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Luzia 20-10-2015

Lição surpreendente

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Lio Surpreendente

LIO SURPREENDENTELuzia20-10-2015

Manh de segunda-feira, cedo. Na instituio benemrita, os funcionrios iam chegando, aos poucos, e registrando o ponto.

Na recepo, alm da funcionria, estava uma pessoa de aspecto singular.

Passara a noite nas proximidades, na rua, a negociar o corpo e experimentar toda sorte de riscos. Aquele homem, travestido de mulher, corpo visivelmente deformado por injees de silicone industrial, conversava com quem chegava.

A cada um oferecia um bom dia. Mas era visto com indiferena, espcie de mal disfarada repulsa em face de sua aparncia, sua condio, seu modo de vida.

Um voluntrio da instituio chegou e se dirigiu recepcionista, depois de responder rapidamente ao cumprimento daquele estranho.

Ficou preocupado que a recepcionista se sentisse, talvez, intranqila, com aquela presena. Ento, num sussurro, enquanto preenchia um formulrio que lhe fora dado, disse jovem:

Trata-se de criatura que parece estar beira do abismo. O que devemos fazer com aquele que est beira do abismo, experimentando a derrocada fsica e moral: empurr-la abismo abaixo ou pux-la, conduzi-la para um terreno firme?

A recepcionista pareceu se tranqilizar. E o voluntrio, ainda em voz sussurrante, lembrou: Se a pessoa vem at aqui, certamente para receber alguma ajuda, mesmo que no percebamos.

Estamos em um lugar amparado e protegido, bem assistido espiritualmente.

Nisso, outra funcionria chegou. A cena do Bom dia se repetiu da parte daquele homem. Entretanto, o que sucedeu foi surpreendente e enternecedor.

Ele se dirigiu recm-chegada, perguntando se ela no se chamava Dris.No, respondeu, de forma espontnea, meu nome Maria.

Aquela resposta ensejou um dilogo, que se prolongou por alguns minutos.Ento, o inesperado aconteceu. O visitante disse que queria um abrao.

A reao de Maria foi abrir os braos e declarar um sonoro: No seja por isso!E abraou aquela criatura, longa, demoradamente, com um carinho to particular que lembrou os abraos que se d aos amigos mais chegados.

Suas mos envolveram as costas do visitante, naquela atitude de roar levemente, com os dedos, as costas, como quem deseja amplificar os efeitos do seu ato.

Os olhares dos demais presentes na recepo fixaram-se na cena. Era um misto de estupefao, admirao, espanto, surpresa.

E Maria, tranquilamente, como quem no fez nada mais do que o habitual, despediu-se do visitante e se dirigiu ao seu local de trabalho.

O estranho, tendo recebidoo que verdadeiramente desejava, tambm se foi porta afora.

Quem sabe das dores, das incertezas e das dificuldades pelas quais passava aquela pessoa? Quem sabe das decises que adotar, depois de receber to significativa demonstrao de interesse, desprendimento, carinho?

Quem sabe para quantos passos distantes do abismo aquele abrao conduziu aquele ser humano?

E aquela mulher, me, esposa, trabalhadora e, acima de tudo, verdadeiramente crist nem se deu conta de como tornou radioso o dia de um desconhecido um tanto sem rumo.

O que um simples gesto no faz. Tudo por causa de um abrao, um verdadeiro abrao.FORMATAO: LUZIA GABRIELEEMAIL: [email protected]: REDAO DO MOMENTO ESPRITA COM BASEEMFATO NARRADO POR JOO EDSON ALVESCOLABORAO: ZLIA BAUERFOTOS: INTERNETMSICA: RICHARD CLAYDERMAN HARMONY-PIANODATA : 20 DE OUTUBRO DE 2015

Repasse sem modificar Luzia Gabriele