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O dia de finados para o Espírita Por: Christina Nunes A propósito do dia de finados, é interessante discorrer sobre questionamentos com os quais de vez em quando somos colhidos por parte de conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar nos assuntos relativos à espiritualidade. De vez em quando alguém pergunta "por que o espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um esclarecimento útil.

Dia de Finados

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Dia de Finados

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O dia de finados para o Espírita

Por: Christina Nunes

A propósito do dia de finados, é interessante discorrer sobre questionamentos com os quais de vez em quando somos colhidos por parte de conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar nos assuntos relativos à espiritualidade.

De vez em quando alguém pergunta "por que o espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um esclarecimento útil.

Primeiro: nenhum espírita, em virtude de ideologia religiosa, ou limitação de qualquer tipo imposta pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério

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em qualquer época. Efetivamente conheço muitos, simpatizantes, ou espiritualistas convictos, que narram de suas visitas a túmulos de parentes ou conhecidos.

Segundo: o que ocorre mais amiúde é que, em detendo o espírita a tranqüila convicção de que seu ente querido não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais ricas, de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem compartilhou experiências e afeto.

Terceiro: isto não implica em que o espírita sincero condene ou critique o posicionamento dos demais semelhantes que, de todo o coração, prestam com sinceridade as suas homenagens aos seus afeiçoados que se anteciparam na viagem deste para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio conhecimento da doutrina que muitos desencarnados visitam, efetivamente, os cemitérios por ocasião da data, em consideração às demonstração de amor com que ali são distinguidos. E muitos outros ainda, afeitos aos costumes dentro dos quais desenvolveram suas experiências na matéria, conferem ainda subida importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, daqueles que não o prestem nas datas de molde a serem lembrados.

Vistas estas considerações, é sensata a conclusão de que jamais cabe padrão algum de conduta no que toca ao sagrado universo íntimo humano. Cada agrupamento familiar terreno é único e peculiar, e ninguém melhor do que os seus componentes para estarem inteirados do que atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o

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que convém ou o que não convém em matéria de sentimento e dedicação, cujos estágios e características se multiplicam ao infinito correspondente do número de habitantes do vasto universo humano.

Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos aqui. É dever comezinho não só do espírita, quanto de qualquer pessoa que se diga civilizada, respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum na intimidade das luzes divinas. Questão de temperamento, de agrupamento humano, de fé e de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que é na sinceridade do gesto, e não no gesto em si, que se vislumbra a verdadeira homenagem aos desencarnados, de forma que, amor pelos mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso abençoado do nosso recanto de meditação no lar, quanto do ambiente de qualquer templo religioso, ou ainda diariamente, no movimento tumultuado das ruas, ou também no cemitério, a qualquer dia do ano.

De forma que aqueles que partiram nos amando de todo o coração haverão de valorizar e entender a nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, pela linguagem instantânea do coração e do pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos costumeiros do dia de finados, na medida de suas possibilidades espirituais após a transição lá estarão, junto à sepultura física, colhendo com sincera afeição os votos de paz e as preces que lhes estejam sendo dirigidas. Os provenientes dos lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas demonstrações de amor a qualquer tempo, em qualquer data que faça emergir naqueles que ficaram para trás no aprendizado

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físico as gratas lembranças com que são evocados.

O importante é que espíritas e não espíritas têm em comum, em relação aos seus amados que já se foram, à qualquer época, a linguagem inconfundível do amor entre as almas. Enxerguemos acima dos horizontes das limitações de visão humanas para alcançarmos com clareza a compreensão de que é assunto individual a forma como celebramos o nosso afeto para com os nossos entes queridos, e que o fator da sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na hora da certeza de que nossas preces e votos de paz serão bem recebidos por aqueles que prosseguem nos amando de igual forma na continuidade pura e simples da vida, que a todos aguarda para além das portas da sepultura, sob as bênçãos de Jesus.

Dia de Finados?Passos Lírio

O Cristianismo é, por excelência, a Doutrina do Espírito, fundada em fatos que demonstram, à evidência, a sua

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presença e atuação, em qualquer circunstância, sempre que necessário.

Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da realidade da existência da alma e de sua faculdade de entrar em relação conosco, em estado de vigília ou durante o sono, como que a mostrar-nos à saciedade que há entre os dois planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito entrosamento.

Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe anuncia a maternidade de agraciada do Senhor.

José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é avisado em sonho de que não faça tal, porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo.

Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de poderoso influxo magnético, que faz que a criança - ela também estava para ser mãe -, lhe estremeça no ventre.

Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia em dois estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta, mas à casa onde se achavam José e Maria e, de regresso, são “por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes”.

Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do Senhor a José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o menino da sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que retornasse à “terra de Israel” e aconselhando-o a que se retirasse “para as regiões da Galiléia”.

Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos pastores dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador.

“Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou nos braços o Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de tê-Lo visto antes de partir e profetizando acerca do Seu messianato.

Ana, a profetisa, mediunizada, “chegando naquela hora, dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.

Antes do Nascimento de Jesus, houve o de João, caracterizado também por manifestações espirituais ostensivas.

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Quando Zacharias oficiava no templo, “na ordem do seu turno”, surge-lhe um Emissário Celestial que lhe prediz o nascimento do Precursor.

No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz reboa pelo ar, dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.

Este mesmo fenômeno de pneumatofonia repete-se quando da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os Espíritos de Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação.

Ressuscita, o Messias, a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e o irmão de Marta e Maria.

Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção na realidade da comunicação dos Espíritos com os homens, fazendo que Abraão ponderasse ao rico, que queria falar a cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque eles não lhe dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se-lhes visível para adverti-los.

Liberta endemoninhados, cujos Espíritos impuros e obsessores confessavam conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a autoridade de Filho do Altíssimo.

- “Porque buscais entre os e mortos ao que vive?” Foi a pergunta  que “dois varões com vestes resplandecentes” fizeram às mulheres que levavam aromas e bálsamos para depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram removida, sem o corpo no seu interior.

- “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!” Assim se expressavam os dois discípulos que, a caminho de Emaús, tiveram a companhia do Mestre, com quem confabularam durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.”

“E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão.”

“O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço”.

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- “Paz seja convosco.” -“Porque estais perturbados? E por que sobem dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de Jesus, na Sua primeira aparição aos Discípulos, no Cenáculo de Jerusalém.

- “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram.” Outras palavras de Jesus, em Sua segunda aparição aos Discípulos, dirigidas especialmente a Tomé, que, por não estar presente na primeira, não dera crédito à versão divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes aparecera.

“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos junto do mar de Tiberíades”, onde se desenrolam acontecimentos de assinalada importância que culminam com o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de Calarnaum.

Finalmente, apareceu o Nazareno, no monte, aos quinhentos da Galiléia, a quem endereça, pela última vez, a Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre a Ascensão definitiva.

Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a Maria Madalena; a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João Evangelista; a Pedro, por algumas vezes; a Saulo de Tarso, às portas de Damasco.

Onde, em tudo isso, a idéia de morte? Antes não ressumbra, de todos esses sucessos, a noção de “vida abundante”, de pensamento e ação por parte daqueles que formam o mundo incorpóreo?

O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço.

Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de cá, embora possa haver, tanto num quanto noutro plano, mortos-vivos e vivos-mortos. Ninguém vai, ninguém fica, apenas alguns chegam e outros voltam, na longa caminhada de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de ajudar-se a si próprio.

A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos descortinou novas dimensões de vida, revelando ao mundo a existência de outros mundos e à Humanidade a presença de outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros que

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gravitam nos arcanos do Universo.

2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, encarnados e desencarnados, que buscamos na Terra ou na Erraticidade os valores do Espírito, a gloriosa realização de nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o sempre, para empunhamos na destra a palma da vitória e cingirmos à frente a coroa de louros de almas redimidas e ressurrectas, integradas nas sublimes claridades dos cimos.

Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim

Dia de FinadosAzamor Cirne

“A Morte é o veículo condutor encarregado de transferir a mecânica da vida de um apara

outra vibração”. - Joanna de Ângelis

Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza.

Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos os exemplos.

Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo as almas dos mortos.

Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os encarnados.

Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura.

“A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia”- afirma o Codificador.

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Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros (lembranças) dessa última existência e de outras.

Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor.

O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, foge à sua orientação doutrinária.

Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, pois “coração dos outros é terra aonde ninguém anda”.

Na questão nº 212 de “O Livros dos Espíritos”, encontramos o “porquê” que complementa o nosso parágrafo anterior: “Aquele que visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração”.

Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: “Essa causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação, em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”.

O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a outras pessoas, em lugares diferentes.

“A vida não termina, onde a morte aparece. Não transformes saudades, em fel, nos que

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se foram (...)” Emmanuel / Chico Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78.

Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000

PARENTES  MORTOSEmmanuel

Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o espírito amado que partiu...

Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.

*Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe 

os sonhos.Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda.

*Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te

e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.

*Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a

dilatação do labirinto que nos arroja à invigilancia, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo.

*Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem

te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.

*Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de

outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior.

*Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendize,

por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a Vida Eterna.

Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às trevas.

*Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no

mundo, segue-se o esplendor do alvorecer.O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de

renascimento e floração.

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*A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em

pleno espaço com asas multicores de borboleta.Nada perece.Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.

*Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as

bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da Gloriosa Imortalidade

 Chico Xavier - Livro- Paz e Libertação.

DANÇANDO COM A SAUDADE

Amílcar Del Chiaro Filho

Foi no dia de finados. Seguimos a nossa opção de décadas e não fomos ao cemitério que abrigou e abriga ainda os restos mortais de pessoas tão queridas para mim. Fiz as minhas preces, logo pela manhã, envolvendo todos aqueles que passaram pela minha vida, deixando marcas profundas, iluminadas pela amizade e pelo amor.

À tarde, estava escrevendo textos para a Rádio Boa Nova e resolvi ouvir música enquanto trabalhava. Era uma seleção de boleros que amávamos muito, eu e ela, minha companheira que desencarnou há um ano, deixando uma intensa saudade.

Parei de digitar e fechei os olhos. Imaginei-me dançando com ela nas nuvens, entre flocos brancos de algodão, Vi-a jovem e feliz.

Eu a conduzia na contradança por um salão infinito, um vestido branco, comligeiros tons rosa, amplamente rodado, envolvia seu corpo delicado. Com uma das mãos ela segurava a minha mão e uma das pontas do vestido, com a outra envolvia-me num carinhoso abraço. Eu sentia-me jovem e saudável, vestindo um terno azul marinho.

Dançávamos enlevados, na marcação romântica do bolero, dois pra lá, dois pra cá, como fizéramos muitas vezes na Terra. Tinha tanta coisa a perguntar, mas não ousava falar com medo que tudo aquilo se desvanecesse, como o cessar de um encantamento. Afastei-me um passo e olhei sua perna que fora doente, reverberando luz.

Comecei a perceber que havia outras pessoas queridas presentes, mas postavam-se distantes, como a dizer que aquele era o nosso momento.

Quanto tempo rodopiamos pelo salão sem sentir e sem ver nossospés, ou a orquestra, não sei. Mas senti que o meu tempo se escoava, e penseiemescrever sobre esse encontro, mas tive receio. Olhei para ela, e recebi um ligeiro sinal afirmativo da sua cabeça. Porque era o momento de dizer, com o apóstolo Paulo: O último inimigo a ser

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vencido é a morte.A música foi cessando. Seu corpo desvaneceu em meus braços.

Meus olhos ficaram marejados de lágrimas, e a saudade pungente foi balsamizadapor aqueles instantes encantadores.

Obrigado, meu Deus. Sinto-me mais fortalecido e sei, com certeza, que ela me espera em algum lugar do infinito.

SOBRE  FINADOS

Chico Xavier

“Em uma de nossas reuniões públicas foi ventilada a questão de nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles com as nossas comemorações e lembranças?

Em torno dessa pergunta foram entretecidos comentários numerosos. E quando no início de nossas tarefas O Livro dos Espíritos nos deu para estudo a questão n.º353, que se vincula ao assunto, as explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas.

No término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez recordar a todos o Dia de Finados.”

NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu um tópico especial do capítulo VI de O Livro dos Espíritos. A posição doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito, mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos.

ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS

Emmanuel

Senhor Jesus!...Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros - os

companheiros desencarnados - nas fronteiras de cinza, rogando-te amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas trevas!... Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das

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responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos de arrependimento tardio!...

***Senhor!...Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência

humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e bênção!...

Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência a fim de que possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre.

O CREDIÁRIO DA MORTE

Irmão Saulo

A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, hoje bem definida em Psicologia. Não se trata da aberração sexual a que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da inteligência”, a que se referia Kardec, que leva o indivíduo a negar a sua própria capacidade de viver e de sentir a vida.

Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo superou de muito as ilusões negativas do materialismo.

Apesar dessa inegável realidade nova os necrófilos se apegam à idéia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a

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expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo autodestruidor compram a morte por antecipação, no crediário “do desespero e das aflições inúteis”. São esses os “quase mortos” pelos quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vila

A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância chamamos de mortos velam pelos “quase mortos” da Terra e pedem a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou o seu corpo no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um morto ambulante. Que essa oração nos lembre, neste Finados, as palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”.

Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos

CONVERSA  NO  CAMPO  SANTO

Maria Dolores

         Sim, alma irmã,         Teremos sempre um Dia de Finados,         Dia de sonhos mortos,         Supostamente mortos, porque todos eles         Ressurgem renovados,         No clima de outros portos,         Onde a vida,         Revelada em beleza indefinida,         É perene manhã.

         Agradeço-te as preces,         Recamadas de flores,         E as doces vibrações nas quais me aqueces         Com pensamentos reconfortadores.

         Olha, porém, comigo, alma querida e boa,         Este campo de mármores lavrados,         Quantas vezes mais belas         Que a mais formosa porcelana!...         Aqui, em miniaturas de castelos,         Gemem segredos de ternura humana...         Ali, os rendilhados         Criam lauréis no brilho das legendas;         Além, anjos parados de mãos postas,         Em lacrimosas oferendas,        Mostram cruzes depostas,        Vinculadas ao chão...         Ainda, além, primores de escultura,         Em lápides custosas,         São tesouros de amor e desventura,         Orvalhados de pranto e de aflição!...

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         Na triste majestade que se estampa,         Por traço de amargura, campa em campa,         Não vemos luxo e sim o sofrimento         De quem ficou a sós,         De coração entregue ao desalento...

         Entretanto, alma boa,         Este reino de pedras lapidadas,         Quais lâminas de dor,         Quer largar-se da morte,         A fim de partilhar         A construção de um mundo superior...

         Estas altas riquezas esquecidas         Ficariam mais nobres         Se pudessem levar sustentação         Às áreas de outras vidas,         As vidas que se vão apagando, ao relento,         Ante a febre, ante a noite e as injúrias do vento,         A sonharem amparo, teto e pão,         Livro, afeto, agasalho,         Proteção e trabalho,         Paz e renovação...

         Nesses doces assuntos,         Oremos todos juntos...         E peçamos a Deus         Para que os mortos redivivos         Possam solicitar aos seus entres amados         A desejada alteração.         A fim de que o lugar dos supostos finados         Não precise brilhar entre fortunas mortas,         Pois, todos nós, na vida, em sentido profundo,         Queremos mais conforto e alegria no mundo!...

         Para que nos lembremos uns dos outros,         Bastam as nossas dores como são,         Uma pequena cruz, um nome e a relva verde e mansa,         Que nos falem de paz e de esperança         Na saudade sem fim do coração.

FINADOS  E  REENCARNADOS

Cornélio Pires

Caro Armando, recebiOs bilhetes e os recados;Você deseja notíciasDe alguns dos nossos finados.

Entendo. Finados hojePara nós, é a comitivaDos irmãos fora da Terra,Gente morta sendo viva.

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Não posso dar muitas notasDe sentido mais profundo,Falarei de alguns amigosJá reencarnados no mundo.

As vezes, nos cemitérios,A gente chora na campaDe amados que já voltaramPara a Terra, em nova estampa.

Você recorda Nhô ZecaQue liquidou João Matula?João voltou à casa dele,É o netinho que ele adula.

Por causa de Frederico,Suicidou-se o Tonho Prata,Tonho, porém, renasceu...É o bisneto que o maltrata.

Outro suicídio, o de DélioQue morreu por Lia Benta...Délio tomou novo berço,É o filho que ela amamenta.

Por ambição, CarlomanhoArrasou com Dona Luna;Ela nasceu neta dele,A fim de herdar-lhe a fortuna.

Tino e Rita promoveramA morte de Adão Ramalho;Adão renasceu com eles,Trazendo imenso trabalho.

Nhô Téo acabou com JoanaAo não querê-la por nora,Mas Joana já reencarnou...É anetinha que ele adora.

Morreram dois inimigos:Tião e Juca da Barra...Agora nasceram Gêmeos,Vieram irmãos na marra.

Desencarnado, Nhô GinoQue falava mal de tudo,Pediu corrigenda a Deus,Em seguida, nasceu mudo.

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Nosso assunto é isto aí...Recordação de finadosÉ a vida em torno da vidaQue se expressa por dois lados.

Enquanto estamos na Terra,Para dizer o que posso,Muita vez, a gente rezaEm campo que já foi nosso.

Livro "Baú de Casos" - Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Espírito Cornélio Pires

 Francisco Cândido  Xavier. Da obra: Dádivas de Amor. Ditado pelo Espírito Maria DoloresDigitado por: Lúcia Aydir

  NO  DIA  DE  FINADOS

INÊS SABINO Pinho Maia *

1.       Agradeço, meu filho, a glória que me deste,O mármore custoso, o imponente jazigo,A legenda piedosa, as flores que bendigo,A oração da saudade, a sombra do cipreste...Mas afasta de nós a pompa que me veste!

6.        Este luxo no chão é miséria comigo...Quero apenas o amor por sacrossanto abrigo,Dá-me teu coração por tesouro celeste.

Não me busques, em vão, na gelidez das lousas!

Transfunde-me a lembrança em pão que reconforte

A quem viva de fel na aflição que te espia...

Procura-me na dor do caminho em que pousasE esparze em tudo o bem, porque a bênção da

morte,14.     Que me acordou na luz, há-de acordar-me um

dia...

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(*) Poetisa, jornalista e romancista. Domingos Carvalho da Silva, em sua obra Vozes Fem. da Poesia Brás., pág. 22, considerou-a merecedora de figurar num seleto grupo de poetisas da fase pós-romântica e parnasiana. Iniciou a sua educação literária na Inglaterra. Regressando ao Brasil ainda bem jovem, pouco depois dava a público as suas primeiras poesias e traduzia, para o português, contos, novelas e pequenos romances ingleses e franceses. Foi uma das escritoras

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que no Nordeste , em fins do século XIX, lutou pela participação da mulher nas lides literárias, contra um meio adverso nesse sentido. No prefácio à sua obra Impressões, Inês Sabino Pinho Maia fez esta judiciosa observação: “Retirem-se do manto estrelado da poesia os salpicos do ideal, que um livro de versos não passará de um compêndio enjoativo das verdades amargas que nos rodeiam acremente por todas a parte”. O Jornal do Commércio, do Rio, em seu úmero de 14 de setembro de 1911, destacou-lhe a “grande nobreza de sentimento”, o “espírito caridoso e esmoler” e a real educação”. (Bahia (**), 31 de dezembro de 1853 – Rio de Janeiro, GB, 13 de setembro de 1911).

BIBLIOGRAFIA; Ave Libertas, poemeto; Rosas Pálidas, versos (1ª série): Impressões, versos (2ª série); Contos e Lapidações; etc.

____(**) Affonso Costa em “Poetas de outro Sexo”, p. III, afirma ter ela nascido na

Bahia e não em Pernambuco.____1.      Enumeração6.      Antítese14.  Poliptoto: “Que me acordou..., há de acordar-te...”

Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

DIANTE  DA  ATUALIDADE

Francisco Cândido Xavier

As presentes ocorrências do mundo nos levaram, antes da reunião, a longas conversações sobre os problemas da preservação do homem, no tocante à paz. Lembrávamos as guerras do passado e os conflitos da nossa época, imaginando como deve ser o nosso comportamento diante das grandes lutas da atualidade.

Como agir contra a insegurança? De que modo assegurar a tranquilidade e os valores da existência? Com semelhantes perguntas em nossa mente fomos aos estudos programados. O Livro dos Espíritos nos ofereceu a questão 738 a exame. E vários comentaristas se expressaram sobre o tema.

Ao final das atividades o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio em nome dos companheiros e em meu próprio nome, rogando a. sua cooperação para que seja lançada com os seus comentários em nossas publicações conjuntas.

NOTA – A questão 738, acima referida, trata do problema da guerra, dos flagelos destruidores e da situação do homem diante desses Acontecimentos. Os espíritos lembram a natureza espiritual do homem, que é imortal, e por isso mesmo não é afetada por essas destruições materiais.

ABRIGOEmmanuel

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Nas grandes calamidades que irrompem na Terra, cada criatura pode construir o seu próprio refúgio.

Comumente no mundo interpretamos por abrigo a fatia de espaço fechado que destinamos aos serviços de proteção e segurança.

Entretanto, embora respeitemos os redutos a que se acolhem as multidões nas horas de crise, buscando a preservação própria, consideramos que ainda mesmo segregada em forte redoma, do ponto de vista material, a pessoa humana não está livre da trombose ou da parada cardíaca, do colapso nervoso ou da tensão emocional. Isso nos induz a reconhecer que em qualquer situação difícil, muito acima dos lugares de privilégio, precisamos de apoio íntimo que nos faculte serenidade e discernimento. Uma fortaleza na qual possamos colaborar dignamente na supressão do tumulto por fora, conservando a paz por dentro.

Não obteremos isso, porém, fugindo da realidade, mas enfrentando-a através da ação construtiva, de modo a descortinar-lhe todas as lições e aproveitá-las.

Nunca disporemos de asilo seguro, escondendo-nos em praias desertas, bojos metálicos, covas de pedra ou furnas da natureza.

O abrigo real de cada um está no íntimo de si mesmo.A certeza de que não nos achamos sós nos campos do Universo, a confiança na

sobrevivência do espírito além da morte, a fé na sabedoria da vida, a aceitação do dever de praticar o bem e a dedicação à ordem são materiais dos mais importantes com que se constrói a cidadela da consciência tranqüila.

À frente de semelhante verdade, não temas a ventania das paixões desencadeadas, quando as tempestades da renovação agitam a Terra.

Conserva a calma e confia no Poder Maior que te insuflou a força da vida. Calma, no entanto, não significa inércia. Define i estado íntimo de quem se prepara, a fim de fazer o melhor, sejam quais forem as circunstâncias.

Ora trabalhando e espera construindo.E, convençamo-nos todos, em todas as eventualidades, de que o abrigo

invulnerável está sempre em nós mesmos, quando aceitamos a responsabilidade de viver com base na justiça e na misericórdia de Deus.

OS  RESTOS  MORTAIS

Irmão Saulo

Há muitas expressões impróprias na linguagem humana. Quando falamos dos finados, daqueles que morreram, damos à morte um sentido absoluto que ela jamais possui. O que se finda com a morte não é o ser humano, mas apenas uma existência do ser imortal, numa breve passagem pelo plano físico. Mas a intuição da eternidade da vida gerou também algumas expressões acertadas. Ao falar de restos mortais, colocamos o problema da morte em seus devidos termos. Restos, nada mais do que restos de um processo biológico pelo qual o ser humano real se liberta do seu envoltório animal.

Que segurança queremos ter no frágil escafandro do corpo? Que abrigo nos pode dar a garantia de preservação diante do perigo? Em que espécie de refúgio poderemos escapar da morte? Não obstante, essa garantia que procuramos no Exterior está em nós

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mesmos, em nossa própria natureza de seres imortais. A vida aparente extingue-se com a morte, mas a vida real nunca se extingue.

Geração e corrupção constituem os pólos da existência física. Aquém de um e além de outro, a verdadeira vida se mantém inalterável Trazemos essa verdade em nós como potência, mas precisamos transformá-la em ato na nossa consciência para podermos superar as ilusões do efêmero. Inútil querermos agarrar-nos a uma vida que se esvai a cada minuto que passa. E chamamos a isso atitude positiva, quando a positividade está precisa-mente no contrário, na certeza de que nada nos pode livrar da morte corporal.

Mas temos urna tarefa a cumprir nesta breve existência. Temos de aprender a confiar no espírito. E para isso precisamos desenvolver as nossas faculdades espirituais. O egocentrismo exagera o instinto de conservação. Mas as guerras, os flagelos, os cataclismos esmagam o nosso egoísmo e nos obrigam a sair de nós mesmos e nos tornarmos capazes das virtudes heróicas que nos elevam acima de nós mesmos. Foi isso que o Cristo ensinou ao dizer que os que se apegam à vida perdê-la-ão, mas os que a perderem por amor à verdade a encontrarão.

A morte não é o fim. Nunca seremos finados. A morte é apenas a passagem de uma condição perecível para a incondição da verdadeira vida.

Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.

REFORMADOR  -  NOVEMBRO 1993

Editorial - O Dom da Vida

Defendendo a vida - JUVANIR BORGES DE SOUZA

Vida - Edmundo Xavier de BarrosO Culto de Finados - Inaldo Lacerda LimaA síndrome de Carolina - Richard SimonettiGostar do que se faz: Uma maneira de Prevenção - Jacob MeloNotícias do Mundo - Hernani T. Sant'AnnaDia de Finados?

ALÉM DA MORTE

            Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas.

            Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios.

            São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne.

            São os mesmos homens que eram antes da morte.

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            A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes.

            Não lhes outorga títulos, nem conquistas.

            Não lhes retira méritos, nem realizações.

            Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu.

            Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto.

            Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a inevitável travessia.

            A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade.

            Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar.

            Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades.

            Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações.

            Os escravos do prazer prosseguem inquietos.

            Os servos do ódio demoram-se em aflição.

            Os companheiros da ilusão permanecem enganados.

            Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas.

            Os amigos da ignorância continuam perturbados.

            Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores.

            Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino.

            Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a paternal providência divina.

            Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver.

            A morte a todos aguarda.

            Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável.

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            Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade.

            A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução.

            A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal.

            Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço.

            Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte.

            Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos.

            Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão.

***

            Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência, continuaremos vivendo, em outro plano e em condições diversas.

            Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos movimentavam antes do transe da morte.

            A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela.

            Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã.

            Pense nisso.

 

 

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MORTOS AMADOS – Emmanuel

Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a visitação da morte sentimo-nos como se nos arrancassem o coração para que se faça alvejado fora do peito.Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram.E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos.Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo, indagando porquê...Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederam na Vida Maior.Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempre e sim à feição de criatura invisível, mas não de todo ausente.Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam.Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranqülizá-los com o apoio de tua conformidade e de teu amor.Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia mental contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições sobretaxadas com as tuas.Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem da Grande Renovação.Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da alma; no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus.

    

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Aos corações que ficaram...Scheilla

Teu coração amoroso sofre com a partida do ser amado, que te antecedeu na grande viagem para o Além.

Recordações te torturam; emoções dolorosas te abatem.

Entretanto, raciocina um pouco.

A morte física não separa os afetos, que seguem unidos além do tempo e do espaço.

O ente querido, a quem aspiras reencontrar, segue o próprio caminho na espiritualidade, preparando o momento em que teus corações se tornarão a unir.

Assim, reergue-te da dor e segue para frente.

Tua vontade de viver e servir se refletirá no mais além, preenchendo de ânimo e tranqüilidade o coração que partiu.

Ora a Deus, rogando serenidade, a fim de que a dor de agora se converta em ensinamento importante, convidando-te à certeza na imortalidade espiritual.

Do Plano Maior, o coração amado prosseguirá ligado a ti, construindo o próprio destino, sob o amparo de Deus.

Scheilla / Clayton B. Levy - Novas mensagens

O Culto a Finados

O culto aos mortos, precisamente àqueles que se encontravam no purgatório, à espera do dia do julgamento final, foi estabelecido inicialmente por Odilon, Abade de Cluny, da Ordem dos Beneditinos, no final do século X e, em seguida decretado pela Igreja de Roma com o nome de Finados, a ser comemorado no dia 2 de novembro de cada ano, logo após o dia de Todos os Santos.

 

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É, portanto, um convencionalismo que, em princípio, não foi determinado que ocorresse nos cemitérios. Só com o tempo é que a prática adquiriu sofisticação e se fez acompanhar com velas e lágrimas, no local das catacumbas e dos mausoléus. Também não possui o culto dos mortos nenhum amparo escriturístico, embora ele se tenha verificado de maneiras diversificadas no seio de todos os povos das eras mais remotas.

 

Um dos exemplos curiosos de manifestação do homem diante da morte é mencionado por Heródoto, o pai da História, conforme referência de Almerindo Martins de Castro, em REFORMADOR de novembro de 1950, no artigo intitulado "O Dois de Novembro". Informa Heródoto que na antiga Trácia o falecimento de um ente querido era saudado jubilosamente, em face da significação da morte como uma libertação venturosa; enquanto isso, o nascimento de uma criança era recebido com lágrimas de tristeza, tendo em vista as possíveis provações a que deveria estar destinado o recém-nascido.

 

O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus (Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne depois que o Espírito o abandona.

 

 Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser vencido seria a morte. Isto é, quando os homens estivessem em condição de compreender o verdadeiro sentido da vida, deixariam de ver na morte uma inimiga, uma vez que não existe morte. O que se habituou o homem a chamar morte nada mais é do que o afastamento do Espírito do corpo carnal. Temos a

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convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que o dois de novembro será comemorado nos templos religiosos e com elucidações evangélicas.

Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e muito mais consentânea com sociedades mais esclarecidas e religiosamente bem formadas. Há duas razões para assim pensarmos. Em primeiro lugar, já o dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo mas do Espírito. E, em segundo lugar, não é nos cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para recebimento das preces que, em seu favor, devem ser proferidas.

 Os cemitérios são os laboratórios de transformação das vestes carnais das almas que as abandonaram. Os cemitérios devem ser visitados, sim, como um ambiente de respeito se ali vamos em acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso Criador e Pai.

 

 Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que nos lerem, mormente se esta Revista vier a cair em mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge aquele que se deixou perder nos caminhos do materialismo comportamental dos vícios e das paixões e que, assim, esqueceu de Deus, o Pai que nos criou a todos não para a morte mas para a vida eterna.

 Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se espiritualmente. Esses se colocam na posição de mortos-vivos, porque espiritualmente nulos.

Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter nos cemitérios em pranto e oração pelos seus "mortos" é um dever a que temos de submeter-nos por compreensão, mas em hipótese alguma devemos deixar perder-se a oportunidade (quando realmente oportuna) de esclarecer, elucidar e consolar aqueles

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que sofrem convencidos de que seus entes mais queridos realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o Espírito, agora, está mais vivo do que nunca.

 Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993

  

Madrugada Exuberante – Joanna de Ângelis (muito lindo)

A noite esplendente de círios estrelares banhava-se de suave luar, que se refletia sobre as águas tranqüilas do mar espelho. O dia havia sido caracterizado por amena temperatura, enriquecido simultaneamente por incontáveis emoções. Sucediam-se as experiências no convívio com as massas humanas, incessantes, com suas aflições que recordavam ondas contínuas espraiando-se nas areias imensas salpicadas de seixos e conchas variadas. O hinário da Boa Nova era cantado na região por quase todas as bocas, mas, as interpretações variavam de acordo com as necessidades de cada qual. Tinha-se a impressão que os Céus haviam descido a Terra e se fundiram umas nas outras as canções de amor e os lamentos clamorosos, que logo após silenciaram suas vozes desesperadas. Jesus constituía, sem dúvida, o divisor das águas e daqueles dias turbulentos... Os discípulos haviam acompanhado o Mestre durante o aconselhamento a uma desesperada mãe, que Lhe buscara o socorro, face à perda do filho amado que o anjo da morte arrebatara. O desespero da suplicante logo se transformara em tranqüila e dúlcida alegria que lhe colocara luz brilhante nos olhos antes amortecidos pela aflição. Como a morte, sempre, era temida e certamente detestada, utilizando-se da noite harmoniosa, na qual o Amigo parecia aguardar as inquietações dos discípulos, sentado diante do mar ornado da luz da lua, musicada pelos ventos suaves, e pelo espreguiçar das vagas macias nas areias úmidas, formou-se o grupo gentil, cujo silêncio foi quebrado pela voz de João, o jovem que O amava com arrebatamento. Havia uma doce magia no ar, que bailava no velário das sombras salpicadas de pingentes de prata... — Como entender a morte, Mestre querido – indagou o discípulo ansioso – que sempre nos ameaça e apavora? Ante a sua inexorável fatalidade, nossos dias perdem a cor e a beleza, quase tirando-nos a razão de existir. Como entender a hedionda mensageira da sombra? O nobre Guia desenhou tranqüilo sorriso na face banhada pelo argênteo luar, e respondeu com doçura: “A morte não é mensageira da sombra, nem do pavor, mas a missionária da vida imperecível. É a incompreendida intermediária entre Deus e os seres sencientes,

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encarregada de reconduzir os homens ao verdadeiro lar, após terem encerrado os seus compromissos na escola terrestre. Suavemente ou mediante ação abrupta, sem agressão nem receio, convoca reis e vassalos, mendigos e poderosos, crianças e anciãos, sadios ou enfermos ao despertar do sono fisiológico, fazendo-os volver ao país da consciência desperta, ao Grande Lar. Portadora de alta responsabilidade, apresenta-se com a mesma nobreza a todos os seres, desvestindo-os das pesadas roupagens da ilusão, para a vivência da realidade inevitável. Sem o seu árduo trabalho a vida não teria qualquer sentido e o corpo se decomporia durante a existência, que se alongaria sem limite com tormentos inimagináveis... Para uns, todavia, é a misericórdia que chega em momento máximo, para outros, trata-se da libertação do cativeiro. Alguns a tomam como cruel inimiga, enquanto diversos a odeiam com rebeldia. Não obstante, impávida, faz-se instrumento da Vida para a grandeza do ser indestrutível. — E o sofrimento, Senhor, que ela impõe – voltou, à carga, o discípulo receoso -, não dilacera a alma daqueles que ficam?! Morrer, afinal, dói? O incomparável Benfeitor alongou o olhar pela noite feliz, e após breve reflexão, elucidou: — A Casa de meu Pai tem infinitas moradas. Cada flor de luz que brilha ao longe é um pouso feliz que nos aguarda, após, vencidas as batalhas terrenas. Para alcançá-lo é necessário descer aos vales humanos nas roupas densas da matéria, a fim de tecer as delicadas asas de luz que nos erguerão aos seus planos quase divinos. Sem a morte compassiva e misericordiosa, isso não seria possível. Passo a passo, o viajante vence as distâncias no mundo físico. Da mesma forma, graças à morte-vida, à vida-após-a-morte desaparecem os abismos que medeiam entre os sublimes lares que voam na amplidão e a pequenina Terra onde nos encontramos. Silenciando novamente por breves segundos, com específica entonação de voz, prosseguiu: — Morrer não dói. O desprendimento é suave para os justos e inquietante para aqueles que são portadores de consciência culpada. O trânsito que leva à liberdade entre o cárcere e o horizonte largo, sem barreira, é sempre rico de expectativa e não de sofrimento. A marcha, porém, de cada qual, é resultado da conduta vivenciada no período do cativeiro. Quem considera o corpo como a única realidade, sofre decepção e angústia, medo de o abandonar e apego à forma em decomposição, fenômeno que se alonga por largo período, enquanto dure a alucinação. No entanto, quem o utilizou como educandário de iluminação para o espírito, deixa-o, qual borboleta ditosa que abandona o casulo pesado para flutuar na leve brisa do dia... A morte após o dever cumprido transforma-se em madrugada iridescente, que é o pórtico da imortalidade ditosa, onde o amor inunda o recém-liberto de alegria, sem dor nem saudade da caminhada terrestre. É necessário viver de maneira que a morte lhe signifique prosseguimento, sem qualquer interrupção, conduzindo o ser no rumo da plenitude, da paz inefável. Fez novo silêncio repassado de emoção, que igualmente dominava os ouvintes, logo dando continuidade: — Eu vim para que todos tenhais vida em abundância no meu reino, que se amplia além das fronteiras da morte. Sem ela, não o alcançareis. Superando os desafios e vencidas as paixões, o ser se sutiliza e passa a habitar em mundo feliz, sem angústia ou ansiedade alguma.... A fim de o conseguir, torna-se indispensável que o amor e o dever diluam as sombras da ignorância que encarceram nas masmorras da carne o desavisado, sem permitir-lhe os vôos libertadores que anela realizar. Quando se calou, os amigos tinham lágrimas que não se atreviam a descer da comporta dos olhos. Saudades de seres amados e gratidão pelo que lhes haviam oferecido,

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esperanças de vitórias futuras sobre as pesadas algemas dos desejos, das falsas necessidades e sonhos de felicidade, mesclavam-se nos seus sentimentos, e eles entenderam que o corpo é meio, é veículo de condução, mas o Espírito é o imperecível instrumento do Pai Criador, que nos aguarda nos penetrais do Infinito, e que a morte libera da injunção penosa. A noite harmônica e perfumada, então dominada pelo lucilar dos astros e as ânsias da Natureza, insculpiu no ádito daqueles corações a mensagem da imortalidade, enquanto o Mestre os preparava para a madrugada resplandecente do futuro reino dos Céus.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 14 de março de 2001, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)(Jornal Mundo Espírita de Junho de 2001)    A Importância Em Ser Pequeno - Amélia Rodrigues

- Que vínheis discutindo pelo caminho? – Indagou sereno, Jesus, aos amigos, que chegaram esfogueados e suarentos à casa de Simão, filhos de Jonas, o pescador, onde os aguardava.Tomados de surpresa, os discípulos aturdidos entreolharam-se, sem coragem de responder.Eles conviviam com o Mestre, mas não O conheciam; partilhavam as Suas idéias, porém não haviam penetrado na sua profunda lição; ouviam, deslumbrados, os anúncios do reino de Deus, e permitiam-se anelar pelos triunfos humanos. Homens simples e toscos, comportavam-se, às vezes, como crianças desatentas em relação aos deveres, entregando-se a contendas inúteis e pelejas rudes por questões irrisórias...Assim sempre eram admoestados carinhosamente, mas com energia pelo Amigo, que lhes trabalhava o amadurecimento espiritual. A jornada que ali encerravam, havia sido traçada com segurança, significando-lhes o primeiro desafio a enfrentar, como preparação para os dias porvindouros. O Mestre aguardava-os com a habitual generosidade, feita de misericórdia e de compaixão. Amava-os com dúlcida ternura. Entregara-se-lhes com dedicação total, embora sabendo das suas dubiedades e dificuldades interiores. Por isso, convocara-os para o ministério, reconhecendo-lhes todos os problemas emocionais e debilidades morais. Alguns eram Espíritos nobres, que se emboscaram no corpo, que lhes amortecia a elevação, a fim de O seguirem, espalhando a Notícia...As suas inexperiências facultavam aprendizagem mais segura para os testemunhos do futuro. Por tal razão, tateavam nas sombras dos labirintos da insegurança até encontrarem o caminho que iriam percorrer

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com invulgar grandeza de alma. Não, porém, naqueles momentos iniciais. Arrancados das fainas simples e repetitivas do cotidiano monótono, a súbita mudança não conseguiu alçá-los de imediato à altura correspondente. Esse resultado se faria, somente, a pouco e pouco. É sempre assim que se dá o amadurecimento moral, que faz do pigmeu um gigante e do ser simples, que a fornalha do sofrimento modela, um verdadeiro herói.Aquele era o material humano disponível para a construção da Era do Espírito Imortal e se tornava necessário trabalhá-lo com carinho e firmeza. A pergunta permaneceu no ar, sem resposta. A princípio, sentiram-se constrangidos, embaraçados. Deram-se conta da pouca importância da questão do debate, mas constatavam novamente o poder de penetração do Mestre no insondável dos seus pensamentos e atos.Por fim, vencendo o conflito, sem agastamento, responderam alguns:- Vínhamos discutindo em torno de quem de nós era o maior, o mais amado, o de importância mais significativa.“Todos reconhecemos que João é distinguido pelo vosso amor; Pedro é merecedor da mais expressiva confiança; Judas guarda as moedas e se encarrega do controle das nossas modestas finanças... E os demais? Que somos e que papel desempenhamos no grupo? “Afinal, qual de nós é o maior?”Certamente se sentiam contristados pela disputa, mas como houve-a, era justo serem honestos, libertando-se das dúvidas.Jesus envolveu-os na luz da compaixão, e com a sabedoria habitual, respondeu-lhes:- O grão de mostarda, menor e mais insignificante que qualquer outra semente, reverdece com o mesmo tom o solo abençoado pelo trigo vigoroso. A bolota do carvalho desenvolve a árvore grandiosa que nela jaz, assim como o pólen quase invisível de todas as flores se encarrega de transmitir beleza e perpetuar a espécie em outras plantas... Todos são importantes na paisagem terrestre.“O grão de areia se anula ante outro para construir a praia imensa que recebe o carinhoso movimento das ondas arrebentando-se no seu leito reluzente.“Tudo é importante diante de meu Pai, não pela grandeza, mas pelo significado de que cada coisa se reveste para a utilidade da vida.“Entre os homens, o maior é sempre aquele que se esquece de si mesmo, tornando-se o melhor servidor, aquele que não se cansa de ajudar, que se encontra sempre disposto para cooperar e servir sem outra preocupação, qual não seja a de beneficiar... Quem se apaga para que outro brilhe, torna-se o combustível, sem o qual a luminosidade desaparece. “Há uma grande importância em ser pequeno, graças a cuja contribuição se apresenta o conjunto grandioso.”Fez um oportuno silêncio, a fim de ensejar aos amigos maior reflexão para que nunca mais se esquecessem do enunciado, e prosseguiu: - Aquele que, dentre vós, desejar ser o maior, o mais importante, o mais

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amado, torne-se o melhor servidor, o mais atento amigo, sempre vigilante para ajudar e desculpar, porque esse, sim, fará falta, será notado quando ausente, se tornará alicerce para a construção do edifício do Bem.No silêncio que se fez natural, os viajantes dispersaram-se pelas diversas peças da casa de Simão, enquanto lá fora, o Sol de verão dardejava os seus raios de fogo sobre a terra que se abrasava.· Lucas 9-46.Nota da Autora espiritual

  

ESTAMOS EM PAZ – Francisco C.

Xavier

Rujam as tempestades em torno do teu caminho, tranqüiliza o coração e segue em paz na direção do bem.Não carregues no pensamento o peso da aflição inútil.

Refugia-te na cidadela interior do dever retamente cumprido e entrega à Sabedoria Divina a ansiedade que te procura à feição de labareda invisível.

Se alguém te acusa, aquieta-te e ora em favor dos irmãos desorientados e infelizes.

Se alguma circunstância te contraria, asserena tua alma e espera que os acontecimentos te favoreçam.Lembra-te de que és chamado a viver um só dia de cada vez, sempre que o Sol se levante.

E por mais amplas que te façam as possibilidades, tomarás uma só refeição e vestirás um só traje de cada vez nas tarefas de cada dia.

Embora te atormentes pela claridade diurna, a alvorada não brilhará antes da hora prevista, e embora te interesses pelo fruto de determinada árvore, não chegarás a colhê-lo, antes do justo momento.A pretexto, porém, de garantir a própria serenidade,não te demores na inércia.Mentaliza o bem e prossegue na construção do melhor, como quem sabe que a colheita farta pede terra abençoada pela chuva.Sejam quais forem as tuas dificuldades, lembra-te de que a paz é a segurança da vida.Não nos esqueçamos de que, na hora da Manjedoura, as vozes celestiais, após o louvor a Deus, expressaram votos de paz à Terra, e depois da ressurreição, voltando, gloriosamente, ao convívio das criaturas, antes de qualquer plano de trabalho, disse Jesus ao discípulos espantados:"A PAZ SEJA CONVOSCO".

   

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Bem-aventurados os aflitos

Que as bênçãos do Alto caiam sobre vós. Falar-vos-ei hoje sobre o assunto tratado no estudo do Evangelho: os motivos de resignação. Desde que o Mestre Francês desceu ao orbe com a missão de trazer aos homens uma nova visão de vida, as interpretações dos textos bíblicos ficaram mais acessíveis às pessoas comuns. O capítulo das bem-aventuranças é um trecho dos Evangelhos que demanda uma maior sabedoria para ser compreendido em espírito. A Doutrina Espírita trouxe a chave do entendimento explicando a razão do sofrimento e a necessidade da alma passar pelas experiências dolorosas na matéria, se houver a necessidade do resgate das suas dívidas. A lei de causa e efeito explica todas essas questões alusivas à maioria das situações de dificuldades pelas quais o Espírito passa. A reencarnação coroou esta realidade.

Quando o homem sofre sem saber a razão, suas amarguras são centuplicadas e exacerbadas pela revolta e sensação de impotência diante dos fatos que a ele parecem intermináveis. A dor que experimenta lhe parece injusta e se pára para pensar em seus problemas, logo culpa a Deus por não dar-lhe a devida atenção. Entretanto se tem em si o sentido da imortalidade da alma e principalmente se acreditar na transitoriedade de tudo, logo antevê naquele sofrimento uma forma de se libertar-se de sua prisão no futuro.

Se examina a própria consciência com sincera humildade, quase sempre encontra lá a razão de suas dificuldades. Não se amargura diante das provas porque vê nelas uma válvula de escape para o gozo de uma felicidade em dias futuros. Se é atingido por uma injúria ou por qualquer situação que lhe exija maturidade para suportar, logo evoca suas convicções na

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assistência espiritual que a Providência Divina vos premia a todo instante. Portanto, este homem experimenta a felicidade, mesmo nas situações de sofrimento porque compreende que as suas aflições têm uma razão de ser e que quanto maior a doença mais amargo será o remédio. Para uma grande falta, uma grande correção.

Bem-aventurados, portanto, são os aflitos que bem suportarem as suas provas com resignação, pois em breve estarão livres de suas amarras terrenas e poderão viver na vida verdadeira em companhia dos justos e dos felizes que um dia passaram pelas mesmas dificuldades de compreensão.

Lutai, pois, caros irmãos, para terem com urgência o fio da verdadeira sabedoria que vos foi trazida por Allan Kardec, a fim de que possais adentrar no Reino dos Céus, que está reservado aos que souberem fazer bom uso das oportunidades oferecidas pelo Pai Celestial. Colocai em vossos corações as doces palavras do Mestre Maior, quando vos chama com extrema compaixão: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração porque o meu jugo é suave e meu fardo e leve”. - João de Arimatéia

Espírito: João de Arimatéia

Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec

São Luís – MA

COMPANHIA DO AMORSomente vive acompanhado realmente, aquele que ama.*O amor, à semelhança do conhecimento, é um tesouro que mais se tem quanto mais se reparte.

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*Ninguém fica em carência quando ama, quando ensina.*O amor, é igual a um espelho que reflete aquele que ama e, ao infinito, reflete todas as expressões de vida pujante.*Não obstante as experiências do amor são solidárias, por isso que, ao expandir-se, primeiro felicita a quem o irradia, sem que tenha a pretensão de colher o retorno.*Na área do amor, quanto em todos os campos da ação nobre da vida, é necessário primeiro dar, a fim de um dia receber.*O amor é, por conseqüência, o mais precioso investimento até hoje conhecido.Antes que dê os resultados a que se propõe, produz, no nascedouro, as excelências de que se reveste: bem-estar, paz e alegria.*O amor não se queixa, não se impõe; é paciente e promissor.Apesar de todos os seus predicados, não impede que o homem experimente os métodos que propiciam a evolução, dentre os quais o sofrimento, em forma de testemunhos, assim logrando atrair os indecisos e inseguros.*Ninguém deve temer a experiência gratificante de amar, não se deixando impedir pelos obstáculos que se levantam de todo lado.*Dize uma palavra gentil a alguém; expressa solidariedade com um gesto a outrem; coopera com um sorriso cordial em qualquer realização digna...*Demonstra vida e sê afável com todos. Far-te-á um grande bem o ato de amar. Não aguardes, porém que os outros te compartam as dores e provas, que são sempre pessoais, intransferíveis.O melhor amigo e mais caro afeto, por mais participem da tua aflição, não conseguirão diminuir a sua profundidade e crueza.*Uma chama pintada, por mais perfeita, jamais terá o poder de atear o incêndio que uma insignificante fagulha produz.*Na cruz, Jesus estava acompanhado por dois delinqüentes. No entanto, cada um dos crucificados experimentava emoção própria...*A bala que vitimou Gandhi, alcançou-o, embora a multidão que o cercava.*O veneno que Sócrates sorveu mataria qualquer um, todavia ele o tomou a sós.*Os estigmas em Francisco de Assis, provocavam comoção em todos,

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mas ele os sofria em solidão.*O processo de ascensão libertadora é pessoal...*Há os que carregam cruzes invisíveis, cercados de amigos e solitários na dor.*Ama, desse modo, a fim de que se faças solidário com esses corações solitários que avançam no rumo da felicidade, por enquanto sofridos e amorosos ou carentes e necessitados.*Sê tu aquele que ama e nada espera, felicitado pelo próprio amor que de ti se irradia abençoado.

(De “Viver e amar”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

 

 

 

CONQUISTAR E CONQUISTAR-SE Emmanuel

"Não procures os cimos do mundo ao preço de mentira e astúcia, porque ninguém trai os imperativos da vida."

Conquistar não é conquistar-se.

Muitos conquistam o ouro da Terra e adquirem a miséria espiritual.

Muitos conquistam a beleza corpórea e acabam no envilecimento da alma.

Muitos conquistam o poder humano e perdem a paz de si mesmos.

Necessário que o espírito se acrisole na experiência e na luta, valendo-se delas para modelar o caráter, senhoreando a própria vida.

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Para possuirmos algo com acerto e segurança, é indispensável não sejamos possuídos pelas forças deprimentes que nos inclinam sentimento e raciocínio aos desequilíbrios da sombra.

Indubitavelmente, todos podemos usufruir os patrimônios terrestres, nesse ou naquele setor do cotidiano, mas é preciso caminhar com sabedoria para que o abuso não nos infelicite a existência.

É por isso que sofrimento e dificuldade, obstáculo e provação constituem para nós preciosos recursos de superação e engrandecimento.

Todos os valores externos concedidos à personalidade, em trânsito no mundo, são posses precárias que a enfermidade e a morte arrancam de improviso, mas todos os valores que entesouramos no próprio ser representam posses eternas que brilharão conosco, aqui e além, hoje e amanhã. .

Na esfera espiritual, cada criatura é aproveitada na posição em que se coloca  somente aqueles que conquistaram a si mesmos, nos reiterados labores da educação, através do suor ou da lágrima, do trabalho ou da lágrima, são capazes de cooperar na extensão do amor e da luz, cujo crescimento na Terra exige, invariavelmente, o coração e o cérebro, as ações e as atitudes daqueles que aprenderam na lei do próprio sacrifício a conquista da vida imperecível.

"Reflete naquilo que te falam, antes de te entregares psicologicamente ao que se te diga. . ."

 Psicografia de Francisco Cândido Xavier

   

"... Se eu aceito o sol, o calor e o arco-íris....preciso aceitar também o trovão, o raio e a tempestade..."

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Gibran Khalil Gibran 

 

 

          NOTAS BREVES

Não perca tempo

Não fuja ao dever

Respeite os compromissos

Sirva quanto possa

Ame intensamente

Trabalhe com ardor

Ore com fé

Fale com bondade

Não critique

Observe construindo

Estude sempre

Não se queixe

Plante alegria

Semeie paz

Ajude sem exigências

Compreenda e beneficie

Perdoe quaisquer ofensas

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Atenda à pontualidade

Conserve a consciência tranquila

Auxilie generosamente

Esqueça o mal

Cultive sinceridade, aceitando-se como é e acolhendo os outros comos os outros são, procurando, porém, fazer sempre o melhor ao seu alcance

Espírito André Luiz

                              Livro :"Sinal Verde"

                                                    (psicografia :Francisco C. Xavier)

 

 

 

FONTE:

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O dia de finados para o Espírita

Por: Christina Nunes

A propósito do dia de finados, é interessante discorrer sobre questionamentos com os quais de vez em quando somos colhidos por parte de conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar nos assuntos relativos à espiritualidade.

De vez em quando alguém pergunta "por que o espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um esclarecimento útil.

Primeiro: nenhum espírita, em virtude de ideologia religiosa, ou limitação de qualquer tipo imposta pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério em qualquer época. Efetivamente conheço muitos, simpatizantes, ou espiritualistas convictos, que narram de suas visitas a túmulos de parentes ou conhecidos.

Segundo: o que ocorre mais amiúde é que, em detendo o espírita a tranqüila convicção de que seu ente querido não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais ricas, de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem compartilhou experiências e afeto.

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Terceiro: isto não implica em que o espírita sincero condene ou critique o posicionamento dos demais semelhantes que, de todo o coração, prestam com sinceridade as suas homenagens aos seus afeiçoados que se anteciparam na viagem deste para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio conhecimento da doutrina que muitos desencarnados visitam, efetivamente, os cemitérios por ocasião da data, em consideração às demonstração de amor com que ali são distinguidos. E muitos outros ainda, afeitos aos costumes dentro dos quais desenvolveram suas experiências na matéria, conferem ainda subida importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, daqueles que não o prestem nas datas de molde a serem lembrados.

Vistas estas considerações, é sensata a conclusão de que jamais cabe padrão algum de conduta no que toca ao sagrado universo íntimo humano. Cada agrupamento familiar terreno é único e peculiar, e ninguém melhor do que os seus componentes para estarem inteirados do que atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o que convém ou o que não convém em matéria de sentimento e dedicação, cujos estágios e características se multiplicam ao infinito correspondente do número de habitantes do vasto universo humano.

Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos aqui. É dever comezinho não só do espírita, quanto de qualquer pessoa que se diga civilizada, respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum na intimidade das luzes divinas. Questão de temperamento, de agrupamento humano, de fé e

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de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que é na sinceridade do gesto, e não no gesto em si, que se vislumbra a verdadeira homenagem aos desencarnados, de forma que, amor pelos mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso abençoado do nosso recanto de meditação no lar, quanto do ambiente de qualquer templo religioso, ou ainda diariamente, no movimento tumultuado das ruas, ou também no cemitério, a qualquer dia do ano.

De forma que aqueles que partiram nos amando de todo o coração haverão de valorizar e entender a nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, pela linguagem instantânea do coração e do pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos costumeiros do dia de finados, na medida de suas possibilidades espirituais após a transição lá estarão, junto à sepultura física, colhendo com sincera afeição os votos de paz e as preces que lhes estejam sendo dirigidas. Os provenientes dos lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas demonstrações de amor a qualquer tempo, em qualquer data que faça emergir naqueles que ficaram para trás no aprendizado físico as gratas lembranças com que são evocados.

O importante é que espíritas e não espíritas têm em comum, em relação aos seus amados que já se foram, à qualquer época, a linguagem inconfundível do amor entre as almas. Enxerguemos acima dos horizontes das limitações de visão humanas para alcançarmos com clareza a compreensão de que é assunto individual a forma como celebramos o nosso afeto para com os nossos entes queridos, e que o fator da sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na hora da certeza de que nossas preces e votos

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de paz serão bem recebidos por aqueles que prosseguem nos amando de igual forma na continuidade pura e simples da vida, que a todos aguarda para além das portas da sepultura, sob as bênçãos de Jesus.

Dia de Finados?Passos Lírio

O Cristianismo é, por excelência, a Doutrina do Espírito, fundada em fatos que demonstram, à evidência, a sua presença e atuação, em qualquer circunstância, sempre que necessário.

Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da realidade da existência da alma e de sua faculdade de entrar em relação conosco, em estado de vigília ou durante o sono, como que a mostrar-nos à saciedade que há entre os dois planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito entrosamento.

Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe anuncia a maternidade de agraciada do Senhor.

José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é avisado em sonho de que não faça tal, porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo.

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Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de poderoso influxo magnético, que faz que a criança - ela também estava para ser mãe -, lhe estremeça no ventre.

Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia em dois estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta, mas à casa onde se achavam José e Maria e, de regresso, são “por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes”.

Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do Senhor a José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o menino da sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que retornasse à “terra de Israel” e aconselhando-o a que se retirasse “para as regiões da Galiléia”.

Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos pastores dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador.

“Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou nos braços o Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de tê-Lo visto antes de partir e profetizando acerca do Seu messianato.

Ana, a profetisa, mediunizada, “chegando naquela hora, dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.

Antes do Nascimento de Jesus, houve o de João, caracterizado também por manifestações espirituais ostensivas.

Quando Zacharias oficiava no templo, “na ordem do seu turno”, surge-lhe um Emissário Celestial que lhe prediz o nascimento do Precursor.

No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz reboa pelo ar, dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.

Este mesmo fenômeno de pneumatofonia repete-se quando da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os Espíritos de Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação.

Ressuscita, o Messias, a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e o irmão de Marta e Maria.

Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção

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na realidade da comunicação dos Espíritos com os homens, fazendo que Abraão ponderasse ao rico, que queria falar a cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque eles não lhe dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se-lhes visível para adverti-los.

Liberta endemoninhados, cujos Espíritos impuros e obsessores confessavam conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a autoridade de Filho do Altíssimo.

- “Porque buscais entre os e mortos ao que vive?” Foi a pergunta  que “dois varões com vestes resplandecentes” fizeram às mulheres que levavam aromas e bálsamos para depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram removida, sem o corpo no seu interior.

- “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!” Assim se expressavam os dois discípulos que, a caminho de Emaús, tiveram a companhia do Mestre, com quem confabularam durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.”

“E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão.”

“O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço”.

- “Paz seja convosco.” -“Porque estais perturbados? E por que sobem dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de Jesus, na Sua primeira aparição aos Discípulos, no Cenáculo de Jerusalém.

- “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram.” Outras palavras de Jesus, em Sua segunda aparição aos Discípulos, dirigidas especialmente a Tomé, que, por não estar presente na primeira, não dera crédito à versão divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes aparecera.

“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos junto do mar de Tiberíades”, onde se desenrolam acontecimentos de assinalada importância que culminam com o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de Calarnaum.

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Finalmente, apareceu o Nazareno, no monte, aos quinhentos da Galiléia, a quem endereça, pela última vez, a Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre a Ascensão definitiva.

Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a Maria Madalena; a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João Evangelista; a Pedro, por algumas vezes; a Saulo de Tarso, às portas de Damasco.

Onde, em tudo isso, a idéia de morte? Antes não ressumbra, de todos esses sucessos, a noção de “vida abundante”, de pensamento e ação por parte daqueles que formam o mundo incorpóreo?

O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço.

Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de cá, embora possa haver, tanto num quanto noutro plano, mortos-vivos e vivos-mortos. Ninguém vai, ninguém fica, apenas alguns chegam e outros voltam, na longa caminhada de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de ajudar-se a si próprio.

A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos descortinou novas dimensões de vida, revelando ao mundo a existência de outros mundos e à Humanidade a presença de outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros que gravitam nos arcanos do Universo.

2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, encarnados e desencarnados, que buscamos na Terra ou na Erraticidade os valores do Espírito, a gloriosa realização de nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o sempre, para empunhamos na destra a palma da vitória e cingirmos à frente a coroa de louros de almas redimidas e ressurrectas, integradas nas sublimes claridades dos cimos.

Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim

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Dia de FinadosAzamor Cirne

“A Morte é o veículo condutor encarregado de transferir a mecânica da vida de um apara

outra vibração”. - Joanna de Ângelis

Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza.

Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos os exemplos.

Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo as almas dos mortos.

Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os encarnados.

Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura.

“A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia”- afirma o Codificador.

Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros (lembranças) dessa última existência e de outras.

Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam

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a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor.

O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, foge à sua orientação doutrinária.

Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, pois “coração dos outros é terra aonde ninguém anda”.

Na questão nº 212 de “O Livros dos Espíritos”, encontramos o “porquê” que complementa o nosso parágrafo anterior: “Aquele que visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração”.

Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: “Essa causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação, em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”.

O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a outras pessoas, em lugares diferentes.

“A vida não termina, onde a morte aparece. Não transformes saudades, em fel, nos que

se foram (...)” Emmanuel / Chico Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78.

Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000

PARENTES  MORTOSEmmanuel

Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o espírito amado que partiu...

Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.

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*Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe 

os sonhos.Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda.

*Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te

e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.

*Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a

dilatação do labirinto que nos arroja à invigilancia, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo.

*Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem

te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.

*Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de

outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior.

*Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendize,

por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a Vida Eterna.

Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às trevas.

*Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no

mundo, segue-se o esplendor do alvorecer.O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de

renascimento e floração.*

A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicores de borboleta.

Nada perece.Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.

*Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as

bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da Gloriosa Imortalidade

 Chico Xavier - Livro- Paz e Libertação.

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DANÇANDO COM A SAUDADE

Amílcar Del Chiaro Filho

Foi no dia de finados. Seguimos a nossa opção de décadas e não fomos ao cemitério que abrigou e abriga ainda os restos mortais de pessoas tão queridas para mim. Fiz as minhas preces, logo pela manhã, envolvendo todos aqueles que passaram pela minha vida, deixando marcas profundas, iluminadas pela amizade e pelo amor.

À tarde, estava escrevendo textos para a Rádio Boa Nova e resolvi ouvir música enquanto trabalhava. Era uma seleção de boleros que amávamos muito, eu e ela, minha companheira que desencarnou há um ano, deixando uma intensa saudade.

Parei de digitar e fechei os olhos. Imaginei-me dançando com ela nas nuvens, entre flocos brancos de algodão, Vi-a jovem e feliz.

Eu a conduzia na contradança por um salão infinito, um vestido branco, comligeiros tons rosa, amplamente rodado, envolvia seu corpo delicado. Com uma das mãos ela segurava a minha mão e uma das pontas do vestido, com a outra envolvia-me num carinhoso abraço. Eu sentia-me jovem e saudável, vestindo um terno azul marinho.

Dançávamos enlevados, na marcação romântica do bolero, dois pra lá, dois pra cá, como fizéramos muitas vezes na Terra. Tinha tanta coisa a perguntar, mas não ousava falar com medo que tudo aquilo se desvanecesse, como o cessar de um encantamento. Afastei-me um passo e olhei sua perna que fora doente, reverberando luz.

Comecei a perceber que havia outras pessoas queridas presentes, mas postavam-se distantes, como a dizer que aquele era o nosso momento.

Quanto tempo rodopiamos pelo salão sem sentir e sem ver nossospés, ou a orquestra, não sei. Mas senti que o meu tempo se escoava, e penseiemescrever sobre esse encontro, mas tive receio. Olhei para ela, e recebi um ligeiro sinal afirmativo da sua cabeça. Porque era o momento de dizer, com o apóstolo Paulo: O último inimigo a ser vencido é a morte.

A música foi cessando. Seu corpo desvaneceu em meus braços.Meus olhos ficaram marejados de lágrimas, e a saudade pungente foi balsamizadapor aqueles instantes encantadores.

Obrigado, meu Deus. Sinto-me mais fortalecido e sei, com certeza, que ela me espera em algum lugar do infinito.

SOBRE  FINADOS

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Chico Xavier

“Em uma de nossas reuniões públicas foi ventilada a questão de nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles com as nossas comemorações e lembranças?

Em torno dessa pergunta foram entretecidos comentários numerosos. E quando no início de nossas tarefas O Livro dos Espíritos nos deu para estudo a questão n.º353, que se vincula ao assunto, as explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas.

No término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez recordar a todos o Dia de Finados.”

NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu um tópico especial do capítulo VI de O Livro dos Espíritos. A posição doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito, mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos.

ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS

Emmanuel

Senhor Jesus!...Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros - os

companheiros desencarnados - nas fronteiras de cinza, rogando-te amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas trevas!... Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e

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repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos de arrependimento tardio!...

***Senhor!...Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência

humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e bênção!...

Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência a fim de que possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre.

O CREDIÁRIO DA MORTE

Irmão Saulo

A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, hoje bem definida em Psicologia. Não se trata da aberração sexual a que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da inteligência”, a que se referia Kardec, que leva o indivíduo a negar a sua própria capacidade de viver e de sentir a vida.

Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo superou de muito as ilusões negativas do materialismo.

Apesar dessa inegável realidade nova os necrófilos se apegam à idéia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo autodestruidor compram a morte por antecipação, no crediário “do desespero e das aflições inúteis”. São esses os “quase mortos” pelos quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vila

A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância chamamos de mortos velam pelos “quase mortos” da Terra e pedem a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou o seu corpo no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um morto ambulante. Que essa oração nos lembre, neste Finados, as palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”.

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Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos

CONVERSA  NO  CAMPO  SANTO

Maria Dolores

         Sim, alma irmã,         Teremos sempre um Dia de Finados,         Dia de sonhos mortos,         Supostamente mortos, porque todos eles         Ressurgem renovados,         No clima de outros portos,         Onde a vida,         Revelada em beleza indefinida,         É perene manhã.

         Agradeço-te as preces,         Recamadas de flores,         E as doces vibrações nas quais me aqueces         Com pensamentos reconfortadores.

         Olha, porém, comigo, alma querida e boa,         Este campo de mármores lavrados,         Quantas vezes mais belas         Que a mais formosa porcelana!...         Aqui, em miniaturas de castelos,         Gemem segredos de ternura humana...         Ali, os rendilhados         Criam lauréis no brilho das legendas;         Além, anjos parados de mãos postas,         Em lacrimosas oferendas,        Mostram cruzes depostas,        Vinculadas ao chão...         Ainda, além, primores de escultura,         Em lápides custosas,         São tesouros de amor e desventura,         Orvalhados de pranto e de aflição!...

         Na triste majestade que se estampa,         Por traço de amargura, campa em campa,         Não vemos luxo e sim o sofrimento         De quem ficou a sós,         De coração entregue ao desalento...

         Entretanto, alma boa,         Este reino de pedras lapidadas,         Quais lâminas de dor,         Quer largar-se da morte,         A fim de partilhar         A construção de um mundo superior...

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         Estas altas riquezas esquecidas         Ficariam mais nobres         Se pudessem levar sustentação         Às áreas de outras vidas,         As vidas que se vão apagando, ao relento,         Ante a febre, ante a noite e as injúrias do vento,         A sonharem amparo, teto e pão,         Livro, afeto, agasalho,         Proteção e trabalho,         Paz e renovação...

         Nesses doces assuntos,         Oremos todos juntos...         E peçamos a Deus         Para que os mortos redivivos         Possam solicitar aos seus entres amados         A desejada alteração.         A fim de que o lugar dos supostos finados         Não precise brilhar entre fortunas mortas,         Pois, todos nós, na vida, em sentido profundo,         Queremos mais conforto e alegria no mundo!...

         Para que nos lembremos uns dos outros,         Bastam as nossas dores como são,         Uma pequena cruz, um nome e a relva verde e mansa,         Que nos falem de paz e de esperança         Na saudade sem fim do coração.

FINADOS  E  REENCARNADOS

Cornélio Pires

Caro Armando, recebiOs bilhetes e os recados;Você deseja notíciasDe alguns dos nossos finados.

Entendo. Finados hojePara nós, é a comitivaDos irmãos fora da Terra,Gente morta sendo viva.

Não posso dar muitas notasDe sentido mais profundo,Falarei de alguns amigosJá reencarnados no mundo.

As vezes, nos cemitérios,A gente chora na campaDe amados que já voltaramPara a Terra, em nova estampa.

Você recorda Nhô Zeca

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Que liquidou João Matula?João voltou à casa dele,É o netinho que ele adula.

Por causa de Frederico,Suicidou-se o Tonho Prata,Tonho, porém, renasceu...É o bisneto que o maltrata.

Outro suicídio, o de DélioQue morreu por Lia Benta...Délio tomou novo berço,É o filho que ela amamenta.

Por ambição, CarlomanhoArrasou com Dona Luna;Ela nasceu neta dele,A fim de herdar-lhe a fortuna.

Tino e Rita promoveramA morte de Adão Ramalho;Adão renasceu com eles,Trazendo imenso trabalho.

Nhô Téo acabou com JoanaAo não querê-la por nora,Mas Joana já reencarnou...É anetinha que ele adora.

Morreram dois inimigos:Tião e Juca da Barra...Agora nasceram Gêmeos,Vieram irmãos na marra.

Desencarnado, Nhô GinoQue falava mal de tudo,Pediu corrigenda a Deus,Em seguida, nasceu mudo.

Nosso assunto é isto aí...Recordação de finadosÉ a vida em torno da vidaQue se expressa por dois lados.

Enquanto estamos na Terra,Para dizer o que posso,Muita vez, a gente rezaEm campo que já foi nosso.

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Livro "Baú de Casos" - Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Espírito Cornélio Pires

 Francisco Cândido  Xavier. Da obra: Dádivas de Amor. Ditado pelo Espírito Maria DoloresDigitado por: Lúcia Aydir

  NO  DIA  DE  FINADOS

INÊS SABINO Pinho Maia *

1.       Agradeço, meu filho, a glória que me deste,O mármore custoso, o imponente jazigo,A legenda piedosa, as flores que bendigo,A oração da saudade, a sombra do cipreste...Mas afasta de nós a pompa que me veste!

6.        Este luxo no chão é miséria comigo...Quero apenas o amor por sacrossanto abrigo,Dá-me teu coração por tesouro celeste.

Não me busques, em vão, na gelidez das lousas!

Transfunde-me a lembrança em pão que reconforte

A quem viva de fel na aflição que te espia...

Procura-me na dor do caminho em que pousasE esparze em tudo o bem, porque a bênção da

morte,14.     Que me acordou na luz, há-de acordar-me um

dia...

______

(*) Poetisa, jornalista e romancista. Domingos Carvalho da Silva, em sua obra Vozes Fem. da Poesia Brás., pág. 22, considerou-a merecedora de figurar num seleto grupo de poetisas da fase pós-romântica e parnasiana. Iniciou a sua educação literária na Inglaterra. Regressando ao Brasil ainda bem jovem, pouco depois dava a público as suas primeiras poesias e traduzia, para o português, contos, novelas e pequenos romances ingleses e franceses. Foi uma das escritoras que no Nordeste , em fins do século XIX, lutou pela participação da mulher nas lides literárias, contra um meio adverso nesse sentido. No prefácio à sua obra Impressões, Inês Sabino Pinho Maia fez esta judiciosa observação: “Retirem-se do manto estrelado da poesia os salpicos do ideal, que um livro de versos não passará de um compêndio enjoativo das verdades amargas que nos rodeiam acremente por todas a parte”. O Jornal do Commércio, do Rio, em seu úmero de 14 de setembro de 1911, destacou-lhe a “grande nobreza de sentimento”, o “espírito caridoso e esmoler” e a real educação”. (Bahia (**), 31 de dezembro de 1853 – Rio de Janeiro, GB, 13 de setembro de 1911).

BIBLIOGRAFIA; Ave Libertas, poemeto; Rosas Pálidas, versos (1ª série): Impressões, versos (2ª série); Contos e Lapidações; etc.

____(**) Affonso Costa em “Poetas de outro Sexo”, p. III, afirma ter ela nascido na

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Bahia e não em Pernambuco.____1.      Enumeração6.      Antítese14.  Poliptoto: “Que me acordou..., há de acordar-te...”

Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

DIANTE  DA  ATUALIDADE

Francisco Cândido Xavier

As presentes ocorrências do mundo nos levaram, antes da reunião, a longas conversações sobre os problemas da preservação do homem, no tocante à paz. Lembrávamos as guerras do passado e os conflitos da nossa época, imaginando como deve ser o nosso comportamento diante das grandes lutas da atualidade.

Como agir contra a insegurança? De que modo assegurar a tranquilidade e os valores da existência? Com semelhantes perguntas em nossa mente fomos aos estudos programados. O Livro dos Espíritos nos ofereceu a questão 738 a exame. E vários comentaristas se expressaram sobre o tema.

Ao final das atividades o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio em nome dos companheiros e em meu próprio nome, rogando a. sua cooperação para que seja lançada com os seus comentários em nossas publicações conjuntas.

NOTA – A questão 738, acima referida, trata do problema da guerra, dos flagelos destruidores e da situação do homem diante desses Acontecimentos. Os espíritos lembram a natureza espiritual do homem, que é imortal, e por isso mesmo não é afetada por essas destruições materiais.

ABRIGOEmmanuel

Nas grandes calamidades que irrompem na Terra, cada criatura pode construir o seu próprio refúgio.

Comumente no mundo interpretamos por abrigo a fatia de espaço fechado que destinamos aos serviços de proteção e segurança.

Entretanto, embora respeitemos os redutos a que se acolhem as multidões nas horas de crise, buscando a preservação própria, consideramos que ainda mesmo segregada em forte redoma, do ponto de vista material, a pessoa humana não está livre da trombose ou da parada cardíaca, do colapso nervoso ou da tensão emocional. Isso nos induz a reconhecer que em qualquer situação difícil, muito acima dos lugares de privilégio, precisamos de apoio íntimo que nos faculte serenidade e discernimento. Uma fortaleza na qual possamos colaborar dignamente na supressão do tumulto por fora,

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conservando a paz por dentro.Não obteremos isso, porém, fugindo da realidade, mas enfrentando-a através da

ação construtiva, de modo a descortinar-lhe todas as lições e aproveitá-las.Nunca disporemos de asilo seguro, escondendo-nos em praias desertas, bojos

metálicos, covas de pedra ou furnas da natureza.O abrigo real de cada um está no íntimo de si mesmo.A certeza de que não nos achamos sós nos campos do Universo, a confiança na

sobrevivência do espírito além da morte, a fé na sabedoria da vida, a aceitação do dever de praticar o bem e a dedicação à ordem são materiais dos mais importantes com que se constrói a cidadela da consciência tranqüila.

À frente de semelhante verdade, não temas a ventania das paixões desencadeadas, quando as tempestades da renovação agitam a Terra.

Conserva a calma e confia no Poder Maior que te insuflou a força da vida. Calma, no entanto, não significa inércia. Define i estado íntimo de quem se prepara, a fim de fazer o melhor, sejam quais forem as circunstâncias.

Ora trabalhando e espera construindo.E, convençamo-nos todos, em todas as eventualidades, de que o abrigo

invulnerável está sempre em nós mesmos, quando aceitamos a responsabilidade de viver com base na justiça e na misericórdia de Deus.

OS  RESTOS  MORTAIS

Irmão Saulo

Há muitas expressões impróprias na linguagem humana. Quando falamos dos finados, daqueles que morreram, damos à morte um sentido absoluto que ela jamais possui. O que se finda com a morte não é o ser humano, mas apenas uma existência do ser imortal, numa breve passagem pelo plano físico. Mas a intuição da eternidade da vida gerou também algumas expressões acertadas. Ao falar de restos mortais, colocamos o problema da morte em seus devidos termos. Restos, nada mais do que restos de um processo biológico pelo qual o ser humano real se liberta do seu envoltório animal.

Que segurança queremos ter no frágil escafandro do corpo? Que abrigo nos pode dar a garantia de preservação diante do perigo? Em que espécie de refúgio poderemos escapar da morte? Não obstante, essa garantia que procuramos no Exterior está em nós mesmos, em nossa própria natureza de seres imortais. A vida aparente extingue-se com a morte, mas a vida real nunca se extingue.

Geração e corrupção constituem os pólos da existência física. Aquém de um e além de outro, a verdadeira vida se mantém inalterável Trazemos essa verdade em nós como potência, mas precisamos transformá-la em ato na nossa consciência para podermos superar as ilusões do efêmero. Inútil querermos agarrar-nos a uma vida que se esvai a cada minuto que passa. E chamamos a isso atitude positiva, quando a positividade está precisa-mente no contrário, na certeza de que nada nos pode livrar da morte corporal.

Mas temos urna tarefa a cumprir nesta breve existência. Temos de aprender a confiar no espírito. E para isso precisamos desenvolver as nossas faculdades espirituais. O egocentrismo exagera o instinto de conservação. Mas as guerras, os flagelos, os

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cataclismos esmagam o nosso egoísmo e nos obrigam a sair de nós mesmos e nos tornarmos capazes das virtudes heróicas que nos elevam acima de nós mesmos. Foi isso que o Cristo ensinou ao dizer que os que se apegam à vida perdê-la-ão, mas os que a perderem por amor à verdade a encontrarão.

A morte não é o fim. Nunca seremos finados. A morte é apenas a passagem de uma condição perecível para a incondição da verdadeira vida.

Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.

REFORMADOR  -  NOVEMBRO 1993

Editorial - O Dom da Vida

Defendendo a vida - JUVANIR BORGES DE SOUZA

Vida - Edmundo Xavier de BarrosO Culto de Finados - Inaldo Lacerda LimaA síndrome de Carolina - Richard SimonettiGostar do que se faz: Uma maneira de Prevenção - Jacob MeloNotícias do Mundo - Hernani T. Sant'AnnaDia de Finados?

ALÉM DA MORTE

            Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas.

            Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios.

            São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne.

            São os mesmos homens que eram antes da morte.

            A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes.

            Não lhes outorga títulos, nem conquistas.

            Não lhes retira méritos, nem realizações.

            Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu.

            Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto.

            Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a

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inevitável travessia.

            A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade.

            Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar.

            Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades.

            Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações.

            Os escravos do prazer prosseguem inquietos.

            Os servos do ódio demoram-se em aflição.

            Os companheiros da ilusão permanecem enganados.

            Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas.

            Os amigos da ignorância continuam perturbados.

            Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores.

            Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino.

            Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a paternal providência divina.

            Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver.

            A morte a todos aguarda.

            Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável.

            Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade.

            A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução.

            A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal.

            Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço.

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            Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte.

            Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos.

            Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão.

***

            Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência, continuaremos vivendo, em outro plano e em condições diversas.

            Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos movimentavam antes do transe da morte.

            A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela.

            Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã.

            Pense nisso.

 

 

MORTOS AMADOS – Emmanuel

Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a visitação da morte sentimo-nos como se nos arrancassem o coração para que se faça alvejado fora do peito.Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram.E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo

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é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos.Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo, indagando porquê...Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederam na Vida Maior.Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempre e sim à feição de criatura invisível, mas não de todo ausente.Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam.Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranqülizá-los com o apoio de tua conformidade e de teu amor.Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia mental contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições sobretaxadas com as tuas.Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem da Grande Renovação.Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da alma; no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus.

    

Aos corações que ficaram...Scheilla

Teu coração amoroso sofre com a partida do ser amado, que te antecedeu na grande viagem para o Além.

Recordações te torturam; emoções dolorosas te abatem.

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Entretanto, raciocina um pouco.

A morte física não separa os afetos, que seguem unidos além do tempo e do espaço.

O ente querido, a quem aspiras reencontrar, segue o próprio caminho na espiritualidade, preparando o momento em que teus corações se tornarão a unir.

Assim, reergue-te da dor e segue para frente.

Tua vontade de viver e servir se refletirá no mais além, preenchendo de ânimo e tranqüilidade o coração que partiu.

Ora a Deus, rogando serenidade, a fim de que a dor de agora se converta em ensinamento importante, convidando-te à certeza na imortalidade espiritual.

Do Plano Maior, o coração amado prosseguirá ligado a ti, construindo o próprio destino, sob o amparo de Deus.

Scheilla / Clayton B. Levy - Novas mensagens

O Culto a Finados

O culto aos mortos, precisamente àqueles que se encontravam no purgatório, à espera do dia do julgamento final, foi estabelecido inicialmente por Odilon, Abade de Cluny, da Ordem dos Beneditinos, no final do século X e, em seguida decretado pela Igreja de Roma com o nome de Finados, a ser comemorado no dia 2 de novembro de cada ano, logo após o dia de Todos os Santos.

 

É, portanto, um convencionalismo que, em princípio, não foi determinado que ocorresse nos cemitérios. Só com o tempo é que a prática adquiriu sofisticação e se fez acompanhar com velas e lágrimas, no local das catacumbas e dos mausoléus. Também não possui o culto dos mortos nenhum amparo escriturístico, embora ele se tenha verificado de maneiras

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diversificadas no seio de todos os povos das eras mais remotas.

 

Um dos exemplos curiosos de manifestação do homem diante da morte é mencionado por Heródoto, o pai da História, conforme referência de Almerindo Martins de Castro, em REFORMADOR de novembro de 1950, no artigo intitulado "O Dois de Novembro". Informa Heródoto que na antiga Trácia o falecimento de um ente querido era saudado jubilosamente, em face da significação da morte como uma libertação venturosa; enquanto isso, o nascimento de uma criança era recebido com lágrimas de tristeza, tendo em vista as possíveis provações a que deveria estar destinado o recém-nascido.

 

O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus (Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne depois que o Espírito o abandona.

 

 Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser vencido seria a morte. Isto é, quando os homens estivessem em condição de compreender o verdadeiro sentido da vida, deixariam de ver na morte uma inimiga, uma vez que não existe morte. O que se habituou o homem a chamar morte nada mais é do que o afastamento do Espírito do corpo carnal. Temos a convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que o dois de novembro será comemorado nos templos religiosos e com elucidações evangélicas.

Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e muito mais consentânea com sociedades mais esclarecidas e religiosamente bem formadas. Há duas

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razões para assim pensarmos. Em primeiro lugar, já o dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo mas do Espírito. E, em segundo lugar, não é nos cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para recebimento das preces que, em seu favor, devem ser proferidas.

 Os cemitérios são os laboratórios de transformação das vestes carnais das almas que as abandonaram. Os cemitérios devem ser visitados, sim, como um ambiente de respeito se ali vamos em acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso Criador e Pai.

 

 Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que nos lerem, mormente se esta Revista vier a cair em mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge aquele que se deixou perder nos caminhos do materialismo comportamental dos vícios e das paixões e que, assim, esqueceu de Deus, o Pai que nos criou a todos não para a morte mas para a vida eterna.

 Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se espiritualmente. Esses se colocam na posição de mortos-vivos, porque espiritualmente nulos.

Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter nos cemitérios em pranto e oração pelos seus "mortos" é um dever a que temos de submeter-nos por compreensão, mas em hipótese alguma devemos deixar perder-se a oportunidade (quando realmente oportuna) de esclarecer, elucidar e consolar aqueles que sofrem convencidos de que seus entes mais queridos realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o Espírito, agora, está mais vivo do que nunca.

 Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993

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Madrugada Exuberante – Joanna de Ângelis (muito lindo)

A noite esplendente de círios estrelares banhava-se de suave luar, que se refletia sobre as águas tranqüilas do mar espelho. O dia havia sido caracterizado por amena temperatura, enriquecido simultaneamente por incontáveis emoções. Sucediam-se as experiências no convívio com as massas humanas, incessantes, com suas aflições que recordavam ondas contínuas espraiando-se nas areias imensas salpicadas de seixos e conchas variadas. O hinário da Boa Nova era cantado na região por quase todas as bocas, mas, as interpretações variavam de acordo com as necessidades de cada qual. Tinha-se a impressão que os Céus haviam descido a Terra e se fundiram umas nas outras as canções de amor e os lamentos clamorosos, que logo após silenciaram suas vozes desesperadas. Jesus constituía, sem dúvida, o divisor das águas e daqueles dias turbulentos... Os discípulos haviam acompanhado o Mestre durante o aconselhamento a uma desesperada mãe, que Lhe buscara o socorro, face à perda do filho amado que o anjo da morte arrebatara. O desespero da suplicante logo se transformara em tranqüila e dúlcida alegria que lhe colocara luz brilhante nos olhos antes amortecidos pela aflição. Como a morte, sempre, era temida e certamente detestada, utilizando-se da noite harmoniosa, na qual o Amigo parecia aguardar as inquietações dos discípulos, sentado diante do mar ornado da luz da lua, musicada pelos ventos suaves, e pelo espreguiçar das vagas macias nas areias úmidas, formou-se o grupo gentil, cujo silêncio foi quebrado pela voz de João, o jovem que O amava com arrebatamento. Havia uma doce magia no ar, que bailava no velário das sombras salpicadas de pingentes de prata... — Como entender a morte, Mestre querido – indagou o discípulo ansioso – que sempre nos ameaça e apavora? Ante a sua inexorável fatalidade, nossos dias perdem a cor e a beleza, quase tirando-nos a razão de existir. Como entender a hedionda mensageira da sombra? O nobre Guia desenhou tranqüilo sorriso na face banhada pelo argênteo luar, e respondeu com doçura: “A morte não é mensageira da sombra, nem do pavor, mas a missionária da vida imperecível. É a incompreendida intermediária entre Deus e os seres sencientes, encarregada de reconduzir os homens ao verdadeiro lar, após terem encerrado os seus compromissos na escola terrestre. Suavemente ou mediante ação abrupta, sem agressão nem receio, convoca reis e vassalos, mendigos e poderosos, crianças e anciãos, sadios ou enfermos ao despertar do sono fisiológico, fazendo-os volver ao país da consciência desperta, ao Grande Lar. Portadora de alta responsabilidade, apresenta-se com a mesma nobreza a todos os seres, desvestindo-os das pesadas roupagens da ilusão, para a vivência da realidade inevitável. Sem o seu árduo trabalho a vida não teria qualquer sentido e o corpo se decomporia durante a existência, que se alongaria sem limite com tormentos inimagináveis... Para

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uns, todavia, é a misericórdia que chega em momento máximo, para outros, trata-se da libertação do cativeiro. Alguns a tomam como cruel inimiga, enquanto diversos a odeiam com rebeldia. Não obstante, impávida, faz-se instrumento da Vida para a grandeza do ser indestrutível. — E o sofrimento, Senhor, que ela impõe – voltou, à carga, o discípulo receoso -, não dilacera a alma daqueles que ficam?! Morrer, afinal, dói? O incomparável Benfeitor alongou o olhar pela noite feliz, e após breve reflexão, elucidou: — A Casa de meu Pai tem infinitas moradas. Cada flor de luz que brilha ao longe é um pouso feliz que nos aguarda, após, vencidas as batalhas terrenas. Para alcançá-lo é necessário descer aos vales humanos nas roupas densas da matéria, a fim de tecer as delicadas asas de luz que nos erguerão aos seus planos quase divinos. Sem a morte compassiva e misericordiosa, isso não seria possível. Passo a passo, o viajante vence as distâncias no mundo físico. Da mesma forma, graças à morte-vida, à vida-após-a-morte desaparecem os abismos que medeiam entre os sublimes lares que voam na amplidão e a pequenina Terra onde nos encontramos. Silenciando novamente por breves segundos, com específica entonação de voz, prosseguiu: — Morrer não dói. O desprendimento é suave para os justos e inquietante para aqueles que são portadores de consciência culpada. O trânsito que leva à liberdade entre o cárcere e o horizonte largo, sem barreira, é sempre rico de expectativa e não de sofrimento. A marcha, porém, de cada qual, é resultado da conduta vivenciada no período do cativeiro. Quem considera o corpo como a única realidade, sofre decepção e angústia, medo de o abandonar e apego à forma em decomposição, fenômeno que se alonga por largo período, enquanto dure a alucinação. No entanto, quem o utilizou como educandário de iluminação para o espírito, deixa-o, qual borboleta ditosa que abandona o casulo pesado para flutuar na leve brisa do dia... A morte após o dever cumprido transforma-se em madrugada iridescente, que é o pórtico da imortalidade ditosa, onde o amor inunda o recém-liberto de alegria, sem dor nem saudade da caminhada terrestre. É necessário viver de maneira que a morte lhe signifique prosseguimento, sem qualquer interrupção, conduzindo o ser no rumo da plenitude, da paz inefável. Fez novo silêncio repassado de emoção, que igualmente dominava os ouvintes, logo dando continuidade: — Eu vim para que todos tenhais vida em abundância no meu reino, que se amplia além das fronteiras da morte. Sem ela, não o alcançareis. Superando os desafios e vencidas as paixões, o ser se sutiliza e passa a habitar em mundo feliz, sem angústia ou ansiedade alguma.... A fim de o conseguir, torna-se indispensável que o amor e o dever diluam as sombras da ignorância que encarceram nas masmorras da carne o desavisado, sem permitir-lhe os vôos libertadores que anela realizar. Quando se calou, os amigos tinham lágrimas que não se atreviam a descer da comporta dos olhos. Saudades de seres amados e gratidão pelo que lhes haviam oferecido, esperanças de vitórias futuras sobre as pesadas algemas dos desejos, das falsas necessidades e sonhos de felicidade, mesclavam-se nos seus sentimentos, e eles entenderam que o corpo é meio, é veículo de condução, mas o Espírito é o imperecível instrumento do Pai Criador, que nos aguarda nos penetrais do Infinito, e que a morte libera da injunção penosa. A noite harmônica e perfumada, então dominada pelo lucilar dos astros e as ânsias da Natureza, insculpiu no ádito daqueles corações a mensagem da imortalidade, enquanto o Mestre os preparava para a madrugada resplandecente do futuro reino dos Céus.

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(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 14 de março de 2001, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)(Jornal Mundo Espírita de Junho de 2001)    A Importância Em Ser Pequeno - Amélia Rodrigues

- Que vínheis discutindo pelo caminho? – Indagou sereno, Jesus, aos amigos, que chegaram esfogueados e suarentos à casa de Simão, filhos de Jonas, o pescador, onde os aguardava.Tomados de surpresa, os discípulos aturdidos entreolharam-se, sem coragem de responder.Eles conviviam com o Mestre, mas não O conheciam; partilhavam as Suas idéias, porém não haviam penetrado na sua profunda lição; ouviam, deslumbrados, os anúncios do reino de Deus, e permitiam-se anelar pelos triunfos humanos. Homens simples e toscos, comportavam-se, às vezes, como crianças desatentas em relação aos deveres, entregando-se a contendas inúteis e pelejas rudes por questões irrisórias...Assim sempre eram admoestados carinhosamente, mas com energia pelo Amigo, que lhes trabalhava o amadurecimento espiritual. A jornada que ali encerravam, havia sido traçada com segurança, significando-lhes o primeiro desafio a enfrentar, como preparação para os dias porvindouros. O Mestre aguardava-os com a habitual generosidade, feita de misericórdia e de compaixão. Amava-os com dúlcida ternura. Entregara-se-lhes com dedicação total, embora sabendo das suas dubiedades e dificuldades interiores. Por isso, convocara-os para o ministério, reconhecendo-lhes todos os problemas emocionais e debilidades morais. Alguns eram Espíritos nobres, que se emboscaram no corpo, que lhes amortecia a elevação, a fim de O seguirem, espalhando a Notícia...As suas inexperiências facultavam aprendizagem mais segura para os testemunhos do futuro. Por tal razão, tateavam nas sombras dos labirintos da insegurança até encontrarem o caminho que iriam percorrer com invulgar grandeza de alma. Não, porém, naqueles momentos iniciais. Arrancados das fainas simples e repetitivas do cotidiano monótono, a súbita mudança não conseguiu alçá-los de imediato à altura correspondente. Esse resultado se faria, somente, a pouco e pouco. É sempre assim que se dá o amadurecimento moral, que faz do pigmeu um gigante e do ser simples, que a fornalha do sofrimento modela, um verdadeiro herói.

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Aquele era o material humano disponível para a construção da Era do Espírito Imortal e se tornava necessário trabalhá-lo com carinho e firmeza. A pergunta permaneceu no ar, sem resposta. A princípio, sentiram-se constrangidos, embaraçados. Deram-se conta da pouca importância da questão do debate, mas constatavam novamente o poder de penetração do Mestre no insondável dos seus pensamentos e atos.Por fim, vencendo o conflito, sem agastamento, responderam alguns:- Vínhamos discutindo em torno de quem de nós era o maior, o mais amado, o de importância mais significativa.“Todos reconhecemos que João é distinguido pelo vosso amor; Pedro é merecedor da mais expressiva confiança; Judas guarda as moedas e se encarrega do controle das nossas modestas finanças... E os demais? Que somos e que papel desempenhamos no grupo? “Afinal, qual de nós é o maior?”Certamente se sentiam contristados pela disputa, mas como houve-a, era justo serem honestos, libertando-se das dúvidas.Jesus envolveu-os na luz da compaixão, e com a sabedoria habitual, respondeu-lhes:- O grão de mostarda, menor e mais insignificante que qualquer outra semente, reverdece com o mesmo tom o solo abençoado pelo trigo vigoroso. A bolota do carvalho desenvolve a árvore grandiosa que nela jaz, assim como o pólen quase invisível de todas as flores se encarrega de transmitir beleza e perpetuar a espécie em outras plantas... Todos são importantes na paisagem terrestre.“O grão de areia se anula ante outro para construir a praia imensa que recebe o carinhoso movimento das ondas arrebentando-se no seu leito reluzente.“Tudo é importante diante de meu Pai, não pela grandeza, mas pelo significado de que cada coisa se reveste para a utilidade da vida.“Entre os homens, o maior é sempre aquele que se esquece de si mesmo, tornando-se o melhor servidor, aquele que não se cansa de ajudar, que se encontra sempre disposto para cooperar e servir sem outra preocupação, qual não seja a de beneficiar... Quem se apaga para que outro brilhe, torna-se o combustível, sem o qual a luminosidade desaparece. “Há uma grande importância em ser pequeno, graças a cuja contribuição se apresenta o conjunto grandioso.”Fez um oportuno silêncio, a fim de ensejar aos amigos maior reflexão para que nunca mais se esquecessem do enunciado, e prosseguiu: - Aquele que, dentre vós, desejar ser o maior, o mais importante, o mais amado, torne-se o melhor servidor, o mais atento amigo, sempre vigilante para ajudar e desculpar, porque esse, sim, fará falta, será notado quando ausente, se tornará alicerce para a construção do edifício do Bem.No silêncio que se fez natural, os viajantes dispersaram-se pelas diversas peças da casa de Simão, enquanto lá fora, o Sol de verão dardejava os seus raios de fogo sobre a terra que se abrasava.· Lucas 9-46.Nota da Autora espiritual

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ESTAMOS EM PAZ – Francisco C.

Xavier

Rujam as tempestades em torno do teu caminho, tranqüiliza o coração e segue em paz na direção do bem.Não carregues no pensamento o peso da aflição inútil.

Refugia-te na cidadela interior do dever retamente cumprido e entrega à Sabedoria Divina a ansiedade que te procura à feição de labareda invisível.

Se alguém te acusa, aquieta-te e ora em favor dos irmãos desorientados e infelizes.

Se alguma circunstância te contraria, asserena tua alma e espera que os acontecimentos te favoreçam.Lembra-te de que és chamado a viver um só dia de cada vez, sempre que o Sol se levante.

E por mais amplas que te façam as possibilidades, tomarás uma só refeição e vestirás um só traje de cada vez nas tarefas de cada dia.

Embora te atormentes pela claridade diurna, a alvorada não brilhará antes da hora prevista, e embora te interesses pelo fruto de determinada árvore, não chegarás a colhê-lo, antes do justo momento.A pretexto, porém, de garantir a própria serenidade,não te demores na inércia.Mentaliza o bem e prossegue na construção do melhor, como quem sabe que a colheita farta pede terra abençoada pela chuva.Sejam quais forem as tuas dificuldades, lembra-te de que a paz é a segurança da vida.Não nos esqueçamos de que, na hora da Manjedoura, as vozes celestiais, após o louvor a Deus, expressaram votos de paz à Terra, e depois da ressurreição, voltando, gloriosamente, ao convívio das criaturas, antes de qualquer plano de trabalho, disse Jesus ao discípulos espantados:"A PAZ SEJA CONVOSCO".

    

Bem-aventurados os aflitos

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Que as bênçãos do Alto caiam sobre vós. Falar-vos-ei hoje sobre o assunto tratado no estudo do Evangelho: os motivos de resignação. Desde que o Mestre Francês desceu ao orbe com a missão de trazer aos homens uma nova visão de vida, as interpretações dos textos bíblicos ficaram mais acessíveis às pessoas comuns. O capítulo das bem-aventuranças é um trecho dos Evangelhos que demanda uma maior sabedoria para ser compreendido em espírito. A Doutrina Espírita trouxe a chave do entendimento explicando a razão do sofrimento e a necessidade da alma passar pelas experiências dolorosas na matéria, se houver a necessidade do resgate das suas dívidas. A lei de causa e efeito explica todas essas questões alusivas à maioria das situações de dificuldades pelas quais o Espírito passa. A reencarnação coroou esta realidade.

Quando o homem sofre sem saber a razão, suas amarguras são centuplicadas e exacerbadas pela revolta e sensação de impotência diante dos fatos que a ele parecem intermináveis. A dor que experimenta lhe parece injusta e se pára para pensar em seus problemas, logo culpa a Deus por não dar-lhe a devida atenção. Entretanto se tem em si o sentido da imortalidade da alma e principalmente se acreditar na transitoriedade de tudo, logo antevê naquele sofrimento uma forma de se libertar-se de sua prisão no futuro.

Se examina a própria consciência com sincera humildade, quase sempre encontra lá a razão de suas dificuldades. Não se amargura diante das provas porque vê nelas uma válvula de escape para o gozo de uma felicidade em dias futuros. Se é atingido por uma injúria ou por qualquer situação que lhe exija maturidade para suportar, logo evoca suas convicções na assistência espiritual que a Providência Divina vos premia a todo instante. Portanto, este homem experimenta a felicidade, mesmo nas situações de sofrimento porque compreende que as suas aflições têm uma razão de ser e que quanto maior a doença mais amargo será o remédio. Para uma grande falta, uma grande correção.

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Bem-aventurados, portanto, são os aflitos que bem suportarem as suas provas com resignação, pois em breve estarão livres de suas amarras terrenas e poderão viver na vida verdadeira em companhia dos justos e dos felizes que um dia passaram pelas mesmas dificuldades de compreensão.

Lutai, pois, caros irmãos, para terem com urgência o fio da verdadeira sabedoria que vos foi trazida por Allan Kardec, a fim de que possais adentrar no Reino dos Céus, que está reservado aos que souberem fazer bom uso das oportunidades oferecidas pelo Pai Celestial. Colocai em vossos corações as doces palavras do Mestre Maior, quando vos chama com extrema compaixão: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração porque o meu jugo é suave e meu fardo e leve”. - João de Arimatéia

Espírito: João de Arimatéia

Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec

São Luís – MA

COMPANHIA DO AMORSomente vive acompanhado realmente, aquele que ama.*O amor, à semelhança do conhecimento, é um tesouro que mais se tem quanto mais se reparte.*Ninguém fica em carência quando ama, quando ensina.*O amor, é igual a um espelho que reflete aquele que ama e, ao infinito, reflete todas as expressões de vida pujante.*Não obstante as experiências do amor são solidárias, por isso que, ao expandir-se, primeiro felicita a quem o irradia, sem que tenha a pretensão de colher o retorno.

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*Na área do amor, quanto em todos os campos da ação nobre da vida, é necessário primeiro dar, a fim de um dia receber.*O amor é, por conseqüência, o mais precioso investimento até hoje conhecido.Antes que dê os resultados a que se propõe, produz, no nascedouro, as excelências de que se reveste: bem-estar, paz e alegria.*O amor não se queixa, não se impõe; é paciente e promissor.Apesar de todos os seus predicados, não impede que o homem experimente os métodos que propiciam a evolução, dentre os quais o sofrimento, em forma de testemunhos, assim logrando atrair os indecisos e inseguros.*Ninguém deve temer a experiência gratificante de amar, não se deixando impedir pelos obstáculos que se levantam de todo lado.*Dize uma palavra gentil a alguém; expressa solidariedade com um gesto a outrem; coopera com um sorriso cordial em qualquer realização digna...*Demonstra vida e sê afável com todos. Far-te-á um grande bem o ato de amar. Não aguardes, porém que os outros te compartam as dores e provas, que são sempre pessoais, intransferíveis.O melhor amigo e mais caro afeto, por mais participem da tua aflição, não conseguirão diminuir a sua profundidade e crueza.*Uma chama pintada, por mais perfeita, jamais terá o poder de atear o incêndio que uma insignificante fagulha produz.*Na cruz, Jesus estava acompanhado por dois delinqüentes. No entanto, cada um dos crucificados experimentava emoção própria...*A bala que vitimou Gandhi, alcançou-o, embora a multidão que o cercava.*O veneno que Sócrates sorveu mataria qualquer um, todavia ele o tomou a sós.*Os estigmas em Francisco de Assis, provocavam comoção em todos, mas ele os sofria em solidão.*O processo de ascensão libertadora é pessoal...*Há os que carregam cruzes invisíveis, cercados de amigos e solitários na dor.*Ama, desse modo, a fim de que se faças solidário com esses corações solitários que avançam no rumo da felicidade, por enquanto sofridos

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e amorosos ou carentes e necessitados.*Sê tu aquele que ama e nada espera, felicitado pelo próprio amor que de ti se irradia abençoado.

(De “Viver e amar”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

 

 

 

CONQUISTAR E CONQUISTAR-SE Emmanuel

"Não procures os cimos do mundo ao preço de mentira e astúcia, porque ninguém trai os imperativos da vida."

Conquistar não é conquistar-se.

Muitos conquistam o ouro da Terra e adquirem a miséria espiritual.

Muitos conquistam a beleza corpórea e acabam no envilecimento da alma.

Muitos conquistam o poder humano e perdem a paz de si mesmos.

Necessário que o espírito se acrisole na experiência e na luta, valendo-se delas para modelar o caráter, senhoreando a própria vida.

Para possuirmos algo com acerto e segurança, é indispensável não sejamos possuídos pelas forças deprimentes que nos inclinam sentimento e raciocínio aos desequilíbrios da sombra.

Indubitavelmente, todos podemos usufruir os patrimônios terrestres, nesse ou naquele setor do

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cotidiano, mas é preciso caminhar com sabedoria para que o abuso não nos infelicite a existência.

É por isso que sofrimento e dificuldade, obstáculo e provação constituem para nós preciosos recursos de superação e engrandecimento.

Todos os valores externos concedidos à personalidade, em trânsito no mundo, são posses precárias que a enfermidade e a morte arrancam de improviso, mas todos os valores que entesouramos no próprio ser representam posses eternas que brilharão conosco, aqui e além, hoje e amanhã. .

Na esfera espiritual, cada criatura é aproveitada na posição em que se coloca  somente aqueles que conquistaram a si mesmos, nos reiterados labores da educação, através do suor ou da lágrima, do trabalho ou da lágrima, são capazes de cooperar na extensão do amor e da luz, cujo crescimento na Terra exige, invariavelmente, o coração e o cérebro, as ações e as atitudes daqueles que aprenderam na lei do próprio sacrifício a conquista da vida imperecível.

"Reflete naquilo que te falam, antes de te entregares psicologicamente ao que se te diga. . ."

 Psicografia de Francisco Cândido Xavier

   

"... Se eu aceito o sol, o calor e o arco-íris....preciso aceitar também o trovão, o raio e a tempestade..."

Gibran Khalil Gibran 

 

 

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          NOTAS BREVES

Não perca tempo

Não fuja ao dever

Respeite os compromissos

Sirva quanto possa

Ame intensamente

Trabalhe com ardor

Ore com fé

Fale com bondade

Não critique

Observe construindo

Estude sempre

Não se queixe

Plante alegria

Semeie paz

Ajude sem exigências

Compreenda e beneficie

Perdoe quaisquer ofensas

Atenda à pontualidade

Conserve a consciência tranquila

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Auxilie generosamente

Esqueça o mal

Cultive sinceridade, aceitando-se como é e acolhendo os outros comos os outros são, procurando, porém, fazer sempre o melhor ao seu alcance

Espírito André Luiz

                              Livro :"Sinal Verde"

                                                    (psicografia :Francisco C. Xavier)

 

FONTE: Carlos Eduardo Cennerelli