................... 72 12. O caminho de todos os da terra (Js 23 - 2 4 )............................................................ 78 13. Retrospectiva de uma grande vida.......84 6. 1 R ec o m e o I n t r o d u o a o l iv r o d e J o s u P or que algum de nossa poca deveria estudar o Livro de Josu, um relato som brio de guerras, matanas e conquistas? Se o Livro de Josu fosse fico, poderamos aceit-lo como uma emocionante histria de aventura, mas apresenta fatos reais e faz parte das Sagradas Escrituras. O que isso sig nifica para ns nos dias de hoje? "Nunca houve guerra boa nem paz ruim", escreveu Benjamin Franklin em 1783, mas possvel que, dessa vez, o velho e sbio pa triota estivesse errado. Afinal, Deus chamou Josu para ser um general e liderar o exrcito de Israel numa conquista santa. No entanto, o que estava em jogo nessa conquista era algo maior do que apenas a invaso e posse de uma terra - eram questes que dizem respeito nossa vida e f nos dias de hoje. Por isso estamos nos propondo a realizar este estudo. O Livro de Josu trata de um recomeo para o povo de Deus, e muitos cris tos de hoje precisam de um recomeo. De pois de quarenta anos vagando pelo deserto, Israel apropriou-se de sua herana e desfrutou as bnos das terras que Deus havia prepara do para eles, "como os dias do cu acima da terra" (Dt 11:21). esse tipo de vida que Deus deseja que tenhamos em nosso tempo. Jesus Cristo, nosso Josu, quer nos condu zir agora conquista e compartilhar conosco os tesouros de sua herana maravilhosa. Ele "nos tem abenoado com toda sorte de bno espiritual" (Ef 1:3), mas, com freqn cia, vivemos como indigentes derrotados. 1 . O NOVO LDER De xodo 3 a Deuteronmio 34, a Bblia concentra sua ateno no m inistrio de Moiss, o servo escolhido por Deus para li derar o povo de sua nao, Israel. No entan to, Moiss faleceu e, apesar de no ter sido esquecido (seu nome aparece mais de cin qenta vezes no Livro de Josu), um novo "servo do S e n h o r " (Js 24:29) passou a ocupar o seu lugar. "Deus sepulta seus obreiros, mas sua obra continua." Observarem os, poste riormente, que essa mudana de lderes traz consigo enorme lio espiritual para os cris tos que desejam experimentar em sua vida o que Deus tem de melhor para eles. Josu> o escravo. Deus passou vrios anos preparando Josu para seu chamado. Ele nasceu na escravido no Egito e rece beu o nome de Osias (Nm 13:8), que sig nifica "salvao". Mais tarde, Moiss mudou esse nome para Josu (Nm 13:16), "Jeov Salvao", a forma hebraica de Jesus (Mt 1:21; ver At 7:45 e Hb 4:8). Ao chamarem seu beb de "salvao", os pais de Josu estavam dando testemunho de sua f na promessa divina de redeno para seu povo (Gn 15:12-16; 50:24-26). Josu era da tribo de Efraim e o filho primognito de Num (1 Cr 7:20-27). Isso significa que sua vida corria perigo na noite de Pscoa, mas ele teve f no Senhor e foi protegido pelo sangue do cordeiro (x 11 -12). Enquanto estava no Egito, Josu viu os sinais e prodgios que Deus realizou (x 7 - 12) e soube que Jeov era um Deus de po der que cuidaria de seu povo. O Senhor havia humilhado os deuses do Egito e mos trado que somente ele era o Deus verdadei ro (x 12:12; Nm 33:4). Josu viu o Senhor abrir o mar Vermelho e, em seguida, fechar as guas e afogar o exrcito egpcio que estava no encalo dos hebreus (x 14 - 15). Josu era um homem de f que conhecia o Senhor e confiava que ele faria maravilhas por seu povo. Josu, o soldado. O primeiro ato oficial de Josu registrado nas Escrituras sua der rota dos amalequitas, quando estes ataca ram Israel cerca de dois meses depois do xodo de Israel do Egito (x 17:8-16). Moiss era profeta e legislador, mas Josu era um general com aptides militares extraordin rias. Tambm era um homem de grande 7. J O S U 9 coragem, que no tinha medo de confron tar o inimigo, confiando que o Senhor lhe daria a vitria. Onde Josu aprendeu a usar a espada e a comandar um exrcito? Sem dvida, havia recebido dons especiais do Senhor, mas at mesmo os dons celestiais precisam ser des cobertos e desenvolvidos num contexto aqui na terra. Teria Josu participado, de alguma forma, do exrcito egpcio e recebido ali seus primeiros treinamentos? Apesar de as Escri turas no dizerem coisa alguma a respeito e de no podermos ser dogmticos, essa uma possibilidade. Assim como Moiss re cusou um cargo elevado no palcio do Fara, mas recebeu ali sua educao (Hb 11:24-26; At 7:22), tambm possvel que Josu tenha recusado promoes no exrci to para que pudesse se identificar com seu povo e servir ao Senhor. De acordo com xodo 17:14, o escritor indica que Deus havia escolhido Josu para um trabalho especial no futuro. Apesar de Josu no saber disso, a batalha contra Ama- leque foi um tempo de prova durante o qual Deus examinou sua f e coragem. "Faa de toda ocasio uma grande ocasio, pois voc nunca sabe quando algum pode estar me dindo voc para algo maior" (Marsden). O conflito de Josu com Amaleque foi uma pre parao para as muitas batalhas que ele ain da iria travar na Terra Prometida. Josu>o servo. Em xodo 24:13, Josu chamado de servo de Moiss ("servidor"), o que indica que, a essa altura, Josu era um assistente oficial do lder de Israel. Acom pa nhou Moiss ao monte e na ocasio em que Moiss julgou o povo por ter confecciona do o bezerro de ouro (x 32:1 7). No basta va Josu ser um bom guerreiro; tambm era preciso que conhecesse o Deus de Israel e as santas leis dadas por Deus a seu povo para que obedecesse. Veremos que o se gredo das vitrias de Josu no foi sua des treza com a espada, mas sua submisso Palavra de Deus (Js 1:8) e ao Deus da Pala vra (Js 5:13-15). Durante a jornada de Israel pelo deser to, Moiss tinha uma tenda especial, arma da do lado de fora do acampamento, onde podia se encontrar com Deus (x 33:7-11). Era responsabilidade de Josu ficar porta dessa tenda e guard-la. Josu no era ape nas um guerreiro, mas tambm um adorador, e sabia viver na presena de Deus. O zelo de Josu no se limitava glria de Deus, estendendo-se ainda honra e autoridade de Moiss. Trata-se de uma boa caracterstica para um servo, evidenciada quando Deus enviou seu Esprito sobre os setenta ancios que Moiss havia escolhido para auxili-lo em seu trabalho (Nm 11:16- 30). Quando o Esprito veio sobre Eldade e Medade - dois homens que no haviam se reunido com os demais ancios no tabern- culo e que se encontravam no acampamen to -, Josu protestou e pediu a Moiss que os impedisse de profetizar. (Para uma passa gem paralela no Novo Testamento, ver Lc 9 :4 9 , 50.) A liberalidade do esprito de M oiss deve ter exercido im pacto sobre Josu, uma vez que Moiss no pediu qual quer privilgio especial para si. Vale a pena observar que, na ocasio da diviso da Terra Prometida depois da conquista, Josu tomou sua parte para si por ltimo (Js 19:49-51). Josu, o espia. Quando Israel chegou a Cades-Barnia, na fronteira da Terra Prome tida, Deus ordenou a Moiss que escolhes se doze homens - dentre eles Josu - para espiar a terra de Cana (Nm 13). Depois de quarenta dias investigando a terra, os espias voltaram e relataram a Moiss que, de fato, a terra era boa. No entanto, dez desses es pias desanimaram o povo, dizendo que Is rael no era forte o suficiente para vencer o inimigo, enquanto dois espias - Calebe e Josu - incentivaram o povo a confiar em Deus e a entrar na terra. Infelizmente, o povo deu ouvidos aos dez espias incrdulos. Foi esse ato de incredulidade e de rebeldia que adiou a conquista da terra durante quarenta anos. Essa crise revelou algumas excelentes qualidades de liderana em Josu. No era cego para a realidade da situao, mas no permitiu que os problemas e dificuldades ti rassem dele sua f em Deus. Os dez espias olharam para Deus atravs das dificuldades, enquanto Josu e Calebe olharam para as 8. 10 J O S U dificuldades atravs daquilo que sabiam sobre Deus. O Deus deles era grande o sufi ciente para as batalhas que Israel enfrentaria adiante! Sabendo que estava certo, Josu no teve medo de se pronunciar contra a maioria. Somente ele, Moiss e Calebe assumiram essa posio e arriscaram a vida ao faz-lo, mas Deus estava do lado deles. Algum dis se muito bem que "uma pessoa com Deus a seu lado constitui a maioria". Era desse tipo de coragem que Josu iria precisar para conduzir Israel a sua terra, a fim de derrotar os inimigos e de se apropriar de sua herana. Pense nos anos de bnos na Terra Pro metida que Josu perdeu porque o povo no teve f em Deus! Porm, Josu permaneceu pacientemente ao lado de Moiss e fez seu trabalho, sabendo que, um dia, ele e Caebe receberiam a herana prometida (Nm 14:1- 9). O s lderes devem saber no apenas quan do conquistar vitrias, mas tambm quando aceitar derrotas. Suspeito que Josu e Calebe se reuniam com freqncia para encorajar- se mutuamente, medida que o momento de receber sua herana se aproximava. Dia riamente, durante quarenta anos, iam ven do a gerao mais velha morrer, mas cada dia os levava para mais perto de Cana (ver Hb 10:22-25 para uma passagem paralela no Novo Testamento). Josu, o sucessor. Ao longo daquela jor nada pelo deserto, Deus estava preparando Josu para seu ministrio com o sucessor de Moiss. Quando Israel derrotou Ogue, rei de Bas, Moiss usou essa vitria para encorajar Josu a no temer os inimigos (Dt 3:21-28; Nm 2 1 :33-35). Quando Moiss estava se preparando para morrer, pediu a Deus que desse um lder ao povo, e Deus nomeou Josu (Nm 27:12, 13; Dt 3:23-29). Em sua ltima mensagem a Israel, Moiss disse ao povo que Deus usaria Josu para derrotar seus inimigos e ajud-los a apro priar-se da herana. Tam bm encorajou Josu a confiar em Deus e a no temer (Dt 31:1-8). Moiss imps as mos sobre seu sucessor, e Deus deu a Josu o poder espi ritual necessrio para realizar seu trabalho (Dt 34:9). Assim como Moiss, Josu era humano e cometeu erros, mas continuou sendo o lder escolhido e ungido de Deus, e o povo sabia disso. Foi por esse motivo que os israelitas disseram a Josu: "Com o em tudo obedecemos a Moiss, assim obedeceremos a ti" (Js 1:1 7). O povo de Deus na igreja de hoje precisa reconhecer os lderes de Deus e dar-lhes o respeito que lhes devido como servos do Senhor (1 Ts 5:12, 13). O segredo do sucesso de Josu foi sua f na Palavra de Deus (Js 1:7-9), em seus mandamentos e promessas. A Palavra de Deus para Josu foi: "S forte" (Js 1:6, 7, 9, 18; ver tambm Dt 31:6, 7, 23), e essa tam bm sua Palavra para seu povo hoje. 2 . A NOVA TERRA A Terra Prometida. A palavra "terra" apare ce noventa e seis vezes no Livro de Josu, pois este livro o registro da entrada, con quista e posse da Terra Prometida por Israel. Deus prometeu a Abrao que lhe daria essa terra (Gn 12:1-7; 13:15-17; 15:7, 18; 17:8; 24:7) e confirmou essa promessa a Isaque (Gn 26:1-5), Jac (Gn 28:4, 13, 15; 35:12) e a seus descendentes (Gn 50:24). A narrativa do xodo apresenta vrias reafirmaes des sa promessa (x 3:8, 17; 6:4, 8; 12:25; 13:5, 11; 16:35; 23:20-33; 33:1-3; 34:10-16), que se repetem em Levtico (Lv 14:34; 18:3; 19:23; 20:22-24; 23:10; 25:2, 38) e em N meros (Nm 11:12; 15:2,18; 16:13,14; 20:12, 24; 27:12; 33:53; 34:2, 12). (Ver tambm 1 Cr 16:14-18.) Em seu "discurso de despedida" (Deute- ronmio), Moiss fez meno da terra com freqncia, bem como da responsabilidade do povo em tomar posse dela. A palavra "ter ra" ap arece quase du zen tas veze s em Deuteronmio, e o verbo "possuir", mais de cinqenta vezes. Israel era "proprietrio" da terra em funo da aliana que Deus, em sua graa, havia feito com Abrao (Gn 12:1- 5), mas o usufruto da terra dependia de sua obedincia fiel a Deus. (Ver Lv 26 e Dt 28 - 30.) Enquanto os israelitas obedeceram lei de Deus, o Senhor os abenoou, e eles pros peraram na terra. No entanto, quando o povo deu as costas para Deus e voltou-se para os 9. J O S U 11 dolos, Deus o disciplinou na terra (Livro de Juizes) e depois os levou para fora de sua terra, at o cativeiro na Babilnia. Depois de vrios anos de disciplina, o povo de Is rael voltou a sua terra, porm nunca mais recuperou inteiramente a glria e as bn os do passado. Deus chamou a Terra Prometida de "boa terra" (Dt 8:7-10), contrastando-a com a monotonia e a aridez do Egito (Dt 11:8-14). Aquele deveria ser o descanso de Israel, sua herana e o lugar onde Deus habitaria (Dt 12:9, 11). Depois de suportar a escravido no Egito e a penria no deserto, os israelitas finalmente seriam capazes de encontrar des canso em sua Terra Prometida (Js 1:13, 15; 11:23; 21:44; 22:4; 23:1). Esse conceito de "descanso" volta a aparecer no Salmo 95:11 e em Hebreus 4 como uma ilustrao da vitria que os cristos podem alcanar se entregarem tudo ao Senhor. O profeta Ezequiel chamou a terra de Israel de "coroa de todas as terras" (Ez 20:6, 15) e Daniel a chama de "terra gloriosa" (Dn 8:9; 11:16 e 41). Em vrias ocasies, ela descrita como "a terra que mana leite e mel" (x 3:8, 17; 13:5; 33:3; Lv 20:24; Nm 13:27; Dt 6:3; 11:9; etc.). Trata-se de uma declara o proverbial, que significa "terra de abun dncia", lugar de pastos tranqilos e de jardins, onde os rebanhos podiam pastar e as abelhas coletavam plen para fazer mel. A im portncia da terra. De acordo com o profeta Ezequiel, Jerusalm estava "no meio das naes" (Ez 5:5) e a terra de Israel encontrava-se "no meio da terra" (Ez 38:12). A palavra hebraica traduzida por "meio" tam bm significa "umbigo", indicando que Israel era a "linha vital" de com unicao entre Deus e este mundo, pois "a salvao vem dos judeus" (Jo 4:22). Deus escolheu a terra de Israel para ser o "palco" no qual o grande drama da redeno seria apresentado. Em Gnesis 3:15, Deus prometeu enviar um Salvador ao mundo, e o primeiro passo para o cumprimento dessa promessa foi o chamado de Abrao. A partir de Gnesis 12, o relato do Antigo Testamento concentra-se no povo de Deus e na terra de Israel. Abrao saiu de Ur dos caldeus a fim de ir para essa nova terra, onde nasceram Isaque e Jac. Deus anunciou que o Redentor viria da tri bo de Jud (Gn 49:10) e da famlia de Davi (2 Sm 7). Nasceria de uma virgem em Belm (Is 7:14; Mq 5:2) e, um dia, morreria pelos pecados do mundo (Is 53; SI 22). Todos es ses acontecimentos importantes na histria da redeno ocorreriam na terra de Israel, terra que Josu havia sido chamado a con quistar e a tomar posse. 3 . A NOVA VIDA Infelizmente, alguns de nossos hinos cristos equipararam a travessia do Jordo com a morte do cristo e sua ida ao cu, equvoco que causa confuso quando comeamos a interpretar o Livro de Josu. O s acontecimentos registrados no Livro de Josu dizem respeito vida do povo de Deus e no sua mortel O Livro de Josu registra batalhas, derrotas, pecados, fracas sos, e no haver nada disso no cu. Ilustra como o cristo de hoje pode deixar para trs a antiga vida e entrar em sua rica heran a em Cristo Jesus (Ef 1:3). Aquilo que a carta de Paulo aos Efsios explica em termos dou trinrios, o Livro de Josu ilustra em termos prticos. Mostra como tomar posse de nos sas riquezas em Cristo. Mas tambm mostra como nos apropriar de nosso descanso em Cristo. Esse um dos principais temas do Livro de Hebreus, expli cado nos captulos 3 e 4 dessa epstola. Nesses captulos, encontramos quatro "des cansos" diferentes, todos relacionados entre si: o descanso de Deus no sbado depois da criao (Hb 4:4; Gn 2:2); o descanso da salvao que temos em Cristo (Hb 4:1, 3, 8, 9; Mt 11:28-30); o descanso eterno do cris to no cu (Hb 4:11); e o descanso que Deus deu a Israel depois de o povo ter conquista do Cana (Hb 3:7-19). Deus prometeu a Moiss: "A minha pre sena ir contigo, e eu te darei descanso" (x 33:14). Por certo, os israelitas no tive ram descanso algum no Egito, nem enquanto vagavam pelo deserto, mas na Terra Pro metida, Deus lhes daria repouso. Em sua mensagem de despedida ao povo, Moiss disse: "Porque, at agora, no entrastes no 10. 12 J O S U descanso e na herana que vos d o S e n h o r , vosso Deus" (D t 12:9; ver tambm 3:20; 12:9, 10; 25:19). Esse "descanso em Cana" um retrato do descanso que os cristos ex perimentam quando entregam tudo a Cristo e apropriam-se de sua herana pela f. Os quatro lugares encontrados na his tria de Israel ilustram quatro experincias espirituais. O Egito foi o lugar de morte e de escravido do qual Israel foi liberto. O san gue do cordeiro livrou-os da morte, e o po der de Deus abriu o mar Vermelho e os fez atravessar em segurana. Isso ilustra a sal vao que temos pela f em Jesus Cristo, "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1:29). Por meio de sua morte e ressurreio, Jesus Cristo livra da escravido e do julgamento todo pecador que cr. O tempo que Israel passou no deserto retrata os cristos que vivem em increduli dade e em desobedincia e que no entram no descanso nem desfrutam as riquezas de sua herana em Cristo, quer pelo fato de no saberem da existncia dessa herana, quer por se recusarem a entrar. Assim como Israel, chegam a um lugar de crise (Cades- Barnia), mas se recusam a obedecer ao Senhor e a apropriar-se da vontade dele para sua vida (Nm 13 - 14). So libertos do Egito, mas o Egito ainda se encontra em seu cora o e, como os hebreus, desejam voltar antiga vida (x 16:1-3; Nm 11; 14:2-4; ver Is 30:3; 31:1). Em vez de passarem pela vida marchando como conquistadores, percor rem cam inhos tortuosos, vagando de um lado para outro sem desfrutar a plenitude que Deus reservou para eles. A Epstola aos Hebreus refere-se especificamente a essas pessoas. Cana representa a vida crist como ela deve ser: conflito e vitria, f e obedincia, riquezas espirituais e descanso. uma vida de f, confiando que Jesus Cristo, nosso Josu, o Autor da nossa salvao (Hb 2:10), nos conduzir a vitrias consecutivas (1 Jo 5:4,5). Quando Israel estava no Egito, o ini migo encontrava-se a seu redor, tornando sua vida infeliz. Quando Israel atravessou o mar Vermelho, deixou o inimigo para trs, mas quando atravessou o rio Jordo, viu novos inimigos diante de si e conquistou esses ini migos pela f. A vida crist vitoriosa no um triunfo definitivo que d cabo de uma vez por to das de todos os nossos problemas. Confor me Israel ilustra no Livro de Josu, a vida crist vitoriosa uma srie de conflitos e de vitrias, ao derrotarmos inimigos consecuti vos e nos apropriarmos cada vez mais de nossa herana para a glria de Deus. O co nhecido pregador escocs Alexander Whyte costumava dizer que "a vida crist vitoriosa uma srie de recomeos". De acordo com Josu 11:23, os israelitas deveriam tomar a terra toda, mas de acordo com Josu 13:1, "ainda muitssima terra ficou para se possuir". No se trata de uma con tradio, pois essa a declarao de uma verdade espiritual bsica: em Cristo, temos todo o necessrio para uma vida crist vi toriosa, mas devemos nos apropriar de nos sa herana pela f, um passo de cada vez (Js 1:3), um dia de cada vez. A pergunta que Josu fez ao povo bastante apropriada para a igreja de hoje: "At quando sereis remis- sos em passardes para possuir a terra que o S e n h o r [...] vos deu?" (Js 18:3). O quarto lugar no "mapa espiritual" de Israel a Babilnia, onde a nao passou por setenta anos de cativeiro, pois desobe deceu a Deus e adorou dolos de naes pags ao seu redor (ver 2 Cr 36; Jr 39:8-10). Quando os filhos de Deus se rebelam deli beradamente, o Pai amoroso deve discipli n-los at que aprendam a ser submissos e obedientes (Hb 12:1-11). Quando confessam seus pecados e os deixam, Deus perdoa e restaura seus filhos comunho, fazendo com que voltem a dar frutos (1 Jo 1:9; 2 Co 7:1). O protagonista do Livro de Josu no o prprio Josu, mas sim o Senhor Jeov, o Deus de Josu e de Israel. Em tudo o que Josu fez pela f, seu desejo foi glorificar ao Senhor. Quando os israelitas atravessaram o rio Jordo, Josu lembrou-os de que o Deus vivo estava no meio deles e venceria seus inimigos (Js 3:10). Josu queria que, por meio da obedincia de Israel, todo o povo da terra viesse a conhecer e temer o Senhor (Js 4:23, 24). Em seu "discurso de despedida" 11. J O S U 13 aos lderes (cap. 23) e nao (cap. 24), Josu deu a Deus toda glria por aquilo que Israel havia conquistado sob sua liderana. Pelo menos quatorze vezes neste livro, Deus chamado de "o S e n h o r , Deus de Is rael" (Js 7:13, 19, 20; 8:30; 9:18, 19; 10:40, 42; 13:14, 33; 14:14; 22:24; 24:2, 23). Tudo o que Israel fez trouxe glria ou vergonha para o nome de seu Deus. Quando Israel obede ceu pela f, Deus cumpriu suas promessas e operou em favor deles, e seu nome foi glorificado. Porm, quando desobedeceram com sua incredulidade, Deus os abandonou a seus prprios caminhos e foram humilha dos pelas derrotas. O mesmo princpio espiri tual aplica-se Igreja de hoje. Ao olhar para sua vida e para a vida da igreja da qual faz parte, v a si mesmo e outros cristos vagando pelo deserto ou con quistando a Terra Prometida? No deserto, os israelitas foram um povo murmurador, mas em Cana, foram um povo conquistador. No deserto, Israel olhou para trs inmeras ve zes, mas na Terra Prometida, olhou para fren te, na expectativa de conquistar os inimigos e de apropriar-se de seu descanso e de suas riquezas. A marcha pelo deserto foi uma ex perincia de demora, derrota e morte, en quanto sua experincia em Cana foi de vida, poder e vitria. Onde voc se encontra, ao olhar para o "mapa espiritual" de sua vida crist? 12. S ig a m o Lder Jo su 1 2 E m duas ocasies ao longo de meu minis trio, fui escolhido para substituir lderes notveis e tementes a Deus e para levar adiante seu trabalho. Garanto que no foi fcil servir aps cristos proeminentes, que derramaram a vida de modo sacrificial em ministrios bem-sucedidos. Posso me identi ficar com Josu quando colocou as sandlias de Moiss e descobriu como eram grandes! Ao suceder D. B. Eastep como pastor da igreja batista Calvary em Covington, Kentucky, lembro-me de como sua viva e filho me encorajaram e garantiram seu apoio. Recor do-me que um dos diconos, George Evans, foi at meu escritrio na igreja para dizer que faria o que fosse preciso para me aju dar, "inclusive lavar seu carro e engraxar seus sapatos". Jamais pedi que George fizesse isso, mas suas palavras expressaram a atitu de de estmulo dos membros do conselho e dos lderes da igreja. Sentia-me um recruta, um calouro tomando o lugar de um vetera no experiente e, portanto, precisava de toda a ajuda possvel! Passei por uma experincia semelhante quase um quarto de sculo depois, quando sucedi Theodore Epp no ministrio Back to the Bible. O. conselho e a equipe do escrit rio central, os lderes das sucursais no exte rior, os ouvintes de rdio, bem como muitos outros lderes cristos de todo o mundo me asseguraram de seu apoio em orao e de sua disponibilidade para ajudar. Q uando voc se sente um ano assumindo o lugar de um gigante, d grande valor ao encoraja mento que Deus lhe envia. Um novo lder no precisa de conselhos, mas sim de estmulo. "Encorajar" significa, literalmente, "colocar o corao em algo". Como disse o general Andrew Jackson, com m uita razo: "um homem encorajado maioria". Ao enfrentarmos hoje os desafios que o Senhor nos d, ns, povo de Deus, fazemos bem em tirar lies do triplo enco rajamento que encontramos neste captulo. 1 . D e u s e n c o r a ja seu ld e r (Js 1:1-9) O estmulo da comisso de Deus (vv. 1, 2). A incum bncia de um lder no eterna, mesmo de lderes piedosos como Moiss. Chega um momento em todo ministrio que Deus determina um novo com eo, com nova gerao e nova liderana. Com exce o de Josu e Calebe, a gerao mais ve lha de israelitas havia morrido durante o tempo em que o povo passou vagando pelo deserto, e Josu recebeu a com isso de liderar a gerao seguinte em um novo de safio: entrar na Terra Prometida e conquist- la. "Deus sepulta seus obreiros, mas a obra continua." Foi Deus quem escolheu Josu, e todos em Israel sabiam que ele era seu novo lder. Ao longo dos anos, tenho visto igrejas e outros ministrios paraeclesisticos se deba terem e quase se destrurem em suas tenta tivas inteis de conservar o passado e de fugir do futuro. Seu lema : "Com o era no passado, assim seja para sempre e eterna mente". Tenho orado muitas vezes por lde res cristos e com eles, irmos criticados, perseguidos e atacados apenas porque, assim como Josu, receberam a comisso divina de liderar um ministrio em novos campos de conquista, mas se viram diante de um povo que se recusou a segui-los. No raro um pastor ser sacrificado simplesmen te por ousar sugerir algumas mudanas na igreja. Nas palavras de J. Oswald Sanders: "Um trabalho que se originou em Deus e foi con duzido por princpios espirituais, sobrevive r ao choque da mudana de liderana; na verdade, provavelm ente crescer melhor como resultado da mudana"1. Ao descrever a morte do rei Artur, Lord Tennyson colocou algumas palavras sbias 13. J O S U 1 15 e profticas nos lbios do rei, enquanto sua barca funerria rum ava para o mar. Sir Bedevire exclamou: "Vejo que os velhos tem pos morreram", ao que Artur respondeu: A antiga ordem muda, dando lugar nova, e Deus cumpre seus propsitos de muitas maneiras, para que uma boa tra dio no venha a corromper o mundo. ["O Falecimento de Artur"] "Ah, se a vida fosse como a sombra de um muro ou de uma rvore", diz o Talmude, "mas ela como a sombra de um pssaro a voar". Tentar agarrar-se ao passado e man t-lo junto ao corao to intil quanto procurar segurar a sombra passageira de uma ave em seu vo. Um lder sbio no abandona com pleta mente o passado, mas sim constri sobre seus alicerces ao mover-se em direo ao futuro. Moiss mencionado cinqenta e seis vezes no Livro de Josu, prova de que Josu respeitava o lder anterior por aquilo que havia feito por Israel. Josu adorava o mesmo Deus que Moiss havia adorado e obedecia mesma Palavra que Moiss ha via dado nao. Houve continuidade de um lder para outro, mas no necessariamen te conformidade, pois cada lder diferente e deve manter sua individualidade. Nesses versculos, Moiss chamado em duas oca sies de servo de Deus (Js 24:29). O impor tante no o servo, mas sim o Mestre. Josu chamado de "servidor de M oi ss" (Js 1:1), termo que descrevia tanto os que serviam no tabernculo quanto os que serviam um lder (ver x 24:13; 33:11; Nm 11:28; Dt 1:38). Antes de comandar como general, Josu aprendeu a ser um servo obediente; foi primeiro servo e depois go vernante (M t 25:21). "Aquele que nunca aprendeu a obedecer no tem como ser um bom comandante", escreveu Aristteles em sua obra Poltica. Deus com issionou Josu para realizar trs coisas: conduzir o povo terra, derrotar o inimigo e tomar posse da herana. Deus poderia ter enviado um anjo para fazer isso, mas escolheu usar um homem e dar-lhe o poder de que precisava para cumprir seu trabalho. Com o vimos anteriormente, Josu um tipo de Jesus Cristo, Autor de nossa salvao (Hb 2:10), que conquistou a vit ria e agora compartilha conosco sua heran a espiritual. O estmulo das promessas de Deus (vv. 3-6). Um a vez que Josu tinha uma misso tripla a cumprir, Deus lhe deu trs promes sas especiais, uma para cada tarefa. Deus capacitaria Josu a cruzar o rio e se apro priar da terra (vv. 3, 4), a derrotar o inimigo (v. 5) e a dividir a terra entre as tribos como herana (v. 6). Deus no deu a Josu expli caes sobre com o realizaria tais coisas, pois o povo de Deus vive de promessas, no de explicaes. Ao confiar nas promes sas de Deus e dar um passo de f (v. 3), esteja certo de que o Senhor lhe dar a orien tao de que precisar, no momento em que precisar. Em primeiro lugar, Deus prometeu a Jo su que Israel entraria na terra (vv. 3, 4). Ao longo dos sculos, Deus reafirmou essa pro m essa desde suas prim eiras palavras a Abrao (Gn 12) at suas ltimas palavras a Moiss (Dt 34:4). Deus os faria atravessar o Jordo e entrar em territrio inimigo. Em seguida, ele os capacitaria a se apropriarem da terra que lhes prometera. O medo e a incredulidade que haviam causado a derro ta de Israel em Cades-Barnia (Nm 13) no se repetiriam. Deus j lhes havia concedido a terra, e era responsabilidade deles dar um passo de f ao aproprar-se de sua herana (Js 1:3; ver Gn 13:14-18). Deus reafirm ou a Josu a mesma promessa de vitria que havia dado a Moiss (Nm 11:22-25) e definiu com pre ciso as fronteiras da terra. Israel s atingiu os limites desse territrio durante os reina dos de Davi e de Salomo. A lio para o povo de Deus hoje cla ra: Deus nos deu "toda sorte de bno es piritual [...] em Cristo" (Ef 1:3) e devemos dar um passo de f e nos apropriar dessa bno. O Senhor colocou diante de sua Igreja uma porta aberta que ningum pode fechar (Ap 3:8). Devemos passar por essa 14. 16 J O S U 1 porta pela f e tomar posse de novos territ rios para o Senhor. impossvel ficar parado na vida e no servio cristos, pois quando ficamos parados, com eam os imediatamen te a regredir. Deus nos desafia como igreja a que nos deixemos "levar para o que per feito" (Hb 6:1), e isso significa avanar so bre novos territrios. Deus tambm prometeu a Josu vitria sobre o inimigo (Js 1:5). O Senhor disse a Abrao que a Terra Prometida era habitada por outras naes (Gn 15:18-21) e repetiu esse fato a Moiss (x 3:1 7). Deus prometeu que, se Israel obedecesse ao Senhor, ele os ajudaria a derrotar essas naes. No entan to, advertiu o povo a no fazer concesso alguma ao inimigo, pois se isso aconteces se, Israel venceria a guerra, mas perderia a vitria (x 23:20-33). Infelizmente, foi exata mente o que aconteceu. Uma vez que os israelitas comearam a adorar os deuses de seus vizinhos pagos e a adotar suas prticas perversas, Deus teve de disciplinar Israel em sua terra para trazer o povo de volta para si (Jz 1 - 2). Que promessa maravilhosa Deus deu a Josu! "Com o fui com Moiss, assim serei contigo; no te deixarei, nem te desampara rei" (Js 1:5). Deus havia dado uma promessa semelhante a Jac (Gn 28:15), e Moiss a havia repetido a Josu (Dt 31:1-8). Um dia, o Senhor daria essa m esm a prom essa a Gideo (Jz 6:16) e aos exilados judeus que voltavam a sua terra depois do cativeiro na Babilnia (Is 41:10; 43:5); mais tarde, Davi a daria a seu filho, Salomo (2 Cr 28:20). O melhor de tudo, porm, que Deus d essa mesma promessa a seu povo hoje! O Evan gelho de Mateus com ea com "Em anuel (que quer dizer: Deus conosco)" (Mt 1:23) e termina com Jesus dizendo: "E eis que estou convosco todos os dias" (Mt 28:20). Ao escrever Hebreus 13:5, o autor dessa eps tola cita Josu 1:5 e aplica essa passagem aos cristos da atualidade: "No te deixarei, nunca jamais te abandonarei". Isso significa que o povo de Deus pode avanar dentro da vontade de Deus e estar certo da presena do Senhor. "Se Deus por ns, quem ser contra ns?" (Rm 8:31). Antes de Josu com ear sua conquista de Jeric, o Senhor apareceu a ele e o assegu rou de sua presena (Js 5:13-15). Josu no precisava de qualquer outra garantia de vitria. Quando minha esposa e eu estvamos em nosso primeiro pastorado, Deus orien tou a igreja a construir um novo templo. A congregao no era grande nem abastada, e alguns especialistas da rea financeira nos disseram que se tratava de uma misso impossvel, mas o Senhor nos guiou do co meo ao fim. Ele usou 1 Crnicas 28:20 de maneira especial para me fortalecer e dar segurana ao longo desse projeto difcil. Posso garantir, por exp erincia prpria, que a promessa da presena de Deus verdadeira! A terceira promessa de Deus a Josu foi que e/e dividiria a terra com o herana para as tribos conquistadoras (Js 1:6). Essa era a garantia de Deus de que a o inimigo seria derrotado e de que Israel possuiria a terra. Deus cumpriria sua promessa a Abrao de que seus descendentes herdariam a terra (Gn 12:6, 7; 13:14, 15; 15:18-21). O Livro de Josu registra o cumprimen to dessas promessas: a primeira nos captu los 2 - 5, a segunda nos captulos 6 - 12 e a terceira nos captulos 13 - 22. No final de sua vida, Josu lembrou aos lderes de Israel que "Nem uma s promessa caiu de todas as boas palavras que falou de vs o S e n h o r , vosso Deus; todas vos sobrevieram , nem uma delas falhou" (Js 23:14). Antes que Deus pudesse cumprir suas promessas, porm, foi preciso que Josu exercitasse sua f e que fosse "forte e cora joso" (Js 1:6). A soberania divina no substi tuiu a responsabilidade humana. A Palavra soberana de Deus um estmulo para que os servos do Senhor creiam nele e obede am a suas ordens. Nas palavras de Charles Spurgeon: "Josu no deveria usar a promes sa como um sof sobre o qual espalhar-se em indolncia, mas como um cinturo para fortalecer seus lombos ao preparar-se para o trabalho que se encontrava diante dele"2. Em resumo, as promessas de Deus so est mulos e no encostos. 15. J O S U 1 17 O estmulo da Palavra escrita do Senhor (vv. 7, 8). Uma coisa dizer a um lder: "Seja forte! Seja corajoso!" e outra bem diferente capacit-lo para isso. A fora e a coragem de Josu foram resultado de meditar na Pa lavra de Deus, crer nas suas promessas e cumprir seus preceitos. Esse foi o conselho de Moiss a todo o povo (Dt 11:1-9) e que Deus estava aplicando especificam ente a Josu. Ao longo dos anos em que havia lidera do Israel, M oiss m anteve um registro escrito das palavras e atos de Deus, o qual colocou sob os cuidados dos sacerdotes (Dt 31:9). Nele, Moiss lembrou Josu de que deveria exterminar os amalequitas (x 17:14). Dentre outras coisas, o "Livro da Lei" inclua o "Livro da Aliana" (x 24:4, 7), um relato das jornadas do povo do Egi to at Cana (Nm 33:2), regulamentos es peciais com relao herana (Nm 36:13) e o cntico que Moiss ensinou ao povo (Dt 31:19). Moiss continuou acrescentan do material a esse registro at que tivesse includo tudo o que Deus desejava que o livro contivesse (Dt 31:24). Pode-se dizer que os cinco Livros de M oiss (o Penta- teuco, de Gnesis a Deuteronmio) cons tituam o "Livro da Lei", o maior legado de Moiss a seu sucessor. No entanto, no bastava os sacerdotes estarem de posse e guardarem esse livro precioso; era preciso que Josu se dedicas se diariamente a sua leitura e, pela medita o nele, tornar a Palavra uma parte de seu ser interior (SI 1:2; 119:97; ver Dt 17:18-20). O termo hebraico traduzido por "meditar" significa "sussurrar". Os judeus costumavam ler as Escrituras em voz alta (At 8:26-40) e falar sobre elas sozinhos e uns com os ou tros (Dt 6:6-9). Isso explica por que Deus advertiu Josu a que no deixasse de falar do Livro da Lei (Js 1:8). Tenho dito a pastores e seminaristas em inmeras conferncias: "Se voc no conversar com sua Bblia, bem provvel que sua Bblia no conversar com voc!" Na vida do cristo, a prosperidade e o sucesso no devem ser medidos de acordo com os parmetros do mundo. Essas bnos so resultados de uma vida dedicada a Deus e a sua Palavra. Se voc est determinado a tornar-se prspero e bem-sucedido por sua prpria conta, pode ser que alcance esse objetivo e se arrependa. De acordo com o escritor escocs George M cD onald: "Em tudo aquilo que o homem faz sem Deus, est fadado ao mais horrvel fracasso ou ao mais terrvel sucesso". O povo de Deus pre cisa perguntar: obedecemos vontade de Deus? Recebemos o poder do Esprito San to? Servimos para a glria de Deus? Se pu dermos responder afirmativamente a essas perguntas, ento nosso ministrio foi bem- sucedido aos olhos de Deus, qualquer que seja a opinio das pessoas. O estmulo do mandamento de Deus (v. 9). Quando Deus d um mandamento, tambm capacita aqueles que lhe obedecem pela f a cumpri-lo. As palavras de Gabriel a Maria so to verdadeiras hoje quanto no dia em que as proferiu em Nazar: "Porque para Deus no haver impossveis" (Lc 1:37). A palavra de Deus contm em si o poder necessrio para que se cumpra, desde que creiamos e obedeamos! Em anos posteriores, sempre que Josu enfrentasse um inimigo e fosse tentado a temer, poderia se lembrar de que era um homem com uma comisso divina, e seus medos se dissipariam . Q uando as coisas dessem errado e fosse tentado a se deses perar, poderia recordar-se do mandamento de Deus e teria sua coragem renovada. As sim como Moiss antes dele e Samuel e Davi depois dele, Josu recebeu a incumbncia divina de servir ao Senhor e de fazer sua vontade, encargo suficiente para dar-lhe for as a fim de perseverar at o fim. 2. O LDER ENCORAJA SEUS OFICIAIS (Js 1:10-15) A forma de organizao da nao de Israel permitia que Moiss se com unicasse com o povo por meio de seus oficiais, dispos tos, por sua vez, numa hierarquia (Dt 1:15). M oiss no reuniu os lderes para pedir seu conselho, mas para lhes transmitir as ordens de Deus. H ocasies em que os lderes devem consultar seus oficiais, mas 16. 18 J O S U 1 essa no foi uma delas. Deus havia falado, sua vontade era clara, e a nao devia estar pronta a obedecer. Quarenta anos antes, em Cades-Barnia, D eus havia m ostrado sua vontade aos israelitas, mas eles se recusaram a obedecer (Nm 13). Isso porque acreditaram no relato dos espias em vez de crerem na ordem de Deus e de obedecerem pela f. Se tivessem dado ouvidos s palavras de Calebe e Josu - o relatrio da minoria -, teriam se poupa do dos anos difceis que passaram vagando pelo deserto. O conselho piedoso tem seu lugar no servio cristo, mas o relatrio de uma comisso no substitui um mandamen to claro de Deus. Em lugar da ordem de preparar comida, seria de se esperar que Josu ordenasse: "Preparem barcos para que possamos atra vessar o rio Jordo". Josu no julgou ter mais conhecimento do que Deus nem ten tou resolver as coisas a seu modo. Ele sabia que o Deus que havia aberto o mar Verme lho tam bm poderia abrir o rio Jordo. Calebe e ele haviam sido testemunhas da ocasio em que Deus livrou a nao do Egito e estavam certos de que Deus faria maravi lhas por eles novamente. Mesmo confiando que Deus era capaz de operar um milagre, Josu ainda teve de fazer preparativos para as necessidades coti dianas. Nos exrcitos modernos, a unidade de logstica providencia para que os soldados tenham comida e suprimentos, mas Israel no possua uma unidade dessas. Cada fa mlia e cl deveria, portanto, prover a pr pria alimentao. O man ainda caa do cu cada manh (x 16) e no cessaria enquan to Israel no estivesse em sua terra (Js 5:11, 12). No entanto, era importante que o povo permanecesse forte, pois estava prestes a comear uma srie de batalhas pela posse da Terra Prometida. O bserve que as palavras de Josu aos lderes so de f e encorajamento: "passareis este Jordo, para que entreis na terra que vos d o S e n h o r , vosso Deus, para a pos- suirdes" (Js 1:11). Josu havia feito um dis curso semelhante quarenta anos antes, mas aquela gerao de lderes no lhe havia dado ouvidos. Depois que aqueles lderes morre ram, a nova gerao estava pronta a crer em Deus e a conquistar a terra. uma triste verdade que, por vezes, a nica forma de um ministrio progredir realizar alguns funerais. Um pastor amigo meu pediu encarecidam ente diretoria de sua igreja um novo prdio com salas de aula para abrigar a Escola Dom inical que estava crescendo rapidam ente. Um dos membros de longa data do conselho, um homem de negcios proeminente da cida de, replicou: S se for sobre o meu cadver! foi o que aconteceu! Alguns dias de pois, esse homem teve um ataque cardaco e faleceu. A igreja ps-se, em seguida, a cons truir as salas to necessrias. Quanto mais velhos ficamos, mais cor remos o risco de petrificar nossos costumes e de nos tornarmos "obstrucionistas santifi cados", mas isso no precisa acon tecer. Calebe e Josu eram os homens mais idosos do acam pam ento e, no entanto, estavam cheios de entusiasmo para confiar em Deus e entrar na terra. O que importa no a idade, mas sim a f, e a f vem pela medita o na Palavra de Deus (Js 1:8; Rm 10:17). Sou muito grato a Deus pelos cristos mais velhos que participaram de meu ministrio e que me encorajaram a confiar no Senhor e ir avante. Josu tinha algo especial a dizer s duas tribos e meia que viviam do outro lado do rio Jordo e que j haviam recebido sua he rana (Nm 32). Lembrou a elas as palavras de instruo e de advertncia dadas por Moiss (Nm 21:21-35; Dt 3:12-20) e instou- as a cumprir a promessa que haviam feito. A preocupao de Josu era que Israel se man tivesse unido como povo ao conquistar a terra e adorar ao Senhor. Por certo, as duas tribos e meia cumpriram sua promessa de ajudar a conquistar a terra, mas, ainda as sim, criaram problemas para Josu e Israel pelo fato de viverem do outro lado do Jordo (Js 22). Em Israel, quem ia para a guerra eram homens aptos, com 20 anos ou mais de ida de (Nm 1:3), e o registro mostra que as duas 17. J O S U 1 19 tribos e meia possuam 136.930 homens disponveis (Nm 26:7, 18, 34). No entanto, s quarenta mil homens chegaram a cruzar o Jordo e a lutar na Terra Prometida (Js 4:13). O resto dos soldados ficou para trs, a fim de proteger as mulheres e crianas das cida des que as tribos haviam conquistado na terra de Cileade (Nm 32:1-5, 16-19). Q uan do os soldados voltaram para casa, dividi ram os despojos de guerra com os irmos (Js 22:6-8). Moiss fez uma concesso ao permitir que as duas tribos e meia vivessem fora da Terra Prometida. As tribos gostaram daque las terras, pois eram um "lugar de gado" (Nm 32:1, 4, 16). Ao que parece, a primeira pre ocupao deles era sua sobrevivncia, no sua verdadeira existncia. Preferiam ter gran des rebanhos de ovelhas e gado a viver com os irmos e irms na herana que Deus ha via lhes dado. Estavam longe do lugar de adorao e tiveram de erguer um monu mento especial para lembrar seus filhos de que eram cidados de Israel (Js 22:1 Oss). Essas tribos representam os muitos "cristos limtrofes" na igreja de hoje, que se aproxi mam da herana, mas, por mais bem-suce didos que paream ser, nunca chegam a apropriar-se dela de fato. Esto dispostos a servir a Deus e aos irmos por algum tem po, mas quando completam sua tarefa, to mam o rumo de casa para fazer aquilo que desejam. 3. Os OFICIAIS ENCORAJAM SEU LDER (Js 1:16-18) Aqueles que "responderam" a Josu prova velmente foram os oficiais aos quais Josu havia se dirigido e no apenas os lderes das duas tribos e meia. Q ue grande incentivo deram a seu novo lder! Para comear, eles o encorajaram garan tindo obedincia total a ele (vv. 16, 17a). "Tudo quanto nos ordenaste faremos e aon de quer que nos enviares iremos." Esses ofi ciais no buscavam seus prprios interesses nem pediram que Josu lhes fizesse con cesses. O bedeceriam a todas as ordens dele e iriam a todo lugar para o qual ele os enviasse. A Igreja de hoje precisa de mais compromisso desse tipo! Muitas vezes, so mos como os homens descritos em Lucas 9:57-62, cada um com um assunto pessoal a resolver antes de seguir ao Senhor. Em seu livro O Marqus de Lossie, um dos personagens de George M acDonald diz: "Enquanto fao a vontade de Deus no te nho tempo de ficar discutindo o plano dele". Foi essa atitude que os oficiais de Josu mostraram. No estavam apegados a Moiss a ponto de coloc-lo acima de Josu. Deus havia escolhido tanto Moiss quanto Josu, e desobedecer ao servo era o mesmo que desobedecer ao Mestre. Josu no precisa va explicar nem defender suas ordens, s precisava transmiti-las, e seus homens obe deceriam. Os oficiais encorajaram Josu orando por ele (v. 17). "To-somente seja o Senhor, teu Deus, contigo, como foi com M oiss." A melhor coisa que podemos fazer por aqueles que nos lideram orar por eles diariamente e pedir que Deus esteja com eles. Josu era um homem bem preparado e experiente, mas isso no era garantia de sucesso. Sem orao, nenhum obreiro cristo capaz de alcanar o sucesso para a glria de Deus. "A orao seu volante ou seu estepe?", a pergunta feita por Corrie Ten Boon e que se aplica especialmente queles que ocupam posies de liderana. Quando Josu no parou para buscar a vontade de Deus, en frentou fracassos terrveis (Js 7 e 9), e o mes mo acontecer conosco. Encorajaram Josu garantindo que a ob e dincia deles era uma questo de vida ou m orte (v. 18). Levaram sua liderana e suas responsabilidades a srio. Posteriormente, Ac desrespeitou as ordens de Josu e foi morto (At 7:15). "Por que me chamais Se nhor, Senhor, e no fazeis o que vos man do?" (Lc 6:46). Como nosso ministrio para um mundo perdido seria diferente se o po vo de Deus hoje considerasse a obedin cia a Cristo uma questo de vida ou morte! Obedecem os s ordens do Senhor se te mos vontade, se conveniente e se ganha mos alguma coisa com isso. Com soldados assim, Josu jamais teria conquistado a Ter ra Prometida! 18. 20 J O S U 1 Por fim, eles o encorajaram lembrando Josu da Palavra de Deus (v. 18b). Quando Moiss enviou Josu e outros homens para espiar a terra de Cana, disse a Josu: "Ten de nimo" (Nm 13:20). Moiss repetiu es sas palavras quando empossou Josu como seu sucessor (Dt 31:7, 23). Posteriormente, foram escritas no Livro da Lei, e josu rece beu a ordem de ler esse Livro e de meditar nele dia e noite (Js 1:8). As palavras "S forte e corajoso" (vv. 6, 7, 9, 18) aparecem quatro vezes neste ca ptulo. A fim de conquistarm os o inimigo e de nos apropriarmos de nossa herana em Cristo, devem os ter fora e coragem espi rituais. "Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na fora do seu poder" (Ef 6 : 10). Erguei-vos, soldados de Cristo, E a armadura vesti, Fortalecei-vos na fora que Deus vos concede Em seu Filho Eterno [Charles Wesley] O primeiro passo rumo vitria na batalha e reivindicao da nossa herana permi tir que Deus nos encoraje para que encora jemos a outros. Um exrcito desencorajado jamais vence. "Eis que o S e n h o r , teu Deus, te colocou esta terra diante de ti. Sobe, possui-a, como te falou o S e n h o r , Deus de teus pais: No temas e no te assustes" (Dt 1:21). Seja forte! A batalha do Senhor! 1. Sa n d er s, J. Oswald. Liderana Espiritual. So Paulo: Mundo Cristo, 1985, p.128. 2. S p u r c e o n , Charles. Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 14, p. 97. 19. U m a P roslita em C an a Jo su 2 H ebreus 11, o "Hall da Fama da F", cita apenas duas mulheres pelo nome: Sara, a esposa de Abrao (v. 11) e Raabe, uma prostituta de Jeric (v. 31). Sara era uma mulher temente a Deus, esposa do fundador do povo hebreu, e Deus usou seu corpo consagrado para dar luz Isaque. Raabe, por sua vez, era uma gentia mpia que adorava deuses pagos e vendia seu corpo. Em termos humanos, Sara e Raabe no tinham nada em comum. Mas do ponto de vista divino, Sara e Raabe compartilhavam a coisa mais importante da vida: as duas exer citaram a f salvadora no verdadeiro Deus vivo. A Bblia no apenas associa Raabe a Sara como tambm, em Tiago 2:21-26, a relacio na a Abrao. Tiago usa tanto Abrao quanto Raabe para ilustrar o fato de que a verdadei ra f salvadora sempre demonstrada por meio de boas obras. Porm, a Bblia vai ainda mais longe e relaciona Raabe ao Messias! Ao ler a genea logia de Jesus Cristo em Mateus 1, encon tramos o nome de Raabe na mesma lista (v. 5) que os nomes de Jac, Davi e de outras pessoas famosas da linhagem messinica. Sem dvida, ela percorreu um longo cami nho de prostituta pag a antepassada do M essias! "M as onde abundou o pecado, superabundou a graa" (Rm 5:20). No se esquea, porm, de que o mais importante sobre Raabe sua f. A f o que h de mais essencial para qualquer pes soa, pois "sem f im possvel agradar a Deus" (Hb 11:6). Nem tudo o que chama do de "f" constitui, de fato, f verdadeira como aquela descrita na Bblia. Como era a f de Raabe? 3 1. U m a f c o r a jo s a (Js 2:1-7) Tanto Hebreus 11:31 quanto Tiago 2:25 mostram que Raabe havia depositado sua f no Deus Jeov antes de os espias che garem a Jeric. Assim com o o povo em Tessalnica, havia "[deixado] os dolos, [se convertido] a Deus, para [servir] o Deus vivo e verdadeiro" (1 Ts 1:9). No era como os habitantes de Samaria, sculos dtepois, que "temiam o S e n h o r e, ao mesmo tempo, ser viam aos seus prprios deuses" (2 Rs 17:33). Jeric era uma das vrias "cidades-esta- dos" de Cana, cada uma delas governada por um rei (ver Js 12:9-24). A cidade ocupa va cerca de oito ou nove acres, e h evidn cias arqueolgicas de que era protegida por uma muralha dupla, cada parte separada da outra por uma distncia de cinco metros. A casa de Raabe ficava nessa muralha (Js 2:15). Jeric era uma cidade estratgica no plano de Josu para a conquista de Cana. Depois de tomar Jeric, poderia atravessar a terra dividida, sendo bem mais fcil derro tar primeiro as cidades do Sul e, depois, as do Norte. Quarenta anos antes, Moiss havia en viado doze espias a Cana, e somente dois deles haviam apresentado um relato favor vel (Nm 13). Josu enviou dois homens para espiar a terra e, especialmente, para obter informaes sobre Jeric. Queria descobrir como os habitantes da cidade estavam rea gindo chegada do povo de Israel. Tendo em vista que Josu sabia que Deus j havia dado a terra a seu povo, a deciso de enviar espias no foi um ato de incredulidade (ver Js 1:11,15). Antes de entrar numa batalha, um bom general procura descobrir o mxi mo possvel sobre o inimigo. De que modo os dois espias entraram na cidade sem ser imediatamente reconhe cidos como forasteiros? Como encontraram Raabe? Ao ver esses acontecimentos se de senrolando, somos com pelidos a crer na providncia divina. Raabe era a nica pes soa em Jeric que cria no Deus de Israel, e Deus levou os espias at ela. A palavra hebraica traduzida por "prosti tuta" tambm pode significar "algum que cuida de uma hospedaria". Se tivssemos 20. 22 J O S U 2 apenas o texto do Antigo Testamento a nos sa disposio, poderamos absolver Raabe de qualquer imoralidade e cham-la de "proprie tria de uma hospedaria". No entanto, no h como escapar dos fatos, pois Tiago 2:25 e Hebreus 11:31 empregam o termo grego que significa, inequivocamente, "uma meretriz". im pressionante como Deus, em sua graa, usa pessoas que, a nosso ver, jamais poderiam servi-lo. "Pelo contrrio, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sbios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as for tes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que no so, para reduzir a nada as que so; a fim de que ningum se vanglorie na presena de Deus" (1 Co 1:27-29). Jesus foi "amigo de publicanos e pecadores" (Lc 7:34) e no se envergonhava de ter uma ex-prostituta em sua rvore genealgica! Raabe colocou sua vida em perigo ao receber os espias e escond-los, mas esse fato, em si, mostra sua f no Senhor. im pos svel ocultar a f salvadora por muito tempo. Uma vez que aqueles dois homens represen tavam o povo de Deus, ela no teve medo de ajud-los. Se o rei tivesse descoberto a dissimulao de Raabe, ela teria sido exe cutada como traidora. Sabendo que Raabe cria em Deus, como podemos defender suas mentiras? Por um lado, ela demonstrou f no Senhor ao arris car a vida a fim de proteger os espias. Mas, por outro lado, agiu como qualquer outro pago daquela cidade ao mentir sobre seus hspedes. Talvez estejamos esperando de mais de uma recm-convertida, cujo conhe cimento de Deus era suficiente para lev-la salvao, mas, sem dvida, ainda limitado no que se referia s coisas prticas da vida. Se at mesmo homens de Deus experien tes, como Abrao e isaque (Gn 12:10-20; 20; 26:6-11) e Davi (1 Sm 21:2), usaram de dissim ulao, no podemos ser rigorosos demais com Raabe. No se trata de descul par nem de encorajar a mentira, mas sim de levar em considerao as circunstncias nas quais se encontrava, a fim de no a conde nar com severidade excessiva. errado mentir (Pv 12:22), e o fato de Deus haver providenciado para que as men tiras de Raabe fossem registradas nas Es crituras no serve, de modo algum, como evidncia da aprovao divina. No entanto, devemos confessar que a maioria de ns hesitaria em dizer a verdade em se tratando, de fato, de uma questo de vida ou morte. Uma coisa eu dizer a verdade sobre mim mesmo e sofrer as conseqncias, mas ser que tenho o direito de causar a morte de outros, especialmente de pessoas s quais dei abrigo e que me dispus a proteger? Mui ta gente recebeu honras por enganar o inimi go em tempos de guerra e por salvar a vida de pessoas inocentes. Raabe e os espias estavam vivendo em tempos de guerra! Se olhssemos para Raabe como uma "militan te pela liberdade", isso no mudaria alguma coisa? Problemas ticos parte, a lio princi pal dessa passagem mostra como a f de Raabe era evidente e como ela a demons trou ao acolher os espias e arriscar a vida para proteg-los. Tiago considerou as atitu des de Raabe como evidncia de que ela, sem dvida, cria no Senhor (Tg 2:25). Sua f no era oculta, pois os espias viram que Raabe era mesmo temente a Deus. 2. U m a f c o n f ia n t e (Js 2:8-11) A f vale tanto quanto aquilo em que se cr. H quem creia na f e pense que pelo sim ples fato de crer pode fazer maravilhas. O u tros crem em mentiras, o que na verdade no f, mas sim superstio. Certa vez, ouvi um psiclogo dizer que os participantes de um grupo de apoio deveriam "ter algum tipo de f, mesmo que fosse apenas na m quina de vender refrigerante". Mas a f vale tanto quanto aquilo em que cr. De que vai lhe adiantar a mquina de refrigerante, es pecialmente se voc estiver sem dinheiro? D. Martyn Lloyd-Jones nos lembra de que "a f manifesta-se em toda a personalidade". A verdadeira f salvadora no apenas uma proeza resultante do esforo intelectual pelo qual nos convencemos de que algo verda de, quando no o . Da mesma forma, no simplesmente uma srie de emoes que 21. J O S U 2 23 nos d a falsa certeza de que Deus agir de acordo com o que nossos sentimentos nos dizem que far. Tampouco um ato corajo so da fora de vontade, no qual saltamos do alto do templo e esperamos que Deus nos salve (Mt 4:5-7). A verdadeira f salvadora envolve "a personalidade toda": a mente instruda, as em oes so estimuladas e a vontade age em obedincia a Deus. "Pela f, No, divinamente instrudo acer ca de acontecimentos que ainda no se viam [o intelecto] e sendo temente [as emoes] a Deus, aparelhou uma arca [a vontade]" (Hb 11:7). A experincia de Raabe foi semelhan te de No: ela sabia que Jeov era o Deus verdadeiro [a mente]; ela temeu por si mes ma e por sua famlia quando soube das gran des maravilhas que ele havia realizado [as emoes] e ela recebeu os espias e implo rou pela salvao de sua famlia [a vontade]. A menos que a personalidade toda esteja envolvida, no se trata de uma f salvadora conforme descrita na Bblia. Claro que isso no significa que preci so o intelecto estar inteiramente instrudo em todos os aspectos da Bblia antes de um pecador ser salvo. Bastou mulher com uma hemorragia tocar a orla da veste de Cristo para ser curada, mas ela agiu em funo do conhecim ento lim itado que possua (Mt 9:20-22). O conhecimento que Raabe tinha do Deus verdadeiro era pequeno, mas ela agiu em funo daquilo que sabia, e o Se nhor a salvou. Quando disse: "Bem sei que o S e n h o r vos deu esta terra" (Js 2:9), Raabe demons trou mais f do que aqueles dez espias qua renta anos antes. Sua f baseava-se em fatos e no apenas em sentimentos, pois ela ouviu falar dos grandes milagres que Deus havia realizado, a com ear pela diviso das guas do mar Vermelho no xodo. "E, assim, a f vem pela pregao, e a pregao, pela pala vra de Cristo" (Rm 10:17). Uma vez que a notcia sobre o poder do Senhor chegou a Cana, o povo de l teve medo, mas era isso o que Israel esperava que seu Deus fizesse. "O s povos o ouviram, eles estremeceram; agonias apoderaram-se dos habitantes da Filstia. Ora, os prncipes de Edom se perturbam, dos poderosos de Moabe se apodera temor, esmorecem todos os habitantes de Cana. Sobre eles cai es panto e pavor" (x 15:14-16). Deus havia prometido que encheria os cananeu de te mor e cumpriu sua promessa. "Hoje, come arei a meter o terror e o medo de ti aos povos que esto debaixo de todo o cu; os que ouvirem a tua fama tremero diante de ti e se angustiaro" (Dt 2:25). "Porque o S e n h o r , vosso Deus, Deus em cima nos cus e embaixo na terra" (Js 2:11). Uma confisso de f e tanto, vinda dos lbios de uma mulher cuja vida havia sido cativa da idolatria pag! Raabe creu no n/co Deus e no no panteo de deuses que habitavam os templos pagos. Creu que ele era um Deus pessoal ("vosso Deus"), que agiria em favor daqueles que confiavam nele. Creu que ele era o Deus de Israel, que daria a terra a seu povo. Esse Deus no qual ela creu no se limitava a uma s nao ou terra, mas era o Deus em cima nos cus e embaixo na terra. Raabe creu num Deus grande e impressionante! Nossa certeza de que somos filhos de Deus vem do testemunho da Palavra de Deus diante de ns e do testemunho do Es prito de Deus dentro de ns (1 Jo 5:9-13). Porm, a certeza da salvao no se baseia apenas naquilo que sabemos pela Bblia ou no que sentimos em nosso corao. Tam bm tem como fundamento a forma como vivemos, pois se no houve mudanas em nosso comportamento, logo de se duvi dar que tenhamos, de fato, nascido de novo (2 Co 5:21; Tg 2:14-26). No basta dizer: "Senhor, Senhor!" preciso obedecer a suas ordens (Mt 7:21-27). A converso de Raabe foi, sem dvida alguma, um ato da graa divina. Assim como todos os cidados de Cana, Raabe estava condenada e destinada a morrer. Deus orde nou aos israelitas que destrussem totalmen te os cananeus sem qualquer misericrdia (Dt 7:1-3). Raabe era uma gentia que se en contrava fora das misericrdias da aliana com Israel (Ef 2:11-13). No merecia ser sal va, mas Deus se compadeceu dela. Se houve uma pessoa pecadora que experimentou a 22. 24 J O S U 2 realidade de Efsios 2:1-10, essa pessoa foi Raabe! 3. U m a f p r e o c u p a d a (Js 2:12-14) No entanto, Raabe no estava preocupada apenas com seu prprio bem-estar, pois uma vez que havia experimentado a graa e a misericrdia de Deus, sentiu a responsabili dade de salvar sua famlia. Depois de seu encontro com o Senhor Jesus, Andr com partilhou as boas novas com o irmo, Simo, e o levou a Cristo (Jo 1:35-42). O leproso purificado voltou para casa e contou a to dos com quem se encontrou o que Jesus havia feito por ele (M c 1:40-45). "O fruto do justo rvore de vida, e o que ganha almas sbio" (Pv 11:30). Raabe queria uma garantia dos dois es pias: quando a cidade fosse tomada, eles cuidariam para que a fam lia dela perma necesse em segurana. Os homens lhe ofe receram essa garantia ao dar sua palavra e jurar por sua vida que a cumpririam. Ou seja, tornaram-se responsveis pela fam lia de Raabe como Jud havia feito por Benjamim (Gn 43:8, 9). O Livro de Provrbios adverte sobre assumir a responsabilidade por outros e servir de fiador no mundo dos negcios, pois envolve grande risco e pode levar o fia dor a perder tudo (Pv 6:1 ss; 11:15; 20:16; 27:13). No mbito espiritual, porm, somos salvos porque Jesus Cristo, que no tinha dvida alguma, disps-se a ser nosso fiador (Hb 7:22). Da prxima vez que cantar: "Eu sei que foi pago um alto preo", lembre-se de que Jesus assumiu a responsabilidade de ser fiador de uma aliana superior (Hb 7:22). Ele morreu por ns, e, enquanto ele viver, nossa salvao estar garantida. Em funo das promessas de sua Palavra e da garantia de sua fina eterna, podemos confiar que ele "tambm pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (v. 25). Os espias advertiram Raabe de que ela no deveria passar essas informaes a nin gum da cidade a no ser aos membros de sua famlia. Se o fizesse, o acordo estaria cancelado. Q ue contraste com o relacio namento entre o cristo e Jesus Cristo, pois ele deseja que todos saibam que ele pagou o preo por nossa redeno e que todos podem ser salvos ao crer nele. Se Raabe fa lasse demais, arriscaria sua vida, mas se no falarmos o suficiente, colocaremos em peri go a vida daqueles a nosso redor. 4. U m a f p a c t u a l (Js 2:15-24) Uma aliana ou pacto simplesmente um acordo, um contrato entre duas ou mais partes, com certas condies que devem ser respeitadas por todos os envolvidos. Podem- se encontrar vrias alianas divinas regis tradas nas Escrituras: a aliana de Deus com nossos primeiros antepassados no den (Gn 2:16); a aliana de Deus com No (Gn 9), Abrao (Gn 12:1-3; 15:1-20) e Israel (x 19 - 20); a aliana sobre a terra da Palestina, conform e explicado em Deuteronm io; a aliana messinica com Davi (2 Sm 7) e a nova aliana no sangue de Jesus Cristo (Jr 31:31; Mt 26:28; Hb 12:24). Tambm pode mos encontrar alianas humanas, como o pacto entre Davi e Jnatas (1 Sm 18:3; 20:16) e entre Davi e o povo de Israel (2 Sm 5:1-5). Antes que os dois espias deixassem a casa de Raabe, reafirmaram a aliana feita com ela. Uma vez que esses homens no sabiam quais eram os planos de Deus para tomar a cidade, no puderam oferecer a Raabe instrues detalhadas. possvel que tenham partido do pressuposto de que a ci dade seria sitiada, suas portas seriam derru badas e o povo m assacrado. O s homens estavam certos de que a cidade cairia e que, no final, a terra seria tomada. Em vrias aliana bblicas, Deus determi nou um "sm bolo" fsico ou material para lembrar o povo daquilo que havia sido pro metido. Sua aliana com Abrao foi "sela da" pelo ritual da circunciso (Gn 17:9-14; Rm 4:11). Quando Deus estabeleceu sua aliana com Israel no Sinai, tanto o livro da aliana quanto o povo da aliana foram aspergidos com sangue (x 24:3-8; Hb 9:16- 22). Deus deu o arco-ris como sinal da alian a com No (Gn 9:12-1 7), e o Senhor Jesus Cristo usou o po partido e o clice de vi nho para simbolizar a nova aliana (Lc 22:1 9, 20; 1 Co 11:23-26). 23. J O S U 2 25 No caso de Raabe, os espias a instru ram a pendurar um cordo escarlate do lado de fora da janela de sua casa, que ficava no muro da cidade (Js 2:18). Quando o exrcito de Israel tomasse a cidade, o cordo identi ficaria a casa dela como um "lugar de segu rana". A cor desse cordo significativa, pois lembra o sangue. Assim como o sangue nos umbrais das portas no Egito marcou as casas sobre as quais o anjo da morte de veria passar (x 12:1-13), o cordo escarla te marcou a casa no muro de Jeric, cujos ocupantes deveriam ser protegidos pelos soldados de Israel. Raabe usou aquela cor da para ajudar os espias a descer pela janela e deixou-a l a partir de ento. Esse foi o "si nal certo" que ela havia pedido como prova da aliana entre ela e os espias (Js 2:12-23). importante observar que Raabe e sua famlia foram salvas por sua f no Deus de Israel e no por terem f no cordo pendu rado do lado de fora da janela. O fato de Raabe pendurar o cordo ali foi prova de que creu, assim como o sangue do cordeiro imolado nos umbrais das portas no Egito provou que os hebreus creram na Palavra de Deus. A f no Deus vivo significa salva o, e a f em sua aliana d segurana. Porm, a f num sm bolo da aliana no passa de superstio religiosa e no pode conceder salvao nem segurana. Os judeus dependiam da circunciso para salv-los, mas ignoravam o verdadeiro significado espiritual desse ritual im portante (Rm 2:25-29; Dt 10:12-16; 30:6). Hoje em dia, muita gente firma sua salvao no batismo ou em sua participao na Ceia do Senhor (Eucaristia), mas esse tipo de f vazio. Raabe creu no Senhor e nas promessas pactuais que ele havia feito por intermdio de seus servos; provou essa f ao pendurar o cordo escarla te do lado de fora da janela. Quando os israelitas tomaram Jeric, encontraram Raabe e a famlia dentro da casa na muralha e os salvaram do julgamento (Js 6:21-25). Raabe foi uma m ulher'de grande cora gem. Teve de contar aos familiares sobre o julgamento vindouro e a promessa de sal vao - algo perigoso. E se um daqueles parentes comunicasse ao rei o que estava acontecendo? Tambm teve de dar uma ex plicao para o cordo escarlate pendura do do lado de fora de sua janela. Uma vez que Jeric estava completam ente fechada (Js 2:1), pouco provvel que houvesse al gum do lado de fora dos muros, mas um forasteiro entrando na cidade poderia ver o cordo ou algum visitando a casa de Raabe talvez perguntasse o que significava. Os espias saram da casa de Raabe e se esconderam at estarem certos de que seus perseguidores haviam desistido de ir atrs deles. Em seguida, voltaram para o acampa mento de Israel e deram a Josu a boa not cia de que o povo encontrava-se impotente, pois o Senhor os havia enchido de temor. Raabe no apenas deu esperana a sua fa m lia, mas tambm deu grande nimo a Josu e ao exrcito de Israel. No entanto, o povo de Israel ainda no estava pronto para atravessar o rio e conquis tar o inimigo. Ainda havia alguns "negcios pendentes" a resolver antes que pudessem estar certos das bnos do Senhor. 24. A vante P ela F J o s u 3 - 4 4 N o captulo anterior, vim os a f indivi dual de Raabe; agora, o Livro de Josu concentra-se na f de Israel como nao. Ao prosseguir com seu estudo, lembre-se de que este livro trata de questes que vo alm de histria antiga, daquilo que Deus fez s culos atrs pelos israelitas. Diz respeito a sua vida e vida da Igreja nos dias de hoje, ao que Deus quer fazer aqui e agora pelos que crem nele. O Livro de Josu trata da vitria da f e da glria que Deus recebe quando seu povo cr e obedece. Nas palavras do pri meiro ministro britnico, Benjamim Disraeli: "O mundo jamais foi conquistado por intri gas; antes, foi conquistado pela f". Na vida crist, voc vencedor ou ven cido, vitorioso ou vtima. Afinal, Deus no nos salvou para nos transformar em esttuas para exibio. Fomos salvos para que nos transformasse em soldados, avanando pela f a fim de tomar posse de nossa rica heran a em Cristo Jesus. Moiss expressou esse fato com perfeio: "Dali nos tirou, para nos levar e nos dar a terra" (Dt 6:23). H gente demais do povo de Deus com a idia equi vocada de que a salvao - ser liberto da escravido do Egito - tudo o que h na vida crist, quando, na verdade, a salvao apens o com eo. Tanto em nosso cresci mento pessoal quanto em nosso servio ao Senhor "ainda muitssima terra ficou para se possuir" (Js 13:1). O tema do Livro de Josu tambm o tema do Livro de Hebreus: "Deixemo-nos levar" (Hb 6:1), e a nica for ma de fazer isso pela f. A incredulidade nos faz dizer: "Voltemos para um lugar seguro", mas pela f pode mos declarar: "Avancemos para onde Deus est operando" (ver Nm 14:1-4). Quarenta anos antes, ao falar da terra, Josu e Calebe haviam garantido aos israelitas: "Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, pre valeceremos contra ela". Isso f! Mas o povo respondeu: "No poderemos". Isso incredulidade e custou nao quarenta anos de disciplina no deserto (ver Nm 13:26- 33). "E esta a vitria que vence o mundo: a nossa f" (1 Jo 5:4). Um a das alegrias de minha vida crist o estudo da biografia de cristos, da vida de homens e mulheres que foram - e que continuam sendo - usados por Deus para desafiar a Igreja e transformar o mundo. Os cristos sobre os quais li eram diferentes uns dos outros quanto a suas origens, formao, personalidade e maneira de servir a Deus. No entanto, possuam uma coisa em comum: todos creram nas promessas de Deus e fize ram conforme ele lhes ordenou. Foram ho mens e mulheres de f, e Deus honrou-os, pois creram em sua Palavra. Deus ainda o mesmo, e os princpios da f tambm. O que parece ter mudado a atitude do povo de Deus: no cremos mais em Deus nem agimos pela f em suas pro messas. As promessas de Deus nunca falham (Js 21:45; 23:14; 1 Rs 8:56), mas podemos deixar de viver pela graa de Deus e de to mar posse de tudo o que ele nos prometeu (Hb 3:7-19; 12:15). Deus nos fez sair da es cravido para que pudssemos entrar na vida que nos prometeu, mas muitas vezes no podemos "entrar por causa da incredulida de" (Hb 3:19). Em Josu 3 e 4, Deus ilustra trs elemen tos essenciais para que avancemos pela f e tomemos posse de tudo o que ele tem para ns: a palavra da f, a jornada de f e o tes temunho da f. 1. A PALAVRA DA F (Js 3:1 -13) Enquanto a nao estava aguardando beira do rio Jordo, o povo deve ter ficado imagi nando o que Josu pretendia fazer. Por certo, ele no ia pedir que atravessassem o rio a nado nem que o vadeassem, pois era a esta o das cheias (Js 3:15). No tinham como construir barcos nem balsas para transportar 25. J O S U 3 - 4 27 mais de um milho de pessoas pela gua at o outro lado. Alm disso, ao se apro ximarem desse modo da terra, seriam alvo fcil para os inimigos. O que seus lderes iriam fazer? Como Moiss antes dele, Josu recebia ordens do Senhor e lhes obedecia pela f. "E, assim, a f vem pela pregao, e a pre gao, pela palavra de Cristo" (Rm 10:17). Algum disse bem que ter f no crer ape sar das evidncias, mas sim obedecer apesar das conseqncias. Ao ler Hebreus 11, o grande "captulo da f" nas Escrituras, voc descobre que todas as pessoas citadas nes te captulo fizeram algo em funo de sua f em Deus. Sua f no foi um sentimento pas sivo, mas uma fora ativa. Porque Abrao creu em Deus, ele saiu de Ur e rumou para Cana. Porque Moiss creu em Deus, desa fiou os deuses egpcios e conduziu os israelitas liberdade. Porque Gideo creu em Deus, liderou um pequeno grupo de israelitas que venceu o enorm e exrcito midianita. A vida de f sem pre nos leva a agir. "Porque, assim como o corpo sem es prito morto, assim tambm a f sem obras morta" (Tg 2:26). Neste pargrafo, h cinco mensagens di ferentes, todas baseadas na Palavra de Deus, que a "palavra da f" (Rm 10:8). O povo obedeceu a essas mensagens pela f, e Deus os fez atravessar o rio. A m ensagem dos ld eres para o povo (vv. 1-4). Josu costumava acordar cedo (Js 6:12; 7:16; 8:10) e passava as primeiras ho ras do dia em comunho com Deus (Js 1:8). Nesse sentido, era parecido com Moiss (x 24:4; 34:4), com Davi (Sl 57:8; ver 119:147), com Ezequias (2 Cr 29:20) e com Jesus Cris to (M c 1:35; ver Is 50:4). impossvel viver pela f e ignorar a Palavra de Deus e a ora o (At 6:4), pois a f alimentada pela ado rao e pela Palavra. As pessoas que Deus usa e abenoa sabem disciplinar seu corpo de modo a dedicar-se ao Senhor nas primei ras horas da manh. Josu ordenou que o acampamento se deslocasse dezesseis quilmetros de Sitim para o Jordo; e, sem dvida, o povo em Jeric assistiu a essa marcha com grande apreenso. provvel que os israelitas te nham levado um dia inteiro para completar esse percurso. Depois disso, descansaram mais um dia e, no terceiro dia, os lderes deram suas ordens: o povo deveria atraves sar o rio seguindo a arca da aliana. A arca citada dezesseis vezes nos cap tulos 3 e 4. chamada de "arca da Aliana" dez vezes, de "arca do S en h o r " trs vezes e simplesmente de "arca" outras trs vezes. Era o "trono de Deus", o lugar onde sua gl ria ficava no tabernculo (x 25:10-22) e onde Deus assentava-se "entronizado acima dos querubins" (Sl 80:1). A lei de Deus ficava guardada dentro da arca, como lembrana da aliana de Deus com Israel, e o sangue dos sacrifcios era aspergido sobre o propi- ciatrio uma vez por ano no dia da expia- o (Lv 16:14,15). A arca foi adiante do povo para estimu lar sua f, significando que Deus estava indo adiante deles e abrindo caminho. Deus pro meteu a Moiss: "A minha presena ir con tigo, e eu te darei descanso" (x 33:14). Na m archa do povo pelo deserto, a arca foi adiante deles (Nm 10:33) e Moiss decla rou: "Levanta-te, S en h o r, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam" (Nm 10:35). Naquela ocasio, a presena da arca era uma garantia da pre sena do Senhor. Quando o povo levantava acampamen to, cada uma das tribos possua um lugar determinado na marcha (Js 2). Quando os lderes das tribos vissem os sacerdotes car regando a arca e se movendo em direo ao rio, estavam incumbidos de preparar o povo para segui-los. Uma vez que o povo no havia cam inhado dessa form a antes, seria preciso que Deus os conduzisse. No entanto, no deveriam se aproximar demais da arca, pois era um objeto sagrado do tabernculo e no deveria ser tratada com descaso. Na jornada desta vida, Deus nos so companheiro, mas no podemos ousar trat-lo como um "colega" qualquer. A mensagem de Josu para o povo (v. 5). Essa mensagem foi, ao mesmo tempo, uma ordem e uma promessa, e o cumprimento da prom essa dependia da obedincia 26. 28 J O S U 3 - 4 ordem . Algum as promessas de Deus so incondicionais, e tudo o que precisamos fa zer crer, enquanto outras exigem que preenchamos certos requisitos. Ao satisfazer essas condies, no estamos trabalhando para merecer a bno, mas sim nos certifi cando de que nosso corao est prepara do para a bno de Deus. Se a experincia de Israel no monte Sinai serve de exem p lo (x 1 9 :9 -1 5 ), ento "purificai-vos" significava que todos deveriam banhar-se e trocar de roupas e que os casais deveriam se dedicar inteiramente ao Senhor (1 Co 7:1-6). No Oriente Prximo, porm, a gua era um luxo que no costumava ser empregado com freqncia para a higiene pessoal. Em nosso mundo moderno, estamos habituados a ter um lugar confortvel para tomar banho, mas isso era algo praticamen te desconhecido para o povo dos tempos bblicos. Na Bblia, o ato de lavar o corpo e tro car de roupa simbolizava um novo com e o com o Senhor. Uma vez que o pecado retratado como contam inao (Sl 51:2, 7), Deus deve nos purificar antes de poder mos, verdadeiram ente, segui-lo. Q uando Jac recom eou seu relacionamento com o Senhor e voltou a Betei, o patriarca e sua famlia se lavaram e trocaram de roupa (Gn 35:1-3). Depois que o rei Davi confessou seu pecado, banhou-se, trocou de roupa e adorou ao Senhor (2 Sm 12:20). Essa prti ca transportada at o Novo Testamento, e que pode ser encontrada em 2 Corntios 6:14 - 7:1; Efsios 4:26, 27 e Colossenses 3:8-14. Deus prometeu operar maravilhas no meio deles. Assim como havia aberto o mar Vermelho para livrar Israel do Egito, tambm abriria o rio Jordo e os conduziria Terra Prometida. No entanto, esse seria apenas o comeo dos milagres, pois o Senhor entraria com eles na terra, derrotaria seus inimigos e capacitaria as tribos para que tomassem posse de sua herana. "Q ue deus to gran de como o nosso Deus? Tu s o Deus que operas m aravilhas" (Sl 77:13, 14). "Q uo grandes so os seus sinais, e quo poderosas, as suas maravilhas" (Dn 4:3). A mensagem de Josu aos sacerdotes (v. 6). Era responsabilidade dos sacerdotes carregar a arca da aliana e ir adiante do povo quando marchavam. Eles que tive ram de molhar os ps antes de Deus abrir as guas. Alm disso, teriam de ficar no meio do leito do rio at que todo o povo tivesse atravessado. Q uando os sacerdotes che gassem ao outro lado, as guas voltariam a seu curso normal. Foi preciso f e coragem para fazer seu trabalho, mas eles creram em Deus e confiaram na fidelidade da Palavra do Senhor. A mensagem do Senh or para Josu (vv. 7, 8). Quando Moiss liderou a nao na travessia do mar Vermelho, esse milagre engrandeceu Moiss diante do povo, e os israelitas reconheceram que ele era, de fato, servo do Senhor (x 14:31). D eus faria a mesma coisa por Josu no Jordo e, ao faz- lo, lembraria o povo de que o Senhor estava com Josu assim como havia estado com Moiss (Js 4:14; ver 1:5, 9). Moiss e Josu, porm, haviam recebido autoridade do Se nhor antes dos milagres, mas os milagres conferiram-lhes grandeza diante do povo. A liderana eficaz requer tanto autoridade quanto grandeza. A mensagem de Josu para o povo (vv. 9-13). Depois de instruir os sacerdotes que estavam carregando a arca, josu com partilhou as palavras do Senhor com o povo. No engrandeceu a si mesmo, mas sim ao Senhor e s bnos de sua graa conce didas nao. A verdadeira liderana espiri tual volta os olhos do povo de Deus para o Senhor e para sua grandeza. Grande parte daquilo que Josu disse em seu breve discur so foi uma recapitulao do ltimo discurso de Moiss a Josu (Dt 31:1-8), bem como das palavras do Senhor a Josu quando este assumiu o lugar de Moiss (Js 1:1-9). Josu no fez um discurso para "levantar o moral" do povo. Simplesmente lembrou os israelitas das promessas de Deus - a "palavra da f" - e os incentivou a crer e a obedecer. No entanto, o Deus de Josu era mais do que o Deus de Israel. Ele era "o Deus vivo" (Js 3:10) e "o Senhor de toda a terra" (Js 3:11, 13). Pelo fato de ser o "Deus vivo", 27. J O S U 3 - 4 29 pde derrotar os dolos mortos das naes pags que habitavam a terra (Sl 11 5). Pelo fato de ser o "Senhor de toda a terra", pode fazer o que lhe aprouver com todas as ter ras e naes. Deus havia dito a seu povo no Sinai: "Sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra minha" (x 19:5). "Derretem-se como cera os montes, na presena do S e n h o r , na pre sena do Senhor de toda a terra" (Sl 97:5). Josu explicou ao povo que Deus abri ria o rio assim que os sacerdotes carregan do a arca colocassem os ps nas guas do Jordo. Ordenou, tambm, que cada tribo nomeasse um homem para realizar uma ta refa especial, que seria explicada posterior mente (Js 4:2-8). Deus estava indo adiante de seu povo e abriria caminho para eles! Ao recapitular essas cinco mensagens, v-se que o Senhor deu aos israelitas toda a informao de que precisavam para realiza rem a tarefa que lhes atribua. So encontra das as condies que deveriam preencher, as ordens a que deveriam obedecer e as pro messas nas quais deveriam crer. Deus sempre d sua "palavra da f" a seu povo quando pede que o siga at novas regies de confli to e de conquista. Com seus mandamentos, Deus concede a capacitao, e as promes sas de Deus no falham. Sculos depois da conquista, o rei Josaf deu um conselho que ainda se aplica aos dias de hoje: "Crede no S e n h o r , vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis" (2 Cr 20:20). "Nem uma s palavra falhou de to das as suas boas promessas" (1 Rs 8:56). 2. A JORNADA DE f (Js 3:14-17) Durante a maior parte do ano, o rio Jordo tinha pouco mais de trinta metros de largu ra, mas na poca das cheias de primavera, o rio transbordava sobre as margens e chega va a ter mais de um quilmetro e meio de largura. Assim que os sacerdotes carregan do a arca colocaram os ps no rio, as guas pararam de correr e se detiveram com o muros, cerca de trinta quilmetros rio aci ma, perto de uma cidade chamada Ad. Foi um milagre de Deus em resposta f de seu povo. Se no dermos um passo de f (Js 1:3) e se no "molharmos nossos ps", pouco provvel que tenhamos grandes progressos em nossa vida e servio para Cristo. Cada passo que os sacerdotes davam abria a gua diante deles at ficarem no meio do rio em terra seca. Postaram-se ali at o povo todo passar e, quando a nao inteira havia atra vessado, os sacerdote cam inharam at a outra margem, e o rio voltou a correr. Q uando Deus abriu o mar Verm elho, usou um vento forte que soprou durante toda a noite anterior (x 14:21, 22). No foi obra do acaso, pois esse vento era o resfolegar das narinas de Deus (x 15:8). Q uando Moiss ergueu sua vara, o vento comeou a soprar, e quando baixou a vara, as guas voltaram ao lugar e afogaram o exrcito egp cio (x 14:26-28). Quando Israel atravessou o Jordo, no foi o brao obediente do lder que operou o milagre, mas sim os ps obe dientes do povo. Se no estivermos dispostos a dar um passo de f e obedecer Palavra do Senhor, Deus no pode abrir caminho para ns. Como disse anteriormente, ao contrrio do que afirmam alguns hinos, a travessia do rio Jordo no um retrato do cristo que morre e vai para o cu. A travessia do mar Vermelho retrata o cristo sendo liberto da escravido do pecado, enquanto a travessia do rio Jordo retrata o cristo tomando pos se da herana em Jesus Cristo, nosso Con quistador, que nos conduz cada dia at a herana que reservou para ns (1 Co 2:9,10). "Escolheu-nos a nossa herana" (Sl 47:4). Como triste quando o povo de Deus deixa de se apropriar de sua herana e fica vagando sem rumo pela vida como aconte ceu com Israel no deserto. O Livro de Hebreus foi escrito com o propsito de desafiar o povo de Deus a buscar a maturidade espiri tual e a no regredir em sua incredulidade. Em Hebreus 3 - 4, o escritor usou a expe rincia de Israel em Cades-Barnia para ad vertir os cristos insensatos a no ficarem aqum de tudo o que Deus planejou para eles. impossvel ficar parado na vida crist: ou avanamos pela f, ou regredimos em incredulidade. 28. 30 J O S U 3 - 4 3. O TESTEMUNHO DA F (Js 4:1-24) O Senhor estava no controle de tudo o que ocorreu no rio Jordo naquele dia. Disse aos sacerdotes quando entrar no rio e quando sair dele e ir para a outra margem. Ordenou s guas quando deveriam se deter e quan do retomar o curso. Tanto as guas quanto o povo obedeceram ao Senhor, e tudo cor reu de acordo com os planos de Deus. Foi um dia que glorificou ao Senhor e que en grandeceu seu servo, Josu (Js 4:14). O povo de Israel ergueu dois montes de pedras como memoriais da travessia do rio Jordo: doze pedras em Gilgal (vv. 1-8, 10- 24) e doze pedras no meio do rio (v. 9). Es ses monumentos eram testemunhas de que Deus honra a f e opera em favor daqueles que confiam nele. As pedras co locad as em G ilgal foram carregadas pelos doze homens nomeados anteriormente, cada um proveniente de uma das tribos (Js 3:12). Quando esses homens chegaram ao meio do rio, cada um pegou uma pedra grande e carregou-a quase treze quilmetros at Gilgal, onde a nao acam pou naquela noite. Gilgal ficava cerca de trs quilmetros de Jeric e, exceto pela Trans- jordnia, foi o primeiro territrio em Cana do qual o povo de Israel tomou posse como herana. Posteriormente, Gilgal tornou-se um importante centro de Israel, local onde a nao coroou seu primeiro rei (1 Sm 11) e onde Davi foi recebido de volta depois que a rebelio de Absalo foi contida (2 Sm 19), alm de ser um lugar considerado importante por Samuel a ponto de incluir a cidade em seu "circuito ministerial" (1 Sm 7:16). Havia uma "escola de profetas" em Gilgal no tem po de Elias e Eliseu (2 Rs 2:1, 2; 4:38). Foi uma cidade de destaque para Josu, pois se tornou'seu acampamento e centro de ope raes (Js 9:6; 10:6, 15, 43; 14:6). Essas doze pedras empilhadas eram uma lembrana daquilo que Deus havia feito por seu povo. Os israelitas acreditavam na im portncia de ensinar a gerao seguinte sobre Jeov e seu relacionamento especial com o povo de Israel (Js 4:6, 21; x 12:26; 1 3 :1 4 ; Dt 6 :2 0 ; ver Sl 34:11-16; 71:17, 18; 78:1-7; 79:13; 89:1; 102:18). Para um incrdulo, doze pedras empilhadas no pas savam de um monte de pedras, mas para um israelita que cria em Deus, era uma lem brana constante de que Jeov era seu Deus, operando maravilhas em favor de seu povo. Note, porm, que Josu coloca sobre os israelitas a obrigao de temer ao Senhor e de dar testemunho dele para o mundo todo (Js 4:24). O Deus que pode abrir o rio o Deus a quem todos devem temer, amar e obedecer! Israel precisava contar s naes sobre ele e convid-las a crer nele tambm. O Deus de Israel preocupa-se com seu povo, cumpre suas promessas, vai adiante dele em vitria e nunca falha. Um testemunho e tan to para dar ao mundo! Infelizmente, com o passar do tempo, esse memorial em Gilgal foi perdendo o sig nificado espiritual e tornou-se um santurio onde os israelitas pecavam contra Deus ao adorar ali. O profeta Osias condenou o povo por adorar em Gilgal em vez de Je rusalm (Os 4:15; 9:15; 12:11), e suas ad vertncias foram repetidas por Ams (Am 4:4; 5:5). Se no ensinarmos s prximas geraes a verdade sobre o Senhor, ela se afastar dele e comear a seguir o mundo. Josu ergueu o m onum ento no m eio do rio (v. 9) e, para os israelitas, deve ter sido estranho ver seu lder fazer isso. Afinal, quem, alm de Deus, poderia ver doze pedras amontoadas no leito de um rio? A narrativa no diz se foi Deus quem ordenou a Josu que erguesse esse segundo monumento, mas bem provvel que sim. Pelo menos, Deus no o repreendeu por faz-lo. O monumento em Gilgal lembrava os israelitas de que Deus havia aberto o rio Jordo, conduzindo-os em segurana Ter ra Prometida. O povo havia rompido com o passado e no deveria, jamais, pensar em voltar. O monumento no fundo do rio lem brava o povo de que sua vida antiga havia sido sepultada e de que, daquele momento em diante, deveriam andar em "novidade de vida" (Rm 6:1-4). (Quando estudarmos Josu 5, veremos a relevncia espiritual da institui o desse monumento e da circunciso da nova gerao para os cristos de hoje.) 29. J O S U 3 - 4 31 Assim, sempre que uma criana israelita passasse pelas doze pedras em Gilgal, os pais lhe explicariam o milagre da travessia do rio. Diriam tambm: "H outro monumento no meio do rio, onde os sacerdotes ficaram com a arca. No d para v-lo, mas est l. Ele nos lembra de que nossa vida antiga foi se pultada e de que agora devemos viver uma nova vida em obedincia ao Senhor". As crianas teriam de aceitar o fato pela f e, se acreditassem, isso faria uma grande dife rena em seu relacionamento com Deus e com a vontade dele para a vida delas. Esses dois montes de pedras foram os primeiros de vrios m onum entos que os israelitas ergueram na terra. Seguindo as ins trues de M oiss, tambm ergueram as duas pedras de bno e de maldio nos montes Ebal e Gerizim (Dt 27:1-8; Js 8:30- 35). Ergueram um monte de Pedras sobre Ac e sua famlia (Js 7:25, 26) e, no final de sua vida, Josu erigiu uma grande pedra de testemunho em Siqum (Js 24:24; Jz 9:6). s duas e meia tribos que viviam do lado este do Jordo ergueram "um altar grande e vistoso" para lembrar seus filhos de que, mesmo separados das outras tribos pelo rio, faziam parte de Israel (Js 22:1 Oss). N o h nada de errado em erguer memoriais, desde que no se tornem dolos que afastam nosso corao de Deus e que no nos amarrem ao passado de tal forma que deixemos de servir a Deus no presente. A glorificao do passado uma excelente forma de petrificar o presente e de privar a igreja de poder. As geraes seguintes pre cisam de lembranas daquilo que Deus fez na histria, mas essas lembranas tambm devem fortalecer sua f e aproxim-las do Senhor. Deus nos faz sair da escravido para nos conduzir Terra Prometida (Dt 6:23) e nos faz entrar nessa terra para que possamos ven cer e nos apropriar de nossa herana em Cristo Jesus. Pelo fato de o povo de Deus ser identificado com Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreio (Rm 6; Gl 2:20), os cristos tm o "poder de vencer", no precisam ser derrotados pelo mundo (Gl 6:14), pela carne (Gl 5:24) ou pelo diabo (Jo 12:31). Somos vencedores