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Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva Revista de Espiritismo Cristão Ano 124 / Novembro, 2006 / N o 2.132 ISSN 1413-1749 Propriedade e orientação da FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES,ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO,EVANDRO NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES,AGADYR TORRES E CLAUDIO CARVALHO Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA CARVALHO REFORMADOR: Registro de publicação n o 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí- cia Federal do Ministério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503 Direção e Redação: Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF) Tel.: (61) 2101-6150 FAX: (61) 3322-0523 Departamento Editorial e Gráfico: Rua Souza Valente, 17 • 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) • Brasil Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298 E-mail: [email protected] Home page: http://www.febnet.org.br E-mail: [email protected] e [email protected] Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA Capa: AGADYR TORRES Editorial O Centro Espírita Entrevista: Pedro Barbosa Neto Rondônia e os preparativos para o Sesquicentenário do Espiritismo Presença de Chico Xavier Chico Xavier: O Maior Brasileiro Esflorando o Evangelho Perante Jesus – Emmanuel A FEB e o Esperanto Espíritas se reúnem no 91 o Congresso Universal de Esperanto – Affonso Soares Conselho Espírita Internacional Reunião da Coordenadoria da Europa Seara Espírita Fé e razão Juvanir Borges de Souza Via Láctea de amor Amélia Rodrigues Ante os que partiram Emmanuel Templo sagrado Richard Simonetti Renascença da alma Epiphanio Leite Convivência no Centro Espírita (Capa) Cezar Braga Said Trabalho na Seara Espírita Umberto Ferreira A fé aponta rumo Adésio Alves Machado União e trabalho Aylton Paiva Respeite tudo André Luiz Em dia com o Espiritismo – As memórias humanas Marta Antunes Moura Jesus – As inconsistentes teses Kleber Halfeld O Centro Espírita Emmanuel Depoimentos sobre a vida espiritual Orson Peter Carrara Zaqueu e Leão Tolstoi no mundo espiritual Severino Barbosa A FEB na Feira de Livros de Frankfurt 5 8 13 16 17 18 20 22 24 25 26 29 31 34 36 40 4 11 14 21 32 39 42 Sumário Expediente PARA O BRASIL Assinatura anual R$ 39,00 Número avulso R$ 5,00 PARA O EXTERIOR Assinatura anual US$ 35,00 Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 E-mail: [email protected] reformador novembro 2006 - A.qxp 24/10/2006 15:06 Page 3

Reformador 11 novembro_2006

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Novembro, 2006 / N o 2.132

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial

O Centro Espírita

Entrevista: Pedro Barbosa Neto

Rondônia e os preparativos para o Sesquicentenário

do Espiritismo

Presença de Chico Xavier

Chico Xavier: O Maior Brasileiro

Esflorando o Evangelho

Perante Jesus – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Espíritas se reúnem no 91o Congresso Universal

de Esperanto – Affonso Soares

Conselho Espírita Internacional

Reunião da Coordenadoria da Europa

Seara Espírita

Fé e razão – Juvanir Borges de Souza

Via Láctea de amor – Amélia Rodrigues

Ante os que partiram – Emmanuel

Templo sagrado – Richard Simonetti

Renascença da alma – Epiphanio Leite

Convivência no Centro Espírita (Capa) –

Cezar Braga Said

Trabalho na Seara Espírita – Umberto Ferreira

A fé aponta rumo – Adésio Alves Machado

União e trabalho – Aylton Paiva

Respeite tudo – André Luiz

Em dia com o Espiritismo – As memórias humanas –

Marta Antunes Moura

Jesus – As inconsistentes teses – Kleber Halfeld

O Centro Espírita – Emmanuel

Depoimentos sobre a vida espiritual –

Orson Peter Carrara

Zaqueu e Leão Tolstoi no mundo espiritual –

Severino Barbosa

A FEB na Feira de Livros de Frankfurt

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

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Editorial

ntre os anos de 1975 e 1980, o Conselho Federativo Nacional da Federação EspíritaBrasileira, reunindo as Entidades Federativas de todos os Estados do Brasil a fim deestudar a adequação do Centro Espírita para o melhor atendimento de suas finalida-

des, elaborou os textos que vêm orientando as atividades dessa unidade fundamental doMovimento Espírita.*

Dentre estes, destacamos os que se seguem, os quais nos ajudam a compreender a amplitudee a diretriz dos trabalhos que competem ao Centro Espírita realizar, assim como os seusobjetivos:

O que são os Centros Espíritas:• são núcleos de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho praticados dentro dos

princípios espíritas;• são escolas de formação espiritual e moral, que trabalham à luz da Doutrina Espírita;• são postos de atendimento fraternal para todos os que os procuram com o propósito de

obter orientação, esclarecimento, ajuda ou consolação;• são oficinas de trabalho que proporcionam aos seus freqüentadores oportunidades de exer-

citarem o próprio aprimoramento íntimo pela prática do Evangelho em suas atividades;• são casas onde as crianças, os jovens, os adultos e os idosos têm oportunidade de conviver,

estudar e trabalhar, unindo a família sob a orientação do Espiritismo;• são recantos de paz construtiva, que oferecem aos seus freqüentadores oportunidades para

o refazimento espiritual e a união fraternal pela prática do “amai-vos uns aos outros”;• são núcleos que se caracterizam pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristia-

nismo nascente, pela prática da caridade e pela total ausência de imagens, símbolos, rituaisou outras quaisquer manifestações exteriores;

• são as unidades fundamentais do Movimento Espírita.

Objetivo dos Centros Espíritas:Os Centros Espíritas têm por objetivo promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina

Espírita, atendendo às pessoas que:• buscam esclarecimento, orientação e amparo para seus problemas espirituais, morais e

materiais;• querem conhecer e estudar a Doutrina Espírita;• querem trabalhar, colaborar e servir em qualquer área de ação que a prática espírita oferece.

Com estas orientações, todos nós temos condições de colaborar eficazmente na difusão daDoutrina Espírita e na construção de um mundo de paz e progresso que o conhecimento doEvangelho nos proporciona.

EO Centro Espírita

*Opúsculo Orientação ao Centro Espírita. Edição FEB.

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fé apresenta-se no homemcomo um sentimento ina-to, capaz de desenvolver-se

impulsionada por sua vontade.O Cristo, em diversas passagens

evangélicas, demonstrou possuí--la em abundância, utilizando-acomo poderoso meio de produziros denominados milagres.

Seus apóstolos, cultivando opoder da fé e da vontade, tambémrealizaram diversos milagres, masfalharam em algumas ocasiões,demonstrando que o poder da féé variável, de conformidade comsua fonte geradora.

Encontramos no Evangelho deMarcos (9:19), a narrativa da curade um menino possesso, que bemilustra a fé vacilante dos apósto-los, que não conseguiram libertá--lo, e o poder do Mestre que, alémde curá-lo, ministra a todos ospresentes, inclusive a seus discí-pulos, uma lição indelével, ao di-zer-lhes: “Ó geração incrédula!Até quando estarei convosco? Atéquando vos sofrerei ainda? [...]”

No episódio, ficou evidenciadoque a geratriz da fé determina-lheo alcance e as conseqüências.

A força da fé origina-se no co-ração, representando os senti-mentos do ser que a gerou e nãosimplesmente das circunstâncias,das aparências e das palavras.

Quanto mais puros os senti-mentos, quanto mais carregadosde amor e da certeza da existênciae atuação de um Ser superior,aliados à humildade nos pensa-mentos e nas ações do agente, tan-to mais favorecida e atuante é a fé,que necessita ser esclarecida comfundamento na verdade e na rea-lidade.

Por isso Jesus, Espírito puro eperfeito, não precisava recorrer àprece, como fazem os homens,porque sua missão já era um atode amor e de fé, em permanentecomunicação com o Pai.

No mundo atrasado em que vi-vemos, a fé e a esperança, que deladeriva, constituem-se em alavan-cas para a renovação de inúmerosobstáculos na vida de seus habi-tantes.

Conjugada à razão, a fé asseme-lha-se a uma luz a iluminar os ca-minhos do ser humano, para a so-lução dos grandes e pequenos pro-blemas existenciais.

Mas, sem a divina luz da fé cal-cada na realidade da vida, a razãoe a inteligência podem transviar--se, empolgadas pelo poder e pe-las conquistas ilusórias do mun-do, utilizando as guerras, a violên-cia e as injustiças de toda ordem,como tem ocorrido através dosséculos, até os dias atuais.

O progresso originário dasguerras de conquistas, das imposi-ções dos mais fortes sobre os maisfracos, ou da violência nas lutasinglórias, tem como conseqüênciao predomínio da razão e da inteli-gência humanas sem o controledos sentimentos fraternais, repre-sentados pela fé esclarecida.

Através da História, encontra-mos os transviamentos produzi-dos pelas diversas seitas religiosas,movidas por interesses de domí-nio e por interpretações inexatasde suas fontes escriturísticas, daíresultando conflitos, imposições econquistas materiais, com prejuí-zos para o progresso real e para afé verdadeira.

Com a Doutrina Espírita acla-rou-se a natureza da fé, os verda-deiros prodígios que produz eaquilo que essa força não conse-gue operar.

A fé precisa atender às leis na-turais ou divinas, para que os Es-píritos, a serviço do Bem, possamassistir e auxiliar àquele que crê,nas suas justas aspirações. Para is-so a fé necessita de clarividência,impulsionada por vontade firmeno sentido das leis naturais, ex-cluindo os absurdos do misticis-mo criados pela imaginação.

O espírita, especialmente, cons-ciente e conhecedor dos princí-

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Fé e razão

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pios que regem a fé vinculada àrazão esclarecida, não deve con-fundir a natureza desse poder –sentimento para pedir a assistên-cia dos bons amigos espirituais naprática de ações pueris, fúteis ebanais.

A fé verdadeira direciona-se pa-ra Deus e para isso se deve revestirdo que preceituam suas leis deamor, de justiça, de caridade, decompreensão, de solidariedade.

A fé que transporta montanhas éuma figura que procura mostrar opoder da fé diante de quaisquerobstáculos e do que parece im-possível.

Aqueles que desenvolveram emsi mesmos a verdadeira fé, saben-do que Deus é o Criador Supre-mo do Universo e de todas as coi-sas, tendem a depositar nele suatotal confiança e a certeza absolu-ta no seu poder. A criatura que al-cança esse estágio de fé já domi-nou o orgulho, a presunção e o

egoísmo, característicos genéricosdos habitantes do nosso mundode expiações e provas.

A fé, nesse caso, funciona comolei natural na evolução das cria-turas.

Todas as religiões baseiam-seem seus artigos de fé e em dogmasespeciais que constituem seus fun-damentos.

Desse modo, a fé religiosa, im-posta por uma crença, toma as ca-racterísticas das realidades ou dasilusões que lhe servem de funda-mento.

Quando baseada em erros con-cepcionais, em interpretaçõesequivocadas de textos escriturísti-cos, ou em puras ficções, a fé afi-gura-se cega, não produzindo osefeitos positivos que dela se espe-ram. Como a vida do Espírito éeterna, cedo ou tarde na sucessivi-dade das reencarnações, ou nomundo espiritual, reencontra elea realidade e a verdade, retifican-do seus enganos e concepções.

É comum no nosso mundo apretensão dos seguidores de deter-minadas religiões de serem eles osúnicos conhecedores da verdade.

Sendo diversas as religiões, ca-

da qual com seus dogmas e tradi-ções, é evidente que existem con-tradições entre elas. Assim, a féque propagam nem sempre se fir-ma em realidades comprovadas.

O Espiritismo, o Consolador,veio, no tempo certo, facilitar aaquisição da fé autêntica, funda-mentada nas realidades da vidaatual, passada e futura de cadacriatura que está à procura não dehipóteses, ou de simples crença,mas daquilo que se constitui narealidade da vida.

Na base da fé verdadeira está acompreensão; é a inteligência queexamina e conclui logicamente so-bre o que propõe a crença.

A fé cega leva à abstração doraciocínio e do livre-arbítrio, prer-rogativas que o homem jamais po-de dispensar em sua marcha evo-lutiva.

A fé raciocinada deriva direta-mente dos fatos, examinados pelalógica que conduz à certeza.

Por isso Allan Kardec deixouassinalado com toda clareza: “Féinabalável só o é a que pode enca-rar de frente a razão, em todas asépocas da Humanidade”. (O Evan-gelho segundo o Espiritismo, cap.XIX, item 7, Ed. Especial, FEB.)

A Doutrina Consoladora, o Es-piritismo, é a restauração do Cris-tianismo autêntico, com os ensi-nos do Cristo entendidos no seuverdadeiro sentido, acrescidos dosfatos novos resultantes da revela-ção da vida nos mundos espiri-tuais, que espera por todos nós eda qual procedemos nos renasci-mentos sucessivos.

A Terceira Revelação é, assim, a

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grande esperança para essa Hu-manidade em que as religiões tra-dicionais se contradizem e se com-batem, procurando sustentar umafé cega, da qual resultam a incre-dulidade, o materialismo multifá-rio, as guerras, a violência indivi-dual e coletiva.

Da verdadeira fé, pela com-preensão de que existe um Ser Su-premo, Criador de todas as coisas,surgem os sentimentos puros doamor a Deus, a si mesmo, aos se-melhantes e a toda a criação, talcomo ensinou o Cristo. A carida-de e a esperança são suas conse-qüências diretas.

Podemos concluir, assim, que afé, fundamentada na razão escla-recida, conduz o homem ao co-nhecimento das realidades trans-cendentes, verdades que lhe pro-porcionam, ao mesmo tempo, apossibilidade de desenvolver seussentimentos nobres, na medida deseus próprios esforços.

A fé tem sido entendida comoresultante de princípios religiosos.

Jesus a realçou como necessáriaà consecução das causas e à práticade atos considerados milagrosos.

Cumpre ressaltar, entretanto,que a fé não se limita aos procedi-mentos religiosos tão-somente, jáque ela é fundamental na buscados mais diversificados ideais, tan-to no campo material quanto noespiritual e moral, constituindo-sena certeza das conquistas resultan-tes de sua aliança com a vontade.

Quando a fé se junta à vontadepara a conquista de vantagens ounecessidades materiais, diz-se queé humana.

Se as aspirações são de nature-za espiritual, na busca do aperfei-çoamento moral, nesta ou na vidafutura, considera-se divina a na-tureza da fé.

Todos os Espíritos, encarnadosou desencarnados, possuem asforças da vontade e da fé, quepodem ser desenvolvidas ou per-manecer inativas, de acordo comas necessidades, os desejos e aliberdade de cada criatura.

Se o Criador dotou os seres hu-manos com essas forças podero-sas, outorgando-lhes a liberdadepara sua utilização, o bom senso ea inteligência de cada um estãoindicando que devem ser utiliza-dos sempre para o bem próprio ede outros e nunca para o mal.

A fé autêntica não se exaltadiante das dificuldades e circuns-tâncias contrárias aos seus objeti-vos, com os quais se depara. Sabeaguardar, com paciência e com-preensão, a ocasião mais propíciapara alcançar o que pretende.

A ponderação e a calma são si-nais da força e da confiança daverdadeira fé, ao passo que a in-conformação, a violência e o aço-damento denotam a dúvida e afraqueza da fé vacilante.

Se há verdadeira fé, pressupõe--se que seu possuidor não tenha apresunção de considerar-se imba-tível, invencível em suas preten-sões.

Pelo contrário, o possuidor dafé real deposita sua total confian-ça não em si mesmo, mas no SerSupremo e nos seus prepostos,considerando-se apenas um ins-trumento de Deus.

Orgulho, presunção, egoísmo,vaidade não se coadunam com afé, que, antes, se conjuga à humil-dade.

O conhecimento espírita nãodeixa dúvida sobre as conseqüên-cias de nossos pensamentos eações. No uso de nossa liberdadepara agir somos responsáveis pelomau emprego de nossas faculda-des.

Ao nos referirmos ao conheci-mento do Espiritismo, ocorre-nossempre a necessidade do estudocontínuo da Doutrina, vastíssimaem seus desdobramentos.

Não é pelo fato de já ter lido asobras básicas e outros livros daliteratura espírita que o adeptofica dispensado do seu estudoconstante.

Por mais atentos que sejamos,sempre há a possibilidade de acres-centarmos novos conhecimentos,novas observações que antes nosescaparam.

Em determinadas pessoas a fése apresenta com toda naturalida-de, denotando que já houve essaconquista em fase anterior de suavida. Em outras pessoas a fé e asverdades espirituais encontramdificuldades imensas para seremassimiladas, o que demonstra es-tágio espiritual retardatário, recla-mando muito esforço para o iní-cio de uma educação moral e espi-ritual que as liberte da ignorância.

A fé firme e verdadeira, condu-zindo o homem ao progresso e àregeneração, está na base do gran-dioso edifício que compete a cadaum construir, para sua própria fe-licidade.

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Galiléia gentil descia dosmontes esparramando-seem uma larga faixa de terra

verde e fértil, na qual, a vida seapresentava estuante.

Crianças gárrulas e pássaroscantantes, homens laboriosos tra-balhando o solo e negociando pe-las ruas amplas das inúmeras cida-des que se multiplicavam, modes-tas umas, esplendorosas outras, for-mavam a Tetrarquia que não eraconsiderada pelos judeus jactan-ciosos e soberbos de Jerusalém.

Seguindo um velho brocardodepreciativo, sempre pergunta-vam, solertes: Que pode vir de bom,da Galiléia?

E veio o melhor, uma verdadei-ra via láctea de amor dali se es-praiou por toda a Terra, alterandoa paisagem social e moral do pla-neta sofrido.

O esplendoroso mar ou lago deGenesaré favorecia a região quentecom ameno clima, e o milagre dassuas águas piscosas que os ventoseriçavam de quando em quando,em forma de tormentas passagei-ras, apresentavam-se, normalmen-te, tranqüilas e espelhadas.

Em Cafarnaum, que se ufanavade possuir uma sinagoga, a Natu-reza fora pródiga em gentilezas, tor-nando-a aprazível, generosa, sem ascomplicações das grandes urbes,mas também, sem a ingenuidadeexcessiva dos pequenos burgos.

Nos declives dos outeiros e pelaterra ampla, flores miúdas mistu-ravam-se, na primavera, com asrosas trepadeiras que ornamenta-vam as residências, e igualmentecom as que espocavam nas árvoresaltaneiras e frutíferas em festa deenriquecimento alimentar.

Movimentos nas praias, na fainade cuidar das redes de pescar, e re-banhos nos arredores eram tangi-dos docentemente por pastores re-queimados do Sol, completando ocenário dos homens e das mulheressimples e confiantes que habitavamo seu casario de pedras vulcânicas.

A formosa bacia de águas refle-tindo o céu infinitamente azul,quase sempre sem nuvens, consti-tuía uma bênção incomum, sem-pre renovadas pelo Jordão tran-qüilo, no seu périplo sinuoso nadireção do Mar Morto em plenodeserto, era invejada pelas cidadesque não a podiam desfrutar...

Naquela região, nas suas praias,nas barcas dos seus amigos, nas

praças públicas, num monte pró-ximo, Jesus enunciou as mais belaspalavras do vocabulário do amor eentoou o incomparável hino dasbem-aventuranças, que nunca maisvoltaria a repetir-se, assinalando aHumanidade com as lições que al-teraram os conceitos em torno doscidadãos e das nações.

Naquela Cafarnaum simpáticaEle estabeleceu a base do Seu traba-lho, das suas praias de pedras miú-das e barcas encravadas nas areias,retirou alguns dos discípulos que Odeveriam seguir alacremente, assimcomo da sua coletoria convocououtrem, a fim de que, um dia, nofuturo, narrasse, para a posteridade,os feitos e os ditos que presenciarae ouvira entre deslumbrado e feliz.

Como um Sol de suave calor, aliEle aqueceu os corações enregela-dos com o verbo eloqüente da Suasabedoria, transformando as emo-ções sofridas em sentimentos deinefável alegria.

Naqueles dias, o chamado paraa Era Nova ecoava no ádito dos se-res, qual música sublime dantes ja-mais ouvida, e no futuro nuncamais repetida, conforme se fizeranaquela ocasião.

As melodias de esperança per-maneciam nos pentagramas das

Via Lácteade amor*

A

*Mateus, 9:32-38. Nota da autora espiri-tual.

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vidas atraídas ao Seu rebanho, al-terando as tormentosas aflições aque todos se acostumaram, en-quanto favoreciam com a integralconfiança em Deus diante dequaisquer circunstâncias.

O sofrimento, que sempre este-ve presente na economia das vidashumanas, é mensagem aflitiva, es-pecialmente proposto a quem lhedesconhece a finalidade santifican-te. Nem todos, porém, o entendem,conseguem retirar o lado bom daocorrência dolorosa, descamban-do, pela rebeldia ou pela alucina-ção, não poucas vezes, para situa-ções vexatórias, angustiantes, quemais lhes complicam a existência.

Mesmo hoje, ainda prosseguedilacerador, enquanto que, naque-les dias, era mais tormentoso, emrazão das circunstâncias que o tor-naram comum, diminuindo na so-ciedade existente a compaixão e asolidariedade, tal o número dosafligidos, que terminavam porpassar quase invisíveis diante dosolhos da multidão indiferente...

A solidariedade constitui umhábito que se consolida através doamor, surgindo interiormente emforma de compaixão e desenvol-vendo-se como atividade fraternalenriquecedora, na qual o doadorapresenta-se sempre mais feliz doque o beneficiado.

Os seres humanos necessitam,em caráter de urgência, de convi-ver com o belo e o luminoso, a fimde acostumar-se com a harmonia ea claridade, deixando-se atrair pelasaúde, ao invés de abraçar as doresque os dominam, transitoriamente

necessárias, porque a Vida éum ato de amor de Deus enão uma punição da Pater-nidade Divina. Muitos dosque sofrem, porém, prefe-rem apegar-se aos padeci-mentos, em deplorável si-tuação autopunitiva, quan-

do deveriam empenhar-se por su-perar a ocorrência necessária.

Foi essa a extraordinária mensa-gem psicoterapêutica de que Ele sefizera portador, mas quase nuncaentendido.

Nada obstante, sempre quandose apresentava em qualquer lugar,os ventos da esperança sopravamvigorosos anunciando-O e atrain-do as multidões esfaimadas de com-preensão e de misericórdia, que seacotovelam em toda parte paraouvi-lo e receberem a farta messeda Sua generosidade, distribuídafartamente a quantos a quisessemrecolher.

Ele conhecia, sem dúvida, as an-gústias humanas, e sabia diluí-las,apiedando-se dos seus padecentes.Ninguém como Ele para lidar comos conflitos dos indivíduos ematurdimento.

Isto porém, porque penetrava,com a sua percepção profunda, oâmago das necessidades, identifi-cando-lhes as causas anteriores eos meios adequados para modifi-car-lhes a injunção penosa.

Enquanto o verbo fluía canorodos Seus lábios em melodias re-confortantes e lenificadoras, Suasmãos alcançavam as exulcerações

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tormentosas, abençoando-as, à me-dida que as mesmas cediam ao levetoque, produzindo a recuperaçãodos pacientes comovidos.

Pedia-lhes que não voltassem acomprometer-se, evitando-se situa-ções mais graves, por saber que ossofrimentos procedem do Espíritorebelde e recalcitrante, no entanto,logo passavam aqueles instantesformosos e os pacientes mergulha-vam nos velhos hábitos que os in-felicitaram anteriormente.

Numa dessas ocasiões, após dis-cursar ternamente, trouxeram-lheum homem mudo, que se debatianas amarras psíquicas constritorasde cruel verdugo espiritual. Não fa-lava, porque era vítima de uma do-minação obsessiva impertinente evergonhosa.

O desditoso tinha aumentada adificuldade interior de comunica-ção em face da vingança desenca-deada pelo severo perseguidor, quetambém o afligia mentalmente.

Era um quadro desolador, queinspirava piedade.

Compreendendo a pugna quese travava além da forma física evendo o insano inimigo do pacien-te em aturdimento, Ele repreendeuo perverso, exortando-o à liberta-ção da sua vítima, o que aconteceude imediato, permitindo que o mu-do se pussesse a tagarelar entre lá-grimas de justificada alegria.

O deslumbramento tomou contado povo aglomerado que acompa-nhara a cena inusitada, desdobran-do-se em júbilo repentino, seguidode um respeito que chegava quaseao temor.

A maioria, daqueles que ali se

encontravam, conhecia o enfermoque agora falava, e não podia en-tender a ocorrência feliz.

Foram inevitáveis a explosão desorrisos e os gritos de louvor.

Mas Ele não viera para pôr re-mendos de tecido novo em trajes gas-tos, nem para colocar vinho bomem odres sujos, e, logo que passou aeuforia da massa, falou aos discí-pulos, compadecido da multidãoque estava cansada e abatida comoovelhas sem pastor:

– A messe é grande, mas os traba-lhadores são poucos. Rogai, ao Se-nhor da messe, que envie trabalha-dores para a mesma.

Até hoje, vinte séculos transcor-ridos, o vasto campo dos coraçõescontinua aguardando o arado amo-roso para a sementeira feliz.

Muitos chamados, após os mo-mentos iniciais de entusiasmo, dei-xam a seara entregue às pragas e àscircunstâncias ásperas do tempo...

Outros mais, distraídos na fri-volidade, arrebanham companhei-ros para o campeonato da levian-dade, piorando-se e a eles a situa-ção moral em que estagiam...

Somente alguns comprometidoscom a Verdade permanecem no la-bor, insistindo e desincumbindo--se das responsabilidades assumi-das com festa na alma.

A sua dedicação ao trabalho va-le, no entanto, por inúmeros, porincontáveis outros que desertam.Mas não são suficientes...

Ainda assim permanecem tam-bém incompreendidos, porque nãofazem coro à insensatez nem à pro-

miscuidade, e, não poucas vezes,são tachados de loucos, ultrapassa-dos, ortodoxos, porque procuramservir ao Mestre conforme Ele odeterminou.

O festival da ilusão fascina asmentes infantis, que ainda não sepodem comprometer com o Divi-no Pastor.

Também Ele, a seu tempo, apóshaver curado o mudo, foi censura-do e acusado pelos fariseus, que,não podendo fazer o mesmo, porlhes faltarem os valores morais ne-cessários, afirmaram, fátuos: É pelopríncipe dos demônios que Ele ex-pulsa o demônio...

Aquela Galiléia de ontem en-contra-se esparramada por toda aTerra, aguardando o CompassivoLibertador, e quando, hoje, alguéma Ele se refere e apresenta-O nosatos, experimenta a chocarrice e aperseguição insana que grassam do-minadoras nos sentimentos ultra-jados de todos quantos preferem afantasia e a ignorância.

A via láctea de amor, no entanto,alcança lentamente os corações dosseres sofridos e angustiados, nestagrande noite moral que se abatesobre a Terra, através de O Conso-lador, que Ele enviou para dar pros-seguimento à instalação do Reinodos Céus na terra dos corações.

Amélia Rodrigues

(Página psicografada pelo médium Dival-do Pereira Franco, na reunião mediúnicada noite de 15 de julho de 2006, no Cen-tro Espírita Fraternidade, em Paramirim,Bahia.)

10 Reformador • Novembro 2006 440088

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Reformador: Qual a dimensão doMovimento Espírita de Rondônia?Pedro: O Movimento Espírita deRondônia se iniciou em 1962,com a fundação do Centro Espí-rita Bezerra de Menezes, na cida-de de Porto Velho, por iniciativade um grupo de militares emserviço no então Território Fede-ral de Rondônia. A Federação Es-pírita foi fundada em 11 de janei-ro de 1977, sendo seguida peloaparecimento de várias casasespíritas, localizadas em cidadesde fácil acesso rodoviário, quelhe dão uma característica deMovimento recente.

Atualmente o Movi-mento Espírita de Ron-dônia conta com 41 cen-tros espíritas, distribuí-dos em 16 municípios.Todos estão integra-dos ao ideal federa-tivo, não havendo mo-vimento paralelo oucismas.

Reformador: Que ações federativasse realizam em níveis regional e es-tadual?Pedro: Com vistas a facilitar a di-namização do trabalho federativo,

o Movimento Estadual encontra--se dividido em quatro Uniões Re-gionais Espíritas (UREs). A Fede-ração Espírita de Rondônia, atra-vés de seus seis DepartamentosOperacionais – Infância e Juven-tude, Estudo Sistematizado, Assis-tência e Promoção Social, Ativi-dade Mediúnica, Atendimento Es-piritual e Comunicação Social –desenvolve sua ação em todas asregiões do Estado.

Além destas atividades regio-nais, também são desenvolvidasatividades em âmbito estadual,

tais como: Encontro Anual deMocidades Espíritas, En-

contro Anual de Trabalha-dores Espíritas e Encon-tro Anual de Dirigen-tes Espíritas, estandoprevisto, para iniciarem 2007, o Encon-tro Anual de Gruposde Estudos Sistemati-zados.

A fim de promover

Rondônia e os preparativos

para o Sesquicentenáriodo Espiritismo

11Novembro 2006 • Reformador 440099

Pedro Barbosa Neto, presidente da Federação Espírita de Rondônia, comenta em

entrevista a origem recente do Movimento Espírita daquele Estado e destaca os

preparativos para as comemorações do Sesquicentenário do Espiritismo

PE D RO BA R B O S A NE TOEntrevista

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um maior intercâmbio com o pen-samento do Movimento Espíritanacional, são realizados freqüentesseminários, com a participação deconfrades de outros Estados.

Reformador: A Federação man-tém programas ou campo experi-mental em sua sede?Pedro: A Federação Espírita deRondônia desenvolve em sua sedesocial atividades de palestra públi-ca, grupo de estudo sistematizado,atendimento espiritual, reunião deeducação da mediunidade, e estáem curso o projeto de reestrutura-ção das atividades de infância e ju-ventude.

Reformador: Há Campanhas ouprojetos em andamento?Pedro: As Campanhas de Evange-lização Infanto-Juvenil e de EstudoSistematizado encontram-se am-plamente difundidas tanto na Ca-pital como em todas as localidades

do interior do Estado. As Campa-nhas Família, Vida e Paz têm sidotrabalhadas sistematicamente, atra-vés da programação de palestras eseminários.

Reformador: Como a Federação in-terage com as Comissões Regionais eReuniões do CFN?Pedro: A FERO esteve presente emtodas as reuniões da Comissão Re-gional Norte, desde a instalaçãodas Comissões Regionais, em 1986,e, a partir de 1996, tem levado re-presentantes de todas as áreas. Emvirtude da importância destas Co-missões para a integração e dina-mização do Movimento em nívelRegional, a FERO sediou a reuniãoda Comissão Regional todas as ve-zes em que foi solicitada, promo-vendo o evento em 1988, 1994,2000 e 2005.

Quanto ao Conselho FederativoNacional, a FERO, desde sua fun-dação em 1977, sempre se fez pre-

sente às suas reuniões, participan-do ativamente das discussões e de-liberações ocorridas no curso dasreuniões e atuando no fortaleci-mento do Conselho e do ideal fe-derativo nacional.

Reformador: Quais os preparativospara o Ano do Sesquicentenário doEspiritismo?Pedro: Em atendimento às come-morações pela passagem dos 150anos de publicação de O Livro dosEspíritos, a Federação Espírita deRondônia promoverá uma série deatividades com os seguintes obje-tivos: divulgação ao grande públicosobre o Sesquicentenário do Espi-ritismo; valorização da obra básicaO Livro dos Espíritos através de es-tudos voltados ao público em geral,para debate da obra; dinamizaçãoda Comissão Regional Norte comreflexão para trabalhadores quantoà correlação de O Livro dos Espí-ritos com as tarefas desenvolvidasna Casa Espírita.

Haverá um encontro anual decada Área da Comissão RegionalNorte visando discutir a funda-mentação teórica em O Livro dosEspíritos, diante das atividades de-senvolvidas. Ocorrerão quatro se-minários trimestrais, um em cadauma das quatro UREs que com-põem o Movimento Espírita Esta-dual, para debater uma parte dife-rente de O Livro dos Espíritos, osquais serão conduzidos por expo-sitores de outros Estados. Todo omês de abril será trabalhado commais intensidade na mídia. As Fei-ras do Livro Espírita serão desloca-das para os meses de abril e maio.

12 Reformador • Novembro 2006 441100

Sede da FederaçãoEspírita de Rondônia

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enhum sofrimento, na Ter-ra, será talvez comparávelao daquele coração que se

debruça sobre outro coração rege-lado e querido que o ataúde trans-porta para o grande silêncio.

Ver a névoa da morte estam-par-se, inexorável, na fisionomiados que mais amamos, e cerrar--lhes os olhos no adeus indescrití-vel, é como despedaçar a própriaalma e prosseguir vivendo.

Digam aqueles que já estreita-ram de encontro ao peito um filhi-nho transfigurado em anjo da ago-nia; um esposo que se despede, pro-curando debalde mover os lábiosmudos; uma companheira cujasmãos consagradas à ternura pen-dem extintas; um amigo que tom-ba desfalecente para não mais se er-guer, ou um semblante maternoacostumado a abençoar, e que nadamais consegue exprimir senão ador da extrema separação, atravésda última lágrima.

Falem aqueles que, um dia, seinclinaram, esmagados de solidão,à frente de um túmulo; os que serojaram em prece nas cinzas querecobrem a derradeira recordaçãodos entes inesquecíveis; os que caí-ram, varados de saudade, carregan-do no seio o esquife dos própriossonhos; os que tatearam, gemendo,a lousa imóvel, e os que soluçaramde angústia, no ádito dos própriospensamentos, perguntando, emvão, pela presença dos que partiram.

Todavia, quando semelhanteprovação te bata à porta, reprime odesespero e dilui a corrente da má-goa na fonte viva da oração, porqueos chamados mortos são apenas au-sentes e as gotas de teu pranto lhesfustigam a alma como chuva de fel.

Também eles pensam e lutam,sentem e choram.

Atravessam a faixa do sepulcrocomo quem se desvencilha danoite, mas, na madrugada do no-vo dia, inquietam-se pelos que fi-caram... Ouvem-lhes os gritos e assúplicas, na onda mental querompe a barreira da grande som-bra e tremem cada vez que os la-ços afetivos da retaguarda se ren-dem à inconformação ou se vol-tam para o suicídio.

Lamentam-se quanto aos errospraticados e trabalham, com afin-co, na regeneração que lhes dizrespeito.

Estimulam-te à prática do bem,partilhando-te as dores e as ale-grias.

Rejubilam-se com as tuas vitó-rias no mundo interior e conso-lam-te nas horas amargas paraque te não percas no frio do de-sencanto.

Tranqüiliza, desse modo, oscompanheiros que demandam oAlém, suportando corajosamentea despedida temporária, e honra--lhes a memória, abraçando comnobreza os deveres que te legaram.

Recorda que, em futuro mais

próximo que imaginas, respirarásentre eles, comungando-lhes asnecessidades e os problemas, por-quanto terminarás também a pró-pria viagem no mar das provas re-dentoras.

E, vencendo para sempre o ter-ror da morte, não nos será lícitoesquecer que Jesus, o nosso Divi-no Mestre e Herói do Túmulo Va-zio, nasceu em noite escura, viveuentre os infortúnios da Terra e ex-pirou na cruz, em tarde pardacen-ta, sobre o monte empedrado,mas ressuscitou aos cânticos damanhã, no fulgor de um jardim.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Religião dos

espíritos. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006. p. 153-155.

Ante os que partiramN

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Espiritismo está, definitivamente, na grandeimprensa. Em sua edição 434, de 11 de se-tembro de 2006, a revista ÉPOCA trouxe uma

ampla reportagem sobre Francisco Cândido Xavier(1910-2002). O médium mineiro foi escolhido, emuma enquete, feita pela Internet, “O Maior Brasileiroda História” e mereceu matéria de seis páginas. Umacomissão de 33 personalidades convidadas por ÉPOCA

elegeu o jurista Ruy Barbosa como o mais importan-te brasileiro da História.

“Chico Xavier – O senhor dos espíritos” foi o títu-lo da reportagem que ÉPOCA publicou em setembro.Assinada pelo jornalista Ivan Padilla, a matériaapontou Chico Xavier como o maior responsávelpela expansão do Espiritismo no Brasil ao impulsio-nar a divulgação espírita em aparecimentos impor-tantes na mídia, como debates na televisão, entrevis-tas e até participação em novelas como “O Profeta”,de Ivani Ribeiro.

A reportagem destacou que os diversos problemasde saúde e as dificuldades materiais enfrentados pelomédium jamais o impediram de exercer suas ativida-des espíritas. Também ressaltou as qualidades moraisde Chico Xavier, seu carisma e popularidade, queagradam tanto aos espíritas como aos não-espíritas.

Apesar de algumas informações equivocadas, a ma-téria de ÉPOCA foi bastante completa: apontou aextraordinária produção mediúnica de Chico Xavier,a multiplicidade de gêneros literários que ele psico-grafou, sua postura de seriedade, seus gestos de amorao próximo e sua decisão de ceder integralmente osdireitos autorais de seus livros para diversas institui-ções espíritas. Chico psicografou 412 títulos queresultaram em 25 milhões de exemplares editados.

A pesquisa demonstrou de forma cabal a força e amobilização dos espíritas na Internet. Na votaçãopara “O Maior Brasileiro da História” realizada pelaInternet, foram recebidos 27.862 votos. Chico Xavierobteve 9.966 votos, ou 36% do total. Ficou em pri-meiro lugar. Surpreendeu, pois seu nome sequerconstava na lista da revista: para que ele fosse eleitoera preciso que os internautas digitassem seu nomeem um campo específico. O médium teve quase o

Chico Xavier:O Maior Brasileiro

O

Presença de Chico Xavier

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dobro de votos do segundo colocado, o piloto AyrtonSenna. Em terceiro lugar ficou Pelé.

A revista citou que, de acordo com o Censo de2000, existem hoje no Brasil cerca de 2,3 milhões de espíritas, sem contar os simpatizantes. Dez anosantes, esse número era 40% menor. Os dados de-monstram a expansão do Espiritismo no País, emtodas as camadas sociais, embora os espíritas sejamo segmento de mais escolaridade e renda da popu-lação brasileira. A revista afirmou que as ações deChico Xavier junto aos meios de comunicação fo-ram decisivas para a popularização do Espiritismo.Entre essas ações estão a participação de Chico, em1971, de duas edições do programa de entrevistasPinga-Fogo, na extinta TV Tupi. No primeiro, du-rante mais de três horas, o médium respondeu àsperguntas dos jornalistas sobre temas diversos,alguns bastante polêmicos para a época. No final doprograma, psicografou, ao vivo, mensagem espiri-tual. Aproximadamente 75% das televisões da cida-de de São Paulo estavam sintonizadas na hora daentrevista, que foi reprisada três vezes na semanaseguinte e, mais tarde, exibida em diversos Estadosbrasileiros.

Além da reportagem, os leitores de ÉPOCA pude-ram ler, no site da revista, textos com a opinião deChico Xavier sobre diversos temas. Estavam disponí-veis, ainda, minidocumentários e a canção “No Céuda Vibração”, gravada por Elis Regina e compostapor Gilberto Gil em homenagem ao médium.

Na semana seguinte, Chico Xavier foi responsá-vel por 20,2% das cartas endereçadas a ÉPOCA. Estepercentual, somado ao de leitores que comentarama reportagem completa sobre a escolha do MaiorBrasileiro da História (25,5%), alcança 45,7% dototal de cartas e e-mails que chegaram à redação darevista.

Foi a segunda vez que ÉPOCA deu destaque aoEspiritismo este ano. No mês de julho de 2006, arevista já havia divulgado uma reportagem de oitopáginas sobre a Doutrina, intitulada “O Novo Espiri-tismo”, de autoria da jornalista Martha Mendonça,na qual foram apontados diversos aspectos positivosda Doutrina e do Movimento Espírita.

Outra revista de circulação nacional, IstoÉ, tam-bém fez reportagem de capa sobre o Espiritismo emagosto deste ano. O título? “Falando com o Além”.

Desde 2005, a Doutrina Espírita vem ganhandocada vez mais projeção em jornais e revistas. No anopassado, a maior revista da América Latina, Veja, fezmatéria de capa sobre o crescimento do Espiritismono Brasil. Outras revistas, como Galileu e Superinte-ressante, e jornais como Folha de São Paulo produzi-ram reportagens em que mostravam o ponto de vistaespírita sobre assuntos como influência dos Espíritose sonhos. Em agosto de 2006, uma publicação volta-da para a Psicologia, Psique, tratou de experiênciasde quase-morte. Com o advento das novelas e filmesde temática espiritualista, o Espiritismo tambémpassou a ser tratado em revistas de forte apelo popu-lar que se dedicam a assuntos relacionados comnovelas de televisão. Segundo levantamento da As-sessoria de Comunicação da FEB, desde o ano passa-do, mais de 80% dessas revistas já fizeram reporta-gens sobre temas como reencarnação, mediunidadee vida após a morte.

VVoottoo

Chico Xavier

Ayrton Senna

Pelé

Garrincha

Santos Dumont

Juscelino Kubitschek

Lula

Getúlio Vargas

9.966

5.637

4.320

924

854

830

540

519

MMaaiioorr BBrraassii llee ii rroo

Os oito primeiros colocados navotação dos leitores de ÉPOCA

O júri popular

15Novembro 2006 • Reformador 441133

Total de votos recebidos:

27.862

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ocê há de ter notado, preza-do leitor, que as reuniõespúblicas, nos centros espíri-

tas, são abertas e encerradas comuma oração, pronunciada em ex-pressões simples, a evocar as bên-çãos divinas sobre os participantes.

O dirigente em prece situa-se co-mo o condutor de uma orquestra,procurando estabelecer o que AllanKardec define como uma comunhãode pensamentos.

Quanto mais atentos os presen-tes, fixados na oração, mais har-mônico o ambiente, favorecendomelhor aproveitamento, tanto noaprendizado quanto nos benefíciosque a reunião pode oferecer.

Mentores espirituais transitampelo recinto, auscultando os partici-pantes, detectando seus problemas,definindo a assistência espiritual

que lhes será prestada, especialmen-te na aplicação do passe magnético.

Pessoas desinteressadas, quecomparecem por insistência de fa-miliares, totalmente alheias aos ob-jetivos da reunião, comportam-secomo músicos desafinados de umaorquestra, conturbando o ambien-te e prejudicando a ação dos Men-tores espirituais.

Forçoso reconhecer que a evoca-ção das bênçãos do Céu, na prece,significa que, em princípio, estamosnum templo de sagrados valoresespirituais, tanto quanto numa igre-ja católica, evangélica, pentecostalou de outra denominação religiosa.

Embora o Centro Espírita sejapara muitos que o procuram umaespécie de hospital para males do

corpo e da alma, o aspecto templodeve ser destacado, sob pena de nãorecebermos os benefícios desejados.

Isso implica, obviamente, umapostura de contrição e seriedade,que nos coloque em sintonia vibra-tória com os Mentores espirituaisque nos auscultam e auxiliam.

Inconcebível, no recinto das reu-niões, ocorrências que não raro seobservam, como:

� Conversa.Geralmente os expositores são

inspirados a abordar temas relacio-nados com as necessidades do pú-blico. É ponto pacífico que o escla-recimento oferecido é muito maisimportante do que a aplicação dopasse magnético. Este cuida de efei-tos, enquanto as palestras cuidamdas causas. Quem se distrai em con-

Templo sagradoV

RI C H A R D SI M O N E T T I

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versação inconveniente, além de na-da assimilar, atrapalha quem fala equem está interessado em ouvir.

�Trajes.Em alguns centros há cartazes

listando trajes proibidos como ber-mudas, shorts, camisetas cavadas,chinelos, etc. Há quem considereabsurdo tais exigências, uma inter-ferência indébita no livre-arbítriodas pessoas. Absurda é a necessida-de de estabelecer esses critérios,simplesmente porque há quemconfunda o Centro Espírita combalneário. Trajes sumários contras-tam com a seriedade do ambiente.

�Discrição.Em público, beijos e abraços, en-

tre namorados, antes consideradosatentados ao pudor, hoje, neste cli-ma de liberou geral, não sofrem res-trições policiais. Imperioso, entre-tanto, considerar o respeito ao am-biente, em benefício dos própriosinteressados. Se a sensualidade seexpande, a Espiritualidade se retrai.

� Telefone.Pessoas desligadas e celulares li-

gados é eficiente instrumental deEspíritos obsessores que queremperturbar a reunião.

Pior quando o portador do in-conveniente aparelho atende aochamado em pleno recinto.

– Se for comigo, diga que nãoposso atender – costuma dizer umconfrade irreverente, quando tocaum celular durante sua exposição.

� Crianças.Espantosa a tranqüilidade de al-

gumas mães, diante de pequenosque se movimentam entre as pol-tronas, ou choram, impertinentes.

Desconfiômetro desligado, insis-tem em permanecer no recinto,duro teste de paciência para os ex-positores e o público presente.

Imperioso atentar à solenidadedo ambiente, numa reunião públi-ca de Espiritismo.

Embora sem ritos e rezas que ca-

racterizam as religiões tradicionais,estamos numa atividade de ascen-dentes religiosos, que exige serieda-de e compostura de nossa parte.

Assim agindo, estaremos aptos aenriquecer nosso conhecimento, ha-bilitando-nos a receber em plenitu-de os benefícios da Espiritualidade.

Se ocorrer o contrário, seremosos lamentáveis “músicos desafina-dos” a conturbar o ambiente.

(Versos de carinho e gratidão a um chefe e amigo de outras reencarnações,

que hoje reencontrei, sob o amparo de um manicômio.)

Lembro-te, Soberano, as incursões bizarras...Ordenas invasões... Feres, vences, dominas!...Deixas a estrada em fogo, os castelos em ruínas,Agonia e pavor nas terras onde esbarras!...

Tudo a morte levou... Os troféus e algazarras,As armas, os brasões e as tropas libertinas...E encontrei-te, hoje, oh rei!... Clamas e desatinas,Reencarnado no hospício a que, louco, te agarras...

Dói ver-te inerme, assim, lívido e descompostoNa laje celular por trono de recosto!...Mas louva as provações ditoso por sofrê-las!...

Findo o resgate justo, um dia, tempo afora,Terás de novo um reino e os amigos de outrora,Nos impérios do amor, para além das estrelas!...

Epiphanio Leite

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas redivivos. Diversos Espíritos. 3. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 1994. Cap. 59, p. 89.

da almaRenascença

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o capítulo XV de O Evan-gelho segundo o Espiritismo,intitulado “Fora da carida-

de não há salvação”, itens 8 e 9,Allan Kardec analisa a questão denão haver salvação fora da Igrejaou fora da verdade.

Em momento algum o Codifi-cador sugere ou insinua que forado Espiritismo as criaturas huma-nas estariam fadadas a sofrer e aserem infelizes.

Na nota à questão 982 de O Li-vro dos Espíritos, ele afirma: “[...] OEspiritismo ensina o homem a su-portar as provas com paciência eresignação; afasta-o dos atos quepossam retardar-lhe a felicidade,mas ninguém diz que, sem ele, nãopossa ela ser conseguida”.

Admitir o Espiritismo como ca-minho único e exclusivo para aconquista da paz interior é assu-mir uma postura nitidamente fun-damentalista e contrária à opiniãodos Espíritos Superiores.

O teólogo Leonardo Boff1 afir-ma que o “fundamentalismo repre-senta a atitude daquele que confe-re caráter absoluto ao seu ponto devista”. E salienta: “[...] quem se sen-te portador de uma verdade abso-luta não pode tolerar outra verda-de, e seu destino é a intolerância”.

É preciso distinguir a visão queo Espiritismo nos dá e a aplicaçãoque fazemos dos seus princípiosem nossa vida prática. Foi por issoque o educador Pedro de Camargo

(Vinícius),2 afirmou: “[...] A cons-ciência religiosa importa em ummodo de ser, e não em um modo decrer”.

Mas há momentos em que a nos-sa intolerância e incompreensãonão se voltam apenas para os pro-fitentes de outras religiões. Às vezesse apresentam nas nossas relaçõescotidianas, na intimidade dos cen-tros espíritas que freqüentamos.

Se um companheiro se afasta dasatividades que desenvolve num de-terminado Centro, julgamos, apres-sadamente, que possa estar sendovítima de um problema obsessivo,ou que de alguma forma não se en-contra no seu melhor juízo.

Nem sempre cogitamos das suas

Convivência noCentro Espírita

NCE Z A R BR AG A SA I D

1BOFF, Leonardo. Fundamentalismo. Riode Janeiro: Sextante, 2002. p. 25.

2CAMARGO, Pedro de (Vinícius). O mestrena educação. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB,2005. Cap. 12, p. 64.

Capa

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necessidades materiais na conduçãoda sua família; não ponderamos suaidade ou o imperativo de estudar, afim de poder realizar-se profissio-nalmente; muitas vezes não nosperguntamos sobre a sua saúde e anecessidade de tratamento médico,terreno e especializado, como, aliás,sempre fizeram médiuns comoChico Xavier. Não entendemos queo companheiro que trabalhou ereuniu recursos tem direito ao lazer,a tirar férias junto de sua família eque o repouso está consagrado nasleis civis e na lei divina do trabalho.Ignoramos ou esquecemos a aten-ção que os filhos pequenos recla-mam e nem sempre cogitamos dasinsatisfações que alguém possa estarsentindo com a condução das ativi-dades da instituição; afinal, estamostão satisfeitos e concentrados noque fazemos que não percebemosque isso possa ocorrer com alguém.

O fato é que tendemos a avaliaro outro pelas nossas medidas. Seestamos tantos dias e tantas horasenvolvidos com as atividades espí-ritas, por que o outro não se envol-ve com a mesma intensidade?

Esquecemos que cada um se en-contra em determinado estágio evo-lutivo, com noção diferenciada detempo perdido ou bem aproveitado.

Alguém que tenha sérios com-promissos na área mediúnica, porexemplo, na medida em que nãodá continuidade à educação dasforças que vibram em si, tanto noCentro quanto fora dele, pode, na-turalmente, desequilibrar-se, masnão como castigo da Espiritualida-de ou punição divina. É naturalque toda ferramenta não utilizada

ou usada de forma indevida, semmanutenção, contraia ferrugem. Eisso vale para qualquer situação navida, inclusive para a relação queestabelecemos com nossos com-promissos espirituais.

Quando Allan Kardec e a Espi-ritualidade enfatizam a necessida-de do bem, estão dilatando o nossoconceito de salvação e felicidade,estão nos dizendo que a máximanão é fora do centro espírita não hásalvação e sim, fora da caridade nãohá salvação.

Portanto, se um companheiro seafasta momentânea ou definitiva-mente de um Centro Espírita, istonão quer dizer que esteja se afas-tando da prática da caridade quepoderá se dar em qualquer lugar.Precisamos atentar para os reaismotivos que determinaram esteafastamento, interessar-nos peloencarnado como nos interessamospelos desencarnados, entendendo oque se passa com ele, auxiliando-onaquilo que estiver precisando.

Ao mesmo tempo é válido nosquestionarmos se somente os espí-ritas freqüentadores de Centro pos-suem Espíritos protetores. E os quenão são espíritas? Não possuemamigos espirituais auxiliando-osnas pesquisas, nas assembléias le-gislativas, no poder executivo, nomagistério, na empresa onde atuam,nas atividades que realizam comoautônomos, nas forças armadas,etc.?

Externar nossa atenção, carinho epreocupação com os amigos é ati-tude cristã. Sentir a falta e desejar apresença deles no ambiente ondeatuamos é testemunhar o amor

que nutrimos por eles. Porém, jul-gar e pressagiar terríveis males emfunção de seu afastamento é as-sumir uma posição radical com ospróprios companheiros de ideal.

Não queremos, contudo, fazerapologia da deserção, nem incen-tivar ninguém a relaxar nos seuscompromissos espirituais. Mas en-tendemos que esta relação precisaser saudável, consciente, reflexiva enão baseada em temores ou carac-terizada por um ativismo, onde apreocupação maior é realizar quan-titativamente, produzir apenas.

A religiosidade que o Espiritis-mo nos propõe não é a do tipodevocional e contemplativo, masrelacional e operativa, isto é, me-lhorando nossas relações interpes-soais, estamos crescendo de dentropara fora, dando de nós mesmosaos que nos cercam.

O Centro Espírita facilita-nosesse processo, na medida em quese constitui num campo propíciopara esse exercício de convivênciafraterna. Nele estimulamos e so-mos estimulados, criamos laços deamizade verdadeira, temos umcampo imenso de trabalho, masninguém afirma que fora dele al-guém não possa se realizar, melho-rar-se e contribuir para uma socie-dade mais justa e feliz.

Estimulemos a participação doscompanheiros, auxiliemo-nos unsaos outros, todavia, evitemos jul-gar, não apenas os que se afastam,mas também os que permanecem.O julgamento adequado competea Deus e este, até onde compreen-demos, é uma fonte perene de estí-mulos e não de censuras.

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Capa

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Espiritismo contém um ri-co conteúdo doutrinário,cujo estudo é fundamental

para elevar o nosso entendimentoda vida espiritual e das leis morais.

Não é doutrina para ser apenascompreendida em teoria, mas paraser vivida na prática.

Se não observarmos a aplicaçãodos ensinos em nossas vidas, pode-mos cair na fé inoperante, a que serefere o apóstolo Tiago:

“Assim, também a fé, se não ti-ver as obras, por si só está morta”.(Tiago, 2:17.)

Comentando esse versículo dacarta de Tiago, assevera o instrutorespiritual Emmanuel:

“A fé inoperante é problema cre-dor da melhor atenção, em todos ostempos, a fim de que os discípulosdo Evangelho compreendam, comclareza, que o ideal mais nobre, semtrabalho que o materialize, a benefí-cio de todos, será sempre uma so-berba paisagem improdutiva”. (Fon-te Viva, Ed. FEB, cap. 39.)

Mais à frente, acrescenta esseautor espiritual:

“A crença religiosa é o meio.O apostolado é o fim”. (Op. cit.,

cap. 39.)Ao tomarmos a resolução de

trabalhar na seara espiritual, semdúvida, encontraremos ocupação,porque não há muita procura pelotrabalho voluntário.

Quando esteve entre nós, Jesusdisse aos seus discípulos:

“A seara, na verdade, é grande,mas os trabalhadores são poucos”.(Mateus, 9:37.)

Mesmo na seara espírita, o nú-mero de trabalhadores é pequeno,apesar da consciência da impor-tância do trabalho para a evoluçãoespiritual que o Espiritismo desen-volve nos adeptos. Muitos deles en-contram dificuldades em cooperarna instituição espírita, por diversosmotivos:

• Aguardam o convite pessoal.• Não aceitam o serviço que lhes

é oferecido.

• Não concordam em começarpor atividades simples.

• Impõem condições que não po-dem ser atendidas.

• Reclamam o direito de escolhero tipo de atividade.

• Preferem começar “por cima”.• Resistem em estudar primeiro.• Rejeitam a disciplina.• Não se dispõem a trabalhar em

equipe.• Querem o direito de começar

criticando o que está sendofeito.

• O número de pessoas que pro-curam os centros espíritas é ex-pressivo e a seara de trabalho égrande. Apesar disso, a quan-tidade de trabalhadores conti-nua reduzida.

O ideal é que o candidato ao tra-balho na seara se disponha a agircomo o servo fiel da parábola con-tada por Jesus:

“Bem-aventurado aquele servo aquem seu Senhor, quando vier, acharservindo assim”. (Mateus 24:46.)

O servo fiel não discutia as de-terminações. Cumpria-as, porqueentendia que o seu senhor sabia oque deveria ser feito.

Obediência cega ajuda poucono crescimento do trabalhador,mas quem se dispõe a obedecer é oque começa com mais acerto.

Trabalho naSeara Espírita

OUM B E RTO FE R R E I R A

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“E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o

coração, como ao Senhor, e não aos homens.”

PAULO – (COLOSSENSES, 3:23.)

Perante Jesus

compreensão do serviço do Cristo, entre as criaturas humanas, alcançará

mais tarde a precisa amplitude, para a glorificação dAquele que nos segue de

perto, desde o primeiro dia, esclarecendo-nos o caminho com a divina luz.

Se cada homem culto indagasse de si mesmo, quanto ao fundamento essencial

de suas atividades na Terra, encontraria sempre, no santuário interior, vastos hori-

zontes para ilações de valor infinito.

Para quem trabalhou no século?

A quem ofereceu o fruto dos labores de cada dia?

Não desejamos menoscabar a posição respeitável das pátrias, das organizações,

da família e da personalidade; todavia, não podemos desconhecer-lhes a expressão

de relatividade no tempo. No transcurso dos anos, as fronteiras se modificam, as leis

evolucionam, o grupo doméstico se renova e o homem se eleva para destinos sem-

pre mais altos.

Tudo o que representa esforço da criatura foi realização de si mesma, no quadro

de trabalhos permanentes do Cristo. O que temos efetuado nos séculos constitui

benefício ou ofensa a nós mesmos, na obra que pertence ao Senhor e não a nós

outros. Legisladores e governados passam no tempo, com a bagagem que lhes é

própria, e Jesus permanece a fim de ajuizar da vantagem ou desvantagem da cola-

boração de cada um no serviço divino da evolução e do aprimoramento.

Administração e obediência, responsabilidades de traçar e seguir são apenas sub-

divisões da mordomia conferida pelo Senhor aos tutelados.

O trabalho digno é a oportunidade santa. Dentro dos círculos do serviço, a ati-

tude assumida pelo homem honrar-lhe-á ou desonrar-lhe-á a personalidade eter-

na, perante Jesus Cristo.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 57, p. 129-130.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

A

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22 Reformador • Novembro 2006 442200

om o Espiritismo fomosconduzidos a uma fé religio-sa que se encontra embasa-

da na razão e na lógica, especifica-ções que tornam lúcidos o discer-nimento e o raciocínio.

Resultante de um atavismo quese acha presente no inconsciente,quando foi estruturada e vivencia-da no passado, mostra-se a fé co-mo uma tendência natural do serpensante, a ponto de encontrar-mos em O Evangelho segundo o Es-piritismo, capítulo XIX, item 7, que:“Em certas pessoas, a fé parece dealgum modo inata; uma centelhabasta para desenvolvê-la. Essa fa-cilidade de assimilar as verdadesespirituais é sinal evidente de an-terior progresso. Em outras pes-soas, ao contrário, elas dificilmen-te penetram, sinal não menos evi-dente de naturezas retardatárias.As primeiras já creram e compreen-deram; trazem, ao renascerem, aintuição do que souberam; estãocom a educação feita; as segundastudo têm que aprender: estão coma educação por fazer. [...]”

Ela, a fé, aloja-se nos refolhosdo Espírito encarcerado num cor-po carnal, servindo-lhe de farolapontando o rumo dulcificantedos sentimentos.

Acha-se subordinada à análise

crítica, nada aceitando sem passarpor este verdadeiro funil da ciên-cia, o que a faz robusta e racionalem seus princípios e conteúdos.Vejamo-los. Tem a fé a sua centra-lização na imortalidade do Espíri-to; na sua comunicabilidade como mundo material; apóia-se nareencarnação, o que a torna, dessemodo, capaz de enfrentar as dúvi-das de forma tranqüila e segura,pois que apresenta os arcabouçosenriquecidos de propostas de paze de elevação moral/espiritual e,finalmente, nada impõe, preferin-do mostrar, com fraternidade eamor, as conseqüências das açõescertas e das equivocadas.

A fé precisa estar muito bemidentificada com a área dos com-portamentos morais, únicos quepodem confirmar a sua descen-dência, a sua origem, onde se ar-gamassou.

Ela há de ser corajosa e deste-mida diante dos grandes e apa-rentemente intransponíveis desa-fios que surgem neste nosso mun-do, não obstante possa apresentar,vez por outra, certo deperecimen-to de suas forças no nosso dia-a--dia moral, aturdidos que possa-mos estar diante de situações nun-ca antes experienciadas.

A sociedade terrena ainda se

acha contaminada pela permissi-vidade e imediatismo dos praze-res, em detrimento dos sacrifíciosque devem, em muitas ocasiões,ser oferecidos diante do cumpri-mento do dever. Nestas horas po-dem até acontecer as defecçõesmorais.

“A fé deve constituir a força aguiar para a conduta ética em to-dos os momentos da existênciahumana”, assevera-nos o Venerá-vel Espírito Joanna de Ângelis.

Sem sombra de dúvida só podeser diferente o comportamento doque crê e o do que não crê. O pri-meiro demonstra muita convic-ção, porque tem consciência de quesem o roteiro seguro, fornecidopela fé racional, o naufrágio emo-cional é inevitável. O outro mos-tra-se em dúvida, está inseguro.

Acreditando firmemente que osatos de hoje engendram os acon-tecimentos do amanhã, aquele quecrê racionalmente se esforça porse manter fiel aos postulados espí-ritas que acalenta em seu íntimoespiritual, em muitas das ocasiõesmacerado pelos sacrifícios do ago-ra, mas que serão recompensadospelas alegrias do depois.

Necessário investirmos no por-vir sem, no entanto, descurarmosde viver em intensidade o presen-

A fé aponta rumoC

AD É S I O ALV E S MAC H A D O

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te, que vai aos poucos se transfor-mando em base sólida na cons-trução de nosso edifício espiritual.Participemos das alegrias existen-tes no convívio entre pessoas men-talmente sadias. Saibamos sorrirpara elas, irradiando a nossa sin-cera simpatia.

Não nos esqueçamos de que afé, mesmo quando mergulhada pormomentos num enevoado de pai-xões, sobranceiramente consegueapontar rumos de forma cons-ciente, exigindo somente algunsinstantes de meditação e recolhi-mento.

A fé espírita fornece exata no-ção de que somos herdeiros denós mesmos, trazendo do passadoacertos e erros, mais estes do queaqueles, o que nos vai exigir esfor-ços perseverantes que nos farãochegar às harmonias, logo mais.

Quem não tem como dispor dacerteza da fé espírita e o que elapropicia, com facilidade se entre-ga ao imediatismo, que o leva aperder a oportunidade santifica-dora de gozar as dúlcidas alegriasde uma reencarnação e seus bonsresultados.

É a falta dessa fé, à qual estamosaqui nos referindo, que aponta ru-mo, que leva as criaturas às que-das morais, fruto também da he-rança atávica dos instintos gros-seiros acalentados no passado, queremanescem de nosso íntimo, re-tendo-nos nos labirintos da con-fusão e da hediondez.

Todo esforço deve ser despen-dido no sentido de não permitir-mos que as paixões se apoderemde nós, jogando-nos nos abismos

morais, seja qual for a justi-ficação, porque de lá, inva-riavelmente, somente saire-mos após ingentes sacrifí-cios, muito mais pungentesdo que os agora enfrenta-dos. As oportunidades dasconquistas deixadas paradepois surgem de novo emnossos caminhos, é verdade,porque justamente Deus éPai de bondade e de miseri-córdia, mas saibamos queestarão envoltas por maioresdificuldades. Aproveitemos,assim, as de hoje, não asdeixando para amanhã. Se-jamos inteligentes.

Informam-nos os referi-dos capítulo e item do livrocitado que: “A resistência doincrédulo, devemos convir,muitas vezes provém menosdele do que da maneira porque lhe apresentam as coi-sas. A fé necessita de umabase, base que é a inteligên-cia perfeita daquilo em que se devecrer. E, para crer, não basta ver; épreciso, sobretudo, compreender. Afé cega já não é deste século [...]”.

Analisando este parágrafo, porparte, temos o ensejo de perceber oseguinte: a importância de comolevarmos o conhecimento aos in-crédulos, devendo fazê-lo de formaa que compreendam o mais e me-lhor possível e, assim, possam assi-milá-lo, incorporá-lo ao seu viver econviver. A base a que se refere amensagem é a do uso da inteligên-cia sobre tudo quanto lhe seja ofer-tado em matéria de questão reli-giosa, pois só assim a criatura esta-

rá livre do fanatismo religioso: elaama a Deus, mas sabendo o por-quê; e, finalmente, presenciar o fa-to não chega a ser suficiente paranele acreditar cegamente, há que seanalisar todos os componentes que,porventura, o tenham engendrado,livrando o crente da fé cega, dacrença imposta muitas vezes pormeio de fraudes e de mistificações.

Atendendo a todos estes ensi-nos é que vamos construindo anossa fé, de tal forma que ela setorne inabalável, podendo enca-rar face a face a razão em todas assuas conquistas suficientementecomprovadas.

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llan Kardec estabeleceuuma divisa para as suasações e, por via de conse-

qüência, para os espíritas e para oMovimento Espírita: Trabalho, so-lidariedade, tolerância.

Portanto, o espírita em suasações no Movimento Espírita pre-cisa agir através da força do traba-lho, estar junto com os outroscompanheiros de ação pelos elosda solidariedade, e, compreen-dendo as próprias dificuldades elimitações, exercitar a tolerânciarelativamente às naturais e possí-veis divergências, geradas pelasingularidade de cada personali-dade, decorrente do grau evoluti-vo intelectual, sentimental e emo-cional em que se situa.

A ação no Movimento Espíritanão deve ser personalística, ou se-ja, a pessoa agir como se se bastas-se a si mesma, ou integrar-se a umgrupo em que se julga superioraos demais companheiros.

A necessidade da interação en-tre os espíritas e os centros espíri-tas já nos era demonstrada porAllan Kardec nos primórdios doEspiritismo.

Ele não se isolava permanente-mente em seu escritório para es-crever ou se ilhava em um grupo

de médiuns, por não suportar asdiferenças, indiferenças e incom-preensões das pessoas com quemconviveu. Desde o início do traba-lho de divulgação do Espiritismo,preocupava-se com a união dosespíritas, o seu esclarecimento e anecessidade da interação e do in-tercâmbio entre eles e os gruposque se formavam.

Kardec dá o exemplo, pois aolado do grave e importante traba-lho da organização, sistematiza-ção e codificação da Doutrina Es-pírita realiza várias viagens aosnúcleos espíritas nascentes. Naoportunidade, presta esclareci-mentos e apoio, constata a reali-dade e as necessidades desses pri-meiros agrupamentos espíritas e,ainda, os estimula a se visitarempara trocar experiências.

Como nos lembra Nestor JoãoMasotti, atual presidente da Fede-ração Espírita Brasileira e secretá-rio-geral do Conselho Espírita In-ternacional:

“– O Codificador estabeleceu,desta maneira, já nas primeirasatividades do Movimento Espíri-ta, procedimento semelhante aodos primeiros apóstolos do Cris-tianismo nascente que, em climade fraternidade, trocavam expe-

riências e informações, por meiode visitas e cartas, fortalecendo oslaços de união no desempenhodas tarefas de difusão e prática doEvangelho. O Livro dos Médiuns eObras Póstumas contêm observa-ções preciosas que dizem respeitoà Unificação, que inspiraram ospioneiros do Movimento Espíritabrasileiro a desenvolver ativida-des, com o objetivo de unir a fa-mília espírita”. (“Espiritismo, no3o Milênio” – Anais do 11o Con-

União e trabalhoA

AY LTO N PA I VA

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gresso Estadual de Espiritismorealizado pela USE/SP, em Bauru,no período de 28 de abril a 1o demaio de 2000.)

Recordemos, também, em al-guns trechos, as palavras de Be-zerra de Menezes, pela psicografiado médium missionário Francis-co Cândido Xavier:

“O serviço da unificação emnossas fileiras é urgente, mas nãoapressado [...] porquanto não noscompete violentar consciência al-guma.........................................................

[...] Nenhuma hostilidade recí-proca, nenhum desapreço a quemquer que seja. [...] ........................................................

Ensinar, mas fazer; crer, mas es-tudar; aconselhar, mas exemplifi-car; reunir, mas alimentar”. (Men-sagem “Unificação”, recebida em20/4/1963, e publicada na obraBezerra de Menezes – Ontem e Ho-je, cap. “Unificação”, p. 83-86.)

Posteriormente ele vem alertar:“[...] Avancemos unidos. O

ideal de unificação vem do mun-do espiritual para a Terra.

Se não formos capazes de dis-cutir as nossas dificuldades idea-lísticas em clima de paz, de fra-ternidade, de respeito mútuo, dedignificação dos indivíduos e dasInstituições, que mensagem po-demos oferecer ao mundo e àscriaturas estúrdias deste momen-to?! [...]” (Reformador, janeiro de1997, p. 12-13.)

Unificação não é uniformiza-ção, mas união e fundamentaçãonas obras da Codificação de AllanKardec.

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o cultivo da crença raciocinada, no santuário da Inteligên-

cia, nascem os frutos substanciosos da certeza no porvir.

Da vontade de realizar o bem, surgem todos os empreendi-

mentos duradouros no mundo.

Do esforço disciplinado e incessante, nenhuma construção

pode prescindir para permanecer equilibrada na sua atividade

específica.

Dos sinais vivos e puros da fraternidade no próprio semblan-

te ninguém pode fugir, se deseja alcançar a alegria real.

Da busca criteriosa do conhecimento promana a atualização e

a competência do trabalhador.

Da utilização da hora presente, em movimento digno, decor-

rem a segurança e a tranqüilidade merecida nas horas próximas.

Da hierarquia de valores, sustentada pelas Leis Eternas, alma

alguma conseguirá esquivar-se.

Da fixação do mal no leito da estrada derivam-se todas as

frustrações e todas as dores que perturbam a marcha do

caminheiro.

A vida constitui encadeamento lógico de manifestações, e en-

contramos em toda parte a sucessão contínua de suas atividades,

com a influenciação recíproca entre todos os seres, salientando-

-se que cada coisa e cada criatura procede e depende de outras

coisas e de outras criaturas.

Assim, respeite tudo, ame a todos e confie sempre na vitória

do bem, para que você possa manter os padrões da verdadeira

felicidade no campo íntimo, dentro do Campo Ilimitado da

Evolução.

André Luiz

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos

Emmanuel e André Luiz. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 24, p. 141-142.

Respeite tudo

D

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26 Reformador • Novembro 2006 442244

Dicionário Médico Enciclo-pédico Taber informa, napágina 1.103 da 17a edi-

ção, que “memória é registro, re-tenção e recordação mental da ex-periência, conhecimento, idéias,sensações e pensamentos passa-dos”. Apresenta, em seguida, sig-nificados de vários tipos de me-mória humana. A Neurobiologia e aPsicologia Cognitiva apresentamconceitos semelhantes, destacan-do que não existe uma memória,mas várias. Médicos, biólogos epsicólogos concordam que a me-mória é a base do conhecimento,independentemente da forma comque se apresente. Deve, pois, serestimulada e desenvolvida paraque experiências humanas se acu-mulem e sejam capazes de impri-mir significado à vida cotidiana.

As pesquisas científicas maissignificativas são recentes (segun-da metade do século vinte), a des-peito de existirem informaçõesque se reportam a Sócrates e Aris-tóteles. Os estudos das diferentesmemórias são complexos e envol-vem uma gama de conhecimentosespecializados, sobretudo investi-gações sobre fatores neurofisioló-

gicos, bioquímicos, moleculares eemocionais. Importa considerarque a memória não se restringe aum “local” ou “setor” em nosso cé-rebro, onde são guardados os re-gistros do mundo e de nós pró-prios. Por não ser também umafunção única de retenção de dadosinformativos, evita-se hoje falarem memória, no sentido singular,mas em vários sistemas ou tiposde memórias, que abarcam meca-nismos, tipos e formas relaciona-dos a diferentes funções mentais.

A memória humana está, atual-mente, classificada em dois tipos,segundo os critérios de duração,funções cerebrais envolvidas, graude retenção, conteúdos e processa-mentos neurológicos: memóriadeclarativa e memória de proce-dimentos.

A primeira, relacionada à capa-cidade de verbalizar fatos e even-tos, depende do esforço de evoca-ção ou de recordação. Está subdi-vidida em:

a) memória imediata, assim de-nominada porque tem duração desegundos, ou menos, sendo apaga-da em seguida. Exemplo: capaci-dade de repetir mentalmente um

número antes de uma discagemtelefônica;

b) memória de curto prazo ou,segundo a Psicologia Cognitiva, me-mória de trabalho. A duração é dealgumas horas, deixando

O

As memórias humanas

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

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traços na mente. Está vinculada àsemoções, às sensações e aos hábi-tos. O cérebro registra apenas oque precisa ser lembrado e utili-zado. Exemplos: lembranças sobrealimentos ingeridos no almoço oude atividades realizadas no dia an-terior;

c) memória de longo prazo. Estamemória abrange períodos detempo maiores, meses ou anos.Exemplo: aprendizado de uma no-va língua.

O segundo tipo de classificaçãoda memória – a de procedimentosou não-declarativa – diz respeitoà capacidade mental de reter e

processar informações que

não podem ser verbalizadas. Exem-plos: tocar um instrumento musi-cal, andar de bicicleta, executaruma atividade manual (bordar oucosturar, pintar uma parede) ouprocedimento técnico (fazer inci-são cirúrgica). Trata-se de uma me-mória mais permanente, difícil deser perdida.

Existem outros tipos de memó-rias que podem ser inseridos nes-sa classificação, como as memóriasimplícita e explícita, comumenteidentificadas nas abordagens cog-nitivistas. As duas estão relacio-nadas à capacidade mental de“lembrar de informações armaze-nadas em diferentes tipos de me-mórias, como a declarativa (fatos)e procedural (movimentos)”.1 Hátambém as memórias semânticae episódica. A semântica refere-seà retenção de informações solida-mente aprendidas, tais como con-ceitos, habilidades, fatos e racio-cínios: “Seria uma memória dedomínio, expertise, de informa-ções utilizadas de forma adequa-da e freqüentemente (por exem-plo, gramática, matemática, voca-bulários, fatos) associadas a abs-trações e linguagem”.2 A memóriaepisódica está associada à lem-brança de eventos pontuais queespecificam quando, onde e co-mo aconteceram em nossa vida.Depende, pois, do contexto espa-ço-temporal.2

Doenças físicas e psíquicas,traumas psicológicos ou prova-ções previstas no planejamentoreencarnatório podem afetar os di-ferentes tipos de memória. As pa-tologias neurológicas (AVC, Doen-

ça de Alzheimer, amnésias, etc.),em especial, têm servido de refe-rência para estudos avançados. Opadrão comum, no que diz res-peito aos dispositivos reencarna-tórios em vigência no Planeta, é ode não se recordar de experiênciaspregressas vividas em outras exis-tências ou no plano espiritual. Re-cordações espontâneas de vidaspassadas ainda representam exce-ção à regra.

O grande desafio apresentadoàs ciências biomédicas é o de pre-cisar onde e como são processa-das as informações que caracteri-zam as memórias: no cérebro ouna mente? Os cientistas concor-dam que os processos de memó-rias ocorrem nos lobos cerebrais,sendo que os lobos frontais têmação específica porque fazem co-nexões com outras estruturas docérebro, como o hipocampo e aamídala neural. Essa concordân-cia não se estabeleceu, porém, embases pacíficas, provocando umapolêmica que parece não ter fim.Há cientistas que defendem aidéia de que o cérebro serve ape-nas de suporte para a manifesta-ção da mente; outros argumentamque o cérebro em atividade “cria”a mente.3

A Doutrina Espírita não temdúvidas a esse respeito. Como es-píritas, sabemos que o comandode todos os processos intelectivose morais cabe ao Espírito. A men-te é de natureza extrafísica e diri-ge todas as funções fisiológicas,sobretudo as neurológicas, comauxílio do perispírito. O perispíri-to serve de intermediário entre o

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Espírito e o corpo, transmitindosensações e percepções. “[...] Rela-tivamente às que vêm do exterior,pode-se dizer que o corpo recebea impressão; o perispírito a trans-mite e o Espírito, que é o ser sen-sível e inteligente, a recebe. Quan-do o ato é de iniciativa do Espíri-to, pode dizer-se que o Espíritoquer, o perispírito transmite e ocorpo executa”.4

O assunto, entretanto, é bemmais complexo do que imagina-mos. O Espírito André Luiz escla-rece que o acesso a memórias éfeito por meio de ações apropria-das no cérebro (físico e/ou peris-piritual), conforme demonstra aexperiência vivida por dona Lau-ra e o esposo Ricardo, persona-gens de Nosso Lar: “[...] Depois delongo período de meditação [...]fomos submetidos a determina-das operações psíquicas, a fim depenetrar os domínios emocionaisdas recordações. Os espíritos téc-nicos no assunto nos aplicaram pas-ses no cérebro, despertando certasenergias adormecidas... [...]”.5

Os lobos frontais do cérebro, ob-jeto de importantes estudos atuais,desenvolvidos pela Ciência, são es-pecialmente manipulados quando

se deseja acessar arquivos de me-mórias. No Mundo Maior, há o rela-to da ação de Cipriana no cérebrode Ismênia, visando a liberação dememórias específicas (memóriaepisódica): “[...] nossa diretora,cingindo-lhe os lobos frontais comas mãos, a envolvê-la em abundan-tes irradiações magnéticas, insistia,meiga, provocando a emersão damemória em seus mais importan-tes centros perispiríticos [...]”.6

André Luiz, na tentativa de es-clarecer a relação que existe entreo cérebro e a mente do Espírito, re-vela a importância de ambos nosprocessos de memórias e do psi-quismo humano:

“Erguendo-se sobre os váriosdepartamentos do corpo [...] o cé-rebro, com as células especiais quelhe são próprias, detém verdadei-ras usinas microscópicas [...].

É aí, nesse microcosmo prodi-gioso que a matéria mental, aoimpulso do Espírito, é manipula-da e expressa [...].

Nas reentrâncias de semelhantecabine, de cuja intimidade a cria-tura expede as ordens e decisões[...] temos, no córtex, os centrosda visão, da audição, do tato, doolfato, do gosto, da palavra faladae escrita, da memória [destacamos]

e de múltiplos automatismos, emconexão com os mecanismos damente, configurando os poderesda memória profunda, do discer-nimento, da análise, da reflexão,do entendimento e dos multifor-mes valores morais de que o ser seenriquece no trabalho da própriasublimação”.7

Referências:1BERTOLOZZI, Márcia Regina. Um estudo

sobre a memória e solução de proble-

mas: enfoque das neurociências. Disser-

tação apresentada à Escola Politécnica

da Universidade de São Paulo para ob-

tenção do título de Mestre em Engenha-

ria. São Paulo: USP, 2004. p. 26.2 Idem, ibidem. p. 27.3 Idem, ibidem. p. 25.4KARDEC, Allan. Obras póstumas. 38. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira par-

te, “Manifestações dos Espíritos”, item

10, p. 49-50.5XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar.

Pelo Espírito André Luiz. 56. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 21, p. 136-137.6______. No mundo maior. Pelo Espírito

André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2005. Cap. 19, p. 296.7XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Mecanismos da mediunidade. Pelo Espí-

rito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Cap. 9, p. 81-82.

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Reformador, a revista espíritamais antiga do Brasil

28 Reformador • Novembro 2006 442266

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respeito da personalidadede Jesus através dos séculos,muitas teses têm sido le-

vantadas por este ou aquele pesqui-sador.

Diante da multiplicidade de opi-niões, queda-se o homem, muitasvezes, na encruzilhada do pensa-mento, sem uma autodefinição, aomesmo tempo em que autores di-versos continuam seus esforçosbuscando envolver quantos pos-sam avizinhar-se de suas teses.

Tem, contudo, a Doutrina Es-pírita seguras informações a esterespeito!

Anotemos, embora sintetica-mente, três teses levantadas emtorno da personalidade de Jesus.

1a) Essênios ou esseus – Na obrade Kardec O Evangelho segundo oEspiritismo,1 lançada em 1864, em

sua parte introdutória há interes-santes considerações sobre a comu-nidade dos essênios, as quais enu-meramos:� Seita judaica fundada cerca de

150 a.C.� Habitando os essênios uma

espécie de mosteiro, forma-vam entre si uma como asso-ciação moral e religiosa.

� Caracterizavam-se pelos cos-tumes brandos e por austerasvirtudes.

� Pregavam o amor a Deus e aopróximo, a imortalidade da al-ma e acreditavam na ressur-reição.

� Aceitavam o celibato, conde-navam a escravidão e a guerra,punham em comunhão osseus bens e se entregavam àagricultura.

Em decorrência de semelhanteestrutura de vida muitos autores

são levados a acreditar na per-manência de Jesus no meio des-

ta comunidade, onde teria apren-dido muitos ensinamentos no pe-ríodo de seus 12 aos 30 anos.

2a) Judas e Jesus – Em 1970 foidescoberto no deserto do Egito ummanuscrito de 31 páginas em papi-ro, provavelmente escrito por voltade 300 d.C., em cóptico (antigoidioma egípcio), uma cópia de ou-tro manuscrito grego anterior. Au-tenticado pelo exame de carbono,foi analisado e traduzido por al-guns estudiosos da Bíblia.*

Ao contário do que podemos lernos Evangelhos, o documento – OEvangelho segundo Judas – insinuaque este discípulo traiu Jesus apedido do próprio Mestre, para queeste pudesse cumprir sua missão desalvar a Humanidade.

O texto começa com o relato se-creto da revelação do que Jesus con-versara com o discípulo: “Judas, vo-cê irá superar todos eles. Você irásacrificar o homem que me cobre”.

Observação: A mídia não infor-ma objetivamente a que se refere otermo “eles”: aos demais discípulosde Jesus?; às autoridades constituí-

JesusAs inconsistentes teses

AKL E B E R HA L F E L D

*Segundo estudos da National GeographicSociety trata-se de um documento autêntico.

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das na época? (Talvez na leituracompleta do documento esteja aresposta.)

3a) O Código Da Vinci 2 – Tenhoem mão a Edição Especial Ilustradadeste livro, do autor Dan Brown, oqual está movimentando o meiocultural de todo o mundo. Classifi-cado embora como obra de ficção,vem despertando no leitor divaga-ções, chegando mesmo a levantarteses que passam a ser defendidascom ardor.

Para não nos alongarmos, res-tringiremos nossa atenção tão-so-mente ao capítulo 58, quando de-frontamos com textos que afirmamter Jesus desposado Maria Madale-na. (Este capítulo contém ilustra-ções referentes à Última Ceia, deautoria de Jean Fouquet, AlbrechtDüret e do próprio Leonardo daVinci, onde aparece uma mulherao lado de Jesus.)

Estamos evitando, conforme te-rão percebido os leitores, comentaras três teses apresentadas, todavia,cabe-nos, a partir deste ponto, falarde forma clara e objetiva sobre oassunto, apoiados pela DoutrinaEspírita.

Inicialmente, podemos afirmarque nenhuma das teses tem con-sistência. Elas expressam o livre--arbítrio de seus defensores, masesbarram na lógica e na sensatezde tudo quanto temos aprendidoatravés de uma doutrina que afir-ma: “Fé inabalável só o é a que po-de encarar frente a frente a razão,em todas as épocas da Humani-dade”.

Enumeremos agora as três te-ses, apresentando as ponderações

extraídas de respeitáveis obras daestante espírita.

Tese no 1 – Emmanuel, em A Ca-minho da Luz,3 dissertando sobre aformação do planeta Terra, item“O Divino Escultor”, assevera:

“Sim, Ele [Jesus] havia vencidotodos os pavores das energias de-sencadeadas; com as suas legiõesde trabalhadores divinos, lançouo escopro da sua misericórdia so-bre o bloco de matéria informe[...]. Operou a escultura geológi-ca do orbe terreno [...]. Com osseus exércitos de trabalhadoresdevotados, estatuiu os regula-mentos dos fenômenos físicos daTerra [...]. Fez a pressão atmosfé-rica adequada ao homem, anteci-pando-se ao seu nascimento nomundo, no curso dos milênios; es-tabeleceu os grandes centros deforça da ionosfera e da estratosfe-ra [...] edificou as usinas de ozonea 40 e 60 quilômetros de altitude,para que filtrassem conveniente-mente os raios solares [...]”.

Após estas considerações ques-tionamos: com o respeito que me-recia a ordem dos essênios, teriaJesus necessidade de aprender al-go mais naquela comunidade? Eleque é o Divino Escultor, o GrandeOrganizador do planeta Terra?!

A propósito dessa hipótese,Emmanuel, na citada obra, afir-ma:4

“O Mestre, porém, não obstan-te a elevada cultura das escolasessênias, não necessitou da suacontribuição. Desde os seus pri-meiros dias na Terra, mostrou-setal qual era, com a superioridadeque o planeta lhe conheceu desde

os tempos longínquos do prin-cípio”.

Tese no 2 – Humberto de Cam-pos, em Crônicas de Além-Túmu-lo 5 no capítulo “Judas Iscariotes”,relata seu encontro com esse dis-cípulo de Jesus nas cercanias deJerusalém, às margens do Cedron.Após alguém lhe ter apresentadoJudas e de haver perguntado a es-te se era “verdade tudo quanto re-za o Novo Testamento a respeitode sua personalidade na tragédiada condenação de Jesus”, respon-de o antigo discípulo:

“[...] Ora, eu era um dos apai-xonados pelas idéias socialistas doMestre; porém, o meu excessivozelo pela doutrina me fez sacrifi-car o seu fundador. Acima dos co-rações, eu via a política, única ar-ma com a qual poderia triunfar eJesus não obteria nenhuma vitó-ria com o desprendimento das ri-quezas. [...] Planejei, então, umarevolta surda, como se projeta ho-je em dia na Terra a queda de umchefe de Estado. O Mestre passa-ria a um plano secundário e eu ar-ranjaria colaboradores para umaobra vasta e enérgica [...]. Entre-gando, pois, o Mestre a Caifás,não julguei que as coisas atingis-sem um fim tão lamentável e, ra-lado de remorsos, presumi que osuicídio era a única maneira deme redimir aos seus olhos”.

O diálogo continua emotivo e,em nenhuma parte, declara Judaster sido procurado por Jesus paratraí-lo a fim de que fossem cum-pridas as Escrituras.

Anotemos que estamos diantede respeitável obra; de respeitável

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médium; de respeitável autor e edi-tora (Federação Espírita Brasileira).

Como aceitar, desta forma, atese exposta em O Evangelho se-gundo Judas?

Tese no 3 – Destaquemos da obraO Consolador,6 de Emmanuel, apergunta 327, formulada no Cen-tro Espírita Luiz Gonzaga, dePedro Leopoldo (MG):

“Se todos os seres possuem a suaalma gêmea,** qual a alma gêmeade Jesus Cristo?”

Eis, a seguir, a resposta dadapor Emmanuel:

“Não julgamos acertado trazera figura do Cristo para condicio-ná-la aos meios humanos, numparalelismo injustificável, por-quanto em Jesus temos de obser-var a finalidade sagrada dos glo-riosos destinos do espírito.

Nele cessaram os processos,sendo indispensável reconhecer nasua luz as realizações que nos com-pete atingir”.

Cremos suficientes tais asserti-vas para dissuadir quantos pos-sam ater-se aos textos da obra OCódigo Da Vinci, referência feita àpersonalidade de Jesus em relaçãoa Maria Madalena.

Conclusão: Como podemos per-ceber, através dos anos muitas têmsido as teses levantadas em tornoda figura angelical de Jesus, de-correntes estas do livre-arbítriode cada um. Mas como afirma oApóstolo dos Gentios, em sua

Primeira Epístola aos Coríntios(6:12): “Todas as coisas me são lí-citas, mas nem todas as coisasconvêm; todas as coisas me são lí-citas, mas eu não me deixarei do-minar por nenhuma”.

Podemos aduzir: até mesmo porinconsistentes teses!

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo, 23. ed. de bolso. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2006. “Introdução”, item “III –

Notícias Históricas”, p. 38.2BROWN, Dan. O Código Da Vinci. Tradu-

ção de Celina Cavalcante Falck-Cook. Rio

de Janeiro: Ed. Sextante, 2005.3XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.

Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. I, item “O divino

escultor”, p. 21-22.4Idem, ibidem. Cap. XII, item “O Cristo e

os essênios”, p. 106.5XAVIER, Francisco C. Crônicas de além-

-túmulo. Pelo Espírito Humberto de Cam-

pos, 14. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

Cap. 5, p. 41-42.6______. O consolador. Pelo Espírito Em-

manuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Terceira Parte, p. 187.

Centro de Espiritismo Evangélico, por mais humilde, é sem-pre um santuário de renovação mental na direção da vidasuperior.

Nenhum de nós que serve, embora com a simples presença, auma instituição dessa natureza, deve esquecer a dignidade do encar-go recebido e a elevação do sacerdócio que nos cabe.

Nesse sentido, é sempre lastimável duvidar da essência divina danossa tarefa.

O ensejo de conhecer, iluminar, contribuir, criar e auxiliar, que umaorganização nesses moldes nos faculta, procede invariavelmente dealgum ato de amor ou de alguma sementeira de simpatia que nossoespírito, ainda não burilado, deixou a distância, no pretérito escuroque até agora não resgatamos de todo.

Um centro espírita é uma escola onde podemos aprender e ensi-nar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfei-çoar os outros, na senda eterna.

Quando se abrem as portas de um templo espírita-cristão ou deum santuário doméstico, dedicado ao culto do Evangelho, uma luzdivina acende-se nas trevas da ignorância humana e através dos raiosbenfazejos desse astro de fraternidade e conhecimento, que brilhapara o bem da comunidade, os homens que dele se avizinham, aindaque não desejem, caminham, sem perceber, para a vida melhor.

Emmanuel

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em sessão pública, noCentro Espírita “Luís Gonzaga”, em Pedro Leopoldo, na noite de 10/4/1950.)Fonte: Reformador de janeiro de 1951, p. 9(5).

OO Centro Espírita

**Sobre o assunto alma gêmea existe namesma obra O consolador interessante“Nota” no final do livro, firmada porEmmanuel e pela Editora FEB.

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ela vigésima sexta vez consecutiva, desde 1986,os esperantistas-espíritas, sob os auspícios daFEB e da Sociedade Lorenz, reúnem-se den-

tro do programa de um Congresso Universal deEsperanto. Dessa feita, o encontro se deu em Flo-rença, Itália, quan-do esperantistas domundo inteiro aliconcretizaram, de29 de julho a 5 deagosto de 2006, amais alta manifes-tação do movimen-to da Língua Inter-nacional Neutra.

O tema foi for-necido pela obraKio estas Spiritis-mo? (O que é o Es-piritismo, em espe-ranto), de AllanKardec, abrangen-do as revelações so-bre a existência do mundo espiritual, suas realidades econseqüências na evolução do pensamento religioso.

Kio estas Spiritismo? foi recentemente reeditadopela FEB, dentro do programa de relançamento dasobras da Codificação, em esperanto.

As exposições ficaram a cargo de Ismael de Miran-

da e Silva, Robson Mattos e José Passini, os quais,usando modernos recursos técnicos para trabalhosdo gênero, discorreram, com riqueza de informações,sobre a temática programada, todos, porém, enfo-cando, em comum, a necessidade do esforço no sen-

tido da elevaçãomoral das criatu-ras como única viade acesso à paz e àfelicidade, indivi-dual e coletiva.

Ao salão Mari-gnoni, do Palazzodei Congressi, ondeocorreria o eventoespírita, acorreramcerca de 100 con-gressistas, não obs-tante haver dispo-nibilidade apenaspara 80 pessoas.A todos, além doexcelente conteúdo

das palestras, também foram gratuitamente ofertadosexemplares do 2o número da Spiritisma Revuo (Revis-ta Espírita, em esperanto), editada pelo Conselho Es-pírita Internacional, possibilitando que os participan-tes se inteirassem de temas da atualidade, examinadosà luz dos princípios espíritas, tais como: pensamentos

Espíritas se reúnem no 91o Congresso Universal

de Esperanto

P

32 Reformador • Novembro 2006 443300

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Robson Mattos com congressistas na Monda Foiro

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do Espírito Marilyn Monroe em entrevista dada aoEspírito Humberto de Campos; mortes coletivas comenfoque para a recente catástrofe do tsunami; a men-sagem especular transmitida por Léon Denis ao mé-dium Divaldo Pereira Franco, durante o Congresso doBicentenário de Kardec, em Paris; o canal de televisãoem esperanto que funciona na Internet, entre outrosassuntos.

Fato digno de admiração e destaque foi a iniciativados organizadores do Congresso de montar a chamadaMonda Foiro (Feira Mundial), cujo objetivo foi dispo-nibilizar a todas as sociedades esperantistas especiali-

zadas um vasto espaço em frente à sede do Congresso,onde pudessem, em estandes cedidos gratuitamente,expor suas idéias e distribuir material de propaganda.

A Sociedade Lorenz, que representa o Espiritismono Movimento Esperantista mundial, também con-templada na gentil iniciativa, usou seu estande para adivulgação doutrinária, distribuindo o material dis-ponibilizado pela FEB e pela própria Sociedade, alémde fichas de adesão ao Congresso Brasileiro de Espe-ranto, em 2007, no Rio de Janeiro, quando serão co-memorados os 100 anos de existência da Liga Brasi-leira de Esperanto.

33Novembro 2006 • Reformador 443311

Esperantistas circulam na espaço da Monda Foiro

Salão Marignoni: esq. e centro – participantes; dir.: Robson, Ismael e Passini em atividade

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consagrado astro cinema-tográfico Rodolfo Valen-tino (falecido em 1926)

transmitiu comunicações mediú-nicas à esposa Natacha Rambowa,que foram analisadas por ErnestoBozzano no livro A Crise da Morte– “Décimo quinto caso”. Relata oartista, através da psicografia domédium norte-americano JorgeBenjamim Wehner:

“Aqui, tudo o que existe parececonstituído em virtude das dife-rentes modalidades pelas quais semanifesta a força do pensamento.Afirmam-me que a substância so-bre que se exerce a força do pensa-mento é, na realidade, mais sólida emais durável do que as pedras e osmetais no meio terrestre. Muitas di-ficuldades encontrais, naturalmen-te, para conceber semelhante coisa,que, parece, não se concilia com aidéia que se pode formar das mo-dalidades em que devera manifes-tar-se a força do pensamento. Eu,por minha parte, imaginava tratar--se de criações formadas de umamatéria vaporosa; elas, porém, são,ao contrário, mais sólidas e revesti-das de cores mais vivas, do que o sãoos objetos sólidos e coloridos do meioterrestre... As habitações são cons-truídas por Espíritos que se especia-lizaram em modelar, pela força do

pensamento, essa matéria espiritual.Eles as constroem sempre tais co-mo as desejam os Espíritos, poisque tomam às subconsciênciasdestes últimos os gabaritos men-tais de seus desejos. (Os destaquessão nossos.)”

A transcrição acima está tam-bém no livro Devassando o Invi-sível, da notável médium YvonneA. Pereira, (p. 17-18, da 2a edição,FEB). O título do artigo e a trans-crição inicial objetivaram apenasdespertar a atenção do leitor para asubstanciosa obra. E aqui nos re-temos apenas ao primeiro capítulo– “Nada de novo...” – da obra,riquíssima em abordagens dos des-dobramentos doutrinários do Es-piritismo. No caso do capítulo re-ferido, Yvonne reúne importantecoletânea de conceitos doutriná-rios – extraídos especialmente de OLivro dos Médiuns e A Gênese –, tre-chos de outras obras, de consagra-dos autores da literatura espírita, enumerosos exemplos para defen-der a vida intensa, vibrátil e real doplano espiritual, embora opiniõescontrárias à tese defendida já noinício do capítulo que, segundo aprópria Yvonne, devem ser respei-tadas, conforme recomenda a pró-pria Doutrina Espírita.

Os depoimentos trazidos pela

autora – selecionados de excelentesobras doutrinárias referidas nocitado capítulo –, ao lado de seusoportunos comentários embasa-dos nos postulados doutrináriosdo Espiritismo, fazem do capítuloum encantador e empolgante textopara nossas reflexões sobre a gran-deza da vida, a bondade do Criadore a fonte inesgotável de conheci-mentos oferecidos pela Doutrina.As descrições selecionadas e os co-mentários de Yvonne comportamoutros artigos futuros, para nãoalongarmos esta abordagem.

Todavia, reservamos aos leitorestrecho extraído do livro A VidaAlém do Véu, (p.82 e 87,Ed.FEB) doReverendo G. Vale Owen, em co-municação mediúnica da própriamãe do autor e que foi transcrita nolivro Devassando o Invisível (p. 19):

“O tecido e a cor do nosso vestuá-rio tomam a sua qualidade do esta-do espiritual e do caráter de quemo usa. (O destaque é nosso.) O nos-so ambiente é parte de nós mesmose a luz é um importante compo-nente do nosso ambiente. [...]

Não teriam que ser demolidas(as edificações), para aproveitar-sedepois o material em nova recons-trução. Seria ele aproveitado com oprédio em pé. O tempo não temação de espécie alguma sobre as

Depoimentos sobrea vida espiritual

OOR S O N PE T E R CA R R A R A

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nossas edificações. Elas não se des-fazem nem se arruínam. Sua dura-bilidade depende apenas da von-tade dos donos, e, enquanto elesquiserem, o edifício ficará de pé,podendo ser alterado ou modifica-do consoante seus desejos”.

E ainda mais consoladora e mui-to agradável de ler é a descrição devivência da própria Yvonne com oEspírito daquele que fora seu paiterreno, que descreveu as impres-sões do início da vida além-túmulo(p. 27-28). Transcrevemo-la parcial-mente:

“[...] Quando despertei já nãome encontrava deitado em meu lei-to [...] Fui despertando com len-tidão. [...] Sentia-me sentado numacadeira de balanço e compreendiaque fora transportado para localmuito aprazível, fresco, ameno. Odia estava lindíssimo, com um céumuito claro, sol faiscante, e suavebrisa baloiçava uns galhos de florestrepadeiras, que eu vagamente per-cebia junto de mim, os quais chei-ravam muito agradavelmente, poisme encontrava numa espécie devaranda orlada de trepadeiras flori-das, em uma casa igualmente apra-zível, mas desconhecida para mim.Fazia muito silêncio e eu me en-contrava só. O único rumor partiado orquestrar longínquo de unspássaros, verdadeira melodia queressoava aos meus ouvidos com de-licadeza e ternura. [...] Posterior-mente, porém, verifiquei tratar-sede uma residência fluídica de Além--Túmulo, onde morava minha mãee onde eu próprio iria residir comodesencarnado...” (Os grifos são dooriginal.)

A descrição seguinte é linda,mas tornaria esta abordagemmuito longa. Recomendamosaos leitores lerem o capítulona íntegra. O Espírito descreveas próprias sensações,cita detalhesdas experiências vividas, o quetorna o texto muito agradável econsolador.

Contudo, não podemos dispen-sar trechos parciais dos comentá-rios da própria Yvonne. Seleciona-mos alguns apenas, em face da li-mitação de espaço e também dagrandeza do texto (p. 32 e 34):

“[...] todos os Espíritos que sereferem à vida do Além asseveramnão encontrar palavras bastanteexpressivas para descreverem nãosó a intensidade, como a harmoniae a beleza do mundo espiritual.Suas palavras, as descrições que fa-zem desses locais, ou criações doInvisível, e que dão a ver aos mé-diuns, estes só poderão transmitirempalidecidas pelo constrangi-mento da palavra humana, tão po-bre e imperfeita que até mesmo asregiões mais simples do plano as-tral não são descritas a contento............................................................

De tudo quanto a respeito ob-servamos, e do que a Revelação Es-pírita nos participa, chegaremos,pois, às conclusões seguintes [...]:

As construções do meio invi-sível são edificadas com as essên-cias disseminadas pelo Universoinfinito, para a realização dos de-sígnios da Providência a nosso res-peito, isto é, para a criação dequanto seja útil, necessário eagradável ao nosso Espírito, querse encontre este sobre a Terra, re-

encarnado, ou fruindo os gozos daPátria Espiritual; trata-se do fluidocósmico universal, ou de certasmodificações deste, de que se ori-gina o fluido espiritual; do éter fe-cundado, fonte geradora de tudoquanto há dentro da Criação, in-clusive os próprios planetas mate-riais e o nosso perispírito”.

Lamentamos não poder esten-der a transcrição. Tornaria antidi-dático o objetivo da presente abor-dagem. Mas, com toda ênfase e en-tusiasmo, remetemos o leitor aotexto integral do extraordináriovolume de Yvonne, o livro Devas-sando o Invisível, para entusiasmá--lo com o conteúdo doutrinário daobra da inesquecível médium. Eressalte-se que estamos limitadosapenas ao primeiro capítulo.

Tudo isso por uma razão muitosimples: a Doutrina Espírita é fon-te inesgotável e abençoada de co-nhecimentos. Um autêntico tesou-ro que não podemos desperdiçarna igualmente abençoada oportu-nidade reencarnatória que estamosvivendo.

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Desenho do Plano Piloto da cidade“Nosso Lar”, uma das colônias doplano espiritual, psicografado em 1985.Do livro Cidade no além (Editora IDE).

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esde que passei a me inte-ressar mais intensamentepelos estudos do Evange-

lho, percebi que uma das figurasevangélicas admiráveis daquelesvelhos tempos do Cristianismoprimitivo foi Zaqueu, chefedos publicanos, o qual pren-deu-me singular atenção.

Segundo informações deLucas, evangelista e discípulode Paulo de Tarso (19:1-10),depois que Zaqueu recebeu Je-sus em seu lar, como hóspedeespecial, passou a existir entreambos uma forte e pereneamizade. É que o Mestre, aopassar pela cidade de Jericó,acompanhado dos apóstolos,mulheres, homens, crianças emuitos judeus curiosos, parasurpresa de todos, dirigiu seuolhar para o alto e, vendo ochefe dos publicanos, disse-lheestas palavras: “Zaqueu, dá-tepressa em descer, porquantopreciso que me hospedes hojeem tua casa”.

O convite ao publicano foioportuno. O Mestre estava cons-ciente da grande importância doencontro que, de uma vez por to-

das, transformaria a vida de Za-queu. E este, em invejável teste-munho de humildade, postou-seante Jesus e disse-lhe: “Senhor,dou a metade dos meus bens aospobres; e, se causei dano a alguém,

seja no que for, indenizo-o com oquádruplo”.

A proposta do chefe dos publi-canos é uma prova inequívoca daforça do seu caráter. Demonstrou

considerável senso de justiça e de-sapego dos bens materiais, duasvirtudes raríssimas e, quando pro-nunciadas pelos homens, são maisteóricas do que práticas. Claro queo Mestre conhecia Zaqueu e sabia

que ele falava a verdade, tantoque lhe respondeu nestes ter-mos: “Esta casa recebeu hoje asalvação, porque também esteé filho de Abraão.

Visto que o Filho do Ho-mem veio para procurar e sal-var o que estava perdido”.

É interessante consignar,no entanto, que o fato de Jesusse haver hospedado na resi-dência de Zaqueu, emborahomem afortunado e bastanteinfluente junto à comunidadede Jericó, mas por outro lado,considerado pelos judeus des-prezível pecador, foi interpre-tado como verdadeiro escân-dalo pelos fanáticos seguido-res do Judaísmo. Isto, porqueera ele um publicano, ou seja,

funcionário de César com atri-buições de cobrar impostos dosjudeus para Roma, tributos queeles consideravam extorsivos. Eraesse, portanto, o motivo da pro-

Zaqueu e Leão Tolstoino mundo espiritual

DSEV E R I N O BA R B O S A

Jesus fala com Zaqueu

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funda aversão que os judeus nu-triam contra os romanos, desdeque o império de César tornou aPalestina mais uma das suas di-versas províncias.

Os judeus, maliciosamente,julgavam que Zaqueu havia enri-quecido desonestamente. Portan-to, sua fortuna era duvidosa. Cla-ro que para eles, se o Mestre sefizera amigo e orientador daque-le publicano, certamente eram deíndoles semelhantes. Jesus tinhaoutro conceito sobre Zaqueu. Pa-ra o Mestre, no momento em queo chefe dos cobradores de tribu-tos o recebeu em sua casa, ele jáestava pronto para assimilar amensagem da Boa Nova e, assim,iniciar o processo de sua mudan-ça interior, para se libertar dacondição de “homem velho” para“homem novo”, na feliz expressãodo apóstolo Paulo de Tarso. E deacordo com a simbologia evangé-lica, o afortunado Zaqueu, naque-la oportunidade, era o fruto ama-durecido para a compreensão dascoisas espirituais, ensinadas porJesus de Nazaré.

Todavia, que tem a ver estepreâmbulo sobre o famoso perso-nagem evangélico com Leão Tols-toi, o genial escritor e romancistarusso, da época dos czares?

Tem, sim!... Senão, vejamos.O Espírito Leão Tolstoi, no ca-

pítulo I de seu livro Ressurreição eVida –, psicografado pela médiumYvonne A. Pereira (edição FEB),conta-nos que em costumeiro pas-seio pelo mundo invisível sentiu--se atraído para um grupo de Es-píritos que constitui a pequena

assembléia em forma de círculo, àmoda oriental, todos sentados pe-lo chão e recebendo aulas de ummestre de baixa estatura, que maisparecia um discípulo de Jesus.

Narra o autor de Ressurreição eVida, em sua linguagem simples eestilo suave, que o ambiente espi-ritual que rodeava a assembléia deestudantes espirituais era de umabeleza jamais vista por ele, dandoa impressão de que o tempo re-cuara dois milênios, como se to-dos ali presentes estivessem noseio das vastas planícies de trigoda velha e encantadora Galiléia,por onde peregrinavam Jesus eseus diletos discípulos.

Leão Tolstoi, embevecido peladeslumbrante paisagem espiri-tual que se desdobrava à sua fren-te, descreve-a: “A luz da aurora,inalterável, incidia suavemente so-bre o grupo e a pradaria em tor-no, com irradiações de madrepé-rola esbatendo claros e sombrastão singulares que eu desafio, atodos os artistas que têm passadopela Terra, a reproduzirem emsuas telas um só daqueles celestesreflexos que então tive a venturade contemplar”.

Tolstoi, empolgado e curioso,ao se aproximar do grupo, atraí-do por uma estranha força mag-nética, que não era outra senãoa que aproxima os Espíri-tos afins, escutou umavoz do meio da assem-bléia solicitar ao mes-tre, que chamou Za-queu, falasse de simesmo, dos tem-pos apostólicos,

das pregações de Jesus sobre oEvangelho, a fim de que tais in-formações servissem de estimu-lantes lições para todos.

– Zaqueu!...Sobressaltou-se Leão Tolstoi.“– Mas seria aquele que subiu

ao sicômoro, quando o Senhorentrava em Jericó, para vê-lo pas-sar?... Seria aquele em cuja casa Je-sus se hospedara? que oferecera aoMestre um festim, enquanto o rei-no de Deus era mais uma vez ensi-nado aos de boa vontade, entre osconvivas?... Seria possível, mesmo,que eu me encontrasse em presen-ça de um Espírito que fora “publi-cano” ao tempo do Senhor, na Ju-déia; que viesse a conhecer alguémque, por sua vez, houvera conheci-do a Jesus Cristo?...”

O Espírito Tolstoi se conven-ceu de que realmente estava à fren-

37Novembro 2006 • Reformador 443355

Leão Tolstoi

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te de Zaqueu, aquele que fora pu-blicano ao tempo de Nosso Se-nhor Jesus Cristo. E percebeu, ad-mirado (porque chegara ao recin-to sem exibir credenciais, nem se-quer apresentações), que aquela pe-quena assembléia retratava exem-plar modelo de democracia, emtudo por tudo grandiosa em mo-ral e fraternidade. Sentia-se nomeio de verdadeiros irmãos espi-rituais, desprovidos de malícia ede quaisquer espécies de precon-ceitos. Era uma democracia todacristã, a mesma que ele idealizavapara a Rússia e o mundo, ao tem-po em que esteve reencarnado, eque, como homem dedicado à Li-teratura, já “[...] observava o Malperseguindo o Bem, a Força do-minando o Direito, a Treva so-brepondo-se à Luz”.

O romancista do além-túmulo,felicíssimo por haver sido acolhi-do pelo grupo como aluno do ex--cobrador de impostos para os ro-manos, assim retrata a figura doantigo publicano de Jericó: “Olhei--o, àquele a quem haviam chama-do Zaqueu. Semblante sereno,bondoso, enternecido, ainda jo-vem. Olhos cintilantes e perscru-tadores, como alimentados poruma resolução invencível. Lábios

finos, queixo estirado,com pequena barbanegra em ponta, re-cordando o caracte-rístico fisionômicodos varões judai-cos. Tez alva, so-brancelhas espes-sas, mãos peque-nas, pequena es-

tatura, coifa discreta, listrada emazul forte e branco, manto azulforte, barrado de galões amarelose borlas na ponta [...]”.

O autor espiritual encerra a des-crição: “[...] eis a materializaçãodo homem que teria sido, há doismil anos, aquele Espírito que as-sim mesmo se apresentava a seusouvintes do mundo espiritual, dis-posto a cativá-los através da ‘re-gressão da memória’ a essa perso-nalidade remota que tivera sobrea Terra”.

Eis aí, pois, um belo retrato dopublicano Zaqueu, com residên-cia e domicílio no mundo dos Es-píritos.

O autor de Ressurreição e Vida,prosseguindo em sua narrativa,afirma que o Espírito Zaqueu de-clarou de viva voz perante a as-sembléia dos desencarnados, con-firmando as informações registra-das pelo evangelista Lucas, que,ao deixar a cidade de Jericó e sedesligar das funções de cobradorde impostos da alfândega roma-na, logo após esse acontecimento,cumpriu fielmente a promessaque fizera a Jesus, partilhando to-dos os seus bens e recursos finan-ceiros; uma parte doou aos pobres,outra parte à sua família, distri-buiu as propriedades rurais entreos camponeses mais necessitadose, finalmente, reservou apenas onecessário para o seu sustento, poralgum tempo. E como que dese-jando provar sua fidelidade aoCristo, acrescentou o ex-publica-no: “[...] Fizera-me errante e vaga-bundo para acompanhar os discí-pulos e ouvi-los contar às multi-

dões as conversações íntimas queo Senhor entretivera com eles,antes do Calvário e depois da glo-riosa ressurreição”.

Zaqueu foi ouvir Paulo de Tar-so, em Jerusalém. Sensibilizado coma narrativa do Apóstolo sobre oseu encontro com o Cristo, na es-trada de Damasco, “[...] daqueledia em diante [afirma] tudo semodificou em minha vida.

Nunca mais deixei Paulo, atéhoje!”

O ex-publicano de Jericó eraculto. Conhecia profundamenteas letras e as matemáticas. Domi-nava bem o hebraico (língua ofi-cial dos judeus), o latim e o gre-go, além de falar fluentemente osdialetos da Galiléia, da Judéia eda Síria, usados em Jerusalém.

Com toda essa bagagem cultu-ral, que sem dúvida o capacitara aqualquer gênero de atividade inte-lectual, quando os recursos se tor-navam escassos, Zaqueu se apre-sentava às escolas mantidas pelasSinagogas, como professor auxiliardos escribas, ou dava aulas parti-culares aos filhos dos afortunadosrabinos de Jerusalém.

Finalizando, passo a palavra aoEspírito Tolstoi: “Foi esse um dosmestres que encontrei aquém dotúmulo. [Refere-se a Zaqueu.]Seus ensinamentos, os exemplosde ternura em favor do próximo,que me deu, revigoraram minhasforças. Sob seus conselhos amo-rosos orientei-me, dispondo-me arealizações conciliadoras da cons-ciência”.

Recomendamos a leitura dolivro Ressurreição e Vida.

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Conselho Espírita Internacional

A 9a Reunião da Coordenado-ria de Apoio ao Movimento Espí-rita da Europa, do Conselho Espí-rita Internacional, ocorreu emHoorn (Holanda), nos dias 23 e24 de setembro passado, nas de-pendências do Restaurante & Par-tycentrum Pejo. A Reunião foi pre-sidida por Roger Perez e coorde-nada por Vitor Mora Féria, con-tando com a presença do secre-tário-geral do CEI, Nestor JoãoMasotti.

Compareceram representantesde Entidades Nacionais membrose observadoras junto ao CEI, dosseguintes países: Alemanha, Áus-tria, Bélgica, Bielo-Rússia, Espa-nha, Estônia, França, Holanda,Itália, Luxemburgo, Noruega, Por-tugal, Reino Unido, Suécia e Suíça.

Dentro da Pauta da Reunião,nas manhãs dos dias 23 e 24, hou-ve um seminário para Formação

de Trabalhadores Espíritas, com te-mas sobre administração, assistên-cia espiritual, mediunidade, união,unificação e movimento espírita,coordenado por Antonio CesarPerri de Carvalho, com atuaçãode Nestor João Masotti, CharlesKempf, Salvador Martín, Célia Ma-ria Rey de Carvalho e Maria EunyHerrera Masotti.

Os representantes das Entida-des Federativas Nacionais defini-ram a proposta de constituição deum Departamento de Infância eJuventude, que foi aprovada du-rante a Reunião da Coordenado-ria da Europa, indicando-se Ma-ria Emília Barros (Portugal), coor-denadora, e Cláudia Werdine (Áus-tria), subcoordenadora.

O Secretário-geral fez referên-cia aos seminários de Capacitaçãopara Trabalhadores Espíritas rea-lizados em vários países e à edição

da Revista Espíri-ta em francês, in-glês, esperanto eespanhol. Apre-sentou a ediçãodo CEI de O Livrodos Espíritos, eminglês, e comen-tou sobre a edi-ção pelo CEI delivros de Kardec,André Luiz, Em-manuel, em inglês,francês, espanhol

e russo. Informou sobre: o 5o Con-gresso Espírita Mundial; as come-morações do Sesquicentenário doEspiritismo; a TVCEI disponívelna Internet; o 1o Congresso Espí-rita Centro-americano, realizaçãodividida entre três países: Guate-mala, El Salvador e Honduras; naAmérica do Sul, todos os países jáse encontram integrados ao CEI; esobre o 1o Congresso Médico-Es-pírita, em Washington (EUA), emoutubro passado. Representantesdo CEI informaram sobre a Enci-clopédia Espírita Internacional vir-tual e as transmissões espíritas porrádio, via Internet.

A próxima Reunião da Coor-denadoria-Europa do CEI será no1o semestre do ano de 2008, naItália.

Reunião da Coordenadoria da Europa

Aspecto da Mesa, quando falava oSecretário-geral do CEI

Representantes dos países (aspecto parcial)

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Federação Espírita Brasi-leira (FEB) preparou umaintensa ação de divulga-

ção para a maior Feira de Livrosdo Mundo: a de Frankfurt, na Ale-manha. A intenção da FEB é tra-duzir as obras espíritas para ou-tros idiomas e, com isso, ampliar adivulgação da Doutrina Espíritaem outros países.

A Feira de Livros de Frankfurt(Frankfurter Buchmesse) ocorreuno período de 4 a 8 de outubro. Oevento, anual, é voltado para omercado livreiro: editores do mun-do inteiro reúnem-se para mos-trar seus catálogos e negociar di-reitos de tradução. Pela primeiravez, a Editora FEB participou dereuniões com editores internacio-

nais interessados em publicar li-vros espíritas.

Este ano, 7.223 expositores de101 países participaram da Feirade Frankfurt, que teve a Índia co-mo país homenageado. No total,380.655 títulos estiveram em ex-posição. A Federação Espírita Bra-sileira levou uma mostra de qua-renta livros de seu catálogo quetem, no total, 421 títulos.

A equipe da FEB preparou umcatálogo em inglês e espanhol, comresumos de livros e informaçõessobre o Espiritismo, além de pe-quenas biografias de Allan Kar-dec, Francisco Cândido Xavier eYvonne do Amaral Pereira. Tam-bém foram oferecidas informaçõessobre o crescimento do interesse

pelas idéias espíritas no Brasil e nomundo, e o destaque dado pelamídia e pela indústria do entrete-nimento aos temas espíritas.

Entre os livros que integraramo catálogo da FEB estavam as obrasde Allan Kardec: O Livro dos Espí-ritos, O Livro dos Médiuns, O Evan-gelho segundo o Espiritismo, O Céue o Inferno, A Gênese e O que é oEspiritismo.

Dos livros psicografados pelomédium Francisco Cândido Xa-vier, foram incluídos os romancesditados pelo Espírito Emmanuel –Paulo e Estevão, Há Dois Mil Anos,Cinqüenta Anos Depois, Ave, Cris-to!, Renúncia – e a coleção “A Vidano Mundo Espiritual”, compostapor livros ditado pelo Espírito An-

A FEB na Feira deLivros de Frankfurt

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dré Luiz. Entre eles: Nosso Lar, OsMensageiros, Missionários da Luz,Obreiros da Vida Eterna, No Mun-do Maior, Libertação, Entre a Terrae o Céu, Nos Domínios da Mediu-nidade, Ação e Reação, E a VidaContinua... e Sexo e Destino (estepsicografado por Chico Xavier eWaldo Vieira).

Dentre as obras psicografadaspela médium Yvonne do AmaralPereira, a FEB selecionou a trilo-gia Nas Voragens do Pecado, O Ca-valeiro de Numiers e O Drama daBretanha (todos ditados pelo Es-pírito Charles), além dos livrosMemórias de um Suicida (de auto-ria do Espírito Camilo CândidoBotelho) e Ressurreição e Vida (doEspírito Leão Tolstoi); de sua au-toria Devassando o Invisível e Re-cordações da Mediunidade.

Outro livro que fez parte docatálogo da FEB foi a biografiaAllan Kardec, o Educador e o Co-dificador, de Zêus Wantuil e Fran-cisco Thiesen. Os livros infantistambém foram apresentados. En-tre eles Pai Nosso e Cartilha doBem, ambos do Espírito Meimei,e Mensagem do Pequeno Morto, deautoria do Espírito Neio Lúcio.Todos os livros infantis forampsicografados pelo médium Fran-cisco Cândido Xavier.

Um dos maiores sucessos daFEB na Feira de Frankfurt foi atradução, para o inglês, de O Li-vro dos Espíritos e de O Evangelhosegundo o Espiritismo. As mostrasdas obras atraíram fortemente aatenção do público. Entre os livrosespíritas em outros idiomas, aFEB também incluiu as traduções

de obras de André Luiz para o fran-cês e de Allan Kardec para o es-peranto.

A Federação Espírita Brasileirapreparou um Press Kit (conjuntode informações direcionadas àimprensa) que contou com textose um informativo em inglês. To-dos os textos e o catálogo da FEBpodem ser lidos no portal Febnetwww.febnet.org.br e em um CDCard que foi entregue aos editoresde outros países. No CD Cardtambém foi incluído um vídeo dedois minutos sobre a Editora daFederação Espírita Brasileira.

Uma equipe de oito pessoas re-presentou a FEB na Feira de Li-vros e fez contatos importantescom diversas editoras. Termina-da a Feira as obras foram doadasa bibliotecas públicas, a pessoasinteressadas e, principalmente, aoscentros espíritas localizados naAlemanha, estreitando o relacio-namento com essas instituições.

No último dia da Feira – abertoao público – diversas pessoas emo-

cionadas receberam livros espíri-tas, os folhetos “Conheça o Espiri-tismo” (em inglês e alemão) e oDVD “O Espiritismo – de Kardecaos Dias de Hoje”, feito em parceriada FEB com a empresa Versátil Ho-me Vídeo. Alemães, ingleses, brasi-leiros e portugueses se mostraramagradavelmente surpresos com aexposição das obras e com as infor-mações sobre o conteúdo dos li-vros. Muitos paravam para conver-sar longamente, diversos manifes-tavam preocupação com o mate-rialismo, que predomina na Euro-pa, e muitos se interessaram emconhecer o Espiritismo.

Destaque-se o trabalho da CBL– Câmara Brasileira do Livro – napreparação do estande e no apoioàs Editoras brasileiras.

Para o presidente da FEB e se-cretário-geral do Conselho Espí-rita Internacional, Nestor JoãoMasotti, presente ao evento, a Fei-ra de Frankfurt constituiu um mo-mento histórico na divulgação es-pírita em nível mundial.

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Equipe da FEB na Feira de Livros de Frankfurt

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Seara Espírita

Espírito Santo: Capacitação do GrupoMediúnico

A Federação Espírita do Estado do Espírito Santo,em parceria com a Federação Espírita Brasileira,realizou, nos dias 23 e 24 de setembro, um curso deCapacitação do Trabalhador do Grupo Mediúnico.A equipe que coordenou as atividades foi compostapor Marta Antunes Moura (FEB), Ruth SalgadoGuimarães (União Espírita Mineira) e pelo grupo detrabalhadores do Departamento de Orientação Me-diúnica da FEEES. Foram desenvolvidos os temas:“Organização e funcionamento do grupo mediúni-co”, “O dirigente da reunião mediúnica” e “A mediu-nidade no contexto do Movimento Espírita do Bra-sil”. A FEB repassou 200 apostilas do Encontro.

Niterói (RJ): Espiritismo e DireitoO VII Encontro Fluminense da Doutrina Espíritacom o Direito ocorreu em Niterói, no dia 26 de agos-to, no Instituto Espírita Bezerra de Menezes (RuaCoronel Gomes Machado, 140). O evento fez parteda Campanha Em Defesa da Vida, promovida peloConselho Federativo Nacional da FEB, e contou comos expositores: Dr. Fábio de Souza Silva (JuizFederal), Joaquim Mentor Júnior (Acadêmico deDireito) e Ministro Waldemar Zveiter (Ministro doTribunal Superior de Justiça).

Reino Unido: Eventos do BUSSO dia 16 de setembro foi marcado por múltiplas ati-vidades da British Union of Spiritist Societies, emLondres. Em Assembléia Geral foi aprovado novoEstatuto do BUSS, em condições de postular certifi-cação de filantropia (o “Charity”); foram eleitos no-vo conselho e diretoria; houve o lançamento do livroCaminho Verdade e Vida (The Pathway, the Truth &Life), traduzido por Publio Lentulus V. Coelho e edi-tado pelo Conselho Espírita Internacional; e desen-volveu-se o seminário “O Cristo, como modelo degestor”, por Antonio Cesar Perri de Carvalho e CéliaMaria Rey de Carvalho.

Cascavel (PR): Semana da Cultura EspíritaPromovida pela União Regional Espírita 10a Região,órgão da Federação Espírita do Paraná, realizou-seem Cascavel, de 29 de setembro a 5 de outubro, noCentro de Convenções e Eventos, a VIII Semana daCultura Espírita de Cascavel, com o tema central“Imortalidade da Alma”, abordado na conferência deabertura por Divaldo Pereira Franco, e exposto empalestras por Cosme Massi (PR) e Terezinha Cole(PR). Ocorreram outras atividades, tais como: feirado livro espírita; exposições sobre o Bicentenário doNascimento de Allan Kardec e a vida da médiumYvonne do Amaral Pereira e de outros médiuns bra-sileiros; palestras acerca de temas como aborto, porexemplo, em escolas públicas da cidade.

Minas Gerais: Conferência de Dirigentes deCasas Espíritas

“Dirigindo corações” foi o tema central da 1a Con-ferência de Diretores e Coordenadores de Casas Es-píritas, realizada em agosto no auditório da UniãoEspírita Mineira. A Conferência teve o objetivo deintegrar os trabalhadores espíritas de Minas Gerais elevar-lhes mais conhecimento. “O Dirigente Espíri-ta” e “Estrutura Federativa do Movimento Espírita”foram dois dos principais temas do encontro.

Jornadas Portuguesas de Medicina e Espiritualidade

A Associação Médico-Espírita Internacional e oGrupo Espírita Batuíra promoveram nos dias 14 e 15de outubro, no Auditório da Faculdade de MedicinaDentária de Lisboa, as I Jornadas Portuguesas de Me-dicina e Espiritualidade, com um programa diversi-ficado e abrangente, que abordou temas como Epi-lepsia, Depressão, Terapia por Regressão de Memó-ria, Eutanásia, Aborto, Clonagem e Embriões Conge-lados/Células-tronco. Foram expositores os médicosMarlene Nobre, Eliane Oliveira, Gilson Luiz Rober-to, Júlia Prieto Peres, Roberto Lúcio Vieira de Souzae Décio Iandoli Jr.

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CEI: Reunião da Coordenação da Europa A 9a Reunião Anual da Coordenação do ConselhoEspírita Internacional de Apoio ao MovimentoEspírita da Europa, ocorreu em Hoorn (Holanda),nos dias 23 e 24 de setembro de 2006, nas dependên-cias do Restaurante & Partycentrum Pejo. A reuniãofoi presidida por Roger Perez e coordenada por Vic-tor Mora Feria, contando com a presença do Secre-tário Geral do CEI, Nestor João Masotti.

Compareceram representantes de Entidades Na-cionais membros e observadoras junto ao CEI, dosseguintes Países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bielor-rússia, Espanha, Estônia, França, Holanda, Itália,Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Sué-cia, Suíça.

Na edição de dezembro daremos notícia circuns-tanciada sobre o evento.

Vitória da Conquista (BA): Contato EspíritaDe 10 a 17 de setembro foi realizada a 53a SemanaEspírita de Vitória da Conquista – evento que atraicentenas de participantes da Bahia e de váriosEstados brasileiros. Nesta edição, o tema principalfoi “As leis morais – Uma ética para a vida”. Par-ticiparam do encontro os conferencistas espíritasDivaldo Pereira Franco, Raul Teixeira e Cristian Ma-cedo, além de outros expositores, que desenvolverammais de 40 temas em módulos e seminários.Documentação e Pesquisa do Espiritismo

O Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa doEspiritismo Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE--ECM), com sede na Alameda dos Guaiases, 16 –Planalto Paulista – São Paulo (SP), é uma associaçãocivil, científica, cultural, beneficente e sem fins lucra-tivos, que tem a finalidade de reunir num só espaçointensas atividades culturais e de preservação damemória do Espiritismo. Informações pelo e-mail:[email protected]

Rússia: Contato EspíritaCristiani Haferkamp, espírita residente em São

Petersburgo, deseja manter contato com pessoas queresidam naquela cidade ou imediações, para juntosdarem continuidade aos estudos espíritas das obraskardequianas e complementares. Brasileiros ou ou-tros que estiverem interessados podem contatá-lapelo e-mail: [email protected]; telefone parachamada internacional: 007-812-312-1694.

Livros em Braille na InternetCom o objetivo de facilitar o acesso do deficientevisual à leitura, a Sociedade Pró-Livro Espírita emBraille (Spleb) criou uma página na Internet. A ini-ciativa possibilitará aos usuários o acesso às obrasdisponibilizadas pelo próprio site, bem como ao Ca-tálogo Nacional de Publicações para Cegos. Além detextos em Braille, há, também, estudos que podemser acompanhados de forma on-line. A página daSpleb é www.spleb.org A sede fica na Rua TomásCoelho, 51, Tijuca, CEP 20540-110 – Rio de Janeiro(RJ). Tel.: (21) 2288-9844.

Filme sobre a vida de Chico XavierA vida do médium Francisco Cândido Xavier estaráem breve nos cinemas. Diversas reportagens em jor-nais e revistas brasileiros destacam que o diretor dofilme será Breno Silveira e o selo que lançará a pro-dução será o Downtown Filmes. O roteiro baseia-seno livro As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Mar-cel Souto Maior.

Revista Espírita em russoA primeira edição da Revista Espírita, de AllanKardec, já está disponível em russo. A iniciativa foido Conselho Espírita Internacional (CEI), quedisponibilizou a edição na Internet. O exemplarno 1 da Revista Espírita pode ser lido na páginawww.spiritist.org Os interessados podem solicitá-lopelo correio eletrônico [email protected] ou peloendereço Av. L-2 Norte – Quadra 603 – Conjunto F(SGAN) – CEP 70830-030. A Revista está disponível,também, em esperanto, inglês e espanhol.

Sobra da Seara

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Maringá (PR): Jornada EspíritaPromovida pela 7a URE (União Regional Espírita),órgão da Federação Espírita do Paraná, realizou-seem Maringá, no período de 12 a 20 de agosto, a IIJornada Espírita, com a abordagem de temas volta-dos para o Homem Moral, o Centro Espírita, aJustiça Divina, a Educação, além de outros. Foramexpositores: Suely Caldas Schubert, Daniel Dallagnol,José Antonio Vieira de Paiva, Eliseu Florentino daMota Júnior, Altivo Ferreira, Alan Archetti e SandraDella Póla.

Peru: Encontro EspíritaA Federação Espírita do Peru (FEPERU) promoveu o1o Enconto Espírita Peruano, de 23 a 26 de agosto, noTeatro Auditório Miraflores, em Lima, com o temacentral “Doutrina Espírita: O Despertar da Cons-ciência para o Terceiro Milênio”. Divaldo Pereira Fran-co fez a conferência de abertura e um seminário paradirigentes espíritas. Outros expositores: Luis Hu Ri-vas, Jorge Berrio, Ricardo Lequerica e Rodrigo Gavi-dia.

Roraima: Feira do Livro Espírita Com o intuito de divulgar a Doutrina Espírita, aFederação Espírita Roraimense promoveu no perío-do de 5 a 8 de outubro a VI Feira de Livros Espíritasde Boa Vista, durante a qual foi realizada uma cam-panha de assinaturas de Reformador.

Estados Unidos: Congresso Médico-Espírita Organizado pelo Conselho Espírita dos Estados Uni-dos e pela Associação Médico-Espírita Internacional,ocorreu em Washington (DC), nos dias 7 e 8 de ou-tubro, o 1o Congresso Médico-Espírita dos EstadosUnidos, com o tema central “Interconectando Medi-cina e Espiritismo”, desdobrado em importantessubtemas, desenvolvidos por renomados expositoresnos campos da Medicina e do Espiritismo, dentre osquais: Harold Koening, Andrew Power, Melvin Mor-

se, Marlene Nobre, Roberto Lúcio Vieira de Souza,Álvaro Avezum, Décio Iandoli Jr., Sergio Felipe deOliveira e Alberto Almeida.

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