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Evidências Arqueológicas Christian Apologetics e Research Ministry Revista Defesa da Fé - nº 57 - junho de 2003 As cidades bíblicas descobertas pela ciência As muralhas de Jericó E a muralha ruiu por terra... (J s 6.20). O dr. John Garstang, diretor da Escola Britânica de Arqueologia de Jerusalém e do Departamento de Antiguidades do governo da Palestina (1930-36), descobriu em suas escavações que o muro realmente "foi abaixo"; caiu, e que era duplo. Os dois muros ficavam separados um do outro por uma distância de cinco metros. O muro externo tinha dois metros de espessura e o interno, quatro metros. Os dois tinham cerca de dez metros de altura. Eram construídos não muito solidamente, sobre alicerces defeituosos e desnivelados, com tijolos de dez centímetros de espessura, por trinta a sessenta centímetros de comprimento, assentados em argamassa de lama. Eram ligados entre si por casas construídas de través na parte superior, como a de Raabe, por exemplo, erguida "sobre o muro". Garstang verificou também que o muro externo ruiu para fora, pela encosta da colina, arrastando consigo o muro interno e as casas, ficando as camadas de tijolos cada vez mais finas à proporção que rolavam ladeira abaixo. O dr. Garstang pensa haver indícios de que o muro foi derribado por um terremoto, o que pode ser, perfeitamente unia conseqüência da ação divina. 0s cristãos não possuem nenhuma dúvida quanto à existência das cidades mencionadas no Antigo e no Novo Testamento. Por isso, dificilmente julgamos necessário conhecer alguma documentação que comprove esse fato. Não obstante, sabemos que muitas obras religiosas não resistem à menor verificação arqueológica, o que contrasta imensamente com a Bíblia que, através dos séculos, tem seus apontamentos históricos e geográficos cada vez mais ratificados pela verdadeira ciência. Evidentemente, nossa fé não está baseada nas descobertas da ciência. Entretanto, não podemos ignorar os benefícios provindos dela quando seus estudos servem para solidificar a nossa crença. O objetivo desta matéria é apresentar uma lista parcial de algumas cidades mencionadas na Bíblia e encontradas atualmente pelas escavações arqueológicas. Elaboraremos a lista apresentando suas respectivas evidências. Esclarecemos também essa seletividade porque há centenas de outras cidades que também foram evidenciadas pela arqueologia. O que faremos aqui, no entanto, é apenas uma breve introdução ao assunto.

Evidências arqueológicas sobre a cidade destruída por Deus - Jericho

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Evidências Arqueológicas

Christian Apologetics e Research Ministry Revista Defesa da Fé - nº 57 - junho de 2003

As cidades bíblicas descobertas pela ciência

As muralhas de Jericó

E a muralha ruiu por terra... (J s 6.20).

O dr. John Garstang, diretor da Escola Britânica de Arqueologia de Jerusalém e do Departamento de Antiguidades do governo da Palestina (1930-36), descobriu em suas escavações que o muro realmente "foi abaixo"; caiu, e que era duplo. Os dois muros ficavam separados um do outro por uma distância de cinco metros. O muro externo tinha dois metros de espessura e o interno, quatro metros. Os dois tinham cerca de dez metros de altura. Eram construídos não muito solidamente, sobre alicerces defeituosos e desnivelados, com tijolos de dez centímetros de espessura, por trinta a sessenta centímetros de comprimento, assentados em argamassa de lama. Eram ligados entre si por casas construídas de través na parte superior, como a de Raabe, por exemplo, erguida "sobre o muro".

Garstang verificou também que o muro externo ruiu para fora, pela encosta da colina, arrastando consigo o muro interno e as casas, ficando as camadas de tijolos cada vez mais finas à proporção que rolavam ladeira abaixo. O dr. Garstang pensa haver indícios de que o muro foi derribado por um terremoto, o que pode ser, perfeitamente unia conseqüência da ação divina.

0s cristãos não possuem nenhuma dúvida quanto à existência das cidades mencionadas no Antigo e no Novo Testamento. Por isso, dificilmente julgamos necessário conhecer alguma documentação que comprove esse fato. Não obstante, sabemos que muitas obras religiosas não resistem à menor verificação arqueológica, o que contrasta imensamente com a Bíblia que, através dos séculos, tem seus apontamentos históricos e geográficos cada vez mais ratificados pela verdadeira ciência. Evidentemente, nossa fé não está baseada nas descobertas da ciência. Entretanto, não podemos ignorar os benefícios provindos dela quando seus estudos servem para solidificar a nossa crença.

O objetivo desta matéria é apresentar uma lista parcial de algumas cidades mencionadas na Bíblia e encontradas atualmente pelas escavações arqueológicas. Elaboraremos a lista apresentando suas respectivas evidências. Esclarecemos também essa seletividade porque há centenas de outras cidades que também foram evidenciadas pela arqueologia. O que faremos aqui, no entanto, é apenas uma breve introdução ao assunto.

Este artigo se propõe tão somente a lançar mais evidências ao fato de que a Bíblia não é um livro de ficção, de histórias inventadas por homens falíveis, mas, sim, inspirada por Deus, portanto, suas citações geográficas resistem à verificação arqueológica.

De fato, a Bíblia não só descreve esses lugares em suas páginas como também o faz com extrema precisão. Vejamos:

1. Siquém

Referência bíblica: "E chegou Jacó salvo a Salém, cidade de Siquém, que está na terra de Cariàã, quando vinha de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade" (Gn 33.18;12.6; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Escavações foram empenhadas em Siquém, primeiramente pelas expedições austríaco-

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alemãs em 1913 e 1914; posteriormente no período de 1926 a 1934, sob a responsabilidade de vários arqueólogos; e, por fim, por uma expedição americana no período de 1956 a 1972 [...] A escavação na área sagrada revelou uma fortaleza na qual havia um santuário e um templo dedicado a El-berith, `o deus do concerto'. Este templo foi destruído por Abimeleque, filho do juiz Gideão (Veja Jz 9) e nos proporcionou uma data confiável acerca do `período teocrático'. Recentemente, nas proximidades do monte Ebal (Veja Dt 27.13), foi encontrada uma estrutura que sugere identificar um altar israelita. Datado do 13° ou 12° século a.C., o altar pode ser considerado como contemporâneo de Josué, indicando a possibilidade de ter sido construído pelo próprio líder hebreu, conforme é descrito em Deuteronômio 27 e 28". (Horn, Siegfried H, Biblical archaeology: a generation of discovery, Andrews University, Berrien Springs, Michigan,1985, p.40).

2. Jericó

Referência bíblica: "Depois partiram os filhos de Israel, e acamparam-se nas campinas de Moabe, além do Jordão na altura de Jericó" (Nm 22.1; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Jericó foi a mais velha fortaleza escavada". (Horn, Siegfried H. Biblical archaeology: a generation of discovery, Andrews University, Berrien Springs, Michigan, 1985, p. 37)

"A cidade de Jericó é representada hoje por um pequeno montículo de área [...1 A cidade antiga foi escavada por C. Warren (1867), E. Sellin e C. Watzinger (1907-09), J. Garstang (1930-36), e K. Kenyon (1952-58)". (Achtemeier, Paul J., Th.D. Harper's Bible Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc., 1985).

"A primeira escavação científica em Jericó (1907-9) foi feita por Sellin e Watzinger em 1913". (The New Bible Dictionàry Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc., 1962).

3. Arade

Referência bíblica: "Ouvindo o cananeu, rei de Arade, que habitava para o lado sul, que Israel vinha pelo caminho dos espias, pelejou contra Israel, e dele levou alguns prisioneiros" (Nm 21.1; 33.40; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Escavações realizadas por Y. Aharoni e R. B. K. Amiran no período de 1962 a 1974 comprovaram a existên cia de Arade - 30 km ao nordeste de Berseba" (The New Bible Dictionary Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc.,1962).

"O local consiste em um pequeno monte superior ou acrópole onde as escavações revelaram ser a cidade da Idade do Ferro". (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper k Bible Dictionary, San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc.,1985).

4. Dã

Referência bíblica: "E chamaram-lhe Dá, conforme ao nome de Dá, seu pai, que nascera a Israel; era, porém, antes o nome desta cidade Laís" (Jz 18.29; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"A escavação de Dá começou em 1966 sob a direção de Avraham Biran". (Horn, Siegfried H., Biblical archaeology: a generation of discovery, Andrews University, Berrien Springs, Michigan, 1985, p.42).

"Primeiramente chamada Laís, esta cidade é mencionada nos textos das tábuas de Mari e nos registros do faraó Thutmose III, no século XVIII a.C. É identificada como Tel Dá (moderna Tell el-Qadi) e localiza-se no centro de um vale fértil, próximo de uma das principais fontes de

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alimentação, o Rio Jordão [...] Tel Dá tem sido escavada por A. Biran desde 1966. A primeira ocupação no local remonta ao terceiro milênio antes de Cristo". (Achtemeier, Paul J., ThU, Harper's Bible Dictionary, San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc.,1985).

5. Susã

Referência bíblica: "As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza" (Ne 1.1; Et 1.1; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Escavações conduzidas por Marcel Dieulafoy no período de 1884 a 1886 comprovaram a existência da cidade de Susã". (Douglas, J. D., Comfort, Philip W & Mitchell, Donald, Editors. Whos Who in Christian History Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc., 1992.)

6. Nínive

Referência bíblica: "E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levantate, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até a minha presença" (Jn 1.1,2; 2Rs 19.36; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Nínive foi encontrada nas escavações de Austen H. Layard no período de 1845 a 1857". (Douglas, J. D., Comfort, Philip W & Mitchell, Donald, Editors. Who's Who in Christian History, Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc., 1992).

7. Betel

Referência bíblica: "Depois Amazias disse a Amós: Vaite, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza, mas em Betel daqui por diante não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e casa real" (Am 7.12,13; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"W. F Albright fez uma escavação de ensaio em Betel em 1927 e posteriormente empenhou uma escavação oficial em 1934. Seu assistente, J. L. Kelso, continuou as escavações em 1954, 1957 e 1960" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper'sBible Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc.,1985).

8. Cafarnaum

Referência bíblica: "E, chegando eles a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as dracmas, e disseram: O vosso mestre não paga as dracmas?" (Mt 17.24; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Cafarnaum foi identificada desde 1856 e, a partir de então, tem sido alvo de escavações nos últimos 130 anos" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harpers Bible Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc., 1985).

9. Corazim

Referência bíblica: "Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! peque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza" (Mt 11.21; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

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"Escavações na atual cidade deserta indicam que ela abrangeu uma área de doze acres e foi construída com uma série de terraços com o basalto da região montanhosa local" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper's Bible Dictionary San Francisco: Harper ando 10.

10. Éfeso

Referência bíblica: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Efeso, e fiéis em Cristo Jesus" (Ef 1.1; grifo do autor).

"E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem" (At 19.29) . A cidade em referência é Éfeso.

Evidência arqueológica:

"Arqueólogos austríacos encontraram em escavações, no século passado, um teatro de 24.000 assentos, bem como muitos outros edifícios públicos e ruas do primeiro e segundo séculos depois de Cristo, de forma que a pessoa que visita o local pode ter uma boa impressão da cidade como foi conhecida pelo apóstolo Paulo" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harpers Bible Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc.,1985).

11. Jope

Referência bíblica: "E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles." (At 9.38; grifo do autor).

Evidência arqueológica:

"Durante escavações no local da antiga cidade de Jope (XIII a.C.) o portão da fortaleza foi descoberto..." (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper's Bible Dictionary, San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc., 1985).

Diante desta simples exposição, podemos afirmar como Sir Frederic Kenyon, que disse: "Portanto, é legitimo afirmar que, em relação à Bíblia, contra a qual diretamente se voltou a crítica destruidora dá segunda metade do século dezenove, as provas arqueológicas têm restabelecido a sua autoridade. E mais: têm aumentado o seu valor ao torná-la mais inteligível por meio de um conhecimento mais completo de seu contexto e ambiente. A arqueologia ainda não se pronunciou definitivamente a respeito, mas os resultados já alcançados confirmam aquilo que a fé sugere, que a Bíblia só tem a ganhar com o aprofundar do conhecimento".1

Nota

1 Josh MCDOwELL, Evidência que exige um veredicto, vol. 1, Candeia, 1992, p. 83.

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Cientistas datam pela primeira vez estrutura citada em textos bíblicos

http://oglobo.globo.com/jornal/Ciencia/110061818.asp

Rio, 11 de setembro de 2003 Versão impressa

Pela primeira vez na História, especialistas conseguiram datar com precisão uma estrutura descrita na Bíblia. Segundo cientistas israelenses, o Túnel Siloam, que passa sob Jerusalém, foi escavado há 2.700 anos, como

asseguram os relatos bíblicos.

A passagem de meio quilômetro foi construída por baixo dos antigos muros de Jerusalém. Segundo a Bíblia, o túnel foi escavado pelo rei Ezequias em 700 a. C. para levar água da fonte de Gihon até a cidade, o que garantiria o abastecimento mesmo em tempos de guerra.

Uma equipe de pesquisadores coordenada por Amos Frumpkin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, confirmou a data da construção do túnel. O estudo foi publicado na revista “Nature”.

— É muito raro se ter estruturas mencionadas na Bíblia que tenham sido confirmadas por datação independente — afirmou Frumpkin. — Em primeiro lugar porque, normalmente, já é muito difícil encontrar tais estruturas; em segundo, porque é muito difícil identificá-las; e, em terceiro, porque normalmente elas não estão muito bem preservadas.

A equipe examinou indícios de vegetação e estalactites encontrados no túnel com o método de datação do carbono 14 e também com o que mede os níveis de materiais radioativos.

Para os especialistas, a descoberta é importantíssima porque estabelece uma data precisa para um evento bíblico. Com isso, os cientistas não precisam mais se basear em interpretações e cálculos aproximados para situar determinadas passagens históricas.

Eles frisaram, entretanto, que a datação não constitui prova de que uma raça ou comunidade em particular tenha se estabelecido em Jerusalém antes de outra, e não deve ser usada para qualquer tipo de alegação de primazia.

O túnel é apontado como uma grande obra de engenharia e, até hoje, abastece a cidade de água.

A pedra do Rei

Pela primeira vez é encontrada uma prova da existência do Templo de Salomão em Jerusalém

A pedra tem o tamanho de um caderno escolar e é originária da região do Mar Morto. As quinze linhas descrevem, em primeira pessoa, os planos do rei Joás para a reforma do Templo de Salomão. O episódio é narrado no capítulo 12 do Segundo Livro dos Reis, da Bíblia

O Livro dos Reis, do Velho Testamento, faz parte dos chamados "livros históricos" porque seus relatos se confundem com a história documentada dos reis fundadores de Israel. São ao mesmo tempo assunto de fé e de arqueologia. Por esse motivo, a descoberta de geólogos israelenses anunciada na semana passada despertou enorme interesse. Os cientistas certificaram a autenticidade de um bloco de pedra com inscrições em fenício, onde se lê que o rei israelita Joás instruiu os sacerdotes a recolher dinheiro para pagar as reformas do Primeiro Templo de Jerusalém, construído por Salomão. O texto na pedra é similar a descrições do mesmo fato no Segundo Livro dos Reis. Essa lasca de pedra do tamanho de um caderno escolar pode ser considerada a mais antiga prova de um relato bíblico já encontrada. "Se a inscrição passar por todos os testes de autenticidade, será o artefato mais importante da

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arqueologia israelense", diz o arqueólogo Gabriel Barkai, da Universidade Bar-Ilan.

O Instituto Geológico de Israel, que divulgou a descoberta, não revelou as circunstâncias do achado. O dono, um colecionador anônimo, levou a peça para ser examinada um ano atrás. Os testes mostraram que a inscrição datava do século IX a.C., o que coincidiria com o reinado de Joás. Os exames também indicaram a presença de salpicos de ouro fundido na superfície da pedra, que poderiam ter sido causados por um incêndio, como o que destruiu o Templo de Salomão, em 586 a.C. Segundo a Bíblia, Salomão, filho do rei Davi, viveu há 3.000 anos, no auge do Reino de Israel. A Bíblia conta que nobres e plebeus vinham consultá-lo por sua sabedoria. Faz parte da cultura universal a decisão de Salomão no caso das duas mulheres que disputavam a maternidade de um bebê. O rei mandou cortar a criança em duas metades com o fio da espada e descobriu a mãe verdadeira pelos protestos desesperados de uma delas para que deixasse a criança viver. Mas as provas históricas da existência de Salomão são escassas. Evidências de seu famoso templo nunca tinham sido encontradas, e muitas das construções atribuídas a ele foram erguidas por reis posteriores.

Em um país em conflito, até mesmo uma descoberta histórica perde a neutralidade científica. A pedra pode ter sido descoberta durante escavações no Monte do Templo, controlado pelos muçulmanos em Jerusalém, e dali entrado no mercado negro de antiguidades. Se essa versão se confirmar, o bloco de pedra pode reforçar a reivindicação judaica ao Monte do Templo, sagrado para ambos os lados, e inflamar ainda mais os ânimos. O tema da posse do Monte do Templo é tão delicado que um passeio do primeiro-ministro Ariel Sharon pelas mesquitas do local em 2000 foi o estopim para a atual rebelião palestina, que já matou 2.400 pessoas. Um triste legado para um grande rei.

SERÁ QUE A BÍBLIA DIZ A VERDADE?

Publicado em 10/19/2002

Jeffery L. Sheler Revista Seleções

Durante aquele verão escaldante, a equipe arqueológica estivera trabalhando na escavação das ruínas da antiga cidade israelita de Dan, na alta Galiléia. Com cuidado, Gila Cook, o topógrafo do grupo, desenhava a planta das muralhas e da praça calçada de pedras, diante do que fora a entrada principal da cidade.

Nesse momento, quando os raios do sol vespertino

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batiam oblíquos sobre uma das muralhas de pedra recém-escavadas, Cook notou algo estranho. Na ponta exposta de uma das pedras de basalto, viam-se letras gravadas. Cook chamou logo o chefe da equipe, Avraham Biran, do Hebrew Union College de Jerusalém. Quando o arqueólogo veterano se ajoelhou para examinar a pedra, seus olhos se arregalaram. "Meu Deus!", exclamou. "Uma inscrição!"

A pedra foi identificada como parte de um monumento, ou estrela, datada do século 9º a.C. Aparentemente, comemorava a vitória do rei de Damasco sobre dois inimigos: o rei de Israel e a Casa de Davi.

A referência histórica a Davi caiu como uma bomba. O nome tão conhecido do antigo rei guerreiro de Israel, figura central do Velho Testamento e antepassado de Jesus segundo o Novo, nunca fora encontrado em nenhum documento antigo além da Bíblia. Ele era considerado um personagem lendário pelos mais céticos. Agora, por fim, ali estava uma inscrição feita não por um escriba hebreu, mas por um inimigo dos israelitas, pouco mais de um século após a suposta época em que Davi vivera. Essa descoberta, feita em 1993, parecia corroborar a existência da dinastia do rei e, por extensão, a dele próprio.

A descoberta de uma inscrição ou de um artefato pode comprovar, ou desmenti, determinada passagem das escrituras. Ainda que de formas extraordinárias, a arqueologia moderna vem confirmando o núcleo histórico do Velho e do Novo Testamento, sustentando partes centrais de histórias bíblicas importantes.

A ERA DOS PATRIARCAS

O livro do Gênesis traça a linhagem de Israel até Abraão, o nômade monoteísta que, conforme Deus prometeu, seria "o pai de uma multidão de povos" cujos filhos herdariam a Terra de Canaã. A promessa divina e a identidade étnica de Israel foram transmitidas de geração a geração - de Abraão a Isaac e a Jacó. Tangidos pela fome, Jacó e seus filhos - progenitores das 12 antigas tribos de Israel - foram forçados a abandonar Canaã e a migrar para o Egito.

A arqueologia moderna não encontrou nenhuma prova direta que confirmasse o relato bíblico. Mas isso não causa surpresa a estudiosos como Barry J. Beitzel, professor de línguas semíticas e do Velho Testamento na Trinity Evangelical Divinity School, no estado americano de Illionois. Essas são apenas "histórias familiares" de um nômade desconhecido e seus descendentes, diz Beitzel, e não história geopolítica do tipo que costuma ser preservada nos anais de um reino.

Kenneth A Kitchen, egiptólogo e orientalista agora aposentado pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, sustenta que a arqueologia e a Bíblia "se harmonizam" quando descrevem o contexto histórico das narrativas dos patriarcas. Na passagem do Gênesis 37:28, por exemplo, José um dos filhos de Jacó, é vendido como escravo por 20 moedas de prata. Kitchen assinala que esse era o exato preço de escravo naquela região, no período compreendido entre os séculos 19 e 17 a.C., como ficou comprovado por documentos recuperados na região que é hoje a Síria e o Iraque.

Outros documentos revelam que o preço de escravos subiu de forma contínua nos séculos seguintes. Se a história de José foi inventada por um escriba judeu do século 6º, como sugerido por alguns céticos, por que o valor citado não corresponde ao preço da época? "É mais razoável supor que a informação da Bíblia reflita a realidade", diz Kitchen.

FUGA DO EGITO

Já foi dito que a dramática história do Êxodo - de como Deus libertou Moisés e o povo judeu do cativeiro no Egito e os guiou à Terra Prometida de Canaã - é a "proclamação central da Bíblia hebraica". Mas os arqueólogos não descobriram, fora da Bíblia, qualquer prova concreta que dê sustentação a essa história, nem à própria existência de Moisés.

Mas Nahum Sarna, professor de estudos bíblicos da Universidade de Brandeis, afirma que o relato do Êxodo - que liga a origem de uma nação à escravatura e à opressão - "não pode, de

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modo algum, ser uma peça de ficção. Nenhuma nação inventaria para si mesma uma tradição assim tão inglória", a menos que houvesse um núcleo verídico. William G. Dever, arqueólogo da Universidade do Arizona, observa: "Escravos, servos e nômades costumam deixar poucos traços nos registros arqueológicos."

A data a ser atribuída ao Êxodo é outra fonte de controvérsia. Em 1 Reis 6:1, encontramos o que parece um marco histórico claro para o fim da estada israelita no Egisto: "E sucedeu que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel (...) começou a edificar-se a casa do Senhor." Mas a data não coincide com de outros textos bíblicos nem com o que se sabe da história egípcia.

Sarna e alguns estudiosos alegam que o período citado - 480 anos - não deve ser tomado ao pé da letra. "São 12 gerações de 40 anos cada uma", explica o professor. O número 40 é "um número convencional na Bíblia", usado com freqüência para designar um longo período. Ao se ler a cronologia do Primeiro Livro de Reis sob essa perspectiva - isto é, como uma exposição teológica e não como história pura -, pode-se colocar o Êxodo no século 13 a.C., na época de Ramsés II, em que há forte sustentação, circunstancial nos registros arqueológicos.

JESUS

Nas últimas quatro décadas, descobertas espetaculares confirmam o pano de fundo histórico dos Evangelhos. Em 1968, por exemplo, o esqueleto de homem crucificado foi encontrado em uma caverna funerária na parte norte de Jerusalém. Foi um achado significativo: embora se saiba que os romanos crucificam milhares de supostos traidores, rebeldes e ladrões, os restos de uma vítima de crucificação jamais tinham sido encontrados.

Os ossos, preservados num ossuário de pedra, pareciam pertencer a um homem entre 25 e 30 anos. Havia indícios de que seus pulsos tinham sido transpassados com pregos. Os joelhos haviam sido dobrados e virados para o lado, e um prego de ferro (ainda alojado no osso de um calcanhar) fora enfiado nos dois pós. As duas tíbias pareciam ter sido quebradas, quem sabe se confirmar o relato do Evangelho de João (19:32-33): "Foram pois os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado."

Havia muito que se dizia que os carrascos romanos costumavam jogar os cadáveres dos crucificados em valas comuns ou abandona-los na cruz para serem devorados por animais carniceiros. Mas a descoberta dos restos de um crucificado contemporâneo de Jesus em uma sepultura evidenciou que os romanos às vezes permitiam um enterro familiar, como relato do sepultamento de Jesus.

Em 1990, durante a construção de um parque a pouco mais de três quilômetros ao sul do Monte do Templo, os operários descobriram uma câmara funerária secreta, datada do século 1º, contendo 12 ossuários de calcário. Em um deles, que guardava os ossos de um sexagenário, havia a inscrição "Yehosef bar Qayafa", ou seja, "José, filho de Caifás". Os especialistas acreditam que se trata dos restos de Caifás, o supremo sacerdote de Jerusalém que, segundo os Evangelhos, esteve envolvido na prisão de Jesus, interrogou-o e o entregou a Pôncio Pilatos para ser executado.

Algumas décadas antes, durante as escavações nas ruínas de Cesaréia Marítima, a antiga sede do governo romano na Judéia, foi encontrada uma laje de pedra com a inscrição bastante danificada. De acordo com os peritos, a inscrição completa teria sido: "Pôncio Pilatos, governador da Judéia, dedicou ao povo de Cesaréia um templo em homenagem a Tibério."

A descoberta é especialmente significativa por ser a única inscrição com o nome de Pilatos já encontrada e por estabelecer que o personagem descrito nos Evangelhos como governante romano da Judéia tinha de fato a autoridade a ele atribuída pelos evangelistas.

Os registros arqueológicos não se pronunciam sobre boa parte da história bíblica. Mas os arqueólogos estão convencidos de que existem muito mais provas a respeito, enterradas nas areias do Oriente Médio, à espera de que alguém as encontre.

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Minas do rei Salomão se encontram em ruínas

Publicado em 11/8/2001

Revista Defesa da Fé

Muitas histórias românticas têm dramatizado as minas de Salomão. Presume-se que Salomão tinha minas tão distantes quanto a cadeia do Himalaia, as profundezas da floresta equatorial da África e até mesmo a região inca, no moderno Peru, nos Andes. Especula-se a procedência de parte da madeira usada no Templo.

Qualquer mapa moderno de Israel instruirá até o espetacular vale de Timna. Era ali, naquele território de terras estéreis e ressecadas, entre picos denteados, que os antigos mineiros hebreus extraíam toneladas de cobre. No dizer de Deuteronômio 8.9, Israel foi enviado a uma terra ... de cujos montes cavarás o cobre. A habilidade de Salomão, trouxe grandes riquezas ao povo de Israel, em uma época que foi o período áureo da nação.

O livro de Primeiro Reis, capítulo 10.14, dá-nos uma informação de que o peso em ouro que chegava às mãos de Salomão, em um ano, era de 666 talentos de ouro. Isso significava um total aproximado de 114 milhões de reais. Naturalmente importava também especiarias raras e outros artigos de luxo. Vale lembrar que a correlação de valores era bem diferente dos nossos dias. Por exemplo, o quilo de linho fino era comprado por dois quilos de ouro fino.

Portanto, sua reputação de homem rico está bem fundamentada. Famosas são as minas de cobre de Salomão, na Arabá, bem como a refinaria real de cobre, descoberta em Ezion-Geber, moderno Tellel-Kheleifeh. O vale do Timna, não muito distante do extremo norte do mar Vermelho, era um lugar rico em cobre, explorado por Salomão.

O rabino Nelson Glueck, explica Russell Champlin em sua Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, era um israelita aventureiro que amava o deserto. Explorando o remoto vale do Timna, ele descobriu vários antigos locais de fundição, tendo reunido nódulos de cobre e peças quebradas de cerâmica. Essas peças de cerâmica levaram-no à sua maior descoberta - pertenciam à época de Salomão.

Arqueologia Bíblica

Publicado em 10/15/2001

Enciclopédia® Microsoft® Encarta 2001. Enciclopédia® Microsoft® Encarta 2001.

Bíblica, Arqueologia, estudo científico de restos e achados históricos, especificamente, da Bíblia e relativos às religiões judaica e cristã. Os relatos das peregrinações cristãs datadas, aproximadamente, do século IV, constituem a única fonte de informação sobre sítios arqueológicos bíblicos até o século XIX, quando teve início a moderna exploração histórica na Palestina.

Mar Morto, Manuscritos do, coleção de manuscritos em hebraico e aramaico que foram descobertos, a partir de 1947, numa série de cavernas da Jordânia, extremo noroeste do mar Morto, região de Kirbet Qumran. Os manuscritos, escritos originalmente sobre couro ou papiro e atribuídos aos membros de uma congregação judaica desconhecida, são mais de 600 e se

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encontram em diferentes estados de conservação. Incluem manuais de disciplina, livros de hinos, comentários bíblicos, textos apocalípticos, duas das cópias mais antigas conhecidas do Livro de Isaías, quase intactas, e fragmentos de todos os livros do Antigo Testamento, com exceção do de Ester. Entre estes fragmentos encontra-se uma extraordinária paráfrase do Livro do Gênesis. Ainda se descobriram textos, em seus idiomas originais, de vários livros dos apócrifos, deuterocanônicos e pseudoepígrafos. Estes textos, nenhum dos quais incluído no cânon hebraico da Bíblia, são: Tobias, Eclesiástico, Jubileus, partes de Enoc e o Testamento de Levi, conhecido, até então, somente em suas antigas versões grega, síria, latina e etíope.

Ao que parece, os manuscritos foram parte da biblioteca da comunidade, cuja sede se encontrava no que hoje se conhece como Kirbet Qumran, próximo ao local das descobertas. As provas paleográficas indicam que a maioria dos documentos foi escrita em distintas datas. Parece que de 200 a.C. até 68 d.C. As provas arqueológicas têm ressaltado a data mais tardia, já que as escavações demonstram que o local foi saqueado em 68 d.C. É possível que um exército, sob as ordens do general romano Vespasiano, tenha saqueado a comunidade quando marchava para sufocar a rebelião judaica que estourou em 66 d.C. O mais provável é que os documentos foram escondidos entre 66 e 68 d.C.

IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

Nos rolos encontraram-se alusões a pessoas e acontecimentos dos períodos helenista e romano primitivo da historia judaica. Assim, um comentário do Livro de Naum menciona um homem de nome Demétrio, parecendo referir-se a um incidente registrado por Josefo e acontecido em 88 a.C. Nele estiveram implicados Demétrio III, rei da Síria, e Alexandre Janeu, o rei macabeu. De forma similar, pensa-se que as repetidas alusões a um "mestre da justiça" perseguido dizem respeito a figuras religiosas. Entre elas, o último sumo sacerdote judeu legítimo, Onias III, destituído em 175 a.C.; os líderes macabeus Matatias, o sumo sacerdote e seu filho, o líder militar Judas Macabeu, e a Manaém, líder dos zelotes em 66 d.C. Também se tem tentado vincular certas referências - principalmente as que mencionam um "sacerdote perverso" e "homem de falsidade" - com determinadas figuras como o sacrílego sumo sacerdote judeu Menelau; Antíoco IV, rei de Síria; o líder macabeu João Hircano e Alexandre

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Janeu. No entanto, até agora, todas estas identificações são ensaios e teorias. As opiniões acadêmicas ainda são objeto de fortes polêmicas. Ver Macabeus.

IMPORTÂNCIA PARA A CIÊNCIA BÍBLICA

De especial interesse são os numerosos vínculos entre o pensamento e os modismos dos Manuscritos com Novo Testamento. Em ambos, teima-se na iminência do reino de Deus, na necessidade do arrependimento imediato e na esperada derrota de Belial, o Perverso. Nos dois também aparecem referências similares, relacionadas ao batismo no Espírito Santo, e encontram-se caracterizações semelhantes dos fiéis, descritos como "os eleitos" e "filhos da Luz". Para certificação desta semelhanças pode-se consultar referências bíblicas em Tito, capítulo 1, versículo 1. Pedro, capítulo 1, versículo 2 e Efésios, capítulo 5, versículo 8. Estes paralelismos são os mais chamativos, já que a congregação de Qumran viveu na mesma época e região de João Batista, um precursor das idéias cristãs.

O material descoberto entre os Manuscritos do mar Morto tem sido publicado pela American School of Oriental Research, a Universidade Hebraica e o Serviço de Antigüidades da Jordânia. A maioria dos manuscritos encontram-se, hoje, no Templo do Livro, no Museu Rockefeller, de Jerusalém, e no Museu do Departamento de Antigüidades, em Aman. Desde seu descobrimento, têm se publicado várias traduções dos manuscritos e numerosos comentários sobre os mesmos

Em 1947, Jumea, um pastor da tribo Taaeamireh dos beduínos nômades, descobriu alguns manuscritos antigos, em pele e tecido, numa caverna a noroeste do Mar Morto, vale de Qumran. Importantíssimo achado arqueológico, estes manuscritos constituíam a primeira parte de uma coleção de textos hebraicos e aramaicos, revelados após o primeiro achado de Jumea. Estes antigos textos, que incluem o Livro de Isaías completo e fragmentos de todos os demais livros do Antigo Testamento - exceto do Livro de Ester -, são mil anos mais antigos do que qualquer outro texto hebraico conhecido