19

Canto liturgico

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Resumo Este artigo tem por ob jetivo dar uma visão geral a respeito da Música na Liturgia: onde se situa, sua origem, sua evolução e o tocante às questões práticas. Não tem por objetivo ensinar canto nem ser um curso completo no assunto, mas situar o leitor de como a música se insere no contexto católico. Além disso, trata-se de um artigo embasado, quase que integralmente nos ensinamentos do então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, assim como em documentos conciliares e bulas papais. Mais do que um artigo próprio, é antes um compilado de diversas leituras e escritos ao longo dos anos de forma a fornecer um ponto de partida para futuros estudos no assunto.

Citation preview

Canto Litúrgico na Hermenêutica da

Continuidade de Bento XVI

Douglas Sandy Bonafé

5 de novembro de 2012

Resumo

Este artigo tem por objetivo dar uma visão geral a respeito da Música

na Liturgia: onde se situa, sua origem, sua evolução e o tocante às questões

práticas. Não tem por objetivo ensinar canto nem ser um curso completo no

assunto, mas situar o leitor de como a música se insere no contexto católico.

Além disso, trata-se de um artigo embasado, quase que integralmente nos

ensinamentos do então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI,

assim como em documentos conciliares e bulas papais. Mais do que um

artigo próprio, é antes um compilado de diversas leituras e escritos ao longo

dos anos de forma a fornecer um ponto de partida para futuros estudos no

assunto.

1 Introdução

Quando Santo Agostinho escreveu "Qui cantat, bis orat"� quem canta reza duasvezes, facilmente se poderia reconhecer quanto o próprio caráter da música sacratorna isto diferente de um simples canto em grupo ou de uma elegante performancede um músico pro�ssional do âmbito secular. A convicção do fato de que a oraçãoé dobrada se cantada, ao invés de apenas recitada, não se baseia tanto nos méritosdo esforço humano, mas na necessidade de descrever a dimensão de admiraçãoperante o divino [existente] na música sacra, seu aspecto artístico e emotivo, aopasso em que ela também é uma troca entre Deus, o Doador de todos os dons, e aresposta de amor do ser humano ao amor do Senhor onipotente. Um amor maiorbuscará uma maior qualidade e não apenas uma quantidade mais abundante, eisto ocorre no momento em que a perseverança de um indivíduo ou um grupofez progressos no âmbito musical e experimentou a beleza de suas consolaçõesespirituais. A "Sacrosanctum Concilium"a�rma que "a sagrada liturgia não esgotatoda a atividade da Igreja"(no 9) e muito acertadamente acrescenta que "antes queos homens possam vir à liturgia eles devem ser chamados à fé e à conversão". Aindamais, o no 10 esclarece que "é o cume para onde se volta a atividade da Igreja".Daí a liturgia ser precisamente a fonte da força necessária para todo trabalhoapostólico. Onde quer que a liturgia da Igreja seja deixada ao acaso, a falta decoerência em seus frutos torna-se evidente.

1

2 A causa teológica do Canto Litúrgico

2.1 Onde se situa o canto litúrgico?

�A importância do signi�cado da música na religião bíblica pode ver-se pelo fatode que a palavra �cantar� (incluindo as palavras a ela associadas) é uma das maisusadas na Bíblia: no Antigo Testamento ela surge 309 vezes; no Novo Testamento,36 vezes. Onde há o encontro entre Deus e Homem não há palavras, porque aí sãodespertadas as partes da sua existência que, por si, se tornam canto e música. Oque o Homem possui não é su�ciente nem para expressar aquilo que ele sente nempara aquilo que ele tem de manifestar, de modo que convida a Criação inteira paracantar com ele: �Despertai, minhas entranhas, despertai, harpa e cítara;quero despertar-me com a aurora. Louvar-vos-ei entre os povos, Senhor,cantar-vos-ei salmos no meio das nações. O vosso amor chega até aoscéus, sobre toda a terra se estende a vossa glória�(Sl 57,9-11). Na Bíblia,o canto é mencionado pela primeira vez depois da passagem do Mar Vermelho.

Agora, os �lhos de Israel estão de�nitivamente libertos da escravidão, tendoexperimentado o magní�co poder salvador de Deus na sua situação desesperada.(...) O relato bíblico descreve a reação do povo a este acontecimento fundamentalda libertação pela seguinte frase: �E o povo acreditou no Senhor e em Moisés,seu servo�(Ex 14,31). Da primeira reação cresce uma outra, com um enormeentusiasmo: �Então Moisés e os �lhos de Israel cantaram ao Senhor o seguintecântico...�(Ex 15,1). Todos os anos, os cristãos entoam esse cântico na celebraçãode Vigília Pascal, cantam-no reiteradamente como a sua canção�[12], pois tambémeles se sentem �retirados da água� como Moisés, libertados, a �m de viverem umavida verdadeira, graças ao poder de Deus.

�O Apocalipse de João vai ainda mais longe. Depois dos últimos inimigosdo povo de Deus terem subido ao palco da História � a trindade de Satanás,consistindo na besta, na sua imagem e no número do seu nome � quando tudoparecia perdido para o povo santo de Deus perante tanta supremacia, o profeta teráuma visão vitoriosa: �Vi-os de pé, num mar de vidro. Tinham as harpas de Deuse cantavam o Cântico de Moisés, servo de Deus, e o Cântico do Cordeiro...�(Ap15,3). O paradoxo de então torna-se ainda mais impressionante: a vitória não édas bestas gigantescas com o poder tecnológico e dos media; a vitória é do Cordeiroimolado. E assim, mais uma vez, entoa o Cântico de Moisés, servo de Deus, ele éagora o Cântico do Cordeiro. [12]

O cântico litúrgico situa-se nessa enorme extensão histórica.

2.2 A causa teológica

Enquanto para os Israelitas, o acontecimento de libertação no Mar de Canas per-maneceu como sendo a causa perene para o louvor de Deus, para os Cristãos, omotivo de louvor se faz no verdadeiro Êxodo, eternamente presente no Batismo.Este é para nós, o ingresso na simultaneidade da descida de Cristo ao Mundo dosMortos (Hades) e da sua subida. Cristo, Ele próprio, atravessou o �Mar Vermelho�da morte, mergulhando no mundo das sombras, emburrando os portões do cati-veiro, libertando-nos dos grilhões da escravidão do pecado e da morte. Ele, quevenceu a morte e o pecado, é para nós motivo de canto e de alegria.(...)

2

Quem acredita na ressurreição de Cristo e na salvação de�nitiva sabe que osCristãos que se encontravam na �Nova Aliança cantavam agora o cântico novoque, em virtude do acontecimento da ressurreição de Cristo, era de�nitivamente overdadeiro Cântico Novo.(...)

Já começou a entoar o cântico de�nitivamente novo, contudo para ele se trans-formar em cântico de louvor, todas as paixões e toda a dor da Historia devemainda ser sofridas, recolhidas e inseridas no sacrifício do louvor. Com isso tudo, foidelineada a causa teológica do canto litúrgico. Precisa-se agora chegar mais pertoda sua realidade prática.

3 Forças Motrizes da Música Sacra

A primeira experiência que temos com o canto litúrgico provém dos salmos. Di-ante de problemas que não seriam possíveis de solução humana, desponta, então,Deus como o único refúgio, quase como antecipação do amor redentor de Deus.Neste sentido, tais cantos podem ser vistos como variações do Cântico de Moisés.Finalmente, há de mencionar-se que os Salmos derivam muitas vezes de vivênciaspessoais de sofrimento e do �ouvi-nos Senhor�, desaguando por �m na oração co-mum de Israel, a qual é, em virtude dos atos que Deus concluiu, a base de alimentocomum a todos. Como tudo na Igreja, na construção das igrejas e nas imagens,também na lírica eclesial se revela a íntima relação entre continuidade e inova-ção: o saltério tornar-se-á naturalmente o breviário da Igreja, na sua oração e doseu cantar. O saltério reza-se agora juntamente com Cristo (Liturgia das Horas).

Sendo Cristo o verdadeiro Rei Davi que no Espírito Santo reza através do e como Filho, que era da sua descendência e simultaneamente o Filho de Deus. Comesta chave nova entraram o cântico novo. Consequentemente, nos Salmos, falamosao Pai através de Cristo no Espírito santo.

Diz o então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI: �É o EspiritoSanto que ensina primeiro David a cantar e depois, através de Davi, também Israele a Igreja; o canto é, excedendo a fala vulgar, um acontecimento pneumático em si.A música Sacra nasce como carisma, como m dom do Espírito: no fundo, ela éa �glossolalia, a língua nova, proveniente do Espírito. É sobretudo ela que causa oestado de embevecimento sóbrio da fé - embevecimento, porque nela são excedidosos nossos níveis de raciocínio puro. mas tal embevecimento permanece sóbrio poisCristo e Espírito pertencem um ao outro e porque essa linguagem embevecida semantém na disciplina e no Logos, num raciocínio novo que excede todas as nossaspalavras, para ser servo daquela única Palavra primordial é a causa de toda razãovamos ter de voltar a falar sobre isso. [12]

Na Tradição Judaica, o culto dos deuses pagãos era designado como prostituição(no sentido concreto). Pelo contrário, a eleição de Israel surge como aHistória deamor entre Deus e o seu povo. Comparativamente, a Aliança é interpretadacomo noivado e casamento.

Desde o início Jesus Cristo se apresenta como o noivo, o esposo (Mc 2, 19-20).Este trecho das escrituras é uma profecia da Paixão tal como também o anúnciodas núpcias que surgem como tema central do Apocalipse: tudo caminha parao Cordeiro, através da Paixão. Tal visão das núpcias do Cordeiro antecipam asvisões da Liturgia celeste.

Os cristãos compreendem a Eucaristia como a presença do Cordeiro, do Esposo

3

e, por conseguinte, como antecipação das núpcias de Deus. Nela acontece aquelacomunhão que corresponde à união de homem e mulher no casamento: tal comoeles se tornam �uma só carne�, assim nós todos, através da comunhão, seremos umpneuma, um único com Ele.

Com certeza, o cântico da Igreja tem a sua origem no amor: é no fundo doamor que nasce o canto. �Cantare amantis est�, diz Agostinho: Cantar é assuntodo amor. [12] �Com isso, voltamos de novo à interpretação trinitária da Músicasacra: o Espírito Santo é o amor e é Ele que gera o canto. Ele é o Espírito deCristo, Ele atrai-nos para dentro do amor de Cristo, guiando-nos assim ao Pai.�[12]

4 O Contexto Prático

4.1 A Teologia Prática

�A Bíblia grega traduziu a palavra hebraica �zamir� como �psallein�, o que emGrego signi�ca �dedilhar� (no sentido de tocar um instrumento de corda); estapalavra tornou-se então a expressão para o modo especí�co de tocar música noculto judaico e, posteriormente, a designação para o canto dos Cristãos. (...) AFé bíblica criou sua própria forma cultural no âmbito da música; a expressão emconformidade com o seu interior constitui uma norma para todas as inculturaçãoesseguintes. Desde muito cedo, a Cristandade foi confrontada com a questão de atéque ponto pode ir a enculturação no âmbito da música�.[12]

Desde o início da cristandade diversas vertente musicais plainavam em tornoda música sacra. Relata-se no início uma evolução litúrgica proveniente do ensina-mento dos apóstolos como na Primeira Carta aos Coríntios: �Quando vos reunis,tenha cada um de vós um cântico, um ensinamento, uma revelação, um discursoem línguas, uma interpretação; tudo isso se faça de modo a edi�car� (14, 26).Parece que a evolução da Fé cristã se terá realizado precisamente nos poemas doscânticos, que naquela altura nasceram como �dons pneumáticos� nas Igrejas. Con-tinham esperança, mas também perigo. Explica Ratzinger: �O âmbito dos hinose das suas músicas era precisamente uma porta aberta à Gnosis, àquela tentaçãomortífera que começou a decompor o Cristianismo no seu interior.� À medida quea Igreja foi crescendo e se distanciando de seu centro (com dioceses cada vez maisdistantes do Papa), foi se tornando difícil controlar. Não era mais viável tal práticaque hoje vemos ser comum no meio protestante e as consequências desta plurali-dade na falta de unidade e coerência universal da fé que professam, no sincretismoe na Gnose evidentes neste meio. A gnose é, sem dúvida, uma experiência baseadanão em conceitos e preceitos, mas na sensibilidade do coração. Este pensamentoque contraria a razão e a inteligência e exalta experiências sensitivas e subjetivas,mesmo que irracionais, não tem espaço dentro da Igreja de Cristo. Entretanto,tão grande era a proliferação destes pensamentos que, por orgulho iam contra aFé verdadeira, e pintavam um Cristo que se conformava às circunstâncias que asautoridades da Igreja recorreram à uma decisão radical em prol da luta pela iden-ti�cação da Fé e pala sua radicalização na �gura histórica de Jesus Cristo. Emoutras palavras, não se podia deixar que surgisse no meio cristão a �gura de umJesus Cristo que fosse diferente do real: um �Jesus Histórico� que fosse diferentedo �Jesus da Fé�. Tal divisão contraria a integridade de Cristo o que é inaceitá-

4

vel. Assim, como boa mãe que é, a Igreja, através do Cânone 59 do Concílio deLaodiceia proíbe tanto o uso de versos de Salmos privados como o de escritos nãocanônicos nas missas; o cânone 15 restringe o canto de Salmos ao coro de cantoresde Salmos, enquanto os �outros não devem cantar na igreja�. Consequentemente,a lírica pós-bíblica dos hinos quase se perdera por completo; voltou-se rigorosa-mente ao modo de canto puramente vocal, adaptado da Sinagoga. As consequentesperdas culturais podem ser lamentáveis, mas eram necessárias para bene�ciar umvalor superior: o regresso à aparente pobreza cultural pôs a salvo a identidade daFé bíblica; foi precisamente a rejeição da falsa enculturação que abriu aextensão cultural do Cristianismo ao futuro.[12]

�No Ocidente, a transmissão do �salmodiar conduziu, no Coro Gregoriano,a uma nova evolução de tal grandeza e pureza, que passou a constituir o padrãopermanente na música sacra eucarística. Na Idade média tardia, desenvolveu-sea polifonia e os instrumentos tiveram novamente entrada na Missa � certamentecom razão, pois a igreja, como vimos, não é apenas uma continuação da Sinagogacomo também integra a realidade de Pascha de Cristo, representada no templo.Dois fatores novos começam a in�uenciar a música sacra: a liberdade artísticaexige cada vez mais direitos na Missa; as música sacra e profana cruzam-se agorareciprocamente, o que se torna evidente especialmente nas chamadas 'missas tea-trais', em que o texto da Missa é sujeito a um tema ou a uma melodia relacionadoscom a música profana, de modo a que o auditório até chega a ouvir canções emvoga. É evidente que a criatividade artística e a integração de motivos profanosenvolvem perigos: a música deixa de ter a oração como base do seudesenvolvimento e a exigência da autonomia artística guia-a para forada Liturgia, procurando a �nalidade nala própria, ou abrindo as portasa modos totalmente diferentes de viver e sentir; ela afasta a Liturgia dasua verdadeira natureza. Neste ponto da disputa cultural que se criou, intervi-era o Concílio de Trento, que realçou o caráter da palavra como a normada música litúrgica e restringiu essencialmente o uso de instrumentos,evidenciando assim a diferença entre música sacra e profana.(...) Naépoca do Barroco deu-se, mais uma vez (de modos diferentes nas zonas católica eprotestante), uma união notável entre as música sacra e profana; nesse apogeu dahistória cultural, todo o esplendor da música foi posto ao serviço da glori�caçãode Deus. Ouvindo Bach ou Mozart na igreja � ambos nos fazem sentir de ummodo magní�co o signi�cado de Gloria Dei � gloria de Deus: nas suas músicasencontra-se o in�nito mistério da beleza, deixando-nos, mais do que em muitashomilias, experimentar a presença de Deus de forma mais viva e genuína. Todavia,aqui já se anunciam perigos, embora o subjetivo e sua paixão ainda disponham dedocilidade, em virtude da harmonia musical do Cosmos, na qual se re�ete a ordemda própria Criação divina. Mas as ameaças da virtuosidade e da vaidade do ta-lento já se manifestam; elas já não expõem as suas faculdades ao serviço do todo,querendo elas próprias avançar para o primeiro plano. [12]

Toda ars liturgica possui uma responsabilidade própria; ela é, precisamentepor isso e sempre de novo, origem de cultura cuja fonte é o culto. Na idademoderna, como efeito da globalização, principalmente devido ao aumento das tec-nologias de comunicação, surgiu uma problemática que afetou a cultura ocidentalde uma forma geral e que a Igreja tem de enfrentar em diversos âmbitos e tam-bém no tocante à música litúrgica. O crescimento da globalização encontrou uma

5

Igreja despreparada para um boom tão rápido. A dessacralização e os processosde pseudo-enculturação tomaram conta do ambiente eclesial, principalmente dasuniversidades e seminários, criando padres que já não tinham mais uma formaçãoplenamente católica, mas sim in�uenciada pelo relativismo proveniente do �m daIdade Média e início da chamada Idade Moderna, com o Iluminismo.

Nos dias atuais, tal problemática resultou dentre outras coisas na universali-zação cultural a qual, feita corretamente não só é boa como desejada. Ou seja,a universalização cultural em si, olhada sob a ótica cristã, nada mais é do que ocumprimento do dever da Igreja: levar o Evangelho a todos os povos. Nas palavrasde Ratzinger, �a Igreja não pode deixar de realizar [a universalização cultural] a�m de exceder os limites do espírito europeu, é a questão de como deve ser feita aenculturação no âmbito da música sacra sem prejudicar a identi�cação do Cristia-nismo e, por outro lado, deixá-lo desenvolver a sua universalidade [que é a questãoa ser estudada]�[12]. Em outras palavras, o problema não é a enculturação emsi, mas em como fazê-la sem perder a identidade católica. O que não se podefazer é permitir a miscigenação do sagrado com o profano; não se pode suprimira Tradição Católica para valorizar, dentro da Igreja, as tradições regionais e oprofano.

No referente aos dias atuais, diz o hoje Papa Bento XVI: �A música das multi-dões separou-se da música erudita, seguindo um percurso totalmente diferente. Deum lado existe a música 'pop', que certamente não tem nada a ver como 'povo'(Pop) no sentido tradicional e, sendo gerada industrialmente, ela atribui-se aofenômeno da multidão; no fundo, deve ser designada como um culto banal. Com-parativamente, 'Rock' é a expressão de sentidos elementares que, nos festivais de'rock' assumiram o caráter de culto; porém, esse caráter é oposto ao culto cristão,ele liberta o Homem dele próprio, devido à vivência da multidão e a vibrações deritmo, barulho e efeitos de luzes, deixando-o no êxtase de rompimento dos seuslimites submergindo-o quase nas forças primitivas do Universo. A música do 'em-bevecimento sóbrio' do Espírito Santo não tem hipótese, onde o ego e o espíritosão aprisionamento e correntes, surgindo a fuga dessas prisões como libertação quedeve ser saboreada, nem que seja só por uns momentos. [12]

O que fazer, então? As receitas teóricas ajudam muito pouco aqui. Deve-sebuscar uma inovação do interior.

4.2 A relação da música cristã com o Logos

Joseph Ratzinger (em [12, Introdução ao Espírito da Liturgia]) depois de ter consi-derado vários padrões dos fundamentos interiores da música sacra, faz um resumoconclusivo, o qual vem na íntegra transcrito abaixo:

• Ela refere-se aos acontecimentos dos atos de Deus, testemunhados na Bíbliae evocados no culto, que permanecem na História da Igreja, mas que têmseu centro �xo no Pascha Jesus Cristo � cruz, ressurreição e elevação. Estecentro envolve tanto as histórias de salvação do Antigo Testamento como asexperiências de salvação e esperanças da história religiosa, interpretando-as ecompletando-as. Na música litúrgica, que se baseia na Fé bíblica, existe umadominância evidente da palavra; ela é uma forma elevada da anunciação. Elasurge efetivamente, como resposta ao amor de Deus encarnado em Jesus,ao amor que se entregou por nós. Continuando a cruz realidade mesmo

6

após a ressurreição, esse amor sempre será de�nido pela dor de Deus seencontrar oculto, pelo clamor proveniente do funda da nossa angústia � Kyrieelèison � pela esperança e súplica. Todavia, por esse amor saber que podesempre compreender a ressurreição como verdade antecipada, pertence-lhetambém a alegria de ser amado � como dizia Hdydn � aquele regozijo, que seapoderava dele ao transpor textos litúrgicos em música. Ser relativo a Logossigni�ca em primeiro lugar, ser relativo à palavra. É por isso que a Liturgiadá preferência ao canto em detrimento dos instrumentos (embora estes nãosejam, de maneira alguma, de excluir). Daí se compreende que os textosbíblicos e litúrgicos seja normativos para a orientação da música litúrgica,o que não é contraditório mas sim inspirador de �cânticos novos� de criaçãocontínua, assegurando-lhe a causa e a certeza do amor de Deus, portanto asalvação.

• Paulo diz-nos que nós não sabemos por nós o que rezar, mas que o Espíritointercede por nós com �gemidos inefáveis� (Rm 8,26). A oração em geral, ea capacidade de cantar e brincar diante de Deus, excedendo, em particular,as palavras é um dom do Espírito. Ele é amor, gera amor em nós e põe-nosa cantar. mas sendo o Espírito, Cristo, �porque receberá do que é meu�(Jo 16,14), o seu dom que excede as palavras é precisamente por essa razão,relativo à palavra, a palavra que é o sentido de vida criador e sustentável �Cristo. As palavras serão excedidas, mas não a palavra Logos; esta é umaoutra forma, mas funda ainda, de ser relativo a Logos na música litúrgica.É isso que se refere a tradição eclesiástica, quando se fala do embevecimentosóbrio que o Espírito Santo causa em nós. O que permanece é uma sobriedadee um raciocínio mais fundo que se opõem à queda para o irracional e parao excesso. O que isso quer dizer na prática, pode deduzir-se da História damúsica. O que escreveram Platão e Aristóteles sobre a música demonstra queo mundo grego de então se encontrava claramente perante a a escolha entredois tipos de culto, entre duas imagens de Deus e Homem e, particularmente,perante dois tipos básicos de música. De um lado o tipo de música quePlatão, em termos mitológicos, atribui a Apolo � deus da luz e da razão; estamúsica atrai os sentidos ao espírito, levando o Homem à integridade; músicaque não suprime os sentidos, inserindo-os na unidade da criatura humana.Ela enaltece o espírito, enlaçando-o com os sentidos, e enaltece os sentidos,unindo-os com o espirito; expressa a posição singular do Homem em toda aconstituição do ser. E ainda há música que Platão atribui ao Marsyas e quecultural e historicamente também poderia ser designada como �dionisíaca.Ela arrebata o Homem ao êxtase dos sentidos. A maneira como Platão (eo comedido Aristóteles) separavam os instrumentos e tonalidades para ladosdiferentes é ultrapassada e pode surgir algo bizarro. Mas, como alternativa,ela perpassa toda a história religiosa, encontrando-se também hoje toda real ànossa frente. Na missa cristã, não podem ser admitidos todos os tiposde música, porque ela estabelece uma norma: a norma é o Logos .Se se trata do Espírito Santo ou de um �Não-Espírito� reconhecemo-lo, comodiz Paulo, pelo que apenas o Espirito Santo nos deixa dizer: Jesus é o Senhor(Cor 12, 3). O Espírito Santo conduz ao Logos, a uma música que esteja sobo signo de Sursum corda � que signi�ca enaltecimento do coração. A normada música em conformidade com o Logos, o modo de logike latreia

7

(adoração conforme a razão e o Logos), de que falamos na primeiraparte deste livro, não é nem a dissolução no êxtase, desprovida dequalquer forma, nem simplesmente o nosso sensorial, mas sim anossa integração na celsitude.

• A palavra personi�cada em Cristo � o Logos � é força doadora de sentidos,não somente para o indivíduo nem apenas para a História. Ela é o signi�cadocriativo, de que provém o Universo e que o Universo � o Cosmos � re�ete. Épor isso que esta palavra conduz para fora do isolamento, para a comunidadedos Santos, que excede Espaço e Tempo. É o �caminho espaçoso� (Sl 31,9), aextensão redentora, em que o Senhor nos coloca. Mas o raio vai mais longe.A Liturgia cristã é, como ouvimos, também Liturgia cósmica. O que signi�caisso para a nossa pergunta? No �m do prefácio, que é a primeira parte daOração Eucarística, a�rma-se regularmente que se cante juntamente comos Querubins e Sera�ns e todos os coros celestes �Santo, Santo,Santo� . A Liturgia refere-se aqui à visão de Deus em Is 6. O profeta vê noSanto dos Santos do templo o trono de Deus, protegido pelos Sera�ns, queclamam uns para os outros: �Santo, Santo, Santo, o Senhor dos Exércitos.Toda a terra está cheia da Sua glória� (Is 6, 1-3). Na celebração da SantaMissa, inserimo-nos nessa Liturgia que nos precede sempre. Todo o nossocantar é canto e oração com a grande Liturgia, que abrange toda a Criação.

Cabe ainda mais alguns pontos importantes do capítulo da obra de Ratzin-ger: �(...) Os Pitagoristas não conceberam a Matemática do Universo apenasabstratamente. Segundo a cultura clássica, as ações inteligentes pressupõem umainteligência geradora. Ações inteligentes pressupõem inteligência geradora. E con-tinua: esses movimentos [das constelações, do Universo] só eram inteligíveis sob acondição de serem inspirados, ou seja, �inteligentes�. Para o cristão, a transiçãodas divindades de constelações para os coros de anjos, que abrangem Deus e ilumi-nam o Universo, sucedeu por si. A percepção da �música cósmica�[proveniente dopensamento de Göethe que remete à ideia de que a ordem matemática dos planetase das suas órbitas contenha um som oculto; e adaptada por Santo Agostinho, oqual a torna mais profunda] sucedeu por si. A percepção evidenciando a relaçãocom Is 6. mas, através da Fé trinitária, deu-se mais um passo. A Matemática doUniverso não existe por si só e nem pode ser explicada pela concepção de divindadedas constelações. Ela tem uma razão mais profunda � o espírito da Criação, elaprovém do Logos que contém, por assim dizer, as imagens primitivas da ordem domundo. (...) O Logos é o grande artista, no qual se encontra a origem detodas as obras da arte � toda a beleza do Universo.(..) A mera �criati-vidade� subjetiva nunca poderia ser tão abrangente como a extensão doCosmos e da sua mensagem de beleza. Submeter-se à sua norma nãosigni�ca diminuição da liberdade, mas sim ampliação do horizonte.(...)Na Liturgia, a alegria que sentimos através de Deus e do contato coma sua presença continuam, também hoje, a ser um poder de inspiraçãoinesgotável. Os artistas que submetem a esse encargo não necessitam,de maneira nenhuma, de se sentir na retaguarda da cultura, pois a liber-dade fútil, da qual saem, satura-se dela própria. A humilde submissãoàquilo que nos precede emite liberdade genuína, conduzindo-nos assimà verdadeira dimensão da nossa vocação humana.�

8

4.3 A boa Música Sacra na Liturgia na Forma Tradicional

Sobre a Música Sacra no atual período pós-conciliar, o então Cardeal Ratzinger fa-zia o seguinte comentário:�Nos anos transcorridos desde então, se tornou patenteum alarmante e crescente empobrecimento, que surge quando de fecha a porta naIgreja à 'beleza sem sentido' [no sentir de alguns] e se �ca subordinado ao 'útil'[oCardeal havia falado antes da distinção entre música sacra no sentido estrito emúsica de uso]. Mas o estremecimento que provoca a liturgia pós-conciliar, queperdeu o brilho, ou simplesmente o aborrecimento que cria com seu interesse pelobanal ou suas poucas pretensões artísticas, não esclarecem nosso questionamento...Seja como for, uma coisa �cou clara depois das experiências dos últimos anos: avolta do utilitário não fez a liturgia mais aberta, senão mais pobre. Asimplicidade necessária não se pode conseguir mediante um empobreci-mento�. [11][13]

O então Cardeal Ratzinger insistia:�Liturgia �simples� não signi�ca liturgiamísera ou reles: existe a simplicidade que provém do banal e uma outra que de-riva da riqueza espiritual, cultural e histórica. Também nisso, deixou-se de lado agrande música da Igreja em nome da 'participação ativa', mas essa 'participação'não pode, talvez, signi�car também o perceber com o espírito, com os sentidos?Não existe nada de 'ativo' no intuir, no perceber, no comover-se? Não há aquium diminuir do homem, reduzindo-o apenas à expressão oral, exatamente quandosabemos que aquilo que existe em nós de racionalmente consciente e que emergeà superfície é apenas a ponta de um iceberg, com ralação ao que é a nossa to-talidade? Questionar tudo isso não signi�ca, evidentemente, opor-se ao esforçopara fazer cantar todo o povo, opor-se à música 'utilitária'. Signi�ca opor-se a umexclusivismo (somente tal música), não justi�cado nem pelo Concílio nem pelasnecessidades pastorais�.[10][13]

E mais: � A música sacra tem que ser humilde; seu objetivo não é o aplauso,mas sim a �edi�cação�. O fato de o intérprete permanecer anônimo na disposiçãodo coro da casa de Deus, diferentemente de estar na sala de concertos, correspondeexatamente à natureza da música sacra. (...) Esse racionalismo banal da épocapós-conciliar, que só considera digno da liturgia o que se pode por em prática demodo racional para todo o mundo, chegando assim a um proscrição da arte euma banalização progressiva da palavra�. Em seu livro �Considerações sobre asFormas do Rito Romano da Santa Missa�, o bispo da Associação Apostólica SãoJoão Maria Vianey, Dom Fernando Arêas Rifan, completa a crítica de Bento XVIacrescentando o comentário de São Tomás de Aquino: �Ainda que os ouvintes nãoentendam o que se canta, entendem sim para que se canta: para louvar a Deus. Eisso basta para despertar os homens para Deus.[11][13]

5 O Canto na Missa na Observância das determi-

nações do Sagrado Concílio Vaticano II

O Sagrado Concílio vem, pois, a partir do parágrafo 27, passar as diretivas básicasque regem o canto litúrgico durante a celebração da Santa Missa.

27. Para a celebração da Eucaristia com o povo, sobretudo nos Domingos efestas, há-de preferir-se na medida do possível a forma de missa cantada, até váriasvezes no mesmo dia.[7]

9

28. Conserve-se a distinção entre missa solene, missa cantada e missa rezadaestabelecida na Instrução de 1958 (n. 3), segundo as leis litúrgicas tradicionaise em vigor. No entanto, para a missa cantada e por razões pastorais propõem-se aqui vários graus de participação para que se torne mais fácil, conforme aspossibilidades de cada assembleia, melhorar a celebração da missa por meio docanto. O uso destes graus de participação regular-se-á da maneira seguinte: oprimeiro grau pode utilizar-se só; o segundo e o terceiro não serão empregados,íntegra ou parcialmente, senão unidos com o primeiro grau. Deste modo, os �éisserão sempre orientados para uma plena participação no canto.[7]

29. Pertencem ao primeiro grau:

a) nos ritos de entrada:

a saudação do sacerdote com a resposta do povo;

o oração;

b) na liturgia da Palavra:

as aclamações ao Evangelho;

c) na liturgia Eucarística

a oração sobre as oblatas,

o prefácio com o respectivo diálogo e o "Sanctus",

a doxologia �nal do cânone,

a oração do Senhor - Pai nosso - com a sua admonição e embolismo,

o "Pax Domini",

a oração depois da comunhão,

as fórmulas de despedida.

[7]30. Pertencem ao segundo grau:

a) "Kyrie", "Glória"e "Agnus Dei";

b) o Credo;

c) a Oração dos Fiéis.

[7]31. Pertencem ao terceiro grau:

a) os cânticos processionais da entrada e comunhão;

b) o cântico depois da leitura ou Epístola;

c) o "Aleluia"antes do Evangelho;

d) o cântico do ofertório;

e) as leituras da Sagrada Escritura, a não ser que se julgue mais oportuno proclamá-las sem canto.

10

[7]32. A prática legitimamente em vigor em alguns lugares e muitas vezes con�r-

mada por indultos, de utilizar outros cânticos em lugar dos cânticos de entrada,ofertório e comunhão previstos pelo "Graduale Romanum", pode conservar-se ajuízo da Autoridade territorial competente, contanto que esses cânticos estejamde acordo com as partes da missa e com a festa ou tempo litúrgico. Essa mesmaAutoridade territorial deve aprovar os textos desses cânticos.[7]

33. Convém que a assembleia dos �éis, na medida do possível, participe noscânticos do próprio, sobretudo com respostas fáceis ou outras formas musicaisadaptadas. Dentro do Próprio tem particular importância o cântico situado depoisdas leituras em forma de Gradual ou de Salmo responsorial. Por sua natureza éuma parte da liturgia da Palavra: por conseguinte, deve executar-se estando todossentados e escutando; melhor ainda, quanto possível, tomando parte nele.[7]

34. Os cânticos chamados "Ordinário da Missa", se forem cantados a vozes,podem ser interpretados pelo coro, segundo as normas habituais, "a Capella", ouacompanhamento de instrumentos, desde que o povo não �que totalmente excluídoda participação no canto. Nos outros casos, as peças do Ordinário da missa podemdistribuir-se entre o coro e o povo ou também entre duas partes do mesmo povo;assim se pode alternar seguindo os versículos ou outras divisões convenientes quedistribuem o conjunto do texto por secções mais importantes. Mas nestes casos,ter-se-á em conta o seguinte: o símbolo é uma fórmula de pro�ssão de fé e convémque o cantem todos ou que se cante de uma forma que permita uma convenienteparticipação dos �éis; o Sanctus é uma aclamação conclusiva do prefácio e convémque habitualmente o cante a assembleia juntamente com o sacerdote; o Agnus Deipode repetir-se quantas vezes for necessário, sobretudo na concelebração, quandoacompanha a fracção; convém que o povo participe neste cântico ao menos com ainvocação �nal. [7]

35. O Pai nosso, é bom que o diga o povo juntamente com o sacerdote.[22] Sefor cantado em latim, empreguem-se as melodias o�ciais já existentes; mas se forcantado em língua vernácula, as melodias devem ser aprovadas pela autoridadeterritorial competente. [7]

36. Nada impede que nas missas rezadas se cante alguma parte do próprio oudo ordinário. Mais ainda: algumas vezes pode executar-se também outro cânticodiferente ao princípio, ao ofertório, à comunhão e no �nal da missa; mas não bastaque este cântico seja "eucarístico"; é necessário que esteja de acordo com as partesda missa e com a festa ou tempo litúrgico. [7]

6 O Ordinário e o Próprio

Ordinário é a parte �xa da Missa, aquilo que nunca - ou raramente - muda: oSinal-da-cruz, o Ato Penitencial, o Kyrie, o Glória, o Credo, o Ofertório, o diálogoantes do Prefácio, o Santo, a Consagração, o Pai Nosso etc.

Próprio é a parte variável, aquilo que muda conforme o dia, o tempo e asintenções: a Coleta (Oração do Dia), as leituras da Liturgia da Palavra, a Oraçãosobre as Oferendas, o Prefácio, a Oração depois da Comunhão. Daí que o conjuntodesses elementos de uma determinada Missa se chame "Próprio da Missa". Assim,há o Próprio da Missa do III Domingo do Advento, o Próprio da Missa de Defuntos,

11

o Próprio da Missa de Pentecostes, o Próprio da Missa da Noite de Natal, o Próprioda Missa pelo Papa, o Próprio da Missa de Batismo etc.

Pode-se cantar A Missa: no Ordinário e no Próprio. Bem como cantar NAMissa: em algumas partes do Próprio que admitam alteração, como a Entrada, aprocissão das oferendas, a Comunhão.

O Próprio tem elementos não só que variam conforme o dia, o tempo etc, mastambém são facultativos. A Entrada, por exemplo: se pode rezar ou cantar otexto do Missal, ou cantar o texto do Gradual, ou cantar uma música apropriadaque tenha a ver com o momento. A procissão do Ofertório a mesma coisa. AComunhão idem. Outros trechos, como as leituras da Liturgia da Palavra, nãopodem ser alterados nunca: a Aclamação ao Evangelho é sempre e exatamenteaquela disposta no Lecionário, a mesma coisa o Salmo etc.

O Ordinário, por sua vez, não só está sempre presente, como suas palavras nãopodem ser alteradas, nem quando se o reza, nem quando se o canta. Nesse sentido,o Pai Nosso, que é parte do Ordinário, é sempre rezado ou cantado conforme estáno Missal, sem mutilar nem acrescentar ou modi�car. Da mesma forma, o AtoPenitencial, o Sinal-da-cruz, o Glória etc, devem ser exatamente os previstos noMissal, quer se recite, quer se cante. Alterar o texto do Ordinário, mesmo queseja com boa intenção, para executar um canto em seu lugar, é proibido e atentacontra as regras da liturgia, mesmo que um padre ou um Bispo permitam - poiseles não podem mudar a lei da Igreja.[6]

7 A Música Litúrgica no Brasil: �Aos trancos e

barrancos lá vou eu�

7.1 O que mais se vê

Parte deste estudo leva-nos a perguntar: por que em nossas missas não existemtais disposições de obediência, sacralidade e humildade? Outrossim, vemos osfalsos conceitos de enculturação e a mediocridade das músicas profanas e cantigaspopulares tomando parte de nossas celebrações. Não obstante o Canto Gregorianoé concebido em muitas comunidades como sendo algo arcaico ou ultra-conservador,enquanto as modas populares, que não re�etem o sagrado, levam cada vez mais auma espécie de auto-adoração e auto-su�ciência das comunidades, cada vez maisfechadas em si e distantes da visão eclesiológica de Cristo e da universalidade desua Igreja. O Documento 79 da CNBB, assinado por Dom Geraldo Lyrio Rocha,e seu �lho direto, a Instrução �A Primazia da Assembleia, também da CNBB,são duas aberrações doutrinárias, frutos do sincretismo religioso, do relativismoiluminista e do marxismo cultural que tanto assolam a Igreja nos nossos dias.A Teologia da Libertação de caráter marxista, �rmada no Brasil, na prática, peloPacto das Catacumbas (embora a pretensão do mesmo em ser tal marco seja de fatoquestionável) trás entre outras coisas diversos pontos que não só vão na contramãodo pensamento pessoal do Papa Bento XVI, como na contramão de toda a evoluçãolitúrgica e de toda noção lógica, teológica e sobrenatural da Música Litúrgica. Oprimeiro a ser lido, e através do qual chegou-se ao segundo foi aquele que só onome já deu medo: �A primazia da Assembleia�. Os trechos que se seguem sãocitações referentes a tais documentos que devem ser confrontadas com o até aqui

12

apresentado. Já na página primeira vem:

�Foram estas convicções elementares que levaram a renovação da mú-sica litúrgica católica a compreender e a insistir no primado da assem-bleia! Servir à assembleia é a base de toda liturgia verdadei-ramente pastoral. É o caminho mais seguro para se chegara uma celebração cheia de vida, signi�cativa e personalizada,sobretudo quando se trata de música e canto. Não tem sen-tido, por exemplo, escolher os cantos de uma celebração emfunção de alguns, que se apegam a um repertório tradicional.Imaginemos ainda uma comunidade eclesial de base na periferia da ci-dade, ou mesmo alguma igreja de centro, onde sempre costuma haveruma presença signi�cativa de negros ou mestiços: seria bom inserir emtoda celebração alguns cantos, alguma música, alguma coreogra�a dorecente, mas já rico e signi�cativo repertório afro-brasileiro. Nada maissem graça e enfadonho do que uma celebração-robô, um �enlatado� li-túrgico, sem o rosto da comunidade que celebra,(...) �

[5] E isso é só uma amostra do relativismo que é produzido, do ensinamento anti-litúrgico e anti-eclesiástico, baseado na cultura do relativismo e na �loso�a queserve à �ditadura dos excluídos�.

Vamos agora, para o documento assinado pelo bispo Dom Geraldo... Primeira-mente as questões dúbias que, expostas assim em trechos podem gerar, com certaabstração e muito esforço uma interpretação verdadeiramente cristã.

�Desde 1992, o Curso Ecumênico de Formação e Atualização Litúrgico-Musical (CELMU) procura ajudar na preparação adequada de compo-sitores(as), letristas, animadores(as) de canto, regentes e instrumentis-tas engajados na pastoral litúrgico-musical. Através deles e delas, ascomunidades estão conhecendo, apreciando e executando cantos pro-vindos de outras Igrejas e tradições cristãs.� (...)

A introdução e uso dos mais diversos instrumentos, na grande maioriadas comunidades, enriqueceu e valorizou o canto litúrgico. (...)

O repertório litúrgico-musical tornou-se bastante amplo e variado, pro-curando responder, também, a novas formas de celebração, como, porexemplo, as celebrações dominicais nas CEBs, as Romarias, os Louvo-res, as Vigílias (...)

Cada vez mais tem-se dado importância à expressão simbólica e corpo-ral, mediante gestos, encenações e danças ligadas ao canto, tornando ascelebrações mais afetivas e expressivas,menos verbais e cerebrais. (...)

Muitas comunidades não têm manifestado interesse na aquisição demúsicos competentes e de coros de boa qualidade. Isso ocorre, entreoutras razões, pelo fato de não se remunerar devidamente o serviçodos músicos e de não se investir na sua formação litúrgico-musical.É sintomático que, nos conservatórios e nas faculdades de música, agrande maioria dos estudantes provém das Igrejas Evangélicas. (...)�

[3] Porém, o pensamento revolucionário não se limitou a expressões dúbias. Quisantes, fazer-se claro:

13

�Mas é, sobretudo, na experiência das Comunidades Eclesiais de Base edos Movimentos e Pastorais de cunho sócio-libertador que vamos colheras expressões mais vibrantes e fortes dessa fé e resistência, dessa uniãoque faz a força, pois no seu cerne está o Senhor da História, o próprioDeus:

[3]

Ó povo dos pobres, povo dominado,

Que fazes aí com ar tão parado?

O mundo dos homens tem de ser mudado,

Levanta-te, povo, não �ques parado!

( Autor desconhecido )

Igreja é povo que se organiza,

gente oprimida buscando a libertação,

em Jesus Cristo, a Ressurreição!

(Autor desconhecido )

[3]

Não é por acaso que a Bíblia é ilustrada por admiráveis poemas, expres-sões líricas ou épicas da experiência espiritual de um povo que vem delonge, por força de uma Palavra, de um chamado, e que vai adiante,[3]incansavelmente,�caminhando e cantando e seguindo a canção�. (Mú-sica comunista da época da ditadura.)[3]

�2.2.9. A música litúrgica nos documentos da Igreja Católica latino-americana�[3]

�É encontrar-se com os outros num clima de poesia e intuição, numinstante de profunda comunhão e transcendência, que permite a todosentrar em sintonia com o grande�[3]

�Kyrie Eleison dos oprimidos�[3]

A partir dos solenes apelos à enculturação, lançados pelo EpiscopadoLatino-Americano em Santo Domingo,a dança passa a ser uma questãode coerência e �delidade a nossas raízes indígenas, ibéricas e africa-nas. Dessas três fontes culturais resulta um povo dançante, que temdireito a uma expressão litúrgica, na qual a dança ocupa um lugarsigni�cativo.[3]

etc., etc.

7.2 O que dá para aproveitar

O que se segue é um pequeno compilado feito pelo Pe. Edson da Arquidiocese deNiterói e disponibilizado em seu site (http://www.peedson.com.br/).

Uma das melhores expressões da participação (dos �éis) na missa é a músicalitúrgica. Onde há manifestação de vida comunitária há canto; e onde há canto,

14

celebra?se a vida"(PMLB 1.1.1) . "O canto é um testemunho da vitalidade e davivência cristã das comunidades"(PMLB 1.1.5).

Por isso, reforçamos, uma das formas privilegiadas de participação na missa éo canto. Aliás, na Igreja Primitiva, a missa era toda cantada. Na Idade Média éque se introduziu a missa rezada.

"A música sacra será tanto mais santa quanto mais estiver ligada à ação litúr-gica"(SC 111). Mas não é qualquer canto que se escolhe para as celebrações. Devehaver muito critério para a escolha.

• Não se deve usar gravações (discos ou k7) para substituir o canto (PMLB1.2.3).

• Também é errado que um coral (ou até um solista), contrariando o sentidoda Liturgia e a participação do povo, cante sozinho a missa inteira (as vezesvindo de outro lugar é pago para isso), enquanto que o povo permanece"mudo e estranho espectador", como disse a SC 48 (cf. PMLB 1.2.5; 3.1).

7.2.1 Função e papel do canto

"O canto, como parte integrante é necessária da Liturgia"(SC 112), por exigênciade autenticidade, deve ser a expressão da fé e da vida cristã de cada assembleia.Em ordem de importância e, após a comunhão sacramental, o elemento que melhorcolabora para a verdadeira participação pedida pelo Concílio. Ele não é, portanto,algo de secundário ou lateral na Liturgia, mas é uma das expressas mais profundase autênticas da própria Liturgia e possibilita ao mesmo tempo uma participaçãopessoal e comunitária dos �eis"(PMLB 2.1.1).

"Os animadores [esse nome, de uso comum no Brasil, é totalmente equivocado,pois a Missa não se trata de um espetáculo, de um show, de um picadeiro] en-saiadores de cantos devem estar em sintonia com os instrumentistas. Todos estesdevem ter tempo disponível para ensaiarem juntos antes de ensaiar com o povo.Na missa, muito cuidado com o volume dos instrumentos. Estes não devem enco-brir as vozes por um volume excessivo nem toquem tão baixo que a comunidadenão ouça". (PMLB 3.6). Não convém tocar instrumento ou gravação durante aOração Eucarística (cf. PMLB 3.6b; Ms 64; CE 85). "O que se recomenda é osacerdote cantar o Prefácio, a Anamnese, a Consagração, a Epiclese, segundo asmelodias aprovadas pela autoridade competente"(CE 85). Também deve?se evitarcantos com letras adaptadas. Além de ferir os direitos do autor, tal adaptação,por si mesma, revela a inconveniência do original, que será mentalmente evocado,revelando empobrecimento da celebrabração litúrgica e desvirtuando seu sentido.O princípio da íntima ligação do canto com a ação litúrgica pede que sejam excluí-das das celebrações litúrgicas as músicas de dança, melodias?sucesso de películascinematográ�cas, de novelas, de festivais, de peças teatrais e similares (cf. PMLB3.9)

7.2.2 Escolha dos cantos para a celebração

De acordo com o documento da "Pastoral da Música Litúrgica no Brasil (PMLB),da CNBB, a "escolha deve ser feita com critérios válidos". Não se deve escolher oscantos para a celebração porque são "bonitos e agradáveis"ou porque são fáceis,mas porque são litúrgicos, respondendo aos seguintes requisitos:

15

• O que se vai celebrar (o mistério de Cristo): a festa do dia, o tempo litúrgico,etc.

• Quem vai celebrar: uma comunidade concreta, com sua vida, sua cultura,seu modo de expressar (jovens, adultos, crianças) , gente da cidade, da zonarural, do sul, do norte, nordeste... com maior ou menor maturidade de fée formação cristã, sua capacidade, seu gosto musical, as pessoas disponíveisno momento para as diversas funções.

• Com que meios (os cantos, as leituras, as orações).

Pode-se então passar à escolha dos cantos em equipe, tendo em vista:

• o texto dos cantos: que sejam de inspiração bíblica, que cumpram sua funçãoministerial e que se relacionem com a festa ou o tempo.

• a música: que seja expressão da oração e da fé desta comunidade, que com-bine com a letra e a função litúrgica de cada canto.

7.2.3 Os cantos em particular

Canto de entrada:

"Sua �nalidade é abrir a celebração, promover a união da assembleia, introduzir nomistério do tempo litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão dos sacerdotese dos ministros"[4, 25]. "É a primeira expressão de fé, dá unidade e o sentido dacelebração e a alegria dos irmãos que se encontram entre si e com seu Pai"(CE 7)."Quando o sacerdote chegar a sede (ao seu lugar) ou ao terminar a incensação doaltar, termina o canto".[2, 9]

Ato penitencial:

É um canto de cunho introspectivo. Deve ser cantado, não arrastado. Deve expres-sar con�ança no perdão de Deus. "É normalmente cantado por todos, podendoser alternado com a escola (coral) ou o cantor". [4, 30]

Glória:

"É um hino antiquíssimo (séc. II) e venerável com o qual a Igreja glori�ca e suplicaao Deus Pai e ao Cordeiro"[4, 31] . "Não pode ser substituído por outro cânticode louvor". [2, 21]

Salmo responsorial:

É parte integrante da Liturgia da Palavra [4, 36]: se não for cantado deve serrezado: Onde não for oportuno proferir o Salmo do dia, sobretudo se for cantado,pode-se recorrer a outro salmo adequado, que combine com a 1a leitura. Mas nãose deve por outro canto em seu lugar [1, 274]

Canto de aclamação á Palavra

Após a segunda leitura vem o "Aleluia"ou outro canto, se for Quaresma [4, 37] .Deve ser curto, com ritmo vibrante, alegre, festivo e acolhedor.

16

Canto de preparação das oferendas:

É um canto facultativo na celebração. Se não houver canto, o celebrante pode dizeras fórmulas de apresentação em voz alta ou em segredo. Se o faz em segredo, podehaver um fundo musical [2, 70]. Se houver canto, este acompanha a procissão dasoferendas e se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido colocados sobreo altar [4, 50], [1, 296].

Santo:

É um canto vibrante por natureza. "Não deve ser substituído por outro cantoreligioso"[2, 79]. A Comissão de Liturgia da CNBB pede que se evite usar aexpressão "Javé"("Iahweh") na Liturgia, em respeito aos nossos irmãos judeus.

Doxologia:

Deve ser mais valorizado o "Amém"�nal, principalmente com o canto [1, 306], [2,90]. Diz-se por vezes, que é o "Amém"mais importante da missa. Seria convenienteaté que o padre cantasse a doxologia.

Abraço da paz:

Seria preferível não cantar nada durante o rito da paz para que a saudação possaser mais espontânea [2, 100]. Se houver canto, deve ser breve.

Cordeiro:

É conveniente que seja cantado [4, 56e]. Também não se pode mudar a letra.

Canto de Comunhão:

É entoado enquanto o sacerdote e os �eis recebem o Sacramento. Ele exprime,pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegriados corações e torna mais fraterna a procissão dos que vão receber o Corpo deCristo. O canto começa quando o sacerdote comunga, prolongando-se enquantoos �eis recebem o Corpo de Cristo. Durante a comunhão há lugar também paraum fundo de música instrumental, concluído o canto [1, 322], [4, 56i].

Canto de louvor ou canto de ação de graças ou canto �nal:

�Estes títulos, embora relativos, produzem um pouco de polêmica entre os liturgis-tas. Acham que se for anunciado como canto �nal é contraditório com a celebraçãoda Eucaristia, que nunca tem �m. Se for anunciado como canto de ação de graçastambém é contraditório com a celebração da Eucaristia (que é ação de gracas). Sefor anunciado como canto de louvor pode se confundir com o canto do 'Glória� '[8]Nomes á parte, o que importa é que tal canto não é prescrito (nem previsto pelomissal - IGMR), mas ele pode ser oportuno se manifestar a alegria da assembleiae seu compromisso de viver como cristãos eucarísticos. [1, 331],[2, 118].

17

8 Conclusão

Assim, a música sacra é oração ordenada a elevar os corações e as mentes a Deus.Para além dos desa�os representados por preferências culturais ou pessoais, o pro-pósito da música sacra é sempre o louvor de Deus. A participação ativa da as-sembleia deve ser ordenada para este �m, de modo que a dignidade da liturgianão seja comprometida e as possibilidades para uma participação efetiva no cultodivino não sejam obscurecidas. A participação ativa não exclui os diferentes níveisde participação que, sobre eles mesmos, indicam que a "participação em ato"nãoé diminuída pelo fato de que não seja necessário que todos cantem tudo em todosos momentos. A música sacra deve ser conformada aos textos litúrgicos e a músicadevocional deve ser inspirada em textos litúrgicos ou bíblicos, tomando cuidado,em todo caso, para não ocultar a realidade eclesiológica da Igreja. Papa JoãoPaulo II explicou isto a alguns bispos dos Estados Unidos por ocasião da visita"ad limina"em 1998: "A participação plena não signi�ca que todos façam tudo,pois isto levaria a uma clericalização do laicato e a uma laicização do sacerdócio;e isto não era o que o Concílio tinha em mente. A intenção é que a liturgia, comoa Igreja, seja hierárquica e polifônica, respeitando os diferentes papéis designadospor Cristo e fazendo que todas as diferentes vozes se unam num grande hino de lou-vor". Daí, em sua expressão de fé religiosa, �delidade textual e dignidade medida,a música sacra deve tornar-se símbolo de comunhão eclesial. A "SacrosanctumConcilium"disse que ao Canto Gregoriano se deve dar o �primeiro lugar� (no 116)e que o órgão de tubos "acrescenta um maravilhoso esplendor às cerimônias daIgreja e poderosamente eleva a mente humana a Deus e às realidades celestes"(no

120). Enquanto os efeitos das interpretações antropológicas da pós-modernidadesão intolerantes ao encontrar qualquer tendência de refazer o passado, as verdadesuniversais e atemporais são bené�cas para as pessoas de todos os tempos e luga-res. É necessário uma efetiva catequese litúrgica no centro da Nova Evangelizaçãopara promover uma imersão dos �éis nos mistérios celebrados per ritus et preces� através dos ritos e das orações (cf. SC 48). O Motu Proprio de 2007, "Sum-morum Ponti�cum,"ofereceu uma oportunidade determinante para a revitalizaçãodo Canto Gregoriano, naqueles lugares em que ele antes era praticado, bem comosua inserção em contextos nos quais ele ainda não é conhecido. Será, contudo,triste, se, por causa do desejo de se entender tudo, o uso do Canto Gregoriano nasparóquias se limitar à celebração da �forma extraordinária�, ou pior, ser extinto,relegando a antiga língua deste canto à história da Igreja e a um símbolo de po-larização. En�m, a harmonia e a ortodoxia da música sacra para uma verdadeirapregação do depósito revelado depende da �delidade do Cristão à vida da graça,em uma decisão muito maior de viver coerentemente, como a�rma de modo claroa Regra de São Bento: "Consideremos, pois, de que maneira cumpre estar na pre-sença da Divindade e de seus anjos; e tal seja a nossa presença (...) que nossamente concorde com nossa voz"(19,6-7).[9]

Referências

[1] Animação da Vida Litúrgica no Brasil, na CNBB (doc. 43).

[2] A Celebração da Eucaristia, do CELAM.

18

[3] Documento 79 da CNBB, A música litúrgica no Brasil.

[4] Instrução Geral sobre o Missal Romano.

[5] A primazia da Assembléia, instrução da CNBB.

[6] R. V. Brodbeck. Breves Perguntas e Respostas sobre a Música na Missa, 2012.

[7] S. C. dos Ritos. Instrução Musicam Sacram, 1967.

[8] F. Fabretti. Dinâmica para a equipe de Liturgia.

[9] P. P. Gunter. Música sacra a serviço da verdade, dezembro 2010.

[10] C. J. Ratzinger. A Fé em crise? O cardeal Ratzinger se interroga (Rapportosulla Fede). E.P.U., 1985.

[11] C. J. Ratzinger. La Fiesta de la Fe, ensaio de Teologia Liturgica. Desclée deBrouwer, Bilbao, 1999.

[12] C. J. Ratzinger. Introdução ao Espírito da Liturgia. Paulinas, 2001.

[13] D. F. A. Rifan. Considerações Sobre as Formas do Rito Romano da SantaMissa. Associação Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, 2008.

19