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Provérbios 19

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A474

Alves, Silvio Dutra

Provérbios 19./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,

2016.

46p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.

I. Título.

CDD 230.223

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Provérbios 19

1 Melhor é o pobre que anda na sua

integridade, do que aquele que é

perverso de lábios e tolo.

Este provérbio nos lembra das palavras do apóstolo Tiago, de que o pobre deve se gloriar na

sua dignidade.

O mundo em sua impiedade, não considera que o pobre possa ser digno de honra e estima, pois

costuma associar a pobreza à noção de fracasso.

Todavia, ser pobre não é um impedimento para que se seja íntegro. Na verdade, é mais comum

se achar a retidão entre os pobres do que entre

os que são ricos e poderosos.

Mas, não é à pobreza que o provérbio pretende louvar, mas sim a condição de ser íntegro no

proceder, seja a pessoa rica ou pobre. Tanto que o contraste da primeira citação com a segunda,

não é com o rico, mas com o que é perverso de

lábios, que é uma das formas de se identificar quem não é integro, e também com o que é tolo,

pois este não se empenha para alcançar a

sabedoria.

Jesus disse que o valor real de uma pessoa não é medido pela quantidade de bens terrenos que

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ela possui, mas pelo caráter transformado pelo

Espírito Santo, que faz com que viva de modo

piedoso e devotado a Deus e aos seus

mandamentos. Portanto, não há nenhuma verdade em considerar o valor de alguém pelo

fato de ser rico, e atribuir pouco ou nenhum

valor a quem é pobre.

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2 Não é bom agir sem refletir; e o que se

apressa com seus pés erra o caminho.

Há uma grande diferença em ser alguém que seja demorado para tomar decisões, ou que

tenha medo de tomá-las, e aqueles que não

adiam suas decisões, mas têm a devida prudência em refletir sobre todos os aspectos

que envolvem a questão, sobretudo as suas

consequências, antes de darem a sua palavra

final.

Há inclusive um ditado no mundo, de que há aqueles que são muito rápidos em seus

raciocínios, mas suas conclusões são sempre

erradas.

Neste caso, melhor seria possuir um raciocínio lento, mas devidamente ponderado e reflexivo,

para não somente entender o problema

apresentado, como também achar a solução

mais viável e sábia para ele.

Não temos, portanto em foco, a morosidade do preguiçoso que não é uma virtude, senão um

defeito, mas a diligência firme e determinada,

porém refletida, para não somente se alcançar a sabedoria, como também para agir segundo

aquilo que é sábio.

Uma alma ignorante não pode ser boa. Que a alma esteja sem conhecimento não é seguro,

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nem agradável; pois que bem ela pode fazer,

quando não possui o conhecimento?

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3 A estultícia do homem perverte o seu

caminho, e o seu coração se irrita contra

o Senhor.

Uma nota dominante em toda a Bíblia, é a

condição de inimizade da natureza humana decaída no pecado contra Deus.

Foi justamente em razão dessa inimizade latente, que Jesus morreu na cruz para que

pudesse desfazê-la e nos reconciliar com Deus

como seus amigos, pelo sangue da Sua paz derramado no Calvário.

Tendo um coração corrompido pelo pecado e não regenerado pelo Espírito Santo, a condição

inerente de qualquer pessoa é a de ser e agir de

forma estulta, contrariamente ao modo sábio e

santo que existe na natureza de Deus.

Deus exige a prática da justiça, bem como a execução da pena e dos rigores da lei contra

aqueles que andam de modo desordenado.

Quando vemos então, juristas se levantando em nome de Deus para punir os crimes dos ímpios;

estes desferirão todo o seu ódio contra Deus e

aqueles que tiverem se nomeado como seus agentes, pois o pecador almeja viver em

liberdade, sem ter que responder por seus atos

pecaminosos perante Deus, e muito menos

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perante os homens, ainda que sejam probos e

retos em seu proceder.

Os que vivem na estultícia costumam se irritar com o comportamento de crentes fiéis, e os

chamam de tolos ou idiotas que tentam agir

como representantes de Deus na Terra, pois

segundo eles, ninguém tem tal direito de sequer tentar viver uma vida justa e santa, porque

atrapalha e em muito, a plena liberdade que

gostariam de dar a todo o seu desvario sem ter suas consciências perturbadas pela luz que

brilha na vida daqueles que os incomodam.

Por isso, Jesus disse que o mundo odiaria seus discípulos, tanto quanto lhe haviam odiado

também.

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4 As riquezas granjeiam muitos amigos;

mas do pobre o seu próprio amigo se

separa.

Evidentemente, este provérbio se refere à condição geral daqueles que são do mundo e o

amam, pois, os que são retos de coração jamais

desprezarão e se separarão de alguém por conta da condição de ser pobre.

Estes amigos que são granjeados por causa das riquezas, não são amigos na verdadeira acepção

da palavra, mas interesseiros oportunistas, que pensam tirar alguma vantagem para si nesta

suposta amizade.

Verdadeiros amigos não nos abandonam

quando nos tornamos pobres, a ponto de poder até mesmo depender de alguma ajuda da parte

deles para nossa subsistência. Eles terão prazer

em fazê-lo, por nos amarem, não como uma

espécie de garantia e seguro de que agiremos do mesmo modo em relação a eles se vierem a cair

em alguma forma de infortúnio, e nossas

condições presentes melhorarem.

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5 A testemunha falsa não ficará impune;

e o que profere mentiras não escapará.

Este provérbio foi escrito com o tom e a força de um preceito de lei, que prescreve uma pena

para o falso testemunho, e a mentira em juízo.

É prática comum jurídica, que as testemunhas fiquem sob juramento de falarem somente a

verdade, e que ficarão sujeitas às penas da lei

caso não o façam.

Assim, o provérbio pode tanto ser uma afirmação da autoridade da qual o rei Salomão

estava investido, como também pode ser

entendido como um alerta, para o que sucederá a todo aquele que for mentiroso e dê falso

testemunho, quanto a que ficará sujeito ao juízo

de Deus, que vingará os que forem prejudicados

por eles.

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6 Muitos procurarão o favor do príncipe;

e cada um é amigo daquele que dá

presentes.

7 Todos os irmãos do pobre o aborrecem;

quanto mais se afastam dele os seus

amigos! Persegue-os com súplicas, mas

eles já se foram.

Estes dois versos são uma extensão do conteúdo do verso 4, já comentado anteriormente.

Cabe apenas comentar, como a dureza do coração humano se revela, até mesmo na falta

de auxílio que irmãos abastados negam àqueles

que dentre eles se tornaram pobres; e, se até

mesmo entre familiares isto é visto, quanto mais não será entre aqueles que são amigos, mas não

por laços de parentesco.

Eles não atendem às suas súplicas humildes por ajuda, e ainda que insistam, eles fugirão, de

modo que a importunação ainda que humilde e gentil não prevalecerá, e tudo será em vão.

Assim, em vez de recorrermos aos homens

nestas condições, o melhor a fazer é recorrer a

Deus, e aguardar a forma pela qual ele nos enviará o auxílio que necessitamos, e que

poderá vir, até mesmo da parte de estranhos que

não sejam nossos amigos, pois é poderoso para

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fazê-lo, ou então, agirá diretamente pela força e

graça do Seu próprio poder.

Bem-aventurado é todo aquele que lança seus fardos sobre o Senhor, pois de nenhum modo

será desprezado por ele.

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8 O que adquire a sabedoria ama a sua

própria alma; o que guarda o

entendimento prosperará.

Quem ama de fato a sua alma procura adquirir a sabedoria de Deus, porque ela não somente

alimenta a alma, como a livra de todos os vícios

e pecados que a assediam tão de perto.

Nenhum homem jamais odiou a própria carne, senão a ama, mas muitos estão falhando

no amor à sua própria alma, porque se o amor à

carne é consequente de nossa inclinação natural para o pecado, o amor à alma só pode

existir quando nos esforçamos a nos inclinar

para a santidade de Deus.

É somente a estes que buscam a sabedoria, que

Deus a concede juntamente com a inclinação ao amor a Ele, e não mais ao pecado.

É somente deste modo que podemos provar para nós mesmos, o quanto amamos de fato a

nossa alma.

Uma vez obtido o conhecimento de Deus, e o entendimento da sua vontade é preciso mantê-

los pela devoção e vigilância diária, de modo que

prosperemos, crescendo de graça em graça e de fé em fé no aumento deste conhecimento que é

obtido de forma progressiva, quando

perseveramos na constância e na fé.

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9 A testemunha falsa não ficará impune,

e o que profere mentiras perecerá.

Este provérbio é uma repetição do constante no verso 5.

10 O deleite não convém ao tolo; quanto

menos ao servo dominar os príncipes!

O prazer em servir a Deus e à sua justiça não será jamais achado nos tolos, porque não lhes é

concedido pelo Espírito Santo.

Aquele que despreza a sabedoria e a graça, não tem direito à verdadeira paz e alegria que Deus reserva para aqueles que o amam, como sendo

um fruto do Espírito Santo.

O prazer do tolo encontra-se nele mesmo e

naquilo que faz, e não em Deus, nem naquilo que Deus poderia operar em sua vida.

De igual modo, Deus vocaciona e reserva a Sua autoridade para aqueles que tem escolhido para exercê-la em seu nome. Ele não transfere Sua

autoridade, mas a outorga àqueles que o temem,

o amam, e se mostram dispostos a liderar o seu

rebanho por amor.

Este provérbio põe por terra, a noção errônea de que a liderança pertence aos servos, e que os

líderes devem apenas fazer aquilo que seja da

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vontade dos mesmos. Isto é uma subversão do

princípio de governo estabelecido por Deus para

todas as instâncias.

Os que são guindados à posição de autoridade devem exercê-la pelo temor a Deus, e por seguir os princípios da verdade e justiça, não segundo

o desejo volúvel e diversificado de corações

humanos, especialmente quando não têm o

temor de Deus.

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11 A discrição do homem fá-lo tardio em

irar-se; e sua glória está em esquecer

ofensas.

O perdão é um ato de exercício necessário num mundo habitado por pecadores, pois não há

quem não erre.

É uma glória para o próprio Deus o ato de perdoar e esquecer ofensas, como Ele disse de si mesmo a Moisés, quando pediu que lhe

mostrasse Sua glória, que consistia em ser

longânimo (tardio em se irar), compassivo e

perdoador.

Quando poderia destruir a todos e continuar sendo um Deus perfeitamente justo e bom, em

razão de todos sermos culpados perante Ele, por causa dos nossos pecados, o Seu prazer é

restaurar e não destruir, gerar vida e não

produzir a morte, perdoar e não condenar; o que

nos tem revelado de forma muito prática convertendo a muitos ímpios em santos, ao

longo de toda a história da humanidade, e ao nos

ter dado Seu filho unigênito, Jesus Cristo, para fazer-se homem e morrer em nosso lugar

carregando as nossas culpas e pecados, a fim de

que pudéssemos ser justificados e restaurados

por Ele.

Por isso somos chamados a imitá-lo quanto a sermos também longânimos e perdoadores em

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relação às ofensas que recebemos de outros,

assim como Ele tem se mostrado longânimo e

perdoador para com as nossas próprias ofensas

a Ele, e contra outros.

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12 A ira do rei é como o bramido do leão;

mas o seu favor é como o orvalho sobre a

erva.

Nosso Senhor Jesus Cristo é tanto o Leão, quanto o Cordeiro.

Como Leão julga àqueles que vivem na prática da impiedade e não se arrependem; e como

Cordeiro, não somente se ofereceu como

sacrifício em nosso lugar, como manifesta a sua

mansidão e amor para com aqueles que guardam os mandamentos de Deus, e confiam

na Sua Justiça para serem salvos.

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13 O filho insensato é a calamidade do pai;

e as rixas da mulher são uma goteira

contínua.

Já em vários provérbios anteriores, comentamos porque o filho insensato é a

calamidade do pai que é sábio e temente a Deus.

Uma esposa rixosa é comparada a uma goteira contínua. Um dos processos de tortura usados em campos de batalha é fazer com que uma gota

de água caia continuamente sobre a cabeça do

torturado. No início não chega a incomodar

muito, mas como é contínua, com o passar do tempo produz a sensação psicológica

equivalente a um martelo batendo na cabeça.

É possível que Salomão tenha feito a comparação da mulher rixosa com a goteira

contínua pensando nisto, e não simplesmente

numa goteira do telhado, até porque

incomodaria apenas nos dias chuvosos, quando que a mulher rixosa não consegue conter seu

temperamento por um único dia, pois tudo a

incomoda e aborrece, até mesmo as mínimas questões que não são dignas de qualquer

atenção. Ela despeja todo esse aborrecimento

sobre o marido e os filhos, atordoando suas

mentes.

Quem tem que conviver com pessoas assim, só poderá achar algum conforto em sua vida se

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tiver uma grande quantidade de graça e

sabedoria, que lhe permita suportar tamanha

aflição.

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14 Casa e riquezas são herdadas dos pais;

mas a mulher prudente vem do Senhor.

Bem-aventurados são todos aqueles que obtiveram do Senhor o favor de ter escolhido e

dado para eles, a pessoa que viriam a amar e a

casar.

Ele escolheu Eva para Adão, e apesar do pecado de ambos, Eva era a esposa que lhe convinha

como companheira fiel e amada, por todos os

dias de sua vida. A par de todas as dificuldades

que tiveram, especialmente em relação ao assassinato de seu filho Abel, por Caim, tiveram

outros filhos e os dirigiram no caminho do

Senhor, como foi, por exemplo, o caso de Sete.

Reportamos a este início conturbado do primeiro casal, para lembrarmos que ainda que

recebamos uma esposa prudente da parte do

Senhor, ou vice-versa, sempre haverá as

contradições do viver que deveremos enfrentar com sabedoria, paciência e amor.

Veja que o texto diz “mulher prudente”, e não mulher perfeita.

A prudência é uma virtude pela qual não nos permitimos ser dirigidos pela exaltação de ânimo, ou pelas iras momentâneas que

possamos experimentar em nossa jornada, e

nos capacita a retornar à reflexão e ao bom-

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senso, tão logo tenha cessado o momento de ira,

porque o nosso propósito é o de restaurar o

amor e a paz.

Isto é muito mais precioso que herdar muitos bens terrenos de nossos pais, pois não se pode

comprar uma boa esposa com dinheiro, até

porque as pessoas mudam com o tempo, e

somente Deus conhece os corações, e pode escolher o cônjuge com o qual faremos a nossa

caminhada nesta vida.

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15 A preguiça faz cair em profundo sono;

e o ocioso padecerá fome.

Há um dito popular de que “cabeça vazia é oficina do diabo”, pois ele trabalhará ali todo

tipo de pensamento que seja contrário a nós; e um destes pensamentos é justamente o de que

não nos ocupemos em analisar o que nos

convém fazer para melhorar nossas condições,

quer mentais, físicas ou espirituais.

Pessoas ociosas enterram seus talentos, vivem uma vida inútil, e se tornam um fardo pesado

para outros carregarem.

Para incentivar os tessalonicenses ao trabalho útil, o apóstolo Paulo ordenou que aquele que

não quisesse trabalhar, também não deveria

receber o alimento necessário para o seu sustento.

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16 Quem guarda o mandamento guarda a

sua alma; mas aquele que não faz caso

dos seus caminhos morrerá.

Salomão bem conhecia a Lei de Moisés, na qual os mandamentos de Deus são expressamente

afirmados como sendo a causa da vida de Israel;

e a sua desobediência, por conseguinte, a causa da sua morte, como os textos que destacamos

abaixo, por exemplo:

“19 O céu e a terra tomo hoje por testemunhas

contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a

vida, para que vivas, tu e a tua descendência,

20 amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à

sua voz, e te apegando a ele; pois ele é a tua vida,

e o prolongamento dos teus dias; e para que

habites na terra que o Senhor prometeu com juramento a teus pais, a Abraão, a Isaque e a

Jacó, que lhes havia de dar.“ (Dt 30.1-20).

“Porque esta palavra não vos é vã, mas é a vossa

vida, e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra à qual ides, passando o Jordão, para

a possuir.” (Dt 32.47)

Com este ensino da Lei, Deus antecipava a revelação que seria aprofundada nos profetas, especialmente por nosso Senhor Jesus Cristo,

que a referência ali aponta àquela morte

espiritual e eterna da alma proferida na

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sentença contra a desobediência do primeiro

homem, no Jardim do Éden, a qual se estenderia

a toda a sua descendência.

Ao considerarmos então, o assunto de que o ato de guardar os mandamentos de Deus está relacionado à vida eterna da própria alma, deve

ser levado em conta a necessidade de uma

justificação e expiação do pecado por meio de

um Redentor eficaz, que nos capacite a tanto, pois, por natureza, não somos habilitados a

amar e cumprir a Lei de Deus.

Nos dias do Velho Testamento, os benefícios dessa redenção que viria por meio do sacrifício

de Jesus Cristo alcançavam aqueles que temiam ao Senhor e se esforçavam para andar em Seus

caminhos, pois achavam a graça necessária da

Sua parte, para poderem efetivamente fazer a

Sua vontade, uma vez que nisto está envolvida uma questão de vida ou morte eterna.

Os sábios antigos conheciam a imortalidade da alma quando o homem andava com Deus, e mais

do que isso, sabiam que Enoque havia sido

arrebatado ao céu, como o profeta Elias, também o seria, depois dele.

Davi, pai de Salomão expressa várias vezes nos Salmos, que a alma viverá por essa comunhão

com Deus, a qual se comprova por se guardar os

Seus mandamentos.

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Dessa forma, os que desprezam os mandamentos de Deus e o próprio Deus,

provam que odeiam a sua alma, pois a estão

reservando para um juízo de morte espiritual e eterno sob os mais horríveis sofrimentos.

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17 O que se compadece do pobre

empresta ao Senhor, que lhe retribuirá o

seu benefício.

Deus nada deve a qualquer homem, por melhores serviços que lhe preste, pois tudo o

que o homem é capaz de fazer é somente por ter

recebido de Deus, a graça, força, talentos e dons para fazê-lo.

Todo homem é devedor de Deus, especialmente no que diz respeito à dívida que tem para com

Ele, de fazer somente o que lhe é agradável, no que se torna um grande devedor, por não

praticá-lo por causa dos seus pecados.

O homem não pode pagar esta dívida de pecados e nenhum anjo pode fazê-lo, senão somente

Jesus Cristo que ofereceu a si mesmo como sacrifício, para satisfazer à justiça de Deus.

Todavia, Deus se coloca voluntariamente em dívida com aqueles que fazem o bem a outros, o

que não poderiam fazer por si mesmos, como é, sobretudo o caso daqueles que vivem em

pobreza extrema.

Deus retribuirá o benefício feito em maior medida do que aquela em que foi realizado, e pode fazê-lo de diversas maneiras,

especialmente pela concessão da Sua graça para

termos um viver venturoso e abençoado.

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O que usa de misericórdia também achará misericórdia da parte de Deus, conforme tem

prometido em Sua Palavra.

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18 Corrige a teu filho enquanto há

esperança; mas não te inclines a destruí-

lo.

Toda correção é com efeito desagradável na hora em que está sendo ministrada, tanto para

aquele que tem o dever de corrigir, quanto para

o que é corrigido.

Mas não há melhor serviço que se possa prestar a uma alma errada, do que o de corrigir o seu

rumo na direção do caminho em que deve

andar, a saber, no da verdade, da justiça, enfim, no caminho de Deus.

Há, contudo, um modo indicado para que esta correção seja efetuada, a saber, com

longanimidade, sabedoria e amor.

Por mais que o caminhar errado de um filho possa despertar uma ira justificada contra as

transgressões por ele cometidas, esta ira deve

dar lugar ao espirito de compaixão, que em vez

de visar ferir o transgressor, conduzirá a que tudo se faça de maneira que não seja ofendido e

destruído; senão conscientizado do mal que tem

praticado, e do modo que convém proceder para

que seja curado.

O provérbio destaca, que há um tempo em que há esperança para se alcançar bons resultados

com a correção, e que não deve ser

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desperdiçado, pois quando os procedimentos

nocivos se tornam um hábito, ou se tem

ultrapassado a fase da adolescência, será muito

mais difícil abrigar a esperança do sucesso na correção aplicada.

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19 Homem de grande ira tem de sofrer o

castigo; porque se o livrares, terás de o

fazer de novo.

Há pessoas que mesmo quando permitem ser apaziguadas, isto não durará muito tempo, pois

seu temperamento iracundo as levará a se

tornarem várias vezes repreensíveis no seu proceder.

Aqueles que são conduzidos por fortes paixões, e obstinados, comumente trazem a si mesmos e

suas famílias em apuros, por suas brigas e provocações, e nada aprenderão das

consequências ruins advindas de seus atos, pois

sempre estarão dispostos a repetir o que

costumam fazer.

Por isso há provérbios que ensinam a corrigir a criança, ensinando-lhe a ser submissa à

autoridade de seus pais e a respeitar seus

irmãos, para que seja livrada deste hábito iracundo, que já começa a se manifestar na fase

da infância.

Pais que se omitem neste dever estão fazendo um grande mal a seus filhos, o que há de se

revelar cada vez mais que o tempo for passando.

Muitos abdicam do dever que lhes é imposto por Deus de corrigirem seus filhos, a pretexto de

amá-los, sem saber que é exatamente o oposto

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disso que estão fazendo, pois aquele que não

corrige o filho que diz amar, na verdade o odeia,

pois lhe está conduzindo para um viver no qual

não achará a bênção que Deus reserva somente para aqueles que são obedientes.

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20 Ouve o conselho, e recebe a correção,

para que sejas sábio nos teus últimos

dias.

Este provérbio apresenta o comportamento e a consequência, que são o oposto ao que foi citado

no provérbio anterior,

Se alguém está ouvindo o conselho e recebendo com mansidão a correção, diferentemente do

rebelde do verso anterior, será sábio nos

últimos dias, não que isto signifique que alcançará a sabedoria, somente quando for

velho e estiver próximo o dia da sua morte, mas

que a consequência de se submeter ao conselho e à correção produzirá este efeito cada vez mais,

à medida em que for amadurecendo, pois terá a

condição de avaliar quão verdadeira e útil foi a

instrução que recebeu daqueles que lhe ensinaram a andar nos caminhos de Deus.

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21 Muitos são os planos no coração do

homem; mas o desígnio do Senhor, esse

prevalecerá.

Basta dar uma rápida folheada nos livros

históricos e proféticos da Bíblia, para constatarmos quão verdadeiro é este provérbio.

Salomão não somente pôde aprender isso pelo que o Senhor fizera em sua própria vida, e por

tudo o que aprendeu da Sua intervenção na

história de Israel, sobretudo no que fizera a reis e nações poderosas.

Este dito continua sendo confirmado até os nossos dias, e se estendeu após os dias de

Salomão, notadamente no que fizera aos reis

que o sucederam no trono de Israel, como

também aos da Síria, Assíria, Babilônia, Pérsia e Grécia, conforme registrado na Bíblia.

Quantos projetos que já pareciam estar praticamente consumados, e que foram

frustrados pela intervenção do poderoso braço

do Senhor.

Tudo o que tem ocorrido no mundo, por mais que possa parecer que está sendo conduzido exclusivamente pelos homens, na verdade, está

cumprindo todos os desígnios de Deus, que não

somente já foram previstos por Ele em Sua

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onisciência, como são também conduzidos por

Sua Onipotência.

Ele não governa somente os corações, como também as estações climáticas, os vulcões, os

furacões, as tempestades, enfim, tudo o que se

encontra debaixo do Seu governo e controle.

Tudo é sustentado pela força do Seu infinito poder. Daí nos recomendar que não estejamos ansiosos por coisa alguma, e que não demos

nossos planos como coisas certas e

consumadas, como no dizer do apóstolo Tiago,

pois eles se cumprirão somente se for da vontade ou do consentimento de Deus.

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22 O que faz um homem desejável é a sua

benignidade; e o pobre é melhor do que o

mentiroso.

O que faz alguém desejar ser gentil, caridoso e generoso é a sua benignidade, e isto fará com que tanto Deus quanto os homens aceitem a sua

boa vontade, de acordo com o que ele tem e não

esperar mais, pois o que será valorizado será a

sua benignidade e não a extensão de suas posses.

Um homem pobre, a quem você quer bem, mas

que nada tem para lhe oferecer, senão apenas sua gentileza e benignidade é melhor do que um

mentiroso, que ainda que seja um homem rico

que lhe faça acreditar que vai fazer coisas

poderosas em seu favor, mas que na verdade nada fará.

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23 O temor do Senhor encaminha para a

vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e

mal nenhum o visitará.

Aqueles que têm o temor do Senhor, ainda que possam ser visitados por doenças ou outras

aflições, não serão visitados por nenhum mal ou dano permanente em si que possa prejudicar a

sua alma, ou separá-los do amor de Deus.

Mesmo nas aflições que sofrem neste mundo

podem ser achados plenamente satisfeitos, porque o Senhor sempre lhes acompanhará em

seus vales de aflições, confortando-os e dando-

lhes poder para suportarem suas provações.

A satisfação daquele que possui o verdadeiro temor do Senhor e se encontra em comunhão

com Ele não depende do que ele tem, e de suas

presentes circunstâncias neste mundo, mas no próprio Senhor, e da força que recebe da Sua

graça.

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24 O preguiçoso esconde a sua mão no

prato, e nem ao menos quer levá-la de

novo à boca.

O preguiçoso é um tolo, e todo o seu cuidado é escapar do trabalho.

Ele esconde a sua mão no seu seio, finge que é manco e não pode trabalhar; suas mãos estão

frias, e ele deve aquecê-las no seu seio, e, quando estão quentes lá, ele deve mantê-las

assim.

Ele se abraça à sua própria vontade e é resolvido contra o trabalho e as dificuldades.

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25 Pune o escarnecedor, e o simples

aprenderá a prudência; repreende ao que

tem entendimento, e ele crescerá no

conhecimento.

A punição dos escarnecedores, ainda que não seja benéfica para eles, por não emendarem o

seu procedimento, todavia, servirá de exemplo

para muitos, a fim de que temam e venham a agir com prudência.

Nem mesmo devem deixar de ser repreendidos aqueles que são sábios e tementes a Deus,

quando se fazem dignos desta repreensão, porque isto servirá para que não somente sejam

corrigidos, como também para aumentar o seu

conhecimento quanto ao modo pelo qual devem

andar na presença de Deus e dos homens.

Não se deve pensar que isto era uma norma para ser aplicada apenas nos dias do Velho

Testamento, pois vemos em todas as páginas do Novo Testamento, nosso Senhor Jesus Cristo e

seus apóstolos ordenando o exercício da

disciplina na Igreja.

Veja por exemplo a instrução dada pelo apóstolo Paulo a Timóteo, quanto ao que deveria ser feito

aos pastores que andassem de modo

desordenado na Igreja:

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”Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham

temor.” (I Tim 5.20)

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26 O que aflige a seu pai, e que expulsa a

sua mãe, é filho que envergonha e

desonra.

Deus tem ordenado em Sua Palavra, que os filhos honrem seus pais, e o provérbio apresenta

o caso de alguém que faz exatamente o

contrário.

Temos aqui o registro de um filho dissoluto, que por seu mau procedimento se torna uma aflição

para o seu pai, pois o vê caminhando ao

contrário de todo o bem que lhe havia ensinado; e um outro filho, ou o mesmo em questão, que

depois de ter se alienado completamente dos

laços afetivos que o prendiam à sua mãe, comete

ainda por cima a torpeza de expulsá-la da sua própria casa, por não mais suportar conviver

com a mesma, provavelmente pelas

repreensões que lhe dirigia quanto ao seu mau

comportamento.

Esta vergonha e desonra que são causadas de forma cruel e injusta, certamente não deixarão

de ser visitadas pelos justos juízos de Deus.

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27 Cessa, filho meu, de ouvir a instrução,

e logo te desviarás das palavras do

conhecimento.

A Palavra de Deus deve ser objeto não apenas de nossas meditações individuais, como também

ser estudada e compartilhada na comunhão dos santos, porque temos uma tendência sempre

presente a apostatarmos da verdade, quando

esta não se encontra habitando de forma vívida

em nossas mentes e corações.

A consciência não pode ser despertada, quando nos falta o conhecimento da vontade do Senhor

revelada em Sua Palavra.

Uma boa consciência é formada e mantida por um contato continuado com a verdade das

Escrituras, de forma a ser alimentada por ela. E

somente uma boa consciência pode nos manter permanentemente nos caminhos de Deus.

Não é, portanto, sem motivo, que o próprio Deus nos ordena a meditação da Sua Palavra, dia e noite, para que sejamos bem-sucedidos em todo

o nosso viver.

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28 A testemunha vil escarnece da justiça;

e a boca dos ímpios engole a iniquidade.

Temos aqui uma descrição dos piores dos pecadores, cujos corações estão inteiramente

dispostos para fazer o mal.

Eles se estabelecem por distorcerem a justiça, pelo testemunho vil que a desafia e distorce, escarnecendo dela, e contando com o fato de a

iniquidade ser facilmente engolida pelos

ímpios, que não se erguerão em favor da defesa

da justiça.

Por esse expediente, governos totalitários e injustos são mantidos no poder perpetuamente,

enquanto puderem contar com governados que possuam este perfil.

O povo que apoia isto, o faz porque é amante da

injustiça e da impunidade.

Onde reina a impunidade, a iniquidade é praticada por muitos, por saberem antecipadamente, que não terão o risco de

sofrerem qualquer tipo de pena por seus crimes.

Segundo informações oficiais, já de há muito que a corrupção no Brasil surrupia cerca de 200

bilhões de reais todos os anos dos cofres

públicos.

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Por que isso acontece não apenas aqui, como em muitas outras nações?

Cremos que este provérbio responde em boa parte a esta pergunta.

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29 A condenação está preparada para os

escarnecedores, e os açoites para as

costas dos tolos.

O dito deste provérbio não é aplicável ao caso citado no provérbio anterior, senão naqueles

casos em que aqueles que têm a seu cargo o exercício do poder, em todas as instâncias e

esferas, o exercem em sua plenitude na busca

da aplicação real da justiça.

Aqueles que apoiam o que foi descrito no verso anterior, sendo escarnecedores da justiça por

meio de testemunhos vis, e os que defendem a

prática da iniquidade, pela omissão em defender o que é justo devem ser

exemplarmente penalizados, ou pelo menos

rechaçados, porque na falta disso, jamais haverá

uma sociedade que atue de maneira correta pelo temor das penas prescritas para os casos de

desobediência.

Já ouvimos que as chamadas nações desenvolvidas em que o povo age de maneira

cidadã isto não ocorre, porque sejam melhores

pessoas, sem pecados, do que as das demais

nações, mas porque há verdadeiro respeito à justiça e às autoridades, por causa do temor que

têm das pesadas penas que são estabelecidas

para os casos de transgressão da lei.

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Assim, em nações em que o costume aceito é o de se escarnecer da justiça, por se contar com a

impunidade, jamais se verá este exercício pleno

de cidadania ordeira, onde as leis são verdadeiramente respeitadas e cumpridas.