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Profetas Menores Livro III
Ageu, Zacarias e Malaquias
Silvio Dutra
DEZ/2015
2
474 Alves, Silvio Dutra Profetas menores III./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 132p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Messias. 3. Zacarias 4.Malaquias. 5. Ageu. 6. Comentário Bíblico I. Título.
CDD 230.224
3
Sumário
AGEU
Ageu 1......................................................... 5
Ageu 2......................................................... 12
ZACARIAS
Zacarias 1................................................... 21
Zacarias 2................................................... 28
Zacarias 3................................................... 31
Zacarias 4................................................... 35
Zacarias 5................................................... 39
Zacarias 6................................................... 43
Zacarias 7................................................... 47
Zacarias 8................................................... 51
Zacarias 9................................................... 56
Zacarias 10................................................. 60
Zacarias 11................................................. 71
Zacarias 12................................................. 80
Zacarias 13................................................. 88
Zacarias 14................................................. 94
MALAQUIAS
Malaquias 1................................................ 107
Malaquias 2................................................ 115
Malaquias 3................................................ 121
Malaquias 4................................................ 127
4
AGEU
5
Ageu 1
Buscar Primeiro o Reino de Deus
Quase tudo na Palavra de Deus aponta para a
grande verdade que a Sua vontade nunca deve ser
negligenciada ou postergada, em prol da realização
de qualquer outra coisa que seja do nosso próprio
interesse.
Importa que o reino de Deus e a Sua justiça sejam
sempre buscados prioritariamente em tudo o que
fizermos.
Na verdade, importa buscar em primeiro lugar o
próprio Senhor, porque senão o nosso trabalho será
em vão.
Os judeus estavam aprendendo esta lição na prática,
depois que haviam retornado do cativeiro em
Babilônia, porque em vez de priorizarem as coisas
relativas ao culto do Senhor, com a reconstrução do
templo, a par de toda a oposição que pudessem estar
sofrendo, arrumaram a desculpa que não era ainda
o tempo de se edificar a casa do Senhor, porque
estavam dando prioridade à reconstrução de suas
próprias casas.
Eles julgavam que não era ainda tempo para se
dedicarem aos interesses do Senhor.
Do mesmo modo, um bom número de
cristãos gastam quase todo o tempo de suas vidas
com os seus próprios interesses, e deixam o Senhor
ficar esperando que eles se voltem para Ele.
6
Com que dificuldade conseguem separar míseros
dez minutos para orarem por dia, ou para fazerem o
que se refira à obra de Deus.
Todavia, acham tempo para tudo o mais.
Quando fazemos isto, seja até mesmo em relação às
coisas mínimas, nós invertemos a ordem de
prioridades.
Os cristãos são ensinados pelo Senhor a serem
dependentes dEle para tudo.
Está edificada sobre a areia e não tem telhado a casa
na qual o Senhor não recebe a devida atenção dos
seus membros, na devoção que Lhe é devida, e
na busca de auxílio nEle e da Sua presença, em tudo
o que se pretenda fazer.
Assim, os judeus que haviam retornado de
Babilônia, pretendiam ser prósperos no que faziam,
negligenciando a pessoa de Deus e a Sua vontade.
Por isso nós lemos no primeiro capítulo de
Ageu que eles foram admoestados pelo profeta
quanto ao grave erro que estavam cometendo, e que
estava sendo a causa de não estarem sendo bem
sucedidos.
“Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis,
mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais;
vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe
salário, recebe-o para o meter num saco furado.”
(Ageu 1.6)
Por isso, tanto no verso anterior a este (v.5), quanto
no posterior (v.7), o Senhor chamou os israelitas a
considerarem os caminhos deles; para que
pudessem verificar na própria realidade das suas
7
vidas, que por mais que se empenhassem em seus
próprios interesses, não estavam sendo bem
sucedidos, porque lhes faltava a Sua aprovação e
bênção.
Se o Senhor não governar nossas vidas e casas,
quem prevalecerá será o Inimigo, tal como estava
ocorrendo com Judá.
A atitude de considerar o nosso caminho não é para
ficarmos lamentando a nossa triste condição, por
esta ausência de Deus e da Sua bênção na nossa
vida, mas para nos levantarmos e ativarmos a
devoção que Lhe é devida, quanto aos interesses da
Sua casa, que é a Igreja.
Isto deve vir primeiro.
Esta regra se aplica às grandes e às pequenas tarefas
do viver diário.
É preciso gastar tempo na presença do Senhor antes
de nos lançarmos à execução de nossas tarefas, e
continuarmos na Sua presença enquanto as
executamos.
Então, depois de ter ordenado que os judeus, se
aplicassem de modo prático às coisas necessárias,
para a reconstrução do templo, no verso 8, o Senhor
enumerou alguns dos Seus juízos sobre a
negligência dos judeus, para que fossem
despertados para o seu dever.
Então foi dito aos judeus que procedia dEle as
coisas que são referidas nos versos 9 a 11:
“9 Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco;
e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o
dissipei com um assopro. Por que causa? diz o
8
Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que
está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à
sua própria casa.
10 Por isso os céus por cima de vós retêm o orvalho,
e a terra retém os seus frutos.
11 E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre as
colinas, sobre o trigo e o mosto e o azeite, e sobre
tudo o que a terra produz; como também sobre os
homens e os animais, e sobre todo o seu trabalho.”
O governador Zorobabel, e o sumo sacerdote Josué
foram encarregados de dizerem as palavras de Deus,
por meio de Ageu, ao povo.
E eles o fizeram, e o povo se reanimou a reconstruir,
em face de terem reconhecido que ao povo que
pertence ao Senhor não resta nenhuma outra
alternativa, senão a de viverem para Ele e para
fazerem a Sua vontade.
No entanto, é dito que tanto o governador, o sumo
sacerdote e todo povo foram incitados em seus
espíritos pelo próprio Deus, a fazerem Sua obra.
Disto aprendemos, que é somente quando nos
dispomos a obedecer ao Senhor, que Ele move os
nossos espíritos, pelo poder do Espírito Santo, para
que sejamos encorajados e capacitados a fazer tudo
o que Ele nos tem ordenado.
Os judeus haviam retornado de Babilônia a Judá,
por decreto de Ciro, em 537 a.C., e no mesmo ano
começaram a reconstruir o templo de Jerusalém,
que havia sido destruído por Nabucodonozor.
Mas, sofreram uma forte oposição dos samaritanos,
que foram rejeitados por eles quanto à participação
9
na reedificação do templo, ficando a obra paralisada
por cerca de 16 anos.
As obras de reconstrução do templo foram
reiniciadas em 520 a C., através das exortações dos
profetas Ageu e Zacarias, sendo o templo concluído
4 anos depois em 516 a.C.
A primeira profecia de Zacarias, no segundo ano do
rei persa Dario, pode ser situada, portanto, cerca de
17 anos após o retorno dos judeus à Palestina.
Como se afirma no primeiro versículo de Zacarias,
ele começou seu ministério junto aos judeus no
oitavo mês do segundo ano de Dario; sendo que o
profeta Ageu começou o seu, dois meses antes, a
saber, no sexto mês do segundo ano de Dario, como
se vê neste primeiro versículo do seu livro.
“1 No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no
primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor, por
intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel,
governador de Judá, filho de Sealtiel, e a Josué, o
sumo sacerdote, filho de Jeozadaque, dizendo:
2 Assim fala o Senhor dos exércitos, dizendo: Este
povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo de se
edificar a casa do Senhor.
3 Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do
profeta Ageu, dizendo:
4 Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas
forradas, enquanto esta casa fica desolada?
5 Ora pois, assim diz o Senhor dos exércitos:
Considerai os vossos caminhos.
10
6 Tendes semeado muito, e recolhido pouco;
comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos
saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que
recebe salário, recebe-o para o meter num saco
furado.
7 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os
vossos caminhos.
8 Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa;
e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o
Senhor.
9 Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco;
e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o
dissipei com um assopro. Por que causa? diz o
Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que
está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à
sua própria casa.
10 Por isso os céus por cima de vós retêm o orvalho,
e a terra retém os seus frutos.
11 E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre as
colinas, sobre o trigo e o mosto e o azeite, e sobre
tudo o que a terra produz; como também sobre os
homens e os animais, e sobre todo o seu trabalho.
12 Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo
sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, juntamente
com todo o resto do povo, obedeceram a voz do
Senhor seu Deus, e as palavras do profeta Ageu,
como o Senhor seu Deus o tinha enviado; e temeu o
povo diante do Senhor.
13 Então Ageu, o mensageiro do Senhor, falou ao
povo, conforme a mensagem do Senhor, dizendo:
Eu sou convosco, diz o Senhor.
11
14 E o Senhor suscitou o espírito do governador de
Judá Zorobabel, filho de Sealtiel, e o espírito do
sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e o
espírito de todo o resto do povo; e eles vieram, e
começaram a trabalhar na casa do Senhor dos
exércitos, seu Deus,
15 ao vigésimo quarto dia do sexto mês.”
12
Ageu 2
Primeiro Santificação Depois a Obra
Como os judeus haviam sido exortados pela
profecia de Ageu, que lhes fora dada por meio do
governador Zorobabel, e do sumo-sacerdote Josué
(Ageu 1.1), no primeiro dia do sexto mês, e se
dispuseram a tomarem as medidas necessárias para
a reconstrução do templo no vigésimo quarto dia do
referido mês (1.15), então, nesta segunda exortação
do profeta Ageu, constante deste segundo capítulo,
o Senhor ordenou ao profeta, que não falasse
agora, somente a Zorobabel e a Josué, como
também a todo o povo, no vigésimo primeiro dia do
segundo mês (2.1-9), ou seja cerca de quase um mês
depois de lhes ter falado pela primeira vez através
de Ageu.
E voltaria a lhes falar através do profeta em duas
outras ocasiões (2.10-19 e 2.20-23), no mesmo
vigésimo quarto dia do nono mês; ou seja, cerca de
dois meses depois de lhes ter falado o que lemos em
2.1-9.
O povo estava então trabalhando na reconstrução do
templo cerca de um mês quando o Senhor lhes
animou a prosseguirem na obra, com palavras
encorajadoras, dizendo que apesar de estarem
julgando que o templo, que estavam construindo,
em nada tinha da glória do templo anterior, que
havia sido destruído, e que fora erigido por
13
Salomão, teria uma glória maior do que a do
primeiro.
Certamente, Deus não estava falando em termos de
glória terrena, porque para Ele por maior que seja a
glória da carne, ela é passageira como a flor da erva.
Então não é neste tipo de glória mundana que se
encontra concentrada a Sua atenção, mas na glória
espiritual.
Os serviços de culto que seriam realizados no
templo que eles estavam construindo, ajudaria na
manutenção da devoção dos judeus ao Senhor, até
que o Messias se manifestasse a eles.
Por isso é dito no verso 4 que todos deveriam se
esforçar, principalmente os líderes, e trabalharem,
porque o Senhor era com eles.
Ele seria fiel ao pacto que havia feito com os
israelitas, desde que haviam saído do Egito, e não
deveriam portanto, temer, porque o Espírito Santo
habitava em seu meio (v. 5).
Sem a presença do Espírito Santo é impossível
trabalhar para Deus, porque toda obra do Senhor é
dirigida e realizada pelo próprio Espírito, pela
instrumentalidade dos Seus servos.
O povo de Judá estava trabalhando cerca de três
meses na obra de reconstrução do templo quando
lhes veio de novo a Palavra do Senhor, no vigésimo
quarto dia do nono mês, porque apesar de todo o seu
empenho na obra que estavam fazendo, alguns não
estavam dando a devida consideração, que todo
trabalho que é feito para Deus exige que estejamos
com nossas vidas santificadas.
14
Porque, caso contrário, todo o nosso trabalho será
considerado como imundo por Ele, ou seja,
inaceitável.
Daí o arrazoamento que o profeta Ageu fez
primeiramente com os sacerdotes, quanto às
exigências da lei, para a apresentação de ofertas no
templo, as quais, não poderiam ser apresentadas por
pessoas que estivessem impuras, por se
encontrarem em algumas das situações descritas na
lei cerimonial, quanto à condição de ser considerado
imundo perante o Senhor, como por exemplo, o
contato da carne ofertada no templo, daqueles
sacrifícios que era permitido que fossem
consumidos em casa, no máximo até três dias, e que
não podiam ter contato com outros alimentos
comuns, isto é, que não haviam sido consagrados a
Deus no templo, na presença do sacerdote (v. 10).
E também o caso de alguém que tivesse tido contato
com o corpo de uma pessoa morta, e que viesse a
tocar em alguma coisa consagrada, e que a tornaria
imunda (v. 13).
Depois deste arrazoamento veio a afirmação do
Senhor de que toda a obra das mãos dos que
trabalhavam na reconstrução do templo, e tudo o
que estava sendo oferecido, era imundo (v. 14),
porque não estavam dando a devida atenção às
exigências da Lei de Moisés.
No caso da Igreja de Cristo, em que não há mais
distinção entre coisas puras e imundas, segundo a
Lei cerimonial, no entanto, aquilo que a Lei
ensinava em figura, é que não se pode ter a
15
aprovação e aceitação de Deus, nas obras que
fazemos para Ele e na Sua casa, quando vivemos na
impureza.
Os judeus, foram portanto, convocados a se
lembrarem uma vez mais, da condição de insucesso
em que estavam vivendo antes de prosseguirem
lançando mãos à obra de reconstrução; e do quanto
estavam cuidando apenas dos seus próprios
interesses (v. 15 a 17).
Eles se dispuseram a trabalhar, e isto era louvável,
mas não se podia louvar o fato de não estarem dando
a devida atenção às exigências da Palavra do
Senhor; porque a obra de Deus deve ser realizada
em conformidade com as condições que Ele
estabeleceu em Sua Palavra.
Se eles levassem em consideração esta exortação, e
se aplicassem a agirem do modo correto, o Senhor
prometeu que lhes abençoaria desde aquele dia em
que lhes dirigiu tal palavra, a saber, no vigésimo
quarto dia do nono mês (v. 19).
Então, trabalhar para Deus traz bênçãos para nossas
próprias vidas, somente quando o fazemos estando
santificados.
Ainda naquele mesmo vigésimo quarto dia, do nono
mês, o Senhor voltou a falar, como vemos nos
versos 20 a 23, especificamente a Zorobabel,
governador de Judá, para lhe dizer que Ele abalaria
os céus e a terra, e derrubaria o trono dos reinos, e
destruiria a força dos reinos das nações; mas,
naquele dia distante, ainda por vir, o Senhor
prometeu a Zorobabel, seu servo, que o tomaria e
16
faria dele um anel de selar, porque lhe havia
escolhido (v. 23).
Os decretos de um rei eram firmados e reconhecidos
e obedecidos por todos, por causa da marca do seu
anel de selar que era fixado nos documentos que
continham as suas determinações.
O Senhor disse a Zorobabel, que a Sua autoridade
seria reconhecida por outros, por meio da vida do
próprio Zorobabel.
Babilônia havia sido subvertida, a Pérsia e a Média
também viriam a ser subvertidas, e todos os
impérios que se levantassem depois deles na terra,
mas os eleitos do Senhor, como Zorobabel, serão o
Seu anel de selar na terra, ou seja, reinarão
juntamente com Cristo, depois da Sua segunda
vinda, e regerão sobre as nações da terra, na
autoridade do Senhor.
Então, esta profecia dirigida a Zorobabel, tinha o
propósito de encorajá-lo a fazer a obra do Senhor,
não pensando propriamente na recompensa presente
que teria pelo seu trabalho, mas na recompensa
eterna e futura, que está reservada para todos os que
servem fielmente a Deus; e é contemplando esta
recompensa futura que devem se empenhar em tudo
o que fizerem para Ele enquanto estiverem aqui na
terra.
“1 No segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao
vigésimo primeiro do mês, veio a palavra do Senhor
por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
17
2 Fala agora ao governador de Judá, Zorobabel,
filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de
Jeozadaque, e ao resto do povo, dizendo:
3 Quem há entre vós, dos sobreviventes, que viu
esta casa na sua primeira glória? Em que estado a
vedes agora? Não é como nada em vossos olhos?
4 Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e
esforça-te, sumo sacerdote Josué, filho de
Jeozadaque, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz
o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz
o Senhor dos exércitos,
5 segundo o pacto que fiz convosco, quando saístes
do Egito, e o meu Espírito habita no meio de vós;
não temais.
6 Pois assim diz o Senhor dos exércitos; Ainda uma
vez, daqui a pouco, e abalarei os céus e a terra, o
mar e a terra seca.
7 Abalarei todas as nações; e as coisas preciosas de
todas as nações virão, e encherei de glória esta casa,
diz o Senhor dos exércitos.
8 Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos
exércitos.
9 A glória desta última casa será maior do que a da
primeira, diz o Senhor dos exércitos; e neste lugar
darei a paz, diz o Senhor dos exércitos.
10 Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo
ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta
Ageu, dizendo:
11 Assim diz o Senhor dos exércitos: Pergunta
agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:
18
12 Se alguém levar na aba de suas vestes carne
santa, e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado,
ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro
mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes
responderam: Não.
13 Então perguntou Ageu: Se alguém, que for
contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar
nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os
sacerdotes responderam: Ficará imunda.
14 Ao que respondeu Ageu, dizendo: Assim é este
povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o
Senhor; assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o
que ali oferecem imundo é.
15 Agora considerai o que acontece desde aquele
dia. Antes que se lançasse pedra sobre pedra no
templo do Senhor,
16 quando alguém vinha a um montão de trigo de
vinte medidas, havia somente dez; quando vinha ao
lagar para tirar cinquenta, havia somente vinte.
17 Feri-vos com mangra, e com ferrugem, e com
saraiva, em todas as obras das vossas mãos; e não
houve entre vós quem voltasse para mim, diz o
Senhor.
18 Considerai, pois, eu vos rogo, desde este dia em
diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono,
desde o dia em que se lançaram os alicerces do
templo do Senhor, sim, considerai essas coisas.
19 Está ainda semente no celeiro? A videira, a
figueira, a romeira, e a oliveira ainda não dão os
seus frutos? Desde este dia hei de vos abençoar.
19
20 Veio pela segunda vez a palavra do Senhor a
Ageu, aos vinte e quatro do mês, dizendo:
21 Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo:
Abalarei os céus e a terra;
22 e derrubarei o trono dos reinos, e destruirei a
força dos reinos das nações; destruirei o carro e os
que nele andam; os cavalos e os seus cavaleiros
cairão, cada um pela espada do seu irmão.
23 Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, tomar-
te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz
o Senhor, e te farei como um anel de selar; porque
te escolhi, diz o Senhor dos exércitos.”
20
ZACARIAS
21
Zacarias 1
Falsa Paz e Segurança
Os judeus haviam retornado de Babilônia a Judá,
por decreto de Ciro, em 537 a.C., e no mesmo ano
começaram a reconstruir o templo de Jerusalém,
que havia sido destruído por Nabucodonozor.
Mas, sofreram uma forte oposição dos samaritanos,
que foram rejeitados por eles quanto à participação
na reedificação do templo, ficando a obra paralisada
por cerca de 16 anos.
As obras de reconstrução do templo foram
reiniciadas em 520 a C., através das exortações dos
profetas Ageu e Zacarias, sendo o templo concluído
4 anos depois em 516 a.C.
A primeira profecia de Zacarias, no segundo ano do
rei persa Dario, pode ser situada, portanto, cerca de
17 anos após o retorno dos judeus à Palestina.
Como se afirma no primeiro versículo de seu livro,
Zacarias começou seu ministério junto aos judeus
no oitavo mês do segundo ano de Dario; sendo que
o profeta Ageu começou o seu, dois meses antes, a
saber, no sexto mês do segundo ano de Dario, como
se vê em Ageu 1.1.
Os judeus estavam em grande perplexidade, porque
o Senhor havia prometido lhes dar descanso quando
se completassem os setenta anos de cativeiro em
Babilônia, e estavam, depois de cumprido aquele
prazo, ainda debaixo das aflições de seus inimigos.
22
No entanto, o Senhor lhes falou através do profeta
Zacarias, que eles haviam se afastado dEle, e que
deveriam se converter para que Ele voltasse a tornar
para eles (Zac 1.3), e que deveriam aprender do que
havia acontecido aos seus pais, para que não
andassem nos mesmos caminhos deles, porque
haviam despertado grandemente a ira do Senhor,
porque não se arrependeram de suas más obras,
quando o Senhor os exortou pelos profetas (Zac 1.2,
4).
Eles foram exortados do mesmo modo, pelo profeta
Ageu, a se converterem ao Senhor, e a se
santificarem, conforme podemos ver no livro do
referido profeta.
Então, não foi pela falta de poder ou interesse de
Deus, que eles se encontravam ainda debaixo da
opressão dos povos inimigos, mas, por causa da sua
própria infidelidade, que é descrita em Ageu, por
estarem principalmente, dando prioridade aos seus
próprios interesses e negócios, e não à casa do
Senhor e à Sua vontade.
Cerca de três meses depois, no décimo primeiro
mês, do segundo ano, do reinado de Dario, a palavra
do Senhor veio novamente a Zacarias (v. 7), numa
visão, na qual viu “um homem montado num cavalo
vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se
achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos
vermelhos, baios e brancos.” (v. 8).
Zacarias pediu a Deus o significado da visão, e um
anjo lhe respondeu que eram aqueles que o Senhor
havia enviado para percorrerem a terra (v. 9, 10).
23
E aqueles cavaleiros responderam ao anjo, que
estava parado entre as murtas, que estavam
percorrendo a terra e que toda ela estava tranquila e
em descanso (v. 11).
Nós vemos em I Tes 5.3, que quando o Senhor
voltar para julgar toda a terra, os seus habitantes
estarão dizendo “paz e segurança”, a par de toda a
iniquidade em que estiverem vivendo.
Há fomes, pestes, assassinatos, e toda sorte de
calamidades na terra, e ainda assim, seus habitantes
têm este falso sentimento de paz e segurança.
Nas palavras desta profecia de Zacarias, estão
tranquilos e em descanso, enquanto o povo de Deus
é duramente oprimido e perseguido pelos seus
inimigos.
São rejeitados por aqueles que não conhecem ao
Senhor.
São desprezados e oprimidos, tal como os judeus,
em seus dias.
Então o próprio anjo da visão de Zacarias clamou
ao Senhor, em face de tal quadro:
“Ó Senhor dos exércitos, até quando não terás
compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá,
contra as quais estiveste indignado estes setenta
anos?” (v. 12).
Certamente, por ter o povo de Judá se arrependido
pelas repreensões que vinham recebendo desde o
sexto mês, por Ageu, e do oitavo, por Zacarias, veio
então, neste décimo primeiro mês, da parte do
Senhor para eles, palavras boas, palavras
24
consoladoras (v. 13), por meio do anjo que falava
com Zacarias.
Deus prometeu dar descanso ao Seu povo, contra
aqueles que estavam lhes oprimindo, e que se
encontravam em descanso, isto é, sem estarem
debaixo de Seus juízos, tal como estava fazendo
com o Seu próprio povo.
Então para confirmar a obra de juízo que faria
contra as nações inimigas de Judá, que estavam se
lhe opondo, Deus deu a Zacarias a visão de quatro
chifres, que simbolizavam os poderes daquelas
nações, sendo amedrontados e derrubados por
quatro ferreiros, e assim seriam dispersados pelo
Senhor (v. 18 a 21).
Disto aprendemos, para a Igreja de Cristo, que
quando estamos empenhados numa obra de Deus,
para a qual Ele nos chamou, e se somos paralisados
pelas forças do Inimigo, não devemos buscar a
causa da nossa falha não em outros, senão em nós
mesmos, para nos humilharmos e nos
arrependermos, de maneira que o Senhor disperse
as forças do Inimigo e nos fortaleça a cumprir a
obrar que Ele havia designado para ser feita por nós.
“1 No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a
palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de
Berequias, filho de Ido, dizendo:
2 O Senhor se irou fortemente contra vossos pais.
3 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos
exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos
25
exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor
dos exércitos.
4 Não sejais como vossos pais, aos quais clamavam
os profetas antigos, dizendo: Assim diz o Senhor
dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus
caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram,
nem me atenderam, diz o Senhor.
5 Vossos pais, onde estão eles? E os profetas,
viverão eles para sempre?
6 Contudo as minhas palavras e os meus estatutos,
que eu ordenei pelos profetas, meus servos, acaso
não alcançaram a vossos pais? E eles se
arrependeram, e disseram: Assim como o Senhor
dos exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os
nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim
ele nos tratou.
7 Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o
mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a
palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de
Berequias, filho de Ido, dizendo:
8 Olhei de noite, e vi um homem montado num
cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas
que se achavam no vale; e atrás dele estavam
cavalos vermelhos, baios e brancos.
9 Então perguntei: Meu Senhor, quem são estes?
Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te
mostrarei o que estes são.
10 Respondeu, pois, o homem que estava parado
entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor
tem enviado para percorrerem a terra.
26
11 E eles responderam ao anjo do Senhor, que
estava parado entre as murtas, e disseram: Nós
temos percorrido a terra, e eis que a terra toda está
tranquila e em descanso.
12 Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: Ó
Senhor dos exércitos, até quando não terás
compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá,
contra as quais estiveste indignado estes setenta
anos?
13 Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo,
com palavras boas, palavras consoladoras.
14 O anjo, pois, que falava comigo, disse-me:
Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos:
Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por
Sião.
15 E estou grandemente indignado contra as nações
em descanso; porque eu estava um pouco
indignado, mas eles agravaram o mal.
16 Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora,
para Jerusalém com misericórdia; nela será
edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos,
e o cordel será estendido sobre Jerusalém.
17 Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor
dos exércitos: As minhas cidades ainda se
transbordarão de bens; e o Senhor ainda consolará a
Sião, e ainda escolherá a Jerusalém.
18 Levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro
chifres.
19 Eu perguntei ao anjo que falava comigo: Que é
isto? Ele me respondeu: Estes são os chifres que
dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém.
27
20 O Senhor mostrou-me também quatro ferreiros.
21 Então perguntei: Que vêm estes a fazer? Ele
respondeu, dizendo: Estes são os chifres que
dispersaram Judá, de maneira que ninguém
levantou a cabeça; mas estes vieram para os
amedrontarem, para derrubarem os chifres das
nações que levantaram os seus chifres contra a terra
de Judá, a fim de a espalharem.” (Zacarias 1.1-21)
28
Zacarias 2
O Poderoso Braço do Senhor
Zacarias teve a visão de um varão com um cordel
de medir em sua mão, saindo para medir as
dimensões de Jerusalém (Zac 2.1,2).
Ora, isto significava que Jerusalém seria
reconstruída pela intervenção de poderes celestiais.
Deus agiria em favor do Seu povo e eles
reconstruiriam, principalmente o templo, que se
encontrava apenas nos alicerces, que haviam
lançado a dezessete anos atrás.
Para confirmar o trabalho que seria feito pelo
Senhor, um outro anjo saiu ao encontro do que
falava com Zacarias pedindo para dizer ao profeta
as palavras consoladoras e animadoras, em relação
a Judá, que são citadas nos versos 4 a 13.
Foi prometido que Jerusalém seria habitada (Zac
2.4), e o Senhor mesmo lhe seria como um muro de
fogo ao seu redor, e no meio dela, e seria a sua glória
(v. 5).
Aos judeus, que ainda se encontravam em
Babilônia, por terem se acomodado à terra do
cativeiro, foi ordenado que fugissem agora de lá,
porque tinham sido espalhados pelo Seu próprio
braço, e que escapassem para Sião, porque aquele
que tocasse neles em sua própria terra, tocaria na
menina do olho de Deus (v. 6 a 8).
29
Haveria segurança para Judá, mas não para os povos
opressores, que dominavam sobre a terra, porque
todos eles cairiam pelo desígnio do Senhor, como
de fato caíram, uns após os outros (Assíria,
Babilônia, Pérsia e Média, Grécia e Roma).
Com isto Judá saberia quem é o Senhor dos
exércitos, e Ele viria e habitaria no meio do Seu
povo, o que seria para eles motivo de exultação e
alegria (v. 9, 10).
Deus se levantaria da sua santa morada para exercer
juízos sobre a terra, e reinaria em Jerusalém, que
tem sido oprimida e desprezada pelas nações.
Esta profecia dos versos 11 a 13 certamente se
referem ao estabelecimento do reino de Jesus em
Jerusalém, depois da Sua segunda vinda.
“1 Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um
homem que tinha na mão um cordel de medir.
2 Então perguntei: Para onde vais tu? Respondeu-
me ele: Para medir Jerusalém, a fim de ver qual é a
sua largura e qual o seu comprimento.
3 E eis que saiu o anjo que falava comigo, e outro
anjo lhe saiu ao encontro,
4 e lhe disse: Corre, fala a este mancebo, dizendo:
Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros,
por causa da multidão, nela, dos homens e dos
animais.
5 Pois eu, diz o Senhor, lhe serei um muro de fogo
em redor, e eu, no meio dela, lhe serei a glória.
30
6 Ah, ah! fugi agora da terra do norte, diz o Senhor,
porque vos espalhei como os quatro ventos do céu,
diz o Senhor.
7 Ah! Escapai para Sião, vós que habitais com a
filha de Babilônia.
8 Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Para obter
a glória ele me enviou às nações que vos
despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na
menina do seu olho.
9 Porque eis aí levantarei a minha mão contra eles,
e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram;
assim sabereis vós que o Senhor dos exércitos me
enviou.
10 Exulta, e alegra-te, ó filha de Sião; pois eis que
venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.
11 E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao
Senhor, e serão o meu povo; e habitarei no meio de
ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou
a ti.
12 Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção
na terra santa, e ainda escolherá a Jerusalém.
13 Cale-se, toda a carne, diante do Senhor; porque
ele se levantou da sua santa morada.” (Zacarias 2.1-
13)
31
Zacarias 3
Tições Tirados do Fogo
Todos os cristãos são tições que foram tirados do
fogo.
Tição é um pedaço de madeira que se encontrava
queimando e cujo fogo foi apagado, mas que traz
em si as marcas da fuligem da queima que havia
sofrido.
Isto porque todos se encontravam debaixo da ira e
da condenação de Deus, por causa do pecado, e sob
o domínio do príncipe do inferno, que é Satanás, e
que é citado neste capítulo de Zacarias, tentando se
opor ao sumo sacerdote Josué, para que este não
cumprisse o seu ministério nos dias de Zorobabel,
quando os judeus haviam retornado de Babilônia.
Zacarias era contemporâneo do sacerdote Josué, e
portanto, a visão tinha o propósito de encorajá-lo a
se santificar e a realizar o seu ministério no templo,
que seria reconstruído, e ser portanto, um dos
principais interessados na reconstrução da casa do
Senhor.
Josué estava realmente com trajes sujos, e por isso
Satanás tentava se lhe opor e prevalecer contra ele.
Os trajes sujos da justiça própria.
Da incredulidade e da falta de andar nos caminhos
do Senhor, e em observar as Suas ordenanças.
Por isso foi ordenado pelo Senhor que suas vestes
fossem trocadas por outras limpas.
32
Ele seria vestido com a justiça de Cristo, que é o
único traje que não pode ser sujado.
Todavia, o Senhor mandou dizer a Josué as palavras
de Zac 3.7 a 10, pelas quais foi exortado a andar nos
Seus caminhos e a observar os Seus mandamentos,
porque se o fizesse, então julgaria a Sua casa e
guardaria os Seus átrios no templo, lhe investindo
no seu cargo (v. 7).
Disto aprendemos que não basta sermos justificados
pela graça, mediante a fé, com a justiça de Cristo,
porque a eficácia desta graça só poderá ser vista na
nossa vida, caso andemos nos caminhos de Deus,
guardando os Seus mandamentos, isto é,
santificando as nossas vidas.
A Josué e aos demais sacerdotes e líderes, que se
encontravam com ele, foi feita também a promessa
da vinda do Renovo, da pedra que foi colocada
diante de Josué, a única pedra de esquina que possui
sete olhos (onisciência), e que sendo divina, seria
por meio dela que seria tirada a iniquidade da terra
num só dia (v. 9).
Esta profecia é uma afirmação direta sobre a
divindade de Cristo, e como sendo Aquele que nos
é dado pelo Pai, sobre o qual devemos realizar todas
as Suas obras, porque é o único fundamento que nos
foi dado pelo Pai.
A iniquidade que seria retirada num só dia, significa
o trabalho perfeito de redenção de Jesus Cristo, por
um só ato de justiça, quando morreu uma única vez,
para remover a iniquidade de todos os que nEle
creem, em toda a terra, naquele memorável dia da
33
Páscoa judaica, que celebramos na Igreja com
regularidade, para rememorar aquele dia da Sua
morte, porque é por ela que somos lavados de todos
os nossos pecados.
“1 Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual
estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à
sua mão direita, para se lhe opor.
2 Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: Que o
Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que
escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um
tição tirado do fogo?
3 Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé
diante do anjo.
4 Então falando este, ordenou aos que estavam
diante dele, dizendo: Tirai-lhe estes trajes sujos. E a
Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti
a tua iniquidade, e te vestirei de trajes festivos.
5 Também disse eu: Ponham-lhe sobre a cabeça
uma mitra limpa. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça
uma mitra limpa, e vestiram-no; e o anjo do Senhor
estava ali de pe.
6 E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:
7 Assim diz o Senhor dos exércitos: Se andares nos
meus caminhos, e se observares as minhas
ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e
também guardarás os meus átrios, e te darei lugar
entre os que estão aqui.
8 Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus
companheiros que se assentam diante de ti, porque
34
são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu
servo, o Renovo.
9 Pois eis aqui a pedra que pus diante de Josué;
sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu
esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos
exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra num só
dia.
10 Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cada um
de vós convidará o seu vizinho para debaixo da
videira e para debaixo da figueira.” (Zacarias 3.1-
10)
35
Zacarias 4
As Duas Testemunhas do Apocalipse
No quarto capítulo de Zacarias, os dois ramos de
oliveira que estão junto do candelabro de ouro, que
verte azeite dourado, são as duas testemunhas que
pregarão o evangelho no período da Grande
Tribulação, conforme se vê em Apo 11.3-12.
Elas se encontram ao lado do castiçal, porque ele
representa a luz de Cristo, que dá vida ao mundo.
Este castiçal esteve na Igreja antes de ser arrebatada,
porque eram os cristãos, a luz do mundo.
O castiçal vertia o azeite (óleo) do Espírito Santo, e
isto está sendo feito e será feito pela Igreja enquanto
cumprir o seu ministério na terra, até que Cristo
volte para arrebatá-la.
Mas tendo a Igreja sido arrebatada, Deus continuará
fazendo a Sua obra de salvação, sempre pelo poder
do Espírito, e não por força ou por violência, através
da proclamação do evangelho pela boca destes dois
ungidos, a saber das duas testemunhas, que falarão
no poder do Espírito nos dias do Anticristo.
“3 E concederei às minhas duas testemunhas que,
vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e
sessenta dias.
4 Estas são as duas oliveiras e os dois candeeiros
que estão diante do Senhor da terra.” (Apo 11.3,4).
Esta visão foi dada a Zacarias para ser passada ao
governador Zorobabel, para que Ele soubesse que o
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próprio Senhor faria a Sua obra, pelo poder do
Espírito.
A profecia aponta para cumprimentos que se dariam
ainda num tempo distante, mas que estavam
associados ao trabalho que o sumo sacerdote Josué,
e Zorobabel estavam fazendo em Jerusalém, com a
reconstrução do templo e com o ensino da Palavra
de Deus ao povo de Judá.
A pedra de esquina (Jesus) viria através dos judeus,
e o Espírito Santo seria derramado em razão da obra
que seria realizada por Cristo.
Assim, importava que Zorobabel se empenhasse no
trabalho de governar o povo nos caminhos do
Senhor, e permanecer firme diante das oposições
dos inimigos, porque no final, quem prevaleceria
seria o Senhor, conforme fará no tempo do fim,
quando os inimigos de Israel se levantassem contra
eles para destruí-los.
Portanto, ninguém deveria desprezar aqueles
humildes começos da obra do Senhor nos dias de
Zorobabel, especialmente em razão de Judá estar
destruída, o templo ainda no alicerce, e que depois
de construído não teria em suas estruturas a mesma
glória que havia no templo de Salomão, que
Nabucodonozor havia destruído, porque maior
ainda era a obra que o Senhor tinha a realizar não
apenas em Israel, mas em toda a terra.
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“1 Ora o anjo que falava comigo voltou, e me
despertou, como a um homem que é despertado do
seu sono;
2 e me perguntou: Que vês? Respondi: Olho, e eis
um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite em
cima, com sete lâmpadas, e há sete canudos que se
unem às lâmpadas que estão em cima dele;
3 e junto a ele há duas oliveiras, uma à direita do
vaso de azeite, e outra à sua esquerda.
4 Então perguntei ao anjo que falava comigo: Meu
senhor, que é isso?
5 Respondeu-me o anjo que falava comigo, e me
disse: Não sabes tu o que isso é? E eu disse: Não,
meu senhor.
6 Ele me respondeu, dizendo: Esta é a palavra do
Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem
por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos
exércitos.
7 Quem és tu, ó monte grande? Diante de Zorobabel
tornar-te-ás uma campina; e ele trará a pedra
angular com aclamações: Graça, graça a ela.
8 Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
9 As mãos de Zorobabel têm lançado os alicerces
desta casa; também as suas mãos a acabarão; e
saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a vós.
10 Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas?
pois estes sete se alegrarão, vendo o prumo na mão
de Zorobabel. São estes os sete olhos do Senhor, que
discorrem por toda a terra.
11 Falei mais, e lhe perguntei: Que são estas duas
oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?
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12 Segunda vez falei-lhe, perguntando: Que são
aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos
dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite
dourado?
13 Ele me respondeu, dizendo: Não sabes o que é
isso? E eu disse: Não, meu senhor.
14 Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que
assistem junto ao Senhor de toda a terra.” (Zacarias
4.1-14)
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Zacarias 5
A Impiedade Tem Seu Próprio Lugar
Logo depois da visão do candelabro e dos dois
ramos de oliveira, Zacarias teve a visão de um rolo
esvoaçante, registrado no quinto capítulo do seu
livro, tendo dez metros de comprimento, por cinco
de largura. Exatamente as medidas do santuário do
tabernáculo, correspondente ao Lugar Santo e ao
Santo dos Santos.
Isto indica que aquele rolo era procedente do
santuário celestial de Deus.
Aquele rolo representava a Lei de Deus, mais
particularmente a maldição da lei, conforme o anjo
falou a Zacarias, que viria sobre todos os
transgressores da Lei do Senhor, em toda a terra.
São descritas portanto, especialmente maldições
contra aqueles que transgridem os dez
mandamentos, como são citados, por exemplo, o ato
de furtar e jurar falsamente (v. 3 e 4), a cujos
praticantes, foi dito que seriam desarraigados da
terra.
Depois desta, Zacarias teve outra visão de um efa,
com uma tampa de chumbo, e quando foi retirada a
tampa, havia uma mulher sentada no meio do efa.
O anjo disse que o efa era a iniquidade em toda a
terra de Judá, e a mulher, a impiedade.
O anjo lançou a mulher dentro do efa e o fechou
com a tampa de chumbo (v. 5 a 8).
40
A iniquidade se multiplica na terra por causa da
prática da impiedade pelas que não têm uma vida
santificada diante de Deus.
Zacarias viu em seguida duas mulheres que tinham
asas como as da cegonha, e que levantaram o efa
entre a terra e o céu, e quando Zacarias perguntou
ao anjo para onde elas levariam o efa, este
respondeu que iriam preparar um casa na terra de
Sinar, na qual o efa seria colocado (v. 9 a 11).
Esta visão significa que a iniquidade de Judá seria
removida pela destruição da vida de impiedade em
que eles vinham vivendo, e seria arrancada da sua
terra, e seria lançada fora em outras regiões
distantes da terra, representadas na profecia pela
terra de Sinar, onde seria bem acolhida nas casas
dos amantes da impiedade, representados nas duas
mulheres com asas, que construiriam uma casa para
o efa da iniquidade.
Não deve haver impiedade e iniquidade no meio do
povo de Deus, porque o lugar próprio para a
iniquidade é no meio daqueles que não temem e que
não amam ao Senhor.
Por isso se diz no final desta profecia, que o efa seria
colocado no seu lugar, ou seja, no lugar onde lhe é
apropriado para estar, e não no meio do povo de
Deus.
“1 Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um
rolo voante.
41
2 Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: Vejo
um rolo voante, que tem vinte côvados de comprido
e dez côvados de largo.
3 Então disse-me ele: Esta é a maldição que sairá
pela face de toda a terra: porque daqui, conforme a
maldição, será desarraigado todo o que furtar; assim
como daqui será desarraigado conforme a maldição
todo o que jurar falsamente.
4 Mandá-la-ei, diz o Senhor dos exércitos, e a farei
entrar na casa do ladrão, e na casa do que jurar
falsamente pelo meu nome; e permanecerá no meio
da sua casa, e a consumirá juntamente com a sua
madeira e com as suas pedras.
5 Então saiu o anjo, que falava comigo, e me disse:
levanta agora os teus olhos, e vê que é isto que sai.
6 Eu perguntei: Que é isto? Respondeu ele: Isto é
uma efa que sai. E disse mais: Esta é a iniquidade
em toda a terra.
7 E eis que foi levantada a tampa de chumbo, e uma
mulher estava sentada no meio da efa.
8 Prosseguiu o anjo: Esta é a impiedade. E ele a
lançou dentro da efa, e pôs sobre a boca desta o peso
de chumbo.
9 Então levantei os meus olhos e olhei, e eis que
vinham avançando duas mulheres com o vento nas
suas asas, pois tinham asas como as da cegonha; e
levantaram a efa entre a terra e o céu.
10 Perguntei ao anjo que falava comigo: Para onde
levam elas a efa?
42
11 Respondeu-me ele: Para lhe edificarem uma casa
na terra de Sinar; e, quando a casa for preparada, a
efa será colocada ali no seu lugar.”
43
Zacarias 6
Rei, Sacerdote e Profeta
Nesta sua sétima visão, no sexto capítulo, Zacarias
viu carruagens com cavalos de cores diferentes,
saindo pelos quatro cantos da terra, a partir de dois
montes de bronze.
Os montes de bronze representam os decretos
eternos de Deus, que não podem ser removidos,
porque eram de bronze as bases do tabernáculo, e o
bronze, tal como a prata e o ouro, é um metal que
não se desfaz pela oxidação como o ferro e outros
metais.
Os carros com os cavalos de cores diferentes,
representam os poderes de Deus, especialmente os
que são operados pelos anjos, pelos quais, realiza a
Sua multiforme graça e providência divinas, em
relação a todos os habitantes da terra.
É dito que estes poderes saem por toda a terra,
depois de terem se apresentado diante de Deus.
Estes cavalos não são poderes destrutivos e não
saem para destruir, conforme a visão dos quatro
cavalos e seus cavaleiros, em Apocalipse, porque se
diz que suas operações, tinham em vista fazer
repousar o Espírito do Senhor na terra do norte (Zac
6.8).
Livrar os que haviam sido levados em cativeiro (v.
10).
44
Para fazerem coroas e colocarem-nas sobre a cabeça
do sumo sacerdote Josué (v. 11).
E é dito também nos versos 12 e 13 que: “o homem
cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e
edificará o templo do Senhor. Ele mesmo edificará
o templo do Senhor; receberá a honra real, assentar-
se-á no seu trono, e dominará. E Josué, o sacerdote,
ficará à sua direita; e haverá entre os dois o conselho
de paz.”
Josué era portanto um tipo do Sumo Sacerdócio
eterno de Jesus, e por isso se ordenou que se fizesse
coroas para ele, porque Josué não era rei, mas
apenas sacerdote, mas Jesus é tanto Profeta, Sumo
Sacerdote e Rei.
O serviço de Josué era portanto, para este grande
Sumo Sacerdote que é colocado sobre a casa de
Deus, e por isso se diz que haveria entre Jesus e
Josué um conselho de paz (v. 13 b).
Por isso as coroas ficariam como memorial no
templo do Senhor, indicando que haveria uma união
futura do ofício sacerdotal com o do reinado (v. 14).
É dito que os que estavam longe viriam para ajudar
a edificar o templo do Senhor, e eles saberiam em
Judá, que Zacarias lhes havia falado estas coisas da
parte de Deus, e tudo isto sucederia se eles
obedecessem diligentemente à voz do Senhor (v.
15).
Esta profecia tinha portanto, o grande objetivo de
encorajar e incentivar os judeus à tarefa de
reconstrução do templo e a se santificarem para que
45
o Senhor cumprisse todas as boas promessas que
lhes havia feito.
Nosso Senhor reina nos corações dos que nele
creem, há cerca de dois mil anos. E tem intercedido
como Sumo-Sacerdote à direita de Deus Pai, em
favor destes que lhe amam. E lhes tem instruído
com a Palavra que procede da Sua boca, registrada
na Bíblia, porque é Ele o Grande e Eterno Profeta,
que ensina ao Seu povo a Verdade.
“1 De novo levantei os meus olhos, e olhei, e eis
quatro carros que saíam dentre dois montes, e estes
montes eram montes de bronze.
2 No primeiro carro eram cavalos vermelhos, no
segundo carro cavalos pretos,
3 no terceiro carro cavalos brancos, e no quarto
carro cavalos baios com malhas.
4 Então, dirigindo-me ao anjo que falava comigo,
perguntei: Que são estes, meu senhor?
5 Respondeu-me o anjo: Estes estão saindo aos
quatro ventos do céu, depois de se apresentarem
perante o Senhor de toda a terra.
6 O carro em que estão os cavalos pretos sai para a
terra do norte, os brancos são para o oeste, e os
malhados para a terra do sul;
7 e os cavalos baios saíam, e procuravam ir por
diante, para percorrerem a terra. E ele disse: Ide,
percorrei a terra. E eles a percorriam.
46
8 Então clamou para mim, dizendo: Eis que aqueles
que saíram para a terra do norte fazem repousar na
terra do norte o meu Espírito.
9 Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
10 Recebe dos que foram levados cativos, a saber,
de Heldai, de Tobias, e de Jedaías, e vem tu no
mesmo dia, e entra na casa de Josias, filho de
Sofonias, para a qual vieram de Babilônia;
11 recebe, digo, prata e ouro, e faze coroas, e põe-
nas na cabeça do sumo sacerdote Josué, filho de
Jeozadaque;
12 e fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos
exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo;
ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do
Senhor.
13 Ele mesmo edificará o templo do Senhor;
receberá a honra real, assentar-se-á no seu trono, e
dominará. E Josué, o sacerdote, ficará à sua direita;
e haverá entre os dois o conselho de paz.
14 Essas coroas servirão a Helem, e a Tobias, e a
Jedaías, e a Hem, filho de Sofonias, de memorial no
templo do Senhor.
15 E aqueles que estão longe virão, e ajudarão a
edificar o templo do Senhor; e vós sabereis que o
Senhor dos exércitos me tem enviado a vós; e isso
sucederá, se diligentemente obedecerdes a voz do
Senhor vosso Deus.” (Zacarias 6.1-15)
47
Zacarias 7
Jejum e Oração Egoístas
A profecia do sétimo capítulo foi dada a Zacarias,
exatos dois anos passados desde a primeira, narrada
no seu livro, porque aqui se afirma que a Palavra do
Senhor lhe veio no quarto dia, do nono mês, do
quarto ano, do reinado de Dario (v. 1).
A amargura estava instalada no coração de muitos
judeus, especialmente dos que eram de Betel,
porque estavam protestando que haviam suplicado
o favor do Senhor, jejuando e chorando, por tantos
anos, e as coisas não haviam mudado para melhor
(Zac 7.2,3).
Mas o Senhor mandou lhes dizer que não foi para
Ele que haviam jejuado e pranteado nos setenta
anos, em que estiveram no cativeiro em Babilônia
(v. 4,5).
Eles haviam procedido da mesma maneira que os
seus pais, quando ainda se encontravam em Judá,
antes do cativeiro, e que não haviam dado ouvido
aos profetas, que lhes haviam exortado a deixarem
a iniquidade, e a praticarem o jejum que é agradável
ao Senhor, como por exemplo o fizera o profeta
Isaías, que lhes havia alertado e admoestado (Is 58)
quanto ao fato de buscarem ao Senhor apenas para
serem atendidos os próprios interesses deles, e não
os do Senhor (v 6, 7).
48
Aquela geração que havia vindo do cativeiro foi
também repreendida por Deus, através de Zacarias,
quanto ao mesmo erro, que havia sido cometido
pelos seus antepassados, indagando-lhes o seguinte:
“quando comeis e quando bebeis, não é para vós
mesmos que comeis e bebeis?” (v. 6).
O ímpio come e bebe para si, mas o crente deve
comer e beber para Deus, ou seja, para ter saúde e
vida para poder servir-Lhe.
Então foram descritos nos versos 8 a 14, as
repreensões e admoestações que o Senhor havia
dirigido aos seus antepassados, pelos profetas
antigos, conforme podemos ver por exemplo no
texto de Isaías 58; para que soubessem qual era o
motivo de seus jejuns, prantos e orações não
estarem sendo ouvidos pelo Senhor; e não somente
isto, por tê-los espalhado pelas nações, em face da
falta de arrependimento, embora tivessem sido
repreendidos por Deus, por meio dos Seus profetas.
Se nossa devoção se mostra ineficaz, quanto à
produção de um viver abençoado diante do Senhor,
o motivo desta ineficácia sempre será achado em
nós mesmos, e nunca na falta de desejo de Deus em
nos abençoar.
Atos externos de religião que não sejam
acompanhados por uma sincera santificação de
coração, de quem se empenha na prática da justiça
evangélica, jamais nos trarão um viver abençoado,
ao contrário, nos tornarão sujeitos aos juízos e
correções de Deus.
49
“1 Aconteceu no ano quarto do rei Dario, que a
palavra do Senhor veio a Zacarias, no dia quarto do
nono mês, que é quisleu:
2 Ora, o povo de Betel tinha enviado Sarezer, e
Regem-Meleque, e os seus homens, para suplicarem
o favor do Senhor,
3 e para dizerem aos sacerdotes, que estavam na
casa do Senhor dos exércitos, e aos profetas:
Chorarei eu no quinto mês, com jejum, como o
tenho feito por tantos anos?
4 Então a palavra do Senhor dos exércitos veio a
mim, dizendo:
5 Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes,
dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes, no quinto
e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso
foi mesmo para mim que jejuastes?
6 Ou quando comeis e quando bebeis, não é para
vós mesmos que comeis e bebeis?
7 Não eram estas as palavras que o Senhor proferiu
por intermédio dos profetas antigos, quando
Jerusalém estava habitada e próspera, juntamente
com as suas cidades ao redor dela, e quando o Sul e
a campina eram habitados?
8 E a palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo:
9 Assim falou o Senhor dos exércitos: Executai
juízo verdadeiro, mostrai bondade e compaixão
cada um para com o seu irmão;
10 e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o
estrangeiro, nem o pobre; e nenhum de vós intente
no seu coração o mal contra o seu irmão.
50
11 Eles, porém, não quiseram escutar, e me deram
o ombro rebelde, e taparam os ouvidos, para que não
ouvissem.
12 Sim, fizeram duro como diamante o seu coração,
para não ouvirem a lei, nem as palavras que o
Senhor dos exércitos enviara pelo seu Espírito
mediante os profetas antigos; por isso veio a grande
ira do Senhor dos exércitos.
13 Assim como eu clamei, e eles não ouviram,
assim também eles clamaram, e eu não ouvi, diz o
Senhor dos exércitos;
14 mas os espalhei com um turbilhão por entre todas
as nações, que eles não conheceram. Assim, pois, a
terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém
passava por ela, nem voltava; porquanto fizeram da
terra desejada uma desolação.” (Zacarias 7.1-14)
51
Zacarias 8
Boas Promessas Para Um Povo Infiel
A infidelidade dos judeus descrita no capítulo
anterior, não poderia anular a fidelidade de Deus,
que é afirmada por Ele neste capítulo oitavo de
Zacarias.
Ele havia determinado fazer bem a Judá e a
Jerusalém, e o faria, por causa do Seu grande zelo
(Zac 8.2).
De desolada que se encontrava, ainda com seus
muros destruídos, e as portas da cidade queimadas,
e com o templo em fase de reconstrução, Deus
prometeu tornar a engrandecer Jerusalém, e isto
seria feito, como sabemos, nos dias de Esdras e de
Neemias; que viriam para Judá, respectivamente,
em 458 e 444 a. C., ou seja, cerca de 60 anos após
Zacarias.
Jerusalém é descrita repleta de anciãos sentados nas
praças da cidade, e com meninos e meninas
brincando em suas ruas (v. 3 a 5).
Deus o faria pela força do Seu braço, trazendo o seu
povo de volta das terras para onde haviam sido
espalhados.
Vale lembrar que nos dias de Esdras, subiram com
ele a Jerusalém 1.496 cabeças de várias famílias de
Israel, do sexo masculino, sem contar o número de
mulheres e crianças.
52
Então aqueles que já se encontravam em Judá nos
dias de Zacarias, e que haviam subido a Jerusalém
com Zorobabel, e que haviam lançado os alicerces
do templo, foram exortados pelo Senhor a fazerem
fortes as suas mãos, para reiniciaram a obra de
reconstrução (v. 9).
Nos anos passados, eles estiveram impedidos de
trabalharem porque não havia salário (recompensa),
nem paz para os que trabalhavam, por causa do
inimigo que o Senhor havia incitado contra eles (v.
10).
Mas agora, Deus estava prometendo paz e
prosperidade ao Seu povo (v. 11, 12), de modo que
não seriam mais considerados uma maldição pelas
nações, mas uma bênção (v. 13); porque o Senhor
voltaria a usar de misericórdia para com eles e faria
o bem a Jerusalém e a Judá, pelo que não deveriam
temer o mal (v. 14, 15).
Apesar de fazer todas estas coisas, pela Sua graça, a
bênção do Senhor sempre está condicionada a um
andar condigno na Sua presença.
Então, para desfrutarem das bênçãos prometidas,
deveriam se exercitar na prática do bem, da justiça
e da verdade (v. 16, 17).
Então os jejuns que faziam se tornariam um motivo
de regozijo, alegria e festas alegres, por isso
deveriam amar a verdade e a paz (v. 18, 19).
De repudiada e desprezada que era, pela sua
condição de ruína, Jerusalém ainda viria a ser
procurada por muitos povos e pelos habitantes de
53
muitas cidades, para virem buscar o Senhor dos
exércitos, e o Seu favor e bênção (v. 20 a 22).
Assim, os judeus ganhariam prestígio entre as
nações e muitos lhes procurariam por saberem que
o favor de Deus se encontrava com eles (v. 23).
“1 Depois veio a mim a palavra do Senhor dos
exércitos, dizendo:
2 Assim diz o Senhor dos exércitos: Zelo por Sião
com grande zelo; e, com grande indignação, por ela
estou zelando.
3 Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei
no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a
cidade da verdade, e o monte do Senhor dos
exércitos o monte santo.
4 Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda nas
praças de Jerusalém sentar-se-ão velhos e velhas,
levando cada um na mão o seu cajado, por causa da
sua muita idade.
5 E as ruas da cidade se encherão de meninos e
meninas, que nelas brincarão.
6 Assim diz o Senhor dos exércitos: Se isto for
maravilhoso aos olhos do resto deste povo naqueles
dias, acaso será também maravilhoso aos meus
olhos? diz o Senhor dos exércitos.
7 Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que salvarei
o meu povo, tirando-o da terra do oriente e da terra
do ocidente;
54
8 e os trarei, e eles habitarão no meio de Jerusalém;
eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus em
verdade e em justiça.
9 Assim diz o Senhor dos exércitos: Sejam fortes as
vossas mãos, ó vós, que nestes dias ouvistes estas
palavras da boca dos profetas, que estiveram no dia
em que foi posto o fundamento da casa do Senhor
dos exércitos, a fim de que o templo fosse edificado.
10 Pois antes daqueles dias não havia salário para
os homens, nem lhes davam ganho os animais; nem
havia paz para o que saia nem para o que entrava,
por causa do inimigo; porque eu incitei a todos os
homens, cada um contra o seu próximo.
11 Mas agora não me haverei para com o resto deste
povo como nos dias passados, diz o Senhor dos
exércitos;
12 porquanto haverá a sementeira de paz; a vide
dará o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e os
céus darão o seu orvalho; e farei que o resto deste
povo herde todas essas coisas.
13 E há de suceder, ó casa de Judá, e ó casa de Israel,
que, assim como éreis uma maldição entre as
nações, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não
temais, mas sejam fortes as vossas mãos.
14 Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Como
intentei fazer-vos o mal, quando vossos pais me
provocaram a ira, diz o Senhor dos exércitos, e não
me compadeci,
15 assim tornei a intentar nestes dias fazer o bem a
Jerusalém e à casa de Judá; não temais.
55
16 Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade
cada um com o seu próximo; executai juízo de
verdade e de paz nas vossas portas;
17 e nenhum de vós intente no seu coração o mal
contra o seu próximo; nem ame o juramento falso;
porque todas estas são coisas que eu aborreço, diz o
senhor.
18 De novo me veio a palavra do Senhor dos
exércitos, dizendo:
19 Assim diz o Senhor dos exércitos: O jejum do
quarto mês, bem como o do quinto, o do sétimo, e o
do décimo mês se tornarão para a casa de Judá em
regozijo, alegria, e festas alegres; amai, pois, a
verdade e a paz.
20 Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda
sucederá que virão povos, e os habitantes de muitas
cidades;
21 e os habitantes de uma cidade irão à outra,
dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do
Senhor, e buscar o Senhor dos exércitos; eu também
irei.
22 Assim virão muitos povos, e poderosas nações,
buscar em Jerusalém o Senhor dos exércitos, e
suplicar a bênção do Senhor.
23 Assim diz o Senhor dos exércitos: Naquele dia
sucederá que dez homens, de nações de todas as
línguas, pegarão na orla das vestes de um judeu,
dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido
que Deus está convosco.” (Zacarias 8.1-23)
56
Zacarias 9
Os Presos de Esperança
Judá havia sido encurvada pelo braço forte do
Senhor, que a havia disciplinado.
No entanto, não seria das nações pagãs que
procederia a salvação do Senhor para todo o mundo,
mas de Judá.
Não seria de Tiro, nem de Sidom, nem das cidades
confederadas dos filisteus citadas nos versos 5 a 7,
de Zacarias 9, contra as quais o Senhor ainda
entraria em juízo.
Damasco, Arã e estas cidades citadas, que haviam
juntado muito ouro, e que estavam confiantes em
suas riquezas, viriam a ser despojadas por Deus.
Nos versos 9 e 10 há uma profecia que revela que o
Rei Justo e Salvador de Judá, é humilde, e viria a
Jerusalém montado num jumento, um jumentinho,
filho de jumenta.
E a Sua entrada triunfal em Jerusalém geraria
exultação e alegria, como de fato gerou porque
gritaram “Hosana! Bendito aquele que vem em
nome do Senhor”, a ponto de os fariseus terem
pedido a Jesus que repreendesse os Seus discípulos
para não gritarem tão alto, mas Jesus lhes disse, que
caso não o fizessem, as pedras clamariam, uma vez
que isto estava profetizado neste texto de Zacarias 9
(v. 9).
57
Israel e Judá não prevaleceriam pela força de carros
e de cavalos e de arcos de guerra, porque o reino
deste Rei Justo e Salvador é um reino de paz para
todas as nações, e o Seu domínio se estenderia de
mar a mar, até as extremidades da terra (v. 10).
E por causa da nova aliança, que seria inaugurada
no sangue deste Rei Justo e Salvador, seriam
libertados os presos da cova em que não havia água
(v. 11). Esta é a condição de todo homem sem
Cristo. Ele está preso na cova do pecado, e
desprovido da água viva do Espírito Santo.
Os presos são chamados a virem para a fortaleza que
é o Senhor. E são chamados de presos de esperança.
Ou seja, aqueles que suspiram pela salvação de
Deus, e que têm a certeza de que têm em Cristo um
libertador.
Para estes é prometida uma recompensa dupla,
porque o Senhor traz consigo o Seu galardão para
recompensar aqueles que O buscam (v. 12).
Deus tomaria vingança contra os inimigos do Seu
povo, mas deles faria o que está prometido no que
se afirma nos versos 16 e 17:
“16 E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará,
como o rebanho do seu povo; porque eles serão
como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra
dele.
17 Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande
é a sua formosura! o trigo fará florescer os
mancebos e o mosto as donzelas.”
58
“1 A palavra do Senhor está contra a terra de
Hadraque, e repousará sobre Damasco, pois ao
Senhor pertencem as cidades de Arã, e todas as
tribos de Israel.
2 E também Hamate que confina com ela, e Tiro e
Sidom, ainda que sejam mui sábias.
3 Ora Tiro edificou para si fortalezas, e amontoou
prata como o pó, e ouro como a lama das ruas.
4 Eis que o Senhor a despojará, e ferirá o seu poder
no mar; e ela será consumida pelo fogo.
5 Asquelom o verá, e temerá; também Gaza, e terá
grande dor; igualmente Ecrom, porque a sua
esperança será iludida; e de Gaza perecerá o rei, e
Asquelom não será habitada.
6 Povo mestiço habitará em Asdode; e exterminarei
a soberba dos filisteus.
7 E da sua boca tirarei o sangue, e dentre os seus
dentes as abominações; e ele também ficará como
um resto para o nosso Deus; e será como chefe em
Judá, e Ecrom como um jebuseu.
8 Ao redor da minha casa acamparei contra o
exército, para que ninguém passe, nem volte; e não
passará mais por eles o opressor; pois agora vi com
os meus olhos.
9 Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de
Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e
traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre
um jumento, sobre um jumentinho, filho de
jumenta.
59
10 De Efraim exterminarei os carros, e de Jerusalém
os cavalos, e o arco de guerra será destruído, e ele
anunciará paz às nações; e o seu domínio se
estenderá de mar a mar, e desde o Rio até as
extremidades da terra.
11 Ainda quanto a ti, por causa do sangue do teu
pacto, libertei os teus presos da cova em que não
havia água.
12 Voltai à fortaleza, ó presos de esperança;
também hoje anuncio que te recompensarei em
dobro.
13 Pois curvei Judá por meu arco, pus-lhe Efraim
por seta; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os
teus filhos, ó Grécia; e te farei a ti, ó Sião, como a
espada de um valente.
14 Por cima deles será visto o Senhor; e a sua flecha
sairá como o relâmpago; e o Senhor Deus fará soar
a trombeta, e irá com redemoinhos do sul.
15 O Senhor dos exércitos os protegerá; e eles
devorarão, e pisarão os fundibulários; também
beberão o sangue deles como ao vinho; e encher-se-
ão como bacias de sacrifício, como os cantos do
altar.
16 E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará,
como o rebanho do seu povo; porque eles serão
como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra
dele.
17 Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande
é a sua formosura! o trigo fará florescer os
mancebos e o mosto as donzelas.” (Zacarias 9.1-17)
60
Zacarias 10
Vitórias e Vitórias
No verso 7 do décimo capítulo de Zacarias Deus
prometeu que a Igreja teria o Seu poder e a
Sua alegria. E no verso 12 se diz que o povo do
Senhor andará em Seu nome, porque Ele o
fortalecerá.
E a consequência de tal promessa é que o povo do
Senhor será um povo alegre nesta Sua força.
Daí se dizer que devemos nos alegrar sempre no
Senhor, porque tais promessas que Ele tem feito e
cumprido de fortalecimento, salvação, proteção e
crescimento da Igreja são motivo de grande alegria
para o Seu povo, conforme se vê nos versos 7 e
8 deste capítulo 10 de Zacarias.
É a alegria de Deus, isto é, a que vem dEle, e não a
nossa própria alegria, que é a nossa força.
Fiel é o que fez a promessa.
Não contemplemos portanto aquilo que há no
nosso próprio coração, porque não será ali que
acharemos esta força e alegria.
Olhemos para o alto.
Olhemos para Cristo e Ele nos dará força,
graça e alegria, pelo poder do Espírito Santo.
Mas quando a Bíblia diz que a alegria do Senhor é
a nossa força (Ne 8.10), e que devemos nos
61
regozijar sempre no Senhor (Fp 4.4), a
quê tipo de alegria ela está se referindo?
Nós veremos que é sobretudo alegria no fato de
termos sido salvos e de termos o Senhor, e não
propriamente uma atitude permanente de ter um
sorriso no rosto, e não se sentir nunca entristecido
por qualquer aflição.
Esta alegria é uma exultação interior, um regozijo
no Espírito, por sabermos que somos do Senhor, e
que podemos contar com a Sua graça, ainda
que estejamos contristados por muitas provações.
O fator determinante desta alegria cristã nas
provações é a habitação do Espírito Santo, e o fato
de não entristecermos o Espírito, por causa do
pecado, que é a única coisa que pode apagar a Sua
atuação em nosso espírito.
Por isso, antes de falar em alegria e força espiritual
neste capítulo de Zacarias, Deus ordenou a Seu
povo que lhe pedisse chuva no tempo da chuva
serôdia.
O que ocorrerá caso não chova na época apropriada
sobre a lavoura? Poderá haver colheita?
De igual modo, caso não ocorra o derramar da
chuva do Espírito no tempo apropriado, não poderá
haver colheita de almas e a manifestação do poder
de Deus entre nós.
A Igreja é incentivada a pedir, a clamar ao Senhor
para que faça chover o Espírito onde temos semeado
a Palavra do evangelho.
Se o Espírito Santo não regar a lavoura de Deus, não
haverá colheita.
62
E se o povo de Deus não orar para que Deus derrame
o Espírito, Ele não será derramado.
A palavra da promessa divina é que Ele derramará
chuvas abundantes (v.1) caso o Seu povo ore lhe
pedindo que derrame a chuva necessária, na época
apropriada.
Quando o profeta Zacarias realizou o seu ministério,
a terra de Judá, apesar do retorno do povo de
Babilônia, ainda estava desolada e queimada,
conforme podemos ver no livro de Neemias, cujo
ministério foi bem posterior ao tempo de Zacarias.
Mas em tempos de desolação, quando parece que os
inimigos espirituais da Igreja conseguiram
prevalecer contra ela, por estarem seus membros
enfraquecidos, e de pouco se ver da glória, poder e
alegria do Espírito no meio do Seu povo, e quando
as conversões escasseiam, o Senhor se levanta e fixa
diante de nós a promessa de que derramará a chuva
do Espírito no tempo apropriado, caso oremos a Ele
pedindo tal derramamento.
As promessas de bênçãos, que são feitas a esta
Igreja desolada que ora, são proferidas nos versos 5
a 12:
- Serão poderosos na batalha esmagando o inimigo
no lodo das ruas, porque o Senhor estará com a Sua
igreja (v. 5).
- Ele fortalecerá o Seu povo e trará salvação
trazendo de volta aqueles que haviam sido
espalhados, porque terá misericórdia deles e os
ouvirá (v.6).
63
- A Igreja terá o poder do Senhor e a Sua alegria, e
os que se converterem pelo seu testemunho,
também se alegrarão no regozijo do Senhor (v.7).
- As conversões se multiplicarão tal como ocorriam
na Igreja Primitiva (v. 8).
- Assim como Israel foi reunido pelo Senhor em sua
própria terra, depois de tê-los espalhado pelas
nações, de igual modo o Senhor será lembrado pelos
seus eleitos, que estiverem em todas as nações, os
quais se converterão a Ele, e serão tantos, que não
se achará lugar bastante para eles, tal como ocorre
ainda hoje com Israel em suas disputas por terras
com os palestinos, depois de terem sido trazidos
pelo Senhor de todas as nações (v. 9,10).
- Os inimigos da Igreja não poderão prevalecer
contra ela, porque o Senhor derrubará a soberba e o
domínio deles (v.11).
- O povo do Senhor andará em Seu nome, porque
Ele o fortalecerá (v.12).
Todas estas bênçãos virão sobre o povo do Senhor
porque eles terão abandonado os seus ídolos, e toda
a forma falsa de religião, na qual haviam sido
enganados, porque não foram conduzidos por
pastores fiéis à verdade (v.2).
Mas a ira do Senhor se acende contra estes pastores
infiéis, e aqueles que dentre eles forem falsos
pastores, por não conhecerem ao Senhor, Ele os
castigará.
Ele mesmo visitará o Seu rebanho e fará dele como
um majestoso cavalo de guerra (v. 3).
64
Tudo isto o Senhor fará se o Seu povo lhe pedir que
faça chover no tempo apropriado.
E se diz que este tempo é o da chuva serôdia.
Esta chuva era a última que caía em Israel e que
fazia o grão engordar na espiga, de maneira que
pudesse haver colheita.
É portanto, uma referência ao derramar do Espírito,
nos últimos dias, para a grande colheita de almas, o
que se dá através da oração da Igreja, pedindo que
isto ocorra.
As primeiras chuvas em Israel caíam na primavera
entre março e maio, e era suficiente apenas para
fazer brotar a lavoura e dar crescimento às plantas,
mas não para encher as espigas de grãos, e como
raramente chove em Israel nos meses de junho e
julho, a chuva posterior (serôdia) era necessária
para que houvesse colheita.
De igual modo, se Deus não fizer cair a chuva do
Espírito, não pode haver colheita espiritual.
Os líderes de Israel haviam falhado em apascentar o
povo do Senhor. Ao contrário, eles fizeram as
ovelhas se desviarem do Seu caminho.
Mas Deus tornaria a reunir o Seu povo num só
rebanho, e o apascentaria, e tem feito isto através do
Espírito e do ministério de pastores fiéis, que são
segundo o Seu coração, e não como os ladrões e
salteadores, que haviam explorado e destruído as
ovelhas, antes que Jesus se manifestasse.
“7 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em
verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
65
8 Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e
salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” (Jo
10.7,8).
Deus é quem salva e fortalece a casa de Judá e de
José, isto é, todo o verdadeiro Israel, a saber a
Igreja.
Ele trabalha pela nossa felicidade enquanto
cumprimos o nosso dever para com Ele.
Deste modo, somos capacitados a sermos diligentes
com a força que Deus nos dá.
Deus é nossa força, e assim se torna nossa canção e
nossa salvação.
Os que forem remidos no sangue de Jesus seriam
multiplicados por Deus (v. 8).
Esta é uma profecia clara quanto à multiplicação da
Igreja.
“Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a
dia cresciam em número.” (Atos 16.8).
A vocação da Igreja verdadeira é crescer e se
multiplicar na terra.
Não podemos portanto pensar em portas fechadas
enquanto permanecemos fiéis ao Senhor, porque
Ele tem prometido multiplicar, fazer crescer e
fortalecer e não dividir e enfraquecer.
É a glória do Seu próprio nome que está em jogo no
progresso e força da Igreja, por isso Ele mesmo se
tornou a nossa força e salvação.
E a consequência de tal promessa é que o povo do
Senhor será um povo alegre nesta Sua força.
Daí se dizer que devemos nos alegrar sempre no
Senhor, porque tais promessas que Ele tem feito e
66
cumprido, de fortalecimento, salvação, proteção e
crescimento da Igreja são motivo de grande alegria
para o Seu povo, conforme se vê no verso 8.
Não importa portanto, quais sejam as circunstâncias
em que estejamos vivendo.
Se há dificuldades que não são ocasionadas pelo
fato de estarmos vivendo em pecado, que é a única
razão para nos entristecermos, estejamos sempre
alegres no Senhor, especialmente nos serviços da
Sua casa.
Louvemos o Seu santo nome por tão grande graça e
bondade, que tem demonstrado para conosco em
Cristo Jesus.
E que sejam cânticos de alegria que exaltem o Seu
santo nome.
O nosso coração se alegrará, diz a promessa.
Então o Senhor quer que estejamos alegres e gratos
em toda e qualquer circunstância, porque isto traz
grande glória ao Seu nome e dá cumprimento à Sua
palavra.
Levantemos portanto de todo e qualquer abatimento
de espírito, pela fé na Sua promessa, e o Espírito nos
fortalecerá, para que estejamos alegres na presença
de Deus.
Satanás não pode prevalecer contra um coração que
se alegra no Senhor, porque um coração assim está
revestido com graça, e ele tem que bater em retirada.
Importa que esta alegria seja do Espírito, produzida
pela força do Senhor, porque se for da carne, se for
nossa própria alegria, nossa resistência será fraca e
cairemos nas tentações de Satanás.
67
É a alegria de Deus, isto é, a que vem dEle, e não a
nossa própria alegria que é a nossa força.
Quando os filhos virem seus pais com tal alegria,
eles se animarão em também servirem ao Senhor.
É portanto, fundamental que haja esta alegria de
Deus em nossas vidas e em nossos lares.
Fiel é o que fez a promessa.
Não contemplemos portanto, aquilo que há no nosso
próprio coração, porque não será ali que acharemos
esta força e alegria.
Olhemos para o alto. Olhemos para Cristo e Ele nos
dará força, graça e alegria pelo poder do Espírito
Santo.
Quando as pessoas virem a alegria de um povo
santo.
Quando elas virem este poder maravilhoso
operando em nossas vidas, elas também se sentirão
atraídas pelo evangelho.
Importa portanto, estarmos contentes em toda e
qualquer situação, tal como o apóstolo Paulo havia
aprendido, e este era o grande segredo de ter ganho
tantos para Cristo.
Foi por causa desta força do Senhor, que vem da Sua
alegria em nós, que o apóstolo pôde fazer tantas
coisas para Deus, andando para cima e para baixo,
vencendo todas as oposições.
Ele nos deixou um exemplo para ser seguido, e por
isso nos pede que sejamos seus imitadores, porque
esta é a maneira certa de se viver para Deus.
68
A vida Cristã exige que tenhamos força e nos
movimentemos de maneira industriosa para Deus,
em nosso serviço de ganhar e edificar almas.
Porque Deus ama ao homem que criou e não lhe
agrada nem um pouco ver, mesmo ímpios, serem
destruídos por causa do pecado.
Mas tudo o que fizermos tem que ser em nome do
Senhor Jesus Cristo e debaixo do Seu governo e
autorização, em completa dependência do Seu
Espírito, para que Ele receba toda a glória.
“E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras,
fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele
graças a Deus Pai.” (Col 3.17).
É por isso que tanto se exige que os cristãos não se
entreguem a pensamentos vãos e deprimentes, a
pensamentos de derrota, mas a aprenderem como
Paulo a poderem todas as coisas em Cristo, porque
Ele nos fortalece.
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que
é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa
fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor,
nisso pensai.”(Fp 4.8).
Se fizermos isto, qual é o resultado prometido?
É dito que o Deus de paz será conosco, se agirmos
e pensarmos tal como Paulo fazia (Fp 4.9).
Queiramos uma vida vitoriosa como esta, não para
o nosso próprio interesse, mas para podermos de
fato exaltar e glorificar o nome do Senhor. Ele
merece isto depois de tudo o que fez e tem feito por
nós.
69
Há toda uma multidão de testemunhas aguardando
todos os dias pela nossa vitória, quer pessoas na
terra, quer os anjos nos céus.
“Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva
serôdia, sim, ao SENHOR que faz relâmpagos; e
lhes dará chuvas abundantes, e a cada um erva no
campo.
2 Porque os ídolos têm falado vaidade, e os
adivinhos têm visto mentira, e contam sonhos
falsos; com vaidade consolam, por isso seguem o
seu caminho como ovelhas; estão aflitos, porque
não há pastor.
3 Contra os pastores se acendeu a minha ira, e
castigarei os bodes; mas o SENHOR dos Exércitos
visitará o seu rebanho, a casa de Judá, e os fará
como o seu majestoso cavalo na peleja.
4 Dele sairá a pedra de esquina, dele a estaca, dele
o arco de guerra, dele juntamente sairá todo o
opressor.
5 E serão como poderosos que na batalha esmagam
ao inimigo no lodo das ruas; porque o SENHOR
estará com eles; e confundirão os que andam
montados em cavalos.
6 E fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de
José, e fá-los-ei voltar, porque me compadeci deles;
e serão como se eu não os tivera rejeitado, porque
eu sou o SENHOR seu Deus, e os ouvirei.
7 E os de Efraim serão como um poderoso, e o seu
coração se alegrará como pelo vinho; e seus filhos
70
o verão, e se alegrarão; o seu coração se regozijará
no SENHOR.
8 Eu lhes assobiarei, e os ajuntarei, porque eu os
tenho remido; e multiplicar-se-ão como antes se
tinham multiplicado.
9 Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se
lembrarão de mim em lugares remotos; e viverão
com seus filhos, e voltarão.
10 Porque eu os farei voltar da terra do Egito, e os
congregarei da Assíria; e trá-los-ei à terra de
Gileade e do Líbano, e não se achará lugar bastante
para eles.
11 E ele passará pelo mar da angústia, e ferirá as
ondas no mar, e todas as profundezas do Nilo se
secarão; então será derrubada a soberba da Assíria,
e o cetro do Egito se retirará.
12 E eu os fortalecerei no SENHOR, e andarão no
seu nome, diz o SENHOR.”. (Zacarias 10.1-12)
71
Zacarias 11
O Pastor e as Ovelhas
Os versos 12 e 13 da profecia de Zacarias 11 citam
detalhes da traição de Jesus por Judas.
Isto comprova que o conteúdo de toda esta profecia
não pode ser limitado ao povo de Israel na Antiga
Aliança, depois do retorno deles de Babilônia.
Certamente, o propósito de Deus foi o de
demonstrar as Suas ações relativas especialmente
aos pastores infiéis e inúteis, para o cumprimento
dos Seus santos propósitos.
Há aqui uma declaração de guerra, da parte do
Senhor, contra estes pastores.
A par da ação destes muitos pastores infiéis, Deus
fará a Igreja prosperar e florescer, porque até
mesmo a traição do Messias pelo preço ajustado de
trinta moedas de prata, daria cumprimento ao plano
de Deus para resgatar as Suas ovelhas, em todas
nações do mundo, porque aquela traição precipitaria
todos os eventos que culminariam com a morte de
Jesus por nós, na cruz.
Além dos falsos pastores e todos aqueles que
viessem a rejeitar a Cristo, porque são inimigos do
rebanho de Deus, serão juntamente destruídos e
totalmente abandonados à completa ruína.
O Senhor buscará e reunirá as Suas ovelhas
desgarradas mas julgará a estes que a profecia
72
chama de bodes, porque estes nada têm a ver com
ovelhas.
São parecidos mas de natureza e hábitos bastante
diferentes.
Um pastor fiel para o povo do Senhor deve amar o
rebanho e dar a sua vida pela Igreja, conduzindo as
ovelhas a viverem no aprisco de Deus, que é o
abrigo da Sua Palavra.
No entanto, foi exatamente o contrário disto que
fizeram os líderes de Israel, mesmo depois de o
Senhor ter restaurado a nação depois de tê-los
trazido de Babilônia.
Estes líderes gananciosos e interesseiros haviam se
enriquecido às custas do rebanho do Senhor, e não
tinham misericórdia do povo colocado debaixo do
seu cuidado.
Eram homens ricos e elevados em sua própria
estima.
Mas o Senhor os derrubaria em um só mês, quando
trouxe os romanos para destruírem o templo e todas
as residências de Israel, matando a muitos e
espalhando os demais por todas as nações da terra.
Este mesmo juízo aguarda por todo falso líder
elevado, que se enriquece às custas daqueles que
eles deveriam pastorear e conduzir à verdade.
Se o Senhor cortou e derrubou aqueles sacerdotes
e escribas de Israel; se não mostrou nenhuma
consideração para com eles, quanto mais não
poderiam estar certos do Seu juízo todo o restante
do povo, mesmo os pobres da terra!
73
Ninguém se iluda portanto, com a suntuosidade de
templos, e a aparente glória de muitos pastores e
daqueles que se intitulam a si mesmos apóstolos e
não são, quanto a que escaparão do justo juízo de
Deus, caso em vez de apascentarem o rebanho do
Senhor na verdade com humildade, acham ocasião
para engordarem a si mesmos explorando as
ovelhas do Senhor.
A queda dos grandes é um alerta do Senhor a todos.
Se Ele derrubou os carvalhos, quanto mais os
arbustos de espinheiros frágeis não seriam também
derrubados por Ele.
Aqueles que uivavam nos dias dos seus triunfos
haverão de uivar no dia dos seus horrores (v.3),
quando o Senhor trouxer sobre eles os Seus juízos.
O dever dos pastores é proteger o rebanho da ação
do Inimigo, e não agirem eles próprios como lobos,
ainda que em pele de ovelha.
Aqueles que abusam orgulhosamente do poder que
lhes foi dado, agindo como leõezinhos que uivam,
em vez de serem pastores, podem esperar
certamente, que Deus abaterá o seu orgulho (v.3).
Assim como o Senhor julgou aqueles líderes
religiosos de Israel, que exploravam as ovelhas,
oprimindo pela usura e vendendo seus próprios
irmãos israelitas como escravos, de igual modo Ele
julgará aqueles que têm feito da Sua Igreja ocasião
de negócio.
É uma grande responsabilidade ser pastor, porque a
conta terá que ser prestada diretamente a Deus, e Ele
fará certamente esta prestação de contas, com todos
74
aqueles que chamou para apascentar as suas
ovelhas, no Dia do Juízo.
Parte uma ordem do Senhor desde os céus para que
as ovelhas sejam apascentadas, porque aqueles que
as matam não se têm culpados por isto; ao contrário,
eles louvam ao Senhor pelo fato de terem
enriquecido (v. 4, 5).
Eles estavam atribuindo a Deus o mérito pelo
enriquecimento deles, como se Ele fosse sócio das
suas maldades e iniquidades.
É somente por aquilo que nós adquirimos
honestamente, que podemos dar graças a Deus.
Entretanto, como é comum vermos em nossos dias,
tantos tributando a Deus a causa da prosperidade
que alcançaram ilicitamente, ou para fazerem dela
um uso egoísta e ímpio!
Como pode o Deus santo e justo se agradar destas
coisas?
Por isso Jesus se manifestou a Israel para ser Ele
próprio o Pastor das ovelhas, que estavam sendo
mortas, espiritualmente, por estes falsos pastores
interesseiros (v.7).
O Senhor destruiu os três pastores de Israel num só
mês porque a Sua longanimidade havia se esgotado
para com eles, e assim como eles haviam se
enfastiado do Senhor e dos Seus mandamentos, Ele
também havia se enfastiado deles (v. 8).
Estes três pastores eram os governantes, os juízes e
os sacerdotes de Israel.
75
Todos eles haviam se corrompido na sua função de
conduzirem o povo do Senhor, em justiça e debaixo
do Seu temor.
Estes líderes pensavam somente nos seus próprios
interesses egoístas, e de igual modo, há muitos
pastores na Igreja, que não demonstram nenhuma
misericórdia ou ternura pelas almas preciosas, que
eles devem apascentar.
E estará doente a Igreja em que o pastor não olhar
com compaixão ao ignorante, ao tolo, ao fraco e até
mesmo ao mau, porque se exige que seja longânimo
para com todos (I Tes 5.14).
O judeus haviam rejeitado a Cristo dizendo que não
reconheciam a nenhum outro rei, senão somente a
César, e tiveram o salário que lhes foi pago pelo
Império Romano, sob as mãos de Tibério César em
70 d.C, que os destruiu e expulsou de Israel .
Muitos erram, ainda hoje, na Igreja, por rejeitarem
o governo de Cristo, para se amoldarem e se
sujeitarem aos ditames deste mundo.
E não aprendem da história do que ocorreu aos
judeus no passado, por terem rejeitado o senhorio
de Cristo.
Como o quadro de infidelidade ao Senhor em Israel
havia se agravado muito, Ele pronunciou o juízo de
quebrar a Antiga Aliança (v. 10), assim como havia
profetizado antes, através de Jeremias, que faria
uma Nova Aliança, diferente da antiga (Jer 31.31-
34).
A graça que havia sido manifestada a Israel,
mantendo-o em seu território como povo da aliança,
76
seria quebrada, e Deus revogaria o compromisso
que vinha tendo com eles, para manter a aliança que
havia feito através de Moisés.
Ele promulgaria uma Nova Aliança, através da
mediação de Cristo, para que houvesse maior
efetividade na ação daqueles que apascentam o Seu
rebanho, e na vida das próprias ovelhas que são
apascentadas.
Jesus não foi dado portanto, à Igreja, para dar às
ovelhas um oceano de facilidades, mas para que
fossem apascentadas na verdade.
Foi por isso que ordenou a Pedro que apascentasse
as Suas ovelhas, como a melhor prova do Seu amor
devotado a Ele.
A Igreja não é portanto, um grupo de pessoas
reunidas, para se divertirem como um clube, nem
para outros fins, senão para cumprirem a missão de
ganhar almas e edificá-las na verdade.
A Igreja deve andar nas pegadas do Seu Senhor e
Mestre, porque Jesus andou curando e pregando o
evangelho a todos, e nunca excluiu qualquer pessoa
da possibilidade de ser curada, liberta, salva,
inclusive os mais pecadores, até mesmo dentre os
pobres e desfavorecidos.
Ele não veio devorar as ovelhas, mas para lhes dar
vida abundante.
No verso 17 há uma maldição proferida contra os
pastores inúteis, que abandonam o rebanho, quando
a maioria das pessoas necessita dos seus cuidados.
77
Afirma-se que a espada do juízo de Deus cairá sobre
o braço e o olho direito deles, e que o braço se secará
e o olho escurecerá completamente.
O braço direito é o principal braço, e sendo secado
isto significa que aqueles aos quais é dirigida a
maldição ficarão inúteis para ajudar os seus amigos
quando forem solicitados.
E o fato de o olho direito ficar totalmente cego,
significa que não poderá discernir o perigo que vier
sobre o seu rebanho, e nem saberá o que fazer para
achar alívio.
Esta maldição se cumpriu completamente nos
fariseus, a quem o Senhor chamou de guias cegos
(João 9.39-41).
“1 Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo
consuma os teus cedros.
2 Geme, ó cipreste, porque o cedro caiu, porque os
mais poderosos são destruídos; gemei, ó carvalhos
de Basã, porque o bosque forte é derrubado.
3 Voz de uivo dos pastores! porque a sua glória é
destruída; voz de bramido dos filhos de leões,
porque foi destruída a soberba do Jordão.
4 Assim diz o SENHOR meu Deus: Apascenta as
ovelhas da matança,
5 Cujos possuidores as matam, e não se têm por
culpados; e cujos vendedores dizem: Louvado seja
o SENHOR, porque tenho enriquecido; e os seus
pastores não têm piedade delas.
78
6 Certamente não terei mais piedade dos moradores
desta terra, diz o SENHOR; mas, eis que entregarei
os homens cada um na mão do seu próximo e na
mão do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os
livrarei da sua mão.
7 Eu, pois, apascentei as ovelhas da matança, as
pobres ovelhas do rebanho. Tomei para mim duas
varas: a uma chamei Graça, e à outra chamei União;
e apascentei as ovelhas.
8 E destruí os três pastores num mês; porque a
minha alma se impacientou deles, e também a alma
deles se enfastiou de mim.
9 E eu disse: Não vos apascentarei mais; o que
morrer, morra; e o que for destruído, seja destruído;
e as que restarem comam cada uma a carne da outra.
10 E tomei a minha vara Graça, e a quebrei, para
desfazer a minha aliança, que tinha estabelecido
com todos estes povos.
11 E foi desfeito naquele dia; e assim conheceram
os pobres do rebanho, que me respeitavam, que isto
era palavra do SENHOR.
12 Porque eu lhes disse: Se parece bem aos vossos
olhos, dai-me o meu salário e, se não, deixai-o. E
pesaram o meu salário, trinta moedas de prata.
13 O SENHOR, pois, disse-me: Arroja isso ao
oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles.
E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao
oleiro, na casa do SENHOR.
14 Então quebrei a minha segunda vara União, para
romper a irmandade entre Judá e Israel.
79
15 E o SENHOR disse-me: Toma ainda para ti o
instrumento de um pastor insensato.
16 Porque, eis que suscitarei um pastor na terra, que
não cuidará das que estão perecendo, não buscará a
pequena, e não curará a ferida, nem apascentará a
sã; mas comerá a carne da gorda, e lhe despedaçará
as unhas.
17 Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A
espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho
direito; e o seu braço completamente se secará, e o
seu olho direito completamente se escurecerá.”.
(Zacarias 11.1-17)
80
Zacarias 12
O Derramar do Espírito Santo
A expressão “carga da Palavra do Senhor”
aparece em outras passagens bíblicas como por
exemplo Jer 33.38 e Mal 1.1.
A palavra carga vem do hebraico massau, que
significa peso.
Em outras passagens do Antigo Testamento é usada
com o sentido da carga que era carregada pelos
animais; e deste modo, significa fardo.
Quando vinha como Palavra do Senhor, era
geralmente na forma de profecia, daí ser traduzida
em algumas versões como profecia, ou sentença, em
vez de carga.
Em Jeremias 23.33, 34, 36, 38, nós vemos o Senhor
repreendendo o povo por chamar de carga a Sua
vontade revelada pela Palavra.
E isto estava associado ao fato de que sendo um
Deus misericordioso, que demonstraria o Seu amor
ao Seu povo, dando o Seu próprio Filho unigênito
para morrer pelos pecadores, jamais poderia ser
visto como quem coloca fardos sobre os outros,
porque Ele mesmo é quem carrega os nossos fardos.
Por isso, no mesmo contexto da profecia de
Jeremias 23 é feito menção a Jesus como sendo
dado para justificar o povo do Senhor (v. 5,6), e
seria por causa dEle, que haveria pastores fiéis para
81
apascentarem o Seu rebanho (v.4), que agiriam de
modo muito diferente daqueles que estavam
destruindo e dispersando as ovelhas (v.1).
Jesus havia repreendido os fariseus por atarem
fardos pesados às costas do povo (Mt 23.4), porque
o ministério dos homens de Deus não é o de colocar
fardos sobre as pessoas, mas de aliviar os seus
fardos.
Devemos lembrar que Jesus carrega as ovelhas
perdidas em Seu próprio ombro, porque na verdade,
as tem carregado em Seu coração.
Como pois pode ser carga a Palavra de Deus?
Ela será uma carga somente para aqueles que
resistem à vontade do Senhor, por serem rebeldes.
E é para estes que a Palavra desta profecia seria uma
carga.
Para todos que se opõem ao sucesso de Jerusalém.
Deus tem colocado Jerusalém para ser objeto de
louvor na terra.
Na profecia, esta cidade tem um simbolismo
espiritual de representar a Igreja do Senhor, porque
seria nela que a Igreja seria iniciada com aquele
primeiro grupo de 120 discípulos, que estavam
reunidos no dia em que o Espírito Santo foi
derramado.
É por isso que se faz a promessa do derramar do
Espírito, nesta profecia de Zacarias (v. 10).
Mas para aqueles que gracejam da Palavra do
Senhor, e que brincam com as coisas sagradas,
Jerusalém seria uma pedra pesada, uma carga.
82
Jerusalém será uma pedra pesada para as nações,
porque os exércitos coligados do Anticristo que
vierem sobre ela serão destruídos pelo Senhor, na
Sua segunda vinda (v. 2,3).
Jesus é a pedra angular do edifício da Igreja, e
muitos judeus o rejeitaram e o têm rejeitado, assim
como muitas pessoas em todas as nações do mundo,
mas Ele diz que sobre quem esta pedra cair será
despedaçado e reduzido a pó (Mt 21.44).
Importava que o evangelho começasse a ser
pregado primeiro em Jerusalém e em Judá, para dar
cumprimento à profecia do verso 7 deste 12º
capítulo de Zacarias.
Nos capítulos anteriores se vê que apesar de a Igreja
(Jerusalém) ser um peso para os inimigos de Deus
de todas as nações, estes se oporiam duramente a ela
(final do verso 3).
Mas o Senhor pronunciou uma sentença sobre eles
de feri-los de espanto e de loucura (v. 4).
Os inimigos de Deus tentarão apagar o fogo do
Espírito, mas os líderes fiéis da Igreja, designados
na profecia por governadores de Judá, serão como
um braseiro ardente e um facho de fogo (v. 6).
Deus prometeu enfraquecer a coragem e a força dos
inimigos da Igreja (v. 4).
Assim, a Igreja deve cumprir a Sua missão com
coragem, sem temor, sem assombro e sem se deixar
intimidar por qualquer tipo de inimigo, porque o
Senhor tem feito a promessa de protegê-la e de
fortalecer o mais fraco dos seus membros, a ponto
de compará-lo com Davi, que foi um grande
83
guerreiro de Deus, e a casa de Davi (uma referência
à Igreja reunida) como sendo como o próprio Deus,
como o anjo do Senhor diante dela (v. 8).
O Senhor mesmo destruirá todas as nações
(ajuntamentos de pessoas ou povos) que tentarem
vir contra Jerusalém (a Igreja), para destruí-la (v. 9).
Diante de tão grande promessa que tem sido
cumprida fielmente pelo Senhor, nestes dois mil
anos de pregação do evangelho, como
enfraqueceremos na fé e deixaremos de prosseguir
adiante com a realização da Sua obra através de
nós?
Foi por se firmar nestas promessas que os apóstolos
puderam enfrentar toda oposição que se levantou
contra eles, e prevaleceram.
Veja a palavra que o Senhor dirigiu a Paulo quanto
às perseguições que havia sofrido em Corinto:
“9 E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não
temas, mas fala e não te cales;
10 porque eu estou contigo e ninguém te acometerá
para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta
cidade.” (At 18.9,10).
Assim, portanto, incentivemo-nos mutuamente
dizendo: “Adiante! Adiante!”. Adiante com a
adoração, com o louvor, com a pregação, com o
ensino, com as orações, com a comunhão, com a
santificação, com a evangelização, com o
testemunho.
Adiante! Adiante!
Não olhemos para trás conforme o Inimigo quer que
façamos.
84
Sejamos corajosos e não temamos o mal, porque fiel
é O que fez a promessa de proteger a Sua igreja!
O Espírito Santo é derramado como Espírito de
graça e de súplicas, e o Seu trabalho é
principalmente o de convencer do pecado, da justiça
e do juízo, por se olhar o Cristo crucificado pelos
nossos pecados e que conduz todos os que são da
casa de Davi, os habitantes de Jerusalém (duas
formas de se referir à Igreja que está em todo o
mundo) a chorarem amargamente pela morte do
Senhor na cruz, porque entenderão não apenas o
quanto Ele sofreu por amor de nós, mas porque
aquela morte é a nossa própria morte, que Ele
morreu em nosso lugar (v.10).
Por isso este choro não é apenas um pranto da Igreja
reunida, como o povo de Israel chorou pela morte
do piedoso rei Josias, no vale de Megido, mas um
pranto em cada família, e nos membros individuais
destas famílias (v. 12-14). E é exatamente isto o que
tem ocorrido em todo o mundo, desde que Cristo
morreu na cruz.
O choro do arrependimento tem operado conversões
em muitos corações, porque Ele morreu para este
propósito mesmo.
A promessa do derramar do Espírito é feita em
conexão com a morte de Cristo na profecia do verso
10, porque foi por causa da morte do Senhor que a
promessa do derramar do Espírito foi cumprida, e
porque o Espírito é verdadeiramente derramado
somente quando a cruz é pregada.
85
É pela pregação do evangelho da cruz, e por se viver
crucificado com Cristo, que o Espírito de graça e de
súplicas é derramado em nossos corações.
É dito que é Espírito de graça, porque a salvação é
pela graça, somente por se olhar com os olhos
espirituais da fé para Cristo, para o Cristo
traspassado pelos nossos pecados.
E é Espírito de súplicas porque é Ele quem intercede
pelos santos, porque não sabemos como orar e nem
como convém orar (Rom 8.26).
Então em toda verdadeira oração é Ele que intercede
através de nós.
Devemos aprender a descansar nestas promessas e
a ter completa fé nesta Palavra que Deus tem
proferido acerca da vitória da Sua igreja, para que
nos empenhemos na obra de Deus, com paz e
alegria nos nossos corações, a par de toda oposição
do inferno que possamos sofrer.
“1 Carga da palavra do SENHOR sobre Israel: Fala
o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a
terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.
2 Eis que eu farei de Jerusalém um copo de tremor
para todos os povos em redor, e também para Judá,
durante o cerco contra Jerusalém.
3 E acontecerá naquele dia que farei de Jerusalém
uma pedra pesada para todos os povos; todos os que
a carregarem certamente serão despedaçados; e
ajuntar-se-ão contra ela todo o povo da terra.
86
4 Naquele dia, diz o SENHOR, ferirei de espanto a
todos os cavalos, e de loucura os que montam neles;
mas sobre a casa de Judá abrirei os meus olhos, e
ferirei de cegueira a todos os cavalos dos povos.
5 Então os governadores de Judá dirão no seu
coração: Os habitantes de Jerusalém são a minha
força no SENHOR dos Exércitos, seu Deus.
6 Naquele dia porei os governadores de Judá como
um braseiro ardente no meio da lenha, e como um
facho de fogo entre gavelas; e à direita e à esquerda
consumirão a todos os povos em redor, e Jerusalém
será habitada outra vez no seu lugar, em Jerusalém;
7 E o SENHOR salvará primeiramente as tendas de
Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória
dos habitantes de Jerusalém não seja exaltada sobre
Judá.
8 Naquele dia o SENHOR protegerá os habitantes
de Jerusalém; e o mais fraco dentre eles naquele dia
será como Davi, e a casa de Davi será como Deus,
como o anjo do SENHOR diante deles.
9 E acontecerá naquele dia, que procurarei destruir
todas as nações que vierem contra Jerusalém;
10 Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes
de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de
súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram;
e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo
filho unigênito; e chorarão amargamente por ele,
como se chora amargamente pelo primogênito.
11 Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém,
como o pranto de Hadade-Rimom no vale de
Megido.
87
12 E a terra pranteará, cada família à parte: a família
da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a
família da casa de Natã à parte, e suas mulheres à
parte;
13 A família da casa de Levi à parte, e suas
mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas
mulheres à parte.
14 Todas as mais famílias remanescentes, cada
família à parte, e suas mulheres à parte.”. (Zacarias
12.1-14)
88
Zacarias 13
O Fogo Purificador de Deus
O 13º capítulo de Zacarias revela claramente, que
com a manifestação de Jesus em carne, para a
purificação dos nossos pecados, o ministério dos
profetas do Antigo Testamento seria fechado,
porque Ele daria pleno cumprimento a todas as
profecias com a manifestação da Sua vinda.
Até mesmo o dom de profecia, que foi manifestado
pelo Espírito Santo nos dias de produção do Novo
Testamento, e que tem continuado na Igreja,
também cessará com a manifestação da Sua
segunda vinda, porque O conheceremos como
somos por Ele conhecidos, e por isso se diz que
“havendo profecias, cessarão” e não somente elas
como todos os demais dons sobrenaturais
extraordinários do Espírito Santo, que operam ainda
hoje na Igreja.
A fonte aberta pelo Senhor, para remover o pecado
e a impureza da casa de Davi, e dos habitantes de
Jerusalém, isto é, daqueles que comporiam a Igreja,
é o evangelho de Cristo manifestado na dispensação
da graça, a qual é chamada nesta profecia de
“naquele dia”, assim com é designada na profecia
de Isaías como “ano aceitável do Senhor” (Is 61.2);
e de “últimos dias” em várias passagens proféticas,
como por exemplo em Atos 2.17; Is 2.2; Os 3.5;
Mq 4.1.
89
Aqueles que são da casa de Davi, a saber, os que
creem em Cristo, seriam purificados por Ele quando
entrassem em aliança com o Senhor, através do
sangue da Nova Aliança, feita através dAquele que
teve suas mãos feridas e o seu lado transpassado (v.
6,7).
Estes convertidos abandonariam os seus ídolos por
causa do trabalho de purificação do Espírito Santo
em suas vidas, preparando-os para aquele grande
dia de glória, quando estarão com o Cordeiro no
monte Sião, ocasião em que já não haverá mais
ídolos, falsos profetas e espírito de impureza sobre
a terra, porque Deus os terá cortado para sempre.
Chegará o tempo em que não haverá mais espíritos
imundos, a saber, Satanás e os demônios, para
tentarem as pessoas que estiverem sobre a terra, e
este tempo começara a partir do dia da volta do
Senhor.
Este trabalho será feito por causa dAquele que fez
uma Nova Aliança conosco no Seu sangue, e não
poderia ser realizado por qualquer outro.
Chegará o dia em que o Senhor prevalecerá
completamente sobre os falsos profetas, que estão a
serviço destes espíritos imundos.
E somente a Palavra da verdade permanecerá,
quando todas estas mentiras, erro e falsidade forem
removidos por Deus da terra.
Tal será o amor pela verdade nos corações dos
cristãos aliançados com Deus, por meio da fé em
Cristo, que o amor deles pela Sua Palavra será maior
do que o seu afeto natural pelos seus próprios
90
filhos, porque os pais piedosos se levantarão contra
eles, a terem que testemunhar o desvario deles
profetizando mentiras em nome do Senhor (v.3).
A verdade está destinada a triunfar tão
completamente na terra, que chegará o dia em que
os falsos profetas sentirão vergonha das suas visões
falsas e não mais se disfarçarão de profetas, para
enganarem, porque a verdade mostrará de maneira
muito contundente o erro deles (v. 4).
A grande e principal verdade a ser narrada é que a
espada da justiça brandiu contra Cristo, o
companheiro de Deus, que sendo Deus e igual a
Deus não teve por usurpação ser igual a Ele, mas
que se esvaziou a Si mesmo, para ser transpassado
em Sua morte, para poder perdoar os nossos
pecados e remover a nossa culpa diante de Deus.
A ordem da Sua morte partiu do próprio Pai, para
que a Sua justiça em relação ao perdão do pecado
pudesse ser satisfeita com o Seu sacrifício
compensatório.
O Justo morreria pelos injustos, para que eles
pudessem ser justificados por Deus.
“Ó espada, ergue-te contra o meu pastor, e contra o
varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos
exércitos; fere ao pastor, e espalhar-se-ão as
ovelhas; mas volverei a minha mão para os
pequenos.” (Zac 13.7).
Quando o Supremo pastor do rebanho de Deus foi
ferido na cruz, as ovelhas se dispersaram,
demonstrando a fragilidade da natureza humana.
Isto ficou muito claro no procedimento de Pedro.
91
Mas Jesus veio para apascentar estes pequeninos, e
assim, volveria a sua mão abençoadora para eles.
Jesus se referiu a este texto da profecia de Zacarias,
na noite em que Ele foi traído, e quando os
discípulos fugiriam atemorizados.
“Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos
escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o
pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.” (Mt
26.31).
Agora, quanto à profecia do verso 8, esta pode ter
vários significados, como por exemplo:
- a destruição de dois terços de toda a humanidade;
e apenas um terço dela teria o privilégio de
permanecer na terra no milênio;
- a destruição da parte hipócrita da Igreja, ficando
apenas a verdadeira Igreja invisível, constituída de
um terço do número global de cristãos. Apenas estes
herdariam a terra conforme a promessa de Cristo
nas Bem-Aventuranças.
O grande fato é que no verso 9 é dito que esta
terceira parte, que herdará a terra será passada por
Deus pelo fogo purificador, e será provada como se
prova o ouro, e estes invocarão o nome do Senhor,
e Ele os ouvirá, e dirá deles que é o Seu povo, e eles
dirão que o Senhor é o seu Deus.
Não resta portanto, nenhuma dúvida que estes que
serão achados dignos de herdar a terra e de estarem
para sempre com Deus, são aqueles que têm sido
santificados, por serem purificados e provados.
92
Através desta provação da sua fé, são aperfeiçoados
na perseverança e são amadurecidos
espiritualmente.
São somente estes que fazem valer o grande valor
do sangue purificador de Cristo em Suas vidas, por
se consagrarem a Ele, para que sejam efetivamente
purificados dos seus pecados.
Afinal, foi para este propósito que Cristo morreu
por eles na cruz do Calvário.
“1 Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa
de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para
remover o pecado e a impureza.
2 Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cortarei
da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá
mais memória; e também farei sair da terra os
profetas e o espírito da impureza.
3 E se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe,
que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falas
mentiras em o nome do Senhor; e seu pai e sua mãe,
que o geraram, o traspassarão quando profetizar.
4 Naquele dia os profetas se sentirão
envergonhados, cada um da sua visão, quando
profetizarem; nem mais se vestirão de manto de
pelos, para enganarem,
5 mas dirão: Não sou profeta, sou lavrador da terra;
porque tenho sido escravo desde a minha mocidade.
6 E se alguém lhe disser: Que feridas são essas entre
as tuas mãos? Dirá ele: São as feridas com que fui
ferido em casa dos meus amigos.
93
7 Ó espada, ergue-te contra o meu pastor, e contra o
varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos
exércitos; fere ao pastor, e espalhar-se-ão as
ovelhas; mas volverei a minha mão para os
pequenos.
8 Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela
serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte
restará nela.
9 E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a
purificarei, como se purifica a prata, e a provarei,
como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e
eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor
é meu Deus.”. (Zacarias 13.1-9)
94
Zacarias 14
Profecias Relativas ao Tempo do Fim
O 14º capítulo de Zacarias se refere ao dia da volta
de Jesus, e revela qual será a condição da glória de
Jerusalém, diante de todas as nações, a partir
daquele dia, em que o Senhor voltará com poder e
grande glória, para julgar a terra e estabelecer o Seu
reino em Jerusalém.
A situação referida particularmente no verso 2 desta
profecia de Zacarias foi citada por Jesus no texto de
Lucas 21.20-24. Compare estas palavras de Jesus
com a profecia de Zacarias:
“Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja
contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas
serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade
da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do
povo não será extirpado da cidade.” (Zac 14.2).
Veja que os exércitos de todas as nações que se
ajuntarão para pelejarem contra Jerusalém, serão
levantados pela deliberação do próprio Deus, e não
pelo Anticristo, conforme se costuma afirmar.
O Anticristo estará encabeçando esta coligação de
nações mas ele nada poderia fazer caso isto não
tivesse sido planejado nos conselhos eternos do
Senhor.
O pobre miserável Anticristo terá caído nas redes da
Soberania do Deus Altíssimo para sofrer os juízos
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que estão determinados contra ele e os seus
seguidores.
A quem pertence verdadeiramente o poder?
Ao insolente Anticristo, que se levanta contra o
Deus Criador e tudo que é santo?
Satanás que deu o seu poder à Besta?
O poder pertence ao Senhor, e isto será visto
claramente pela manifestação da Sua segunda
vinda.
Veja que a profecia de Zacarias cita que as mulheres
de Jerusalém seriam forçadas quando a cidade fosse
assolada por esta coligação de exércitos, e Jesus o
confirmou citando a aflição que viria sobre as
mulheres grávidas e as que estivessem
amamentando, porque seria mais difícil para elas
fugirem da cidade, naqueles dias de grande
tribulação (Lc 21.23).
Cabe ressaltar que tanto a profecia de Zacarias
quanto a de Jesus, no texto de Lucas 21.20-24,
tiveram um primeiro cumprimento quando
Jerusalém foi assolada pelos romanos em 70 d.C.
tendo um grande número de judeus sido espalhados
pelas nações da terra.
Para quem pensa que há um exagero ou crueldade
na profecia que afirma as assolações que ocorrerão
nos dias do Anticristo, basta lembrar que foi
permitido a Hitler, pelo Senhor, que exterminasse
cerca de 6 milhões de judeus.
Assim, haverá um segundo e grande cumprimento
destas predições nos dias do Anticristo, quando
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Jesus se manifestará com poder e grande glória, para
destruir o trono da Besta.
Deus permitirá que a joia dos judeus, Jerusalém,
seja saqueada e espoliada pelos seus inimigos.
A avareza receberá o seu justo castigo com o fato de
serem saqueadas as riquezas deste mundo, que os
judeus juntaram e que tanto apreciam.
Por isso a profecia diz que as casas serão saqueadas.
Eles recusaram o Messias, porque lhes falou de
riquezas espirituais e celestiais, que eles
desprezaram, porque apreciaram e amaram as
riquezas materiais e terrenas, e agora eles
receberiam mais uma vez uma grande juízo divino
para saberem que estas riquezas terrenas não podem
livrar e socorrer o homem no dia da aflição.
Eles rejeitaram o Deus do céu por causa do deus
Mamom e teriam mais uma vez a oportunidade de
reconhecer que Mamom nada pode contra o Deus
Altíssimo, quando a Sua mão julgadora é estendida.
Entretanto, Deus fez promessas de misericórdia em
relação a Jerusalém e de que a colocaria por objeto
de glória em toda a terra.
Então Ele misturará a misericórdia com o juízo, e
enviará livramento juntamente com o julgamento.
Muitos dos judeus que forem expulsos da cidade
pelo Anticristo, retornarão a Jerusalém convertidos
por Cristo, que veio em socorro do povo de Deus, e
então terão abrigo e segurança para sempre debaixo
do governo eterno do Messias.
Um remanescente de Israel mais uma vez será
poupado pelo Senhor, no tempo do fim, e será salvo.
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E as nações que forem usadas por Deus, para
servirem de açoite para o povo de Israel, serão
também submetidas aos Seus juízos, por causa da
própria maldade delas.
O Senhor pelejará contra eles e destruirá a muitos
ímpios destas nações.
Ele fará com que eles bebam do mesmo cálice da ira
que eles haviam dado a beber ao povo de Israel.
Foi do monte das Oliveiras que Jesus ascendeu ao
céu, depois da Sua ressurreição (At 1.12).
Ali foi o último lugar sobre o qual Ele colocou os
seus pés, enquanto esteve em carne neste mundo.
E será justamente ali onde Ele descerá por ocasião
da Sua segunda vinda (v.4).
Tão grande será a glória do Senhor na Sua segunda
vinda, que é dito que neste dia não haverá nem a luz
do dia, nem as trevas da noite, tal o refulgir da glória
do Senhor em toda a terra.
A volta do Senhor precipitará vários cataclismas
sobre a face da terra e até mesmo no universo,
porque é dito que os fundamentos do céu e da terra
serão abalados.
Isto está de acordo com as pragas descritas no livro
de Apocalipse, que serão derramadas sobre a terra.
Aqui no texto de Zacarias é dito que o monte das
Oliveiras será fendido ao meio quando o Senhor
pisar sobre Ele, e se transformará num vale muito
grande (v. 4), e que todas as terras ao redor de
Jerusalém serão transformadas em planície (v. 10).
Isto será uma clara indicação de que Deus começará
um trabalho de restauração de toda a terra, que
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culminará com a criação de um novo céu e de uma
nova terra.
Um novo e vivo caminho seria aberto em Jerusalém,
e dela sairiam águas vivas (v. 8), e dali procederá a
palavra de governo do Senhor que reinará sobre
todas as nações da terra no milênio (v. 9).
Jerusalém se tornou a fonte de águas vivas para o
mundo, desde que o Espírito Santo foi derramado
pela primeira vez no dia de Pentecostes, nesta
cidade.
E estas águas vivas seriam espalhadas por todo o
mundo, tanto o Ocidental, quanto o Oriental.
Deus não faria nenhuma distinção entre os povos,
porque o evangelho é para toda criatura debaixo do
céu.
Nem a seca do verão, nem o gelo do inverno
poderão deter o derramar do Espírito em todo o
mundo, porque a boca do Senhor o tem prometido
(v. 8).
“Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao
monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que
nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a
palavra do Senhor.” (Is 2.3).
O final do verso 5 da profecia de Zacarias diz:
“Então virá o SENHOR meu Deus, e todos os santos
contigo.”.
Agora compare estas palavras de Zacarias com as
que foram proferidas por Jesus em Mc 8.38:
“Porquanto, qualquer que, entre esta geração
adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das
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minhas palavras, também dele se envergonhará o
Filho do homem quando vier na glória de seu Pai
com os santos anjos.”.
Depois da volta do Senhor Jerusalém nunca mais
será destruída e os seus moradores estarão em
completa segurança nela (v. 11).
E todos os povos que guerrearam contra Jerusalém,
juntamente com o Anticristo serão feridos com uma
praga do Senhor, que fará com que a carne deles
apodreça estando ainda de pé, especialmente os seus
olhos e línguas.
Aquelas línguas que infamaram o Senhor e o Seu
povo juntamente com o Anticristo serão
apodrecidas (v. 12).
Estes exércitos se destruirão mutuamente.
Haverá uma desavença entre eles, e isto procederá
do Senhor para humilhar a tentativa do Anticristo de
formar uma unidade de governo em toda a terra (v.
13).
O despojo destas nações vencidas será muito
grande, e Jerusalém de desprezada e rejeitada que
era, terá que ser agora honrada por todas as nações,
que serão tributárias de Cristo e da Igreja em
Jerusalém (v. 14).
Anualmente, todas as nações terão que subir a
Jerusalém para adorar o Rei de toda a terra, o Senhor
Jesus, e para celebrarem a festa dos tabernáculos (v.
16).
A promessa feita por Cristo aos mansos, de que
herdariam a terra terá sido finalmente cumprida
100
quando estiverem reinando juntamente com Ele em
Jerusalém (Mt 5.5).
Nenhuma das nações da terra poderá se recusar a
subir a Jerusalém para adorar o Senhor, sob a
ameaça de que Ele reterá a chuva sobre elas; isto é,
Ele reterá as suas bênçãos e os ferirá com Suas
pragas (v. 17 a 19).
É feita menção à festa dos tabernáculos, porque o
teor desta festa era de louvor e de alegria.
Esta festa celebrava a comunhão do povo do Senhor
com Ele.
E este será um tempo para pura alegria e louvor;
quando Cristo estiver reinando sobre toda a terra; e
quando os ímpios tiverem sido desarraigados dela.
Os que restaram da grande destruição do juízo da
Sua segunda vinda terão um grande motivo para
celebrar a Sua grande misericórdia para com eles.
Neste tempo se tornará muito claro o dever da
adoração exigido pelo evangelho.
Deus busca adoradores porque é dever de todo
homem adorá-lO.
Não é nenhum favor que eles fazem a Ele quando O
adoram, mas a justa obediência que é devida ao
Criador de todas as coisas e Salvador e Senhor dos
pecadores.
E para que nunca se esqueçam que este dever de
adoração deve ser em espírito e em verdade, isto é,
em verdadeira santificação, até mesmo nas
campainhas dos cavalos será gravado
SANTIDADE AO SENHOR (v. 20).
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Já não haverá mais joio na Igreja, e os verdadeiros
salvos não adorarão ao lado daqueles que não
conhecem ao Senhor (cananeus).
Somente os verdadeiros israelitas, a saber, os que
foram lavados no sangue de Jesus, prestar-Lhe-ão
culto de adoração (v. 21).
A profecia aponta para as atitudes que prevalecerão
no futuro, para que nós as tenhamos no presente,
isto é, nós devemos viver desde agora aquilo que
seremos no futuro.
Por isso se diz em II Pe 3.10-14:
“10 Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual
os céus passarão com grande estrondo, e os
elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as
obras que nela há, serão descobertas.
11 Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser
assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em
santidade e piedade,
12 aguardando, e desejando ardentemente a vinda
do dia de Deus, em que os céus, em fogo se
dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
13 Nós, porém, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais
habita a justiça.
14 Pelo que, amados, como estais aguardando estas
coisas, procurai diligentemente ser achados por ele
em paz, imaculados e irrepreensíveis,”.
O cristão deve se santificar com um olho no futuro.
Ele deve suportar sofrimentos olhando para a
recompensa futura prometida.
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Ele deve contemplar em espírito aquele dia em que
o Senhor voltará para restaurar todas as coisas (At
3.21), e deve pautar a sua vida em conformidade
com a perfeição de santidade, que será manifestada
na volta do Senhor.
É para isto que todo cristão foi chamado por Deus,
e é para isto que Ele deve viver, e por isso o Senhor
nos tem falado pela palavra profética, que brilha
como um farol, apontando-nos o porto seguro da
Sua santa vontade para conosco em Cristo Jesus.
“E temos ainda mais firme a palavra profética à qual
bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia
que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça
e a estrela da alva surja em vossos corações;” (II Pe
1.19).
“1 Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus
despojos se repartirão no meio de ti.
2 Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja
contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas
serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade
da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do
povo não será extirpado da cidade.
3 E o SENHOR sairá, e pelejará contra estas nações,
como pelejou, sim, no dia da batalha.
4 E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte
das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o
oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo
meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um
103
vale muito grande; e metade do monte se apartará
para o norte, e a outra metade dele para o sul.
5 E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale
dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como
fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias,
rei de Judá. Então virá o SENHOR meu Deus, e
todos os santos contigo.
6 E acontecerá naquele dia, que não haverá preciosa
luz, nem espessa escuridão.
7 Mas será um dia conhecido do SENHOR; nem dia
nem noite será; mas acontecerá que ao cair da tarde
haverá luz.
8 Naquele dia também acontecerá que sairão de
Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar
oriental, e metade delas para o mar ocidental; no
verão e no inverno sucederá isto.
9 E o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele
dia um será o SENHOR, e um será o seu nome.
10 Toda a terra em redor se tornará em planície,
desde Geba até Rimom, ao sul de Jerusalém, e ela
será exaltada, e habitada no seu lugar, desde a porta
de Benjamim até ao lugar da primeira porta, até à
porta da esquina, e desde a torre de Hananeel até aos
lagares do rei.
11 E habitarão nela, e não haverá mais destruição,
porque Jerusalém habitará segura.
12 E esta será a praga com que o SENHOR ferirá a
todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: a
sua carne apodrecerá, estando eles em pé, e lhes
apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua
lhes apodrecerá na sua boca.
104
13 Naquele dia também acontecerá que haverá da
parte do SENHOR uma grande perturbação entre
eles; porque cada um pegará na mão do seu
próximo, e cada um levantará a mão contra o seu
próximo.
14 E também Judá pelejará em Jerusalém, e as
riquezas de todos os gentios serão ajuntadas ao
redor, ouro e prata e roupas em grande abundância.
15 Assim será também a praga dos cavalos, dos
mulos, dos camelos e dos jumentos e de todos os
animais que estiverem naqueles arraiais, como foi
esta praga.
16 E acontecerá que, todos os que restarem de todas
as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de
ano em ano para adorar o Rei, o SENHOR dos
Exércitos, e para celebrarem a festa dos
tabernáculos.
17 E acontecerá que, se alguma das famílias da terra
não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o
SENHOR dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva.
18 E, se a família dos egípcios não subir, nem vier,
não virá sobre ela a chuva; virá sobre eles a praga
com que o SENHOR ferirá os gentios que não
subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
19 Este será o castigo do pecado dos egípcios e o
castigo do pecado de todas as nações que não
subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
20 Naquele dia será gravado sobre as campainhas
dos cavalos: SANTIDADE AO SENHOR; e as
panelas na casa do SENHOR serão como as bacias
diante do altar.
105
21 E todas as panelas em Jerusalém e Judá serão
consagradas ao SENHOR dos Exércitos, e todos os
que sacrificarem virão, e delas tomarão, e nelas
cozerão. E, naquele dia não haverá mais cananeu na
casa do SENHOR dos Exércitos.”. (Zacarias 14.1-
21)
106
MALAQUIAS
107
Malaquias 1
No original hebraico, encontramos para o início do
primeiro versículo de Malaquias “massau dabar
Jeová”, que significa literalmente, “fardo da Palavra
de Jeová”.
A palavra massau no hebraico significa peso, fardo,
carga.
Apesar de omitida na nossa versão, consta na maior
parte das versões bíblicas. E é importante que seja
considerada porque a Palavra do Senhor para Israel
não era como a dos falsos profetas, que era como
palha, mas algo que tinha peso, consistência, como
o grão, porque não tinha em vista tornar as coisas
fáceis para o seu povo, ou fazer comichões em seus
ouvidos, senão expor-lhes toda a verdade, tanto a
relativa a Deus, quanto à deles, especialmente,
quanto aos seus pecados.
A profecia escrita do Velho Testamento seria
fechada com Malaquias, e não seria portanto de se
esperar que a sua mensagem não contivesse o
mesmo vigor dos profetas que lhe haviam
antecedido e que protestaram veementemente
contra as apostasias de Israel.
Os profetas eram levantados por Deus
especialmente nos tempos de crise, e especialmente
quando Israel dava as costas para Ele.
Não podemos esquecer que Malaquias profetizou
muito tempo depois de Ageu e Zacarias, que haviam
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sido levantados por Deus nos dias de Zorobabel,
quando os judeus haviam retornado do cativeiro em
Babilônia, para a Palestina.
Por meio de Malaquias, Deus reafirmaria a
promessa do envio do Messias, mas, para tanto,
Israel deveria guardar a Lei que havia recebido
desde os dias de Moisés, e andar nos Seus caminhos.
Como a profecia de Malaquias tinha em vista
especialmente este caráter de confirmar os judeus
na esperança messiânica, então o teor de sua
profecia é eminentemente judaico, porque eles
ficariam sem novas revelações da parte de Deus, por
seus profetas, por cerca de 400 anos – chamado
período interbíblico.
Não é portanto para nos surpreendermos que ainda
nos dias de Malaquias fossem reafirmadas muitas
das ordenanças típicas da Antiga aliança, para
serem guardadas pelos judeus, porque importava
que aquela aliança vigorasse até que Jesus viesse.
Assim, apesar de ter passado muito tempo desde
Ageu e Zacarias, a vontade de Deus não havia
mudado em um só til em tudo o que havia ordenado
ao povo através de Moisés.
Na verdade, a Sua vontade jamais mudará, e Jesus
deixou isto registrado de modo muito claro quando
disse que nem um só jota ou til passarão da Lei até
que tudo se cumpra. O que Ele quis afirmar com
isto, senão a vontade imutável de Deus?
Erram portanto, aqueles que consideram a Bíblia
uma teologia ultrapassada, e tentam criar uma nova
doutrina, que esteja ajustada à mentalidade do
109
homem moderno. A mensagem do evangelho
jamais mudará, porque são palavras de vida, e vida
eterna.
Isto aprendemos em Malaquias, que estando há
mais de mil anos depois de Moisés, protestou contra
o povo de Israel, da parte de Deus, nos mesmos
termos que Moisés havia feito, e todos os profetas
que haviam sido levantados depois dele.
A Palavra que Deus tem proferido para vigorar em
cada dispensação jamais será revogada por Ele, e
faríamos bem, portanto, em dar-lhe a devida
atenção e consideração, para o bem de nossas
próprias almas.
As prescrições cerimoniais para o culto de adoração
no Velho Testamento foram removidas por Deus,
pela Sua própria autoridade, desde que institui uma
nova aliança por meio de Jesus Cristo, mas ele
manteve todos os deveres morais prescritos na Lei,
cujo cumprimento pelos cristãos fazem também
parte da adoração que é requerida por Ele.
As ordenanças de adoração de caráter cerimonial do
Velho Testamento duraram até a vinda de Cristo, e
por isso é dito que o fim da lei é Cristo em Rom
10.4.
Aquelas ordenanças ensinavam em figura tudo
aquilo que se cumpriu em nosso Senhor Jesus
Cristo, pois que haviam sido estabelecidas para este
fim mesmo.
Então, especialmente neste sentido “a lei nos serviu
de aio para nos conduzir a Cristo, para que fôssemos
110
justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, já
não estamos debaixo de aio." Gál 3.24,25.
Deus é o Grande e Eterno Legislador de todo o
universo. No entanto, fala ao Seu povo, não como
um juiz togado, que Ele é para os ímpios, mas como
um pai de amor.
Por isso lembrou Israel, através de Malaquias, que
lhes havia amado desde que os escolhera na pessoa
de Jacó, a quem havia amado e separado para
formar o seu povo a partir dele.
Eles poderiam entender isto quanto ao modo
diferenciado que havia tratado Israel em relação aos
edomitas (descendentes de Esaú, irmão de Jacó).
Quando rejeitou a Esaú, havia rejeitado aos
edomitas, e lhes deu por herança aos chacais do
deserto, fazendo dos seus montes uma desolação,
porque Esaú e sua descendência lhe haviam
desprezado, conforme Ele havia conhecido em sua
Presciência.
Na ocasião do proferimento desta profecia por
Malaquias, o povo de Edom já havia sido destruído
pelos babilônios, mas os israelitas permaneciam
como povo em sua própria terra, como sendo um
sinal do amor providente e cuidadoso de Deus por
eles.
Ainda que os remanescentes de Edom se
dispusessem a se reerguerem de sua ruína, o Senhor
afirmou por meio de Malaquias, que caso
edificassem Ele demoliria, para demonstrar a Sua
ira eterna contra eles.
111
Um grande amor como o que o Senhor tem pelo Seu
povo é digno de ser plenamente correspondido.
Todavia, o que estava fazendo Israel?
Estavam Lhe honrando como Pai, assim como um
filho honra a seu pai? Estavam Lhe dando a honra
de Senhor, assim como um servo teme ao seu amo?
Não. E tal repreensão se aplica principalmente ao
sacerdotes de Israel que haviam desprezado o nome
do Senhor (v. 6)
Eles julgavam ser um ato de reverência, o simples
fato de não pronunciarem o nome sagrado YWHW,
cuja pronúncia se perdeu, e que chamamos de
JEOVÁ, numa tentativa incerta de nos
aproximarmos da pronúncia original.
Ensinados pelos sacerdotes, através dos séculos, os
israelitas liam, conforme fazem até hoje, o nome
YWHW (Jeová) como Adonai, que significa
Senhor, no hebraico.
Mas Deus protestou pelo profeta que a honra do Seu
nome é muito mais do que isto. Não tomar o seu
nome em vão, não é uma simples omissão de
pronúncia, mas um viver obediente à Sua vontade,
demonstrada sobretudo na guarda dos Seus
mandamentos.
Portanto, para ilustrar este ponto, protestou contra
os sacerdotes que pensavam não estarem
desprezando o Seu nome, que eles o faziam, quando
deixavam de apresentar as ofertas, na forma como
estava prescrita na Lei de Moisés.
Não, pelo mero cumprimento cerimonial e
ritualístico, mas pela compreensão do significado
112
daqueles atos, que apontavam para a santidade de
vida exigida por Deus, e pela consagração do
melhor que temos para Ele.
Para lhes convencer da irreverência e da maldade
das suas ações, o Senhor fez uma comparação,
dizendo se porventura apresentavam o pior que
possuíam aos seus governantes terrenos?
Eles tinham temor para com os homens (o que se
deve ter, dando honra a quem é devido honra), mas
não tinham nenhum temor para com Deus.
Quando a intenção é a de apresentar uma oferta de
maneira inaceitável, as nossas próprias pessoas não
são aceitas por Deus, tal como não são aceitas pelos
próprios homens, que estão constituídos como
líderes sobre nós.
Como Israel poderia ser aceito por Deus, e achar o
Seu favor com a apresentação de ofertas
inaceitáveis, que não eram dadas conforme o que
estava prescrito na Lei, e sem qualquer temor no
coração?
O Senhor lamentou não ter achado um só entre eles
que fechasse as portas por um reto procedimento, de
forma que o fogo do altar não fosse acendido em
vão. Deus tinha perdido o prazer no Seu povo, por
causa disso, e nem aceitaria tais ofertas de animais
com defeitos que eles vinham apresentando (v. 10 -
14).
Enquanto durasse o Velho Testamento, eles
estavam obrigados ao exato cumprimento de todas
aquelas prescrições cerimoniais que lhes haviam
sido dadas através da mediação de Moisés.
113
“1 A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de
Malaquias.
2 Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis:
Em que nos tens amado? Acaso não era Esaú irmão
de Jacó? diz o Senhor; todavia amei a Jacó,
3 e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma
desolação, e dei a sua herança aos chacais do
deserto.
4 Ainda que Edom diga: Arruinados estamos,
porém tornaremos e edificaremos as ruínas; assim
diz o Senhor dos exércitos: Eles edificarão, eu,
porém, demolirei; e lhes chamarão: Termo de
impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado
para sempre.
5 E os vossos olhos o verão, e direis: Engrandecido
é o Senhor ainda além dos termos de Israel.
6 O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu,
pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou
amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos
exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu
nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado
o teu nome?
7 Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis:
Em que te havemos profanado? Nisto que pensais,
que a mesa do Senhor é desprezível.
8 Pois quando ofereceis em sacrifício um animal
cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou
o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu
114
governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a
tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, para que se
compadeça de nós. Com tal oferta da vossa mão,
aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos
exércitos.
10 Quem dera, que entre vós houvesse até um que
fechasse as portas para que não acendesse debalde
o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós,
diz o Senhor dos exércitos, nem aceitarei oferta da
vossa mão.
11 Mas desde o nascente do sol até o poente é
grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar
se oferece ao meu nome incenso, e uma oblação
pura; porque o meu nome é grande entre as nações,
diz o Senhor dos exércitos.
12 Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do
Senhor é profana, e o seu produto, isto é, a sua
comida, é desprezível.
13 Dizeis também: Eis aqui, que canseira! e o
lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos exércitos; e
tendes trazido o que foi roubado, e o coxo e o
doente; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de
vossa mão? diz o Senhor.
14 Mas seja maldito o enganador que, tendo animal
macho no seu rebanho, o vota, e sacrifica ao Senhor
o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o
Senhor dos exércitos, e o meu nome é temível entre
as nações.”
115
Malaquias 2
De todas as doze tribos de Israel, Deus havia
separado a tribo de Levi para o exercício do
sacerdócio; para o serviço do santuário e para o
ensino da lei em todo Israel; de sorte que a Levi não
foi designado um território específico como herança
em Canaã, senão cidades em todas as tribos.
Neste capítulo de Malaquias, Deus protesta contra a
violação do pacto que havia feito com Levi, de ser
Ele próprio, a herança deles, para que conduzissem
Israel no conhecimento e na obediência da Sua
vontade.
Mas os levitas, especialmente os sacerdotes, dentre
eles, haviam falhado na missão que lhes havia sido
dada.
Enquanto os sacerdotes não se dispusessem em seus
corações a darem honra ao nome do Senhor, não
poderiam, de modo algum, cumprir o que lhes havia
sido designado.
De modo, que foram ameaçados com maldições
pelo Senhor caso continuassem endurecidos (v. 2).
A posteridade deles seria reprovada e Deus
espalharia sobre os rostos deles o esterco dos
sacrifícios que Lhe apresentavam, e com ele seriam
levados para fora, a saber, seriam expulsos do seu
ofício (v. 3 - isto ocorreu nos dias de Antíoco
Epifânio, e principalmente quando os israelitas
foram expulsos por todo o mundo pelos romanos).
116
O pacto que o Senhor fizera com Levi não fora no
entanto, para a morte e para a destruição, senão para
a vida e para a paz de Seu povo, porque cabia à
referida tribo ensinar às demais, o temor devido ao
Senhor, e os lábios do sacerdote deveriam guardar
o conhecimento de Deus, e da sua boca os homens
deveriam procurar a instrução, porque foram
levantados para serem os mensageiros do Senhor (v.
4 a 7).
Contudo, os levitas, e dentre eles os sacerdotes,
haviam se desviado do caminho e fizeram com que
muitos tropeçassem na Lei, corrompendo o pacto
que o Senhor havia feito com eles (v. 8).
Deus tinha portanto, um juízo com eles, e lhes
tornaria desprezíveis e indignos diante de todo o
povo de Israel, porque não guardaram os Seus
caminhos, antes, fizeram acepção de pessoas na lei
(v. 9).
O sacerdócio em Israel era altamente honrado, mas
como haviam desonrado ao Senhor, Ele faria com
que também fossem desonrados.
O mesmo sucede aos ministros do evangelho, que
são levantados por Deus e não lhe dão a devida
honra. Eles são expostos aos olhos do povo cristão
em desonra, pelo próprio Deus.
A partir do verso 10 a profecia se dirige a todos os
israelitas, e não apenas aos levitas e sacerdotes.
Deus protestou contra a profanação do Seu
santuário, não propriamente por causa do pecado de
sacrilégio (contra as coisas sagradas do templo),
mas por causa da religiosidade superficial, externa
117
e falsa. A verdadeira religião é do coração, e por
uma sincera guarda dos mandamentos de Deus.
Nesta passagem de Malaquias, o Senhor protestou
contra a falsa religiosidade, dizendo que não levava
em conta as lágrimas, os choros e os gemidos com
que o povo cobria o Seu altar, porque não olhava
mais para a oferta deles e nem a aceitava mais com
prazer (v. 13) porque não estavam dando a devida
honra à instituição do matrimônio (v. 14 a 16).
O Senhor declarou expressamente pelo profeta que
não aceitava a deslealdade do marido para com sua
esposa, porque tinha feito uma aliança com ela e
com Ele.
A infidelidade conjugal foi claramente reprovada
(v. 15) e Deus declarou no verso 16 que Ele detesta
o divórcio e a violência.
Deus estava enfadado com as palavras de Israel que
denotavam que Ele não julga o mal, e que aquele
que praticava o mal passava por bom aos olhos do
Senhor, e que era desses, segundo eles, que Ele se
agradava.
Eles julgavam errado, por desconhecerem a
longanimidade de Deus, que abrevia, mas que não
suspende o juízo. Ele é tardio em se irar, e por isso
pode parecer a muitos que não está julgando a
ninguém e nenhum mal que é praticado na terra.
Os que perguntam ironicamente como os israelitas
dos dias de Malaquias: “onde está o Deus do
juízo?”, haverão de encontrá-lO no dia do grande
juízo final em que prestarão contas não somente de
118
seus atos como de toda palavra ociosa que
proferiram.
“1 Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para
vós.
2 Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso
coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos
exércitos, enviarei a maldição contra vós, e
amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho
amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso
coração.
3 Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei
sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos
vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis
levados para fora.
4 Então sabereis que eu vos enviei este
mandamento, para que o meu pacto fosse com Levi,
diz o Senhor dos exércitos.
5 Meu pacto com ele foi de vida e de paz; e eu lhas
dei para que me temesse; e ele me temeu, e
assombrou-se por causa do meu nome.
6 A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade
não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em
paz e em retidão, e da iniquidade apartou a muitos.
7 Pois os lábios do sacerdote devem guardar o
conhecimento, e da sua boca devem os homens
procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do
Senhor dos exércitos.
119
8 Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos
fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de
Levi, diz o Senhor dos exércitos.
9 Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e
indignos diante de todo o povo, visto que não
guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção
de pessoas na lei.
10 Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos
criou um mesmo Deus? por que nos havemos
aleivosamente uns para com outros, profanando o
pacto de nossos pais?
11 Judá se tem havido aleivosamente, e abominação
se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá
profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se
casou com a filha de deus estranho.
12 O Senhor extirpará das tendas de Jacó o homem
que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que
oferece dons ao Senhor dos exércitos.
13 Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de
lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não
olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer
da vossa mão.
14 Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor
tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua
mocidade, para com a qual procedeste deslealmente
sendo ela a tua companheira e a mulher da tua
aliança.
15 E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava
espírito? E por que somente um? Não é que buscava
descendência piedosa? Portanto guardai-vos em
120
vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a
mulher da sua mocidade.
16 Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de
Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido;
portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos
exércitos; e não sejais infiéis.
17 Tendes enfadado ao Senhor com vossas
palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos
enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal
passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que
ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?”
121
Malaquias 3
Ainda que Israel estivesse sendo infiel à aliança
que o Senhor havia feito com eles, no entanto, Ele
permaneceria fiel e cumpriria tudo o que havia
prometido em relação a eles.
O Messias viria ao Seu templo para restaurar todas
as coisas, e a Sua vinda seria repentina, mas seria
precedida por um mensageiro que lhe prepararia o
Seu caminho (João Batista).
Ele, Jesus era o Anjo da aliança que havia guiado os
israelitas no deserto, o qual eles desejavam ver de
novo nos dias de Malaquias.
Ele viria, mas não do modo que os israelitas
esperavam, porque viria para santificar o Seu povo,
como um fogo de ourives que separa a escória do
ouro, como um sabão dos lavandeiros, que limpa a
sujeira.
Deus requer ofertas em justiça, e para tanto, os
ofertantes devem ser justificados e purificados. Este
trabalho é feito pelo Messias através do fogo e do
lavar do Espírito Santo, que Ele dá a todo aquele
que nEle crê.
Aqueles que em Judá e Jerusalém fossem
purificados pelo Messias, seriam aceitos pelo
Senhor, e tanto eles quanto as suas ofertas Lhe
seriam de novo agradáveis, como no princípio, nos
dias antigos, quando o povo andou em
conformidade com a vontade de Deus, tal como nos
dias de Josué.
122
Deus seria uma bênção para os justificados e
purificados pelo Messias, mas seria um juízo contra
os feiticeiros, os adúlteros, os que juram falsamente,
contra os que defraudam o trabalhador em seu
salário, a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito
do estrangeiro, e que não O temiam (v. 5).
Na verdade, todos de Israel não eram consumidos,
não por causa do próprio mérito e justiça deles, mas
porque o Senhor é imutável em Sua fidelidade e
misericórdia em cumprir as boas promessas que fez
para o Seu povo (v. 6).
Porque o povo sempre andou errado para com Ele,
desde os dias dos patriarcas, e se desviou dos seus
estatutos e não os cumpriram (v. 7).
Contudo, mesmo a um povo infiel o Senhor
permanece fiel, chamando-o ao arrependimento (v.
7).
E o modo de retornar para Deus é declarado por Ele
a partir do verso 8:
Não Lhe roubando nos dízimos e nas ofertas
alçadas.
Ambos eram determinações específicas da Lei de
Moisés, que a propósito enumerava diversos tipos
de ofertas e o modo da sua apresentação,
especialmente para a manutenção do ministério e do
serviço do santuário. O dízimo para o sustento dos
levitas e dos sacerdotes, e as ofertas alçadas, para a
manutenção dos serviços da casa de Deus.
Os israelitas sempre se desviavam do cumprimento
desta ordenança, e este havia sido um dos motivos
123
de os levitas não cumprirem fielmente o dever deles
em Israel.
Nós vemos mesmo nos dias de Neemias quando ele
havia restaurado o serviço do templo, que os levitas
voltaram para suas possessões porque o povo estava
sendo infiel nos dízimos e nas ofertas, de modo que
os levitas não podiam ser sustentados vivendo
somente dos serviços da casa de Deus.
Por isso há uma promessa de bênção feita através do
profeta Malaquias, para eles, associada ao ato de
obediência a estes dois mandamentos da Lei.
Em vez de serem amaldiçoados, como estava
acontecendo, Israel seria abençoado caso cumprisse
a ordenança relativa aos dízimos e às ofertas, para
que o serviço do templo e do ensino da Lei em
Israel, não sofresse pela falta de recursos.
Certamente, isto não é tudo, porque os sacerdotes e
escribas dos dias de Jesus viviam em grande
abastança, resultado da exploração do povo e de um
serviço religioso corrompido. Não era de
modo nenhum pela falta de bens que eram infiéis
no serviço que deveriam prestar para Deus.
No entanto, a carência total de recursos, pode
paralisar qualquer ministério.
A falta de piedade de todo o povo de Israel nos dias
de Malaquias levava-os a considerarem que servir a
Deus era perda de tempo e de recursos. Afinal, as
nações ímpias, com seus falsos deuses prosperavam
e não sofriam juízos conforme o que eles
próprios, israelitas, haviam experimentado ao
longo da sua história como nação.
124
Contudo, Deus chamou tal atitude de palavras
agressivas dirigidas contra Ele.
E lhes falou acerca do juízo vindouro, no qual se
verá a diferença entre o justo e o ímpio, entre aquele
que serve a Deus, e o que não O serve; porque
aqueles que são do Senhor, ainda que sofram
injustiças neste mundo, serão poupados por Ele no
juízo final, porque são o seu tesouro particular, e são
como filhos, que são poupados pelo pai ao qual eles
servem (v. 16 a 18).
“1 Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de
preparar o caminho diante de mim; e de repente virá
ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o
anjo do pacto, a quem vós desejais; eis que ele vem,
diz o Senhor dos exércitos.
2 Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem
subsistirá, quando ele aparecer? Pois ele será como
o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros;
3 assentar-se-á como fundidor e purificador de
prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará
como ouro e como prata, até que tragam ao Senhor
ofertas em justiça.
4 Então a oferta de Judá e de Jerusalém será
agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como
nos primeiros anos.
5 E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma
testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os
adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os
que defraudam o trabalhador em seu salário, a
125
viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do
estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos
exércitos.
6 Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos
de Jacó, não sois consumidos.
7 Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos
meus estatutos, e não os guardastes. Tornai vós para
mim, e eu tornarei para vós diz o Senhor dos
exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de
tornar?
8 Roubará o homem a Deus? Todavia vós me
roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos
e nas ofertas alçadas.
9 Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a
mim me roubais, sim, vós, esta nação toda.
10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para
que haja mantimento na minha casa, e depois fazei
prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não
vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós
tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.
11 Também por amor de vós reprovarei o
devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa
terra; nem a vossa vide no campo lançará o seu fruto
antes do tempo, diz o Senhor dos exércitos.
12 E todas as nações vos chamarão bem-
aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa,
diz o Senhor dos Exércitos.
13 As vossas palavras foram agressivas para mim,
diz o Senhor. Mas vós dizeis: Que temos falado
contra ti?
126
14 Vós tendes dito: inútil é servir a Deus. Que nos
aproveita termos cuidado em guardar os seus
preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos
exércitos?
15 Ora pois, nós reputamos por bem-aventurados os
soberbos; também os que cometem impiedade
prosperam; sim, eles tentam a Deus, e escapam.
16 Então aqueles que temiam ao Senhor falaram uns
aos outros; e o Senhor atentou e ouviu, e um
memorial foi escrito diante dele, para os que temiam
ao Senhor, e para os que se lembravam do seu nome.
17 E eles serão meus, diz o Senhor dos exércitos,
minha possessão particular naquele dia que
prepararei; poupá-los-ei, como um homem poupa a
seu filho, que o serve.
18 Então vereis outra vez a diferença entre o justo e
o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que o não
serve.”
127
Malaquias 4
Este capítulo é uma continuação do final do
anterior.
Naquele nós vimos Deus proferindo que não era
correta a ideia que o Seu povo tinha acerca dos
soberbos e das nações ímpias que prosperavam,
enquanto eles, o povo da aliança, sofriam.
O Senhor declarou deles, daqueles que O serviam,
serem o seu particular tesouro que Ele pouparia no
dia do Juízo.
E nada foi declarado quanto aos injustos e que não
O servem no capítulo anterior, senão que se veria
outra vez a grande diferença que há entre eles, e
aqueles que são justos e que O servem.
Mas aqui, é declarado deles, logo no início deste
capítulo, que, no dia do juízo “que vem ardendo
como uma fornalha, todos os soberbos, e todos os
que cometem impiedade, serão como restolho; e o
dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos
exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz
nem ramo” (v. 1).
E mais uma vez, se declara promessas de bênçãos
para os justos que temem o nome do Senhor, para
os quais é proferido que “nascerá o sol da justiça,
trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis
como bezerros da estrebaria.” (v. 2).
O sol da justiça prometido é Cristo, que cura o povo
do Senhor das suas enfermidades, especialmente do
pecado, e isto é para eles motivo de alegria, tal como
128
os bezerros que saem saltando quando são livrados
da estrebaria.
E aqueles ímpios que os israelitas invejam na
prosperidade deles aqui neste mundo, seriam
pisados pelos santos no dia do juízo, e seriam feitos
como cinza debaixo das plantas dos seus pés (v. 3).
Isto significa que o mal será subjugado pelo bem no
dia do grande juízo de Deus.
Então Israel foi incentivado pelo profeta à
perseverança, porque há grande diferença entre o
destino daqueles que servem e dos que não servem
a Deus.
Como Israel foi vocacionado para ser uma nação
santa, conforme a Sua eleição declarada no primeiro
capítulo desta profecia, pela escolha de Jacó, em
contraposição à rejeição de Esaú, deveriam
portanto, lembrar-se continuamente da lei de
Moisés, e de todos os seus estatutos e ordenanças
(v. 4).
O grande e terrível dia do juízo do Senhor, que fora
predito anteriormente, seria no entanto, precedido
pela vinda do profeta Elias, a saber, João Batista,
que viria no mesmo ministério de Elias, conforme
está claramente explicitado no Novo Testamento.
Ele viria conforme prometido, para que houvesse
conversão real em Israel, demonstrada na harmonia
de coração entre pais e filhos, de modo que a terra
de Israel não fosse amaldiçoada por Deus, por causa
da sua permanência no pecado.
129
Este seria mais um sinal relativo à vinda do Messias,
a saber, Ele seria precedido por um mensageiro que
lhe prepararia o caminho.
Quanto à referência ao profeta Elias como sendo
João, cabe uma análise mais detalhada, quanto ao
que encontramos relativamente à mesma, no
primeiro capítulo do evangelho de João.
João 1.19 a 28
“19 E este é o testemunho de João, quando os judeus
mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para
que lhe perguntassem: Quem és tu?
20 E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou
o Cristo.
21 E perguntaram-lhe: Então quem? És tu Elias? E
disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.
22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos
resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti
mesmo?
23 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto:
Endireitai o caminho do Senhor, como disse o
profeta Isaías.
24 E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que
batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem
o profeta?
26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com
água; mas no meio de vós está um a quem vós não
conheceis.
130
27 Este é aquele que vem após mim, que é antes de
mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia
da alparca.
28 Estas coisas aconteceram em Betânia, do outro
lado do Jordão, onde João estava batizando.”
Nos versos 15 a 18 nós vemos o testemunho geral
que João dava de Jesus, e aqui nestes versos 19 a 28
nós temos registrado o testemunho que ele deu em
certa ocasião quando os judeus lhe enviarem
sacerdotes e levitas de Jerusalém para lhe
perguntarem quem ele era (v. 19).
João confessou que não era o Cristo. Que ele não
era o grande profeta prometido desde Moisés (Dt
18.18). E também disse que não era o profeta Elias,
que eles pensavam que voltaria à terra por causa da
profecia de Malaquias 4.5, que era de fato uma
referência a João Batista sob o codinome de Elias
(Mt 17.10-13), mas isto não significava que João
fosse de fato Elias.
Ele viria no mesmo tipo de espírito e poder do
profeta Elias, conforme o anjo preanunciou o
nascimento de João a seu pai Zacarias (Lc 1.17).
João disse aos sacerdotes e levitas que ele era aquele
do qual havia falado o profeta Isaías. A voz que
clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor.
Ele mostrou a eles que o seu ministério estava
apoiado nas Escrituras.
Aqueles sacerdotes e levitas que eram fariseus não
retrucaram a resposta que João lhes dera, mas
131
questionaram ainda por que ele batizava, já que não
era o Cristo, nem Elias e nem o profeta.
João lhes respondeu que ele batizava com água, mas
já se encontrava entre os judeus Alguém que eles
não conheciam, e que viria após ele, apesar de ser
antes dele (até mesmo de Abraão e de tudo e de
todos) do qual ele disse humildemente não ser digno
sequer de lhe desatar a correia da sua sandália,
serviço este que era prestado pelos escravos de mais
baixa categoria aos seus senhores. Deste modo João
testificou a respeito da dignidade dAquele que veio
anunciando, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
“1 Pois eis que aquele dia vem ardendo como
fornalha; todos os soberbos, e todos os que
cometem impiedade, serão como restolho; e o dia
que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos
exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz
nem ramo.
2 Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá
o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós
saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.
3 E pisareis os ímpios, porque se farão cinza
debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que
prepararei, diz o Senhor dos exércitos.
4 Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual
lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber,
estatutos e ordenanças.
5 Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que
venha o grande e terrível dia do Senhor;
132
6 e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais; para que eu não
venha, e fira a terra com maldição.”