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Nº 59 - Julho / Setembro de 2016 boletim da FRATERNITAS MOVIMENTO Encontro de Formação 2 Cartas / Tesouraria 3 Celibato dos padres: sim ou não, eis a questão 4 Testemunho / Breves 5 Ecos do Encontro de Viseu 6-7 "Tudo como dantes, Quartel-general em Abrantes" 8 Carta ao Papa e ao Episcopado Católico 8-9 In Memoriam... Fernando Rodrigues Ribeiro Vidas da VIDA de Fernando Ribeiro 11-10 O meu testemunho 12-10 P enso que todos nos recordamos de um slogan do Instituto de Socorros a Náufragos que dizia isto: "Há mar e mar, há ir e voltar! " Consoante as nossas idades assim os ecos e a profundidade que aquelas palavras deixaram em nós. Têm a ver com as férias, esse tempo e esse espaço tão essenciais ao nosso entendimento como pessoas à descoberta constante da vida e do seu sentido ao jeito de Jesus Cristo. São, por isso, preciosas, para partilharmos com aqueles que mais amamos e mais nos amam; um S.O.S. (Save Our Souls) no sentido original anglo-saxónico da expressão. "Salva as nossas almas!" Trata-se daquele grito que, em nós, sempre teima em fazer-se ouvir no código morse que acompanha a nossa caminhada terrena. A gratidão presente é aquela atitude que podemos cultivar (sem custos para o utilizador) em todos os momentos, sobretudo em férias. É, ou pode ser, uma tensão libertadora entre o passado e o futuro, tal como as ondas que se transformam em espuma ao

Espiral 59

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Nº 59 - Julho / Setembro de 2016b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O

Encontro de Formação 2Cartas / Tesouraria 3Celibato dos padres: sim ou não, eis a questão 4Testemunho / Breves 5Ecos do Encontro de Viseu 6-7"Tudo como dantes, Quartel-general em Abrantes" 8Carta ao Papa e ao Episcopado Católico 8-9In Memoriam... Fernando Rodrigues RibeiroVidas da VIDA de Fernando Ribeiro 11-10O meu testemunho 12-10

P enso que todos nosrecordamos de um slogando Instituto de Socorros a

Náufragos que dizia isto: "Há mar emar, há ir e voltar!" Consoante asnossas idades assim os ecos e aprofundidade que aquelas palavrasdeixaram em nós.Têm a ver com as férias, essetempo e esse espaço tão essenciaisao nosso entendimento comopessoas à descoberta constante davida e do seu sentido ao jeito deJesus Cristo.São, por isso, preciosas, parapartilharmos com aqueles que maisamamos e mais nos amam; umS.O.S. (Save Our Souls) no sentidooriginal anglo-saxónico daexpressão."Salva as nossas almas!" Trata-sedaquele grito que, em nós, sempreteima em fazer-se ouvir no códigomorse que acompanha a nossacaminhada terrena.

A gratidão presente é aquelaatitude que podemos cultivar(sem custos para o utilizador)

em todos os momentos, sobretudoem férias. É, ou pode ser, umatensão libertadora entre o passadoe o futuro, tal como as ondas que setransformam em espuma ao

rebentarem na praia.Aproveitando esta última "onda" degratidão, louvo o sucesso doEncontro Regional de Viseu. A todosquantos organizaram, acolheram eparticiparam o meu (e o nosso comoDirecção) bem hajam.Precisamos de mais e melhorFraternidade na medida das nossaspossibilidades; e necessitamosigualmente agradecer o caminho quetemos feito! Bem hajam, uma vezmais! A todos!

E a nossa caminhada continua.No próximo mês de Outubro,iremos ter o nosso Encontro

de Formação em Gaia, nosRedentoristas, tendo como leme,digo, lema "Os Ministérios", hoje tãoprecisados de reflexão e de acçãorenovadas em Comunidades que sedesejam profundamente emcaminho de amadurecimentoiluminado pelo Evangelho.Boas férias e/ou bom trabalho!Abraços e beijinhos

Luís Carlos, Ana Martae Simão Pedro

ENCONTRO DE FORMAÇÃOData: 14 a 16 de Outubro de 2016Local: Seminário de Cristo-Rei – Vila Nova de GaiaTema: Os Ministérios

Orientador: Padre RUI SANTIAGO, CSSRInscrições: Secretariado da Fraternitas até ao dia 30 de Setembro

Depois das férias, no início de Setembro, seguirá informação mais pormenorizada sobre esta im-portante actividade, para a qual te pedimos reserves já espaço na tua agenda e no teu coração.Essas informações referir-se-ão a preços (custos de inscrição e de estadia), programa do Encontro,indicações de chegada e outros considerados indispensáveis.Contando com todos, pedimos o favor de também irem divulgando e motivando para esta iniciativado nosso Movimento.

TESOURARIAPagamento de quotas

Qualquer assunto referente a quotas, ou que envolva qualquerpagamento, deve ser endereçado para o Tesoureiro:José Alves RodriguesRua Campinho Verde, 15 = 4505-249 FIÃES VFRTelf: 220 815 616 / Tlmv: 966 404 997Conta para depósitos ou transferências bancárias:NIB 0033 0000 4521 8426 660 05 (Millennium BCP)

Meu caro Amigo Alberto,Paz e Bem!Antes de mais, muitoOBRIGADO.Acabo de abrir e ler, de umaponta à outra, o ESPIRAL quegentilmente me enviaste e onderevejo a tua mão. Bem-hajas.Aqui pulsa, mesmo, a vossaVIDA! E é o melhor que possodizer, penso eu. Pois um boletimdestes interessa, principalmente,como elo, ponte, mesa, lareira,aliança, fonte... onde se possamREencontrar em cada passo paramanter vivas as referênciasmútuas e comuns. E tambémrio, jardim, galeria, montra dasvossas realizações e dos vossossonhos sempre inacabados.Já se nota A TERNURA DOS 20— o que, no vosso caso, bempode corresponder à dos 40, poistantos anos de esperança, luta epersistência merecem sercontados a dobrar.Eu, que aprecio os símbolos e osgestos, mais que as palavras,

É um livro de cânticos para aLiturgia(missa).Todos os92 cânti-cos sãooriginais.Há umbónus de 2cânticosnuma folha solta (Credo -profissão de fé baptismal e o o"cântico baptismal")! Tem,além disso, o CD.Está o nosso Olindo Marquesde parabéns!Resumindo: Cantate, Laudate!2.ª Edição revista e aumentada+ CD com melodias lineares92 + 2 à parte83-84 páginasPreço: Livro+CD+portes: 10€(dez euros)e-mail de contacto do Autor:[email protected]

"Esta é a minha esposa, N." eacrescentou com um sorriso: "Sou umhomem de sorte, não sou?" Eu disse-lhe:"Claro que é." Quando fui para casa eme deparei com a situação, pensei: "Mas

estremeci com a "ternurinha" daestola dobrada ao ombro —deles e delas. Mas, como gostomuito mais das obras e da vida,fico à espera de que um dia aspossam desdobrar e com elascubram, de novo, os doisombros que já transportarammuitas ovelhas perdidas, cruzese molhos de espigas.Junto-me aos Associados nº 1:Ámen! Aleluia!

OBRImorGADOCaro Osório de CastroPela presente, agradeço o enviodo nº 58 do Espiral, que tambémacabo de receber em suporte depapel.Cordialmente.

Bispo António MontesMuchas gracias por vuestroenvío.Un abrazo.

Ramón Alario Sánchez(conclusão da pág. 9)Carta ao Papa e ao Episcopado que raio? Pelo simples facto de não ter

nascido onde ele nasceu, ele pôde casare eu não." Foi neste momento que avocação sacerdotal é uma vocaçãodentro de outra que não implicanecessariamente ter de existir: a vocaçãoao celibato.h) Por fim, quereria saber seefectivamente há a possibilidade dodocumento ser retrovertido para outraslínguas, no sentido de levarmos odocumento ao âmbito internacional etrabalharmos em uníssono com outrossacerdotes fora do País.Despeço-me pedindo a Deus que, atravésde Jesus, possamos viver com alegriarenovada esta Páscoa da Ressurreição.Um abraço fraterno em Cristo Senhor.

2ª edição

Cantate, Laudate!

"Porque é que os padres não sepodem casar?" Esta é umainterrogação tão velha quanto aexistência dos próprios padres.Durante os primeiros tempos doCristianismo, muitas comuni-dades eram lideradas por homenscasados, a quem era pedido quefossem "irrepreensíveis, espososde uma única mulher, e seusfilhos deveriam ter fé e não seracusados de maus costumes oudesobediência", conforme diz SãoPaulo a Tito na carta que lhe es-creveu. Sabemos ainda pela Bí-blia que Pedro tinha uma sogra, eséculos mais tarde surgiram rela-tos de uma filha. E seria de imagi-nar que muitos dos que seguiramJesus, por terem sido chamadosem idade mais avançada, játivessem família constituída. Noentanto, a Bíblia também nãorefere, em qualquer lugar, queessas famílias acompanharam osApóstolos. "Se Pedro tivesse le-vado a esposa para Roma, se vi-vessem como marido e mulher,numa família muito cristã, comoé que a tradição ia esquecer onome da esposa de Pedro? E omesmo para os outros Apóstolos",questiona D. Nuno Brás, bispoauxiliar de Lisboa e membro daComissão Episcopal da EducaçãoCristã e Doutrina da Fé.Apesar de a disciplina ser antiga

e de remontar aos tempos de JesusCristo, também Ele celibatário, ofacto é que ao longo da Históriada Igreja muitos têm pedido paraque esta se altere, e muitos a têmdefendido com unhas e dentes.Mais recentemente, um congressodo Movimento pelo CelibatoOpcional (MOCEOP), umaorganização espanhola quecongrega muitos sacerdotes quepediram dispensa do voto decelibato e casaram, voltou ainsistir nesta questão.Luís Salgueiro, presidente daFraternitas, uma organização que,em Portugal, congrega sacerdotesque pediram dispensa, esteve pre-sente no congresso e explica queo que se pretende é um "amadure-cimento" das comunidades e uma"abertura da Igreja a novasrealidades, fruto dos sinais dostempos". "A disciplina que existedeve ser tomada na sua devidaconsideração. É um elementoimportante, mas não é fundamen-tal, porque se a disciplina nãoajudar a que o núcleo evangélicoseja conhecido, a disciplina torna--se obstáculo, mais uma barreirado que uma ponte", diz esteresponsável, também ele umsacerdote que pediu a dispensa dovoto de celibato e se casou, man-tendo no entanto uma vida comuni-

tária e de participação na paró-quia.D. Nuno Brás discorda e apontaoutros motivos para justificar estanova tentativa de alteração dadisciplina do celibato. O preladofala de uma "hipervalorização dadimensão sexual na nossa vida"."A publicidade, a música, os fil-mes, as notícias, tudo hiper-valoriza a dimensão sexual. O queé perigoso, porque se está ahipervalorizar uma dimensão que,sendo importante e essencial, nãoé tudo. Nós reduzimos tudo navida à economia e ao sexo. Assimcomo parece impossível que pes-soas ofereçam parte da sua vidavoluntariamente sem ganhar nada,há quem ache impossível umapessoa ser celibatária, porque "éimpossível resistir" a estadimensão sexual. Mas é impor-tante percebermos que assimcomo há gente que faz verdadeirovoluntariado, também há quem fazverdadeiro celibato", explica,acrescentando que "lamenta" quealguns antigos sacerdotes quepediram a dispensa tenham estes"motivos de batalha", quecaracteriza como "autojustifi-cações pessoais de pessoas queforam ordenadas e que a um dadomomento pediram a dispensa docelibato".

CELIBATO DOS PADRES:SIM OU NÃO, EIS A QUESTÃO

Desde o início da História da Igreja que o celibato dos religiosos tem sido disciplina aceite, emboracriticada. O facto de ser disciplina e não doutrina abre a porta à reflexão sobre a real necessidade do votode celibato na ordenação sacerdo-tal. O tema é polémico, e asopiniões dividem-se.

O texto aqui apresentado, e que concluirá no próximo Espiral,foi retirado, com a devida vénia, do site da Família Cristã, de01.06.2016 [http://familiacrista.paulus.pt/celibato-sim-ou-nao-eis-a-questao], da autoria do jornalista Ricardo Perna.

Sou a Cláudia, para muitos conhecida como Nené.Para mim, o meu pai é simplesmente PAI; para os alunos é o professor Sampaio; para muitos, o padreSampaio.Quando me perguntamcomo é ser filha de umpadre casado, respondo queé óptimo! Acho que o meupai deve ter sido um padrecom vocação para tal, quedava resposta a todos osseus fiéis que consideravafilhos. Tê-lo agora só paranós é maravilhoso!E como ele diz, ossacramentos são parasempre; por isso nãoexistem ex-padres, mas simpadres casados. Poderpartilhar isto com outrospadres casados na FRATERNITAS foi um bem, não só para o meu pai, como para toda a família! Assim foicom muito gosto que celebrámos os 25 anos de casados dos meus pais em Fátima, num retiro daFRATERNITAS em 2002 (como o tempo passa...)!Depois disso, já casei e sou agora mãe de 5 crianças!

TESTEMUNHO

NASCIMENTO (I): A Ma-ria Inês, neta do casal Valente,Higino e Maria Emília (Associ-ados nº 46), a residirem emAnsião, nasceu no dia 30 de Se-tembro de 2015! As boas notíci-as parece demorarem a chegar...e, por isso, só agora podemospartilhar o feliz acontecimento.Parabéns aos pais e avós, e mui-tas felicidades para a pequenita!NASCIMENTO (II): A Ce-leste Sampaio (Associada nº 30),redobrou de alegria com o nas-cimento de mais uma neta: a

b r e v e s . . . Maria Clara,filha do Guilberto,bem nosso conhecido, e da Ra-quel (Quelinha), no passado dia2 de Junho! E confidenciou-nosque são os netos (Vicente de 4anos e, agora, a Clara de 2 me-ses), que lhe dão alegria e von-tade de viver.Os nossos sinceros parabéns aospais e avós, com votos de ventu-roso futuro! EM PROVAÇÃO (I): O Gil(Associado nº 80) já regressoua casa, após um internamento deuma semana no CHUC (CentroHospital e Universitário deCoimbra).

Votos de segura recuperação. EM PROVAÇÃO (II):E se adoença vai minando as forças fí-sicas de muitos dos nossos asso-ciados, não é menos certo queCireneus, mesmo fisicamenteafastados, não desistem de tor-nar-se presentes, em amparoainda que vocal, que as teleco-municações permitem.Também a nossa oração não fal-ta.Que a força do Deus Misericor-dioso e o Seu Espíto de Amor nostragam ânimo e força para car-regar a cruz de cada dia, na con-figuração com Jesus Cristo.

página oficial na Internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05 [email protected]

Foi uma verdadeira expe-riência de Igreja doméstica,aquela que ocorreu a nove deJulho, em Viseu.

O espaço, na casa da Eduardae do Luís Cunha, não poderia tersido mais indicado à circunstân-cia. O acolhimento dos anfitriõesfoi primoroso, contribuindo paraavigorar o clima fraterno, que serespirou durante todo o encontro.Aos membros de Viseu juntaram--se aqueles que provinham das dio-ceses de Coimbra, de Lamego, doPorto e de Vila Real.

A eclesialidade do encontroadquiriu uma maior visibilidadecom a presença do bispodiocesano D. Ilídio Leandro,

Convocados por Viseu parauma experiência Fraternitas.

renovação da Diocese, assente naparticipação dos leigos e navalorização de recursos humanos,que têm estado desaproveitados.Manifestou uma comunhão muitoforte connosco e uma genuínaproximidade, que nos sensibilizoumuito.

A convocatória do encontro erailuminada por duas transcrições daExortação Apostólica AmorisLaetitia, que deveriam enquadrara nossa reflexão: "Diz São JoãoPaulo II que os textos bíblicos"não oferecem motivo parasustentar nem a "inferioridade" domatrimónio, nem a "superiori-dade" da virgindade ou docelibato" (A.L., 159); "O celibatocorre o risco de ser uma cómodasolidão, que dá liberdade para semover autonomamente, mudar delocal, tarefa e opção, dispor do seupróprio dinheiro, conviver com asmais variadas pessoas segundo aatracção do momento. Neste caso,sobressai o testemunho das

sobretudo pelo modo como estevepresente: sem qualquer pressa,sem qualquer distância, desejandomais ouvir do que falar, numaatitude genuinamente acolhedora.Acompanhou-nos durante toda amanhã, sem querer fazer qualqueruma daquelas institucionaisintervenções de circunstância,habituais nos membros dahierarquia, em Portugal. Partilhouas suas preocupações com a reno-vação da Diocese, no contexto daprogressiva carestia de presbí-teros. Referiu-se ao trabalho queculminou com a aprovação dasConstituições Sinodais, umaverdadeira carta magna dosprincípios que norteiam a

Num momento de reflexão (vista parcial dos participantes).

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Antóni

o Rega

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[email protected] página oficial na Internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05

pessoas casadas". (Ibid, 162).A elas não se referiu o bispo,

mas o seu conteúdo esteve magni-ficamente presente no testemunhodo casal Glória e Carlos Reis, as-sente na sua profunda convicçãode que "a única vocação do Ho-mem é ser Fecundo e ser Feliz".O Carlos confirmou-nos nestaverdade insofismável: "quer sejaordenado ou não, quer case, ou

O momento da partilha da refeição.

não, quer seja dispensado do votode celibato ou não, a VOCAÇÃOPRIMEIRA de TODO o Cristão,qualquer que seja o seu "estado"tem a ver com a sua condição deBaptizado. Eu pedi a dispensadesse voto de celibato… Mas, nãorisquei da minha vida o meu SIM,QUERO!, dado 15 anos antes". AGlória, por sua vez, acrescentouque os dois se sentem "convocadosa assentar a vida num QUERO!Que é sempre o mesmo -QUERO AMAR! A dois. Sim!Mas… também a muitos! Comoesposos e como pais de filhos do

sangue e da adopção".O contributo da Glória e do

Carlos fez suscitar um animadodebate entre todos, até irmos parao almoço, requintadamente pre-parado pela Eduarda e pelaLucília, num magnífico espaço dojardim exterior. O D. Ilídio asso-ciou-se também a este momentode partilha, numa atitude descon-

traída de verdadeira confraterni-zação, que muito nos sensibilizou.

A parte de tarde foi dedicadaao balanço do encontro e àsinformações, dadas sobretudo pelaindefectível fidelidade da Urtélia,sobre a situação de outrosmembros, que se viram impedidosde estar presentes, sobretudo porcausa do peso dos seus limites desaúde.

As intervenções foram unâ-nimes em considerar que estesespaços são momentos de fecun-didade, que poderão consolidar aconsciência de pertença ao Movi-mento e revigorar o nosso desejode mútua ajuda e de correspon-sabilidade no seio da Igreja.

Manuel António Ribeiro(Associado Nº 42)

O Encontro no jornal diocesano Notícias da Beira- no número 4950, de 7 de Julho, na página 4, foi transcrito o convite para

este Encontro dirigido aos possíveis participantes;- no número 4951, de 14 de Julho, na página 3, Diocese, sob o título

“Encontro de Padres Dispensados”, apresentava-se o seu resumo.Os nossos agradecimentos.

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Antóni

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Antóni

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Parece que está tudo namesma, mas não está!... Comosão diferentes os tempos de hoje(2016) e os que vivemos há 20,30 ou mais anos. O tema "padrescasados" é encarado de formadiferente. Não estamos sós nemisolados!

A confirmá-lo, um e-mail que foirecebido na caixa do correioelectrónico da Direcção daFraternitas, no passado dia 22 deMarço.

Esta missiva gerou troca decorrespondência electrónica en-tre mim, como membro daDirecção, e o autor da mensageme do texto que a acompanhava,cuja identidade se ignora. Maseste facto (anonimato do autor)

"TUDO COMO DANTES, QUARTEL-GENERAL EM ABRANTES"

De: [email protected]: [email protected]: Carta Aberta ao Santo Padre eao Episcopado Católico22 de Março de 2016Caros membros da AssociaçãoFraternitas,Não posso deixar de vos transmitir a vóse às vossas famílias uma palavra muitoamiga e cheia de amizade no SenhorMorto e Ressuscitado. Quem vos es-creve, é sacerdote católico a exercerfunções.O presente documento que vos é enviado,foi elaborado a pensar em vós e no vossocombate. Permiti-me dizer que vós é quesois autenticamente corajosos. Sois-loporque, sabendo de todas as conse-quências que adviriam da vossa opção,fostes corajosos para mesmo assim,seguir em frente e fazer perceber quemais forte do que tudo, é o amor quesentis quer a Deus quer às vossasfamílias. Um bem-haja pela vossacoragem.

não retira, no meu entender,nenhum valor ao seu conteúdo.

Para que os associados quenão estiveram no Encontro deFátima possam conhecer eaprofundar este assunto,transcrevo, a seguir, as principaispeças da troca de mensagenshavida.

Quanto ao texto de que se fala("Carta aberta ao Papa Franciscoe ao Episcopado Católico"), bastaque no-lo peçam e envia-lo-emosaos interessados. O custo é de4,00€ (quatro euros) parapagamento de despesas deduplicação e envio do documentovia CTT.

Este tempo que se aproxima,de férias, de descontracção, pode

ser uma boa oportunidade parareflectirmos um pouco mais sobreesta situação na Igreja queamamos: o vínculo criado entre avocação ao ministério ordenadoe o celibato, ou, dito de outraforma, a incompatibilidade entre avocação ao matrimónio e avocação ao presbiterado. O meusaudoso confrade e iminentemoralista, Bernhard Häring, aindaacrescenta a questão da "exclu-sividade masculina" no serviçopresbiteral. Veja-se, por exemplo,o texto daquele autor: "VocaçõesMinisteriais: prognósticos para ofuturo"(in: https://docs.google.com/file/d/0Bz4WkxIIWaxDTHhJT3M4ODFWLVk/edit).

O mesmo documento que vos é enviado,será expedido para Roma. Alguém temde dar um passo em frente e combater aletargia que se sente ante a presente situa-ção. Esta "Carta Aberta" aborda a proble-mática do Celibato sob diversos prismas,entre eles, alguns elementos de carácterTeológico, Sacramental e Moral novos,que até agora não se viram ser utilizadoscomo argumentação para apresentar no-vos rumos à Igreja sobre este tema tãoactual. Existem vários antagonismos —como ireis perceber — em toda a situaçãoe a forma como foi abordada ao longodestes tempos.Lede o documento com atenção, creioque valerá a pena.No entanto, peço a vossa colaboraçãopara o seguinte:a) Oração para que o documento possaefectivamente chegar às mãos do SantoPadre;b) Compreendo que não queirais ir paraa "frente de batalha", como tal, pedimosapenas que nos ajudeis na retroversãodo documento para outras línguas de

forma para que possa chegar o maispossível aos membros do episcopado domundo inteiro, isto é, criar a necessidadede levar este tema à mesa dos preladose, subsequentemente do Santo Padre.c) Que alguns possam acrescentar o quefoi o testemunho da sua cruz, do seusofrimento. Ainda que sejam testemunhosapresentados de forma anónima, serãoimportantes, para que, efectivamente oSanto Padre possa compreender osofrimento humano por detrás do "pedirdispensa".d) Creio que teremos, deste modo, e aindadurante o Pontificado do Papa Francisco,motivos para não deixar que o assunto"morra na praia" e se possa debater deforma séria, frontal e sem tabus estaquestão, de modo a que a Igreja — que ée deverá ser sempre Mãe — possa olharpara o sofrimento dos seus filhos.Ainda que eu não me identifique, crede--me unido a vós. Sou Sacerdote Católicocomo vós e nada me daria mais alegriaque ver alguns dos seus melhores filhospoderem de novo subir ao altar, com a

alegria renovada, para celebrar aEucaristia.Peço no entanto, sigilo, de forma a quenão possa haver contratempos nesteprocesso, peço muita oração e, nestetempo da Paixão do Senhor que cele-bremos o autêntico Amor Divino que oSenhor tem por todos nós, Amor esse quese traduz de muitas maneiras e modos.Que Deus vos abençoe.

De: [email protected]: [email protected] de Março de 2016Boa noite, Irmão Presbítero!Saúde e paz!Não pretendo (pelo menos por agora eenquanto o não queira revelar) saber emconcreto com quem estou a dialogar. Maso mais importante é a substância, e nãoos acidentes...Estou a escrever-lhe porque, comomembro da Fraternitas e da actualDirecção, tomei conhecimento do textoque nos enviou. Sou também oresponsável pela edição do boletimEspiral.Para já, apenas queria saber o seguinte:porquê só agora no-lo enviou, se omesmo data de Janeiro de 2015 (dia 13),isto é, passado mais de um ano?Depois, como o considero sério e commuita substância, entendo que odeveríamos divulgar entre os Associadosda FRATERNITAS, mas, como tambémpede sigilo...Agradeço nos comunique o que preten-de e o que podemos fazer.Em breve (de 29 de Abril a 1 de Maio)teremos o nosso Encontro Nacional(anual) em Fátima. Poderia ser interes-sante que quisesse participar... Mas láiria o seu sigilo quanto à sua identidade...Fico a aguardar notícias suas.Um grande e fraterno abraço

Alberto Osório

De: [email protected]

Para: [email protected] de Março de 2016Boas noites caro Irmão noPresbiterado,Em primeiro lugar peço sincerasdesculpas, dado o lapso de tempo entre adata descrita no documento e a data doenvio. De facto há um lapso. Existem noentanto, vários factores:a) Primeiro corresponde ao facto de quefoi essa a altura em que o documentocomeçou a ser redigido. E entre trabalhospastorais e situações de vida, houvealgumas alturas em que o documentoesteve em stand-by e não avançou.b) Segundo, corresponde também aotempo de oração. Este documento foimuito "rezado", ponderado e reflectido.Surgiu numa altura conturbada paraalguns sacerdotes da Diocese a quepertenço, e que, na sua situação, come-cei a debruçar-me seriamente sobre otema. Entre esses sacerdotes, está o meuantigo Pároco que pediu dispensa e quefoi dos tais sacerdotes que nunca maisquis saber da Igreja. Recentemente, sou-be também da situação daquele Diáconode Vila Real que pediu dispensa e de tudoo que o rapaz sofreu. Foi isso que meanimou a avançar.c) Terceiro, o sigilo prende-se com o factodas repercussões que possam surgir anível de "Fraternidade Sacerdotal" naminha Diocese. Existem Sacerdotes queaté pensam um pouco como eu maspreferem manter-se calados. No entanto,o sentido do sigilo prende-se com o factode também — e confesso — salvaguar-dar-me um pouco. O objectivo era queconjugássemos o maior número neces-sário de Presbíteros — seja dos quepediram dispensa seja dos que aindaexercem funções — para levarmos, porum lado, o Episcopado a reflectir e poroutro, o Santo Padre — que está abertoao diálogo sobre o tema — a não deixarcair o mesmo tema no esquecimento.Nesta altura, entre os sacerdotes quesubscrevessem, eu estaria lá, como umirmão entre irmãos que sou, dando apoio

naquilo que fosse possível e que aHumana Fragilitas permita. Como édeixado transparecer no documento,pretende-se que este seja um gritocomum e não apenas meu.d) Peço desculpas pelo avançado da horana minha resposta, mas a adoração aoSantíssimo na minha Paróquia terminouhá bocado. Missa da Ceia do Senhor e aseguir os diversos movimentos daParóquia tiveram um tempo de adoração.e) O sigilo não se prende quanto aodocumento em si, mas o anonimato (pelomenos por agora) quanto a quem oescreveu. É difícil para mim, enquantoPadre novo e a balbuciar os primeirospassos no Ministério, conseguir assumirde caras com a questão. Por isso, e sa-bendo que o documento reflecte mesmoaquilo que outros não têm a coragem nemde pôr no papel, mas que pensam damesma forma, acaba por ser um mote,um motor de arranque para que a questãoseja levada para a mesma e reflectidapor quem de direito. Por isso, da minhaparte, teria todo o gosto que o documentopudesse ser publicado na sua totalidadeou em parte, como vos aprouver damelhor forma e nisso deixo a maior dasliberdades.f) Quanto ao encontro em Fátima, teriatodo o gosto de estar presente, mas — ecreia-me que assim é, caro colega — ostrabalhos pastorais não me permitirãoestar presente. No entanto, não invalidaque um dia, não possamo-nos encontrarfalando pessoalmente. Mas como disse,nessa altura do "campeonato" é compli-cado, pois não tenho quem me substitua.g) Um dia, um sacerdote greco-católicoveio celebrar um casamento em línguainglesa na minha paróquia. Eu cumpri-mentei-o apresentando-me como Pároco.Ele vinha acompanhado de uma senhora.Vinha identificado com clergyman. Eledisse-me: "Olá, eu sou o Padre N. e venhocelebrar o casamento de N. e N." Eudisse-lhe: "Olá, eu sou o Padre N. e sou oPároco daqui." Depois ele disse-me:

(conclui na pág. 3)

Eu posso dizer que os meustrês filhos e todas as outrascrianças viram um filme pelaprimeira vez nas suas vidasmostrado pelo nosso padre, nasacristia da Igreja Paroquial, nofim da catequese semanal. Isto eraum luxo, não para todas as crian-ças desse tempo, mas, para osmeninos de cá. Outro miminhopara as nossas crianças, propor-cionado por ele, foram as excur-sões. Isso era algo que assustavaalguns pais (deixarem as criançasviajarem sozinhas) sem as suascompanhias, mas o jeito do padreFernando para convencer os paismais medrosos surtia os seusefeitos e então as nossas criançastinham um dia diferente viajandonum autocarro onde muitos nuncase tinham sentado. Convidoudepois os miúdos e miúdas paraformarem um grupo de escuteirose tudo estava a correr muito bematé ao dia em que os pais foramchamados a comprarem asrespectivas fardas e então comoeram já bastante dispendiosaspara as posses da maioria dospais, acabou assim esse seu sonhoque tinha tudo para dar certo -eram os sinais dos tempos difíceisque se viviam então.

Quando soube que tinha havidouma Banda em Vila Nova doCeira e não sei porque razão tinha"morrido" há alguns anos, tentoue conseguiu ressuscitá-la e entãofoi um movimento acarinhado pormuitos e trabalhado por alguns queem pouco tempo conseguiramfazer o primeiro concerto no Adroe com essa linda apresentação aí

começou um novo ciclo de vidada nossa Banda que ainda mexe emovimenta muitas crianças,jovens e menos jovens levando obom nome da nossa terra por essepaís fora e também fora do país.

E o nosso Adro? A sala devisitas de que devemos ter muitoorgulho, foi beneficiado comaforça e boa vontade em alindaresse espaço e ao ser empedrado,arborizado, com bancos estrate-gicamente posicionados, lá estácomo marca desse senhor quemuito trabalhou para que esta ter-ra, que nem era a sua, ficassemais acolhedora.

Ao conhecer o caminho pedo-nal para Sações e ao cimo das bar-reiras não havendo proteção algu-ma, tornava o caminho muito peri-goso, conseguiu que em poucosdias fosse colocada uma vedaçãoem madeira e assim tornar maissegura a passagem por ali, únicocaminho nesse recuado tempo.

E deixei para o fim o jornal OVARZEENSE. Todos conhecem o seunascimento, sonho tornado reali-dade por trabalho e persistênciado nosso então pároco. Sonho queaté hoje continua a levar notíciasdo nosso concelho notícias donosso concelho por esse mundofora.

A Banda, O VARZEENSE, o Adroe tudo o que descrevi e algumascoisas que não me lembrei, perpe-tuam na memória dos Varzeensesesse grande homem que caiu en-tre nós e de nós fez parteimportante. Ele foi um elo nestaengrenagem e nunca deverá seresquecido.(…)NOTA: O Fernando foi um dos

convidados de honra do Jantar queassinalou os 50 anos deste jornal,em Março de 2013, na sequênciada atribuição da Medalha de Ourodo Município de Góis ao Jornal(deliberação por unanimidade).

IVE agora, mano Fernando Ribeiro,que se PASSOU…Agora, sirvo-me das suas palavrasexaradas neste seu (vosso) maisquerido Jornal, em Janeiro de1998, num artigo sobre opassamento de um amigo vosso(Dionísio Antunes Fernandes) aque intitulou "Voltou à terra quelhe serviu de berço", porque esteúltimo parágrafo assenta-lhe "quenem uma luva":Bem merece um epitáfio quesintetize o valor de dons pessoaisque o guindaram e fizeram delesempre um Homem (…).

Ámen!Agora?!... Que o Senhor o tenhaem Sua glória!

Coimbra, 14 de Julho de 2016Urtélia Silva

(Associada Nº 70)

Vidas da VIDA(conclusão da pág. 11) (conclusão da pág. 12)hospitais, às vezes os dois ao mes-mo tempo. E sabemos igualmenteque tudo isso acontece devido àslimitações decorrentes da finitudeda natureza humana. No entanto,aceitar isso mesmo com toda anaturalidade supõe uma féesclarecida. Neste contexto, épossível aceitar em paz a dorcausada pela separação daquelapessoa que foi a nossa companhiacompletiva.

João SimãoAzurva, Aveiro

(Associado Nº 3)

O MEU TESTEMUNHO

(conclui na pág. 10)

Vamos até ao Alto de SantaClara, em Coimbra, à residênciado Fernando e da Maria Natália.

O Fernando foi um grandeartista da tela e da palavra... Osquadros por si pintados a óleo e aaguarela são muitos. A pintura aóleo não foi mais intensiva devidoa problemas de alergias com astintas. Mas a obra lavrada no papelnão é menos considerável — poe-mas e mais poemas de muitosanos a colegas, a alunos, a ami-gos, ao ambiente, a vivências doquotidiano, predominando contudoas quadras soltas à sua "Talita"(que deixava à mesa, à beira dospratos, quando o horário das aulasnão permitia comerem juntos), ar-tigos para o seu Jornal O VAR-ZEENSE, etc, etc.

Dos quadros não posso deixarregisto. Detendo-me com dossiêsseus e num mar imenso de papéis,selecionei apenas alguns poemase apontamentos, e, finalmente, doarquivo póstumo da Maria Natá-

Vidas da VIDA de Fernando Ribeirolia, a quem muito agradeço, doisartigos do seu querido Jornal.

IUma quadra na qualidade de Pro-fessor, de Maria de Fátima M.Santos (8ºB), 16-11-1982.Quando há amigos,há lealdade.Pelo Professor de Português,temos muita Amizade.

IIQuadras à "Talita" em diasdiferentes:Eu faço as coisas todasMesmo que tu não me peças.Assim, já não te incomodas:Mudei águas às "cabeças"(*).(*) - de bacalhauTudo eu gosto de fazer:— Se há coisa que me consoleÉ quando penso comerIr à "Zé" comprar pão mole.Para o lanche da menina,Um petisco sem igual:Laranja de casca finaE bolos do Louriçal.

IIIFernando R. Ribeiro naimprensa regionalista - OVARZEENSE, Junho de 2016O VARZEENSE é um quinzenáriocatólico regionalista de Vila Novado Ceira, concelho de Góis,distrito de Coimbra.Eis alguns excertos de artigos aípublicados.Dia 15 de junho, pg. 1:Faleceu o Fundador d´ OVARZEENSE":

[…] Fernando R. Ribeiro foipároco em Vila Nova do Ceira,nas décadas de 60 e 70 e ainda noinício dos anos 80, local onde eraestimado e querido da populaçãoque ainda hoje o recorda commuito carinho, tanto pela obradeixada como pela sua inefávelpersonalidade. Fundou o Jornal OVARZEENSE em março de 1963,mantendo o cargo de diretor desteregional até setembro de 1983.

(…) Foram muitos os queintegraram as cerimónias de"despedida" e manifestaram o seucarinho, amizade e solidariedade.Dia 30 de junho, pg. 6:"Coisas e Loisas de Vila Nova doCeira", por Maria da Graça:

[…] O professor Fernando, nasua passagem por Vila Nova doCeira, para onde veio em 1962para nos paroquiar cheio desonhos, além do ministério quelhe foi confiado, começou a tentarperceber o que seria possível fazerpor esta terra que sendo pobre maiso era nessa época.

Viajávamos de carro com um padre. Numa localidade ele entrounuma curva completamente fora de mão e foi imediatamentemandado parar por uma brigada de trânsito.— O senhor reparou que fez a curva toda fora de mão? —inquiriu um agente.— Distraí-me a olhar para os senhores, peço desculpa —justificou-se o padre.— Bom, então nós perdoamos a multa e o senhor padre perdoa--nos os nossos pecados — propôs o agente.— Está bem — concordou o padre. Mas os senhores ficam aganhar, pois a multa é só uma e os vossos pecados são muitos!

(texto de um amigo sobre um episódio enquanto Pároco)

Rua Dr. Sá Carneiro, 182 - 1º Dtº3700-254 S. JOÃO DA MADEIRAe-mail: [email protected]

boletim def r a t e r n i t a s m o v i m e n t oResponsável: Alberto Osório de Castro

Nº 59 - Julho/Setembro de 2016 (conclui na pág. 10)

In Memoriam...FERNANDO RODRIGUES

1927 - 20167 de Junho

RIBEIROO Fernando foi meu condiscípulo nosSeminários de Coimbra.

Encontrámo-nos, pela primeira vez, noSeminário da Figueira da Foz, em Outubro de 1940.Ele provinha da região sudeste da diocese deCoimbra, enquanto eu sou oriundo da região noroesteda mesma diocese. Ele tinha um feitio extrovertido,brincalhão, bem em contraste com o meu, que épouco comunicativo, sossegado. Talvez por isso nostenhamos entendido sempre bem.

Ele tinha uma capacidade notável para detectaro ridículo das situações, o que lhe conferia o estatutode facilmente resolver os problemas complicadosque sempre aparecem quando se lida com osparoquianos. Do que eu percebi da sua actuaçãocomo pároco, ele era muito afável, mas firme erigoroso. Sabia rir, mas sabia também manterrespeito.

Perdi-o de vista quando ingressei naUniversidade de Coimbra para o domínio dasCiências Químicas, uma actividade muito exigente.Encontrámo-nos mais tarde, já no decorrer dostrabalhos conducentes à fundação da nossaAssociação Fraternitas Movimento, quando eleapareceu já casado com a Natália. A partir daímantivemos sempre o contacto. Todas as vezes quepassávamos por Coimbra íamos estar com eles nasua casa de Santa Clara. Também eles erampresença frequente nas reuniões da nossa Fraternitas.

O Fernando tinha um dom especial para lidarcom situações sérias e difíceis fazendo salientar olado cómico das circunstâncias, o que desarmavaos outros. No entanto, o que devia ser, tinha de oser.

Quando nos encontrávamos, ele costumavadizer: "Assim vive o lisonjeiro à custa de quem oatende". Lembras-te? Claro que me lembrava:

referia-se a um episódio que ocorreu no seminárioda Figueira da Foz, logo no primeiro ano. Mal soavaa campainha para o recreio toda a malta saía a correrpara os baloiços. Quando uma vez o Fernando seatrasou, ao chegar já não tinha baloiço. Então olhoupara longe e diz-me: Ó Simão, estão a chamar porti acolá ao pé do portão. Desci rápido e fui lá ver,mas não havia lá ninguém. Quando voltei estavaele muito divertido no baloiço. Então saiu-me daboca aquela frase, da fábula "O Corvo e a Raposa",que tínhamos acabado de analisar na aula dePortuguês.

Menciono esta história banal, sem qualquer in-teresse, apenas para salientar que somos todosdiferentes na apreciação que fazemos dos factosconcretos do dia-a-dia e na forma como a elesreagirmos. É por isso que a colaboração de cadaum de nós para a concretização de um projectocomum é absolutamente essencial, porque é única.Sem ela, alguma coisa iria faltar.

As crises por que passam as instituições e aspessoas devem sempre ser lidas como um convite aque nelas vejamos oportunidades, a nãodesaproveitar, para irmos lendo as formas correctasde purificação e de um crescimento sólido.

Não posso deixar de ter uma palavra especialpara a Natália, a esposa do Fernando. Elesformavam um casal amoroso. Notava-se bemquando convivíamos com eles. Lá na casa delescriava-se sempre um ambiente tão agradável que

nem dávamos conta de que otempo passava.

Naturalmente também houvedoenças, internamentos em

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