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Somos Servos Revista OSM Comunidade Santa Maria dos Servos Matola O CULTO A NOSSA SENHORA MARIA NO EVANGELHO DE SÃO LUCAS NOSSA SENHORA DE FÁTIMA VISTAÇÃO DE NOSSA SENHORA SÃO PEREGRINO MARIA E A SOCIEDADE TESTEMUNHO VOCACIONAL A ALEGRIA DO EVANGELHO CRÔNICAS E NOTÍCIAS ECLESIAIS Número 4 Maio de 2014

Somos Servos - Maio 2014

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Page 1: Somos Servos - Maio 2014

Somos Servos

Revista OSM – Comunidade Santa Maria dos Servos – Matola

O CULTO A NOSSA SENHORA MARIA NO EVANGELHO DE SÃO LUCAS

NOSSA SENHORA DE FÁTIMA VISTAÇÃO DE NOSSA SENHORA

SÃO PEREGRINO MARIA E A SOCIEDADE

TESTEMUNHO VOCACIONAL

A ALEGRIA DO EVANGELHO

CRÔNICAS E NOTÍCIAS ECLESIAIS

Número 4 – Maio de 2014

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EDITORIAL

ueridos irmãos, estamos celebrando com alegria o tempo pascal, na expectativa de celebrar, no dia de Pentecostes, a efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos no

cenáculo. A virgem Maria também viveu essa experiência. E queremos com Ela viver esse tempo de espera para o cumprimento das promessas de Jesus.

Neste mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, na Revista Somos Servos oferecemos aos nossos leitores algumas reflexões sobre a figura da Bem-aventurada Virgem Maria. Bem sabemos que falar, ler e escutar sobre Maria nos edifica espiritualmente, sobretudo, pelo mistério do amor de Deus que percebemos em sua vida, plasmado no seu seio e nas suas atitudes como mulher toda de Deus. Tal tarefa nos exige uma linguagem acessível, com o cuidado de apresentar com profundidade tão grande presente que Deus nos oferece, uma Mãe que intercede por nós, na mediação de Cristo Jesus.

Bendita és tu entre as mulheres (Lc 1,42), porque creste no Senhor; porque disseste sim, faça-se; porque o Espírito Santo te cobriu com a sua sombra; porque és cheia do Espírito Santo; porque deste vida ao Deus da vida; porque és a mãe do meu Senhor; porque assumiste o projecto do Pai; porque Deus fez em ti maravilhas; porque viveste o evangelho; porque Deus te fez bendita; bendita és agora e sempre; tu, a mãe do meu Senhor Jesus e nossa mãe, bendita és.

Como nos números anteriores, também oferecemos aos nossos leitores elementos da espiritualidade de um dos Santos da Ordem dos Servos de Maria (São Peregrino), testemunho vocacional e crônicas eclesiais, que visam fortalecer os nossos vínculos fraternos e aumentar em nós a consciência de sermos uma Igreja que recebe os dons do Espírito para gerar comunhão. Que a nossa comunhão fraterna se concretize no serviço generoso a Deus e aos homens, inspirados em Maria, Mãe e Serva do Senhor. Com estima fraterna, o nosso agradecimento aos leitores que nos oferecem sugestões e apreciam o trabalho que realizamos.

Escreva para [email protected] e receba a revista em formato PDF, com fotografias coloridas e diagramação em formato

A4. Versão ONLINE no Blog Somos Servos:

www.somosservos.blogspot.com

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O CULTO A MARIA

culto a Virgem Maria remonta aos primórdios do

cristianismo, onde, por volta do século IV, Maria já era

invocada com o título de “Mãe de Deus”. A evolução

histórica do culto a Virgem Maria tem o seu legado

proveniente de todo o povo cristão, que ao longo dos séculos

veneraram e recorreram ao auxílio e ao exemplo da Mãe e Serva do

Senhor. No decorrer da história do cristianismo, a Igreja tem se

empenhado no estudo da Mariologia, esclarecendo aos fiéis o

porque devemos venerar e prestarmos o nosso culto a Virgem

Maria, e qual a importância de Maria no projecto salvífico de Deus.

O culto, a veneração e a invocação

a Virgem Maria se dá com

referência nos quatro dogmas

marianos: Maternidade Divina,

Virgindade Perpétua, Imaculada e

Assunção, bem como os inúmeros

títulos a ela atribuídos. Ao longo

dos tempos, os santos da Igreja e

a piedade popular foram

encontrando e introduzindo na

Igreja as diversas formas de

orações, pelas quais podemos

elevar os nossos louvores e

prestarmos o nosso culto à Bem-aventurada Virgem Maria. Assim as

devoções populares, como o terço, as novenas, as promessas, as

fórmulas de consagração e as romarias, são manifestações do

coração em veneração a Virgem Maria.

A Igreja apoiada numa experiência de séculos reconhece na devoção

a Virgem Maria um auxílio poderoso para o homem, no caminho da

sua plenitude no seguimento de Cristo, pois “a finalidade última do

culto à Bem-aventurada Virgem Maria é de glorificar a Deus e levar

os cristãos a aplicar-se a uma vida absolutamente conforme a sua

vontade” (Marialis Cultus, 39). Desta forma, o culto a Virgem Maria

está em íntima relação com o mistério de Cristo e da Igreja, é a

partir desta relação que no decorrer do ano litúrgico, as celebrações

marianas estão organizadas. As celebrações marianas mais

importantes são: Maria, Mãe de Deus (1º de Janeiro), Anunciação

(25 de Março), Assunção (15 de Agosto) e Imaculada Conceição (8

de Dezembro). Nossa Senhora é uma só, porém, é honrada e

venerada com muitos títulos.

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Portanto, o culto a Virgem Maria é um sinal de que ela cooperou no

projecto da salvação, pois foi por seu intermédio que o salvador veio

ao mundo, porém, a sua missão não ficou restrita a um facto

histórico ou a um acontecimento do passado, Maria continua sendo

esta Mãe auxiliadora de todos aqueles que o invocam.

Frei Ivan M. Siqueira e Gonçalves Sebastião

MARIA NO EVANGELHO DE SÃO LUCAS

grande novidade que o Evangelista apresenta é que Maria é

a imagem viva do discípulo(a) de Jesus. Maria é a perfeita

discípula e seguidora de Cristo. Ela ouve a Palavra e

responde, Ela guarda e cultiva a palavra.

Seguidora de Jesus: Ela acolhe a palavra de Deus com fé (relato da

anunciação: Lc 1, 28-38), conserva a palavra no seu coração e a

medita, confrontando-a com os factos (Lc 2,19;2,51) e frutifica esta

palavra viva; sendo uma pessoa de intensa fé, “feliz de você que

acreditou” (Lc 1,40).

Peregrina na fé: aqui o evangelista procura nos mostrar as palavras

do velho Simeão a Maria: ʺQuanto a ti, uma espada transpassará a

tua almaʺ (Lc 2, 25). Não se trata de uma alusão ao sofrimento de

Maria na hora da Cruz, pois, nos evangelhos sinópticos Jesus morre

sozinho e Maria não está incluída entre as mulheres que o

observam, de longe. A espada tem um sentido metafórico. Maria,

como outras aprendizes de Jesus, não sabia tudo. Foi fazendo as

descobertas no correr de seu caminho espiritual.

Sinal da opção de Deus pelos pobres: O evangelista fala da

dimensão social da Boa Nova de Jesus. Coerente com esta

orientação, Maria é apresentada como uma mulher pobre, oriunda

da desconhecida terra de Nazaré da Galiléia. O evangelista sinaliza,

com clareza, que a Boa Nova de Jesus propõe uma mudança nas

atitudes das pessoas e nas estruturas sociais. Deus se volta,

sobretudo, para os mais pobres, pois, são os que mais necessitam.

Sua misericórdia permanece para sempre.

Mulher contemplada pelo Espírito Santo: É o Espírito que age em

Jesus e nos seus seguidores, após a descida do Espírito Santo

(Pentecostes). Maria é apresentada como a mulher sobre a qual a

sombra do Altíssimo se estende, para possibilitar a concepção de

Jesus. Ela participa da comunidade que espera a vinda do Espírito

Santo (At 1,14).

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Ao evidenciar Maria como a perfeita discípula, Lucas, que é o

evangelista do Espírito Santo, nos dá este modelo de uma

verdadeira discípula de Jesus. Assim Maria é aquela que além de

apontar para o filho, ainda nos ensina a maneira melhor de segui-Lo,

e como devemos nos tornar colaboradores de Cristo, que salva e

liberta, ao mesmo tempo Ele nos ama e somos amigos.

Frei Cosme M. José Mucupa, osm

NOSSA DE SENHORA FÁTIMA

ossa de Fátima é uma das designações atribuída à Virgem

Maria que segundo os relatos da época e da Igreja,

apareceu repetidamente a três pastorinhos, no lugar de

Fátima tendo a primeira aparição acontecido no dia 13 de

Maio de 1917. Essas aparições continuaram durante seis meses

seguidos.

A mensagem que trazia consigo era um pedido de oração,

nomeadamente a oração do Rosário, e a prática da comunhão

reparadora. É convite ardoroso e impressionante à penitência e à

conversão do coração. Porque na oração “o Espírito Santo nos une à

Páscoa do Filho único em sua humanidade glorificada, por ela e nela

nossa oração entra em comunhão na Igreja, com a Mãe de Jesus”

(Catecismo, n. 2673).

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Ao contemplarmos esta aparição percebemos como uma

manifestação de Deus através da Virgem Maria Mãe da Igreja e

Nossa Mãe. Nossa Senhora de Fátima disse aos pequenos coisas

extraordinárias, tão extraordinárias que nunca alguém as tinha dito

nem antes desse momento nem desde então.

A mensagem de Fátima é necessária para a própria sobrevivência da civilização cristã e dos povos, como Nossa Senhora afirma: “Se atenderem aos meus pedidos, os povos se converterão em paz”.

Nossa Senhora é coerente. Ela não muda a sua Mensagem para seguir as modas da gente de hoje. As Suas palavras são suficientes para nós. Mas há aqueles que dizem: “Isto já foi dito a tantos anos atrás. Por isso as pessoas não prestaram atenção. Portanto, Nossa Senhora deveria dar-nos outra Mensagem mais actualizada.” Mas quem assim pensa está totalmente enganado.

Pois os que se prostram diante de Nossa Senhora têm Graças sobre

Graças. A mensagem deixada pela Mãe da Igreja merece uma

atenção e resposta séria. Rezemos o terço todos os dias para

recebermos estas graças que a Virgem nos dá.

Frei Dionisio M. Antonio Manuel

A VISITAÇÃO

a anunciação, o Anjo informará a Maria sobre a adiantada

gravidez de Isabel, sua parenta. Lucas prossegue o retrato

de Maria como serva obediente do Senhor, fazendo com

que Ela responda com pressa indo à casa de Zacarias para

saudar Isabel. Este episódio não é um simples gesto de gentileza,

mas representa com grande simplicidade o encontro da Antiga

Aliança com a Nova. A idosa Isabel simboliza Israel que espera o

Messias, enquanto que a jovem Maria traz em si o cumprimento

desta expectativa, em favor de toda a humanidade. Ao ouvir Isabel

a saudação de Maria, estremece o menino em seu seio, e ela fica

cheia do Espírito Santo; que lhe impele a chamar Maria “mãe do

meu Senhor”. “Bendita [eulogemene] és tu entre as mulheres”. No

Antigo Testamento esta frase é dirigida às mulheres famosas da

história israelita quando diante de um perigo, colaboram para

libertar o povo de Deus: Jz 5,24, “Bendita entre as mulheres Jael

seja”; em Jt 13,18, “Ó filha [Judite], bendita sejas para o Deus

Altíssimo, mais que todas as mulheres da terra”. Essa benção

invocada sobre Maria reconhece que Deus se serviu dela no seu

plano de salvação.

Maria com o cântico do Magnificat anuncia com alegria o

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acontecimento messiânico e louva o Senhor que se prepara para

libertar o seu povo. Em seu hino de louvor à divina misericórdia, a

humilde Virgem, para quem o povo dos pobres volta-se

espontaneamente e com tanta confiança, canta o mistério da

salvação e a sua força de transformação. Maria tendo acreditado na

palavra de Deus sobre Jesus, ela é a primeira discípula cristã, deste

modo com o Magnificat, ela proclama a antecipação do evangelho.

A perícope da Visitação expressa também a beleza do acolhimento:

onde há acolhimento recíproco e escuta, onde se dá espaço ao

outro, ali está Deus e a alegria. Imitemos Maria, visitando quantos

vivem em dificuldade, em especial atenção nos “marginalizados”, os

oprimidos, os pecadores, as mulheres, as viúvas, os doentes, os

presos, os idosos e as crianças. Imitemos também Isabel que acolhe

o hóspede como o próprio Deus, acolhendo todos os homens deste

mundo sem distinção. Com a mesma alegria de Maria que vai à

pressa ter com Isabel (cf. Lc 1, 39), vamos também nós ao encontro

do Senhor que vem na nossa existência. Confiemos o nosso ser, a

Maria Santíssima, para que nos torne cada vez mais digno de

acolher a visita de Deus na nossa história.

Frei Jeremias M.

SÃO PEREGRINO LAZIOSI

a Liturgia celebramos, no dia 4 de maio, São Peregrino

Laziosi, venerado como protector contra o mal do câncer.

Festa muito importante na comunidade servita, pelo facto

de São Peregrino ter sido um grande homem que buscava a

Deus, testemunha da caridade fraterna, da penitência e da

paciência. Foi um verdadeiro Servo da Virgem Maria e dos irmãos.

Peregrino Laziosi nasceu em Forli (Romanha, Itália) por volta do ano

1265. Em Forli naquela época, predominava a facção dos gibelinos,

partidários do imperador, que se rebelaram contra o papa, sob cuja

jurisdição se encontrava a cidade. São Filipe Benizi, então prior geral

da Ordem, encontrando-se em Forli, tentou reconduzir os

habitantes da cidade à obediência papal, mas foi mal recebido.

Alguns mais exaltados, entre eles o jovem Peregrino, insultaram-no,

bateram-no e o expulsaram da cidade. Peregrino, porém, logo se

arrependeu do mal que tinha feito e procurou o santo para pedir

perdão (cf. MILANEZ, Livro de orações dos Servos de Maria, 1993, p.

141).

A partir daquele momento suplicava insistentemente à Virgem

Maria que lhe mostrasse o caminho a seguir. Certo dia, estava o

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jovem Peregrino na Igreja de Santa Maria da Cruz, quando

apareceu-lhe em visão a bem-aventurada Virgem, ornada de vestes

ricas e festivas, que assim falou-lhe: “Meu filho, eu desejo guiar os

teus passos nos caminhos da salvação”. Peregrino de imediato não

compreendeu o motivo da mensagem, e pensando que estivesse

sendo enganado pelo inimigo, não levou em conta a mensagem.

Mas a Virgem pela segunda vez apareceu-lhe e disse: “Não tenhas

medo. Eu sou a mãe daquele que tu adoras na cruz, e fui por Ele

enviada”. Ao ouvir estas palavras de ternura, Peregrino respondeu:

“Eis-me aqui. Estou pronto para obedecer às tuas ordens”.

Com o “sim” de Peregrino, a Virgem enviou-o ao convento de Sena,

a fim de conhecer os frades e ingressar na Ordem. Ao chegar na

cidade dirigiu-se ao convento onde viviam os santos homens

chamados “Servos da Bem-aventurada Virgem Maria”, e pediu para

falar com o prior da comunidade. Tendo-se examinado do que se

tratava e conhecido o propósito do jovem, o prior e seus confrades,

que a esta altura encontravam-se reunidos, convenceram-se

facilmente que Peregrino fora enviado pela Virgem. Consideraram o

facto como um milagre da Virgem, que costuma iluminar os seus

devotos. Por este motivo, estando todos de acordo, acolheram-no

de bom grado e vestiram-no com o santo hábito que recorda a

viuvez da Virgem Maria.

“Aos trinta anos de idade, era exemplo de vida santa. Depois, por

ordem do superior, voltou para Forli, sua cidade natal, para pôr em

prática a lei do Senhor. Domava de maneira extraordinária o corpo

de vigílias, jejuns e cilícios” (cf. MILANEZ, Servos de Maria, 2013, p.

123). Empenhava-se com todas as forças para imitar a Cristo.

Deus, grande e misericordioso, que costuma pôr à prova os seus

filhos para robustecer, pela provação, os que ardem de desejo pelo

amor sobrenatural, mandou a frei Peregrino uma doença muito

grave, foi acometido de varizes na perna direita, que infeccionou e

transformou-se em uma chaga maligna. Sem esperança de cura, o

médico para salvar-lhe a vida, resolveu amputar-lhe a perna.

Um dia antes da operação, pela noite, frei Peregrino dirigiu-se à sala capitular onde havia uma imagem de Cristo crucificado, e suplicou ao Senhor que o libertasse daquela enfermidade: “Ó Redentor do gênero humano, para apagar os nossos pecados, vos submetestes ao suplício da cruz e à morte atroz. Quando estáveis neste mundo, vivendo no meio dos homens, a muito curastes de toda sorte de doença. Purificastes o leproso, devolvestes a vista aos cegos que suplicavam: ‘Jesus Filho de Davi, tem piedade de mim’. Dignai-vos, pois, Senhor meu Deus, livrar a minha perna deste mal incurável. Se não o fizerdes, será preciso amputá-la. Amém”. Vencido pelo cansaço adormeceu. Enquanto dormia, em

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sonho, viu Jesus despregar-se da Cruz, aproximar-se dele e tocar-lhe a ferida. Pela manhã, o médico constatou que a chaga havia desaparecido. Por este motivo, São Peregrino é venerado como o protetor contra o mal do câncer.

Peregrino morreu octogenário, em 1345. No ano de 1726 a santa Sé reconheceu e aprovou três milagres operados pela intercessão de São Peregrino. No mesmo ano, o Papa Bento XIII elevou-o a condição de Santo e sua festa é celebrada dia 4 de maio. Seu corpo repousa na basílica dos Servos de Maria em Forli.

Frei Gerson Junior, osm

MARIA E A SOCIEDADE

s preocupações manifestadas pelos povos e pelos jovens

nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo,

exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com

fundada esperança. Na hora actual são muitos aspectos que

os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os

prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a

dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável,

a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e

da economia contribuindo para a construção duma sociedade de

rosto mais humano e solidário.

Que Maria tem a dizer a

Sociedade?

Maria, no meio destes

aspectos apreensivos aos

povos, convida-nos a

redescobrir Cristo o

primeiro e principal

factor do

desenvolvimento

(Caritas in Veritate n.11),

que ilumina os povos

com o esplendor da

verdade e com a luz

suave da caridade. Ela

tem muito a dizer a

nossa sociedade, que é uma sociedade de temores: medo da miséria

e da pobreza, medo das enfermidades e dos sofrimentos, medo da

solidão e medo da morte. Diante dessas realidades Maria nos

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acompanha com maternal intercessão.

Maria convida-nos a pronunciar um “sim” a Deus, fazendo a sua

vontade, que às vezes parece tão difícil. Somos tentados a preferir a

nossa vontade. Inicialmente, pode parecer um peso insuportável,

um jugo que não é possível carregar; mas na realidade, a vontade de

Deus não é um peso; a vontade de Deus concede-nos asas para voar

alto, e assim com Maria também nós podemos ousar abrir a Deus a

porta da nossa vida, as portas deste mundo, dizendo “sim” à sua

vontade, conscientes de que esta vontade é o verdadeiro bem e nos

orienta para a felicidade autêntica.

E por fim, Maria convida a nossa sociedade a “fazer o que Ele nos

disser”. Mediante as suas “aparições” Ela sempre convida aos

crentes a voltarem-se a Cristo verdadeira luz “cujos raios dão a vida.

Somente esta Luz Jesus Cristo é a luz verdadeira, mais verdadeira

que o fenômeno físico da luz. Ele é a Luz pura: é o próprio Deus, que

faz nascer uma nova criação no meio da antiga, transforma o caos

em cosmos”(Lumen Fidei, n.1).

Frei Jeremias M. Mugabe e Hanereque

TESTEMUNHO VOCACIONAL

Sou Lafim Rafael Monteiro, tenho 24 anos de idade e sou o segundo filho de uma família de oito imãos. Estou fazendo o noviciado da Ordem dos Servos de Maria na Matola, pois descobri que Deus me chama para O servir através do carisma desta Ordem da qual me apaixonei verdadeiramente. Deus chamou-me por três vezes e o desejo de consagrar-me a Deus a fim de colaborar no seu projecto para com os mais necessitados considero como quarto chamamento. O primeiro chamamento foi de sair do nada para a existência (dom da Vida), que eu respondi inconscientemente por intermédio de meus pais que colaboraram

para que eu viesse a este mundo dos viventes. A segunda minha vocação é a renúncia do paganismo para professar a minha fé na Igreja Católica Apostólica Romana, também por influência dos meus pais que desde criança souberam apresentar-me a mendicidade do homem diante de Deus. O terceiro chamado foi o de ser “catequista”, para apontar o caminho a exemplo dos profetas anunciar Cristo e as maravilhas do Reino como fez André na narração de João: “Encontramos o Messias!” (Jo 1,41b). Este terceiro chamado, foi o primeiro sim directo sem intermédio dos meus pais. Enquanto catequista, ouço um quarto chamado para consagrar-me totalmente a Deus renunciando as ofertas deste mundo. Não escutei a voz de Deus como escutou Abraão (Gn 12,1-9) ou Samuel quando dormia (1Sam 3,1-20), nem por meio do anjo como Deus fizera com Nossa senhora (Lc 1, 26-38), e nem me apareceu o Senhor como aconteceu na bendita conversão de são Paulo (Act 9,3-

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6). Então como aconteceu? Eu catequista Lafim, era como qualquer jovem catequista, que consumia naturalmente tudo o que o mundo me oferecia. Era directamente filho da minha pobre família e membro passivo da minha sociedade (Província de Nampula, distrito de Meconta e vila de Namialo). Em muitas ocasiões participava das feiras vocacionais pelo convite de alguns amigos e aí os padres e as freiras diziam repetidas vezes aquelas palavras do Evangelho que diz: “a messe é grande e os operários são poucos” (Mt 9,37). Fui vocacionado dos padres diocesanos por uns quatro anos e frequentei o seminário médio Mater Apostolorum de Nampula em dois anos. Quando, por meio do monge Dolores e frei Custódio, conheci a Ordem dos Servos de Maria e o seu carisma, apaixonei-me e pedi para ser admitido por meu livre-arbítrio para viver em comunidade de irmãos em Cristo sentindo de perto a presença de Nossa Senhora. No dia 05 de Janeiro de 2010, fui recebido pelo saudoso frei Horácio na Matola, e o frei Custódio admitiu-me a iniciar o aspirantado. De 2011-2012 fiz a etapa do postulantado e no ano seguinte fiz o pré-noviciado. Tudo em Matola. Agora estou fazendo o noviciado e graças a Deus está correndo bem pelo que agradeço as pessoas de boa vontade (dentro e fora da Ordem) que contribuem directa ou indirectamente para que tudo dê certo. Continuem rezando por mim para que eu continue perseverante na vocação e fiel a Deus. Frei Lafim M. R Monteiro.

A ALEGRIA DO EVANGELHO

O Papa Francisco, observando a vida da humanidade nesses tempos líquidos com olhos de solidariedade, constatou o progresso em vários campos e louva os sucessos que contribuem para o bem estar das pessoas no âmbito da saúde, educação e da comunicação (capítulo 2 da exortação apostólica - Alegria do Evangelho). Na mesma linha denuncia as doenças físicas e morais que aumentam em consequência do mesmo progresso. Exorta a todos a pautarem numa economia que não exclui ninguém: “Não a uma economia da exclusão”. O santo padre observa que: “assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também devemos dizer “não a uma economia de exclusão e da desigualdade social”, porque esta economia mata. Os pobres devem ter uma parte que lhes garantem uma vida digna, pois eles têm um lugar privilegiado no governo do papa Francisco. Ele mesmo afirmou: “Por isso, quero uma Igreja pobre para os pobres. Eles têm muito que nos ensinar. Enquanto não se resolverem radicalmente os problemas dos pobres... não se resolverão os problemas do mundo”. Esta humanidade carece de uma verdadeira solidariedade, pois, todos notamos que “enquanto muitos se arrastam na fome e no sofrimento, há outros que vivem no seu bem-estar como donos do mundo (pessoas sozinhas em seus carros espaçosos e outros nas paragens desesperados; terrenos privados, mas outros sem onde

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reclinar a cabeça; uns levam a comida para o lixo enquanto outros morrem de fome)”. E o papa exorta que não se pode tolerar. Isso é desigualdade social e é exclusão. Acrescenta ele que a origem de tudo isso é o jogo de competitividade onde os mais fortes engolem os fraquinhos. Em consequência são “massas de população que vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. Assim a dignidade humana passou a ser algo descartável”. Exorta também que o nosso dinheiro não deve ocupar o lugar de Deus referente ao primeiro mandamento da lei de Deus (adora-se a Deus somente). O dinheiro deve servir, e não governar! Os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los. Quanto aos desafios da inculturação, o sumo pontífice diz que “uma cultura popular Evangelizada contém valores de fé e solidariedade que podem provocar o desenvolvimento da sociedade mais justa e crente. Há uma necessidade imperiosa de evangelizar as culturas para inculturar o Evangelho. Nos países de tradição católica, tratar-se-á de acompanhar, cuidar e fortalecer a riqueza que já existe”. O santo padre exorta que cada um trabalhe arduamente pelos valores que dignificam a pessoa humana. Frei Lafim M. Rafael Monteiro, osm

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CRÔNICAS E NOTÍCIAS ECLESIAIS

No dia 1 de maio celebramos a festa de São José, operário.

Nesse dia rezamos pela dignidade do trabalho humano, que

sirva para a edificação da sociedade e das relações sociais que

estabelecemos pautadas na justiça e na Paz. Visitamos o

Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Namaacha, pedindo

a intercessão da Virgem Maria por todos os peregrinos.

No dia 4 de maio a família servita celebrou na Paróquia São

Gabriel Arcanjo a Festa de São Peregrino protector contra o

mal do câncer. E com um almoço festivo celebramos a

fraternidade que nos une como membros da mesma família:

frades, irmãs servas de Maria do Cenáculo e leigos da Ordem

Secular dos Servos de Maria.

De 12 a 16 de maio se reunirá no convento dos Servos de

Maria em Tchumene a Conferência Regional da África, com a

presença do vigário geral da Ordem, frei Rhett M. Sarabia,

filipino.

Nos dia 17 e 18 teremos a Peregrinação à Namaacha:

inúmeros peregrinos já se preparam em nossas paróquias

para essa tão querida manifestação de apreço à Nossa

Senhora, pedindo sua intercessão pela Igreja local.

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No dia 25 de maio será realizado um Despertar Vocacional na

Escola Força do Povo, organizado pela Animação vocacional da

nossa Arquidiocese.

Somos Servos da Virgem Gloriosa

Movidos pelo Espírito comprometemo-nos, como nossos

primeiros Pais, a testemunhar o Evangelho em comunhão

fraterna e a colocar-nos a serviço de Deus e do homem,

inspirando-nos constantemente em Maria, Mãe e Serva do

Senhor (Const. 1).

Somos chamados a estar aos pés das infinitas cruzes da

humanidade para levar conforto e cooperação redentora (Const.

319).

Entre em contacto connosco e seja

você também

um Servo de Maria:

Comunidade Santa Maria dos

Servos – Matola

[email protected]

826756357 – 847704141