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AQUELES OLHOS

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AQUELES OLHOS

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Page 2: AQUELES OLHOS

A distância e o inapelável final não permitiriam mais sequer uma esperança, mas

havia alguma coisa naquele último olhar.

Alguma coisa de um indecifrável querer dizer,

talvez uma mensagem definitiva e definidora das razões e dos conceitos que nos amputaram ao meio.

Quase como um gatilho semi-apertado, uma contida cusparada no rosto ou a ameaça de um

verdadeiro beijo que jamais trocamos.

Page 3: AQUELES OLHOS

Por alguns segundos estive perdido na eterna dúvida sobre a

cor dos teus olhos.

Não era o momento certo, eu sabia, pra essas divagações e

Logo abandonei os olhos e fixei-me novamente no olhar,

Terno? Frio? Rancoroso? Ou tudo isso junto?

Page 4: AQUELES OLHOS

Importantes, no entanto, eram as

entrelinhas, o que havia no contido

brilho das derradeiras

verdades que eu jamais conheceria.

Segurei tua mão, estava fria, largada, não participante do desfecho daquilo que havia

sido jurado para toda vida.

Page 5: AQUELES OLHOS

O olhar, porém, mantinha a mesma expressão de pantera

ou de gazela, caçador ou caça, que eu não conseguia traduzir.

Ora parecia uma súplica, ora um palavrão, em

seguida uma ponte, depois um desterro.

Page 6: AQUELES OLHOS

A própria esfinge: Decifra-me ou devoro-te!

De repente, quebrou-se o feitiço. Um tchau, ao invés de adeus, um sorriso único irônico, uma

piscadela de pouco caso,

Vulgarizaram o instante que deveria ser nobre, inapagável.

Page 7: AQUELES OLHOS

Partimos e ficamos um no outro, iniciando a aventura

de sermos metades que nada mais buscavam.

O absurdo do encontro predestinado e da perda

irreparável já havia ocorrido. Não mais inúteis

procuras e impossíveis achados. Sequer em um

milhão de anos.

Mas aquele olhar...

O que não consegui entender e queria dizer-me

aquele olhar?

Page 8: AQUELES OLHOS