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Reformador 10 outubro_2006

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Outubro, 2006 / N o 2.131

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Relembrando Kardec

Entrevista: Gloria Avalos de Ynsfrán

Fomentar a paz através do conhecimento e do amor

Presença de Chico Xavier

Na trilha de Allan Kardec – André Luiz

Esflorando o Evangelho

Madalena – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

As idéias de Zamenhof e a Doutrina Espírita –

Paulo Sérgio Viana

Seara Espírita

Não julgueis – Juvanir Borges de Souza

Campeonato da insensatez – Vianna de Carvalho e outros

Espíritos-espíritas

Realidade e ficção – Washington Borges de Souza

Saúde é trabalhar – Richard Simonetti

O Mestre e o Apóstolo – Emmanuel

Pedra angular – Dalva Silva Souza

Espiritismo – O Consolador prometido por Jesus

– Hugo Alvarenga Novaes

O necessário e delicado intercâmbio mediúnico

– Waldehir Bezerra de Almeida

Vianna de Carvalho – 80 anos de desencarnação

– Luciano Klein Filho

A resposta de Deus – Eliana Thomé

Muito à frente de seu tempo – Sônia Zaghetto

Capacitação do Trabalhador do Grupo Mediúnico

Santos Dumont

Divaldo Franco na FEB-Rio

Normalização Editorial – Padrão de qualidade editorial

dos livros febianos – Geraldo Campetti Sobrinho

Dia Estadual da Confraternização Espírita

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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4 Reformador • Agosto 2006 336622

Editorial

eformador, deste mês, relembra o lúcido trabalho de Allan Kardec na elabo-

ração da Codificação Espírita, materializando, junto à Humanidade, o

Consolador Prometido por Jesus.

Resgata uma página de André Luiz, intitulada “Na trilha de Allan Kardec”

(p. 14) e publica mensagem de Emmanuel, “O Mestre e o Apóstolo” (p.17), ambas

psicografadas por Francisco Cândido Xavier.

Sobre a obra do Codificador, é oportuno relembrar, também, alguns pensamen-

tos de Bezerra de Menezes, Espírito que, sob inspiração superior, vem orientando o

estudo, a divulgação e a prática da Doutrina Espírita:*

“A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essenciais em configuração tríplice.

Que ninguém seja cerceado em seus anseios de construção e produção. Quem se

afeiçoe à ciência que a cultive em sua dignidade, quem se devote à filosofia que lhe

engrandeça os postulados e quem se consagre à religião que lhe divinize as aspira-

ções, mas que a base kardequiana permaneça em tudo e todos, para que não venha-

mos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a organização.”

“Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações, nas atividades, nas obras, a fim de que

a nossa fé não se faça hipnose, pela qual o domínio da sombra se estabelece sobre

as mentes mais fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e sofrimento.”

“Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a

nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas

próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo

conturbado espera de nós pela unificação.”

“É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Di-

vinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso,

sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres

transitórios.”

“Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.”

*Mensagem “Unificação”, psicografada por Francisco C. Xavier (Reformador, dezembro de 1975).

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RelembrandoKardec

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ncontra-se no Evangelho deMateus, 7:1-2, esse ensinode Jesus:

“Não julgueis, a fim de não ser-des julgado; – porquanto sereisjulgados conforme houverdes jul-gado os outros; empregar-se-á co-vosco a mesma medida de que vostenhais servido para com os ou-tros. (O Evangelho segundo o Espi-ritismo, 3. ed. especial, cap. X, item11, p. 215.)

Esta lição do Mestre insere-se,como muitas outras, na lei doamor – a síntese maravilhosa queEle formulou para facilitar a com-preensão não somente de seus dis-cípulos e ouvintes, mas de todos osque viessem tomar conhecimentode sua mensagem, no futuro.

Como amar ao próximo é a re-gra áurea para reger o relaciona-mento com nossos semelhantes,colocada junto ao primeiro man-damento – amar a Deus sobre to-das as coisas –, o não julgueis paranão serdes julgados é um desdo-bramento da lei suprema.

É uma forma de facilitar acompreensão humana para aque-les que visam aceitar, compreen-der e vivenciar as leis divinas.

O verbo julgar tem acepçõesdiversificadas na linguagem hu-mana, especialmente no idiomaportuguês.

Ao mesmo tempo que po-de significar uma de-cisão de juiz oude árbitro,pode tam-bém ser em-pregado no sentido de imaginar,conjecturar, formar opinião, ava-liar, formar juízo crítico, conside-rar-se, etc., conforme o texto emque está inserido.

Acreditamos que Jesus, conhe-cendo profundamente a naturezados habitantes do nosso mundo,procurou deixar evidente o pre-juízo moral para aqueles que, porhábito adquirido, ou por naturalinclinação, fazem conjecturas de-sairosas sobre o procedimentoalheio, ou formam juízo críticosobre seus semelhantes.

São procedimentos comunsde todos os tempos os juízos te-merários, inclusive nas socieda-des da atualidade, que prejudi-cam e dificultam a fraternidade,a compreensão e a solidariedadeentre as criaturas.

Criticar, reprovar, censurar, comou sem fundamento, tornaram-seformas comuns nas conversaçõese comentários entre pessoas, comreferências a outras, presentes ouausentes.

A indulgência para as imperfei-ções dos outros, assim como a be-

nevolência para com todos sãocomponentes da caridade, junta-mente com o perdão amplo de to-das as ofensas, como ensinou Jesus.(O Livro dos Espíritos, questão886.)

A caridade, por sua vez, é a con-cretização do amor, é a prática domais elevado sentimento de queas leis supremas do Criador dis-põem para a elevação e a com-preensão de todas as criaturas.

A indulgência é a base, o fun-damento moral inconfundível deum dever que se aplica a todos osEspíritos no relacionamento comseus semelhantes.

É ela, a indulgência, que o Cris-to opõe aos juízos insensatos econtrários às leis naturais ou divi-nas, para lembrar a todos nós quenão devemos julgar os outros,muito menos utilizar a severidadeem condenações e críticas dasquais nos absolvemos, como sefôssemos criaturas superiores.

E

Não julgueisJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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Quando apreciamos a condutade nossos semelhantes, o que setorna inevitável na vida de rela-ção do homem, ou concordamoscom seus pensamentos e ações,ou deles discordamos, total ouparcialmente.

Na primeira hipótese, a da con-cordância, pode ocorrer que tantonós quanto nosso semelhante es-tejamos pensando e agindo de for-ma correta, ou ambos estejamoserrados, sem que percebamos. Po-de acontecer também que um es-teja certo e o outro errado.

Falíveis em si mesmos, os julga-mentos humanos nem sempre dis-tinguem o erro da verdade, pelaimperfeição dos próprios homens.

Há, pois, fortes razões para nãose atribuir, de nossa parte, à opi-nião de uma individualidade hu-mana, nem a certeza e infalibilida-de, nem o erro e engano de seu jul-gamento. A prudência e o respeitosão nossos melhores conselheiros.

Infelizmente, o orgulho e oegoísmo dos homens desprezamessa realidade.

Reconhecendo nossas imper-feições, o mais seguro é evitar osjulgamentos das posturas, dasopiniões, do procedimento e detudo o que caracteriza, afinal, onosso semelhante.

Esse posicionamento em relaçãoao “não julgueis” do ensinamentode Jesus não se refere à repulsa aomal de variadas origens, que é umdever de todos os indivíduos e detodas as sociedades humanas.

O mal deve ser identificado ereprimido em toda parte, qual-quer que seja a sua origem. Por

isso, a regra resultante da liçãodo Cristo deve ser entendida co-mo oposição à maledicência e àmaldade, mas não como tolerân-cia ao mal, resultante de má in-terpretação dos ensinos do Mes-tre, que empregou a palavra jul-gar em conformidade com a or-dem das idéias que se apresenta-vam na ocasião.

Para bem entender a lição doMestre, torna-se necessário que oaprendiz penetre seu íntimo, ouçasua consciência e demonstre queusa a indulgência para com seusirmãos. Essa é uma das formas daprática da caridade.

Exemplo magnífico do signifi-cado do “não julgueis” mostrou Je-sus no episódio da mulher adúlte-ra, apresentada ao Mestre pelos es-cribas e fariseus. Depois de ouviras acusações à mulher, Jesus disse:

“Aquele dentre vós que estiversem pecado, atire a primeira pe-dra”. (João, 8:7.)

Os acusadores, após ouviremessas palavras, retiraram-se umapós outro.

Perguntou Jesus então à mu-lher: “Onde estão os que te acusa-vam? Ninguém te condenou?”

Ela respondeu: “Não, Senhor”.Disse-lhe Jesus: “Também eu nãote condenarei. Vai-te e de futuronão tornes a pecar”. (João, 8:3-11.)

O exemplo oferecido por Jesusno caso da mulher adúltera, repe-tido em outras circunstâncias,consagra o princípio de que, sen-do Ele um Espírito perfeito, nãojulga seus irmãos menores. Os ho-

mens, Espíritos imperfeitos e su-jeitos a erros, com mais razão nãodevem arvorar-se em julgadoresdos outros, mas, sim, cooperado-res para o aperfeiçoamento deseus semelhantes.

As leis divinas, sintetizadas noamor, abrangem a fraternidade,a solidariedade, a compreensão, atolerância e o respeito para com ossemelhantes. O julgamento torna--se incompatível com essas leis, aoopor-se a qualquer de seus funda-mentos.

O que compete a cada um denós, Espíritos em evolução, é a aju-da aos nossos semelhantes em suastransgressões e dificuldades, comoseguidores dos ensinos do Cristo.

Em vez de julgamentos, as leis deDeus, justas e perfeitas, dispõem demecanismos de retificações das fal-tas e desvios das criaturas, para queretomem o caminho do progressoe da evolução.

O erro, o desvio do bem, otransvio são circunstâncias transi-tórias na vida de cada Espírito, pormais rebelde que seja, no uso doseu livre-arbítrio. Por isso, mesmonos casos mais tristes de rebeldias,nunca devemos perder a esperan-ça na recuperação do transviado,já que, em determinado tempo, oEspírito recomeça sua evolução,mesmo que à custa de muito sofri-mento regenerativo.

Ninguém tem o direito de ar-vorar-se em dono da justiça.

Mesmo a justiça humana, ba-seada nas leis dos homens, come-te muitos enganos, visto que de-pende de juízes falíveis e de inter-pretações variáveis.

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Temos de entender a justiça hu-mana como uma organização ne-cessária em um mundo atrasado eimperfeito, que se torna útil porcooperar na repressão aos mais va-riados crimes e transgressões. Masseus julgamentos nem sempre re-presentam a verdadeira justiça.

Devemos nos lembrar semprede que, como criaturas imperfei-tas, podemos ser portadores dedefeitos semelhantes, ou até pio-res que os daqueles a quem julga-mos, cabendo-nos, portanto, es-forçar-nos por combater nossaspróprias imperfeições, antes denos preocuparmos com as alheias.

Ao julgar alguém, podemosestar cometendo um equívoco,do qual resulta grande ou pe-queno dano àqueles que rece-bem nosso juízo. É evidente querespondemos pelas conseqüên-cias de nosso erro.

Muitas vezes não sabemos o al-cance real daquilo que julgamos.

O que nos parece condenável nosoutros pode não o ser na realida-de, porque desconhecemos por-menores dos fatos e do que se pas-sa no íntimo das pessoas.

Uma pergunta lógica se impõeao nosso raciocínio: por que nospreocupamos mais com os erros,os defeitos e as imperfeiçõesalheias, em lugar de valorizar eaplaudir as virtudes que as criatu-ras apresentam?

Não seria essa particularidademais um motivo e uma justificati-va para adotarmos o preceito evan-gélico do “não julgueis”?

A vida do Espírito, quando en-carnado, tem características pró-prias de um mundo material, asquais influenciam muito nossosjuízos.

Mas a vida continua nas esferasespirituais, em que as influênciasmateriais diminuem ou desapare-cem, dependendo da evolução al-cançada pelo Espírito.

Os ensinos, os preceitos e osexemplos deixados por Jesus, emsua passagem pela Terra, encon-tram-se ampliados e interpreta-dos corretamente pelos EspíritosSuperiores. Cumpriu-se a pro-messa do Mestre de pedir ao Pai oenvio de outro Consolador.

Com a Doutrina dos Espíritos,o Consolador, encontra-se nomundo tudo o que ensinou oCristo, sem as distorções interpre-tativas dos homens.

Agora nos compete seguir osensinos do Mestre, consolidadosna Terceira Revelação.

Uma de suas lições inesquecí-veis é a do “não julgueis”, que visaa paz, o perdão e a compreensãopara cada criatura.

É uma das faces do amor, tão ne-cessário para reverter as condiçõesdeste planeta sob as influências dasinferioridades espirituais, emocio-nais, mentais, verbais e físicas queatuam sobre seus habitantes.

Cristo e a Mulher Adúltera, quadro deGuercino, pintado por volta de 1621

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uando o conhecimento li-bertava-se da grilheta soezda ignorância e as ciên-

cias adquiriam cidadania cultural,alargando os horizontes do pen-samento e facultando melhor en-tendimento em torno da finalida-de existencial, em meado do sé-culo XIX, surgiu o Espiritismocomo um sol para a Nova Era, quedeveria iluminar a Humanidade apartir de então.

Era a resposta dos Céus às ro-gativas dos sofrimentos que seespalhavam pela Terra. ConformeJesus houvera prometido, trata-va-se de O Consolador, que che-gava para atender às múltiplas ne-cessidades humanas.

Sintetizando o idealismo filo-sófico com as conquistas da expe-rimentação científica moderna,ao tempo em que a ética do Evan-gelho se fazia restaurada, essa in-comparável Doutrina propunha--se a oferecer os instrumentoshábeis para a aquisição da felici-dade.

O obscurantismo ancestral ce-dia lugar a novas conquistas liber-tadoras, enquanto Espíritos de es-col encarregavam-se de promovero progresso material, social e inte-lectual no Orbe, sacrificando-sefiéis aos anseios de iluminação.

Os objetivos da liberdade al-cançada desde os dias sangrentosde 1789, com a queda da Bastilhae os movimentos que a seguiram,facultavam o florescimento daverdadeira fraternidade entre to-dos, igualando-os em relação aosdireitos e aos deveres que lhes di-ziam respeito, pelo menos teori-camente.

Respiravam-se novos ares semos tóxicos dos preconceitos e daintolerância religiosa, que cediaante o vigor das conquistas in-comparáveis da evolução que dia-riamente chegavam às massas so-fridas...

A arrogância de Napoleão III,em França, refletindo a domina-

ção clerical, que teimava em pros-seguir soberana, graças aos víncu-los com Roma, que apoiava gover-nos usurpadores e perversos naEuropa, assinalava o declínio doVelho Mundo de ostentação e pri-vilégios, a fim de que os vexiláriosdo amor e da paz abrissem clarei-ras na imensa noite amedronta-dora.

Os Espíritos, considerados mor-tos, romperam o apavorante si-lêncio a que foram relegados eproclamaram os lídimos ensinosdo Cristo como fundamentais àvida, bem como a própria imorta-lidade, restaurando a pulcritudedo Evangelho que houvera sidogravemente adulterado, desse mo-do despertando as consciências pa-ra a vivência da concórdia, do beme da caridade...

Os paradigmas científicos doEspiritismo revestiam-se do vigorindispensável ao enfrentamentocom o materialismo de FredericoEngels e de Schopenhauer, deMarx e de Nietzsche, revitalizan-do a ética centrada na Boa Nova,conforme Jesus e os Seus primei-ros discípulos a haviam vivido.

Era um renascimento da Pala-vra e um reencontro com a Ver-dade, que houvera perdido o bri-lho, empanada pelos dogmas ul-

Campeonato dainsensatez

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tramontanos e a Teologia partida-rista, elaborada apenas para aten-der aos interesses mesquinhos esubservientes aos poderosos que,às vezes, eram também submeti-dos ao talante do seu atrevimento.

Permitindo-se investigar até aexaustão, os imortais confabula-ram com as criaturas terrestres,oferecendo-lhes explicações segu-ras sobre a vida, seus objetivos, osproblemas do sofrimento, do des-tino, do ser humano...

Nunca, até então, uma Doutri-na abrangeria tantos temas e ques-tões porque, afinal, não procediade uma pessoa, mas de uma equi-pe de pensadores como João Evan-gelista, Paulo, o Apóstolo, SantoAgostinho, Descartes, Lacordaire,Cura d’Ars, São Luís de França,Joana d’Arc, Henri Heine, Féne-lon, para citar apenas alguns pou-cos, todos sob a inspiração de Je-sus Cristo...

Essa trilogia sintetizada numbloco monolítico – Ciência, Filo-sofia e Religião – deveria enfren-tar o futuro, acompanhando oprogresso, aceitando todas as suasconquistas, mas interpretando-ascom discernimento apurado, por-que estuda as causas, enquanto asciências estudam os seus efeitos.

Um século e meio quase trans-corrido, após o surgimento de OLivro dos Espíritos, em Paris, a 18de abril de 1857, a Doutrina resis-tiu a todas as investidas da culturacientífica, tecnológica, filosófica,permanecendo vigorosa e insupe-rável como no instante da suaconsolidação.

O Movimento Espírita es-

praiou-se por diversas nações ter-restres, apresentou escritores, mé-diuns, oradores e conferencistas,pedagogos, psicólogos, médicos eadvogados, juízes e desembarga-dores, entre muitos outros profis-sionais, todos incorruptíveis, quedeixaram um legado honorável,mas que, infelizmente, em algunsdos seus bolsões, não está sendodignamente preservado.

Os atavismos ancestrais, em di-versos espíritas, que se elegeramou foram eleitos líderes por si

mesmos, no entanto, não têm su-portado o peso da responsabilida-de pela execução do trabalho quelhes diz respeito, e, preocupadosinjustamente com o labor organi-zacional, vêm-se desviando dosconteúdos insofismáveis da Dou-trina, qual fizeram ontem em re-lação à Mensagem cristã, quetransformaram em romanismo...

Às preocupações em torno dacaridade fraternal em referência

aos infelizes de todo porte, entre-gam-se à conquista de patrimôniomaterial e de projeção social, vin-culando-se a políticos de realce,nem sempre portadores de condu-ta louvável, para partilharem dasmigalhas do mundo em detrimen-to das alegrias do reino dos céus.

Substituem a simplicidade e aespontaneidade dos fenômenosmediúnicos por constrições e di-retrizes escolares que culminam,lamentavelmente, com a diploma-ção de médiuns e de doutrinado-res, que também alcançam os pa-tamares teológicos da autofasci-nação.

Exigências descabidas e vaido-sas agridem a simplicidade quedeve viger nas Sociedades espíri-tas, antes desvestidas de ataviosditos tecnológicos e atuais, queeram vivenciados pela tolerância ebondade entre os seus membros.

Ao estudo sério dos postuladosdoutrinários, sucede-se a chocar-rice e o divertimento em relaçãoao público que busca as reuniões,em atitudes mais compatíveiscom os espetáculos burlescos doque com a gravidade de que o Es-piritismo se reveste.

O excesso de discussões em tor-no de questões secundárias tomao tempo para análise e reflexãoem relação aos momentosos desa-fios sociais e humanos aos quais oEspiritismo tem muito a oferecer.

A presunção e a soberba ele-gem delineamentos e condutasque recordam aqueles formuladospelos antigos sacerdotes, e que orapretendem se encarreguem de de-finir os rumos que devem ser to-

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Exigênciasdescabidas e

vaidosasagridem a

simplicidadeque deve vigernas Sociedades

espíritas

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mados pelo Movimento, após reu-niões tumultuadas com resíduosde mágoas e animosidades mal dis-farçadas.

Ouvem-se as mensagens dosBenfeitores espirituais, comoven-do-se com as suas dissertações, elogo abandonando-as dominadospela alucinação da frivolidade.

Apegam-se ao poder, como sefossem insubstituíveis, esqueci-dos de que as enfermidades e adesencarnação os desalojam dasfunções que pretendem preservara qualquer preço.

O tecnicismo complicado vemtransformando as Instituições emEmpresas dirigidas por executi-vos brilhantes, mas sem qualquervínculo com os postulados dou-trinários...

Divisões que se vão multipli-cando por setores, por especiali-zações, ameaçam a unidade docorpo doutrinário, olvidando-sedaqueles que não possuem títulosterrestres, mas que são pobres deespírito, simples e puros de cora-ção, em elitismo injustificável.

Escasseiam o amor, a compai-xão e a caridade...

Críticas sórdidas, perseguiçõespúblicas, malquerenças grassam,onde deveriam vicejar o perdão,o bem-querer, a compreensão fra-ternal, a caridade sem jaça.

Não se dispõe de tempo, con-sumido pelo vazio exterior, paraa assistência aos sofredores e ne-cessitados que aportam às casasespíritas, relegados a segundo pla-no, nem para a convivência comos pobres e desconhecedores daDoutrina, que são encaminhados

a cursos, quando necessitam deuma palavra de conforto moralurgente...

Os corações enregelam-se e afraternidade desaparece.

O Cristianismo resistiu brava-mente a trezentos anos enquantoperseguido e odiado, até o mo-mento em que o imperador Cons-tantino o vilipendiou, no dia 13de junho de 313, mediante o Edi-to de Milão, que o tornou tolera-do em todo o Império romano,descambando posteriormente pa-ra religião do Estado, em olvidototal às lições de Jesus Cristo,passando, depois, de perseguido aperseguidor...

O Espiritismo ainda não com-pletou o seu sesquicentenário desurgimento na Terra e as mesmasnuvens borrascosas ameaçam-node extermínio, por invigilância dealguns dos seus profitentes...

É hora de estancar-se o passona correria desenfreada em buscadas ilusões, a fim de fazer-se umaanálise mais profunda em tornoda Doutrina Espírita e dos seusobjetivos, saindo-se das brilhantesteorias para a prática, a vivênciados ensinamentos libertadores.

Não é momento para escamo-tear-se a realidade, em face doanseio para conseguir-se, emborarapidamente, o brilho momentâ-neo dos holofotes, como se bla-sona com certa mofa, em relaçãoaos que disputam as glórias ter-restres.

Menos competição e mais co-operação, deve ser a preocupaçãode todos espíritas sinceros, a fimde transferir a Doutrina para as

futuras gerações, conforme a rece-beram do Codificador e dos seusiluminados trabalhadores das pri-meiras horas.

Bons espíritas, meus bem-ama-dos, sois todos obreiros da últimahora, conforme proclamou o Es-pírito protetor Constantino, em OEvangelho segundo o Espiritismo.*

Não vos esqueçais!Estais comprometidos, desde

antes da reencarnação, com o Es-piritismo que agora conheceis evos fascina a mente e o coração.

Tende cuidado!Evitai conspurcá-la com atitu-

des antagônicas aos seus ensina-mentos e imposições não com-patíveis com o seu corpo doutri-nário.

Retornar às bases e vivê-lasqual o fizeram Allan Kardec e to-dos aqueles que o seguiram desdeo primeiro momento, é dever detodo espírita que travou contatocom a Terceira Revelação judai-co-cristã porque o tempo urge e ahora é esta, sem lugar para o cam-peonato da insensatez.

Vianna de Carvalho e outros Espíritos-espíritas

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na reunião mediúnica

da noite de 17 de julho de 2006, no Cen-

tro Espírita Caminho da Redenção, em

Salvador, Bahia.)

10 Reformador • Outubro 2006 336688

*Capítulo XX – “Os trabalhadores da últi-ma hora”, item 2. Nota do Autor espiri-tual.

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mundo onde vivemos estáenvolto, ainda, por influên-cias predominantemente

materialistas.Não obstante serem decorridos

dois milênios desde a presençaamorosa de Jesus entre os homens,a Doutrina consoladora e esclarece-dora, que deixou eternamente paranós, não se fixou na consciência eno coração da imensa maioria daHumanidade, cativa de ilusões equimeras de natureza nitidamentematerial. A realidade do Espíritopermanece encoberta por fantasiasmaterialistas perniciosas e efêmeras.

A Ciência tradicional da Terra,embora já tenha dado largas passa-das na senda do progresso, aindaimagina que o Espírito é uma abs-tração, não um ser real. As lições deJesus e as provas trazidas pelo Espi-ritismo não foram devidamenteconsideradas. As trevas da ignorân-cia inibem o Espírito, o ser real. Tu-do decorre da condição da Terra, deplaneta de provas e expiações, ondesão freqüentes as guerras e conflitos,a violência de vários matizes, as pai-xões inferiores sob o império do or-gulho e do egoísmo e, sobretudo, daignorância das leis divinas, da exis-tência de Deus e da alma. Esse esta-do evolutivo reflete o desconheci-mento da vida humana, da sua na-tureza, dos seus atributos, da cons-ciência do homem, do raciocínio,da vontade, da moralidade, do seu

livre-arbítrio e de outras qualidadesque lhe são peculiares.

Os materialistas, ateístas, incré-dulos, transitoriamente incapacita-dos de conceber e perceber a alma,confundem a realidade com a fic-ção. Intelectual e sentimentalmenteafastados do Criador, imaginamque é a matéria tangível e grosseiraque formula e desenvolve as idéias eé a fonte inteligente. Embora o pro-gresso científico esclareça que o cor-po humano seja constituído de cer-ca de cem trilhões de células, os in-crédulos não perceberam ainda assutilezas da alma, a origem da inte-ligência e da razão. Ignoram que amemória do ser humano ultrapassaos limites das células cerebrais, nãodesaparece com a morte do corpofísico, mas acompanha a alma imor-tal. A carreira do tempo encarregar--se-á de fazer com que todas as pes-soas alcancem a verdade, pelosdesígnios de Deus.

Quando os princípios da doutri-na cristã, deixados nos sítios daPalestina, puderem ser absorvidos epraticados, e a Humanidade conse-guir chegar às verdades eternas, ocomportamento humano modifi-car-se-á completamente e haverápaz na Terra. A compreensão da vi-da futura facultará à criatura ter es-perança de poder encontrar a ver-dadeira felicidade pela prática dobem. O acesso à verdade abre à cria-tura a possibilidade de usufruir

uma vida melhor. As leis divinas sãosábias, justas e amorosas, mas nin-guém as transgride sem se ferir.Todavia, não basta abster-se deinfringi-las, é necessário praticar obem. Elas se cumprem independen-temente da nossa ignorância ou danossa compreensão.

O ser humano não pode cami-nhar na senda evolutiva sem fé,sob pena de não progredir. Cum-pre assinalar, entretanto, que a fédo adepto espírita é robusta por-que tem base na razão, na certezaabsoluta da existência de Deus edo espírito. A prova dessa existên-cia não depende da instrumenta-ção e dos laboratórios terrenos, por-quanto está impressa em tudo queexiste em toda parte do Universo.É manifesta na obra da Criação: naNatureza, nas leis que regem a vidae as coisas. É, portanto, crença cons-ciente e inabalável.

A Doutrina Espírita lembra queas sucessivas gerações sempre seempenharam na busca da felicida-de. Jesus, em suas sublimes e magis-trais lições, ensina que a felicidadeestá ao alcance de cada um de nóspela prática do bem, do exercício dacaridade, do amor a Deus, ao nossopróximo e a nós mesmos.

Realidade e ficção

OWA S H I N G TO N B O RG E S D E SO U Z A

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Reformador: Como está se desen-volvendo o Movimento Espírita noParaguai?Gloria: Há um crescimento do Mo-vimento Espírita paraguaio muitomais rápido do que imaginávamos,

principalmente porque há umagrande aceitação do que tem si-do divulgado, assim como estí-mulo ao estudo. Em cada CentroEspírita têm-se formado gruposde estudo sobre Doutrina Espíri-ta (ESDE), sobre Mediunidade(ESME), preparação de trabalhado-res, de integração, de atendimen-to fraterno a adultos, crianças e jo-vens, e já estamos observando os re-sultados com a preparação de umbom número de jovens trabalha-dores; assim, está se solidificandoo Movimento Espírita paraguaio,com uma boa base doutrinária.

Reformador: E a formação da Fe-deração Espírita Paraguaia?Gloria: O Movimiento Espírita Pa-raguayo conta com apenas três anosde fundação e estamos trabalhan-

do com o objetivo de formar aFederação Espírita do Paraguai.

É um trabalho de equipe, co-mo numa secretaria geral, de

maneira que atuamos todos jun-tos pela Federação.

Reformador: O Movimento Espíri-ta se concentra na Capital ou se es-palha pelo interior do País?Gloria: A maioria dos centros es-píritas se concentra em Assunção,sendo que dois fora do centro ur-bano e os outros estão nas proxi-midades.

Reformador: Qual idioma é maisutilizado nos centros espíritas?Gloria: Empregamos dois idiomas,porque no Paraguai pensamos emguarani e nos expressamos em es-panhol. Portanto, para facilitar asinterpretações e a divulgação, e co-mo procuramos sempre chegar aocoração das pessoas, utilizamosmuito a expressiva língua que é oguarani.

Reformador: No Movimento Espí-rita paraguaio há algum desenvol-

Fomentar a paz através do conhecimento

e do amorGloria Avalos de Ynsfrán, dirigente espírita paraguaia, foi entrevistada durante

a 11ª Reunião do Conselho Espírita Internacional (CEI), em Assunção, quando

abordou o desenvolvimento do Movimento Espírita paraguaio

GLO R I A AVA LO S D E YN S F R Á NEntrevista

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vimento mais intenso na área dainfância e juventude?Gloria: No momento damos ênfa-se ao ESDE e ao ESME porque amaioria dos freqüentadores se en-contra numa faixa de 20 a 40 anos.Estamos dando início a trabalhode evangelização da infância, e játemos um grupo mais sólido dejovens espíritas.

Reformador: Há edições de livrosespíritas no Paraguai? Gloria: Há uma empresa de pro-priedade de espíritas que tem cola-borado muito na impressão de ma-terial para difusão espírita e, maisrecentemente, de livros. Há seteanos vem sendo editada a revistaLa Luz del Porvenir, que reúne ex-celentes matérias, e é um meio dedivulgação em nosso país, ofere-cendo também informações sobreo nosso Movimento Espírita.

Reformador: Qual a motivação pa-ra adotarem o tema “Família, Vidae Paz” na Semana Espírita que sedesenvolveu antes do início da Reu-nião do CEI? Gloria: É o terceiro ano que pro-movemos a “Semana Espírita doMovimento Paraguaio”. Escolhe-mos o tema porque entendemosque o futuro da sociedade dependeda estrutura da família, que hojese encontra fragilizada. Há neces-sidade de uma família com basereligiosa, capaz de se sustentarcom fé e conseguir a paz. Quandotivemos contato com o material daFederação Espírita Brasileira foimaravilhoso para nós. Verificamosque muitas famílias se beneficia-

ram com os temas abordados,inclusive os relacionados com adefesa da vida: aborto, suicídio,eutanásia. Se a família se desenvol-ve em paz, teremos mais paz nasruas e na sociedade.

Reformador: No Paraguai há algumpreconceito contra o Espiritismo?Gloria: Sim, por falta de conheci-mento sobre o que é o Espiritis-mo e por confundi-lo com práti-cas mediúnicas não-espíritas. Mas

nunca tivemos problemas e há li-berdade de culto no País. Já reali-zamos encontros, seminários econgressos sem maiores dificulda-des. Temos sido bem recebidosonde procuramos algum contatocom vistas às realizações espíritas.

Reformador: Como conheceu o Es-piritismo?Gloria: Conheci o Espiritismo noParaguai, em função de algunscompanheiros que chegaram doBrasil e após recebermos convitepara participar de uma reunião em

São Paulo, no Brasil. Há uns quin-ze anos se estabelece um intercâm-bio muito interessante e que temsido bastante produtivo.

Reformador: Vocês mantêm rela-cionamento com outros países? Gloria: Como o grupo de trabalha-dores ainda é pequeno e as neces-sidades internas de atuação sãograndes, mantemos pouco relacio-namento com outros países. Par-ticipamos do Conselho EspíritaInternacional e temos muitos con-tatos com o Movimento Espíritado Brasil.

Reformador: Como analisa as ati-vidades do CEI?Gloria: As atividades do CEI têmcontribuído para dar uma estrutu-ra de segurança e apoio aos váriospaíses. Nestes anos de existênciado CEI tem sido maravilhoso o in-tercâmbio que se estabelece. NestaReunião do CEI, em Assunção,sentimos madureza em todos osparticipantes, tranqüilidade e pro-fundo respeito a todos. Creio queo CEI está cumprindo os objetivospara os quais se formou. Está con-tribuindo muito para a difusão daDoutrina Espírita.

Reformador: Uma mensagem final.Gloria: Para o homem alcançar averdadeira felicidade que tantobusca, é indispensável conhecer-secomo ser espiritual, sabendo deonde vem e para onde vai; fomen-tar a paz dentro de cada um atra-vés do conhecimento e do amor;encontrar no próximo o próximomais próximo...

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As atividades do CEI têmcontribuído

para dar umaestrutura desegurança

e apoio aosvários países

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studando a vida espiritual além do túmulo,Allan Kardec, o eminente Codificador da NovaRevelação, apresenta em O Livro dos Espíritos

algumas definições que será oportuno examinar, afim de que nós outros, tarefeiros encarnados e desen-carnados do Espiritismo, estejamos vigilantes nas res-ponsabilidades que o Plano Superior nos conferiu.

Na pergunta 226, indaga o apóstolo da Codifica-ção:

– “Poder-se-á dizer que são errantes todos os Espí-ritos que não estão encarnados?”

E os seus elevados mentores responderam:– “Sim, com relação aos que devam reencarnar.

Não são errantes, porém, os Espíritos puros, os quechegaram à perfeição. Esses se encontram em seu es-tado definitivo.”

Segundo é fácil deduzir, “Espíritos errantes”, naelucidação, não significa Espíritos vagabundos, deso-cupados, inertes, mas sim sem residência fixa, qualocorre com todos nós, de vez que, de conformidadecom a palavra dos instrutores de Allan Kardec, so-mente não são considerados “errantes” aqueles “quechegaram à perfeição”, da qual, todos nós, a genera-lidade das criaturas terrestres, ainda nos achamosimensamente distantes.

Na pergunta 227, inquire o grande servidor daVerdade:

– “De que modo se instruem os Espíritos errantes?Certo não o fazem do mesmo modo que nós ou-tros?”

E o esclarecimento veio, precioso:– “Estudam e procuram meios de elevar-se. Vêem,

observam o que ocorre nos lugares aonde vão; ou-vem os discursos dos homens doutos e os conselhos

dos Espíritos mais elevados e tudo isso lhes incuteidéias que antes não tinham.”

A resposta é segura. Os “Espíritos errantes”, isto é,nós outros os viajores em demanda da perfeiçãosuprema, inclusive a maioria das almas reencarnadasque permanecem na curta romagem do berço aotúmulo e que ainda voltarão muitas vezes ao educan-dário da carne, encontramos oportunidades de estu-do e meios de elevação.

Ora, quem diz “estudo e elevação” refere-se a es-forço e trabalho, disciplina e progresso.

Assim é que tanto na experiência física quanto naexperiência espiritual, propriamente consideradas,nós, os viajores da senda evolutiva, não nos achamosórfãos da organização que nos define os méritos edeméritos.

Compreender-se-á, então, logicamente, que civili-zação e autoridade, agrupamento e ordem, escola edignificação, hospital e penitenciária, embora dife-renciados na expressão, escalonam-se e vigem paranós, os milhões de encarnados e desencarnados quevivemos ainda tão longe do acrisolamento absoluto.

Na pergunta 229, interroga o Codificador:– “Por que, deixando a Terra, não deixam aí os

Espíritos todas as más paixões, uma vez que lhesreconhecem os inconvenientes?”

E os orientadores aduziram:– “Vês nesse mundo pessoas excessivamente inve-

josas. Imaginas que, mal o deixam, perdem esse defei-to? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo osque alimentaram paixões bem acentuadas, uma espé-cie de atmosfera que os envolve, conservando-lhes oque têm de mau, por não se achar o Espírito inteira-mente desprendido da matéria. Só por momentos eleentrevê a verdade, que assim lhe aparece como quepara mostrar-lhe o bom caminho.”

Na trilha de Allan Kardec

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E

Presença de Chico Xavier

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A elucidação não deixa dúvidas.Carreamos para além do sepulcro a sombra das

ações deploráveis em que nos envolvemos, por efeitodas paixões que acalentamos no próprio ser.

Somos prisioneiros das imagens infelizes a quenos afeiçoamos, quando na extensão do mal aos ou-tros e a nós mesmos, imagens essas que se imobi-lizam, temporariamente, em nossa vida mental, de-tendo-nos nas grades do remorso e do arrependi-mento, até que atendamos à expiação necessária.

Em tais condições, a visão das verdades divinassurge em nossa consciência, tão-somente à maneirado relâmpago nas trevas que nós mesmos criamos,descerrando-nos o caminho regenerador que noscompete aceitar e seguir.

A morte física, como é racional, não nos subtrai, deimproviso, dos íntimos refolhos do espírito, as conse-qüências dos erros nefastos a que nos precipitamos, devez que os pensamentos oriundos das faltas cometidasnos entrançam a alma às imposições do resgate.

Na pergunta 230, consulta o notável missionário.– “Na erraticidade, o Espírito progride?” E os

Benfeitores informam:– “Pode melhorar-se muito, tais sejam a vontade e

o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na exis-tência corporal é que põe em prática as idéias queadquiriu.”

Outra vez reconhecemos os veneráveis mensagei-ros interessados em destacar a necessidade de servi-ço e educação, além-túmulo, aclarando, ainda, quetodos nós, “os viajores da evolução”, despendemosmuitos séculos adquirindo ensinamentos na VidaEspiritual e aplicando-os na esfera física, de modo aassimilarmos com segurança, a golpes de trabalhono campo do tempo, os valores da perfeição.

Ainda na pergunta 232, Kardec argúi, meticuloso:– “Podem os Espíritos errantes ir a todos os mun-

dos?”E a explicação veio clara:– “Conforme. Pelo simples fato de haver deixado o

corpo, o Espírito não se acha completamente des-prendido da matéria e continua a pertencer aomundo onde acabou de viver, ou a outro do mesmograu, a menos que, durante a vida, se tenha elevado,o que, aliás, constitui o objetivo para que devem ten-der seus esforços, pois, do contrário, não se aperfei-çoaria. Pode, no entanto, ir a alguns mundos supe-riores, mas na qualidade de estrangeiro. A bem dizer,consegue apenas entrevê-los, donde lhe nasce o dese-jo de melhorar-se, para ser digno da felicidade deque gozam os que os habitam, para ser digno tam-bém de habitá-los mais tarde.”

A resposta é tão brilhantemente positiva que nãorequisita comentários.

Vale, todavia, dizer que, muitas vezes, em desen-carnando a alma do veículo de sangue e ossos, não seliberta mentalmente da experiência a que ainda seprende na vida terrestre, em torno da qual gravitapor tempo indeterminado.

Ninguém acredite, pois, que o túmulo seja de-pósito de asas destinadas à elevação de quem nãoprocurou elevar-se durante a passagem pelo seio daHumanidade.

Ascensão pede leveza.Triunfo verdadeiro reclama heroísmo e glória.Sublimação exige amor e sabedoria.Felicidade não dispensa equilíbrio.O preço da perfeição é trabalho contínuo de en-

grandecimento da alma.Ninguém espere, assim, depois da morte, repouso

e bem-aventuranças que não soube conquistar por simesmo.

Serviço e hierarquia, aprendizado e aprimoramen-to são imperativos a que não conseguiremos fugir,tanto do berço para o túmulo quanto do túmulo parao berço, se desejamos marchar para a Vida Superior...

E enunciando semelhante realidade, não estamosfazendo mais que acompanhar a trilha de Allan Kar-dec, nas lições que o apóstolo admirável entesourou,em nosso benefício, há cem anos.

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)

Fonte: Reformador, abril de 1957, p. 103-104.

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Pelo Espírito André Luiz

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o longo de sua luminosatrajetória, Chico Xavier ex-perimentou inúmeros pro-

blemas de saúde, sem permitir queos males físicos o inibissem.

Indagado, certa feita, se em al-gum momento sentira impaciên-cia ou revolta, explicou:

– Não sofro tanto assim, por-que a ciência médica está bastanteavançada. Tenho, por exemplo, umprocesso de catarata inoperável ehá décadas faço a medicação emmeus olhos, com muita calma, por-

que considero, conforme me ensi-nou Emmanuel, que a possibilida-de de ver já é um privilégio.

Notável postura, não é mesmo,leitor amigo? Um convite à refle-xão em torno de males que nãonos afligiriam tanto, se não os ima-ginássemos capazes de paralisarnossas iniciativas e descolorir nos-sa existência.

A forma como o Mentor espiri-tual passou-lhe essa convicção ébastante pitoresca.

Certa feita, lutando por debelarum processo hemorrágico no olhodireito, Chico deixou de partici-par dos trabalhos mediúnicospor dois dias.

Emmanuel veio vê-lo.– Por que não está traba-

lhando?E Chico, ensaiando agasta-

mento:– Como o senhor sabe,

estou com um olho doente.O guia não deixou ba-

rato:– E o outro, o que es-tá fazendo? Ter dois

olhos é luxo!Chico con-

clui, após re-latar o epi-sódio:

– Poder trabalhar, não obstan-te a doença, já é quase saúde.

Diariamente, milhões de brasi-leiros justificam sua ausência noserviço, apresentando atestadosmédicos, a informar que estive-ram impossibilitados de exercersuas funções.

Há algo do chamado jeitinhobrasileiro em muitas dessas iniciati-vas, com as quais se pretende mataro serviço, em favor de alguns diasno dolce far niente dos italianos.

Em relação às atividades espiri-tuais e filantrópicas, no CentroEspírita, acontece com freqüênciamaior, lamentavelmente.

Isso porque não há necessidadede atestado. Geralmente os falto-sos nem se dão ao trabalho de avi-sar, ocasionando sérios embara-ços em determinados setores.

Particularmente na atividademediúnica, tal comportamento éaltamente danoso, porquanto, nãoraro, um planejamento cuidado-samente elaborado pelos Benfei-tores espirituais é prejudicado pe-la ausência de um ou mais partici-pantes.

Deixam de comparecer por mo-tivos triviais:

Saúde é trabalhar

ARI C H A R D SI M O N E T T I

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� Chuva.

� Frio.

�Cansaço.

�Desinteresse.

� Sono.

�Visita.

�Mal-estar.

Com relação a este último mo-tivo, não se dão conta os médiunsde que, não raro, uma enxaqueca,uma dor, uma tensão nervosa, umânimo caído, decorrem da presen-ça da entidade que deverá comu-nicar-se por seu intermédio.

Os Mentores espirituais anteci-pam a ligação, a fim de que ocorramelhor familiaridade com o Espí-rito, favorecendo a manifestação.

O médium, que deveria saberdisso, deixa de comparecer, porestar doente.

Em qualquer situação, no dia--a-dia, oportuno lembrar que otrabalho é o melhor remédio paranossos males.

Como o próprio Chico ensi-na, trabalhar, mesmo estandodoente, já é um começo de recu-peração.

Espiritualmente, haverá de-monstração mais exuberante desaúde do que alguém disposto aservir, mesmo estando doente?

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O Mestre e o ApóstoloLuminosa, a coerência entre o Cristo e o Após-

tolo que lhe restaurou a palavra.Jesus, o Mestre.Kardec, o Professor.Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.Jesus é combatido, desde a primeira hora do

Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.Kardec é impugnado desde o primeiro dia do

Espiritismo, pelos que fogem da luz.Jesus caminha sem convenções.Kardec age sem preconceitos.Jesus exige coragem de atitudes.Kardec reclama independência mental.Jesus convida ao amor.Kardec impele à caridade.Jesus consola a multidão.Kardec esclarece o povo.Jesus acorda o sentimento.Kardec desperta a razão.Jesus constrói.Kardec consolida.Jesus revela.Kardec descortina.Jesus propõe.

Kardec expõe.Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fe-

nômenos mediúnicos.Kardec recebe os princípios da Doutrina Espí-

rita, através da mediunidade.Jesus afirma que é preciso nascer de novo.Kardec explica a reencarnação.Jesus reporta-se a outras moradas.Kardec menciona outros mundos.Jesus espera que a verdade emancipe os ho-

mens; ensina que a justiça atribui a cada um pelaspróprias obras e anuncia que o Criador será ado-rado, na Terra, em espírito.

Kardec esculpe na consciência as leis do Uni-verso.

Em suma, diante do acesso aos mais altos va-lores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamenteconjugados pela Sabedoria Divina.

Jesus, a porta.Kardec, a chave.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA Waldo Opinião espírita.Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 5. ed. Uberaba(MG): CEC, 1982. p. 23-25.

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a arquitetura antiga, quan-do as construções eramfeitas com pedras, uma das

pedras era cuidadosamente sele-cionada na pedreira, para ser ta-lhada no tamanho e formato cor-retos, a fim de receber o maiorpeso do edifício e sustentá-lo – eraa pedra angular. Encontramos es-sa expressão usada de forma me-tafórica em alguns textos, com oobjetivo de transmitir um ensi-namento que nos parece extre-mamente útil.

No Novo Testamento (Pedro,2:4-8):

“Caríssimos: Aproximai-vos doSenhor, que é a pedra viva, rejeita-da pelos homens, mas escolhida epreciosa aos olhos de Deus.

E vós mesmos, como pedrasvivas, entrai na construção des-te templo espiritual, para consti-tuirdes um sacerdócio santo, des-tinado a oferecer sacrifícios es-pirituais, agradáveis a Deus porJesus Cristo.

Por isso se lê na Escritura: ‘Voupôr em Sião uma pedra angular,escolhida e preciosa; e quem nelapuser a sua confiança não seráconfundido’.

Honra, portanto, a vós queacreditais. Para os incrédulos, po-rém, ‘a pedra que os construtoresrejeitaram tornou-se pedra angu-lar’, ‘pedra de tropeço e pedra deescândalo’. Tropeçaram por nãoacreditarem na palavra, à qualforam destinados”.

Observa-se a idéia de cons-trução do templo como metáfo-ra, utilizada com o objetivo detrabalhar o conceito da espiri-tualização do homem. O edifícioque está sendo construído é otemplo espiritual, os ouvintes sãoconvidados a se tornarem pe-dras vivas da edificação, a fim deconstituírem o corpo sacerdotal,isto é, tornarem-se propagado-res da nova doutrina, habilita-dos a oferecer sacrifícios espiri-tuais verdadeiramente agradáveisa Deus. Pedro destaca o conteú-do da profecia antiga, que men-cionava uma pedra que seriarejeitada, mas que, aos olhos doSenhor, era a pedra angular des-se edifício. A referência é clara aJesus. Os contemporâneos dele,com raras exceções, não conse-guiram alcançar o entendimentode sua Doutrina, nem visualiza-

ram a importância de sua pre-sença na Terra, mas seus ensinossão a essência do edifício de es-piritualização, cujas bases foramlançadas nesses tempos antigos eque ainda estão em construçãosob as vistas amorosas do Pai. Ca-da um que alcance a compreen-são disso é uma pedra viva naedificação sublime, mas a pedraangular é Jesus.

Nas obras básicas do Espiritis-mo, a expressão é utilizada tam-bém como metáfora, encerrandopreciosos ensinamentos:

1. “[...] o que Jesus colocoupor pedra angular do seu edifí-cio e como condição expressa dasalvação: a caridade, a fraterni-dade e o amor do próximo [...]”O Evangelho segundo o Espiritis-mo, cap. XXIII, item 15. (Desta-que nosso.)

2. “[...] sua doutrina tem porbase principal, por pedra angu-lar, a lei de amor e de caridade.”O Evangelho segundo o Espi-ritismo, cap. XIV, item 6.(Desta-que nosso.)

Nos dois textos, Kardec utilizaa expressão para deixar claro quea essência do ensino de Jesus é a

Pedra angularN

DA LVA SI LVA SO U Z A

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caridade, o amor ao próximo,fundamento desrespeitado pelosque, dizendo-se cristãos, armam--se contra seus semelhantes.

3. “A parte mais importante darevelação do Cristo, no sentidode fonte primária, de pedra an-gular de toda a sua doutrina, é oponto de vista inteiramente no-vo sob que considera ele a Divin-dade.” A Gênese, cap. I, item 23.(Destaque nosso.)

Aqui o Codificador situa oconceito de Divindade da men-sagem do Evangelho como basepara uma nova filosofia, cuja con-seqüência é o desenvolvimentoda atitude correta das criaturasumas para com as outras. Con-cebendo Deus como Jesus ensi-nou, sabemos que Ele é Pai detodos – essa é a pedra angular deuma nova edificação, que colo-ca por terra o conceito antigo deum Deus parcial, que abençoavaum povo para que prevalecessesobre o outro.

4. “Não lestes jamais isto nasEscrituras: A pedra que os edifi-cadores rejeitaram se tornou aprincipal pedra do ângulo? Foi oque o Senhor fez e nossos olhoso vêem com admiração. – Por is-so eu vos declaro que o reino deDeus vos será tirado e será dado

a um povo que dele tirará frutos.– Aquele que se deixar cair sobreessa pedra se despedaçará e elaesmagará aquele sobre quemcair.

Tendo ouvido de Jesus essaspalavras, os príncipes dos sacer-dotes reconheceram que era de-les que o mesmo Jesus falava.” AGênese, cap. XVII, item 27.

Nesse caso, a análise incide so-bre o conteúdo da profecia quemencionava os atropelos dos que

haveriam de rejeitar a pedra es-colhida, que se tornaria pedra deescândalo e de tropeço para elesmesmos, e a possibilidade quetem a equipe espiritual de situara mensagem de Jesus em outroscontextos mais favoráveis, quan-do aqueles que foram chamadosnão se revelarem em condiçõesde divulgá-la adequadamente.

As conclusões a que podemoschegar com esse estudo são bemclaras: Jesus é a pedra angular doedifício da espiritualização da Hu-manidade e quem quiser ser pe-dra viva nesse templo em cons-trução, como conclama Pedro, pre-cisa aproximar-se do Senhor, istoé, evangelizar-se, seguir com oMestre.

O Cristianismo, por sua vez,tem como pedra angular um no-vo conceito de Deus, que gera o imperativo do amor entre ascriaturas. Os cristãos precisarãovivenciar e ensinar isso, para quese tornem as pedras vivas do edi-fício, mas sabemos que, ao longodos séculos, o movimento orga-nizado pelos homens distanciou--se de Jesus e, por isso, o Espiri-tismo veio na época prevista re-lembrar esses ensinos e acrescen-tar tudo o mais que, naquele tem-

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po, ainda não poderíamos supor-tar, mas que agora, com o avan-ço das ciências, já nos habilita-mos a apreender. Somos nós, es-píritas, nos tempos modernos,chamados ao trabalho de colocarem prática o que Jesus propôs.

Mas, talvez o ensinamento maisinteressante, no momento, paranós espíritas, quando tratamosdesta metáfora, seja o da seguin-te passagem:

“Tendo Jesus chegado às re-giões de Cesaréia de Filipe, inter-rogou os seus discípulos, dizen-do: Quem dizem os homens sero Filho do Homem?

Responderam eles: Uns dizemque é João, o Batista; outros, Elias;outros, Jeremias, ou algum dosprofetas.

Mas vós, perguntou-lhes Jesus,quem dizeis que eu sou?

Respondeu-lhe Simão Pedro: Tués o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Disse-lhe Jesus: Bem-aventura-do és tu, Simão Barjonas, porquenão foi carne e sangue que to re-velou, mas meu Pai, que está noscéus.

Pois também eu te digo que tués Pedro e sobre esta pedra edifi-carei a minha igreja [...].” (Ma-teus, 16:13-18.)

O Mestre confirma a infor-mação dada por Pedro, deixan-do claro que Ele não era a reen-carnação de nenhum profeta an-tigo. Hoje, à luz do Espiritismo,sabemos que a evolução de Jesusnão se processou na Terra, pois,quando nosso planeta se consti-tuiu, Ele já era um Espírito puro.Ao confirmar a resposta de Pe-

dro, Jesus acrescentou que nãohaviam sido a carne e o sangueque propiciaram ao apóstolo talconhecimento, mas o Pai que es-tá nos céus. Isto é, a informaçãonão lhe veio das possibilidadesracionais do cérebro físico, masda interação de Pedro com umadimensão superior. Está explíci-ta aí a origem mediúnica da in-formação veiculada pelo apósto-lo. E o ensino que mais nos inte-ressa vem no final do episódio

quando Jesus acrescenta: “Poiseu também te digo que tu és Pe-dro e sobre esta pedra edificareia minha igreja”.

Jesus usa, nesta passagem, me-taforicamente, o conceito de cons-trução, referindo-se à espiritua-lização do ser humano, como erahabitual no contexto cultural da-quela época. Sua igreja, toman-do-se a etimologia do termo, de-ve ser entendida, não como orga-nização religiosa formal, ou co-mo templo de pedra, mas comoassembléia, isto é, movimento depessoas que haveria de dar pros-seguimento ao trabalho que Ele

iniciou. Esse movimento teria, en-tão, como pedra angular a me-diunidade bem utilizada, isto é, apossibilidade de entrar em con-tato com as esferas mais elevadasdo mundo espiritual, a fim de tra-zer de lá o que seja fundamentalpara a edificação dos seres huma-nos, exatamente o que Pedro re-presentou naquele momento, nãohavendo, pois, qualquer possibi-lidade de se identificar aí a insti-tuição pelo Cristo de uma hie-rarquia sacerdotal.

Chegamos, enfim, à conclusãoque nos interessa fixar. A Doutri-na Espírita está na Terra para aedificação moral do homem, pe-la retomada dos ensinos de Jesus,apoiando-se na mediunidadebem utilizada, conforme orientaa Codificação. Essa a pedra an-gular do edifício espírita. A rejei-ção dessa pedra angular tambémtem sido motivo de tropeço paramais de uma instituição em nos-so Movimento, ao longo do tem-po. Estudar a mediunidade, en-tender seus fundamentos e apli-car-se à sua prática, conforme asorientações claras e precisas deO Livro dos Médiuns, é o que noscabe fazer, para manter as luzesespirituais clareando o roteirodifícil destes tempos de transiçãopelo qual passamos. Sem isso,também para nós, a pedra an-gular será pedra de escândalo etropeço, gerando mais e maisobstáculos a que possamos nostornar, verdadeiramente, as pe-dras vivas do templo em cons-trução, para cujo trabalho fomosconvocados.

20 Reformador • Outubro 2006 337788

A DoutrinaEspírita está

na Terra paraa edificação

moraldo homem

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“Disse-lhe Jesus: Maria!

– Ela, voltando-se, disse-lhe: Mestre!”

(JOÃO, 20:16.)

Madalena

os fatos mais significativos do Evangelho, a primeira visita de Jesus, na

ressurreição, é daqueles que convidam à meditação substanciosa e acurada.

Por que razões profundas deixaria o Divino Mestre tantas figuras mais

próximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena, em primeiro lugar?

Somos naturalmente compelidos a indagar por que não teria aparecido, antes, ao

coração abnegado e amoroso que lhe servira de Mãe ou aos discípulos amados...

Entretanto, o gesto de Jesus é profundamente simbólico em sua essência divina.

Dentre os vultos da Boa Nova, ninguém fez tanta violência a si mesmo, para

seguir o Salvador, como a inesquecível obsidiada de Magdala. Nem mesmo Paulo de

Tarso faria tanto, mais tarde, porque a consciência do apóstolo dos gentios era

apaixonada pela Lei, mas não pelos vícios. Madalena, porém, conhecera o fundo

amargo dos hábitos difíceis de serem extirpados, amolecera-se ao contato de enti-

dades perversas, permanecia “morta” nas sensações que operam a paralisia da alma;

entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os

passos, fiel até ao fim, nos atos de negação de si própria e na firme resolução de

tomar a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa.

É compreensível que muitos estudantes investiguem a razão pela qual não apare-

ceu o Mestre, primeiramente, a Pedro ou a João, à sua Mãe ou aos amigos. Todavia,

é igualmente razoável reconhecermos que, com o seu gesto inesquecível, Jesus rati-

ficou a lição de que a sua doutrina será, para todos os aprendizes e seguidores, o

código de ouro das vidas transformadas para a glória do bem. E ninguém, como

Maria de Magdala, houvera transformado a sua, à luz do Evangelho redentor.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 92, p. 199-200.

21Outubro 2006 • Reformador 337799

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

D

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Espiritismo é reconheci-do pelos seus adeptos co-mo sendo o Consolador

que Jesus prometera enviar aoshomens.

Baseando-se no que o Mestredisse, segundo consta no Evange-lho de João, (capítulo 14, nos versí-culos de 15 a 17 e 26), cujo texto éo seguinte:

“Se me amais, guardai os meusmandamentos. E eu rogarei ao Pai, eele vos dará outro Consolador, paraque fique convosco para sempre; oEspírito da verdade, que o mundonão pode receber, porque não o vênem o conhece; mas vós o conhe-ceis, porque habita convosco, e esta-rá em vós. Mas aquele Consolador,o Espírito Santo, que o Pai enviaráem meu nome, esse vos ensinarátodas as coisas, e vos fará lembrar detudo quanto vos tenho dito”.

O Espiritismo, como se sabe, éuma doutrina filosófica, cujos fun-damentos estão centrados em fatosconcretos e leis naturais, ressaltan-do disso o seu aspecto científico.

No entanto, essa doutrina, mo-dificando profundamente o pensa-

mento do homem sobre a sua na-tureza, abrange todas as questõessociais, e, conseqüentemente, asquestões religiosas.

Emmanuel, o sábio mentor deChico Xavier, em seu esclarecedorlivro O Consolador, relata-nos queo Espiritismo possui um trípliceaspecto: o de ser, ao mesmo tem-po, Ciência, Filosofia e Religião.

Vejamos este trecho:“– Podemos tomar o Espiritis-

mo, simbolizado desse modo, co-mo um triângulo de forças espiri-tuais.

A Ciência e a Filosofia vincu-lam à Terra essa figura simbólica,porém, a Religião é o ângulo divi-no que a liga ao céu.[...]”1

Equivocar-nos-íamos enorme-mente, se pensássemos que a tare-fa do Mestre estivesse limitadaàqueles tempos da Palestina.

Ele está atento todo o tempo,em relação aos destinos humanos,e sabe que não seria fácil para oshomens o caminho da evoluçãoespiritual, por isso prometeu queenviaria mais tarde um Consola-dor, como vimos anteriormente,

no Evangelho deJoão, para re-lembrar o queEle dissera enos ensinar to-das as coisasque não po-deriam ser en-tendidas na-quela época.Em outras pa-lavras: futura-mente, Ele daria ao homem umConsolador que prometera outro-ra, o qual se tornaria a TerceiraRevelação que não é outra coisasenão a Doutrina codificada porAllan Kardec, pois ela cumpreaquilo que o Mestre Nazareno pro-metera. Ou seja: o conhecimentoque leva o homem a saber de on-de vem, para onde vai e porqueestá neste planeta; faz com que adureza das provações se torne me-nos difícil, pois acende em cadaum a luz da esperança, além dedespertar o sentimento de reli-giosidade natural que o leva a darmais importância às obras, doque à fé.

O

Espiritismo –O Consolador prometido

22 Reformador • Outubro 2006 338800

Livro O Consolador,psicografado por

Francisco C. Xavier

por JesusHU G O ALVA R E N G A NOVA E S

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Uma das principais característi-cas do Espiritismo é que ele nosaproxima de Deus, assim como da-quele que é o seu maior mensagei-ro aqui na Terra – Jesus, o Cristo.

A Doutrina Espírita cumpre apromessa de Jesus, ensinando aoshomens a observância das leis mo-rais, fazendo-os compreender oque o Cristo havia dito por pará-bolas.

O Mestre Nazareno disse-nos noEvangelho, segundo o apóstoloMateus (11:15):

“Quem tem ouvidos para ouvir,ouça”.

O Espiritismo vem nos abrir osolhos e ouvidos, porque fala tudoclara e logicamente.

Levanta-nos o véu que há sobrecertos mistérios.

Consola a todos aqueles que so-frem, dando-lhes uma causa justaem relação àquilo que estão pas-sando no momento.

Se Jesus não falou tudo que teriapara dizer, é que deveria deixar cer-tas verdades na sombra até que oshomens estivessem prontos paracompreendê-las.

Isto nos fica claro na seguintepassagem do Evangelho segundoJoão (16:12):

“Ainda tenho muito que vos di-zer, mas vós não o podeis suportaragora”.

Para nós, esta é uma prova incontestável da necessidade deaguardar a evolução da Humani-dade, a fim de que esta pudes-se suportar certos conteúdos quenão seriam compreendidos naépoca do Cristo.

Conforme Ele mesmo declarou,seus ensinamentos estavam incom-pletos; e mais ainda, anunciava avinda daquele que os deveria com-pletar, dizendo-nos também asseguintes palavras no Evangelhosegundo Marcos (13:31):

“Passará o Céu e a Terra, mas asminhas palavras não passarão”.

Alguns pensam que é uma pre-tensão dos que professam o Espi-ritismo conferir ao mesmo o títu-lo de Consolador. No entanto, elenos fornece as respostas que falamaos nossos corações, consolando--nos e preenchendo as lacunas dei-xadas pela cultura humana.

Se o Espiritismo cumpre tudoaquilo que Jesus nos prometeu, e se,além disso, dizendo-nos de ondeviemos, para onde vamos e o queestamos fazendo na Terra, ensinan-do-nos ainda, como devemos viverneste planeta, a Doutrina codifica-da por Allan Kardec é realmente oConsolador Prometido pelo Cristo.

Somente através de uma refor-ma íntima persistente, consecuti-vamente ampla e constante, é quealcançaremos bem-aventurançasmaiores tanto na Terra quantono Céu.

Como bem afirmou um Espíritoisraelita, em Mulhouse, no ano de1861:

“Moisés abriu o caminho; Jesuscontinuou a obra; o Espiritismo aconcluirá”.2

Referências:1XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo

Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. “Definição”, p. 19.2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. I, item 9, p. 63.

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História confirma que hádez mil anos, no Egito, jáera corrente o intercâmbio

com os desencarnados. Assírios ecaldeus em épocas remotíssimaspraticavam a desobsessão. Na Pér-sia (atual Irã) do século XIV antesde Cristo, admitia-se que as almasdos mortos eram protetoras dosvivos. Foi naquele ambiente queZoroastro se comunicou com ele-vados mensageiros espirituais econcebeu o livro sagrado do mas-deísmo, o Zend Avesta.

Na linha da cultura judaico--cristã, a Bíblia, com inúmeros re-latos de fenômenos mediúnicos,deixa patente que o intercâmbioentre o mundo visível e o invisívelfoi sempre uma prática natural,demonstrando ser a mediunidadeum poderoso instrumento a ser-viço do progresso humano. Porela, os irmãos do outro lado da vi-da atendem caridosamente o nos-so chamado ou vêm espontanea-mente em nosso socorro, ofere-cendo-nos orientação, conselho,instrução e consolação. Não pou-cas vezes, por solidariedade, ad-vertem-nos quanto aos nossos atose propõem correções em nossosprojetos de vida, na esperança de

melhorar o mundo para o qual re-tornarão.

Durante os três primeiros sécu-los de nossa Era, o uso da mediuni-dade para o intercâmbio com as es-feras espirituais transformou-a emfator propulsor para a divulgaçãodo Cristianismo, quando os após-tolos eram naturalmente orienta-dos pelos Espíritos sobre comoagir para mais fielmente serviremà obra do Senhor. Paulo, o apósto-lo dos gentios, chegou mesmo atraçar normas disciplinares parao exercício e correta realização dointercâmbio espiritual. (I Cor., 12e 14.)

Ao missionário Allan Kardeccoube, no entanto, estabelecer commais precisão princípios morais eracionais para o correto uso da me-diunidade, considerando que osEspíritos são as almas dos homensque viveram na Terra e continuamenvolvidos conosco, fazendo a nos-sa História. Para tanto, escreveu OLivro dos Médiuns. Nele encontra-mos teorias sobre as manifestaçõesespíritas, instruções e orientaçõesseguras de como entrar em conta-to com o mundo espiritual; alertassobre suas dificuldades, e os prin-cípios morais que devem nortear

essa prática. A partir do Codifica-dor, no âmbito da Doutrina Espí-rita, toda produção mediúnica, se-ja ela científica, filosófica ou reli-giosa, passará pelo crivo da razão,sendo analisada pelo seu conteú-do e não pela forma nem pela suaorigem. Esse procedimento evitaque os falsos profetas da erratici-dade tomem o lugar dos verdadei-ros arautos do Cristo, na comple-mentação da Terceira Revelação.

O grupo espírita que pretendaproduzir bons frutos pelo inter-câmbio com os Espíritos deverátomar sérias precauções no senti-do de minimizar a interferência dementes inferiores encarnadas e de-sencarnadas na produção mediú-nica final. Em virtude da delicade-za do intercâmbio e com a intençãode cooperar nessa prática tão ne-cessária, resgatemos alguns ensina-mentos dos Mentores espirituais.

No que diz respeito aos Espíri-tos comunicantes, alerta-nos Em-manuel:

– “[...] a maioria das entidadescomunicantes são verdadeiros ho-mens comuns, relativos e falhos,porquanto são almas que conser-vam, às vezes integralmente, o seucorpo somático e cujo habitat é o

O necessário e delicadointercâmbio mediúnico

AWA L D E H I R BE Z E R R A D E AL M E I DA

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próprio orbe que lhes guarda osdespojos e as vastas zonas dos es-paços que o cercam, atmosferas dopróprio planeta, que poderíamosclassificar de colônias terrenas nosplanos da erraticidade”.1

Diante disso, há que se ter se-riedade e amor ao bem para quevenhamos conseguir as comunica-ções de que somos dignos, da for-ma mais pura possível. Sabemosque não é comum se obter mensa-gens escritas ou faladas de conteú-do inédito dos irmãos que conos-co mourejam nas casas espíritas.

Quanto a isso, o Mentor de Chi-co Xavier acrescenta:

“Dos motivos expostos, infere--se que a suposta vulgaridade dosditados mediúnicos é um fato na-turalíssimo, porque emanam dasalmas dos próprios homens daTerra, imbuídos de gosto pessoal[...]. Procuram agir no plano físi-co unicamente para demonstraçãoda sobrevivência além da morte,levantando os ânimos enfraqueci-dos, porque dilatam os horizontesda fé e da esperança no futuro, po-rém, jamais serão portadores dapalavra suprema do progresso, nãosó porque a sua sabedoria é igual-mente relativa, como também por-que viriam anular o valor da ini-ciativa pessoal e a insofismável rea-lidade do arbítrio humano.”2

Outro fator significativo que in-terfere no resultado dos trabalhosmediúnicos, sem nenhum desdou-ro para todos que atuamos nas reu-niões onde o intercâmbio se dá, éa nossa interferência mental, cons-ciente ou inconsciente, no processode comunicação. O Espírito André

Luiz, estudando a atuação das on-das mentais, conclui que:

“[...] o pensamento, a formular--se em ondas, age de cérebro a cé-rebro, quanto a corrente de elé-trons de transmissor a receptor,em televisão.

Não desconhecemos que todoEspírito é fulcro gerador de vidaonde se encontre.

E toda espécie de vida começano impulso mental.

Sempre que pensamos, expres-sando o campo íntimo na ideaçãoe na palavra, na atitude e no exem-plo, criamos formas-pensamentos ouimagens-moldes que arrojamos parafora de nós, pela atmosfera psíqui-ca que nos caracteriza a presença.

Sobre todos os que nos aceitemo modo de sentir e de ser, cons-ciente ou inconscientemente, atua-mos à maneira do hipnotizador so-

bre o hipnotizado, verificando-se oinverso, toda vez que aderimos aomodo de ser e de sentir dos ou-tros”.3 (Grifamos.)

Dessas afirmativas, podemosconcluir que em um grupo de tra-balho mediúnico todas as mentespresentes estão interagindo entresi, com mais propriedade à daque-le que se coloca como intermediá-rio direto dos Espíritos. SegundoLIMA (2005), a partir da relativi-dade de tudo o que nos envolve,“se estabelece que não há fenôme-no de per si: Vale dizer: todo fenô-meno depende parcialmente doobservador e são as condições des-te que determinam as conclusõessobre aquele”. E, mais à frente, ci-ta o eminente cientista JohnWheeler que propõe a substitui-ção da palavra observador por par-ticipante nas experimentações de

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qualquer natureza.4 Logo, numareunião mediúnica ninguém ésimplesmente observador...

Essas realidades são trazidasaqui, não para desestimular o con-tato com os Espíritos, mas sim,para que busquemos essa interlo-cução com intento sério e sem apretensão de resultados acima dasnossas condições espirituais; comhumildade e seriedade. O contatocom os irmãos que nos precede-ram e continuam do “outro lado”e ao “nosso lado”, na luta pela im-plantação da fraternidade no mun-do, é um estímulo para todos nós:alimenta-nos a esperança, fortale-ce-nos o ânimo e encoraja-nos pa-ra a luta de cada dia. Não isolemosos familiares e amigos que nos pre-cederam e que comungam do mes-mo ideal, alegando disciplina erespeito aos “mortos”, ou ainda,que os Espíritos já disseram o quetinham de dizer na Codificação enas obras complementares...

O Codificador não é tão rigo-roso assim e encontra razões bas-tante humanas para nos incenti-var o intercâmbio com os desen-carnados. Diz ele:

“A possibilidade de nos pormosem comunicação com os Espíritosé uma dulcíssima consolação, poisque nos proporciona meio de con-versarmos com os nossos parentes eamigos, que deixaram antes de nósa Terra. Pela evocação, aproxima-mo-los de nós, eles vêm colocar-seao nosso lado, nos ouvem e respon-dem. Cessa assim, por bem dizer, to-da separação entre eles e nós. Auxi-liam-nos com seus conselhos, teste-munham-nos o afeto que nos guar-

dam e a alegria que experimentampor nos lembrarmos deles. Para nós,grande satisfação é sabê-los dito-sos, informar-nos, por seu intermé-dio, dos pormenores da nova exis-tência a que passaram e adquirir acerteza de que um dia nos iremosa eles juntar”.5 (Grifamos.) Mas énatural que Allan Kardec, conhe-cendo a delicadeza desse intercâm-bio, estabelecesse condições ideaispara esse encontro, as quais aquiapresentamos:

• “Perfeita comunhão de vis-tas e de sentimentos;

• Cordialidade recíproca en-tre todos os membros;

• Ausência de todo sentimen-to contrário à verdadeira ca-ridade cristã;

• Um único desejo: o de seinstruírem e melhorarem,por meio dos ensinos dosEspíritos [...];

• Exclusão de tudo o que, nascomunicações pedidas aosEspíritos, apenas exprima odesejo de satisfação da curio-sidade;

• Recolhimento e silêncio res-peitosos, durante as confa-bulações com os Espíritos;

• União de todos os assisten-tes, pelo pensamento [...];

• Concurso dos médiuns daassembléia com isenção detodo sentimento de orgulho,de amor-próprio e de supre-macia e com o só desejo deserem úteis”.6

Atendidos esses requisitos mí-nimos, busquemos o diálogo comos Espíritos. Descubramos na

mensagem advinda a sua essên-cia, sem optarmos pelo exagero detudo creditar ao animismo, des-prezando a alegria e a consolaçãoque o momento nos oferece. O mé-dium interpreta e dá forma aopensamento do comunicante. Acada um dos presentes competeatribuir-lhe o valor que o seu con-texto íntimo permite, sem exage-ros de racionalidade e com purezade coração. O momento exige oequilíbrio do coração e da razão.Respeitemos as dificuldades que osEspíritos encontram para trans-mitir suas idéias, as dos médiunsque se tornam alvos de dardosmentais de encarnados e desencar-nados no exercício de seu labor, eagradeçamos aos “mortos” pela ab-negação e esforço em nos atender.

O momento é delicado, masmuito necessário a todos que bus-camos apoio para nossa renova-ção.

Referências:1XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel.

Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2005. Cap. XXVIII, p. 151.2Idem, ibidem. p. 151-152.3XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA,

Waldo. Mecanismos da mediunidade.

Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 11, “Pensamento

e televisão”, p. 91-92.4LIMA, Moacir Costa de Araújo. A era do

espírito. 1. ed. Porto Alegre: Gráfica Edito-

ra Comunicação Impressa, 2005. p. 24.5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 87.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Questão

935. Comentário de Kardec.6______. O livro dos médiuns. 78. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2006. Item 341.

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om entusiasmo e perseve-rança, desde alguns anos te-mos procurado rastrear os

passos luminosos de Manoel Vian-na de Carvalho, alma preexcelsa,exemplo de inclinação missioná-ria, baluarte de um trabalho in-comparável na difusão dos postu-lados espíritas por todo o País. En-tre os seus pósteros, todavia, bempoucos conhecem a dimensão exa-ta de seu labor, disseminando osprincípios de uma verdade con-soladora: a doutrina sistemati-zada por Allan Kardec.

Neste mês de outubro re-lembramos o 80o aniversáriode seu regresso ao mundo es-piritual. Lamentavelmente, emrazão do descaso para com amemória histórica do nosso Mo-vimento, poucos conhecem a vidade um dos mais fiéis apóstolos daTerceira Revelação.

Eis, pois, seu perfil biográfico.Manoel Vianna de Carvalho

nasceu na cidade de Icó, Ceará, a10 de dezembro de 1874. Era filhode Tomás Antônio de Carvalho,professor de Música e Língua Por-tuguesa da Escola Normal, e de Jo-sefa Vianna, mulher de raras virtu-des. Em Fortaleza, estudou no Li-ceu do Ceará. Em 1891, matricu-lou-se na Escola Militar do Ceará,

onde se destacaria pelo brilho desua inteligência. Nesse mesmo ano,juntamente com outros cadetes, co-nheceu o Espiritismo, organizandona própria escola um grupo de es-tudos doutrinários.

Em 1894, ainda na capital cea-rense, avultou como poeta, partici-

pando da fundação do Centro Li-terário, agremiação dissidente dacélebre Padaria Espiritual. No anode 1895, transferiu-se para o Rio deJaneiro, matriculando-se no Cur-so Superior da antiga Escola Mi-litar da Praia Vermelha. Passou afreqüentar a União Espírita de Pro-paganda do Brasil.

Ali, Vianna de Carvalho desta-cou-se como um dos mais ardoro-sos trabalhadores do grupo, pas-sando a ocupar a tribuna, quasetodas as noites. Sua aparência ju-venil não fazia diferença, porqueseu verbo inspirado e eloqüenteembevecia os ouvintes, concorren-do para aumentar, diariamente, onúmero de curiosos por ouvi-lo.

Em 1896, foi transferido paraEscola Militar de Porto Alegre. Pro-

curou, então, alguns confradese, numa casa abandonada, des-provida de mesas e cadeiras,dentro de um terreno baldiono bairro do Parthenon, co-meçou a divulgar o Espiritis-mo. Em seguida, fundou um

núcleo de estudos no andartérreo de uma casa comercial,

na Rua dos Andradas. Convocoudiversas pessoas, entre as quais Mer-cedes Ferrari que, animada pelocadete Vianna e com o apoio deoutros companheiros, deu grandeimpulso ao Movimento Espíritalocal.

Ainda em 1898, regressou aoRio de Janeiro e retomou os traba-lhos na União Espírita de Propa-ganda do Brasil, passando a serrequisitado para proferir conferên-cias em todo o Distrito Federal, naépoca no Rio de Janeiro.

Vianna de Carvalho 80 anos de desencarnação

27Outubro 2006 • Reformador 338855

CLU C I A N O KL E I N FI L H O

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No ano de 1898, de novo emPorto Alegre, publicou a sua pri-meira obra literária, Facetas, cujasegunda edição, lançada em 1910,foi prefaciada pela poetisa CarmenDolores, pseudônimo da escritoraEmília Bandeira de Melo. O livromereceu os melhores elogios dacrítica. Em 1923, publicou Colori-dos e Modulações, coletânea de suascrônicas, escritas durante váriosanos em periódicos espíritas e li-terários. A obra foi igualmente mui-to bem recebida.

Em 1905, foi transferido para o8o Batalhão de Infantaria, em Cuia-bá. Naquela cidade, fundou o Cen-tro Espírita Cuiabano, em 1906, do-tando-o do necessário ao seu bomfuncionamento, sendo seu primeiropresidente. Em 1907, retornou aoRio de Janeiro a fim de se matricu-lar no Curso de Engenharia daEscola Militar do Realengo. Dessavez realizou uma série de conferên-cias na Federação Espírita Brasileirae no auditório da antiga Associaçãodos Empregados do Comércio, complatéias cada vez maiores. Foi convi-dado para conferências em SãoPaulo, Minas Gerais, Espírito Santoe em todo o Estado do Rio de Ja-neiro, sendo, em muitas dessas ex-cursões acompanhado por IgnácioBittencourt, diretor do jornal Au-rora, em cujas páginas Vianna em-prestou a sua colaboração, como emtantos outros periódicos, espíritas elaicos, por todo o País. Em 1910,concluiu o Curso de EngenhariaMilitar e mudou-se para Fortalezaem abril daquele ano.

O Espiritismo no Ceará flores-ceu na última década do século

XIX, mercê da persistência dogrande pioneiro Luiz de França deAlmeida e Sá, fundador do GrupoEspírita Fé e Caridade. Na viradado século, surgiram mais dois gru-pos na cidade de Maranguape, oVerdade e Luz – que editou, em1901, o jornal Luz e Fé – e o Cari-dade e Luz, organizado em agostode 1902, e que publicava o jornalDoutrina de Jesus e mantinha a Es-cola Cristã, de 1902, uma das pri-meiras escolas vinculadas a umasociedade espírita no Brasil. Con-tudo, esses grupos de reuniões fa-miliares não tiveram longa dura-ção, e não mais existiam quandoda chegada de Vianna.

O grande ímpeto da Doutrinados Espíritos no Ceará só ocorreu,efetivamente, a partir de 1910, coma chegada de Vianna de Carvalho.Sua estada em Fortaleza, de maiodaquele ano até novembro de1911, foi pródiga de realizações.Logo ao chegar, procurou arregi-mentar forças para organização doMovimento Espírita local. Publi-cou, repetidas vezes, nas páginasdo jornal Unitário, anúncios comoeste:

Peço aos espíritas do interior doCeará, bem como aos socialistas,maçons, livres pensadores, adeptosem geral das idéias modernas, o ob-séquio de me enviarem os seus ende-reços para fins de propaganda.

Vianna de CarvalhoEndereço: Rua 24 de Maio, no 26.Promoveu o estudo sistemático

de O Livro dos Espíritos e fez con-ferências semanais nos salões daslojas maçônicas “Amor e Caridade”,“Igualdade” e “Liberdade”. Essas

preleções – que passaram a serpublicadas, sinteticamente, nosjornais Unitário e A República –tiveram repercussão extraordiná-ria e motivaram imediata reaçãode líderes católicos que, pelos jor-nais Cruzeiro do Norte e O Bandei-rante, combateram o Espiritismo eseu fiel arauto. A campanha insi-diosa, em vez de prejudicar, au-mentou grandemente o interessepela Doutrina.

Entretanto, o corolário do pro-fícuo labor desse filho de Icó foi afundação, em junho de 1910, doCentro Espírita Cearense, que fun-cionaria na Rua Santa Isabel, no

105 (hoje Princesa Isabel, no 255),bem no coração da cidade.1

O Unitário, na edição do dia 22de junho, registrou este memorá-vel acontecimento.

Domingo (19), a uma hora datarde, realizou-se no palacete da Fê-nix Caixeiral, a sessão solene defundação do Centro Espírita Cea-rense.

Presidiu-a o ilustre magistradoSr. Desembargador Olympio de Pai-va, que teve a secretariá-lo os senho-res Miguel Cunha e Francisco Pra-do. [...] Em seguida foi dada a pala-vra ao Sr. Dr. Vianna de Carvalhoque produziu brilhante e eruditapeça oratória discorrendo larga-mente sobre a Doutrina Espírita.Sua Senhoria foi delirantementeaplaudido............................................................

Estiveram presentes à sessão inú-meros cavalheiros de distinção e

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1Atualmente funciona no local a Federa-ção Espírita do Estado do Ceará.

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várias famílias, que assinaram a atade fundação da novel associação. Foigrande o número de pessoas que seinscreveram como sócios do CentroEspírita Cearense.

Aos esforçados membros do Cen-tro, enviamos os nossos votos paraque tenham completo êxito em seunobilíssimo desideratum.

Na conferência de inauguraçãodo Centro, Vianna lamentou queno Ceará, onde têm surtido os maisbelos empreendimentos, ainda nãose apercebesse da necessidade im-periosa de organizar um centro es-pírita,2 enquanto em outros esta-dos, mesmo os mais longínquos, oEspiritismo tem sulcado profundoa sua ação benéfica pela profusãoespantosa de todos os ensinamen-tos capazes de remodelar os senti-mentos incompatíveis com a ver-dadeira e genuína religião do Cris-to. Disse mais, que era em nomeda Federação Espírita Brasileiraque assim falava e pediu ao Sr.Presidente que em nome daquelaconspícua corporação, declarassefundado nesta capital o Centro Es-pírita Cearense.3

O Centro Espírita Cearense pas-sou a desenvolver notável servi-ço no campo da propaganda dou-trinária (promoção de estudos,conferências, criação do jornal OLábaro, etc.) e no campo assisten-cial.

A partir de Fortaleza, Vianna deCarvalho sofreria intensa perse-

guição de influentes membros daIgreja, que passaram a pleitear suatransferência junto às autorida-des militares. Assim, em novembrode 1911, depois de um ano e seismeses de grandes serviços presta-dos à Causa, partiu para a CapitalFederal.

Em outubro de 1923, regressoua Fortaleza como chefe interino doEstado Maior da 7a Região Militar,com sede em Recife, no desempe-nho de importante comissão doMinistério da Guerra. Aproveitoua oportunidade para rever amigose fazer conferências no Centro Es-pírita Cearense, que então já pos-suía sede própria, e na Loja Li-berdade.

No dia 10 de abril de 1924, vol-tou para assumir as funções de fis-cal do 23o Batalhão de Caçadores.Largo círculo de seus amigos eadmiradores o recepcionou no de-sembarque. Em julho desse ano,assumiria o comando interino doreferido Batalhão.

Vianna permaneceu em Forta-leza até 11 de setembro de 1924.Proferiu conferências e participoude atividades culturais. Decorri-dos treze anos de sua fecunda tare-fa na organização do MovimentoEspírita cearense, não enfrentou asmesmas resistências da outra vezporquanto, além do respeito quelhe impunha o novo posto e fun-ção, vários intelectuais, figurasconspícuas da sociedade fortale-zense, haviam se convertido aoEspiritismo. Entre estes, o tenente--coronel Francisco de Sá Roriz(1870-1925), que fora chefe depolícia no governo do general Se-

tembrino de Carvalho, e fundador,em 1916, da Faculdade de Farmá-cia e Odontologia.

No Rio de Janeiro, juntamentecom Ignácio Bittencourt, fundou aUnião Espírita Suburbana; comArthur Machado, a Tenda Espíri-ta de Caridade. Realizou inúme-ras conferências públicas no Cine--Teatro Odeon e na Escola Nacio-nal de Música.

Vianna percorreu as principaiscidades brasileiras do início do sé-culo XX. Em Recife, onde já eragrande a sua fama, fundou, comAntônio José Ferreira Lima e Ma-noel Aarão, a Cruzada Espírita Per-nambucana, em 1923. Pregou noCine-Teatro Polyteama e no Tea-tro Santa Isabel. Os jornais A Pro-víncia e o Diário de Pernambuco,noticiavam que o público para ou-vi-lo era incalculável, com pes-soas de todas as classes sociais. Foiele quem, em 1914, levantou acampanha para evangelização dascrianças nos centros espíritas, su-gerindo a criação das Aulas de Mo-ral Cristã.

Em 1926, quando servia emAracaju, adoeceu gravemente, viti-mado por um tipo grave de beri-béri. Era o comandante interinodo 28o Batalhão de Caçadores, noposto de major. Diante da gravida-de do seu estado de saúde, os mé-dicos o encaminharam para oHospital de São Sebastião, emSalvador. Foi conduzido de macaaté o vapor “Íris”. Nas proximida-des da praia de Amaralina, às 6h30da manhã do dia 13 de outubro de1926, desencarnou a bordo, aos 51anos.

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2Ele se refere a um Centro Espírita legal-mente constituído.

3Ata de Fundação do Centro EspíritaCearense.

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eus! ó Deus! onde es-tás que não respon-des?”, escrevia Antô-

nio Frederico de Castro Alves emVozes d’África, poema publicadoem 1883, doze anos após suamorte, que se traduziu num bra-do contra a Escravatura, causaque o poeta abraçou com coraçãopalpitante em toda sua obra, emgrandes textos de cunho social.

Autor ainda de Espumas Flu-tuantes, único dos seus livros pu-blicado em vida, e de poemascomo Navio Negreiro, onde retra-ta o sofrimento do negro escravo,Castro Alves não é o único a ques-tionar os caminhos da vida e a bus-car em Deus as respostas para asventuras e provas pelas quais passaa Humanidade.

A busca de Deus tem sido umaconstante na vida humana. Aliás,arriscaríamos mesmo dizer que elatem ocupado o homem ao longode toda sua história, de toda suatrajetória, consciente ou incons-cientemente, não importando a es-cola religiosa que professa ou deixade professar. Quando Allan Kardecindaga em O Livro dos Espíritos que

conclusão podemos tirar do senti-mento instintivo que todos os ho-mens trazem em si mesmos daexistência de Deus,1 os Espíritosrespondem que é a prova de queDeus existe; acrescentando que essesentimento nada seria se repousas-se sobre o vazio; lembrando assimo princípio de que “não há efeitosem causa”.

Eis aí o grande ensinamento daDoutrina dos Espíritos: Deus nãosomente existe como se mani-festa permanentemente emnós, chancelados que so-mos pelo seu amor, pela suavibração permanente, cujavoz se faz ouvir no mais pro-fundo de nossa consciência,no maior sentimento que pos-sa palpitar em nosso coração, fa-zendo vibrar nossa alma aindaimperfeita, como a alertá-lasobre algo que supera opróprio homem, e queé maior que o mundo etão infinito quanto oUniverso.

Deus nos respondeainda, através de suasleis perfeitas e justas,

que impõem o progresso do ser edesenham a sua felicidade. E o fi-nal feliz, ansiado e projetado emtodas as consciências da Terra, sóserá possível quando houver acompreensão de que somente emDeus, o Bem e o Amor personifi-cados, poderá o homem encon-trar a medida exata da evolução;

A respostade Deus

EL I A NA TH O M É

“D

CastroAlves

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caso contrário é dor, é retorno, éreparo “tantas vezes quantas fo-rem necessárias”, segundo ensinao Evangelho.

Por isso, a maldade que grassahoje na Humanidade, atinge os la-res e perturba os seres é passagei-ra e finita, se levarmos em contaque haveremos todos de evoluir ede ascender para o Pai. A vida seconstitui de estágios obrigatóriosque a alma em evolução realizaem mundos inferiores para am-pliar sua inteligência e aprendera equilibrar sentimentos, ou se-ja, desenvolver-se e crescer nasdifíceis experiências da carne, emmundos materiais.

Assim é que sem a compreen-são verdadeira da vida – a que ex-trapola as campas dos cemitérios–, o homem, por hábito, fuga oupreguiça, corrompe-se e endivi-da-se com as leis divinas e comaqueles com os quais trilha a mes-ma jornada evolutiva; a exemploda escravidão que atingiu o Brasilcolonial em pleno século XVI,lembrada pelo poeta. Muito, acre-ditamos, deve ter se compadecidoDeus dos homens nesse momentoe muito deve o Brasil pagar aindahoje pela afronta aos filhos encar-cerados e supliciados. Uma açãoque repercute no tempo, exigindofunção corretiva de todos os en-volvidos através da bênção da re-encarnação.

Oferece-nos assim a vida o pal-co necessário para o reajuste e re-paro de nossos erros anteriores. Oenredo desse grande teatro se tra-duz nos atos praticados ontem,que, somados às atitudes e aos

pensamentos e ações de hoje, sedesenrolarão adiante, além notempo e no espaço, no mundo efora dele, buscando finalmente a harmonia da grande lei de amorentre os homens, no tributo quetodos devemos ao Pai.

Enquanto isso não acontece,Deus a tudo observa, a tudo acom-panha com infinita bondade, dan-do-nos as condições necessárias ànossa vitória. Cada encarnação naTerra se traduz em oportunidadede ouro para colocarmos um fimno sofrimento de ontem e plantara felicidade de amanhã, no aguar-do da conquista do Reino dosCéus prometido por Jesus, que é aconsciência do justo em paz con-sigo mesmo pelo dever cumprido.

Assim, devemos findar a buscade Deus, encontrando-o em nós,primeiramente, honrando a vidae as oportunidades de redençãoque ela nos oferece, e, depois, pro-curando no próximo o reajusteque se faz necessário. Seguindo oapóstolo Paulo, eis o que nos con-vém realizar, cansados que esta-mos de sofrer e chorar.

Mas saibamos antes, como nosalerta Léon Denis em Depois daMorte,2 que “Deus não se mani-festa aos sentidos”. Está, diríamos,em toda parte, em tudo e em to-dos, conforme os ensinamentosespíritas. Importa agora não maishumanizá-lo, nem buscá-lo emídolos de barro, ídolos materiais,falíveis, e em idéias pequenas, re-presando sua força em sinais eamuletos materiais.

Deus nos ouve em todos os ins-tantes, por toda a Eternidade. É o

Pai de todos, é a Inteligência queanima tudo, e “não pode ser indi-vidualizado”.3

Deus também não se esconde,pois a Revelação não obra no es-curo. A Perfeição não pode ser to-cada e sim, sentida; como senti-mos a Arte dos nossos maioresartistas, guardando as devidasproporções, já que é impossívelcomparar o homem a Deus: um éPai, o outro, filho; um é o Criador,o outro, criatura.

Deus é a Luz do mundo, a vi-bração de todo o Universo. Pode-mos entender melhor Deus, com-preendendo o mundo onde habi-tamos, como explica Kardec: “[...]tudo atesta uma idéia diretora,uma combinação, uma previdên-cia, uma solicitude que ultrapas-sam todas as combinações huma-nas [...].”4

Deus é a Causa de todo o bemque nos rodeia, de todo o bem quenos anima e de todo o bem quedevemos conquistar em nós. Im-portante o papel da Doutrina Es-pírita quando nos revela a essênciaespiritual e a ilimitada grandezade Deus.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 12.

ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Parte Primeira, cap. I, questão 5.2DENIS, Léon. Depois da morte. 25. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Parte Segunda,

cap. IX, “O Universo e Deus”, p. 110.3Idem, ibidem.4KARDEC, Allan. Obras póstumas. Ed. Es-

pecial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira

Parte, “Profissão de fé espírita raciocina-

da”, p. 39-40.

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ulheres têm Alma? Con-versas de Além-túmulocom os Espíritos Mozart

e Chopin, Um Espírito nos Fune-rais de seu Corpo, Os Milhões doSr. Allan Kardec. Foi com títulosatraentes, assuntos interessantes eum incrível senso de oportunida-de que Allan Kardec se tornou omelhor jornalista da história doEspiritismo. Ler a Revista Espíritaé um prazer. Nas suas páginas es-tão perfeitamente atendidos os que

desejam estudar o Espiritismode forma séria e os que sãoatraídos pelas notícias le-ves e por curiosidades.Nesse caso – justiça sefaça – o maior mérito de

Kardec foi seguir comrigor a orien-

tação dada a

ele no dia 15 de novembro de1857.*

Exatamente sete meses após apublicação de O Livro dos Espíritos,ele já cogitava a publicação de umjornal para divulgar a Doutrina.Temia que outros lhe tomassem afrente. Evocou os Espíritos e apre-sentou o projeto. Afinal, tratava-sede uma ferramenta de interaçãodireta com o grande público. Comela, o Espiritismo sairia dos círculosrestritos para ganhar o mundo.A orientação espiritual confirmouessa visão avançada: a divulgaçãopela imprensa seria um poderosoauxiliar da Doutrina que nascia.Registre-se que a mensagem obtidapela médium Ermance Dufaux po-de ser incluída em qualquer com-pêndio atual de Teoria da Co-municação. Sugeria evitar a mono-tonia, buscar assuntos que atendes-sem simultaneamente ao homemde ciência e à curiosidade popular;manter a periodicidade; e cuidarpara que a primeira impressão –decisiva – fosse a melhor possível.

Uma recomendação dos Espíri-tos foi particularmente preciosa:

“A apresentá-lo defeituoso, melhorserá nada fazer [...]”. Nascia ali adiretriz de qualidade editorial quenorteou a Revista enquanto Kar-dec esteve à frente da publicação.Lições importantes nos dias atuais,em que se ensaia a estruturação deuma comunicação social espírita.

Antes que se atribua o sensojornalístico de Kardec tão-somen-te à orientação espiritual, vale apena lembrar que muitos requisi-tos exigidos pelo jornalismo sãodetectáveis nele bem antes doaparecimento da Revista Espírita:argúcia, discernimento perante asinformações, bagagem intelectual,adoção de procedimentos comochecagem da informação e, claro,ser um ótimo perguntador. Quemnegaria que essas são algumas dasmais marcantes características deRivail, todas decisivas nas obrasda Codificação?

Acredite: além de leitura estimu-lante, a Revista Espírita é ideal paraquem deseja conhecer o homemAllan Kardec. Ali, ele expõe múlti-plas facetas. Se o jornalista se reve-la no texto direto e na seleção de as-suntos que prendem a atenção, oser humano encantador surge emcomentários sobre as coisas de seu

Muito à frente deseu tempo

M

Há 150 anos, Kardec fez jornalismo à moda do século XXI

SÔ N I A ZAG H E T TO

32 Reformador • Outubro 2006 339900

*Obras póstumas. Ed. Especial. SegundaParte, “A Revista Espírita”, p. 356-357.

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tempo e em artigos que traduzemuma alma que sonhava com o eté-reo mas tinha pés bem fincados narealidade. Coragem e segurança semostram nas evocações dos Espíri-tos de gente famosa, extraindo-lhesconfissões de felicidade ou de tor-menta pós-morte, expondo vivên-cias que servem de exemplo e refle-xão para os leitores. A transparên-cia com que prestava contas desve-la o administrador consciente, ma-

duro, que convivia com o pensadorrobusto e o intelectual sintonizadocom as novidades socioculturais ecientíficas de sua época.

Análises como essa parecemapontar para uma certa idealiza-ção de Kardec. Nada disso. É ine-gável que ele é um Espírito comgrandes conquistas intelecto-mo-rais, o que não é pouco. Idealizá--lo é desnecessário, uma vez quea solidez de sua obra fala por si. A

vantagem da (re)leitura desses tex-tos, que harmonizam jornalismoe doutrina, é justamente porqueneles o Codificador expõe umaatitude pessoal que ele estendeuao Espiritismo: submeter-se à ava-liação do público sem demons-trar qualquer temor do julga-mento. Em suma: permitir-se re-ver idéias, reinventar-se desde quenecessário. O desafio de nossosdias é imitá-lo.

33Outubro 2006 • Reformador 339911

Treinamento nas Federativas doMaranhão, Piauí e Rio Grande do Norte

Considerando a importância de se fazer uma reflexãomais aprofundada a respeito das práticas mediúnicasexistentes nas casas espíritas e das possíveis distorçõesdoutrinárias aí existentes; considerando a urgente neces-sidade de minorar os processos obsessivos e a reduçãodas taxas de suicídio que marcam a sociedade contem-porânea; considerando também a importância de unifi-car ações e procedimentos no Movimento Espírita fede-rativo, na área da mediunidade, algumas Federativas daComissão Regional Nordeste promoveram, com apoioe trabalho conjunto da Federação Espírita Brasileira, acapacitação do trabalhador do grupo mediúnico.

A capacitação foi realizada por meio de palestras,seminários, oficinas e atividades plenárias, tendo co-mo referência O Livro dos Médiuns, diversas obras deAndré Luiz, Seara dos Médiuns, de Emmanuel, e o ro-teiro “Organização e funcionamento da reunião me-diúnica”, cuja elaboração foi concluída na Reunião daComissão Regional Nordeste de 2006, em João Pessoa,Paraíba, representando um detalhamento das orienta-

ções existentes no opúsculo Orientação ao Centro Es-pírita, capítulos 5 e 6.

Os períodos de realização e os responsáveis pelacondução das atividades foram:

Federação Espírita do Maranhão – 2 a 4 de junhode 2006.

Responsáveis pelo trabalho: Marta Antunes Mourae Edna Maria Fabro, da FEB; Ana Luiza Nazareno Fer-reira e equipe, da FEMAR.

Federação Espírita Piauiense – 14 e 15 de julho de2006.

Responsáveis pelo trabalho: Marta Antunes Moura(FEB) e Otávio de Oliveira C. Filho, da FEPI.

Federação Espírita do Rio Grande do Norte – 19 e20 de agosto de 2006.

Encontro Regional Espírita com sede na cidade--pólo de Mossoró.

Responsáveis pelo trabalho: Marta Antunes Mourae Carmem Rabelo, da FEB; Rosenite Alves de Oliveirae Francisco de Assis Pereira, da FERN.

Capacitação do Trabalhador do Grupo Mediúnico

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ara a grande maioria dos espíritas, as idéias e aideologia de Zamenhof se mostram em absolu-ta harmonia com a Doutrina Espírita, o que,

entretanto, não significa haver sobre o tema una-nimidade de juízo. Em primeiro lugar,pelo fato de que – ainda quando issonos pareça estranho – existem espí-ritas que não aceitam o esperan-to, nem como língua, nem co-mo ideal. Em segundo lugar,porque entre alguns não-es-píritas a harmonia entre Es-perantismo e Espiritismoparece causar algum descon-forto, talvez por nisso enxer-garem uma ameaça à neutrali-dade tão necessária e tão defendi-da pela língua. Impõe-se, portanto,um esclarecimento sobre esse juízo er-rôneo, uma vez que tal semelhança deidéias absolutamente não lhes consti-tui qualquer ameaça – pelo contrário, traz benefíciosa ambos os ideais, pois, a bem considerar, esperanto eEspiritismo somente ganham com essa harmonia.

Além disso, não se pode afirmar que somente aética espírita se mostra harmônica e afim com a éticado esperanto. Também a ética de outras religiões –certamente de quase todas as grandes religiões – tem

pontos de contato com a ética do esperanto. Nesse sen-tido, dever-se-ia propor, em vez de oposição, um aper-to de mãos entre todos os movimentos que sincera-

mente se empenham pelo bem da Humanidade.Em face, portanto, dessas incompreen-

sões – felizmente não muito numero-sas – vale a pena reflexionar sobre

os vínculos objetivos entre oEspiritismo e o pensamento deZamenhof. Deveríamos, mes-mo, divulgá-los com mais fre-qüência, tão grande é a im-portância desses vínculos.

Zamenhof era, de acordocom os ensinos dos Espíritos,

um típico missionário. A propó-sito, recordemos o que se encontra

no capítulo VII de O Evangelho se-gundo o Espiritismo, item 13, “Missãodo homem inteligente na Terra”:

“Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto es-se saber tem limites muito estreitos no mundo em quehabitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligên-cia neste planeta: nenhum direito tendes de envaide-cer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascernum meio onde pudestes desenvolver a vossa inteli-gência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é

As idéias de Zamenhof e a Doutrina Espírita

P

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A FEB e o Esperanto

PAU LO SÉ RG I O VI A NA

Como anunciamos no número de setembro de Reformador, reproduzimos a seguir o texto-resumo da palestra proferida pelo Dr. Paulo Sérgio Viana, de Lorena (SP),

em uma das reuniões sobre Espiritismo realizadas dentro do programa do 41º Congresso Brasileiro de Esperanto (Campinas, 15 a 19 de julho de 2006)

Paulo Sérgio em sua alocução

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uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instru-mento com que podeis desenvolver, por vossa vez, asinteligências retardatárias e conduzi-las a ele.[...]”

Lendo-se a biografia de Zamenhof, constata-se cla-ramente que, como Espírito, ele se preparou adequa-damente para a sua missão, portando intelecto refina-do e imensa modéstia.

Há um fato curioso que se nota entre a obra de Za-menhof e os aspectos com que se apresenta o Espiri-tismo – sua famosa divisão didática como Ciência, Fi-losofia e Religião: se, no que diz respeito ao Espiritis-mo, ela tem aceitação universal, no esperanto seme-lhante divisão nem sempre é notada. Também Zame-nhof erigiu a língua sobre um tripé:

Ciência: a construção puramente lingüística daprópria estrutura do esperanto é fruto de uma con-cepção genial, reconhecida até por renomados lin-güistas, cujas bases repousam sobre o chamado Fun-damento do Esperanto e sobre sua gramática.

Filosofia: está nas idéias de Zamenhof sobre a ne-cessidade de se criar uma língua para a construção deum mundo mais justo e em sua argumentação no sen-tido de que a evolução da língua se deve dar no seioda própria sociedade. Atualmente, esse ponto de vistafilosófico é identificado na expressão “democracia lin-güística”. Nesse campo, o principal documento legadopelo filósofo Zamenhof é a tese “Essência e Futuro daIdéia de Língua Internacional” – modelo de raciocínioe argumentação lógicos.

Religião: não obstante opiniões contrárias, Zamenhofnão hesitou em lançar sua língua em ligação com a idéiade uma Força Superior – Deus. Dentro desse aspecto, oprincipal documento é sua famosa “Prece sob o Estan-darte Verde”, de cujo inesquecível conteúdo destacamospequenos trechos em que se evidencia essa ligação.

Deus e a Lei de Adoração:“A ti, ó mistério incorpóreo e potente [...] que o mun-

do governas [...] grande fonte de amor e verdade [...]fonte de vida constante [...] que crias, que reinas [...]”

Fé raciocinada:“A ti não vimos com uma crença nacional, com

dogmas de cego fervor [...]”

Civilização verdadeira como fruto da caridade cristã:“Perfeitos e belos criaste os homens, mas eles se di-

vidiram em lutas, [...] concede de novo a paz às crian-ças [...]”

Lei do Trabalho:“Juramos trabalhar, juramos lutar [...] concede tua

bênção ao nosso trabalho [...]”

Lei de Sociedade:“Destruamos os muros entre os povos, que ruirão

com fragor para sempre [...]”

Lei de Justiça, Amor e Caridade:“Unam-se os irmãos, avante, com mãos entrelaça-

das e armas de paz! Cristãos, hebreus, muçulmanos,somos todos filhos de Deus. Tenhamos sempre emmente o bem da Humanidade, e apesar das dificulda-des, lancemo-nos ao alvo fraterno com obstinação, semdetença nem estacionamento. Avante, sem cessar!”

É certo que Zamenhof tinha clara consciência deque, não sendo fácil à mente humana compreender averdadeira natureza e a essência de Deus, é todaviapossível aspirar à observância de suas leis, o que cer-tamente constituiu o principal objetivo de sua vida.

Aos espíritas causa forte impressão a maneira sutil,delicada e ao mesmo tempo firme com que ele condu-ziu a implantação da revolucionária idéia de uma lín-gua internacional.

É evidente que as línguas vivas sempre carregam,no seu próprio terreno cultural, alguma ideologia.Mas, com o esperanto, o mundo viu pela primeiravez uma língua que expressa uma filosofia e umaética – em forma mais vasta e ambiciosa do quequalquer outra língua. E é o Espiritismo que nos for-nece explicação para esse fato extraordinário: o espe-ranto é obra de um missionário igualmente extraor-dinário, para isso preparado nas Altas Esferas do Mun-do Espiritual.

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o registrar em Reformadoro centenário do inolvidá-vel e heróico feito de San-

tos Dumont, rememoramos umoutro fato, também histórico, querelaciona a Federação Espírita Bra-sileira com o Pai da Aviação.

O ilustre brasileiro iniciara suasexperiências com o balão “Brasil”,em 4 de julho de 1898; prosse-guira, em setembro do mesmoano, com o “Santos Dumontno l”; e, apesar de alguns re-vezes, continuou os experi-mentos com outros balões,até que, em 1901, cons-truiu o dirigível no 6, como qual contornou a TorreEiffel, em Paris, no dia 19 deoutubro de 1901, recebendo oprêmio Deutsch de la Meurthe,de 100.000 francos-ouro,

Já consagrado mundialmente,Santos Dumont veio ao Brasil em1903. Passando pelo Rio de Janeiro,a Federação Espírita Brasileira, porintermédio do seu presidente e deseu 1o secretário, entregou-lhe emmão um ofício datado de 12 desetembro de 1903, acompanhadodo exemplar de Reformador de 1o deagosto de 1883, que publicara umamensagem mediúnica profética,sobre seu futuro invento, do Espí-

rito Estêvão Montgolfier* (1745--1799), recebida em 30 de julho de1876 (quando Dumont tinha 3 anosde idade), pelo médium ErnestoCastro, na cidade de Silveira (SP).

Para conhecimento dos preza-dos leitores, reproduzimos, a se-guir, o ofício da FEB e a referidamensagem.

Ofício da FEB a SantosDumont

“Rio, 12 de Setembro de 1903Prezado e ilustre patrício Sr.

Alberto Santos-Dumont:Consenti que ao coro de unâni-

mes e afetuosas saudações, comque é justamente festejado o vosso

regresso à pátria, se venha asso-ciar, por seus diretores abaixo

assinados, a Federação EspíritaBrasileira.

E não vos pareça estranho,pela índole de suas cogita-ções, este testemunho da nos-sa Sociedade que, ao contrá-rio, por força mesmo dos

seus ideais espiritualistas ehumanitários, não se pode de

modo algum desinteressar dasconquistas do século e dos bene-

fícios que à causa do progressohumano trazem os seus colabora-dores, em cujas fileiras vos reser-vou a Providência tão assinaladoposto.

Filhos desta abençoada terrada Santa Cruz, cujos gloriosos des-tinos nem sequer pode sonhar adescuidosa geração contemporâ-nea, é com verdadeiro interesse quetemos acompanhado o vosso es-forço perseverante, na absorção

Santos Dumont

A

Centenário do vôo do “14-Bis”, ocorrido em Paris, a 23 de outubro de 1906,que consagrou Alberto Santos Dumont (1873-1932) como Pai da Aviação

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*Estêvão (Étienne) e seu irmão Josephconstruíram o aeróstato (balão de arquente) em 1783.

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do gênio e da predestinação, pordotar a Humanidade com os bene-fícios dessa conquista, com que,imortalizando-vos, enobreceis aomesmo tempo a nossa Pátria.

Não enxergueis nestas expres-sões o intuito de vos estimular sen-timentos de vaidade que, por for-tuna vossa, parece serem alheios aovosso espírito, revestido, ao con-trário, da modéstia e do desinte-resse característicos do verdadeiromissionário.

Se algum outro fim temos emvista, além das saudações fraternaisque vos trazemos, é o de oferecer--vos, como um documento queparticularmente nos parece deverinteressar-vos, o número do Refor-mador de 1 de Agosto de 1883, jor-nal que no ano seguinte começou aser órgão da nossa Sociedade, tal seconservando até agora, como vereisda coleção deste ano, que igual-mente vos oferecemos.

Ali se encontra uma comunica-ção espírita, ditada quando apenascontáveis 3 anos de idade, a qual,recebida por um médium queainda vive, parece que se entendeconvosco.

Ignoramos quais sejam as vos-sas idéias acerca desta nova ciênciaque na gloriosa França, como portoda a parte, conta os mais esclare-cidos e dedicados cultores. Sabe-mos, entretanto, pelas referênciasdos jornais a vosso respeito, quesois uma alma crente, alcandoran-do-vos nos transportes da prece,quando, nas arriscadas ascensões,expondes a vossa vida; e pois, semnenhuma preocupação de proseli-tismo, temos unicamente em vista

ministrar-vos esse esclarecimentoacerca da providencialidade davossa missão na Terra.

Ali se fala, é certo, de “pássaromecânico”, superior aos balões, me-ros “exploradores e precursores daadmirável invenção”. Não se enten-derá, porém, com os balões cativosesta alusão? Assim nos parece, tantomais que, não somente o vosso in-vento tem o valor da conquista de-finitiva do ar, como a data da co-municação confirma a anteriorida-de do vosso nascimento.

Guardai, pois, esse jornal, ao me-nos como uma afetuosa e espontâ-nea recordação dos vossos irmãosespíritas do Brasil, e permiti-nosque, abraçando-vos, vos exortemosa que, de par com a simplicidadee modéstia que vos distingue, e tãobem vai nas almas crentes, conser-veis sempre em Deus essa confian-ça que é o segredo dos vossos triun-fos e serenidade de ânimo, e seráo da vossa glorificação, não aosolhos dos homens, o que bem pou-co vale, mas aos desse mesmoDeus, que é a nossa for-ça, o nosso amparo e a razão única da nos-sa própria existên-cia.

Se vos agradarcontinuardes a rece-ber a nossa modestafolha, enviai-nos ovosso endereço emParis.

E crede semprenos cordiais e frater-nos sentimentos dosvossos sinceros ir-mãos em Jesus.

Leopoldo Cirne, presidente;Geminiano Brazil de O. Goes,vice-presidente; Albino GonçalvesTeixeira, 1o secretário; Nilo Fortes,2o secretário; Ulysses de Mendon-ça, 3o secretário; Pedro Richard,tesoureiro.”

Fonte: Reformador de setembro de 1956,

p. 12(200)-13(201) – Artigo “A Predestina-

ção de Santos-Dumont”, de Almerindo

Martins de Castro.

Mensagem mediúnica

Em 30 de julho de 1876, emSilveiras (SP), o médium ErnestoCastro recebia espontâneamente aseguinte mensagem do EspíritoEstêvão Montgolfier:

“Vencer o espaço com a velocida-de de uma bala de artilharia, em ummotor que sirva para conduzir ohomem, eis o grande problemaque será resolvido dentro de poucotempo. Essa máquina poderosa de

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condução não há de ser uma uto-pia, não. O missionário, que traz es-se aperfeiçoamento à Terra, já seacha entre vós. O progresso da via-ção aérea, que tantos prosélitos temachado e tantas vítimas há feito, nãoestá, portanto, longe de realizar-se.

O aperfeiçoamento de qualquerciência depende do tempo e doestado da Humanidade para rece-bê-lo.

A locomotiva, esse gigante queavassala os desertos e vence as dis-tâncias, será um insignificante in-vento ante o pássaro colossal, que,qual condor dos Andes, percorreráo espaço, conduzindo em suassoberbas asas os homens de várioscontinentes.

Os balões, meros exploradores eprecursores da admirável invenção,nada, pois, serão perante o belo eportentoso pássaro mecânico.

Esse Deus de bondade e de mise-ricórdia, que nada concede antes dahora marcada, deixa primeiramen-te que seus filhos trabalhem emprocura da sabedoria, e depois queeles se têm esforçado em descobrira Verdade, aí então lhes envia umraio de sua divina luz.

Já vêem, ó mortais, que a navega-ção aérea não será um sonho, não,mas sim uma brilhante realidade.

O tempo, que vem próximo, vosdará o conhecimento desse estu-pendo motor.

Brasil, tu que foste o berço dessagrande descoberta, serás em breveo país escolhido para demonstrar aforça dessa grandiosa máquinaaérea. Eis o prognóstico que vosdou, ó brasileiros!”Fonte: Idem, ibidem. p. 9(197).

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Cumprindo o já tra-dicional ciclo de pales-tras no Rio de Janeiro,Divaldo Pereira Francoatraiu, no dia 30 dejulho, um público deaproximadamente 900pessoas à Sede Sec-cional da FEB, na Ave-nida Passos, no 30.

Em memorável ses-são, cuja mesa de tra-balhos foi compostapor Nestor João Ma-sotti, presidente da Ca-sa, e Juvanir Borges deSouza, seu antecessor, Divaldo,com o inconfundível brilho desua inspirada oratória, brindouos presentes com riquíssima ex-posição a respeito de temas atua-líssimos, tais como a preparaçãoda Nova Era através da reencar-nação de Espíritos especialmen-te preparados para as fecundastransformações sociais; a necessi-dade de que os adeptos da Dou-trina Espírita sustentem o crité-rio seguro de Allan Kardec como

base insubstituível de sua boacondução; e o irresistível magne-tismo dos ensinos e exemplos deJesus sobre as almas de boa von-tade, independentemente de suasconfissões religiosas.

Esperamos, de todo o coração,que Divaldo, esse querido irmão,amado por todos os espíritas doBrasil e de além-fronteiras, amigoincondicional da Casa de Ismael,aqui retorne no ano vindouropara nova semeadura de luz.

Divaldo Franco na FEB-Rio

Divaldo falando; atrás, sentados, NestorJoão Masotti e Juvanir Borges de Souza

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s cuidados editoriais coma publicação de uma obranão se devem limitar ao

seu conteúdo. Indispensável queo autor se preocupe com a reda-ção esmerada, em consonânciacom os padrões da língua culta.Mas, também, é preciso redigirde forma agradável, atraente,simples, com vistas a facilitar aleitura das informações registra-das na obra.

Revisar nunca é demais

A boa redação obedece a crité-rios rígidos de correção semânti-ca, gramatical e ortográfica. Ini-cialmente, quem escreve é igual-mente quem primeiro revisa otexto redigido. São várias revisões,reescritas, correções... E o ciclo re-pete-se inúmeras vezes.

Em seguida, outras pessoas in-cumbem-se da revisão. É naturalque assim ocorra, pois há um mo-mento em que o autor de um tex-to já não consegue enxergar nele

qualquer erro, que “saltará” facil-mente aos olhos de outro revisor.Por isso, a revisão final deve ficara cargo de terceiros, especializa-dos na função de revisar.

O trabalho de revisão é umtanto quanto inglório. Por maisque se pretenda atingir a exce-lência de qualidade, quando seconclui o serviço e o resultado épublicado, notam-se, depois, al-guns erros que poderiam ter sidocorrigidos antes da publicação.Mas, isso também faz parte doprocesso e não se configura de-sestímulo aos que estão no ofí-cio. Ao contrário, é motivo de en-corajamento aos revisores pa-ra que prossigam no intuitode aperfeiçoar a qualidadeda produção. Assim, seuma publicação “saiu”com erro, o que é comumocorrer, apressem-se os res-ponsáveis editoriais paraas correções que deverãoser contempladas em pró-xima edição.

Estrutura da publicação

Um livro possui elementos pré--textuais, textuais, pós-textuais, eextratextuais.

Os elementos preliminares oupré-textuais referem-se às partesiniciais do livro. São, por exem-plo: guardas brancas, folha de

OGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Normalização Editorial

Padrão de qualidadeeditorial dos livros febianos

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rosto, dedicatória, epígrafe, sumá-rio, apresentação, prefácio e in-trodução (quando esta substituia apresentação ou o prefácio).

Os elementos particulares dotexto ou textuais são aqueles queajudam a aumentar a legibilida-de da obra, destacando as diver-sas seções, acompanhando as ilus-trações e introduzindo determi-nados comentários complemen-tares. Dentre os principais, in-cluem-se: introdução (quando es-ta não substitui a apresentaçãoou o prefácio), títulos e subtítu-los, citações, notas de rodapé, qua-dros, ilustrações, comentários ounotas marginais e cabeçalhos ou tí-tulos correntes.

Os elementos finais ou pós--textuais são: apêndices, anexos,glossário ou vocabulário, refe-rências, bibliografia, índice e colofão.*

Os elementos extratextuais deuma publicação referem-se àscapas (da primeira à quarta) e àlombada.

A forma de apresentação daestrutura de uma publicação éexplicada nas diversas normassobre informação e documenta-ção da Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT) já re-lacionadas no artigo anteriordesta série e que explicitaremosgradativamente nos próximosartigos a serem publicados em Reformador.

Sumário e índice

Ainda é comum a confusãoentre sumário e índice, de talforma que o leitor e, às vezes, ospróprios editores não sabem dis-tinguir um do outro. Para deixara questão esclarecida, seguem asconsiderações sobre estes dois im-portantes elementos de uma pu-blicação, segundo os critérios dasnormas técnicas atualizadas.

A norma brasileira (NBR)6027/2003 trata da estrutura, lo-calização e aspecto tipográfico dosumário. Esta norma possui ape-nas duas páginas, porém esclare-ce a distinção entre sumário eíndice, dois elementos geralmen-te confundidos não só por leito-res, mas também pelos própriosresponsáveis pela edição de livros.A finalidade do sumário é apre-sentar uma visão de conjunto doconteúdo da obra, conforme suaestrutura organizacional, a fim defacilitar a rápida localização dasseções – capítulos e tópicos – quea compõem. Deve figurar, pois,logo no início da publicação.

A preparação de índice de pu-blicações é regulamentada pelaNBR 6034/2004 da ABNT. Aomencionar o tipo de publicação aque se refere esta norma, é destaca-do que ela “aplica-se, no que cou-ber, aos índices automatizados”.

Pelo seu caráter de exaustivi-dade, isto é, a cobertura de todasas informações contidas na obra,diferentemente do sumário queapresenta uma visão geral da es-trutura da obra, recomenda-se queo índice seja localizado no final

da publicação, e registrado em ti-pologia de um a dois pontos me-nores que o texto normal.

Reformatação dasobras febianas

Você já teve oportunidade dever os últimos livros publicadospela FEB?

O que se observa nessas publi-cações é o resultado de um traba-lho de equipe, que se dedica zelo-samente ao que faz: profissionaiscontratados e colaboradores vo-luntários que procuram fazer omelhor ao seu alcance, com cons-tante atualização sobre as necessi-dades do mercado, capacitaçãotécnica e desenvolvimento pessoal.

Os integrantes dessa equipe rea-lizam o trabalho porque gostam.Envolvem-se integralmente comos objetivos da tarefa de divulga-ção doutrinária ao público espí-rita e àquele que começa a se in-teressar pelo Espiritismo. Uma dasrazões que desperta o interessedo leitor é exatamente o atrativoque o livro espírita vem propor-cionando.

Além do precioso conteúdo quea Federação Espírita Brasileira res-guarda com todo o cuidado, as pu-blicações ganharam há alguns anosuma reformatação de seus elemen-tos internos e externos. Os livrosgradativamente estão passando porum reempacotamento que para oleitor é como se um novo título es-tivesse sendo lançado.

A última Bienal do Livro, rea-lizada em março na capital pau-lista, é uma demonstração dessa

*Indicação, no final do livro ou folheto, donome do impressor, local e data da im-pressão e, eventualmente, outras caracte-rísticas tipográficas da obra.

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conquista. O livro infantil Carti-lha do bem, ditado pelo EspíritoMeimei e a obra Contos desta edoutra vida, do Espírito Humber-to de Campos (Irmão X), ambospsicografados por Chico Xavier,estiveram entre os mais vendidosna feira. As primeiras edições des-tes livros foram lançadas, respec-tivamente, em 1969 e 1964! Fize-ram sucesso entre aqueles que jáconheciam as obras, em sua for-matação anterior, e entre o públi-co que se interessou pelos títuloscomo se fossem lançamentos.

Esse trabalho prosseguirá aolongo do tempo, considerando--se que a editora febiana possuiem seu catálogo aproximadamen-te 450 títulos, sem contar os no-vos títulos que já ganham emqualidade de apresentação com oprocesso de editoração eletrônicae os modernos recursos de tecno-

logia da informação, utilizados pe-los especialistas, diagramadores,arte-finalistas e designers.

Elaboração de índicesgerais

Outra importante característi-ca acrescentada às novas ediçõesda FEB é a elaboração dos índicesgerais. Eles representam a aber-tura do caminho para acesso rá-pido e exato ao conteúdo deta-lhado de cada obra.

Tem-se adotado a expressão ín-dice geral, pois se associam doisou mais tipos de entradas comopontos de recuperação do conteú-do. Reúnem-se comumente ver-betes em ordem alfabética repre-sentativos de assuntos, nomes pes-soais, de localidade, etc.

Já foram contemplados comíndices todos os livros da Codifi-

cação e os demais de Allan Kar-dec que estão sendo publicadospela FEB. Os índices das obras psi-cografadas por Chico Xavier, es-pecialmente as ditadas por AndréLuiz e Emmanuel, encontram-setambém em fase de elaboração.À medida que a Editora publicaum novo título ou relança umapublicação com nova forma deapresentação, a equipe responsá-vel pela indexação é acionada pa-ra a realização de seu trabalho.

A caminhada é longa... Mastemos certeza – pois assim o sen-timos no cotidiano de nossos tra-balhos – de que com Jesus o far-do é leve e o jugo é suave.

Sentimo-nos honrados pelaoportunidade de servir nessaimensa seara do Mestre Divinoem que fazemos o mínimo dian-te do muito que constantementerecebemos.

Dia Estadual daConfraternização Espírita

A família espírita capixaba reuniu-se para comemorar esse evento,

em 3 de agosto, no auditório do Centro Federal de Educação Tecno-

lógica (CEFETES), das 19h30 às 22h. A convite da Federação Espí-

rita do Estado do Espírito Santo, o presidente da Federação Espírita

Brasileira, Nestor João Masotti, proferiu a conferência “O Espiritis-

mo em Ação”.

No período da tarde o presidente da FEB manteve um encontro

dialogado com dirigentes espíritas de grande número de instituições

do Estado, tratando de assuntos de interesses das casas espíritas.

Instituído pela Lei 3.905, do Estado do Espírito Santo

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Seara Espírita

Mês de Kardec na FEB-RioSuely Caldas Schubert, escritora e oradora espíri-ta, visita neste mês a Sede Seccional da FederaçãoEspírita Brasileira, no Rio de Janeiro (AvenidaPassos, 30), onde profere, no sábado, dia 14, às10h30, palestra sobre o tema “Mecanismos da JustiçaDivina”. O evento realiza-se dentro do programa“Mês de Kardec”, que a FEB-Rio vem promovendodesde as comemorações do Bicentenário de Nas-cimento do Codificador. Devido à limitação de lu-gares, o acesso será feito mediante apresentação deconvite.

Rio de Janeiro: Kardec na AssembléiaLegislativa

Em Sessão Solene às 18 horas do dia 3 de outubro, aAssembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiropresta uma homenagem pública ao Espiritismo, pelaterceira vez em dois anos, desta feita em comemo-ração ao nascimento de Allan Kardec, ocorrido em3 de outubro de 1804, na cidade francesa de Lyon. Oevento resulta da ação do Conselho Espírita doEstado do Rio de Janeiro (CEERJ) e do empenhodo deputado estadual Áttila Nunes, e conta com aparticipação de representante da Federação EspíritaBrasileira.

Rondônia: Encontro de Trabalhadores Espíritas

De 25 a 27 de agosto, em Ariquemes (RO), aFederação Espírita de Rondônia promoveu o XXEncontro de Trabalhadores Espíritas de Rondônia.“Comunicação Social no Processo de DivulgaçãoEspírita” e “O Centro Espírita e a Legislação” estavamentre os temas que foram abordados. A palestra deabertura foi feita por Ricardo Silva, da AssessoriaJurídica da FEB. Na ocasião, a FERO informou ostrabalhadores sobre os assuntos da Reunião daComissão Regional Norte do Conselho FederativoNacional da FEB, realizada em Macapá (AP) no mêsde junho.

Equador: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Equador realizou, no perío-do de 25 a 27 de agosto, o II Congresso Espírita Internacional do Equador, com o tema central“Ciência Espírita – Fonte de paz e equilíbrio para oser humano”, abordado, na conferência de aber-tura, por Divaldo Pereira Franco, que proferiumais duas conferências. Outros expositores: AlvaroVélez (CEI), Luis Hu Rivas (CEI), Hugo Arriciaga(Equador), Isauro Hoyos Penagos (FEDECOL) eEnrique Gagliardo (Equador).

FEB-Brasília: Programação doutrináriaHonório Onofre de Abreu e Haroldo Dutra, respecti-vamente, presidente e assessor da União EspíritaMineira, realizaram programação doutrinária no dia12 de agosto passado na Sede Central da FederaçãoEspírita Brasileira. No período da manhã, dirigiramum curso de capacitação destinado aos monitores docurso Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita(EADE). Das 16h às 17h30 desenvolveram um semi-nário sobre o tema “Ensinos e Parábolas de Jesus”,tendo como público-alvo monitores e estagiários dosdiversos cursos das áreas de estudo da FEB. Das 18h às18h30, proferiram palestra aos participantes do EADE,sobre o tema “O Evangelho de Jesus – como, por quee para que estudá-lo à luz da Doutrina Espírita”.

Amazonas: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Amazonas promoveu, de 18 a20 de agosto, no auditório da Reitoria da Universidadedo Amazonas, em Manaus, o 2o Congresso Espírita doEstado, com o tema principal “Família – Um planeja-mento divino”. Participaram do evento conferencistascomo Divaldo Pereira Franco (BA), Raul Teixeira (RJ),Alberto Almeida (PA) e André Luiz Peixinho (BA).O Congresso fez parte da programação da Semana daFamília, promovida anualmente pela FEA. No encer-ramento – que foi transmitido ao vivo pela Internet –Divaldo homenageou Bezerra de Menezes, pelos seus175 anos de nascimento.

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