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Volume I COSMOGÊNESE Estância I Por H. P. Blavatsky

A Doutrina Secreta - Vol 1 - Cosmogênese - Estância I

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Volume I

COSMOGÊNESE

Estância I

Por H. P. Blavatsky

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A EVOLUÇÃO CÓSMICA

NAS SETE ESTÂNCIAS

DO LIVRO DE DZYAN

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1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.

2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio Infinito da Duração. 3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para contê-la. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam. As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado. 5. Só as trevas enchiam o Todo Sem Limites, porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a Nova Roda e a Peregrinação por ela. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser; e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna, para ser expirado por aquele que é e todavia não é. Nada existia. 7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas; o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser.

ESTÂNCIA I

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8. A Forma Una de Existência, sem limites, infinita, sem causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos; e a Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho Aberto de Dangma percebe. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo se encontrava em Paramârtha, e a Grande Roda era Anupâdaka?

ESTÂNCIA I (Cont.)

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1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia

adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.

O "Pai", o Espaço, é a Causa eterna, onipresente, a incompreensível divindade, cujas "Invisíveis Vestes" são a Raiz mística de toda Matéria e do Universo.

O Espaço é a única coisa eterna que somos capazes de imaginar, imutável em sua abstração, e que não é influenciado nem pela presença nem pela ausência de um Universo objetivo. Não tem dimensões, seja em que sentido for, e existe por si mesmo. O Espírito é a primeira diferenciação de "Aquilo“ — a Causa sem Causa do Espírito e da Matéria. o "vazio sem limites" e a "plenitude condicionada", simultaneamente. Foi, é e sempre será.

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1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia

adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.

As "Vestes" representam o númeno da Matéria cósmica não diferenciada, da matéria abstrata como essência espiritual da matéria que conhecemos, coeterna e una com o Espaço. A Natureza-Raiz é também a fonte das propriedades sutis e invisíveis da matéria visível. É, a Alma do Espírito Único e Infinito. Os hindus a chamam Mûlaprakriti, e dizem que é a Substância Primordial, que constitui a base do Upâdhi ou Veículo de todos os fenômenos, sejam físicos, psíquicos ou mentais. É a fonte de onde se irradia o Âkâsha.

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1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia

adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.

As "Sete eternidades" significam períodos.. As Sete Eternidades significam os sete períodos de um Manvantara, ou um espaço de tempo correspondente à sua duração; e abrangem toda a extensão de um Mahâkalpa ou "Grande Idade" (100 anos de Brahmâ), perfazendo um total de 311.040.000.000.000 anos.

Cada Ano de Brahmâ se compõe de 360 Dias e de igual número de Noites de Brahmâ (computando-se pelo Chandrâyama ou ano lunar); e um Dia de Brahmâ corresponde a 4.320.000.000 anos comuns. Estas Eternidades se relacionam com cálculos os mais secretos.

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2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio infinito da Duração.

O "Tempo" é uma ilusão ocasionada pela sucessão dos nossos estados de consciência, à medida que viajamos através da Duração Eterna; e deixa de existir quando a consciência em que tal ilusão se produz já não exista; então, ele "jaz adormecido“;

O Presente não é senão uma linha matemática que separa aquela parte da Duração Eterna, que chamamos Futuro, daquela outra a que damos o nome de Passado. Nada há sobre a Terra que tenha uma duração real, pois nada permanece sem mutação, ou no mesmo estado, durante um bilionésimo de segundo.

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2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio infinito da Duração.

A sensação que temos da realidade desta divisão do Tempo, conhecida como o Presente, advém da impressão momentânea ou das impressões sucessivas que as coisas comunicam aos nossos sentidos, à medida que passam da região do ideal, que denominamos Futuro, à região da memória, que chamamos Passado.

O que sucede com as pessoas e as coisas que, caindo do "será" no "foi", isto é, do Futuro no Passado, apresentam ocasionalmente aos nossos sentidos como que uma seção transversal do seu todo à medida que vão passando através do Tempo e do Espaço (como Matéria) em seu caminho de uma eternidade para outra; e estas duas eternidades constituem aquela Duração, na qual, e somente na qual, há algo que tem existência real

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3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para contê-la

"Mente" é o nome dado à totalidade dos Estados de consciência compreendidos sob as denominações de Pensamento, Vontade e Sentimento;

Um númeno não pode chegar a ser fenômeno em qualquer plano de existência sem que se manifeste nesse plano por meio de uma casa ou veículo apropriado; e durante a longa Noite de repouso chamada Pralaya, quando todas as Existências são dissolvidas, a "Mente Universal" permanece como uma possibilidade de ação mental, ou como aquele Pensamento abstrato e absoluto do qual a Mente é a manifestação concreta e relativa.

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3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para contê-la

Os Ah-hi (Dhyân Chohans) são as Legiões de Seres espirituais que constituem o Veículo para a manifestação do Pensamento e da Vontade Divina ou Universal. São as Forças Inteligentes que elaboram as "Leis" da Natureza e as fazem executar, cumprindo, por sua vez, e ao mesmo tempo, as leis que lhes são analogamente ditadas por Poderes ainda mais elevados;

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3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para contê-la

Esta Hierarquia de Seres espirituais, por cujo intermédio atua a Mente Universal, assemelha-se a um exército — uma verdadeira legião — pelo qual se manifesta o poder militar de uma nação, e que se compõe de corpos de tropa, divisões, brigadas, regimentos etc., cada qual com sua individualidade ou vida distinta, sua liberdade de ação e sua responsabilidade limitadas; estando cada unidade contida em uma individualidade superior, à qual ficam subordinados seus próprios interesses, e encerrando em si, ao mesmo passo, individualidades inferiores.

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4. Os Sete Caminhos da Felicidade (Nirvana) não existiam (a). As Grandes Causas da Desgraça (Nidâna e Mâyâ) não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).

(a)

Há "Sete Caminhos" ou "Vias" que conduzem à "Felicidade" da Não- Existência, que é o absoluto Ser, Existência e Consciência. Não existiam, porque o Universo até então se achava vazio, só existindo no Pensamento Divino.

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4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).

(b)

Cada uma das Doze Nidânas é o efeito da Causa antecedente, e, por seu turno, a causa da que lhe sucede, estando a soma total das Nidânas baseada nas Quatro Verdades, doutrina especialmente característica do Sistema Hînayâna;

Pertencem elas à teoria de que todas as coisas seguem o curso da lei, a lei inevitável que produz o mérito e o demérito, e que finalmente faz sentir a força do Carma em toda a sua plenitude;

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4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).

(b)

O sistema Hînayâna é fundado na grande verdade de que a reencarnação infunde temor, porque a existência neste mundo só traz ao homem sofrimento, desgraça e dor; sendo a própria morte incapaz de dar ao homem a sua libertação, porque a morte não é mais que a porta pela qual ele passa de uma para outra vida na terra, após um breve repouso no Devachan;

O homem pode escapar às tribulações dos renascimentos, e até à ilusória felicidade do Devachan, por meio da obtenção da Sabedoria e do Conhecimento, os únicos que podem dissipar os frutos da Ilusão e da Ignorância.

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4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).

(b)

Mâyâ, ou Ilusão, é um elemento que participa de todas as coisas finitas, porque tudo quanto existe possui tão só um valor relativo, e não absoluto, tendo em vista que a aparência assumida pelo númeno perante o observador depende do poder de cognição deste último;

Nada é permanente, a não ser a Existência Una, absoluta e oculta, que contém em si mesma os númenos de todas as realidades. As existências pertencentes a cada plano do ser, incluindo os Dhyan Chohâns mais elevados, são comparáveis às sombras projetadas por uma lanterna mágica em uma superfície branca.

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4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).

(b)

No entanto, todas as coisas são relativamente reais, porque o conhecedor é também um reflexo, e por isso as coisas conhecidas lhe parecem tão reais quanto ele próprio;

Seja qual for o plano em que possa estar atuando a nossa consciência, tanto nós como as coisas pertencentes ao mesmo plano somos as únicas realidades do momento;

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4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).

(b)

À medida, porém, que nos vamos elevando na escala do desenvolvimento, percebemos que, nos estádios já percorridos, havíamos tomado sombras como realidades, e que o progresso ascendente do Ego é um contínuo e sucessivo despertar, cada passo à frente levando consigo a idéia de que então alcançamos a "realidade". Mas só quando houvermos atingido a Consciência absoluta, e com ela operarmos a fusão da nossa, é que viremos a libertar-nos das ilusões de Mâyâ.

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5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação por ela (b):

(a)

As "Trevas são Pai-Mãe; a Luz é o seu Filho“. Não podemos conceber a luz senão considerando-a como proveniente de alguma fonte que lhe seja a causa; e, como no caso da Luz Primordial essa fonte é desconhecida — conquanto a reclamem a razão e a lógica — nós a chamamos "Trevas", do ponto de vista intelectual;

As Trevas são a Matriz Eterna, na qual as Origens da Luz aparecem e desaparecem. Cientificamente a luz é tão-somente um modo das trevas, e vice-versa

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5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação por ela (b):

(a)

Quando todo o Universo jazia imerso no sono, isto é, quando havia regressado ao seu elemento primordial, não existia ali nem centro de luminosidade nem olho para perceber a Luz; e as trevas enchiam necessariamente o "Todo Sem Limites".

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5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação por ela (b):

(b)

O "Pai e a Mãe" são os princípios masculino e feminino na Natureza-Raiz, os polos opostos que se manifestam em todas as coisas, em cada plano do Cosmos; ou o Espírito e a Substância, em um aspecto menos alegórico, e cuja resultante é o Universo, ou o "Filho“;

Eles são "novamente Um", quando, na noite de Brahmâ, durante o Pralaya, tudo no Universo objetivo retorna à sua causa única, eterna e primária, para ressurgir na Aurora seguinte, como acontece periodicamente

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5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação por ela (b):

(b)

"Kârana" — a Causa Eterna — estava só. Kârana permanece só durante as Noites de Brahmâ. O anterior Universo objetivo dissolveu-se em sua Causa única, eterna e primária, e mantém-se como que em dissolução no espaço, para diferenciar-se outra vez e cristalizar-se de novo na seguinte Aurora Manvantárica, que será o começo de um novo Dia ou de uma nova atividade de Brahmâ, símbolo de um Universo.

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5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação por ela (b):

(b)

Brahmâ é o Pai-Mãe-Filho, ou Espírito, Alma e Corpo a um só tempo, sendo cada personagem o símbolo de um atributo e cada atributo ou qualidade um eflúvio graduado do Sopro Divino em suas diferenciações cíclicas, involutivas e evolutivas.

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(a)

Os "Sete Senhores Sublimes" são os Sete Espíritos Criadores, os Dhyân Chohans;

Os Dhyânis velam, sucessivamente, sobre uma das Rondas e sobre as grandes Raças-Raízes de nossa Cadeia Planetária. Eles enviam seus Bodhisattvas à Terra, como representantes humanos dos Dhyâni-Buddhas, durante cada Ronda e cada Raça.

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(a)

Das "Sete Verdades" e Revelações, ou melhor, segredos revelados, só quatro nos foram dadas a conhecer; pois estamos ainda na Quarta Ronda, e por isso não teve o mundo, até agora, senão quatro Buddhas. Até hoje "existem somente Quatro Verdades e Quatro Vedas" — dizem os Hindus e os Budistas.

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(b)

A Doutrina Secreta ensina o progressivo desenvolvimento de todas as coisas, tanto dos mundos como dos átomos. Não é possível conceber o princípio desse maravilhoso desenvolvimento, nem tampouco imaginar-lhe o fim. O nosso "Universo" não passa de uma unidade em um número infinito de Universos, todos eles "Filhos da Necessidade", elos da Grande Cadeia Cósmica de Universos, cada qual em relação de efeito com o que o precedeu, e de causa com o que lhe sucede.

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(b)

O aparecimento e o desaparecimento do Universo são como expiração e inspiração do Grande Sopro, que é eterno e que, sendo Movimento, é um dos três aspectos do Absoluto; os outros dois são o Espaço Abstrato e a Duração.

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(b)

Quando o Grande Sopro expira, é chamado o Sopro Divino e considerado como a respiração da Divindade Incognoscível — a Existência Una —, emitindo esta, por assim dizer, um pensamento, que vem a ser o Cosmos. De igual modo, quando o Sopro Divino é inspirado, o Universo desaparece no seio da Grande Mãe, que então dorme "envolta em suas Sempre Invisíveis Vestes".

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(c)

Por "aquele que é, e todavia não é", entende-se aquele Grande Sopro, do qual só podemos dizer que é a Existência Absoluta, sem que nos seja dado representá-lo em nossa imaginação como uma forma qualquer de Existência que possamos distinguir da Não-Existência.

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6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).

(c)

Nossas idéias quanto à duração do tempo são todas derivadas de nossas sensações, de acordo com as leis de associação. Enlaçadas de modo inextricável com a relatividade do conhecimento humano, essas idéias não podem, contudo, ter existência alguma fora da experiência do eu individual, e perecem quando sua marcha evolutiva dissipa o Mâyâ da existência fenomenal

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7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser (b).

(a)

"As Causas da Existência" significam não somente as causas físicas conhecidas pela ciência, mas também as causas metafísicas, a principal das quais é o desejo de existir, uma resultante de Nidâna e de Mâyâ. Este desejo de uma vida senciente manifesta-se por si mesmo em todas as coisas, desde o átomo ao sol, é um reflexo do Pensamento Divino projetado na existência objetiva sob a forma de uma lei que manda o Universo existir.

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7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser (b).

(a)

Segundo o ensinamento esotérico, a causa real daquele suposto e de toda existência permanece sempre oculta, e suas primeiras emanações representam as mais elevadas abstrações que a mente humana pode conceber. Temos que admitir tais abstrações como a causa deste Universo material que se apresenta aos sentidos e à inteligência; e são elas necessariamente o fundamento dos poderes secundários e subordinados à Natureza, que têm sido antropomorfizados e adorados como "Deus" e como "deuses" pelas multidões de todas as épocas.

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7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser (b).

(a)

As abstrações tornam-se cada vez mais concretas à medida que se aproximam do nosso plano de existência, até que por fim se cristalizam em fenomenais, sob a forma de Universo material, por um processo de conversão do metafísico em físico

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7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser (b).

(b)

A idéia do "Eterno Não-Ser" que é o "Único Ser" aparece como um paradoxo a quem quer que não se dê conta de que nós limitamos nossas idéias sobre o Ser à nossa presente consciência da Existência, dando a este termo um sentido específico, em vez de genérico;

O Ser Uno é o númeno de todos os númenos, que sabemos devem existir por trás de todos os fenômenos, dando-lhes a sombra do quê de realidade que possuem; mas que não podemos atualmente conhecer por nos faltarem os sentidos e a inteligência indispensáveis à sua percepção.

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7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser (b).

(b)

O mortal comum não pode ter noção da realidade das coisas fora do Mâyâ que as vela e oculta. Só o Iniciado, enriquecido pelo conhecimento adquirido através de inúmeras gerações de seus predecessores, dirige o "Olho de Dangma", para a essência das coisas, em que Mâyâ não pode ter nenhuma influência.

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8. A forma Una de Existência (a), sem limites, infinita, sem causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos (b); e a Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho aberto de Dangma percebe.

(a)

A Doutrina Secreta apresenta o postulado de uma "Forma Única de Existência" como base e fonte de todas as coisas, antes Plano do que Forma, "de onde tudo sai e para onde tudo retorna";

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8. A forma Una de Existência (a), sem limites, infinita, sem causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos (b); e a Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho aberto de Dangma percebe

(a)

Os comentaristas purânicos a interpretam como Karâna, "Causa"; mas a Filosofia Esotérica a considera o espírito ideal daquela Causa. Em seu estado secundário, é o Svabhâvat do filósofo budista, a Eterna Causa-e-Efeito, onipresente e contudo abstrata, a Essência plástica existente por si mesma, e a Raiz de todas as coisas, vista em seu duplo sentido, da mesma forma como o vedantino considera o seu Parabrahman e Mûlaprakriti, o Uno sob dois aspectos.

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8. A forma Una de Existência (a), sem limites, infinita, sem causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos (b); e a Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho aberto de Dangma percebe.

(b)

O "Sono sem Sonhos" é um dos sete estados de consciência conhecidos no esoterismo oriental. Em cada um destes estados entra em ação uma parte distinta da mente; ou, como diria um vedantino, o indivíduo é consciente em um plano diferente do seu ser

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9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo (Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em Anupâdaka? (b)

(a)

Alaya é a Alma do Mundo, Anima Mundi, a Superalma de Emerson, que muda periodicamente de natureza. Alaya, apesar de eterna e imutável em sua essência interna, nos planos fora do alcance dos homens ou mesmo dos deuses cósmicos (Dhyâni-Buddhas), altera-se durante o período de vida ativa que diz respeito aos planos inferiores, inclusive o nosso. Durante esse tempo, não só os Dhyâni Buddhas são unos com Alaya em Alma e Essência, mas até o homem que realizou a Ioga é capaz de fundir sua alma nela.

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9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo (Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em Anupâdaka? (b)

(a)

Ensina a Filosofia Esotérica que tudo vive e é consciente. Nós consideramos a vida como a única forma de existência manifestando-se no que chamamos Matéria, ou naquilo que, no homem, chamamos Espírito, Alma e Matéria. A Matéria é o Veículo para a manifestação da Alma neste plano de existência, e a Alma é o Veículo em um plano mais elevado para a manifestação do Espírito; e os três formam uma Trindade sintetizada pela Vida, que os interpenetra a todos.

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9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo (Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em Anupâdaka? (b)

(a)

Alaya tem uma dupla significação, e até mesmo tríplice. No sistema Yogachârya da escola contemplativa Mahâyâna, Alaya é, ao mesmo tempo, a Alma Universal, Anima Mundi, e o Eu de um Adepto adiantado;

"Alaya possui uma existência eterna e absoluta". Em certo sentido, é Pradhâna, que o Vishnu Parâna define como "a causa não evolucionada, a base original, na denominação enfática dos sábios, o Prakriti sutil, ou seja, o eterno e o que ao mesmo tempo é (ou encerra em si) o que é o que não é, ou é mera evolução” (Vishnu Purana).

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9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo (Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em Anupâdaka? (b)

(a)

“A causa contínua, que é uniforme, que é ao mesmo tempo causa e efeito, chamada Pradhâna e Prakriti por aqueles que conhecem os primeiros princípios, é o incognoscível Brahma, que era anterior a tudo” (Vishnu Purana);

Quer dizer, Brahma não cria nem mesmo produz a evolução, mas unicamente revela vários aspectos de si próprio, um dos quais é Prakriti, aspecto de Pradhâna. "Prakriti", no entanto, não é uma palavra adequada, e Alaya o explicaria melhor, visto que Prakriti não é o "incognoscível Brahma".

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9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo (Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em Anupâdaka? (b)

(b)

A palavra "Anupâdaka", sem pais ou sem progenitores, é uma designação mística que tem várias significações em nossa filosofia. É o nome que se costuma dar aos Seres Celestes como os Dhyân Chohans ou os Dhyâni Buddhas. Estes últimos correspondem misticamente aos Buddhas e Bodhisattvas humanos, conhecidos por Mânushi (humanos) Buddhas e chamados mais tarde Anupâdaka, quando operada a fusão de sua personalidade com os seus Princípios Sexto e Sétimo combinados, ou Âtmâ-Buddhi, convertendo-se nas "Almas de Diamante" (Vajrasattvas) ou Mahâtmâs completos.

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9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo (Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em Anupâdaka? (b)

(b)

O "Senhor Oculto" , "o que está imerso no Absoluto", não pode ter pais, porque é existente por Si Mesmo, e Uno com O Espírito Universal (Svayambhu) o Svabhâvat em seu mais elevado aspecto. Grande é o mistério da hierarquia dos Anupâdaka; o seu vértice é o Espírito-Alma Universal e a sua base os Mânushi Buddhas; e cada homem dotado de Alma é um Anupâdaka em estado latente. Daí o emprego da expressão: "a Grande Roda (o Universo) era Anupâdaka", quando se alude ao Universo em seu estado sem forma, eterno e absoluto, antes de ser formado pelos "Construtores".

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