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o HOMEM ESPIRITUAL POR

LE\\"IS SPERRY CHAFER, D.D. ,.L1TT.D.

Publicado pel;,

CJrnprensa 1lalisla l.c8ular LITERATURA EVANGELICA PARA O BRASil"

Ro. ~ 170, 8rooklin - 04558 - 510 Paulo - SP.

1980

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COJ)llrlght. por Lowl. Spcrry ChaCer

'rodos 011 (ilt'd tu:; I'Cf:lor vados

com a devida nutOI·17./l, ÇnO

TITULO DA PRIMEIRA EDIÇÃO EM PORTUGUSS: AQUELE QUE e ESPIRITUAL

PRIMEIHA EDIÇÃO BRASILEIRA , JULlIO , 1968 SEGUNDA IMPRESSÃO BRASI LEIRA, AGOSTO, 1980

Este livro foi produzido pela Imprensa Batista Regular do

Brasil, em cooperação com a entidade evangélica OUTREACH

INOORPORATED de Grand Raplds, Michlgan, E . U. A.

. ",U'''''"J <'l'...,;;, .... .;'\

" ... , .. "

Impresso no Brasil

PHEFACIO

o valor do assu11to deste livro é incalculáYel. A verda­deira espiritual idade é aquela maneira de viver com que os filhos de Deus podem satisfazer e glorificar o Pai. .ú: aquela conduta cristã que traz ao próprio coração do crente a pa7

e a alegria celestiais; é aquele gênero de vida do qual depende toda a utilidade do crente. Dado que Deus faz Seu trabalho por meios humanos, a qualidade ou idoneidade do instrumento humano determina o progresso alcançado.

É convicção unânime de que o andar diário dos crentes deve experimentar um gradual aperfeiçoamento; mas, para alcançar essa perfeição, só há um único caplinho e esse é o

de Deus. Pretender exortar um Cristão que não é espiritual, só pelo simples fato de se exortar, representa perda de tempo e de esforço. Quando aquele crente se torna um crente real­mente espiritual, ele não precisa mais de exortação; mas sua vida, tanto por exemplo como por preceito, transforma-se em exortação viva.

Regra geral, os Cristãos sentem-se insatisfeitos na realiza­ção dos seus ideais. As palavras "Não consigo realizar o bem", estabelecem perfeitamente qual a sua maior dificuldade. O processo divino que conduz à percepção dos Seus desígnios e depois à execução destes, tem de ser compreendido e logo posto em prática; caso contrário, falharemos .

A doutrina da Bíblia no que se refere à natureza do Cristão e à sua ação diária, tem dado motivo a algumas discordâncias. O propósito fundamental deste livro, porém, não é corrigir por­menores doutrinais. O seu objetivo é, antes, firmar a notável

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revelação das graças divinas que conduzcm à vida vitoriosa. Por isso, a nossa intcnção ê abstermo-nos de qualquer contro­vérsia sobre assuiltos de importância secundúria, tendo em \·ista a ' nossa presente incapacidade- "p3ra andarmos como convém ;'\

.santos".

A minha súplica, pois, é que esta exposição da vida espI­ritual, como uma realidade e uma força, possa ajudar aqueles que são chamados a proclamar Cristo neste mundo de trevas c que esperGm ouvir dizer o :Mest rc: "Bem está, servo bom e fiel" .

LC"WÍs Sperr)' Chufcr

o HOMEM

O HOME:.[

O HOMEM

IN DICE

CAP1TULO I

TRf:S CLASSES DE HOMENS

NATUR,\L •..... • • • .. • . • . • • • • • . • . •• .

CARNAL

ESPIRITUAL •...•.•..• . ..

CAPIT ULO IT

OS MINISTJ!:RTOS DO ESPíRITO

As VÁRIAS RELAÇÕES •.•..

1. O Espírito Segundo o Velho Testamento . . .... .

I'ÃCINo\

II 14 16

19 16

2 . O Espirito Segundo os Evangelhos e os Atos até 10,43 . . . . ..... . O Dia de Pentecostes ... . . .. . . .. . ....... . .. . .

3. O Espírito Segundo o Resto dos Atos e as Epístolas Os MINISTÉRIOS DO EsrÍRI'fO .... . .•...•... _

1. 2. 3. 4.

O Ministério do Espírito que Restringe O Ministério do Espírito que Reprova O Ministério do Espírito que Regenera ..... . O Ministério do Espírito que Habita no Crente a) Segundo a Revelação . .. . . ........ . b) Segundo a Razão

5. O Min istério do Espirito que Batiza . . 6. O Ministério do Espírito que Sela . . .. . ... _ .. . 7. O Ministério da Plenitude do Espírito . . . .. . .. .

20 21 2. 24 24 26 27 28 29 33 33 34 35

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Indice

CAPITULO III

A PLENITUDE DO ESP1RITO OU A VERDADEIRA

ESPIRITUALlDADE

PÁGINA

o QUE i:: A PLENITUDE DO EspiRITO? ............ . .. .

As SETE MANIFESTAÇÕI~S DO ESP!RITO ........ • •• . .

I. O Espírito Produz C"uáter Cristão .......... .. . a) Amor .......... . ...................... .

2. O Espírito. Produz Atividade Cristã ........... . 3. O E spiri to Ensina ...... . ................... . 4. O Espírito Suscita LOllvor e Ação de Graças . .. . S. O Espírito Guia .......... ... ................ .

6 . O Espírito Testifica com o Nosso E spírito . . ... . 7. O Espírito Intercede por Nós ......... . .. ·

E)1 QUE CONSi STE A ESPIRITUALIDADE E O QUE NÃo É

A EsPIRITUA'LIDAOI:: É U)1 TRIUNFO DA GRAÇA DIVII'A

CAPITULO IV

"NÃO ENTRISTEÇAIS O ESP1RITO SANTO"

Primeira Condição da Verdadeira Espiritualidade

37 40 41 44 47 51 53 54 55 56 56 59

O QUE El'TRISTECE o EsP!RITO ...................... 68 A CURA DOS EFEITOS DO PECADO NO CRISTÃO ... ....... 69

As SETE PASSAGENS PRINCiPAiS .... ··· · ·· · ·· ······· 70 I. Só Cri sto Pode Purificar do Pecado (João 13:1-11) 70 2. A Confissão é a Única Condição para a Comunhão,

o Perdão e a Purificação (r João 1:1 até 2:2 ) .. 71 3. O Julgamento de Si Mesmo Evita o Castigo. . .. 73

Indice

PÁGINA

4. A Disciplina é a Correção e Educação do Filho Pecador pelo Pai (Hebreus 12:3·15) .......... 74

5. Um Exemplo do Arrependimento Cristão (11 Cor. 7,S-1l) ..... .... ...... ...... .... ........... 75

6.

7.

O Arrependimento, a Confissão e a Restauração de um Santo do Velho Testamento (Salmo 51 :1-19) A Tríplice Parábola Ilustrativa nos Evangelhos (Luc. 1\,1-32) .............................. .

CAPITULO V

"NÃO AP AGUEIS O ESP!RITO"

Segunda Condição da Verdadeira Espiritualidade

O QUE É QUE EXT1NGUE o ESPÍRITO •.............•..

A VIDA DE SUBMISSÃO .....................•.. . ..... CRISTO, o MODELO .....••............... • .• . .. • ..••

CONHECENDO A VONTADE DE DEUS .........•....•...

O QUE f A VIDA SACRIFICIAL ......... ..... •...... ..

CAPITULO VI

"ANDAI NO ESPIRITÕ"

Terceira Condição da Verdadeira Espiritualid.ade

76

77

84 S5 87 91 93

O QUE SE ENTENDEi POR" ANDAI NO Esp.iRITO"? ...... 95 T RÊs RAZÕES PELAS QUAIS SE CONFIA NO EsPÍRITO ... 98

1. A Impossível Norma Celestial de Vida em Contraste com os Padrões do Mundo .......... . .. .. .... 98

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Indice

PÁGINA

2. (J Cri::.tfto Tem de Enfr('!1Iar UI11 Inimigo que Go-

\'e ma o :Mundo 3. .\ :\atl1feZa Adâmica

. \ Doutrina da Perfeição A Doutrina da 5:111t ifi('<1ç;\0 ......... . .\ DO\ltrim da :Katllrcza .\dãlllica I. Onde Tem a Sua Origem o ["}ecado que Existe

1111l1\ (ri::.lào: ... .. Carne" .. Velho Homem"

" Pecado" .'\ :\Iorle do Crente com Cri:;to J{ccapitulaç;1O Bíblica ... . ...... . .. .. .. •. Ir O Remédio Divino Duas Teorias em Contraste

O QUE I:; ESf>IRITl:ALlDADF.?

CAPiTULO VII

UMA ANALOGIA E A CONCLUSÃO

J. .\ ANALOGIA, (a) SALV.\Ç:\O D.\ CONDENAÇÃO DO Pl"·.'\D(). E (iJ) SALV1\ÇÃO DO PODER lJO PECADO 1 O Estado dAquele que Necessi ta de Ser Salyo

(a e b) ... ? O Objetivo e Ideal Di\'il1os 11a Sah'ação (a e b) 3 A Salvação Vem SO!llente de Deus (a e b) ~. Deus Só Pode Salvar por Meio da CrtlZ e Só

por Ela (a e b) .... . ...... . 5. i\ Salvaç;to é pela Fé .(a c b)

11. CONCLUSÃO •. . •.•.. . •. .•..•. • •..

101 103 10 • 10ó

lOS

110 111

112 114 11 9 127 128 128 132

134

134 135

136

136 137 139

Capítulo I

TR~S CLASSES DE HOMENS

Entre o caráter e o gênero de vida di:'!ria dos Cristãos exi ste I1ma manifesta diferença. Esta diferença é reconhecida e definida no Novo 1'c::.ta111ellto. Há I1ma possibilidade de aperfeiçoamento tanto nesse caráter como nesse gênero ele con­duta diária de muitos Cristàos. sendo esse aperfeiço.amento ex­perimentado por todos aqueles Cristãos (lue cumprem certas condições. Estas constituem, também, um tema importante na Palavra de Deus.

O Apóstolo Paulo, inspi rado pelo Espí ri to, dividiu toda a familia humana em três classes : I ) O " homem natural" , aquele que não " nasceu de novo", o homem que nunca se mudou espi­ritualmente : 2) O " homem camal", aquele que é "menino em Cri sto" e que anda " con forme o homem" ; e 3) o homem "es­piritual ". Estes grupos são classificados pelo Apóstolo segundo sua capacidade em compreender e receber uma certa forma de Verdade, que nos é "revc\ada" dos fatos pelo Espirito. Os homens são hem diferentes uns dos outros quanto ao fato do novO nascimento e a vida de poder e de bênção divina; todavia a dassifica.;:ão desses indivíduos é revelada daramente pela ati­tude que tomam perante os falos revelados.

r( Em I Cor. 2:9 a 3 .4. está estabelecida esta tripla dassi­ficação, cuja passagem come.;:a como se segue ; "Mas, como está esc rito : As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem. são as que Deus pre­parou para os que o amam. l\fas Deus no-las revelou pelo seu E spírito". Apresenta-se, assim, bem dara, a distinção entre os assuntos gerais do conhecimento humano que são adquiridos pela faculdade de observação, pela percepção auditiva ou pelo "coração" (o poder racional)!~ e aqueles outros assuntos que

9

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10 AQUELI': QUE í: ESPIRITUAL

~ afirma ,serem-IlOS "revelados" pelo Seu Espírito. Aqui náo há qualquer outra referência senão aquela que já está incluída nas Escrituras da Verdade, e esta revelação é ilimitada, como nos prova a continuação da passagem citada. "Porque o Espí­rito (Aquele que reveJa) penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus",

Portanto, os homens são classificados conforme a sua capa­cidade para compreender e reeeber as "profundezas de Deus", Mas ninguém, por si só, pode chegar ao âmago destas "pro­fundezas de Deus", "Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus" (que as conhece). No entanto, é possível a uma pessoa. mesmo sem auxilio (quer dizer, conduzida só por si), penetrar nos assuntos de seu semelhante, porquanto nele existe "o espí­rito do homem". Mas não pode extender ou sair de sua esfera. Não lhe é possível conhecer, por experiência própria, as coisas do reino animal que é inferior a. ele; tão pouco pode entrar numa esfera mais elevada e experimentar as coisas de Deus. Mesmo que o homem, só por si, não possa compreender os mistérios de Deus, o Espírito os conhece, e, por isso, todo aquele que estiver mtimamente relacionado com esse Espírito, poderá também atingir o conhecimento desses mistérios. E a passagem bíblica continua: "Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espí rito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que ("as profundezas de Deus", aque­las que o olho não viu, etc.) nos é dado gratuitamente por Deus". "Nós, (isto é, todos os salvos sem exceção) rece­bemos o Espírito que provém de Deus". Eis aqui uma grande possibilidade. Ficando nós tão vitalmente relacionados com o Espírito de Deus, a tal ponto que Ele passa a habitar dentro de nós, é possível, devido a essa circunstância, vinHOS a co­nhecer "o que nos é dado gratuitamente por Deus". Só por nós, porém, jamais poderíamos alcançar esse conhecimento, por­que o Espírito é que sabe, Ele é · que habita em nós e é Ele que tudo nos revela.

Esta revelação divina é-nos transmitida em "palavras" que só o Espírito Santo ensina, como o Apóstolo continua expondo: "As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espirito Santo ensina, comparando

TRts CLASSES VE HOMENS 11

:15 coisas espirituais com as espirituais". O Livro de Deus é 11m Livro de palavras, e as mesmas palavras que exprimem a. ';sabedoria humana" c.'Cprimem também as coisas que "o olho não viu. e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem ". Todavia, ;1(!uele que não é ajudado pelo Espírito. não pode compreender estas "profundezas de Deus", ainda que C."pressas nas palavras mais familiares ao homem, a não ser, repetimos, que elas sejam " reveladas" por esse Espírito de ver­dade. Mesmo assim, e avançando no cOllhecimento destas coisas reveladas, o progresso só é alcançado quando as coisas espi­rituais forem comparadas com outras espirituais. Os segredos espirituai s devem ser comunicados por meios espirituais. Fora do Espírito não pode haver compreensão espiritual.

o Homem Natural

"Ora o homem natural n50 compreende as coisas (as rc".!­ladas ou as profundezas) do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e nem pode entendê-Ias, porque elas se dis­cernem espiritualmente". Nesta passagem, o homem natural não é censurado pela sua incapacidade. Simplcsmente. o {llle se pretende dar é uma informação exata da realidade das suas limitações, e a passagem prosseguc ainda, detcrmillando a callsa verdadeira destas limitações. Acabamos precisamente de ler que a revelação nos é dada pelo Espirito. C?lldui.-se, po~anto, que o "homem natural" é impotentc para dlsccrll1r as cOIsas reve­ladas, enquanto não receber o "Espírito que pro\'é~ de Deus". Ele apenas recebeu o "espírito do homem que eXiste nele. E ainda que ele possa. com ;;sabcdoria huma~la'~, .Ier as pa~a~'ras, não pode, no entanto, entender o seu slgOl flcado esplfltual. Para ele a revelação é "loucura", porque nâo a pode "'0"­ccbcr" nem "comprclmder" sequer.

Os versículos que precedem o contexto (cap. 1: 18, 23), explicam de certo modo, o que é a rcvelaçâo divina, aquela que se d'iz ser "loucura" para o "homem natural". "Porque a p.alavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é O poder de Deus". "Mas II~S pre­gamos a Cri sto crucificado, que.é e~,cãlldalo para os Ju~eu~, e loucura para os gregos 1gentlOs] . Estas palavras SI&"lI­

ficam muito maís do que o simples fato histórico da morte de Cristo. Elas são o desenrolar divino da redenção da Huma-

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12 AQU!';L.E QUE f; ESPIRITUAL

nidade atra\'es da graça que ]esusCristo 1105 oferece pelo Seu sacrifício, incluindo todas as participações eternas que por esse meio se. podem alcançar. Os princípios morais e muitos dos cnsiuos religiosos da Bíblia estão ao alcance da capacidade do õ/ hOlllcm natural". Bebendo nestas fontes, é-lhe possível pregar clo(tlicntementc; sim, até mesmo com a maior seriedade, sem, no entanto, tCf conhecimento de que "as profundezas de Deus" existem.

Satanás, no seu sistema falsificador da verdade, tem tam-bém ro un ezas )3r3 rev ar J?I?5. e outnnas

e emamos Timoteo. , outrmas estas que, de cer-teza a 50 uta, não sao aceitas pe os verdadeiros filhos de Deus, pois está escrito, "Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos" (João 10:

, I " que com asa-

, e apesar da sua religiosidade e prática, tem o entendimento fechado para o Evangelho (II Cor. 4 :3,4) e se lhe pedem para formular uma afirmação doutrinária, muito naturalmente apresentará uma "nova teologia" que, por ser tão" renovada, até omite o real significado daqueJa cruz que nos revela as "profundezas de Deus". Sim, essa cruz na qual o pecado foi expiado pelo sacrifício redentor, é "loucura" para ele. As suas muitas limitações como "homem natural", exi­gem que a sua atitude seja esta mesma. A sabedoria humana não lhe pode valer, "visto que também não foi peJa sabedoria que o mundo conheceu a Deus". Por outro lado, as ilimi­tadas "profundezas de Deus" são para ser comunicadas "gra­trátamimte" àquele que recebeu "o Espírito que provém de Deus", Portanto, a revelação divina pode ser manifestada ao verdadeiro filho de Deus, logo que este tenha recebido o Es­pírito. Devemos, porém, acrescentar que um espírito exerci­tado é um extraordinário auxiliar; mas se o espírito treinado não tiver a presença do Mestre que habita em nós, sua capa­cidade inteJectual nada lhe aproveitará em vir a conhecer o significado espiritual das coisas reveladas de Deus.

Graves conseqüências têm surgido pelo fato de se pensar

TRts CLASSES DE HO!l-lENS 'o

que são de valor, em 1l1ltéria espiritual, as opmiões de 1lI113

pessoa que é bem instruíd,. em "sabedoria humana". O "hOll'lClll

natural" com toda a sua ciência e sinceridade, não encontra. nada mais senão "loucura" l:aquelas coisas que são reveladas pelo Espírito. Além de que o conhecimento da ciência não pode ser substituído pela permanência do Santo Espíri to de Deus, nem ter ligação direta com 11le, (porquanto essa. "sabe~ doria humana" enche demasiadamente o obstinado Eu). E como é certo que sem o Espírito não pode haver regeneração, logo as "profundezas de Deus" ficam ignoradas. Quando um professor não regenerado, rejeita abertamente as verdades essen­ciais da salvação, que se encontram na Palavra de Deus, essas verdades, ordinariamente, são depreciadas e rejeitadas pelo

. aluno. Este é o erro crasso de muitos estudantes das Uni­versidades e dos liceus, hoje em dia.

Geralmente, também se presume que o professor ou pre- ·­gador, que é uma autoridade em qualquer ramo ou ramos do saber humano, em virtude desse saber é, igualmente, capaz de discernir assuntos espirituais. Mas não é assim. Uma pessoa que não está regenerada (e quem é mais seguramente nào re­generado do que aquele que nega o fundamento e a realidade do novo nascimento?) nâo estará apta a receber e a compre~ ender as mais simples verdades da revelação. Deus não é uma realidade para o homem natural. "Deus não ocupa todos os

seus pensamentosi,~,.~~~h~o~m:,~m~~~i3;~~~~~~~§

, A capacidade para receher e compreender as coisas de

Deus não se pode adquirir nas escolas, pois muitos que são ignorantes possuem essa faculdade, enquanto que outros que são doutos não a têm. É um dom que nasce da permauência do Espírito no íntimo da pessoa . Por esta razão, o Espírito tem sido concedido àqueles que são salvos para que possam conhecer as coisas que lhes são manifestadas gratuitamente por Deus. No entanto, entre os Cristãos há alguns que per­manecem sob certas limitações por causa do seu apego às coisas

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14 AQUELE QUE e ESPIRITUAL

do Illllmlu. E~liio im:apacitados de receber "alimento", maIs devido il !;11;l carnalidaclc do que à MIa ignorância.

Entre (15 perdidos não há classificação divina, porquanto se diz ... crfl1l lodos homens "natIll3-$", Há, contudo, duas c1assificaçúcs de salvos, e no texto Cl!l análise. o homem "es­pirill1rd " ê citado antes do homem "carnal", ficando assim (:111 contraste direto com o perdido. E este contraste é tanto mais C011VClliente, quanto é certo que o homem "espiritual" i: o ideal divino. "AQUELE QUE n ESPIRITUAL" ( 1 Cor. 2:15) , é o Cristão modelo ou normal, se não mesmo o mais comum. Mas existe, também, o homem "carnal" e ele tem que ser examinado.

o Homem Carna l

o Apóstolo, no capítulo 3:1-4, prossegue com a descrição do homem "carnal": "E eu, irmãos, não vos pude fala r como a espirituais, mas como a carnais , como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com manjar, porque ainda não podíeís, l1cm tão pouco ainda agora podeis ; porque ainda sois carnais ; pois, havendo entre ,'ós inveja, contendas e dissensões. não sois poryentura carnais, c não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro : Eu de Apoios: porventura não sois cantais?"

Assim, há alguns crentes que são considerados "carnais" porque só podem receber o leite da Palavra, em contraste com O alimento forte; entregam-se à inveja, a contendas e a dissen­sões, andando segundo os homens, enquanto que do verdadeiro fi lho de Detls se espera que "ande em Espirito" (Cá!. 5.16) , em "amor" (Ef. 5 :2) e que "guarde a múdade do Espír ito" (Ef. 4:3). Apesar de salvos, os Cristãos carnais andam "segundo 0- c r50 éleste rnll11d(5", ãtr"-arrmris-" porque a carne os domina 'TVe'ja-se ""'Rom. 7 :14). Ainda nesta mesiiià car a, 8 :5-7, se encon ra uma descrição Oi eren e. pessoa al'í'rêferida " está na carne", e por isso não está sah'a; ão passo que o CriSfãO"''Carnat '' não eSfa na ""carne"; ooavia, nele eX iste essa carne; "Porém~vcis, Já n30 es ais na caTiit:, iiiãSiiO Espíriio,serque o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de C risto, esse tal não é dEle".

TRts CLASSES DE HOMENS 15

o homem "carnal", 0: 1 o "menino cm Cristo", não é "capu1. de suportar" as profund' zas de Deus, pois c ainda Criall~:1: mas mesmo. assim, e é importante notar, a sua posição é jã de uma realidade tal elevada que nunca poderá ser comparada com a completa incapacidade do "homem natural". O "homem carnal", por se ocupar pouco com o verdadeiro alimento espl" ritual, entrega-se a Inveja e a coi'ireflda, as quaIs provocam dlVlsoes entre os verdãõeiros crentes:--N'ãõ""Se pretenae faze r, aqUI, qual'Cji'i'& aluSão ao acontecimento irreflet ido das divisões e.'Cteriores ou às várias organizações. A referência é feita somente à inveja e à contenda que tinham dividido a preciosa comunhão e amor dos santos. Muitas vezes as diferentes organi­zações podem contribuir para que haja diferenças de classe entre os crentes, mas ncm sempre assim é. O erro aqui apontado, é o que todo o crente comete quando segue os guias humanos. Mas, notamos com pesar que este erro não seria destruído nem ~esmo que todas as organizações religiosas desaparecessem repenttllamente da ou se fundissem numa só. Lá em Corinto estavam "Paulo" de "Ce-

em organizações fato a expressão e.'Cterior pe-

. . e falt~ de. amor. Pois, um Cristão glori­ficar-se em atitude de partidarismo é, na melhor das hipóteses, "conversa vã", e revela :\ mais lamentável falta daquele verda .. deiro amor cristão que deve dimanar de todos os santos. As divisões desaparecerão e as suas más conseqü ências só acabarão quando os crentes "tiverem amor sincero uns pelos outros". Mas o crente "carnal" é, também, caracterizado por um " andar " que está no mesmo plano que o do homem "natural". "Não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?" (cf. II Cor. 10:2-5 ) . Os objetivos e as afeiç,õcs baseiam .. se na mesma esfera material que a do homem " natural". Em contraste com este andar carnal, lê-se em Cá!. 5 :16: "Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumpnrels a concupiscência da carne". A isto se chama espiritualidade.

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16

o Homem Espiritua l

A segunda classificação de crentes, lIa passagem citada. di? respeito ao homem espiritual. :E.s~e. <:'0 1110 os olltr,?s, te~ll. qll~ ser CX:\lllinado em todos os rcq\1lS.IIiS (lHe lhe sao eXlgldo~, mediante a única prova da sua aptiaão p .. ·ua receber ~ com· prceudc r a re\'cJação di\'ina. .. Aquele que é espiritual (hscernc bem tudas as coisas",

A ordem progressiva de 1000 este cont exto é be,m clara: Primeiro: - a re\'ela~flo divina é então collcc{hda, Ela

diz respeito às coisas que "0 ulho nrlO \'iu .. e o otl\'ido lláo ouviu, e não subiram ao coração do homem' . ~ras Deus ,,-­revelotl pelo Seu Espírito ( 1 Cor. 2:9,10),,,

Segundo: - a revelação é s~hre as _., p.r(~JlIndeza s de DC\l ~ . as quai s ninguém conhece. Porem O Espmto de Deus conhc-cc-as (1 Cor. 2:10) . _. ,.

Terceiro: - os crentes recehem o E,;plflto que 1\1(10 sabe, para que eles tamLém possam conhece r os ll1i~láios de Deus (I Cor. 2:12). . .

Quarto: - A ~ahedoria divina est:t ocu lla. !las pr?l;naS palavras do Livro de Deus; por isso ? COlltel1do espl~ltua~ destas mesmas palavras só é cOlllprecJI(hdo quando. ~Ig\:em e capaz de comparar as coisns espirituais COlll as eSjll1"1tuals. (I Cor. 2:13). .

Quinto: _ O homelll " natural" nuo cOlllpreende a~ COIsaS do Espírito de Deus, porque lhe parecem. ~ú\1cl1ra; e na? po~e entendê-las, porque elas se di sccrnem esplTItuahncnte. Ele 1130

rccebeu o Espírito que provém de Deus ( I Cor. 2 :14). Sexto : - o Cristão carual,

di scerne não {jualquer limitação no reino das

revelação divina é-lhe concedida "gratui­tamente" e nela se gloria. No entanlo, também a ele lhe é permitido, como a qualquer outra pessoa, penetrar nos assnnt.os que são comuns ao conhecimento humano. Porquanto de d]$­cerne todas as coisas, mas por ninguém é discernido nem com­preendido. E como poderia ser de outra forma, se nele está a "mente de Cristo?"

TRts CUSSES DE H OMENS 17

Duas , transformações

fé em Cristo; a se­gunda é quando existe uma perfeita adaptação ao Espírito, Por experiência direta, aquele que é salvo, pela fé em Cristo, pode, ao mesmo tempo, entregar·se completamente a Deus e encetar, no mesmo momento, uma vida de verdadeira submi s­são. Sem dúvida que é este o caso que sucede muitas vezes. Foi assim a experiência de Paulo de Tarso (Atos 9:4-6). Ao reconhecer Jesus como seu Senhor e Salvador, ele di sse tam­bém, "Senhor, que queres que faça?"

E em tempo algum constou que ele se tenha desviado dessa atitude de submissão a Cristo. Todavia, devemos lem­brar-nos de que muitos Cristãos são carnais, mas para estes a Palavra de Deus dá claras instruções quanto ao caminho a seguir pa ra se tornarem espirituais, Estamos, pois, na pre· scnça de uma possível transformação da condição camal para a espiritual.

O homem "espi ritual" é o ideal divino -de vida e de mi­nistério, de poder com Deus e com o homem, duma cons­tante comunhão e bênção.

Tornar conhecidas estas realidades e as condições revela­das sobre as quais tudo pode ser realizado, eis o fim a que se destinam as páginas que se vão seguir.

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Capitulo 11

OS M1N1STtR10S 00 ESPIR1TO

Um Cristão é Cristão porque está diretamente relacionado com Cristo; mas "aquele que é espiritual" é espiritt·.al porque, além da sua relação com Cristo, por meio da salvação está diretamente ligado com o Espírito.

Sucede, pois, que qualquer tentatíva para tomar conhe­cidas a realidade e as condições da verdadeira espiriluaJidade, tem de ser baseada num conhecimento claro da revelação da Bíblia, no que respeita às possíveis relações do Espírito com os homens. Um dos mais recentes ardis de Satanás é criar confusão à volta da obra do Espínto, e o que é amda maiS importante observar, e que essa conlusao aparece entre os crentes mais pie osos e mais sInceros. Como a maneira de viver do crente tem, perante DêiiS';'""üm valor extraordinário, Satanás certamente que procura empregar todos 1)5 seus male­fícios para desfazer os propósitos de Deus. E para alcançar esscs fin s, Satanás não poderia lIsar melhores meios do que fomentar afinnações, aparentemente verdadeiras, que malogrem os resultados práticos, ou estabelecer enganos positivos que im­peçam a exata compreensão da fonte de bênção que é divina­mente proporcionada a todos os sedentos. Esta confusão geral sobre os ensinos da Bíblia, referentes ao Espírito, reflete-se nos nossos hinários. Os elucidários da Bíblia são unânimes em lamentar o fato de que muitas das composições de hinos sobre o Espírito são contrárias às Escrituras. Esta confusão reflete-se, ainda hoje, em certas teorias que se não harmo­nízam com a Bíblia e são até mesmo anti-bíblicas, e que são defendidas por determinadas seitas.

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os MINIsn:RIOS DO EsplRlro

AI Váriu Relaçóel

Não está dentro do propósito deste livro intentar lH))n

d.eclaração cOl1Jplet~ dos ensinos da Bíblia referentes ao Espi­ruo de Deus; porem, certos aspectos de toda a revelação têm de se r compreendidos e admitidos por aqllcla vida que é sus­tenta?a por D:us, p~ra ~ue o andar em Espírito poSsa ser tam~em conheCIdo e mtehgentemente regislado. O ensino da Bíbl~a, quanto ao ~~pírito, pode ser dividido em três grupos g.era}s.: 1) O Espmlo segundo o Velho Testamento; 2) O Espmto ~e~undo os Evangelhos e parte dos Atos até 10:43; 3) o ESP!rJto segundo o restante dos Atos e as· Epístolas.

I - O Espírito Segundo o Velho Testamento

, . Aqui, como, em todas as Escrituras, declara-se que o Es­plTlto de Deus e uma Pessoa e não meramente lima influencia. Ele é revelado C011l0 scndo igual às outras Pessoas da Trin­dade ~m natureza .d!vina e Seus atributos. Contudo, apesar de uma lIIcessante atiVidade durante todos os séculos que antece­deram a Cruz, não foi senão depois desse. grande aconteci­mento que Ele se tornou uma Presença "permanente" nos co­r~ções d?s homens ,(João 7:37-39; 14:16,17). Muitas vezes hle mam festava-se as pessoas da forma como está revelada ~.os acontecimentos ~egistados no Velho Testamento. Apare­Cia-lhes quando quena alcançar certos objetivos e desaparecia tão Vol11l1t~riamente como tinha vindo quando o trabalho já estava realizado. Tal~to qual}to nos informa aquele registro, d,u~nte todo esse penado ninguém gozava de qualquer privi­legl?,.oU esperava ter o.privilégio dessa presença soberana do Espmto. Por vezes, El~seu e Davi .são considerados exceções, m~s de modo nenhum e bem claro que o pedido de Eliseu a Elias, ':que haja porção dobrada do teu espírito sobre mim" (II R~ls 2 :9), f~s~e, na mente do jovem El iseu, uma oração a suplicar o Espmto de Deus.- Assim, também, Davi orou pa~ que o E~pírito não fosse retirado dele; esta súplica, por~m, estava .ligada com o grande pecado que de havia co­n:etldo. Por ISSO, a sua oração era para que o Espírito o n~o abando~sse, embora ele tivesse pecado. A sua confis­sao e~tava diante. de Deus e o caso ficou arrumado. Durante o penodo abrangido pelo Velho Testamento, o Espírito estava

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20 AQII~;1.t: QUI: ~ ESPIRITUAL

relacionauo rotn o~ homens de 11l\l3 maucira suberana. A luz da revelação que veio depois, com. o l\UVO Testa~le ! ~I~, ,~ oração de llavi, "c lIáo rctir~s de 1111111 o .,teu Santo Esp!fl.t~ • não POdl" COIl) razão, ser f cIta agora. I orquanto o ESplnto já n:i(I para habitar permanentemente em nó,;.

11 _ O Espírito Segundo os Evangelhos e os Atos até 10:43

O caráter essencial da relação do Espírito com os homens, durante o período dos Evangelhos é o da transição - uma progressão das antigas relaçõc=s existentes no Velho Tes~mento às relaçôes decisivas e permanentes alcançadas no penodo da nOV3 dispensação da graça.

A primeira instrução que os discípulos receberam foi no Velho Testamento, c a declaração que Cristo fez de que o Espírito lhes poderia ser dado se eles O pedi5sem (Lucas 11 :13), constituiu tão grande novidade que, tanto quanto nos pode informar o registo dos falas, eles nunca O pediram. A nova relação que foi sugerida pela declaração de Jesus, "quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem", marm já um avanço na relação progressiva do Espí­rito COm os homens durante o período do Evangelho.

Precisamente antes da Sua morte Jesus disse: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem o conhece: mas vós o conheceis. porque habita convosco, e estará em vós". (João 14:16,li). As palavras, "E eu rogarei", talvez tenham levado os discípu los a penS<1r que eles tinham falhado na sú­plica que deveriam ter feito. lHas, fosse como fosse , a oração do Filho de Deus não podia ficar sem resposta. e o Espírito que estava "com" eles iria em breve "habitar dentro" deles.

Depois da Sua ressurreição e precisamente antes da Sua ascenção, Jesus assoprou sobre os Seus discípulos e disse-lhes, "Recebei o Espírito Santo" (João 20:22). A partir daquele momento o Espírito Santo habitou neles; aquela relação, porém, estava ainda incompleta segundo o plano e os propósitos de Deus, pois que Ele logo a seguir "determinou-lhes que não se ausentassem de J erusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, (disse ele), de mim ouvistes" (Atos 1.4; cf. Lucas 24:49). A "promessa do Pai", era a do E spírito, mas

Os MINISTtRIOS 00 EsplRITO

evidentemelltc (IUC se referia ao ministério daquele Espirito (jllC

ainda não tinha sido experimentado e que viria "sobre" eles para os revestir de poder.

Houve. pois, um pe ríodo. respeitame aos Evangelhos. du­rante o qual os discípulos. à semelhança da s multidões do tempo do Velho Testamento, não gozaram da presença do Espírito; mas foi lhes concedido o 1I0VO privilégio de orarem pela presença do Espírito. Mais tarde. o próprio Senhor orou ao Pai para que o Espirito, que esta \'a então com eles. passasse a habitar dentro deles. Foi nessa altura que Ele assoprou sobre os dis­cípulos e eles receberam o Espirito que havia de permanecer; mas apesar disso foi-lhes determ inado que não se ausentassem de Jerusalém. Sem que o Espírito viesse revesti-los de poder, nenhuma atividade podia ser empreendida, Ilem tão pouco se podia desempenhar qualquer ministério. "Recebereis a vir­tude do E spírito Santo, que há-de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas". Temos aqui uma rcvc1açflO de condições (l ue são permanentes. Não é suficiente que os servos e as teste­munhas recebam o Espírito: Ele tcm que descer sobre eles, ou encher plenamente os seus corações.

o Dia de Pentecostes

Pelo menos três fatos distintos, referentes à relação do Espirito com os homens, se deram no dia de Pelltecostes:

1) O Espírito veio ao mundo para aqui habitar perma­nenlelllellte através desta dispensação. Assim como Cristo está presentemente sentado à mão direita de Deus, ainda que oni­presente. da mesma maneira o Espirito. apesar de ser também onipresente. está agora habitando na Terra num lugar deter­minado - dentro de um templo, ou seja de uma habitação feita de pedras vivas. aquelas mesmas pedras que formam a Igreja de Cri sto ( Ef. 2:19-22) . Também o crente, indivi­dualmente. é considerado um templo do Espírito ( T Cor. 6: 19). "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espíríto Santo, que habita em vós. proyenienle de Deus, e lJllC não sois de vós mesmos?" O Espírito não dei xará o mundo. nem mesmo se­quer uma só pedra do edifício .. senão quando o propósito. que já vem de tempos distantes, de formar esse templo estiver c.umprido. Voltando à passagem em Efésios, ela diz assim: "Assim que já não sois cstrangeiros, nem forasteiros, mas con-

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22 AQ~I t:I , 1': QUI:: t ESPIRITUAL

cidadãos uOs S;u11()s, e da família de Deus; edificados (tendo sitio edific:ldos, p:\ra fazer parte do templo, cf. v. 21) sobre o fundamen to dos apóstolos e dos profetas (profetas do Novo TestatllClll O, d. 4: 11), de que Jesus Cristo é a principal pedra da c~ql1il1a; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para tt'llIpln sanlo no Senhor, no (IUa1 também vós juntamente sois J.:dificados para morada de Deus em Espírito".

O Espírito' desceu no Dia de Pentecostes, e é de notar que aqude aspecto do significado de Pentecostes não, será repe­lido, como a encarnação de Cristo, já que o propósito de Sua vinda foi realizado, não será repetida. Agora, não há razão para pedir que o Espírito "venha", porque Ele está prescute.

2) Além di sso, o Pentecostes ma rcou o começo da for­mação de um novo corpo. ou organismo, O qual, na sua rela­ção com Cristo, é chamado "a igreja que com põe o seu corpo". Embora essa Igreja não ten ha sid o citada no Velho Testa­mento, Cristo prometeu que havia de " edificá-la". "Sobre esta pedra edificarei a mi nha igrej a " Ctl·b t. 16 :18). A Igreja, como

'organismo definido, não é mencionada como já existindo senão depois da descida do E spírito no dia de Pentecostes. Só então é que é relatado "E naquele dia agregaram-se quase três mil almas" (Atos 2:41). Ainda que a palavra grega para desig­nar igreja não apareça nesta passagem, como acontece em 2 :47, - "E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar" - a unidade que se começava a fonnar, não era outra senão a Igreja. Veja-se ainda Atos 5: 14 ; 11 :24. Segundo estas passagens, a Igreja que, nos Evangelhos, era ainda futura, passa imediatamente a existir e a ela (os crentes unidos ao Senhor) começam a ser acrescentados "os que se haviam de salvar". Mas necessário é reafirmar que era "o Senhor que estava acrescentando à Igreja". Seguramente que não se faz aqui nenhuma referência a uma organização feita pelo homem, porquanto nunca antes se havia concebido um tal empreendimento. Tão pouco se refere a uma sociedade criada pela opinião humana, pois que é o Senhor que faz aumentar o número dessa Igreja. Um corpo de membros que estavam vitalmente ligados a Cristo e eram habitados pelo Espírito co­meçava então a formar-se e estes fatos reais de relação recí­proca produziram um organismo tal que os unia a todos com laços m,!is fortes do que quaisquer laços humanos. A este

Os MrNlSTtRIOS DO EsprRrro

organismo outros membros se "juntavam", confonne iam sendo salvos. Assim, esses alicerces e o edifício que surgiria depois como "igreja que compõe o seu corpo", repre!ientam o batismo com o Espírito Santo conforme está escrito: "Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os mem­bros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo" (I Cor. 12 :12,13). Logo, o significado do Pentecostes inclui, igu{!.lmente, o começo do ministério do batismo com o Espírito de Deus.1 É claro que este ministério é cumprido sempre que uma almá é salva.

3) Por ISSO, fambem, naquele dia do Pentecostes as vidas que já estavam preparadas, foram cheias do Espírito, ou seja, o Espírito veio sobre elas, revestindo-as de poder como havia sido prometido. Foi assim que eles começaram o ministério contínuo de testemunhar. O efeito poderoso deste novo minis­tério do Espirito foi revelado especialmente no caso de Pedro. Antes, possuído de receios, ele havia praguejado e negado o Mestre na presença de uma criada: porém, agora, intrepida­mente, não só acusa os governadores da nação de serem os culpados da morte do Príncipe da Vida, como também o poder do seu testemunho é comprovado pela salvação de três mil almas.

Portanto, o pleno significado do Pentecostes ficou revelado de uma maneira absoluta, não só com a descida do Espírito que veio habitar no mundo através desta dispensação, mas tam­bém com o batismo de muitos que se tornaram membros de Cristo;'fe com o revestimento de poder daqueles cujas vidas foram preparadas para o ministério de testemunhar de Cristo.

Qualquer estudante que examine cuidadosamente as Escri­turas, pode, no entanto, distinguir ainda um passo mais além de toda a transição que vai das relações do Espírito reveladas no Velho Testamento, até àquela relação decisiva da dispensa­ção atual . Muito do que tem sido mencionado até aqui, tor­nou-se uma realidade pennanente neste período da graça. O últi­mo passo a que se alude acima, diz respeito ao fato de que du­rante aquele período bem definido no qual o Evangelho era . pr~gado somente aos judeus, período esse que vai do Pente-

1 Veja-se também a pág. 33.

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24 AQtlI::L& QUE t ESPIRITUAL

costes à visita de Pedro a Cornélio ou seja cerca de oito anos, d Espírito, peJo menos num caso, foi recebido através do rito judaico ( Hch. 6:2) da imposição das mãos (Atos 8:14-17) . ApcS<lr desta cerimônia humana ter sido repetida em algumas circ\!l1stãucias, como para a comunicação da plenitude do Espí­rito, assim como para se consagrar alguém ao ministério da Palavra (Atos 6:6; 13:3; 19:6; I Tim. 4 :14; II Tim. 1 :6 ) , o Espírito devia ser recebido pela fé cm Cristo para sal­vação (João 7:37-39) como mandavam as últimas disposições feitas para este período da graça. Esta condição final para reçeber o Espírito começou com a pregação do Evangelho aos gentios em casa de Camélia (Atos 10 :44, cf. Atos 15:7-9,14), e tem continuado assim através de toda esta dispensação. Não há qualquer registo de que as mãos tivessem sido impostas sobre aqueles que creram em casa de Cornélio. O Espírito "caiu sobre eles" (esta frase, c\,identemente, é sinônima dc receheram O Espírito) quando creram (Atos 8: 18; 10 :43,44; 11 :1 4,15) . Podemos dizer, então. que os acontecimentos em cas..1. de Cornêlio marcam, sem dú\'ida alguma, o começo de uma nova mas duradoura ordenança.

II ll - O Espírito Segundo o Resto dos Atos e as Epístolas

As relações decisi\'as e permanentes entre o Espírito e os homens du rante esta época estão reveladas em sete ministérios. Dois deles são dedicados ao mundo perdido; quatro são desti­nados a todos os crentes sem exceção alguma; e o outro é um ministério para todos aqueles crentes (jue chegam a uma rela­ção toda especial com Deus.

Os Ministérios do Espírite

Estes sete ministérios são:

Primeiro o Ministério do Espírito que Restringe (ou Resiste)

A única passagem que menciona este aspecto da operação do E spírito (1 I Tess. 2 :6-8) tem provocado divergéncias ent re os estudantes da Bíblia. Nela, o Apóstolo apresenta o fato de que, precisamente no momento antes da vinda de Jesus Cristo em toda a Sua glória, dar-se-á a apostasia, e

Os MINIST~RIOS DO ESP!RITO 25

que o "homem do pecado" será manifesto, "o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se ",dora". E o Apóstolo, prosseguindo na sua afirmação, diz: "E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado, Porque já o misterio da injustiça opera: somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará peJo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda" . Sim, "o homem do pecado" há de aparecer com todo o poder de Satanás (v, 9): mas não deixa por isso de ter que se apresentar naquele dia marcado por Deus, - "para que a seu próprio tempo seja manifestado", e isto sucederá logo que Aquele que estorva a marcha do inimigo "seja tirado" de Seu lugar. Então, será revelado esse iníquo, a quem o Senhor há de destruir quando da Sua vinda.

O nome do repressor, a que se refere aqui, não é reve­lado; porém, o Seu poder soberano sobre a Terra e sobre todas as forças das trevas idclltifica-O com a Trindade . e como o Espírito é a força real e enúgica nesta dispcnsação logo se concluí que a referência, na passagem citada, é feita ao Espírito de Deus. Ora, assim como é de aceitar que Sata­nás tenha bastante poder, também é de crer que ele o não empregasse contra si mesmo, "Uma casa dividida contra si mesma nfto subsistirá", É, pois, evidente que o Espírito de Deus é que reprime o homem de Satanás e os seus intentos até aquéle momento divinamente indicado. Não há nenhuma alusão de que Satanás será afastado ou retirado do caminho antes, de que o dito " homem do pecado" seja revelado; no entanto, pode percelx-r-se que é o Espírito que se vai afastar. Essa Presença ou relação especial que começou com a Igreja e que com ela tem continuado, só cessará. naturalmente, quando também a Igreja for levada. Como o Deus Onipresente, o Espírito permanecerá: porém, nessa altura, o Seu minis­tério e a Sua permanência na Igreja serão diferentes. O Espírito já se encontrava no mundo ainda antes do Pente­costes ; contudo. sabe-se que Ele veio naquele dia porque assim estava prometido. E le veio para ter uma nova morada den­t ro da Igreja - o corpo dos crentes - e um novo minis­tério no mundo. Este ministério acabará quando a Igreja fo r arrebatada, e a Sua habi tação terá o seu íim quando o

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Seu templo de perlras vivas for removido. Daqui, se pode concluir qllC a Sua. partida não significará outra coisa senão a reversão do Pentecostes, o que não implica sua ausência por completo do mundo. Pelo contrário, Ele há de voltar para retomar aquelas relações e aqueles ministérios que Lhe perten­ciam antes de começar esta dispensação. Há certezas abso­lutas da. presença do poder do Espírito no mundo depois de a Igreja partir. O poder de restrição do Espírito será reti­rado c a Igreja será levada naqllele momento que só Deus conhece, e então será permitido aos poderes das trevas vir realizar as suas últimas manifestações e comparecer no dia do Juízo final.

Outra prova evidente do poder que o Espírito tem para reprimir pode ser verificada no fato de que, apesar de todas as suas impiedades, os homens não blasfe mam em nome do Espírito Santo. Em todo o mundo existe este poder de limi~ tação e isto é, evidentemente, um dos ministérios atuais do Espírito.

Segundo - O Ministério do Espfrito que Convence o Mundo do Pecado, da Justiça e do Juba (que Reprova)

Este ministério por sua própria natureza, deve ser consi~ derado mais como um caso individual do que como um caso coletivo. Há uma passagem bíblica que diz; "E, quando ele vier, convencerá o mundo do peca.do, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (João 16 :8-11). Esta passagem indica que há um triplo ministério.

1) O Espírito esclar.ece os perdidos, referindo-se a um único pecado: "Do pecado, porque eles não crêem em mim". O perfeito juízo do pecado foi começado e cumprido na cruz (João 1 :29). Por isso o homem perdido tem que tomar co­nhecimento do fato de que, por causa da cruz, o seu pre~ mente dever perante Deus é de aceitar a cura que Deus lhe proporciona para os seus pecados. Neste ministério, o Espí~ rito não envergonha o perdido por ser pecador; mas revela-lhe a oportunidade de ter um Salvador, e um Salvador que pode ser aceito ou rejeitado.

2) O Espírito elucida os perdidos a respeito da justiça

Os MINISTéRIOS DO EsplRrro

e isso precisamente. "porque vou para llleu Pai, c uão IIIC

vereis mais". Mas, como pode um pecador tornar~se jusl0 aos olhos de um Deus Santo? Tentar com esfurço próprio alcançar essa justiça ,geria inútil, seria tempo perdido. Ela só pode vir da parte de Deus, e é para todos e sobre todos os que crêem. Por vezes, torna~se incompreensível à sabe­doria humana poder alcançar uma tão perfeita justiça só por­CJue se crê, e para mais crer numa Pessoa invisivel CJue está sentada á mão direita de Deus Pai; todavia, ::lS ::lImas per­didas devem, até certo ponto, sentir esta grande possibilidade para poderem \'o1tar~sc para Cristo.

3) Além disso, também, o Espírito, neste triplo minis­tério, esclarece OS perdidos no que respeita a um julgamento divino que já passou; pois que o "príncipe deste Illundo está julgado". Por este esclarecimento os perdidos são levados a compreender que não é difícil cons(;guir que Deus use de mi­sericórdia no julgamento dos seus pecados: pelo contrário, eles devem crer que esse julgamento já passou há muito e que só lhes falta agora confiar na vitória inestimável que foi alcan­çada. Todas as acusações feitas por Satanás contra o homem, por causa do pecado, foram desfeitas e de lima maneira tão cabal ql~e Deus, que é infinitamente santo, pode agora aceitar e salvar os pecadores. "Despojando os principados e potes~ tades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo" (Col. 2,13-15).

Sem dúvida que o propósito de Deus é deixar que o Espí­rito se sirva daqueles meíos que Ele achar mais comenientes para levar ao mundo o esclarecimento sobre o pecado, a jus­tiça e o juízo final, c, assim, é que Ele pode serYir~se de um pregador, de uma. passagem das Escrituras, do testemunho de um Cristão, ou ainda da mensagem impressa em folhetos: mas, evidentemente, que por detrás de tudo isto está a. operação eficaz do Espirito.

Assim é que o Espírito ministra ao mundo, revelando fatos que de outro modo seriam desconhecidos à inteligência humana, mas que interpretadas simultaneamente por ambas as partes, passam a constituir as verdades centrais do Evangelho da Sua graça.

Terceiro - o Ministério do Espírito que Regenera Este ministério juntamente com os três seguintes fazem

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28 AQIIt.:I.E QlJ& í: ESP IlUTUAL

parte da sah·::u.;àu (]c todo aquele que crê em Cristo. Da.­quele que nasceu do Espírito (João 3:6) e que por isso se tornol1 filho legítimo de Deus. Daquele que já "participa da natun?3 divina" e ao qual Cristo fe z nascer a "esperança da glo ria". E assim como ele é fil ho de Deus, é também "herdeiro de Deus. co-herdeiro de Jesus Cristo", A nova natureza divina passou a estar mais profundamente implantada no seu ser do qne a natureza humana de seus pais terrenos. Esta transfomlação dá-se no momento em que ele crê, e nunca mais se " olta a repeli r: a Bíblia não fala em lugar algum acerca de uma segunda regeneração feita peJo Espírito.

Quarto - o Mi nistér io do Espírito que Habita no Crente

o fato do Espírito habiwr. prescllte:ncllle, em todos os crentes, é não só \l111a das características notáveis deste pe­ríodo, como também um dos contrastes de maior relevo entre a lei e a graça.1 . .

O plano divino i:- que. estando a vIda do crente debaIxo da graça. ela deve ser vivida numa dependência r:onstante do poder do Espírito. O C ri ~tão só tem que .medltar sobre a sua incapacidade absoluta, ou ponderar cUldadosamente na ênfase dada a esta verdade expressa no Novo Testamento, para compreender qual a grandeza daquele dom que nos propo~ciona a intima permanência do Espirito conosco. Este do~ fOi con­siderado pelos Cristãos primitivos como sendo a reahdade fun­damentai do no\'o e~lado do crente. Lê-se lia descrição da primeira pregação do E\'angelho, aos judeus, no dia d~ Pen­tecostes, que o dom do Espírito se tornou o acontecImento novo de mais transcendente importância. Neste mesmo pe­ríodo da pregação aos judeus, como está relatado em Atos 5:32, verifica- se que o Espírito é para ser dado a todos aqueles que obedecem ao COlwite e ao mandamento do Evangelho. Da mcsma maneira. também. 11 realidade maravilhosa desse dom está acentuada nos informes da primeira pregação do Evan­gelho aos gentios. É fato que o Pentecostes não podia voltar a ser repetido; porém , a ligação do Espirito com essa pre­gação foi provada de uma forma muito especial. E vidente­mente que a referida prova fo i dada para que se não S\\SCI-

I Veja-se também a pAgo 62.

Os M INISTtRIOS 00 ESP!RITO

tasse a CenS\lra de que ) Espírito não tinha sido derranmdo tão abundantemente sob:e os gentios como o fora sobre Ob

judeus. A passagem diz assim : "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouvi ram a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Es­pírito Santo se: derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados t!stes, que também receberam como nós O Es­pírito Santo?" (Atos 10:44-47). Relacionada com a explica­ção que Pedro deu aos crentes judeus, por haver exercido o seu mi nistério também aos gentios, está a seguinte passagem: "E, quando comecei a fala r , caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senho r, quando disse: João certamente batizou COm áglla; mas vós sereis batizados com o Espirito Santo. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando hal'emos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?" (Atos II :15- 17) .

Ainda que com a plenitude do Espíriro que reveste de poder estejam relacionadas outras finalidades, o que é certo é que o dOm do Espírito é aquele dom precioso que Deus COll­

cede também a túda a criatura, no momento em que é salva. A posição valiosa que este dom ocupa na Bibl ia, tem muito mais importância do que aquele que geralmente lhe atribuem

os Cristãos. Apesa r da realidade da presença do Espírito em nós não ser revelada através de toda e qualquer experiência, todavia essa realidade é o fundamento do qual devem depende r todos os outros ministérios destinados aos filhos de Deus. l! impossível ao crente entrar no plano e provisão para uma vida de poder e bênção e ao mesmo tempo ignorar a revelação clara quanto o lugarqueo Espí rito ocupa em relação ao Cristão. E pre· ciso compreender e profundamente aceitar que o Espírito habita realmente no verdadeiro filho de Deus e que Ele passa a habitar no crente a partir do momento em que este é salvo. ( I ) A Bíblia não só ensina isto explicitamente, (2) como tam­bém o exige a razão segundo o critér io de outras revelaç&s:

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30 AQPELE QUE f: ESI'IRITV.AL

a) Segundo 8 Revelação

A vcrtb (k cumo o Espírito habita no crente vai ser exa· minada agura. independentemente do!' ( utros millistéri~s do Es: pirito, Uualquer ministério do E spÍl ito Santo con~lderado a parte do ministério total dEle seria incompleto; maiS, mesmo assim, é de real importância que o ministério da presença do E!;pirito seja observado separadamentc, Algumas pas~agens das Escl' íturas serão suficicntes para indicar qual o ellSlIlO que a Bíblia fornece sobre este tema fundamental.

João 7 :37-39, "E no último dia, o grande dia da festa , Jesus pôs-se de pé, e chamou, dizendo: Se alguém. tem st:d~, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz. a E.scrl­tura, rios de água viva correrão do seu ventre (vida mtenor ). (Mas isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que nEle cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado)". Esta passagem contém a promessa inconfundível de que todos aqueles _que crêem nEle recebem o Espírito, mas somente quando creem.

Atos 11 :17, "Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a n6s, quando havemos crido no ~e~hor J esus Sristo, q~em era então eu para que pudesse resistir a Deus? Este e o relato que Pedro faz da primeira pregação do Eva~lçelho aos gentios. Ele afirma que os gentios receberam o Esplflto. quan­do creram da mesma forma como aconteceu com os Judeus. A {mica c~l1dição para ser salvo foi crer em Cristo e o Espí­rito foi recebido como parte integrante dessa salvação.

Rom. 5 :5, "Porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".

Rom. 8:9, "Vós, porém, não estais na carne, mas no Es­pirito, se é que o Espir,it? de Dell~ habita em vó~. ~as, ~~ alguém não tem o Esplflto de CrIsto, esse tal. nao e d~l~ . Esta referência é bem clara quanto à pcrmanênem do EsplrLto em nós. Não é somente o próprio fato da salvação a ser pro-­vado pela Sua presença.; mas sim, todo o reavivamento do "corpo mortal" depende do "Seu Espírito que habita em nós". (versículo

Rom.

c

os MINlSttlUOS DO EsplRITO

I Cor. 2: 12, "l\Ias Il(,s recebemos.. . o Espírito que pro. vém UeTIeus". -Umã'""Vez mais a relerencJa nao e feita apenas a uma certa classe e crenfes: lodos recel>eram o ' spírífõ.

I Cor, 6:19;20, "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes com­prados por bom preÇo; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a DeuS " . Ainda, desta vez, se não faz referência a um grupo especial de Cristãos ver­dadeiramente santos. Pelo contrário, o contexto revela-os como sendo culpados de pecado bem grave e a realidade da presença íntima do Espirito é que leva a fazer este apelo. Os crentes não são avisados de que perderão o Espírito se não deixarem de pecar. Antes, e1es são prevenidos de que neles existe o Espírito e só por esta e única razão são instados a se voltar a uma vida de maior santidade e pureza. Para estes crentes errados havia realidade profunda que não haviam experimen· tado em sua relação ao Espírito; porém, receber verdadeira­mente o Espírito nunca era o problema. deles, Ele já estava habitando neles.

I Cor. 12:13, "Pois todos nós fomos batizados em um

são

Espírito". T.~Si;iii;;~i' CáL 3 :,

pírito peJas da lei ou pela pregação da fé?" Foi pela fé que o Espírito foi recebido por fodos os que tem crido com a fé salvadora.

Gál. 4:6, "E porque sois fil hos (e não porque sois san­tificados), Deus enviou aos nossos corações O Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai".

I João 3 :24, "E nisto conhecemos que Ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado".

I João 4:13, "Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu. Espírito".

A presença do Espírito em nós é uma " unção" e uma "conhrmaçao" para eMa fi} o e cus; portanto, estas pa a­vras nao sao usadas somente a respelto (Ie certa Classe ã e crentes (1 Joâo 2:20;"27).

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32 AQU!LII QU& É ESPIRITUAl,

Há três passagens que, na opinião de algumas pessoas, têm' causado certa confusão qu:mto aos claros ensinos das Es· crituras que acabamos de apresentar e por isso vamos passar a examiná-las.

I ) Atos 5 :32. "E nós somos testemunhas acerca destas palavras. nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àque­les que lhe obedecem", Esta afirmação não se refere à vida cle obediência diária dos Cristãos. ~ um apelo dirigido aos perdidos para que se voltem para "a obediência pela fé", A citação diz que o Espírito é dado àqueles que obedecem a Deus pela fé no Seu Filho como Salvador. O contexto é bem ex­plicito.

2) A passagem em Atos 8:14-17, já foi examinada. Re­laciona-se com O breve período entre o Pentecostes e a pre­gação do Evangelho aos gentios. As circunstâncias c..'Cistentes neste tempo não devem ser tomadas como sendo a última rela­ção entre o Espírito e todos os crentes através desta época.

3) Atos 19:1-6, "E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto. Paulo, tendo passado por todas as regiões supe­riores, chegou a f:feso; e achando ali alguns discípulos (não necessàriamente Cristãos) . disse-lhes : Recebestes vós já o Es­pírito Santo quando crestes? (ou, recebestes vós o Espírito Santo no momento em que crestes? Veja-se todas as outras versões). E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ollvimos que haja E spí­rito Santo. Perguntou-lhes então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certa­mente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, ~m Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus". Estes " di scípulos" eram discípulos ou pro­sélitos de João BalÍsta. Pouco conheciam de Cristo, do ca­minho da salvação pela fé , e do Espírito Santo. Paulo no­tando imediatamente a falta da presença do Espírito nestes dis­cípulos, atacou logo o ponto principal com a pergunta, "Rece­bestes vós o Espírito Santo quando crestes?" Depois de terem ouvido falar da salvação que há em Cristo, e de terem crido, diz-se que o Apóstolo "lhes impôs as mãos", e que "o Espí­rito veio sôbre eles; e falavam línguas e profetizavam". A imposição das mãos, assim como os sinais que depois se segui~ ram, estão biblicamente relacionados com o Espírito que veio

Os MINISTtRIOS DO ESP!RITO

sobre eles, ou do qual foram cheios; mas é preciso não tOIl

fundir com o fato de que eles já tinham recebido o Espí rit o quando creram.

Não há, portanto, qualquer Escritura. que con tradiga o testemunho claro da Bíblia de como todos os crentes desta dis­pensação de graça possuem o Espírito.

b) Segundo a Razio

Uma vida consagrada a Deus, assim como um andar san to e digno, os quais devem depender sempre do poder eficaz do Espírito, tanto são exigidos a um crente como a todos. E assim como não deve haver classes de crentes, também não há um padrão de vida para esta classe e outro para aquela. Mas, se, na verdade, há algum filho de Deus que ainda não tenha d~nlro de si o Espírito, ele deve, e com toda a razão, ser dispensado daquelas responsabilidades que o poder e a presença do Espírito prevêem. No entanto, o fato de Deus se dirigir a todos os crentes como se possuíssem o Espírito só por si é prova suficiente de como eles têm o Espírito.

Pode-se, pois, conclui r que todos os crentes têl,~ o Espí­rito, o que não implica que esses tais tenham passado a tomar parte em todas as bênçãos possíveis que usufruem aqueles cujas vidas já estão cheias do Espírito. Mas, . o que é verdade é que eles re<:ebem o Espírito no momento em que são salvos e não há qll~.Iquer indicação de que Ele tenha já alguma vez abandonado a pessoa que foi tocada por essa graça divina. A Sua presença é .perm61!C1Ite, duradoura.

Quinto - O Minist'rio do Esprrito que Batiza

Já foi feita referência a este ministério excepcional do Espírito quando relacionado com o Dia de Pentecostes. O ~nsino completo que a Bíblia nos oferece sobre este assunto, e apresentado em poucas passagens (Mat. 3: 11 ; Marcos 1:8; Lucas 3:16; João 1 :33; Atos 1:5; 11 :16; Rom. 6:3,4; I Cor. 12:13; Cá!. 3:27; Ef. 4:5; Col. 2:12). Entre estas, apenas uma passagem define bem o sentido: "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres. e todos temos bebido de um Espírito" ( I Cor. 12:13, cf, Ram, 6:3). Em nenhuma Escritura está este ministério do E spírito diretamente

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relacionado com o poder 011 o serviço. A ele compete somente for;nar .0 COI.fKl de Crist~ com membros vivos, e quando alguém esta UlLldo vItal c orgamcamente com Cristo, sabe-se então que esse lal ('lilá "batizado em um corpo", e que lhe foi "dado beber de um Espírito" (cf. v. 12). Tomar-se membro do corpo 1.1(: Cristo implica. o servíço, mas a atividade está sem­pre relacionada com outro ministério que não é o do batismo do J;:spírito. Visto 9t~e o batismo com o Espírito é que da ao crente a sua poslçao como membro do corpo de Cristo, logo e~s~ operaç~o _de Deus é que estabelece cada posição e a condtçao do enslao. Nenhum outro empreendimento divino para a salvação é de tão elevado alcance no seu efeito. l!: por' causa desta nova união com Cristo que se diz que um Cristão e~tá "em Cristo", e:esta,ndo "em Cristo" ele tem de parti­cipar de tudo que Cnsto e e que Ele tem - de Sua vida Sua justiça e de Sua glória. O incrédulo que está "sem C;islo" passa a fazer parte integrante desta união com Cristo no mo­mento em que crê.1

A união ao corpo de Cristo como membros é realizada como fazendo parte do grande empreendimento divino da sal­v~ção, a qual é levada a efeito logo que é posta em prática a fe salvadora. 9. q,!~ não há .realmente é qualquer indicação de que este .mmlsfeno do batIsmo com ° Espírito havia de ser empr~ldldo uma segunda v~z. Se o batismo que foi reali­zado no dIa de. Pentecost.es fOi um batismo provisional para t~os os que aceItam a Cristo nesta dispensação, ou se é indi­v l~u~1 n~ momell.to em. q~e crêel.ll, a diferença que pareça exIstIr nao tem ImportancJa maIOr para este estudo em curso. O que importa é descobrir o sent ido exato da palavra como representando um ministério especial do Espírito.

Sexto - O Ministério do Espfrilo que Sela "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual

1 Em dois evangelhos sinóticos a promessa do batismo com o Esplrlto é acompanhada da promessa dê um batismo com fogo (Mat. 3:11; Lucas 3:16). Aq~i1o qUê verdadeiramente se entende por batismo com logo tem Sldo assunto de multa discussão. "Llnguas repartidas como que de logo" pousaram sobre alguns naquele Dia de PentecQStes; mas esta não tem sido a experiência de todos 08 crentes. O julgamento das obras do crente, perante o Tribunal de Cristo (I Cor. 3:9-15; II Cor. 5:10) é o único contato com logo que estA determinado para todos os que eStão salvos. Portanto, é

OS :MINISTÉRIOS 00 ESPI!UTO

estais, selados para o dia da redenção". Ef. 4 :30; v{'ja ~I.' também 11 Cor. 1:22 ; EC. 1:13 ). O ministáio do Espirito pelo <).~al somos ~elados representa, evidclltemcute, o aspecto da lima0 em relaçao a Deus - responsabilidade, e uma tran­s~ção, final. que é "par~. o dia da redenção". O próprio Espí­r~to e ~ selo e, consequentemente, todos os que têm o Espí­nto estao selados. A Sua presença, no coraçflo. é a marca divina. E~te min,istério ,do Espirito é também exercido quan­d? ~e. pratIca a ~e que. e para salvação, não podcndo este mi­IlIsteno ser repetIdo,. Visto que a primeira confirmação de qual­quer crcnte por meIO desse selo é feita. IÕpara o dia da re­denção".

Há, portanto. quatro ministérios do Espírito para o crente, os quais são exercidos no momento em que ele ~ sal,:o, e nunca mais voltam a repeti r-se segunda vez. Diz-se, entao. que, o: erent: Ilasceu de novo, fo i consagrado ou ungido, (pelo EsplTito reSidente em sua vida) balizado e selado com o r:spírito. P~~e-se ta.mbém acrescentar que estas (Iuatro opc­raçoes do Espmto realizadas dC1!tro e a fcrvor do filho de Deus n~o estão. sujeitas a qualquer .experiência. O Espírito pode, so por SI, tOrnar real tudo Isto no crcnt~ logo que ele é s...I~o, dando isso, depois, lugar a lima alegria e consolação maIs. abençoadas. Estes quatro ministérios gerais, que são e,xercldos da mesma maneira dentro e a favor do crente, cons­IItuem o "Penhor do Espírito" (lI Cor. 1 :22; 5 :5), e as .. Pri­mícias do Espírito" (Rom. 8:23).

Sétimo - o Ministério d. Plenitud. do Esplrito A realidade, o alcance e as condições deste mini stério do

Espírito constituem a mensagem deste livro e ocuparão os ca­pítulos que vão seguir-se. O que ficou para trás foi escrito para que a plenitude do Espírito não fosse confundida com nenhuma outra das Suas operações.

possivel que este julgamento seja o batismo com Cago . Há. uma profunda relação entre o batismo com o Esplrllo e este poderoso batismo com fogo. Enquanto que o batismo com o Espirito dá ao salvo uma posição perfeita quer no tempo presente como na eternidade, o batismo com fogo, por outro lado, dará ao salvo uma condição tal que o tornará apto para o que é propriamente celestial. Ante o Tribunal de Cristo, os Seus olhos como chamas de fogo (Apoc. 1:14) queimarão todas as Impurezas e somente aquilo que é celestial permanecerá.

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Capítulo 111

A PLENITUDE DO ESPIR ITO, OU A VERDADEIRA ESPIRITUAllDADE

Usando várias expressões, a Bíblia ensina que existem duas classes de Cristãos: aqueles que ;'permanecem em Cristo",

,- " 1 "d l"e e os que' llao permanecem ; aque es que . an am na lIZ ,

os que ';andam em t revas"; aqueles que ';andam segundo o Espírito", e os que ;'andam como os homens"; aqueles que "andam em novidade de vida", e os que "andam segundo a carne", aqueles que têm o Espírito no seu "íntimo" e "soure" os quais foi Ele derramado e aqueles que têm o Espírito no seu "íntimo", mas "sobre" os quais não foi Ele derramado; aqueles que são "espirituais" e os que são "carnais"; aqueles que "são cheios do Espírito", e os que o náo são. T odas estas classificações fazem pa rte do gênero de conduta diária dos sal­vos e não é de forma alguma Ul11 contraste entre os salvos e os perdidos. Onde se encontrar na Biblia um destes significados especiais, como é designado por qualquer destas distinções, aí haverá também uma verdade correspondente. Há, pois, a pos­sibilidade de uma grande transição para aqueles que são carnais, passarem à realidade do viver verdadeiramente espiritual. Mas a revelação referente a esta possível transição, com todas as suas experiências e bênçãos, sô é tomada a sério pelos crentes fervorosos que buscam sinceramente aquela vida diá ria que pode honrar o nome de Deus. Para esses, há, neste evangel ho de salvação, de f.HX1er e de vitória, alegria c consolação sem limites.

A Bíblia trata desta transição do estado carnal para o espír itual muito desenvolvida mente. No entanto, é possível co­nhecer a ' doutrina sem nunca ter participado das suas bênçãos; assim como é possh'el, por outro lado, e até certo ponto, ter participado (la experiência, sem nunca ter chegado a conhecer

36

A PLENITUDE 00 EsplRITO 37

a doutrina. Este evangelho de libertação tem-se prejudicado muito por causa daqueles que procuram compreender os seus principios, analizando algumas experiências pessoais separada­mente dos ensinos das Escrituras. O perígo deste erro é ma­nifesto: Nenhuma sô experiência seria uma representação ver­dadeira ou completa do amplo propósito de Deus para cada Crislão; e se o fosse, nada menos que a infinita sabedoria de . Deus poderia formular as suas declarações exatas. Por neces­sidade de instrução bíblica, muitos, ao esforçarem-se por explicar a razão de uma experiência, inventaram expressões e frases que não são bíblicas e são, portanto, e invariavelmente, tão imper­feitas como qualquer das conclusões a que chega a inteligência finita quando tentar ocupar-se das verdades divinas. Seria inútil procurar classificar experiências; em todo o caso, quando alguém encontrou paz, força e bênção pela submissão total a Deus e confia somente no Seu poder, a Bíblia assinala claramente ser essa razão a causa da maior manifestação da presença e do poder do Espirito. P ode dizer-se, então, que esse tal está "cheio do Espírito".

O que é a Plenitude do Espírito?

Na. Bíblia, não só O significad() da frase "cheio do Espírito" e revelado, mas também a plellitude do Espírito é observada na experiência dos Cristãos primitivos. Por conseguinte, pela Palavra de Deus, podemos esperar chegar a uma clara com­preensão do Que quer di7.er a frase "plenitude do Espírito"; porém, ensino nenhum se pode obter nas expressões humana­mente 'criadas e, por isso mesmo fora do alcance biblico, tais como, "uma segunda bênção", "uma. segunda operaçã(} da graça divina", "a vida mais elevada", e nas variadas frases usadas nas afirmações pervertidas das doutrinas de santificação e de aper" feiçoamento. Perante nós apresenta-se uma esfera de ação ilimi­tada quando se diz que nós podemos ser ;'transformados de glôria em glória" até chegarmos à imagem de Cristo, e isto pel(} Espírit(} ( lI Cor. 3 : 18). Ora, o significado (jue esta t rans­formação tem para um crente e as c.:mdições exatas sobre as quais essa transformação pode ser realizada. tem de ser com­preendido, não por uma análise imperfeita da experiência, mas pelas palavras exatas da revelação. É absolutamente viável a um filho de Deus (}bter uma prova satisfatôria de "qual seja

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38 AQUELE Qm: t. ESPIHITUAL

a boa, agrad{lveJ e perfeita vontade de Deus" para si, além do que 'Deus prometeu ainda operar no crente "tanto o querer como o efetuar, segundo a sua bo..'l vontade", Pelo Seu poder, as próprias "virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz", e ainda a "mente de Cristo", podem ser reproduzidas naquele que é salvo. Estas bên.ç~o: assi~ como as condições que Deus impõe para a sua aqulslçao estao cla­ramente expostas na Palavra de Deus.

O Espírito não fala de Si mesmo. O Seu p~opósi!o é rC\'clar e glorificar Cri sto (João. 16 :12-,1 5) ... 0, ESPlO~O e-nos dado a conhttcr por meio de tltulos slgll1flcatlVos, tais como ';0 Espírito Santo", ou "O Espírito de Deus"; mas, verda­deiramente, o Seu nome não é rc\'e\ado. Embora Ele não se rc\'c1c. :1 Si mesmo. todavi:\ Ele é a cansa de toda a verdadeira espiritual idade. /\ Sua tarefa é manifestar "a vida que C~isto representa", e tiio perfeitamente. que qualquer pessoa pode dIzer: "(Ponluc) para mim viver é Cristo"; mas por detrás d.esta força que imrulsiona a vida-exterior que é possível em Cnsto, est{1 a vida-interior que nos vem do Espírito de Deus, e tnelo nada mais é senão uma conseqüência da plenitude do Espírito.

Paulo fora salvo na estrada de Damasco e ali mesmo, disso podemos ter a certeza, ele recebeu o Espí rito como "pe~hor" e como "primícias". Mais tarde, quando entrou na cIdade, Ananias ,'cio ter eom ele e. pondo sobre cJe as mãos, disse: "Irmão Saulo. o Senhor ]eslls que te apareceu no caminho por onde vinhas. me em'iou p."Ira que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo". Tinham que se dar dois acontecimentos: Saulo ia rccuperar a vista e ia ser cheio do Espírito, E bem que nos lembremos de que este fato não fazia parte da sua salva<;ão. Soube-se então que "logo caíram dos olhos como que umas escamas. e recuperou a vista". Em verdade, não há nenhum registo de uma emoção ou de uma experiência que pudesse ser tomada como prova de que ele fora cheio do Espírito. No entanto, ele foi tão notoriamente cheio como notório foi o re­cuperar da sua vista. A prova é bem concludente, porquanto a passagem continua dizendo: "e logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus" (Atos 9:17-20). Não existe prova de que o Apóstolo estivesse cônscio do Espírito; mas a verdade é que ele ficou totalmente consagrado a Cristo. Não obstante, e le foi "cheio do Espírito" e assim, por deter-

A PLENITUDE DO EsplRITO "" minação do próprio Espírito e na devida altura, ele entrou na posse do resultado inestimável de um constante viver com Cristo. O Espírito é a callsa, enquanto que a experiência da glória e da realidade de Cristo, são o efeito.

Segundo as Escrituras, o crente cheio do Espírito é o ideal divino quer seja por exemplo, quer seja por mandamento.

Primeiro, por exemplo: Cristo foi "cheio do Espírito Santo" (Lucas 4 : 1) ; tooos os memb'ros de URla mesma família. Zacarias. Isabel e João, foram "cheios do Espírito" (Lucas I :15,41, 67) ; e os discípulos e outros mais foram-no repetidas vezes depois que o seu verdadeiro ministério começou (Atos 2:4; 4:8. 31; 6:3; 7 :55; 9:17; li :24; 13 :52. Note-se também todas as p.'lS­sagens nas quais se diz que o Espírito foi derramado" sobre" os crentes).

Segundo, por mandamento: No Novo Testamento foi' dado um mandamento bem expressivo: "E não vos embriagueis com vinho, em que há contendas; mas enchei-vos do Espírito" (ou mais literalmente, "para vos con·servardes cheios do Espirito" - Ef. 5:18). Aqui a fomIa do verbo é usada llm pouco diferentemente da que é costume usar-se em relação aos outros ministérios do Espírito. O Cristão renasceu, foi batizado, tor­nou-se morada do Espírito e foi -selado com o Espírito: por isso deve procurar conservar-se (manter-se) cheio do Espírito. A revelação do propósito de Deus é que o ~spírito seja ininter­ruptamente ministrado ao Cristão: "Aquele pois que vos dá o Espírito" (Gál. 3:5). O Cristão, para ser espiritual, tem, pois, que ser cheio do Espírito e permanecer na plenitude do Espírito. Uma " experiência" pode ou não acompanhar o primeiro acesso à vida de plenitude do Espírito; mas, ainda que se admita a hipótese de uma "eXperiência", a Bíblia nada transmite a res­peito de uma "segunda bênção" ou "segunda operação da graça divina", pela qual haverá, para o crente, menos necessidade amanhã do poder eficaz e capaeitador de Deus do que para hoje. Pode-se aprender como tJl.clllr>r "andar segundo o Espírito"; porém. nunca na vida se chega a um momento em que haja necess idade de andar menos segundo o Espírito. Os recursos divinos, para uma vida de vitória continua em Cristo, são inesgotáveis; mas também as necessidades constantes de criatu· tas tão fracas nunca acabam.

~ importante notar que, por três vezes, no Novo Testa-

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40 AQUELE QUE ~ ESPIRITU AL

mento, O efeito da bebida forte é comparado com a vida cheia do Éspírito (Lucas J :15; Atos 2 :12-21; Ef. 5 :18). Assim como as bebidas fortes estimulam as forças físicas e as pessoas são propensas a recorrer a elas como um auxílio IIOS lugares difí ceis na vida, também os fi lhos de Deus, tendo que enfrentar a impossível responsabilidade de uma conduta e um serviço celestial. di rigem-se ao Espírito, fonte de todas as realizações. Como cada momento da vida espir itual representa uma neces­sidade incomensurável e exigências sobre-humanas, a provisão do poder eficaz e da graça divina tem de ser recebida a todo o instante e imediatamente aplicada. "Como fOf o teu trabalho, assim será a tua força".

Ser cheio do Espírito é ter o Espírito a cumprir em nós tudo o que Deus quer que esse Espírito faça, pois rara isso Ele O colocou ali. Ser cheio não é uma questão de se obter 'nais do Espírito; antes, a questão está em o Espírito conseguir mais de nós. Nunca se JXlderá obter mais do Espírito senão o que é de direito e que todo o verdadeiro Cristão recebeu . Já o Espírito, esse JXlde ter tudo o que pretender do crente e assim ser-Lhe-á possível manifestar nesse crente a vida c o caráter de Cristo. Uma pessoa espiritual é aquela que, na sua vida diária, experimenta os propósitos e planos divinos realizados pelo poder do Espírito que nela habita. O ca-ráte-r dessa vida será a vida de Cristo que se revela ao mundo através do crente e a causa dessa vida será a presença íntima e inin­terrupta do Bspírito que hldo opera (EC. 3 :16-21; n Cor. 3018) .

O Novo Testamento é bem daro no que se refere ao que o Espírito pode produzir na vida que está em perfeita harmonia, e tuclo quanto gira à volta desta revelação, tomado em conjunto, é que forma a definição bíblica sobre espiritualidade. Estes empreendimentos são distintamente atribuídos ao Espírito, e eles nada mais são senão as Suas manifestações realizadas lias Cris­tãos e através deles.

As Sete Manifestações do Espírito

Existem sete manifestações do Espirito, as quais se diz serem experiências somente dos crentes cheios do Espírito, por­quanto nas Escrituras estes resultados nunCA se encontram

A PLENITUDE DO ESpJRITO

relacionados com outro ministér io do E spírito a não ser com o da plenittlde. São, JXlis, sete essas manifestações do Espírito :

I - O Esplrito Produz Caráter Cristão "Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longani~

midade, benignidade, bondade, fé , mansidão, temperança" (auto-domínio, Gál. 5:22,23).

Resumidas nestas nove palavras, não se encontra apenas a afirmaç.ão exata sobre o que é o caráter cri stão, mas também uma descrição da vida que Cristo viveu aqui na T erra. É ainda uma afirmação daquela conduta de vida que Ele pretende que cada Cristão experimente aqui na Terra e já. Estas nove pa­l.avras formam uma definição bíblica daquilo que está contido na frase "Porque para mim viver é Cristo".

Ainda que o mundo se esforce por ser uma vaga repro­dução daquilo que estas nove palavras representam, o fato é que a realidade dessa reprodução é estranha à natureza humana, por mais perfeita que essa natureza seja. E stas graças, aqui indicadas são exóticas, isto é, têm uma origem estrangeira, e nunca poderão ser encontradas na natureza humana se nela não forem produzidas pelo poder de Deus. Elas são o "fruto do Espírito". Portanto, o caráter cristão não é desenvolvido ou "edificado" pelos cuidados humanos Oll pelos seus esforços. O método para se alcançar um caráter, por meio dos cuidados e da energia, o qual está sendo agora minuciosamente explicado e constantemente recomendado JXlr muitos, é tudo quanto a Humanidade pode fazer, e talvez até que esse método vC1lha a ter a sua realização dentro da esfera das reproduções que o mundo escolheu como seus ideais. Os filhos de Deus, porém, não têm de enfrentar as meras reproduções que o mundo tomou para -seus ideais, ainda que por ignorância eles julguem ter que fazê-lo. Antes, pelo contrário, os filhos de Deus, têm de enfrentar o problema de manifestar "os louvores [virtudes] d'Aquele" que os chamou "das trevas para a sua maravilhosa luz ". E les encontrarão na Bíblia muito pouco de estímulo para intentar a "edificação" destas características do Infinito. Ora, llleslllO que a natureza estivesse nas suas condições mais favo­ráveis, nunca poderia esperar conseguir isto. Se o alvo não fosse mais elevado que os padrões do mundo, seria justificável a tentativa de se formar um caráter cristão; mas mesmo assim

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42 AQUELE QUE t ESPlRITUAI..

não haveria qualquer Escritura a justificar a luta humana. O verdadeiTo qráter cristão é, sem dúvida, o " fruto do Espírito".

A posição mesma do filho de Deus, como cidadão celestial, exige que estas nove virtudes que são o "fmto do Espírito" sejam reais na sua vida diária. Ele tem de "andar como é digno" da vocação a que foi chamado, "com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-se uns aos outros em amor". Assim, também, por outro lado, a sua preciosa comunhão "com o Pai e com o Filho" deve depender da pre~ sença destas características divinas. :ú. preciso, pois, haver um certo gênero de vida e de caráter 110 Cristão, para que Deus possa tcr comunhão com ele. Mas se Deus encontra, numa vida humana, alguma coisa que se assemelhe a Ele mesmo, é porque Elc mesmo a colocou nesta \,ida, pois que Ble sabe perfeitamente bem que essas graças divinas nunca podem aparecer numa vida sem aquele poder que só a Ele pertence. Ora., se Ele, por Sua natureza verdadeira, exige que as graças celestiais sejam a única base para a Sua comunhão com aquele filho que nasceu do Espírito. temos qne concordar que Ele não é exagerado em tal exigência. porque Ele n50 está à espera que estas graças venham da carne, mas Ele mesmo tem feito lima provisão completa p.'lra que elas fossem produzidas pelo Espírito. O fato. porém, de Ele ter planejado que elas fossem o "fmto do Espírito", muda por completo a responsabilidade humana, J á não é mais uma coisa que a força humana tenha de conseguir, nem tão pouco de ser feito pela força humana juntamente com O auxílio do Espírito. O verdadeiro caráter cristão é, positivamente, o "fruto do Espírito". Este verdadeiro caráter cristão é produzido tiO

crente, mas não Pelo crente. Sem dúvida, que o Espírito usa todas as faculdades do ser do crente para levar a efeito este precioso gênero de vida; no crente, todavia, nada há, realmente, que possa conseguir este resultado. Nem mesmo exíste sequer, na natureza humana, uma centelha destas graças que pudesse ser ateada em chama. Tudo tem que ser produzido no coração e. na vida pelo Espírito. Por isso o novo problema está pre­cisamente em manter uma tal ligação com o Espírito que Lhe torne possível realizar cotl/lnlt(J.m~nte aquilo que Ele veio fazer no coração.

O que a carne pode faze r, fará e tCII~ de fazer, foi declarado nos versículos precedentes à passagem em análise: "Porque as

A Pu,;N1TUDE 00 ESpJRITO '" obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, pro~t i~ tuição, impureza, lascívia, idolatria, fei tiçarias, inimizades, por~ fias, emu lações, iras, pelejas. dissenssões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas". "Mas," em contraste com tudo isto, "o fruto do Espírito é caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, man sidão, temperança" (auto-domínio). "A carne", segundo o sentido empregado nesta e noutras p."lssagcns semelhantes, quer dizer mais do que corpo fisico. O termo representa tudo, _ espírito, alma e corpo - tudo aquilo que a pessoa era antes de ser salva. Portanto, desta fonte, 1150 pode vir o verdndeiro "fruto" espiri tu<l1. No próprio contexto se decla ra que "a carne cobiça contra o Espírito, c o E spí rito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro".1

Existem, pois, dois princípios de vida que são apresentados ao Filho de Deus: o andar carnal que é pela força da carne, ou "segundo os homens" . e o andar espiritual que ê pela força do Espírito OI! conforme a Cristo. Esta passagem da carta aos Gálatas afirma: "Digo, porém: Andai em Espirito [lit. por meio do EspíritoJ, e não cUlllprireis a concupiscência r desejo J da Car)le". Estes dois principios são absolutamente opostos um ao outro. e, portanto, não podem ser misturados. Andar segundo o Espirito. ou " ser conduzido pelo Espírito", não quer dizer que a carne seja aI/.rifiada. pelo Espírito em qualquer circunstância. Pelo contrário, é lIma realização direta do Espí ri to apesar {la oposição da carne.

Quando se anda segundo o Espírito, os resultados são celestiais : " Não cl1mpl'ireis a concupiscência da carne". "Para que não façais [quando guiados pelo Espírito] O que (doutro mod?) quererieis". "Se sois guiados pelo Espírito, não estais deb.'lxo da lei", logo "O fruto do Espírito. é caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade. bondade, fé. mansidão e tem~ perança" (auto-domínio).

Resultados como estes são preciosos. Enquanto o mundo, para alcançar as virtudes humanas, a cuja soma total se dá o l~ome de "caráter", encara um prolongado processo de auto­!re111~mento e de auto-repressão, o Cristão pode conseguir, e ImedIatamente, as virtudes celestiais de Cristo : não por esforços

1 Veja-se também a pAgo 113.

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44 AQUELE QUE t ESr]RITUAL

humanos; mas por meio dUllla relação cr:rta com o Espírito que habila nele. Na verdade, esta rcvrfação é cOlllpletamente estra· nha à maneira de pensar e de agir do homem, e até para muitos deles é, :Iinda, um ';provérbio de difícil compreensão", Esta tremenda possibilidade. como rcvela((;o vin(la de Deus, não Jxxlcrá parecer razoável àquele que ainda não perdeu as dúvidas de que é possível ao sobrenatural ser experi mentado em todos os momentos da vida. Essas pessoas que duvidam, não deviam afirmar, pelo fato de ser par;) das irrf'a l, (jl1e o andar segundo ~ Espírito não é uma cOllcessiio bOlldo~a feita por Deus a Seus fIlhos. A revelação de que n vcrdndeiro caráter cristão é I1Ill fruto direto do Espírito (11\(.' habita nesse Cristão, encontra-se nas paglllas da Palavra de Dcus. As afirmaçõcs feitas a este respeito são clara~, assim como c illcisivo e sem complicações o ensino bíblico sobre o as~u1llo. 1'Ias não é somente por isso, há mui tos que ~o vivas testemunhas de como esse yerdadeiro caráter é uma rtalidad," nas suas expe ri<1ncias pessoais.

Os efeitos do crescimento cristiio não estão incluídos nessa vitória inlc(liat;:l. Esse crescimento é simplesmente uma con­seqüência. (la. nossa inteira. participação na vontade de Deus que passa a ~e r efetiva nas nossas vidas.

As nove pala~ras que definem o caráter cristão, podem ser encontradas atravcs do Novo Testamento c, uma vez descobertas podcr-se-á concluir (1) que elas são sempre apresentadas com~ características divillas, ainda que, por vezes. as rdações e ideais do mundo se assemelhem à sua realidade; (2) que, seguramente. Deus espera encontrá-las na vida do crente; e (3) que elas são somente produzidas pelo Espírito (Ie Deus. Cada uma destas pa.lavras podia ser detalhadamente considerada. e dela tirar.se grandes beneficios; será suficiente, porém, dar o lugar apenas a uma., ~orql1anlO se admite que 11110 aquilo que é verdadeiro nessa utllca p.,lavra tomada em conSIderação, seja também, até certo ponto, a verdade de todas as outras.

Amor

O verdadeiro amor humano existe lia realidade· mas todo o amor cristão, segundo as Escrituras é distinta~ellte uma manifestação do amor divino através do' coração humano. Em Rom. 5 :5, encontra-se a afirmação desta verdade, "porquanto o amor de Deus está derramado [Iit. jorra} em nossos corações

A PLENITUDE DO EspíRITO

pelo [produzido por, ou Illotivado por] Espírito Santo que llOS

foi dado". Isto não é, po.,is, obra do amor humano; pelo COIl­trário, é a manifestação direta do ·'amor de Deus", atravessando o coração do crente de harmonia com o Espirito que nele habita. t o cumprimento do último pedido da oração Sumamente Sa­cerdotal de nosso Senhor : .. Para que o amor com que me tens amado esteja neles" (João 17:26). É simplesmente o amor de Deus a trabalhar dtlnlra do crente e a-través dcle. Não poderia, de forma alguma, ser humanamente produzido, ou mesmo imi­tado com êxito e, esse amor, illc\'itavelmentc, é atraido mais pelos objetivos da afeição e da graça divinas, do que pelos objetivos do desejo humano. Um coração humano nUllca pode prodl/::ir amor divino, mas peJe, sim, cxpcrimimtá·/o. Ter um coração capaz de sentir a compaixão de Deus, é compartilhar da bebida celestial. Ao considerar esta participação no amor de Deus deve notar-se:

Prillleira - o amo r que é partilhado com Deus, não é expe rimentado por aqueles que ainda não estão salvos: "1\las bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus" (João ,,42).

SeglwdQ - o alllor de Deus abrange o mundo intei ro: "Porque Deus amou o mundo" (João 3:16); "Para que Ele, pela graça de Deus, provasse a morte por · LOdos" (Heb. 2 :9); "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos. mas também pelos de todo o mundo" (1 João 2 :2). Este c o amor divino pelo mundo dos homens perdidos. É o amor de Deus que não conhece limites. O que, algumas vezes, é denominado por "espírito missionário", não ~ outra coisa senfw essa compaixão que trouxe o Filho de Deus do Ccu jorrando através de um coração humano. O interesse pelos homens per­didos não é assegmado por lima manifestação esforçada dos sentimentos humanos: ele é imediatamente realizado nUlll coração cristão quando há uma relação correta com O Espirito de Deus. O desejo pela salvação de outras almas, é logo o primeiro pen­samento de muitos, depois que nasceram de novo.

Terceiro - o amor de Deus aborrece os hábitos do mundo presente. "Não ameis o mundo, nem O que no Illundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a COll­

cupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas

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46 AQUELE QUE e ESPIRITUAL

do mundo" (l João 2:15,16). Este amor puro serâ sempre a experiência daquele a quem o amor de Deus foi comunicado.

Quarto - o amor de Deus é para os Seus filhos que nas­ceram do Espírito. "Muito mais a.icra, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais. estando já reconciliados, seremos salvos pela sua \'i da~' ( Rom. 5:9,10); "Cristo também amou a igreja, c a s i mesmo se entregou por ela" (Ef. 5:25) . Ele ama aqueles que são Seus, mesmo até que andem errantes, como é revelado pelo regresso do "filho pródigo". "Se nos amamos uns aos Qutros, Deus está em nós, e em nós é perfeita a sua caridade" (I João 4:12 ) . Por esta cOIllJ).'lixão divina o Cri stão prova a realidade de sua fé perante o mundo: "Um novo mandamento vos dou: Que vos amcis uns aos out ros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos otltros vos amcis. Nisto todos conhecerão que sois mel1S discípulos se vos amardes uns aos outros" (João 13:34,.15) . Este amor divino é ainda a prova da nossa fra­ternidade em Cristo: "Conhecemos a caridade (de Deus) ni sto : que ele deu a sua vida por nós, e nós devcmos dar a vida pelos irmãos. Quem pois tiver bens do mundo, c, , 'cndo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele a caridade dc Deus? (J João 3: 16.17), "Nós sabemos que p.1.S­

samos da morte para a vida, porque amamos os irmãos (I João 3,14).

Quilao - o amor de Deus não tem fim: "como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (eternamcntc, João 13:1 ). Diz-se que o amor de Deus no crente deve ser "pacient e" e por conseguinte benigno,

Sexto - o amor de Deus é para Israel: "Poi s que com amor etcrno te amei" (ler. 31 :3), Por isso o crente cheio do Espírito aprenderá a regozijar-se nas grandes profecias e planos de Deus para aquele povo COm quem E.Jc fez alianças eternas, e por quem Ele tem Ulll amor eterno.

Sétimo - o amor de Deus é sacrificai: "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis" (11 Cor, 8:9). Tal atitude da parte do Filho de Deus, quanto às riquezas eternas tem que, se for reproduzida no Cristão, afetar grandcmente a sua atitude no que respeita às riquezas terrenas.

A PLENITUDE 00 EsplRITO

o amor de Deus não é somente sacrificai quanto às riqueza!:! celestes, é também sacriiical no que respeita à própria vida. "Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós". E diz mais: "E nós devemos dar a vida pelos irmãos" (I J oão 3:16,17 ). Quanto ao Apóstolo Paulo, ele testificou : "Em CriSlO digo a verdade, não minto, dando-me testemunho a minha cons­ciência no Espirito Santo, que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne" (Rom. 9:1-3). O Apóstolo sabia perfeitamente bem que não havia razão p..'lra ele ser separado, visto que o seu Senhor fora. feito maldição por todos; todavia, ele podia, mesmo assim, desejar ser fei to maldição. Tal cxpe· riência pro"a a ação direta do amor divino numa vida huma.na, aquele amor que levou Jesus a morrer sob a maldição e o juízo do pct.1do do mundo. Somente quando esta compaixão divina pelas almas perdidas for reproduzida no crente, é que o trabalho d~ salvação de almas, se tornará 'real e su ficientemente dinâ­mico.

Só assim a magnanimida.de do coração de Deus pode ser ?1:lIlifesta numa vida humana, e esta única palavra "amor", Juntamente com as outras oito que indicam o fruto do Espírito, é a rcpresentação do verdadeiro caráter cristão, As outras oito palavras, quando examinadas nas Sagradas Escrituras, provarão ser também graças divinas que se realizam no coração humano, somente quando elas forem cOlicedidas. "O meu gozo perma­necerá em vós". "A minha paz vos dou",

. _Estas graç?s ~ivina-" não .se produzem em todos os corações cnstaos; elas 50 sao reproduzidas naqueles que "andam segundo o Espírito",

11 - O Espírito Produz Atividade Cristã

. Deixando uma vez mais a razão humana, e voltando à Bí­blia, verifica-se que a atividade cristã é um exercício direto da força do Espírito através do crente. "Rios de água viva COI­

rerão do seu ventre. E isto disse ele do Espirito" (João 7:38,39), O esforço humano nunca poderia produzir "água viva", e ,~uito menos "n·os". Esta afirmação está ligada ao Deus InÍlmto. O ser humano, quando muito, podia ser o meio ou o canal pelo qual corressem esses jorros de água.

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48 AQUELE Qm: t ESPIRITUAL

A verdadeira atividade do Cristão, assim como a sua sal­vação, jâ c!>Iav:I. projetada no plan? e propósi!()S eternos de Deus: "POf<luC somos feitura sua, criados em Cnsto Jes,lIs p.1.ra as boas ooras, as quais Deus prep1.lou para que an~~sse.mos nelas" (TIL 2 :10). Segundo e~ta l;:l,Ssagem,. D.ct~s Ja tmha preparado um serviço muito e~~I~l p..,ra ~ada II1dlVI~uo.d~sen:a­]lcnha r, e a prática destes nl1sterlOS parl1culares. e _!Odl~1(~\lalS é o que cOllstitui "as boas obras ~', con,r0rme a~ avaha,~es dlvmas. Qualquer otlt~a função 9ue na? sel,U a p!e-determlllada para o indi'víduo, amda que 50 por 51 vahosa. Il:lO pode, no ent~nto, ser designada por "boas obras", porquanto não é uma {cllura pessoal da vontade de De~s. A revelação e a realização de "boas obras" não são expenmentadas por todos os crentes,. l~l~S apenas por aqueles que apresentam os seus coq~s e~l ~cT1hclO vivo, santo e agradável a Deus; aqueles que Ilao estao con­formados com este mundo", mas são "transformados" pela renova~ão dos seus entendimentos (Rom. 12:1,2).

Serviço CristrtO, segundo o Novo Testamento, é o exercício de um "dom". O emprego que a Bíblia faz ela palavra "dom" não deve ser confundido com a concepção que o mundo tem de uma "pessoa dotada, talentosa". O ~1Undo ~c:ha qu~ lima pessoa dotada é aquela que, pelo seu. nasClment~ hSICO, esta, apta. especialmcnte a desempenhar detenmnadas f~n5oes. Sem. dtlVlda alguma. que o Espírito se serve destas aptldocs naturaiS; mas um "dom", na verdadeira definição bíblica. da palavra, é um empreendimento direto ou lima manifestação da operação do Espírito através do crente. É rcalmente o Espírito de Deus que inicia a atividade, e que usa o crente para rcalizá-la. Não é o qucrer do crente a realizar qualqucr coisa, reclamando de Deus a ajuda para essa tarefa. É, seguramente, a "obra de .Deus" na qual devemos " abu'ldar". Segundo a Palavra, o Espírito produz serviço cristão, da mesma maneira como Ele produz as gr~ça9 de Cristo tiO crente e através dele. Todas as faculdades do I1lS­

tnmlento humano serão usadas nesse trabalho. Esse instrumento humano experimentará cansaço e esgotamento no servi~o do Senhor. A força humana, todavia, nunca poderia produzir os resultados divinos que estão previstos. Além disso, as Escrituras afirmam ciosamente que o verdadeiro serviço cristão é uma direta "manifestação do Espírito": "Ora há diversidades de dons, mas o Espírito é o mesmo". Ai nda que dois Cristãos não

A PLENITUDE 00 EsplRI'rO

executem o mesmo serviço, o Espírito é o que produz a força e efetua o trabalho individua l e exato em cada um. "E há diversidade de ministérios , mas o Senhor é o mesmo. E há diversidades de opera~ões, mas é o mesmo Deus que opera [capacita] tudo em todos. f..las a manifesla~ão do Espirito é dada a cada um I Cristão ], para o que fOI" Íltil. Porque a um pelo Espirito é dada a pala\'ra da sabedoria; e a out ro, pelo mesmo Espí rito, a p..1lavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das linguas. f.. las um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo par­ticularmente a cada um COmo quer" ( I Cor. 12:4- 11 ).

Logo, o "dom", é uma " manifestação do Espírito", ou seja, o serviço divinamente produzido pelo Espirito, e "como Ele quer". ~, pois, evidente que nenhum dom pode ser exer­citado numa vida que não se submeta aO Espírito.

f:: provável que os "dons" enumerados na Biblia fossem as manifestações do Espí rito que mais se salientaram -segundo as condições e a época em que foi escrito ó registo. Alguns deles, perduram até a presente hora. l\'las outras manifestações do Espírito, não há dúvida que acabaram. Não é que ísto seja um indício de falta de piedade depois da primeira geração dos Cristãos. Não há prova evidente de que a piedade tenha dimi­nuído. Essas manifesta~õcs do Espírito que deixaram de existir, estavam relacionadas mais ao começo do que à COlltillllO(ão da opera~ão do Espirito nesta época. Isto não é um caso sem precedentes: Quando Cristo nasceu, foi vista uma estrela no Oriente, ouviram-se vozes de exércitos angelicais e obtiveram-se as mais extraordinárias circunstâncias. A estrela, porém, nâo continuou a brilhar e as vozes dos anjos nem sempre foram ouvidaS. O mesmo sucedeu com o advento do Espírito e com a introdução do Seu novo ministério no mundo. Que estas manifestações pr imitivas cessaram, pela vontade de Deus, tem sido a crença dos mais consagrados santos de todas as ge rações passadas. Contudo, nestes últimos tempos, em que Satanás está usando com eficácia todos os argumentos dispon íveis para criar a confusão e div idir os Cristãos desviando o "Seu csfor~o e im­pedindo o seu testemunho, há alguns que exigem um regresso

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às maniíestaçõcs do d ia de Pentttostes como a única maneira de realizar a plenitude do ministério do Espirito. Tais Cristãos professos SilO ousados em negar a espiritual idade dos santos que, através de todas as gerações não aceitaram os ensinos deles. Evidentemcnte que estão falhando, assim, no conhedmento e na observação daqueles dons de que nas Escrituras se fala como sendo de primeira importância, em contraste com os dons infe­riores. Tudo o que se fizer no sentido de restaurar as mani­fes tações pentecostais deve 'Ser feito em vista de f/Ido quanto é ensi nado em I Cor. 14. Se Deus está chamando o Seu PO\·o p.1.ra uma renovação de todas as manifestações primitivas do Espírito, porque é que essa renovação está limitada apenas a um pequeno grupo, quando há dezenas de milhares fora. dele que estão rendidos a Deus e prontos a fazer a Sua vontade sem nunca terem sido levados a tais manifestações? Se Satanás usa o caso destas manifestações primitivas do Espírito como um ensejo para confund ir e dividir os Cristãos, é de esperar que toda a sua força sobrenatural será evidenciada e os seus mai s sutís enganos serão impostos para produzir aquilo que pare~a ser t rabalho de: Deus. Muitos dos que foram libertos destas crenças e manifestações "pentecostais", desde então eil­contraram as coisas mais essenciais do Espírito, ficando profun­damente interessados por aquelas pessoas que eles COllsideram ainda cegos e pessoalmcnte satisfeitos com o erro.

O serv iço cristão nem sempre é indispensável à espiritual i­dade. Se essa for a vontade divina para nós, tanto somos espi­rituais no descan so, no recreio. na doença ou enfermidade, como quando estamos em plena atividade. O nosso único interesse é conhecer a Sua "ontade e executá-la; mas normalmente, a ver­dadeira espiritualidade é expressa e exercida nos mini stérios confiados aos crentes e que só podem ser realizados pelo poder que Deus concede.

O ministério de reabi litação está limitado apenas aos crentes espirituais, confonne nos é relatado em Cá!. 6: 1: " I rmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo. para que não sejas também tentado". Quantos pesares se evitariam se estas instru~ões fossem obser­vadas !

O serviço exato e a responsabilidade individual do Cristão

A P LENITUDE DO EsrfRlTO ., nunca serão as mesmas em qual<jlle r de duas vidas e por 1l.~II. lia mesma verdadeira acepção, também duas manifestações d!, Espírito não serão precisamente as mesmas. Para cada filho d~ Deus, há. l~m serviço pessoal " predestinado ", e " rios de águ.1 viva" especiaiS brotam da parte íntima de cada vida.

. qualquer Cristão poderá entra r no desempenho das suas p.ropn~s '·b~s obr::as", desde que o Espírito, que a isso habilita, Ja esteja habitando nele ; mas somente aqueles que são su bmissos a Deu.s, tomam, real~ellte, parte . nisso; porque esse é que é ~ serviço segundo ~ Sua vontade. Porêm, <juão pouco apreciada e esta grande realldade! Quantas vezes os Cristãos são exor­tados ~ dispender mais energia e a usar todas as suas faculdades l1a~ural~ na esperança de que eles possa m prestar serviço cristão. !:ia, eVidentemente, um meio mais cficieQte para assegurar o

fruto que permanece" nas vidas cri stãs. Lé-se nas Esc rit uras que o "culto racional", e até mesmo a "boa, agradável e perfeita vontade de Deus", é feita quando o filho de Deus apresenta completamente o seu corpo a Deus. Os crentes assim rendidos pouco precisa~ de exo,:ação, porquanto a ação do Espírito qu~ trabalha atraves deles e bem poderosa, e Ete usará todas as faculdades e recursos úteis das suas ,.idas. Os outros Cristãos que não se submetem, não sofrem grande alteração por meros apelos hu~anos. A coz:agcm descarada que leva uma peSSoa a e~pree~ld~mentos . ~rnals, não é a condição do verdadeiro ser­ViÇO crl stao. O UIllCO ponto essencial é o da submissão de um cor~ção e ~e um~ vida através dos qtlais o Espírito que neles habIta 11lan.lf~star.a, certamente, o Seu forte poder.

A espmt~Jahdade não se alcança pelo serviço: é ela que produz o serviço. Quando alguém é realmente espiritual, com­praz:se en~ dar todo o esforço da sua luta pessoal por um serviço m'.us elevado. A espiritualidade é obra de Deus a favo r de Seus fI lhos : e o serviço é o trabalho dos filhos a favor do seu Deus, trabalho esse que só pode ser realizado pelo poder do Espírito que neles habita.

111 - O Espfrito Ensin.

J:.. manifest~ção do ensino que o Espírito dá ao crente. é descrJta por Cnsto em João 16:12- 15: "Ainda tenho mu ito que vos .dizer, mas v~s. não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele E spmto de verd::ade, ele vos guiará em toda

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52 AQUELE QUE t ESPIRITUAL

a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo, ~ qU,e tiver ouvi do, c \TOS anu nciará o que há de vir. Ele me glonflc~ra, porque há de reccocr do ,que ê meu,. c \'0-10 h~ de ant111~ l ar. Tudo (Juanto o Pai tem c meti; por ISSO vos dIsse que ha de rccel>c r do que é meu c vo-lo há de anullciar",

Eis aqui a promessa de que os filhos. de Deus hão de compartili'laf no mais elevado reino do conheclInento da n~rdad~ como- está revelado na Palavra de Deus. "Tudo quallto o [-'ai tem" está incluído Ilas coisas que são de Cristo e " na(luilo que I~á (le vir ", e tooas estas coisas fon~lam o i!it~i~ado campo de ação ao qual o crente pode ser con~hlzldo J?f!.lo dlV11l0 1\,l e5Ire. Sem dúv ida esta nbundântia de realidade (hvma ocupara para sempre as n~ssas mentes e os nossos corações; mas os. Cristãos podem começar agora mesmo a penetrar e a progredir tlestes reinos da verdade e da graça. "Mas nós recebemos ... o Es­pírito que provém de Dens, para que pudéssemos conhe~;r o que nos é dado gratuitamente por Deus" ( I Cor. 2 :12). li a unção que vós recebestes dcle fica em vós, e não tendes ne<:es­sidade de que alguém vOS ensine; mas, como a sua t~nção vos ensina todas as coisas, c é verdadeira, c não é mentira . como ela vos ensinou. assim nele permanecerei s" (I J oão 2:27 ).

Para além do alcance do conhecimcnto humano estão ainda " as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem; ... mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito", No entanto, tais verdades são reveladas pel.o Espirito somente aos Cristãos espirituais. Para alguns que ti­nham sido verdadeiramente salvos, o Apóstolo escreveu : ,. E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e .não com manjar, porque ainda não podieis, nem tão pouco amda agora podeis" (I Cor. 3:1.2). Esta e uma triste revelação do estado de alguns crenles . Apesar de terem nascido de novo e de possuírem o Espirito, a sua "ida carnal inpede-os de com­prt'Cnder ou de penetrar "nas profundezas de Deus"" Algull.s há que, apesar de qualificações acadêmicas, recorrem as Escn­turas da Verdade como "aqueles que encontram grandes des­pojos". A Palav ra de Deus, para eles, é igualmente, "tão doce como é o mel ou o favo de mel". Para out ros, não Importando qualificações educacionais, não há descobt.rta ou revelação ne­nhuma da Verdade; a Bíblia é lida por eles como um dever,

A PLENITUDE DO ESI>IRITO

se é que rea.lmenle a lêem. Esta é a tragedia no rCIllO d(l' êxitos infinitos. ~[as a questão não está só em ter prazcr ou proveito pessoais nas maravilhas da verdade divina: ela ellvúlv(' t:lmbém as realidades de conhecimento ou ignorância.; de ohc~ diêllcia. ou desobediênc ia por falta de compreensão; de força ou fraqueza; de beneficio ou prejuízo na vida e no testemunho daquele que, justamente porque o Espírito habita nele. poderia vir a conhecer e a cOlllunicar a outros alguma coisa da infinita Verdade de Deus. Não hú inst rução humana por maior que seja, que possa corrigi r este defeito. A raiz do mal está na rOr/lO/idade, e só quando esse mal fur curado, é que os "olhos do coração" serão iluminados e as lorrellles de Verdade sant i­ficadora passarão a ser continuas e ininterruptas. .. Aquele fIlie é espiritual discerne bem tudo'".

O crescimento crist."io e o profundo conhecimento da Ver­dade têm de se r distintos da espir itual idade. I!. possivel ser cheio do Espírito ainda que imaturo !lO crescimento, na expe­riência e na compreensão. O crescimento cristão está, em gf:ll1de parte, subordinado ao estudo da Palavra, à oraç:oo e à ~t i vidade ; enquallto que a espíritualidade uflo depende destas COIsas, mas cstá depcndente da adaptação imediata ao Espírito. Visto que o Espírito é O nosso i\[estre, é imperioso que estejamos sempre numa at itude pronta a receber Seu ensino .. . numa atitude de deseja r humildemente ouvi r a Sua voz através de todo e <[lIal­quer inst rumento.

IV - O EJplrito SUJeita Louvor e Ação de Graças

Logo a segui r à exortação em Ef. 5:18 para serelll "cheios do Espirito", foi dada uma descrição sobre os resultados norlllais de tal plenitude: "Falando entre vós em salmos e hinos, e cânt i­cos espirituais ; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai , em liame de 1I0SS0 Sen hor Jesus Cristo", Todas as coisas cuutriOucm. para o belll dos filhos de Deus, c por isso C justo que eles deem S('IIIPrc gra-ças por ludo. bto só pode ser feito através do Espírito que conhcr:e "todas as coisas" de Deus. Assim como as criaturas vivenles. na divina Presença, não cessam de clamar. " Santo! Santo! Santo!", também é agradável que o cidadão celestial renda a Deus contínuos louvores e ações de graças sem fim.

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AqUt:LE QUE: ~ EsPIRITUAL.

Segue·se, pois, que a ação de graças por tudo e o 10ll\'or a Deus, são os resultados diretos do Espírito naquela ~ssoa. que foi cheia por Ele, Estas inegávei s realidades s.'io estranhas ao comção finito, mesmo que esteja n<\s suas melhor~s con· di,ões, Nem todos os Cristãos experimentam essas reahd<\dcs; ill<\S todos eles as podem experimentar com tanta certeza como experimentam ° poder que lhes foi concedido por intermédio do Espírito que pas~ou a habitar neles, O valor desta l,l1anifes­tação especial do Espírito dificilmente pode ser conhC:-lda, ~Io entendimcnto humano. O louvor e a ação de graças sao dlStlll­tamente dirigida s a Dells. Nós não podemos avaliar o que significa para Ele esse autêntico derramamento, ncm qual possa ser o Seu prejuizo quando esta manifestação não ê realizad,a na vida do crente. "Aleluia!" " Louv!ldo seja Deus!" " Regozl· jai-,'os sempre no Senhor!"

v - O Espirito Gui.

Visto que todo o exame sobre a vida do crente que anda em Espírito, conforme nos conta a Epístola aos Romanos, se completa 110 come,o do capítulo oitavo, tudo aquilo que se lhe segue devia ser considerado como verdadeiro somente para aquc· les que já fotam adaptados a uma vida e um andar de maior amplidão segundo o Espírito. Nesta porção das Escrituras, en· contram-se três manifesta<:;ões distintas do Espírito, as quais servem p...1.ra completar toda a re\'elação da operação exata do Espí rito delllra e através daquele que foi cheio por E le.

Em Rom. 8: 14 declara-se: "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus", Por~~nt?, daqui se pode concluir que esta é que deve ser a expenencla normal do Cristão segundo o plano e O:; propósitos de Deus. ~ igualmente ,'erdade que ruguns Cristãos são anormais a tal ponto l"Jue não s.'io constantemente guiados pelo Espírito; porque em Gálatas 5 :18, também se diz: "Mas, se sois guiados ~10 E spírito, não estais debai xo da lei". O <\Ildar em Espírito. ou a vida que é guiada pelo Espírito. é uma das grandes e novas realidades desta era da graça; alguns crentes, porém, 'estão ainda tão longe desta bênção que as suas vidas diárias são moldadas e adaptadas à ordenança e às relações da velha' dis­pensação. Uma das supremas glórias desta era, ê poder o fi lho de Deus, um cidadão do Céu, viver uma vida sobrenatural de

A Pt.EN ITUDE DO E!;pJIlITO

hamlonia com a slla chamada celestial, por um constante andar em Espírito. A direção do Espírito não ê experunentada por todos aqueles em ([uem o Espírito habita; pois que tal direção tem de depender de uma vontade de ir aonde Ele, por Sua infinita sabedoria, deseja cnviar·nos.1

VI - O Espirlto Testifica com o Nosso Espírito

Em Rom. 8:16 está escrito: "O mesmo Espírito testi fica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". O significado fundamental desta Escritura é que o Espírito testifica CO III os nossos espírit~s. a Deus. É evidente também que Ele test ifica ,o.os nossos ~spmtos concernente tudo quanto possuímos na qua­l,u:lade ?e fIlhos de Deus. O trabalho de testi ficar do Espírito c menclol?ado Ol1lra vez em Gát. 4:6: "E porque sois filhos, Deus envIou aos no.!osos corações o Espírito de seu Filho que clama: Aba, Pai", O Espirito não SÓ põe em prática en~ nós esta relação, como também Ele faz reais todos os grandes f.::ttos qU,e .rcceLemos por fé. "Para que segundo as riquezas da Sn.:1 glor~a: vos conceda ~lIe ~ejais corroborados com poder pclo seu Esplflto tiO l~omem .tntenor; para que Cristo habite pela fé lias vossos coraçoes; afIm de, estando arraigados e fundados em amor, f?Oderdes perfeitamente compreender, com todos os S.1.lItos, qual seja a largura e o comprimento, e a altura, e a profundidade, c conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento ~ra que ,:ejai~ cheios de toda a plenitude de Deus" (Ef: 3.16- 19). E dIsseram UIII para o outro: Porventura não ardia em nós o 1l0S~0 coração quando, pelo caminho, 110S falava, e quando nos abria as Escrituras?" A suprema paixão do Apóstolo Paulo resume-se em três palavras: "Para conhe<:ê-IO".

Por ~ta manifesta,ão ~rticul~r do Espírito, as coisas que se não veem tomam·se reaIS. EXIste a possibilidade de estar sempre aprendendo, e "nunca.,. chegar ao conhecimento da v;rdade". A verdade tem que ser 11m fato real para nós. Pela fe . podemo~ saber qu~ somos rt:rdoados e justificados para sem­pre; .!llas e outra COIsa bem dIferente ter uma experiência do corac?o. em que tudo é tão real como verdadeiro. Podemos acredItar na nossa segurança e na glória futura; porém, sentir

1 VeJa·se também a pAgo 91.

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o seu poder 11(1 cora~nO é diferente. Podemos ainda crer !las "coisas CJu e Ilfio de vir", conforme os ensinos exatos qll~ 110S dá a Palav ra : cOllwdo, é uma experiência preciosa sentir ess..'1s realidadt's prt'sen tes em nós pelo Espírito que nos diz que "O SI'nl,or está perto", e que a nossa eterna glória com Ele P{)S~ ;t começar dum momento para outro. Estas experiencias qllC se produzem no coração são concedidas a cada um dos Seus filhos pela infinita graça de Deus; mas somente aqueles que permanecem nEle podem conhecer esta vida de glória inefável.

VII - O Espírito In tercede por N6s

Esta promessa está regislada em Rom. 8 :26 e refere-se a uma maneira particular de orar. A intercessão deve ser con­siderada dentro daquele rnini stério limitado em que nos encon­tramos entre Deus e o nosso semelhante. Numa palavra, servir de mediador é simplesmente orar pelos outros. Sob tais con­dições de limitação, nós não sabemos o que havemos de pedir, mas o Espírito ajuda as nossas fraquezas. Orar a favor de outros é, sem dúvida, o maior ministério confiado ao filho de Deus, mas para o qual. interiormente, ele está e estará sempre menos preparado. Podemos chegar a conhecer a verdade que pregamos; porém, no campo da intercessão. tudo é 110VO, des­conhecido e inacessível à inteligência humana . Alguns Cristãos chegaram a penetrar neste ministério ilimitado da oração. Nem todos têm penetrado; mas lodos os Cristãos podem penetrar nesse ministério.

Em que Consiste a ESplritualidade e o que Não' Esplr itua lidade

Para concluir, pode-se dizer que um Cristão espiritual é aquele que é cheio do Espírito e no qual o Espírito, capaz de produzir todas as coisas, faz Cristo manifestar-se quer produ­zindo um verdadeiro caráter cristão que é o "fruto do Espírito"; quer impulsionando um verdadeiro serviço cristão através do exercício de um "dom do Espírito"; quer administrando o en­sino pessoal da Palavra de Deus; quer inspirando o verdadeiro louvor e ação de graças; que r guiando o crente até o "andar em Espírito" continuamente; quer transformando em arrebata-

A PLENITUDE DO ESP!RITO 51

mento celestial ludo aquilo {Jue fora recebido por fé lI0 que respeita às posições e possessões em Cristo; e, finalmente, predispondo, esclarecendo e fortalecendo o crente para interceder em oração.

A \'erdadeira espiritual idade é a sétima manifestação do Espirito de1lfro e através daquele em quem Ele habila. É mais uma divina manifestação produtiva da \'ida do que uma simples intcrfllpção das coisas que se chamam "mundanas". A \'erda­deira espiritualidade não consiste naquilo q1le se mio faz, mas é antes aquilo que se ta:::. Não se trata de supressão : é tudo o que tem expressão que é claro, categórico. Não é qualquer coisa do auto-controle: é a vida totalmente controlada por Cristo, que revela Sua beleza. Se a(]ue\e que não é regenerado, deixasse de peca!', não poderia ser salvo - nflo seria nascido de Deus. Da mesma maneira, o Cri stão não seria espiritual se se abstivesse da mundaneidade; não viria a possuir qualquer das manifesta­ções do Espírito.

O mundo e 0,5 Cristãos terrenos e "carnais" voltam-se para as coisas chamadas "mundanas", porque descobrem nel:ls um attestésico que suprime a dor de um coraçflo vazio .e de uma vida vã. Esse anestésico, que quase sempre, só por si, é .1.1150-

lutamente Inofensivo, nfto é, afinal, um caso tão grave como o coração e a vida que estão vazias. POIICO se conseguirá a favor da verdadeira espiritual idade se os pseudo doutores de almas continuarem a persuadir os aflitos a viver sem o anestésico. E se estes instrutores não apresentarem o conforto e a satisfação como reais e que só Deus pode ministrar ao coração e à vida de cada um, as condições llão melhorarão. Quão errada é a teoria de que, para se ser espiritual, se tem de abandonar as diversões, os passatempos recreativos e os divertimentos úteis! Tal concepção de espiritualidade é filha de uma consciência hu­manamente mórbida. É bem estranha à Palavra de Deus. É um ardil de Satanás para fazer com que as bénçãos de Deus se tornem detestáveis à juventude que está cheia de vida e de vigor. É para lamentar que existam pessoas que . na sua cegueira, estejam dando uma tal ênfase àquilo que a Verdade dá como impróprio, que se cria a impressão de que a espiritual idade é adversa à alegria, à liberdade e à naturalidade de expressão do pensamento e da vida segundo o Espírito. A espiritualidade l1ão significa uma atitude forçadamente piedosa. Não é "Tu não

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AQU~LI!: Qm: t ESl'llm UAL

deves", mas sim, "Tu deves". Arrojadamente ela abre as portas da bcm-nvelltllrança eterna, dos poderes e recursos de Deus. t~ coisa séria eliminar da vida o elemento importantíssimo de distração c recreação sadias. Ninguém pode ser física . mental, e espiritualmente normal se descurar este fator essencial à vida hwualla. Deus tomou as devidas precauções para que a nossa ;tlt'gria fosse completa.

Dcve~se notar, também, que llma das caracteristicas da verdadeira espiritualidade é que ela põe de lado os desejos c as decisões de somenos valor. O remédio biblico e prático para o "mundanismo" entre os Cristãos, é ellcher de tal maneira o coração e a vida com as bênçãos eternas que Deus prodigaliza, que haja uma alegre preocupação que distrai de tudo quanto não é espiritual. Uma folha morta que, possivelmente, se agar­rou ao rebento, levada pela violência fUNosa da tempestade invernal, cairá silenciosamente quando começar na Primavera a nova abundância de seiva que vem do interior da planta. A folha cai porque há uma nova mallifcstaç;to de l"ida a impelir de dentro para fora. E assim como a folha morta não pode ficar onde um novo rebento começa a nascer, também o mun­dauismo não pode permanecer onde as bênçãos do Espírito começam brotando. Mas nós não somos chamados para pregar sobre "fôlhas mortas". A nossa mensagem é sobre aquela Pri­mavera imperecível, que nunca morre. É -sobre a emanação maravilhosa da vida ilimitada de Deus. Quando sois guiados pelo Espírito, jit não podeis proceuer como dantes".

É trabalho do Espírito produzir no crente lima vida que passa a ter caráter celestial; esta vida não se pode imitar; no entanto, hit tendência para se supôr que a espiritual idade con~ si5te na luta que se trava para se atender a um dado número de regras especiais, ou, na imitação de um ideal celestial. Mas a espiritual idade não se alcança pelo esforço: ela tem de ser rec/amada pela fé. Tão pouco é a imitação de um ideal celestial; antes, é ;} c01l/.lmicação do poder divino que só por si pode reali?;}r esse ideal. "A letra mata. mas o Espírito vivifica". A Palavra escrita mostra qual deva ser o caráter da vida espi­ritual e exorta ao seu cumprimento; mas como ela fjelmente revela. essa vida só pode ser vivida pelo poder de Deus que é cultivado no crente. Nós fomos chamados "para que sirvamos em novidade de espirito, e não na velhice da letra", Pouco

A PLENITUDE DO ESplRITO

beneficiará o Cristão que nâo abandonar aquele pnl\9ípio de vida governada por meio de regras, e, não aprender a andar segundo o Espírito pela liberdade que Deus ordenou, e Iltlma nova e contínua comunhão com o seu Senhor. Só e1ltão, os preceitos divinos passarão a ser guardados pelo poder de Deus.

A ESpiritualidade é um Triunfo da Graça Divina , Em I Cor. 9:20,21, o Apóstolo classifica os homens em

três gnlpoS, segundo o ponto de vista da 51la relaçáo com a autoridade de Deus. Ele fala daqueles que estavam '·debaixo da lei"; dos que estáo "sem lei", e dele próprio ~ como representante de todos os crentes - que já não estão nem "debaixo da lei" (uma posição judaica), nem "sem lei" (a posição gentílica); mas "debaixo da lei de Cristo", frase es!a que será melhor traduzir por "dentro da lei de Cristo" . As Epístolas estão cheias de muitas e variadas expressões que se referem a esta última ligação: "a lei do amor"; "assim CUIll­

prireis a lei de Cristo"; "se guardarmos os seus mandamentos"; "estai, pois. firnlcs na liberdade com que Cristo nos libertou. e não torneis a meter~vos debaixo do jugo da servidão"; "a lei (o jugo da servidão) foi d,Hla por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por J esus Cristo". A relação do crente com a divina autoridade encontra-se, pois, no fato de que o crente está "delltn! da lei de Cristo".

A Bíblia apresenta, pelo menos, três regras distintas e completas para o viver diário.

Primeira - A lei de Moisés

Todos os aspectos da vida de um israelita estavam previstos nas regras dos estatutos e nas cerimônias rituais. Aqueles prin~ cípios de governo eram, de fato, para Israel e. somente para Israel desde l\-foisés até ao aparecimento de Cristo (João 1 :17).

Segunda - A lei do Reino

Esta lei está prevista nos princípios que hão de governar o reino e só tomará forma quando ele for estabelecido na Terra. A estrutura da verdade contida neste aspecto da lei, encontra-se nos Profetas do Velho Testamento, na pregação de João Batista

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60 AQU~L& QUE t EsPIRITUAL

e IIOS primeiros ellsmos de Cristo. Ela apresenta-se sempre como lei purot \las suas características, mas com pormenores ainda l11ai~ excelentes. Enquanto qU\t a lei de Moisés condenava o adultério, a lei do reino condena até o olhar sensual. Enquanto que a lei de }.loisés condenava o assassínio, a lei do reino con­dena um simples pensamento de rancor. Mas ainda que a lei de i\loisés seja um sistema distinto da lei <lo reino, ambas tem lima mesma particularidade - representam a pura lei.

Terceira - A Doutri na da Graça

Como regra de vida, existJe um conselho divino que é diri­gido aos salvos desta dispensação. É a doutrina da graça. Estes ellsinos da graça formam UIlI sistema tão completo que abrange todas as eventualidades que possam surgir na vida do crente. um sistema separado e inde~ndellte de qualquer outro sistema de \,ida que se encontre na Bíblia. Ele apresenta padrões celes­tiais porque é dirigido somellle a pessoas renascidas, cidadãos dum reino celeste. Por haver 111uito de comum entre estes três sistemas compietos e distintos de verdade, algumas pessoas têm sido levadas a pensar que as várias regras e preceitos encon­tradas em todGS os códigos de governo deviam ser reunidas numa só mas ampla obrigação imposta ao crente. Juntar estes sistemas, e aplicá-los todos ao crente desta época, seria intro­duzir deveres que só por si mesmos. até certo ponto, são con­traditórios e confusos. e seria aiuda ignorar as diferenças essenciais entre a lei e a graça.

A graça não só indica o plano di"illo que salva e guarda os pecadores indignos, mas também ensina os que já são salvos a saber como devem conduzir-se na \·ida. "Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. ensinando-nos que, r:enullciando a impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria. e justa, e pia­mente; aguardando a ocm-aventurada esperança e o apareci­mento da glória do grande Deus e 110SSO Senhor Jesus Cristo; o qual se deu a si mesmo por nós para 110S remir de toda a iniqüidade. e purificar para si 11111 povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tito 2:1 1-14). Os ensinos da graça que prevêem luda a esfera de ação do crente e todas as suas lutas, podem ser encontrados em varias passag.ens dos Evangelhos e dos Atos, assim como através das Epístolas do Novo Testamento. J1 11m

A PLENITUDE DO ESP!RlTO ., sistema perfeito e, por ism, não necessita de qualquer suple. menta da lei. Em \'erdad~, esse sistema reune muitos dos prin. cípios (lue pertenciam à lei , mas estes são sempre e de tal ma. neira. modificados que ficam de perfeita harmonia com a posição e a liberdade daqueJ.e que está "dentro da lei de Cristo".

Nenhum Cristão está debaixo da lei como regra de vida. Quantas vezes isto i= exposto 110 Novo Testamento! Mas também ~ verdade que Cristão algum é " sem lei". Esta afirmação é, Igualmente, o assunto constante das Epístolas. As discussões sobre estes dois temas só cessariam se todos os crentes com­preendessem verdadeiramente o que quer dizer estar "dentro da lei d: Cristo" .. Estar "dentro da lei de Cristo" significa estar debaIXO dos enslllOs da graça com todas as suas prov isões que 1~\'al11 à vitória. Não ê difícil abandonar a lei C0ll10 regra de VIda (Iuando descobrimos que llGS foi concedido um outro sis­tema, perfeito e em absoluta harmonia com as doutrinas da graça!

Os ensinos da graça apresentam dois aspectos que são fundamentais:

. Prime.iro - (lão a conhecer o modo e o gênero de tlma VIda que e sobrenatural; estes p.,drõcs não ' são outros senão "a vida que é Cristo". Visto. que a presente posição do redimido é celestial, estas exigências da graça não são pesadas demais. A lei mosaica, ou a lei do reino, cmoora completas nos seus pró l~rios princípios diretivos, e ainda que cumprindo cabalmente a ml~são que lI.les foi designada, nfto se destinavam à reprodução da VIda de .Cnsto no crente. Os seus padrões de vida, apesar de santos, Justos e bons, são terrenos. As exigências da lei não reconhecem as atividades mais essenciais que são manifjes· fadas pela graça divina - oração, vida de fé e o serviço de ganhar almas. Os ensinos da graça são celestiai s e estão tão distantes da lei como elevado está o Céu acima da Terra. Os ensinos da graça, no entanto, pelo fato de apresentarem um padrão d~ vida muito mais difícil do que qualquer lei, não qu~re~l dIzer que o c~ente os tenha que enfrentar pelo seu propno esfo rço. Se assIm fosse, certamente que o crente ficaria ainda mais profundamente mergulhado no principio da lei que leva. ao fracasso total e o desespero. Mas Cristo é para ser marufestado, em absoluto, pela graça. É com esse fim que são dados os màis minuciosos detalhes da conduta celestial; nunca,

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62 AQUBLE QU~ É ESPIRITUAL

porém, separadamente de outro fato igualmente característico desta dispensação.

Segllndo - A nova ,..ida que está "na lei de Cristo" é para ser vi\'ida pelo poder eficaz do Espíri~o que h~bi.ta ~o crente. Como lemos observado, o estar debaixo da lei, Jamais proporcionou amparo algum. O pecado dominava os que cu.m­pri:Ull a lei que era a própria a condená-los. Mas o estar debaixo da graça garante que " o pcrado não terá domínio sobre vós" , "~Se sois guiado3 pelo Espírito nâo estais debaixo da lei", O fato desta capacidade para o viver diário ter sido proporcionada num caso e noutro não. é a prova mais concludente de que existe uma importante diferença entre lei e graça.

Embora não esteja debaixo da lei como regra de vida, o Cristão cheio do Espírito fica, no entanto, numa posição em que não pode praticar as coisas que doutro modo faria (Gál. 5:17). Isto é devido ainda ao fato de ele estar "dentro da lei de Cri sto". Estando sob o {X>der e dir.eção do Espírito, o crente já nâo pode proceder daquela maneira que, em circunstâncias diferentes, poderia, porquanto os desejos do coração que o Es~ pirita encheu foram transformados. É num crente assim trans­formado que o poder de Deus opera "tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade". É por isso, também, que o Apóstolo ata pelos hebreus: "Ora, o Deus de paz, .' .vos aperfciçõe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus" (Heb. 13:20,21) . Os Cristãos cheios do Espírito, são as únicas pessoas no mundo que conhecem as bênçãos da ver­dadeira liberdade. E liberdade de ação quer dizer independência absoluta para agir conforole cada tltn é impelido pelos seus pró~ prios e mais profundos desejos. Separada deste poder eficiente do Espírito, esta liberdade facilmente pode dar lugar às mani­festações da carne. "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor" (Gál. 5:13). :Ir debaixo da graça, que o Cristão exemplar tem de ser cheio do Espírito. Por conseguinte, é-nos divinamente prometido e assegurado que todo o desejo do nosso coração como filhos de Deus, será mo~ tivado pelo Espírito que em nós habita. Esta é a provisão divina para a oração que prevalece: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes,

A PLENITUDE 00 ESPíRITO

e vos será fcito" (JO;IO 15:7). É sob c~la:> condições tão bem definidas que pode se r concedida a mais ampla. liberdade. Está, assim, designado que o Cristão na plenitude do Espírito, fique absolutamente illd~lldellte para fazer, em perfeita liberdade, tudo. aquilo que o seu coração o leve a f:ner; pois que, quando na plenitude do Espírito, de sÓ deseja "fazer o que ê de sua vontade e o que lhe for agradável " . A isto se chama "cumprir a lei de Cristo". E tambêm cumpre, substitui e ultrapassa tudo o que outra qualquer lei contém. Um Cristão "carnal" é a violação de todo o plano divino e dos privilégios da graça. Ele está debaixo da graça só por posição, porquanto ele ainda se não submeteu à vontade e pooer de Deus. Encontrando-se em tais circunstâncias nenhuma mercê divina pode permanecer nele e falha muito em apreender todas as maravilhas da graça divina.

Nunca se deve, no entanto, concluir que a vida da graça é Il!strita e limitada. Só o "homem natural" para quem os assuntos do Espírito são apenas " loucura", e o "homem carnal" que "não pode suportar" as coisas espirituais, é que têm aquela opinião. Nem do "homem natural", nem do "carnal" jamais se pode esperar que venham a compreender o triunfo da vida espi­ritual pela graça. Já chega que a glória destas-realidades divinas sejam conflludidas e mal interpretadas pelas opiniões de tais pessoas.

Estar "dentro da lei de Cristo", é transpor o portal das realidades que são infinitas. É sentir corno a larva quando sai da escura prisão da crisálida, para aquela gloriosa liberdade que depois, já como borboleta, usufrui no espaço celeste e na vastidão <lo mundo bafejado pelo sol. Mas enquanto que a borboleta !1~0 precisa duma lei que a proibe de voltar ao seu estado pri­mitivo, nós, na verdade, e infelizmente, temos que descobrir que em nós existe a presença da carne que deve permanecer ('11\ absoluta sujeição ao poder de Deus. Para alcançar esta vitória, Deus e mais que suficiente.

É-nos aconselhado que permaneçamos firmes na bendita libt:rdade de Cristo. E a nossa liberdade não consiste apenas rnl ficarmos livres da lei, mas consiste também na realidade da(lllele poder do Espírito que nos vivifica e IlOS torna aptos. S(' lias afastarmos da total dependência de Deus, imediatamente /leremos enredados pelos esforços carnais, o que representa u!n I rgresso aos principias e às exigências da lei. Quão importante

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64 AQUELt: QUE É ESPlRlTUAL

é a exortação. " Sede cheios do Espírito"! li como é grande o contrtlstc entre o nada humano e ti suficiência divina, -precisamente tão reais ~ll1a como ,a, outra ~ , .

É possivcl ser nascido do Esplfl'o. batizado com o Esplnto, habitado pelo Espírito e selado com tr Espírito, e estar no en­tanto, sem a plenitude do Espírito. Estes quatro primeiros ministérios são perfeitamente realizados em cada crente, logo a partir do momento em que foi salvo, porque eles estão de­pendentes da fidelidade do Pai P.'U3 com Seu Filho. Já o último destes ministérios, a plenitude do Espírito, nem por todos os Cristãos é experimentado. porquanto ele depende da fidelidade do filho para com seu Pai.

A espiritllalidade não se consegue pela oração eficaz, porque poucas passagens !ta da Escritura que afirmem ao crente ser necessário ora r para receber a plenitude do Espírito. Pelo con­trflrio, este trabalho é a operação 1Iormai do Espírito pela qual Ele enche aquele que estfl corretamente relacionado a Deus. O Cristão estará sempre cheio enquanto permitir o Espirito con­trolar sua vida.1

1 Numa critica à primeira edição deste livro, que velo pubU­cada na "Revlstn Tcológlco de Prlnceton", em abril de 1919, o critico, Revdo. Benjamin B. Wartield, D.D .. opôe-se a esta alirmaçi't.o, e 11. todos os ensinos semelhantes deste livro. :Este ensino, aponta ele, "submete a obra benigna de Deus à decisão humana". Este ensino será blbllco?

A Escritura Sagrada dá Indlscutlvel ênfase à soberania de Deus. Deus tem determinado com perfeição o que há de ser e, uma vez estabelecido o Seu propósitO. este será realizado, porque é Inaceitável que Deus possa, jamais, ser enganado ou ficar desiludido. Mas, também, as Escrituras apresentam igual enfase ao fato de que, fi cando entre estes dois aspectos Integros da Sua soberania - o Seu plano eterno e o perfeito cumprimento deste - Ele tem per­mitido liberdade suficiente para certo exerclclo da vontade humana. Procedendo desta forma, os Seus objetivos determinados não ficam, de modo algum, comprometidos. Parece, porém, haver aqui uma dificuldade, mas o que, nas Escri turas, é dilicll para o entendimento finito harmonizar, é, sem dúvida, harmonizado na mente de Deus.

Embora seja certo que Deus é que comunica a força Impul­sionadora e a gra!:a eficaz pelas quais se pode crer para salvaçào (João 6:44, cf. 12:32>, ou pelas quais qualquer pode submeter-se a uma vida espiritual (FII. 2:13), também, é claramente revelada que, dentro do propósito e poder soberano de Deus, Ele tem con­dicionado quer a salvação quer a vida espiritual, de acordo com estas condições humanas. Tanto a fé como a submissão são apre -

A PLENITUDE 00 ESplRITQ 65

Podemos afirmar, também, que a espiritual idade, ou a ple­nitude do Espírito, não depende de uma espera paciente. Os discípulos esperaram clez dias pela vinda do Espírito ao mundo e Ele veio porque lhes foi prometido que viria. Eles nâo estavam esperando somente pela sua plenitude pessoal, mas sim, pelo ministério completamente novo do Espírito que ia começar como aconteceu no Dia. de Pentecostes. Quando Ele veio, todos os que estavam preparados no coração e na vi<la. foram ime­diatamente cheios do Espirito e nenhum crente, desde então. tem tido que esperar pelo Espírito.

Portanto, Ilem a oração nem o esperar, são condiçues de espiritualidade.

Das três coudições bíblicas, segundo as quais um Cristão pode ser espiritual, 011 cheio do Espirito, dllilS estão diretamente

sentadas como uma ordem. O fato de que "Ninguém pOde vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer", ti, sem dúvida alguma verdadeiro: assim como é igualmente verdade que alguns recurso~ da vontade humana, ainda que divinamente proporcIonados ~ exI­gida peias palavras, "Crê no Senhor Jesus CrIsto, e serAs' salvo". E ainda mais: "Esta é a vontade de Deus, fi vossa sanUflcac!io" é também uma revelação invariavelmente verdadeIra; mas é Igual~ mente verdade que a vontade do crente é exIgida quando se lhe pede que "se submeta a Deus". Considerar, portanto, esta verdade apenas num dos seus aspectos, é levar-nos, por um lado, ao fatalis­mo, no qual não há. lugar para as süpUcas em ora!:ão não há motIvo para a süplica do amor de Deus, não há fundamento para condenaç-.lo, não há ocasião para o apelo evangéllco, nem razão para uma grande parte das "'erdades sagradas; por outro lado, é levar-nos a destronar Deus. Enquanto que a vontade é movida pelo poder que Deus concede, a espiritual idade segundo o. Palavra de Deus, é destinada a defender daquela escoIha humana divina­mente influenciada; Rom. 12:1,2; Gil. 5:16; Et. 4:30; I Tess. 5:19 c 1 João 1:9, tornam tudo bem claro. Diz-se que os homens est!io "con.denados"."porqu~to eles não creram" (João 3:18), e o pe<:ado dommarA a Vida do Cnstão se o apelo "Não r eine portanto o pecado em nosso corpo mortal", não for considerado. Declarar qUe a es­pirltuaHdade se torna possivel, no que respeita à parte humana Ilelas a~s e ~titudes ~,centuadamente humanas, pode parecer "um~ expressa0 mUIto forte (para citar o critico) .se for considerada A hase duma teoria teológica absoluta; mas seja como for, a espiri­tunlldade é claramente blblica.

O mesmo comentador opõe-se ao ensIno de que haja uma [losslvel passagem repentina do estado carnal para o estado espiri-

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ligadas com a questão do pecado na vida diária do crente, e a outra com .1 entrega da vontade a Deus. Estas três condiçõcs vão ser consideradas a seguir.

tua!. Citando : "Aquele Q.Ue crê em Jesus Cristo está debaixo da graça, e tóda a sua carreira, quer na sua evolução quer no seu êxito, é determinada pela graça, e, por conseguinte, tendo sido o cren te predestinado para ser contormado à imagem do Filho de Deus, certamente que esse tal se vai tornando conforme essa imagem, visto que Deus mesmo garante que aquele que foi cha­mado e justificado, também sera glorificado. :e natural que se encontre Cristãos em todos os graus desta evolução, pois é um processo pelo qual todos têm de passar; mas não se ha de encontrar nenhum Cristão quem, no tempo e da maneira apontados por Deus. não passe por todas as Cases deste processo espiritual. Não ha duas espécies de CristAos, embora haja CrisUlos em todos os graus con­cebivels de progresso em direção ao (mico alvo, ao qual todos estão avançando e ao qual todos chegarão".

Sem düvlda que ha vArios graus de carnalldade, assim como há variados graus de esplrltualldade, mas o caso de negar cate­gorlcamenté a afirmação de que hA duas classes bem distintas de crentes - "carnais" e "espiri t uais" - deveria ser melhor defen­dido pela explicação concludente de uma grande parte das E:scrl­turas Sagradas, nas quais est'o. dupla classiCicação sobre Cristãos, parece ser ensinada.

Na mente deste comentador, hã. evidentemente, confu são entre a passagem da carnalldade para. a espl r ltualldade e o cr escimento cristão. O crescimento cristão é, realmente, um processo de desen­volvimento segundo o plano determinado de Deus que acabara, com a certeza do Infinito, numa completa semelhança com Cristo; por outro lado a espirltualldade é o estado presente da bênção e de poder do crente que, ao mesmo tempo, pode estar ainda multo imaturo. Um Cristão pode e deve tornar-se espiritual a partir do momento em que foi salvo. A esplritualldade, que é a manifestação continua do Espirlto na vida, é concedida, em abundância, a tOO03 os crentes que "confessem" os seus pecados, "se submetam" a Deus, e "andem não segundo a carne, mas segundo o Esplrito". Quando se obedece a estas condições, os resultados são imediat03, porquanto nenhuma evolução é indicada. J acó, uma figura do Velho Testa­mento, foi completamente transformado numa só noite.

A experiência cristã leva o testemunho infallvel a duas reali­dades bem notórias : (1) Há uma mudança repentina do estado carnal para o espiritual quando os requisitos blbUcos são cumpridos. E (2) há uma perda brusca de bênção espiritual sempre que haja submissão ao pecado.

A PLEN I TUDE 00 ESpJRITO

"O nosso bendito Redentor Antes do Seu terno e último suspiro exala r, Um Guia, um Consolador legol!, Para conosco vir habitar.

"E toda a virtude que possuímos, E toda a vitória ganha, Todo o pensamento de Santidade, Só a Ele pertencem."

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Capitulo IV

"NAO ENTRISTEÇAIS O ESPIRITO SANTO"

Primeira Condição da Verdadeira Espiritualidade

Aos Cristãos está ordenado viverem, todos os momentos das suas vidas com o Espírito Santo de Deus. A vida para eles é uma união vital com Aquele que é infinitamente Santo. Logo, o pecado num Crist,ã~ é direlan~cnte contrário a qual­quer man ifestação do Espmto nessa \'Ida.

O que Entristece o Esprrito

O pecado destrói a espiritual idade. I sto pre:isa se.~ ~sSlm , porque, sempre que o pecado é tolerado no viver dia no. do crente, o Espírito que habita nel~, tem forçoS:lment~ que dClxar o Seu ministério santo, que esta exercendo at;a'l!cs dele p~ra exercer um ministério de súplica a ele. A B,bha não enSUla que o Espírito se afasta pelo fato do pecado. existir naquele em que Ele habita: Pelo contrário Ele se entnstece por cansa do pecado. , . . '

O filho de Deus vive ou com um Espmto entristecido ou não entristecido. Poder-se-á então perguntar e, com certa razão, à luz da Palavra de. Deus, se. a pessoa salva, te.ndo rece­bido o Espírito, pode contllluar a vIver .~e~lIldo os d,ta~es da sua consciência. Os padrões da conSClenCla h~~an~. tem de dar lugar a um p<"\drão de critério moral q~le _ e II1fl~ltamellte mais elevado. O modo de viver de um enstao entristece ou não o Espírito Santo de Deus. O Apóstolo Paulo fala, ?O fato de que a sua consciência lhe de~ testemunho ?o ~spmto Santo, e é muito provável que o Espínto use a conSClenCla co~o uma faculdade humana; mas Ele tão certamente lhe comum:a o nova padrão da santidade infinita de Deus. A exortaçao

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"NIo ENTRISTEÇAIS O ESplRl TO SANTO" 69

àquele em quem habita o Espírito é: "E não entristeçais o Espí rito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção (Ef. 4 :30).

Uma vida verdadeiramente espiritual deve, pois, depender, em grande parte, da boa compreens.i.o e adaptação quanto à questão do pecado na vida diária do crente. A este respeito Deus rala com muita clareza e pode-se admitir que o ensino bíblico sobre o assunto dos pecados dos Cristãos é duplo: ( 1) Deus tomou as devidas precauçõcs para que o pecado de Seus filhos fosse evitado,l e (2) Ele também tomou a devida pre­caução para que o efeito do pecado, se ele chegasse a ser come­tido, fosse curado. Torna-se imperativo, IXlrtanto, reconhccer esta dupla classificação do propósito de Deus ao t ratar do assunto do pecado de Seus Filhos.

A Cura dos Efeitos do Pecado no Cristão

Havendo pecado, (lue deve fazer um Cristão? Qual a con­dição divina para curar os estragos do peca.do na espiritualidade do crente? Não se pretende nomear, aqui, pecados que abor­recem o Espirito. Ele fica ent ri stecido por todo e qualquer pecado e Ele é suficientemente capaz de convencer a pessoa em que Ele habita do pecado ou pecados que O entristecem.

Assim também, é um problema que diz respeito somente ao pecado conhecido, porquanto ninguém pode tratar concretamen­te, do pecado que é desconhecido. A primei ra condição da verdadeira espiritual idade está centralizada em assuntos defi­nidos. n o pecado que, por ter entristecido o Espírito, se torna um problema distinto, pois a expressão "entristecer o Espírito, tanto se refere à experiência do coração daquele em qllcm Ele habita, como à atitude pessoal do Espirito para com o pecado. O problema, portanto, é um mal bem definido, a respeito do qual o filho de Deus se tornou consciente por meio do Espí­ri to. Este pecado conlrl:cido deve ser tratado segundo a orien­tação exata da Palavra de Deus.

Se a ignorância espiritual for experimentada fora do co­nhecimento de qualquer pecado especial que se tenha cometido, é privilégio do Cristão, pedir, por meio da oração, um melhor esclarecimento. As condições fí sicas, muitas vezes, influem no

1 Veja~se o capitulo VI.

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70 AQUELE QUE É EsPIRITUA l.

estado mcntal, e, quando isto aconte<::e ê muito errado supor-se que um estado mórbido ou infeliz do espírito é, necessariamente, um3 conseqüência de pecado. Se alguém é ciente de haver esgotado as forças dos seus nervos, ou de estar fisicamente abatido deve-se tomar em consideração esse fato.

Na Bíhlia. a oferta e a condição divinas para a cura do pecado. numa pessoa que não é salva, estão resumidas nl1ma 50 palavra "crê", porque o perdão do pecado, tratando-se de alguém que não ê salvo, é apenas oferecido como uma parcela inseparável do todo da obra divina de salvação. Esta obrn de salvar. que só a Deus pertence, indui muitas fases impor­tantes, além do perdão do pecado, dependendo a salvação. ex~ clusivamente de crer. Por conseguinte não é possível separar determinada parte da obra total da Sua graça salvadora. como por exemplo o perdão, e reclamar este separadamente do todo indivisível. ~. portanto, erro levar alguém. que não é salvo. a buscar o perdão de seus pecados como uma operação à parte. Um pecador sem os seus pecados não ser ia um Cristão. por~ qU<lnto a salvação representa mais que subtrair :'>- é adicionar. "Eu dotl~lhes a vida eterna". Logo, o problema de pecado do incrédulo será tesolvi<lo como uma parte integrante da total i ~ dade da obra divina de salvação. e ,nunca separadamente, lem~ brando~se que a salvação depende de crer.

Assi m como, também. na Bíblia. a oferta e a condição divinas para curar os efeitos do pecado. na vida do Cristão . estão sinteti zadas numa só palavra, "confessar". O significado essencial desta única pal<lvra e do seu uso na questão da eura do pecado de um filho de Deus, é uma doutrina importante ela Palavra Santa. ainda que muito desprezada. O regresso de um crente (em pecado) à bênção, é o mesmo. quer seia antes da cruz, ou depois da cruz, e o ensi no da Bíblia , quanto à reabilitação de um crente, está contido em sete passagens principai s.

As Sete Passagens Principais Primeira - S6 Cristo Pode Purificar do Pecado (João 13 : 1·11 )

O fato de que os pecados dos Crist~os devem ser lavados só por Cristo, está revelado em João 13:1 -11. Esta passagem é exatamente no começo da conversa havida no Cenâculo. Algumas horas antes, Cristo tinha fe ito o Seu discurso de des-

"NlO ENTiUSTEC;AIS O EspíRITQ SANTO" 71

pedida à nação de Israel; mas agora, naquele Cenáculo, despe­de-Se d~s ~e~s discipulos, n~o como jud~us mas como aqueles q~le estao limpos !lO lodo. A respeito deles. Jesus disse amda, "Vós já estais li l.11pos. pela palavra que vos tenho fala­do". Neste discurso, Ele eSlava antecipando as novas condi­ções e relações que iam ser alcançadas depois do Seu sacrificio na .cruz (João 16 :4): ~ importante n6tar que o Seu primeiro (,I1SIl1O. que se referia à atual relação do Cristão com Deus. dizia respeito fi. purificação da corrupção, mO:<lrando assim qual a sua importância na opinião divina. O caminho da sal­vaçã~ já tinha sido rel"clado neste Evangelho, 110~ capítulos ant,?r~~ res. _mas no começo do c<lpitulo 13. Ele dirige-Se àqueles que Ja eSlao salvos, e fala-lhes da divina ])urificaç;io <Ias !-l1as transgressões.

Depois de cear le\·antOIl-Se. tirou os vestidos exteriores . cingiu-Se .com lima toalha (a insignia <1e :-en·o). deitou ;;gIl3 numa b~c~a, e com~ou a lavar os pés aos di~ciplllos. Isto é uma Illllllatura daquele empreendimento mu ito mais amJlI(l. quando Ele se retirou da companhia de Sel1 Pai no Céu. Se despojou dos vestidos de toda a Sua glória e Se humilhol1, tomando a forma de servo. sendo obediente até a morte e morte de cruz, p..,ra que, pudéssemos ser limpos pela lavag'em da ,regeIler?~ão .(Tito 3 :5). No empreendimento mais amplo, esta a punflcaçao completa: no outro, há apenas uma purifi. cação p..,rcial. a qual é simbolizada pela la\'agem dos pés so­mente daquele que 110 mais está "todo limpo".

Esta dupla purificação foi também representada pela lava­gem ordenada ao sacerdote do Velho Testamento. Quando cle entrou no seu ministério. foi-lhe dado um banho cerimonial, ti todo o seu corpo, fllUa vc:.: por todas (:tx. 29:4). No en­lanto, era-lhe exigido que lavasse as mãos e os pés lIuma bacia de cobre antes de cada ministério ou serviço (:tx. 3O:17~21). Por isso, o crente do Novo T estamento, embora seja limpo I1lI1a ve7. por toda s, quanto à sua salvação. tem de ser. tam­ht\ll1. pl1riíicado de toda a imundície. e só Cri sto o pode tornar pl1 ro.

Segunda - A Confissio é a Única Condiçio para a Comunhio,

o Perdio e a Purificaçio ( I João 1:1 a 2:2) Esta passagem em I João, é a segunda daquelas mais

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72 AQ!1I!:L.r. QUE t ESPIRITUAL

importa ntes IJUl' dit.c1I1 respeito ao tratamento do Pai para COlll Seus filhos (Jlle pecaram. João, a experimentada tcstenltl ­Ilha. quatllo h hénçüo de perfeita comunhão e relação com o Pai c com Seu Filho, escre,"c estas coisas para que nós pos­samos lalll])(!m gozar essa mesma comunhão. "Deus é luz", ou perfeita santidade. Se dissermos que temos comunhão com Ele c, todavia, andarmos em trevas (pecado), mentimos c não praticamos a verdade. Por outro lado, se andarmos na luz, C0ll10 Ele na luz esta, temos comunhão com o Pai e com Seu Filho J esus Cristo. Longe de pensar, porem, que esta pas­sagem exige perfeição impecável. Não é lambem \111130 ordem para o Cristão ser a luz ou aquilo que só Deus pode se r : antes, é que haja uma adaptação imediata à luz que Deus derramou na vida através do Espirito. Ele requer de nós a conjissiio. Quando Ele nos convence do pecado, ou fica en­tri stecido por causa do pecado, esse pecado tem de ser tratado imediatamente. E a passagem continua a afirmar que há so­mente uma condição para curar a conseqüência do pecado na vida do crente: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, c 110S purificar de toda injustiça" (vers. 9) . Não se trata de misericórdia e bene­volência: Ele é fiel e justo para perdoar, e tudo isto é con­cedido com a única condição: confessar. Ele é "fiel" para com Seus filhos, pois nós estamos lidando selllpre e somente com o 110SS0 Pai (2:2). Ele é "jr/s/o" porque o sangue expia­tório foi rlerramado para cobrir o poder condenatório de todo pec.,do (João 5:24). Assim, em perfeita justiça é que o per­dão do Pai é usado para com Seus filhos.

O perdão divino não é, de forma alguma, UI11 ato de hran­dura. Deus só pode perdoar com justiça, quando a ofensa feita à Sua santidade ti\'er sido plenamente s..,ldada. O signi­ficado básico da palavra perdoar, segundo as EscrittlT;'\s, é remissão. Ela representa o ato divino de sC'parar o pecador do pecado. O pe rdão humano reside, simplesmcnte, em Icv:l11-tar a pena do castigo; o perdão divino só é exercido q\lando o castigo, em conformidade com as condiçõcs impostas pela Sua infinita justiça, tiver sido primeiramente e . ."-..:ecutado ~obre o pe­c,tdor, ou pelo seu Substituto. Isto já era assim no Velho Testamento: "O sacerdote fará expiação dos seus pecados que cometeu, e Ihc será pC'rdoado o pecado" (Lev. 4:35). O per­dão de Deus era possível só quando já havia uma plena ex-

"Nio EN1'RISn:ÇAlS o EsplRITQ SANTO"

piaç~o do peca??. Por i~so, no Novo Testamento, Oll seja, depOiS do sacrlflcr~ ter Sido feno na cruz por nós, se drz que o sangue de Cnslo passou a. ser a expiação suficiente pelos pecados. "Isto é o meu sangue, o songl/e do Novo Testa­mento, que é derramado por muitos, para remissão dos peca­dos" (Mal. 26:28) . Quer dizer, todo o perdão divino, seja para o .não salvo ou para o sal\'o, é agora baseado no sangue qu~ .Cr~sto derramou. O Seu sangue é a resposta à última eXlgencJa ,?e um Deus s..,n~,o. Quando fomos salvos Ele per­d:x>u-.nos .. todas as ofe~l sas (Col. 2:13). Isto representa per­dao ll./dural e que r dizer que as causas da condenação são remo~'ldas. pa:-a sempre. H á. ainda o perdão paterl/al que é exercrdo no hlho que transgnde. Não é aplicado com o fim de o resgatar da destruição e da condenação, mas é aplicado para o _restabelecer daquele estado no f]lln l ele e~t:i fO ra de cormmhao, ao estado de plena bénção de cor1l\rrlhão com o Pai e com Seu Filho. Tudo se passa num ambiente familiar e a ~eabi1itaçã? faz parte do gozo absoluto daquelas bênçãos. Não e \'erd~deJT::lmente reabilitação filial, - sobre isto a Bíblia nada diZ. É uma restauração à comunlrão com Dens.

O ~ristã~ que transgride pode ser perdoado e purificado da sua mfraçao somente quando fizer lima confissão movida por aquele arrependimento sincero que nasce no coração. OS 110SS0S pecados são perdoados não pelo fato de peáinuos que sejamos pe rdoados. É só quando cOllfessarmos os nossos p<'~ cados que alcançamos perdão. ~'ào serve de nada substituir :t oração pela confissão, embora seja a oração o meio pelo CJl~al se expressa a sinc;ra tristeza de se haver pecado. Grande lIumero de pessoas ha (I'" pedem ])Crdão seUl no entanto r r' " a1.erem a COI! rssão dos seus pecados. Para o fi lho de Deus C]u.e est" debaixo da graça, não há p .. ,ssagem alguma nas Es­cnturas que justifique esta substituição.

A verdade englobada nesta passagem não pode aplicar-se :1S p:ssoas que não estão salva s ainda, pois estas recebem o p:rdao ar:nas como uma parcela daquela sua completa s.11va­c;ao que hao de ter quando crerem. O filho de Deus é per­doado quando faz lima plena {(mfissão.

Terceira - O Julgamento de Si Mesmo Evit. o Castigo (I Cor. 11:31,32)

A terceira passagem principal, relacionada com a cura dos

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efeitos do pecado na vida do crente, enContra-se (sem refe­rência ao contexto importante em T C(lr, 11 :31 ,32: "Porque, se nós nos julg:\ssemos a nós mesmos, não scríamos julgados. Mas, qu:mdo somos julgados, somos repreendirlos pelo Senhor. para nf\o sermos condenados com o Illl1ndo" .. O que iorna mais completa a importante revelação (tl1e se ohtem desta pass..'\gem, é a ordem que ela manifesta. Verifica-se aqui C) ue o Pai es­pem que Seu filho transgressor seja o primei ro a julgar-se a si n1e~mo ou a fazer a confissão; mas se o filho não se julga a si próprio. fazendo um3 confissão completa dos sellS pecados. então o P:'Ii tem de o julgar. Quando o filho é assim julgado pelo Pai. está sendo castigado. De\'e-se notar. no entantO. '1\11' esta atitude tem em vista Iml fim determinado: "Para llão sermos condenados com o mundo", Para um filho de Deus. poded havcr castigo, mas condenação é que n;io há. A Sua maravilhosa graça como Pai. obscrva-se na condescendên­cia em esperar até {llle Seu filho se tenha jl1lgado a si mesmo: mas como Pai justo, Elf' não pode deixar passar o pec:ldo que ' Seu filho não confessou. Se este julgamento de si próprio é omitido. Deus tem (le exercer a disciplina.

Quarta _ A Disciplina é a Correção e Educação do Filho Pecador pelo Pai (Heb. 12:3-15)

A passagem central da Bíblia sobre a disciplina . encon­tra-se em Heb. 12 :3-1 5 e deve ser incluída COIllO uma das p.'\ s­sagens principais a respeito da cura do resultado do pecado na vida de um Cristão. Atra\'és desta passagem nós podemos compreender que a disciplina é a correção do Pai para todos os filhos. pois Ele disse. "o Senhor corrige a quem ama". e durante o período di sciplinar, "Deus vos trata como a filhos". Esta correção tal como é executada pela disciplina. tem em vista "sermos participantes da sua santidade") A di~ci\)\ina é mais' do que correção e castigo. O significado da p.'\lavra inclui treinamento e desem·olvimento . Portanto. ela pode ser aplicada pelo Pai para ensinar, aperfeiçoa r e edl~car o filho.

Pela revelação de Deus é-nos dado o esclarccm1ento sobre a forma geral que pode tomar a disciplina que Ele aplica. É lógico. concluir que o Pai traIa individualmente com Seus filhos e que os Seus processos são múltiplos.

1 Veja-se a pég. 93.

"Nlo ENmISiEÇATS o EspíRITO SANTO" 75

Em I Cor. li :30, lê-se acerca dos julgamentos do Pai, resultantes do pecado de Seus filhos: "Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem". Fraqueza, doença e até mesmo a morte podem ser portanto incluídas, na­queles processos que o Pai usa com o Seu filho. Não se deve, porem, concluir que toda a fraqueza , doença e morte entre os crentes são disciplinas vindas de Deus. A passagem apenas ensina que a disciplina pode apresentar estas f()rmas particulares.

Em João 15:1-17, encontra-se o ensino que diz respeito à importância de permanecer em Cristo. Mas isto não é senão outro termo que significa qual a vida de verdadeira espirit ua­lidade. Nesta passagem são expostas algumas das conseqüên­cias que se sofrem por não permanecer em Cristo. A vara que não dá fruto é arrancada do seu lugar; no entanto, não deixa de ser uma vara mas evidentemente q\le foi privada de estar "com o Senhor". Esta afirmação adapta-se à que diz que "muitos dormem". Deixar de permanecer em Cristo. tem como conseqüência, também. a perda da eficácia da oração, a perda do pode r, que faz produzir fruto e serviço e a perda da comunhão e alegria no Senhor. 1

O próprio peso da mão de Deus pode tornar-se excessi­vamente duro. Davi descreve as experiências que teve quan~ do "se calava" ou se recusava a confessar o seu pceado: "En­quanto eu me calei. envelheceram os meus ossos pelo meu bra­mido em todo o dia. Porque de dia e dc noite a tua mão pesava sobre mim: o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu peeado, e a minha maldade nào encobri. Dizia eu: confessarei ao Senhor as minhas transgres­sões, e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar". (Sal. 32,3-6).

O peso da mão de Deus é como uma dor constante da alma. Nada mais é que um Espirito entristecido; a Sua mão misericordiosa, porém. pode ser ainda mais pesada quando cor­rige, se nós não dissermos como Dav i : "ConfeSSO-lI' o meu pecado". 2

I Veja a pAg. 89. !! Veja-se também o capitulo IV.

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76

Quinta

AQUE LE QUE t ESi>lR1TUAI..

Um Exemplo do Arrependimento Cristio (11 Cor. 7:8-11)

Em II Cor. 7 :8-11, está registado um exemplo de verda­deira tristeza pelo pecado por parte do crente. O Apósto!o, na sua primeira carta aos Coríntios, foi usado pe l~ Espi! ltO para os convencer do pecado e nesta passagem, que e a qU11lta das rassagens p'rincipais que vit:nos citando, é-nos dada l~ma descnção da tnsteza deles devida ao pecado, e dos efcltos desta tristC7.3 nas suas vidas. Assim se obtém um importante esclarecimento do efeito transformador do arrependimento e da confissão na \'ida de um crente. !\ passagem é a seguinte: "Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta. não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta. vos contristou por breve tempo), agora me alegro, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contri stados segundo Deus, para que de nossa parte nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo ~m vós que segundo Deus fóstes contristados! que defesa, .qt1~ 111,~ dignação. que temor, que saudades, que zelo, que "tndlta! (Edi.:;ão Revista e Atualizada).

Tal é o poder transformador e o resultado permanente do verdadeiro arrependimento e da sincera confissão na vida de um crente.

Sexta _ O Arrependimento, a Confissão e a Restauração de um Santo do Velho Testamento (Sal. 51:1-19)

Como está mencionado no Salmo 51, Davi é um exemplo lIotável do verdadeiro arrependimento e confissão por parte de um santo do Velho Testamento. Nas Escrituras Sagradas, o seu pecado está patenteado juntamente com O seu coração quebrantado e contrito. Ele foi sal~o (aind~ que segun~o os preceitos do Velho Testamento), poIS ele pedIU ora~ldo: ~e~­titui-me a alegria da tua salvação". Ele não pedIU, restltUl­me a minha salvação, porquanto ele sabia que a sua salvação que dependi3 somente da fidelidade de Deus, não deixara ~e existir. Ele apenas rogava que lhe fosse dada aquela a1egrta que de perdera por causa do pecado, assim como perdera tam-

"NÃo ENTRISTEÇAIS O ESplRlTO SANTO" 77

bém a revelação divina que lhe tinha sido concedida. ['1'('

vendo, porém. a sua recuperação, ele disse: " Então ensinare i aos tran sgressores os teus caminhos, e os pecadores se cuu verterão a ti".

E stando salvo, ainda que mesmo pelas disposições do Velho Testamento, o regresso de Davi a Deus foi por meio da con­fissão. Há porções desta passagem importante que, embora verdadeiras por se tratar de um santo do Velho Testamento, não podiam se r aplicadas com exatidão a um crente da nova dispensaç..'io da graça. Nós nunca precisamos de pedir, "Não me reti res o teu Espírito Santo", pois que .Ele veio para habi­tar conosco. Da mesma maneira, também, não necessitamos de suplicar perdão e restauração. Desde que o sangue foi der­ramado na cruz, as bênçãos do perdão e da purificação são instantaneamente derramadas pela fidelidade e justiça de Deus sobre o crente que faz a sua plena confissão.

Sétima - A Tríplice Parábola Ilustrativa nos Evangelhos (Luc. 15:1-32)

A últ ima das sete passagens principais que tratam da cura dos dei tos do pecado na vida espiritual de um crente, quer este seja do Velho Testamento, ou do "Novo, encontra-se em Lucas 15:1·32. Esta porção das Sagradas Escrituras, con­tém uma par.ibo!a dividida em três partes - a da ovelha per­dida. A da dracma perdida, e a do filho pródigo. Embora sejam narrados três incidentes, só um propósito fundamental existe. O valor especial desta passagem, quanto à relação estabelecida, está em revelar a comp.:lixão divina, como se pode observar na restauração dum santo transgressor. É o coração do Pai a manifestar-se; a ênfase recai mais no pastor do que na ovelha; mais na mulher do que na dracma perdida é mais no pai, do qtle em qualquer um dos filhos.

Ao considerarmos esta passagem, devemos ter em mente que o que se relata aqui está sob aquelas condições existentes antes do sacrifício da cruz. Portanto, a passagem trata prin­cipalmente com Israel. Os israelitas eram o povo da aliança do Velho Testamento, "as ovelhas do seu pasto"; e sua situa­ção não foi modificada até vir a nova promessa do Seu san­gue. Como povo da promessa eles também podiam readquirir as bênçãos do seu concerto, caso as tivessem perdido por causa do pecado, na condição do arrependimento e da confissão. Este

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78 AQUY.LE QUE É ESPIRITUAL

falo, segundo as Escrituras Sagradas e como tem sido obset'­vado, ê verdade quanto a todo o povo da aliança. Embora. as promessas de Tsrael não tenham o mesmo caráter das "novas promessas feitas no seu sangue", as cláusulas impostas para a recupc]'ação das bênçãos da promessa, são as mesmas quer num caso quer no outro. A realidade da promessa permanece atra­,'és da fidelidade de Deus, mas as bênçãos dessa promessa podem-se perder por causa da infidelidade do sanlO. Pode também a bênção ser recuperada não peja formação de uma outra aliança, mas pelo regresso aos privilégios imutáveis da aliança original.

A parábola, tríplice, é a respeito dos israelitas e a eles dirigida. Seja qual for a aplicação que a parábola possa tcr para os Cristãos da Ilova dispensnção, ela só é possivel pelo arrependimento e confissão como o meio de restauração co­mum a ambos os concertos. Temos, portanto, nesta parábola, um retrato da atitude do coração de Deus para todo e qual­quer povo da Sua promessa, quando peca.

A parábola começa assim : "Aproximavam-se de J esus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E murmura­vam os fariseus e os escribas dizendo: Este recebe pecadores e come com eles". Aqui, está a chave de tudo o que se vai seguir. "Publicanos e pecadores não eram gentios. Pu­blicanos eram os israelitas da promessa "feita aos pais", aqul:­les que se tinham tornado traidores da sua nação ao ponto de passarem a ser os cobradores de impostos de Roma. "Pe­cadores" eram os israel itas da mesma promessa que não apresentaram os sacrificios para remi ssão dos pecados, con­forme ordenado pela lei de Moisés. Um israelita era consi­derado "inculpável" perante a lei, somente quando tivesse dado cumprimento às ofertas exigidas. Por isso Paulo podia dizer de si mesmo, referindo-se à sua situação primitiva como judeu debaixo da lei; "segundo a justiça que há na lei, irrepreen­sível ". O Apóstolo não proclama a perfeição impecável: ele dá testemunho de como sempre foi fiel em cumprir os sacri­fícios prescritos pela lei de Moisés. Os {ariseus e escribas, eram os israelitas que davam a vida inteira ao cumprimento rigoroso da lei de Moisés. Paulo era {ariseu, "Hebreu dos hebreus". Estes homens não eram Cristãos e como tal não deviam ser julgados. Há pouca coisa comum aqui com os

"NÃO ENTRISTEÇAIS o EsrfRITO SANTO" 7!t

Cristãos. Estes israelitas eram irrcpreensiveis por calL~a dn .• sacrifícios de animais oferecidos na expectativa da mOJ'le de Cristo; para os Cristãos essa remissão provêm da fé no san­gue que por Cristo já foi derramado. Um, é a justificação pelas obras, realizadas segundo os hOll1ens; a Ol1tr.:I, é a justi­ficação pela fé segundo a obra perfeita de Deus.

Os {ariseus e os escribas murmuraram quando viram <lue Jesus recebia os publicanos e os pecadores e que comia com eles. Foi, portanto, para eles que Cristo contou esta pará­bola - expressamente àqueles fariseus e escribas que murmu­ravam, e não a todos, em qualquer parte. E se não conser­var em mente o verdadeiro propósito pelo qual a parúbola foi contada, pouco se poderá compreender da verdade que ela encerra.

Voltando ~ sua interpretação, devemos, de certo modo, tomar em consideração a impressão, quase que universal, de que esta parábola é uma ilustração sobre a salvação. Sendo ela uma reproouçiio fiel do coração de Deus, tem, evidente­mente, que se ocupar mais da restauração do que da rege-1leração.

~ primeira parte da parábola é a respeito de 11m homem que t~nha cem ovelhas. "Qual dentre \·ós, é o homem que, possulIldo cem ovelhas e perdendo lima delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?" Não se trata aqui de uma descrição sobre noventa e nove ovelhas e uma cabra, mas sim sobre cem ove­lhas; e "ovelhas", segundo as Escrituras Sagradas, são sem­pre ° povo da promessa. Mas não só os israelitas eram ovelhas, como o são também, os Cristãos da nova dispensação. Jesus, quando falava daqueles que haviam de ser salvos pela Sua morte, dizia aos judeus: "Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco" (João 10:16).

Ainda uma outra diferença importante se deve notar na parábola em questão: A ovelha, a dracma, e o filho estavam .' perdidos", Illas de tal maneira que precisavam de ser "acha. dos". Isto, certamente, não significa a mesma coisa que estar perdido de tal maneira (Iue é necessário ser salvo. O uso b.íblico da palavra "perdido" tem, pelo menos estes dois signi­fi cados absolutamente diferentes. "O Filho do H omem veio buscar e salva r o que se havia perdido"; mas em todas as três partes da parábola, encontram-se mais as expressões bus-

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80 AQIJt.:LF. Qm: t EsPIRITUAL

I " ]"d car e aeltor, tio que buscar e sahmr. A pa avra . sa \"0, C·

vemos obl:icrvar. nem uma so vez aparece nesta pa~aboJa. Ora, se esta parábola for cOi~siderada C0l110 "um, etlsl~o s~bre ,a salvação não se pode eVitar o cr,ro do lUuyersahs,mo, poiS este Pastor busca até achar aqUIlo que esta pe rdido. Pelo con trário. a passagem apresenta uma fiel manifestação do ~o­ração de Deus. para com o Seu filho errante que ne~;ssna m:ds de ser achado do que salvo. As " noventa e nove , qUI; estiLO salvas 110 aprisco em relação àquela que está pcr~l~a, e um3 infeliz descrição das proporções que sempre CX 1Sl m\~1 entre os salvos e os não salvos. Se a parábola fosse para ensI­nar a salvação de um pecador, teria sido muito melhor qU,e ela tivesse apresentado " noventa e nove" que esta\'am perdl­do~ . e uma salva no aprisco. E a parftbola ~ontilll:~;_ .

"Achando-a, põe-na sobre o~ ombros. cheiO de . Jubilo. E, indo para casa. reulle 05 amigos e vizinhos, dlzendo-lI:es : Alegrai-vos comigo, porque já .ach~i, ~ minha ,ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá maior Jubilo no ceu pc.r um pe­cador (lue se arrepende, do que por noventa e nove Jllstos que não necessitam de arrependimento". (E.R.A.)

O pecador a que se refere aqui, 110 pr~mei ro versículo da passagem, não pode ser nenhum outro senao um dos pe;ado­res da promessa e a respeito do qual foi contada a parabola. Ele, como pessoa pertencente à promessa, e aqui r:presentado pelo Espírito mais como aquele que regressa, atravcs do arre­pendimento, do que um que é salvo atr~ves . ~o.s fun?amentos da fé salvadora. Por isso, uma vez mai S, dlflcll sena encon­t rar um grupo (le pessoas dentro da igreja ~lIe correspondes~e aos" noventa e nove justos que não necessitam . de arrepe.nd" mento". Todavia, este caso era possível d,eba,xo , da leI de Moisés sendo di sso 11111 bom exemplo o Apostolo 1 aula. Os pr6prids fariseus e escribas aos quais foi ~li~igi?a a paJ~vra, pertenciam a esse grupo. Segull?o as eXlgenclas extenores da lei de ~Iois~s, eles não necessitavam arrepender-se.

Arrependimento, que qller dizer transformação da \'on· tade, é 11m elemento essencial da nossa salvação atual; I~as está presentemente contido no único ato de crer; e prova disto são as cento e CÍ!1<!üenta passagens do Novo Testamento que submetem completamente a nossa salvação atual ao acr,. ou ao seu sinônimo, fé. O Evangelho segundo S. João: escTlt.o es­pecialmente p..'lra. que pudéssemos crer que Jesus e o Cristo e

"NÁo ENTRlSTEÇAlS o ESI,jRITO SANTO" '1 para que crendo pudéssemos ter vida em Seu nome, nem lIl1Ia

vez sequer usa a palavra " arrepclldimcllto". Os não-salvos, hoje em dia, são salvos pelo crer, o que evidentemente inclui a forma de arrependimento que pode ser produzido por aqueles que estão " mortos em ofensas e pecados". Arrependimento significa, pois, a transformaçâo da vontade, e ninguém pode crer em Cristo, como seu Salvador, sem ter modificado a sua vontade com respeito ao seu pecado, à sua condição de perdido, e à colocação da sua confiança no Único que é "poderoso para salvar".

A segunda parte da parábola que é a respeito da mulher e da dracma perdida, trata da mesma hi stória de bl/scar e achar aquilo que estava perdido. A ênfase principal nesta parte da parábola, recai na alegria da pessoa que acha. 11 a alegria d'Aquele em cuja presença se encontram os anjos. A histór ia é, outra vez, acerca de um pecador arrepelldido, e nâo de um pecador que crê.

A terceira parte da parábola, refere-se a "Um certo homem". Evidentemente que esta história é contada para revelar o co· ração daquele pai. Ele tinha dois filhos, sendo um deles "pu­blicano e pecador", e o outro "fariseu e escriba". Um, aban­donou as bênçãos da casa paterna (sem, no entanto, perder a sua posição de filho), e o outro mUrllltU"OI~ quando o pecador foi restaurado.

Para o espírito de um judeu não podia haver abismo de mais aviltante miséria do que encontrar-se apascentandQ por· cos numa herdade. Aqui, nós temos o Senhor a afirmar, em termos da Sua própria época e do Seu povo, que um filho desencaminhado pode voltar, confessando-se, ainda mesmo que venha dos mais profundos abismos do pecado. Foi ali, naquela terra longínqua e na companhia dos porcos, que o filho, "caindo em si", se propôs voltar para seu pai, resolvido a fazer aquela confissão que é a única expressão normal de um coração ver­dadeiramente arrependido. Não está mencionada a regenera­ção. Também, nada se diz da fé, sem a qual nenhuma alma podia esperar ser salva para ser filho de Deus. Tratava-se simplesmente de um filllQ que voltava para seu pai como filllo. A opinião de que uma pessoa não salva, quando se entrega a Cristo, "regressa aO lar", como é muitas vezes expressa nos sermões e nos hinos evangélicos, é estranha aos ensinos da Palavra de Deus. Os filhos que se desviam, podem regr~sar

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82 AQUELE QUE t ESPIRITUAL

ao lar, c, (,5t;\lIdo perdidos, porque se desviaram do bom cami­nho, podem ser achados. Esta circunstância, porém. não podia ser aplic<l.<la àquele que mmca fora filho de Deus. Certamente: que esse tal está perdido, mas precisa mais ser salvo. Na nova di~pens:H.;ão, as pessoas ainda n5.o sah·as, podem voltar-se para Oe\15, mas não regressar a Deus.

Quando o hlho que regressava, esta\';l ainda longe. o pai, vendo-o, teve compaixão dele c, correndo, lançou-se-lhe ao pes­coço e beijou-o. O pai vira-o porque eSUl\'a olhando naquela direção. Com certeza ele nunca ti~ha deix.ado de. olhar par~ lá. desde aquela hora em que seu fIlho haVia partIdo. Este e o retrato do coração do Pai. alias, expresso, também. na busca feita pelo pastor e pela mulher.

Qualquer just iça teria exigido que este fi lho, que "olto.u. fosse muito severamente cast igado. Não deson rou ele o nome paterno? Não dissipou ele a riqueza de seu pai? Não se arrui­nou ele a si mesmo? Todavia, não foi castigado. O fato de ele não ter sido castigado, revela-nos a verdade bendita da nova dispensação que, por c.1.\Isa do sac~ifício de Crist~ n:l

cruz, o Pai pode e quer receber o Seu fIlho sem o castIgar. As condições para a restauração residem apenas na confissão de um coração quebrantado. O castigo do pecado caill sobre Alguém em nosso lugar.

A confissão daquele filho foi dirigida primeiramente ao Céu e depois a seu pai; este é o verdadeiro método de toda a confissão, que deve ser feita em primeiro lugar a Deus e depois àqueles que ficariam ofendidos se lhes negássemos con­fessarmo-nos.

Grande é o poder da confissão de um coração queb~an­tado. Por isso, ninguém poderia acreditar que aquele fllho que voltou, depois de ter sido restaurado e de ter gozado no­vamente a paz no seio da família e o conforto do lar, viesse a pedir a seu pai, instantes depois, mais d<?s seus bens. para poder voltar à vida de pecado. Tal proce<hmento estana em completo desacordo com a confissão que ele tinha feito e que deixou transparecer um coração abatido. A confissão sincera tem um poder real e transformador (veja-se 11 Cor. 7:11).

Mesmo durante todos os dias que esteve ausente de seu lar, ele continuou sendo filho. Ainda que tivesse morrido, no campo, junto dos porcos, mesmo assim ele teria morrido como filho. Tanto quanto nos é possível analisar este assunto ,q.ue explica a situação de um Cristão transgressor, dessa anal1se

"NÃO ENTRISTEÇAIS o ESf'IRITO SANTO"

e de toda a E scritura a este re.speito, podemos concluir que um crente mesmo imperfeito, aliâs como todos nós somos, à. hora da sua morte, será recebido 110 Céu, embora tenha (lc sofrer a perda de todos os galardões e de muita alegria e ainda que, quando se encontrar face a face com o seu Senl;or, seja intimidado a fazer ali aquela confissão até então negli. genciada.

Pode-se então concluir destas sele passagens maIs Impor­tantes, que a cura dos efeitos do pecado na vida espiritual de um filho de Deus, é prometida àquele que, arrependido de todo o seu coração, faz uma verdadeira confissão de seus pecados.

O pecado é sempre pecado aos olhos de Deus. Não ê menos pecado pelo fato de ser cometido por um crente, nem pode ser curado em caso nenhum senão por in termédio da relação que há em Cristo.' É porque o preço da reden<;ão já foi pago, pelo sangue precioso de Cristo, que Deus pode salvar os pecadores que crêem somente, e, restaurar os santos que apenas se confessam. Nem um só grau do castigo que caiu sobre o nosso Substituto jamais pode cair sobre um santo ou um pecador. Visto que Cristo o suportou todo por nós, crer ou confessar é tudo o que, com justiça, pode .ser exigido. En­quanto aquele que pecou não fizer confissão, ele está cOllten­dendo COm aquilo que é mau e por isso está em discórd ia com o Pai. "Dois não poderão andar juntos, ·se não estiverem de acordo". Deus não pode concordar com o pecado. Mas o filho pode estar de acordo com O Pai, o que representa. verda­deiro arrependimento se for expresso em sincera confissão. Arrependimento é a transformação da vontade. S por ele que deixamos o pecado e nos voltamos para Deus.

A bênção não depende da perfeição absoluta: resulta, antes, de não se entristecer o Espírito. Também, não é uma ques­tão que trata de pecado oculto: pelo contrário, é uma atitude daquele coração que deseja sempre e a todo O instante con­fessar os pecados conhecidos. "Se confessannos os nossos pe. cados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça". O crente que confessar com­pletamente todo o pecado conhecido, terá destruído um, senão todos, os obstáculos que impedem a mais perfeita manifesta­ção do Espírito.

"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção" (Ef. 4:30).

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Cl pítulo V

"NAO APAGUEIS o ESPIRITO"

Segunda Condição di Verdadeira Espiritualidade

"Não apagueis o Espírito" (I Tess. 5:19) é outra ordetp explícita para o crente e diz respeito à sua rela~ão com Aquele que nele habita.

o que é que Apaga o Espíri to?

a Espírito "apaga-se" devido a qualquer oposição à mani · festa vontade de Deus. n simplesmente dizer "não" a Deus, e nesse sentido relaciona-se de perto às ordens divinas para serviço. O Espírito pode ser "apagado", também, devido a qualquer oposição à providência de Deus na vida.

A palavra "apagar", quando relacionada com o Espírito. não significa que Ele se extingue ou que Ele se retira: é, antes, o ato de resistir ao Espírito. O Espírito não retira a Sua presença, pois Ele veio para habitar em nós.

Segundo as Escrituras, a responsabilidade do crente em realizar a verdadeira espiritualidade, encontra-se, uma vez mais, reduzida a uma única e decisiva palavra, "submissão". "Mas oferecei-vos a Deus como ressurrectos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça" (Rom. 6:13 - E.R.A.). Tal atitude de coração para com a vontade de Deus é a que convém àqueles que "estão vivos dentre mortos", e tomar qualquer Qutra atitude não é mais nem menos do que tornar-se rebelde dentro da família e da casa de Deus. a nosso Pai nunca Se engana. A Sua vontade é sempre e infi­nitamente a melhor, portanto, não devemos "apagar o Espí­ri to". Não devemos dizer "não" a Deus. ..

"Nlo APAGUEIS o ESP!RITO" 85

Quando pela Sua graça, tivermos entrado no Cêu e ti\ler­mos alcançado l1m~ maior visão e compreensão dessa esfera, olh~remos .J>.'lra. tras, para a nossa peregrinação na terra, e e~ltao senti remos ou alegria ou tristeza, ao contemplarmos a Vida que !cvamos. Há uma vida sem pesares. Ela consiste cl.n. ter feito a vontade de Deus. e aquele plano e propósito dlVlllos serão clemamente reconhecidos como o melhor que Deus teve para nós.

A Vida de Submissão

Sub!llet~rll1o-nos a. Ele é permitir que Ele determine e execute poSição e a efic:icia da nossa vida. Só Ele o pode fazer. De todos os inumeráveis caminhos em que possamos andar somente. Ble sabe qual é melhor. Só -Ele, também, tem poder para glllar os nossos passos nesse caminho e ali os fazer permanecer. Assim como só Ele possui aquele grande amaI f.M?r n6s, o qu~1 nunca deixará de move-lO para fazer, para ~os .. tudo aql\llo que a. Sua sabedoria, poder e amor podem I!1splrar. Na verdade, a vida é triplamente abençoada quando aprendemos a submetenllo-nos à vontade de Deus.

Nada. ~e sc~ ma!s r,nal dirigid~ do que a vida daquele que se dirige a SI propno. Propositadamente Deus omiti u da ~ossa. criação ,~oda a !ac~l ldade, 011 poder, de' nos dirigirmos a nos .mesmos. Eu S~I , o Senhor, que não cabe ao homem determlOar o seu cammho, nem ao que caminha o dirigir os seus.1.>aSsas" (Jer .. 1?:~3 - E.R,A.). Faz parte do pl~no dlVIll? que o P:III:IPIO fundamental de orientação nos seja concedido pelo propno Deus. Uma das conseqüências da queda de Adão, é, ~ independência da vontade humana para com !=>eus; sem dUVida que o homem se torna mais espiritual e ~als ;onform~do c?m o desígn.io. do seu Criador quando ele esta mal~ submISSO a vontade dlVlIla. Que maior prova que­remos nos dessa queda, senão a luta que é necessário travar-se para. a Ele nos sub~etermos? O que não sentiremos nós quan­do tivermos, conseguido essa submissão e pudermos dizer, "Não s: .r~ça a ,!,lIlha vontade, mas a Tua!" É porque o nosso viver d.JaTlo sera desnorteado e u~ !racas~o sem a direção do Espí­rito Santo, e por,que _o Esplflto veIO para faze r justamente esta obra, que nos nao podemos ser perfeitamente ajustados

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86 AQtJELY. Qm: t ESPIRITUAL

a Ele, Ilem sermos espirituais, sem que nos submetamos à von­tade de Deus.

A apresentação absoluta dos nossos corpos para serem "sacrifício vivo" é não só o "culto racional" como também uma decisão de capital importância para o filho de Deus. Se­guindo as declarações doutrinárias da dupla obra de Deus, para nós, quanto à nossa salvação, CQmo está relatado em Romanos, capítulos I a 8. e depoi s da porção da Epis,tola q\IC se refere à dispens::H;ão de Israel, a mensagem do hvro ,"olta, \lO capítulo 12. ao apelo para a maneira de \'iver que convem àquele que foi salvo do castigo do pecado, e paTa quem a salvação do poder do pecado já está providenciada.

É precisamente 110 começo desta importante porção das Escrituras que é feito este apelo tão necessário. A passagem começa assim : "Rogo-vos pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus. que apresenteis (a mesma p..1.1avra que "submeter". em Rom. 6 :13) os vossos corpos por sacr ificio vivo, santo e agra­dável a Deus. (Iue é o \'osso culto racional. E não vos con­formeis COm este século. mas transformai-vos (tran sfigurai-vos) pela renovação da vos~a mente. para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

A expressão "Rogo-vos" está muito longe de ser uma ordem. Ela é uma sÍlplica àquela maneira de viver que con­vém aos filhos de Deus. Não é qualquer coisa que temos de fazer para ser salvos; é alguma coisa que devemos fazer p?r.­que estamos salvos. A primeira exor tação nesta porção utll desta Epístola da salvação, é para que todo o corpo se al~re­sente em sacrifício vivo. Contudo, não se deve chamar Isto de "consagração", porquanto consagração é obra de Deus. ,0 crente pode resignar-se, submeter-se ou apresentar-se, porem Deus é que tem que tomar e aplicar o que é apresentado. Isto se chama consagração. Estamos, novamente, perante uma es· cassez de Escr ituras que 110S garantam uma possível «reconsa­gração". Não podemos escolher somente em parte a vontade de Deus como regra das nossas vidas.

Não teremos resolvido faler a Sua vontade, senão quando, realmente, senti rmos o desejo de fazer a vontade dEle. Por­tanto a verdadeira dedicação, não exige uma r econsagração a De'us. Não se trata aqui de qualquer serviço especial que possa tornar-se uma prova como resultado de nossa disposição.

"NÃO APAGUEIS o EspfRITO"

É apenas a dedicação de nós mesmos a tudo aquilo que Deus possa escolher para nós agora e sempre. Este é que é o 110SS0

"culto racional", se ele for "santo e agradúvel a. Deus". Quan­do não estivermos conformados com este mundo, e quando formos. transformados pela renovação do nosso entendimento, daremos, então, nas nossas \'idas, lima prova satisfatória "dessa boa, agradável e perfeita vontade de Deus" que nos é desti­nada. Por isso, a submissão é apresentada como a primeira condição e de todas a mais importante, para aquele que é salvo. Continuando a análise desta porção das Escrituras, pode-se tirar muitos ensinamentos sobre o que é prestar cu lto ; mas até mesmo o apelo para se prestar culto não terá bene­ficio algum se não houver uma apresentação absolu ta do corpo como sacrifício vivo.

Cristo, o Modelo

Uma das perfeições humanas do Senhor J esus, foi a Sua absoluta submissão à vontade de Seu Pai, c disto dão as Es­crituras abundante testemunho. Em Hebreus 10 :5-7, temos : " Por isso, ao entra r no mundo, diz: Sacrificio e oferta não quiseste, antes corpo me for maste; não te deleitaste com holo­caustos e ofertas peta pecado. Então eu disse: Eis aq\li estou (no rolo do liv ro está escrito a meu respeito), para faze r, ó Deus, a lua vontade".

Ele estava, assim, submet ido à vontade de Seu Pai, e a Sua submissão incluia mesmo o Seu corpo humano ("mas corpo me formaste"), o sacrificio do qual ia valorizar todos os sacri­ficios de an imais que eram agradáveis a Deus e que tinham sido cxe<:utados anteriormente, mas que, por outro lado, ia invalidar toda a tentativa de sacrificio que pudesse seguir-se. Quando Ete estava próximo ao Seu sacrifício na cruz, disse: "Não se faça a minha vontade, mas a tua". E outra vez, no Salmo 22, se regista o que Ele dissera a Seu Pai: "Porém tu és Santo", e o que se segue dissera Ete na hora mais amar­ga da Sua crucificação, quando estava clamando: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" E ainda mais, em Fi!. 2:8, se diz que Ele foi "obediente até à morte, e morte de cruz"

A submi ssão absoluta do Filho para fazer a vontade do Pai, não é somente o exemplo supremo de uma atitude normal

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88 AQUELE QUE ~ ESI'IRITU,\L

de qualquer filho de Deus, para com seu Pai , mas esta atitude tem de ser também comunicada e mantida no coração do crente pelo Espírito, depois que o primeiro ato de apresentação lenha sido realizado. A passagem seguinte é lima exortação com este objetivo: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus" (Fil. 2:5). A primeira !:><1.1avra desta passagem é bastante elucidativa, porC]l1unto nesta peque­nina palavra "te11(le" est<Í resumido todo o ensino híblico que se refere à responsabilidade do crente perante a possível ma­nifestação de Cristo na vida diariamente condt1zida pelo Espí­rito. Nós, por nós mesmos, não poderíamos produzir tal ma­nifestação; podemos, porém, "permitir" que ela seja realizada em nós por Alguém. O fato, evidentemente, não está em re· solver fazer qualquer coisa; pelo contrário, é uma atitude de consentimento para com Aquele que pode agir até à última condição da Sua bendita vontade. Assim, com o receio de que nós não pudéssemos reconhecer o caráter exato da imagem de Cristo, o qual nós somos levados a "permitir" a se rcproduzir em nós, e com receio de não estarmos preparados para a ope­ração, desses elementos especiais na nossa vida diária, está re­gistada uma clara e detalhada descrição desses elementos do "sentimento de Cristo". os quais são fundamentais: "Pois ele, stlbsistilldo em fanna de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tor­nando-se obediente até à morte, e morte de cruz . Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (vs. 6-9 - E.R.A.).

Devemos notar que estas particularidades, que em conjunto formam "o sentimento de Cristo", não são mencionadas, sim­plesmente. para relatar fatos acerca de Jesus Cristo; elas são apresentadas para que nós possamos ter exatamente um per­feito conhecimento daquilo que vai ser reproduzido em nós , e daquilo que vamos "permitir" que Ele faça em nós e por nosso in termédio. A manifestação divinamente produzida na vida do crellte, será "o sentimento de Cristo"; mas isto, assim nos asseguram as Escrituras, é realizado pelo poder do Espí­rito. "Porque para mim o viver é Cristo". Eis o resultado. A causa é o poder do Espírito de Deus. Do muito que a passagem nos revela, podem-se tirar, pelo menos, três conclusões:

"N40 APAGUEIS O ESP!RITO"

Pri.meira - A vontade de Cristo era ir aonde Se11 Pai quissesse. O Seu lar era na glória. Era ali o Seu ambiente pátrio; porém, Ele veio a este mundo com uma missão c a mensagem da graça. "Deus teve um único Filho e Este foi missionário". Esta era a vontade de Seu Pai para Ele, e a Sua atitude pode ser expressa por estas palavras familiares: "Meu Senhor, dirigido por Ti, irei Tua ordem cumprir".

Segrmda - Cristo queria ser aqtlilo que Seu Pai quisesse. "A si mesmo se esvaziou". Não só qu is despojar-se da Sua glória, mas desejou também ser escarnecido. vituperado e cru­cificado. Esta era a vontade do Pai para Ele I'! a Sua atitude pode ser expressa nestas palavras: "Estou pronto, o que que· res, a ser".

Terceira conclusão - Cristo queria fa::er tudo o que Seu Pai quisesse. Foi obediente até à morte, e procedendo assim, a Sua atitude pode ser expressa. mai s uma vez , pelas palavras : "Farei. metI Senhor, mcu dever".

Talvez que, muitos dos que c:antam o hino acima cit<lrlo, não tenham ainda enfrentado a questão de uma entrega posi· tiva à vontade de Deus; todavia, sem que esta ren<liçiio seja feita, não é possível haver ,'erdadeira espiritualidade. Mas quando isso se der, Deus concederá o poder suficiente para a realização de toda a Sua vontade. E a passagem termina com as palavras: "Porque Deus é quem efctua ell1 ,'ós tanto o querer como o realizar, segundo a !il\a hoa \·ontade". E assim é Ele que toma conta e continua a tlerr,lIl1a r tod<ls as rea\i· dades espirituais naquela vida que eSI;Í norm<llmente adaptada a Ele (Gol. 3.3). FiL. 2.: {"S

Nosso Senhor ao tratar do import<lllte ass\ll110 da respon­sabilidade do crente em se entrcgar completamente a Dcus declarou que era o mesmo que peTJn<lnecer n'Ele (João 15 :1-17) . Os result<ldos da vida de permanência são triplos : (I) A ora­ção é efica~ - "Se permanecerdes em mim e as minha s pala­vras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes. e vos será feito"; (2) O gozo é cc/I'stial - "Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo"; (3) O fruto é demo - "Não fostes VÓ9

que me escol hestes a mim ; pelo contrário. eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e dcis fruto. e o vosso fruto pennancça". Estes resultados incl uem tudo o que

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90 AQUELE QUE t. ESPI RITUAL

é essencial numa vida espiritual e são estipuladas por Cristo em obediencia a tudo quanto Ele dissera: "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço". Permanecer. pois, é simplesmente suhmeter-se à manifesta vontade de nosso Senhor, precisamclllc da mc,;ma maneira como Ele Se submeteu à vOlltade de Seu Pai.

Logo, a submissão à ,'ontade de De\lS não se prova com qualquer decisão em particular; é, antes, uma questão de se adotar a vontade de Deus como regra de vida. Estar na von­tade de Deus, é simplesmente desejar fazer a Sua vontade sem referência a qua!(juer tarefa especial que Ele escolha. É jul­gar Sua vontade como sendo soberana, mesmo antes de saber ° que Ele deseja que nós façamos. Portanto, nâo é apenas uma questão de se desejar fazer Cjualquer coisa em especial; mas é uma questão de se desejar fazer fudo - quando, onde e como parecer melhor ao Seu coração de amor. É tomar a posição normal e natural da confiança infantil , a qual já con­sentiu na vontade do Pai ainda antes que qualquer manifes­tação do Seu querer fosse revelada. Não se pode acentuar por demais esta distinção. 'É natural dizer-se: "Se Ele CJuer que eu faça alguma coi sa. que diga o que q11er e então eu re­solverei ° que hei de fazer". É claro que a uma. pessoa (Iue se apresente com tal atitude de coração Ele nada revela. T em de haver uma relação mútua de confiança na qual a Sua von­tade possa ser aceita de lima vez para sempre e sem qualquer reserva. E por {jue não há de ser assim? A nossa resistência às vezes não é demonstrada pelas palavras, "Eu sei que és homem rigoroso 1" Será Ele, realmente, um Homem rigoroso? Se por nossas próprias mãos conduzirmos as nossas vidas, po­deremos te r, por ventura, alguma esperança de sabermos inte­ligentemente escolher para nós o que é melhor? lmpôr-se-á o Pai, cujo amor é infinito, a Seu filho? Ou poderá Ele alguma vez ser descuidado?

Não fazemos promessa alguma de que não vamos pecar nem transgredir a vontade de Deus quando nos submetemos a Ele. Também não prometemos modificar os 110SS0S próprios desejos. A verdadeira ati tude (jue o homem toma foi expressa nestas palavras: "Consinto em desejar fazer a Sua vontade",

"NÃo APAGU EIS o EspfRITO"

Deve-se declarar, uma vez mais, que este caso, tão simples <'111

si mesmo, se torna complicado de um momento para outro quando se relaciona com qualquer questão de obediência. Tra­ta-se arenas da vontade de Deus, considerada isoladamente, pela qual, decerto Ele vai operar em nós, com tooos os por­menores, aquilo que é mais agradável aos Seus olhos _ 1! Ele que opera em nós tanto o querer como o efet\1ar. segundo a Sua boa vontade.

Talvez tenhamos (Jue esperar muito tempo para averigl1:'1r qual seja a Sua vontade; mas, uma vez claramente revelada, já não pode haver lugar para discussões no coração qne 11.10

desejaria apagar ° Espírito.

Conhec=endo a Vontade de Deus

Como, geralmente. há o desejo de querer saber mais pre­cisamente como podemos conhecer a vontade de De11s, dá-se a seguir a resposta:

Primeiro - A Sua direção é só para aqueles (J11e iá esti'ío decididos a fazer o que Ele quer. A esses dir-sc-á : "Deus é capaz de falar suficientemente para que a alma submissa escute".

Segundo - A direção divina será sempre segundo as E.<;­crituras. E à Sua palavra podemos recorrer sempre com uma piedosa expectativa; contudo, é muito perigoso dispor da Biblia como loteria mágica. Não se aprende o significado de uma passagem, "deitando sortes". Também não se pode conhecer a vontade de Deus, pela Bíblia, abrindo ° Livro e seguindo fielmente o primeiro versículo que ao acaso se lê. Verdadei­ramente, não é uma questão de sorte, nem tão pouco a nossa relação com a Sua Palavra é tão superficial que vamos en­contrar o Seu bendito desejo para nós, lendo, às cegas. um versículo casual. T emos de estudar e conhecer as Escrituras para que tooa a palavra da Sua revelação nos possa instruir.

Terceiro - Ele não dirige os Seus filhos por reqra algu­ma. Tão pouco serão dois dos Seus filhos guiados da mesma maneira. e, até mesmo, é muito provável que Ele nunca dirija qualquer de Seus filhos duas vezes exatamente pelo mesmo pro­cesso. Portanto, as regras, têm tendência a falhar. Pelo CJue se pode concluir. que a verdadeira espirituali(lade consiste numa vida livre de leis, vivida, pelo poder do E.<;pírito, até ao mais minucioso pormenor da individualidade.

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92 AQUELE QUE! t ESPIRITUAL.

Quarto - A direção divina ê pelo Espírito que habita no crente. Segue~seJ pois, que a verdadeira direção, nesta dis­pensação, é mais por uma consciência íntima, do que por sinal exterior. Logo que tivermos cumprido fielmente as condições para uma vida espiritual, teremos a "mente do E spírito". Ele tanto é capaz de IlOS convencer do mal, como é de nos comu­nicar uma convicção clara do llcm. Devido à nossa atual e singular relação com o Espírito, Ilão é necessário, nem pru­dente confiar mais no ""elo de lã" ou na "coluna de nuvem", ainda que, por vezes, Ele possa servir-se destas coisas exte­riores para nos guiar. É Deus que efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Devemos, portanto, tomar conhecimento do que é a realidade do Espí­rito que habita em nós e o que significa "andar" nEle.

Ser guiado pelo E spírito, é ser levado através das mais puras relações que jamais o coração pode conceber. O "ca­bresto e o freio" devem dar lugar ao relancear dos olhos (Sal. 32:8,9). Nesta altura, Satanás a[k1.recendo como"anjo de luz", procurará confundir O entendimento, apresentando as suas imi­tações da direção de De115 da maneira como Deus dirige. Todo o crente deve, pois, estar atento a este perigo. Para desviar a vida do crente, Satanás serve- se de uma consciência doentia. de uma noção errada quanto ao cumprimento do dever, 0\1 de uma falta de compreensão no que respeita aos c!fsinos exatos da Palavra de Deus. Todavia, a orien tação de Satanás será imediatamente descoberta visto ela ser nociva, dolorosa c de­sagradável. O mesmo já não sucede com a dir~ão do Espí­rito, que é suave e satisfaz o coração daquele que está sub­misso a Deus. Devemos lembrar-nos de que a vontade de Deus se chama "boa", "agradável", e "perfeita" (Rom. 12:2) , e que quando andamos com Ele, Ele efetua em nós "tanto o querer como o realizar segundo a sua boa vontade" (Fil . 2 :13). Deus é Quem opera em nós "o que lhe é agradável" (Heb. 13 :21 ).

No lado divino, a entrega da vontade humana é obriga­tória. O Pai não pode suportar a rebeldia na Sua família, nem tão pouco pode Ele realizar os Seus benditos desígnios na vida de Seu filho, se a S\1a vontade não for abertamente reconhecida como a melhor. Há a considerar tlma diferença entrc o castigo que é p.1.ra correção, o qual pode, muitas vezes, ser repetido, e o "açoite" que é dado uma só vez e que lodo

"NÃo APAGUEIS O EspíRITO"

o filho deve receber (Heb. 12 :6) . Um, é para comg!r tantas vezes quantas forem necessárias; mas o outro é o que se recebe uma única vez para a conquista da vontade humana. Pelo fato da nossa vontade ser conquistada por esta forma, não se segue que ela fique enfraquecida perante os nossos semelhantes. ~la foi su~metida somente a Deus. Quão simples podia ser !sto; todaVia, quantos anos de açoites muitos têm sofrido só porque não se nomalizaram em relação à vontade de Deus para eles. Nem toda a aflição deve ser contada como açoite. Quando se trata de açoite, logo a nossa própria consciência nos acusa de, teimosamente, não nos havermos submetido. E a este respeito não há que duvidar.

. A submissão à mente e à vontade de Deus, é um ato defi­ll1do que abre as portas ao caminho divinamente apontado, no qual podemos andar intimamente com Cristo e em plena ativi­dade com Ele. Um filho de Deus só pode considerar-se nesse caminho se, nos limites da sua própria compreensão, tiver a consciência de estar sujeito à vontade de Dcus. "Eu não vim para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou", foi o exemplo de submissão revelado em Cristo. No Salmo 40:6 está registado a respeito de Cristo que Ele dissera a Seu Pai: "As minhas orelhas abriste" (literalmente, furaste). Isto, sem dúvida, refere-se à lei do criado-escravo, que, tendo sido posto em liberdade, se submeteu para sempre ao seu Senhor (~x. 21 :5,6). "E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (lI Cor. 5:15 -E.R.A.).

o que é Uma Vida Sacrificial?

A razão mais nobre para a submissão à vontade de Deus não é simplesmente desejar vitória na vida, ou poder ou bên~ ção. É muito especialmente poder viver aquela vida de sacri­fício que ~ a. vida com Cristo. Sacrifício nâo significa aflição ou dor; e, s!mplesmente, fazer a vontade de Outrem. Pode ~parecer t.ribulação pelo caminho; a nota predominante, porém, e a alegna, e, a bênção do coração, é a paz.

Todo, o filho de Deus deve, pois, submeter-se, tenninan­temente, a vontade de Deus. Não com respeito a uma só parte da vida diária apenas em relação a uma questão na vida

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94 AQUELE QUE t EsPIRITUAL

diária, Jllas como uma atitude pcrll1~nente .l~ra . com De~s. Fora disto, não poderá havt':r verd~delra espmtuah?ade e na? ,;c poderá também escapar ao açOite dado pela mao. do Pai, porquanto Ele não pode, l,tem pe.rm~tirá, que o Seu filho CO~­tinllc vivendo sem as precIOsas bençaos que o Seu a?1o~ deseJ,a outorgar. O pecado de Satanás contra Deus na pnmeHa glo­ria, foi uma quíntupla expressão das duas pal,avras pro~oca­doras "Eu hei de" (ls. 14 :13,14), e toda a vida qU,e nao se submete a Deus, está perpetuando a violação de Satanas.: Para ser espiritual não se deve dizer "não" a Deus - "Nao apa­gueis o Espírito".

Capítulo VI

"ANDAI NO ESP fRlTO"

Terceira Condição da Verdadeira Espiritualidade

A verdadeira espiritualidade depende também de uma ati­tude positiva de confiança na presença e poder do Espírito que habita em nós. As duas condições anteriormente mencionadas, foram de caráter negativo. Representam coisas que o crente, para ser espiritual, não deve faze r. Não deve entristecer o Espírito deixando de confessar todo o pecado já conhecido. O crente não deve apagar o Espirito dizendo "não" a Deus. A terceira, e última, condição, porém, é de caráter positivo. 11 qualquer coisa que o crente deve fazer para ser espiritual !

o que se Entende por" Andai no Espírito"?

Há várias passagens das Escrituras em que aparece esta expressão fundamental; mas é em Gál. 5 :16 que ela está mais diretamente demonstrada. "Digo, porém: Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne". A passagem será melhor interpretada assim: "Digo, porém, estejais andando por meio do Espí rito, e jamais satisfareis à concupiscência da carne". O filho de Deus não tem poder algum em si mesmo, pelo qual possa estimular, ou manter um andar "no Espírito". Esta Escritura, quando interpretada com exatidão, mostra que não está a exigir que um crente, pelo seu próprio esforço, realize este andar no Espírito". Pelo contrário, revela que o Espí­rito é que vai andar através do crente. A respons.1.bilidade humana consiste apenas em depender absolutamente do Espí­rito. Ser guiado pelo Espíri to é, simplesmente, andar com uma confiança resoluta na capacidade e poder d' Aquele que

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AQUELE QUE t: ESPIRITUAL

habita em nós. Esta mesma verdade, ainda que apresentada de uma maneira diferente, está exposta, no versículo 18: "Mas, se sois guiados pelo Espirito, não estais sob a lei". De forma nenhuma é o crente que guia ou dirige o Espírito; deve, no entanto, depender do Espírito, c esta é precisamente a sua responsabilidade cama esta revelada nesta passagem.

A terceira condição de verdadeira espirilualidade é, pois, ter uma confiança contínua 110 Espirito para fazer aquilo que Ele veio fazer e o que somente Ele pode fazer . Esta é a medida de precaução do Pai para que o pecado seja evitado na vida de Seus (ilhas. Os resultados da importância desta providência divina p.ua evilar o mal, " jamais satisfa reis a COIl­

cupiscência da carne", lIltrapassam as nossas possibilidades de compreensão.

Muitas vezes é o "princípio de dias" na vida de um crente, quando ele realmente crê e observa, suficientemente, a Palavra de Deus, para tornar-se consciente das suas próprias limita­ções, e quando ele seriamente, cOllsidera a revelação exata acerca do que ele, por si mesmo, pode ou não fazer, e o que o Espírito, que nele habita, veio realizar. Nós raras vezes nos esforçamos por fazer o trabalho que encarregamos outrem de fazer. Normalmente confiamos na pessoa que foi encarre­gada de fazer esse trabalho. Já alguma vez procuramos depen­der em tudo do Espirito? Estaremos nós contando in!"eligen~ temente com o Espírito para que Ele resolva aqueles aSSlmtos especiais que, segundo as Escrituras, E le é indicado para re­solver? Acreditaremos nós que, na verdade, somos tão inca­pazes como nos declara a Sua Palavra? Cremos nós sincera­mente que Ele é suficiente para fazer todas as coisas que nós não podemos e que está esperando que Lhe seja permitido realiza-las ? Tendo nós começado pelo Espírito, tanto quanto concerne ao plano divino para a salvação, seremos agora aper­feiçoados pela carne? Ao encontrar as questõcs sem soluções na vida cristã, estamos vivendo conscienciosamente segundo o princípio das obras, ou segundo o princípio da fé! A Bíblia afinna, de uma maneira categórica, que o crente só deve viver segundo o princípio de fé, quando ele, realmente, estiver dentro do plano que Deus traçou para o seu viver diário. Estes ensi­nos simples, encontram-se nas páginas do Livro de Deus e um crente cuidadoso dificilmente os poderá evitar.

" ANDAI NO EsP!RITQ"

. 0 .. g~Jlero de vida que honra a Deus . Vida dlarla do crellte o objetivo divino ,e haver. sen.1pre na tudo, nunca é resultado de . A sua reahzaçao, COII­ainda dos recursos da carne ~1II~a resolu~~o ou luta humana, Oli

bate da fé". Entre a " luta '; e por se. comba!er o bom com­pode realizar e a "luta" :>ara para reailzar aquilo que só Deus n'Ble para fazer o que s$ Ele manter uma ~tItude de confiança rença. O filho de D f" pode fazer, ha uma grande dife­de se empenhar em P:~:/Q1;~:' apenas, C~1ll a responsabilidade Espírito. Este deve ser ;- 1.lI1ma atitude de confiança no É. esta a sua tarefa d· . o o Jell.vo. da sua constante atenção.

. IVlllamente indicada e o seu lugar de co nos Importantes desígnios de D • eus.

. por-pirito. é a~ SU,d. atitude de confiança no Es-todas as faculdades, ~~~ti~e;tS:Jrrto l;>O?,: .dominar e vivificar

. s e pnvI eglOs humanos. De toda maneIra é a pr'· . d

sendo vivida e ele será cient opna VI a do crente que está dades; mas elas receberão e ~nas do uso, ~Ias suas facul­poderia ser de Outra mane~ er d~ Espmto, COmo não ri to, não põe de lado as fun I~. A a~o poderosa do Espí­rito humanos É atravé dçfes normais da alma e do espí­tude da força' que há de ~eal~:~ 3ue . Ele tran~mite a pleni­Deus. "Se pelo Espírito est. ~POIS a bendita vontade de concupiscência da carne" "F ~I~ nn. a,n~o, jamais satisfareis à

.. . e e a vltorra que vence o mundo" O .RaclOnalismo está diretamente o .. , .

que se lIlsurgem contra o ensino de ~~to ~ fc. Ha aqueles Mas essa rebeldia provem do fato dque I a sa vaSão só pela fé. a Palavra de Deus ou não c e e es ou nao conhecerem aqueles que se recusam re:em nela .. Semelhantemente, há inflexível na vida diária d~ ~~:llttar o . enslllo de que a vitória também é devido ao fato d I e, seJ.a somente pela fé, e isto, Escrituras ou não crerem nef esses taiS .ou não .conhecerem as namente produzida, não se ba~ia A doutnna da .v,da santa, divi­a um dos grandes assuntos senã em um ou do~s textos apenas. Epístolas pois não ' o o tema maIS extensivo das

, e somente amplament d I ·d toda ti. sua grandeza com t b' e esellvo VI o em

, o am em todas as exortações ao

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98 AQUELE QUE t EsPIRITUAL

Cristão são baseadas nos princípios ~a.tos, revelados na !Ovi: t . Ela é um dos elementos maIs Importantes das p fi na. ., d da graça dências divinas que caracterizam o peno o .

Três Razões pelas Quais se Confia no Esplrito

A Bíblia ex -e, pelo menos, três notáveis causas que i",l­pedem a espiritu~dade nos filhos de Deus, ~~~ndo nece~~:~ uma confiança implícita e const3;l1te no . ?lrl~Os ~~l::mas ce-m nós ' (1) "O mundo" , ou seja a opoSlçao a ._

e1 . . . 2) "A c··ne" ou aquilo que dentro do Cnstao se estJals' ( ... . , , . (3) "Sa - 'Espírito " militando" contra o Espmto; e . d -

opo,e ,~o ue roc'ura impedir todos os planos e propósitos e ~~~: .• ~assa~emos agora a apresentar a segu,ir mai s, detalha­damente estas três causas, mas em ordem dIferente.

Primeira - A Impossfvel Norma Celestial de Vida em Contraste com 0$ Padrões do Mundo

Deus só tem um Livro e esse inclui toda s as pessoas de od as dispensações. NnJe encontramos a Sua vontade e

t la~~s uanto a I srael na época anterior à cruz, e a Sua v~n­rade e ~ropósitos tanto p..1.ra lsrael como para todas as na;;es

. d ras posteriores Por isso, encontramos, tam m, !e;~:s vo:a~e e propósitos ·para o povo esO?lhido d~ presente d· - O s filhos de Israel foram remIdos e libertos do ~s~ça~~us deu-lhes a lei que os de~ia g~~ern~: . ~~ sua ta' Estas regras especiais nunca haVIam SI o Irlgl as a err . _ de Israel e estas regras, outro qualquer povo senao ao povo "h t 1"

es ialmente dirigida a Israel, apelaya ao ornem na ur~ . E!: lei, porém, deixou de estar el!l vlgor,_com~ r:~a de 6v.'t:: obrigatória depois da morte de CrIsto (Jo:-o 1.17 'I dom. . lei II Cor. 3:'1-13 ; Gál. 5:18) . Está, tambem~ revea a uma ue há de overnar Israel quando se reumr. outrn vez e s:

q belecer!a terra que lhe pertence sob '? remado d? seu Re1 ~~sias . O reino d'Ele será legal em carater, Oll te.ra o cunho da lei Os princípios desta lei já foram estab~lec,~os e pr:­vistos· pelos profetas do Velho Testamento e, alem d,S~O, ;t~~~ ainda citados em passagens do Novo Testam:nto. . _ contém também uma regra de viver que se aplica aos c:,dad~~s celestiais da presente dispensação, os quais, ainda que celestlaJs

"ANDAI NO EspfRITO"

no que respeita â sua posIção e responsabilidade, são chamados para viver como "peregrinos e estrangei ros" lia Terra, e COIIIO testemunhos na terra do inimigo. Os princípios que os gover­nam podem-se encontrar relatados nos Atos e nas Epistolas e em porções dos Evangelhos. Estes moldes celestiais não são impostos às pessoas que, no mundo, não estão ainda regene~ radas, pois como Ilão receberam o Espirito não estão prepa. radas para poderem viver segundo as regras que são confiadas aos Cristãos. Não traz vantagem nem meSmo é sensato apli~ car os moldes cristãos a pessoas Ilão regeneradas. A lém disso, o pad rão de vida celestial é de carater muito mais elevado do que a lei israelita, assim como os direitos do cidadão celestial são mais elevados do que os direitos do cidadão terreno. Da lei israelita faziam p..1.rte muitos dos princípios et'emos que pro­cediam do verdadeiro caráter de Deus. Como tal, estes prin­cípios não desaparecem; porém, a maneira e.."ata da sua adap­!ação sofre transformação para (Jue possam ser aplicados à nova comunhão que o povo escolhido mantém com Deus. Assim, o crente já "não está debaixo da lei", apesa r de nove dos mandamentos de Moisés, que fazem parte do Decálogo, con­tinuarem a existir e de reaparecerem com- caráter e ênfase diferentes ent re as exortações debaixo da graça. Tão pouco o crente está "sem lei", pelo fato de pertencer a Cristo. H á, realmen te, um valor incalculável em conhe<:er tudo o que Deus tem dito a todas as pessoas de todas as épocas ; mas o Cristão deve interessar-se, prinCipalmente, pelo propósito e plano e.xatos que Deus tem para de. O cidadão celestial não encontrará para si mesmo uma revelação perfeita da vontade de Deus em qualquer porção das Escrituras que foram anunciadas às pes­soas de outras épocas, ainda que, na verdade, ele encontre muita coisa de comum. Não pode haver entendimento claro do Livro de Deus fora desta diferença.

Segundo as Escrituras o Cristão está destinado a ser um ente sobrenatural e, corno tal, terá de viver sobrenaturalmente. Isto é racional. Os Cristãos são cidadãos celestiais a parti r do momento em qlDe são salvos e, por isso, é natural que lhes seja exigido que "andem COmo é digno da vocação Com que loram chamados". Eles não podem ser dispensados de tal vida consistente. Não se tomaram cidadãos por meio de uma regra de vida qualquer, mas eles tomando-se cidadãos pelo poder de

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100 AQuI::U: QUE f EsPIRITUAL

• '1"0 v,"'a" , scglllHlo a. posição que Deus lhes Deus, convem ... ' concedeu. . _ . r

As pa5~agens seguintes sen'lfao, para Ilustrar °fll~la:Sat~e sobrehumano da presente regra de vl<la própria dos Dens. que estão debaixo da graça: . aoS

"No\'o mandamento vos dou: que vos am,els un,s • . bé 'os ameis uns outros' assim como eu vos amei, que tam m' , 't "(J ão 13 "34)' "O meti mandamento e este, que

aos QU TOS o ., ." (João 15 '12 ) vos ameis uns aos outros, assim como cu vos amei ,,' ',,' A lei exigia que o amor fosse dado a outrem como ~ ti mesmo Amar como Cristo 1105 amou, é infinitamente mais elevado, e

11Iunanamente impossíyel. "E não entristec;ais o Espírito de Deus", (EC 4.:~~. " ... Levando calivo todo pensamento a ObedlCIlCI3 de

Cristo" (TI Cor. 10:5) . P ' em "Dando sempre graças por t~ldo"a nossO ~eus e ai,

nome de nosso Senhor Jesus Cnsto (Ef. 5.20). "A fim de proclamardes as virtudes daquele que vos cha­

mou das trevas para a sua mar~vilhosa luz:: (I Ped. 2,:92 i7) "Regozijai-vos sempre. Or~I, se~ cessar (1 Tess. 5. 1 , " " Rogo-vos, pois, eu, o prls]onelro no Senhor, que andeiS

de modo digno da vocação a que. fo.stes chamados, com toda humildade e mansidão, C0111 longammldade, suportando-vos un s aos outros em amor esforçando-vos diligentemente ~r pre­servar a unidade do Espjr ito no vínculo da paz" (Ef. 4 ,1-3 -

E.R.A.), . • ' . nnssíveis Embora estas passagens apresentem eXlgenclas lm,,_

para os recursos humanos, é evídel\te ql~e Deus espera q~e el~ ",'am realizadas na vida de todos os dias do crente. E e

od""

. canazC$ de pr uZlr melhor do que nós, que nunca se namos, 1""' "/_

qualquer destas q~alid~des . de vid?-; por ISSO mesmo ~le nar~ impõe ex igências IrraC]onals naqU ilo que espera de ~os, ~ quanto E le está pronto a providenciar t ,~d.o quan.to Ble eXige. ~ precisamente para este fim que o Esp!TIto habita no lcrente. De nós mesmos, nem sequer nos é ped~do que tente~os a cançar estes padrões. As Epístolas estão CheIas de ga.r~ntl~s d~. ~omo • focça vinda de Deus por intermédio do Espmto e su IClfente

, "D . queeetua para realizar tudo o que Deus eXige: eus e o boa em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua

vontade",

"AN[)Af NO ESP!R1TQ" 101

A !lava reg!';! de vida que é apresentada aos filhos de Deus que estão debaixo da graça é, poi s, impossível do ponto de vista humano, e a sua prática deve depender de uma confiança absoluta no Espírito que habita em nós pma fazer a perfeita vontade de Deus. Um Crist;10, para ser espiritual, tem de "andar segundo o Espirito".

Segunda Razão - O Cristão Tem de Enfrentar um Ini migo q ue Governa o Mundo

A Biblia representa Satanás como sendo o inimigo dos santos de Deus e, especialmente, dos deste século. Entre Sa­tanás e as pessoas que não são crentes, não há controvérsia s, pois que elas já fazem pa rte do seu sistema de governo, Essas pessoas não foram ainda libertas dos poderes das trevas e tran sportadas p..ra o reino do Filho de Deus. Assim como Satan<Í.s é o poder que opera na(llIeles que ainda não crêem (Ef. 2 :2), Deus é o poder que opera naqueles que já estão salvos ( Fi!. 2 :13) . Todo o ser humano ou está sob o poder de Satanás, 0 11 sob o poder de Dcus. Tsto não qucr dizer que os Cristãos não possam ser influenciados por Satanás, que os não salvos não possam ser influenciados pelo Espírito de Deus ; Illas quer dizer que a posição de cada um está em um ou outro dom ín io, e o domínio de Satanás não é, em todos os casos, caracterizado por coisas inerentemente vis conforme são julgados pelo mundo. O objetivo principal de Satanás é ser "semelhante ao Altíssimo" (I s. 14: 14 ), pois ele própr io "se transforma em anjo de lu z", e os seus ministros "se trans­formam em ministros de justiça" (Il Cor. II :13- 15). Os mi­nistros de Satanás, sendo ministros de justiça, pregam um evangelho de reforma e de salvação por meio das boas quali­dades humanas, ao invés de a salvação somente pela graça, sem IiCr relacionada com qualquer virtude humana. Logo, o mundo com todos os seus padrões morais, e cultura, não está absolutamente livre do poder de Satanás e do seu controle ativo . Certamente que ele, fora da redenção que há em Cristo, procura imitar e promover ri tos de religião e excelência huma­na, e certamente que o mundo está preparado para fazer preci­samente isso. Ele cega os entendimentos incrédulos, mas isto a respeito de uma só coi sa : eles são cegados por Satanás para que lhes não respland~a a luz do evangelho ( lI COí, 4 :3,4).

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102 AQUELE QUE t: ES1'IRITUAL

A inimizade de Satanás tem sido sempre e só conlra a Pessoa de Deus, e não contra a humanidade. t:: somente quan­do nós nos tornamos "co-participantes da natureza divina" que descobrimos que lemos um novo e poderoso adversário. Os ataques dos seus "dardos inflamados" são dirigidos a Deus que habita em nós. Contudo. o conflito é real e o adversário c sobre-humano. Quanto ao mais. sede fortaleci­dos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, p.'lra poderdes ficar firmes COntra as cila­das do diabo: porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso. contra as forças espiri­tuais do mal, nas regiões celestes" (Ef. 6 :10-12 - E.R.A.) . Estes dominadores do mundo tenebroso, as forças espirituais do mal, dos quais se diz aqui que sustentam um conflito incessante contra nós, não podem ser derrotados com estratagemas e forças humanas. A Bíblia não confirma as suposições tolas de que o diabo fugirá perante a simples resi stência de uma decidida von­tade humana. Temos, sim, de "resistir ao diabo", mas isso só pode ser feito "firmes na fé", e quando nos "sujeitarmos" a Deus (Tingo 4:7; I Ped. 5 :9). Satanás, sendo pela criação superior a todas as outras criaturas, não pode ser vencido por uma delas. Até mesmo o arcanjo Miguel, como se sabe. "qnall­do contendia com o diabo ... não ousou pronunciar juizo de maldição contra ele, mas disse: O Senhor te repreenda". O arcanjo Miguel não contende com Satanás; ele precisa depender do poder de Outro, agindo sobre um principio de fé, e não de obras. Certamente que llm Cristão. com todas as suas limi­tações, tem de recorrer ao poder de Deus quando em conflito com aquele poderoso advers.i.rio, e lhe é mandado proceder assim: "Embraçando sempre o escudo da fê. com o qual po­dereis apagar todos os dardos inflamados do maligno" (Ef. 6016).

O conflito do crente com Satanás, é tão ,'iolento e con­tínuo quanto este poderoso ser o possa tornar. Diante dele é como se nós não rôs~mos nada; mas Deus antecipou-se á nossa incapacidade, providenciando uma completa vitória por intermedio do Espírito que habita em nós: "Porque maior é o que está em vós do que o que estâ no mundo" (1 João 4:4). Um Cristão, por causa da força do novo inimigo, deve "andar segundo o Espírito" se ele quiser ser espiritual.

"ANDAI NO EsPfRlW" 103

Tercei ra Ruio - A N.tureza Adi mica

Há Cristãos que são tão negligentes, que não se interes­~am pela. ~essoa nem pelo trabalho do Espírito Santo, ou pelas Justas dlslmçóes que detenninam as condições da verdadeira espiritualidade; mas, estas diferenças e condições apelam àque­les que, c?m to?a a sinceridade, desejam ter uma vida que agrade. sahsfatonamente a Deus. Sabemos que Satanás tem armadilhas e falsas doutrinas no reino das mais profundas rea­lidades espirituais. A maioria destes falsos ensinos são ba­seados num mal-entendido ensino da Bíblia a respeito do pe­cado, especialmente o problema do pecado que está relacio­nado com o crente.

A ~scritura é " útil para o ensino, para a repreensão, para a correçao, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus sei.a. perfeito (completamente desenvolvido), e perfei­tamente habilitado para toda boa obra" (II Tim. 3 :16,17); mas na mesma Epístola somos também incitados a "manejar bem" a Palavra da Verdade. Deve-se notar que dois dos quatro valores das Escrituras, na vida do " homem de Deus" como é citado na passagem acima, são "repreensão" e "co';'eção"; no entanto, quão poucos, espedalmente daqueles que estão agarrados ao erro, apresentam um espírito dócil ao ensino. P~rece que uma das características de todos os enganos satâ­niCOS, é que aqueles que abraçaram esses enganos paTeC:em não estar, honestamente, inclinados a reconsiderar as suas bases. Apenas lêem as suas próprias revistas ou aquela literatura que seduz e, muitas vezes até, evitam, cuidadosamente de ouvir qualquer ensino corretivo da Palavra de Deus. BSI~ obstáculo ~u~~t~ quando ~ erro deles os leva a assumi r uma posição 1llJushflcada relatIva a uma suposta libertação do pecado, ou a realizações pessoais de santidade. Uma "correção", ou "re­preensão", para esses, parece ser uma insinuação à "apostasia", e nc;nhuma ~soa de espírito zeloso escolheria com gosto tal cammho. MUlto erro está prosperando com estas diretrizes e ~em nenhum outro dinamismo senão o zelo humano, sendo por IS,SO que a Palavra de Deu~ é constantemente mal interpretada 50 para sustentar as teoTlas humanas. Muitos destes erros fi~m reprovados e são corrigidos logo que é reconhecida a diferença fu ndamental entre a posição do crente em Cristo. e a sua e.rperiência no viver diário. T udo o que Deus tem

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104 AQueLE Qm: t EsPIRITUAL

feito por nós em Cristo, é perfeito e completo ; não se deve confundir, porem, esta perfeição com a imperfeição da vida diár ia.

Existem cinco doutrinas bíblicas que estão IIltimamente relacionadas com a questão do pecado no crente, as quais são habitualmente mal compreendidas. e as quais, sendo falsificadas, podem ser usadas pelo inimigo para levar até mesmo os crentes mai s sinceros de espírito. à mais ilusória presunção e ao erro mais nocivo. Estas doutrinas são: ( I ) A existência no crente da contínua presença da natureza adãmica, a qual constitui o tema prescnte; (2) A CUfa divina das conseqüências do pe­cado n3 "ida espiritual de mn Cristão, o que já foi conside­rada; (3) O ensino híblico <ju<tnto à. perfei,ão; (4) O ensino bíblico sobre a santi ficação; e, (5) O ensino bíblico acerca da morte do crente em Cristo. Para que haja uma compre­ensão maís clara do tema qne se está t ratando, vamos consi­derar em primeiro lugar c, resumidamente, ° ensino bíblico sobre a perfeição c santificação. Ql1anto ao ensino que trata da morte do crente em Cristo, ocupar-nos-emos dele mais tarde e no momento mai s apropriado deste estudo .

A Doutrina da Perfeição

Na Palavra de Deus. a perfeição ê apresentada sob sete. aspectos:

1) O uso delt,. palavra no Velho Testamento aplicada a p&5soas.

A palavra, no Velho Testamento, significa " sincero" c "reto". Noé era "reto" (Gên. 6:9) ; jó era "sincero" (Jó 1 :1,8); evitando os pecados que as outras nações praticavam, Israel podia ser "perfeito" (Deut. 18:13); o Í11turo do homem "sincero" era a paz (Sal. 37 :37). Por isso, também, os santos segundo a ordenança do Velho Testamento, estarão inscritos no Ceu como "os espíritos do~ justOs aperfeiçoados" (Heb. 12 :23). Contudo, a Biblia não indica que esta s pessoas eram sem pecado.

2) A perfeição da posição em Cristo

"Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre

"ANDAI NO ESP!RITO" 105

quantos estão .s:ndo santificados". (Heb. 10:14). Isto é c1ara­ment~ a perfelçao da obra de Cnsto por nós e não deve estar relacionada com o viver diário do crente.

3} A matur idade e o entendimen to espiritu,.is

"Entretanto, e."I(pomos sabedoria entre os experimentados" (adultos,. 1 Cor; 2:6, cf. 14;20). Veja-se também, II Cor. 13: 11; FI!. 3:b; 11 Tim. 3:17).

4) A perfeisão que progride

. ".Sois assim insensa.tos que, tendo começado no Espírito, estej ais agora vos aperfeiçoando (sendo aperfeiçoados) na car­ne?" (Gál. 3:3).

5) A perfei são em qualquer coisa espec ial

. a ) Na vontade de Deus: " Para que vos conserveis per· feitos c plenamente convictos em toda a vontade de Deus" (Col. H2 ). " b) Na imita~ão de um aspecto da bondade de Deus:

Porta,:lto, sede vos perfeitos, como perfeito ê o vosso Pai ~I~te. (Mat .. S:4~). O contexto e a respeito do amor do

ai pelos Seus Illlmlgos e a exortação e para que este aspe t da bondade do Pai seja imitado. c o

c) ·No serviço: "O Deus de paz vos aperfeiçoe em todo bem" (Heb. 13,21).

<I) Na paciência: ."Ora a perseverança deve ter ação c?mpleta, ~ra que seJa1S perfeitos e íntegros, em nada defi­cientes (Tlago 1 :4 ).

6) O aperfeiçoamento final do individuo no Céu

. "O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensmando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos. todo homem perfeito em Cristo" (Col. 1 :28, cf. Col. 1 :22; FI!. 3:12; I Ped. 5 :10; I Tess. 3:13) .

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106 AQUELE QUE t EsPI RITUAL

f) A perfeiçio final do corpo coletivo dos crent .. no C'u

"Até que todos cheguemos à unidade. da fé e . ~o plen? conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonthd3~e, a medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef. 4:13. Veja-se. também, 5:27; João 17:23; Jud. 24; Apoc. 14:5) .

A palavra "perfeição" tal como se encontra no Novo Testamento, é unta tradução ou de lima ou de outra ~l,a~ras gregas que significam - uma "maduro" e - outra. aJus­tado", ~ evidente que nenhuma destas palavr~s. cons~d.erada etimologicamente. tem qualquer relaçã~ CO~l Impecablhdade. Estes fatos deviam ser observados mais cUld~dosamente por aqueles que têm tentado formular uma dOul fll!a ~,egI1l1~O.? uso um tanto já desvirtuado, da pnlavra portuguesa perfeito. :11 precisamente nesta altura, que nós, talvez, possamos chegar à eonclusão que as Escrituras são pa~a nós u!ua palavra ?e "repreensão" ou "correção". Na realidade, ha uma perfeita libertação para cada filho de Deus, a qual. é realizada pelo Espírito, mas este fato não deve ser confundido c~m qua!quet uso da palavra "perfeito", especialmente quando a tncapacldade para pecar está subentendida pelo liSO desst1 palavra.

A Doutrina d. Santificação

Além disso a doutrina não deve ser criada para exceder aquela que é atualmente expressa pel? uso bíblico d~ ~avra "santificar". Para descobrIr o perfeito alcance e Slgtl1flcado desta palavra, é necessário incluir todas as passagens do Velho e Novo Testamentos em que ela é usada, e acrescentar, tam­bém a estas todas as passagens nas quais as palavras "santo li e "~grado'" são usadas, visto que estas três pala,:ras são tra­duções da mesma palavra original, tanto do HebralCo como do

Grego. . .. . .. d " ,·C· "" ," ,,~ .. O slgmflcado pnmltlvo e s;3n J, Ica.r, san o e ;,0.-

grado", é de que uma pessoa ou cOisa ~ dita como sendo sepa­rada, ou classificada; geralmente' como que pertencendo a peus.

Ainda que estas palavras e a verdade que elas expl'lmem, se encontrem através de toda a Bíblia, este estudo refere-se somente àquele aspecto do ensino que se. aplica ao .f!lho de Deus que está debaixo da gra~a: E po~. lSt~ se venflca que os crentes são objeto de uma tnpla sant1flea~ao:

"ANDAI NO EsP!RITO" 107

Primein - A Santificação Quanto . Posição do Crente

"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tomou da parte de Deus . . . santificação" ( I Cor. 1 :30), "Nessa VOll­

tade ê que temos sido sant ificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas" (Heb. 10:10). Da mesma maneira também, o Apóstolo se dirige a todos os crentes como "santos", e nas Escritl1ras faz-se referência aos " santos pro­fetas", "irm5.os santos", "sacerdotes santos", "mulheres san­tas", a "nação santa". Dirigia-se. ainda o Apóstolo, aos cren­tes de Corinto chamados " santos" sendo já "santificados" (I Cor. 1:2; 6: 11) ; no entanto, esta mesma carta foi escrita para repreender aqueles Cristãos que cometiam pecados tremendos (I Cor. 5: 1,2; 6: 1 ,7,8). Eles eram "santos" e "5..'l.ntificados" em Cristo, mas estavam, ainda, longe de serem assim na con­duta diária.

Segunda - Santifi cação Baseada na Experiência

Esta pe rspectiva do plano de Deus p..'l.ra o crente é pro­gressiva em alguns dos seus aspectos, e está em absoluto con­traste com a santifica~ão da posição do crente que foi "feita uma vez". Ela é realizada pelo poder de Deus atra,·ês do Es­pírito e da Palavra:

"Santifica-os na verdade; a tua p..'l.lavra é a verdade" (João 17:17. Veja-se, também, II Cor. 3:18; Ef. 5:25,26; T Tess. 523; 11 Ped. 3018).

A santificação b.'l.seada na expenencla, relaciona-se a "árias condições:

1) Referente à submissão a Deus. Apresentando o seu corpo em sacrificio vivo, o filho de

Deus fica, por esse meio, separado para Deus, e, por isso, san­tificado segundo a experiência. A apresentação pode ser abso­luta e, então, não admite a evolução progressiva, mas, se ê parcial, requer um desenvolvimento mais prolongado. Em ambos os casos, a santificação é experimental.

2) Referente ao pecado. O filho de Deus, pode de tal maneira cumprir todas as

condições para a verdadeira espiritualidade que experimentará todas as liberta~ões e vitórias que lhe são providenciadas para viver sobre o poder do pecado, ou, por outro lado, pode apt-

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108 AQUELE QUI:!: Ê ESPIRITUAL

ri01elltar apenas, uma libertação parcial. Em qualquer caso, ele é sepa rado c experimentalmente santificado.

3) Referente ao crescimento cristão. E ste aspecto da santificação pela experiência é, em todos

os casos, progressivo. De modo nenhum, deve ele ser confun­dido com submissão incompleta a Deus ou vitória imperfeita sobre o pecado. O seu significado é, que o conhecimento da verdade, a devoção e a experiência estão naturalmente sujeitos ao desenvolvimen to. Pela eficácia do seu desenvolvimento pre­sente, como Cristãos, os crentes ficam, experimentalmente, se­parados para Deus. Esse desenvolvimelllo deve ser aumen­tado a cada dia que passa. E assim, mais uma vez, o Cristão f~ca sujeito a uma santificação experimental a qual é progres­sIVa.

Terce ira - A Santificação Final

Também a san tificação pela experiência só será perfeita quando os santos se reun irem na Sua presença em glória. "Quando cle se manifestar, seremos semelhantes a ele", e "con­formes à imagem de seu Filho" (I João 3:2; Rom. 8:29).

O ensino bíblico com respeito ir. santificação é, pois, ( 1) que todos os crentes sâo santifiCados por causa da sua posi­rão em Cristo " feita uma vez" no momento em que são salvos. Esta santificação é tão perfeita como Ele é perfeito. (2) Todos os crentes vão sendo santificados pelo poder de Deus através da Palavra e esta santificação é tão perfeita quão per­feito for o crente. Por isso. também. (3) todos os c rentes serão santificados e perfeitos em glória na própria imagem do Filho de Deus. A Bíblia, portanto, não ensina que qualquer fi lho de Deus, fica completamente santificado na vida diária antes daquela consumação final de todas as coisas.

A Doulrin. d .. N .. lurez. Adi mic.

A terceira e última razão a ser mencionada sobre porque o crente dcve, conscienciosamente, confiar no Espírito, como já foi citado, é que ele ainda possui a natureza adâmica 'Sobre a qual, ele só por si, não tem domínio suficiente. O Cristão é liberto e salvo pela graça de Deus; mas ele sozinho não pode conduzir-se num viver que honre a Deus. P or isso tem

"ANDAI NO ESP!RITO" l&J

de se emregar ao poder divino ]:h1.ra que possa ser liberto do poder do pecado, da mesma mancira como c1e já se ent regou aquele po!ler de Deus quc ~ libert,?11 da cOlldelloção do pecado. A sal,vaçao tanto para a Ilbcrtaçao, quanto para a santidade, tudo e oh.Ta de Deus dC11tro e o· favor daquele que confia !l'Ele.

Admite-se, ger~lmente, o fa,to de que, o incrédulo poSsuI lima natureza decalda. ° eqmvoco, poren"!, é para com o c~ellte .. NO ensino da Bíblia é claro, mas, no entanto, ainda ha Cn~!aos professos qlle, erradamcnte, presumem terem dei­xado Ja dc pos~ui r .a tendência para. pecar.1 Esta questão tanto pode ser discutida do ponto de vista experimental, como do ponto dc vista da Bíblia.

Ten.do. como base a expcricncia, vcrifica-se que os mais santos filhos de Deus têm mostrado estarem cônscios da pre­sença e do ~er. de uma natureza deca ída. Isto se pode cha­mar de conSCICIICla normal do crente sillcero. Tal consciência c~n~ldo, não quer dizer falta de maturidade: antes, é a evi~ de!lCIa de ~ma v:rda.deir~ humildade e visão clara do seu pró­~flO coraçao. Nao Impltca falta de comunhão com Deus oca­SIOnada pela of~tlsa ao Espírito Santo através do pccado. Quem pode odiar maiS o pecado, senão aquele que .tem a cOllsciêncio da sua presença e do SCl.1 poder.? E quem corre o maior perigo dos seu~ e~t~a~s. na Vida espmtual, senão aquele que numa presunçao. mJustl~lcada tem sup~st? que a inclinação para o p~cad:, fOI destnuda? A controverSla de que ninguém tem in­chnaçao I~ara o pecado, deve ser baseada numa horr ível falta ?e conhecimento ~e si próprio, no que respeita à força e aos Impulsos do cNoraçao. ou en~ão. tal. suposição é feita pela falta de c.om'p~eensao do verdadeiro cara ter do próprio pecado. Se ~lm .lIldlvlduo se pode convencer a si próprio de que o pecado e (!If~rer~te de qualquer, co/;sa que elc costuma fazer, ou que esta IIlchnado a faze r ; e alem do que cle pense, sinta ou em­preenda, cle po~e,. realment~, convencer-se que nunca pecou. Se" pelo seu propTlo entend imento, alguém pode modificar ° carater do ~ado, com certeza esse tal pode, por esse pro­cesso, tornar Isenta de culpa a sua COllSciêllcia.. E não são poucos os que pensam assim hoje no mundo. A verdade não pode prevalecer quando baseada em experiências humanas. Ela tem que ser baseada na revelação,

l Veja·se a pAgo 139.

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llO AQUELE QUE ~ ESPIRITUAL

o pecado l1:l0 é aquilo que qualquer pessoa preconceituosa e desviada afirma ser: pecadu é aquilo que Deus revefol~ que é. O pecado tem sido bem definido, de um estudo de toda a Palavra de Deus, como sendo "qualquer violação da vontade revelada de Deus, Oll falta de submi ssão a essa \'ontade", n " errar o alvo", Mas que alvo? Certamente o alvo divino. Temos nós feito toda e somellft a Sua vontade com idéias tão puras como o Céu e com a fidelidade imutá.vel do Infinito? Deus preparou uma vitória perfeita; mas todos nós falhamos, muitas vezes, na sua realização. Se possu irmos qualquer grau de co­nhecimento de Deus, e de nós próprios, concluiremos que, aos olhos de Deus, nós estamos muitas e muitas vezes longe da isenção do pecado. Ter a noção da iniqüidade, tem sido, por vezes, o testemunho dos crentes mais espirituais de todas as gerações, porque lhes foi e tem sido impossível ver a Pessoa de Deus. Já, o reto de coração, abominava-se a ele próprio diante de Deus. Daniel, contra quem não foi achada culpa, disse: "A minha alegria se me tornou em abominação".

Ao considerar-se a revelação bíblica no que se refere aos pecados dos Cristãos, duas perguntas podem ser feitas com certa razão: (1) " Onde tem a sua origem, o pecado que existe nos filhos de Deus?" e, (2) "Qual e o remédio divino?" A Palavra de Deus é rica em respostas para estas perguntas.

1 _ Onde Tem a Sua Origem o Pecado que Existe num Cristão?

O pecado é o fruto de uma natureza caída. Isto foi sem­pre assim com a exceção do primeiro pecado o qual resultou na queda. Nós pecamos por causa da natureza caída que rece­bemos de Adão, e das gf'raçõts inumeráveis dos antepassados pecadores. E isto tanto se dá com os que não são regene­rados como os que o são. Todavia, alguns insistem que o Cristão que se supõe ter sido liberto da natureza do pecado, ainda pode continuar a pecar da mesma maneira que Adão pecou, _ devido à natureza CJue não caiu. Ora, Adão só pecou uma vez com a. natureza pt'rfeita e ninguém mais, desde então até agora, pecou à semelhança de Adão. Pudéssemos nós estar, atualmente, nas .mesmas circunstâncias que os nossos primeiros pais, não poderíamos pecar e ainda conservar aquela posição. O primeiro pecado que cometê~semos teria como re-

"ANDAI NO EsptRITO" III

s~ltado o ~l~SSO regresso a um estado de queda. Onde esta· namos _ espiritualmente, depois de ter pecado, se a experiência de Adao é de algum valor como evidência no presente caso?

Para melhor compreensão do ensino bíblico quanto ao ~ssunto do pecado no Cristão, vão ser definidas três palavras Importantes:

"Carne" (Grego - sarx). A palavra, no seu uso geral, refere-se ao corpo fí sico.

No entanto, ela tem também um significado moral ou ético sendo deste último aspecto que nos vamos ocupar.' ' . O vocábulo "carne", quando usado na Bíblia com signi­

fIcado ~ora l , qu.er d!zer muito mais do que corpo físico; no seu s~t.ldo ele mclUl a totalidade da pessoa não regenerada, - esplrlto, alma e corpo. Inclui o corpo, mas também indui o espírito e a alma humanos que dão vida ao corpo. Um corpo fí sico é "carne" quer esteja morto ou vivo. Mas o uso moral d'.l palavra quer dizer que está viva e inclui aquilo que a faz v~~ente e 39uilo que ela própria expressa através do corpo fISICO. Os Impulsos e desejos da vida são chamados "c<:,ncup~sc~ncias d~ ~r~e". "Andai no I2spírito, e jamais s~tlsfarels a concupJscencla da. carne" (Gil 5: 16. Veja-se, tam· bém, Ef. 2:3; I~ I:'ed. 2:18; I João 2:16; Rom. 13:14). Que ~ ~so que a Blbha ~az da palavra "concupiscência" não se hmlt~ apenas aos desejOS desordenados, é evidenciado pelo fata de dizer-se que o Espírito Santo "milita contra a carne" con­fo.rme o versículo seguin~e deste contexto (veja-se, ta~bém, Tt<lgo 4:5),! Mas: as Escnt~r~ ~mla são mais explicitas no que se refere a amplitude do slgt1lÍ1cado desta palavra. E assim elas aludem à "sabedoria humana" (lI Cor. 1:12); "tábuas de carne, nos corações" (lI Cor. 3:3); "mente carnal" (Cal. 2:18, cf. Rom. 8:6). O Apóstolo não diz que, tanto o seu corpo como a sua natureza, são "carnais"; ele diz, "E" sou carnal" (Rom. 7:14), e, "em mim (isto ê na minha carne) não ~abita bem nenhum" (Rom. 7:18). ,,'Carne", quer dize; p.ropnamente o etl. O eu não regenerado está, no íntimo de ~1 . mesmo, desesperadamente mal e condenado; mas, está su­)CJto. ao J?Oderoso novo nascimento e à última transforma~ão prOVidenCiados pela graça e poder de Deus.

A~ .todo deste "homem natural" é dada uma nova natu­reza dlvllla quando ele é salvo. A salvação é mais do que uma

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112 AQUELE QUE t.: EsPIRITUAL

-" É mais do que lima transformaçâo "mudança de coraçao . . ~ d 1 da uilo que é velho: é uma regeneração, ou ~naça? e qua · u~r coisa completamente nova que. se poSSUI conJuntamen~ ~om a velha naltlreza, enql1anto eSllVer!110S neste cor~~nali _ presença de duas naturezas ?postas (I~ao d:. dll~~r~ milita dades) num indivíduo. ocasIOna conflito. A ~ contra o E spírito, e o Espírito C01~tra a carne; POd rque 'ds~o

o "(Gál 5'17) Nao se pretende ar a I ela opostos entre SI. . • •.. . • • de (ile esta sujeição divina sobre a carne, seja semp~e lmpres~

o dI I d ,r"'nte o tempo que estivermos no corpo; naO obstan­cm 1\'e I '" I d amo o crente B'bl' h' m testemunho bem c aro e c _ te, na I la a li "d ESI)írito" c "nao pode experimentar um constante an ar no . d

. à concu iscéncia da carne". E para conseg\ur tu o ~~~~\P~ll~O se pron;ete eliminar a "carne". ~,e.spí rito hun,~~~~~ a aíma e o corpo tem que permanecer e a vlto.na sobre . a

"o h p-Io poder do Espírito que habita em nos. ne e gan a '- ~

"Velho Homem" (Grego - palaios antbropos). Este termo é usado só trCS vezes ,no Novo T~~ament?

Uma vez refere-se à posiçãd presente do . velho hQt11em atraves da mort~ de Cristo (Rom. 6:6). Nas out:;s duas pass~~en~ (Ef 4,22-24' Col. 3:3,9) o fato de que o velho homem f 01

desPoj~do pa'ra sempre, const itui a base de um chamamento

para uma vida santa. . T d . m 6 ·6 Ic-se : "Sabendo isto, que fOI . CruCI ~ca .0

Em Ro. . Ih homem" Não se faz aqUI refercncla com ele o 110550 ve o " 'r o -o . ..' do Cristão' antes e uma co-trUCI Icaça alguma a ex.pe·nencra. ., 1 Ele foi "com ele" e, evidentemente, na época e ugar e'rn q~~tamente crucificado 1 No contexto, esta passagem vem .lC. ri

. . I t que se refere à nossa Iransferencla d? P . a s.egUlr

A aI? re a ~ o úitimo Adão na primazia da sociedade

melro (ao par . w I tO pe'petuado (R 5 · 12.21) O primeiro Adao ta como es a om..· T ~ d C' to O nosso "vclfio

em nós. {oi julgado na crucl ~caçao e f1S. d Adão' foi homem" aquela natureza calda que recebemos e . ' " oro' do com ele" Esta co~crt1cificação, como adiante se

crucl Ica ... . f I do porque torn:l. , ' de maior importâncIa, dlV1llamente a an , "

vera, e . I'b - do poder do " velho homem. possível uma verdadeira I ertaçao .. ., ltes Contra a natureza pecadora deve eJostIr l~m reto JUIZO ai que qualquer trabalho dívino seja empreendIdo a favor da nossa

1 Veja-se as págs. 119 -128.

"ANOA.I NO EspIRITO" llJ

libertação. Assegurado esse juízo, o caminho fica aberto para a vitória maravilhosa através do Espirito.

Na segunda passagem, na qual se usa a expressão "velho homem", o fato do velho homem ter sido já crucificado com Cristo, é motivo para um apelo: "no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se cor~ rompe segundo as concupiscências do engano e vos removeis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade" (Ef. 4:22~24 - E.R.A.).

Na terceira passagem, a situação sugere, outra vez, a expe­ricncia correspondente. "Não mintai s uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos revestistes do novo hO~m que se refaz para o pleno co­nhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Co\. 3 :9,10). Quanto à pO$1',ào, o "velho homem" foi despojado para sempre. Segundo a experiência, o "velho homem" per· manece como uma força ativa na vida, a qual pode ser con­trolada somente pelo poder de Deus. Mas nós só nos apro­veitaremos dessa eficácia divina, quando renunciarmos intei· ramente ao pensamento de compromisso ou ~e tolerância para com o fru to da velha natureza e, pela fé, aplicamos o antídoto do Espírito o qual foi divinamente providenciado para a vitó~ ria. O resultado de tal "adaptação" e "mortificação dos nossos membros", é abrir caminho para que o Espírito possa opera r, na vida , as manifestações do "novo homem", Cristo Jesus.l Nâo podemos julgar o "velho homem". Isso já fez Cristo por nós. Tão pouco podemos controlar o "velho homem". Isso fará o Espírito por nós. "Revesti~vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas cOllcupis~ cências" (Rom. 13:14). O fruto do "velho homem" e o do "novo homem", lembremo·nos disto, estão postos, claramente, em contraste em Gál. 5 : 1 9~23: "Ora, as obras da cante são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissen· sões, facções, invejas, bebedices, glutonarias, e coisas semelhan­tes a estas ... Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longânimidade, benignidade. bondade, fidelidade, mansidão, do­mínio próprio".

1 Veja·se a pAg. 40.

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114 AQUELE QUE J!: EsPIRITUAL

Não há fundamento bíblico algum que fa,~a d~eren5a e~:~ adâmica e a "natureza hwna.na. s "Iao 't'

a natureza nquanto que os sa vos em nerados só têm uma natureza, e . d em de Adão e d 5 A penas há uma natureza cal a, que v • uaa · única natureza nova que vem de Deus.. ., foi

um O "velho homem", pois, é a natureza adamlca q.u~ Ja t"

. ustificada com a morte ~e Cristo. Contudo,. ela am a n~:s:. ~onosco como um princípIo atlv<! das, ~:: d~a~re u~ con­vItÓria experinumtaJ, s?~re ela, 50 ~ra ~'O " velho fiança absoluta no Espmto que habita dentro e nos__ todo" homem" é, portanto, só uma pane da carne mas nao o ,

«Pecado" (Grego - hamartia).

A terceira palavra da Bíblia relacionada com a fonte do . D ' " do" Em algumas por-malquehánosfllhosd~ eus,~ peca . R 6'1 38:13

- das Escrituras mUlto especlahnente em om" d ' C;oes _ 1'1 2'2' há uma importante diferença entre os ~IS e I ) 000 '1 a ;,' do" Os dois significados, tornar~se-ao usos da pa avra peca, lavra se refere algumas claros se nos lembrarmos de que a pa , mald~e resul~ vezes,' à natu reza adâmica, e, outras vezes, t:reza é a origem tante dessa natureza. Peca4o, cJm~ uma ,na e dã o seu pró~ do pecado que se comete. P~ca, °a em: r:;d~~. Pecado quer prio fruto no pecado, o qu e d -o suas d' er o "velho homem", enquanto que os peca os sa

IZ , _ 'da Pecado é aquilo que somos por nascl~ mamfestaçoes na VI. d - maldades que fa.=etnos mento, ao passo que peca os 530 as

durante a vida. "carne" H á abundantes provas bíblicas do fato de que a ai _ '

.. "cado" são as fontes do m , e sao o "velho homem.' ou pe 'durante o tempo em que eles patrimônios dos filhos de Deus le é um "tesouro" permanecem neste corpo terreno. " Para e habitar nele; sagrado a p:>Sse do "novo home~ ~U~~~~o! O vaso de mas ele tem este tesouro num vas . hum' ilhação" (lI ba _. ma,', que o "corpo da nossa r ro, nao e

COf. 4:7; Fi!. 31.d:2adl). o Eu _ conserva a mesma indivi·

A persona I e - bo dualidade atravé~ de todas as oper~ç~~s td:n~::~ç~~ er~;~ perimente o maior progresso .posslve , ~ " si ões e neração da sua c?ndição perdida em C ~:o, aXq~o POqu~ era, domínios como filho de ~~us em fi. 'd da dova se diz ser perdoado, justificado, salvo, e poSSUi or

"ANDAI NO ESP!RITO" 115

natureza divina que é a vida eterna. Aquilo que era, nasce de novo e p.'\ssa a ser uma nova criatura em Cristo Jesus, embora fique como a mesma personalidade que nasceu de de­terminados pais segundo a carne. Ainda que nascido de Deus e possuindo uma nova natureza divina, a fraqueza da carne I:

as inclinações da natureza pe<:amillosa, continuam a habitar nele até à transformação final do terreno para o celestial .

,Na carta de I J oão 1 :8,10, encontramos uma clara adver­tência contra toda e qualquer presunção sobre pecado, Pri. meiro, OS Cristãos são repreendidos por dizerem que não têm natureza pecaminosa: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não estâ em nós". Isto refere-se claramente à natureza pecadora do Cristão e não tem aplicação alguma aos que não são salvos. n dirigido apenas aos crentes, mas a todos os crentes. Não adianta pensar que a passagem refere-se a determinado desven­turado, a algum ignorante ou até a certa classe de Cristãos não consagrados. Aqui não se trata de distinção de classes. 13. o testemunho do Espírito de Deus com referência a toda a pes­soa que nasceu de novo. Dizer alguém que nele não há natu­reza pecadora, signi fica que essa pessoa se etlgalla a si mesma e que nela não há verdade. Esta passagem tem, evidente­mente, a intenção de "corrigir" aqueles Cristãos que clamam estarem libertos da natureza pecaminosa e os quais se têm arro­gado o direito de crer que eles estão realmente livres. Uma mente feita em si própria, nem sempre correspollde à mente de Deus.

Na mesma passagem, os Cristãos são também repreendidos por dizerem que os seus pecados não são fruto da velha na­tureza: "Se dissermos que não temos cometido pecado, faze­mo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós" ( I Jooo 1 :10). Nada poderia ~r mais explícito, É provável havet Cristãos que tenham sido ensinados a dizer que não pecaram: mas para isto acharão eles também uma palavra de "repre­ensão", se enfrentarem o Espírito de Deus. E assim, uma vez mais, isto não diz respeito somente a determinada classe de Cristãos não consagrados: diz respeito a todos os Cristãos, Estar em desacordo com o claro ensino desta importante pas­sagem corretiva, é fazê-lO "mentiroso" e tornar conhecido o fato de que "a sua palavra não está em nós",

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AQUELE QUE t ESPIRITUAL

Logo, o pecado tem a Stla ori.g~m somente I.la natureza pe­cadora e não na nova natureza dlvma . Esta Importante ver· dade ~ apontada nesta mesma EpistGla. n~m~, p:ssagem. que não só ensina, primeiramente, que o Cflstao Ja nao. ~ralica o pecado como fazia antes de receber a !lava natureza dIV.l1la: ma~ que ensina também que o pecad~, não pode ser at~lbU\do: a natureza divina como sua causa. Todo aque~e que e naSCido de Deus não vive na prática de pecado ; POiS o que perma­nece nele é a divina semente [natureza} ora, esse [refenndo-se em especial à "semente"} não pode vi,'er pecando, porque (a "semente"] é nascido de Deus" .(3:9, literal). ~ eVidente que a nova natureza é aquela que fOI gerada de Deus, e .por. ?,"u~a da presença desta natureza, aquele em quem ~la habita Ja nao comete pttado da mesma maneira como faZia .antes de ser salvo, nem tâo pouco pode o pecado ser prQ~Il::JdQ. pela nova natureza que vem de DeuS, A passagem nao ensl~a _ que ~ Cristãos não pecam, GU até mesmo. que al!lJl~s Cnstaos nao pecam pois que se não tem em vista deternunada classe de Crjstã~s, mas o que aqui se diz é a verdade sobre todos os que têm sido "gerados de Deus".

Além disso, as Escrituras ensinam que, desde que há duas naturezas no crente, um conflito se trava entre a, nova natu­reza, através no E'Spírito, e a velha nature~a atr.aves .da ,carne. "Digo, porém: Annai no Espírito, e jama.l~ satlsfarels a co~' cupiscência na carne. Porque a carne ml!lta contra o Es~~ rito, e o Espírito contra a carne; p?:que s~o o~tos entre SI,

para que l quando andardes em Espltlto] l1ao faC;aI~ o que por­ventura seja [caso contrário] do vosso querer (Gal. 5:16,17). Um outro aspecto nesta verdade está largamente tratado em Rom. 7: 15 a 8:4. Nesta passagem pode observar-se ~I,ue ,? velho "Eu" está em constante oposição com o novo Eu.

Por vezes já se têm dado o direito a esta passagem, de se referir ela a certa experiência da vida do Apóstolo antes de ele ter sido salvo. Mas isto leva-nos a graves problemas. De maneira nenhuma tal conflito pode estar biblicamente relacio­nado com a vida de Saulo de Tarso, nem com qualquer outro homem não regenerado. Saulo de Tarso, n~o e.ra um. "homem miserável"· ele era um fariseu que se satisfazia a SI mesmo, vivendo "~m toda a boa consciência" e "segundo a lei, in­culpável". Foi só quando ele com~ou a "regozijar-se com

"AND.I NO EsrIRITO" 117

a lei de Deus segundo o homem interior", que sofreu a expe­ri~ncia deste bem profundo conflito. Do mesmo modo, tam­bém, se tem reclamado, algumas vezes, dizendo que esta pas­sagem se refere somente a Paulo como um judeu que estava debaixo da lei de :r.,'loi sés e, portanto, não podia aplicar-se a qualquer gentio, "isto que a lei de Moisés não era destinada aos gentios. Sim, realmente, é verdade que a lei não foi dada aos geutios. a propósito principal desta passagem não é fazer realçar uma característica especial de um judeu debaixo da lei: representa. simplesmente um santo enfrentando a impossibili­dade de viver conforme a vontade revelada de Deus, não sim­plesmente por catlsa da fraqueza humana, mas por causa de um princípio energicamente oposto da "carne". Se, nesta pas­sagem, se faz referência exclusivamente à lei de Moisés, assim parece que essa referência não é feita senão como uma ilustração de uma declaração clara do pensamento e da vontade de Deus. a ~Ilsamellto e 3 vontade de Deus para o crente, que está debaiXO da graça , como já foi observado, são muito mais im­possíveis para a força humana do que a lei de Moisés. Muito mais "miseráveis " somos nós considerados quando empreende­mos o nosso conflito presente pelo "poder da carne". A "lei" de Deus, mesmo como está mencionada no Novo Testamento às vezes, representa mais a Sua vontade revelada p..'\ra o Se~ povo, do qu:, propriamente, a "lei de Moisés". Evidentemente, que o con fhto de que se {ala nesta passagem, é mais sobre o "mal " e o "bem", do que sobre a lei de Moisés. Se o capí­tu lo 7 de Romanos não diz respeito aos crentes que estão debaixo da graça, também o capítulo oito o não diz; pois que ao passar de um para outro capítulo, não há qualquer inter· ru~ão n~ desenvolvimento da. doutrina. O,tI da sua aplicação.l MaiS atras, no contexto, a ICI de MOlses foi posta à parte (6:14; 7:1-6), e a nova lei de Cristo (I Cor. 9:21; Cá\. 5:2 ;

1 Para. relutar esta alegação tem sido apontado haver uma erise especial que é Indicada pelas palavras do capo 7:25, "Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor". Contudo estas não são palavras de agradecimento pela salvatão: é um louvor pela liber­tação do poder reinante do pecado. E de lato, era llbertal;ão para aquele Que podia dizer: "Assim que eu mesmo CQm o entend~~ento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. Isto dUJcilmente poderia descrever a experiência de um homem não regenerado.

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AQUELE QUE r; ESPIRITUAL

João 15:10) , a "vida em J esus ,C:risto" (8:2), ou aquela que é produzida tlQ crente pelo EspJr1to (8:4), passaram a estar

em evidência. .' E' 't Nesta. passagem, nem sequer se faz ~eferencla ao ~p~n o,

Prova portanto não ser um conflito entre o Espmto e o que , , "E "eovelho a "carne": antes, é um conflito entre o novo u "E "É o "Eu" o homem regenerado - separado, ,u.onov - ,.' tendo por enquanto, do poder eficaz do Esplrlto, e ~Isto c?,mo _ que enfrentar toda a lei de Deus (v. 16), a carne que nao muda. (v. 18), e as aptidões do novo homem (vs. 22, 23, 25~. Surge, então, uma pergunta v~tal - Pode o homem regene~ad A' separado do Espirito, cumpnr toda a vontade de peus

Õ resposta é clara. Ainda que ele tenha "prazer" na lei de .eus, (na qual nenhum homem não regenerado tem prazer; veja-se Rom. 3:10-18; I Cor. 2:14), ele tem?e descobr"r o poder, que divinamente foi providenciado, para vl~:r atraves da mor~: de Cristo (v. 25), e pelo poder do Esptrlto (8:2). Fora Isto, só há uma constante derrota (v. 24). .

A passagem, com algumas interpretações, fica como se segue' Porque nem mesmo [o novo eu] compreendo o meu [o velho eu1 próprio modo de agir, pois não faço [o velho eu] o que prefiro [o novo], e, si m, o que detesto [o no~ol· Ora se [o velho] faço o que [o novo] não quero, consmto com a lei [ou a vontade de Deus para mim], que é boa. Neste c."\so, quem faz isto já não sou eu [o navaL. mas o pecad~ [o velho eu} que habita em mim. Porque eu. sei que em mim. [o velho] (isto é, na minha carne), não habita bem ~enhum: }XlIS o_querer o bem está em mim, não, porém, o efetua-lo. Porque nao faço [o velh01 o bem que prefiro [o naval. mas o mal que [o nov01 não quero, esse faço {o velha]:, ~~as, se eu [o velho} faço o que eu [o novo] não quero, Ja nao sou .eu [o n?vo] qu~m o faz, e, sim, o pecado [o velho eu1 que habita e~ m!m., ET':tao, ao querer [o novo] fazer o bem, encont ~o a lei [~ao e lei de Moisés ] , de que o mal [o ,·elho eu] reSide em ml~. Porqt1~: no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus, mas vejo nos meus membros, outra lei [o velho eu], que, guerreando contra a lei da minha mente [o novo .eu que tem prazer na lei de Deus] , me faz prisioneiro da lei do pecado (o velho eu"] que está nos meus membros. Desventurado [Cristão] homem que sou! - quem me livrará do corpo desta morte ?"

"AND.ü NO EsJ>JRlTO" 119

A resposta para esta importante pergunta e para este grito de angústia com o qual a passagem acima tennina, é dada. no versículo seguinte (8:2). "Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte". Isto é mais do que uma libertação da lei de Moisés: é a libertação imediata do pecado [o velho eu ] e da morte [suas conseqüên­cias]. Veja-se Rom. 6:23. O resultado desta libertação está indicado pela santidade que se regista no capítulo oitavo, como que em contraste com a miséria descrita no capítulo sétimo. Temos, por um lado, o "Eu", para o qual tudo é irremediável, tudo é derrota; por outro, temos o "Eu" que é hábil e vitorioso por intermédio do Espírito. Somos, portanto, libertos pela "lei", ou poder, do Espírito. Deve dar-se, no entanto, toda a atenção à verdade exposta no capítulo 7:25, de que é "por J esus Cristo nosso Senhor". Somos libertos pelo Espírito; mas isso só é possível através de Jesus Cristo nosso Senhor, porque com Ele fomos crucificados, mortos e sepultados.

A Morte do Crente com Cristo

A substituição é a única razão assinalada na Bíblia para explicar a morte de Cristo. 'Ele estava tomando o lugar de outros. Foi um empreendimento sem limites, como ilimitadas foram as suas conseqüências. Nada há mais fundamental para o entendimento de um crente, do que ele compreender, até certo ponto, o que é que a morte de Cristo produziu. Pelo que deveria haver mais ensino sobre este grandioso assunto. Um resultado do ato de recordar a morte do Senhor, no partir do pão, é poder a consciência de cada um penetrar no significado e valor daquela morte. É digno de nota que, aqueles Cristãos que são mais freqUentemente exercitados no espírito no que respeita ao significado da Sua morte no partir do pão, estão muito mais atentos para compreender o valor do sacrifício de Cristo por eles. Os discípulos ajuntavam-se. no primeiro dia da semana para partir o pão (Atos 20:7). Eles conheciam qual o verdadeiro desejo do Senhor a respeito deles neste importante assunto e eles sabiam, também, o valor desta ordenança nas suas pr6prias vidas. Um filho de Deus devia procurar sempre tornar maior a demonstração de apreço pela obra completa do seu Salvador. Tanto mais que à Sua mesa foram tomadas providências a este respeito, quando da fiel memória da Sua morte.

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120 AQutLE QUE t ESPIRITUAL

Pelos Seus sofrimentos que O levaram à morte, o Fil~o de Deus suportou o castigo dos nossOS pecados, tornando assim possível ([ue um Deus santo recebesse pecadores em Sua graça salvadora, sem castigo pelos seus pecad~s .. Os pecadores, em virtude da Sua substituição por eles, 50 tem que crer e ~er salvos. O homem agora enfrenta unIa única <Juestão de confiar pessoalmente no Salvador, e só são condenados por causa da sua falta de fé no Filho de Deus (João 3:18; 11 Cor. 5:19). Do mesmo modo, uma reaJicladc positiva refeT~lIte a natureza do pecado foi alcançada para o crente. atrav~ da morte de Cristo. E por essa morte passou a. se~ l>osslvel a um Del~s santo dirigir a velha natureza. com Justiça, ~em sobre ela Calr qualquer juízo presente, e para o crente ser hvre do seu poder. Pela morte de Cristo foi suportado, por todos os horne.ns, o CGstigo dos pecados cometidos, e, assim. foi julgado e de~rel:o. a favor dos filhos de Deus, o poder do pecado. A reahzaçao de tudo isto constituiu um problema de incalculáveis dimel!sócs, pois que. desde o principio o pecado é contra Deus e 50 Ele pode tratar com ele. A Bíblia apresenta o peca(lo sob o ponto de vista divino. Ela, também, revela o problema d: Deus que foi criado pelo pecado e regista o Seu processo e metodo exatos para a solução dele.

O assunto em consideração, está relacionado co~, a m~rt.e de Cristo assim como esta está relacionada com os Jll1ZOS d1VI­nos sobr; a natureza pecaminosa que existe nos filhos de Deus. A necessidade de tais juízos e a revelação subliJ~le de ,que es:es juízos já foram perfeitamente consumados para nos, esta descnto em Rom. 6:1-10. Esta pass:lgem é não só o f"ndalllcnto . . mas também a chave da possibilidade de um "andar no Espí~ltO". 'Está declarado aqui que os Cristãos não prec~s.."lITl "conh.nu~; no pecado", mas que podem "andar, ~~n n~':'ld::de de .vida . "O pecado não terá domínio sobre vos , e Ja nao prC:lsamos continuar a ser "escravos do pecado". Foi com este fim que Ele foi levado à cruz. Quão importante é, pois, aos Seus ~Ihos: o gênero da nossa vida diária,' porque a ~ua morte lIa,o 50

abrangeu a nossa felicidade eterna na gl6na, mas lambem o nosso "andar" atual!

A velha natureza tem de ser julgada para que Deus possa lidar livremente com ela 110 viver diário do crente e fora de todos os juízos. Que perdição não seria para os descrentes

"ANDAI NO EsI'IRITO" 1:.!1

se Deus tivesse que os julgar pelos SCIIS pecados antes de po­derem ser salvos! "Castiga-me, ó Senhor, mas em justa medida, não na tua ira, para que não me reduzas a nada" (Jer. 10:24). Como e grande a Sua misericórdia! Ele passou a ocu\Xlr-se do problema do pecado, resolvendo-o a favor de todas as pessoas com a morte do Substituto. É por esta razão que Ele pode agora livrar da cO 'ldcnação do pecado. :Mas ainda mais, a que ponto não chegou a Sua misericórdia, desde que 'Ele também \Xlssou a julgar com justiça o nosso " velho homem"! E é por causa disto que Ele pode agora libertar os Seus filhos do poder do pecado. Diz-se, então, que "o velho homem" foi "crucificado com ele", e que "morremos com ele", "iomos sepultados com ele" e que partilhamos da Sua ressurreição. Está provado que tudo isto foi feito com um grande objetivo, para que "também nós andássemos em novidade de vida", assim como Cristo "foi levantado dos mortos pela glória do Pai". Que libertação e que andar podem ser e..'<perimentados, desde que sejam segundo o poder e glória da ressurreição! Ressurreição, é bom acrescen­tar, não é a simples inversão de morte; é a introdução ao poder e limites infindos da vida eterna. É nesta nova esfera de ação e por este novo poder que os Cristãos passam agora a "andar".

A passagem começa assim: "Que diremos pois? Permane­ceremos 110 pecado para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum. Como vivellCmos ainda no pecado, (nós os que para ele morremos? Assim, também, os verso 7, 8, 11; Col. 2,20; 3,3).

Nos capítulos antecedentes desta epistola, foi apresentado que da salvação s~ passa à seg1lrança. No começo desta pas­sagem, apresenta-se a questão da salvação para a santidadc da vida diária. Este segundo aspecto da salvação é só para quem já foi salvo - a segurança. "Permaneceremos nós (que esta­mos salvos e 9eguros na graça) 110 pecado?" Não nos ficari4 bCII~, como filhos de Deus, proceder assim, nem tão pouco isso nos é 11ecessário, visto que já estamos "mortos para o pecado". Mas, quem estará "morto para o pec."ldo". Será verdade que algum Cristão já tenha experimcntado uma morte para o pecado ? NI/nca houve sequer um. No entanto, a morte de que se fala nesta passagem, diz-se ter sido consumada a favor de todos os crentes. Nela se afirma que todos os Cristãos morreram para o pecado. Uma morte que inclui tudo não podia ter C0ll10 base a e.rpcriênci<J. Tem que depender

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122 AQIJEUi QUE a EsPIRITUAL

de posição. Deus considera todos OS crentes, quan!o à sua na· tureza pecaminosa mortos em Cristo e cOm Cnsto; porque só assim é que e!e~ podem "andar em novidade de vid~" como aqueles que estão "vivos para Deus", Já não é neces:án,o pecar. Nós não podemos ir contra o poder de, uma ten.de~lcla so~re a qual não temos domínio, pois ela COlltUlU3 a exIstir em .Il?~, e é superior às nossas forças; mas Deus preparou ~ pOSSlblh­

dade de uma vitória e liberdade absolutas, quer Julgan~~ a velha natureza, quer dando-nos a presença e o poder do Espm~o. Só dependemos de Deus mediante uma libertação; mas E~e ",ao pode libertar sem que primeiramente tenha julgado com )ust\5a a nossa velha natureza. Isto Ele já fez , assim como també~ já nos deu aquele Espírito que está sen:pre, prese~\te e que e o único que está apto a faze r tudo. Asslm.e vencida a neces­sidade de pecar e nós ficamos livres para agirmos noutro plano e sob o poder da Sua vida de ressurreição.

Segue--se, então, a explicação importante sobre a relação atual do crente com a morte de Cristo como base fundamental da sua libertação do poder do pecado. Primeiramente é-nos dado um esboço (vs. 3, 4), depois repete-se a mesma ver.da?e, mas mais detalhadamente (vs. 5-10). Não faz parte do obJetIVO deste estudo considerar a importância de uma ordenança que representa a verdade da nossa morte com Cristo. Essa ~r~~­nal1ça, na melhor das hipóteses, não é senão a imagem da l~eJa principal. Nenhuma lei estabelecida. pelo homem pod~ reahzar o que aqui se descreve. O nosso batIsmo e'm Jesus Cnsto, n~da mais é senão a operação de Deus a colocar-nos etn Cn sto (cf. Gál. 3 :27) . Isto quer dizer, evidentemente, que é pelo nos:o batismo que passamos a fazer parte do Seu corpo, ~ta açao do Espírito (1 Cor. 12 :13); pois por nenhuma o~tra razao so~os todos nós "batizados em Cristo". Ficando vitalmente. llmdos e colocados "n'Ele" pelo batismo do Espírito, nós partilhamos do que Ele é, e daquilo que El,e fez . Ele ~ a just ~ça de Deus e as Escrituras ensinam que nos fomos fCltos Justiça de Deus n'Slo (lI Cor. 5 :2 1), e feitos at:eitáveis no Amado (Ef. 1 :6). Tudo isto é verdadeiro pelo fato de estarmos "n'Ele". Do mes­mo modo, também, Ele substituiu-nos, e aquilo que Ele fez é-nos atribuido porque estamos "n'Ele" - ou ~rque estamos batizados em Jesus Cristo. O raciocínio que se tira desta pas­sagem é baseado nesta união vital pela qual estamos corporal-

"ANDAI NO EsplRrro" 123

mente unidos a Cristo através do nosso batismo no Seu corpo: "Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo J esus, fomos batizados na sua morte?" Assim como é certo estarmos "n'Ste", assim também participamos do valor da Sua morte. De igual modo, a passagem relata ainda: "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo" (cf. Cal. 2:12). Por conseguinte, passamos a ser participantes da Sua crucifi­cação (v. 6), morte (v. 8), sepultamento (v. 4), e ressurreição ( vs. 4, 5, 8) e, assim partilhamos tão essencialmente como se fôssemos nós, crucificados, mortos, sepultados e ressuscitados. Scr batizado em Jesus Cristo constitui a substância da qual são atributos, a co-participação na Sua crucificação, morte, sepultamcnto e ressurreição. Uma coisa é a causa; enquanto que as outras são os efeitos. Tudo está dentro de um impor­tante propósito divino a realizar. "Para que como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida", ou segundo um novo prin­cipio de vida. O nosso" andar", portanto, é o objetivo divino. Cristo morreu em nosso lugar. O julgamento pertencia-nos; mas Ele tornou-Se o nosso Substituto. Passamos, assim, a ser contados como cooperadores em tudo que o nosso Substituto fez. O que Ete fez supriu para sempre as justas exigências de Deus contra o nosso "velho homem" e abriu o caminho para aquele "andar" que agrada a Deus (veja-se 11 Cor. 5: 15).

A medida que a passagem vai prosseguindo, esta verdade da nossa cooperação com Cristo é novamente apresentada e muito mais minuciosamente : "Porque, se [como I fomos unidos r associados, desenvolvidos conjuntamente, a palavra é lIsada somente uma vez no Novo Testamento] com ele na semelhança [singularidade, veja-se Rom. 8:3; Fil. 2 :7J da sua morte, cer­tamente o seremos [agora e eternamente] também na semelhança da sua ressurreição". Nós já estamos unidos a Cristo pelo batismo do Espírito ( I Cor. 12:12,13), o que nos coloca numa posição fora do alcance dos julgamentos do pecado e, portanto, livres para compartilharmos da experiência do eterno poder e vitória da Sua ressurreição. "Sabendo isto, [porque sabemos istol que foi crucificado com ele (com o mesmo propósito divino como foi relatado anteriormente] o nosso velho homem para que o corpo do pecado seja destruido [a nossa possibil idade de ex­pressão é através do corpo. Este fato é usado como um símbolo

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124 AQUELE QUE t EsPIRITUAL

a respeito da manifestação do peca~o. O corpo nã,? ~ destruido; mas o poder do pecado e os me,los de expressa0 pod~~ ser anulados. Veja-se v. 12]. e não sirvamos ao pecado J o . ~elho homem"] como escravos; porquanto quem morreu, JustlÍlcado está do pecado r aqueles que uma vez morre~am pa:a o pecado, assim como nós morremos com o nossO Substituto, ficaram agora livres dos seus direitos legais}. Or~, se j,i m.?rre~los c~m Cristo], cremos que também com ele vIveremos (n30 ~ no Ccu, mas agora mesllw. Tania certeza há para a VIda n Ele, como para a morte n'Ele1: Sabedores [ou, porque s..:?en~osl que. ~la­vendo Cristo ressuscitado dentre O!i mortos, Ja 11ao morre, a morte já não tem domínio sôbre êle [Por isso. somos levados a crer que o mesmo sucede conosco}. Pois, quanto a ler mor­r ido de uma vez para sempre morreu para o peca~o [a, natu­reza'l: mas, quanto a viver, vive para Deus" (assIm nos po-demos, tamb6n, viver para Deus). .

Estas realidades estão registadas nas E scrituras segundo o significado e valor da morte de Cristo e o da nossa presente posição nEle. para que possamos ser levados a crer ~ue tudo é para nós e que realmente é a verdade a .nosso respeito agora mesmo. Crendo ni stD, podemos sem receio recl~mar a .1l?s.sa posição na Sua infinita graça e ousar pen~tra~ na Vida de VI~OTla.

Até aqui, nesta passagem. nada fOI dltD c?m. respeite., a qualquer compTDmisso humano, nem tampouCD fOI feita referen­cia a qualquer esforço do homem. Tudo é trabalho de Deus para. nós e a conclusão desta importante p.'\ssagem é termos que COJlh~cer, realmente, o Seu plano e provid~n:ia, e que. por eles nos é garantida a libertação da escravldaD ao pecado. Baseados neste conhecimento adquirido na Sua Palavra, a res­peito de tudo quanto Deus fêz em Cristo. imediat::nente s.~ seg~le uma exortação que apresenta a nossa responsabilidade: A~s,m também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas VIVOS

para Deus em Cristo J esll.s". Não somos acooselh~dos a con­sidC'Tar a 11(l11lre:a pecallllnosa como morta; mas e-nos acon~ se1hado considerarmos 116$ próprios mortos para o pecado. Sem que a morte de Cristo, literalmente ~alando, destr?i o ~er do "velho homem" de tal maneira que ficamos sem dlsposu;;ao para pecar? Não, porque a passagem continua afir mando: ."Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de manelTa que o~ deçais as suas paixões" . Logo, é evidente 9~e o "velho home~ continuará ativo, se não fôr controlado sufiCientemente. A umao

"ANDAI NO EsplRlro" 1:l5

com Cristo garantiu uma libertação possível; mas esta tem que scr assumida e reclamada por atos humanos de fé semelhantes aos que estão expressos na palavra "considerar" e nas palavras suplementares que se seguem na passagem: "Mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça. Porque o pecado [a na­tureza] não terá domínio sobre "ós, pois não estais debaixo da lei [a qual por si só não tem poder para ser cumprida]. e, sim, da graça" [que garante o Substituto suficiente e o ilimitado poder do Espírito de DeusJ.

Todas as providências foram tomadas. "Não reine, por­tanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões". Quem pode avaliar a verdade que se encerra numa só palavra "portanto"? Ela refere-se a todo o empreen­dimento da morte de Cristo, pela qual fomos unificados com Cristo para que {Xlssamos receber os merecimentos eternos da Sua crucificação, morte, sepultamento e ressurreição. Tudo isto já estava preparado para nós ainda antes de termos nascido. "Portanto", por causa de tudo isto que presentemente foi reali­zado e providenciado, nós somos encorajados, de uma maneira extraordinária, a fazer parte do Seu plano e- do Seu propósito no que respeita à nossa libertação. A fé, que crê que a vitória é possível porquanto considera ter sido julgado o "velho homem", é o resultado normal de tal revelação. Em parte alguma nos é imposto executar a Sua crucificação, morte, sepultamento e ressurreição; antes, somos estimulados pela revelação daquilo que foi feito, a considerar que as exigências divinas para nossa libertação do "velho homem" foram completamente saldadas, e a crer que, por causa disto mesmo, podemos agora "andar em Ilovidade de vida" .

Poderá qualquer Escritura proviu que alguns Cristãos morreram para o pecado depois de uma experiência pessoal ?

Várias passagens do Novo Testamento referem-se ao crente como estando já morto; contudo, nenhuma delas se refere a lima experiência.: pelo contrário, todas se referem à ,posição que o crente foi levado a tomar através da sua união com Jesus Cristo na Sua morte. "Se morrestes com Cristo" (Col. 2:20); "Porque Illor restes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Col. 3 :3); "Estou crucificado com Cristo" (Gál. 2 :20(19· E.R.A.) ; "Mas longe esteja de mim gloriar-me, se não

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126 AQUELE QUE t EsPIRITUAL

na cruz de nosSO Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gál. 6:14); "E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências" (GáL 5 :24). Na última passagem, assim como nas outras, faz-se referência a qualquer coisa que é realizada em todos aqudes que são de Cristo. Portanto, o resultado de uma consagração especial é particular de alguns, não podia referir-se a uma experiência. Estas passagens, visto que se referem a todos os crentes, só podem ter um significado: pela sua união com Cristo a "carne com as suas paixões e concupis­cências" foi crucificada, quanto à nossa posi,ão. A palavra crucificar, quando relacionada com os crentes, emprega-se sem­pre no passado, querendo significar o fato judicial e não uma experiência espiritual. O crente pode "considerar-se morto", porém, nunca ele é intimado a crltcificar-se. Até mesmo o con­siderar-se morto só ê possível pelo poder eficaz do Espírito. "Mas, se pelo Espírito mortificardes os fcitos do corpo, certa­mente viveras" (Rom. 8:13). Foi-nos dito, claramente, que a crucificação foi levada a efeito uma vez para sempre. Perante este ato divinamente consumado, os filhos de Deus têm, de "considerar", "oferecer-se", "considerar-se" (como morto para o pecado), "pôr para longe", "não permitir", "despojar-se", "tomar toda a annadura de Deus", "pensar nas coisas lá do alto", "revestir-se do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquelc que o criou", "negar-se a si mesmo", "permanecer" em Cristo, "combater", "correr com paciência a carreira", "andar em amor", "andar no Es­pírito", "andar na luz'" "andar em novidade de vida". Esta é a responsabilidade humana para com aquela libertação que Deus preparou através da morte de Seu F ilho e que se propõe agora executar através do Espírito.

O objetivo divino, portanto, em tudo o que está registado em Rom. 6: 1-10, é para que possamos "andar em novidade de vida". Deus satisfez todas as exigências da Sua santidade, cum­prindo por nós, através de Cristo, os castigos infligidos à natu­reza pecadora, os quais Ele podia, a todo o momento exigir. ~-nos dado para. comfrreender-mos e C1'ermcs. "Sabendo isto", ou, porque sabemos isto, somos justificados na nossa confiança para que possamos "andar em novidade de vida", a judados pelo poder eficaz do Espírito. Que tranqüilidade, que paz e que

"ANDAI NO EspfiUT'O" 127

vitória nã.o alcançariam os filhos de Deus S" s-···, ,- I met "Ih , .. VlHISH~rea-n ~ que o ve o homem" foi crucificado com Cristo e

po~ ISSO, da parte div~na. tomou-se possível, para eles, vf~:; on e o po?e~ e a mam(eslação do pecado podem ser constan­temente ehmmados!

Recapitulação Bíblica

d Toda. : declaração doutrinaI referente à possível libertação a ,escravl~ao ao reca?0' que se encontra em Rom. 6: 1 a 8·4

(~~/:)sum~a e conel.mda n~s dois últimos versículos do cont~t~ d ., . _ estes dOl~ verslculos, sete fatores que fazem parte

a rev.e1açao . a respeito da possível vitória sobre o pecado e os qu.azs serviram de assunto à análise em todo o contexto ~ão menCIOnados outra vez, como uma conclusão de tudo o' aconteceu antes. Esses fatores são. que

1 "A ' ·"(B . N- ., r .el . :3). que representa a justa vontade de Deus . . ao. esta Imitada a lei de Moisés (veja-se 6:14; 7:4,25) qu~ ~a tl?ha ~sado (7:1-4; II COTo 3:1-18· Gál. 3:24,25) Ela me. UI. a9U1lo. que o Espírito produz naq~ele que é espiritual (8.4, ~al . .s.22,~~) .. A t,entahva para assegurar perfeita justi por melO da obedlencla, so pela força humana medo te uaJ ça ordem, falhará sempr A . : . lan q quer e. graça da as proVidencias necessárias par~ que os seus padrões celestialmente difíceis pos reahzados pelo poder eficaz do Espírito ,sam ser

.2:. <tA enfermidade da carne" (8:3), ou a absoluta im­p?s~lblhdade dos recursos humanos em lace d (7 ['2 das exigências mnas ,,:"1- 1; João 15 :5).

3. O pecado na carne" (8·3) A uil ~á~~f~71~). de "enfermidade": é op~st~ aoqEs;írf~e /7a: l~~~

. 4. Cristo veio "em semelhança de carne pecaminosa" (8.3) . Ele tomou o lugar de uniã() vital com o pecad (6·5 10, 11 ); mas não veio para ser pecador, nem partil~ar ;b natureza ,?O pecado. (Heb. 4·:15; 7 :26).

5. "E, com ef~lto,. condenou [julgou] Deus, na carne o ~a~o (8:3). FOI assim que llIe satisfez todos os clamores da JUStlÇ~, de ~eus contra o "velho homem" (6:10; 7:25).

6 .•. A fim de que o preeeito da lei (veja-se 7·4 22 25] se cumpTlsse em nós" (8:4): e nunca para ser c~Pricb. por nós (6:4, 14; 7: 4, 6). ~ ° " fruto do Espíri to".

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128 AQUELE QUE t EsPIRITUAL

7. "Que não andamos sq~ulldo a carne, mas seg~tnd.o o E spírito" (8:4). Esta. é a condIção humana para um \'ltonoso "andar" , Tem de ser pelo Espírito (6:11-22): .

Todas as providências são tomadas atraves do Julgamento divino sobre a "carne" e o "velho homem" em benefí~io da vida espiritual de todos os Cristãos, até mesmo do cumprimento da absoluta vontade de Deus em nós pelo E spírito. Mas estas medidas só se tornam eficazes para aq\leles que "andam, não segundo' a carne, mas segundo o Espírito": Te~os f:velações e instruções daras vindas de Deus c, por ISSO, ~. perigoso ne­gligenciá-las ou recusá-Ias, ou falhar nas responsablhdades exatas, confiadas a nós.

11. O Remédio Divino

o método divinG de cGmbater a natureza pecaminosa que existe no crente, é controlar, direta e incessantem~nte, essa natureza, por meio do Espírito que habita n~le. Este e, pod,e-:se afirmar um dos mais importantes empreendimentos do Esplflto em e ; favor do crente, Ele tenciona tanto controlar a velha natureza como manifestar a nova.

Duas Teorias em Contraste

Quanto ao método divino de tratar com a nature~a peca~i­nosa que existe nG crente, são sustentadas duas teonas geraIs. Um~, sugere que a velha natureza é dcstr!~ída:, ou qua~d? _ se é salvo, ou a seguir a uma série de expenencla~ e de bençaos espirituais dependendo, portanto, o genero de Vida d,o cr~nte, da ausência de disposição para pecar.1 A outra teorIa af~rn:a que a velha natureza permanece tanto tempo quanto o, Cn~tao estiver neste corpo, e que o gênero de vida depend~ ~o Imediato e constante! controle sobre a "carne", feito pelo Esptnto de Deus

1 A crença sobre essa destrulcfio não está bem detlnida. Há um manifesto desacordo entre os seus parUdãrios quanto ao alcance que eles desejam dar à teoria. Não está no propÓSito deste estudo apresentar as diversas aparências e modificações que são de~en­didas por esta teoria: antes, os resultados rigorosamente lógiCOS da teoria são expostos para que se possa deduzir quais os con­trastes mais evidentes entre estes dois princlplOS Inteiramente diferentes do viver cristão.

"ANOAI NO EsP!RlTO" 129

que habita nele, e isto só é possível através da morte de Cristo. Em ambas as teorias há uma sincera tentativa para alcançar uma completa vitória na vida diária, a qual é prometida aos filhos de Deus. Uma das teorias começa por uma adaptação muito violenta, e, depois, imediatamente varia e modera as suas reclamações até se aproximar do nível de uma cxpen·ência efetiva. A outra, com~a por um reconhecimento absoluto da limitação humana mas depois descobre tanto na morte de Cristo e da presença, propósito e poder do Espírito, que os resultados que daí advêm são ilimitados, O objetivo de cada teoria, é libertar a vida da escravidão ao pecado, É, portanto, só uma questão da qua,l é o plaTlo e o metodo de Deus na realização. Ambas as teonas nào podem ser verdadeiras, porque são contraditórias. Procurando determinar qual das duas está conforme à Palavra de Deus, pode-se declarar:

Primeiro - Destruir, Não é o Processo Divino de Tratar as Dificuldades do Crente

Existem três razões importantes pelas quais o Cristão deve depender inteiramente do Espírito de Deus. llle tem de enfren­tar o "mundo, a carne e o demônio", Mas ele não se liberta dos ba.ixos padrões dG mundo e passa aos padrões elevados do cidadão celestial pela destmição do mundo. Tampouco se livra do seu conflitG com o inimigo pela destruição de Satanás, Estas vitórias, diz-se, só podem ser ganhas pelG direto e constante poder de Deus. Ê lógico, pois, concluir à luz destes fatos, que o processo divino de tratar com a "carne", ou o "pecado" não é pela destruição. De que serve a destruição no conflito com a natureza do pecado, se ela não pode ser utilizada no conflito com o mundo e com o diabo?

Segundo - Deslruir, Não Está de Acordo com a Experiência Hum.na

Talvez esteja ~e acordG com a imodesta suposição humana de alguns ; mas mUltGS dos seus defensores não ousam reclamar u~~ compl.eta liberdad~ do pecado, pelo contrário, inventaram vanas tconas pelas quais procuram dar conta dos seus pecados. Uma das teorias é para assegurar que o pecado deles é o pecado de um ser sem queda, tal como Adão o era antes de ter pecado,

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130 AQUE1.E QUE t EsPIRITUAL

• pode-se dizer que nós não somos Em face desta declaraçao, .' Adão' passamos a estar salvos à conformidade con~ o pnfme;~ade co'm o último Adão. NU Crisl o e a ser salvos e . eoo or . ciro do que alguém Se esta teoria fosse verddade.lf":, .0 rrl~esult= em queda com cometesse, nesse estado e tnocenCla, r' do pecado de Adão

'" ;""";as t'o ,,' rias e como teve o e CitO D consequ ... "", U I - oru cus ,. t reza e na sua comun lao c . na sua propna na uI d "tem uma distinção entre a sua

Além disso, a gUlls a mh

, afirmam que pecam por . 'd e a natureza umana, e 'd natureza cal a . d esmo que a natureza cal a

causa da natureza humana,. am _ a m f damento algum nas esteja destruída. Tal teona nao tem un

E scrituras. clh ra evitar o pecado, o que Deus tem um processo m or pa so está livre de ousadas

está. claramente revelado. Esse .pr~es , " e depende . ~ r ue ele " nada dlspoe para a carne . ~

SUposlçoes, po q dE"t A asserção da destTlllçaO, unicamente. do ~;r . o do'ss~~t~~ mai s espirituais desta e das é estranha a expenenc13. P I d Deus não existe qualquer gerações passadas . . ~a a avra e exemplo de destrUlçao.

T• A O .. trui,io Não Está de Acordo com a Revelação ercelro -

Palav ra de Deus temos "instrução", "correção" e Na -o" Por elas nós devemos determinar as nossas con-

repr~ensa não r ualquer impressão do pensamento, ou, ~r c1us~s e. po q .• . f r de qualquer pessoa, A Blbha analisar seja que expenencJa o

ensin(Ú _ Todos os crentes são avisados COIl:ra as conjetur~: da teoria da destruiçãO:, " Se disser:~e~;;n~~~ste~~s v':t:de [natureza] nenhum, a 110S mesmos n , não está. em nós" (I. J0á<? 1 :8), L'bertador e todo

(2) O Espinto vela para ser o nossO 1 • '

. -d Bíblia no que respeita à Sua presença, propcslto o ensmo a , . 'f' - a1l71lma se a nossa , pod" não terá evidentemente, Slgnl IcaçaO a- " p

" I t outros meios. ar vitória tiver de ser alcançada t?t~ men

l e pc,r Pessoa e a obra

essa razão, a teoria da destrUlçao co cx:ara a. ' , . ição de somenos lmportancla,

do EsplTlto numa ~ , . d conflito inces-(3) _ O Espínto hberta por meio e um . '

t .. A carne [a qual inclui a velha natureza] m~lta contra san e. . carne' porque sao opostos o Espírito e o Espínto contra a , E "t ] ão entre si; Para que [quando andardes segundo o spm o n

"ANDAI NO EspfRlTO" lJl

façais o que [caso contrário} seja do vosso querer" (Cál. 5 :17; cf. Tiago 4:5). Assim, também, em Rom. 7:15-24, e 8:2, a fonte do pecado, que existe no crente. diz-se se r a natureza pecaminosa a trabalhar através da carne, e que a vitória só é alcançada pejo poder supremo do E spírito. Os ensinos extraordinários da teoria da destruição, vão ao ponto de parecer mostrar que o Cristão não fica com disposição alguma para pecar no dia seguinte, e, por isso, esta teoria leva, seja quem for, de uma maneira alarmante, a não fazer caso da atenção e confiança que se deve ter no poder de Deus. A Bíblia ensi na que a origem oculta do pecado permancce e que, se o "andar no E spirito" cessasse, dar-se-ia imediatamente um regresso à s " paixões" e "concupiscências" da carne, Enquanto "andardes pelo Espírito, jamais satisfareis à concupiscência da carne". Todos nós somos críaturas com hábitos e, por conseguinte, podemos, de uma ma­neira crescente. adaptarmo-nos ao andar 110 Espírito. Tambêm podemos guardar conhedmentos através das experiências. Deste modo, o andar .segundo a "carne" pode cessar num dado mo­menta; mas a capacidade para andar segundo a "carne" persiste.

Nesta ordem de idéias, a verdadeira espiritualidade sign i­fica. por agora, não desejar pecar (Fil. 2 :1 3f; no entanto, isto não implica a destruição da capacidade para pecar: pelo con­trário, quer dizer que, por causa do poder eficaz de Deus, é possível, a todo o momento, alcançar uma vitória absoluta. Também continua a ser verdade nós sempre precisarmos d'Ele em completamente. llIe disse, "Sem mim nada podeis fazer (João 15 :5). Como o "contágio" do pecado está continuamente em nós. pre<:isamos a todo o instante "da oposição vitoriosa do Espírito". O "andar" no Espírito torna-se divinamente fácil em todos os passos da caminhada.

(4 ) - Os processos divinos de tomar providências acerca da "carne" e do "velho homem", não têm sido segundo a des­truição. Deus preparou uma série infinita deles com a morte de Seu Filho, para que, por onde. quer que fôssemos, pudésscmos " andar em novidade de vida". A maneira deste andar está expressa em regras como estas: "crer", "submeter-S(!", "não pennitir", "mudar de vida", "considerar-se morto", "permane­cer"; mas, nem sequer uma destas regras se assemelha ao ile:tl­

tido que está subordinado à teoria da destruição. As Escrituras

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132 AQUELE QUE t EsPIRITUAl.

não nos aconselham a "considerar" morta a natureza: antes, elas incitam-nos a "considerarmo-nos" mortos para ela.

(5) _ Os ensinos dos partidários ~a destrl1ição, ~o b~­seadas numa falsa interpretação das Escnturas no que diZ n;"­peito à nova união do ~rente com Cristo na S~a_ morte: ~9U\lo que na Bíblia é defendido como sendo. da f0.nçao do IIld LV~duo e que existe apenas na mente e determmaçoes de I?~us, e amda o qu!,= foi realizado tlrna v.e~ por todas, em bene.f.!cl~ de t~os os filhos de Deus, é admludo como um3 expenellclG na Vida diária de uns poucos, os quais ousam classificar-se a si mesmos COmO livres da tendência para pcrar.

(6) _ As conclusões da doutrina de de,st~lIição, SãD ba­seadas em ensinos crrados quanto ao uSO blbhco da palavra "carne". Os defensores deste ensino, não compreendem que a palavra "carne" refere-se a tudo, - esp:í~ i to, alma e co~~,­que compõe o homem natural, e que, admltld~ mesmo a. hlpote,:;e da eliminação da natureza peca~ora, nem ~ss~m :ssa el~~maç~? resolveria todos os problemas cnados pe~as hml~açoes da carne,,' "Em mim (isto é, na minha carne), nao habita bem nenhum. Portanto a "carne", deve permanecer tanto tempo quanto o "vaso d~ barro", o "corpo da nossa humilhação" permanecer . Certamente que o corpo não ê dest ruído. .

(7) A tese da destruição, está mais relaCIOnada com ;l S

experiências humanas do que com a revelaç~? ~e Deus. Ela sempre se tem contentado em analisar a e~~nencla e .em tentar provar as suas conclusões por estas anal~ses. AqUIlo que é uma experiência normal de libertação reahzada pelo. ~:r do Espírito facilmente se pode tornar numa suposta eVidenCia de "perfeição impecável", "completa santificação" e "destruição~'. Uma conjetura humana nunca potle tomar o lugar da revdaçao d" " , lvma.

As duas teorias são irreconciliáveis . Ou temos que ser libertos pela eliminação repentina ~e toda a te~dência pata pecar e, por isso, não precisamos maIs do poder eÍlcaz d~ Deus para combater o domínio do pecado. Ol! ~emos que ~er hbert~s pelo imediato e constante poder do Esplnto que habIta em nos. A Bíblia, evidentemente, ensina este último.

O que' Espiritualidade? A terceira condição, portanto, para ser-se espiritual, é ter

uma forte confiança no Espírito, O que significa "andar segundo

"ANDAI NO EspIRITO" '''' o Espírito". Esta confiança no Espírito é imperativa por causa não só da dificil chamada divina, mas também do poder oposto de Satanás e da continua presença da "carne", COIl1 a sua natureza adâmica. ~ impossível resolver hoje as questões de amanhã. O andar é feito passo a passo e isto exige um C01Isla111e

aproveitamento do poder de Deus. A vida do Cristão nunca pode ser comparada à subida de um balão, no qual poderíamos subir uma única vez e não voltar a ter qualquer trabalho ou tentação. Pelo contrário, é um "andar", uma "carreira", um "combate". Tudo isto revela continuidade. O combate da fé, é o que representa uma contínua at itude de confiança no Espírito. Para aqueles que assim andam com Deus, há uma porta aberta que os conduz à "comunhão com o Pai e com seu Filho" e os leva aquela vida que produz frutos de paciência e de ativi­dade em todas as manifestações espirituaís para a glória de Deus. . ~m conclusão, o 9ue vem a ser, afinal, a verdadeira espi­

ntualldade? 11 a mamfestação desimpedida do Espírito Santo que habita. em nós. ~x:istem ao todo, sete dessas manifestações. Estas realidades bendItas, são todas proporcionadas na presença e.IJ:Oder do ~syí rito e, _serão, nor~mente produzidas peJo E s­plflto no Cnstao que nao esta entristecendo o Espírito, mas que confessou t~~ o pecado conhecido; naquele que não está apa­gando o ESplntO, mas que se submete a Deus; e ainda naquele que anda no Espírito numa atitude que depende absoluta e so~ente do Seu poder. Esse tal é espiritual, porque ele está cheIO do Espirito. O Espírito tem liberdade para realizar nele todos OS planos e desejos que Deus lhe detenninou. Fora disto, nada mais há a desejar na vida e no serviço de todos OS dias. "Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" ( I Cor. 15 :57).

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C.pftulo VII

UMA ANALOGIA E A CONCLUSAO

I. A An.logi.

A Bíblia descreve a nossa liberta~ão da escravidão do pecado como uma fonna distinta d7 salvaçã?, havendo u~a analogia entre esta e o aspecto mais conhecido de salvaçao, a qual é a libertação da penalidade e ~a condenação do ~do. Nos primeiros cinco capítulos da Eplstola ao Romanos, e-~os apresentada a nossa libertação da culpa do pecado e do castigo que merecemos por causa dele, ~ra.nsforn~ada W1 just ificação e segurança pela redenção que ha em Cnsto. No começo do capítulo seis, uma nova pergunta se levanta: "Perm~necere~os nós (agora salvos e seg,uros em Cris.t?) ~m. pec?do? A ~lalOr parte de três desses capltulos, como ~a_ fOI dito, e, p?IS, dedicada a uma declaração dos fatos c condlçoes da salvaçao do pod~r reinante do pecado na vida diária do filho de Deus . . A analog'la entre estes dois aspectos de salvação pode ser conSiderada em cinco pormenores:

Primeiro _ O Eslado dAquele que Necessita de Ser Salvo:

a) Da condenação do pucuJo.

A Palavra de Deus apresenta uma extensa descrição s?bre o estado daqueles que não são regenerados e que necessitam de ser salvos da culpa e da condenação ~:' pecado ... Esses são os que estão "perdidos", "condenados, e csl>mtualmente "mortos"· "Não há um justo, nem sequer um"; "Todos pe­caram e destituídos estão da glória de Deus". Mas por detrás de tudo isto está a revelação de que eles, por si mesmos, se

13.

UMA ANALOGIA E A. CONCLUs.lO 135

acham impotentes e sem poder para modificar ou melhorar a sua condição. A única esperança que lhes resta e depender em absoluto de Alguém que tem poder e graça salvadora: "Cre no Senhor Jesus Cristo e serás salvo".

b) Do poder do pecado.

De maneira semelhante, as Escrituras revelam que a si­tuação do regenerado, em rela~ão ao poder da natureza pecadora, é de incapacidade e impotência: "Porque eu sei que em mim (isto é, na minha carne), não habita bem algum"; "Acho então esta lei Nn ,nitn.; que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo", A esperança do filho de Deus na salvação do poder do pecadO' depende também e, em absoluto, do poder e da g~a de Outrem. "Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte". "Se pelo Espírito andardes, não cumprireis a concupiscência da carne",

Segundo - O Objetivo ti Ideal Divinos na Salvação

a) Da. condenD{ão do pecado.

Entre aquilo que uma pessoa não regenerada é antes de ser salva, e o estado a que ela é levada pelo poder de Deus, existe o maior contraste possível . Nem mesmo a etemidade será suficiente para dar oportunidade a descobrir as múltiplas maravilhas da Sua gra<;a salvadora, "Quando o virmos, seremos semelhantes a ele". Agora mesmo "somos filhos de Deus". Fomos predestinados para sermos "cQllformes à imagem de seu Filho",

b) Do poder do pecado.

Assim, também, ao Cristão, segundo o plano de Deus, está indicado encontrar uma perfeita vitória através de Jesus Cristo, e pelo poder do Espírito. "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da voca~ão com que fostes chamados". "Não entristeçais o Espírito". "Não extingajs o Espírito". "Andai na luz", "Habitai em mim",

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13<; AQUELE QUE t ESPIRITUAL

Terceiro _ A S. lv. çi o Vem Somente d. Deus

a) Da ctmdnu;Jfão do pecado.

A salvação só pode vir de Deus, pois que todos os asP'!C:tos dela ultrapassam as JX>5sibilidades e forças humanas. Das mUitas e grandes maravilhas que, tomadas em conjunto, constituem a salvação da culpa e da condenação do pecado, nem uma delas sequer, poderia ser compreendida, quanto mais realizada, pelo homem. "É o poder de Deus para salvação"; "Para que ele seja justificador daquele que crê".

b) Do poder do pecado.

É igualmente verdade que o crente é impotente para ~e livrar a si mesmo do poder do pecado. Só Deus pode consegUIr isso, e Ele propõe-se fazê- lo conforme a revelação que está con­tida na Sua Palavra. No homem não há poder algum que o possa libertar do "mundo, da carne e de Satanás". "Se andardes pelo Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne". "É Deus que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade". "A lei do Espírito de vida, em Cristo J esus, me livrou da lei do pecado e da morte". "No demais, irmãos meus, fortalecei ·vos no Senhor e na força do seu poder". "Por J esus Cristo nosso Senhor".

Quarto - Deus Só Pode S. lvar por Meio da Cruz e 56 por Ela

a) Da condeMfão do pecado.

Nem um só pecador haveria para salvar. se Deus ti,:'"eSs~ que examinar em nós a questão do pecado, no que respeIta a culpa e ao castigo, no momento em que Ele fosse e::-ercer a graç;;. salvadora. 11 só porque Ele já se ocupou do castIgo do pecado na morte de Cristo, que Ele pode salvar o pecador sem serem necessários quai squer juizos cot1sumidores. Agora, o pecador só tem que crer que tal graça salvadora lhe é facultada pelo Filho de Deus. O Senhor J esus sofreu até à morte" pelos" nossos pecados. "E.1e mesmo levou em seu corpo os nossos pe­cados sobre o madeiro". "Ele foi entregue em lugar das nossas transgressões"; "Porque assim julgan10s que, se um morreu por

UMA A NALOG IA E A CONCLUsAo 137

todos, logo todos morreram" (em Um). Por esta morte Ele pagou por nós tão perfeitamente a condenação do pecado, que Deus agora tem li~rdade até mesmo para justificar qualquer pecador, sem castigo ou condenação. Portanto, um obstáculo moral na vida de um pecador já não serve mais de obj~ão à sua salvação. Pela morte de Seu Fi lho, Deus tomou-se livre para salvar o maior dos pecadores. Nesta tão grande salvação Ele lorna-se reto e justo porque o Senhor Jesus sofreu pelos nossos pecados.

b) Do podtr do pecado.

Ora, o Cristão não poderia ser salvo do poder do pecado se Deus não tivesse, primeiramente, levado o "velho homem" a juízo. Se Deus tivesse que julgar primeiro a nature1.a do pecado em nós, ainda antes de Ele poder exercer domínio nas nossas vidas, a nossa situação seria desesperada. Deus julgou o "velho homem" no momento em que fomos crucificados, mortos e sepultados com Cristo. O Senhor não sofreu apenas pelos nossos pecados. E le morreu também pora o pecado. Ele sofreu a condenação pelos nossos pecados e morreu também para a natureza do nosso pecado. "Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado". "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado". Justamente porque Cristo morreu para o pecado, é que Deus com justa liberdade exer~ domínio sobre a "carne" e sobre a natureza adâmica, empre­gando o Seu pode r para a nossa salvação da servidâo ao pecado; assim como Ele tem, também, justa liberdade para salvar a pessoa não regenerada do castigo do pecado porque Cristo sofreu todos os juízos pelo pecador.

Quinto - A S.lvaçio , pel. F'

8.) Da condemJ(ão do pecado.

Dado que a salvação é sempre e somente obra de Deus. a única relação que o homem pode manter com ela, é a da esperança no Único que pode tomar a Seu cargo realizá-la. A salvação da culpa e da condenação do pecado opera-se em nós no momento em que cremos. Depende do alo de fé. As pessoas não são salvas, ou continuam salvas, das conseqüências dos

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138 AQUELE QUE t EsPIRITUAl..

pecados, ~Io fato delas pt1'maneetrem na sua fé. Fé salvadora, como relacionada ao primeiro aspecto de salvação, é um ato de fé. Nós somos salvos pela graça mediante a fé.

b) Do poder do pecado.

A salvação que santifica a vida de todos os dias, <: igual­mente obra de Deus, e a única relação que cada filho de Deus pode manter com ela, <: uma atitl/.de de esperança para com Aquele que tem poder para tudo. Mas para que isso aconteça, necessário é haver lima adaptação da vida e da vontade a Deus, e esta saJvação deve então ser reclamada por fé, o que neste caso representa uma atitllde de fé. Só somos salvos do poder do pecado enquanto cremos. Aquele, pois, que foi justificado por um ato de fé tem que passar a viver pela fé . Há uma mul­tidão de pecadores, por quem Cristo morreu, que ainda não estão salvos. Por parte de Deus, todas as medidas já foram tomadas, e eles só têm que, pela fé, partilhar da Sua graça salvadora que para eles há em Jesus Cristo. Há, também, uma multidão de santos, cuja natureza pecadora já foi perfeitamente julgada e para os quais foram tomadas providências _ divin~s para uma vida de vitória e de glória para Deus, que nao cstao ainda a realizar essa vida de vitória. Eles só necessitam entrar, pela fé nesta graça salvadora do poder e do domínio do pecado.

.' . aJ'd d d "d" d "corrida" Esta e que e a re 1 a e e um an ar, e uma , e de um "combate". É uma atitude pcrsevcrallte. F omos cha­mados para "militar a boa milícia da fé". Os pecadores só são salvos quando confiarem no Salvador, assim como os santos não serão vitoriosos enquanto não confiarem no Libertador: E Deus tomou isto possível por meio do sacrifício de Seu Fdho. A salvação do poder do pecado deve, pois, sen reclamada por fé.1

1 Debatendo o mesmo aspecto desta analogia, o Bispo Moule. da Inglaterra, escreve: "A primeira condição é por sua nalureu única e simples: é uma aceltaçã~, uma Incorporação. A segunda é por sua natureza progressiva e reveladora: a descoberta, dando-se lugar a que ela se faça da grandeza dos recursos que há. em Cristo para a vida. O último' caso pode, não é deve, incluir, assim, uma grande crise de consciência, uma reação particularmente espiritual. J!: bem provivel que ele Inclua diversos pontos de partida, virios desenvolvimentos crltlcos avanços bem definidos. A submissão de si mesmo ao poder de Cristo, para purlficaçlo intima da vontade

UMA ANALOGIA E A CONCLUsAo 13!)

o Espírito, quando salva do poder predominante do pecado, não deixa de se ocupar da personalidade daquele que Ele salva. Pelo contrário, Ele sujeita ao Seu poder as faculdades e as possibilidades do indivíduo. Quer dizer, é o poder de Deus a atuar por intermédio das faculdades humanas da vontade, dos sentimentos e do gênio. A experiência do crente que está sendo habilitado pelo Espírito, é apenas aquela de fica r com a cons­ciência da sua própria autoridade de escolha, dos seus próprios sentimentos, desejos e tendências relacionadas exclusivamente com a sua pessoa. O poder que ele possui está " no Senhor e na força do seu poder".

11. Conclusão

Como até aqui este estudo se tem ocupado principalmente da teoria ou doutrina da vida espirihJal, não deixa de vir a propósito fazer o aditamento de algumas sugestões práticas.

Visto que uma vida sob o poder do Espírito depende de uma contlmla atitude de rendição pessoal e a apropriação do poder divino, é importante que os Cristãos tenham um período de contato definido com Deus durante o qual possam examinar os seus corações no que respeita ao pecado e à sua submissão, e no qual possam ainda reconhecer tanto a sua incapacidade como a suficiência de Deus a qual se transmite pelo Espírito . Só então, eles podem reclamar o Seu poder e a Sua força para vencer a sua própria fraqueza. A Bíblia não dá. regras quanto ao tempo desse período ou quais as condições. :a um caso absolutamente individual que tem de ser tratado entre o filho, no pleno uso da sua personalidade própria e seu Pai.

e dos sentimentos, é um ato que pode ser, e multas vezes ê, na verdade, como '6 joue uma nova conversão, uma nova 'chamada etlclente'. Não há. dúvida alguma que essa condição, dado que a pessoa compreenda estar na luz de Cristo, serA seguido até final por recordaç6es e reiterações; nio meros regressos aos principias da antiga situação (o que, certamente, não faz parte do plano de Deus), mas por resultados bem definidos provenientes da nova descoberta das neceMldades pessoais e do pecado que hA em si, e multo mals do que Isso, das 'riquezas' que se relacionam com Cristo. E, assim, de progresso em progresso, poderá a bendita promessa da Plenitude do Espbito ser recebIda com santa e ju­bUoa. l"Hlldade", "Outlinu 01 Ohn.tian Doctrine", pAgo 199.

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140 AQUELE QUE t: ESPlR1TUAL

Espiritualidade não é um ideal para ser vivido no futur~: é para ser experimentado ag()ra m esmo, A pergunta essencial é, "Já estou andando segundo o Espírito?" Responder a esta pergunta, não deve depender da presença ou da ausência de qualquer manifestação extraordinária do sobrenatural. Grande parte da vida deve decorrer num lugar comum e tranqüilo; mas, mesmo ai, devemos ter a convicção de estarmos de bem com Deus e em Sua comunhão constante. "Amados, se o nosSO coração nos não condena, temos confiança para com Deus" (1 João 3:21). Do mesmo modo, não devemos confundir nervos exaustos, fraquez.a física ou depressão com falta de espirituaJi· dade. Muitas vezes o repouso é mais necessârio do que o orar, âssim como o recreio fí sico é mais util do que sondar o coração.

Também nos devemos lembrar de que as Suas precauções são sempre .perfeitas; o tomarmos parte nestas precauções, p0-rém, é que é muitas vezes imperfeito. Há. sem dúvida, ainda, uma alusão corrente às atitudes e ações humanas, em relação a Deus como sendo" absolutas", tai s c()m() " entrega absoluta", "consagrarão absoluta" e "devoção absoluta". Ainda que haja condições bem definidas pelas quais possamos ser espirituais, lembremo-nos de que, partindo do ponto de vista do Deus Infi­nito, a nossa harmonia com aquelas condições é, muitas vezes, imperfeita. Aquilo que Ele proporciona e concede é da mais alta perfeição divina; mas a nossa adaptação é humana e, por­tanto, está freqüentemente sujeita a ser aperfeiçoada. O fato do nosso possível resgate, o qual depende somente dEle, não sofre alteração. Em qualquer altura poderemos receber tanto quando Lhe permitinnos que Ele o conceda.

Normalmente, a posição do Cristão espiritual é aquela de estar ocupado com um serviço frutífero para o seu Senhor. Mas isto não é regra. Apenas precisamos de saber que estamos submetidos e prontos a fazer seja o que for que Ele pedir de nós. "Descansar no Senhor", é uma das vitórias essenciais numa vida espiritual. "Vinde vós, aqui àparte, e repousai um pouco". Tanto somos espirituaIs descansando, recreando-nos, donnindo ou estando incapacitados, se esta for a Sua vontade para nós, como o somos quando exercemos atividade.

A vida espiritual não é passiva. Mas muitas vezes se julga erradamente que assim é, e justamente pelo fato de que alguém, para ser espiritual precisa de abandonar o esforço pessoal no

UMA ANAl.OGU. E A CONCLUslo 141

sentido de alcançar objetivos espirituais e de aprender a viver e a servir pelo poder que Deus proporcionou. A verdadeira espirituaJidade não sabe o que é "estar quieto". :e. uma vida mais ativa, expansiva e vital porque é forta1ecida pelo poder ilimitado de Deus. :e. bem possível que os Cristãos cheios do Espírito, cheguem ao fim do dia fisicamente exaustos. Sentem-se cansados por trabalhar, mas não cansados do trabalho.

A vida cheia do Espírito nunca está livre de tentação; fi.'lS

"Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suporta r". O claro ensino desta promessa, de hannonia com toda a Escritura que se relaciona com este assunto, é que as tentações que são " humanas", podem acontecer a todos nós; contudo, há um caminho divinamente preparado para que por ele possamos escapar. O filho de Deus não tem necessidade de se submeter à tentação. Sim, a posS1'bilidade de petar existe sempre, mas nunca a necessidade.

Houve alguém que disse e muito bem, que dos crentes es­pirituais têm a honra de estar nas lutas que se travam nas trincheiras da frente. :e. aqui que se 'Sente mai s violentamente a pressão do inimigo. Mas também lhes é "dado o privilégio de observarem a derrota esmagadora do inimigo; quanto mais abundante é o poder de Deus. tanto mais elevadamente é hon­rado o crente espiritual .

Viver na irrealidade é criar obstáculos à espiritualidade. Tudo o que tiver o sabor de "hiIXlCrisia religiosa" é prejudicial. De uma maneira especial. aquele que foi transformado do natural para o espiritual, algumas vezes necessita de ser novamente levado à sua naturalidade primitiva. - significando isto, cer­tamente, uma naturalidade de costumes e de vida. A verdadeira vida espiritual apresenta uma amplitude. de tal maneira suficiente. que nos permite viver muito próximo de todas as classes de pessoas, sem nos afastar de Deus. A espiritualidade deve opâr-se ao pecado, mas nunca pôr obstàculos à amizade e confiança dos pecadores (Lucas 15:1 ). Quem melhor pode observar as faltas dos outros senão aquele que tem visão espiritual? E por essa razão, quem é que necessita mais do poder divino para o guardar de se tornar severo demais, com tudo o que pode resultar de tal atitude? Precisamos de estudar mai,s cuidadosamente a adapta­ção que foi experimentada pelo Apóstolo Paulo, como está

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revelada em I Cor. 9 :19-22. Se a nossa especie de espiritualidade não permite que Cristo seja atraente para os outros, é por9u,e essa nossa espiritualidade está precisando de algumas mO(hfl­cações enérgicas. Que Deus ,livre os Seus fil.hos de fi~g!rem um tom de voz piedoso, uma piedosa melancoha de esplflto, u~ piedosa expressão do seu rosto, ou ainda uma maneira de vestir aparentemente piedosa (se é que pelo trajar eles desejem pare.cer santos). A verdadeira espiritualidade é um aclamo intenor. É qualquer coisa de mais simples e natural e deve-se tonlar num gozo e numa atração para todos.

Não basta personificar ideais ou imitar outros. ~ precisa­mente na análise das experiências que está o grande perigo. E é por isso que muitos são levados, facilmente, a tentar imitar qualquer outra pessoa. Aquilo que nos dá a nossa preciosa distinção é nossa própria personalidade, e nada mais lhe agrada tanto do que sermos aquilo que Ele nos destinou. Há Cristãos que estão dispostos a "fazer circular uma verdade que não é vivida"; repetem frases piedosas, cuja verdade eles nunca.expe­rimentaram realment e. I sto tem, forçosamente, que entristecer o Espírito.

:a bom não esquecer que estamos sempre tratando COJ1l o nosso Pai. Muitas vezes o andar em Espírito é interpretado como sendo um ato mecânico. Mas o caso é que nós não esta­mos lidando com uma mâquina: antes, estamos tratando com o Pai mais terno e compassivo de todo o universo. O segrêdo mais profundo do nosso caminhar, é preci~mente conhecê-fO, e, portanto, crer no Seu coração de Pai, e que podemos depositar no Seu peito benigno as nossas faltas, se necessário for, ou muito simplesmente falar com Ele, dando-Lhe ações de graças por todas as vitórias que para nós alcançou. Quando entramos no conhecimento do conforto e do alívio que tal comunhão nos proporciona, teremos menos ocasião para aborrecer qualquer outra pessoa. Está da nossa parte contar-Lhe exatamente o que sentimos, tal e qual o que somos de maus no coração, e até mesmo a nossa se<:reta incredulidade. Proceder assim ó o mesmo que abrir-Lhe a porta do nosso coração para receber a Sua bendita luz e poder. O afastamento da comunhão intima, é a primeira coisa que devemos recear, assim como o "pedir auxílio" para todos os acidentes espirituais, consiste no simples ato de L~ contarmos todas as coisas. Depois de tennos feito

UMA ANALOGIA E A CONCL.USXO 143

a nossa confissão, devemos considerar pela fé, que 110550 perdão e restauração têm sido plenamente realizados, e imediatamente tomar o nosso lugar na Sua comunhão e na Sua graça divina.

O ensino de que "o pássaro com a asa partida nunca mais volta a voar tão aJto", está muito fora do espírito das Escrituras. Pelo sacrifício de Cristo, deixou de existir para o santo ou para o pecador, a condenação do pecado. Antes, "o pássaro com a asa partida pode tornar a voar ainda mais alto"; porém, quando se quebra ou anula essa comunhão íntima, não deve haver com­placência alguma.

Nunca somos aqueles santos maravilhosos de quem Deus, com certa razão, se possa orgulhar: somos, apenas, os Seus filh inhos. imaturos e sem sabedoria, com os quais Ele é infini­tamente paciente e sobre os quais Ele tem sentido gozo em colocar a infinita bondade de Seu coração. .Ele, sim, Ele é maravilhoso. Nós não o somos.

Crêde no que está escrito. Lembrai-vos das palavras vivas em Romanos 6 :6,9: "Sabendo isto", ou "Sabendo que". Somo!! sempre justificados quando agirmos à base de evidência fide­digna. E que palavra de testemunho mais infalível, senão a imperecível Palavra do nosso Deus? Por essa Palavra é que nÓS sabemos que Deus providenciou um perfeito juízo para os nossos pecados e por causa do nosso pecado, e que o caminho cstâ aberto para uma vida abundante de poder daquele Espírito abençoado. Sabemos que esta espécie de vida faz parte do Seu plano de amor por nós. Está da nossa parte o crer na Sua promessa infalível. Não é imposição reclamarmos do Deus a Sua graça; antes deixar de ~dir tudo quanto o Seu amor deseja dar, seria feri-lo mais do que todas as outras coisas.

Não necessitamos de prestar uma atenção direta ao pro­gresso da nossa fé. A fé vai aumentando à medida que con­templamos a fidelidade de Deus. Acreditemos na verdade da Sua Palavra, quando diz: "A minha graça te basta".

A verdadeira espirituaJidade é uma realidade. :e. essencial­mente constituída por todas as manifestações do Espírito dentro e através daquela pessoa em quem Ele habita. Ele manifesta no crente a vida que é a de Cristo. E.le não veio para se revelar a Si mesmo, mas para tornar Cristo real tlQ coração, e através do coração do homem. Por isso Paulo pode escrever: "Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor

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144 AQutLE QUE 11.: EsPIRITUAL

Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior ; para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; afim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e co­nheeer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém",

".