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Livro de Dom Bosco

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A Realização das Profecias de Dom Bosco2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS

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A Realização das Profecias

de Dom Bosco2003/2063 – os anos decisivos

JOÃO GILBERTO PARENTI COUTO

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Copyright © 2009 by João Gilberto Parenti CoutoTodos os direitos reservados

email: [email protected]

FormataçãoElizabeth Miranda

Revisão:Ana Emília de Carvalho

capa:Túlio Oliveira

Proibida a reprodução total ou parcial.Os infratores serão processados na forma da lei.

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30280-��0 Belo Horizonte – MGe-mail: [email protected]

www.mazzaedicoes.com.br

Couto, João Gilberto Parenti.

A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003 / 2063: os anos decisivos / João Gilberto Parenti Couto. – Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009.

�0� p. ; 2�cm.

ISBN: 978-85-7�60-�69-8

Ensaios brasileiros. I. Título.

CDD: B869.�3CDU: 82�.�3�.3(8�)-�

C 87�r

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Sumário

Prefácio............................................................................................7

O BRASIL DAS PROFECIASA Nova Canaã..................................................................................9Caraíbas – Os Profetas Primitivos..................................................9São Brandão – O Profeta do “Achamento”..................................�0Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso..........................��A Aliança Renovada......................................................................�2

AS PROFECIAS DE DOM BOSCOIntrodução.....................................................................................�5Um Sonho de Dom Bosco............................................................�6Dom Bosco Sonhou Brasília?.......................................................�9Outras Profecias Sobre Brasília....................................................2�A Realização das Profecias............................................................25

2003/2063 – OS ANOS DECISIVOSA Geração Excluída (�823/�883)..................................................28A Primeira Geração (�883/�9�3)..................................................28A Segunda Geração (�9�3/2003)..................................................29A Terceira Geração (2003/2063)...................................................29

A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCOO Eixo Central...............................................................................35A Via Leste.....................................................................................37A Variante “A”................................................................................38A Variante “B”...............................................................................38

EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Introdução.....................................................................................�0

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As Causas do Fracasso da Escola Públicano Brasil....................�3Uma Disputa de Poder e Prestígio...............................................�5O Poder da Igreja no Brasil...........................................................50Os Sabotadores da Escola Pública...............................................52O Combate à Escola Pública na República Velha.......................57A Criação da Rede Particular de Ensino.....................................60O Advento da Revolução de 30....................................................62A Escola Pública de Tempo Integral............................................6�Um Projeto Nacional.....................................................................65Carta ao Ministro Mangabeira Unger..........................................65Cartas aos Políticos e Governantes...............................................7�Conclusão......................................................................................8�

Posfácio..........................................................................................88Os Novos Tempos......................................................................96A Síndrome do Sapo Fervido..................................................98

Bibliografia..................................................................................�00

O Autor.........................................................................................�0�

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PREFÁCIO

As profecias de Dom Bosco são interpretadas nesta obra à luz de nossa história, revelando que os anos de 2003/2063 serão decisivos para o Brasil e a América do Sul, quando este continente se transformará numa terra prometida onde mana leite e mel. Esse presságio alvissareiro é confirmado por outras profecias sobre a Terra Brasilis, assunto abordado no primeiro capítulo, O Brasil das Profecias.

No capítulo seguinte, As profecias de Dom Bosco, o sonho visionário desse santo é analisado com base nos dados disponíveis em publicações diversas, principalmente no trabalho do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no Boletim Salesiano, em �983.

No terceiro capítulo, 2003/2063 – Os Anos Decisivos, as profecias de Dom Bosco são decodificadas, revelando os segredos confiados a esse santo por um emissário divino que o guiou em seu sonho premonitório. Essa interpretação foi divulgada pela primeira vez em 2006 em um livro de minha autoria, intitulado A Ferrovia de Dom Bosco, publicado pela Mazza Edições, de Belo Horizonte, MG (primeira edição).

No quarto capítulo, A Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, são feitas algumas considerações sobre possíveis traçados dessa ferrovia e as implicações econômicas, sociais e estratégicas para o Brasil e para a América do Sul.

No quinto e último capítulo, Educação – O Calcanhar-de-Aquiles da sociedade brasileira, o assunto tratado é a educação, objeto da vida e obra de Dom Bosco. Esta abordagem é mais do que uma homenagem a este educador. É um alerta para os

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professores e professoras, que devem refletir sobre essa questão e analisar o porquê do fracasso da escola pública em nosso País. Neste particular, a Igreja Católica Apostólica Romana precisa fazer um mea-culpa e procurar corrigir erros do passado, em que pese a contribuição das congregações religiosas como os Salesianos de Dom Bosco. Igual procedimento deve ser adotado pela elite brasileira, que também precisa refletir sobre sua responsabilidade nesse assunto.

Quanto aos políticos e governantes da atualidade, o melhor que podem fazer para a educação é trabalharem pela implantação da Escola Pública de Tempo Integral, tornando-a obrigatória e universal para todos os níveis de ensino, isto é, da Pré-Escola ao término do Ensino Médio, e universalizando, também, as creches comunitárias. Com essas medidas, o Brasil deixará a situação vergonhosa em que se encontra, como mostra um estudo da UNESCO (Jornal Folha de São Paulo, 25/��/2008, p. C6), segundo o qual apenas o Nepal, o Suriname e doze países africanos têm repetência maior que a brasileira, décimo quinto colocado numa escala que começa com o Burundi, o número �, e que vai até �50.

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O BRASIL DAS PROFECIAS

A Nova Canaã

O Brasil, se levarmos em conta os fatos ligados à sua história, parece ser um país marcado para ser uma nova Canaã, terra onde mana leite e mel, pois, além da bíblica terra prometida, é o único território cuja ocupação foi precedida de sinais e procurado por povos peregrinos que ansiavam por uma terra abençoada e cuja posse foi assegurada por promessas divinas. No caso da terra de Canaã, este compromisso está no livro do Gênesis (Gn �2, �-9) e, no que diz respeito à Terra Brasilis, a partilha foi referendada pelo Tratado de Tordesilhas e sacramentada pela bula do Papa Júlio II, investido de poderes celestiais (Mt �6, �8-�9). Em ambos os casos, os novos posseiros portavam bandeiras que os identificavam, como está registrado no Livro dos Números (Nm 2) e nos anais da história do Brasil.

Caraíbas – Os Profetas Primitivos

Do livro A Viagem do Descobrimento (Bueno, �998), extraímos os seguintes trechos, para que tal colocação seja bem compreendida:

Os indígenas, com os quais Nicolau Coelho travou o primeiro contato, eram, se saberia mais tarde, da tribo tupiniquim. Pertenciam à grande família Tupi-Guarani que, naquele início do século XVI, ocupava praticamente todo o litoral do Brasil. Os tupiniquins eram cerca de 85 mil e viviam em dois locais

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da costa brasileira: no sul da Bahia, da altura de Ilhéus até a foz do rio Doce (já no atual estado do Espírito Santo), e numa estreita faixa entre Santos e Bertioga, no litoral norte de São Paulo. Como os demais tupis-guaranis, tinham chegado às praias do Brasil, movidos não apenas por um impulso nômade, mas por seu envolvimento em uma ampla migração de fundo religioso. Partindo de algum ponto da bacia do rio Paraná, no território hoje ocupado pelo Paraguai (ainda que alguns estudiosos acreditem que o movimento talvez tenha começado na Amazônia), os tupis-guaranis iniciaram uma longa marcha em busca da Terra Sem Males. Liderados por profetas – chamados de Caraíbas –, eles haviam chegado à costa brasileira ao redor do ano �000 da Era Cristã. (p. 9�)

São Brandão – O Profeta do “Achamento”

A ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou ainda Brasil de São Brandão, era uma das inúmeras ilhas que povoam a imaginação e a cartografia européias da Idade Média, desde o alvorecer do século IX. Também chamada de “Hy Brazil”, essa ilha mitológica, “ressonante de sinos sobre o velho mar”, se “afastava” no horizonte sempre que os marujos se aproximavam dela. Era, portanto, uma ilha “movediça”, o que explica o fato de sua localização variar tanto de mapa para mapa. Segundo a lenda, Hy Brazil teria sido descoberta e colonizada por São Brandão, um monge irlandês que partiu da Irlanda para alto-mar no ano de 565. Como São Brandão nascera em �60, ele teria �05 anos quando iniciou sua viagem. O nome “Brazil” provém do celta bress, que deu origem ao verbo inglês to bless (abençoar). Hy Brazil, portanto, significa “Terra Abençoada”. Desde �35� até pelo menos �72� o nome Hy Brazil podia ser visto em mapas e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no oceano Atlântico. Até �62�, expedições ainda eram enviadas à sua procura. (p. �3)

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Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso

Mas para todos os efeitos legais, essa mitológica ilha já havia sido “achada” pelos portugueses em �500, que a batizaram de “Ilha de Vera Cruz” – Cabral, ao avistá-la, chamara-a de “Terra de Vera Cruz” –, posteriormente rebatizada de “Terra de Santa Cruz”. O duplo nome atribuído à nova terra tem ligação com sua dupla unção batismal, pois a primeira missa foi celebrada numa ilha (Coroa Vermelha), no dia 26 de abril (domingo da Pascoela), e a segunda, no continente no dia �o de maio. O rito de sagração da nova terra está descrito em detalhes na carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal. Este documento, único na literatura universal, e que todo brasileiro deveria ter uma cópia, representa na verdade a Certidão de Nascimento do Brasil, pois foi lavrada por um funcionário público no desempenho de suas funções. Nela é narrado, passo a passo, tudo o que se passou a partir de 2� de abril, quando se notou os primeiros sinais de terra, as algas chamadas de botelho e rabo-de-asno, até o dia �o de maio, quando foi celebrada a missa no continente e encerrada a missão do “achamento”. Pelos trechos seguintes, extraídos dessa carta, pode-se notar o quanto o sagrado prevaleceu sobre o profano nesses dias cerimoniosos, quando a deposição de armas e o desarmamento de espíritos assinalaram o encontro pacífico entre povos belicosos, prenunciando assim a vocação brasileira de integrar raças diferentes em um convívio harmonioso, no qual a miscigenação será seu traço mais marcante. A narrativa da segunda missa exemplifica o espírito de paz e confiança mútua, reinantes nesse encontro entre povos de formação e origens diferentes, e da própria humanidade com suas raízes. Na realidade, o que os portugueses descobriam foi o paraíso perdido, ainda intacto e habitado pelos filhos de Adão e Eva sem vestígios da queda; portanto, um convite à miscigenação, a qual foi praticada sem muita hesitação, tornando o Brasil um caso singular na história universal.

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A Aliança Renovada

Narra Caminha (TUFANO, �999):

Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiramente lhe pregaram, armaram um altar ao pé dela. Ali disse missa o padre Henrique, a qual foi cantada e oficiada pelos religiosos e sacerdotes. Ali na missa estiveram conosco cerca de cinqüenta ou sessenta deles, que ficaram de joelhos, assim como nós. E quando se chegou ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim até que se acabasse; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim como nós estávamos, com as mãos levantadas e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção. (p.56)Acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra viagem (alusão à viagem de Vasco da Gama às Índias, em ��98, da qual Nicolau Coelho participara), decidimos colocar uma no pescoço de cada um. Para isso, o padre frei Henrique se assentou ao pé da cruz e ali passou a colocar no pescoço de cada um deles uma cruz atada em um fio, fazendo que primeiro a beijassem e levantassem as mãos. Muitos vieram e foram assim colocadas todas as cruzes, umas quarenta ou cinqüenta. (p.58)

Pelo que se deduz dessa cerimônia, não só a nova terra foi consagrada a Deus, mas seus habitantes também o foram, tudo sob um céu onde uma grande cruz presidia esse ritual cheio de significado, a qual, nessa ocasião, fora batizada por Mestre João, o astrônomo da missão, como informa Bueno (�998, p. �05): “De fato, naquela noite, ao observar as estrelas do Hemisfério Sul, Mestre João chamaria sua principal constelação de Cruzeiro do Sul”.

Tais acontecimentos indicam também que, tanto o continente como a plataforma continental brasileira foram abençoados em nome de um Deus que presidiu a conquista dos portugueses, congregados que estavam na Ordem de Cristo, sob

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cujo pavilhão e símbolo tomaram posse da nova terra, em uma ilha (Coroa Vermelha) situada na faixa de Dom Bosco (�5/20o S), onde foi celebrada a primeira missa.

De acordo com Pero Vaz de Caminha (Tufano, �999):

No domingo da Pascoela, pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e o acompanhassem. E assim foi feito (...) Naquele ilhéu, mandou armar um pavilhão e, dentro dele, um altar muito bem preparado. E ali, na presença de todos, mandou rezar missa, a qual foi rezada pelo padre frei Henrique, em voz entoada, e acompanhada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes. A missa segundo meu parecer, foi ouvida por todos, com muito prazer e devoção. O Capitão estava com a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saiu de Belém. Ela esteve sempre levantada, da parte do Evangelho. (p. 38-39)

Contrastando com essa estada tranqüila e a perenidade do símbolo que marcou o nascimento de uma nação predestinada, a constelação do Cruzeiro do Sul, a continuação da viagem dos portugueses ao Oriente foi atribulada e assinalada pela fugaz passagem de um cometa, como informa um dos tripulantes da esquadra cabralina (relação do piloto anônimo): “Aos �2 dias do dito mês de maio, apareceu em nosso trajeto, rumando em direção à Arábia, um cometa com uma cauda muito comprida, que nos acompanhou durante oito ou dez noites”.

A simbologia dos eventos que marcaram a rápida passagem (Páscoa) dos portugueses pela Terra Brasilis, que teve início no Bairro de Belém em Lisboa, com um ritual de bênção da bandeira da Ordem de Cristo, e término nas costas brasileiras, após uma travessia que durou toda uma quaresma (Tempo de Penitência – quarenta dias que representam os �0 anos da caminhada dos hebreus pelo deserto), pode ser resumida num ato singelo: a distribuição aos nativos da nova terra das “muitas cruzes de estanho com crucifixos”, portadas por Nicolau Coelho. Se essas cruzes sobraram no Oriente, onde não prosperaram, aqui, ao contrário, foram todas plantadas e produziram abundantes frutos, tornando o Brasil a maior nação cristã do mundo.

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Concluindo, é bom lembrar que a primeira missa não foi celebrada no continente e sim no seu vestíbulo, o Ilhéu de Coroa Vermelha, onde foi desfraldada a bandeira da Ordem de Cristo, e a segunda, no continente, onde foi plantada a Cruz de Cristo, reproduzindo assim o ritual de sagração da Terra de Canaã, ocorrida por ocasião da viagem dos israelitas pelo deserto (Êxodo) e a parada que aí fizeram para serem purificados, antes de entrarem nessa Terra Prometida. Este ritual está simbolizado nas duas tendas erguidas no deserto (Hb 9, �-5), onde um vestíbulo, “o Santo” (primeira tenda, onde se encontrava o candelabro), precedia “o Santo dos Santos” (segunda tenda, abrigo da arca da aliança), e repetido com os mesmo detalhes no Templo de Jerusalém e nas igrejas católicas. Esse duplo ritual de sagração se repetiu também por ocasião da construção de Brasília, quando foram celebradas duas missas. A primeira, no “deserto”, a pedido de Bernardo Sayão (vide capitulo seguinte), e a segunda, “oficial”, na inauguração da cidade, a mando do seu construtor-mor, o Presidente Juscelino Kubitschek.

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AS PROFECIAS DE DOM BOSCO

Introdução

Embora mais de um século se tenha passado desde a chegada dos Salesianos ao Brasil e do sonho de Dom Bosco, no qual vaticinou um futuro brilhante para a congregação que fundou e para a terra que os acolheu, a Terra Brasilis, esta secular ordem religiosa ainda não se dignou a brindar o povo brasileiro com uma versão em português do texto integral desse sonho, anotado pelo Padre Lemoyne e corrigido pelo próprio Dom Bosco. Na falta desse texto, e como diz o dito popular – Quem não tem cão caça com gato –, vamos ao gato, no caso, o econômico artigo do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no Boletim Salesiano (edição brasileira, ano 33, n.�, jul./ago. �983, p. 6-��). Neste artigo, com cinco capítulos, o então Diretor do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa, de Barbacena-MG, dedica os três primeiros para analisar esse Sonho no contexto dos Sonhos de Dom Bosco e os últimos para o Sonho propriamente dito. Estes dois capítulos finais – Um sonho de Dom Bosco e Dom Bosco Sonhou Brasília? – estão a seguir reproduzidos na integra com os mesmos títulos.

Dom Bosco – João Belchior Bosco – nasceu em Becchi (Castelnuevo d’Asti), norte da Itália, a �6 de agosto de �8�5. Fundou a Ordem dos Salesianos (Sociedade Salesianos de Dom Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora). Faleceu em Turim, a 3� de janeiro de �888, aos 72 anos. Foi canonizado em �o de abril de �93�, pelo Papa Pio XI.

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Um Sonho de Dom Bosco

“Na noite que precede a festa de Santa Rosa de Lima (30 de agosto) tive um sonho”. Assim começa Dom Bosco a narrar um de seus sonhos mais famosos, tido em �883, um mês e pouco depois da chegada dos primeiros Salesianos ao Brasil.

Cecília ROMERO publicou, em �978, esplêndido estudo sobre “Os Sonhos de Dom Bosco”. Porque se tratava de edição crítica, restringiu-se a estudar somente �0 sonhos, tidos entre �870 e �887, porque deles poderia ter à mão versão manuscrita atribuível a Dom Bosco, por dois títulos: ou porque inteiramente redigida de próprio punho, ou porque chegada até nós em manuscritos de outrem, mas cuja revisão final é garantida por apostilas da mão de Dom Bosco.

Esse é exatamente o caso do sonho de 30 de agosto: manuscrito do P. Lemoyne com correções do próprio punho de Dom Bosco; e é sobre o texto crítico de Romero que nos basearemos para a tradução de alguns trechos do sonho. Porque é quase impossível publicá-lo aqui na íntegra; ele sozinho ocuparia boa parte deste Boletim Salesiano: são quase dez páginas das Memórias Biográficas, formato 2�0 x ��0 mm, tipo 6 com as linhas não intercaladas (Vol. XVI, p. 385-39�).

Contou-o Dom Bosco numa reunião do Capítulo Geral da Congregação, no dia � de setembro daquele ano. O Pe. Lemoyne, que recolhia as memórias do Santo, transcreveu-o imediatamente e submeteu-o à correção de Dom Bosco.

“Percebi que estava dormindo e parecia-me, ao mesmo tempo, correr a toda velocidade, a ponto de me sentir cansado de correr. (...) Enquanto hesitava se se tratava de sonho ou realidade, pareceu-me entrar em um salão, onde se achavam muitas pessoas, falando de assuntos vários”.

E o Santo reproduz profusamente o assunto da conversa.“Nesse ínterim, aproxima-se de mim um jovem de seus

dezesseis anos, amável e de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara que a do sol”.

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O misterioso guia o acompanhou durante toda a fantástica viagem e se apresenta como amigo seu e dos Salesianos; vem, em nome de Deus, dar-lhe um pouco de trabalho.

“Vejamos de que se trata. Que trabalho é este?”.– Sente-se a esta mesa e puxe esta corda. No meio do salão havia uma mesa, sobre a qual estava

enrolada uma corda. Vi que a corda estava marcada com linhas e números, como se fôra uma fita métrica. Percebi mais tarde que o salão estava situado na América do Sul, exatamente sobre a linha do Equador, correspondendo os números impressos na corda aos graus geográficos de latitude”.

Segue a narração de uma vista de conjunto da América do Sul, esclarecendo o Santo:

“Via tudo em conjunto, como em miniatura. Depois, como direi, pude ver tudo em sua real grandeza e extensão. Foram os graus marcados na corda, correspondentes exatamente aos graus geográficos de latitude, que me permitiram gravar na memória os pontos sucessivos que visitei na segunda parte do sonho.

Meu jovem amigo continuava: Pois bem, estas montanhas são como balizas, são um limite. Entre elas e o mar está a messe oferecida aos Salesianos. São milhares, são milhões de habitantes que esperam o seu auxílio, aguardam a fé. Aquelas montanhas eram as cordilheiras da América do Sul e o mar o Oceano Atlântico.”

Prossegue o sonho mostrando a Dom Bosco como conseguiria guiar tantos povos ao rebanho de Cristo.

“Eu ia pensando: mas, para se conseguir isso, vai ser preciso muito tempo. Exclamei, então, em voz alta: não sei o que pensar. Porem, o moço ajuntou, lendo meus pensamentos:

– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.– E qual será a segunda geração, perguntei.– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.– E quantos anos compreendem cada geração?– Sessenta anos.– E depois?– Quer ver o que sucederá depois?

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Venha cá.E, sem saber como, encontrei-me numa estação

ferroviária. Havia muita gente. Embarcamos.Perguntei onde estávamos. Respondeu o jovem:– Note bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira.

O sr. tem estrada aberta também para leste, até ao mar. É outro dom de N. Senhor. Assim dizendo, tirou do bolso um mapa, onde vi assinalada a diocese de Cartagena. Era o ponto de partida.

Enquanto olhava o mapa, a máquina apitou e o comboio se pôs em movimento. Viajando, meu amigo falava muito, mas nem tudo eu podia entender, por causa do barulho do trem. Aprendi, no entanto, coisas belíssimas e inteiramente novas sobre astronomia, náutica, meteorologia, sobre a fauna, a flora e a topografia daqueles lugares, que ele me explicava com precisão maravilhosa.

Ia olhando através das janelas do vagão e descortinava variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies, rios tão grandes e majestosos que eu não era capaz de os crer assim tão caudalosos, longe que estavam da foz. Por mais de mil milhas, costeamos uma floresta virgem, inexplorada ainda agora. Meus olhos tinham uma potência visual surpreendente, não encontrando óbice que os detivesse de estender-se por todas aquelas regiões. Não só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas (o brasil?) [Sic: com ponto de interrogação e com inicial minúscula, no manuscrito original].

Tinha debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis deste solo que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de metais preciosos, filões inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes como nunca se encontraram em outros lugares.

Mas não era ainda tudo. Entre o grau �5 e o 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se forma um lago. Disse então uma voz repetidamente: quando se vier cavar as minas escondidas no meio deste montes (desta enseada), aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.

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Continua a viagem, ao longo da cordilheira, rumo ao sul; continua a descrição das regiões da bacia do Prata, dos Pampas e da Patagônia, até Punta Arenas e o Estreito de Magalhães. “Eu olhava tudo. Descemos do trem”. Voltando-se para o jovem guia, Dom Bosco lhe diz:

“Já vi bastante. Agora leva-me a ver os meus Salesianos da Patagônia. Levou-me. Eu os vi. Eram muitos, mas eu não os conhecia e entre eles não havia nenhum dos meus antigos filhos. Todos me olhavam admirados e eu lhes dizia: “Não me conheceis? Não conheceis Dom Bosco?

– Oh Dom Bosco! Nós o conhecemos, mas só de retrato. Pessoalmente, é claro que não.

– E D. Fagnano, D. Lasagna, D. Costamagna, onde estão?– Não os conhecemos. São os que para cá vieram em tempos

passados, os primeiros Salesianos que vieram da Europa. Mas já morreram há muitos anos!

A esta resposta eu pensava cheio de espanto: – Mas isto é um sonho ou uma realidade? E batia as mãos uma contra a outra, tocava os braços, me sacudia todo, e ouvia o barulho das mãos e sentia o meu corpo. Estava nesta agitação quando me pareceu que Quirino tocasse às Ave-Marias da manhã; mas tendo despertado, percebi que eram os sinos da paróquia de São Benigno. O sonho tinha durado a noite toda”.

Dom Bosco Sonhou Brasília?

Como podemos observar, no que possa aplicar-se a Brasília, o sonho fixa, com clareza pouco freqüente nas chamadas visões imaginárias, três pontos: tempo, lugar, evento anunciado. Só para o terceiro a linguagem é simbólica:

a) TempoRecordemos o diálogo do sonho:– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.– Qual será a segunda geração?– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.

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(E Dom Bosco, querendo ainda mais clareza):– Quantos anos compreendem cada geração?– Sessenta anos.Se a primeira destas gerações começou em �883, ano do

sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em �9�3, e se estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília estão assim bem dentro do período anunciado: entre �9�3 e 2003.

b) LugarLugar Dom Bosco localizou o evento na faixa compreendida

pelos paralelos �5 a 20, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Atlântico. Exatamente onde foi instalada a nova Capital do Brasil.

c) Evento anunciadoEmbora o Leit-motiv do sonho seja o futuro missionário da

Congregação na América do Sul, Dom Bosco viu incidentalmente também outras coisas, tanto rios caudalosos e florestas imensas, como minas de ouro, de pedras preciosas, depósitos de petróleo. (Monteiro Lobato, a este respeito, cita o sonho numa de suas obras). Creio, pois, poder afirmar que ele viu, em �883, o que hoje começamos a ver no Brasil.

Reforça a convicção o teor mesmo do texto, embora em estilo simbólico; em nenhum outro ponto da referida faixa continental um acontecimento como a construção de Brasília obteve repercussão maior no progresso e na riqueza de um país.

Convém, no entanto, recordar aqui, como elemento para a História, o nascedouro desta interpretação do sonho. Não é devida aos Salesianos, como poderia parecer.

No início da construção da nova Capital, quando a proeza parecia estranha e temerária à maioria dos brasileiros, o Dr. Segismundo Mello, Procurador do Estado de Goiás, e residente hoje em Brasília, bateu à porta do Ateneu Dom Bosco de Goiânia com uma dúvida e um pedido: era verdade que Dom Bosco, em sonho, havia antevisto Brasília? Onde obter o texto do sonho?

Nenhum salesiano do Ateneu sabia de nada!

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O fato é menos estranhável do que poderia parecer à primeira vista: a biografia completa de Dom Bosco, com o título de Memorie Biografiche, tem �6.�30 páginas e ocupa �9 alentados volumes escritos em italiano; não há tradução portuguesa. Nada de admirar, portanto, se a maior parte dos atuais Salesianos não a tenha lido nunca por inteiro, ou por falta de tempo ou (os das gerações mais novas) por já não dominarem completamente a língua. As pequenas biografias escritas em português não contam senão um ou outro dos sonhos de Dom Bosco. Não este, que é muito grande.

Mas o Diretor do Ateneu, P. Cleto Caliman, pôs-se a vasculhar nas Memórias Biográficas e lá encontrou, no vol. XVI, o texto integral do sonho de �883. Nele, sob a guia de um jovem amigo já falecido, Luiz Colle, Dom Bosco fez a fantástica viagem pela América do Sul, resumida no item � deste estudo.

Ao verificar que Brasília estava situada justamente entre os paralelos �5 e 20 e que o tempo coincidia com o previsto no sonho, os defensores de Brasília, com o Dr. Segismundo à frente, encheram-se de entusiasmo e de certezas. Bernardo Sayão, um dos pioneiros, logo arranjou ocasião e pretexto para uma Missa, que os salesianos do Ateneu celebraram, sem alarde, no desértico planalto entrevisto no sonho. Foi, na realidade, a primeira Missa de Brasília.

Israel Pinheiro que, por intermédio de um tio Padre, Mons. Pinheiro, Cooperador salesiano, tinha velhas afinidades com Dom Bosco, vibrou, e imediatamente comunicou a descoberta ao Presidente Juscelino Kubitschek. Este, dramaticamente necessitado de apoios para sua obra grandiosa, tratou logo de fazer expor na sala principal do Catetinho o trecho do Sonho possivelmente referente a Brasília, emoldurado em quadro que ainda lá se acha e parece ter-se inspirado no texto para a frase famosa que se encontra gravada no seu monumento da Praça dos Três Poderes: “Deste Planalto central...”

A fim de colocar sob a proteção do Santo os trabalhos da construção da nova Capital, Israel Pinheiro fez questão de empregar o primeiro ferro e o primeiro cimento chegados ao

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canteiro de obras na construção de uma ermida votiva a Dom Bosco, desenhada por Niemeyer. Fé-la reproduzir, anos mais tarde, em escala menor, na sua residência oficial de Prefeito de Brasília, a Granja do Ipê. Bom mineiro, quis em seguida conferir, com os próprios olhos, o manuscrito original do sonho, cuja cópia xerox me fez requisitar à Casa Mãe dos Salesianos na Itália.

Como conseqüência de tudo isto, a cidade nasceu embalada na certeza de ter sido sonhada por um santo e é por isso que a devoção a Dom Bosco é tão popular entre os brasilienses.

Quando, em �96�, chegou a hora de escolher Patrono litúrgico para ela, a Autoridade eclesiástica local, com muito acerto, pensou em Nossa Senhora Aparecida. Mas, por coincidência (ou “elegância da Divina Providência”, como costumava dizer o Papa Pio XI), nesta data, eram ex-alunos salesianos o Presidente da República, Jânio Quadros (ex-aluno do Colégio S. Joaquim, de Lorena, SP), o Prefeito Paulo de Tarso (ex-aluno do Colégio Dom Bosco, do Araxá, MG) e o Presidente da Novacap Randall Espírito Santo Ferreira (ex-aluno do Ginásio Salesiano de Silvânia, GO). Os três ex-alunos, atendendo também a apelo unânime da população em minuta preparada por quem escreve este estudo, firmaram juntos petição à Santa Sé para que S. João Bosco fosse declarado Co-Patrono da Cidade, o que veio a acontecer.

Deste modo, no último domingo de agosto, dia festivo mais próximo à data do famoso sonho, os brasilienses, tendo à frente o seu Arcebispo, organizam, todos os anos, piedosa romaria à ermida de Dom Bosco.

Em conclusão, se repetirmos a pergunta: “Dom Bosco Sonhou Brasília?”, creio se possa responder:

�. É certo que o Santo, no “sonho” de �883, pensou noÉ certo que o Santo, no “sonho” de �883, pensou no Brasil: lá está explicita a alusão, embora em forma interrogativa, no manuscrito do sonho tido pelos entendidos como o mais autêntico. (Há vários outros)

2. É igualmente certo que oÉ igualmente certo que o lugar e o tempo coincidem plenamente, sem qualquer ginástica exegética, com os da construção de Brasília.

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3. Quanto ao evento anunciado (grande riqueza, progresso), estou atento à advertência da lógica escolástica sobre a falácia possível no argumento: “depois disto, logo, por causa disto”: Post hoc, ergo propter hoc. Mas há, inegavelmente, relação de causa e efeito entre a transferência da Capital e o surto de progresso que se deu no País a partir daquela realização, não só na região Centro-Oeste, como seria de esperar, mas no Brasil como um todo. Só não o vêem os que não querem ver; os dados e as estatísticas estão aí, à vista de todos.

�. Seria indevido pedir maior clareza e mais especificaçãoSeria indevido pedir maior clareza e mais especificação num sonho-visão. Manifestações como estas, como as dos profetas da Escritura, são de sua natureza imaginárias, envoltas em expressões ora obscuras, ora simbólicas, que se prestam a mais de uma interpretação. Mas ainda assim, sobre o essencial, como vimos, há mais clareza neste “sonho” do que em geral nas previsões deste tipo.

5. Convém ainda não esquecer que Dom Bosco nunca esteveConvém ainda não esquecer que Dom Bosco nunca esteve na América, não tinha maiores estudos de Geografia, e que os mapas da época, sobretudo os das regiões extra-européias, eram bastante incompletos e vagos.

Em tempo: a) Os representantes mais altos da Congregação Salesiana e

seus melhores estudiosos jamais se pronunciaram sobre o assunto e a reação de seus Superiores Maiores a este respeito foi sempre de reticência. O escrito acima representa opinião estritamente pessoal.

b) Uma advertência aos angustiados com a situação atual do País: – a segunda geração, preanunciada no sonho para o advento de uma era de prosperidade e riqueza, só termina no ano 2003. Até lá... nada se perde em esperar para conferir.

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Outras Profecias Sobre Brasília

Sobre Brasília eis o que diz Eduardo Bueno, em seu livro Brasil: Uma História (BUENO, 2002, p. 352-353):

Era uma cidade longamente profetizada. Já em �883, ela aparece reluzente, nas visões do santo italiano João Bosco. Um século antes, fizera parte dos sonhos libertários dos inconfidentes, fulminados em �789. Em �8�3, o jornalista Hipólito José da Costa, redator do Correio Brasiliense, editado em Londres, deu novo alento à idéia de transferir a capital do Brasil para o interior, “junto às cabeceiras do Rio São Francisco”. No início de �822 surgiria, em Lisboa, um livreto, redigido nas Cortes, determinando que, “no centro do Brasil, entre as nascentes dos confluentes do Paraguai e do Amazonas fundar-se-á a capital do Brasil, com a denominação de Brasília”. No mesmo ano, após a Independência, José Bonifácio defenderia, na Constituinte, a idéia de erguer a nova capital “na latitude de �5o, em sítio sadio, ameno, fértil e regado por um rio navegável”. Em �852, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen tornou-se o principal defensor de Brasília e, em �877 seria o primeiro a viajar ao Planalto Central tentando demarcar o ponto ideal. Achou-o “no triângulo formado pelas lagoas Formosa, Feia e Mestre d’Armas, pelo fato de fluírem para o Amazonas, o São Francisco e o Prata”. Proclamada a República, o artigo 3o da nova Constituição estabeleceu que a capital de fato seria mudada para o Planalto Central. Por isso, em �892, à frente da recém-formada Comissão Exploradora do Planalto Central, o cientista Luís Cruls demarcou “um quadrilátero de ��.�00 quilômetros para nele ser erguida a nova cidade”. Em �922, o presidente Epitácio Pessoa baixou um decreto determinando que no dia 7 de setembro daquele ano (centenário da Independência) fosse assentada a pedra fundamental da nova capital, na cidade de Planaltina (GO), localizada no “quadrilátero Cruls”, hoje perímetro urbano de Brasília. A idéia de transferir a capital para os longínquos descampados do cerrado seria mantida nas constituições de �93� e de �9�6. Mas só começou de fato a sair do papel no dia � de abril de �955, num comício em Jataí (GO), quando o então candidato à Presidência Juscelino Kubitscheck

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decidiu fazer a mais óbvia das promessas de campanha: jurou que iria “cumprir a Constituição”. Então, como o próprio JK conta no livro Por que construí Brasília, algo de surpreendente aconteceu – e mudou os destinos do Brasil. De acordo com JK, ao final do comício em Jataí, “uma voz forte se impôs” e o interpelou. “O senhor disse que, se eleito, irá cumprir rigorosamente a Constituição. Desejo saber se pretende pôr em prática a mudança da capital federal para o Planalto Central”. JK olhou para a platéia e identificou o interpelante: era um certo Toquinho. Embora considerasse a pergunta embaraçosa e já tivesse seu Plano de Metas pronto, JK respondeu que construiria a nova capital. A partir daí, Brasília virou a “meta-síntese” de seu governo. Ao assumir a Presidência, apresentou o projeto ao Congresso como fato consumado. Em setembro de �956, foi aprovada a lei nº 2.87� que criou a Cia. Urbanizadora da Nova Capital. As obras se iniciaram em fevereiro de �957, com apenas 3 mil trabalhadores – batizados de “candangos”. Os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram encarregados de projetar a cidade “futurista”.

A Realização das Profecias

As visões de Dom Bosco sobre a Terra Brasilis, a exemplo de Brasília, parece que já está se tornando uma realidade, como indicam as descobertas de petróleo e gás natural do pré-sal, e de gás na Bacia do São Francisco, e do maior reservatório de água doce da América do Sul, na Bacia do Paraná, o Aqüífero Guarani.

Sobre as ocorrências de gás de petróleo da Bacia do São Francisco, segue abaixo alguns trechos de interessante artigo do ex-Ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero de Vasconcelos, publicado no jornal Estado de Minas (�/6/2003, p.9) sob o título O gás do São Francisco, que liga esse fato ao sonho de Dom Bosco:

Um dos maiores geólogos do País, Carlos Walter Marinho Campos, que no ano passado recebeu post-mortem, a medalha Eschwege do governo mineiro, foi o homem que levou a

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Petrobrás para o mar. (...) Quando assumi a Secretaria de Minas do governo Itamar, já aposentado da Petrobrás, Carlos Walter, com minha presença, instalou em Ouro Preto o Núcleo de Engenharia de Petróleo (Nupetro), que somava o notório potencial de duas renomadas instituições: a Escola de Minas, na área de geologia, e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá (Efei), em eletricidade e mecânica. Neste dia, com a simplicidade que contrastava os títulos tantos que acumulara no Brasil e no exterior, Carlos Walter me dizia que a bacia hidrográfica do São Francisco pode esconder um oceano de gás. É uma unidade geotectônica proterozóica – dizia-me. Não deve ter óleo, mas certamente conterá muito gás natural de petróleo, exatamente como ocorre na Sibéria e no Mar Amarelo da China, que são, também, bacias proterozóicas, formada a mais de 500 milhões de anos. (...) É rezar para que as coisas se apressem e aconteçam. Aliás, falando em rezar, isso me lembra o jornalista Jorge Faria, como eu, ex-aluno salesiano. Ele diz – e jura – que o verdadeiro sonho visionário de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste brasileiro não era Brasília. Era e é o gás do São Francisco.

Para completar essas observações, poderíamos acrescentar que, na faixa de Dom Bosco (�5o / 20o S) existe outros sítios que se encaixam nas descrições do sonho, como o pantanal mato-grossense e a região andina do lago Titicaca, os quais, se pesquisados, poderão apresentar surpresas agradáveis.

Mas é no litoral Atlântico brasileiro que as visões proféticas de Dom Bosco – “Via numerosas minas de metais preciosos, filões inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes como nunca se encontraram em outros lugares” – estão se realizando de forma espetacular, como informa o jornalista Antônio Machado, em sua coluna Brasil S/A, no Jornal Estado de Minas (9/��/2007, p. ��):

Ontem, a Petrobrás anunciou que os testes finais no campo de Tupi, na Bacia de Santos, comprovaram a existência de reserva explorável de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo de qualidade, além de gás, o que alça o país no ranking dos grandes produtores no mundo. (...) A descoberta faz parte de uma área de 800 quilômetros de extensão por 200 de largura, indo do

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litoral do Espírito Santo a Santa Catarina, território no qual a Petrobrás começou a mapear sozinha e em associação com sócios (em Tupi, por exemplo, está junto do BG Group, da Inglaterra, dono de 25% da concessão, e da Petrogal/Gap, de Portugal, com �0%). (...) A reserva encontrada em Tupi está a 6 quilômetros de profundidade – com �,5 a 3 km de lâmina d’água e mais 3 a � km de uma espessa camada de sal.

Considerando os dados divulgados pelo governo federal, segundo os quais, o chamado Bloco de Tupi faz parte de um conjunto de �� blocos igualmente promissores, portanto em condições de comportar reservas da ordem de 300 bilhões de barris, e que blocos semelhantes podem ocorrer nas bacias situadas a norte e sul da Bacia de Santos, onde o nível de sal é conhecido, é possível imaginar reservas da ordem de � trilhão de barris, o que coloca o Brasil no topo do ranking dos detentores de grandes reservas de petróleo e gás, pois o potencial dessa faixa litorânea, de 800 km de extensão por 200 km de largura, equivale às reservas totais hoje conhecidas em todo o planeta. Isto sem contar os gigantescos domos de sal descobertos na foz do Rio Amazonas, cujo potencial petrolífero ainda não foi pesquisado.

Essas descobertas provam que as profecias de Dom Bosco são dignas de fé. E, mais, a localização das reservas de petróleo e gás do pré-sal foram aí colocadas de forma providencial, pois estão protegidas por um oceano, e longe da cobiça de outros países, porem bem próximas do principal centro consumidor do País, a Região Sudeste. Segundo o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, (entrevista ao Jornal Estado de Minas, �8/�0/2008, p.�6), 85% das reservas da companhia e 80% de suas refinarias estão localizadas nessa região, É uma situação privilegiada, em todos os sentidos, inclusive para montagem de um sistema de defensivo contra quaisquer ameaças externas.

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2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS

“Porém, o moço ajuntou, lendo em meus pensamentos:– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.– E qual será a segunda geração, perguntei.– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.– E quantos anos compreendem cada geração?– Sessenta anos.– E depois?– Quer ver o que sucederá depois?Venha cá.”

A Geração Excluída (1823/1883)(“A presente não conta”)

“A colonização européia, iniciada no período imperial, respondia a uma atitude comum da oligarquia das nações latino-americanas, alçada ao poder com a independência: sua alienação cultural que a fazia ver sua própria gente com olhos europeus”.(Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, Companhia das Letras, 1995, p.433)

A Primeira Geração (1883/1943)(“Será uma outra”)

“Há uma situação de contradição que é: os descendentes de imigrantes que vieram no fim do século, subvencionados,

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vieram no fundo dos navios, como gado, porque não cabiam na economia da Europa, que enfrentava uma crise de desemprego como a nossa hoje. Nós absorvemos uma dezena de milhões desses imigrantes. Tem muitos que são excelentes, mas outros acreditam que fizeram o Brasil. Eles vieram subsidiados, o Brasil já existia com suas dimensões, já era independente. Eles vieram outro dia, mas tinham uma atitude muito besta e começam alguns problemas quando esses bestinhas, que havia muito em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, começam a falar dos baianos ou dos pernambucanos ou da gente antiga de sua própria região. Então o Brasil está vivendo um momento de tensões que vão dar em diferenças”

(Darcy Ribeiro, entrevista para o Jornal do Brasil, 3/��/�996, Cad. B, p,5).

A Segunda Geração (1943/2003)(“Depois outra”)

“Se a primeira destas gerações começou em �883, ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em �9�3, e se estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília estão assim bem dentro do período anunciado: entre �9�3 e 2003” (Padre José de Vasconcellos).(Padre José de Vasconcellos).

A Terceira Geração (2003/2063)(“Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.”)

O que se segue ao diálogo que abre este capítulo, está descrito no anterior, mas o que queremos ressaltar com essa análise é o que está acontecendo no presente e o que está para acontecer nos próximos anos. Segundo o Padre José de Vasconcellos, “se a primeira destas gerações começou em �883, ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em

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�9�3, e se estende até o ano 2003”. Com base nessa interpretação podemos concluir que, quando o jovem guia de Dom Bosco, “de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara que a do sol”, diz o que acontecerá depois da segunda geração – “Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.” – ou seja, depois do ano 2003, é que a viagem ferroviária de Dom Bosco, que se segue a esse diálogo, se passa no tempo atual, época da terceira geração (2003/2063), a escolhida para construir essa ferrovia e ocupar o território onde, segundo as profecias, “aparecerá a terra prometida, que jorra leite e mel”.

A escolha dessa geração não foi casual, pois, de acordo com a narrativa de Dom Bosco, o emissário divino excluiu uma geração – “a presente não conta” (�823/�883), ou seja, a dos imigrantes que aqui chegaram quando o Brasil já era independente, porém escravocrata. A partir desta geração, Imperial, seguem-se outras três, Republicanas, cada uma com uma missão: a primeira (�883/�9�3) a de fazer uma revolução para mudar a face escravocrata do Brasil – a Revolução de 30 –; a segunda (�9�3/2003), a de edificar Brasília e ocupar o Centro-Oeste; e a terceira (2003/2063), com o encargo de construir a ferrovia profetizada por Dom Bosco e povoar sua rota e a Amazônia, cumprindo assim os desígnios de Deus.

Estas privilegiadas gerações já vêm atuando nesse sentido, como demonstra a presença de gaúchos, catarinenses e paranaenses no Centro-Oeste, no Brasil Central, na Amazônia, no Nordeste, no Paraguai (brasiguaios) e na Bolívia, descendentes dos imigrantes que não conheceram a escravidão e nem foram responsáveis por suas mazelas, magistralmente descritas por Gilberto Freire, em sua monumental obra Casa Grande & Senzala. Por esta razão, estão livres do ranço escravocrata que domina certas elites, principalmente as nordestinas, pois estas, diferentemente das mineiras, paulistas e fluminenses, que tiveram suas mentalidades escravistas modificadas pelas levas de imigrantes que aportaram ao País no final do século XIX e início do século XX, ainda adotam uma postura retrógrada no quadro político nacional.

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O Brasil, portanto, encontra-se num momento decisivo de sua história, cabendo à terceira geração a missão de definir os rumos do País e quem sairá vencedor nessa disputa: a Casa Grande & Senzala, que se atém a um passado que não volta mais, ou o Brasil dos Imigrantes, que marcha para frente em busca de novos horizontes.

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IMIGRANTES

Família Parenti

(Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG)

Savério Parenti e Lucia Guigli Parenti (bisavós do autor) e seus filhos Giovanni (avô – nascido em Riolunato-Modena), Beatrice e Elisabetta. A família Parenti deixou a Itália pelo Porto de Gênova, viajando para o Brasil no navio Les Alpes, chegando à Hospedaria dos Imigrantes em Juiz de Fora-MG, em 20 de maio de �897.

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IMIGRANTES

Família Chiarini

(Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG)

Pietro Chiarini e Francesca Adreucci Chiarini (bisavós do autor) e seus filhos Francesco, Ângelo, Giuseppe, com suas esposas, Alessandro, sentado ao lado do pai, e Carolina (avó- nascida em Arezzo-Toscana), sentada ao lado da mãe. A família Chiarini deixou a Itália pelo Porto de Gênova, viajando para o Brasil no navio Aquitaine, chegando à Hospedaria dos Imigrantes em Juiz de Fora-MG, em 3 de agosto de �897.

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FIGURA 1

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A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO

O Eixo Central

O eixo central imaginado para a Ferrovia de Dom Bosco (Figura �), com base no sonho visionário, tem início na cidade de Cartagena, na Colômbia, e a partir daí segue em direção a Caracas, na Venezuela, de onde toma o rumo sul, passando sucessivamente pelas cidades brasileiras de Boa Vista-RR, Manaus-AM, Porto Velho-RO, Cuiabá-MT e Campo Grande-MS. Desta cidade continua rumo sul para Assunção, no Paraguai, e Buenos Aires, na Argentina, de onde prossegue até atingir seu ponto final em Punta Arenas, no Chile. São cerca de �0.777 km de um percurso que, começando no Mar das Antilhas, no extremo norte da América do Sul, termina no Estreito de Magalhães, no seu extremo Sul, passando por um território de topografia favorável, pois em Boa Vista, no extremo norte da Bacia Amazônica, a altitude é de 85 metros; altitude que se repete no extremo sul, em Porto Velho, distante cerca de �.686 km. Em Cuiabá, o centro geográfico da América do Sul e divisor de águas das bacias do Amazonas e do Prata, distante �.�56 km de Porto Velho, a altitude é de apenas �76m. De Cuiabá para o Sul, a cota é descendente, pois a região a ser percorrida até Buenos Aires situa-se na Bacia do Rio da Prata.

Não bastassem esses fatores extremamente importantes para o traçado da ferrovia – fato notado por Dom Bosco: “Não só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas (o brasil?)” –, acresce ainda que, em ambas as extremidades, ela faz junção com os dois maiores oceanos do globo, o Atlântico

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e o Pacífico. No extremo sul, esses oceanos estão ligados pelo Estreito de Magalhães, onde se localiza Punta Arenas. No extremo norte, em território colombiano, está projetada a construção de um canal para ligar esses dois oceanos ao nível do mar. O valor estratégico combinado desses fatores, o Estreito de Magalhães, o Canal Colombiano e a Ferrovia de Dom Bosco, faz crer que realmente esta ferrovia transcontinental, que supera a famosa Transiberiana com seus 9.000 km (de Moscou a Vladivostok), é de inspiração divina e foi concebida para colocar os países da América do Sul num plano superior no concerto das nações, e protegê-los de ameaças externas, como a Quarta Frota americana, reativada para patrulhar as águas latino-americanas, tornando-as inseguras ao tráfico marítimo.

Kilometragens (Aproximadas)

Cartagena/Fronteira Colômbia-Venezuela..........................300 kmFronteira Colômbia-Venezuela/Caracas..............................800 kmCaracas/Fronteira Venezuela-Brasil....................................200 kmFronteira Venezuela-Brasil/Boa Vista-RR......................... 220 kmBoa Vista/Manaus-AM.........................................................785 kmManaus/Porto Velho-RO......................................................90� kmPorto Velho/Cuiabá-MT....................................................�.�56 kmCuiabá/Campo Grande-MS.................................................69� kmCampo Grande/Ponta Porã-MS (Fronteira com oParaguai)...............................................................................336 kmPonta Porã (Fronteira com o Paraguai)/Assunção.............3�0 kmAssunção/Buenos Aires.....................................................�.3�5 kmBuenos Aires/Punta Arenas............................................. 2.�00 km

RESUMO

Colômbia...............................................................................300 kmVenezuela............................................................................2.000 km

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Brasil...................................................................................�.392 kmParaguai.................................................................................3�0 kmArgentina...........................................................................3.620 km Chile......................................................................................�25 km Total................................................................................. �0.777 km

A Via Leste

A Via Leste, pelo que disse o jovem guia de Dom Bosco, faz parte do mesmo plano superior: “Note Bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira. O sr. tem estrada aberta também para leste, até o mar. É outro dom de N. Senhor”. Para seguir para o mar, rumo ao leste, percorrendo em sua maior extensão esse “outro dom de N. Senhor”, o ponto de partida situa-se em Porto Velho, em Rondônia, a cidade mais a oeste do eixo central, e o ponto final na cidade portuária do Recife, em Pernambuco, no extremo leste do continente. Este trajeto, praticamente em linha reta, tem cerca de 3.200 km e a topografia também é favorável, pois em Palmas, capital do Estado do Tocantins, situada a meio caminho desses pontos extremos, a altitude gira em torno de 200m. A distância Porto Velho-Palmas é de aproximadamente �.700 km e de Palmas a Recife cerca de �.500 km. Alem disso, Palmas esta situada no eixo da Ferrovia Norte-Sul, a qual com seus �.550 km, quando prontos, ligará os Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás ao sistema ferroviário sul. No seu extremo norte, no Estado do Maranhão, a conexão se faz com a Estrada de Ferro Carajás, que termina no Porto de Itaqui, em São Luís. A sinergia entre essas três importantes ferrovias e seus terminais portuários, somada às demandas do agronegócio, serão fatores determinantes para transformar o Brasil Central e o Nordeste, em regiões privilegiadas para produzirem alimentos para um mundo faminto. Como disse o guia de Dom Bosco: “É outro dom de N. Senhor”.

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A Variante “A”

A Variante “A” é uma alternativa que possibilitará incluir a Bolívia e norte da Argentina na área de influência da Ferrovia de Dom Bosco. Essa ligação poderá ser feita a partir da cidade de Porto Velho, no estado de Rondônia, onde tem início a Via Leste, seguindo um traçado que cortará de norte a sul a região sub-andina da Bolívia, sua nova fronteira agrícola, passando por Santa Cruz de la Sierra até atingir a cidade Argentina de Salta, onde fará ligação com o sistema ferroviário desse país que demanda a Buenos Aires. É uma variante importante, pois de Porto Velho a Santa Cruz são cerca de �.000 km, e desta cidade até a divisa com a Argentina outros 600 km. Desta divisa até Salta, deve-se acrescentar 300 km e, a partir daí, até Buenos Aires, mais �.800 km. No total são 3.700 km, sendo �.900 km de novas ferrovias (625 km no Brasil, 975 km na Bolívia e 300 km na Argentina). Como fator adicional para valorizar a Variante “A”, deve-se ressaltar que, em Santa Cruz de la Sierra, essa variante fará junção com a ferrovia que, partindo desta cidade, liga o leste boliviano ao sistema ferroviário brasileiro, em Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul, e com o Eixo Central, em Campo Grande, no mesmo Estado. O percurso total até este ponto é de �.000 km, sendo 625 km na Bolívia e 375 km no Brasil.

A Variante “B”

A Variante “B” é uma via que já está pronta. Formada pelo sistema ferroviário brasileiro, ela parte de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul, rumo ao sul, atravessando os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul até atingir a fronteira com a Argentina, em Uruguiana/Passo de los Libres, num percurso de 2.832 km. Desta cidade, onde se conecta com o sistema ferroviário argentino, segue para Buenos Aires cumprindo um trajeto de aproximadamente 900 km. A

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partir de Campo Grande, portanto, a Ferrovia de Dom Bosco bifurca-se, seguindo o Eixo Central para Assunção e Buenos Aires num percurso de 2.02� km, e a variante “B” pelo sistema ferroviário brasileiro/argentino até atingir o mesmo destino, totalizando cerca de 3.732 km, onde voltam a se encontrar para prosseguir numa só via até Punta Arenas, no Chile. Um ramal adicional, com cerca de 890 km, ligando Porto Alegre a Montevidéu, colocará também o Uruguai no roteiro da Ferrovia de Dom Bosco, aumentando ainda mais o poder de integração continental desta ferrovia e fortalecendo os laços econômicos do Mercosul.

Kilometragens (Aproximadas)

Campo Grande/São Paulo.................................................�.0�� kmSão Paulo/Curitiba............................................................... �08 kmCuritiba/Florianópolis........................................................ 300 kmFlorianópolis/Porto Alegre................................................. �76 kmPorto Alegre/Uruguaiana.................................................... 63� kmUruguaiana/Passo de los Libres/Buenos Aires................. 900 kmPorto Alegre/Montevidéu................................................... 890 km

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EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Introdução

A história registra um impasse – a lenda do Nó Górdio – que retrata a situação da educação pública no Brasil, que patina na mediocridade por falta de uma decisão corajosa do governo federal para mudar o quadro estabelecido e implantar a Escola Pública de Tempo Integral.

Segundo a Enciclopédia Delta Larousse,

na mitologia grega, tornada universal no mundo romano, a vida era o fio que Cloto fiava, Láquesis dobava e Átropo cortava. No fio da vida o nó representa a interrupção, o obstáculo. (...) Foi no templo de Zeus, localizado em Górdios, às margens do rio Sangário, que Alexandre cortou com golpe de espada o “nó gordio”, do qual dizia um oráculo que quem o desatasse se tornaria o senhor da Ásia.

O jornalista Mário Fontana, em sua coluna no Jornal Estado de Minas (�/�/200�, p.�), esclarece essa questão:

A história é a seguinte. No ano 333 antes de Cristo, Alexandre, o Grande, na sua marcha para o Oriente, chega à cidade de Gordium, na Anatólia, capital da Frigia. Lá o rei Midas lhe apresenta o carro de guerra do rei Gordius (pai de Midas), em que havia uma lança presa no carro por um nó que ninguém conseguia desatar: o nó górdio. Dizia a profecia que quem conseguisse desatar o nó conquistaria a Ásia. Alexandre tenta por diversas vezes desatar o nó, mas não consegue. Vendo que esta tarefa impossível, arranca

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de sua espada e corta o nó ao meio, dizendo: Está desatado. E parte em conquista da Ásia.

São muitos os “nós” que mantêm o Brasil atado à miséria e à opressão e identifica-los e “desatá-los” é tarefa de todos os brasileiros que querem construir um país mais justo e fraterno, principalmente os políticos e governantes que foram eleitos para isso. O mais importante desses “nós”, que “amarra” o desenvolvimento econômico e social do País, é a Escola Pública de Tempo Integral, um nó que, se desatado, acabará de vez com a pilantropia praticada pela elite, ONGs, pessoas inescrupulosas, e toda sorte de expedientes caritativos voltados para a infância e juventude carentes.

Essa postura assistencialista e hipócrita, que no passado era financiada por eventos beneficentes patrocinados pelas socialites, como bingos e jantares, e que tinha um caráter meramente social, agora virou um negócio empresarial bastante rentável, verdadeiramente uma festa, pois descobriram uma fonte inesgotável para financiá-lo, o dinheiro público, via deduções do Imposto de Renda. É fazer cortesia com dinheiro alheio aproveitando da omissão do poder público no cumprimento de suas obrigações, no caso, a escola pública. Educação é assunto de Estado, e não uma questão menor a ser tratada por ONGs e entidades empresariais.

Para denunciar essa situação, escrevi a seguinte carta ao Presidente Lula:

Belo Horizonte, 9 de agosto de 2008.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaBrasília – DF

Prezado Senhor Presidente,

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Pelo 23º ano consecutivo, a Rede Globo de Televisão realiza seu show marqueteiro-empresarial denominado Criança Esperança, destinado a arrecadar dinheiro com doações de seus telespectadores, para financiar projetos assistencialistas envolvendo crianças carentes de todos os quadrantes do País. Neste processo, inovador, pois sua participação se limita a faturar a imagem do bom mocismo, já que tudo é terceirizado, desde a arrecadação dos recursos financeiros, creditados diretamente na conta da UNESCO, até a execução dos projetos, a cargo de ONGs e outras entidades assistencialistas, o que fica claro é que os responsáveis por esse grupo empresarial não colocam um tostão sequer em tudo isso, ao contrário dos empresários norte-americanos que doam suas fortunas para criarem escolas e universidades de fama mundial, das quais muito se orgulham, e que contribuem efetivamente para educar a infância e juventude de seu país.

O objetivo principal dessa campanha da Rede Globo é sabotar a escola pública, passando a mensagem de que os graves problemas estruturais do sistema educacional de nosso País podem ser superados com iniciativas pontuais praticadas à revelia do Estado, para o que são pinçados, como exemplos, projetos e realizações pessoais que são mostrados em seus programas para sensibilizar os brasileiros e motivá-los a fazerem doações, num estilo que lembra muito o praticado por certas religiões. Este discurso é enfatizado pelos repórteres da empresa que, graças ao alcance dessa televisão, principalmente do Jornal Nacional, têm um poder de convencimento que supera de longe os discursos de todos os senadores e deputados federais somados.

O efeito dessa postura é que a sociedade brasileira perde o foco da questão, não atinando para o que realmente resolve a situação da infância e juventude carentes do País que é a Escola Pública de Tempo Integral, solução apontada pelos pioneiros da Escola Nova na década de 30 do século passado, sabotada pela elite conservadora daquela época, da qual fazia parte o Dr. Roberto Marinho, como mostra o trabalho em anexo, retirado de um livro de minha autoria, intitulado A Ferrovia de Dom Bosco

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(p. 55-8�), publicado pela Mazza Edições, Belo Horizonte-MG, em 2007 (2. ed.).

Para melhor avaliar essa iniciativa da Rede Globo, e seu impacto sobre o ensino público, já que nada mudou no quadro social do País nos seus 23 anos de existência, o caminho mais indicado é fazer uma pesquisa comparando o ensino ministrado nos países do G-7 e do BRIC, e se neles o Programa Criança Esperança teria cabimento.

Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V.Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Senadores(as), Deputados(as) Federais e Ministros da Educação, Fernando Haddad, e de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger.

As Causas do Fracasso da Escola Pública no Brasil

A perenização da miséria no Brasil é fruto de um processo de exclusão social que tem na educação as raízes mais profundas. Esta tragédia coletiva é o resultado de um passado escravocrata e da opção da elite republicana de priorizar as questões econômicas em detrimento do social. Neste particular é bom lembrar que a última reforma substancial no ensino brasileiro ocorreu há mais de sessenta anos, no período revolucionário de Vargas, com a Lei Capanema, que mudou o ensino no País, como informa Joaquim Panini (Caminhos Novos na Educação. São Paulo: FTD, �995, p. 286):

Realmente, até �9�0, praticamente qualquer pessoa podia ensinar, mesmo sem o credenciamento de títulos. O mesmo acontecendo

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com as escolas. Com a lei Capanema, publicada em �9�2, – a primeira grande lei de ensino no Brasil – as coisas mudaram substancialmente. As escolas e, sobretudo os professores, tiveram que legalizar sua situação frente às exigências da lei, o magistério deixou de ser considerado sacerdócio e passou a ser tido somente como uma profissão, exigindo interesse, aptidão, e habilitação legal.

Mas, se tão grande avanço ocorreu em �9�2, por que a Escola Pública de Tempo Integral, gestada desde �932 pelos pioneiros da Escola Nova, foi abortada? A resposta está na luta surda travada contra a escola pública pela elite conservadora liderada pelo clero católico, como mostra o seguinte trecho extraído da obra Caminhos Novos na Educação (Lima, �995, p. �6�):

Entendeu a AEC – Associação de Educação Católica –, desde o primeiro momento, que não basta ficar na oposição. Há necessidade de penetrar e atuar em todos os órgãos do poder. Fazer ouvir a nossa voz, colaborando, honradamente, com a independência de opinião, de nossa filosofia e crença. Nasceram, assim, os chamados “comandos” no legislativo e no executivo. Era a estratégia que se impunha: estar presente, lá onde se decidiam as orientações políticas e administrativas do ensino nacional. Os primeiros comandos tiveram, no Senado, o catarinense Nereu Ramos. Na Câmara, o deputado gaúcho, Tarso Dutra. Traço de união entre os comandos, em caráter permanente, e a diretoria nacional, foi naqueles 20 primeiro anos, o ex-constituinte de �93�, Dr. Carlos Thompson Flores. As reuniões eram, geralmente, no palácio São Joaquim, sede do arcebispado do Rio. Havia também a colaboração da imprensa, com o conde Pereira Carneiro, no Jornal do Brasil, e o Dr. Roberto Marinho, em O Globo. Rara era a semana em que não publicassem algum artigo elaborado na AEC. Outros jornais como o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, colaboraram, também. A AEC visava formar opinião.Não houve o mesmo acolhimento, por parte de O Estado de São Paulo. Às repetidas audiências solicitadas pela AEC, acudia o Dr. Júlio de Mesquita Filho, declarando, com toda cortesia, que a linha do jornal era outra. O mentor, naquela época, era o diretor da Revista Anhembi, Anísio Teixeira, nada favorável à Igreja, e

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ardoroso defensor do ensino estatal. Hoje – como mudam os tempos! – o Estado está publicando artigos, na nossa linha. O atual diretor, Júlio de Mesquita Neto, é antigo aluno do colégio São Luís, de São Paulo.

Os fundamentos dessa conspiração contra a escola pública e a capitulação de Vargas, que trocou os ideais da Escola Nova pela Lei Capanema, descritos a seguir, foram levantados de trechos selecionados das seguintes obras: Caminhos novos na educação, sob a coordenação de Irmã Severina Alves de Lima (São Paulo: FTD, �995); Um estudo histórico sobre o catolicismo militante em Minas, entre 1922 e 1936, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, �990); Introdução à história da Igreja, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, �997, 5 ed., v. � e 2); e Os Templários, de Piers Paul Read (Rio de Janeiro: Imago, 200�).

Uma Disputa de Poder e Prestígio

O nó górdio que mantém o Brasil atado à miséria e à ignorância e que o impede de sair do atraso em que se encontra e realizar suas potencialidades se situa na escola pública. O fracasso da escola pública no Brasil é o resultado de uma surda disputa de poder e prestígio entre a Igreja Católica Apostólica Romana e o Estado brasileiro, tornada manifesta por ocasião da queda do Império e conseqüente Proclamação da República, quando então se processou a separação da Igreja do Estado. Essa disputa, Igreja/Estado, tem suas raízes nos primórdios do Cristianismo, por obra e graça do Imperador romano Constantino (306-337).

Constantino acreditava que havia chegado ao poder com a ajuda do Deus dos cristãos. Às vésperas da crucial batalha com o imperador rival Maxêncio na Ponte Mílvio, junto dos muros de Roma, fora-lhe dito num sonho (ou possivelmente numa visão) que pintasse um monograma cristão nos escudos de seus soldados

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com as palavras In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás). (Read, p. 39)

Constantino sucessivamente adotou outras medidas

favoráveis aos cristãos, como se quisesse fazer da religião cristã um instrumento de fortalecimento e unidade do Estado, que também procurava robustecer por outros meios (reforma da burocracia civil e dos comandos militares; medidas econômicas e fiscais; etc.). Em particular, Constantino parece ter visto no monoteísmo uma forma de legitimar a monarquia: a um só Deus do universo corresponde um só soberano ou monarca para o Império. Também a transformação da antiga Bizâncio numa nova cidade, Constantinopla, inaugurada em 330, pareceu significar o abandono, por parte do imperador, da Roma pagã e a substituição por uma nova Capital cristã (Matos, �997, v. �, p. 97)

Entre os atos de Constantino em favor da Igreja, podem ser citados: + A concessão de imunidades ou isenção de obrigações pessoais para com o Estado (impostos, etc.), tanto para os sacerdotes pagãos, como para o clero católico. + Reconhecimento jurídico das decisões episcopais: os bispos podem arbitrar causas também de pagãos. + Abolição da crucificação e proibição das lutas de gladiadores, que, no entanto, continuarão ainda por um século. + Permissão à Igreja de receber heranças e doação de grandes igrejas ou basílicas (Basílica do Latrão e de São Pedro, em Roma; Santo Sepulcro, em Jerusalém; Natividade, em Belém...). + Reconhecimento do domingo como feriado e progressiva redução das festas pagãs. (Matos, �997, v. �, p.97-98)

A propósito deste período e de imperadores com Constantino, Constâncio e, mais tarde, Justiniano (527-565), falou-se em cesaropapismo. O termo é moderno e indica uma teoria segundo a qual o poder civil e o poder religioso se reuniriam numa só pessoa, a do imperador, que exerceria conjuntamente as funções de imperador e de papa. (Matos, �997, v. �, p. �02-�03)

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A Igreja assumiu mais do que as funções do extinto Império: era o Império Romano na mente do povo. Ser romano era ser cristão; ser cristão era ser romano. Depois de Justiniano, o mundo mediterrâneo passou a considerar a si mesmo não mais como uma sociedade na qual o cristianismo era apenas a religião dominante, mas uma sociedade totalmente cristã. Os pagãos desapareceram nas classes mais elevadas, e mesmo no campo (...) o não-cristão constatava que era um fora-da-lei num Estado unificado. Num sentido real e consciente, os bispos da Igreja Católica assumiram as responsabilidades da classe senatorial romana: essa foi a hipótese básica por trás da retórica e do cerimonial do papado medieval. (Read, p. �6)

Por volta de �300, deu-se um desentendimento entre o Papa Bonifácio VIII (�29�-�303) e o rei Filepe IV, o Belo (�285-�3��), da França. Conflitos semelhantes, surgidos, via de regra, por motivos de delimitação de poderes, já haviam ocorrido em épocas anteriores, como conseqüência natural da fusão de competências entre o poder espiritual e temporal. Por maiores que tivessem sido os choques, até então uma coisa ficara incontestável: a união inquebrantável de Igreja e Estado, sob a dupla autoridade de papa e monarca. A novidade estava exatamente em não mais se tratar de uma simples questão de rivalidade, mas de um profundo questionamento sobre a origem do poder. Felipe sustentava que sua autoridade régia derivava diretamente de Deus e, conseqüentemente, não se submetia a nenhuma restrição por parte do Papa. Como monarca, era inteiramente independente e somente em questões de fé teria de obedecer ao pontífice. Em outras palavras: o rei subtraiu toda vida política à direção da Igreja. (Matos, �997, v.�, p. 286-287)

O ano de �300 marcou o ponto alto do pontificado de Bonifácio VIII e na época pareceu o auge das reivindicações pontifícias à jurisdição universal. (...) O papa Bonifácio, exultante, apareceu diante dos peregrinos sentado no trono de

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Constantino, segurando espada, coroa e cetro e gritando: Eu sou César!. (Read, p. 276-277)

A morte de Bonifácio não pôs fim ao conflito entre o Papa e a França. (...) Finalmente, a escolha recaiu sobre Clemente V (�305-�3��), arcebispo de Bordéus. Este se mantivera neutro na luta partidária, sendo figura bem vista por Felipe. Não foi uma eleição muito feliz. A fim de restabelecer a paz o mais breve possível, fez grandes concessões a Felipe, que não seriam benéficas para a Igreja. Apoiou um processo contra a Ordem dos Templários, que o rei queria aniquilar, provavelmente para se apoderar de suas riquezas. O processo realizou-se de forma completamente arbitrária e as atitudes autocráticas de Felipe provam que o prestígio do Papa diminuíra notavelmente. Embora as acusações feitas não fossem comprovadas, Clemente suspendeu a Instituição dos Templários (�307). A vontade de Felipe prevaleceu. (Matos, �997, v. �, p. 289)

Em Portugal, a Ordem do Templo, com permissão do papa, tinha sido reorganizada como Ordem de Cristo. Aí, também, era controlada pelos reis portugueses, que conseguiram instalar príncipes reais ou outros favoritos como mestres. Seus feitos mais significativos se deram sob seu mestre, o príncipe Henrique, nomeado em ���8, o qual usou a riqueza da ordem para financiar expedições exploratórias à costa da África, ao redor do cabo da Boa Esperança e por fim à Ásia. No século XVI, o controle das ordens passou para a Coroa, e, como as sucessivas bulas papais atenuaram os votos de pobreza, castidade e obediência, a qualidade de membro transformou-se meramente numa questão de honra e prestígio. (Read, 338)

A partir da segunda metade do século XV, Espanha e Portugal assumem, progressivamente, a hegemonia da expansão colonial européia, sob a égide da incipiente política econômica do mercantilismo. Dilatar a fé e o império, impor-se pela cruz e espada, são diferentes maneiras de exprimir a implantação dos

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impérios ibéricos, ao mesmo tempo mercantis e salvacionista. (Matos, 1997, v. 2, p. 89-90)

Na Península Ibérica existia a mentalidade, amplamente difundida, segundo a qual Portugal e Espanha foram escolhidos por Deus para difundir a fé cristã nas novas terras já descobertas ou a serem conhecidas. Trata-se de um messianismo que ressoa, inclusive, nas obras de Las Casas quando afirma que Deus havia eleito o povo espanhol como ministro da fé (As vinte razões). Também Antônio Vieira SJ [�608-�697] se faz porta-voz dessa convicção, afirmando que nesses tempos surge um novo império, o reino de Cristo na terra, governado pelo Papa (poder espiritual) e pelo rei de Portugal (poder temporal). (MATOS, �997, v.2, p.95/97)

Cinco séculos de luta contra os Mouros na Península Ibérica [c.750-��92], movimento conhecido como Reconquista Cristã, inculcou nos ibéricos um espírito de cruzada: usar a força das armas como meio legítimo na defesa da fé! Imbuídos desta mesma mentalidade os conquistadores declaram justa a guerra, caso os indígenas negarem a aceitar pacificamente a fé. O grito crê ou morre dos cruzados medievais recebe aqui uma nova aplicação. (Matos, �997, v. 2, p. 97)

Quanto à implantação da Igreja-Instituição e à organização eclesiástica, constatamos que em �5�� foram criadas as três primeiras sedes episcopais, entre elas a de Santo Domingo (arquidiocese em �5�6). A Igreja no Brasil dependia inicialmente do Bispado de Funchal, nas Ilhas Açores. Em �55� erigiu-se a diocese de São Salvador da Bahia. De �55� a �676 houve um só bispo para toda a América portuguesa e somente em �707, com as Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia, é que surge uma estrutura eclesiástica mais definida. (Matos, �997, v. 2, p. 95)

Através de sucessivas concessões pontifícias que confiavam aos monarcas ibéricos o cuidado da Igreja em terras ultramarinas,

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por eles descobertas e conquistadas, a evangelização da América Latina estava, de fato, nas mãos da Coroa, e, conseqüentemente, era integrada ao projeto colonial de dominação. Eram, de fato, os reis de Espanha e Portugal que enviavam os missionários e que tinham o direito de receber os dízimos, para financiar a catequese e o culto. Pertencia-lhes, igualmente, a faculdade de criar novas dioceses, nomear bispos e outros dignitários eclesiásticos. Toda a comunicação com Roma era sujeita ao controle do monarca. O funcionamento do padroado foi, igualmente, bem além da legislação escrita e o poder colonial chegou a dominar por completo a instituição eclesiástica, cerceando, de forma abusiva, sua vida interna e seus representantes, entre eles particularmente as Ordens Religiosas. Um dos aspectos práticos do padroado era que ninguém podia tornar-se cristão sem, ao mesmo tempo, passar a ser súdito do rei da Espanha ou de Portugal. Efetivamente, expansão imperialista e conversão cristã caminhavam de mãos dadas! (Matos, �997, v. 2, p. �00)

O Poder da Igreja no Brasil

A colônia portuguesa nas Américas segue um itinerário sui generis. A 7 de setembro de �822 um príncipe da casa real portuguesa, Dom Pedro I, rompe os laços políticos com a Metrópole, tornando o Brasil um país independente. É instituído o regime monárquico e proclamado o Império do Brasil, com constituição outorgada em 2� de fevereiro de �82�, na qual a religião católica é declarada oficial (artigo 5º) e o Imperador considerado o protetor natural da Igreja, com todas as prerrogativas do antigo Padroado luso (artigo �02). (Matos, �997, v. 2, p. ��9)

No Brasil verificamos, no período em questão, vários choques entre o poder imperial e a Igreja por causa do regalismo. Após o posicionamento das autoridades políticas em relação ao direito inalienável do padroado, ora transferido naturalmente para a pessoa do Imperador (�827), e o episódio de quase ruptura

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com Roma (�833) devido às atitudes de Diogo Antônio Feijó (�78�-�8�3), as tensões entre a Igreja e Estado não cessam. Assim, em �855 é proibida a admissão de noviços às antigas Ordens Religiosas do Império, medida que provoca uma drástica diminuição numérica desses institutos, levando-os à beira da extinção em fins do período monárquico. Famosa foi a Questão Religiosa (�872-�875), ligada à infiltração maçônica em irmandades de Belém e Olinda, cidades que viram seus bispos aprisionados e condenados a trabalhos forçados. (Matos, �997, v. 2, p. �23)

Proclamada a República, em �5 de novembro de �889, logo aos 7 de janeiro de �890, o Governo Provisório publicou o Decreto da separação da Igreja e do Estado. Antes de chegar à publicação desse revolucionário Estatuto, de tão decisiva importância sócio-política, houve várias tentativas de impedi-lo ou, pelo menos, amenizar suas conseqüências. Os líderes católicos continuavam a defender em tese o ideal de união entre Igreja e Estado, aceitando a separação como situação de fato, após a promulgação do Decreto nr. ��9-A, de 7 de janeiro de �890. Obviamente ninguém desejava um simples retorno à política imperial referente à Igreja, aquela falsa união e escravizamento, aquele regime de privilégios e subsídios com que se mascarava a opressão (Pe. Júlio Maria, CSSR), mas seria inaceitável confundir a separação com a hostilidade ou com a indiferença. (Matos, �990, p.�2)

Não se pode negar que o documento de 7-�-�890 é sereno, discreto e preciso; não contém excessos e nem esconde ódios. Não deixa de ser a carta de alforria do catolicismo no Brasil, abolindo no art. �º o padroado com todas as suas instituições, recursos e prerrogativas; proibindo no art. �º ao governo federal leis, regulamentos ou atos administrativos sobre a religião; declarando no art. 2º o direito de todas as confissões religiosas ao exercício de seu culto, sem obstáculos aos seus atos particulares ou públicos; assegurando no art. 3º a liberdade religiosa, não só aos indivíduos isoladamente considerados, mas ainda às Igrejas

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que os unem numa mesma comunhão; estabelecendo no art. 5º a personalidade jurídica para todas as Igrejas e comunhões religiosas, e mantendo a cada uma o domínio de seus bens. (Matos, �990, p.�3)

Os Sabotadores da Escola Pública

Apesar das intervenções e apelos da Hierarquia católica, a Constituição republicana de 2� de fevereiro de �89�, adotou uma filosofia a-religiosa e nitidamente laicista, eliminando – como vimos – a evocação do nome de Deus na Carta Magna, proibindo o ensino religioso nas escolas públicas e não reconhecendo o matrimônio religioso para efeitos civis. Essa mesma política de laicização do Estado, no entanto, não foi seguida pelo Congresso Constituinte de Minas Gerais que, no dia �5 de junho de �89�, decretou e promulgou a Constituição Mineira em nome de Deus Todo Poderoso. Comenta Mons. Carlos de Vasconcellos, no seu discurso de instalação do �º Congresso Catequístico Brasileiro de �928: Minas repudiava assim a apostasia oficial da Constituição atéia da República Brasileira, inspirada pelo positivismo. Se esta não foi ainda batizada, como dizia Júlio Maria, e conserva o pecado original de apostasia, o Estado de Minas, desde o berço, recebeu ao menos a graça do batismo de desejo! (Matos, �990, p.�6)

Apesar da separação oficial de Igreja e Estado no Brasil, consagrada pelo Decreto ��9-A, de 7 de janeiro de �890, e incorporada na constituição de �89�, assistimos, na Primeira República, a um curioso processo de reaproximação dos dois poderes. A Igreja não se conforma com uma posição secundária na vida nacional, apelando aos sentimentos religiosos da absoluta maioria da população. Já nos primeiros anos da República os bispos mostram claramente que não aceitam a opinião que entre a Igreja e o Estado deve ter pouco ou quase nenhum contato, nenhuma cooperação, em suma, legalmente têm que se ignorar

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mutuamente. Independência não quer dizer separação, afirma o Episcopado em sua Carta Pastoral de �890. (Matos, �990, p. �5)

O processo de reaproximação entre a Igreja e Estado, nas primeiras quatro décadas do regime republicano, não é retilíneo e conhece um vai-e-vem, que revela os interesses em jogo naquela etapa histórica. (...) Em �905 o Brasil foi agraciado com o primeiro cardinalato da América Latina, na pessoa de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (�897-�930), arcebispo do Rio de Janeiro. (...) Em �9�9 a representação diplomática junto à Santa Sé foi elevada à categoria de Embaixada, enquanto, no Brasil, a Nunciatura recebeu o status de primeira classe. (...) Em maio de �92� foi celebrado, com grandes festividades, o jubileu de ouro sacerdotal do Cardeal Arcoverde. Além da impressionante Missa Campal, especialmente organizada pelos nossos militares, em que tomaram parte mais de dez mil soldados de terra e mar e a comunhão dos intelectuais, quando das mãos de S. Ex. Rvdma., o Snr. D. Sebastião Leme, mais de 500 homens de letras, professores, cientistas, acadêmicos, artistas, etc. receberam a Sagrada Comunhão, o que mais chamou a atenção foi o fato de o governo da República ter tomado parte conspícua nessas festividades. No dia � de maio de �92�, compareceu ao Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro, o próprio Presidente da República, Dr. Arthur Bernardes (�922-�926), acompanhado do Sr. Dr. Estácio Coimbra, vice-presidente, das casas civil e militar e de todo o Ministério, para homenagear o purpurado. Era a primeira vez, depois da separação da Igreja e do Estado, que uma autoridade eclesiástica recebia tais honras por parte do Chefe da Nação. Houve 20 minutos de conversação amistosa. Trocaram-se discursos e foram tiradas fotografias, em que, ao lado do Cardeal e de outros prelados, aparecem o Presidente da República e seu séqüito. Uma hora depois, Dom Arcoverde e todos os Bispos presentes foram agradecer a distinção do Governo Brasileiro. À saudação de Dom Joaquim Silvério de Souza (�905-�933), Arcebispo de Diamantina, respondeu o Presidente com um discurso que foi uma verdadeira apologia da ação da Igreja Católica no Brasil. Mas o ponto alto

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constituiu, sem dúvida, do banquete no Itamarati, oferecido à noite daquele dia � de maio, pelo Chanceler Félix Pacheco. Ainda muitos anos depois, este evento será lembrado pela imprensa católica como um manifesto congraçamento da República com a consciência católica da universidade dos brasileiros. Fala-se, na ocasião, de um verdadeiro batismo da República no Brasil. (Matos, �990, p. �7-�9)

A proclamação da República, em novembro de �889, trouxe como conseqüência a abolição do Padroado, deixando o catolicismo de ser religião oficial do estado. À semelhança do que já vinha ocorrendo na Europa, a constituição republicana decretou a implantação do estado leigo, com as respectivas conseqüências na área da família e da educação.

Com a mesma força de repúdio à laicizaçao do Estado e ao casamento civil, os bispos passaram a condenar o ensino leigo nas escolas. Segundo a hierarquia eclesiástica, a laicização do ensino era considerada como uma forma prática de ateísmo e causa de profundos males para o país. Já na reclamação feita pelo episcopado ao governo provisório, datada de 6 de agosto de �890, existe uma condenação explícita do ensino leigo; numa interpretação tendenciosa, afirma-se que o governo havia optado pelo ateísmo oficial: Que há de ser, dentro de poucos anos, quando as funestas doutrinas do ateísmo nas escola públicas, houverem produzido entre nós os deploráveis frutos de dissolução e imoralidade que a experiência de outros países já deixou tristemente evidenciados?

Nas pastorais coletivas de �900, na comemoração do �º centenário da descoberta do Brasil, os bispos voltam a insistir nessa mesma posição, extremamente polêmica, com relação ao ensino leigo: Decretou-se que nossas escolas primárias e superiores fossem seminários de ateísmo, onde nada se ensinasse de religião, nada de Deus. Este nome adorável poderão os mestres proferir para o insulto ou negar; não terão liberdade de infundir na inteligência e no coração dos alunos conhecimento e amor de Deus criador deles e do universo.

É evidente que os bispos manipulam, em defesa de sua tese, o próprio texto do decreto, estabelecendo uma equivalência indébita entre ensino leigo e ensino ateu. O fato de se prescindir,

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nas escolas públicas, do ensino da fé católica, de forma alguma significava que houvesse na mente dos legisladores uma intenção declarada de promover o ateísmo entre a juventude. O ensino religioso continuava a ser mantido livremente nas escolas confessionais das diferentes denominações religiosas.

Apesar do clamor do episcopado, o governo republicano deixava plena liberdade para que a instituição eclesiástica se expandisse e se fortalecesse nesse período, o que não ocorria na época imperial. A convite dos bispos e, sob o estímulo da Santa Sé, inúmeros institutos religiosos europeus se estabeleceram no país nas primeiras décadas do regime republicano.

A celebração do concílio plenário latino-americano, em Roma, em �898, permitiu que a cúria romana confirmasse de forma definitiva seu domínio sobre as Igrejas oriundas do colonialismo ibérico. O concílio foi elaborado e conduzido pelos peritos da Santa Sé, cabendo aos prelados apenas ratificar as diretrizes romanas. Um dos pontos mais enfatizados, pelo concílio, era a necessidade de promoção das escolas católicas, como forma de se contrapor à perspectiva leiga dos estados modernos. A fim de levar avante esse projeto, recomendava-se que os prelados latino-americanos continuassem a obter a colaboração de religiosos da Europa.

O tema escola católica passou a constituir um enfoque importante da conferência dos bispos do centro-sul do país, reunidos em São Paulo, em �9�0.

A escola pública, desprovida do seu caráter sacral, era condenada explicitamente pelos membros da hierarquia eclesiástica, afirmando que a Igreja Católica “detesta e condena as escolas neutras, mistas e leigas, em que se suprime todo o ensino da doutrina cristã”. E acrescentavam em seguida, fiéis às orientações do concílio latino-americano: “Esforcem-se, portanto, os reverendos párocos, pregadores e catequistas, por dissuadir aos pais de família, que não poderão prestar pior serviço aos filhos, à pátria e ao catolicismo, que colocar seus filhos em tais escolas, expostos a perigos tão grandes”.

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O contraponto era a necessidade de escolas de confissão católica. O clero diocesano foi incentivado a que patrocinasse essas fundações, no âmbito de suas paróquias: “Nas circunstâncias em que se acha a Igreja diante do ensino leigo, é de necessidade inadiável que em todas as paróquias, haja escolas primárias católicas, a que chamam paroquiais, nas quais a mocidade nascente encontre o pasto espiritual da doutrina cristã, e de outros conhecimentos para a vida prática. Ordenamos, portanto, aos reverendos párocos que envidem todos os esforços para fundá-las o quanto antes, onde as não houver; e não descansem, enquanto não conseguirem, por si ou por outrem, a realização deste ideal, em suas paróquias, custe o que custar”.

A finalidade básica da escola paroquial era oferecer aos meninos uma instrução elementar que lhes permitisse assimilar melhor os conceitos da doutrina católica, preparando-se assim de forma adequada para a recepção dos sacramentos da penitência e da eucaristia. Foi, sobretudo, nas regiões de imigração européia no sul do país onde esse apelo foi atendido de forma mais plena.

Instalados no Rio Grande do Sul, em �900, os Irmãos maristas tornaram-se valiosos colaboradores dos parácos na promoção das escolas católicas. Em Santa Catarina foi fundada em �9�3 a congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas cuja finalidade específica era o magistério nas escolas paroquiais.

Não obstante, na medida em que se ampliava a rede escolar pública, muitas famílias católicas passaram a optar por ela pelo aspecto da gratuidade, tanto mais que freqüentemente eram os mesmos professores que lecionavam tanto nas escolas municipais como nas escolas paroquiais.

Nesse período, intensificou-se no país o ensino secundário, e os religiosos passaram a ocupar lugar significativo nessa área, com a fundação dos colégios, nas diversas regiões do país.

Três razões principais podem ser indicadas para essa opção de atividade, dentro da Igreja do Brasil.

Em primeiro lugar, a maioria das congregações européias, já se dedicavam anteriormente a esse tipo de atividade; o que fizeram foi simplesmente transplantar para o país métodos e obras que já haviam dado bons resultados em outras regiões.

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Além disso, a fundação de escolas passou a constituir o meio principal de prover o sustento econômico das novas fundações religiosas, sobretudo quando o governo republicano, recém-instalado no Brasil, se negava a amparar as obras de cunho religioso.

Por último, a criação das escolas católicas era uma das grandes metas do episcopado, sobretudo após o decreto de separação entre a Igreja e Estado. (Lima, p. 30-33)

O Combate à Escola Pública na República Velha

Após a proclamação da República a Igreja iniciou um movimento de reação contra o novo regime, em vista de seu caráter leigo; havia ainda muitos prelados e clérigos saudosistas da época imperial, quando a instituição eclesiástica gozava de uma série de privilégios, por ser o catolicismo religião.

A legitimação do governo republicano foi promovida, sobretudo, pelos positivistas, cuja doutrina teve grande aceitação no exército, através do incentivo ao espírito cívico.

A partir das comemorações do centenário da independência, registra-se uma mudança de estratégia por parte da Igreja: a ênfase do discurso eclesiástico passa a ser a união entre fé católica e pátria brasileira.

Na concepção do episcopado, era necessário recuperar a influência junto ao poder político. De fato, a partir da década de 20, iniciou-se uma etapa que pode ser designada como Restauração católica ou neo-Cristandade brasileira. (Lima, p. 37)

Diante desta situação a Igreja procura reforçar seus quadros internos e também sua organização externa. Excluída da vida pública, quer aumentar sua influência e prestígio na sociedade civil, mediante uma atuação mais destacada na educação (com colégios católicos, geralmente destinados à elite), nas obras sociais, na imprensa e nas pias associações de leigos. Nesta tarefa recebe enorme apoio de Congregações religiosas européias que afluem,

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em grande número, ao Continente. Interessante também é o ingente esforço da hierarquia para conquistar um lugar para a Igreja na escola pública, com campanhas a favor do ensino religioso na rede educacional oficial. (Matos, �997, v. 2, p. �25)

A escola neutra é uma calamidade, um sistema mentiroso, escrevia Leão XIII. Em face de Cristo, senhores, não há meio termo; a alternativa é a da estrada de Damasco: ou com Paulo se o segue ou com Saulo se o persegue. A escola sem Deus é contra Deus. (Matos, �990, p. 76)

Na sua Carta Pastoral de 29-3-�9�2, já escrevera Dom Silvério Gomes Pimenta, Arcebispo de Mariana: “Escolas chamadas neutra, ou atéias, são perniciosíssima invenção para arrancar do coração da infância, e depois da sociedade, a fé e os sentimentos religiosos. Este nefando empenho se acoberta e se procura defender com a capa de liberdade de consciência, de civilização, de progresso, quando na realidade não é senão uma guerra nutrida contra a fé católica, alvejada principalmente com tais medidas”. Outros falam da “monstruosidade perversa do ensino leigo” e do “mais violento vírus que se possa inocular a uma nação para corrompê-la”. (Matos, �990, p. 75)

A lição da história nos ensina que o grupo ou partido que tiver o monopólio da escola, cedo ou tarde, triunfará. É indispensável que os católicos sinceros e esclarecidos, seguindo um plano bem traçado, iniciem uma luta sem tréguas contra o princípio da laicidade do ensino. Urge uma propaganda intensa, ardente, contra a violação odiosa da vontade popular pela imposição iníqua – a um povo inteiramente católico! – de um ensino que ele não quer. O grito de guerra de todo o exército católico deve ser: Queremos Deus nas escolas! As escolas são nossas, somos nós que as pagamos e sustentamos, não as queremos sem o ensino da Religião! Fora o ensino leigo! Para nós, como para nossos irmãos de crença de todos os países não há escolher o campo de batalha: só poder ser o da salvação da infância e da mocidade pela

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destruição do ensino leigo, ou ao menos pela subtração dos filhos dos católicos à sua mortífera influência. Unindo as imensas forças católicas em todo o território nacional, fazendo pressão sobre as autoridades municipais, estaduais e federais, a Igreja conseguirá, em breve, que Jesus Cristo e a Religião dos nossos ancestrais voltem a ocupar, no ensino, o lugar de honra que lhe compete e que, só pela mais tirânica e criminosa imposição de uma ínfima minoria de falsos democratas lhes havia sido arrancado. Desse recobrar de esforços pelo ensino religioso – afirmam os bispos da Província Eclesiástica de Mariana, no Apelo dirigido ao Clero, aos chefes de família e aos professores, Pouso Alegre, 7 de maio de �927 – há de surgir uma nova floração de energias e virtudes, a pontearem de esperanças os horizontes da Pátria e a atraírem sobre vós as mais preciosas recompensas do céu. (Matos, �990, p. 76-77)

A campanha pelo ensino religioso teve em Minas contornos específicos. Aí a luta foi mais intensa e conseguiram-se vitórias, que serviram de estímulo para os católicos de outras regiões do país. (...) As coisas mudaram quando o Governador positivista João Pinheiro da Silva e seus secretário de Interior, Carvalho Brito, em �906, proibiram o ensino religioso na escola oficial, deixando, igualmente, de subvencionar os seminários católicos. (Matos, �990, p. 77-78)

Já em �890, na sua Carta Pastoral Coletiva, o episcopado brasileiro dizia: “Nós vemos nas escolas, desde as ínfimas até as superiores, erguerem-se cátedras de pestilência a exalar os seus miasmas deletérios, e enquanto nesses santuários poluídos da ciência os professores do ateísmo perverterem a incauta mocidade sedenta de saber...”.

É convicção profunda entre os católicos “esclarecidos” da época, que a escola neutra, ou seja, “sem Deus”, não educa, porque “não forma o caráter, nem o homem, cuja vida espiritual não pode abstrair da religião”.

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Encontramos semelhante argumentação nas próprias diretrizes oficiais da Igreja, desde pronunciamentos pontifícios, posicionamento do episcopado nacional e local, até simples orientações nas suas respectivas paróquias. (Matos, �990, p. 88)

Um dos aspectos mais importantes na obra de “recristianização” do Brasil, durante o período da “Primeira República”, é, sem sombra de dúvida, a campanha desenvolvida pela Igreja para reintroduzir o ensino religioso nas escolas da rede pública. Na opinião católica da época, trata-se de uma questão de vida ou morte: sem bases cristãs na mocidade, não haverá futuro para o Brasil. A questão se enquadra numa perspectiva mais ampla: a implantação da “ordem cristã” na sociedade brasileira. (Matos, �990, p.73)

A “questão escolar” no Brasil não é fenômeno isolado no conjunto da Igreja Universal. Amplamente conhecidos sãos os ingentes esforços, por exemplo, dos católicos franceses em defesa da escola católica, como demonstra, entre outros, o famoso discurso de Charles de Montalembert (�8�0-�870) perante a “Chambre des Pairs”, em �83�. Particularmente instrutiva é também a ação dos católicos holandeses quanto à escola confessional cristã, na qual se destaca a figura de Herman Schaepiman (�8��-�903) que conseguiu a colaboração política do partido protestante, para garantir o reconhecimento, e, mais tarde, a plena subvenção do ensino cristão particular (em �920, já depois de sua morte). (Matos, �990, p. 75)

A Criação da Rede Particular de Ensino

As orientações de Roma a respeito da “escola católica” servem de estímulo e apoio aos católicos brasileiros em construir sua própria “rede particular de ensino”. Em sua Pastoral Coletiva de �922, os Bispos recordam aos fiéis a exortação de Leão XIII, quando escrevem: “Pelo que ao nosso país concerne, o Papa Leão

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XIII, na Carta ‘Litteras a vobis’ diz: ‘Estabeleçam-se também escolas para instrução dos meninos, a fim de não suceder que, com grande detrimento da fé e dos costumes, recorram, como sói acontecer, às escolas dos hereges ou freqüentem colégios onde não se faz menção nenhuma da doutrina católica, exceto talvez para caluniá-lo.’ Escusado é encarecer a importância das palavras pontifícias. À sua luz rasga-se o caminho que devemos trilhar, sob pena de perderem a fé verdadeira não poucos dos que têm a ventura de nascer no generoso grêmio da Igreja”. Pio XI – na sua Encíclica “Divini Illius Magistri”, de �929, pondera: “...é indispensável que todo o ensino e toda a organização da escola: mestres, programas, livros, em todas as disciplinas, sejam regidos pelo espírito cristão, sob a direção e vigilância maternal da Igreja Católica, de modo que a Religião seja verdadeiramente fundamento e coroa de toda a instrução, em todos os graus, não só elementar, mas também média e superior”. Dom Leme já tocara o ideal da escola “integralmente católica”, na sua Pastoral de �9�6: “Nós queremos escolas francamente religiosas. Nesse intuito não mediremos trabalhos. (...) A escola – repete Dom Leme, citando Leão XIII – é o campo de batalha em que se decide o caráter cristão da sociedade”. (Matos, �990, p. 9�)]

Uma das maiores desgraças que atingiu o Brasil no período da Primeira República é, segundo muitos católicos da época, a difusão dos “colégios protestantes ou americanos”, na Terra de Santa Cruz. Na sua “Circular de 3-�-�906” o Arcebispo de Mariana declara sem rodeios: “Falo de meninos de ambos os sexos, que os pais não temem confiar a colégios e mestres protestantes, heterodoxos, ou ainda sem religião. Não vêem esses pais que com semelhante procedimento impelem seus filhos para a apostasia, fazendo-os perder no colégio, ou nas aulas, as verdades católicas que aprenderam, ou deviam aprender em casa. País que assim tratam seus filhos são diante de Deus réus de um crime, que o Apóstolo classifica de apostasia, mais grave que a mesma infidelidade: ‘Si quis suorum máxime domesticorum curam no habet, fidem negavit, et est infideli deterior’ (I Tim.5,8). ...” (Matos, �990, p. 92-93)

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O Advento da Revolução de 30

A partir da década de 20, portanto, a Igreja procura uma reaproximação com o Estado, não em termos de subordinação, mas de colaboração. A hierarquia eclesiástica mostra-se disposta a colaborar com o governo na manutenção da ordem pública, mas exige em troca que o Estado atenda às suas reivindicações de ordem religiosa. Essa aliança passou a ser mantida após a revolução de �930, com a ascensão dos novos líderes políticos. Para conquistar o apoio da Igreja, não faltaram concessões explícitas do governo revolucionário, como a autorização para o ensino religioso nas escolas públicas. (Lima, p. 38-39)

Getúlio Vargas (�883-�95�), que dirigirá os destinos da Nação a partir da Revolução de �930, primeiro como chefe do Governo Provisório (�930-�93�), depois como Presidente Constitucional (�93�-�937) e ditador (�937-�9�5), ficará eternamente grato a Dom Leme, que evitou o derramamento de sangue na deposição de Washington Luiz (�870-�957) como presidente da República em �930. Durante o Estado Novo (�937-�9�5) – na realidade o regime ditatorial de Vargas – realizar-se-á um pacto moral entre a Igreja e o Estado, garantia de uma posição privilegiada do catolicismo no Brasil. Notável foi a bem sucedida campanha da Igreja para conseguir a implantação do ensino religioso na escola pública, em nível regional (Minas Gerais, �928) e, pouco depois, em nível nacional (Decreto do Governo Federal de �93�). (Matos, �997, v. 2, p. �29)

Para José Oscar Beozzo �935 é o “ano chave” da década de 30. “A Revolução de �930 permite o desbloqueio de inúmeras forças sociais que se radicalizam mais profundamente em �935, quando começa a se fechar o espaço, para estas forças populares emergentes, ocupado cada vez pelo reagrupamento das classes dominantes e pela intervenção do Estado. (...) A Igreja se adapta ao “projeto populista” de Vargas, apresentando-se como força moderadora nas tensões e conflitos sociais da época. Defende

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a ordem social vigente, agora “batizada” pela Carta Magna de 3�, e o princípio de “obediência à Autoridade estabelecida”. Vê no comunismo o grande inimigo a ser combatido, devido à sua inspiração materialista e espírito revolucionário. Neste contexto nascem as simpatias de significativos setores da Igreja no Brasil pelo movimento integralista, que trazia em seu programa o tríplice lema: Deus, Pátria e Família, valores extremamente caros ao catolicismo da época. (Matos, �990, p. 26�)

Esse período é também marcado por importantes reformas educativas promovidas tanto em nível federal como estadual. Esse interesse e entusiasmo pela educação foi provocado pelo movimento da escola nova, tendo com principais líderes Fernando de Azevedo, Sampaio Dória, Lourenço Filho e Anísio Teixeira.

Alguns líderes católicos manifestaram-se, desde o início, favoráveis a esse movimento renovador da escola, como Mário Casassanta, Jônatas Serrano e Everardo Backheuser. Mas a posição católica mais ampla foi de reservas, quando não de franca oposição, destacando-se nessa linha Alceu Amoroso Lima. (Lima, p. ��-�2)

O período de um século que antecede à fundação da AEC (�8��-�9��) é marcado inicialmente por um forte atrelamento da educação católica às diretrizes eclesiásticas romanas, tendo como finalidade promover prioritariamente o ensino da doutrina cristã. Essa postura autoritária e antiliberal da Igreja assumiu força no Brasil a partir de �8��, quando Dom Antônio Ferreira Viçoso tomava posse da diocese de Mariana, iniciando o movimento dos Bispos reformadores e com a fundação do colégio jesuíta, do Desterro, nesse mesmo ano.

A grande meta da educação era a formação da classe dirigente do país. Por isso, a maioria dos colégios destinava-se tanto aos filhos da tradicional aristocracia rural como da burguesia emergente.

A derrocada dos regimes autoritários, ao final da Segunda Guerra Mundial, marca o início de uma nova era, abrindo-se

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também a escola católica para as idéias da escola nova e para os novos projetos de uma sociedade liberal e democrática.

Em �9�5, com o término da Segunda Guerra Mundial, a tradicional perspectiva eclesiástica começou a ser abalada. O avanço das idéias democráticas na Europa, com profundas repercussões na política e na sociedade brasileira, obrigaram a Igreja a rever suas posições. (Lima, p. 2�-23)

A Escola Pública de Tempo Integral

A Escola Pública de Tempo Integral não é novidade no setor educacional brasileiro, pois, na década de �9�0, o educador Anísio Teixeira chegou a implantá-la na Bahia, a Escola Parque de Salvador, e, em passado mais recente, o ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, tentou e fracassou na implantação dessa escola nos seus dois mandatos (83/86 e 9�/9�).

Na atualidade, o Estado de Minas Gerais, e a prefeitura de Belo Horizonte, estão tentando, ainda que timidamente, implantar esse tipo de escola, porém de forma isolada e sem articulação com um projeto nacional. Além disso, é preciso que os governantes entendam que não adianta procurar atalhos para substituir a Escola Pública de Tempo Integral, como o ensino a distância, os chamados telecursos, que foram criados por entidades empresariais para desviar a atenção da sociedade para a precariedade do ensino público. Todavia, esse tipo de curso pode ser útil nas salas de aulas, como suporte pedagógico, mas com a presença de professores ou monitores, e não como método de ensino regular, substituindo, mesmo que parcialmente, o ensino presencial; política adotada, em 2008, pelo Estado de São Paulo, onde até 20% da carga horária será oferecida na modalidade a distância.

Aqui é bom lembrar que os Estados da Federação que implantarem a Escola Integral, serão aqueles que comandarão os destinos da nação, pois seus naturais prevalecerão sobre os concorrentes de outros estados, onde essa escola estiver ausente.

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Um Projeto Nacional

Para enfatizar a necessidade da implantação da Escola Pública de Tempo Integral a nível nacional, e obrigatória para todos os níveis, isto é, da pré-escola ao termino do ensino médio, inclusive creches comunitárias, e corrigir distorções observadas no sistema educacional brasileiro, escrevi ao Ministro Mangabeira Unger, ao Presidente Lula, a diversos ministros, aos senadores e deputados federais, seguintes cartas:

Carta ao Ministro Mangabeira Unger

Belo Horizonte, 3 de setembro de 2008.

Exmo. Sr. MinistroRoberto Mangabeira UngerSecretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da RepúblicaBrasília – DF

Prezado Senhor,

Estimulado pela compreensão de V. Exa., que agradeço desde já, às minhas manifestações sobre a realidade de nosso País, na forma de críticas e sugestões, tomo a liberdade de, mais uma vez, voltar com alguns comentários, agora sobre o sistema educacional, assunto que tenho procurado sensibilizar políticos e governantes por meio de livros e cartas. O foco principal dessas mensagens tem sido a Escola Pública de Tempo Integral, tema que gostaria de aprofundar nesta correspondência, pois a implantação dessa escola colocará a sociedade brasileira num patamar educacional mais elevado, habilitando a infância e a juventude com ferramentas apropriadas para exercitarem, em sua plenitude, os direitos de cidadania.

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O primeiro passo para implantar a Escola Pública de Tempo Integral, funcionando das 7 às �7 horas, abrangendo a Pré-Escola, e o ciclo básico infanto-juvenil (Ensino Fundamental e Médio), será de caráter político-administrativo, pois algumas medidas fundamentais e estruturais terão de ser tomadas. A primeira delas será transferir do Ministério da Educação, para o Ministério de Ciência e Tecnologia, a administração das universidades e tudo o que se relacionar com o ensino superior. Com esta medida, o País ficará sabendo exatamente quanto o governo federal investe em Ciência & Tecnologia, e quanto gasta com o ensino básico, pois hoje em dia essas despesas são englobadas na rubrica “educação”, dificultando uma análise mais aprofundada das deficiências setoriais.

Com essa medida, o Ministério da Educação passará a cuidar exclusivamente do ensino básico, monitorando e dando apoio, o qual passará a ser de competência exclusiva dos Estados, ficando os municípios com a responsabilidade de administrar as Creches Comunitárias, para crianças de 0 até 3 anos de idade, e o Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse novo modelo, o ensino básico será dividido em quatro ciclos: Pré-Escola (� a 6 anos), Infantil (7 a �0 anos), Adolescente (�� a ��) e Juvenil (�5 a �8), totalizando quinze anos de escolaridade de tempo integral, tempo suficiente para prepará-las para a vida adulta como cidadãos conscientes de seus deveres e obrigações.

Para a implantação desse novo modelo, é preciso um planejamento cuidadoso, com metas a curto, médio e longo prazos, a fim de que a improvisação não venha a comprometer o projeto antes mesmo de ele ser iniciado. Para isso, é necessário que sua implantação comece pelas capitais dos Estados, inclusive suas regiões metropolitanas, expandindo a seguir para os centros mais populosos e, finalmente, para todas as cidades e vilas rurais do País. Durante esse período de transição, o modelo atual continuará existindo, mas dentro de uma programação que vise à sua extinção num determinado prazo. Além disso, é preciso também que todas as outras escolas de Ensino Fundamental e Médio, mantidas com o dinheiro público, em nível federal,

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estadual e municipal, como os CEFETs, o Colégio Pedro II, os colégios militares, as escolas preparatórias de cadetes do Exército, Marinha e Aeronáutica, e também os estabelecimentos escolares vinculados às polícias estaduais, sejam incorporados à Escola Integral, que será a única escola mantida com o dinheiro público para atender toda a população, sem discriminações ou exceções.

Nessa fase de transição, os colégios e demais escolas militares adotarão o currículo da Escola Pública de Tempo Integral, e substituirão seus uniformes por Abadás, que passarão a ser de uso obrigatório na Escola Integral para diferenciá-la dos estabelecimentos hoje existentes. Para que os alunos saibam que pertencem a um grupo, mantendo sua individualidade, cada um terá seu nome estampado no Abadá. Além disso, esses estabelecimentos militares de ensino abrirão suas portas à população em geral e se desvincularão das Forças Armadas, passando para o controle dos Estados onde se situarem. Essa mudança será benéfica para a escola pública, hoje reservada aos pobres, pois, ao matricular seus filhos na escola integral, a classe média exigirá, como sempre fez, ensino de qualidade. Este fato contribuirá também para eliminar discriminações e privilégios, fortalecendo, conseqüentemente, a democracia.

As Forças Armadas, por sua vez, a partir dessa transformação escolar, administrarão apenas as academias para formação de oficiais, as quais selecionarão seus alunos por meio de vestibular, aberto a todos os jovens, de ambos os sexos, eliminando quaisquer privilégios para filhos de militares. Isto deve ser obrigatório, pois hoje em dia, segundo a imprensa, cerca de 60% dos oficiais têm parentescos entre si, gerando uma casta separada da sociedade e propiciando a formação de clãs familiares dominantes dentro das corporações, como os Geisel, que, entre três irmãos generais, sendo um deles Ministro do Exército, escolheram por conta própria, durante o regime militar, qual seria o Presidente da República. O eleito por esse triunvirato foi o General Ernesto Geisel. Essa mudança também reforçará o sentimento de democracia nos altos escalões das Forças Armadas, beneficiando toda a sociedade.

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Para que a Escola Pública de Tempo Integral passe a ser respeitada pelos alunos e pela sociedade, é necessário também que sejam traçadas diretrizes básicas para a sua implantação e funcionamento, regulando desde os projetos arquitetônicos das escolas, passando pelos currículos, até um sistema de manutenção e segurança de suas instalações. Neste planejamento, em que tudo deverá ser padronizado, devem ser levadas em conta as características de cada ciclo educacional (Pré-Escola, Infantil, Adolescente e Juvenil), os quais deverão funcionar em unidades escolares separadas e especialmente projetadas para os fins a que se destinam, inclusive dotadas de cantinas, banheiros, áreas de recreação e de esportes, bibliotecas, laboratórios, administração, etc.

Quanto ao currículo, o ponto a destacar na Escola Integral será o Ciclo Juvenil (�5-�8 anos), que passará a ser profissionalizante, absorvendo o Sistema S e os CEFETs, que serão reformulados para se integrarem ao novo modelo. Além disso, a critério de cada Unidade de Ensino, como poderão ser chamadas as Escolas de Tempo Integral, terá a liberdade de escolher, em função da demanda, quais os cursos profissionalizantes que oferecerão aos alunos. Neste caso, uma lei especial criará cursos técnicos para atender às demandas da sociedade, como auxiliares de enfermagem, laboratoristas, monitores educativos, etc. Assim, todo aluno que freqüentar, e concluir, o Ciclo Juvenil estará apto não só a concorrer aos vestibulares para entrar nas universidades, como também para exercer a profissão para o qual foi treinado.

Além dos Abadás, que substituirão os uniformes, os alunos da Escola Integral receberão gratuitamente todo o material escolar, não gastando nada para seu aprendizado. Tudo será fornecido pelo Estado, inclusive três alimentações diárias: café da manhã, ao chegar à escola; almoço, ao meio-dia; e lanche reforçado ao final da jornada, antes de serem liberados. O cardápio para essas refeições, próprio para a faixa etária de cada ciclo, será elaborado por nutricionistas, e preparado na cantina da escola. Além disso, cada aluno terá um armário privativo para guardar seus pertences escolares, devidamente protegidos por um sistema de segurança eletrônico.

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Para cuidar da saúde dos alunos, dos professores e dos funcionários administrativos, cada escola terá consultório médico, clínica dentária e uma enfermaria para ocorrências rotineiras, cujos serviços poderão ser prestados por clínicas especializadas mediante contrato de prestação de serviços, o que também poderá ocorrer com os serviços de limpeza e segurança. Com isso haverá um maior controle dos gastos, da qualidade e da regularidade dos serviços prestados.

Na Era do Pré-sal, segundo o Presidente Lula, não haverá falta de recursos para a educação, mas, até que esse tempo chegue, há necessidade de se tomar algumas medidas para possibilitar a implantação da Escola Pública de Tempo Integral no menor tempo possível. A primeira delas será construir uma unidade para cada ciclo de ensino nas capitais dos Estados, para servir de modelo-padrão para novas construções e adaptação das existentes, como os CIEPs do Rio de Janeiro. A segunda será fazer um levantamento de todos os recursos financeiros destinados à educação, em nível federal, estadual e municipal, inclusive as renúncias e incentivos fiscais, loterias, verbas destinadas a ONGs, etc., que hoje são aplicadas de forma aleatória sem nenhuma vinculação com um projeto básico de educação. Um exemplo dessa situação foram os gastos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na última Olimpíada, cuja performance dos atletas foi considera pífia pelo Jornal Estado de Minas (�-9-2008, p.6), que informa: “Nos quatro anos do ciclo olímpico, os patrocínios de empresas estatais e os recursos da Lei Piva despejaram cerca de R$ 692 milhões nesse investimento esportivo, o que fez cada uma das �3 medalhas conquistadas – as duas de futebol estão excluídas, pois o esporte não recebe dinheiro público – custar R$ 53 milhões”.

Para finalizar, gostaria de abordar a questão das Creches Comunitárias, pois, como diz o ditado, “a educação vem do berço”, razão porque a ele se deve dedicar especial atenção. Os cuidados que as crianças de 0 a 3 anos de idade receberem nessa faixa etária é que definirão seu desempenho na escola e seu lugar na sociedade quando adulto, pois é nessa ocasião que todos os sinais vitais do ser humano são formados. Antecedendo essa fase, igualmente

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importante, é a sua gestação. Portanto, os cuidados com o pré-natal estão ligados à primeira infância, e assim tanto a assistência às gestantes, quanto aos recém-nascidos, e seu crescimento até 3 anos, devem ser acompanhados como se fosse uma só etapa da vida. Para isso é preciso que as Creches Comunitárias sejam projetadas para comportarem também uma clinica médica para atender as gestantes durante a gravidez e conduzirem o processo pré-natal com os cuidados devidos e acompanharem o período pós-parto e a amamentação. Este tipo de atendimento facilitará as futuras e jovens mamães a se familiarizarem com o trato dos recém-nascidos, evitando problemas futuros.

Esses Centros de Atendimento Materno-Infantil, se assim podemos chamá-los, devem ser projetados para atender a um número limitado de gestantes e crianças, a fim de se evitar contaminações de doenças próprias dessa fase, principalmente durante a amamentação. Esses centros também devem ser padronizados, como sugerido para as Escolas de Tempo Integral, bem como seu sistema operacional, o qual poderá empregar as próprias mães com tempo disponível para cuidarem das crianças, após, evidentemente, serem treinadas para isso. Para disseminar esse tipo de unidade padrão, o governo federal financiará um projeto piloto em cada capital, para que as prefeituras de cada Estado copiem seu modelo e o adotem em seus municípios. A verba para financiar a disseminação desses centros virá do Pré-sal, como prometeu o presidente Lula. Mas, se até lá faltar, a solução será remanejar as mal aplicadas no setor de saúde.

Agradecendo a atenção de V. Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

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Cartas aos Políticos e Governantes

Belo Horizonte, 29 de junho de 2008.

Exmo. Sr. Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Exmos. Srs. Ministrosde Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, e da Defesa, Nelson Jobim

Exmos.(as) Srs.(as) Senadores(as) e Deputados(as) Federais

Assunto: Reflexões sobre o simbolismo e lições que encerram a tragédia do Morro da Providência (Rio de Janeiro/junho de 2008) e a Guerra de Canudos (Bahia-�896/�897).

Prezados(as) Senhores(as),

Como registra a história, os primeiros habitantes do Morro da Providência foram os combatentes desmobilizados da Guerra de Canudos, apelidados de favelados, nome tirado de uma planta comum nos campos de batalha daquela região, o qual, a partir desse primeiro aglomerado de excluídos da sociedade, serviu para nomear outros guetos urbanos que permeiam a “Cidade Maravilhosa”. Favelado, desde então, passou a ser sinônimo de marginal, e as favelas, valhacouto de ladrões, assassinos e traficantes de drogas.

Para combater esses favelados, a sociedade vem aplicando o mesmo método usado em Canudos, no alvorecer da República, ainda no século XIX, quer dizer, a força policial estadual e, quando esta se mostrar incompetente, apelar para o Exército. Por uma ironia da história, os mesmos elementos que levaram o Exército brasileiro a se macular em Canudos, há mais de um século,

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repetem-se na atualidade, ou seja, um oportunista com verniz religioso manipulando uma comunidade de excluídos para disso tirar o melhor proveito, e os governantes, atentos a sua manobra, para também se beneficiarem. Na favela do sertão baiano, toda população foi dizimada, cerca de 25.000 habitantes, e na carioca, por enquanto, as vítimas foram três jovens indefesos. Em ambos os casos, prevaleceu a estratégia militar: naquela época erradicar um mal pela raiz; agora dividir para dominar, como fez o jovem tenente ao jogar uma favela contra a outra.

Cento e onze anos, portanto, não foram suficientes para que os políticos, governantes, militares e a sociedade se libertassem do axioma de que a questão social é caso de polícia, como verbalizou um líder da República Velha; e mais do que isso, que a força bruta deve prevalecer sobre supostos direitos dos cidadãos, como aconteceu com os três favelados do Morro da Providência, que foram executados por marginais de outra favela a mando do Exército brasileiro, num serviço terceirizado, do tipo blackwater, que pode virar moda, se a sociedade não reagir com soluções práticas e eficientes para o resgate da cidadania dos excluídos, em sua maioria ainda sofrendo da síndrome das senzalas: a submissão sem contestação, que gera o conformismo paralisante. Aqui é bom lembrar o exemplo do ex-Governador de Minas Gerais, Milton Campos, que, tendo de enfrentar uma greve de ferroviários, devido ao atraso no pagamento de salários, deixou de lado conselhos para reprimir os grevistas com a polícia estadual, dizendo que o melhor seria mandar o trem pagador, o que foi feito restabelecendo a ordem sem violência.

Considerando que, para solucionar o problema social criado pela minifavela de Canudos, com seus 25.000 habitantes, foi necessário empregar todo Exército brasileiro, é fácil imaginar o quanto será necessário de força bruta para dominar os favelados da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, acima de 2 milhões e meio, em caso de uma rebelião qualquer, que pode ser detonada por fatores aleatórios, seja por desvio de comportamento de elementos da força repressora, como a atitude impensada do jovem oficial, ou uma fatalidade qualquer que foge ao controle

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das autoridades. Diante de um quadro instável como esse, é bom que as autoridades competentes, políticos, governantes, militares e a sociedade em geral reflitam sobre a necessidade de mudar o enfoque dessa questão social representada pelas favelas que sufocam as metrópoles brasileiras, principalmente as da Região Sudeste, onde se concentram a maioria dos libertos das senzalas e dos migrantes nordestinos.

A minifavela de Canudos foi erradicada, mas as sementes trazidas nas botas de seus algozes germinaram em solo carioca, onde renasceu cem vezes maior. A solução, portanto, não passa pela força bruta, mas sim por um planejamento estratégico que contemple medidas a curto, médio e longo prazos, envolvendo os cidadãos e os espaços onde habitam. Em boa hora, o Presidente Lula criou a Secretaria de Assuntos Estratégicos, pois ela poderá, com as ferramentas hoje disponíveis, como a informática as imagens de satélites, planejar o reordenamento do espaço urbano das regiões metropolitanas, erradicando as favelas em situação de riscos ou insalubres, com a criação de novos bairros para abrigar os favelados, ou reurbanizando as existentes, quando possível. Em todos os casos, o saneamento básico deve acompanhar todo o processo, inclusive medidas de preservação do meio ambiente que, no caso da “Cidade Maravilhosa”, está a exigir ação imediata para que as florestas que recobrem suas montanhas não sejam derrubadas para dar lugar a barracos, como ocorre atualmente.

Além disso, é necessário, também, a criação de pólos de desenvolvimento fora das regiões metropolitanas, para atrair a população flutuante que procura as capitais dos Estados em busca de oportunidades de trabalho. Um exemplo de sucesso nesta estratégia descentralizadora é dado pelo Estado de Minas Gerais, que em passado recente criou uma companhia estatal para implantar distritos industriais fora da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Este é um exemplo que a Secretaria de Assuntos Estratégicos pode analisar para elaboração de um plano de ação para todo o País. Neste planejamento, inclusive, pode ser analisado também o impacto econômico e social que trará a implantação da Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, que pode

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criar um novo eixo de desenvolvimento no centro do Brasil e da América do Sul, aliviando a pressão demográfica nas capitais do litoral atlântico. Este imã poderoso é fundamental também para contrabalançar o desenvolvimento das regiões Sul e Sudeste, em função da exploração das gigantescas reservas de petróleo e gás de seu litoral, a qual pode acentuar ainda mais os desequilíbrios regionais, se não houver um planejamento a curto, médio e longo prazos, pois essa riqueza irá atrair pessoas e investimento em buscas de oportunidades, gerando uma explosão populacional e, conseqüentemente, a favelização generalizada dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, o Vale do Paraíba no eixo Rio-São Paulo, e o litoral paulista, neste caso à custa da Mata Atlântica.

Para encerrar esta carta cidadã, é bom lembrar que todas essas medidas só fazem sentindo se o ser humano for o centro das atenções. Resgatar os favelados da marginalidade em que se encontram e inseri-los na sociedade organizada é uma prioridade de governo que se impõe num planejamento estratégico que vise transformar o Brasil numa potência em escala global, pois é impossível imaginar que essa pretensão se concretize com o atual quadro de desigualdade social. O primeiro passo nesse sentido é implantar a Escola Pública de Tempo Integral, a começar pelos grandes centros urbanos onde os brasileiros residentes em favelas não têm nenhuma chance de exercer plenamente os seus direitos de cidadania, hoje reservados aos filhos da elite e da classe média, dada a precariedade do ensino aí ministrado. Nas favelas, é bom lembrar, o limite de idade para os rapazes mais espertos, portanto, os mais rebeldes, é de 30 anos, pois serão mortos antes de completarem essa idade, já que a educação que receberam, se a receberam, não permite que usem a inteligência em atividades produtivas, restando como ferramenta de libertação a arma de fogo que os condenam à morte prematura.

A mudança deste quadro só pode ocorrer com a implantação da Escola Pública de Tempo Integral, funcionando das 7 às �7 horas, abrangendo creches comunitárias, pré-escola e ciclo básico infanto-juvenil (Ensino Fundamental e Médio), período

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suficiente para ministrar um curso abrangente que contemple todos os aspectos necessários à formação de cidadãos conscientes de seus direitos e obrigações. Com esta medida, nenhuma criança ou jovem ficarão soltos na rua à mercê de criminosos. Esse resgate social as libertará também das garras das ONGs e outras entidades assistencialistas, públicas ou privadas, que fazem desses brasileiros marginalizados um meio de vida muito rentável, pois todas suas ações são custeadas com dinheiro público, via deduções do imposto de renda, ou verbas públicas repassadas a fundo perdido. Acabar com essa farsa é tarefa de um órgão governamental como a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a qual deve também considerar a transferência do Ensino Superior para o Ministério de Ciência e Tecnologia, como ocorre no Estado de Minas Gerais, ficando o Ministério da Educação com o encargo de monitorar e ditar as normas de funcionamento do ensino básico em todo o País, o qual passará a ser de competência exclusiva dos Estados, ficando as prefeituras com o encargo de administrar as creches comunitárias.

Finalmente é bom lembrar que o trato da questão das favelas não deve limitar-se a iniciativas pontuais e demagógicas, como o tal “Cimento Social”, do Morro da Providência, ou outras, como instalar teleféricos aqui, ou pintar as casas de branco acolá. O que interessa para a sociedade brasileira é uma proposta inteligente para acabar com esses guetos urbanos, e não maquiá-los para esconder essa vergonha nacional. Afinal de contas, será a elite pensante tão burra que ainda não sacou que toda a violência que sofre se deve ao grau de miseralibilidade de metade da população do País?! Como pode haver respeito à cidadania numa cidade onde bairros bem estruturados disputam espaço com favelas? A ficha ainda não caiu? Que civilização cretina é essa, a nossa, onde se sai em passeatas levando pombinhas de papel para pedir paz e, no seu horizonte visível, estão as favelas carentes de tudo? E o Partido dos Trabalhadores, o PT, e o Presidente Lula, um ex-favelado, que até agora não mostraram para que vieram? E os militares, que no passado se recusavam a exercer as funções de

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Capitães-do-Mato, para caçar negros fugidos, mas agora discutem filigranas jurídicas para participarem do esporte predileto de governantes sanguinários: a caça de perigosos narcotraficantes calçados de havaianas, ou descalços mesmo. Alguns desses pé-de-chinelo, seminus e desarmados, são abatidos por militares transportados em helicópteros de última geração, para deleite das autoridades competentes e enredo de filmes premiados. O resultado de tudo isso é que a cidadania tem medo de subir os morros cariocas, preferindo as areias de Copacabana, onde se dedica a espetar balõezinhos e pequenas cruzes na tentativa de sensibilizar uma sociedade corrompida pela escravidão.

Agradecendo-lhes a atenção, subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Belo Horizonte, 27 de agosto de 2008.

Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Assunto: Censo da Juventude

Prezado Senhor Presidente,

O Jornal Estado de Minas, do dia 25 do corrente mês, traz uma reportagem sobre o drama vivido pelo Exército brasileiro para recrutar soldados para lutarem na 2ª Guerra Mundial, diante da precariedade das condições de saúde e educação da juventude, numa época em que a população do país era de �2 milhões de habitantes.

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Essas informações, constantes de relatórios secretos do Ministério da Guerra, revelam que “Foi grande o trabalho de preparar homens para a guerra, a fim de que o Brasil cumprisse sua palavra empenhada. Os esforços despendidos por nós para preparar 5 mil homens, é (sic) bem maior do que outra nação adiantada para organizar um contingente de 25 mil homens. A subnutrição, a falta de higiene e a sífilis, as três em ação combinada com o analfabetismo, são elementos negativantes na formação de qualquer tropa em terras brasileiras”. (...) “Há necessidade de uma ação governamental incisiva para combater os males sociais que afligem nossa população: o analfabetismo, o baixo estalão de vida, a alimentação parca e pouco nutritiva, a higiene precária, a sífilis, a lepra e as doenças venéreas”, recomendou Dutra a Vargas.

Esse estado de coisas ainda está presente na sociedade brasileira, agora levantada pelos empresários que encontram dificuldades para contratar mão de obra para seus empreendimentos, fato que V. Exa. não desconhece, pois tem anunciado muitos projetos emergenciais para minimizar essa situação, tanto na área da educação, como na da saúde, inclusive no reforço alimentar da população, com a merenda escolar e o bolsa família. Todavia, na Era do pré-sal, que se anuncia, quando teremos recursos financeiros suficientes para colocar o Brasil num patamar de país desenvolvido, como os do G-7, é preciso fazer mais, muito mais, e mirar mais alto. O objetivo a ser alcançado é que o país tenha uma juventude educada, sadia, e pronta para o exercício pleno da cidadania, aí incluídos direitos e obrigações.

Para isso é necessário um planejamento estratégico que contemple medidas a curto, médio e longo prazos, envolvendo os ministérios de Assuntos Estratégicos, da Defesa, da Educação, e da Saúde, o qual terá como ponto de partida um levantamento censitário do estado atual da juventude brasileira. O caminho mais indicado para executar esse trabalho é fazê-lo por ocasião do alistamento militar e durante os exames de seleção dos conscritos para incorporação às Forças armadas, inclusive as

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jovens que passarão a prestar o serviço militar obrigatório. Esse censo juvenil poderá ser feito em duas etapas. Na primeira, durante o alistamento militar, os rapazes e moças com idade entre �6 e �7 anos, preencherão questionários elaborados por esses ministérios para atender suas demandas especificas e orientar os trabalhos da fase seguinte: o exame de seleção para prestação do serviço militar. Nesta primeira etapa o objetivo principal é levantar dados pessoais, examinando certidões de nascimento, escolaridade, etc.

Com base nessas informações o Ministério da Defesa emitirá uma Carteira de Identidade Nacional, cujo número será obrigatoriamente utilizado em todos os documentos de fé pública, como passaportes, títulos de eleitor, carteiras de motorista, CPF, etc. Esses dados, armazenados num Banco de Dados do Ministério da Defesa, serão repassados às Polícias Federal, que passará a emitir segundas vias, e Estaduais, aos Tribunais Eleitorais, e ao Ministério da Fazenda. Com base nessas informações essas instituições poderão criar seus próprios Bancos de Dados, para emitir seus documentos ou acrescentar outras informações de seus interesses, não podendo, todavia, modificar os dados originais, os quais só poderão ser alterados pelo Ministério da Defesa mediante decisão judicial.

Na segunda etapa, a seleção para incorporação às Forças Armadas, o enfoque principal será o exame de saúde de todos os alistados, o qual será formatado pelo Ministério da Defesa em conjunto com o Ministério da Saúde, pois os resultados poderão ser amplamente utilizados por esses ministérios para os mais variados fins. Por isso mesmo, as informações sobre cada conscrito serão confidenciais, de uso restrito das Forças Armadas, liberando-as, para uso público, somente na forma de números estatísticos. As análises laboratoriais, por exemplo, que deverão incluir obrigatoriamente exames de sangue, urina e fezes, poderão também fornecer o tipo sanguíneo e o DNA dos reservistas; dados que serão repassados a eles mediante solicitação por escrito. Alem disso, em comum acordo, esses ministérios poderão criar também Bancos de Sangue no país

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todo para atender a população, os quais serão abastecidos com doações daqueles dispensados do serviço militar.

Finalmente é bom esclarecer que esse processo de avaliação da juventude brasileira, feito num momento crucial de seu desenvolvimento físico, e formação intelectual, é de fundamental importância para o País, que assim terá em mãos dados consistentes para avaliar as políticas públicas voltadas para as crianças e adolescentes, e o potencial dos jovens para sustentar seu desenvolvimento econômico e participar da defesa nacional. Alem disso, deve-se ter em mente, que essa avaliação evoluirá com o tempo, para responder as necessidades da sociedade, acompanhamento que será feito pelo Ministério de Assuntos Estratégicos, que ficará encarregado de integrar todos os dados e relatórios, para, em conjunto com esses ministérios, traçarem uma política nacional de valorização da juventude, a curto, médio e longo prazos. É, portanto, um serviço de cidadania prestado pelo Estado num momento mágico na vida de cada jovem: a passagem da adolescência para a vida adulta. Dinheiro – para implantar esse censo juvenil, mensal, semestral, ou anual, de vital importância para um planejamento estratégico, que vise colocar o Brasil no grupo de nações desenvolvidas –, não irá faltar na Era do pré-sal, pois se propala por aí que é de tal magnitude que no Brasil não há espaço para ele (sic).

Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V.Exa., subscrevo-me.

Cordialmente,

João Gilberto Parenti Couto

Com cópias para os Exmos. Srs. Ministros, de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, da Defesa, Nelson Jobim, da Educação, Fernando Haddad, e da Saúde, José Gomes Temporão.

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Belo Horizonte, 0� de outubro de 2008.

Exmo. Sr.Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da RepúblicaPalácio do PlanaltoBrasília – DF

Prezado Senhor Presidente,

Segundo noticiário da Folha Online (Gabriela Guerreiro e Renata Giraldi), hoje disponível na Internet, “A ordem no governo é esperar o desenrolar das turbulências nos mercados financeiros antes de definir medidas que poderão ser anunciadas no país para enfrentar a crise originada nos EUA. Em reunião no Planalto, os ministros que integram o grupo de coordenação política do governo reconheceram, no entanto, que a crise teve desdobramentos não previstos anteriormente pela equipe econômica”.

Diante desse quadro, e tendo em mente os reiterados pronunciamentos de V. Exa., de que a educação é uma prioridade de governo, gostaria de sugerir algumas medidas para que as prioridades do setor econômico não invalidem essa opção. A sugestão é no sentido de rever o orçamento para o próximo ano, concentrando na implantação da Escola Pública de Tempo Integral todos os recursos que podem ser remanejados, inclusive aqueles que seriam destinados as ONGs, e outros incentivos dedutíveis do Imposto de Renda.

Como a manutenção de todas as atividades econômicas deve ser mantida para garantir empregos e rendas, a implantação dessa escola atenderá esses objetivos, pois para seu funcionamento haverá necessidade não só de professores, mas de uma complexa estrutura de apoio, toda ela brasileira, envolvendo desde a construção civil, até a produção de material escolar; segmentos esses que empregam grande quantidade de mão de obra com pouca especialização, portanto a mais carente de empregos.

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Para agilizar o processo de implantação dessa escola, o governo pode criar um programa de treinamento rápido para formar monitores escolares, dada a carência de professores, como fez o governo norte-americano na Segunda Guerra Mundial, com o TWI, para treinar operários em seu esforço de guerra. Esses monitores atuariam como auxiliares dos professores no acompanhamento, e na aplicação de testes, de aulas, cursos, palestras, conferências, documentários, etc., ministradas através da televisão e da internet. A contratação desses monitores, de ambos os sexos, deve privilegiar aqueles que concluíram o segundo grau, com idade entre �8 e 30 anos, e que não freqüentam universidades e nem conseguiram seu primeiro emprego. É um estímulo, que talvez os levem a escolherem a carreira do magistério como profissão.

Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V. Exa., inclusive na superação dessa crise, subscrevo-me.

Cordialmente

João Gilberto Parenti Couto

CONCLUSÃO

Mas não basta a implantação pura e simples da Escola Pública de Tempo Integral, e das creches comunitárias, ambas universais e obrigatórias, para que todos os brasileiros exerçam seus direitos à cidadania, e a violência urbana não prevaleça sobre as práticas civilizadas de comportamento coletivo. É necessário mais do que isso, é preciso que a implantação dessa escola se faça no bojo de uma reforma radical do sistema educacional brasileiro, a começar pela separação da educação básica do ensino universitário, cabendo ao Ministério da Educação o monitoramento do ensino básico, e ao Ministério da Ciência e Tecnologia o gerenciamento do universitário.

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Nesse novo modelo, como foi sugerido anteriormente, os Estados se responsabilizariam pelo ensino básico, os municípios pela administração das creches comunitárias e o Governo Federal pelas Universidades. Acompanhando essa revolução estrutural, é imperioso que se faça, também, uma revolução pedagógica, que deve se apoiar numa nova arquitetura dos prédios escolares, de tal forma que as escolas públicas se tornem espaços acolhedores para a infância e a juventude, estimulando-as a valorizarem esse espaço de cidadania, no qual seu futuro estará sendo construído, e do País também. Além disso, é preciso que esse espaço seja enriquecido com todos os recursos da informática, laboratórios para experimentos científicos, salão de jogos, como xadrez, baralho, bingos, etc., ligados a uma orientação pedagógica para estimular o desenvolvimento intelectual dos alunos, e, também, quadras esportivas para educação física, consultórios para médicos, dentistas, oculistas e outros meios para cuidar da saúde dos alunos, e, se necessário, para seus familiares, como forma de integração família-aluno-escola.

Esse divisor de águas permitirá que se concentre na base da pirâmide educacional todos os esforços, e recursos financeiros, para mudar o quadro de falência do ensino público do País, como bem exemplifica a depredação, na capital paulista, da escola estadual de tempo integral, Amadeu Amaral, como informa o Jornal Folha de São Paulo, em matéria intitulada Alunos brigam, depredam escola e apanham da PM (�3/��/2008, Cad. Cotidiano):

“O confronto começou às �0h20, quando sem motivo claro, 30 alunos começaram a destruir a escola. ‘Meninos embrulhavam os pulsos em camisetas para estourar os vidros com socos. Cadeiras foram arremessadas do 2º andar, depois de arrebentar as janelas’, contou uma aluna da 7ª série. (...) Não foi a primeira vez que a Amadeu Amaral viu-se às voltas com cenas de violência. Anteontem mesmo, por causa de uma excursão a um museu, quando só parte dos alunos foi autorizada a participar, os demais abordaram a vice-diretora Denise Mayumi Cavali, que tentava

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impedir que eles saíssem. Um aluno de �5 anos empurrou a professora contra o portão e xingou-a. Ela teve de pular um muro para fugir. Na segunda feira, as aulas foram encerradas às �� h (o horário normal é �6h), por causa de outro surto de vandalismo, vidros e cadeiras quebradas. (...) Fundada em �909 no largo do Belém, bem em frente à igreja, a escola Amadeu Amaral ocupa um prédio amplo, tombado pelo patrimônio histórico, que hoje é usado por apenas 277 alunos, atendidos por 63 professores. É uma das 500 escolas em que a Secretaria de Estado da Educação implantou o regime de turno integral. Alunos entram às 7h e saem apenas às �6h”.

Em outro matéria, nessa mesma edição, a Folha informa que “86% das escolas de SP relatam violência”, segundo dados “de pesquisa realizada pala Udemo (sindicato de especialistas da rede pública do Estado) e se referem a 2007. Levantamento mostra ainda que 88% dos professores e dos funcionários foram desacatados e que 85% dos alunos se envolveram em brigas nas escolas de SP”. Se na capital do mais rico Estado da federação, a situação é essa, imaginem o que se passa no restante do País.

Esse estado de coisas foi analisado pelo professor Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão Preto, numa entrevista ao jornalista Roberto Madureira, nessa mesma edição da Folha:

FOLHA – Como o senhor vê o avanço da violência nas escolas públicas?SÉRGIO KODATO – A violência é fruto da decadência das instituições, principalmente das escolas públicas. As instituições são mecanismos civilizatórios criados para diminuir os conflitos sociais. E quando não cumprem seu papel, vem à tona uma carga de violência. Pesquisas indicam que um terço dos alunos não sabe o que faz na escola. Um grupo grande de alunos não vê sentido na escola. Para esses, a escola virou um clube, um local para esportes, amigos e paquera. Tem ainda aqueles que freqüentam a aula, mas estão “boiando”. Os chamados analfabetos funcionais.

FOLHA – A imagem do professor também está desgastada?

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KODATO – Além da degradação da infra-estrutura das escolas públicas, houve também uma perda da autoridade da figura do professor e do diretor. Você pode ver que os alunos confrontam, batem nos professores e não se intimidam.

FOLHA – Existe uma sensação de impunidade nas escolas?KODATO – Hoje, mesmo que o aluno ponha fogo na escola, não acontece nada. No máximo uma transferência. Com a progressão continuada, isso piorou. Deixou a escola pública e o professor completamente sem mecanismos organizadores. Não se reprova nem por freqüência nem por nota. O professor não é avaliado. Digamos que o professor entregou os pontos. A sensação de impunidade cria um clima de livre-arbítrio, onde se pode tudo. Há escolas, por exemplo, em que os furtos são constantes e os banheiros têm que ficar trancados porque senão os alunos destroem tudo.

FOLHA – Qual o principal motivo dessa violência?KODATO – Percebemos que hoje não há só atos de vandalismo. São atos organizados, planejados, aquilo que na época de movimento estudantil chamávamos de união e organização. O descaso dos políticos com as escolas públicas é a principal motivação. A maior vítima das escolas é o processo pedagógico. Perdendo ele, boa parte dos alunos se perde também.

FOLHA – Como a tecnologia pode ajudar a resolver o problema?KODATO – Em Serrana, no interior de São Paulo, temos um modelo de escola, com métodos modernos e lousas digitalizadas. Resultado: caiu bem a evasão escolar. Mesmo experiências simples, como instalar um equipamento de som na escola, fazem o aluno e suas famílias perceberem o esforço da escola em se modernizar. Mas a escola pública no Brasil ainda funciona na base do giz e da lousa.

FOLHA – Como é possível explicar um caso como o de hoje (ontem)?KODATO – Não se trata de simples vandalismo. São atitudes reativas, um grito contra o modelo que os incomoda. Para os

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alunos fazerem isso, deve ter tido um histórico de escola ruim, deteriorada e maltratada. É como uma rebelião, como nas “boas” épocas da Febem.

FOLHA – Como a escola deve lidar com alunos problemáticos?KODATO – A massa de trabalhadores que vê como expectativa de ascensão social a instrução do filho se sente frustrada com o descaso das autoridades com as escolas, que não oferecem perspectiva de futuro. Por isso, a educação de casa, geralmente, não inibe essa reação contra as escolas. Além disso, o Estado trata esses alunos que não conseguem acompanhar [o ensino] cada vez mais como vândalos. Pensa que, se a família não os educa, também não tem a menor obrigação de fazê-lo. Os alunos passam a ser vistos como bandidinhos mesmo.

FOLHA – O senhor é a favor de medidas de segurança nas escolas?KODATO – Não adianta instalar porta giratória e câmeras. Além de não funcionar, vai colocar os alunos numa situação de prisão. Olhar para isso é olhar no local errado do problema. O importante é a produção pedagógica. Para melhorar isso, não basta mais falar só em capacitação de professor. O único jeito de resgatar a potencia do professor é dar a ele essa tecnologia toda que foi desenvolvida. Aqui na USP, por exemplo, nós podemos abrir o site na internet e já jogar no telão para apreciação dos alunos. Precisaria de uma revolução nesses termos para acabar com essa violência.

Para encerrar este capítulo trágico, que é a história da educação pública no Brasil, sujeita a vicissitudes de toda ordem, é preciso fazer mais alguns comentários. O primeiro deles é sobre a capacidade da intelectualidade brasileira de diagnosticar, com precisão, os males do ensino público e sua total incapacidade de propor um modelo de ensino padronizado para todo o território nacional, inclusive um programa pedagógico moderno. O arcaísmo do debate sobre o ensino público do Brasil é muito semelhante à política de tombamento que, por sinal, “tombou” a Escola Amadeu Amaral, a qual, para valorizar um passado

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que já se foi, engessa tudo, impedindo o progresso e a evolução natural das coisas. Essa escola, por exemplo, é bem possível que esteja “engessada” na sua estrutura física, sem possibilidade de reformas estruturais, o que deve refletir-se no ensino, levando-se em conta as rebeliões que a afligem, muito parecidas com as “boas” épocas da Febem, como disse o Professor Kodato.

Diante da incapacidade da elite pensante brasileira, formada por muitos pedagogos e demagogos, de propor um novo modelo para a escola pública, os políticos e governantes devem assumir a vanguarda dessa empreitada e elaborar leis que dêem à infância e juventude de nosso País a chance de sonharem e realizarem seus sonhos de dias melhores, ou alguma liderança carismática assumirá esse papel.

A revolução educacional de que o País precisa não vi-rá do eixo Rio-São Paulo, pólos de saber do passado, hoje suportes podres de um eixo enferrujado que serve de poleiro para intelectuais acomodados e sem idéias, que mais se parecem com eunucos estéreis, mas sim por meio de congressistas ágeis e competentes, com visão de futuro.

Para se ter uma idéia da falta de visão desses intelectuais, que ainda não pensaram na Escola de Tempo Integral como solução para as graves deficiências do ensino público no País e que reagem como baratas tontas a quaisquer mudanças no quadro atual, basta verificar o seguinte noticiário do Jornal Folha de São Paulo de 6/�2/2008:

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo decidiu diminuir a carga horária de história no ensino médio, como forma de compensar a inclusão de sociologia no currículo e a ampliação de filosofia, exigência prevista em lei federal. Com a medida, os alunos do ensino público diurno terão 80 aulas a menos de história, considerando os três anos letivos (redução de 22,2%). No noturno, serão �20 aulas a menos (menos 37,5%) . O cálculo da Folha tem base no número mínimo de 200 dias letivos ao ano (�0 semanas), previsto em lei. [...] Para a historiadora Maria Aparecida de Aquino, professora do Departamento de História da USP, a retirada de aulas de história da grade curricular é um “erro crasso”, que mostra que,

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para a Secretaria de Educação, a disciplina é menos importante. O ideal, segundo ela, seria a ampliação da grade horária, inclusive com um ano de ensino médio a mais no período noturno. [...] “Por conta da lei federal, tivemos de nos adaptar, pois não há espaço para ampliar a jornada. Estudamos o assunto e entendemos que essa foi a melhor opção”, disse à Folha a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães Castro. “Nossa prioridade foi não diminuir língua portuguesa e matemática, que são a base para tudo. História tem muitos assuntos transversais com sociologia”, disse a secretária. [...] “Nossa jornada já é de cinco horas e 20 minutos, e um turno quase emenda no outro. Não é possível aumentar a jornada neste momento. E não se constrói escolas para dois milhões de alunos do dia para a noite”, afirmou Maria Helena. [...]“A intenção era que houvesse uma ampliação do currículo. O ensino médio não pode ficar emparedado por limitações de horário”, afirmou o presidente da câmara da educação básica do Conselho Nacional da Educação, César Callegari.

Portanto, senhores políticos e governantes, mãos à obra, pois há muito o que fazer pela educação pública, principalmente pela implantação da Escola Integral. E, mais uma vez, é bom lembrar: Educação é assunto de Estado, é um direito do cidadão, e não uma questão menor a ser tratada por Organizações Não-Governamentais (ONGs) e entidades empresariais ou filantrópicas, as quais transformaram esse direito em caridade, cujos beneficiados, agradecidos e submissos, passam a lhes dever esse favor, pois, por falta de escola, desconhecem o significado da palavra cidadania.

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POSFÁCIO

Os desafios que o Brasil tem pela frente nos próximos anos, vale dizer, para o próximo governo a ser eleito em 20�0 para vencer a miséria, a ignorância e, principalmente, a corrupção e os desvios de comportamento no trato da coisa publica, nos três poderes da República, são gigantescos. Por isso mesmo, a sociedade brasileira deve estar preparada para eleger um presidente com perfil diferente do atual, ou seja, mais enérgico com atos ilegais, como a invasão de propriedades rurais e prédio públicos pelos chamados “sem-terra” e outros movimentos sociais; os seqüestros de pessoas e atentados à propriedade privada por parte de grupos indígenas para praticarem chantagens de toda a espécie, com a cumplicidade da Funai, testa-de-ferro de ONGs internacionais, e que não admita, também, casos como o mensalão e a MP da pilantropia, como batizaram os congressistas a Medida Provisória que anistiava entidades filantrópicas corruptas.

Para mudar essa situação de frouxidão moral, é preciso que o próximo presidente conheça os fundamentos do Estado Democrático de Direito e tenha também uma visão bem clara das reformas estruturais de que o País necessita para tornar-se uma grande potência. A começar pela reforma da Constituição de �988, pois sem isso não será possível eliminar a corrupção, principalmente no Sistema Judiciário, hoje desmoralizado pelos escândalos envolvendo seus integrantes, como informa o Jornal Folha de São Paulo (�3/�2/2008, p. A8), em matéria intitulada Justiça revoga prisão da cúpula do TJ-ES acusada de vender sentenças:

“O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu ontem revogar a prisão de três desembargadores, um juiz, dois advogados e

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uma servidora do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Foram libertados, além do desembargador Pimentel (presidente do TJ-ES), os desembargadores Elpídio José Duque e Josenider Varejão Tavares, o juiz Frederico Luiz Schaider Pimentel (Filho do presidente do Tribunal de Justiça) e a diretora de Distribuição do tribunal, Bárbara Pignaton Sarcinelli, cunhada do presidente. [...] O grupo é investigado por transformar o tribunal num ‘balcão de negócios’, segundo a PF, mantendo um suposto esquema de venda e manipulação de sentenças em troca de favores e vantagens pessoais”.

Para arrematar essa notícia, é bom frisar que um membro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que libertou esses acusados, está respondendo, em liberdade, processo por crime semelhante, movido pela Polícia Federal (PF).

Essa fraqueza moral tem raízes na formação intelectual desses magistrados, cujas escolas onde formaram não lhes impuseram um rígido código de conduta profissional, facilitando assim toda sorte de desvios de comportamento como, por exemplo, o roubo de um patrimônio público, o sino da UFRGS, por parte dos alunos de Direito da turma de �968, como informa o jornalista Graciliano Rocha, do Jornal Folha de São Paulo (3�.�2.2008, p.A6):

“Ao longo dos últimos �0 anos, ministros, juízes e advogados militam em uma confraria dedicada a esconder um sino furtado da faculdade de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre os membros da chamada Ordem do Sino estão o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ari Pargendler, e o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Gilson Dipp. O sino de bronze, cujas badaladas marcavam o início e o fim das aulas, foi surrupiado pelos formandos da turma de �968 e desde então circula entre ex-alunos, que se recusam a devolve-lo à universidade. Em �978, dez anos após a formatura da turma, a Ordem do Sino ganhou um estatuto – que considera o produto o furto ‘símbolo da turma’. Todos os anos, durante um jantar comemorativo em novembro, a peça

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troca de mãos. Segundo Maria Kramer, que faz parte da ordem, o critério para ter o privilégio de esconder o sino da faculdade é o maior número de participação nos jantares anuais. Jobim furou a fila em �997. Menos assíduo do que outros, recebeu a ‘honraria’ após se tornar ministro do Supremo. Amigos de Jobim contaram que ele guardava o sino no seu gabinete no STF. Pargendler foi ‘agraciado’ em �988. Dipp ainda aguarda sua vez. ‘Não devolveremos o sino até que haja um sobrevivente da nossa turma’, diz o advogado Paulo Wainberg. Dos 93 formandos, �6 já morreram. O sino de bronze, com cerca de 30 centímetros de altura e �0 quilos, tem gravado os nomes dos que o esconderam. Pargendler se recusou a comentar o caso. Jobim e Dipp não foram localizados”. MORAL DA HISTÓRIA: como reza o dito popular, “quem faz um cesto, faz um cento...”

Dizem que Vargas foi um ditador, e por isso não se cansam de apedrejá-lo, principalmente a elite paulista, escravocrata, embora até em Roma, onde surgiram legalmente por força das circunstâncias, como soem acontecer com todos os ditadores, eles sempre foram respeitados por desatarem nós, atravessarem rubicons, ou amarrarem seus cavalos em obeliscos, para mudarem o curso da história e promoverem mudanças radicais nas sociedades em que viviam, como Alexandre, o Grande, Júlio César e Getúlio Vargas. Todavia, é bom que a sociedade atente para o legado desses líderes, como a ação dos generais de Alexandre; a Pax Augusta imposta pelo herdeiro de César; e o regime militar pós-Vargas, embora este líder, com sua revolução nacionalista, tenha livrado o País de duas tiranias que, então, digladiavam-se pelo domínio do mundo, ou seja, o Comunismo, em �935, e o Nazismo, em �937.

Se um líder desse quilate não aparecer, democraticamente, para promover as mudanças de que o Brasil necessita, principalmente a remoção da blindagem legal que protege a podridão moral, a lentidão e ineficácia operacional do arrogante Poder Judiciário, como as cláusulas pétreas e outras regalias, inclusive salariais, o remédio será apelar para um novo ditador, o qual pode estar sendo gestado nas escolas públicas, do tipo

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Amadeu Amaral, ou nas favelas cariocas e paulistas, pois a história é dinâmica e a insatisfação é a levedura das revoluções, como o fermento que faz crescer as massas. No Brasil de hoje, essas “massas”, já fermentadas, estão no forno, como sabem muito bem os policiais que rodam as favelas cariocas em “Caveirões” com ar-condicionado, e os políticos, que sentiram de perto esse calor sufocante na eleição de 2008, quando pediram água para as Forças Armadas. O resultado dessa fornada não será um Lulinha Paz e Amor, que se adapta ao meio ambiente como um camaleão, embora saído do mesmo extrato social. O que se anuncia é algo bem diferente: líderes políticos oriundos do crime organizado, ou das tais “milícias” que infestam os guetos urbanos da ex-Cidade Maravilhosa.

No campo da moralidade pública, por sua vez, outro nó a ser desatado, para que a representatividade dos cidadãos seja respeitada, é acabar com a escandalosa situação legal do Distrito Federal, um município que se tornou “Estado” para acomodar uma estrutura parasitária, escancarada no site do Governo do Distrito Federal, onde se pode ver uma relação de órgãos inúteis (92 ao todo, de A a Z, sendo � banco, �7 secretarias de Estado e 28 administrações regionais), isto sem contar a Câmara Legislativa, com seus 2� deputados, e os eleitos para o Congresso Nacional: 3 senadores e 8 deputados federais. Toda essa estrutura pesada e inútil poderia, com muita propriedade, ser substituída por uma Câmara de Vereadores e um prefeito, como todos os municípios brasileiros, inclusive as capitais dos Estados. Para isso, basta considerar Brasília um município neutro, como era a sede administrativa no tempo do Império, e sujeitá-lo ao controle de uma comissão mista formada por representantes dos três poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário), que, juntos, monitorarão, com poder de veto, os atos do prefeito e da Câmara de Vereadores, pois a capital federal foi criada para ser a sede desses poderes. Além disso, é necessário que se dê autonomia às chamadas cidades-satélites de Brasília, que nada têm que ver com a capital, devolvendo ao Estado de Goiás esses territórios, sob cuja jurisdição voltariam a pertencer.

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Com essas medidas, será possível redefinir os limites de Brasília, atualizar o Plano Piloto e devolver à Capital da República o perfil de centro administrativo da nação brasileira, e não um “Estado” que procura imitar os demais da Federação na busca desenfreada de “progresso” material, o que destoa totalmente dos objetivos para o qual foi criada. Brasília foi idealizada, projetada e construída para ser uma cidade administrativa com características próprias e, por isso mesmo, precisa evoluir no tempo e no espaço para evitar o que está acontecendo com Belo Horizonte, nascida como o mesmo objetivo, mas que está com os dias contados. Este atentado contra a capital dos mineiros está sendo praticado pelo governador de plantão, que resolveu substituí-la, por falta de visão ou amnésia histórica, por um arremedo de centro administrativo em construção na periferia da cidade. Neste local, pretende-se reunir todo o funcionalismo público estadual para, juntos, lado a lado, trabalharem de forma mais eficiente. Esse mano a mano na Era da Informática não faz sentido pois, com a Internet, as distâncias deixaram de ser problema em escala global, quanto mais local. Este tipo de pensamento concentrador teve seu momento de glória no século XIX, quando Belo Horizonte foi construída e Brasília sonhada, mas agora representa tão-somente um arcaísmo de imitadores sem imaginação.

O que se passa em Belo Horizonte, na gestão do Governador Aécio Neves, é uma advertência aos brasilienses que precisam repensar o modelo atual da cidade e as implicações dos processos de tombamento que impedem a demolição de construções envelhecidas, ou tecnologicamente superadas, que precisam ser substituídas por construções mais novas e mais adequadas a cada momento da vida evolutiva da cidade. A seguinte reportagem do Jornal Folha de São Paulo (�.�.2009, p. B�) exemplifica esta situação:

“Não há mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Sem ter onde encaixar o número crescente de funcionários, as pastas estão alugando salas comerciais e espalhando a administração pública federal além dos limites inicialmente pensados no planejamento

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urbano da capital. Dos 27 ministérios do governo Luiz Inácio Lula da Silva, �7 alugam imóveis em Brasília. O custo mensal com pagamento de aluguel é de aproximadamente R$ 2,� milhões, mas deverá crescer para pelo menos R$ 3,3 milhões neste ano. [...] Para contornar o problema de falta de espaço na Esplanada dos Ministérios, o governo federal quer trocar terrenos da União por prédios já construídos pela iniciativa privada. [...] Outro plano do governo é construir mais oito anexos nos ministérios. Os anexos estavam previstos no projeto original, mas nem todos foram construídos. [...] Outra linha de ação do governo para tentar contornar a falta de espaço é usar prédios públicos do governo do Distrito Federal. A sede da administração foi deslocada para a cidade-satélite de Taguatinga, subúrbio de Brasília. Quando o governo local concluir a mudança, a União pretende assumir o Palácio do Buriti (sede o governo) e outros prédios que ficarem vazios”.

Imaginem só! Enquanto em Minas Gerais foram neces-sários cem anos para mudar o centro administrativo do Estado, Brasília precisou da metade do tempo! Nessa toada e diante desse noticiário, o governo federal, logo, logo, estará de malas prontas para mudar-se para um local mais adequado... Este estado de coisas é o resultado da improvisação que caracteriza a administração pública, pois os prédios dos ministérios, bem como os palácios do governo federal, foram construídos a toque de caixa por JK que desejava inaugurá-la em tempo recorde, antes do término de seu mandato. Hoje, antes de completarem 50 anos, esses prédios frágeis, precocemente envelhecidos, necessitam de reformas ou um novo edifício para substituí-los, mas estão legalmente intocáveis, pois foram transformados em elefantes brancos por terem sido projetados por Niemeyer, a quem se deve curvar e pagar o dízimo correspondente, caso se necessite tocá-los, como informa o Jornal Folha de São Paulo (�2/�2/2008, p. A��):

“Ao receber ontem Oscar Niemeyer no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou ao arquiteto porque decidiu restaurar o prédio: ‘Isso aqui está uma favela’, disse. Niemeyer ouviu o presidente reclamar dos carpetes

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antigos, das divisórias mal feitas e das paredes e tetos mofados. [...] A presidência aguarda ainda o projeto de restauração que está sendo produzido pelo escritório do arquiteto”.

A pressa em inaugurar uma obra com fins políticos, como aconteceu com Brasília, e que agora se está repetindo em Belo Horizonte, tem seu preço para a sociedade, que banca seus custos e arca com os prejuízos. O pior deles é o estado de abandono relegado aos bens materiais deixados para trás durante a mudança, representados pelos imóveis e tudo o que nele foi colocado para funcionamento da máquina pública. O que ficou para trás na mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, e o que se perdeu nesse processo, é uma história que está para ser contada, a qual poderia começar com o que se passou com o prédio do Ministério da Fazenda, uma obra até hoje sem utilidade.

Em Belo Horizonte não será diferente, pois no novo centro administrativo, tudo deverá ser novo para se adequar ao novo ambiente, isto sem contar o desprezo de muitos elementos afoitos que, no afã de largar para trás aquilo que julgam ultrapassado, apressarão sua destruição de maneira direta ou indireta. Digo isto porque, quando estudava Geologia no velho prédio da Escola Politécnica do Largo do São Francisco, no Rio de Janeiro, nos anos 60, tomei conhecimento, pelo nosso professor de Química, de um fato lamentável. Mostrava-nos ele, numa de suas aulas práticas, no laboratório que tanto estimava, um tesouro representado por cadinhos de platina que valiam uma fortuna. Disse-nos que esse acervo ele encontrou entre escombros, resultante de um ato de vandalismo praticado pelos alunos da Escola de Engenharia da UFRJ que lá funcionava, pois, ao se mudarem para o novo prédio da Ilha do Fundão, destruíram tudo o que existia naquele laboratório, já que, segundo eles, para onde iam, tudo deveria ser novo. Não sobrou nada de intacto, só os cadinhos que eram indestrutíveis e para os quais não deram nenhum valor!

Mas não é só esse tipo de comportamento irresponsável que trava o desenvolvimento econômico e social do País, pelo desperdício de recursos públicos. Na atualidade, esse desperdício

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está atingindo um ponto de saturação que está a exigir dos políticos, governantes e da sociedade em geral, uma posição firme e decidida para moralizar o trato da coisa pública. Já está mais do que na hora de se instalar uma “Comissão Parlamentar de Inquérito”, pelo Congresso Nacional, para avaliar os gastos perdulários do poder público do Distrito Federal – Executivo, Legislativo e Judiciário – e da conveniência de se criar em seu lugar um município neutro para pôr fim a esse festival de gastamento inútil, o que poderá ser feito por meio de emenda constitucional.

A seguinte matéria, publicada pelo Jornal Folha de São Paulo (�0.�.2009, p. A6), intitulada Niemeyer projeta obras para as comemorações dos 50 anos de Brasília, exemplifica esse desperdício:

“Aos �0� anos, o arquiteto Oscar Niemeyer dá sinais de que não tem planos de se aposentar. O Idealizador de Brasília apresentou ontem, ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), o projeto de um novo complexo, a Praça da Soberania, a ser feita na Esplanada dos Ministérios. A praça contará com o Memorial dos Presidentes da República e um monumento em homenagem ao cinqüentenário da capital, que promete causar polêmica por seu tamanho, que pode ter entre 60 e 80 metros. A idéia é inaugurar a obra completa no dia 2� de abril de 20�0, quando Brasília completará 50 anos [...] Arruda e Niemeyer aproveitaram a oportunidade para conversar sobre outros projetos do arquiteto que já estão confirmados. A obra, que está em estágio mais avançado, é a Torre Digital, que abrigará os equipamentos para implantação da TV digital na capital, além de restaurante e biblioteca. A obra já foi licitada e o governo aguarda a licença ambiental para começar construção. O projeto custará R$ 6� milhões. Há ainda outras duas obras: a Praça do Povo, ao lado do Teatro Nacional, e o sambódromo do DF”.

Esses gastos perdulários não são exclusividade do Poder Executivo. Basta consultar o site da Câmara Legislativa do Distrito Federal para tomar conhecimento da “grandiosidade” de sua nova sede, a ser inaugurada em 20�0. É bom lembrar

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que 20�0 é o ano de eleições, portanto é preciso mostrar serviço. E que serviço! Melhor seria se os políticos estivessem comprometidos em inaugurar novas escolas, redes de água tratada e esgotos sanitários, e conjuntos residenciais para acabar com as favelas. Mas para isso, é preciso que, a exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal, seja criada a Lei de Responsabilidade Social, priorizando esse tipo de investimento em nível federal, estadual e municipal, envolvendo os três poderes da República. Isto se os políticos e governantes estiverem atentos para a dura realidade social do País e suas conseqüências, senão...

Os Novos Tempos

Os novos tempos profetizados para Brasil trazem consigo, além de promessas alvissareiras, alertas para a violência que a humanidade sofrerá na primeira metade deste século, em função da crise que se instalou no Oriente Médio, vale dizer, no mundo mulçumano, desde a volta dos judeus à Palestina, e para a qual o País precisa estar preparado para se defender. Esse estado de coisas, que ameaça todos os países sul-americanos e a paz mundial, resulta de um ato falho – a criação, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do Estado de Israel à custa do povo palestino.

A raiz da violência que se instalou nessa região reside fundamentalmente no comportamento dos judeus, que, por não se conformarem com a destruição do segundo templo de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C., e sua expulsão desse território, procuram, de todas as maneiras possíveis, manter-se fiéis à filosofia que os norteou até essa data – a de povo eleito por Deus para dominarem todas as nações -, inclusive sonhando com a reconstrução desse templo. Esse atavismo traz consigo, como norma de conduta, a lei de talião – “Olho por olho, dente por dente” –, ignorando que essa lei foi revogada pelos cristãos, que, além disso, souberam valorizar o conceito de cidadania praticado

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pelos romanos, incorporando-o à sua própria filosofia humanista, a qual, a partir daí, tornou-se a base moral da civilização cristã ocidental.

Os benefícios para a humanidade da destruição do templo de Jerusalém pelos romanos transcendem, portanto, a remoção física desse edifício, pois eliminou, também, uma mensagem filosófica racista, discriminatória e prenhe de violência que agora estão tentando re-instalar na Palestina, à custa de mortes, destruição e violências de toda ordem, contra os habitantes dessa terra que durante séculos a povoaram. Este retrocesso é um atentado aos direitos dos cidadãos e vai de encontro aos princípios básicos da Carta das Nações Unidas, os quais, desde meados do século XX, passaram a regular as relações entre povos civilizados para evitar novas guerras e salvar o mundo da destruição; com exceção de Israel, que, com seu atavismo dinossáurico, arrogância messiânica, arsenal atômico próprio e apoio interesseiro dos norte-americanos, investe pesado no Armagedom para apressar a vinda do seu Messias, que, acreditam, lhes dará o domínio do mundo, ignorando que as promessas divinas dizem respeito ao plano espiritual e não material.

O Brasil, em face dessa realidade e do colapso do sistema financeiro bancado pelos Estados Unidos da América, que basculou o plano de relacionamento das potências dominantes, deve encarar o Armagedom como um processo em andamento, inevitável, com epicentro no Oriente Médio, cujo alcance poderá ficar circunscrito ao chamado Velho Mundo, se, para tanto, estiver armado com bombas atômicas e montar, com os demais países sul-americanos, um sistema defensivo capaz de desencorajar quaisquer nações portadoras de artefatos nucleares a envolverem o continente nessa catástrofe apocalíptica que se aproxima de forma acelerada.

Com esse objetivo, o Brasil deve, desde já, não se meter nesse drama criado pelos europeus e norte-americanos. Os primeiros, para se verem livres dos judeus, devido a seu auto-isolamento mafioso, o que vêm tentando desde os tempos do Império Romano, passando pelos reis cristãos, Fernando e Isabel,

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até Hitler, que radicalizou o processo; e os segundos, usando-os como testa-de-ferro para dominarem os campos petrolíferos do Oriente Médio.

A Síndrome do Sapo Fervido(Revista Tecnologia e Treinamento, n. 31, p. 45)

Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, até que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento da temperatura (mudanças do ambiente) e morre quando a água ferve. Inchadinho e feliz. No entanto, outro sapo, jogado nesse mesmo recipiente já com água fervendo, salta imediatamente para fora, meio chamuscado, porém, vivo!

Existem pessoas que têm comportamento similar ao do SAPO FERVIDO. Não percebem as mudanças, acham que está tudo bem, que vai passar, que é só dar um tempo... e, muitas vezes, fazem um grande estrago em si mesmas, “morrendo” inchadinhas e felizes, sem, ao menos, ter percebido as mudanças. Outras, ao serem confrontadas com as transformações, pulam, saltam, em ações para implementar as mudanças necessárias. Encorajam-se diante dos desafios, buscam a melhor saída para a solução dos problemas, tomam atitudes.

Há muitos “sapos fervidos” que não percebem a constante mudança do ambiente a sua volta e se acomodam, à espera de que alguém resolva tudo por eles; esquecem-se de que mudar é preciso, principalmente se essa mudança beneficia toda uma coletividade. Essa teoria se encaixa em todas as situações de nossa vida: pessoal, afetiva e profissional.

Devemos ter a consciência de que, além de sermos eficientes (fazer certo as coisas), precisamos ser eficazes (fazer as coisas certas), criando espaços para o diálogo, o compartilhamento, o

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planejamento, o espírito de equipe, delegando, sabendo ouvir, favorecendo o nosso próprio crescimento e o daqueles com quem convivemos, seja na família, no trabalho ou na comunidade em geral.

O desafio maior, nesse mundo de mudanças constantes, está na humildade de atuar de forma coletiva. Precisamos estar atentos para que não sejamos como os Sapos Fervidos. Pulemos fora, antes que a água ferva. O mundo precisa de nós, meio chamuscados, mas vivos, abertos para mudanças e prontos para agir.

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Bibliografia

A BÍBLIA DE JERUSALEM. São Paulo: Paulinas, �98�São Paulo: Paulinas, �98�

BUENO, Eduardo. Viagem do descobrimento – A verdadeira história da expedição de Cabral. Rio de Janeiro: Objetiva, �998.

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2002.

TUFANO, Douglas. A carta de Pero Vaz de Caminha – Comentários e notas de. São Paulo: Moderna, �999.

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O Autor

João Gilberto Parenti Couto nasceu em Pedrão, município de Maria da Fé-MG, em �o de maio de �937. Geólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), turma de �97�, executou trabalhos de mapeamento geológico básico nos estados de Mato Grosso e Minas Gerais para a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e de prospecção mineral, no Estado de Minas Gerais, para a empresa Metais de Minas Gerais S/A (METAMIG) e sua sucessora a Companhia Mineradora de Minas Gerais (COMIG). Viajou pela África do Sul e Zâmbia a fim de estabelecer critérios litoestratigráficos e metalogenéticos de comparação Brasil-África. Cursou o Centre d’Enseignement Supérieur em Exploration e Valorisation de Ressources Minerales (CESEV), em Nancy-França. Exerceu o cargo de Diretor de Geologia e Recursos Minerais na Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos de Minas Gerais (SEME). Atuou como representante da SEME na Comissão Técnica Intergovernamental encarregada de elaborar a proposta de zoneamento ecológico-econômico e o sistema de gestão colegiado da Área de Proteção Ambiental Sul – Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA-SUL-RMBH). Apresentou trabalhos em congressos e simpósios de geologia, artigos publicados em revistas especializadas e tese defendida no exterior. Fora do campo da geologia, publicou pela Mazza Edições, de Belo Horizonte-MG, os

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livros: Projeto Brasil (duas edições-�996/2000); Os 7 Pecados da Capital (2003); A Revolução que Vargas não Fez (200�); Brasil país do presente – o futuro chegou (200�); Operação Senzala (200�); Acorda Brasil (200�); Decifrando um enigma chamado Brasil (duas edições-2005); A Ferrovia de Dom Bosco – A viga mestra da comunidade sul-americana de nações (duas edições-2006/2007), e O Brasil das Profecias – 2003/2063 – Os Anos Decisivos (2008).

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Este livro foi composto em tipologia Aldine 72�BT e impresso em papel

offset 75g/m2 (miolo) e Cartão 250g/m2 (capa).

<a rel=”license” href=”http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/”><img alt=”Creative Commons License” style=”border-width:0” src=”http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/2.5/br/88x31.png” /></a><br /><span xmlns:dc=”http://purl.org/dc/elements/1.1/” href=”http://purl.org/dc/dcmitype/Text” property=”dc:title” rel=”dc:type”>A realiza&#231;&#227;o das Profecias de Dom Bosco - 2003/2063 - os anos decisivos</span> is licensed under a <a rel=”license” href=”http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/”>Creative Commons Atribui&#231;&#227;o-Uso N&#227;o-Comercial-Vedada a Cria&#231;&#227;o de Obras Derivadas 2.5 Brasil License</a>.

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