150
Sobre as Escrituras Sagradas Silvio Dutra DEZ/2015

Sobre as escrituras sagradas

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Sobre as escrituras sagradas

Sobre as Escrituras

Sagradas

Silvio Dutra

DEZ/2015

Page 2: Sobre as escrituras sagradas

2

Sumário

Uma Verdade Autenticada na Vida

3

A Importância da Revelação Escrita

6

Como a Verdade de Deus é Autenticada?

9

Revelação e Inspiração

13

A Necessidade das Escrituras

16

A Inspiração das Escrituras

19

A Verificação das Escrituras

33

Conteúdo Geral da Bíblia

40

Período de Produção dos Livros da Bíblia

145

Page 3: Sobre as escrituras sagradas

3

Uma Verdade Autenticada na Vida

“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma

doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo

de mim mesmo.” (João 7.17)

“Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém

guardar a minha palavra, nunca verá a morte.”

(João 8.51)

Dentre as muitas passagens do evangelho nas

quais nosso Senhor Jesus Cristo fala do efeito da

Palavra revelada de Deus em nossas vidas,

destacamos as duas acima.

Na primeira vemos que a prática da Palavra não

somente leva-nos a fazer a vontade de Deus, como

testifica em nosso espírito e entendimento quanto

à veracidade da mesma como sendo de procedência

divina, uma vez que tudo o que se refere à vida

celestial e espiritual, conforme registrado na Bíblia,

Page 4: Sobre as escrituras sagradas

4

é conhecido e vivido somente mediante a fé em

Cristo e em Sua Palavra.

Na segunda passagem nosso Senhor nos assegura

que somente aqueles que guardam a Sua Palavra

podem obter a vida eterna, e consequentemente

vencer a morte espiritual e eterna.

Isto não é um privilégio para poucos, conforme suas

habilidades, capacitações e méritos, mas para toda

e qualquer pessoa, em qualquer condição,

conforme se depreende da condicional usada por

Jesus, “se alguém...”, de modo que a porta está

aberta para qualquer que queira sinceramente

conhecer e fazer a vontade de Deus.

Jesus designou a fonte para este conhecimento e

conversão, apenas como sendo a Palavra da

verdade revelada.

Graças a Deus que inspirou servos previamente

escolhidos e que foram capacitados por Ele para que

Page 5: Sobre as escrituras sagradas

5

registrassem a Palavra do evangelho, revelado na

pessoa de Jesus Cristo, de modo que não fôssemos

enganados por qualquer outra palavra suposta

como de Sua procedência, e que não o fosse de fato,

senão uma palavra falsa ou adulterada, que jamais

poderia operar a nossa salvação e transformação

em novas criaturas renascidas do Espírito Santo.

Page 6: Sobre as escrituras sagradas

6

A Importância da Revelação Escrita

“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra

da verdade, para que fôssemos como primícias das

suas criaturas.” (Tiago 1.18)

“ Sendo de novo gerados, não de semente

corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de

Deus, viva, e que permanece para sempre.” (I Pedro

1.23)

Os apóstolos Tiago e Pedro se referem,

respectivamente, nestes textos bíblicos, a um novo

nascimento mediante a palavra de Deus. Trata-se

da regeneração operada pelo Espírito Santo quando

se responde com fé em Jesus Cristo à pregação do

evangelho.

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.”

(João 17.17)

Page 7: Sobre as escrituras sagradas

7

Com estas palavras nosso Senhor Jesus Cristo se

refere em sua oração sacerdotal ao trabalho

realizado por Deus na santificação dos crentes

através do uso da Sua Palavra.

Disto tudo se depreende a nossa crucial

necessidade da revelação escrita da Bíblia, para que

nela crendo possamos tanto ser convertidos a Cristo

(salvos – justificados e regenerados), quanto a

fazermos progresso na vida cristã (santificados).

A razão de tanto se solicitar que se creia na Bíblia e

que meditemos continuamente através da sua

leitura visa a atender ao propósito anteriormente

citado relativo à nossa transformação em novas

criaturas em Cristo, como também à nossa

edificação espiritual em santificação, do que a

qualquer outro objetivo secundário.

Sem fé na Palavra da verdade revelada e escrita não

há conversão, e nem mesmo santificação, sendo

Page 8: Sobre as escrituras sagradas

8

que esta última somente cresce em graus na mesma

proporção em que aumenta o nosso conhecimento

e prática da Palavra de Deus.

Page 9: Sobre as escrituras sagradas

9

Como a Verdade de Deus é Autenticada?

A verdade de Deus está revelada em Sua Palavra

escrita, ou seja, na Bíblia.

A prova da sua autenticação é realizada na vida de

todos aqueles que creem nesta verdade revelada,

uma vez que tudo o que nela se afirma e se promete

é cumprido e visto na vida dos que creem. E tal

cumprimento, particularmente no que se refere à

santificação, se vê em maiores graus naqueles que

possuem um maior conhecimento e fé na Palavra

divina.

Isto sucede em razão do que foi afirmado pelo

próprio Senhor Jesus Cristo: "As palavras que eu vos

disse são espírito e são vida, (João 6.63), o que

confirma que de fato a palavra de Cristo é primeiro

espírito e, em seguida vida – vida em abundância, a

Page 10: Sobre as escrituras sagradas

10

vida espiritual, celestial, divina e eterna que

procede dele mesmo para todo aquele que nele crê.

Os que creem chegam a conhecer que sem que haja

uma atração de Deus Pai que nos conduza a ver com

os olhos da fé a Jesus Cristo, jamais poderiam ter

dado a sua confiança e assentimento no coração à

aceitação da Palavra revelada como sendo

verdadeira. Isto é feito portanto, por uma operação

poderosa espiritual realizada pelo Espírito Santo

para que possamos crer e sermos tomados pela vida

espiritual que se encontra na pessoa de Jesus Cristo

Por saber que tal conhecimento espiritual somente

seria possível por esta forma retrocitada, nosso

Senhor afirmou expressamente que sua doutrina

(ensino) não fora inventada por ele como sendo um

mero homem, conforme era visto pelos escribas e

fariseus, mas que a mesma era de procedência

divina, e que esta somente poderia ser conhecida

quanto à sua procedência por aqueles que

Page 11: Sobre as escrituras sagradas

11

efetivamente cressem nela como sendo verdadeira

e procedente de Deus, porque veriam o seu

cumprimento em suas próprias vidas.

E devemos destacar que a doutrina de nosso Senhor

consiste principalmente na fé nele para a nossa

justificação, regeneração, santificação e

glorificação, pela graça. E isto será visto na vida dos

que creem, confirmando a verdade da Sua Palavra.

Daí nosso Senhor ter afirmado o seguinte:

“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma

doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo

de mim mesmo.” (João 7.17)

Concluímos, portanto, que Deus designou a Sua

Palavra para ser o instrumento da nossa salvação,

conquanto esta deve ser pela fé, e não seria fé se

não fosse simplesmente por se confiar naquilo que

se ouve relativamente ao que não se vê, e conforme

está escrito na Bíblia.

Page 12: Sobre as escrituras sagradas

12

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela

palavra de Deus.” (Romanos 10.17)

Page 13: Sobre as escrituras sagradas

13

Revelação e Inspiração

Revelação, biblicamente falando, significa "tirar o

véu", "remover a coberta", fazer conhecer

sobrenaturalmente, divulgar. Significa revelação

dos mistérios divinos que o homem é incapaz de

descobrir por si mesmo. Toda revelação começa

com Deus e é obra exclusiva Sua. É o processo pelo

qual Deus se faz conhecido ao homem.

A revelação se fez em muitas vezes e de muitas

maneiras (Hb 1.1,2) indicando o seu caráter

progressivo.

Revelação é portanto a ação de Deus pela qual Ele

deu a conhecer ao escritor coisas desconhecidas.

Já a inspiração é a ação do Espírito Santo sobre os

escritores, capacitando-os a receber e transmitir a

mensagem, ao ponto de serem as palavras de Deus.

Page 14: Sobre as escrituras sagradas

14

Deste modo, percebemos que toda a Bíblia foi

inspirada por Deus, mas nem tudo o que está na

Bíblia foi dado por revelação.

Entretanto, deve ser entendido que através da

inspiração, Deus revelou a Si e a Sua vontade. A

produção das Escrituras teve por alvo tal revelação,

ainda que a quase totalidade dos livros da Bíblia não

tenha sido produzida por revelação direta de Deus,

conforme estudaremos mais adiante.

A revelação e inspiração especiais, da parte de

Deus, para o registro da verdade, cessaram com a

produção do último documento da Bíblia.

Entretanto, a inspiração resultante do impacto do

Espírito Santo sobre o espírito humano vai além da

redação das Escrituras. Doutro modo, toda nossa

teologia não passaria de mera filosofia (I Cor 2.12),

e nossa oração não seria mais do que um monólogo

Page 15: Sobre as escrituras sagradas

15

(Rom 8.26). A inspiração é um fator primordial em

todas as fases da fé na vida cristã.

A revelação de fatos e a inspiração do Espírito

Santo, que acompanham a ministração e a pregação

da verdade, ainda em nossos dias, desde os dias

apostólicos, não podem portanto produzir uma

nova verdade, ou mesmo alterar partes da verdade

que de uma vez por todas foi fechada com a escrita

do livro do Apocalipse. Não existe mais do que um

evangelho, e este já foi revelado aos apóstolos, e

está plenamente registrado nas páginas da Bíblia,

especialmente nas do Novo Testamento (Gl 1.6-9).

Page 16: Sobre as escrituras sagradas

16

A Necessidade das Escrituras

Tendo o homem sido criado à imagem e

semelhança de Deus, e para alcançar a plenitude de

tal, seria de se esperar, consequentemente, uma

comunicação do Criador com os seres intelectuais,

morais, espirituais e imortais, que criou.

E ainda que não seja o objeto do presente estudo,

devemos citar que mais do que revelar-Se, em

comunicação, Deus tem operado no universo

criado, e especialmente naqueles que predestinou

para serem conformes à imagem de Jesus Cristo

(Rom 8.29,30).

Era de se esperar a revelação porque a entrada do

pecado no mundo sujeitou a criação à vaidade,

tornando necessária a intervenção do Criador para

redimi-la do cativeiro da corrupção, para a

Page 17: Sobre as escrituras sagradas

17

liberdade da glória dos filhos de Deus (Rom

8.20,21).

A revelação é necessária porque a razão humana é

incapaz, por si mesma, de provar e saber qual é o

significado da chamada (vocação) de Deus para o

homem, aí incluído tudo o que se espera dele

quanto à transformação de sua natureza pelo novo

nascimento, à necessidade da expiação do pecado;

vida de santidade para o serviço, culto, oração e

adoração ao Senhor, neste mundo, bem como é

pela revelação que se desvenda que a vida de Deus

no crente vence a morte e é eterna.

As realidades do céu são espirituais, e coisas

espirituais são conferidas com coisas espirituais,

pelo Espírito, isto é, são desvendadas por revelação

e apropriadas pela fé. A doutrina da trindade, por

exemplo, de haver um único Deus, mas em três

pessoas em uma só essência, não pode ser

entendida pela razão, mas sabemos que é assim,

Page 18: Sobre as escrituras sagradas

18

pois é o que se revela nas Escrituras e que

discernimos em nosso próprio espírito, por fé.

Esta revelação, apesar de ter sido feita primeiro na

vida, conforme estaremos estudando adiante,

deveria ser registrada por escrito e também

fechada, de forma que não viesse a ser adulterada,

por acréscimos, eliminações ou modificações

textuais, o que seria de se esperar, caso se baseasse

apenas na tradição oral.

Graças a Deus, Ele não somente conduziu o

processo de produção da Bíblia como também

proveu os meios necessários para preservá-la ao

longo do curso da história.

Page 19: Sobre as escrituras sagradas

19

A Inspiração das Escrituras

Muitos colocam-se contra a afirmação de serem

as Escrituras (tanto do Antigo quanto do Novo

Testamento) a verdade, argumentando,

puerilmente, que elas são o produto da imaginação

do homem, e mais ainda, que não podem ser

infalíveis, posto terem sido imperfeitos os homens

que as produziram, como todos os demais homens.

Ora, a isto respondemos que para revelar a verdade

e para preservá-la através das sucessivas gerações

da humanidade, Deus já havia planejado inspirar

profetas, apóstolos e outros para serem ministros

da Palavra, antes mesmo que estes tivessem

chegado à existência (Jer 1.5; Gl 1.15,16).

Acrescente-se a isto, que apesar de pecadores, os

autores da Bíblia foram antes, justificados e

santificados pelo Espírito, e foram por Ele inspirados

e conduzidos em tudo quanto escreveram.

Page 20: Sobre as escrituras sagradas

20

Isaías seria instrumento de Deus, mas antes foi

purificado pela brasa do altar. E o fogo purificador

do Espírito Santo haveria de estar com ele durante

todo o seu ministério.

Por oportuno, não podemos também esquecer que

apesar de todos os homens serem iguais em sua

constituição geral, há profundas diferenças entre

estes no que tange às capacitações intelectuais e

espirituais. Quantos estariam habilitados a serem

um Moisés, que fez toda a vontade do Senhor,

registrando os mandamentos da lei, sem uma

vírgula a mais ou a menos ? Que registrou todos os

detalhes do tabernáculo exatamente conforme o

modelo que Deus lhe havia exibido no monte Sinai.

Uma das provas de que as Escrituras foram

reconhecidas como de proveniência divina é o fato

de terem sido amplamente citadas em seus sermões

e escritos teológicos pelos chamados pais da igreja,

Page 21: Sobre as escrituras sagradas

21

ou pais primitivos (os primeiros pastores e doutores

do cristianismo).

Todos os genuínos homens de Deus utilizaram-se da

Bíblia, como a temos hoje, para o ensino da

verdade, e não de outros escritos

pseudoepigráficos (evangelho de Tomé por

exemplo) e apócrifos, que já circulavam em seus

dias. Quanto aos apócrifos é importante abrir um

parêntesis para mencionarmos os livros apócrifos

contidos na bíblia da igreja católica romana, que são

os seguintes: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão,

Eclesiástico, Baruque, I Macabeus e II Macabeus, e

4 acréscimos a Ester e Daniel, como a seguir: Ester

(cap 10.4-16-24); Daniel (Cântico dos três varões -

cap 3.24-90; História de Suzana - cap 13; Bel e o

Dragão - cap 14).

A igreja romana aprovou os apócrifos como

"canônicos" em 18 de abril de 1546, no Concílio de

Page 22: Sobre as escrituras sagradas

22

Trento, para combater o movimento da Reforma

Protestante, então recente.

Nessa época, os protestantes combatiam as novas

doutrinas da igreja católica romana: do purgatório,

da oração pelos mortos, da salvação mediante as

obras etc.

A igreja romana via nos apócrifos bases para essas

doutrinas, e, apelou para eles, aprovando-os como

se fossem canônicos.

É importante citar que houve prós e contras dentro

da própria igreja de Roma, quanto ao

reconhecimento dos citados livros.

Entretanto, o erro venceu, e a primeira edição da

bíblia romana com os apócrifos deu-se em 1592,

com autorização do Papa Clemente VIII.

Esta é contudo matéria para ser aprofundada no

estudo sobre a formação do Cânon, tanto do Antigo

quanto do Novo Testamentos.

Page 23: Sobre as escrituras sagradas

23

Nenhum dos sessenta e seis livros canônicos dão

apoio às falsas doutrinas contidas nos apócrifos. E é

exatamente esta unidade doutrinária dos livros

canônicos mais uma das provas que atestam a sua

inspiração divina, pois, estando separados no

tempo e em face da diversidade de situações em

que foram produzidos, percebe-se que há em todos

eles, do início ao fim, a referida unidade

doutrinária.

Afirmamos que a Bíblia, como a temos, com os seus

sessenta e seis livros, sem nenhum outro a mais ou

a menos, é a verdade, e não que contém a verdade,

porque sendo as Escrituras de proveniência divina,

não possui partes inspiradas e outras não inspiradas

por Deus. Todas são inspiradas, até aquelas que

permanecem fechadas ao entendimento humano.

Não é este o caso, em relação a muitos personagens

e situações das profecias escatológicas, como as

encontradas nos livros dos profetas e no Apocalipse

? Muito do que ali está revelado permanece ainda

Page 24: Sobre as escrituras sagradas

24

como enigma, até que Deus venha a revelar a quem

e a qual ocasião se referem.

Homens foram inspirados pelo Espírito e

profetizaram acerca da justiça do evangelho (Rom

1.1,2; 3.21; Hb 1.1; II Pe 1.19-21), muitos séculos

antes desta ser revelada na pessoa de Cristo (Hb 1.2;

2.1-4; II Pe 1.19).

O cristianismo é uma religião revelada, e uma das

provas desta revelação está no fato de que

necessitamos da instrução do mesmo Espírito que

inspirou a produção da Palavra para que possamos

compreendê-la e praticá-la, vivendo conforme a

vontade dAquele que a inspirou. Daí Paulo afirmar

a necessidade que temos do Espírito Santo para

entender o significado da vida cristã, mediante o

que foi revelado por Deus a nós, pois cousas

espirituais só podem ser discernidas

espiritualmente.

Page 25: Sobre as escrituras sagradas

25

Por isso, a revelação foi feita primeiro na vida e

depois nas Escrituras.

Os profetas e os apóstolos escreveram acerca do

que viveram. E mesmo quando lhes foram reveladas

cousas que se referiam ao futuro ou sobre a pessoa

de Deus, Eles só puderam discernir que provinham

dEle, ainda que não entendessem o significado do

que lhes foi revelado (Dn 12.8), porque estavam em

comunhão com o Senhor e haviam sido preparados

por Ele para serem seus instrumentos no registro da

Sua vontade.

É por isso que as doutrinas da Palavra não nos foram

dadas simplesmente para serem objeto do nosso

conhecimento, mas para serem experimentadas,

isto é, vividas por nós. E é somente experimentando

pela fé, que chegamos a conhecer que a Bíblia é a

verdade, pois aquilo do que dá testemunho se

revela real em nossas próprias vidas.

Page 26: Sobre as escrituras sagradas

26

Afinal a meta do estudo das Escrituras não é o mero

conhecimento intelectual do próprio texto bíblico,

mas conduzir-nos ao conhecimento pessoal de

Deus e de Sua vontade. Podemos dizer que a meta

a ser atingida a de conhecer ao Senhor por meio da

Palavra. Sabendo que o conhecimento que salva,

isto é, que justifica, santifica e glorifica não é o

conhecimento do que Deus é e nem o conhecimento

sobre Deus, senão o conhecimento que é oriundo da

comunhão pessoal com Ele, resultante de um

encontro direto.

Os fariseus examinavam as Escrituras mas não

entendiam o seu significado interior, porque não

entregaram suas vidas a Jesus. Afinal, este é o

propósito central da Bíblia.

Por exemplo, a Palavra ensina diretamente e em

figura que desde a entrada do pecado no mundo, só

podem se achegar a Deus aqueles que se

arrependem do pecado e se reconhecem pecadores

Page 27: Sobre as escrituras sagradas

27

necessitados da Sua graça (estes são os humildes de

espírito e quebrantados de coração que Jesus veio

salvar e curar - Is 61.1-3); e que a base que assegura

ao pecador tal aproximação e filiação a Deus é a

morte e ressurreição de Jesus, por assim dizer, a

obra expiatória da Sua morte, e a novidade de vida

que nos é outorgada por meio da Sua ressurreição e

habitação do Espírito Santo.

Mais do que o reconhecimento desta verdade,

importa vivê-la, para que se possa além de entender

que a Bíblia é a verdade, estabelecer e manter um

relacionamento santo e reverente com Deus, pois,

através da Palavra, o Espírito ensina-nos o temor

devido ao Senhor, para vivermos sobretudo no Seu

amor e poder.

Foi com tal objetivo primordial em mira que João

declarou o propósito com que escreveu o evangelho

(Jo 20.30,31). Na verdade este é o propósito com o

qual foram escritos todos os livros da Bíblia, ainda

Page 28: Sobre as escrituras sagradas

28

que não declarado diretamente como João o fizera.

Mesmo a lei de Moisés, foi dada para nos servir de

aio para nos conduzir a Cristo.

Por isso, a Bíblia é diferente de todos os demais

livros do mundo, em razão da sua inspiração divina

(J 32.8; II Tim 3.16; II Pe 1.21), e é devido à

inspiração divina que ela é chamada de Palavra de

Deus (II Tim 3.16).

Inspiração divina é portanto a ação sobrenatural do

Espírito Santo sobre os escritores da Bíblia,

capacitando-os a receber e a transmitir a mensagem

de Deus sem qualquer erro.

Por isso, incorrem em erro todos os que consideram

a inspiração bíblica como sendo a) natural humana;

b) divina comum; ou c) parcial, conforme as

seguintes teorias:

a) Teoria da inspiração natural humana

Page 29: Sobre as escrituras sagradas

29

A Bíblia teria sido escrita como é produzido

qualquer tipo de literatura, negando-se a ação

sobrenatural de Deus.

b) Teoria da inspiração divina comum

A inspiração dos escritores da Bíblia teria sido a

mesma que hoje nos vem quando oramos,

pregamos, cantamos, ensinamos.

c) Teoria da inspiração parcial

Algumas partes da Bíblia são inspiradas, e outras

não. A Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas

contém a Palavra de Deus. A própria Bíblia refuta

este falso ensino em II Tim 3.16 e em outras

passagens equivalentes.

Não se deve considerar também como verdadeira a

teoria que considera os escritores dos livros da

Bíblia como simples máquinas, que escreveram

mecanicamente o que Deus lhes teria ditado,

Page 30: Sobre as escrituras sagradas

30

palavra por palavra. É verdade que algumas partes

das Escrituras foram produzidas desta forma, mas a

maior parte do texto foi produzido por inspiração

plenária ou verbal, conforme explicado a seguir.

A definição correta da inspiração da Bíblia é

chamada de inspiração plenária ou verbal. Esta

ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente

inspiradas, que os escritores não funcionaram como

máquinas inconscientes, que houve cooperação

vital e contínua entre eles e o Espírito de Deus que

os capacitava. Afirma que homens santos

escreveram a Bíblia com palavras do seu

vocabulário, porém sob uma influência tão

poderosa do Espírito Santo, que o que eles

escreveram foi a Palavra de Deus.

A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último

livro do Novo Testamento. Depois disso nem os

mesmos escritores, nem qualquer servo de Deus

pode ser chamado inspirado no mesmo sentido.

Page 31: Sobre as escrituras sagradas

31

É importante frisar-se que nos casos de registro na

Bíblia de mentiras que foram proferidas, e até

mesmo de declarações de Satanás, Deus não

inspirou tais mentiras e declarações, e sim o registro

delas.

Com base nestes argumentos apresentados

anteriormente e em outros não aqui citados foi que

os reformadores emitiram a doutrina Sola Scriptura,

ou seja, somente a Escritura é a regra de fé conduta

dos que creem em Cristo.

Isto não significa no entanto que nenhum outro

livro deva ser consultado ou estudado no assunto

da edificação da nossa fé.

Os inimigos da doutrina fazem este tipo de

afirmação que nunca passou pela cabeça dos

reformadores e nem de qualquer um dos que

seguem o referido princípio, pois seria algo muito

pueril concebê-lo.

Page 32: Sobre as escrituras sagradas

32

O que se tem em vista é que não se dê apoio a

qualquer ensino que não esteja respaldado no

conteúdo e no teor da revelação bíblica, porque foi

dada a nós por Deus para ser o fundamento sobre o

qual deve ser assentado tudo o que se escrever ou

se fizer na Igreja de Cristo.

Nisto consiste a beleza da fé que professamos pois

não somente nos dá a liberdade de comentar e

interpretar o que foi revelado através dos profetas

e dos apóstolos, como até mesmo demanda que isto

seja feito para que a apresentação da verdade

bíblica seja ajustada à vida prática, em

demonstrações de poder do Espírito Santo,

sobretudo na transformação de pecadores em

autênticos santos.

Page 33: Sobre as escrituras sagradas

33

A Verificação das Escrituras

As Escrituras testificam de si mesmas quanto à

sua inspiração divina. Isto é, há um testemunho

interno na Palavra acerca da sua proveniência

divina, daí se afirmar que a Bíblia é explicada com a

própria Bíblia.

A Bíblia reivindica a si a inspiração de Deus, pois a

expressão "Assim diz o Senhor", como carimbo de

autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes

nos seus livros, além de outras expressões

equivalentes.

A respeito da exatidão das Escrituras, dentre outros,

o próprio Jesus deu os seguintes testemunhos:

a) Que nem um i ou til (menores sinais do alfabeto

hebraico) jamais passariam da lei, até que o céu e a

terra passem (Mt 5.18). Isto significa que elas

permanecerão válidas até que Ele volte e sejam

Page 34: Sobre as escrituras sagradas

34

criados novo céu e nova terra, conforme prometido

nas mesmas Escrituras.

b) Que a Escritura não pode falhar (Jo 10.35).

As Escrituras constituem o cânon (padrão, norma,

regra) que deve reger a nossa fé e conduta (II Tim

3.16,17).

Paulo referiu-se às mesmas como o bom depósito

da fé (II Tim 1.14) e recomendou aos seus

cooperadores que mantivessem o padrão das sãs

palavras (II Tim 1.13).

Ora, o que daí se depreende, não é que a própria

Bíblia reivindica a Sua autoridade de ser a única e

final palavra sobre as questões de fé e conduta, que

devem reger o povo de Deus ?

Os apóstolos estavam convictos de que a doutrina

que ensinavam e que haviam recebido de Jesus e do

Espírito Santo, era de fato a Palavra de Deus, em pé

Page 35: Sobre as escrituras sagradas

35

de igualdade com as Escrituras do Velho

Testamento (I Tes 2.13; II Pe 3.16; I Jo 1.1-4). Por

isso, Deus mesmo, dado o caráter da Sua Palavra

proíbe que algo lhe seja acrescentado ou retirado

(Dt 4.2; Pv 30.5,6. Mt 5.19; Apo 22.18,19). Disto se

depreende o cuidado que seus ministros devem ter

ao pregá-la ou ensiná-la, de maneira que sejam fiéis

embaixadores de Deus na transmissão da Sua

vontade revelada.

Se a própria Palavra testifica a respeito de ser a

Constituição do povo eleito, então, por nenhuma

outra lei ou norma que com ela conflitue, deve ser

regida a vida dos santos.

Daí serem muitas as recomendações no sentido de

que os ministros do evangelho tenham o cuidado

diligente de manter o padrão (cânon) das Escrituras,

e, especialmente da doutrina do evangelho (I Tim

1.3,4; 4.16; 6.20,21; II Tim 2.15-18), rejeitando e

combatendo todo ensino que não se conforme com

Page 36: Sobre as escrituras sagradas

36

a Palavra (Rom 16.17,18; I Jo 2.26; 3.7; 4.1; II Pe

3.15-17; Jd 17-19; Gl 1.6-9; Tt 3.10; II Jo 9-11).

A prova da inspiração das Escrituras está

principalmente no fato de que todos os seus livros

apontam para Jesus e Sua obra de restauração,

sendo Ele mesmo o Profeta, Sacerdote e Rei enviado

e designado pelo Pai para redimir a criação, instruí-

la na verdade e transportá-la do império das trevas,

para o reino da Sua luz. As mesmas Escrituras

testemunham do trabalho do Espírito Santo no

estabelecimento do reino de Cristo.

Podemos dizer que as obras que Jesus fez em Seu

ministério terreno e que continua fazendo através

da igreja, provam que Ele é de fato o enviado de

Deus do qual a Bíblia testifica, pois nenhum outro

realizou ou tem realizado as obras que Ele recebeu

do Pai para executar sobre a Terra.

Page 37: Sobre as escrituras sagradas

37

Maomé, Buda ou qualquer outro não se encaixam

nas profecias bíblicas. É somente em Cristo que

vemos o cumprimento de tudo quanto está

profetizado diretamente ou em figura, na Palavra, a

Seu respeito.

O Enviado de Deus (Jesus) realizou e continua

realizando através da sua igreja, as obras que

recebeu do Pai para efetuar sobre a terra. Nenhum

outro realizou ou tem realizado as obras que

somente Ele pode operar e que comprovam que Ele

é de fato o Ungido, o Salvador, o Senhor, conforme

testificam as Escrituras.

Nele se cumpriram as Escrituras, como Ele mesmo

declarou (Mt 5.17).

Os demônios continuam sendo expulsos por Aquele

que pisa cabeça da serpente, conforme revelado

desde o livro de Gênesis.

Page 38: Sobre as escrituras sagradas

38

Pessoas de todas as nações continuam entrando no

Reino de Deus, conforme prometido e revelado a

Abraão.

O cumprimento das profecias e os milagres que são

somente por meio de Jesus e do Seu nome, pois Ele

mesmo realiza a Sua obra através de nós, testificam

que tudo quanto se diz nas Escrituras, a Seu

respeito, é a verdade.

A própria Bíblia testifica que Deus confirmava que a

Palavra que estava sendo pregada pelos apóstolos é

a verdade, com a operação de sinais e prodígios (Mc

16.20; At 14.3).

É por isso que em todos os avivamentos que

ocorreram e têm ocorrido na história da igreja,

sempre há um retorno à prática da Palavra de Deus,

exatamente na forma como se encontra registrada

na Bíblia.

Page 39: Sobre as escrituras sagradas

39

Quando crentes ou igrejas inteiras decidem viver

segundo a doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e

dos apóstolos, o resultado sempre será a

experimentação de avivamentos produzidos pelo

Espírito Santo.

De igual modo, o poder de Deus sempre há de

acompanhar a pregação e o ensino que se

fundamentem na correta exposição da Sua Palavra,

dando-se desta forma testificação pelo Espírito

Santo acerca da sua inspiração divina.

Afinal, aprouve a Deus salvar aos que creem pela

pregação (I Cor 1.21), e a pregação deve ser

mediante a palavra de Cristo (Rom 10.17).

O mesmo Espírito que inspirou a produção da

Palavra é o que inspira o pregador a explicá-la,

expondo-a com autoridade e poder. Não é a

pregação portanto uma simples leitura do texto

bíblico, mas o uso que o Espírito faz das faculdades

Page 40: Sobre as escrituras sagradas

40

do pregador enquanto este apresenta a explicação

da Palavra que lhe foi indicada pelo Espírito Santo.

A Palavra assim pregada passa a ser viva e operante,

e é esta que salva e edifica. Há assim, uma

testificação dupla e harmoniosa da inspiração

divina da Palavra pregada, tanto da que está

registrada na Bíblia, quanto da que foi dada por

instrução e direção do Espírito Santo ao pregador

para a exposição da verdade bíblica.

Page 41: Sobre as escrituras sagradas

41

Conteúdo Geral da Bíblia

De Adão a Moisés

A Bíblia não é um livro de história como outro

qualquer. O propósito de Deus na inspiração da sua

escrita não foi o de contar a história de

determinados homens, mas sim, o de revelar a Sua

pessoa e vontade ao homem que Ele criou.

Nela temos o registro de fatos antes mesmo da

criação do mundo; do passado, do presente e até do

futuro. A história da redenção e da glorificação do

homem e dos atos de Deus nessa história estão nela

contidos.

Há fatos bíblicos portanto que ainda estão tendo

cumprimento em nossos dias e que continuarão a

serem cumpridos até a criação dos novos céu e terra

prometidos.

Page 42: Sobre as escrituras sagradas

42

É por isso que no meio da narrativa do livro de

Gênesis, de fatos que já haviam acontecido, como

a forma como o pecado entrou no mundo através

de Adão, temos também no mesmo livro de Gênesis

a citação de fatos que ainda viriam a ocorrer num

futuro distante, como o esmagamento da cabeça da

serpente pelo descendente da mulher, que é Cristo.

A promessa de Deus feita a Abraão de abençoar no

seu descendente todas as nações da terra, é

também uma referência a Jesus (Gl 3.16), que

começou a ter cumprimento desde o primeiro

homem, e mais especificamente há cerca de dois

mil anos, ainda está tendo cumprimento, e terá até

que se complete o número dos salvos que estão

destinados à vida eterna, e cujos nomes estão

escritos no livro da vida.

Assim, quando Moisés começou a escrever o livro

de Gênesis no período provável de 1.440 a.C. a

Page 43: Sobre as escrituras sagradas

43

1.400 a.C., sequer poderia imaginar a amplitude da

promessa que foi feita a Abraão.

Qual é portanto o período a que se refere a

narrativa de Gênesis ?

Assim, a rigor, não poderíamos afirmar que o

conteúdo total de Gênesis se refere a um período já

conhecido e acabado. Em vez de dizermos,

portanto, que a narrativa de Gênesis se refere ou

cobre o período que vai da criação dos céus e da

terra até a fixação da família de Jacó no Egito, cerca

de 1885 a.C., fechando-se a narrativa com a

morte de José; é melhor dizer que o livro

contém a revelação de Deus que

fora feita no citado período, e cujos fatos

considerados por Ele como relevantes para serem

registrados, foram escritos por Moisés, cerca de 450

anos depois da entrada de Jacó com sua família no

Egito, para que ali fosse formada a nação de Israel,

da descendência dos seus filhos, a partir dos quais

Page 44: Sobre as escrituras sagradas

44

se formariam as doze tribos de Israel, conforme

planejado por Deus.

A escrita do livro de Gênesis, em resumo, descreve

que o homem foi criado com um corpo formado do

pó da terra, que para lá retorna na morte, mas

também com um espírito, no qual, pela obediência

e comunhão com o Senhor, é marcada,

progressivamente, a imagem e semelhança com

Deus.

A entrada do pecado no mundo privou Adão e toda

a sua descendência de experimentar o fruto da

árvore da vida. Isto significa que todos quantos

permanecessem no mesmo estado de

desobediência de Adão, ficariam impedidos de ter

vida eterna e ser semelhantes ao Criador, conforme

era do Seu eterno propósito.

Mas, mesmo sendo pecadores, todos aqueles que

se voltassem para o Senhor, pela fé, dispondo-se a

Page 45: Sobre as escrituras sagradas

45

amá-Lo e servi-Lo, seriam aceitos pela Sua graça,

porque elegeu para a vida eterna a todos que Lhe

entregassem suas vidas pela fé, como foi o caso de

Abel, Enoque, Noé, Abraão, Ló, Isaque, Jacó, José,

entre outros. Todos estes têm seus nomes

registrados no livro de Gênesis, tendo recebido

testemunho de terem agradado a Deus.

Mas, os que não forem justificados pela

fé, permanecendo assim, na prática do pecado e

vivendo contrariamente à vontade do Senhor, serão

condenados, como o comprova os Seus juízos sobre

Caim, sobre os que pereceram no dilúvio e em

Sodoma e Gomorra.

Apesar da eleição e justificação serem pela graça,

como comprovado na vida daqueles que o Senhor

escolheu para Si, haveria necessidade de uma base

para tal eleição e justificação, para que Deus

pudesse permanecer Justo ao justificar o pecador: a

morte e ressurreição de Jesus.

Page 46: Sobre as escrituras sagradas

46

Para tanto, antes que Ele se manifestasse em carne,

haveria necessidade de se formar um povo (Israel)

através do qual o Senhor pudesse revelar o

conhecimento da Sua vontade, e qual era a real

condição do homem perante Ele desde que o

pecado entrou no mundo.

Gênesis relata a maneira como Deus formou a

nação de Israel a partir de Abraão, e para qual

principal propósito: o de abençoar todas as nações

da terra.

A recusa de Deus das vestimentas de folhas de

figueira feitas por Adão e Eva para cobrir a sua

nudez, depois do pecado, tendo feito Ele próprio

vestimenta de peles para eles, que demandou o

sacrifício de animais, revelava em figura, que uma

vítima inocente teria que morrer para que a nudez

produzida pelo pecado pudesse ser coberta. O

pecado não pode ser coberto pelos meios do

Page 47: Sobre as escrituras sagradas

47

próprio homem, mas pelo único meio provido por

Deus: o sacrifício de Jesus.

Aquela vestimenta, como dissemos, foi apenas uma

forma tipológica de se ensinar que o pecado para

ser coberto, demandaria o derramamento de

sangue alheio.

Os altares que Abraão e os demais patriarcas

levantavam para oferecer sacrifícios ao Senhor,

também falavam em figura que os ofertantes eram

aceitos por Ele, não em razão de sua própria justiça,

mas com base na dAquele que morreria em favor

deles.

Para revelar que a descendência abençoada de

Abraão seria a nascida segundo a promessa e não

segundo a carne, o Senhor confirmou a decisão de

Sara de expulsar o filho da escrava Hagar (Ismael)

com Abraão, para não ser herdeiro juntamente com

Isaque, que era filho natural de Sara, livre e nascido

Page 48: Sobre as escrituras sagradas

48

segundo promessa de Deus a ela e a Abraão (Gl

4.21-31).

O crente é recebido portanto como filho de Deus

simplesmente em razão do cumprimento da

promessa que Ele fez a Abraão, e não por qualquer

mérito pessoal. Não podemos confundir

entretanto, a questão do mérito com o conceito de

valor. Porque os escolhidos, apesar de não terem

realmente nenhum mérito diante de Deus, têm no

entanto, grande valor para Ele.

Isaque nasceu a Abraão porque lhe fora prometido

pelo Senhor. Nem Abraão, nem Sara tinham mais

condições, biologicamente falando, para gerá-lo.

Deus operou um milagre naquele nascimento.

Assim se dá com todos os que nascem do Espírito

pela fé. São gerados por meio de um milagre do

Espírito Santo, e em razão da promessa que foi feita

a Abraão. Por isso os crentes são também

Page 49: Sobre as escrituras sagradas

49

chamados na Bíblia por filhos da promessa ou filhos

de Abraão.

Noé era homem justo porque andava com Deus. É

isto o que a Palavra nos ensina a tal respeito.

Ninguém pode ter o fruto do Espírito sem andar

com o Senhor. É na nossa comunhão com Ele que

nos é infundida pelo Espírito a justiça e todas as

demais virtudes de Cristo.

A eleição de Jacó, filho de Isaque, neto de Abraão,

cujo nome o Senhor mudaria para Israel, que

significa Príncipe de Deus, já comprovava que a

própria nação de Israel também seria formada por

meio da mesma eleição segundo a graça, e não por

qualquer mérito de Abraão, de seus filhos ou

daqueles que chegariam à existência depois dele. O

Senhor mesmo viria a declarar através de Moisés

que havia escolhido Israel, quando já era uma nação

formada no Egito, para ser Seu

povo, entre todas as demais nações que existia

Page 50: Sobre as escrituras sagradas

50

m na terra, não pelo fato de ser o povo mais

numeroso, pois era o menor, mas porque os amava

e para cumprir o juramento que fizera aos

patriarcas (Dt 7.6-8).

Aí está declarada a eleição pela graça da própria

nação israelita.

De igual forma, pela mesma eleição, está sendo

formado o Israel espiritual, por meio da chamada

daqueles que têm sido justificados, regenerados e

santificados pelo Espírito.

São contados como filhos de Deus apenas os que

creem em Cristo (Jo 1.12), isto é, aqueles que são da

fé.

Gênesis é portanto o início do relato da história da

criação de um povo (eleitos), que estaria ligado pela

fé, para sempre, ao descendente de Abraão (Jesus).

Deus fez um Pacto (aliança) eterno com eles através

do sangue de Jesus (Lc 19.20). É somente pelo fato

Page 51: Sobre as escrituras sagradas

51

de estarem nEle é que são abençoados com a

salvação e a vida eterna.

Vemos assim que quando a Bíblia fala que os salvos

são somente os que creem em Cristo, não está se

referindo a uma simples afirmação de crença na

existência de Deus. A este respeito, Tiago diz que

até os demônios creem e tremem, mas nem por isso

são ou poderão ser salvos do estado de perdição em

que se encontram. Jesus mesmo ensinou que

muitos dizem Senhor, Senhor, mas não serão salvos.

Outros até profetizam e expulsam demônios em seu

nome, e no entanto, Ele não os conhece. A

verdadeira fé é aquela que une o crente a Cristo. Há

uma união que não poderá ser desfeita (Rom 8.35-

39).

Jesus afirmou que a forma de reconhecimento

daqueles que pertencem à família celestial é pela

sua obediência à Palavra de Deus. Os que são de

Cristo apresentam as evidências da sua salvação,

Page 52: Sobre as escrituras sagradas

52

pelos frutos dignos de um verdadeiro

arrependimento, isto é, pela santificação operada

pelo Espírito Santo em suas vidas.

Se alguém diz que pertence a Jesus porque crê nEle,

mas não cumpre os Seus mandamentos, então é

bem provável que não seja um verdadeiro filho de

Deus.

A Nova Aliança em Cristo foi feita antes dos tempos

eternos, mas foi revelada inicialmente a Abraão,

porque Ele foi designado pelo Senhor como o pai

dos que creem em Cristo (Rom 4.16,17).

Abraão provou de muitas maneiras que não vivia

para fazer a sua própria vontade, mas a do Senhor.

Algumas já comentamos. Mas também é digno de

nota o fato de ter deixado a sua parentela e ter

peregrinado pela terra que o Senhor lhe mostrou, e

que daria à sua descendência.

Page 53: Sobre as escrituras sagradas

53

O Senhor deu ao próprio Adão uns poucos

mandamentos, revelando assim que a vontade do

homem não é soberana. A vontade de Deus deve

imperar sobre a do homem.

Adão não tinha cometido ainda qualquer pecado.

Era inocente. E recebeu mandamentos para

cumprir. Os mandamentos não foram dados

portanto em razão do pecado, mas para revelar que

o nosso Deus é amado quando fazemos a Sua

vontade.

Importa portanto que em todo o modo e

circunstância seja Deus obedecido.

O homem foi criado para amar ao Senhor, e amá-Lo

é cumprir Seus mandamentos (Jo 14.21). Mas para

cumprir seus mandamentos é preciso que o homem

nasça de novo do Espírito Santo, e isto só é possível

por meio da fé em Jesus.

Page 54: Sobre as escrituras sagradas

54

Deus revelou a Abraão que o povo que formaria a

partir dele para habitar em Canaã seria peregrino

numa terra alheia, e reduzido à escravidão por

quatrocentos anos, mas seriam depois libertados e

sairiam com grandes riquezas. Esta terra alheia seria

o Egito, para onde Jacó foi com seus familiares

(setenta pessoas - Gên 46.27), para fixar residência

juntamente com José, um dos seus filhos que se

tornou governante sobre toda a terra do Egito.

José não sabia o preço que deveria pagar para que

o propósito de Deus pudesse ser cumprido, através

dele. Enciumados, seus irmãos tentaram tirar-lhe a

vida, tendo sido salvo por um deles, Rúben, e por

proposta de um outro, Judá, foi vendido como

escravo aos ismaelitas por vinte siclos de prata, que

o levaram para o Egito, e que por sua vez o

venderam ao comandante da guarda de Faraó,

chamado Potifar.

Page 55: Sobre as escrituras sagradas

55

José foi aperfeiçoado na perseverança através da

disciplina que lhe estava sendo imposta pela

tribulação, e no momento apropriado sairia da

posição de encarcerado e escravo, para a de livre e

governador.

Faraó investiu José de autoridade sobre toda a terra

do Egito, e tendo este perdoado seus irmãos, que o

haviam vendido como escravo, apresentou-os a

faraó, bem como toda sua família que viera de

Canaã para o Egito, tendo sido instalados na terra

de Gósen com grande honra, por causa de José.

A grande honra que tinham no início no Egito viria a

transformar-se em dura escravidão, conforme

está relatado no livro de Êxodo. Mas isto também

estava fixado nos conselhos de Deus, pois como o

próprio José havia predito ainda em vida, Ele

visitaria o povo e o faria subir do Egito para a terra

que havia jurado dar a Abraão, Isaque e Jacó.

Page 56: Sobre as escrituras sagradas

56

Enquanto o povo de Israel ia se multiplicando no

Egito, os povos de Canaã iam também crescendo em

número e principalmente na prática da iniquidade.

O Senhor revelou a Abraão que Israel só sairia do

cativeiro para a terra prometida quando estivesse

cheia a medida da iniquidade dos amorreus, que era

um dos povos que habitavam em Canaã (Gên

15.16).

Israel estava sendo formado também para ser a

espada do Senhor contra a impiedade dos

cananeus, cujo culto idolátrico, conforme tem sido

resgatado pela arqueologia, era dos mais bárbaros

e horrendos, ao ponto de sacrificarem seus filhos na

fogueira a divindades demoníacas.

A terra prometida seria então tomada por esforço

mediante muitas batalhas; tal como ocorre com os

crentes, na igreja de Cristo, que estão a caminho da

Canaã celestial. Devem se empenhar em

permanecer em santidade vencendo a guerra de

Page 57: Sobre as escrituras sagradas

57

muitas batalhas contra o pecado e os poderes das

trevas, que será travada até o último dia da sua vida

de peregrinação neste mundo de trevas.

As chamadas doze tribos que compunham a nação

de Israel eram formadas pelos descendentes dos

filhos de Jacó, sendo que José, estava representado

por seus dois filhos Efraim e Manassés. É por isso

que a Bíblia não fala na tribo de José, pois tanto as

tribos de Efraim quanto a de Manassés eram

compostas pelos descendentes destes dois filhos de

José.

Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom,

Benjamin, Dã, Naftali, Gade e Aser, demais filhos de

Jacó, cujo nome Deus mudou para Israel, eram os

nomes que passaram a ter as demais tribos, porque

estes eram os patriarcas do povo que se formou a

partir deles, e que saiu do Egito e passou a habitar

em Canaã, quando a terra começou a ser

Page 58: Sobre as escrituras sagradas

58

conquistada quatrocentos anos depois, nos dias de

Moisés e Josué.

Israel não foi formado para ser servo de Faraó, mas

do Senhor. Era povo de propriedade exclusiva de

Deus, a partir do qual Ele se revelaria ao mundo.

O tempo estava completado. O bebê que havia sido

livrado da matança do faraó que intentava

exterminar os israelitas contava agora com oitenta

anos de idade. E foi preparado no deserto por

quarenta anos, para aprender que a obra do Senhor

é feita por Ele mesmo através de nós, e não pela

nossa própria força e sabedoria. A humilhação

imposta a Moisés nos quarenta anos que passou no

deserto de Midiã, permitiu a Deus transformá-lo

num varão mui manso e obediente. Agora ele é

chamado depois de ter visto o poder sobrenatural

do Senhor na sarça que ardia em fogo mas não se

consumia, a ir aos filhos de Israel no Egito para

libertá-los da escravidão. Os falsos deuses do Egito

Page 59: Sobre as escrituras sagradas

59

seriam humilhados pelas manifestações de poder

do único e verdadeiro Deus. Os israelitas

aprenderiam a quem pertencem o domínio e o

poder. Aprenderiam também como o Senhor

distingue aqueles que são Seus daqueles que não

Lhe pertencem, pois nenhuma das pragas que

sobrevieram aos egípcios atingiram a qualquer

israelita ou mesmo suas posses.

Assim também o Senhor fará nos dias do tempo do

fim, quando despejar Seus juízos sobre a terra. Ele

guardará do mal aqueles que O amam e que são

Seus, pois sabe livrar da provação os piedosos, e

reservar, sob castigo, os injustos para o dia de juízo

(II Pe 2.9).

Page 60: Sobre as escrituras sagradas

60

De Moisés ao Período Interbíblico

Os israelitas levaram três meses na jornada do

Egito até o Monte Sinai, quando deixaram o

cativeiro com Moisés.

Três dias depois de terem chegado ao citado monte

o Senhor lhes falou audivelmente os dez

mandamentos (Dt 5.22-24) que Ele mesmo iria

registrar nas duas tábuas de pedra que daria a

Moisés no cume do monte. Durante os quarenta

dias e noites que Moisés lá permaneceu, recebeu

também outras leis que registrou num livro,

chamado de livro da lei, inclusive, leis que

descreviam o tabernáculo, que deveria ser

construído segundo o modelo que lhe fora exibido

(Hb 8.5; Êx 25.40), que era uma figura do verdadeiro

tabernáculo que existe no céu (Hb 9.23,24).

As primeiras tábuas da lei foram quebradas por

Moisés por causa do pecado do povo, que havia

Page 61: Sobre as escrituras sagradas

61

feito um bezerro de ouro para adorar, julgando que

ele permaneceria no monte, pois demorava a

retornar.

Ainda que os israelitas não o soubessem, o culto

que se oficiaria no tabernáculo era também uma

figura daquilo que Cristo viria a fazer no futuro, não

com o sangue de animais, mas com o Seu próprio

sangue, entrando no tabernáculo celestial para

efetuar a purificação do pecado do povo que

compraria para Deus com o Seu sangue (Hb 9.23-

26).

Aquele santuário terrestre falava intensamente

acerca da santidade do Senhor. Nenhum templo das

diversas religiões do mundo nada tinham de

parecido com o tipo de culto que Deus havia

instituído para os israelitas cumprirem no

tabernáculo. E o ofício sacerdotal com a

apresentação de sacrifícios no tabernáculo, foi

instituído por Deus para que fosse feita expiação

Page 62: Sobre as escrituras sagradas

62

pelo pecado do seu povo de Israel. Era isto que

aplacava a Sua ira divina e os tornava aceitáveis a

Ele. De igual modo, os crentes são aceitos por Deus

somente e exclusivamente por causa do sacrifício e

sacerdócio de Jesus. É por ser o nosso Sumo

Sacerdote que podemos estar de pé na presença de

Deus e ter firme confiança para nos aproximarmos

dEle, através do caminho que foi aberto pelo

sacrifício de Jesus (Hb 10.19-22).

Exatamente um ano após a saída de Israel do Egito,

o tabernáculo foi concluído e levantado (Êx 40.17),

consumindo a sua construção cerca de nove meses,

pois como vimos, três meses haviam sido gastos na

jornada do Egito até o Sinai. A primeira vez que foi

levantado, foi ao sopé do referido monte,

e como era um santuário portátil, foi desmontado

cinquenta dias após (Núm 10.11) porque a nuvem

que permanecia sobre ele havia se movimentado

para o deserto de Parã, indicando que o povo

deveria levantar acampamento e dirigir-se para

Page 63: Sobre as escrituras sagradas

63

aquele local (Havia uma nuvem durante o dia e uma

coluna de fogo durante a noite, sobre o

tabernáculo).

As jornadas dos israelitas eram determinadas pelo

Senhor de acordo com a movimentação da nuvem

ou do fogo que permaneciam sobre o tabernáculo.

Isto indicava em figura que a vida do crente deve ser

dirigida segundo o mover do Espírito Santo.

Desde que haviam saído do Egito, cerca de quarenta

e cinco dias após, o povo teve saudade da comida e

do tempero da terra da escravidão, e passou a

murmurar contra Moisés e Arão pela falta da fartura

de comida. Sem que o soubessem, Deus estava

colocando a obediência deles à prova, em face das

dificuldades. Eles falharam porque murmuraram.

Mas, mesmo assim o Senhor lhes deu codornizes e

o maná, que passou a cair do céu todos os dias,

exceto aos sábados, e isto, por um período de

Page 64: Sobre as escrituras sagradas

64

quarenta anos, até entrarem em Canaã. Pelo maná

o Senhor pôs também à prova e exercitou a

obediência dos israelitas, posto que era dado na

quantidade exata para todo o povo. Se alguém

recolhesse demais faltaria para outros, e não

poderia ser guardado de um dia para o outro pois

estragava.

O pão nosso de cada dia, não apenas material, mas

sobretudo o espiritual, pois nem só de pão material

vive o homem, deve ser buscado em cada dia. As

bênçãos e misericórdias do Senhor são renovadas

em cada manhã. Devemos orar pelas nossas

necessidades presentes, confiantes na providência

do Deus bondoso, onipotente e misericordioso, que

é nosso Pai.

Na marcha rumo ao Sinai, murmuraram também

pela falta de água em Refidim. E mais uma vez

reclamaram por terem deixado o Egito para

sofrerem no deserto.

Page 65: Sobre as escrituras sagradas

65

O livro de Números está repleto de passagens em

que são relatadas as murmurações e os pecados dos

israelitas, enquanto caminhavam no deserto, e a

forma como o Senhor os visitou com Seus juízos.

Paulo diz que tudo o que foi escrito foi para

advertência dos crentes na igreja de Jesus, de modo

a não cairmos no mesmo erro (I Cor 10.1-13). É

digno de nota que as pragas cessavam quando os

sacerdotes faziam expiação pelo povo com seus

incensários e apresentação de sacrifícios de animais

(Núm 8.19; 16.46-48; 18.1,5). É com tal eficácia do

sacrifício e do sacerdócio, em favor do povo de

Deus, que a pessoa de Jesus é exaltada e deve ser

completamente reverenciada pela sua igreja, uma

vez que é exclusivamente em razão do Seu sacrifício

e sacerdócio que somos livrados da ira de Deus, e

podemos estar na Sua presença.

Desde que saiu do Egito e peregrinou no deserto,

por quarenta anos, juntamente com os israelitas,

rumo a Canaã, Moisés pôs-se a escrever, por

Page 66: Sobre as escrituras sagradas

66

inspiração e revelação divinas, o Pentateuco (penta

= cinco, e teuco = tomos), isto é, os cinco livros da

lei (Gên, Êx, Lev, Núm e Dt).

Quando Moisés escreveu o livro de Deuteronômio

no último ano da sua vida, os israelitas estavam se

preparando para entrarem em Canaã com Josué. Ele

fez uma recordação das coisas que haviam

acontecido para exortar o povo à obediência,

lembrando-lhes que foram resgatados do Egito para

servirem ao Senhor, amá-Lo e cumprirem Seus

mandamentos. Caso fossem obedientes

à aliança que o Senhor fizera com eles, seriam

abençoados com as bênçãos que Ele havia

prometido e que estão registradas nos livros de

Levítico e Deuteronômio. E caso transgredissem os

mandamentos, descumprindo a aliança, seriam

amaldiçoados com as maldições previstas nos

citados livros.

Page 67: Sobre as escrituras sagradas

67

Daí se aprende por princípio que a vida do crente é

abençoada por Deus quando ele cumpre os

mandamentos de Cristo. E do mesmo modo, deixa

de ser abençoado quando não pratica a Palavra. No

caso da igreja, deve ser considerado que Cristo

resgatou o crente da maldição da lei, fazendo-se Ele

próprio maldição no nosso lugar (Gl 3.13,14). Mas,

o crente rebelde será sujeito à disciplina, podendo

até mesmo ser entregue a Satanás para destruição

da carne, para que o espírito seja salvo no dia do

Senhor (I Cor 5.3-5).

Entretanto é dever dos crentes fiéis que estiverem

firmes na fé no Senhor, que sejam longânimos para

com todos os seus irmãos em Cristo. Que saibam

discernir entre aqueles que são insubmissos,

desanimados ou fracos na fé; de modo que

admoeste somente os insubmissos, pois os

desanimados devem ser alvo da sua consolação, e

os fracos do seu amparo, mas é sua obrigação serem

longânimos para com todos, até mesmo com os

Page 68: Sobre as escrituras sagradas

68

insubmissos, na expectativa de que se arrependam

e retornem à comunhão, porque são filhos de Deus,

comprados para Ele pelo sangue de Cristo.

Estes são ensinos típicos da Nova Aliança,

respaldados nas palavras e no exemplo do próprio

Jesus que havia instruído os apóstolos a exercerem

na igreja a disciplina de exclusão apenas nos casos

de insubmissão revelada na resistência de

determinados crentes à admoestação da liderança

da igreja relativa aos pecados contra o corpo de

Cristo (Mt 18.17), e a perdoarem os pecados

daqueles em que se percebesse evidências de

genuíno arrependimento (Lc 17.3,4).

Mesmo os excluídos devem ser alvo da

longanimidade dos que estiverem firmes, pois caso

venham a se arrepender e a se consertarem,

posteriormente, deverão ser perdoados (Mt

18.21,22).

Page 69: Sobre as escrituras sagradas

69

Moisés alertou o povo, e esta palavra valeria para

todas as gerações de israelitas, que o Senhor

levantaria ainda um profeta (Dt 18.15-19) que faria

conhecida a Sua vontade final. E quem não O

ouvisse seria julgado. Trata-se de uma clara

referência a Jesus, pois o que nele crê não é julgado,

e o que não crê já está julgado (Jo 3.18).

Afinal, quase tudo na lei apontava para Jesus:

os sacrifícios, os utensílios do tabernáculo, o ofício

dos sacerdotes. A finalidade da própria formação da

nação de Israel e da lei dada por meio de Moisés,

tinham em vista ensinar que devemos entregar

nossas vidas a Jesus e viver para Ele, de acordo com

a Sua vontade, expressada nos Seus mandamentos.

Ainda que fossem oferecidos sacrifícios de animais

no Velho Testamento e exigido o derramamento de

sangue para a expiação do pecado, a Bíblia ensina

acerca da impossibilidade da remoção do pecado

com tais sacrifícios (Hb 10.4,11). Não há justificação

Page 70: Sobre as escrituras sagradas

70

e remissão nas bases de Hb 10.16-18, fora de Cristo

(Hb 9.11,12). Deste modo, tanto os que viveram na

dispensação da Lei (de Moisés até a morte de Jesus),

e mesmo os que viveram antes dela (de Adão até

Moisés), e que obtiveram justificação pela fé‚ e

remissão dos pecados, alcançaram-no também com

base no sangue de Jesus, que Se ofereceu por todos

os homens na cruz.

Jesus é o único e suficiente e aceitável sacrifício,

capaz de satisfazer à justiça divina, tanto para os

que viveram nos dias do Antigo Testamento, quanto

para os que têm vivido na presente dispensação da

graça. Lembremos que o véu do templo foi rasgado

(Mt 27.51) indicando a terminação de uma aliança,

de um ministério, cuja forma de culto tinha por base

os serviços do tabernáculo, e posteriormente, do

templo, dando lugar ao início de um novo ministério

de muito maior glória (II Cor 3.3-11), e baseado em

superiores promessas (Hb 8.6,7).

Page 71: Sobre as escrituras sagradas

71

Entretanto, podemos aprender muito acerca do

culto que devemos prestar ao Senhor, através dos

princípios que estão revelados no tabernáculo e no

ofício dos sacerdotes. O tabernáculo fala assim em

figura tanto a respeito de Jesus, quanto do seu

corpo, que é a igreja. Os sacerdotes deveriam

ministrar em santidade no tabernáculo terrestre.

Jesus é o sacerdote perfeito e santo que intercede

continuamente por nós à direita do Pai. De igual

modo, todos os crentes devem servir ao Senhor em

santidade de vida.

No Lugar Santo do tabernáculo havia três objetos

de ouro: Um altar para queima de incenso; um

candelabro de sete hastes e uma mesa para os pães.

As sete lâmpadas do candelabro deviam ser

alimentadas com azeite, e serem acesas à tarde, e

apagadas pela manhã (Êx 30.8; I Sam 3.3), e isto

todos os dias. Isto além de indicar que Jesus é a luz,

ensina-nos que sendo também nós luz no Senhor,

devemos andar na Sua luz todos os dias, e devemos

Page 72: Sobre as escrituras sagradas

72

andar também como filhos da luz, mantendo a

chama do Espírito Santo acesa em nossas vidas,

enchendo-nos diariamente da Sua presença, o que

está representado pelo azeite com o qual eram

acesas as lâmpadas. O incenso devia ser queimado

à tarde e de manhã, diariamente, quando se

acendia e se apagava as lâmpadas do candelabro (Êx

30.8). As orações dos santos são apresentadas

continuamente, no altar que existe no tabernáculo

celestial (Apo 8.3,4), e mais do que as orações dos

santos, isto representa a própria intercessão

ininterrupta de Cristo em favor de sua igreja, como

sumo sacerdote à direita do Pai.

Na mesa eram colocados doze pães em duas fileiras

de seis, sendo trocados todos os sábados (Lev 24.5-

9). Eles representavam que Jesus é o pão da vida do

qual devemos nos alimentar.

No Santo dos Santos estava a arca com o

propiciatório (tampa), tudo em ouro, com os dois

Page 73: Sobre as escrituras sagradas

73

querubins alados, um em cada extremidade, com

suas asas estendidas sobre o propiciatório. No seu

interior estavam guardados: as duas tábuas com os

dez mandamentos, um pote de maná e a vara de

Arão que havia florescido e dado amêndoas.

Ao lado da arca era guardado o livro da lei (o

Pentateuco). A arca era de madeira de acácia,

revestida de ouro por dentro e por fora. Isto

indicava tanto a humanidade (madeira), quanto a

divindade (ouro) de Jesus. Ensina também em figura

que o seu povo deve ser puro assim como Ele é puro

e refletir a sua glória tanto interna, quanto

externamente (o que era simbolizado pelo ouro).

Um grosso véu separava o Lugar Santo, do cômodo

mais interior, o Santo dos Santos, e somente o

sumo-sacerdote podia entrar no Lugar Santíssimo,

como também era chamado, uma única vez por ano,

para fazer expiação por si e por todo o povo,

aspergindo o sangue de animais sobre o

propiciatório.

Page 74: Sobre as escrituras sagradas

74

Este véu foi rasgado de alto a baixo, quando Jesus

morreu na cruz, indicando que a morte do Senhor é

o único caminho que permite ao pecador achegar-

se à presença de Deus.

Tudo o que havia no Santo dos Santos ensinava em

figura que a entrada na presença do Senhor exige

reverência, com um coração sincero, em plena

certeza de fé, e os corações purificados de

má consciência e tendo o corpo santificado de

qualquer impureza da carne, assim como nos ensina

a Palavra de Deus na epístola aos Hebreus (10.1-22).

Através do tabernáculo o Senhor visava ensinar ao

seu povo que Ele é santo, e os seus servos devem

também ser como Ele é. O conceito

de santidade inclui a ideia de pureza absoluta.

Este estado não pode ser produzido pelo homem, e

por isso o Senhor declara que é Ele mesmo que nos

santifica e é a sua operação na nossa vida que nos

vai santificando mais e mais. A santificação é um

Page 75: Sobre as escrituras sagradas

75

longo processo que dura toda a vida e consiste no

despojamento das obras da carne e do

revestimento das virtudes de Cristo, para que

sejamos úteis e operosos no serviço de Deus.

Como o pecado entristece o coração de Deus, era

exigido do ofertante que apresentasse um animal

para ser sacrificado para cobertura do seu pecado,

e que afligisse sua alma, isto é, que também sentisse

tristeza e arrependimento pela falta cometida.

Uma vez tratado o problema do pecado (ainda que

em figura, e para purificação da consciência),

deveria ofertar também um holocausto e uma

oferta pacífica.

O holocausto representava a consagração a Deus

daquele que teve o pecado perdoado, pela

apresentação anterior da oferta pelo pecado.

Ninguém estava dispensado de apresentar tal

oferta, e mesmo em caso de pobreza que não

Page 76: Sobre as escrituras sagradas

76

permitisse a compra de um cordeiro ou cabrito (Lev

5.6), deveria ser oferecido um par de rolas ou de

pombos (Lev 5.7), e caso a pobreza fosse

extrema, deveria oferecer a décima parte de um efa

de farinha (Lev 5.11).

Ninguém em pecado pode consagrar-se ao Senhor.

E muito menos ter comunhão com Ele, o que era

representado pela oferta pacífica, que deveria ser

apresentada depois do holocausto, da qual o

ofertante podia comer partes da oferta, alegre e

juntamente com familiares e amigos.

Ao instituir a Nova Aliança, Jesus revogou as

prescrições cerimoniais da lei. Eram inúmeras as

situações em que uma pessoa era considerada

imunda, sendo impedida de entrar no santuário,

como por exemplo, quem tinha fluxo, lepra,

quem tivesse tocado em algum cadáver, ou tocado

ou se alimentado de algum animal imundo, e

Page 77: Sobre as escrituras sagradas

77

permanecia em tal condição de acordo com os

diversos períodos fixados pela lei.

Deus, que tudo sabe, preanunciou a Moisés que

Israel se afastaria tanto da Sua presença, por causa

do pecado, que seria levado em cativeiro para

outras nações, saindo portanto da terra prometida,

mas, caso confessassem a sua iniquidade, que

cometeram contra o

Senhor, Ele se lembraria deles no seu estado de

humilhação a que foram sujeitos pelo castigo da

Aliança, mas, Ele também se lembraria da aliança

que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó de ser

para sempre o Deus de Israel, e abençoaria aqueles

que se arrependessem (Lev 26.44,45).

Quão grandioso é o Senhor e a Sua misericórdia.

Em quem confiaremos ? Em Sua promessa ou na

acusação de Satanás ?

Page 78: Sobre as escrituras sagradas

78

Se o crente cai no pecado, deve voltar-se para o

Senhor que é rico em perdoar. É na promessa que

Ele fez a Abraão de que nos abençoaria por sermos

de Jesus, é que devemos confiar, e não nas

acusações da nossa consciência ou do diabo.

Se algum crente tem andado em território do

Inimigo, deve buscar lugar de arrependimento

diante do Senhor lamentando as suas faltas, pois

assim como Ele procedeu em relação a Israel, muito

mais procederá em relação a nós, que nos temos

aliançado com Ele através de Jesus (Tg 4.7-10).

Toda uma geração de israelitas foi impedida de

entrar em Canaã por causa da incredulidade. Dos

doze espias apenas Josué e Calebe foram poupados

por Deus e receberam herança na terra, porque

apesar das dificuldades creram na promessa do

Senhor e não foram rebeldes contra Ele como os

demais. Não podemos nos deixar intimidar pelas

ameaças do inimigo de nossas almas. Devemos

Page 79: Sobre as escrituras sagradas

79

olhar para o Senhor e prosseguir adiante, assim

como fizeram Josué e Calebe.

Mesmo mantendo sob juízo aqueles que não creram

nEle, o Senhor nem por isso deixou de ser bondoso

para com a nação de Israel, por amor à promessa

que fizera aos patriarcas de ser o Deus de Israel. A

sandália e a roupa deles não se gastou enquanto

peregrinaram no deserto. Nenhum juízo teria vindo

sobre eles se tivessem andado em obediência, e

caso se arrependessem dos seus pecados.

Entretanto, ainda que aqueles que se

arrependessem pudessem retornar à comunhão

com o Senhor, dependendo da falta que

praticassem, teriam que dar contas da mesma em

juízo, perante as autoridades de Israel, já que se

encontravam debaixo da Antiga Aliança, que

prescrevia a pena do olho por olho, dente por

dente, como retribuição legal das ofensas

Page 80: Sobre as escrituras sagradas

80

cometidas contra o próximo (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt

19.21).

Ao instituir a Nova Aliança no Seu sangue, Jesus

excluiu tal penalidade da Aliança (Mt 5.38),

retirando da esfera do poder eclesiástico (da igreja)

a autoridade para o julgamento de questões civis,

passando esta para a esfera do governo civil de cada

nação, que tem liberdade para legislar sobre o

assunto. E ordenou à igreja, o princípio de não fazer

justiça pelas próprias mãos, de estar pronta para

suportar injustiças, sem guardar rancor (Mt 5.39-

42).

Jesus modificou outros preceitos da Antiga Aliança,

além do citado, os quais foram substituídos por

novos preceitos, conforme podemos observar no

capítulo quinto do evangelho de Mateus.

Não podemos esquecer que muitos preceitos da

Antiga Aliança foram dados como normas para

Page 81: Sobre as escrituras sagradas

81

regular as relações da sociedade civil da nação de

Israel. Eram, por assim dizer, a Constituição daquele

país.

Como a Antiga Aliança foi feita exclusivamente com

aquela nação, e a Nova Aliança a partir de Jesus, que

a substituiu, é estabelecida com pessoas de todas as

nações, assim como Deus havia prometido a

Abraão, que em Seu descendente (Cristo) seriam

abençoadas todas as

nações do mundo, então, seria de se esperar que

tal Constituição fosse alterada, inclusive para Israel.

Sempre houve, em todas as nações, mesmo em

Israel, aqueles que são de Deus e aqueles que não

Lhe pertencem. Os que amam ao Senhor importam-

se em cumprir Seus mandamentos e fazer Sua

vontade. Isto já não ocorrerá jamais com os que não

O amam. Por isso, já era de se esperar que numa

Aliança feita com todas as pessoas de uma nação,

como era o caso da Antiga, que foi celebrada no

Page 82: Sobre as escrituras sagradas

82

Sinai pela mediação de Moisés, quando o povo saiu

do Egito, que a maioria deles a violasse, como de

fato ocorreu em todas as gerações de Israel (Jer

11.1-17; 31.31,32). Pois, mais são os que se perdem

do que os que se salvam. São poucos os que dão

com a porta estreita da salvação e entram por ela.

É incorreto julgar que a aliança era quebrada ou

violada, quando alguém transgredia qualquer

mandamento da lei. É bom lembrar que Deus havia

feito provisão de meios para o perdão e restauração

do transgressor arrependido, especialmente nos

ofícios do tabernáculo. Qual foi a resposta que Deus

deu à oração de Salomão, consagratória do templo

de Jerusalém, quando este conclamou ao Senhor

para ser misericordioso com as faltas do povo de

Israel, quando entrassem no templo, ou orassem

voltados para ele ? Não está em II Crôn 7.14 ? O

perdão era também um mandamento da Lei. A

restauração do pecador arrependido era também

um dos seus preceitos.

Page 83: Sobre as escrituras sagradas

83

Deus não age portanto em relação àqueles que O

temem de modo frio e legalista, quando estes

transgridem a Sua Lei, já que contempla o que está

nos seus corações. Se ali vislumbra uma tênue

tristeza pelo pecado, e uma pequena fagulha de

arrependimento, move-se de íntima compaixão e

assiste e restaura o faltoso pela Sua graça.

A Bíblia está repleta de exemplos que confirmam

esta verdade. Até os assírios da cidade de Nínive

foram perdoados nos dias de Jonas, porque se

arrependeram de seus pecados. O rei Manassés,

que agiu tão perversamente em Judá, foi também

perdoado, quando se humilhou perante o Senhor,

quando ouviu o pesado juízo que lhe estava

reservado caso não se arrependesse.

As maldições previstas na Lei contra a infidelidade

de Israel, na Antiga Aliança, eram terríveis, mas não

poderiam ser de outro modo, porque Deus lidaria

em quase todo o tempo com pessoas ímpias,

Page 84: Sobre as escrituras sagradas

84

transgressoras voluntárias da Sua vontade, e que

tinham prazer nisso. Não se promulgam tais leis

senão para malfeitores (I Tim 1.8-11). Para estes a

lei é terrível e pesada. Mas, ela é boa para aqueles

que se utilizam dela de modo legítimo, isto é, para

aqueles que temem ao Senhor, porque estes, são

beneficiados pela Sua misericórdia.

A falta de fé impediu toda uma geração de israelitas

de entrar em Canaã. Deus já havia suportado com

paciência muitas murmurações deles, e até mesmo

quando fizeram o bezerro de ouro, não lhes

sentenciou que toda a nação deixaria de entrar na

terra. Mas, quando lhe voltaram as costas

desejando voltar para o Egito, aí então receberam a

sentença de que não entrariam na terra prometida

(Núm 14.1-38). Isto ensina em figura, que a entrada

na Canaã celestial não é por obras ou pelos méritos

dos homens, mas pela fé em Jesus. Todo o que nEle

crê e persevera na fé, confiando em Deus, tem a sua

entrada no céu garantida e assegurada.

Page 85: Sobre as escrituras sagradas

85

Moisés organizou o povo, e designou a ordem das

tribos ao redor do tabernáculo, três de cada um dos

quatro lados. Isto ensinava que o nosso Deus é o

centro da vida do Seu povo, e ninguém mais. Ao

mesmo tempo ensina-nos que Ele exige ordem e

decência na Sua presença. Esta ordem ao redor do

tabernáculo seria desfeita quando eles

conquistassem Canaã com Josué, pois cada tribo

ocuparia o território que lhe foi designado, exceto a

tribo de Levi, que foi separada pelo Senhor para o

serviço do santuário e para ensinar a Lei em todo o

território de Israel.

O tabernáculo permaneceu em Silo até os dias de

Davi, quando foi transferido para Jerusalém, que

havia sido conquistada por Davi, dos jebuseus.

As batalhas contra as nações pagãs de Canaã,

evidenciavam que os israelitas obtinham vitórias

quando obedeciam ao Senhor e marchavam com fé

em Suas promessas. Mas eram vencidos quando lhe

Page 86: Sobre as escrituras sagradas

86

eram desobedientes. O Senhor mesmo lhes havia

advertido através da Lei que isto sempre ocorreria:

vitória sobre os inimigos quando guardassem a

aliança cumprindo os mandamentos do Senhor, e o

contrário, em caso de desobediência.

Isto sempre ocorreu em relação a Israel enquanto

vigorou a Antiga Aliança, nos seus quase mil e

quinhentos anos, de Moisés a Jesus.

O livro de Josúe narra a conquista e a distribuição

da terra de Canaã pelas tribos de Israel.

Jericó era uma cidade de guerreiros e fortificada,

com muralhas tão largas que havia até residências

sobre elas, como a da prostituta Raabe, que havia

acolhido os espias que foram enviados por Josué.

Mas as suas muralhas ruíram pelo poder do Senhor

enquanto o povo rodeava a cidade e louvava o Seu

nome.

Page 87: Sobre as escrituras sagradas

87

Entretanto, uma cidade muito menor em

importância, chamada Ai, venceu os israelitas, por

causa da desobediência de um único homem

chamado Acã, que transgrediu a vontade do Senhor,

que havia ordenado que nada do despojo da cidade

de Jericó deveria ser tomado pelos israelitas.

Acã e tudo quanto possuía foram apedrejados até a

morte, sendo queimados a fogo posteriormente.

Enquanto vivia Moisés, a terra havia se rompido e

engolido a Datã, Coré e Abirão, que haviam

contestado o governo de Moisés sobre Israel, e

principalmente o sacerdócio de Arão. O argumento

deles parecia até razoável: Ora, se toda a nação era

abençoada, e todos eram servos do Senhor, porque

Moisés e Arão teriam a primazia na liderança da

nação ? Estavam esquecidos que Israel não era uma

democracia, mas uma teocracia. Deus mesmo havia

escolhido Moisés e Arão, e ponto final. Rejeitá-los

era o mesmo que rejeitar o Senhor. Era como

Page 88: Sobre as escrituras sagradas

88

afirmar

indiretamente que Ele havia errado na escolha

que fez.

Eles erraram ao incitar o povo contra Moisés e Arão.

Foi nesta ocasião que o Senhor confirmou o

sacerdócio de Arão trazendo uma peste sobre o

povo que só cessou quando Arão intercedeu em

favor deles usando o seu incensário. Fogo saiu da

parte do Senhor e consumiu os revoltosos,

juntamente com outros duzentos e cinquenta

príncipes de Israel, que lhes haviam seguido na

tentativa de conspiração.

E para dissipar qualquer dúvida sobre a Sua vontade

em relação a Arão ordenou que fossem colocadas

varas diante da arca representando cada tribo de

Israel, sendo que o nome de Arão deveria ser

registrado na vara de Levi, tribo à qual pertencia. De

todas as varas somente a de Arão floresceu e dava

amêndoas.

Page 89: Sobre as escrituras sagradas

89

Estes acontecimentos produziram um grande e

saudável temor na geração que conquistaria Canaã

com Josué.

Acã ficou sendo um nome equivalente a

perturbação. E o lugar onde foi apedrejado ficou

sendo conhecido por vale de Acor, que significa

perturbação grave e em excesso (Js 7.24,26, Is

65.10).

Mas, como o tempo se encarrega de tudo apagar em

nossa memória (daí a importância de estarmos

sempre lendo a Bíblia para nada esquecermos) tais

incidentes foram esquecidos ou não receberam a

devida atenção das gerações posteriores, ao ponto

de terem ocorrido sucessivas opressões de povos

inimigos no período narrado no livro de Juízes, e

que durou cerca de trezentos anos.

Os israelitas transgrediam os mandamentos,

idolatravam, então eram subjugados pelas nações

Page 90: Sobre as escrituras sagradas

90

inimigas até quando, não suportando mais a

opressão, clamavam ao Senhor por livramento,

então Ele levantava um juiz (como Gideão e Sansão

por exemplo), que os livravam. Experimentando a

bênção da liberdade, com o passar dos anos,

especialmente a geração subsequente voltava a

pecar, e aí o ciclo citado se repetia. Isto durou até o

Senhor levantar o profeta Samuel, que era

reconhecido como homem de Deus por todas as

tribos de Israel. Samuel era extremamente fiel à

Palavra do Senhor e tinha grande intimidade com

Ele. Fundou uma escola de profetas para

aprendizado da Palavra e sua disseminação por

Israel.

Conclamou o povo a abandonar a idolatria e voltar-

se para o Senhor.

Tendo realizado uma profunda reforma na vida

religiosa da nação.

Page 91: Sobre as escrituras sagradas

91

A este tempo o povo pediu um rei como o tinham

todas as demais nações.

Deus lhes levantou Saul, que era um rei segundo o

coração do povo, isto é, segundo aquilo que eles

tinham em mente do padrão ideal para um rei. Mas,

como contemporâneo de Saul já vivia um jovem,

segundo o coração de Deus, apesar de sua aparência

comum, ser franzino e um pastor de ovelhas. O povo

se antecipou pedindo um rei, pois o Senhor

já estava preparando Davi para tal propósito.

Houve guerra entre os seguidores de Saul, depois de

sua morte, e os homens de Davi, para que este

pudesse assumir o trono. Tudo isto poderia ter sido

evitado se o povo soubesse esperar o tempo de

Deus.

Davi assumiu o trono cerca de mil anos antes de

Cristo, e fez de Jerusalém a capital do reino. Com

isto, deu início ao cumprimento da bênção profética

Page 92: Sobre as escrituras sagradas

92

de Jacó acerca do seu filho Judá, registrada no livro

de Gênesis, cerca de novecentos anos antes, pois

afirmou que o cetro jamais se arredaria de Judá

(Gên 49.10).

Ora, esta profecia terá o seu cumprimento final em

Jesus, que é descendente de Davi, que era também

da cidade de Belém de Judá (II Sm 7.16).

O rei eterno de Jerusalém será Jesus, de quem o

reinado de Davi foi tipo.

A humildade, a obediência de Davi, e especialmente

a sua dependência de Deus são além de

inspiradoras, um bom exemplo para ser seguido

principalmente por aqueles que têm sido chamados

por Deus para serem líderes na igreja.

As vitórias sobre os inimigos eram obtidas porque

Ele orava e

reconhecia que o Senhor era quem dava a vitória

a Israel sobre as nações inimigas.

Page 93: Sobre as escrituras sagradas

93

Ele era homem de oração e de louvor, como

podemos verificar nos Salmos, que são na quase

totalidade, de sua autoria. Seu fervor de espírito foi

revelado quando dançou com todas as suas forças

diante do Senhor, quando trouxe a arca para

Jerusalém (II Sm 6.14).

Quando se descuidou da vigilância espiritual e caiu

no pecado de adultério com Bate-Seba, veio a

arrepender-se profundamente, mais tarde.

Quando fez o censo de Israel sem consultar a

vontade do Senhor a respeito, e quando um anjo

enviado por Ele já havia dizimado a população de

Jerusalém e se preparava para destruir a cidade,

Davi se humilhou na presença do Senhor, e com isto

foi ordenado ao anjo que tornasse a colocar a sua

espada na bainha.

Este pecado poderia ser perdoado em qualquer

outro, mas não em Davi, que estava se deixando

Page 94: Sobre as escrituras sagradas

94

mover na ocasião muito mais por interesses

políticos do que pelos relativos ao reino de Deus. Ele

queria ter a exata noção do tamanho do exército

que estava a seu serviço, pensando possivelmente

em executar um plano de domínio sobre todas as

nações. No entanto, a praga que veio sobre a

população dizimou certamente a muitos do exército

de Israel. Era Deus quem dava a vitória sobre os

inimigos e não o poderio militar da nação. Davi

estava se esquecendo disso, mas o castigo do

Senhor trouxe-o de volta à visão da fé, de modo a

não mais esquecer a quem de fato pertence o

poder.

O reinado de Davi foi levantado pelo Senhor para

ser tipo do reinado de Jesus, e por isso dissemos que

o seu pecado poderia ter sido perdoado na pessoa

de um outro rei. Afinal, muito se pede a quem muito

é dado.

Page 95: Sobre as escrituras sagradas

95

Não foi este o mesmo caso que se deu com Moisés

quando foi impedido de entrar na terra de Canaã

pelo Senhor, em razão da contenda das águas de

Meribá ? Ele bateu na rocha em vez de falar à

mesma. Indagou ao povo, se porventura o Senhor

daria água a pessoas rebeldes como eles. No

entanto, Ele havia dito a Moisés que daria água ao

povo, como de fato deu, independente das

circunstâncias que estavam ocorrendo.

Moisés era tipo de Jesus como profeta (Dt 18.15), e

por isso dizemos que este seu pecado poderia ter

sido relevado em um outro qualquer, mas não nele.

Por isso a igreja de Cristo deve orar muito em favor

daqueles que são investidos pelo Senhor em

posições de liderança, especialmente pelos

pastores, pois estão expostos a um maior juízo em

relação ao pecado.

Page 96: Sobre as escrituras sagradas

96

Davi desde pequenino enfrentou várias tribulações

com firmeza de fé no Senhor, como a vitória que

Deus lhe deu por causa da sua fé, sobre o gigante

Golias. Mas, foi exatamente por isso que o seu

nome é lembrado e reverenciado pelos israelitas até

os dias de hoje. E sua vida é uma inspiração para a

igreja de Cristo, porque nos revela que Deus de fato

exalta àquele que se humilha, e que aperfeiçoa o

caráter dos seus filhos por meio de muitas

provações.

Deste modo, todos os reis que viveram em

obediência ao Senhor e não se importaram em

serem populares agradando a homens, não

somente foram abençoados como abençoaram a

nação.

E por outro lado, aqueles que consentiram em

manter os altares espalhados pela nação para

adoração de outros deuses, e que não governaram

pela Palavra do Senhor, foram mal sucedidos, como

Page 97: Sobre as escrituras sagradas

97

também sujeitaram a nação aos juízos de Deus, que

culminariam com a expulsão dos israelitas do seu

território, sendo espalhados pelas nações, através

dos cativeiros assírio e babilônico. Tudo isto

está registrado nos livros dos Reis e de Crônicas.

A nação de Israel, através dos juízos que recebeu da

parte de Deus em razão do pecado, tendo sido até

expulsa da terra prometida, tornou-se exemplo

para a igreja de Cristo, no sentido de nos ensinar

que o pecado é o que pode efetivamente afastar-

nos da presença de Deus, e que devemos zelar para

não viver pecando, pois fomos libertados da

escravidão do pecado, por meio da morte de Cristo,

tendo sido batizados na Sua própria morte, para

que a Sua vida ressurreta seja a nova vida na qual

devemos viver, pois somente ela pode garantir a

vitória sobre o pecado que tão de perto nos assedia

por todos os dias da nossa vida (Rom 6).

Page 98: Sobre as escrituras sagradas

98

Salomão recebeu sabedoria e riqueza como

nenhum outro homem teve antes dele ou terá

depois, conforme lhe fora prometido pelo Senhor.

A prova da sabedoria que recebeu está nos livros

de Eclesiastes e Cantares, que são de sua autoria, e

na maioria das citações do livro de Provérbios que

são também de sua autoria. Mas, a sua riqueza

acabou ofuscando a sua sabedoria, uma vez que

chegou a perder o temor do Senhor, vindo a

permitir que em Israel fossem erigidos altares a

divindades de outras nações, por atender ao pedido

de suas esposas, com as quais casou para

estabelecer alianças políticas e estender as

fronteiras e o domínio do seu reino.

Por isso Jesus afirma que não podemos servir a Deus

e ao dinheiro. E o Espírito Santo nos adverte através

do apóstolo Paulo que o amor do dinheiro é a raiz

de todos os males (I Tim 6.9,10).

Page 99: Sobre as escrituras sagradas

99

Quando o que nos move na obra do Senhor já não

são exclusivamente os interesses do reino de Deus,

mas o alvo de ter sucesso ou dinheiro, poderemos

até a vir a nos desviar da fé, como ocorreu com

Salomão, que havia, dantes, sido poderosamente

usado pelo Senhor.

Em razão da idolatria de Salomão, o reino que

era um só para todas as tribos, daí ser chamado de

Reino Unido (Saul, Davi e Salomão), foi dividido por

Deus em dois segmentos: dez tribos ao norte, que

passaram a ter sua capital em Samaria, a partir do

rei Onri, que foram designadas como Israel ou Reino

do Norte; e a tribo de Judá, ao Sul, onde estava o

templo em Jerusalém, chamada de Reino do Sul ou

Judá, em que se perpetuaria no trono a

descendência de Davi até ao tempo do cativeiro

babilônico.

Ambos os reinos foram para o cativeiro por terem

transgredido a aliança e especialmente em razão da

Page 100: Sobre as escrituras sagradas

100

idolatria que foi introduzida como religião oficial do

Reino do Norte com o seu primeiro rei, chamado

Jeroboão I, que estabeleceu o culto ao bezerro,

tendo feito dois bezerros de ouro, colocando um em

Dã e outro em Betel, movido pelo interesse político

de manter os israelitas no seu próprio território,

evitando que fossem adorar a Deus no templo que

ficava no Reino do Sul.

A idolatria se expandiu muito em Israel a partir dos

dias do rei Acabe, que começou a reinar em 874 a.C.

Para protestar contra tal avanço do culto a Baal,

Deus levantou os profetas Elias e Eliseu para

principalmente convencer àquela geração que

somente Ele é Deus e não Baal.

A fidelidade de Davi devia ter sido esquecida pois

quando Acabe começou a reinar Ele já havia

morrido há cerca de cem anos.

Page 101: Sobre as escrituras sagradas

101

Israel foi levado em cativeiro pela Assíria em 722

a.C., e Judá para Babilônia, em 586 a.C. Estas são as

datas das levas finais de cativos.

A maior parte dos profetas escritores, com exceção

de Ageu, Zacarias e Malaquias, realizou o seu

ministério durante o período do Reino Dividido (931

a.C. a 586 a.C.). Alguns no Reino do Sul, e outros no

Reino do Norte, ou em ambos. (Consulte sua tabela

cronológica para obter maiores informações sobre

isto).

Enquanto o Senhor protestava através deles contra

o pecado de Israel ou de Judá, e das nações dos seus

dias, revelava-lhes também visões referentes ao

ministério de Jesus e do tempo do fim. Ao mesmo

tempo que repreendia a infidelidade da nação pelo

ministério dos profetas, o Senhor lhes infundia

esperança pelas promessas de restauração futura,

de modo que isto lhes serviria de consolação

durante o período que permaneceriam no cativeiro,

Page 102: Sobre as escrituras sagradas

102

de forma a saberem que não haviam sido

abandonados definitivamente por Ele, mesmo em

face de estarem sendo submetidos à disciplina da

aliança.

Lembre-se que era a Antiga Aliança que ainda

estava em vigor. Esta só seria substituída pela Nova

a partir da morte de Jesus.

O templo de Jerusalém, que havia sido construído

por Salomão, foi destruído pelos babilônios, quando

Judá foi levado para o cativeiro.

Mas quando os babilônios foram vencidos pelos

medo-persas, estes decretaram o retorno dos

judeus para a sua própria terra, sendo iniciadas

imediatamente as obras de reconstrução do templo

em 536 a.C. Mas, por oposição dos samaritanos

estas foram paralisadas, e isto permaneceu até

520 a.C., quando foram reiniciadas, tendo Deus

levantado os profetas Ageu e Zacarias para animar

Page 103: Sobre as escrituras sagradas

103

e incentivar o povo na reconstrução, tendo o templo

sido concluído em 516 a.C.

Era bem mais humilde, comparado ao templo de

Salomão, tendo sido ampliado pelo rei Herodes,

próximo dos dias de Jesus, passando a ter o

esplendor que encantou todo o mundo de então,

pois Herodes, sendo Idumeu, querendo agradar

politicamente os judeus, começou tal remodelação

do templo.

Voltemos a 516 a.C. O templo fora reconstruído,

mas os muros de Jerusalém permaneciam

destruídos, e o renovado interesse pela Palavra de

Deus, que havia surgido no retorno à Palestina,

tendo os judeus sido convencidos que o motivo do

cativeiro foi a idolatria dos seus antepassados,

necessitava ser reforçado.

Para tanto, o Senhor moveu o coração de Esdras

para lhes ensinar a Palavra e preparar homens para

Page 104: Sobre as escrituras sagradas

104

o mesmo propósito, tendo daí surgido os escribas,

que faziam cópias das Escrituras e as interpretavam

para o povo. Este veio para Jerusalém em 458 a.C.

Outro que foi movido pelo Senhor na mesma época

foi Neemias, que veio para governar a cidade e

reconstruir os seus muros, por volta de 444 a.C.

Como o pecado tão de perto assedia o homem,

mesmo com toda a ação de Esdras, Neemias e dos

profetas Ageu e Zacarias, o povo voltaria a

se afastar do Senhor, e por isso Malaquias foi

levantado como o último profeta deste chamado

Período da Restauração, para protestar contra a

infidelidade do povo.

Pertence também a tal período a narrativa do livro

de Ester que revela como os judeus foram livrados

do extermínio que havia sido planejado pelo

general persa Hamã.

Page 105: Sobre as escrituras sagradas

105

O Período Interbíblico

Desde Malaquias nenhum profeta foi levantado

por Deus em Israel, por cerca de quatrocentos anos,

até que viesse João Batista como precursor de Jesus,

conforme havia sido predito pelo Espírito através do

profeta Isaías. João é o último profeta da Antiga

Aliança que veio revelar Aquele que seria o

Mediador da Nova Aliança. Mas como precursor de

Jesus ele pregou o evangelho, pelo arrependimento

e fé em Jesus para a remissão dos pecados.

Nestes quatrocentos anos entre Malaquias e João

Batista, Deus estava preparando o mundo para que

Jesus viesse e o evangelho pudesse ser espalhado

por todas as nações da terra, dando assim,

cumprimento à promessa feita a Abraão, que era

também uma revelação do Seu propósito eterno de

fazer convergir todas as coisas em Jesus Cristo.

Page 106: Sobre as escrituras sagradas

106

No Período Interbíblico, como são conhecidos os

quatrocentos anos em que nenhum profeta se

levantou em Israel, os dois reinos que preparariam

o caminho para a pregação do evangelho foram os

impérios grego e romano. O primeiro dando a língua

grega ao mundo, na qual foi escrito o evangelho, e

que também por ordem de Alexandre, o Grande, o

Velho Testamento foi vertido para o grego em

Alexandria, depois da sua morte, formando a

versão chamada Septuaginta; tudo isto já estava

determinado por Deus para disseminar a Sua

Palavra em todo o mundo, pois estavam se

aproximando os dias em que a Antiga Aliança seria

substituída pela Nova.

Os romanos teriam também grande importância

criando estradas ligando todo o mundo conhecido

de então para que por elas passassem suas legiões

de soldados. Jesus viria portanto na plenitude dos

tempos, quando as condições facilitassem a

propagação do evangelho no mundo. Vale lembrar

Page 107: Sobre as escrituras sagradas

107

também que os cativeiros que espalharam os

israelitas pelo mundo fez com que estes formassem

sinagogas por toda a parte para cultuarem a Deus,

tendo o evangelho sido pregado nas mesmas, e ao

povo gentio, que através delas havia tomado

conhecimento da lei do Deus de Israel.

Os escribas que se levantaram nas gerações

posteriores aos escribas dos dias de Esdras, que

eram sinceros e tementes a Deus e que

interpretavam fielmente a Sua Palavra, não foram,

em sua maioria movidos pelos mesmos sentimentos

que havia nos primeiros escribas, e começaram a

acrescentar ensinamentos em suas interpretações

que eram totalmente estranhos à verdade revelada.

Por exemplo, eles ensinavam que o próximo

deveria ser amado, mas os inimigos odiados. Nada

há na lei de Moisés, nos livros históricos e poéticos

e nos profetas, qualquer afirmação para se odiar os

inimigos. Por isso Jesus corrigiu tal ensino no

Page 108: Sobre as escrituras sagradas

108

sermão do monte, pregando o dever de se amar os

inimigos e não odiá-los.

Além dos escribas, surgiu no Período Interbíblico

uma seita formada por religiosos que incorreram no

mesmo erro legalista dos escribas. Estes se

consideravam os santos de Israel, os separados,

como designava o seu nome: os fariseus. Na

verdade eram homens de grande ambição, pois o

seu real desejo não era servir ao Senhor, mas ter

influência no Sinédrio, que era o tribunal que tinha

poder sobre todos os judeus, mesmo os espalhados

pelo mundo, no tocante às questões religiosas. As

civis e políticas eram da competência dos romanos,

aos quais estava sujeita a nação. Os reis de Israel

eram escolhidos por eles, como os Herodes, que

sequer eram judeus.

Não passavam de representantes do poder romano,

que designavam procuradores e cônsules para

todas as províncias sob o seu domínio. A estes cabia

Page 109: Sobre as escrituras sagradas

109

verificar se os interesses do império romano

estavam sendo observados pelas nações

subjugadas.

Os romanos não se intrometiam nas questões

religiosas, mas regiam as nações com mãos de ferro,

no que tangia às questões civis.

O Sinédrio era presidido pelos sacerdotes de Israel,

assistidos pelos fariseus e também por outro grupo,

os saduceus, cuja influência se fazia mais presente

no templo, e que eram movidos mais pelo interesse

político do que pelo religioso. Daí o grande

comércio que era feito nas instalações do templo,

que Jesus condenou veementemente.

Ele confrontou também a visão carnal que os judeus

passaram a ter do reino de Deus, tanto os líderes

religiosos quanto o povo em geral.

Haviam perdido a fé, e com ela a justiça, o amor e a

misericórdia. Davam mais importância ao

Page 110: Sobre as escrituras sagradas

110

ritualismo que haviam elaborado para a guarda do

sábado, do que ao próprio homem. O sábado foi

estabelecido como dia de descanso para o homem,

como indicava a própria palavra “Sabath”, e não o

homem para o sábado.

Jejuavam para parecerem espirituais aos homens, e

não para intensificarem a comunhão com Deus.

O sistema religioso que haviam elaborado depois de

Esdras, durante os quatrocentos anos do Período

Interbíblico, havia desfigurado de tal forma a

verdade da Palavra de Deus, que Jesus afirmou que

eles a invalidaram substituindo-a por mandamentos

de homens, que haviam desenvolvido ao longo dos

anos através da tradição rabínica, que formou o

sistema que até hoje é conhecido como judaísmo.

O judaísmo é portanto uma invenção dos homens.

Não é sequer a prática da Antiga Aliança conforme

fora dada por Deus a Moisés.

Page 111: Sobre as escrituras sagradas

111

O legalismo do judaísmo não estava fundado

portanto na Palavra do Senhor, mas na tradição

rabínica.

O Senhor havia declarado aos líderes de Israel, nos

dias do Seu ministério terreno, que eles erravam

por não conhecerem as Escrituras e o poder de

Deus. Mas importava que aquela geração não

reconhecesse o Senhor, como a respeito deles

estava escrito, para que sendo rejeitado pelos

judeus, pudesse o evangelho ser oferecido aos

gentios.

“De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías:

Ouvireis com os ouvidos, e de nenhum modo

entendereis; vereis com os olhos e de nenhum

modo percebereis. Porque o coração deste povo

está endurecido, de mau grado ouviram com os seus

ouvidos, e fecharam os seus olhos; para não suceder

que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos,

Page 112: Sobre as escrituras sagradas

112

entendam com o coração, se convertam e sejam por

mim curados.” (Mt 13.14,15).

Page 113: Sobre as escrituras sagradas

113

O Período do Novo Testamento

Mas para o povo que andava nas trevas, brilhou

a luz de Jesus, conforme havia sido preanunciado

pelo profeta Isaías.

Jesus deu de novo à Palavra de Deus o seu devido

lugar.

Mais do que dar o devido lugar à Palavra, Ele é o

cumprimento de todo o propósito fixado pela

Trindade Divina antes mesmo da fundação do

mundo. O Pacto feito entre o Pai, o Filho e o Espírito

Santo de ter muitos filhos semelhantes a Cristo,

provendo-se destes entre pecadores que

descenderiam do primeiro casal criado, e que

seriam tão numerosos, que não seria possível

contá-los, é firmado (o Pacto) e selado com o sangue

de Jesus e com tudo o que Ele realizou em relação à

humanidade.

Page 114: Sobre as escrituras sagradas

114

É com base no Seu sacrifício eterno e todo suficiente

que os pecadores são chamados por Deus para

serem justificados, regenerados, santificados e

glorificados, recebendo assim, vida eterna, filiação

e aceitação plena por Deus em Sua família, herança

eterna juntamente com Cristo e participação na

glória divina no porvir, por toda a eternidade. Já não

podem mais ser condenados e separados do Seu

amor em razão da sua união vital com Cristo, sendo

integrantes do Seu corpo, e pedras vivas do edifício

de Deus. Ali são colocados para nunca mais serem

retirados.

Além disso, é por meio de Cristo que os principados

e potestades são julgados e condenados. Lembram

que estudamos isso anteriormente, desde a

promessa feita no Gênesis de que Ele esmagaria a

cabeça da serpente, e que abençoaria todas as

nações da terra ?

Page 115: Sobre as escrituras sagradas

115

Jesus triunfou sobre Satanás e seus demônios, na

cruz, expondo-os publicamente ao desprezo (Col

2.15).

Se o argumento do diabo para manter as almas

cativas era o de que Deus não seria justo em livrar

de suas mãos aqueles que não eram livres, por

serem escravos do pecado, agora já não mais

poderia sustentar sua acusação contra os eleitos do

Senhor porque eles foram livres de tal escravidão

pela sua associação com Ele, em Sua morte na cruz.

Estando livre do pecado, o crente está

consequentemente livre da escravidão ao diabo.

Estando agora não mais na defensiva, mas na

ofensiva, pois o poder de Jesus sobre todo o império

de Satanás, é agora também dado por Ele aos que

libertou pelo Seu sangue.

Por isso, quando estava se aproximando o

momento de Jesus morrer na cruz, Ele disse aos

Page 116: Sobre as escrituras sagradas

116

discípulos o seguinte: “Chegou o momento de ser

julgado este mundo, e agora o seu príncipe será

expulso.” (Jo 12.31).

E quando se referiu ao ministério do Espírito Santo

no mundo, afirmou que Ele daria o convencimento

aos crentes de que Satanás já estava julgado (Jo

16.11).

“do juízo, porque o príncipe deste mundo já está

julgado.” (Jo 16.11).

Em seu ministério terreno Jesus comprovou que de

fato era Sua a autoridade sobre toda a força do

inimigo, quando expulsou milhares de demônios de

um incontável número de pessoas, e aos seus

discípulos dera o mesmo poder.

“Então regressaram os setenta, possuídos de

alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se

nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse:

Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago.

Page 117: Sobre as escrituras sagradas

117

Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e

escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada

absolutamente vos causará dano.” (Lc 10.17,18).

A força do inimigo só pode ser vencida

por Aquele que é mais forte

do que Ele, e que conferiu aos Seus servos todo

o poder legal e espiritual para também fazê-lo.

O reino de Deus prometido, isto é, o Seu governo

sobre tudo o que há nos céus e na terra, começava

a ser estabelecido através de Jesus, conforme fora

preanunciado aos profetas. O reino que jamais

acabará, e que submeterá todos os reinos do

mundo, começava a Sua obra com Jesus e avançaria

com a igreja, através da operação do Espírito Santo.

Por isso o Senhor respondeu à blasfêmia dos que

afirmavam que Ele expulsava os demônios por

Belzebu com as palavras de Lc 11.17b-22.

Page 118: Sobre as escrituras sagradas

118

Mas Jesus estava plenamente cônscio de que a Sua

obra não era a de simplesmente expulsar os

demônios, mas tirar pessoas do reino das trevas e

transportá-las para o reino da Sua luz.

Daí ter lembrado aos discípulos quando estes

voltaram alegres dizendo-lhe que os próprios

demônios se lhes submetiam pelo nome do Senhor,

que não deviam alegrar-se simplesmente por isto,

mas porque os seus nomes estavam arrolados nos

céus, isto é, registrados no livro da vida (Lc 10.20).

Tanto que, aqueles de quem demônios eram

expulsos mas que não se voltavam para Deus e que

não se convertiam, ficavam expostos a novas

possessões, conforme o Senhor ensinou em Lc

11.24-26.

A igreja tem prosseguido, através dos séculos na

realização da obra, pelo poder do Espírito, e isto

Page 119: Sobre as escrituras sagradas

119

comprova historicamente que Jesus é de fato

aquele que pisa a cabeça da serpente.

Aleluia ! Glórias ao seu santo nome !

O diabo já não pode exercer qualquer domínio

sobre nós. Ao contrário. As portas do inferno não

podem prevalecer contra as investidas que a igreja

faz sobre elas no poder do Espírito Santo. Satanás

não tem outra alternativa senão a de fugir do crente

que permanece em comunhão com o Senhor,

porque o Seu poder não somente livra o crente de

suas ciladas, como também dá-lhes poder para

vencê-lo e permanecerem inabaláveis (Ef 6.10-13).

Nunca devemos esquecer que é com o escudo da fé

que apagamos todos os dardos inflamados do

maligno (Ef 6.16). Satanás despeja constantemente

sua setas inflamadas com o fogo do inferno, mas

firmes na fé no nome de Jesus apagamos todas elas,

e golpeando-o com a espada do Espírito Santo, que

Page 120: Sobre as escrituras sagradas

120

é a Palavra de Deus, não lhe resta outra alternativa,

senão a de bater em retirada.

Sentimos este poder que nos é dado quando somos

ungidos pelo Espírito. Percebemos que de fato o

Senhor nos dá autoridade sobre todo o poder do

inimigo, e nada, absolutamente pode nos fazer mal.

A missão de pregar o evangelho em todo o mundo,

a partir de Jerusalém, Judeia e Samaria, começou

depois de a igreja ter sido revestida do poder do

Espírito Santo no dia de Pentecoste. O

derramamento do Espírito era o sinal do início do

cumprimento da promessa feita a Abraão, e das

promessas feitas aos profetas Isaías, Jeremias,

Ezequiel e Joel, dentre outros.

A confirmação da Palavra de que Deus estava

salvando através da fé em Jesus, e transformando

vidas pela habitação do Espírito Santo, era feita

através da realização de muitos sinais e prodígios

Page 121: Sobre as escrituras sagradas

121

através dos discípulos, e especialmente dos

apóstolos.

O Espírito Santo estava chamando alguns dentre os

discípulos para serem pastores, mestres, profetas e

evangelistas. O rebanho necessitava de uma direção

e organização, assim como se deu nos dias de

Moisés, e continua chamando líderes até aos dias

de hoje para o mesmo propósito de edificar a igreja

e aperfeiçoar os santos para o desempenho do seu

serviço (Ef 4.11,12).

As igrejas deveriam ser organizadas sob a

supervisão de um bispo ou presbítero, que eram

palavras usadas para indicar o ofício do pastor.

Estes, eram auxiliados por homens cheios do

Espírito e de sabedoria, que eram escolhidos pelos

mesmos juntamente com a igreja, para exercerem o

diaconato.

Page 122: Sobre as escrituras sagradas

122

Mas a missão de pregar o evangelho era de todos os

crentes, aos quais o Espírito Santo estava

distribuindo dons e serviços, a cada um, conforme

Sua vontade e para um fim proveitoso, como o de

curar, de falar em outras línguas, capacidade para

interpretá-las, de profetizar, discernimento de

espíritos, de conhecimento e de sabedoria, de fé e

operações de milagres.

Como a igreja estava muito concentrada na

pregação do evangelho apenas na Judeia, Deus

permitiu que fosse perseguida pelo rei Herodes,

tendo eles levado a Palavra para Samaria,

Antioquia da Síria, e a outras partes do mundo,

inclusive Roma, pois, segundo consta, a igreja em

Roma não foi fundada por nenhum dos apóstolos do

Senhor.

Inicialmente, Pedro, Tiago e João, ficaram como os

principais responsáveis pela igreja em Israel (daí

serem chamados de ministros da circuncisão), e

Page 123: Sobre as escrituras sagradas

123

Paulo e outros pela igreja que seria formada fora

dos termos de Israel, isto é, pela igreja dos gentios.

O ministério de Pedro e de Paulo duraria até 64 d.C.,

quando, segundo a tradição, foram martirizados

pelo imperador romano Nero.

João, e os demais apóstolos dirigiram-se para outras

partes do mundo, especialmente depois dos judeus

terem sido expulsos de sua terra pelos romanos em

70 d.C.

João, por exemplo, teve as visões do Apocalipse,

quando estava na Ilha de Patmos, que fica no

sudoeste de Éfeso, na Ásia Menor.

Os quatro evangelhos narram os eventos

relacionados ao ministério terreno de Jesus, e

contêm também as profecias que Ele proferiu a

respeito do tempo do fim.

Page 124: Sobre as escrituras sagradas

124

Os três primeiros são chamados de sinópticos,

porque foram escritos dentro de uma mesma visão,

tendo provavelmente o evangelho de Marcos por

base, pois teria sido o primeiro evangelho a ser

escrito. Mateus escreveu dentro de uma

perspectiva judaica para convencer aos judeus de

que Jesus era o Messias que deu cumprimento às

predições dos profetas; e Lucas, dentro de uma

perspectiva gentílica, revelando que o amor do

Senhor também estava destinado aos mesmos.

Mateus era judeu, e Lucas era um médico grego, que

acompanhou o ministério do apóstolo Paulo.

O evangelho de João contém mais discursos de

Jesus do que o relato de milagres e de parábolas,

como os demais. João pretendeu enfocar tudo

aquilo que o Senhor fez e ensinou, que comprovava

que Ele de fato era Deus. A Palavra viva que se fez

carne por amor de nós.

Page 125: Sobre as escrituras sagradas

125

O livro de Atos narra como o evangelho se expandiu

na Judeia, Samaria, Síria, Ásia Menor, Macedônia,

Acaia e Grécia, até Paulo sofrer o seu primeiro

aprisionamento em Roma.

A maior parte do livro se refere ao ministério de

Paulo na Síria, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e

Grécia.

Os nomes Efésios e Gálatas, que intitulam duas

cartas escritas por Paulo, são referentes aos crentes

aos quais endereçou-as, que habitavam nas cidades

de Éfeso e na região da Galácia, respectivamente,

que ficavam na Ásia Menor. Toda esta região está

ocupada atualmente pela Turquia.

Filipenses e Tessalonicenses, por seu turno, são

referentes aos crentes de Filipos e de Tessalônica,

cidades que ficavam situadas na Macedônia.

Coríntios, aos crentes de Corinto, cidade da Grécia.

Page 126: Sobre as escrituras sagradas

126

Romanos, aos de Roma.

Colossenses, aos de Colossos. Paulo não foi o

fundador desta igreja, provavelmente, Epafras, foi o

seu fundador.

Timóteo, Tito e Filemom, não são referências a

cidades, mas a pessoas a quem Paulo escreveu tais

epístolas. Os dois primeiros eram seus

cooperadores no ministério de estabelecer igrejas,

e Filemom era um crente de Colossos, em cuja casa

se reunia a igreja.

As epístolas de Pedro, João, Tiago e Judas, foram

escritas, respectivamente, pelos citados apóstolos.

Sendo que o autor da epístola de Tiago era um dos

irmãos de Jesus, bem como Judas. Não faziam parte

do grupo dos doze.

A epístola aos Hebreus cujo autor é desconhecido

foi escrita para exortar uma comunidade de crentes

judeus que estavam recuando na fé e retornando às

Page 127: Sobre as escrituras sagradas

127

práticas da Antiga Aliança. Tanto no caso da epístola

aos Gálatas, quanto na de Hebreus, o problema

maior não era tanto a observância dos ritos da lei

mosaica, mas o fato de estarem rejeitando Jesus.

O primeiro documento do Novo Testamento a ser

escrito foi provavelmente a epístola de Paulo aos

gálatas, por volta de 49 d.C. Esta carta foi escrita

para combater o ensino dos judaizantes que

afirmavam que a salvação só era possível mediante

o cumprimento de toda a lei de Moisés,

independentemente da fé em Cristo. Como a

salvação é somente por graça e mediante a fé‚ Paulo

combateu vigorosamente tal falso ensino nesta

carta que dirigiu aos crentes da Galácia.

Por ordem de antiguidade seguiram-se à escrita de

Gálatas, as duas epístolas aos Tessalonicenses, que

foram escritas por Paulo durante sua segunda

viagem missionária, quando se encontrava em

Corinto. Como ele havia fugido de Tessalônica para

Page 128: Sobre as escrituras sagradas

128

Corinto, em razão de uma perseguição que havia

sofrido dos judeus. Como não teve muito tempo

para ministrar àqueles que haviam se convertido

em Tessalônica, escreveu estas duas cartas para

firmá-los na fé e dissipar algumas dúvidas que eles

haviam manifestado sobre a volta de Jesus e sobre

o destino dos crentes que estavam morrendo antes

do Seu retorno.

Paulo escreveria posteriormente I Coríntios,

durante a sua terceira viagem missionária, quando

se encontrava em Éfeso, por volta de 54 d.C., e II

Coríntios foi escrita cerca de um ano após, quando

se encontrava na Macedônia, ainda em sua terceira

viagem missionária.

Estas epístolas foram escritas com vistas à disciplina

da igreja de Corinto. A primeira para combater

divisões e a imoralidade que havia na igreja, e para

responder questões levantadas pelos próprios

coríntios quanto ao casamento, a comer carnes

Page 129: Sobre as escrituras sagradas

129

sacrificadas a ídolos, uso do véu na igreja, dons

espirituais e quanto à ressurreição. A segunda

epístola, foi escrita para congratular-se com os

coríntios, pelo arrependimento demonstrado por

eles, resultante do acatamento das exortações do

apóstolo, através de uma chamada carta triste (II

Cor 7.8-13), que lhes havia dirigido para confirmar

sua autoridade apostólica junto aos mesmos, que

estava sendo contestada por um opositor de Paulo

aos quais os coríntios estavam seguindo.

A epístola de Paulo aos Romanos foi escrita no final

de sua terceira viagem missionária, de Corinto, por

volta de 55 d.C. Na ocasião ele já se encontrava de

posse da grande oferta (Rom 15.25-27) que havia

sido levantada pela Macedônia e Acaia em favor dos

crentes pobres da Judeia, citada em I Cor 16.1-3 e II

Cor 9.2.

Como já dissemos Paulo não havia fundado a igreja

de Roma, e estava lhes escrevendo para preparar

Page 130: Sobre as escrituras sagradas

130

uma futura visita que tencionava fazer àquela igreja

(Rom 15.22-26). O tema central desta epístola é a

justificação e santificação pela fé.

Quando concluiu sua terceira viagem missionária

Paulo foi preso em Jerusalém, acusado pelos judeus

de estar pregando contra a lei de Moisés.

Paulo não pregava contra a lei, mas afirmava

corretamente que ninguém pode ser salvo

mediante a lei. A lei a ninguém pode salvar.

Somente a graça de Deus pode fazer este trabalho

mediante a fé. Isto também se deu nos dias do

Antigo Testamento.

De Jerusalém foi transferido para a cidade de

Cesareia onde ficou na prisão por dois anos, e de

onde apelou para César, para ser julgado em Roma.

Ele iria visitar os romanos, não da forma como tinha

imaginado: quando estivesse a caminho da Espanha

para evangelizá-la.

Page 131: Sobre as escrituras sagradas

131

Na prisão em Roma que é relatada no final do livro

de Atos, escreveu quatro epístolas que são

chamadas de epístolas da prisão: Efésios, Filemom,

Colossenses e Filipenses.

As três primeiras foram escritas por volta de 60 d.C.

e Filipenses, em 61 d.C.

Paulo dirigiu na mesma ocasião, pelas mãos de

Tíquico as cartas aos efésios e aos colossenses,

sendo que das dirigidas a Colossos, uma era de

caráter mais geral (Col) e outra mais pessoal (Fm).

Filipenses foi escrita posteriormente por Paulo para

expressar sua gratidão por uma oferta que lhe foi

enviada pelos filipenses, e para consolá-los, quanto

a não se entristecerem com o fato de ele estar

preso, pois a pregação do evangelho estava

progredindo apesar de suas cadeias, pois estava

dando ensejo para que ele pudesse evangelizar toda

a guarda pretoriana do imperador romano, e muitos

Page 132: Sobre as escrituras sagradas

132

crentes estavam pregando o evangelho com mais

ousadia, mirando o seu exemplo de paciência na

tribulação.

Paulo sabia que a volta de Jesus estava conciliada à

pregação do evangelho em todo o mundo, e por isso

não lhe importava se o evangelho era pregado por

amor, inveja ou por porfia. Sua satisfação decorria

do fato deste objetivo estar sendo cumprido. Desde

que o reino de Deus estivesse sendo pregado não

lhe importava se estava sendo honrado ou

humilhado, se tinha fartura ou escassez de bens,

pois havia aprendido a viver contente em toda e

qualquer situação, na doce comunhão com o

Senhor.

As últimas epístolas escritas por Paulo foram as

chamadas Pastorais (I e II Timóteo e Tito).

Foram escritas no final de sua vida para instruir os

pastores sobre o cuidado com a igreja de Deus,

Page 133: Sobre as escrituras sagradas

133

estabelecendo critérios para a ordenação de

ministros, tanto de pastores quanto de diáconos,

bem como recomendar padrões de conduta para

todos os crentes, e determinar, especialmente, o

necessário empenho para a preservação da sã

doutrina.

A primeira epístola de Pedro foi escrita

principalmente para consolar os crentes que

estavam sendo perseguidos na região da Ásia

Menor. A epístola é basicamente uma

recomendação a se ter paciência na tribulação, para

que a doutrina de Cristo fosse ornada, e a igreja

tivesse o poder do Espírito para proclamar o nome

de Jesus.

Sua segunda epístola (II Pe), bem como as epístolas

de João e de Judas foram escritas para combater os

falso mestres que estavam introduzindo heresias na

igreja, e que o faziam por torpe ganância. Ao mesmo

tempo é uma convocação da igreja à maturidade, de

Page 134: Sobre as escrituras sagradas

134

maneira a não incorrer com facilidade nas garras do

falso ensino, sabendo que é pela comunhão com o

Senhor que somos preservados das heresias

arruinadoras da fé, pois é o próprio Espírito que nos

dá o discernimento e poder para rejeitá-las.

A epístola de Tiago foi escrita para enfatizar a

importância da perseverança cristã, mediante a

prática da Palavra, para a preservação da

justificação pela fé. Ele cita como Deus abençoou Jó

depois de ter passado pela provação. E convoca os

crentes a seguirem o mesmo exemplo de

perseverança na fé em face da tribulação.

O ensino de escatologia é encontrado em vários

livros da Bíblia como os dos profetas, no livro de

Salmos, em I e II Tes, e especialmente no livro de

Apocalipse. Desta forma, apresentamos a seguir,

um breve resumo escatológico:

Page 135: Sobre as escrituras sagradas

135

A palavra escatologia significa "estudo das últimas

coisas".

Biblicamente falando, estas últimas coisas se

referem aos eventos relacionados ao

estabelecimento do reino de Deus em sua forma

final.

Na introdução e no epílogo do livro de Apocalipse

afirma-se que são bem-aventurados aqueles que

leem e ouvem as palavras da profecia e guardam as

cousas nela escritas, pois o tempo está próximo

(Apo 1.3; 22.7).

Tal afirmação dirige-se não apenas aos que leem as

palavras da profecia, mas aos que as guardam. Isto

significa portanto, principalmente, a vigilância e

santidade de vida exigidas para o retorno do

Senhor, como se vê, especialmente, nas sua

exortações e advertências constantes das cartas

dirigidas às sete igrejas (Apo 2.1-3.22).

Page 136: Sobre as escrituras sagradas

136

Isto está plenamente de acordo com a exortação à

vigilância e santidade feita por Jesus na conclusão

do Seu sermão profético, constante dos evangelhos

(Mt 24.13,32-51; Mc 13.13,28-37; Lc 12.35-48,21.17-

19,29-36).

A profecia escatológica tem portanto muito mais o

propósito de incentivar os crentes à vigilância e

santidade permanentes, com vistas ao retorno do

Senhor, do que o de estimulá-los ao

desvendamento dos personagens e eventos

enigmáticos nela contidos; bem como à

determinação do tempo exato da sua respectiva

ocorrência.

Foi ordenado a Daniel que selasse a palavra da

profecia do seu livro (Dn 12.4,9), mas a João foi

ordenado o contrário: "Não seles as palavras da

profecia deste livro, porque o tempo está próximo."

(Apo 22.10). Apesar de Deus, em Sua sabedoria, ter

guardado para Si o conhecimento do dia e hora

Page 137: Sobre as escrituras sagradas

137

exatos da volta de Jesus, Ele revelou ao Seu povo as

coisas que devem acontecer, sem no entanto,

indicar-lhes precisamente a época da sua

ocorrência, de maneira que, pudesse manter, em

cada geração de crentes, acesa a expectativa pelo

retorno do Senhor, o que tem, sem dúvida,

contribuído para se manterem vigilantes e em

santidade, ao longo desses quase dois mil anos.

Quando citou guerras, revoluções, grandes

terremotos, epidemias, e fome, como eventos que

ocorreriam antes da Sua vinda, Jesus foi bastante

claro ao afirmar que estes, não eram ainda, sinais

que indicariam a proximidade da Sua volta (Lc 21.9).

De fato, já há cerca de dois mil anos desde a

ascensão do Senhor, e o mundo ainda não

testemunhou o Seu retorno, apesar de as predições

de Jesus continuarem ocorrendo ao longo de toda a

história. Ele classificou tais eventos como princípio

das dores.

Page 138: Sobre as escrituras sagradas

138

Ora, as dores do parto se intensificam com o passar

do tempo. Se tudo isto‚ é o princípio, como não

será no fim ?

O Senhor fixou como sinais seguros da Sua volta:

- a aparição do abominável da desolação ou

abominação desoladora (Mt 24.15) citado na

profecia de Daniel 9.26,27. Provavelmente‚ uma

referência à besta de Apo 13.1-8 - o anticristo. (Em

II Tes 2.3-12, Paulo também coloca a manifestação

do anticristo como um dos marcos da proximidade

da volta do Senhor, e acrescenta a este, a apostasia,

como um segundo sinal – II Tes 2.3).

- sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra,

angústia entre as nações em perplexidade por causa

do bramido do mar e das ondas; homens que

desmaiarão de terror e pela expectativa das cousas

que sobrevirão ao mundo; porque os poderes dos

céus serão abalados (Lc 21.25,26).

Page 139: Sobre as escrituras sagradas

139

Tais eventos são descritos no livro de Apocalipse

como flagelos que sobrevirão à Terra quando os

sete anjos tocarem as suas trombetas.

Muitos consideram que a segunda vinda do Senhor

dar-se-á em duas fases: na primeira arrebatará a

igreja, e na segunda, todo olho o verá vindo para

estabelecer juízos contra o anticristo. No entanto,

não determinam o tempo que separaria ambos os

eventos.

A Bíblia não faz tal distinção. Paulo coloca o

arrebatamento da igreja como uma das ocorrências

que se darão por ocasião da volta de Jesus (I Tes

4.14-17; II Tes 2.1,2).

A colocação do arrebatamento antes da vinda para

julgar a Besta tem em vista retirar a igreja do

chamado período da Grande Tribulação, que

ocorrerá durante a segunda metade do governo do

anticristo.

Page 140: Sobre as escrituras sagradas

140

Todavia, não há nenhuma base segura para se

afirmar que a igreja não passará por tal período,

muito pelo contrário, as profecias indicam que o

anticristo perseguirá os santos (Dn 7.25,27; 8.24-26;

11.31-36; 12.1,7; Mt 24.15,21,22,29-31; II Tes 2.4;

Apo 13.7). É importante destacar que o próprio

Jesus, afirmou que os seus escolhidos seriam

reunidos dos quatro ventos, de uma a outra

extremidade dos céus pelos anjos (Mt 24.31), após

a grande tribulação (Mt 24.29).

A palavra de consolação dirigida pelo Senhor à

igreja de Filadélfia de que seria guardada da hora da

provação que há de vir sobre o mundo inteiro, em

razão de sua fidelidade em guardar a palavra da Sua

perseverança (Apo 3.10) não pode ser aplicada a

toda a igreja de Cristo que estiver sobre a Terra

próximo do período da Grande Tribulação, porque

depois dela, há ainda a igreja de Laodiceia, que o

Senhor repreende severamente, chamando ao

arrependimento. E, ainda, se considerarmos que

Page 141: Sobre as escrituras sagradas

141

todas as sete igrejas são representativas dos tipos

de igrejas existentes em todas as épocas, a

promessa de livramento de Apo 3.10 aplicar-se-ia

especificamente à igreja fiel de Filadélfia.

“Porque guardaste a palavra da minha

perseverança, também eu te guardarei da hora da

provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para

experimentar os que habitam sobre a terra.” (Apo

3.10).

De fato, nunca a história do cristianismo

experimentou tanto avanço, fidelidade e

avivamentos, como no chamado período

missionário dos séculos XVIII e XIX. Os homens de

Deus desta época ainda nos falam através do

testemunho de suas vidas.

Como viveram antes dos últimos dias, foram

guardados das provas da Grande Tribulação.

Entretanto, se interpretarmos desta forma, as

Page 142: Sobre as escrituras sagradas

142

igrejas de Éfeso, Pérgamo, Tiatira e Sardes, que não

receberam inteira aprovação do Senhor, também se

beneficiaram da promessa de livramento, porque,

no tempo, são anteriores a Filadélfia, como se vê,

no quadro a seguir, correspondente à divisão que se

costuma atribuir às sete igrejas do Apocalipse:

Éfeso – era apostólica.

Esmirna – igreja perseguida até Constantino (316)

Pérgamo – de Constantino ao papado (316-500)

Tiatira – Idade Média (500-1505)

Sardes – Reforma (1500-1700)

Filadélfia – período missionário (1700-1900)

Laodiceia – igreja apóstata (1900 - ...).

Entretanto, isto não anula a propriedade da

promessa distintiva da bênção do livramento que

Page 143: Sobre as escrituras sagradas

143

lhe foi dirigida em face da sua fidelidade. Com isso,

o Senhor estaria marcando que havia Se agradado

da obediência e do serviço que lhe foram prestados

pela igreja de Filadélfia.

Independentemente de qualquer dificuldade para a

determinação de uma correspondência cronológica

entre o arrebatamento e o governo do anticristo, é

importante frisar-se que:

- A tribulação referida não consistirá apenas nos

atos de perseguição do anticristo, mas sobretudo

nos flagelos que sobrevirão à Terra, da parte de

Deus.

- No arrebatamento, os corpos dos mortos em Cristo

(eleitos) serão ressuscitados e logo após, os eleitos

que estiverem vivendo na terra terão os seus corpos

transformados. Tal ocorrerá num abrir e fechar de

olhos (I Cor 15.52).

Page 144: Sobre as escrituras sagradas

144

- A chamada batalha do Armagedom (Apo

16.16;19.11-21) terá ocasião quando da volta de

Jesus, sendo a besta e o falso profeta aprisionados

e lançados vivos no lago de fogo (Apo 19.20), e

Satanás será subjugado para permanecer em prisão

durante o período do milênio (Apo 20.1-3).

- Os salvos governarão as nações da Terra,

juntamente com Cristo, durante tal período (Apo

20.4-6).

- Ao final do milênio Satanás será solto, e

levantará os ímpios das nações para agirem contra

o governo de Cristo, mas serão juntamente

destruídos e Satanás será lançado no lago de fogo,

onde ficará por toda a eternidade (Apo 20.7-10).

- A ressurreição dos ímpios, em face deste último

levante, que a Palavra descreve como a batalha de

Gogue e Magogue (Apo 20.8; Ez 38.1-23), só

ocorrerá depois do milênio. Esta ressurreição

Page 145: Sobre as escrituras sagradas

145

corresponde à chamada segunda morte, porque os

não eleitos serão ressuscitados para serem

condenados eternamente (Apo 20.11-14).

- Também, somente depois do milênio serão criados

novo céu e nova terra, e estabelecida a Nova

Jerusalém como morada eterna dos salvos

(Apo21.1-7).

- As nações e os reis da terra trarão a sua glória e

honra à Nova Jerusalém (Apo 21.4-26). Somente os

inscritos no livro da vida do Cordeiro, a saber, os

eleitos, poderão entrar na cidade (Apo 21.27).

Page 146: Sobre as escrituras sagradas

146

Período de Produção dos Livros da Bíblia

1 - Do Velho Testamento

Os 39 livros do Velho Testamento se apresentam na

seguinte ordem de apresentação e classificação, em

nossas Bíblias:

Livros da Lei ou Pentateuco: Gênesis, Êxodo,

Levitivo, Números, Deuteronômio

Livros Históricos: Josúe, Juízes, Rute, I Samuel, II

Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras,

Neemias, Ester

Livros Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes,

Cantares

Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações de

Jeremias, Ezequiel, Daniel

Page 147: Sobre as escrituras sagradas

147

Profetas Menores: Oseias, Joel, Amós, Obadias,

Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias,

Ageu, Zacarias e Malaquias.

Consulte sua tabela cronológica para verificar o

período em que se deu a escrita de cada um dos

livros da Bíblia e os principais personagens

relacionados aos mesmos.

O Velho Testamento foi formado num período

superior a mil anos (cerca de 1040

anos) de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as

primeiras palavras do Pentateuco (Gênesis, Êxodo,

Levítico, Números e Deuteronômio) por volta de

1.440 a.C.

Esdras não foi o último escritor na formação do

Velho Testamento. Os últimos foram Neemias e

Malaquias, porém, de acordo com os escritos

históricos, foi ele quem, na qualidade de escriba e

Page 148: Sobre as escrituras sagradas

148

sacerdote, reuniu os rolos de todos os livros do V.T.,

ficando este encerrado em seu tempo.

Jó é tido como o livro mais antigo da Bíblia.

Começando por Moisés, à medida que os livros iam

sendo escritos, eram postos no tabernáculo, junto

ao grupo de livros sagrados.

Esdras, após o cativeiro, reuniu os diversos livros e

os colocou em ordem, como coleção completa.

Destes originais eram feitas cópias para as

sinagogas largamente disseminadas pelo mundo.

Foi em 90 d.C., em Jâmnia, perto de Jope, em Israel,

num concílio, que os rabinos reconheceram e

fixaram o cânon do Velho Testamento. Note-se que

o trabalho desse concílio foi apenas ratificar aquilo

que já era aceito por todos os judeus através dos

séculos.

Page 149: Sobre as escrituras sagradas

149

2 - Do Novo Testamento

Os 27 livros do Novo Testamento se apresentam na

seguinte ordem de apresentação e classificação, em

nossas Bíblias:

Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João

Livro Histórico: Atos

Epístolas de Paulo: Romanos, I Coríntios, II

Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I

Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II

Timóteo, Tito, Filemom

Epístolas Gerais: Hebreus (autor desconhecido,

possivelmente Paulo), Tiago, I Pedro, II Pedro, I

João, II João, III João, Judas

Livro Escatológico: Apocalipse

Os livros do Novo Testamento foram escritos num

período aproximado de setenta anos.

Page 150: Sobre as escrituras sagradas

Em 100 d.C. todos os livros do N.T. estavam escritos.

A maior parte das epístolas de Paulo foram os

primeiros escritos do N.T., sendo Gálatas o primeiro

documento a ser escrito, cerca de 49 d.C.

Foi no concílio de Cartago, em 397 d.C. que houve o

reconhecimento e fixação final do cânon do N.T.,

com os 27 livros que se encontram em nossa Bíblia.

Como no caso do V.T., não foram os concílios que

deram aos livros sua autoridade divina, apenas

reconheceram que eles a possuíam.