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PORTAS ABERTAS Caminhada Espiritual sob a Luz do Santo Daime “A caminhada somente prosseguirá serena, sob a orientação iluminada de nossa própria fé. Abençoemos os filhos queridos, mesmo que se encontrem à distância, enviando-lhes pensamentos de paz e esperança, encorajamento e bom ânimo, e confiemos em Jesus, cuja Infinita Bondade jamais nos desampara.” Bezerra de Menezes

Portas abertas

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PORTAS ABERTAS Caminhada Espiritual sob a Luz do Santo Daime

“A caminhada somente prosseguirá serena, sob a orientação iluminada de nossa própria fé.

Abençoemos os filhos queridos, mesmo que se encontrem à distância, enviando-lhes

pensamentos de paz e esperança, encorajamento e bom ânimo, e confiemos em Jesus, cuja

Infinita Bondade jamais nos desampara.”

Bezerra de Menezes

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“Sentir a Doutrina! Quão difícil é! Porque a

Doutrina é o Cristo, são as virtudes do seu Espírito e senti-la

é sentir o próprio Mestre, na acepção completa da palavra.”

Bittencourt Sampaio

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“Quando os homens forem bons, organizarão boas instituições, que serão duráveis, porque todos

terão interesse em conservá-las. O progresso geral é a resultante de todos os progressos

individuais.” (Allan Kardec - Credo Espírita - "Obras Póstumas".)

Quando se abrem as portas de um templo espírita cristão, uma Igreja, um ponto de

luz, uma casa de oração ou de um santuário doméstico, dedicado a comunhão do Santo

Daime, uma luz Divina acende-se nas trevas da ignorância humana e, através de raios

benfazejos desse astro de fraternidade e conhecimento, que brilha para o bem da

comunidade, os homens que dele se avizinham, ainda que não desejem, caminham, sem

perceber, para a vida melhor.

A Igreja é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-

lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.

É o posto de atendimento fraternal a todos os que o procuram, com o propósito de

obter orientação, esclarecimento, ajuda ou consolação. É o núcleo de estudo, de

fraternidade, de oração e de trabalho, com base no Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina

apresentada pelo Mestre Irineu Serra. É o recanto de paz construtiva, propiciando a união

de seus frequentadores na vivência da recomendação de Jesus: “Amai uns aos outros”.

É um erro enorme transformar o trabalho espiritual em campo de experiências e

práticas próprias de outras correntes espiritualistas, a pretexto de que o Santo Daime admite

tudo em seu contexto, em nome da liberdade e desde que a prática não seja prejudicial.

O trabalho sob a Luz do Santo Daime tem finalidades definidas, que são clara e

límpida em seus objetivos, não podem e não devem estar à mercê dos que, por opinião

pessoal, por simpatia a certas tendências, buscam transformá-lo em laboratório dos mais

diferentes exercícios.

A Igreja Daimista, descaracterizada por práticas não autorizadas pela Doutrina, gira

ao sabor dos interesses individuais e grupais. O modismo é outro responsável pelo

induzimento a teorias e práticas prejudiciais à limpidez doutrinária. Esquecem que a Igreja

só deve dar guarida ao que autoriza a Doutrina, ou ao que seja decorrência natural dela.

A gênese da Igreja bem orientada, voltada ao bem, está na Espiritualidade Superior.

Seus fardados dedicados tomam compromissos de bem servir, seja antes da reencarnação,

seja no decorrer da vida carnal.

Todos estão sujeitos a transvios e enganos leves ou sérios, sob as influências da

materialidade da vida e de injunções espirituais de toda ordem.

A Igreja, por sua natureza, por suas finalidades e por seu desempenho, é sempre alvo

das tentativas da Espiritualidade inferior de desviá-la de seu roteiro normal. A vigilância,

tanto individual quanto coletiva, é dever de todos os fardados da Casa.

A igreja deve ser o refúgio, o porto de esperanças e consolações para todos os

carentes que lhe batem às portas, especialmente os necessitados do espírito. Por isso, a

Igreja precisa contar com fardados conscientes de seus deveres, conhecedores da Doutrina,

capazes de, em nome do Consolador, socorrer e ajudar, elucidar e exemplificar, aprender e

servir.

Ideias nobres e generosas, demonstrações vivas de fraternidade para com todos, é o

que nunca deve faltar na instituição que tem a responsabilidade da aplicação da mensagem

de Jesus, na interpretação inequívoca da Doutrina da Virgem Soberana Mãe.

Essa Doutrina libera as consciências. Seus princípios e postulados são lógicos e

exprimem uma realidade imanente. Quem se propõe a transmiti-la precisa, antes de tudo,

conhecê-la. O processo de transmissão do conhecimento deve ser simples e direto, sem

desvios, com apelo constante à razão e ao bom senso.

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A Igreja, sendo grande ou pequena, preparando seus fardados por meio do estudo

constante, é agente permanente de difusão da Doutrina.

“A condição absoluta de vitalidade para toda reunião ou associação, qualquer que seja o

seu objetivo, é a homogeneidade, isto é, a unidade de vistas, de princípios e de sentimentos, a

tendência para um mesmo fim determinado, numa palavra: a comunhão de ideias.

Todas as vezes que alguns homens se congregam em nome de uma ideia vaga jamais

chegam a entender-se, porque cada um apreende essa ideia de maneira diferente.” (Allan

Kardec,OBRAS PÓSTUMAS, item VIII)

Ao planejarmos a construção de uma Igreja, devemos ter também assegurados os

recursos necessários à sua manutenção, vez que isso proporcionará aos dirigentes da

instituição a possibilidade de desenvolver as atividades sem tantas preocupações com a

conta de luz, água etc.

A experiência tem demonstrado que as casas espíritas que não produziram um

planejamento adequado para esse fim, geralmente, acabam por adotar atitudes

antidoutrinárias, tais como a realização de rifas, sorteios, etc. e principalmente a falta de

caridade ao cobrar pelo atendimento prestado.

Temos visto muitos companheiros, imbuídos da melhor das boas vontades,

empenharem-se na construção de uma casa espírita sem, contudo, atentarem para as

despesas que todo empreendimento acarreta.

Com isso, quando conseguem levar a bom termo a obra, passam a vivenciar uma

necessidade imperiosa de recursos financeiros para manter a instituição, acabando por

transformar a obtenção de recursos financeiros como atividade principal em detrimento das

atividades doutrinárias.

Diante disso, a Igreja, que deveria ser local de meditação e paz, estudo e serenidade

passa a vivenciar o ambiente próprio das organizações humanas, ávidas pela arrecadação de

dinheiro.

É comum que as Igrejas, na sua fase de formação, utilizem-se de sedes provisórias,

sendo importante tecer considerações quanto ao local que deve oferecer condições mínimas

de trabalho.

A sede deve possuir um mínimo de conforto, de condições higiênicas e garantir a

facilidade de acesso aos seus frequentadores e fardados.

“O mais urgente seria prover a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas de um local

convenientemente situado e disposto para as reuniões e recepções. Sem lhe dar o luxo

desnecessário e, ao demais, sem cabimento, seria preciso que aí nada denotasse penúria, mas

aparentasse um aspecto tal que as pessoas de distinção pudessem estar ali sem se considerar

muito diminuídas.” (Allan Kardec,OBRAS PÓSTUMAS)

Essas considerações ainda estão válidas em nossos dias, especialmente quando a

direção de algumas casas enfrenta críticas para promover melhorias nas instalações, o que,

por vezes, é confundido com excessos ou ostentações.

Mesmo no caso de instituições localizadas em regiões mais carente, do ponto de vista

sócio econômico, o descuido com a aparência do espaço e mobiliário utilizado não se

justifica, tendo em vista que toda pessoa deseja estar em um local que lhe propicie

condições agradáveis de permanência e conforto.

A harmonia e beleza do local não precisam, no entanto, ser confundidos com luxo

ou ostentação. Porém, precisam traduzir para os frequentadores condições de tranquilidade

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e harmonia íntima, como também demonstrar a preocupação dos responsáveis pelo

trabalho em acolher e atender melhor a todos.

As diferentes atividades que uma Igreja pode e deve desenvolver pedem locais

próprios e fixos, considerando a organização de mobiliário e a preparação espiritual do

ambiente.

Ressalta-se, assim, a importância da preocupação dos dirigentes quanto ao espaço da

Igreja, sendo essencial que o mesmo procure acomodar de maneira adequada todas as

atividades que são desenvolvidas e suas especificidades.

O bem-estar dos frequentadores e trabalhadores deve ser propiciado ainda com os

ajustes necessários de luz, som, ventilação, limpeza e organização dos espaços.

Os dirigentes deverão ainda estar atentos quanto à segurança funcional da sede da

Igreja, mantendo uma revisão periódica da rede elétrica e da estrutura do prédio e dos

extintores contra incêndio. Promover a limpeza da caixa de água, filtros e bebedouros do

salão, evitando entulhos que possam provocar acidentes e/ou doenças.

Atentar para as necessidades de desinfecção e da instalação dos botijões de gás em

ambiente próprio e adequadamente protegido.

“Em outras palavras, isso significa que os homens que querem mudar seu estado de consciência

necessitam de uma escola. Mas, antes de tudo, devem dar-se conta de que precisam dela.

Enquanto acreditarem poder fazer algo por si mesmos, não poderão tirar nenhum proveito de

uma escola, ainda que a encontrem. As escolas existem somente para aqueles que precisam delas

e sabem que precisam delas.” (P.D. Ouspensky, Psicologia da Evolução Possível do Homem)

Uma escola espiritual tem a princípio três funções principais. Guardar o

Conhecimento, transmitir o Entendimento e agregar os que buscam Sabedoria.

A primeira função é manter todo o conhecimento da escola intacto, todos os

escritos, toda a tradição oral, a ritualística, a forma de ver o mundo, todos os dados, as

informações que essa ordem possui e virá a possuir estão aqui. A importância dessa função

se dá pelo fato que o mundo se transforma, as pessoas vêm e vão, mas o conhecimento

permanece, ele deve ser guardado para as próximas gerações, para os novos buscadores,

para o futuro. Dessa forma o conhecimento não se perde.

A segunda função é transmitir aos alunos dessa escola todo o entendimento

adquirido na posse desse conhecimento, ele pode ser a interpretação dos textos ou os

significados extraídos dos símbolos e simbolismos presentes nos ensinamentos da Doutrina,

é o produto do esforço daqueles que conduziram a escola para traduzir em entendimento

toda a experiência que a Igreja teve em manter vivo seu conhecimento, praticando,

vivendo e experienciando.

Ele é a tradução mais pura do que foi escrito e ensinado no início, dessa forma ainda

que releituras sejam feitas serão baseadas no entendimento real bebendo sempre direto da

fonte original.

Através do entendimento o conhecimento não se torna obsoleto, nem fica

inacessível com o passar das gerações.

O terceiro papel de uma escola é agregar aqueles que buscam a Sabedoria. Dentro da

Doutrina o estudante terá um Mestre para orientá-lo e companheiros para acompanhá-lo

no caminho.

Seus companheiros podem lhe servir de guia de seu próprio desenvolvimento,

relembrando-o de seu propósito sempre em que ele vacilar, podem oferecer uma visão

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segura e honesta do seu desenvolvimento na medida em que aumenta a convivência,

podem identificar suas falhas e vícios seus pontos fortes e fracos.

Esses irmãos e irmãs mantém a chama da iniciação acesa uma vez que ao manter-se

sempre por perto desses companheiros seu centro de gravidade estará sempre orbitando a

esfera da expansão da consciência, seja estudando juntos, seja tomando o Santo Daime, seja

simplesmente em um ligeiro e sagrado momento de silêncio compartilhado.

Assim não seremos cegos guiando cegos, mas discípulos procurando a perfeição de si

mesmos.

Nessa jornada encontraremos o Mestre Raimundo Irineu Serra, o Padrinho Sebastião

Mota, guias e companheiros mais adiantados que nos ajudarão e teremos a possibilidade de

ajudar aqueles que necessitarem de nós.

A escola espiritual deve organizar em seu espaço cursos, vivências, encontros e mais

uma gama de atividades para agregar buscadores.

“Mas, uma constituição, por muito boa que seja, não poderia ser perpétua. O que é bom

para certa época pode tornar-se deficiente em época posterior.

As necessidades variam com as épocas e com o desenvolvimento das ideias. Se não se

quiser que com o tempo ela caia em desuso, ou que venha a ser postergada pelas ideias

progressistas, será necessário caminhe com essas idéias.

Dá-se com as doutrinas filosóficas e com as sociedades particulares o que acontece em

política e religião: acompanhar ou não o movimento propulsivo é uma questão de vida ou de

morte.

No caso de que aqui se trata, fora grave erro acorrentar o futuro por meio de uma regra

que se declare inflexível. Não menos grave erro seria introduzir com muita freqüência, na

constituição orgânica, modificações que acabariam por privála de estabilidade.

Faz-se mister proceder com ponderação e circunspeção. Só uma experiência de certa

duração pode permitir se julgue da utilidade real das modificações. Ora, quem pode em tal caso

ser juiz?

Não será um único homem, que geralmente só de seu ponto de vista vê as coisas;

tampouco será o autor do trabalho primitivo, porque poderá ser demasiado complacente na

apreciação da sua obra.

Serão os próprios interessados, porque experimentam de modo direto e permanente os

efeitos da instituição e podem perceber por onde ela peca.” (Allan Kardec, OBRAS PÓSTUMAS)

Nenhuma espécie evoluiu com vida mansa, seja pela abundância de presas para caçar

ou pela ausência completa de predadores.

Sem a adversidade, seja esta um predador faminto ou um estômago suplicando por

energia, os seres não teriam motivo para evoluir.

Embora todos gostemos de paz, de que tudo “ande nos trilhos”, não podemos

esperar que as adversidades passem ao largo. Esta seria, ao longo prazo, uma grande

armadilha. A estagnação, seja física, seja mental, seja espiritual, é o grande mal da

humanidade.

A época negra na Europa medieval demonstrou que dogmas não nos servem de

salvação, e que manuais de verdades absolutas de nada adiantam se as pessoas ainda são

ignorantes da real interpretação dessas verdades. Adquirir conhecimento não faz de

ninguém um santo: é preciso praticar, é preciso sujar os pés de lama, é preciso encarar o

deserto e compreender que, onde quer que haja estagnação, a natureza não nos deixará

relaxar.

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Em nossa vã esperança de que fossemos o centro de todo o Cosmos, acreditamos

que os deuses é quem deveriam nos servir, ainda que através das mais variadas formas de

barganha. Ainda hoje, há cientistas que crêem que podem ditar os rumos da natureza,

“criando” novas espécies ou retardando indefinidamente o envelhecimento das células do

corpo. Tudo em vão: nada está parado, tudo flui, tudo vibra.

A natureza se move em ciclos, e dentre eras glaciais terrestres, surgiu o ser humano e

todo o seu conhecimento. Mas nem todo conhecimento é em vão. A maior prova está na

compreensão de que, muito mais do que as disputas pela sobrevivência, é o meio-ambiente

que molda a evolução das espécies. E mesmo aqui, uma vez mais, os índios estavam certos:

estamos todos conectados, principalmente com a natureza a nossa volta.

O homem vem tentando compreender os mecanismos da natureza, mas até hoje

falha miseravelmente em qualquer tipo de previsão mais aprofundada sobre para onde o

vento soprará a seguir. Prever o clima a curto prazo é possível, a longo prazo não: é que a

natureza insiste em erguer o seu véu, e dentre pequenos eventos que, por não sabermos a

causa real, chamamos de “caóticos” ou “aleatórios”, nada realmente pode ser previsto do

futuro. Nem onde o vento vai soprar, nem onde a terra vai tremer, nem até onde a

evolução poderá nos levar.

A perfeição é o amanhã, é o porvir, é a potencialidade das consciências etéreas a

bailar por entre eras e espécies – e ninguém pode realmente prever aonde tudo isso vai dar.

De sua agenda, a vida mesmo cuida: a natureza é livre.

Nem o mais forte, nem o mais inteligente. Sobrevive e evolui aquele que melhor se

adapta as condições do ambiente, e as suas mudanças.

Fisicamente, fazemos parte da espécie que obteve o maior sucesso em se adaptar ao

meio-ambiente. Exploramos e ocupamos as zonas mais remotas do planeta, e hoje estamos

em via de nos lançar ao oceano do Cosmos. Que nos faltará, senão uma adaptação de

consciência? Senão explorar e ocupar nosso infinito interior?

Para o Universo não existem os conceitos de bem ou mal. Existem os conceitos de

acordo individual e acordo coletivo: a aceitação. A resistência está ligada a entender os

fatos e aceitá-los como verdadeiros. Causa e efeito, então, têm relação com resistência. E

resistência tem relação com entendimento do que é correto ou ruim para cada forma de

existência.

Imaginemos que alguém tome uma atitude de benevolência geral e acredite

completamente nesses conceitos. Sai dela uma atitude sem resistência que alcança a todos os

seres e a ela retorna, sem qualquer tipo de violação dos princípios internos, o que ela

recebe como amor e harmonia. Porém, quando ela toma uma atitude com resistência, ela

fere o princípio que foi combinado socialmente; ela fere o princípio pessoal e individual —

comete um ato que ela entende como magoar, machucar outro ser.

A energia vai com resistência e volta com a mesma resistência: machucar, magoar e

ferir.

“Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos,

alcançaremos a realização de nossos propósitos. Distanciados entre nós, continuaremos à

procura do trabalho com que já nos encontramos honrados pela Divina Providência”. (Bezerra de Menezes - Psicografia de F. C. Xavier - Mensagem de União - “Unificação” nov/dez - 1980.)

Há muitos irmãos paralisados e infrutíferos por causa de feridas na alma. A Ilusão, o

Ego e a maldade atacam os seres humanos desde o ventre materno, para que levem, pelo

resto de suas vidas, feridas e lembranças que lhes tiram a liberdade e impedem de serem o

que Deus quer que sejam.

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Esses males tem atingido a alma de muitos irmãos, fazendo-os melindrosos e

refratários a todo nível de confronto, o que lhes impede de serem confortados e consolados

pela Luz do Santo Daime. Impedindo dessa forma a expansão da consciência e a Ligação

Divina com o Senhor Deus.

Mas nosso Mestre que quer uma Igreja liberta, sadia e sem melindres, quer fardados

plenamente libertos e curados para liderarem o Seu projeto de Expandir a Santa Doutrina

aqui na Terra.

“Quando a chuva cai das nuvens a água não está contaminada, ela é como a água destilada; mas

tão logo toque o solo ela fica suja e turva. Da mesma forma, somos originalmente almas

espirituais puras, partes integrantes do Universo, e, portanto, nossa posição constitucional e

original é tão pura quanto à de Deus.” (A.C Bhaktivedanta Swami Prabhupãda – Karma Justiça Infalivel)

São muitas as evidências de alguém traumatizado na alma; dentre elas citamos:

mágoas, perfeccionismo, depressão, desvalor, amargura, rejeição, insegurança, medo, fugas,

falta de perdão, agressividade, indiferença, complexos, hipersensibilidade, perversões

sexuais, ódio.

Os traumas emocionais geram pessoas aprisionadas e limitadas. Afetando seus

conceitos, seus valores e sua identidade na vida, trazendo crise e dor.

Desta forma há sofrimento no lar, no trabalho, na igreja, no trabalho espiritual por

causa dos relacionamentos mal conduzidos, em virtude daquelas deformidades que estão na

alma. Tais pessoas estão em constante conflito consigo mesmo e com os outros, agindo com

medo, cobranças e desconfiança, por causa das constantes decepções.

As crianças são o principal alvo dessas energias, pois se conseguir traumatizar a alma

de uma criança haverá grandes chances de produzir um adulto deformado. Antes mesmo

do nascimento essas forças do mal já estão agindo por meio das adversidades na concepção

e gestação, tentativas de aborto, brigas do casal, morte, divórcio.

Na infância, tentam traumatizar por meio de pais cruéis, abusos físicos, morais e

sexuais, castigos desumanos, separação dos pais, morte de pais ou entes muito queridos,

brigas do casal, cenas de violência.

Essas forças inferiores sabem que através da mágoa eles podem nos prender às

pessoas que nos feriram, porque as feridas prendem pela mágoa. Toda vez que ao ser

ferido eu permito que a mágoa entre em meu coração, eu me amarro ao meu agressor

pelas cadeias da mágoa e estou pondo em ação mais um plano diabólico contra a vida. As

cadeias da mágoa PRENDEM O FERIDO A QUEM O FERIU.

Ter mágoa de alguém é amarrá-lo a você, é ser escravo dele, ainda que não saiba!

Com cadeias de mágoa no coração o fardado está incapaz de amar e ser amado.

Ninguém escolhe ser ferido e nem sempre tem culpa de o ser, mas deixar a ferida

crescer e contaminar todo o ser, pela aceitação da mágoa, é abrir porta para o mal - e isto é

pecado.

Amargura é aquele sentimento de mal-estar produzido pela ferida que foi adubada

por ressentimento e mágoa. Sempre que sua mente se detém em lembranças desagradáveis,

você está abrindo caminho para que a ferida se degenere em amargura.

Se você recebe a ferida e alimenta a mágoa, a amargura virá. Você estará cheio de

ódio e falta de perdão. Uma pessoa amargurada tem a mente cheia de argumentos e possui

fortalezas terríveis, com muralhas enormes, na alma.

A amargura manifesta-se de várias formas: nas palavras e atitudes (por isso é que

contamina) e nas enfermidades físicas e psíquicas. Um fardado não pode estar enlaçado pela

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mágoa, nem amargurado, para não contaminar seu território através de suas palavras e

atitudes.

Alguém pode estar amargurado consigo mesmo, com os outros e até com Deus. A

solução para tal flagelo é aplicar o perdão e a Palavra de Deus.

Não perdoar é estar preso ao passado, é ser prisioneiro das pessoas do passado.

Perdoe e aja como Deus: seja misericordioso e perdoador.

Não perdoar é pecado e isto nos coloca como prisioneiros do mal. Só seremos

perdoados do pecado de não perdoar, quando liberarmos o perdão para o nosso ofensor.

Seguir a linha da Verdade é liberar o perdão por uma questão de convicção, de fé.

Tomar uma posição e aceitar sua responsabilidade no fato de não perdoar aos que lhe

feriram (deixe de culpar os outros por causa do seu pecado de não perdoar).

Confesse a Deus o seu pecado de não perdoar, estar magoado e amargurado.

Pergunte a você mesmo se quer ser curado. Peça ao Santo Daime para lhe mostrar seu real

problema e o que fazer a respeito.

Perdoe a todos os envolvidos na sua história de dor. Perdoe a si próprio. Assuma sua

identidade de liberto nessa Verdade, vencedor e consciente da sua vida espiritual. Afinal,

temos a essência de Deus em nossas veias.

O Mestre ensina que precisamos aprender a nos separar dos problemas, nos

desapegar, sair do drama que nos aprisiona na vibração das crenças inferiores. Devemos

resgatar nossas faltas sem perder a consciência de que somos seres com uma grande luz e

uma enorme capacidade de amar e perdoar.

“Deus nos deu língua e ouvidos, e talvez nos surpreendamos ao saber que Deus Se revela através

dos ouvidos e da língua e não através dos olhos. Por ouvir sua mensagem aprendemos a

controlar a língua, e uma vez que a língua esteja controlada, os outros sentidos a seguem.

De todos os sentidos a língua é o mais voraz e difícil de controlar, mas podemos controla-la

simplesmente cantando (...)” (A.C Bhaktivedanta Swami Prabhupãda – Karma Justiça Infalivel)

A espiritualidade do ser que, como nos define Dalai Lama, é aquilo que produz no

ser humano uma mudança interior, isto é, se não produz uma transformação, não é

espiritualidade. São inúmeros os caminhos que se nos descortinam como alternativas para o

êxito desse encontro com a espiritualidade. E um tem se destacado e tocado nossas mais

íntimas fibras da alma: “A Música”!

“Toda gente reconhece a influência da música sobre a alma e sobre o progresso.

Mas, a razão dessa influência é em geral ignorada. Sua explicação está toda neste fato: que

a harmonia coloca a alma sob o poder de um sentimento que a desmaterializa. Este

sentimento existe em certo grau, mas desenvolve-se sob a ação de um sentimento similar

mais elevado. Aquele que esteja desprovido de tal sentimento é conduzido gradativamente

a adquiri-lo; acaba deixando-se penetrar e arrastar por ele ao mundo ideal, onde esquece,

por instantes, os prazeres inferiores e prefere a divina harmonia.”

Platão nos ensina que: “A música é um meio mais poderoso do que qualquer outro

porque o ritmo e a harmonia têm a sua sede na alma. Ela enriquece esta última, confere-lhe

a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação.”

O som criou todas as coisas. Isto nos foi comunicado por São João no primeiro

capítulo do seu Evangelho com as seguintes palavras: “No principio era o Verbo e o Verbo

estava com Deus e o Verbo era Deus”.

Sendo o som um poderoso fator desde o princípio da criação, é evidente a

importância da necessidade do desenvolvimento do ouvido desde os primeiros tempos da

nossa jornada pela matéria.

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O ouvido fornece com exatidão à nossa consciência as impressões exteriores. É

menos sujeito aos enganos do que qualquer outro órgão dos sentidos. É o instrumento

receptor de todas as vibrações sonoras. Tudo o que foi criado, seja animado ou inanimado,

emite um som e uma cor definidos.

Nossa consciência é enriquecida pelos sons dos ventos nas florestas e pelos sons das

quedas d’águas. Toda criação de Deus é influenciada pelas ondas sonoras emitidas. Sabemos

que nossa mente finita não pode compreender plenamente aquilo que é verdadeiramente

espiritual; mas podemos tentar compreender os mistérios da criação.

Os hinos são intangíveis e vem do mundo espiritual. Os hinos transportam os

sentimentos e os ensinos de uma alma à outra sem necessidade de pregações ou sermões, os

hinos falam por si mesmos, sendo eles o guia instrutor nos trabalhos com o Santo Daime.

O hino e a musica influi mais no crescimento e no desenvolvimento do nosso ser do

que qualquer outra arte porque tem o poder de nos acalmar nas ocasiões de inquietação e

de furor e de nos impelir à ação quando necessário. Eles tocam nossos corações como nada

pode fazer, pois estão vinculada aos nossos veículos superiores e nos mantém ligados com

os mundos superiores. É a influência mais poderosa que conhecemos na condução da

Doutrina.

Sabemos que, a grosso modo, a comunicação entre os planos espiritual e material,

efetua-se através da sintonização de frequências. Cantar, tocar maracá e bater palmas, faz

com que a vibração das pessoas entre na mesma faixa de frequência do trabalho que será

realizado, afastando maus espíritos, diluindo miasmas, larvas astrais e criando toda uma

atmosfera psíquica com condições ideais para a realização das práticas espirituais.

Uma só melodia, ritmo cardíaco igualado, foco em um mesmo objetivo, tudo isso

fortalece os trabalhos dentro de uma egrégora e facilita a aproximação dos Seres Superiores.

Os cantos, quando vibrados de coração, atuam diretamente nos chakras superiores,

notavelmente o cardíaco, laríngeo e frontal, ativando-os naturalmente e melhorando a

sintonia com a espiritualidade superior.

A Igreja deve abrir definitivamente suas portas para a Arte. E a doutrina que já possui

magníficos mecanismos pedagógicos, como ela o é por si mesma, ganha a excelência dessa

aliada.

“A criança pequena não aprende por conceitos abstratos que falam ao cérebro, mas

está mais aberta ao ritmo e ao sentimento que a música transmite. O ritmo e a harmonia da

música auxiliam a sua harmonização interior. Assim, letras simples e objetivas, em ritmo

harmonioso, alcançarão o coração infantil de forma adequada (...)

A música representa elevada interação vertical com as esferas espirituais. Mediante

essa vivência, em nível espiritual, o sentir e o querer se harmonizam, aprimorando o

sentimento e o lado moral da vida.” Walter de Oliveira Alves. Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia Espírita

“Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas alimentar.”

“Falamos em provações e sofrimentos, mas não dispomos de outros veículos para assegurar a

vitória da verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifica sem amor, ninguém ama sem

lágrimas.”

“Nada que lembre castas, discriminações, evidências individuais injustificáveis, privilégios,

imunidades, prioridades.”

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“Em cada templo, o mais forte deve ser escudo para o mais fraco, o mais esclarecido, a luz para o

menos esclarecido, e sempre e sempre seja o sofredor o mais protegido e o mais auxiliado, como

entre os que menos sofram seja o maior aquele que se fizer o servidor de todos, conforme a

observação do Mentor Divino.” (“Unificação” - Psic. F. C. Xavier - Reformador - dez/1975.)

“Recordemos, na palavra de Jesus, que “a casa dividida rui”; todavia ninguém pode arrebentar

um feixe de varas que se agregam numa união de forças”.

“Unificação, sim. União, também. Imprescindível que nos unifiquemos no ideal espírita, mas

que, acima de tudo, nos unamos como irmãos”.

“Demo-nos as mãos e ajudemo-nos; esqueçamos as opiniões contraditórias para nos

recordarmos dos conceitos de identificação, confiando no tempo, o grande enxugador de

lágrimas, que a tudo corrige.”

“Não vos conclamamos à inércia, ao parasitismo, à aceitação tácita, sem a discussão ou o exame

das informações. Convidamo-vos à verdadeira dinâmica do amor.” (“Unificação paulatina, união

imediata, trabalho constante...” - Psicofonia de Divaldo P. Franco - Reformador - Fev./1976)

Todo aquele que queira trabalhar em sintonia com o plano superior, tem que se

disciplinar tanto nos trabalhos como na vida particular.

Nas tarefas, seguir rigorosamente as orientações dos diversos departamentos, a

solicitação do dirigente, sem queixas ou melindres. Se notar algo que o desagrade ou que

desaprove, deve comunicar em sigilo ao dirigente, evitando assim comentários ou

desavenças.

Deve-se tentar manter o equilíbrio espiritual e psicológico, pois tratamos com as mais

diversas vibrações, com situações complicadas e embaraçosas e, se não tivermos equilíbrio

suficiente, acabamos por nos envolver com desdobramentos que não temos capacidade

espiritual de trabalha-los.

A pontualidade é muito importante, nós trabalhamos em contato com o plano

espiritual, assumimos um compromisso com eles e, portanto, devemos respeitar os horários.

Entrar atrasado implica em desequilibrar o ambiente, que já foi preparado tanto pelos

companheiros encarnados como pelos Espíritos Superiores.

A tarefa do trabalho espiritual é cansativa e depende de muita paciência e

concentração. Uma pessoa agitada não se adapta bem a essa situação. A agitação pode

tumultuar o ambiente e envolver negativamente os demais irmãos.

Todo trabalho é aperfeiçoado pela prática. Não podemos deixar que pequenos

empecilhos nos afastem dos nossos propósitos. Devemos ser perseverantes e não nos

magoarmos com possíveis críticas, pois a cada dia estamos aprendendo e nos aperfeiçoando

cada vez mais.

Devemos acatar as sugestões com humildade, lembrando sempre que não existe

fardado e nem ser humano perfeito. Todos nós somos passíveis de erro, a pessoa que se

irrita ou magoa-se não está apta para essa tarefa.

Ao tomar contato com as fichas dos frequentadores, deparamo-nos com os mais

variados problemas, as mais complicadas situações que, sob hipótese alguma, devem ser

comentadas fora do recinto do trabalho. As pessoas contam-nos os mais íntimos problemas

e confiam na nossa sinceridade e discrição. O plano maior confia também em nós,

portanto, é nossa responsabilidade guardar esses segredos. O correio da má noticia, as

fofocas, os futricos ou qualquer coisa de ordem inferior devem ser banidas dos trabalhos.

Page 12: Portas abertas

Respeitar sempre a opinião e a posição dos irmãos, mesmo não concordando com

elas. Acatar as orientações do dirigente. Este, por sua vez, deve dirigir-se a cada um com o

devido respeito.

Nós sabemos que no plano espiritual, sob a força do Santo Daime, é utilizado o

arquivo mental de cada um. Para tanto, devemos estar em constante estudo e

evangelização, a fim de nos tornarmos cada dia mais capacitados e equilibrados.

O fardado deve abster-se do fumo, do álcool e de outros vícios ou costumes que

possam levá-lo ao desequilíbrio.

Os Espíritos Superiores não vão a reuniões em que sabem que sua presença é inútil.

Nos meios pouco instruídos, mas em que há sinceridade eles vão de boa vontade, mesmo

quando neles não encontram senão instrumentos medíocres; mas nos meios instruídos, em

que a ironia domina, não vão. Aí é preciso falar aos olhos e aos ouvidos; é o papel dos

espíritos batedores e zombeteiros.

Todos nós temos possibilidades mediúnicas, mas nem todos possuem faculdades

suficientemente desenvolvidas, para atuarem, dominantemente, no ambiente em que

vivem, pois somente em determinada fase do desenvolvimento tal coisa é possível. Muito

raramente os médiuns podem ser autodidatas. Invariavelmente precisam de orientação e de

orientadores competentes.

A Igreja deve sempre orientar aos fardados e aos visitantes a prática do evangelho

no lar, pois este é um dos meios mais seguros para melhorar-se e para auxiliar os familiares.

Devemos lembrar que somos Espíritos em evolução, passíveis de envolvimentos negativos.

Nesse sentido, para mantermos o equilíbrio necessário ao trabalho é imprescindível a

prática do evangelho em nossos lares.

O problema da obsessão é problema de mente a mente ou de mentes para com

outras mentes. É, pois, uma questão de “atitudes” mutuamente assumidas. E as “atitudes”

são um problema da Psicologia Social.

Mas o que é uma atitude? É uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e

reagir em relação a grupos, questões, outros seres humanos, ou, mais especificamente, a

acontecimentos ocorridos em nosso meio.

As tentativas de modificar ou substituir “atitudes” assentam-nos mesmos princípios de

aprendizagem. Mas é evidentemente muito mais difícil mudar ou esquecer “atitudes” do

que aprendê-las.

O Santo Daime vai além da psicologia social, pois acrescenta a hipótese do

“automatismo” adquirido em vidas passadas. Em suma, a chamada reforma íntima,

esquematizada e forçada, não modifica ninguém; apenas artificializa enganosamente os que

a seguem. As mudanças interiores da criatura decorrem de suas experiências na existência,

experiências vitais e conscienciais que produzem mudanças profundas na visão íntima da

vida e do mundo.

É verdade que não se deve forçar a eclosão de faculdades, porque isto depende de

amadurecimento espontâneo e oportuno, mas é certo também que se pode e deve

aperfeiçoar e disciplinar tais dotes, para se obterem resultados mais favoráveis.

“Um curso d’água entregue a si mesmo pode se perder na planície, fazendo voltas

inúteis, se estagnando e provocando malefícios, mas devidamente canalizado vai

diretamente à foz e em muito menos tempo”.

No caso da espiritualidade, o que se procura é justamente canalizar a corrente,

discipliná-la, para que haja maior harmonia no caminhar; afastar obstáculos para que flua

com mais desembaraço e rapidez.

Page 13: Portas abertas

À falta de tais cuidados é que as Igrejas estão cheias de fardados obsediados,

fracassados ou, na melhor das hipóteses, estagnados.

A imaturidade é uma conduta irresponsável, sem visão, precipitada e egoísta. Mas

não nos referimos a idade das pessoas. Pessoas com sessenta anos ou mais podem ser

imaturas – comportando-se como crianças quando não conseguem o que querem, ou

quando são obrigados a enfrentarem as realidades desta vida.

São incapazes de serem objetivos e seu orgulho é facilmente ferido e fazem pirraça.

Se já é ruim na vida cotidiana, pode ser trágica na igreja.

A maturidade no conhecimento é encontrada naqueles que habitam em algo além

dos princípios elementares. Maturidade para lidar com pessoas vem apenas depois de

reconhecermos que somos pecadores, e formos completamente humilhados perante Deus.

A “criança” procura um “problema” para poder fazer um escândalo e talvez

conseguir um nome para si. Mas a maturidade procura almas, esperando dar-lhes o céu e as

salvar. A “criança” se vê como um general no exército do Senhor; o santo maduro é um

servo sacrificável do Senhor.

A maturidade na doutrina não negocia com o erro. Simplesmente é sábio o suficiente

para saber que não sabemos tudo.

A criança passeia alegremente pela superfície da água, proclamando altamente seu

domínio dos mares; mas a maturidade está ciente das profundezas não exploradas abaixo.

O tolo tem uma resposta; o sábio, um motivo.

Não há “maturidade instantânea” para nenhum de nós. Devemos começar com

instruções para os jovens e “pela prática” podemos crescer expandindo a consciência dentro

da Santa Luz.

Devemos ser pacientes e tolerantes com as crianças espirituais sem os escolher como

líderes, professores ou dirigentes. Com tempo, e leite e cuidado suficiente, podemos

aprender a agir como homens.

A Moral é o conjunto de regras que constituem os bons costumes e os princípios

salutares de comportamento de que resultam o respeito ao próximo e a si mesmo. Sem as

quais o homem, por mais avançado nos esquemas técnicos, poucos passos teria conseguido

desde os estados primários do sentimento.

Com Jesus, a Moral assume relevante proposição, que modifica a estrutura do

pensamento humano e social, abrindo o campo a experiências vigorosas, em que vemos as

legitimas aspirações humanas, que transitam do poder da força para a força do amor.

Jesus se preocupa com a perfeição íntima, ética, intransferível, dos homens,

conclamando-os a realizarem, interiormente, o “Reino de Deus”.

Certamente a moral cristã ainda não alcançou os seus objetivos elevados. A vigência

do postulado Maximo do Cristo, sempre sábio e atual: “Fazer ao próximo o que desejar

que este lhe faça” leva o homem ao encontro da felicidade espiritual.

A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que

constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, trabalhador, sóbrio, modesto, são

qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas

enfermidades morais que as atenuam.

Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a

qualidade principal: a modéstia; e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho.

O benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição e beleza. O homem é o veiculo

de sua presença e intervenção. Todavia, se o homem esta mergulhado no desespero ou no

Page 14: Portas abertas

desalento, na indisciplina ou no abuso, como desempenhar a função de refletor dos

emissários Divinos?

Cada homem tem a vida exterior, conhecida e analisada pelos que o rodeiam, e a

vida intima da qual somente ele próprio poderá fornecer o testemunho.

O mundo interior é a fonte de todos os princípios bons ou maus e todas as

expressões exteriores guardam ai os seus fundamentos. Somos portadores de graves

deficiências intimas, necessitando de retificação.

Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdades religiosas, operar

adesão verbal a ideologias edificantes. Porém, outra coisa é realizar a obra da elevação de si

mesmo, valendo-se da autodisciplina, da compreensão fraternal e do Espírito de sacrifício,

efetuando-se assim a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas

conhecido pelo aprendiz, em seus pensamentos. Isso requer trabalho de duplo ânimo,

porque semelhante renovação jamais se fará tão somente a custa de palavras brilhantes.

A Santa Luz é clima de paz em permanente efusão de esperança. O mundo é só

oportunidade. O que não conseguimos hoje, conseguiremos depois. A caminhada na Terra

tem como objetivo a aprendizagem e a renovação. Voltaremos à vida verdadeira

concluindo o nosso curso.

Não podemos gastar energias desnecessariamente diante dos problemas naturais, o

que importa é a nossa filiação à Verdade lembrando-nos sempre das palavras de Jesus que

se encontra em Mateus, 4-19: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens.”

Sábio é o homem que tem discernimento, fazendo opções elevadas; trocando o

transitório de agora pelo permanente de sempre.

A superioridade moral é como o Sol, que dissipa o nevoeiro pelo poder de seus

raios, se esforçar para ser bom, tornar-se melhor se já é bom, purificar-se de suas

imperfeições, em poucas palavras, elevar-se moralmente o mais possível, tal é o meio de

adquirir o poder de dominar os Espíritos inferiores para afastá-los e antes de esperar domar

os maus Espíritos, é preciso aprendera domar a si mesmo.

De todos os meios de adquirir a forca para isso chegar, o mais eficaz é à vontade

secundada pela prece, a prece de coração, entenda-se, e não de palavras repetidas sem

fervor.

Nos tempos modernos, os daimistas sinceros não podem desconhecer o sentido

revolucionário da tarefa que lhes cabe. Não se atingira a finalidade dos ideais elevados e

luminosos que alimentam a doutrina, sem a formação da base espiritual, mantenedora da

estabilidade das grandes realizações.

Encontram-se apressados os que buscam apenas o dinheiro, os títulos convencionais,

as situações de destaque, os desejos satisfeitos, sob o ponto de vista planetário. Os homens,

identificados no mesmo ideal mundano, abraçam-se, na comunhão do interesse, nesses

encontros fortuitos. Os demais saúdam-se ligeiramente, em atitudes suspeitosas, temendo a

alheia intromissão nos seus inferiores desígnios, pois, quase todas as criaturas marcham

ansiosas, na valorização da oportunidade falsa, e chegam esgotadas ao término da luta,

esbarrando na realidade da morte, desprevenidas e infelizes.

Ninguém vive deserdado da participação nas boas obras, de vez que todos retêm

sobras de valores específicos da existência. Não somente disponibilidades de recursos

materiais, mas também de tempo, conhecimento, amizade, influência. Todos nós, Espíritos

em evolução no educandário do mundo, assemelhamo-nos a viajores demandando

eminências que conduzem a definitiva sublimação.

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Colossenses, 3:14 diz o seguinte: “Todo discípulo do Evangelho precisará coragem

para atacar os serviços da redenção de si mesmo. Nenhum dispensara as armaduras da fé, a

fim de marchar com desassombro sob tempestades. O caminho de resgate e elevação

permanece cheio de espinhos.

(...) A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a fé, a ciência, a penetração,

os dons e as possibilidades são fios preciosos, mas o amor é o tear divino que os

entrelaçará, tecendo a túnica da perfeição espiritual”.

O Mestre Jesus nos chamou a fim de compreendermos e auxiliarmos, construirmos e

reconstruirmos para o bem de todos, e, portanto, devemos aceitar os ensinamentos de

Paulo (I Coríntios, 3:16): “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus”.

Já dizia Paulo “Somos cooperadores de Deus” (I Coríntios, 3:9) e, para nos ensinar

como cooperar, Jesus veio pessoalmente trazer sua mensagem de amor que nos ensina

como proceder. Esta mensagem esta concentrada nos Evangelhos que constituem um

verdadeiro manual de normas de conduta. E Jesus fornecendo padrões educativos nas

passagens do Evangelho, através dos seus exemplos e ensinamentos, que nos levarão a

plenitude, culminando na conquista do Reino dos Céus dentro de nós.

“Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável

transformá-lo em padrão permanente da vida, exemplo e modelo de cada dia”.

Como absorver tal citação em nossas vidas se ainda estamos tão distantes do que

seria um bom exemplo?

Os Evangelhos nos ensinam o caminho, mas a prática a nos pertence totalmente. E é

justamente nessa prática, envolvida pela caridade, que estaremos aprendendo com o

Mestre do amor e da renúncia.

O trabalho digno é a oportunidade abençoada e, trazendo para o nosso contexto,

não resta duvida que o exercício da humildade seja um excelente campo na seara do bem.

Entretanto, boa Parte dos aprendizes é ainda motivada pela oportunidade de atuar

na prática do Santo Daime, atraídos muitas vezes pelo fanatismo e pela curiosidade.

Alcançar o título de Fardado, em obediência a meros preceitos constitucional, não

representa esforço essencialmente difícil. Receber mensagens do Alto e transmiti-las aos

outros, simplesmente, pouca valia possui, a menos que se esteja com propósitos elevados.

Sabemos que o Fardamento é acontecimento natural e o fardado é um ser humano

como qualquer outro. O que o diferencia é o agir e servir, ajudar e socorrer sem

recompensa e sem vangloriar-se, sabendo fazer bom uso do empréstimo que a Bondade

Infinita lhe concedeu, e pautando-se pelas diretrizes de Jesus.

Não podemos nos esquecer de que, como fardados somos instrumentos nas mãos do

divino Mestre – é indispensável afinar o nosso instrumento de serviço justamente pelo Seu

diapasão.

Todos podem transmitir recados espirituais, doutrinar irmãos e investigar os

fenômenos das mirações, mas para imantar corações em Jesus é indispensável sejamos fiéis

servidores do bem, trazendo o cérebro repleto de inspiração superior e o coração

inflamado na Fé viva.

Assim, todos aqueles que se vêem convidados a atuar no Jardim da Rainha da

Floresta, devem ter muito claro que todo o trabalho sempre devera ser feito em Espírito de

muita fraternidade e em nome de Jesus. Quanto mais o fardado se purifica mais se sintoniza

com a espiritualidade elevada e, para se purificar, a prática da Caridade é o melhor

caminho. “E tudo o quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não

aos homens” Paulo (Colossenses, 3:23).

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