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A Igreja “em saída”. Apelo do Papa Francisco em “A alegria do Evangelho” 2ª Parte Roteiro didático de Afonso Murad

A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)

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2ª parte do roteiro para reflexão em grupos da Exortação Apostólica "Alegria do Evangelho" (Evangelii Gaudium), do Papa Francisco. Cap. 1: A Igreja em Saída

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A Igreja “em saída”. Apelo do Papa Francisco em “A alegria do Evangelho” 2ª Parte

Roteiro didático de Afonso Murad

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Francisco inova em muitos aspectos. Ele coloca até as autoridades da Igreja em processo de revisão, em vista da renovação necessária e urgente. Dado que sou chamado a viver aquilo que peço aos outros, penso numa conversão do papado. Como Bispo de Roma, devo permanecer aberto às sugestões para fazer o meu ministério mais fiel ao significado que Jesus Cristo pretendeu dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização (..) Também o papado e as estruturas centrais da Igreja precisam de ouvir este apelo a uma conversão pastoral (EG 32)

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A partir do coração do Evangelho

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• Segundo Francisco, colocar tudo em chave missionária exige mudar a maneira de comunicar a mensagem. No mundo atual a mensagem que anunciamos corre o risco de aparecer mutilada e reduzida a alguns dos seus aspectos secundários. Então, algumas questões da doutrina moral da Igreja ficam fora do contexto que lhes dá sentido.

O problema maior ocorre quando a mensagem que anunciamos parece identificada com tais aspectos secundários, que, apesar de serem relevantes, por si sozinhos não manifestam o coração da mensagem de Jesus Cristo (EG 34)

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Uma pastoral em chave missionária não tem a obsessão de transmitir uma imensidade de doutrinas desarticuladas, que se tentam impor à força de insistir.

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Quando se assume um objetivo pastoral e um estilo missionário, que chegue realmente a todos sem exceções nem exclusões, o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário.

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A proposta acaba simplificada, sem com isso perder profundidade e verdade, e assim se torna mais convincente e radiante (EG 35).

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Não cairíamos então num relativismo? Francisco responde: Embora todas as verdades reveladas procedam da mesma fonte, algumas delas são mais importantes por exprimir diretamente o coração do Evangelho. Neste núcleo fundamental, sobressai a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado. Neste sentido, o Concílio Vaticano II afirmou que existe uma ordem entre as verdades da doutrina católica. Isto é válido tanto para chamados dogmas da fé como para o conjunto dos ensinamentos da moral (EG 36).

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Neste núcleo fundamental, sobressai a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo

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No anúncio do Evangelho, é necessário que haja uma proporção adequada. Esta reconhece-se na frequência com que se mencionam alguns temas e nas acentuações postas na pregação. Por exemplo, se um pároco fala dez vezes sobre a temperança e apenas duas vezes sobre a caridade ou sobre a justiça, gera-se uma desproporção, obscurecendo aquelas virtudes que deveriam estar mais presentes. E o mesmo acontece quando se fala mais da lei que da graça, mais da Igreja que de Jesus Cristo, mais do Papa do que da Palavra de Deus (EG 38).

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Quando a pregação é fiel ao Evangelho, manifesta-se com clareza a centralidade de algumas verdades. O Evangelho convida, antes de tudo, a responder a Deus que nos ama e salva, reconhecendo-O nos outros e saindo de nós mesmos para procurar o bem de todos. Este convite não pode ser obscurecido em nenhuma circunstância! (EG 39)

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Se esse convite não brilha com vigor e fascínio, o edifício moral da Igreja corre o risco de se tornar um castelo de cartas (..) A mensagem cristã correrá o risco de perder o seu frescor e já não ter o perfume do Evangelho (EG 39).

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A missão se encarna nas limitações humanas

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• Papa Francisco estimula o trabalho dos biblistas e dos teólogos, no sentido de ajudar a Igreja a crescer na interpretação da Palavra de e na sua compreensão cada vez mais profunda.

• Dentro da Igreja, há inúmeras questões, em torno das quais se indaga e reflete com grande liberdade. É saudável o respeito às diferenças e à pluralidade, se elas estão no horizonte de evangelizar a sociedade, de diferentes modos (EG 40).

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As diversas linhas de pensamento, se se deixam harmonizar pelo Espírito no respeito e no amor, podem fazer crescer a Igreja, enquanto ajudam a explicitar melhor o rico tesouro da Palavra. A quantos sonham com uma doutrina monolítica defendida sem nuances por todos, isto poderá parecer uma dispersão imperfeita. Mas tal variedade ajuda a manifestar e a desenvolver os diversos aspectos da riqueza inesgotável do Evangelho (EG 40).

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• Na comunidade onde você participa, na sua paróquia e sua diocese, respeita-se a diversidade de linhas de pensamento?

• Como a você e seu grupo lidam com outras pessoas que, na Igreja, pensam de maneira tão diferente da gente?

PARA REFLETIR EM GRUPO

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No seu discernimento, a Igreja pode reconhecer que alguns costumes próprios de determinado tempo hoje já não são interpretados da mesma maneira. Sua mensagem não é percebida de modo adequado. Podem até ser belos, mas agora não prestam o mesmo serviço à transmissão do Evangelho. Não tenhamos medo de revê-los! (EG 43)

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Da mesma forma, há normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes noutras épocas, mas já não têm a mesma força educativa como canais de vida. Tais preceitos adicionados posteriormente pela Igreja se devem exigir com moderação. Esse é um dos critérios a considerar, na reforma da Igreja e da sua pregação, que a permita realmente chegar a todos (EG 43).

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A grande questão para evangelizar com eficácia hoje reside em compreender o caminho que as pessoas fazem, estar ao lado delas, evitando o idealismo e apontando caminhos inéditos possíveis.

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Sem diminuir o ideal, é preciso acompanhar, com misericórdia e paciência, as etapas de crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia. Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades (EG 44).

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A todos deve chegar a consolação e o estímulo do amor salvífico de Deus, que age em cada pessoa, para além dos seus defeitos e das suas quedas (EG 44).

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O compromisso evangelizador se move por entre as limitações da linguagem e das circunstâncias. Procura comunicar o Evangelho num contexto determinado ao bem e à luz que pode dar quando a perfeição não é possível. Um coração missionário está consciente destas limitações, fazendo-se “fraco com os fracos (...) e tudo para todos” (1 Cor 9, 22). Não se fecha, nem se refugia nas próprias seguranças, na rigidez auto-defensiva (EG 45).

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(O evangelizador/a) sabe que ele mesmo deve crescer na compreensão do Evangelho e no discernimento das sendas do Espírito, e assim não renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da estrada (EG 45).

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A Igreja-comunidade: Uma mãe de coração aberto

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A Igreja em saída é uma Igreja de portas abertas. O que significa isso? Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, deixar a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, possa entrar sem dificuldade (EG 46).

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Estar de portas abertas quer dizer literalmente deixar as igrejas disponíveis para pessoas. E abrir o acesso aos sacramentos, principalmente o Batismo e a Eucaristia.

A eucaristia não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos (EG 47).

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A mensagem do Evangelho deve chegar a todos, sem exceção nem discriminação. Mas o Papa Francisco nos recorda que há uma opção preferencial de Deus. Hoje e sempre, os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho, e a evangelização dirigida gratuitamente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer. Existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos! (EG 48).

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É certo que uma pastoral “em saída”, inovadora, comporta riscos, acertos e erros. Mas é preciso ir adiante. Nesse sentido, ele diz: Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja doente pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos (EG 49).

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E vai mais adiante: Se alguma coisa nos deve inquietar é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida (EG 49).

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Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6, 37) (E49)

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Conclusão • Um apelo de nós para cada um de nós e para

a Igreja, como comunidade: sair, abrir caminhos, arriscar, inovar, rever práticas e paradigmas.

• Papa Francisco atualiza e refaz a trilha aberta pelo Concilio Vaticano II: Com alegria e liberdade, ir em busca da luz, de forma comunitária, em diálogo com a contemporaneidade.

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Fonte: Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco. Organização e comentário: Afonso Murad. Teólogo. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq

Imagens: Fano (Espanha) e da Internet [email protected] Disponivel em: afonsomurad.blogspot.com