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Reformador 09 setembro_2006

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Setembro, 2006 / N o 2.130

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: LUIS HU RIVAS

Espiritismo e Educação – Juvanir Borges de Souza

Oração à Pátria brasileira – Marechal Deodoro da Fonseca

Brasil – Olavo Bilac

Fuligem – Richard Simonetti

Economia e Educação – Allan Kardec

Hereditariedade física e herança psíquica –

Ruy Gibim

Educação Espírita – Um tesouro a descobrir (Capa)

– Adilton Pugliese

Uma foto que fala por si... – Washington Luiz Fernandes

A violência doméstica para com os filhos –

Clara Lila Gonzalez de Araújo

Nos embates políticos – André Luiz

A origem dos vícios – Carlos Campetti

A minoria é que delinqüe – Marcelo Henrique Pereira

Em dia com o Espiritismo – A velhice –

Marta Antunes Moura

Poema da fraternidade – Cármen Cinira

Espírita não condena? – José Carlos Monteiro de Moura

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

Editorial

Auto-educação moral

Entrevista: Augusto Cezar Barbosa Brito

O intercâmbio favorece a difusão da Doutrina Espírita

Presença de Chico Xavier

Em marcha – Geminiano Brazil

Esflorando o Evangelho

O remédio salutar – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

41o Congresso Brasileiro de Esperanto – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Norte

Seara Espírita

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4 Reformador • Agosto 2006 332222

Editorial

Espiritismo é uma doutrina que traz esclarecimento, consolação e paz a

todos os que a conhecem. Com base em fatos e no uso da razão, ela nos

revela que: somos todos filhos de Deus, nosso Criador; somos Espíritos

imortais em constante aprimoramento intelectual e moral; os laços de afeição que

nos unem a amigos e familiares se mantêm mesmo depois da morte física; os valo-

res espirituais que conquistamos permanecem sempre conosco, enquanto os

valores materiais são de uso temporário e transitório; a reencarnação nos enseja

novas oportunidades de aprendizado e evolução; e as lições que Jesus nos legou em

seu Evangelho são expressões da Lei de Deus, que nos cabe colocar em prática para

atender à nossa necessidade de permanente evolução.

Esta convicção, que nos beneficia com uma grande serenidade e fortaleza de

ânimo para enfrentar os naturais desafios da existência, traz, também, uma grande

responsabilidade: a de estudar a Doutrina para melhor compreendê-la; a de divul-

gá-la para que outros dela também se beneficiem; e a de praticá-la, já que é pela sua

prática, de exercício intransferível e inadiável, que construímos nosso crescimento

espiritual. Conscientizando-nos dessa realidade, Allan Kardec, quando fala sobre

“Os Bons Espíritas”, observa: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transforma-

ção moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.1

O ato de trabalhar no próprio aperfeiçoamento, na conquista de novas virtudes,

na eliminação de nossos defeitos morais, na ampliação da nossa capacidade de

amar o próximo, no controle das nossas más inclinações, representa, na essência,

um esforço permanente de auto-educação moral à luz dos princípios espíritas.

Allan Kardec conceitua: A educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.2 Educar,

portanto, é formar hábitos, e educar para o bem é formar hábitos bons.

Provendo à necessidade de um parâmetro seguro para esse trabalho de auto-

-educação, Jesus nos trouxe não apenas ensinamentos, mas, acima de tudo, o exem-

plo que nos cabe seguir: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao

Pai senão por mim.3 Sigamo-lo e reeduquemo-nos.

O

Auto-educaçãomoral

1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVII, item 4.

2 ______. O livro dos espíritos. Questão 685. Comentário de Kardec.

3João, 14:6.

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o mundo atrasado em quevivemos a maioria de seushabitantes admira e busca

o que os seus sentidos elegem co-mo conquistas a realizar: a noto-riedade, a riqueza, o luxo, o fausto,a posição social, o prazer e todosos valores da vida material.

Entretanto, considerando o serimortal que todos somos, o Espíri-to eterno que está transitoriamenteligado a um corpo material pere-cível, os verdadeiros valores a serconquistados não estão no exterior,mas no interior de cada um: a inte-ligência e os sentimentos, forma-dores do caráter.

Como o Cristo já havia ensina-do há dois mil anos, também oEspiritismo, o Consolador por Eleprometido e enviado, vem ressal-tar a primordial necessidade daconstrução dos valores interiores,sem prejuízo do atendimento dasnecessidades secundárias.

Compreendendo a vida, nestemundo, a prática de inúmeros es-forços de ordem material, os ho-mens esqueceram sua condição deseres espirituais para dar ênfase atudo que se relaciona à fase transi-tória da vida ligada ao corpo.

Todos os mensageiros do Alto,desde remotas eras, tiveram apreocupação de lembrar a natu-reza espiritual do homem.

Os ensinos do Mestre Jesus res-saltam a finalidade da vida pre-sente e o caminho para o futuro,para o “reino dos céus” que se en-contra dentro de nós mesmos:

“Eu sou o caminho, e a verdadee a vida. Ninguém vai ao Pai, se-não por mim.” (João, 14:6.)

“O reino de Deus está dentrode vós.” (Lucas, 17:21.)

Por sua vez, o Consolador, aDoutrina Espírita, mostra a vida fu-tura do Espírito que deixa o corpofísico, no fenômeno que denomi-namos morte, para voltar ao mun-do espiritual, às Esferas que se des-tinam a acolher as almas das maisdiferentes condições evolutivas.

A compreensão dessa realidaderetifica os erros e enganos resul-tantes de crenças milenares sobreas finalidades da vida na Terra esuas conseqüências.

Pelos ensinos do Consolador,comprovados por múltiplas for-mas, através de experiências, reve-lações dos Espíritos Superiores einformações de entidades espiri-

tuais de variadas condições evolu-tivas, desmoronam-se as hipóte-ses acolhidas pelas religiões e filo-sofias tradicionais da existênciade um céu, um inferno e um pur-gatório destinados a acolher oschamados mortos.

Por outro lado, a realidade dasvidas sucessivas demonstra a ver-dade da doutrina reencarnacio-nista, conhecida há milênios, masrejeitada pelas igrejas cristãs e poroutras religiões, com graves pre-juízos para o conhecimento do po-sitivo, do real.

Essas retificações que dão ênfa-se aos ensinos morais do Cristo,formulados em linguagem figura-da para atender às condições decompreensão dos homens de suaépoca, estão claramente expostasna Doutrina Espírita em lingua-gem simples e inteligível para to-dos que se interessam pelas verda-des eternas.

A fé raciocinada e pura, baseadanos fatos e nas realidades e não emhipóteses em que a imaginação in-flui de maneira poderosa, mostra--nos o caminho certo que temos depercorrer para alcançar a perfeição.

Esse roteiro resume-se na edu-

Espiritismo eEducação

NJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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cação da mente e do coração. Con-siste na conquista dos conhecimen-tos e no aperfeiçoamento dos sen-timentos, vale dizer, é o progressointelectual e moral.

A educação consiste, pois, narealização dos objetivos principaisna vida de cada individualidade.

De acordo com as leis divinas,todos os homens podem realizaresse objetivo de crescimento, atra-vés da educação, para a busca dafelicidade.

O Espiritismo, mostrando o ca-minho para a conquista dos valo-res definitivos, é uma doutrina deeducação, em seu sentido lato, omais abrangente possível.

Falamos de educação como oprocesso e a realização dos objeti-vos superiores da vida.

No atual estágio em que se en-contram muitas nações, inclusiveo Brasil, confunde-se o conceitode educação com o de instrução.Assim, o nosso Ministério da Edu-cação cuida, na realidade, da ins-trução do povo, oferecendo diver-sos níveis de escolas para o apren-dizado das letras, dos números edas ciências, nos seus múltiplosaspectos.

A educação a que nos referimostem um sentido muito mais am-plo, abrangendo a instrução de to-dos os níveis e indo mais além, pa-ra alcançar todo o campo dos sen-timentos.

Não basta que o homem se ins-trua, ou se especialize em deter-minados conhecimentos de ordemcientífica, permanecendo moral-

mente atrasado, insensível, egoís-ta, orgulhoso, personalista.

O aperfeiçoamento moral, aolado do intelectual, é imprescindí-vel para que haja evolução do ser.

A Mensagem do Cristo se ex-pressa precipuamente em ensina-mentos morais, por saber Ele queos homens se preocupam maiscom o aperfeiçoamento intelec-tual e encontram maior dificulda-de nas aquisições morais.

Por isso, a educação do Espíritotem sempre como parâmetro aque-la Mensagem, renovada em seu realsentido e significado pela DoutrinaConsoladora, visando à renovaçãoíntima e à reeducação de todos quedespertam para o conhecimentodas verdades eternas.

A finalidade do Espiritismo,como doutrina de educação, é oaperfeiçoamento do homem, tan-to no campo moral quanto nointelectual.

Salvação, para nós, espíritasconvictos, deve ter a significaçãode obra de educação, no sentido dedesenvolver os poderes latentesdo Espírito.

Será através das idéias trazidaspelo Espiritismo, o Consolador,revivendo os ensinos do Cristo,que a Humanidade encontraráuma nova fase de progresso mo-ral, de que tanto necessita.

Combatendo o materialismomultifário e a incredulidade, ele seapóia nas leis divinas da Inteligên-cia Suprema, as quais asseguram atodos os homens, Espíritos imor-tais, a esperança em uma felicida-de futura a ser construída com oesforço e a vontade de cada um.

A força da Doutrina não seapóia em uma fé cega, mas em suafilosofia, calcada nos fatos, na ra-zão e no bom senso.

Para isso rejeita todas as supers-tições que a ignorância tem criado,e ressalta o que é real e positivo.

As idéias espíritas opõem-se atodos os abusos que se originamdo orgulho, do egoísmo e da igno-rância, as chagas humanas que es-tão na origem de todos os males.

Pela influência dessas idéias oshomens se tornam mais com-preensivos e mais justos uns comos outros e aprendem a amar, talcomo prescreveu Jesus.

A reeducação com base na No-va Revelação, esperada para a erado Espírito, afastará as teorias ne-gativistas, os dogmas, as doutrinassuperadas, os mistérios, as supers-tições e todos os desvios da verda-de, responsáveis em grande partepelo atraso moral em que se en-contra considerável parcela da po-pulação planetária.

Sempre será possível desenvol-ver os potenciais que existem emcada indivíduo.

O papel da educação é o dedesenvolver e aumentar o que jáexiste, em estado latente, noimo do ser.

Assim, as verdadesnão surgem do exte-rior, mas crescemno interior de nósmesmos, quandoexistem esforço e von-tade para isso e se escolheo caminho certo.

A educação éobra difícil,

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sacrificial em certo sentido, comodiz Emmanuel:

“A educação é obra de sacrifíciono espaço e no tempo e, atendendoà Divina Sabedoria – que jamaisnos situa uns à frente dos outrossem finalidades de serviço e reajus-tamento, para a vitória do amor –amemos nossas cruzes, por maispesadas e espinhosas que sejam,nelas recebendo as nossas mais al-tas e mais belas lições.” (Dicionárioda Alma, 5. ed. FEB, p. 100.)

Se todos somos regidos pelasleis divinas, certo é que a própriavida tem como função a educaçãodos Espíritos, para que se ajustemàs determinações do Criador.

A prática da lei de amor, porexemplo, pressupõe um aprendi-

zado prévio do Espírito que oconduz à modificação de senti-mentos e hábitos. Essa transfor-mação é obra de educação e umfator poderoso do progresso.

Mas, para se tornar completa, aobra de educação deve abrangerestudos e aprendizagem da vidamaterial, na Terra, e da vida espiri-tual após a morte do corpo físico.

Torna-se necessário despertara alma imortal para a vida emsua plenitude, que não cessa coma chamada morte.

Essa importante complementa-ção só a Doutrina Espírita podeoferecer, pelos conhecimentos queproporciona sobre o mundo invi-sível, já que as escolas do mundo,as academias de ciências, as filo-sofias e as religiões tradicionaisnão tomaram conhecimento darealidade da vida nos planos espi-rituais, para transmiti-la à Hu-manidade.

A missão do Consolador étambém a de modificar as con-cepções sobre a vida, que vêm dopassado, as quais não correspon-dem à realidade dos fatos e, con-seqüentemente, não podem ofere-cer uma obra de verdadeira edu-cação às massas humanas.

Enquanto os estabelecimentosde ensino, representados pelas es-colas em geral, preocuparem-sesomente com a instrução e nãocom a educação e enquanto pre-dominarem os erros concepcio-nais da vida, pela influência reli-giosa tradicional e pelo materia-lismo, seguidores do Consoladorterão o encargo honroso de sus-tentar a verdade, nos lares, nas ca-

sas espíritas, nos meios de comu-nicação e, sobretudo, na exempli-ficação, nessa ingente obra de re-educação, que haverá de produzirseus efeitos no futuro, com a per-cepção generalizada das realida-des.

Nas suas eternas manifestações,a vida não deve ser concebida ape-nas nas suas aparências em nossomundo.

A crença firme e perseveranteem Deus e no Cristo não vai sefindar no túmulo, mas desdobrar--se-á com a própria existência, emoutras formas de evolução e apre-sentação.

Todos os problemas da vida ma-terial terão soluções naturais quan-do o Espírito for reconhecido emsua natural condição, acima da ma-téria, porque sobrevive a ela.

O Consolador, nova fase das re-velações divinas, é a resposta ge-nerosa aos que não mais se satis-fazem com as antigas idéias, filo-sóficas e religiosas. Ele representao Cristo de volta, aclarando e com-pletando os próprios ensinos.

É por ele que se há de reeducar ohomem, extirpando-lhe o egoísmoe ensinando-lhe a religião do amor.

O processo educativo, atravésdo Evangelho do Cristo e do Espi-ritismo, será o grande fator natransformação dos hábitos huma-nos, carregados de egoísmo e deorgulho, em novas formas de vi-vência com fulcro na fraternida-de, na solidariedade, na caridade ena compreensão.

A Doutrina Espírita propõe umaobra de educação integral para omundo em que vivemos.

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Oração àPátria brasileira

Pátria brasileira!bençoada pela fulguranteluz das estrelas do Cru-zeiro do Sul, estás progra-

mada pelo Senhor da Vida paraque sejas, em futuro não distan-te, o centro de irradiação do Evan-gelho restaurado.

Enquanto a humanidade sofrea noite terrível que se abate so-

bre a Terra, e tu experimen-

tas, solo verdejante, a sombra do-minadora do descalabro moraldos homens, na Consciência Cós-mica que te gerou, estão defini-dos os desafios e rumos para quelogres as tuas conquistas em fu-turo próximo.

Dormem, nas montanhas emque te apóias e na intimidade daságuas oceânicas do Atlântico,que te banha de norte a sul, te-souros inimagináveis que te des-

tacarão mais tarde noconcerto eco-

nômico dasgrandes na-ções.

Embora aconspiração

deste momen-to contra as tuas

matas grandiosas,sobreviverás àsambições des-concertantes

de madeirei-

ros, pecuaristas e agricultoresdesalmados, e dos conciliábulosnefandos que lutam pela destrui-ção da tua Amazônia, que per-manecerá como o último pulmãoda Terra, sustentando a socie-dade que hoje se encontra semrumo.

Padeces, na conjuntura atual,a sistemática desagregação dosvalores ético-morais, políticos eemocionais, os mesmos que aba-lam o mundo, mas esses transi-tórios violadores do dever pas-sarão, enquanto persistirá a tuadestinação histórica, Pátria doporvir!

Conseguiste libertar-te da man-cha cruel da escravidão em eta-pas contínuas, que culminaramno gesto audaz da tua filha, quenão teve pejo de, na ausência dopai, pôr fim ao abuso da explo-ração impiedosa do negro, tam-bém teu filho, no eito terrível ehediondo da perversidade.

Logo depois, já livre do jugoda pátria-mãe que te humilhava,

pondo-te em subalterna situa-ção, aspiraste por vôos mais

A

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altos, que um dia se transforma-ram em liberdades democráticasque sorriram para ti, e o teu pa-vilhão verde, azul e amarelo tre-mulou, numa república, que a par-tir de então podia compartilhardo banquete internacional reali-zado pelos povos livres da Terra.

É certo que ainda estertoras,neste momento de desafios, quan-do a cultura cambaleia, a éticadesfalece, a moral se perverte eos direitos humanos esquecidossão postos à margem pelos domi-nadores ignorantes de um dia.

Tu, porém, sobreviverás a todaessa desdita, Brasil!

Compreende, neste momento,a desenfreada manobra dos ma-nipuladores da opinião pública e a daqueles que te dilapidam osvalores, transferindo-os para os pa-raísos fiscais da ignomínia e dainsensatez, porque esse hedion-do crime contra tua economia eos milhões de vidas, será de du-ração efêmera. Eles morrerão dei-xando tudo em contas secretas,em aplicações de que jamais seutilizarão...

Enquanto isso ocorre, gememno teu solo os filhos da miséria,ocultos nos escombros do aban-dono.

As tuas vielas, ruas e avenidasnos pequenos burgos do interior,nas metrópoles, vêem e sofreminermes, a desenfreada correria daviolência que se atrela ao selva-gem potro da morte, dizimandovidas, taladas em pleno alvore-cer.

Paga, porém, em paciência ecompaixão o preço da tua desti-

nação histórica, na tua condi-ção de futura pátria da paz e doEvangelho de Jesus.

Isto passará, e logo depois danoite sombria, uma aurora de es-peranças irá colocar-te no lugarque te está reservado, quando po-derás oferecer lições de miseri-córdia e de solidariedade ao mun-do que não perdoa, tu que te apre-sentas em forma de um grandecoração, simbolizando a afabili-dade e a doçura.

Oro por ti, Brasil, e por vós,brasileiras e brasileiros, na con-

dição de filho que também souda terra iluminada pela conste-lação do Cruzeiro do Sul.

Deodoro*

(Mensagem psicofônica recebida

pelo médium Divaldo Pereira Fran-

co, na sessão da noite de 16 de no-

vembro de 2005, no Centro Espírita

Caminho da Redenção, em Salva-

dor, Bahia.)

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Desde o Nilo famoso, aberto ao sol da graça,Da virtude ateniense à grandeza espartana,O anjo triste da paz chora e se desengana,Em vão plantando o amor que o ódio despedaça,

Tribos, tronos, nações... tudo se esfuma e passa.Mas o torvo dragão da guerra soberanaRuge, fere, destrói e se alteia e se ufana,Disputando o poder e denegrindo a raça.

Eis, porém, que o Senhor, na América nascente,Acende nova luz em novo continentePara a restauração do homem exausto e velho.

E aparece o Brasil que, valoroso, avança,Encerrando consigo, em láureas de esperança,O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.

Olavo Bilac

Brasil

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de além-túmulo. 17. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2004. p. 412. Edição Comemorativa – 70 anos.

*Marechal Deodoro da Fonseca. (Notados Editores da mensagem.)

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pó, o manuseio inade-quado, os retoques inde-vidos podem desfigurar a

tela de um grande pintor, enco-brindo seu brilho e beleza.

Quando os especialistas emrestauração, usando técnicas so-fisticadas, removem aquela sujei-ra, ficam maravilhados com o bri-lho e a beleza das cores antes es-maecidas.

Algo semelhante ocorre comtranscendentes princípios religio-sos, emanados da Espiritualidade.Plenos de beleza e sabedoria, estí-mulos divinos em favor do pro-gresso das coletividades terrestres,acabam encobertos pela fuligemdas imperfeições humanas.

Foi exatamente o que aconte-ceu com a Tábua da Lei, recebida,no Monte Sinai, por Moisés, con-siderada, à luz da Doutrina Espí-rita, como a primeira revelaçãodivina – a Justiça.

Nela está registrado, basica-mente, o que o Homem não deve

fazer – não matar, não roubar, nãotrair, não cobiçar, não mentir… –,enfatizando que nossos direitosterminam onde começam os di-reitos do próximo.

Àqueles princípios tão sim-ples foram acrescentadas cente-nas de outros, atribuídos a Moi-sés, em cinco livros: Gênesis, Êxo-do, Números, Levítico e Deute-ronômio. Constituem a Torá ou a Lei. Há neles belas imagens eorientações, mas, também, mui-ta fuligem.

Exemplo típico está no sacrifí-cio de animais e aves, como partedo culto judeu, algo que contrariao não matarás, sem distinção en-tre os seres viventes. E ainda in-ventaram o incrível bode expiató-rio! Uma cerimônia em que os pe-cados da comunidade eram trans-feridos para o pobre animal, queera sacrificado em seguida. E to-dos ficavam limpos.

Ainda em relação ao não ma-tarás, a fuligem humana gerou

uma profusão de penas de mor-te, até para atividades elementa-res, como rachar lenha no sába-do, transformando o direito dedescansar no sábado, dia consa-grado ao Senhor, na obrigaçãode não trabalhar.

Para contornar o respeitar paie mãe, contido na orientação di-vina, que implicava cuidar delesna velhice, os judeus inventaramo corbã. Tratava-se de uma reser-va de bens destinada ao Templo,com um detalhe: poderiam usarà vontade, menos para dar aosgenitores.

Diante do não cometer adulté-rio, adotaram a poligamia. Po-diam ter tantas mulheres quantaspudessem sustentar, o que não eradifícil naqueles tempos recuados,em que não havia indústria damoda, nem cosméticos.

Ao lado da Torá, completan-do o Velho Testamento, há o regis-

Fuligem

ORI C H A R D SI M O N E T T I

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tro das experiências de vários pro-fetas, com a transcrição de seus en-sinamentos.

A missão deles, médiuns degrande sensibilidade, era condu-zir o povo judeu pelos caminhosda integridade, da honestidade,do cumprimento dos deveres.

Mas, também, de permeio comas orientações espirituais que ema-navam de suas iniciativas, o tem-po acumulou grossa fuligem hu-mana, envolvendo orientaçõesterríveis, supostamente emana-das da divindade, quanto às pro-vidências a serem tomadas con-tra os infiéis.

Em Isaías (13:15-16):

Todo o que for achado será tres-passado; todo o que for apanhado,cairá à espada.

As suas crianças serão despeda-çadas perante os seus olhos; as suascasas serão saqueadas, e as suas mu-lheres violadas.

Em Jeremias (16:4):

Morrerão de enfermidades dolo-rosas e não serão pranteados nemsepultados; servirão de esterco paraa terra. Pela espada e pela fome se-rão consumidos e os seus cadáveresservirão de mantimento às aves docéu e aos animais da terra.

Em Ezequiel (9:5-6):

[…] feri; não poupe o vossoolho, nem vos compadeçais.

Matai velhos, jovens, virgens,meninos e mulheres, até extermi-ná-los…

Em Oséias (13:16):

Samaria virá a ser deserta, por-que se rebelou contra o seu Deus.Cairão à espada, seus filhos serãodespedaçados, e as suas mulheresgrávidas serão abertas ao meio.

Jesus limpou muito dessa fuli-gem humana sobre a Lei e os Pro-fetas.

Exemplo típico está em Ma-teus, (5:43-45):

Ouvistes o que foi dito: amarás oteu próximo e odiarás o teu inimigo.

Eu, porém, vos digo: amai os vos-sos inimigos e orai pelos que vos per-seguem, para que sejais filhos do vos-so Pai que está nos céus. Ele que fazque o seu sol se levante sobre mause bons, e envia chuva sobre justos einjustos.

Quando se reporta aos DezMandamentos, oferece desdobra-mentos significativos, um novobrilho, limpando a fuligem (Ma-teus, 5:27-28):

Ouvistes o que foi dito aos anti-gos: Não cometerás adultério.

Eu, porém, vos digo que qual-quer que olhar para uma mulhercom intenção impura no coração jácometeu adultério com ela.

Outro exemplo em Mateus(5: 21-22):

Ouvistes o que foi dito aos anti-gos: Não matarás; e quem matarestará sujeito a julgamento.

Eu, porém, vos digo que qual-quer que se encolerizar contra seuirmão, estará sujeito a julgamen-to [...].

E quando os fariseus reclama-vam que Ele viera destruir o Ju-daísmo, contestando os textos sa-grados, o Mestre respondia (Ma-teus, 5:17):

Não penseis que vim destruir alei ou os profetas; não vim para des-truí-los, mas para cumpri-los.

Jesus reporta-se ao que há deautêntico no Velho Testamento, en-volvendo Moisés e os Profetas.

O resto era mera fuligem hu-mana, descartável...

Assim como aconteceu comMoisés, a revelação de Jesus tam-bém ficou comprometida ao lon-go dos séculos, pelos acréscimos edescuidos do próprio movimentocristão, atrelado ao carro do podertemporal, dispostos seus líderes àassimilação das práticas exteriorese das fantasias do paganismo.

A missão do Espiritismo é lim-par essa fuligem e, assim como fezo Mestre em relação a Moisés,acrescentar algo ao Evangelho, apartir de um contato estreito como Mundo Espiritual.

A parte mais densa e compro-metedora diz respeito ao amorna-mento da crença.

Estar religioso, sem ser reli-gioso.

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Freqüentar a religião, sem cul-tivar religiosidade.

Exaltar a mensagem, sem vi-venciá-la.

Por isso, o Espírito Fenélondiz, em O Evangelho segundo o Es-piritismo, capítulo I, que a gran-de revolução proposta pela Dou-trina é de ordem moral. Não po-demos negligenciar a chamadareforma íntima, a principal fina-lidade da existência humana, aenvolver permanente esforço derenovação...

É importante não malbarataras oportunidades de edificação,o que temos feito ao longo dosmilênios, em sucessivas encarna-ções, envolvidos com a fuligemde viciações e mazelas.

Fundamental, nesse particular,que perguntemos todos os dias, anós mesmos:

– Estou combatendo minhasimperfeições?

– Estou melhor hoje do que fuiontem?

– Estou me relacionando bemcom as pessoas?

– Estou cultivando a verdade,sem chance para a mentira?

Levando em consideração aobservação de Jesus, de que mui-to será pedido a quem muito seofereceu, vale lembrar outra ad-vertência do Mestre (Mateus,7:21-23):

Nem todo aquele que me diz: –Senhor, Senhor! entrará no Reinodos céus, mas aquele que faz a von-tade de meu Pai, que está nos céus.

Muitos me dirão no último dia:– Senhor, em teu nome não pro-

fetizamos, em teu nome não expeli-mos demônios, em teu nome nãorealizamos prodígios?

E eu lhes responderei:– Pois, eu nunca vos conheci!

Afastai-vos de mim, vós que prati-cais a iniqüidade!

Pedindo antecipadas escusas avocê, leitor condescendente, atre-vo-me, em conclusão, a cometerum atentado à poesia:

Se almejas, por louvor,Jesus seguir, com decência,Resiste, em teu favor,À fuligem da displicência.

12 Reformador • Setembro 2006 333300

ão basta se diga ao homem que lhe corre o dever de traba-lhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existên-cia por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que

nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do tra-balho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciên-cia econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre aprodução e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possívelestabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais nãodeixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se nãocostuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômicanão passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a edu-cação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, po-rém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte deformar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é oconjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de in-divíduos que todos os dias são lançados na torrente da população,sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos,serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem?Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o ho-mem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para con-sigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitá-vel, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente osmaus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas cha-gas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o pontode partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurançade todos.

Fonte: O livro dos espíritos. 87. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Questão 685,Comentário de Kardec. Título atribuído pela Redação.

Allan Kardec

NEconomia e Educação

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Reformador: Quantos centros espí-ritas estão unidos à Federação Espí-rita do Amapá? Cezar: Atualmente são nove cen-tros espíritas, sendo que sete es-tão localizados na Capital e osoutros dois no interior, nas cida-des de Santana e Laranjal do Jari.Todavia, lembramos que nossoEstado possui apenas dezesseismunicípios.

Reformador: Quando foi fundadaa Federação Espírita e quais suasações principais?Cezar: Foi fundada em 1977. As

atividades principais estão rela-cionadas com as ações federativasde apoio aos centros espíritas. Nos-so Movimento Espírita é nascen-te e precisa do apoio da Federa-ção, que fomenta a preparação detrabalhadores para atender às suasnecessidades. Anualmente reali-zamos um planejamento de ati-vidades, procurando contemplarseminários nas áreas do EstudoSistematizado da Doutrina Espí-rita (ESDE), da Assistência Espi-ritual e da Mediunidade. Empre-gamos muito a modalidade de se-minários, coordenados por com-panheiros preparados para tal, dedentro e fora do Estado. Tambémmantemos atividades internas decentro espírita, procurando aten-der às várias reuniões recomen-

dadas no opúsculo Orientação aoCentro Espírita (Ed. FEB).

Reformador: Quais as relações daFederação com a Comissão Regio-nal Norte do Conselho FederativoNacional?Cezar: Consideramos de muitaimportância a participação nessasReuniões. Procuramos aproveitaras experiências propiciadas pelasReuniões das Comissões Regio-nais. Entendemos que ganhamosamadurecimento com elas paramelhorar o trabalho espírita emnosso Estado. Realizamos algunsintercâmbios com a União Espíri-ta Paraense e outras Federativas.

Reformador: Quais são as Cam-panhas patrocinadas pelo CFN quea FEAP implementa?Cezar: Aproveitamos a oportuni-dade da realização de eventos pro-movidos pela Federação, para es-timular as Campanhas Em Defesada Vida, Viver em Família e Cons-truamos a Paz Promovendo o Bem!.

O intercâmbio favorece adifusão da Doutrina Espírita

Augusto Cezar Barbosa Brito, presidente da Federação Espírita do Amapá,

foi entrevistado sobre o Movimento Espírita de seu Estado, do extremo Norte do País,

durante a Reunião da Comissão Regional Norte do CFN, realizada em Macapá

AUGUSTO CEZAR BARBOSA BRITOEntrevista

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No Amapá nos preocupamos comos temas da Campanha Em Defesada Vida principalmente suicídio eaborto.

Reformador: Há alguma razão es-pecial para priorizar os temas daCampanha Em Defesa da Vida?Cezar: Existe uma razão forte,pois temos observado que há umalto índice de suicídio no Estado.E também verificamos que muitaspessoas portadoras de depressãoprocuram os centros espíritas.

Reformador: Quais ações têm sidoimplementadas sobre a referidaCampanha?Cezar: As ações acorrem concomi-tantes com eventos de maior abran-gência. Trabalhamos muito coma divulgação acessível à Federação,incluindo distribuição de material ecartazes disponibilizados pela FEB,e inserções em programas de televi-são. Desde o início deste ano, quan-do iniciamos os preparativos parasediar a Reunião da Comissão Re-gional Norte do CFN, planejamosa efetivação de uma palestra sobre aCampanha citada. Houve grandemobilização prévia à palestra sobreo tema Em Defesa da Vida, com a

divulgação de cartazes, outdoors,participação em programas de TV.Foi um sucesso a palestra realizadapor Alberto Ribeiro de Almeida nasdependências do Teatro das Baca-beiras, no dia anterior ao início daReunião da Comissão Regional.

Reformador: Qual sua expectativasobre as comemorações dos 150 anosdo Espiritismo para com o Movi-mento Espírita do Amapá?Cezar: Entendo que haverá opor-tunidade para melhor conheci-mento da Doutrina Espírita. Es-pecificamente em nosso Estado éuma contribuição para vencer ospreconceitos religiosos ainda exis-tentes. Esta comemoração, comcerteza, ampliará as maiores in-formações sobre a Doutrina Es-pírita para o grande público.

Reformador: Há alguma participa-ção em programas radiofônicos e deTV?Cezar: A nossa participação seacentua nos momentos de prepa-ração de eventos. Ainda não dispo-mos de programas próprios, massempre recorremos a espaços damídia, para difundir atividades epensamentos espíritas. Estamostrabalhando com tal objetivo.

Reformador: Qual é a característicado Movimento Espírita no Amapá?Cezar: Constatamos que nas ati-vidades da Federação e dos cen-tros espíritas, as pessoas que asprocuram estão em busca de res-postas acerca dos problemas davida, que não as encontram emreligiões tradicionais. O trabalhoespírita está ganhando espaço emnosso Estado, devido à confiabi-lidade oferecida pelos centros es-píritas ao atenderem aos ques-tionamentos das pessoas. Há in-teresse crescente pelos livros es-píritas na livraria da Federação etambém temos informações deque tem aumentado sua procuraem livrarias leigas da cidade.

Reformador: Como dirigente deFederativa de um dos Estados maisnovos do País, o que diria aos espí-ritas de Estados mais antigos?Cezar: O nosso trabalho de difusãoda Doutrina Espírita confirma oideal daqueles que já operam hámuito tempo em Federativas e Es-tados mais tradicionais. Através dasvárias formas de comunicação, re-cebemos muitas informações quenos oferecem bases e sugestões pa-ra a nossa ação, tais como as pági-nas eletrônicas de várias Federa-ções Estaduais e da própria FEB.

ASSINE AGORA!(21) 2187-8264/8274

Reformador, a revista espíritamais antiga do Brasil

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justo não esquecermos que ainda somos seresem crescimento evolutivo, para retirarmos dotempo os valores e as vantagens imprescindí-

veis à nossa ascensão.A romagem no campo físico é a vida espiritual

noutro modo de ser, tanto quanto a luta, aquém damorte, é a continuação do aprendizado terrestre nu-ma expressão diferente.

Analisando a imensidade infinita dos mundos,agrupamo-nos na Terra em singela faixa vibratória,assim como determinada coletividade de pássaros damesma condição se congregam num trecho de flo-resta, ou como certa família de rãs, a reunir-se nofundo do mesmo poço.

Condicionados pelo nosso progresso reduzido,não assinalamos da gloriosa vida que nos cerca se-não ínfima parte, adstritos que nos achamos às es-treitas percepções do padrão sensorial que nos épróprio.

Com o corpo de carne, somos tarefeiros do mun-do, matriculados na escola da experiência predomi-nantemente objetiva, desfrutando um instrumentoprecioso, qual seja o veículo denso, em que o cérebro,com todos os implementos das redes nervosas, podeser comparado a um aparelho radiofônico de emis-são e recepção, funcionando no tipo de onda inferiorou superior a que nos ajustamos, e em que os olhos,os ouvidos, a língua, as mãos e os pés representamacessórios de trabalho, subordinados ao comando damente.

Além da morte, sem o vaso carnal, ainda somostarefeiros do mundo, fichados no educandário daexperiência predominantemente subjetiva, regis-trando os resultados das ações boas ou más, que nosdecidimos a mentalizar e estender.

Aprisionando-nos à carne ou libertando-nos dela,nascendo, morrendo, ressurgindo ao esplendor daimortalidade ou reaparecendo na sombra do Plane-ta, segundo a conceituação humana, vivemos em mar-cha incessante para os arquétipos que a Eternidadenos traçou e que nos cabe atingir.

Vós, que tendes encontrado em nossa companhiatantos problemas dolorosos de fixação mental nosEspíritos conturbados e sofredores, considerai co-nosco a importância do dia que foge.

Temos da vida tão-somente aquilo que recolhe-mos das horas.

O tempo é a sublimação do santo, a beleza doherói, a grandeza do sábio, a crueldade do malfeitor,a angústia do penitente e a provação do companhei-ro que preferiu acomodar-se com as trevas.

Dele surgem o céu para o coração feliz do bomtrabalhador e o inferno para a consciência intran-qüila do servidor infiel.

Façamos de nossa tarefa, qualquer que ela seja, umcântico de louvor ao trabalho, à fraternidade e aoestudo.

Sirvamos, amemos e aprendamos!Dilatemos o horizonte de nossa compreensão, are-

jando nossas almas e filtrando apenas a luz para quea luz nos favoreça.

E quanto a vós, em particular, vós que aindadetendes a valiosa oportunidade de contato com oindumento físico, evitai, ainda hoje, a ingestão domal, para não digerirdes lodo e fel amanhã.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. 8. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 20, p. 101-103.

15Setembro 2006 • Reformador 333333

É

Presença de Chico Xavier

Em marcha

Pelo Espírito Geminiano Brazil

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ara muitos psicólogos, pe-dagogos e educadores, a he-reditariedade é um fenôme-

no físico e, segundo eles, os ascen-dentes transmitem aos descenden-tes certas características psíquicas,através dos genes.

Nós que estudamos o homempsicossomático como um todo, le-vando em consideração as estru-turas física, mental e espiritual, sa-bemos perfeitamente que os filhosherdam dos pais apenas a estrutu-ra, a conformação, a pigmentaçãoe o grupo sangüíneo, alusivos àfiliação corpórea. Não podemosignorar a hereditariedade psíqui-ca, que envolve um processo com-plexo, decorrente das conquistas doEspírito em vidas passadas.

Isto significa que a criança aorenascer traz a herança de si mes-ma, na estrutura psicológica dodestino, reavendo o patrimôniode realizações e das dívidas queacumulou, a se lhe gra-varem no ser, em for-ma de tendências ina-tas, e reencontrandoas pessoas e as cir-cunstâncias, as sim-patias e as aversões,as vantagens e as di-

ficuldades, com as quais se acheafinizada ou comprometida.

Jamais os pais poderão trans-mitir geneticamente aos filhos seus conhecimentos, suas expe-riências, suas conquistas éticas emorais, seus valores, suas con-vicções, seus sentimentos e suasvirtudes.

O corpo físico, a forma ou amáscara são diferentes em cadaexistência, mas a consciência ésempre a mesma, com a obriga-ção de aprimorar-se, ante a bên-ção de Deus.

Sem o conhecimento da lei dareencarnação, que explicações nósteríamos para justificar as desi-gualdades: físicas, morais, intelec-tuais, sociais, raciais e temporais?

Ou que explicações teríamos paraas crianças superdotadas, geniaisou precoces?

Segundo a lei de ação e reação,os espinhos ou as flores que co-lhemos hoje são a herança de on-tem, porque recebemos o que doa-mos e colhemos o que semeamos.

Através da História das civiliza-ções, podemos encontrar homensilustres e sábios que tiveram filhosboçais, tolos, ignorantes e medío-cres, e encontramos também ho-mens simples, humildes e igno-rantes que tiveram filhos famososnos campos científico, filosófico,religioso, além de outros que sedestacaram nas artes, na música,na pintura e na técnica.

A realidade é que todos nós játivemos vidas incontáveis e traze-mos na memória as experiências

adquiridas e as conquistas al-cançadas na ronda dos milê-nios, motivo pelo qual a nossafamília consangüínea é a so-matória de reflexos agradá-veis e desagradáveis que o pas-sado nos devolve, através donascer, morrer, renascer e pro-gredir sempre: esta é a reali-dade sem a qual não haveriaJustiça Divina.

Hereditariedade físicae herança psíquica

PRU Y GI B I M

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os registros históricos daHumanidade encontrare-mos inúmeras anotações

em torno do esforço do homempara lograr as chamadas reformassociais.

Desde que entendeu o valor davida grupal e que o composto fa-miliar, por exemplo, se constituiem importante célula da socie-dade organizada, os indivíduos deformação humanística elabora-ram procedimentos, leis e estu-dos, e fomentaram movimentosno sentido de conceder aos gru-pos humanos aspectos positivosde vida cidadã.

Inesquecíveis movimentos so-ciais libertários se destacaram naHistória, a exemplo da RevoluçãoFrancesa (1789), cujo lema Liber-

dade, Igualdade, Fraternidade, seconsiste na trilogia de ideais re-formistas e de bem-estar do indi-víduo.

Conceitos socialistas-marxistaspromoveram na Rússia e em ou-tros países da Europa a Revoluçãodo Proletariado, embora as dis-torções praticadas nesse ideário enesse afã da libertação do homemdo sistema exageradamente capi-talista.

Após as grandes guerras mun-diais, as nações do mundo busca-ram unir-se na conquista das solu-ções para as disparidades sociaisda crise da fome, da violência, doabuso do poder. Em 1945 surgiu aOrganização Mundial dasNações Uni-das (ONU), e

posteriormente, outras institui-ções, com notáveis finalidades dealcance social, entre elas a preser-vação do meio ambiente, muitasvezes afetado por ações precipita-das e egoísticas do homem.

Congressos, simpósios, encon-tros, conclaves, têm sido realiza-dos, com debates calorosos e par-ticipação de estudiosos, de inte-lectuais, de especialistas, de cien-tistas e de dirigentes governamen-tais, elaborando-se documentos eanais, enriquecidos com metas e estatísticas voltadas à conquistado bem-estar e da segurança parao habitante terrestre.

Contudo, todo esse esforçopara alcance das reformas so-ciais, tem sido muitas vezesalvo do fracasso, para desilu-

Um tesouro a descobrirEducação Espírita

NAD I LTO N PU G L I E S E

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são dos idealistas e da populaçãomundial.

Em várias partes a fome domi-na e graves enfermidades dizimammilhões de seres; a violência pare-ce estar em toda esquina das gran-des metrópoles; o meio ambienteé afetado por gases tóxicos emface do descontrole no uso dos re-cursos naturais ou industrializa-dos; a corrupção domina mentescontaminadas pela febre do poder,atingindo homens públicos e pro-movendo a revolta do homem sim-ples, que se sente lesado e traídoem sua boa-fé.

Muitos perguntam: como solu-cionar tão graves questões?

Entendemos que, enquanto seprocurar a reforma social sem aindispensável e profilática reformamoral, inúteis serão os esforços.

E a alavanca da reforma moralchama-se... educação.

Conta-se que Licurgo, célebreorador e político ateniense, que vi-veu entre 396 e 323 a.C. “fora, cer-ta ocasião, convidado para falar so-bre a Educação. Aceitou o convite,sob a condição de lhe concederemtrês meses de prazo. Findo essetempo, apresentou-se perante nu-merosa e seleta assembléia, queaguardava, ávida de curiosidade, apalavra do consagrado tribuno.

Licurgo apareceu, então, trazen-do consigo dois cães e duas lebres.Soltou o primeiro mastim e umadas lebres. A cena foi chocante ebárbara. O cão avança furioso sobrea lebre e a despedaça. Soltou, em se-guida, o segundo cachorro e a outralebre.Aquele pôs-se a brincar com alebre amistosamente. Ambos os

animais corriam de um lado para ooutro, encontrando-se aqui e acolápara se afagarem mutuamente.

Ergue-se, então, Licurgo na tri-buna e conclui, dirigindo-se aoseleto auditório:

‘Eis aí o que é a educação. O pri-meiro cão é da mesma raça e ida-de que o segundo. Foi tratado ealimentado em idênticas condi-ções. [Mas qual a diferença entreeles?] A diferença entre eles é queum foi educado e o outro não’”,1 efoi deixado aos seus instintos pri-mários. Educar, disse então Licur-go – é criar hábitos consideradossaudáveis. Educar é desenvolver asaptidões inatas da criatura que,estando adormecidas, devem diri-gir-se para o bem geral. Educar épreparar o indivíduo para realiza-ções nobilitantes. (Grifamos.)

Allan Kardec, o insigne Codifi-cador da Doutrina Espírita, em OLivro dos Espíritos, enfatiza a im-portância da arte de educar, consi-derando-a como “[...] o conjuntodos hábitos adquiridos”.2 Com essaassertiva compreendemos, então,que as raízes das atitudes compor-tamentais atormentadoras, indi-viduais e grupais, são origináriasdo modo de ser adquirido em ou-tras existência, que teria de ser“reformado” ou “reeducado”.

Para tanto, somente a educaçãologrará êxito.

Neste momento, estudiosos daPedagogia e o relatório da Comis-são Especial da Organização dasNações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura (Unesco), sob acoordenação do educador francêsJacques Delors (1925-), intitulado

Educação, um Tesouro a Descobrir,“valioso documento norteadorpara pessoas, instituições e naçõesque vêem na ação educacional ocaminho do real progresso dassociedades em particular e da Hu-manidade”, apontam os quatro pi-lares de uma educação para o séculoXXI – Aprender a Conhecer, Apren-der a Fazer, Aprender a Conviver eAprender a Ser – visando à revo-lução e renovação sociais que omundo deseja.3

A educação espírita, fazendouma analogia com essas propos-tas, pode oferecer, igualmente, osseus quatro pilares para uma edu-cação espírita para todos os séculose que poderão vencer os desafiosdas transformações almejadas:

1. Aprender a conhecer a exis-tência de Deus, a sua ação pro-videncial no mundo e a amá-loacima de todas as coisas;

2. Aprender a fazer o destino,conhecendo a lei da reencarnaçãoe a lei de causa e efeito;

3. Aprender a conviver com ainfluência dos Espíritos encarna-dos e desencarnados, amando opróximo como a si mesmo;

4. Aprender a ser um Espíritoimortal em evolução.

Edgar Morin (Paris, 1921-), filó-sofo, sociólogo e historiador fran-cês, em sua obra Os Sete Saberes Ne-cessários à Educação do Futuro, nocapítulo “A Ética do Gênero Huma-no”, declara que “as interações en-tre indivíduos produzem a socieda-de e esta retroage sobre os indiví-duos” e que “a cultura, no sentidogenérico, emerge destas interações,reúne-as e confere-lhes valor”. Em

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seguida, tece comentários sobre oensino da ética do futuro e define ospassos da “missão antropológicado milênio”: “Trabalhar para a hu-manização da Humanidade; alcan-çar a unidade planetária na diversi-dade; respeitar no outro, ao mesmotempo, a diferença e a identidadequanto a si mesmo; desenvolver aética da solidariedade; desenvolvera ética da compreensão e ensinar aética do gênero humano”. 4

Em O Livro dos Espíritos, o Co-dificador apresenta, igualmente, ossaberes espíritas sobre educação,destacando a sua importância pa-ra a conquista da sociedade tipifi-cada em O Evangelho segundo o Es-piritismo, futura habitante dosmundos venturosos ou felizes, onde“[...] as relações, sempre amistosasentre os povos, jamais são pertur-badas pela ambição, da parte dequalquer deles, de escravizar o seuvizinho, nem pela guerra que daídecorre [...]” e onde “[...] o homemnão procura elevar-se acima do ho-mem, mas acima de si mesmo, aper-feiçoando-se [...]”.5

“Por que indícios se pode reco-nhecer uma civilização comple-ta?”, pergunta Kardec (q. 793 de OLivro dos Espíritos). Respondem asEntidades amigas: “[...] Reconhe-cê-la-eis pelo desenvolvimentomoral”. Em seguida, do pensamen-to lúcido e impregnado da vastaexperiência pedagógica do mestredo Espiritismo são anotados osseguintes comentários à referidaquestão: “[...] De duas nações, quetenham chegado ao ápice da esca-la social, somente pode conside-rar-se a mais civilizada, na legíti-

ma acepção do termo, aquelaonde exista menos egoísmo, me-nos cobiça e menos orgulho [...];onde a vida do homem, suascrenças e opiniões, sejam me-lhormente respeitadas [...] ”.6

Intensificando o diálogo comos Espíritos em torno do saber es-pírita da educação, esboça a per-gunta que receberia o registro denúmero 796: “No estado atual dasociedade, a severidade das leispenais não constitui uma necessi-dade?” “Uma sociedade deprava-da [respondem os Espíritos], cer-tamente precisa de leis severas. In-felizmente, essas leis mais se desti-nam a punir o mal depois de feito,do que a lhe secar a fonte. Só aeducação poderá reformar os ho-mens, que, então, não precisarãomais de leis tão rigorosas”.

Avançando no tema, em notacomplementar à pergunta 917,após a exposição do Espírito Féne-lon sobre “o meio de destruir-se oegoísmo”, o educador lionês sensi-biliza-se com a inteligente e vigo-rosa resposta e comenta: “[...] Po-derá ser longa a cura [do egoísmo],porque numerosas são as causas,mas não é impossível. Contudo, elasó se obterá se o mal for atacadoem sua raiz, isto é, pela educação,não por essa educação que tende afazer homens instruídos, mas pelaque tende a fazer homens de bem.A educação, convenientementeentendida, constitui a chave doprogresso moral. Quando se co-nhecer a arte de manejar os carac-teres, como se conhece a de mane-jar as inteligências, conseguir-se-ácorrigi-los, do mesmo modo que se

aprumam plantas novas. [...]” (To-dos os grifos são nossos.)

Podemos concluir então que aessência do Espiritismo é a educa-ção e que a educação espírita é umtesouro a descobrir. Os mapas pa-ra a descoberta desse tesouro estãodisponíveis, há quase um século emeio, graças à promessa de Jesuse ao esforço hercúleo do grandeeducador que foi Allan Kardec.

Referências:1MENEZES, Lydienio Barreto de. In: A edu-

cação à luz do espiritismo. 3. ed. CELD.

1994. Cap. I, p. 18-19.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 87.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Comentário

de Kardec, questão 685.3Internet www.infoutil.org/4pilares.4MORIN, Edgar. Os sete saberes necessá-

rios à educação do futuro. 4. ed. Unesco,

2001. p. 105.5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo, 125. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. III, item 10, p. 81.6______. O livro dos espíritos. 87. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2006. Questões 793, 796

e 917.

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esta foto tirada há poucosmeses, reproduzida porvários jornais da América

do Norte e também do Brasil(Brasília, Pernambuco, etc.), apa-rece o menino mexicano de 6anos, Maximiliano Arellano, fa-zendo uma palestra (durou 45 mi-nutos) sobre Osteopo-rose, na UniversidadeAutônoma do México,para os médicos. Na fo-to vê-se o auditório lo-tado por médicos (deroupa branca) ouvin-do atentamente a pre-leção de Maximiliano.Como o púlpito eramuito alto, ele teve quesubir numa cadeira. Suaprematura memória econhecimento eclodi-ram aos 2 anos, mas sua mãe, Sra.Alejandra de Noé, além do inte-resse do filho por ciência médi-ca, esclareceu que ele tem tam-bém passatempos de crianças co-muns (video game, natação, etc.).Maximiliano já fez palestra atésobre Anatomia Cardiovascular.

Os pais (nenhum deles é médico;ele tem um irmão de 10 meses)estão em entendimento com a di-retoria da citada Universidade pa-ra tentar incluí-lo nos cursos damesma. O diretor da Faculdadede Medicina, Roberto Camacho,disse que Maximiliano fala de Fi-

siopatologia com o linguajar deum residente. Este fato interessamuito aos espíritas, pois idéias ina-tas são indício de um conheci-mento espiritual anterior. Não hácomo explicar que Maximiliano,de 6 anos, possa fazer palestra pa-ra médicos na Universidade, se-

não admitindo que ele tenha ad-quirido conhecimentos em vidaspassadas. Bom que se diga queisto nada tem a ver com geniali-dade, mas apenas que seu conhe-cimento anterior está se manifes-tando precocemente. Se o diretorda Faculdade reconheceu que

Maximiliano fala comlinguajar de um resi-dente; então seria omesmo que um resi-dente fazer palestra naUniversidade, o que na-da teria de estranho.Mas, no caso, quemestá palestrando é ummenino que revela co-nhecimento de adulto.Se ele não for estimu-lado a desenvolver seusconhecimentos, inva-

riavelmente ocorre que quandovier a fase adulta acabará toda acuriosidade, pois o seu conheci-mento será o mesmo de um resi-dente de Medicina.

De qualquer forma, fatos comoeste servem para que vejam os quetêm olhos de ver!

Uma foto quefala por si...

NWA S H I N G TO N LU I Z FE R NA N D E S

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“Confessai as vossas culpas uns aos outros,

e orai uns pelos outros para que sareis.”

(TIAGO, 5:16.)

O remédio salutar

doença sempre constitui fantasma temível no campo humano, qual se a

carne fosse tocada de maldição; entretanto, podemos afiançar que o núme-

ro de enfermidades, essencialmente orgânicas, sem interferências psíquicas,

é positivamente diminuto.

A maioria das moléstias procede da alma, das profundezas do ser. Não nos repor-

tando à imensa caudal de provas expiatórias que invade inúmeras existências, em

suas expressões fisiológicas, referimo-nos tão-somente às moléstias que surgem, de

inesperado, com raízes no coração.

Quantas enfermidades pomposamente batizadas pela ciência médica não passam

de estados vibratórios da mente em desequilíbrio?

Qualquer desarmonia interior atacará naturalmente o organismo em sua zona

vulnerável. Um experimentar-lhe-á os efeitos no fígado, outro, nos rins e, ainda

outro, no próprio sangue.

Em tese, todas as manifestações mórbidas se reduzem a desequilíbrio, desequilí-

brio esse cuja causa repousa no mundo mental.

O grande apóstolo do Cristianismo nascente foi médico sábio, quando aconse-

lhou a aproximação recíproca e a assistência mútua como remédio salutares.

O ofensor que revela as próprias culpas, ante o ofendido, lança fora detritos psíqui-

cos, aliviando o plano interno; quando oramos uns pelos outros, nossas mentes se

unem, no círculo da intercessão espiritual, e, embora não se verifique o registro

imediato em nossa consciência comum, há conversações silenciosas pelo “sem-fio”

do pensamento.

A cura jamais chegará sem o reajustamento íntimo necessário, e quem deseje

melhoras positivas, na senda de elevação, aplique o conselho de Tiago; nele, possuí-

mos remédio salutar para que saremos na qualidade de enfermos encarnados ou

desencarnados.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de luz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 157, p. 351-352.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

A

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e certa feita, ao finali-zarmos uma palestraespírita sobre a afabi-

lidade e a doçura, virtudesanalisadas no capítulo IX, deO Evangelho segundo o Espi-ritismo,1 um companheiroaproximou-se de nós e ob-servou: “Este assunto é bas-tante conhecido dos espíri-tas e todos já devem ter cons-ciência da necessidade de agircom bondade, especialmen-te em seu meio familiar”.

Após a colocação do pre-zado irmão, ficamos a pen-sar, longamente, sobre assuas palavras. Estariam os es-píritas realmente conscien-tes da necessidade de seme-lhante conduta moral? Com-preenderiam, na vivência desuas experiências cotidia-nas, a importância de obser-varem, inexoravelmente, a leide amor e de caridade? Co-

mo se portariam no seio fa-miliar, onde a benevolênciae a fraternidade devem seralicerces para a consolida-ção da harmonia entre oscorações?

A compreensão do que se-ja violência doméstica, à luzdo Espiritismo, não se re-veste da verdadeira clarezasobre o problema e, ao bus-carmos as orientações nostextos dos Espíritos Superio-res, percebemos, perplexos,que esta situação pode ocor-rer em alguns lares espíri-tas, ferindo, profundamen-te, a quantos a enfrentamcomo provas salvadoras.

Allan Kardec, ao avaliar anecessidade de sermos maisdóceis e afáveis, no citadocapítulo de O Evangelho se-gundo o Espiritismo, item 4,afirma que simples palavras,emitidas de forma intem-

A violência doméstica

UMA ABORDAGEM À LUZ DO ESPIRITISMO

para com os filhos

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DCL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

“Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”

(Mateus, 5:5 e 9.)

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pestiva, podem causar conse-qüências graves para aqueles queas transmitem: “[...] É que todapalavra ofensiva exprime um sen-timento contrário à lei do amor eda caridade que deve presidir àsrelações entre os homens e man-ter entre eles a concórdia e aunião; é que constitui um golpedesferido na benevolência recí-proca e na fraternidade; é queentretém o ódio e a animosidade;é, enfim, que, depois da humilda-de para com Deus, a caridade paracom o próximo é a lei primeira detodo cristão”.2

Assim, ser agressivo, violento,hostil, com a intenção de causardano ou ansiedade nos outros, nãosignifica só bater, ferir fisicamen-te, lesar materialmente, mas utili-zar expressões verbais com o in-tuito de depreciar e atacar as pes-soas é prejudicá-las, é magoá-lasde maneira grave e humilhante.

No relacionamento familiar, oproblema da agressão verbal ocor-re, quase sempre, a partir das difi-culdades que os pais encontramna criação dos filhos. Para muitos,não elevar a voz de modo excessi-vamente contundente e autoritá-rio seria renunciar a qualquer ten-tativa educacional. Os adultos pa-recem ignorar que a obediêncianão é coisa que surja espontanea-mente. É por meio de um traba-lho interior que a criança poderácompreender e aceitar as solicita-ções dos outros, sem estar a elesincondicionalmente dependente ecom isso construir-se a si mesma,tornar-se uma pessoa equilibradae autônoma.

A infância e a adolescência pas-sam por várias etapas em seu de-senvolvimento e, sem os cuidadosde uma educação salutar e bemencaminhada, é natural que os fi-lhos reajam com maior ou menorinsegurança, que pode levá-los acomportamentos aberrantes, ex-pressão de sua angústia profunda,conforme as circunstâncias em queessas experiências lhes são impos-tas e do meio em que vivem. Aospais cabe o dever de amá-los, edu-cando-os, sem exigir que se trans-formem em cópias vivas deles mes-mos, desrespeitando suas caracte-rísticas individuais. Certos pais sóconseguem manifestar ternura demodo extremamente possessivo,como se não conseguissem atingirum grau de compreensão que lhesseria necessário para atender às ca-rências reais de seus filhos.

Os Benfeitores espirituais nosadvertem: “[...] Com efeito, ponde-rai que nos vossos lares possivel-mente nascem crianças cujos Espí-ritos vêm de mundos onde contraí-ram hábitos diferentes dos vossose dizei-me como poderiam estarno vosso meio esses seres, trazen-do paixões diversas das que nutris,inclinações, gostos, inteiramenteopostos aos vossos; como pode-riam enfileirar-se entre vós, senãocomo Deus o determinou, isto é,passando pelo tamis da infância?

[...] A delicadeza da idade in-fantil os torna brandos, acessíveisaos conselhos da experiência e dosque devam fazê-los progredir [grifonosso]. Nessa fase é que se lhespode reformar os caracteres e re-primir os maus pendores. [...]”3

Na maioria das vezes, porém,não utilizamos as palavras paraconsolar e edificar. Não nos pre-paramos para o diálogo e a vonta-de sincera de esclarecer e orientaros filhos, especialmente, quandose recusam em satisfazer às nossasexigências. No plano inconscien-te, suas próprias recusas podemser tidas como a resultante de vá-rios desejos insatisfeitos, e suasrespostas, contrárias aos nossosdesejos, se transformam na únicamaneira que conhecem para secomunicar conosco.

O Espírito Emmanuel, em maisuma de suas expressões de sabe-doria, ao refletir sobre a signifi-cância da língua como centelhadivina do verbo, observa que ohomem costuma desviá-la de suaverdadeira função, originando-seaí as grandes tragédias sociais,quase sempre da conversação dossentimentos inferiores e reconhe-cendo “[...] que a sua disposição ésempre ativa para excitar, dispu-tar, deprimir, enxovalhar, acusar eferir desapiedadamente”.4

Ao chegarmos à fase em que es-sas manifestações atinjam certograu de exteriorização habitual,certamente nos afastamos dos en-sinamentos cristãos, como se fôs-semos, no entender do Espírito Lá-zaro,“[...] homens, de exterior be-nigno, que, tiranos domésticos,fazem que suas famílias e seus su-bordinados lhes sofram o peso doorgulho e do despotismo, como aquererem desforrar-se do cons-trangimento que, fora de casa, seimpõem a si mesmos. [...] Envai-decem-se de poderem dizer: ‘Aqui

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mando e sou obedecido’, sem lhesocorrer que poderiam acrescen-tar: ‘E sou detestado’”.5

Sabemos que a banalização daviolência nos meios de comuni-cação e sua inserção na vida coti-diana influem no comportamen-to de nossos filhos, fazendo comque se tornem vítimas e algozes,ao mesmo tempo. Mas a violênciatambém encontra respaldo noambiente onde a criança e o jo-vem estão inseridos. Afirmam ospsicólogos e educadores que “re-forçar condutas agressivas con-duz a um aumento das expressõesobserváveis de agressão, bem co-mo a uma generalização de res-postas agressivas a outras situa-ções”.6 Ou seja, se a criança foragredida pelos adultos, no perío-do da infância, poderá, quandojovem e adulta, deixar-se influen-ciar por modelos agressivos, nãosó para aliviar sua raiva e hostili-dade como também para atingiros objetivos desejados.

Quando isso acontece, dificil-mente achamos que os filhos re-tratam os nossos exemplos. Naquestão 582, de O Livro dos Espí-ritos, a resposta dada pelos Espí-ritos a Kardec, sobre a missão dapaternidade, orienta-nos quantoà possibilidade de virmos a fa-lhar no grandíssimo dever de edu-car os seres que geramos: “[...]Muitos há, no entanto, que maiscuidam de aprumar as árvoresdo seu jardim e de fazê-las darbons frutos em abundância, doque de formar o caráter de seufilho. Se este vier a sucumbir porculpa deles, suportarão os des-

gostos resultantes dessa queda epartilharão dos sofrimentos do fi-lho na vida futura, por não teremfeito o que lhes estava ao alcancepara que ele avançasse na estradado bem”.7

As lições de Jesus – o incompa-rável Mestre, o consumado pedago-go, o excelso psicólogo –, são sem-pre oportunas em todas as épocasda Humanidade! Ao anunciar, noSermão do Monte, que devería-mos ser brandos e pacíficos repor-ta-se aos humildes de espírito,cujos corações estejam alijados doorgulho e do egoísmo e sem se-mear a cizânia em todos os cam-pos de ação onde exerçam suasatividades. O orgulho, não pro-cura, assim como o egoísmo, ba-se para apoiar as suas reações. Ma-nifesta-se com ou sem motivosque o justifiquem. Há pais que aose sentirem melindrados no seuexcessivo amor-próprio transfor-mam-se em verdadeiras feras, in-sultando e agredindo, em defesado que denominam autoridade!

A humildade não se compati-biliza com a violência de ação,uma vez que a violência é sempreo oposto da compreensão, dabenevolência, da mansuetude e dapaz. A luta na exclusão do mal de-ve ser uma constante em nossasvidas, reagindo, com firmeza, sem-pre que sentirmos o perigo quenos ameaça, especialmente quan-do deixarmos de orientar os nos-sos filhos para que não venham asucumbir aos desenganos e ilu-sões do mundo material. Nossoscorações, no entanto, devem sersimples, pacientes e amorosos ao

aconselhar, destituídos de sober-ba e prepotência, iluminados pe-las claridades do Evangelho, quedespertam nas almas os verdadei-ros sentimentos de caridade e fra-ternidade.

A melhor maneira de ajudar-mos aqueles que nos são caros éevangelizando-os, pois os proble-mas existenciais e espirituais doser serão esclarecidos à luz daDoutrina dos Espíritos e do Evan-gelho de Jesus, no cumprimentoda assertiva divina que recomen-da: “Buscai primeiramente o rei-no de Deus e a sua justiça, quetodas essas coisas vos serão dadasde acréscimo”. (Mateus, 6:33.)

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. IX, itens 1 a 6, p. 171-174.2______. item 4, p. 172. 3 ______.O livro dos espíritos. Tradução

de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2006. Questão 385.4XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Es-

pírito Emmanuel. Ed. especial. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2005. Cap. 170, p. 353-354.5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. IX, item 6, p. 173.6MUSSEN, CONGER, KAGAN. Desenvol-

vimento e personalidade da criança. 4.

ed. São Paulo: Editora Harbra, 1977.

p. 308-309.7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Questão 582.

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ituar em posição clara e de-finida as aspirações sociaise os ideais espíritas cris-

tãos, sem confundir os interessesde César com os deveres para como Senhor.

Só o Espírito possui eterni-dade.

Distanciar-se do partidarismoextremado.

Paixão em campo, sombra emtorno.

Em nenhuma oportunidade,transformar a tribuna espírita empalanque de propaganda política,nem mesmo com sutilezas como-vedoras em nome da caridade.

O despistamento favorece a do-minação do mal.

Cumprir os deveres de cidadãoe eleitor, escolhendo os candida-tos aos postos eletivos, segundo osditames da própria consciência,sem, contudo, enlear-se nas ma-lhas do fanatismo de grei.

O discernimento é caminho pa-ra o acerto.

Repelir acordos políticos que,com o empenho da consciênciaindividual, pretextem defender osprincípios doutrinários ou aliciarprestígio social para a Doutrina,em troca de votos ou solidarieda-de a partidos e candidatos.

O Espiritismo não pactua cominteresses puramente terrenos.

Não comerciar com o voto doscompanheiros de Ideal, sobre quema sua palavra ou cooperação pos-

sam exercer alguma influência.

A fé nunca será produto paramercado humano.

Por nenhum pretexto, condenaraqueles que se acham investidoscom responsabilidades administra-tivas de interesse público, mas simorar em favor deles, a fim de quese desincumbam satisfatoriamen-te dos compromissos assumidos.

Para que o bem se faça, é preci-so que o auxílio da prece se con-traponha ao látego da crítica.

Impedir palestras e discussõesde ordem política nas sedes dasinstituições doutrinárias, não ol-vidando que o serviço de evange-lização é tarefa essencial.

A rigor, não há representantesoficiais do Espiritismo em setoralgum da política humana.

André Luiz

“Nenhum servo pode servir a dois senho-

res.” Jesus. (Lucas, 16:13.)

Fonte: VIEIRA, Waldo. Conduta espírita.

28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 10,

p. 46-48.

Nos embatespolíticos

S

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questão da origem dos ví-cios é muito complexa eexige acurada pesquisa,

análise e meditação. Em funçãodessa mesma complexidade e dapobreza de nossa capacidade atualde sondar nossas próprias origens,não há possibilidade de se esgotar oassunto. Dessa forma, faremos ape-nas algumas considerações comotentativa de entender um poucomais tão intrincada problemática.

Para dirigir nossa análise, vamosexaminar a questão do interessepessoal e sua relação com os víciosdo indivíduo.

Curiosamente, ao apresentar osignificado da palavra interesse emseu dicionário, Aurélio Buarquede Holanda Ferreira, em certomomento, liga o verbete à expres-são “vantagem pessoal”. Vejamos:

“Interesse [...] S.m. 1. Lucro ma-terial ou pecuniário; ganho. 2. Par-te ou participação que alguém temnalguma coisa: Qual o seu interessena firma? 3.Vantagem, proveito; be-nefício: Só age em seu próprio inte-resse. 4. Aquilo que convém, queimporta, seja em que domínio for.5. Sentimento de cobiça; avidez. 6.Procura de vantagem pessoal, deproveito. 7. Sentimento de zelo,

simpatia, preocupação ou curiosi-dade por alguém ou alguma coisa:Demonstra interesse pela menina;Tem interesse por assuntos científi-cos. 8. Empenho: Não tenho interes-se na resolução do caso. [...]”

Como se evidencia, apesar daconotação tendente ao negativo, oproblema não está propriamenteno interesse, que pode apresentaraspectos positivos. Afinal, para fa-zer o bem ao próximo é necessáriointeressar-se positivamente por ele.

Allan Kardec e os Espíritos Supe-riores dizem que o egoísmo funda-menta-se no sentimento do interes-se pessoal na questão 914 de O Livrodos Espíritos; e, na 917, afirmam que“[...] o egoísmo assenta na impor-tância da personalidade [...]”. O in-teresse pessoal se qualifica comosendo exclusivo, exclusivista. O in-divíduo não estaria propriamentededicado à sua evolução espiritual,mas interessado em superar os de-mais, em ganhos, quaisquer que se-jam, que não pretenderia, não dese-jaria, não teria interesse em com-partilhar com outros. Ele se julgariao mais importante, com direitos ex-clusivos e merecedor de privilégiosem relação aos demais. Nessa situa-ção, ainda que tivesse interesse em

compartilhar algo, teria a preocu-pação de reservar a melhor partepara si, de garantir primeiro o seulado, depois pensaria nos outrosem um âmbito restrito.

Mas essa atitude não é a que ca-racteriza o mais forte, o mais aptoa sobreviver pela lei da seleção na-tural? Não faria parte do instintode sobrevivência, pelo menos en-tre os seres mais inferiores da Na-tureza? O ser humano não teriaherdado parte desses instintos noprocesso de evolução?

O que diferencia a espécie ani-mal da humana? As duas possueminteligência, mas só a última temcapacidade moral. O homem édotado de instintos e estes sãomais fortes quanto menos evoluí-do ele é. Precisa trabalhar para oseu desenvolvimento, de formaque a razão sobrepuje os instintose ele deixe de ser governado pelasleis mecânicas que regem a vidados seres menos evoluídos, desti-nadas a garantir sua sobrevivênciae dar as condições necessárias aoseu desenvolvimento nos primei-ros estágios de evolução.

Cabe ao ser humano desenvolvera capacidade de governar o própriodestino, sendo responsável pelo

A

A origemdos vícios

CA R LO S CA M P E T T I

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uso do livre-arbítrio, da razão, nabusca cada vez mais ampla da com-preensão do significado da vida,que, para ser plena, implica a con-cretização de uma existência ética –no sentido de reguladora das rela-ções com os demais seres. Porém,mais do que isso, a concretização deuma conduta moral, inspiradora enorteadora do desenvolvimentointegral do ser para o cumprimen-to do objetivo de sua existência,cuja meta é o uso pleno da razão acaminho da conquista da intuição.

Quanto mais evoluído, menosinteresse em relação à personalida-de, menos apego ao que é pessoal,maior submissão à vontade deDeus, mais dedicação ao bem dopróximo, maior luz interior. Quan-to mais interesse pessoal, mais res-trito está o ser ao mundo do ego,mais preocupado em defender seuspontos de vista, seu mundo, seusobjetivos particulares. Quanto maislivre do interesse pessoal, mais oindivíduo se dedica ao próximo,pois sabe que o seu interesse estáresguardado pela Justiça Divina.Quanto mais desinteressado de simesmo, mais cresce, pois se libertada jaula do ego para conhecer ouniverso do eu profundo que seidentifica com as potências supe-riores da alma.

O Espiritismo não incentiva ointeresse pessoal, ainda que a pre-texto da busca de evolução, pois, aocontrário, o interesse pessoal difi-culta o processo evolutivo do ser.Quem quer que racionalize dessaforma equivocada pode estar in-terpretando mal o pensamento daDoutrina, ou não consegue enten-

der o sentido profundo do ensina-mento. É possível, ainda, que, aoouvir os expositores que abordamo tema, esteja restringindo o con-ceito à sua própria capacidade deentendimento. O Espiritismo in-centiva o interesse pelo bem, queprecisa ser construído dentro decada um, fato que possibilitará asintonia com o bem externo. Masse o indivíduo tem desejo pessoalna conquista do bem que está foradele dificilmente o alcançará, poiso bem não pode ser somente dele:é de todos. O que ele precisa con-quistar é a si mesmo, submetendo ointeresse pessoal, o culto à persona-lidade, e permitindo o surgimentodo amor. Assim, o bem passa a exis-tir nele, da mesma forma que estános demais e em todo o Universo.

Desse modo, pode-se afirmarque a raiz do problema está nointeresse pessoal, pois é nele quese fundamentam o egoísmo e to-dos os demais vícios, inclusive ainsegurança, que é falta de con-fiança na Providência Divina eem si mesmo. O egoísta é pro-fundamente inseguro. Não con-fia em ninguém, nem mesmoem Deus, porque desconfia de si,da própria capacidade de com-partilhar com os demais. Comopossui interesse pessoal, concluique todos também o possuem eage, doentiamente, para ga-rantir sua primazia em rela-ção a tudo. A raiz do proble-ma está, desse modo, no inte-resse pessoal, porque ele é aantítese da caridade, da supre-ma capacidade de renúnciapessoal em favor de outrem.

Deus não nos deu o interessepessoal. Deu-nos as condições decaminhar para Ele, para aprendercom Ele e com os que cresceramantes que nós, no compartilhar davida. Quando, por interesse pes-soal, nos recusamos, querendo avida só para nós, morremos (filo-soficamente) no engano, para re-nascer posteriormente, quando en-tendermos o profundo significadoda caridade, no exercício da qualnão há espaço para o interesse pes-soal, por mínimo que seja. A partirdaí, todo aperfeiçoamento indivi-dual é buscado como forma de me-lhor servir à grande obra da vida,gerida pelo Criador.

O tema é complexo, difícil,pois, de esgotá-lo. Vale aguardar ofuturo. O estudo e a experiêncialevam naturalmente a mais pro-fundas análises e melhores con-clusões sob a inspiração de nos-sos Benfeitores espirituais.

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uando nosso olhar repou-sa sobre a observação doconturbado meio social

em que vivemos, na constância dosproblemas de inter-relacionamen-to humano, seja na proximi-dade dos meios que freqüen-tamos, seja, de modo geral,na descrição de fatos atravésdos meios de comunicação,em lugares distantes de nós,pode-se chegar a uma con-clusão (diríamos, apressadae parcial) do panorama mun-dial, que nos levaria à seguin-te conclusão: que planeta di-fícil e complicado o nosso!

No meio acadêmico, quan-do questionamos nossos alu-nos acerca das leis, da justi-ça e dos atos jurídicos, costu-mamos afirmar: “A minoriaé que delinqüe, necessitandoser afastada do convívio so-cial, em estabelecimentos pe-nitenciários. A maioria (daspessoas) que forma a Sociedadeé formada por indivíduos bons!”

Antes que o leitor possa ali-nhar um “rosário” de exemplos de

situações fáticas em que o mal es-teja presente e atuante, gerandoconflitos, dissabores e sofrimentos,seja por exemplos pessoais ou,até, pela descrição do noticiário

policial de todos os dias, deve-mos descortinar um horizontemais amplo e, por conseguinte,se possível, desejável seria uma

acurada reflexão; e, como conse-qüência, a revisão de nossos “con-ceitos”.

O mundo não é tão ruim as-sim e, conforme já acentuaram

os Emissários espirituais, obem é tímido e o mal, rui-doso e insinuante, parecedominar nosso orbe. (Ques-tão 932 de O Livro dos Espí-ritos.)

Na prática, o que aconte-ce tem direta relação com oestágio de transição por quepassa o Planeta, salientadopelos Espíritos de escol, co-mo de condução para o pla-no regenerativo. Em nossopresente (e isto já vem ocor-rendo há considerável tem-po), muitos Espíritos vêm re-cebendo aquilo que se deno-mina de “derradeira chance”(não no sentido estrito, total,mas em termos de acompa-nhamento, por parte deles,

da progressão do mundo em quecoabitam), no sentido de que oaproveitamento da existência po-derá representar, para aqueles que

A minoria éque delinqüe

QMA RC E LO HE N R I Q U E PE R E I R A

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lograrem êxito, a permanência naTerra, enquanto para os que, infe-lizmente, ainda sucumbirem aospróprios desacertos, representaráa transferência compulsória (emface do mecanismo da Justiça Uni-versal) para plano compatível comsua estatura espiritual, mesmo queem estágio cultural e tecnológicoinferior ao da conjuntura terre-na de agora.

Isto porque, ao serem convida-dos à reencarnação, os indivíduosrecebem, como incumbência de-rivada do planejamento encarna-tório, o compromisso de supera-ção, readequando comportamen-tos e condutas, resgatando débi-tos pretéritos e experimentandoprovas capazes de, quando bemrealizadas, credenciarem-nos adias melhores.

Por isso, mesmo que muitossucumbam, constata-se que as pri-sões reúnem um número limita-do de seres que, não sabendo con-viver em sociedade, são dela pri-vados, em função de sua pericu-losidade ou nocividade às comu-nidades em que conviviam, atéque, teoricamente reabilitados (ou,na prática, cumprida a pena a queforam condenados), possam re-tornar ao cenário social.

Em paralelo, em número mar-cantemente maior figuram as cria-turas que, em tese, não comete-ram delitos (dizemos em tese,porque há, como se sabe, fugiti-vos da Justiça e pessoas que, mes-mo processadas, têm o direito deresponder processos em liberda-de, por força de diversos expe-dientes processuais) e, portanto,

a priori, podem ser enquadradascomo “corretas” e justas (até pro-va em contrário, claro).

No prisma espiritual, todavia,exsurge um tópico que merecede nós acurada percepção e en-tendimento: a conduta na atualexperiência encarnatória. Não bas-ta, assim, não ser mau, não agirnegativamente, em prejuízo dosdireitos do próximo. É preciso fa-zer mais!

Se à vida social interessa, pri-meiramente, que os “inocentes”estejam livres, a vida espiritualpermite que os Espíritos “apro-veitem” a atual trajetória, adian-tando-se em progressão, rumo àplenitude. Lembrando Jesus, de-vem os “homens de bem” deixarde lado o padrão “morno” deconduta, aquele que se materiali-za no “talvez”, no “não sei”, no“pode ser”, no “tanto faz”, quan-do, do contrário, a conduta do serespiritualizado deve ser “quente”ou “fria”, no sentido de seu falarser “sim, sim” e “não, não”, desdeque cabível esta ou aquela mani-festação.

O que mais vemos, desafortu-nadamente, são comportamentos“insossos”, “indiferentes” ou “neu-tros”, que configuram a estagna-ção ou o estacionamento do ser,que não avança, deixando de gal-gar importantes e decisivos de-graus à frente na trajetória evo-lutiva; embora não aja maliciosa-mente, prejudicando seus patrí-cios, nada opera de positivo tan-to em relação a si mesmo quantoaos semelhantes, e, no contextoglobal, nada acrescenta à melho-

ria da atmosfera do plano emque vive. Se não delinqüe, pelomenos não agrava (ainda mais)seus débitos encarnatórios comnovos erros, embora sua existên-cia possa, no conjunto, ser consi-derada imotivada ou, até, fútil,por não atingir, o indivíduo, o de-siderato de progressividade quecaracteriza cada encarnação.

Finalmente, se nos é possívelapor um conselho útil, que pro-curemos olhar o mundo “com ou-tros olhos”, para perceber, aindaque timidamente expostos, atosque configurem exemplos a se-rem seguidos e enaltecidos. Emverdade, nos acostumamos tantoa perceber os pontos negativos, osdefeitos das coisas, que, às vezes,nos tornamos indiferentes aobem que opera ao nosso derredor,seja porque nossa visão e nossaatenção estão voltadas, apenas etão-somente, para nossos interes-ses individuais, ou, ainda, em vir-tude de que, envoltos nos proble-mas e nas dificuldades inerentes ànossa condição de experimenta-ção, deixamos passar ao largo al-gumas oportunidades de obser-vação de outros indivíduos, bus-cando neles a inspiração para asmudanças qualitativas de que tan-to necessitamos.

Então, amigo, mãos à obra! Nãoé bom nem adequado perder tem-po! Nossa mora no processo detransformação, em termos espi-rituais, representará, com certe-za, a delinqüência de não-aprovei-tamento da vida material para ofim de evolução espiritual. Cui-de-se e vença a si mesmo!

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arece contraditório, mas apopulação idosa do Planetaestá envelhecendo. Segundo

o prestigioso U. S. Bureau of Cen-sus, cerca de três milhões de ame-ricanos têm atualmente 85 anosou mais. É o segmento da popula-ção dos Estados Unidos que reve-la maiores taxas de crescimento,abrangendo o surpreendente va-lor de 274% entre 1960 e 1994, pe-ríodo no qual a população idosaduplicou e a população total cres-ceu somente 45%. No Brasil asituação é semelhante. O relatórionacional sobre envelhecimento dapopulação brasileira – documentoelaborado sob a coordenação doMinistério das Relações Exterio-res e com efetiva participação derepresentantes oficiais dos Esta-dos e da sociedade civil – indicaque os brasileiros com idade aci-ma de 60 anos, que representa-vam, em 1940, 4% da população,passaram para 9% no ano 2000.

Além disso, tem aumentado o nú-mero de pessoas com idade acimade 80 anos, que totalizava 166 mil,em 1940, e quase 1 milhão e 800mil em 2000 (representando 12,6%da população idosa e 1% da po-pulação total).

Divaldo Pereira Franco entendeque a “questão da idade é mais psi-cológica do que real. Certamente[afirma], do ponto de vista fisioló-gico, o organismo, à medida que otempo avança, tende a diminuir asua flexibilidade, o seu equilíbrio,a harmonia das funções. Entretan-to, preservadas suas atividadespelo trabalho e equilíbrio emocio-nal, logra manter-se sem maioresdanos. É possível conservar a me-mória ativa, adquirir novos co-nhecimentos e realizar abençoadasexperiências”.1 Destacamos as pa-lavras-chave “trabalho” e “equilí-brio emocional”.

As orientações dos modernostratados de gerontologia especifi-

cam que o trabalho é de suma im-portância para o idoso. Foi-se otempo em que a pessoa idosa eraconsiderada “inativa” porque ob-teve aposentadoria, ou “incapaz”por ser velha, sendo, em geral, re-legada a segundo plano nas rela-ções familiares e sociais. Entende--se, hoje, que a manutenção da sa-nidade física e mental da pessoaidosa inclui, necessariamente, umaatividade laboral, remunerada ouvoluntária, física ou intelectual,que lhe cause satisfação e que pos-sa ser exercida de acordo com suaspossibilidades.

Neste sentido, o Estatuto do Ido-so, em vigor desde 1o de janeiro de2004, determina que o poder pú-blico fica responsável por criar pro-gramas de profissionalização paraidosos e estimular projetos sociaisvoltados para maiores de 60 anos.Além disso, também deve criar es-tímulos para que as empresas pri-vadas admitam trabalhadores ido-

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P

A velhiceEm dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Que os velhos sejam sóbrios, respeitáveis, sensatos, fortes na fé, na caridade e

na perseverança. (Epístola do apóstolo Paulo a Tito, 2:2.)

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sos (artigo 28). “[...] é indispensá-vel que a nossa vontade abraceespontaneamente o trabalho poralimento de cada dia”,2 esclareceEmmanuel. Entretanto, não bastatrabalhar por trabalhar, ou, con-soante a afirmação do autor de Ave,Cristo!:

“Não vale, contudo, agir poragir.

As regiões infernais vibram re-pletas de movimento.

Além do trabalho-obrigação quenos remunera de pronto, é neces-sário nos atenhamos ao prazer deservir.

Nas contingências naturais dodesenvolvimento terrestre, o espí-rito encarnado é compelido a es-forço incessante [...].

Cativo, embora, às injunções doplano de obscura matéria em quetransitoriamente respira, pode, po-rém, desde a Terra, fruir a venturado serviço voluntário aos seme-lhantes todo aquele que descerreo espelho da própria alma aos re-flexos da Esfera Divina.

O trabalho-ação transforma oambiente.

O trabalho-serviço transformao homem”.3

O equilíbrio emocional é outroponto fundamental. Por precon-ceito ou desinformação, há quemconfunda a fragilidade física dosidosos com desequilíbrio psíqui-co. Uma coisa não guarda relaçãocom a outra. Em países desenvol-vidos há programas sérios, gover-namentais e não-governamentais,destinados à promoção e à preser-vação da saúde física e mental dosmais velhos. “No Japão, a idade

avançada é símbolo de status. [...]Na comemoração do sexagésimoaniversário de um homem, eleveste colete vermelho que simbo-liza o renascimento para uma faseavançada da vida.[...] Nos EstadosUnidos [...] o envelhecimento éconsiderado indesejável. Emboratodo mundo queira viver pormuito tempo, quase ninguémquer ser velho, palavra que temconotação de fragilidade física,mentalidade estreita, incompe-tência e perda de atratividade.Eufemismos como senhor de ida-de e idade de ouro são respostas aopreconceito de idade – preconceitoou discriminação, geralmentecontra pessoas mais velhas, combase na idade”.4

A Doutrina Espírita nos ensinaque o equilíbrio espiritual se ob-tém pelo conhecimento aliado àprática da caridade. Qualquer umde nós, independentemente daidade ou saúde, tem condições defazer o bem, preservando, assim,o próprio equilíbrio. O modelo aseguir, ainda segundo Emmanuel,é simples: “[...] inspiradosna lição do Senhor, osvanguardeiros do bemsubstituem os vales daimundície pelos hos-pitais confortáveis;combatem vícios

multimilenários, com orfanatos e creches; instalam escolas, onde acultura jazia confiada aos escra-vos; criam institutos de socorroe previdência, onde a sociedademantinha a mendicância para osmais fracos. E a caridade, comogênio cristão na Terra, continuacrescendo com os séculos, atra-vés da bondade de um Franciscode Assis, da dedicação de um Vi-cente de Paulo, da benemerênciade um Rockfeller ou da fraterni-dade do companheiro anônimoda via pública, salientando, valo-rosa e sublime, que o Espírito doCristo prossegue agindo conoscoe por nós”.5

Considerando que o CentroEspírita é escola de formação es-piritual e moral, um núcleo deestudo, de fraternidade, de ora-ção e trabalho, deve, nesse con-texto, desenvolver ações de aten-dimento aos idosos, amparan-do-os na velhice.

Velhos ou moços, o que impor-ta é o que realizamos de bom e deútil na vida. São, pois, atuais estas

orientações transmitidaspor Jesus a Simão Pedro,

registradas por Hum-berto de Campos:

“[...] se fôssemoscontar o tempo, na

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ampulheta das inquietações hu-manas, quem seria o mais velhode nós? A vida, na sua expressãoterrestre, é como uma árvore gran-diosa. A infância é a sua rama-gem verdejante. A mocidade seconstitui de suas flores perfuma-das e formosas. A velhice é o fru-to da experiência e da sabedoria.

Há ramagens que morrem depoisdo primeiro beijo do sol, e floresque caem ao primeiro sopro daprimavera. O fruto, porém, é sem-pre uma bênção do Todo-Pode-roso. A ramagem é uma esperan-ça; a flor uma promessa; o frutoé realização. Só ele contém o do-ce mistério da vida, cuja fonte se

perde no infinito da Divinda-de!...”6

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Laços de família. Por

autores diversos. Org. Antonio Cesar Perri

de Carvalho. São Paulo: USE, 1994. p. 53.2XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida.

Pelo Espírito Emmanuel. 16. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 7, p. 35.3Idem, ibidem. p. 36-37.4PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W. De-

senvolvimento humano. Traduzido por Da-

niel Bueno. 7. ed. Porto Alegre: Artmed,

2000. Cap. 16, p. 492.5XAVIER, Francisco C. Roteiro. Pelo Espíri-

to Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2004. Cap. 16, p. 73.6_____. Boa nova. Pelo Espírito Humber-

to de Campos. Ed. Especial. Rio de Janei-

ro: FEB, 2006. Cap. 9, p. 75.

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Poema da fraternidadeA vida é sempre a iluminada escola.Compadece-te e ajuda no caminho.Por toda parte, há dor que desconsolaE toda gente aguarda a leve esmolaDo sorriso, da prece, do carinho...

Nem sempre vês quem chora e necessita.Há muita treva, muita sede e fomeEscondidas em laços de ouro e fita,E, em tudo, há muita máscara bonitaOcultando a miséria que consome.

Quanta cabeça se ergue à luz douradaNa multidão festiva que fulgura!E, a sós, pende tristonha e desvairada,Aturdida no horror da própria estrada,chorando de aflição e de amargura!...

Quanto sonho padece ao desabrigo!Quanta mágoa contida, vida a fora!...Auxilia, do príncipe ao mendigo,Não atrases o abraço doce e amigo,Que o companheiro espera, desde agora.

Que a boa luta te não desagrade.Sê mais amplo no esforço da harmonia...Semeia a glória da Fraternidade!Sem a luz da União e da Amizade,Não há bênçãos da Paz e da Alegria.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Correio fraterno. 6. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 16, p. 45-46.

Cármen Cinira

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e 15 a 19 de julho do corrente ano, participa-mos, em Campinas (SP), do 41o CongressoBrasileiro de Esperanto, organizado pelo

Centro Cultural de Esperanto daquela cidade, sob osauspícios da Liga Brasileira de Esperanto.

Não obstante tratar-se de um encontro de âmbitonacional, a presença de congressistas oriundos daArgentina, Estados Unidos, Espanha, França, Polô-nia, Japão e Coréia do Sul deu um toque de interna-cionalidade ao evento, ainda mais evidenciando aspotencialidades da Língua Internacional Neutra co-mo instrumento ideal para uma comunicação justa,fraterna e democrática entre os povos: nenhum in-térprete, nenhum gasto com traduções, nenhum cons-trangimento nas comunicações e, portanto, acessofranco de todos a quaisquer atividades.

A peça com que o engenheiro e pedagogo DavidBianchini faria a abertura solene do Congresso – de-dicada ao valor da paz, da união fraterna, da concór-dia, como fatores absolutamente condicionantes pa-ra um efetivo, verdadeiro progresso da Humanidade– já prenunciava a excelência do programa com queos esperantistas de Campinas brindariam os con-gressistas ali reunidos. Literatura, Ciência, Arte, Reli-gião, História do Movimento Esperantista Brasileiro,Cinema, forneceram temas sugestivos a expositoresde todas as idades, sempre com alto nível de conhe-cimentos, a demonstrar a vitalidade do idioma, suaplena aptidão para, com base em um fundamentoneutro, exprimir o pensamento e o sentimento hu-manos, em todas as suas riquíssimas nuanças.

Como não se ilustrar e edificar diante de um fecun-do trabalho sobre Machado de Assis, com destaque pa-

ra um marco em sua genial produção literária – o con-sagrado Memórias Póstumas de Brás Cubas – em bri-lhante exposição do Dr. Paulo Sérgio Viana, de Lorena(SP), que também teve lançada, durante o Congresso,sua bela versão em esperanto da referida obra?

Inesquecível, também, a palestra do maestro ecompositor Alfredo Aragón sobre instrumentos mu-sicais, gêneros de composição, tudo agradavelmenteilustrado com a audição de fragmentos de obras dosgrandes compositores universais.

Tocante e impregnada de reverência a preleção doengenheiro Floriano Pessoa sobre o talento inexcedí-vel de Porto Carreiro Neto, evidenciado em dezenasde traduções magistrais para a Língua Internacional.

Sobre muitos outros itens do programa, igual-mente excelentes, poderíamos discorrer, mas a issonos impede a exigüidade do espaço. Basta-nos desta-car, como excelência entre as excelências, o clima in-variavelmente fraterno, de positiva neutralidade, fa-

41o Congresso Brasileirode Esperanto

D

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A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Pedro Cavalheiro (centro) e Alfredo Aragón (direita), presidentes,respectivamente, da Liga Brasileira de Esperanto e da Associa-ção Esperantista do Rio de Janeiro

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vorecido pela prática doidioma e de seus ideais,que reinou de modoabsoluto entre os idea-listas ali congregados.

Os espíritas-espe-rantistas reuniram-se,

para trabalhos específi-cos de sua área, em doisdias consecutivos. No do-mingo, sob a coordenaçãode nosso estimado co-idea-lista Givanildo Ramos Cos-

ta, reunimo-nos para ouvir o mesmo Paulo SérgioViana a respeito do tema “As idéias de Zamenhof ea Doutrina Espírita”, quando fomos levados a refle-xionar sobre a perfeita harmonia existente entre aética de ambos os movimentos; acerca do carátermissionário de Zamenhof, o iniciador do esperanto;e sobre sugestivas semelhanças entre aspectos da Dou-trina e da Língua Internacional Neutra. Sobre esteassunto voltaremos no próximo número, quandoapresentaremos o texto-resumo da preleção de PauloSérgio Viana.

Na segunda-feira, aconteceu o “Encontro dos Ami-gos da Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz (So-cieto Lorenz)”, entidade com programa bem definidode divulgação do Espiritismo entre os esperantistas edo esperanto entre os espíritas.

Sob os auspícios da Societo Lorenz, proferimos apalestra sobre o tema “Evangelho, Espiritismo, Espe-ranto – Fundamentos da Nova Era”, e foi lançado,

com a presença da autora,Márcia de Castro Soares,o livro Mi Eksterkorpe(Eu, fora do corpo),criação original em es-peranto sobre suas ex-periências no campo daProjeciologia.

Nossa preleção, assazlonga para que se possaaqui transcrevê-la, con-sistiu numa visão sobreas perspectivas futurasdos três grandes ideais – Evangelho, Espiritismo,Esperanto –, destacando-lhes a identidade de princí-pios e objetivos no campo da ética e a influência po-sitiva que a sua associação exercerá progressivamen-te nas relações entre indivíduos e povos, aproximan-do-os no terreno da neutralidade positiva, isto é, dorespeito recíproco entre as diversidades de toda na-tureza, assim construindo a unidade que se alicerçano mandamento supremo – amar a Deus sobre todasas coisas e ao próximo como a si mesmo.

As sementes generosamente espalhadas no encontrode Campinas assegurarão belas florações no futuro,cujos primeiros reflexos se manifestarão no próximoano de 2007, quando no Rio de Ja-neiro, em novo Congresso na-cional, será comemoradoo primeiro centenário defundação da Liga Bra-sileira de Esperanto.

Julieta Dulce de Souza, na abertura do “Encontrodos Amigos da Sociedade Lorenz”

Benedicto Silva (esq.)é entrevistado por

Givanildo Ramos Costa

Márcia de Castro Soares,no lançamento de seulivro Mi Eksterkorpe

Affonso Soares, durantesua alocução

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1. Existe, na tradição forense,uma idéia segundo a qual os es-píritas são os jurados que melhoratendem aos interesses da defesa,uma vez que, de acordo com a vozcorrente, “espírita não condenaninguém”. Durante mais de trin-ta anos de atuação na tribuna dojúri, não conseguimos comprovaro acerto dessa afirmativa. Cons-tatamos, isto sim, uma grande ten-dência condenatória entre os se-guidores das religiões reformadas,e uma acentuada indefinição en-tre os católicos, que ora pendem

para um lado, ora para o outro.Como constituem a maioria douniverso religioso brasileiro, são,por conseguinte, os mais visadose os que mais sofrem as influên-cias de toda sorte a que se achamsujeitos os jurados de um modogeral. Por isso, torna-se difíciluma conclusão mais concreta arespeito de suas tendências. Ocerto é que as mais absurdas de-cisões do Tribunal do Júri, tantoabsolutórias como condenató-rias, partem, geralmente, de con-selhos de sentença dos quais não

participam seguidores de outroscredos religiosos. Atualmente,com crescimento da Igreja Uni-versal, e de outras que guardamsemelhança com ela, o fenômenovem perdendo sua força, sobre-tudo no que tange à aceitaçãopela sociedade dos chamados“crentes”, o que nem sempre acon-tece com relação ao Espiritismo eaos espíritas.

2. Nenhum argumento sérioautoriza a existência desse proce-dimento, a não ser o preconceito eo radicalismo religioso. Durantealgum tempo, quando ainda nãoconhecíamos nada de Espiritismo,aceitamos tal entendimento semmaiores indagações e sem a me-nor preocupação de sondar a suaveracidade. Agimos, neste caso,com a tranqüilidade própria dosignorantes. Mais tarde, já devida-mente esclarecidos a seu respeito,constatamos que tudo não passa-va de mais um dos enormes equí-vocos que boa parte das pessoasalimenta quanto a ele, Espiritis-mo. Verificamos, por outro lado,que os jurados espíritas condena-vam ou absolviam, tanto quantoos demais.

Espírita nãocondena?

JO S É CA R LO S MO N T E I RO D E MO U R A

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É de se lamentar, no entanto,que essa falsa visão não se acharestrita apenas aos não-espíritas,porquanto é perfilhada por mui-tos que se dizem adeptos da Dou-trina. Trata-se de um dos muitosproblemas que a perspicácia deAllan Kardec detectou, conformese pode ver no capítulo XXIX,item 334, de O Livro dos Mé-diuns. O termo espírita carrega,no entendimento vulgar, uma sé-rie de conotações eivada de errose de preconceitos. Abrange umuniverso enorme, que vai desdeos integrantes do sincretismo re-ligioso, sob as suas variadas de-nominações, até aos seguidoresdos cultos e das seitas em que oexotismo ocupa o lugar de maiordestaque, passando, ainda, pelasinúmeras veredas de quantos sedefinem espiritualistas. Essas for-mas de religiosidade, embora me-recedoras de respeito, não guar-dam nenhuma afinidade com aDoutrina dos Espíritos, e a con-fusão, consciente ou inconscien-te, que se estabeleceu entre elas eo Espiritismo, enseja raciocíniose ilações inteiramente distantes daverdade, como a de se imputaraos espíritas uma conduta dealienação em face das questõessociais. Essa atitude os acompa-nharia também, quando convo-cados a julgar seus irmãos pelocometimento de um ilícito penal,cujo julgamento se inscreve norol dos que são da competênciado Júri Popular, fixada pelo arti-go 5o, XXXVIII, da ConstituiçãoFederal.

3. O raciocínio peca, contudo,

pela total ausência de razão. Aoespírita não é vedado julgar, ain-da que desse encargo advenha ainevitável aplicação de uma pe-na. Ele, como qualquer outro ci-dadão, não pode fugir da respon-sabilidade que o Estado lhe dele-gou, ao convocá-lo para o serviçodo júri. Seria ótimo se a socieda-de moderna já não mais convi-vesse com a criminalidade e que,no lugar das penitenciárias e dascadeias, estivesse edificada umaescola. Todavia, esse grau de de-senvolvimento e evolução aindase acha muito distante de ser al-cançado. A pena, por isso mes-mo, no estágio atual da Humani-dade, permanece, teoricamente,como o instrumento mais eficazde que a sociedade dispõe pararestabelecer o equilíbrio socialabalado pela ação do delinqüen-te. A concepção de que o espírita,por uma questão de princípios,não condena ninguém não seharmoniza com o sentimento deresponsabilidade que a ele cabeassumir diante de si, de Deus e dasociedade, sob pena de ser consi-derado, nos termos do magistériode Kardec, mais um “espírita denome” (a respeito, Revista Espíri-ta, novembro de 1861, p. 495).

4. O que Jesus proscreveu foi ojulgamento apressado, afoito, im-pregnado de má-fé, no qual, mui-tas vezes, a verdadeira intenção dojulgador permanece oculta, aexemplo do que ocorreu no episó-dio envolvendo a mulher adúltera.

No Sermão do Monte (Mateus,7: 1 e 2), Ele nos adverte quanto aessa maneira de julgar. Ela é típi-

ca do chamado juízo temerário,caracterizado pela impiedade ouditado pelas aparências que, cos-tumeiramente, enganam. Uma in-terpretação exclusivamente lite-ral e isolada desses dois versícu-los poderia levar à absurda con-clusão de que toda e qualquerforma de julgamento é defesa aoscristãos. Os juízes de direito se-riam, pois, vítimas de uma autên-tica “injustiça divina”, porquantonenhuma esperança teriam quan-to à sua vida futura, em face desua própria atividade profissio-nal. Não obstante, todos sabemosda sua importância dentro dasociedade, em virtude dos cons-tantes e cada vez mais numerososconflitos que afloram a todo ins-tante em seu seio, e do elevadoíndice de criminalidade dos diasatuais.

5. O sentido da proibição secompleta e se integra no contex-to evangélico através dos versícu-los 3, 4 e 5 da mesma narrativa deMateus: – “E por que reparas tuno argueiro que está no olho doteu irmão, e não vês a trave queestá no teu olho?

Ou como dirás a teu irmão:Deixa-me tirar o argueiro do teuolho, estando uma trave no teu?

Hipócrita, tira primeiro a tra-ve do teu olho, e então, cuidarásem tirar o argueiro do olho doteu irmão”.

De mais a mais, durante o seumessiado, Jesus, em diversas opor-tunidades, estabeleceu juízos devalor, e, em conseqüência, julgou,contrariando, dessarte, os que sus-tentam a proibição absoluta do

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julgamento. Na sua explicaçãosobre a gravidade e a dimensãodas ofensas feitas ao nosso irmão,foi de meridiana clareza ao nãoexcluir do julgamento humanoos autores dessas ofensas: “Ou-vistes que foi dito aos antigos:Não matarás; mas qualquer quematar será réu de juízo.

Eu, porém, vos digo que qual-quer que, sem motivo, se encole-rizar contra seu irmão será réu dejuízo, e qualquer que chamar aseu irmão de raca será réu do Si-nédrio; e qualquer que lhechamar de louco será réudo fogo do inferno”. (Ma-teus. 5:21-23.)

A expressão réu dejuízo significa os di-versos graus da Jus-tiça humana: a ou-tra, réu do Sinédrio,se refere à Justiça deDeus. A primeira,contudo, não exclui asegunda, em virtude desua inexorabilidade, tra-duzida pela regra impera-tiva do a cada um será dadode acordo com suas obras. Nin-guém, mesmo quem já foi compe-lido a prestar conta de suas açõesao Judiciário terreno, está isentode ser julgado e sancionado pelaJustiça Divina. Isso integra o seumecanismo operacional, que ja-mais dispensa a “reparação pelodano causado”, exigindo que, naexecução de suas penas, “até oúltimo jota e o último ponto” se-jam fielmente cumpridos.

O episódio da interpelação doCristo acerca da licitude, ou não,

do pagamento dos impostos de-vidos a Roma ratifica inteiramen-te esse entendimento, uma vezque Ele fez questão de destacar aexistência de duas espécies dejurisdição, a humana e a divina,mandando dar a Deus o que erade Deus e ao homem o que lhepertencia.

6. A única conclusão razoáveldiante da posição evangélica quan-

to ao julgamento é a de que ela sereveste de caráter relativo, e nãoabsoluto, não obstante as ratifica-ções posteriores de Paulo e Tiago(Romanos, 14:13 e Epístola Uni-versal, 4:12, respectivamente). To-mada ao pé da letra importariaem um verdadeiro caos para todaa Humanidade e nenhuma organi-zação política conseguiria sobre-viver à falência que provocaria.

Todo homem de bem, profiten-te de qualquer religião que seja,não deve, pois, julgar pelas apa-rências, movido pela simpatia ouantipatia, pelos interesses políti-cos, pelas rivalidades de qualquerespécie, pelas filiações religiosas,enfim, por todos os fatores queatuam na formação da opiniãopública e que, na maioria das ve-zes, somente se prestam para con-duzir ao passionalismo irracionale a injustiças inomináveis.

Qualquer julgamento, sobre-tudo aqueles da competên-

cia da Justiça Criminal,deve procurar sempre o

amparo da verdadehistórica, embora es-sa nem sempre seidentifique com averdade processual.Nos casos duvido-sos, mal esclareci-dos ou tendencio-

sos, a consciência ju-rídica, calcada na no-

ção do justo e do injustoque cada um traz dentro

de si, não autoriza uma deci-são condenatória. Não se trata,

porém, de apanágio exclusivo dealguma confissão religiosa, por-quanto nada mais é do que asimples aplicação de um brocar-do jurídico de tradição milenar.É o famoso in dubio pro reo doDireito Romano, ainda de usocorrente na atualidade, cuja exis-tência é anterior ao Cristianismoe que, em face disso, não pode serinvocado para justificar a inverí-dica proibição de julgar e conde-nar imputada aos espíritas.

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Sessão de Abertura

No dia 16, às 15 horas, nas Fa-culdades FAMA, ocorreu a Sessãode Abertura, iniciada com saudaçãoaos componentes das Federativasvisitantes, feita por Augusto CezarBarbosa Brito, presidente da Fede-rativa anfitriã, passando a palavraao presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, que cumprimentou ospresentes. A seguir, assumiu a dire-ção dos trabalhos o coordenador

das Comissões Regionais AntonioCesar Perri de Carvalho, que convi-dou os presidentes das Federativas aapresentarem suas delegações e feza apresentação da equipe da FEB.Compareceram todas as EntidadesFederativas da Região, além da an-fitriã: Federação Espírita do Estadodo Acre (Gasparina dos Anjos deJesus), Federação Espírita Amazo-nense (Sandra Farias de Moraes),União Espírita Paraense (NajdaMaria de Oliveira Santos), Federa-

ção Espírita de Rondônia (PedroBarbosa Neto), Federação EspíritaRoraimense (Volmar Julson Buffi).

Houve apresentação da Propos-ta de Comemorações do Sesqui-centenário do Espiritismo, duranteo ano de 2007, realizada por JorgeAlberto Elarrat do Canto e SandraFarias de Moraes, representantesda Região na Comissão nomea-da pelo CFN. Nes-ta Proposta se in-cluem: a promoção

Reunião da ComissãoRegional Norte

A Reunião da Comissão Regional Norte, em seu vigésimo ano, realizou-se na cidade

de Macapá, Amapá, no período de 15 a 18 de junho passado. Preliminarmente à

abertura da Reunião ocorreram duas significativas atividades. Na noite do dia 15, nas

dependências do Teatro das Bacabeiras, a Federação Espírita do Amapá promoveu

palestra de Alberto Ribeiro de Almeida sobre o tema “Em Defesa da Vida”, contando

com o auditório superlotado. Na manhã do dia 16, em auditório das Faculdades

FAMA, Marco Leite, da equipe da Secretaria Geral do Conselho Federativo Nacional,

desenvolveu o Seminário “Auto-educação na atividade espírita”, tendo como

público todos os participantes da Reunião da Comissão Regional

Sessão de Abertura: o presidente da FEAP saúdaas Federativas visitantes

Conselho Federativo Nacional

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do 2o Congresso Espírita Brasilei-ro, em Brasília, de 12 a 15 de abrilde 2007; lançamento de selo co-memorativo pelos Correios; a ela-boração de Plano de Trabalho pa-ra o Movimento Espírita; e come-morações nos Estados durante oano de 2007. Em seguida, estabe-leceu-se um diálogo com o Plená-rio, com perguntas e sugestões so-bre a referida proposta. Na seqüên-cia, foram apresentadas as equipesdas Federativas Estaduais e da FEB.

Reuniões Setoriais

Ocorreram, simultaneamente,com início na manhã do sábado(dia 17), as seguintes Reuniões Se-toriais: a) dos Dirigentes das Enti-dades Federativas; b) da Área doAtendimento Espiritual no CentroEspírita; c) da Área da AtividadeMediúnica; d) da Área da Comu-nicação Social Espírita; e) da Áreado Estudo Sistematizado da Dou-trina Espírita; f) da Área da Infân-cia e Juventude; e g) da Área doServiço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Realizou-se no sábado (dia 17),a Reunião dos Dirigentes, tendocomparecido os presidentes eassessoras das Entidades Federa-tivas dos Estados da Região Norte:Federação Espírita do Estado doAcre; Federação Espírita do Ama-pá; Federação Espírita Amazonen-se; União Espírita Paraense; Fe-deração Espírita de Rondônia; Fe-deração Espírita Roraimense; o pre-

sidente da FEBNestor JoãoMasotti e o vi-ce-presidenteAltivo Ferrei-ra; o coorde-nador das Co-missões Regio-nais AntonioCesar Perri deCarvalho, o secretário da ComissãoRegional Norte Alberto Ribeiro deAlmeida, o assessor José AntonioLuiz Balieiro, Ricardo Silva e Mar-co Leite, integrantes da SecretariaGeral do CFN.

Feita a prece de abertura dos tra-balhos, foram discutidas e aprova-das a Ata da reunião anterior e aPauta para a Reunião.

O editor de Reformador, AltivoFerreira, propôs uma parceriacom as Federativas Estaduais paraampliar a distribuição da Revista,recebendo sugestões e apoio dosdirigentes.

Na seqüência José Antonio LuizBalieiro fez exposição sobre a for-ma de atuação da FEB no mercadolivreiro e apresentou uma propostade ação junto às Entidades Federa-tivas, havendo considerações dopresidente da FEB acerca do assun-to e sobre a participação na 19a

Bienal Interna-cional do Livrode São Paulo.

Os dirigen-tes das Federa-tivas fizeram rá-pidas apresen-tações sobre oassunto da reu-nião anterior:

“1. Movimento Espírita e Educa-ção Espírita, cujo desenvolvimen-to inclui seminários, cursos e ou-tras abordagens; 2. Importânciado censo espírita por áreas, paramelhor conhecimento da realida-de”; realizaram, simultaneamen-te, apreciação, pela similaridade,do tema da reunião atual: “Vivên-cia do Evangelho na prática Es-pírita”.

Cada Federativa fez relato sobreo andamento do “Curso de Capa-citação Administrativa para Diri-gentes de Casas Espíritas”, em seusEstados, seguindo-se uma expo-sição de Marco Leite (FEB) relati-vo aos conteúdos adotados, prin-cipalmente nos novos semináriossobre o referido curso.

O coordenador da Reunião so-licitou a colaboração dos presen-tes para se elaborar o perfil do Se-cretário da Comissão Regional, le-

Reunião dos Dirigentes: Amazonas, Amapá e Acre

Reunião dos Dirigentes: Rondônia, Roraima e Pará

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vando-se em conta o Projeto “Or-ganização da Secretaria Geral doCFN”, aprovado na Reunião doCFN de 2001. Esclareceu-se que,com base neste perfil, ocorrerãoas renovações dos secretários dasComissões Regionais. Em segui-da, o coordenador falou acerca doandamento das Campanhas Viverem Família, Em Defesa da Vida eConstruamos a Paz Promovendo oBem!. Foram recebidas sugestõespara a revisão do opúsculo Orien-tação ao Centro Espírita.

Ao final da reunião e conjunta-mente com os participantes daÁrea do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, houveapresentação por Ricardo Silva(FEB) do tema “O Centro Espíritae o Terceiro Setor”, suscitandoperguntas e respostas.

A próxima Reunião da Comis-são Regional Norte, no dia 12 deabril de 2007, será realizada emconjunto com as demais Comis-sões Regionais, antecedendo aabertura do 2o Congresso Espíri-ta Brasileiro, em Brasília. O temapara esta reunião será definidoconjuntamente com as demais

Comissões Regio-nais. Na noite dodia 17, a Federa-ção Espírita doAmapá promo-veu agradável ati-vidade cultural eartística.

Sessão Plenária

Na manhã de domingo (dia18), desenvolveu-se esta Sessão,iniciando-se com a prece de

abertura e os esclarecimen-tos pelo coordenador dasComissões Regionais sobrea nova metodologia, atuan-do-se em estilo de mesa-re-donda, onde cada represen-tante de Área fez uma apre-sentação sintética sobre otema discutido e suas con-clusões e sobre o tema paraa próxima reunião, seguin-do-se um momento de par-ticipação do Plenário, com

perguntas e respostas. Eis os re-latos dos trabalhos realizados nasseguintes reuniões setoriais:

Área do Atendimento Espiritualno Centro Espírita, coordenada porMaria Euny Herrera Masotti, con-tando com a asses-soria de RobertoFerreira Versiani.Assuntos da reu-nião: “1) Atendi-mento Espiritualdo Adolescente edo Jovem; 2) Pe-dagogia espírita”.Tema para a pró-xima reunião: O

Livro dos Espíritos – Leis Moraisem Busca do Homem de Bem”.

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunesde Oliveira Moura, com a cola-boração da assessora Edna MariaFabro. Assuntos da reunião: “1)Curso (treinamento) organizaçãoe funcionamento de um grupo me-diúnico; 2) Organização de car-tilha que trate da melhoria dasrelações interpessoais no grupomediúnico; 3) Reuniões mediú-nicas de apoio à Casa Espírita”.Tema para a próxima reunião: “AMediunidade em O Livro dos Es-píritos”, com divisão em novesubtemas.

Área da Comunicação Social Es-pírita, coordenada por Merhy Se-ba: Assuntos da reunião: “1) Co-municação Social Espírita e Unifi-cação; 2) Estruturação e manu-tenção geral de um Departamento

Área do Atendimento Espiritual

Área da Comunicação Social Espírita

Área da Atividade Mediúnica

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de Comunicação Social Espírita”.Tema para a próxima reunião:“Planejamento estratégico da Co-municação Social Espírita”.

Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, coordena-da pelo assessor Elzio AntônioCornélio, ante a ausência justifi-cada de Cecília Rocha, tendo co-mo assuntos da reunião: “1) Ainteriorização do ESDE com en-foque nas estratégias e resultadosalcançados; 2) O Censo: uma vi-são analítica dos dados estatísti-cos; 3) Realização de semináriospara treinamento dos Coorde-nadores e Monitores”. Tema paraa próxima reunião: “A Contri-buição do Estudo Sistematizadona Construção de um MundoMelhor”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com assessoria de Miriam Lúcia

Herrera MasottiDusi. Assunto dareunião: “Acompa-nhamento da exe-cução dos projetoselaborados no IVEncontro Nacio-nal de Diretores deDIJ – 1997, com

foco na avaliação, resultados e pró-ximas ações”. Houve apresentaçãodo livro Pelos Caminhos da Evange-lização, escrito por Cecília Rocha.Tema para a próxima reunião: “Os150 anos da Doutrina Espí-rita e a Evangelização Infan-to-Juvenil”. Informou-se queserá realizado o “V EncontroNacional de Diretores deDIJ”, em julho de 2007, emBrasília.

Área do Serviço de Assistên-cia e Promoção Social Espírita,coordenada por José Carlosda Silva Silveira, com assesso-ria de Maria de Lourdes Pe-reira de Oliveira. Assuntos dareunião: “1) Realização de mini-curso sobre o Serviço de Assistên-cia e Promoção Social Espírita;2) Resultado de experiências dasFederativas no sentido da sensi-bilização de trabalhadores para o

SAPSE”. Tema pa-ra a próxima reu-nião: “O SAPSE ea caridade em OLivro dos Espíri-tos”. Houve apre-sentação do livroServiço de Assis-tência e PromoçãoSocial Espírita, edi-tado pela FEB.

Dirigentes das Federativas: Al-berto Almeida, secretário da Co-missão Regional Norte, resumiu osprincipais assuntos tratados nessareunião.

Em seguida, o coordenador dasComissões Regionais enfatizou aproposta de Comemorações doSesquicentenário do Espiritismo,em 2007, e apresentou informa-ções sobre o desenvolvimento dasCampanhas Família, Vida e Paz. Apalavra foi aberta ao Plenário,que se manifestou com perguntas

e sugestões, destacando a impor-tância dessa modalidade de traba-lho com a participação de todas asÁreas.

No encerramento dos trabalhos,ocorreram manifestações de des-pedida dos dirigentes das Entida-des Federativas; o coordenador dasComissões Regionais agradeceu acolaboração de todos e passou apalavra ao presidente da FEB e,depois, a Augusto Cezar BarbosaBrito, presidente da Federação Es-pírita do Amapá, que retribuiu aspalavras de agradecimento das Fe-derativas, apresentou sua equipe deapoio e proferiu a prece final.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área da Infância e Juventude

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Seara Espírita

Rio de Janeiro: Encontro do ESDEO Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeirorealiza, no dia 17 deste mês, o VII Encontro Estadualde Coordenadores de ESDE, com o tema central“Espíritas, amai-vos e instruí-vos”. Constam do pro-grama: Mesa-redonda sobre “Bases Doutrinárias dasAtividades Espíritas direcionadas para o ESDE”, coor-denada pela vice-presidente da FEB, Cecília Rocha;atividades em grupo; e exposição do tema “As condi-ções essenciais do Coordenador de ESDE”, porCezar Braga Said.

R. G. do Sul: 85 anos da FERGSFundada em 17 de janeiro de 1921, a Federação Espí-rita do Rio Grande do Sul está realizando em todo oano de 2006 programação comemorativa de seus 85anos de fecunda atividade doutrinária e federativa.Além de homenagear todos os seus dirigentes, des-de a fundação, realizou um grande evento na noitede 23 de junho, com palestra de Divaldo PereiraFranco para cerca de 11 mil pessoas, ocasião em quefoi lançada uma edição especial de O Evangelho se-gundo o Espiritismo, numa parceria FEB/FERGS.

Acre: Semana da FamíliaA Federação Espírita do Estado do Acre promoveuem sua sede, nos dias 19 e 20 de agosto, a X Semanada Família, com abordagem do tema “Família e Espi-ritismo”, desenvolvido por Gasparina dos Anjos deJesus, presidente da FEEAC, Paulo Affonso Nasci-mento e outros.

Espanha: Seminário para TrabalhadoresA cidade de San Martín de Valdeiglesias, próxima aMadrid, sediou um Seminário para Dirigentes e Tra-balhadores Espíritas, promovido pela Federação Es-pírita Espanhola, com o apoio do Conselho EspíritaInternacional. O evento, dirigido por Salvador Mar-tín, presidente da FEE, ocorreu no Teatro da locali-dade, de 30 de junho a 2 de julho deste ano, destina-do a 70 participantes de 13 cidades e 16 casas espíri-

tas, e contou com a atuação de Antonio Cesar Perride Carvalho, assessor da Comissão Executiva do CEI.

Fortaleza (CE): Mostra de Teatro Transcen-dental

Em agosto foi realizada a 4a Mostra de Teatro Trans-cendental, em Fortaleza. A idéia da Mostra é divulgaro Espiritismo através do teatro e da arte, abordandolições de fé, amor e caridade. Mais de 15 espetáculose 3 workshops, que falam de Jesus, dos sentimentos eda Doutrina Espírita, foram assistidos por mais dedez mil pessoas de várias religiões durante os seisdias do evento.

Estados Unidos: Congresso Médico-EspíritaSerá realizado em Washington (DC), nos dias 7 e 8de outubro, o 1o Congresso Médico-Espírita dos Es-tados Unidos, organizado pelo Conselho Espírita dosEstados Unidos e pela Associação Médico-EspíritaInternacional. O tema central – “Interconectando Me-dicina e Espiritismo” –, desdobrado em diversos eimportantes subtemas, será desenvolvido por expo-sitores de renome nos campos da Medicina e doEspiritismo, entre os quais: Harold Koening, AndrewPower, Melvin Morse, Marlene Nobre, RobertoLúcio Vieira de Souza, Álvaro Avezum, Décio IandoliJr., Sérgio Felipe de Oliveira e Alberto Ribeiro deAlmeida.

São Paulo: FEESP comemora 70 anosA Federação Espírita do Estado de São Paulo, funda-da em 12 de julho de 1936, completou 70 anos deprofícua atividade espírita na capital paulista. A pro-gramação comemorativa teve início no dia 30 deabril, com o Seminário “Libertação pelo Amor”, porDivaldo Pereira Franco, no Clube Atlético Juventus;nos dias 10 e 11 de junho, houve o 5o Megafeirão doLivro Espírita, com mais de 4 mil títulos e 70 millivros de 41 editoras; em 16 de julho, na sua sede,ocorreu o 63o Encontro de Espiritismo – 70 anos deFEESP –, com palestra da presidente Silvia Puglia.

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Documentação e Pesquisa do EspiritismoO Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa doEspiritismo Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE--ECM), com sede na Alameda dos Guaiases, 16 –Planalto Paulista – São Paulo (SP), é uma associaçãocivil, científica, cultural, beneficente e sem fins lucra-tivos, que tem a finalidade de reunir num só espaçointensas atividades culturais e de preservação damemória do Espiritismo. Informações pelo e-mail:[email protected]

Rússia: Contato EspíritaCristiani Haferkamp, espírita residente em SãoPetersburgo, deseja manter contato com pessoas queresidam naquela cidade ou imediações, para juntosdarem continuidade aos estudos espíritas das obraskardequianas e complementares. Brasileiros ou ou-tros que estiverem interessados podem contatá-lapelo e-mail: [email protected]; telefone parachamada internacional: 007-812-312-1694.

Livros em Braille na InternetCom o objetivo de facilitar o acesso do deficientevisual à leitura, a Sociedade Pró-Livro Espírita emBraille (Spleb) criou uma página na Internet. A ini-ciativa possibilitará aos usuários o acesso às obrasdisponibilizadas pelo próprio site, bem como ao Ca-tálogo Nacional de Publicações para Cegos. Além detextos em Braille, há, também, estudos que podemser acompanhados de forma on-line. A página daSpleb é www.spleb.org A sede fica na Rua TomásCoelho, 51, Tijuca, CEP 20540-110 – Rio de Janeiro(RJ). Tel.: (21) 2288-9844.

Filme sobre a vida de Chico XavierA vida do médium Francisco Cândido Xavier estaráem breve nos cinemas. Diversas reportagens em jor-nais e revistas brasileiros destacam que o diretor dofilme será Breno Silveira e o selo que lançará a pro-dução será o Downtown Filmes. O roteiro baseia-seno livro As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Mar-cel Souto Maior.

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